Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
TERESINA
2022
JOÃO VICTOR MALHEIROS TENÓRIO
TERESINA
2022
JOÃO VICTOR MALHEIROS TENÓRIO
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA
Ao Prof. Dr. Rafael Rocha Matias, por me orientar nesse trabalho e por não desistir
de mim.
Ao aluno de graduação em Engenharia Civil e meu melhor amigo, Pedro Henrique
Santana Sousa, pela amizade e companheirismo desde antes mesmo da minha graduação. Junto
com ele, meus amigos Paulo, Gabriel, Otávio Augusto, Iarhel, Celso, Renan, Pedro Celso e
Pedro Vitor, que me lembraram que existe mais na vida que apenas estudar e trabalhar.
A minha melhor amiga e namorada, Danielle Borges Xavier. Por estar comigo em
todos os momentos, e me acompanhar na busca dos meus sonhos.
Aos amigos de sala, Abraão, Atos, Brendon, Julyana, Lucas, Luiz Matheus, Maxwell,
Paulo César, Rhúlio, Sergio, Wanderson, Washington e demais integrantes da turma de 2015.1,
que dividiram alegria, raiva, tristeza, sucessos e fracassos comigo desde o primeiro dia de aula.
Aos amigos Felipe, Felipe, Jean, João Victor, Vitor, Aurysllan, Breno e demais
integrantes da RINHA.
Aos meus pais, João e Maria, que sempre me incentivaram na busca de conhecimento
e em toda minha trajetória acadêmica, e ao meu irmão, Vinicius. Se sou hoje quem sou, é graças
a vocês.
Agradeço a todos os professores do curso de Engenharia Elétrica, que me forneceram
conhecimento, habilidades e experiências diversas durante esses anos. Agradeço também aos
professores Dra. Simone Hoefel, Dra. Mayra Carvalho, Dr. Jean Prost e Dra. Sandra Saraiva e
também a meus colegas de trabalho Rodrigo, Daniel, Lucas S., Lucas L., Andrei, Alexandre,
Vinicius, Pedro, Pâmela, Paola, Pauline, Hugo, Adolfo, Sabrina, Analia e Ivan. Todos vocês
fazem parte do profissional que me tornei.
E à Universidade Federal do Piauí, por me receber durante todos esses anos e me
tornar, acima de tudo, uma pessoa melhor.
“Ninguém pode saber fazer tudo sem primeiro
aprender.”
(Takehiko Inoue)
RESUMO
O presente trabalho é uma revisão integrativa que possui como tema os impactos da micro e
minigeração no sistema elétrico brasileiro. Onde o objetivo é explicitar os impactos da alta micro
e minigeração distribuída fotovoltaica no cenário brasileiro atual e futuro. Foram analisados
diferentes trabalhos sobre impactos da geração distribuída, e dados sobre a geração distribuída
no Brasil. Também são analisadas as legislações vigentes e dados sobre geração distribuída e
como elas afetam o cenário brasileiro atual e futuro. Com essas análises, foi possível encontrar
os impactos mais importantes da presença de geração distribuída fotovoltaica e a presença deles
no cenário atual e futuro do brasil, além de sugestões sugeridas.
The present work is an integrative review which theme is the impacts of micro and mini-
generation in the Brazilian power system. Where the objective is to make an analysis of the
Brazilian scenario of micro and minigeneration and the relevance in it of the impacts of distributed
photovoltaic generation in different studies. During the work fundamental concepts are explained
for the understanding of the same. Current legislation and data on distributed generation are also
analyzed, and how this affects the Brazilian scenario in the present and in the future, along with
a bibliographic review of relevant works on the subject. With these analyses, it was possible
to describe the most common impacts associated with the presence of distributed generation
and their presence in the current and future scenario in Brazil, in addition to citing suggested
solutions.
