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FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.

MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

A energia em trânsito: o calor


1.1 Apresentação
Nesta unidade, vamos abordar o calor, como uma das formas de transferência de energia entre
regiões ou corpos próximos, devido a uma diferença de temperatura. Para tanto, vamos utilizar
diagramas e esquemas termodinãmicos para representar um processo em estudo, em termos de
sistema, vizinhança e fronteira.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o calor como uma forma de energia térmica entre corpos.


• Diferenciar sistema, vizinhança e fronteira em processos de troca de calor.
• Reconhecer e diferenciar os mecanismos de transferência de calor.
1.1 Desafio
Condições adequadas de temperatura são essenciais para a propagação da vida em um meio
qualquer, entretanto, uma pequena modificação nestas condições é suficiente para causar desde
um desconforto até a morte de seres vivos.

Para um funcionamento adequado das funções vitais do corpo humano, há a necessidade de


manter equilibrada a temperatura interna em aproximadamente 37oC, entretanto, as intensas
trocas de calor entre nosso corpo e o meio em que o mesmo se encontra faz sentir as sensações de
frio e calor.

Diante de tal contexto, você foi desafiado a explicar o problema térmico do quarto da Mariana.

Mariana mora em uma área urbana e seu quarto apresenta duas janelas, uma voltada para a
sala e outra para a varanda da residência. Em dias quentes, a Mariana transpira muito e usa um
ventilador para amenizar e em dias frios usa um cobertor de inverno.

Tendo como base as trocas térmicas entre sistema e vizinhança, responda:

1) Explique o fenômeno da transpiração, qual janela deve ser aberta no verão e a melhor
posição do ventilador.

2) Explique qual janela deve ser aberta no inverno e o princípio de proteção do cobertor.

elm = 1) Quando a temperatura circundante é elevada e tende a aumentar a temperatura interna do corpo
humano, a pessoa transpira, conduzindo fluxo de suor (água) nas superfícies externas do corpo para que, com a
evaporação desse líquido, calor seja retirado do corpo para o ar circundante.
No verão, a janela da varanda deve ser aberta para que haja constante renovação de ar e favoreça condição para
que a evaporação do líquido na superfície do corpo.
2) No inverno, se for abrir janela, melhor abrir a da sala, com intuito de evitar entrada de ar frio externo (mas é
bom diariamente abrir durante uns 15 min a janela da varanda para renovação de ar). O cobertor atua como um
isolante térmico, proporcionando maior diferença de temperatura entre o corpo e o ar circundante, reduzindo a
sensação de frio.
Padrão de resposta esperado

1) Explique o fenômeno da transpiração, qual janela deve ser aberta no verão e a melhor posição do ventilador.

A transpiração é a perda de água pelas células devido a uma elevação da temperatura do corpo. Este fenômeno é
essencial para manter a temperatura equilibrada devido a um aumento do metabolismo das células, tendo como
consequência a perda de água, que carrega o excesso de calor para fora do corpo. Nestas condições podemos
considerar o corpo humano com o sistema em estudo e o ambiente que circunda a vizinhança. Em dias de elevada
temperatura ambiente a vizinhança troca calor com o corpo humano, tendo a pele com a fronteira. O calor,
portanto, flui da vizinhança (ambiente externo) para dentro do sistema (o corpo). Como consequência tem-se a
elevação da temperatura interna e aumento do metabolismo das células, que, para manter o equilíbrio térmico,
perde água (com sais minerais solubilizados) que aflora para a pele na forma de suor.

Em dias quentes, a Mariana deve abrir de preferência a janela voltada para varanda, e ligar o ventilador
posicionando-o de forma a levar o ar mais frio da janela para o interior do quarto. Desta forma, o ar quente que
está circundando a pele (fronteira) e provocando a transpiração, trocará calor com o ar frio ambiente (vizinhança)
que está vindo da janela, culminado com uma sensação de alívio térmico. Pode-se ainda, aumentar a velocidade
do ventilador, isto provoca o afastamento, mais rápido do ar quente próximo da pele. Uma outra opção seria
posicionar o ventilador próximo da Mariana (sistema), pois isto provocaria um rápido afastamento do ar quente
próximo da pele, mas com uma sensação de alívio menos intensa.

2) Explique qual janela deve ser aberta no inverno e o princípio de proteção do cobertor.

No inverno, a Mariana deve abrir de preferência a janela voltada para a sala, pois o ar interno da sala estará a uma
temperatura mais próxima do ar do quarto, impedindo assim uma troca de calor efetiva entre o ambiente do
quarto (sistema) e o ambiente da sala (vizinhança).

Em condições de frio o corpo da Mariana (sistema) estará a uma temperatura maior que a do ambiente do quarto
(vizinhança), proporcionando assim uma troca de calor efetiva e ocasionando a sensação de frio. O cobertor, ao
ser usado sobre a pele (fronteira), impede que o corpo da Mariana troque calor com o ambiente do quarto,
retendo assim o calor no sistema e proporcionado uma sensação de conforto.
1.1 Infográfico
O esquema a seguir mostra as trocas de calor envolvidas entre sistema e vizinhança.
1.1 Conteúdo do livro
O calor é uma forma de transferência de energia entre sistema e vizinhança presente em todos os
momentos da nossa vida cotidiana, sua compreensão, portanto, é fundamental para entender desde
os processos biológicos até industriais.

Acompanhe um trecho do nosso livro texto "Termodinâmica", de Çengel e Boles". O livro está em
sua 7a edição e serve como base teórica para esta unidade de aprendizagem. Inicie a sua leitura a
partir do item "Formas de Energia".

Boa leitura.

Ç99t Çeng Yunus A.


Termodinâmica / Yunus A. Çengel, Michael A. Boles ;
tradução: Paulo Maurício Costa Gomes ; revisão técnica:
Antonio Pertence Júnior. – 7. ed. – Porto Alegre : AMGH,
2013.
xxviii, 1018 p. : il. ; 28 cm.

ISBN 978-85-8055-200-3

1. Engenharia. 2 Termodinâmica. 3. Física – Calor.


I. Boles, Michael A. II. Título.

CDU 621.43.016:536

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052

Ver livro texto completo pdf:


LivrPt_Termo_Termodinamica_Cengel_Boles_AMGH_ed7_2013_1035p_elm
e soluções da ed em inglês pdf:
LivrEn_Termo_Thermodynamics_Cengel_Boles_McGrawHill_ed7_2011_Solutions_2071p

CAPÍTULO 2
ENERGIA, TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA E
ANÁLISE GERAL DA ENERGIA 51
2–1 Introdução 52
2–2 Formas de energia 53 2–6 A primeira lei da termodinâmica 70
Uma interpretação física para a energia interna 55 Balanço de energia 71
Mais informações sobre a energia nuclear 56 Variação da energia de um sistema, ⌬Esistema 72
Energia mecânica 58 Mecanismos de transferência de energia, Eent e Esai 73

2–3 Transferência de energia por calor 60 2–7 Eficiências de conversão de energia 78


Calor: contexto histórico 61 Eficiências de dispositivos mecânicos e elétricos 82

2–4 Transferência de energia por trabalho 62 2–8 Energia e meio ambiente 86


Trabalho elétrico 65 Ozônio e smog 87
Chuva ácida 88
2–5 Formas mecânicas de trabalho 66 O efeito estufa: aquecimento global e mudança
climática 89
Trabalho de eixo 66
Trabalho contra uma mola 67 Tópico de interesse especial:
Trabalho realizado sobre barras sólidas elásticas 67 Mecanismos de transferência de calor 92
Trabalho associado ao alongamento de um filme de
Resumo 96
líquido 68
Referências e sugestões de leitura 97
Trabalho realizado para elevar ou acelerar um corpo 68
Problemas 98
Formas não mecânicas de trabalho 69
Capítulo 2 Energia, Transferência de Energia e Análise Geral da Energia 53

à operação de um refrigerador, ainda podemos ter dificuldades em responder,


porque tudo o que vemos é a energia elétrica entrando no refrigerador e o calor
dissipado do refrigerador para o ar da sala. Obviamente, existe a necessidade
de estudarmos primeiro as diversas formas de energia. É exatamente isso o que
faremos agora, prosseguindo depois com um estudo dos mecanismos da transfe-
rência da energia.

2–2 FORMAS DE ENERGIA


A energia pode existir em inúmeras formas; ela pode ser térmica, mecânica, ciné-
tica, potencial, elétrica, magnética, química e nuclear, e a soma delas constitui a
energia total E de um sistema. A energia total de um sistema com base em uma
unidade de massa é indicada por e. Ela pode ser expressa como

(2–1)

A termodinâmica nada afirma sobre o valor absoluto da energia total. Ela trata
apenas da variação da energia total, que é o mais importante para os problemas de
engenharia. Assim, é possível atribuir um valor zero (E  0) à energia total de um
sistema em algum ponto de referência conveniente. A variação da energia total de
um sistema não depende do ponto de referência escolhido. A diminuição da ener-
gia potencial de uma pedra em queda livre, por exemplo, só depende da diferença
de altura, e não do referencial escolhido.
Em uma análise termodinâmica, normalmente é útil considerar as diversas
formas de energia que constituem a energia total de um sistema em dois grupos:
macroscópico e microscópico. As formas macroscópicas de energia são aquelas
que um sistema possui como um todo, com relação a algum referencial exter-
no, como as energias cinética e potencial (Fig. 2–3). As formas microscópicas de
energia são aquelas relacionadas à estrutura molecular de um sistema e ao grau de
atividade molecular e são independentes de referenciais externos. A soma de todas FIGURA 2–3 A energia macroscópica
de um objeto muda com a velocidade e a
as formas microscópicas de energia é chamada de energia interna de um sistema
altura.
e é indicada por U.
O termo energia foi criado em 1807 por Thomas Young, e seu uso na ter-
modinâmica foi proposto em 1852 por Lord Kelvin. O termo energia interna e
seu símbolo U apareceram pela primeira vez nos trabalhos de Rudolph Clausius
e William Rankine na segunda metade do século XIX, e com o passar do tempo
substituíram os termos alternativos trabalho interior, trabalho interno e energia
intrínseca usados na época.
A energia macroscópica de um sistema está relacionada ao movimento e à
influência de alguns efeitos externos como gravidade, magnetismo, eletricidade e
tensão superficial. A energia que um sistema possui como resultado de seu movi-
mento relativo a algum referencial é chamada de energia cinética (EC). Quando
todas as partes de um sistema se movem com a mesma velocidade, a energia ciné-
tica é expressa como

(2–2)

Ver livro texto completo pdf:


LivrPt_Termo_Termodinamica_Cengel_Boles_AMGH_ed7_2013_1035p_elm
e soluções da ed em inglês pdf:
LivrEn_Termo_Thermodynamics_Cengel_Boles_McGrawHill_ed7_2011_Solutions_2071p
54 Termodinâmica

ou, por unidade de massa

ec (2–3)

onde V indica a velocidade do sistema com relação a um referencial fixo. A energia


cinética de um corpo sólido em rotação é dada por Iv2, onde I é o momento de
inércia do corpo e v é a velocidade angular.
A energia que um sistema possui como resultado de sua altura em um campo
gravitacional é chamada de energia potencial (EP), e é expressa como

(2–4)

ou por unidade de massa

(2–5)

onde g é a aceleração gravitacional e z é a elevação do centro de gravidade do sis-


tema com relação a algum nível de referência escolhido arbitrariamente.
Os efeitos magnéticos, elétricos e de tensão superficial são significativos ape-
nas em alguns casos específicos e, geralmente, ignorados. Na falta de tais efeitos,
a energia total de um sistema consiste nas energias cinética, potencial e interna, e
é expressa como

(2–6)

ou por unidade de massa

(2–7)

A maioria dos sistemas fechados permanece estacionário durante um processo


e, assim, não sofre nenhuma variação em suas energias cinética e potencial. Os
sistemas fechados cuja velocidade e posição do centro da gravidade permanecem
constantes durante um processo são chamados de sistemas estacionários. A va-
riação da energia total E de um sistema estacionário é idêntica à variação de sua
energia interna U. Este livro pressupõe que um sistema fechado é também esta-
cionário, a menos que seja informado o contrário.
Tipicamente, volumes de controle envolvem o escoamento de fluidos por lon-
gos períodos, sendo conveniente expressar o fluxo de energia associado a uma
corrente de fluido na forma de taxa. Isso é feito incorporando o fluxo de massa
, que é a quantidade de massa que escoa através de uma seção transversal por
unidade de tempo. Ela está relacionada à vazão volumétrica , que é o volume de
fluido que escoa através de uma seção transversal por unidade de tempo, por

Ac  pD 2/4 Fluxo de massa: (kg/s) (2–8)

Vmed m•  rAcVmed
D •
que é análoga a m  rV. Aqui, r é a densidade do fluido, Ac é a seção transversal
Vapor E  me

do escoamento e Vmed é a velocidade média do escoamento normal a Ac. Em todo
o livro, o ponto sobre um símbolo indica por unidade de tempo. Assim, o fluxo de
energia associado a um fluxo de massa é (Fig. 2–4)
FIGURA 2–4 Fluxos de massa e energia
associados ao escoamento de vapor em um Fluxo de energia: (kJ/s ou kW) (2–9)
duto de diâmetro interno D com velocidade
média Vmed. no qual é análogo a E  me.
Capítulo 2 Energia, Transferência de Energia e Análise Geral da Energia 55

Uma interpretação física para a energia interna


A energia interna foi definida anteriormente como a soma de todas as formas mi-
croscópicas de energia em um sistema. Ela está relacionada à estrutura molecular
e ao grau de atividade molecular e pode ser vista como a soma das energias ciné-
tica e potencial das moléculas. Translação Rotação
Para melhor compreendermos a energia interna, examinemos um sistema no molecular molecular
nível molecular. As moléculas de um gás se movem pelo espaço com uma certa
velocidade e, portanto, possuem alguma energia cinética. Isso é conhecido como –
energia de translação. Os átomos das moléculas poliatômicas giram ao redor de +
um eixo, e a energia associada a essa rotação é a energia cinética de rotação. Os
átomos de uma molécula poliatômica também podem vibrar com relação ao centro
de massa comum, e a energia associada a esse movimento de vai-e-volta é a ener- Translação Vibração
do elétron molecular
gia cinética de vibração. Para os gases, a energia cinética se deve principalmente
aos movimentos de translação e rotação, e o movimento vibracional é significativo
apenas a altas temperaturas.
Os elétrons de um átomo giram ao redor do núcleo e, portanto, possuem ener- – +
gia cinética de rotação. Elétrons das órbitas mais externas têm energia cinética
maior. Os elétrons também giram ao redor de seus eixos, e a energia associada a
esse movimento é a energia de spin. Outras partículas do núcleo de um átomo tam-
bém possuem energia de spin. A parte da energia interna de um sistema associada Spin do Spin
às energias cinéticas das moléculas é chamada de energia sensível (Fig. 2–5). A elétron do núcleo
velocidade média e o grau de atividade das moléculas são proporcionais à tempe- FIGURA 2–5 As diversas formas
ratura do gás. A temperaturas mais altas, as moléculas possuem energias cinéticas microscópicas de energia que constituem a
mais altas, e como resultado o sistema tem uma energia interna mais alta. energia sensível.
A energia interna também está associada às diversas forças de ligação entre
moléculas de uma substância, entre átomos dentro de uma molécula e entre partí-
culas dentro de um átomo e seu núcleo. As forças que ligam as moléculas entre si
são, como seria de se esperar, mais fortes nos sólidos e mais fracas nos gases. Se
for adicionada energia suficiente às moléculas de um sólido ou de um líquido, elas
superam essas forças moleculares, transformando a substância em um gás. Esse é
um processo de mudança de fase. Devido a essa energia adicional, um sistema na
fase gasosa está em um nível de energia interna mais alto do que na fase sólida ou
líquida. A energia interna associada à fase de um sistema é chamada de energia
latente. O processo de mudança de fase pode ocorrer sem modificação na com-
posição química de um sistema. A maioria dos problemas práticos se classifica
nessa categoria, e não é preciso considerar as forças que ligam os átomos de uma
molécula.
Um átomo é composto por um núcleo de nêutrons (carga neutra) e prótons
Energias
(carga positiva) ligados por intensas forças nucleares, e por elétrons (carga negati- sensível
va) que orbitam ao seu redor. A energia interna associada às ligações atômicas de e latente
uma molécula é chamada de energia química. Durante uma reação química, como
no processo de combustão, algumas ligações químicas são destruídas enquanto
outras são formadas. Como resultado, a energia interna muda. As forças nucleares Energia
são muito maiores que aquelas que ligam os elétrons ao núcleo. A incrível quan- química
tidade de energia associada às fortes ligações existentes no interior do núcleo do
átomo propriamente dito é chamada de energia nuclear (Fig. 2–6). Obviamente,
não precisamos nos preocupar com a energia nuclear na termodinâmica, a menos, Energia
é claro, que lidemos com reações de fusão ou fissão. Uma reação química envolve nuclear
alterações na estrutura dos elétrons dos átomos, mas uma reação nuclear envolve
alterações no centro ou núcleo. Assim, um átomo preserva sua identidade durante FIGURA 2–6 A energia interna de um
uma reação química, mas a perde durante uma reação nuclear. Os átomos tam- sistema é a soma de todas as formas
bém podem possuir energias de momento de dipolo elétrico e magnético quando microscópicas de energia.
56 Termodinâmica

sujeitos a campos magnéticos e elétricos externos, devido à inversão dos dipolos


magnéticos produzida pelas pequenas correntes elétricas associadas aos elétrons
em órbita.
As formas de energia já discutidas, que constituem a energia total de um sis-
tema, podem estar contidas ou armazenadas em um sistema e, portanto, podem
ser vistas como formas estáticas de energia. Os tipos de energia não armazena-
dos em um sistema podem ser visualizados como formas dinâmicas de energia ou
como interações de energia. As formas dinâmicas de energia são identificadas na
fronteira do sistema à medida que a atravessam e representam a energia ganha ou
perdida por um sistema durante um processo. As duas únicas formas de interação
de energia associadas a um sistema fechado são transferência de calor e traba-
lho. Uma interação de energia é transferência de calor se sua força motriz for uma
diferença de temperatura. Caso contrário, ela é trabalho, como explica a próxima
seção. Um volume de controle também pode trocar energia por meio de transfe-
rência de massa, pois sempre que massa é transportada para dentro ou para fora
de um sistema, a quantidade de energia associada à massa também é transportada
com ela.
No dia a dia, com frequência nos referimos às formas sensíveis e latentes de
energia interna como calor, e falamos sobre o calor contido nos corpos. Em ter-
modinâmica, porém, geralmente nos referimos àquelas formas de energia como
energia térmica para evitar qualquer confusão com transferência de calor.
Energia cinética É preciso distinguir entre a energia cinética macroscópica de um objeto como
microscópica das um todo e as energias cinéticas microscópicas de suas moléculas, que constituem
moléculas (não faz a roda girar)
a energia interna sensível do objeto (Fig. 2–7). A energia cinética de um objeto é
Represa
uma forma organizada de energia associada ao movimento ordenado de todas as
Água
moléculas em uma determinada direção ou ao redor de um eixo. Já as energias ci-
néticas das moléculas são completamente aleatórias e altamente desorganizadas.
Como você verá em outros capítulos, a energia organizada é muito mais valiosa
do que a energia desorganizada, e uma grande área de aplicação da termodinâmica
é a conversão de energia desorganizada (calor) em energia organizada (trabalho).
Energia cinética macroscópica Você também verá que a energia organizada pode ser completamente convertida em
(faz a roda girar)
energia desorganizada, mas apenas uma fração da energia desorganizada pode ser
FIGURA 2–7 A energia cinética convertida em energia organizada, por meio de dispositivos especiais chamados de
macroscópica é uma forma organizada máquinas térmicas (como os motores dos automóveis e das usinas de potência). Um
de energia, e é muito mais útil que argumento semelhante pode ser usado para a energia potencial macroscópica de um
as desorganizadas energias cinéticas objeto como um todo e para as energias potenciais microscópicas das moléculas.
microscópicas das moléculas.

Mais informações sobre a energia nuclear


A reação de fissão mais bem conhecida envolve a divisão do átomo de urânio (o
isótopo U-235) em outros elementos. Normalmente, ela é usada para gerar eletri-
cidade em usinas nucleares (em 2004, havia 440 delas no mundo todo, gerando
363.000 MW) e abastecer submarinos nucleares e naves espaciais, além de tam-
bém ser utilizada na construção de bombas nucleares.
A porcentagem de eletricidade produzida pela energia nuclear corresponde a
78% na França, 25% no Japão, 28% na Alemanha e 20% nos Estados Unidos. A
primeira reação nuclear em cadeia foi realizada por Enrico Fermi em 1942, e os
primeiros reatores nucleares de grande porte foram construídos em 1944, com a
finalidade de produzir material para armas nucleares. Quando um átomo de urâ-
nio-235 absorve um nêutron e se divide durante um processo de fissão, ele produz
um átomo de césio-140, um átomo de rubídio-93, três nêutrons e 3,2  1011 J de
60 Termodinâmica

8,5 m/s 2–3 TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA POR CALOR


A energia pode cruzar a fronteira de um sistema fechado em duas formas diferen-
tes: calor e trabalho (Fig. 2–13). É importante diferenciar essas duas formas de
energia, e por isso ambas serão discutidas a seguir, para que se forme uma base
sólida para o desenvolvimento das leis da termodinâmica. Nossa experiência mos-
tra que uma lata de refrigerante gelado deixada sobre uma mesa se aquece após
um certo tempo, da mesma forma que uma batata assada colocada sobre a mesma
mesa se esfria. Quando um corpo é deixado em um meio que está a uma tempe-
ratura diferente, a transferência de energia ocorre entre o corpo e o meio até que
FIGURA 2–12 Potencial local para uma o equilíbrio térmico seja estabelecido, ou seja, até que o corpo e o meio atinjam a
estação eólica, como discutido no mesma temperatura. A direção da transferência de energia sempre é do corpo com
Exemplo 2–2. temperatura mais alta para aquele com temperatura mais baixa. Depois de estabe-
© Vol. 36/ PhotoDisc/Getty RF. lecida a igualdade de temperaturas, a transferência de energia para. Nos processos
descritos nesse parágrafo, diz-se que a energia é transferida sob a forma de calor.
Calor é definido como a forma de energia transferida entre dois sistemas
(ou entre um sistema e sua vizinhança) em virtude da diferença de temperaturas
Fronteira do sistema (Fig. 2–14). Ou seja, uma interação de energia só é calor se ocorrer devido a uma
diferença de temperatura. Dessa forma, não pode haver qualquer transferência de
calor entre dois sistemas que estejam à mesma temperatura.
Sistema Calor
Várias frases de uso corrente hoje – como fluxo de calor, adição de calor,
fechado
rejeição de calor, absorção de calor, remoção de calor, ganho de calor, perda de
(m  constante)
calor, armazenamento de calor, geração de calor, calor de reação, liberação de
Trabalho
calor, calor específico, calor sensível, calor latente, calor perdido, calor do cor-
po, calor do processo, sumidouro de calor e fonte de calor – não são consistentes
FIGURA 2–13 A energia pode atravessar com o significado termodinâmico rigoroso do termo calor, o qual limita seu
as fronteiras de um sistema fechado na uso à transferência da energia térmica durante um processo. Entretanto, essas
forma de calor ou trabalho. expressões estão profundamente enraizadas em nosso vocabulário, sendo utili-
zadas por leigos e cientistas sem causar nenhum mal-entendido, já que em geral
são interpretadas adequadamente e não literalmente. (Além disso, não existe
nenhuma alternativa aceitável para algumas dessas expressões.) Por exemplo,
a frase calor do corpo é entendida como o conteúdo de energia térmica de um
corpo. Da mesma forma, fluxo de calor é entendido como a transferência de
energia térmica, e não o escoamento de uma substância fluida chamada de ca-
lor, embora esta última interpretação incorreta, que se baseia na teoria calórica,
Ar da sala
25 °C seja a origem dessa frase. A transferência de calor para um sistema também é
Sem
transferência Calor Calor chamada de adição ou fornecimento de calor, e a transferência de calor para
de calor 8 J/s 16 J/s fora de um sistema é chamada de rejeição de calor. Talvez existam motivos
termodinâmicos para relutar tanto em substituir calor por energia térmica: é
preciso menos tempo e energia para dizer, escrever e compreender calor do que
energia térmica.
O calor é a energia em trânsito. Ele só é reconhecido ao cruzar a fronteira de
25 °C 15 °C 5 °C um sistema. Considere mais uma vez o exemplo da batata assada. A batata con-
tém energia, mas essa energia é transferência de calor apenas quando ela passa
através da casca da batata (a fronteira do sistema) para alcançar o ar, como mostra
a Fig. 2–15. Depois que está na vizinhança, o calor transferido torna-se parte da
FIGURA 2–14 A diferença de temperatura
energia interna dessa vizinhança. Assim, em termodinâmica, o termo calor sim-
é a força motriz da transferência de calor. plesmente significa transferência de calor.
Quanto maior a diferença de temperatura, Um processo durante o qual não há transferência de calor é chamado de proces-
maior a taxa de transferência de calor. so adiabático (Fig. 2–16). A palavra adiabático vem do grego adiabatos, que signi-
Capítulo 2 Energia, Transferência de Energia e Análise Geral da Energia 61

fica intransponível. Um processo pode ser considerado adiabático de duas formas: 2 kJ


quando o sistema está bem isolado, de modo que apenas uma quantidade desprezível energia
Ar da vizinhança térmica
de calor passe através da fronteira, ou quando o sistema e a vizinhança estejam à
mesma temperatura e, portanto, não haja força motriz (diferença de temperatura) Calor
para a transferência de calor. Um processo adiabático não deve ser confundido com Batata assada 2 kJ
um processo isotérmico. Embora não exista transferência de calor durante um pro- calor
cesso adiabático, o conteúdo de energia (e, consequentemente, a temperatura de um Fronteira
sistema) ainda pode ser alterada por outros meios como o trabalho. do sistema 2 kJ
energia
Como uma forma de energia, o calor tem unidades também de energia, e kJ é
térmica
a mais comum. A quantidade de calor transferida durante um processo entre dois
estados (estados 1 e 2) é indicada por Q12 ou apenas Q. A transferência de calor
por unidade de massa de um sistema é indicada por q e é determinada por FIGURA 2–15 A energia é somente
reconhecida como calor transferido quando
atravessa a fronteira do sistema.
(2–14)

Às vezes, é desejável conhecer a taxa de transferência do calor (a quantidade Isolamento


de calor transferida por unidade de tempo), em vez do calor total transferido ao
longo de um intervalo de tempo (Fig. 2–17). A taxa de transferência de calor é
indicada por , onde o ponto significa a derivada com relação ao tempo, ou “por Q0
unidade de tempo”. A taxa de transferência de calor , tem a unidade kJ/s, que
Sistema
equivale a kW. Quando varia com o tempo, o calor total transferido durante um adiabático
processo é determinado pela integração de no intervalo de tempo do processo:

(2–15)

FIGURA 2–16 Durante um processo


Quando permanece constante durante um processo, essa relação se reduz a adiabático, um sistema não troca calor com
sua vizinhança.
(2–16)

onde t  t2  t1 é o intervalo de tempo durante o qual o processo ocorre.

Calor: contexto histórico


O calor sempre foi percebido como algo que produz em nós uma sensação de
aquecimento, e é possível pensar que a natureza do calor é uma das primeiras
coisas percebidas pela humanidade. Entretanto, apenas na metade do século XIX
tivemos uma verdadeira compreensão física da natureza do calor, graças ao de-
senvolvimento da teoria cinética, que trata moléculas como pequenas esferas que
estão em movimento e, portanto, possuem energia cinética. Assim, o calor é de-
finido como a energia associada ao movimento aleatório de átomos e moléculas. 30 kJ
Q ⴝ 30 kJ
Embora tenha sido sugerido no século XVIII e no início do século XIX que o calor m ⴝ 2 kg calor
é a manifestação do movimento no nível molecular (a chamada força viva), a visão t ⴝ 5 s
do calor que prevaleceu até a metade do século XIX tinha por base a teoria calórica
proposta pelo químico francês Antoine Lavoisier (1744-1794) em 1789. A teoria
calórica afirma que o calor é uma substância chamada de calórico, semelhante a Q ⴝ 6 kW
q ⴝ 15 kJ/kg
um fluido, que não tem massa, cor, odor e gosto, e pode ser passada de um corpo
para outro (Fig. 2–18). Quando o calórico era adicionado a um corpo, sua tempe-
ratura aumentava; e quando o calórico era retirado de um corpo, sua temperatura
diminuía. Quando um corpo não podia mais conter calórico, da mesma forma que FIGURA 2–17 As relações entre q, Q e .
62 Termodinâmica

Superfície não se pode mais dissolver sal ou açúcar em um copo d’água, dizia-se que o corpo
de contato
estava saturado com calórico. Essa interpretação deu origem aos termos líquido
saturado e vapor saturado, ainda usados nos dias de hoje.
Corpo Corpo A teoria do calórico foi questionada logo após sua apresentação. Ela pro-
quente frio punha que o calor era uma substância que não podia ser criada ou destruída.
Calórico
Entretanto, sabia-se que o calor podia ser gerado indefinidamente esfregando
as mãos ou esfregando dois pedaços de madeira. Em 1798, o norte-americano
Benjamin Thompson, também conhecido como Conde Rumford (1754-1814),
mostrou em seus trabalhos que o calor pode ser gerado continuamente por meio
FIGURA 2–18 No início do século XIX, do atrito. A validade da teoria do calórico também foi desafiada por vários ou-
pensava-se que o calor era um fluido tros cientistas. Entretanto, foram os cuidadosos experimentos que o inglês Ja-
invisível, chamado de calórico, que mes P. Joule (1818-1889) publicou em 1843 que finalmente convenceram os
escoava dos corpos mais quentes para os céticos de que o calor não era uma substância, colocando assim a teoria do
corpos mais frios. calórico de lado. Embora a teoria do calórico tenha sido totalmente abandonada
na metade do século XIX, ela contribuiu bastante para o desenvolvimento da
termodinâmica e da transferência de calor.
Calor é transferido por meio de três mecanismos: condução, convecção e ra-
diação. A condução é a transferência de energia das partículas mais energéticas de
uma substância para as partículas menos energéticas como resultado da interação
entre as partículas. A convecção é a transferência de energia entre uma superfície
sólida e o fluido adjacente que está em movimento, e envolve os efeitos combina-
dos da condução e do movimento do fluido. A radiação é a transferência de ener-
gia devido à emissão de ondas eletromagnéticas (ou fótons). Uma visão geral dos
três mecanismos da transferência de calor é dada no final deste capítulo no quadro
Tópico de Interesse Especial.

2–4 TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA POR TRABALHO


O trabalho, assim como o calor, é uma interação de energia entre um sistema e sua
vizinhança. Como já foi mencionado, a energia pode atravessar a fronteira de um
sistema fechado na forma de calor ou de trabalho. Assim, se a energia que cruza a
fronteira de um sistema fechado não é calor, ela deve ser trabalho. O calor é fácil
de reconhecer: sua força motriz é uma diferença de temperatura entre o sistema e
sua vizinhança. Podemos simplesmente dizer que o trabalho é uma interação de
energia que não é causada por uma diferença de temperatura entre um sistema e
sua vizinhança. Mais especificamente, o trabalho é a transferência de energia as-
sociada a uma força que age ao longo de uma distância. Um pistão em ascensão,
um eixo em rotação e um fio elétrico que atravessa as fronteiras do sistema estão
associados a interações de trabalho.
W ⴝ 30 kJ 30 kJ
Como o calor, o trabalho é uma forma de transferência de energia e, portanto,
m ⴝ 2 kg trabalho possui unidades de energia, como o kJ. O trabalho realizado durante um processo
t ⴝ 5 s entre os estados 1 e 2 é indicado por W12, ou simplesmente W. O trabalho realizado
por unidade de massa de um sistema é indicado por w e expresso como
W ⴝ 6 kW
w ⴝ 15 kJ/kg (2–17)

O trabalho realizado por unidade de tempo é chamado de potência e é indicado


FIGURA 2–19 As relações entre w, W e . por (Fig. 2–19). A unidade de potência é kJ/s ou kW.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da
Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 1.1
1.1 Dica do professor
O vídeo mostrará como trabalhar com a transferência de calor entre sistema e vizinhança e as
formas de transferência de calor.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/107cff60736b
6578db617179d3ac054c

6 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Vamos falar sobre uma das formas de transferência de energia mais


importante no cotidiano: o calor.
O calor é definido como a forma de energia
transferida entre sistema e vizinhança, ou entre
sistemas adjacentes, devido a um diferencial de
temperatura existente entre os mesmos.

Esse diferencial de temperatura é fundamental na


determinação da taxa de transferência, pois quanto
maior for essa diferença de temperatura entre
sistema e vizinhança, ou sistemas adjacentes, maior
será a taxa de transferência de calor entre os
mesmos.

Para ilustrar o fenômeno, observamos três latinhas


com temperaturas distintas e o ar ambiente a 25
graus.
Vamos considerar o conteúdo da latinha como o
sistema, o ar da sala como a vizinhança e as paredes
da latinha como a fronteira entre sistema e a
vizinhança.
Na primeira latinha, observamos que ela está a
uma mesma temperatura que a vizinhança, logo
não haverá transferência de calor entre os
mesmos, pois o diferencial é zero.

Na segunda latinha, temos uma temperatura de 15 graus para o conteúdo do seu interior; a vizinhança estando há
25 graus, temos o diferencial de temperatura de 10 graus, portanto, fluxo de calor da vizinhança para o sistema
devido ao sistema estar com temperatura inferior a da vizinhança.
Na terceira latinha, teremos o mesmo trânsito de calor da vizinhança para o sistema devido a uma diferença de
temperatura entre os mesmos; entretanto, como há uma diferença de temperatura de 10 graus a mais que na
segunda latinha, teremos uma transferência de calor maior na terceira latinha em relação a da segunda.
Podemos fazer uma mesma analogia agora
utilizando um sistema com temperatura maior do
que a vizinhança.

Para isso, vamos utilizar uma batata assada como


o sistema. O ar que circunda a batata será a
vizinhança e a casca da batata a fronteira.

Como o sistema está a uma temperatura maior do


que a da vizinhança, teremos um fluxo de calor no
sentido do sistema para a vizinhança.
Esse calor será transferido para a vizinhança na
forma de energia térmica.

É importante definirmos as diferentes formas de


transferência de calor que podemos ter entre o
sistema e a vizinhança.

A transferência de calor pode se dar de três


grandes formas: Condução, Convecção e
transferência de calor via Radiação.

Na condução, a transferência ocorre devido a um contato direto entre superfícies sólidas. No caso, o bastão
está sendo aquecido: a sua extremidade direita está a uma temperatura maior em relação à temperatura de
sua extremidade esquerda, logo os átomos no interior do bastão, transferem energia na forma de calor de uma
extremidade a outra.

Na convecção, temos a presença de um fluido em movimento. A fonte de calor é a fogueira, que aquece o ar que
a circunda. Este ar aquecido troca calor com ar localizado acima, mais afastado da fogueira e está com
temperatura menor. Logo, teremos um fluxo de calor nessa região via convecção.

Na radiação, a transferência de calor irá ocorrer por ondas eletromagnéticas, portanto não há necessidade de
um meio material para a transferência de calor ocorrer.
1.1 Exercícios
1) Considere um automóvel viajando a uma velocidade constante ao longo de uma estrada.
Determine os sentidos de trânsito de calor, respectivamente, considerando os seguintes
sistemas: o radiador do carro, o motor do carro e as rodas do carro.
A err. O radiador não é aquecido
A) Entrando no sistema; entrando no sistema; entrando no sistema. pela vizinhança.

B) Entrando no sistema; saindo do sistema; entrando na vizinhança. B err. O radiador não é aquecido pela
vizinhança

C) Saindo do sistema; saindo do sistema; entrando no sistema.


Gab C = A água aquecida do radiador perde calor para o ar atmosférico, resfriando o motor do veículo. O motor aquecido pela intensas
explosões é resfriando pela água que vem do radiador. As rodas do carro são aquecidas devido ao atrito com o solo e o ar.

D) Saindo do sistema; saindo da vizinhança; entrando no sistema. D err. O motor não é aquecido pela
vizinhança.

E) Saindo na vizinhança; saindo na vizinhança; entrando na vizinhança. E err. O radiador não é aquecido
pela vizinhança.

elm = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 1 da Aula 1.1 Energia em trânsito Calor
Pleito: Anular o exercício. Nenhuma opção correta.
Justificativa:
Radiador: é um trocador de calor, resfria a água de arrefecimento e esquenta o ar o atravessa. Assim, em regime
permanente, o calor recebido da água é cedido ao ar. A resposta poderia ser calor entra e sai do sistema OU que a
troca de calor líquida é zero.
Obs.1: Assinalei a B por achar que esteja certa para motor e roda.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda
apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:
em 14mar, mentor Tente se ater ao enunciado da questão. Não esqueça que calor em trânsito só existe na fronteira entre dois
sistemas.
1) sistema = radiador (calor entra ou sai do radiador?)
2) sistema = motor do carro (calor entra ou sai do motor?)
3) sistema = roda do carro (calor entra ou sai da roda?)

em 16mar, elm = Envio anáise em imagens abaixo. Favor indicar se estão corretas e, em caso de erro, apontar e
explicar o erro cometido.
Pergunta: A troca de calor por radiação não foi analisada, mas acho que o calor de radiação sairia do sistema nos
três casos, certo?

elm 01abr23 =
ex. 1 ; Aula 1.1 - Pós Gabarito.
Favor anular o exercício. Vou refutar apenas à justificativa da opção do Gabarito.
Gabarito C: "A água aquecida do radiador perde calor para o ar atmosférico, resfriando o motor do veículo. O
motor aquecido pela intensas explosões é resfriando pela água que vem do radiador. As rodas do carro são
aquecidas devido ao atrito com o solo e o ar."
Erros na justificativa:
- Água aquecida entra no radiador, transportando energia que entra no sistema radiador ( água quente vem da
vizinhança!, a vizinhança não é só o ar). Ao mesmo tempo radiador é resfriado pelo ar, energia sai do sistema
radiador, resultando em troca líquida zero (o radiador funciona com temperatura constante!)
- As rodas é aquecida pelo atrito com o solo (energia entra no sistema roda, vindo do solo que é vizinhança!) e é
resfriada pelo ar (energia sai do sistema roda), resultando em troca líquida zero (o roda funciona com
temperatura constante!).
2) O transporte de pessoas e mercadorias por via férrea é muito empregado mundialmente,
entretanto, deve-ser atentar para países que apresentam invernos com temperaturas muito
baixas, pois pode ocasionar o descarrilamento dos mesmos. Este fenômeno pode ser
explicado corretamente em:

A) Ocorrerá uma dilatação positiva dos trilhos, o que ocasiona uma aumento da distância entre
os mesmos.

B) Os trilhos são contraídos devido à perda de calor para o ambiente muito frio.

C) Ocorrerá um aumento de volume dos trilhos devido à absorção de calor pelos mesmos.

D) Se os trilhos forem considerados, a vizinhança e o ambiente o sistema, os trilhos serão


contraídos devido ao trânsito de calor do sistema para a vizinhança.

E) Se os trilhos forem considerados, o sistema e o ambiente a vizinhança, os trilhos serão


expandidos devido ao trânsito de calor do sistema para a vizinhança.

elm = seria melhor falar em contração dos dormentes, pois esta contração é que aproxima os trilhos,
podendo causar descarrilamento.

2 A err. Não ocorrerá aumento da distância entre os trilhos.

2 Gab B = As baixas temperaturas ocasionam intensas trocas de calor entre o ambiente e os trilhos. Usando os
trilhos como o sistema, ocorrerá uma perda brusca de calor pelo sistema para a vizinhança (ambiente) que
influencia diretamente na redução da distância entre os trilhos.

2 C err. Não há absorção de calor pelos trilhos.

2 D err. Sendo os trilhos a vizinhança, os mesmo perdem calor para o sistema.


2 E err. Os trilhos não são expandidos quando perdem calor para o ambiente.
Considere um refrigerador elétrico contido dentro de uma sala. Marque a alternativa correta
3)
quanto às interações de calor, respectivamente, para os seguintes sistemas: o conteúdo do
refrigerador, todas as partes do refrigerador (porta aberta) e tudo contido dentro da sala
durante um dia de inverno.
A) Saindo do sistema; entrando no sistema; saindo do sistema.
3 Gab A = O refrigerador (vizinhança) retira calor do conteúdo (sistema) para mantê-los conservados por mais tempo. O refrigerador
(sistema) recebe calor do ambiente da sala (vizinhança) que estará em uma temperatura maior. Todo o interior da sala (sistema) perderá
calor para o meio ambiente externo (vizinhança), que estará em uma temperatura inferior.

B) Entrando no sistema; saindo do sistema; entrando no sistema. 3 B err. O conteúdo tem que ser resfriado para
serem conservados por mais tempo.

C) Saindo do sistema; entrando na vizinhança; saindo do sistema. C err. O ambiente da sala é resfriado.

3 D err. O conteúdo tem que ser resfriado


D) Saindo da vizinhança; entrando na vizinhança; saindo da vizinhança. para serem conservados por mais tempo.

3 E err. A sala é resfriada durante o


E) Entrando na vizinhança; saindo da vizinhança; saindo da vizinhança. inverno pelo meio externo.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 3 da Aula 1.1 Energia em trânsito Calor
Pleito: Melhorar o enunciado. Especificar melhor as condições de análise, sobretudo do Conteúdo do Refrigerador.
Justificativa:
Se o Conteúdo já estava no refrigerador há bastante tempo antes de porta do refrigerador ser aberta, temperatura do Conteúdo seria
menor que o ar circundante e Conteúdo ganharia calor (calor entra no sistema).
Se o Conteúdo já estava na sala há bastante tempo e foi colocado no refrigerador que já estava com porta aberta há bastante tempo
também, Conteúdo não trocaria calor (temperatura igual ao ar circundante).
Se o Conteúdo já estava na sala há bastante tempo e foi colocado no refrigerador que estava com porta fechada e foi deixado com porta
aberta após colocar o Conteúdo no seu interior, Conteúdo perderia calor (temperatura maior que a do ar circundante).
Se o Conteúdo foi trazido de fora da sala (inverno temperatura bem baixa) e foi colocado no refrigerador que já estava com porta aberta,
Conteúdo ganharia calor (temperatura menor que o ar vizinho).
Se o Conteúdo foi trazido de fora da sala (inverno temperatura bem baixa) e foi colocado no refrigerador que estava com porta fechada e
foi deixado com porta aberta após colocar o Conteúdo no seu interior, o resultado depende se a temperatura do refrigerador era maior ou
menor que a temperatura fora da sala.
Obs.1: Assinalei a C por achar que esteja certa para refrigerador e sala.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:
elm 16mar23
Em relação à mensagem de 14/mar/2023: " Tenta se ater ao enunciado da questão e responder se o calor entra ou sai do sistema Caso 1 -
sistema = conteúdo do refrigerador Caso 2 - sistema = refrigerador Caso 3 - sistema = sala "

Infelizmente sua recomendação não ajuda, pois reitero que o enunciado é impreciso, portanto, malfeito. Por isso apresentei na resposta
anterior as várias análises possíveis. Vou mencionar apenas uma que invalida o exercício: Conteúdo no refrigerador com porta aberta tem
temperatura igual ao ar da sala, logo NÃO troca calor. Favor avaliar, apontar certo / errado e, no caso de erro, explicar o que está errado na
análise enviada na primeira mensagem (de 11/mar/2023).

elm 01abr23
ex. 3 ; Aula 1.1 - Pós Gabarito.
Pleito: anular o exercício.
Vou refutar apenas à justificativa da opção do Gabarito.
Gabarito A: "O refrigerador (vizinhança) retira calor do conteúdo (sistema) para mantê-los conservados por mais
tempo. O refrigerador (sistema) recebe calor do ambiente da sala (vizinhança) que estará em uma temperatura
maior. Todo o interior da sala (sistema) perderá calor para o meio ambiente externo (vizinhança), que estará em
uma temperatura inferior."
Erros na justificativa:
- Refrigerador (vizinhança) de porta aberta não consegue retirar calor do conteúdo (sistema) e o conteúdo fica à
mesma temperatura da sala (vizinhança). Assim no sistema conteúdo não entra nem sai calor.
- Refrigerador (sistema) de porta aberta resfria ar da sala (vizinhança) no evaporador, esquenta ar da sala
(vizinhança) no condensador e recebe trabalho elétrico, resultado líquido é aquecimento do ar da sala (calor sai do
sistema refrigerador).
4) Quando um ônibus espacial retorna à Terra, sua superfície torna-se muito quente, ficando
incandescente ao atravessar a atmosfera em alta velocidade. O ônibus torna-se quente e
incandescente porque:

A) O ar atmosférico, sendo a vizinhança, está a uma temperatura maior que o ônibus, que é o
sistema, ocorrendo a transferência de calor da vizinhança para o sistema.

B) O ônibus está muito quente e transfere calor para as partículas de ar, queimando as mesmas.

C) O ônibus espacial apresenta uma energia potencial muito grande em relação à superfície
terrestre.

D) Transferência de energia da terra para o ônibus, por meio de radiação.

E) O atrito como ar atmosférico gera muita energia, que na forma de calor aquece o ônibus e
torna-o incandescente.

4 A err. Este processo de transferência de calor é insuficiente para aquecer o ônibus de forma a deixá-lo
incandescente.

4 B err. Este processo de transferência de calor é insuficiente para aquecer o ônibus de forma a deixá-lo
incandescente.

4 C err. Este processo ocorre principalmente devido à energia cinética do ônibus, não apenas a energia potencial.

4 D err. Este processo de transferência de calor é insuficiente para aquecer o ônibus de forma a deixá-lo
incandescente.

4 Gab E = A massa do ônibus em alta velocidade gera energia cinética, ao chocar-se contra o ar atmosférico
ocorre uma súbita desaceleração devido ao atrito. Parte desta energia é dissipada na forma que calor que aquece
o ônibus espacial. Devido a intensidade da energia dissipada o ônibus torna-se incandescente.
5) Ao dirigir um veículo em dias de chuva, os motoristas enfrentam um problema comum, os
vidros do carro embaçam e tornam-se translúcidos, dificultando a visão e ocasionando riscos
iminentes de acidentes. Isto ocorre devido:

A) Ao comportamento próprio do vidro, que emite partículas de água quando encontra-se em


baixas temperaturas.

B) O para-brisa do carro transfere energia na forma de calor para as partículas de ar do interior


do veículo, embaçando os vidros.

C) A água do lado de fora penetra pelo vidro e troca calor com as partículas internas,
condensando-as nos vidros do carro.

D) O ar no interior do veículo está a uma temperatura maior do que o ar do lado de fora, que ao
chocar-se contra o para-brisa condensam-se e ocasiona o embaçamento.

E) As partículas do lado de dentro transferem energia unicamente via radiação para as partículas
do lado de fora, condensando-se no para-brisa.

5 A err. O vidro não apresenta tal comportamento.

5 B err. O para-brisa funciona apenas como uma fronteira entre o lado de fora e de dentro e não transfere energia
para o lado de dentro.

5 C err. As partículas de água não penetram pelo vidro.

5 Gab D = O ar interior ao veículo, sendo o sistema, está a uma temperatura maior do que o ar exterior, que é a
vizinhança, e o para-brisa funciona como fronteira. O sistema perde energia para a vizinhança. Quando as
partículas de ar do sistema perdem energia, as mesmas condensam-se no para-brisa.

5 E err. A energia transferida por radiação é desprezível em relação à condução e convecção.


1.1 Na prática
Trocas de calor comuns no cotidiano.

O calor é uma forma de transferência de energia muito comum em nosso dia-a-dia. Vamos analisar
a importância do calor na parte mais gostosa das nossas residências, a cozinha. A geladeira e o
fogão são equipamentos fundamentais na cozinha, pois neles podemos, respectivamente,
acondicionar de forma adequada os nossos alimentos e cozinhá-los posteriormente para saciar a
nossa fome.

Veja a seguir alguns processos típicos de troca de calor nestes equipamentos para a carne (sempre
será o sistema).
1.1 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Termodinâmica
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

elm = O Conteúdo do LIvro desta aula é


excerto do capítulo 2 deste livro!

LivrPt_Termo_Termodinamica_Cengel_Boles_AM
GH_ed7_2013_1035p_elm.pdf

Física - V1 - Uma Abordagem Estratégica - Mecânica


Newtoniana, Gravitação, Oscilações e Ondas
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
elm= deveriam sugerir o vol 2 em vez
do vol 1, pois o 2 é que trata de
termodinâmica...

ver sumário próx pág.

Tranferência de Calor e Massa - Uma Abordagem Prática


Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

elm= ver sumário depois do


sumário do Radall mais adiante.

elm = aulas youtube recomendadas

Curso de Termodinâmica e Aplicações de Engenharia = Prof. P. Seleghim 23 vídeos


https://www.youtube.com/watch?v=ANIhvmSG_7U&list=PLmho8Rcnd60eNsMCeKI9jn2jArgy6xBBq

Listas de videos com palestras, aulas e reportagens sobre energias renováveis, engenharia de energia e pesquisas realizadas no Núcleo
de Engenharia Térmica e Fluidos da USP de São Carlos.
Termodinâmica = Ciências Térmicas = 23 vídeos
https://www.youtube.com/watch?v=8bmAXMSRJD0&list=PL2ac0LjpjJckAagwcyhpSmSMPZS8G6mmx&pp=iAQB
Rodrigo Lisita Ribera. Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia, com período Sanduíche no Imperial
College London. Área termo-fluidos. Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia. Área termo-fluidos.
Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal de Uberlândia. Graduado em Engenharia Mecânica pela
Universidade Federal de Uberlândia. Professor de Engenharia Mecânica na Universidade Alves Faria Goiânia. Área termo-fluidos.
Professor titular de Engenharia Mecânica na UNIP-Goiânia Campus Flamboyant. Área termo-fluidos. Professor substituto de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal de Goiás (2019-2020). Área termo-fluidos.
1.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÇENGEL, Yunus A. Termodinâmica / Yunus A. Çengel, Michael A. Boles ; tradução:


Paulo Maurício Costa Gomes ; revisão técnica: Antonio Pertence Júnior.. 7. ed. – Porto
Alegre : AMGH, 2013.

Banco de Imagens Shutterstock.


SAGAH, 2015.

CRÉDITOS

EQUIPE SAGAH

Coordenador(a) de Curso
Alexandre Baroni

Professor(a)
Elmo Dutra

Gerente
Rodrigo Severo

Analista de Projetos
Fernanda Osório

Analistas Metodológicas
Daniela Stieh
Fernanda Zimpel

Designers Instrucionais
Bianca Basile Parracho
Cesar Felipe Ferreira
Daniela Polycarpy
Ezequiel Alves
Franciane de Freitas
Luciana Helmann
Marcelo Steffen

Designers Gráficos
Carol Becker
Kaka Silocchi
Juarez Menegassi
Marcio Castellan
Rafael Zago
Thais Gliosci
Vinicius Rafael Cárcamo
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Transferencia de calor
1.2 Apresentação
Seja bem-vindo!

A transferência de energia em forma de calor pode ocorrer desde os processos simples aos mais
complicados. Um simples banho que você toma diariamente envolve transferência de calor entre
água e corpo, resistência do chuveiro e água, água e ar e entre corpo e ar. Essas transferências de
calor sempre irão ocorrer de um corpo que possui mais calor para uma situação de menor calor, ou
seja, da situação com maior temperatura para a de menor. Esse processo acontece até que as
temperaturas dos sistemas se igualem. De forma genérica, a condução é a transferência de calor
entre dois corpos que estão em contato direto, sem intermediários, na transferência de calor. Já a
convecção é o modo de transferência de calor que necessita de um fluido em movimento para a
condução do calor, ocorre entre uma superfície sólida e um líquido ou gás adjacente que está em
movimento. A irradiação, por sua vez, é a energia térmica emitida pela matéria em forma de ondas
eletromagnéticas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá as formas como podem ocorrer as transferências de
calor. Você vai estudar sobre as transferências por condução, convecção e irradiação. Por fim, você
conhecerá os mecanismos combinados de transferência de calor que ocorrem de forma simultânea
no cotidiano.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir o princípio elementar da transferência de calor.


• Identificar como ocorre a transferência de calor por condução, convecção e irradiação.

• Descrever a Lei de Fourier e os mecanismos combinados de transferência de calor.


1.2 Desafio
Em regiões com clima extremo, como no Canadá, na Groenlândia e em algumas outras regiões, as
temperaturas durante as estações mais frias são extremamente baixas, formando áreas extensas
com camadas generosas de gelo e neve. Entretanto, muitas pessoas vivem nesses ambientes hostis
e buscam adequar-se para sobreviver. Um abrigo bastante mostrado em desenhos animados são os
iglus.

Veja no Desafio a seguir as características desse tipo de construção.

O QUE SÃO IGLUS?


Os iglus são construções em espiral que utilizam, exclusivamente, blocos
de gelo e neve mais fofa, que amenizam o frio externo.

Estas construções servem como casas para os nativos das regiões


nórdicas.

A temperatura interna de um iglu pode chegar a valores acima de 0 °C, enquanto a temperatura
externa está em 20 °C, 30 °C negativos.
Parece um tanto quanto contraditório a temperatura interna do iglu ser tão elevada, mas o gelo é
considerado um isolante térmico nas estruturas dos iglus, ou seja, é um mau condutor de energia
em forma de calor. Mas como isso é possível?
Suponha que você e um amigo viajaram para um país com temperaturas muito baixas, e durante
um passeio para conhecer iglus tenham de se proteger de uma tempestade de neve se abrigando
em um deles. Após algumas horas, a temperatura interna no iglu é de 7 °C e a temperatura
externa está em 28 °C negativos.

Com base na situação apresentada, explique como é possível a diferença de temperatura interna e
externa, entre o iglu e o ambiente externo, considerando que gelo é um isolante térmico e o interior
do iglu não possui fonte de calor por combustão nem energia elétrica, apenas você e seu amigo.

elm = As duas pessoas dentro do iglu geram calor (metabolismo humano em funcionamento) e como a parede do
Iglu é isolante térmico, com o passar do tempo, a dissipação do calor através dessa parede isolante ocorre por
condução com diferença de temperatura interna e externa (calor flui do lado interno, maior temperatura, para o
lado externo, menor temperatura). Q = k * espessura * Delta T.

Padrão de resposta esperado

Os iglus são construções de gelo e neve fofa que aprisionam uma massa de ar em seu interior e o próprio calor humano é a fonte de
energia que aquece o ambiente.

A energia em forma de calor que o corpo transfere para o ambiente pode ocorrer pelo mecanismo de convecção e radiação. A
transferência por convecção ocorre entre o corpo da pessoa e o fluido interno no ambiente que pode ser absolvido em baixas taxas pelos
blocos de gelo da estrutura do iglu. Como o gelo e a neve fofa são isolantes térmicos, esse processo de transferência do calor ocorre de
forma bem lenta, fazendo com que a transferência do calor do corpo para o ar aqueça o ambiente. Quando o ar é aquecido as correntes
de convecção naturais se formam por diferença de temperatura, fazendo com que o ar quente suba e o ar frio desça.

Já a irradiação térmica também ocorre transferindo calor para todos os materiais próximos ao seu corpo. A transferência de calor por
condução ocorre entre a parede de gelo e o ambiente externo. Nesse mecanismo, o contato direto conduz o calor para o ambiente que
está mais frio, ou seja, para fora do iglu.
1.2 Infográfico
Os ambientes domésticos são ótimos cenários para exemplificar os modos de transferência de
calor. Em dias frios ou quentes, é comum a utilização de aparelhos para aquecer ou resfriar os
ambientes. Os aparelhos como aquecedores, ar-condicionado e climatizadores são ótimos para
controlar a temperatura ambiente e proporcionar conforto térmico.

No Infográfico, você vai poder conferir os três modos de transferência de calor no contexto
doméstico em um dia frio, com a utilização de um aquecedor para esquentar o ambiente.

TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM AMBIENTE DOMÉSTICO


Em dias frios, em que a temperatura do ambiente externo está mais baixa, a utilização de
aquecedores em espaços domésticos é uma forma eficaz de transferir calor para o ambiente.
Podem-se identificar os três mecanismos de transferência de calor.
Veja a representação das transferências de calor que podem ocorrer em um ambiente doméstico,
com a utilização de um aquecedor como fonte de calor.

Condução - Superficie
interna transfere calor para
a superfície externa com
menos calor.
Convecção natural - O
aquecedor transfere
calor para o ambiente
Condução - Superficie através de fluido (ar).
interna transfere calor
para a superfície
externa com menos
calor.
Correntes
Convectivas- Ar
quente sobe e ar frio
desce (diferença de
densidade).
Condução - O
aquecedor transfere
calor para o gato por
contato direto.

Fonte de aquecimento.
1.2 Conteúdo do livro
Sempre que um sistema apresenta um gradiente de temperatura, ocorre o processo de
transferência de energia térmica em forma de calor. Esse fenômeno é simples de exemplificar por
meio de situações corriqueiras no cotidiano, como quando você cozinha um alimento, em que o
calor é transferido de um ponto com maior temperatura para o menor.

No capítulo Transferência de calor, do livro Termodinâmica avançada, você vai aprender sobre
mecanismos de troca de calor. Esse sistema será utilizado no decorrer do capítulo, para que você
entenda como ocorrem as transferências de calor por condução, convecção e irradiação, e ainda,
como as transferências podem ocorrer de forma simultânea com a combinação de mecanismos de
transferência de calor.

Boa leitura.
SUMÁRIO
Unidade 1

Relações de propriedades termodinâmicas .................................... 13


Renota Siqueira Amaral
Propriedades termodinâmicas.....................................................................................-.................... 14
Relações de Maxwell ................................................................................................................................ 17
Equação de Clapeyron ······································································································-····················22

Termodinâmica de misturas gasosas ................................................. 29


Josemere Both
Componentes termodinâmicos e composição de misturas gasosas....................... 29
Leis Empíricas dos Gases Ideais································································-···································-··36

Unidade 2

Psicrometria.................................................................................................47
Josemere Both
Psicrometria: definições, conceitos e aplicações tecn ológicas...... .........48
Carta e propriedades psicrométricas .49
Princípio de funcionamento de equipamentos como
torres de resfriamentos, splits e climatizadores .......................... 61

Reações químicas e equações q uímicas ...........................................73


Josemere Both
Transformações da matéria e reações química s ..... ........... 74
Construção de reações químicas e identificação de produtos e reagentes ...... 75
Equações químicas ........................................................................................... 80

Equilíbrio químico e d e fase ..................................................................89


Kelly Cristina de Lira Lixandrão
Equilíbrio químico e de fase ............................................................. ........89
O efeito da temperat ura para o equilíbrio químico ............................................................93
Sistemas, subsistemas e função de Gibbs como critérios de equilíbrio.. ....96

Termodinâmica d e escoamentos compressíveis ......................... 101


Cláudia Luisa Mendes
Termodinâmica de escoamentos compressíveis ................................................................. 101
Efeito da compressibilidade na Equação de Bernoulli..................................................... 108
Equação de estado, processo reversível e processo irreversível
na termodinâmica............................................................................................................................... 112

Unidade 3

Diag nóstico d os sistemas térmicos e termodinâmicos ............. 119


Cláudia Luisa Mendes
Importância do diagnóstico nos sistemas térmicos e termodinâmicos .............. 120
Ferramentas existentes para o diagnóstico ············-·········································-················· 12 2
Aplicação da modelagem computacional no diagnóstico .......................................... 127

Unidade4

Análise da mecâ nica d os fluidos ........................................................ 133


Felipe Costa Novo Malheiros
Mecânica dos fluidos e sua importância na engenharia mecânica............·-········· 13'1
Princípios de mecânica dos fluidos.............................................................................................. 13 7
Comportamento dos fluidos em máquinas térmicas ..................................................... 147

Transferência d e calor ............................................................................ 155


Josemere Both
Princípio elementar da transferência de calor ...................................................................... 156
Transferência de calor por condução, convecção e irradiação ................................. 159
Mecanismos combinados de t ransferência de calor........................................................ 169
Gabaritos ..................................................................... 175
Transferência de calor
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Aprender sobre o princípio elementar da transferência de calor.


„„ Entender como ocorre a transferência de calor por condução, con-
vecção e irradiação.
„„ Aplicar a Lei de Fourier e os mecanismos combinados de transferência
de calor.

Introdução
A energia em forma de calor é um fenômeno comum, o qual podemos
presenciar todos os dias, como, por exemplo, quando sentimos as mu-
danças de temperatura no ambiente em que estamos, ou então quando
deixamos uma xícara de chá em temperatura ambiente.
Nessa última situação, a troca de energia em forma de calor com o
ambiente faz com que o chá quente transfira calor para o ambiente que
está mais frio. O processo de transferência de calor ocorrerá sempre do
meio mais quente para o mais frio, até que as temperaturas se igualem.
Na termodinâmica, o estudo de energia em forma de calor é definido
como a forma de energia que pode ser transferida de um sistema para
outro, em consequência da diferença de temperatura entre eles.
Neste capítulo, você vai estudar a energia em forma de calor e as
formas de transferência de calor, iniciando os estudos com uma revisão
do conceito de calor e o princípio elementar da transferência de calor.
Em seguida, você vai conhecer e entender os três mecanismos básicos de
transferência de calor — condução, convecção, irradiação — e aprender
a aplicar a Lei de Fourier relacionada à condução de calor.
Para concluir os estudos deste capítulo, você vai conhecer os meca-
nismos combinados de transferência de calor.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Conteúdo do Livro da Aula 1.2 Transferência de Calor
Pleito: Substituir o livro utilizado (como para o presente curso seria difícil, pleito serve para
melhorar futuros cursos).
Justificativa:
Presença de erros / deficiências. Dificulta, desestimula o aprendizado. O aluno acaba tendo
recorrer a outra fonte, demandando tempo extra, escasso para aluno EAD.
Cito algumas deficiências:
- Usa termo IRRADiação em vez de RADiação. Toda a bibliografia mencionada no Conteúdo do
Livro (Ball, Bauer, Cengel, Welty) usa termo RADiação. Talvez não esteja errado, mas é incomum.
No dicionário Michaelis, radiação é mais abrangente, irradiação mais restritivo.
- Definição de caloria deficiente, incompleta (p. 2).
- Fig. 3 falta indicações 3a e 3b que aparecem no texto (p. 6).
- Erro de formatação na equação do fluxo de calor (p. 7).
- Equação de convecção com erro dimensional e/ou nomenclatura de qc (p. 11) - provavelmente
qc deveria ser taxa de calor medido em W (para manter coerência com q da condução e radiação).
- Confusão de unidade / nome de qc repetida no exemplo de convecção (p. 11 e 12).
- Erro de formatação na unidade de área (p. 12).
- Emprega termo emissividade em vez de absortividade (p. 13).
- Descreve Lei de Kirchhoff sem o cuidado de alertar para restrições em sua aplicação (p. 13).
- Apresenta uma equação de q (taxa líquida de transf. de calor) sem alertar / especificar as
condições do caso muito particular envolvido (p. 14).
- Exemplo confuso (1,4m2 e 30 gr C deve ser da pessoa...), usa letra minúscula para kelvin, erro na
temp. da parede no verão (p.14 e 15).
- Unidade errada de hc na equação de qc (p. 17).
- Erro na temperatura da sala e usa letra minúscula para kelvin na equação de q irrad (p.18).
Obs.1: Sugiro usar o cap. 1 de ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de calor e massa: uma
abordagem prática. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012 (inclusive faz parte da bibliografia do
Conteúdo do Livro).
Obs.2: Acho que os livros capa laranja da Sagah deveriam ser evitados, geralmente o conteúdo é
um apanhado de transcrições de livros melhores, porém, infelizmente, com qualidade pior
(provavelmente publicados com pouca ou sem revisão).
Obs.3: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados
(com explicação em caso de não confirmação).
por SÉRGIO DE OLIVEIRA MIGUEL (MENTOR) - terça, 14 mar 2023, 21:57
Suas sugestões e solicitação de correção foram enviadas ao fornecedor do material didático (SAGAH).
Radiação e Irradiação são conceitos diferentes, não podem ser utilizados indistintamente.
Relativamente à unidade de temperatura, todas as unidades de medidas devem ser escritas em letra
minúscula e, quando se referirem a uma pessoa, a abreviatura escrita em maiúscula: kelvin (K), newton
(N), joule (J), watt (W) etc.
2 Transferência de calor

Princípio elementar da transferência de calor


O calor é uma medida de transferência de energia térmica que pode ser de-
terminada pela mudança na temperatura de um objeto, ou seja, o calor é uma
maneira de acompanhar uma variação na energia de um sistema.
Sempre que existir uma diferença de temperaturas em um meio ou entre
os meios, haverá, necessariamente, transferência de calor (BALL, 2005). A
simbologia utilizada para representar calor é pela letra q.
Na termodinâmica, como o calor é uma variação na energia, as unidades
mais utilizadas para expressar a grandeza são calorias (cal) e Joules (J). O
sistema internacional de medidas (SI) recomenda a utilização do Joule, mas
a caloria ainda é utilizada.

Conceitualmente, uma caloria (1 cal) é a quantidade de calor necessária para fazer com
que 1 g de água tenha sua temperatura aumentada em 1 °C. Cada caloria corresponde
a 4,18 Jaules.

Por definição 1 cal é a quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de água de
14,5oC para 15,5oC, sob pressão de uma atmosfera (https://www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/caloria.htm)

O calor como transferência de energia pode penetrar em um sistema, de


forma que a temperatura se eleve ou saia do sistema e isso faz com que a
temperatura diminua. Nas transferências em que o calor entra em um sistema,
o calor q é positivo, pelo fato de determinado sistema receber calor, no entanto,
se o calor sai do sistema, q será negativo devido à perda de calor. Podemos
exemplificar o ganho e a perda de calor utilizando o sistema representado na
Figura 1. Este é composto por um copo com água e gelo e uma xícara de café
quente, ambos expostos à temperatura ambiente de 25 °C.
Transferência de calor 3

O ambiente
transfere calor
(energia) para a
Café quente água com gelo
transfere (perde) (água com gelo
calor (energia) ganha calor para
para o ambiente. o ambiente).

Figura 1. Representação de sistema com ganho e perda de calor para o ambiente.


Fonte: Adaptada de Lorelyn Medina/Shutterstock.com.

No sistema representado na Figura 1, a troca de calor ocorre na xícara que


contém café quente perdendo, ou transferindo, calor em forma de energia para
o ambiente, enquanto o copo com água e gelo recebe (ou absorve) a energia
do ambiente.
Para os sistemas representados, a transferência de calor vai ocorrer mais
rapidamente nos instantes iniciais e depois mais lentamente, à medida que
os sistemas atingem um equilíbrio térmico com o ambiente. No equilíbrio
térmico, a xícara de café e o copo com água estão com a mesma temperatura
ambiente (25 °C), sendo que, na igualdade das temperaturas, a transferência
de calor para.
A transferência de calor nas alterações de temperatura em diferentes mate-
riais requer quantidades variadas de calor envolvido. Para analisar a quantidade
de calor necessária para que haja a alteração de temperatura de um material,
podemos comparar um sistema composto por 20 g do metal ferro e outro com
20 g de água. O sistema contendo a massa de ferro necessita de menor calor
para ser aquecido em comparação à massa de água. A relação da quantidade
de calor necessária para variar a temperatura é proporcional à intensidade da
variação da temperatura (ΔT) e da massa (m) do sistema. A proporcionalidade
entre as grandezas pode ser expressa pela equação matemática a seguir:

q ∝ m ∙ ΔT

Para transformar a proporcionalidade em uma igualdade, é necessário que


se tenha uma constante de proporcionalidade, sendo que, para a expressão
4 Transferência de calor

acima, a constante de proporcionalidade é representada pela letra c (podendo


também ser representada pela letra s), denominada calor específico, o qual
também é conhecido como capacidade de calor específico.
Matematicamente, a equação de calor em igualdade com o calor específico,
massa e variação de temperatura é dado por:

q = m ∙ c ∙ ∆T

Onde:
q = quantidade de calor liberada ou absorvida de um sistema;
m = material presente no sistema;
c = capacidade de calor específico do material no sistema;
ΔT = variação de temperatura sofrida pelo material no sistema.

O calor específico é a uma característica intensiva do material que compõe


o sistema. Os metais, por exemplo, têm capacidade de calor baixo, necessitando
de pouco calor para ocorrer variação de temperatura grande. Metais como
mercúrio (Hg), ferro (Fe) e alumínio (Al) têm capacidade de calor específico
de 0,138, 0,452 e 0,900 J/g·K, respectivamente, enquanto outros materiais não
metais, como a água líquida (H2O(l) 25 °C), o etanol (C2H5OH) e o hidrogênio
gasoso (H2(g)), têm capacidade de calor específico alto de 4,184, 2,42 e 14,304
J/g·K, respectivamente (BALL, 2005).
No cotidiano, fenômenos de transferências de energia ocorrem a todo
momento. Alguns exemplos incluem fogões elétricos e a gás, aquecedores e
ar condicionados, geladeiras e freezers, aquecedores de água, ferros de passar
e, até mesmo, computadores, TVs e DVDS.
As três principais formas de transferência de energia são: condução,
convecção e irradiação. A transferência por condução envolve a trans-
ferência de energia térmica dentro de um objeto ou a transferência de
calor entre dois (ou mais) objetos em contato térmico, por meio de uma
substância, pela vibração de átomos e moléculas e pelo movimento de
elétrons. A transferência por convecção envolve o movimento físico de
uma substância (como água ou ar) do contato térmico com um sistema ao
contato térmico com outro sistema. A substância em movimento carrega
energia interna e irradiação, que é a transferência de energia térmica via
ondas eletromagnéticas (WELTY, 2017).
Transferência de calor 5

Calor sensível e latente


O calor sensível envolvido na transferência de energia na forma de calor pode ser
descrito como o calor fornecido ou perdido para um material, o que resulta apenas
em alteração de temperatura, não ocorrendo mudança de fase no material envolvido.
O calor latente pode ser defino como a energia envolvida na quantidade de calor
que uma unidade de massa de determinada substância necessita para alterar sua fase
física, ou seja, para que ocorra a mudança de estado físico e para passar de um estado
com menor organização para maior, como do estado líquido para o sólido, e vice-versa.

Transferência de calor por condução,


convecção e irradiação
As transferências de calor ocorrem sempre do meio de maior temperatura para
o de menor temperatura e cessam quando os dois meios atingem a mesma
temperatura. O calor pode ser transferido de três diferentes modos: condução,
convecção e irradiação. Todos os modos de transferência de calor exigem
que haja diferença de temperatura e todos ocorrem da maior para a menor
temperatura.

Transferência de calor por condução e a Lei de Fourier


Condução é a transferência de calor em forma de energia, das partículas mais
energéticas de uma substância para as partículas vizinhas adjacentes menos
energéticas, como resultado da interação entre elas (envolve contato direto).
A condução pode ocorrer em sólidos, líquidos ou gases.
Em líquidos e gases, a condução se deve a colisões e difusões das moléculas
em seus movimentos aleatórios. Nos sólidos, ela acontece devido à combinação
das vibrações das moléculas em rede, com isso, a energia é transportada por
elétrons livres (ÇENGEL; GHAJAR, 2012).
Vamos utilizar a Figura 2, que representa o aquecimento de uma panela
com água sobre a chama de um fogão a gás. Nela, é possível observar as três
formas de transferência de energia em forma de calor.
6 Transferência de calor

Transferência por convecção de calor

calor
a por condução de
Transferênci

Condução

Transferência por irradiação de calor

Figura 2. Representação das formas de transferência de calor por condução,


convecção e irradiação.
Fonte: Adaptada de Fouad A. Saad/Shutterstock.com.

Na imagem, podemos identificar a transferência de energia por condução


entre o cabo da panela e a parte de metal, que é aquecida pelo fogo. O cabo da
panela recebe energia por meio da condução de calor pela sua parte metálica.
A taxa de condução de calor por um meio depende da geometria, da es-
pessura, do tipo de material e da diferença de temperatura a que o meio está
submetido. Vamos utilizar, como um segundo exemplo, o isolamento utilizado
nas coberturas de casas (Figura 3).

A Cobertura
Cobertura Madeira (telhas)
(telhas) ∆x

Manta de Madeira
isolamento
térmico

Figura 3. Representação de telhado com e sem isolantes térmicos.


Fonte: Adaptada de Vinne/Shutterstock.com e Philipp Shuruev/Shutterstock.com.
Transferência de calor 7

Ao comparar os telhados com e sem isolamento, as alterações de tempera-


tura durante o dia causam trocas mais intensas de calor por condução térmica,
devido à inexistência do material isolante entre os ambientes interno e externo
no telhado sem isolamento térmico. Além disso, quanto maior for a extensão
do telhado sem isolamento, maior será a área superficial, logo, maior também
será a taxa de troca de calor. As casas energeticamente eficientes são projeta-
das para minimizar a perda de calor no inverno e o ganho de calor no verão.
Quanto maior for o isolamento, menor será a troca de calor e as alterações na
temperatura ambiente.
Vamos considerar a condução de calor em regime permanente através do
telhado representado na Figura 3b, com espessura Δx = L e área A. A diferença
de temperatura através do telhado (interior e exterior da casa) é a ΔT = T2 - T1.
Experimentos têm mostrado que a taxa de transferência de calor através
do telhado dobra quando a diferença de temperatura ΔT, ou a área A normal
em direção da transferência de calor, é dobrada, mas é reduzida à metade
quando a espessura do telhado L é dobrado. Assim, podemos concluir que a
taxa de condução de calor através da camada do telhado plano é proporcional à
diferença de temperatura através da camada e à área de transferência de calor,
mas inversamente proporcional à espessura da camada (ÇENGEL; GHAJAR,
2012). Podemos representar a proporcionalidade da seguinte forma:

(Área) (Diferença de temperatura)


Taxa de condução de calor α
Espessura

Matematicamente, a taxa de transferência de calor e fluxo de calor pode


ser representada como:
∆T
(Taxa de Calor) qx = –KA
∆x

qx ∆T
(Fluxo de calor) q”x = A = –K
∆x

Onde:
A = área da seção transversal normal na direção do fluxo de calor, m2 ou ft2;
K = condutividade térmica do material, W/mK ou kcal/hm°C ou Btu/hft °F;
ΔT/Δx = gradiente de temperatura na direção x, °C/m ou K/m, °F/ft.

Considerando que o telhado representado na Figura 3b é plano de espessura


L e área uniforme, em condição de regime estacionário, sendo a distribuição
8 Transferência de calor

de temperatura linear, podemos expressar (ΔT/Δx) gradiente de temperatura


da taxa de calor como:

∆T (T1 – T2)
=
∆x L

A equação de taxa de calor é a representação da Lei de Fourier sobre a


condução térmica. Essa lei foi desenvolvida pelo estudioso J. Fourier, que a
anunciou, pela primeira vez, em 1822, em seu livro sobre transferência de calor.
A Lei faz referência ao gradiente de temperatura ΔT/Δx, que é a inclinação
da curva no gráfico T-x, da taxa de variação de T, com relação a x, na coorde-
nada x. A relação da equação da taxa de calor indica que a taxa de condução
de calor é conduzida no sentido da temperatura na mesma direção.
A Figura 4 representa, de forma clara, o sentido da condução do calor na
direção de maior para menor calor.

Átomos

Sentido da condução de calor

Condução
Figura 4. Representação da condução de calor do meio com maior para o de menor calor.
Fonte: Adaptada de Fouad A. Saad/Shutterstock.com.

O calor é conduzido no sentido da temperatura decrescente. O gradiente de


temperatura se torna negativo quando a temperatura decresce com o aumento
Transferência de calor 9

de x. O sinal negativo da equação assegura que a transferência de calor no


sentido positivo de x seja uma quantidade positiva (COPETTI, 2018).

Considerando que uma parede de uma loja com aquecimento elétrico tem 8 m
de comprimento, 10 m de largura e 0,30 m de espessura, a parede é feita com uma
camada plana de concreto, cuja condutividade térmica é k = 0,85 W/mK. As tempe-
raturas das faces externa e interna da parede, medidas em uma noite, são 10° e 17 °C,
respectivamente, durante um período de 12 horas. A partir das condições descritas
acima, determine a taxa de perda de calor através da parede.
Iniciamos a resolução considerando que a transferência de calor através da parede
ocorre por condução, sendo a sua área A = 8 m x 10 m = 80 m2.
Dessa forma, aplicamos a Equação de Fourier da condução térmica e a taxa de
transferência de calor permanente através da parede é de:

( )
(T1 – T2) W (17 – 10) °C
(Taxa de Calor) qx = –KA = 0,85 (80 m2) = 1,587 kW
L mk 0,30 m

O Quadro 1 apresenta os valores relativos à condutividade térmica de


alguns materiais quando estes estão em temperatura ambiente.

Transferência de calor por convecção


A transferência pelo processo de convecção troca a energia em forma de calor
entre uma superfície e um fluido adjacente, em movimento, como líquido
e gás, também conhecida por Lei do Resfriamento, de Newton (BAUER;
WESTFALL; DIAS, 2012). A Transferência pode ser por convecção forçada
ou natural.
A convecção forçada ocorre, por exemplo, no uso de um secador de cabelo,
ou em uma bomba de água, na qual o fluido escoa por uma superfície sólida,
sendo este estimulado por um agente externo. Já na convecção natural, ou livre,
a transferência de calor ocorre quando um fluido mais frio (ou mais quente),
próximo a uma superfície sólida, provoca a circulação devido à diferença de
densidade, que é resultante da variação de temperatura em toda a região do
fluido.
10 Transferência de calor

Quadro 1. Condutividade térmica (k) de alguns materiais em temperatura ambiente

Material k (W/m.K)

Diamante 2.300

Prata 429

Cobre 401

Ouro 317 Bom condutor de


Alumínio 237 calor (condutor
Ferro 80,2 térmico)
Mercúrio (I) 8,54

Vidro 0,78

Tijolo 0,72

Água (l) 0,607

Pele humana 0,37


Mau condutor de
calor (isolante
Madeira (carvalho) 0,17
térmico).
Hélio (g) 0,152

Borracha macia 0,13

Fibra de vidro 0,043

Ar (g) 0,026

Uretano, espuma rígida 0,026

A faixa de valores da condutividade térmica do material (k) é bastante extensiva,


variando de acordo com as características do material, como o estado físico, a
composição química e temperatura que os materiais se encontram. Quando o
valor da condutividade térmica do material é elevado, o material é considerado
condutor térmico, do contrário, trata-se de um isolante térmico.

Fonte: Adaptado de Çengel e Ghajar (2012).

