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UNIVERSIDADE VILA VELHA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

JONATHAN ÁVILA ESGUERÇONE


KARLA GABRIELA ALVES

A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PROMOVIDA PELAS EDIFICAÇÕES NET ZERO

VILA VELHA
2020
JONATHAN ÁVILA ESGUERÇONE
KARLA GABRIELA ALVES

A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PROMOVIDA PELAS EDIFICAÇÕES NET ZERO

Projeto de Conclusão de Curso apresentado ao curso


de Engenharia Civil da Universidade Vila Velha, como
requisito parcial para avaliação na disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso I.
Orientador: Prof. MSc. Francisco de Assis Almeida
Junior

VILA VELHA
2020
LISTA DE IMAGENS

Figura 1 - Mapa de Emissões de Gás Carbônico .................................................09


Figura 2 - Exemplos de ações para uma Construção Sustentável ................... 13
Figura 3 - Investimentos em infraestrutura no Brasil entre 2001 e 2016 .......... 17
Figura 4 - Matriz elétrica Brasileira (2017) ........................................................... 18
Figura 5 - Evolução do consumo de energia por fonte no setor residencial ... 19
Figura 6 - Reconstrução com energia parcialmente Net Zero ........................... 27
Figura 7 - Meios de obter uma construção Net Zero .......................................... 28
Figura 8 - Sistema Fotovoltaico ............................................................................ 30
Figura 9 - Relação entre lâmpadas incandescentes, fluorescentes e LED ...... 32
Figura 10 - Elevadores de sistema comum e regenerativo ................................ 33
Figura 11 - Mapa das edificações certificadas Net Zero Energy Building ........ 35
Figura 12 - Creche Municipal Hassis .....................................................................
37
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Indicadores de Importância Ambiental, Funcional Econômico ..... 12


Tabela 2 - Número de Projetos Certificados no Brasil, por Metodologia ....... 14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 5
1.1 OBJETIVOS...........................................................................................................6
1.1.1 Objetivo geral.................................................................................................... 6
1.1.2 Objetivos específicos.......................................................................................6
1.2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 7
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................8
2.1 SUSTENTABILIDADE...........................................................................................8
2.1.1 Sustentabilidade na Construção Civil...........................................................10
2.2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA................................................................................15
2.2.1 Barreiras para a implantação da eficiência energética................................20
2.3 ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL NO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO.......21
2.3.1 Políticas voltadas à eficiência energética no Brasil....................................24
2.4 A CONSTRUÇÃO NET ZERO............................................................................26
2.4.1 Painéis Fotovoltaicos..................................................................................... 28
2.4.3 Elevadores de drive regenerativo..................................................................33
2.4.4 A construção Net Zero ao redor do mundo..................................................34
2.4.5 A construção Net Zero no Brasil....................................................................36
3 METODOLOGIA................................................................................................... 38
3.1 TIPO DE PESQUISA...........................................................................................39
3.2 COLETA DE DADOS.......................................................................................... 39
3.3 TRATAMENTO DE DADOS................................................................................40
4 CRONOGRAMA....................................................................................................41
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 42
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1 INTRODUÇÃO

A ideia de sustentabilidade surgiu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio


Ambiente Humano que ocorreu em Estocolmo, na Suécia, em junho de 1972. Este
encontro foi o primeiro relacionado ao meio ambiente realizado pela ONU
(Organização das Nações Unidas), tal conferência teve como objetivo a discussão
sobre a degradação ambiental e a busca por alternativas para melhorar a relação
entre o homem e o meio ambiente.

Anos depois, houve a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-


92), que ocorreu em 1992, onde se teve a consolidação do conceito de
desenvolvimento sustentável, o qual se trata do desenvolvimento da sociedade a
partir do uso dos recursos naturais de forma otimizada.

O termo sustentabilidade vem tratando de como utilizar os recursos naturais de


forma a não prejudicar o meio ambiente, e poder conviver com o mesmo de maneira
responsável para que no futuro não se tenha escassez.

Dentro da questão de sustentabilidade se tem um leque de ideias que vem se


ampliando com o passar dos anos e um desses conceitos é a eficiência energética.
Que nada mais é que uma forma racional de usar as energias que se tem no mundo
e com isso obter um resultado positivo ao meio ambiente e as pessoas.

Além disso, a eficiência energética é algo de extrema importância principalmente no


Brasil, pelo fato que o fornecimento de energia opera em seu limite e que existe uma
elevação no consumo da população a cada ano, fazendo com que a produção e o
uso funcionem de forma desproporcional.

Com a necessidade de diminuição do uso dos recursos naturais e níveis de


emissões de gases do efeito estufa, a eficiência enérgica tem cada vez mais
ganhado força como uma melhor opção de conscientização e diminuição dos
impactos ambientais, que vem da energia e que chegam a ser de 90%.

Havendo então várias novas opções que trazem uma energia sustentável para a
moradia da população, como a energia solar, eólica, e outras, a Net Zero chegou
para revolucionar o uso da energia de forma autossuficiente.

As edificações Net Zero vêm da ideia de zero energia, ou seja, não se tem uma
necessidade de uso de energia externa a não ser sua própria energia criada pela
6

edificação. Um conceito que busca fazer a edificação uma geradora de energia pela
sua própria fonte e pelo reaproveitamento elétrico.

Dado que a previsão para as próximas décadas é de aumento do uso de energia


elétrica, é de suma importância a implantação do sistema Net Zero para que seja
mais usado e incentivado pelo governo, apesar de ainda ser algo que o ramo da
construção civil reluta para aplicar.

Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo mostrar com base em estudos,
alguns caminhos em que o Net Zero melhoraria o uso de energia em uma
edificação, trazendo economias positivas tanto para o construtor quanto para o
morador, e como resultado de tudo o meio ambiente seria preservado.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Aplicar a ideia de edificações no padrão Net Zero como forma de diminuição de


agentes poluentes e maior eficiência energética nas construções.

1.1.2 Objetivos específicos

 Analisar a capacidade de produção de energia de painéis solares (fotovoltaicos)


em edificações.
 Comparar a eficiência energética de lâmpadas LED em relação a lâmpadas
convencionais.
 Definir uma base de economia a partir do experimento do uso de elevadores de
drive regenerativo em uma edificação.
7

1.2 JUSTIFICATIVA

As edificações chamadas de Net Zero, tem como conceito a utilização de fontes de


energias renováveis e de sistemas de eficiência energética, que visam obter
ambientes mais sustentáveis e que aproveitem ao máximo a energia disponível,
reduzindo completamente ou parcialmente a utilização de energias não-renováveis
que contribuem para a emissão de carbono na atmosfera.

Além de estar contribuindo para a preservação ambiental, os edifícios Net Zero são
uma boa opção de investimento a longo prazo para seus proprietários, já que
oferecem redução do consumo de energia e geração da mesma. Apesar de ter um
custo financeiro mais elevado inicialmente, acaba por ser compensado ao longo do
tempo.

A ideia de ser ter uma edificação autossustentável levou a um maior uso de energias
renováveis pelo mundo, como exemplo, no Brasil houve um aumento de mais de
100 mil sistemas de painéis solares instalados de 2012 até 2019, sendo um país
com incidência solar elevada, o uso de painéis fotovoltaicos acaba sendo de grande
vantagem. (MARTINS, 2019)

Mesmo com o aumento do uso de energias renováveis, o Brasil ainda está rumando
em direção ao conceito de Net Zero, sendo poucas as edificações no país que se
aproximam desta realidade.

Apesar das edificações Net Zero serem sustentáveis e oferecerem redução do


consumo energético e geração de sua própria energia, se faz necessário analisar a
viabilidade técnica da mesma.

É de suma importância verificar se o investimento feito na energia renovável e


sistemas de eficiência energética realmente irão ser eficazes em se alcançar o
balanço energético nulo no fim do mês.
8

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SUSTENTABILIDADE

O termo sustentabilidade foi usado pela primeira vez em 1713, por Carlowite, em
uma discussão sobre exploração de florestas na Alemanha, ou seja, a
sustentabilidade não é uma atividade ambiental, mas sim um novo posicionamento
de que o ambiente é algo renovável e indispensável.

