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Engenharia Mecânica

Guia de Estudo:

Transferência de Calor 1
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Transferência de Calor 1

Professor: Luiz Carlos Vieira Guedes


Endereço Eletrônico: guedes@unis.edu.br
Ementa:
- Introdução. Formas de Transferência de Calor.
- Transferência de calor por condução.
- Aletas.
- Condução Bidimensional.
- Condução em regime transiente.
- Introdução a convecção.
- Camada limite.

Bibliografia:
- INCROPERA, F.Transferência de Calor e Massa. 3 ed. Rio de
Janeiro,Guanabara,1985
- KREITH,F. ;Bohn,M.S. . Princípios da Transmissão de Calor. 6 ed. São Paulo,
Editora Thomson Learning. 2003
- OSIZIK,M.Necati . Transferência de Calor : Um Texto Básico. Rio de Janeiro,
Guanabara, 1985
- ARAUJO,Celso. Transmissão de Calor. Rio de Janeiro: Ed.LTC. 1995
- BRAGA FILHO,Washington.Transmissão de Calor:Ed.Pioneira Thonsom
Leaning.2004

Pré-requisito desta disciplina: Cálculo, Fenômenos dos Transportes e Termodinâmica .

Disciplina para qual esta é base: Transferência de Calor 2 Geração e Distribuição de


Vapor.
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referenciado.
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anteriormente.
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10 Aula de Transferência de Calor I

Tema: Introdução a Transferência de Calor


1. Relevância da Transferência de Calor

A transferência de calor é fundamental para todos os ramos da engenharia. Assim


como o engenheiro mecânico enfrenta problemas de refrigeração de motores, de
ventilação, ar condicionado, etc., o engenheiro metalúrgico não pode dispensar a
transferência de calor nos problemas relacionados aos processos metalúrgicos e
hidrometalúrgicos, ou no projeto de fornos, regeneradores, conversores, etc.

Em nível idêntico, o engenheiro químico ou nuclear necessita da mesma ciência em


estudos sobre evaporação, condensação ou em trabalhos em refinarias e reatores,
enquanto o eletricista e o eletrônico a utiliza no cálculo de transformadores e geradores e
dissipadores de calor em microeletrônica e o engenheiro naval aplica em profundidade a
transferência de calor em caldeiras, máquinas térmicas, etc.

Até mesmo o engenheiro civil e o arquiteto sentem a importância de, em seus


projetos, preverem o isolamento térmico adequado que garanta o conforto dos
ambientes.

Como visto, a transferência de calor é importante para a maioria dos processos


industriais e ambientais. Como exemplo de aplicação, consideremos a vital área de
produção e conversão de energia:

· Na geração de eletricidade (hidráulica, fusão nuclear, fóssil, geotérmica, etc) existem


numerosos problemas que envolvem condução, convecção e radiação e estão
relacionados com o projeto de caldeiras, condensadores e turbinas.
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· Existe também a necessidade de maximizar a transferência de calor e manter a


integridade dos materiais em altas temperaturas

· É necessário minimizar a descarga de calor no meio ambiente, evitando a poluição


térmica através de torres de refrigeração e recirculação.

Os processos de transferência de calor afetam também a performance de sistemas


de propulsão (motores a combustão e foguetes). Outros campos que necessitam de uma
análise de transferência de calor são sistemas de aquecimento, incineradores,
armazenamento de produtos criogênicos, refrigeração de equipamentos eletrônicos,
sistemas de refrigeração e ar condicionado e muitos outros.

2. Definições:

Calor: é energia em trânsito devido a uma diferença de temperatura. Sempre que existir uma
diferença de temperatura em um meio ou entre meios ocorrerá transferência de calor.

T1 T2 T T

Figura 1 – Se T1 > T2 è T1 > T > T2

Transmissão de Calor: é a ciência que explica como ocorre a troca de energia através do
calor e com que taxa isso ocorre. Para isso faz uso da Termodinâmica ( 2º lei da
Termodinâmica: “é impossível um processo cujo único resultado seja a transferência liquida

de calor de uma região fria para uma mais quente) e de observações experimentais. Existem
três modos distintos de transmissão de calor: Condução, Convecção e Radiação.
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Fluxo de Calor: “é a quantidade de energia trocada por unidade de tempo e por unidade de
área perpendicular a direção de troca de calor” (Braga 2004), ocorre mediante um gradiente
de temperatura.

3. Relação entre a Transferência de Calor e Termodinâmica

Termodinâmica: trata da relação entre o calor e as outras formas de energia. A energia


pode ser transferida através de interações entre o sistema e suas vizinhanças. Estas
interações são denominadas calor e trabalho.

·A 1ª Lei da Termodinâmica governa quantitativamente estas interações

- A 1ª Lei da Termodinâmica pode ser enunciada assim :

"A variação líquida de energia de um sistema é sempre igual à transferência líquida de energia
na forma de calor e trabalho".

