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Daimon Engenharia e Sistemas Ltda

Av Paulista, 1.776 – Cj 22 B – Bela Vista – São Paulo – Brasil | Fone: + 55 11 3266.2929


www.daimon.com.br

Tomada de Subsídio 013/2022

Obter subsídios para aprimoramentos na


regulamentação que define a metodologia
adotada pela ANEEL para o cálculo de perdas na
distribuição das concessionárias de distribuição.

Contribuição ao tema de Perdas Técnicas Regulatórias

Outubro de 2022
Daimon Engenharia e Sistemas Ltda
Av Paulista, 1.776 – Cj 22 B – Bela Vista – São Paulo – Brasil | Fone: + 55 11 3266.2929
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1. Introdução
Este documento tem como objetivo apresentar as contribuições e respostas da Daimon
Engenharia & Sistemas para os 35 questionamentos realizados pela ANEEL no âmbito da
tomada de subsídio 013/2022, intitulada de “Obter subsídios para aprimoramentos na
regulamentação que define a metodologia adotada pela ANEEL para o cálculo de perdas na
distribuição das concessionárias de distribuição”.

Anteriormente à apresentação de nossas considerações, gostaríamos de reiterar nosso


posicionamento de que a alteração metodológica ocorrida a partir de 2015, com a adoção
do fluxo de potência como modelagem para apuração das perdas técnicas MT/BT foi
bastante positiva, permitindo assim que modelos completos com representação mais
fidedignas das redes das distribuidoras fossem utilizados em substituição a modelos com
representação simplificada. Atualmente, devido ao avanço de recursos tecnológicos e
computacionais, alinhado ao maior detalhamento da gestão de cadastro da rede pelas
distribuidoras, podemos afirmar que o caminho adotado é factível de ser aplicado – fato
esse comprovado pelo sucesso dos cálculos nos processos revisionais nos últimos anos.

É claro que nenhum modelo ou metodologia é perfeita em sua integralidade, estando


sempre susceptível a aprimoramentos, seja pela reconsideração de algumas premissas ou
devido ao choque de novas tecnologias entrantes ao sistema elétrico. Tendo isso em vista,
as considerações na Nota Técnica nº 0047/2022-SRD/ANEEL mostram que o regulador
caminha, e com acerto, na manutenção da metodologia vigente, sendo discutidos
aprimoramentos relevantes.

Por fim, gostaríamos de reconhecer e destacar esta importante oportunidade aberta pela
ANEEL ao abrir esse espaço de discussão para um tema tão relevante para o setor elétrico.
2. PONTOS DE APRIMORAMENTO
1. Quais os principais pontos a serem aprimorados na metodologia de cálculo de
perdas na distribuição? Por quais razões?
Além das questões de modelagem da geração distribuída e do condutor neutro que serão
discutidos nas próximas seções, abaixo listamos os principais aprimoramentos na
metodologia de cálculo das perdas técnicas:
▪ Medições intermediárias: para as distribuidoras que possuem medições
intermediárias ao longo do alimentador, poder-se-ia realizar o fechamento do
balanço também através desta medição, e não apenas com relação a energia
medida na saída do alimentador. Isso traria uma precisão ainda maior na apuração
das perdas, com uma melhor identificação das perdas não técnicas ao longo da rede.
Importante mencionar que tal implementação requerer adequações estruturais no
formato da BDGD, assim como aprimoramentos no cálculo a ser realizado com esta
nova configuração. No limite, é como se fosse uma divisão do alimentador em micro
redes para um primeiro cálculo desacoplado e separado para cada uma dessas micro
redes, e um segundo cálculo considerando as suas interconexões. A Daimon já
implementou com sucesso esse tipo de solução na ferramenta Pertec Plus® e tem
obtido excelentes resultados.
▪ Contemplar a possibilidade de consideração da tensão de operação horária na saída
dos alimentadores: como o cálculo feito no OpenDSS é realizado em base horária,
poderia ser fornecida a tensão de operação horária, em p.u., de cada alimentador
para ser utilizado no cálculo das perdas. Segue exemplo de declaração:

New "Circuit.AAA" basekv=13.8 bus1="1234567" r1=0 x1=0.0001,


Daily="Alim_CurvaPu"