Portanto, segundo Almeida (2015), apontar a sustentabilidade como algo dominante,


significa entrar dentro das questões de meio ambiente e desenvolvimento social,
trazendo a ideia de que um assunto se conecta ao outro.

No início do século XXI, o consumo dos recursos naturais do planeta se tornou mais
influenciado pela mídia e governo, visando o crescimento econômico, porém esse
uso nem sempre trouxe como resultado uma melhor qualidade de vida. A partir
disso, toda a ideia de sustentabilidade veio ganhando forma e com a criação da ISO
4001 mais de 14.000 empresas da época optaram por um novo estilo, focando nas
práticas ambientais que trazem maiores benefícios ao meio ambiente.

Mesmo com a ideia de desenvolvimento sustentável ganhando força com o passar


dos anos, ainda é um motivo de discussões e divergências, trazendo um
pensamento de ser utópico. Até os anos 2000, a quantidade de gás carbônico
produzido pelos países industrializados cresceu bruscamente, como visto na figura
1, fazendo de grande importância a aplicação de modelos de gestão econômicas
criteriosas. (ALMEIDA, 2015)
9

Figura 1: Mapa de Emissões de Gás Carbônico

Fonte: Sustentabilidade, 2015

O setor público ainda tem uma grande responsabilidade dentro da mudança


ambiental, principalmente o lado federal, já que são considerados grandes
fornecedores de iniciativas. Por volta de 15% do Produto Interno Bruto do país ainda
é gerado por compras governamentais e sendo assim é esperado que muitas
atitudes aconteçam.

Muitas ideias a cerca disso foram criadas, surgindo projetos que podem ser
implementados a nível operacional. Primeiramente, o uso racional da energia
elétrica, que é algo de mais fácil acesso a população e que com pequenas
mudanças se obtém resultados significativos.

Outras atitudes também podem ser tomadas para que se chegue em resultados
melhores, como a redução do uso de papéis, acabar com o uso de copos ou outros
tipos de descartáveis, focos em compras sustentais para a área de almoxarifados,
uso racional de água e uma melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho, pois
o lado da população ainda é o mais visado. (VOGELMANN JUNIOR, 2014)

Consequentemente, com a mudança de hábitos e atitudes, a sustentabilidade ganha


um espaço maior no mundo e assim é criado um estudo cada vez mais a fundo. A
resposta disso é a separação da ideia de sustentabilidade em cinco áreas: a
sustentabilidade ecológica, ambiental, social, política e econômica.

A sustentabilidade social e econômica são as áreas onde se encontram uma maior


preocupação, pois em um país em desenvolvimento como o Brasil existe uma
10

grande desigualdade social, o que reflete diretamente na economia e no pensar das


empresas. O capitalismo age de forma que o dinheiro é mais importante que
qualquer outra coisa. (BARBOSA, 2008)

Segundo Silveira (2017), as empresas fazem cada vez mais apelos para lucrar com
a sustentabilidade, com o objetivo de chamar a atenção de gestores das
organizações, visando assim ganhar receitas através de maiores práticas de
sustentabilidade. Esse modelo econômico vigente se mostra nada sustentável e
assim a vida no planeta se torna cada vez mais ameaçada.

Com um modelo econômico insustentável, iniciou-se uma grande iniciativa que foi a
criação do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), que é um ranking da Bolsa
de Valores que torna a organização social responsável e mais chamativa para os
investidores. Todas essas ações tomadas para se obter uma melhor visão em
relação a sustentabilidade andam em passos lentos, porque as empresas ainda
focam bem mais na questão financeira e esquecem o lado social e ambiental.
(SILVEIRA, 2017)

De modo geral, a mudança das empresas vem acontecendo, e como cita Friend
(2009), os líderes empresariais do amanhã buscam unicamente duas coisas, fazer
dinheiro e fazer sentido. Com isso a ideia do verde chegou, mas se engana quem
espera que quem trabalha com o meio ambiente tenha sucesso empresarial, os
benefícios sociais não se reduzem a fazer o bem, mas sim valor empresarial
significativo e duradouro.

A área do negócio sustentável está em constante mudança, as melhores ações e


tecnologias estão a evoluir a cada dia, o meio ambiente evolui e se modifica com
isso, fazendo com que cada dia mais a sustentabilidade ganhe força e importância.
(FRIEND, 2009)

2.1.1 Sustentabilidade na Construção Civil

A sustentabilidade tem sido algo cada vez mais buscada na atualidade e se tornou
uma área que tem ganhado uma maior dimensão e importância dentro da
construção civil. Com adequação a normas técnicas e busca em certificações como
a LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), as empresas no ramo da
construção têm focado mais em como sua imagem é vista, em como os custos
11

podem ser reduzidos e principalmente o impacto socioambiental. Inclusive, essas


ideias se tornaram um dos pilares da engenharia e arquitetura atual.

Segundo o Conselho Internacional da Construção (CIB), a indústria da construção é


a que mais usa energias e recursos naturais, gerando assim maiores danos
ambientais consideráveis para o planeta. O uso de recursos naturais tem sido por
volta de 40% a 70% e de energia em torno de 30% do consumo global. (LIEBSCH,
2019)

Todo esse consumo de recursos vem do fato que a área da construção civil é
responsável pela implantação de infraestrutura de base como o saneamento básico,
transporte, energia, além de construções de moradias e áreas públicas e privadas.
Isso responde o porquê do excessivo uso de recursos naturais e sólidos.

O impacto ambiental que a construção civil causa é resultado de diversas áreas em


atuação, desde a extração de matérias primas, os transportes de materiais, os
projetos, a execução em si, sua manutenção, e a demolição ou desmontagem após
certos anos. Além disso, toda a construção desde seu início vem de questões
públicas, privadas, códigos de obras ou até mesmo de normas técnicas. Após um
entendimento que uma construção depende de vários fatores e setores, se torna
mais compreensível o porquê não é de fácil aplicação um modelo mais sustentável.

Por mais fácil que seja entender a importância da mudança de atitudes das
empresas, até meados de 1990 o foco eram as poluições químicas e radioativas
caudadas pelas indústrias e assim as atitudes da construção civil não eram
tão vistas. (AGOPYAN e JOHN, 2011)

A sustentabilidade na área civil parte de muitos princípios existentes e para o início


de uma construção limpa é necessário variáveis usadas no julgamento de
sustentabilidade. Na tabela 1, é citado parâmetros importantes na área ambiental,
funcional e econômica, para que ocorra a mudança de uma construção regular a
uma sustentável.
12

Tabela 1: Indicadores de Importância Ambiental, Funcional e Econômico

Fonte: Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, 2016

Na questão ambiental é observado o lado do aquecimento global, reciclagem e


recursos naturais para que sejam utilizados de forma reduzida, visando também a
energia primária. Já no quesito funcional é considerado a utilização do imóvel a ser
construído.

Por último, no quesito econômico todo o custo tem que ser observado, desde
construção a manutenção. Com o uso de materiais sustentáveis e viáveis é possível
obter enorme diferença financeira ao final da obra, o que é um dos pontos mais
importantes para as construtoras.

Como o lado econômico é sempre muito cobrado, é importante citar que existem
prioridades no quesito sustentável. No desenvolvimento do projeto, a economia e
sustentabilidade andam lado a lado, sendo assim, na figura 2 é mostrado que
economizar recursos renováveis e reutilizar materiais são duas prioridades para o
projeto de uma construção.
13

Figura 2: Exemplos de ações para uma construção sustentável

Fonte: Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, 2016

Todas as prioridades mostradas têm relação com a economia, sendo que a partir da
diminuição de cada, se obtém uma obra mais barata e sustentável. Mesmo quando
não é possível o descarte de certos materiais que causam danos ao meio
ambiente, ocorre uma diminuição no uso do mesmo e assim de certa forma o foco
em uma melhor construção é atingido. (QUEIROZ, 2016)

Com o mercado tendo maior interesse no ramo de construções sustentáveis, veio a


ideia da criação de certificações á empresas que seguissem certas regras. A
primeira certificação dada ao Brasil veio em 2007 por meio da metodologia LEED
(Leadership in Energy and Environmental Design), porém como o Brasil ainda é um
país tardio em relação aos desenvolvidos, houve muitas críticas por esses métodos
de avaliações não refletirem a realidade brasileira.