- A 2ª Lei da Termodinâmica aponta a direção destas interações, e


pode ser enunciada assim:

"É impossível o processo cujo único resultado seja a transferência líquida de calor de uma
região fria para uma região quente".

Porém existe uma diferença fundamental entre a transferência de calor e a


termodinâmica.
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Embora a termodinâmica trate das interações do calor e o papel que ele


desempenha na primeira e na segunda lei, ela não leva em conta nem o mecanismo de
transferência nem os métodos de cálculo da taxa de transferência de calor.

A termodinâmica trata com estados de equilíbrio da matéria onde inexiste


gradiente de temperatura. Embora a termodinâmica possa ser usada para determinar a
quantidade de energia requerida na forma de calor para um sistema passar de um estado
de equilíbrio para outro, ela não pode quantificar a taxa (velocidade) na qual a
transferência do calor ocorre.

A disciplina de transferência de calor procura fazer aquilo o que a termodinâmica é


inerentemente incapaz de fazer.
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Tema: Condução, convecção e radiação.


4.Regimes de Transferência de Calor

O conceito de regime de transferência de calor pode ser melhor entendido através


de exemplos. Analisemos, por exemplo, a transferência de calor através da parede de
uma estufa qualquer. Consideremos duas situações: operação normal e desligamento ou
religando.

Durante a operação normal, enquanto a estufa estiver ligada a temperatura na


superfície interna da parede não varia. Se a temperatura ambiente externa não varia
significativamente, a temperatura da superfície externa também é constante. Sob estas
condições a quantidade de calor transferida para fora é constante e o perfil de
temperatura ao longo da parede, mostrado na figura 2.(a), não varia. Neste caso, dizemos
que estamos no regime permanente.

Figura 2 – tipos de fluxos de calor

Na outra situação consideremos, por exemplo, o desligamento. Quando a estufa é


desligada a temperatura na superfície interna diminui gradativamente, de modo que o
perfil de temperatura varia com o tempo, como pode ser visto da figura 2(b). Como
conseqüência, a quantidade de calor transferida para fora é cada vez menor. Portanto, a
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temperatura em cada ponto da parede varia. Neste caso, dizemos que estamos no regime
transiente.

Os problemas de fluxo de calor em regime transiente são mais complexos.


Entretanto, a maioria dos problemas de transferência de calor é ou pode ser tratado como
regime permanente.

4.1. Condução de Calor:

A condução pode se definida como o processo pelo qual a energia é transferida de


uma região de alta temperatura para outra de temperatura mais baixa dentro de um meio
(sólido, líquido ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato direto. O mecanismo
físico da condução envolve conceitos de atividade atômica e molecular,
que sustenta a transferência de energia das partículas mais energéticas
para as partículas de menor energia de uma substância devido a
interações que existem entre as partículas. (figura 3).

Figura 3 – transferência de energia de partículas


Quando existe um gradiente de temperatura em um meio estacionário. Que ocorre
devido à interação molecular, onde as moléculas de maior energia transferem energia para
as de mais baixa.

A (xícara) B(colher) C(mão)


Uma ponta exposta de uma colher de metal que está imergida em uma xícara de café
quente irá finalmente se aquecer devido a condução de energia através da colher e com isso
aquecer a mão que está tocando nela.
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Este processo depende do tipo de material que conduz o calor. Metais são mais
condutores elétricos e térmicos (elétrons livres).
Materiais isolantes a transmissão de calor só ocorre por vibração das moléculas
prejudicado pelo fato de existir a presença de ar.

4.1.1. Condução de Calor Unidimensional em Regime Permanente

No tratamento unidimensional a temperatura é função de apenas uma


coordenada. Este tipo de tratamento pode ser aplicado em muitos dos
problemas industriais. Por exemplo, no caso da transferência de calor
em um sistema que consiste de um fluido que escoa ao longo de um
tubo ( figura 4), a temperatura da parede do tubo pode ser considerada
função apenas do raio do tubo. Esta suposição é válida se o fluido escoa
uniformemente ao longo de toda a superfície interna e se o tubo não for
longo o suficiente para que ocorram grandes variações de temperatura
do fluido devido à transferência de calor. A mesma situação se verifica
em fluxos de calor em parede plana(figura 5).

Figura 4 – Fluxos de Calor em Tubo


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Figura 5 – Fluxos de Calor em Parede Plana

4.1.2. Lei da Condução:

É baseada nas observações de Fourier (Jean Baptiste Joseph Fourier- 1768 a 1830 -
propôs esta lei em 1822): A lei de Fourier é fenomenológica, ou seja, foi desenvolvida a
partir da observação dos fenômenos da natureza em experimentos.

