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Instituto Politécnico de Coimbra

Departamento
de Engenharia Electrotécnica

Projecto de Execução de Linhas de Média Tensão


Estágio na Empresa JAG-Power

Relatório apresentado para a obtenção do grau de Mestre em Automação e


Comunicações em Sistemas de Energia

Autor
Filipe João Parada Gonçalves
Orientador
Prof. Doutor Paulo Pereirinha
Prof. Coord., ISEC
Supervisor
Eng. Rui Cardoso
Coord. Dep. de Proj., JAG-Power

Coimbra, Setembro, 2011


AGRADECIMENTOS

Ao orientador de estágio Professor Doutor Paulo Pereirinha por me dar a oportunidade de


realizar este estágio, pelo apoio e disponibilidade.
Ao supervisor na empresa Engenheiro Rui Cardoso, pelo apoio e disponibilidade.
Ao Marco Sousa e ao João Simões pela ajuda e disponibilidade.
Ao Sr. Paulo Gonçalves, por permitir a realização do estágio na JAG-Power.
Aos meus pais, irmão, restante família e amigos que sempre me apoiaram.
A todos os que sempre acreditaram em mim.

i
Projecto de execução de linhas de Média Tensão RESUMO

RESUMO

Este relatório tem como objectivo mostrar o progresso e trabalho desenvolvido durante o
Estágio do Mestrado em Automação e Comunicações em Sistemas de Energia no Instituto
Superior de Engenharia de Coimbra do Instituto Politécnico de Coimbra.
Após um período de revisão e estudo sobre o tema a desenvolver, o estágio presencial na
empresa JAG-Power, em Gafanha da Encarnação, Aveiro, decorreu em 2011, tendo sido
centrado na área de projecto de linhas de Média Tensão (MT). A JAG-Power presta serviços
relacionados com energias renováveis e com a área das instalações eléctricas. Na área das
instalações eléctricas, o principal cliente é a EDP, sendo também prestados serviços a
instituições do estado e a particulares.
Neste relatório encontram-se considerações, teóricas e práticas, relacionadas com o
desenvolvimento de projectos de linhas aéreas de MT e AT. Estão descritos os vários
elementos constituintes das linhas eléctricas, o cálculo eléctrico e mecânico destas e as
principais regras que devem ser respeitadas em projecto.
Foram desenvolvidos três projectos, sendo descrito com maior detalhe um projecto de linha
de 15kV, enquanto nos restantes, são realçadas as principais dificuldades que surgiram
durante o desenvolvimento dos mesmos.

Palavras-chave: Linhas aéreas, Cálculo mecânico, Cálculo eléctrico, Distâncias


regulamentares.

Filipe Gonçalves iii


Projecto de execução de linhas de Média Tensão ABSTRACT

ABSTRACT

This report has the objective of showing the progress and work developed during the
Internship of the Master on Automation and Communications in Power Systems at the
Coimbra Institute of Engineering from the Polytechnic Institute of Coimbra.
After a period of review and study on the theme to develop, the internship at the JAG-Power
company in Aveiro, occurred in 2011 and was focused in the project of Medium Voltage
(MV) lines. The JAG-Power company provides services in the field of renewable energy and
electrical installations. In the electrical installations field, the main client is EDP, but services
to state institutions and individuals are also provided.
In this report there are theoretical and practical assessments, related to the development of
overhead MV and HV line projects. The elements that compose the electric lines are
described, as well as the mechanical and electrical calculations and the main rules that need to
be respected in a project.
Three projects were developed, being a 15kV line project described with more detail, while in
the remaining only the main difficulties that emerged during the development were
highlighted.

Keywords: Overhead lines, Mechanical calculation, Electrical calculation, Statutory


distances.

Filipe Gonçalves v
Projecto de execução de linhas de Média Tensão ÍNDICE

ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ...........................................................................................................................................I
RESUMO ............................................................................................................................................................ III
ABSTRACT .......................................................................................................................................................... V
ÍNDICE .............................................................................................................................................................. VII
ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................................................IX
ÍNDICE DE QUADROS .....................................................................................................................................XI
SIMBOLOGIA .................................................................................................................................................XIII
ABREVIATURAS .......................................................................................................................................... XVII
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 1
2. ANÁLISE DINÂMICA E ANÁLISE ESTÁTICA ......................................................................................... 2
3. FASES DE UM PROJECTO DE LINHA DE MÉDIA TENSÃO ................................................................. 3
3.1. ELEMENTOS QUE CONSTITUEM A LINHA........................................................................................................ 3
3.1.1. Apoios .................................................................................................................................................. 3
3.1.2. Isoladores ............................................................................................................................................. 5
3.1.3. Armações ............................................................................................................................................. 6
3.1.4. Condutores ........................................................................................................................................... 8
3.1.5. Sinalização de linhas aéreas ................................................................................................................. 9
3.1.6. Postos de Transformação ................................................................................................................... 11
3.2. CÁLCULO ELÉCTRICO ................................................................................................................................. 12
3.2.1. Corrente de Serviço ............................................................................................................................ 13
3.2.2. Coeficiente de Auto-Indução ............................................................................................................. 13
3.2.3. Resistência do Condutor .................................................................................................................... 13
3.2.4. Reactância do Condutor ..................................................................................................................... 13
3.2.5. Queda de Tensão ................................................................................................................................ 14
3.3. CÁLCULO MECÂNICO ................................................................................................................................. 14
3.3.1. Acção da temperatura e estados atmosféricos .................................................................................... 14
3.3.2. Forças que actuam nos condutores ..................................................................................................... 15
3.3.3. Estado atmosférico mais desfavorável ............................................................................................... 17
3.3.4. Equação de estados ............................................................................................................................ 18
3.3.5. Flecha máxima ................................................................................................................................... 18
3.3.6. Dimensionamento dos isoladores ....................................................................................................... 20
3.3.7. Cálculo dos esforços nos apoios ........................................................................................................ 21
3.3.8. Estabilidade de maciços ..................................................................................................................... 23
3.4. DISTÂNCIAS REGULAMENTARES DOS CONDUTORES .................................................................................... 26
3.4.1. Distância entre condutores ................................................................................................................. 27
3.4.2. Distância entre os condutores e os cabos de guarda ........................................................................... 27
3.4.3. Distância dos condutores a obstáculos diversos ................................................................................. 27
3.4.4. Distância dos condutores ao solo ....................................................................................................... 28
3.4.5. Distância dos condutores às árvores .................................................................................................. 28
3.4.6. Distância dos condutores aos edifícios .............................................................................................. 28
3.4.7. Distância dos condutores relativamente a estradas ............................................................................ 28
3.4.8. Distância dos condutores a cursos de água ........................................................................................ 28
3.4.9. Distância dos condutores a vias férreas ............................................................................................. 29
3.4.10. Distância entre linhas ....................................................................................................................... 29
3.5. SOFTWARE UTILIZADO ................................................................................................................................ 29
4. PROJECTO DE LINHAS DE MÉDIA TENSÃO ........................................................................................ 31
4.1. PROJECTO DE LINHA PARA FÁBRICA DE ÁGUEDA ........................................................................................ 31
4.1.1. Cálculo Eléctrico ................................................................................................................................ 31
4.1.1.1. Corrente de Serviço .................................................................................................................... 31
4.1.1.2. Coeficiente de Auto-Indução...................................................................................................... 31

Filipe Gonçalves vii


ÍNDICE Projecto de execução de linhas de Média Tensão

4.1.1.3. Resistência do Condutor ............................................................................................................. 32


4.1.1.4. Reactância do Condutor.............................................................................................................. 32
4.1.1.5. Queda de Tensão ........................................................................................................................ 33
4.1.2. Cálculo Mecânico ............................................................................................................................... 33
4.1.2.1. Forças que actuam nos condutores ............................................................................................. 34
4.1.2.2. Estado atmosférico mais desfavorável........................................................................................ 34
4.1.2.3. Equação de estados ..................................................................................................................... 35
4.1.2.4. Flecha máxima............................................................................................................................ 36
4.1.2.5. Dimensionamento dos isoladores ............................................................................................... 38
4.1.2.6. Cálculo dos esforços nos apoios ................................................................................................. 39
4.1.2.7. Estabilidade de maciços.............................................................................................................. 46
4.1.3. Distâncias regulamentares dos condutores ......................................................................................... 49
4.1.3.1. Distância entre condutores.......................................................................................................... 49
4.1.3.2. Restantes distâncias regulamentares ........................................................................................... 50
4.2. PROJECTO DE AGUADA DE CIMA................................................................................................................. 50
4.2.1. Apoio 20 ............................................................................................................................................. 51
4.2.2. Apoio 5 ............................................................................................................................................... 52
4.2.3. Vão entre os apoios 14 e 15................................................................................................................ 53
4.2.4. Vão entre os apoios 10 e 11 de linha derivada ................................................................................... 54
4.3. PROJECTO DE SÃO MAMEDE ....................................................................................................................... 56
4.3.1. Vão entre os apoios 4 e 5 ................................................................................................................... 56
4.3.2. Vão entre os apoios 15 e 16................................................................................................................ 57
4.3.3. Vão entre os apoios 21 e 22................................................................................................................ 58
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................................................ 61
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................... 62
ANEXOS............................................................................................................................................................... 65
ANEXO I - CARACTERÍSTICAS DOS CONDUTORES ELÉCTRICOS .......................................................................... 67
ANEXO II - PONTOS NOTÁVEIS DOS DIAGRAMAS DE UTILIZAÇÃO DOS APOIOS ................................................. 71
ANEXO III - DESENHOS E CARACTERÍSTICAS DAS ARMAÇÕES ........................................................................... 77
ANEXO IV - CARACTERÍSTICAS DO ISOLADOR U70BS ...................................................................................... 85
ANEXO V - CARACTERÍSTICAS DOS MACIÇOS DE FUNDAÇÃO DOS APOIOS........................................................ 89
ANEXO VI - RESULTADOS OBTIDOS NO CLINHAS E PERFIL LONGITUDINAL PARA O PROJECTO DA FÁBRICA DE
ÁGUEDA ............................................................................................................................................................ 95

viii
Projecto de execução de linhas de Média Tensão ÍNDICE DE FIGURAS

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1. Apoio em alinhamento .......................................................................................................................... 4
Figura 3.2. Apoio de fim de linha ............................................................................................................................ 4
Figura 3.3. Apoio de ângulo .................................................................................................................................... 4
Figura 3.4. Apoio de derivação ............................................................................................................................... 4
Figura 3.5. Exemplo de um apoio em reforço ......................................................................................................... 5
Figura 3.6. Isolador de cadeia (Ferreira, 2004) ....................................................................................................... 5
Figura 3.7. Cadeia em suspensão (EDP, 2007b)...................................................................................................... 6
Figura 3.8. Cadeia em amarração (EDP, 2007b) ..................................................................................................... 6
Figura 3.9. Isolador rígido (Ferreira, 2004) ............................................................................................................. 6
Figura 3.10. Disposição em esteira horizontal (EDP, 2007b).................................................................................. 7
Figura 3.11. Disposição em esteira vertical (EDP, 2007b) ...................................................................................... 7
Figura 3.12. Disposição em galhardete (EDP, 2007b) ............................................................................................ 7
Figura 3.13. Disposição em triângulo (EDP, 2007b) ............................................................................................... 7
Figura 3.14. Secção transversal de condutor de liga de alumínio (Solidal, 2007) ................................................... 8
Figura 3.15. Secção transversal de condutor de alumínio-aço (Solidal, 2007) ........................................................ 8
Figura 3.16. Exemplo de cabo OPGW (Solidal, 2007) ........................................................................................... 9
Figura 3.17. Sinalização diurna num apoio ............................................................................................................. 9
Figura 3.18. Sinalização diurna num condutor (Dervaux, 2009) ........................................................................... 10
Figura 3.19. PT AI (Iso-Sigma, 2006) ................................................................................................................... 12
Figura 3.20. PT AS (Iso-Sigma, 2006) .................................................................................................................. 12
Figura 3.21. PT CA (Iso-Sigma, 2006) ................................................................................................................. 12
Figura 3.22. PT CB (Iso-Sigma, 2006) .................................................................................................................. 12
Figura 3.23. Fluxograma do estado mais desfavorável (Teixeira, 2006) ............................................................... 17
Figura 3.24. Vão em patamar. ............................................................................................................................... 19
Figura 3.25. Vão em desnível. ............................................................................................................................... 19
Figura 3.26. Planta do maciço, do poste e suas grandezas (D.G.E., 1986) ............................................................ 25
Figura 3.27. Janela principal do programa Clinhas ............................................................................................... 30
Figura 3.28. Folha de resultados do Clinhas.......................................................................................................... 30
Figura 4.1. Perfil da linha em AutoCAD, com as medidas dos vãos ..................................................................... 33
Figura 4.2. Medidas dos vãos adjacentes ao apoio de derivação. .......................................................................... 40
Figura 4.3. Medidas dos vãos adjacentes ao apoio 1. ............................................................................................ 41
Figura 4.4. Medidas dos vãos adjacentes ao apoio 2. ............................................................................................ 42
Figura 4.5. Medidas dos vãos adjacentes ao apoio 3. ............................................................................................ 43
Figura 4.6. Medidas do vão adjacente ao apoio 4. ................................................................................................. 44
Figura 4.7. Parte da planta parcelar da linha, com os vãos adjacentes ao apoio 20 ............................................... 51
Figura 4.8. Apoio 5 (Cortesia de Pedro Bastos) .................................................................................................... 52
Figura 4.9. Parte da planta parcelar da linha, com os vãos adjacentes ao apoio 5 ................................................. 52
Figura 4.10. Vão entre os apoios 14 e 15 .............................................................................................................. 53
Figura 4.11. Vão entre os apoios 10 e 11 .............................................................................................................. 55
Figura 4.12. Vão entre os apoios 4 e 5 .................................................................................................................. 56
Figura 4.13. Vão entre os apoios 15 e 16 .............................................................................................................. 57
Figura 4.14. Vão entre os apoios 21 e 22 .............................................................................................................. 59

Filipe Gonçalves ix
Projecto de execução de linhas de Média Tensão ÍNDICE DE QUADROS

ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 3.1. Tipos de armações (EDP-DNT, 2005)................................................................................................. 7
Quadro 3.2. Valores da acção da temperatura sobre os condutores e cabos de guarda (D.S.E.E., 1993) .............. 15
Quadro 3.3. Valores da pressão dinâmica do vento (D.S.E.E., 1993) ................................................................... 15
Quadro 3.4. Valores do coeficiente de forma (D.S.E.E., 1993) ............................................................................. 16
Quadro 3.5. Tensões máximas de serviço (D.G.E., 1986) ..................................................................................... 18
Quadro 3.6. Valores da linha de fuga mínima, conforme o nível de poluição (D.S.E.E., 1993) ........................... 20
Quadro 3.7. Coeficientes de compressibilidade do solo (EDP, 2007c) ................................................................. 24
Quadro 4.1. Alturas e profundidades de enterramento dos apoios ........................................................................ 36
Quadro 4.2. Pesos das armações utilizadas ........................................................................................................... 39
Quadro 4.3. Desvio entre os valores obtidos e os valores calculados para Fx e Fy ................................................ 45
Quadro 4.4. Desvio entre os valores obtidos e os valores calculados para Fz ....................................................... 46
Quadro 4.5. Características dos apoios utilizados ................................................................................................. 46
Quadro 4.6. Comprimentos e tensões dos vãos ..................................................................................................... 51
Quadro 4.7. Valores dos esforços no apoio 20 ...................................................................................................... 52
Quadro 4.8. Percentagem de utilização do apoio 20.............................................................................................. 52
Quadro 4.9. Comprimentos e tensões dos vãos ..................................................................................................... 53
Quadro 4.10. Valores dos esforços no apoio 5 ...................................................................................................... 53
Quadro 4.11. Percentagem de utilização do apoio 5.............................................................................................. 53
Quadro 4.12. Flechas para o vão entre os apoios 14 e 15 ...................................................................................... 54
Quadro 4.13. Flechas para o vão entre os apoios 10 e 11 ...................................................................................... 55
Quadro 4.14. Valores dos esforços nos apoios 4 e 5 ............................................................................................. 56
Quadro 4.15. Flechas para o vão entre os apoios 4 e 5 .......................................................................................... 57
Quadro 4.16. Valores dos esforços nos apoios 15 e 16 ......................................................................................... 58
Quadro 4.17. Flechas para o vão entre os apoios 15 e 16 ...................................................................................... 58

Filipe Gonçalves xi
Projecto de execução de linhas de Média Tensão SIMBOLOGIA

SIMBOLOGIA

Letras e símbolos

a dimensão do maciço, paralela à direcção da força F (m)

b dimensão do maciço, normal à direcção da força F (m)


c coeficiente de forma
C0 coeficiente de compressibilidade (daN/cm3)

C2m coeficiente de compressibilidade a 2 m de profundidade (daN/cm3)


CM cota mais alta do vão (m)

Cm cota mais baixa do vão (m)


d diâmetro do condutor (m)

D distância entre condutores ou entre condutores e obstáculos (m)


dC comprimento das cadeias de isoladores (m)

dmg distância média geométrica (m)


e espessura da manga de gelo (m)

E módulo de elasticidade (daN/mm2)


f frequência (Hz)

F resultante das forças aplicadas (daN)