Consequente, em 2010 foi apresentada a metodologia AQUA, que se inclui as


questões sociais. No mesmo ano a caixa econômica também lançou outro tipo de
certificação por habitações mais sustentáveis, que é o Selo Casa Azul Caixa. Todos
14

esses tipos de certificações promovem um incentivo às empresas, sempre visando


práticas sociais e ambientais.

Tabela 2: Número de Projetos Certificados no Brasil, por Metodologia

Fonte: Pesquisa CBIC, 2011

Na tabela 2, se encontra todos os projetos certificados no Brasil a partir dos anos


que se estabeleceram no país, até o ano de 2011. Esses tipos de incentivos
chamam a atenção de empresários do ramo, sendo que a maior parte das
certificações LEED partem de empreendimentos comerciais de alto padrão.

Este novo parâmetro para construções tem se destacado no Sudeste, mas se


mostra em grande crescimento e o interesse das incorporadoras e construtoras tem
sido espontânea. O foco em inovações se tornou o diferencial que dá valor ao
produto, e ao mesmo tempo agrada o mercado. (CBIC, 2012)

O desenvolvimento sustentável é como um casamento, segundo Voltolini (2016),


não se deve relaxar quando as coisas seguem bem, mas sim tentar melhorar e
buscar novidades para que não se estagne e perca a força. A sustentabilidade
segue a mesma ideia, a partir do momento que se inicia não se deve parar e nem
desacelerar.

Da mesma forma que as empresas têm buscado formas de conhecer mais sobre o
meio ambiente, manter a construção sustentável e aplicar tudo isso nas obras,
15

ocorre também a necessidade da empresa passar para o cliente a importância


dessa nova forma de construir, para que o interesse de ambas as partes cresçam e
caminhe para que todas as empresas passem a ver a construção sustentável como
a melhor solução. (VOLTOLINI, 2016)

2.2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A energia elétrica vem sendo utilizada pela sociedade a alguns séculos, sua
aplicabilidade no mundo contemporâneo é muito vasta, sendo essencial em quase
todas as atividades exercidas atualmente. Por se tratar de um recurso tão importante
para o desenvolvimento urbano e social, a utilização da energia deve ser feita de
forma consciente.

Até por volta de 1960, não havia políticas públicas e governamentais que aplicassem
medidas a fim de controlar o consumo de energia, sendo assim, a energia era
utilizada de maneira crescente nos mais diversos setores energéticos. (ROMÉRO e
REIS, 2012)

Segundo Goldemberg (2010, p. 50)

A eficiência energética é um componente da eficiência econômica,


mas raramente é o componente dominante. Para os setores
industriais dos Estados Unidos, os custos de mão de obra e capital
representam apenas 5 a 10% dos custos totais. Por conseguinte,
apesar de os especialistas em energia a considerarem como algo
especial, o setor produtivo a considera apenas como um dos
ingredientes da produção, assim como a mão de obra, o capital e as
matérias-primas.

Ainda segundo Goldemberg (2010), esse seria o motivo pelo qual o uso racional de
energia não evoluiu nas primeiras décadas do século XX, ainda mais que naquela
época a energia era farta e de baixo custo. Entretanto, os movimentos ambientais
que ocorreram nos anos de 1970, levaram a mudanças no setor industrial com o
intuito de reduzir a emissão de poluentes e passarem a tomarem medidas
relacionadas à eficiência energética.

Segundo Filipini e Reis (2016), a partir dos anos de 1970, houve uma grande
preocupação em relação à eficiência energética, ganhando grande relevância no
cenário internacional. A necessidade de se discutir sobre este assunto foi
16

ocasionada pelo choque do petróleo que ocorreu em 17 de outubro de 1973, o que


levou a uma crise no setor de energia.

Como consequência, foi criada a International Energy Agency (IEA), que no começo
tinha o intuito de tratar de questões relacionadas ao petróleo, mas depois passou a
abordar outros tipos de fontes de energia, dentre os objetivos desta organização
estão: promover políticas de racionalização da energia a nível mundial, melhoria no
abastecimento de energia em um contexto global e o fomento do uso de energias
renováveis, promovendo um uso mais eficiente da energia.

Portanto, o debate sobre a eficiência energética iniciou-se através de um cenário de


crise, que levou a discussão até os dias de hoje por conta da eficácia das medidas
tomadas e o avanço tecnológico provido desta crise.

A eficiência energética tem como objetivo o uso racional da energia. A


racionalização se trata de uma série de medidas que visam a redução do consumo
de energia sem que haja alteração nas atividades que à utilizam. (FILIPINI e REIS,
2016)

Segundo Carvalho, Fadigas e Reis (2012), o uso eficiente da energia implica na


preservação do meio ambiente e na redução de custos para os que investem nessa
ideia, seja na indústria, onde o uso da energia é essencial para seu funcionamento,
ou em um domicílio, que acaba gerando economia para seu proprietário.

Para que se possa implementar a eficiência energética de forma eficaz, é preciso


enxergar o longo prazo através do estabelecimento de políticas públicas e incorporar
um planejamento energético que avalie as nuances do setor de energia e as
possibilidades para o país, além de analisar a relação entre as atividades
econômicas e a sociedade, podendo assim, tomar decisões eficazes no que se trata
da eficiência energética.

O uso racional da energia deve ser contextualizada em um planejamento integrado e


adequado, comparando o escopo global com o local ou regional, devendo ser
considerado que o desenvolvimento brasileiro não se resume apenas ao
investimento no setor de energia, mas também está atrelado ao setor de
infraestrutura, conforme mostrado na figura 03, no qual se insere o setor energético.
(CARVALHO; FADIGAS; REIS, 2012)
17

Figura 03 – Investimentos em infraestrutura no Brasil entre 2001 e 2016

Fonte: EPE, 2019

Segundo EPE (2019, p. 16)

No período de 2001-2016, os investimentos em infraestrutura na


economia brasileira corresponderam, em média, a cerca de 2% do
PIB. Tal patamar é baixo, comparado com outros países em
desenvolvimento.

Segundo Carvalho, Fadigas e Reis (2012), o objetivo da eficiência energética não é,


obrigatoriamente, o desenvolvimento, mas sim o uso otimizado dos recursos
energéticos disponíveis, para que, a longo prazo, haja disponibilidade de tais
energias.

Em resumo, o governo precisa de alternativas passiveis de acontecer no futuro, para


que assim possa definir quais fontes energéticas devem ser utilizadas a curto e
longo prazo, levando em conta os aspectos técnicos e econômicos de cada uma e a
quantidade dessas energias que deve ser usada.
18

Se tratando das fontes energéticas, a matriz energética de um país o de qualquer


contexto local é essencial para a execução adequada de um planejamento
energético. Deve-se entender que há uma diferença entre balanço energético e
matriz energética no Brasil, de forma simples, a matriz energética se trata de um
conjunto de balanços energéticos, que tem por objetivo a projeção de possíveis
cenários futuros para o setor energético que podem afetar a matriz.

No Brasil, a preocupação em elaborar uma matriz energética a longo prazo só foi


ocorrer recentemente. O que tem sido feito, é um balanço energético do ano findo,
permitindo uma análise histórica da matriz energética nos últimos quinze anos.

No entanto, o balanço energético brasileiro, conforme mostrada na figura 04, se trata


da matriz energética brasileira, só que voltada ao passado, mas o que se deve
buscar é uma matriz energética voltada para o futuro, dito isto, acaba-se gerando
uma confusão entre matriz e balanço energético. (CARVALHO; FADIGAS; REIS,
2012)

Figura 04 – Matriz elétrica Brasileira (2017)

Fonte: EPE, 2018


19

Segundo Carvalho, Fadigas e Reis (2012), a representação da matriz energética


feita de forma quantitativa e ordenada, mostrando toda a relação entre os
energéticos e a cadeia energética, desde a utilização de recursos naturais até os
usos finais permite que se estabeleça políticas públicas e planejamentos voltados
para a área energética.

