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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO

FACULDADE DE ENGENHARIA
ENGENHARIA ELÉTRICA

Sergio Luiz Mattos de Souza

POWER LINE COMMUNICATION – TEORIA E APLICAÇÕES

São Paulo
2014
Sergio Luiz Mattos de Souza
POWER LINE COMMUNICATION – TEORIA E APLICAÇÕES

Trabalho de conclusão de curso


apresentado no Curso de Engenharia
Elétrica da Fundação Armando Alvares
Penteado, como requisito parcial à
obtenção do grau de engenheiro
eletricista.
ORIENTADOR: Prof. Me. Audemir Loris

São Paulo
2014
Sergio Luiz Mattos de Souza

POWER LINE COMMUNICATION – TEORIA E APLICAÇÕES

Data de Aprovação: ___/___/___

Nota Final: ________

Banca Examinadora:

______________________________________
Prof. Me. Audemir Loris
Orientador
FEFAAP

______________________________________
Prof. Esp. Rodrigo da Silva Viana
FEFAAP

______________________________________
Prof. Me. José Carlos Bortot
FEFAAP

São Paulo
2015
RESUMO

Nos dias atuais, ao redor do planeta, tem-se buscado uma alternativa viável de
emprego da rede de energia elétrica como um efetivo meio de transmissão de
dados brutos, dados de voz e imagem, de modo a se tornar, assim, uma efetiva
rede de comunicação de dados. Nesse contexto, o presente trabalho busca
apresentar um cenário do que se pode guardar de expectativas com relação à
tecnologia PLC – Power Line Communication, estabelecendo uma comparação
com outras tecnologias já existentes para o mesmo fim, bem como se estabelece
um roteiro de seu desenvolvimento como elemento de transmissão de dados via
rede de distribuição de energia elétrica, por meio da transmissão de sinais de altas
frequências. Estudos apresentados neste trabalho destacam o desenvolvimento
da técnica para permitir maior velocidade de transmissão a uma menor taxa de
erro de bits, ao mesmo tempo em que se busca melhorar a imunidade ao ruído
nestas redes. As diversas aplicações que podem ser incorporadas neste sistema
podem tornar a rede de transmissão por PLC uma rede dita inteligente.

Palavras-chave: Dados, Energia Elétrica, Internet, PLC.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................7
1.1 - OBJETIVOS..................................................................................................... 8
1.1.1 Objetivo Geral................................................................................................8
1.1.2 Objetivos específicos....................................................................................8
1.2 – CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA............................................................9
1.3 - JUSTIFICATIVA............................................................................................... 9
1.4 – ESTRUTURA DA MONOGRAFIA...................................................................9
2. REDES PLC.............................................................................................. 11
2.1 - O QUE É A TECNOLOGIA PLC?...................................................................11
2.2 – CARACTERÍSTICAS DA TECNOLOGIA PLC...............................................11
3. TOPOLOGIA FÍSICA DO SISTEMA PLC.................................................13
3.1 - FUNCIONAMENTO DA TECNOLOGIA PLC.................................................14
3.2 – EQUIPAMENTOS DE INTERCONEXÃO DA REDE PLC.............................17
3.2.1 - Rede PLC Interna.......................................................................................18
3.2.2 - Rede de Acesso.........................................................................................19
3.2.3 - Rede PLC de Distribuição.........................................................................20
3.3 - ACESSÓRIOS................................................................................................21
3.3.1 - Caixa de Distribuição................................................................................21
3.3.2 – Isolador de Ruídos...................................................................................21
3.4 - TESTE DE RUÍDO NA REDE ELÉTRICA......................................................22
3.5 – CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DE UM SISTEMA PLC...........................23
3.6 – TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO DA TECNOLOGIA PLC.............................24
3.6.1 – Modulação de Sinais de Dados...............................................................24
3.6.2 – Multiplexação de sinais............................................................................24
3.7 – PRINCIPAIS CAUSAS DE INTERFERÊNCIA NO SISTEMA PLC................25
3.7.1 – Infraestrutura do sistema.........................................................................25
3.7.2 - Segurança..................................................................................................26
3.7.3 – Balanceamento de linhas de transmissão.............................................26
3.7.4 - Atenuação de sinais de altas frequências..............................................26
3.7.5 – Interferências provocadas por eletrodomésticos..................................27
3.7.6 – Atenuação elétrica nos circuitos de transmissão.................................27
3.7.7 – Elementos discretos na rede de energia elétrica..................................27
3.7.8 – Limitações de quantidade de equipamentos.........................................27
4. APLICAÇÕES DA TECNOLOGIA PLC.............................................................29
4.1 – INTERNET BANDA LARGA..........................................................................29
4.2 – TELEFONIA...................................................................................................30
4.3 – TRANSMISSÃO DE VÍDEO..........................................................................30
4.4 – DOMÓTICA................................................................................................... 30
5. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA TECNOLOGIA PLC...................31
CONCLUSÕES...................................................................................................... 32
Referências............................................................................................................ 34
7

