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Consórcio

GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA RENOVÁVEL,


CONSTRUÇÃO DE NOVAS OU UTILIZAÇÃO DE
USINAS JÁ IMPLANTADAS DE FONTE RENOVÁVEL
COM COMPRA DE ENERGIA ATRAVÉS DE GERAÇÃO
DISTRIBUÍDA, COM O OBJETIVO DE REDUZIR OS
CUSTOS COM AS FATURAS DE ENERGIA DO
ESTADO DE PERNAMBUCO

CADERNO IV – ESTUDOS JURÍDICOS

ABRIL/2022
Consórcio
:

APRESENTAÇÃO

O Consórcio formado pelas empresas ENGECONSULT


CONSULTORES TÉCNICOS LTDA, SUNLUTION SOLUÇÕES
EM GERAÇÃO DE ENERGIA LTDA e MA3 GESTÃO
EMPRESARIAL LTDA apresenta os estudos jurídicos com o intuito
de subsidiar a realização de investimentos em geração de energia
elétrica renovável e desenvolver soluções que contribuam com a
redução dos custos de energia elétrica dos órgãos do Poder
Público Estadual, conforme as disposições constantes do
Procedimento de Manifestação de Interesse (“PMI”) n°. 001/2020,
nos termos do Edital de Chamamento comunicado pelo Estado de
Pernambuco por meio da Secretaria de Desenvolvimento
Econômico (“SDEC”), da Secretaria de Administração (“SAD”) e da
Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (“SEDUH”),
publicado no Diário Oficial do Estado em 29/01/2020.
Como se verá adiante, as soluções passam pela construção,
operação, manutenção e gestão de usinas flutuantes de geração
de energia solar fotovoltaica, com gestão e operação de serviços
de compensação de créditos de energia elétrica e venda de energia
objetivando a redução dos custos de energia elétrica dos órgãos
do Poder Público do Estado de Pernambuco, cujas diretrizes estão
indicadas, no estudo que ora se apresenta, no modelo de Geração
Distribuída voltado para atender aos consumos de baixa tensão do
Poder Público Estadual, em órgãos da administração direta e
indireta, nos termos do Objeto (Cláusula 1.) do PMI no. 001/2020.
O presente CADERNO IV – Estudos Jurídicos está dividido em 2
(duas) partes.
A primeira delas apresenta a análise da fundamentação e
viabilidade legal e regulatória do empreendimento e propõe forma
para a sua contratação, considerando as premissas constantes do
Edital de Chamamento do PMI no. 001/2020.
Na segunda, constam as minutas dos instrumentos necessárias à
implantação do empreendimento, que acompanham o presente na
forma dos Anexos A, B e C, a saber:
1. Minuta do Edital;
2. Minuta do Contrato; e,
3. Minuta da Matriz de Risco.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 ii


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:

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 2
2. REGIME JURÍDICO DA ATIVIDADE DE GERAÇÃO DE ENERGIA ......... 5
3. MODELO DE NEGÓCIO ............................................................................ 8
3.1. Sistemas Autônomos FPV .................................................................... 9
3.2. Conservação de Recursos .................................................................. 10
3.3. O Uso dos Reservatórios de Água do Estado ..................................... 11
4. MODELAGEM JURÍDICA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL......................... 14
4.1. Comparação entre os Modelos ........................................................... 19
4.2. Modelagem Jurídica com PPP ............................................................ 21
4.3. Garantias da PPP ................................................................................ 22
4.4. Value for Money .................................................................................. 23
5. ANÁLISE REGULATÓRIA DO MODELO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E
SISTEMAS DE COMPENSAÇÃO ................................................................... 27
6. ANÁLISE RESUMIDA DA EXPLORAÇÃO DOS SISTEMAS DE GERAÇÃO
DISTRIBUÍDA PELO ESTADO DE PERNAMBUCO ....................................... 31
7. CUSTO DAS UNIDADES CONSUMIDORAS DE BAIXA TENSÃO E
CUSTOS DOS SISTEMAS DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA ............................. 33
8. ANÁLISE TRIBUTÁRIA ............................................................................ 38
8.1. Tributação Sobre a Energia Elétrica Produzida na Geração Distribuída
e Compensada os Termos Do Sistema de Compensação de Energia Elétrica,
Previsto na Resolução ANEEL Nº 482/2012 ............................................... 38
8.2. Tributação do Ente Privado em Decorrência das Atividades de Geração
Distribuída .................................................................................................... 41
8.3. ISS Incidente Sobre o Serviço de O&M do Ente Privado.................... 41
8.4. IRPJ e CSLL Devidos Pelo Ente Privado ............................................ 43
8.5. PIS e COFINS Devidas Pelo Ente Privado ......................................... 44
8.6. Síntese da Tributação Incidente Sobre o Ente Privado ...................... 44
9. ESPECIFICAÇÕES PARA EDITAL ......................................................... 46
10. PLANO DE IMPLANTAÇÃO..................................................................... 49
11. ATESTAÇÃO DOS SERVIÇOS ............................................................... 51
11.1. CONDIÇÕES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ............................. 51

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12. DIRETRIZES PARA OBTENÇÃO DE LICENCIAMENTOS,


AUTORIZAÇÕES E CORRELATOS ............................................................... 54
12.1. Estudo/análise de diretrizes regulatórias ambientais ....................... 54
12.2. Descrição de procedimento para obtenção de licenciamentos,
autorizações e correlatos ............................................................................. 58
13. MATRIZ DE RESPONSABILIDADES ...................................................... 60
13.1. Responsabilidades do Ente Privado. ............................................... 60
13.2. Responsabilidades do Estado. ......................................................... 62
13.3. Atribuições da CELPE. ..................................................................... 63
13.4. Responsabilidade da ANEEL ........................................................... 64
14. REMUNERAÇÃO E VALOR ESTIMADO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO,
OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO DE SISTEMA DE GERAÇÃO
DISTRIBUÍDA .................................................................................................. 67
14.1. Aluguel e Remuneração de Serviços. .............................................. 67
14.2. Verbas Fixas e Ajuste Anual por Performance. ............................... 67
14.3. Valor Estimado ................................................................................. 68
15. PRAZO ..................................................................................................... 70
16. OUTROS ARRANJOS JURÍDICOS PARA O DESENOVOLVIMENTO DO
PROJETO ........................................................................................................ 72
17. SEGUROS................................................................................................ 74
18. CONCLUSÕES ........................................................................................ 77
ANEXOS .......................................................................................................... 79
Anexo A – Minuta do Edital .......................................................................... 80
Anexo B – Minuta do Contrato ..................................................................... 81
Anexo C – Minuta da Matriz de Riscos ........................................................ 82

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:

INTRODUÇÃO CAP.01

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1. INTRODUÇÃO
Conforme mencionado anteriormente, o presente estudo tem por finalidade
apresentar ao Governo do Estado de Pernambuco a modelagem jurídica para
subsidiar a realização de investimentos em fontes renováveis de energia,
desenvolvendo soluções que contribuam com a redução dos custos de energia
elétrica consumida pelos órgãos do Poder Público Estadual, conforme o Edital
de Chamamento do PMI n°. 001/2020, publicado no Diário Oficial do Estado em
29/01/2020.
A solução apresentada, como se verá, aponta para a viabilidade de construção,
operação, manutenção e gestão de usinas flutuantes de geração de energia
solar fotovoltaica, bem como o aproveitamento de serviços de compensação de
créditos de energia elétrica e a venda de energia, projetando significativa
redução dos custos assumidos pela Administração Estadual.
Os presentes estudos de modelagem jurídica contêm, dentre outros elementos,
a modalidade de contratação mais adequada ao Governo do Estado, embasada
em avaliação jurídica da viabilidade do modelo proposto, contemplando, ainda,
análises e soluções institucionais, jurídicas e regulatórias pertinentes ao
encaminhamento do projeto, em harmonia com a legislação aplicável.
Ademais, explicita a vantajosidade econômica e operacional da proposta para
a Administração Estadual, apontando, fundamentadamente, a conveniência e
a oportunidade da delegação do projeto à iniciativa privada, com a identificação
das razões que justificam a opção pela modelagem jurídica aqui proposta,
considerando a natureza, a relevância e o valor do seu objeto.
No presente Caderno de Estudos Jurídicos, apresenta-se ainda a análise da
fundamentação legal e da viabilidade jurídica, assim como do arranjo contratual
e outros instrumentos propostos para a implantação do empreendimento de
geração de energia.
Inicialmente, expõe-se o regime jurídico a que está sujeita a atividade de
geração de energia, delimitando, inclusive do ponto de vista constitucional, as
normas e princípios incidentes. Desse modo, a partir do modelo de negócio
definido no Caderno de Estudos Econômico-financeiros e regras aplicáveis ao
Estado de Pernambuco, restou projetado o modelo contratual mais adequado
a ser utilizado, bem com as suas disposições essenciais.
Foram examinados também todos os aspectos regulatórios, de direito
ambiental, direito contratual, direito administrativo, direito constitucional, direito
tributário e direito civil pertinentes à modelagem jurídica sugerida do
empreendimento. Em tópico específico, tratou-se da licitação que precederá a
contratação para a adoção do modelo, com destaque para os seus aspectos
centrais, notadamente a modalidade, requisitos de habilitação e critério de
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:

julgamento das propostas. Por fim, a partir de matriz de responsabilidades,


examina-se o papel dos sujeitos envolvidos, direta ou indiretamente, no
empreendimento.
Todos os aspectos contratuais relevantes foram detalhados e examinados à luz
da legislação aplicável, incluindo a remuneração a ser paga pelo Estado de
Pernambuco, os indicadores de desempenho para fiscalização, o prazo e valor
estimado da contratação, as obrigações das partes, as hipóteses de infração e
sanções aplicáveis, estrutura de garantias e fiscalização do cumprimento do
ajuste.
Por fim, são expostas as conclusões dos Estudos Jurídicos e apresentadas as
minutas do Edital (Anexo A), do Contrato (Anexo B) e da Matriz de Risco (Anexo
C), todas desenvolvidas a partir do exame das normas e aspectos jurídicos
pertinentes ao empreendimento, na forma aqui exposta, e em vistas ao
propósito de alcançar o modelo jurídico mais eficiente e seguro para o Estado
de Pernambuco, no seu objetivo de investir em geração de energia renovável
e reduzir custos de energia incorridos pela Administração Estadual.

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:

REGIME JURÍDICO DA ATIVIDADE DE CAP.02


GERAÇÃO DE ENERGIA

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2. REGIME JURÍDICO DA ATIVIDADE DE GERAÇÃO DE ENERGIA


Inicialmente, revela-se fundamental para a modelagem jurídica de
empreendimento na área de geração de energia definir o regime jurídico
aplicável à atividade, tendo em vista os seus reflexos sobre os requisitos e
regras a serem observadas em sua execução.
Desse modo, forçoso apontar que a Constituição Federal de 1988 (“CF/88”)
disciplina os serviços de energia elétrica em seu art. 21, inciso XII, alínea “b”,
colocando-os sob a titularidade da União Federal, que pode explorá-los
diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão.
Nesse contexto, dentre as balizas constitucionais essenciais para a
compreensão do regime jurídico aplicável aos serviços de geração de energia,
vale destacar o que resta disposto nos arts. 175 e 176 da CF/88, assim
dispostos:
“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos.
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os
potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do
solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União,
garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.”
Como se observa, o art. 175 da CF/88 dispõe que incumbe ao poder público a
prestação dos serviços públicos, diretamente ou através de concessão ou
permissão, sempre precedida de licitação. Ou seja: ao tratar dos serviços
públicos, esse mesmo comando legal deixou de mencionar a possibilidade de
sua exploração mediante autorização, restringindo-a tão somente aos
instrumentos da concessão e permissão.
Isso porque as atividades trazidas pelo art. 21, incisos XI e XII, da CF/88 não
consistem, necessariamente, em serviços públicos. Dentro do sistema elétrico,
cabe ao legislador ordinário definir quais atividades são consideradas serviços
públicos e quais podem ser exploradas pelo particular mediante autorização da
União Federal ou por meio de instrumentos de transferência de bens públicos -
estas conhecidas como atividades reservadas. Estão sujeitas à autorização e
regulação estatal, mas não ostentam o regime jurídico próprio dos serviços
públicos.
Dessa forma, a conformação do texto constitucional permitiu que o setor elétrico
compreendesse atividades submetidas ao regime jurídico de direito público e
regidas pelo direito privado, cabendo à lei infraconstitucional fazer essa
distinção. Para o caso da geração, o modelo adotado a partir da Lei Federal n°.

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9.074, de 07 de julho de 1995, buscou a implementação de um regime


competitivo, incluindo as respectivas atividades dentre os serviços submetidos
à autorização, alheios, assim, ao regime de direito público peculiar dos serviços
públicos. Dentre elas estão a autoprodução e a produção independente de
energia elétrica.
Após conhecido embate na doutrina, especialmente em relação às atividades
de produção independente de energia elétrica, foi apaziguada a noção de que
ambas as espécies de atividades de geração de energia estão submetidas ao
regime de direito privado. Segundo o jurista Floriano de Azevedo Marques1:
“O novo modelo possibilitou a comercialização de energia elétrica
em dois ambientes: o ambiente de livre contratação (do qual podem
participar os geradores de energia elétrica e os consumidores
livres) e o ambiente de contratação regulada (comercialização por
meio de leilão público, destinada ao suprimento de energia elétrica
às concessionárias de distribuição de energia elétrica), tendo os
agentes geradores a possibilidade de escolher em qual ambiente
irão realizar a venda.
Desse modo, fica evidente que, atualmente, não se observa a
incidência do regime jurídico de serviço público sobre a atividade
de geração de energia elétrica, mas apenas uma regulação setorial
exercida pela Aneel, mais intensa no caso dos contratos
celebrados no ambiente de contratação regulada”.
A partir desses contornos, resta estabelecido o arcabouço legal/constitucional
para a modelagem jurídica que ora se apresenta, com repercussões diretas na
definição da espécie de contrato adotada a seguir.
Adiante serão expostas as regras incidentes e apresentadas as balizas para
definição do modelo contratual mais vantajoso, assim como todos os aspectos
regulatórios relevantes na exploração do empreendimento de geração de
energia.

1MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Marcos regulatórios do serviço público. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella (Coord.
Tratado de Direito Administrativo: funções administrativas do Estado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. p. 207.
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:

MODELO DE NEGÓCIO CAP.03

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3. MODELO DE NEGÓCIO
Atendendo ao Edital de Chamamento SDEC/SAD/SEDUH referente ao PMI no.
001/2020, veiculado, os estudos técnicos realizados, relativos ao consumo de
energia elétrica dos 21 (vinte e um) órgãos da Administração Direta e Indireta
do Governo do Estado de Pernambuco, conforme o Anexo VI (Dados
Consolidados de Consumo de energia e da Planilha – Faturamentos
Dependentes GOVPE - Dados Compilados), objetivaram detectar as
oportunidades técnicas que proporcionam economicidade, qualidade do
fornecimento de energia elétrica, além de cumprir o atendimento dos requisitos
ambientais e sociais indicados na chamada pública, face ao uso de energia
limpa e renovável.
Diante dessas premissas, foram identificados e analisados os consumos de
energia elétrica das unidades consumidoras, submetidas às tarifas de baixa
tensão e às tarifas de média tensão. Assim, verificou-se que na baixa tensão a
tarifa média paga pelo Governo do Estado está em torno de R$ 696,17/MWh
(seiscentos e noventa e seis reais e dezessete centavos por Megawatt-hora) e
terá um reajuste médio de 18,98% (dezoito vírgula noventa e oito por cento) em
2022.
Nesse contexto, considerando a Resolução Normativa (“REN”) nº. 482, de 17
de abril de 2012, revisada pelas Resoluções nº. 687, de 24 de novembro de
2015 e nº. 786, de 17 de outubro de 2017, além do Decreto nº. 2.003, de 10 de
setembro de 1996, todos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e
levando em conta também as disposições mais recentes da Lei no. 14.300, de
06 de janeiro de 2022, os estudos indicam que a instalação de usina fotovoltaica
na modalidade de Geração Distribuída atende integralmente aos requisitos
dessas Resoluções e Lei, conforme detalhamento contido nos Cadernos dos
Estudos Técnicos e Estudos Econômicos/Financeiros.
Além disso, consta do Caderno de Estudos Técnicos a verificação do
aproveitamento da superfície dos reservatórios pertencentes ao governo do
Estado de Pernambuco, restando identificada a oportunidade da implantação
de Usinas Solares Flutuantes, utilizando a tecnologia Hydrelio, congregando o
melhor desempenho de geração de energia e ocupando uma pequena área de
superfície dos reservatórios, o que dispensa o uso de áreas em solo.
Outrossim, importante pontuar que a concessionária Companhia Energética de
Pernambuco (CELPE) atende todo o Estado de Pernambuco, ou seja, os 184
municípios e o arquipélago de Fernando de Noronha, o que possibilita implantar
usinas solares flutuantes nos reservatórios e gerar energia elétrica para as
unidades de consumo dos respectivos órgãos da administração direta e indireta
do governo estadual, em conformidade à regulamentação das citadas
resoluções da ANEEL.
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:

Dessa forma, o enquadramento das unidades de baixa tensão será feito na


modalidade de Geração Distribuída, do seguinte modo:
Minigeração: REN 482, Cap. I, Art. 2º, II – minigeração distribuída: central
geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 75 kW
(Quilowatt) e menor ou igual a 5MW (Megawatt) para as demais fontes
renováveis – solar, eólica, biomassa e cogeração qualificada – conforme
regulamentação da ANEEL, conectada na rede de distribuição local.
Esse enquadramento apresenta as seguintes vantagens:
• Excedente em créditos válidos por 5 (cinco) anos;
• Atende à limitação da área de concessão da distribuidora;
• Segurança jurídica forte;
• Isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias (“ICMS”) até 1
MWp (Mega Watt peak);
• Valor do arrendamento estável; e,
• Sem acréscimo de bandeiras tarifárias.
Registre-se que no presente estudo não consideramos as unidades
consumidoras de média tensão enquadradas na modalidade autoprodução, de
acordo com a Lei nº. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, que regulamenta a
produção de energia elétrica por produtor independente e por autoprodutor, por
meio de fontes de energia solar, eólica, biomassa e cogeração qualificada,
menor ou igual a 50.000 kW.

3.1. SISTEMAS AUTÔNOMOS FPV


O sistema autônomo de FPV (floating solar photovoltaic), chamados de “energia
solar fotovoltaica flutuante”, é uma tecnologia emergente e cada vez mais
viável, na qual é feita a aplicação de energia fotovoltaica e os sistemas são
instalados diretamente nos corpos d’água. São sistemas operados
independentemente e não conectados ou operados em hibridização com outros
geradores.
Nesse sentido, a Figura 1 demonstra um exemplo de configuração e os
principais componentes de um sistema FPV autônomo de grande escala
conectado no nível de transmissão.
Até o presente momento, os sistemas autônomos de FPV foram
predominantemente instalados em corpos d'água artificiais (ou seja, lagoas de
águas residuais tratadas, reservatórios e irrigação agrícola ou lagoas de
retenção). Dessa forma, evitam impactos ambientais potenciais ou
complicações de localização para implantação em corpos d'água naturais.
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:

Os módulos fotovoltaicos são geralmente iguais aos implantados em sistemas


baseados em terra; entretanto, os sistemas FPV são montados em plataformas
flutuantes construídas com plástico e aço inoxidável (ou galvanizado),
substituindo racks fixos utilizados para sistemas baseados em terra. Uma série
dessas plataformas modulares é então conectada com caminhos designados,
permitindo o acesso à operação e manutenção. As plataformas são conectadas
à cabos de amarração que estão ancorados na costa, no fundo do corpo d'água
ou nas âncoras flutuantes. O sistema é conectado ao equipamento elétrico
principal que, geralmente, reside em terra, além de ser conectado à rede a partir
de cabos subaquáticos. Outrossim, pontua-se que as instalações FPV de
capacidades maiores podem ser separadas em arranjos sub-PV para permitir
a transmissão de grandes quantidades de energia para a subestação.
Figura 1: Diagrama esquemático de um típico sistema FPV autônomo de
grande escala e componentes principais

Fonte: LEE et al (2020). Disponível em:


https://doi.org/10.1016/j.renene.2020.08.080

3.2. CONSERVAÇÃO DE RECURSOS


A instalação de FPV em reservatórios, notadamente no Estado de Pernambuco,
pode ajudar a diminuir a evaporação da água por meio da diminuição do fluxo
de ar e absorção da radiação solar – aumentando a potencialidade dos recursos
hídricos. Como tal, o sistema híbrido pode ajudar a reduzir a variação sazonal
na disponibilidade de recursos hídricos e déficits de geração. Recentes estudos
estimaram que FPV emparelhado com energia hidrelétrica tem potencial para
evitar cerca de 74 (setenta e quatro) bilhões de metros cúbicos de evaporação
de água apoiando a conservação da água (maior disponibilidade de água de
6,3%) e produção de energia hidrelétrica - adicionando uma estimativa de 142,5

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:

TWh (Terawatt-hora) de geração de sistemas FPV em energia hidrelétrica


reservatórios.

3.3. O USO DOS RESERVATÓRIOS DE ÁGUA DO ESTADO


A partir da constatação de que a instalação dos sistemas de FPV em
reservatórios pode ajudar a diminuir a evaporação da água por meio da
diminuição do fluxo de ar e absorção da radiação solar – aumentando a
potencialidade dos recursos –, faz-se necessário apontar a situação dos
reservatórios de águas de domínio do Estado de Pernambuco, nos quais serão
instalados os Sistemas de Geração Distribuída, para que o Estado possa se
valer da energia excedente gerada em tais localidades em cumprimento à
regulamentação aplicável.
Na hipótese, cumpre anotar que os cursos de águas superficiais do Estado de
Pernambuco são bens de uso comum do povo, nos termos do art. 99 da Lei no.
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (“Código Civil”) e do art. 4º, I da Constituição
Estadual de 1989. Dessa forma, o direito de uso dos recursos hídricos está
sujeito à outorga do Poder Público, conforme estabelece o art. 11 da Lei Federal
nº. 9.433, de 08 de janeiro de 1997. A finalidade da norma, por sua vez, é
assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo
direito de acesso à água.
Nesse contexto, com relação aos rios do domínio do Estado de Pernambuco,
que formam os reservatórios em que serão implantados os sistemas, a Agência
Pernambucana de Águas e Clima (APAC) é responsável pela emissão das
competentes outorgas, assegurando o direito de uso dos cursos de águas dos
rios, em cumprimento ao art. 16, I, da Lei Estadual nº. 12.984, de 30 de
dezembro de 20052 (“Política Estadual de Recursos Hídricos”).
Apesar de existirem outorgas diversas emitidas em favor de outros agentes, tal
fato não dispensa a necessidade de outorga específica para o ente privado que
se credenciar com o objetivo de promover a instalação de parques fotovoltaicos
nos espelhos de água dos represamentos. Isto porque a instalação de Sistemas
de Geração Distribuída amolda-se à disposição do art. 16, IV, da Política
Estadual de Recursos Hídricos, qual seja, outros usos, obras e ações que
alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água, o leito e margens de
corpos de água, mesmo que temporariamente.
Assim, para implementação do escopo do presente estudo, são necessários
projetos de utilização de recursos hídricos para validação pela APAC.

2
A outorga de direito de uso far-se-á por prazo não excedente a 30 (trinta) anos, consoante prevê o art. 20, da Lei
Estadual nº 12.984/2005.
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:

Saliente-se, ainda, que na hipótese de não existirem impactos significantes aos


recursos hídricos, o ente privado requerente poderá ser beneficiado com
isenção de outorga (art. 17 da Lei Estadual nº 12.984/05).
Por outro lado, sendo o próprio Estado de Pernambuco o legítimo titular do
domínio do espaço físico sobre as águas públicas, a celebração de contrato de
concessão de uso específico, pelo prazo de duração do contrato, é medida
possível e necessária. A premissa para celebração do contrato decorre do fato
de que a autorização para uso dos espaços físicos dos espelhos de água é
concedida a título precário, unilateralmente, quando a concessão de uso é de
natureza obrigacional atrelada ao contrato administrativo a ser firmado, regido
pelas normas de direito público.
A garantia da referida avença decorrerá de requerimento específico em face da
celebração do contrato de Parceria Pública Privada (“PPP”), face ao
compromisso prévio e em razão do estudo de viabilidade técnica aprovado,
autorizando a cessão do uso dos reservatórios para o ente privado, que firmar
o respectivo contrato de PPP com o Estado de Pernambuco para Manutenção
e Gestão de Usinas Flutuantes de Geração de Energia Solar Fotovoltaica,
agregada a Gestão e Operação de Serviços de Compensação de Créditos de
Energia Elétrica visando suprir a demanda energética de parcela da estrutura
física Administração Estadual.
Portanto, o atendimento do requisito de posse mencionado acima será atendido
por meio da celebração de Contrato de Concessão de Uso específico de
Superfície de Reservatório de Água entre o Estado de Pernambuco e o
vencedor do certame, com base em autorização legislativa (art. 4º, §1º da
Constituição Estadual).

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:

MODELAGEM JURÍDICA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL CAP.04

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 13


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:

4. MODELAGEM JURÍDICA E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL


O presente tópico se presta a subsidiar a fundamentação jurídica aplicável à
modelagem proposta quanto ao projeto para implantação, operação,
manutenção e gestão das usinas flutuantes de geração de energia solar
fotovoltaica, com gestão e operação de serviços de compensação de créditos
de energia elétrica.
Como é sabido, a Administração Estadual, para fins de execução de serviço ou
obra pública, pode basicamente utilizar três tipos de contratação, quais sejam:
(i) a realizada nos estritos moldes da Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993; (ii)
a concessão comum da Lei nº. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 e a (iii) já
mencionada PPP, instituída pela Lei nº. 11.079, de 30 de dezembro de 2004.
No entanto, com o desenvolvimento de novas necessidades da sociedade e,
consequentemente, ante ao aumento crescente da complexidade da atividade
estatal, as figuras clássicas de contratação do Estado tornaram-se incapazes
de solucionar algumas situações.
Não raro, a (i) simples licitação é insuficiente para permitir a realização de obras
de grande monta, sobretudo em situações que o Estado não detenha formas
de arcar com os seus custos, já que o sistema normativo em vigor impede que
se inclua como encargo do contratado o financiamento da obra. Ademais,
determinados tipos de serviços demandam, em função de suas especificidades,
maior flexibilidade contratual e dinamismo e celeridade por parte do contratado.
Existem situações, ainda, em que se requer a execuções de obras ao longo da
prestação do serviço, que ficará dependente da conclusão das mesmas,
tornando-se ineficiente a contratação separada para de cada evento.
A (ii) concessão comum, por seu turno, não apresenta as garantias devidas
para viabilizar a prestação de serviços quando o pagamento de tarifa não for
suficiente para arcar com seus custos, pois veda a contrapartida adicional da
Administração, permitindo-se, apenas, a vaga opção de se buscar receitas
extraordinárias.
Para tentar suprir tais limitações foi instituído o instrumento da (iii) PPP, por
meio da Lei Federal nº. 11.079/04, com o objetivo de contornar algumas
debilidades e limitações dos modelos já tradicionalmente aplicados de licitação
e de concessão comum, criando inovações que trouxeram ganhos ao Poder
Público.
Neste sentido, o artigo 2º, caput, §3º e §4º, da referida Lei Federal nº.
11.079/04, apresentam os aspectos gerais que definem a PPP:
“Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de
concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa (...).
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Consórcio
:

§ 3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum,


assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado.
§ 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-
privada:
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00
(dez milhões de reais);
II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5
(cinco) anos; ou,
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-
obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a
execução de obra pública.”
Denota-se, pois, que a PPP se caracteriza pela necessária contraprestação
pública ao concessionário, cujo objeto da contratação não poderá ser
unicamente fornecimento de mão-de-obra ou de equipamentos, nem mesmo
de mera execução de obra.
Duas das principais vantagens percebidas é a viabilidade de contratação de
serviços que não são economicamente viáveis apenas com o pagamento de
tarifas, e a criação de expressas garantias ao concessionário quanto à
contraprestação adicional do Estado, o que é vedado pela concessão comum.
Com isso, permite-se a implantação imediata de um serviço, seja público ou de
utilidade pública, sem que o Estado necessite arcar com todo capital necessário
para sua estruturação e, ainda, garantindo-se a atratividade do negócio para o
setor privado.
Ademais, ao Estado é permitido delimitar as linhas primordiais e os objetivos a
serem atingidos, sem a necessidade, por vezes impossível, de pormenorizar as
características da obra a ser executada ou do serviço a ser prestado. Ao
contratado, portanto, competirá empregar as melhores e mais inovadoras
técnicas para o alcance das metas impostas, condição, inclusive, para a sua
remuneração. Os artigos 6º, parágrafo único, e 7º, da Lei Federal nº. 11.079/04,
explicitam este dever do concessionário em cumprir com as exigências de
qualidade, para a assunção da contraprestação pública. É o texto:
“Art. 6º A contraprestação da Administração Pública nos
contratos de parceria público-privada poderá ser feita por:
I– ordem bancária;

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Consórcio
:

II– cessão de créditos não tributários;


