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VIII Congresso Brasileiro de Energia Solar – Fortaleza, 01 a 05 de junho de 2020

CONTORNANDO AS LIMITAÇÕES DA NBR-16274:2014 NA


AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E NO AJUSTE DAS SIMULAÇÕES DE
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE
Hugo Francisco Lisboa Santos – engenharia@syrasolar.com
Pedro Vassalo Maia da Costa – comercial@syrasolar.com
Murilo Lamas Leandro Araújo – murilo@syrasolar.com
Fernanda Ouverney Torres de Sá Bezerra Pires – fernanda@syrasolar.com
Luciano Osório Regnier – luciano.regnier2010@gmail.com
Empresa SyraSolar

Resumo. A realização da simulação de sistemas fotovoltaicos é importante para o correto dimensionamento desses
sistemas. Contudo, tais simulações devem ser ajustadas (“calibradas”) através da utilização de dados experimentais.
Por outro lado, a avaliação de desempenho de sistemas fotovoltaicos é essencial para garantir que o sistema está
operando conforme planejado. A NBR 16274:2014, capítulo 10, indica como realizar esse processo e calcular a razão
de desempenho (PR) do sistema. Esse procedimento permite uma correta avaliação do desempenho de grandes usinas,
mas pode ser inviável para sistemas de micro e mini geração, uma vez que exige a instalação de piranômetro com a
inclinação dos módulos, a utilização de um módulo de referência e de um sensor de temperatura atrás de outro módulo.
Além disso, esse sistema deve ser mantido e monitorado por aproximadamente um mês. O presente trabalho propõe
uma abordagem alternativa, com a utilização de dados das estações meteorológicas do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET) como fonte dos dados meteorológicos de irradiação global e da temperatura ambiente. Esses
dados são associados a modelos para estimativa da irradiação direta e difusa e para a determinação da temperatura
da célula. Com base nesses modelos, torna-se possível realizar algumas atividades. A primeira delas é a realização de
uma avaliação de desempenho mais precisa em sistemas que normalmente não seriam avaliados. A segunda é o ajuste
das simulações (“calibração”), a fim de permitir uma melhor previsão de sua produção nos meses e anos seguintes. A
terceira é um processo de melhoria contínua das simulações utilizadas.

Palavras-chave: Avaliação de Desempenho, Ajuste de Simulação, NBR-16274.

1 INTRODUÇÃO

O ajuste das simulações (“calibração”) em qualquer projeto de engenharia é essencial para garantir que os modelos
possuam boa exatidão e que os valores prometidos sejam cumpridos. A consideração de perdas muito superiores aos
valores reais leva a um sobredimensionamento desnecessário do sistema, fazendo com que o custo da solução proposta
se torne financeiramente menos atrativo. Por outro lado, a consideração de perdas inferiores aos valores reais leva a
uma produção final do sistema inferior ao valor prometido, o que pode incorrer em multas contratuais ou em outras
penalidades. Desse modo, o ajuste dos modelos é essencial para a realização de um projeto adequado.
Adicionalmente, os simuladores comerciais consideram anos meteorológicos típicos (TMY ou Typical
Meteorological Year). Esses dados são bastante adequados para projeto. Contudo, não são adequados para ajuste dos
modelos, uma vez que há grande variação interanual e, principalmente, grande variação diária. Desse modo, é
praticamente impossível realizar um ajuste rápido utilizando dados meteorológicos típicos.
Em usinas de geração centralizada e em usinas de grande porte, são comumente instaladas estações meteorológicas
(Fig. 1a). Tais estações permitem um ajuste bastante exato dos modelos desenvolvidos. Elas captam dados de irradiação
global, temperatura, velocidade do vento, direção do vento e, em alguns poucos casos, irradiação direta normal e
irradiação difusa. Contudo, tais estações meteorológicas têm custo elevado. São, portanto, impraticáveis para avaliação
e ajuste de modelo em sistemas de menor porte.
A NBR-16274 propõe a utilização de uma metodologia similar, com a instalação de um piranômetro com a
inclinação dos módulos, de um módulo de referência e de um sensor de temperatura acoplado a outro módulo. Esses
dados são associados às medidas de produção para a avaliação de desempenho e ajuste de modelos do sistema.
Contudo, essa abordagem também tem custo elevado, uma vez que exige a instalação desses equipamentos, sua
manutenção ao longo de aproximadamente um mês e sua retirada após esse período. Isso praticamente inviabiliza a
utilização dessa metodologia em projetos de micro e minigeração.
Desse modo, a solução proposta pelos autores é a utilização de dados de uma estação meteorológica próxima. No
Brasil, há 574 estações meteorológicas automáticas mantidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Essas
estações disponibilizam em tempo real dados de irradiação global horizontal, além de parâmetros ambientais, como
temperatura, umidade, velocidade e direção do vento (INMET, 2019). Esses dados são utilizados para estimativa da
radiação direta normal e da radiação difusa horizontal.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a metodologia proposta e ilustrar sua aplicação. Inicialmente, a
NBR-16274:2014 é apresentada, ressaltando o procedimento apresentado no capítulo 10 para ajuste do modelo de
produção de energia da usina. A seguir, é apresentada a sequência proposta pelos autores, como uma alternativa para
sistemas de pequeno porte. Finalmente, essa sequência é aplicada a um caso real, a fim de ilustrar os passos necessários
e os resultados obtidos.
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1.1 Avaliação de produção


