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Curso de Engenharia Elétrica

Monografia do Projeto de Fim de Curso

Proposta de Método de Correção de Temperatura em


Termografias de Seccionadoras de Média Tensão para
Definição da Prioridade em Plano de Ação

Maiquel Lima Pereira

2022
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense

Departamento de Ensino de Graduação e Pós-Graduação

Campus Pelotas

Curso de Engenharia Elétrica

Maiquel Lima Pereira

Orientador: Prof. Wagner Brignol, Dr.

Proposta de Método de correção de Temperatura em Termografias de


Seccionadoras de Média Tensão para Definição da Prioridade em Plano de
Ação

Monografia do Projeto de Fim de Curso

Pelotas, RS

2022
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense

Departamento de Ensino de Graduação e Pós-Graduação

Curso de Engenharia Elétrica

Monografia do Projeto de Fim de Curso

Proposta de Método de Correção de Temperatura em Termografias de


Seccionadoras de Média Tensão para Definição da Prioridade em Plano de
Ação

Maiquel Lima Pereira

Relatório submetido como requisito parcial


para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista

Prof. Roberto Tomedi Sacco, Me.


Prof. José Ubirajara Nuñes de Nunes, Dr.

Banca Examinadora

Prof. Wagner Brignol, Dr.


(Orientador)

Prof. José Ubirajara Nuñes de Nunes, Dr.


(Examinador)

Prof. Roberto Tomedi Sacco, Me.


(Examinador)
CESSÃO DE DIREITOS

AUTOR: Maiquel Lima Pereira


TÍTULO: Proposta de Método de Correção da Temperatura em Termografias de
Seccionadoras de Média Tensão para Definição da Prioridade em Plano de Ação.

GRAU: Engenheiro Eletricista ANO: 2022

É concedida ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense


permissão para reproduzir cópias desta monografia de graduação e para emprestar ou
vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O(s) autor(es)
reserva(m) outros direitos de publicação e nenhuma parte desta monografia de graduação
pode ser reproduzida sem autorização por escrito do(s) autor(es).

Maiquel Lima Pereira


Av. Prefeito Ary Alcantara, 1001/44
96081-700 – Pelotas – RS – Brasil
Dedico esse trabalho a Deus e ao projeto Dele em minha vida: minha família. Minha esposa
Manuela, meus filhos Eduarda e Iarlison, meus pais Jorge e Marta, minha irmã Ariadne,
meus avôs Ramão (in memorian) e Malvina Pereira (in memorian), João Carlos (in
memorian) e Dilma Lima (in memorian).
Agradecimentos...

➢ Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, sem Ele nada disso seria possível;

➢ À minha esposa Manuela, por caminhar ao meu lado e encher minha vida de luz;

➢ Aos meus filhos Eduarda e Iarlison, que a minha jornada seja inspiração para suas
vidas;

➢ Aos meus pais Jorge e Marta por serem meus exemplos, obrigado pelo incentivo e
acreditarem que eu seria capaz;

➢ À minha irmã Ariadne por sempre estar presente e compartilhar os momentos de


minha vida;

➢ Ao Engenheiro Felipe Mazuco, pela grande amizade criada no decorrer da graduação


em Engenharia;

➢ Ao Engenheiro Carlos Raposo, Me, por todo apoio que me foi dado quando colega na
CEEE-D;

➢ Ao meu orientador professor Wagner Brignol, Dr, por acreditar na proposta deste
trabalho;

➢ À minha banca examinadora, professores José Ubirajara Nunes, Dr e em especial ao


professor Roberto Tomedi Sacco, Me, pois tive a oportunidade de realizar várias de
suas cadeiras no decorrer do curso, servindo-me de inspiração seu profissionalismo e
dedicação com a arte de ensinar.
➢ A todos os professores que tive a oportunidade de receber o aprendizado;

➢ A todos meus colegas e amigos da CEEE-D e do curso de Engenharia, pois sempre me


apoiaram.
Resumo

As inspeções termográficas em subestações do Sistema de Distribuição de Alta


Tensão são imprescindíveis como manutenções preditivas, evitando assim falhas
em equipamentos que levariam a um impacto no indicador de continuidade. Os
ensaios termográficos podem ser avaliados de forma qualitativa ou quantitativa.
Historicamente as concessionárias de energia elétrica realizam as avaliações das
termografias para as ações de manutenção, através das análises dos deltas de
temperatura. Os ensaios termográficos eram normalmente realizados no horário de
maior carga, sendo esse normalmente entre as 19h e 20h. Com a regulamentação
do sistema de distribuição no Brasil, onde as concessionárias são remuneradas com
base em regramentos da ANEEL, reduções dos custos estão sendo implementadas.
Nesse cenário as gestões das concessionárias têm tomado decisões com vistas a
reduções de pagamentos de horas extras – normalmente necessárias para a
realização da termográfica no horário de ponta. Com isso os ensaios termográficos
vêm sendo realizados dentro do horário de expediente dos colaboradores. Assim as
avaliações dos resultados medidos, normalmente têm classificados os equipamentos
em uma prioridade errônea – menor em comparação a uma termografia realizada no
horário de maior carregamento. O presente trabalho visa estimar em seccionadoras
de MT (13,8kV e 23kV), através de ensaio, simulações e cálculos, a temperatura que
seria medida caso o equipamento tivesse sido inspecionado no horário de plena
carga, partindo da referência de temperatura do horário de menor carga. Este
trabalho foi divido em duas etapas. A primeira etapa consiste em ensaios realizados
simulando as condições de operação de seccionadoras de MT, através da injeção
de diferentes valores de corrente, monitorando e registrando os valores de
temperatura através de ensaio termográfico. A segunda etapa consiste na aplicação
de diferentes métodos de estimativa da temperatura do ponto quente registrado.
Normalizando os valores das medições, para definição de criticidade e consequente
prioridade para tomada de ações das equipes de manutenção. Os valores corrigidos
dos diferentes métodos serão comparados entre si e com os valores obtidos nos
ensaios de injeção de corrente, para a obtenção dos métodos mais exatos.

Palavras-chave: Seccionadora de MT, Termografia, projeção de temperatura.


Abstract

Thermographic inspections at substations of the High Voltage Distribution System


are essential for predictive maintenance, thus avoiding equipment failures that would
lead to an impact on the continuity indicator. Thermographic tests can be evaluated
qualitatively or quantitatively. Historically, electric utilities carry out thermography
evaluations for maintenance actions through the analyses of the temperature deltas.
Thermographic tests were usually performed at the highest load time, which is
usually between 7:00 pm and 8:00 pm. With the modernization of the distribution
system in Brazil, witch concessionaires are remunerated by regulations of the
national agency, reductions are being implemented. In this context, the management
of concessionaires has made decisions intending to reduce in hours of payments -
usually necessary for the thermographic at peak hours. As a result, thermographic
tests have been carrying out within the employees working hours. Thus evaluations
of the measured results have usually classified the equipment in an erroneous
priority - shorter compared to thermography performed at the time of highest loading.
This work aims to project in disconnect switch (13.8kV and 23kV), per tests,
simulations and calculations, the temperature that would be measured if the
equipment had been inspected at full load time starting from the temperature
reference of the lowest load time. This work was divided into two stages. The first
stage consists of tests simulating the operating conditions of disconnect switch by
injecting different current values, and monitoring and recording temperature values
through the thermographic test. The second step consists of applying different
projection methods for the recorded hot spot temperature. Normalizing the
measurement values, to define criticality and consequently priority for action by the
maintenance teams. The corrected values of the different methods will be compared
with each other and with the values obtained in the current injection tests, to obtain
the most accurate methods.

Keywords : Disconnect Switch, Thermographic, Correction , Temperature Projection.


Lista de Figuras

Figura 1 - Espectro eletromagnético....................................................................... 25


Figura 2 - Radiação Incidente. ................................................................................. 26
Figura 3 – Radiação de saída. ................................................................................. 28
Figura 4 – Absorção em um corpo negro. ............................................................. 30
Figura 5 - Emissão em um corpo negro ................................................................. 30
Figura 6 – Imagem termográfica em paleta Iron. .................................................. 32
Figura 7 - Fluxos de atividades por subprocessos da manutenção. ................. 38
Figura 8 – Ciclo de processo. .................................................................................. 39
Figura 9 - Seccionadora com Anomalia Térmica no AL-3 da SE TAIM ............ 41
Figura 10 - Seccionadora Lorenzetti sendo ensaiada. ........................................ 42
Figura 11 - Unifilar da subestação Taim. ............................................................... 42
Figura 12 - Ensaio termográfico da seccionadora 29-16. ................................... 43
Figura 13 - Medidas do ensaio termográfico ......................................................... 43
Figura 14 – Termovisor Flir T840 ............................................................................ 44
Figura 15 – Fonte regulável de injeção de corrente ............................................. 46
Figura 16 – Micro-ohmímetro digital ....................................................................... 47
Figura 17 - Circuito de ensaio. ................................................................................. 48
Figura 18 - Temperatura das seccionadoras sob injeção de 200A. .................. 61
Figura 19 - Resistência de contato com injeção de 200A. .................................. 61
Figura 20 - Injeção de 500A. .................................................................................... 63
Figura 21 - Temperatura das seccionadoras sob injeção de 600/200 A .......... 64
Figura 22 – Resistência de contato com injeção de 600-200A .......................... 64
Figura 23 – Temperatura da seccionadora com variação de corrente ............. 66
Lista de Tabelas

Tabela 1 - Condutividade de materiais. .................................................................. 24


Tabela 2 - Matriz de criticidade para Subestações. ............................................. 40
Tabela 3 - Especificações do termógrafo T840 .................................................... 45
Tabela 4 – Características da fonte de corrente ................................................... 46
Tabela 5 - Fator de correção de velocidade do vento. ........................................ 52
Tabela 6 - Fator de correção de carga. .................................................................. 53
Tabela 7 - Limite de temperatura e elevação de temperatura ............................ 56
Tabela 8 – Classificação e providência N-7425 .................................................... 57
Tabela 9 – Tabela atual de criticidade CEEE-D. .................................................. 58
Tabela 10 - Comparativo de critérios de severidade ........................................... 59
Tabela 11 - Injeção de 200A. ................................................................................... 60
Tabela 12 - Injeção de 500A. ................................................................................... 62
Tabela 13 - Injeção de 600-200A. ........................................................................... 63
Tabela 14 - Injeção com variação de corrente ...................................................... 65
Tabela 15 – Temperatura para t = 30 min e 60 min ................................................ 67
Tabela 16 – Correção com fator de expoente ....................................................... 69
Tabela 17 – Criticidade seccionadora Lorenzetti .................................................. 71
Tabela 18 - Correção seccionadora DAX .............................................................. 71
Tabela 19 – Erro percentual em seccionadora DAX ............................................ 72
Tabela 20 - Valores medidos no ensaio ................................................................. 72
Tabela 21 – Temperaturas sem correção .............................................................. 72
Tabela 22 - Comparação entre os métodos .......................................................... 76
Tabela 23 - Comparação percentual ...................................................................... 76
Lista de Abreviaturas e Siglas