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.1 Revisão integrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 Energia Fotovoltaica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Transmissão e distribuição de Energia Elétrica . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.1 Sistema radial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.2 Sistema em Anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.5 SIN - Sistema Nacional Interligado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.6 Qualidade de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.6.1 Oscilação de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.6.2 Oscilação de frequência na geração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.6.3 Harmônicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.6.4 Fluxo reverso de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.6.5 Confiabilidade de um sistema de distribuição energia elétrica . . . . . . . 19
2.6.6 Regime Transitório e Regime Permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.7 Geração Distribuída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.8 Penetração da Geração Distribuída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.9 Micro-redes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.1 Análise das Legislações ANEEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Análise dos dados de geração distribuída . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3 Pesquisa Bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
4.1 Resultados das análises das legislações ANEEL . . . . . . . . . . . . . . 24
4.2 Evolução e características da geração distribuída brasileira . . . . . . . 26
4.2.1 Análise dos dados de geração distribuída no Brasil . . . . . . . . . . . . . 26
4.2.2 Análise dos dados de geração distribuída no Piauí . . . . . . . . . . . . . 29
4.2.3 Comparação entre micro e minigeração nos cenários piauiense e brasileiro 32
4.3 Impactos encontrados nos trabalhos revisados . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.3.1 Primeira busca: Impactos, microgeração e fotovoltaico . . . . . . . . . . . 34
4.3.2 Segunda busca: Impactos, minigeração e fotovoltaico . . . . . . . . . . . 35
4.3.3 Terceira busca: Impactos, Geração Distribuída e fotovoltaico . . . . . . . 35
4.3.3.1 Impactos positivos encontrados na revisão bibliográfica . . . . . . . . . . . 40
4.3.3.2 Impactos negativos encontrados na revisão bibliográfica . . . . . . . . . . . 40
5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
13
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A energia fotovoltaica tem se popularizado intensivamente tanto por ser uma energia
que gera menos impactos ambientais do que outras formas de geração, como por ser um investi-
mento que gera economia ao consumidor. "Diminuir a conta luz"tem se tornado popular entre os
brasileiros: a instalação de sistemas de geração fotovoltaicos que compensa ou parcialmente o
consumo daquela unidade consumidora.
Redes de distribuição podem ter várias configurações, de acordo com sua geração,
transmissão e distribuição. Essas configurações são definidas com base no fluxo da energia
(geração para a carga) nas redes, e a mais comum no sistema elétrico brasileiro é o sistema radial.
16
2.6.3 Harmônicos
A resposta de qualquer sistema, quando fornecida uma variação na entrada, pode ser
dividida em duas partes:
• Uma delas acontece enquanto a saída apresenta variações até chegar a um valor fixo.
Podemos dizer que durante esse período, o sistema reage a nova entrada;
• A outra é uma resposta fixa, estável, que se mantém até que exista uma nova variação;
A primeira parte é o que chamamos de regime transitório. Em sistemas elétricos,
20
variações nas entradas são variações nos parâmetros do circuito, e estes podem ocasionar
oscilações nos valores de corrente e tensão que podem gerar problemas nos elementos presentes
naquele circuito.
Por isso, a análise de regimes transitórios em circuitos elétricos é crucial.
Já a segunda parte da resposta é o que chamamos de regime permanente, e apre-
senta as condições normais do funcionamento daquele circuito. Limitações também devem ser
analisadas, visto que na maior parte do tempo, aquele vai ser o funcionamento do sistema.
Geração Distribuída (GD) é uma expressão usada para designar a geração elétrica
realizada junto ou próxima do(s) consumidor(es)independente da potência, tecnologia e fonte de
energia.(INEE, 2022).
Exemplos de geração distribuída são os sistemas residenciais, comerciais, industriais
e rurais de geração fotovoltaica e eólica. São sistemas extremamente próximos ao ponto de
consumo, entretando, a energia gerada por eles é injetada diretamente na rede de distribuição.
De acordo com a potência instalada de geração, essa modalidade de geração pode
ser classificada em vários portes, comoa micro e minigeração.
O conceito de penetração da geração distribuída pode ser definida como a razão entre
a soma da potência instalada nos sistemas de geração e o total da potência de geração presente
no sistema a ser analizado (STECANELLA et al., 2020).
Em uma rede de distribuição, seria a razão entre o fornecido pelos estabelecimentos
de geração distribuída e a soma entre o fornecido por estes e pela distribuidora.