Alguns trabalhos apresentam comparação entre simulações de sistemas fotovoltaicos e a produção do sistema
efetivamente. Quesada et al (2011) apresentam uma comparação entre os resultados experimentais e os resultados
teóricos previstos pelo TRNSYS. Ma, Young e Lu (2014) apresentam uma comparação entre os valores previstos
teoricamente e os valores experimentais em uma usina de 19,8 kWp em intervalos de 5 minutos. Shukhla, Sudhakar e
Baredar (2016) comparam o desempenho de diferentes tecnologias de módulos fotovoltaicos: Silício Cristalino, Silício
Amorfo, Telureto de Cádmio e Cobre-Índio-Selênio.
No CBENS 2018, Raimo, Sobreira e Bueno (2018), assim como Souza e Oliveira (2018) apresentam uma
comparação entre as simulações realizadas no software PVSyst e os resultados obtidos durante a operação de duas
usinas fotovoltaicas. A comparação é realizada a partir de dados mensais.
Contudo, poucos se baseiam ou mencionam a NBR-16274:2014. Além disso, nenhum deles propõe uma extensão
ou evolução do procedimento apresentado por essa norma, especialmente para sistemas de menor porte.

(a) (b) (c)


Figura 1 – (a) Piranômetro termopilha utilizado para medição de irradiação global em uma estação meteorológica,
(b) medição da corrente de um arranjo fotovoltaico, (c) inspeção dos módulos com câmera termográfica.

2 Comissionamento conforme a NBR-16274:2014

O comissionamento e avaliação de sistemas fotovoltaicos no Brasil deve seguir a NBR-16274:2014, Sistemas


