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IMPACTOS DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO SISTEMA

ELÉTRICO DE POTÊNCIA

João Victor Franco Barbosa*


Euclério Barbosa Ornellas Filho**

RESUMO: A abertura do mercado para novas fontes de geração de energia recaracterizam o cenário
energético brasileiro. Estas crescentes fontes que vem se destacando são caracterizadas por estarem
mais próximas das cargas consumidoras e não mais centralizadas como no modelo anterior. Este novo
modelo é chamado de Geração distribuída. Com o crescimento exponencial da quantidade de
conexões desde a REN.482/2012 o modelo de Geração Distribuída causa mudanças no Sistema
elétrico, que devem ser analisadas de forma a garantir a dinâmica da estabilidade de carga e geração.
Nesta perspectiva, o fenômeno de estabilidade de tensão, quantitativo de perdas técnicas e dados de
curto- circuito do sistema são importantes estudos que irão garantir o fornecimento ininterrupto e com
qualidade da energia elétrica. Com isso, foi analisada realizada simulação computacional no Software
Power world com intuito de visualizar o impacto da inserção das fontes de geração distribuída no
perfil de tensão, das perdas e dos dados de curto-circuito do sistema elétrico de potência.
Palavras-chave: Geração Distribuída, matriz energética, impactos, tensão.

ABSTRACT: The opening of the market to new sources of energy generation re-characterizes the
Brazilian energy scenario. These growing sources that have been standing out are characterized by
being closer to consumer loads and not more centralized as in the previous model. This new model
is called Distributed Generation. With the exponential growth in the number of connections since
REN.482/2012, the Distributed Generation model causes changes in the Electric System, which must
be analyzed in order to guarantee the dynamics of load and generation stability. In this perspective,
the phenomenon of voltage stability, quantity of technical losses and short-circuit data of the system
are important studies that will guarantee the uninterrupted supply and quality of electrical energy.
With this, a computational simulation was carried out in the Power World Software in order to
visualize the impact of the insertion of distributed generation sources in the voltage profile, losses
and short-circuit data of the electric power system.
Keywords: Distributed Generation, energy matrix, impacts, voltage.

*
Graduando em Engenharia Elétrica, em 2022. Escola de Ciências Exatas e
Tecnológicas – UNIFACS (francojoaovictor59@gmail.com).
**
Especialista em Engenharia Elétrica. (euclerio@gmail.com).

1. INTRODUÇÃO

É crescente o número de pessoas que já tem em suas residências ou que buscam produzir
sua própria energia no Brasil em 2022. Rico em recursos naturais, o Brasil tem um dos maiores
potenciais de produção de energia renovável do mundo. Com ampla extensão territorial, o país
tem umas das maiores redes Hidrográficas do mundo, possibilitando amplo desenvolvimento na

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energia hidroelétrica. Porém a participação desta forma de produzir energia vem diminuindo ao
longo dos anos, a produção de energia hidráulica que um dia chegou a ter mais de 85 % da
produção nacional já está em 67% em 2022. Essa queda se deve aos crescentes avanços das
gerações eólicas e solares.

Figura 1 - Produção de energia no Brasil 2022

Fonte (ONS, 2022)

O modelo elétrico Brasileiro de produção de energia longe das cargas é chamado de


geração centralizada, usando longos de transmissão e subtransmissão de energia para despacho
das fontes. Porém, este modelo de fluxo de energia radial vem enfrentando mudanças desde o
início do século 21. Estímulos governamentais para produção de própria aliados aos altos
potenciais da geração solar e as Convenções de mudança de Clima estimularam a população a
investir cada vez mais na geração própria, esta que atualmente chamamos de Geração
distribuída. Este modelo de geração diferente da anterior, é conectado diretamente a rede de
distribuição, não mais passam pelas extensas linhas de transmissão de energia, sendo uma das
grande vantagens para minimizar perdas elétricas com transporte de energia e contribuindo para
gerar economia para o dono do empreendimento a partir de 2012 com a Resolução Normativa
482 e posteriormente com a A Resolução Normativa nº 687.
Porém as redes de distribuição de baixa tensão, onde se encontram a maior parcela da
geração distribuída, não foram originalmente projetadas para atuar com fluxo bidirecional, mas
sim sentido único, da geração em direção às cargas. E essa reversão de fluxo pode trazer
consequências ao sistema elétrico de potência, como é o caso das elevações de tensão, das
variações nos níveis de curto circuito (ALVES, 2017).
As mudanças supracitadas também influenciam positivamente as perdas de potência
durante o transporte, que tendem a reduzir-se com a aproximação entre carga e geração.

