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COGERAÇÃO

Miracyr Assis Marcato

A atual perda de competitividade da indústria brasileira no cenário internacional


devida em parte, ao elevado custo da energia no Brasil, requer políticas e
ações efetivas de incentivo à inovação e ao aumento da produtividade da
economia como um todo. No setor energético em particular, dentre as várias
opções existentes, a Cogeração (COGER) que utiliza com maior eficiência a
energia contida nos combustíveis, destaca-se como uma solução viável tanto
do ponto de vista econômico como ambiental. “A Cogeração também
conhecida como CHP (combined heat & power) refere-se a um grupo de
tecnologias maduras que operam associadas para a geração simultânea de
eletricidade e calor útil num processo que geralmente tem uma eficiência
energética muito maior do que a produção de eletricidade e calor de processo,
separadamente” (1) . É o que estão fazendo tanto a Europa como os EUA
onde, ao lado de maior segurança e independência energética, os paises
procuram alcançar aumentos de eficiência de 20% a 30% até 2030 - a Europa
tem uma meta 20-20-20 (20% de aumento de eficiência energética, 20% de
fontes alternativas e 20% de créditos de carbono). O Brasil pode obter ganhos
substanciais de competitividade e eficiência no uso da energia, não só com o
incentivo à cogeração na indústria em geral e em particular na sucroalcooleira,
mas também na geração térmica com gás natural onde pode alcançar
rendimentos térmicos de até 80% (ciclos combinados, produção de frio e calor
industrial, etc.).

Vantagens da Cogeração

Economia no consumo de energia


Redução das emissões de CO²
Menor dependência de combustíveis importados
Maior grau de estabilidade da rede pela redução dos
congestionamentos e picos do sistema elétrico
Melhor aproveitamento de recursos energéticos disponíveis localmente
permitindo redução de investimentos em infraestrutura com a introdução
da Geração Distribuída (GEDIS) e das microrredes regionais que
diminuem os custos e as perdas de transmissão, baseados no
incremento da exploração de fontes de pequeno e médio porte como: a
geração eólica, solar, PCHs, biomassa, bioenergia, resíduos vegetais,
bagaço, lixo, biogás, óleos vegetais, etc.
Some-se a isso o desenvolvimento das redes de distribuição inteligentes
(SMART GRIDS) com controles pelo lado da demanda, centralizados,
comunicação e medição bidirecional que além de viabilizar a Gedis,

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também poderão contribuir para o aumento da eficiência energética
total. Dependem, contudo de vultosos investimentos das
Concessionárias em equipamentos de controle, comando, medição e
comunicação que neste momento poderão agravar o já elevado custo
da energia para o consumidor final brasileiro e a difícil situação
financeira que atravessam em função da recente modificação dos
marcos regulatórios do setor elétrico nacional.

Custos Evitados

Gráfico 1 - Custos (US$/kWh):Gedis (verde) X Geração centralizada (amarelo)

GEDIS E COGEN

A COGERAÇÃO e A GEDIS oferecem alternativas para suprir a Demanda


crescente de Energia Elétrica, especialmente quando a infra-estrutura
existente está sobrecarregada (eliminação de L.Tr. & R.D.)

Market Intelligence / Distributed Power / 0T 740SC / 001228

A construção de um eficiente parque de cogeração no Brasil depende, além do


engajamento da indústria e de outros grandes usuários da iniciativa privada, de
políticas coerentes de incentivos fiscais, financeiros e de planejamento do
Governo e do estabelecimento de regras claras no tocante a:

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a. a política comercial dos energéticos (fortemente influenciada pelo
Governo) que inclui: preços e tarifas, reajustes e forma de contratação,
a cultura técnica das Distribuidoras, sua postura competitiva diante do
mercado, a qualidade de sua prestação de serviços

b. a segurança de abastecimento ligada às fontes de suprimento e


infraestruturas de produção, transporte e distribuição e às políticas de
investimentos das Distribuidoras e Transportadoras dos combustíveis
que dependem, principalmente, no caso do GN e do etanol, das ações
do agente majoritário do mercado (Petrobrás)

c. as questões regulatórias e a segurança jurídica dos contratos


(combustíveis, GN, energia elétrica, meio ambiente) definidas pelas
Agências e Órgãos Reguladores (Aneel, ANP, EPE, Ibama).

A seguir alguns dos principais fatores que condicionam as decisões empresariais


e a atratividade e o retorno econômico dos investimentos em cogeração:

Aspectos técnicos

o Eficiência dos equipamentos de produção de eletricidade e calor

o Demandas térmicas e elétricas e relação entre as mesmas

o Curvas e fatores de cargas térmicas e elétricas

o Custos evitados e potencial de receitas com a venda de energia

o Disponibilidade e acessibilidade dos combustíveis

o Segurança e Qualidade da Energia

Aspectos econômicos

o Preços de mercado da energia elétrica

o Preços dos combustíveis

o Custo do Capital

o Custo do Equipamento

o
A cogeração responde hoje, no Brasil, por pouco mais de 2% da potência elétrica
instalada segundo as dados atualizados da ANEEL conforme tabelas seguintes:

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Termelétricas com Cogeração Qualificada no Brasil – Tabela 1

Termelétricas com Cogeração


Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) %
Construção não iniciada 5 17.346 0,66
Construção 1 7.902 0,3
Operação 77 2.622.297 99,05
Total 83 2.647.545 100

Potência Elétrica instalada no Brasil (2014)

Empreendimentos em Operação
Potência Outorgada Potência Fiscalizada
Tipo Quantidade %
(kW) (kW)
CGH 474 291.832 293.233 0,22
EOL 193 4.224.434 4.144.138 3,15
PCH 469 4.713.430 4.677.132 3,55
UFV 220 18.699 14.613 0,01
UHE 199 87.011.765 83.075.078 63,09
UTE 1.871 39.226.148 37.485.316 28,47
UTN 2 1.990.000 1.990.000 1,51
Total 3.428 137.476.308 131.679.510 100

A tabela 2 compilada pela IEA (Agência Internacional de Energia) fornece uma


estimativa da capacidade atual instalada (MW) de Cogeração num total de
330.000 MW nos países listados a seguir: Tabela 2

Gráfico 2 - Participação (%) da Cogeração na capacidade total de geração atual


dos paises do G8 + 5 segundo a IEA

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Em termos absolutos os EUA (84707 MW), Rússia (65100 MW), China (28.153
MW), Alemanha 20840 MW) e Índia 10012 MW) lideram o ranking mundial em
termos de capacidade instalada de cogeração.
Já no que concerne à penetração da cogeração a maior participação relativa no
total da geração de energia elétrica cabe respectivamente à Rússia, China e
Alemanha. Os EUA e a Itália se aproximam com cerca de 10% do total.

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Gráfico 3 - Capacidade de Cogeração atual e projetada (GW) de vários países

No que tange ao potencial futuro da cogeração, segundo as mesmas projeções da


AIE, China, Índia, Rússia e EUA alcançariam os maiores valores de capacidade de
cogeração em 2030. O Brasil poderia atingir uma capacidade instalada da ordem
de 15.000 MW até 2030 com ênfase no setor sucro-alcooleiro.

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Gráfico 4 – Previsão da participação relativa (%) da Cogeração nos países do G8
+ 5 para 2015 e 2030

Em 2030 o Brasil teria então uma penetração da cogeração, segundo a AIE em


torno de 17% do total da sua capacidade instalada de geração de energia elétrica
contribuindo para uma maior eficiência energética do setor, um menor custo da
energia elétrica no pais e uma sensível redução das emissões dos gases do efeito
estufa..