III– outorga de direitos em face da Administração Pública;
IV– outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
V– outros meios admitidos em lei.
Parágrafo único. O contrato poderá prever o pagamento ao
parceiro privado de remuneração variável vinculada ao seu
desempenho, conforme metas e padrões de qualidade e
disponibilidade definidos no contrato.
Art. 7º A contraprestação da Administração Pública será
obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço objeto
do contrato de parceria público-privada.”
Nesse contexto, para que seja possível identificar todas as características deste
instrumento, é importante apontar as peculiaridades da espécie aplicada ao
caso: concessão administrativa. O projeto em referência aponta para uma
estruturação de PPP na modalidade de concessão administrativa.
O artigo 2º, §2º, da Lei 11.079/04, dá-lhe o conceito:
“§2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de
serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou
indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e
instalação de bens.”
A distinção entre a PPP patrocinada cujo objeto é um serviço público e PPP
administrativa se encerra não fato de que nesta, na PPP administrativa, não há
qualquer cobrança de tarifa do usuário-população, cabendo à própria
administração suportar todos os encargos do contrato, sendo esta a usuária
direta do serviço prestado.
Cumpre repisar que os serviços ora descritos, sejam destinados
exclusivamente ao Estado, seja um serviço público, apresentam uma
complexidade diversa dos demais serviços objetos de licitação e concessões
comuns, pois, da mesma forma que na PPP patrocinada, exigem-se
investimentos superiores a R$ 10 milhões para criação, ampliação ou
recuperação de infraestrutura, sendo que objeto deste contrato não se limitará
somente à execução da obra, mas incluirá, necessariamente, o dever de
utilização desta estrutura para a prestação de um serviço.
De acordo com os dados técnicos e econômicos acima repassados, o capital
exigido para a construção das usinas é considerável e implica na utilização de
recursos que, por vezes, o poder público não terá condição de arcar. Em tais
circunstâncias, a mera licitação de obra não é o instrumento mais adequado e
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 16
Consórcio
:

eficiente para a contratação deste tipo de empreendimento, o que implicará na


necessidade de concessão posterior dos serviços, o que, por sua vez, importa
em outro problema a ser arcado pelo Poder Público.
Para que seja possível absorver todos os custos de criação desta infraestrutura
e, para a manutenção e prestação adequada do empreendimento, o custo
poderá exceder, e muito, as possibilidades de absorção do poder público. Mas
não é apenas a aplicação de grandes investimentos que torna este serviço
público peculiar: as atividades que compõem o serviço embarcado no escopo
do projeto exigem celeridade na tomada de decisão, dinamismo na aplicação
de novas tecnologias e um poder de compra diferenciado.
Nesse contexto, no intuito de conceder, cada vez mais, viabilidade financeira à
atividade e ganhos em eficiência, procede ser mais vantajoso conceder
autonomia ao setor privado, já que a priori este apresenta a expertise na área,
tendo como controle os resultados do empreendimento. Além do mais, a
continuidade e ininterrupção da operação da usina fotovoltaica decorrem de
manutenções periódicas, profissionais qualificados e a reposição de peças com
agilidade.
Nesse caso, em sendo o poder público o responsável pela operação do
sistema, muito provavelmente, por força dos ritos burocráticos exigidos para
compras públicas, as ações e resoluções serão mais onerosas e tardias. Ou
seja: seja em vista das deficiências dos modelos tradicionais, seja levando em
conta as características do modelo de concessão administrativa, a PPP se torna
o instrumento mais adequado para viabilizar a execução do projeto em voga.
Noutro passo, vale tratar, também, sobre o ressarcimento pelo concessionário
de todas as despesas prévias com estudos realizados para estruturação do
projeto. Isso porque o artigo 21 da Lei de concessões, nº. 8.987/95, que trata
justamente deste ressarcimento, também é aplicável às PPPs, assim como
todos os demais dispositivos não contraditórios a esse instrumento.
Nestes termos, o Decreto Federal nº. 8.428, de 2 de abril de 2015, foi
especificamente editado para regulamentar o procedimento de estudos prévios
para a implantação de uma PPP. Tal decreto, de aplicação às PPPs federais,
não deixa margem à dúvida ao disposto em seu artigo 173, que estabelece que
caberá ao vencedor da licitação o pagamento de estudos prévios realizados por
pessoa jurídica ou física privados que recebam autorização para tanto, e que
tenham tido seu estudo aprovado e utilizado, ainda que em parte.

Art. 17. O edital do procedimento licitatório para contratação do empreendimento de que trata o art. 1º conterá obrigatoriamente cláusula que condicione a
assinatura do contrato pelo vencedor da licitação ao ressarcimento dos valores relativos à elaboração de projetos, levantamentos, investigações e estudos
utilizados na licitação.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 17


Consórcio
:

Afora tal possibilidade, que também favorece a viabilização da contratação de


uma PPP, a simples possibilidade de captação de recursos pela iniciativa
privada para implantação de todas as etapas do serviço, já é, por si só, motivo
para eleger a PPP como melhor instrumento a ser utilizado pela Administração.
É neste sentido que os conceitos de financiamento pelo parceiro e de sua
remuneração pelo Estado permitirão a viabilidade econômica das obras e
serviços e sua implantação em curto espaço de tempo. Outro elemento de
análise essencial é a possibilidade de atrelar a contraprestação pública ao
alcance de metas de qualidade objetivamente determinadas pela
Administração, sendo esse o instrumento que permitirá o alcance concreto de
conceito, por vezes vago, de eficiência do serviço público.
As obrigações de investimento em tecnologias e novos procedimentos serão
mais bem alcançadas quando, somente com a melhoria nas técnicas aplicadas,
se atingir as metas determinadas. Tais características apontam para a PPP
como instrumento apto a cumprir com a demanda existente de infraestrutura e
boa prestação de serviço.
Não obstante, como já mencionado, o grande fator que diferencia a PPP
patrocinada da PPP administrativa é a possibilidade de cobrança de tarifa do
usuário, em complementação à contraprestação pública, o que pode ser fator
de viabilidade do serviço.
Como se vê, os estudos apontam que para a usina fotovoltaica será utilizado a
PPP administrativa, já que a produção de energia do empreendimento tem
como finalidade atender as instalações prediais da administração pública
estadual. Por derradeiro, será através da possibilidade de vinculação da
contrapartida financeira estatal com o alcance de metas de qualidade e de
desempenho pelo concessionário que se propiciará melhores resultados, tanto
do ponto de vista da atividade em si, como da melhor e mais rentável utilização
das estruturas físicas.
Com isto, a utilização destas estruturas será potencializada, o que permitirá a
aplicação eficaz dos cofres públicos e, ainda, o alcance do importante objetivo
da Lei. Com relação ao marco regulatório para o setor, em especial no que
tange ao nível estadual, o Estado de Pernambuco conta com uma estrutura
jurídico-institucional capaz de absorver e acomodar os investimentos a serem
realizados para o projeto.
Nesse sentido, cabe ainda destacar a edição do Programa Incentivo ao
Desenvolvimento de Energias Limpas, que introduziu a política de incentivos
aos investimentos no setor e estabeleceu tratamento prioritário na concessão
de licenciamento ambiental em contratos de aquisição de energia elétrica, além
de isenção total de ICMS para geração distribuída de energia.

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Consórcio
:

Assim, a estrutura jurídico-institucional e regulatória do projeto está alicerçada


constitucional, legal e infralegalmente, nos seguintes dispositivos e diplomas:
• Art. 175 da CF/88;
• Lei no. 8.666/93;
• Lei no. 8.987/95;
• Lei no. 9.074/95;
• Lei no. 9.427/96;
• Decreto no. 2.335, de 06 de outubro de 1997;
• Lei nº. 10.848, de 15 de março de 2004;
• REN ANEEL no. 687, de 24 de novembro de 2015;
• Resolução CONAMA no. 279, de 27 de junho 2001;
• Resolução CONAMA no. 462, de 24 de julho de 2014;
• Decreto nº. 2.653, de 30 de julho de 2004;
• Lei no. 12.587, de 03 de janeiro de 2012;
• Lei Estadual no. 16.573, de 20 de maio de 2019;
• Decreto no. 47.792, de 18 de dezembro de 2019;
• Lei no. 12.765, de 27 de janeiro de 2005;
• Lei no. 12.976, de 28 de dezembro de 2005.

4.1. COMPARAÇÃO ENTRE OS MODELOS


Em ambos os modelos apresentados a seguir (com PPP e sem PPP), são
considerados os investimentos e os reinvestimentos a serem realizados pelo
Estado na contratação tradicional, quais sejam: (i) Obra Civil da Construção; (ii)
Equipamentos e Sistemas; (iii) Estudos Prévios e (iv) Outros Diversos – além
das despesas operacionais, de manutenção e conservação.
Importante salientar que nos dois modelos foi tomado como base o valor de
dispêndio com fiscalização e monitoramento para o conjunto de Usinas Solares
Fotovoltaicas Flutuantes. No modelo com PPP a atividade é desempenhada
pelo Verificador Independente, enquanto no modelo sem PPP a atividade é
desempenhada por órgão da administração direta.
Os impostos considerados no cálculo do Value for Money são aqueles pagos
operacionalmente pela concessionária ao longo da PPP, quais sejam: a (i)
Contribuição para os Programas de Integração Social e Formação do
Patrimônio do Servidor Público (“PIS”); a (ii) Contribuição para Financiamento
da Seguridade Social (“COFINS”); o (iii) Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza (“ISS”); o (iv) Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (“IRPJ”) e a
(Contribuição sobre o Lucro Líquido (“CSLL”), de acordo com suas respectivas
bases legais alíquotas.
Vale ressaltar que no modelo sem PPP o valor dos impostos sobre a operação
do empreendimento é subtraído, uma vez que o imposto não será exigível,
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 19
Consórcio
:

como melhor detalhado adiante. A determinação da taxa de desconto para


aferição do valor presente em ambos os modelos relativo ao recurso financeiro
necessário para os investimentos em bens de capitais (“CAPEX”) é feita a partir
da taxa de inflação projetada. Por fim, a comparação quantitativa do Value for
Money: a) Modelo Tradicional – Sem PPP, tem-se os custos operacionais das
usinas, acrescida a ineficiência nos custos operacionais no modelo econômico
de referência, considerando que o ônus da Administração Estadual é maior do
que a iniciativa privada.
Nesse sentido, os custos operacionais das Usinas Solares Fotovoltaicas no
modelo tradicional (Lei nº. 8.666/93) apontam para uma oneração do sistema,
em comparação com o modelo via PPP, muito em razão de fatores conhecidos,
como: (i) a falta de conhecimento técnico dos servidores sobre o tema e o hábito
de empresas participantes ingressarem com pedidos de questionamento, seja
com apontamentos técnicos relevantes ou apenas como uma forma de ganhar
prazo no processo; (ii) licitações do ente público terem problemas e,
consequentemente, os editais serem suspensos, corrigidos e reeditados; (iii) a
Lei de Licitações (Lei no. 8.666/93) brasileira define a metodologia para
contratação de obras ou serviços relacionados, onde não se permite
implementar novas formas de contratação que não àquelas nela especificadas
- fator que dificulta a introdução de mecanismos mais inovadores na
contratação e, consequentemente, no gerenciamento de obras e projetos nos
órgãos públicos implicando em atrasos; (iv) as equipes técnicas que fazem
parte do quadro de pessoal dos órgãos públicos e são responsáveis pela
especificação inicial do empreendimento (pesquisa das necessidades dos
usuários, confecção do projeto básico e execução da lista de custos unitários
para contratação do projeto executivo), em geral, estão defasadas
tecnicamente em relação à iniciativa privada e possuem um efetivo em número
insuficiente para que desempenhem um trabalho de qualidade e, por isso,
podem comprometer o desempenho do empreendimento como um todo; (v)
alguns empreendimentos públicos, dada sua amplitude, complexidade e
consequente duração, iniciam-se em uma gestão e terminam em outra, fato que
torna ainda mais complexas as etapas de idealização e planejamento dos
empreendimentos.
A toda evidência, é fato que os processos licitatórios tradicionais, em geral, são
morosos e com muitas exigências legais, o que tem desestimulado muitas
empresas competentes para elaboração de projeto e construção a participarem
de sua realização, trazendo notórias perdas em relação às possibilidades
técnicas que estas empresas poderiam proporcionar. Desta forma, é de se
considerar um atraso de dois anos para o início do funcionamento das usinas,
em relação ao modelo de PPP. Neste cenário, este atraso implica em acréscimo
de vinte e quatro faturas de energia elétrica pagas para a distribuidora local.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 20


Consórcio
:

Sendo assim, o custo presente líquido destas faturas adicionais é da ordem de


R$ 115.299.303,99 (cento e quinze milhões, duzentos e noventa e nove mil,
trezentos e três reais e noventa e nove centavos), em valores de 2022. Para
melhor compreensão, importante analisar o gráfico apresentando o fluxo de
caixa estimado do modelo tradicional para implementação das usinas, em
valores presentes de 2021, considerando os custos relativos ao CAPEX no
Modelo Tradicional para a totalidade das usinas.
Desse modo, novamente transparecem as vantagens decorrentes da adoção
da PPP, as quais, dentre muitas, em perspectiva, podem ser cristalizadas da
seguinte forma: (i) redução das despesas orçamentárias; (ii) profissionalização
da gestão do serviço; (iii) poder fiscalizatório; (iv) remunerar o parceiro privado
de acordo com seu desempenho; (v) alívio no cumprimento das metas da Lei
de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar no. 101, de 04 de maio de 2000
– “LRF”); (vi) vanguarda em projetos com dividendos políticos e (vii) redução de
custos do serviço via fontes alternativas de faturamento.
Outro fator a ser considerado é o CUSTO DE OPORTUNIDADE FINANCEIRA
do ente público, ou seja, o custo decorrente da conjugação de conceito
amplamente utilizado na economia para se referir aos “caminhos não seguidos”,
considerando todas as oportunidades que forem ignoradas ou sacrificadas pelo
ente público. É certo que estes custos não costumam ser registrados na
contabilidade das empresas, mas são importantes para prever a viabilidade de
determinado projeto. Desta forma, o custo de oportunidade pode ser aplicado
em diversos setores econômicos e até mesmo sociais. Por exemplo, no
chamado “custo de oportunidade de capital” analisa-se o valor que determinada
pessoa ou empresa deixou de faturar por ter optado por uma ou outra
alternativa de negócio.
Dessa forma, é importante ter em perspectiva o valor presente total do modelo
tradicional para implantação e operação das usinas, o que favorece e justifica
a implantação no modelo sugerido.

4.2. MODELAGEM JURÍDICA COM PPP


O custo a ser considerado para análise é a estimativa das contraprestações
anuais pagas pelo ente público para fins de implementação e operação das
usinas, aponta um valor presente (envolvendo todas as contraprestações) de
R$ 328.924.792,10 (trezentos e vinte e oito milhões, novecentos e vinte e
quatro mil, setecentos e noventa e dois reais e dez centavos), em valores de
2022.
Contudo, no modelo de PPP, as instalações, ao final do contrato, passarão a
ser do controle do Estado, que receberá o empreendimento como patrimônio
para o ente público.

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Consórcio
:

Sendo assim, para aferir o valor do empreendimento ao final do contato, foi


considerada uma taxa de desvalorização do patrimônio de 0,93% (noventa e
três centésimos por cento) ao ano, conforme a garantia do fabricante de pleno
funcionamento das placas em 80% (oitenta por cento) após 20 (vinte) anos.
Com isso, o valor presente líquido do custo do modelo com PPP será de R$
295.362.053,57 (duzentos e noventa e cinco milhões, trezentos e sessenta e
dois mil e cinquenta e três reais e noventa e cinco centavos), valores referentes
ao ano de 2022. Para o cálculo efetivo do Value for Money, considera-se a
diferença do valor presente líquido do modelo tradicional com o modelo de PPP.
Desta forma, a PPP gera Value for Money se o valor presente líquido de seus
custos for menor que o valor presente líquido dos custos do modelo tradicional.
Em suma, resta evidente o ganho do ente público na execução do projeto
através do modelo de PPP ao invés do modelo tradicional.