Fc peso do condutor (daN/m)

Fg peso do gelo (daN/m)


fmax flecha máxima (m)

Fr força resultante (daN/m)


FV força do vento (daN/m)

Fvc força do vento na cadeia de isoladores (daN/m)


Fx resultante das forças na direcção paralela à linha (daN)

Fy resultante das forças na direcção normal à linha (daN)


Fz resultante das forças verticais aplicadas no apoio (daN)

H altura do apoio (m)


h altura acima do solo (m)

Filipe Gonçalves xiii


SIMBOLOGIA Projecto de execução de linhas de Média Tensão

hcpM altura do condutor no poste em que a cota do terreno é maior (m)


hcpm altura do condutor no poste em que a cota do terreno é menor (m)

he profundidade de enterramento (m)


Is corrente eléctrica (A)

k coeficiente dependente da natureza dos condutores


L coeficiente de auto-indução por km de linha (H/km)
l comprimento do troço da linha (m)

L vão equivalente (m)

l1 distância entre as armações dos apoios (m)


Lcr vão crítico (m)

Lf linha de fuga (mm)


Lfe linha de fuga específica (mm/kV)

Li comprimento de vão em suspensão (m)


Lx distância entre o ponto de cruzamento e o apoio mais próximo da linha superior
(m)
m1 coeficiente de sobrecarga para o estado de inverno

m2 coeficiente de sobrecarga para o estado de primavera


Md momento derrubante (daN.m)

Me1 momento estabilizante devido ao encastramento do maciço no solo (daN.m)


Me2 momento estabilizante devido à reacção do terreno no fundo da cova (daN.m)

mi coeficiente de sobrecarga para o estado mais desfavorável


mk coeficiente de sobrecarga para o estado de verão

P peso total do apoio e do maciço (daN)


Pa peso de armação (daN)

Pcis peso de cadeia de isoladores (daN)


Pm peso do maciço (daN)

q pressão dinâmica do vento (Pa)


r raio do condutor (m)

R resistência (Ω)

xiv
Projecto de execução de linhas de Média Tensão SIMBOLOGIA

S potência aparente (VA)


s secção do condutor (mm2)

Ti tracção total no vão (daN)


tmax tensão máxima de serviço (daN/mm2)

tmk tensão de montagem (daN/mm2)


Un potencial eléctrico ou tensão eléctrica (V)
Vg volume de gelo (dm3)

Vm volume de betão (m3)


X reactância (Ω/km)

Caracteres gregos

α coeficiente de redução

αd coeficiente de dilatação linear (ºC-1)


β ângulo do vão (g)

θ temperatura (ºC)
ρ resistividade de um condutor, igual a 0,02826 Ω.mm2/m no alumínio e 0,1724
Ω.mm2/m no cobre, a 20ºC
τ ângulo de rotação da fundação (º)

φ factor de potência
ω peso específico linear (daN/m)

Filipe Gonçalves xv
Projecto de execução de linhas de Média Tensão ABREVIATURAS

ABREVIATURAS

ACS “Aluminum Clad Steel”


AE “Auto-estrada”
DGE “Direcção Geral de Energia (Actualmente DGEG)”
DGEG “Direcção-Geral de Energia e Geologia”
EDP “Energias de Portugal”
IC “Itinerário Complementar”
IP “Itinerário Principal”
ISEC “Instituto Superior de Engenharia de Coimbra”
OPGW “Optical Power Ground Wire”
PT “Posto de Transformação”
RSLEAT “Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão”

Filipe Gonçalves xvii


CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

Desde o início do século XIX, com o aparecimento dos primeiros sistemas de transmissão e
distribuição de energia eléctrica, deu-se uma revolução, tanto no mundo industrial, como nas
condições de vida das pessoas. Os sistemas eléctricos de energia têm actualmente grande
importância, pois destes dependem não só a vida das pessoas e a indústria, mas também os
sistemas de comunicação e de transportes. Advém daí a importância de projectar os sistemas
de linhas eléctricas cada vez mais fiáveis, com maior qualidade e segurança, mas também
económicos.
O presente relatório tem como objectivo, descrever o estágio na empresa JAG-Power,
integrado no 2º ano do Mestrado em Automação e Comunicações em Sistemas de Energia,
criado pelo Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto Superior de Engenharia
de Coimbra, ISEC.
A empresa JAG-Power fundada em 1986, localizada em Gafanha da Encarnação, Aveiro, tem
como principal objectivo a prestação de serviços na área das instalações eléctricas e na área
das energias renováveis.
O estágio teve como objectivo a integração em ambiente empresarial e a aplicação de
conhecimentos teóricos em situações de natureza prática, tendo eu sido integrado no
departamento de projecto e construção de linhas de Média Tensão e Alta Tensão. O orientador
de estágio foi o Professor Doutor Paulo Pereirinha, enquanto o supervisor na empresa foi o
Engenheiro Rui Cardoso.
Este relatório está dividido numa primeira parte, em que são descritos os principais elementos
existentes em linhas aéreas, os cálculos necessários para dimensionar as mesmas e as regras
que têm que ser respeitadas em projectos de linhas aéreas.
Na segunda parte é apresentado um projecto e são calculados manualmente todos os seus
parâmetros. São também apresentados outros dois projectos, dos quais são expostas as partes
que exibiram maior dificuldade ou que mostraram ser particularidades. Nestes dois últimos
projectos, foram obtidos os resultados através de software de cálculo utilizado na empresa e
apenas são apresentados os resultados mais relevantes.

Filipe Gonçalves 1
Análise Dinâmica e Análise Estática

2. ANÁLISE DINÂMICA E ANÁLISE ESTÁTICA

Existem duas formas de projectar linhas aéreas: tendo em conta a análise dinâmica ou a
análise estática.
A análise dinâmica consiste na monitorização e variação da corrente máxima permitida da
linha, sem que a temperatura máxima do condutor e as distâncias de segurança sejam
ultrapassadas. A análise dinâmica é dependente do efeito de arrefecimento do vento,
aquecimento devido à corrente na linha, temperatura solar e radiação solar. Tendo em conta
estas condições, o limite de corrente da linha é determinado, impedindo que os limites da
linha sejam ultrapassados e a utilização da linha seja maximizada, em todas as condições,
variando a carga máxima suportada pela linha, ao longo do tempo.
A análise dinâmica pode ser dividida em duas categorias: baseada no clima ou baseada na
flecha.
Quando é baseada no clima, a análise da linha é feita através da medição das condições
climáticas (velocidade e direcção do vento, temperatura do ar e temperatura solar). Este
método pode também ser chamado de indirecto, porque é uma estimativa.
Quando é baseada na flecha (método directo), a análise da linha é feita através da medição do
estado do condutor. Além dos parâmetros medidos no método anterior, nesta categoria são
medidos a corrente na linha, a posição e a tensão do condutor.
Este tipo de análise proporciona um aumento na fiabilidade e segurança do sistema, pode
reduzir ou adiar os gastos de capital e oferece maior eficiência na utilização das linhas.
(Ketley e McDougall, 2009)
Actualmente a análise dinâmica é pouco utilizada, e não existe em Portugal.
A análise estática consiste na determinação de um estado mais desfavorável, baseado em
condições climatéricas. Esta análise assegura que a flecha nunca ficará abaixo das distâncias
de segurança durante a vida útil dos condutores. A análise estática tem a desvantagem do
subaproveitamento das linhas, quando as condições climatéricas estão aquém das condições
consideradas em projecto. Este é o método mais utilizado no projecto de linhas aéreas e será
empregado no presente relatório.

2
CAPÍTULO 3

3. FASES DE UM PROJECTO DE LINHA DE MÉDIA TENSÃO

O projecto de montagem ou remodelação de uma linha aérea começa com o levantamento


topográfico do terreno onde será implantada ou remodelada, elaboração do perfil do terreno e
planta parcelar, onde se observam os edifícios, objectos que ficarão perto da linha ou por
baixo desta, e linhas de telecomunicações, baixa, média e alta tensão. É então escolhido o
traçado da linha.
De seguida é feita a escolha dos elementos mais apropriados para instalar na linha, e
efectuados os cálculos eléctrico e mecânico, para confirmação de que estes elementos se
adequam às funções que lhes serão solicitadas na linha. Após a conclusão dos cálculos é
desenhado o perfil da linha, que será entregue juntamente com a memória descritiva, valores
calculados dos esforços aplicados nos apoios, das distâncias entre condutores e das flechas.

3.1. Elementos que constituem a linha


O desempenho das linhas eléctricas está directamente relacionado com a escolha dos
componentes escolhidos. Estes componentes devem ser escolhidos tendo em conta as
solicitações eléctricas e mecânicas a que serão submetidos, não desprezando o factor
económico. Uma linha eléctrica deve ser essencialmente fiável, eficiente e económica.
Uma linha aérea é constituída pelos seguintes elementos, que serão analisados nos
subcapítulos seguintes:
 Apoios;
 Isoladores;
 Armações;
 Condutores;
 Sinalização das linhas aéreas;
 Postos de transformação.

3.1.1. Apoios

Os apoios são o suporte dos condutores e garantem as distâncias de segurança ao solo e a


objectos por baixo ou perto da linha.
O dimensionamento dos apoios deve respeitar aspectos de segurança, ou seja, devem ser
escolhidas as dimensões mínimas dos apoios, que respeitam as distâncias de segurança,
descritas no Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão, RSLEAT, e nos
documentos normativos da EDP. Devem também ser respeitados aspectos mecânicos, que se
resumem aos requisitos necessários para resistir aos esforços aplicados, que não devem
ultrapassar os valores máximos estipulados pelos fabricantes. Devem ser evitados traçados

Filipe Gonçalves 3
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

que levem a desníveis acentuados entre vãos, devido aos esforços nos apoios serem bastante
superiores aos aplicados em vãos em traçados mais planos. (EDP, 2007a)
As forças aplicadas nos apoios podem ser classificadas como verticais e horizontais. As forças
verticais actuam paralelamente ao plano vertical e são causadas pelos pesos dos condutores,
cabos de guarda, isoladores e armações. As forças horizontais actuam normalmente à direcção
da linha, devido à incidência de vento e paralelamente à direcção da linha, devido à tensão
exercida pelos condutores. (D.S.E.E., 1993)
Os apoios podem ser classificados segundo a sua função (D.S.E.E., 1993):
 Apoio de alinhamento (Figura 3.1): situado num troço rectilíneo da linha;

Vão 1 Vão 2

Figura 3.1. Apoio em alinhamento

 Apoio de fim de linha (Figura 3.2): usado no fim da linha, consegue suportar os
esforços que os condutores e os cabos de guarda exercem só de um dos lados;

Vão 1

Vão 1 Vão 2
Figura 3.2. Apoio de fim de linha

 Apoio de ângulo (Figura 3.3): situado num ângulo da linha;

Vão 1 Vão 2

Figura 3.3. Apoio de ângulo

 Apoio de derivação (Figura 3.4): a partir deste apoio estabelecem-se uma ou


várias derivações, para outras linhas;

Vão 1 Vão 2

Vão de derivação

Figura 3.4. Apoio de derivação

4
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

 Apoio de reforço (Figura 3.5): destina-se a suportar esforços longitudinais, para


reduzir as consequências resultantes da rotura de condutores ou cabos de guarda.
São colocados em pontos onde existe uma grande variação da tensão dos
condutores ou cabos de guarda. O afastamento entre dois apoios de reforço
consecutivos deve ser de 15 vãos. Pode aplicar-se aos tipos de apoio descritos
anteriormente.

Vão 1 Vão 2

Figura 3.5. Exemplo de um apoio em reforço

Quanto ao material constituinte dos apoios, existem dois tipos em média e alta tensão: betão e
metal. Os apoios em metal têm vantagens no transporte para zonas remotas devido a serem
transportados às peças, têm maior resistência mecânica, podem ser utilizados para alturas
maiores, tendo como desvantagem o preço. Os apoios de betão são mais baratos, requerem
maciços mais pequenos, mas para alturas maiores tornam-se mais difíceis de manusear.

3.1.2. Isoladores

Os isoladores das linhas aéreas são constituídos por material dieléctrico (vidro, porcelana e
outros materiais apropriados, não susceptíveis de degradação) e têm como função isolar
electricamente os condutores dos apoios e armações e suportar os condutores.
Os isoladores devem apresentar dimensões e formas apropriadas ao ambiente em que serão
utilizados, à tensão eléctrica a que vão ser expostos e às tensões mecânicas que terão que
suportar. Devem também apresentar elevada resistividade e rigidez dieléctrica. (Pereira, 2006)
São consideradas situações anormais para os isoladores, os casos de poluição exagerada e de
formação do efeito de coroa. Devem ser escolhidos isoladores com linhas de fuga adequadas
ao grau de poluição do local e ao nível de tensão da linha. No caso de ocorrência do efeito de
coroa, os isoladores e cadeias devem ser equipados com hastes de descarga ou ser substituídos
por outros de tamanho maior ou forma mais apropriada. (D.G.E., 1986)
Os principais tipos de isoladores usados são os de cadeia (Figura 3.6) e os rígidos (Figura
3.9). O isolador de cadeia é constituído por componentes isolantes e metálicos e pelo material
ligante que os justapõe, sendo fixo articuladamente a estruturas de apoio, garantindo por si só,
ou formando cadeias, o isolamento dos condutores. (D.S.E.E., 1993)

Figura 3.6. Isolador de cadeia (Ferreira, 2004)

Filipe Gonçalves 5
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

As cadeias de isoladores podem ser em suspensão (Figura 3.7) ou amarração (Figura 3.8). As
cadeias em suspensão ou verticais são usadas apenas em postes de alinhamento ou de ângulo
até 20 gradianos, enquanto que as cadeias em amarração, ou horizontais são utilizadas em
apoios de ângulo, reforço ou fim de linha. Os vãos entre cadeias em amarração não devem ser
inferiores a 40m, de modo a facilitar possíveis trabalhos nas linhas. (EDP, 2007a)

Figura 3.7. Cadeia em suspensão (EDP, 2007b) Figura 3.8. Cadeia em amarração (EDP, 2007b)

O isolador rígido é constituído por componentes isolantes e metálicos e pelo material ligante
que os justapõe, sendo fixo rigidamente a estruturas de apoio, garantindo por si só o
isolamento dos condutores. Estes isoladores são usados apenas em apoios em alinhamento ou
com ângulos pouco pronunciados e com condutores de secção menor. (D.S.E.E., 1993)

Figura 3.9. Isolador rígido (Ferreira, 2004)

Actualmente a escolha dos isoladores recai apenas nos de cadeia, em amarração ou suspensão.

3.1.3. Armações

As armações são estruturas metálicas aplicadas na parte superior dos apoios, destinadas a
suportar os isoladores e os condutores. Os principais tipos de armações são apresentados no
Quadro 3.1.

6
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

Quadro 3.1. Tipos de armações (EDP-DNT, 2005)


Tipo de armação Aplicação Disposição
TAL Alinhamento e ângulos até 20 grados Triângulo (Figura 3.13)
TAN Ângulo, reforço e fim de linha Triângulo (Figura 3.13)
GAL Alinhamento Galhardete (Figura 3.12)
GAN Ângulo Galhardete (Figura 3.12)
HTP4 PT aéreo TP4 Esteira horizontal (Figura 3.10)
VAL Alinhamento Esteira vertical (Figura 3.11)
VAN Ângulo, reforço e fim de linha Esteira vertical (Figura 3.11)
PAL Alinhamento Pórtico
PAN Ângulo, reforço e fim de linha Pórtico
HRFSC/EDP Reforço, fim de linha, alinhamento, ângulo e derivação Esteira horizontal (Figura 3.10)

Figura 3.10. Disposição em esteira horizontal Figura 3.11. Disposição em esteira vertical (EDP,
(EDP, 2007b) 2007b)

Figura 3.12. Disposição em galhardete (EDP, Figura 3.13. Disposição em triângulo (EDP,
2007b) 2007b)

A principal função das armações é manter os condutores a uma distância segura entre si e
relativamente ao apoio. As principais diferenças entre os vários tipos de armações são a

Filipe Gonçalves 7
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

disposição dos cabos e a distância que permitem entre estes. Para cada tipo de armação
existem vários modelos que diferem nos esforços suportados.