Esse fenômeno pode ser visto na Figura 2, uma vez que o calor da panela
(superfície sólida) é transferido para as moléculas de água que estão em contato
direto com a superfície.
Com o contínuo fornecimento de calor, as moléculas terão certa quantidade
de energia e então migrarão para as posições do fluido em que a temperatura
Transferência de calor 11

é menor, transferindo calor para outras moléculas, ou seja, à medida que água
vai esquentando, ela começa a se movimentar cada vez mais, transferindo
calor para outras moléculas. A movimentação da água durante a fervura é a
movimentação do fluido de regiões mais quentes (fundo da panela) para as
mais frias (superfície).
O calor transferido em uma superfície sólida para um fluido, por convecção,
pode ser calculado da seguinte forma:

qc = hc · A · ΔT

Onde:
qc = fluxo de calor por convecção (W/m 2) ;
hc = coeficiente médio de transferência de calor por convecção, dependendo
da geometria da superfície, da velocidade e das propriedades do fluido (W/
m2 · K);
A = área de transmissão de calor (m2);
ΔT = diferença de temperaturas entre a da superfície Ts e a do fluido em
um dado local T∞, sendo que o fluxo de calor por convecção é considerado
positivo se o calor é transferido a partir da superfície (Ts > T∞) e negativo se
o calor é transferido para a superfície (T∞ > Ts).

Um sistema de eletricidade é composto por um fio elétrico de 0,4 cm de diâmetro e


10 m de comprimento. Esse sistema se estende por um quarto com a temperatura
de 20 °C e o calor é gerado no fio como resultado do aquecimento da resistência.
A medida da temperatura da superfície do fio é 120 °C e o funcionamento é estável.
Ainda, as medidas da quebra de tensão e da corrente elétrica através do fio são 50 V
e 2,0 A, respectivamente, resultando no fluxo de calor por convecção de 100 W/m2.
Dito isso, determine, para essa situação, o coeficiente de transferência de calor
por convecção para a transferência de calor entre a superfície do fio e o ar da sala,
desconsiderando qualquer transferência de calor por irradiação (ÇENGEL; GHAJAR, 2012).
Iniciamos a resolução considerando que a área superficial do fio é:

AS = πDL = 3,1416 ∙ 0,004 m ∙ 10 m = 0,1256 m2

Agora aplicamos a Lei de Resfriamento de Newton para a transferência de calor por


convecção, que é expressa como:

qc = hc ∙ A ∙ ΔT
12 Transferência de calor

O coeficiente de transferência de calor por convecção é determinado da seguinte


maneira:

qc 100 W/m2
hc = = = 7,962 W/m2k
As ∙ (Ts – T∞) 0,1256 m2 ∙ (120 °C – 20 °C)

Assim, o coeficiente médio de transferência de calor por convecção é de 7,962 W/m2k.

Transferência de calor por irradiação


A transferência de calor por irradiação ocorre pela emissão de energia na
forma de ondas eletromagnéticas entre duas superfícies, sem a presença de
um meio, como resultado das mudanças nas configurações eletrônicas de
átomos ou moléculas.
Podemos utilizar como exemplo a forma como a energia do sol afeta a Terra,
pois o calor atinge a superfície da Terra na velocidade da luz, perpassando o
espaço sem perder energia no vácuo (ÇENGEL; GHAJAR, 2012). A Figura 2,
a partir da combustão da chama, representa a liberação de calor por irradiação
térmica, a qual é emitida devido à temperatura da chama, sendo que todos os
corpos com temperaturas acima de zero absoluto emitem radiação térmica.
As radiações provenientes de raio X, micro-ondas, ondas de rádio, entre
outras, apesar de serem formas de irradiação eletromagnética, não têm afi-
nidade com a irradiação térmica, pois não envolvem transferência de calor.
A Lei da Irradiação Térmica, de Stefan-Boltzmann, que relaciona a taxa
máxima de irradiação que pode ser emitida de uma superfície, em temperatura
termodinâmica Ts, é dada desta forma:

q = AS ∙ σ ∙ TS4

Onde:
Ts = temperatura da superfície (K);
As = área da superfície (m2);
σ = constante de Stefan-Boltzmann (σ = 5,6697 x 10 -8 W/m2K4).

A superfície ideal que emite a máxima taxa de irradiação é denominada


corpo negro, enquanto a sua radiação emitida é chamada de irradiação de
corpo negro. Entretanto, as superfícies reais emitem menor irradiação quando
comparadas a um corpo negro com mesma temperatura, sendo expressa como:
Transferência de calor 13

q = ε ∙ AS ∙ σ ∙ TS4

Sendo ε = emissividade da superfície.

A propriedade emissividade, cujo valor está na faixa de 0 ≤ ε ≤ 1, é a me-


dida de quanto uma superfície se aproxima do comportamento de um corpo
negro, para o qual ε = 1.
Como a transferência por irradiação tem a propriedade de absortividade,
as superfícies de irradiação também absorvem a irradiação térmica, processo
chamado de propriedade de emissividade e representado pela simbologia α.
Essa propriedade é a fração de energia de irradiação incidente sobre a superfície
que a absorve e seu valor está na faixa 0 ≤ α ≤ 1.
Um corpo negro apresenta a superfície ideal e absorve toda a irradiação que
incide sobre ele, ou seja, ele é um perfeito absorvedor e emissor de irradiação
(α = 1) (ÇENGEL; GHAJAR, 2012).
As propriedades de uma superfície, a emissividade (ε) e a absortividade
(α) dependem da temperatura e do comprimento da onda de irradiação. A
relação entre essas duas propriedades é dada pela Lei de Kirchhoff do estado
da irradiação. A lei indica que, a uma determinada temperatura e comprimento
de onda, ε e α de uma superfície são iguais. A taxa de absorção de irradiação
em uma superfície é determinada por:

qabs = αqinc

Onde:
qincidente = taxa de irradiação incidente na superfície;
α = absortividade da superfície.

Para superfícies opacas (não transparentes), a porção da irradiação incidente


não absorvida pela superfície é refletida de volta.
A transferência de calor líquido a partir da irradiação se dá pela diferença
entre as taxas da irradiação emitida e pela absorvida em uma superfície.
A superfície ganhará calor em forma de energia emitida por irradiação
quando a taxa de absorção for maior que a taxa de emissão. Entretanto, no caso
inverso, se a taxa de emissão for maior que a taxa de absorção, a superfície
estará perdendo energia por irradiação.
Apesar de a taxa líquida de transferência de calor ser uma forma de estimar
ganho e perda de energia entre superfícies, sua determinação é complicada, pois
De Cengel=Entretanto, no caso especial de uma superfície relativamente
pequena de emissividade e área de superfície As, a temperatura
14 Transferência de calor
absoluta Ts, completamente envolta por uma superfície de dimensões
muito maiores à temperatura absoluta Tviz separada por um gás (como o
ar) que não intervém na radiação,

depende das superfícies, das orientações de uma em relação às outras e da inte-


ração no meio entre as superfícies com irradiação (ÇENGEL; GHAJAR, 2012).
Podemos expressar a taxa líquida de transferência de calor por irradiação
entre duas superfícies da seguinte maneira:

q = ε ∙ AS ∙ σ ∙ (TS4 – T 4viz)

Sendo:
ε = superfície de emissividade;
As = área superficial;
Ts = temperatura termodinâmica da superfície;
Tviz = temperatura termodinâmica da vizinhança.

Podemos ler a equação matemática da seguinte forma: a taxa de líquido líquida


de transferência de calor por irradiação é igual à troca de irradiação entre
uma superfície com emissividade ε, área de superfície As e temperatura de
superfície Ts e uma superfície muito maior com temperatura Tviz (com ε =
1 - corpo negro).

O efeito da irradiação no conforto térmico pode ser utilizado para demons-


trar a taxa de transferência de calor por irradiação em ambientes fechados.

Vamos considerar um exemplo de uma sala fechada com uma pessoa em


seu interior. A sala está com a temperatura de 22 °C, constantes. As faces
interiores do ambiente (pavimento, parede e teto) estão em temperatura média
de 10 °C no inverno e 25 °C no verão.
Considerando o contexto descrito acima, determine a taxa de transfe-
rência de calor por irradiação entre a pessoa na sala e as faces do interior do
ambiente para a situação de inverno e verão, se a área e a temperatura média
das faces interiores do ambiente forem de 1,4 m2 e 30 °C, respectivamente,
não considerando as taxas de transferência de calor por convecção, sendo a
deve ser da
emissividade da pessoa 0,95.
pessoa!

W
qinverno = ε ∙ AS ∙ σ ∙ (TS4 – T 4viz) = (0,95) ∙ (1,4 m2) ∙ (5,6697 × 10–8 m2 4 )
k
∙ [(30 °C + 273)4 – (10 °C + 273)4]k4

qinverno = 152 W
Transferência de calor 15

W
qverão = ε ∙ AS ∙ σ ∙ (TS4 – T 4viz) = (0,95) ∙ (1,4 m2) ∙ (5,6697 × 10–8 )
m2k4

∙ [(30 °C + 273)4 – (10 °C + 273)4]k4

qverão = 40,9 W

Comparando as taxas de transferência de calor no inverno e no verão do


exemplo acima, a perda de calor por irradiação é maior no inverno em com-
paração com o verão. Isso explica a sensação de frio que temos no inverno,
mesmo quando a temperatura do ambiente é constante, ou seja, quando a
temperatura não se altera.
Para complementar a discussão, a sensação de frio e calor com uma tempera-
tura constante ocorre devido ao efeito de irradiação, por conta da transferência
de calor por irradiação entre a superfície do corpo e as superfícies dos materiais
presentes na vizinhança, como parede, teto e pavimento, por exemplo. Assim,
no inverno, como as temperaturas são mais baixas e a diferença de temperatura
do nosso corpo e a do ambiente é maior, a troca de calor por irradiação ocorre
mais intensamente no inverno do que no verão.

Para facilitar a aprendizagem deste capítulo, você pode fazer o resgate de alguns
conhecimentos que poderão esclarecer muitas dúvidas que possam surgir durante
seus estudos.
Como dica, você pode retomar os conhecimentos das três leis da termodinâmica.
Esses conhecimentos prévios retomados e ressentes em sua memória facilitarão a
construção do conhecimento abordado neste capítulo.

Mecanismos combinados de
transferência de calor
Discutimos até agora as três formas de transferência de calor de forma isolada,
mas as transferências por condução, convecção e irradiação podem acontecer
de forma única ou combinadas. Entretanto, as três formas de transferência não
16 Transferência de calor

poderão ocorrer simultaneamente. Dessa forma, vamos conhecer as possibi-


lidades de transferência de calor com mecanismos combinados.
A combinação de mecanismos para transferência de calor vai depender da
característica do meio em que podem ser encontradas transferências de calor
na forma isolada ou na combinação máxima de dois mecanismos.
A Figura 5 apresenta algumas possibilidades de transferência de calor
de forma isolada e de forma combinada. A partir dela, vamos fazer algumas
relações entre a transferência de calor e as características do material.

Figura 5. Representação de três situações envolvendo transferência de calor. Fonte: Adaptada de


Çengel e Ghajar (2012).
Do Cengel = "Fig. 1-42 Embora existam três mecanismos de transferência de calor, um meio pode
envolver apenas dois deles simultaneamente."

A Figura 5a apresenta um material sólido e opaco. Nesse tipo de material, a


transferência de calor pode ocorrer apenas por condução, entretanto, se o ma-
terial apresentar características de sólido semitransparente, a transferência de
calor pode ocorrer pela combinação dos mecanismos de condução e irradiação.
É importante ressaltar que a situação que envolve a combinação dos meca-
nismos de condução e irradiação não ocorrerá pelo mecanismo de convecção,
porém, o mecanismo de convecção poderá transferir calor em sólidos, quando
a sua superfície é exposta a fluidos, e ainda pode ocorrer combinado com a
transferência por irradiação.
Vamos utilizar o exemplo de um tijolo maciço exposto ao ambiente e ao sol.
A superfície externa fria do tijolo pode ser aquecida quando este é exposto a
um ambiente quente, como resultado da transferência de calor por um fluido
(ar quente) por convecção. A transferência por irradiação ainda pode ocorrer
simultaneamente se a superfície do tijolo está exposta ao sol, ou receber calor
advindo das superfícies quentes próximas. Contudo, o interior do tijolo maciço
só receberá calor pela transferência por condução, elevando a temperatura.
Quando analisamos os fluidos em repouso (Figura 5b), ou seja, quando
a massa do fluido está estática, os mecanismos de transferência de calor
Transferência de calor 17

podem ocorrer a partir da condução e também por irradiação. Já para fluidos


em movimento, a transferência ocorre pela combinação dos mecanismos de
convecção e irradiação. Como as três formas de transferência de calor não
coexistem em um sistema, se a transferência por irradiação estiver ausente,
o mecanismo de troca de calor irá ocorrer por condução ou convecção, o que
dependerá da presença de qualquer movimento de massa do fluido.
Essa dependência está relacionada às características do fluido, sendo que
a convecção pode ser vista como uma condução combinada com escoamento
do fluido e a condução em fluido como um caso especial de convecção, na
ausência de qualquer movimento do fluido (ÇENGEL; GHAJAR, 2012).
Podemos observar que, para a transferência de calor envolvendo fluidos, não
teremos a combinação dos mecanismos de condução e convecção, mas teremos
condução para fluido estático e convecção para fluido escoando.
A Figura 5c representa o contexto da transferência de calor no vácuo. Na
ausência de fluidos ou materiais sólidos, como no vácuo, a transferência de
calor só pode acontecer pelo mecanismo de irradiação, pois a transferência
de calor ocorre pela emissão de energia na forma de ondas eletromagnéticas
entre duas superfícies, sem a presença de um meio. Já os mecanismos de
condução e convecção neceiam o meio com fluido ou um material sólido,
sendo impossível a transferência de calor no vácuo.
Vamos utilizar uma determinada situação para exemplificar a transferência
de calor por dois mecanismos: convecção e irradiação.
Considerando uma sala de aula com temperatura ambiente de 20 °C, o
professor que chegou antes para preparar o ambiente e o material para condução
da aula apresenta uma superfície corporal de 1,72 m2 e temperatura de 28 °C.
Determine a taxa total de transferência de calor por convecção e radiação desse
professor, considerando o coeficiente de transferência de calor por convecção
de 6 W/m2K e a emissividade da pessoa é de 0,95.
Vamos iniciar calculando a taxa de transferência de calor por convecção
do professor para o ar na sala de aula, utilizando a seguinte equação:
W
qconv = hc ∙ A ∙ (TS – T ∞) = 6 m2 4 ∙ 1,72 m2 ∙ (28 – 20) °C = 82,56 W
k

A taxa líquida de transferência de calor por irradiação da pessoa para


paredes, teto e piso é calculada ao empregarmos a equação para transferência
por irradiação, sendo:
Calc Windows: ((28 + 273) ^ 4 - (20 + 273) ^ 4) * 0.0000000567 * 1.72 * 0.95 = 77.68429088112

18 Transferência de calor

W
qirrad = ε ∙ AS ∙ σ ∙ (TS4 – T 4viz) = (0,95) ∙ (1,72 m2) ∙ (5,67 × 10–8 )
m2k4
∙ [(28 °C + 273)4 – (10 °C + 273)4]k4

qirrad = 77,68 W

Depois de obtermos os valores de taxa de transferência de calor por con-


vecção e por irradiação, será possível calcular a taxa total de transferência
de calor a partir do corpo do professor, que é determinada pela adição destas
duas quantidades:

qtotal = qconv + qirrad = 82,56 W + 77,68 W = 160,24 W

Assim, a taxa total de transferência de calor do professor para as paredes,


teto e chão da sala foi de aproximadamente 160,24 W.

1. No cozimento de um dado 2. A transferência de energia em forma


alimento em uma panela, ocorrem de calor na atmosfera terrestre
transferências de calor entre a e nos oceanos é um fenômeno
chama do fogão, a panela, a água natural que ocorre constantemente.
e o alimento. Considerando que Na atmosfera, alterações nas
não ocorre a combinação de temperaturas são diárias quando
mecanismos, qual o mecanismo comparamos noite e dia. Isso se
que predomina nas seguintes deve à transferência de calor do Sol
transferências de calor: entre a para a Terra por meio de irradiação.
chama do fogão e a panela, entre a Já nos oceanos, a transferência
panela aquecida e o alimento e entre de calor entre correntes de água
a panela aquecida e a água. Assinale com diferenças de temperatura
a alternativa que corresponde formam as correntes marítimas. Um
a cada transferência de calor. exemplo clássico disso é a corrente
a) Irradiação; condução; convecção. do Golfo, que carrega a água mais
b) Condução; condução, irradiação. quente do Golfo do México em
c) Irradiação; convecção; condução. direção ao norte, passando pela
d) Convecção, convecção, Flórida e subindo para a costa dos
condução. Estados Unidos. As situações de
e) Irradiação; condução; convecção. transferência de calor do ar entre
o dia e a noite na atmosfera e as
Transferência de calor 19

correntes marítimas são exemplos de carvalho é considerada


de transferência de calor por: um isolante térmico menos
a) condução do ar e por eficiente que o material tijolo.
convecção da água. d) A casa com paredes de
b) por radiação do sol e por tijolo, pois o maior valor
condução da água. da condutividade térmica
c) por radiação do sol e por do material isola, de forma
convecção da água. mais eficaz, dessa forma, o
d) por condução ar e da água ambiente e a transferência do
nas duas situações. calor por condução ocorre
e) por convecção do ar e da de forma mais lenta.
água nas duas situações. e) Os dois materiais transferem
3. Considerando duas casas calor nas mesmas proporções.
construídas com materiais Como as duas casas têm o
diferentes nas dimensões de 15 m mesmo tamanho, o material
de comprimento, 9 m de largura utilizado para a construção
e 0,20 m de espessura. As duas da casa não terá influência.
casas têm as mesmas dimensões, 4. Determine a taxa total de
entretanto, no entanto, uma casa é transferência de calor entre duas
constituída de paredes de tijolos e a placas sem movimentação de massa
outra de madeira de árvore carvalho. de fluido por unidade de área,
Considerando que a temperatura considerando que existem duas
interna das duas casas está em 22 °C situações entre as placas: na primeira
e que, ao anoitecer, a temperatura situação, o espaço entre as placas
externa diminui para 15 °C, qual das contém ar atmosférico, enquanto
duas casas manterá a temperatura na segunda situação o espaço
interna por mais tempo? Utilize o k entre as placas tem vácuo. As duas
= 0,72 W/mK para o material tijolo placas paralelas estão separadas
e k = 0,17 para o material madeira. por L= 2,5 cm e apresentam a
a) A casa com paredes de transferência de calor permanente
tijolo, pois o maior valor com temperaturas de 310 K e 250
da condutividade térmica k. Considere que as superfícies
do material obedece à Lei são corpos negros (ε = 1) e a
da condução térmica do condutividades térmica do material
material, de Fourier. é de k = 0,0219 W/mK para o ar.
b) A casa com paredes de madeira, a) 314,44 W.
pois a madeira de carvalho b) 300,10 W.
é considerada um isolante c) 310,06 W.
térmico mais eficiente que o d) 341,47 W.
material tijolo, obedecendo e) 354,71 W.
à Lei da condução térmica 5. Calcule o fluxo de transferência
do material, de Fourier. de calor por convecção forçada
c) A casa com paredes de quando uma resistência de secador
madeira, pois a madeira de cabelo, com área de 0,2 m2,
20 Transferência de calor

está em 90 °C e a temperatura c) 1200 W/m2 quando a


ambiente é de 30 °C. O fluxo de temperatura do ambiente
transferência será maior ou menor está em 30 °C. Quando a
quando a temperatura ambiente temperatura cai para 20 °C, a
estiver em 20 °C? Considere transferência de calor não muda.
como 100 W/m2K o coeficiente de d) 1200 W/m2 quando a
transferência de calor para o ar. temperatura do ambiente está
a) 1000 W/m2 quando a em 30 °C. Quando a temperatura
temperatura do ambiente está cai para 20 °C, a transferência de
em 30 °C. Quando a temperatura calor por convecção é maior.
cai para 20 °C, a transferência de e) 1000 W/m2 quando a
calor por convecção é menor. temperatura do ambiente está
b) 1600 W/m2 quando a em 30 °C. Quando a temperatura
temperatura do ambiente está cai para 20 °C, a transferência de
em 30 °C. Quando a temperatura calor por convecção é maior.
cai para 20 °C, a transferência de
calor por convecção é menor.

BALL, D. W. Físico-química. São Paulo: Thomson, 2005.


BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários: relatividade, oscilações,
ondas e calor. Porto Alegre: AMGH 2012.
ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática.
4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
WELTY, J. R. Fundamentos de transferência de momento, de calor e de massa. 6. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2017.

Leitura recomendada
MALISKA, C. R. Transferência de calor e mecânica dos fluídos computacional. 2. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2004.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 1.2
1.2 Dica do professor
A energia emitida pelo Sol e absorvida pela Terra está intimamente ligada com os três mecanismos
de transferência de calor: condução, convecção e irradiação. A transferência de calor por irradiação
é o ponto inicial de transferência de calor entre Sol e Terra, os demais mecanismos
ocorrendo apenas na superfície terrestre, entre materiais que estão em contato direto (terra e
material) ou na presença de fluidos (terra e ar e ou água). A atmosfera terrestre tem grande
influência sobre a quantidade de energia absorvida do Sol pela Terra.

Na Dica do Professor, você vai conhecer como os mecanismos de transferência de calor auxiliam na
manutenção da vida na Terra, além de ver como ocorrem às transferências de energia em forma de
calor, com alguns exemplos simples e reais.
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embed/
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Vamos falar sobre a transferência de calor que mantém a vida no planeta Terra: a
irradiação de calor pelo sol.
O planeta Terra é um grande absorvedor de energia emitida pelo sol. Sua emissão em
proporções adequadas é que aquece e possibilita a vida nas mais diversas formas.
A energia emitida pelo sol chega ao
planeta na forma de ondas
eletromagnéticas em diferentes
comprimentos e frequências. As ondas
são do tipo infravermelho, luz visível e
raios ultravioleta.
As ondas ultravioletas são responsáveis
pelo bronzeamento da pele. No
amanhecer de todos os dias podemos
observar a chegada das ondas no
comprimento do visível.
E podemos sentir as ondas
infravermelho através do
calor recebido quando
estamos expostos ao sol.
Esta última é a maior
responsável pela
transferência de calor por
irradiação entre o Sol e a
Terra.
Os raios infravermelhos emitidos transferem
calor por irradiação, ou seja, o sol a uma
temperatura mais quente transmite energia em
forma de calor para superfície da terra através
das ondas eletromagnéticas. Essa transferência
só é possível porque as ondas eletromagnéticas
podem se propagar no vácuo, ou seja, na
ausência de matéria.
A transferência por irradiação transporta energia
térmica por ondas que não são visíveis a olho nu,
apenas sentida pela transferência de calor.
A quantidade de energia emitida pelas ondas
infravermelhas do sol não são absorvidas em sua
totalidade pela superfície da Terra: (1) Ao entrar
na atmosfera 6% são refletidas pela camada de
gases; (2) 20% são refletidas pelas nuvens; (3) 4%
refletidas pela superfície da terra; (4) 51% da
irradiação é absorvida pela superfície da Terra; (5)
19% absorvida pelas nuvens.
Podemos observar que mais da metade da energia
irradiada é absorvida pela Terra, viabilizando a
vida em vários segmentos.
Depois que a Terra absorve a energia irradiada,
ela reflete uma parte que fica aprisionada pelos
gases do efeito estufa, mantendo a Terra
aquecida quando o Sol não está irradiando calor,
como à noite ou e, dias de chuva.
Outros mecanismos de transferência de calor ocorrem depois que a terra é
aquecida, como a transferência por convecção e condução.
A convecção ocorre pela troca de calor entre a terra quente e o ar atmosférico,
formando as correntes de ar convectivas, em que a movimentação de massa de
fluidos causa a transferência de calor.
Podemos utilizar como exemplo a mudança de
temperatura no ambiente durante a noite depois de um
dia ensolarado. Em uma praia, esse fenômeno é bem
presente: a brisa marítima é uma consequência da
diferença no tempo de aquecimento do solo e da água,
apesar de ambos estarem submetidos às mesmas
condições de irradiação solar.
Durante o dia. a areia é aquecida pelo sol mais
rapidamente e transfere calor para o ar, que fica mais
quente e sobe, deixando uma área de baixa pressão
provocando o deslocamento do ar da superfície do
mar, que está mais frio, para a costa da praia.
Já durante a noite, ocorre o processo inverso: como a água leva a mais tempo para esquentar durante o dia, ou seja,
absorver calor irradiação, também leva mais tempo para esfriar a noite, fazendo com que se forme uma brisa
terrestre, deslocando o ar mais frio da praia para alto-mar.
A outra transferência de calor é a condução. Essa transferência ocorre
com tudo que está em contato direto com a superfície da terra e
apresenta uma diferença de temperatura. O calor será transferido do
material mais quente para o mais frio. Essa transferência pode ocorrer
entre uma pedra e a terra, entra água e a terra, entre uma pessoa e a
terra, dentre muitas outras possibilidades.
1.2 Exercícios
1) No cozimento de um dado alimento em uma panela ocorrem transferências de calor entre a
chama do fogão, a panela, a água e o alimento. Considerando que não ocorra a combinação
de mecanismos, qual o mecanismo que predomina nas seguintes transferências de calor:
entre a chama do fogão e a panela, entre a panela aquecida e o alimento. entre a panela
aquecida e a água. Assinale a alternativa que corresponde a cada transferência de calor:.

A) Irradiação, condução e convecção, respectivamente.

B) Condução, condução e irradiação, respectivamente.

C) Irradiação, convecção e condução, respectivamente.

D) Convecção, convecção e condução, respectivamente.

E) Irradiação, convecção e convecção, respectivamente.

1 Gab C = As transferências são, respectivamente, radiação,


convecção e condução.
A chama do fogão emite energia em forma de calor e
transfere calor por irradiação para a panela. A panela
aquecida transfere calor para o alimento com o auxílio do
fluido (água), caracterizado pela transferência por convecção,
e a panela aquecida transfere calor para a água por meio do
contato direto, ou seja, por condução.
2) A transferência de energia em forma de calor na atmosfera terrestre e nos oceanos é um
fenômeno natural que ocorre constantemente. Na atmosfera, alterações nas temperaturas
são diárias quando comparamos noite e dia. Isso se deve à transferência de calor do Sol para
a Terra por meio de irradiação. Já nos oceanos, a transferência de calor entre correntes de
água com diferenças de temperatura forma as correntes marítimas. Um exemplo clássico
desse fenômeno é a corrente do golfo, que carrega água mais quente do golfo do México em
direção ao norte, passando pela Flórida, subindo para a costa dos Estados Unidos. As
situações de transferência de calor do ar entre o dia e a noite na atmosfera e as correntes
marítimas são exemplos de transferência de calor por:

A) condução do ar e por convecção da água.

B) por radiação do Sol e por condução da água.

C) por radiação do Sol e por convecção da água.

D) por condução do ar e da água.

E) por convecção do ar e da água.

2 Gab E = Ambas as situações transferência por convecção do ar e da água, pois a transferência de calor por
convecção envolve um fluido para fazer a transferência de calor, assim água e ar são os fluidos do meio.
3) Considere duas casas construídas com materiais diferentes nas dimensões de 15 m de
comprimento, 9 m de largura e 0,20 m de espessura. As duas casas têm as mesmas
dimensões, entretanto uma casa é constituída de paredes de tijolos e a outra é de madeira
de carvalho. Considerando que a temperatura interna das duas casas esteja em 22 °C, e, ao
anoitecer, a temperatura externa diminui para 15 °C, qual das duas casas manterá a
temperatura interna por mais tempo? Utilize k = 0,72 W/mK para o material tijolo e k=0,17
para o material madeira.

A) A casa com paredes de tijolo, pois o maior valor da condutividade térmica do material
obedece a Lei de Fourier da condução térmica do material.

B) A casa com paredes de madeira, pois a madeira de carvalho é considerada um isolante


térmico mais eficiente que o material tijolo, obedecendo a Lei de Fourier da condução térmica
do material.

C) A casa com paredes de madeira, pois a madeira de carvalho é considerada um isolante


térmico menos eficiente que o material tijolo.

D) A casa com paredes de tijolo, pois o maior valor da condutividade térmica do material isola de
forma mais eficaz o ambiente e a transferência do calor por condução ocorre de forma mais
lenta.

E) Os dois materiais transferem calor nas mesmas proporções. Como as duas casas têm o
mesmo tamanho, o material utilizado para a construção da casa não terá influência.

3 Gab B = A casa com paredes de madeira,


pois a madeira de carvalho é considerada um
isolante térmico mais eficiente do que o
material tijolo, obedecendo a Lei de Fourier da
condução térmica do material. Não é
necessário realizar cálculos, apenas comparar
os valores de condutividade térmica do
material. Para o material tijolo temos k = 0,72
W/mK maior que k=0,17 para o material
madeira. Dessa forma, a madeira transfere
uma taxa de calor menor que o tijolo,
mantendo a temperatura da casa próxima aos
22 °C por mais tempo.
4) Determine a taxa total de transferência de calor entre duas placas sem movimentação de
massa de fluido por unidade de área, considerando que existem duas situações entre as
placas: na primeira situação o espaço entre as placas contém ar atmosférico; na segunda
situação o espaço entre as placas tem vácuo. As duas placas paralelas estão separadas por
L= 2,5 cm e apresentam a transferência de calor permanente com temperaturas de 310 K e
250 k. Considere que as superfícies são corpos negros (ε = 1) e a condutividade térmica do
material é de k = 0,0219 W/mK para o ar.

A) 314,44 W.

B) 300,10 W.

C) 310,06 W.

D) 341,47 W.

E) 354,71 W.

elm 16mar = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL:


CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Ex. 4 da Aula 1.2 Transferência de Calor
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- Enunciado pede para determinar TAXA de
transferência de calor (W) em duas situações
(dois valores!), mas as opções só trazem um
valor. - Área de troca de calor não especificada,
logo não é possível calcular a TAXA de transf. de
calor.
Obs.1: Assinalei opção E por ter achado esse
valor para o FLUXO de calor em W/m2 da
situação com ar entre as placas.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a
resposta confirme ou não esses erros apontados
(não responda apenas "será encaminhado ao
setor responsável", por não contribuir para o
aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:

4 Gab E = Como não existem correntes de convecção natural no ar entre as placas utilizamos a transferência de
calor por condução, empregando a Lei de Fourier da condução térmica e para a situação de vácuo a Lei de Stefan-
Boltzmann da irradiação térmica, sendo:

elm = 01abr23
ex. 4 ; Aula 1.2 - Pós Gabarito.
Pleito: Anular o exercício. Vou refutar apenas à justificativa do Gabarito.
Gabarito E: usou dado de área (1m2) não existente no enunciado.
5) Calcule o fluxo de transferência de calor por convecção forçada, quando uma resistência de
secador de cabelo com área de 0,2 m2 está na temperatura de 90 °C e a temperatura
ambiente é de 30 °C. O fluxo de transferência será maior ou menor quando a temperatura
ambiente estiver em 20 °C? Considere de 100 W/m2K o coeficiente de transferência de
calor para o ar.

A) 1000 W/m2 quando a temperatura do ambiente está em 30 °C. Quando a temperatura cai
para 20 °C, a transferência de calor por convecção é menor.

B) 1600 W/m2 quando a temperatura do ambiente está em 30 °C. Quando a temperatura cai
para 20 °C, a transferência de calor por convecção é menor.

C) 1200 W/m2 quando a temperatura do ambiente está em 30 °C. Quando a temperatura cai
para 20 °C, a transferência de calor não muda.

D) 1200 W/m2 quando a temperatura do ambiente está em 30 °C. Quando a temperatura cai
para 20 °C, a transferência de calor por convecção é maior.

E) 1000 W/m2 quando a temperatura do ambiente está em 30 °C. Quando a temperatura cai
para 20 °C, a transferência de calor por convecção é maior.

elm 16mar23 = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E


FLUIDOS - B (2023.MAR)
Ex. 5 da Aula 1.2 Transferência de Calor
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- Enunciado pede para determinar FLUXO de
transferência de calor, mas nenhuma opção apresenta o
valor correto para FLUXO.
Obs.1: Assinalei a opção D por ter achado esse valor para
a TAXA de calor em W e concordar que a troca de calor
aumenta no caso 20ºC.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta
confirme ou não esses erros apontados (não responda
apenas "será encaminhado ao setor responsável", por
não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:
5 Gab D =

elm = 01abr23
ex. 5 ; Aula 1.2 - Pós Gabarito.
Pleito: Anular o exercício. Vou refutar apenas à justificativa do Gabarito.
Gabarito D: Gabarito calculou taxa de calor e errou nas unidades.
Imagem de correções:
1.2 Na prática
Em processos industriais, a utilização da transferência de calor por convecção para resfriamento de
fluidos advindos deles é muito comum e crucial para a sua eficiência. O resfriamento permite o
reuso da água e diminui os danos ambientais.

Neste Na Prática, você vai conhecer o sistema de resfriamento de fluidos advindo de uma usina
nuclear, com a utilização de torres de resfriamento com transferência de calor por convecção
natural, entre a água quente vinda do resfriamento dos reatores e o ar. Você vai conhecer ainda a
refrigeração pelo processo de convecção forçada, que a maioria das empresas utilizam, por ser um
modelo mais compacto e eficiente.

TORRE DE RESFRIAMENTO INDUSTRIAL POR CONVECÇÃO NATURAL E FORÇADA


As torres de resfriamento em usinas nucleares, do tipo hiperbólicas, funcionam resfriando o fluido
industrial (ÁGUA) de forma natural, pelo mecanismo de transferência de calor por CONVECÇÃO
NATURAL, em que a água quente troca calor com o AR, que é o fluido em movimento.

Torre de resfriamento
hiperbólica
Usina nuclear com
torres de resfriamento

O resfriamento natural em uma torre


hiperbólica ocorre a partir da transferência de
calor entre a água que é introduzida nela por
dispersores e cai por gravidade, passando
pelo enchimento da estrutura.
Simultaneamente, também passa o ar frio
vindo do ambiente externo recebendo calor
da água. O ar que recebe calor da água sai no
topo da torre, devido a alterações na
densidade, sugando ar frio na base dela. O
processo de saída de ar quente (menos
denso) no topo da torre e entrada de ar mais
frio (mais denso) na base desta forma uma
corrente de ar convectiva natural.
As torres de resfriamento em
indústrias tradicionais funcionam
resfriando o fluido industrial (ÁGUA)
com circulação de AR forçado pela
torre, trocando calor pelo
mecanismo de transferência de calor
por CONVECÇÃO FORÇADA.

O resfriamento do fluido industrial por


convecção forçada ocorre em um
sistema semelhante à convecção
natural, a partir do movimento do
fluido ar. Entretanto, a movimentação
do ar é causada pela ação de uma força
externa, como um ventilador.

O ventilador impulsiona o ar de dentro


da torre de resfriamento para fora,
fazendo com que se forme uma
corrente de ar por convecção forçada.

O ar quente que recebeu calor da água sai na superfície e o ar frio entra na base da torre, formando
um ciclo constante que renova o ar interno da estrutura incessantemente.

O ciclo de resfriamento por convecção forçada cessa quando a força externa que movimenta a
massa de ar para, ou seja, quando o ventilador é desligado. Consequentemente, a troca de calor
entre a água e o ar também cessa.
1.2 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Como um iglu te mantém aquecido (How an igloo keeps you


warm)
Neste vídeo, você vai poder conhecer um pouco mais sobre a utilidade dos iglus, principalmente
como eles aquecem uma determinada massa de ar, relacionados aos três modos de transferência de
energia térmica em forma de calor, e ainda como a conservação de energia está relacionada a
materiais isolantes térmicos, como a pele humana e animal.
https://youtu.be/1L7EI0vKVuU
Building a perfect igloo takes cool science!

5 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Princípios fundamentais da transferência de calor


Neste material você poderá ver conceitos básicos fundamentais da transferência de calor, com
informações descritas de forma clara, direta e concisa, com algumas deduções matemáticas que
possam esclarecer a origem de algumas das fórmulas mais importantes dos modos de transferência
de calor.
http://sites.poli.usp.br/p/jesse.rebello/termo/
Apresentado para: Hélio Morishita Professor Dept. Trabalho_Transcal.pdf
de Engenharia Naval e Oceânica USP 2004
Preparado por: Marcelo Rosário da Barrosa Aluno de
Graduação art pdf 48 p

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Lei de Fourier: transmissão de calor


Neste vídeo, você vai poder acompanhar como a Lei de Fourier foi elaborada e como ela está
relacionada à transferência de calor pelo modo de condução.

https://www.youtube.com/embed/SrYArZ84bRk

elm = cap 1 do Cengel, copiado depois da próx página.


CENGEL, Y. A. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática. 4.ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
1.2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

BALL, D. W. Físico-química. São Paulo: Thomson, 2005-2006. 2 v.

BAUER, W. Física para universitários: relatividade, oscilações, ondas e calor. Porto Alegre: AMGH,
2012.

CENGEL, Y. A. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática. 4.ed. Porto Alegre:
AMGH, 2012.

HYBRID COOLING SYSTEM WET DRY. Disponível em <http://www.pinsdaddy.com/hybrid-


cooling-system-wet-dry_iATrpNzA9JqmkMIa87f0ofmSSsFeo2TYyI5EYhP9t2s>. Acesso em: 15
jun. 2018.

MALISKA, C. R. Transferência de calor e mecânica dos fluidos computacional. 2.ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2004.

WELTY, J. R. Fundamentos de transferência de momento, de calor e de massa. 6.ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2017.

Banco de imagens Shutterstock.

SAGAH, 2018.
Sumário Resumido
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS 1
CAPÍTULO 2 EQUAÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR 63
CAPÍTULO 3 CONDUÇÃO DE CALOR PERMANENTE 135
CAPÍTULO 4 CONDUÇÃO DE CALOR TRANSIENTE 225
CAPÍTULO 5 MÉTODOS NUMERICOS EM CONDUÇÃO DE CALOR 295
CAPÍTULO 6 FUNDAMENTOS DE CONVECÇÃO 373
CAPÍTULO 7 CONVECÇÃO FORÇADA EXTERNA 417
CAPÍTULO 8 CONVECÇÃO FORÇADA INTERNA 465
CAPÍTULO 9 CONVECÇÃO NATURAL 519
CAPÍTULO 10 EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO 581
CAPÍTULO 11 TROCADORES DE CALOR 629
CAPÍTULO 12 FUNDAMENTOS DE RADIAÇÃO TÉRMICA 683
CAPÍTULO 13 TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 731
CAPÍTULO 14 TRANSFERÊNCIA DE MASSA 795
APENDICE TABELAS E GRÁFICOS DE PROPRIEDADES (UNIDADES NO SI) 865

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 == INTRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS 1
1-1 Termodinamica e transferência de calor 2 === Areas de aplicação da transferência de calor 3 ===
Contexto histórico 3
1-2 Transferência de calor na engenharia 4 === Modelagem na engenharia 5
1-3 Calor e outras formas de energia 6 === Calor especifico de gás, liquido e sólido 7 Transferência de
energia 9
1-4 Primeira lei da termodinámica 11 === Balanço de energia para sistemas fechados (massa constante) 12
=== Balanço de energia para sistemas de escoamento em regime permanente 12 === Balanço de energia
em superficies 13
1-5 Mecanismos de transferência de calor 17
1-6 Condução 17 === Condutividade térmica 19 === Difusividade térmica 22
1-7 Convecção 25
1-8 Radiação 27
1-9 Mecanismos simultáneos de transferência de calor 30
1-10 Técnicas para solução de problemas 35 === Programas computacionais de engenharia 37 ===
Engineering Equation Solver (EES) 38 === Observação sobre algarismos significativos 39
Tópico de interesse especial: === Conforto térmico 40
Resumo 46 === Referências e sugestões de leitura 47 === Problemas 47

CAPÍTULO 2 === EQUAÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR 63


2-1 Introdução 64 === Transferência de calor permanente versus transiente 65 === Transferência de calor
multidimensional === Geração de calor 68
2-2 Equação de condução de calor unidimensional 69 === Equação de condução de calor em uma extensa parede
plana 69 === Equação de condução de calor em um cilindro longo 71 === Equação de condução de calor em uma
esfera 72 === Equação de condução de calor unidimensional combinada 73
2-3 Equação geral de condução de calor 75 === Coordenadas retangulares 75 === Coordenadas cilindricas 77 ===
Coordenadas esféricas 77
2-4 Condições inicial e de contorno 78 === 1 Condição de contorno de temperatura especificada 80 === 2
Condição de contorno de fluxo de calor especificado 80 === Caso especial: contorno isolado 81 === Outro caso
especial: simetria térmica 81 === 3 Condição de contorno de convecção 82 === 4 Condição de contorno de
radiação 84 === 5 Condição de contorno da interface 85 === 6 Condições de contorno generalizadas 85
2-5 Solução de problemas de condução de calor unidimensional em regime permanente 87
2-6 Geração de calor em sólidos 99
2-7 Condutividade térmica variável, k(T) 106
Tópico de interesse especial: === Breve revisão das equações diferenciais 109
Resumo 114 === Referências e sugestões de leitura 115 === Problemas 115
CAPÍTULO 3 === CONDUÇÃO DE CALOR PERMANENTE 135
3-1 Condução de calor permanente em paredes planas 136 === Conceito de resistência térmica 137 ===
Rede de resistência térmica 139 === Paredes planas multicamadas 141
3-2 Resistência térmica de contato 146
3-3 Redes generalizadas de resistência térmica 151
3-4 Condução de calor em cilindros e esferas 154 === Cilindros e esferas multicamadas 156
3-5 Raio crítico de isolamento 160
3-6 Transferência de calor a partir de superfícies aletadas 163 === Equação da aleta 164 === Eficiência da
aleta 169 === Eficácia da aleta 171 === Comprimento adequado de aleta 174
3-7 Transferência de calor em configurações comuns 179
Tópico de interesse especial: === Transferência de calor através de paredes e tetos 184
Resumo 194 === Referências e sugestões de leitura 196 === Problemas 196

CAPÍTULO 4 === CONDUÇÃO DE CALOR TRANSIENTE 225


4-1 Análise de sistemas aglomerados 226 === Critérios para a análise de sistemas aglomerados 227 ===
Observações sobre a transferência de calor em sistemas aglomerados 229
4-2 Condução de calor transiente em grandes paredes planas, longos cilindros e esferas com efeitos espaciais 232
=== Problema de condução transiente unidimensional adimensionalizado 233 === Soluções analíticas e gráficas
aproximadas 238
4-3 Condução de calor transiente em sólidos semi-infinitos 249 === Contato de dois sólidos semi-infinitos 253
4-4 Condução de calor transiente em sistemas multidimensionais 256
Tópico de interesse especial: === Refrigeração e congelamento de alimentos 264
Resumo 275 === Referências e sugestões de leitura 277 === Problemas 277

CAPÍTULO 5 == MÉTODOS NUMÉRICOS EM CONDUÇÃO DE CALOR 295


5-1 Por que métodos numéricos? 296 === 1 Limitações 297 === 2 Modelagem adequada 297 === 3 Flexibilidade 298
=== 4 Complicações 298 === 5 Natureza humana 298
5-2 Formulação por diferenças finitas das equações diferenciais 299
5-3 Condução de calor permanente unidimensional 302 === Condições de contorno 304 === Tratando os nós do
contorno isolado como nós internos: conceito de imagem espelhada 306
5-4 Condução de calor permanente bidimensional 313 === Nós do contorno 314 === Contornos irregulares 318
5-5 Condução de calor transiente 322 === Condução de calor transiente em uma parede plana 324 === Critério de
estabilidade para o método explícito: limitação de Delta t 326 === Condução de calor transiente bidimensional 335
=== Programa interativo SS-T-CONDUCT 340
Tópico de interesse especial: === Controlando o erro numérico 346
Resumo 350 === Referências e sugestões de leitura 351 === Problemas 351

CAPÍTULO 6 === FUNDAMENTOS DE CONVECÇÃO 373


6-1 Mecanismo físico da convecção 374 === Número de Nusselt 376
6-2 Classificação do escoamento dos fluidos 378 === Regiões de escoamento viscoso versus não viscoso 378 ===
Escoamento interno versus externo 378 === Escoamento compressivel versus incompressivel 378 === Escoamento
laminar versus turbulento 379 === Escoamento natural (ou não forçado) versus forçado 379 === Escoamento
permanente versus transiente 379 === Escoamentos uni, bi e tridimensional 380
6-3 Camada limite hidrodinâmica 381 === Tensão de cisalhamento na parede 382
6-4 Camada limite térmica 383 === Número de Prandtl 384
6-5 Escoamentos laminar e turbulento 384 === Número de Reynolds 385
6-6 Transferência de calor e quantidade de movimento em escoamento turbulento 386
6-7 Derivações das equações diferenciais de convecção 388 === Equação da continuidade 389 === Equações da
quantidade de movimento 389 === Equação da conservação da energia 391
6-8 Soluções das equações de convecção para placa plana 395 === Equação da energia 397
6-9 Equações adimensionais de convecção e semelhança 399
6-10 Formas funcionais dos coeficientes de atrito e de convecção 400
6-11 Analogias entre quantidade de movimento e transferência de calor 401
Tópico de interesse especial: === Transferência de calor em microescala 404
Resumo 407 === Referências e sugestões de leitura 408 === Problemas 409
CAPÍTULO 7 === CONVECÇÃO FORÇADA EXTERNA 417
7-1 Arrasto e transferência de calor em escoamento externo 418 === Arrasto de atrito e de pressão 418 ===
Transferência de calor 420
7-2 Escoamento paralelo sobre placas planas 421 === Coeficiente de atrito 422 === Coeficiente de transferência de
calor 423 === Placa plana com comprimento inicial não aquecido 425 === Fluxo de calor uniforme 426
7-3 Escoamento cruzado em cilindros e em esferas 430 === Efeito da rugosidade superficial 432 === Coeficiente de
transferência de calor 434
7-4 Escoamento cruzado sobre bancos de Lubos 439 === Queda de pressão 442
Resumo 445 === Referências e sugestões de leitura 447 === Problemas 447
CAPÍTULO 8 === CONVECÇÃO FORÇADA INTERNA 465
8-1 Introdução 466
8-2 Velocidade e temperatura médias 467 === Escoamento laminar e turbulento em tubos 468
8-3 Região de entrada 469 === Comprimentos de entrada 471
8-4 Análise térmica geral 472 === Fluxo de calor constante na superfície (qpontos constante) 473 === Temperatura
constante na superficie (Ts constante) 474
8-5 Escoamento laminar em tubos 477 === Queda de pressão 479 === Perfil de temperatura e número de Nusselt
481 === Fluxo de calor constante na superfície 481 == Temperatura constante na superfície 482 === Escoamento
laminar em tubos não circulares 483 === Escoamento laminar em desenvolvimento na região de entrada 484
8-6 Escoamentos turbulentos em tubos 488 === Superfícies rugosas 490 === Escoamento turbulento em
desenvolvimento na região de entrada 491 === Escoamento turbulento em tubos não circulares 491 ===
Escoamento em tubos anulares 492 === Melhoramento da transferência de calor 492
Tópico de interesse especial: === Escoamento de transição em tubos 497
Resumo 506 === Referências e sugestões de leitura 507 === Problemas 508
CAPÍTULO 9 === CONVECÇÃO NATURAL 519
9-1 Mecanismo físico da convecção natural 520
9-2 Equação de movimento e número de Grashof 523 === Número de Grashof 525
9-3 Convecção natural sobre superfícies 526 === Placas verticais (Ts = constante) 527 === Placas verticais (qpontos
constante) 527 === Cilindros verticais 529 === Placas inclinadas 529 === Placas horizontais 530 === Cilindros
horizontais e esferas 530
9-4 Convecção natural em superfícies aletadas e PCIs 534 === Resfriamento por convecção natural de superficies
aletadas (Ts constante) 534 === Resfriamento por convecção natural de PCIs verticais (qpontos = constante) 535 ===
Vazão mássica através do espaço entre as placas 536
9-5 Convecção natural em espaços fechados 538 === Condutividade térmica efetiva 539 === Espaços fechados
retangulares horizontais 539 === Espaços fechados retangulares inclinados 540 === Espaços fechados retangulares
verticais 541 === Cilindros concéntricos 541 === Esferas concéntricas 542 === Convecção natural e radiação
combinadas 542
9-6 Convecção natural e forçada combinadas 547
Tópico de interesse especial: === Transferência de calor através de janelas 552
Resumo 562 === Referências e sugestões de leitura 563 === Problemas 565'

CAPÍTULO 10 === EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO 581


10-1 Transferência de calor em ebulição 582
10-2 Ebulição em piscina 583 === Ebulição em regime e curva de ebulição 584 === Ebulição por convecção natural
(até o ponto A na curva de ebulição) 584 === Ebulição nucleada (entre os pontos A e C) 585 Ebulição de transição
(entre os pontos Ce D) 587 === Ebulição de película (além do ponto D) 587 === Correlações de transferência de
calor em regime de ebulição em piscina 588 === Ebulição nucleada 588 === Fluxo de calor máximo 589 === Fluxo
de calor minimo 591 Ebulição de película 591 === Aumento da transferência de calor em ebulição em piscina 592
10-3 Ebulição em escoamento 596
10-4 Transferência de calor por condensação 598
10-5 Condensação de película 598 === Regimes de escoamento 600 === Correlações de transferência de calor para
condensação de película 600 === Efeito da velocidade do vapor 606 === Presença de gases não condensáveis em
condensadores 606
10-6 Condensação de película dentro de tubos horizontais 610
10-7 Condensação em gotas 611
Tópico de interesse especial: === Transferência de calor em escoamento bifásico sem ebulição 612
Resumo 617 === Referências e sugestões de leitura 618 === Problemas 619
CAPÍTULO 11 === TROCADORES DE CALOR 629
11-1 Tipos de trocadores de calor 630
11-2 Coeficiente global de transferência de calor 633 === Fator de incrustação 635
11-3 Análise de trocadores de calor 639
11-4 Método da diferença de temperatura média logarítmica 641 === Trocadores de calor contracorrente 643 ===
Trocadores de calor de multipasses e escoamento cruzado: uso do fator de correção 644
11-5 Método da efetividade-NTU 651
11-6 Seleção de trocadores de calor 661 === Taxa de transferência de calor 662 === Custo 662 === Potência de
bombeamento 662 === Dimensão e peso 663 === Tipo 663 === Materiais 663 === Outras considerações 663
Resumo 665 === Referências e sugestões de leitura 666 === Problemas 667
CAPÍTULO 12 === FUNDAMENTOS DE RADIAÇÃO TÉRMICA 683
12-1 Introdução 684
12-2 Radiação térmica 685
12-3 Radiação do corpo negro 687
12-4 Intensidade da radiação 694 === Ângulo sólido 694 === Intensidade da radiação emitida 695 === Radiação
incidente 697 === Radiosidade 697 === Grandezas espectrais 697
12-5 Propriedades radioativas 700 === Emissividade 700 === Absortividade, refletividade e transmissividade 704
=== Lei de Kirchhoff 707 === Efeito estufa 708
12-6 Radiação atmosférica e solar 708
Tópico de interesse especial: === Ganho de calor solar através de janelas 713
Resumo 720 === Referências e sugestões de leitura 721 === Problemas 722

CAPÍTULO 13 === TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 731


13-1 Fator de forma 732
13-2 Relações de fator de forma 735 === 1 Relação de reciprocidade 736 === 2 Regra da adição 739 === 3 Regra da
superposição 741 === 4 Regra da simetria 742 === Fatores de forma entre superficies infinitamente longas: método
das linhas cruzadas 744
13-3 Transferência de calor por radiação: superfícies negras 746
13-4 Transferência de calor por radiação: superfícies difusa e cinza 748 === Radiosidade 748 === Transferência
liquida de calor por radiação para ou a partir de uma superficie 749 === Transferência liquida de calor por radiação
entre duas superficies quaisquer 750 === Métodos para solução de problemas de radiação 751 === Transferência de
calor por radiação em recintos de duas superfícies 752 === Transferência de calor por radiação em recintos de três
superficies 754
13-5 Escudos de radiação e efeitos da radiação 760 === Efeito da radiação sobre as medições de temperatura 762
13-6 Troca de radiação entre gases emitentes e absorventes 764 === Propriedades de radiação de meio participante
765 === Emissividade e absortividade de gases e misturas de gases 766
Tópico de interesse especial: === Transferência de calor do corpo humano 773
Resumo 777 === Referências e sugestões de leitura 778 === Problemas 779
CAPÍTULO 14 === TRANSFERÊNCIA DE MASSA 795
14-1 Introdução 796
14-2 Analogia entre transferência de calor e de massa 797 === Temperatura 798 === Condução 798 === Geração de
calor 798 === Convecção 799
14-3 Difusão de massa 799 === 1 Base mássica 799 === 2 Base molar 800 === Caso especial: misturas de gases
ideais 801 === Lei de Fick da difusão: meio estacionário composto por duas espécies 801
14-4 Condições de contorno 805
14-5 Difusão de massa permanente através de uma parede 810
14-6 Migração de vapor de água em edificações 814
14-7 Difusão de massa transiente 818
14-8 Difusão em um meio em movimento 820 === Caso especial: mistura de gases a pressão e temperatura
constantes 824 === Difusão de vapor através de gás estacionário: escoamento de Stefan 825 === Contradifusão
equimolar 827
14-9 Convecção de massa 831 === Analogia entre coeficientes de atrito, transferência de calor e transferência de
massa 835 === Caso especial: Pr ~ Sc ~ 1 (analogia de Reynolds) 836 === Caso geral: Pr <> Sc <> 1 (analogia de
Chilton-Colburn) 836 === Limitação da analogia entre convecção de calor e de massa 837 === Relações para
convecção de massa 838
14-10 Transferência simultânea de calor e massa 840
Resumo 846 === Referências e sugestões de leitura 848 === Problemas 848

APÊNDICE
TABELAS E GRÁFICOS DE PROPRIEDADES === (UNIDADES NO SI) 865
TABELA A-1 Massa molar, constante de gás e calor específico de gás ideal de algumas substâncias 866
TABELA A-2 Propriedades nos pontos de ebulição e de congelamento 867
TABELA A-3 Propriedades dos metais sólidos 868
TABELA A-4 Propriedades de sólidos não metálicos 871
TABELA A-5 Propriedades dos materiais de construção 872
TABELA A-6 Propriedades de materiais isolantes 874
TABELA A-7 Propriedades dos alimentos comuns 875
TABELA A-8 Propriedades de diversos materiais 877
TABELA A-9 Propriedades da água saturada 878
TABELA A-10 Propriedades do refrigerante-134a saturado 879
TABELA A-11 Propriedades da amônia saturada 880
TABELA A-12 Propriedades do propano saturado 881
TABELA A-13 Propriedades dos líquidos 882
TABELA A-14 Propriedades dos metais líquidos 883 TABELA A-15 Propriedades do ar a 1 atm de pressão 884
TABELA A-16 Propriedades dos gases a 1 atm de pressão 885
TABELA A-17 Propriedades da atmosfera em altitudes ele vadas 887
TABELA A-18 Emissividades nas superfícies 888
TABELA A-19 Propriedades de radiação solar dos materiais 890
FIGURA A-20 Diagrama de Moody do fator de atrito para escoamento completamente desenvolvido em tubos
circulares 891
ÍNDICE 893
CAPÍTULO 1
OBJETIVOS === Ao término deste capítulo, você será capaz de:
Compreender como a termodinâmica e a transferência de calor estão relacionadas.
Distinguir a energia térmica de outras formas de energia e a transferência de calor de outras formas de
transferência de energia.
Fazer balanços gerais de energia e balanços de energia em superfícies. Entender os mecanismos básicos da
transferência de calor (condução, convecção e radiação térmica), a lei de Fourier da condução de calor, a lei de
Newton do resfriamento e a lei de Stefan-Boltzmann da radiação.
Identificar os mecanismos de transferência de calor que ocorrem de forma simultânea na prática.
Conscientizar-se dos custos associado às perdas de calor.
Solucionar os vários problemas de transferência de calor encontrados na prática.

CAPÍTULO 1 === Introdução e Conceitos Básicos


A ciência da termodinâmica trata da quantidade de calor transferido quando um sistema passa por um processo
de estado de equilíbrio para outro, sem fazer nenhuma referência sobre quanto tempo esse processo demora.
Mas, em engenharia, estamos mais frequentemente interessados na taxa de transferência de calor, que é o tema
da ciência da transferência de calor.
Começamos este capítulo com a revisão dos conceitos fundamentais da termodinâmica, que são os princípios
básicos da transferência de calor. Primeiro, abordamos a relação do calor com outras formas de energia e
fazemos uma revisão sobre balanço de energia. Em seguida, apresentamos os três mecanismos básicos de
transferência de calor, condução, convecção e radiação, e discutimos o conceito de condutividade térmica.
Condução é a transferência de energia resultante da interação de partículas de maior energia de uma substância
com partículas adjacentes de menor energia. Convecção é o modo de transferência de calor entre uma superfície
sólida e um líquido ou gás adjacente que está em movimento, e esse processo envolve os efeitos combinados de
condução e movimento do fluido. Radiação é a energia emitida pela matéria em forma de ondas eletromagnéticas
(ou fótons), como resultado das mudanças nas configurações eletrônicas de átomos ou moléculas. Concluímos
este capítulo com uma discussão sobre transferência simultânea de calor.

1-1 TERMODINÂMICA E TRANSFERÊNCIA DE CALOR


Por experiência, sabemos que, se deixarmos uma lata de bebida gelada em temperatura ambiente, ela esquentará;
da mesma forma, se deixarmos uma lata de bebida quente na geladeira, ela resfriará. Isso acontece por causa da
transferência de energia do meio quente para o meio frio. A transferência de energia é sempre do meio de maior
temperatura para o de menor temperatura, e esse processo cessa quando os dois meios atingem a mesma
temperatura.
Em termodinâmica, estudamos que a energia existe em diferentes formas. Neste capítulo, estamos interessados
principalmente no calor, definido como a forma de energia que pode ser transferida de um sistema para outro em
consequência da diferença de temperatura entre eles. A ciência que estuda as taxas de transferência do calor é
chamada transferência de calor.
Por que precisamos fazer um estudo detalhado sobre transferência de calor se é possível determinar a quantidade
de calor transferido para qualquer sistema, em qualquer processo, utilizando apenas a análise termodinâmica?
A termodinâmica está focada na quantidade transferida de calor quando um sistema passa de um estado de
equilíbrio para outro, sem fornecer informações sobre o tempo de duração do processo. A análise termodinâmica
apenas nos informa quanto de calor deve ser transferido para realizar determinada mudança no estado
termodinâmico, de forma a satisfazer o princípio da conservação da energia.
Na prática, estamos mais preocupados com a taxa de transferência do calor (calor transferido por unidade de
tempo) do que com sua quantidade propriamente dita. Por exemplo, podemos determinar a quantidade
transferida de calor do café quente no interior de uma garrafa térmica para que ele resfrie de 90 °C para 80 °C
utilizando apenas a análise termodinâmica. No entanto, um típico usuário ou fabricante de garrafa térmica pode
estar muito mais interessado em saber quanto tempo o café demora para resfriar até 80 °C, e uma análise
termodinâmica não pode responder a essa questão. A determinação das taxas de transferência de calor ou de um
sistema e, consequentemente, o tempo de aquecimento ou resfriamento e a variação de temperatura são os
objetivos da transferência de calor (Fig. 1-1).
FIGURA 1-1 FIGURA 1-2
Geralmente, estamos interessados Fluxo de calor na
em saber qual é o tempo necessário direção da
para o café quente que está no temperatura
interior de uma garrafa térmica decrescente.
resfriar até certa temperatura. Essa
informação não pode ser
determinada somente por meio da
análise termodinâmica.

A termodinâmica trabalha com estados termodinâmicos em equilíbrio e transformações de um estado de equilíbrio


para outro. A transferência de calor, por sua vez, trabalha com sistemas que não estão em equilíbrio térmico, pois
são fenômenos de não equilíbrio termodinâmico. Dessa forma, o estudo da transferência de calor não pode ser
baseado apenas nos princípios da termodinâmica. As leis da termodinâmica estabelecem o ambiente de trabalho na
ciência da transferência de calor. A primeira lei estabelece que a taxa de energia transferida para um sistema deve
ser igual à taxa de crescimento de sua energia. A segunda lei estabelece que o calor deve ser transferido na direção
da menor temperatura (Fig. 1-2). É o mesmo que um carro estacionado em uma descida, que deve se mover na
direção de declive quando os freios são liberados. Esse processo é também análogo ao da corrente elétrica que flui
na direção da queda de tensão elétrica ou ao do fluido que escoa na direção de queda da pressão total.
A exigência básica para a ocorrência da transferência de calor é a presença da diferença de temperatura, pois não
pode acontecer transferência líquida de calor entre dois corpos que estão na mesma temperatura. A diferença de
temperatura é a força motriz da transferência de calor, assim como a diferença de potencial elétrico é a força
motriz da corrente elétrica, e a diferença de pressão, a força motriz para o escoamento de fluidos. A taxa de calor
transferido em dada direção depende da magnitude do gradiente de temperatura (diferença de temperatura por
unidade de comprimento ou taxa de variação da temperatura) na mesma direção. Quanto maior o gradiente de
temperatura, maior a taxa de transferência de calor.

Áreas de aplicação da transferência de calor


A transferência de calor é frequentemente encontrada em sistemas de engenharia e em outros aspectos da vida,
e não precisamos ir muito longe para ver algumas áreas de aplicação. Na verdade, não precisamos ir a lugar
nenhum. O corpo humano está constantemente rejeitando calor para o ambiente, e nosso conforto está
diretamente ligado à taxa em que essa rejeição ocorre. Tentamos controlar essa taxa de transferência de calor
adequando nossas roupas às condições do ambiente.

Muitos utensílios domésticos são projetados, totalmente ou em parte, com base nos princípios de transferência de
calor. Alguns exemplos incluem fogões elétricos e a gás, aquecedores e ar-condicionados, geladeiras e freezers,
aquecedores de água, ferros de passar e, até mesmo, computadores, TVs e DVDS. Casas energeticamente eficientes
são projetadas para minimizar a perda de calor no inverno e o ganho de calor no verão. A transferência de calor
representa importante papel no projeto de muitos outros dispositivos, como radiadores de carro, coletores de
energia solar, diversos componentes de usinas elétricas e até naves espaciais (Fig. 1-3). A melhor espessura de
isolamento térmico para paredes e telhados, canos de água quente, vapor ou aquecedores de água é determinada
com base na análise da transferência de calor e das considerações econômicas.

FIGURA 1-3
Algumas áreas
de aplicação da
transferência de
calor.
Contexto histórico
O calor sempre foi percebido como algo que produz uma sensação de aquecimento, mas ninguém poderia imaginar
que sua natureza fosse um dos primeiros conceitos entendidos pela humanidade. Apenas na metade do século XIX,
alcançamos o verdadeiro entendimento físico sobre a natureza do calor, graças ao desenvolvimento da teoria
cinética, que entende as moléculas como pequenas bolas em movimento que têm, portanto, energia cinética. O
calor é, então, definido como a energia associada ao movimento aleatório de átomos e moléculas. Embora o
conceito de que, o calor é a manifestação do movimento no nível molecular (denominada força vital) tenha surgido
no século XVIII e início do XIX, essa visão, que prevaleceu até meados do século XIX, foi baseada na teoria do
calórico, proposta em 1789 pelo químico francês Antoine Lavoisier (1743-1794). Essa teoria defendia que o calor
era um tipo de substância semelhante ao fluido denominado calórico, que era sem massa, incolor, inodoro, insípido
e capaz de fluir de um corpo para outro (Fig. 1-4). Quando o calórico era adicionado a um corpo, sua temperatura
aumentava e, quando removido, sua temperatura diminuía. Quando um corpo não pudesse conter mais nenhum
calórico, assim como quando um copo com água não pode dissolver mais nenhuma quantidade de sal ou açúcar,
dizia-se que o corpo estava saturado de calórico. Essa interpretação deu origem às expressões líquido saturado e
vapor saturado, usadas até hoje.
FIGURA 1-4
No inicio do século XIX, o
calor foi concebido como
um tipo de fluido invisível,
denominado CALÓRICO,
que fluía do corpo mais
quente para o mais frio.

A teoria do calórico foi criticada logo após sua introdução. Ela sustentava que o calor era uma substância que não
podia ser criada ou destruída. Contudo, já se sabia que o calor podia ser gerado indefinidamente ao esfregarmos
as mãos ou dois pedaços de madeira. Em 1798, o americano Benjamin Thompson, conde de Rumford
(1753-1814), mostrou em seus trabalhos que o calor pode ser gerado continuamente por meio da fricção. A
validade da teoria do calórico foi também contestada por muitos outros. Todavia, foram os experimentos
cuidadosamente realizados pelo inglês James P. Joule (Fig. 1-5) e publicados em 1843 que finalmente
convenceram os céticos de que o calor não era, afinal, uma substância, pondo fim à teoria do calórico. Embora
essa teoria tenha sido totalmente abandonada na metade do século XIX, contribuiu enormemente para o
desenvolvimento da termodinâmica e da transferência de calor.
FIGURA 1-5
O físico britânico James Prescott Joule (1818-1889) nasceu em Salford, Lancashire, Inglaterra. Joule é mais
conhecido por seu trabalho sobre a conversão de energia elétrica e mecânica em calor e pela primeira lei da
termodinâmica. A unidade de energia, o joule (J), foi nomeada em sua homenagem. Segundo a lei de Joule de
aquecimento elétrico, a taxa de produção de calor em um fio condutor é proporcional ao produto da resistência
do fio e ao quadrado da corrente elétrica. Por meio de seus experimentos, Joule demonstrou a equivalência
mecânica de calor, ou seja, a conversão de energia mecânica em quantidade equivalente de energia térmica,
que estabelece fundamentação para a conservação do princípio de energia. Joule e William Thomson (mais
tarde lorde Kelvin) descobriram a queda de temperatura de uma substância durante a livre expansão, fenômeno
conhecido como efeito Joule-Thomson, que forma a fundamentação do funcionamento da refrigeração de
compressão de vapor comum e de sistemas de ar condicionado. (AIP Emilio Segre Visual Arquivo.)

1-2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NA ENGENHARIA


Equipamentos de transferência de calor, como trocadores de calor, caldeiras, condensadores, radiadores,
aquecedores, fornos, refrigeradores e coletores de energia solar, são projetados principalmente com base na análise
de transferência de calor. Os problemas de transferência de calor encontrados na prática podem ser separados em
dois grupos: (1) de avaliação e (2) de dimensionamento. Os problemas de avaliação lidam com a determinação da
taxa de transferência de calor para um sistema existente com diferença de temperatura específica. Os problemas de
dimensionamento tratam da determinação do tamanho do sistema de forma a transferir calor em dada taxa para
uma diferença de temperatura específica.
Sistemas ou processos de engenharia podem ser estudados de forma experimental (testando e tomando medidas)
ou analítica (por meio do cálculo ou da análise matemática). A abordagem experimental oferece a vantagem de
trabalhar com o sistema físico real, e a quantidade desejada é determinada por medição dentro dos limites dos erros
experimentais. No entanto, essa abordagem é cara, demorada e frequentemente impraticável. Além disso, o
sistema em estudo pode nem mesmo existir. Por exemplo, todo o sistema de aquecimento e encanamento de um
prédio deve ser dimensionado antes de o prédio ser construído, com base nas especificações dadas. A abordagem
analítica (incluindo a abordagem numérica) tem a vantagem de ser rápida e barata, no entanto os resultados obtidos
estão sujeitos ao acerto das condições assumidas, das aproximações e das idealizações feitas na análise. Nos estudos
de engenharia, com frequência, um bom compromisso é reduzir as escolhas pela análise e depois verificar o
resultado experimentalmente.
Modelagem na engenharia
As descrições da maioria dos problemas científicos envolvem equações que descrevem as relações entre algumas
variáveis importantes. Normalmente, o menor incremento nas variáveis leva a descrições mais gerais e precisas. Na
situação limite de mudanças infinitesimais ou diferenciais nas variáveis, obtemos equações diferenciais que
proporcionam formulações matemáticas precisas para leis e princípios físicos, representando as taxas de variação
na forma de derivadas. Assim, equações diferenciais são usadas para investigar uma ampla variedade de problemas
na ciência e na engenharia (Fig. 1-6). Entretanto, na prática, muitos problemas encontrados podem ser resolvidos
sem a necessidade de recorrer a equações diferenciais e suas complicações associadas.
FIGURA 1-6 O estudo de dado fenômeno físico envolve dois passos
Modelagem
fundamentais. No primeiro, identificam-se todas as
matemática
variáveis que influenciam o fenômeno, fazem-se
de
problemas considerações e aproximações razoáveis e estuda se a
físicos. interdependência dessas variáveis. As leis e os
princípios físicos relevantes são identificados, e os
problemas, formulados matematicamente. A equação
em si torna-se muito instrutiva, uma vez que mostra o
grau de dependência de algumas variáveis em relação
às outras e a importância relativa dos vários termos.
No segundo passo, o problema matemático é resolvido
por meio de uma abordagem apropriada, e os
resultados são interpretados.

Muitos processos que parecem ocorrer na natureza de


modo aleatório e sem nenhuma ordem são, na
verdade, regidos por algumas óbvias ou não tão óbvias
leis físicas. Independentemente de notarmos ou não
essas leis, elas estarão lá, governando
consistentemente o que parece ser eventos comuns. A
maioria delas é bem definida e compreendida pelos
cientistas. Isso possibilita prever o comportamento de um evento antes de ele acontecer de fato ou estudar vários
aspectos de um evento matematicamente sem recorrer a caros e demorados experimentos. É onde o poder da
análise matemática reside. Muitos resultados precisos de problemas práticos e significativos podem ser obtidos
relativamente com pouco esforço usando um modelo matemático apropriado e realista. A preparação desses
modelos requer um conhecimento adequado do fenômeno natural envolvido e das leis físicas pertinentes, bem
como bom senso de julgamento. Um modelo não realístico, obviamente, dará resultados imprecisos e inaceitáveis.

Um analista trabalhando em um problema de engenharia, frequentemente, encontra-se em situação em que deve


escolher entre um modelo preciso, porém, complexo, e um modelo simples, mas não tão preciso. A escolha certa
depende da situação que se tem em mãos. A escolha certa é, normalmente, o modelo mais simples que fornece
resultados adequados. Por exemplo, o processo de cozinhar batatas ou assar um pedaço de carne em forno pode
ser estudado analiticamente de modo simples, modelando a batata ou o assado como uma esfera sólida que
contém as propriedades da água (Fig. 1-7). O modelo é bem simples, mas os resultados obtidos são suficientemente
precisos para a maioria dos propósitos práticos. Outro exemplo é quando analisamos a perda de calor de um prédio
de forma a escolher o tamanho certo do aquecedor, determinando a perda de calor para as piores condições
previstas e selecionando um aquecedor que proverá energia suficiente para compensar tais perdas de calor.
Frequentemente, tendemos a escolher um forno maior nos antecipando a alguma expansão futura ou apenas
adotando um fator de segurança. Nesse caso, uma análise bastante simples é suficiente.
FIGURA 1-7 Quando escolhemos um equipamento de transferência de
A modelagem é calor, é importante considerar as reais condições de
uma poderosa funcionamento. Por exemplo, quando adquirimos um
ferramenta de trocador de calor que usará água pesada, devemos considerar
engenharia que
que, ao longo do tempo, ocorrerá algum depósito de cálcio
fornece uma boa
nas superfícies de transferência de calor, causando
ideia do fenômeno,
de modo simples, encrustamento e uma consequente queda gradual no
com alguma desempenho. O trocador de calor deve ser escolhido com
imprecisão. base em sua adversa condição de funcionamento, e não nas
condições do trocador novo.
Elaborar modelos precisos mas complexos normalmente não é uma tarefa tão difícil. No entanto, tais modelos
serão inúteis para um analista se forem muito difíceis e consumirem muito tempo para serem resolvidos. No
mínimo, o modelo deve refletir as características essenciais do problema físico que representa. Existem muitos
problemas significativos no mundo real que podem ser analisados por meio de modelos simples. Todavia, devemos
sempre ter em mente que os resultados obtidos por meio de uma análise são tão precisos quanto permitam as
hipóteses assumidas na simplificação do problema. Logo, a solução obtida não deve ser aplicada a situações que
não correspondem às hipóteses adotadas originalmente.
Uma solução que não é totalmente consistente com o observado na natureza do problema indica que o modelo
matemático utilizado é muito grosseiro. Nesse caso, um modelo mais realista pode ser elaborado com a eliminação
de uma ou mais das hipóteses questionáveis. Isso resultará em um problema mais complexo e, portanto, mais difícil
de resolver. Assim, qualquer solução do problema deve ser interpretada no contexto de sua formulação.

1-3 CALOR E OUTRAS FORMAS DE ENERGIA


Existem várias formas de energia, como térmica, mecânica, cinética, potencial, elétrica, magnética, química e
nuclear, e a soma delas constitui a energia total "E" (ou "e" por unidade de massa) de um sistema. As formas de
energia relacionadas com a estrutura molecular de um sistema e com o grau de atividade molecular são chamadas
de energia microscópica. A soma de todas as formas microscópicas de energia é denominada energia interna "U"
do sistema (ou "u" por unidade de massa).
No Sistema Internacional (SI), a unidade de energia é o joule (J) ou quilojoule (1 kJ = 1.000 J). No sistema inglês, a
unidade de energia é o British thermal unit (Btu), definida como a energia necessária para elevar a temperatura em
1 °F de 1 lbm de água a 60 °F. As magnitudes de 1 kJ e 1 Btu são praticamente as mesmas (1 Btu = 1,055056 kJ).
Outra unidade de energia bem conhecida é a caloria (1 cal = 4,1868 J), definida como a energia necessária para
aumentar a temperatura em 1 °C de 1 g de água a 14,5 °C.
A energia interna pode ser entendida como a soma das energias cinética e potencial das moléculas. A parte da
energia interna associada com a energia cinética das moléculas é denominada energia sensível ou calor sensível. A
velocidade média e o grau de atividade das moléculas são proporcionais à temperatura. Assim, em altas
temperaturas, as moléculas têm energia cinética alta, e, consequentemente, o sistema apresenta alta energia
interna.
A energia interna é também associada com as forças intermoleculares entre as moléculas de um sistema. Essas
forças ligam as moléculas umas às outras e, como previsto, são mais fortes em sólidos e mais fracas em gases. Se
energia suficiente for adicionada às moléculas de um sólido ou líquido, ela romperá essas forças moleculares e
transformará o sistema em gás. Tal processo é denominado mudança de fase, e, por causa dessa energia
adicionada, o sistema na fase gasosa tem um nível de energia interna maior que na fase sólida ou líquida. A energia
interna associada com a fase de um sistema é chamada de energia latente ou calor latente.
Essas mudanças podem ocorrer sem alteração na composição química do sistema. A maioria dos problemas de
transferência de calor se enquadra nessa categoria, de forma que não é necessário prestar atenção nas forças de
ligação dos átomos nas moléculas. A energia interna associada às ligações dos átomos na molécula é denominada
energia química ou de ligação, enquanto a energia interna associada com as ligações dentro do núcleo de um
átomo é denominada energia nuclear. As energias química e nuclear são absorvidas ou liberadas durante reações
químicas ou nucleares, respectivamente.
Na análise de sistemas que envolvem fluxo de fluidos, frequentemente encontramos a combinação das
propriedades u e Pv. Por questão de simplicidade e conveniência, essa combinação é definida como entalpia h,
isto é, h = u + Pv, onde Pv representa a energia de escoamento do fluido (também denominada trabalho de
bombeamento), que é a energia necessária para impulsionar um fluido e manter o escoamento. Na análise da
energia de fluidos escoando, é conveniente tratar a energia de escoamento como parte da energia do fluido e
representar a energia microscópica do fluido escoando pela entalpia h (Fig. 1-8).

FIGURA 1-8 A energia interna u representa a energia microscópica de um fluido em repouso, enquanto a
entalpia h representa a energia microscópica de um fluido em movimento.

Calor específico de gás, líquido e sólido


Lembre-se de que o gás ideal é definido como um gás que obedece à seguinte relação:

onde P é a pressão absoluta; v, o volume específico; T, a


(1-1) temperatura termodinâmica ou absoluta; p, a densidade; e
R, a constante universal dos gases.
Tem-se observado experimentalmente que essa relação para os gases ideais representa uma boa aproximação do
comportamento das variáveis de estado P-v-T para gases reais com baixas densidades. Em baixas pressões e altas
temperaturas, a densidade de um gás decresce, e este se comporta como um gás ideal. No intervalo de interesse
prático, muitos gases familiares, como ar, nitrogênio, oxigênio, hidrogênio, hélio, argônio, neônio e criptônio, e até
gases mais pesados, como o dióxido de carbono, podem ser tratados como gases ideais com erro desprezível
(frequentemente menor que 1%). Gases densos como vapor de água em usinas térmicas de potência e vapor de
fluido refrigerante nos refrigeradores não podem, todavia, ser sempre tratados como gases ideais, uma vez que
eles normalmente estão em um estado próximo da saturação.
Lembre-se de que o calor específico é definido como a energia necessária para aumentar a temperatura em um
grau de uma unidade de massa de dada substância (Fig. 1-9). Em geral, essa energia depende de como o processo é
executado. Normalmente, estamos interessados em dois tipos de calor específico: calor específico a volume
constante cv e calor específico a pressão constante cp. O calor específico a volume constante cv pode ser entendido
como a energia necessária para elevar a temperatura em um grau de unidade de massa de dada substância,
mantendo seu volume constante. A energia necessária para fazer o mesmo, porém com a pressão constante, é
justamente o calor específico a pressão constante cp.
O calor específico a pressão constante cp é maior que cv, uma vez que, em um processo isobárico, ocorre uma
expansão, e a energia para esse trabalho de expansão também deve ser fornecida ao sistema. Para gases ideais,
esses dois calores específicos estão relacionados por meio de: cp = cv + R.