AT Alta tensão

CEEE-D Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica

FET Fator de elevação de temperatura

ITC Infrared Training Center

MPS Manutenção Preventiva Sistemática

MT Média tensão

NETA InterNational Electrical Testing Association

NMAC Nuclear Maintenance Applications

Nuclear Nuclear industry guidelines

NBR Norma Brasileira

OI Ordem de investimento

ONS Operador Nacional do Sistema

OS Ordem de serviço

PM Módulo Plant Maintenance do SAP

PGM Programa de gerenciamento da manutenção

SAP Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados

SDAT Sistema de Distribuição de Alta

SE Subestação

SEP Sistema Elétrica de Potência

US NAVY Naval Sea Systems Command


Lista de Símbolos

a Coeficiente que varia tipicamente entre (1,4 e 2,0)

A Ampère

α Absorvidade

ρ Refletividade

Transmissividade

ε Emissividade

J Joule

Erro Erro com referência de temperatura

Erro% Erro percentual

mK Mili Kelvin

k Quilo

kg Quilograma

kJ Quilo Joule

MVA Megavolt-ampère

P1 Prioridade 1
P2 Prioridade 2

Q Quantidade de calor

∆U Variação de energia

t Tempo

TC’s Transformadores de Corrente

TP’s Transformadores de Potencial

∆Tamb Diferença entre temperatura ambiente e temperatura do objeto

∆Tref Diferença entre temperatura do objeto e temperatura de referência


W Trabalho

Radiação absorvida

Radiação refletida

Radiação transmitida

Wincid Radiação incidente

°C Graus Celsius

μΩ Microohm

mA Miliampère

mΩ Miliohm

Elevação de temperatura medida para a corrente de carga

Elevação de temperatura estimada para a corrente de carga

Corrente de carga máxima

Corrente de carga no momento da inspeção

Fator de correção de carga

Fator de elevação de temperatura

Corrente nominal

Corrente medida

Temperatura final corrigida

∆TC Elevação de temperatura corrigida

Ta Temperatura ambiente

Tm Temperatura medida

FCVV Fator de correção da velocidade do vento


∆θt E Elevação de temperatura no instante t
Coeficientes constantes

I Corrente de operação

Elevação máxima de temperatura admissível

Temperatura máxima admissível para o componente

Temperatura ambiente

Tlorenzetti Temperatura da seccionadora Lorenzetti

TDax Temperatura da seccionadora DAX

Temperatura calculada através dos métodos

Temperatura medida no ensaio termográfico


Sumário

1 Introdução ............................................................................................... 19

1.1 Objetivos Gerais e Específicos ............................................................ 20

1.2 Estrutura do trabalho ........................................................................... 20

2 Fundamentação Teórica .......................................................................... 22

2.1 Transferência de Calor ........................................................................ 22


2.1.1 Condução ..................................................................................... 23
2.1.2 Convecção: ................................................................................... 24
2.1.3 Radiação:...................................................................................... 24

2.2 Princípios da Radiação Infravermelha ................................................. 25

2.3 Interpretação de uma Imagem Térmica ............................................... 31


2.3.1 Temperatura Aparente .................................................................. 33
2.3.2 Compensação............................................................................... 33
2.3.3 Critérios de Avaliação de Imagem Termográfica .......................... 33

2.4 Manutenção de Subestações .............................................................. 34

2.5 Atividades de Manutenção em Subestações ....................................... 35


2.5.1 Manutenções Preventivas, Preditivas e Corretivas ....................... 36

2.6 Processo da Manutenção .................................................................... 37


2.6.1 Fluxo de Processo ........................................................................ 38

2.7 Classificação do Grau de Criticidade em Subestações ....................... 40

2.8 Equipamento Ensaiado ........................................................................ 41

2.9 Equipamentos Utilizados no Ensaio..................................................... 44

2.10 Circuito de Ensaio ............................................................................ 47

3 Metodologia ............................................................................................. 49

3.1 Correção de Temperatura .................................................................... 49


3.2 Correção com Fator de Expoente ........................................................ 50

3.3 Correção N-7425 ................................................................................. 51


3.3.1 Fator de Correção de Velocidade do Vento (FCVV) ..................... 52
3.3.2 Fator de Correção de Carga (FCC) .............................................. 52
3.3.3 Temperatura Final Corrigida ......................................................... 54

3.4 Correção pelo Modelo Auto Regressivo .............................................. 54

3.5 Critérios para Classificação da Temperatura ....................................... 55

3.6 Critério de Correção Norma N-7425 .................................................... 56


3.6.1 Fator de Elevação de Temperatura N-7425.................................. 57
3.6.2 Classificação N-7425 .................................................................... 57

3.7 Comparativo de Severidade com Normas Internacionais .................... 58

4 Resultados .............................................................................................. 60

4.1 Aplicando os métodos .......................................................................... 66

4.2 Critério de Correção com Fator de Expoente ...................................... 67

4.3 Critério N-7425..................................................................................... 69

4.4 Critério do Modelo Auto Regressivo .................................................... 72

4.5 Comparação dos Resultados ............................................................... 74

5 Conclusão ............................................................................................... 77

6 Referências Bibliográficas ....................................................................... 78


1 Introdução

A continuidade da transmissão e distribuição de energia no sistema elétrico


de potência depende diretamente da confiabilidade dos equipamentos.
Rotineiramente os equipamentos do SEP são inspecionados e monitorados de
acordo com as premissas técnicas, seguindo os planos de manutenção das
concessionárias de transmissão e distribuição responsáveis. A gestão dos ativos
está permanentemente sendo executada através de planos de manutenções
preventivas e preditivas.

Dentre as técnicas de manutenção preditivas, o ensaio termográfico é uma


ferramenta de análise quantitativa e qualitativa historicamente poderosa utilizada
pelas equipes de manutenção. Equipamentos como disjuntores, seccionadoras,
TC’s, TP’s, para raios e transformadores são monitorados durante uma inspeção
termográfica.

Estatisticamente, equipamentos manobráveis como seccionadoras possuem


um alto índice de falhas por sobreaquecimento, por esse motivo merecem uma
atenção especial. Frequentemente estão sendo avaliadas qualitativamente e
quantitativamente por um inspetor durante um ensaio termográfico. Em subestações
de distribuição, as chaves seccionadoras de MT destacam-se negativamente em
função da quantidade de intervenções necessárias, visando evitar falhas
permanentes com impacto nos indicadores de continuidade.

Seccionadoras de MT são equipamentos manobráveis e por estarem


expostas a intempéries estão mais suscetíveis a problemas de aquecimento por
elevação da resistência de contato entre as partes móveis. Operam no lado de baixa
do transformador e sendo assim, com o menor nível de tensão do barramento e por
consequência com o maior nível de corrente. Além de estarem sujeitas às correntes
de curto-circuito que eventualmente são exigidas, quando de uma falha em um
alimentador.

Este trabalho visa estimar em seccionadoras de MT (13,8kV e 23kV), através


de ensaio, simulações e cálculos, a temperatura que seria medida caso o
equipamento tivesse sido inspecionado no horário de plena carga, partindo da
20

referência de temperatura do horário de menor carga., aplicando fatores, tabelas e


equacionamentos para a devida correção. Essa temperatura resultante - estimativa
para a maior carga - será utilizada para comparação com as faixas pré-definidas
pelas engenharias de manutenção, sendo essas baseadas em dados dos
fabricantes e normas vigentes. Ditando assim a prioridade e consequentes ações a
serem tomadas pelas equipes de manutenção.

1.1 Objetivos Gerais e Específicos

O presente trabalho tem como objetivo principal estimar a temperatura de


equipamentos de média tensão (seccionadoras), inspecionados em um carreamento
aleatório, para o valor de temperatura de carregamento pleno. Propiciando assim
uma normalização dos resultados obtidos, para uma devida classificação da
anomalia térmica de acordo com padrões internacionais e com o adotado pela
concessionária CEEE-D. Além do objetivo principal, o trabalho possui os seguintes
objetivos específicos:

• Ensaiar duas seccionadoras de mesma corrente nominal, uma retirada


do SEP em decorrência de um ponto quente e outra nova;

• Explorar métodos para correção/projeção da temperatura de um ponto


quente verificado com carregamento aleatório, para a temperatura que
seria verificada no carregamento nominal;

• Comparar os resultados estimados com o valor medido na capacidade


nominal, verificando os métodos de maior exatidão.

1.2 Estrutura do trabalho

Além da introdução e dos objetivos gerais e específicos, o presente trabalho é


composto pelos seguintes capítulos:

• O terceiro capítulo descreve uma breve fundamentação teórica, com


conceitos da transferência de calor, princípios da radiação
21

infravermelha, interpretação de uma imagem térmica, atividades e


processos de manutenção de subestações. Mostra os equipamentos
de ensaios, as chaves seccionadoras ensaiadas, os resultados obtidos,
os métodos de correção e os critérios de classificação das
temperaturas estimadas;

• O quarto capítulo demonstra a implementação dos métodos sugeridos


e a análise dos resultados obtidos;

• O quinto capítulo é constituído das conclusões, limitações e algumas


sugestões para trabalhos futuros.
22

2 Fundamentação Teórica

A quantidade de calor em um objeto é a energia cinética total das moléculas


que o compõem. Para qualquer processo que se acrescenta calor Q a um sistema
em que um trabalho W é realizado pelo sistema, a energia resultante transferida, Q –
W, é igual a variação ΔU, na energia interna do sistema, sendo essa é a primeira lei
da termodinâmica. A temperatura é uma expressão macroscópica do grau de
agitação intramolecular e intermolecular, dado pelo somatório das energias cinética
e eletrostática dos átomos e suas eletrosferas. (KELLER; GETTYS; SKOVE, 2004).

Estes fundamentos da calorimetria são de grande importância para


compreensão e exploração dos objetivos deste trabalho, cuja proposta é de abordar
os mecanismos de geração, condução e radiação de calor. Será dada atenção
especial a radiação, os efeitos de emissão, transmissão e reflexão de um corpo para
um correto entendimento dos mecanismos de medição em um ensaio termográfico.

2.1 Transferência de Calor

A transferência de calor entre um sistema e seu ambiente ou entre dois


sistemas se dá através dos processos físicos: condução convecção e radiação. A
transferência de calor pode se dar através de apenas um dos processos, mas não
raro dois ou três processos atuarem de modo expressivo.

O calor específico é a capacidade de uma substância armazenar energia


térmica. Sua unidade é o kJ/kg.K. É a quantidade de energia térmica necessária
para aumentar a temperatura de 1 kg da substância em 1 K.

Capacidade térmica é a capacidade de um objeto armazenar energia térmica.


Sua unidade é o kJ/K. É a inércia térmica de um objeto, isto é, a velocidade de
reação do material as variações de temperatura. Um corpo com alta capacidade
térmica, reagirá mais lentamente às variações de temperatura. (ITC, 2013).
23

2.1.1 Condução

No processo de condução o calor é transferido de um sistema para o outro


através de um meio condutor térmico. É a transferência direta de energia térmica de
molécula para molécula, causada pelas colisões entre elas.

A taxa de fluxo de calor em condições de regime permanente é diretamente


proporcional à condutividade térmica do objeto, à seção transversal do objeto
através da qual o calor flui e a diferença de temperatura entre as duas extremidades
do objeto. Ela será inversamente proporcional ao comprimento, ou espessura, do
objeto.