3.1.4. Condutores

Os condutores de uma linha devem ser escolhidos, tendo em conta as correntes a que estarão
sujeitos e as tensões mecânicas a que serão submetidos, que variam com as condições
ambientais, não descurando o aspecto económico.
Os principais tipos de condutores utilizados em linhas aéreas são condutores nus de cobre,
ligas de alumínio e alumínio com alma de aço.
Devido às vantagens do alumínio ou suas ligas, quer económicas, quer técnicas este é
preferido ao cobre, em linhas aéreas. Algumas das principais vantagens são (Solidal, 2007):
 Relação condutividade eléctrica/peso;
 Relação resistência mecânica/peso;
 Economia.
Actualmente devido a estas vantagens, os condutores de ligas de alumínio e de alumínio-aço
são os mais utilizados.
Os condutores de liga de alumínio (Figura 3.14) são condutores concêntricos, compostos por
uma ou mais camadas de fios de liga de alumínio. (Solidal, 2007)

Figura 3.14. Secção transversal de condutor de liga de alumínio (Solidal, 2007)

Os condutores de alumínio com alma de aço (Figura 3.15) são condutores concêntricos,
compostos por uma ou mais camadas de fios de alumínio, e um núcleo de aço galvanizado de
alta resistência, com o objectivo de obter maior resistência mecânica. Devido às numerosas
combinações possíveis de fios de alumínio e aço, pode-se variar a proporção dos mesmos,
com objectivo de obter a melhor relação entre corrente transportada e resistência mecânica.
(Solidal, 2007)

Figura 3.15. Secção transversal de condutor de alumínio-aço (Solidal, 2007)

8
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

Os cabos de guarda devem ser de aço zincado ou inoxidável, ou dos materiais usados nos
condutores. Estes devem estar na parte mais alta dos apoios e estão sujeitos aos mesmos
esforços que os condutores.
Os cabos de guarda têm como principais funções a protecção das linhas contra descargas
eléctricas directas ou ocorridas nas proximidades, interligação dos circuitos de terra dos
apoios e redução de indução causada nos circuitos de telecomunicações e outras canalizações
nas proximidades da linha. (D.S.E.E., 1993)
Outra função que pode ser incorporada nos cabos de guarda é o transporte de informação
através de fibra óptica. A concepção dos cabos Optical Power Ground Wire, OPGW (Figura
3.16), é feita tendo em conta a minimização das tensões mecânicas a que as fibras ópticas
serão sujeitas. A componente eléctrica e mecânica é normalmente assegurada por uma
combinação de fios de liga de alumínio e fios de aço cobertos por uma liga de alumínio
(ACS). As fibras ópticas são introduzidas num ou vários tubos de aço-inox, que substituem
um ou vários fios da camada interior do cabo. (Solidal, 2007)

Figura 3.16. Exemplo de cabo OPGW (Solidal, 2007)

3.1.5. Sinalização de linhas aéreas

Para garantir a segurança de aeronaves, as linhas aéreas devem ser sinalizadas de acordo com
regras descritas pelo Instituto Nacional de Aviação Civil.
A sinalização diurna de apoios (Figura 3.17) consiste na pintura destes, alternadamente, nas
cores branco e laranja ou branco e vermelho, em faixas perpendiculares à sua maior
dimensão. (I.N.A.C., 2003)

Figura 3.17. Sinalização diurna num apoio

Filipe Gonçalves 9
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

A sinalização diurna de condutores (Figura 3.18) consiste no uso de bolas de balizagem ou


balizas brancas, vermelhas ou laranja, sendo escolhida a que apresente maior contraste com o
meio ambiente. O conjunto de balizas deve ser apenas de uma cor, de preferência vermelha,
no caso de serem necessárias no máximo quatro balizas. Caso seja necessário um maior
número de balizas, serão usadas duas cores alternadas. (I.N.A.C., 2003)

Figura 3.18. Sinalização diurna num condutor (Dervaux, 2009)

Devem ser dotados de sinalização diurna, os apoios e condutores das linhas aéreas (I.N.A.C.,
2003):
 Que se localizem nas vizinhanças de aeródromos ou heliportos;
 Associados a vãos com mais de 500 metros;
 Que cruzem vales ou cursos de água e que exceda a altura de 60 metros, em
relação às cotas da sua projecção horizontal sobre o terreno, nos casos de vale, ou
em relação ao nível médio das águas, no caso de cursos de água, se a largura
média exceder 80 metros. Caso contrário ter-se-ão em conta as cotas dos pontos
mais elevados das margens;
 Que atravessem albufeiras, lagos, lagoas ou outros cursos de água com mais de
80 metros de largura.

Quando os apoios se encontram nas zonas “non-aedificandi1” das auto-estradas, itinerários


principais ou itinerários complementares, ou quando uma destas vias é cruzada por um vão de
uma linha aérea, existem algumas especificidades (I.N.A.C., 2003):
 Os apoios que estejam localizados em zonas “non-aedificandi”, e cujos vãos não
cruzam a via, devem ter balizagem diurna pelo menos até 6 metros do ponto
inferior de fixação da cadeia ao apoio. Os condutores associados a estes apoios
não necessitam de ter balizagem diurna;

1
Zona adjacente às AE, IP e IC, onde é proibida a construção.

10
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

 Os apoios que estejam localizados em zonas “non-aedificandi”, e cujos vãos


cruzam a via, devem ter balizagem diurna pelo menos até 6 metros do ponto
inferior de fixação da cadeia ao apoio. Os condutores associados a estes apoios
necessitam de ter balizagem diurna;
 Os apoios fora das zonas “non aedificandi”, associados a vãos que cruzam as
vias, não necessitam de balizagem diurna. Os condutores dos vãos associados a
estes necessitam de ter balizagem diurna;
 Caso o traçado da linha se desenvolva abaixo de uma linha aérea já balizada, esta
não precisa de balizagem diurna.
Estão dispensadas de balizagem diurna todas as linhas de tensão inferior a 1kV, cujos apoios
tenham dimensões inferiores a 10 metros e vãos até 25 metros. (I.N.A.C., 2003)
Adicionalmente deve ser utilizada balizagem luminosa, nas linhas que fiquem nas
proximidades de aeródromos ou heliportos e nas linhas cujos apoios estejam nas zonas “non
aedificandi” das AE, IP ou IC, ou os condutores associados a estas cruzem a via. (I.N.A.C.,
2003)

3.1.6. Postos de Transformação

O posto de transformação, numa rede, tem como objectivo proporcionar a transição entre
diferentes níveis de tensão, recorrendo a transformadores.
Os transformadores são máquinas eléctricas estáticas, com objectivo de transformar através de
indução electromagnética, um sistema de correntes alternadas num ou vários sistemas de
correntes alternadas da mesma frequência, mas de intensidades e tensões diferentes.
(Carvalho, 2008)
Neste capítulo apenas serão abordados os postos de transformação de cliente, para recepção
de energia, que são utilizados em ligações em média tensão. Os postos de transformação são
introduzidos nas redes próximos dos centros de consumo, em diferentes áreas geográficas e
com necessidades diversas. Consoante o uso ou tipo de rede, os postos de transformação de
cliente podem ser aéreos ou de cabine, e dividem-se em:
 Postos de transformação aéreos PT-A (Silva, 2008):
˗ AI – Aéreo com Interruptor-seccionador de corte de média tensão (Figura
3.19), com potências entre 160 e 250kVA.
˗ AS – Aéreo com Seccionador de corte de média tensão (Figura 3.20), com
potência até 100kVA;

Filipe Gonçalves 11
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

Figura 3.19. PT AI (Iso-Sigma, 2006) Figura 3.20. PT AS (Iso-Sigma, 2006)

 Postos de transformação de cabine (Silva, 2008):


˗ CA – Cabine Alta (Figura 3.21), são maioritariamente usados em zonas
rurais e são alimentados por linha aérea, com potências até 630kVA;
˗ CB – Cabine Baixa (Figura 3.22), são alimentados por linha subterrânea, e
são mais usados em zonas urbanas, com potências até 630kVA;

Figura 3.21. PT CA (Iso-Sigma, 2006) Figura 3.22. PT CB (Iso-Sigma, 2006)

3.2. Cálculo Eléctrico


O objectivo do cálculo eléctrico é a determinação da corrente nominal e quedas de tensão, de
modo a assegurar que as limitações técnicas dos condutores não são ultrapassadas.
No cálculo eléctrico são consideradas várias simplificações (D.G.E., 1986):
 Admitância da linha nula;

12
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

 A queda de tensão na linha resulta, apenas da soma da queda de tensão provocada


na resistência da linha, pela componente activa da corrente, com a queda de
tensão provocada na reactância da linha pela componente reactiva da corrente;
 A tensão no início da linha é considerada igual à sua tensão nominal.

3.2.1. Corrente de Serviço

A expressão (3.1) permite determinar o valor da corrente de serviço em amperes que circula
nos condutores da linha. S é a potência aparente em kVA, Un a tensão composta em kV e cosφ
o factor de potência. (Teixeira, 2006)

S
IS  (3.1)
U n  3  cos 

3.2.2. Coeficiente de Auto-Indução

O coeficiente de auto-indução, L, em H/km é dado pela expressão (3.2), em que r é o raio do


condutor em metros e dmg é a distância média geométrica entre os condutores, em metros.
(Teixeira, 2006)

  dmg   4
L  0,5  2  ln    10 (3.2)
  r 

A expressão (3.3) permite calcular a distância média geométrica em que d12, d23 e d13 são as
distâncias entre os condutores em metros. (Teixeira, 2006)

dmg  3 d12  d23  d13 (3.3)

3.2.3. Resistência do Condutor

A resistência do condutor em Ω é calculada através da expressão (3.4), em que ρ é a


resistividade do condutor em Ω.mm2/m a 20ºC, l é o comprimento do troço da linha em
metros e s é a secção do condutor em mm2. (Teixeira, 2006)

 l
R (3.4)
s

3.2.4. Reactância do Condutor

A reactância do condutor em Ω/km é calculada pela expressão (3.5), em que f é a frequência


da rede em Hz (no nosso caso 50Hz) e L o coeficiente de auto-indução em H/km. (Teixeira,
2006)

X    L  2   f  L (3.5)

Filipe Gonçalves 13
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

3.2.5. Queda de Tensão

Através da expressão (3.6) pode ser calculada a queda de tensão, em que IS é a corrente de
serviço em ampere, R é a resistência do condutor em Ω, X a reactância, em Ω/km e φ o factor
de potência. (Teixeira, 2006)

V  3  I S  R  cos   X  sen  (3.6)

3.3. Cálculo Mecânico


O cálculo mecânico é fundamental para assegurar a estabilidade das linhas aéreas de
transmissão de energia, bem como as condições e distâncias de segurança.
O cálculo mecânico tem como objectivos:
 Cálculo das forças actuantes nos condutores;
 Cálculo das tensões de montagem;
 Cálculo das flechas máximas;
 Dimensionamento de isoladores;
 Dimensionamento dos apoios;
 Determinação das distâncias entre condutores e de condutores a objectos;
 Verificação da estabilidade de maciços.

3.3.1. Acção da temperatura e estados atmosféricos

No projecto de uma linha aérea deve ser tida em conta a acção dos agentes atmosféricos.
Estão definidos três estados atmosféricos tipo (Teixeira, 2006):
 Inverno: Caracteriza-se pela temperatura mais baixa previsível, vento reduzido e
pela hipótese de formação de manga de gelo;
 Primavera: É caracterizado por uma temperatura média, vento máximo e ausência
de gelo;
 Verão: Caracteriza-se pela ausência de vento e temperatura máxima. Neste estado
verifica-se a flecha máxima.

Os valores de temperatura para os vários estados atmosféricos, considerados no cálculo


mecânico, estão presentes no Quadro 3.2.

14
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

Quadro 3.2. Valores da acção da temperatura sobre os condutores e cabos de guarda (D.S.E.E., 1993)
-5ºC, sem gelo
Inverno
-10ºC, com gelo

Primavera 15ºC

50ºC, Un≤40kV
Verão 65ºC, 40kV≤Un≤100kV
75ºC, Un>100kV

3.3.2. Forças que actuam nos condutores

As principais forças actuantes num condutor são o seu próprio peso, a força do vento e o peso
do gelo, caso seja uma zona propensa a acumulação de gelo nos condutores.
O vento deve ser considerado actuando numa direcção horizontal e a força resultante da sua
acção será considerada paralela à referida direcção e pode ser calculada pela expressão (3.7).
(Teixeira, 2006)

 qcd
FV  (3.7)
10

Em que FV vem em daN/m, α é o coeficiente de redução, igual a 0,6 nos condutores e cabos
de guarda e igual a 1 nos apoios, travessas e isoladores. Os valores da pressão dinâmica do
vento, q, em função da altura ao solo a que se encontra o elemento da linha sobre o qual se
pretende calcular a acção do vento, são mostrados no Quadro 3.3. Para determinação do
estado mais desfavorável, terá de ser calculada a força do vento com vento máximo habitual
(estado de primavera) e com vento reduzido (estado de inverno). (Teixeira, 2006)

Quadro 3.3. Valores da pressão dinâmica do vento (D.S.E.E., 1993)


Pressão dinâmica (Pa)
Altura acima do solo (m) Vento máximo
Vento reduzido
habitual
Até 30 750 300
De 30 a 50 900 360
Acima de 50 1050 420

Para os elementos da linha que estiverem a uma altura ao solo superior a 100 m, deve fazer-se
um estudo especial para o cálculo da acção do vento. (D.S.E.E., 1993)
A incógnita c é o coeficiente de forma cujos valores para os condutores, cabos de guarda e
isoladores são mostrados no Quadro 3.4, em função do diâmetro.

Filipe Gonçalves 15
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

Quadro 3.4. Valores do coeficiente de forma (D.S.E.E., 1993)


Coeficiente
Diâmetro (mm)
de forma
Até 12,5 1,2
Condutores nus e cabos de guarda Acima de 12,5 e até 15,8 1,1
Acima de 15,8 1,0
Cabos isolados em feixe - 1,3
Cabos suportados e cabos tipo 8 - 1,8
Isoladores - 1,0

A incógnita d é o diâmetro do condutor em metros. Se na região considerada existir queda de


gelo, d é obtido através da expressão (3.8). (Teixeira, 2006)

d  dC  2  e (3.8)

Em que dC é o diâmetro do condutor e e a espessura da manga de gelo no condutor, ambos em


metros. A espessura da manga de gelo a considerar no cálculo dos condutores e cabos de
guarda das linhas aéreas deverá ser uniforme, de pelo menos 10mm. (D.S.E.E., 1993)
A força resultante, das que actuam no condutor é dada pela expressão (3.9), em daN/m, em
que FC é o peso do condutor em daN/m. Com o objectivo da determinação do estado mais
desfavorável, é calculada a força resultante para a força do vento no estado de inverno e
primavera. (Teixeira, 2006)

FR   FC  FG   FV 2
2
(3.9)

No caso de ser uma zona de gelo, é calculado o peso do gelo, FG, no condutor em daN/m
através de expressão (3.10), em que l é o comprimento do condutor e 0,9daN/dm3 é a
densidade considerada para o gelo. (Teixeira, 2006) (D.S.E.E., 1993)

0, 9  VG
FG  (3.10)
l

O volume do gelo, VG, em dm3, é calculado através da expressão (3.11), em que d é o


diâmetro do condutor em dm, e é a espessura da manga de gelo em dm e l o comprimento do
condutor em dm. (Teixeira, 2006)

 
VG    d  2  e  d 2   l
2
(3.11)
4  

16
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

3.3.3. Estado atmosférico mais desfavorável

Através do fluxograma da Figura 3.23 define-se qual o estado mais desfavorável, em que m1
corresponde ao estado de inverno e m2 corresponde ao estado de primavera. L corresponde ao
comprimento do vão e Lcr é o vão crítico.

Figura 3.23. Fluxograma do estado mais desfavorável (Teixeira, 2006)

O valor de mi é o coeficiente de sobrecarga, que é calculado através da expressão (3.12), em


que FR é a força resultante e FC o peso do condutor, ambos em daN/m. (Teixeira, 2006)

FR
mi  (3.12)
FC

No caso de m1<m2, será calculado o vão crítico, Lcr, dado pela expressão (3.13), em que s é a
secção do condutor em mm2, tmax é a tensão máxima de serviço do condutor em daN/mm2
(Quadro 3.5), ω é o peso específico linear do condutor em daN/m, αd é o coeficiente de
dilatação linear do condutor em ºC-1, θ1 e θ2 são as temperaturas, respectivamente do estado
de inverno e primavera e, m1 e m2 os coeficientes de sobrecarga no estado de inverno e
primavera, respectivamente. (Teixeira, 2006)

s  tmax 24   d  ( 2  1 )
Lcr   (3.13)
 m2 2  m12

Filipe Gonçalves 17
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

Quadro 3.5. Tensões máximas de serviço (D.G.E., 1986)


Tensões máximas de
Tipo de Condutor Secção Nominal (mm2)
serviço (daN/mm2)
Cobre 16 12-14
30 8-9-10
50 7-8-9-10
Alumínio-Aço
90 7-8-9
160 7-8-9
20 8-9-10
35 8-9-10
Ligas de alumínio
55 8-9-10
75 8-9-10

Por vezes, devido ao vão ser demasiado curto, a tensão pode ser inferior a estes valores, sendo
usada tracção reduzida, para evitar quebra do condutor ou danos nos apoios.