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Figura 2- Distribuição da capacidade instalada de energia solar fotovoltaica no cenário até
2031

Fonte (EPE, 2022)

1.2 Justificativas

Devido a geração fotovoltaica de forma intermitente, ela possui grandes variações ao


longo do dia, tendo o maior potencial alcançado entre a 10h e 13h e sendo totalmente cessado
durante a noite. Já as demandas das cargas, não coincidem com o pico de geração, estando
localizados entre as 18h e às 20h. Esta falta de conexão entre estes sistemas de carga e geração,
permanece ainda estável, devido ao pequeno número de geração distribuída quando comparado
ao total de produção de energia do SIN. Porém, os instantâneos avanços destas instalações de
Geração Distribuída tem perspectivas futuras de ser muito mais significativas. A reversão do
fluxo de potência com a inserção de geradores distribuídos pode causar mudanças na rede
elétrica, principalmente variações de tensão, níveis de curto circuito e nível de perda, portanto
deve ser estudado de modo a garantir que este crescimento futuro não ultrapasse os limites de
qualidade definidos pelos Procedimentos de Distribuição (PRODIST) e sejam dimensionados
corretamente os equipamentos de proteção cujo parâmetros depende do nível de curto circuito
da rede. Também é interessante demonstrar o quantitativo de perdas de potência no cenário
futuro, visto a garantir maior eficiência energética.
1.3 Objetivos

Analisar criticamente os impactos da inserção de geração distribuída no sistema elétrico


de potência. Especificamente:

● Apresentar os principais consequências da inserção significativa de geração distribuída no


sistema eletrico de potência;

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● Identificar e analisar as variações de tensão e o perfil de carga na rede elétrica causadas
pela inserção de geração distribuída;
● Verificar o desempenho da rede de distribuição da concessionária diante a operação das
usinas de geração que serão conectadas em paralelo ao sistema;
● Auxiliar os estudos de Proteção que possibilite a saída rápida da usina de Geração
distribuída diante de um evento aleatório que possa criar instabilidade na rede da
concessionária;
● Analisar o carregamento e as perdas no sistema com a inserção de GD;

2. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do estudo, será identificado na literatura existente conceitos e


estudos sobre sistema elétrico de potência e os possíveis impactos da inserção de geração
distribuída em porcentagem significativa. Para isso, foram analisados os recentes dados e
perspectivas futuras a respeito do tema no cenário brasileiro com o auxílio dos boletins
informativos da ONS.
Enquadrou-se o estudo acadêmico em uma análise crítica dos conteúdos abordados nas
bibliografias e as Normas Regulamentadoras que tratam de flutuação de tensão, ilhamentos,
curto-circuitos e fator de potência voltados à inserção de geração distribuída na rede elétrica de
distribuição. Adicionalmente, será simulado no Software computacional Power World uma
situação de inserção de Geração distribuída em cenário futurístico.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O termo geração distribuída pode ser definido como unidades de produção de energia
elétrica ligadas a rede de distribuição, diferente das geração centralizada que conecta grandes
unidades geradoras à rede de transmissão (BOLLEN, HASSAN; 2011).
A Geração distribuída já é uma realidade no Brasil e no mundo, a inserção destas fontes
de energia encontra desafios como questões pertinentes a operação do Sistema Elétrico,
especialmente frente às perspectivas de crescente aumento da participação destas fontes nas
matrizes energéticas dos países (JHONATAN, 2019).
Esse tipo de geração teve um impulso maior no Brasil após o ano de 2012 com a
implementação da Resolução Normativa n° 482 estabelece condições gerais para acesso de
microgeração e minigeração ao sistema de distribuição e o sistema de compensação de energia
elétrica (ANEEL, 2012).