4.3. GARANTIAS DA PPP


O artigo 8º da Lei Federal no. 11.079/04, que trata das PPPs, bem como a Lei
Estadual no. 12.765/05 e as alterações decorrentes da Lei Estadual no. 17.218,
de 16 de abril de 2021, diploma estadual de PPPs, estabelece um rol
exemplificativo das possíveis formas de garantia pública, termos estes que
geralmente são repetidos pelas demais leis municipais e estaduais a respeito
das PPPs.
Ocorre que a dinâmica financeira do mercado de crédito bancário, bem como a
gama de riscos que envolvem projetos modelados na forma de PPP, tem
exigido soluções cada vez mais criativas e inovadoras de mecanismos
garantidores que sejam capazes de remediar eventuais inadimplementos do
Estado.
O artigo 8 da Lei Federal n. 11.079/04, que trata das PPPs, bem como a Lei
Estadual n. 12.765/05, alterado pela Lei n. 17.218/21, estabelece um rol
exemplificativo das possíveis formas de garantia pública.
Traçando um paralelo com levantamentos realizados em outros Estados
concluiu-se que vinculação de recebíveis em conta dedicada são arranjos
eficazes para satisfazer a necessidade de segurança para os investidores.
O arranjo que pode ser proposto para o caso em análise pode basear-se na
utilização de mecanismo de cessão de recebíveis de titularidade do Estado de
Pernambuco. Isso garantiria maior flexibilidade ao Governo do Estado em
constituir a garantia pública em face da alteração da Lei nº 12.765, de 27 de
janeiro de 2005, a partir da Lei n. 17.218/21 autorizando a transferência de
parcela dos recursos orçamentários oriundos do Fundo de Participação dos
Estados e do Distrito Federal (FPE), para fins de adimplemento de obrigações
pecuniárias estabelecidas em contratos de parceria público-privada, firmados
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 22
Consórcio
:

no âmbito do Programa de Parcerias Estratégicas de Pernambuco-PPPE,


contribui para estrutura de garantias dando viabilidade e equilíbrio ao futuro
contrato.

4.4. VALUE FOR MONEY


Como tratado anteriormente, uma das metodologias para comparar a
vantajosidade e a eficiência entre os possíveis modelos de contratação para
execução do objeto do presente projeto, consiste em analisar, qualitativa e
quantitativamente, os custos diretos e indiretos estimados para fins de
utilização de cada instrumento previsto pela legislação brasileira.
A análise comparativa de modelos, o potencial uso de estudos de avaliação de
programas e de políticas, com a devida utilização de rigor teórico-metodológico,
permite que a tomada de decisões seja mais consistente e fundamentada, além
de promover a responsabilização na utilização dos recursos públicos,
proporcionando programas que tenham maior eficiência, eficácia e qualidade.
O papel das metodologias de avaliação e demonstração de benefícios e
vantagens do projeto a ser aplicado reveste-se de extrema importância em
cenários desafiadores de grave restrição orçamentária e poderá determinar não
só o grau de “eficiência” da própria avaliação, como poderá melhorar o impacto
da implementação dos projetos. É essencial que os gastos públicos sejam
usados para melhorar as perspectivas de crescimento a longo prazo, tendo em
consideração a questão da equidade.
Melhorar a eficiência e a eficácia da despesa pública ajuda não só manter a
disciplina orçamentária exigida, como também é instrumental em relação às
reformas estruturais necessárias. Ou seja, ganhos de eficiência permitem
aumentos do Value for Money a partir da obtenção de melhor outcome com o
mesmo nível de despesa.
O Value for Money é um conceito relacional, cuja medida de avaliação baseia-
se na verificação da produção de output e outcome gerados pelo projeto, com
os recursos disponíveis. A rigor, este instrumento auxilia na avaliação
quantitativa e qualitativa de projetos de PPP para produzirem ganhos de
eficiência em comparação com o modelo tradicional de contratação de
infraestrutura, a partir do financiamento do investimento e gestão operacional
do próprio ente estatal.
Os modelos de análise, conveniência e oportunidade constituem peças
importantes para assegurar a legitimidade de políticas inovadoras. Nesse
contexto, modelos robustos de seleção e análise de projetos de PPP são
necessários para, por exemplo, alocar os recursos públicos de forma eficiente,
conferir legitimidade e credibilidade à política de PPP, proporcionar
auditabilidade e prestação de contas, assegurar que as PPPs sejam utilizadas
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 23
Consórcio
:

com a finalidade de promover ganhos legítimos de eficiência, avaliar se o


governo dispõe de capacidade técnica e gerencial necessária para o
desenvolvimento do projeto como uma PPP, entre outros.
A mensuração da vantajosidade, tipicamente, envolve o levantamento de dois
fluxos de caixa:
• Modelo com PPP: está relacionado com o fluxo de desembolsos
(PARCELA REMUNERATÓRIA MENSAL) previstos para o governo
durante o contrato de PPP, incluindo todos os custos adicionais/indiretos
que surgem com o projeto, como custos regulatórios, de monitoramento,
de contratação de consultorias, de auditorias, dentre outras despesas.
• Modelo sem PPP (investimento e gerenciamento operacional
público/contratação tradicional): Está associado com o fluxo de
desembolsos previstos para o governo com a implementação e execução
do projeto nas mesmas condições do modelo com PPP. Estará inclusa a
valoração econômica dos riscos que o governo suportaria com esta
estratégia de implementação, da mesma forma que o privado, no modelo
com PPP. Normalmente, este segundo fluxo de caixa é chamado de
Comparador do Setor Público (Public Sector Comparator – “PSC”).
A comparação entre os dois modelos elencados será feita a partir dos Valores
Presentes Líquidos (“VPLs”), dos custos de investimento e dos relacionados
com a operação das Usinas Solares Fotovoltaicas Flutuantes. Em função desse
resultado, será escolhido como mais viável o que apresentar o menor custo ao
ente estatal, tomando como base o mesmo objeto e prazo de contratação, ou
seja, será aquele com o melhor Value for Money. Na avaliação do Value for
Money, leva-se em consideração as seguintes variáveis de forma a embasar a
tomada de decisão do Poder Público: eficácia, eficiência, efetividade e
sustentabilidade.
A título de contextualização, cabe destacar que a eficácia consiste na medida
de atendimento de metas pré-estabelecidas, tais como prazos e custos. A
eficiência é a medida da qualidade do uso dos recursos. A efetividade é a
medida da continuidade dos serviços prestados ao longo do tempo. Por fim, a
sustentabilidade, que é a necessidade em atender os objetivos de forma
completa, ampla, onde não apenas os aspectos técnicos e econômico-
financeiros são atenciosamente considerados, mas, sobretudo, com o foco na
sociedade, agregando os aspectos de qualidade, os ambientais, os sociais e os
culturais.
Nesse sentido, cabe novamente destacar a edição do Programa Incentivo ao
Desenvolvimento de Energias Limpas, que introduziu a política de incentivos
aos investimentos no setor e estabeleceu tratamento prioritário na concessão

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Consórcio
:

de licenciamento ambiental em contratos de aquisição de energia elétrica, além


de isenção no ICMS para geração distribuída de energia.
Assim, a estrutura jurídico-institucional e regulatória do projeto está alicerçada
nos seguintes diplomas:
• Art. 175 da CF/88;
• Lei no. 8.666/93;
• Lei no. 8.987/95;
• Lei no. 9.074/95;
• Lei no. 9.427/96;
• Decreto no. 2.335, de 06 de outubro de 1997;
• Lei nº. 10.848, de 15 de março de 2004;
• REN ANEEL no. 687, de 24 de novembro de 2015;
• Resolução CONAMA no. 279, de 27 de junho 2001;
• Resolução CONAMA no. 462, de 24 de julho de 2014;
• Decreto nº. 2.653, de 30 de julho de 2004;
• Lei no. 12.587, de 03 de janeiro de 2012;
• Lei Estadual no. 16.573, de 20 de maio de 2019;
• Decreto no. 47.792, de 18 de dezembro de 2019;
• Lei no. 12.765, de 27 de janeiro de 2005;
• Lei no. 12.976, de 28 de dezembro de 2005.

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:

ANÁLISE REGULATÓRIA DO MODELO DE GERAÇÃO CAP.05


DISTRIBUÍDA E SISTEMAS DE COMPENSAÇÃO

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Consórcio
:

5. ANÁLISE REGULATÓRIA DO MODELO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E


SISTEMAS DE COMPENSAÇÃO
A REN ANEEL n°. 482/12 estabelece as condições gerais para o acesso de
microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia
elétrica, ao sistema de compensação de energia elétrica (“SCEE”), e dá outras
providências.
Por meio deste diploma normativo, a ANEEL estabeleceu o arcabouço
infralegal a permitir que todo usuário da rede possa ser consumidor e produtor
de energia. Porém, também coube à resolução acima mencionada impor os
limites das centrais geradoras de energia elétrica, sendo eles, tais como então
definidos, de uma potência instalada menor ou igual a 100k para a
microgeração distribuída e uma potência instalada acima de 100kW e menor
ou igual a 1MW para a minigeração distribuída. Sendo essas fontes hidráulicas,
solares, eólicas ou de biomassa.
Contudo, as REN ANEEL n°. 687/15 e n°. 786/17 alteraram essa limitação e
ficou definido que, para a microgeração distribuída, a potência instalada deve
ser menor ou igual a 75 kW enquanto, para minigeração distribuída, a potência
instalada deve ser superior a 75 kW e menor ou igual a 5MW.
Acerca do SCEE, resta estabelecido por meio das normas em vigor que o
mesmo deve funcionar de modo que a unidade consumidora produza sua
energia e o excedente seja injetado na rede, cedido à distribuidora local,
gerando créditos que serão posteriormente compensados com o consumo de
energia elétrica dessa mesma unidade consumidora.
A REN ANEEL n°. 687/15 altera também a definição das novas modalidades
de geração distribuída, sendo elas:
a) Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras,
condomínios verticais e/ou horizontais, situados em uma mesma
área ou área contígua, com o sistema gerador instalado em área
comum, onde as unidades consumidoras do local e a área comum
do condomínio sejam energeticamente independentes entre si.
Assim, os créditos energéticos gerados são divididos entre os
condôminos participantes e a área comum do empreendimento,
sob responsabilidade do condomínio, da administração ou do
proprietário do local;
b) Geração compartilhada, consumidores de CPF ou CNPJ
distintos, abastecidos pela mesma concessionária distribuidora,
associados por meio de cooperativa ou consórcio, onde a unidade
micro ou minigeradora fica em local diferente das unidades
consumidoras compensatórias;
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 27
Consórcio
:

c) Autoconsumo remoto, consumidores pessoa física (PF) e


pessoa jurídica (PJ) que possuem unidades consumidoras de
mesma titularidade, inclusive matriz e filial no caso da PJ, onde a
geração distribuída de energia elétrica está em local diferente dos
locais que fazem uso dos créditos energéticos, mas dentro da
mesma área de concessão da geradora.
Como apontado no estudo técnico, o modelo regulatório aplicado ao projeto é
do autoconsumo remoto, uma vez que garante viabilidade jurídica e econômico-
financeira adequadas para sua implementação. Por conseguinte, cabe
identificar melhor os tipos diferentes de sistema de compensação de energia
elétrica (net metering), os quais podem ser classificados considerando os locais
onde a Geração Distribuída Fotovoltaica será instalada e nos quais os créditos
gerados poderão ser consumidos.
Nos termos da legislação, há as seguintes formas de compensação de crédito:
i) Net metering convencional: os créditos gerados em um sistema de geração
conectado a certa unidade consumidora podem ser utilizados somente nessa
mesma unidade; ii) Net metering agregado: os créditos gerados em um sistema
de geração conectado a certa unidade consumidora podem ser utilizados por
esta unidade, por unidades consumidoras localizadas no mesmo terreno ou em
terrenos contíguos; iii) Net metering virtual: os créditos gerados em um sistema
de geração conectado a uma unidade consumidora podem ser utilizados em
qualquer unidade consumidora do mesmo proprietário; e iv) Net metering
comunitário: a geração pode ser instalada em lugar distante da unidade
consumidora e os créditos podem ser utilizados em qualquer unidade, podendo-
se atribuir porcentagens de créditos de uma determinada usina a diferentes
consumidores.
Ademais, REN ANEEL n°. 687/15 também modificou o prazo para utilização
dos créditos gerados pela unidade consumidora, que foi alterado de 36 (trinta
e seis) meses para 60 (sessenta) meses, constituindo um fator a mais de
atratividade para investidores. Assim, no caso do projeto para implantação das
usinas flutuantes fotovoltaicas, para suprir a demanda da Administração do
Estado de Pernambuco, é necessário analisar os modelos disponíveis pela
normativa da ANEEL a fim de se justificar a escolha realizada.
Inicialmente, remete-se à REN ANEEL n°. 687/15 para validar a possibilidade
de autoconsumo remoto para pessoas jurídicas. Não há qualquer distinção na
referida resolução sobre a distinção de pessoas jurídicas de direito público ou
pessoas de direito privado, sendo certo que a denominação genérica abarca
todas as possibilidades. Além disso, sendo a intenção do projeto o atendimento
à demanda da Administração Pública do Estado de Pernambuco, a titularidade
está uniformemente mantida.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 28


Consórcio
:

Cumpre-se, assim, mais um requisito estabelecido para o autoconsumo remoto,


nos termos exatos da REN ANEEL nº. 687/15. Por fim, ainda nos requisitos
comentados, as usinas de energia solar serão instaladas em localidade diversa
da unidade consumidora (locais que fazem uso dos créditos energéticos). E,
tomando como base os limites estabelecidos para a potência instalada, o
projeto das usinas prevê que cada empreendimento instalado deverá observar
a potência instalada de até 5 MWp, ou seja, dentro da capacidade permitida
pelas REN da ANEEL n°. 687/15 e n°. 786/17, que se referem à capacidade
“menor ou igual a 5MWp”.
Vale destacar que o advento da Lei n. 14.300/22, o Marco Legal da Geração
Distribuída, não alterou o enquadramento regulatório exposto acima, sem
contar o fato de que para as conexões decorrentes de solicitações de acesso
realizadas no prazo de até 1 (um) ano da publicação da referida Lei terão
mantidas o direito adquirido, valendo as mesmas regras antes vigentes,
inclusive para fins de valoração dos créditos de energia gerados pelas usinas
solares flutuantes.
Desse modo, a opção feita pelo Governo do Estado é pelo net metering
comunitário uma vez que o projeto prevê o uso do excedente para atender
projetos prioritários do Governo do Estado de Pernambuco.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 29


Consórcio
:

ANÁLISE RESUMIDA DA EXPLORAÇÃO DOS CAP.06


SISTEMAS DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA PELO ESTADO
DE PERNAMBUCO

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 30


Consórcio
:

6. ANÁLISE RESUMIDA DA EXPLORAÇÃO DOS SISTEMAS DE GERAÇÃO


DISTRIBUÍDA PELO ESTADO DE PERNAMBUCO
Como já afirmado, os Sistemas de Geração Distribuída terão potência instalada
de 5MW cada um, caracterizando-se como centrais de minigeração distribuída.
Esses sistemas serão construídos e instalados pelo ente privado em unidades
consumidoras relacionadas a reservatórios do Estado de Pernambuco,
conforme estudos técnicos, sendo cada um dos Sistemas de Geração
Distribuída instalados em um reservatório (unidade consumidora) distinto.
Para viabilizar sua exploração, o Estado de Pernambuco celebrará com o ente
privado um Contrato de PPP para Implantação, Operação, Manutenção e
Gestão de Sistema de Geração Distribuída, pelo qual o ente privado irá ceder
os equipamentos dos Sistemas de Geração Distribuída em locação para o
Estado de Pernambuco, se obrigando ainda por toda sua instalação e conexão,
bem como sua posterior operação e manutenção.
A exploração dos Sistemas de Geração Distribuída pelo Estado de Pernambuco
se dará na forma de geração junto à carga, em relação às unidades
consumidoras dos reservatórios onde os Sistemas serão instalados, e na forma
de autoconsumo remoto em relação a todas as demais unidades consumidoras
detidas pelo Estado de Pernambuco de baixa tensão.
Dessa forma, a energia elétrica gerada de baixa tensão será, a princípio,
compensada com o consumo de energia das unidades consumidoras dos
respectivos reservatórios utilizados, enquanto o excedente de energia será
alocado às outras unidades consumidoras do próprio Estado.
Muito embora o presente estudo não diga respeito sobre a autoprodução de
energia elétrica, cumpre esclarecer que nessa hipótese, para atendimento das
unidades consumidoras do Grupo A (média e alta tensão) do Estado, pressupõe
a migração para o Mercado Livre (ACL) e adoção de providências para
obtenção de outorga de autorização da ANEEL para exploração dos
empreendimentos de autoprodução (inciso II, do art. 2º do Decreto nº 2.003/96),