FIGURA 1-9 A unidade comumente utilizada para calor específico


Calor específico é a energia é kJ/kg.°C ou kJ/kg.K.
necessária para elevar a Note que essas duas unidades são idênticas, uma vez
temperatura em um grau que delta_T(°C) = delta_T(K), ou seja, a variação na
de uma unidade de massa temperatura de 1 °C é equivalente à variação de 1 K.
de uma substância por meio Além disso:
de processo específico.
1 kJ/kg.°C = 1 J/g.°C = 1 kJ/kg.K = 1 J/g.K

O calor específico de uma substância depende, em


FIGURA 1-10 geral, de duas propriedades independentes, como
O calor temperatura e pressão. No entanto, para um gás
específico de ideal, o calor específico depende apenas da
uma temperatura (Fig. 1-10). Em baixas pressões, todos os
substância gases reais se aproximam do comportamento de gás
muda com a ideal, logo seus calores específicos dependem apenas
temperatura. da temperatura.
As variações diferenciais na energia interna u e entalpia h de um gás ideal podem ser expressas em calores
específicos, como:

(1-2)
As variações finitas na energia interna e entalpia para um gás ideal durante um processo podem ser expressas,
aproximadamente, usando valores do calor específico para a temperatura média, ou seja:

(1-3)

ou (1-4)
onde m é a massa do sistema.
Uma substância cujo volume específico (ou densidade) não varia com a temperatura ou pressão é denominada
substância incompressível. Como o volume específico dos sólidos e líquidos permanece praticamente constante
durante um processo, eles podem ser aproximados como substâncias incompressíveis sem muita perda de
precisão.
Os valores dos calores específicos, tanto pressão como volume constante, são iguais para substâncias
incompressíveis (Fig. 1-11). Dessa forma, para líquidos e sólidos, os subscritos em cp e cv , podem ser suprimidos e
representados por um único símbolo c. Isto é, cp ~= cv ~= c .
Esse resultado também pode ser deduzido da definição física de calor específico a volume constante e calor
específico a pressão constante. Calores específicos de vários gases líquidos e sólidos são fornecidos no Apêndice.

Os calores específicos de substâncias incompressíveis dependem apenas da temperatura. Assim, a variação da


energia interna de sólidos e líquidos pode ser expressa por:
(1-5)
FIGURA 1-11 onde cmed é o calor específico médio calculado no
Os valores de cv intervalo de temperatura considerado. Note que a
e cp de variação de energia interna de sistemas que
substâncias permanecem, durante o processo, em uma única fase
incompressíveis (líquido, sólido ou gasoso) pode ser facilmente
são iguais e determinada pela utilização de calores específicos
representados
médios.
por c.

Transferência de energia
Energia pode ser transferida de ou para uma massa por meio de dois mecanismos: transferência de calor Q e
trabalho W. A transferência de energia é considerada transferência de calor quando a força motriz é a diferença de
temperatura. Caso contrário, a transferência de energia é trabalho. Um pistão subindo, um eixo girando e um fio
elétrico atravessando as fronteiras do sistema são todos associados com trocas do tipo trabalho. Trabalho por
unidade de tempo é chamado de potência e representado por . A unidade de potência é W (watt) ou hp (1 hp =
746 W). Motores de automóveis e turbinas hidráulicas a vapor e a gás produzem trabalho, e compressores, bombas
e misturadores consomem trabalho. Note que a energia do sistema decresce com trabalho realizado e aumenta
com trabalho efetuado nele.
Em nosso cotidiano, frequentemente fazemos menção às formas sensível e latente de energia interna como calor e
falamos sobre a quantidade de calor dos corpos (Fig. 1-12). Entretanto, em termodinâmica, essas formas de energia
são usualmente denominadas energia térmica, para prevenir qualquer confusão com transferência de calor.

FIGURA 1-12
As formas sensível e latente da energia
interna podem ser transferidas como
resultado da diferença de temperatura e são
denominadas CALOR ou ENERGIA TÉRMICA.
O termo calor e as expressões associadas, como fluxo de calor, calor recebido, calor rejeitado, calor absorvido,
ganho de calor, perda de calor, calor armazenado, geração de calor, aquecimento elétrico, calor latente, calor
corpóreo e fonte de calor, são comumente utilizados, e a tentativa de substituir a palavra calor nessas expressões
por energia térmica teve apenas um limitado sucesso. Tais expressões estão profundamente enraizadas em nosso
vocabulário e são utilizadas tanto por pessoas comuns quanto por cientistas, sem causar nenhum mal-entendido.
Por exemplo, a expressão calor corpóreo (ou de um corpo) é entendida como a energia térmica contida no corpo.
Da mesma forma, a expressão fluxo de calor é entendida como a transferência de energia térmica, e não como o
fluxo de uma substância do tipo fluido chamado calor, embora esta última interpretação incorreta, fundamentada
na teoria do calórico, seja a origem da frase. O calor transferido para um sistema também é frequentemente
referido como calor recebido, e o transferido para fora do sistema é denominado calor rejeitado.

Adotando a prática corrente, iremos referir energia térmica como calor e a transferência de energia térmica como
transferência de calor. A quantidade de calor transferido durante determinado processo é representada por Q. A
quantidade de calor transferido por unidade de tempo é denominada taxa de transferência de calor e representada
por . O ponto acima da letra significa derivada temporal ou "por unidade de tempo".
A taxa de transferência de calor tem como unidade J/s, que é equivalente a W.
Quando a taxa de transferência de calor é conhecida, a quantidade total de calor transferido Q, em dado
intervalo de tempo , pode ser determinada por

(1-6)

desde que a dependência de com o tempo seja conhecida. Para o caso especial em que é constante, essa
equação se reduz a:

(1-7)

A taxa de transferência de calor por unidade de área normal à direção da transferência de calor é denominada
FLUXO DE CALOR, e o fluxo de calor médio é dado por (Fig. 1-13)

(1-8) onde A é a área de


transferência de
calor.
FIGURA 1-13
Fluxo de calor é o calor A unidade de fluxo de calor no
transferido por sistema inglês é Btu/h.pe2.
unidade de tempo e Note que o fluxo de calor pode
por unidade de área, e variar com o tempo, assim
é igual a , como a posição na superfície.
admitindo-se
uniforme na área A.

EXEMPLO 1-1 Aquecimento de uma esfera de cobre


Uma esfera de cobre de 10 cm de diâmetro deve ser
aquecida de 100 °C até a temperatura média de 150 °C em FIGURA 1-14
30 minutos (Fig. 1-14). Admitindo que os valores médios da Esquema para
densidade e do calor específico da esfera são ρ= 8.950 o Exemplo 1-1.
kg/m3 e cp = 0,395 kJ/kg.°C, respectivamente, determine:
(a) a quantidade total do calor transferido para a esfera de
cobre, (b) a taxa média do calor transferido para a esfera e
(c) o fluxo médio de calor.
SOLUÇÃO Uma esfera de cobre deve ser aquecida de 100 °C para 150 °C. Determinar a transferência total de calor,
a taxa média de transferência de calor e o fluxo médio de calor.
Suposições. Assumir valores constantes das propriedades do cobre para a temperatura média.

Propriedades. Os valores médios da densidade e do calor específico do cobre são ρ = 8.950 kg/m3 e cp = 0,395 kJ/
kg.°C, respectivamente.

Análise (a) A quantidade de calor transferido para a esfera de cobre é simplesmente a variação da energia interna e
pode ser determinada por:
Energia transferida para o sistema = Aumento de energia do sistema

onde

substiuindo,

Dessa forma, é necessário transferir 92,6 kJ de calor para a esfera de cobre para aquecê-la de 100ºC para 150ºC.
(b) A taxa de transferência de calor geralmente varia com o tempo durante o processo. Entretanto, podemos
determinar a taxa MÉDIA de transferência calor dividindo a quantidade de calor transferida pelo intervalo de tempo
correspondente. Logo,

(c) Fluxo de calor é definido como o calor transferido por unidades de tempo e de área, ou taxa de transferência de
calor por unidade de área. Assim, o fluxo médio de calor, nesse caso, é

Discussão Note que o fluxo de calor pode variar com a posição na superfície. O valor obtido é o fluxo de calor
médio sobre toda superfície da esfera.

1-4 PRIMEIRA LEI DA TERMODIN MICA


A primeira lei da termodinâmica, também conhecida como princípio da conservação de energia, estabelece que a
energia não pode ser criada nem destruída durante um processo; pode apenas mudar de forma. Assim, toda
quantidade de energia deve ser computada durante um processo. O princípio da conservação de energia (ou
balanço de energia) para qualquer sistema sofrendo qualquer processo pode ser expresso da seguinte maneira:
A variação líquida (aumento ou diminuição) na energia total de um sistema durante um processo é igual à diferença
entre a energia total recebida e a energia total rejeitada pelo sistema durante o processo. Isto é,

(1-9)

Note que a energia pode ser transferida para, ou do sistema por meio de calor, trabalho e fluxo de massa, e que
a energia total de um sistema simples e compressível é a soma das energias interna, cinética e potencial, e o
BALANÇO DE ENERGIA para qualquer sistema sofrendo qualquer processo pode ser expresso como:

(1-10)
ou na forma de TAXAS, como

(1-11)

Energia é uma propriedade, e o valor de uma propriedade não varia, a menos que o estado do sistema mude. Dessa
forma, a variação da energia de um sistema será nula ( ) se o estado do sistema não mudar durante o
processo, isto é, se for um processo em regime permanente. O balanço de energia, nesse caso, se reduz a (Fig. 1-15)
forma da taxa em regime permanente:

(1-12)

FIGURA 1-15
Em processos de
regime permanente, a
taxa de energia
transferida que entra
em um sistema é igual
à taxa de energia que
sai dele.

Na ausência de efeitos significativos de eletricidade, magnetismo, movimento, gravidade e tensão superficial (isto é,
para sistemas compressíveis simples e estacionários), a variação da energia total de um sistema durante um
processo é simplesmente a mudança na energia interna. Isto é,

Na análise de transferência de calor, normalmente estamos interessados apenas nas formas de energia que podem
ser transferidas como resultado de uma diferença de temperatura, isto é, calor ou energia térmica. Nesses casos, é
conveniente escrever um balanço de calor e representar as conversões de energia nuclear, química, mecânica e
elétrica em energia térmica, como calor gerado. O balanço de energia pode, nesse caso, ser escrito assim:

(1-13)

Balanço de energia para sistemas fechados (massa constante)


Um sistema fechado é um sistema de massa constante. Na prática, a energia total E da maioria dos sistemas
consiste em energia interna U, especialmente no caso dos sistemas estacionários, uma vez que eles não sofrem
nenhuma mudança em sua velocidade ou elevação durante o processo. A relação para o balanço de energia, nesses
casos, se reduz a:
Sistema estacionário fechado: (1-14)
onde expressamos a variação da energia interna em massa m , do calor específico a volume constante cv , e a
variação da temperatura ∆Τ do sistema. Quando ocorre apenas transferência de calor no sistema sem a
ocorrência de trabalho por meio de suas fronteiras, a relação para o balanço de energia se reduz ainda mais a
(Fig. 1-16)

Sistema estacionário fechado (trabalho nulo): (1-15)


onde Q é a quantidade líquida de transferência de calor para ou do sistema. Essa é a forma de balanço de energia
que usaremos com maior frequência quando tratarmos de sistemas de massa fixa.
FIGURA 1-16
Na ausência de trabalho, a
variação na quantidade de
energia de um sistema
fechado é igual à quantidade
líquida de calor transferido.

Balanço de energia para sistemas de escoamento em regime permanente


Um grande número de equipamentos de engenharia, como aquecedores de água e radiadores de automóveis,
envolve fluxo de massa para dentro e para fora do sistema e são modelados utilizando o conceito de volume de
controle. A maioria dos volumes de controle é estudada sob condições de operações estacionárias. A expressão
regime permanente significa invariância no tempo, em um determinado ponto. O contrário de regime permanente
é transiente. O termo uniforme implica invariância com a posição ao longo de uma superfície ou região em dado
instante. Esses significados são consistentes com as suas utilizações cotidianas (namorada fixa, distribuição
uniforme, etc.). A quantidade total de energia de um volume de controle durante um processo com escoamento
em regime permanece constante ( Ecv = constante ). Isto é, a variação da energia total do volume de controle em
tais processos é nula ( ∆Ecv = 0 ). Assim, a quantidade de energia que entra em um volume de controle, em todas
as formas (calor, trabalho, transferência de massa), em um processo em regime permanente, deve ser igual à
quantidade de energia que sai do sistema.
A quantidade de massa que flui por meio de uma seção transversal de um dispositivo, por unidade de tempo, é
denominada vazão mássica e representada por . Um fluido pode escoar para dentro ou para fora do volume de
controle, por meio de dutos ou tubulações. A vazão mássica do fluido que escoa em um duto é proporcional à área
de seção transversal Ac do duto, à densidade ρ e à velocidade V do fluido. A vazão mássica por meio de uma área
diferencial dAc pode ser expressa como

onde Vn é o componente da velocidade normal a dAc . A vazão mássica por meio de toda seção transversal é
obtida pela integração sobre Ac .

O escoamento de um fluido em um duto pode frequentemente ser considerado unidimensional, isto é, as


propriedades podem variar em uma única direção (direção do escoamento). Como resultado, todas as propriedades
são consideradas uniformes em qualquer seção normal à direção do escoamento e são tratadas como valores
médios de mistura para toda seção transversal. Para uma aproximação unidimensional do escoamento, a vazão
mássica de um fluido escoando em um duto pode ser expressa por (Fig. 1-17):

(1-16)
onde ρ é a densidade do fluido; V, a velocidade média na direção do escoamento; Ac , a área da seção do duto.

FIGURA 1-17
A vazão mássica de um fluido em uma seção
transversal é igual ao produto da densidade do
fluido com a velocidade média do fluido e com
a área de seção transversal.

O volume do fluido que escoa por meio de um duto por unidade de tempo é denominado vazão volumétrica e
expresso como

(1-17)
Note que a vazão mássica de um fluido em um duto permanece constante durante o escoamento permanente, o
que não é o caso para a vazão volumétrica, a menos que a densidade do fluido permaneça constante.
Para sistemas com escoamento em regime permanente com entrada e saída, a vazão mássica que entra no volume
de controle deve ser igual à vazão mássica que sai, ou seja,

Quando as variações na energia cinética e potencial forem desprezíveis, o que normalmente ocorre, e não houver
incidência de trabalho, o balanço de energia para esse escoamento em regime permanente se reduzirá a (Fig. 1-18).

(1-18)
onde é a taxa líquida de calor transferido para dentro ou fora do volume de controle. Essa é a representação para
o balanço de energia que usaremos frequentemente para sistemas com escoamento em regime permanente.

FIGURA 1-18
Sob condições de regime permanente,
a taxa líquida de energia transferida
para um fluido em um Volume de
Controle é igual à taxa de aumento da
energia do fluido que escoa por meio
do Volume de Controle.

Balanço de energia em superfícies


Como mencionado no início do capítulo, o calor é transferido por mecanismos de condução, convecção e radiação,
o que altera, muitas vezes, os veículos de transferência de um meio para outro. Por exemplo, o calor conduzido
para superfície externa da parede de uma casa no inverno sofre convecção para o ar frio externo enquanto irradia
para o ambiente frio. Nesses casos, é necessário observar as trocas de energia na superfície, com aplicação do
princípio da conservação da energia na superfície.
Uma superfície não contém volume nem massa, portanto não contém energia. Assim, uma superfície pode ser
visualizada como um sistema fictício cuja quantidade de energia permanece constante durante um processo (como
sistema estacionário ou escoamento em regime permanente). Então, o balanço de energia na superfície pode ser
expresso por:
Balanço de energia na superfície: (1-19)
Essa relação é válida para ambas as condições, permanente e transiente, e o balanço de energia na superfície não
envolve geração de calor, uma vez que superfícies não apresentam volume. O balanço de energia na superfície
externa da parede na Fig. 1-19, por exemplo, pode ser expresso como

(1-20)
onde é a condução por meio da parede até a superfície; , a convecção a partir da superfície para
o ar externo; e , a radiação líquida da superfície para o ambiente adjacente.

Quando as direções das trocas são desconhecidas, todas as trocas de energia podem ser assumidas como dirigidas
para a superfície, e, assim, o balanço de energia na superfície pode ser expresso como . Observe que
as trocas no sentido oposto resultarão em valores negativos, balanceando, assim, a equação.

FIGURA 1-19
Trocas de energia
na superfície
externa da parede
de uma casa.
EXEMPLO 1-2 Resfriamento de chapas de aço inoxidável
Uma chapa contínua de aço inoxidável AISI 304 em aquecimento é transportada com velocidade constante de 1 cm/s
para dentro de uma câmara, para ser resfriada (Fig. 1-20). O aço inoxidável da chapa tem 5 mm de espessura e 2 m de
largura. A chapa entra na câmara e sai dela a 500 K e 300 K, respectivamente. Determine a taxa de perda de calor da
chapa de aço no interior da câmara.

FIGURA 1-20
Esquema para o Exemplo 1-2.

SOLUÇÃO Determinar a taxa de perda de calor transmitida a partir de uma chapa de aço inoxidável dentro de uma câmara.
Suposições: 1 Existem condições de operação constante. 2 A folha de aço inoxidável tem propriedades constantes.
3 As alterações em energia cinética e potencial são desprezíveis.
Propriedades O calor específico a pressão constante do aço inoxidável AISI 304 na temperatura média (500+300)/2
= 400 K é 515 J/kg.K . A densidade do aço inoxidável AISI 304 é 7900 kg/m3 (Tab. A-3).
Análise A massa da chapa de aço inoxidável transportada entra na câmara e sai dela a uma taxa de

A taxa de perda de calor da chapa de aço inoxidável na câmara pode ser determinada como

Discussão A chapa de aço inoxidável a ser transportada dentro e fora da câmara é tratada como volume de controle.

EXEMPLO 1-3 Perda de calor em dutos de aquecimento, em um porão


Um trecho de 5 m de comprimento de sistema de aquecimento de ar passa por um espaço não aquecido em um
porão (Fig. 1-21). A seção transversal do duto retangular mede 20 cm x 25 cm. Ar quente entra no duto a 100 kPa e
60 °C, com velocidade média de 5 m/s. A temperatura do ar no duto cai para 54 °C, como resultado da perda de
calor para o espaço frio do porão. Determine a taxa de perda de calor do ar no duto para o porão frio sob condições
de regime permanente. Determine também o custo dessa perda de calor por hora, uma vez que a casa é aquecida
por uma fornalha de gás natural cuja eficiência é de 80%, em uma região onde o custo do gás natural é de US$
1,60/therm (1 therm = 105.500 kJ).

FIGURA 1-21
Esquema para o
Exemplo 1-3.

SOLUÇÃO A temperatura do ar no duto de aquecimento da casa diminui como resultado da perda de calor para o
espaço frio do porão. Determinar a taxa de perda de calor do ar quente e o custo correspondente.
Suposições 1 Existem condições de operação em regime permanente. 2 O ar pode ser considerado um gás ideal
com propriedades constantes em temperatura ambiente.
Propriedades. O calor específico com pressão constante do ar para temperatura média de (54 +60)/2 = 57 °C é de
1,007 kJ/kg.K (Tab. A-15).

Análise: Tomamos o trecho do sistema de aquecimento dentro do porão como um sistema com escoamento em
regime permanente. A taxa de perda de calor do ar no duto pode ser determinada por:

onde é a vazão mássica; e , a queda de temperatura. A densidade do ar nas condições de entrada é:

A área de seção transversal do duto é:

Logo, a vazão mássica de ar no interior do duto e a taxa de perda de calor são:

ou 5.688 kJ/h. O custo para o proprietário dessa perda de calor é:

Discussão A perda de calor pelo duto de aquecimento no porão custa para o proprietário da casa 10,8 centavos de
dólar por hora. Admitindo que o aquecedor funcione 2.000 horas durante a temporada de aquecimento, o custo
anual da perda de calor é de US$ 216. A maior parte desse dinheiro poderia ser economizada isolando o duto de
aquecimento nas áreas não aquecidas.

EXEMPLO 1-4 Aquecimento elétrico de uma casa em altitude elevada

FIGURA 1-22
Esquema para o Exemplo 1-4.

Considere uma casa que tem um piso com área de 200 m2 e altura média de 3 m a uma elevação de 1.500 m, onde
a pressão atmosférica é de 84,6 kPa (Fig. 1-22). Inicialmente, a casa está a uma temperatura uniforme de 10 °C.
Então, liga-se o aquecedor elétrico até o ar no interior da casa atingir a temperatura média de 20 °C. Determine a
quantidade de energia transferida para o ar, admitindo que (a) a casa é bem vedada e o ar do interior não escapa
para fora durante o processo de aquecimento, e (b) alguma quantidade de ar escapa pelas fendas quando o ar
aquecido no interior da casa expande-se com pressão constante. Determine também o custo do aquecimento para
cada caso, considerando que o custo da eletricidade na região é de US$ 0,075/kWh.
SOLUÇÃO O ar no interior da casa é aquecido por um aquecedor elétrico. A quantidade e o custo da energia
transferida para o ar devem ser determinados para os casos de pressão e volume constantes.
Suposições. (1) 0 ar pode ser tratado como um gás ideal com propriedades constantes. (2) A perda de calor durante
o processo de aquecimento é desprezível. (3) O volume ocupado pela mobília e por outros itens no interior da casa
é desprezível.
Propriedades Os calores específicos do ar na temperatura média de (10 + 20)/2 = 15 °C são cp = 1,007 kJ/kg.K e cv
= cp - R = 0,720 kJ/kg.K (Tabs. A-1 e A-15).
Análise O volume e a massa do ar no interior da casa são:

(a) A quantidade de energia transferida para o ar em processo a volume constante é simplesmente a variação da
energia interna:

Dado o custo de US$ 0,075/kWh, o custo total dessa energia é:

(b) A quantidade de energia transferida para o ar com pressão constante é a variação na entalpia:

Dado o custo de US$ 0,075/kWh, o custo total dessa energia é:

Discussão: O custo é de 10 centavos no primeiro caso e 14 centavos no segundo, para aquecer o ar do interior da
casa de 10 °C para 20 °C. A segunda resposta é mais realista, uma vez que toda a casa tem fendas, especialmente
no contorno de portas e janelas, além de a pressão no interior dela permanecer essencialmente constante durante
o processo de aquecimento. Assim, a segunda abordagem é usada na prática. Essa abordagem conservadora
superestima um pouco a quantidade de energia usada, já que alguma quantidade de ar escapa pelas fendas antes
de ser aquecida a 20 °C.

1-5 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


Na Seção 1-1, definimos calor como a forma de energia que pode ser transferida de um sistema para outro como
resultado da diferença de temperatura. A análise termodinâmica trata da quantidade de calor transferido quando
um sistema passa de um estado de equilíbrio para outro. A ciência que se preocupa com a determinação das taxas
de transferências de energia é a transferência de calor. A transferência de energia, como calor, ocorre do meio de
maior temperatura para o de menor temperatura e cessa quando os dois meios atingem a mesma temperatura.
O calor pode ser transferido de três diferentes modos: condução, convecção e radiação. Todos os modos de
transferência de calor exigem a existência da diferença de temperatura e todos ocorrem da maior para a menor
temperatura. A seguir, apresentamos uma breve descrição de cada modo. Um estudo detalhado desses modos de
transferência é apresentado nos capítulos seguintes.

1-6 CONDUÇÃO
Condução é a transferência de energia das partículas mais energéticas de uma substância para partículas vizinhas
adjacentes menos energéticas, como resultado da interação entre elas. A condução pode ocorrer em sólidos,
líquidos ou gases.
Em líquidos e gases, a condução deve-se às colisões e difusões das moléculas em seus movimentos aleatórios. Nos
sólidos, ela acontece por causa da combinação das vibrações das moléculas em rede, e a energia é transportada
por elétrons livres. Uma lata com bebida gelada em um ambiente quente, por exemplo, normalmente aquece até a
temperatura do ambiente, como resultado da transferência de calor do ambiente para a bebida por meio da
condução térmica pelo alumínio da lata.
A taxa de condução de calor por um meio depende da geometria, da espessura, do tipo de material e da diferença
de temperatura a que o meio está submetido. Quando envolvemos um tanque de água quente com lã de vidro
(material isolante térmico), reduzimos sua taxa de perda de calor. Quanto maior for o isolamento, menor será a
perda de calor. Um tanque de água quente perde calor a uma taxa maior quando a temperatura do ambiente em
que se encontra é reduzida. Além disso, quanto maior for o tanque, maior será a área superficial, logo, maior será a
taxa de perda de calor.
FIGURA 1-23 Considere a condução de calor em regime permanente através de
Condução de uma grande parede plana de espessura delta_x = L e área A, como
calor através de mostra a Fig. 1-23. A diferença de temperatura através da parede é
uma grande
delta_T = T2 - T1. Experimentos têm mostrado que a taxa de
parede plana de
espessura delta_x transferência de calor Q_ponto através da parede dobra quando a
e área A. diferença de temperatura delta_T ou a área A normal em direção da
transferência de calor é dobrada, mas é reduzida à metade quando
a espessura da parede L é dobrada. Assim, concluímos que a taxa de
condução de calor através de uma camada plana é proporcional à
diferença de temperatura através da camada e à área de transferência de calor, mas inversamente proporcional à
espessura da camada. Ou seja,

ou (1-21)
onde a constante de proporcionalidade k é a condutividade térmica do material, que é a medida da capacidade do
material de conduzir calor (Fig. 1-24). No caso limite de delta_x → 0, a Eq. 1-21 se reduz à forma diferencial

FIGURA 1-24
A taxa de condução
de calor por meio de
um sólido é (1-22)
diretamente
proporcional à sua que é denominada lei de Fourier
condutividade da condução térmica, em
térmica k.
referência a J. Fourier (Fig. 1-25),
que a expressou pela primeira
vez em seu livro sobre transferência de calor, em 1822. Aqui, dT/dx é o gradiente de temperatura, que é a inclinação
da curva no gráfico T-x (taxa de variação de T com relação a x) na coordenada x. A relação acima indica que a taxa de
condução de calor em dada direção é proporcional ao gradiente de temperatura na mesma direção. O calor é
conduzido no sentido da temperatura decrescente, e o gradiente de temperatura torna-se negativo quando a
temperatura decresce com o aumento de x. O sinal negativo na Eq. 1-22 assegura que a transferência de calor no
sentido positivo de x seja uma quantidade positiva.
FIGURA 1-26 A área de transferência de calor A é sempre normal à
Na análise de direção da transferência de calor. Para a perda de calor em
condução de calor, A uma parede de 5m de comprimento, 3m de altura e 25cm
representa a área de espessura, por exemplo, a área de transferência de
normal à direção da calor é A=15m2. Observe que a espessura da parede não
transferência de tem efeito sobre A (Fig. 1-26).
calor.
FIGURA 1-25
Jean Baptiste Joseph Fourier (1768-1830), matemático e físico, nasceu em Auxerre, França. Ele é mais
conhecido por seu trabalho na série infinita de funções trigonométricas que levam seu nome e pelo
desenvolvimento da teoria matemática de condução calor. Fourier estabeleceu a equação diferencial
parcial que rege a difusão de calor, resolvendo isso pelo uso da série de Fourier. A transformada de Fourier,
o número de Fourier e a lei de Fourier sobre condução de calor foram nomeados em sua honra. Credita-se
também a ele a descoberta do fenômeno do efeito estufa em 1824. (Foto do Museu Deutsches.)

EXEMPLO 1-5 Custo da perda de calor através de um telhado


O telhado de uma casa com aquecimento elétrico tem 6 m de
comprimento, 8m de largura e 0,25m de espessura e é feito de uma
camada plana de concreto cuja condutividade térmica é k=0,8W/m.K
(Fig. 1-27). As temperaturas das faces interna e externa do telhado,
medidas em uma noite, são 15°C e 4°C, respectivamente, durante
um período de 10 horas. Determine (a) a taxa de perda de calor
através do telhado naquela noite e (b) o custo dessa perda de calor
para o proprietário, considerando que o custo da eletricidade é de
FIGURA 1-27 Esquema para o Exemplo 1-5.
US$ 0,08/kWh.

SOLUÇÃO. As superfícies interna e externa do telhado plano de concreto de uma casa aquecida por sistema elétrico
são mantidas em dadas temperaturas durante a noite. Determinar o calor perdido através do telhado, bem como o
custo correspondente.
Suposições: (1) Sistema em regime permanente durante toda a noite, uma vez que as temperaturas das superfícies
do telhado permanecem constantes nos valores determinados. (2) As propriedades do telhado são admitidas como
constantes.
Análise: (a) Considerando que a transferência de calor pelo telhado ocorre por condução e sua área é
A=6m*8m=48m2, a taxa de transferência de calor permanente por meio do telhado é:

(b) A quantidade de calor perdido através do telhado durante o período de 10 horas e seu correspondente custo são:

Discussão: Naquela noite, o custo para o proprietário da casa referente à perda de calor através do telhado foi de
US$ 1,35. O total da conta de aquecimento deverá ser muito maior, uma vez que perdas de calor através das
paredes não foram consideradas nos cálculos.

Condutividade térmica
Vimos que diferentes materiais armazenam calor de modo distinto e definimos a propriedade calor específico cp,
como medida da capacidade do material de armazenar energia térmica. Por exemplo, cp=4,18kJ/kg-K para a água e
cp=0,45kJ/kg.°C para o ferro em temperatura ambiente, o que indica que a água pode armazenar quase 10 vezes
mais energia do que o ferro por unidade de massa. Da mesma forma, a condutividade térmica k é a medida da
capacidade de um material conduzir calor. Por exemplo, k=0,607W/m.K para a água e k=80,2W/m.K para o ferro
em temperatura ambiente, o que significa que o ferro conduz calor 100 vezes mais rápido do que a água. Logo,
dizemos que a água é um pobre condutor de calor em relação ao ferro, entretanto a água é um excelente meio
para armazenar energia térmica.
A Eq. 1-21 para a taxa de transferência de calor por condução sob condições permanentes também pode ser
visualizada como uma equação que define a condutibilidade térmica. Assim, a condutividade térmica de um
material pode ser definida como a taxa de transferência de calor por meio de uma unidade de comprimento de um
material por unidade de área por unidade de diferença de temperatura. A condutividade térmica de um material é
a medida da capacidade de o material conduzir calor. Um alto valor de condutividade indica que o material é bom
condutor de calor, enquanto um valor baixo indica que o material é mau condutor de calor ou isolante.
As condutividades térmicas de alguns materiais comuns em temperatura ambiente são dadas na Tab. 1-1. A
condutividade térmica do cobre, em temperatura ambiente é k=401W/m.K, o que indica que uma parede de cobre
de 1 m de espessura deverá conduzir calor a uma taxa de 401 W por m2 de área por K de diferença de temperatura
através da parede. Note que materiais como cobre e prata são bons condutores elétricos e também bons
condutores de calor, com altos valores de condutividade térmica. Materiais como borracha, madeira e isopor são
maus condutores de calor, logo têm valores menores de condutividade.

TABELA 1-1 Uma camada de material de espessura e área conhecidas pode ser
Condutividade térmica de alguns aquecida em um dos lados por um aquecedor de resistência elétrica de
materiais em temperatura ambiente comportamento conhecido. Se a outra face do aquecedor for
apropriadamente isolada, todo o calor liberado pela resistência será
Material k, W/m.K
transferido para o material como um todo, cuja condutividade deve ser
Diamante 2.300
Prata 429
determinada. Assim, medindo a temperatura das duas superfícies do
Cobre 401 material quando a transferência de calor em regime permanente é
Ouro 317 atingida e substituindo na Eq. 1-21 juntamente com outras quantidades
Alumínio 237 conhecidas, obtemos a condutividade térmica (Fig. 1-28).
Ferro 80,2
Mercúrio (L) 8,54 FIGURA 1-28
Vidro 0,78 Arranjo
Tijolo 0,72 experimental
Água (L) 0,607 simples para
Pele humana 0,37 determinar a
Madeira condutividade
(carvalho) 0,17 térmica de um
Hélio (g) 0,152 material.
Borracha macia 0,13
Fibra de vidro 0,043
Ar (g) 0,026
Uretano, espuma
rígida 0,026

A condutividade térmica dos materiais varia ao longo de ampla faixa, como mostra a Fig. 1-29. A condutividade térmica de
gases como o ar pode variar por um fator de 10^4 em relação aos metais puros, como o cobre. Observe que cristais puros e
metais têm os maiores valores de condutividade térmica, enquanto gases e materiais isolantes têm os menores.

FIGURA 1-29
Faixa de
condutividade
térmica de
diversos
materiais em
temperatura
ambiente.
A temperatura é uma medida da energia cinética de partículas como moléculas ou átomos de uma substância. Em
líquidos ou gases, a energia cinética das moléculas é devida aos movimentos translacional aleatório, rotacional e
vibracional. Quando duas moléculas detentoras de energias cinéticas distintas colidem, parte da energia cinética da
partícula mais energética (maior temperatura) é transferida para a menos energética (menor temperatura), de
modo semelhante à colisão de duas bolas elásticas de mesma massa, mas com velocidades diferentes, quando
parte da energia cinética da mais veloz é transferida para a outra menos veloz. Quanto maior a temperatura, mais
rápido é o movimento das moléculas e maior o número de colisões; assim, melhor é a transferência de calor.
A teoria cinética dos gases prediz, e os experimentos confirmam, que a condutividade térmica dos gases é
proporcional à raiz quadrada da temperatura termodinâmica T e inversamente proporcional à raiz quadrada da
massa molar M. Portanto, para um gás específico (M fixo), a condutividade térmica aumenta com o aumento da
temperatura e, em temperatura fixa, diminui com o aumento de M. Por exemplo, a uma temperatura fixa de 1000
K, a condutividade térmica do hélio (M = 4) é 0,343 W/m.K e a do ar (M = 29) é 0,0667 W/m.K, que é muito menor
do que a do hélio.
As condutividades térmicas de gases na pressão de 1 atm estão listadas na Tab. A-16. Todavia, tais valores também
podem ser utilizados em outras pressões, uma vez que a condutividade térmica dos gases é independente da
pressão em um grande intervalo de pressões encontradas na prática.
O mecanismo da condução do calor em um líquido é complicado por causa da maior proximidade das moléculas,
que permite um forte campo de força intermolecular. As condutividades térmicas de líquidos normalmente estão
no intervalo entre os valores de sólidos e gases. Em geral, a condutividade térmica de uma substância é maior na
fase sólida e menor na gasosa. Diferentemente dos gases, a condutividade térmica da maioria dos líquidos decresce
com o aumento da temperatura, sendo a água uma notável exceção. Como os gases, a condutividade térmica dos
líquidos decresce com o aumento da massa molar. Metais líquidos como o mercúrio e o sódio têm alto valor de
condutividade e são bastante adequados para o uso em aplicações nas quais a alta taxa de transferência de calor
para líquido é desejada, como em usinas nucleares.
Nos sólidos, a condução de calor é devida a dois efeitos: ondas de vibração de rede motivadas pelos movimentos
vibracionais das moléculas arranjadas em posições relativamente fixas, de forma periódica, constituindo redes; e
energia transportada por meio do movimento livre dos elétrons presentes nos sólidos (Fig. 1-30). A condutividade
térmica de sólidos é obtida pela soma do componente de rede e do componente eletrônico. A condutividade
térmica relativamente alta de metais puros se deve principalmente ao componente eletrônico. O componente da
rede da condutividade térmica depende fortemente de como as moléculas são arranjadas. Por exemplo, o
diamante, que é um sólido cristalino altamente ordenado, tem o maior valor conhecido de condutividade térmica
em temperatura ambiente.

FIGURA 1-30 Mecanismos de condução de calor em diferentes fases de uma substância.

Diferentemente dos metais, que são bons condutores de calor e eletricidade, sólidos cristalinos como o diamante e
semicondutores como o silício são bons condutores de calor, mas pobres condutores de eletricidade. Como
resultado, tais materiais encontram uma ampla aplicação na indústria eletrônica. Apesar de seu alto custo,
diamantes são utilizados como dissipadores de calor de dispositivos eletrônicos sensíveis, por causa de sua
excelente condutividade térmica. Óleo e juntas de silício são comumente utilizados na montagem de componentes
eletrônicos, uma vez que ambos apresentam bom contato térmico e bom isolamento elétrico.
Metais puros têm condutividades térmicas elevadas, e até poderíamos pensar que ligas metálicas também
deveriam ter altas condutividades. Seria de esperar que uma liga feita de dois metais com condutividades térmicas
k1 e k2 tivesse condutividade k entre k1 e k2. Mas esse não é o caso. A condutividade térmica de uma liga de dois
metais é normalmente muito menor do que a de cada metal, como mostrado na Tab. 1-2. Mesmo pequenas
quantidades de moléculas estranhas em metais puros, que são bons condutores, podem prejudicar seriamente a
transferência de calor no metal. Por exemplo, a condutividade térmica de aço contendo apenas 1% de cromo é de
62 W/m.K, enquanto as condutividades térmicas do ferro e do cromo são de 83 e 95 W/m.K, respectivamente.
TABELA 1-2 As condutividades térmicas dos materiais variam com a
A condutividade térmica de uma LIGA é temperatura (Tab. 1-3). A variação da condutividade térmica ao
normalmente muito menor que as longo de certos intervalos de temperatura é insignificante para
condutividades térmicas de cada metal dos alguns materiais, mas significativa para outros, como mostrado na
quais é composta.
Fig. 1-31. As condutividades térmicas de certos sólidos exibem um
Metal puro ou liga k , W/(m*K) a 300K
Cobre 401
aumento drástico para temperaturas próximas de zero absoluto,
Níquel 91 quando eles se tornam sólidos supercondutores. Por exemplo, a
Constantan condutividade do cobre atinge um valor máximo de cerca de 20.000
(55% Cu, 45% Ni) 23 W/m.K a 20 K, que é cerca de 50 vezes a condutividade em
Cobre 401 temperatura ambiente. As condutividades térmicas e outras
Alumínio 237 propriedades térmicas de vários materiais são indicadas nas Tabs.
Bronze comercial A-3 a A-17.
(90% Cu, 10% Al) 52
TABELA 1-3
A condutividade térmica
dos materiais varia com a
temperatura.
k , W/(m*K)
T,K Cobre Alumínio
100 482 302
200 413 237
300 401 237
400 393 240
600 379 231
800 366 218

Os valores de condutividade térmica


apresentados nas Tabs. A-3 a A-10 são
apropriados quando as dimensões
físicas do material em consideração
são relativamente grandes. Em
algumas áreas emergentes de
tecnologia, como a microeletrônica,
as dimensões físicas estão na ordem
de micro ou nanômetros. Para essas
aplicações, dimensões físicas
pequenas muito provavelmente
influenciam o valor da condutividade
térmica nos estados sólido e líquido.
Nessas situações, com a diminuição
das dimensões físicas, a média da
distância líquida percorrida pelos
vetores de energia normalmente
FIGURA 1-31 Variação da condutividade térmica de vários sólidos, líquidos diminui, e isso reduz o valor da
e gases com a temperatura. condutividade térmica.
A dependência da condutividade térmica sobre a temperatura resulta em complexidade considerável na análise da
condução. Por isso, é prática comum avaliar a condutividade térmica k na temperatura média e tratá-la como uma
constante nos cálculos.
Na análise da transferência de calor, um material é geralmente considerado isotrópico, isto é, com propriedades
uniformes em todas as direções. Essa hipótese é realista para a maioria dos materiais, exceto aqueles que
apresentam características estruturais diferentes em direções diferentes, tais como materiais compostos de
laminados e madeira. A condutividade térmica da madeira normal em direção à fibra, por exemplo, é diferente da
paralela em direção à fibra.
Difusividade térmica
O produto rho*cp , frequentemente encontrado na análise da transferência de calor, é chamado capacidade
térmica de um material. Tanto o calor específico cp , quanto a capacidade térmica rho*cp , representam a
capacidade de armazenamento de calor de um material. Entretanto, cp representa isso por unidade de massa,
enquanto rho*cp , por unidade de volume, como pode ser notado a partir de suas unidades J/kg.K e J/m3.K ,
respectivamente.
Outra propriedade de um material que aparece na análise da condução de calor transiente é a difusividade térmica,
que representa a velocidade com que o calor se difunde por meio de um material e é definida como

(1-23)

Note que a condutividade térmica k representa como um material conduz bem o calor, e a capacidade térmica
rho*cp , representa quanta energia um material pode armazenar por unidade de volume. Por isso, a difusividade
térmica de um material pode ser entendida como a razão entre o calor conduzido por meio do material e o calor
armazenado por unidade de volume. Um material com alta condutividade térmica ou baixa capacidade térmica terá
obviamente grande difusividade térmica. Quanto maior for a difusividade térmica, mais rapidamente será a
propagação de calor no meio. Um pequeno valor de difusividade térmica indica que a maior parte do calor é
absorvida pelo material e uma pequena quantidade de calor é conduzida adiante.
As difusividades térmicas de alguns materiais comuns a 20 °C são apresentadas na Tab. 1-4. Note que a difusividade
térmica varia de alpha=0,14*10-6 m2/s para água a alpha=149*10-6 m2/s para prata, uma diferença de mais de mil
vezes. Observe também que as difusividades térmicas da carne bovina e da água são as mesmas. Isso não é
surpreendente, uma vez que a carne, os vegetais e as frutas frescas são constituídos principalmente de água e,
portanto, têm as mesmas propriedades térmicas dela.
TABELA 1-4
Difusividade térmica de alguns
FIGURA 1-32
materiais em temperatura ambiente
Aparelho para
Material alpha , m2/s medir a
Prata 149*10-6 condutividade
Ouro 127*10-6 térmica de
Cobre 113*10-6 material usando
Alumínio 97,5*10-6 duas amostras
Ferro 22,8*10-6 idênticas e
Mercúrio (L) 4,7*10-6 aquecedor com
Mármore 1,2*10-6 resistência fina
Gelo 1,2*10-6 (Exemplo 1-6).
Concreto 0,75*10-6
Tijolo 0,52*10-6
Solo denso
(seco) 0,52*10-6
Vidro 0,34*10-6
Lă de vidro 0,23*10-6
Água (L) 0,14*10-6
Bife 0,14*10-6
Madeira
(carvalho) 0,13*10-6

EXEMPLO 1-6 Medição da condutividade térmica de um material

Uma maneira comum de medir a condutividade térmica de um material é fazer um sanduíche de um aquecedor
elétrico entre as duas amostras idênticas do material, como mostrado na Fig. 1-32. A espessura da resistência do
aquecedor, incluindo sua cobertura, feita de borracha de silicone fina, normalmente é inferior a 0,5 mm. Um fluido
de resfriamento circulante, como água da torneira, mantém as extremidades expostas das amostras a uma
temperatura constante. As superfícies laterais das amostras são bem isoladas para garantir que a transferência de
calor por meio das amostras seja unidimensional. Dois termopares são embutidos em cada amostra a uma distância
L entre eles, e um termômetro diferencial mede a queda de temperatura delta_T ao longo de cada uma. Quando as
condições operacionais estáveis são alcançadas, a taxa total de transferência de calor, por meio de ambas as
amostras, torna-se igual à energia elétrica consumida pelo aquecedor.
Em certo experimento, são usadas amostras cilíndricas de 5 cm de diâmetro e 10 cm de comprimento. Dois
termopares são colocados em cada uma com 3 cm de espaçamento. Após o período inicial de transição, observa-se
que o aquecedor elétrico consome 0,4 A em 110 V, e os dois termômetros diferenciais medem uma diferença de
temperatura de 15 °C. Determine a condutividade térmica da amostra.
SOLUÇÃO. Determinar a condutividade térmica de um material para garantir a condução de calor unidimensional,
por meio da medição da temperatura, quando as condições operacionais forem estáveis.
Suposições: (1) Existem condições operacionais estáveis, então as leituras de temperatura não mudam com o
tempo. (2) As perdas de calor por meio das superfícies laterais do aparelho são insignificantes, uma vez que essas
superfícies são bem isoladas e, portanto, todo o calor gerado pelo aquecedor é conduzido por meio das amostras.
(3) O aparelho tem simetria térmica.
Análise: A energia elétrica consumida pela resistência do aquecedor e convertida em calor é

A taxa de fluxo de calor por meio de cada amostra é

então, apenas metade do calor gerado flui por meio de cada amostra por causa da simetria. Lendo a mesma
diferença de temperatura ao longo da mesma distância em cada amostra, também se confirma que o aparelho tem
simetria térmica. A área de transferência de calor é a área perpendicular à direção dessa transferência, que é a área
da seção transversal do cilindro, neste caso

Observando que a temperatura diminui 15 °C ao longo de 3 cm no sentido do fluxo de calor, a condutividade


térmica da amostra pode ser determinada

Discussão: Talvez você esteja se perguntando se realmente precisamos utilizar duas amostras no aparelho, uma vez
que as medições na segunda amostra não fornecem nenhuma informação adicional. Parece que poderíamos
substituir a segunda amostra por um isolamento. Na verdade, não precisamos da segunda amostra, no entanto ela
nos permite verificar a temperatura medida na primeira amostra fornecendo uma simetria térmica, o que reduz o
erro experimental.

EXEMPLO 1-7 Conversão entre unidades no SI e Inglesas


Um engenheiro que está trabalhando na análise da transferência de calor de um edifício construído com tijolos
precisa saber da condutividade térmica do tijolo em unidades inglesas. No entanto, o único valor que ele encontrou
em seus manuais foi 0,72 W/m °C, que está em unidades no SI. Para dificultar ainda mais, o engenheiro não tem o
fator de conversão direta entre os dois sistemas de unidade de condutividade térmica. Você pode ajudá-lo?
SOLUÇÃO: A situação que esse engenheiro está enfrentando não é única, e a maioria dos engenheiros encontra-se,
muitas vezes, em situação idêntica. É preciso ter muito cuidado durante a conversão de unidades para não cair em
armadilhas comuns e evitar erros dispendiosos. Embora a conversão de unidades seja um processo simples, exige
maior atenção e raciocínio cuidadoso.
Os fatores de conversão para W e m são simples e constam em tabelas de conversão
1 W = 3,41214 Btu/h e 1 m = 3,2808 pés
Todavia, a conversão de °C em °F não é tão simples e pode ser uma fonte de erro se não formos cuidadosos.
Imediatamente pensamos em substituir °C por ("F-32)/1,8 , já que T(°C) = [T(°F)-32/1,8. Mas isso está errado, pois o
°C na unidade W/m.°C representa a mudança de temperatura por °C. Como a mudança de 1°C na temperatura
corresponde a 1,8°F, o fator de conversão adequado é 1°C=1,8°F .
Substituindo, obtemos
que é o fator de conversão desejado. Por isso, a condutividade térmica do tijolo em unidades inglesas é

FIGURA 1-33 Discussão: Note que o valor da condutividade térmica de um


O valor da
material em unidades inglesas é cerca da metade que em unidades
condutividade
térmica em unidades
no SI (Fig. 1-33). Observe também que o resultado foi arredondado
inglesas é obtido pela para dois algarismos significativos (o mesmo número que no valor
multiplicação do original), uma vez que expressar o resultado com mais algarismos
valor no SI por significativos (como 0,4160 em vez de 0,42) implicaria falsamente
0,5778. um valor mais exato do que o original.

1-7 CONVECÇÃO
Convecção é o modo de transferência de energia entre a superfície sólida e a líquida ou gás adjacente, que está em
movimento e que envolve os efeitos combinados de condução e de movimento de um fluido. Quanto mais rápido
for o movimento do fluido, maior será a transferência de calor por convecção. Na ausência de qualquer movimento
da massa de fluido, a transferência de calor entre a superfície sólida e o fluido adjacente se dá por pura condução.
A presença de movimento da massa de fluido aumenta a transferência de calor entre eles, mas isso também
dificulta a determinação das taxas de transferência de calor.

FIGURA 1-34 Considere o resfriamento de um bloco


Transferência de quente por ar frio soprando sobre sua
calor de uma superfície superior (Fig. 1-34). O calor é
superfície quente primeiro transferido para a camada de ar
para o ar por adjacente ao bloco por condução. Esse calor
convecção. é, então, transportado para longe da
superfície por convecção, isto é, pelos efeitos
combinados de condução dentro do ar
causados por movimento aleatório das
moléculas do ar e por movimento da massa
ou macroscópico do ar, que remove o ar
aquecido próximo à superfície e o substitui
por ar mais frio.

A convecção é chamada convecção forçada se o


FIGURA 1-35
fluido é forçado a fluir sobre a superfície por meios
Resfriamento de
um ovo quente externos, como ventilador, bomba ou vento. Em
por convecção contrapartida, a convecção é chamada convecção
forçada e natural. natural (ou livre) se o movimento do fluido é
causado por forças de flutuação induzidas por
diferenças de densidade, decorrentes da variação da
temperatura no fluido (Fig. 1-35). Por exemplo, na
ausência da ventoinha, a transferência de calor da
superfície de um bloco quente (Fig. 1-34) se dá por
convecção natural, uma vez que qualquer movimento no ar, nesse caso, será devido à subida do ar mais quente (e,
portanto, mais leve) próximo da superfície e à descida do ar mais frio (e, portanto, mais pesado) para preencher o
seu lugar. A transferência de calor entre o bloco e o ar ao seu redor será por condução se a diferença entre a
temperatura do ar e do bloco não for grande o suficiente para vencer a resistência para o movimento do ar e,
portanto, para iniciar as correntes de convecção natural.
Processos de transferência de calor que envolvem mudança de fase de fluido são igualmente considerados
convecção por causa do movimento de fluido induzido ao longo do processo, como subida de bolhas de vapor
durante a ebulição ou queda de gotículas de líquido durante a condensação.
Apesar da complexidade, observa-se que a taxa de transferência de calor por convecção é proporcional à diferença
de temperatura, sendo convenientemente expressa pela lei de Newton do resfriamento como (Fig. 1-36)
elm=ver fig 1-34 (1-24)
onde h é o coeficiente de transferência de calor por convecção em W/m2.K, é a área da superfície por meio
da qual a transferência de calor por convecção ocorre, é a temperatura da superfície, e é a temperatura
do fluido suficientemente longe da superfície. Note que, na superfície, a temperatura do fluido é igual à
temperatura da superfície sólida.
O coeficiente de transferência de calor por convecção h não é uma propriedade do fluido. Trata-se de um
parâmetro determinado experimentalmente, cujo valor depende de todas as variáveis que influenciam a
convecção, como geometria da superfície, natureza do movimento do fluido, propriedades do fluido e velocidade
da massa de fluido. Valores típicos de h são apresentados na Tab. 1–5.

TABELA 1-5 Algumas pessoas não consideram a convecção um


Valores típicos do coeficiente de transferência de mecanismo fundamental de transferência de calor, uma vez
calor por convecção. que é essencial a condução de calor na presença do
Tipo de convecção h , W/(m2*K) movimento de fluido. Todavia, ainda temos de nomear esse
Convecção livre de gases 2 - 25 fenômeno combinado, a menos que estejamos dispostos a
continuar nos referindo a ele como "condução com
Convecção livre de líquidos 10 - 1.000
movimento de fluido". Assim, é mais prático reconhecer a
Convecção forçada de gases 25 - 250
convecção como um mecanismo separado de transferência
Convecção forçada de líquidos 50 - 20.000
de calor, apesar dos argumentos contrários válidos.
Ebulição e condensação 2.500 - 100.000

FIGURA 1-36 O matemático, físico e astrônomo Isaac Newton (1642-1727) nasceu em Lincolnshire, Inglaterra.
É considerado um dos maiores cientistas e matemáticos da história. Suas contribuições para a matemática
incluem o desenvolvimento do teorema binomial do cálculo diferencial e integral. Segundo relatos, Newton
concebeu a ideia da lei da gravidade pela observação da queda de uma maçã, em 1665. Por causa das três leis
fundamentais que levam seu nome, descritas em Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, Newton é
conhecido como o pai da mecânica clássica. Mostrou que cada uma das três leis de Kepler sobre o movimento
dos planetas e das estrelas pode ser derivada da única lei da gravidade. Credita-se também a ele a descoberta
da natureza composta de luz branca e da separação de cores diferentes por um prisma. A lei de resfriamento
que rege a taxa de transferência de calor a partir de uma superfície quente para um fluido circundante mais
frio é também atribuída a Newton. (C Pixtal/age Fotostock RF.)

FIGURA 1-37 EXEMPLO 1-8 Como medir o coeficiente de


Esquema para transferência de calor por convecção
o Exemplo 1-8.
Um fio elétrico de 2 m de comprimento e 0,3 cm de
diâmetro se estende por uma sala a 15 °C, como
mostrado na Fig. 1-37. Calor é gerado no fio como
resultado do aquecimento da resistência. A medida da temperatura na superfície do fio é 152 °C, em
funcionamento estável. Além disso, as medidas da queda de tensão e da corrente elétrica através do fio são 60 V e
1,5 A, respectivamente. Ignorando qualquer transferência de calor por radiação, determine o coeficiente de
transferência de calor por convecção para a transferência de calor entre a superfície externa do fio e o ar na sala.
SOLUÇÃO: Determinar o coeficiente de transferência de calor por convecção da troca de calor de um fio aquecido
eletricamente para o ar pela medição da temperatura quando condições operacionais estáveis são atingidas.
Suposições: (1) Condições operacionais estáveis existem, uma vez que as leituras de temperatura não mudam com
o tempo. (2) A transferência de calor por radiação é desprezada.
Análise: Quando as condições operacionais estáveis são alcançadas, a taxa de perda de calor do fio é igual à taxa de
geração de calor no fio, como resultado do aquecimento da resistência. Isto é,

A área superficial do fio é


A lei de Newton do resfriamento para a transferência de calor por convecção é expressa como
Ignorando qualquer transferência de calor por radiação e, assim, assumindo que todas as perdas de calor a partir
do fio devem ocorrer por convecção, o coeficiente de transferência de calor por convecção é determinado como

Discussão: Note que a simples configuração descrita acima pode ser utilizada para determinar os coeficientes
médios de transferência de calor para uma variedade de superfícies no ar. Além disso, a transferência de calor por
radiação pode ser eliminada mantendo as superfícies vizinhas na temperatura do fio.

1-8 RADIAÇÃO
Radiação é a energia emitida pela matéria sob a forma de ondas eletromagnéticas (ou fótons) como resultado das
mudanças nas configurações eletrônicas de átomos ou moléculas. Ao contrário da condução e da convecção, a
transferência de calor por radiação não exige a presença de um meio interveniente. De fato, a transferência de
calor por radiação é mais rápida (na velocidade da luz) e não sofre atenuação no vácuo. Essa é a forma como a
energia do Sol atinge a Terra.
Em estudos de transferência de calor, estamos interessados em radiação térmica, que é a forma de radiação
emitida pelos corpos por causa de sua temperatura. Ela difere de outras formas de radiação eletromagnética, como
raios X, raios gama, micro-ondas e ondas de rádio e televisão, que não estão relacionadas com a temperatura.
Todos os corpos a uma temperatura superior ao zero absoluto emitem radiação térmica.
A radiação é um fenômeno volumétrico, e todos os sólidos, líquidos e gases emitem, absorvem ou transmitem
radiação em diferentes graus. No entanto, a radiação é geralmente considerada um fenômeno superficial para os
sólidos opacos à radiação térmica, como metais, madeira e rochas, uma vez que a radiação emitida pelas regiões
do interior desses materiais não pode nunca chegar à superfície, e a radiação incidente sobre esses corpos
normalmente é absorvida por alguns mícrons a partir da superfície.
A taxa máxima de radiação, que pode ser emitida de uma superfície na temperatura termodinâmica Ts (em K ou R)
é dada pela lei de Stefan-Boltzmann da radiação térmica como

(1-25)

onde σ=5,670*10-8 W/m2.K é a constante de Stefan-


Boltzmann. A superfície idealizada que emite radiação a
essa taxa máxima é chamada de corpo negro, e a radiação
emitida por um corpo negro é denominada radiação de
corpo negro (Fig. 1-38). Aquela emitida por todas as
superfícies reais é menor do que a emitida por um corpo
negro com mesma temperatura, expressa como
FIGURA 1-38 A radiação de corpo negro apresenta a
quantidade máxima de radiação que pode ser emitida por
uma superfície em uma determinada temperatura. (1-26)

onde ɛ é a emissividade da superfície. A propriedade emissividade, cujo valor está na faixa de 0 ≤ɛ≤ 1, é a medida
de quanto uma superfície aproxima-se do comportamento de um corpo negro, para o qual ɛ=1. As emissividades de
algumas superfícies são apresentadas na Tab. 1-6.
Outra propriedade importante da radiação de uma superfície é sua absortividade α , que é a fração de energia de
radiação incidente sobre a superfície que a absorve. Assim como a emissividade, seu valor está na faixa 0 ≤α≤ 1. Um
corpo negro absorve toda a radiação incidente sobre ele. Isto é, um corpo negro é um perfeito absorvedor (α=1) e
um perfeito emissor (ε=1).
Em geral, tanto ε quanto α de uma superfície dependem da temperatura e do comprimento de onda da radiação. A
lei de Kirchhoff do estado da radiação indica que a emissividade e a absortividade de uma superfície a uma
determinada temperatura e comprimento de onda são iguais. Em muitas aplicações práticas, a temperatura
superficial e a temperatura da fonte de radiação incidente são da mesma ordem de grandeza, e a absortividade
média de uma superfície é igual à sua emissividade média. Em uma superfície, a taxa de absorção de radiação é
determinada a partir de (Fig. 1-39):
(1-27)
TABELA 1-6 onde é a taxa de radiação incidente na superfície e α a
Emissividades de alguns materiais a 300 K.
absortividade da superfície. Para superfícies opacas (não
transparentes), a porção da radiação incidente não absorvida pela
Material Emissividade
superfície é refletida de volta.
Alumínio em folhas 0,07
Alumínio anodizado 0,82 FIGURA 1-39
Cobre polido 0,03 Absorção da radiação
Ouro polido 0,03 incidente sobre uma
Prata polida 0,02 superfície opaca de
Aço inoxidável polido 0,17 absortividade α.
Pintura preta 0,98
Pintura branca 0,90
Papel branco 0,92 - 0,97
Pavimento asfáltico 0,85 - 0,93 A diferença entre as taxas de radiação emitida pela superfície e de
Tijolo vermelho 0,93 - 0,96 radiação absorvida é a transferência de calor líquida por radiação. Se a
Pele humana 0,95 taxa de absorção de radiação é maior do que a taxa de emissão da
radiação, a superfície está ganhando energia por radiação. Caso
Madeira 0,82 - 0,92
contrário, a superfície está perdendo energia por radiação. Em geral, a
Terra 0,93 - 0,96
determinação da taxa líquida de transferência de calor por radiação entre
Água 0,96
duas superfícies é uma questão complicada, uma vez que depende das
Vegetação 0,92 - 0,96 propriedades das superfícies, das orientações de uma em relação às
outras e da interação no meio entre as superfícies com radiação.

Quando uma superfície de emissividade ε e área superficial As a uma


temperatura termodinâmica Ts é completamente delimitada por
superfície maior (ou preta) a uma temperatura termodinâmica Tcir
separadas por um gás (como o ar) que não intervém na radiação, a
taxa líquida de transferência de calor por radiação entre essas duas
superfícies é dada por (Fig. 1-40):

(1-28)
Nesse caso específico, emissividade e área da superfície envolvente
FIGURA 1-40 não têm nenhum efeito sobre a transferência de calor líquida por
Transferência de calor por radiação entre radiação.
uma superfície e superfícies vizinhas. A transferência de radiação de calor de ou para uma superfície
cercada de gás, como o ar, ocorre paralelamente por condução (ou
convecção, se houver um movimento da massa de gás) entre a superfície e o gás. Assim, a transferência total de
calor é determinada pela adição das contribuições de ambos os mecanismos de transferência de calor. Por
simplicidade e conveniência, isso é muitas vezes feito por meio da definição de um coeficiente combinado de
transferência de calor hcombinado, que inclui tanto os efeitos da radiação quanto os da convecção. Então, a taxa
total de transferência de calor a partir de ou para uma superfície por convecção e por radiação é expressa como:

(1-29)

Note que o coeficiente de transferência de calor combinado é essencialmente um coeficiente de transferência de


calor por convecção modificado para incluir os efeitos da radiação.
Em geral, a radiação é significativa em relação à condução ou à convecção natural, mas insignificante em relação à
convecção forçada. Assim, em aplicações de convecção forçada, a radiação é geralmente ignorada, sobretudo
quando as superfícies envolvidas têm emissividade baixa e temperatura baixa a moderada.
FIGURA 1-41 EXEMPLO 1-9 Efeito da radiação no conforto térmico
Esquema
para o Sentir "frio" no inverno e "calor" no verão é uma
Exemplo 1-9. experiência comum em nossas casas, mesmo quando o
termostato é mantido na mesma posição. Isso ocorre por
causa do chamado "efeito radiação", resultante das trocas
de calor por radiação entre o nosso corpo e as superfícies
das paredes e do teto.
Considere uma pessoa em pé em uma sala mantida a 22 °C
durante todo o tempo. As superfícies interiores de paredes,
pavimentos e tetos estão em uma temperatura média de
10 °C no inverno e 25 °C no verão. Determine a taxa de
transferência de calor por radiação entre essa pessoa e as superfícies ao seu redor, se a área e a temperatura
média das superfícies expostas da pessoa são 1,4 m2 e 30 °C, respectivamente (Fig. 1-41).
SOLUÇÃO: Determinar as taxas de transferência de calor por radiação entre uma pessoa e as superfícies ao seu
redor, para temperaturas específicas no verão e no inverno.

Suposições: (1) Existem condições operacionais estáveis. (2) A transferência de calor por convecção não é
considerada. (3) A pessoa é completamente cercada pelas superfícies interiores da sala. (4) Os arredores são
superfícies com temperatura uniforme.
Propriedades: A emissividade da pessoa é ɛ = 0,95 (Tab. 1-6).
Análise: As taxas líquidas de transferência de calor por radiação do corpo para paredes, teto e piso que o
rodeiam no verão e no inverno são:

Discussão: Note que temos de usar temperaturas termodinâmicas (ou seja, em termos absolutos) em cálculos de
radiação. Observe também que a taxa de perda de calor por radiação da pessoa é quase quatro vezes maior no
inverno do que no verão, o que explica o "frio" que sentimos no inverno, mesmo quando o termostato é mantido
na mesma posição.

1-9 MECANISMOS SIMULTÂNEOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


Mencionamos que há três mecanismos de transferência de calor, mas nem todos podem existir simultaneamente
em um meio. Por exemplo, a transferência de calor é apenas por condução em sólidos opacos, mas por condução e
radiação em sólidos semitransparentes. Assim, um sólido pode envolver condução e radiação, mas não convecção.
No entanto, um sólido pode apresentar transferência de calor por convecção e/ou a radiação em suas superfícies
expostas a um fluido ou a outras superfícies. Por exemplo, a superfície externa de um pedaço de rocha fria irá
aquecer em um ambiente quente como resultado do calor ganho por convecção (a partir do ar) e por radiação (do
Sol ou das superfícies quentes ao redor). Mas as partes interiores da rocha irão aquecer à medida que o calor é
transferido por condução para a região interior da rocha.
Em um fluido em repouso (sem movimento de massa do fluido), a transferência de calor ocorre por condução e,
possivelmente, por radiação. Em um fluido escoando, ela ocorre por convecção e radiação. Na ausência de
radiação, a transferência de calor por meio de um fluido ocorre por condução ou convecção, o que dependerá da
presença de qualquer movimento de massa do fluido. A convecção pode ser vista como uma condução combinada
com escoamento do fluido, e a condução em fluido pode ser vista como um caso especial de convecção, na
ausência de qualquer movimento do fluido (Fig. 1-42).
FIGURA 1-42
Embora existam três mecanismos de transferência de calor, um meio pode envolver apenas dois deles simultaneamente.

Assim, quando se tratar de transferência de calor por meio de um fluido, temos condução ou convecção, mas não
ambas. Além disso, os gases são praticamente transparentes à radiação, com exceção de alguns gases conhecidos
por absorver fortemente a radiação em determinados comprimentos de onda. O ozônio, por exemplo, absorve
fortemente a radiação ultravioleta. Entretanto, na maioria dos casos, um gás entre duas superfícies sólidas não
interfere na radiação e atua de modo eficaz como um vácuo. Por sua vez, os líquidos são, em geral, fortes
absorvedores de radiação.
Por último, a transferência de calor por meio do vácuo só ocorre por radiação, já que a condução ou a convecção
exigem a presença de um meio material.

EXEMPLO 1-10 Perda de calor de uma pessoa


Considere uma pessoa em pé em uma sala a 20 °C. Determine a taxa total de transferência de calor dessa pessoa
considerando que a superfície exposta e a temperatura média da superfície da pessoa são 1,6 m2 e 29 °C,
respectivamente. O coeficiente de transferência de calor por convecção é de 6 W/m2K (Fig. 1-43).

FIGURA 1-43 SOLUÇÃO: Determinar o valor total da taxa de transferência


Transferência de calor por convecção e radiação de uma pessoa para o ar
de calor da ambiente e superfícies com uma temperatura especificada.
pessoa
descrita no Suposições: (1) Existem condições operacionais
Exemplo estacionárias. (2) A pessoa está completamente cercada
1-10. pelas superfícies internas da sala. (3) As superfícies
circundantes estão na mesma temperatura do ar no quarto.
(4) A condução de calor através dos pés para o piso é
desprezada.

Propriedades: A emissividade da pessoa é ɛ= 0,95 (Tab. 1-6).

Análise: A transferência de calor entre a pessoa e o ar no quarto se dá por convecção (em vez de condução), uma
vez que o ar na proximidade da pele ou das roupas aquece e sobe como resultado da transferência de calor do
corpo, iniciando as correntes de convecção natural. O valor determinado experimentalmente para a taxa de
transferência de calor por convecção, nesse caso, é 6 W por unidade de superfície (m2) por unidade de diferença
de temperatura (em K ou °C) entre a pessoa e o ar longe dela. Assim, a taxa de transferência de calor por
convecção da pessoa para o ar na sala é

A pessoa também perde calor por radiação para as superfícies das paredes envolventes. Tomamos a temperatura
das superfícies de paredes, teto e piso igual à temperatura do ar, nesse caso, pela simplicidade, mas reconhecemos
que esse não precisa ser o caso. Essas superfícies podem estar em temperatura maior ou menor do que a
temperatura média do ar ambiente, o que dependerá das condições externas e da estrutura das paredes.
Considerando que o ar não interfere na radiação e que a pessoa é completamente envolvida pelas superfícies
vizinhas, a taxa líquida de transferência de calor por radiação da pessoa para paredes, teto e piso é
Note que temos de usar temperaturas termodinâmicas nos cálculos da radiação. Além disso, atente para o fato de
que usamos o valor da emissividade para a pele e as roupas na temperatura ambiente, uma vez que a emissividade
não deve se alterar significativamente para uma temperatura pouco superior.
Em seguida, a taxa total de transferência de calor a partir do corpo é determinada pela adição destas duas
quantidades:

Discussão: A transferência de calor seria muito maior se a pessoa não estivesse vestida, já que a temperatura da
superfície exposta seria maior. Assim, uma função importante do vestuário é servir como barreira contra a
transferência de calor.
Nesse cálculo, a transferência de calor por condução através dos pés para o chão, que normalmente é muito
pequena, é negligenciada. A transferência de calor na pele pelo suor, principal meio de transferência de calor em
ambientes quentes, não foi considerada aqui.
Além disso, as unidades W/m2°C e W/m2K para o coeficiente de transferência de calor são equivalentes e podem
ser trocadas entre si.

FIGURA 1-44 EXEMPLO 1-11 Transferência de calor entre duas


Esquema para placas isotérmicas
o Exemplo
1-11. Considere a transferência de calor permanente
entre duas grandes placas paralelas com
temperaturas constantes T1=300K e T2=200K ,
que estão separadas de L=1cm , como mostrado
na Fig. 1-44. Considere que as superfícies são
corpos negros (emissividade ε=1) e determine a
taxa de transferência de calor entre as placas
por unidade de área, assumindo que o espaço entre as placas é (a) preenchido com ar atmosférico, (b) evacuado,
(c) cheio com isolamento de poliuretano e (d) preenchido com superisolamento de condutividade térmica aparente
de 0,00002 W/mK.
SOLUÇÃO O valor total da taxa de transferência de calor entre duas grandes placas paralelas a uma temperatura
especificada deve ser determinado para quatro casos diferentes.
Suposições: (1) Existem condições operacionais estáveis. (2) Não existem correntes de convecção natural no ar
entre as placas. (3) As superfícies são negras, portanto ε= 1. Propriedades A condutividade térmica na temperatura
média de 250K é k=0,0219W/mK para o ar (Tab. A-15), 0,026 W/mK para o isolamento de poliuretano (Tab. A-6) e
0,00002 W/mK para o superisolamento.
Análise: (a) As taxas de transferência de calor por condução e radiação entre as placas através da camada de ar são

Portanto,

A taxa de transferência de calor, na realidade, será maior por causa das correntes de convecção natural, que são
suscetíveis de ocorrer no espaço de ar entre as placas.
(b) Se o espaço de ar entre as placas for evacuado, não haverá condução ou convecção, portanto a única forma de
transferência de calor entre as placas será por radiação. Portanto,
(c) Um material sólido opaco colocado entre duas placas bloqueia a transferência de calor por radiação direta entre
as placas. Além disso, a condutividade térmica de um material isolante contabiliza a transferência de calor por
radiação que pode ocorrer através dos espaços vazios do material isolante. A taxa de transferência de calor por
meio do isolamento de poliuretano é

Note que a transferência de calor através do material poliuretano é menor do que aquela através do ar,
determinada em (a), apesar de a condutividade térmica do isolamento ser mais elevada do que a do ar. Isso ocorre
porque o isolamento bloqueia a radiação enquanto o ar a transmite.
(d) As camadas de superisolamento impedem qualquer transferência direta de calor por radiação entre as placas.
No entanto, a transferência de calor por radiação entre as folhas de superisolamento ocorre, e a condutividade
térmica aparente do superisolamento leva em conta esse efeito. Portanto,

Note que é (1 / 1845) do calor transferido por meio do vácuo. Os resultados desse exemplo são resumidos na Fig.
1-45 para colocá-los em perspectiva.
Discussão Este exemplo demonstra a eficácia dos superisolamentos e explica por que eles são isolamentos
escolhidos em aplicações críticas, apesar de seu elevado custo.

FIGURA 1-45
Diferentes
maneiras de
reduzir a
transferência
de calor entre
duas
superfícies
isotérmicas e
suas
eficiências.

FIGURA 1-46 EXEMPLO 1-12 Transferência de calor em fornos convencional


Um frango sendo e de micro-ondas
cozido em um forno
O cozimento rápido e eficiente dos fornos de micro-ondas fez
de micro-ondas
deles um dos principais aparelhos nas cozinhas modernas (Fig.
(Exemplo 1-12).
1-46). Discuta os mecanismos de transferência de calor
associados com o cozimento de um frango em um forno de
micro-ondas e um forno convencional e explique por que
cozinhar em um forno de micro-ondas é mais eficiente.
SOLUÇÃO: Alimentos são cozidos em fornos de micro-ondas absorvendo a energia das radiações eletromagnéticas
geradas pelo tubo de micro-ondas, chamado de magnétron. A radiação emitida pelo magnétron não é radiação
térmica, já que sua emissão não ocorre por causa da temperatura do tubo, mas pela conversão de energia elétrica
em radiação eletromagnética em determinado comprimento de onda. O comprimento de onda da radiação de
micro-ondas é refletida por superfícies metálicas, transmitida por panelas de vidro, cerâmica ou plástico, absorvida
e convertida em energia interna por alimentos (em especial moléculas de água, açúcar e gorduras). No forno de
micro-ondas, a radiação que atinge o frango é absorvida pela pele do frango e pelas partes externas. Como
resultado, a temperatura do frango próxima da pele aumenta. O calor é, então, conduzido em direção às partes
internas do frango a partir de suas partes externas. Evidentemente, uma parte do calor absorvido pela superfície
externa do frango será perdida por convecção para o ar dentro do forno.
No forno convencional, o ar primeiramente é aquecido à temperatura desejada pelo aquecimento elétrico ou gás.
Esse preaquecimento pode durar vários minutos. O calor é, então, transferido do ar para a pele do frango por
convecção natural em fornos mais velhos ou por convecção forçada em fornos de convecção mais novos, que
utilizam ventoinha. O movimento do ar em fornos de convecção aumenta o coeficiente de transferência de calor
por convecção, diminuindo o tempo de cozimento. O calor é conduzido no frango de fora para dentro, como em
fornos de micro-ondas.
Fornos de micro-ondas substituem o lento processo de transferência de calor por convecção em fornos
convencionais pela transferência instantânea de calor por radiação. Como resultado, fornos de micro-ondas
transferem a energia para os alimentos na sua plena capacidade desde o momento em que são ligados. Assim, eles
cozinham mais rápido enquanto consomem menos energia.

EXEMPLO 1-13 Aquecimento de uma placa por energia solar


FIGURA 1-47
Esquema para o Uma fina placa metálica é isolada na parte traseira e exposta à radiação
Exemplo 1-13. solar na superfície frontal (Fig. 1-47). A superfície exposta da placa tem
absortividade de 0,6 para radiação solar. Considerando que a radiação
solar incide sobre a placa a uma taxa de 700 W/m2 e a temperatura do
ar nas vizinhanças é de 25 °C, determine a temperatura da superfície da
placa quando a perda de calor por convecção e radiação iguala-se à
energia solar absorvida pela placa. Assuma o coeficiente combinado de
transferência de calor por convecção e radiação de 50 W/m2K.

SOLUÇÃO. O verso de uma placa plana de metal é isolado, e a parte da frente é exposta à radiação solar. Determinar
a temperatura na superfície da placa quando ela se estabiliza.
Suposições: (1) Existem condições operacionais estáveis. (2) A transferência de calor por meio do lado isolado da
chapa é desprezada. (3) O coeficiente de transferência de calor se mantém constante.

Propriedades: A absortividade solar da placa é α=0,6.


Análise: A absortividade da chapa é 0,6, assim 60% da radiação solar incidente sobre a chapa é absorvida
continuamente. Como resultado, a temperatura da placa sobe e a diferença de temperatura entre a placa e os
arredores aumenta. O aumento na diferença de temperatura faz com que aumente a taxa de perda de calor da
placa para o meio. Em algum momento, a taxa de perda de calor a partir da placa se iguala à taxa de absorção de
energia solar e a temperatura da placa não muda mais. A temperatura da placa, quando a operação estável está
estabelecida, é determinada a partir de

Resolvendo para Ts e substituindo, a temperatura da superfície da placa pode ser determinada

Discussão Note que as perdas de calor impedem que a temperatura da placa aumente acima de 33,4 °C. Além
disso, o coeficiente combinado de transferência de calor contabiliza os efeitos da radiação e da convecção,
portanto é muito conveniente para a utilização nos cálculos de transferência de calor quando o seu valor é
conhecido com precisão razoável.

FIGURA 1-48
1-10 TÉCNICAS PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Uma abordagem O primeiro passo do aprendizado em qualquer ciência é
passo a passo entender seus fundamentos e ganhar bom conhecimento.
pode simplificar
O próximo passo é dominar os fundamentos testando
bastantea solução
de problema.
esses conhecimentos, o que é feito por meio da resolução
de problemas significativos do mundo real. Resolver tais
problemas, especialmente aqueles complicados, exige uma abordagem sistemática. Ao usar a abordagem do tipo
passo a passo, um engenheiro pode reduzir a solução de um problema complicado para solução de uma série de
problemas simples (Fig. 1-48). Quando você está resolvendo um problema, recomendamos que use os passos
seguintes, que o ajudarão a evitar algumas armadilhas comuns associadas à resolução de problemas.

Passo 1: definição do problema


Descreva sucintamente o problema e liste as principais informações dadas e as quantidades que devem ser
encontradas. Isso é para ter certeza de que você entendeu o problema e os objetivos antes de tentar resolvê-lo.
Passo 2: esquema
Desenhe um esboço realista do sistema físico envolvido e enumere nele as informações relevantes. O esboço não
tem de ser algo elaborado, mas deve lembrar o sistema e mostrar as principais características. Indique quaisquer
interações de energia e massa com o meio envolvente. Listar as informações dadas sobre o esboço ajuda a ver todo
o problema de uma só vez.

FIGURA 1-49 > Dado: Temperatura do ar em Passo 3: suposições e aproximações


Quando Denver Estabeleça as suposições e aproximações adequadas a fim de
resolvemos > Determinar: Densidade do ar simplificar o problema de forma a possibilitar a obtenção da
um problema > Informação que falta: Pressão
solução. Justifique as suposições questionáveis. Assuma
de engenharia, atmosférica
> Suposição #1: Usar P=1atm
valores razoáveis para as quantidades que faltam e que são
as suposições
devem ser (Inapropriado. Ignora o efeito da necessárias. Por exemplo, na ausência de dados específicos
razoáveis e altitude. Vai causar um erro maior para pressão atmosférica, pode-se considerar 1 atm. No
justificáveis. que 15%) entanto, deve-se notar, na análise, que a pressão atmosférica
> Suposição #2: Usar P=0,83atm diminui com aumento da altitude. Por exemplo, ela cai para
(Apropriado. Ignora apenas efeitos 0,83 atm em Denver (altitude 1.610 m) (Fig. 1-49).
menores como clima)

Passo 4: leis físicas


Aplique todas as leis e princípios básicos físicos relevantes (como conservação de energia) e reduza-os à sua forma
mais simples, utilizando as suposições feitas. No entanto, primeiro deve-se identificar claramente a região para a
qual é aplicada uma lei física.

Passo 5: propriedades
Determine as propriedades desconhecidas necessárias para resolver o problema usando relações de propriedades
ou tabelas. Liste as propriedades separadamente e indique sua fonte, se for o caso.
Passo 6: cálculos
Substitua as quantidades conhecidas nas relações simplificadas e realize os cálculos para determinar as incógnitas.
Preste atenção especialmente nas unidades e nos cancelamentos de unidades, lembre-se de que uma quantidade
dimensional sem unidade não tem sentido. Além disso, não dê a falsa impressão de alta precisão copiando todos os
dígitos da calculadora. Arredonde os resultados para um número apropriado de algarismos significativos.

