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SÃO PAULO
2020
MARISSOL MERUSSI SAPATEL
SÃO PAULO
2020
Sapatel, Marissol Merussi.
Impactos econômicos e sociais da micro e minigeração distribuídas de energia
elétrica / Marissol Merussi Sapatel. - 2020.
70 f.
CDU 333.795
Data de Aprovação:
12/03/2020
Banca examinadora:
__________________________________
Prof. Dr. José Dilcio Rocha
EMBRAPA, FGV-SP
__________________________________
Prof. Dr Zilmar José de Souza
UNICA, FGV-SP
__________________________________
Prof. Dra. Suani Teixeira Coelho
USP-SP
AGRADECIMENTOS
Houve um tempo em que a ideia de desistir do Mestrado foi grande. Passar períodos
longe da família, filhas pequenas, compromissos profissionais inadiáveis, recheados
de projetos grandes (e ao mesmo tempo incríveis) seriam motivos mais do que
suficientes para não continuar. Por isso, o apoio e a amizade de muitas pessoas
serviram de força motriz para seguir adiante. Sem isso, não teria conseguido!
Agradeço aos meus pais, Wilson e Clélia, que me ensinaram a sempre seguir
adiante e a enfrentar as dificuldades com fibra, força e perseverança. Aos meus
irmãos, Marjorie e Wilson Roberto, aos meus sogros, Amaury e Mariza, aos meus
cunhados e sobrinhos, meu eterno agradecimento por compreenderem minhas
ausências em muitos eventos de família.
Aos amigos que fiz aqui no curso de Mestrado e à turma ímpar que se formou:
Lillian, Ana Paula, Felipe e “tio” Danilo. Agradeço ao Pedro e André por salvarem a
turma com os reforços de estatística, economia e finanças. Agradeço ao exemplo
dos amigos que vinham de longe, enfrentando horas de vôos e estrada para
chegarem: Sérgio, Angélica, Elisângela, e a todos os demais, ainda que não
mencionados aqui expressamente, mas que fizeram parte dessa turma unida e
amiga!
Albert Einstein
RESUMO
This paper aims to present the scenario regarding micro and mini distributed
generation’ electricity in Brazil at a time when regulation is being rediscussed and
which will be decisive for the future: to stimulate or discourage micro and mini
distributed generation. It briefly discusses the sources of electricity generation in the
world and in Brazil. Then, the foreign regulation scenario - American, German and
Australian – and the Feed-In-Tariff Policy is analyzed. Afterwards, the current
Brazilian regulatory scenario is analyzed, addressing the operation of the Electric
Energy Compensation System and the Net Metering for valuing the energy injected
into the network by the micro and mini-generator, and then addressing what are the
alternatives under discussion for the valuation of electricity surplus. Then, in
summary, the electric energy markets in Brazil are discussed. At the end, an analysis
is made of the economic and social impacts resulting from the distributed micro and
mini-generation, reflecting on the need for Brazil to establish clear and precise
objectives in relation to distributed generation and to use regulation as a means to
strengthen the presence of renewable sources in the country's energy matrix.
2- OBJETIVOS 16
3- METODOLOGIA 18
4- REVISÃO DE LITERATURA 19
5- RESULTADOS 52
6- CONCLUSÕES 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63
ÍNDICE DE FIGURAS
€ - Euro
ABGD - Associação Brasileira de Geração Distribuída
ABRADEE - Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica
ABSOLAR - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
ACL - Ambiente de Contratação Livre
ACR - Ambiente de Contratação Regulada
AEMO - Australian Energy Market Operator
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
BMUB - Ministério Federal Alemão para o Meio Ambiente, Conservação Natural e
Segurança Nuclear
CAISO - California Independent System Operator
CBR - Contratos Bilaterais Regulados
CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais S.A.
CNPE - Conselho Nacional de Política Energética
COAG - Conselho dos Governos Australianos
COELBA - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia S.A.
COPEL – Companhia Paraense de Energia S.A.