α : proporcional
É então introduzido a constante de Condutividade Térmica (quantidade de calor que
fluirá por unidade de tempo através de uma unidade de área).

onde,
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, fluxo de calor por condução na direção x por unidade de área( Kcal/h no sistema
métrico);

k, condutividade térmica do material;característico de cada material

A, área da seção através da qual o calor flui por condução, medida perpendicularmente à

direção do fluxo ( m2);

, gradiente de temperatura na seção, isto é, a razão de variação da temperatura T

com a distância, na direção x do fluxo de calor (oC/h)

A razão do sinal menos na equação de Fourier é que a direção do


aumento da distância x deve ser a direção do fluxo de calor positivo
( figura 6 ). Como o calor flui do ponto de temperatura mais alta para o
de temperatura mais baixa (gradiente negativo), o fluxo só será positivo
quando o gradiente for positivo (multiplicado por -1).

Figura 6 – parede plana com fluxo de calor


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O fator de proporcionalidade k ( condutividade térmica ) que surge da equação de


Fourier é uma propriedade de cada material e vem exprimir a maior ou menor facilidade
que um material apresenta à condução de calor. Sua unidade é facilmente obtida da
própria equação de Fourier ( equação 3.2 ), por exemplo no sistema prático métrico temos
:

Valores típicos de Condutividade Térmica k


Metais 30(ferro fundido) a 240 (prata)
Líquidos 0,1(gasolina) a 0,4(água)
Materiais Isolantes 0,02 a 0,1
Gases 0,004 a 0,1

Tabela extraída de: BRAGA FILHO, Washington. Transmissão de Calor. São Paulo: Ed
Thomson, 2004.

Os valores numéricos de k variam em extensa faixa dependendo da constituição


química, estado físico e temperatura dos materiais. Quando o valor de k é elevado o
material é considerado condutor térmico e, caso contrário, isolante térmico. Com relação
à temperatura, em alguns materiais como o alumínio e o cobre, o k varia muito pouco
com a temperatura, porém em outros, como alguns aços, o k varia significativamente com
a temperatura. Nestes casos, adota-se como solução de engenharia um valor médio de k
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em um intervalo de temperatura. A variação da condutividade térmica ( no S.I. ) com a


temperatura é mostrada na figura 7 para algumas substâncias.

Figura 7 – gráfico dos condutores térmicos


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4.1.3. Condução de Calor em uma Parede Plana

Figura 8 – parede plana com fluxo de calor

Em uma parede plana submetida a uma diferença de temperatura. Com uma


fonte de calor , de temperatura constante e conhecida, de um lado, e a um sorvedouro de
calor do outro lado, também de temperatura constante e conhecida. Na figura 8, uma
parede que tem espessura L, área transversal A e foi construída com material de
condutividade térmica k. Do lado de dentro a fonte de calor mantém a temperatura na
superfície interna da parede constante e igual a T1 e externamente o sorvedouro de calor

( meio ambiente ) faz com que a superfície externa permaneça igual a T2.

Pela Lei de Fourier, temos:

separando as variáveis:

integrando:
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4.2. Convecção

Convecção refere-se à transferência de calor que irá ocorrer entre uma superfície e
um fluido em movimento ou estacionário quando eles estão em temperaturas diferentes.
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Definição: processo pelo qual a energia é transferida das porções quentes para as
porções frias de um fluido através da ação combinada de condução de calor,
armazenamento de energia e movimento de mistura. (convecção = condução + transporte
de massa). Exemplo: pulo na piscina após horas de sol.

Convecção Forçada: o fluido é movimentado artificialmente. O mecanismo da convecção


pode ser mais facilmente entendido considerando, por exemplo, um circuito impresso
(chip) sendo refrigerado (ar ventilado), como mostra a figura 7.

Figura 9 – Convecção Forçada

1. A velocidade da camada de ar próxima à superfície é muito baixa em razão das forças


viscosas ( atrito ).

2. Nesta região o calor é transferido por condução. Ocorre portanto um armazenamento


de energia pelas partículas presentes nesta região.

3. Na medida que estas partículas passam para a região de alta velocidade, elas são
carreadas pelo fluxo transferindo calor para as partículas mais frias.

Convecção Natural: movimento somente devido as forças de empuxo (causadas pela


diferenças de temperatura).
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Um exemplo bastante conhecido de convecção natural é o


aquecimento de água em uma panela doméstica como mostrado na
figura 10. Para este caso, o movimento das moléculas de água pode ser
observado visualmente.

Figura 10 – Convecção Natural


4.2.1. Lei da Convecção:

Lei de resfriamento de Newton:

h = coeficiente de troca de calor por convecção (W/m 2K)


AS = área superficial, ou de contato.
TS = temperatura superficial da peça
T00 = temperatura do meio fluido

Alguns fatores influem na transferência de calor por convecção:


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- Natureza do fluido. – corpo fora da piscina


- Velocidade relativa de escoamento – mão para fora do carro em movimento
- Geometria – dia quente corpo relaxado, dia frio corpo rígido.
- Acabamento superficial – bola de golfe com ranhuras.