Passo 7: raciocínio, verificação e discussão


Certifique-se de que os resultados obtidos são razoáveis e intuitivos e verifique a validade das suposições
questionáveis. Repita os cálculos que resultaram em valores absurdos. Por exemplo, o isolamento de um
aquecedor de água que utiliza US$ 80 de gás natural por ano não pode resultar em uma economia de US$ 200 por
ano (Fig. 1-50).
Além disso, pontue o significado dos resultados e discuta
FIGURA 1-50 as suas implicações. Estabeleça as conclusões que
Os resultados obtidos a possam ser extraídas dos resultados, bem como
partir de uma análise quaisquer recomendações que possam ser feitas com
de engenharia devem base neles. Enfatize as limitações sob as quais os
ser verificados para ver
resultados são aplicáveis e tenha precaução com
se são razoáveis.
quaisquer eventuais mal-entendidos e com utilizações
dos resultados em situações em que as suposições não
se aplicam. Por exemplo, se você determinar que envolvendo um aquecedor de água com isolamento de US$ 20 irá
reduzir o custo da energia poupada em menos de um ano. No entanto, indique também que a análise não
considera os custos da mão de obra e que esse será o caso somente se você mesmo instalar o isolamento.
Tenha em mente que as soluções que você apresentar a seus
FIGURA 1-51
instrutores e qualquer análise de engenharia apresentada a outras
Limpeza e
organização são
pessoas são formas de comunicação. Por conseguinte, esmero,
altamente organização, integralidade e aparência visual são de extrema
valorizadas pelos importância para uma máxima eficácia (Fig 1-51). Além disso, esmero
empregadores. também serve como boa ferramenta de verificação, uma vez que é
muito fácil detectar erros e incoerências nos trabalhos esmerados.
Descuidos e etapas puladas para poupar tempo acabam, muitas
vezes, custando mais tempo e ansiedade desnecessária.
A abordagem aqui descrita é utilizada nos exemplos de problemas resolvidos sem declarar explicitamente cada etapa,
bem como no "Manual de soluções" deste livro. Em certos problemas, alguns dos passos podem não ser aplicáveis ou
necessários. No entanto, não podemos deixar de enfatizar a importância da abordagem lógica e ordenada para
resolução de problemas. A maior parte das dificuldades encontradas na resolução de um problema não se deve à
falta de conhecimento, mas sim à falta de organização. Adote essas etapas na resolução de problemas até que possa
desenvolver uma abordagem própria, que funcione melhor para você.
Programas computacionais de engenharia
Você pode estar se perguntando por que estamos prestes a realizar um estudo aprofundado sobre os fundamentos
de outra ciência da engenharia. Afinal de contas, quase todos esses problemas podem ser resolvidos por meio de
um dos vários programas computacionais sofisticados disponíveis no mercado. Esses programas computacionais
não só fornecem os resultados numéricos desejados, mas também os resultados em gráficos coloridos para
apresentações impressionantes. É impensável praticar engenharia hoje sem utilizar alguns desses programas. Esse
enorme poder computacional, disponível para nós com o toque de um botão, é simultaneamente uma bênção e
uma maldição. Ele certamente permite que engenheiros resolvam problemas de maneira fácil e rápida, mas abre
também a porta para abusos e desinformação. Nas mãos de pessoas mal instruídas, esses programas
computacionais são tão perigosos quanto poderosas armas sofisticadas nas mãos de soldados mal treinados.
Pensar que uma pessoa que utiliza os programas computacionais de engenharia sem a devida formação
fundamental pode praticar engenharia é como pensar que um indivíduo que sabe utilizar uma chave inglesa possa
trabalhar como mecânico de carros. Se fosse verdade que os estudantes de engenharia não precisam de todas as
disciplinas que cursam porque praticamente tudo pode ser feito por computadores de forma rápida e fácil, então
seria igualmente verdade que os empregadores não precisariam mais de engenheiros com altos salários, uma vez
que qualquer pessoa que saiba usar um programa de processamento de texto pode também aprender a utilizar os
programas computacionais. No entanto, as estatísticas mostram que a necessidade de engenheiros está em franca
expansão e não em declínio, apesar da disponibilidade desses poderosos programas computacionais.
Devemos sempre lembrar que os programas computacionais disponíveis são ferramentas que têm significado
apenas nas mãos daqueles que sabem usá-los. Um excelente programa de edição de textos não transforma
ninguém em um bom escritor, mas certamente torna o trabalho de um bom escritor muito mais fácil e mais
produtivo (Fig. 1-52). Calculadoras de mão não eliminam a necessidade de ensinar nossas crianças a somar ou
subtrair, e os sofisticados programas computacionais de medicina não tomaram o lugar das escolas de formação
médica. Nem programas computacionais de engenharia irão substituir o ensino tradicional de engenharia. Eles
simplesmente irão provocar uma mudança de ênfase nos cursos, da matemática para a física. Ou seja, mais tempo
será usado na sala de aula discutindo os aspectos físicos dos problemas em mais detalhes e menos tempo será
gasto com os procedimentos de solução.
FIGURA 1-52 (figura não copiada - jovem defronte computador... (esta fonte é Segoe Script!)
Um excelente programa de edição de textos não transforma ninguém em um bom escritor, simplesmente faz um bom
escritor se tornar um escritor melhor e mais eficiente.
Todas essas maravilhosas e poderosas ferramentas disponíveis atualmente colocam uma carga extra sobre os
engenheiros de hoje. Eles ainda devem ter conhecimento aprofundado dos fundamentos e desenvolver a
"percepção" dos fenômenos físicos, ser capazes de colocar os dados em uma perspectiva adequada e fazer bons
julgamentos de engenharia como seus antecessores. No entanto, devem fazê-lo muito melhor e muito mais rápido,
por causa das poderosas ferramentas disponíveis. No passado, os engenheiros faziam os cálculos manualmente e
utilizavam réguas de cálculo e, mais tarde, calculadoras de mão e computadores. Hoje, contam com programas
computacionais. Em razão do acesso fácil a essa potência, e pela possibilidade de um simples mal-entendido ou má
interpretação causar grandes prejuízos, torna-se importante, mais do que nunca, ter sólida formação nos
fundamentos da engenharia. Neste livro, fazemos um esforço extra para colocar a ênfase no desenvolvimento de
uma compreensão intuitiva e física dos fenômenos naturais, e não em detalhes matemáticos sobre procedimentos
de solução.

Engineering Equation Solver (EES)


O EES é um programa que resolve sistemas lineares e não lineares de equações diferenciais e algébricas
numericamente. Ele tem uma grande biblioteca própria de funções termofísicas e matemáticas, o que permite ao
usuário incluir dados de propriedades adicionais. Ao contrário de alguns programas computacionais, o EES não
resolve problemas de engenharia, mas apenas as equações fornecidas pelo usuário. Por isso, o usuário deve
entender o problema e formulá-lo aplicando quaisquer leis físicas e relações relevantes. O EES economiza tempo e
esforços consideráveis, para que o usuário resolva, de maneira simples, as equações matemáticas resultantes. Isso
possibilita abordar problemas significativos de engenharia não adequados para serem calculados à mão e realizar
estudos paramétricos de forma rápida e conveniente. O EES é um programa muito poderoso, ainda que intuitivo e
muito fácil de usar, como mostra o Exemplo 1-14. O uso e as capacidades do EES são explicados no Apêndice 3, no
site www.grupoa.com.br.

EXEMPLO 1-14 Resolução de um sistema de equações com o EES


A diferença de dois números é 4, e a soma dos seus quadrados é igual à
sua soma mais 20. Determine esses dois números.
SOLUÇÃO: As relações são dadas pela diferença e pela soma dos
quadrados de dois números. Determinar esses números.
Análise Começamos o programa EES com um clique duplo no seu ícone.
Abra um novo arquivo e digite na tela em branco o seguinte:
x-y=4
x^2+y^2 = x + y + 20
que é a expressão matemática exata da afirmação do problema com x e y,
que representam os números desconhecidos. A solução para esse sistema
de duas equações não lineares com duas incógnitas é obtida por um único
FIGURA 1-53 Imagens da tela EES clique sobre o símbolo "calculadora", na barra de tarefas. Obtemos (Fig.
para o exemplo 1-14.
1-53) x=5 e y=1
Discussão Note que tudo que fizemos foi formular o problema como seria no papel, e o EES cuidou de todos os
detalhes da solução matemática. Observe também que a equação pode ser linear ou não linear e pode ser inserida
em qualquer ordem com incógnitas em ambos os lados. Programas amigáveis de solução de equações como o EES
permitem que o usuário possa concentrar-se na física do problema sem se preocupar com as complexidades
matemáticas associadas à solução do sistema de equações resultante.

Observação sobre algarismos significativos


Nos cálculos de engenharia, as informações fornecidas são conhecidas com certo número de algarismos
significativos, geralmente três dígitos. Consequentemente, os resultados obtidos não podem ser exatos com mais
algarismos significativos. Relatar resultados com mais algarismos significativos implica uma precisão maior do que a
existente, o que deve ser evitado.
Por exemplo, considere um recipiente com 3,75 L de gasolina cuja densidade é de 0,845 kg/L e tente determinar
sua massa. Provavelmente, o primeiro pensamento que vem à sua mente é multiplicar o volume pela densidade
para obter 3,16875 kg para a massa, o que implica falsamente que a massa é determinada com uma precisão de
seis algarismos significativos. Na realidade, a massa não pode ser mais precisa do que com três algarismos
significativos, uma vez que tanto o volume quanto a densidade são precisos apenas com três. Portanto, o resultado
deve ser arredondado e a massa deve ser comunicada como 3,17 kg, em vez de ser aquela que aparece na tela da
calculadora. O resultado 3,16875 kg seria correto apenas se o volume e a densidade fossem 3,75000 L e 0,845000
kg/L, respectivamente. O valor 3,75L indica que estamos bastante confiantes de que o volume é preciso dentro de ±
0,01 L, visto que não pode ser 3,74 ou 3,76 L. No entanto, o volume pode ser 3,746, 3,750, 3,753, etc., uma vez que
todos são arredondados para 3,75 L (Fig. 1-54). É mais adequado manter todos os dígitos durante os cálculos
intermediários e fazer o arredondamento na etapa final, uma vez que é isso que um computador normalmente faz.
FIGURA 1-54 Dado: Volume V=3,75L ;
Um resultado com mais Densidade ρ=0,845kg/L (três algarismos significativos)
algarismos significativos do que os Também dado: 3,75*0,845=3,16875
dados fornecidos implica uma Encontrar: Massa m=ρ*V=3,16875kg
falsa ideia de mais precisão.
Arredondamento para 3 algarismos significativos: m=3,17kg

Na resolução de problemas, assumiremos que as informações devem ser dadas com precisão de pelo menos três
algarismos significativos. Portanto, se o comprimento de um tubo é dado como sendo 40 m, vamos supor que se
trata de 40,0 m, a fim de justificar a utilização de três algarismos significativos nos resultados finais. Você deve
também ter em mente que todos os valores determinados experimentalmente estão sujeitos a erros de medição e
que esses erros são refletidos nos resultados obtidos. Por exemplo, se a densidade de uma substância tem
incerteza de 2%, a massa determinada usando esse valor de densidade terá também incerteza de 2%.

Você também deve estar ciente de que por vezes introduzimos deliberadamente pequenos erros a fim de evitar os
problemas da busca de dados mais precisos. Por exemplo, quando lidamos com água líquida, usamos apenas o
valor de densidade de 1.000 kg/m3, que é o valor da densidade da água pura a 0 °C. Usando esse valor em 75 °C,
haverá um erro de 2,5%, já que a densidade nessa temperatura é de 975 kg/m3. Os sais minerais e as impurezas na
água introduzem novos erros. Sendo esse o caso, você não deve hesitar em arredondar os resultados finais para um
número razoável de algarismos significativos. Além disso, ter um pequeno percentual de incerteza nos resultados
de análise de engenharia normalmente é a regra, não exceção.
Quando se escrevem os resultados intermédios em um cálculo, é aconselhável manter vários dígitos "extras" para
evitar erros de arredondamento, no entanto o resultado final deve ser escrito com número de dígitos significativos
levados em consideração. Você também deve lembrar que certo número de algarismos significativos de precisão
no resultado não implica, necessariamente, o mesmo número de algarismos de precisão em geral. Erros em uma
das leituras podem, por exemplo, reduzir significativamente a acurácia global do resultado, talvez até tornando o
último algarismo significativo sem sentido, reduzindo o número global de dígitos confiáveis por um. Valores
determinados experimentalmente estão sujeitos a erros de medição, os quais são refletidos nos resultados obtidos.
Tópico de Interesse Especial === Conforto Térmico
Foto de urso polar... Ao contrário de animais como a raposa ou o urso, que já nascem com muitos pelos,
(fonte Segoe Script) os seres humanos vêm a este mundo com pouca proteção contra as duras condições
ambientais (Fig. 1-55). Por isso, podemos dizer que a procura pelo conforto térmico
FIGURA 1-55
A maioria dos animais
remonta ao início da história da humanidade. Acredita -se que os primeiros seres
vem a este mundo com humanos viviam em cavernas que proporcionavam não só abrigo, mas também
isolamento próprio, mas proteção das condições térmicas extremas. Provavelmente, a primeira forma de
o ser humano vem com sistema de aquecimento utilizado foi o fogo aberto, seguido de lareiras com utilização
uma pele delicada. de chaminé de arejamento dos gases de combustão. O conceito de aquecimento
central remonta ao tempo dos romanos, que aqueciam as casas utilizando técnicas de
construção de piso duplo, cuja fumaça do fogo passava pela abertura entre as duas camadas de piso. Os romanos
também foram os primeiros a usar janelas transparentes feitas de mica ou vidro para manter fora o vento e a chuva
e permitir a entrada da luz. Madeira e carvão foram as principais fontes de energia para aquecimento; óleo e velas
foram utilizados para iluminação. As ruínas das casas voltadas para o Sul indicam que o valor de aquecimento solar
foi reconhecido cedo na história.
A expressão ar condicionado é normalmente utilizada no sentido restrito como resfriamento, mas, no sentido mais
amplo, significa condicionar o ar para o nível desejado por meio de aquecimento, resfriamento, umidificação,
desumidificação, limpeza e desodorização. A finalidade do sistema de ar condicionado de um edifício é
proporcionar conforto térmico completo para seus ocupantes. Por isso, temos de compreender os aspectos
térmicos do corpo humano, a fim de conceber um sistema eficaz de ar condicionado.
Os blocos de construção dos organismos vivos são as células, que lembram minifábricas que exercem diversas
funções necessárias para a sobrevivência dos organismos. O corpo humano contém cerca de 100 trilhões de células
com diâmetro médio de 0,01 mm. Em uma típica célula, milhares de reações químicas ocorrem a cada segundo,
durante o qual algumas moléculas são quebradas e energia é liberada, e algumas novas moléculas são formadas. A
atividade química de elevado nível nas células humanas que mantém a temperatura corporal em temperatura de
37,0 °C durante o desempenho das funções corporais é chamada metabolismo. Em termos simples, o metabolismo
refere-se à queima de alimentos como carboidratos, gordura e proteínas. Em geral, o conteúdo de energia
metabolizável dos alimentos é expresso por nutricionistas em calorias. Uma caloria é equivalente a 1 Cal = 1 kcal =
4,1868 kJ.
A taxa de metabolismo em estado de repouso é chamada taxa metabólica basal, que é a taxa de metabolismo
necessária para manter o corpo realizando as funções corporais necessárias, como respiração e circulação
sanguínea no nível zero de atividade externa. A taxa metabólica também
pode ser interpretada como a taxa de consumo de energia para o corpo.
Para um homem médio (30 anos, 70 kg, 1,73 m de altura, 1,8 m2 de
superfície), a taxa metabólica basal é de 84 W. Isto é, o corpo converte a
energia química dos alimentos (ou da gordura corporal se a pessoa não
tiver se alimentado) em calor a uma taxa de 84 J/s, que depois é dissipada
para o meio envolvente. A taxa metabólica aumenta com o nível de
atividade, podendo exceder 10 vezes a taxa metabólica basal quando
FIGURA 1-56 Duas pessoas alguém está fazendo exercício extenuante. Isto é, duas pessoas fazendo
dançando rapidamente liberam mais exercício pesado em uma sala podem fornecer mais energia para a sala que
calor para uma sala do que um um aquecedor com resistência de 1 kW (Fig. 1-56). Um homem médio gera
aquecedor com resistência de 1 kW. calor a uma taxa de 108 W ao ler, escrever, digitar ou ouvir uma palestra
em uma sala de aula na posição sentada. O valor máximo da taxa
metabólica de um homem médio é de 1.250 W com 20 anos e de 730 W com 70 anos. As taxas correspondentes
para mulheres são inferiores em cerca de 30%. As taxas metabólicas máximas de atletas profissionais podem
ultrapassar 2.000 W.
As taxas metabólicas durante várias atividades por unidade de superfície corporal são apresentadas na Tab. 1-7. A
área de superfície de um corpo nu foi dada por D. Dubois em 1916 como

(1-30)
onde m é a massa do corpo em kg, e h, a altura em m. O vestuário aumenta a superfície da pessoa em até cerca de
50%. As taxas metabólicas dadas na tabela são suficientemente precisas para a maioria dos fins, mas há uma
incerteza considerável em níveis elevados de atividade. Valores mais precisos podem ser determinados pela
medição da taxa respiratória do consumo de oxigênio, que varia de cerca de 0,25 L/min para um homem médio
descansando a mais de 2 L/min durante trabalho pesado. A totalidade da energia liberada durante o metabolismo
pode ser assumida como sendo calor liberado (na forma sensível ou latente), uma vez que o trabalho mecânico
externo realizado pelos músculos é muito pequeno. Além disso, o trabalho realizado durante a maior parte de
atividades, como caminhar ou andar de bicicleta, acaba sendo convertido em calor por meio da fricção.

TABELA 1-7
Taxas metabólicas durante várias atividades (de ASHRAE, Handbook of fundamentals, Cap. 8, Tab. 4)

Atividade Taxa metabólica*W/m2 Atividade Taxa metabólica*W/m2


Em repouso: Dirigindo/pilotando:
Dormindo 40 Carro 60-115
Reclinado 45 Avião, rotina 70
Sentado e quieto 60 Veículo pesado 185
Em pé e relaxado 70 Diversas atividades ocupacionais:
Andando (no plano): Cozinhando 95-115
2 mph (0,89 m/s) 115 Limpando a casa 115-140
3 mph (1,34 m/s) 150 Trabalhos com máquinas:
4 mph (1,79 m/s) 220 Leve 115-140
Atividade de escritório: Pesado 235
Lendo sentado 55 Manipulando caixas de 50 kg 235
Escrevendo 60 Trabalho com pá e picareta 235-280
Digitando 65 Diversas atividades de lazer:
Arquivando sentado 70 Dançando, social 140-255
Arquivando em pé 80 Exercícios 175-235
Andando 100 Tênis, simples 210-270
Empacotando 120 Basquete 290-440
Lutando, competindo 410-505
* Multiplicar por 1,8 m2 para obter a taxa metabólica para um homem médio.
O conforto do corpo humano depende principalmente de três fatores ambientais: temperatura, umidade relativa e
movimento do ar. A temperatura do ambiente é o mais importante índice de conforto. Extensa pesquisa tem sido
feita em seres humanos para determinar a “zona de conforto térmico” e identificar as condições em que o corpo
se sente confortável em um ambiente. Tem-se observado que a maioria das pessoas vestidas normalmente,
descansando ou fazendo trabalhos leves, sente-se confortável na temperatura operacional (aproximadamente, a
temperatura média do ar e das superfícies circundantes) no intervalo de 23 °C a 27 °C (Fig. 1-57). Para pessoas
despidas, esse intervalo é de 29 °C a 31 °C. A umidade relativa do ar também tem efeito considerável sobre o
conforto, uma vez que é a medida relativa da capacidade do ar para absorver umidade e, portanto, afeta a
quantidade de calor que o corpo pode dissipar por evaporação. Uma alta umidade relativa diminui o calor
rejeitado por evaporação, especialmente para temperaturas elevadas, enquanto uma baixa umidade relativa o
aumenta. O nível desejável de umidade relativa está na ampla faixa de 30 a 70%, com 50% sendo o nível mais
desejável. A maioria das pessoas nessas condições não sente nem quente nem frio, e o corpo não precisa ativar
nenhum dos mecanismos de defesa para manter a temperatura corporal normal (Fig. 1-58).

FIGURA 1-58 Ambiente


termicamente confortável.

FIGURA 1-57 Efeito do vestuário na temperatura ambiente


considerada confortável (De ASHRAE, Standard 55, 1981)

Outro fator de grande influência sobre o conforto térmico é a velocidade excessiva do ar ou corrente de ar, que
provoca resfriamento local indesejável no corpo humano. A corrente de ar é identificada por muitas pessoas como o
fator mais irritante em locais de trabalho, automóveis e aviões. Experimentar o desconforto causado por corrente de
ar é mais comum entre pessoas que vestem roupas leves e realizam trabalho sedentário, e menos comum entre
pessoas com elevados níveis de atividade. A velocidade do ar deve ser mantida abaixo de 9 m/min no inverno e 15
m/min no verão, para minimizar o desconforto pela corrente de ar, especialmente quando o ar está frio. Um baixo
nível de movimento do ar é desejável, pois elimina o ar quente e úmido que fica em torno do corpo e o substitui por
ar fresco. Por isso, o movimento do ar deve ser forte o suficiente para remover o calor e a umidade da proximidade
do corpo, mas fraco o bastante para passar despercebido. O movimento do ar com alta velocidade provoca também
desconforto ao ar livre. Por exemplo, em um ambiente a 10 °C com vento de 48 km/h, uma pessoa sente tanto frio
como em um ambiente a -7 °C com vento de 3 km/h, por causa do efeito de resfriamento do ar em movimento
(fator de sensibilidade térmica).
Um sistema de conforto deve proporcionar condições uniformes ao longo de todo o espaço de vivência para evitar
desconforto causado pela não uniformidade, como correntes de ar, radiação térmica assimétrica, pisos quentes ou
frios e estratificação vertical da temperatura. A radiação térmica assimétrica é causada por superfícies frias de
grandes janelas, paredes não isoladas ou produtos frios e também por superfícies quentes de painéis de
aquecimento radiante a gás ou elétricos em paredes ou teto, aquecimento solar de paredes de alvenaria ou tetos e
máquinas quentes. Radiação assimétrica provoca desconforto, expondo diferentes lados do corpo para superfícies
em diferentes temperaturas e, portanto, diferentes perdas ou ganhos de calor por radiação. Uma pessoa cujo lado
esquerdo é exposto a uma janela fria, por exemplo, vai sentir como se o calor estivesse sendo drenado daquele lado
do seu corpo (Fig. 1-59). Para o conforto térmico, a assimetria da temperatura radiante não deve ultrapassar 5 °C no
sentido vertical e 10 °C no sentido horizontal. O efeito desagradável da assimetria da radiação pode ser minimizado
pelo dimensionamento e pela instalação corretos de painéis de aquecimento, utilizando janelas de vidraça dupla e
colocando isolamento generoso nas paredes e no teto.
O contato direto com a superfície de um piso frio ou quente
FIGURA 1-59
Superfícies frias
também causa desconforto localizado nos pés. A
causam temperatura do piso depende do modo como é construído
excessiva perda (diretamente sobre o solo ou em cima de um ambiente
de calor do aquecido, feito de madeira ou concreto, de isolamento,
corpo por etc.), e do revestimento, como lonas, carpetes, tapetes e
radiação e, linóleo. Uma temperatura do piso de 23 a 25 °C é
portanto, confortável para a maioria das pessoas. A assimetria do piso
desconforto perde o seu significado para as pessoas calçadas. Uma
nesse lado do maneira eficaz e econômica de elevar a temperatura do
corpo. piso é utilizar aquecimento por painéis radiantes, em vez de
elevar a temperatura do termostato. Outra condição não
uniforme que provoca desconforto é a estratificação da
temperatura na sala que expõe a cabeça e os pés a
diferentes temperaturas. Para o conforto térmico, a
diferença de temperatura entre os níveis da cabeça e dos
pés não deve exceder 3 °C. Esse efeito pode ser minimizado
por ventiladores.
Deve-se notar que nenhum ambiente térmico vai agradar a todos. Não importa o que fazemos, algumas pessoas
podem expressar algum desconforto. A zona de conforto térmico é baseada na taxa de 90% de aceitação. Isto é, um
ambiente será considerado confortável se apenas 10% das pessoas estiverem insatisfeitas com ele. O metabolismo
diminui um pouco com a idade, mas isso não tem nenhum efeito na zona de conforto. Investigações indicam que não
existe diferença sensível entre ambientes preferidos por idosos e jovens. As experiências mostram também que os
homens e as mulheres preferem praticamente o mesmo ambiente. A taxa de metabolismo da mulher é um pouco
menor, mas isso é compensado pela temperatura da sua pele e por perdas por evaporação ligeiramente menores.
Além disso, não há nenhuma variação significativa na zona de conforto de uma parte do mundo para outra e de
inverno para verão. Portanto, as mesmas condições de conforto térmico podem ser utilizadas no mundo todo, em
qualquer época do ano. Além disso, as pessoas não podem aclimatar-se de forma a preferir condições de conforto
diferentes.
Em um ambiente frio, a taxa de perda de calor do corpo pode exceder a taxa de geração de calor metabólico. O
calor específico médio do corpo humano é de 3,49 kJ/kg.°C, portanto, cada 1 °C de queda da temperatura do corpo
corresponde a um déficit de 244 kJ no conteúdo de calor do corpo de um homem médio de 70 kg. Uma queda de
0,5 °C na temperatura corpórea provoca desconforto perceptível, mas aceitável. Uma queda de 2,6 °C causa
extremo desconforto. Uma pessoa que está dormindo acorda quando sua temperatura corpórea cai em 1,3 °C
(normalmente aparece como uma queda de 0,5 °C dentro do corpo e de 3 °C na superfície da pele). A queda da
temperatura corporal abaixo de 35 °C pode danificar o mecanismo de regulação da temperatura corporal, ao passo
que uma queda abaixo de 28 °C pode ser fatal. Há relatos de que pessoas sedentárias sentem-se confortáveis
quando a temperatura da pele é de 33,3°C, sentem frio desconfortável a 31°C, tremem de frio a 30°C e sentem frio
extremo a 29°C. Pessoas que realizam trabalhos pesados relataram que se sentem confortáveis em temperaturas
muito inferiores, o que revela que o nível de atividade afeta o desempenho e conforto humanos. As extremidades
do corpo, como mãos e pés, são mais facilmente afetadas pelo frio, e suas temperaturas são o melhor indicador de
conforto e desempenho.
Uma mão com a pele na temperatura de 20 °C é percebida como desconfortavelmente fria, a 15 °C passa a ser
extremamente fria, e a 5 °C, dolorosamente fria. Trabalho útil pode ser realizado pelas mãos sem dificuldade, desde
que a temperatura da pele dos dedos permaneça superior a 16 °C (ASHRAE, Handbook of fundamentals, Cap. 8).

A primeira linha de defesa do organismo contra perda excessiva de calor em um ambiente frio é a redução da
temperatura da pele: a taxa de perda de calor da pele se reduz pela constrição das veias e pela diminuição do fluxo
sanguíneo para a pele. Essa medida reduz a temperatura dos tecidos subjacentes à pele, mas mantém a temperatura
corporal interna. A próxima medida preventiva é o aumento da taxa de geração metabólica de calor no corpo por
tremores, salvo se a pessoa fizer isso voluntariamente aumentando o seu nível de atividade ou colocando roupas
adicionais. Os tremores começam lentamente em pequenos grupos musculares e podem dobrar a taxa metabólica de
produção de calor do corpo na sua fase inicial. No caso extremo de tremores por todo o corpo, a taxa de produção de
calor pode chegar a seis vezes o nível do descanso (Fig. 1-60). Se essa medida também se revelar insuficiente, a
temperatura corporal interna começará a cair. Partes do corpo mais distantes do centro, como mãos e pés, estão
em grande perigo de dano tecidual.
Em ambientes quentes, a taxa de perda de calor do corpo pode cair
FIGURA 1-60
abaixo da taxa metabólica de geração de calor. Dessa vez, o corpo
A taxa de geração
metabólica de
ativa os mecanismos opostos. Primeiro, o organismo aumenta o fluxo
calor, em um sanguíneo, e, assim, o transporte de calor para a pele faz com que a
clima frio, pode temperatura da pele e dos tecidos subjacentes suba e se aproxime da
chegar a seis temperatura corporal interna. Sob condições extremas de calor, o
vezes o nível de ritmo cardíaco pode chegar a 180 batimentos por minuto, de modo a
repouso durante manter um fornecimento adequado de sangue para o cérebro e para
tremores no a pele. Para taxas maiores de batimento do coração, sua eficiência
corpo todo. volumétrica cai por causa do curto espaço de tempo entre as batidas
para encher o coração com sangue, e o fornecimento de sangue para
a pele e para o cérebro, que é mais importante, diminui. Isso faz a
pessoa desmaiar em consequência da exaustão do calor. A desidratação torna o problema mais grave. O mesmo
acontece quando uma pessoa que trabalha exaustivamente por muito tempo para de repente. Nesse caso, o sangue
que está inundando a pele tem dificuldade de regressar ao coração, uma vez que os músculos mais relaxados não
conseguem mandar o sangue de volta, e, portanto, há menos sangue disponível para ser bombeado para o cérebro.
A próxima linha de defesa consiste em liberar água pelas glândulas de suor e recorrer à refrigeração por evaporação,
a menos que a pessoa elimine algumas roupas e reduza o nível de atividade (Fig. 1-61). O corpo poderá manter sua
temperatura interna a 37 °C indefinidamente nesse modo de resfriamento evaporativo, mesmo em ambientes com
temperaturas mais elevadas (tão elevadas como 200 °C durante testes militares de resistência), se a pessoa beber
líquidos em abundância para reconstituir suas reservas de água e o ar ambiente estiver suficientemente seco para
permitir que o suor evapore em vez de escorrer pela pele. Se essa medida se revelar insuficiente, o organismo
começará a absorver o calor metabólico, e a temperatura corporal interna aumentará. Uma pessoa pode tolerar

FIGURA 1-61
um aumento de temperatura de 1,4 °C sem maior
Em ambientes quentes, um desconforto, mas pode entrar em colapso quando a
corpo pode dissipar grande temperatura subir 2,8 °C. As pessoas sentem-se lentas e sua
quantidade de calor eficiência diminui consideravelmente quando a temperatura
metabólico por SUDORESE, corporal interna sobe acima de 39 °C. Uma temperatura
uma vez que o suor absorve interna superior a 41 °C pode causar danos nas proteínas
o calor do corpo e evapora. hipotalâmicas, resultando em cessação da sudorese,
aumento da produção de calor por tremores e acidente
vascular cerebral irreversível com risco de morte. A morte
pode ocorrer em temperaturas acima de 43 °C.
Uma superfície na temperatura de 46 °C provoca dor na pele. Por isso, o contato direto com um bloco de metal
nessa temperatura ou superior é doloroso. No entanto, uma pessoa pode ficar em uma sala a 100 °C por até 30 min
sem nenhum dano ou dor na pele, por causa da resistência convectiva da superfície da pele e do resfriamento por
evaporação. Podemos até mesmo colocar as mãos em um forno a 200 °C durante um curto tempo sem nos queimar.
Outro fator que afeta o conforto térmico, a saúde e a produtividade é a ventilação. Ar externo fresco pode ser
fornecido a um edifício naturalmente, ou forçadamente, por um sistema de ventilação mecânica. No primeiro caso,
que é a norma em edifícios residenciais, a ventilação necessária é fornecida por infiltração por meio de frestas e
vazamentos no espaço habitado e pela abertura das janelas e portas. A ventilação adicional necessária em banheiros
e cozinhas é fornecida por ventiladores ou exaustores de ar. Com esse tipo de ventilação sem controle, o suprimento
de ar fresco será demasiado elevado com desperdício de energia ou muito baixo, o que poderá comprometer a
qualidade do ar interior. Porém, a prática atual para edifícios residenciais não está suscetível a mudar, já que não há
um clamor público sobre o desperdício de energia ou a qualidade do ar. Portanto, é difícil justificar o custo e a
complexidade dos sistemas de ventilação mecânica.
Sistemas de ventilação mecânica fazem parte de qualquer sistema de aquecimento e ar condicionado em edifícios
comerciais, fornecendo a quantidade necessária de ar fresco e distribuindo-o de modo uniforme ao longo do
edifício. Não se trata de uma informação surpreendente, dado que muitas salas em grandes edifícios comerciais
não têm janelas e, portanto, dependem de ventilação mecânica. Mesmo as salas com janelas estão na mesma
TABELA 1-8 situação, uma vez que estas, na maior parte dos edifícios, são
Requisitos mínimos de AR FRESCO nos hermeticamente fechadas e não podem ser abertas. Não é uma boa
edifícios (De ASHRAE, Standard 62, 1989). ideia superdimensionar o sistema de ventilação apenas para estar do
"lado seguro", uma vez que retirar o ar aquecido ou resfriado do
interior causa desperdício de energia. Não se deve reduzir a taxa de
ventilação abaixo do mínimo exigido para conservar energia a fim de
que a qualidade do ar interior seja mantida no nível exigido. Os
requisitos mínimos de ventilação de ar fresco estão listados na Tab.
1-8. Os valores são baseados no controle das emissões de CO2, e de
outros contaminantes, com margem de segurança adequada por
pessoa de pelo menos 7,5 L/s de ar fresco.

Outra função do sistema de ventilação mecânica é a limpeza do ar por


filtragem, quando ele entra no edifício. Vários tipos de filtros estão
disponíveis para esse fim, em função das necessidades de limpeza e da
perda de pressão admissível.

RESUMO
Neste capítulo, os conceitos básicos de transferência de calor são introduzidos e discutidos. A ciência da
termodinâmica trata da quantidade de calor transferido quando um sistema muda, em um processo, de um estado
de equilíbrio para outro, enquanto a ciência da transferência de calor trata da taxa de transferência de calor, que é a
principal área de interesse na concepção e na avaliação da transferência de calor em equipamentos. A soma de todas
as formas de energia de um sistema é chamada de energia total, o que inclui as energias interna, cinética e potencial.
A energia interna representa a energia molecular de um sistema e é constituída pelas formas sensível, latente,
química e nuclear. As formas sensível e latente da energia interna podem ser transferidas de um meio para o outro
como resultado da diferença de temperatura e são referidas como calor ou energia térmica. Assim, a transferência
de calor é a troca das formas sensível e latente de energia interna entre dois meios como resultado da diferença de
temperatura. A quantidade de calor transferido por unidade de tempo é denominada taxa de transferência de calor,
representada por (Q_ponto). A taxa de transferência de calor por unidade de área é chamada de fluxo de calor,
(q_ponto).
Um sistema de massa fixa é chamado de sistema fechado, e um sistema que envolve transferência de massa por
meio da sua fronteira é denominado sistema aberto ou volume de controle. A primeira lei da termodinâmica ou o
balanço de energia para qualquer sistema submetido a qualquer processo pode ser expressa como

Quando um sistema fechado estacionário envolve apenas transferência de calor e não apresenta interações de
trabalho por meio da sua fronteira, o balanço de energia se reduz a

onde Q é a quantidade líquida de calor transferido a partir de ou para o sistema. Quando o calor é transferido a
uma taxa constante , a quantidade de calor transferido durante um intervalo de tempo pode ser
determinada a partir de .
Sob condições permanentes e na ausência de quaisquer interações de trabalho, a conservação de energia para um
volume de controle com uma entrada e uma saída, com mudanças insignificantes nas energias cinética e potencial,
pode ser expressa como

onde , é a vazão mássica, e é a taxa líquida de transferência de calor para dentro ou para fora do
controle de volume.
O calor pode ser transferido de três diferentes modos: condução, convecção e radiação. Condução é a transferência
de calor das partículas mais enérgicas de uma substância para as menos enérgicas adjacentes, como resultado das
interações entre as partículas. É expressa pela lei da condução de calor de Fourier como

onde k é a condutividade térmica do material em W/m.K, A é a área normal em direção da transferência de calor, e
dT/dx é o gradiente de temperatura. A magnitude da taxa de condução de calor, por meio de uma camada plana de
espessura L, é dada por

onde é a diferença de temperatura por meio da camada.


Convecção é o modo de transferência de calor entre uma superfície sólida e o líquido ou gás adjacente que está em
movimento e envolve os efeitos combinados de condução e de movimento do fluido. A taxa de transferência de
calor por convecção é expressa pela lei de Newton do resfriamento como

onde h é o coeficiente de transferência de calor por convecção em W/m2 K , As é a área da superficie por meio da
qual a transferência de calor por convecção se realiza, Ts é a temperatura da superfície, e é a temperatura do
fluido suficientemente longe da superfície.
Radiação é a energia emitida pela matéria sob forma de ondas eletromagnéticas (ou fótons), como resultado das
mudanças nas configurações eletrônicas de átomos ou moléculas. A taxa máxima de radiação que pode ser emitida
a partir de uma superfície em temperatura termodinâmica Ts é dada pela lei de Stefan-Boltzmann como
Qemit-max = σ As Ts4 onde σ = 5,67 * 10-8 W/m2.K4 é a constante de Stefan-Boltzmann.
Quando uma superfície de emissividade ε de área As em temperatura Ts é completamente delimitada por uma
superfície muito maior (ou preta), em temperatura Tcir separada por um gás (como o ar) que não intervém vcom a
radiação, a taxa líquida de transferência de calor por radiação entre essas duas superfícies é dada por

Nesse caso, a emissividade (ε) e a área das superfícies envolventes não têm nenhum efeito sobre a transferência
de calor líquida por radiação.

A taxa em que a superfície absorve radiação é determinada a partir de , onde é a taxa


em que a radiação incide sobre a superfície, e α a absortividade da superfície.

Referências e Sugestões de Leitura


1. American Society of Heating, Refrigeration, and Air-Conditioning Engineers. Handbook of Fundamentals. Atlanta:
ASHRAE, 1993.
2. Y. A. Çengel and R. H. Turner. Fundamentals of Thermal - Fluid Sciences. 3rd ed. New York: McGraw-Hill, 2007.
3. Y.A. Çengel and M. A. Boles. Thermodynamics - An Engineering Approach. 7th ed. New York: McGraw-Hill, 2011.
4. Robert J. Ribando. Heat Transfer Tools. New York: McGraw-Hill, 2002.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Calores e mudanças de fase


2.1 Apresentação
Nesta unidade de aprendizagem, serão estudados a capacidade térmica, o calor específico e o calor
latente. Além disso, serão realizados cálculos relativos a essas grandezas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Construir o conceito de capacidade térmica e de calor específico.


• Relacionar o calor latente à mudança de fase.
• Efetuar cálculos relacionados a essas grandezas físicas.
2.1 Desafio
Sabe-se que há um vento característico à beira do mar.

Esse vento é, em muitos casos, excessivo, e vários fatores explicam esse fenômeno. O vento pode
resultar da diferença de calor específico da areia e da água, dentre outros motivos.

Frente ao que está em estudo nesta unidade de aprendizagem, você conseguiria modelar esse
evento explicando como esse fator influencia para a existência do vento?

elm = Isso foi explicado na Dica do Professor da aula 1.2 (Transferência de Calor). Reproduzo aqui:
" A convecção ocorre pela troca de calor entre a terra quente e o ar atmosférico, formando as correntes de ar
convectivas, em que a movimentação de massa de fluidos causa a transferência de calor.
Podemos utilizar como exemplo a mudança de temperatura no ambiente durante a noite depois de um
dia ensolarado. Em uma praia, esse fenômeno é bem presente: a brisa marítima é uma consequência da
diferença no tempo de aquecimento do solo e da água, apesar de ambos estarem submetidos às mesmas
condições de irradiação solar.
Durante o dia. a areia é aquecida pelo sol mais rapidamente e transfere calor para o ar, que fica mais
quente e sobe, deixando uma área de baixa pressão provocando o deslocamento do ar da superfície do
mar, que está mais frio, para a costa da praia.
Já durante a noite, ocorre o processo inverso: como a água leva a mais tempo para esquentar durante o dia, ou
seja, absorver calor irradiação, também leva mais tempo para esfriar a noite, fazendo com que se forme uma
brisa terrestre, deslocando o ar mais frio da praia para alto-mar. "

Padrão de resposta esperado

No litoral, a areia tem um calor específico menor do que a água. Portanto, ela aquece mais rapidamente.

Como a água e a areia recebem aproximadamente a mesma quantidade de energia por unidade de área, a areia,
depois de um tempo, atinge uma temperatura maior do que a água. Com essa diferença de temperatura, a areia
aquece o ar que está na superfície mais rapidamente do que a água. Assim, o ar em cima da areia está mais
quente e com uma pressão diferente da do ar que está sobre a água. Com a diferença de pressão, ocorre
deslocamento do ar e, consequentemente, o vento.
2.1 Infográfico
No esquema gráfico a seguir, ilustra-se o principal conceito desta unidade de aprendizagem, que
trabalha com a capacidade térmica, o calor específico e o calor latente.

Veja um exemplo da recepção de calor de um um corpo e sua relação com a temperatura.

Quando um corpo recebe calor Ele aumenta sua temperatura numa


certa quantidade.

Numa MUDANÇA DE FASE, Ele somente muda de fase,


quando o corpo recebe calor NÃO aumenta sua temperatura.
2.1 Conteúdo do livro
O trecho selecionado para o estudo nesta unidade de aprendizagem aborda assuntos da
termodinâmica: o calor específico, a capacidade térmica e o calor latente, sendo o calor específico e
a capacidade térmica a quantidade de calor que se precisa fornecer para alterar uma certa
temperatura. Já calor latente é a energia que há em uma mudança de fase.

Acompanhe um trecho do livro Física para universitários: relatividade, oscilações, ondas e calor. Inicie
a leitura a partir do tópico Calores específicos de sólidos e fluidos.

B344f Bauer, Wolfgang


Física para universitários [recurso eletrônico] :
relatividade, oscilações, ondas e calor / Wolfgang Bauer,
Gary D. Westfall, Helio Dias ; tradução: Manuel Almeida
Andrade Neto, Trieste dos Santos Freire Ricci, Iuri Duquia
Abreu ; revisão técnica: Helio Dias. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : AMGH, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8055-160-0

1.. Física. 2. Princípios da física. 3. Relatividade. 4. Oscila-


ções. 5. Ondas. 6. Calor. I. Westfall, Gary D. II. Dias, Helio.
III.
I ítulo.

CDU 530.1

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052

OS AUTORES
Wolfgang Bauer nasceu na Alemanha e tornou-se doutor em física nuclear pela University of Giessen em 1987.
Depois de um pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Califórnia, juntou-se ao corpo docente da Michigan
State University, em 1988. Trabalhou com uma ampla variedade de tópicos em física computacional, desde
supercondutividade de alta temperatura a explosões de supernovas, mas demonstrou especial interesse em
colisões nucleares relativísticas. Talvez seja mais conhecido por seu trabalho sobre mudanças de fase de matéria
nuclear em colisões de íons pesados. Recentemente, o Dr. Bauer concentrou grande parte de sua pesquisa e
docência em questões referentes à energia, inclusive recursos de combustíveis fósseis, maneiras de usar energia
com mais eficiência e, em especial, recursos alternativos de energia com carbono neutro. Atualmente, é diretor do
Departamento de Física e Astronomia e do Instituto de Pesquisa Auxiliada por Cibernética.
Gary D. Westfall iniciou sua carreira no Centro de Estudos Nucleares da University of Texas, em Austin, onde
concluiu seu doutorado em física nuclear experimental em 1975. A seguir, foi para o Laboratório Nacional de
Lawrence Berkeley (LBNL) em Berkeley, Califórnia, para conduzir seu trabalho de pós-doutorado em física nuclear
de alta energia, permanecendo como membro da equipe de cientistas. Enquanto esteve no LBNL, o Dr. Westfall
ficou internacionalmente conhecido por seu trabalho sobre o modelo nuclear de bola de fogo e o uso de
fragmentação para produzir núcleos longe da estabilidade. Em 1981, o Dr. Westfall juntou-se à equipe do
Laboratório Nacional Ciclotron Supercondutor (NSCL) na Michigan State University (MSU) como professor e
pesquisador, onde foi responsável pela concepção, construção e operação do MSU 4SIMB Detector. Sua pesquisa
usando o 4SIMB Detector produziu informações referentes à resposta da matéria nuclear conforme é comprimida
em um colapso de supernova. Em 1987, o Dr. Westfall ingressou no Departamento de Física e Astronomia da MSU
como professor adjunto enquanto continuava a conduzir sua pesquisa no NSCL. Em 1994, o Dr. Westfall aderiu ao
STAR Collaboration, que está realizando experimentos no Colisor Relativístico de fons Pesados (RHIC), no
Laboratório Nacional de Brookhaven em Long Island, Nova York.
Helio Dias iniciou sua carreira no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), onde tornou-se Bacharel
em Física (1975), Mestre em Física Nuclear Experimental (1977), Doutor em Física Nuclear Teórica (1980) e livre-
docente em Física Nuclear Teórica (1988). O Dr. Dias desenvolveu sua carreira profissional em atividades de ensino,
pesquisa e extensão no Instituto de Estudos Avançados do Centro Técnico Aeroespacial (1980-1983), no Instituto de
Física da Universidade Federal Fluminense (1983-1985) e no IFUSP (1985 até o presente), no qual desenvolve
projetos na área da física nuclear, ensino de ciências e divulgação científica. Foi secretário (1991-1992) e vice-
presidente (1993-1994) da Sociedade Brasileira de Física, e membro do Comitê Assessor de Física e Astronomia do
Conselho Nacional de Pesquisas (1997-2001). Atualmente o Dr. Dias é Diretor da Estação de Ciências da USP,
Presidente do Instituto de Valorização da Educação e da Pesquisa no Estado de São Paulo (IVEPESP), Coordenador
Geral do Laboratório Didático do Curso Semipresencial de Licenciatura em Ciências da USP, criador e coordenador
do Laboratório de Tecnologia de Aprendizagem em Educação (TECAP ONLINE) do IFUSP e integrante da equipe de
pesquisadores do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Energia do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.
=============================================================================================================================
SUMÁRIOS RESUMIDOS
Física para Universitários: Relatividade, Oscilações, Ondas e Calor é o terceiro livro de Bauer, Westfall e Dias. Além
deste, estão disponíveis os títulos Mecânica; Eletricidade e Magnetismo; Ótica e Física Moderna. Para conhecer os
assuntos abordados em cada um deles, apresentamos o sumário resumido abaixo.

MECÂNICA
CAPÍTULO 1 Visão Geral CAPÍTULO 2 Movimento em Linha Reta CAPÍTULO 3 Movimento
em Duas e Três Dimensões CAPÍTULO 4 Força CAPÍTULO 5 Energia Cinética, Trabalho e Potência
CAPÍTULO 6 Energia Potencial e Conservação de Energia CAPÍTULO 7 Momento e Colisões
CAPÍTULO 8 Sistemas de Partículas e Corpos Extensos CAPÍTULO 9 Movimento Circular
CAPÍTULO 10 Rotação CAPÍTULO 11 Equilíbrio Estático CAPÍTULO 12 Gravitação

RELATIVIDADE, OSCILAÇÕES, ONDAS E CALOR


CAPÍTULO 1 Sólidos e Fluidos CAPÍTULO 2 Oscilações CAPÍTULO 3 Ondas CAPÍTULO 4 Som
CAPÍTULO 5 Temperatura CAPÍTULO 6 Calor e a Primeira Lei da Termodinâmica CAPÍTULO 7 Gases
Ideais CAPÍTULO 8 A Segunda Lei da Termodinâmica CAPÍTULO 9 Relatividade

ELETRICIADE E MAGNETISMO
CAPÍTULO 1 Eletrostática CAPÍTULO 2 Campos Elétricos e a Lei de Gauss CAPÍTULO 3
Potencial Elétrico CAPÍTULO 4 Capacitores CAPÍTULO 5 Corrente e Resistência
CAPÍTULO 6 Circuitos de Corrente Contínua CAPÍTULO 7 Magnetismo CAPÍTULO 8 Campos Magnéticos
Produzidos por Cargas em Movimento CAPÍTULO 9 Indução Eletromagnética CAPÍTULO
10 Correntes e Oscilações Eletromagnéticas CAPÍTULO 11 Ondas Eletromagnéticas

ÓPTICA E FÍSICA MODERNA

CAPÍTULO 1 Óptica Geométrica CAPÍTULO 2 Lentes e Instrumentos Ópticos CAPÍTULO 3


Óptica Ondulatória CAPÍTULO 4 Física Quântica CAPÍTULO 5 Mecânica Quântica
CAPÍTULO 6 Física Atômica CAPÍTULO 7 Física das Partículas Elementares CAPÍTULO 8 Física
Nuclear

=============================================================================================================================
As Fronteiras da Física Moderna 1 SUMÁRIO
5 Temperatura 146
1 Sólidos e Fluidos 7 5.1 Definição de temperatura 147
1.1 Átomos e a composição da matéria 8 5.2 Variações de temperatura 149
1.2 Estados da matéria 10 5.3 Mensuração da temperatura 153
1.3 Tensão, compressão e cisalhamento 11 5.4 Expansão térmica 153
1.4 Pressão 15 5.5 Temperatura da superfície terrestre 161
1.5 Princípio de Arquimedes 20 5.6 Temperatura do universo 163
1.6 Movimento do fluido ideal 24 O que já aprendemos | Guia de estudo para
1.7 Viscosidade 32 exercícios 164
1.8 Turbulência e fronteiras da pesquisa em fluxo de Questões de múltipla escolha 166
fluidos 34 Questões 166
O que já aprendemos | Guia de estudo para exercícios 35 Problemas 167
Questões de múltipla escolha 39
Questões 40
Problemas 40 6 Calor e a Primeira Lei da Termodinâmica 171
6.1 Definição de calor 172
2 Oscilações 45 6.2 Equivalente mecânico do calor 173
2.1 Movimento harmônico simples 46 6.3 Calor e trabalho 174
2.2 Movimento pendular 54 6.4 Primeira lei da termodinâmica 176
2.3 Trabalho e energia em oscilações harmônicas 56 6.5 Primeira lei para processos especiais 178
2.4 Movimento harmônico amortecido 60 6.6 Calores específicos de sólidos e fluidos 179
2.5 Movimento harmônico forçado e ressonância 67 6.7 Calor latente e transições de fase 182
2.6 Espaço de fase 69 6.8 Modos de transferência de energia térmica 186
2.7 Caos 70 O que já aprendemos | Guia de estudo para
O que já aprendemos | Guia de estudo para exercícios 71 exercícios 195
Questões de múltipla escolha 75 Questões de múltipla escolha 198
Questões 76 Questões 199
Problemas 77 Problemas 200

3 Ondas 82
3.1 Movimento ondulatório 83 7 Gases Ideais 204
3.2 Osciladores acoplados 84 7.1 Leis empíricas dos gases 205
3.3 Descrição matemática de ondas 85 7.2 Lei dos gases ideais 207
3.4 Derivação da equação de onda 88 7.3 Teorema da equipartição 213
3.5 Ondas em espaços de duas e três dimensões 92 7.4 Calor específico de um gás ideal 216
3.6 Energia, potência e intensidade de ondas 95 7.5 Processos adiabáticos para um gás ideal 220
3.7 Princípio da superposição e interferência 98 7.6 Teoria cinética dos gases 224
3.8 Ondas estacionárias e ressonância 100 O que já aprendemos | Guia de estudo para
3.9 Pesquisa sobre ondas 103 exercícios 230
O que já aprendemos | Guia de estudo para Questões de múltipla escolha 234
exercícios 105 Questões 234
Questões de múltipla escolha 109 Problemas 235
Questões 110
Problemas 110 8 A Segunda Lei da Termodinâmica 239
8.1 Processos reversíveis e irreversíveis 240
4 Som 114 8.2 Máquinas e refrigeradores 242
4.1 Ondas longitudinais de pressão 115 8.3 Máquinas ideais 244
4.2 Intensidade sonora 119 8.4 Máquinas reais e eficiência 248
4.3 Interferência sonora 123 8.5 A segunda lei da termodinâmica 254
4.4 Efeito Doppler 126 8.6 Entropia 256
4.5 Ressonância e música 132 8.7 Interpretação microscópica da entropia 259
O que já aprendemos | Guia de estudo para O que já aprendemos | Guia de estudo para exercícios
exercícios 135 262
Questões de múltipla escolha 140 Questões de múltipla escolha 267
Questões 141 Questões 268
Problemas 141 Problemas 269
9 Relatividade 273
9.1 A pesquisa pelo éter 274
9.2 Os postulados de Einstein e os sistemas de
referência 275
9.3 Dilatação do tempo e contração do
comprimento 279
9.4 Deslocamento de frequência relativístico 285
9.5 Transformação de Lorentz 286
9.6 Transformação relativística de velocidades 289
9.7 Momento e energia relativísticos 292 Apêndice A Resumo Matemático A-1
9.8 Relatividade geral 299 Apêndice B Massas de Isótopos, Energias de Ligação
9.9 A relatividade no cotidiano: o GPS 301 e Meias-vidas B-1
O que já aprendemos | Guia de estudo para Apêndice C Propriedades dos Elementos C-1
exercícios 302 Respostas das Questões e dos Problemas
Questões de múltipla escolha 305 Selecionados R-1
Questões 306 Créditos das Fotos C-1
Problemas 306 Índice I-1

=============================================================================================================================
AS FRONTEIRAS DA FÍSICA MODERNA
Este livro tentará dar a você uma ideia de alguns dos progressos impressionantes feitos pela física recentemente.
Os exemplos das áreas de pesquisa avançada estarão acessíveis com o conhecimento disponível em nível
introdutório. Em muitas universidades de ponta, jovens secundaristas já estão envolvidos em pesquisas inovadoras
em física. Com frequência, essa participação requer nada além das ferramentas apresentadas neste livro, alguns
dias ou semanas de leituras adicionais, e a curiosidade e o desejo de aprender fatos e habilidades novas.

As próximas páginas introduzirão algumas das incríveis fronteiras da pesquisa contemporânea e descreverão alguns
resultados obtidos durante os últimos anos. Essa introdução é feita em nível qualitativo, evitando toda a
matemática e outros detalhes técnicos.

A física quântica
No ano de 2005 foi comemorado o 100° aniversário dos notáveis artigos de Albert Einstein sobre o movimento
browniano (que provou a realidade da existência dos átomos), a teoria da relatividade e o efeito fotoelétrico. Este
último artigo introduziu uma das ideias que constituem a base da mecânica quântica, a física da matéria em escalas
atômicas e moleculares. A mecânica quântica é um produto do século XX que levou, por exemplo, à invenção do
laser, agora rotineiramente empregado em CDs, DVDs e aparelhos de Blu-ray, em leitoras de códigos de barra e
mesmo em cirurgias de olhos, entre muitas outras aplicações. A mecânica quântica também forneceu uma
compreensão mais fundamental da química; físicos estão usando pulsos curtos de laser com durações menores que
10−13 s para compreender como se desenvolvem as ligações químicas. A revolução quântica inclui também
descobertas exóticas como a da antimatéria, e não existe um fim à vista deste processo. Na última década, grupos
de átomos denominados condensados de Bose-Einstein foram formados em armadilhas eletromagnéticas, e esse
trabalho abriu as portas para um mundo inteiramente novo da física atômica e quântica.

Física da matéria condensada e eletrônica


As inovações físicas criaram, e continuam a alimentar, a indústria de alta tecnologia. Somente há pouco mais de 50
anos foi inventado o primeiro transistor nos laboratórios da Bell Telephone, anunciando a era eletrônica. A unidade
de processamento central (CPU, do inglês central processing unit) de um computador pessoal ou laptop comum
contém agora mais de 100 milhões de transistores. O incrível crescimento em capacidade de processamento e nas
finalidades das aplicações dos computadores durante as duas últimas décadas foi tornado possível graças à
pesquisa em física da matéria condensada. Gordon Moore, cofundador da Intel, fez a famosa observação de que a
capacidade de processamento dos computadores dobra a cada 18 meses, uma tendência prevista para perdurar
por pelo menos uma década ou mais.
A capacidade de armazenamento cresce ainda mais rapidamente do que a capacidade de processamento, com um
tempo de duplicação de apenas 12 meses. Em 2007, o Prêmio Nobel de Física foi concedido a Albert Fert e Peter
Grünberg por sua descoberta de 1988 da magnetorresistência gigante. Levou apenas uma década para que esta
descoberta fosse aplicada em discos rígidos de computadores, possibilitando capacidades de armazenamento de
centenas de gigabytes (1 gigabyte = 1 milhão de elementos de informação) e mesmo terabytes (1 terabyte = 1
trilhão de elementos de informação).
A capacidade das redes cresce ainda mais rapidamente do que as capacidades de armazenamento e de
processamento, dobrando a cada nove meses. Atualmente, você pode ir a quase qualquer país da Terra e encontrar
pontos de acesso sem fio, com os quais pode se conectar seu laptop ou celular com wi-fi à Internet. Faz menos de
duas décadas que a web (world wide web) foi concebida por Tim Barners-Lee, então trabalhando no laboratório de
física de partículas do CERN, na Suíça, que desenvolveu este novo meio para facilitar a colaboração entre os físicos
de partículas em diferentes partes do mundo.
Os telefones celulares e outros aparelhos de comunicação poderosos estão à disposição de quase todo mundo. A
moderna pesquisa em física possibilitou uma progressiva miniaturização dos aparelhos eletrônicos pessoais. Este
processo estimulou uma convergência digital, tornando possível equipar celulares com câmeras digitais, gravadores
de vídeo, e-mail, navegadores (browsers) da web e receptores de GPS. A funcionalidade agregada é cada vez maior,
enquanto os preços prosseguem em queda. Quarenta anos após o primeiro pouso na Lua, muitos telefones
celulares de agora possuem capacidades de computação maiores que a da espaçonave Apolo usada na viagem até a
Lua.

Computação quântica

Os físicos estão forçando ainda mais os limites da computação. Presentemente, muitos grupos estão pesquisando
maneiras de construir um computador quântico. Teoricamente, um computador quântico formado por N
processadores seria capaz de executar 2 instruções simultaneamente, enquanto um computador convencional
formado por N processadores pode executar somente N instruções de programação ao mesmo tempo. Assim, um
computador quântico com 100 processadores excederia a capacidade de computação combinada de todos os
supercomputadores existentes. Na realidade, muitos problemas complexos precisam ser resolvidos antes que essa
visão possa se tornar realidade, mas, novamente, apenas há 50 anos parecia absolutamente impossível compactar
100 milhões de transistores em um único chip de computador do tamanho de um dedal.
Física da computação
A interação entre a física e os computadores funciona como uma via de duas mãos. Tradicionalmente, as pesquisas
físicas eram de natureza experimental ou teórica. Os livros-texto pareciam favorecer o lado teórico, pois
apresentavam muitas fórmulas da física, mas, de fato, eles analisavam as ideias conceituais contidas naquelas
fórmulas. Por outro lado, muita pesquisa teve origem no lado experimental, quando os fenômenos recém
observados pareciam negar a descrição teórica. Todavia, com o surgimento dos computadores, um terceiro ramo
da física tornou-se possível: a física computacional. A maioria dos físicos hoje usa computadores para processarem
dados e visualizá-los, para resolver grandes sistemas de equações acopladas, ou estudar sistema para os quais não
se conhecem formulações analíticas.
O campo emergente do caos e da dinâmica não linear é o primeiro exemplo desse estudo. Possivelmente, o
pesquisador atmosférico do MIT Edward Lorenz simulou pela primeira vez o comportamento caótico com a ajuda
de um computador em 1963, quando ele resolveu três equações acopladas de um modelo simples do clima e
detectou uma dependência sensível com as condições iniciais - mesmo as menores diferenças no início resultavam
em desvios muito grandes com o decorrer do tempo. Agora tal comportamento é às vezes é chamado de efeito
borboleta, devido à ideia de que uma borboleta, ao bater a asas na China, possa vir a alterar o clima nos Estados
Unidos poucas semanas depois. Essa sensibilidade implica que é impossível fazer previsões do clima determinísticas
de longa duração.

Complexidade e caos
Os sistemas com muitos constituintes com frequência exibem comportamentos complexos, mesmo se os
constituintes individuais sigam leis muito simples de dinâmica não linear. Os físicos começaram a observar a
complexidade em muitos sistemas, incluindo simples pilhas de areia, congestionamentos de trânsito, mercados de
ações, evolução biológica, fractais, e moléculas e nanoestruturas que exibem auto-organização. A ciência da
complexidade é outro campo descoberto somente nas duas últimas décadas e que experimenta um rápido
crescimento.
Os modelos em geral são completamente diretos, e os estudantes do primeiro ano de um curso de física podem
fazer contribuições valiosas. No entanto, a solução geralmente requer algumas habilidades em programação e
computadores. A perícia em programação os capacitará para contribuir em muitos projetos de pesquisa avançada
em física.

Nanotecnologia

Os físicos estão começando a adquirir os conhecimentos e as habilidades necessárias para manipular a matéria de
um átomo de cada vez. Nas últimas duas décadas, foram inventados os microscópios de varredura, de tunelamento
e de força atômica, permitindo aos pesquisadores enxergar átomos individualmente (Figura 1). Em alguns casos, os
átomos individuais podem ser movidos de maneira controlada. A nanociência e a nanotecnologia são devotadas as
estes três tipos de desafio, cuja solução promete grandes avanços tecnológicos, desde uma eletrônica ainda mais
miniaturizada e, assim, mais poderosa, até os projetos de novas drogas, ou até mesmo manipulação do DNA a fim
de curar certas doenças.

Figura 1
Átomos de ferro individuais, arranjados na forma de um
estádio, sobre uma superfície de cobre. As ondulações no
interior do "estádio" resultam das ondas estacionárias forma-
das pelas distribuições de densidade de elétrons. Este arranjo
foi criado e sua imagem obtida com o emprego de um micros-
cópio de varredura por tunelamento.

Biofísica
Da mesma forma como a física se moveu para dentro do domínio da química durante o século XX, uma rápida
convergência interdisciplinar da física com a biologia molecular está ocorrendo no início do século XXI. Os
pesquisadores já são capazes de usar pinças a laser para mover biomoléculas individualmente. A cristalografia de
raios X vem tornando-se suficientemente sofisticada para que os pesquisadores consigam obter imagens de
estruturas tridimensionais de proteínas muito complexas. Além disso, a biofísica teórica está começando a obter
sucessos em prever a estrutura espacial e a funcionabilidade associada a essas moléculas a partir das sequências de
aminoácidos que elas contêm.

Figura 2 A Figura 2 mostra um modelo da estrutura espacial da proteína RNA


Modelo da Polimerase II, com o código de cores representando a distribuição
proteína RNA de carga (azul para positiva, vermelho para a negativa) na superfície
Polimerase II. dessas moléculas. (O potencial elétrico o ajudará a compreender a
determinação de distribuições de carga e de seus potenciais para
arranjos muito mais simples. A figura também mostra um segmento
da molécula do DNA (espiral amarela no centro), indicando como o
RNA Polimerase II se acopla ao DNA e funciona como um cortador

Fusão nuclear
Setenta anos atrás, os físicos nucleares Hans Bethe e seus colegas descobriram como a fusão nuclear no interior do
Sol produz a luz que torna possível a vida na Terra. Hoje, os físicos nucleares estão trabalhando em como utilizar na
Terra a fusão nuclear para a produção ilimitada de energia. O reator de fusão termonuclear internacional,
atualmente em construção no sul da França em uma colaboração que envolve muitos países industrializados,
percorrerá um longo caminho para responder a muitas das questões importantes que precisam ser resolvidas antes
que o uso da fusão seja tecnicamente factível e comercialmente viável. https://www.iter.org/

Física de partículas e de alta energia

Os físicos nucleares e de partículas estão sondando cada vez mais profundamente os menores constituintes da
matéria. No Laboratório Nacional de Broohheven, em Long Island, EUA, por exemplo, o Colisor Relativístico de fons
Pesados (RHIC, do inglês Relativistic Heavy Ion Collider) colide núcleos de ouro uns contra os outros, a fim de
recriar o estado em que estava o universo uma fração de segundo após o Big Bang. A Figura 3a é uma foto do STAR,
um detector do RHIC, e a Figura 3b mostra uma análise de computador das trajetórias deixadas no detector do
STAR por mais de 5.000 partículas subatômicas produzidas em uma dessas colisões. O magnetismo e o campo
magnético explicarão de que maneira essas trajetórias são analisadas para se obter as propriedades das partículas
que os produziram.

Figura 3
(a) O detector STAR do RHIC
durante sua construção.
(b) Rastros reconstruídos
eletronicamente de mais de 5000
partículas subatômicas carregadas
produzidas dento do detector do
STAR por uma colisão de alta
energia entre dois núcleos de ouro.

Um instrumento ainda maior para pesquisas científicas de física de partículas acaba de ser completado no
acelerador do laboratório do CERN em Genebra, Suíça. O Large Hadron Colider (LHC, Grande Colisor de fons) está
localizado em um túnel subterrâneo com 27km de circunferência, indicado na Figura 4 pelo círculo vermelho. Este
novo instrumento é a mais cara instalação jamais construída, com um custo de mais de 8 bilhões de dólares, posto
em funcionamento em setembro de 2008. Os físicos de partículas usarão essa instalação para tentar descobrir o
que faz as partículas elementares terem massas diferentes, para sondar quais são os constituintes elementares do
universo e, talvez, para procurar por dimensões extras ocultas e outros fenômenos exóticos.

https://home.cern/ Figura 4 foto de paisagem não


science/accelerators/large- Vista aérea de Genebra, Suíça, com a localização do túnel copiada .
hadron-collider Iem Segoe print)
subterrâneo do Large Hadron Colider em vermelho.

Teoria de cordas

A física de partículas possui um modelo padrão para todas as partículas elementares e suas interações, porém a
razão do bom funcionamento do modelo ainda não é bem compreendida. Presentemente, pensa-se que a teoria de
cordas seja a mais provável candidata para um arcabouço que acabe fornecendo essa explicação. Às vezes, a teoria
de cordas é chamada heuristicamente de a teoria de tudo. Ela prevê dimensões espaciais adicionais, o que soa à
primeira vista como ficção científica, porém muitos físicos estão tentando formular maneiras de testar esta teoria
experimentalmente.

Astrofísica

A física e a astronomia possuem uma superposição interdisciplinar nas


áreas da investigação da história do universo recém-formado, da
modelagem da evolução das estrelas e do estudo das ondas gravitacionais
ou raios cósmicos das mais altas energias. Os observatórios ainda mais
precisos e sofisticados, como o radiotelescópio Very Large Array (VLA,
Arranjo Interferométrico de Grande Abertura) no Novo México, EUA
Figura 5 Alguns dos 27 radiotelescópios (Figura 5), foram construídos para estudar esses fenômenos.
individuais que formam o Very Large Array.
Os astrofísicos continuam a fazer descobertas espantosas que remodelam
nossa compreensão do universo. Somente nos poucos últimos anos se
descobriu que a maior parte da matéria do universo não está contida nas
estrelas. A composição desta matéria escura (dark matter) ainda é
desconhecida, porém seus efeitos são revelados por lentes gravitacionais,
como a mostrada na Figura 6 pelos arcos observados no aglomerado
galáctico Abell 2218, a 2 bilhões de anos-luz da Terra, na constelação do
Figura 6 O aglomerado de galáxias Abell 2218, Dragão. Os arcos são imagens de galáxias ainda mais distantes, distorcidas
com os arcos criados pelo efeito de lente pela presença de grandes quantidades de matéria escura.
gravitacional causados por matéria escura.
Simetria, simplicidade e elegância
A partir das menores partículas subatômicas até o universo em larga escala, as leis da física governam as estruturas
e a dinâmica de núcleos atômicos a buracos negros. Os físicos fizeram uma enorme quantidade de descobertas,
mas cada uma delas abre as portas para mais um excitante território desconhecido. Assim, continuamos a formular
teorias para explicar cada um e todos os fenômenos físicos. O desenvolvimento dessas teorias é orientado pela
necessidade de se ajustarem aos fatos experimentais, assim como pela convicção de que a simetria, a simplicidade
e a elegância são princípios chave de formulação. O fato de que as leis da natureza possam ser formuladas em
equações matemáticas simples (F = ma, E = mc' e muitas outras, menos famosas) é deslumbrante.

Esta introdução tentou dar uma ideia geral da situação atual das fronteiras da pesquisa em física moderna. Este
livro-texto deve ajudá-lo a construir um alicerce para poder apreciar, compreender e, talvez, até mesmo, a
participar deste vibrante empreendimento, que continua refinando e mesmo reformulando nossa compreensão do
mundo que nos rodeia.

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Capítulo 6 - CALOR E A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

O QUE APRENDEREMOS 172


6.1 Definição de calor 172
6.2 Equivalente mecânico do calor 173
Exemplo 6.1 Conteúdo energético de uma barra de chocolate 174
6.3 Calor e trabalho 174
6.4 Primeira lei da termodinâmica 176
Exemplo 6.2 Halterofilista 177
Exemplo 6.3 Caminhão escorregando até parar 177
6.5 Primeira lei para processos especiais 178
Processos adiabáticos 178
Processos a volume constante 178
Processos de caminho fechado 178
Expansão livre 179
Processos à pressão constante 179
Processos à temperatura constante 179
6.6 Calores específicos de sólidos e fluidos 179
Exemplo 6.4 Energia necessária para aquecer a água 180
Calorimetria 181
Problema resolvido 6.1 Água e chumbo 181
6.7 Calor latente e transições de fase 182
Exemplo 6.5 Transformação de gelo em água e água em vapor 184
Exemplo 6.6 Trabalho realizado para evaporar água 185

6.8 Modos de transferência de energia térmica 186


Condução 186
Exemplo 6.7 Isolamento do telhado 187
Problema resolvido 6.2 Custo para aquecer uma casa no inverno 187
Convecção 189
Problema resolvido 6.3 A Corrente do Golfo 190
Radiação 192
Exemplo 6.8 A Terra como um corpo negro 193
Aquecimento global 193
Calor em computadores 195
O QUE JÁ APRENDEMOS/ GUIA DE ESTUDO PARA EXERCÍCIOS 195
Prática de resolução de problemas 196
Problema resolvido 6.4 Fluxo de energia térmica por uma barra de cobre/alumínio 197
Questões de múltipla escolha 198
Questões 199
Problemas 200
O QUE APRENDEREMOS
Calor é energia térmica transferida entre um sistema e seu ambiente ou entre dois sistemas, como resultado de
uma diferença de temperatura entre eles.
A primeira lei da termodinâmica afirma que a mudança na energia interna de um sistema fechado é igual à energia
térmica absorvida pelo sistema menos o trabalho realizado pelo sistema.
A adição de energia térmica a um objeto aumenta sua temperatura. Esse acréscimo de temperatura é proporcional
à capacidade térmica, C, do objeto.
A energia térmica adicionada a um objeto de massa m é igual ao produto do calor específico do objeto, c, e m, e o
aumento de temperatura do objeto.
Se energia térmica for adicionada a um objeto sólido, sua temperatura aumenta até atingir o ponto de fusão. Se a
energia térmica continuar a ser adicionada, a temperatura do objeto permanece a mesma até que o objeto inteiro
derreta para se tornar um líquido. O calor necessário para derreter um objeto em seu ponto de fusão, dividido por
sua massa, é o calor latente de fusão.
Se energia térmica for adicionada a um líquido, sua temperatura aumenta até atingir o ponto de ebulição. Se a
energia térmica continuar a ser adicionada, a temperatura do líquido permanece a mesma até que todo o líquido se
evapore até virar um gás. O calor necessário para evaporar um líquido em seu ponto de ebulição, dividido por sua
massa, é o calor latente de vaporização.
Os três principais modos de transferência de energia térmica são condução, convecção e radiação.
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O clima terrestre é movido por energia térmica na atmosfera. As regiões equatoriais recebem mais radiação solar
do que as regiões polares, portanto, o ar quente se movimenta do norte para o sul a partir do Equador em direção
aos polos para distribuir energia térmica de modo mais uniforme. Essa transferência de energia térmica, chamada
de convecção, estabelece correntes de vento em todo o mundo, carregando nuvens e chuva, bem como ar. Em
casos extremos, o ar quente ascendente e o ar frio descendente formam tempestades espetaculares, como a
tempestade com trovoadas mostrada na Figura 6.1. Tempestades circulares - tornados e furacões - também são
movidas pela colisão violenta de ar quente com ar mais frio.

Este capítulo examina a natureza do calor e os mecanismos de


Figura 6.1
transferência de energia térmica. Calor é uma forma de energia
Uma
que é transferida para ou de um sistema. Dessa forma, o calor é
tempestade
governado por uma forma mais geral da lei da conservação de
com
energia, conhecida como a primeira lei da termodinâmica.
trovoada.
Nosso foco recairá sobre essa lei neste capítulo, junto a
algumas das aplicações a processos termodinâmicos e a
mudanças de calor e temperatura.

O calor é essencial aos processos biológicos; nenhuma vida poderia existir na Terra sem o calor do Sol ou do interior
da Terra. Porém, o calor também pode causar problemas com a operação de circuitos elétricos, motores e outros
dispositivos mecânicos. Todos os ramos da ciência e da engenharia precisam lidar com o calor de uma forma ou de
outra e, por isso, os conceitos neste capítulo são importantes para todas as áreas de pesquisa, projeto e
desenvolvimento.

6.1 Definição de calor


Calor é uma das formas mais comuns de energia no universo, e todos nós o sentimos todos os dias. Ainda assim,
muitas pessoas têm concepções equivocadas sobre o calor que geralmente causam confusão. Por exemplo, um
objeto em combustão, como a chama de uma vela, não "tem" o calor que emite quando se torna quente o
suficiente. Do contrário, a chama da vela transmite energia, na forma de calor, para o ar ao seu redor. Para
esclarecer essas ideias, precisamos começar com definições claras e precisas de calor e as unidades usadas para
medi-lo.
Se você derramar água fria em um copo e, a seguir, colocá-lo na mesa da cozinha, a água irá aquecer lentamente
até atingir a temperatura do ar no ambiente. Da mesma forma, se você derramar água quente em um copo e o
colocar na mesa da cozinha, a água irá resfriar lentamente até atingir a temperatura do ar no ambiente. O
aquecimento ou resfriamento ocorre rapidamente em um primeiro momento e, depois, mais lentamente à medida
que a água atinge um equilíbrio térmico com o ar da cozinha. No equilíbrio térmico, a água, o copo e o ar no
ambiente estão todos com a mesma temperatura.
A água no copo é um sistema com temperatura Ts e o ar na cozinha é um ambiente com temperatura Te Se Ts ≠ Te,
então a temperatura do sistema muda até ser igual à temperatura do ambiente. Um sistema pode ser simples ou
complexo; ele é simplesmente qualquer objeto ou coleção de objetos que queremos examinar. A diferença entre o
ambiente e o sistema é que o ambiente é grande em comparação ao sistema. A temperatura do sistema afeta o
ambiente, mas vamos presumir que o ambiente é tão grande que qualquer mudança em sua temperatura é
imperceptível.
A mudança na temperatura do sistema deve-se a uma transferência de energia entre o sistema e seu ambiente.
Esse tipo de energia é energia térmica, uma energia interna relacionada com o movimento dos átomos, moléculas e
elétrons que compõem o sistema ou ambiente. A energia térmica no processo de ser transferida de um corpo para
outro é chamada de calor e é representada pelo símbolo Q. Se a energia térmica for transferida para um sistema,
então Q > 0 (Figura 6.2a). Ou seja, o sistema ganha energia térmica quando recebe calor de seu ambiente. Se a
energia térmica for transferida do sistema para seu ambiente, então Q<0 (Figura 6.2c). Se o sistema e seu ambiente
tiverem a mesma temperatura (Figura 6.2b), então Q = 0. O fluxo de energia térmica faz com que um sistema ganhe
ou perca energia térmica.

Figura 6.1 (a) Um sistema inserido em um ambiente


que tem MAIOR temperatura. (b) Um sistema
inserido em um ambiente que tem a MESMA
temperatura. (c) Um sistema inserido em um
ambiente que tem MENOR temperatura.

Definição
Calor Q é a energia transferida entre um sistema e seu ambiente (ou entre dois sistemas), em razão de uma diferença
de temperatura entre eles. Quando a energia flui para o sistema, Q> 0; quando a energia flui do sistema, Q<0.
6.2 Equivalente mecânico do calor
Sabemos que a energia também pode ser transferida entre um sistema e seu ambiente como trabalho realizado por
uma força atuando sobre um sistema ou por um sistema. Os conceitos de calor e trabalho, que serão discutidos na
Seção 6.3, podem ser definidos em termos da transferência de energia para ou de um sistema. Podemos nos referir
à energia interna de um sistema, mas não ao calor contido em um sistema. Se observarmos a água quente em um
copo, não sabemos se a energia térmica foi transferida para a água ou se foi realizado trabalho na água.
O calor é a energia transferida e pode ser quantificado usando a unidade do SI de energia, o joule. Originalmente, o
calor era medido em termos de sua capacidade de elevar a temperatura da água. A caloria (cal) era definida como
a quantidade de calor necessário para aumentar a temperatura de 1 grama de água em 1 °C. Outra medida comum
de calor, ainda usada nos Estados Unidos, é a unidade térmica britânica (BTU), definida como a quantidade de calor
necessário para elevar a temperatura de 1 libra de água em 1 °F. No entanto, a mudança na temperatura da água
como função da quantidade de energia térmica transferida a ela depende da temperatura original da água.
Definições reproduzíveis da caloria e da BTU exigiram que as medidas fossem feitas com uma temperatura inicial
especificada.

Figura 6.3 Em um experimento clássico realizado em 1843, o físico inglês


Aparato James Prescott Joule demonstrou que a energia mecânica de um
usado no objeto poderia ser convertida em energia térmica. O aparato que
experimento Joule usou consistia em uma grande massa sustentada por uma
de Joule para corda que passava por uma polia e era amarrada em torno de um
determinar o eixo (Figura 6.3). Conforme a massa descia, a corda desenrolada
equivalente movia um par de pás em um recipiente com água. Joule mostrou
mecânico do que a elevação de temperatura da água estava diretamente
calor. relacionada ao trabalho mecânico realizado pelo objeto em
queda. Portanto, Joule demonstrou que o trabalho mecânico
poderia ser convertido em energia térmica e obteve uma relação
entre a caloria e o joule (a unidade de energia criada em sua
homenagem).
A definição moderna da caloria baseia-se no joule. Define-se caloria em exatamente 4,186 J, sem referência à
mudança na temperatura da água. Abaixo, estão alguns fatores de conversão para unidades de energia:
1 cal = 4,186 J 1 BTU = 1055 J 1 kWh = 3,60*10^6 J 1kWh = 3412 BTU (6.1)

O conteúdo energético dos alimentos é geralmente expresso em termos de calorias. Uma caloria alimentar, muitas
vezes chamada de Caloria ou quilocaloria, não é igual à caloria recém definida; uma caloria alimentar equivale a
1.000 cal. O custo de energia elétrica costuma ser dado em consumidos quilowatt-hora (kWh).
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EXEMPLO 6.1 Conteúdo energético de uma barra de chocolate

PROBLEMA
O rótulo de uma barra de chocolate indica que ela tem 275 Calorias. Qual é o conteúdo energético dessa barra em
joules?