New "Loadshape.Alim_CurvaPu" 24 1.0 mult=(1.00089038851328


1.00096320721767 1.0010255753023 1.00107709676352 1.00121145931107
1.00136466786681 1.00115878539612 1.00088585723444 1.00077501830142
1.00076335818125 1.00075725695558 1.00081389666723 1.00078884774628
1.00072197153379 1.00072319177892 1.00084328423754 1.00103245612903
1.00077030679938 1.00077108640044 1.00081976062301 1.00079230510749
1.0007327842615 1.00074705435043 1.0008069819448)

Para evitar maior complexidade, sugerimos que essa informação seja considerada
opcionalmente no cálculo caso seja encaminhada pela distribuidora.
▪ Contemplar ativos classificados como componentes menores (COM) e não incluídos
na BDGD: por exemplo, condutores (jumper) que não pertencem ao SSDMT mas que
interligam redes de média tensão ao primário dos transformadores de distribuição.

3
▪ Reconsideração e reavaliação das perdas dos transformadores MT/BT pelo padrão
ABNT. Sugere-se considerar um mix de valores entre a referência ABNT e o que de
fato se encontra em campo (exemplo: 50% ABNT / 50% dados de placa).
▪ Avaliação do impacto das perdas harmônicas para possível incorporação na
metodologia.
▪ Abertura de frente de discussão para reavaliação da padronização da temperatura
dos condutores em 55ºC ao longo de todo o dia e para todo o ano, o que pode ser
muito diferente de condições verificadas em muitas concessões, em especial
aquelas em regiões de maior temperatura ambiente média anual.

3. PERDAS SDAT
2. A metodologia de cálculo de perdas do SDAT, que utiliza o sistema de medição, é
a mais adequada para obtenção das perdas nesse segmento?
Sim, porém deve-se considerar que esta apuração ainda assim pode carregar um certo grau
de incerteza para níveis de tensão com perdas baixas, ou seja, menores que o nível de
precisão dos medidores. Em situações como esta, deveria ser aplicado um segundo grau de
validação, por exemplo, fazer um cálculo de fluxo de potência a partir das próprias
informações declaradas nas entidades de AT da BDGD. Estando os valores próximos ou
dentro de uma faixa apurada no cálculo por fluxo, os valores apurados por medição
estariam validados.

3. Existem aspectos a serem aperfeiçoados na metodologia de cálculo do SDAT? Caso


positivo, quais?
Respondido na pergunta nº 2.

4. Os níveis de perdas no SDAT estão adequados?


Entendemos que sim. Inclusive, as variações dos valores de perdas na alta tensão entre
empresas é algo esperado, primeiro pelas diferenças em extensão de rede e topologia, e
segundo pois as perdas são altamente sensíveis com relação a localização dos pontos de
injeção e carga. Assim, qualquer alteração da localização destes pontos, efeitos sazonais,
fluxos reversos em função do despacho da geração, tendem a impactar diretamente as
perdas na AT.

5. Como auditar as perdas apuradas por medição do SDAT? Um eventual


procedimento de auditagem deveria ser aplicado a todas as distribuidoras ou apenas

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em casos específicos? Qual critério deveria ser usado para estabelecer a aplicação
de um eventual procedimento de auditagem?
A auditagem poderia ser feita conforme sugerido na pergunta nº 2.

6. O envio de dados padronizados por ponto de medição seria uma possibilidade?


Quais os aspectos positivos e negativos dessa abordagem?
Pontos negativos: necessidade de formatação para inserir todo o banco de medições para
o formato a ser padronizado. Ademais, a simples consideração de uma análise IN/OUT é
simplista, pois na verdade deve-se analisar o diagrama unifilar da empresa, geralmente se
divide a análise por subsistemas, consideração de fluxos reversos e como isso são
incorporados nas medições, medições redundantes que devem ser analisadas para não se
ter duplicidade de informações na análise, etc.
Pontos positivos: seria a definição e construção de um inédito banco de medição detalhado
e a nível Brasil.

7. A confiabilidade dos dados de medição – principalmente os que não pertencem


ao Sistema de Medição de Faturamento (SMF) – é adequada?
Queremos chamar atenção aqui para os casos em que a perda de alta tensão é menor do
que a precisão dos medidores utilizados, sejam eles do SMF ou não.