(1)

Onde:

= taxa de transferência de calor por condução;

Q= quantidade de calor (em J ou Cal);


L= comprimento do objeto, (em m);
k= constante de condutividade (em W/m.K)..

A condutividade k, é uma propriedade dependente do material. Sua unidade é


o Watt por metro e Kelvin (W/m.K). Os materiais diferentes têm diferentes
capacidades para conduzir calor. Quanto maior for a condutividade do material,
maior será sua capacidade para conduzir calor. Algumas vezes, usa-se o termo de
“resistência térmica”. É o inverso da condutividade ou 1/k. Um bom material isolante
terá uma baixa condutividade e, inversamente, uma elevada resistência térmica.
(ITC, 2013).

A tabela 1 apresenta a condutividade de alguns materiais, onde podemos


visualizar valores de condutividade alta para os materiais condutores e valores
baixos para os materiais isolantes.
24

Tabela 1 - Condutividade de materiais.

Materias Condutividade (W/m.K)


Cobre 401
Alumínio 237
Aço 52
Gelo puro 2,04
Tijolo 1
Vidro 0,9
Água 0,6
Madeira 0,14
Fibra de Vidro 0,04
Ar 0,025
Argônio 0,018
Xenônio 0,0051

Fonte: Infrared Training Center (2013).

2.1.2 Convecção:

A convecção é o modo de transferência de calor, no qual o fluido é posto em


movimento. Seja por gravidade ou outra força qualquer. Consequentemente,
transferindo o calor de um lugar ao outro. (ITC, 2013).

2.1.3 Radiação:

A transferência de calor por emissão e absorção de radiação térmica é


chamada de transferência de calor por radiação.

Podemos definir radiação como o processo pelo qual o calor é transferido de


uma superfície de alta temperatura para uma superfície de temperatura mais baixa
com estas superfícies separadas no espaço, mesmo no vácuo. Esse processo de
transferência de energia é chamado de radiação térmica e é feito sob a forma de
ondas eletromagnéticas que viajam na velocidade da luz. A transferência de calor
25

por radiação é o princípio fundamental para realizarmos a medição de temperatura


através da termografia infravermelha. (ITC, 2013).

2.2 Princípios da Radiação Infravermelha

Todo e qualquer objeto com sua temperatura acima do zero absoluto (0K ou -
273,16°C) emite radiação térmica em função da agitação térmica dos átomos e
moléculas dos quais são constituídos. Quanto maior essa agitação, mais quente se
encontra o objeto e mais radiação ele emite. (ITC, 2013).

A radiação eletromagnética cobre um vasto espectro de diferentes tipos de


ondas, pode ser emitida nas faixas de ultravioleta, visível, infravermelho e até na
faixa de micro-ondas do espectro eletromagnético. Porém, para temperaturas típicas
encontradas na Terra, a maior parte da radiação térmica é emitida dentro da faixa de
infravermelho, (CHRZANOWSKI, 2001). Dessa forma, os termógrafos são fabricados
com detectores sensíveis a essa faixa do espectro. A termografia detecta a radiação
infravermelha emitida pelo objeto inspecionado, que é invisível ao olho humano, e a
transforma em imagens térmicas visíveis, com a possibilidade de convertê-la em
leituras de temperatura, (MALDAGUE; MOORE, 2001).

As faixas de comprimento de onda mudam gradualmente e se sobrepõem


mutualmente. As definições são baseadas na utilização da faixa de onda mais que
em função de suas características físicas propriamente ditas. (ITC, 2013).

A figura 1 apresenta o espectro eletromagnético e os diferentes tipos de


radiação que o compõem.

Figura 1 - Espectro eletromagnético.

Fonte: Termografia Infravermelha em Subestações Desabrigadas (2006).


26

A radiação térmica tem a capacidade de transmitir calor por emissão e


absorção. É um conceito mais amplo do que simplesmente infravermelho. A energia
térmica pode ser transmitida através de radiação infravermelha e através da
radiação na faixa do espectro visível. Sendo essa última a de maior intensidade na
transmissão da energia térmica solar. Classificamos a radiação térmica como:

• Emissão é quando a energia é liberada pelo material;

• Absorção é quando a energia é retida pelo material;

• Reflexão é quando a energia é refletida pelo material;

• Transmissão enquanto a energia atravessa o material.

Podemos classificar a radiação incidente como toda a radiação que atinge um


objeto advinda dos seus arredores.

A figura 2 apresenta a radiação incidente sobre um corpo e sua


decomposição em radiação absorvida, refletida e transmitida.

Figura 2 - Radiação Incidente.

Fonte: Infrared Training Center (2013).

Quando a radiação da fonte atingir o alvo, ela será transformada em três tipos
de radiações. Parte será absorvida, para esta o objeto reterá a energia. Esta parte é
chamada Wα no diagrama. Outra parcela será refletida, chamada de Wρ. Esta parte
27

não afetará o objeto. Podemos também ter parte da radiação transmitida, Wτ. Ela
passará através do objeto. (ITC, 2013).

Esse princípio físico da radiação pode ser representado e calculado através


da equação 2.

(2)

Onde:

- Radiação absorvida;

- Radiação refletida;

- Radiação transmitida;

Wincid – Radiação incidente.

O que acontece com a radiação é uma consequência das propriedades do


objeto. Todo o corpo tem uma certa capacidade ou habilidade para absorver, refletir
e transmitir. A soma dessas três condições será igual a 1 (um).

(3)

Onde:

α - Absorvidade;

ρ - Refletividade;

- Transmissividade.

Radiação emitida é aquela à qual sai do objeto, independente das suas fontes
originais. Radiação incidente e radiação emitida se diferem em um aspecto. Quando
discutimos sobre a radiação incidente não existe a preocupação exata de onde a
radiação está sendo emitida, mas somente que ela está vindo de uma fonte ou de
28

fontes diferentes do próprio objeto. Com a radiação emitida, sabemos que ela vem
de três Fontes específicas. (ITC, 2013).

A componente de radiação mais significativa na termografia infravermelha é a


emitida. Daremos uma atenção especial neste trabalho à esta, em função de sua
importância e contribuição.

Todo o corpo tem a capacidade e eficiência de emitir radiação. Essa


propriedade é chamada de emissividade. A radiação emitida pelo corpo depende
diretamente da temperatura do objeto e de sua emissividade. Ela é emitida em todas
as direções. Quanto maior a temperatura do corpo maior será a radiação emitida por
este. Da mesma forma, quanto maior for a emissividade, maior será a radiação
emitida pelo corpo. O oposto desta consideração também é verdadeiro, ou seja: Em
temperaturas mais baixas, um objeto emite menos radiação e corpos de baixa
emissividade emitem pouca radiação. (ITC, 2013).

Devemos considerar também mais duas fontes de radiação, um objeto atrás


do alvo onde a radiação deste segundo objeto é transmitida através do alvo e um
objeto na frente do alvo, sendo a radiação desse refletida através do alvo.

A figura 3 apresenta a radiação de saída do alvo, em decorrência das


radiações que chegam nele oriundas de duas fontes.

Figura 3 – Radiação de saída.

Fonte: Infrared Training Center (2013).

Na imagem vemos três fontes de radiação, o próprio alvo, a fonte na frente do


alvo a uma fonte atrás do alvo. A radiação total é então a soma da radiação emitida
pelo próprio alvo em função de sua temperatura e de sua emissividade, somada a
29

radiação refletida pelo alvo em função de uma fonte de radiação frontal, mais a
radiação transmitida através do alvo por uma segunda fonte de radiação posicionada
atrás do alvo, considerando que estamos vendo o alvo da direita para a esquerda.

O alvo possui uma temperatura e uma emissividade, as quais determinam a


intensidade da radiação emitida por este. A intensidade das outras duas radiações
dependem da temperatura e da emissividade de suas respectivas fontes. As
proporções refletidas e transmitidas pelo alvo, entretanto, e de fato dependem da
refletividade e transmissividade do próprio alvo. (ITC, 2013).

Como todo corpo tem uma capacidade ou propriedade de emitir, refletir e


transmitir radiação. A soma dessas três componentes sempre será igual a um.

(3)

Onde:

ε - Emissividade;

ρ - Refletividade;

- Transmissividade.

A capacidade que um objeto tem de emitir energia radiante é sempre a


mesma capacidade que ele tem de absorver energia em forma de radiação. Essa é
uma afirmação fundamental na ciência da radiação, pois um bom absorvedor de
radiação incidente também será um bom irradiador de sua própria energia em forma
de radiação. E o oposto também será verdadeiro. Um objeto pobre absorvente
também será um pobre irradiador. Um mau absorvedor, é de fato um bom refletor e
também podemos considerar o contrário. Um bom refletor será um pobre irradiador.

Um conceito utilizado na radiação são os corpos negros, estes não existem


na natureza. É um conceito desenvolvido convenientemente para a utilização de
forma a dar explicações científicas a vários fenômenos. Para ser considerado como
um iradiador ideal um corpo negro absorverá 100% da radiação incidente sobre ele,
e da mesma forma, ele emitirá 100% de sua energia. O que significa que nenhum
outro objeto na mesma temperatura seria capaz de emitir mais energia. (ITC, 2013).
30

A figura 4 apresenta a radiação absorvida por um corpo negro enquanto a


figura 5 representa a emissão de radiação pelo mesmo corpo negro.

Figura 4 – Absorção em um corpo negro.

Fonte: Infrared Training Center (2013).

Figura 5 - Emissão em um corpo negro

Fonte: Infrared Training Center (2013).

Alvos reais podem ter todas as características listadas anteriormente,


absorver, refletir e transmitir radiação infravermelha. Porém, normalmente estes não
são transmissivos, mas sim opacos. Portanto, são emissores e refletores de
radiação infravermelha. Essa característica privilegia a termografia infravermelha
uma vez que podemos medir a radiação emitida, onde descontando a radiação
refletida conseguimos isolar a medição da radiação emitida, possibilitando assim a
medição da temperatura do objeto alvo. (ITC, 2013).

(4)

Onde:

ε - Emissividade;

ρ – Refletividade.
31

2.3 Interpretação de uma Imagem Térmica

Uma Câmera infravermelha, também chamada de termógrafo, capta a


radiação infravermelha invisível ao olho humano e a converte em uma imagem
térmica, sendo essa um padrão de cores de uma paleta pré-definida. Onde a
temperatura elevada pode ser destacada em um tom mais claro, utilizando-se a
paleta “Ferro”, por exemplo.

As paletas tem o objetivo de mostrar padrões e relacionamentos da


informação térmica e permitir ao observador uma interpretação
correta de valores individuais. As paletas monocromáticas possuem
a vantagem de enfatizar a geometria da informação enquanto as
paletas baseadas em matiz (como a arco-íris) enfatizam a
quantidade ou intensidade da informação. (VERATTI, 2015).

O termógrafo Flir T840 possui sete opções de paletas com variações entre
maiores e menores contrastes, sendo elas: Ferro, Ártico, Arco Íris, Arco Íris de alto
contraste, Incandescente branco, Incandescente Preto e Lava. (FLIR, 2022).