1. Introdução

Nos dias atuais, vivemos revoluções tecnológicas em constante


desenvolvimento e as tecnologias que antes eram consideradas ricas, em curto
prazo tornam-se obsoletas, dando espaço a novos produtos com valores agregados
e de melhor tecnologia.
Muitos caminhos podem ser desenvolvidos e muitas facilidades podem estar
ao nosso alcance, bastando se conectar a rede. Infelizmente nem todo mudo pode
usufruir desse recurso seja por limitações sociais ou limitações de distâncias.
Nesse ínterim, o presente trabalho tem como meta apresentar a solução de
transmissão de dados utilizando redes de energia elétrica, particularmente
denominada Power Line Communication (PLC). A tecnologia PLC se constitui uma
ascendente tecnologia, tendo surgido em um mercado tecnicamente feroz e cheio de
alternativas, que persegue, a todo instante, soluções de baixo custo e dotadas de
alto índice de eficácia. A tecnologia PLC busca fazer uso da infraestrutura da rede
de distribuição de energia elétrica para transmitir dados, voz e imagem, trazendo ao
usuário final elementos facilitadores no acesso a tais dados e assim permitindo que
indivíduos de baixa renda possam dispor de tais informações, tornando-os elegíveis
a um meio de comunicação baseado em sua única fonte de acesso, que é o serviço
de distribuição de energia elétrica.
Buscando cumprir aos requisitos de demanda da rede mundial de
computadores, os testes realizados da tecnologia PLC têm se intensificado de modo
acelerado, na tentativa de se prover uma solução de custo reduzido e elevado grau
de satisfação e de qualidade, fazendo uso de um meio de transmissão convencional
como o implementado para a transmissão de energia elétrica. De fato, a utilização
desta tecnologia inibirá os custos dos serviços tradicionais de acesso à internet, pelo
fato de que a PLC faz uso de um meio físico preexistente, dispensando a instalação
de nova estrutura física de comunicação, como é feito na transmissão de dados por
linha física telefônica.
8

Desta maneira, a presente monografia confronta tais características de


implementação da tecnologia PLC em relação às demais de transmissão de dados,
relacionando vantagens e desvantagens dos pontos de vista técnico e econômico.

1.1 - Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Este trabalho possui como objetivo geral perfazer uma análise das aplicações
decorrentes da tecnologia PLC, apresentando um mecanismo analítico das
vantagens e desvantagens dessa tecnologia apresentada ao usuário de
comunicação de dados.

1.1.2 Objetivos específicos

O presente trabalho possui como objetivos específicos os seguintes:

• Reunir contribuições bibliográficas associadas à tecnologia PLC.


• Apresentar informações estatísticas do emprego da tecnologia PLC por
organizações e corporações.
• Avaliar os resultados da pesquisa realizada sob a ótica da Engenharia Elétrica,
como área relevante para o desenvolvimento de novas soluções.

Deste modo, o primeiro objetivo deste trabalho é apresentar um novo modo


de transmissão de dados que faz uso da rede de transmissão elétrica, fundamental
como elemento de inclusão tecnológica da população de baixa renda. É fato que a
conjunção de esforços da agência reguladora de energia elétrica (ANEEL) e da
comunidade científica virá a ser elemento benéfico e positivo no sentido de fortalecer
a regulamentação de tal tecnologia no país, adequando-a ao Sistema Integrado
Nacional de Energia Elétrica (SIN).
9

1.2 – Caracterização do Problema

Nos dias atuais, uma das maiores dificuldades enfrentadas por sistemas de
telecomunicações é representada pela dificuldade de acesso à internet em locais
remotos. Nesses casos, seria desejável que ao menos organismos públicos como
escolas e serviços destinados à população pudessem dispor de acesso à grande
rede, o que não ocorre, todavia, devido ao elevado custo de implementação de
infraestrutura física para tal.
Nesse contexto, a tecnologia PLC vem como elemento de ruptura, facilitando
o acesso à internet indistintamente à população que já dispõe de serviços de
fornecimento de energia elétrica.

1.3 - Justificativa

Pelo fato de a tecnologia PLC se apresentar como inovação tecnológica


recente, não dispõe ainda de estudos exaustivos acerca sua utilização no mercado
brasileiro. Tal lacuna suscitou, assim, a pesquisa realizada neste trabalho, em que
foram buscadas vantagens e desvantagens do emprego da tecnologia em questão,
exaltando-se sua grande funcionalidade de uso sobre topologia física preexistente,
no caso a de distribuição de energia elétrica, bastante desenvolvida e ensejadora de
novas utilizações.

1.4 – Estrutura da Monografia

O Capítulo 2 descreve os conceitos referentes a Redes PLC. No Capítulo 3,


busca-se traçar uma linha de compreensão da topologia física do Sistema PLC. O
Capítulo 4 introduz e detalha aplicações para a tecnologia PLC. O Capítulo 5 busca
relatar as vantagens e desvantagens de cada subcategoria componente da
10

tecnologia PLC. Ao final, são dispostas conclusões e sugestões para trabalhos


futuros.
11

2. Redes PLC

2.1 - O que é a Tecnologia PLC?