3.3.4. Equação de estados

O objectivo da equação de estados é o cálculo da tensão de montagem dos condutores. A


tensão de montagem é a tensão mecânica que assegura que, qualquer que seja a condição
meteorológica no momento da montagem da linha, a tensão máxima do cabo não é
ultrapassada.
A tensão de montagem, é calculada através da equação de estados (3.14), em que θi é a
temperatura no estado mais desfavorável em ºC, θk a temperatura no estado de verão em ºC,
tmax a tensão máxima de serviço, em daN/mm2, estipulada para o estado mais desfavorável, tmk
é a tensão de montagem a calcular em daN/mm2, αd é o coeficiente de dilatação linear do
condutor em ºC-1, E é o modulo de elasticidade em daN/mm2, ω é o peso específico linear do
condutor em daN/m, l o comprimento do vão em metros, s é a secção em mm2 e, mi e mk os
coeficientes de sobrecarga do estado mais desfavorável e do estado de verão, respectivamente.
(Teixeira, 2006)

tmax mi 2   2  l 2 tmk mk 2   2  l 2
i       (3.14)
 d  E 24   d  s 2  tmax 2  d  E 24   d  s 2  tmk 2
k

3.3.5. Flecha máxima

A flecha de um condutor entre dois apoios depende, principalmente, da sua temperatura, da


tensão máxima de serviço e da velocidade do vento.
A flecha máxima é calculada através da expressão (3.15), para vãos em patamar, em que mk é
o coeficiente de sobrecarga, para o estado de verão, ω é o peso específico linear do condutor,
em daN/m, l o comprimento do vão horizontal em metros, s a secção do condutor em mm2 e
tmk a tensão de montagem em daN/mm2. Para vãos em desnível, a expressão usada é a (3.16),
em que l1 é o comprimento do vão desnivelado. (Teixeira, 2006)

18
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

l
f max

Figura 3.24. Vão em patamar.

mk    l 2
f max  (3.15)
8  s  tmk

hl l1
f max

Figura 3.25. Vão em desnível.

mk    l1  l
f max  (3.16)
8  s  tmk

Para calcular l1, que é o vão desnivelado, é usada a expressão (3.17).

l1  l 2  hl 2 (3.17)

Para calcular hl é necessário calcular a diferença das cotas do terreno onde será implantado
cada poste do vão, saber a altura do poste, a sua profundidade de enterramento e a altura da
armação usada. Para calcular a altura do condutor em cada poste é usada a expressão (3.18),
em que H é a altura do poste, he a profundidade de enterramento do poste e ha é a altura da
armação.

Filipe Gonçalves 19
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

hcp  H  he  ha (3.18)

A profundidade de enterramento, he, em metros, não deverá ser inferior à dada pela expressão
(3.19), em que H em metros é a altura total do apoio. (D.S.E.E., 1993)

he  0,1 H  0,5 (3.19)

Para postes com altura total superior a 15m admitem-se profundidades de enterramento
menores que as dadas pela expressão (3.19), nunca inferiores a 2m, desde que seja
convenientemente justificada a estabilidade do poste. (D.S.E.E., 1993)
A incógnita hl é dada pela expressão (3.20), em que hcpM é a altura do condutor no poste em
que a cota do terreno é maior, hcpm é a altura do condutor no poste em que a cota do terreno é
menor, CM é a cota mais alta do vão e Cm a cota mais baixa do vão. Todas as alturas são em
metros.

hl  (hcpM  (CM  Cm ))  hcpm (3.20)

Caso os condutores estejam dispostos em suspensão, será calculado o vão equivalente para
cada cantão, ou seja para cada conjunto de vãos em suspensão. A tensão de montagem do
cantão será então calculada usando o valor do vão equivalente, L, em vez do vão normal. O
vão equivalente é calculado, considerando os vãos, Li em metros, contidos no mesmo cantão,
como se estivessem em patamar. (Belali, 2008)

L 
Li
3

(3.21)
Li

3.3.6. Dimensionamento dos isoladores

Para o dimensionamento dos isoladores é necessário calcular a linha de fuga mínima a utilizar
e verificar que não ultrapassam a carga de rotura mecânica especificada.
O comprimento da linha de fuga de um isolador encontra-se indicado na tabela das suas
características electromecânicas. No Quadro 3.6 encontram-se os valores da linha de fuga
mínima regulamentar, conforme o nível de poluição.

Quadro 3.6. Valores da linha de fuga mínima, conforme o nível de poluição (D.S.E.E., 1993)
Linha de fuga específica
Nível de poluição
mínima em mm/kV
Fraca 16
Média 20
Forte 25
Muito Forte 31

20
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

O valor da linha de fuga mínima, Lf em mm, a utilizar é calculado pela expressão (3.22), em
que Lfe é a linha de fuga específica em mm/kV e Un a tensão nominal em kV.

L f  L fe  U n (3.22)

Os isoladores de cadeia devem apresentar forças de rotura electromecânica mínima superior a


2,5 vezes a solicitação mecânica máxima a que estarão sujeitos pelos condutores. Estes
isoladores podem ser agrupados em grupos de 2 (isolamento simples) ou 3 (isolamento
reforçado), de acordo com recomendações da EDP, podendo incluir ou não hastes de
descarga, que têm como objectivo evitar a formação do efeito de coroa. A quantidade de
isoladores depende do nível de tensão eléctrica, poluição local, existência de edifícios de
habitação, ou outros obstáculos por baixo da linha, e função do apoio. (D.S.E.E., 1993)
Para isoladores rígidos, a força de rotura mínima à flexão não deve ser inferior a 2,5 vezes a
solicitação mecânica máxima a que estarão sujeitos pelos condutores. (D.S.E.E., 1993)
A solicitação mecânica máxima, ou tracção total no vão é dada pela expressão (3.23), em que
s é a secção do condutor, em mm2 e tmax a tracção máxima em daN/mm2. (D.G.E., 1986)

Ti  tmax  s (3.23)

3.3.7. Cálculo dos esforços nos apoios

Os esforços mecânicos aplicados nos apoios de linhas em condutores nus, com diferentes
funções, devem ser calculados para várias hipóteses descritas no RSLEAT, consideradas não
simultaneamente.
Serão considerados os esforços causados pela força do vento nos apoios, nos condutores e
isoladores, as tensões exercidas pelos condutores e cabos de guarda nos apoios e o peso das
armações, dos condutores e isoladores. A força do vento nas armações será desprezada.
Nas equações seguintes, n é o número de vãos, FV e Fvc são a força do vento nos condutores e
nas cadeias de isoladores em daN/m, respectivamente, Ti é a tracção total no vão i, em daN,
dada pela expressão (3.23), βi é o ângulo do vão i em gradianos, li é o comprimento do vão i,
em metros, ωi é o peso específico do condutor no vão i, em daN/m, e Pcis e Pa, os pesos
respectivamente de uma cadeia de isoladores e de uma armação, em daN.
O ângulo do vão é medido em gradianos, a partir do eixo positivo das abcissas sendo positivo
se medido no sentido anti-horário, ou negativo se medido no sentido horário.
No caso de o apoio estar em ângulo, tem de ser traçada uma bissectriz no vértice do ângulo
formado pelos dois vãos, que depois tem que ser colocada em posição normal ao eixo das
abcissas.
Quando existe um apoio em reforço, o vão do lado do reforço considera-se como tendo
ângulo nulo e é colocado em posição paralela ao eixo das abcissas.

Filipe Gonçalves 21
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

A força do vento nos isoladores é calculada através da expressão (3.7), considerando d o


diâmetro dos isoladores em metros.
Os esforços nos apoios são calculados através das expressões (3.24) e (3.25), para a hipótese
1, com vento a incidir na direcção normal à linha. (D.G.E., 1986)

n
Fx  3   Ti  cos  i  (3.24)
i 1

 n l n

Fy  3    FV  cos2  i   i  Fvc  T  sen    
i i (3.25)
 i 1 2 i 1 

No cálculo dos esforços para a hipótese 2 são usadas as expressões (3.26) a (3.33),
considerando o vento na direcção da linha.
Caso o apoio esteja em alinhamento ou ângulo, a componente horizontal do vento deve ser
multiplicada por um quinto. As equações usadas são as (3.26) e (3.27). (D.G.E., 1986)

1  n l 
Fx  3     FV  cos 2  i   i  Fvc  (3.26)
5  i 1 2 

Fy  0 (3.27)

Para os apoios em derivação, as equações usadas são a (3.28) e (3.29). (D.G.E., 1986)

 n l n

Fx  3    FV  sen 2  i   i  Fvc  T  cos    
i i (3.28)
 i 1 2 i 1 

n
Fy  3   Ti  sen  i  (3.29)
i 1

No caso de o apoio ser de reforço ou de fim de linha, deve considerar-se a quebra de um cabo,
portanto será considerada a força horizontal como sendo dois terços da soma das componentes
horizontais das tracções máximas unilaterais exercidas por todos os cabos. (D.G.E., 1986)

2
Fx   3  T (3.30)
3

Fy  0 (3.31)

22
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

Se o apoio for de derivação em reforço, são usadas as equações (3.32) e (3.33), ou seja, é
considerada a força horizontal como sendo dois terços da soma das componentes horizontais
das tracções máximas unilaterais exercidas por todos os cabos, na linha principal, e a
resultante das componentes horizontais das tracções máximas exercidas pelos cabos na linha
derivada. (D.G.E., 1986)

n
2
Fx   3  T  3 
3
T  cos   
i 3
i i (3.32)

n
Fy  3   Ti  sen  i  (3.33)
i 3

Para calcular os esforços causados pelos pesos dos cabos, isoladores e armações no apoio, é
usada a expressão (3.34). (D.G.E., 1986)

n
 l 
Fz  3    i  i  Pcis   Pa (3.34)
i 1  2 

Para verificar que os apoios serão adequados para aguentar os esforços solicitados, as forças
calculadas devem respeitar a condição (3.35), considerando vento de 750 Pa, para a hipótese
1, para apoios que não estão em reforço. (EDP-DNT, 2004)

fx fy
 1 (3.35)
S750 F750

Em que fx e fy são as forças calculadas em daN, e S750 e F750 as forças retiradas da tabela dos
pontos notáveis dos diagramas de utilização dos apoios, presente no Anexo II. Para a hipótese
2, S750 e F750 são substituídos por S’750 e F’750.
Caso o apoio esteja em reforço, é usada a expressão (3.36), considerando vento de 750 Pa,
para a hipótese 1, em que apenas trocam de posição S750 e F750. Para a hipótese 2 são usados
F’750 e S’750. (EDP-DNT, 2004)

fx fy
 1 (3.36)
F750 S750

3.3.8. Estabilidade de maciços

Os apoios de linhas aéreas são consolidados por fundações adequadas, de modo a ficar
assegurada a estabilidade correspondente às solicitações actuantes e à natureza do solo. Os
maciços são normalizados e estão definidos nas especificações e condições técnicas para
obras de construção, da EDP. Estes foram dimensionados para a solicitação nominal do apoio,
acrescida da força do vento.

Filipe Gonçalves 23
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

O cálculo da estabilidade dos maciços de fundação é realizado, usando o método de


Sulzberger. Este método que foi desenvolvido a partir de resultados de ensaios baseia-se nas
seguintes hipóteses:
Admite-se que o terreno onde está encastrado o maciço se comporta elasticamente quando há
pequenos deslocamentos do maciço e que a reacção do terreno é proporcional ao produto dos
deslocamentos do maciço pelos módulos de elasticidade correspondentes. Estes são dados
pelo coeficiente de compressibilidade do terreno, que traduz o esforço necessário, em daN,
para fazer penetrar 1cm no terreno, uma placa com 1cm2 de superfície, normal à força,
esforço que se exprime em daN/cm3;
Admite-se também que para terrenos de natureza e composição uniforme, o coeficiente de
compressibilidade é nulo à superfície do solo, aumentando de forma aproximadamente
proporcional com a profundidade. No Quadro 3.7 são indicados valores habituais do
coeficiente de compressibilidade a 2m de profundidade para terrenos de diferente natureza e
composição. Além disso, admite-se que a resistência à compressão do solo sob o maciço é
pelo menos igual à das paredes verticais à mesma profundidade.

Quadro 3.7. Coeficientes de compressibilidade do solo (EDP, 2007c)


Coeficiente de compressibilidade a 2m de
Tipo de Terreno
profundidade (daN/cm3)
Aterro não artificialmente compactado 0a1
Terreno natural, lodo, turfa, terreno sedimentar em geral 0
Terreno incoerente bem acamado, areia fina e média, até 1mm de
6a8
diâmetro de grão
Areia Grossa até 3mm de diâmetro de grão e areão com pelo menos
8 a 10
1/3 do volume de calhau rolado com 70mm de diâmetro
Terreno coerente (barro, argila) muito mole 0
Mole (facilmente amassável) 2a4
Consistente (dificilmente amassável) 5a7
Médio 8
Rijo 9

Nas recomendações apenas se consideram maciços de betão com forma paralelepipédica, por
serem os de uso mais generalizado nas fundações dos postes de betão armado. O método
Sulzberger só é aplicável a maciços construídos sem cofragem e com enchimento total da
cova aberta no solo. O tipo de betão usado será o betão designado por normal.
A Figura 3.26 representa um poste de betão, com altura total H, altura acima do solo h,
profundidade de enterramento he, F, em daN, é a resultante das forças aplicadas, reduzida a
0,25m do topo do apoio, a é a dimensão do maciço, em planta, paralela à direcção da força F
e b a dimensão do maciço, em planta, normal àquela direcção. Todas as dimensões do maciço
e do poste estão em metros.

24
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

De acordo com as condições regulamentares, aceita-se que a fundação possa rodar de um


ângulo τ tal que tgτ≤0,01. Para este valor de rotação não é necessário ter em conta a
consequente variação de compressibilidade do terreno com a profundidade.

224,63
298,15
H

2/3he

47,27
he

73,51
0'

16,19

a/4

b
72,99

65,34

Figura 3.26. Planta do maciço, do poste e suas grandezas (D.G.E., 1986)

As expressões seguintes são aplicáveis a apoios em que se verifique a relação H/he>5, como é
o caso da generalidade dos postes de betão usados em linhas aéreas de média tensão.
O momento derrubante Md, da força F, em daN.m, em relação a um eixo de rotação situado
em 0’ (2/3 da profundidade de enterramento e a 1/4 da largura do maciço medido do lado para
onde se exerce a força F), que corresponde à situação de terrenos plásticos normais, é dado
pela expressão (3.37).

 2 
M d  F   h  0, 25   he  (3.37)
 3 

O momento estabilizante tem duas componentes principais, sendo uma devida ao


encastramento do maciço no solo, e é dada pela expressão (3.38), em daN.m,

b  he3
M e1   C0  tg   (3.38)
36

em que C0 é o valor do coeficiente de compressibilidade do terreno à profundidade he, dado


pela expressão (3.39), em daN/cm3,

C2 m
C0   he (3.39)
2

Filipe Gonçalves 25
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

sendo C2m o valor do coeficiente de compressibilidade à profundidade de 2m indicado no


Quadro 3.7.
A outra componente é devida à reacção do terreno no fundo da cova, provocada pelo peso do
maciço de fundação, do apoio e dos condutores, e é dada pela expressão (3.40), em daN.m,

a P 
M e 2  P    0, 47   (3.40)
2
 b  C0  tg   

em que P é o peso total do apoio e do maciço, em daN. O peso do maciço, Pm, é dado pela
expressão (3.41), em daN,

Pm  2400  Vm (3.41)

em que 2400daN/m3 é o valor adoptado para o peso específico do betão normal e Vm o volume
de betão usado no maciço.
Nas fundações relativamente profundas, o efeito do encastramento é preponderante,
predominando Me1 e sendo Me2 pouco significativo.
Nas fundações pouco profundas dá-se precisamente o contrário, verificando-se até, que, no
caso das placas superficiais, o momento estabilizante é devido quase exclusivamente ao peso.
A condição para a estabilidade de um maciço é a (3.42).

M e1  M e 2
1 (3.42)
Md

Sempre que o momento derrubante ultrapassar o momento estabilizante, deve ser adoptado
um coeficiente de segurança, não inferior a 1,5. Deverá multiplicar-se o momento derrubante
por este valor sempre que o momento Me1 de encastramento for desprezável quando
comparado com Me2. À medida que o momento de encastramento predomina, este coeficiente
pode ser reduzido. (D.G.E., 1986)

3.4. Distâncias regulamentares dos condutores


Num projecto de linha aérea tem de ser garantida a protecção de pessoas e bens. Para isto é
necessário que a linha se mantenha a uma distância segura do solo e a outros objectos debaixo
ou perto desta. De acordo com o RSLEAT e com as Especificações e Condições Técnicas da
EDP, têm que ser respeitadas distâncias que garantem que os condutores não estão acessíveis
a pessoas.