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 31


Consórcio
:

CUSTO DAS UNIDADES CONSUMIDORAS DE BAIXA CAP.07


TENSÃO E CUSTOS DOS SISTEMAS DE GERAÇÃO
DISTRIBUÍDA

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 32


Consórcio
:

7. CUSTO DAS UNIDADES CONSUMIDORAS DE BAIXA TENSÃO E


CUSTOS DOS SISTEMAS DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
Como previsto na REN ANEEL nº. 482/12, a compensação dentro do SCEE
abrange apenas a energia elétrica consumida, mensurada em R$/kWh. Dessa
forma, a demanda contratada de energia dos consumidores do Grupo A não é
passível de compensação. Da mesma forma, como também previsto na REN
nº. 482/12, o consumidor do Grupo B, apesar de poder compensar 100% da
energia elétrica consumida (considerando que sua tarifa é monômia e
totalmente volumétrica), fica obrigado a pagar no mínimo o custo de
disponibilidade à CELPE.
A demanda contratada da unidade consumidora do Grupo A é calculada a partir
da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (“TUSD”) em R$/kW aplicável,
enquanto o custo de disponibilidade da unidade consumidora do Grupo B é
calculado pela TUSD e Tarifa de Energia (“TE”) em R$/kWh aplicáveis,
conforme valores da TUSD e TE da CELPE previstos na Resolução
Homologatória nº. 2.683, de 29 de abril de 2020 da ANEEL para o ano de 2020:

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 33


Consórcio
:

Considerando que as unidades consumidoras onde os Sistemas de Geração


Distribuída são instalados continuam sendo consideradas como unidades
consumidoras de energia, independentemente de possuírem ou não consumo
de energia, serão aplicáveis às unidades consumidoras com Sistemas de
Geração Distribuída de minigeração as mesmas regras e tarifas aplicáveis às
unidades consumidoras do Grupo A.
Isto é, as unidades consumidoras onde os Sistemas de Geração Distribuída
forem instalados poderão compensar seu consumo de energia elétrica,
destinando o excedente de energia às demais unidades consumidoras detidas
pelo Estado.
Contudo, tais unidades consumidoras com Sistemas de Geração Distribuída
ficarão obrigadas a pagar demanda contratada, no mínimo, em relação à
potência instalada total do Sistema de Geração Distribuída, aplicando-se a
tarifa da TUSD em R$/kW aplicada a consumidores do Grupo A prevista acima,
uma vez que tal componente, em R$/kW, não é passível de compensação.
Aqui, vale destacar que a Lei n. 14.300/22 traz, de pronto, importante benefício
nessa sistemática de pagamento da demanda contratada: a aplicação da
“TUSD Geração”, logo após a revisão tarifária da CELP (prevista para ocorrer
em 2025), que historicamente corresponde a cerca de 40% da “TUSD
Consumo”, até então aplicada nessa hipótese.
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 34
Consórcio
:

Como benefício extra, considerando que as unidades consumidoras detidas


pelo Estado beneficiadas com a compensação de energia elétrica reduzirão a
zero seu consumo de energia (ainda que pague demanda contratada ou custo
de disponibilidade), não haverá volume de energia (em R$/kWh) cobrado.
Nestes termos, não haveria cobrança de bandeira tarifária, pois a bandeira
tarifária é um adicional ao volume de energia elétrica consumida, como se
observa na Resolução nº 547/13 da ANEEL. Por sua vez, a própria REN nº
482/12 deixa claro que as bandeiras tarifárias incidem apenas em relação à
energia elétrica faturada:
“Art. 7º No faturamento de unidade consumidora integrante do
sistema de compensação de energia elétrica devem ser
observados os seguintes procedimentos:
(...)
§ 2º A cobrança das bandeiras tarifárias deve ser efetuada sobre o
consumo de energia elétrica ativa a ser faturado, nos termos deste
artigo.”
Assim, abaixo um breve resumo das tarifas aplicadas aos Sistemas de Geração
Distribuída e às unidades consumidoras de baixa tensão (Grupo B) do Estado
beneficiadas pela compensação de sua energia elétrica:
GD – Ponta
TARIFAS GD – Ponta Consumo
Geração

TUSD¹ Incidência Normal Não Incide

TE Não Incide Não Incide


DEMANDA Incidência Normal
Incidência Normal (é
CONTRATADA/ CUSTO (Custo de
a TUSD)
DE DIPOSNIBILIDADE² Disponibilidade)

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 35


Consórcio
:

Observações:

1 – Considerando que a tarifa da unidade consumidora de baixa tensão


beneficiada pela compensação da energia é monômia (volumétrica), então as
unidades consumidoras podem compensar toda energia faturada, com
exceção do custo de disponibilidade. Por sua vez, a unidade de GD, de média
ou alta tensão, paga uma tarifa binômia, não sendo passível de compensação
a parcela de sua TUSD (demanda contratada) – parcela essa que, após a
revisão tarifária da CELPE (prevista para ocorrer em XXX), por força da Lei
n. 14.300/22, será obtida mediante a aplicação da “TUSD Geração”.
2 – Como previsto na REN nº 482/2012, incide, no mínimo, a demanda
contratada das unidades de média e alta tensão, bem como o custo de
disponibilidade da unidade de baixa tensão. Para a unidade de GD, a
demanda contratada é a TUSD. Para a unidade consumidora de baixa tensão,
beneficiada pela compensação, o custo de disponibilidade pode variar entre
30 kWh, se monofásico ou bifásico a 2 (dois) condutores; II – 50 kWh, se
bifásico a 3 (três) condutores; ou III – 100 kWh, se trifásico, sob o qual incide
a tarifa da TE + TUSD, ambas volumétricas.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 36


Consórcio
:

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 37


Consórcio
:

ANÁLISE TRIBUTÁRIA CAP.08


CAP.09

8. ANÁLISE TRIBUTÁRIA
A análise tributária levada a efeito leva em conta os aspectos da tributação
aplicável ao consumo da energia elétrica, produzida na sistemática da geração
distribuída, que é beneficiada por isenções aplicáveis a algumas espécies de
tributos, além de avaliar os tributos devidos pelo ente privado.
Como a remuneração deste ente privado decorrerá da locação de sistemas de
geração distribuída para o ESTADO, associada à prestação de serviços de
operação, manutenção e gestão (“O&M”), destacam-se os seguintes tributos,
já mencionados anteriormente: (i) ISS; (ii) IRPJ; (iii) CSLL; (iv) COFINS; e (v)
Contribuição para o PIS.
Para a referida análise adotaremos, ainda, as abreviações adiante
consignadas:
Supremo Tribunal Federal (“STF”)
Secretaria da Receita Federal do Brasil (“RFB”)
Advocacia Geral da União (“AGU”)
Recurso Extraordinário com Agravo (“ARE”)

8.1. TRIBUTAÇÃO SOBRE A ENERGIA ELÉTRICA PRODUZIDA NA GERAÇÃO


DISTRIBUÍDA E COMPENSADA OS TERMOS DO SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA, PREVISTO NA RESOLUÇÃO ANEEL Nº 482/2012
A energia elétrica é tributada exclusivamente pelo ICMS e pelos impostos sobre
importação e exportação, quando aplicáveis, nos termos do art. 155, § 3º, da
CF/884.
Apesar de serem cobradas no mercado cativo Contribuição para o PIS e a
COFINS, estas contribuições incidem sobre as receitas das concessionárias e
não sobre o consumo da energia elétrica. Há a cobrança aos consumidores no
mercado cativo, pois a distribuidoras repassam este ônus tributário. Inclusive,
este repasse foi recentemente declarado constitucional pelo STF no julgamento
do Recurso Extraordinário nº 1.053.574, com repercussão geral reconhecida.
Considerando que os projetos de geração distribuída serão implantados nos
imóveis de posse ou de propriedade do próprio Estado de Pernambuco em

4 § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá
incidir sobre operações relativas à energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e
minerais do País.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 38


Consórcio
:

sistemas dedicados, a isenção aplicável ao ente beneficiará toda a energia


produzida na geração distribuída.
Quanto à Contribuição para o PIS e à COFINS, cujo ônus tributário é
normalmente repassado aos consumidores pelas concessionárias, revela-se –
a toda evidência – que a imunidade tributária do Estado que dispensará o
pagamento destas contribuições no âmbito da geração distribuída.
Desse modo, incidirá à alíquota zero de Contribuição para o PIS e de COFINS
aplicável à energia elétrica ativa fornecida pela distribuidora à unidade
consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica ativa
injetada na rede de distribuição pela mesma unidade consumidora com os
créditos de energia ativa originados na própria unidade consumidora no mesmo
mês, em meses anteriores ou em outra unidade consumidora do mesmo titular,
nos termos do SCEE, instituído pelo art. 2º, inciso III, da REN ANEEL nº
482/2012.
O benefício da alíquota zero da Contribuição para o PIS e da COFINS é
outorgado pelo art. 8º da Lei nº. 13.169, de 06 de outubro de 2015, e está
condicionado ao mencionado SCEE instituído regulatoriamente pela ANEEL.
Nesta sistemática poderá ser compensada a energia produzida por unidade
consumidora com minigeração, ou seja, com potência instalada de 75KW até
5MW, nos termos do art. 2º, inciso II, da REN ANEEL nº. 482/12.
Neste panorama, estará sujeita à alíquota zero da Contribuição para o PIS e da
COFINS toda a energia produzida por central geradora de energia elétrica com
potência instalada de até 5MW, de acordo com as normas regulatórias, e que
seja consumida em outra unidade do mesmo titular, seja em sua matriz ou nas
suas filiais.
Com relação à viabilidade de um mesmo contribuinte integrar o SCEE sendo
titular de mais de uma central geradora, a ANEEL veda apenas que uma
mesma central seja artificialmente dividida, com base no art. 4º, § 3º, da sua
REN nº. 482/12.
Desse modo, é possível que um mesmo contribuinte seja titular de mais de uma
central de geração, situadas em localidades distintas, ainda que o limite total
da potência instalada seja superior aos 5 MW, e este permaneça integrando o
SCEE. O presente entendimento está em consonância com o item 6.2 do
Perguntas e Respostas da ANEEL sobre a aplicação da REN nº. 482/12:
“6.2 Posso ter mais de um sistema de micro ou minigeração, sob
minha titularidade e localizados em regiões distintas?
Sim. A norma não veda situações em que um mesmo titular possua
mais de um sistema de micro ou minigeração, localizados em
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 39
Consórcio
:

regiões distintas, dentro da mesma área de concessão, mesmo


que a soma das potências instaladas desses sistemas ultrapasse
os limites de micro ou minigeração”.
Apesar de a ANEEL não ser o órgão competente para dispor acerca da
aplicação e da interpretação de normas tributárias, em diversas oportunidades
a Secretaria da Receita Federal do Brasil (“RFB”) reconheceu que as normas
técnicas desta agência regulatória têm impactos na esfera tributária.
Cita-se, a título de exemplo, a Solução de Consulta DISIT nº. 4.016, de 11 de
março de 2019, na qual a RFB reconheceu que apenas devem ser estornados
os créditos de PIS e COFINS apurados sobre as perdas técnicas que
excederem os limites regulatórios. Neste entendimento, aceitou-se que a
ANEEL tem competência para determinar a metodologia de cálculo para apurar
o que se entende por perdas técnicas, conceito que foi estabelecido de maneira
vaga pela legislação da Contribuição para o PIS e da COFINS.
Em outra oportunidade, na Solução de Consulta DISIT nº. 217, de 12 de
setembro de 2013, a RFB reconheceu que as empresas concessionárias,
permissionárias e autorizatárias de energia elétrica devem utilizar as taxas de
depreciação estabelecidas pela ANEEL para fins fiscais, em detrimento das
taxas de depreciação fixadas pelo próprio fisco federal. Nesta oportunidade,
reconheceu-se a prevalência do critério técnico das taxas de dedutibilidade
elencadas pela entidade regulatória.
Portanto, há clara influência do regulatório de energia na esfera tributária
federal. Isto se dá em virtude da competência legal da ANEEL para implementar
as políticas e diretrizes para exploração da energia elétrica brasileira, prevista
no art. 3º da Lei nº. 9.427/96.
Neste panorama, como a ANEEL autoriza que um mesmo contribuinte participe
do SCEE, ainda que a soma da potência total instalada seja superior a 5 MW,
conclui-se pela viabilidade da energia produzida por mais de uma central de
geração distribuída ser contemplada por este incentivo fiscal.
Ainda que inexistisse o benefício sob análise, não há a incidência da
Contribuição para o PIS e da COFINS sobre a energia elétrica injetada pela
central geradora, que integra o SCEE, e consumida por unidade consumidora
de sua mesma titularidade, desde que observados todos os requisitos
regulatórios instituídos pela ANEEL.
A Contribuição para o PIS e a COFINS têm como fato gerador “auferir
faturamento” e a base de cálculo consiste na receita bruta auferida pelas
pessoas jurídicas, nos termos dos arts. 1º das Leis nº. 10.637, de 30 de
dezembro de 2002, e nº. 10.833, de 29 de dezembro de 2003.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 40


Consórcio
:

Na operação de geração distribuída, a energia elétrica fornecida pela central


geradora para a distribuidora e, posteriormente, devolvida pela distribuidora
para a unidade consumidora, é entregue a título gratuito, de acordo com o art.
2º, inciso III, da REN ANEEL nº. 482/12.
A Advocacia Geral da União (“AGU”) emitiu o parecer nº 0108/2012/PGE-
ANEEL/PGF/AGU5 no qual atestou que no SCEE instituído pelo art. 2º, inciso
III, da REN ANEEL nº. 482/12, não há comercialização de energia, mas um
mútuo gratuito de coisa fungível.
Portanto, a distribuidora não auferirá receita no fornecimento da energia elétrica
objeto do SCEE sob análise. Por esta razão, a energia gerada e consumida
nesta sistemática, desde que observados todos os requisitos regulatórios, não
acarretará fato gerador da Contribuição para o PIS e da COFINS.
Diante dos fundamentos jurídicos antes expostos, em síntese, registra-se que
a energia consumida pelo Estado, não deverá ser gravada por ICMS ou pela
Contribuição para o PIS e pela COFINS, desde que observados os requisitos
regulatórios instituídos pela ANEEL para a modalidade de geração em questão.

8.2. TRIBUTAÇÃO DO ENTE PRIVADO EM DECORRÊNCIA DAS ATIVIDADES DE


GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
O segundo ponto a ser abordado nesta análise consiste na tributação devida
pelo ente privado em decorrência das atividades desenvolvidas para possibilitar
a geração distribuída pelo Estado, avaliando a incidência do ISS sobre os
serviços prestados e a tributação das receitas e lucros do ente privado, que
sofrerá a cobrança do IRPJ, da CSLL, da COFINS e da Contribuição para o
PIS.
O tema importa sobremaneira por diretamente relacionado ao valor estimado
para a contratação.