O termo PLC se refere a um sistema de telecomunicações que emprega


como meio de transmissão a rede de distribuição de energia elétrica. Nessa
configuração, os cabos elétricos se comportam como cabos de dados de tal forma
que a instalação elétrica de cada residência assume o comportamento de uma rede
de dados convencional em que cada terminal de tomada apresenta conexão à rede.
A tecnologia PLC possui diversas aplicações, como por exemplo: serviços de
telefonia, processos de automação de equipamentos residenciais e industriais, bem
como na medição de consumo de gás, água e energia elétrica. Todavia, merece
destaque no emprego da Tecnologia PLC o acesso viabilizado à internet banda larga
(JATOBÁ, 2007), caracterizado e desenvolvido a partir da premissa de que a
qualidade é mantida elevada e de que os custos envolvidos são relativamente
baixos.
No desenvolvimento dessa tecnologia, merece destaque como mola mestra o
aperfeiçoamento das técnicas elétricas de modulação de sinais, no sentido de que
tal processo de modulação é o responsável por converter um dado sinal de natureza
arbitrária para um formato adequado ao canal de comunicação em que trafegará,
localizando-se no lado transmissor e modificando um sinal de referência chamado
sinal de portadora (PACHECO, 2010).

2.2 – Características da Tecnologia PLC

A transmissão no sistema PLC faz uso de duas faixas específicas de


frequências dentro das ondas portadoras do sinal transmitido. A primeira destas
faixas recebe a denominação de faixa de transmissão outdoor, recebendo a
segunda o nome de faixa de transmissão indoor, faixa na qual modems e
repetidores se comunicam. No Brasil, não se tem informação precisa sobre o
alcance dos efeitos de ruídos, em face da quantidade reduzida de testes que foram
implementados. Tal categoria de interferências pode se dar de dois modos: a
interferência presente em sistemas que compartilham espectro com a tecnologia
PLC, que se deve a limites de potência compartilhados e especificados pela Anatel,
12

e a interferência peculiar à tecnologia, que depende do ruído provocado por cada


usuário do próprio sistema. Em ambos os casos, a tecnologia PLC, por ser inserida
em concentrações de usuários que já fazem uso de outras formas de transmissão de
dados, é importante que haja um mapeamento adequado dos efeitos de ruídos em
tais localidades, para adequada mensuração de qualidade de uso da tecnologia
PLC. Ressalta-se que no país a tecnologia já encontra utilização licenciada para
serviços de comunicação móvel marítima, aeronáutica, radioamadora e de
radiodifusão (ANATEL, 2008)
13

3. Topologia Física do Sistema PLC

Linhas de distribuição de energia elétrica são prioritariamente projetadas para


a transmissão eficiente dessa modalidade de energia, não sendo assim adequadas
a princípio para transmitir dados. Por tal razão, a implementação da tecnologia PLC
em tais linhas requer cuidados para que dados e energia elétrica possam fazer uso
do meio físico de forma indistintamente aceitável.
De posse do conhecimento de que a energia elétrica pode ser obtida de
outras formas de energia na natureza, as Figuras 1 e 2 ilustram como esta energia é
gerada, transmitida e distribuída, do elemento gerador (turbina) ao consumidor final.
Quando produzida na forma hidrelétrica, ou seja, convertendo-se a energia hídrica
em elétrica a partir da conversão de energia potencial em energia cinética.

Figura 1 - Geração e Transmissão de Energia Elétrica.


Fonte: Cunha, 2006.
14

Figura 2 – Distribuição de Energia Elétrica.


Fonte: Cunha, 2006.

3.1 - Funcionamento da Tecnologia PLC

A tecnologia PLC tem com base de seu funcionamento um sinal de controle


guiado por fibra óptica antes de ser acoplado à rede elétrica que difunde o sinal de
dados a cada uma das tomadas elétricas. Sob tais condições, sinais de dados e
sinais de energia elétrica não são misturados dentro do mesmo cabeamento, pelo
fato de que utilizam distintas porções de frequência de sinal no espectro. Uma
interessante analogia seria a de um duto que pode transportar água e óleo sem
misturá-los, com a diferença de que um duto transporta matéria, ao passo que cabos
da tecnologia PLC transportam energia, invisível a olho nu, mas perceptível
mediante equipamentos de leitura (COPEL, 2011). A Figura 3 ilustra o processo de
composição do sinal PLC em uma estrutura de distribuição de energia elétrica
residencial.
15

Figura 3 – Funcionamento do sistema PLC.


Fonte: Martins, 2009.

Uma vez que a energia elétrica modulada pela informação de dados atinge
um terminador nas ruas, geralmente instalado e disponibilizado por concessionária
do setor elétrico autorizada para operar a tecnologia PLC, instala-se um
equipamento denominado Master PLC, que perfaz a injeção do sinal modulado PLC
no enrolamento secundário dos transformadores de tensão. Isto faz com que todos
os consumidores atrelados à rede PLC recebam, via tomadas (por vezes acopladas
a repetidores, para amplificação de sinais), o sinal de informação PLC. Na
sequencia, os sinais disponibilizados nas tomadas serão injetados nos modems PLC
e convertidos para interfaces padronizadas Ethernet, que por sua vez conduzirão os
sinais a interfaces de rede nos computadores de cada residência. Em média, uma
conexão PLC disponibiliza em link único uma taxa de transferência de dados na
faixa de 2 Mbps, que podem ser compartilhados entre diferentes usuários. A Figura
4 ilustra o sistema PLC interligado a uma rede elétrica de baixa tensão.
16

Figura 4 – PLC conectado à rede de baixa tensão.