Em relação a prospecção futura da matriz energética, conforme mostrada na figura


05, tem-se o Plano Nacional de Energia (PNE), que faz prospecções e análises de
alternativas voltadas ao desenvolvimento energético, que, se tiver uma revisão
periódica, também irá contribuir para a elaboração de planejamentos e políticas
energéticas.

Figura 05 – Evolução do consumo de energia por fonte no setor residencial

Fonte: EPE, 2018

Deve estar esclarecido que a eficiência energética se trata apenas de uma das
várias ações que devem ser tomadas para que se solucione as questões
energéticas. Dito isto, deve haver uma compatibilização entre os programas e
políticas relacionadas a eficiência energética, além de exercer ações de
monitoramento e avaliação afim de quantificar e qualificar os resultados.

Há duas maneiras de se colocar em prática a eficiência da energia, através dos


métodos passivos ou os métodos ativos. Os passivos estão relacionados ao uso da
20

luz solar, ventilação natural e o uso de vegetação para uma melhor climatização e os
ativos relacionados aos sistemas que necessitam de energia para o seu
funcionamento, os métodos ativos tratam da substituição de equipamentos pouco
eficientes por equipamentos de maior eficiência. (CARVALHO; FADIGAS; REIS,
2012)

Segundo Roméro e Reis (2012), as edificações residenciais, comerciais, públicas e


de serviço representam uma quantia significativa do consumo de energia elétrica no
Brasil. A estabilidade econômica, somada a políticas de melhoria na distribuição de
renda, permite a facilidade no acesso a novas tecnologias. Acrescentando a alta
taxa de urbanização e a expansão do setor de serviços, pode-se calcular que
aproximadamente 50% da energia elétrica produzida no país, além de ser
consumida em operações e manutenções de edificações, também é utilizada para
iluminação, climatização e aquecimento da água.

O potencial de energia que pode ser conservado nesse setor é considerável,


podendo chegar a 30% em edificações já existentes que passarem por um retrofit.
Em edificações novas, a economia energética pode ultrapassar os 50% se os
sistemas de eficiência energética forem introduzidos desde a concepção inicial do
projeto da edificação.

De acordo com a EPE, a quantidade de energia elétrica consumida no Brasil no ano


de 2008 foi de aproximadamente 393.000 GWh. Caso uma política pública
relacionada a questão do déficit habitacional brasileiro fosse adotada, se poderia ter
uma economia energética de 53.000 GWh, o que seria o suficiente para abastecer,
anualmente, 2,7 milhões de residências. (ROMÉRO E REIS, 2012)

2.2.1 Barreiras para a implantação da eficiência energética

Após a crise no setor energético brasileiro em 2001, medidas relacionadas a


eficiência energética foram tomadas, houve uma boa resposta da população
mudando hábitos de consumo, além de ensaios de políticas de eficiência e a
facilitação em financiar equipamentos de maior eficiência energética, porém este
progresso relacionado a eficiência não durou muito e começou a voltar a situação
inicial, onde não havia grandes preocupações com o uso racional de energia.

Observa-se que ainda há barreiras que impedem a implantação efetiva da eficiência


energética no território brasileiro. As barreiras podem ser políticas, econômicas,
21

técnicas, institucionais e de comportamento, entre as principais podemos destacar a


base tecnológica defasada, instabilidade econômica, falta de informação,
responsabilidade dividida e sensibilidade ao custo inicial.

O brasil já produz tecnologias que possuem eficiência mais elevada, porém a


produção ainda é pequena e não é acessível a todos em decorrência de seu custo
mais elevado, inclusive alguns componentes dessas tecnologias costumam ser
importados, sendo assim, deve-se reduzir as taxas e importação.

Em relação a instabilidade econômica, se comparado ao período de alta inflação,


onde era inviável a conscientização da importância de se investir em eficiência
energética, a situação atual é bem mais favorável do que nessa época, no entanto,
um problema que ainda persiste é a alta taxa de juros, o que inviabiliza
economicamente os investimentos em tecnologias mais eficientes.

A falta de informação voltada para a eficiência energética ainda é muito grande no


Brasil, a escassez de materiais educativos, propagandas na televisão e nos rádios,
acabam por não informar e nem conscientizar os consumidores das novas
tecnologias disponíveis no mercado e de suas vantagens, e por consequência acaba
mantendo o avanço da eficiência energética estagnado.

Há ainda o problema com o custo inicial de equipamentos mais eficientes, apesar de


oferecerem vantagens em relação ao consumo de energia, estes equipamentos
costumam ter um custo inicial mais elevado, o que desencoraja muitos compradores,
que por falta de informação sobre equipamentos mais eficientes, acabam por
escolher o que tenha o menor custo inicial, sendo assim, os equipamentos mais
convencionais saem na frente dos mais eficientes, afinal, os convencionais já são
conhecidos, já possuem um grau de confiabilidade muito maior para os
consumidores e tem um custo mais baixo, não dando oportunidade para a eficiência
energética ganhar espaço, assim é necessário o incentivo a conservação de
energia, conscientização de seus benefícios e redução do preço de equipamento
mais eficientes através a isenção de taxas. (CARVALHO; FADIGAS; REIS, 2012)

Alocar recursos para um programa de eficiência energética é dependente de


decisões políticas e do comprometimento empresarial. Os órgãos técnicos
responsáveis pelo setor energético devem mostrar o potencial de conservação que
medidas de eficiência energética podem trazer, além de mostrar as vantagens
22

econômicas que as mesmas proporcionam, para que assim, motive os setores a


participarem dos programas voltados ao uso racional de energia. (ROMÉRO e REIS,
2012)

2.3 ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL NO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO

Segundo Andrade, Bajay e Dester (2016), se tratando do setor de energia, o


governo e o Estado atuam através da formulação de políticas públicas, regulação
dos mercados de energia e no planejamento energético, sendo que as políticas
públicas estão ligadas ao governo, a regulação dos mercados ligado ao Estado e o
planejamento energético tem um papel de apoio as outras duas atividades.

Através das políticas públicas relacionadas a energia, o governo exterioriza as


prioridades e também as diretrizes relacionadas ao setor energético, podendo as
diretrizes serem compulsórias ou servirem de estímulo através de incentivos
financeiros.

Dentro do assunto das políticas públicas, temos a Lei n° 9.478/97 que criou o
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o qual presta assessoria à
presidência da república no que se trata a criação de políticas e diretrizes
relacionadas ao setor energético. O CNPE tem como um de seus objetivos o de
incentivar o uso da eficiência energética no país, e tem como uma de suas funções a
garantia do abastecimento de energia em áreas remotas ou de difícil acesso.
(ANDRADE; BAJAY; DESTER, 2016)

No que se trata as regulações dos mercados, o mercado de energia elétrica


brasileiro é dividido entre os consumidores livres e os consumidores cativos, no caso
dos consumidores livres, eles podem contratar seus insumos energéticos
diretamente com as empresas que o geram ou através de comercializadores,
atendendo suas necessidades por meio de contratos bilaterais que são livremente
negociados com esses agentes. Já os consumidores cativos são atendidos por
empresas concessionárias distribuidoras, que compram eletricidade através de um
pool gerenciado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a
qual substituiu o Mercado Atacadista de Eletricidade (MAE).