8. Em caso de falhas na apuração da medição de algum ponto de medição, quais são


os procedimentos adotados? Tais procedimentos deveriam ser detalhadamente
definidos?
As causas de falhas em medições são inúmeras, sendo o mais correto que a análise fosse
feita caso a caso, justamente para não se tomar ações corretivas equivocadas, fora de
contexto, ou, até mesmo, desnecessárias.
Poderia ser estabelecida uma metodologia para a correção de falhas de medição, como por
exemplo um modelo matemático de estimativa de valores a partir dos dados de mesmos
dias/meses anteriores e eventual aplicação de fator de sazonalidade.

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4. ATIPICIDADE
9. Na maioria dos casos são significativas as variações diárias das unidades geradoras
nos alimentadores de distribuição?
Concernente a geração distribuída fotovoltaica, recomenda-se a utilização de um perfil
único diário (perfil típico de geração fotovoltaica) aplicado para todos os dias do ano.
Com relação a grandes usinas, em geral os perfis de carga apresentam comportamento
homogêneos entre si. Assim, recomenda-se, caso a ANEEL deseje modelar estes agentes no
OpenDSS, a representação de três curvas de carga diárias (dia útil, sábado e domingo) -
opção ii. Em que pese não concordarmos com a modelagem destes geradores conforme
explicitado no parágrafo seguinte, e ainda assim, caso a ANEEL decida por modelar esses
geradores, entendemos que a opção ii é a mais viável por não suscitar alterações estruturais
na rotina de cálculo atual do ProgGeoPerdas, manter a mesma simplificação ao que hoje se
aplica para todas as curvas de carga BT e MT (representação por 3 curvas de cargas diárias),
e, por fim, guardar coerência com a modelagem proposta no item de geração distribuída.

Entretanto, e tendo em vista o baixo número de casos quando comparado à GD (conforme


Figura 8 da Nota Técnica nº 0047/2022–SRD/ANEEL), além de trazer menor complexidade
no cálculo, recomenda-se que alimentadores com presença destas usinas geradoras
continuem sendo classificados como atípicos. Ademais, assim como proposto no tópico de
GD, é importante que seja realizado um período de testes da modelagem de geração uma
vez que os impactos nos cálculos podem ser significativos caso a modelagem não seja feita
corretamente.

10. As distribuidoras possuem os dados de medição dos geradores conectados aos


circuitos de média tensão com injeção de potência significativa?
Não possuímos essa informação. Porém, gostaríamos de ressaltar que a informação da
energia injetada mensal (MWh/mês) já é declarada pelas distribuidoras na BDGD.

11. Caso opte-se por calcular as perdas dos circuitos que possuem geração, qual seria
a alternativa mais adequada para a curva de carga? Teriam outras opções além das
anteriormente elencadas?
Falando especificamente da geração distribuída, inicialmente seria a adoção de uma curva
típica única (não vemos necessidade em diferenciar por dia útil, sábado e domingo assim
como é feito para a carga) para representar o perfil de curva da energia injetada em p.u.
Essa curva seria ajustada à energia mensal injetada medida para consideração no cálculo
das perdas técnicas.

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Já para a geração de grande porte, sugerimos que o alimentador seja classificado como
atípico, assim como respondido na pergunta nº 9.

12. A distribuidora possui sistema de subtransmissão que interliga SED? Caso


positivo, a distribuidora dispõe de medição de modo a totalizar as perdas desse
sistema?
Caso a distribuidora possua todos os pontos de medição (injeção, cargas e subestações)
esses dados deveriam prevalecer na apuração das perdas do que o fluxo de potência.

13. O tratamento dispensado ao Sport Network pela metodologia de perdas é


adequado?
Sim. Estes casos devem continuar sendo tratados como atípicos uma vez que o modelo de
cálculo regulatório não está adequado para a representação destas redes. Entretanto, cabe
mencionar ainda que seu cálculo é possível, porém requer uma alteração na estrutura de
dados da BDGD. Assim, deve-se ponderar se essa alteração deve ser feita, pois o universo
de redes com essas características é muito pequeno no Brasil, e, portanto, recomenda-se
manter o tratamento atual de considerar redes atípicas.
Aproveitando o tema, reforçamos que a rotina do GeoPerdas muitas vezes traz uma
avaliação equivocada no momento da montagem das redes que possuem esta configuração
pois são apontados erros de faseamento, níveis de tensão BT em redes de média e vice-
versa. Mesmo que o percentual limite de erros críticos sejam maiores para redes
classificadas como atípicas, deve-se rever a avaliação feita.