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Aspectos Tecnológicos

Faixas de Aplicação da Cogeração na Indústria

A aplicabilidade e o dimensionamento da Cogeração nas indústrias variam de


acordo com os fatores de Eletricidade/Vapor e Temperatura de processo de
cada tipo de indústria, visualizadas no gráfico seguinte.

Gráfico 5 - Fatores eletricidade/calor e temperaturas de processos industriais

Eficiência dos equipamentos de produção de eletricidade e calor

O Gráfico 6 fornece uma indicação do rendimento percentual, das diferentes


tecnologias de geração, no uso da energia primária empregada. Observe-se
que a cogeração pode atingir uma faixa de até 90% de rendimento contra 55%-
60% das mais eficientes usinas térmicas a ciclo combinado, mas isto implica

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condições especiais de operação, eliminação de perdas e utilização máxima do
calor e eletricidade produzidos.

Gráfico 6 – Rendimentos na conversão de energia primária

Comparação de eficiências entre as Tecnologias de Geração

Market Intelligence / Distributed Power / 0T 740SC / 001228

No Gráfico 7 estão ilustrados os fluxos energéticos de uma planta de


cogeração que utiliza uma turbina a GN, em ciclo simples, com rendimento de
30% na produção de eletricidade (Ee=30), acoplada a uma caldeira de
recuperação dos gases de exaustão (Q=70) com rendimento de =80%, para
produção de vapor de processo (Et=56), relação E/V=0,54, comparada com
uma planta convencional que produz, separadamente, energia elétrica (E=30)
com um motor a GN, rendimento de =40% e a “commodity calor” (Q), de
menor preço, em caldeira convencional a GN, com rendimento de =90%.

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Gráfico 7 – Comparação de rendimentos da cogeração x sistemas
convencionais de produção de eletricidade e calor

Cogeração

Convencional

O rendimento da energia útil, em relação à energia consumida, alcança 86% na


Cogeração contra 63% na produção convencional de energia e vapor obtidos em
equipamentos operados separadamente:

Rendimento (?) = E útil / E consumida

Cogeração :

Convencional :

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A taxa de economia de combustível proporcionada pela cogeração em
comparação com o sistema convencional alcança 27% com a utilização do calor
contido nos gases quentes (500o C) de exaustão da turbina através de uma
caldeira de recuperação que trabalhe com rendimento de 80%, conforme cálculo
seguinte:

Taxa de Economia de Combustível

(TEC)TEC = (Ec.conv. – Ec) / Ec.conv.

TEC = 137.22 – 100 = 27%


137.22

Demandas térmicas e elétricas e relação entre as mesmas

A eficiência elétrica ( E) das turbinas a GN, ou seja, a parcela de energia


transformada em eletricidade nas plantas de cogeração pode variar de 20% a 40%
ao passo que o calor recuperado ( Q) pode atingir 55% a 68%, com eficiência
energética total de até = 86 %. Por essa razão, a utilização das turbinas é
recomendada quando as demandas de vapor ou água quente são elevadas e os
fatores E / Q, ou E/V (eletricidade/vapor) são relativamente baixos, como no
exemplo abaixo:.100 unidades de GN produzem 56+30=86 unidades de energia
útil.
Gráfico 8 -

Cogeração com Turbina a Gás

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Comparadas com os motores a GN, as turbinas a GN são adequadas para
produção de vapor de maior qualificação – p.ex. 110bar/525o C - com a pós-
combustão dos gases de exaustão em atmosfera rica de oxigênio.
Já as turbinas a vapor produzem um elevado volume de calor e uma pequena
parcela de eletricidade E (15 a 25%) e são adequadas para usos específicos
como nas usinas do setor sucro-alcooleiro.

Gráfico 9 - Parâmetros de Projeto da Cogeração com Turbina a GN

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A cogeração com motores a GN permite a produção de um maior volume de
eletricidade: E =35 a 40% e uma recuperação de calor: Q = 50%, dividida em
cerca de 20%, a partir dos gases de exaustão (resfriamento de 500oC até 120oC,
=70%) e 30%, da água de refrigeração e óleo de lubrificação (100oC e =100%),
com eficiência térmica global da energia primária de até 88%.

A utilização de motores a GN é recomendada para plantas de cogeração com


elevados fatores E / Q e cargas elétricas relativamente importantes, como no
exemplo do Gráfico 10, seguinte. Sendo a eletricidade a parte “nobre” da energia,
por poder ser transformada em outras modalidades: iluminação, força motriz,
calor, etc., sua participação deve ser maximizada, pois a maior parte das
economias possíveis de energia primaria através da cogeração advém de altos
fatores E / Q associados a elevados rendimentos térmicos globais.

Gráfico 10 – Cogeração com motor a Gás Natural

Topping cycle - Motores

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Sistemas de Cogeração (valores médios)

Gráfico 11 - Parâmetros de projeto da cogeração com motores a GN

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Segurança e Qualidade da Energia

Com o aumento da utilização de equipamentos eletrônicos, como micro


computadores, reatores eletrônicos de lâmpadas de descarga, conversores de
frequência para controle de velocidade de motores, etc., as linhas de distribuição
da concessionária estão sujeitas aos efeitos destes equipamentos, como a
produção de harmônicas que distorcem a forma de onda da eletricidade fornecida.
Os sistemas de cogeração são instalados na unidade consumidora ou muito
próximo a ela, no caso de cogeração distribuída, minimizando o efeito destes
problemas na rede de distribuição de eletricidade.
Também deve ser considerada eliminação das micro interrupções no fornecimento
(flickers) do sistema elétrico, por vezes imperceptíveis em algumas instalações,
mas altamente nocivas em empresas que possuem processo de produção
sensível a esse tipo de problema.
Por definição, o fornecimento de energia deve ocorrer sem interrupções, com
frequência constante, 60Hz, tensão constante, uma perfeita forma de onda
senoidal e no caso de sistemas trifásicos, com perfeita simetria e defasagem
(120°).
Porém, devido às variações de cargas dos consumidores, derivadas da operação
conjunta de inúmeros equipamentos eletrônicos, entradas e saídas de motores,
além de ocorrências intempestivas, podem surgir interferências eletromagnéticas
que causam graves distorções na forma de onda.

Em geral, os maiores distúrbios no fornecimento de energia podem ser


classificados em:

1. Ruídos (Spikes)

São ruídos de alta frequência que aparecem na rede, provenientes de


interferências eletromagnéticas (EMI) ou de radiofrequências (RFI). Podem ser
aleatórios ou não e de amplitude variável.

2. Subtensão (Sag) e Sobretensão (Swell)

Sag – decréscimo entre 0,1 e 0,9 de VNOM , frequência nominal com duração entre
0,5 e 1 minuto.
Swell – acréscimo entre 0,1 e 0,9 de VNOM , frequência nominal com duração entre
0,5 e 1 minuto.

3. Componentes Harmônicas

Ocorrem quando a tensão ou a corrente, em determinado ponto da rede elétrica,


apresenta componentes múltiplos da frequência fundamental (60Hz).

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4. Tensão Residual entre Terra e Neutro

Ocorre quando:
A instalação está com um aterramento de má qualidade (resistência de
terra maior que 10 ohms;)
Quando existe corrente circulando pelo neutro da instalação
(desbalanceamento da rede trifásica ou corrente com grande componente
harmônica).