fotovoltaicos conectados à rede – Requisitos mínimos para documentação, ensaios de comissionamento, inspeção e
avaliação de desempenho. A norma apresenta inicialmente seu escopo, referências normativas, termos e definições e os
requisitos de documentação do sistema. A seguir, são apresentadas as questões mais relacionadas ao comissionamento,
que são os pontos de verificação e os procedimentos de ensaio. As subseções a seguir resumem essas questões.
2.1 Pontos de verificação
Os pontos de verificação preconizados pela NBR-16274:2014 são os seguintes:
 Inspeção do sistema c.c. Nessa etapa, devem ser verificados os equipamentos, cabos, dispositivos de proteção e
dispositivos de seccionamento. Deve ser verificado, entre outras coisas, se a tensão e corrente dos
equipamentos são compatíveis com a máxima tensão c.c. e a máxima corrente c.c. do sistema, se há proteção
em relação às condições ambientais, especialmente radiação e se o sistema minimiza o risco de falta a terra e
de curto-circuitos, por exemplo, através de cabos de duplo isolamento;
 Verificação de proteção contra sobretensão e choque elétrico. Normalmente o próprio inversor monitora o
isolamento e a corrente residual de fuga para a terra. Adicionalmente, devem-se verificar os laços de indução
gerados e o aterramento das estruturas e equipamentos.
 Inspeção do sistema c.a. Deve ser verificada a presença de um meio de seccionamento.
 Etiquetagem e identificação. Deve ser verificado se os circuitos e equipamentos estão identificados e
etiquetados, se as placas de advertência estão instaladas, se o diagrama unifilar está apresentado e se as
configurações de proteção, informações do instalador e os procedimentos de desligamento estão exibidos no
local.
 Instalação mecânica. Deve ser verificado se há ventilação por trás do arranjo, se os materiais são à prova de
corrosão e se a armação está corretamente fixada e é estável.
2.2 Ensaios Categoria 1
Os ensaios de Categoria 1 preconizados pela NBR-16274:2014 são os seguintes (obrigatórios):
 Ensaio de continuidade dos condutores de aterramento de proteção e/ou ligação equipotencial.
 Ensaio de polaridade para todos os cabos de corrente contínua.
 Ensaio da caixa de junção, para prevenir inversão de polaridade no interior da caixa. Como procedimento,
recomenda-se conectar todos os fusíveis negativos e nenhum positivo e medir a tensão do negativo para cada
positivo. Se houver inversão, a tensão do arranjo específico será o dobro da tensão dos demais arranjos.
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 Medição de corrente. Essa medição pode ser realizada através de ensaios de curto-circuito, com aparelhos
adequados. Alternativamente, pode ser realizado um ensaio operacional, com o sistema ligado e no modo de
operação normal. Nesse caso, a corrente pode ser medida com um alicate amperímetro (Fig. 1b).
 Ensaio da tensão de circuito aberto. Esse ensaio tem como objetivo verificar se as séries de módulos estão
conectadas corretamente e se o número esperado de módulos está conectado em série. Tipicamente são aceitas
diferenças de até 5%.
 Ensaios funcionais dos dispositivos de seccionamento e dos inversores.
 Ensaio de resistência de isolamento do arranjo fotovoltaico. Esse ensaio deve ser realizado com bastante
cuidado, pois há grande possibilidade de choque elétrico. Deve ser realizado entre o negativo e a terra e entre o
positivo e a terra.
2.3 Ensaios Categoria 2
Os ensaios de Categoria 2 preconizados pela NBR-16274:2014 são os seguintes (opcionais para sistemas menores,
obrigatórios para sistemas maiores ou mais complexos):
 Medição da curva IxV do arranjo fotovoltaico, realizada com equipamento específico em condições de
irradiância de pelo menos 700 W/m². Tem o objetivo de identificar módulos e células danificados, diodos de
bypass curto-circuitados, sombreamento localizado, descasamento de parâmetros (mismatch), resistência
paralela excessiva e resistência série excessiva.
 Inspeção do arranjo fotovoltaico com câmera infravermelha. Realizada para buscar pontos quentes (hot spots)
nos módulos, avaliar os diodos de bypass e para verificar as conexões entre os cabos (Fig. 1c).
2.4 Ensaios Adicionais
A NBR-16274:2014 apresenta ainda alguns ensaios adicionais (opcionais):
 Tensão ao solo, em sistemas que usam ligação de alta impedância (resistência) para o solo.
 Ensaio do diodo de bloqueio, para avaliar a tensão de abertura desses dispositivos.
 Ensaio de resistência de isolamento úmido, para simular o isolamento elétrico sob condição de chuva e
orvalho.
 Avaliação do sombreamento para avaliar a sombra em cada direção (azimute).
2.5 Avaliação de Desempenho
A NBR-16274:2014 indica, finalmente, um ensaio para avaliação de desempenho e para ajuste dos modelos de
simulação. Esse ensaio segue o procedimento apresentado na Fig. 2a e tem foco em sistemas de grande porte.
Inicialmente, devem ser instalados: a) um piranômetro termopilha calibrado para obtenção da irradiância total no
plano dos arranjos; b) um módulo fotovoltaico de referência, preferencialmente igual ao dos arranjos e no mesmo plano,
calibrado para obtenção da irradiância característica total e c) outro módulo fotovoltaico, calibrado e
preferencialmente igual ao dos arranjos, ou um sensor de temperatura para obtenção da temperatura da célula .
A seguir, é realizada a primeira leitura preliminar do medidor de energia (LP1) e espera-se 15 dias para adaptação
dos sensores. Após esse tempo, retorna-se à usina para traçar a curva IxV do sistema fotovoltaico e realizar a segunda
leitura preliminar do medidor de energia (LP2). Com os valores de LP1 e LP2, calcula-se a produtividade do
sistema no período a partir de , onde é a potência nominal do sistema. Com base nisso,
avalia-se se há problemas, tais como uma produção muito diferente entre os arranjos ou uma produção muito inferior ao
esperado. Se houver problemas, buscam-se, então, suas eventuais causas.
Solucionados os problemas, é realizada a primeira leitura do medidor de energia (LM1). Em paralelo, são
realizadas as leituras de irradiância total , da temperatura da célula e das potências na entrada ( ) e na saída ( )
dos inversores. Após algum tempo, deve ser realizada a segunda leitura do medidor de energia (LM2) e obtida a nova
produtividade do sistema.
A seguir, é calculada a energia teórica injetada na rede e a energia efetivamente injetada . Esses
valores são comparados entre si e, se houver erro superior a 5%, devem ser realizados ajustes no cenário de perdas.
Finalmente, com base nesses valores é calculado o desempenho global anual a partir de , onde
é a energia injetada na rede durante um ano típico, é a irradiância na condição padrão (STC),
é a potência nominal do sistema e é a irradiação total no plano dos arranjos fotovoltaicos ao longo de um ano.
Ocorre que há um custo elevado para a instalação de um piranômetro e de dois módulos adicionais, além de um
sistema de aquisição. Tal custo se situa em torno de vários milhares de reais e se justifica em projetos de grande porte,
mas é normalmente inviável para sistemas de pequeno e médio porte. Nesses casos, o custo de tal sistema de
monitoramento está na mesma ordem de grandeza do custo do sistema fotovoltaico.