14. O tratamento dispensado a redes subterrâneas reticuladas pela metodologia de


perdas é adequado?
Sim. Idem à resposta da pergunta nº 13.

5. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
15. A incorporação da microgeração e minigeração distribuída ao modelo de cálculo
de perdas é necessária?
Sim. Devido ao seu crescimento exponencial verificado nos últimos anos, a tendência é que
com o tempo sua representação seja importante para um cálculo mais adequado das perdas
técnicas.

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16. Considerando o número de unidades com geração e o acréscimo de
complexidade ao cálculo, é importante considerar as demais fontes de geração no
cálculo de perdas?
Como a geração solar fotovoltaica representa 99% das unidades de GD instaladas no país,
entendemos que apenas a sua modelagem seja suficiente. Caso, eventualmente, haja outro
tipo de GD significativa em algum alimentador, ele passaria a ser classificado como atípico.

17. Qual a melhor opção para se obter a energia mensal gerada: utilizando-se o
OpenDSS como um estágio que precede o cálculo ou por meio da formulação
descrita anteriormente nessa seção? Existem outras opções a serem avaliadas?
18. Existe outra base de dados que poderia ser utilizada para a obtenção da
irradiância solar, além da base de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar
desenvolvido pelo INPE?
19. Qual a periodicidade para a consideração da irradiância e da temperatura, tendo
em vista a disponibilidade de informação: diária, mensal, anual ou alguma outra
forma?
20. Como considerar a irradiância e a temperatura tendo em conta a localização
geográfica da unidade com geração: i) usar a localização geográfica unidade com
geração sem qualquer simplificação; ii) por conjunto de unidade consumidora; iii)
por área de concessão; iv) por região ou alguma outra forma?
As perguntas 17 a 20 serão agrupadas e respondidas na sequência.
Entendemos que a proposta de modelagem apresentada pela ANEEL não parece adequada
por dois motivos principais: (i) exigência de dados que não estarão disponíveis em sua
totalidade (temperaturas diárias, variação da eficiência com a temperatura); (ii) menor
precisão da modelagem ao considerar o dado de potência instalada como dado de entrada
para o OpenDSS, que não necessariamente reflete a energia gerada mensal. Ademais, na
proposta elaborada pela ANEEL seria necessário adicionar uma parcela de energia ao
consumo mensal dos clientes geradores não-remotos, referente ao autoconsumo suprido
pelos geradores. Entretanto, como o dado de autoconsumo não é normalmente capturado
pelos medidores de energia, a consideração desta parcela adicional – necessária para a
correta modelagem na abordagem proposta pela ANEEL – seria mais uma variável estimada,
introduzindo maior grau de incerteza ao cálculo.
Portanto, a proposta apresentada pela ANEEL não parece adequada por exigir dados de
entrada indisponíveis e se basear em informações que podem não refletir a realidade em