26
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

3.4.1. Distância entre condutores

Os condutores nus são estabelecidos de forma a não poderem aproximar-se perigosamente,


devido às oscilações provocadas pelo vento, não devendo observar-se entre eles uma distância
D, em metros, inferior à dada pelas expressões (3.43) e (3.44).
Para linhas de 2ª Classe (tensão nominal superior a 1kV e inferior a 40kV)

Un
D  0, 75  k  f max  dC  (3.43)
200

Para linhas de 3ª Classe (tensão nominal superior a 40kV)

Un
Dk f max  dC  (3.44)
150

em que k é um coeficiente dependente da natureza dos condutores, cujo valor pode ser 0,6
para condutores de cobre, bronze, aço e alumínio-aço, e 0,7 para condutores de alumínio e de
ligas de alumínio, fmax é a flecha máxima dos condutores em metros, dC é o comprimento das
cadeias de isoladores susceptíveis de oscilarem transversalmente à linha, em metros, e Un é a
tensão nominal da linha em kV.
Esta distância D deve ser calculada para o lado esquerdo e lado direito de cada apoio.
Caso as cadeias de isoladores estejam em amarração, o comprimento destas é considerado
nulo.
A distância entre condutores nus não pode ser inferior a 0,45m, para linhas de 2ª Classe e
1cm/kV, com um mínimo de 0,5m, para linhas de 3ª Classe. (D.S.E.E., 1993)

3.4.2. Distância entre os condutores e os cabos de guarda

A distância entre os condutores nus e os cabos de guarda, próximo da fixação aos apoios, não
deverá ser inferior à distância entre condutores, calculada anteriormente.
Quando a flecha dos cabos de guarda for inferior à dos condutores nus, poderá reduzir-se a
distância entre estes e aqueles, próximo da fixação dos apoios, desde que se mantenha entre os
condutores e os cabos de guarda, a meio do vão e nas condições de flecha mínima, a distância
calculada entre os condutores. (D.S.E.E., 1993)

3.4.3. Distância dos condutores a obstáculos diversos

Perto de obstáculos, como terrenos de declive acentuado, falésias, construções não


normalmente acessíveis a pessoas, partes salientes de edifícios, passíveis de serem escaladas
por pessoas, quando as construções e partes salientes referidas atinjam uma altura ao solo

Filipe Gonçalves 27
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

superior a 3m, os condutores nus das linhas, em condições de flecha máxima, devem manter
uma distância a esses obstáculos, não inferior a 4 metros. (EDP, 2007d)

3.4.4. Distância dos condutores ao solo

A distância entre os condutores nus das linhas e o solo, nas condições de flecha máxima,
desviados ou não pelo vento, deverá ser não inferior a 7,5 metros. (EDP, 2007d)

3.4.5. Distância dos condutores às árvores

A distância entre os condutores nus das linhas e as árvores, nas condições de flecha máxima,
desviados ou não pelo vento, deverá ser não inferior a 3,5 metros. (EDP, 2007d)

3.4.6. Distância dos condutores aos edifícios

Na proximidade de edifícios, excluindo os usados para serviço de exploração de instalações


eléctricas, os condutores nus, desviados ou não pelo vento, deverão ficar a uma distância não
inferior a 5 metros nas condições de flecha máxima.
A distância expressa anteriormente não será aplicável ao último vão de linhas de 2ª classe,
que alimentem postes eléctricos na vizinhança de edifícios ou incorporados nestes, desde que
nesse vão, os condutores nus façam com as paredes mais próximas ângulos não inferiores a
60º, devendo, nas condições de flecha máxima e desviados pelo vento, verificar-se entre os
condutores e as janelas, varandas e terraços a distância horizontal mínima de 6 metros. (EDP,
2007d) (D.S.E.E., 1993)

3.4.7. Distância dos condutores relativamente a estradas

Os condutores nus, nas condições de flecha máxima, deverão manter em relação às estradas
uma distância não inferior a 8 metros. (EDP, 2007d)

3.4.8. Distância dos condutores a cursos de água

Os condutores nus, nas condições de flecha máxima, devem manter em relação ao mais alto
nível da água, em cursos de água não navegáveis, uma distância D em metros, não inferior à
dada pela expressão (3.45), em que Un é a tensão nominal da linha em kV. (EDP, 2007d)
(D.S.E.E., 1993)

D  7  0, 005  U n (3.45)

28
Fases de um Proj. de Linha de M.T. CAPÍTULO 3

No caso de cursos de água navegáveis, os condutores devem manter em relação ao maior


nível da água, uma distância mínima de 3+h metros, em que h é a maior altura dos barcos que
passam no local, acima do nível da água. (EDP, 2007d) (D.S.E.E., 1993)

3.4.9. Distância dos condutores a vias férreas

Os condutores nus, em condições de flecha máxima devem manter em relação a vias férreas
electrificadas uma distância mínima de 4 metros, enquanto nas vias cuja electrificação esteja
prevista, esta distância não deve ser inferior a 14,5 metros. (EDP, 2007d) (D.S.E.E., 1993)

3.4.10. Distância entre linhas

No caso de cruzamento de linhas de alta tensão ou média tensão em condutores nus ou


isolados, com outras linhas de alta tensão, média tensão, baixa tensão ou telecomunicações,
nas condições de flecha mais desfavoráveis, deverá manter-se uma distância não inferior a 3
metros.
Quando existe cruzamento de linhas, a de tensão mais elevada deve passar superiormente,
podendo ocorrer em casos excepcionais, o inverso. (D.S.E.E., 1993) (EDP, 2007d)

3.5. Software utilizado


Para facilitar o cálculo dos vários parâmetros importantes, é utilizado, na empresa, um
programa de cálculo, que respeita o regulamento de segurança para linhas áreas de alta tensão.
O programa, chamado Clinhas (Figura 3.27), foi fornecido pela EDP. Este programa permite a
inserção dos dados da linha a projectar:
 Dados de cada apoio: tipo de apoio, armação, distância entre apoios, tipo de
fixação, ângulo, cota do terreno e orientação;
 Dados dos condutores: tipo de condutor e cabo de guarda, tensões máximas,
vento máximo, temperatura máxima, espessura da manga de gelo e número de
condutores;
 Derivações da linha: apoio de onde sai a derivação, tipo de condutor e cabo de
guarda, tensões máximas, vão, ângulo, número de condutores e altura da
derivação.

Filipe Gonçalves 29
CAPÍTULO 3 Fases de um Proj. de Linha de M.T.

Figura 3.27. Janela principal do programa Clinhas

Como resultados (Figura 3.28), este programa calcula as flechas, verifica a estabilidade dos
apoios, os ângulos dos condutores nas fixações, os ângulos de inclinação das cadeias, a
distância entre os condutores e os esforços nas armações.

Figura 3.28. Folha de resultados do Clinhas

Depois de concluída a inserção dos dados e verificação dos cálculos, é possível fazer
exportação dos dados dos apoios para um desenho em formato AutoCAD.
Foi também usada uma folha de cálculo fornecida pela EDP, para o cálculo dos esforços em
apoios em derivação, que permite ultrapassar uma limitação do Clinhas, que calcula os
esforços de forma errada, quando os apoios estão em reforço.
No decorrer do estágio foram também desenvolvidas folhas de cálculo em Excel para efectuar
o cálculo eléctrico, mecânico e verificar a estabilidade dos apoios.

30
CAPÍTULO 4

4. PROJECTO DE LINHAS DE MÉDIA TENSÃO

Nos capítulos seguintes serão apresentados os vários projectos efectuados. O primeiro


projecto será totalmente descrito com todos os cálculos. Para o segundo e terceiro projectos
serão apresentadas as particularidades ou dificuldades encontradas durante a realização destes.

4.1. Projecto de linha para fábrica de Águeda


O primeiro projecto efectuado foi a derivação de uma linha de Média Tensão de 15kV, ou seja
uma linha de 2ª Classe com quatro apoios, para alimentação de um posto de transformação
aéreo do tipo AI, que alimentará uma fábrica. Neste capítulo serão apresentados o cálculo
eléctrico e mecânico dos parâmetros mais relevantes da linha.

4.1.1. Cálculo Eléctrico

Ao efectuar o cálculo eléctrico verificou-se se o condutor que será instalado será adequado à
corrente nominal que circula na linha. Foi também verificado se o valor da queda de tensão
não ultrapassa o valor estipulado.

4.1.1.1. Corrente de Serviço

Neste projecto o transformador tem uma potência de 250 kVA, a tensão composta será 15 kV
e o factor de potência considerado será 0,9.

250
IS   10,69 A
15  3  0,9

Para o valor de corrente obtido, o condutor adequado poderia ser o de alumínio-aço com 30
mm2 de secção, mas devido ao facto de actualmente este condutor ser pouco empregue e ter
menor resistência mecânica, o condutor utilizado será de alumínio-aço com 50 mm2 de secção
(secção real de 49,5mm2) e 9mm de diâmetro, ficando, portanto sobredimensionado,
proporcionando uma grande margem de segurança. As características do condutor estão
presentes no Anexo I.

4.1.1.2. Coeficiente de Auto-Indução

Neste projecto serão usados três tipos de armações com diferentes distâncias entre os
condutores: do tipo HRFSC/EDP, GAN e HPT4. As distâncias médias geométricas são dadas
pela expressão (3.3). As medidas das armações são apresentadas no Anexo III.

Filipe Gonçalves 31
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

Para as armações HRFSC/EDP e HPT4 utilizadas, a distância média geométrica é igual,


devido à distância entre os condutores ser a mesma.

dmg  3 0,885  0,885 1,77  1,115m

Para as armações do tipo GAN a distância média geométrica será a seguinte:

dmg  3 1,922 1,5 1,922  1,77m

Os valores do coeficiente de indução para as secções da linha onde serão usadas armações
HRFSC/EDP e HPT4 serão, de acordo com (3.2):

  1,115   4
L1  0, 5  2  ln     10  0, 00115H / km
  0, 0045  

Para as armações GAN:

  1, 77   4
L2  0, 5  2  ln     10  0, 00124 H / km
  0, 0045 

4.1.1.3. Resistência do Condutor

Neste projecto o comprimento da linha será de 289 metros. A resistência da linha será, usando
(3.4):

0,02826  289
R  0,165
49,5

4.1.1.4. Reactância do Condutor

A reactância do condutor para os vãos com armações do tipo HRFSC/EDP e HPT4 será:

X1    L1  2    f  L1  2    50  0,00115  0,361 / km

A reactância do condutor para os vãos com armações do tipo GAN será:

X 2    L2  2    f  L2  2    50  0,00124  0,389 / km

Como as distâncias entre os condutores serão diferentes, dependendo do tipo de armação


utilizado, a reactância será calculada usando a medida de metade do vão quando apoios
adjacentes têm armações de tipos diferentes e o vão completo quando as armações adjacentes
são do mesmo tipo. As medidas dos vãos são apresentadas na Figura 4.1.

32
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

Der. 3
1 2
GAN 80
GAN 80 GAN 80
HRFSC/EDP 100

4
HPT4

8.73 8.73 72.15 159.94 19.725 19.725

Figura 4.1. Perfil da linha em AutoCAD, com as medidas dos vãos

A reactância total do troço será X em Ω, com l1 a ser a medida correspondente aos vãos com
armações HRFSC/EDP e HPT4 e l2 a ser a medida correspondente aos vãos com armação
GAN.

X  0,361 l1  0,389  l2  0,361 0,028455  0,389  0,260545  0,112

4.1.1.5. Queda de Tensão

Usando os valores da corrente, resistência e reactância calculados anteriormente, calcula-se a


queda de tensão, recorrendo à equação (3.6).

V  3 10,69   0,165  0,9  0,112  sen(cos 1 (0,9)   3,65V

Em percentagem:

3,65
V%   100  0,0243%
15000

Para as redes de média tensão considera-se uma queda de tensão máxima admissível inferior
ou igual a 7%, portanto a queda de tensão calculada está dentro de valores aceitáveis. (Solidal,
2007)

4.1.2. Cálculo Mecânico

O cálculo mecânico foi efectuado respeitando o RSLEAT. Neste capítulo foram utilizadas as
fórmulas apresentadas na secção 3.3.

Filipe Gonçalves 33
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

4.1.2.1. Forças que actuam nos condutores

Este primeiro projecto não está numa zona de gelo, portanto a força do vento, para o estado de
inverno, considerando vento reduzido, com pressão dinâmica 300Pa será, de acordo com
(3.7):

0, 6  300  1, 2  9  103
FV 1   0,194daN / m
10

Para o estado de primavera, considerando vento máximo habitual, com pressão dinâmica
750Pa:

0, 6  750  1, 2  9  103
FV 2   0, 486daN / m
10

O peso específico linear do condutor de alumínio-aço utilizado, de acordo com o Anexo I, é


igual a 172,4kg/km, o que equivale a 0,169daN/m.
A força resultante das actuantes no condutor, considerando a ausência de gelo será no estado
de inverno será igual a:

FR1   0,169  0  0,1942  0, 257daN / m


2

No estado de primavera:

FR 2   0,169  0  0, 4862  0, 515daN / m


2

4.1.2.2. Estado atmosférico mais desfavorável

Para o presente projecto, o coeficiente de sobrecarga para o estado de inverno será:

0, 257
m1   1, 52
0,169

Para o estado de primavera:

0, 515
m2   3, 05
0,169

O coeficiente de dilatação linear utilizado para os cabos de alumínio-aço tem o valor de


aproximadamente 19x10-6 ºC-1. (Solidal, 2007)

34
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

Como m1<m2 será calculado o vão crítico, considerando uma tensão máxima de serviço igual
a 0,5daN/mm2 para o vão entre o apoio de derivação e o apoio 1, ou seja este primeiro vão
ficará com tracção reduzida:

49, 5  0, 5 24  19  106  (15  (5))


Lcr    5, 29m
0,169 3, 052  1, 522

Para os restantes vãos será considerada uma tensão máxima de serviço igual a 8
daN/mm2:

49, 5  8 24  19  106  (15  (5))


Lcr    84, 63m
0,169 3, 052  1, 522

Como se pode observar, pela Figura 4.1, o primeiro e terceiro vãos são maiores que o vão
crítico, portanto nestes será considerado como estado mais desfavorável o estado de
primavera. Nos restantes vãos será considerado como estado mais desfavorável o estado de
inverno.

4.1.2.3. Equação de estados

De acordo com (3.14), a tensão de montagem será calculada no estado de primavera para o
primeiro e terceiro vãos e inverno para os restantes.

Tensão de montagem para o vão entre o apoio de derivação e o apoio 1:

0, 5 3, 052  0,1692  17, 462 tmk 12  0,1692  17, 46 2


15    50   
19  106  7600 24  19  106  49, 52  0, 52 19  10 6  7600 24  19  10 6  49, 5 2  tmk 2
tmk 7, 793
 271, 5  50    tmk  0,155daN / mm2
0,144 tmk 2

Tensão de montagem para o vão entre o apoio 1 e 2:

8 1, 522  0,1692  72,152 tmk 12  0,1692  72,152


5    50   
19  106  7600 24  19  106  49, 52  82 19  10 6  7600 24  19  10 6  49, 52  tmk 2
tmk 133, 07
 45, 59  50    tmk  2, 48daN / mm 2
0,144 tmk 2

Filipe Gonçalves 35
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

Tensão de montagem para o vão entre o apoio 2 e 3:

8 3, 052  0,1692  159, 942 tmk 12  0,1692  159, 942


15    50   
19  106  7600 24  19  106  49, 52  82 19  10 6  7600 24  19  10 6  49, 5 2  tmk 2
tmk 653, 9
 24, 64  50    tmk  2, 65daN / mm2
0,144 tmk 2

Tensão de montagem para o vão entre o apoio 3 e 4:

8 1, 522  0,1692  39, 452 tmk 12  0,1692  39, 452


5  6
 6
 50   
19  10  7600 24  19  10  49, 5  8
2 2
19  10  7600 24  19  10 6  49, 52  tmk 2
6

tmk 39, 78
 48, 96  50    tmk  1, 74daN / mm 2
0,144 tmk 2

Apesar de terem sido calculados os valores para a tensão de montagem apenas para o estado
verão, terá que ser feita uma tabela de regulação para vários valores de temperatura, de modo
a que possa ser escolhida a tensão de montagem mais apropriada à temperatura ambiente no
acto da instalação do condutor.

4.1.2.4. Flecha máxima

Todos os vãos deste projecto estão em desnível, apesar de pouco significativo. Este desnível é
causado pelo terreno, pela altura dos apoios, pela profundidade de enterramento e pelos
diferentes tipos de armações utilizadas.
As cotas do terreno foram fornecidas pelo topógrafo. As alturas e profundidades de
enterramento dos apoios são apresentadas no Quadro 4.1. As profundidades de enterramento
foram calculadas recorrendo à expressão (3.19).

Quadro 4.1. Alturas e profundidades de enterramento dos apoios


Profundidade de
Altura (metros)
enterramento (metros)
Apoio de derivação 18 2,3
Apoio 1 18 2,3
Apoio 2 20 2,5
Apoio 3 22 2,7
Apoio 4 14 1,9

As alturas das armações foram retiradas dos documentos normativos da EDP. Normalmente,
em caso de derivação, a armação desta está 1,5 metros abaixo da armação da linha, no mesmo
apoio. As principais características das armações encontram-se no Anexo III.

36
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

Flecha máxima para o vão entre o apoio de derivação e o apoio 1:

hcpd  18  2,3  3,5  12, 2m

hcp1  18  2,3  2  13,7m

hl  (12, 2  (17,86  16, 49))  13, 7  0,13m

l1  17, 462  0,132  17, 46m

1  0,169  17, 46  17, 46


f max   0,84m
8  49, 5  0,155

Flecha máxima para o vão entre o apoio 1 e 2:

hcp1  18  2,3  2  13,7m

hcp 2  20  2,5  2  15,5m

hl  (13,7  (16,49  15))  15,5  0,31m

l1  72,152  0,312  72,15m

1  0,169  72,15  72,15


f max   0,896m
8  49, 5  2, 48

Flecha máxima para o vão entre o apoio 2 e 3:

hcp 2  20  2,5  2  15,5m

hcp3  22  2,7  2  17,3m

hl  (15,5  (15  13,57))  17,3  0,37m

l1  159,942  0,372  159,94m

1  0,169  159, 94  159, 94


f max   4,12m
8  49, 5  2, 65

Filipe Gonçalves 37
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

Flecha máxima para o vão entre o apoio 3 e 4:

hcp3  22  2,7  2  17,3m

hcp 4  14  1,9  0, 425  11, 675m

hl  (11, 675  (13, 7  13,57))  17,3  5,5m

l1  39, 452  5,52  39,83m

1  0,169  39,83  39, 45


f max   0, 385m
8  49, 5  1, 74

Os valores calculados neste capítulo podem ser comparados com os valores obtidos através do
Clinhas, presentes no Anexo VI. Os valores calculados e obtidos por software são
aproximados, sendo as diferenças devido a arredondamentos e aos valores das medidas das
armações, considerados pelo Clinhas.