Situação Física Valores de h(kW/m2 K)


Convecção Natural, ar. 0,006 – 0,035
Convecção Forçada, ar. 0,028 – 0,851
Convecção Natural, água. 0,170 – 1,14
Convecção Forçada, água. 0,570 – 22,7
Água em ebulição 5,7 – 85
Vapor de Condensação 57 – 170
Convecção Forçada, sódio 113 - 227

Tabela extraída de:


- BRAGA FILHO, Washington. Transmissão de Calor. São Paulo: Ed Thomson, 2004.

5- Radiação Térmica:
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Transferência de Calor que ocorre quando não há um meio físico entre os corpos.
Todas as superfícies a uma temperatura não nula emitem energia na forma de ondas
eletromagnéticas. Portanto, na ausência de um meio interveniente, há transferência de
calor por radiação entre duas superfícies que estejam com temperaturas diferentes. A
fonte mais comum de radiação é o sol.
Radiação Térmica é a energia emitida por toda matéria que se encontre a uma
temperatura não nula. Ocorre perfeitamente no vácuo, não havendo, portanto,
necessidade de um meio material para a colisão de partículas ou transferência de massa.
Todas as ondas têm um comprimento de onda característico, , e uma amplitude, A. A
freqüência, , de uma onda é o número de ciclos que passam por um ponto em um
segundo.

Figura 11 – Formas de Ondas


A radiação térmica é, portanto, um fenômeno ondulatório semelhante às ondas de
rádio, radiações luminosas, raio-X, raios-g, etc, diferindo apenas no comprimento de
onda. Este conjunto de fenômenos de diferentes comprimentos de ondas, representado
simplificadamente na figura 12, é conhecido como espectro eletromagnético.
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Figura 12 – Espectro Eletromagnético

O corpo humano possui uma temperatura de cerca de  310 K e irradia basicamente
no infravermelho longo. Se a fotografia de uma pessoa for feita com uma câmera sensível
ao infravermelho, obtemos uma fotografia térmica. Um engenheiro está segurando um
fósforo aceso. A imagem é codificada em cores de modo a mostrar diferenças de
temperatura. Observe o branco e o vermelho escuro da chama e da palma da mão do
engenheiro (onde seus vasos sangüineos estão mais próximos à superfície) e o azul de seus
óculos frios. Esta fotografia em infra-vermelho demonstra que as imagens em infra-
vermelho mostram a energia em forma de calor e a sua distribuição.
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Figura 13 – Foto em Infravermelho

Podemos constatar a existência da radiação térmica ao aproximarmos de uma


brasa incandescente. Mesmo se o ar ao nosso redor estiver frio, percebemos um
aquecimento da nossa pele. Nesta situação, a maior parte do calor que nos atinge não se
propaga por convecção no ar, e sim na forma de radiação eletromagnética.
Também percebemos esta radiação na cor avermelhada adquirida pelo carvão ao
queimar. O carvão é normalmente preto, ou seja, não reflete a luz, mas ao alcançar uma
temperatura suficientemente alta, passa a emitir na parte visível do espectro uma
quantidade de radiação suficiente para observação.
Se observarmos o aquecimento de um pedaço de ferro com uma fonte intensa de
calor, por exemplo, uma forja, poderemos notar, além do rápido aumento com a
temperatura da quantidade de radiação emitida, uma modificação na cor do objeto: após
tornar-se vermelho, o objeto passará a adquirir uma cor branca ou até azulada. Isto indica
que a distribuição da radiação em comprimento de onda desloca-se com o aumento da
temperatura para valores menores. Equivalentemente, a distribuição da radiação em
freqüência desloca-se para valores maiores.
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O fato de existir uma correlação entre temperatura e emissão de radiação não é


em si surpreendente. Afinal, de acordo com a visão corpuscular da matéria, temperatura é
uma medida da agitação das partículas. Como as partículas que constituem a matéria
possuem cargas e cargas em movimento acelerado emitem radiação.

Figura 13 – Elevação de Temperatura

Corpo Negro:
Corpo negro ou irradiador ideal é um corpo que emite e absorve, a qualquer
temperatura, a máxima quantidade possível de radiação em qualquer comprimento de onda.
O irradiador ideal é um conceito teórico que estabelece um limite superior de radiação de
acordo com a segunda lei da termodinâmica. É um conceito teórico padrão com o qual as
características de radiação dos outros meios são comparadas.
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Figura 13 – Corpo Negro

Emissividade é a relação entre o poder de emissão de um corpo real e o poder de emissão


de um corpo negro.

Onde:
Ec = poder de emissão de um corpo cinzento
En = poder de emissão de um corpo negro

Gustav Kirchhoff: em 1.859, mostrou que a energia emitida pelo corpo negro dependia
somente de sua temperatura e do comprimento da onda emitida.