8.3. ISS INCIDENTE SOBRE O SERVIÇO DE O&M DO ENTE PRIVADO


Segundo o exposto, o ente privado será remunerado em decorrência da
celebração de contratos de locação e da prestação de serviços de O&M.
A locação de máquinas e equipamentos não é alcançada pelo ISS, uma vez
que a locação de bens não se confunde como a prestação de serviços. Sobre
o tema, o STF já decidiu acerca da inconstitucionalidade da incidência do ISS
sobre operações de locação, segundo dispõe a súmula vinculante nº. 316.

5 Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Parecer%20108%20-%20Ortis%20-%20bip-junho-2012.pdf>.


Consultado em: 24/8/2020.
6 Súmula vinculante nº 31: É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS sobre

operações de locação de bens móveis.


PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 41
Consórcio
:

Ademais, a locação não está incluída na Lista anexa à Lei Complementar nº.
116, de 31 de julho 2003, que elenca os serviços sujeitos ao ISS.
Quanto aos serviços de O&M, quando não realizados em equipamentos de
terceiros, enquadram-se no item 7.01 da Lista Anexa à Lei Complementar nº.
116/037. Portanto, sofrem a incidência do ISS.
Nos casos em que há prestação de serviços cumulada com locação de bem,
como ocorrerá na presente operação, o valor do ISS incidirá apenas sobre o
valor dos serviços prestados e não gravará o montante pago pela locação dos
ativos. Neste sentido já se posicionou o STF no ARE nº. 656.709, a conferir:
“TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA.
LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS ASSOCIADA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
LOCAÇÃO DE GUINDASTE E APRESENTAÇÃO DO RESPECTIVO
OPERADOR. INCIDÊNCIA DO ISS SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
NÃO INCIDÊNCIA SOBRE A LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS. SÚMULA
VINCULANTE 31. AGRAVO REGIMENTAL. 1. A Súmula Vinculante 31 não
exonera a prestação de serviços concomitante à locação de bens móveis do
pagamento do ISS. 2. Se houver ao mesmo tempo locação de bem móvel e
prestação de serviços, o ISS incide sobre o segundo fato, sem atingir o primeiro.
3. O que a agravante poderia ter discutido, mas não o fez, é a necessidade de
adequação da base de cálculo do tributo para refletir o vulto econômico da
prestação de serviço, sem a inclusão dos valores relacionados à locação.
Agravo regimental ao qual se nega provimento”. (STF, ARE nº. 656.709, Min.
Rel. Joaquim Barbosa, DJe 8/3/2012)
Portanto, haverá a cobrança do ISS apenas sobre os valores recebidos como
contraprestação dos serviços de O&M.
O ISS será devido ao Município onde estiver situado o estabelecimento
prestador, e não para aquele no qual será prestado o serviço, segundo
disposições do art. 3º da Lei Complementar nº. 116/03 – norma que dispõe
sobre ISS em nível nacional. Assim será, pois, o serviço em questão não se
enquadra nas exceções em relação às quais o tributo deve ser recolhido no
local da prestação do serviço, dispostas nos incisos do citado art. 3º da Lei
Complementar nº. 116/03.
Assim, a alíquota do ISS incidente dependerá da legislação interna do
município onde estiver situada a empresa prestadora dos serviços de O&M.
Como será tratado adiante, o serviço será prestado por um Consórcio de
empresas organizado sob a forma de Sociedade de Propósito Específico
(“SPE”) que será instalada no Município do Recife. A alíquota geral do ISS para

7 31.01 - Serviços técnicos em edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica, telecomunicações e congêneres.


PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 42
Consórcio
:

os serviços O&M é de 10% (dez por cento). Neste sentido, determinam o art.
116, inciso V da Lei Municipal de Recife/PE nº 15.563, de 27 de dezembro de
1991.
Portanto, conclui-se que haverá tributação de ISS no percentual de 10% (dez
por cento) do preço do serviço de O&M prestado, sendo o imposto devido para
o Município do Recife/PE, no qual a SPE estabelecerá a sua sede.

8.4. IRPJ E CSLL DEVIDOS PELO ENTE PRIVADO


Com relação à tributação sobre a renda, o regime tributário a ser eleito pelo
ente privado é o do lucro presumido, em razão da eficiência fiscal que
proporcionará. Isto porque, as despesas orçadas para o empreendimento
permitiriam uma redução no lucro tributável apurado através da sistemática do
lucro real é menor que aquela proporcionada com a utilização dos coeficientes
do lucro presumido.
A base de cálculo para a incidência do IRPJ e da CSLL no lucro presumido é
determinada, justamente, mediante a adoção de coeficientes de presunção de
lucro fixados em lei, que variam a depender da atividade desempenhada pela
empresa.
Empresas prestadoras de serviços e locatárias de ativos estão sujeitas ao
coeficiente de presunção de 32% (trinta e dois por cento), tanto para o IRPJ
quanto para a CSLL, a ser aplicado sobre a sua receita bruta. Neste sentido
impõe o art. 15, § 1º, inciso III, alíneas “a” e “c”, bem como o art. 20, inciso I,
ambos da Lei nº. 9.249, de 26 de dezembro de 1995.
Desse modo, sobre o valor resultante da aplicação do coeficiente de presunção
supra disposto, incidirá o IRPJ sob a alíquota de 15% (quinze por cento) para
o lucro de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) por trimestre, e, sobre a parcela
do lucro que exceder este montante, a alíquota será 25% (vinte e cinco por
cento), com base no art. 3º, caput e § 1º da Lei nº. 9.249/95. Adotou-se o
trimestre nesta explanação, tendo em vista que o lucro presumido é apurado
trimestralmente, por força do art. 217 do Decreto nº 9.580, de 22 de novembro
de 2018.
Quanto à CSLL, a alíquota de 9% (nove por cento) é a que incidirá sobre o valor
resultante da aplicação do coeficiente de presunção sobre a receita bruta
decorrente tanto da locação quanto dos serviços de O&M.
Portanto, a carga tributária efetiva do ente privado, a título de IRPJ e de CSLL
será de, aproximadamente, 10,88% (dez inteiros e oitenta e oito centésimos por
cento) incidente sobre a receita bruta do ente privado. Não é possível fixar de
modo exato esta alíquota efetiva, em virtude do impacto do adicional do IRPJ
de 10% (dez por cento) neste cálculo. Este adicional é aquele que tributa o lucro
superior a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) por trimestre, antes mencionado.
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 43
Consórcio
:

8.5. PIS E COFINS DEVIDAS PELO ENTE PRIVADO


As empresas tributadas com base no lucro presumido são obrigadas a recolher
o a Contribuição para o PIS e a COFINS no regime cumulativo, nos termos do
art. 8º, inciso II, da Lei nº. 10.637/02 e art. 10, inciso II, da Lei nº. 10.833/03.
Neste regime, as alíquotas são de 0,65% (sessenta e cinco décimos por cento)
e 3%, (três por cento), respectivamente, para a Contribuição para o PIS e a
COFINS, segundo determinam o art. 8º, inciso I, da Lei nº. 9.715, de 25 de
novembro de 1998, e o art. 8º da Lei nº. 9.718, de 27 de novembro de 1998.
Não é concedido direito a créditos.
Assim, sobre a receita bruta do ente privado incidirá Contribuição para o PIS e
COFINS sob alíquota total de 3,65% (três inteiros e sessenta e cinco
centésimos por cento) do regime cumulativo.

8.6. SÍNTESE DA TRIBUTAÇÃO INCIDENTE SOBRE O ENTE PRIVADO


Diante de todo o exposto acerca da tributação que irá recair sobre o ente
privado, em síntese, as exações a serem recolhidas são as seguintes: (i) ISS
no percentual de 5% (cinco por cento) sobre o preço do serviço de O&M
prestado; (ii) IRPJ e CSLL na alíquota aproximada de 10,88% (dez inteiros e
oitenta e oito centésimos por cento) sobre a receita bruta; e (iii) Contribuição
para o PIS e COFINS na alíquota de 3,65% (três inteiros e sessenta e cinco
décimos por cento) sobre a receita bruta, recolhidos no regime cumulativo, sem
direito a créditos.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 44


Consórcio
:

ESPECIFICAÇÕES PARA EDITAL CAP.10

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 45


Consórcio
:

9. ESPECIFICAÇÕES PARA EDITAL


No intuito de encontrar ressonância no Estado, o modelo sugerido destaca a
premissa da necessidade de ampliar a competitividade no certame (sem
comprometer o modelo de negócio) vez que a modelagem do objeto comporta
divisibilidade, opção que minimizaria os riscos de entrega.
Nesse contexto, face à multiplicidade de reservatórios no Estado, pode-se
sugerir a divisão do objeto em lotes, com previsão de implantação e operação
e gestão de “X“ usinas por concessionário contratado.
Conforme entendido para implantação das usinas, previstas nos estudos
técnicos, a utilização de áreas públicas do governo do Estado será previamente
definida e escolhida conforme aspectos técnicos.
Acerca das obrigações do concessionário, o edital poderá prever que:
a. Devem ser atendidas as diretrizes do Termo de Referência (“TR”);
b. O Concessionário deverá cumprir com as responsabilidades
estabelecidas no Caderno de Encargos e demais anexos ao edital e
ao contrato;
c. Os custos decorrentes da atuação do Concessionário junto à
distribuidora de energia devem ser incluídos no valor global da
proposta.
d. O Concessionário é responsável por quaisquer danos causados
pelo sistema fotovoltaico, objeto do contrato, a bens ou instalações
do Estado, de terceiros ou a empregados do Estado.
e. O Concessionário é responsável pela fidelidade e legitimidade das
informações e dos documentos apresentados, em qualquer época.
f. A importação de qualquer bem que venha a ser necessário para o
integral cumprimento das obrigações do contrato, bem como todos os
procedimentos e ônus daí decorrentes, serão de inteira
responsabilidade do concessionário;
g. Os riscos cambiais e a variação tributária incidentes sobre os
equipamentos necessários para implementação do projeto serão
compartilhados entre o Estado e o concessionário;
h. O concessionário deve considerar no preço global todos os riscos,
percalços, contingências, dificuldades ou obstáculos, inclusive os
relacionados aos aspectos climáticos, que possam, de qualquer
forma, afetar e/ou prejudicar a execução do contrato.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 46


Consórcio
:

O prazo previsto para atender ao projeto seria de 20 (vinte) anos de operação


dos sistemas, além dos 18 (dezoito) meses previstos para sua implantação,
contados da data da assinatura do contrato.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 47


Consórcio
:

PLANO DE IMPLANTAÇÃO CAP.10

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 48


Consórcio
:

10. PLANO DE IMPLANTAÇÃO


Ainda no que se refere ao TR convém referir que é responsabilidade do
concessionário o trabalho de elaboração e entrega de um Plano de Implantação
das usinas flutuantes, contendo todo descritivo dos serviços a serem prestados.
Desse modo caberá ao concessionário enviar o Plano de Implantação para
execução de todos os serviços ao Estado (em prazo a ser fixado) após a
assinatura do contrato, observados os prazos constantes do cronograma
apresentado.
Assim, o Plano de Implantação a ser desenvolvido pelo concessionário será
descrito em formato explicativo, mas não constituirá caráter exaustivo para o
projeto e, no decorrer da prestação do serviço, as partes poderão ajustar pontos
do referido Plano.
A lógica é que o Plano de Implantação deve seguir, além das orientações
previstas no Termo de Referência, as diretrizes constantes no Caderno de
Encargos, e deverá ser tratar, ainda que de forma preliminar, sobre as quatro
etapas abaixo listadas, a saber:
a) Projeto executivo;
b) Fornecimento e Instalação;
c) Operação; e
d) Monitoramento;
Para cada unidade em que serão instaladas as Usinas Flutuantes deverá ser
elaborado um Plano de Implantação, contendo as quatro etapas listadas acima.
Conforme sugestão, a modulação do projeto trará obrigação contratual
referente à inclusão social, exigindo do concessionário a celebração e
execução de parceria com os órgãos do Estado de Pernambuco, mormente a
Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDEC), a Secretaria de
Administração (SAD) e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação
(SEDUH).
Como atividades decorrentes da implantação da estrutura para execução do
projeto, o concessionário deverá incentivar e provocar a adoção e o
compartilhamento de práticas inovadoras através do apoio à equipe de
professores das escolas adotadas promovendo a realização dos cursos sobre
atividades inovadoras e relacionadas com a geração de energia.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 49


Consórcio
:

ATESTAÇÃO DOS SERVIÇOS CAP.11

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 50


Consórcio
:

11. ATESTAÇÃO DOS SERVIÇOS


Para efeito de atestação dos serviços, deverão ser observados, por Verificador
Independente e pelo órgão do Estado, os indicadores de desempenho
constantes em Anexo específico (Indicadores de Desempenho).
Assim, ao Estado, por meio de Comitê de Monitoramento e Gestão ou do
Verificador Independente, é reservado o direito de exercer a fiscalização sobre
os serviços e obrigações estabelecidas em contrato.