Segundo (VERATTI, 2015) a paleta “Ferro” ou “Iron” é considera uma das


mais intuitivas e de fácil interpretação por representar as cores de um pedaço de
ferro gradualmente aquecido até sua fusão.

A figura 6 mostra uma imagem termográfica captada quando de um ensaio


termográfico realizado em um transformador de força em uma subestação do SEP. A
paleta utilizada pelo inspetor foi a metal (Iron).
32

Figura 6 – Imagem termográfica em paleta Iron.

Fonte: Próprio autor.

A imagem térmica não se trata apenas de uma distribuição de temperatura.


Podemos a definir como uma distribuição de emissão de radiação infravermelha.
Onde um corpo com emissividades diferentes em sua superfície terá uma
distribuição térmica de acordo com as diversas emissividades e também com a
distribuição de temperatura ao longo de sua área.

Existem duas diferenças fundamentais entre olharmos a olho nu um objeto ao


qual desejamos saber sua temperatura, e olhá-lo através de uma lente de captação
de infravermelho. No comprimento de onda da luz visível, nossos olhos percebem
apenas a radiação refletida, enquanto, que a lente de captação do infravermelho
capta além da radiação refletida, também a radiação emitida. Nossos olhos veem
diferentes tipos de cores e percebemos a intensidade como brilho. Enquanto que
uma Câmera infravermelha, de 8 a 12 ηm, irá captar somente a radiação dentro
dessa faixa espectral. (ITC, 2013).
33

2.3.1 Temperatura Aparente

Tem por definição como sendo a leitura não compensada de uma câmera
infravermelha, contendo toda a radiação incidente na lente do instrumento,
independente das fontes de origem.

A imagem térmica sempre será uma medição da temperatura aparente. Essa


é uma leitura da temperatura não compensada que atinge a lente do instrumento. A
temperatura verdadeira está relacionada ao movimento dos átomos e das
moléculas. Serão necessárias compensações de uma série de fatores para que
tenhamos a indicação da verdadeira temperatura.

A forma prática para medirmos a temperatura aparente de maneira usual é


ajustando a emissividade do equipamento para 1,0 (um virgula zero) e a distância
em 0m (zero metros). Desta forma, nenhuma compensação será feita pelo
instrumento. (ITC, 2013).

2.3.2 Compensação

Para conseguirmos realizar a verdadeira medição da temperatura do objeto


precisaremos realizar a compensação da temperatura aparente de diversas formas.
Para realizar essa compensação iremos ajustar o chamado “parâmetro do objeto”.
Todos equipamentos infravermelhos de medição em tempo real terão esse menu
para sua configuração. Diferenciando ligeiramente de instrumento para instrumento.
(ITC, 2013).

2.3.3 Critérios de Avaliação de Imagem Termográfica

A Termografia qualitativa leva em consideração padrões térmicos para


revelar a existência e classificar as anomalias térmicas e avaliá-las. Utilizamos a
termografia qualitativa de forma mais abrangente, pois se algo estiver visivelmente
normal seguimos em frente. A análise qualitativa já está intuitivamente atrelada aos
34

inspetores. Quanto mais experiente este profissional, maior sua capacidade de


executar uma análise qualitativa com sucesso. Todas as imagens captadas durante
um ensaio termográfico estão permanentemente sendo avaliadas, qualitativamente
mesmo que por uma fração de segundos. (ITC, 2013).

A termografia qualitativa depende da análise dos padrões térmicos


para revelar a existência e localizar a posição de anomalias, e avaliá-
las. (ITC, 2013).

Realizando uma inspeção termográfica, se todos equipamentos aparecerem


dentro de uma faixa de temperatura esperada, seguimos em frente na inspeção.
Caso percebamos uma anomalia, ou seja, uma diferença no perfil térmico esperado
para aquele tipo de equipamento. Nos concentramos no ponto e passamos o
analisar com o outro tipo de análise, ou seja, através da análise quantitativa.

A termografia quantitativa, usa medições de temperatura como um


critério para determinar a seriedade de uma anomalia. Para
conseguir estabelecer prioridades de reparo. (ITC, 2013).

A termografia quantitativa se utiliza de uma série de critérios rigorosos para


estabelecer a criticidade do problema. Se baseia na manutenção preditiva, onde
através de valores pré-estabelecidos de referência, baseados em experiências
anteriores com equipamentos de mesmas classes de tensão, capacidade de
corrente e operando em faixas nominais próximas, ou utilizando-se da técnica do
delta de temperatura em referência às outras fases do mesmo equipamento
observado. Classificamos a anomalia térmica dentro de um critério de prioridades
para programação de manutenções corretivas. (SANTOS, 2006).

2.4 Manutenção de Subestações

Subestação (SE) é uma instalação composta por equipamentos de manobra,


comando, proteção e transformadores de força, tendo por finalidade transformar a
energia elétrica de níveis de tensão de transmissão para níveis de tensão de
distribuição.
35

A gestão da manutenção em uma concessionária é responsável por exercer


as ações de coordenação, supervisão, controle, comando e execução da operação,
gestão de ativos e manutenções das instalações de Média Tensão (MT) e de Alta
Tensão (AT) nas subestações de subtransmissão. Executando o plano de
Manutenção - Planejamento global que estabelece as diretrizes gerais, as
estratégias e as responsabilidades do processo manutenção, assim como
sistematiza e compatibiliza objetivos e metas, procurando otimizar o uso dos
recursos disponíveis. Deve ser o referencial para a elaboração de programas e
rotinas específicas de manutenção.

O programa de gerenciamento da manutenção (PGM) está inserido no


módulo PM do software SAP e fica integrado aos demais módulos corporativos.
Sendo o programa de manutenção que é desdobramento do Plano de Manutenção o
qual estabelece os objetivos e metas específicos para cada área do processo
manutenção. É o referencial para elaboração das rotinas de manutenção. O
programa de manutenção de subestações consiste em atividades de manutenção
preventivas com periodicidades pré-definidas e aplicação de técnicas preditivas que
geram as manutenções corretivas programadas e eventualmente manutenções
corretivas de emergência. (CEEE-D, 2016).

2.5 Atividades de Manutenção em Subestações

Com o passar dos anos, as técnicas de manutenção têm sofrido grandes


evoluções que podem ser vistas nas aplicações de projetos cada vez mais
complexos, exigindo assim, conhecimentos especializados e criando a necessidade
de uma constante atualização por parte dos profissionais do setor.

Dentre essas a Manutenção Preditiva é o conjunto de atividades que se


apropriam de ferramentas estatísticas e se valem dos dados coletados nas
atividades de manutenção preventiva para realização de análises de tendências de
falha e, consequente, intervenção antes de sua ocorrência. Permitem estimar a vida
útil das instalações e equipamentos, ajustando as necessidades e otimizando as
periodicidades do planejamento das manutenções preventivas. (ALMEIDA, 2009).
36

2.5.1 Manutenções Preventivas, Preditivas e Corretivas

O programa de manutenção preditiva em subestações consiste de inspeções


termográficas e análise de óleo mineral isolante de transformadores de força. A
inspeção termográfica é realizada com uso de termógrafo para avaliação da
condição operativa dos componentes da subestação. O controle dessas atividades é
realizado pela equipe de manutenção local através do chek-list para inspeção
termográfica em subestações. Quando encontrado uma falha ou defeito (anomalia
térmica) é gerado relatório de medição termográfica e programada a manutenção
corretiva. Falha e defeito é o término da capacidade do equipamento em
desempenhar a função requerida, devendo ser tratada como emergência. O defeito
representa a diminuição parcial da capacidade e/ou desempenho do equipamento
durante um período de tempo, quando o item deverá ser reparado ou substituído
para que não ocorra falha. (CEEE-D, 2016).

Manutenção Preventiva é o Conjunto de atividades de manutenção


programadas e planejadas para o controle e conservação de equipamentos e/ou
instalações com a finalidade de mantê-los em condições de operação, prevenindo a
ocorrência de falhas ou anomalias com potencial de falha que possam ocasionar sua
indisponibilidade.

Manutenção Preventiva Sistemática (MPS) - Atividades de manutenção


executadas de forma sistemática com ou sem parada ou desligamento do
equipamento e/ou instalação conforme critérios unicamente temporais (a partir da
experiência operativa, recomendações dos fabricantes ou referências externas).
Tem o objetivo de promover as operações de ajuste, limpeza, lubrificação,
calibração, reparo ou substituição de componentes em equipamentos e/ou
instalações.

A Manutenção Preventiva é executada com verificação visual, na


periodicidade dos ensaios elétricos nos equipamentos e demais instalações da
subestação (disjuntores, transformadores de corrente, transformadores de potencial,
transformador de força, seccionadoras, religadores e etc.) de forma a avaliar a sua
condição de operação. (CEEE-D, 2016).
37

A manutenção preditiva é a técnica que se fundamenta na monitoração


periódica de certos parâmetros de equipamentos em operação, através dos quais
identifica defeitos em seus estágios iniciais e procura corrigi-los antes que se
transformem em falhas potenciais. Esta abordagem possibilita que paradas para a
manutenção corretiva sejam executadas quando realmente necessário,
(MALDAGUE, 2001).

A programação é feita dentro das periodicidades pré-determinadas, levando-


se em conta as características próprias de cada equipamento, o estado de
conservação e suas condições operacionais avaliadas nos ensaios do ciclo anterior
(atividades de manutenção realizadas no trimestre anterior). As intervenções que
necessitam desligamento estão condicionadas a liberação do ONS e condições do
Sistema Interligado. Além disso, são realizadas inspeções nas estruturas civis do
pátio da Subestação, estruturas gerais dos equipamentos, barramentos e canaletas.
(CEEE-D, 2016).

2.6 Processo da Manutenção

Inserido no grupo dos processos técnicos, o processo de Manutenção


consiste no conjunto de atividades diretas ou indiretas realizadas nas instalações e
equipamentos, visando garantir a execução de suas funções dentro de parâmetros
adequados de operação, disponibilidade, qualidade, custo e vida útil. A área de
engenharia e as equipes de manutenção possuem as atribuições necessárias para
elaboração e execução do plano de manutenção no âmbito do Sistema de
Distribuição de Alta Tensão.

O programa de manutenção consiste das atividades de manutenção


preditivas e preventivas programadas (ensaios e inspeções) com periodicidade pré-
definida através do plano de manutenção, com orientação e acompanhamento do
corpo técnico da Engenharia de Manutenção, considerando o tipo de instalação e
equipamento. O gerenciamento e controle destas atividades é realizado pela
Engenharia de manutenção cujo objetivo é gerenciar o processo. (CEEE-D).
38

A figura 7 mostra o fluxograma das atividades de planejamento, programação


e execução das atividades de manutenções preventivas, preditivas e corretivas na
concessionária CEEE-D.

Figura 7 - Fluxos de atividades por subprocessos da manutenção.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em CEEE-D NT-87.001 (2016).