2.9 Micro-redes
3 METODOLOGIA
Na etapa seguinte, dados disponibilizados pela ANEEL e pela EPE foram baixados,
organizados e analisados com o objetivo de compreender e apresentar melhor o panorama
da mesma nos últimos 10 anos. Tais dados foram organizados em gráficos com intuito de
mostrar a evolução da geração distribuída no Brasil e no Piauí e da microgeração e minigeração
isoladamente. O critério para separação entre micro e minigeração foi o mesmo usado pela
ANEEL:
• Microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada
menor ou igual a 75 kW e que utilize cogeração qualificada (ANEEL, 2015)
• Minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada
superior a 75 kW e menor ou igual a 5MW e que utilize cogeração qualificada (ANEEL,
2017)
A comparação desses dados com as legislações analisadas anteriormente também será
realizada, afim de ver as consequências de cada legislação no número de unidades consumidoras
de geração distribuída, entre outros dados.
4 RESULTADOS
Os resultados foram divididos em três seções, de acordo com o material base dos
mesmos.
Na primeira seção, tratamos dos resultados obtidos pela análise das resoluções
normativas da ANEEL. Estes nos fornecem informações sobre a relação entre os consumido-
res/geradores presentes nos portes de micro e minigeração distribuída e o sistema energético
brasileiro.
A segunda seção fala sobre a análise dos dados de geração distribuída, sobre a
evolução e características da mesma no Brasil.
A última seção fala sobre os impactos encontrados nos trabalhos revisados, classifi-
cados em impactos positivos ou negativos de acordo com o critérios estabelecidos previamente.
Além disso, nessa seção também são citados possíveis soluções para alguns impactos, de acordo
com o material revisado.
• A energia ativa gerada se tornou um crédito que poderia ser usado em até 36 meses
• Algumas responsabilidades e custos passaram a ser da distribuidora de energia
Entretanto, a mesma também limitou o máximo de potência instalada de geração distribuída a
ser participante do sistema de compensação a ser igual a carga instalada.(ANEEL, 2012b)
A RN no 687 de novembro de 2015 seguiu favorecendo a GD, aumentando os limites
de minigeração (antes de 1MW para 3MW). Além disso, criou novos modelos de geração:
empreendimento de múltiplas unidades consumidoras, geração compartilhada e autoconsumo
remoto.(ANEEL, 2015)
Também aumentou a validade do crédito gerado de 36 para 60 meses, e definiu
faturas mais detalhas para os consumidores do sistema de compensação.
A RN no 786 de outubro de 2017 aumentou novamente os limites de minigeração,
desta vez para 5MW.(ANEEL, 2017)
Boa parte dessas políticas de incentivo ao uso da geração distribuída estão relaci-
onadas aos impactos positivos da geração distribuída no sistema de distribuição: diminuição
da carga nos transformadores de distribuição, principalmente. Em áreas urbanas, a variação de
tensão causada pela alta penetração de GF é menor, devido aos comprimentos menores das linhas
de distribuição, e a presença da GD nelas acaba aliviando os transformadores sobrecarregados
destas.
Por fim, RN no 1000 de dezembro de 2021 atualizou a regulamentação sobre direi-
tos e deveres do consumidor, e regulamentou melhor alguns trâmites e responsabilidades da
GD(ANEEL, 2021b). O anexo 3 do prodist fala sobre o Relatório Operacional necessário para
empreendimentos de GD e o contrato que envolve o consumidor e distribuidora(ANEEL, 2021a).
Ambos adicionam cláusulas regulamentadoras em cima da micro e minigeração dis-
tribuída, e trazem mais condições para a participação do consumidor no sistema de compensação.
Com o aumento exponencial dos empreendimentos, um controle mais minunscioso se tornou
necessário para garantir a saúde econômica do sistema energético brasileiro.
Alguns pontos interessantes da política utilizada pela ANEEL na GD são:
• A energia por geração distribuída não pode ser comercializada, tampouco pode ser usada
como moeda ou pagamento. Isso mantém os leilões e o comércio de energia inalterados
pela geração distribuída, mantendo o pilar principal do custo da energia elétrica.
• Os geradores não podem ser consumidores livres, o que os prende as taxas cobradas pelas
distribuidoras e pelas políticas públicas, sem possibilidade de negociação.
26
Também podemos ver na Figura 8 que a microgeração é responsável pela maior parte
da potência instalada, e o crescimento dessa potência com o passar dos anos.