5. Falta de Energia

Os problemas com um “blackout” não acontecem no momento em que a energia é


interrompida e sim quando ela retorna.

Tabela 3

EFEITO DOS DISTÚRBIOS EM CARGAS SENSÍVEIS

DISTÚRBIO
PULSO PULSO TENSÃO SOBRE-
SAG BLACKOUT SPIKES
(2VN) (4VN) N/T TENSÃO
Queima de
SIM SIM SIM
placas
Perda de
SIM SIM SIM
Memória
Falha das
PROBLEMA

Chaves SIM SIM


Estáticas
Interrupção
SIM SIM SIM SIM SIM SIM
do processo
Queima de
SIM SIM SIM SIM
Equipamento
Reset/Reboot SIM SIM SIM
“Trava” o
SIM SIM SIM
sistema

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Aspectos econômicos

Segundo os estudos da IEA (AIE) Agência Internacional de Energia, os custos


estimados da cogeração nos EUA previstos para 2015 e 2030 incluindo T&D
(transmissão e distribuição), Geração, Combustível e O&M (Operação e
Manutenção) são da ordem de US$ 100/MWh, ou US$ 75/MWh sem T&D
(conforme gráfico seguinte) que é praticamente o preço médio atual da
eletricidade industrial nos EUA (EIA):

Gráfico 12 – Custos da Cogeração nos EUA

As premissas utilizadas pela IEA no estudo de custos da cogeração foram:

Investimento de Capital na Cogeração: GN = US$ 1.534/kW - Carvão = US$


2.766/kW – Biomassa = US$ 1.750/kW
Taxa de retorno: 10% Período: 20 anos
Custo de transmissão = 0
Custo da distribuição: US$ 804/kW
Outros dados: WEO e Electricity Information da IEA

Em anexo foram incluídos ábaco da Cogen para avaliação preliminar de custos da


cogeração na Europa e exemplos de casos sobre retorno dos investimentos na
cogeração com turbina e motores a GN nos EUA,

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Preços da Energia no Brasil

GNV (gás natural veicular) US$ 13/22/MMBtu R$ 1,16/1,83/m³


GN Industrial (300Mm³/mês) -SP US$ 22/MMBtu R$ 1,80/m³
GLP (gás liquefeito de petróleo) US$ 32/MMBtu R$ 42,61/13 kg
Diesel US$ 32/MMBtu R$ 2,491/l
Diesel S10 US$ 34/MMBtu R$ 2,596/l
Gasolina US$ 42/MMBtu R$ 2,955/l
Etanol hidratado US$ 45/MMBtu R$ 2,074/l
Gás Natural resid. canalizado SP US$ 60/MMBtu R$ 5,038/m³
kWh residencial SP US$ 44/MMBtu R$ 0,3446/kWh
kWh médio Brasil (Aneel) (10/2014) US$ 43/MMBtu R$ 339,46/MWH
kWh industrial (Aneel) 10/2014 US$ 36/kWh R$ 276,69/MWh
Preços médios nos EUA em junho/2014 :
Gasolina US$ 31/MMBtu
Diesel US$ 33/MMBtu
Eletricidade Industrial (07/2014)(EIA) US$ 23/MMBtu US$ 74.90/MWh
Gás Natural US$ 4,41/MMBtu
Etanol US$ 27/MMBtu

O que se observa do quadro acima é que os preços da energia no Brasil são em


geral, demasiadamente elevados se comparados com outros países e se
constituem como um dos fatores principais da falta de competitividade da indústria
e do baixo crescimento do pais. Em nenhum momento se fala em reduzir custos
de produção, diminuição de impostos, aumento da produtividade, revisão do
modelo de exploração do gás natural ou atualização da cadeia produtiva do
etanol. As alternativas disponíveis para reduzi-los não parecem muito
promissoras.
No setor de energia elétrica, o abandono das centrais hidrelétricas com
reservatório que são a nossa maior vantagem competitiva, em termos de custo e
de segurança de abastecimento, acarretará a necessidade de maior quantidade
de usinas térmicas (GN, carvão, nuclear, petróleo) para garantir a energia firme
que não pode ser suprida pelas usinas intermitentes (eólicas, solares) ou sazonais
(a fio d’água, biomassa, etc.) com o consequente aumento de custo da energia.

Análise das variáveis de Custos da Energia de Cogeração no Brasil

Como vimos acima os custos da cogeração dependem dos modos de utilizá-la


para cobertura das curvas de demanda de eletricidade e calor (visualizadas nos
gráficos seguintes), da relação entre as mesmas, dos fatores de carga anuais
consequentes, dos custos de capital, combustíveis, operação & manutenção dos
sistemas.

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Grafico 13 – Modo de operação – Balanço de energia comprada e de cogeração
Exemplos de demandas mensais de eletricidade e vapor

Cogeração de pico em dias de semana

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Gráfico 14 – Modos de operação da Cogeração

Cogeração de base continua Importação e exportação

Cogeração interruptível

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Gráfico 15 – Curvas de Duração anuais

Cogeração - Curva de Duração Anual

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Custos da Cogeração

Para efeito comparativo a tabela seguinte apresenta os dados do custo de


cogeração de eletricidade em US$/MWh para diferentes custos de capital, fatores
de carga, taxas de retorno, rendimentos térmicos e preços dos combustíveis
competitivos. Dado o alto custo do GN no Brasil a tabela é aplicável apenas à
cogeração com biomassa (bagaço de cana e similares) cujos custos se situam
num intervalo compatível com os preços do GN nos EUA (US$ 2,58/MMBtu a
.US$ 6.00/MMBtu).

Tabela 4 – Custos da Cogeração

CUSTOS DA COGERAÇÃO - US$/MWh - Custos do Capital 15%a.a. Amort.30 a Pg. 1/2


Tipo de Combustível/Usina > Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás Gás
Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger.
Preço Combustível-US$/MMBtu> 2,58 2,58 2,58 3,00 3,00 3,00 4,00 4,00 4,00 5,00 5,00 5,00 6,00 6,00 6,00
Rendimento térmico>>>>>>>>>>> 0,65 0,75 0,85 0,65 0,75 0,85 0,65 0,75 0,85 0,65 0,75 0,85 0,65 0,75 0,85
Oper.&Manut.-US$/MWh>>> 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11 4,11
C.Capital->>>> 10% 12% 15% Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger. Coger.
US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/ US$/
US$/kW F.C. MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh MWh
2500 0,40 71 86 107 125 123 121 127 125 123 132 129 127 137 134 131 142 138 135
2500 0,50 57 68 86 103 101 100 105 103 102 111 108 106 116 112 110 121 117 114
2500 0,60 48 57 71 89 87 86 91 89 87 96 94 91 102 98 95 107 103 99
2500 0,70 41 49 61 79 77 76 81 79 77 86 83 81 91 88 85 97 92 89
2500 0,80 36 43 53 71 69 68 73 71 70 79 76 74 84 80 78 89 85 82
2000 0,40 57 68 86 103 101 100 105 103 102 111 108 106 116 112 110 121 117 114
2000 0,50 46 55 68 86 84 83 88 86 85 94 91 89 99 95 93 104 100 97
2000 0,60 38 46 57 75 73 71 77 75 73 82 79 77 87 84 81 93 88 85
2000 0,70 33 39 49 67 65 63 69 67 65 74 71 69 79 76 73 84 80 77
2000 0,80 29 34 43 60 59 57 63 61 59 68 65 63 73 70 67 78 74 71
1500 0,40 43 51 64 82 80 79 84 82 80 89 86 84 94 91 88 100 96 92
1500 0,50 34 41 51 69 67 66 71 69 67 76 74 71 82 78 75 87 83 80
1500 0,60 29 34 43 60 59 57 63 61 59 68 65 63 73 70 67 78 74 71
1500 0,70 24 29 37 54 52 51 57 54 53 62 59 57 67 64 61 72 68 65
1500 0,80 21 26 32 50 48 47 52 50 48 57 54 52 62 59 56 68 63 60
1000 0,40 29 34 43 60 59 57 63 61 59 68 65 63 73 70 67 78 74 71
1000 0,50 23 27 34 52 50 49 54 52 50 59 57 54 65 61 58 70 66 62
1000 0,60 19 23 29 46 44 43 48 46 45 54 51 49 59 55 53 64 60 57
1000 0,70 16 20 24 42 40 39 44 42 41 50 47 45 55 51 49 60 56 53
1000 0,80 14 17 21 39 37 36 41 39 38 46 44 42 52 48 46 57 53 50
900 0,40 26 31 38 56 54 53 58 56 55 64 61 59 69 65 63 74 70 67
900 0,50 21 25 31 48 47 45 51 49 47 56 53 51 61 58 55 66 62 59
900 0,60 17 21 26 43 42 40 46 43 42 51 48 46 56 53 50 61 57 54
900 0,70 15 18 22 40 38 36 42 40 38 47 44 42 52 49 46 58 53 50
900 0,80 13 15 19 37 35 34 39 37 35 44 42 39 50 46 43 55 51 47