3 PROCEDIMENTO PROPOSTO

O presente trabalho propõe uma abordagem alternativa, baseada na NBR-16274, mas adaptada para permitir sua
utilização em projetos de micro e minigeração e para possibilitar uma identificação mais rápida de problemas, bem
como um acompanhamento mais contínuo do sistema. Essa abordagem está ilustrada na Fig. 2b.
O procedimento proposto consiste em uma sequência de oito passos, detalhados nas seções a seguir:
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1. Obtenção dos dados de irradiação ( ) e de temperatura ( ) da estação meteorológica mais próxima;


2. Obtenção dos dados de produção, medidos pelo sistema de monitoramento: tensão ( ), corrente
( ), potência ( ) e energia produzida ( );
3. Agrupamento dos dados do sistema de monitoramento, para igualar o período do sistema de
monitoramento ao período de aquisição da estação meteorológica;
4. Cálculo da irradiação direta normal ( ) e da irradiação difusa ( ), se a estação não medir;
5. Simular o sistema, realizando a projeção no plano do módulo e considerando as perdas por
sombreamento, temperatura e eficiência do inversor. Essa simulação pode ser realizada utilizando
aplicativos comerciais, como o PVSyst, o PVSol e o SAM;
6. Comparação entre os resultados da simulação e os resultados medidos;
7. Avaliação do erro, ajuste do modelo e retorno ao passo 3 se o erro for insatisfatório;
8. Cálculo do PR anual ou para qualquer período considerado, a partir da mesma equação apresentada na
norma: .

Início

Instalação dos 1ª leitura preliminar do


sensores (It, Itc e Tc) medidor de energia (LP1)

Adaptação dos Início


sensores (15 dias)

Medição da potência 2ª leitura preliminar do


Obtenção de Obtenção de Vmed, Imed,
nominal do sistema FV medidor de energia (LP2)
I e de Ta Pmed e Er,med

Adaptação dos Reamostragem dos dados


sensores (15 dias) Cálculo de Id e de Ib
de Vmed, Imed e Pmed

Análise de Causas Sim Há Simulação e obtenção de Integração ou Cálculo de


dos Problemas problemas? Vteo, Iteo, Pteo, Erteo Er,med
Não

1ª leitura do medidor de Medição de It, Tc, Pcc e Pca Sim


energia (LM1) (5 dias) Análise de Causas Há
dos Problemas problemas?

Não
Conclusão Sobre as causas 2ª leitura do medidor de
de funcionamento anômalo energia (LM2)
Er,med<Er,teo*0,95
Ajuste do Cenário de Sim
ou
Perdas
Calculo de Er,teo e Er,med>Er,teo*1,05
Er,med ?

Não

Er,med<Er,teo*0,95 Cálculo do PR anual


Sim
Ajuste do Cenário de ou
Perdas Er,med>Er,teo*1,05
?
Fim

Não

Cálculo do PR anual

Fim

(a) (b)
Figura 2 - (a) Fluxograma para avaliação de desempenho conforme a NBR-16274 e (b) fluxograma proposto.
3.1 Obtenção dos dados de irradiação solar
O primeiro passo para adoção do procedimento proposto é a obtenção dos dados horários para o período em
questão, por exemplo, a partir das estações automáticas do INMET (2019). São necessários, no mínimo, os dados de
irradiação global horizontal ( ) e temperatura ambiente ( ). Se os dados de irradiação direta normal e de irradiação
difusa estiverem disponíveis, têm-se resultados mais exatos. Contudo, tais dados normalmente não estão disponíveis.
3.2 Obtenção dos dados de produção
O segundo para adoção do procedimento proposto é a obtenção dos dados de produção medidos pelo sistema de
monitoramento ou registrados durante o comissionamento. Atualmente, a maioria dos inversores comerciais possui
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algum sistema de monitoramento e de registro dos dados de produção. Inversores trifásicos comerciais normalmente
possuem comunicação utilizando como meio físico cabos Ethernet, Wi-Fi, fios RS-485 etc e protocolo RS-485,
Modbus-TCP, Modbus-RTU, Ethernet-TCP, etc. Por outro lado, inversores monofásicos residenciais normalmente se
conectam à internet e enviam os dados de produção para um servidor, onde esses dados são armazenados e
disponibilizados para o cliente. São dados de tensão ( ), corrente ( ), potência ( ) e energia ( ).
3.3 Agrupamento dos dados do sistema de monitoramento
Os dados do sistema de produção podem ter que ser ajustados para possibilitar sua comparação com os dados
simulados. Ocorre que os dados simulados normalmente irão ter o mesmo período dos dados de irradiação. E
normalmente esse período é bastante superior ao período de aquisição do sistema de monitoramento. Desse modo, deve
ser realizado um processo de agrupamento dos dados. Para tal, o procedimento mais indicado é realizar a média dos
valores de tensão, de corrente e de potência e a integração da potência para obtenção da energia produzida.
3.4 Determinação da irradiação direta normal e da irradiação difusa horizontal
O passo seguinte é a determinação da irradiação normal e da irradiação difusa a partir das Eq. (1) a (7). Para tal,
podem ser utilizadas diferentes estratégias, como planilhas Excel, scripts em VBA, programas em C e scripts em
Python. No presente trabalho foi utilizado um script em Python. As Eq. (1) a (7) são apresentadas por Duffie e Beckman
(2013) e foram ligeiramente modificadas pelos autores. Inicialmente é determinada a irradiação extraterrestre incidente
em um plano normal , em , a partir da Eq. (1):