Teoria de Planck: para ele a energia deveria ser descontinua e existente em forma de
pacotes mínimos, quantum, mais tarde batizado por Gilbert Lewis de fóton.

Teoria de Maxwell: a luz é uma onda eletromagnética, quanto mais intensa fosse a luz
incidente maior seria a energia fornecida aos elétrons.
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Josef Stefan: a energia emitida por um corpo quente(acima do zero absoluto) era
proporcional a quarta potência de sua temperatura.

Lei de Stefan-Boltzmann: a radiação que é emitida por uma superfície e se origina na


energia interna da matéria que está limitada pela superfície e a taxa pela qual a energia é
liberada por unidade de área (W/m² )é denominada poder emissivo E da superfície, seu
limite está previsto por:

Ts : temperatura absoluta (K) da superfície

σ : constante de Stefan-Boltzmann 5,67 x 10-8 W/m2K4

O fluxo térmico radiante para uma superfície real é menor que o emitido por um
corpo negro à mesma temperatura.

ε : emissividade com valores 0 ≤ ε ≤ 1, essa propriedade fornece uma medida de


capacidade de emissão de uma superfície em relação ao corpo negro.
“Os corpos reais não atendem as especificações de um radiador ideal e emitem
radiação a uma taxa mais baixa que a dos corpos negros. Se eles emitirem a uma
temperatura igual aquela de um corpo negro, uma fração constante da emissão do corpo
negro em cada comprimento de onda, eles serão chamados de corpos cinzentos” Kreith
A taxa de transferência de calor de um corpo cinzento é :
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Fator Forma:

Uma das duvidas em transferência de calor por radiação é determinar a quantidade


de radiação que sai de um determinado corpo e é interceptada em outro.

Figura 14 – Fator Forma

Considerando duas superfícies negras com áreas separadas no espaço e com


temperaturas diferentes. Temos F1 (fração de energia que deixa a superfície 1 e chega a
superfície 2) e F2(fração de energia que deixa 2 e chega em 1).

energia que sai de 1 e chega em 2

energia que sai de 2 e chega em 1

Se considerarmos que ambas as temperaturas estejam com o mesmo valor, então


q tem valor igual a zero.
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como E1 = E2

a equação fica:

Substituindo na formula do calculo de fluxo de calor

Pela lei de Stefan-Boltzmann:

Para superfícies negras paralelas e de grandes dimensões:

Superfícies cinzentas grandes e paralelas:

Superfície cinzenta(1) muito menor que superfície cinzenta(2)

6- Balanço de Energia em Superfície:

A geração e o armazenamento de energia na superfície não são relevantes.


EIN - Eout = 0
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A taxa na qual a energia é transferida para a superfície é igual a taxa na qual a


energia é transferida da superfície.

q"radiação Vizinhança

T1 q"Cond

T2 T00
Fluid
q"Conv
o

O balanço de energia assumi a seguinte condição

q"condução – q”convecção – q”radiação = 0


7- Analogia entre resistência térmica e elétrica:

Existe uma analogia entre os sistemas de fluxo de calor (potencial de temperatura)


e os circuitos elétricos (potencial de tensão). Da lei de resistência elétrica (lei de Ohm)

ΔV = variação de voltagem
R = resistência
I = corrente

Da lei de Fourier

ΔT = é a diferença entre a T da face quente e da face fria, consiste em um potencial.


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= é o equivalente a resistência elétrica.

q"

T1 T2

ΔT

No caso de se ter duas placas de materiais diferentes justapostas á outra, isso será
equivalente a se ter uma resistência em série. A resistência térmica equivalente é igual a
soma das outras duas.

k1 k2 k3
T1
T2
T3 .
q
T4

L1 L2 L3

Figura 15 – Resistência

Resistência em Série:
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Colocando em evidencia as temperaturas:

Colocando em evidência o fluxo de calor e substituindo os valores das resistências


térmicas

Resistência em Paralelo:
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Figura 15 – Resistência em Paralelo

Admitindo que o fluxo total é o somatório dos demais fluxos:

A partir da definição de resistência térmica:

Substituindo as equações:
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Obs: as deduções das resistências foram tiradas da apostila Introdução a Transferência de


Calor de Eduardo Emery Cunha Quites e Luiz Renato Bastos Lia.

8- Condução de Calor – Sistemas Radiais

Na indústria a geometria cilíndrica é bastante usada, basta verificar a quantidade


de tubos existentes. Um outro estudo deste curso são os trocadores de calor que são
compostos por grandes quantidades de tubos.

Sistemas cilíndricos e esféricos têm, na maioria dos casos, gradientes de


temperatura numa única direção (unidimensional).