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Figura 3 - Participação das fontes de energia na matriz energética brasileira

Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ENERGIA ELÉTRICA 2022 (EPE, 2022 ).

O Sistema Elétrico de Potência é dinâmico e tem por função disponibilizar de


eletricidade às cargas a ele conectadas, de forma ilimitada. Este sistema, deve ser capaz de
manter-se equilibrado com as variações de cargas e quando submetidos a distúrbios. A
estabilidade da tensão é uma das variáveis que são dinâmicas neste processo, podendo variar as
tensões nodais nos barramentos com diferentes níveis de dinamismo, como é o caso de máximo
carregamento e sem geração, mínimo carregamento e máxima geração ou máximo carregamento
e máxima geração (BORÉM, VASCONCELOS;2016).
Segundo o Módulo 8 (2021) do Prodist que trata da qualidade do fornecimento de energia
elétrica e estabelece os procedimentos relativos à qualidade do fornecimento de energia elétrica
na distribuição, no que se refere à qualidade do produto, à qualidade do serviço e à qualidade
comercial. Esta regulamentação estabelece limites aceitáveis das variações de tensão permitida
no fornecimento de energia elétrica.
Segundo a ABGD - Associação Brasileira de Geração Distribuída (2022) expansão da
geração própria de energia (geração distribuída – GD) está mantendo o ritmo acelerado no
primeiro trimestre de 2022 e atingiu 12 gigawatts (GW) de potência instalada em agosto deste
mesmo ano, com perspectiva de crescimento em torno de 50% até o fim de 2022. A geração
própria corresponde em agosto de 2022 a quase 74% da energia solar gerada no país e começa
a ter presença significativa na matriz energética Brasileira.
Ainda de acordo com os estudos do plano decenal de expansão de energia 2031 realizado

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pelo Ministério de Minas e Energia, estima-se que a contribuição elétrica da Geração distribuída
possa responder por 21% do consumo de eletricidade até 2031, sendo que a autoprodução
contribui com 10%, a MMGD com 8%.
Fonseca (2019) diz: “Devido ao caráter intermitente da geração de energia através do
sistema fotovoltaico como por exemplo, a geração fotovoltaica de energia elétrica possui
grandes variações de geração no período de 24 horas, pois não pode ser gerada no período da
noite ou ainda em alguns empreendimentos uma geração excedente nos finais de semana onde
o consumo é menor. Dada a esta característica, faz-se necessário saber se esta geração está sendo
conforme os limites de qualidade definidos pelos Procedimentos de Distribuição (PRODIST)”.
Figura 4 - Curva de Carga e geração ao longo do dia

FONTE : Dados de geração eólica e solar (ONS, 2022).


A respeito da qualidade da energia elétrica distribuída Fonseca (2019) também trata a
respeito do problema do nível de tensão que ocorre com a instalação das gerações
distribuídas ao longo do barramento alimentador. Com a inversão do fluxo de potência em
certos períodos do dia a medida que comprimento da rede é aumentado, a injeção da potência
ativa contribuirá para que exista um aumento na tensão.
Essa perda de radicalidade no perfil do sistema elétrico causada pelo avanço da
GD deverá impulsionar ainda mais a utilização dos dispositivos de proteção como os relés
direcionais, de sub e sobre tensão e relé de frequência, que terão papel muito importante para
manter as microrredes funcionando de forma isolada e o SEP equilibrado (LIMA, 2019).
Outra questão de muita pertinência são as perdas técnicas no sistema elétrico de potência.
Estas perdas são inerentes à atividade de distribuição de energia elétrica, pois parte da energia é
dissipada no processo de transporte, transformação de tensão e medição em decorrência das leis
da física. Essas perdas, portanto, estão associadas às características de carregamento e