4.1.2.5. Dimensionamento dos isoladores

O projecto actual será considerado como estando numa zona de poluição fraca, portanto a
linha de fuga específica mínima será de 16 mm/kV. A linha de fuga mínima considerada para
a linha será:

L f  16 15  240mm

A solicitação mecânica máxima a que os isoladores estarão sujeitos pelos condutores


será:

Ti  8  49,5  396daN

2,5  Ti  2,5  396  990daN

Os isoladores a utilizar serão do tipo cadeia, modelo U70BS, em vidro, com linha de fuga de
320mm e carga de rotura electromecânica igual a 70kN. As características deste isolador
encontram-se no Anexo IV. De acordo com o cálculo da linha de fuga seria necessário apenas
um isolador por cadeia, mas serão usadas cadeias de amarração simples nos apoios 2 e 3, e
amarração reforçada nos apoios de derivação, 1 e 4.

38
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

4.1.2.6. Cálculo dos esforços nos apoios

A força do vento a que os condutores estarão submetidos será 0,486daN/m, tal como
calculado no capítulo 4.1.2.1, para o estado de primavera. As tracções máximas de serviço
utilizadas serão de 0,5daN/mm2 (tracção reduzida) para o primeiro vão e 8daN/mm2 para os
restantes vãos.

Tracção total para o vão entre o apoio de derivação e o apoio 1, usando (3.23):

Ti  0,5  49,5  24,75daN

Tracção total para os restantes vãos:

Ti  8  49,5  396daN

A força do vento nos isoladores, considerando pressão dinâmica do vento de 750Pa, será:

1  1  750  0, 255
Fvi   19,13daN / m
10

Cada isolador tem o comprimento de 127mm, portanto a força do vento para as cadeias de
amarração simples e amarração reforçada será respectivamente:

Fvc  19,13  0,127  2  4,86daN

Fvc  19,13  0,127  3  7, 29daN

O peso de cada cadeia de isoladores será, respectivamente para cadeias de amarração


simples e amarração reforçada:

Pcis  2  3, 4  6,8daN

Pcis  3  3, 4  10, 2daN

É também considerado o peso das armações que é apresentado no Quadro 4.2. A força do
vento nas armações é desprezada.

Quadro 4.2. Pesos das armações utilizadas


Tipo de armação Peso
GAN 80 71daN
HRFSC/EDP 100 73daN
HTP4 23daN

Filipe Gonçalves 39
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

A tabela com os pontos notáveis dos diagramas de utilização dos apoios está presente no
Anexo II.

Para o primeiro apoio (Figura 4.2), que está em derivação, os esforços são calculados de
seguida:

200g

Apoio Der.
111

15
17,46
45,27g
Apoio 1

98,23g

Figura 4.2. Medidas dos vãos adjacentes ao apoio de derivação.

Hipótese 1:

Fx  3  396  cos  0   24,75  cos  245,27   24,75  cos 343,5  1178,62daN

 111 15 
 0, 486  cos  0   2  7, 29  0, 486  cos  245, 27   2  7, 29  
2 2

 

Fy  3  0, 486  cos  343, 5  
2 17, 46
 7, 29    263, 9daN
 2 
 
 396  sen  0   24, 75  sen  245, 27   24, 75  sen  343, 5  
 
 

Hipótese 2:

 111 15 
 0, 486  sen  0   2  7, 29  0, 486  sen  245, 27   2  7, 29  
2 2

 
Fx  3   0, 486  sen 2  343, 5     1256, 55daN
17, 46
 7, 29 
 2 
 
 396  cos  0   24, 75  cos  245, 27   24, 75  cos  343, 5  
 
 

Fy  3  396  sen  0   24, 75  sen  245, 27   24, 75  sen 343,5  106, 04daN

40
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

O esforço vertical a que o apoio estará sujeito será:

 111 15 17, 46 
Fz  3   0,169   10, 2  0,169   10, 2  0,169   10, 2   73  201,17 daN
 2 2 2 

O apoio utilizado será o 18M2250, verificando-se que os valores limite dos esforços deste são
respeitados, através da tabela dos pontos notáveis dos diagramas de utilização.

1178, 62 263, 9
  0, 788  1
2250 1000

1256, 55 106, 04
  0, 956  1
1564 695

No projecto actual o apoio 1 (Figura 4.3) está em reforço. Os valores dos esforços serão:

200g

72,15
Apoio 1

66,14g
17,46

Figura 4.3. Medidas dos vãos adjacentes ao apoio 1.

Hipótese 1:

Fx  3  24,75  cos  266,14   396  cos  0   1150,34daN

 17, 46 72,15 
 0, 486  cos  266,14   2  7, 29  0, 486  cos  0   2  7, 29  
2 2

Fy  3     163, 6daN
 24, 75  sen  266,14   396  sen  0  
 

Hipótese 2:

2
Fx   3  396  792daN
3

Fy  0daN

Filipe Gonçalves 41
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

O esforço vertical a que o apoio estará sujeito será:

 17, 46 72,15 
Fz  3   0,169   10, 2  0,169   10, 2   71  154, 92daN
 2 2 

O apoio utilizado será o 18M2250, verificando-se que os valores limite dos esforços deste são
respeitados, através da tabela dos pontos notáveis dos diagramas de utilização.

1150, 34 163, 6
  0, 675  1
2250 1000

792 0
  0,506  1
1564 695

No projecto actual os apoios 2 (Figura 4.4) e 3 (Figura 4.5) são de ângulo. Os valores dos
esforços nestes apoios serão:

Para o apoio 2:

200g

Apoio 2

38,28g

72,15 123,45g
159,94

Figura 4.4. Medidas dos vãos adjacentes ao apoio 2.

Hipótese 1:

Fx  3  396  cos  238,28  396  cos  361,72  0daN

42
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

 72,15 159, 94 
 0, 486  cos  238, 28   2  4,86  0, 486  cos  361, 72   2  4,86 
2 2

Fy  3     1488, 35daN
 396  sen  238, 28   396  sen  361, 72  
 

Hipótese 2:

1  72,15 159, 94 
Fx  3    0, 486  cos2  238, 28   4,86  0, 486  cos 2  361, 72    4,86   28, 84daN
5  2 2 
Fy  0daN

O esforço vertical a que o apoio estará sujeito será:

 72,15 159, 94 
Fz  3   0,169   6,8  0,169   6,8   71  170, 63daN
 2 2 

O apoio utilizado será o 20M2250, verificando-se que os valores limite dos esforços deste são
respeitados, através da tabela dos pontos notáveis dos diagramas de utilização.

0 1488, 35
  0, 661  1
1000 2250

28,84 0
  0, 045  1
644 1449

Para o apoio 3:

200g

Apoio 3
2,08g

159,94 39,45
195,95g

Figura 4.5. Medidas dos vãos adjacentes ao apoio 3.

Hipótese 1:

Fx  3  396  cos  202,08  396  cos  397,92  0daN

Filipe Gonçalves 43
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

 159, 94 39, 45 
 0, 486  cos  202, 08   2  4,86  0, 486  cos  397, 92   2  4,86  
2 2

Fy  3     251, 98daN
 396  sen  202, 08  396  sen  397, 92  
 

Hipótese 2:

1  159, 94 39, 45 
Fx  3    0, 486  cos 2  202, 08   4,86  0, 486  cos 2  397, 92    4,86   34, 87daN
5  2 2 
Fy  0daN

O esforço vertical a que o apoio estará sujeito será:

 159, 94 39, 45 
Fz  3   0,169   6,8  0,169   6,8   71  162, 35daN
 2 2 

O apoio utilizado será o 22M800, verificando-se que os valores limite dos esforços deste são
respeitados, através da tabela dos pontos notáveis dos diagramas de utilização.
0 251, 98
  0, 315  1
420 800

34,87 0
  0, 215  1
162 309

Para o projecto actual, os esforços no apoio 4 (Figura 4.6), que é o apoio de fim de linha
serão:

39,45
Apoio 4

Figura 4.6. Medidas do vão adjacente ao apoio 4.

Hipótese 1:

Fx  3  396  1188daN

 39, 45 
Fy  3   0, 486   7, 29   50, 63daN
 2 

44
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

Hipótese 2:

2
Fx  3   396  792daN
3

Fy  0daN

O esforço vertical a que o apoio estará sujeito será:

 39, 45 
Fz  3   0,169   10, 2   23  63, 6daN
 2 

O apoio utilizado será o 14TP4, verificando-se que os valores limite dos esforços deste são
respeitados, através da tabela dos pontos notáveis dos diagramas de utilização.

1188 50, 63
  0, 584  1
2250 900

792 0
  0, 466  1
1699 679

No Anexo VI encontram-se os valores obtidos no programa Clinhas e folha de cálculo, para


os esforços dos apoios. No Quadro 4.3 e no Quadro 4.4 encontram-se os valores obtidos
através de software (obt.) e os valores calculados (calc.) para os esforços Fx, Fy e Fz, e os
respectivos desvios.

Quadro 4.3. Desvio entre os valores obtidos e os valores calculados para Fx e Fy


Fx (obt.) Fy (obt.) Fx (calc.) Fy (calc.) Desvio Fx (%) Desvio Fy (%)
Ap. Hipótese 1 1178 198 1178,62 263,9 0,053% 33,28%
Derivação Hipótese 2 1191 106 1256,55 106,04 5,50% 0,038%
Hipótese 1 1113 155 1159,34 163,6 4,16% 5,55%
Ap. 1
Hipótese 2 792 0 792 0 0% 0%
Hipótese 1 0 1535 0 1488,35 0% 3,04%
Ap. 2
Hipótese 2 26 0 28,84 0 10,92% 0%
Hipótese 1 0 283 0 251,98 0% 10,96%
Ap. 3
Hipótese 2 29 0 34,87 0 20,24% 0%
Hipótese 1 1188 74 1188 50,63 0% 31,58%
Ap. 4
Hipótese 2 792 0 792 0 0% 0%

Filipe Gonçalves 45
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

Quadro 4.4. Desvio entre os valores obtidos e os valores calculados para Fz


Fz (obt.) Fz (calc.) Desvio Fz (%)
Ap. Derivação 94 201,17 114,01%
Ap. 1 203 154,92 23,68%
Ap. 2 150 170,63 13,75%
Ap. 3 141 162,35 15,14%
Ap. 4 100 63,6 36,40%

Os desvios entre os valores calculados e os obtidos através de software, devem-se a


arredondamentos, à força do vento considerada e aos pesos dos isoladores e armações
considerados.

4.1.2.7. Estabilidade de maciços

As características dos apoios utilizados no projecto actual são apresentadas no Quadro 4.5. O
coeficiente de compressibilidade escolhido para os cálculos foi 7daN/cm3. As principais
características dos maciços normalizados encontram-se no Anexo V.

Quadro 4.5. Características dos apoios utilizados


Tipo Altura (H) Peso a b Volume de betão (Vm)
Derivação 18M2250 18m 4620daN 1,2m 1,36m 3,4m3
1 18M2250 18m 4620daN 1,2m 1,36m 3,4m3
2 20M2250 20m 5560daN 1,25m 1,15m 3,13m3
3 22M800 22m 4500daN 1,18m 0,97m 2,5m3
4 14TP4 14m 3150daN 1,1m 1,25m 5,7m3

As profundidades de enterramento foram calculadas anteriormente no capítulo 4.1.2.4.


As forças utilizadas nos cálculos resultam da soma das componentes horizontais das forças
aplicadas em cada apoio, calculadas no capítulo 4.1.2.6. Os valores escolhidos foram os da
hipótese mais desfavorável.

Apoio de derivação:

 2 
M d  (1178, 62  263, 9)  15, 7  0, 25   2, 3   24498,8daN.m
 3 

7
C0   2,3  8,05daN / cm3
2

46
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

1,36  2,33
M e1   8,05  10 6 0,01  37001,2daN .m
36

Pm  2400  3,4  8160daN

 1, 2 (4620  8160) 
M e 2  (4620  8160)    0, 47    5615,77 daN .m
 2 1,36  8,05 10  0,01 
6

De acordo com (3.42) a estabilidade é verificada através de:

37001, 2  5615, 77
 1, 74  1
24498,8

Verifica-se que o maciço é estável.

Apoio 1:

 2 
M d  (1150, 34  163, 6)  15, 7  0, 25   2, 3   22315, 08daN.m
 3 

7
C0   2,3  8,05daN / cm3
2

1,36  2,33
M e1   8,05  10 6 0,01  37001,2daN .m
36

Pm  2400  3,4  8160daN

 1, 2 (4620  8160) 
M e 2  (4620  8160)    0, 47    5615,77 daN .m
 2 1,36  8,05 10  0,01 
6

De acordo com (3.42) a estabilidade é verificada através de:

37001, 2  5615, 77
 1, 91  1
22315, 08

Verifica-se que o maciço é estável.

Filipe Gonçalves 47
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

Apoio 2:

 2 
M d  1488, 35  17, 5  0, 25   2, 5   28154, 62daN .m
 3 

7
C0   2,5  8,75daN / cm3
2

1,15  2.53
M e1   8,75  10 6 0,01  43674,05daN .m
36

Pm  2400  3,13  7512daN

 1, 25 (5560  7512) 
M e 2  (5560  7512)    0, 47    5955,59daN .m
 2 1,15  8,75 10  0,01 
6

De acordo com (3.42) a estabilidade é verificada através de:

43674, 05  5955, 59
 1, 76  1
28154, 62

Verifica-se que o maciço é estável.

Apoio 3:

 2 
M d  251, 98  19, 3  0, 25   2, 7   5253, 78daN .m
 3 

7
C0   2,7  9, 45daN / cm3
2

0,97  2.73
M e1   9,45  10 6 0,01  50117,84daN .m
36

Pm  2400  2,5  6000daN

 1,18 (4500  6000) 


M e 2  (4500  6000)    0, 47    4524,76daN .m
 2 0,97  9, 45 10  0,01 
6

48
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

De acordo com (3.42) a estabilidade é verificada através de:

50117,84  4524, 76
 10, 4  1
5253, 78

Verifica-se que o maciço é estável.

Apoio 4:

 2 
M d  (1188  50, 63)  12,1  0, 25   1, 9   16246, 69daN.m
 3 

7
C0   1,9  6,65daN / cm3
2

1,25 1,93
M e1   6,65  10 6 0,01  15837,62daN .m
36

Pm  2400  5,7  13680daN

 1,1 (3150  13680) 


M e 2  (3150  13680)    0, 47    5697, 25daN .m
 2 1, 25  6,65  10 6
 0,01 

De acordo com (3.42) a estabilidade é verificada através de:

15837, 62  5697, 25
 1, 33  1
16246, 69

Verifica-se que o maciço é estável.

4.1.3. Distâncias regulamentares dos condutores

As distâncias regulamentares foram comparadas com as distâncias medidas no desenho da


linha em AutoCAD e as obtidas através do Clinhas.

4.1.3.1. Distância entre condutores

Como o condutor é de alumínio-aço, será utilizado coeficiente k igual a 0,6. O comprimento


das cadeias de isoladores será considerado igual a 0, porque todos os vãos estão em
amarração.

Filipe Gonçalves 49
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

A distância mínima para o lado direito do apoio de derivação e lado esquerdo do apoio 1 será:

15
D  0, 75  0, 6  0,84  0   0, 49m
200

Para o lado direito do apoio 1 e lado esquerdo do apoio 2:

15
D  0, 75  0, 6  0,896  0   0, 5m
200

Para o lado direito do apoio 2 e lado esquerdo do apoio 3:

15
D  0, 75  0, 6  4,12  0   0, 99m
200

Para o lado direito do apoio 3 e lado esquerdo do apoio 4:

15
D  0, 75  0, 6  0, 385  0   0, 35m
200

De acordo com o regulamento, a distância mínima entre dois condutores não pode ser inferior
a 0,45m, portanto será considerada esta distância mínima no último vão.
As armações HRFSC/EDP e HPT4, têm uma distância entre condutores de 0,885m, e as
armações GAN têm uma distância de 1,5m, portanto todas as armações utilizadas respeitam as
distâncias mínimas calculadas.

4.1.3.2. Restantes distâncias regulamentares

Verifica-se que as distâncias regulamentares são cumpridas. A distância entre os condutores


da linha e o solo, nas condições de flecha máxima, desviados ou não pelo vento, é sempre
superior a 7,5 metros e a distância à linha de BT existente, que passa por baixo da linha de
MT, é superior a 3 metros.

4.2. Projecto de Aguada de Cima


Este projecto consistiu na remodelação de parte de uma linha de média tensão, de 15kV. Esta
linha tem cerca de 2,2km, é constituída por 16 apoios e termina num PT de cabine alta. O
condutor original desta linha era de alumínio-aço de 20mm2, o qual está em desuso, tendo
sido portanto, substituído. Neste capítulo são apresentadas as principais particularidades
encontradas durante a sua execução.