EEG - Erneuerbare Energien Gesetz
EIA - Energy Information Administration
EPA - United States Environmental Protection Agency
EPE - Empresa de Pesquisa Energética
FERC - Federal Energy Regulatory Commission
FiT - Feed-in-Tariff
GD - Geração Distribuída
GESEL - Grupo de Estudos do Setor Elétrico
GEE - Gases de Efeito Estufa
GW - gigawatt
IEA - International Energy Agency
IRENA - International Renewable Energy Agency
kW - quilowatt
kWh - quilowatt-hora
LRET - Large-scale Renewable Energy Target
MMA - Ministério do Meio Ambiente Brasileiro
MMGD - micro e minigeração distribuídas
MCE - Conselho Ministerial de Energia da Austrália
MCSD - Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits
MIT - Massachusetts Institute of Technology
MUST - Montante do Uso do Sistema de Transmissão
MW – megawatt
NDC do Brasil - Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada para
consecução do objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre mudança
do clima
NEM - National Electricity Market
ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico
ONU - Organização das Nações Unidas
PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
SIN - Sistema Interligado Nacional
SMART – termo derivado do inglês e utilizado para se referir a metas específicas,
mensuráveis, atingíveis, relevantes e temporais. Em inglês, Specific, Measurable,
Attainable, Relevant, Time Based.
SRES - Small-scale Renewable Energy Scheme
SWIS - South West Interconnected System
TUSD - Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição
UNICA - União da Indústria de Cana-de-Açúcar
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
WEN - Wholesale Electricity Market
13
1 - INTRODUÇÃO
2 - OBJETIVOS
3 - METODOLOGIA
4 - REVISÃO DE LITERATURA
No que se refere aos impactos que a geração distribuída por fonte solar
possa vir a trazer para as redes de distribuição e transmissão, os estudos
conduzidos pelas autoridades alemãs indicam que o acúmulo de geradores em
regiões pouco povoadas requer algum reforço na rede de distribuição e nas
estações transformadoras, mas que se os geradores estiverem instalados
uniformemente ao longo do sistema, impactos na rede não seriam significativos. Da
mesma forma, quando são notados gargalos no sistema, geralmente estes não
estão associados à injeção de energia ativa por geradores distribuídos, mas por
questões técnicas anteriores.
100%
90%
80%
70%
60%
Percentual
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1992-93 1997-98 2002-03 2007-08 2012-13 2017-18 2018
meio das quais se daria o acesso deste tipo de geração aos sistemas de distribuição
de energia elétrica, e criou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica e a
possibilidade de autoconsumo remoto.
Vê-se que a potência instalada, que dita o volume de energia que é capaz
de ser gerada naquela instalação, é o que diferenciará um micro de um minigerador
distribuído, sendo até 75 kW para microgerador, e entre 75 kW e 5MW para
33
2 O custo de disponibilidade será devido sempre, ainda que não haja consumo nenhum
de energia elétrica em um determinado mês, a unidade consumidora deverá pagar à distribuidora
local um valor preestabelecido pelo simples fato de que toda a estrutura do sistema de distribuição
(fios, postes, iluminação pública, etc) está à disposição do consumidor para atendê-lo caso ele
necessite.
35
3 www.enel.com.br
36
Figura 5 – Evolução da quantidade de MMGD instalada em 2020. Fonte: Adaptado de ANEEL, 2020
A análise detida desses dados nos permite aferir que (i) há mais unidades
consumidoras sendo beneficiadas pelo mecanismo de autoconsumo remoto do que
efetivamente o número de mini e microgeradores, e (ii) há um número significativo
de consumidores que apenas remuneram a distribuidora local por meio do custo de
disponibilidade.
Figura 6 – MMGD por Unidade da Federação em 2020. Fonte: Adaptado de ANEEL, 2020.
pelos Estados de São Paulo e Minas Gerais para a geração de energia elétrica por
fonte solar em até, respectivamente, 1MW e 5MW de potência instalada.