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configuração das redes das concessionárias de distribuição. Em montantes de energia, as perdas
técnicas na distribuição corresponderam a cerca de 38,8 TWh, em reais foram da ordem de
R$8,5 bilhões segundo o relatório de Perdas de Energia elétrica 2021 da Aneel. A mitigação
deste dano se dará com o aumento da geração distribuída e será visto no desenvolvimento deste
trabalho.
4. ESPECIFICAÇÃO DO SISTEMA SIMULADO

4.1 DADOS DA SIMULAÇÃO


Será feito um estudo de caso simulado no Software Power World do sistema elétrico de
potência abaixo descrito:
-1 Gerador centralizado Hidroelétrica em 13,8Kv
-1 Subestação elevadora de tensão 13,8Kv para 138Kv
-1 Linha de Transmissão de 80Km
- 1 Subestação rebaixadora de tensão 138 Kv para 13,8Kv
- 4 Barras de distribuição 13,8Kv
- 4 Linhas de Distribuição
- 8 Cargas
- 4 Geradores Distribuídos

O software Power World será utilizado para simulação de Fluxo de Potência, estudo de
curto-circuito e variação de tensão nas barras.
As simulações se darão das seguintes maneiras :
1- Fluxo de Potência sem e com presença de geração distribuída a com total demanda,
simulando assim a direção do fluxo e tensões nos barramentos em horários de pico.
2- Fluxo de Potência sem e com presença de geração distribuída com demanda energética
parcial, simulando assim as condições de horários de baixa carga e alta geração.
3- Simulação de curto-circuito em uma das barras.

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD)


em 13/10/2022 o Brasil alcançou 14 GW de potência instalada de geração distribuída, isso
corresponde a 10% da energia consumida do país, a partir destes dados serão simuladas situações
com esse percentual de GD e também inserção de 50% como uma previsão futurista.
Com estes dados simulados será possível definir vantagens e desvantagens da inserção

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de geração distribuída, perfil de tensão nos barramentos, dados de curto-circuito e perdas de
potência nas linhas.
4.2 IMPLEMENTAÇÃO

Figura 5 – Sistema Elétrico de 8 barras simulados do Power World

FONTE : Próprio Autor (2022)

Para implementação do estudo de Fluxo de Potência foram parametrizados os dados abaixo


designados na TABELA 1 :
TABELA 1 - Parâmetros simulados

FONTE : Próprio Autor (2022)

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A BARRA 1 será a barra de referência do sistema, nela estará conectada a geração
centralizada, nesta barra a tensão do sistema será 1 pu e 0°( Sistema Por Unidade). A Potência
base deste sistema será 100 MVA e a Tensão de base será de cada Barra.
O gerador centralizado retornará os valores que as cargas do sistema necessitarem, já a
geração distribuída injetará no sistema apenas Potência Ativa.
As cargas do sistema tem Potências Constantes e Foram simuladas de tal forma que o
fator de potência para a simulação sem GD seja 0,95.
Para o estudo de Curto-Circuito foram simuladas contingências na Barra 6, com e sem a
presença da GD.

5. TESTE E RESULTADOS

5.1- Simulação de Sistema sem Geração Distribuída

Figura 6 – Sistema operando sem GD

Fonte : Próprio Autor (2022)

Tabela 2 – Tensão nas Barras sem GD

Nom
Number Name Area Name kV PU Volt Volt (kV) Queda de tensão
1 BAR1 1 13,8 1 13,8 0,00%
2 BAR2 1 138 0,96941 133,778 3,06%
3 BAR3 1 138 0,8967 123,745 10,33%
4 BAR4 1 13,8 0,87148 12,026 12,86%
5 BAR5 1 13,8 0,86619 11,953 13,38%
6 BAR6 1 13,8 0,86379 11,92 13,62%
7 BAR7 1 13,8 0,86499 11,937 13,50%
8 BAR8 1 13,8 0,86785 11,976 13,22%
Fonte : Próprio Autor (2022)

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Tabela 3 – Perdas de Potência – Sem Gd

Fonte : Próprio Autor (2022)

Tabela 4 - Dados de Gerador Centralizado

Fonte : Próprio Autor (2022)

Após serem inseridos os dados e simular o sistema no software, o programa indica o


sentido do fluxo de potência e também os dados de tensão das barras, perdas de potência e
geração, conforme as TABELAS 2, 3 e 4.