Além disso, a geração na própria Unidade Consumidora (UC) ser a forma de modali-
dade de empreendimento mais popular também nos informa que a maioria desses consumidores
instala os sistemas em seu próprio endereço.
Com base nisso, temos um perfil do nosso consumidor principal da GD brasileira:
um microgerador, de sistema instalado em sua própria residência ou ponto comercial.
Figura 8 – Potência instalada de Micro e Minigeração no Brasil pela data da última atualização
cadastral
brasileiro, vemos o maior aumento percentual no salto entre os anos de 2015/2016, enquanto no
cenário piauiense vemos esse aumento acontecendo entre os anos 2018/2019.
Figura 12 – Divisão dos empreendimentos de geração distribuída no Piauí entre micro e minige-
ração (quantidade)
Figura 13 – Potência instalada de Micro e Minigeração no Piauí pela data da última atualização
cadastral
2012 3 kW 0 kW
2013 3 kW 0 kW
2014 3 kW 0 kW
2015 75 kW 0 kW
2016 2,060 MW 249,4 kW
2017 2,748 MW 337,4 kW
2018 6,895 MW 897,9 kW
2019 25,297 MW 7,714 MW
2020 72,427 MW 15,006 MW
2021 154,419 MW 28,147 MW
2022 222,806 MW 39,000 MW
Tabela 3 – Artigos relevantes com os descritores Impacts AND microgeneration AND photovol-
taic
Por fim, na última busca foi utilizada a combinação de descritores Impacts AND
distributed generation AND photovoltaic. Esta foi a que retornou mais resultados. Inicialmente,
essa pesquisa trouxe 1580 trabalhos relacionados.
Esses trabalhos foram filtrados pelo tipo de publicação, e apenas aqueles publicados
em periódicos(jornais e revistas) foram analisados nesse trabalho. No final, foram analisados
resumos de 224 trabalhos, dentre os quais os 11 foram considerados relevantes.
Abaixo temos resumos dos trabalhos relevantes dessa busca, e os impactos encontra-
dos neles.
Stecanella, Vieira, Vasconcelos, Marcos V. Leite e Ferreira Filho estabelecem relação
entre o nível de penetração de geração distribuída fotovoltaica e a oscilação de tensão fora dos
níveis aceitáveis. Acima de 30 % de nível de penetração, as tensões de mais da metade dos
consumidores da rede de distribuição analisada aumentam no horário de pico.
Também são discutidas perdas técnicas, e como a geração distribuída as diminuiu
com níveis de penetração de até 50 % na rede de distribuição. Acima disso, porém, elas
aumentaram para um quarto dos consumidores, além de aumento nas demandas de pico (em
36
Tabela 4 – Artigos relevantes com os descritores Impacts AND distributed generation AND
photovoltaic
1. Oscilação nos valores de tensão em regime permanente (CAMILO et al., 2022) (GAWLAK,
2017) (EFTEKHARNEJAD et al., 2013) (PARCHURE et al., 2016) (ENSLIN, 2014);
41
2. Ilhamento acidental - tensão e potência reversa injetados no sistema durante falha (KOU
et al., 2020) (DEMAZY; ALPCAN; MAREELS, 2020) (TONKOSKI; TURCOTTE; EL-
FOULY, 2012) (ENSLIN, 2014);
3. Tensões de barramento com maior oscilação sobre transientes (EFTEKHARNEJAD et al.,
2013);
4. Variações na frequência de geração (ENSLIN, 2014);
5. Desbalanceamento de fases (AZIZ; KETJOY, 2017);
6. Aumento de custos na manutenção e reforços das redes de transmissão e distribuição
(STETZ et al., 2015).
Considerando o crescimento exponencial do número de UC, a alta penetração de
energia fotovoltaica é uma realidade futura ao sistema de distribuição do nosso país. A predomi-
nância da microgeração comercial e residencial em nosso país mostra o quão forte é esse tipo de
geração distribuída nos centros urbanos, mais concentrados demograficamente.
No Piauí, existe também a grande presença de UC rurais, nas quais a oscilação da
tensão no final da linha é maior com níveis de alta penetração de GD.
Problemas como a oscilação nos valores de tensão, tanto em regime permanente como
transitório, e desbalanceamento de fases irão acontecer em redes urbanas com alta penetração de
geração distribuída.