(1)

onde é o ângulo em graus correspondente ao dia do ano, é a constante solar


e é o dia do ano em questão. O próximo passo é a obtenção da hora solar, dada em horas pela Eq. (2):

(2)

onde é a longitude do meridiano padrão em graus, de onde se obtém a hora legal; é a longitude do local em
graus e é um parâmetro de correção denominado Equação do Tempo e dado em horas pela Eq. (3):

(3)

Com base nisso, é encontrado o ângulo do Zênite , a partir da Eq. (4):

(4)

onde é o ângulo de declinação do Sol em graus e


é o ângulo horário do Sol em graus.
O ângulo do Zênite é utilizado então para obter a Irradiação Extraterrestre projetada sobre uma superfície
horizontal , conforme apresentado na Eq. (5):

(5)

onde é o ângulo do zênite no meio do intervalo considerado e é o intervalo de tempo considerado. Por exemplo,
para o intervalo 12h00m-13h00m, é o ângulo do zênite às 12h30m e .
A seguir, é obtida a proporção da irradiação difusa para uma superfície horizontal a partir da correlação
apresentada na Eq. (6):

(6)

onde é o índice de claridade. Como , com base na relação , é obtida a proporção da irradiação
direta para uma superfície horizontal a partir de . A partir daí, é obtida a irradiação direta normal
a partir da Eq. (7):
(7)

3.5 Simulação do sistema


Para tal, podem ser utilizadas diferentes ferramentas computacionais, como o PVSyst, o PVSol e o SAM. No
presente trabalho, foi utilizado o SAM, rodado a partir de um script Python. O SAM é um aplicativo gratuito e aberto e
permite boa integração com Python, motivo pelo qual foi utilizado nesse trabalho. As Eq. (8) a (11) apresentam de
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forma sucinta um conjunto de equações utilizadas internamente por esse aplicativo computacional. Essas equações estão
apresentadas na documentação do programa (NREL, 2015) e também são apresentadas por Duffie e Beckham (2013).
3.5.1 Cálculo da irradiância no plano dos módulos
Inicialmente é determinada a energia que chega ao plano dos módulos, para cada arranjo (string). Para isso, é
determinado inicialmente o ângulo de Incidência , a partir da Eq. (8):

(8)

onde é a latitude, é a inclinação dos módulos, de 0° a 90°, e é o azimute dos módulos em relação ao norte.
Finalmente, é obtida irradiação relativa em uma superfície inclinada R. Para tal, há alguns modelos que podem ser
utilizados, como o modelo isotrópico, o HDKR e o modelo de Perez. Para o modelo isotrópico, tem-se a Eq. (9):

(9)

onde é a refletância difusa e é a relação entre a irradiação direta em uma superfície inclinada e a
irradiação direta em uma superfície horizontal.
Multiplicando essa irradiação relativa pela irradiação medida, é obtida a irradiação total sobre a superfície
inclinada .
3.5.2 Irradiância efetiva no módulo
Para obter a irradiância efetiva no módulo, o primeiro passo é determinar a perda por sombreamento. Isso pode ser
realizado a partir da avaliação do horizonte, para sombras distantes, e de modelos tridimensionais para avaliar sombras
próximas. No presente trabalho, essa análise foi realizada utilizando a ferramenta tridimensional do aplicativo SAM.
Após a análise de sombreamento, é estimada a perda por poeira e sujeira. Tais perdas são, então, descontadas.
3.5.3 Energia produzida pelo módulo
O próximo passo é a determinação das perdas por aquecimento. Para tal, é determinada a temperatura da célula a
partir do modelo NOCT de temperatura a partir da Eq. (10):

(10)

onde é a temperatura da célula, é a irradiância efetiva global na face do módulo, é a temperatura da célula
na NOCT ajustada, em graus; é a eficiência da célula na STC, é a velocidade do vento ajustada e éo
produto transmitância absortância.
A seguir, é utilizada a Eq. (11), que descreve a curva corrente-tensão (IxV) do módulo após a correção da
temperatura, utilizando um modelo de diodo único, com cinco parâmetros:

(11)

onde é a corrente saindo do módulo, é a corrente nominal nas condições de irradiância efetiva global, é a corrente
de saturação reversa de diodo, é a tensão do módulo, é a resistência em série do módulo, é o fator de idealidade
e é a resistência do módulo em paralelo com a carga (shunt).
Para sistemas que produzem há alguns anos, deve ser considerado o efeito de degradação induzida pelo potencial
(PID). Essa degradação pode ser contabilizada como uma perda de potência.
3.5.4 Energia produzida pelo arranjo
A partir da energia produzida pelo módulo, é calculada a energia produzida pelo arranjo. A tensão do arranjo é
calculada a partir da equação , onde é a tensão do módulo e é o número de módulos em série de
cada arranjo. A potência dos arranjos, por sua vez, é calcula a partir da equação , onde é
o número de arranjos em paralelo e é a potência de um único módulo. Ainda nessa etapa são consideradas as perdas
na fiação de corrente contínua, as perdas nos conectores e as perdas por descasamento de parâmetros (mismatch). Essas
perdas são aplicadas como reduções percentuais na potência e na tensão que chegam ao inversor.
3.5.5 Energia que sai do inversor
O terceiro passo é a determinação da potência que sai do inversor. Para tal, pode ser utilizada a Eq. (12), uma
versão simplificada do modelo de inversor de Sandia:
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(12)

onde é a potência saindo do inversor, é a máxima potência de saída, em corrente alternada, é o consumo
do inversor durante a operação e é a potência de entrada, em corrente contínua e é a potência de entrada com
a qual o inversor atinge a potência nominal de saída.
Alternativamente, pode ser utilizado o modelo de inversor de Sandia em sua forma completa, se a curva de
eficiência do inversor estiver disponível. Esse modelo consiste em uma curva de potência de saída do inversor em
função da potência de entrada e da tensão de entrada. Para sua construção, são necessárias medidas de eficiência do
inversor em diferentes valores de potência e tensão.
3.5.6 Energia injetada pelo sistema
Por último, são consideradas as perdas da fiação de corrente alternada (CA) e as perdas do transformador, se
houver. Essas perdas são aplicadas como reduções percentuais na energia produzida.
3.6 Comparação com os dados medidos
O quarto e último passo é a comparação dos dados de tensão, corrente e potência do inversor. Com base nos dados
de potência, pode-se realizar uma integração numérica e obter o valor da energia recebida em kWh.