5.2 - Simulação de Sistema Com Geração Distribuída a 50% de demanda – Carga Alta

Figura 7– Sistema operando com GD

Fonte : Próprio Autor (2022)

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Tabela 5 –Tensões nas Barras – Com Gd

Number Name Area Name Nom kV PU Volt Volt (kV)


1 BAR1 1 13,8 1 13,8
2 BAR2 1 138 0,97679 134,797
3 BAR3 1 138 0,93157 128,556
4 BAR4 1 13,8 0,90981 12,555
5 BAR5 1 13,8 0,90535 12,494
6 BAR6 1 13,8 0,90361 12,47
7 BAR7 1 13,8 0,90394 12,474
8 BAR8 1 13,8 0,90652 12,51
Fonte : Próprio Autor (2022)

Tabela 6 – Perdas de Potência – Com Gd

PERDAS TOTAIS Mva


Subestação Elevadora 2,97
Linha de transmissão 3,1864243
Subestação Rebaixadora 2,97
LD_05 0,0509902
LD_06 0,1118034
LD_07 0,23
LD_08 0,3701351
Total 9,889353
Fonte : Próprio Autor (2022)

Tabela 7 – Dados da Geração Centralizada

GERADOR
Gen MW Gen Mvar
58,13 39,72

Fonte : Próprio Autor (2022)

Foi simulado uma inserção de geração distribuída que atendesse 50% da energia
consumida momentaneamente. Sendo obtidos os resultados referentes às tensões nas barras,
perdas de potência e dados de geração nas TABELAS 5, 6 e 7.

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5.3 - Simulação de Sistema Com Geração Distribuída– Carga Baixa

Figura 8– Sistema operando com GD – Carga Reduzida

Fonte : Próprio Autor (2022)

Tabela 8 – Tensão nas Barras – Com Gd - Baixa Carga

Number Name Area Name Nom kV PU Volt Volt (kV)


1 BAR1 1 13,8 1 13,8
2 BAR2 1 138 0,98304 135,659
3 BAR3 1 138 0,95255 131,451
4 BAR4 1 13,8 0,93613 12,919
5 BAR5 1 13,8 0,93275 12,872
6 BAR6 1 13,8 0,93154 12,855
7 BAR7 1 13,8 0,93163 12,857
8 BAR8 1 13,8 0,93371 12,885
Fonte : Próprio Autor (2022)

Tabela 9 – Perdas de Potencia – Com Gd -Baixa carga

PERDAS TOTAIS Mva


Subestação Elevadora 1,35
Linha de transmissão 1,45
Subestação Rebaixadora 1,35
LD_05 0,02
LD_06 0,05
LD_07 0,10
LD_08 0,19
Total 4,51
Fonte : Próprio Autor (2022)

Neste esquema de ligação foi hipotetizado uma demanda de 80% da demanda máxima,
equiparando assim a curva de carga do sistema elétrico de potência, cujas 12h00 apresenta

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demanda média de 80% em relação ao total conforme dados da ONS cujo foram projetados na
Figura 9. O horário das 12h foi escolhido pois neste momento a geração distribuída solar
apresenta seu pico de produção.

Figura 9 – Curva de demanda de Cargas diária

Fonte : ONS (2022)

5.4 – Comparação entre os sistemas com e sem GD

Por meio dos gráficos comparativos foi feita análise comparativa de dados. Neles é
possível a visualização do impacto inserção da geração distribuída no sistema comparado. As
Figuras 10 e 11 mostram as tensões das barras e as perdas de potência no sistema proposto.