50
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

Alguns dos apoios da linha foram mantidos, sendo outros trocados. O condutor das linhas
derivadas foi trocado por um de liga de alumínio Aster 117, montado com tensão de
7daN/mm2. O condutor usado na linha principal é de alumínio-aço 105, tendo sido mantido.
As especificações dos condutores e apoios estão presentes no Anexo I e Anexo II,
respectivamente.

4.2.1. Apoio 20

O apoio 20, que é o apoio de derivação onde começa a linha a remodelar, está representado na
Figura 4.7, tal como os vãos adjacentes: a linha principal (19-20 e 20-PT), que acaba num PT
de cabine baixa e as duas derivações (20-2 e 20-1), onde começam duas linhas.

Figura 4.7. Parte da planta parcelar da linha, com os vãos adjacentes ao apoio 20

A linha principal será mantida sem alterações, apenas podendo ser mudada a tensão máxima
do vão entre o apoio 20 e o PT. O comprimento do vão entre o apoio 20 e o 2 será mudado, tal
como a sua tensão máxima. O comprimento do vão entre os apoios 20 e 1 será mantido.

Quadro 4.6. Comprimentos e tensões dos vãos


Vão Comprimento (m) Tensão (daN/mm2)
19-20 183,39 7
20-1 156,22 7
20-2 8,91 2
20-PT 54,08 4

Neste apoio, a dificuldade esteve em conseguir manter os esforços dentro dos valores
suportados por si. O maior problema é a grande diferença entre o comprimento do vão entre
os apoios 20 e 2, e os restantes vãos. Para resolver esta dificuldade jogou-se com as tensões
máximas dos vãos adjacentes aos apoios, com o objectivo de encontrar a melhor solução.
Usando a folha de cálculo fornecida pela EDP, para cálculo de esforços nos apoios em
derivação, foram calculados os esforços aplicados no apoio. Os resultados obtidos são
apresentados no Quadro 4.7.

Filipe Gonçalves 51
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

Quadro 4.7. Valores dos esforços no apoio 20


Hipótese 1 (daN) Hipótese 2 (daN)
Nº do apoio FX FY FX FY
20 1235,9 787,3 1264,4 407,3

Através da folha de cálculo, é também calculada a percentagem de utilização do apoio


(Quadro 4.8). Verificou-se que o apoio 22M3500 vai suportar os esforços solicitados,
portanto é possível manter este apoio na linha.

Quadro 4.8. Percentagem de utilização do apoio 20


Hipótese 1 Hipótese 2
85% 89%

4.2.2. Apoio 5

O apoio 5 (Figura 4.9), de metal, foi um dos apoios que se manteve na linha e é um caso
particular, que necessita de usar um apoio de betão, para o sustentar, como se pode observar
na Figura 4.8. Este apoio não tem qualquer função eléctrica, apenas mecânica, e é necessário
devido ao comprimento e direcção dos vãos adjacentes ao apoio.

Figura 4.8. Apoio 5 (Cortesia de Pedro Bastos)

O condutor usado no vão até este apoio (5-1), tal como na derivação (5-2), será de Alumínio-
aço 160.

Figura 4.9. Parte da planta parcelar da linha, com os vãos adjacentes ao apoio 5

52
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

Nos vãos adjacentes a este apoio, apenas foi mudada a posição do apoio 6, o que implicou o
recálculo dos esforços no apoio, de modo a confirmar que este está apto a suportar as forças
solicitadas.

Quadro 4.9. Comprimentos e tensões dos vãos


Vão Comprimento (m) Tensão (daN/mm2)
4-5 146,76 7
5-6 93,51 7
5-1 12,55 7
5-2 147,79 7

Usando a folha de cálculo fornecida pela EDP para cálculo dos esforços nos apoios em
derivação, foram calculados os esforços aplicados no apoio. Os resultados obtidos são
apresentados no Quadro 4.10.

Quadro 4.10. Valores dos esforços no apoio 5


Hipótese 1 (daN) Hipótese 2 (daN)
Nº do apoio FX FY FX FY
5 679,5 2124,6 782,6 1801,7

A percentagem de utilização do apoio é apresentada no Quadro 4.11. Verificou-se que o apoio


19PS5000 vai suportar os esforços solicitados, portanto é possível manter este apoio na linha.

Quadro 4.11. Percentagem de utilização do apoio 5


Hipótese 1 Hipótese 2
56,1% 51,7%

4.2.3. Vão entre os apoios 14 e 15

Neste vão devido à existência de um sobreiro por baixo da linha, houve o cuidado de regular a
altura dos apoios para ter a certeza que os condutores ficarão a uma distância segura deste.

Figura 4.10. Vão entre os apoios 14 e 15

Filipe Gonçalves 53
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

Os apoios escolhidos foram o 22M1200 e o 24M1200, respectivamente com 22 e 24 metros.


Adicionalmente foi instalada uma armação do tipo TAN no apoio 15, que permite ao condutor
ficar a uma altura maior. Através do desenho do vão em AutoCAD, considerando a flecha a
50ºC, verificou-se, de acordo com o capítulo 3.4.5, que a distância de segurança de 3,5 metros
é respeitada.
Recorrendo ao programa Clinhas foram calculadas as flechas a várias temperaturas, que estão
no Quadro 4.12.

Quadro 4.12. Flechas para o vão entre os apoios 14 e 15


Temperatura (ºC) Flecha (m)
-10 1,47
-5 1,59
0 1,72
5 1,86
10 2
15 2,15
20 2,3
25 2,45
30 2,61
35 2,76
40 2,91
45 3,06
50 3,2
55 3,35
60 3,49
65 3,62
70 3,76
75 3,89
80 4,01

4.2.4. Vão entre os apoios 10 e 11 de linha derivada

Este vão (Figura 4.11) resulta de uma derivação existente na linha remodelada. A linha
resultante desta derivação também foi remodelada. O vão em questão apresentou uma
dificuldade acrescida, devido à passagem, por cima deste, de uma linha de alta tensão com
60kV, a 14,38 metros do solo, e de ser necessário assegurar a distância de 3 metros entre as
duas linhas, de acordo com o capítulo 3.4.10.
Os apoios escolhidos foram os 16M2250, com 16 metros de altura. Como a altura dos apoios
não garantia a distância de segurança, foi instalada uma armação HRFSC/EDP no apoio 11,
que possibilita a amarração dos condutores numa posição mais baixa, portanto mais longe do
topo do apoio e da linha de 60kV. Neste caso a armação foi instalada a 3 metros do topo do
apoio.

54
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

Figura 4.11. Vão entre os apoios 10 e 11

Para assegurar que o condutor respeita sempre a distância de segurança, foi calculada a flecha
a -5ºC (temperatura estipulada para zonas sem gelo), ou seja a temperatura em que a flecha é
menor e o condutor está mais perto da linha de 60kV.

Quadro 4.13. Flechas para o vão entre os apoios 10 e 11


Temperatura (ºC) Flecha (m)
-10 1,36
-5 1,47
0 1,59
5 1,73
10 1,87
15 2,01
20 2,16
25 2,31
30 2,46
35 2,61
40 2,76
45 2,91
50 3,05
55 3,19
60 3,33
65 3,46
70 3,59
75 3,72
80 3,85

Pode-se observar pela Figura 4.11, que a distância regulamentar de segurança é respeitada.

Filipe Gonçalves 55
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

4.3. Projecto de São Mamede


Este projecto consistiu na remodelação de uma linha de MT de 30kV, usando condutor de liga
de alumínio, Aster 55, com uma tensão de 8daN/mm2. Esta linha tem um comprimento de
cerca de 3,6km, é formada por 25 apoios e termina num PT de cabine alta. Tal como na linha
analisada anteriormente, alguns apoios foram mantidos, enquanto outros foram substituídos e
o traçado da linha foi modificado. As características dos condutores e apoios estão presentes
no Anexo I e Anexo II, respectivamente.

4.3.1. Vão entre os apoios 4 e 5

Este vão (Figura 4.12), devido a ter 263,38 metros de comprimento, é o vão mais longo desta
linha. Apesar do comprimento do vão, devido aos ângulos pouco pronunciados os esforços
são baixos (Quadro 4.14), portanto, foram usados dois apoios 20M1200.

Quadro 4.14. Valores dos esforços nos apoios 4 e 5


Hipótese 1 (daN) Hipótese 2 (daN)
Nº do apoio FX FY FX FY
4 0 395 53 0
5 0 507 62 0

Devido à passagem de linhas de telecomunicações e de baixa tensão, passagem de uma


estrada nacional e da existência de um sobreiro e de uma oliveira por baixo do vão, teve de
haver o cuidado de cumprir todas as distâncias de segurança.
5

4
SOBREIRO

6.49
9.56
OLIVEIRA

75.03

EN 356
Km = 25+663.74
+
Figura 4.12. Vão entre os apoios 4 e 5

As flechas foram calculadas através do Clinhas e encontram-se no Quadro 4.15.

56
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

Quadro 4.15. Flechas para o vão entre os apoios 4 e 5


Temperatura (ºC) Flecha (m)
-10 8,65
-5 8,81
0 8,97
5 9,12
10 9,28
15 9,43
20 9,58
25 9,73
30 9,87
35 10,02
40 10,16
45 10,30
50 10,44
55 10,58
60 10,71
65 10,85
70 10,98
75 11,11
80 11,24

Verificou-se que as distâncias mínimas de segurança da linha a todos os obstáculos por baixo
desta são respeitadas.

4.3.2. Vão entre os apoios 15 e 16

Neste vão (Figura 4.13) de 133,58 metros, para além de linhas de baixa tensão e
telecomunicações, existem edifícios por baixo da linha.
16

15
5.82
6.59

4.84 5.76

10.28

17.64

Figura 4.13. Vão entre os apoios 15 e 16

Os esforços sofridos pelos apoios (Quadro 4.16) foram calculados no programa Clinhas, e
verificou-se que os apoios mais adequados são os 20M2250.

Filipe Gonçalves 57
CAPÍTULO 4 Proj. de Linhas de M.T.

Quadro 4.16. Valores dos esforços nos apoios 15 e 16


Hipótese 1 (daN) Hipótese 2 (daN)
Nº do apoio FX FY FX FY
15 32 945 58 604
16 36 1099 74 771

Usando apoios de 20 metros de altura, verificou-se que as distâncias mínimas de 5 metros e 3


metros, respectivamente aos edifícios e às linhas de baixa tensão e comunicações, são
respeitadas.

Quadro 4.17. Flechas para o vão entre os apoios 15 e 16


Temperatura (ºC) Flecha (m)
-10 1,06
-5 1,16
0 1,27
5 1,39
10 1,52
15 1,65
20 1,79
25 1,93
30 2,06
35 2,2
40 2,33
45 2,46
50 2,59
55 2,71
60 2,83
65 2,95
70 3,06
75 3,18
80 3,28

4.3.3. Vão entre os apoios 21 e 22

Por baixo deste vão (Figura 4.14) existe a passagem de um troço do IC9. Apesar desta via
ainda estar em construção, a linha teve de ser sinalizada.

58
Proj. de Linhas de M.T. CAPÍTULO 4

21

22

IC9

Figura 4.14. Vão entre os apoios 21 e 22

Como o apoio 21 está numa zona “non-aedificandi”, este será sinalizado com balizagem
diurna pelo menos até 6 metros do ponto inferior de fixação da cadeia ao apoio. Devido a não
estar em zona “non-aedificandi”, o apoio 22 não terá sinalização. O condutor deste vão terá
sinalização diurna, devido a passar por cima da via.
Adicionalmente foi utilizada balizagem luminosa, no apoio 21 que está em zona “non
aedificandi”, e no condutor que cruza a via. O apoio 22 não necessita de balizagem luminosa,
devido a não estar em zona “non aedificandi”.

Filipe Gonçalves 59
CAPÍTULO 5 .

5. CONCLUSÕES

Durante o estágio foram concluídos três projectos. O trabalho nestes três projectos implicou a
aprendizagem da aplicação de conhecimentos teóricos, anteriormente adquiridos, a situações
práticas. Com a conclusão destes projectos, ganhei também experiência, crucial para a escolha
das soluções a utilizar em cada projecto. Uma parte do estágio foi também aplicada na
familiarização com as normas essenciais na execução de projectos.
Cada projecto de linha aérea é único, devido a factores como as condições do terreno, clima
ou presença de obstáculos, tendo todos estes factores influência na selecção dos elementos
para instalação na linha.
Durante o tempo em que estive na empresa beneficiei da oportunidade de ser incluído em
meio profissional e de participar em actividades desenvolvidas no departamento de projecto e
construção de linhas de MT e AT.
Por cumprir ficou apenas o objectivo de acompanhar no terreno a construção de uma obra,
facto que se deveu a diversos factores, internos e externos à empresa.
O balanço do estágio é francamente positivo, pois foi-me permitido um primeiro contacto
com o mundo profissional e foram alcançados os principais objectivos propostos.

Filipe Gonçalves 61
Referências

6. REFERÊNCIAS

Belali, S. (2008). Calcul Mecanique des Lignes Aeriennes. Office National de l’Electricité (em
Francês).
Carvalho, J. (2008) Transformadores. Apontamentos da unidade curricular de Máquinas Eléctricas,
Licenciatura em Engenharia Electrotécnica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra,
Coimbra.
Dervaux (2009). www.balisage.dervaux.fr. Dervaux s.a. (página internet oficial), St. Etienne.
D.G.E. (1986). “Recomendações para linhas aéreas de alta tensão, até 30kV (M.T.)”. Direcção Geral
de Energia.
D.S.E.E. (1993). Edição DGE do Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão.
Direcção de Serviços de Energia Eléctrica, Lisboa.
EDP (2007a). Especificações e Condições Técnicas - Obras de Construção, Reparação e Manutenção
de Redes de Distribuição AT, MT e BT em Regime de Empreitada Contínua – Anexo XXIV
Recomendações e Guias Técnicos com Origem na EDP Distribuição. Energias de Portugal,
p. 408.
EDP (2007b). Especificações e Condições Técnicas - Obras de Construção, Reparação e Manutenção
de Redes de Distribuição AT, MT e BT em Regime de Empreitada Contínua – Anexo XVII
Ronda e Inspecção Visual Pelo Solo. Energias de Portugal.
EDP (2007c). Especificações e Condições Técnicas - Obras de Construção, Reparação e Manutenção
de Redes de Distribuição AT, MT e BT em Regime de Empreitada Contínua – Anexo VII
Postos de Transformação e Seccionamento. Energias de Portugal, pp.9-10.
EDP (2007d). Especificações e Condições Técnicas - Obras de Construção, Reparação e Manutenção
de Redes de Distribuição AT, MT e BT em Regime de Empreitada Contínua – Anexo XXI
Projecto de Redes de Distribuição AT, MT e BT. Energias de Portugal, p.36.
EDP-DNT (2004). Apoios para Linhas Aéreas – Postes de Betão para Redes de MT – Características
e ensaios. EDP – Direcção de Normalização e Tecnologia, Coimbra, 2ª Ed.
EDP-DNT (2005). Material para Linhas Aéreas – Armações de Aço para Postes de Betão de MT –
Características e ensaios. EDP – Direcção de Normalização e Tecnologia, Coimbra, 1ª Ed.
Ferreira, J.R. (2004). Linhas de Transmissão. Apontamentos da unidade curricular de Sistemas
Eléctricos de Energia I, Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de Computadores,
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto.
I.N.A.C. (2003). Circular de Informação Aeronáutica - Limitações em Altura e Balizagem de
Obstáculos Artificiais à Navegação Aérea. Instituto Nacional de Aviação Civil, Lisboa.
Iso-Sigma (2006). www.iso-sigma.pt. Iso-Sigma, (página internet oficial), Lisboa.
Ketley, A., McDougall, G. (2009). Dynamic Transmission Line Rating – Technology Review. Hydro
Tasmania Consulting, Tasmania.
Pereira, A. (2006). Estudos nos SEE. Apontamentos da unidade curricular de Sistemas Eléctricos de
Energia I, Licenciatura em Engenharia Electrotécnica, Instituto Superior de Engenharia de
Coimbra, Coimbra.
Silva, H.R. (2008). Projecto de Postos de Transformação. Artigo da revista O Electricista, Nº25,
Nº26.

62
Referências CAPÍTULO 6

Solidal, Q. & Q. (2007). Guia Técnico. Solidal - Condutores Eléctricos, S.A., Quintas & Quintas -
Condutores Eléctricos, S.A, 10ª Ed., p. 12, p.92, pp. 214-255.
Teixeira, C. (2006). SEE I. Apontamentos da disciplina de Sistemas Eléctricos de Energia I,
Licenciatura em Engenharia Electrotécnica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra,
Coimbra.

Filipe Gonçalves 63
Anexos

ANEXOS

Filipe Gonçalves 65
Anexos

Anexo I - Características dos Condutores Eléctricos

Filipe Gonçalves 67
Anexos

Massa por Módulo Elast.