4 PASSO A PASSO E ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

A presente seção apresenta o passo-a-passo para a implantação do procedimento proposto. Nesse passo-a-passo,
foi utilizada como referência uma instalação residencial. O sistema instalado possui potência de 3,96 kWp, com 12
módulos de 330 Wp instalados em janeiro de 2019. Os 12 módulos estão configurados em 2 strings de 6 módulos cada,
todos para o azimute 349°, com inclinação de 20°. A instalação se localiza no município de Niterói, Rio de Janeiro. Para
o ajuste, foram utilizados os dados da estação de Niterói, A627, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
4.1 Passo-a-passo da implementação
A seguir, estão apresentados os cálculos de irradiação normal e difusa, bem como a projeção no plano inclinado.
Esses cálculos estão apresentados para o dia 01/09/2019, um dia de elevada nebulosidade, a fim de exemplificar o
procedimento adotado. O primeiro passo é a obtenção dos dados de irradiação global horizontal (Fig. 2a). O segundo
passo é a aplicações das equações da seção 3.4 para obtenção das componentes de irradiação direta normal e de
irradiação difusa horizontal . Para tal, inicialmente é determinado o parâmetro , a irradiação extraterrestre eo
parâmetro . Também é realizado o cálculo da hora solar a partir da hora legal. Nesse processo, são obtidos ,
, e .
Na sequência, são obtidos o ângulo horário e o ângulo do zênite para cada hora do dia. Com base nesses
valores, é obtida a irradiação extraterrestre (Fig. 3b)e o índice de claridade (Fig. 3c). Com base no índice de
claridade, é obtida a proporção da irradiação difusa horizontal na irradiação global (Fig. 3d). A partir desse índice,
são calculados os valores de irradiação difusa horizontal (Fig. 3e) e de irradiação direta normal (Fig. 3f).
A seguir, os valores de irradiação difusa horizontal e direta normal são utilizados para calcular a energia
incidente no plano dos módulos a partir das Eq. (8) e (9), após descontar as perdas por sombreamento, sujeira e poeira.
Então, a temperatura da célula é estimada a partir da temperatura ambiente e da irradiação utilizando a Eq. (10). Após,
são obtidos os valores de tensão (Fig. 4a, R²=0,89) e de corrente (Fig. 4b, R²=0,98) partir da resolução da Eq. (11) para
o ponto de máxima potência. Finalmente, a Eq. (12) é utilizada para modelar o inversor e as perdas na fiação são
descontadas para obter a potência a.c. (Fig. 4c, R²=0,98) a. Os valores previstos de tensão, corrente e potência são
comparados com os valores obtidos para avaliar o ajuste do modelo e para realizar eventuais correções. Pode-se
observar que há boa correlação com coeficiente de correlação próximo ou superior a 0,90.
4.2 Análise de sensibilidade em relação à nebulosidade e à estação meteorológica selecionada
A nebulosidade afeta de modo significativo a produção. Contudo, o procedimento proposto apresenta bons
resultados tanto para dias com grande nebulosidade, como apresentado na Fig. 4c, com R²=0,98, quanto para dias de
pouca nebulosidade e elevada irradiação solar, como apresentado na Fig. 4d, com R²=0,97.
Adicionalmente, a escolha da estação meteorológica pode ter influência significativa. Tal influência está
relacionada principalmente à distância entre a estação meteorológica e a usina. Em alguns casos, pode estar relacionada
também a variações de relevo. Essa influência do relevo, em alguns casos, pode ser até mais significativa do que a
distância em si. A Fig. 4c apresenta os resultados com base em dados da estação de Niterói, distante 7,2 km, com
R²=0,98. A Fig. 5a apresenta os resultados com base na estação de Copacabana, distante 17,0 km, com R²=0,92 e,
finalmente, a Fig. 5b apresenta os resultados com base na estação da Vila Militar, distante 38 km, com R²=0,68.
Os resultados são similares para outros dias. As estações mais distantes apresentam maiores coeficientes de
correlação em dias de menor nebulosidade, atingindo valores superiores a 0,90. Contudo, o coeficiente de correlação
fica próximo de 0,70 em dias de maior nebulosidade. Pode-se observar, assim, que para distâncias inferiores a
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aproximadamente 30 km e para altitudes similares, os resultados são próximos, enquanto, para distâncias maiores, o
resultado piora significativamente. Isso é coerente com o valor de referência apresentado pelo INPE (2017) de 30 km
como o limite para utilização direta dos dados de uma estação de solo.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 3 – Passo-a-passo da implementação: (a) irradiação global horizontal , em W/m²; (b) irradiação extraterrestre , em ,
(c) índice de claridade , adimensional; (d) relação , adimensional, (e) irradiação difusa , em e
(f) irradiação direta normal , em . Gráficos em função da hora solar, em , para o dia 01/09/2019.

4.3 Comparação com os resultados obtidos ao longo de um mês


A verificação do ajuste com período horário conseguiu apresentar bons resultados. Um ajuste bem feito em um
gráfico horário leva inevitavelmente a um ajuste bem feito nos gráficos diários e mensais. A Fig. 6 apresenta os
resultados obtidos para o mês de fevereiro e para o mês de outubro do sistema em questão, indicando erros inferiores a
5% e coeficientes de correlação superiores a 0,90. A boa correlação é mantida por um período de quase 10 meses,
indicando que foi feito um bom ajuste da simulação. Adicionalmente, foi obtido um desempenho global
para o mês de fevereiro e para o mês de outubro. Tipicamente, esse valor se situa entre 0,75 e 0,90 para
usinas de grande porte, o que indica que o valor está coerente e que o projeto e instalação foram realizados de forma
VIII Congresso Brasileiro de Energia Solar – Fortaleza, 01 a 05 de junho de 2020

adequada, com o próximo aos maiores valores da faixa. Esses valores elevados estão relacionados ao pouco
sombreamento e à utilização de cabos de maior seção, reduzindo a perda no cabeamento.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 4 – Passo-a-passo da implementação (cont.): (a) tensão teórica e medida do sistema para um dos arranjos, em V (R²=0,89);
(b) corrente teórica e medida do sistema para um dos arranjos, em A (R²=0,98);
(c) potência teórica e medida do sistema, em kW (dia nublado, estação INMET Niterói A627 distante 7,2 km, R²=0,98), e
(d) potência teórica e medida do sistema, em kW (dia com pouca nebulosidade, estação INMET Niterói A627, R²=0,97).
Gráficos em função da hora solar, em h, para o dia 01/09/2019 nas Fig. (a) a (c) e para o dia 07/09/2019 na Fig. (d).

(a) (b)
Figura 5 – Resultados obtidos com a utilização de dados das seguintes estações do INMET:
(a) Forte de Copacabana, A652, distante 17,0 km (R²=0,92); (b) Vila Militar, A621, distante 38 km (R²=0,68).
Gráficos em função da hora solar, em , para o dia 01/09/2019.