Fonte: COPEL, 2010.

Na Figura 4, o sinal de informação PLC trafega pelo cabo de fibra óptica e é a


seguir repassado à linha de transmissão de baixa tensão, que conduz o mesmo às
residências. Nessa situação, a tecnologia PLC faz uso de frequências de portadora
em valores típicos de frequência calculados em paralelo, de modo que um amplo
espectro seja dividido e a probabilidade de ocorrência de erros seja menor que a
observada em banda larga convencional. No caso de banda estreita, são
privilegiados valores de frequência na faixa de 9 a 525 kHz, reduzindo
consideravelmente a probabilidade de ocorrência de ruídos na linha de
comunicação, pois em tais valores de frequência os cabos de transmissão de
energia elétrica apresentam baixa atenuação. Para banda larga, os valores de
frequência envolvidos se situam na faixa de 2 a 30 MHz, o que torna o sistema mais
suscetível a ruídos, devido à atenuação já presente nos cabos (ACMA, 2003).
A Figura 5 ilustra o modo como a rede de acesso PLC é guiada da
subestação de energia elétrica à residência dos consumidores.
17

Figura 5 – Interligação subestação-residência no sistema PLC.


Fonte: COPEL, 2010.

Há ainda alternativas no que se refere ao envio de informações do provedor


de acesso ao consumidor final: os dados podem ser encaminhados de forma direta
aos usuários, ou um cabo rígido pode transportar as informações diretamente do
provedor de acesso para a rede elétrica residencial, até atingir os usuários finais
(GONELLI, 2009).

3.2 – Equipamentos de Interconexão da Rede PLC

O projeto de equipamentos para uso em redes baseadas na tecnologia PLC


deve levar em consideração os problemas e virtudes da incorporação de dois
sistemas de transmissão distintos em um só – de energia elétrica e de sinais de
dados. Além disso, é preciso avaliar a inserção de elementos e equipamentos físicos
no sistema, e como devem ser configurados para não trazer prejuízo aos requisitos
de qualidade esperados para o uso da tecnologia.
De forma a ilustrar a arquitetura de 00o mostrado na Figura 6, para posterior
detalhamento teórico, bem como para apresentação de acessórios relevantes em tal
configuração.
18

Figura 06 – Quatro níveis de rede da topologia PLC.

Fonte: COPEL, 2010.

3.2.1 - Rede PLC Interna

A rede PLC interna, presente na residência do usuário final, compõe-se pela


rede de distribuição de energia elétrica e pelos dispositivos de modulação
(modems), que acoplam a informação aos computadores. No que se refere aos
modems, podem ser utilizados nas mais variadas quantidades, interligados às
tomadas residenciais. Pode-se utilizar, por exemplo, um ponto de acesso como o
especificado pela norma IEEE 802.11, conectado à tomada tal como uma carga
elétrica comum. Ressalta-se que modems PLC são dotados de uma interface para
conexão ao padrão de cabeamento RJ-45 para Ethernet, uma interface USB 1x e
uma interface RJ-11 para conexão telefônica, de modo que tal modem pode operar
como gateway, por exemplo, para serviços VoIP.
A Figura 7 ilustra dois tipos de modem PLC, sendo o primeiro deles externo,
fabricado pela ASCOM, e o segundo adaptável diretamente à tomada elétrica.
19

Figura 07 – Modems PLC.


Fonte: COPEL, 2010.

3.2.2 - Rede de Acesso

Uma rede de acesso PLC tem seu primeiro ponto localizado próximo ao
medidor de consumo de energia elétrica do usuário. Neste ponto, um dispositivo
denominado repetidor BT é acoplado, com o principal objetivo de receber os sinais
modulados PLC proveniente do modem e transferi-los para a rede elétrica de baixa
tensão. A Figura 8 ilustra repetidores BT.

Figura 08 – Dispositivos Repetidores BT.


Fonte: COPEL, 2010.
20

Se o espaço entre o repetidor BT e o transformador elétrico for maior que 300


metros, é necessário o uso de outro repetidor, distância esta que é limite mínimo
para que novo repetidor seja configurado e intercalado. O uso de repetidores é
também recomendado quando houver fontes eventuais de atenuação. De fato, o
emprego de repetidores só é dispensável quando o modem está situado
relativamente próximo do transformador elétrico, quando tais repetidores são
substituídos por pontes de acopladores, que adaptam os sinais de entrada ao
medidor. Tais acopladores podem ser:

 Capacitivos – alimentam os dados por meio de contato direto com os cabos


de transmissão de energia elétrica;
 Indutivos – alimentam os dados por meio de indução eletromagnética.

Figura 09 – Acopladores.
Fonte: COPEL, 2010.