A respeito do item (iii), relevante notar que o Brasil possui alta incidência
de luz solar, conforme se infere do estudo retratado no Atlas Brasileiro de Energia
Solar (2006), ao afirmar que “os valores de irradiação solar global incidente em
qualquer região do território brasileiro (1500-2500 kWh/m2) são superiores aos da
maioria dos países da União Europeia, como Alemanha (900-1250 kWh/m2), França
(900-1650kWh/m2) e Espanha (1200-1850 kWh/m2)”. Esse dado nos permite aferir
que o potencial de geração por fonte solar é pouco explorado no Brasil,
principalmente se confrontarmos os dados nacionais com os alemães, que estão em
uma localidade do globo terrestre em que a incidência de luz chega a ser quase a
metada da recebida no território brasileiro, mas têm maior capacidade instalada para
geração de nergia elétrica a partir de fonte solar.
Figura 8 – Projeção da Capacidade Instalada da MMGD até 2029. Fonte: Adaptado de EPE, 2019.
(...)
$ Rede de Transporte de
energia
$ Encargos e Perdas
Figura 10 – Alternativas para cobrança de energia gerada por MMGD. Fonte: Adaptado
de ANEEL, 2018 e ÚNICA, 2019.
(ii) TUSD fio B é composta pelos custos de uso dos ativos da própria
distribuidora;
(iv) TUSD Perdas diz respeito aos custos com perdas técnicas e não
técnicas do sistema da distribuidora e da Rede Básica.
Data do protocolo do
pedido de acesso ao
sistema de distribuição Compensação local Compensação remota
por micro e minigerador
distribuído
Até Após Até Após
Antes da publicação da 31/12/2030: 31/12/2030: 31/12/2030: 31/12/2030:
nova norma mantidas as aplica-se o mantidas as aplica-se o
regras atuais Cenário 5 regras atuais Cenário 5
Aplica-se o Cenário 2 enquanto
não atingida a potência instalada
Depois da publicação da
adicional de 4,7 GW. Após este Aplica-se o Cenário 5
nova norma
gatilho, passa-se a aplicar o
Cenário 5
Esse tipo de contrato assegura que até 10% do volume total que precise
ser contratado pelas distribuidoras seja proveniente de geração distribuída, nos
termos da Lei Federal nº 9.074/1995 e Decreto Federal nº 5.163/2004.
5 - RESULTADOS
2°C neste século e fazer esforços para limitar o aumento da temperatura em, no
máximo, 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
desenvolvimento da MMGD, mas também porque poderia ser entendida como uma
ação de eficiência energética, na medida em que “haveria redução de consumo e
carregamento dos alimentadores em regiões com densidade alta de carga, com
redução de perdas nestes casos” (ANEEL, 2010). Para elucidar as diferenças entre
as Políticas de Net Metering e Feed-in-Tariff, a figura 13 resume as principais
características de cada uma delas:
potenciais impactos negativos que a injeção de energia ativa possa acarretar aos
sistemas.
% de Fontes Renováveis
na matriz elétrica*
% MMGD no total de
energia gerada no país
Política aplicável à
valoração dos excedentes
Net Metering / Feed-in- Feed-in-tariff Feed-in-tariff Net Metering
de energia gerados pela
tariff
MMGD
MMGD resultou em
Não, em nenhum dos países objeto desse estudo
modicidade tarifária?
Figura 14 – Panorama da MMGD nos países estudados. Fontes: Adaptado de IEA, 2020; Federal
Energy Regulatory Commission, 2018; Fraunhofer Institute, 2020; Department of Industry, Science,
Energy and Resources, 2019; MME, 2019 e ANEEL, 2020
58
6 - CONCLUSÕES
Com efeito, por meio da NDC do Brasil e com relação ao setor de energia,
o país sinaliza que tem a intenção de (i) expandir o uso de fontes renováveis, além
da energia hídrica, na matriz total de energia para uma participação de 28% a 33%
até 2030; (ii) expandir o uso doméstico de fontes de energia não fóssil para ao
menos 23% até 2030, inclusive pelo aumento da participação de eólica, biomassa e
solar; e (iii) alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030.
a camada da população com menor poder aquisitivo estaria sendo penalizada pelos
investimentos realizados por um número determinado de prosumers, dando-se
pouquíssima (ou, muitas vezes, quase nenhuma) à existência plural de fontes de
geração e aos aspectos importantes de desenvolvimento econômico e social que a
MMGD pode trazer.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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