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campo destes consumidores com geração, ao utilizar o dado de potência instalada da GD e
a aplicação de uma estimativa de autoconsumo de cada consumidor com GD.
Uma proposta considerada mais fidedigna aos dados de GD e com a introdução de variáveis
com menor grau de incerteza seria a modelagem da GD a partir dos dados de energias
geradas mensais, já declarados na BDGD, nas entidades UGxT.
Com esta informação da energia mensal, uma modelagem semelhante ao que o Geoperdas
e ProgGeoperdas já realiza para as cargas poderia ser efetuada para os elementos de
geradores, transformando o dado de energia mensal em demandas máximas. Desta forma,
garante-se que a energia de geração declarada na BDGD (energia que é injetada na rede de
distribuição) será exatamente a mesma energia injetada pelos geradores na rede do cálculo
de fluxo de potência no OpenDSS.
Em estudos feitos pela Daimon para modelar a GD, foi utilizado o objeto “Generator” do
OpenDSS conforme exemplo abaixo:
“New Generator.gd_exemplo bus1= barra_gd_exemplo.1.2.3.0 conn=Wye model=1 kv=13.8
kw=50 pf=0.92 daily = curva_gd vmaxpu=1.5 vminpu=0.93”
Nesta modelagem, o dado de potência declarado não é o de potência instalada declarada
na BDGD, mas sim o dado de demanda da GD calculado a partir de sua energia injetada
mensal, variando mês a mês, conforme a mesma modelagem já efetuada para as cargas.
A opção pelo objeto Generator justifica-se pois este não demanda os dados de temperatura
e eficiências, e modela corretamente a geração de forma menos complexa. Além disso, foi
verificado que o objeto “EnergyMeter” do OpenDSS registra corretamente no campo
Gen_kWh os dados de geração obtidos do objeto “Generator”, porém não registra este
dado de geração quando a GD é modelada pelo objeto “PV System”, fato este que corrobora
ainda mais com a opção de modelagem via objeto “Generator”.
Nesta modelagem alternativa proposta, a única necessidade de adequação seria na curva
de carga dos consumidores com GD, uma vez que nos instantes em que a GD está injetando
energia na rede (excedente) a carga (energia fornecida pela rede) deve ser zerada, que é o
que de fato ocorre na operação real do sistema: sempre que o medidor registra geração
injetada na rede pela GD, o consumo do cliente – observado pela rede – é nulo. Neste caso,
o perfil de carga dos clientes prossumidores devem ser zerados durante o período de
geração de sua GD associada. Sem essa adequação, o cálculo ficaria impreciso, pois é
preciso garantir que no fluxo de potência que a energia injetada pelos geradores não seja
consumida pelo cliente associado àquela GD.
Portanto, nesta abordagem alternativa a da ANEEL, a modelagem torna-se mais precisa e
menos complexa, pois evita-se a necessidade de dados de entrada estimados, garante-se a
modelagem precisa e real da energia injetada dos geradores distribuídos no fluxo de
potência.

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Apesar das discussões apresentadas quanto a uma modelagem que traga maior
simplicidade e maior precisão ao elemento de geração distribuída fotovoltaica, entendemos
como prudente que - anteriormente a aplicação integral na metodologia regulatória - seja
realizado um período de testes para evitar equívocos na representação da GD, ou
comportamento inesperado do cálculo do fluxo, que podem causar não convergências ou

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reconhecimento incorreto das perdas técnicas. Após esse período de teste, e com maior
maturidade desta implementação da GD - que é extremamente relevante na apuração das
perdas técnicas - concordamos que a modelagem da geração seja integrado ao modelo
regulatório.

IMPEDÂNCIA / NEUTRO
21. Qual das opções deve ser adotada para representar as características elétricas
das linhas do SDMT e SDBT? Existiria outra forma não abordada nesse documento?
A opção V seria a mais desejável já que ela traz consigo a representação completa da
geometria da rede e dados dos condutores, incluindo-se nessa representação o condutor
de neutro, que na metodologia atual é considerado com a mesma bitola do condutor de
fase. Segue exemplo abaixo de representação:

New Wiredata.CondutorFase
GMR=0.0244 DIAM=0.721 RAC=0.306 ~ normamps=530
~ Runits=mi RADunits=in GMRunits=ft

New Wiredata.CondutorNeutro
GMR=0.00814 DIAM=0.563 RAC=0.592 ~ normamps=340
~ Runits=mi RADunits=in GMRunits=ft

New Linegeometry.Poste nconds=4 nphases=3 reduce=No


~ cond=1 wire=CondutorFase x= -4 h=29 units=ft
~ cond=2 wire=CondutorFase x= -1.5 h=29 units=ft
~ cond=3 wire=CondutorFase x= 3 h=29 units=ft
~ cond=4 wire=CondutorNeutro x= 0 h=25 units=ft

Entretanto, algumas informações necessárias para essa representação podem não estar
disponíveis por completo já que o detalhamento e complexidade no levantamento de cada
arranjo é grande.
Uma solução para garantir tal representação mais completa e correta dos arranjos
geométricos, sem exigência de requisição de todos dados deste modelo para a
distribuidora, seria a utilização do campo “GEOM_CAB” da entidade SEGCON da BDGD, que

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já apresenta os arranjos de cada condutor (horizontal, vertical, triangular, compacto, etc),
associado a alguns valores padronizados de distâncias para cada tipo de arranjo. Desta
forma, seria preciso adotar valores padronizadas de distâncias horizontais entre os
condutores para cada tipo de arranjo (valores “x” do Linegeometry). Para as alturas (valores
“h” do Linegeometry), poderia ser utilizado o dado de altura (ALT) da entidade PONNOT
associada a cada segmento de rede (via código PN_CON), porém considerando-se as
adaptações necessárias para a modelagem das alturas de cada condutor a partir do dado
de altura do poste.