22
Os custos apresentados na tabela incluem três parcelas distintas:

 custo de capital, para valores médios de capital em US$ variando de US$


2.500/kW a US$ 900/kW , taxa de 15% a.a.(inclusive juros durante a
construção) - prazo de amortização de 30 anos e fatores de
utilização de 0,4 a 0,8 (3.500 a 7.000 horas/ano) . A título de subsídio
foram incluídas também as parcelas de custo de capital calculadas com
taxas de 12% a.a. e 10% a.a., respectivamente.

 parcela de custo de combustível, para um intervalo de preços do GN, em


US$/MMBtu, variando de US$ 2,58 a US$ 6.00 e rendimentos térmicos
globais de 65%, 75% e 85%.

 parcela de custo de manutenção médio de US$ 4,11/MWh fixo para todas


as hipóteses, segundo dados Electrical Engineers Handbook .

Os valores hachurados correspondem a plantas, preços de GN e configurações de


cogeração que apresentam competitividade dentro do setor industrial com custos
do MWh equivalente, inferiores a US$ 50,00.

Os valores acima desse limite poderiam ser competitivos nos Setores Comercial e
Residencial ou em eventuais utilizações que permitam uma ulterior otimização da
eficiência da energia primária consumida como: “ilhas” ou bancos de energia de
backup, de ponta e de confiabilidade, na produção de frio, industrial ou distrital
para grupos de edifícios residenciais (comum na Europa e EUA e já em uso
experimental no Rio de Janeiro), em esquemas de tri-geração, através de ”chillers”
a vapor ou água quente residual ou onde existam possibilidades de evitar custos
de capital oriundos de restrições de geração ou transmissão.
Além desses, outros usos podem ser atribuídos à cogeração, como instrumento
eficiente de transformação de energia e participante ativo da cadeia de valor hidro-
térmica e do círculo “virtuoso” de otimização dos recursos naturais do país.

É o caso da mitigação dos riscos oriundos da sazonalidade das fontes renováveis,


da intermitência das energias eólica e solar, do incremento da energia “firme” das
hidrelétricas, da estocagem hidro-térmica e da administração dos recursos
hídricos para atendimento de outras necessidades: água para uso das populações
urbanas, água para irrigação das regiões do semiárido, tornadas urgentes e
indispensáveis hoje ou como nos períodos de secas que periodicamente assolam
o pais..

Deve-se observar que os valores apresentados correspondem a custos médios,


de acordo com as premissas estabelecidas, servindo como avaliação preliminar da
competitividade da cogeração em condições usuais, não representando uma
recomendação de investimento para projetos específicos, que devem ser
estudados caso a caso, com a consideração de todas as variáveis envolvidas

23
localmente, tipos de processo, perfil típico, consumos líquidos, curvas de duração
e balanço energético de cada planta em particular.

Os Gráficos seguintes permitem visualizar a sensibilidade dos custos de geração


em função do fator de carga anual, para diferentes custos de capital, preços do
GN e rendimentos térmicos globais das plantas, a saber: =65%, =75% e
=85%, respectivamente. Em geral, a duplicação do Fator de Carga ou a redução
pela metade, dos investimentos da planta de cogeração, conduzem a diminuições
do custo do MWh gerado da ordem de 30% a 40%, pela importância relativa dos
custos de capital em relação aos demais custos de operação: combustível (GN) e
manutenção.

Análise de sensibilidade

Gráfico 16 – Análise de sensibilidade – US$/MWh x F.C - =65%

Custo de Cogeração x Fator de Carga


Para diferentes Investimentos (US$/kW) e Preços de GN(US$/MMBtu) - rendimento térmico = 65%
165
160
155
150 US$2,58/MMBtu
145 US$3,00MMBtu
140 US$4,00/MMBtu
135
US$5,00/MMBtu
130
125 US$6,00/MMBtu
120
115
110
US$/MWh

105
US$1250/kW
100
95
90 US$1000/kW

85
80 US$800/kW
75 US$700/kW
70 US$600/kW
US$2500/kW
65
US$2250/kW
60
55 US$2000/kW
50
US$1750/kW
45 US1500/kW
40
35
30
3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

Fc (Horas/ano)

24
Gráfico 17 – Análise de sensibilidade – US$/MWh x F.C - =75%

Custo de Cogeração x Fator de Carga


Para diferentes Investimentos (US$/kW) e Preços de GN(US$/MMBtu) - rendimento térmico = 75%
160
155
150 US$2,58/MMBtu
145 US$3,00MMBtu
140
US$4,00/MMBtu
135
US$5,00/MMBtu
130
US$6,00/MMBtu
125
120
115
110
105
100
US$/MWh

US$1250/kW
95
US$1000/kW
90
85
US$800/kW
80
75 US$700/kW
70
US$600/kW
65
US$2500/kW
60
US$2250/kW
55
US$2000/kW
50
45 US$1750/kW

40
US$1500/kW
35
30
25
3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000
Fc (Horas/ano)

Gráfico 18 – Análise de sensibilidade – US$/MWh x F.C - =85%

Custo de Cogeração x Fator de Carga


Para diferentes Investimentos (US$/kW) e Preços de GN(US$/MMBtu) - rendimento térmico = 85%
155
150
145 US$2,58/MMBtu
140
US$3,00MMBtu
135
130
US$4,00/MMBtu
125 US$5,00/MMBtu
120 US$6,00/MMBtu
115
110
105
100
US$/MWh

95
US$1250/kW
90
85
80 US$1000/kW
75 US$800/kW
70
US$700/kW
65
60
US$600/kW
55
US$2500/kW
50 US$2250/kW
45 US$2000/kW
40
US$1750/kW
35
30
US$1500/kW
25
25
3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

3000

5000

7000

Fc (Horas/ano)
Os Gráficos seguintes permitem visualizar a sensibilidade dos custos de geração
em função dos preços do GN, para diferentes custos de capital, fatores de carga
anuais (0,4 – 0,6 - 0,8) e rendimentos térmicos globais das plantas, a saber:
=65%, =75% e =85%, respectivamente. Em geral, a redução do custo de GN
pela metade (de US$ 6,00/MMBtu para US$ 3,00/MMBtu) conduz a reduções do
custo do MWh gerado da ordem de 20 a 25%.