SOLUÇÃO
As calorias alimentares são quilocalorias, e 1 kcal = 4.186 J. A barra de
chocolate tem 275 kcal ou
DISCUSSÃO
Observe que essa energia é suficiente para erguer um pequeno caminhão com peso de 22,2 kN (massa de 5.000
libras) a uma distância de 52 m. Uma pessoa com 73 kg teria que caminhar uma hora a 1,6 m/s para queimar as
calorias obtidas ao consumir essa barra de chocolate.
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6.3 Calor e trabalho


Vamos analisar como a energia pode ser transferida como calor ou trabalho entre um sistema e seu ambiente.
Consideraremos um sistema que consiste em um cilindro cheio de gás com um pistão (Figura 6.4). O gás no cilindro
é descrito por uma temperatura T, uma pressão p e um volume V. Presumimos que a parede lateral do cilindro não
permite que o calor penetre. O gás está em contato térmico com um reservatório térmico infinito, que é um objeto
tão grande que sua temperatura não muda, mesmo que exista um fluxo de energia térmica para dentro ou fora
dele. (Reservatórios térmicos reais incluem o oceano, a atmosfera e a própria Terra.) Este reservatório também tem
temperatura T. Na Figura 6.4a, uma força externa empurra o pistão. O gás, então, empurra de volta com uma força,
P, dada pela pressão do gás, p, vezes a área, A, do pistão: F = pA (veja o Capítulo 1).

Figura 6.4
Um cilindro cheio de gás com um pistão.
O gás está em contato térmico com um
reservatório térmico infinito. (a) Uma
força externa empurra o pistão, criando
uma pressão no gás. (b) A força externa é
retirada, permitindo que o gás empurre o
pistão para fora.

Para descrever o comportamento desse sistema, consideramos a mudança de um estado inicial especificado por
pressão pi , volume Vi e temperatura Ti , e um estado final especificado por Pf , Vf e Tf . Imagine mudanças feitas
lentamente de forma que o gás permaneça próximo ao equilíbrio, permitindo medições de p, V e T. A progressão
do estado inicial para o estado final é um processo termodinâmico. Durante esse processo, a energia térmica
pode ser transferida para o sistema (calor positivo) ou para fora dele (calor negativo).
Quando a força externa é retirada (Figura 6.4b), o gás no cilindro empurra o pistão por uma distância dr. O trabalho
realizado pelo sistema nesse processo é

onde dV = Adr é a mudança de volume do sistema. Dessa forma, o trabalho realizado pelo sistema para ir da
configuração inicial para a final é determinado por
(6.2)

Observe que, durante essa mudança de volume, a pressão também pode mudar. Para avaliar essa integral,
precisamos saber a relação entre pressão e volume para o processo. Por exemplo, se a pressão permanecer
constante, obtemos

(6.3)

A equação 6.3 indica que, para pressão constante, uma mudança negativa no volume corresponde ao trabalho
negativo realizado pelo sistema.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------

Figura 6.5 Os caminhos de três processos diferentes em diagramas pV.


(a) Um processo em que a pressão diminui à medida que o volume aumenta.
(b) Um processo em dois passos, em que o primeiro passo consiste em aumentar o volume, enquanto a pressão se
mantém constante, e o segundo passo consiste em diminuir a pressão enquanto o volume se mantém constante.
(c) Outro processo em dois passos, em que o primeiro passo consiste em manter o volume constante e diminuir a
pressão, e o segundo passo consiste em manter a pressão constante enquanto se aumenta o volume. Nos três
casos, a área verde abaixo da curva representa o trabalho realizado durante o processo.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------

A Figura 6.5 mostra gráficos de pressão versus volume, às vezes chamados de diagramas pV. As três partes da
figura mostram caminhos, ou maneiras diferentes de mudar a pressão e o volume de um sistema de uma condição
inicial para uma condição final. A Figura 6.5a ilustra um processo que começa em um ponto inicial i e continua até
um ponto final f de tal forma que a pressão diminui à medida que o volume aumenta. O trabalho realizado pelo
sistema é dado pela equação 6.2. A integral pode ser representada pela área sob a curva, mostrada pelo
sombreado verde na Figura 6.5a. Nesse caso, o trabalho realizado pelo sistema é positivo porque o volume do
sistema aumenta
A Figura 6.5b ilustra um processo que começa em um ponto inicial i e continua até um ponto final f através de um
ponto intermediário m. O primeiro passo envolve o aumento do volume do sistema enquanto a pressão se mantém
constante. Uma maneira de concluir esse passo é aumentar a temperatura do sistema conforme o volume
aumenta, mantendo uma pressão constante. O segundo passo consiste em diminuir a pressão enquanto o volume
se mantém constante. Uma maneira de realizar essa tarefa é baixar a temperatura tirando energia térmica do
sistema. Novamente, o trabalho realizado pelo sistema pode ser representado pela área sob a curva, mostrado pelo
sombreamento verde na Figura 6.5b. O trabalho realizado pelo sistema é positivo porque o volume do sistema
aumenta. Porém, o trabalho realizado pelo sistema se origina apenas no primeiro passo. No segundo passo, o
sistema não realiza trabalho porque o volume não se altera
A Figura 6.5c ilustra outro processo que começa em um ponto inicial i e continua até um ponto final f através de um
ponto intermediário m. O primeiro passo envolve a diminuição da pressão do sistema enquanto o volume se
mantém constante. O segundo passo consiste em aumentar o volume enquanto a pressão se mantém constante.
Mais uma vez, o trabalho realizado pelo sistema pode ser representado pela área sob a curva, mostrado pelo
sombreamento verde na Figura 6.5c. O trabalho realizado pelo sistema é novamente positivo porque o volume do
sistema aumenta. Porém, o trabalho realizado pelo sistema se origina apenas no segundo passo. No primeiro passo,
o sistema não realiza trabalho porque o volume não se altera. O trabalho líquido realizado nesse processo é menor
do que o trabalho realizado pelo processo na Figura 6.5b, pois a área verde é menor. A energia térmica absorvida
também deve ser menor porque os estados inicial e final são os mesmos nesses dois processos, portanto a
mudança de energia interna é a mesma. (Essa conexão entre trabalho, calor e a mudança de energia interna será
discutida em maior detalhe na Seção 6.4.)
Dessa forma, o trabalho realizado por um sistema e a energia térmica transferida para o sistema dependem da
maneira como o sistema se movimenta de um ponto inicial para um ponto final em um diagrama pV. Portanto, esse
tipo de processo é referido como um processo dependente do caminho.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------

Figura 6.6
Os caminhos de
três processos em
diagramas pV.
Esses são os
opostos dos
processos
mostrados na
Figura 6.5.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------

Os diagramas pV na Figura 6.6 revertem os processos mostrados na Figura 6.5 começando nos pontos finais na
Figura 6.5 e permanecendo ao longo do mesmo caminho até os pontos iniciais. Em cada um desses casos, a área
sob a curva representa o trabalho (com sinal negativo) realizado pelo sistema ao se movimentar de um ponto inicial
i para um ponto final f. Nos três casos, o trabalho realizado pelo sistema é negativo porque o volume do sistema
diminui.
Suponha que um processo comece em algum ponto inicial em um diagrama pV, percorra parte do caminho e
retorne ao ponto original. Um caminho que retorna a seu ponto de partida é chamado de caminho fechado. A
Figura 6.7 traz dois exemplos de caminhos fechados. Na Figura 6.7a, um processo começa em um ponto inicial i e
continua até um ponto intermediário m1; o volume aumenta enquanto a pressão se mantém constante. De m1, o
caminho vai para o ponto intermediário m2; o volume se mantém constante enquanto a pressão diminui. Do ponto
m2, o caminho vai para o ponto intermediário m3 com a pressão constante e o volume diminuindo. Finalmente, o
processo se movimenta do ponto m3 para o ponto final, f, que é igual ao ponto inicial, i. A área sob o caminho de i
para m1 representa trabalho positivo realizado pelo sistema (o volume aumenta), enquanto a área sob o caminho
de m2 para m3 representa trabalho negativo realizado no sistema (volume diminui). A adição do trabalho positivo e
negativo gera trabalho líquido positivo sendo feito pelo sistema, conforme mostrado pela área do retângulo verde
na Figura 6.7a. Nesse caso, o calor é positivo.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------

Figura 6.7
Dois processos
de caminho
fechado em
diagrama pV.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------

A Figura 6.7b mostra o mesmo caminho em um diagrama pV como na Figura 6.7a, mas o processo ocorre no
sentido oposto. A área sob o caminho do ponto intermediário m1 para o ponto intermediário m2 corresponde a
trabalho positivo realizado pelo sistema. A área sob o caminho do ponto intermediário m3 para o ponto final ƒ
corresponde a trabalho negativo realizado pelo sistema. O trabalho líquido realizado pelo sistema nesse caso é
negativo, e sua magnitude é representada pela área do retângulo laranja na Figura 6.7b. Nesse caso, o calor é
negativo.
A quantidade de trabalho realizado pelo sistema e a energia térmica absorvida pelo sistema dependem do caminho
percorrido em um diagrama pV, bem como do sentido em que o caminho é percorrido.

6.4 Primeira lei da termodinâmica


Um sistema fechado é um sistema para ou do qual a energia térmica pode ser transferida, mas do qual nenhum
constituinte pode escapar e para o qual nenhum constituinte extra é adicionado. A combinação de diversos
conceitos já vistos neste capítulo nos permite expressar a mudança na energia interna de um sistema fechado em
termos de calor e trabalho como
(6.4)

Essa equação é conhecida como a primeira lei da termodinâmica. Ela pode ser enunciada da seguinte forma:
A mudança na energia interna de um sistema fechado é igual ao calor adquirido pelo sistema menos o trabalho
realizado pelo sistema.
Em outras palavras, a energia é conservada. Calor e trabalho podem ser transformados em energia interna, mas
nenhuma energia se perde. Observe que aqui o trabalho é realizado pelo sistema, e não sobre o sistema.
Basicamente, a primeira lei da termodinâmica estende a conservação de energia além da energia mecânica para
incluir calor e trabalho. (Em outros contextos, como em reações químicas, trabalho é definido como o trabalho
realizado no sistema, o que leva a uma convenção diferente de sinais para o trabalho. A convenção de sinais pode
ser usada de qualquer forma, contanto que seja consistente.) Observe também que a mudança na energia interna é
independente do caminho, enquanto mudanças de calor e trabalho são dependentes do caminho.
=================================================================================================

EXEMPLO 6.2 Halterofilista

PROBLEMA
Um halterofilista segura um haltere com massa m = 180,0 kg e o move por uma distância h =
1,25 m verticalmente, conforme ilustrado na Figura 6.8. Se considerarmos que o halterofilista é o
sistema termodinâmico, quanto calor ele despende se sua energia interna diminuir em 4000,0 J? Figura 6.8
Um
SOLUÇÃO halterofilista
Começamos com a primeira lei da termodinâmica (equação 6.4): compete
nas
Olimpíadas
O trabalho é o trabalho mecânico realizado sobre o peso pelo halterofilista
de 2008.
Portanto, o calor é dado por

O halterofilista não pode transformar energia interna em trabalho útil sem despender calor. Observe que a
redução de energia interna do halterofilista é menor do que 1 caloria alimentar: (4.000 ))/(4.186 J/kcal) = 0,956
kcal. A saída de calor é de apenas 0,428 kcal. Essa quantidade aparentemente pequena de energia interna e calor
associada ao grande esforço exigido para levantar o peso é análoga à quantidade de exercício necessária para
queimar as calorias de uma barra de chocolate (veja o Exemplo 6.1).
=================================================================================================

EXEMPLO 6.3 Caminhão escorregando até parar

PROBLEMA
Os freios de um caminhão em movimento com massa m = 3000,0 kg são acionados. O caminhão desliza até parar
em uma superfície horizontal da estrada em uma distância L = 83,2 m. O coeficiente de atrito cinético entre os
pneus do caminhão e a superfície da estrada é µk= 0,600. O que acontece com a energia interna do caminhão?

SOLUÇÃO
A primeira lei da termodinâmica (equação 6.4) relaciona a energia interna, o calor e o trabalho realizado no sistema:
Nesse caso, nenhuma energia térmica é transferida para ou do caminhão porque o processo de deslizamento até
parar por completo é suficientemente rápido, de forma que não há tempo para transferir energia térmica em
quantidade apreciável. Logo, Q=0. O trabalho é realizado pela força de atrito cinético, Ff para desacelerar e parar o
caminhão. A magnitude do trabalho realizado no caminhão é

onde mg é a força normal exercida sobre a estrada pelo caminhão. Como o trabalho é realizado no caminhão, ele é
negativo, e temos

A inserção de valores numéricos resulta em


Esse acréscimo de energia interna pode aquecer os pneus do caminhão. Aqui, vemos que a energia é conservada
porque o trabalho mecânico pode ser convertido para energia interna.
DISCUSSÃO
Observe que supomos que o caminhão é um sistema fechado. Porém, quando o caminhão começa a deslizar, os
pneus podem deixar marcas na estrada, retirando matéria e energia do sistema. A pressuposição de que nenhuma
energia térmica é transferida para ou do caminhão nesse processo também não é exatamente válida. Além disso, a
energia interna da superfície da estrada também aumentará como resultado do atrito entre os pneus e a estrada,
tirando parte da energia total disponível. Então, os 1,47 MJ adicionados à energia interna do caminhão deveriam
ser considerados como limite superior. Porém, a lição básica deste exemplo é que a energia mecânica perdida em
razão da ação de forças não conservativas é transformada em energia interna de partes ou de todo o sistema, e a
energia total é conservada.
=================================================================================================

6.5 Primeira lei para processos especiais


A primeira lei da termodinâmica - ou seja, a conservação de energia básica – é válida para todos os tipos de processos
com um sistema fechado, mas a energia pode ser transformada e a energia térmica transportada de algumas formas
especiais em que apenas uma única ou algumas variáveis que caracterizam o estado do sistema mudam. Alguns
processos especiais, que ocorrem com frequência em situações físicas, podem ser descritos usando a primeira lei da
termodinâmica. Esses processos especiais também são geralmente os únicos para os quais podemos computar
valores numéricos para calor e trabalho. Por esse motivo, eles serão discutidos várias vezes nos capítulos seguintes.
Lembre-se de que esses processos são simplificações ou idealizações, mas costumam se aproximar bastante de
situações do mundo real.
Processos adiabáticos
Um processo adiabático é aquele em que nenhum calor flui quando o estado de um sistema é alterado. Isso pode
acontecer, por exemplo, se um processo ocorrer rapidamente e não houver tempo suficiente para que o calor seja
trocado. Os processos adiabáticos são comuns porque muitos processos físicos ocorrem de modo rápido o bastante
para que não ocorra transferência de energia térmica. Para processos adiabáticos, Q = 0 na equação 6.4, então

(para um processo adiabático) (6.5)

Outra situação em que um processo adiabático pode ocorrer é se o sistema for isolado termicamente de seu
ambiente enquanto ocorrem mudanças de pressão e volume. Um exemplo é a compressão de um gás em um
recipiente isolado ou o bombeamento de ar em um pneu de bicicleta usando uma bomba manual. A mudança na
energia interna do gás deve-se apenas ao trabalho realizado no gás.
Processos a volume constante
Processos que ocorrem a volume constante são chamados de processos isocóricos. Para um processo em que o
volume se mantém constante, o sistema não pode realizar trabalho, então W = 0 na equação 6.4, resultando em
(para um processo a volume constante) (6.6)
Um exemplo de processo a volume constante é o aquecimento de um gás em um recipiente rígido e fechado que
está em contato com outros corpos. Nenhum trabalho pode ser realizado porque o volume do gás não pode mudar.
A mudança da energia interna do gás ocorre em função do calor que flui para dentro ou fora do gás como resultado
do contato entre o recipiente e os outros corpos. O cozimento de alimentos em uma panela de pressão é um
processo isocórico.

Processos de caminho fechado


Em um processo de caminho fechado, o sistema retorna ao mesmo estado em que começou. Independentemente
de como o sistema atingiu esse ponto, a energia interna deve ser a mesma do início, então ∆Eint=0 na equação 6.4.
Isso resulta em

(para um processo de caminho fechado) (6.7)

Dessa forma, o trabalho líquido realizado durante um processo de caminho fechado é igual à energia térmica
transferida para o sistema. Esses processos cíclicos formam a base de muitos tipos de máquinas térmicas
(discutidos no Capítulo 8).

Figura 6.9
(a) Um gás confinado é confinado a
metade do volume de uma caixa.
(b) A barreira que separa as duas
metades é removida, e o gás se
expande para preencher o volume.

Expansão livre
Se o recipiente isolado termicamente (então Q = 0) para um gás repentinamente aumentar de volume, o gás irá
expandir para preencher o novo volume. Durante essa expansão livre, o sistema não realiza trabalho e nenhum
calor é absorvido. Ou seja, W = 0 e Q= 0, e a equação 6.4 torna-se

(para expansão livre de um gás) (6.8)

Para ilustrar essa situação, considere uma caixa com uma barreira no centro (Figura 6.9). Um gás é confinado na
metade esquerda da caixa. Quando a barreira entre as duas metades é removida, o gás preenche o novo volume.
No entanto, o gás não realiza trabalho. Essa última afirmação requer uma explicação adicional: em sua expansão
livre, o gás não movimenta um pistão, nem outro dispositivo material; logo, não realiza trabalho em nada. Durante
a expansão, as partículas do gás se movimentam livremente até que encontrem as paredes do recipiente
expandido. O gás não está em equilíbrio enquanto expande. Para esse sistema, podemos fazer o gráfico do estado
inicial e do estado final em um diagrama pV, mas não para o estado intermediário.
Processos à pressão constante
Processos à pressão constante são chamados de processos isobáricos. Tais processos são comuns no estudo do
calor específico dos gases. Em um processo isobárico, o volume pode mudar, permitindo que o sistema realize
trabalho. Uma vez que a pressão é mantida constante, W = p*(Vf − Vi) = p*∆V, de acordo com a equação 6.3. Dessa
forma, a equação 6.4 pode ser escrita da seguinte forma:
(para um processo à pressão constante). (6.9)
Um exemplo de processo isobárico é o lento aquecimento de um gás em um cilindro adaptado com um pistão sem
atrito, que pode se movimentar para manter a pressão constante. O caminho de um processo isobárico em um
diagrama pV é uma linha retilínea horizontal. Se o sistema se movimentar no sentido de volume positivo, ele está
expandindo. Se o sistema se movimentar no sentido de volume negativo, ele está contraindo. O cozimento de
alimentos em uma panela destampada é outro exemplo de processo isobárico.

Processos à temperatura constante


Processos à temperatura constante são chamados de processos isotérmicos. A temperatura do sistema é mantida
constante pelo contato com um reservatório térmico externo. Os processos isotérmicos acontecem de modo
suficientemente lento para que o calor possa ser trocado com o reservatório externo para manter uma
temperatura constante. Por exemplo, o calor pode fluir de um reservatório quente para o sistema, permitindo que
Capítulo 6 Calor e a Primeira Lei da Termodinâmica 179

o sistema realize trabalho. O caminho de um processo isotérmico em um diagrama pV é chamado de isoterma.


Como veremos no Capítulo 7, o produto da pressão e do volume é constante para um gás ideal sendo submetido a
um processo isotérmico, dando à isoterma a forma de uma hipérbole. Além disso, como veremos no Capítulo 8, os
processos isotérmicos desempenham uma importante função na análise de dispositivos que produzem trabalho útil
de fontes de calor.
=================================================================================================

6.6 Calores específicos de sólidos e fluidos


Suponha que um bloco de alumínio esteja à temperatura ambiente. Se o calor, Q, for transferi-
do para o bloco, sua temperatura aumenta proporcionalmente à quantidade de calor. A cons-
tante de proporcionalidade entre a diferença de temperatura e o calor é a capacidade térmica,
C, de um objeto. Logo,

Q = CT, (6.10)
onde T é a mudança de temperatura.
O termo capacidade térmica não implica que um objeto contenha determinada quantidade
de calor. Ao invés disso, ele diz quanto calor é necessário para elevar a temperatura do objeto
por uma determinada quantidade. As unidades do SI para capacidade térmica são joules por
kelvin (J/K).
180 Física para Universitários – Relatividade, Oscilações, Ondas e Calor

Tabela 6.1 Calores específicos para substâncias selecionadas


Calor específico, c
Material kJ/(kg K) cal/(g K)
Chumbo 0,129 0,0308
Cobre 0,386 0,0922
Aço 0,448 0,107
Alumínio 0,900 0,215
Vidro 0,840 0,20
Gelo 2,06 0,500
Água 4,19 1,00
Vapor 2,01 0,48

A mudança de temperatura de um objeto devida ao calor pode ser descrita pelo calor es-
pecífico, c, que é definido como a capacidade térmica por unidade de massa, m:

(6.11)

Com essa definição, a relação entre mudança de temperatura e calor pode ser escrita como
Q = cmT. (6.12)
As unidades do SI para calor específico são J/(kg K). Em aplicações práticas, o calor específico
também geralmente está em cal/(g K). As unidades J/(kg K) e J/(kg °C) podem ser usadas de
maneira intercambiável para o calor específico, já que é definido em termos de T. Os calores
específicos de vários materiais estão listados na Tabela 6.1.
Observe que calor específico e capacidade térmica normalmente são medidos de duas ma-
neiras. Para a maioria das substâncias, eles são medidos sob pressão constante (como na Tabela
6.1) e denotados por cp e Cp. Porém, para fluidos (gases e líquidos), o calor específico e a capa-
cidade térmica também podem ser medidos a volume constante e denotados por cV e CV. Em
geral, medições sob pressão constante produzem valores maiores, porque o trabalho mecânico
precisa ser realizado no processo, e a diferença é particularmente grande para os gases. Discu-
tiremos isso em maior detalhe no Capítulo 7.
O calor específico de uma substância também pode ser definido em termos do número
de mols de um material, em vez de sua massa. Esse tipo de calor específico é chamado de calor
específico molar, e também será discutido no Capítulo 7.
O efeito de diferenças em calores específicos de substâncias pode ser observado pronta-
mente no litoral, onde o sol transfere energia para a terra e para a água de forma aproximada-
mente igual durante o dia. O calor específico da terra é cerca de cinco vezes menor do que o
da água. Portanto, a terra aquece mais rapidamente do que a água, e ela aquece o ar acima dela
mais do que a água aquece o ar acima dela. Essa diferença de temperatura cria uma brisa em
terra firme durante o dia. O alto calor específico da água ajuda a moderar os climas em torno
de oceanos e grandes lagos.

EXEMPLO 6.4 Energia necessária para aquecer a água

PROBLEMA
Você tem 2,00 L de água a uma temperatura de 20,0 °C. Quanta energia é necessária para elevar
a temperatura dessa água para 95,0 °C? Supondo que você use eletricidade para aquecer a água,
quanto custará a 10,0 reais por quilowatt-hora?

SOLUÇÃO
A massa de 1,00 L de água é de 1,00 kg. Segundo a Tabela 6.1, cágua = 4,19 kJ/(kg K). Portanto, a
energia necessária para aquecer 2,00 kg de água de 20,0 °C para 95,0 °C é

elm=629 MIL joules (cuidado com ponto / vírgula no livro, tradução de livro em inglês - aqui estár certo para US não para BR...
Capítulo 6 Calor e a Primeira Lei da Termodinâmica 181

Usando o fator de conversão de joules para quilowatts-hora (equação 6.1), calculamos o custo do 6.1 Exercícios
aquecimento da água como
de sala de aula
Quanta energia é necessária
real para elevar a temperatura de um
bloco de cobre com massa de
3,00 kg de 25,0 °C para 125 °C?
a) 116 kJ d) 576 kJ
Calorimetria
b) 278 kJ e) 761 kJ
Um calorímetro é um dispositivo usado para estudar mudanças de energia interna por meio
da mensuração de transferências de energia térmica. A transferência de energia térmica e a c) 421 kJ
mudança de energia interna podem resultar de uma reação química, uma mudança física ou
diferenças de temperatura e calor específico. Um calorímetro simples consiste em um reci-
piente isolado e um termômetro. Para medições simples, um copo de isopor e um termômetro
comum de álcool darão conta do recado. Presumiremos que nenhum calor é perdido ou ganho
no calorímetro ou no termômetro.
Quando dois materiais com temperaturas diferentes e calores específicos são colocados em
um calorímetro, o calor irá fluir da substância mais quente para a mais fria até que a tempera-
tura das duas substâncias seja a mesma. Nenhum calor irá fluir para dentro ou fora do calorí-
metro. O calor perdido pela substância mais quente será igual ao calor ganho pela substância
mais fria.
Uma substância como a água com um calor específico alto, c = 4,19 kJ/(kg K), exige mais
calor para elevar sua temperatura pela mesma quantidade do que uma substância com calor
específico baixo, como o aço, com c = 0,488 kJ/(kg K). O Problema Resolvido 6.1 ilustra os
conceitos de calorimetria.

PROBLEMA RESOLVIDO 6.1 Água e chumbo

PROBLEMA
Um ferreiro derrama 3,00 kg de grãos de chumbo (que é o material usado para preencher cartu-
chos de espingardas) a uma temperatura de 94,7 °C em 1,00 kg de água a 27,5 °C em um recipiente
isolado, que age como um calorímetro. Qual é a temperatura final da mistura?

SOLUÇÃO
PENSE
Os grãos de chumbo irão ceder calor e a água irá absorver calor até que ambos estejam na mesma
Tchumbo Tágua T
temperatura. (Algo que pode passar despercebido é que os grãos de chumbo têm uma temperatu-
ra de fusão, mas é significativamente acima de 94,7 °C; por isso, não precisamos considerar uma
mudança de fase nessa situação. A água irá permanecer líquida, e os grãos de chumbo irão perma-
necer sólidos. A Seção 6.7 aborda situações envolvendo mudanças de fase.)

DESENHE
A Figura 6.10 mostra a situação do problema antes e após os grãos de chumbo serem adicionados (a) (b)
à água. Figura 6.10 Grãos de chumbo e
água (a) antes e (b) após os grãos de
PESQUISE chumbo serem adicionados à água.
O calor perdido pelos grãos de chumbo, Qchumbo, para seu ambiente é dado por Qchumbo =
mchumbocchumbo(T – Tchumbo), onde cchumbo é o calor específico do chumbo, mchumbo é a massa dos grãos
de chumbo, Tchumbo é a temperatura original dos grãos de chumbo e T é a temperatura final de
equilíbrio.
O calor ganho pela água, Qágua, é dado por Qágua = máguacágua(T – Tágua), onde cágua é o calor espe-
cífico da água, mágua é a massa da água e Tágua é a temperatura original da água.
A soma do calor perdido pelos grãos de chumbo e o calor ganho pela água é zero, porque o
processo aconteceu em um recipiente isolado e porque a energia total é conservada, uma conse-
quência da primeira lei da termodinâmica. Então, podemos escrever
Qchumbo + Qágua = 0 = mchumbocchumbo(T – Tchumbo) + máguacágua(T – Tágua).
Continua →
182 Física para Universitários – Relatividade, Oscilações, Ondas e Calor

SIMPLIFIQUE
Efetuamos as multiplicações nos dois lados e reordenamos de forma que todos os termos conten-
do a temperatura desconhecida estejam no lado esquerdo da equação:
mchumbocchumboTchumbo + máguacáguaTágua = máguacáguaT + mchumbocchumboT.
Podemos resolver essa equação para T dividindo os dois lados por mchumbocchumbo + máguacágua:

CALCULE
A inserção de valores numéricos resulta em

ARREDONDE
Apresentamos nosso resultado com três dígitos significativos:
T = 33,2 °C.

S O L U Ç Ã O A LT E R N AT I VA
A temperatura final da mistura dos grãos de chumbo e da água é apenas 5,7 °C maior do que
a temperatura original da água. As massas dos grãos de chumbo e da água diferem por um
fator de 3, mas o calor específico do chumbo é muito menor do que o calor específico da água.
Portanto, é razoável que o chumbo tenha uma mudança grande de temperatura e a água tenha
uma mudança pequena de temperatura. Para avaliar, calculamos o calor perdido pelo chumbo,

e comparamos o resultado com o calor ganho pela água,

Esses resultados somam 0 no erro de arredondamento, conforme exigido.

6.7 Calor latente e transições de fase


Como mencionado no Capítulo 1, os três estados da matéria comuns (às vezes chamados de
fases) são sólido, líquido e gasoso. Estivemos considerando objetos para os quais a mudança
de temperatura é proporcional à quantidade de calor adicionada. Essa relação linear entre calor
e temperatura é, estritamente falando, uma aproximação, mas tem alta precisão para sólidos
e líquidos. Para um gás, adicionar calor irá elevar a temperatura, mas pode também mudar a
pressão ou volume, dependendo de como o gás é contido. As substâncias podem ter calores
específicos diferentes, dependendo se estão em um estado sólido, líquido ou gasoso.
Se calor suficiente for adicionado a um sólido, ele derrete e se transforma em um líquido.
Se calor suficiente for adicionado a um líquido, ele evapora e se transforma em um gás. Esses
são exemplos de mudanças de fase ou transições de fase (Figura 6.11). Durante uma mudança
Lfusão de fase, a temperatura de um objeto permanece constante. O calor necessário para derreter um
sólido, dividido por sua massa, é chamado de calor latente de fusão, Lfusão. A fusão transforma
uma substância de sólido para líquido. O calor necessário para evaporar um líquido, dividido
Lvaporização por sua massa, é chamado de calor latente de vaporização, Lvaporização. A vaporização transfor-
ma uma substância de líquido para gás.
A temperatura em que um sólido derrete e se transforma em líquido é o ponto de fusão,
Tfusão. A temperatura em que um líquido evapora e se transforma em gás é o ponto de ebulição,
Capítulo 6 Calor e a Primeira Lei da Termodinâmica 183

Gás
Sublim
ação
Deposiç
ão
Ev
ap den
or
Co

aç açã
Sólido
n

ão

to
timen
s

Derre
mento
o

la Figura 6.11 Mudanças de fase en-


Líquido Conge
volvendo três estados da água, que
estão simultaneamente presentes
nesta foto tirada no Parque Nacional
Yellowstone.

Tebulição. A relação entre a massa de um objeto em seu ponto de fusão e o calor necessário para
transformar um objeto de sólido para líquido é dada por

(6.13)

Da mesma forma, a relação entre um objeto em seu ponto de ebulição e o calor necessário para
transformar o objeto de líquido para gás é dada por

(6.14)

As unidades do SI para calor latente de fusão e vaporização são joules por quilograma (J/kg);
unidades de calorias por grama (cal/g) também são usadas com frequência. O calor latente de
fusão para uma determinada substância é diferente do calor latente de vaporização dessa subs-
tância. Valores representativos para o ponto de fusão, calor latente de fusão, ponto de ebulição
e calor latente de vaporização estão listados na Tabela 6.2.
Também é possível que uma substância mude diretamente de sólido para gás. Esse pro-
cesso denomina-se sublimação. Por exemplo, a sublimação ocorre quando o gelo seco, que é
dióxido de carbono sólido (congelado), muda diretamente para dióxido de carbono gasoso
sem passar pelo estado líquido. Quando um cometa se aproxima do Sol, parte de seu dióxido
de carbono congelado sublima, ajudando a produzir sua cauda visível.
Se continuarmos a aquecer um gás, ele se tornará ionizado, o que significa que alguns ou Figura 6.12 Imagem da Nebulosa de
Ômega/Cisne (M17), tirada pelo Te-
todos os elétrons nos átomos do gás serão removidos. Um gás ionizado e seus elétrons livres
lescópio Espacial Hubble, mostra uma
formam um estado de matéria chamado de plasma. Os plasmas são muito comuns no univer- região imensa de gás ionizado por ra-
so; na verdade, até 99% da massa do sistema solar existe na forma de plasma. A nuvem de pó diação de jovens estrelas.
de gás conhecida como a Nebulosa de Ômega/Cisne (M17), mostrada na Figura 6.12, também
é um plasma.

Tabela 6.2 Alguns valores representativos para o ponto de fusão, ponto de


ebulição, calor latente de fusão e calor latente de vaporização
Ponto de Calor latente de Ponto de Calor latente de
fusão fusão, Lfusão ebulição vaporização, Lvaporização
Material (K) (KJ/kg) (cal/g) (K) (kJ/kg) (cal/g)
Hidrogênio 13,8 58,6 14,0 20,3 452 108
Álcool etílico 156 104 24,9 351 858 205
Mercúrio 234 11,3 2,70 630 293 70,0
Água 273 334 79,7 373 2.260 539
Alumínio 932 396 94,5 2.740 10.500 2.500
Cobre 1.359 205 49,0 2.840 4.730 1.130
184 Física para Universitários – Relatividade, Oscilações, Ondas e Calor

Conforme mencionado no Capítulo 1, há outros estados da matéria além do sólido, líqui-


do, gasoso e plasma. Por exemplo, a matéria em um estado granular tem propriedades específi-
cas que a diferenciam dos quatro principais estados da matéria. A matéria também pode existir
como um condensado de Bose-Einstein, em que átomos individuais se tornam indistinguíveis,
sob condições muito específicas a temperaturas muito baixas. Os físicos norte-americanos Eric
Cornell e Carl Wieman, junto com o físico alemão Wolfgang Ketterle, receberam o Prêmio
Nobel de Física de 2001 por seus estudos de um condensado de Bose-Einstein.
Resfriar um objeto significa reduzir sua energia interna. À medida que a energia térmica é
6.2 Exercícios retirada de uma substância no estado gasoso, a temperatura do gás diminui em relação ao calor
de sala de aula específico do gás, até que este comece a condensar em um líquido. Essa mudança acontece a
uma temperatura chamada de ponto de condensação, que é a mesma temperatura que o ponto
Quanta energia é necessária
de ebulição da substância. Converter todo o gás para líquido requer a retirada de uma quanti-
para derreter um bloco de cobre
com massa de 3,00 kg que está
dade de calor correspondente ao calor latente de vaporização vezes a massa do gás. Se a energia
inicialmente a uma temperatura térmica continuar a ser retirada, a temperatura do líquido será reduzida, conforme determi-
de 1.359 K? nado pelo calor específico do líquido, até que a temperatura atinja o ponto de congelamento,
que é a mesma temperatura que o ponto de fusão da substância. Converter todo o líquido para
a) 101 kJ d) 615 kJ
sólido requer a retirada de uma quantidade de calor correspondente ao calor latente de fusão
b) 221 kJ e) 792 kJ vezes a massa. Se o calor continuar a ser retirado do sólido, sua temperatura irá diminuir em
relação ao calor específico do sólido.
c) 390 kJ

EXEMPLO 6.5 Transformação de gelo em água e água em vapor

PROBLEMA
Quanto calor, Q, é necessário para converter 0,500 kg de gelo (água congelada) a uma temperatura
de –30 °C para vapor a 140 °C?

SOLUÇÃO
Resolvemos esse problema em passos, sendo que cada um deles corresponde a uma elevação na
temperatura ou a uma mudança de fase. Primeiro, calculamos quanto calor é necessário para ele-
var a temperatura do gelo de –30 °C para 0 °C. O calor específico do gelo é 2,06 kJ/(kg K), então
o calor necessário é

Continuamos a adicionar calor ao gelo até que ele derreta. A temperatura permanece em 0 °C até
que todo o gelo esteja derretido. O calor latente de fusão do gelo é 334 kJ/kg, então o calor neces-
sário para derreter todo o gelo é

Assim que todo o gelo tiver derretido em água, continuamos a adicionar calor até que a água atin-
ja o ponto de ebulição, a 100 °C. O calor necessário para esse passo é

Continuamos a adicionar calor à água até que ela evapore. O calor necessário para a evaporação é

Agora, aquecemos o vapor e elevamos a temperatura de 100 °C para 140 °C. O calor necessário
para esse passo é

Portanto, o calor total necessário é


Capítulo 6 Calor e a Primeira Lei da Termodinâmica 185

150

Vapor
Vaporiza (e)
100
(d)
T (ºC)

50 (c) Líquido

Derrete
0
(b)
(a) Gelo 6.3 Exercícios
⫺50 de sala de aula
0 500 1.000 1.500
Você tem um bloco de gelo de
Q (kJ)
massa m a uma temperatura de
Figura 6.13 Gráfico da temperatura versus calor adicionado para mudar 0,500 kg de gelo iniciando a –3 °C em um recipiente ter-
uma temperatura de –30 °C para vapor a 140 °C. micamente isolado, adiciona a
mesma massa m de água líquida
a uma temperatura de 6 °C e
A Figura 6.13 mostra um gráfico da temperatura da água como função do calor adicionado. Na deixa a mistura chegar a um
região (a), a temperatura do gelo aumenta de –30 °C para 0 °C. Na região (b), o gelo derrete em equilíbrio. Qual é a temperatura
água enquanto a temperatura permanece em 0 °C. Na região (c), a água aquece de 0 °C para da mistura?
100 °C. Na região (d), a água ferve e muda para vapor enquanto a temperatura permanece em 100
a) –3 °C d) +4,5 °C
°C. Na região (e), a temperatura do vapor aumenta de 100 °C para 140 °C.
Observe que quase 2/3 do calor total em todo o processo de aquecimento da amostra de –30 °C b) 0 °C e) +6 °C
para 140 °C precisa ser gasto para converter a água líquida para vapor no processo de evaporação.
c) +3 °C

EXEMPLO 6.6 Trabalho realizado para evaporar água


Suponha que 10,0 g de água a uma temperatura de 100,0 °C esteja em um cilindro isolado equi-
pado com um pistão para manter uma pressão constante de p = 101,3 kPa. Calor suficiente é
adicionado à água para evaporá-la em vapor a uma temperatura de 100,0 °C. O volume da água é
Vágua = 10,0 cm3, e o volume do vapor é Vvapor = 16.900 cm3.

PROBLEMA
Qual é o trabalho realizado pela água à medida que ela evapora? Qual é a mudança na energia
interna da água?

SOLUÇÃO
Este processo é realizado a uma pressão constante. O trabalho realizado para evaporar a água é
dado pela equação 6.3:

A inserção de valores numéricos resulta no trabalho realizado pela água à medida que aumenta de
volume a uma pressão constante:
W = (101,3 ⋅ 103 Pa)(16.900 ⋅ 10–6 m3–10,0 ⋅ 10–6 m3)=1.710 J.
A mudança na energia interna da água é dada pela primeira lei da termodinâmica (equação 6.4)
Eint = Q – W.

Continua →
186 Física para Universitários – Relatividade, Oscilações, Ondas e Calor

Nesse caso, a energia térmica transferida é o calor necessário para evaporar a água. Segundo a
Tabela 6.2, o calor latente de vaporização da água é Lvaporização = 2.260 kJ/kg. Portanto, a energia
térmica transferida para a água é
Q = mLvaporização = (10,0 ⋅ 10–3kg)(2,260 ⋅ 106 J/kg) = 22.600 J.
A mudança na energia interna da água é
Eint = 22.600 J – 1.710 J = 20.900 J.
A maior parte da energia adicionada permanece na água como energia interna. Essa energia inter-
na está relacionada à mudança de fase da água para vapor. A energia é usada para superar as forças
de atração entre as moléculas de água no estado líquido ao convertê-las para o estado gasoso.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da
Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 2.1
=================================================================================================

6.8 Modos de transferência de energia térmica


Os três principais modos de transferência de energia térmica são condução, convecção e radiação. Os três estão
ilustrados pela fogueira de acampamento mostrada na Figura 6.14. Radiação é a transferência de energia térmica
via ondas eletromagnéticas. Pode-se sentir o calor radiando de uma fogueira quando se senta perto dela.
Convecção envolve o movimento físico de uma substância (como água ou ar) do contato térmico com um sistema
ao contato térmico com outro sistema. A substância em movimento carrega energia interna. É possível ver a
energia térmica subindo em forma de chamas e ar quente acima das chamas da fogueira. Condução envolve a
transferência de energia térmica dentro de um objeto (como a transferência de energia térmica em um atiçador
cuja ponta esteja quente) ou a transferência de calor entre dois (ou mais) objetos em contato térmico. O calor é
conduzido através de uma substância pela vibração de átomos e moléculas e pelo movimento de elétrons. A água e
o alimento nas panelas sobre a fogueira são aquecidos por condução. As próprias panelas são aquecidas por
convecção e radiação.

Figura 6.14 Figura 6.15


Uma fogueira de (a) Uma barra com área
acampamento ilustra transversal A e
os três principais comprimento L.
modos de transferência (b) A barra é colocada
de energia térmica: entre dois reservatórios
condução, convecção e térmicos com
radiação. temperaturas Th e Tc.

Condução
Considere uma barra de material com área transversal A e comprimento L. (Figura 6.15a). Essa barra é colocada em
contato físico com um reservatório térmico a uma temperatura mais quente, Th, e com um reservatório térmico a
uma temperatura mais fria, Tc, o que significa que Th>Tc (Figura 6.15b). O calor, então, flui do reservatório com
maior temperatura para o reservatório com menor temperatura. A energia térmica transferida por unidade de
tempo, Pcond pela barra conectando os dois reservatórios de calor é dada por

(6.15)

onde k é a condutividade térmica do material da barra. As unidades do SI de condutividade térmica são W/(m K).
Alguns valores típicos de condutividade térmica estão listados na Tabela 6.3. Podemos reordenar a equação 6.15:

(6.16)
onde a resistência térmica, R, da barra é definida por (6.17)

As unidades do SI de R são m2.K/W. Um valor maior de R significa uma taxa menor de transferência de energia
térmica. Um bom isolante tem alto valor de R. Nos Estados Unidos, a resistência térmica é geralmente especificada
por um fator de R, que tem as unidades pés2.°F.h/BTU. Um material isolante comum marcado com um fator R de
R-30 está mostrado na Figura 6.16. Para converter um fator R de pés2.°F.h/BTU. para m2.K/W, divida o fator R por
5,678.

Tabela 6.3 Algumas condutividades


Figura 6.16
térmicas representativas ,
(a) Um material
Material k [W/(m K)]
isolante comum
Cobre 386
com fator R de
Alumínio 220
R-30.
Concreto 0,8
(b) Isolamento
Vidro 0,8
sendo instalado
Borracha 0,16
em um sótão.
Madeira 0,16
6.2 Pausa para teste
Demonstre que o fator de conversão para alterar de pés2 °F h/ BTU para m2 K/W é de 5,678.

=================================================================================================

EXEMPLO 6.7 Isolamento do telhado


Suponha que você faça o isolamento do teto de uma peça com um material isolante com fator R de R-30. A peça
tem 5,00 m por 5,00 m. A temperatura dentro do cômodo é de 21,0 °C, e a temperatura acima do isolamento é de
40,0 °C.

PROBLEMA
Quanto calor entra na peça pelo telhado em um dia se o ambiente for mantido a uma temperatura de 21,0 °C?

SOLUÇÃO
Solucionamos a equação 6.16 para o calor:

Em valores numéricos, obtemos (1 dia tem 86.400 s):

=================================================================================================

PROBLEMA RESOLVIDO 6.2 Custo para aquecer uma casa no inverno


Você constrói uma pequena casa com quatro cômodos (Figura 6.17a). Cada cômodo tem 10,0 pés por 10,0 pés, e o
teto tem 8,00 pés de altura. As paredes externas estão isoladas com um material com fator R de R-19, e o piso e o
teto estão isolados com um material com fator R de R-30. Durante o inverno, a temperatura média dentro da casa é
de 20 °C, e a temperatura média fora da casa é de 0,00 °C. Você aquece a casa por 6 meses no inverno usando
eletricidade que custa 9,5 centavos de dólar por quilowatt-hora.
PROBLEMA
Quanto você paga para aquecer sua casa durante o inverno?
SOLUÇÃO
PENSE
Usando a equação 6.16, podemos calcular o calor total perdido durante 6 meses pelas paredes (R-19), piso e teto
(R-30). Podemos, então, calcular quanto custará para adicionar essa quantidade de calor à casa.
Figura 6.17
(a) Uma casa de quatro cômodos
com isolamento.
(b) Uma parede e o teto da casa.

DESENHE
As dimensões de uma parede e do teto são mostradas na Figura 6.17b.

PESQUISE
Cada uma das quatro paredes externas, como mostrado na Figura 6.17b, tem uma área de Aparede. O teto tem
uma área Ateto, mostrado na Figura 6.17b. O piso e o teto têm a mesma área. A resistência térmica das paredes é
dada por R-19; a resistência térmica do piso e do teto é dada por R.30. Dessa forma, a resistência térmica das
paredes em unidades do Sl é

e a resistência térmica do piso e do teto è

SIMPLIFIQUE
Podemos calcular o calor perdido por unidade de tempo usando a equação 6.16, considerando que a área total das
paredes é quatro vezes a área de uma parede e que a área total do piso e do teto é duas vezes a área do teto:

CALCULE
A área de cada parede externa é Aparede = (8,00 pés)(20,0 pès) = 160,0 pés2 = 14,864 m2. A área do teto é Ateto =
(20,0 pés)(20,0 pés) = 400,0 pés2 = 37,161 m2. O número de segundos em 6 meses é

Portanto, a quantidade de calor perdido em 6 meses é

Calculando o custo total para 6 meses de eletricidade para o aquecimento, obtemos


ARREDONDE
Uma vez que os dados de entrada foram dados para dois dígitos significativos, apresentamos nosso resultado
também com três números significativos:
Custo = US$ 260.
(Porém, arredondar para baixo uma conta não é aceitável para a empresa de energia elétrica, e você teria que
pagar US$ 261,32)
=================================================================================================

SOLUÇÃO ALTERNATIVA
Para avaliar, vamos usar os valores de R da forma como um empreiteiro nos Estados Unidos o faria. A área total das
paredes é 4(160 pés2), e a área total do piso e do teto é de 2(400 pés2). O calor perdido por hora através das
paredes é

O calor perdido através do teto e do piso é

O calor perdido em 6 meses é (4.320 h) é

O custo é de

Está próximo ao valor de nossa resposta e parece razoável.


Observe que o custo para aquecer a pequena casa no inverno parece pequeno comparado com a experiência do
mundo real. A redução surge porque a casa não tem portas nem janelas e está bem isolada.
=================================================================================================
O isolamento térmico é um componente central nas espaçonaves que precisam reentrar na atmosfera terrestre. O
processo de reentrada cria energia térmica a partir do atrito com as moléculas de ar. Devido à alta velocidade, uma
onda de choque se forma na frente da espaçonave, que deflete a maior parte da energia térmica criada no
processo. No entanto, o isolamento térmico excelente ainda é necessário para prevenir que esse calor seja
conduzido para a estrutura da espaçonave, que é basicamente feita de alumínio e não consegue aguentar
temperaturas significativamente maiores do que 180 °C. O sistema de proteção térmica precisa ter massa muito
pequena, como todas as peças de uma espaçonave, e ser capaz de proteger a espaçonave de temperaturas
altíssimas, acima de 1.650 °C. Na espaçonave usada nas missões Apolo, em que os astronautas realizaram os pousos
na lua no final das décadas de 1960 e 1970, e em sondas planetárias como a Mars Rover, a proteção contra calor é
simplesmente um escudo de calor ablativo, que se incendeia durante a entrada na atmosfera. Para uma
espaçonave reutilizável como o Ônibus Espacial, tal escudo não é uma opção, pois seria necessário fazer
manutenção muito cara após cada viagem. As pontas do nariz e das asas do Ônibus Espacial são cobertos de
carbono reforçado, capazes de sustentar as altas temperaturas da reentrada. A parte inferior do Ônibus Espacial é
coberta com proteção contra calor passivo, consistindo em mais de 20.000 azulejos de cerâmica feitos de 10% de
fibras de sílica e 90% de espaço vazio. Eles são isolantes térmicos tão bons que, após serem aquecidos a uma
temperatura de 1.260 °C (que é a temperatura máxima que a parte inferior do Ônibus Espacial encontra durante a
reentrada), podem ser segurados por mãos desprotegidas (veja a Figura 6.18).
Figura 6.18
Figura 6.19
Azulejo de cerâmica
Chamas de vela sob
incandescente (1.260°C)
(a) condições
usado para o sistema de
terrestres e
proteção térmica do Ônibus
(b) condições de
Espacial é segurado por uma
microgravidade.
mão desprotegida.

Convecção
Se você mantiver sua mão sobre uma vela acesa, poderá sentir a energia térmica transferida da chama. O ar
aquecido é menos denso do que o ar circundante e, por isso, sobe. O ar ascendente carrega energia térmica para
cima a partir da chama da vela. Esse tipo de transferência de energia térmica é chamado de convecção. A Figura
6.19 mostra uma chama de vela na Terra e no Ônibus Espacial em órbita. Pode-se ver que a energia térmica se
propaga para cima a partir da vela que queima na Terra, mas se expande quase que esfericamente da vela a bordo
do Ônibus Espacial. O ar no Ônibus Espacial (na verdade, em um pequeno recipiente dentro do Ônibus Espacial)
tem a mesma densidade em todos os sentidos, então o ar aquecido não tem sentido preferencial para onde se
propagar. A parte inferior da chama da vela a bordo do Ônibus Espacial é apagada porque o pavio remove a energia
térmica. (Além da convecção envolvendo um fluxo em grande escala de massa, a convecção pode ocorrer através
de partículas individuais em um processo chamado de difusão, que não será abordado neste capítulo.)
A maioria das residências e prédios comerciais nos Estados Unidos tem aquecimento de ar forçado, ou seja, o ar
aquecido chega até o ambiente através de dutos de aquecimento. Esse é um excelente exemplo de transferência
de energia térmica através de convecção. Os mesmos dutos de ar são usados no verão para resfriar as mesmas
estruturas, transportando ar mais frio pelos dutos, o que é outro exemplo de transferência de energia térmica
convectiva. (Porém, é claro que o calor tem o sinal oposto, porque a temperatura no ambiente é diminuída.)

Grandes quantidades de energia são transferidas por convecção na atmosfera terrestre e nos oceanos. Por
exemplo, a Corrente do Golfo carrega a água mais quente do Golfo do México em direção ao norte, passando pelo
estreito da Flórida e subindo para a costa leste dos Estados Unidos. A temperatura mais quente da água na
Corrente do Golfo está revelada na imagem de satélite da NASA na Figura 6.20. A Corrente do Golfo tem uma
temperatura de aproximadamente 20 °C à medida que flui com velocidade de cerca de 2 m/s subindo a costa leste
dos Estados Unidos e entrando no Atlântico Norte. A Corrente do Golfo, então, se divide. Uma parte continua a fluir
em direção à Bretanha e Europa Ocidental, enquanto a outra parte se volta para o sul ao longo da costa africana. A
temperatura média da Bretanha e da Europa Ocidental é aproximadamente 5 °C maior do que seria sem a energia
térmica carregada pelas águas mais quentes da Corrente do Golfo.

Figura 6.20
Uma imagem de satélite, tirada pelo satélite Terra da
NASA em 5 de maio de 2001, mostra a temperatura da
água do Oceano Atlântico Norte. As cores representam a
variação de temperatura da água. As correntes quentes do
Golfo são visíveis em vermelho, e a Costal Leste dos
Estados Unidos é mostrada em preto.

Alguns modelos climáticos preveem que o aquecimento global pode ameaçar a Corrente do Golfo em razão do
derretimento do gelo no Polo Norte. As águas doces extras da calota polar reduzem a salinidade da água na
extremidade norte da Corrente do Golfo, que interfere com o mecanismo que permite que a água resfriada da
Corrente do Golfo afunde e retorne para o sul. Paradoxalmente, o aquecimento global poderia tornar a Europa
setentrional mais fria.

=================================================================================================
PROBLEMA RESOLVIDO 6.3 A Corrente do Golfo
Vamos supor que uma canalização de água retangular de 100 km de largura e 500 m de profundidade possa se
aproximar da Corrente do Golfo. A água nesta canalização está se movendo com velocidade de 2,0 m/s. A
temperatura da água é de 5,0 °C mais quente do que a água circundante.

PROBLEMA
Estime quanta potência a Corrente do Golfo está transportando para o Oceano Atlântico Norte.
SOLUÇÃO
PENSE
Podemos calcular a taxa de fluxo de volume tirando o produto da velocidade do fluxo e a área transversal da
canalização. Usando a densidade da água, podemos calcular a taxa de fluxo da massa. Usando o calor específico da
água e a diferença de temperatura entre a água da Corrente do Golfo e a água circundante, podemos calcular a
potência transportada pela Corrente do Golfo para o Atlântico Norte.

Figura 6.21 DESENHE


Corrente do Golfo A Figura 6.21 mostra a Corrente do Golfo idealizada
idealizada fluindo fluindo para o nordeste no Atlântico Norte.
no Atlântico Norte
ao longo da linha da PESQUISE
costa leste dos Supomos que a Corrente do Golfo tem área
Estados Unidos. transversal retangular de largura w = 100 km e
profundidade d = 500 m. A área do fluxo da
Corrente do Golfo é

Presume-se que a velocidade do fluxo da Corrente do Golfo seja v = 2,0 m/s. A taxa de fluxo de volume é
determinada por

A densidade da água marinha é ρ = 1.025 kg/m2. Podemos expressar a taxa de fluxo de massa como

O calor específico da água é c = 4.186 J/(kg K). O calor necessário para elevar a temperatura de uma massa m por
∆T é dado por

A potência transportada pela Corrente do Golfo é igual ao calor por unidade de tempo:

(Obs.: A letra P maiúscula simboliza a potência; não confunda isso com a letra p minúscula usada para pressão.)

SIMPLIFIQUE
A potência transportada pela Corrente do Golfo é determinada por

CALCULE
A diferença de temperatura é ∆T=5°C = 5 K. A inserção de valores numéricos resulta em
ARREDONDE
Apresentamos nosso resultado com dois números significativos:

=================================================================================================

SOLUÇÃO ALTERNATIVA
Para avaliar esse resultado, vamos calcular quanta potência incide sobre a Terra vinda do Sol. Essa potência total é
determinada pela área transversal da Terra vezes a potência incidente sobre a Terra por unidade de área:

Vamos calcular quanto dessa potência poderia ser absorvida pelo Golfo do México. A intensidade da luz solar a
uma distância do Sol correspondente ao raio da órbita da Terra em torno do Sol é de S = 1.400 W/m2. Podemos
estimar a área do Golfo do México como 1,0*106 km2 = 1,0*1012 m2.
Se a água do Golfo do México absorvesse toda a energia incidente do Sol por metade de cada dia, então a potência
disponível do Golfo seria

o que é menos do que nossa estimativa da potência transportada pela Corrente do Golfo. Logo, uma parte maior
do Oceano Atlântico deve estar envolvida na provisão de energia para a Corrente do Golfo do que simplesmente o
Golfo do México. De fato, a Corrente do Golfo recebe sua energia de uma grande fração do Oceano Atlântico. A
Corrente do Golfo é parte de uma rede de correntes que fluem nos oceanos terrestres, induzidas por ventos,
diferenças de temperatura e a topologia e rotação da Terra.
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6.3 Pausa para teste


Liste alguns fenômenos de convecção encontrados no cotidiano.

Radiação
A radiação ocorre via transmissão de ondas eletromagnéticas. Além disso, diferentemente das ondas mecânicas e
sonoras (estudadas nos Capítulos 3 e 4), essas ondas não precisam de um meio para sustentá-las. Dessa forma, as
ondas eletromagnéticas podem carregar energia de um local para outro sem que nenhuma matéria esteja presente
entre os dois locais. Um exemplo do transporte de energia por radiação eletromagnética ocorre durante uma
conversa por telefone celular: o telefone celular age como transmissor de radiação para a torre mais próxima e
como receptor da radiação com origem nessa torre.
Todos os objetos emitem radiação eletromagnética. A temperatura do objeto determina a potência irradiada do
objeto, Pirradiada que é dada pela equação de Stefan-Boltzmann:
(6.18)

onde σ = 5,67*10−8 W/K4m2 é chamada de constante de Stefan-Boltzmann, ε é a emissividade, que não tem
unidade, e A é a área de superfície (irradiação). A temperatura na equação 6.18 deve estar em kelvins, e presume-
se que seja constante. A emissividade varia entre 0 e 1, sendo que 1 é a emissividade de um objeto idealizado
chamado de corpo negro. Um corpo negro irradia 100% de sua energia e absorve 100% de qualquer radiação
incidente sobre ele. Embora alguns objetos do mundo real estejam próximos de ser um corpo negro, não existe
nenhum corpo negro perfeito, portanto a emissividade é sempre menor que 1.
A subseção anterior sobre condução discutiu como a capacidade de isolamento de vários materiais é quantificada
pelo valor de R. A perda de calor de uma residência no inverno ou o calor ganho no verão depende tanto da
condução quanto da radiação. Novas técnicas de construção objetivaram aumentar a eficiência do isolamento de
residências usando barreiras radiantes. Uma barreira radiante é uma camada de material que reflete com eficiência
as ondas eletromagnéticas, principalmente a radiação infravermelha (que é a radiação que geralmente sentimos
como calor). O uso de barreiras radiantes no isolamento de casas está ilustrado na Figura 6.22.

Figura 6.22
Um esquema do canto de uma casa, mostrando parte do telhado,
parte do teto e parte de uma parede. O telhado consiste em uma
camada externa de telhas, uma barreira radiante e uma armação
para sustentar o telhado. O teto consiste em uma armação que
sustenta um isolamento com fator R de R-30. A parede consiste
em tijolos externos, uma barreira radiante, isolamento com fator R
de R-19 e vigas de suporte.

Figura 6.23
Um tipo de material de barreira
radiante, folha metálica ARMA,
produzida pela empresa Energy
Efficient Solutions.

Uma barreira radiante é construída de uma substância refletora, normalmente alumínio. Uma barreira radiante
comercial comum é mostrada na Figura 6.23. Seu material é a poliolefina revestida de alumínio, que reflete 97% da
radiação infravermelha. Testes conduzidos pelo Laboratório Nacional de Oak Ridge em residências na Flórida com e
sem as barreiras radiantes mostraram que os ganhos de calor no verão em telhados com isolamento R-19 podem
ser reduzidos entre 16 e 42%, resultando na redução de custos com ar-condicionado em até 17%.
A casa usada como exemplo na Figura 6.22 é projetada para prevenir que o calor entre ou saia por condução
através de camadas de isolamento, que têm altos fatores de R. As barreiras radiantes bloqueiam o calor que entra
na residência na forma de radiação. Infelizmente, esse tipo de barreira também previne que a casa seja aquecida
pelo Sol no inverno. O ganho ou perda de calor por convecção é reduzido pelo espaço vazio entre o teto e o
telhado. Assim, a residência é projetada para reduzir o ganho ou perda de calor por qualquer um dos três modos de
transferência de energia térmica: condução, convecção ou radiação.
=================================================================================================

EXEMPLO 6.8 A Terra como um corpo negro


Suponha que a Terra absorva 100% da energia incidente do Sol e, depois, irradie toda a energia de volta para o
espaço, assim como um corpo negro faria.
PROBLEMA
Qual seria a temperatura da superfície da Terra?
SOLUÇÃO
A intensidade da luz solar que chega à Terra é de aproximadamente S =1.400 W/m2. A Terra absorve energia como
um disco com o raio da Terra, R, enquanto irradia energia de toda sua superfície. Em equilíbrio, a energia absorvida
é igual à energia emitida:

Ao resolver a temperatura, obtemos

Esse cálculo simples dá um resultado próximo ao valor real da temperatura média da superfície da Terra, que é de
cerca de 288 K.
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Aquecimento global
A diferença entre a temperatura calculada para a Terra como um corpo negro no Exemplo 6.8 e a temperatura real
da superfície terrestre deve-se parcialmente à atmosfera terrestre, conforme ilustrado na Figura 6.24.
Figura 6.24 As nuvens na atmosfera terrestre
A atmosfera refletem 20% e absorvem 19% da
terrestre tem energia solar. A atmosfera reflete
grande 6% da energia solar, e 4% é
influência refletido pela superfície da Terra.
sobre a A atmosfera terrestre transmite
quantidade de 51% da energia do Sol para a
energia superfície terrestre. Essa energia
absorvida do solar é absorvida pela superfície
Sol pela Terra. da Terra e a aquece, fazendo com
elm adapt que a superfície emita radiação
infravermelha.

Certos gases na atmosfera - com destaque para o vapor d'água e o dióxido de carbono, além de outros gases -
absorvem parte dessa radiação infravermelha, aprisionando uma fração da energia que, do contrário, seria
irradiada de volta para o espaço. Esse aprisionamento de energia térmica é chamado de efeito estufa. O efeito
estufa mantém a Terra mais quente do que o normal e minimiza as variações de temperatura do dia para a noite.
As duas fotografias na Figura 6.25 ilustram como a radiação de diferentes comprimentos de onda pode penetrar
nos materiais de forma diferente. Na Figura 6.25a, um cientista da NASA está com o braço dentro de uma sacola
preta de plástico. A câmera era sensível à luz visível, e seu braço não podia ser visto dentro da sacola. Na Figura
6.25b, a mesma pessoa foi fotografada com as luzes apagadas, usando uma câmera sensível à radiação
infravermelha. O corpo humano emite radiação infravermelha porque seu metabolismo produz calor. Essa radiação
passa pelo plástico preto que bloqueia a luz visível, e o braço anteriormente escondido fica visível.

Figura 6.25
(a) Um cientista da NASA com o braço dentro
de uma sacola preta de plástica, iluminado
com luz visível.
(b) O mesmo cientista da NASA fotografado
com uma câmera infravermelha, que passou
pela sacola preta de plástico.

A queima de combustíveis fósseis e outras atividades humanas aumentaram a quantidade de dióxido de carbono na
atmosfera terrestre e a temperatura superficial aprisionando a radiação infravermelha que, de outra forma, seria
emitida para o espaço. A concentração de dióxido de carbono na atmosfera terrestre como função do tempo é
mostrada no gráfico da Figura 6.26. Na Figura 6.26a, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera terrestre
é mostrada para os anos de 1832 a 2004. A concentração de dióxido de carbono tem aumentado nos últimos 150
anos, de aproximadamente 284 ppmv (partes por milhão por volume) em 1832 para 377 ppmv em 2004.
A Figura 6.26b mostra a concentração de dióxido de carbono no ar nos últimos 420.000 anos. É possível ver nesse
gráfico os períodos glaciais, com concentrações relativamente baixas de dióxido de carbono, em torno de 200
ppmv, e os períodos interglaciais, com concentrações relativamente altas de dióxido de carbono, aproximadamente
275 ppmv. A combinação das medições diretas dos últimos 50 anos e das concentrações inferidas dos núcleos de
gelo indica que a concentração atual de dióxido de carbono na atmosfera é maior do que em qualquer momento
nos últimos 420.000 anos. Alguns pesquisadores estimam que a concentração atual de dióxido de carbono esteja
em seu nível mais alto nos últimos 20 milhões de anos. Modelos da composição da atmosfera terrestre baseados
em tendências atuais preveem que a concentração de dióxido de carbono continuará a aumentar nos próximos 100
anos. Esse aumento da concentração atmosférica de dióxido de carbono contribui com o aquecimento global
observado, descrito no Capítulo 5.
Figura 6.26 Concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera em partes por milhões de volume (ppmv).
(a) De 1832 a 2004. As medições de 1832 a 1978 foram feitas usando núcleos de gelo na Antártica, e as
medições entre 1959 e 2004 foram realizadas na atmosfera em Mauna Loa, Havaí.
(b) Últimos 420.000 anos, extraídos de gelo na Antártica.

Em nível mundial, os governos estão reagindo a essas observações e previsões de muitas maneiras, inclusive com o
Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em 2005. No Protocolo de Kyoto, as nações participantes concordaram
em fazer cortes substanciais em suas emissões de gases do efeito estufa até o ano de 2012. Porém, diversas nações
emergentes não foram solicitadas a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa.
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6.4 Exercícios de sala de aula


Indique se cada uma das seguintes afirmações é verdadeira (V) ou falsa (F).
1. Um objeto frio não irradia energia.
2. Quando se adiciona calor a um sistema, a temperatura deve subir.
3. Quando a temperatura Celsius dobra, a temperatura Fahrenheit também dobra.
4. A temperatura do ponto de fusão é a mesma do ponto de congelamento.
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Calor em computadores

Pensar sobre transferência de energia térmica pode não trazer nenhuma associação imediata com o seu
computador. Mas o resfriamento de um computador é um grande problema de engenharia. Um computador
desktop comum consome entre 100 e 150 W de energia elétrica, e um laptop usa entre 25 e 70 W. De modo geral,
quanto maior for a frequência dos chips do computador, maior é o consumo de energia. A maior parte dessa energia
elétrica é convertida em energia térmica e precisa ser retirada do computador. Para realizar isso, os computadores
têm dissipadores de calor passivo, os quais consistem em peças de metal com grandes áreas de superfície
conectadas às partes do computador que precisam de resfriamento, principalmente a CPU e os chips de gráficos
(Figura 6.27). Os dissipadores de calor passivo aplicam condução para afastar a energia térmica das peças do
computador e, depois, radiação para transferir a energia térmica para o ar circundante. Um dissipador de calor ativo
inclui um pequeno ventilador para afastar o ar das superfícies metálicas a fim de aumentar a transferência de energia
térmica. Naturalmente, o ventilador também consome energia elétrica e, assim, reduz o período de carga da bateria
nos laptops.

Enquanto ter um laptop aquecendo seu colo pode ser apenas um leve
Figura 6.27 incômodo, o resfriamento de grandes conjuntos de computadores em
Tecnologia de centros de dados custa muito caro. Se um parque de servidores
dissipação de calor contém 10.000 CPUs individuais, seu consumo de energia elétrica gira
ativa e passiva em torno de 1 MW, sendo que a maior parte é transformada em calor
montada sobre uma que precisa ser retirado por sistemas enormes de ar-condicionado.
CPU de computador. Dessa forma, componentes eficientes de computadores, de fontes de
energia a chips da CPU, e métodos mais eficientes de resfriamento
são atualmente objeto de muitas pesquisas.
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O que já aprendemos | GUIA DE ESTUDO PARA EXERCÍCIOS

Calor é a energia transferida entre um sistema e seu ambiente ou entre dois sistemas, em razão de uma diferença
de temperatura entre eles.
Uma caloria é definida em termos do joule: 1 cal = 4,186 J.

O trabalho realizado por um sistema para ir de um


volume inicial V, para um volume final Vf é

A primeira lei da termodinâmica afirma que a mudança na energia interna de um sistema fechado é igual ao calor
que flui pelo sistema menos o trabalho realizado pelo sistema, ou ∆Eint = Q - W . A primeira lei da termodinâmica
afirma que a energia em um sistema fechado é conservada.

Um processo adiabático é aquele em que Q=0.


Em um processo a volume constante, W = 0.

Em um processo de loop fechado, Q = W.

Em uma expansão livre adiabática, Q = W = ∆Eint = 0.

Se calor, Q, for adicionado a um objeto, sua mudança de temperatura, ∆T, é dada por ∆T= Q / C , onde C é a
capacidade calorífica do objeto.
Se calor, Q, for adicionado a um objeto com massa m, sua mudança de temperatura, AT, é dada por ∆T=Q/(c*m) ,
onde c é o calor específico do objeto.
A energia necessária para transformar um sólido em líquido, dividida por sua massa, é o calor latente de fusão,
Lfusão. Durante o processo de fusão, a temperatura do sistema permanece no ponto de fusão, T = Tfusão .
A energia necessária para transformar um líquido em gás, dividida por sua massa, é o calor latente de vaporização,
Lvaporização . Durante o processo de evaporação, a temperatura do sistema permanece no ponto de ebulição,
T=Tebulição .
Se uma barra de área transversal A for colocada entre um reservatório térmico com temperatura Th, e outro com
temperatura Tc, onde Th > Tc, a taxa de calor através da barra é

onde R é a resistência térmica da barra.

A potência irradiada de um objeto com temperatura T'e área de superfície A é dada pela equação de Stefan-
Boltzmann:

onde σ=5,67*10−8 W/K4m2 é a constante de Stefan-Boltzmann e ε é a emissividade.


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TERMOS-CHAVE
ambiente, p. 172 calor, p. 173 calor específico, p. 180 calor latente de fusão, p. 182 calor latente de
vaporização, p. 182 caloria, p. 173 calorímetro, p. 181 caminho fechado, p. 175 capacidade térmica, p.
179 condução, p. 186 condutividade térmica, p. 186 constante de Stefan-Boltzmann, p. 192
convecção p. 186 corpo negro, p. 192 diagrama pV, p. 175 efeito estufa, p. 194 emissividade, p. 192
energia térmica, p. 173 equação de Stefan-Boltzmann, p. 192 estados da matéria, p. 182 expansão
livre, p. 179 fases, p. 182 isoterma, p. 179 mudanças de fase (transições de fase), p. 182 plasma, p.
183 primeira lei da termodinâmica, p. 176 processo adiabático, p. 178 processo de caminho fechado, p.
178 processo dependente do caminho, p. 175 processo isobárico (pressão constante), p. 179 processo
isocórico (volume constante), p. 178 processo isotérmico, p. 179 processo termodinâmico, p. 174 radiação,
p. 186 resistência térmica, p. 186 sistema, p. 172 sistema fechado, p. 176 sublimação, p. 183
NOVOS SÍMBOLOS E EQUAÇÕES

Q. calor
∆Eint = Q - W , mudança na energia interna de um sistema, primeira lei da termodinâmica
C, capacidade calorífica em J/K
c, calor específico em J/(kg K)
k, condutividade térmica de um material em W/(m K)
R, resistência térmica de uma placa de material em m2 K/W
Lfusao calor latente de fusão
Lvaporizacao calor latente de vaporização
Tfusao ponto de fusão de uma substância
Tebulicao ponto de ebulição de uma substância
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RESPOSTAS DOS TESTES


6.1 Trabalho é negativo.

6.2

6.3 Tempestades com trovoadas, correntes de jatos, aquecimento de água de uma panela, aquecimento de uma
residência.
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PRÁTICA DE SOLUCÃO DE PROBLEMAS


Guia de solução de problemas

1. Ao usar a primeira lei da termodinâmica, sempre verifique os sinais de trabalho e calor. Neste livro, o trabalho
realizado em um sistema é positivo, e o trabalho realizado por um sistema é negativo; o calor adicionado a um
sistema é positivo, e o calor retirado por um sistema é negativo. Alguns livros definem os sinais de trabalho e calor
de forma diferente; certifique-se de saber qual convenção de sinal se aplica a cada problema.
2. Trabalho e calor são quantidades dependentes do caminho, mas a mudança na energia interna de um sistema é
independente do caminho. Logo, para calcular uma mudança na energia interna, você pode usar quaisquer
processos que comecem da mesma posição inicial e terminem na mesma posição final em um diagrama pV.
Trabalho e calor podem variar, dependendo do caminho no diagrama, mas sua diferença, Q−W, permanecerá a
mesma. Para esses tipos de problemas, certifique-se de ter um sistema claramente definido e que você saiba quais
as condições inicial e final para cada passo de um processo.
3. Para problemas de calorimetria, a conservação de energia exige que as transferências de energia totalizem zero.
Em outras palavras, o calor ganho por um sistema deve ser igual ao calor perdido pelo ambiente ou por algum
outro sistema. Esse fato estabelece a equação básica que descreve qualquer transferência de calor entre objetos.
4. Para calcular quantidade de calor e mudanças de temperatura correspondentes, lembre-se que o calor específico
se refere a uma mudança de calor por unidade de massa de um material, correspondendo a uma mudança de
temperatura; para um objeto de massa desconhecida, é preciso usar a capacidade calorífica. Também tenha em
mente a possibilidade de uma mudança de fase. Se uma mudança de fase for possível, divida o processo de
transferência de calor em passos, calculando o calor correspondente a mudanças de temperatura e o calor latente
correspondente a mudanças de fase. Lembre-se que as mudanças de temperatura são sempre a temperatura final
menos a temperatura inicial.
5. Certifique-se de verificar os cálculos de calorimetria em comparação com a realidade. Por exemplo, se uma
temperatura final for maior do que uma temperatura inicial, mesmo que o calor tenha sido retirado de um sistema,
você pode ter deixado passar uma mudança de fase.
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PROBLEMA RESOLVIDO 6.4 Fluxo de energia térmica por uma barra de cobre/alumínio

PROBLEMA
Uma barra de cobre (Cu) de comprimento L = 90,0 cm e área transversal A = 3,00 cm2 está em contato térmico em
uma extremidade com um reservatório térmico a uma temperatura de 100,0 °C. A outra extremidade da barra de
cobre está em contato térmico com uma barra de alumínio (Al) de mesma área transversal e comprimento de 10,0
cm. A outra extremidade da barra de alumínio está em contato térmico com um reservatório térmico a uma
temperatura de 1,00 °C. Qual é o fluxo de energia térmica através da barra composta?

SOLUÇÃO
PENSE
O fluxo de energia térmica depende da diferença de temperatura entre as duas extremidades da barra, do
comprimento e da área transversal da barra, além da condutividade térmica dos materiais. Todo o calor que flui da
extremidade de alta temperatura deve passar pelos segmentos de cobre e de alumínio.
Figura 6.28
DESENHE
Barra de cobre/
A Figura 6.28 é um desenho da barra de cobre/alumínio.
alumínio mantida a
100 °C em uma
extremidade e 1 °C
na outra.

PESQUISE
Podemos usar a equação 6.15 para descrever o fluxo de energia térmica através de uma barra de comprimento L e
área transversal A:

Temos Th = 100 °C e Tc = 1 °C. Identificamos a temperatura na interface entre os segmentos de cobre e alumínio
como T. Portanto, o fluxo de energia térmica através da barra de cobre é

O fluxo de energia térmica através da barra de alumínio é

O fluxo de energia térmica através do segmento de cobre deve ser igual ao fluxo de energia térmica através do
segmento do alumínio, então, temos

(i)

SIMPLIFIQUE
Podemos resolver essa equação para T. Primeiro, dividimos por A e, depois, multiplicamos os dois lados com LCu*LAl

Agora, multiplicamos nos dois lados e coletamos todos os termos com Tem um lado:
A substituição dessa expressão por T na equação (i) nos dá o fluxo de energia térmica através da barra de cobre/
alumínio.
CALCULE
A inserção de valores numéricos resulta em

Colocar esse resultado para T na equação (i) nos dá o fluxo de energia térmica através do segmento de cobre

ARREDONDE
Apresentamos nosso resultado com três números significativos:

SOLUÇÃO ALTERNATIVA
Para avaliar, vamos calcular o fluxo de energia térmica através do segmento de alumínio:

Isso está de acordo com nosso resultado para o segmento de cobre.


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QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA

6.1 Um objeto de metal de 2,0 kg com temperatura de 90 °C é submerso em 1,0 kg de água a 20 °C. O sistema
água-metal atinge o equilíbrio em 32 °C. Qual é o calor específico do metal?
a) 0,840 kJ/kg K
b) 0,129 kJ/kg K
c) 0,512 kJ/kg K
d) 0,433 kJ/kg K

6.2 Um gás confinado em um recipiente por meio de um pistão que pode se movimentar sem atrito é aquecido, e
1.000 J de calor entram no gás. Presumindo que o volume do gás seja constante, a mudança da energia interna do
gás é
a) 0.
b) 1.000 J.
c) -1.000 J.
d) nenhuma das respostas acima.
6.3 Na compressão isotérmica de um gás, o volume ocupado por ele está diminuindo, mas a temperatura do gás
permanece constante. Para que isso aconteça,
a) o calor deve entrar no gás.
b) o calor deve sair do gás.
c) nenhuma troca de calor deve acontecer entre o gás e o ambiente.

6.4 Em qual superfície você deve colocar um bule para mantê-lo mais quente por um período mais longo?
a) uma superfície lisa de vidro
b) uma superfície lisa de aço
c) uma superfície lisa de madeira
d) uma superfície áspera de madeira

6.5 Supondo que a gravidade de uma queimadura aumente à medida que a quantidade de energia colocada na
pele aumenta, qual das alternativas abaixo causa a queimadura mais grave (suponha massas iguais)?
a) água a 90 °C
b) cobre a 110 °C
c) vapor a 180 °C
d) alumínio a 100 °C
e) chumbo a 100 °C

6.6 Em que tipo de processo nenhum trabalho é realizado em um gás?


a) isotérmico
b) isocórico
c) isobárico
d) nenhuma das respostas acima

6.7 Um bloco de alumínio de massa MAl = 2,0 kg e calor específico CAl 910 J/(kg K) tem temperatura inicial de 1.000
°C e é jogado em um balde com água. A água tem massa MH2O = 12 kg e calor específico CH2O=4.190 J/(kg K) e está
à temperatura ambiente (25 °C). Qual é a temperatura final aproximada do sistema quando ele atingir o equilíbrio
térmico? (Despreze a perda de calor do sistema.)
a) 50 °C
b) 60 °C
c) 70 °C
d) 80 °C

6.8 Um material tem densidade de massa ρ, volume V e calor específico c. Qual das expressões abaixo é correta
para a troca de calor que ocorre quando a temperatura do material muda em ∆T em graus Celsius?
a) (ρc/V)∆T
b) (ρcV)(∆T +273,15)
c) (ρcV)/∆T
d) ρcV∆T

6.9 Qual das alternativas abaixo não irradia calor?


a) cubo de gelo
b) nitrogênio líquido
c) hélio líquido
d) um dispositivo com T = 0,010 K
e) todas as respostas acima
f) nenhuma das respostas acima
6.10 Qual(is) afirmativa(s) abaixo é (são) verdadeira(s)?
a) Quando um sistema realiza trabalho, sua energia interna sempre diminui.
b) O trabalho realizado em um sistema sempre diminui sua energia interna.
c) Quando um sistema realiza trabalho sobre seu ambiente, o sinal do trabalho é sempre positivo.
d) O trabalho positivo realizado em um sistema é sempre igual ao ganho do sistema em energia interna.
e) Se você empurrar o pistão de um cilindro cheio de gás, a energia do gás no cilindro aumentará.
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QUESTÕES
6.11 Estime a potência irradiada por uma pessoa média. (Considere o corpo humano um corpo negro cilíndrico.)
6.12 Diversos dias depois do término de uma tempestade de neve, o telhado de uma residência ainda está
completamente coberto de neve, e o telhado de outra casa não tem nenhuma cobertura de neve. Qual residência
provavelmente tem o melhor isolamento?
6.13 Por que o azulejo parece ser muito mais frio no contato com seus pés do que com um tapete de banheiro? Por
que esse efeito é mais perceptível quando seus pés estão frios?
6.14 Você consegue pensar em uma maneira de fazer um corpo negro, que é um material que absorve
praticamente toda a ener- gia radiante que incide sobre ele, se somente tiver um material que reflete metade da
energia radiante que incide sobre ele?
6.15 Em 1883, o vulcão na Ilha de Krakatoa no Pacífico entrou em violenta erupção na maior explosão da história
registrada na Terra, destruindo grande parte da ilha no processo. As medições de temperatura global indicam que
essa explosão reduziu a temperatura média da Terra em aproximadamente 1 °C durante as próximas duas décadas.
Por quê?
6.16 A caminhada sobre brasas é praticada em partes do mundo por diversos motivos e também é uma atração
turística em alguns hotéis à beira-mar. Como uma pessoa pode caminhar sobre carvão quente a uma temperatura
de mais de 500 °F sem queimar os pés?