A variação na frequência de geração pode causar danos em equipamentos sensíveis
a frequência presentes no sistema. Tanto esse impacto como a oscilação de tensão obrigam as
redes a usar equipamentos mais robustos e menos sensíveis a variações nos parâmetros de tensão.
Além disso, o ilhamento acidental pode causar danos tanto em equipamentos do
consumidor, na rede de distribuição e transmissão, e apresenta riscos para trabalhadores das
concessionárias.
Por fim, o aumento nos custos relacionados ao sistema transmissão e distribuição
de energia é economicamente insustentável. A legislação atual prevê que esses custos são de
responsabilidade apenas das concessionárias, e não do consumidor. Isso causará mudanças
na legislação de taxas, como já previsto por Lenzi Castro e Marco Aurelio em seu trabalho
(CASTRO, 2015)
42
5 CONCLUSÕES
A análise das legislações, dos dados obtidos e dos trabalhos revisados nos mostra que
tanto os impactos positivos como os negativos são mais presentes em sistemas de alta penetração
de geração distribuída, que é o cenário brasileiro atual e seguirá no futuro, principalmente nos
grandes centros urbanos.
A penetração de geração distribuída nas redes de distribuição irá aumentar com o
aumento do número de empreendimentos de geração distribuída. Os impactos explicitados nesse
trabalho, tanto positivos como negativos, serão consequências do aumento dessa penetração, e
serão cada vez mais relevantes tanto para as concessionárias como para os consumidores.
Os impactos negativos representam risco de avarias em elementos do sistema, em
eletrodomésticos dos consumidores, e até de acidentes (como incêndios por pontos de calor
causados pelas oscilações nos parâmetros da tensão). Além disso, eles geram custos adicionais
para a manutenção e gestão do sistema como um todo.
Devido as legislações vigentes, as melhorias e/ou reforços necessários para mitigação
dos impactos negativos são de total responsabilidade da distribuidora. Isso aumenta os custos do
sistema como um todo, e já é responsável pelo aumento de taxas atuais. Num futuro próximo
acarretará também em mudanças nas taxas e/ou na regulamentações.
Os impactos positivos são interessantes para o sistema de distribuição, principalmente
de grandes centros urbanos (onde, como citado anteriormente, eles serão mais presentes). A alta
densidade de consumidores gera sobrecarga nos transformadores da rede, e a alta penetração de
geração distribuída diminuirá essa sobrecarga.
As condições climáticas e geográficas das regiões brasileiras também influenciam
nesses sistemas: estados nordestinos como o Piauí e o Ceará, cujas condições climáticas são
favoráveis a geração fotovoltaica, são menos afetados por alguns desses problemas. Como o
clima possui baixo índice de chuvas, o pico de geração coincide com o pico de demanda, o que
diminui a necessidade de controle e optimização da geração distribuída nesses locais.
A irradiação solar constante proporciona uma geração estável e previsível, o que
atrai investimentos maiores na geração solar. Isso é refletido no grande número de UC rurais de
minigeração distribuída, empreendimentos de maior potência instalada.
Os impactos negativos podem ser mitigados e os impactos positivos podem ser
melhor extraídos com alterações nas redes de distribuição. Tais mudanças deixariam o sistema
mais robusto e preparado para os impactos causados pela alta penetração de GD.
43
REFERÊNCIAS
KOU, G. et al. Load rejection overvoltage of utility-scale distributed solar generation. IEEE
Transactions on Power Delivery, v. 35, n. 4, p. 2113–2116, 2020.
LASSETER, R. H. Microgrids. In: IEEE. 2002 IEEE power engineering society winter
meeting. Conference proceedings (Cat. No. 02CH37309). [S.l.], 2002. v. 1, p. 305–308.
SHIREK, G. J.; LASSITER, B. A. Photovoltaic power generation: Modeling solar plants’ load
levels and their effects on the distribution system. IEEE Industry Applications Magazine,
v. 19, n. 4, p. 63–72, 2013.
STETZ, T. et al. Twilight of the grids: The impact of distributed solar on germany?s energy
transition. IEEE Power and Energy Magazine, v. 13, n. 2, p. 50–61, 2015.