Entretanto, considerando-se que estas informações do modelo podem não estar


disponíveis por completo, concordamos com a opção ii (impedância de sequência positiva
(R1, X1) e as de sequência zero (R0, X0) ou iii (impedâncias de sequência positiva (R1, X1),
as de sequência zero (R0, X0) e as capacitâncias (C1 e C0)). Entretanto, é importante
destacar que nenhuma destas abordagens consegue realizar a representação correta da
matriz completa de impedâncias (impedâncias próprias e mútuas de cada condutor).
Sugerimos, portanto, que a não declaração específica da bitola do condutor neutro seja
compensada, por exemplo, com incremento nas perdas diversas aplicáveis às redes BT, e
do qual poderia ser auferido com estudos de cálculo de perdas em algumas redes BT com e
sem a modelagem do neutro pela geometria completa dos condutores.

22. A solução implementada para considerar o neutro com a inserção do quarto


condutor nas linhas do SDMT e SDBT é adequada?
Não. Esta foi uma simplificação com baixo custo de implementação que atendeu pleitos
feitos anteriormente, inclusive pela própria Daimon, mas que agora precisa ser revista em
função da reabertura da discussão metodológica.

23. Realizar o aterramento do neutro através do objeto Reactor é a melhor opção?


Ou seria mais adequada a modelagem em que a resistência do neutro não seria
considerada?
Não. A partir de análises realizadas com e sem a implementação do objeto “Reactor”, foi
possível concluir que a inclusão deste elemento dificulta a convergência numérica de alguns
alimentadores, ao introduzir a tensão entre neutro e terra.

Ademais, foi observado que as perdas técnicas do objeto “Reactor” inserido entre o neutro
e o terra, não são considerados pelo objeto “EnergyMeter”. Assim, entendemos que tal
modelagem não é uma opção adequada por dificultar a convergência numérica do fluxo de
potência, além de não agregar as perdas deste elemento à contabilização regulatória.

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A abordagem proposta sem o elemento “Reactor”, com o cuidado de realizar o aterramento
dos transformadores via conexão do PAC_2 destes a terra, assim como dos elementos BT
conectados no secundário do Trafo, é vista como a mais adequada. Entretanto, é preciso
verificar como considerar no cálculo as perdas ocasionadas pelo aterramento, uma vez que
esta abordagem do “Node .0” também não modela corretamente a resistência de
aterramento das concessionárias.

6. IMPEDÂNCIA DE MAGNETIZAÇÃO
24. A representação da reatância de magnetização se faz necessária?
Sim, entendemos que é um elemento importante a ser considerado pois impacta a
magnitude de corrente à montante dos transformadores.
No esquemático real de um transformador, conforme figura 1 abaixo, a modelagem
regulatória atual não contempla o Im, referente a corrente magnetizante. Esta componente
é relevante pois ocorre no elemento primários do transformador e é responsável por pela
força magnetomotriz para estabelecimento do fluxo no núcleo do transformador. A
corrente de magnetização (Im), junto com a corrente parasita e histerese (Ic) compõem a
corrente em vazio (Ie).
As perdas devido a Ic referem-se às perdas do núcleo dissipada pelas perdas por histerese
e as perdas por correntes parasitas (foucault). São as perdas que associamos ao elemento
Ferro do transformador.
Assim, para representação completa da corrente em vazio ou excitação (Ie), é necessário
modelar também a componente Im, uma vez que a componente Ic já é contemplada. Sem
esta consideração, o transformador não é representado por completo, impactando as
perdas técnicas calculadas em elementos a montante.

1
Fonte: Dissertação de Mestrado. Modelagem de transformadores de distribuição para aplicação em
algoritmos de fluxo de potência. José Luis Choque Caparó. UNESP. 2005.