Gráfico 19 - Análise de sensibilidade – US$/MWh x Preço do GN - F.C. 0,4

Custo da Cogeração X Preço do GN


Para Diferentes Investimentos (I- US$/kW) e Rendimentos Térmicos (η)- Fc = 0,4

145
140
η=65% η=75% η=85%
135
130
125
120
115
110
Energia - US$/MWh

105
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
2,58 3,00 4,00 5,00 6,00 2,58 3,00 4,00 5,00 6,00 2,58 3,00 4,00 5,00 6,00
Combustível - US$/MMBtu
Investimentos

2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 900 800 700 600

Gráfico 20 - Análise de sensibilidade – US$/MWh x Preço do GN - F.C. 0,6

Custo da Cogeração X Preço do GN


Para Diferentes Investimentos (I- US$/kW) e Rendimentos Térmicos (η)- Fc = 0,6

110

105
η=65% η=75% η=85%
100

95

90

85

80
Energia - US$/MWh

75

70

65

60

55

50

45

40

35

30
2,58 3,00 4,00 5,00 6,00 2,58 3,00 4,00 5,00
Combustível - US$/MMBtu
6,00 2,58 3,00 4,00 5,00 6,00
26
Investimentos

2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 900 800 700 600
Gráfico 21 - Análise de sensibilidade – US$/MWh x Preço do GN - F.C. 0,8

Custo da Cogeração X Preço do GN


Para Diferentes Investimentos (I- US$/kW) e Rendimentos Térmicos (η)- Fc = 0,8

90

85
η=65% η=75% η=85%

80

75

70

65
Energia - US$/MWh

60

55

50

45

40

35

30

25
2,58 3,00 4,00 5,00 6,00 2,58 3,00 4,00 5,00 6,00 2,58 3,00 4,00 5,00 6,00
Investimentos Combustível - US$/MMBtu

2500 2250 2000 1750 1500 1250 1000 900 800 700 600

O Gráfico 22, seguinte estabelece uma comparação entre o custo de energia firme
do MWh hidrelétrico, nas suas faixas usuais de operação (F.C.= 0,51 -0,55) com o
MWh térmico de UTE’s a ciclo combinado ou plantas de cogeração, em condições
otimizadas de despacho, (F.C. = 0,70 – 0,85) demonstrando, nessas condições, a
sua competitividade relativa. O Gráfico permite identificar também o volume
menor de investimentos requerido pelo MWh térmico, que em muitos casos pode
chegar a uma relação de 1:4 em comparação com o MWh firme, hidrelétrico, em
função da sasonalidade das afluências nos respectivos reservatórios que obriga
duplicar a potência com um investimento de capital maior por MW instalado nas
usinas hidrelétricas, sugerindo uma combinação entre ambas para uma maior
segurança de abastecimento.

27
Gráfico 22 - Análise de sensibilidade – US$/MWh x F.C – Hidro/C.C./Cogen

Competitividade - UHE x UTE x Cogen - Energia Firme


GNCC=US$2,58/MMBtu - GNCogen=US$3,00/MMBtu

48,0
46,0
44,0
42,0
40,0
Faixa de Operação de
Hidrelétricas

38,0 0,50 - 0,55


US$/MWh

36,0 Faixa de Operação de


Termelétricas
0,75 - 0,80

34,0
Faixa de Operação Investimentos
32,0 de Cogeração US$/kW
0,80 - 0,85

30,0 1200-H

1100-H
28,0
1000-H
26,0 800-CC

24,0 700-CC

600-CC
22,0
800-Cogen

20,0 700-Cogen

0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 600-Cogen


Fc - Fator de carga anual
CC- Ciclo Combinado (n=55% / H-hidrelétrica / Cogen - Cogeração(n=85%)

28
ANEXO I - Ábaco para o Cálculo do “Pay-Back” do Investimento (anos)

29
Anexo II – Retorno dos Investimentos – Exemplo

Tabela 5 - Subconjunto de dados Técnicos de Turbina a GN em Sistema de Cogeração

Temperat. Potência Elétrica Taxa de Consumo Combustível (MMBtu/MWh) Produção de Vapor (Mlb/MWh)
Ambiental Bruta Perdas Líquida Fator de Carga (%) Fator de Carga (%)
ºF Tabela
MW 26-14
MW - Resumo
MW dos
100% custos90%de capital
80% para planta de
70% 60% cogeração
50% c/ 100%
turbinas 90%
a GN - Sistema
80% de
70%Cogeração
60% 50%
50 (10ºC) 4,94 0,02 4,92 12,72 13,55 14,38 15,21 16,04 16,87 4,23 4,73 5,23 5,73 6,23 6,73
51 4,92 0,02 4,90 12,73 13,56 14,39 15,23 16,06 16,89 4,23 4,73 5,23 5,73 6,23 6,73
52 4,90 0,02 4,88 12,74 13,58 14,41 15,25 16,08 16,91 4,23 4,73 5,23 5,73 6,23 6,73
53 4,89 0,02 4,87 12,76 13,59 14,43 15,26 16,10 16,94 4,23 4,73 5,23 5,72 6,22 6,72
54 4,87 0,02 4,85 12,77 13,61 14,45 15,28 16,12 16,96 4,22 4,72 5,22 5,72 6,22 6,72
55 4,85 0,02 4,83 12,79 13,62 14,46 15,30 16,14 16,98 4,22 4,72 5,22 5,72 6,22 6,72
56 4,83 0,02 4,81 12,80 13,64 14,48 15,32 16,16 17,00 4,22 4,72 5,22 5,72 6,22 6,72
57 4,81 0,02 4,79 12,81 13,66 14,50 15,34 16,18 17,03 4,21 4,71 5,22 5,72 6,22 6,72
58 4,79 0,02 4,77 12,83 13,67 14,52 15,36 16,21 17,05 4,21 4,71 5,21 5,71 6,22 6,72
59 4,77 0,02 4,75 12,85 13,69 14,53 15,38 16,23 17,07 4,21 4,71 5,21 5,71 6,21 6,71
60 (15ºC) 4,75 0,02 4,73 12,85 13,70 14,55 15,40 16,25 17,10 4,21 4,71 5,21 5,71 6,21 6,71

ITEM CUSTO (US$) % %


Turbinas - 3 x 4,8 MW 9.978.000,00 72% 72%
SE Elétrica 390.000,00 3%
Obras Civis 701.000,00 5%
Serviços de Projeto e Construção 270.000,00 2% 28%
Despesas Gerais e Lucro 2.214.000,00 16%
Imprevistos 398.000,00 3%
Total 13.951.000,00 100% 100%

13.951.000/14.400 = US$ 969/kW

Tabela 6 – Dados técnicos de Motores a GN em plantas de Cogeração


Temperat. Capacidade Elétrica Taxa de Combustível (MMBtu/MWh) Capacidade Vapor (Mlb/MWh)
Ambiente Bruto Perda Líquido Nível de Carga (%) Nível de Carga (%)
ºF MW MW MW 100 90 80 70 60 50 100 90 80 70 60 50
50 (10ºC) 6,53 0,13 6,40 9,28 9,42 9,57 9,84 10,23 10,63 2,73 2,76 2,79 2,82 2,85 2,88
60 (15ºC) 6,53 0,13 6,40 9,28 9,42 9,57 9,84 10,23 10,63 2,73 2,76 2,79 2,82 2,85 2,88