Com o objetivo de suprir a demanda dos consumidores, a Empresa de Pesquisa


Energética (EPE) realiza um plano decenal que é homologado pelo Ministério de
Minas e Energia (MME), com o intuito de propor datas de entrada em operação de
23

novas usinas, identificar restrições regionais na rede básica de transmissão e


designar novas linhas de transmissão que devem ser construídas. Ainda há os
leilões de energia que tem como objetivo atrair as propostas de investidores em que
os seus projetos tenham a capacidade de suprir ou reforçar a rede básica de
transmissão que tenha sido detectada pelo plano decenal. (ANDRADE; BAJAY;
DESTER, 2016)

Os custos relacionados à energia no Brasil tem aumentado, por esse motivo o atual
modelo institucional possui dois tipos de leilões de energia elétrica: os leilões de
“energia velha”, que se trata da geração de plantas existentes, após o término dos
contratos vigentes e os leilões de “energia nova”, que tem por objetivo a geração das
novas usinas. Os leilões de “energia velha” têm propostas mais baratas que os
leilões de “energia nova”, contribuindo assim para a diminuição do preço médio.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Agência Nacional de Energia


Elétrica (Aneel), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) exercem um papel de auxílio junto ao
Ministério de Minas e Energia (MME) para monitorar as condições que sejam
necessárias para o suprimento de energia elétrica em uma projeção de 5 anos. O
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), como representante destas
instituições, tem como objetivo a aplicação de medidas corretivas sempre que julgar
necessário incluindo o estabelecimento de margens de reserva de geração.
(ANDRADE; BAJAY; DESTER, 2016)

Em relação ao planejamento energético, o seu papel é elaborar metas quantitativas


que sejam realistas para as políticas energéticas do governo, além de controlar o
comportamento do mercado de energia e também a atuação de seus agentes. Caso
o mercado de energia aponte que o planejamento energético não está sendo eficaz,
logo, ele deve ser aprimorado, do contrário, novas políticas públicas devem ser
formuladas ou os mecanismos de regulação de mercado devem ser melhorados,
afim de obter mudanças realistas no que se trata da evolução dos mercados de
energia.

O objetivo do planejamento energético é promover o uso racional dos insumos


energéticos consumidos por determinado sistema energético otimizando seu
suprimento, para isso deve-se seguir as diretrizes estabelecidas por políticas
24

energéticas, ambientais, sociais e econômicas. (ANDRADE; BAJAY; DESTER,


2016)

De acordo com Bajay (1989, p. 826)

O espaço geográfico do sistema que é objeto de planejamento pode


ser um município, um conjunto de municípios, um estado, um
conjunto de estados, uma região composta por partes de municípios
ou estados, ou uma nação ou uma comunidade composta por um
conjunto de nações. É importante compreender que quanto maior a
autonomia política e econômica do espaço geográfico analisado,
maiores são as chances de sucesso na implantação de determinado
plano energético.

O planejamento energético não é finalizado após a determinação de um plano e


suas metas, mas se trata de um processo contínuo que contempla todas as fases do
plano de ação e suas consequentes correções e atualizações.

As diretrizes das políticas energéticas precisam ser implantadas nas fases iniciais do
planejamento para que sirva de orientação durante a evolução dos trabalhos. Tais
diretrizes podem ser alteradas durante a aplicação do que foi planejado, seja por
questões técnicas, econômicas, sociais ou políticas e até mesmo por questões de
otimização no plano. O processo de planejamento energético é bastante complexo,
devido a sua abrangência e iteratividade, por esse motivo é necessário a utilização
de programas computacionais para fins metodológicos. (ANDRADE; BAJAY;
DESTER, 2016)

O planejamento energético de uma edificação deve ser feito considerando o melhor


plano de ação para sua aplicação, visando atender as necessidades de seus
usuários. O planejador deve considerar os aspectos técnicos, econômicos, políticos,
ambientais e sociais, além de fazer projeções para saber quais as incertezas
presentes no projeto, o que é essencial para o planejamento. (CARVALHO;
FADIGAS; REIS, 2012)

2.3.1 Políticas voltadas à eficiência energética no Brasil

Segundo Roméro e Reis (2012), Entre as políticas relacionadas a eficiência


energética, podemos destacar os programas de P&D (Pesquisa e desenvolvimento)
coordenados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e políticas
associadas em combater o desperdício de energia e sua conservação.
25

Os programas de P&D da Aneel aplicam, através de contratos de concessão,


obrigações e encargos em empresas concessionárias públicas que distribuem
energia elétrica, sendo uma dessas obrigações a aplicação de ao menos 0,5 % de
sua receita operacional líquida em forma de ações com o intuito de combater o
desperdício de energia elétrica. Para que isso se cumpra, as concessionárias devem
apresentar a Aneel, através de arquivos eletrônicos, projetos relacionados à
eficiência energética e combate ao desperdício energético, sempre respeitando as
diretrizes que norteiam a elaboração desses projetos.

A Aneel fornece o manual de Elaboração do Programa de Eficiência Energética, o


qual indica os tipos de projetos que estão inclusos no programa e também os
requisitos para sua avaliação e aprovação. (ROMÉRO e REIS, 2012)

Se tratando dos programas de universalização voltados para a conservação de


energia, podemos destacar o Programa Nacional de conservação de Energia
Elétrica (Procel) ,o qual tem como objetivo o incentivo do uso racional de energia
elétrica através da mudança de hábitos e do aumento da eficiência no sistema
elétrico de modo geral, assim promovendo o desenvolvimento de tecnologias
relacionadas a eficiência energética, participando da elaboração de leis e também
realizando financiamentos a outros projetos de combate ao desperdício de energia,
além de fornecer dados, promover seminários, criar softwares, incentiva pesquisas e
define padrões de eficiência para equipamentos.

O programa Procel atua, principalmente, nos setores residencial, comercial e


industrial, além dos serviços públicos, tais como as iluminações e edificações
públicas e a gestão de energia municipal, também atua na etiquetagem de
equipamentos que sejam eficientes através do Selo Procel, este último tem o intuito
de orientar os consumidores no momento da compra de um produto, mostrando os
que tem a maior eficiência energética, estimulando a fabricação de produtos cada
vez mais eficientes. (ROMÉRO e REIS, 2012)

A área de edificações está presente em todos os setores econômicos do país,


fazendo com que tenha uma articulação entre entidades governamentais,
econômicas, tecnológicas e da construção civil. Nessa perspectiva, tem-se o Procel
Edifica que promove o uso eficiente da energia elétrica em edificações, reduzindo o
26

consumo de energia e de materiais e consequentemente reduzindo o impacto no


meio ambiente.

O programa Procel Edifica investe em capacitação tecnológica e profissional,


estimulando a pesquisa e o desenvolvimento de soluções adaptadas à realidade do
Brasil. Além disso, dissemina os conceitos do bioclimatismo através da aplicação do
tema conforto ambiental e eficiência energética em cursos de Arquitetura e
Engenharia, com o intuito de formar profissionais comprometidos com o
desenvolvimento sustentável.

O Procel Edifica tem atraído cada vez mais parceiros ligados aos segmentos da
construção civil, disseminando o conceito de eficiência energética e de conforto
ambiental para profissionais de Arquitetura e Engenharia, além dos envolvidos em
planejamento urbano, melhorando a qualidade e eficiência das edificações.
(ROMÉRO e REIS, 2012)

2.4 A CONSTRUÇÃO NET ZERO

O termo edificação de energia Net Zero vem do inglês Zero Net Energy Buildings,
que são edifícios que dentro de um determinado período apresentam um balanço
energético nulo, fazendo com que a energia fornecida a rede seja igual a energia
consumida da rede. Com isso, não se tem necessidade do uso de combustíveis
fósseis para iluminação, aquecimento, equipamento e água quentes sanitárias, ou
seja, sem necessidade de energias externas.

Segundo Laborda (2015), com a aplicação de medidas de eficiência energética, a


necessidade do uso de energia é suprida pelo uso de energias renováveis, que é
produzida no próprio edifício, sendo de baixo custo energético, ambiental e
econômico.

Alguns passos são importantes para que se alcance uma energia Net Zero em um
edifício, como por exemplo, reduzir as necessidades energéticas da construção a
partir da otimização térmica e dos ganhos solares. Outro passo fundamental é que a
produção da energia seja feita através de fontes renováveis, tendo sua contribuição
essencial para a melhoria do desempenho do edifício. (LABORDA, 2015)

Além da construção Net Zero da sua forma literal, existem também construções
consideradas de caráter Net Zero, porém a energia usada não vem totalmente de
27

fontes renováveis e internas. Muitas dessas edificações buscam o mesmo objetivo


no quesito sustentabilidade e uso total de energia limpa, mas ainda não atingiram os
objetivos necessários. Ainda assim essas construções são consideradas Net Zero.