2.6.1 Fluxo de Processo

O processo Manutenção envolve diversas etapas a seguir relacionadas:

• Planejamento: com base na avaliação do ciclo de manutenção anterior a


engenharia define a periodicidade e prioridade das ações para o próximo ciclo.
Esta etapa consiste na emissão das OIs e OSs. Caráter estratégico.
• Programação: previsão de alocação dos recursos necessários à execução de
um dado plano de manutenção pelas equipes de manutenção executiva. Caráter
tático.
• Execução: execução das atividades de manutenção constantes no plano para
um dado equipamento ou instalação. Caráter executivo.
39

• Avaliação: durante o andamento do ciclo de manutenção é realizado o


acompanhamento da execução através de indicadores de realização. Caráter
tático.
• Análise (Indicadores): durante o andamento do ciclo de manutenção é realizado
o acompanhamento da execução através de indicadores de realização. Caráter
estratégico.
• Ajustes: com base nos indicadores de desempenho e nas análises preditivas
são verificadas ações para o melhor atendimento do plano. Também no final do
ciclo, a engenharia de manutenção em conjunto com os gestores das áreas
envolvidas revisa o programa visando à constante otimização dos trabalhos.
Caráter estratégico. (CEEE-D, 2016).

A figura 8 mostra o fluxo de processos abordado.

Figura 8 – Ciclo de processo.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em CEEE-D NT-87.001 (2016).


40

2.7 Classificação do Grau de Criticidade em Subestações

Criticidade é a escala para classificação dos defeitos detectados nas


atividades de inspeção em subestações e demais equipamentos integrados ao
sistema de distribuição.

A tabela 2 apresenta a matriz de criticidade para classificar anomalias e ditar


o prazo máximo para que sejam sanadas em subestações - utilizada pela
concessionária de Distribuição de energia elétrica do estado do Rio Grande do Sul
antes do processo de privatização. (CEEE-D, 2016).

Fundamentada dentro da própria concessionária através da observação de


eventos ocorridos e criada pelo Departamento de Engenharia da Manutenção. A
tabela 2 é rica na classificação e definição das prioridades, porém sua aplicação era
insatisfatória para anomalias termográficas, pois não definia as faixas de
temperatura para classificação dentro dO cada grau de criticidade.

Tabela 2 - Matriz de criticidade para Subestações.

Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3


Emergencial Urgente Necessária Por oportunidade
Até 48 horas Até 90 dias Até 18 meses Até 10 anos

Alto risco Médio risco Baixo Risco Sem risco

Gerenciável em curto Gerenciável em Gerenciável em longo


Não gerenciável
prazo médio prazo prazo

Impositiva Por necessidade Programável Prorrogável

Sobrepõe-se a Sobrepõe-se a Não modifica a Não modifica a


programação programação programação programação
existente existente existente existente

“Conclui o que está


“Para tudo e atende o “Inclui na “Atende quando for
fazendo e atende o
defeito” programação” possível”
defeito”

Fonte: Elaborado pelo autor com base em CEEE-D NT-87.001 (2016).


41

2.8 Equipamento Ensaiado

A seccionadora retirada de operação e ensaiada é da marca Lorenzetti. Esse


modelo foi descontinuado quando da aquisição no ano de 2004 da divisão de Alta
tensão Lorenzetti pela Siemens. Esse modelo de chave foi fabricado no ano de 1978
e em função de sua robustez e qualidade dos materiais ainda possui peças
instaladas no Sistema Sul de distribuição de energia elétrica.

A seccionadora em epígrafe, 29-16, foi retirada de operação do alimentador


número 3 da subestação TAIM – Subestação de 12,5 MVA, onde a seccionadora
operava no nível de tenção de 23 kV.

A figura 9 mostra a seccionadora Lorenzetti em operação antes de sua


substituição decorrente de anomalia térmica.

Figura 9 - Seccionadora com Anomalia Térmica no AL-3 da SE TAIM

Fonte: Próprio autor

A figura 10 mostra a seccionadora Lorenzetti sendo ensaiada após sua


retirada de operação.
42

Figura 10 - Seccionadora Lorenzetti sendo ensaiada.

Fonte: Próprio autor.

A figura 11 mostra o esquema unifilar de operação da subestação Taim. Onde


a seccionadora Lorenzetti operava no nível de tensão de 23kV.

Figura 11 - Unifilar da subestação Taim.

Fonte: CEEE-D.
43

A figura 12 mostra a seccionadora Lorenzetti ainda instalada na SE Taim sob


inspeção termográfica.

Figura 12 - Ensaio termográfico da seccionadora 29-16.

Fonte: Elaborado pelo autor através do software FLIR Tools.

A figura 13 mostra os valores de temperatura capturados durante a inspeção


termográfica realizada na seccionadora Lorenzetti.

Figura 13 - Medidas do ensaio termográfico

Fonte: Elaborado pelo autor através do software FLIR Tools.


44

A seccionadora 29-16 foi inspecionada através de ensaio termográfico em


janeiro de 2021 e apresentava 99,3°C e de 85°C.

2.9 Equipamentos Utilizados no Ensaio

O equipamento utilizado nos ensaios e na termografia de campo durante este


trabalho foi um termovisor da série T, modelo T840 da fabricante FLIR. Equipamento
utilizado pela equipe de manutenção de subestações do sistema sul, da CEEE-D,
localizada com sua sede em Pelotas, RS. Segue uma imagem deste equipamento
com a apresentação de suas principais características.

A figura 14 mostra o equipamento utilizado para elaboração deste trabalho.

Figura 14 – Termovisor Flir T840

Fonte: (FLIR SYSTEMS, 2022)

Esse termógrafo possui tecnologia atual com ótima resolução com faixa de
temperatura adequada para ensaios termográficos em equipamentos do SEP -
Linhas de transmissão e equipamentos de subestações. Sendo o objetivo deste
trabalho: Ensaios termográficos em seccionadoras de média tensão em Barramento
de subestações.
45

A resolução de 464 x 348 pixels garante uma imagem rica em detalhes.


Possui ampla faixa de temperatura que permite medições de -20°C até 2000° C e
uma alta sensibilidade térmica < 30mK. Para termografia em subestações do
sistema elétrico normalmente utiliza-se as duas primeiras faixas de temperatura: -20
a 120ºC e 0 a 600°C. Habitualmente, o inspetor termográfico utiliza a primeira faixa,
sendo essa normalmente compatível com as faixas de temperatura encontradas em
equipamentos em condições normais de operação. Para eventuais casos, onde o
inspetor encontre anomalias térmicas, utiliza se a faixa de 0°C a 600ºC. Sendo essa
adequada para monitorar, registrar e classificar anomalias térmicas de alta
amplitude. A tabela 3 apresenta as especificações do termógrafo FLIR modelo T840.

Tabela 3 - Especificações do termógrafo T840

Especificações

Resolução de IV 464 x 348 pixels (161.472 pixels)


<30 mK (lente 24°) ou <50 mK (lente 6°) a 30°C
Sensibilidade Térmica/NETD
(86°F)
Precisão ±2°C (±3,6°F) ou ±2% de leitura
5 MP, com lâmpada de LED para foto/vídeo
Câmera Digital
integrada;
Display 4 polegadas, 640 x 480 pixels
Distância Focal Mínima Lente de 24°: 0,15 m; lente de 6°: 5,0 m
Faixa Espectral 7,5 – 14,0 µm
Foco Contínuo, com medidor de distância a laser (LDM)
Frequência da Imagem 30 Hz
Gravação de vídeo IV radiométrico Gravação radiométrica em tempo real (.csq)
Identificação da Lente Automática
Modo Macro Tamanho de ponto efetivo 71 µm
Número f Lente de 24°: 1,3, lente de 6°: 1,35
Zoom Digital Contínuo de 1-6x

Medição e análise

Faixa de Temperatura de Objetos -20°C a 120°C; 0°C a 650°C); 300°C a 2000°C


Fotômetro 3 cada em tempo real
Precisão ±2°C (±3,6°F) ou ±2% de leitura

Fonte: (FLIR SYSTEMS, 2022)


46

Para injeção de corrente foi utilizada uma fonte de corrente Mult Amp, modelo
CB-7110-E, com entrada de tensão 220/240/380/415V, corrente 15/13,5/8,5/8 A e
saídas de corrente de 2,5/5/10/25/50/100/250/500/1000/2500A.

A figura 15 mostra a fonte regulável de corrente Mult-Amp da fabricante


Corporation Texas.

Figura 15 – Fonte regulável de injeção de corrente

Fonte: Próprio autor

A tabela 4 apresenta as características com valores de entrada e saída da


fonte de corrente Multi-Amp, da fabricante Corporation Texas.

Tabela 4 – Características da fonte de corrente

Características
Marca Multi-Amp Corporation Texas
Modelo CB7110-E
Tensão Entrada CA 220/240/380/415
Corrente entrada 15/13.5/8.5/8
Corrente saída 2,5/25/100/250/500/600/1000A
Frequência 60Hz
Fases 1

Fonte: Multi-Amp Corporation Texas


47

Para medição da resistência de contato das seccionadoras foi utilizado um


Micro-ohmímetro Megabras MPK 253, com escalas de 1mA-200Ω, 10mA-20Ω,
100mA-2000 mΩ, 1A-200 mΩ, 10A-20 mΩ e 10A-2000µΩ. A figura 16 mostra esse
equipamento.

Figura 16 – Micro-ohmímetro digital

Fonte: Próprio autor

2.10 Circuito de Ensaio

O circuito de ensaio consistiu em uma fonte de corrente conectada em série


com duas seccionadoras de corrente nominal de 600A – chave Lorenzetti com
defeito e chave DAX nova, através de um condutor CA 477MCM cosmos. A medição
de corrente foi realizada por amperímetro do tipo alicate.
48

A figura 17 mostra o circuito de corrente fechado, por onde circularam


correntes variadas que provocaram anomalias térmicas no equipamento.

Figura 17 - Circuito de ensaio.

Fonte: Próprio autor.


49

3 Metodologia

O presente trabalho propõe as seguintes etapas:

• Ensaio termográfico: Utilizando-se uma fonte de corrente foram


injetados valores de corrente variados, simulando os valores de carga
nominal de seccionadoras de média tensão. Durante o procedimento
mediu-se a temperatura através de uma câmera termográfica,
registrando os valores de temperatura observados durante o ensaio;
• Correção da temperatura: usa-se três métodos de equacionamentos
para obter a temperatura estimada de carga nominal, partindo de
valores de temperatura registrados com diversos valores de carga
inferior a nominal. Sendo os métodos propostos: N 7425, exponencial e
auto regressivo.