ITEM CUSTO (US$) % %


Motor a GN - 2 x 6,6 MW 10.820.000,00 70,6% 70,6%
SE Elétrica 320.000,00 2,1%
Obras Civis 701.000,00 4,6%
Sistema de Água Quente 288.000,00 1,9%
29,4%
Projeto e Serviços de Construção 330.000,00 2,2%
Despesas Gerais e Lucro 2.426.000,00 15,8%
Imprevistos 437.000,00 2,9%
Total 15.322.000,00 100,0% 100,0%

15.322.000/13.200= US$ 1161/kW 30


Cargas da Indústria Planta de Cogeração Compra da Distribuidora Prod. da Caldeira
Temperat. Eletricidade Vapor Eletricidade Vapor Gás Demanda Ponta Fora de Ponta Vapor Gás
Data/Hora
ºF MW Mlb/hr MW Mlb/hr MMBtu MW MWh MWh Mlb/hr MMBtu
1/1 em 2:00 19 7,3 107,7 6,4 13,3 218 0,9 3,5 94,4 795
1/1 em 6:00 24 7,3 107,0 6,4 13,3 218 0,9 3,5 93,7 791
1/1 em 10:00 37 7,3 114,5 6,4 13,5 218 0,9 3,5 101,0 529
1/1 em 14:00 42 7,5 118,4 6,4 13,6 218 1,1 4,2 104,8 549
1/1 em 18:00 37 8,6 116,3 6,4 13,5 218 2,2 8,6 102,7 538
1/1 em 22:00 27 8,7 110,9 6,4 13,4 218 2,3 2,3 7,0 97,5 511
1/2 em 2:00 22 8,7 110,6 6,4 13,4 218 2,3 9,3 97,2 509
TABELA 7 – Extrato de simulação de despacho anual em intervalos de 4 horas

Tabela 8 – Dados de Custo Anual do Caso Básico

Consumo de Distribuidora Planta de Cogeração Caldeira


Mês Número Demanda Ponta Fora de Ponta Faturamento Eletricidade Vapor Manutenção Gás Natural Vapor Nox Gás Natural
MW MWh MWh Custo (US$) MW1 MWh Mlb/hr1 Mlb US$ MMBtu Custo (US$) Mlb/hr 1 Mlb Ib MMBtu Custo (US$)
Jan 1 13,4 3.600 4.900 454.812 - - - - - - - 176,1 99.986 128 130.417 423.855
Fev 2 13,9 3.171 4.660 415.274 - - - - - - - 179,4 84.053 - 109.730 356.622
Mar 3 14,3 3.752 5.486 490.117 - - - - - - - 159,5 90.914 - 118.739 385.901
Abr 4 14,1 3.648 5.088 466.091 - - - - - - - 156,2 83.023 - 108.510 352.657
Mai 5 14,7 3.542 5.166 462.197 - - - - - - - 131,8 71.132 - 93.168 302.798
Jun 6 14,0 3.751 4.867 463.733 - - - - - - - 126,2 66.225 - 86.786 282.053
Jul 7 15,5 2.804 3.414 337.128 - - - - - - - 114,1 37.498 - 50.104 162.838
Ago 8 14,1 3.579 5.249 468.255 - - - - - - - 107,4 61.022 - 80.071 260.232
Set 9 13,8 3.454 4.484 427.106 - - - - - - - 114,1 58.426 - 76.671 249.182
Out 10 12,7 3.333 4.607 424.122 - - - - - - - 126,2 73.508 - 96.255 312.830
Nov 11 12,6 2.945 4.442 390.542 - - - - - - - 162,8 71.205 - 93.192 302.873
Dez 12 13,9 3.469 4.785 440.999 - - - - - - - 166,1 89.635 - 117.083 380.520
TOTAL 41.048 57.148 5.240.376 - - - - - - - 886.627 128 1.160.726 3.772.361

Tabela 9 – Dados de Custo Anual da Solução com Turbinas a GN – 3 x 4,8 MW

Distribuidora Planta de Cogeração Caldeira


Mês Número Demanda Ponta Fora de Ponta Faturamento Eletricidade Vapor Manutenção Gás Natural Vapor Nox Gás Natural
MW MWh MWh Custo (US$) MW1 MWh Mlb/hr1 Mlb US$ MMBtu Custo (US$) Mlb/hr 1 Mlb Ib MMBtu Custo (US$)
Jan 1 2,7 484 282 45.149 13,3 7.734 70,0 33.876 54.570 97.116 315.626 130,2 66.165 97 86.784 282.046
Fev 2 2,6 253 368 33.075 13,9 7.209 71,9 32.005 52.732 91.850 298.514 127,3 52.107 - 68.457 222.486
Mar 3 2,7 130 578 33.603 14,3 8.529 71,4 38.211 57.352 110.975 360.668 114,1 52.783 - 69.408 225.576
Abr 4 2,6 147 509 31.850 14,1 8.079 69,9 36.206 55.777 106.534 346.237 106,2 46.881 - 61.745 200.670
Mai 5 2,4 79 219 14.824 14,0 8.410 66,9 37.156 56.935 112.837 366.719 91,8 34.048 - 45.109 146.604
Jun 6 2,2 57 67 6.801 13,6 8.495 64,7 37.297 57.231 115.388 375.009 71,7 28.992 - 38.537 125.246
Jul 7 2,7 255 359 32.756 14,3 5.604 60,4 22.136 47.114 76.537 248.745 61,5 15.806 - 21.913 71.216
Ago 8 2,4 73 143 11.159 14,0 8.612 63,1 36.882 57.643 116.680 379.208 60,7 24.219 - 32.423 105.374
Set 9 2,5 90 339 20.670 13,7 7.509 65,3 33.170 53.780 101.294 329.207 65,8 25.318 - 33.887 110.134
Out 10 2,5 305 432 39.273 12,7 7.204 62,3 31.461 52.716 94.356 306.656 86,1 42.080 - 55.633 180.807
Nov 11 2,5 282 280 31.269 12,6 6.825 65,6 30.128 51.387 88.927 289.012 120,7 41.165 - 54.375 176.719
Dez 12 2,7 140 497 30.862 13,9 7.617 69,8 34.648 54.159 98.681 320.713 120,9 55.035 - 72.363 235.178
TOTAL 2.295 4.073 331.291 91.827 403.176 651.396 1.211.175 3.936.314 484.599 97 640.634 2.082.056