Figura 14 – fluxo de calor em configuração cilíndrica

8.1- Condução de Calor – Cilindros

Cilindro oco cujas superfícies externas e internas estão expostas a fluidos em


temperaturas diferentes, em regime permanente, sem geração de calor. Fazendo uso da
formula de Fourier.
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aplicando a propriedade dos logaritmos:

Resistência Elétrica condução :

Resistência Elétrica convecção :


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8.2- Condução de Calor – Esferas

Figura 15 – fluxo de calor em configuração esférica

A = 4 π r2
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Resistência de convecção:

9- Aletas:

Usadas para aumentar a eficiência da troca de calor, na coleta (coletores de calor)


ou na dissipação (motores). O princípio do uso de aletas é baseado na lei do resfriamento
de Newton.

Para se melhorar uma troca de calor pode-se agir de três maneiras, pode-se aumentar
h, As ou a diferença de temperatura. Para aumentar h (coeficiente de convecção) é
necessário trocar o fluido, às vezes isso é impossível. Aumentar a diferença de temperatura
é necessário resfriar o fluido, atitude normalmente cara. A única solução plausível é
aumentar a superfície de troca de calor, com o uso de aletas) (Figura 16)..
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Figura 16 – Aletas

Figura 17 – Fluxo de Calor em Aletas


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Na forma simbólica esta equação torna-se :

Onde P é o perímetro da aleta, At é a área da seção transversal da aleta e (P.dx) a área

entre as seções x e (x+dx) em contato com o fluido. Se h e k podem ser considerados


constantes , simplificando a equação :

(eq. 1)
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A equação 1 é uma equação diferencial linear ordinária de segunda

ordem, cuja solução geral é :

(eq.2)

onde C1 e C2 são constantes para serem determinadas através das condições de contorno

apropriadas. A primeira das condições de contorno é que a temperatura da base da barra


é igual à temperatura da superfície na qual ela está afixada, ou seja :

De acordo com a segunda condição de contorno, que depende das condições adotadas,
teremos três casos básicos :

Caso (a) ® Barra infinitamente longa

Neste caso, sua temperatura se aproxima da temperatura do fluido quando x ® T,

ou T=TT em x ® T. Substituindo essa condição na equação 2, temos:

(eq: 3)
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Como o segundo termo da equação 3 é zero, a condição de contorno é satisfeita


apenas se C1=0. Substituindo C1 por 0, na equação 2, temos:

e a distribuição de temperatura torna-se :

( eq. 4 )

Como o calor transferido por condução através da base da aleta deve ser transferido por
convecção da superfície para o fluido, temos :

( eq. 5 )

Diferenciando a equação 4 e substituindo o resultado para x=0 na equação 5, obtemos :

( eq. 6)

A equação 6 fornece uma aproximação razoável do calor transferido, na unidade


de tempo, em uma aleta finita, se seu comprimento for muito grande em comparação
com a área de sua seção transversal.
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ml >2,65 aleta longa

Caso (b) ® Barra de comprimento finito, com perda de calor pela extremidade
desprezível

Neste caso, a segunda condição de contorno requererá que o gradiente de


temperatura em x=L seja zero, ou seja, em x=L. Com estas condições :

( eq. 7 )

levando as equações 7 na equação 3, obtemos :

( eq. 8 )

Considerando que o coseno hiperbólico é definido como , a equação

8 pode ser colocada em uma forma adimensional simplificada :

A transferência de calor pode ser obtida através da equação 5, substituindo o


gradiente de temperatura na base :
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( eq. 9 )

O calor transferido, na unidade de tempo, é então:

( eq. 10 )

Caso (c) ® Barra de comprimento finito, com perda de calor por convecção pela
extremidade

Neste caso, a álgebra envolvida é algo mais complicado, entretanto o princípio é o


mesmo e o fluxo de calor transferido é :

TIPOS DE ALETAS

Vários tipos de aletas estão presentes nas mais diversas aplicações industriais. A seguir
veremos alguns dos tipos mais encontrados industrialmente.

· Aletas de Seção Retangular


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Figura 18 – Aletas de seção retangular

Na figura 18 observamos uma aleta de seção retangular assentada


longitudinalmente em uma superfície plana. Considerando que a aleta tem espessura b e
largura e ( espessura pequena em relação à largura), o coeficiente da aleta m pode ser
calculado assim :

( eq. 11 )
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·Aletas de Seção Não-Retangular

Figura 19 – Aletas de Não-Retangular

Neste caso, temos uma aleta de seção triangular mostrada na figura 19. Aletas de
seção parabólica, trapezoidal, etc, também são comuns. O cálculo do coeficiente m pode
ser feito de modo similar ao caso anterior, considerando uma área transversal média.
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· Aletas Curvas