3.2.3 - Rede PLC de Distribuição

A rede PLC de distribuição é responsável pela conexão dos circuitos de


potência com os circuitos de dados, perfazendo a comunicação entre a residência e
a rede de telecomunicações do provedor de internet, o que é realizado pelo
equipamento Master, ilustrado na Figura 10.
21

Figura 10 – Equipamento Master.


Fonte: COPEL, 2010.

3.3 - Acessórios

3.3.1 - Caixa de Distribuição

Para tornar mais fácil a distribuição do sinal de dados PLC nos painéis de
recepção de energia elétrica nas residências, emprega-se uma caixa de distribuição,
conforme ilustrado na Figura 11. Usualmente, tal caixa é conectada a um dispositivo
de supressão de surtos que age como um filtro de ruídos provenientes de outros
equipamentos ligados à rede de energia elétrica.

Figura 11 – Caixa de Distribuição.

3.3.2 – Isolador de Ruídos

Para implementar de modo mais efetivo a conexão entre o modem PLC e o


circuito elétrico da residência, utiliza-se um dispositivo de isolação de ruídos
22

(conforme a Figura 12), com a finalidade de reduzir o nível de ruído presente na


rede, proveniente da interferência de outros dispositivos conectados à mesma.

Figura 12 – Dispositivo de Isolação de Ruídos.


Fonte: COPEL, 2010.

3.4 - Teste de Ruído na Rede Elétrica

Quando se transmitem dados através de uma rede elétrica, o elemento de


maior atenção se refere à imunidade que tal rede apresenta ao ruído de natureza
eletromagnética, proveniente de outros dispositivos elétricos conectados aos
circuitos elétricos da residência. Para tal, simulações são usualmente realizadas
com algum equipamento de teste que produza tais ruídos, como por exemplo,
ventiladores e outros equipamentos dotados de motores de indução e que assim
produzam campos eletromagnéticos. Salienta-se que qualquer outro dispositivo
capaz de gerar ruído eletromagnético, ainda que não dotado de máquinas de
indução, pode vir a causar interferência na rede PLC – é o caso de reguladores e
estabilizadores de tensão, bem como outros dispositivos que operem com cargas
LC.
23

3.5 – Características elétricas de um sistema PLC

Em uma rede PLC, o sinal de dados é transportado com um sinal elétrico


guiado nos pares metálicos da rede de energia elétrica. Nesta transmissão, a
topologia das linhas alternadas de transmissão elétrica podem se configurar como
obstáculos ao transporte de dados, dentre os quais se encontram: linhas abertas ou
com derivação, não-linearidade dos transformadores, presença de interferências
externas aos circuitos, dispositivos acoplados a tomadas de energia, etc.. Além
disso, irradiações de frequências espúrias, ausência de blindagem em cabos,
intercruzamento de dados em pares de cabos, são também possíveis causas de
ruídos nas redes PLC.
Por outro lado, a tecnologia PLC tem como vantagem o uso de topologia
física preexistente, o que traz economia ao dispensar os custos referentes à
implantação e instalação de novos equipamentos de hardware.
24

3.6 – Técnicas de Transmissão da Tecnologia PLC

3.6.1 – Modulação de Sinais de Dados

O advento da tecnologia PLC se deve, em muito, ao desenvolvimento de


técnicas avançadas de modulação, que se referem à adequação de um sinal ao
meio, de modo a assegurar que o canal físico utilizado não venha a distorcer ou
comprometer as amostras do sinal transmitido. A tarefa de modulação, no caso, é
realizada no lado transmissor, em que um sinal denominado sinal de portadora tem
algumas de suas características modificadas pelo sinal de informação, este
denominado sinal modulante, que trafega no meio físico juntamente com o sinal de
portadora. (PACHECO, 2010). No lado receptor, a informação original é recuperada
a partir do sinal modulado recebido, em uma tarefa denominada demodulação.
Todavia, a reconstrução perfeita da informação original pode ser afetada por fatores
externos, como ruído presente na linha ou distorção sobre o sinal causada pelo meio
físico. No caso, a corrupção do sinal transmitido depende também do tipo de
modulação realizada, no que há técnicas de modulação que se mostram mais
sensíveis à ação do ruído, enquanto outras se apresentam menos afeitas à distorção
presente nos canais de transmissão. Para aperfeiçoar o uso do canal em tais
situações, foram propostas técnicas de multiplexação de sinais, explicadas nas
seções seguintes.

3.6.2 – Multiplexação de sinais

A Multiplexação corresponde ao método de se combinar inúmeros sinais para


que estes sejam transmitidos simultaneamente ao longo de um mesmo canal de
comunicação. A multiplexação pode ser dividida nas seguintes modalidades:

a) Multiplexação por divisão de frequência (Frequency-Division Multiplexing - FDM):


corresponde à técnica de multiplexação em que cada sinal misturado utiliza uma
única frequência específica. No lado receptor, os sinais são separados por meio de
filtragem em frequências selecionadas.
b) Multiplexação por divisão de tempo (Time-Division Multiplexing - TDM):
corresponde à técnica de multiplexação em que os sinais misturados ocupam fatias
25

específicas do tempo, sendo tal tarefa realizada com o uso de modulação por
pulsos.
c) Multiplexação por divisão de código (Code-Division Multiplexing - CDM):
corresponde à técnica de multiplexação em que cada sinal misturado é identificado
por uma sequência específica.