6.17 Por que um casaco felpudo seco é melhor isolante do que o mesmo casaco quando está molhado?

6.18 Já foi proposto que o aquecimento global poderia ser compensado dispersando grandes quantidades de pó na
atmosfera superior. Por que isso funcionaria, e como?
6.19 Uma garrafa térmica contendo um pistão está cheia de um gás. Uma vez que a garrafa térmica está bem
isolada, nenhum calor pode entrar ou sair. O pistão é empurrado, comprimindo o gás.
a) O que acontece com a pressão do gás? Ela aumenta, diminui ou permanece a mesma?
b) O que acontece com a temperatura do gás? Ela aumenta, diminui ou permanece a mesma?
c) Alguma outra propriedade do gás se altera?
6.20 Como a taxa de transferência de calor entre um reservatório térmico com temperatura maior e outro com
temperatura menor seria diferente se os reservatórios estivessem em contato com uma barra de vidro de 10 cm de
comprimento, em vez de com uma barra de alumínio de 10 m de comprimento com mesma área transversal?

6.21 Por que alguém fazendo uma trilha daria preferência a uma garrafa de plástico, em vez de um cantil antiquado
de alumínio para carregar água potável?

6.22 Uma garota encontrou uma antiquíssima moeda de prata de 1 dólar e a está segurando firme na mão.
Suponha que ela coloque a moeda de prata na superfície de madeira (isolante) de uma mesa e, então, uma amiga
chegue da rua e coloque sobre ela uma moeda de um centavo, tão antiga quanto a outra que ela acabou de achar
na neve, onde havia estado toda a noite. Estime a temperatura final de equilíbrio do sistema das duas moedas em
contato térmico.

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PROBLEMAS Um * e dois ** indicam um nível crescente de dificuldade do problema.

Seções 6.2 e 6.3

6.23 Você vai levantar um elefante (massa = 5,0*103kg) sobre sua cabeça (2,0 m de deslocamento vertical).
a) Calcule o trabalho necessário para fazer isso. Você levantará o elefante lentamente (não vale jogar o elefante
para cima!). Se quiser, pode usar um sistema de polia. (Como você sabe, isso não muda a energia necessária para
levantar o elefante, mas definitivamente reduz a força necessária para tanto.)

b) Quantas rosquinhas (250 calorias alimentares cada) você deve metabolizar para fornecer energia para esse feito?

6.24 Um gás tem volume inicial de 2,00 m3. Ele é expandido em três vezes o volume original por um processo para
o qual P= α V3, com α = 4,00 N/m11. Quanto trabalho é realizado pelo gás em expansão?

6.25 Quanto trabalho é realizado por ciclo por um gás que segue o caminho mostrado no diagrama pV?

Seções 6.4 e 6.5

6.26 A energia interna de um gás é de 500 J. O gás é comprimido adiabaticamente e seu volume diminui em 100
cm. Se a pressão aplicada no gás durante a compressão é de 3 atm, qual é a energia interna do gás após a
compressão adiabática?

Seção 6.6

6.27 Você tem 1 cm3 de cada um dos materiais listados na Tabela 6.1, todos à temperatura ambiente, 22 °C. Qual
material tem maior temperatura após 1 J de energia térmica ser adicionado a cada amostra? Qual tem a menor
temperatura? Quais são essas temperaturas?

6.28 Suponha que você misture 7,0 L de água 2,0*101°C com 3,0 L de água a 32 °C; a água é isolada de forma que
nenhuma energia possa fluir para dentro ou para fora dela. (Você pode conseguir isso, aproximadamente,
misturando os dois fluidos em uma caixa térmica de isopor como as usadas para manter as bebidas resfriadas em
piqueniques.) Os 10 L de água chegarão a uma temperatura final. Qual é essa temperatura final?

6.29 Um pedaço de alumínio de 25 g a 85 °C é jogado em 1,0 L de água a 1,0*101 °C, que está em um recipiente
isolado. Supondo que a perda de calor para o ambiente seja desprezível, determine a temperatura de equilíbrio
do sistema
6.30 Um projétil de chumbo é disparado com velocidade de 250 m/s em uma parede de madeira. Supondo que
75% da energia cinética sejam absorvidos pelo projétil como calor (e 25% pela parede), qual é a temperatura final
do projétil?

* 6.31 Um bloco de cobre de 1,00 kg a 80,0 °C é colocado em um recipiente com 2,00 L de água a 10,0 °C. Compare
a magnitude da mudança na energia do cobre com a magnitude da mudança na energia da água. Qual valor é
maior?
* 6.32 Uma panela de alumínio de 1,19 kg contém 2,31 L de água. Tanto a panela quanto a água estão inicialmente
a 19,7 °C. Quanto calor deve fluir para a panela e água para elevar sua temperatura até 95,0 °C? Suponha que o
efeito da evaporação da água durante o processo de aquecimento possa ser desprezado e que a temperatura
permaneça uniforme na panela e na água.

* 6.33 Um tijolo de metal encontrado em uma escavação foi enviado para um laboratório de teste para
identificação não destrutiva. O laboratório pesou a amostra de tijolo e encontrou uma massa de 3,0 kg. O tijolo foi
aquecido a uma temperatura de 3,0*102°C e colocado em um calorímetro de cobre isolado de massa 1,5 kg
contendo 2,0 kg de água a 2,0*101 °C. A temperatura final no equilíbrio foi de 31,7 °C. Calculando o calor específico
da amostra desses dados, você consegue identificar o material do tijolo?

* 6.34 Um pedaço de cobre de 2,0*102 g a uma temperatura de 450 K e um pedaço de alumínio de 1,0*102 g a
uma temperatura de 2,0*102 K são colocados em um balde isolado contendo 5,0*102 g de água a 280 K. Qual é a
temperatura de equilíbrio da mistura?

** 6.35 Quando um termômetro de vidro de imersão é usado para medir a temperatura de um líquido, a leitura
será afetada por um erro em razão da transferência de calor entre o líquido e o termômetro. Suponha que você
queira medir a temperatura de 6 mL de água em um frasco de vidro refratário isolado termicamente do ambiente.
O frasco vazio tem massa de 5,0 g. O termômetro que você usa também é feito de vidro refratário e tem massa de
15 g, da qual 4,0 g é o mercúrio dentro do termo- metro. O termômetro está inicialmente à temperatura ambiente
(20,0 °C). Você coloca o termômetro na água dentro do frasco e, depois de um tempo, faz a leitura da temperatura
de equilíbrio de 29 °C. Qual era a temperatura real da água no frasco antes de a temperatura ser medida? A
capacidade de calor específico do vidro refratário por volta da temperatura ambiente é de 800 J/(kg K), e a do
mercúrio à temperatura ambiente é de 140 J/(kg K).

Seção 6.7
* 6.36 Suponha que 400 g de água a 30 °C sejam despejados sobre um cubo de gelo de 60 g com temperatura de
−5 °C. Se todo o gelo derreter, qual será a temperatura final da água? Se todo o gelo não derreter, quanto gelo
permanecerá quando a mistura água-gelo atingir o equilíbrio?
6.37 Uma pessoa libera 180 kcal de calor na evaporação de água da pele em um treinamento na academia.
Quanta água a pessoa perdeu, presumindo que o calor liberado tenha sido usado somente para evaporar a água?
6.38 Um bloco de alumínio de 1,3 kg a 21 °C deve ser derretido e remodelado. Quanto calor deve fluir para o bloco
para derretê-lo?
6.39 O calor latente de vaporização do nitrogênio líquido é de aproximadamente 200 kJ/kg. Suponha que você
tenha 1 kg de nitrogênio líquido fervendo a 77 K. Se você fornecer calor a uma taxa constante de 10 W através de
aquecedor elétrico imerso no nitrogênio líquido, quanto tempo levaria para evaporá-lo todo? Qual seria o tempo
para 1 kg de hélio líquido, cujo calor latente de vaporização é de 20,9 kJ/kg?
* 6.40 Suponha que 0,010 kg de vapor (a 100,00 °C) seja adicionado a 0,10 kg de água (inicialmente a 19,0 °C). A
água está dentro de um copo de alumínio com massa de 35 g. O copo está dentro de um recipiente de calorimetria
perfeitamente isolado que evita o fluxo de calor com o ambiente externo. Encontre a temperatura final da água
após o equilíbrio ser atingido.

* 6.41 Suponha que 1,0*102 g de alumínio derretido a 932 K sejam colocados em 1,00 L de água à temperatura
ambiente, 22 °C.
a) Quanto de água se perderá por ebulição?
b) Quanto de alumínio será solidificado?
c) Qual será a temperatura final do sistema água-alumínio? d) Suponha que o alumínio esteja inicialmente a 1.150
K. Ainda seria possível resolver este problema usando apenas as informações fornecidas? Qual seria o resultado?
* 6.42 Em um de seus treinamentos na academia, você perdeu 150 g de água por meio de evaporação. Suponha
que a quantidade de trabalho realizado por seu corpo tenha sido 1,80*10^5 J, e que o calor necessário para
evaporar a água tenha vindo de seu corpo.
a) Encontre a perda de energia interna em seu corpo, supondo que o calor latente de vaporização seja 2,42*10^6 J/
kg.
d) Determine o número mínimo de calorias alimentares que devem ser consumidas para substituir a energia interna
perdi- da (1 caloria alimentar = 4.186 J).

** 6.43 As lâminas de facas geralmente são feitas de aço-carbono endurecido. O processo de endurecimento é um
tratamento de calor em que a lâmina é, em primeiro lugar, aquecida a uma temperatura de 1.346 °F e, a seguir,
resfriada rapidamente imergindo-a em um banho de água. Para atingir a consistência desejada, depois de aquecer a
1.346 °F, uma lâmina precisa ser trazida a uma temperatura abaixo de 5,00*10^2 °F. Se a lâmina tem massa de
0,500 kg e a água está em um recipiente aberto de cobre de massa 2,000 kg e com volume suficientemente grande,
qual é a quantidade mínima de água necessária no recipiente para que esse processo de endurecimento seja
realizado com êxito? Suponha que a lâmina não esteja em contato mecânico direto (e, portanto, térmico) com o
recipiente e despreze o resfriamento por radiação para o ar. Suponha que nenhuma água chegue a ferver, mas
atinja 100 °C. A capacidade calorífica do cobre em torno da temperatura ambiente é ccobre = 386 J/(kg K). Use os
dados na tabela abaixo para a capacidade calorífica do aço-carbono.
Faixa de temperatura (°C) Capacidade calorífica (J/kg K)
150 a 200 519
200 a 250 536
250 a 350 553
350 a 450 595
450 a 550 662
550 a 650 754
650 a 750 846

** 6.44 Já foi sugerido que a "neve" de etanol cai próxima aos polos dos planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Se as regiões polares de Urano, definidas ao norte de latitude 75° N e ao sul de latitude 75° S, recebem 0,3 m de
neve de etanol, qual é a quantidade mínima de energia perdida para a atmosfera para produzir esse volume de neve
do etanol em vapor? Suponha que o etanol sólido tenha densidade de 1 g/cm3 e que a neve de etanol - que é macia
como a neve da Terra - tenha aproximadamente 90% de espaço vazio. O calor específico é de 1,3 J/(g K) para o
etanol em vapor, 2,44 J/(g K) para o etanol líquido e 1,2 J/(g K) para o etanol sólido. Quanta potência é dissipada se
0,3 m de neve de etanol cair em um dia terrestre?

Seção 6.8
6.45 Um bloco de 100 mm por 100 mm por 5 mm de gelo a 0 °C é colocado em seu lado plano sobre um disco de
metal de 10 mm de espessura que cobre uma panela de água fervente com pressão atmosférica normal. O tempo
necessário para que todo o bloco de gelo derreta é medido em 0,4 s. A densidade do gelo é de 920 kg/m3. Use os
dados na Tabela 6.3 para determinar o metal de que o disco provavelmente seja feito.

6.46 Uma lâmina de cobre com 2,00 mm de espessura é ligada a uma folha de aço com 1,00 mm de espessura. A
superfície externa da folha de cobre é mantida a uma temperatura de 100,0 °C e a folha de aço a 25,0 °C.
a) Determine a temperatura da interface cobre-aço.
b) Quanto calor é conduzido por 1 m2 das folhas combinadas por segundo?

6.47 O Sol é uma esfera de raio de aproximadamente 6,963*10^5 km, a uma distância média de a = 1,496*10^8 km
da Terra. A constante solar, que é a intensidade de radiação solar na extremidade externa da atmosfera terrestre, é
de 1.370, W/ m2. Supondo que o Sol irradia como um corpo negro, calcule sua temperatura de superficie.
* 6.48 Um motor de motocicleta resfriado a ar perde uma quantidade significativa de calor por radiação térmica de
acordo com a equação de Stefan-Boltzmann. Suponha que a temperatura ambiente seja T0 = 27 °C (300 K).
Suponha ainda que o motor gere 15 hp (11 kW) de potência e, devido a diversas aletas de superfície, tenha área de
superfície de A = 0,50 m2. Um motor cromado tem emissividade ε = 0,050, enquanto um motor que está pintado de
preto tem ε = 0,95. Determine as temperaturas de equilíbrio para o motor preto e o motor cromado. (Suponha que
a radiação seja o único modo pelo qual o calor é dissipado no motor.)

* 6.49 Em um dia de verão, você decide fazer um picolé. Você coloca um palito de picolé em um copo de 240 ml
com suco de laranja, que está à temperatura ambiente (71 °F). Depois, coloca o copo no congelador, que está a
−15 °F e tem capacidade de resfriamento de 4.000 BTU/h. Quanto tempo leva para que o picolé congele?

* 6.50 Um cubo de gelo de 0 °C mede 10 cm em um lado. Ele está sobre um bloco de cobre com seção transversal
quadrada de 10 cm em um lado e 20 cm de comprimento. O bloco está parcialmente imerso em uma grande piscina
de água a 90 °C. Quanto tempo leva para que o cubo de gelo derreta? Suponha que apenas a parte em contato com
o cobre se liquefaça, ou seja, o cubo fica mais curto à medida que derrete. A densidade do gelo é de 0,96 g/cm3.

* 6.51 Uma janela com um único vidro é um isolante fraco. Em um dia frio, a temperatura da superfície interna da
janela geralmente é muito menor do que a temperatura ambiente. Da mesma forma, é provável que a superfície
externa da janela seja muito mais quente do que o ar externo. As temperaturas superficiais reais são muito
dependentes dos efeitos de conversão. Por exemplo, suponha que as temperaturas atmosféricas sejam de 21,5 °C no
interior e −3,0 °C no exterior, a superfície interna da janela está a 8,5 °C, e a superfície externa está a 4,1 °C. A que
taxa o calor fluirá pela janela? Considere que a janela tenha espessura de 0,32 cm, altura de 1,2 m e largura de 1,4 m.
* 6.52 Um recipiente de armazenamento criogênico mantém hélio líquido, que ferve a 4,2 K. Suponha que um
aluno tenha pintado de preto a estrutura externa do recipiente, tornando-o um pseudocorpo negro e que a
estrutura tenha área efetiva de 0,50 m2 e esteja a 3,0*10^2 K.
a) Determine a taxa de perda de calor através de radiação.
b) Qual é a taxa em que o volume de hélio líquido no recipiente diminui como resultado da fervura? O calor latente
de vaporização do hélio líquido é de 20,9 kJ/kg. A densidade do hélio líquido é de 0,125 kg/L.

* 6.53 Marte está 1,52 vezes mais distante do Sol do que a Terra e tem diâmetro 0,532 vezes maior.
a) Qual é a densidade da radiação solar (em W/m2) na superfície de Marte?
b) Estime a temperatura na superfície de Marte.
**6.54 Dois reservatórios internos estão conectados por uma barra sólida de cobre. A barra tem 2 m de
comprimento, e as temperaturas dos reservatórios são de 80,0 °C e 20,0 °C.
a) Suponha que a barra tenha área transversal retangular constante, 10 cm na lateral. Qual é a taxa de fluxo de
calor pela barra?
b) Suponha que a barra tenha área transversal retangular que se expande gradualmente do reservatório mais frio
para o reservatório mais quente. A área A é determinada por A=(0,010 m2) [1,0 + x/(2,0 m)], onde x é a distância
ao longo da barra do reservatório mais frio para o mais quente. Encontre o fluxo de calor e a taxa de mudança de
temperatura proporcional à distância na extremidade mais fria, na mais quente e no centro da barra.

** 6.55 A radiação emitida por um corpo negro com temperatura Ttem distribuição de frequência dada pelo
espectro de Planck:

onde εT (ƒ) é a densidade de energia da radiação por unidade de incremento de frequência, ν (por exemplo, em
watts por metro quadrado por hertz), h=6,626*10^−34 J é a constante de Planck, kB = 1,38*10^−23 m2 kg s−2 K−1 é
a constante de Boltzmann e c é a velocidade da luz no vácuo. Certamente, o exemplo medido com mais precisão
dessa distribuição de energia na natureza é a radiação cósmica de fundo em micro-ondas. A distribuição vai até zero
nos limites f→0 e f→ ∞ com um único pico entre esses limites. Conforme a temperatura aumenta, a densidade de
energia em cada valor de frequência aumenta, e o pico muda para um valor maior de frequência.
a) Encontre a frequência correspondente ao pico do espectro de Planck como função da temperatura.
b) Avalie a frequência de pico na temperatura T = 6,00*10^3 K, aproximadamente a temperatura da fotosfera
(superfície) do Sol. c) Avalie a frequência de pico na temperatura T = 2,735 K, que é a temperatura da radiação
cósmica de fundo em micro-ondas.
d) Avalie a frequência de pico na temperatura T = 300 K, que é aproximadamente a temperatura superficial da Terra.

Problemas adicionais

6.56 Quanta energia é necessária para aquecer 0,30 kg de alumínio de 20,0 °C para 10,0 °C?
6.57 A condutividade térmica da manta de fibra de vidro, que tem 4,0 de espessura, é 8,0 10 BTU/(pés °F s). Qual é
o valor de R (em pés2 °F h/BTU)?
6.58 A água é um excelente líquido refrigerante como resultado de sua capacidade calorífica muito alta. Calcule a
quantidade de calor necessária para mudar a temperatura de 10 kg de água em 10 K. Agora calcule a energia
cinética de um carro com m = 1.000 kg se movimentando a uma velocidade de 27 m/s. Compare as duas
quantidades.
6.59 Aproximadamente 95% da energia desenvolvida pelo filamento em uma lâmpada esférica de 1,0*10^2 W são
dissipados através da lâmpada de vidro. Se a espessura da lâmpada é de 0,50 mm e seu raio é de 3,0 cm, calcule a
diferença de temperatura entre as superfícies interna e externa da lâmpada.

6.60 O rótulo de um refrigerante indica que 360 ml (355 g) fornecem 150 kcal. A bebida é resfriada a 10,0 °C antes
de ser consumida. A seguir, ela atinge a temperatura corporal de 37 °C. Encontre o conteúdo energético líquido da
bebida. (Dica: Você pode tratar o refrigerante como sendo idêntico à água em termos de capacidade calorífica)

6.61 O corpo humano transporta calor dos tecidos interiores, à temperatura de 37,0 °C, para a superfície cutânea,
com temperatura de 27,0 °C, a uma taxa de 100 W. Se a área cutânea tem 1,5 m2 e sua espessura é de 3,0 mm,
qual é a condutividade térmica efetiva, κ, da pele?
* 6.62 Já foi dito que, às vezes, os projéteis de chumbo derretem com o impacto. Suponha que um projétil receba
75% do trabalho realizado sobre ele por uma parede no impacto como aumento da energia interna.
a) Qual é a velocidade mínima com a qual um projétil de chumbo de 15 g teria que atingir uma superfície (supondo
que o projétil pare completamente e que toda a energia cinética seja absorvida por ele) para começar a derreter?
b) Qual é a velocidade mínima de impacto necessária para que o projétil derreta completamente?

* 6.63 A radiação solar na superfície terrestre tem intensidade de aproximadamente 1,4 kW/m2 Supondo que a
Terra e Marte são corpos negros, calcule a intensidade da luz solar na superficie de Marte.

* 6.64 Você se perdeu enquanto fazia uma trilha vestindo apenas um traje de banho.
a) Calcule a potência irradiada de seu corpo, supondo que a área de superfície de seu corpo seja de
aproximadamente 2,0 m2 e que a temperatura da sua pele seja de cerca de 33 °C. Além disso, suponha que seu
corpo tenha emissividade de 1,0.
b) Calcule a potência líquida irradiada de seu corpo quando você estava dentro de um abrigo a 20 °C.
c) Calcule a potência irradiada líquida de seu corpo quando sua temperatura cutânea caiu para 27 °C.

* 6.65 Um cubo de gelo de 10 g a −10 °C é colocado em 40 g de água a 30 °C.


a) Após passar um tempo suficiente para permitir que o cubo de gelo e a água atinjam o equilíbrio, qual é a
temperatura da água?
b) Se um segundo cubo de gelo for adicionado, qual será a temperatura?
* 6.66 Arthur Clarke escreveu um conto interessante chamado "Um ligeiro caso de insolação". Fãs de futebol
insatisfeitos um dia foram ao estádio equipados com espelhos e estavam prontos a fritar o árbitro se ele
favorecesse um dos times. Imagine que o árbitro seja um cilindro cheio de água com massa de 60 kg a 35 °C.
Também imagine que esse cilindro absorva toda a luz refletida sobre ele vinda de 50.000 espelhos. Se a capacidade
calorífica da água é de 4.200 J/(kg °C), quanto tempo levará para elevar a temperatura da água até 100 °C?
Suponha que o Sol gere 1.000 W/m2, que as dimensões de cada espelho sejam de 25 cm por 25 cm, e que os
espelhos sejam mantidos a um ângulo de 45°.

* 6.67 Se a temperatura média do Atlântico Norte é de 12 °C e a da Corrente do Golfo é de 17 °C, estime a


quantidade líquida de calor que a Corrente do Golfo irradia para o oceano circundante. Use os detalhes do
Problema Resolvido 6.3 (o comprimento é de aproximadamente 8.000 km) e suponha que e= 0,93. Não esqueça de
incluir o calor absorvido pela Corrente do Golfo.
* 6.68 Para demonstração em aula, seu professor de física coloca 1,00 kg de vapor a 100,0 °C sobre 4,00 kg de gelo
a 0,00 °C e deixa que o sistema atinja equilíbrio. Depois, ele vai medir a temperatura do sistema. Enquanto o
sistema atinge equilíbrio, você recebe os calores latentes do gelo e do vapor e o calor específico da água. Lgelo =
3,33*10^5 J/kg, Lvapor = 2,26*10^6 J/kg, Cágua = 4.186 J/(kg °C). Você deve calcular a temperatura final de equilíbrio
do sistema. Que valor é encontrado?
* 6.69 Determine a razão entre o fluxo de calor em uma embalagem de seis latas de alumínio e o fluxo de calor em
uma garrafa de refrigerante de 2 L quando ambas são tiradas da mesma geladeira, ou seja, têm a mesma diferença
de tempe- ratura inicial com o ar no ambiente. Suponha que cada lata tenha diâmetro de 6 cm, altura de 12 cm e
espessura de 0,1 cm. Use 205 W/(m K) para a condutividade térmica do alumínio. Suponha que a garrafa de
refrigerante de 2L tenha diâmetro de 10 cm, altura de 25 cm e espessura de 0,1 cm. Use 0,10 W/(m K) para a
condutividade térmica do plástico.
* 6.70 O fator R para isolamento de residências dá a resistência térmica em unidades de pés2°F h/BTU. Uma boa
parede para climas adversos, correspondente a aproximadamente 10 polegadas de fibra de vidro, tem R = 40 pés2 °F
h/BTU.
a) Determine a resistência térmica em unidades do SI.
b) Encontre o fluxo de calor por metro quadrado através de uma parede que tem isolamento com fator R de 40,
com uma temperatura externa de −22 °C e temperatura interna de 23 °C.
* 6.71 Suponha que você tenha um sótão que mede 5,0 m por 5,0 m, mantido a 21 °C quando a temperatura
externa é de 4,0 °C.
a) Se você usou isolamento R-19, em vez de R-30, quanto calor a mais sairá dessa peça em um dia?
b) Se a energia elétrica para aquecer o quarto custa 12 centavos por quilowatt-hora, quanto a mais custaria para
aquecer por um período de três meses com o isolamento R-19?

** 6.72 Uma janela térmica consiste em duas vidraças separadas por um espaço de ar. Cada vidraça tem 3,00 mm
de espessura, e o espaço de ar tem 1,00 cm de espessura. O vidro da janela tem condutividade térmica de 1,00 W/
(m K), e o ar tem condutividade térmica de 0,0260 W/(m K). Suponha que uma janela térmica separe um quarto
com temperatura de 20,00 °C do exterior a 0,00 °C.
a) Qual é a temperatura em cada uma das quatro interfaces ar-vidro?
b) A que taxa o calor é perdido do quarto por metro quadrado de janela?
c) Suponha que a janela não tenha espaço de ar, mas consista em uma única camada de vidro com espessura de
6,00 mm. Qual seria a taxa de perda de calor por metro quadrado sob as mesmas condições de temperatura?
d) A condução de calor pela janela térmica poderia ser reduzida praticamente a zero retirando o espaço entre as
vidraças. Por que isso não é feito?

=================================================================================================

elm = Fim de transcrição do cap. 6 do Bauer, Wolfgang Física para universitários


2.1 Dica do professor
No vídeo a seguir, há uma conversa que elucida os principais conceitos desta unidade de
aprendizagem.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
f8f63383ffa3ed429fdff1951e0634d3

6 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Hoje a gente vai conversar sobre calores e as mudanças de fase. Dois tipos de calores: o calor
específico e, para mudanças de fases, o calor latente.
No sistema chaleira, fornecendo energia / calor a esse sistema, sua temperatura aumenta até
um ponto em que começa a evaporar e a temperatura não aumenta mais, mas o
fornecimento de energia continua.
Quando está ocorrendo essa mudança de fase, temos de trabalhar com calor latente.
Quando temos o sistema mais frio, fornecemos energia / calor e a temperatura dele aumenta. Então existe uma
relação entre o calor fornecido ao sistema e a variação de temperatura. A constante de proporcionalidade nessa
relação é o calor específico vezes a quantidade de massa.
Diferença entre capacidade térmica e calor específico: capacidade térmica entra na relação proporcional entre
calor e temperatura e calor específico entra junto com uma quantidade de massa ou quantidade de mols (aqui só
vamos trabalhar com a quantidade de massa).
O que é o calor latente? Na transição de fase, a temperatura é constante,
ou seja, no caso da chaleira, quando a água começa a evaporar, a
temperatura fica constante (em torno de 100 graus, o valor exato depende
da pressão e da composição da água).
Durante a mudança de fase, para calcular a quantidade de calor necessária
para evaporar uma certa quantidade de massa, usamos o calor latente L,
cujo valor depende do material que está evaporando (ou congelando).

Vamos ver um exemplo: Quanta energia necessária para esquentar até 10


graus um cubo de gelo de 100 g que está a menos 10 graus Celsius?
Note que as constantes tabeladas normalmente empregam kelvin e, como
estamos trabalhando com variação de temperatura, a variação em graus
Celsius é igual à variação em kelvin. Então a gente pode trabalhar com graus
Celsius para variação de temperatura.
Q_1 é o calor necessário para sair de menos 10 graus e chegar até 0
graus: calor específico vezes a massa vezes a diferença de
temperaturas (zero menos, menos dez), resulta 2,06kJ.
Q_L1 para transformar gelo para líquido, usamos o calor latente vezes
a massa (33,4kJ).
Q_2 é o calor necessário para esquentar de 0 graus até 10 graus
Celsius: calor específico de 4,19 kJ/kg.K vezes a massa vezes a
diferença de temperaturas, resulta 4,19kJ.
Q_t, calor necessário total para esquentar de menos 10 graus aquele
cubo de gelo até 10 graus resulta 39,65kJ.
2.1 Exercícios

1) A capacidade térmica de um determinado material é de 100 J/K, se ele receber 500 J de


calor, em quanto a temperatura mudará?

A) 100 K

B) 1/5 K

C) 50000 K

D) 5K

E) 500 J

1 Gab D = Acompanhe o desenvolvimento. Devemos aplicar a fórmula que relaciona as três grandezas.
Q=C.ΔT
500=100. ΔT
ΔT=500/100=5K
2) Quanta energia necessitamos para esquentar em 30 Kelvins três quilogramas de água?

A) 160 J

B) 90 J

C) 377,1 J

D) 185,4 J

E) 180,9 J

20230318 = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 2 da Aula 2.1 Calores e Mudanças de Fases
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- Nenhuma opção traz resultado correto.
Obs.1: Assinalei opção C por ter achado esse valor a troca de calor em quilojoules (kJ) - não em joules (J).
Obs.2: A unidade J em vez de kJ deve ter sido o equívoco em todas opções - lamentável, pois, ao lado do valor numérico a unidade
correta é imprescindível.
Obs.3: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:

2 Gab C = Acompanhe o desenvolvimento. Temos que o quanto de energia precisamos para variar uma certa
quantidade de temperatura e de massa é 4,19 kJ/(kg K), como temos 30 K de variação de temperatura e 3
quilogramas de massa temos:
Q=3.30.4,19
Q=377,1 J

elm 01abr23 - ex. 2 ; Aula 2.1 Pós Gabarito:


em 18mar23 Mentor inf: "As unidades de medida das respostas estão erradas. Foi solicitada a anulação da
questão"
3) Uma pessoa malhando na academia libera 180 kcal de calor na evaporação de água da pele.
Quanta água a pessoa perdeu, presumindo que o calor liberado tenha sido usado somente
para evaporar a água?

A) 42959 g

B) 334 g

C) 180000 g

D) 400000 g

E) 0,08 g

3 Gab B = Devemos utilizar a fórmula do calor latente com constante valendo 539 cal/g.
Como 180kcal=180000cal, temos:
80000=539.m
​m=334g.
4) Quanta energia necessitamos para derreter um cubo de gelo de 2 kg que está a -10oC e para
aquecer a água até 20oC?

A) 171,79

B) 167,6 kJ

C) 668 kJ

D) 4,12 kJ

E) 839,79 kJ

20230318 = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 4 da Aula 2.1 Calores e Mudanças de Fases
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- Nenhuma opção traz resultado correto (que seria 876,8 kJ).
Obs.1: Assinalei opção E por ser perto de um valor errado que se chega, se não somarmos parcela para aquecer o gelo de -10°C até 0°C.
Obs.2: O resultado é soma de três parcelas (esquentar gelo, derretê-lo e esquentar água líquida): (41,2+668+167,6) kJ = 876,8 kJ.
Obs.3: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:

4 Gab E = elm 01abr23 - ex. 4 ;


Aula 2.1 Pós Gabarito:
Em 18mar23 Mentor
confirmou gabarito
errado.
5) Despeja-se água a 30 oC em um balde contendo 2 L de água a 10 oC. Desprezando perdas
energéticas, responda: quantos litros de água precisarão ser colocados para a temperatura
atingir 22oC?

A) 3L

B) -3L

C) 2L

D) 1L

E) 5L

5 Gab A = A quantidade que temos que trabalhar é o calor, pois quanto a água mais fria (que está no balde)
recebe, a outra perde; assim, temos que o calor perdido por uma é o negativo do calor que a outra ganha, assim:
Q1=-Q2, sendo o índice 1 para a água que entra no balde e 2 para a que já está. Q1=m.c.(-8) como a massa da
água é igual a sua litragem temos Q1=L.c.(-8), onde o (-8) surge por causa da diferença de temperatura que
queremos chegar e a que estamos. Q2=2.c.(12)=24.c como
Q1=-Q2, temos L.c.(-8)=-24.c portanto L=3, que está em litros.
2.1 Na prática
A necessidade de extrair propriedades de um determinado sistema sugere um estudo aprofundado
da temperatura.

A partir daí podemos mensurar a quantidade de energia necessária para modificar sua temperatura.
Imagine que queiramos derreter um pedaço de cobre de massa 1 kg que a uma temperatura de 300
K. Você seria capaz de avaliar a quantidade de energia para a realização desse processo?

Para responder isso é preciso saber a energia até o ponto de fusão que é da ordem de 1359 K, o
calor específico do cobre é 0,386 kJ/( kg . K) e a variação de temperatura é de 1059 K. Que nos
conduz a Q=1.0,386.1059=408,774 kJ.

Essa é a energia para ele chegar no ponto de fusão. Para derreter, precisamos do calor latente
que é dado por Q=205.1=205 kJ. Portanto, a energia total é a soma das duas necessidades
energéticas: a necessidade energética para esquentar e a necessidade energética para
derreter Q-408,8 +205-613,8 kJ.
2.1 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Calorimetria
https://www.youtube.com/embed/l5_pcJqa2GY

Vídeo indisponível
Este vídeo é privado

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Calor latente
https://www.sofisica.com.br/conteudos/Termologia/
Calorimetria/calor2.php

pág curta

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
2.1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

BAUER, Wolfgang; WESTFALL, Gary D.; DIAS, Helio. Física para universitários: relatividade,
oscilações, ondas e calor. Porto Alegre: AMGH, 2013.

Banco de imagens Shutterstock.

SAGAH, 2015.

EQUIPE SAGAH

Coordenador(a) de Curso
Edilson Vargas

Professor(a)
Eduardo Galle

Gerente
Rodrigo Severo

Analista de Projetos
Fernanda Osório

Analistas Metodológicas
Daniela Stieh
Fernanda Zimpel

Designers Instrucionais
Bianca Basile Parracho
Daniela Polycarpy
Ezequiel Alves
Franciane de Freitas
Luciana Helmann
Marcelo Steffen

Designers Gráficos
Carol Becker
Kaka Silocchi
Juarez Menegassi
Rafael Zago
Thais Gliosci
Vinicius Rafael Cárcamo
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

A primeira lei da termodinâmica

2.2 Apresentação
Nesta unidade vamos abordar o trabalho, o calor e a energia total em um único processo
energético.

Para tanto, vamos analisar tais processos em termos do princípio da conservação e variação da
energia de sistema físicos, ou primeira lei da termodinâmica, como é teoricamente conhecido.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Manipular a primeira lei da termodinâmica na solução de problemas físicos.


• Diferenciar as formas de transferência de energia em um mesmo sistema físico.
• Relacionar o volume de controle adequado nos balanços de energia.
2.2 Desafio
O uso responsável e sustentável dos recursos naturais do nosso planeta é indispensável para a
continuidade da vida. Em particular, o abastecimento de água das nossas residências que, há
poucos anos era trazida para a comunidade por ação da força da gravidade, atualmente sobrevive
quase na totalidade por bombeamento, aumentando o consumo de energia elétrica para o
funcionamento destas bombas. É importante, portanto, usar equipamentos que desperdiçam menos
energia, ocasionando maior economia e sustentabilidade ambiental.

Diante deste contexto, você foi desafiado a solucionar o problema de gastos no enchimento de
um reservatório de água localizado acima do solo. Para tanto deseja-se substituir a bomba atual
por uma outra.

CONDIÇÕES DO PROBLEMA:

> Reservatório de 2000 litros e 30 metros acima do solo.


> Bomba atual de 1/2 CV (potência de eixo) e 35% de eficiência.
> Bomba nova de 1 CV (potência de eixo) e 85% de eficiência.
> O investimento na bomba nova foi de R$ 200,00.
> O custo médio da energia é R$ 0,83 / kWh.

Com estes dados você deverá:


• Calcular o tempo economizado no enchimento do reservatório.
• Calcular o valor mensal economizado com a nova bomba.
• Supondo que 1/3 do reservatório é utilizado diariamente, calcular o tempo necessário para
recuperar o investimento com a nova bomba.
• Avaliar o investimento levando em consideração o tempo de enchimento do reservatório, a
economia, o tempo de vida útil da bomba (utilizar 10 anos) e o meio ambiente.

elm = Redução tempo de enchimento: 7890 s


Economia mensal: 2,28 $/mês
Payback 88 meses (7,3 anos)
Bomba nova reduz tempo enchimento e traz ganhos econômicos e ambientais.
2.2 Infográfico
O esquema mostra a primeira lei da termodinâmica aplicada em alguns sistemas físicos clássicos.

elm = corrigi as figuras por achar que havia confusão na convenção de sinais . Segui convenção Cengel Termo, em
que W e Q são positivos na eq do balanço, quando for entra com sinal positivo; quando sai é negativo (p/ Q e W).

PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

Sistema Fechado adiabático Sistema Fechado Não adiabático


Fluxo somente de Trabalho Fluxo de Trabalho e Calor

Sistema Aberto
Fluxo de Massa, Trabalho e Calor
Sistema Isolado
Não há Fluxo de Massa, Trabalho e Calor
20230219 = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Infográfico da Aula 2.2 Primeira Lei da Termodinâmica
Pleito: Revisar / corrigir ilustração.
Justificativa:
- Conflito adoção de sinais para Q e W. Ilustraçao do sistema aberto deficiente.
Obs.1: Sugiro seguir a convenção de sinais para Q e W do "Conteúdo do Livro".
Obs.2: Na imagem abaixo, tentei melhorar / corrigir a ilustração, seguindo convenção de sinais descrita para
equação (2-34) do Conteúdo do Livro.
Obs.3: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme a correção da imagem abaixo ou aponte erros
existentes (não responda apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o
aprendizado ora em andamento).
Imagem do infográfico "melhorada / corrigida":
2.2 Conteúdo do livro
A primeira lei da termodinâmica é o princípio fundamental para a compreensão dos processos de
transferência de energia entre sistema e vizinhança. A correta interpretação deste princípio permite
o uso da energia de processos físicos e químicos para o desenvolvimento e conforto humanos.

Acompanhe um trecho do nosso livro-texto Termodinâmica, de Çengel e Boles. O livro está em


sua 7a edição e serve como base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Inicie a sua leitura a
partir do item A primeira lei da termodinâmica.

Boa leitura.

Ç99t Yunus A.
Termodinâmica / Yunus A. Çengel, Michael A. Boles ;
tradução: Paulo Maurício Costa Gomes ; revisão técnica:
Antonio Pertence Júnior. – 7. ed. – Porto Alegre : AMGH,
2013.
xxviii, 1018 p. : il. ; 28 cm.

ISBN 978-85-8055-200-3

1. Engenharia. Termodinâmica. 3. Física – Calor.


I. Boles, Michael A. II. Título.

CDU 621.43.016:536

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052

Ver livro texto completo pdf:


LivrPt_Termo_Termodinamica_Cengel_Boles_AMGH_ed7_2013_1035p_elm
e soluções da ed em inglês pdf:
LivrEn_Termo_Thermodynamics_Cengel_Boles_McGrawHill_ed7_2011_Solutions_2071p

CAPÍTULO 2
ENERGIA, TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA E
ANÁLISE GERAL DA ENERGIA 51
2–1 Introdução 52
2–2 Formas de energia 53 2–6 A primeira lei da termodinâmica 70
Uma interpretação física para a energia interna 55 Balanço de energia 71
Mais informações sobre a energia nuclear 56 Variação da energia de um sistema, ⌬Esistema 72
Energia mecânica 58 Mecanismos de transferência de energia, Eent e Esai 73

2–3 Transferência de energia por calor 60 2–7 Eficiências de conversão de energia 78


Calor: contexto histórico 61 Eficiências de dispositivos mecânicos e elétricos 82

2–4 Transferência de energia por trabalho 62 2–8 Energia e meio ambiente 86


Trabalho elétrico 65 Ozônio e smog 87
Chuva ácida 88
2–5 Formas mecânicas de trabalho 66 O efeito estufa: aquecimento global e mudança
climática 89
Trabalho de eixo 66
Trabalho contra uma mola 67 Tópico de interesse especial:
Trabalho realizado sobre barras sólidas elásticas 67 Mecanismos de transferência de calor 92
Trabalho associado ao alongamento de um filme de
Resumo 96
líquido 68
Referências e sugestões de leitura 97
Trabalho realizado para elevar ou acelerar um corpo 68
Problemas 98
Formas não mecânicas de trabalho 69
70 Termodinâmica

encontrados na prática não têm natureza mecânica. Entretanto, esses modos de


trabalho não mecânicos podem ser tratados de forma semelhante, identificando
uma força generalizada F que atua na direção de um deslocamento generalizado
x. Assim, o trabalho associado ao deslocamento diferencial sob a influência des-
sa força é determinado por W  Fdx.
Alguns exemplos de formas não mecânicas de trabalho incluem o trabalho
elétrico, no qual a força generalizada é a voltagem (o potencial elétrico) e o des-
locamento generalizado é a carga elétrica, como já foi discutido anteriormente;
o trabalho magnético, no qual a força generalizada é a intensidade do campo
magnético e o deslocamento generalizado é o momento magnético coulombiano,
e também o trabalho de polarização elétrica, no qual a força generalizada é a
intensidade do campo elétrico e o deslocamento generalizado é a polarização do
meio (a soma dos momentos de rotação elétricos das moléculas). Uma análise
detalhada desses e de outros modos de trabalho não mecânico pode ser encontrada
em livros especializados.

2–6 A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA


m Até agora, consideramos as diversas formas de energia, como calor Q, trabalho W
e energia total E, de maneira individual, não tentando relacioná-las entre si durante
EP1  10 kJ um processo. A primeira lei da termodinâmica, também conhecida como princí-
EC1  0 pio de conservação da energia, oferece uma base sólida para o estudo das relações
entre as diversas formas de energia e interações de energia. Com base em observa-
ções experimentais, a primeira lei da termodinâmica enuncia que energia não pode
ser criada nem destruída durante um processo; ela pode apenas mudar de forma.
z Cada parcela de energia deve ser contabilizada durante um processo.
m Todos sabemos que uma pedra em uma certa altura possui energia poten-
cial, sendo parte dessa energia potencial convertida em energia cinética à medi-
EP2  7 kJ
da que a pedra cai (Fig. 2–39). Dados experimentais mostram que a diminuição
EC2  3 kJ
da energia potencial (mg z) é exatamente igual ao aumento da energia cinética
[ ] quando a resistência do ar é desprezível, confirmando assim o
princípio de conservação da energia – neste caso, a mecânica.
Considere um sistema passando por uma série de processos adiabáticos de
FIGURA 2–39 A energia não pode ser um estado especificado 1 para outro estado especificado 2. Por serem adiabáticos,
criada nem destruída; ela pode apenas esses processos obviamente não podem envolver qualquer transferência de calor,
mudar de forma.
mas podem envolver diversos tipos de interações de trabalho. Medições cuida-
dosas durante esses experimentos indicam o seguinte: para todos os processos
adiabáticos entre dois estados especificados de um sistema fechado, o trabalho
líquido realizado é o mesmo independentemente da natureza do sistema fechado e
dos detalhes do processo. Considerando as infinitas maneiras pelas quais é possí-
vel realizar trabalho sob condições adiabáticas, essa afirmação parece ser bastante
poderosa, com potencial para implicações de maior alcance. Ela, que se baseia em
grande parte nos experimentos de Joule na primeira metade do século XIX, não
pode ser obtida por meio de nenhum outro princípio físico conhecido e é reconhe-
cida como um princípio fundamental. Esse princípio é chamado de primeira lei
da termodinâmica ou apenas primeira lei.
Uma das principais consequências da primeira lei é a existência e definição
da propriedade energia total E. Considerando o trabalho líquido como o mesmo
em todos os processos adiabáticos de um sistema fechado entre dois estados es-
pecificados, o valor do trabalho líquido deve depender apenas dos estados inicial
e final do sistema e, portanto, deve corresponder à variação de uma propriedade
Capítulo 2 Energia, Transferência de Energia e Análise Geral da Energia 71

do sistema. Essa propriedade é a energia total. Observe que a primeira lei não faz
referência ao valor da energia total de um sistema fechado em um estado. Ela sim-
plesmente declara que a variação da energia total durante um processo adiabático
deve ser igual ao trabalho líquido realizado. Assim, qualquer valor arbitrário con-
veniente pode ser atribuído à energia total em um estado especificado para servir
como ponto de referência.
A conservação da energia está implícita no enunciado da primeira lei. Em- Qent  5 kJ
bora a essência da primeira lei seja a existência da propriedade energia total, a
primeira lei quase sempre é vista como uma declaração do princípio de conser-
vação da energia. A seguir, desenvolvemos a primeira lei ou a equação de con-
Batata
servação da energia com a ajuda de alguns exemplos conhecidos e argumentos
 E  5 kJ
intuitivos.
Em primeiro lugar, consideramos alguns processos que envolvem transferên-
cia de calor, mas não interações de trabalho. A batata assada em um forno é um
bom exemplo para este caso (Fig. 2–40). Como resultado da transferência de ca- FIGURA 2–40 O aumento da energia
lor para a batata, sua energia aumentará. Desprezando qualquer transferência de de uma batata em um forno é igual à
massa (perda de umidade da batata), o aumento da energia total da batata torna-se quantidade de calor transferido para ela.
igual à quantidade de calor transferido. Ou seja, se 5 kJ de calor forem transferidos
para a batata, o aumento de energia da batata também será de 5 kJ.
Em outro exemplo, considere o aquecimento da água em uma panela sobre
um fogão (Fig. 2–41). Se forem transferidos 15 kJ de calor para a água pelo quei-
mador, e se 3 kJ se perderem da água para o ar ambiente, o aumento da energia da Qsai  3 kJ
água será igual ao calor líquido transferido para a água, que é de 12 kJ.
Consideremos agora como nosso sistema uma sala bem isolada (ou seja,
adiabático) aquecida por um aquecedor elétrico (Fig. 2–42). Como resultado do
E  Qliq  12 kJ
trabalho elétrico realizado, a energia do sistema aumentará. Como o sistema é
adiabático, não podendo haver nenhuma transferência de calor de ou para a vizi-
nhança (Q  0), o princípio de conservação da energia diz que o trabalho elétrico
Qent  15 kJ
realizado sobre o sistema deve ser igual ao aumento da energia do sistema.
Em seguida, vamos substituir o aquecedor elétrico por uma hélice (Fig. 2–43). FIGURA 2–41 Na ausência de interações
Como resultado do processo de agitação, a energia do sistema aumentará. Nova- por trabalho, a variação da energia de um
mente, como não há interação de calor entre o sistema e sua vizinhança (Q  0), sistema é igual ao calor líquido transferido.
o trabalho de eixo realizado sobre o sistema deve se manifestar como um aumento
da energia do sistema.
Muitos de vocês, provavelmente, devem ter percebido que a temperatura do
ar se eleva quando ele é comprimido (Fig. 2–44). Isso acontece porque energia é
transferida para o ar na forma de trabalho de fronteira. Na ausência de transferên-
cia de calor (Q  0), todo o trabalho de fronteira será armazenado no ar como par-
te de sua energia total. O princípio de conservação da energia exige que o aumento
da energia do sistema seja igual ao trabalho de fronteira realizado sobre o sistema.
(Adiabático)
Podemos estender essas discussões a sistemas que envolvem diversas intera-
Went  5 kJ
ções simultâneas de calor e trabalho. Por exemplo, se um sistema ganhar 12 kJ de
calor durante um processo, enquanto 6 kJ de trabalho é realizado sobre ele, o au-
mento da energia do sistema durante esse processo é de 18 kJ (Fig. 2–45). Ou seja,
a variação da energia de um sistema durante um processo é simplesmente igual à
transferência de energia líquida para o (ou do) sistema. E  5 kJ


Bateria
Balanço de energia
De acordo com as discussões anteriores, o princípio de conservação da energia FIGURA 2–42 O trabalho (elétrico)
pode ser expresso da seguinte maneira: A variação líquida (aumento ou diminui- realizado em um sistema adiabático é igual
ção) da energia total do sistema durante um processo é igual à diferença entre a ao aumento da energia do sistema.
72 Termodinâmica

(Adiabático) energia total que entra e a energia total que sai do sistema durante esse processo.
Ou seja, ou

Energia total Energia total Variação de


Weixo, ent  8 kJ entrando no sistema saindo do sistema energia do sistema
E  8 kJ

ou

Eent  Esai  Esistema


FIGURA 2–43 O trabalho (de eixo)
realizado em um sistema adiabático é igual Essa relação é chamada de balanço de energia e se aplica a todo tipo de sistema
ao aumento da energia do sistema. passando por qualquer tipo de processo. O uso adequado dessa relação para re-
solver problemas de engenharia depende da compreensão das diversas formas de
energia e do reconhecimento das formas de transferência de energia.

Variação da energia de um sistema, Esistema


Wf, ent  10 kJ A determinação da variação da energia de um sistema durante um processo com-
preende a avaliação da energia do sistema no início e no final do processo, e o
cálculo da diferença entre elas. Ou seja,

Variação da energia  Energia no estado final – Energia no estado inicial

ou
E  10 kJ
(2–32)

(Adiabático)
Observe que a energia é uma propriedade, e que o valor de uma propriedade não
FIGURA 2–44 O trabalho (de fronteira) varia, a menos que o estado do sistema mude. Assim, a variação da energia de
realizado em um sistema adiabático é igual um sistema é zero se o estado do sistema não mudar durante o processo. Da mes-
ao aumento da energia do sistema. ma maneira, a energia pode existir em inúmeras formas como interna (sensível,
latente, química e nuclear), cinética, potencial, elétrica e magnética, e sua soma
constitui a energia total E de um sistema. Na ausência de efeitos de natureza
elétrica, magnética e de tensão superficial (por exemplo, nos sistemas compres-
síveis simples), a variação da energia total de um sistema durante um processo
é a soma das variações de suas energias interna, cinética e potencial, e pode ser
expressa como
Qsai  3 kJ
E  U EC EP (2–33)

onde
E  (15  3) 6
 18 kJ Weixo, ent  6 kJ

Qent  15 kJ Quando os estados inicial e final são conhecidos, os valores das energias internas
FIGURA 2–45 A variação de energia de
específicas u1 e u2 podem ser determinados diretamente por meio de tabelas de
um sistema durante um processo é igual ao propriedades ou de relações entre propriedades termodinâmicas.
trabalho líquido e o calor transferido entre A maioria dos sistemas encontrados na prática são estacionários, ou seja, eles
o sistema e sua vizinhança. não sofrem qualquer variação de velocidade ou de altura durante um processo
Capítulo 2 Energia, Transferência de Energia e Análise Geral da Energia 73

(Fig. 2–46). Portanto, nos sistemas estacionários, as variações das energias ciné-
tica e potencial são nulas (ou seja, EC  EP  0) e a equação para a variação Sistemas estacionários
da energia total Eq. 2–33 se reduz a E  U para tais sistemas.
z1  z2 → EP  0
V1  V2 → EC  0
Mecanismos de transferência de energia, Eent e Esai E  U

A energia pode ser transferida para ou de um sistema sob três formas: calor, traba-
lho e fluxo de massa. As interações de energia são identificadas quando atravessam
a fronteira de um sistema e representam a energia ganha ou perdida por um sistema
durante um processo. As duas únicas formas de interações de energia associadas a FIGURA 2–46 Para sistemas
uma massa fixa ou aos sistemas fechados são a transferência de calor e a realiza- estacionários, EC  EP  0;
ção de trabalho. então E  U.
1. Transferência de calor, Q A transferência de calor para um sistema (ganho
de calor) aumenta a energia das moléculas e, consequentemente, a energia
interna do sistema, e a transferência de calor de um sistema (perda de calor)
a diminui, pois a energia transferida para fora sob a forma de calor vem da
energia das moléculas do sistema.
2. Realização de trabalho, W Uma interação de energia que não é causada
por uma diferença de temperatura entre um sistema e sua vizinhança é tra-
balho. Um pistão subindo, um eixo girando e um fio elétrico atravessando a
fronteira do sistema estão associados a interações de trabalho. A realização
de trabalho sobre um sistema aumenta a energia do sistema, e a realização de
trabalho por um sistema diminui a energia do sistema, uma vez que a energia
transferida para fora sob a forma de trabalho vem da energia contida no sis-
tema. Os motores dos automóveis e as turbinas hidráulicas, a vapor ou a gás
produzem trabalho enquanto os compressores, as bombas e os misturadores
consomem trabalho.
Entrada W
3. Fluxo de massa, m O fluxo de massa para dentro e para fora do sistema se de
constitui em um mecanismo adicional de transferência de energia. A energia massa
Volume Q
do sistema aumenta quando há entrada de massa, porque massa carrega ener-
de controle Saída
gia (na verdade, massa é energia). Da mesma forma, quando alguma massa sai
de
do sistema, a energia nele contida diminui, porque a massa que sai leva com massa
ela alguma energia. Por exemplo, quando uma certa quantidade de água quen-
te é retirada de um aquecedor de água e é substituída pela mesma quantidade FIGURA 2–47 A quantidade de energia
de água fria, a quantidade de energia do tanque de água quente (o volume de de um volume de controle pode ser
controle) diminui como resultado dessa interação de massa (Fig. 2–47). modificada por um fluxo de massa, e
também por meio de interações de calor e
Observando que a energia pode ser transferida sob a forma de calor, trabalho e de trabalho.
fluxo de massa, e que a transferência líquida de uma quantidade é igual à diferença
entre as quantidades transferidas na entrada e na saída, o balanço da energia pode
ser escrito mais explicitamente como

Eent  Esai  (Qent  Qsai) (Went  Wsai) (Emassa, ent  Emassa, sai)  Esistema (2–34)

onde os subíndices “ent” e “sai” indicam as quantidades que entram e saem do


sistema, respectivamente. Todos os seis termos do lado direito da equação repre-
sentam “quantidades” e, portanto, quantidades positivas. A direção de qualquer
transferência de energia é descrita pelos subscritos “ent” e “sai”.
O calor transferido Q é zero para os sistemas adiabáticos, o trabalho realizado
W é zero para os sistemas que não envolvem interações de trabalho, e a energia
transportada com a massa Emassa é zero nos sistemas em que não há escoamento
através de suas fronteiras (ou seja, os sistemas fechados).
74 Termodinâmica

O balanço de energia para qualquer sistema passando por qualquer tipo de


processo pode ser expresso de uma forma mais compacta como
(2–35)
Energia líquida transferida Variação das energias interna,
por calor, trabalho e massa cinética, potencial, etc.

ou na forma de taxa, como

(2–36)
Taxa de energia líquida transferida Taxa de variação das energias
por calor, trabalho e massa interna, cinética, potencial, etc.

Para taxas constantes, as quantidades totais durante um intervalo de tempo t estão


relacionadas às quantidades por unidade de tempo como

(2–37)

O balanço de energia pode ser expresso por unidade de massa como

(2–38)

que é obtido dividindo todas as quantidades da Eq. 2–35 pela massa m do sistema.
O balanço de energia também pode ser expresso na forma diferencial como

(2–39)
P
Para um sistema fechado executando um ciclo, os estados inicial e final são idênti-
cos e, portanto, Esistema  E2  E1  0. Assim, o balanço de energia em um ciclo
pode ser simplificado como Eent  Esai  0 ou Eent  Esai. Observando que um
Qliq  Wliq sistema fechado não envolve nenhum fluxo de massa através de suas fronteiras, o
balanço de energia de um ciclo pode ser expresso em termos de interações de calor
e trabalho como

(2–40)
V

FIGURA 2–48 Para um ciclo, E  0, Ou seja, o trabalho líquído que sai durante um ciclo é igual ao calor líquido que
então Q  W. entra (Fig. 2–48).

EXEMPLO 2–10 Resfriando um fluido quente em um tanque


Um tanque rígido contém um fluido quente que é resfriado enquanto é agitado por
uma hélice. Inicialmente, a energia interna do fluido é de 800 kJ. Durante o processo
de resfriamento, o fluido perde 500 kJ de calor, e a hélice realiza 100 kJ de trabalho
no fluido. Determine a energia interna final do fluido. Despreze a energia armaze-
Qsai  500 kJ nada na hélice.

SOLUÇÃO Um fluido em um tanque rígido perde calor enquanto é agitado. A


energia interna final do fluido deve ser determinada.

U1  800 kJ Weixo, ent  100 kJ Hipóteses 1 O tanque é estacionário e, portanto, as variações da energia cinética e
U2  ? potencial são zero, EC  EP  0. Portanto, E  U, e a energia interna é a úni-
ca forma de energia do sistema que pode variar durante esse processo. 2 A energia
fluido armazenada na hélice é desprezível.
Análise Seja o conteúdo do tanque o sistema (Fig. 2–49). Esse é um sistema fecha-
do, uma vez que nenhuma massa atravessa a fronteira durante o processo. Observa-
FIGURA 2–49 Esquema para o mos que o volume de um tanque rígido é constante e, portanto, não existe trabalho
Exemplo 2–10.
Capítulo 2 Energia, Transferência de Energia e Análise Geral da Energia 75

de fronteira móvel. Da mesma forma, o sistema perde calor, e trabalho de eixo é rea-
lizado nesse sistema. A aplicação do balanço de energia sobre o sistema resulta em

Energia líquida transferida Variação das energias interna,


por calor, trabalho e massa cinética, potencial, etc.

Portanto, a energia interna final do sistema é de 400 kJ.

EXEMPLO 2–11 Aceleração do ar por meio de um ventilador 8 m/s Ventilador

Um ventilador que consome 20 W de potência elétrica quando em operação, des-


carrega ar de uma sala ventilada a uma taxa de 1,0 kg/s e a uma velocidade de 8 m/s
(Fig. 2–50). Determine se essa afirmação é razoável.

SOLUÇÃO Diz-se que um ventilador aumenta a velocidade do ar de um dado va-


Ar
lor, à medida que consome energia elétrica a determinada taxa. A validade dessa
afirmação deve ser investigada.
Hipótese A sala ventilada é relativamente calma e a velocidade do ar dentro dela é
desprezível.
Análise Em primeiro lugar, examinemos as conversões de energia envolvidas.
O motor do ventilador converte parte da potência elétrica que ele consome em
potência mecânica (de eixo), usada para girar as pás do ventilador no ar. As pás
têm um formato que lhes permitem transmitir uma grande parte da potência me-
cânica do eixo para o ar, por meio de sua movimentação. No caso-limite ideal em FIGURA 2–50 Esquema para o
que não há perdas (nenhuma conversão de energia elétrica e mecânica em energia Exemplo 2–11.
térmica) e a operação é em regime permanente, a potência elétrica fornecida será
igual à taxa com a qual aumenta a energia cinética do ar. Assim, para um volume
de controle que inclui a unidade motor-ventilador, o balanço de energia pode ser
escrito como

Taxa de energia líquida transferida Taxa de variação das energias


por calor, trabalho e massa interna, cinética, potencial, etc.

Resolvendo Vsai e fazendo a substituição, temos a velocidade máxima de saída do ar

menor que 8 m/s. Portanto, a alegação é falsa.


Discussão O princípio de conservação da energia exige que ela seja preservada du-
rante sua conversão de uma forma para outra, e não permite que nenhuma energia
seja criada ou destruída durante um processo. Sob o ponto de vista da primeira lei,
não há nada de errado na conversão de toda a energia elétrica em energia cinética.
Portanto, a primeira lei não faz objeção ao fato de a velocidade do ar atingir 6,3
m/s – mas esse é o limite máximo. Qualquer afirmação sobre a existência de uma
velocidade mais alta viola a primeira lei e é, portanto, impossível. Na verdade, a
velocidade do ar será consideravelmente menor que 6,3 m/s devido às perdas asso-
ciadas à conversão da potência elétrica em potência mecânica de eixo, e à conversão
da potência mecânica de eixo em energia cinética do ar.
76 Termodinâmica


Qsai
EXEMPLO 2–12 Efeito de aquecimento de um ventilador
Uma sala encontra-se inicialmente à temperatura de 25 °C, que é a mesma do am-
biente externo. Um grande ventilador, que consome 200 W de eletricidade quando
Sala
• em funcionamento, é então ligado no interior da sala (Fig. 2–51). A taxa de trans-
Weletr, ent
ferência de calor entre a sala e o ar externo é dada por  UA(Ti  T0) onde U 
6 W/m2·°C é o coeficiente global de transferência de calor, A  30 m2 é a área das
Ventilador superfícies da sala e Ti e To são as temperaturas do ar interno e externo, respectiva-
mente. Determine a temperatura do ar interno quando são estabelecidas condições de
operação em regime permanente.

SOLUÇÃO Um grande ventilador é ligado e mantido em operação em uma sala


que perde calor para o exterior. A temperatura do ar interno deve ser determinada
quando a operação em regime permanente for atingida.
Hipóteses 1 A transferência de calor através do piso é desprezível. 2 Não existem
outras interações de energia.
Análise A eletricidade consumida pelo ventilador é a energia fornecida para a sala
e, portanto, a sala recebe energia a uma taxa de 200 W. Como resultado, a tempe-
FIGURA 2–51 Esquema para o ratura do ar da sala tende a subir. À medida que a temperatura do ar se eleva, a taxa
Exemplo 2–12. com a qual o calor é rejeitado da sala aumenta, até um ponto em que se iguala ao
consumo de potência elétrica. Nesse ponto, a temperatura do ar da sala e, portanto,
o conteúdo de energia dela permanecem constantes, e a conservação da energia da
sala se reduz a

Taxa de energia líquida transferida Taxa de variação das energias


por calor, trabalho e massa interna, cinética, potencial, etc.

Substituindo,

Temos

Ti  26,1 °C

Portanto, a temperatura do ar da sala permanecerá constante após atingir 26,1 °C.


Discussão Observe que um ventilador de 200 W aquece uma sala como um aquece-
dor elétrico de 200 W. No caso de um ventilador, o motor converte parte da energia
elétrica em energia mecânica por meio de um eixo giratório, enquanto o restante é
dissipado sob a forma de calor para o ar ambiente devido à ineficiência do motor
elétrico (nenhum motor converte 100% da energia elétrica em energia mecânica, em-
bora alguns motores de grande porte cheguem próximos a isso, convertendo acima
de 97%). Parte da energia mecânica do eixo é convertida em energia cinética do ar
por meio das pás. Esta, em seguida, é convertida em energia térmica à medida que as
moléculas do ar ficam mais lentas devido ao atrito. Ao final, toda a energia elétrica
consumida pelo motor do ventilador é convertida em energia térmica do ar, a qual se
manifesta como um aumento da temperatura.

EXEMPLO 2–13 Custo anual da iluminação de uma sala de aula


FIGURA 2–52 Iluminação de uma sala As necessidades de iluminação de uma sala de aula são supridas por 30 lâmpadas
de aula com lâmpadas fluorescentes, como fluorescentes, cada uma consumindo 80 W de eletricidade (Fig. 2–52). As luzes da
discutido no Exemplo 2–13. sala de aula ficam acesas 12 horas por dia, 250 dias por ano. Ao custo unitário de 7
© Vol. 24/ PhotoDisc/Getty RF.
Capítulo 2 Energia, Transferência de Energia e Análise Geral da Energia 77

centavos por kWh, determine o custo anual da energia necessária para iluminar essa
sala de aula. Discuta também o efeito da iluminação sobre as necessidades de aque-
cimento e condicionamento de ar dessa sala.

SOLUÇÃO A iluminação de uma sala de aula com lâmpadas fluorescentes é consi-


derada. O custo anual da eletricidade para iluminar essa sala de aula deve ser deter-
minado, e o efeito da iluminação sobre as necessidades de aquecimento e condicio-
namento de ar deve ser discutido.
Hipótese O efeito das flutuações de tensão é desprezível, de modo que cada lâmpa-
da fluorescente consome sua potência nominal.
Análise A potência elétrica consumida pelas lâmpadas quando todas estão acesas e
o número de horas ao longo das quais elas são mantidas acesas por ano são
Potência da iluminação  (Potência consumida por lâmpada)  (No de lâmpadas)
 (80 W/lâmpada)(30 lâmpadas)
 2.400 W  2,4 kW
N de horas em operação  (12h/dia)(250 dias/ano)  3.000 h/ano
o

Assim, a quantidade de energia e o custo da eletricidade utilizada por ano são


Energia de iluminação  (Potência de iluminação)  (Horas em operação)
 (2,4 kW)(3.000 h/ano)  7.200 kWh/ano
Custo de iluminação  (Energia de iluminação)  (Custo unitário)
 (7.200 kWh/ano)(US$ 0,07/kWh)  US$ 504/ano

A luz é absorvida pelas superfícies que atinge e é convertida em energia térmica.


Desprezando a luz que escapa pelas janelas, toda a potência elétrica de 2,4 kW con-
sumida pelas lâmpadas eventualmente torna-se parte da energia térmica da sala de
aula. Portanto, o sistema de iluminação dessa sala reduz as necessidades de aqueci-
mento em 2,4 kW, mas aumenta a carga de condicionamento de ar em 2,4 kW.
Discussão Observe que o custo anual com a iluminação dessa sala de aula está aci-
ma de US$ 500. Isso mostra a importância das medidas de economia de energia. Se
fossem usadas lâmpadas incandescentes em vez de lâmpadas fluorescentes, os custos
com iluminação seriam quatro vezes maiores, uma vez que as lâmpadas incandes-
centes utilizam quatro vezes mais energia para produzir a mesma intensidade de luz.

EXEMPLO 2–14 Conservação da energia de uma esfera de aço oscilante z


Esfera
O movimento de uma esfera de aço na taça semiesférica de raio h mostrado na
A de aço
Fig. 2–53 deve ser analisado. Inicialmente, a esfera é mantida na posição mais h C
alta (no ponto A) sendo, em seguida, liberada. Obtenha relações para o balanço
de energia da esfera nos casos de movimento sem atrito e real (considerando o 1
atrito).

SOLUÇÃO Uma esfera de aço é liberada em uma taça semiesférica. Balanços de


energia devem ser obtidos. 2
0 B
Hipótese No movimento sem atrito, o atrito entre a esfera, a taça e o ar é desprezível.
FIGURA 2–53 Esquema para o
Análise Quando liberada, a esfera é acelerada sob influência da gravidade, atinge Exemplo 2–14.
velocidade máxima (e altura mínima) no ponto B da parte inferior da taça, e sobe até
o ponto C no lado oposto. No caso ideal de movimento sem atrito, a esfera oscilará
entre os pontos A e C. O movimento real envolve a conversão entre si das energias
cinética e potencial da esfera, além da resistência ao movimento devida ao atrito
(continua)
78 Termodinâmica

LEMBRE-SE, EFICIÊN-
CIA É O RESULTADO (continuação)
DESEJADO DIVIDIDO (realização de trabalho das forças de atrito). O balanço geral de energia para um
PELO FORNECIMENTO
NECESSÁRIO! sistema passando por um processo qualquer é

Energia líquida transferida Variação das energias interna,


por calor, trabalho e massa cinética, potencial, etc.

Dessa forma, o balanço de energia para a esfera em um processo entre os pontos 1


e2é

ou

FIGURA 2–54 A definição de eficiência


não se limita apenas à termodinâmica.
BLONDIE © KING FEATURES SYNDICATE. uma vez que não há transferência de energia por meio de calor ou fluxo de massa,
nem variação da energia interna da esfera (o calor gerado pelo aquecimento por atri-
to é dissipado para o ar ambiente). O termo de trabalho de atrito watrito é frequente-
mente expresso como eperda para representar a perda (conversão) de energia mecânica
em energia térmica.
Para o caso idealizado do movimento sem atrito, a última relação pode ser
reduzida a

onde o valor da constante é C  gh. Ou seja, quando os efeitos de atrito são despre-
zíveis, a soma das energias cinética e potencial da esfera permanecem constantes.
Discussão Esta é certamente uma forma mais intuitiva e conveniente para a equação
de conservação da energia para este e outros processos semelhantes, como o movi-
mento do pêndulo de um relógio de parede.

2–7 EFICIÊNCIAS DE CONVERSÃO DE ENERGIA


Eficiência é um dos termos mais utilizados na termodinâmica. Ela indica o grau de
sucesso com o qual um processo de transferência ou conversão de energia é reali-
zado. Eficiência também é um dos termos mais mal utilizados na termodinâmica
e, por isso, uma fonte de mal-entendidos. Isso acontece porque o termo eficiência
é quase sempre utilizado sem uma definição apropriada. A seguir, esclareceremos
Aquecedor de água melhor este ponto, e definiremos algumas eficiências normalmente utilizadas na
prática.
Tipo Eficiência Em geral, o desempenho ou eficiência pode ser expresso por meio da relação
Gás, convencional 55% entre o resultado desejado e o fornecimento necessário (Fig. 2–54)
Gás, alta eficiência 62%
Elétrico, convencional 90% Resultado desejado
Elétrico, alta eficiência 94% Eficiência (2–41)
Fornecimento necessário
FIGURA 2–55 Eficiências típicas de
aquecedores elétricos e de gás natural Se você estiver procurando um aquecedor de água, um vendedor experiente
convencionais e de alta eficiência. provavelmente lhe dirá que a eficiência de um aquecedor de água elétrico corres-
© The McGraw-Hill Companies, Inc/Jill ponde a cerca de 90% (Fig. 2–55). Você pode achar isso estranho, uma vez que os
Braaten, fotógrafo. elementos de aquecimento de aquecedores elétricos são resistores e, como estes

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da
Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 2.2
2.2 Dica do professor
O vídeo mostrará a primeira lei da termodinâmica aplicada aos balanços energéticos.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
ed890dcbffba43ed16730cbbd5b62499

6 min

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Vamos falar sobre a primeira lei da termodinâmica e os balanços de energia


relacionados com a mesma.
A primeira lei da termodinâmica deve ser interpretada em termos
de energia, sendo que a energia do universo sempre é constante e
será conservada nos processos energéticos, nunca será destruída
ou criada.
A energia total de um sistema pode ser dada pela variação da sua
própria energia interna, sendo assim a primeira lei da
termodinâmica pode ser dada como a variação da energia interna de
um sistema delta_E é dada pela soma do calor Q, que é transferido
ou absorvido pelo sistema, mais o trabalho W, realizado pelo
sistema ou no sistema,
Matematicamente podemos definir a primeira lei da termodinâmica
como delta_E, que é a variação de energia do sistema, é igual a Q
mais W. É importante interpretarmos os sinais do calor Q e do
trabalho W antes de chegar no sinal da energia.
Para interpretarmos o sinal do calor, vamos utilizar
uma batata sob aquecimento no interior de um
forno, sendo que o forno abastece a batata com
calor. Desta forma a batata, sendo o sistema, terá
o calor maior do que zero e a variação de energia
do sistema também maior do que zero.
A mesma batata será colocada sobre uma mesa e
teremos o fluxo de calor da batata, que é o nosso
sistema, para a vizinhança. Assim, a variação da
energia pode ser interpretada. Como o sinal do
calor é negativo, a variação da energia interna
também será negativa.
Para interpretarmos o sinal do trabalho, iremos utilizar um sistema adiabático, em que não há troca de calor com o
meio. Um gás em compressão sendo o sistema, o trabalho realizado pela vizinhança no sistema, resulta em um
aumento da energia do sistema, sendo trabalho maior do que zero e a energia também maior do que zero.
Já quando o gás está em expansão neste cilindro, o trabalho será realizado pelo sistema na vizinhança. Desta forma,
o sinal do trabalho será negativo e o sinal da energia também negativo.
Quando o sistema troca de calor e trabalho de forma contínua,
temos que analisar a magnitude de cada um deles
considerando sempre a primeira lei da termodinâmica para
entender o sinal da energia.
É importante caracterizar a primeira lei da termodinâmica em termos de balanço energético, sendo que a variação
da energia de um sistema poderá ser calculada desde que seja conhecida a energia dos Estados final e inicial de um
processo: A energia total que entra no sistema menos a energia total que sai do sistema é igual a variação da
energia do sistema. De forma matemática: Eent menos Esai é igual a delta_E_sistema.

Em termos de energias microscópicas e


macroscópicas, a variação da energia do
sistema é dada pela variação da energia
microscópica mais a variação da energia
macroscópica.

A variação de energia microscópica está


relacionada a processos internos,
(translação e rotação de átomos e
moléculas). A energia interna pode ser
representada por delta_U.
A energia macroscópica é dada pela energia cinética e potencial, desconsiderando aqui as contribuições elétricas,
magnéticas e de escoamento.
A energia interna é calculada pela massa vezes a variação da energia interna dos estados 2 e 1, mais a variação da
energia cinética, massa dividido por 2 vezes a variação das velocidades ao quadrado dos estados 2 e 1; mais a
variação da energia potencial, dada por massa vezes a gravidade vezes a diferença entre as alturas dos estados 2 e
1.

Cada exercício tem de ser interpretado em termos de balanço energético para a aplicação da primeira lei
adequadamente.
2.2 Exercícios
Uma bomba de água aumenta a pressão da água de 10 psia para 50 psia. Marque a
1) alternativa que apresenta a potência necessária, em hp, para bombear 1,2 pés3/s de água.

A) a) 9377,2 hp

B) b) 12,4 hp

C) c) 48,0 hp

D) d) 1,0 x 105 hp

E) e) 745,7 hp

1 Gab B =
obs erro na justificativa, repetiu a justif. do ex. 2

elm 01abr23 - ex. 1 ; Aula 2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica


Pleito: Corrigir a justificativa do Gabarito, apresentou cópia da justificativa do ex. 2.
Um ventilador deve acelerar ar parado até a velocidade de 8 m/s a uma taxa de 9 m3/s.
2) Marque a alternativa que apresenta a potência mínima que deve ser fornecida ao ventilador.
Suponha que a densidade do ar seja de 1,18 kg/m3.

A) a) 340 kW

B) b) 288 W

C) c) 38 W

D) d) 340W

E) e) 38W

2 Gab D =
Taxa de energia
mecânica no
escoamento de um
fluido:
Uma escada rolante de um centro comercial foi projetada para transportar 30 pessoas com
3) 75 kg cada, à velocidade constante de 0,8 m/s e inclinação de 45°. A potência mínima
necessária para mover essa escada rolante deve ser igual a

A) a) 12,5 kW

B) b) 17,7 kW

C) c) 416 W

D) d) 17,7 W

E) e) 12 500 kW

3 Gab A = Variação
da energia mecânica
do sistema:
Um motor de 75 hp (potência de eixo) que possui uma eficiência de 91% está desgastado e
4) será substituído por um motor de alta eficiência com 75 hp e eficiência de 95,4%. A redução
do ganho de calor da sala devido à maior eficiência sob condições de plena carga é de

A) a) 11,0 hp

B) b) 7,4 hp

C) c) 3,6 hp

D) d) 3,8 hp

E) e) 8,0 hp

4 Gab D = Taxa de calor


reduzido no sistema:'
Os requisitos de vapor de uma fábrica estão sendo atendidos por uma caldeira cuja potência
5) térmica nominal é de 5,5 x 106 Btu/h. A eficiência de combustão da caldeira é medida em
0,7 por um analisador de gás portátil. Após o ajuste da caldeira, a eficiência de combustão
aumenta para 0,8. A caldeira opera 4.200 horas por ano de forma intermitente. Tomando o
custo unitário de energia de US$ 4,35/106 Btu, a energia anual economizada e a redução de
custos são, respectivamente, iguais a

A) a) 1,57 x 109 Btu e US$ 68 330,00

B) b) 9,82 x 109 Btu e US$ 42 700,00

C) c) 4,12 x 109 Btu e US$ 17 922,00

D) d) 5,80 x 109 Btu e US$ 25 213,00

E) e) 1,00 x 1010 Btu e US$ 43 500,00

elm = notar que é questão 2-64 do Cengel Termo 7ed, e o solution pdf, indica que a potencia térmica nominal seria potência de
entrada, a gerada pela queima do combustível. Isso muda a análise e chegou-se a 2.89e9 btu/h e $12600/ano. Esta abordagem parece
de acordo com def usada em órgãos reguladores ambientais... Mas esses valores não constam em nenhuma opção...

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Caldeira - Pergunta Aula 2.2 Primeira Lei da Termodinâmica
i) Qual a definição de "Potência Térmica Nominal de uma Caldeira"?
ii) Qual da definição de "Eficiência de Combustão de uma Caldeira"? Qual sua relação com a Potência Térmica Nominal?
Obs.1: A caldeira é um complexo e, acho que, a rigor, a eficiência de combustão, estaria só relacionada à combustão que ocorre na
fornalha, ou seja, não chega nem a ser a eficiência da fornalha (parte da caldeira) e muito menos à eficiência da caldeira como um todo.
Obs.2: Os dois termos aparecem no ex. 5 da Aula 2.2 e resolvi supondo que (eficiência combustão) = (potência térmica caldeira) /
(potência da queima do combustível) e poder escolher um valor disponível nas opções.
5 Gab C =

Taxa de calor reduzido no sistema:

Redução nos custos:


2.2 Na prática

O balanço energético aplicado a processos comuns no cotidiano:

A primeira lei da termodinâmica é o princípio básico para a construção de máquinas que utilizam a
energia para realizar trabalho ou gerar calor. Este princípio pode ser observado quando cozinhamos
os alimentos, ligamos o ventilador ou o ar condicionado, dirigimos um veículo e, até mesmo, quando
andamos de um local para outro. Em todos estes processos a energia interna do sistema é
modificada visando a sua utilização para o nosso conforto e necessidades diárias.

Entretanto, sempre devemos considerar que um sistema nunca criará ou destruirá energia, pois
esta será apenas transformada, sendo que a energia total sempre será conservada. Veja a seguir
um processo energético típico no cotidiano.

20230319 = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Na Prática da Aula 2.2 Primeira Lei da Termodinâmica
Pleito: Revisar / corrigir ilustração.
Justificativa:
- O valor em watts que sai por cima da panela deveria ser 1,2kW (em vez de 2kW) para atender conservação de energia.
- Pelo desenho, na parte superior da panela deveria constar "Parte da energia é perdida por transporte de energia com massa de vapor
que deixa panela (Emassa,sai)."
Obs.1: Parece-me errado interpretar que haja trabalho realizado por expansão de gases na panela aberta.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
2.2 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Telecurso2000 - Aula 27/50 - Física - Leis da Termodinâmica


https://youtu.be/jPRabgYgB3Q

15 min

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Termodinâmica
Çengel, Yunus A.; Boles, Michael A. Cap. 2

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Ver livro texto completo pdf:
LivrPt_Termo_Termodinamica_Cengel_Boles_AMGH_ed7_2013_1035p_elm
e soluções da ed em inglês pdf:
LivrEn_Termo_Thermodynamics_Cengel_Boles_McGrawHill_ed7_2011_Solutions_2071p

Física - V1 - Uma Abordagem Estratégica - Mecânica


Newtoniana, Gravitação, Oscilações e Ondas
Knight, Randall D.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


https://biblioteca-a.read.garden/viewer/9788577805198/274 elm = Parte II, cap 9, 10, 11 - Princípios de Conservação
2.2
ÇENGEL, Yunus A. Termodinâmica / Yunus A. Çengel, Michael A. Boles ;
tradução: Paulo Maurício Costa Gomes ; revisão técnica: Antonio Pertence
Júnior.. 7. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2013.

Banco de Imagens Shutterstock.

SAGAH, 2015.