5 CONCLUSÃO

O presente artigo propõe uma metodologia para avaliação de desempenho e para a realização de ajustes de
simulação em usinas fotovoltaicas, especialmente usinas de micro e minigeração. Normalmente, a avaliação e o ajuste
dos modelos de produção naquelas usinas considera apenas dados meteorológicos típicos. Contudo, há grande variação
interanual na irradiação disponível em determinado mês. Uma análise precipitada pode levar à condenação de sistemas
de bom desempenho e à aprovação de sistemas deficientes. Adicionalmente, essa abordagem exige pelo menos um mês
de registro para uma aplicação preliminar. Por outro lado, a NBR-16274 apresenta uma metodologia mais precisa, mas
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de custo elevado e que também demora a ser aplicada. O procedimento proposto no presente artigo é uma solução
intermediária, que permite um ajuste exato, com custo aceitável e que permite a obtenção de resultados a partir do
primeiro dia de operação da usina. Ele consiste na obtenção de dados meteorológicos do INMET ou de outra fonte
equivalente e na comparação da produção teórica estimada com os valores medidos na usina. Esse método foi aplicado
a um caso a fim de ilustrar o método e a qualidade do ajuste, atingindo coeficiente de correlação próximo ou superior a
0,90. Além disso, permite obter o desempenho global (PR) logo após o início de funcionamento do sistema.

Agradecimentos

Os autores agradecem a empresa SyraSolar por financiar o trabalho e por fornecer acesso às informações de seus
projetos e a outros recursos, sem os quais o presente trabalho não poderia ter sido realizado.

(a) (b)
Figura 6 – Valores teóricos e medidos obtidos (a) no mês de fevereiro/2019 (Erro =4,7%, R² = 0,92, PR=0,89) e
(b) no mês de outubro/2019 (Erro = 1,3%, R² = 0,97, PR = 0,88).

REFERÊNCIAS

ABNT, 2014. NBR-16274:2014, Sistemas fotovoltaicos conectados à rede – Requisitos mínimos para documentação,
ensaios de comissionamento, inspeção e avaliação de desempenho
Duffie, J. A., Beckman, W. A., 2013. Solar Engineering of Thermal Processes, John Wiley & Sons.
INMET, 2019. Estações automáticas. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/.
INPE, 2017. Atlas Brasileiro de Energia Solar. 2ª edição. São José dos Campos.
Ma, T., Yang, H.; Lu, L. (2014). Solar photovoltaic system modeling and performance prediction. Renewable and
Sustainable Energy Reviews
NREL, 2015. SAM Photovoltaic Model Technical Reference. Technical Report. Prepared by Gilman, P.
Quesada, B., Sánchez, C., Cañada, J., Royo, R., & Payá, J. (2011). Experimental results and simulation with TRNSYS
of a 7.2kWp grid-connected photovoltaic system. Applied Energy
Raimo, Sobreira e Bueno, 2018. Análise de Desempenho da Usina Fotovoltaica de 70kwp - Estudo de Caso: Instituto
Federal – Campus São Paulo. In: CBENS.
Shukhla, Sudhakar e Baredar, 2016. Simulation and performance analysis of 110 kWp grid-connected photovoltaic
system for residential building in India: A comparative analysis of various PV technology. In: Energy Reports.
Souza, T. e Oliveira, F., 2018. Análise Comparativa de Dados Reais e Simulados de uma Usina Solar Fotovoltaica. In:
CBENS.

SURPASSING THE DIFFICULTIES OF THE NBR-16724:2014 STANDARD FOR PERFORMANCE


EVALUATION AND ADJUSTMENT OF PHOTOVOLTAIC SYSTEMS SIMULATIONS

Abstract. Simulating photovoltaic systems is important for the correct sizing of these systems. However, such simulations should be
adjusted (“calibrated”) using experimental data. On the other hand, performance evaluation of photovoltaic systems is essential to
ensure that the system is operating as intended. NBR 16274: 2014, chapter 10, indicates how to perform this process and calculate
the system performance ratio (PR). This procedure allows a correct evaluation of the performance of large plants, but it is not
feasible for micro and mini generation systems, since it requires the installation of a pyranometer with the inclination of the modules,
the use of a reference module and a temperature sensor. In addition, this system should be maintained and monitored for
approximately one month. This paper proposes an alternative approach, using data from meteorological stations of the National
Institute of Meteorology (INMET) as a source of global irradiation and ambient temperature. These data are associated with models
for estimating direct and diffuse irradiation and for determining cell temperature. Based on these models, it becomes possible to
perform some activities. The first is to perform a more accurate performance evaluation on systems that would not normally be
evaluated. The second is the adjustment (“calibration”) of the simulations, in order to allow a better forecast of their generation in
the following months and years. The third is a process of continuous improvement of the generation simulations used.

Key words: Performance Evaluation, Model adjustment, NBR-16274.

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