Mudar totalmente a forma de construção para meios mais desafiantes não é algo
fácil, todos os anos muitas construções falham em atingir o objetivo em ser
totalmente zero energia, mesmo assim esses tipos de construções têm seu valor e
são reconhecidas pelo esforço, sendo assim algumas no meio industrial são
chamadas de edificações próximas de energia Net Zero, como visto na figura 06.
( HOOTMAN, 2013)

Figura 06: Reconstrução com energia parcialmente Net Zero

Fonte: Net Zero Energy Design: A Guide for Commercial Architecture, 2013

Mesmo sendo um tipo de construção nova, o modelo Net Zero tem se tornado cada
vez mais atrativo em vários tipos de segmentos além do de edificações. Segundo a
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),7.5 mil unidades brasileiras são
abastecidas por microgeração de energia fotovoltaica, o que representa um aumento
de 300% em relação a 2015, ou seja, existe um interesse se desenvolvendo quanto
a implantação de energia sustentável.
28

Com o conhecimento acerca do que é a Net Zero, vem o questionamento principal


que se faz em torno de economia. Por ainda ser algo não tão fácil de se
desenvolver, muitos esperam que o investimento seja altíssimo, mas pelo contrário,
uma edificação Net Zero sai por volta de 6% mais cara que uma construção comum,
visto que o retorno pode ser observado por volta de 5 a 12 anos. (GBC BRASIL,
2017)

Portanto, para que o retorno ocorra de forma correta e a construção realmente não
chegue a ter seu valor muito elevado, é necessário uma organização e seguir alguns
passos importantes, como por exemplo aplicar um processo de design integrado e
totalmente colaborativo, alongar uma construção ao longo dos eixos leste- oeste
para maximizar a luz do dia e saber identificar o sistema de geração energia ideal
para o local e clima.

Além desses pontos, é de grande importância configurar um sistema de


monitoramento para ter certeza do funcionamento de todos os sistemas prediais e
poder fornecer uma revisão do desempenho energético da construção, para
identificar qualquer problema e assim manter o proprietário por dentro das
necessidades do edifício. (BENNETT, 2011)

Muitos caminhos diferentes e muitos pensamentos de países diferentes moldam o


que pode ser considerado uma edificação Net Zero, assim muitas autoridades
acabam criando seu próximo tipo de construção sustentável e
segundo Macley (2014), os projetos que buscam ser de energia Net Zero precisam
ser algo onde se gera mais energia de fontes reutilizáveis do que se consume, e
ponto.

Figura 07: Meios de obter uma construção Net Zero

Fonte: The New Net Zero, 2014


29

A figura 07 mostra assim, que o conceito de Net Zero não é tão complicado de se
entender, porém mais complicado de se praticar e desenvolver. Desta forma, esse
conceito novo transforma a construção civil em uma construção de pensamento
sustentável. (MACLEY, 2014)

2.4.1 Painéis Fotovoltaicos

O sol, como fonte de energia inesgotável, é essencial para a vida no planeta. Várias
energias renováveis originam-se do sol, tanto as de uso direto da energia solar, com
o objetivo de aquecer ou gerar eletricidade, quanto as de uso indireto, como
exemplo, a energia dos ventos e das ondas.

Focando no uso direto da energia solar, o que determina o aproveitamento é a


radiação solar que incide nos equipamentos feitos para a captação da energia solar.
De toda a radiação solar incidente no planeta, que se trata de uma parcela da
energia emitida pelo sol, 30% é refletida para a atmosfera e os outros 70% são
utilizados para o aquecimento terrestre. (FADIGAS e REIS, 2016)

Os sistemas que se utilizam da energia solar como fonte energética, tem potencial
para suprir uma parte considerável da necessidade energética do planeta. No
entanto, ainda existem barreiras relacionadas à este ramo da geração de energia,
principalmente em relação ao rendimento que estes sistemas podem trazer, além
dos custos envolvidos e uma necessidade de armazenamento de energia, já que a
energia solar não está disponível no período da noite e se trata de uma fonte de
energia intermitente. O avanço tecnológico tem ido de encontro as soluções destes
problemas, e o aumento na utilização destes sistemas de energia solar poderia
cooperar em acelerar este processo. (FADIGAS e REIS, 2016)

A quantidade efetiva de energia solar que poderá ser aproveitada, dependerá do


rendimento das tecnologias relacionadas com a captação de energia solar até o seu
uso final na cadeia energética, que, comumente se trata de um equipamento
utilizado por um consumidor.

Como foi dito, a energia solar pode ser absorvida e convertida em energia através
de várias tecnologias disponíveis no mercado. Dentre essas tecnologias, temos as
células fotovoltaicas, que permitem a conversão da energia solar em energia
elétrica. (FADIGAS e REIS, 2016)
30

Os painéis fotovoltaicos são compostos por células solares que são compostas por
camadas de material semicondutor. Com a incidência da radiação solar na célula
fotovoltaica, gera-se um potencial elétrico pelas camadas do material semicondutor,
tal potencial permite a circulação de eletricidade em um circuito externo. Os painéis
fotovoltaicos são compatíveis com quase todas as regiões do mundo. Pelo fato
deste sistema não possuir partes móveis, eles podem funcionar de maneira
silenciosa, além disso, possui uma durabilidade de 25 anos em média.

O sistema fotovoltaico, conforme mostra a figura 08, é composto por módulos


fotovoltaicos, responsáveis pela captação da radiação solar e são fabricados com
tecnologia de silício cristalino ou de filmes finos, além dos módulos, temos um
regulador de tensão, um sistema de armazenamento de energia e um inversor de
corrente contínua e corrente alternada. (FADIGAS e REIS, 2016)

Figura 08 – Sistema Fotovoltaico

Fonte: Bigsun, 2019

Os sistemas fotovoltaicos podem ser instalados em grandes centros urbanos de


forma centralizada ou descentralizada, podendo ser conectada ou desconectada da
rede elétrica, sendo assim, os sistemas fotovoltaicos podem ser divididos em
sistemas autônomos e sistemas conectados à rede elétrica. (FADIGAS e REIS,
2016)
31

Os sistemas fotovoltaicos autônomos consiste de um sistema não conectado à rede


de distribuição, podem ser utilizadas em áreas remotas, sendo instaladas em
residências, boias marítimas, estações repetidoras de sinais de comunicação e
outros locais, mas também são utilizadas em áreas urbanas, como exemplo, para
iluminação de áreas externas e de placas sinalizadoras. Os sistemas autônomos
podem ser configurados para a alimentação de equipamentos de corrente contínua
ou corrente alternada, além de poder ser um sistema com ou sem armazenamento
da energia elétrica.

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede agem como uma fonte de energia


complementar ao sistema elétrico ao qual estão conectados, são sistemas sem
armazenamento, já que toda a energia produzida por ele é injetada
instantaneamente na rede elétrica. As potências destes sistemas vão de poucos
kWp em residências, até MWp em grandes sistemas que são geridos por empresas.
Os sistemas conectados à rede podem ser centralizados ou descentralizados.
(FADIGAS e REIS, 2016)

Os sistemas centralizados conectados à rede produzem uma grande quantidade de


energia, indo de centenas de kW até muitos MW, são também chamados de centrais
fotovoltaicas que, normalmente, geram energia para indústria e grandes centros
urbanos. Este tipo de sistema pode ser utilizado de forma comercial por
concessionárias e por investidores que tenham interesse em atuar no mercado
energético.