11.1. CONDIÇÕES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


O(s) concessionário(s), para além do fornecimento dos serviços, da mão-de-
obra, dos materiais e dos equipamentos, deverá(ão) atender às condições para
a prestação dos serviços de operação e manutenção das Usinas Solares
Fotovoltaicas Flutuantes, conforme abaixo delineadas:
a. Responsabilizar-se pelos serviços descritos no TR e no contrato,
atendendo a legislação vigente;
b. Manter seu pessoal uniformizado, identificando-os com crachás e
fotografias recentes e provendo-os dos Equipamentos de Proteção
Individual (“EPI”) e Equipamentos de Proteção Coletiva (“EPC”);
c. Manter os equipamentos e materiais necessários à execução dos
serviços, em perfeitas condições de uso. Os equipamentos
danificados deverão ser substituídos de acordo com o prazo de
entrega do fornecedor;
d. Os equipamentos elétricos devem ser dotados de sistema de
proteção de modo a evitar danos na rede elétrica e riscos às pessoas;
e. Mobilizar equipamentos e materiais que serão utilizados na
execução dos serviços com antecedência necessária para eliminar
perdas de tempo na preparação dos serviços;
f. Sinalizar os locais, instalar barreiras e outras ações com objetivo de
promover a segurança no local;
g. Identificar os equipamentos, ferramental e utensílios de sua
propriedade, de forma a não serem confundidos com similares de
propriedade do Estado;
h. Implantar, de forma adequada, a planificação, execução e
supervisão dos serviços, de maneira estruturada, mantendo durante
o horário comercial suporte para dar atendimento a eventuais
intervenções;

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 51


Consórcio
:

i. Nomear encarregados responsáveis pelos serviços, com a missão


de garantir o bom andamento dos trabalhos. Estes encarregados
terão a obrigação de reportarem-se, quando houver necessidade, ao
preposto dos serviços do Estado e tomar providências pertinentes;
j. Assumir as responsabilidades e tomar as medidas necessárias ao
atendimento dos seus empregados acidentados ou com mal súbito;
k. Cumprir os postulados legais vigentes de âmbito federal, estadual
ou municipal e as normas internas de segurança em Medicina do
Trabalho; e
l. Atender todas as normas e regulamentações da ANEEL para a
implantação, construção, operação e manutenção das usinas, bem
como da concessionária local de energia elétrica para o
comissionamento das usinas;
Dentro de um planejamento, no último ano de vigência do contrato, os
equipamentos deverão passar por inspeção conjunta a ser realizada pelo(s)
concessionário(s), Verificador Independente e pelo Estado, de maneira que
seja assegurada a reposição das placas e equipamentos acessórios de forma
que estes tenham, no momento do término da Concessão, no mínimo, mais 5
(cinco) anos da sua vida útil, com capacidade mínima de 85% da geração
inicial.
Os planos de manutenção deverão ser cumpridos e as renovações necessárias
deverão ser efetuadas. Os materiais sobressalentes, em estoque no final da
concessão, deverão ser revertidos ao Estado, no término da concessão.
Entende-se por "vida útil", conforme definição da ABNT, "o período total de
tempo que um ativo (sistema ou equipamento) permanece operacional e
satisfazendo as necessidades do usuário sem que tenha que realizar a
substituição”.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 52


Consórcio
:

DIRETRIZES PARA OBTENÇÃO DE LICENCIAMENTOS, CAP.12


AUTORIZAÇÕES E CORRELATOS

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 53


Consórcio
:

12. DIRETRIZES PARA OBTENÇÃO DE LICENCIAMENTOS,


AUTORIZAÇÕES E CORRELATOS

12.1. ESTUDO/ANÁLISE DE DIRETRIZES REGULATÓRIAS AMBIENTAIS

A Lei Federal n°. 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a Política


Nacional do Meio Ambiente. Em seu artigo 9º, a referida lei estabelece dentre
os seus instrumentos o zoneamento ambiental e a avaliação de impactos
ambientais. Em seu artigo 10º, define a competência sobre o licenciamento
ambiental, o qual se transcreve, in verbis:
“Art. 10º - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como as
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente,
integrado ao Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras
licenças exigíveis.”
Relativamente à competência para o licenciamento ambiental do
empreendimento, a Lei Complementar n°. 140, de 8 de dezembro de 2011, vem
delinear a matéria:
“Art. 7º São ações administrativas da União:
(...)
XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades: (...)
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação
instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental
(APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; (...)
Art. 8º São ações administrativas dos Estados:
(...)
XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º;
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 54
Consórcio
:

(...)
Art. 9º São ações administrativas dos Municípios:
(...)
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos
previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento
ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local,
conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais
de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial
poluidor e natureza da atividade; ou
(...)”
O procedimento de licenciamento ambiental é disciplinado no âmbito nacional
pela RESOLUÇÃO CONAMA nº. 237/97. Aludida resolução define, em seu art.
1º, os conceitos essenciais para fins de licenciamento ambiental, senão
vejamos:
• Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as
normas técnicas aplicáveis ao caso;
• Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física
ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental;
• Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos
aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como
subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório
ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental
preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco;
• Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que
afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em
parte, o território de dois ou mais Estados.
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 55
Consórcio
:

Nos termos do normativo vigente, a localização, construção, instalação,


ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão
ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
Assim, o projeto ora em estudo necessitará atender às determinações legais
para que venha a estar de acordo com os requisitos necessários para sua
implantação, devendo ser observada, conforme o caso, a competência federal,
estadual e/ou municipal.
A competência federal (art. 4º da Resolução CONAMA nº. 237/97) para o
licenciamento ambiental, conferida ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (“IBAMA”), se dá em caso de
empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito
nacional ou regional, a saber:
I. localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país
limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona
econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de
conservação do domínio da União;
II. localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
III. cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do
País ou de um ou mais Estados;
IV. destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,
armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que
utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
V. bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a
legislação específica.
No âmbito estadual, a competência (art. 5º da Resolução CONAMA nº. 237/97)
para licenciamento ambiental ocorre nas seguintes hipóteses de
empreendimentos ou atividades localizados ou desenvolvidos em mais de um
Município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito
Federal:
I. localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de
vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º
da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim
forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 56


Consórcio
:

II. cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de


um ou mais Municípios;
III. delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por
instrumento legal ou convênio.
Já a competência municipal (art. 6º da Resolução CONAMA nº 237/97) para
licenciamento ambiental ocorre quando couber o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe
forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.
São possíveis as expedições, conforme cada competência e especificações,
das seguintes licenças:

I. Licença Prévia (“LP”) - concedida na fase preliminar do planejamento do


empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos
e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação;
II. Licença de Instalação (“LI”) - autoriza a instalação do empreendimento
ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos,
programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo
determinante;
III. Licença de Operação (“LO”) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.
Vale ressaltar que o órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de
validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento,
levando em consideração os aspectos objetivos traçados no art. 18 da
Resolução CONAMA nº 237/97.
Concretamente, implantação dos FPV não acarreta impacto ambiental
significativo, inclusive contribuindo para diminuição da evaporação das bacias
onde estão instalados. E, levando em conta a localização em municípios
distintos, haja, impacto ambiental de forma local e regional, garante-se a
viabilidade do objeto face o licenciamento pelo órgão ambiental estadual. Isso
não gera qualquer conflito, vez que, como citado acima, a competência
ambiental, apesar da distinção entre as esferas federativas, é comum.
Assim, pensando o projeto como único, componente de um único contrato, com
investimentos obtidos de forma conjugada e não isolada, posto que a equação
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 57
Consórcio
:

econômico-financeira considera os investimentos e operação de forma


conjunta, a assunção do licenciamento ambiental pelo Governo do Estado
minimizará os possíveis riscos de atrasos ou demora nos licenciamentos em
cada município.

12.2. DESCRIÇÃO DE PROCEDIMENTO PARA OBTENÇÃO DE LICENCIAMENTOS,


AUTORIZAÇÕES E CORRELATOS
Nos termos da Resolução CONAMA nº. 237/97, o procedimento de
licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas:
i. Definição, pelo órgão ambiental competente, com a participação do
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais,
necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à
licença a ser requerida;
ii. Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado
dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se
a devida publicidade;
iii. Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização
de vistorias técnicas, quando necessárias;
iv. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão
ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em
decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais
apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma
solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham
sido satisfatórios;
v. Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação
pertinente;
vi. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão
ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando
couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os
esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;
vii. Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer
jurídico;
viii. Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 58


Consórcio
:

MATRIZ DE RESPONSABILIDADES CAP.13

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 59


Consórcio
:

13. MATRIZ DE RESPONSABILIDADES

13.1. RESPONSABILIDADES DO ENTE PRIVADO.


O ente privado assumirá as reponsabilidades inerentes à sua posição de
contratado pelo Estado de Pernambuco para planejar, desenvolver, implantar,
conectar, energizar, operar e manter os Sistemas de Geração Distribuída, bem
como fiscalizar e gerir o cômputo da geração e compensação de energia
elétrica em favor das unidades consumidoras de baixa tensão, garantindo o
fornecimento de media tensão igualmente para os órgãos do Estado durante
toda a vigência do Contrato de Locação, Operação, Manutenção e Gestão de
Sistema de Geração Distribuída, tais como:
(i) Obter Parecer de Acesso – realizar, em nome do Estado, as
solicitações de acesso dos Sistemas de Geração Distribuída perante
a CELPE, bem como realizar todas as diligências e apresentar todos
os estudos e projetos necessários para que a CELPE possa emitir o
Parecer de Acesso dos Sistemas de Geração Distribuída;
(ii) Trâmites e Obras para Conexão dos Sistemas – realizar, em nome do
Estado, todas as diligências, trâmites e obras que sejam de sua
responsabilidade para obter a conexão dos Sistemas de Geração
Distribuída junto à rede de distribuição da CELPE;
(iii) Custear ou Executar de Eventual Reforço na Rede – custear ou
executar, através de empresa especializada contratada pelo Ente
Privado, todos os valores relacionados aos reforços da rede de
distribuição da CELPE necessários à instalação dos Sistemas de
Geração Distribuída, observando os prazos, exigências técnicas e
eventuais participações financeiras indicadas no Parecer de Acesso e
nos orçamentos apresentados pela CELPE;
(iv) Celebrar Contratos da CELPE em nome da Estado, os contratos
aplicáveis, o Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (“CUSD”), o
Contrato de Compra de Energia Regulada (“CCER”) e o Acordo
Operativo relacionados aos Sistemas de Geração Distribuída, perante
a CELPE.
(v) Obtenção de Licenças e Alvarás – obter e manter, durante toda a obra
dos Sistemas de Geração Distribuída e durante toda a vigência do
Contrato de Locação, Operação, Manutenção e Gestão de Sistema
de Geração Distribuída, as licenças e alvarás necessários para
implantação e operação dos Sistemas de Geração Distribuída;

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 60


Consórcio
:

(vi) Implantação dos Sistemas de Geração Distribuída – elaborar os


projetos, fornecer os materiais, realizar as obras de vidas, instalar,
comissionar, realizar as obras necessárias à conexão e energizar, por
si ou através de terceiros subcontratados, os Sistemas de Geração
Distribuída;
(vii) Prestar os Serviços de Operação e Manutenção dos Sistemas –
prestar, durante toda a vigência do Contrato de Locação, Operação,
Manutenção e Gestão de Sistema de Geração Distribuída, os serviços
de operação e manutenção dos Sistemas de Geração Distribuída,
bem como os serviços de segurança e fiscalização dos Sistemas de
Geração Distribuída, por si ou por terceiros subcontratados;
(viii) Gestão e Fiscalização das Compensações de Energia – fiscalizar e
gerir, por si ou terceiros subcontratados, o cômputo pela CELPE da
geração de energia elétrica pelos Sistemas de Geração Distribuída,
bem das compensações da energia elétrica gerada em favor das
unidades consumidoras do Estado. Faz parte desta responsabilidade
específica gerir eventuais alterações nos percentuais de rateio da
energia elétrica gerada pelos Sistemas de Geração Distribuída
alocados às unidades consumidoras de baixa tensão da Estado,
evitando que unidades consumidoras permaneçam com créditos de
energia em volume muito superior ao necessário para o atendimento
do seu consumo;
(ix) Responsabilizar-se técnica e regulatoriamente pelos Sistemas de
Geração Distribuída. Responsabilizar-se, perante o Estado e
terceiros, pela observação e cumprimento das normas técnicas e
regulatórias da CELPE, ANEEL e/ou ABNT aplicáveis à instalação,
conexão e operação dos Sistemas de Geração Distribuída,
assumindo todas as responsabilidades e custos em caso de
inobservâncias das normas técnicas e regulatórias aplicáveis,
inclusive em relação a eventuais danos elétricos causados ao sistema
de distribuição e/ou a terceiros;
(x) Responsabilizar-se jurídica e regulatoriamente pelos Arranjos
Contratuais e Regulatórios Propostos – se responsabilizar, perante o
Estado, pela viabilidade jurídica e regulatória dos modelos de
negócios e arranjos regulatórios propostos para exploração dos
Sistemas de Geração Distribuída pelo Estado;
(xi) Contratar seguros para Construção e para Operação dos Sistemas –
contratar em seu nome, mas tendo o Estado como beneficiário, os
seguros necessários à construção, implantação e operação dos
Sistemas de Geração Distribuída;
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 61
Consórcio
:

(xii) Assumir responsabilidades trabalhistas, ambientas e regulatórias –


assumir, perante o Estado, todos os riscos e responsabilidades de
natureza ambiental, trabalhista e regulatória em relação à
implantação, conexão e operação dos Sistemas de Geração
Distribuída; e
(xiii) Responsabilidades Contratuais – assumir e cumprir todas as
obrigações previstas no Contrato de Locação, Operação, Manutenção
e Gestão de Sistema de Geração Distribuída e no Edital.

13.2. RESPONSABILIDADES DO ESTADO.


O Estado assumirá as reponsabilidades inerentes à sua posição de Contratante
do ente privado e dos Sistemas de Geração Distribuída, durante toda a vigência
do Contrato de PPP para Locação, Operação, Manutenção e Gestão de
Sistema de Geração Distribuída, tais como:
(i) Outorgar poderes necessários para sua representação – outorgar
ao ente privado todos os poderes necessários para que este último
lhe represente perante órgãos públicos, CELPE, ANEEL e
terceiros, visando instalar e obter a conexão dos Sistemas de
Geração Distribuída, bem como obter todas as licenças e alvarás
necessários à construção, conexão e operação dos Sistemas de
Geração Distribuída;
(ii) Fornecer Documentos e Acesso ao Sistema de CELPE – fornecer
ao ente privado todos os documentos que venham porventura a
ser requeridos por ele para desenvolvimento dos Sistemas de
Geração Distribuída, bem como as senhas e logins de acesso ao
sistema da CELPE, possibilitando que o Ente Privado tenha acesso
aos dados de faturas de energia elétrica das unidades
consumidoras de baixa e média tensão do Estado;
(iii) Conceder e manter a posse dos reservatórios e imóveis indicados
nos projetos dos Sistemas de Geração Distribuída – conceder e
manter para o ente privado, de forma sempre mansa e pacífica, a
posse dos reservatórios e imóveis necessários à instalação e
exploração dos Sistemas de Geração Distribuída, conforme será
indicado pelo ente privado nos projetos dos Sistemas de Geração
Distribuída;
(iv) Realizar os pagamentos devidos – pagar ao ente privado os
valores devidos a título de locação dos Sistemas de Geração
Distribuída e prestações dos serviços conforme disposto no
Contrato de Operação, Manutenção e Gestão de Sistema de
Geração Distribuída e no Edital;
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 62
Consórcio
:

(v) Manutenção das unidades consumidoras perante a CELPE -


manter suas unidades consumidoras de baixa tensão listadas no
Estudo Técnico no regime cativo, ou seja, no Ambiente de
Contratação Regulada, bem como manter tais unidades
consumidoras devidamente ativas, perante a CELPE, durante toda
a vigência do Contrato de Locação, Operação, Manutenção e
Gestão de Sistema de Geração Distribuída; e,
(vi) Efetuar pagamentos perante a CELPE - Efetuar os pagamentos
das faturas de energia elétrica da CELPE relacionadas às unidades
consumidoras de baixa tensão, bem como em relação às unidades
consumidoras vinculadas aos Sistemas de Geração Distribuída
durante toda a vigência durante toda a vigência do Contrato de
Locação, Operação, Manutenção e Gestão de Sistema de Geração
Distribuída.
De forma suplementar, de modo a facilitar a participação dos interessados na
licitação de que trata a PPP, sugerimos que o Estado realize antes do certame,
perante a CELPE, consulta de acesso para centrais de geração distribuída nos
reservatórios indicados no Caderno de Estudos Técnicos.
Com as informações de acesso emitidas pela CELPE, ficará mais claro no
certame quais os reservatórios passíveis de serem utilizados para exploração
de geração distribuída de forma mais eficiente, permitindo uma maior redução
nos valores ofertados na licitação, além da redução do prazo para solicitar
aceso e conectar os Sistemas de Geração Distribuída.