Tabela 10 – Dados do Custo Anual da Solução com Motores a GN – 2 x 6,6 MW

Distribuidora Planta de Cogeração Caldeira


Mês Número Demanda Ponta Fora de Ponta Faturamento Eletricidade Vapor Manutenção Gás Natural Vapor Nox Gás Natural
MW MWh MWh Custo (US$) MW1 MWh Mlb/hr1 Mlb US$ MMBtu Custo (US$) Mlb/hr 1 Mlb Ib MMBtu Custo (US$)
Jan 1 3,2 37 248 13.202 12,8 8.215 21,5 14.049 53.951 78.672 255.683 154,9 85.936 110 112.324 365.053
Fev 2 3,1 87 118 11.030 12,8 7.626 21,8 12.752 52.057 73.065 237.462 157,7 71.301 93.281 303.162
Mar 3 3,2 138 113 14.330 12,8 8.987 21,3 14.601 56.437 85.637 278.319 138,2 76.313 99.908 324.702
Abr 4 3,2 76 80 8.721 12,8 8.580 21,1 13.896 55.126 81.947 266.328 135,5 69.127 90.559 294.318
Mai 5 3,2 186 188 20.827 12,8 8.334 20,4 13.419 54.336 79.294 257.706 112,1 57.713 75.804 246.362
Jun 6 2,9 137 135 15.158 12,8 8.347 20,4 13.205 54.377 79.294 257.704 105,8 53.021 69.688 226.487
Jul 7 3,1 137 200 17.941 12,8 5.881 20,1 9.340 46.435 57.188 185.860 94 28.456 38.535 125.238
Ago 8 2,9 113 188 15.837 12,8 8.527 19,9 13.365 54.956 81.158 263.764 87,7 47.657 62.784 204.049
Set 9 3,2 51 84 7.167 12,8 7.802 20,0 12.485 52.624 74.753 242.946 94,6 45.941 60.535 196.737
Out 10 3,2 - 100 4.347 12,7 7.841 20,0 13.035 52.747 75.676 245.947 107,1 60.473 79.380 257.986
Nov 11 3,1 95 247 17.129 12,6 7.044 20,9 12.038 50.182 67.832 220.454 142,4 59.168 77.646 252.349
Dez 12 3,2 110 279 19.495 12,8 7.865 21,4 13.417 52.827 75.171 244.304 144,7 76.218 99.769 324.248
TOTAL 1.167 1.980 165.184 95.049 155.602 636.055 909.687 2.956.477 731.324 110 960.213 3.120.691

31
Tabela 11 – Resumo do Desempenho Econômico – Caso Base

Tempo
Custo Anual de
Custo do Projeto Econ. Líquida Retorno
Caso Operação
(US$) (US$) Investim.
(US$)
(anos)
Base - 9.012.736 - -
GT-1 13.950.000 7.001.057 2.011.679 6,9
RE-1 15.320.000 6.878.409 2.134.327 7,2

Tabela 12 – Resumo do Desempenho Econômico – Análise de Sensibilidade 1

Tempo
Custo Anual de
Custo do Projeto Econ. Líquida Retorno
Caso Operação
(US$) (US$) Investim.
(US$)
(anos)
Base - 9.012.736 - -
GT-1 14.625.000 7.071.535 1.941.327 7,5
RE-1 14.960.000 6.878.409 2.134.327 7,0

Tabela 13 – Resumo de Desempenho Econômico – Análise de Sensibilidade 2

Tempo
Custo Anual de
Custo do Projeto Econ. Líquida Retorno
Caso Operação
(US$) (US$) Investim.
(US$)
(anos)
Base - 8.469.718 - -
GT-1 13.950.000 6.506.568 1.963.150 7,1
RE-1 14.960.000 6.570.592 1.899.126 7,9

32
Conclusões

A biomassa é responsável, no Brasil por cerca de 25% da Oferta Interna de


Energia (OIE) (2013) e junto com outras energias renováveis como a hidráulica, a
eólica e a solar, deverão manter no próximo futuro, uma presença ponderável na
matriz energética brasileira, da ordem de 40%. O etanol poderá ampliar a sua
participação atual (16%), suprindo uma parcela considerável da demanda
automotiva, como aditivo da gasolina e uso direto com as alternativas propiciadas
pelos veículos “flex - fuel” se a produção de cana acompanhar o ritmo de
consumo.
Os biocombustíveis de primeira geração, aí incluídos o biodiesel e o etanol
de cana de açúcar, o biodiesel de materiais graxos de origem animal e ou vegetal
(soja, dendê, canola, milho, girassol, mamona, palma e outros) estão em fase de
pesquisa e introdução progressiva no país..
Várias entidades públicas e privadas estão envolvidas, tanto no Brasil como
no exterior, na pesquisa e desenvolvimento dos biocombustíveis de segunda
geração, como o etanol celulósico, que demandam menores quantidades de
matéria prima e são adaptáveis a solos marginais de menor fertilidade e também
no uso de derivados da cana de açúcar para a produção de plásticos
biodegradáveis em substituição ao petróleo, como é o caso da Braskem que já
lançou seus produtos no mercado. As primeiras usinas de etanol celulósico já
entraram em funcionamento nos EUA e na Europa.
Como é sabido, os produtos de origem vegetal sequestram carbono da
atmosfera durante a fase de crescimento através da fotossíntese e o seu balanço
ambiental final quando da queima ou utilização, é positivo ou no mínimo, neutro.
Por outro lado, o etanol a partir da cana-de-açúcar, tem um balanço energético do
seu ciclo produtivo (energia injetada versus energia obtida) de 8 por 1 sendo
cerca de 4 vezes superior ao de outros vegetais, como o milho, fato já
reconhecido pelas autoridades americanas que dada a pouca competitividade e
falta de produção do etanol brasileiro, retiraram os subsídios e barreiras que
impediam a entrada do mesmo naquele mercado. (Ao contrário da lógica, o Brasil
tornou-se hoje um importador líquido de etanol e de gasolina automotiva). Seus
resíduos (bagaço e folhas) possuem um conteúdo energético que é duas vezes
maior que o do caldo ora extraído, possibilitando a sua recuperação para
produção da bio-eletricidade via sistemas de cogeração nas usinas, triplicando o
aproveitamento energético da biomassa.
É um combustível que poderia agregar valor permanente à matriz
energética nacional, mas que periodicamente entra em crise, como ocorre
atualmente, seja por razões climáticas, pela falta de atualização tecnológica
industrial, agrícola e administrativa do setor, bem como pela política errática de
preços praticada pelo governo com o incentivo ao uso da gasolina que inviabiliza
o setor sucro-alcooleiro como um todo e afeta o equilíbrio econômico-financeiro
da Petrobrás e o próprio balanço de pagamento do pais.