Figura 20 – Aletas de Não-Retangular

As aletas colocadas sobre superfícies curvas podem ter colocação radial


( transversal ) como na figura 18 ou axial ( longitudinal ), assentando aletas do tipo
retangular mostrado na figura 19. O assentamento radial ou axial de aletas sobre
superfícies cilídricas depende da direção do escoamento do fluido externo, pois a aletas
devem prejudicar o mínimo possível o coeficiente de película, ou seja, não podem
provocar estagnação do fluido. O cálculo do coeficiente m para a aleta da figura 20 é feito
da seguinte forma :
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· Aletas Pino

Figura 21 – Aletas Pino

Em certas aplicações aletas tipo pino são necessárias para não prejudicar
demasiadamente o coeficiente de película. A figura 14 mostra uma aleta pino de seção
circular. Neste caso o cálculo do coeficiente m é feito assim :
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EFICIÊNCIA DE UMA ALETA

Consideremos uma superfície base sobre a qual estão fixadas aletas de seção
transversal uniforme, como mostra a figura 22. As aletas tem espessura e, altura l e
largura b. A superfície base está na temperatura T s maior que a temperatura ambiente
T¥.

Figura 22
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O fluxo de calor total transferido através da superfície com as aletas é igual ao


fluxo transferido pela área exposta das aletas ( A A ) mais o fluxo transferido pela área

exposta da superfície base ( AR ) :

A diferença de temperatura para a área das aletas (T ? -T¥) é desconhecida. A

temperatura Ts é da base da aleta, pois à medida que a aleta perde calor, a sua

temperatura diminui, ou seja, AA não trabalha com o mesmo potencial térmico em

relação ao fluido.

Por este motivo , calculado com o potencial (Ts- T¥), deve ser corrigido, multiplicando

este valor pela eficiência da aleta ( h ). A eficiência da aleta pode ser definida assim :

Portanto,

Da equação 6.18 obtemos o fluxo de calor trocado pela área das aletas :
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O fluxo de calor em uma aleta cuja troca de calor pela extremidade é desprezível é
obtido através da equação 6.10, obtida anteriormente :

É óbvio que desprezar a transferência de calor pela extremidade da aleta é


simplificação para as aletas de uso industrial. Entretanto, como as aletas tem espessura
pequena, a área de troca de calor na extremidade é pequena; além disto, a diferença de
temperatura entre a aleta e o fluido é menor na extremidade. Portanto, na maioria dos
casos, devido à pequena área de troca de calor e ao menor potencial térmico, a
transferência de calor pela extremidade da aleta pode ser desprezada

Igualando as duas equações para o fluxo de calor

Isolando a eficiência da aleta, obtemos :

q. 6.20 )

A área de troca de calor da aleta pode ser aproximada para :

Substituindo a equação 6.21 na equação 6.3, obtemos :


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O coeficiente da aleta ( m ) pode ser introduzido na eq. 6.22 para dar a expressão
final da eficiência da aleta :

A equação mostra que a eficiência da aleta é uma função do produto "m.l".


Observando uma tabela de funções hiperbólicas nota-se que a medida que o produto
"m.l" aumenta a eficiência da aleta diminui, pois o numerador aumenta em menor
proporção. Portanto, quanto maior o coeficiente da aleta e/ou quanto maior a altura,
menor é a eficiência. Em compensação quanto maior a altura, maior é a área de
transferência de calor da aleta ( AA).

De volta à equação, o fluxo de calor trocado em uma superfície aletada por ser
calculado assim :
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Colocando o ∆T e o coeficiente de película em evidência, obtemos :

A eficiência da aletas é obtida a partir da equação e as áreas não-aletada ( A R ) e

das aletas ( AA ) são obtidas através de relações geométricas.

10- Convecção:

Processos de Troca de Calor que envolve a transferência de calor entre uma


superfície sólida e um fluído, líquido ou gás. Até este momento do curso, quando se
queria o coeficiente de troca de calor por convecção, ele era dado no problema,
entretanto vários outros fatores influem neste valor, fatores como velocidade,
característica do fluido. A partir de agora esses fatores passarão a fazer parte de nossos
cálculos.

Um fluído é capaz de resistir qualquer tensão de cisalhante nele imposta. Ele pode
entrar em movimento pela diferença de massa específica (empuxo) ou por diferenças de
pressão. Convecção baseada em empuxos são chamadas de Convecção Livre ou Natural, a
convecção promovida por diferenças de pressão é chamada de Convecção Forçada.

Até o presente momento calculamos convecção pela lei de resfriamento de


Newton

onde,

= fluxo de calor transferido por convecção ( kcal/h);

= área de transferência de calor (m2)


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DT = diferença de temperatura entre a superfície (Ts) e a do fluido em um local bastante

afastado da superfície (TT) (oC).

h = coeficiente de transferência de calor por convecção ou coeficiente de película.

Figura 23- Convecção

10.1- Camada Limite:

Quando um fluido escoa ao longo de uma superfície, seja o escoamento em regime


laminar ou turbulento, as partículas na vizinhança da superfície são desaceleradas em
virtude das forças viscosas. A porção de fluido contida na região de variação substancial
de velocidade, ilustrada na figura 24, é denominada de camada limite hidrodinâmica.