13.3. ATRIBUIÇÕES DA CELPE.


A CELPE, na condição de concessionária de prestação de serviço público de
distribuição de energia elétrica, é responsável por analisar a viabilidade de
conexão dos Sistemas de Geração Distribuída à sua rede de distribuição, na
condição de centrais de minigeração distribuída, bem como por proceder com
a aplicação do SCEE da REN nº. 482/12 da ANEEL, além de outras
responsabilidades inerentes à sua condição de concessionária de distribuição,
tais como:
(i) Acesso à rede de distribuição - receber consultas de acesso e
solicitações de acesso dos Sistemas de Geração Distribuída, bem
como elaborar Informação de Acesso ou Parecer de Acesso
relativos às conexões dos Sistemas de Geração Distribuída,
conforme requisitado, conforme previsões das REN ANEEL nº.
482/12 e no. 1.000/21;
(ii) Conexão à rede de distribuição - realizar vistorias de acesso para
conexão dos Sistemas de Geração Distribuída e conectar os
PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022 63
Consórcio
:

respectivos sistemas à sua rede de distribuição, conforme


previsões das REN ANEEL nº. 482/12 no. 1.000/21;
(iii) Celebração dos contratos – elaborar, fornecer e celebrar, junto ao
Estado, os respectivos contratos de CUSD, CCER e Acordo
Operativo necessários para conexão dos Sistemas de Geração
Distribuída, conforme previsões das REN ANEEL nº. 482/12 e no.
1.000/21;
(iv) Sistema de Compensação - computar mensalmente a energia
elétrica injetada pelos Sistemas de Geração Distribuída em sua
rede de distribuição, em nome do Estado de Pernambuco, bem
como a alocação dos excedentes de energia elétrica entre as
unidades consumidoras do Estado e respectivas compensações
de energia, conforme previsões da REN ANEEL nº. 482/12;
(v) Fornecimento e Faturamento de Energia – fornecer mensalmente
às unidades consumidoras da Estado de Pernambuco a energia
elétrica necessária para o seu respectivo consumo,
independentemente da energia elétrica gerada pelos Sistemas de
Geração Distribuída, bem como faturar mensalmente as unidades
consumidoras do Estado de Pernambuco, incluindo as unidades
consumidoras relacionadas aos Sistemas de Geração Distribuída,
conforme previsões das REN ANEEL nº. 482/12 e no. 1.000/21; e,
(vi) Realizar obras e ressarcimentos de sua responsabilidade – realizar
as obras ou ressarcir os custos de sua responsabilidade
relacionados ao eventual reforço de sua rede de distribuição em
relação à conexão dos Sistemas de Geração Distribuída, conforme
previsões das REN ANEEL nº. 482/12 e no. 1.000/21.

13.4. RESPONSABILIDADE DA ANEEL


À ANEEL, na condição de Autarquia Pública do Governo Federal responsável
pelo setor elétrica, cabe fiscalizar e regulamentar a exploração de
empreendimentos de geração distribuída em geral, garantindo que suas
normas técnicas e regulatórias estão sendo atendidas tanto pelo consumidor
titular do empreendimento de geração distribuída como pela CELPE, na
qualidade de concessionária de distribuição de energia elétrica.
O Estado ou o ente privado não se relacionam com a ANEEL para fins de
implantação, conexão ou operação dos Sistemas de Geração Distribuída,
sendo suficiente apenas a relação direta como a CELPE, na forma da REN
ANEEL nº. 482/12. Por sua vez, a CELPE é responsável por realizar o registro
dos Sistemas de Geração Distribuída junto à ANEEL, bem como enviar os
dados pertinentes dos Sistemas de Geração Distribuída para a ANEEL,
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Consórcio
:

permitindo sua fiscalização pela ANEEL. Em caso de divergências técnicas ou


regulatórias entre a CELPE, de um lado, e o Estado e o ente privado, do outro
lado, a ANEEL poderá ser acionada.

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Consórcio
:

REMUNERAÇÃO E VALOR ESTIMADO DO CONTRATO CAP.14


DE LOCAÇÃO, OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO
DE SISTEMA DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

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Consórcio
:

14. REMUNERAÇÃO E VALOR ESTIMADO DO CONTRATO DE


LOCAÇÃO, OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO DE SISTEMA DE
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

14.1. ALUGUEL E REMUNERAÇÃO DE SERVIÇOS.


A contrapartida financeira devida pela Estado de Pernambuco ao ente privado,
em virtude do Contrato de Locação, Operação, Manutenção e Gestão de
Sistema de Geração Distribuída, é composta por duas verbas de natureza
distintas, em consonância com os dois objetos que integram o contrato. Tais
verbas são:
(i) aluguel mensal pela locação dos Sistemas de Geração Distribuída;
(ii) remuneração mensal pelos serviços de Operação, Manutenção e
Gestão do Sistema de Geração Distribuída.

14.2. VERBAS FIXAS E AJUSTE ANUAL POR PERFORMANCE.


Ambas as verbas, aluguel e remuneração por serviços prestados, serão
estabelecidas em valores fixos mensais, observada a possibilidade de ajuste
anual com base no desempenho dos equipamentos, detalhada abaixo, a
correção monetária pelo IPCA referida no Caderno III – Estudos Econômico-
financeiros. O valor mensal estimado, presente nesta data, para o aluguel dos
sistemas de geração distribuída é de R$ 2.540.872,84 (dois milhões,
quinhentos e quarenta mil, oito centos e setenta e dois reais e oitenta e oitenta
e quatro centavos). O valor estimado presente da remuneração mensal pelos
serviços de operação, manutenção e gestão dos serviços de geração
distribuída é de R$ 282.319,20 (duzentos e dois mil, trezentos e dezenove reais
e vinte centavos).
Embora o valor do aluguel e da remuneração tenham natureza fixa, a
remuneração pelos serviços prestados poderá sofrer ajustes anuais, com base
na apuração da performance dos equipamentos em cada ciclo de 12 (doze)
meses.
Nesse sentido, caso a geração anual verificada ao final de cada ciclo anual seja
superior à geração média projetada para o respectivo ciclo, a remuneração
pelos serviços prestados não sofrerá qualquer alteração. Por outro lado, em
caso da operacionalização deficitária dos Sistemas de Geração Distribuída
resultar em uma geração anual abaixo da geração média projetada para o
respectivo ciclo de apuração, a remuneração para os respectivos 12 (doze)
meses subsequentes sofrerá um ajuste redutor proporcional a falha de
performance apurada.

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Consórcio
:

Desse modo, ainda que a natureza do aluguel e da remuneração pelos serviços


prestados seja fixa, a possibilidade de ajuste anual da parcela referente à
remuneração pelos serviços assegura que o Estado de Pernambuco não será
onerado por eventual falha de desempenho do ente privado que afete o volume
de energia excedente gerada e o efetivo benefício energético usufruído pelo
Estado.
A viabilidade regulatória do ajuste anual da remuneração pelos serviços
prestados de acordo com a performance dos Sistemas de Geração Distribuída
está detalhada no item 5 acima. Como visto, de acordo com o Diretor da ANEEL
Tiago de Barros Correia, ao relatar e votar a REN nº. 687/15, que alterou a REN
ANEEL nº. 482/12 “os contratos de equipamentos podem possuir cláusulas
definindo o pagamento de parcelas variáveis associadas ao rendimento e à
performance técnica dos equipamentos, mas o valor da parcela principal deve
ser fixo de modo a não caracterizar a comercialização de energia elétrica.” –
possibilidade essa que restou ratificada pelo advento da Lei 14.300/22.

14.3. VALOR ESTIMADO


Considerando (i) a soma do valor de aluguel mensal e de remuneração mensal
pela prestação dos serviços, e (ii) o prazo de vigência proposto no Item 15 a
seguir, o valor presente estimado do Contrato de Locação, Operação,
Manutenção e Gestão dos Sistemas de Geração Distribuída, é de R$
328.924.792,10 (trezentos e vinte e oito milhões, novecentos e vinte e quatro
mil, setecentos e noventa e dois reais e dez centavos).

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Consórcio
:

PRAZO CAP.15

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Consórcio
:

15. PRAZO
O prazo do Contrato será estabelecido com base (i) no prazo necessário para
elaboração do projeto, construção, montagem e instalação dos Sistemas de
Geração Distribuída e (ii) no prazo necessário para amortização do
investimento realizado pelo ente privado para implantação dos Sistemas de
Geração Distribuída.
Considerando as características dos sistemas necessários ao atendimento da
demanda das unidades consumidoras do Estado de Pernambuco a serem
contempladas por essa solução, e tendo em mente a capacidade instalada dos
Sistemas de Geração Distribuída a serem implementados, o prazo para
elaboração do projeto, construção, montagem e instalação dos Sistemas é
estimado em 18 (dezoito) meses. Esse prazo foi definido em atenção às
experiências de mercado em empreendimentos semelhantes.
Por sua vez, considerando que o prazo de locação deve ser suficiente para que
o ente privado amortize o investimento em CAPEX realizado, com base na
aferição das receitas de aluguel, o que possibilita a redução dos custos de
capital do projeto e, por conseguinte, a otimização do modelo econômico-
financeiro para reduzir os valores finais cobrados ao Estado, o prazo para a
locação foi estimado em 20 (vinte) anos, isto é, 240 (duzentos e quarenta
meses). Esse prazo foi definido em atenção às experiências de mercado em
empreendimentos semelhantes e considerando que o estabelecimento de
prazo inferior oneraria sobremaneira a estrutura de financiamento do
empreendimento, tornando-o inviável para o ente particular e para o Estado.
Pela soma dos prazos necessários para elaboração do projeto, construção,
montagem e instalação dos Sistemas de Geração Distribuída para amortização
do investimento realizado pelo ente particular, chega-se ao prazo total proposto
de 258 (duzentos e cinquenta e oito) meses para o Contrato.

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Consórcio
:

OUTROS ARRANJOS JURÍDICOS PARA O CAP.16


DESENOVOLVIMENTO DO PROJETO

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Consórcio
:

16. OUTROS ARRANJOS JURÍDICOS PARA O DESENOVOLVIMENTO


DO PROJETO
Tendo em mente o modelo de financiamento de “Project Finance” detalhado no
Caderno III dos presentes Estudos, é crucial que seja assegurado ao ente
particular que venha a se sagrar vencedor do processo licitatório a possibilidade
de constituição de SPE para celebração do Contrato de PPP para Locação,
Operação, Manutenção e Gestão de Sistema de Geração Distribuída.
A SPE deve ser constituída como sociedade limitada (art. 1.052 e seguintes do
Código Civil), ou como Sociedade por Ações (Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro
de 1976 – “Lei das S.A.”), e seu objeto social deve ser restrito ao
desenvolvimento, implantação e operação do projeto de geração distribuída,
cumprimento ao Contrato de Locação, Operação, Manutenção e Gestão de
Sistema de Geração Distribuída.
No momento da celebração do Contrato com o Estado de Pernambuco, o
capital social da SPE deve ser inteiramente detido pelo ente particular que se
sagrou vencedor da licitação, sendo a unipessoalidade legalmente autorizada
para Sociedades Limitadas (art. 1.052 §1º do Código Civil) e para as
Sociedades por Ações constituídas como, ou convertidas em subsidiária
integral (art. 251 da Lei das S.A.).
Considerando que é prática de mercado que diferentes entes particulares se
reúnam em consórcio para fins de participação em certames licitatórios, o que
permite a soma de seus esforços técnicos e financeiros para atender o ente
público, propõe-se que seja admitida a participação de consórcios privados na
licitação, com o propósito de aumentar o nível de competitividade do processo
e, potencialmente, o nível da entrega final ao Estado.
Em caso de ente privado disputar a licitação em consórcio, o Contrato de
Locação, Operação, Manutenção e Gestão de Sistema de Geração Distribuída
deverá ser necessariamente celebrado por SPE, cuja composição do capital
social no momento da celebração do Contrato deve observar as mesmas
participações dos consorciados no consórcio vencedor da licitação

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Consórcio
:

SEGUROS CAP.18

cap.01

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Consórcio
:

17. SEGUROS
Considerando as características físicas e técnicas dos Sistemas de Geração
Distribuída, o grau de risco associado à construção, montagem, instalação e
operação, propõe-se que o ente privado seja contratualmente obrigado a
manter os seguros listados abaixo, durante a vigência do Contrato de Locação,
Operação, Manutenção e Gestão de Sistema de Geração Distribuída.
A contratação dos seguros indicados tem por objetivo evitar que possíveis
intercorrências relacionadas aos Sistemas de Geração Distribuída
comprometam a execução pelo ente particular das suas obrigações contratuais
perante o Estado, assim como evitar que tais intercorrências impliquem danos
ao contratante ou afetem o benefício por ela esperado com o Contrato.
(i) Acidentes Pessoais e/ou Vida em Grupo para os profissionais do
ente particular contratado e/ou seus subcontratados, alocados (a)
na implantação do Sistema de Geração Distribuída e (b) na
prestação dos Serviços de Operação, Manutenção e Gestão,
devendo ser observada a convenção coletiva de trabalho.
(ii) Riscos de Engenharia Obras Civis, Instalação e Montagem,
incluindo, Danos Físicos em Consequência de Erro de Projeto para
Obras Civis, Roubo de Bens, Despesas Extraordinárias, Despesas
com Desentulho, Tumultos, Greve e Lockout, Manutenção Ampla,
Despesa de Salvamento de Contenção de Sinistros, Honorários de
Peritos e Testes, durante a implantação do Sistema de Geração
Distribuída, figurando o ente particular contratado como segurado;
(iii) Riscos Patrimoniais e/ou Riscos Diversos por meio de apólice de
Riscos Operacionais para cobrir quaisquer danos causados aos
Sistemas de Geração Distribuída, incluindo as coberturas de:
a. Incêndio, Raio e Explosão;
b. Roubo e/ou Furto de Bens;
c. Danos Elétricos;
d. Vendaval, Ciclone, Furacão, Tornado, Granizo, Queda de
Aeronaves, Impacto de veículos e Fumaça;
e. Tumultos, Greves e Lockout;
f. Danos da Natureza;
g. Células fotovoltaicas;
h. Flutuadores

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Consórcio
:

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Consórcio
:

CONCLUSÕES CAP.19

cap.01

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Consórcio
:

18. CONCLUSÕES
A partir das premissas fornecidas pelo Edital do Procedimento de Manifestação
de Interesse – PMI, dos Cadernos II e III do presente estudo e da análise de
todos os seus aspectos legais e regulatórios, conclui-se ser a execução do
projeto através do Modelo de PPP congregando a Locação, Operação,
Manutenção e Gestão de Sistemas de Geração Distribuída o modelo mais
eficiente e seguro para constituir e reger a relação jurídica entre o Estado de
Pernambuco e ente privado no propósito de realizar investimentos em geração
de energia.
Não há impedimentos legais ou regulatórios para a celebração do instrumento.
Todos os aspectos jurídicos pertinentes ao empreendimento, incluindo os de
direito constitucional, ambiental, administrativo, contratual, tributário,
empresarial, foram detidamente examinados e revelaram a viabilidade jurídica
do modelo.
As regras incidentes sobre o processo para a seleção do ente privado foram
igualmente examinadas e expostas. Em resultado, propôs-se a modalidade e a
forma de disputa do certame juntamente com os requisitos a serem preenchidos
pelos interessados no contrato e critérios de julgamento das propostas. A
conjugação de tais regras e exigências fará com que o procedimento licitatório
alcance o seu objetivo de seleção da proposta mais vantajosa ao Estado de
Pernambuco para a consecução do objeto pretendido.

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Consórcio
:

ANEXOS

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Consórcio
:

ANEXOS

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Consórcio
:

ANEXO A – MINUTA DO EDITAL

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Consórcio
:

ANEXO B – MINUTA DO CONTRATO

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Consórcio
:

ANEXO C – MINUTA DA MATRIZ DE RISCO

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Consórcio
:

PMI SEDUH – Estudos Jurídicos – ABR/2022

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