Outra técnica de multiplexação conhecida é a OFDM (orthogonal FDM), que


apresenta notável eficiência na atenuação de ruídos presentes nos canais de
comunicação PLC. Pelo fato de a técnica OFDM trabalhar em conjunto com técnicas
corretivas de erro e dispensar a equalização de canal, esta se apresenta como mais
eficiente que as técnicas de multiplexação supracitadas.

3.7 – Principais Causas de Interferência no Sistema PLC

Com o propósito de se apresentar como uma solução tecnológica


diferenciada e competitiva em relação às já existentes nos dias atuais em
comunicação de dados, a tecnologia PLC tem em si características que merecem
destaque.

3.7.1 – Infraestrutura do sistema

O emprego de cabos metálicos como topologia física é talvez o elemento


mais benéfico em defesa da utilização da tecnologia PLC, uma vez que com tal
topologia a instalação do sistema se torna bastante simplificada: além do menor
número de cabos requerido dentro das residências atendidas pela rede PLC, há o
benefício secundário de se estimular a contratação de serviços de telefonia, que
também podem ser atendidos a partir da infraestrutura de dados já instalada.
26

3.7.2 - Segurança

Outro aspecto que suscita dúvidas no emprego da tecnologia PLC diz respeito
aos mecanismos de segurança implementados para tal utilização, já que todos os
cabos de dados estão conectados ao mesmo transformador, o que poderia permitir
que um ponto de acesso fosse interceptado pelos demais. Nesta situação, uma das
possíveis soluções é o uso de criptografia, em que se destaca, para a tecnologia
PLC, o uso corrente da técnica de criptografia DES. Nesta técnica, bits são
sucessivamente deslocados e substituídos, por meio do uso de uma chave de
criptografia (muitas vezes de 56 bits). Blocos de dados são divididos em segmentos
de 64 bits, blocos esses que são codificados pelo uso da chave escolhida, em uma
ou várias interações. No processo reverso, de decriptação, a mesma chave de
criptografia é utilizada para recuperação dos dados codificados (FERREIRA, 2005).

3.7.3 – Balanceamento de linhas de transmissão

As linhas de transmissão de energia elétrica são usualmente concebidas para


o transporte de sinais elétricos, o que exige que sejam simétricas e assim que as
características de propagação de sinais espúrios se façam mais prováveis. Isto se
explica pelo fato de que a transmissão de sinais de altas frequências pode emitir
também ondas eletromagnéticas alternativas que podem por sua vez interferir na
transmissão de informações da rede PLC. (CUNHA, 2006)

3.7.4 - Atenuação de sinais de altas frequências

No cabeamento do sistema PLC, os revestimentos plásticos da rede elétrica


podem induzir sinais de altas frequências na transmissão, devido ao efeito capacitivo
que se pode fazer associado. Deste modo, recomenda-se que os enlaces não
ultrapassem distâncias elevadas (na faixa de 1,0 km), ou, em caso de distâncias
muito maiores, que os cabos plásticos sejam substituídos por enlaces de fibra óptica
(CUNHA, 2006).
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3.7.5 – Interferências provocadas por eletrodomésticos

Os eletrodomésticos são também grandes causadores de interferências na


rede PLC, produzindo distorções que se inserem na informação modulada pelo
sistema. Isto requer processamento adicional para correção das perdas
provenientes da interferência eletromagnética, que pode reduzir notavelmente a
eficiência de transmissão no que se refere às taxas de transporte.

3.7.6 – Atenuação elétrica nos circuitos de transmissão

As diminuições abruptas de tensão presente nos circuitos elétricos de


transmissão em condições de altas frequências, provocada pelo emprego de pares
metálicos, acarreta a atenuação no sinal modulado de tensão transmitido pelo
sistema PLC, bem como na diminuição da razão sinal/ruído do sistema. Valores
típicos de atenuação se situam na faixa de 50 a 55 dB.

3.7.7 – Elementos discretos na rede de energia elétrica

Os equipamentos componentes das redes elétricas (por exemplo, medidores,


disjuntores e transformadores), quando desprovidos de manutenção, podem ser
causadores de interferências nos sinais de dados PLC, além de agirem como filtros
passa-baixa que bloqueiam o tráfego de informações de altas frequências.

3.7.8 – Limitações de quantidade de equipamentos

Para assegurar o mínimo de qualidade na entrega de sinais de dados PLC, há


um limite formal da quantidade de equipamentos operantes em uma única rede PLC:
para cada segmento de rede com equipamento máster, são permitidos no máximo
254 modems. Tal limite, embora teoricamente elevado, admite como sugestão que
28

seja empregado um segundo equipamento máster, para tornar o gerenciamento da


rede PLC menos sobrecarregado (FERREIRA, 2005).
29

4. Aplicações da Tecnologia PLC

A tecnologia PLC tem em si dois segmentos em que pode ser utilizada com
mais frequência:

 Transmissão indoor, que é conduzida por meio de topologia elétrica interna de


uma residência;
 Transmissão outdoor, que é conduzida por meio de topologia elétrica onde a
transmissão é conduzida usando a rede pública exterior de energia elétrica.