Os sistemas descentralizados conectados à rede são os mais populares e são


utilizados em residências, comércios e indústrias, caso a energia produzida seja
inferior a demanda do local, a rede elétrica irá complementar, no caso de haver um
excedente de energia produzida, o excesso será injetado na rede elétrica da
concessionária. (FADIGAS e REIS, 2016)

2.4.2 Lâmpadas LED

Um sistema eficiente de iluminação deve conciliar a iluminação natural, que pode ser
idealizada desde o projeto arquitetônico, com tecnologias eficientes de iluminação
artificial, obtendo assim, um projeto eficiente quanto a iluminação, a qual representa
23% do consumo de energia elétrica no setor residencial e 44% do consumo nos
setores comerciais e de serviço público.
32

A iluminação é o uso final de energia que apresenta o maior avanço tecnológico e


por consequência um maior percentual de economia, porém, deve-se entender que
antes de realizar uma substituição de equipamentos ligados à um sistema de
iluminação, precisa-se fazer uma análise da distribuição de iluminação no ambiente.
A eficiência não se trata apenas de reduzir os recursos utilizados, mas também de
verificar utilidade desejada pelas normas técnicas existentes e as necessidades dos
os usuários desta edificação. (FILIPINI e REIS, 2016)

Neste contexto relacionado a eficiência da iluminação, tem-se as lâmpadas LED


(Light Emitting Diode) ou diodo emissor de luz, que se trata de um componente
eletrônico feito de materiais semicondutores capaz de captar um sinal elétrico e
transformá-lo em luz. Na maior parte dos casos, os diodos são compostos de silício
ou germânio, no entanto, estes materiais apresentam uma elevada perda na forma
de calor, fazendo com que a luz emitida seja de baixa eficiência. Por este motivo as
indústrias relacionadas a iluminação passaram a utilizar, na composição dos LEDs,
o fosfeto de gálio ou o arsenieto de gálio, os quais apresentam maior eficiência
quanto a iluminação.

As lâmpadas LED possuem grandes vantagens em relação as lâmpadas


incandescentes, dentre essas vantagens tem-se o fato dela não possuir filamento
que se queima, possui bulbos de plástico, o que aumenta sua durabilidade, além de
serem facilmente instalados em circuitos eletrônicos modernos. Porém, a maior
vantagem das lâmpadas LED está na sua eficiência energética, que, pelo fato de
gerarem pouco calor para produzir luz, faz com que uma porcentagem maior da
energia elétrica seja direcionada para a produção de luz, o que diminui a demanda
de energia elétrica. (COTRIM, 2009)

A tecnologia de iluminação LED é muito mais eficiente que as convencionais


lâmpadas fluorescentes e incandescentes, conforme mostra a figura 09, possuindo
uma vida útil mais longa. Entretanto, a lâmpada LED ainda possui um custo de
compra mais elevado, o que as tornam menos acessíveis economicamente. Porém,
sua alta durabilidade, que chega a uma média de 50 mil horas de uso, somada a sua
eficiência energética, o que permite uma redução média de 80% no consumo de
energia, leva as lâmpadas LED a serem uma ótima opção de investimento a curto
prazo se tratando de iluminação.
33

Figura 09 – Relação entre lâmpadas incandescentes, fluorescentes e LED

Fonte: Inmetro, 2019

2.4.3 Elevadores de drive regenerativo

Elevadores são máquinas de extrema importância em edifícios á muitos anos e


assim se tornam um item de extrema necessidade para novas edificações que
anseiam ser construídas no modelo de energia Net Zero. Cada elevador é projetado
conforme as necessidades do edifício, sendo assim a energia usada não é fácil de
ser medida e cada edificação terá sua particularidade.

Apesar do consumo energético de elevadores mais modernos ser de 3% a 5% da


energia total usada pela edificação, olhando de uma forma geral, em torno de 280
mil elevadores estavam em operação até o ano de 2015, tornando o valor
significativo ao final. Consequentemente, a necessidade de busca em torno de um
elevador mais moderno e focado em sustentabilidade cresce, e assim os elevadores
de drive regenerativo se tornam cada vez mais importantes.

De acordo com Troller (2015), um estudo feito pela ThyssenKrupp mostra que 98%
dos elevadores do Brasil são do tipo de tração e esse modelo agrega ao sistema
aproximadamente 30% de ineficiência. Com o sistema de drive regenerativo a
energia gerada é reaproveitada para ser usada da melhor forma, conforme figura 10.
(TROLLER, 2015)

Figura 10: Elevadores de sistema comum e regenerativo


34

Fonte: Manual unidade regenerativa, 2015

O modelo de elevadores com drive regenerativo não possui casa de máquinas e


possibilita que a energia que geralmente é desperdiçada em máquinas tradicionais,
seja reutilizada com o uso desse modelo. Em uma estrutura básica de elevado
se encontra máquina, cabine e contrapeso, e a máquina é movimentava por cabos
de aço e na subida e descida do elevador com pessoas, não se gasta eletricidade.

A partir dessas situações, o drive regenerativo aproveita toda a energia potencial


armazenada e a transforma em energia reutilizável e limpa, se tornando propicia
para uso na edificação. O que seria desperdício em uma máquina tradicional, agora
se torna geração de energia. Com a utilização do drive é possível obter até 50% de
economia em energia.

A Otis Elevador Company é um exemplo de empresa que lançou o modelo de


elevadores com drive regenerativo, garantindo redução significativa no consumo e
proteção eficiente dos sistemas elétricos e eletrônicos. Além dela, outras empresas
possuem esse modelo mais sustentável e focado em energia, como por exemplo
a ThyssenKrupp. (SAGGIOMO, 2010)
35

2.4.4 A construção Net Zero ao redor do mundo

Com a importância que uma edificação Net Zero vem ganhando com o passar dos
anos, surgiu junto disso as certificações, que são uma forma de impulsionar esse
tipo de construção e divulgar para que se torne algo comum.

O International Living Future Institute é um orgão internacional que conta com um


sistema de certificações para construções Net Zero. Esse tipo de certificado se dá
por um conjunto de normas conhecido como Living Building Challenge (LBC – em
português, Desafio da Construção Viva), umas das normas mais rígidas em relação
à desempenho ambiental.

O LCB considera o real desempenho atingido, que é medido por pelo menos 1 ano,
e a certificação desse tipo de sistema para edifícios Net Zero é dado pelo Net Zero
Energy Building Certification. Na figura 11 é mostrado os locais já certificados por
esse tipo de sistema.

Figura 11: Mapa das edificações certificadas Net Zero Energy Building

Fonte: Instituto Clima e Sociedade, 2017

De 2010 a 2015, por volta de 10 edificações foram certificados pelo sistema LBC, e
dentre esses apenas 7 foram classificados de natureza de energia Net Zero. Além
dos citados, outros 204 projetos foram registrados com algum certo interesse em
36

obter certificação dentro do International Living Future Institute. Infelizmente, no


Brasil ainda não existe nenhum projeto registrado dentro desse sistema.
(KISHINAMI, 2017)

Como as certificações funcionam de forma muitas vezes específicas para cada país,
segundo Voss e Musal (2013), os países também lidam com esse novo método de
construção de maneiras diferentes. Nos Estados Unidos, esses esforços para
a implantação da construção Net Zero vieram do Departamento de Energia, dessa
forma outras organizações também botaram como objetivo essa mudança, como o
Instituto Americano de Arquitetos e U.S Green Building Council.

O Departamento de Energia Americano mostra um investimento em tecnologia para


que cresça a quantidade de edificações Net Zero. Se espera que por volta de 2020
se tenha alçando uma boa marca de construções nesse estilo e que em 2025
edificações comerciais Net Zero também tenham alcançado um relevante patamar.

Ainda nos Estados Unidos, está situado o edifício de Pesquisa a Suporte de


Aparatos que foi construído em 2011 pelo Laboratório Nacional de Energia
Sustentável, localizado em Colorado, e pode ser considerado o maior edifício em
busca de ser Net Zero dos Estados Unidos.

Entretanto, em países da Europa como a Alemanha, o ramo da construção junto


com os governantes busca desde 2010 meios de proteção do clima. O foco em si
não seria chegar a uma energia Net Zero, mas sim zero emissão de gases ou uma
“neutralidade de clima”. A partir dessa ideia, em 2010 os governadores federais da
Alemanha criaram conceitos para lidar com essa mudança na construção civil.