Secção Real Diâmetro Carga Rot. Cap. Nominal
Tipo Unid. Compr. Final
(mm2) Cabo (mm) Nom. (kN) (A)
(kg/km) (N/mm2)
AA30 30,6 7,08 106,7 9,34 76000 150
AA50 49,5 9 172,4 14,93 76000 205
AA90 88 12 306,4 25,28 76000 300
AA105 106,8 13,43 376 34,3 77500 300
AA130 127,2 14,6 588,4 66,46 104000 325
AA160 157,9 16,32 547,3 47,75 73000 435
AA235 235,1 19,89 813,3 68,82 73000 565
AA325 326,1 23,45 1212,6 109,38 80000 680
Aster 55 54,6 9,45 148,9 17,73 62000 225
Aster 117 117 14 321,2 34,51 60000 365
Aster 148 148,1 15,8 406,5 48,12 60000 425
Aster 288 288,35 22,1 794,3 93,71 57000 655

Filipe Gonçalves 69
Anexos

Anexo II - Pontos Notáveis dos Diagramas de Utilização dos Apoios

Filipe Gonçalves 71
Anexos

Tipo H(m) F750 (daN) S750 (daN) F’750 (daN) S’750 (daN)
14M400 14 400 220 195 107
16M400 16 400 220 146 80
18M400 18 400 220 90 49
16M600 16 600 320 334 178
18M600 18 600 320 275 147
20M600 20 600 320 211 112
22M600 22 600 320 160 85
14M800 14 800 420 554 291
16M800 16 800 420 499 262
18M800 18 800 420 434 228
20M800 20 800 420 365 191
22M800 22 800 420 309 162
16M1000 16 1000 520 665 346
18M1000 18 1000 520 596 310
20M1000 20 1000 520 521 271
22M1000 22 1000 520 461 240
14M1200 14 1200 560 878 410
16M1200 16 1200 560 807 376
18M1200 18 1200 560 726 339
20M1200 20 1200 560 639 298
22M1200 22 1200 560 569 265
24M1200 24 1200 560 471 219
26M1200 26 1200 560 365 170
28M1200 28 1200 560 271 126
16M1400 16 1400 650 970 450
22M1400 22 1400 650 717 333
24M1400 24 1400 650 613 284
26M1400 26 1400 650 502 233
28M1400 28 1400 650 403 187
30M1400 30 1400 650 280 130
32M1400 32 1400 650 151 70
14M1600 14 1600 740 1214 561
16M1600 16 1600 740 1133 524
18M1600 18 1600 740 1041 481
22M1600 22 1600 740 865 400
24M1600 24 1600 740 755 349
26M1600 26 1600 740 639 295
28M1600 28 1600 740 536 247
30M1600 30 1600 740 407 188
32M1600 32 1600 740 273 126
14M2250 14 2250 1000 1770 786
16M2250 16 2250 1000 1673 743

Filipe Gonçalves 73
Anexos

Tipo H(m) F750 (daN) S750 (daN) F’750 (daN) S’750 (daN)
18M2250 18 2250 1000 1564 695
20M2250 20 2250 1000 1449 644
22M2250 22 2250 1000 1358 603
24M2250 24 2250 1000 1230 546
26M2250 26 2250 1000 1096 487
28M2250 28 2250 1000 976 434
30M2250 30 2250 1000 829 368
32M2250 32 2250 1000 675 300
14M2750 14 2750 1300 2250 1063
16M2750 16 2750 1300 2152 1017
18M2750 18 2750 1300 2043 965
20M2750 20 2750 1300 1927 911
22M2750 22 2750 1300 1836 868
24M2750 24 2750 1300 1710 808
26M2750 26 2750 1300 1577 745
28M2750 28 2750 1300 1459 689
30M2750 30 2750 1300 1314 621
32M2750 32 2750 1300 1164 550
14M3500 14,0 3500 1600 2922 1336
16M3500 16,0 3500 1600 2804 1282
18M3500 18,0 3500 1600 2680 1225
20M3500 20,0 3500 1600 2549 1165
22M3500 22,0 3500 1600 2411 1102
24M3500 24,0 3500 1600 2267 1036
26M3500 26,0 3500 1600 2116 968
28M3500 28,0 3500 1600 1959 896
14M4000 14 4000 1800 3403 1531
16M4000 16 4000 1800 3289 1480
18M4000 18 4000 1800 3162 1422
22M4000 22 4000 1800 2923 1315
24M4000 24 4000 1800 2777 1250
26M4000 26 4000 1800 2625 1181
14M5000 14 5000 2350 4379 2058
16M5000 16 5000 2350 4262 2003
18M5000 18 5000 2350 4133 1942
20M5000 20 5000 2350 3997 1878
22M5000 22 5000 2350 3891 1829
24M5000 24 5000 2350 3745 1760
26M5000 26 5000 2350 3592 1688
16M7500 16 7500 3400 6724 3048
18M7500 18 7500 3400 6589 2987
20M7500 20 7500 3400 6446 2922
22M7500 22 7500 3400 6335 2872

74
Anexos

Tipo H(m) F750 (daN) S750 (daN) F’750 (daN) S’750 (daN)
24M7500 24 7500 3400 6181 2802
26M7500 26 7500 3400 6020 2729
16M9000 16 9000 4000 8130 3613
18M9000 18 9000 4000 7980 3547
20M9000 20 9000 4000 7824 3477
22M9000 22 9000 4000 7702 3423
24M9000 24 9000 4000 7533 3348
26M9000 26 9000 4000 7358 3270
12TP2 12 1750 700 1360 544
14TP2 14 1750 700 1272 508
12TP4 12 2250 900 1798 719
14TP4 14 2250 900 1699 679
19PS5000 19 5000 5000 5000 5000

Filipe Gonçalves 75
Anexos

Anexo III - Desenhos e Características das Armações

Filipe Gonçalves 77
Anexos

Filipe Gonçalves 79
Anexos

80
Anexos

Filipe Gonçalves 81
Anexos

82
Anexos

Filipe Gonçalves 83
Anexos

Anexo IV - Características do Isolador U70BS

Filipe Gonçalves 85
Anexos

Filipe Gonçalves 87
Anexos

Anexo V - Características dos Maciços de Fundação dos Apoios

Filipe Gonçalves 89
Anexos

Filipe Gonçalves 91
Anexos

92
Anexos

Dimensões dos maciços e peso do apoio 14TP4

Filipe Gonçalves 93
Anexos

Anexo VI - Resultados Obtidos no Clinhas e Perfil Longitudinal Para o Projecto


da Fábrica de Águeda

Filipe Gonçalves 95
Anexos

VERIFICACAO DA ESTABILIDADE DOS APOIOS


--------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------
| APOIOS | C A R G A S |
--------------------------------------------------------------------------
| N. |F+I+R| TIPO |FXmax|FYmax|FZmax| FX | FY | FZ |Ve|
--------------------------------------------------------------------------
| 20|A B R|18M2250 | 1565| 695| 4000| 1178| 198| 94| 1|
| | | | | | | 1191| 106| 94| |
| 1|A B R|18M2250 | 1565| 695| 4000| 1113| 155| 203| 1|
| | | | | | | 792| 0| 203| |
| 2|A A N|20M2250 | 1000| 2250| 4000| 0| 1535| 150| 1|
| | | | | | | 26| 0| 150| |
| 3|A A N|22M800 | 420| 800| 2000| 0| 283| 141| 1|
| | | | | | | 29| 0| 141| |
| 4|A B R|TP4 | 1775| 786| 4000| 1188| 74| 100| 1|
| | | | | | | 792| 0| 100| |
--------------------------------------------------------------------------

DISTANCIA ENTRE CONDUTORES


--------------------------

-------------------------------------------------------------------------------
| APOIOS | DISTANCIAS |
-------------------------------------------------------------------------------
| N. |F+I+R| TIPO |Max.Esq.|Calc.Esq.|Max.Dir.|Calc.Dir.|Verif|
-------------------------------------------------------------------------------
| 20|A B R|18M2250 | 0.00| 0.00| 0.89| 0.49| 1 |
| 1|A B R|18M2250 | 1.50| 0.49| 1.50| 0.51| 1 |
| 2|A A N|20M2750 | 1.50| 0.51| 1.50| 0.99| 1 |
| 3|A A N|22M800 | 1.50| 0.99| 1.50| 0.36| 1 |
| 4|A B R|TP4 | 0.89| 0.36| 0.00| 0.00| 1 |
-------------------------------------------------------------------------------

CALCULO DE FLECHAS DE MONTAGEM


-------------------------------

Cantao de regulacao: do apoio n.º 20 ao apoio n.º 1

Condutor: ALACO50

|| Tensao Maxima : 0.50 daN/mm2


|| Vento Maximo : 750.00 N/m2
|| Manga Gelo : 0.00 mm

Cabo Guarda: Nao aplicado.

Vao equivalente: 17.4600 m

------------------------------------------------------------------------
| | TRACCAO | F L E C H A S | |
|TEMP| MONTAGEM | CONDUTOR | CABO DE GUARDA | PARAMETRO |
|(§C)|COND.|C_GUA|V_MAX |V_REGU|V_VERI|V_MAX |V_REGU|V_VERI| CD CG |
------------------------------------------------------------------------
| -10| 9| 0| 0.76| 0.76| 0.76| | | | 50| |
| -5| 9| 0| 0.77| 0.77| 0.77| | | | 50| |
| 0| 8| 0| 0.77| 0.77| 0.77| | | | 50| |
| 5| 8| 0| 0.78| 0.78| 0.78| | | | 49| |
| 10| 8| 0| 0.79| 0.79| 0.79| | | | 49| |
| 15| 8| 0| 0.80| 0.80| 0.80| | | | 48| |
| 20| 8| 0| 0.80| 0.80| 0.80| | | | 48| |
| 25| 8| 0| 0.81| 0.81| 0.81| | | | 47| |
| 30| 8| 0| 0.82| 0.82| 0.82| | | | 47| |
| 35| 8| 0| 0.82| 0.82| 0.82| | | | 47| |
| 40| 8| 0| 0.83| 0.83| 0.83| | | | 46| |
| 45| 8| 0| 0.84| 0.84| 0.84| | | | 46| |

Filipe Gonçalves 97
Anexos

| 50| 8| 0| 0.84| 0.84| 0.84| | | | 46| |


| 55| 8| 0| 0.85| 0.85| 0.85| | | | 45| |
| 60| 8| 0| 0.86| 0.86| 0.86| | | | 45| |
| 65| 8| 0| 0.86| 0.86| 0.86| | | | 44| |
| 70| 8| 0| 0.87| 0.87| 0.87| | | | 44| |
| 75| 7| 0| 0.87| 0.87| 0.87| | | | 44| |
| 80| 7| 0| 0.88| 0.88| 0.88| | | | 44| |
------------------------------------------------------------------------

Cantao de regulacao: do apoio n.º 1 ao apoio n.º 2

Condutor: ALACO50

|| Tensao Maxima : 8.00 daN/mm2


|| Vento Maximo : 750.00 N/m2
|| Manga Gelo : 0.00 mm

Cabo Guarda: Nao aplicado.

Vao equivalente: 72.1500 m

------------------------------------------------------------------------
| | TRACCAO | F L E C H A S | |
|TEMP| MONTAGEM | CONDUTOR | CABO DE GUARDA | PARAMETRO |
|(§C)|COND.|C_GUA|V_MAX |V_REGU|V_VERI|V_MAX |V_REGU|V_VERI| CD CG |
------------------------------------------------------------------------
| -10| 411| 0| 0.27| 0.27| 0.27| | | | 2406| |
| -5| 377| 0| 0.30| 0.30| 0.30| | | | 2204| |
| 0| 343| 0| 0.32| 0.32| 0.32| | | | 2007| |
| 5| 311| 0| 0.36| 0.36| 0.36| | | | 1816| |
| 10| 279| 0| 0.40| 0.40| 0.40| | | | 1634| |
| 15| 250| 0| 0.45| 0.45| 0.45| | | | 1462| |
| 20| 223| 0| 0.50| 0.50| 0.50| | | | 1304| |
| 25| 199| 0| 0.56| 0.56| 0.56| | | | 1161| |
| 30| 177| 0| 0.63| 0.63| 0.63| | | | 1037| |
| 35| 159| 0| 0.70| 0.70| 0.70| | | | 931| |
| 40| 144| 0| 0.77| 0.77| 0.77| | | | 841| |
| 45| 131| 0| 0.85| 0.85| 0.85| | | | 767| |
| 50| 120| 0| 0.92| 0.92| 0.92| | | | 705| |
| 55| 112| 0| 1.00| 1.00| 1.00| | | | 653| |
| 60| 104| 0| 1.07| 1.07| 1.07| | | | 609| |
| 65| 98| 0| 1.14| 1.14| 1.14| | | | 572| |
| 70| 92| 0| 1.21| 1.21| 1.21| | | | 540| |
| 75| 88| 0| 1.27| 1.27| 1.27| | | | 512| |
| 80| 83| 0| 1.34| 1.34| 1.34| | | | 488| |
------------------------------------------------------------------------

Cantao de regulacao: do apoio n.º 2 ao apoio n.º 3

Condutor: ALACO50

|| Tensao Maxima : 8.00 daN/mm2


|| Vento Maximo : 750.00 N/m2
|| Manga Gelo : 0.00 mm

Cabo Guarda: Nao aplicado.

Vao equivalente: 159.9400 m

------------------------------------------------------------------------
| | TRACCAO | F L E C H A S | |
|TEMP| MONTAGEM | CONDUTOR | CABO DE GUARDA | PARAMETRO |
|(§C)|COND.|C_GUA|V_MAX |V_REGU|V_VERI|V_MAX |V_REGU|V_VERI| CD CG |
------------------------------------------------------------------------
| -10| 195| 0| 2.80| 2.80| 2.80| | | | 1140| |
| -5| 187| 0| 2.93| 2.93| 2.93| | | | 1092| |
| 0| 179| 0| 3.05| 3.05| 3.05| | | | 1049| |

98
Anexos

| 5| 173| 0| 3.17| 3.17| 3.17| | | | 1009| |


| 10| 166| 0| 3.29| 3.29| 3.29| | | | 973| |
| 15| 161| 0| 3.40| 3.40| 3.40| | | | 940| |
| 20| 156| 0| 3.52| 3.52| 3.52| | | | 909| |
| 25| 151| 0| 3.63| 3.63| 3.63| | | | 881| |
| 30| 146| 0| 3.74| 3.74| 3.74| | | | 856| |
| 35| 142| 0| 3.85| 3.85| 3.85| | | | 832| |
| 40| 138| 0| 3.95| 3.95| 3.95| | | | 810| |
| 45| 135| 0| 4.06| 4.06| 4.06| | | | 789| |
| 50| 132| 0| 4.16| 4.16| 4.16| | | | 770| |
| 55| 129| 0| 4.26| 4.26| 4.26| | | | 752| |
| 60| 126| 0| 4.35| 4.35| 4.35| | | | 735| |
| 65| 123| 0| 4.45| 4.45| 4.45| | | | 719| |
| 70| 120| 0| 4.55| 4.55| 4.55| | | | 704| |
| 75| 118| 0| 4.64| 4.64| 4.64| | | | 690| |
| 80| 116| 0| 4.73| 4.73| 4.73| | | | 677| |
------------------------------------------------------------------------

Cantao de regulacao: do apoio n.º 3 ao apoio n.º 4

Condutor: ALACO50

|| Tensao Maxima : 8.00 daN/mm2


|| Vento Maximo : 750.00 N/m2
|| Manga Gelo : 0.00 mm

Cabo Guarda: Nao aplicado.

Vao equivalente: 39.4500 m

------------------------------------------------------------------------
| | TRACCAO | F L E C H A S | |
|TEMP| MONTAGEM | CONDUTOR | CABO DE GUARDA | PARAMETRO |
|(§C)|COND.|C_GUA|V_MAX |V_REGU|V_VERI|V_MAX |V_REGU|V_VERI| CD CG |
------------------------------------------------------------------------
| -10| 426| 0| 0.08| 0.08| 0.08| | | | 2493| |
| -5| 390| 0| 0.09| 0.09| 0.09| | | | 2280| |
| 0| 354| 0| 0.10| 0.10| 0.10| | | | 2068| |
| 5| 318| 0| 0.11| 0.11| 0.11| | | | 1858| |
| 10| 282| 0| 0.12| 0.12| 0.12| | | | 1651| |
| 15| 248| 0| 0.14| 0.14| 0.14| | | | 1449| |
| 20| 215| 0| 0.16| 0.16| 0.16| | | | 1254| |
| 25| 183| 0| 0.18| 0.18| 0.18| | | | 1071| |
| 30| 155| 0| 0.22| 0.22| 0.22| | | | 905| |
| 35| 130| 0| 0.26| 0.26| 0.26| | | | 762| |
| 40| 110| 0| 0.31| 0.31| 0.31| | | | 645| |
| 45| 95| 0| 0.36| 0.36| 0.36| | | | 554| |
| 50| 83| 0| 0.41| 0.41| 0.41| | | | 485| |
| 55| 74| 0| 0.46| 0.46| 0.46| | | | 432| |
| 60| 67| 0| 0.51| 0.51| 0.51| | | | 391| |
| 65| 61| 0| 0.55| 0.55| 0.55| | | | 358| |
| 70| 57| 0| 0.60| 0.60| 0.60| | | | 332| |
| 75| 53| 0| 0.64| 0.64| 0.64| | | | 310| |
| 80| 50| 0| 0.68| 0.68| 0.68| | | | 292| |
------------------------------------------------------------------------

Filipe Gonçalves 99

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