3.1 Correção de Temperatura

Após realizado o ensaio termográfico na subestação um relatório deve ser


gerado no software específico de edição com vistas a uma análise da severidade
das anomalias térmicas encontradas e por consequência para que o profissional
possa ditar a urgência e a prioridade das ações a serem tomadas. O software
utilizado pela concessionária e também neste trabalho foi o FLIR Tools. Com a
necessidade de avaliar a condição operacional do equipamento necessitamos saber
sua temperatura quando operando sob carga nominal. Essa condição dificilmente é
atingida durante uma inspeção termográfica rotineira. Sendo assim, temos que
corrigir a temperatura medida, a estimando para uma temperatura que seria medida
caso o equipamento operasse sob carga nominal durante o ensaio.
50

3.2 Correção com Fator de Expoente

Sabemos que a elevação da energia em um equipamento elétrico é


proporcional ao quadrado de sua corrente elétrica em função do efeito Joule.
Desprezando-se as contribuições por radiação, a quantidade de calor é o resultado
do produto entre sua massa e seu calor específico e em uma conexão elétrica a
quantidade de calor gerado está diretamente relacionada pelo produto, entre a
resistência de contato e o quadrado da corrente. Sendo assim poderíamos calcular a
temperatura estimada do ponto quente para um carregamento nominal através do
valor medido com carregamento reduzido, através da equação 5:

Convém corrigir os valores medidos de elevação de temperatura


para a referência de 100% de carga. Essa correção pode ser feita
considerando a influência residual dos valores de corrente elétrica
num passado recente ou, como é mais usual, considerando que o
sistema esteja operando a uma carga praticamente constante há um
tempo suficiente para que os componentes inspecionados estejam
em equilíbrio térmico. Para este último caso, a elevação de
temperatura do componente é corrigida de acordo com a Equação.
(MUNIZ E MENDES, 2019, p.75)

(5)

Onde:

(°C) é a elevação de temperatura medida para a corrente de carga ;

(°C) é a elevação de temperatura estimada para a corrente de carga ;

(A) é a corrente de carga máxima;

(A) é a corrente de carga no momento da inspeção.

Em um balanço de energia na região do ponto quente existem diversos


outros fenômenos físicos associados a dissipação de calor. Condução, radiação e
convecção estão permanentemente dissipando o calor gerado através do ambiente
51

e dos cabos condutores. Em função deste complexo equacionamento o cálculo da


quantidade de calor gerado e presente no componente pode simplificadamente ser
obtido utilizando um fator que varia de 1,4 a 2, conforme segue:

Podemos ver que mudar os expoentes pode resultar em um fator de


correção que concorda com os dados experimentais. No entanto,
seria de esperar que os expoentes permanecessem constantes no
mesmo equipamento, no mesmo ambiente, onde essencialmente, a
única variável introduzida foi a carga. (LYON, ORLOVE E PETERS,
2002, p.62)

Imprecisões nos valores corrigidos com esse método foram observadas.


Valores de corrente muito menores que a nominal tende a uma superestimação do
valor da temperatura final corrigida. Dessa forma Lyon, Orlove e Peters
experimentalmente obtiveram as melhores aproximações dos testes realizados em
laboratório e, portanto, sugerem o fator de correção como segue:

(6)

Onde:

a = 1,6 : para o aumento mínimo de temperatura a plena carga;

a = 1,8 : para o aumento máximo de temperatura a plena carga.

3.3 Correção N-7425

Uma possível e boa referência para a correção da temperatura medida seria a


utilização da norma N-7425 Petrobras. Essa prevê correção considerando o
resfriamento em função da velocidade do vento, correção em função do nível de
carregamento do equipamento e mais um equacionamento levando ao fator térmico
corrigido. Na sequência, esse valor é comparado com uma tabela predefinida que
dita as providências necessárias.
52

3.3.1 Fator de Correção de Velocidade do Vento (FCVV)

Em inspeções termográficas realizadas em ambientes abertos, o vento exerce


um papel importante no resultado final da inspeção. Ventos com velocidade
relativamente baixa podem afetar consideravelmente a temperatura do objeto
inspecionado. Sérios defeitos podem ter sua temperatura reduzida e em uma análise
que não leve em consideração o efeito do vento, podem ser classificados como um
problema sem maior gravidade. Além disso, defeitos em estágios iniciais,
apresentando pequeno aumento de temperatura, podem simplesmente não ser
detectados pela inspeção (SNELL, 2001), (MADDING e LYON, 2002).

As inspeções termográficas no sistema elétrico de potência são, em sua


grande maioria, realizadas em subestações descobertas. Apesar de não parecer
significativo, ventos com velocidade razoavelmente baixa podem afetar
consideravelmente a temperatura do ponto quente, sendo assim, uma anomalia
observada pode ter sua temperatura atenuada.

Correção da atenuação causada pelo vento podem ser compensadas através


de equacionamento embasado na tabela 5. O fator de correção de velocidade do
vento somente poderá ser aplicado com velocidades menor que 7 m/s. Acima dessa
velocidade, a termografia não é recomendada. A tabela 5 foi desenvolvida
experimentalmente por Kaplan (1999).

Tabela 5 - Fator de correção de velocidade do vento.

Velocidade
Até 1 2 3 4 5 6 7
do vento(m/s)
FCVV 1,00 1,37 1,64 1,86 2,06 2,23 2,39

Fonte: Elaborada pelo autor com base em N-2475.

3.3.2 Fator de Correção de Carga (FCC)

Fator utilizado para que todas as termografias realizadas, tenham como base
a mesma referência, ou seja, a carga nominal do equipamento. É recomendado que
53

a termografia seja realizada com carregamento acima de 40% da carga nominal do


equipamento.

Recomenda-se que as inspeções sejam realizadas com carga


máxima. Evitar inspecionar componentes que estejam operando com
carga abaixo de 40 % do valor histórico. Para isso, convém que o
assistente qualificado confira se as cargas dos objetos sob inspeção
são adequadas e, quando necessário e/ou possível, aumente para
valores satisfatórios, aguardando tempo suficiente, como
mencionado em 7.3.5 (NBR - 15572:2013).

(7)

Onde:

é o fator de correção de carga;

é a corrente nominal;

é a corrente medida.

A tabela 6 apresenta os resultados obtidos para carregamentos que variam de


50% a 100% do carregamento nominal do equipamento.

Tabela 6 - Fator de correção de carga.

Carga % 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50

FCC 1,00 1,11 1,23 1,38 1,56 1,77 2,00 2,37 2,78 3,30 4,00

Fonte: Elaborada pelo autor com base em N-2475.


54

3.3.3 Temperatura Final Corrigida

A temperatura final é obtida através do equacionamento

(8)

Onde:

= temperatura final corrigida;

∆TC = elevação de temperatura corrigida;

Ta = temperatura ambiente.

Sendo o ∆TC , calculado através da equação 9.

∆TC = (Tm – Ta) x FCC x FCVV (9)

Onde:

∆TC = elevação de temperatura corrigida calculada para carga nominal (100


%);

FCC = fator de correção de carga;

Tm = temperatura medida;

Ta = temperatura ambiente;

FCVV = fator de correção da velocidade do vento.

3.4 Correção pelo Modelo Auto Regressivo

Como a corrente elétrica varia de acordo com a carga do sistema. Propõem-


se a aplicação do modelo auto regressivo. Neste é negligenciada a influência
55

atmosférica e, portanto, a elevação da temperatura se dará em função da corrente


atual e das correntes do passado.

A ideia por trás desse modelo é que, negligenciando a influência


atmosférica, a elevação atual de temperatura não é só função da
corrente atual, mas é também influenciada por correntes do passado.
(SANTOS, 2012, p.127).

(10)

Em uma forma geral:

(11)

Onde:

∆θt (°C) é a elevação de temperatura no instante t (s);


(°C/A²) são coeficientes constantes obtidos pelo algoritmo dos mínimos

quadrados;

I (A) é a corrente de operação no período ti.∆t.

3.5 Critérios para Classificação da Temperatura

Devemos realizar uma análise da criticidade das anomalias térmicas


registradas e corrigidas, para que possam ser traçadas as prioridades e os
respectivos prazos para execução das atividades de correção através das equipes
de manutenção.

Normalmente, esses critérios nas concessionárias de energia são definidos


nas áreas de Engenharia de manutenção, embasadas em normas internacionais e
históricos internos de ocorrências de falha equipamento em decorrência de evolução
de pontos quentes.
56

3.6 Critério de Correção Norma N-7425

A elevação máxima de temperatura admissível é obtida através do seguinte


equacionamento:

(12)

Onde:

= elevação máxima de temperatura admissível;

= temperatura máxima admissível para o componente;

= temperatura ambiente.

A é especificada pelo fabricante do equipamento a partir da qual tem

início o processo de degradação do material. Como a seccionadora ensaiada teve


sua produção descontinuada não está disponível suas especificações no site do
fabricante, sendo assim utilizou-se a NBR IEC 60694:2006 para definir a
temperatura máxima admissível para o componente.

A tabela 7 que segue, foi extraída da norma NBR IEC 60694:2006.

Tabela 7 - Limite de temperatura e elevação de temperatura

Valor máximo
Natureza da parte do material Temperatura Elevação de temperatura
(°C) (°C)
Cobre nu ou liga de cobre nu 75 35

Fonte: Elaborada pelo autor com base na NBR IEC 60694:2006


57

3.6.1 Fator de Elevação de Temperatura N-7425

Fator de Elevação de Temperatura (FET) O FET é obtido através do


equacionamento:

(13)

Onde:

= fator de elevação de temperatura;

= elevação de temperatura corrigida;

= aquecimento máximo admissível.

3.6.2 Classificação N-7425

A classificação dos aquecimentos medidos e a determinação da providência a


ser tomada seguem os critérios da tabela 8.

Tabela 8 – Classificação e providência N-7425

Fator de elevação de Classificação Térmica Providência Severidade


temperatura
<0,3 Normal Normal N/A
0,3-0,6 Aquecido Em observação Média
0,6-0,9 Muito aquecido Man. Programada Média/Alta
>0,9 Severamente aquecido Man. Imediata Crítica

Fonte: Elaborada pelo autor com base na N-7425


58

3.7 Comparativo de Severidade com Normas Internacionais

A grande maioria das normas internacionais pesquisadas baseiam seus


critérios para avaliação do grau de severidade das anomalias térmicas no -

aumento de temperatura em comparação a uma temperatura de referência de um


componente similar, ou no - acima da temperatura ambiente.

Após a privatização da CEEE-D a concessionária teve sua área de


engenharia reestruturada, ficando ligada a estrutura do corporativo. A partir deste
processo foram implementadas as metodologias da nova empresa, passado a ser
definida a criticidade de uma anomalia térmica conforme a tabela 9.

Porém mesmo com as faixas de temperaturas definidas o critério de


classificação ainda é insatisfatório, pois não há um critério de carregamento definido
para a realização da inspeção e nem a projeção para um carregamento nominal, das
temperaturas obtidas em um ensaio termográfico.

Tabela 9 – Tabela atual de criticidade CEEE-D.

Δtref (°C) Prioridade


>0 e <25 A
25-55 P1
>55 P2

Fonte: Elaborada pelo autor com base (CEEE-D EQUATORIAL,2021).

Onde:
A – Acompanhar: É uma classificação que não dita necessidade de ação;
P1 – Prioridade 1: A correção deve ser realizada em um prazo máximo de 15
dias;
P2 – Prioridade 2: A correção deve ser realizada em um prazo máximo de 90
dias.

Na tabela 10 podemos verificar a comparação entre normas internacionais


com a utilizada atualmente pela CEEE-D. Com exceção da NMAC verificamos certa
proximidade entre os valores, o que valida a tabela atual da CEEE-D.
59

Tabela 10 - Comparativo de critérios de severidade

Severidade Ref. NETA¹ US NMAC³(°C) Nuclear⁴(°C) CES⁵(°C) CEEE-D⁶(°C)


(°C) NAVY²(°C)
ΔTref 1-3 10-24 0,5-8 5-15 14-20 >0 e <25
Baixa
ΔTamb 1-10
ΔTref 4-15 25-39 9-28 16-35 21-60 25-55
Média
ΔTamb 11-20
ΔTref NA 40-69 29-56 36-75
Alta
ΔTamb 21-40
ΔTref >15 >70 >56 >75 >61 >55
Crítica
ΔTamb >40

Fonte: Elaborada pelo autor com base em normas internacionais.