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25. Para considerar essa reatância basta adicionar o parâmetro %imag quando da
definição do objeto Transformer?
Sim, pois quando este parâmetro não é definido, o OpenDSS acabado adotando o valor
default para a impedância de magnetização, que é zero. Já com relação aos valores em si, é
possível utilizar as corretes de excitação da norma ABNT NBR 5440:2014, descontando-se a
componente da corrente referente às perdas em vazio, conforme equacionamento:

𝐼𝑚𝑎𝑔 = √𝐼𝑒𝑥𝑐 2 − 𝐼𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 2

Sendo:

• 𝐼𝑚𝑎𝑔 : 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑛𝑜 𝑟𝑎𝑚𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜𝑟,


𝑟𝑒𝑙𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑜 à 𝑚𝑎𝑔𝑛𝑒𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜𝑟
• 𝐼𝑒𝑥𝑐 : 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑐𝑖𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜𝑟 (𝑜𝑢 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 à 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜)
• 𝐼𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 : 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑛𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜
𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜𝑟, 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜

7. CARREGAMENTO TRANSFORMADORES MT/BT


26. Deve-se proceder à limitação da carga quando exceder a potência nominal do
transformador de distribuição em um determinado montante?
O carregamento máximo de um transformador é um problema térmico, cuja solução
depende da sua curva de carga. Em outras palavras, o carregamento máximo a que um
transformador pode ser submetido ao longo do tempo, sem provocar perda de vida útil
adicional, depende do produto P(ti) x ti. Assim, um transformador com curva de carga mais
constante ao longo do dia (maior fator de carga) suporta um carregamento menor,
enquanto um transformador com carregamento máximo de curta duração (menor fator de
carga) suporta um carregamento maior. No primeiro caso (fator de carga elevado) uma
sobrecarga de 20% já pode ser um problema. Já no segundo caso (baixo fator de carga),
uma sobrecarga de curta duração pode ser de 60%, 80% ou até mais, sem nenhum
problema ao transformador.
Adicionalmente cabe mencionar que ao longo do ano ocorrem manobras temporárias que
podem prejudicar esta análise, uma vez que a BDGD é estática e considera apenas uma
única fotografia de 31/dezembro para representar todo o ano. Assim, esta análise pode
trazer avaliações equivocadas em função desta particularidade da base.
Em função disso, entendemos não ser adequado definir uma limitação da carga, exceto para
valores que realmente representem erro de dados.

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27. O limite de 140% está adequado para essa finalidade?
Em que pese a negativa e os argumentos apresentados na pergunta nº 26, caso ainda assim
a ANEEL decida fazer a limitação, sugerimos que seja adotado o valor limite de 180% pois
(i) já utilizado em ciclos anteriores (ii) é uma situação factível de ocorrer na prática (iii)
ajudaria a minimizar efeitos causados pelo fato da base ser estática.
No parágrafo 68 da Nota Técnica é citado que “propõe-se que na avaliação do carregamento
máximo dos transformadores de distribuição seja considerado o somatório das demandas
máximas de todas as cargas conectadas ao equipamento”. Deste modo estaria sendo
somada as demandas máximas não coincidentes. Isso está equivocado, sendo que o correto
é calcular a demanda máxima obtida pela curva agregada coincidente de todas as cargas
conectadas a um transformador.

28. Deve-se proceder à limitação da carga quando exceder a máxima capacidade de


condução dos condutores? Qual limite deve-se estabelecer para essa finalidade?
Entendemos ser a mesma situação do transformador, ou seja, somente para casos que
demonstrem claramente algum erro de dados muito claro (por exemplo um erro de
cadastro do condutor de um determinado trecho).
Nas demais situações, não vemos necessidade, pois o próprio carregamento excessivo de
um condutor já poderá causar aumento na queda de tensão e consequente glosa/não
convergência do alimentador.
Além disso entendemos que esse é um procedimento complexo de implementar, alto custo
computacional (verificação em 24 patamares) e cuja aplicação poderia apenas ser na
limitação da perda do respectivo trecho avaliado e não da carga em si. A limitação da carga
prejudicaria a avaliação da perda nos demais elementos da rede e não apenas no condutor.

8. DESEQUILÍBRIO DE FASES
29. Deve-se proceder à redistribuição das cargas entre as fases do circuito quando o
desbalanceamento ultrapassar um determinado valor?
Não. Entendemos que a própria ocorrência de excesso de desequilíbrio já poderá causar
aumento na queda de tensão e consequente glosa/não convergência do alimentador.
Além disso, o procedimento para um reequilíbrio teórico não é trivial pois nem sempre
apenas requer alterar apenas as fases das cargas, pois alguns outros pontos também
deveriam ser analisados: fases disponíveis no ramal conectado a carga, nos segmentos dos

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quais os ramais estão conectados, conexão de transformadores de distribuição com as fases
compatíveis nas redes de média tensão, etc.