Em termos básicos, o sistema PLC tem como premissa de funcionamento


uma frequência de operação situada na faixa de 1 a 30 MHz, ao passo que a
energia elétrica apresenta valores típicos de frequência na ordem de 50 a 60 Hz.
Com isso, é possível a utilização simultânea dos dois sinais no mesmo meio físico,
sem que um sinal venha a interromper o outro em qualquer condição de operação.
A tecnologia PLC permite ainda que aparelhos eletroeletrônicos como
equipamentos de som e similares sejam conectados à rede. Outro aspecto a ser
considerado é o fato de que a rede PLC é dita simétrica, ou seja, velocidades de
download e upload são iguais. Nesse contexto, a tecnologia PLC dispõe de
funcionalidades que asseguram um nível de qualidade único em termos de como o
provedor do serviço pode se posicionar frente à concorrência de mercado. Nesse
ponto, exatamente, a tecnologia PLC se situa como mais frágil, no sentido de que
necessita que os serviços de fornecimento de energia elétrica convencional estejam
já bem implementados e funcionais, para que ela, por si só, possa prover sua própria
categoria de serviços (LOUIE, 2006).
Podem ser elencadas como aplicações primeiras da tecnologia PLC as
seguintes.

4.1 – Internet Banda Larga

Esta é a principal aplicação para a tecnologia PLC, no sentido de que tal


solução tende a unificar toda a estrutura física de transmissão de dados. Além disso,
o fato de a transmissão de dados via cabos de transmissão de energia elétrica já se
30

encontrar especificado e baseado no protocolo TCP/IP traz segurança de utilização


dos serviços (LITTLE, 2004).

4.2 – Telefonia

A demanda escalável por serviços dotados de qualidade a partir de soluções


de telefonia baseadas na tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol) eleva a
tecnologia PLC ao papel de potencial concorrente daquela solução, podendo atingir
futuramente a posição de líder em tal mercado. Esta competição se tornará
brevemente bastante acirrada, pelo fato de que a tecnologia VoIP vem aos poucos
ganhando notável fatia de mercado. Ao mesmo tempo, a tecnologia PLC surge como
promissora no sentido de que pode englobar aplicações VoIP em si, priorizando-as e
assim “ultrapassando” o concorrente (LITTLE, 2004).

4.3 – Transmissão de Vídeo

A tecnologia PLC permite que serviços de transmissão de vídeo sejam


adequadamente suportados pelos cabos de transmissão de energia elétrica, com o
adicional de que a topologia elétrica é mais robusta a interferências do que a
utilizada em sistemas de transmissão exclusiva de dados, cabeados ou não,
devendo-se apenas tomar certo cuidado quanto à atenuação provocada por
equipamentos eletroeletrônicos. Ainda assim, a tecnologia PLC surge como
potencial provedor de serviços dessa natureza, mantendo-se ou elevando-se a
qualidade dos sinais de vídeo transmitidos (MARKARIAN & HUO, 2005).

4.4 – Domótica

A tecnologia PLC traz em si o conceito intrínseco de Homer Area Network, o


que é condição excepcional para o desenvolvimento de aplicações em automação
residencial (domótica). Assim, conceitos como de uma “residência inteligente”
podem ser amplamente explorados, no sentido de viabilizar aplicações como a
automação de aparelhos condicionadores de ar, automação do acionamento de
lâmpadas, etc. (LITTLE, 2004).
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5. Vantagens e Desvantagens da Tecnologia PLC

Pelo fato de fazer uso da rede de transmissão de energia elétrica, todo e


qualquer terminal de energia se torna um possível ponto na rede PLC, de modo que
basta que os equipamentos de rede sejam conectados às tomadas elétricas para
utilizar a rede de dados, em limites de taxas de transmissão que alcançam a faixa de
cerca de 200 Mbps e a frequências de 1,7 a 300 MHz. Adversamente, na rede PLC
qualquer tomada de energia pode ser também uma fonte de interferência
eletromagnética, além de outros equipamentos e utensílios, como receptores de
radiofrequência, telefones sem fio, entre outros. Igualmente, a rede PLC pode por
sua vez provocar interferência em tais equipamentos.
Outra desvantagem decorrente do uso da tecnologia PLC se refere ao fato de
que a transmissão no sistema se dá de modo unidirecional, ao mesmo tempo em
que a largura de banda é compartilhada entre os clientes. Além disso, a oscilação
presente nos clientes, de caráter aleatório, pode fazer com que o emprego da
tecnologia se dê de forma instável, pois interferências podem ocorrer em momentos
inesperados, em que atenuações e distorções são sempre indesejadas. Igualmente,
os comprimentos a serem vencidos podem se constituir como barreiras à
transmissão, no sentido de que os transformadores de distribuição podem
representar elementos de forte atenuação, ainda que possuam alta eficiência dentro
das faixas de frequências de trabalho. Para contornar tal obstáculo, as operadoras
do sistema de distribuição buscam prover a transmissão de sinais em redes isoladas
de altas frequências, bem como têm proposto técnicas inovadoras para a
reconstrução de sinais fortemente atenuados, todavia de elevado custo.
Uma desvantagem adicional no uso da tecnologia PLC se refere ao
paralelismo das linhas de transmissão de dados (e de energia elétrica), que fazem
com que a largura de banda, compartilhada, seja invariavelmente dividida e
reduzida. Este efeito é adverso, sobretudo quando da necessidade de download de
dados, ainda que o problema do alto curso de transmissão se faça menos sentido,
caminhando em sentido contrário ao dos esforços governamentais em se
implementar uma ampla rede de comunicações baseada sobretudo em backbones,
custosa e de uso exclusivo para dados.
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Conclusões