¹NETA – NETA MTS-2001, “Maintenance Testing Specifications for Electric


Power Distribution Systems”, NETA – InterNational Electrical Testing Association,
(SNELL, 2001).

²US NAVY – MIL-STD-2194 (SH) “Infrared Thermal Imaging Survey Procedure


for Electrical Equipment”, Naval Sea Systems Command 02/1988; (SNELL, 2001).

³NMAC – Nuclear Maintenance Applications Center – Infrared Thermography


Guide (NP-6973), EPRI Research Reports Center. (SNELL, 2001);

⁴Nuclear – Nuclear industry guidelines - (IR-F/H/V-200, Rev. 1); (Rogers, 2002).


⁵CES Guidelines - Overhead electrical wiring; (ROGERS, 2002);

⁶CEEE-D– Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica – Gerência


Corporativa de Manutenção e Automação - Workshop – Subestações (CEEE-D
EQUATORIAL, 2021).
60

4 Resultados

Para todos os resultados experimentais obtidos o Tref foi calculado através da


equação 14:

(14)
Tref = Tlorenzetti – TDax

Onde:

Tref = Temperatura de referência;

Tlorenzetti – Temperatura da seccionadora Lorenzetti;

TDax – Temperatura da seccionadora DAX.

A tabela 11 apresenta os resultados obtidos com a injeção de corrente nominal


de 200 A, durante o período de uma hora.

Tabela 11 - Injeção de 200A.

Ensaio de injeção de corrente de 200 A


Seccionadora Lorenzetti Seccionadora Tref
DAX (nova) (ºC)
Horário(h) Corrente Temperatura(ºC) Resistência Temperatura(ºC)
Injetada (A) contato (µΩ)
15:10 200 21,3 188 18 -3,3
15:15 200 24,2 130 23,5 0,7
15:20 200 28,9 366 23,5 5,4
15:25 200 32,4 310 23,6 8,8
15:30 200 33 384 23,3 9,7
15:35 200 34,1 265 23,3 10,8
15:40 200 36,4 255 22,2 14,2
15:45 200 39,1 256 26 13,1
15:50 200 39,9 255 24,7 15,2
15:55 200 40,7 260 25,6 15,1
16:00 200 41,1 258 28,3 12,8
16:05 200 41,1 256 26 15,1
16:10 200 42 253 27 15

Fonte: Elaborada pelo autor.


61

A figura 18 apresenta as temperaturas obtidas quando da injeção de 200 A


nas seccionadoras Lorenzetti e DAX.

Figura 18 - Temperatura das seccionadoras sob injeção de 200A.

Fonte: Elaborada pelo autor.

A figura 19 apresenta os valores de resistência de contato da seccionadora


Lorenzetti quando esteve submetida a uma injeção de corrente de 200 A, durante o
período de uma hora.

Figura 19 - Resistência de contato com injeção de 200A.

Fonte: Elaborada pelo autor


62

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos com a injeção de corrente nominal


de 500 A, durante o período de uma hora.

Tabela 12 - Injeção de 500A.

Ensaio de injeção de 500A


Seccionadora Seccionadora DAX
Lorenzetti (nova)
Horário(h) Corrente Injetada Temperatura(ºC) Temperatura(ºC) Tref
(A) (ºC)
15:00 500 30,1 22,4 7,7
15:01 500 38,7 23,4 15,3
15:05 500 46,5 24,2 22,3
15:06 500 49,6 25,5 24,1
15:10 500 55,2 26,5 28,7
15:15 500 57,9 28,7 29,2
15:20 500 60,6 29,4 31,2
15:28 500 61,6 32,9 28,7
15:30 500 63,9 33,7 30,2
15:35 500 66,4 35,5 30,9
15:40 500 67,4 35,5 31,9
15:45 500 69,2 35,8 33,4
15:50 500 68,7 36,1 31,6
15:55 500 69,3 37,5 31,8
16:00 500 68,9 34,8 34,1

Fonte: Elaborada pelo autor.

A figura 20 apresenta as temperaturas obtidas quando da injeção de 500 A


nas seccionadoras Lorenzetti e DAX.
63

Figura 20 - Injeção de 500A.

Fonte: Elaborada pelo autor

A tabela 13 apresenta os resultados obtidos com a injeção de corrente nominal


de 600 A, durante o período de 30 minutos e após a injeção de corrente de 200 A
em um período de 30 minutos.

Tabela 13 - Injeção de 600-200A.

Ensaio de injeção de corrente de 600-200A


Seccionadora Lorenzetti Seccionadora
DAX (nova)
Horário(h) Corrente Temperatura(ºC) Resistência Temperatura(ºC) Tref
injetada (A) contato µΩ) (ºC)
16:07 600 30 253 22,3 7,7
16:12 600 60 253 23,3 36,7
16:17 600 99,1 164 31,1 68
16:22 600 105,2 160 31,2 74
16:27 600 110,4 161 34,9 75,5
16:32 600 110,5 162 34,9 75,6
16:37 600 114,8 160 37,8 77
16:39 200 82,9 162 36,4 46,5
16:44 200 62,8 164 36,8 26
16:49 200 55,5 168 35,6 19,9
16:54 200 48,7 170 33,6 15,1
16:59 200 45,1 168 32,4 12,7
17:04 200 42,4 167 31,5 10,9
17:09 200 41,5 169 30,6 10,9

Fonte: Elaborada pelo autor.


64

A figura 21 apresenta as temperaturas obtidas quando da injeção de 600 A e


200 A nas seccionadoras Lorenzetti e DAX.

Figura 21 - Temperatura das seccionadoras sob injeção de 600/200 A

Fonte: Elaborada pelo autor.

A figura 22 apresenta os valores de resistência de contato da seccionadora


Lorenzetti quando esteve submetida a uma injeção de corrente de 600 A e 200 A,
durante o período de uma hora.

Figura 22 – Resistência de contato com injeção de 600-200A

Fonte: Elaborado pelo autor


65

A tabela 14 apresenta os resultados obtidos com a injeção de corrente nominal


de 400 A, durante o período de uma hora.

Tabela 14 - Injeção com variação de corrente

Ensaio de injeção com variação de corrente


Seccionadora Seccionadora DAX Tref
Lorenzetti (nova) (ºC)
Corrente Injetada
Horário(h) (A) Temperatura(ºC) Temperatura(ºC)
11:07 200 32,9 22,4 10,5
11:10 400 37,4 24,1 13,3
11:12 400 42,5 24,5 18
11:16 400 45,1 24,6 20,5
11:17 400 46,1 26,9 19,2
11:19 400 47,1 28,3 18,8
11:22 400 47,8 27,4 20,4
11:25 400 49,3 28,7 21,2
11:27 400 49,6 28 21,6
11:32 400 51,7 29,2 22,5
11:36 400 54,7 28,6 26,1
11:37 400 54,3 28,6 25,7
11:37 200 47,1 28,2 18,9
11:42 200 45,2 26,8 18,4
11:44 200 39,6 28 11,6
11:47 200 39 26,8 12,2
11:52 200 37,8 26,5 11,3

Fonte: Elaborado pelo autor

A figura 23 apresenta as temperaturas obtidas quando da injeção de 200 A e


400 A nas seccionadoras Lorenzetti e DAX.
66

Figura 23 – Temperatura da seccionadora com variação de corrente

Fonte: Elaborado pelo autor

4.1 Aplicando os métodos

Santos, Laerte (2012) realiza um estudo aplicado a componentes do sistema


elétrico de potência, onde por inspeção e empregando o método dos mínimos
quadrados chega em uma constante de tempo de aquecimento τ média de 35,9 min.

Considerando a dinâmica da variação do carregamento de um alimentador de


uma subestação do sistema de subtransmissão, utilizou-se variações de 30 minutos
para o desenvolvimento deste trabalho.

Utilizando-se o valor do ponto quente sem a devida correção, teríamos a


avaliação de criticidade ajustada de acordo com o eventual horário de realização da
inspeção termográfica e seu devido carregamento. Usando como referência os
ensaios realizados neste trabalho e a metodologia da CEEE-D: O equipamento
poderia estar sendo classificado nas severidades baixa, média ou crítica, para os
respectivos carregamentos que demandem correntes de 200A, 400-500A e 600A.

Na tabela 15 podemos observar de 14,2°C que classificariam o

equipamento como A (acompanhar), 25,7 e 30,2 ou seja, maior que 25°C e menor
67

que 55°C que o colocam com uma prioridade P2 (atendimento em até 90 dias) e
77°C que classificaria com uma prioridade P1(atendimento em até 15 dias).
Utilizando-se os critérios CEEE-D e as respectivas nomenclaturas de classificação.

Tabela 15 – Temperatura para t = 30 min e 60 min

Corrente(A) Temperatura em 0,5h (°C) Temperatura em 1h (°C)


Lorenzetti DAX Tref Lorenzetti DAX Tref
200 36,4 22,2 14,2 42 27 15,1
400 54,3 28,6 25,7
500 63,9 33,6 30,2 68,9 34,8 34,1
600 114,8 37,7 77
Fonte: Elaborada pelo autor

Para que distorções nas classificações de prioridade não ocorram este


trabalho sugere e compara a implementação dos três métodos já expostos para
normalizar os resultados. Estimando a temperatura de plena carga do ponto quente
e as respectivas classificações e ações.

4.2 Critério de Correção com Fator de Expoente

Calculando a projeção de temperatura para a chave Lorenzetti, com os


resultados de injeção de 400A e com a constante de tempo de 30 min, utilizando o
critério com fator de expoente.
68

Cálculo do para o aumento mínimo de temperatura a plena carga:

Cálculo do para o aumento mínimo de temperatura a plena carga:

Cálculo do para o aumento máximo de temperatura a plena carga:

Cálculo do para o aumento máximo de temperatura a plena carga:

A tabela 16 expressa os resultados obtidos através do método de correção


com fator de expoente.
69

Tabela 16 – Correção com fator de expoente

Corrente(A) ∆Tamb(°C) ∆Tref(°C) ∆Tamb(°C) ∆Tref(°C)


Fator 1,6 Fator 1,8
200 106,71 82,35 132,93 102,59
400 69,45 49,17 75,31 53,32
500 61,45 40,43 63,73 41,93
Fonte: Elaborada pelo autor

4.3 Critério N-7425

Calculando a projeção de temperatura para as chaves Lorenzetti e DAX, com


os resultados de injeção de 400A e com a constante de tempo de 30 min:

Como os testes foram realizados em ambiente fechado, consideramos a


condição sem vento.

Fator de correção de carga para um carregamento de 66,66% do nominal:

= 2,25

Elevação de temperatura corrigida para a carga nominal a uma temperatura


ambiente de 18°C:

∆TC = (Tm – Ta) x FCC x FCVV

∆TC =81,67°C

Temperatura final corrigida:

= 99,67°C

Calculando a elevação máxima de temperatura admissível:


70

= 57°

Calculando o fator de elevação de temperatura:

= 1,43

Obtemos como resultado para o FET o valor de 1,43, superior ao valor de 0,9
que já caracteriza o equipamento como severamente aquecido, em uma situação
crítica e que necessitaria de uma intervenção imediata. O que é compatível com a
condição do equipamento sob teste.