Figura 10 – Comparativo de tensões nas Barras com GD e sem GD

COMPARATIVO DE TENSÕES
BARRAS (PU)
1,05
1
0,95
0,9
0,85
0,8
0,75
BAR1 BAR2 BAR3 BAR4 BAR5 BAR6 BAR7 BAR8

SEM GD COM GD -DEMANDA MÁX COM GD DEMANDA BAIXA

Fonte : Próprio Autor (2022)

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Figura 11 – Comparativo Perdas no sistema com GD e sem GD

COMPARATIVO DE PERDAS (MVA)


30
25
20
15
10
5
0

SEM GD COM GD -DEMANDA MÁX COM GD DEMANDA BAIXA

Fonte : Próprio Autor (2022)

5.5 - Simulação de Sistema com Compensador Síncrono

Figura 12– Sistema operando com Regulador de Tensão na Barra 4

Fonte : Próprio Autor (2022)

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Tabela 10 - Comparativo de tensões nas Barras com sem Regulador de Tensão

COM GD SEM GD
COM REGULADOR SEM - REGULADOR SEM REGULADOR COM REGULADOR
Name Nom kV PU Volt Volt (kV) PU Volt Volt (kV) PU Volt Volt (kV) PU Volt Volt (kV)
BAR1 13,80 1,00 13,80 1,00 13,80 1,00 13,80 1,00 13,80
BAR2 138,00 1,01 139,39 0,98 134,81 0,97 133,80 1,02 140,22
BAR3 138,00 0,99 136,30 0,93 128,57 0,90 123,78 0,98 134,86
BAR4 13,80 1,00 13,80 0,91 12,56 0,87 12,03 1,00 13,80
BAR5 13,80 1,00 13,74 0,91 12,50 0,87 11,96 1,00 13,74
BAR6 13,80 0,99 13,72 0,90 12,47 0,86 11,93 0,99 13,71
BAR7 13,80 0,99 13,73 0,90 12,48 0,87 11,94 0,99 13,72
BAR8 13,80 1,00 13,76 0,91 12,51 0,87 11,98 1,00 13,76
Fonte : Próprio Autor (2022)

Visto a alta queda de tensão nas barras, foi inserido o regulador de tensão no sistema.
Após a inserção, foi novamente simulada as tensões nas barras e as perdas de potência.
Tabela 11- Comparativo de Perdas

PERDAS DE POTÊNCIA
SEM GD - COM COM GD - SEM
REGULADOR(MVA) REGURLADOR(MVA)
Subestação Elevadora 6,420 2,960
Linha de transmissão 6,887 3,178
Subestação Rebaixadora 6,420 2,960
LD_05 0,082 0,051
LD_06 0,255 0,112
LD_07 0,610 0,230
LD_08 0,540 0,370
TOTAIS 21,214 9,861
Fonte : Próprio Autor (2022)

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Figura 13 – Comparativo Perdas no sistema com e sem Regulador

PERDAS DE POTÊNCIA(MVA)
25,000

20,000

15,000

10,000

5,000

0,000

SEM GD - COM COMPENSADOR COM GD - SEM COMPENSADOR

Fonte : Próprio Autor (2022)

Como mostrado nas tabelas 10 e 11 a inserção de compensadores síncronos nas barras


diminuem as quedas de tensão, porém mantêm as perdas de potência altas. A inserção de
Geração distribuída reduz as perdas por reduzir o caminho que a corrente elétrica percorre.

5.6 Análise de Curto-Circuito

Figura 14 - Imagem do Software Power World – Simulação de Curto Circuito

Fonte : Próprio Autor (2022)

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Foram simulados Curto-Circuitos monofásicos, bifásicos e trifásicos. Aleatoriamente foi
escolhida para realizar a simulação a barra 6.