Neste trabalho, foi possível verificar que a tecnologia PLC utiliza a rede de
distribuição de energia elétrica como meio de transmissão de informações de
conteúdo multimídia (dados, voz, vídeo, áudio etc.) ou para a transmissão de dados
de gerenciamento, automação e controle de dispositivos conectados à rede elétrica.
Em termos elementares, as informações disponíveis em formato digital devem ser
transformadas em sinais analógicos, que são a seguir injetados na rede elétrica.
Com o propósito de adequar os sinais transmitidos às características das redes
elétricas e, com isso, garantir sua transmissão eficaz, os sistemas de
telecomunicações baseados na tecnologia PLC são, atualmente, projetados para
funcionar em faixas mais amplas de frequência, do mesmo modo que já contam com
elementos/dispositivos instalados diretamente nas redes elétricas, como estações
PLC base, repetidores e gateways, acopladores, dispositivos de bypass, roteadores
e modems PLC.
A tecnologia PLC se organiza de modo tecnicamente simples, mas cuja
implementação é complexa no sentido de atacar um mercado já consolidado em
prover soluções exclusivas para a transmissão de dados. Nesse sentido, requer dos
governos uma série de incentivos que permita sua difusão e popularização. Há, de
fato, diversas experiências que têm embasado em termos práticos o emprego das
redes PLC. No entanto, é necessário que os programas bem-sucedidos de uso da
tecnologia vindos de fora do país tenham a merecida aceitação dentro de nosso
território, o que pode ser bastante útil em nossa atual situação de uma ampla rede
de distribuição em funcionamento, que poderia incondicionalmente ganhar em
termos práticos com o advento de uma nova solução tecnológica para a transmissão
de dados.
Em um horizonte próximo de tempo, a tecnologia PLC é séria candidata a
permitir aplicações sofisticadas disponíveis por uma simples tomada elétrica, o que
pode representar um divisor de águas na utilização de redes convencionais de
distribuição de energia elétrica, ao permitir o emprego de potentes meios de
transmissão de dados, voz e imagens. Com isso, indivíduos poderão ser
beneficiados no acesso à informação, a um custo bem reduzido em relação às
soluções atuais para comunicações. É fato que o valor da tecnologia no país ainda é
elevado, pois os equipamentos são ainda quase que totalmente importados, mas tal
33

realidade pode ser alterada por uma questão de escala: o custo nos dias atuais de
fato não é atrativo, já que a tecnologia ainda se desenvolve sob a forma
experimental, mas na medida em que o mercado da solução seja aquecido,
fabricantes se sentirão menos inseguros quanto a investir capital em seu
desenvolvimento totalmente nacional. Outro fator relevante para o êxito da solução
como unânime em substituição a outras formas convencionais de comunicação de
dados reside na dependência do desempenho de velocidade da tecnologia PLC com
as condições de instalação da rede local: operando a tecnologia sob certos níveis de
ruído, a análise de desempenho é imprescindível antes da efetiva operação.
As perspectivas sobre o PLC para os próximos anos no Brasil dependerão da
evolução de demanda interna das empresas nacionais. As expectativas se colocam
agora muito mais concentradas no aumento da demanda por serviços de
telecomunicações mais sofisticados associados à adoção do conceito de smart grid,
do que necessariamente a uma flexibilização de mercado no sentido de que as
companhias ingressarão no mercado de telecomunicações e ofertarão pura e
simplesmente seus serviços. De fato, ao mesmo tempo em que a tecnologia PLC
evoluiu, outras tecnologias como transmissão de radiofrequência, GPRS, redes
Mesh e Zigbee também avançaram, e têm se mostrado mais adequadas e menos
custosas.
Não é simples prever qual será o futuro da tecnologia PLC, pois a expectativa
de êxito tem se apoiado mais na esperança de sucesso do que em argumentos
puramente técnicos. O que se observa, de fato, é que a tecnologia ainda precisará
caminhar em paralelo e compor esforços com outras, mesmo porque seu
posicionamento como componente de um sistema maior de comunicação não é algo
impossível de se vislumbrar – os sistemas de distribuição de energia no país
apresentam imensa capilaridade, podendo comportar tais produtos de forma
combinada.
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REFERÊNCIAS

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