EQUIPE SAGAH

Coordenadora de Curso
Alexandre Baroni

Professor Designers Instrucionais


Leonardo Alves da Costa Bianca Basile Parracho
Cesar Felipe Ferreira
Gerente Unidade de Negócios Daniela Polycarpy
Rodrigo Severo Franciane de Freitas
Ezequiel Alves
Analista de Projetos Luciana Helmann
Fernanda Osório
Líder da Equipe de Design Gráfico
Líder da Equipe Metodológica Thais Gliosci
Daniela da Graça Stieh
Designers Gráficos
Analista Metodológica Carol Becker
Fernanda Crixel Zimpel Kaka Silocchi
Juarez Menegassi
Líder da Equipe de Design Instrucional Rafael Zago
Marcelo Steffen Vinicius Rafael Cárcamo
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Leis da termodinâmica voltada a fenômenos


3.1 Apresentação
A termodinâmica está presente em muito fenômenos naturais. Basicamente, ela trata de tópicos
que envolvem transformações de energia. Embora tenha surgido com o intuito de estudar e
aprimorar as máquinas termodinâmicas, como os motores, que transformam energia térmica em
trabalho, hoje em dia sua abrangência é bem maior. Dentre esses tópicos, temos mudanças de fase,
células voltaicas e metabolismo, no qual se estudam as transformações da energia química dos
alimentos que ingerimos a fim de fornecer energia para o nosso corpo funcionar.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender a diferença entre temperatura e calor,
além de estudar sobre transferência de calor e sobre as leis da termodinâmica e como elas se
aplicam a fenômenos termodinâmicos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Interpretar os conceitos de temperatura e calor em fenômenos físicos.


• Analisar os fenômenos de transferência de calor e suas consequências.
• Aplicar as leis da termodinâmica a processos termodinâmicos.
3.1 Desafio
Aqui você vai aprender que, para a existência e evolução de nossa civilização, foi essencial estudar
e entender as máquinas termodinâmicas. Esse conhecimento permitiu o desenvolvimento de
motores, nos quais calor é utilizado para gerar trabalho, como o que ocorre nas locomotivas. Não
obstante, os refrigeradores também fazem parte dessa temática. Eles permitem o armazenamento
de alimentos por mais tempo do que em temperatura ambiente, por exemplo.

A seguir, analise as informações e responda ao Desafio.

Os refrigeradores são um tipo de máquina termodinâmica.


Ao contrário dos motores, eles se utilizam de trabalho para
baixar a temperatura, dentro de um ciclo

O refrigerador emprega um compressor para cumprir a sua


função de manter a temperatura em torno de -20°C.

A figura mostra um esquema de refrigerador doméstico.


Nele, um fluido refrigerante circula pela tubulação. O
compressor move o fluido reduzindo sua pressão e o injeta
aumentando a pressão. No condensador o vapor se liquefaz,
liberando calor para o ambiente, enquanto no evaporador o
fluido passa para o estado gasoso, absorvendo energia do
ambiente, esfriando-o.

Com base no que foi apresentado, suponha que você esteja planejando a montagem de um
congelador. Esse congelador será isolado com chapas de isopor e terá as seguintes dimensões:
largura de 1,5 m, altura de 1,0 m e profundidade de 0,5 m. Então, responda às seguintes questões:

a) Qual o valor da área total do congelador?

b) Qual a taxa de transferência de calor pelo isopor, supondo que a temperatura externa seja de
25oC?

c) Se as placas tiverem espessura de 5cm e a condutividade térmica do isopor for de 0,035 W/mK,
para manter a temperatura interna de -20oC, a que taxa o compressor deve remover o calor?
elm = a) 5,5 m2
b) acho que é mesmo valor de c) e
precisa dos dados de c) para
responder. Ver c)
c) 173 W

elm 01abr23 Pós Gabarito


Desafio Aula 3.1 Leis da
Termodinâmica
Pleito: Corrigir Padrão de Resposta.
Justificativa: Variação em °C =
Variação em K. Potência resulta
173W.
3.1 Infográfico
É importante que você saiba que as máquinas térmicas funcionam de acordo com a segunda lei da
termodinâmica, ou seja, não existem máquinas perfeitas. Entretanto, é possível quantificar o seu
rendimento.

No Infográfico a seguir, você verá como as máquinas funcionam.

RENDIMENTO DE MÁQUINAS TÉRMICAS


As máquinas térmicas, ou motores, são máquinas que operam transformando calor em trabalho, dentro de um
ciclo. Ou seja, a máquina sai de seu estado inicial, chegando a um estado final, e por último volta a seu estado
inicial, repetindo o ciclo.
De acordo com a 2a lei da termodinâmica, não existem máquinas perfeitas.
Vamos ver então como funciona um motor?
Motor térmico

I. A energia térmica QQ é transferida do reservatório quente


(tipicamente pela queima de um combustível) ao sistema.

2. Parte da energia é usada para realizar um trabalho útil

3. A energia restante QF = QQ − Wsaída é cedida ao reservatório frio


(água de refrigeração ou ar) como calor rejeitado

AEint = 0, pois a máquina trabalha em um ciclo.

Assim, Wsaída = Qres = QQ − QF

Trabalho realizado por uma máquina térmica por ciclo.

Se fosse uma máquina perfeita, QF seria zero, mas sempre há perda de calor para o ambiente.

O objetivo é transformar o máximo possível de calor extraído


em trabalho. O sucesso desse processo é medido pela
eficiência térmica η, definida como a razão entre o trabalho ou
realizado em cada ciclo e o calor absorvido:

Se a máquina fosse perfeita,


W=QQ, o rendimento seria
igual a I, ou seja, ela teria
eficiência de 100%.

MOTOR DE EXPLOSÃO DE 4 TEMPOS:

I - Admissão: ar e combustível vaporizado entram no cilindro.

2 - Compressão: a mistura é comprimida; no final há uma faísca que faz com que o gás entre em
combustão.

3 - Expansão: após a combustão, o gás se expande, empurrando o pistão.

4 - Escape: a mistura gasosa, resultante da combustão, é eliminada do cilindro, e o ciclo recomeça.


3.1 Conteúdo do livro
A termodinâmica é essencial para entendermos muitos fenômenos, desde nosso metabolismo até
transições de fases e máquinas térmicas.

No capítulo Leis da termodinâmica voltada a fenômenos, que faz parte da obra Fundamentos de
física e matemática, você vai entender os principais conceitos da termodinâmica e aprender como
interpretá-los e aplicá-los a diversos casos.

Silva, Cristiane da.


Fundamentos de física e matemática [recurso
eletrônico] / Cristiane da Silva, Mariana Sacrini
Ayres Ferraz; [revisão técnica: Tiago Cassol Severo].
- Porto Alegre: SAGAH, 2018.
SUMÁRIO
Unidade 1
Introdução à matemática: conjunto, plano cartesiano e Sistema Internacional de Unidades...15 // Cristiane da Silva
Matemática: uma breve introdução..
Conjuntos numéricos e plano cartesiano...
Sistema Internacional de Unidades (SI).

Pontos e eixos, par ordenado, domínio e imagem... 29 // Cristiane da Silva


Relação binária...
Domínio e imagem
Aplicações na física e na biologia.

Noções de funções lineares e quadráticas.. 41 // Cristiane da Silva

Funções lineares e quadráticas...


Representação gráfica.
Resoluções matemáticas...

Noções de potência, radical e função exponencial.. 57 // Cristiane da Silva

Potenciação, função exponencial e radiciação


Gráficos das funções...
Aplicação das funções

Função logarítmica e exponencial aplicadas à biologia... 69 // Cristiane da Silva

Função logarítmica
Relação entre função exponencial e logarítmica.
Aplicação das funções....
Unidade 2

Leis de Newton e suas aplicações. 77 // Cristiane da Silva


Força e movimento.
Segunda lei de Newton.
Terceira lei de Newton.

Ondas: conceito e classificação.. 91 // Cristiane da Silva

Ondas
Velocidade da onda.
Ondas sonoras na biofísica..

Período de frequência e velocidade de uma onda. 101 // Cristiane da Silva


Ondas...
Espectro eletromagnético..
Fenômenos ópticos.

Ressonância. 115 // Mariana Sacrini Ayres Ferraz

Entendendo a ressonância.
Fenômeno da ressonância.
Aplicações da ressonância.
Unidade 3

Introdução à derivada e à integral e regras de derivação. 127 // Mariana Sacrini Ayres Ferraz

O que é uma função?


Derivada de funções.
Integral de funções.

Noções de integral, cálculo e função integral...143 // Mariana Sacrini Ayres Ferraz

Áreas e integração.
Integrais indefinidas.
Integrais definidas

Unidade 4
Introdução a fluidos. 155 // Mariana Sacrini Ayres Ferraz

Fluidos...
Características dos fluidos.
Dinâmica dos fluidos.

Hidrostática e hidrodinâmica voltadas a fenômenos. 171 // Mariana Sacrini Ayres Ferraz

Hidrostática.
Pressão arterial...
Viscosidade e turbulência.

Leis da termodinâmica voltada a fenômenos......187 // Mariana Sacrini Ayres Ferraz


Temperatura e calor.
Transferência de calor...
Leis da termodinâmica.

Eletromagnetismo voltado a fenômenos... 201 // Mariana Sacrini Ayres Ferraz


Cargas elétricas, forças e o modelo do átomo
Forças eletrostáticas, campo elétrico e campo magnético..
Eletromagnetismo na física e na biologia.

Radiações: conceitos de radioatividade, energia nuclear e suas aplicações..217 // Mariana Sacrini Ayres Ferraz
O átomo e a física nuclear.
O decaimento radioativo.
As aplicações biológicas.

Gabarito ... 233

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Conteúdo do Livro da Aula 3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos
Pleito: Corrigir erros no Conteúdo do Livro.
Justificativa:
- Pág. 5 - Exemplo: erro nos cálculos de Q1, Q3 e, portanto em Q (minhas contas resultaram Q=198,5kJ)
- Pág. 10 - Confusão no sinal de W: No Quadro 3 adota W<0 quando sistema transfere energia para fora (trabalho feito pelo sistema) e,
logo abaixo, apresenta equação 1a. lei com sinal negativo antes de W (também trabalho feito pelo sistema, que significa que aqui supõe
W>0). Se adotar convenção do quadro 3, o quadro 4 tem de ser alterado também.
- Pág. 11 - Figura 5: Seta de Q no Refrigerador perfeito indica sentido errado.
Obs.1: Acho que os livros capa laranja da Sagah deveriam ser evitados, geralmente o conteúdo é um apanhado de transcrições de livros
melhores, porém, infelizmente, com qualidade pior (provavelmente publicados com pouca ou sem revisão).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (com explicação em caso de não
confirmação).
p 187 do livro.

Leis da termodinâmica
voltada a fenômenos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Interpretar os conceitos de temperatura e calor em fenômenos físicos.


 Analisar os fenômenos de transferência de calor e suas consequências.
 Aplicar as leis da termodinâmica em processos termodinâmicos.

Introdução
A termodinâmica nasceu com a Revolução Industrial, a partir de estudos
sobre a transformação de energia térmica em energia mecânica, importante
para a criação e o aperfeiçoamento de motores e geradores. Porém, ela
não está limitada a esses tópicos. Hoje, a termodinâmica está relacionada a
todas as formas de conversão de energia, como as que ocorrem em células
fotovoltaicas (energia eletromagnética em energia elétrica) e no corpo
humano (energia química dos alimentos em outras, como térmica e cinética).
Neste capítulo, você vai ver os conceitos de temperatura e calor. Além
disso, vai entender como ocorre a transferência de calor e conhecer as
leis da termodinâmica.

Temperatura e calor
O conceito de temperatura é fundamental em termodinâmica. Embora você
provavelmente esteja familiarizado com o termo, saberia dizer o que exatamente
a temperatura mede? No senso comum, a temperatura diz o quão quente ou
frio algo está. A temperatura, então, está relacionada à energia térmica de um
sistema. A energia térmica, também chamada de interna, é a energia cinética
e potencial de átomos e moléculas em um sistema. Esses átomos não estão
parados; estão vibrando (como nos sólidos) ou se movendo (como nos gases).
Quanto mais energia térmica um sistema possui, mais quente ele é e vice-versa.
2 Leis da termodinâmica voltada a fenômenos

A escala de temperatura usada no SI é o Kelvin. Mas outras unidades


também são bastante usadas, como a escala Celsius e a Fahrenheit. Em-
bora a temperatura de um objeto possa ser aumentada indefinidamente, ela
tem um limite inferior, conhecido como zero absoluto ou zero Kelvin (0 K).
Nesse ponto, não há movimento das moléculas e a energia cinética é zero. A
temperatura ambiente está em torno de 290 K, ou seja, 290 K acima do zero
absoluto. Para encontrar as temperaturas nas outras escalas, você pode usar
as equações a seguir:

Essa conversão é facilmente obtida lembrando-se de alguns pontos cor-


respondentes na escala, como o ponto triplo da água, que é o ponto em que os
estados gasoso, líquido e sólido da água podem coexistir. A Figura 1 mostra
as escalas e comparações de seus valores em dois pontos, o zero absoluto e
o ponto triplo da água.

Ponto
triplo da 273,16K 0,01ºC 32,02ºF
água

Zero
absoluto 0K −273,15ºC −459,67ºF

Figura 1. Comparação entre as escalas de temperatura.


Fonte: Adaptada de Halliday, Resnick e Walter (1996, p. 174).
Leis da termodinâmica voltada a fenômenos 3

Os objetos podem estar em equilíbrio térmico, ou seja, podem ter a mesma


temperatura. A lei zero da termodinâmica diz o seguinte: se dois corpos A
e B estão em equilíbrio térmico com um terceiro corpo T, então estão em
equilíbrio térmico um com o outro.
Os materiais sofrem alterações de volume quando sua temperatura muda.
Esse fenômeno é chamado de expansão térmica. Considere uma barra metálica
de comprimento L. Se a sua temperatura aumentar de Δt, o seu comprimento
vai aumentar de:

ΔL = LαΔt

Onde α é o coeficiente de expansão linear. No Quadro 1, você pode ver


exemplos de coeficientes para alguns materiais.

Quadro 1. Coeficientes de dilatação linear

Substância1 α (10−6/ºC)
Gelo (a 0ºC) 51

Chumbo 29

Alumínio 23

Latão 19

Cobre 17

Aço 11

Vidro (comum) 9

Vidro (pirex) 3,2

Invar2 0,7

Quartzo fundido 0,5


1
À temperatura ambiente, exceto o gelo.
2
Esta liga foi projetada para ter um coeficiente de dilatação
muito baixo. O nome é uma abreviatura de “invariável”.

Fonte: Adaptado de Halliday, Resnick e Walter (1996, p. 176).


4 Leis da termodinâmica voltada a fenômenos

Embora os sólidos alterem seu volume quando se expandem, para os lí-


quidos só a expansão volumétrica faz sentido. Assim, dada uma mudança de
temperatura Δt em um líquido ou sólido, a variação de volume será:

ΔV = VβΔT

onde β é o coeficiente de expansão volumétrica e β = 3α.


Agora imagine a seguinte situação: você colocando café quente em uma
xícara e deixando-a na mesa. O que vai acontecer? Passado algum tempo, o
café vai esfriar, ou seja, a temperatura vai diminuir até atingir a temperatura
do ambiente. Essa mudança na temperatura se deve à troca de energia térmica
(ou interna) com o ambiente.
A energia térmica transferida é chamada de calor e simbolizada pela letra
Q. O calor é considerado positivo se ele for absorvido, ou seja, se a energia
térmica for transferida para um sistema, vindo do ambiente. E o calor é consi-
derado negativo se ele for liberado, ou seja, se a energia térmica for transferida
do sistema para o ambiente. Assim, o calor é a energia transferida entre um
sistema e o seu ambiente devido a uma diferença de temperatura entre eles.

Popularmente, o termo “calor” é usado para substituir o termo “temperatura”. Quando


você diz, por exemplo, “está um dia quente”, na verdade você está se referindo à
temperatura, não ao calor. Cuidado para não se confundir.

As unidades de calor mais usadas são a caloria (cal) e o Joule (J). A caloria
é definida como a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura
de 1 g de água em 1oC. A relação entre Joule e cal é:

1 J = 0,2389 cal

Os objetos, sejam eles sólidos ou líquidos, apresentam uma capacidade


calorífica, que é a proporção entre a quantidade de calor e a variação da
temperatura. Ou seja:

Q = C(Tf – Ti)
Leis da termodinâmica voltada a fenômenos 5

Onde Tf e Ti são as temperaturas final e inicial do objeto, e C a sua capa-


cidade calorífica, dada em cal/oK, por exemplo.
Objetos que são feitos de um mesmo material, por exemplo, têm capaci-
dades caloríficas proporcionais às suas massas. Assim, o calor específico c é
a capacidade calorífica por unidade de massa, por exemplo, cal/g oC. Assim:

Q = cm(Tf – Ti)

Quando certa quantidade de calor é absorvida por um sólido ou líquido,


nem sempre a temperatura aumenta. Em vez de a temperatura variar, o objeto
pode mudar de fase ou estado. Como exemplo, considere um gelo que derrete
ou a água que ferve. A quantidade de calor necessária para uma mudança de
fase é chamada de calor de transformação L. Assim, quando uma amostra de
massa m muda de fase, a quantidade de calor transferida é:

Q = Lm

Quanto de calor é necessário para fazer uma quantidade de gelo de massa m = 500 g
passar de –10oC para 10oC? Considere que o calor específico do gelo é Cgelo = 2.220 J/kg K,
que o calor de fusão da água é Lf = 333 kJ/kg e que o calor específico da água líquida é
Cliq = 4.190 J/kg K.
Para resolver essa questão, considere três etapas:
1. elevar a temperatura até o ponto de fusão a 0oC;
2. derreter o gelo;
3. elevar a temperatura até 10oC.
Assim, o calor necessário para a etapa 1 é:

Para o passo 2, o calor necessário é:

Para o passo 3, você tem:

Assim, o calor total é:


6 Leis da termodinâmica voltada a fenômenos

Transferência de calor
Na seção anterior, você viu que existe transferência de calor entre os sistemas
e o ambiente. Mas como isso ocorre? Existem três maneiras de se transmitir
calor: condução, convecção e radiação. Você vai conhecê-las a seguir.
Se você segurar um objeto metálico e colocá-lo no fogo, a sua mão co-
meçará a esquentar. Isso ocorre porque a energia é transferida do fogo para
a mão por condução pelo objeto metálico. A diferença de temperatura fará
com que a energia térmica seja transferida do lado mais quente para o lado
mais frio (Figura 2).

Figura 2. Esquema de condução através de um


sólido.
Fonte: Knight (2009, p. 530).

Se uma quantidade de calor Q for transferida por determinado intervalo de


tempo Δt, haverá uma taxa de transferência de calor Q/ΔT. Ela será dada por:

Onde A é a área de seção transversal, L é o comprimento, ΔT é a diferença


de temperatura entre o lado quente e o frio (ΔT = TQ – TF) e k é a condutividade
térmica, que diz se um material é bom ou não condutor de calor. No Quadro 2,
você pode ver alguns exemplos de condutividade térmica. Os materiais que melhor
conduzem calor são os metais, com exceção do diamante.
Leis da termodinâmica voltada a fenômenos 7

Quadro 2. Exemplos de condutividade térmica

Material k (W/m K)

Diamante 2.000

Prata 430

Cobre 400

Alumínio 240

Ferro 80

Aço inoxidável 14

Gelo 1,7

Concreto 0,8

Vidro 0,8

Isopor 0,035

Ar (a 20 ºC e 1 atm) 0,023

Fonte: Adaptado de Knight (2009, p. 530).

Mesmo que o ar seja um mau condutor de calor, a energia térmica é facil-


mente transferida pelo ar ou qualquer fluido. Isso ocorre porque esses tipos de
materiais podem fluir. Quando um fluido está em contato com um objeto cuja
temperatura é maior do que a dele, o fluido se expande, se tornando menos
denso. Esse fluido quente e menos denso sobe, enquanto o fluido frio ao seu
entorno desce. Essa dinâmica é conhecida como convecção. A convecção faz
parte de muitos fenômenos. Por exemplo: a água aquecendo em uma panela,
o vento e as correntes oceânicas.
Você já deve ter sentido o calor do sol ou das brasas de uma fogueira. Na
verdade, todos os objetos emitem energia na forma de radiação, formada por
ondas eletromagnéticas geradas por cargas elétricas oscilantes dos átomos.
Dessa maneira, a energia é transferida do objeto emissor para o objeto que vai
receber essa radiação. Por exemplo, o Sol transmite energia através de ondas
eletromagnéticas. Quando a luz solar atinge a sua pele, a energia é absorvida,
aquecendo-a. A sua pele também emite radiação eletromagnética, ajudando
a manter o seu corpo na temperatura adequada.
8 Leis da termodinâmica voltada a fenômenos

Você sabe por que os beduínos, no deserto, usam mantos escuros, como mostra a
Figura 3?

Figura 3. Os mantos escuros são os preferidos dos beduínos.


Fonte: Bojan Milinkov/Shutterstock.com.

O manto, ao receber a luz do sol, absorve a radiação e esquenta. Os mantos aquecem


o ar dentro deles. Esse ar quente sobe e escapa pelas aberturas da veste, fazendo
com que o ar externo, mais frio, entre pelas aberturas inferiores. Assim, esses mantos
aumentam a circulação de ar.
Os mantos escuros chegam a ter temperaturas em torno de 6ºC mais altas do que
as dos mantos brancos. Por isso eles são os preferidos dos beduínos, já que mantêm
uma circulação maior, esfriando mais o usuário.

Leis da termodinâmica
Na primeira seção deste capítulo, você estudou a lei zero da termodinâmica.
Ela afirma que, se dois corpos A e B estão em equilíbrio térmico com um
terceiro corpo T, então estão em equilíbrio térmico um com o outro.
Para continuar, note que a energia também pode ser trocada entre um sistema
e o seu ambiente por meio de um trabalho (simbolizado pela letra W), no qual
se associa uma força agindo sobre um sistema durante o deslocamento dele.
Leis da termodinâmica voltada a fenômenos 9

Considere um sistema com um gás confinado em um cilindro com um pistão


móvel (Figura 4). A pressão é controlada pelo peso das bolinhas de chumbo,
e a troca de calor é possível apenas pelo fundo do cilindro.

Bolinhas
de chumbo

Isolamento

Reservatório T
térmico
Botão de controle

Figura 4. Sistema com um gás comprimido em um cilindro com


um pistão.
Fonte: Adaptada de Halliday, Resnick e Walter (1996, p. 188).

Esse sistema se inicia em um estado dado por uma pressão, um volume e


uma temperatura iniciais. Ao levar esse sistema a outro estado, descrito por
uma pressão, um volume e uma temperatura finais, você tem o que se chama
de processo termodinâmico. Durante esse processo, pode haver trocas de
calor e trabalho realizado pelo pistão. O Quadro 3 mostra as semelhanças e
diferenças entre trabalho e calor.
10 Leis da termodinâmica voltada a fenômenos

Quadro 3. Semelhanças e diferenças entre trabalho e calor

Trabalho Calor

Interação Mecânica. Térmica.

Exigência Força e deslocamento. Diferença de


temperatura.

Processo Puxões e empurrões Colisões microscópicas.


macroscópicos.

elm - p/ W, é Valor positivo W > 0 quando o gás Q > 0 quando a


convenção, é comprimido. vizinhança está a uma
muda conf. Energia é transferida temperatura maior do
autor, . exp. para o sistema. que a do sistema.
Seleghim segue Energia é transferida
Newcomem: para o sistema.
W>0 é o
realizado pelo Valor negativo W < 0 quando um gás Q < 0 quando o
sistema... sofre uma expansão. sistema está a uma
Energia é transferida temperatura maior do
para fora do sistema. que a da vizinhança.
Energia é transferida
para fora do sistema.

Equilíbrio Um sistema está em Um sistema está em


equilíbrio mecânico equilíbrio térmico
quando não há força quando se encontra à
ou torque resultante mesma temperatura
exercido sobre ele. da vizinhança.

Fonte: Adaptado de Knight (2009, p. 514).

Independentemente do processo, a quantidade Q – W é a mesma. Essa


diferença representa uma propriedade intrínseca do sistema, chamada de
energia interna. Assim a primeira lei da termodinâmica é dada por:
elm = Conf Quadro 3 acima, deveriam
ΔEint = Q – W adotar ∆Eint = Q +W, se o trab feito pelo
sistema já é negativo, com sinal + na eq,
diminuiria a Eint.
onde W é o trabalho feito pelo sistema.
Diferentes processos termodinâmicos podem ocorrer, com diferentes res-
trições ao sistema e consequências devidas à primeira lei da termodinâmica.
O Quadro 4 mostra um resumo desses processos.
Leis da termodinâmica voltada a fenômenos 11

Quadro 4. Casos especiais da primeira lei da termodinâmica

Processo Restrição Consequência

Adiabático Q=0 ΔEint = –W

Volume constante W=0 ΔEint = Q

Ciclo fechado ΔEint = 0 Q=W

Expansão livre Q=W=0 ΔEint = 0

Fonte: Adaptado de Halliday, Resnick e Walter (1996, p. 191).

A segunda lei da termodinâmica trata das máquinas térmicas, como


motores e refrigeradores. Segundo essa lei, não existem máquinas térmicas
perfeitas. Sempre haverá alguma perda de energia, por atrito, por exemplo.
A Figura 5 mostra um exemplo de motores e refrigeradores reais e perfeitos.

TH T
Q
QH Máquina
Máquina
perfeita

W W (= Q)

QC

TC

TH TH

Q
QH
Refrigerador Refrigerador
perfeito

QC
Q

TC TC

Figura 5. Máquinas térmicas reais e perfeitas.


Fonte: Adaptada de Halliday, Resnick e Walter (1996).
12 Leis da termodinâmica voltada a fenômenos

Cada uma das três leis está associada a uma variável termodinâmica.
A lei zero está associada à temperatura, e a primeira lei, à energia interna. Já
a segunda lei está associada à entropia S. A diferença da entropia entre dois
estados i e f é definida como:

para processos reversíveis. A diferença de entropia do sistema mais o


ambiente é sempre zero ou maior do que zero. A entropia nunca diminui.

O cálculo da entropia envolve uma integral, como você viu. Muitas vezes, o dQ é dado
como uma função de T, o que implica resolver uma integral do tipo . Esse tipo
de integral pode ser facilmente resolvido usando logaritmos neperianos. Ou seja:

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física 2: gravitação, ondas e


termodinâmica. 4. ed. São Paulo: LTC, 1996.
KNIGHT, R. D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 3.1
3.1 Dica do professor
Você verá que a primeira lei da termodinâmica explica a relação entre a variação da energia interna
em um processo termodinâmico com trabalho e calor. Essa variação também está intimamente
relacionada com a temperatura.

Veja mais sobre esse assunto na Dica no Professor.


https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/55e96352a
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7 min

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EQUILÍBRIO TÉRMICO E LEI ZERO DA TERMODNÂMICA.

Nessa aula você vai estudar equilibrio térmico e Lei zero da


termodinâmica.

Equilíbrio térmico: vamos imaginar uma xícara de café que


tenha café quente a uma temperatura Tx e um recipiente com
leite a uma temperatura Ty. Como temos o café quente e um
leite em temperatura normal, Tx é maior do que Ty.

Vamos compor uma xícara de café com leite. Essa nova xícara
tem café com leite a uma temperatura Tz, que será diferente
tanto de Tx como de Ty, porque quando a mistura do café
quente com o leite frio, há uma troca de calor entre eles e
ocorre o equilíbrio térmico. Nessa situação, podemos afirmar
que Tx é maior do que Tz, que maior que Ty. Tz é uma
temperatura intermediária resultante do equilíbrio térmico.

Vamos tratar da Lei zero da termodinâmica. Vamos considerar


dois recipientes A e B com um líquido dentro, que não podem
se misturar, porque ocorreria uma explosão

Para saber qual é a temperatura de cada um desses frascos,


vamos inserir um outro corpo C, um termômetro, tanto em A
como em B (C tem de estar nas mesmas condições iniciais).
Haverá uma interação entre o corpo A e C e entre B e C.

Depois de um tempo, após atingir o equilíbrio térmico,


podemos ler a temperatura em C de 50 graus Celsius tanto em
A como em B. Logo os frascos A e B estarão à mesma
temperatura, estão em equilíbrio térmico.

Para finalizar, anunciamos a definição da Lei zero da


termodinâmica: Se dois corpos A e B estão em equilíbrio
térmico com um terceiro corpo C, logo também estarão em
equilíbrio térmico entre si.
3.1 Exercícios

1) O valor nutricional de um doce, como indicado na embalagem, é 200 kcal. A energia que
esse doce fornecerá ao nosso corpo após ser digerido seria capaz de manter uma lâmpada de
100 W acesa por quantas horas? Use 1 cal = 4,19 J e 1 J = 1 Ws.

A) 0,34 h.

B) 1,23 h.

C) 2,00 h.

D) 2,33 h.

E) 5,12 h.

1 Gab D
2) Uma janela de vidro, durante a tarde, teve sua temperatura elevada em 5,0oC. Quanto calor
ela recebeu para tal? Use cvidro =840 J/kg K e massa m=1,5 kg.

A) 6,3 kJ.

B) 30,0 kJ.

C) 120,0 kJ.

D) 203,5 kJ.

E) 350,5 kJ.

2 Gab E (mas ERR) =


A quantidade de calor necessária para aquecer o vidro em 5oC é:
Q=cvidro m∆T=840 1,5 (5,0+273,15)=350,5 kJ.

elm 01abr23 = ex. 2 ; Aula 3.1 Leis da Termodinâmica


Pleito: Alterar Gabarito.
- Opção do gabarito: E
- Opção correta pleiteada: A.
Justificativa: a solução do gabarito cometeu erro na variação de temperatura (ver imagem abaixo).
Imagem da justificativa do gabarito:
3) Suponha um bloco de gelo de massa m=0,5 kg e temperatura aproximada de 0oC. Se
aplicarmos 100 kJ de calor a esse bloco, qual será a massa de água resultante? Considere
que o calor de fusão do gelo é Lf=333 kJ/kg.

A) 500,0 g.

B) 400,5 g.

C) 300,3 g

D) 200,0 g.

E) 120,0 g.

3 Gab C
4) Suponha que temos 0,5 kg de água líquida a 100oC convertida a vapor por ebulição à
pressão atmosférica. Se o seu volume mudar de 1,0 10-3 m3 para 1,8 m3 no final do
processo, qual será a mudança na energia interna do sistema durante o processo de
ebulição? Considere W=p(Vf-Vi) e calor de vaporização Lv=2.260 kJ/kg.

A) 900 kJ.

B) 948 kJ.

C) 1.030 kJ.

D) 2.000 kJ.

E) 2.345 kJ.

4 Gab B
5) Se um bloco de gelo derretesse de maneira reversível, qual seria a variação de entropia?
Considere m=100 g, T=0oC e calor de fusão Lf=333 kJ/kg.

A) 122 J/K.

B) 222 J/K.

C) 312 J/K.

D) 333 J/K.

E) 420 J/K.

5 Gab A.
3.1 Na prática
Calor é a energia térmica transferida entre sistemas, ou objetos, devido à diferença de temperatura
entre eles. A capacidade calorífica de cada material depende de sua massa e de seu calor específico.
O calor específico da água, por exemplo, se refere ao calor necessário para aquecer 1g de água
em 1oC.

Veja no anexo a seguir um teste realizado com o calorímetro.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

O calorímetro é um equipamento utilizado


para encontrar a quantidade de calor liberada
em algum processo. Veja o esquema: o
calorímetro é revestido com material isolante;
é colocada uma amostra dentro de uma
câmara de combustão; uma descarga elétrica
queima a amostra; o calor é transferido para a
água, esquentando-a; o termômetro mede a
variação da temperatura da água.

Rafael, que trabalha na área de Engenharia de Alimentos de uma empresa, fez alguns testes nesse equipamento,
colocando determinada massa de alimento e preenchendo com 1000g de água a certa temperatura. Após a
combustão, havia elevação da temperatura. Você verá a seguir como descobrir a quantidade de calor liberada
para cada tipo de alimento e qual tem valor energético maior.
A tabela abaixo mostra os alimentos empregados por Rafael, a massa utilizada e as temperaturas iniciais e finais
dos testes:

TIPO DE ALIMENTO MASSA (g) TEMPERATURA INICIAL (°C) TEMPERATURA FINAL (°C)
Açúcar 1,0 25,0 29,0
Proteína 1,0 21,0 26,2
Lipídeo 1,0 20,0 29,0
Para isso, é possível utilizar a equação: Q=mc∆T.
O calor específico da água é c=1,0 cal/g°C, então

O calor específico da água é c=1,0 cal/g°C, então Q = 1.000 1,0 ∆T


Para o açúcar: Q = 1.000,0 (29,0 - 25,0) = 4.000,0 cal = 4,0 kcal.

Para a proteína: Q = 1.000,0 (26,2 - 21,0) = 5.200,0 cal = 5,2 kcal.

Para o lipídeo: Q = 1.000,0 (29,0 - 20,0) = 9.000,0 cal = 9,0 kcal.

Assim, o maior valor energético é o dos lipídeos, ou seja, o alimento que mais fornece energia para o nosso corpo
são os lipídeos.
3.1 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Termodinâmica: conceitos básicos


Você quer continuar estudando termodinâmica? Então acesse a aula do professor Dr. Gil da Costa
Marques, na qual ele explica alguns conceitos.
https://youtu.be/gtusn3CB5Iw
Univesp Física Geral Aula 17 Termodinâmica:
Conceitos Básicos
40 min

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Segunda lei da termodinâmica e entropia


Para saber mais sobre por que a entropia do universo só aumenta, assista ao vídeo a seguir.

https://youtu.be/Ekb3venPXxQ
Khan Academy Brasil

10 min

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Dissipação termodinâmica: uma proposta da física para a


origem da vida
Leia este artigo e saiba como a termodinâmica se conecta com a biologia, pois este texto aborda a
relação entre a dissipação termodinâmica e a origem da vida.
https://netnature.wordpress.com/2015/05/06/
dissipacao-termodinamica-uma-proposta-da-fisica-
para-a-origem-da-vida/

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1ª lei da termodinâmica https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
d183d163dc79f0492cd02489b0473e56

Dica do Professor extra

4 min

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A primeira lei da termodinâmica diz que durante um processo termodinâmico a


variação da energia interna do sistema é igual a quantidade de calor Q
adicionado ao sistema mais o trabalho W realizado sobre o sistema

Você poderá encontrar essa equação com sinal negativo no trabalho, porque você
pode escrever essa equação em relação ao trabalho feito PELO sistema ao invés
do trabalho realizado SOBRE o sistema.

o trabalho feito SOBRE um sistema tem o sinal oposto de um trabalho feito POR
um sistema. Atenção o que considerar na hora de resolver um problema.
Exemplo: temos um recipiente com um pistão que está preenchido com um
gás. Suponha que 50 joules de trabalho é realizado sobre o gás e este perde
180 joules de calor para o ambiente. Qual a variação de energia interna

É possível encontrar a variação de energia interna usando a primeira lei da


termodinâmica: a variação de energia interna será igual a quantidade de
calor adicionada ao sistema mais o trabalho realizado sobre o sistema.

O calor deixa o gás, ou seja. ele perdeu 180 joules de


energia e o Q será negativo, porque essa equação é em
relação ao calor adicionado ao sistema.

Em relação ao trabalho: ele é realizado sobre o sistema, sobre


o gás, então W é positivo, ou seja, a energia está sendo
adicionada ao sistema.

Portanto a variação de energia interna é -180 joules +50 joules = -130


joules. Como a variação da energia interna é proporcional à
temperatura, o sinal negativo implica que a energia interna diminuiu
130 joules, logo a temperatura irá diminuir, o gás irá esfriar ao final do
processo quando comparado com sua temperatura inicial.

Dada a proporcionalidade entre temperatura e energia interna, podemos apenas


dizer que a temperatura diminuirá, mas não quão baixa a temperatura será. A
energia interna ter diminuído 130 joules não significa que a temperatura diminuiu
130 graus Celsius visto que essas grandezas não são iguais elas são apenas
proporcionais.
3.1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física 2: gravitação, ondas e termodinâmica. 4. ed.
São Paulo: LTC, 1996.

KNIGHT, R. D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

SABER ATUALIZADO. Por que o calor vai do quente para o frio? Disponível em:
<https://www.saberatualizado.com.br/2016/09/por-que-o-calor-vai-do-quente-para-o.html>. Acesso em:
19 nov. 2018.

SÓ FÍSICA. Como funcionam os refrigeradores? 2018. Disponível em:


<https://www.sofisica.com.br/conteudos/curiosidades/refrigeradores.php>. Acesso em: 19 nov. 2018.

UOL. O que é um calorímetro? 2018. Disponível em: <https://alunosonline.uol.com.br/quimica/o-que-um-


calorimetro.html>. Acesso em: 19 nov. 2018.

WIKIPEDIA. Imagem de motor. 2010. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:4StrokeEngine_Ortho_3D_Small.gif>. Acesso em: 19 nov. 2018.

Banco de imagens Shutterstock.

SAGAH, 2018.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Fundamentos da Estática dos fluidos


3.2 Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem iremos entender os Fundamentos da Estática dos Fluidos, que
trata das forças aplicadas pelos fluidos em repouso ou em movimento de corpo rígido e tem na
propriedade pressão, a responsabilidade por estas forças. Além disso, veremos a propriedade
pressão que é responsável pela tensão normal, haja visto que não há tensão tangencial, ou de
cisalhamento, tentando deformar o fluido.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever como a propriedade pressão é analisada na mecânica dos fluidos.


• Reconhecer o Princípio de Stevin.
• Relacionar o significado da Lei de Pascal com o Princípio de Stevin.
3.2 Desafio
Possivelmente você já parou em alguma oficina ou posto de gasolina para ver um procedimento de
troca de óleo e deve ter observado que algum elevador permite que o carro suba para que seja
feita esta troca.
Esse tipo de equipamento recebe o nome de elevador hidráulico ou prensa hidráulica e seu
funcionamento se baseia no Princípio de Pascal e ajuda a levantar grandes massas. Normalmente se
aplica alguma força no êmbolo de menor área e uma força é transferida para o êmbolo que levanta
o carro.

As figuras mostram sistemas hidráulicos que utilizam o Princípio de Pascal.

Considere uma prensa hidráulica de dois êmbolos cujo êmbolo


10x10-4m2 que tenha recebido uma força de 250 N. Calcule a força transmitida ao outro êmbolo de
área igual a 10x10-3.
3.2
Infográfico
Observe no esquema que a pressão é uma quantidade escalar e não um vetor, como a força.

As pressões em um ponto do fluido têm a mesma


intensidade em todas as direções.

As pressões médias nas três


superfícies são P1, P2 e P3 que,
multiplicadas pela área da
superfície, fornecem as forças
que agem em cada superfície.

elm - ver figura 3-5 do "Conteúdo


do Livro", foi copiado de lá. Lá dá
para entender para que serve.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Infográfico da Aula 3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos
Pleito: Eliminar ou substituir a 1a. ilustração (elemento fluido com forma de cunha)
Justificativa:
- Trata-se de cópia da Figura 3-5 do "Conteúdo do Livro" que, desassociada das explicações do "Conteúdo do Livro" é melhor nem
mostrá-la. Daí o pleito para eliminar.
- Infelizmente copiaram até um erro da Figura 3-5 (seta sobre ângulo teta a mais) e incluíram novo defeito: não aparece o g
indicativo da aceleração da gravidade.
Obs.1: A outra imagem do Infográfico também foi copiada do "Conteúdo do Livro" (figura 3-4) - melhor eliminá-la também.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme apenas que "será encaminhado ao setor responsável" para
correção do material.
3.2 Conteúdo do livro
A pressão, uma força normal exercida por um fluido por unidade de área, é a propriedade
responsável pelas forças aplicadas pelos fluidos em repouso ou em movimento de corpo rígido.
Esta propriedade é abordada considerando suas especificidades como a definição de pressão
absoluta e manométrica e sua variação com a profundidade em um campo gravitacional.
Para auxiliar seus estudos, acompanhe alguns trechos do capítulo 3 “Pressão e Estática dos Fluidos”
do livro Mecânica dos Fluidos: Fundamentos e Aplicações dos autores ÇENGEL e CIMBALA.

Boa leitura.

Ç99m Çeng Yunus A.


Mecânica dos fluidos : fundamentos e aplicações
[recurso eletrônico] / Yunus A. Çengel, John M. Cimbala ;
tradução: Fábio Saltara, Jorge Luis Baliño, Karl Peter Burr.
– 3. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2015.

Editado como livro impresso em 2015.


ISBN 978-85-8055-491-5

1. Engenharia mecânica - Fluidos. I. Cimbala, John M.


II. Título.

CDU 621-036.71
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Conteúdo do Livro da Aula 3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos
Pleito: Incluir páginas 81, 82, 83 e 84 (faltantes)
Justificativa:
- As páginas faltantes interrompem a leitura, o aprendizado, texto vai só da pág. 80 até 87 e ainda pula pág. 81 a 84 (espero que não
tenha sido proposital),
Obs.1: Para proporcionar mínima condições de bom aprendizado, todo Conteúdo do Livro deveria incluir no mínimo um capítulo
inteiro.
Obs.2: Melhor seria adotar um livro texto em cada disciplina e citar outros como fonte adicional - quase sempre o material da Unibta
fornece diversas partes de livros distintos em cada aula de cada disciplina, isso dificulta bastante o aprendizado (falta de coerência
entre as aulas), ainda mais na modalidade EAD.
Obs.3: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme apenas que "será encaminhado ao setor responsável" para melhora
do material.
SUMÁRIO RESUMIDO

CAPÍTULO 1 Introdução e Conceitos Básicos 1


CAPÍTULO 2 Propriedades dos Fluidos 37
CAPÍTULO 3 Pressão e Estática dos Fluidos 75
CAPÍTULO 4 Cinemática dos Fluidos 133
CAPÍTULO 5 Equações de Bernoulli e de Energia 185
CAPÍTULO 6 Análise de Momento nos Sistemas de Escoamento 243
CAPÍTULO 7 Análise Dimensional e Modelagem 291
CAPÍTULO 8 Escoamento Interno 347
CAPÍTULO 9 Análise Diferencial de Escoamento de Fluido 437
CAPÍTULO 10 Soluções Aproximadas da Equação de Navier-Stokes 515
CAPÍTULO 11 Escoamento Externo: Arrasto e Sustentação 607
CAPÍTULO 12 Escoamento Compressível 659
CAPÍTULO 13 Escoamento em Canal Aberto 725
CAPÍTULO 14 Turbomáquinas 787
CAPÍTULO 15 Introdução à Dinâmica dos Fluidos Computacional 879

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ___ Introdução e Conceitos Básicos 1
1-1 Introdução 2 ___ O que é um fluido? 2 ___ Áreas de aplicação da mecânica dos fluidos 4
1-2 Uma breve história da mecânica dos fluidos 6
1-3 Condição de não escorregamento 8
1-4 Classificação dos escoamentos de fluidos 9 ___ Regiões de escoamento viscoso versus não viscoso 10 ___
Escoamento interno versus externo 10 ___ Escoamento compressível versus incompressível 10 ___ Escoamento
laminar versus turbulento 11 ___ Escoamento natural (ou não forçado) versus forçado 11 ___ Escoamento
estacionário versus não estacionário 12 ___ Escoamentos uni, bi e tridimensionais 13
1-5 Sistema e volume de controle 15
1-6 Importância das dimensões e unidades 16 ___ Algumas unidades Sl e inglesas 17 ___ Homogeneidade
dimensional 19 ___ Razões de conversão de unidades 20
1-7 Modelagem em engenharia 22
1-8 Técnica de resolução de problema 23
1-9 Pacotes de aplicativos para engenharia 25 ___ Engineering Equation Solver (EES) (solucionador de equações de
engenharia) 26 ___ Software de DFC 27
1-10 Exatidão, precisão e algarismos significativos 28
Resumo 31 ___ Referências e leituras sugeridas 31 ___ Problemas 33

CAPÍTULO 2 ____ Propriedades dos Fluidos 37


2-1 Introdução 38 ___ Meio contínuo 38
2-2 Densidade e gravidade específica 39 ___ Densidade dos gases ideais ou perfeitos 40
2-3 Pressão de vapor e cavitação 41
2-4 Energia e calores específicos 43
2-5 Coeficiente de compressibilidade e velocidade do som 44 ___ Coeficiente de expansão volumétrica 46 ___
Velocidade do som e número de Mach 48
2-6 Viscosidade 51
2-7 Tensão superficial e efeito capilar 55 ___ Efeito capilar 58
Resumo 61 ___ Referências e leituras sugeridas 63 ___ Problemas 63
CAPÍTULO 3 ___ Pressão e Estática dos Fluidos 75
3-1 Pressão 76 ___ Pressão em um ponto 77 ___ Variação da pressão com a profundidade 78
3-2 Dispositivos de medição de pressão 81 ___ O barômetro 81 ___ O manômetro 84 ___ Outros dispositivos de
medição de pressão 88
3-3 Introdução à estática dos fluidos 89
3-4 Forças hidrostáticas sobre superfícies planas submersas 89
3-5 Forças hidrostáticas sobre superfícies curvas submersas 95
3-6 Flutuação e estabilidade 98 ___ Estabilidade de corpos imersos e flutuantes 101
3-7 Fluidos em movimento de corpo rígido 103 ___ Aceleração em uma trajetória reta 106 ___ Rotação em um
recipiente cilíndrico 107
Resumo 111 ___ Referências e leituras sugeridas 112 ___ Problemas 112

CAPÍTULO 4 ___ Cinemática dos Fluidos 133


4-1 Descrições lagrangiana e euleriana 134 ___ Campo de aceleração 136 ___ Derivada material 139
4-2 Padrões de escoamento e visualização de escoamentos 141 ___ Linhas de corrente e tubos de corrente 141
___ Linhas de trajetória 143 ___ Linhas de emissão 144 ___ Linhas de tempo 146 ___ Técnicas de refração para
visualização do escoamento 147 ___ Técnicas de visualização do escoamento em superfícies 148
4-3 Representação gráfica dos dados de escoamento de fluidos 148 ___ Gráficos de perfil 149 ___ Gráficos
vetoriais 149 ___ Gráfico de contornos 150
4-4 Outras descrições cinemáticas 151 ___ Tipos de movimento ou deformação dos elementos de fluido 151
4-5 Vorticidade e Rotacionalidade 156 ___ Comparação entre dois escoamentos circulares 159
4-6 O teorema de transporte de Reynolds 160 ___ Dedução alternativa do teorema de transporte de Reynolds 165
___ Relação entre a derivada material e o TTR 167
Resumo 168 ___ Referências e leituras sugeridas 170 ___ Problemas 170

CAPÍTULO 5 __ Equações de Bernoulli e de Energia 185


5-1 Introdução 186 ___ Conservação de massa 186 ___ Conservação da quantidade de movimento linear 186 ___
Conservação de energia 186
5-2 Conservação de massa 187 ___ Vazões de massa e volume 187 ___ Princípio de conservação de massa 189 ___
Volumes de controle móveis ou deformáveis 191 ___ Balanço de massa para processos com escoamento
estacionário 191 ___ Caso especial: escoamento incompressível 192
5-3 Energia mecânica e eficiência 194
5-4 A equação de Bernoulli 199 ___ Aceleração de uma partícula de fluido 199 ___ Dedução da equação de
Bernoulli 200 ___ Balanço de forças transversal às linhas de corrente 202 ___ Escoamento compressível não
estacionário 202 ___ Pressões estática, dinâmica e de estagnação 202 ___ Limitações do uso da equação de
Bernoulli 204 ___ Linha piezométrica (HGL) e linha de energia (EGL) 205 ___ Aplicações da equação de Bernoulli
207
5-5 Equação geral da energia 214 ___ Transferência de energia por calor, Q 215 ___ Transferência de energia por
trabalho, W 215
5-6 Análise de energia de escoamentos estacionário 219 ___ Caso especial: escoamento incompressível sem
dispositivo de trabalho mecânico e com atrito desprezível 221 ___ Fator de correção da energia cinética, a 221
Resumo 228 ___ Referências e leituras sugeridas 229 ___ Problemas 230

CAPÍTULO 6 ___ Análise de Momento nos Sistemas de Escoamento 243


6-1 Leis de Newton 244
6-2 Escolhendo um volume de controle 245
6-3 Forças que atuam sobre um volume de controle 246
6-4 A equação do momento linear 249 Casos especiais 251 ___ Fator de correção do fluxo de momento, ẞ 251 ___
Escoamento em regime permanente 253 ___ Escoamento em regime permanente com uma entrada e uma saída
254 ___ Escoamento sem forças externas 254
6-5 Revisão do movimento de rotação e do momento angular 263
6-6 Equação do momento angular 265 ___ Casos especiais 267 ___ Escoamento sem momentos externos 268 ___
Dispositivos com escoamento radial 269
Resumo 275 ___ Referências e leituras sugeridas 275 ___ Problemas 276
CAPÍTULO 7 ___ Análise Dimensional e Modelagem 291
7-1 Dimensões e unidades 292
7-2 Homogeneidade dimensional 293 ___ Adimensionalização das equações 294
7-3 Análise dimensional e similaridade 299
7-4 O método das variáveis repetidas e o teorema Pi de Buckingham 303
7-5 Testes experimentais e similaridade incompleta 319 ___ Configuração de um experimento e correlação dos
dados experimentais 319 ___ Similaridade incompleta 320 Teste do túnel de vento 320 ___ Escoamentos com
superfícies livres 323
Resumo 327 ___ Referências e leituras sugeridas 327 ___ Problemas 327

CAPÍTULO 8 ___ Escoamento Interno 347


8-1 Introdução 348
8-2 Escoamentos laminar e turbulento 349 ___ Número de Reynolds 350 ___ 8-3 A região de entrada 351 ___
Comprimentos de entrada 352
8-4 Escoamento laminar em tubos 353 ___ Queda de pressão e perda de carga 355 ___ Eleito da gravidade na
velocidade e na vazão em escoamento laminar 357 ___ Escoamento laminar em tubos não circulares 358
8-5 Escoamento turbulento em tubos 361 ___ Tensão de cisalhamento turbulenta 363 ___ Perfil da velocidade
turbulenta 364 ___ O diagrama de Moody e a equação de Colebrook 367 ___ Tipos de problemas de escoamento
de fluidos 369
8-6 Perdas menores 374
8-7 Redes de tubulações e seleção de bomba 381 ___ Tubos em série e em paralelo 381 ___ Sistemas de
tubulações com bombas e turbinas 383
8-8 Medição de vazão e velocidade 391 ___ Sonda de Pitot e sonda estática de Pilot 391 ___ Medidores de vazão
por obstrução: medidores de orifício, Venturi e bocal 392 ___ Medidores de vazão por deslocamento positivo 396
___ Medidores de vazão tipo turbina 397 ___ Medidores de vazão de área variável (rotâmetros) 398 ___ Medidores
de vazão ultrassônicos 399 ___ Medidores de vazão eletromagnéticos 401 ___ Medidores de vazão de vórtice 402
___ Anemômetros térmicas (fio quente e filme quente) 402 ___ Velocimetria laser Doppler 404 ___ Velocimetria
por imagem de partícula 406 ___ Introdução à mecânica dos biofluidos 408
Resumo 417 ___ Referências e leituras sugeridas 418 ___ Problemas 419

CAPÍTULO 9 ___ Análise Diferencial de Escoamento de Fluido 437


9-1 Introdução 438
9-2 Conservação da massa - a equação da continuidade 439 ___ Dedução usando o teorema do divergente 439 ___
Dedução usando um volume de controle infinitesimal 440 ___ Forma alternativa da equação da continuidade 443
___ Equação da continuidade em coordenadas cilíndricas 444 ___ Casos especiais da equação da continuidade 444
9-3 A função corrente 450 ___ A função corrente em coordenadas cartesianas 450 ___ A função corrente em
coordenadas cilíndricas 457 ___ A função corrente compressível 458
9-4 Conservação da quantidade de movimento - equação de Cauchy 459 ___ Dedução usando o teorema do
divergente 459 ___ Dedução usando um volume de controle infinitesimal 460 ___ Forma alternativa da equação de
Cauchy 463 ___ Dedução usando a segunda lei de Newton 463
9-5 A equação de Navier-Stokes 464 ___ Introdução 464 ___ Fluidos newtonianos versus fluidos não newtonianos
465 ___ Dedução da equação de Navier-Stokes para escoamento incompressível isotérmico 466 ___ Equações da
continuidade e de Navier-Stokes em coordenadas cartesianas 468 ___ Equações da continuidade e de Navier-
Stokes em coordenadas cilíndricas 469
9-6 Análise diferencial dos problemas de escoamentos de fluidos 470 ___ Cálculo do campo de pressão para um
campo de velocidade conhecido 470 ___ Soluções exatas das equações da continuidade e de Navier Stokes 475 ___
Análise diferencial de escoamentos em mecânica das biofluidos 493
Resumo 499 ___ Referências e leituras sugeridas 499 ___ Problemas 499
CAPÍTULO 10 ___ Soluções Aproximadas da Equação de Navier-Stokes 515
10-1 Introdução 516
10-2 Equações de movimento adimensionais 517
10-3 A aproximação de escoamento lento 520 ___ Arrasto em uma esfera em escoamento lento 523
10-4 Aproximação para regiões invíscidas do escoamento 525 ___ Dedução da equação de Bernoulli em regiões de
escoamento sem viscosidade 526
10-5 A aproximação de escoamento irrotacional 529 ___ Equação da continuidade 529 ___ Equação do momento
531 ___ Dedução da equação de Bernoulli em regiões irrotacionais do escoamento 531 ___ Regiões irrotacionais
do escoamento bidimensional 534 ___ Superposição em regiões irrotacionais do escoamento 538 ___ Escoamentos
planares irrotacionais elementares 538 ___ Escoamentos irrotacionais formados pela superposição 545
10-6 A aproximação de camada limite 554 ___ As equações da camada limite 559 ___ O procedimento de camada
limite 564 ___ Espessura de deslocamento 568 ___ Espessura de momento 571 ___ Camada limite turbulenta
sobre placa plana 573 ___ Camadas limite com gradientes de pressão 578 ___ A técnica integral de momento para
camadas limite 583
Resumo 591 ___ Referências e leituras sugeridas 592 ___ Problemas 594

CAPÍTULO 11 ___ Escoamento Externo: Arrasto e Sustentação 607


11-1 Introdução 608
11-2 Arrasto e sustentação 610
11-3 Arrastos de atrito e pressão 614 ___ Reduzindo o arrasto pelo carenamento 615 ___ Separação de
escoamento 616
11-4 Coeficientes de arrasto de geometrias comuns 617 ___ Sistemas biológicos e arrasto 618 ___ Coeficiente de
arrasto de veículos 621 ___ Superposição 623
11-5 Escoamento paralelo sobre placas planas 625 ___ Coeficiente de atrito 627
11-6 Escoamento sobre cilindros e esferas 629 Efeito da rugosidade da superfície 632
11-7 Sustentação 634 ___ Asas finitas e arrasto induzido 638 ___ Sustentação gerada pela rotação 639
Resumo 643 ___ Referências e leituras sugeridas 644 ___ Problemas 646

CAPÍTULO 12 ___ Escoamento Compressível 659


12-1 Propriedades de estagnação 660
12-2 Escoamento isentrópico unidimensional 663 ___ Variação da velocidade do fluido com a área de escoamento
665 ___ Relações de propriedades para escoamento isentrópico de gases ideais 667
12-3 Escoamento isentrópico através de bocais 669 ___ Bocais convergentes 670 ___ Bocais convergentes-
divergentes 674
12-4 Ondas de choque e ondas de expansão 678 ___ Choques normais 678 ___ Choques oblíquos 684 ___ Ondas
de expansão de Prandtl Meyer 688
12-5 Escoamento em duto com transferência de calor e atrito desprezível (escoamento de Rayleigh) 693 ___
Relações de propriedades para o escoamento de Rayleigh 699 ___ Escoamento bloqueado de Rayleigh 700
12-6 Escoamento adiabático em duto com atrito (escoamento de Fanno) 702 ___ Relações de propriedades para o
escoamento de Fanno 705 ___ Escoamento de Fanno bloqueado 708
Resumo 713 ___ Referências e leituras sugeridas 714 ___ Problemas 714

CAPÍTULO 13 ___ Escoamento em Canal Aberto 725


13-1 Classificação dos escoamentos em canal aberto 726 ___ Escoamentos uniformes e variados 726 ___
Escoamentos laminar e turbulento em canais 727
13-2 Número de Froude e velocidade de onda 729 ___ Velocidade das ondas de superfície 731
13-3 Energia específica 733
13-4 Equações de continuidade e energia 736
13-5 Escoamento uniforme em canais 737 ___ Escoamento crítico uniforme 739 ___ Método da superposição para
perímetros não uniformes 740
13-6 Melhores seções transversais hidráulicas 743 ___ Canais retangulares 745 ___ Canais trapezoidais 745
13-7 Escoamento gradualmente variado 747 ___ Perfis de superfície líquida em canais abertos, y(x) 749 ___ Alguns
perfis de superfície representativos 752 ___ Solução numérica para o perfil de superfície 754
13-8 Escoamento rapidamente variado e salto hidráulico 757
13-9 Controle e medição do escoamento 761 Comportas de fundo 762 ___ Comportas de vertedouro 764 ___
Vertedouro de soleira espessa 765
Resumo 772 ___ Referências e leituras sugeridas 773 __ Problemas 773
CAPÍTULO 14 ___ Turbomáquinas 787
14-1 Classificações e terminologia 788
14-2 Bombas 790 ___ Curvas de desempenho da bomba e escolha de uma bomba para um sistema de
tubulações 791 ___ Cavitação nas bombas e carga de sucção líquida positiva 797 ___ Bombas em série e paralelo
800 ___ Bombas de deslocamento positivo 803 ___ Bombas dinâmicas 806 ___ Bombas centrífugas 806 ___
Bombas axiais 816
14-3 Leis de semelhança de bombas 824 Análise dimensional 824 ___ Velocidade específica de bomba 827 ___ Leis
de semelhança 829
14-4 Turbinas 833 ___ Turbinas por deslocamento positivo 834 ___ Turbinas dinámicas 834 ___ Turbinas por
impulso 835 ___ Turbinas de reação 837 ___ Turbinas a gás e a vapor 847 ___ Turbinas eólicas 847
14-5 Leis de semelhança para turbinas 855 ___ Parâmetros adimensionais para turbinas 855 ___ Velocidade
específica de turbina 857
Resumo 862 ___ Referências e leituras sugeridas 862 ___ Problemas 863

CAPÍTULO 15 ___ Introdução à Dinâmica dos Fluidos Computacional 879


15-1 Introdução e fundamentos 880 Motivação 880 ___ Equações do movimento 880 ___ Procedimento de solução
881 ___ Equações adicionais do movimento 883 ___ Geração e independência de malha 884 Condições de
contorno 888 ___ A prática leva à perfeição 893
15-2 Cálculos de CFD laminares 893 ___ Região de desenvolvimento do escoamento num tubo para Re = 500 893
___ Escoamento ao redor de um cilindro circular para Re = 150 896
15-3 Cálculos de CFD turbulentos 902 Escoamento ao redor de um cilindro circular em Re = 10.000 905 ___
Escoamento ao redor de um cilindro circular com Re = 10^7 907 ___ Projeto do estator de um ventilador axial com
palhetas direcionais 907
15-4 CFD com transferência de calor 915 ___ Elevação de temperatura por meio de um trocador de calor com
escoamento cruzado 915 ___ Resfriamento de um conjunto de chips de circuito integrado 917
15-5 Simulações de CFD para o escoamento compressível 922 ___ Escoamento compressível através de um bocal
convergente-divergente 923 ___ Choques oblíquos sobre uma cunha 927
15-6 Cálculos de CFD para o escoamento em canal aberto 928 ___ Escoamento sobre uma protuberância na parte
inferior de um canal 929 ___ Escoamento através de uma comporta basculante (ressalto hidráulico) 930
Resumo 932 ___ Referências e leituras sugeridas 932 ___ Problemas 933

APÊNDICE 1 ___ Tabelas e Diagramas de Propriedades (em Unidades SI) 939 ___ GLOSSÁRIO 957 ___ ÍNDICE 970
Capítulo 3 ___ Pressão e Estática dos Fluidos

Este capítulo trata das forças aplicadas pelos fluidos em repouso ou em movimento de corpo rígido. A propriedade
do fluido responsável por essas forças é a pressão, que é uma força normal exercida por um fluido por unidade de
área. Iniciamos este capítulo com uma discussão detalhada sobre a pressão, incluindo as pressões absoluta e
manométrica, a pressão em um ponto, a variação da pressão com a profundidade em um campo gravitacional, o
barômetro, o manômetro e outros dispositivos de medição da pressão. A seguir tratamos das forças hidrostáticas
aplicadas aos corpos submersos com superfícies planas ou curvas. Em seguida, consideramos a força de flutuação
aplicada pelos fluidos em corpos submersos ou flutuantes e discutimos a estabilidade desses corpos. Finalmente,
aplicamos a segunda lei de movimento de Newton a um corpo de fluido em movimento que se comporte como um
corpo rígido e analisamos a variação da pressão em fluidos que sofrem aceleração linear e naqueles que estão em
recipientes giratórios. Este capítulo utiliza extensivamente os balanços de força para corpos em equilíbrio estático e
será útil a revisão de tópicos relevantes da estática.

OBJETIVOS
Ao terminar a leitura deste capítulo você deve ser capaz de:
> Determinar a variação da pressão em um fluido em repouso
> Calcular a pressão utilizando vários tipos de manômetros
>Calcular as forças e momentos exercidos por um fluido em repouso em superfícies submersas planas ou curvas
> Analisar a estabilidade de corpos flutuantes e submersos
> Analisar o movimento de corpo rígido dos fluidos em recipientes durante a aceleração linear ou rotação
John Ninomiya voando com um
conjunto de 72 balões cheios de hélio
sobre Temecula, Califórnia, em abril
de 2003. Os balões de hélio deslocam
aproximadamente 230m3 de ar,
proporcionando a força de empuxo
necessária. Não tente isso em casa!
Fotografia de Susan Dawson. Usada
com permissão.
76 Mecânica dos Fluidos

3–1 PRESSÃO
A pressão é definida como uma força normal exercida por um fluido por unida-
de de área. Só falamos de pressão quando lidamos com um gás ou um líquido. O
equivalente da pressão nos sólidos é a tensão normal. Como a pressão é definida
como a força por unidade de área, ela tem como unidade newtons por metro qua-
drado (N/m2), que é denominada pascal (Pa). Ou seja:

A unidade de pressão pascal é muito pequena para quantificar a maioria das


pressões encontradas na prática. Assim, normalmente são usados seus múltiplos
quilopascal (1 kPa  10 Pa) e megapascal (1 MPa  10 Pa). Outras três uni-
3 6
150 libras 300 libras
dades de pressão muito usadas na prática, particularmente na Europa, são bar,
atmosfera padrão e kilograma-força por centímetro quadrado:

Apés = 50 in2

P = 3 psi P = 6 psi
Observe que as unidades de pressão bar, atm e kgf/cm2 são quase equivalentes entre
W = ––––––
P = sn = –––– 150 lbf = 3 psi si. No sistema inglês, a unidade de pressão é libra-força por polegada quadrada
Apés 50 in2
(lbf/in2 ou psi) e 1 atm  14,696 psi. As unidades de pressão kgf/cm2 e lbf/in2 tam-
FIGURA 3–1 A tensão normal (ou bém são indicadas por kg/cm2 e lb/in2, respectivamente, e normalmente são usadas
em calibradores de pneus. É possível demonstrar que 1 kgf/cm  14,223 psi.
2
“pressão”) sobre os pés de uma pessoa
mais pesada é muito maior do que sobre A pressão também é usada em sólidos como sinônimo de tensão normal,
os pés de uma pessoa esbelta. que é a força que age perpendicularmente à superfície por unidade de área. Por
exemplo, uma pessoa que pesa 150 libras com uma área total da sola dos pés
ou “das pegadas” dos pés de 50 in exerce uma pressão de 150 lbf/50 in  3,0
2 2

psi sobre o solo (Fig. 3–1). Se a pessoa fica sobre um único pé, a pressão dobra.
Se a pessoa ganha peso excessivo, pode sentir desconforto nos pés por conta da
maior pressão sobre eles (o tamanho do pé não muda com o ganho de peso). Isso
também explica o motivo pelo qual uma pessoa pode caminhar sobre neve fresca
sem afundar se usar sapatos de neve grandes, e como uma pessoa consegue cortar
alguma coisa com pouco esforço usando uma faca afiada.
A pressão real em determinada posição é chamada de pressão absoluta, e é
medida com relação ao vácuo absoluto (ou seja, a pressão absoluta zero). A maioria
dos dispositivos de medição da pressão, porém, é calibrada para ler o zero na atmos-
fera (Fig. 3–2) e, assim, eles indicam a diferença entre a pressão absoluta e a pressão
atmosférica local. Essa diferença é chamada de pressão manométrica. A Pman pode
ser negativa ou positiva, mas as pressões abaixo da pressão atmosférica são chama-
das de pressões de vácuo e são medidas pelos medidores de vácuo que indicam a
diferença entre a pressão atmosférica e a pressão absoluta. As pressões absoluta,
manométrica e de vácuo são quantidades positivas e estão relacionadas entre si por:

Pman  Pabs  Patm (3–1)


FIGURA 3–2 Alguns medidores de
pressão básicos. Pvac  Patm  Pabs (3–2)
Dresser Instruments, Dresser, Inc.
Utilização permitida. Isso é ilustrado na Fig. 3–3.
Capítulo 3 Pressão e Estática dos Fluidos 77

P man

Patm

Pvac P abs

Patm P atm

Pabs

Vácuo Vácuo
P abs = 0 FIGURA 3–3 Pressões absoluta, ma-
absoluto absoluto nométrica e de vácuo.

Assim como outros medidores de pressão, o medidor utilizado para medir


a pressão do ar de um pneu de automóvel lê a pressão manométrica. Portanto, a
leitura comum de 32 psi (2,25 kgf/cm2) indica uma pressão de 32 psi acima da
pressão atmosférica. Em um local onde a pressão atmosférica seja de 14,3 psi,
por exemplo, a pressão absoluta do pneu será de 32  14,3  46,3 psi.
Nas relações e tabelas termodinâmicas, quase sempre é utilizada a pressão
absoluta. Ao longo deste livro, a pressão P indicará a pressão absoluta, a menos
que seja especificado o contrário. Frequentemente, as letras “a” (de pressão ab-
soluta) e “g” (de pressão manométrica) serão adicionadas às unidades de pressão
(como em psia e psig) para esclarecer seu sentido.

EXEMPLO 3–1 A pressão absoluta de uma câmara de vácuo


Um medidor de vácuo conectado a uma câmara exibe a leitura de 5,8 psi em um local
onde a pressão atmosférica é de 14,5 psi. Determine a pressão absoluta na câmara.

SOLUÇÃO A pressão manométrica de uma câmara de vácuo é dada. A pressão


absoluta da câmara deve ser determinada.
Análise A pressão absoluta é determinada facilmente pela Equação (3–2) como:

Pabs  Patm  Pvac  14,5  5,8  8,7 psi

Discussão Observe que o valor local da pressão atmosférica é usado ao determi-


narmos a pressão absoluta.
P P

Pressão em um ponto P P

A pressão é a força de compressão por unidade de área e parece ser um vetor.


Entretanto, a pressão em qualquer ponto de um fluido é igual em todas as dire-
ções (Fig. 3–4). Ou seja, ela tem intensidade, mas não uma direção específica
e, portanto, é uma quantidade escalar. Isso pode ser demonstrado considerando P
um elemento fluido em forma de uma pequena cunha de comprimento unitá-
FIGURA 3–4 A pressão é uma quan-
rio (y  1 para dentro da página) em equilíbrio, como mostra a Fig. 3–5. As tidade escalar, não um vetor; a pressão
pressões médias nas três superfícies são P1, P2 e P3 e a força que age sobre em um ponto do fluido é a mesma para
uma superfície é o produto da pressão média pela área da superfície. A partir todas as direções.
78 Mecânica dos Fluidos

z da segunda lei de Newton, sabemos que um balanço de força nas direções x e z


resulta em:

(3–3a)
g

(3–3b)
l
onde  é a densidade e W  mg  g x y z/2 é o peso do elemento fluido.
Observando que a cunha é um triângulo retângulo, temos que x  l cos  e z
 l sen . Substituindo essas relações geométricas e dividindo a Eq. (3–3a) por
y z e a Eq. (3–3b) por x y temos:
x
(3–4a)
FIGURA 3–5 As forças que agem so-
bre um elemento fluido em forma de
cunha em equilíbrio. (3–4b)

O último termo da Eq. (3–4b) desaparece quando z → 0 e a cunha torna-se


infinitesimal e, portanto, o elemento fluido encolhe até certo ponto. Em seguida,
combinando os resultados dessas duas relações temos:

(3–5)

independente do ângulo . Podemos repetir a análise para um elemento do plano


yz e obter um resultado semelhante. Assim, concluímos que a pressão em um
ponto de um fluido tem a mesma intensidade em todas as direções. Esse resultado
se aplica tanto aos fluidos em movimento quanto aos fluidos em repouso, já que
a pressão é escalar, não um vetor.

Pman Variação da pressão com a profundidade


Não deve ser surpresa o fato de que a pressão em um fluido em repouso não varia
na direção horizontal. Isso pode ser facilmente mostrado por uma fina camada hori-
zontal de fluido e um balanço de forças em qualquer direção horizontal. Entretanto,
esse não é o caso na direção vertical, na presença de um campo de gravidade. A
FIGURA 3–6 A pressão de um fluido pressão de um fluido aumenta com a profundidade, porque mais fluido se apoia nas
em repouso aumenta com a profundi- camadas inferiores, e o efeito desse “peso extra” em uma camada mais profunda é
dade (como resultado do peso adicio- equilibrado por um aumento na pressão (Fig. 3–6).
nado). Para obter uma relação para a variação da pressão com a profundidade, con-
sidere um elemento fluido retangular de altura z, largura x e profundidade
z unitária (y  1 para dentro da página) em equilíbrio, como mostra a Fig 3–7.
Considerando que a densidade do fluido  seja constante, um balanço de forças
g na direção vertical z resulta em:
P2

z2
x
onde W  mg  g x y z é o peso do elemento fluido e z  z2 – z1. Ao
z dividir por x y e reorganizar temos:
W
z1 (3–6)

onde s  g é o peso específico do fluido. Assim, concluímos que a diferença


P1
de pressão entre dois pontos em um fluido de densidade constante é proporcional
0 x à distância vertical z entre os pontos e à densidade  do fluido. Observando
FIGURA 3–7 Diagrama de corpo livre
de um elemento fluido retangular em
equilíbrio.
Capítulo 3 Pressão e Estática dos Fluidos 79

o sinal negativo, podemos dizer que a pressão em um fluido estático aumenta


linearmente com a profundidade. É isso o que um mergulhador experimenta ao
mergulhar mais fundo em um lago.
Uma equação mais fácil de lembrar e aplicar entre dois pontos quaisquer no
mesmo fluido sob condições hidrostáticas é:

Pabaixo  Pacima  gz  Pacima  sz (3–7)

onde “abaixo” refere-se ao ponto de menor elevação (mais profundo no fluido) e


“acima” refere-se ao ponto de maior elevação. Se você usar essa equação consis-
tentemente, deveria evitar erros de sinal.
Para um determinado fluido, a distância vertical z às vezes é usada como
Pacima = Patm
uma medida de pressão e é chamada de carga de pressão.
Concluímos também, pela Eq. (3–6), que para distâncias de pequenas a mo-
deradas, a variação da pressão com a altura é desprezível para os gases, por causa
de sua baixa densidade. A pressão em um tanque contendo um gás, por exemplo, h
pode ser considerada uniforme, uma vez que o peso do gás é muito baixo para
fazer uma diferença considerável. Da mesma forma, a pressão em uma sala cheia Pabaixo = Patm + rgh
de ar pode ser considerada constante (Fig. 3–8).
Se considerarmos o ponto “acima” na superfície livre de um líquido aberto
para a atmosfera (Fig. 3–9), no qual a pressão é a pressão atmosférica Patm, então
FIGURA 3–9 A pressão em um líquido
a pressão a uma profundidade h da superfície livre torna-se: em repouso aumenta linearmente com a
distância da superfície livre.
P  Patm  gh ou Pman  gh (3–8)

Os líquidos são substâncias essencialmente incompressíveis e, portanto, a


variação da densidade com a profundidade é desprezível. Isso também aconte-
ce com os gases quando a variação de altura não é muito grande. Entretanto, a
variação da massa específica dos líquidos ou dos gases com a temperatura pode
ser significativa e precisa ser levada em conta quando a exatidão desejada for
alta. Da mesma forma, a profundidades maiores, como em oceanos, a variação
na massa específica de um líquido pode ser significativa devido à compressão
exercida pelo enorme peso do líquido acima.
A aceleração gravitacional g varia de 9,807 m/s2 no nível do mar até 9,764
2
m/s a uma altitude de 14.000 m, na qual viajam os grandes aviões de passagei-
ros. A mudança é de apenas 0,4%, mesmo neste caso extremo. Assim, é possível
considerar que g é constante com erro desprezível.
Para fluidos cuja densidade varia significativamente com a altitude, a relação Ptopo = 1 atm
para a variação da pressão com a altitude pode ser obtida dividindo a Eq. (3–6)
por z e considerando o limite z → 0. Isso resulta em: AR

(3–9)

Pfundo = 1,006 atm (Um quarto de


Observe que dP é negativo quando dz é positivo, uma vez que a pressão diminui 5m de altura)
na direção ascendente. Quando a variação da densidade com a altitude é conhe-
cida, a diferença de pressão entre qualquer par de pontos 1 e 2 pode ser determi- FIGURA 3–8 Em uma sala cheia com
um gás, a variação da pressão com a al-
nada por uma integração:
tura é desprezível.

(3–10)

Para o caso de densidade e aceleração gravitacional constantes, essa relação se


reduz à Eq. (3–6), como era esperado.
80 Mecânica dos Fluidos

Patm

Água

A B C D E G
F

PA = PB = PC = PD = PE = PF = PG = Patm + rgh Mercúrio


PH ≠ PI H I

FIGURA 3–10 A pressão é a mesma em todos os pontos de um plano horizontal em um dado fluido, independentemente da geome-
tria, desde que os pontos estejam interconectados pelo mesmo fluido.

A pressão em um fluido em repouso não depende da forma ou seção trans-


versal do recipiente. Ela varia com a distância vertical, mas permanece cons-
tante nas outras direções. Assim, a pressão é igual em todos os pontos de um
plano horizontal para determinado fluido. O matemático holandês Simon Stevin
(1548-1620) publicou em 1586 o princípio ilustrado na Fig. 3–10. Observe que
as pressões nos pontos A, B, C, D, E, F e G são iguais, uma vez que estão à mes-
ma profundidade, e estão interconectadas pelo mesmo fluido estático. Entretanto,
as pressões nos pontos H e I não são iguais, já que estes dois pontos não podem
estar interconectados pelo mesmo fluido (ou seja, não podemos desenhar uma
curva do ponto I até o ponto H, permanecendo sempre no mesmo fluido), embora
eles estejam à mesma profundidade. (Você saberia dizer em qual ponto a pressão
é mais alta?) Da mesma forma, a força de pressão exercida pelo fluido é sempre
normal à superfície nos pontos especificados.

Uma consequência de a pressão de um fluido permanecer constante na dire-


ção horizontal é que a pressão aplicada a um fluido confinado aumenta a pressão
em todo o fluido na mesma medida. Essa é a Lei de Pascal, em homenagem a
Blaise Pascal (1623-1662). Pascal também sabia que a força aplicada por um
fluido é proporcional à área da superfície. Ele percebeu que dois cilindros hi-
dráulicos com áreas diferentes poderiam estar conectados, e que o maior poderia
exercer uma força proporcionalmente maior do que aquela aplicada ao menor. A
“máquina de Pascal” tem sido fonte de muitas invenções parte do nosso dia a dia,
como os freios e os macacos hidráulicos. É esse conceito que nos permite elevar
um automóvel facilmente com um braço, como mostra a Fig. 3–11. Observando
que P1  P2, já que ambos os pistões estão no mesmo nível (o efeito das peque-
FIGURA 3-11 Elevação de um peso grande nas diferenças de altura é desprezível, particularmente a altas pressões), a relação
por uma força pequena pela aplicação da lei entre a força de saída e a força de entrada é determinada por:
de Pascal. Um exemplo comum é o macaco
hidráulico. (superior) ₢ Stockbyte/Getty RF (3–11)

A relação entre as áreas A2 / A1 , é chamada de ganho mecânico ideal do elevador hidráulico. Usando um macaco
hidráulico com uma relação entre as áreas do pistão de A2 / A1 = 100, por exemplo, uma pessoa pode elevar um
automóvel de 1.000 kg aplicando uma força de apenas 10 kgf (= xxx 98 N).

elm = no Conteúdo do LIvro não vieram p.81 a 84 !!! Incluí por conta própria.
3-2 DISPOSITIVOS DE MEDIÇÃO DE PRESSÃO

O barômetro
A pressão atmosférica é medida por um dispositivo chamado de barômetro. Dessa forma, a pressão atmosférica é
com frequência chamada de pressão barométrica.
O italiano Evangelista Torricelli (1608-1647) foi o primeiro a provar, de forma conclusiva, que a pressão atmosférica
pode ser medida ao inverter um tubo cheio de mercúrio em um recipiente cheio de mercúrio aberto para a
atmosfera, como mostra a Figura 3-12. A pressão no ponto B é igual à pressão atmosférica, e a pressão em C pode
ser considerada zero, uma vez que só existe vapor de mercúrio acima do ponto C e a pressão é muito baixa com
relação a Patm , podendo ser desprezada com uma excelente aproximação. Um equilíbrio de forças na direção
vertical resulta em:

(3-12)

onde ρ é a densidade do mercúrio, g é a aceleração da gravidade local e h é a altura da coluna de mercúrio acima
da superfície livre. Observe que o comprimento e a área da seção transversal do tubo não têm efeito sobre a altura
da coluna de fluido de um barômetro (Fig. 3-13).

FIGURA 3-13
FIGURA 3-12
O comprimento ou a
O barômetro
área da seção
básico.
transversal do tubo
não tem efeito sobre a
altura da coluna de
fluido de um
barômetro, desde que
o diâmetro do tubo
seja suficientemente
grande para evitar os
efeitos da tensão
superficial
(capilaridade).
Uma unidade de pressão utilizada com frequência é a atmosfera padrão, definida como a pressão produzida por
uma coluna de mercúrio com 760 mm de altura a 0°C (ρHg = 13.595 kg/m3) sob aceleração da gravidade padrão
(g = 9,807 m/s2). Se fosse usada água em vez de mercúrio para medir a pressão atmosférica padrão, seria
necessário uma coluna de água com cerca de 10,3 m. Às vezes a pressão é expressa (particularmente na previsão
do tempo) em termos da altura da coluna de mercúrio. A pressão atmosférica padrão, por exemplo, é de 760
mmHg (29,92 inHg) a 0°C. A unidade mmHg também é chamada de torr em homenagem a Torricelli. Assim, 1 atm
= 760 torr e 1 torr = 133,3 Pa.