Tabela 12 – Comparativo de dados de Curto – Circuito

Fonte : Próprio Autor (2022)

6. CONCLUSÃO

O surgimento da geração distribuída trouxe para o Brasil um paradigma diferente de


produção de energia, modelo descentralizado com características diferentes. Esse novo modelo
foi impulsionado pelos estímulos governamentais de incentivo fiscal e com isso teve um
crescimento meteórico nos últimos anos. Com este crescimento, vem a necessidade de discutir-
se os impactos da inserção desta nova geração, visto que a quantidade de geradores inseridos na
rede cresce exponencialmente e a porcentagem de participação dela na matriz energética
brasileira cresce junto.
Devido a proximidade do centro de cargas a geração distribuída faz reduzir-se as perdas
de potência. Por a magnitude das correntes diminuir nas linhas de transmissão e transformadores
as perdas são menores quanto maior a porcentagem de geração distribuída em relação a carga
demandada. Este cenário pôde ser confirmado nas simulações realizadas neste trabalho, como é
mostrado na Figura 13, onde vê-se a percentagem de perdas quase que dobrar nos sistemas sem
GD quando comparados aos sistemas com GD. Com isso, dará uma grande contribuição a
eficiência energética do sistema elétrico brasileiro

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Já em relação às tensões nas barras vê-se que, quanto mais próximo das cargas estão as
gerações, menores serão as quedas de tensão. Nos sistemas simulados sem a presença dos
reguladores de tensão viu-se uma diferença significativa entre os sistemas com e sem GD.
Devido a queda de tensão acentuada e acima dos limites do módulo 8 do PRODIST, foi então
simulado um novo sistema que se assemelhe ao real, adicionou-se então um regulador de tensão
a barra 6 e o que foi notado é que as tensões nas barras ainda assim tinham uma queda maior
nos sitasm sem GD, porém respeitava os limites permitidos, confirmando assim a proximidade
entre o sistema simulado e um sistema real. Já em relação às perdas , mesmo com o regulador,
o sistema com GD permaneceu com enorme discrepância frente ao sistema sem GD.
Pode-se também observar que a magnitude das correntes de curto-circuito dos sistemas
com GD avançaram consideravelmente conforme mostrado na Tabela 12. Esses resultados
confirmam a confiabilidade da simulação, visto que as contingências trifásicas mesmo que em
menor quantidade apresentam uma intensidade maior. Pode-se notar também uma corrente de
curto circuito monofásica mínima, isso é explicado pois a para o cálculo de correntes
monofásicas usa-se as impedâncias de sequências zero, positiva e negativa, com isso a
impedância do sistema é grande o suficiente para minimizar a corrente de curto-circuito
monofásico sem a presença de GD. Com isso, é imperioso salientar que as novas inserções de
Gd em grande quantidade causam uma elevação das correntes de curto-circuito do sistemas,
essas devem ser levadas em consideração quando forem feitos estudos de proteção.
Posto isso, este trabalho teve como objetivo, através de simulações computacionais
demonstrar o fluxo de potência e as consequências no sistema elétrico, sejam elas econômicas
ou sistêmicas, visto a averiguar as vantagens e precauções do novo sistema elétrico brasileiro.

7. REFERÊNCIAS

GONÇALVES, Rodrigo ; BALLERINI, Bruna Fernandes ; DE FREITAS, Edson Luiz De Freitas. Influência
da geração distribuída em redes de distribuição de energia elétrica. Poços de Caldas: Departamento de
Engenharia Elétrica Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2016.

BRASIL avança no ranking mundial da fonte solar . Absolar, 2022. Disponível em:
<https://www.absolar.org.br/noticia/brasil-avanca-no-ranking-mundial-da-fonte-solar/>. Acesso em 05 set.
2022.

CASTRO, Nivalde De ; DANTAS, Guilherme . Experiências Internacionais em Geração Distribuída::


Motivações, Impactos e Ajustes. Rio de Janeiro: Publit, 2018.

J. DUNCAN GLOVER Power System Analysis and Design. 6ª ED. 2017

18
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Procedimentos de distribuição de energia elétrica
no sistema nacional (PRODIST), módulo 8: qualidade da energia elétrica. Brasília: ANEEL, 2021.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Módulo 3 - Conexão ao sistema de distribuição de


energia elétrica. Brasília: ANEEL, 2021.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16149: sistemas fotovoltaicos -


características de interface de conexão com a rede elétrica de distribuição. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

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