33
No caso da energia eólica o fato de serem investimentos modulares, com
financiamentos favorecidos, contratos tipo “take or pay” de longo prazo,
financiamentos favorecidos e pequena ingerência dos problemas ambientais, tem
atraido investidores e provocado baixa nos preços de energia nos leilões
efetuados recentemente, muito embora as questões de conexão ás redes,
capacidade de reserva, investimentos adicionais em reforço da transmissão, área
ocupada, fator de capacidade e confiabilidade de fornecimento não tenham sido
devidamente equacionados em muitos casos. Em 2013 o parque eólico nacional
atingiu uma capacidade instalada de 4.144 MW mas gerou 6,6 TWh (1,1% do
total) ou seja, funcionou com um fator de capacidade f.c de apenas 18%.
O Brasil, para continuar crescendo a taxas razoáveis (4 a 5% a.a.),
necessita de acréscimos de energia “firme” (valor médio anual) da ordem de 3.500
MW/ano. A EPE (Empresa de Pesquisa Energética do MME prevê no PDE 2023 –
Plano Decenal de Expansão de Energia um acréscimo de potência instalada (e
não de energia) de 63.300 MW, dividido em 28.200 MW em Usinas hidrelétricas,
17.000 MW em eólicas, 8.600 MW em outras (PCH, Biomassa, solar) e 9.500 MW
em Fontes não renováveis. É a grande oportunidade para a cogeração
especialmente como solução energética para o pais e econômica do setor sucro-
alcooleiro .
No caso das usinas da Amazônia (Madeira, Belo Monte), com fator de
capacidade de 40%, sem considerar os custos das longas e complexas linhas de
transmissão, investe-se uma Itaipu para obter um terço da energia gerada pela
mesma, pois as pressões ambientais impedem, mesmo com pleno respeito à lei, a
construção de barragens que promovem a regulação plurianual dos reservatórios,
garantindo o aumento da energia “firme” das usinas, a perenização dos cursos
d’água, a navegação fluvial, o abastecimento das cidades, a piscicultura, as
atividades turísticas, a prevenção de enchentes, evitando o desperdício e a
esterilização dos recursos hídricos da nação.
As secas e enchentes que com certa frequência assolam a Amazônia,
como as que ocorreram recentemente, causam vultosos prejuízos à economia
local deixando inúmeras cidades sem abastecimento de bens de consumo e até
de petróleo para geração de energia elétrica e afetam diretamente a vida das
populações ribeirinhas que ficam sem meios de subsistência pelos baixos níveis
dos rios que impedem a navegação e a própria pesca na região.
Além disso, a introdução na matriz elétrica brasileira de outras fontes
renováveis sazonais (etanol, biomassa) ou intermitentes (eólicas, solar) demanda
a presença crescente de fontes “firmes” de energia fóssil (óleo, gás natural, carvão
ou nuclear) de maior custo e com o consequente passivo em termos de poluição e
gases do efeito estufa (GEE). Essa necessidade de fontes fósseis, que não serão
abandonadas tão cedo pela maioria dos países desenvolvidos, por uma questão
de custos e de segurança energética e o fato do Brasil deter grandes reservas das
mesmas, aponta para uma abordagem do uso desses energéticos com
racionalidade econômica e ambiental, tendo presentes o desenvolvimento das
novas tecnologias de redução dos poluentes (sequestro de carbono, disposição de
rejeitos, aumento dos rendimentos, rapidez de posta em marcha, etc.).

34
Em relação à energia nuclear embora a mesma não seja uma fonte
renovável, ela pode ter tem um papel importante nas questões de segurança de
abastecimento, independência energética e competitividade da economia, pois:
ela é a única não renovável que não emite os gases do efeito estufa e
ainda hoje é reconhecida como uma fonte limpa e segura de energia,
com uma experiência de mais de 12.000 anos/reator durante as últimas
5 décadas apesar do recente desastre de Fukushima
o preço da eletricidade de origem nuclear é considerado competitivo
com outras fontes fósseis, especialmente se forem computados os
custos ambientais embora os custos tenham subido consideravelmente,
especialmente no Brasil e não há previsão de novas usinas no PDE -
2023
em relação ás energias renováveis, suas vantagens, além da logística e
custo favorável de abastecimento do pequeno volume de combustível
utilizado, decorrem do alto fator de capacidade (acima de 90%) com que
são operadas as usinas nucleares.
o Brasil possui grandes reservas de urânio, tem o domínio do ciclo de
produção do combustível e possibilidades de penetrar o grande mercado
externo que se abre para o mesmo.

No que se refere ao carvão, as grandes reservas existentes no Brasil tem sido


subutilizadas em virtude dos custos econômicos e ambientais de exploração e dos
preços do petróleo e energéticos concorrentes que frearam até agora, a
incorporação das novas tecnologias para sua adequada utilização. O mesmo
ocorre com o xisto betuminoso (gás de folhelho) que o Brasil possui grandes
reservas e que nos EUA garantiu o abastecimento próprio a preços extremamente
competitivos à sua indústria: US$ 4,50/MMBtu causando retomada de sua
economia e uma verdadeira revolução nos mercados mundiais com baixa notável
dos preços não só do GN mas também do petróleo.
As térmicas a carvão, licitadas nos últimos leilões de energia, empregam
carvão importado como combustível, provavelmente por uma questão de logística
e preço. Dada à celeuma levantada sobre a questão ambiental, o PDE 2023
aparentemente deixou de incorporar a previsão para a entrada de novas usinas a
carvão mantendo estável a capacidade instalada de geração no país com este
combustível fóssil em apenas 3.205 MW.
No tocante ao óleo combustível e em virtude do paradoxo da legislação
ambiental que facilita o licenciamento das térmicas poluentes e dificulta a
construção das hidrelétricas, houve a contratação, para entrada em operação a
partir de 2010, de 5.484 MW de usinas com esse energético, no que seria uma
evidente agressão à política ambiental. (A construção não foi iniciada, pois a
empresa tornou-se inadimplente).
Isto se deve segundo alguns especialistas, aos equívocos de planejamento
e à política comercial dos combustíveis no Brasil e à falta de coordenação entre os
agentes do setor energético, sendo privilegiado o óleo combustível, poluente, em
detrimento do gás natural menos agressivo que continua sendo e continuará a ser

35
parcialmente importado e queimado e se tornará ainda mais abundante em função
da exploração das reservas do pré-sal.

Política energética
Mesmo com a descoberta das novas reservas de petróleo no pré-sal, o pais
deveria seguir com uma política energética com ênfase no MDL (Modelo de
Desenvolvimento Limpo) com ações voltadas entre outras, para:
- incentivo às energias limpas, fixação de teto e taxação dos agentes
emissores, prioridade à eficiência energética (cogeração na indústria e melhores
rendimentos dos motores automotivos), e em lugar do incentivo ao transporte
individual, apoio ao transporte coletivo e a outros modais de transporte como
ferrovias e hidrovias.
- Manter e ampliar a presença na matriz energética das fontes primárias
renováveis, com ênfase na biomassa, energia eólica e na utilização integral dos
recursos hídricos, preservando a capacidade de armazenamento e a regulação
plurianual dos reservatórios hidrelétricos;
- Fomento à cogeração na indústria sucro-alcooleira e sua efetiva conexão
ao sistema interligado nacional (SIN);
- Complementação da oferta interna de energia com fontes não renováveis
(óleo, gás natural, carvão, energia nuclear) exploradas com racionalidade
econômica e ambiental;
- Assegurar os recursos necessários para que as empresas, agências e
órgãos da administração direta do Estado efetuem o inventário e ofereçam à
licitação, tempestivamente, os projetos licenciados de que o país necessita;
- Concentrar a atividade direta do Estado, na medida de sua capacidade de
gerar recursos próprios, nas atividades que constituem monopólio da União (ciclo
nuclear) e na implementação das parcerias público-privadas com foco na
eficiência administrativa e na redução dos custos dos empreendimentos;
- Garantir a segurança jurídica aos contratos com o fortalecimento de
Agências Reguladoras autônomas e capacitadas;
- Colocação em prática e efetuar a regulamentação do marco regulatório do
gás natural para torná-lo uma “commodity” exportável e uma fonte confiável e
barata de energia para a indústria e para o setor elétrico separando-a da política
de exploração associada ao petróleo com abertura da exploração do gás de
folhelho (xisto) para investidores privados;
- Revisão dos encargos setoriais, incentivos e impostos que gravam os
preços da energia como resultado de maior controle e eficiência dos gastos
públicos;
- Na área ambiental, eliminar a arbitragem ideológica, a burocratização e
superposição de esferas de licenciamento, e a desnacionalização decisória
monitorando a expansão do setor com vistas ao respeito à lei e ao uso eficiente
das reservas energéticas do país.

C2ES – Center for Climate and Energy Solutions


http://www.c2es.org/docUploads/CogenerationCHP.pdf - IEA, DOE, ANEEL, ANP, EPE,

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