Para avaliação através do critério do delta , foi calculada a projeção de

temperatura de carregamento nominal para os valores obtido com a injeção de 400A


na chave DAX obtendo-se os seguintes resultados:

FCVV=1

= 2,25

∆TC =23,85°

= 41,85°C

= 57°

Calculo do da seccionadora Lorenzetti em referência a DAX:

57,82°C

O obtido pela diferença entre as temperaturas corrigidas da

sseccionadoras Lorenzetti e DAX resulta em 57,82°C. O que classifica devidamente


a seccionadora Lorenzetti na prioridade P1 (crítica). Poderíamos também estimar o
diretamente, aplicando o método ao valor medido, obtendo assim o valor

corrigido.
71

A tabela 17 apresenta os resultados para todos valores de corrente injetadas


e classifica as severidade e prioridade em função do .

Tabela 17 – Criticidade seccionadora Lorenzetti

Corrente(A) FCC ∆TC (°C) TFC(°C) ∆Tmax(°C) FET ∆Tref(°C) Severidade Prioridade
200 9 165,60 183,60 57 2,90 127,80 Crítica P1
400 2,25 81,67 99,67 57 1,43 57,82 Crítica P1
500 1,44 66,1 84,1 57 1,16 43,49 Média P2
Fonte: Elaborada pelo autor

Podemos observar que neste método, com o valor de carregamento inferior a


40% da nominal tende-se a superestimar-se os valores da temperatura corrigida
enquanto que valores de carregamento mais próximo da nominal tendem a
subestimar. Porém os resultados são satisfatórios e o equipamento seria classificado
em prioridade P1, P1 e P2 respectivamente para correntes de 200, 400 e 500A.

A tabela 18 apresenta as correções de temperatura para os valores de


correntes injetados na seccionadora DAX. Essa correção foi realizada para que
fosse calculado o ∆Tref. Os resultados obtidos serão utilizados para comparação
com os devidos valores medidos durante a injeção de corrente de valor nominal do
equipamento.

Tabela 18 - Correção seccionadora DAX

Corrente(A) FCC ∆TC (°C) TFC(°C) ∆Tmax(°C)


200 9 37,80 55,80 57
400 2,25 23,85 41,85 57
500 1,44 22,46 40,46 57
Fonte: Elaborada pelo autor

A tabela 19 apresenta os erros percentuais. Calculados através dos


resultados obtidos na seccionadora DAX implementando o método N-7425.
72

Tabela 19 – Erro percentual em seccionadora DAX

Corrente injetada referência


200A 400A 500A 600A
T(°C) erro(%) T(°C) erro(%) T(°C) erro(%) T(°C)
55,8 48,25 41,85 11,01 40,46 7,32 37,7
Fonte: Elaborada pelo autor

A tabela 20 apresenta os valores obtidos durante o ensaio com injeção de


corrente no valor nominal da seccionadora Lorenzetti.

Tabela 20 - Valores medidos no ensaio

Corrente(A) ΔTamb(°C) T ∆Tref(°C)


600 96,8 114,8 77
Fonte: Elaborada pelo autor

4.4 Critério do Modelo Auto Regressivo

Para utilização do método auto regressivo foram utilizados os valores


medidos quando da variação de corrente injetada com intervalos de
aproximadamente 30 minutos.

A tabela 21 apresenta os valores de temperatura medidos com variação da


corrente nominal.

Tabela 21 – Temperaturas sem correção

Seccionadora Lorenzetti Seccionadora DAX Tref (ºC)


Tempo Corrente Injetada (A) Temperatura(ºC) Temperatura(ºC)
9 500 68,9 34,8 34,1
8 500 63,9 33,7 30,2
7 200 37,8 26,5 11,3
6 200 39,1 26 13,1
5 200 42 27 15
4 400 54,3 28,6 25,7
3 400 37,4 24,1 13,3
2 200 36,4 22,2 14,2
1 200 24,2 23,5 0,7
Fonte: Elaborada pelo autor
73

34,1 = a0.(500)² + a1.(500)² + a2.(200)² + a3. (200)² + a4.(200)²

30,2 = a0.(500)² + a1.(200)² + a2.(200)² + a3.(200)² + a4.(400)²

11,3 = a0.(200)² + a1.(200)² + a2.(200)² + a3.(400)² + a4.(400)²

13,1 = a0.(200)² + a1.(200)² + a2.(400)² + a3.(400)² + a4.(200)²

15 = a0.(200)² + a1.(400)² + a2.(400)² + a3.(200)² + a4.(200)²

Resolvendo pelo método dos mínimos quadrados no MATLAB:

Neste método para se obter a elevação de temperatura para qualquer valor


medido de corrente, considerando-a constante, realiza-se o somatório dos
coeficientes e multiplica-se pelo quadrado da corrente. Para o ensaio realizado, para
obter-se o valore dos deltas ( e ), a corrente de interesse é a máxima

suportada pela chave Lorenzetti, 600A.

Calculando o :
74

Portanto a elevação de temperatura do estimada é de 68,38°C.

Calculando o :

Portanto a elevação de temperatura estimada da seccionadora Lorenzetti é de


108,58°C.

4.5 Comparação dos Resultados

O modelo auto regressivo se sobressai ao demais em função de sua exatidão


e precisão. Os valores destoam dos reais em 11,19% e 12,17%. Embora valores
mais exatos foram obtidos, como 6,95% e 10,24% no modelo de fator de correção
com o expoente de 1,6 para uma corrente de 200A. Quando se verifica os valores
par outras faixas de corrente nesse modelo, na média os resultados se distanciam
dos valores obtidos pelo modelo autor regressivo.

A correção pelo modelo de fator de expoente em 1,6 mostrou-se a mais exata


para valores de corrente bem abaixo da nominal, com um erro de 6,95% e 10,24%
na corrente de 200A. Enquanto que dentro dos resultados do próprio método o
75

expoente de 1,8 alcançou resultados mais aproximados quando da injeção de


corrente acima de 50% do valor nominal.

O modelo N-7425 é limitado em sua norma para aplicações acima de 50% da


corrente nominal. Nessa faixa obteve resultados mais satisfatórios quando
comparado com o modelo fator de expoente. Os resultados bastante insatisfatórios
do método para baixos valores de corrente podem ser desprezados pois estão
abaixo da faixa percentual exigida para utilização do modelo.

Nas tabelas 22 e 23 estão disponíveis os valores ensaiados e corrigidos pelos


três métodos, com seus respectivos erros em escala de temperatura e percentual.

Na tabela 22 estão expostos os erros em escala de temperatura (°C), foram


calculados através da equação 15, enquanto que na tabela 23 os erros percentuais
foram obtidos através da equação 16:

(15)

(16)

Onde:

= Temperatura calculada através dos métodos;

= Temperatura medida no ensaio termográfico, podendo ser o ou o

, para os cálculos dos seus respectivos erros.


76

Tabela 22 - Comparação entre os métodos

Método Corrente injetada Referência


200A 400A 500A 600A
T(°C) erro(°C) T(°C) erro(°C) T(°C) erro(°C) T(°C)
Fator ∆Tamb(°C) 106,71 9,91 69,45 27,35 61,45 35,35 96,8
Fator 1,6 ∆Tref(°C) 82,35 5,35 49,17 27,88 40,43 36,57 77
Expoente Fator ∆Tamb(°C) 132,93 36,13 75,31 21,49 63,73 33,07 96,8
1,8 ∆Tref(°C) 102,59 25,59 53,32 23,68 41,93 35,07 77
∆Tamb(°C) 165,60 68,8 81,67 15,13 66,10 30,7 96,8
N-7425
∆Tref(°C) 127,80 50,80 57,82 19,18 43,64 33,36 77
∆Tamb(°C) 108,58 11,78 96,8
Auto regressivo
∆Tref(°C) 68,38 8,62 77
Fonte: Elaborada pelo autor

Tabela 23 - Comparação percentual

Método Corrente injetada referência


200A 400A 500A 600A
T(°C) erro(%) T(°C) erro(%) T(°C) erro(%) T(°C)
Fator ∆Tamb(°C) 106,71 10,24 69,45 28,25 61,45 36,51 96,8
1,6 82,35 6,95 49,17 36,14 40,43 47,5 77
Fator ∆Tref(°C)
expoente 132,93 37,32 75,31 22,2 63,73 34,16 96,8
Fator ∆Tamb(°C)
1,8 102,59 33,23 53,32 30,75 41,93 45,54 77
∆Tref(°C)
∆Tamb(°C) 165,60 71,07 81,67 15,63 66,10 31,71 96,8
N-7425
∆Tref(°C) 127,80 65,97 57,82 24,9 43,64 43,32 77
∆Tamb(°C) 108,58 12,17 96,8
Auto regressivo
∆Tref(°C) 68,38 11,19 77
Fonte: Elaborada pelo autor
77

5 Conclusão

O presente trabalho discorre sobre essa importante ferramenta da


manutenção preditiva, a termografia. Porém, mesmo ferramentas poderosas de
manutenção preditiva devem ser utilizadas dentro dos padrões e normas vigentes,
para que os resultados sejam condizentes com os valores esperados.

Com o estudo deste caso real de ponto quente em uma seccionadora


Lorenzetti, pudemos avaliar os resultados de possíveis inspeções termográficas que
não trariam o resultado esperado em função da falta de aplicação de uma
normalização nas temperaturas obtidas.

Foi proposto a aplicação de diferentes métodos de correção, um já difundido


dentro área técnica com aplicação prática – N 7425. Da literatura foram explorados
mais dois: um já conceituado, ao qual nomeie de fator de expoente, e outro novo –
auto regressivo. Sendo que os resultados obtidos foram convergentes e condizentes
com o esperado.

Conforme explorado neste trabalho pudemos comprovar que os três métodos


de correção sugeridos são eficazes e aplicáveis nas rotinas de inspetores
termográficos do SEP. O modelo auto regressivo possui a limitação de necessitar de
um número maior de medições, o que levaria a um aumento considerável no tempo
de inspeção. Sendo assim fica limitado para aplicação apenas em casos pontuais,
que necessitem de uma atenção especial por parte da área de manutenção.
Enquanto que os métodos N-7425 e fator de expoente são extremamente aplicáveis
dentro das rotinas das equipes de manutenção. Sugeriria a aplicação de N-7425
quando pudéssemos garantir um carregamento maior que 50% da corrente nominal
do equipamento e o fator de expoente de uma forma mais genérica, ou seja, quando
essa condição de carregamento não puder ser garantida.

Embora os resultados das projeções das temperaturas medidas tenham sido


satisfatoriamente convergentes nos três métodos, seria interessante que trabalhos
futuros explorassem este, aplicando a metodologia a uma gama maior de modelos
de seccionadoras, para então ratificar os resultados e a metodologia.
78

6 Referências Bibliográficas

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Elétrica, Faculdade Federal de Itajubá. Itajubá, 2012.

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