Primeiramente, a ideia seria tentar diminuir a questão do calor já nas edificações


existentes, para que em 2050 se possa chegar a um estoque de clima neutro. A
neutralidade de clima traz consigo que um edifício precisa de baixa demanda de
energia e para continuar nesse processo é predominantemente necessário ser
coberto de energias sustentáveis. Com todos os estudos acerca de calor que a
Alemanha buscou, foi criado as “edificações de clima-neutro”, que são novos
padrões de construções até 2020, nas bases de parâmetros de energia primária.

Além dos países citados, a Áustria também se mostrou um país em busca de


construções sustentáveis, sendo assim o termo “energia e construção” ganhou
forma, saindo um pouco da literal energia Net Zero. Com a apresentação do
37

“Estratégia de Energia” em março de 2010 e o projeto “Processo de Estratégia de


Energia 2050”, a Austrália iniciou pesquisas e projetos para começar a desenvolver
construção próximas a Net Zero, com o foco em eficiência energética, meios de
energia sustentável e sistemas de energia inteligente. (MUSAL e VOSS, 2013)

2.4.5 A construção Net Zero no Brasil

A construção Net Zero tem se destacado e a quantidade de projetos crescem


consideravelmente a cada ano. Para qualquer definição em relação à o que se torna
Net Zero no país é necessário saber sobre questões importantes, tais como a
consideração de energia operacional e/ou embutida, um sistema unificado e
confiável de cálculo com previsão de consumo, requerimentos de eficiência
energética para a edificação, possibilidade de geração de energia fora do
condomínio e procedimentos para certificação e documentação.

Existem vários projetos pilotos que seguem as definições para a construção Net
Zero no país. Um dos projetos de maior destaque é a Creche Municipal Hassis, que
se encontra em Florianópolis, Santa Catarina, como visto na figura 12, e conta com
certificação LEED Platinum, além de painéis fotovoltaicos de 21 kW, na cobertura.

Figura 12: Creche Municipal Hassis

Fonte: ENGIE Brasil, 2019

A creche foi construída com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da


Educação (FNDE), do salário educação e possui aquecimento solar de água,
sensores de movimento e luminosidade, além de aproveitamento da iluminação
natural.
38

Outras grandes construções possuem certificado LEED no Brasil, Kishinami (2017)


cita o prédio do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná que almeja ser
o mais sustentável do estado e a Sede RAC Engenharia, em Curitiba. As duas
possuem painéis fotovoltaicos, o que traz uma iluminação natural e sistemas
modernos para que ocorra uma diminuição do uso de energia. (KISHINAMI, 2017)

A ANEEL em 2012 trouxe uma resolução permitindo a microgeração de energia e


sua compensação, com o uso de fontes renováveis. Com isso se inicia a busca do
Brasil por tecnologia para produção de placas fotovoltaicas e micro usinas eólicas,
além de mostrar a importância da pesquisa em torno de energia Net Zero ou quase
Net Zero, especialmente no Brasil onde a incidência solar tem grande significância
durante todo o ano. (MEIRELLES e OLIVEIRA, 2015)

Mesmo com o crescimento de projetos em busca de uma construção sustentável, é


necessário ter o investimento financeiro que sempre tende a ser maior quando
comparado a uma construção que segue os parâmetros regulares. Sendo assim, a
Caixa Econômica Federal criou o Construcard, que é uma linha de crédito que
funciona como um meio de incentivo para a compra de equipamentos de energia
fotovoltaica, aquecedores solares e aerogeradores.

A CBIC (2017) diz que o financiamento funciona em duas fases, sendo a primeira
em que a compra pode ser realizada entre 2 a 6 meses, e a taxa de juros conta em
cima dos materiais utilizados. Já na segunda fase, o banco precisa que a compra de
materiais seja toda feita em até 2 anos. A partir disso, esse tipo de financiamento
não se mostra favorável, sendo que as incertezas em relação a construção são
grandes e o prazo para o pagamento do financiamento é curto. O retorno financeiro
varia de 6 a 8 anos.

Enquanto isso, o Banco do Nordeste (BNB) por meio do Programa de Financiamento


à Conservação e Controle do Meio Ambiente (FNE VERDE), propõe uma linha de
crédito para promover o desenvolvimento de empreendimentos e atividades
econômicas que viabilizem projetos com foco em meio ambiente e sua recuperação.
Essas duas linhas são as únicas onde é disponibilizado um tipo de ajuda financeira
de baixo custo no país, para a implantação de energia solar fotovoltaica em
unidades consumidoras. (CBIC, 2017)
39

3 METODOLOGIA

Para um bom desenvolvimento e construção da metodologia, se fez necessário


seguir passos importantes que formaram este trabalho, como:

- A revisão bibliográfica sobre a base e o assunto definido para estudo, com foco nos
pontos necessários para melhor entendimento;

- Coleta de informações sobre o conceito Net Zero, focando em três instrumentos


que são usados para a construção de uma edificação desse modelo, que são as
lâmpadas LED, o drive regenerativo e as placas fotovoltaicas;

- Análise de viabilidade da aplicação de construções Net Zero com o intuito de


reduzir o uso de agente poluentes em construções de edificações;

- Verificar se as vantagens de uma construção mais limpa são realmente visíveis e


se valem a pena a um certo prazo;

Com os passos descritos, se obteve resultados para a execução, desenvolvimento e


conclusão deste trabalho.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Segundo Vergara (2009), existem várias taxionomias de meios de pesquisa e duas


delas são, quanto aos fins e quanto aos meios.

Quanto aos meios, elas são divididas em exploratória, descritiva, explicativa,


metodológica, aplicada e intervencionista. Neste trabalho, quanto aos meios é
considerada exploratória e explicativa. (VERGARA, 2009)

Exploratória pois o assunto ainda não é de grande conhecimento e foco no país,


fazendo com que não se encontre tanta informação e dados a respeito do tema
escolhido, e assim a cada ano novas informações são descobertas. É também
considerada explicativa porque mostra os motivos da importância do novo modelo
de construção, para que ocorra uma diminuição no uso de agentes poluentes.

Quanto aos fins, um trabalho pode ser dividido em pesquisa de campo, pesquisa de
laboratório, telematizada, documental, bibliográfica, experimental, ex post facto,
participante, pesquisa-ação e estudo de caso. Este trabalho em questão é
considerado uma pesquisa bibliográfica e estudo de caso. (VERGARA, 2009)
40

Primeiramente, é uma pesquisa bibliográfica pois a base da pesquisa é toda


encontrada em livros, revistas, jornais e redes eletrônicas. Já no estudo de caso, o
estudo a fundo será baseado em informações de empresas de fabricação de LEED,
drive regenerativo, placas fotovoltaicas e construtoras.

3.2 COLETA DE DADOS

Conforme Vergara (2009) cita, para pesquisas bibliográficas os dados foram


coletados por meio de bibliotecas físicas, pesquisa bibliográficas em livros, artigos,
revistas especializadas, jornais e teses.

Já para a pesquisa de estudo de caso, foi usado sites de empresas especializadas


nas energias limpas, construções que buscam a energia limpa e sites
governamentais, para saber o nível de viabilidade do modelo de construção.
(VERGARA, 2009)

3.3 TRATAMENTO DE DADOS

Os dados tratados neste trabalho são considerados de forma qualitativa, sendo


assim, são coletados sendo estruturados e a partir disso são analisadas em um
todo. É utilizado para o estudo: livros, sites, artigos, e revistas, ou seja, meios físicos
e tecnológicos.

Para a realização do método de estudo, foi necessário a pesquisa base sobre a


energia Net Zero, sua viabilidade e importância para a melhoria da vida no planeta.

Com esse método, se obtém dados e informações, e com isso conclusões a respeito
do assunto escolhido. (VERGARA, 2009)
41
42

4 CRONOGRAMA

CRONOGRAMA DE ESTUDOS
Mês - ANO 2020
Atividades
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Escolha de Tema

Leitura de
Referências
Introdução, Objetivos
e Justificativa
Elaboração
Referencial Teórico
Elaboração
Metodologia
Revisão TCC I

Entrega TCC I

Correções da Banca

Coleta de Dados

Análise de Dados

Considerações Finais

Conclusão

Entrega TCC II

Defesa TCC II
43

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