Figura 24- camada limite hidrodinâmica

10.1.1- Camada Limite Térmica:


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Consideremos agora o escoamento de um fluido ao longo de uma superfície


quando existe uma diferença de temperatura entre o fluido e a superfície. Neste caso, O
fluido contido na região de variação substancial de temperatura é chamado de camada
limite térmica.

Figura 25- Camada limite térmica

O mecanismo da convecção pode então ser entendido como a ação combinada de


condução de calor na região de baixa velocidade onde existe um gradiente de
temperatura e movimento de mistura na região de alta velocidade. Portanto :

¨ região de baixa velocidade è a condução é mais importante

¨ região de alta velocidade è a mistura entre o fluido mais quente e o mais frio
contribui substancialmente para a transferência de calor

Na camada limite térmica tem-se portanto elevados gradientes de temperatura e


pode-se dizer que o estudo do fenômeno da convecção se reduz ao estudo da condução
através da mesma.

10.2- Determinação do Coeficiente de Película(h):

O coeficiente h é uma função complexa de uma série de variáveis relacionadas com as


seguintes características:
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- Dimensão Característica ( D )

D: é a dimensão que domina o fenômeno da convecção.

Ex: diâmetro de um tubo, altura de uma placa, etc

- Propriedades Físicas do Fluido ( )

: viscosidade dinâmica do fluido;

: densidade do fluido;

: calor específico do fluido;

: condutividade térmica do fluido;

: coeficiente de expansão volumétrica

- Estado de Movimento do Fluido ( V,g,DT )

V : velocidade do fluido;

g : aceleração da gravidade;

DT : diferença de temperatura entre a superfície e o fluido

Logo, h é uma função do tipo :

Uma fórmula que levasse em conta todos estes parâmetros seria extremamente
complexa. O problema é, então, contornado dividindo-se o estudo em casos particulares.
Por exemplo, o estudo da convecção em gases pode ser subdividido assim :
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Para cada caso particular são obtidas equações empíricas através da técnica de
análise dimensional combinada com experiências, onde os coeficientes de película são
calculados a partir de equações empíricas obtidas correlacionando-se os dados
experimentais com o auxílio da análise dimensional.

· Para Convecção Forçada a equação é do tipo :

Escoamento de um fluido no interior de um tubo de diâmetro D no regime de


escoamento turbulento ( Re > 3300 ). Neste caso, usamos a seguinte equação :

· Para Convecção Natural a equação é do tipo :

Convecção natural sobre placas verticais de altura D e e cilindros de grande

diâmetro e altura D ( p/ Gr.Pr < 108 ). Neste caso, usamos a seguinte equação :

Transferência de Calor em Cilindros:


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Envolve no escoamento externo o movimento do fluido na direção perpendicular


ao eixo de um cilindro circular.
No ponto de estagnação ocorre uma elevação da temperatura, a pressão diminui
com a elevação de x, a camada limite se desenvolve sobre pressão, na face posterior
ocorre uma diminuição dessa pressão.
Diferente do escoamento em placas planas, nesse caso ocorre uma mudança na
velocidade do escoamento. O numero de Reynolds para esse caso é

Camada limite laminar Re ≤ 2 x 105


Camada limite de transição Re ≥ 2 x 105

Foram usados métodos experimentais no sentido de determinar os efeitos da


transferência de calor e de massa. No ponto de vista de cálculos de engenharia usa-se a
correlação empírica de Hilpert.

C e m são constantes de acordo com a tabela, e também pode ser adotada para gases em
escoamento sobre cilindros com seção reta ou não circular.

Tabela de escoamento transversal a um cilindro circular

ReD C m
0,4 –7 0,989 0,330
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4 – 40 0,911 0,385
40 – 4.000 0,683 0,466
4.000 – 40.000 0,193 0,618
40.000 – 400.000 0,027 0,805

Outras correlações podem ser usadas para cilindro circular, a correlação de


Zhukauskas.

Todas as propriedades são estimadas em T 00 exceto Prs que é estimado em função


do Ts.
As constantes C e m estão tabeladas, se:
As constantes C e m estão tabeladas, se:

Pr > 10, n = 0,36, se Pr ≤ 10 , n = 0,37

ReD C m
1 – 40 0,75 0,4
40 – 1000 0,51 0,5
103 – 2 x 105 0,26 0,6
2 x 105 - 106 0,076 0,7

Churchill e Bernstein propuseram uma equação que cobre todo o

intervalo de ReD para o qual se conhecem dados experimentais, e também cobre o


intervalo de Pr. Esta equação deve ser usada quando ReD Pr > 0,2.
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Todas as propriedades devem ser estimadas na temperatura da película.

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