30. Qual a melhor forma de ser determinar um limite para o desbalanceamento de


carga ao longo do alimentador?
Conforme apresentado na resposta da pergunta nº 29, entendemos que o
desbalanceamento não deve ser limitado.

9. ENERGIA INJETADA E FORNECIDA


31. As definições de energia injetada e de energia fornecida apresentadas descrevem
adequadamente o que deve ser considerado no computo desses montantes para fins
do cálculo de perdas?
Em geral sim. Gostaríamos apenas de faze uma sugestão para a energia injetada:
Energia injetada: corresponde à energia injetada no nível de tensão proveniente de agentes
supridores (transmissores, outras distribuidoras e geradores), mini e microgeração
distribuída e de geração própria, necessária para atendimento de seu mercado (cativo, livre
e suprimento) e das perdas de seu sistema de distribuição. Não deve ser considerada a
energia proveniente de outros níveis de tensão da distribuidora. Este dado deve ser obtido
de medições (operativas ou de fronteira).

32. Há correspondência que permita a comparação entre os valores informados na


BDGD e no SAMP Balanço Energético? Caso negativo, qual a diferença entre as
fontes de informação.
Chamamos atenção de que os dados de energia fornecida da BDGD são ajustados ao mês
civil, ao passo que no SAMP referem-se ao mês competência, definido em função da janela
de faturamento de cada consumidor. Assim, essa comparação direta fica prejudicada.

33. A segregação da energia fornecida: em energia fornecida ao mercado livre,


energia fornecida ao mercado cativo e energia fornecida à outras distribuidoras
contempla todas as situações presentes no sistema de distribuição? Seria necessária
a abertura de outros tipos de energia?

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Para fins do cálculo de perdas técnicas não há necessidade de maior abertura. A maior
segregação (ex: energia fornecida para GD) na entidade BE da BDGD seria mais uma questão
informativa e sem impactos diretos no cálculo das perdas técnicas.

10. INTERFACE OPENDSS


34. Quais as vantagens e desvantagens de se adotar a interface DSS Extensions
comparativamente à interface COM?
Não temos experiência com a interface DSS Extensions. Já com a interface COM, ela tem
sido utilizada exaustivamente há alguns anos e tem obtido bons resultados, sem mencionar
a documentação extensa disponível na internet. Em desenvolvimento internos, foi possível
conectar facilmente o OpenDSS a diversas aplicações (ex: Pyhton, Matblab, Excel, etc) via
interface COM. Há de se considerar também outras possíveis interfaces existentes, tal como
a Py.dss, elaborada por integrantes do EPRI.

35. Há algum ponto de atenção em se empregar essa nova interface?


Pensando em melhoria da acurácia no cálculo das perdas, aparentemente não há nenhum
benefício. Assim, pelo que foi descrito na nota técnica, entende-se que o benefício seria a
simplificação do código e melhor performance do cálculo. Qualquer alteração da interface
adotada só é justificável caso seja demonstrado ganho de performance no processamento
do cálculo, associado a manutenção dos mesmos resultados de perdas técnicas frente a
solução já adotada via interface COM. Qualquer solução que não contemple o código-fonte
original proposto pelo EPRI deve ser vista com cautela, uma vez que pode desacoplar o
programa de fluxo de potência utilizado no cálculo regulatório da ANEEL em relação a
versão original do OpenDSS.
Assim, para substituir um processo que já se mostra estável há alguns anos, recomendamos
que antes de iniciar uma frente de trabalho no sentido de readequação do código para esta
nova interface, que seja feitos testes para garantia de sua aplicabilidade, estabilidade, e,
em especial, que tenha melhora significativa com relação a performance atual. Ademais, é
necessário confirmar como seria sua integração com versões futuras do OpenDSS a serem
disponibilizada pelo Epri. A ANEEL conseguiria fazer essa atualização ou dependeria de
atividades de terceiros?
Ainda, entendemos que a metodologia de perdas técnicas está passando pela primeira
etapa de aprimoramento após a implantação do fluxo de potência, assim, seria prudente
focar esforços, neste momento, para aprimoramentos que tenham impacto no resultado
das perdas. Ao longo do próximo período, pode-se fazer, em paralelo, testes com a interface
proposta para garantir sua aplicabilidade.

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