A pressão atmosférica Patm que no nível do mar é de 101,325 kPa, muda para 89,88, 79,50, 54,05, 26,5 e 5,53 kPa
a altitudes de 1.000, 2.000, 5.000, 10.000 e 20.000 metros, respectivamente. A pressão atmosférica padrão em
Denver (altitude = 1.610 m), por exemplo, é de 83,4 kPa. Lembre-se de que a pressão atmosférica em um lugar é
simplesmente o peso do ar sobre aquela localidade por unidade de área de superfície. Assim, a pressão não apenas
muda com a altitude, como também com as condições meteorológicas.

O declínio da pressão atmosférica com a altitude tem ramificações de longo alcance na vida diária. Por exemplo,
leva mais tempo para cozinhar a altitudes elevadas, uma vez que a água ferve a uma temperatura mais baixa a
pressões atmosféricas mais baixas. O sangramento do nariz é uma experiência comum em altitudes elevadas, já
que a diferença entre a pressão sanguínea e a pressão atmosférica é maior neste caso, e as delicadas paredes das
veias do nariz raramente conseguem suportar essa tensão extra.
FIGURA 3-14
A altitudes elevadas, o motor de um automóvel
gera menos potência e uma pessoa recebe
menos oxigênio por conta da menor densidade
do ar.

Para uma dada temperatura, a densidade do ar é mais baixa a grandes altitudes e, portanto, um determinado
volume contém menos ar e menos oxigênio. Dessa forma, não é surpresa que nos cansemos com mais facilidade e
tenhamos problemas respiratórios a grandes altitudes. Para compensar esse efeito, pessoas que moram em
altitudes maiores desenvolvem pulmões mais eficientes. Da mesma forma, um motor de automóvel de 2,0 L
funcionará como um motor de 1,7 L a uma altitude de 1.500 m (a menos que seja um motor turbo), por causa da
queda de 15% na pressão e, portanto, da queda de 15% na densidade do ar (Fig. 3-14). Um ventilador ou
compressor deslocará 15% menos ar nessa altitude para a mesma taxa de deslocamento volumétrico. Portanto,
ventiladores em altitudes elevadas precisam ser maiores para garantir a vazão mássica especificada. A pressão
mais baixa e, portanto, a menor densidade também afetam a sustentação e o arrasto: os aviões precisam de uma
pista mais longa em altitudes maiores para desenvolver a sustentação necessária, e viajam a altitudes de cruzeiro
muito altas para reduzir o arrasto e, portanto, melhorar a eficiência de combustível.
====================================================================================

EXEMPLO 3-2 Medição da pressão atmosférica com um barômetro


Determine a pressão atmosférica em uma localidade na qual a leitura barométrica é de 740 mm Hg e a aceleração
gravitacional é de g = 9,805 m/s2. Considere que a temperatura do mercúrio seja de 10°C, na qual sua densidade é
de 13.570 kg/m3.

SOLUÇÃO A leitura barométrica da altura de coluna de mercúrio em uma localidade é fornecida. A pressão
atmosférica deve ser determinada.

Hipóteses A temperatura do mercúrio é tomada como 10°C.


Propriedades A densidade do mercúrio é de 13.570 kg/m3.

Análise Da Eq. (3-12), a pressão atmosférica é determinada por:

Discussão Observe que a densidade varia com a temperatura e, portanto, esse efeito deve ser considerado nos
cálculos.
====================================================================================

EXEMPLO 3-3 Escoamento impulsionado pela gravidade em um frasco intravenoso

As infusões intravenosas em geral são movidas pela gravidade, pendurando-se o frasco com o fluido a uma altura
suficiente para contrabalançar a pressão do sangue na veia e forçar o fluido a entrar no corpo (Fig. 3-15). Quanto
mais alto o frasco for elevado, maior será a vazão do fluido. (a) Se for observado que as pressões do fluido e do
sangue se equilibram quando o frasco está a 1,2 m acima do nível do braço, determine a pressão manométrica do
sangue. (b) Se a pressão manométrica do fluido no nível do braço precisar ser de 20 kPa para que a vazão seja
suficiente, determine a que altura o frasco deve ser colocado. Considere a densidade do fluido como 1.020 kg/m3.

SOLUÇÃO É dado que as pressões do fluido em um frasco intravenoso e do sangue na veia se equilibram quando o
frasco está a uma certa altura. A pressão manométrica do sangue e a elevação necessária do frasco para manter a
vazão em um determinado valor devem ser determinados
FIGURA 3-15 Hipóteses (1) 0 fluido intravenoso é incompressível.
Esquema do (2) O frasco intravenoso está aberto à atmosfera.
Exemplo
3-3. Propriedades A densidade do fluido intravenoso é
ρ = 1.020 kg/m3

Análise (a) Observando que as pressões do fluido no


frasco intravenoso e do sangue na veia se equilibram
quando o frasco está a 1,2 m acima do nível do braço,
a pressão manométrica do sangue no braço é
simplesmente igual à pressão manométrica do frasco
intravenoso a uma profundidade de 1,2 m:

(b) Para fornecer uma pressão manométrica de 20 kPa no nível do braço, a altura da superfície do fluido do frasco
acima do nível do braço é novamente determinada por Pman,braço = ρ * g * hbraço-frasco , sendo:

Discussão Observe que a altura do reservatório pode ser usada para controlar as vazões em escoamentos movidos
pela gravidade. Quando há escoamento, a queda de pressão no tubo devido a efeitos de atrito deve ser
considerada. Para uma vazão específica, é necessário elevar o frasco um pouquinho a mais para superar a queda
de pressão.
====================================================================================

EXEMPLO 3-4 Pressão hidrostática em uma poça solar com densidade variável

FIGURA 3-16
Poças solares são pequenos lagos artificiais
Esquema do
com alguns metros de profundidade usados
Exemplo
para armazenar energia solar. A elevação da
3-4.
água aquecida (e, portanto, menos densa) para
a superfície é evitada pela adição de sal no
fundo do lago. Em uma poça solar com
gradiente de sal típico, a densidade da água
aumenta na região de gradiente, como mostra
a Figura 3-16, e pode ser expressa como:

onde ρ0 é a densidade da superfície da água, s é a distância vertical medida de cima para baixo a partir do topo da
região de gradiente (s = −z) e H é a espessura da região de gradiente. Para H = 4 m, ρ0 = 1.040 kg/m3 e uma
espessura de 0,8 m para a região superficial, calcule a pressão manométrica no fundo da região de gradiente.

SOLUÇÃO A variação da densidade da água salgada com a profundidade na região de gradiente de uma poça solar é
dada. A pressão manométrica no fundo da região de gradiente deve ser determinada.
Hipóteses A densidade na zona superficial da poça é constante.

Propriedades A densidade da água salgada na superfície é dada por 1.040 kg/m3.


Análise Chamamos as partes superior e inferior da região de gradiente de 1 e 2, respectivamente. Considerando
que a densidade da região superficial é constante, a pressão manométrica no fundo da região superficial (que é o
topo da região de gradiente) é:

já que 1 kN/m2 = 1 kPa. Como s = -z, a variação diferencial de pressão hidrostática em uma distância vertical ds é
dada por:

A integração entre o topo da região de gradiente (o ponto 1 no qual s = 0) e qualquer local s da região de
gradiente (sem subíndice) resulta em:

Realizando a integração, temos que a variação da pressão manométrica na região de gradiente é:

Dessa forma, a pressão no fundo da região de gradiente (s = H = 4 m) torna-se:

Discussão A variação da pressão manométrica com a profundidade na região de gradiente é representada na


Figura 3-17. A linha tracejada indica a pressão hidrostática para o caso de uma densidade constante a 1.040 kg/m3
e é dada como referência. Observe que a variação da pressão com a profundidade não é linear quando a
densidade varia com a profundidade. É por isto que foi necessária a integração.

FIGURA 3-17
A variação da pressão
manométrica com a
profundidade na zona de
gradiente da poça solar.

====================================================================================
FIGURA 3-18 O manômetro
Um manômetro
Observamos na Eq. (3-6) que uma variação de −∆z na elevação em um
simples em U,
fluido em repouso corresponde a ∆P/ρg, o que sugere que uma coluna de
com alta
fluido pode ser usada para medir diferenças de pressão. Um dispositivo
pressão
baseado nesse princípio é chamado de manômetro, e é normalmente
aplicada no
usado para medir diferenças de pressão pequenas e moderadas. Um
lado direito.
manômetro consiste principalmente em um tubo em forma de U, de vidro
(Fotografia de
ou plástico, contendo um ou mais fluidos como mercúrio, água, álcool ou
John M.
óleo (Fig. 3-18). Quando se prevê diferenças de pressão elevadas, fluidos
Cimbala).
pesados como o mercúrio são usados, o que mantém o tamanho do
manômetro em um nível gerenciável.
Considere o manômetro mostrado na Fig. 3-19, que é usado para medir a
pressão de um tanque. Como os efeitos gravitacionais dos gases são
desprezíveis, a pressão em qualquer parte do tanque e na posição 1 tem
o mesmo valor. Além disso, como a pressão em um fluido não varia na
direção horizontal dentro do fluido, a pressão no ponto 2 é igual à
pressão no ponto 1, P2 = P1.

FIGURA 3-19
O manômetro
básico.

A coluna de fluido diferencial de altura h está em equilíbrio estático


e aberta para a atmosfera. Dessa forma, a pressão no ponto 2 é
determinada diretamente pela Eq. (3-7) como:

(3-13)

onde ρ é a densidade do fluido no tubo. Observe que a área da seção transversal do tubo não tem efeito sobre a
altura diferencial h e, assim, não tem efeito sobre a pressão exercida pelo fluido. Entretanto, o diâmetro do tubo
deve ser suficientemente grande (mais do que alguns milímetros) para garantir que o efeito da tensão superficial e,
portanto, da elevação por capilaridade, seja desprezível.

====================================================================================

EXEMPLO 3-5 Medição da pressão com um manômetro

Um manômetro é usado para medir a pressão em um tanque.


O fluido usado tem uma gravidade específica de 0,85 e a
altura da coluna do manômetro é de 55 cm, como mostra a
Figura 3-20. Se a pressão atmosférica local for de 96kPa,
determine a pressão absoluta dentro do tanque.

FIGURA 3-20
Esquema do
Exemplo 3-5.
SOLUÇÃO A leitura de um manômetro acoplado a um tanque e a pressão atmosférica são dadas. A pressão
absoluta no tanque deve ser determinada.

Hipóteses O fluido no tanque é um gás cuja densidade é muito menor do que a densidade do fluido manométrico.

Propriedades É dado que a gravidade específica do fluido manométrico é 0,85. Consideramos a densidade padrão
da água como 1.000 kg/m3
Análise A densidade do fluido é obtida multiplicando sua gravidade específica pela densidade da água, que é
considerada 1.000 kg/m3:

Assim, da equação (3-13):

Discussão: Observe que a pressão manométrica no tanque é de 4,6 kPa.


====================================================================================
elm = já copiado antes até exemplo 3-5 (pular)!

Capítulo 3 Pressão e Estática dos Fluidos 85

A coluna de fluido diferencial de altura h está em equilíbrio estático e aberta


para a atmosfera. Dessa forma, a pressão no ponto 2 é determinada diretamente
pela Eq. (3–7) como:
Gás
P2  Patm  gh (3–13) h

onde  é a densidade do fluido no tubo. Observe que a área da seção transversal 1 2


do tubo não tem efeito sobre a altura diferencial h e, assim, não tem efeito sobre
a pressão exercida pelo fluido. Entretanto, o diâmetro do tubo deve ser suficien-
temente grande (mais do que alguns milímetros) para garantir que o efeito da
tensão superficial e, portanto, da elevação por capilaridade, seja desprezível. FIGURA 3–19 O manômetro básico.

EXEMPLO 3–5 Medição da pressão com um manômetro


Um manômetro é usado para medir a pressão em um tanque. O fluido usado tem Patm = 96 kPa
uma gravidade específica de 0,85 e a altura da coluna do manômetro é de 55 cm,
como mostra a Figura 3–20. Se a pressão atmosférica local for de 96 kPa, determi-
ne a pressão absoluta dentro do tanque.
P=?
h = 55 cm
SOLUÇÃO A leitura de um manômetro acoplado a um tanque e a pressão atmos-
férica são dadas. A pressão absoluta no tanque deve ser determinada.
Hipóteses O fluido no tanque é um gás cuja densidade é muito menor do que a
densidade do fluido manométrico. GE = 0,85
Propriedades É dado que a gravidade específica do fluido manométrico é 0,85.
Consideramos a densidade padrão da água como 1.000 kg/m3. FIGURA 3–20 Esquema do Exemplo
3–5.
Análise A densidade do fluido é obtida multiplicando sua gravidade específica
pela densidade da água, que é considerada 1.000 kg/m3:
  GE

Assim, da Eq. (3–13):

Discussão Observe que a pressão manométrica no tanque é de 4,6 kPa.

Patm
Fluido 1
Alguns manômetros usam um tubo oblíquo ou inclinado a fim de aumentar a h1
resolução (precisão) ao ler a altura do fluido. Tais dispositivos são chamados de
manômetros inclinados. Fluido 2
Muitos problemas de engenharia e alguns manômetros envolvem a sobrepo- h2

sição de vários fluidos imiscíveis de diferentes densidades uns sobre os outros. Fluido 3
Tais sistemas podem ser facilmente analisados se lembrarmos de que (1) a varia- h3
1
ção da pressão em uma coluna de fluido de altura h é P  gh, (2) em determi-
nado fluido, a pressão aumenta para baixo e diminui para cima (ou seja, Pfundo  FIGURA 3–21 Em camadas empilha-
Ptopo) e (3) dois pontos a uma mesma altura em um fluido contínuo em repouso das de fluidos em repouso, a variação
estão a mesma pressão. da pressão em cada camada de fluido
O último princípio, que é um resultado da Lei de Pascal, permite “pularmos” com densidade  e altura h é gh.
de uma coluna de fluido para a próxima, em manômetros, sem nos preocuparmos
com a variação de pressão, desde que não pulemos para um fluido diferente, e
86 Mecânica dos Fluidos

Uma seção de escoamento ou desde que o fluido esteja em repouso. Assim, a pressão em qualquer ponto pode
um dispositivo de escoamento
ser determinada iniciando com um ponto de pressão conhecido e adicionando ou
subtraindo os termos gh à medida que avançamos na direção do ponto de interes-
Fluido se. Por exemplo, a pressão na parte inferior do tanque da Fig. 3–21 pode ser deter-
minada iniciando-se pela superfície livre, onde a pressão é Patm, indo para baixo
1 2 até atingir o ponto 1 na parte inferior e igualando o resultado a P1. Isso resulta em:

a Patm  1gh1  2gh2  3gh3  P1

r1 h No caso especial de todos os fluidos possuírem a mesma densidade, essa relação


A B fica reduzida a Patm  g (h1  h2  h3)  P1.
r2
Manômetros são particularmente adequados para medir a queda de pressão
entre dois pontos específicos de uma seção de escoamento horizontal, devido à
FIGURA 3–22 Medição da queda de presença de um dispositivo como uma válvula, um trocador de calor, ou qualquer
pressão em uma seção de escoamento resistência ao escoamento. Isso é feito conectando os dois lados do manômetro
ou em um dispositivo de escoamento a esses dois pontos, como mostra a Fig. 3–22. O fluido de trabalho pode ser um
com um manômetro diferencial. gás ou um líquido cuja densidade é 1. A densidade do fluido manométrico é 2 e
a altura diferencial do fluido é h. Os dois fluidos devem ser imiscíveis e 2 deve
ser maior do que 1.
Uma relação para a diferença de pressão P1 – P2 pode ser obtida iniciando-se
pelo ponto 1 com P1, movendo-se ao longo do tubo adicionando ou subtraindo os
termos pgh até atingir o ponto 2, e igualando o resultado a P2:

P1  1g(a  h)  2gh  1ga  P2 (3–14)

Observe que pulamos do ponto A horizontalmente para o ponto B e ignoramos a


parte inferior, uma vez que a pressão em ambos os pontos é igual. Simplificando:

P1  P2  (2  1)gh (3–15)

Observe que a distância a não tem efeito sobre o resultado, mas deve ser in-
cluída na análise. Além disso, quando o fluido que escoa no tubo é um gás, então
Óleo
1 V 2 e a relação da Eq. (3–15) pode ser simplificada para P1 – P2 ⬵ 2gh.

Ar
1 EXEMPLO 3–6 Medição da pressão com um manômetro de vários
Água fluidos
h1
2 A água de um tanque é pressurizada a ar, e a pressão é medida por um manôme-
tro de vários fluidos, como mostra a Fig. 3–23. O tanque está localizado em uma
h2 h3 montanha, a uma altitude de 1.400 m, onde a pressão atmosférica é de 85,6 kPa.
Determine a pressão do ar no tanque se h1  0,1 m, h2  0,2 m e h3  0,35 m.
Considere as densidades da água, do óleo e do mercúrio como 1.000 kg/m3, 850
kg/m3 e 13.600 kg/m3, respectivamente.
Mercúrio
SOLUÇÃO A pressão de um tanque de água pressurizado é medida por um ma-
nômetro de vários fluidos. A pressão de ar no tanque deve ser determinada.
FIGURA 3–23 Esquema do Exemplo
3–3. O desenho não está em escala. Hipótese A pressão do ar no tanque é uniforme (ou seja, sua variação com a eleva-
ção é desprezível devido à sua baixa densidade) e, portanto, podemos determinar a
pressão na interface entre o ar e a água.
Propriedades As densidades da água, do óleo e do mercúrio são dadas por 1.000
kg/m3, 850 kg/m3 e 13.600 kg/m3, respectivamente.
Análise Iniciando-se pela pressão no ponto 1 na interface entre ar e água, moven-
do-se ao longo do tubo, adicionando ou subtraindo os termos gh até atingirmos
o ponto 2, e igualando o resultado a Patm uma vez que o tubo está aberto para a atmosfera, temos:

Isolando P1 e substituindo os valores:

Discussão: Observe que ao pular horizontalmente de um tubo para o outro, levando em conta que a pressão
permanece igual para o mesmo fluido, a análise fica muito mais simples. Observe também que o mercúrio é um
fluido tóxico e que os manômetros e termômetros de mercúrio estão sendo substituídos por outros com fluidos
mais seguros, por conta do risco da exposição ao vapor de mercúrio em caso de acidente.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da
Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 3.2
3.2 Dica do professor
A estática dos fluidos se preocupa com os fluidos que se encontram em repouso. Neste caso, não
interessam as forças de cisalhamento, mas somente as forças que agem na direção normal às
superfícies, pois não existe movimento relativo entre as camadas adjacentes de fluido. Portanto, a
única tensão com a qual tratamos na estática dos fluidos é a tensão normal, a pressão, razão pela
qual o estudo particular desta propriedade é fundamental para a compreensão desta parte
importante da mecânica dos fluidos.
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Iremos trabalhar os fundamentos da Estática dos Fluidos.

A Estática dos Fluidos trata dos problemas


associados aos fluidos em repouso.

Chama-se Hidrostática o estudo da estática, sendo o


fluido um líquido, e Aerostática, sendo o fluido um gás.

A única tensão que a estática se preocupa é a tensão normal que, para fluidos, é
conhecida como pressão. A pressão é definida como a força normal exercida por
um fluido por unidade área. A pressão se refere somente a essa razão em líquidos
e gases; em sólidos, usa-se somente o termo tensão normal. A unidade pascal no
sistema internacional SI tem como símbolo Pa, e é uma relação entre as unidades
de força e de área. Um pascal é igual a um newton por metro quadrado.
A pressão real em determinada posição é chamada de pressão absoluta,
sendo medita em relação ao vácuo absoluto que é igual a zero. A maioria
dos dispositivos de pressão é calibrado para ler o valor zero a partir da
pressão atmosférica local o valor da diferença entre a pressão absoluta e a
pressão atmosférica dá origem ao tema pressão manométrica ou pressão
efetiva. Os dispostivos de pressão informam portanto o valor dessa
diferença.
A pressão abaixo da pressão
atmosférica é comumente
chamada de pressão de vácuo.
Pela figura, podemos observar as
escalas de pressão. No lado
esquerdo, a pressão está abaixo da
pressão atmosférica e, no lado
direito, a pressão absoluta está
acima da pressão atmosférica. Os
medidores de vácuo indicam a
diferença entre a pressão
atmosférica e a pressão absoluta,
quando a pressão absoluta é
menor que a pressão atmosférica.

As pressões manométricas de vácuo e absoluta são sempre positivas estão relacionadas em si pelas relações: pressão manométrica igual a
pressão atmosférica menos pressão absoluta e pressão de vácuo é igual pressão absoluta menos pressão atmosférica. Importante saber
que a pressão atmosférica também é chamada de pressão barométrica e a pressão manométrica também é chamada de pressão efetiva.
A pressão varia na direção vertical na presença de um campo gravitacional, aumentando seu valor
quanto mais baixa se encontra.

Pela figura será possível fazer uma análise


matemática de um elemento de fluido,
permitindo assim obter a relação para
variação de pressão com a vertical Delta z.
Para o diagrama de um corpo livre de um
elemento fluido retangular em equilíbrio,
conforme a figura apresentada, considere
uma dimensão unitária para Delta y e
uma largura de Delta x. Um balanço de
forças vertical fornecerá o somatório nulo
para o repouso.

A expressão matemática para pressão será dada pelo desenvolvimento matemático apresentado:

Partindo do equilíbrio de forças vertical igual a zero, teremos pressão 1


vezes área 1, menos a pressão 1 vezes área 2, menos a força peso.
Substituindo a área pelos valores Delta y Delta x, chegaremos na
expressão 2. Mas, sabendo que a massa específica é uma relação entre a
massa da substância e o volume dela, o valor da massa pode ser
substituído pelo valor expresso pela equação 3. Substituindo a equação 3
em 2, teremos a equação 4.

Continuando, dividindo a equação 4 pelo produto Delta y Delta x, chegaremos à equação 5. A massa específica
multiplicada pela aceleração da gravidade fornece o peso específico expresso pela equação 6. Substituindo a
equação 6 em 5, teremos as equações 7 a 9, que expressa a variação de pressão na direção vertical.
Portanto, a variação da pressão na vertical é dada pela relação 9: a diferença de pressão entre dois pontos em um
fluido de densidade constante é proporcional à distância vertical Delta z entre esses pontos e ao peso específico
do fluido.

Outro conceito fundamental na estática dos fluidos é o Princípio


de Stevin. Ele conseguiu mostrar que as pressões são as mesmas
considerando a mesma posição no eixo vertical, considerando o
mesmo fluido.

Isso pode ser observado pela análise da


figura a seguir Esse princípio estabelece
que as expressões dos pontos A B C D E F G
são iguais, pois estão na mesma posição
em relação ao eixo vertical, estando
interconectados pelo mesmo fluido
estático.

Finalmente chegamos à lei de Pascal, que é uma consequência


direta do fato da pressão do fluido permanecer constante na
direção horizontal. Essa consequência faz com que a pressão
aplicada ao fluido confinado aumente a pressão em todo fluido na
mesma medida.

Pascal percebeu que dois cilindros hidráulicos com áreas


diferentes poderiam estar conectados e que o maior poderia
exercer uma força proporcionalmente maior do que aquela
aplicada ao menor.
A máquina de Pascal tem sido fonte de muitas invenções que
fazem parte do nosso dia a dia, como os freios, os macacos e os
elevadores hidráulicos. Concluímos esta unidade, lembrando a
importância do princípio de Stevin e da lei de Pascal.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Dica do Professor da Aula 3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos
Pleito: Corrigir erros (necessário) e revisar/melhorar conteúdo (desejado).
Justificativa:
- Erro: Slide inicial e final: corrigir título, substituir "Cinemática dos Fluidos" por "Estática dos Fluidos"
- Erro: faltou incluir a "sólidos" junto a "tensão normal" na apresentação.
- Erro: corrigir formataçao de "delta" no slide "A pressão e a variação na vertical"
- Erro: corrigir formataçao de "rho" nos slides "A expressão matemática para a pressão" e no slide "Princípio de Stevin".
- Recomendação (importante!): eliminar os slides que deduzem a expressão matemática para a pressão, pois é muito difícil de
acompanhar / entender (essa dedução está feita no Conteúdo do Livro). Sugiro substituir por um exemplo que aplique essa expressão.
- Recomendação: incluir exemplos numéricos, práticos sobre aplicação dos princípios de Stevin e Lei de Pascal.
Obs.1: Há muito material bom na internet / youtube. Sugestão: Unibta selecionar uma vídeoaula muito boa e colocar o link.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme apenas que "será encaminhado ao setor responsável" para melhora do
material.
3.2 Exercícios
1) A estática dos fluidos trata dos problemas associados aos fluidos em repouso e a única
tensão que importa é a tensão normal, chamada de pressão, haja visto inexistir tensão de
cisalhamento para um fluido em repouso. Com relação à pressão, encontre a alternativa
correta.

A) A maioria dos dispositivos de pressão é calibrada para ler o valor zero a partir da pressão
absoluta local.

B) A pressão absoluta pode, no vácuo, ser negativa.

C) Pabssoluta = Pmanométrica – Patm.

D) A pressão abaixo da pressão atmosférica é comumente chamada de pressão barométrica.

E) O valor da diferença entre a pressão absoluta e a pressão atmosférica dá origem ao termo


pressão manométrica ou pressão efetiva.

1 A err = A maioria dos dispositivos de pressão é calibrada para ler o valor zero a partir da pressão atmosférica
local.

1 B err = As pressões manométricas, de vácuo e absoluta serão sempre positivas.

1 C err = A relação informa que Pman = Pabs – Patm.

1 D err = A pressão abaixo da pressão atmosférica é comumente chamada de pressão de vácuo.

1 Gab E = Esta é a definição correta de pressão manométrica ou efetiva.


2) Determinado reservatório de água doce tem uma profundidade de 60 m e a temperatura da
água é de aproximadamente 20 oC. Se a pressão atmosférica local chega a 100 kPa,
encontre o valor da pressão absoluta nesta profundidade. Sabe-se que o valor do peso
específico a 20 oC é de γ= 9790 N⁄m3.

A) 687,4 kPa.

B) 687,4 Pa.

C) 687,4 N.

D) 68,7 kPa.

E) 68,7 Pa.

2 Gab A
3) O matemático holandês Simon Stevin (1548-1620) publicou em 1586 um princípio
fundamental para a estática dos fluidos, conhecido hoje como o Princípio de Stevin.
Posteriormente Blaise Pascal (1623-166 fez novos estudos correlacionados. Diante das
opções a seguir, encontre qual não pode ser considerada correta ou que seja incorreta.

A) Este princípio estabelece que as pressões nos pontos A, B, C, D, E, F e G são iguais quando
estes pontos estão na mesma posição em relação ao eixo vertical e interconectados pelo
mesmo fluido estático.

B) A Lei de Pascal e suas aplicações é uma decorrência direta do conhecimento do Princípio de


Stevin.

C) Um ponto ao fundo de um lago apresentará a mesma pressão e é igual em todos os pontos de


um plano horizontal em um dado fluido, independentemente da geometria.

D) No macaco hidráulico aplica-se a Lei de Pascal.

E) Na dedução da fórmula que relaciona à variação da pressão entre dois pontos em um eixo
vertical deve-se usar a 2a Lei de Newton.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 3 da Aula 3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- A opção A apresentada sem mostrar a figura 3-10 não pode ser analisada (com essa figura estaria correta).
- Todas opções corretas.
Obs.1: Assinalei opção E achar que será a escolhida pelo gabarito (apesar de estar correta, o Conteúdo do livro deixa isso claro).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:

3 A err = A afirmativa é correta, pois Stevin falou em igualdade de pressão quando se está em uma mesma posição,
ao longo do eixo horizontal, em relação ao eixo vertical considerando o mesmo fluido em um recipiente que se
comunica.

3 B err = Sim, pois as descobertas de Pascal com relação à transmissão de forças em regiões conectas por um fluido
é uma decorrência da descoberta de Stevin.

3 Gab C = Esta alternativa não pode ser considerada correta, pois a afirmação de que “a pressão é a mesma em
todos os pontos de um plano horizontal em um dado fluido, independentemente da geometria” somente é válida
se todos os pontos estão interconectados pelo mesmo fluido.

3 D err = Este dispositivo usa a Lei de Pascal que considera que a aplicação de uma determinada força resultará em
uma pressão que será repassada a todos os pontos do fluido que se comunica entre este sistema.

3 E err = Sim, através da aplicação do somatório de forças na direção vertical, em um fluido em repouso, que deve
ser nula, consegue-se obter a expressão da variação da pressão com a altura.
elm 01abr23 = ex. 3 (Aula 3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos)
Pós Gabarito.
Pleito: anular o exercício.
Justificativa:
- Opção A não pode ser analisada sem figura não apresentada (só isto já anula o exercício).
- Opção do Gabarito C está correta, pois ao mencionar que se trata de "um lago" e "em um dado fluido"
conclui-se que só há um fluido envolvido e, se houvesse locais não interconectados, teríamos não um lago
apenas, portanto, a frase está correta.
4) Determinada prensa hidráulica tem como razão entre as áreas dos êmbolos como sendo
igual a 4. Neste sistema, é possível equilibrar, por uma força de 50 N, uma peça mecânica de
massa desconhecida colocada na superfície de menor área. Diante dos valores a seguir,
encontre qual representa o valor aproximado da massa desta peça.

A) m= 125 kg.

B) m= 1,25 kg.

C) m= 125 g.

D) m= 12,5 kg.

E) m= 12,5 g.

4 Gab B
5) Determinada prensa hidráulica tem com razão entre os raios dos êmbolos como sendo igual
a 10. Neste sistema, é possível equilibrar, por uma força de 500 N, uma peça mecânica de
massa desconhecida colocada na superfície de maior área. Diante dos valores a seguir,
encontre qual representa o valor aproximado da massa desta peça.

A) m=50 kg.

B) m=50 g.

C) m=5000 g.

D) m=5000 kg.

E) m=500 kg.

5 Gab D
3.2 Na prática
Acompanhe um exemplo da estática dos fluídos de acordo com o Princípio de Pascal.

O Princípio de Pascal ensina que quando se aumenta a pressão em um líquido contido em um


recipiente fechado, verifica-se que essa pressão é transmitida integralmente a todos os pontos
desse líquido. Isto significa que se tivermos um recipiente fechado e aumentarmos a pressão sobre
sua tampa, essa pressão será transmitida para todo o líquido.
Desta maneira, pode-se dizer que o Princípio de Pascal tem diversas aplicações, dentre elas a
prensa hidráulica, elevador hidráulico, macaco hidráulico e freio hidráulico.
Através de um sistema de tubos contendo líquido, podemos aumentar ou diminuir a pressão em um
compartimento fechado. Geralmente, o líquido usado para realizar essa transmissão é o lubrificante,
que consiste em um líquido não corrosivo e incompressível.
Essa transmissão de força, a fim de aumentar ou reduzi-la, é encontrada no sistema de freio dos
automóveis. O sistema conhecido como hidrovácuo transmite a força exercida sobre o pedal para o
cilindro mestre, e esse pressiona o fluido de freio para os pistões dos freios a disco ou a tambor.

As figuras mostram o reservatório do óleo usado como fluido lubrificante e o disco que aciona o sistema de
travamento do carro quando o pedal é acionado.

elm = fluido de transmissão de força (também é lubrificante) e disco que é freiado, para reduzir a rotação
das rodas até parar.
3.2 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Mecânica dos Fluidos


Minha sugestão: https://blog.portaleducacao.com.br/saude/
https://youtu.be/tQ4krX2GEvg
Física com Douglas

ou
https://youtu.be/IrWJvQML80o?
list=PLo6rjdP2nbch6K99XPWeVif9rjsVL3EfY
Engenharia e Cia

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Macaco Hidráulico.
https://youtu.be/8-ITKTI_jqs

Macaco hidráulico da empresa Bovenau


4 min
boas explicações

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Pontociência - Freio Hidráulico.


https://youtu.be/d8lEz7Uxlco

experimento "caseiro" 0,5 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Saiba Mais da Aula 3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos
Pleito: Corrigir erro: Link de "Mecânica dos Fluidos" leva a "https://blog.portaleducacao.com.br/saude/"
Justificativa:
- O link não tem nada a ver com o assunto.
Obs.1: Sugestão de link: https://youtu.be/tQ4krX2GEvg (Física com Douglas) ou https://youtu.be/IrWJvQML80o?
list=PLo6rjdP2nbch6K99XPWeVif9rjsVL3EfY (Engenharia e Cia).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme apenas que "será encaminhado ao setor responsável" para melhora do
material.
3.2

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

Banco de imagens Shutterstock.

ÇENGEL, Yunus A. Mecânica dos fluidos : fundamentos e aplicações – 3. ed. Porto Alegre :
AMGH, 2015.

SAGAH, 2015.

EQUIPE SAGAH

Coordenador(a) de Curso
Alexandre Baroni
Designers Instrucionais
Professor(a)
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Flávio Roberto Costa Diniz
Cesar Felipe Ferreira
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Gerente Unidade de Negócios
Franciane de Freitas
Rodrigo Severo
Ezequiel Alves
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Thais Gliosci
Líder da Equipe Metodológica
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Fernanda Crixel Zimpel
Jader Rotta
Juarez Menegassi
Líder da Equipe de Design Instrucional
Vinicius Rafael Cárcamo
Marcelo Steffen
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

4.1 Estática dos fluidos II

Apresentação
A mecânica dos fluidos estuda o fluido em movimento (dinâmica dos fluidos) ou em repouso
(estática dos fluidos), e seus fundamentos servem de base para diversas outras áreas do
conhecimento, como a pneumática, a hidráulica, a termodinâmica, entre outras. Portanto, a
quantidade e a variação da aplicação do estudo dos fluidos são enormes, como, por exemplo, na
respiração e na circulação sanguínea, na natação, no desenvolvimento de bombas e ventiladores,
etc. Do mesmo modo, o estudo dos fluidos também está diretamente relacionado às turbinas e à
decolagem e à aterrisagem de aviões e jatos, além de também estar presente em motores e até
mesmo em moinhos, entre diversas outras aplicações.

Como o escoamento do fluido é um ramo da mecânica, seu entendimento é obtido por meio de um
conjunto de leis fundamentais e bem definidas, as quais levam em consideração parâmetros como
os campos gravitacionais, as densidades dos fluidos, pressão atmosférica, profundidade e altura do
corpo a ser analisado, entre uma série de parâmetros que variam de acordo com a situação a ser
analisada e, posteriormente, desenvolvida.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você reconhecerá os princípios da força hidrostática resultantes


sobre uma superfície submersa, bem como estudará questões relacionadas às forças de empuxo e à
estabilidade de corpos rígidos. Por fim, estudará também a movimentação do fluido como se ele
fosse um corpo rígido.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer os princípios da descrição completa da força hidrostática resultante sobre uma


superfície submersa.

• Identificar as forças de empuxo e a estabilidade de corpos rígidos.

• Descrever os fluidos em movimento de corpos rígidos.


4.1 Desafio
A hidrostática trata de estudar as características dos fluidos relacionadas à densidade, à pressão e à
força de empuxo, desde que estejam em condições de equilíbrio estático. Em outras palavras, ela
estabelece relações com a pressão exercida sobre os corpos imersos em fluidos, como o ar
atmosférico e a água.

Você e um amigo se deparam com o questionamento a seguir:

Um motorisa sobre um acidente e o carro mergulha. Ele


permanece imóvel no fundo de uma lagoa. A porta tem
altura de 1,2m e largura de 1m, e a distância entre a
superfície do lago e a parte superior da porta é de 8m.

Seu amigo insiste que é possível que um homem abra a porta a 8 metros de profundidade, levando
em consideração que o interior do carro tem ótima vedação, impedindo a entrada de água,
mantendo a pressão atmosférica no interior do veículo.

Você, como engenheiro, analisa a situação, desenvolve os cálculos e chega a qual conclusão?
Determine a força hidrostática sobre a porta e informe se o motorista conseguiria abri-la.

elm = É o exemplo 3-8 do Cengel. Lá está bem


detalhada a análise.
A contrapressão da água é muito alta para abrir.
Melhor deixar alagar o interior para equilibrar
pressão e depois abrir a porta.
4.1 Infográfico
Ao trabalhar com a mecânica dos fluidos, dificilmente se deixa de abordar aspectos relacionados à
pressão, pois esse parâmetro está associado a praticamente todo tipo de movimentação e
armazenamento de fluidos, sejam eles gasosos, sejam eles líquidos. As escalas de pressão informam
a pressão no local em que a leitura é realizada por meio da utilização de determinado equipamento,
e esta pode ser classificada como pressão absoluta, pressão efetiva e pressão atmosférica.

No Infográfico a seguir, você irá visualizar mais informações sobre as escalas de pressões e suas
diferenças, assim como os respectivos equipamentos responsáveis pela leitura dos diferentes tipos
de pressões.

ESCALA DE PRESSÃO

A pressão é uma força normal exercida por um fluido em determinada unidade de área.

A denominação PRESSÃO é utilizada somente para os FLUIDOS. Quando se trata de materiais SÓLIDOS, utiliza-se
TENSÃO NORMAL, que corresponde a uma força que age perpendicularmente à superfície por unidade de área.

A pressão real em determinada posição é chamada


de pressão absoluta, a qual é medida em relação ao
vácuo absoluto, ou seja, pressão absoluta zero.
Esse tipo de pressão é mais empregado quando o
assunto envolve a lei do estado dos gases.

Pabs = Patm + Pef

Quando a pressão é medida adotando-se a pressão atmosférica como referência, é chamada de pressão efetiva.
Nesse caso, se a pressão é menor que a atmosférica, terá um valor negativo, chamada de pressão efetiva
negativa. E, se obtiver um valor maior que a pressão atmosférica, é conhecida como pressão efetiva positiva.
A maioria dos dispositivos de medição
de pressão é calibrada para ler o zero na
atmosfera. Assim, esses dispositivos
indicam a diferença entre a pressão
absoluta e a pressão atmosférica local.

Para efetuar leituras de pressões absolutas, o aparelho mais utilizado é o barômetro. Já para a leitura de pressões
na escala efetiva, utiliza-se o manômetro.
4.1 Conteúdo do livro
O estudo dos fluidos em repouso se faz necessário para que se possa analisar e compreender as
pressões presentes nas superfícies planas submersas em determinado fluido líquido, além de
proporcionar maior entendimento referente à movimentação de um fluido armazenado no interior
de um recipiente que se encontra em aceleração constante.

No capítulo Estática dos fluidos II, da obra Mecânica dos fluidos, será possível compreender esses
fenômenos, abordando-se os seguintes objetivos: reconhecer os princípios da aplicação de uma
força hidrostática em uma superfície submersa, identificar as forças de empuxo e a estabilidade dos
corpos rígidos e, por fim, descrever o movimento dos fluidos em corpos rígidos.

Boa leitura.

Não encontrei na Biblioteca Virtual!


Estática dos fluidos II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Reconhecer os princípios da descrição completa da força hidrostática


sobre uma superfície submersa.
„ Identificar a força de empuxo e a estabilidade de corpos rígidos.
„ Descrever os fluidos em movimento de corpos rígidos.

Introdução
Na estática dos fluidos, não há movimento entre as partículas do fluido.
No entanto, não significa que elas não estão se movendo, mas que não
se movem uma em relação à outra. Embora sólidos e fluidos sejam facil-
mente diferenciados, existem casos, como o do asfalto, que apresentam
comportamento de sólido, para curta duração, mas se deformam lenta-
mente, apresentando comportamento de fluido quando as forças são
exercidas a longos períodos.
O foco deste capítulo está relacionado aos princípios da força hi-
drostática resultante sobre uma superfície submersa, assim como serão
abordadas questões relacionadas às forças de empuxo e estabilidade de
corpos rígidos. Por fim, analisaremos a movimentação do fluido, como
se ele fosse um corpo rígido.
2 Estática dos fluidos II

Força hidrostática sobre uma superfície


submersa
No estudo da estática dos fluidos, há de se destacar que não existe movimento
relativo entre as partículas do fluido, ou seja, elas não se movem umas em
relação às outras. Isso não quer dizer que não exista movimento, pois há.
Porém, ele ocorre como se todo o fluido se comportasse como um único corpo
sólido, a exemplo de uma bombona de água girando em torno de seu próprio
eixo. Outro ponto de destaque é que a única tensão envolvida na estática dos
fluidos é a normal, sendo que a tensão de cisalhamento é nula (POTTER;
WIGGERT, 2018). Além disso, a estática dos fluidos tem relação direta com
os campos gravitacionais agindo sobre o sistema, mais especificamente, a
aceleração da gravidade (GODOI; ASSUNÇÃO, 2019).

Normalmente consideramos os fluidos líquidos incompressíveis sob pressões relati-


vamente baixas, porém, em pressões elevadas, variações em suas massas específicas
podem ser apreciáveis (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2014).

O estudo da força hidrostática está relacionado aos fluidos, sejam líquidos


ou gasosos, em repouso ou em equilíbrio estático, sob a ação de um campo
gravitacional constante, porém sem forças atuando em seu sistema. Para
que o equilíbrio estático seja analisado, é necessário relacionar a densidade,
a pressão e as forças que surgem quando os corpos se encontram imersos
(GODOI; ASSUNÇÃO, 2019).
Em relação à condição hidrostática de um fluido, a pressão varia somente
em relação à distância vertical e é independente da forma do recipiente, sendo
a mesma em todos os pontos ao longo do plano horizontal (WHITE, 2018).
Segundo Brunetti (2008), ao analisarmos um determinado ponto imóvel
em um fluido em repouso, constata-se que a pressão é a mesma em todas as
direções, como pode ser visualizado na Figura 1, a seguir.
Estática dos fluidos II 3

Figura 1. Pressão atuando sob diversos pontos em um fluido em repouso.


Fonte: Brunetti (2008, p. 21).

Ao analisarmos o fluido armazenado em um recipiente, conforme a figura


anterior, a impressão que temos é que os pontos também estão em repouso.
Se houvesse alguma variação de pressão em algum dos pontos, haveria um
desequilíbrio no sistema, fazendo com que eles se deslocassem em determi-
nada direção.
White (2018) complementa que, nesses casos, a pressão é igual ao longo
da direção horizontal, e existe uma variação de pressão em relação à massa
específica (ρ), gravidade (g) e profundidade (h) em que o ponto se encontra,
somada ainda a pressão atmosférica (P0), resultando na Equação (1), a seguir.

P = P0 + ρ ∙ g ∙ h (1)

Claro que, até o momento, este estudo se aplica apenas para determinar a
pressão em certo ponto submerso, em um fluido em repouso. Porém, de acordo
com Potter e Wiggert (2018), é possível estabelecer a pressão em superfícies
planas que se encontram submersas.
Quando uma superfície plana está submersa em um determinado fluido,
as forças hidrostáticas formam um conjunto de forças paralelas entre si, atu-
ando sobre a superfície da placa. A força hidrostática resultante (FR) pode ser
definida pelo produto da pressão no ponto médio da superfície vezes a área
da superfície (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2014), conforme ilustrado
na Figura 2, a seguir.
4 Estática dos fluidos II

Figura 2. Força hidrostática agindo sobre a superfície submersa em diferentes casos.


Fonte: Çengel e Cimbala (2015, p. 93).

Analisando a figura anterior, é possível visualizar que, para cada situação, é


utilizada uma equação diferente, permitindo que seja obtida a força resultante
para cada situação específica, onde:

„ s = distância entre a superfície do fluido e a borda da placa;


„ yp = distância entre a superfície do fluido e a aplicação da força resultante;
„ b = altura da chapa;
„ a = largura da chapa.

De acordo com Çengel (2015), a força hidrostática resultante em placa


retangular inclinada é expressa em:

FR = PCA = [P0 + ρg(s + b/2) sen θ]ab

onde:

„ FR = força hidrostática resultante


„ PC = pressão no ponto médio da superfície = [P0 + ρg(s + b/2) sen θ]
„ A = área = ab
„ θ = ângulo formado entre o plano da superfície e a inclinação do objeto

elm = notar que o ponto de aplicação da força resultante FR não é no meio da placa
inclinada, dista yp (ver fórmula p. seguinte)
Estática dos fluidos II 5

Ainda segundo Çengel (2015), a distância entre a superfície do fluido e a


aplicação da força resultante é expressa da seguinte maneira.

Simplificando:

A densidade da água aumenta apenas 4,6% no local mais profundo do oceano, sendo
que, nos estudos da hidrostática, ela aumenta apenas 2,3%. Portanto, podemos assumir
que a densidade dos líquidos é constante nos cálculos hidrostáticos (WHITE, 2018).

As pressões encontradas pelo mergulhador e pelo montanhista são chamadas de


pressões hidrostáticas, pois são decorrentes de fluidos estáticos (SILVA, 2010).

Força de empuxo e estabilidade de corpos


rígidos
O empuxo, também conhecido como princípio de Arquimedes, pode ser
definido como uma força vertical que age sobre um corpo, totalmente ou
parcialmente imerso. Para determinar a força de empuxo, é necessário definir
três parâmetros básicos: densidade do fluido (ρ), gravidade (g) e volume de
fluido deslocado pelo corpo (V). Com a definição desses termos, o cálculo
6 Estática dos fluidos II

pode ser realizado por meio da utilização da Equação (2) (FOX; MCDONALD;
PRITCHARD, 2014):

E=ρ∙g∙V (2)

Arquimedes definiu o teorema que leva seu nome enquanto tomava banho, pois
percebeu que a quantidade de água que transbordava da banheira era igual ao vo-
lume de seu próprio corpo. Então, saiu gritando da sua banheira “Eureka, Eureka!!”.
Posteriormente, seu teorema foi definido da seguinte maneira: "um corpo imerso
em um líquido flutuará, afundará ou ficará neutro de acordo com o peso do líquido
deslocado por esse corpo" (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2014).

Fonte da imagem: Top Vector Studio/Shutterstock.com.

Como resultado do princípio de Arquimedes (força de empuxo), o corpo


flutuará sempre que o empuxo for maior ou igual ao seu peso. E a aplicação
desse princípio está voltada a qualquer tipo de fluido, seja ele incompressível
ou não (BISTAFA, 2010).

elm = melhor "o corpo flutuará enquanto seu peso não exceder o empuxo, pois quando
flutuando, o empuxo é igual ao peso, nunca maior....
Estática dos fluidos II 7

Para Potter e Wiggert (2018), a força de flutuação que atua sobre um corpo
imerso em um fluido é equiparada ao peso do fluido deslocado pelo corpo.
Como mostrado na Figura 3, Çengel e Cimbala (2015) complementam que
um corpo imerso em um fluido pode apresentar-se de três formas diferentes,
baseadas na densidade do corpo e do fluido:

„ se o corpo permanecer em repouso em qualquer parte do fluido, indica-


-se que ele e o fluido possuem densidades iguais;
„ se o corpo subir até a superfície e flutuar, conclui-se que a densidade
do corpo é inferior à da água;
„ por outro lado, se o corpo afundar, quer dizer que a sua densidade é
maior que a do fluido.

Figura 3. Diferentes comportamentos que o corpo pode apresentar.


Fonte: Çengel e Cimbala (2015, p. 99).
8 Estática dos fluidos II

Identifica-se, como corpo flutuante ou flutuador, qualquer corpo que


permanece em equilíbrio quando estiver total ou parcialmente imerso em
um líquido. Nesses corpos, existem duas forças atuando, as quais possuem
as mesmas intensidade e direção, porém com sentidos opostos. As forças
atuantes nesse sistema são: força peso (G) e força de empuxo (E) (Figura 4).

EeG
deveriam
estar na
mesma
vertical...

Figura 4. Forças atuando sobre um corpo flutuante.


Fonte: Brunetti (2008, p. 37).

Brunetti (2008) ainda complementa que, ao aplicarmos uma pequena


força em um corpo sólido imerso, ele se deslocará em relação à sua posição
inicial. Esse deslocamento pode ocorrer de três formas distintas. Çengel e
Cimbala (2015) destacam que é possível analisar os deslocamentos por meio
de uma analogia da “bola no chão”, que explica de forma simples os conceitos
fundamentais de estabilidade e instabilidade (Figura 5). E, a partir disso,
conclui-se que:

„ nos casos em que o equilíbrio é estável, o corpo retorna à sua posição


de equilíbrio;
„ o corpo se encontra em equilíbrio indiferente, quando ele se afasta e
permanece na sua posição inicial; "... e permanece na posição deslocada."
„ o equilíbrio instável refere-se ao corpo se afastar cada vez mais da sua
posição inicial.
Estática dos fluidos II 9

Figura 5. Análise da estabilidade de uma bola no chão.


Fonte: Çengel e Cimbala (2015, p. 101).

Fluidos em movimento de corpos rígidos


Diversos fluidos são transportados por meio da utilização de caminhões-tanque,
como no caso de combustíveis, leite, entre outros. Quando o caminhão se
encontra em aceleração, o fluido tende a correr até a parte traseira, causando
uma turbulência inicial no fluido armazenado no interior do tanque. Porém, em
seguida, cada partícula do fluido assume a mesma aceleração, e todo o fluido
acaba movendo-se como um único corpo rígido. Vale destacar que, nesse caso,
não se desenvolve tensão de cisalhamento dentro do corpo do fluido, pois não
existem deformação nem mudança de forma do fluido (ÇENGEL; CIMBALA,
2015). A classificação do movimento dos corpos rígidos pode ser dividida de
três formas distintas: transação linear horizontal, transação linear vertical e
rotação em torno de um eixo vertical.
translação
Transação linear horizontal
Este tipo de movimento ocorre quando um recipiente parcialmente cheio está
sujeito a uma aceleração linear e horizontal constante. Com o movimento
do recipiente, o líquido armazenado em seu interior sofre uma inclinação
em relação à sua posição inicial, conforme mostrado na Figura 6, a seguir
(BRUNETTI, 2008).
10 Estática dos fluidos II

Figura 6. Recipiente com fluido à aceleração constante.


Fonte: Brunetti (2008, p. 43).

Podemos notar que, quando o recipiente se encontra em repouso, com


aceleração igual a zero, o fluido se mantém na posição horizontal. Porém,
quando o fluido tem uma aceleração constante, ele apresenta determinado
grau de inclinação, se comparado com a sua posição inicial.

translação Transação linear vertical


Neste caso, o movimento ocorre de forma vertical, sendo que as superfícies se
mantêm na posição horizontal, havendo apenas variação de pressão entre dois
pontos verticais, se comparado com o fluido em repouso. Quando a aceleração
ocorre de baixo para cima, o efeito da força de inércia deve ser somado à força
de gravidade. E, caso ocorra de forma contrária, a força de gravidade deve
ser subtraída (BRUNETTI, 2008).
Estática dos fluidos II 11

Rotação em torno de um eixo vertical


Vamos utilizar como exemplo a rotação de um copo cheio de água em volta
do seu próprio eixo, onde a superfície do líquido se torna côncava, fenômeno
conhecido como movimento de vórtice forçado. O mesmo conceito pode ser
aplicado para um contêiner cilíndrico vertical parcialmente preenchido com
líquido que se move a uma velocidade angular constante (ω). Após os momentos
iniciais, quando o contêiner gira em torno de seu próprio eixo, o líquido se
move conforme um corpo rígido, sem apresentar qualquer tipo de deformação,
fazendo com que todas as partículas do fluido sejam movimentadas com a
mesma velocidade angular (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).

BISTAFA, S. R. Mecânica dos fluidos: noções e aplicações. São Paulo: Blucher, 2010.
BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Person, 2008.
ÇENGEL, Y. A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. 3. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2015.
FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J. Introdução à mecânica dos fluidos. 8. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2014.
GODOI, P. J. P. M.; ASSUNÇÃO, G. S. C. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: SAGAH, 2019.
POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. Mecânicas dos fluidos. Porto Alegre: Bookman, 2018.
(Coleção Schaum).
SILVA, J. C. Fluidos. 2010. Disponível em: https://document.onl/documents/fluidos-
-jusciane-da-costa-e-silva-mossoro-abril-de-2010-universidade-federal-rural-do-
-semiarido-ufersa.html. Acesso em: 02 jul. 2019.
WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2018.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. NÃO ENCONTREI
na Biblioteca Virtual da Instituição, esta obra na íntegra. Aula 4.1
4.1 Dica do professor
O transporte marítimo de cargas só é possível devido aos estudos relacionados ao empuxo e à
estabilidade, os quais permitem que os produtos viagem milhares de quilômetros, desde seu ponto
de partida até seu destino final, sem que o navio cargueiro vire, seja em alto-mar, seja durante uma
tempestade.

Nesse contexto, a Dica do Professor aborda aspectos relacionados à importância da distribuição


equilibrada das cargas em relação ao centro de gravidade e ao centro de flutuação.

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A globalização tornou possível a comercialização entre os mercados e permitiu que uma quantidade incontável
de produtos, equipamentos e até mesmo alimentos, seja enviada por meio de navios cargueiros, os quais acabam
percorrendo milhares de quilômetros em alto mar para atender as necessidades de cada país.

Os navios cargueiros são carregados nos portos, onde a carga a ser transportada influencia diretamente na
movimentação dos navios.

No caso do carregamento dos contêineres dos navios, é necessário realizar o empilhamento da carga com muito
cuidado de forma que o deslocamento do centro de gravidade seja evitado, a fim de garantir maior segurança e
estabilidade ao navio e a todos os seus integrantes.

Nesse contexto, justifica-se a análise e a compreensão referente a


atuação da força de empuxo e da força peso, sendo que a flutuação e a
estabilidade de um corpo estão diretamente relacionadas ao centro de
gravidade W do corpo e seu centro de flutuação B.

Caso o corpo tenha um fundo pesado e o


centro de gravidade estiver diretamente
abaixo do centro de flutuação, o corpo
estará sempre estável, mantendo sua
posição inicial enquanto realizar o
transporte dos produtos.

Esta situação está mais relacionada ao transporte de sementes, pois seu peso é armazenado no interior da
embarcação.
Existem alguns casos em que o centro de gravidade possa estar posicionado acima do centro de flutuação e
mesmo assim apresentar estabilidade.
Nesses casos, desde que a inclinação máxima não ultrapasse os 20 graus é gerado um momento de restauração,
que faz com que o corpo retorne a sua posição inicial.

elm = prov interpretação errada do texto no Cengel (p.82 no pdf elm / p. 102 na ed bib virtual) ver cópia cap após
a dica). Os 20 graus é sugerido para considerar M (metacentro) fixo nos cálculos... Não é limite e estabilidade!
Corpo estável qdo G estiver acima de M (GM>0, altura metacêntrica positiva).
Essa situação está relacionada ao transporte de contêineres, sendo que os mais pesados devem estar localizados
nas primeiras camadas do empilhamento.
elm = erro sobre os 20 graus - ver nota acima.
Porém, se a inclinação do corpo for superior a 20 graus, ele se torna instável onde o peso e a força de flutuação
que agem no corpo inclinado gerem um momento de inversão, fazendo com que o corpo vire. Esse fato está
relacionado ao excesso de peso nas pilhas superiores e laterais do navio.

No entanto, quando os navios cargueiros estão sem ou com pouca carga faz-se necessária a utilização de um peso
líquido nos tanques, ou seja, a água de lastro, assim, permitindo a navegação segura da embarcação.
A água de lastro compensa a perda de peso de carga e de combustível, regulando a estabilidade e mantendo a
segurança, evitando danos, inclusive impedindo que o navio parta ao meio ou mesmo naufrague em casos de
tempestades.
elm = G abaixo de B é estável, mas em embarcações é comum G acima de B,
contanto que G abaixo de M - ver nota acima.''

O Lastro está relacionado ao G, que deve ficar abaixo do B; dessa forma, a água de
lastro deve ser inversamente proporcional à quantidade de carga,ou seja, quanto
menos carga, mais água de lastro.

A realização da operação de lastro não é uma tarefa fácil, pois podem ocorrer
acidentes, como o que ocorreu com o navio MV Cougar Ace, no porto de Portland, nos
Estados Unidos, em 2006. No momento da troca de água de lastro, ocorreu uma falha
no controle do volume dos tanques, ocasionando emborcamento do navio. O
problema ocorreu devido à estabilidade do navio, que foi prejudicada devido à falha
ocorrida.
Portanto, é de extrema importância saber analisar e compreender a força de empuxo e suas respectivas
relações com a estabilidade e a capacidade de flutuação dos corpos diante de um fluido líquido.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Dica do Professor (Aula 4.1 Estática dos Fluidos II)
Pleito: Corrigir erro sobre informação de limite de estabilidade vinculado a 20 graus de inclinação e que, ao explicar água de lastro, diz
(erroneamente) que G tem de ficar abaixo de B.
Justificativa:
- De acordo com Cengel, ed. 3, 2015, pág. 102, o ângulo de 20 graus é apenas sugestão do autor para ângulos pequenos para
simplificar localização de M (metacentro). Há estabilidade enquanto o metacentro M estiver acima do centro de gravidade G (GM>0).
G pode estar acima de B.
Obs.1: Além de corrigir a Dica do Professor, sugiro incluir capítulo 3-6 do Cengel, ed. 3, 2015 (Flutuação e Estabilidade) no Conteúdo
do Livro.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme apenas que "será encaminhado ao setor responsável" para melhora
do material.
3-6 FLUTUAÇÃO E ESTABILIDADE

É comum a experiência em que um objeto parece mais leve, com peso menor, em um líquido do que no ar. Isso
pode ser facilmente mostrado pesando um objeto na água com uma balança de mola à prova de água. Além disso,
objetos feitos de madeira ou de outros materiais leves flutuam na água. Essas e outras observações sugerem que o
fluido exerce uma força para cima sobre um corpo imerso nele. Essa força que tende a levantar o corpo é chamada
de força de flutuação e é indicada por FB.

A força de flutuação é causada pelo aumento da pressão


em um fluido com a profundidade. Considere, por
exemplo, uma placa plana com espessura h submersa em
um líquido de densidade ρf , e paralela à superfície livre,
como mostra a Fig. 3-41. A área da superfície superior (e
também da inferior) da placa é A, e sua distância da
superfície livre é s. As pressões das superfícies superior e
inferior da placa são ρf *g*s e ρf *g*(s + h) ,
respectivamente. Assim, a força hidrostática Fsup =
ρf *g*s*A age para baixo na superfície superior, e a força
maior Finf = ρf *g*(s + h)*A age para cima na superfície
inferior da placa. A diferença entre essas duas forças é
uma força resultante para cima, a força de flutuação:
FIGURA 3-41 Uma placa plan com espessura
uniforme h submersa em um líquido
paralela à superfície livre.
(3-32)
onde V = h*A é o volume da placa. Mas a relação ρf*g*V é simplesmente o peso do líquido cujo volume é igual
ao volume da placa. Assim, concluímos que a força de flutuação que age sobre a placa é igual ao peso do líquido
deslocado pela placa. Para um fluido com densidade constante, a força de flutuação é independente da distância
do corpo a partir da superfície livre. Ela também não depende da densidade do corpo sólido.
FIGURA 3-42
As forças de flutuação que agem sobre um corpo sólido
submerso em um fluido e em um corpo fluido de mesma forma a
uma mesma profundidade são idênticas. A força de flutuação FB
age para cima no centróide C do volume deslocado e é igual em
intensidade ao peso W do fluido deslocado, mas na direção
oposta. Para um sólido com densidade uniforme, seu peso Ws
também age no centróide, mas sua intensidade não é
necessariamente igual àquela do fluido que ele desloca. (Aqui
Ws>W e, portanto, Ws> FB , esse corpo sólido afundaria.)

A relação da Equação (3-32) foi deduzida para uma geometria simples, mas é válida para qualquer corpo,
independentemente da sua forma. Isso pode ser mostrado matematicamente por um balanço de forças, ou
simplesmente por este argumento: considere um corpo sólido de forma arbitrária submerso em um fluido em
repouso e compare-o a um corpo de fluido de mesma forma, indicado por linhas tracejadas, a uma mesma
distância da superfície livre (Fig. 3-42). As forças de flutuação que agem sobre esses dois corpos são iguais, uma vez
que as distribuições das pressões, que dependem apenas da profundidade, são iguais nas fronteiras de ambas. O
corpo de fluido imaginário está em equilíbrio estático e, portanto, a força e o momento resultantes que agem sobre
ele são nulos. Assim, a força de flutuação para cima deve ser igual ao peso do corpo de fluido imaginário cujo
volume é igual ao volume do corpo sólido.
Além disso, o peso e a força de flutuação devem ter a mesma linha de ação para ter um momento nulo. Isso é
conhecido como princípio de Arquimedes, em homenagem ao matemático grego Arquimedes (287-212 a.C.) e é
expresso como:
A força de flutuação sobre um corpo imerso em um fluido é igual ao peso do fluido
deslocado pelo corpo, e age para cima no centróide do volume deslocado.
Para corpos flutuantes, o peso de todo o corpo deve ser igual à força de flutuação, que é o peso do fluido cujo
volume é igual ao volume da parte submersa do corpo flutuante. Ou seja:

(3-33)

Assim, a fração de volume submersa de um corpo flutuante é igual à razão entre a densidade média do corpo e a
densidade do fluido. Observe que quando a razão de densidade é igual ou maior do que um, o corpo flutuante
torna-se completamente submerso.
Essas discussões levam à conclusão de que um corpo imerso em um fluido (1) permanece em repouso em qualquer
ponto do fluido quando sua densidade é igual à densidade do fluido, (2) vai até o fundo quando sua densidade é
maior do que a densidade do fluido e (3) sobe à superfície do fluido e flutua quando a densidade do corpo é menor
do que a densidade do fluido (Fig. 3-43).

FIGURA 3-43 A força de flutuação é proporcional à


Um corpo sólido solto densidade do fluido e, portanto,
em um fluido podemos pensar que a força de
afundará, flutuará ou flutuação exercida pelos gases como o
permanecerá em ar é desprezível.
repouso em algum Esse certamente é o caso geral, mas
ponto do fluido, existem exceções significativas.
dependendo de sua Por exemplo, o volume de uma pessoa
densidade com é de cerca de 0,1 m3 e, tomando a
relação à densidade densidade do ar como 1,2 kg/m3, a
do fluido. força de flutuação FB exercida pelo ar
sobre a pessoa é:

O peso de uma pessoa de 80 kg é 80 × 9,81 = 788 N. Assim, ignorar a flutuação, neste caso, resulta em um erro no
peso de apenas 0,15%, que é desprezível.
Mas os efeitos da flutuação nos gases dominam alguns fenômenos naturais importantes, como a elevação do ar
quente em um ambiente mais frio e, portanto, o início das correntes de convecção naturais, a elevação dos balões
de ar quente ou de hélio, e os movimentos do ar na atmosfera. Um balão de hélio, por exemplo, sobe como
resultado do efeito da flutuação até atingir uma altitude na qual a densidade do ar (que diminui com a altitude)
seja igual à densidade do hélio no balão - considerando que o balão não estoure e ignorando o peso do material do
balão. Balões de ar quente (Fig. 3-44) funcionam com princípios similares.
O princípio de Arquimedes também é usado na geologia moderna, considerando que os continentes flutuam em
um mar de magma.

FIGURA 3-44
A altitude de um balão de ar quente é controlada
pela diferença de temperatura entre o ar dentro
e fora do balão, uma vez que o ar quente é
menos denso do que o ar frio. Quando o balão
não sobe nem cai, a força de cm- puxo para cima
equilibra exatamente o peso para baixo.
PhotoLink/Getty RF

====================================================================================================
elm = cuidado com nomenclatura. Trata-se de tradução de livro do USA, em que resultou em designações esquisitas:

Usa densidade para nossa massa específica:

Usa gravidade específica para nossa densidade:

usa aqui hidrômetro para nosso densímetro - aqui há confusão no livro mesmo, mais para frente usa hidrômetro
para medidor de água também (termo usado para o medidor de consumo de água nas casas...).

EXEMPLO 3-10 Medição da gravidade específica com um hidrômetro


Se você tivesse um aquário de água do mar, provavelmente usaria um tubo de vidro cilíndrico pequeno com um
peso de chumbo no fundo para medir a salinidade da água, simplesmente observando a profundidade até a qual o
tubo afunda. Tal dispositivo, que flutua em uma posição vertical, é usado para medir a gravidade específica de um
líquido e é chamado de hidrômetro (Figura 3-45). A parte superior do hidrômetro se estende acima da superfície do
líquido e as suas divisões permitem ler diretamente a gravidade específica. O hidrômetro é calibrado para que na
água pura dê a leitura exata de 1,0 na interface entre o ar e a água. (a) obtenha uma relação para a gravidade
específica de um líquido como função da distância ∆z da marca correspondente à água pura e (b) determine a
massa do chumbo que deve ser despejado em um hidrômetro com 1 cm de diâmetro e 20 cm de comprimento
para que ele flutue até a metade (marca de 10 cm) em água pura.

SOLUÇÃO A gravidade específica de um líquido deve ser medida por


um hidrômetro. Uma relação entre a gravidade específica e a
FIGURA 3-45 distância vertical do nível de referência deve ser obtida, e a
Esquema do quantidade de chumbo a ser adicionada ao tubo em um
Exemplo determinado hidrômetro deve ser determinada.
3-10.
Hipóteses (1) 0 peso do tubo de vidro é desprezível com relação ao
peso do chumbo adicionado. (2) A curvatura da parte inferior do
tubo é desconsiderada.

Propriedades: Tomamos a densidade da água como 1.000 kg/m3.

Análise (a) Observando que o hidrômetro está em equilíbrio


estático, a força de flutuação FB exercida pelo líquido sempre deve
ser igual ao peso W do hidrômetro. Em água pura (subscrito w),
considere que a distância vertical entre a parte inferior do
hidrômetro e a superfície livre da água seja z0 . Fazendo FB,W = W
neste caso temos:

(1)

onde A é a área da seção transversal do tubo e ρw , é a densidade da


água pura.
Em um fluido mais leve do que a água ( ρf < ρw), o hidrômetro afundará mais e o nível do líquido estará a uma
distância ∆z acima de z0 . Novamente considerando FB = W temos:
(2)

Essa relação também vale para fluidos mais pesados do que a água, tomando ∆z abaixo de z0 como uma
quantidade negativa. Igualando as Equações (1) e (2) entre si, uma vez que o peso do hidrômetro é constante, e
reorganizando, temos:

que é a relação entre a gravidade específica do fluido e ∆z. Observe que z0 é constante para um dado hidrômetro
e ∆z é negativo para fluidos mais pesados do que a água pura.
(b) Desprezando o peso do tubo de vidro, a quantidade de chumbo a ser adicionada ao tubo é determinada pelo
requisito de que o peso do chumbo seja igual à força de flutuação. Quando o hidrômetro está flutuando com
metade submersa na água, a força de flutuação sobre ele é:

Igualando FB ao peso do chumbo temos:

Igualando m e substituindo, a massa do chumbo é determinada por:

Discussão Observe que se o hidrômetro precisasse afundar apenas 5 cm na água, a massa necessária de chumbo
seria metade dessa quantidade. Da mesma forma, a hipótese de que o peso do tubo de vidro é desprezível é
questionável, uma vez que a massa do chumbo é de apenas 7,85 g.
====================================================================================================

EXEMPLO 3-11 Perda de peso de um objeto na água de mar


Um guincho é usado para abaixar pesos no mar (densidade = 1.025 kg/m3) para um projeto de construção
submarina (Figura 3-46). Determine a tensão no cabo do guincho devida a um bloco de concreto retangular de
0,4m x 0,4m x 3m (densidade = 2.300 kg/m3) quando ele é (a) suspenso no ar e (b) completamente imerso na água.

FIGURA 3-46
Esquema do
Exemplo 3-11.

SOLUÇÃO Um bloco de concreto é abaixado no mar. A tensão do cabo deve ser determinada antes e depois de o
bloco estar na água.

Hipóteses (1) A flutuação do ar é desprezível. (2) O peso dos cabos é desprezível.

Propriedades As densidades são dadas como 1.025 kg/m3 para a água do mar e 2.300 kg/m3 para o concreto.
Análise (a) Considere o diagrama de corpo livre do bloco de concreto. As forças que agem sobre o bloco de
concreto no ar são seu peso e a ação de tração para cima (tensão) exercida pelo cabo. Essas duas forças devem se
equilibrar e, portanto, a tensão no cabo deve se igualar ao peso do bloco:

(b) Quando o bloco é imerso na água, existe a força adicional da flutuação agindo para cima. O balanço de forças
neste caso resulta em:

Discussão: Observe que o peso do bloco de concreto e, portanto, a tensão no cabo diminui em (10,8-6,0)/10,8 =
55% na água.
====================================================================================================

FIGURA 3-47
Para corpos flutuantes como navios, a estabilidade é uma Foto de navio
consideração importante para a segurança. © Corbis RF não copiada...

Estabilidade de corpos imersos e flutuantes


Uma aplicação importante do conceito de flutuação é a avaliação da estabilidade de corpos imersos e flutuantes
sem acessórios externos. Esse tópico é de grande importância para o projeto de navios e submarinos (Fig. 3-47).
Aqui fornecemos algumas discussões qualitativas gerais sobre a estabilidade vertical e rotacional.
Utilizamos a analogia clássica da "bola no chão" para explicar os conceitos fundamentais de estabilidade e
instabilidade. A Fig. 3-48 mostra três bolas em repouso sobre o piso. O caso (a) é estável, pois qualquer pequena
perturbação (alguém movimenta a bola para a direita ou esquerda) gera uma força de restauração (devido à
gravidade) que a retorna à posição inicial. O caso (b) é neutramente estável porque se alguém movimentar a bola
para a direita ou esquerda, ela permanecerá em sua nova localização. Ela não tem a tendência de voltar à posição
original, nem de continuar se movimentando para o outro lado. O caso (c) é uma situação na qual a bola pode estar
em repouso, mas qualquer perturbação, mesmo infinitesimal, faz a bola rolar para baixo - ela não retorna à posição
original, mas diverge dela. Essa situação é instável. E quanto ao caso no qual a bola está em um piso inclinado? Não
é apropriado discutir aqui a estabilidade desse caso, uma vez que a bola não está em estado de equilíbrio. Em
outras palavras, ela não pode estar em repouso e rolaria para baixo mesmo sem perturbação alguma.

FIGURA 3-48
A estabilidade é
facilmente entendida
pela análise de uma
bola no chão.

Para um corpo imerso ou flutuante em equilíbrio estático, o peso e a força de flutuação que agem sobre o corpo se
equilibram, e tais corpos são inerentemente estáveis na direção vertical. Se um corpo neutralmente flutuante e
imerso for elevado ou abaixado até uma profundidade diferente, o corpo permanecerá em equilíbrio naquele local.
Se um corpo flutuante for elevado ou abaixado de alguma forma por uma força vertical, o corpo retornará à sua
posição original assim que o efeito externo for removido. Assim, um corpo flutuante possui estabilidade vertical,
enquanto um corpo neutralmente flutuante e imerso é neutralmente estável, uma vez que ele não retorna à
posição original após um movimento.
A estabilidade rotacional de um corpo imerso depende dos locais relativos do centro de gravidade G do corpo e do
centro de flutuação B, que é o centróide do volume deslocado. Um corpo imerso é estável se tiver o fundo pesado
e, portanto, se o ponto G estiver diretamente abaixo do ponto B (Fig. 3-49a). Uma perturbação rotacional do corpo
em tais casos produz um momento de restauração para retornar o corpo à posição estável original. Assim, um
projeto estável de um submarino pede que os motores e as cabines da tripulação estejam localizados na metade
inferior, para transferir ao máximo o peso para o fundo. Os balões de ar quente ou hélio (que podem ser
considerados imersos no ar) também são estáveis, uma vez que o cesto que carrega a carga está na parte inferior.
Um corpo imerso cujo centro de gravidade G está diretamente acima do ponto B é instável e qualquer perturbação
fará esse corpo virar de cabeça para baixo (Fig. 3-49c). Um corpo no qual G e B coincidem é neutramente estável
(Fig. 3-49b). Este é o caso dos corpos cuja densidade é sempre constante. Para tais corpos, não há tendência de
virar ou se endireitar.

FIGURA 3-49
Um corpo imerso
neuralmente flutuante é
(a) estável se o centro de
gravidade G estiver
diretamente abaixo do
centro de flutuação B,
(b) se G e B coincidirem e
(c) instável se G estiver (b) Neutralmente estável (c) Instável
diretamente acima de B. (a) Estável
E no caso de o centro da gravidade não estar verticalmente alinhado com o centro de flutuação, como na Fig. 3-50?
Na verdade, não é apropriado discutir a estabilidade desse caso, uma vez que o corpo não está em estado de
equilíbrio. Em outras palavras, ele não pode estar em repouso e rolaria na direção de seu estado estável mesmo
sem nenhuma perturbação. O momento de restauração no caso mostrado na Fig. 3-50 tem direção anti-horária e
faz o corpo girar no sentido anti-horário para alinhar o ponto G verticalmente com o ponto B. Observe que pode
haver alguma oscilação, mas no final o corpo assenta em seu estado de equilíbrio estável [caso (a) da Fig. 3-49]. A
estabilidade inicial do corpo da Fig. 3-50 é análoga àquela da bola em um piso inclinado. Você pode prever o que
aconteceria se o peso do corpo da Fig. 3-50 estivesse no lado oposto do corpo?

FIGURA 3-50
Quando o centro de gravidade G de um
corpo neutralmente flutuante imerso não
está verticalmente alinhado com o centro
de flutuação B do corpo, ele não está em
estado de equilíbrio e gira até seu estado
estável, mesmo sem nenhuma perturbação.

FIGURA 3-51
Um corpo flutuante é
estável se tiver (a) o
fundo pesado e, portanto,
o centro de gravidade G
estiver abaixo do
centróide B do corpo, ou
(b) se o Metacentro M
estiver acima do ponto G.
Entretanto, o corpo é (c)
instável se o ponto M
estiver abaixo do ponto G.
Os critérios da estabilidade rotacional são semelhantes para corpos flutuantes. Novamente, se o corpo flutuante
tiver o fundo pesado e, portanto, o centro de gravidade G estiver diretamente abaixo do centro de flutuação B, o
corpo sempre será estável. Mas, diferente dos corpos submersos, um corpo flutuante ainda pode ser estável
quando G está diretamente acima de B (Fig. 3-51). Isso acontece porque o centróide do volume deslocado muda
para o lado até um ponto B' durante uma perturbação rotacional, enquanto o centro de gravidade G do corpo
permanece inalterado. Se o ponto B' estiver suficientemente longe, essas duas forças criam um momento de
restauração e retornam o corpo à posição original.
Uma medida da estabilidade dos corpos flutuantes é a altura metacêntrica GM, que é a distância entre o centro de
gravidade G e o metacentro M - definido como o ponto de intersecção entre as retas de ação da força de flutuação
através do corpo antes e após a rotação. O metacentro pode ser considerado um ponto fixo para a maioria das
formas de casco de navio com ângulos de rolagem pequenos de até cerca de 20°. Um corpo flutuante é estável se o
ponto M estiver acima do ponto G e, portanto, GM for positivo; e instável se o ponto M estiver abaixo do ponto G
e, portanto, GM for negativo. Nesse último caso, o peso e a força de flutuação que agem no corpo inclinado geram
um momento de inversão em vez de um momento de restauração, fazendo com que o corpo vire. O comprimento
da altura metacêntrica GM acima de G é uma medida da estabilidade: quanto maior, mais estável será o corpo
flutuante.
Como já foi discutido, um barco pode inclinar até um ângulo máximo sem emborcar, mas além desse ângulo ele
vira (e afunda). Fazemos uma analogia final entre a estabilidade dos objetos flutuantes e a estabilidade de uma
bola rolando pelo chão. Imagine uma bola em um uma vala entre duas colinas (Fig. 3-52). A bola retorna à sua
posição de equilíbrio estável depois de perturbada - até um limite. Se a amplitude da perturbação for muito
grande, a bola rola para o lado oposto da colina e não retorna à sua posição de equilíbrio. Essa situação é descrita
como estável até um nível limite de perturbação, mas além dele é instável.

FIGURA 3-52
Uma bola em uma vala entre duas colinas é estável para
pequenas perturbações, mas instável para grandes perturbações.

3-7 FLUIDOS EM MOVIMENTO DE CORPO RÍGIDO


Na Seção 3-1 mostramos que a pressão em determinado ponto tem a mesma intensidade em todas as direções e,
portanto, é uma função escalar. Nesta seção obtemos as relações da variação da pressão dos fluidos que se
movem como um corpo sólido com ou sem aceleração na ausência de tensões de cisalhamento (ou seja, não há
movimento relativo entre as camadas do fluido).
Muitos fluidos como o leite e a gasolina são transportados em caminhões-tanque. Em um caminhão-tanque em
aceleração, o fluido se desloca até a parte traseira e ocorre algum salpico inicial. Mas em seguida uma nova
superfície livre (em geral não horizontal) é formada, cada partícula do fluido assume a mesma aceleração e todo o
fluido se move como um corpo rígido. Nenhuma tensão de cisalhamento se desenvolve no corpo do fluido, uma
vez que não há deformação e, portanto, nenhuma mudança de forma. O movimento de corpo rígido de um fluido
também ocorre quando o fluido está contido em um tanque que gira sobre um eixo.

Considere um elemento fluido retangular diferencial com comprimentos la-


4.1 Exercícios
1) A estática dos fluidos mantém seu foco de estudo nos fluidos em repouso, ou seja, nos
fluidos em que as partículas não se movem umas em relação às outras. Relacionado a esse
assunto, é correto afirmar:

A) O estudo da estática dos fluidos se baseia apenas nas tensões de cisalhamento.

B) O fluido e o recipiente se caracterizam por permanecerem estáticos, com velocidade e


aceleração iguais a zero.

C) O estudo das forças hidrostáticas aborda questões relacionadas aos fluidos gasosos ou
líquidos, os quais têm relação direta com os campos gravitacionais.

D) Ao analisarmos determinado ponto imóvel em um fluido em repouso, é possível afirmar que a


pressão no ponto varia de acordo com a direção de sua aplicação.

E) A pressão será sempre igual ao longo da direção vertical.

1 Gab C = No estudo da estática dos fluidos, as tensões de cisalhamento são consideradas nulas. O movimento
existe, porém ele ocorre como se todo fluido se comportasse como um corpo sólido, como, por exemplo, um
copo de água que gira em torno de seu próprio eixo vertical. Em relação a um ponto em um fluido em repouso, a
pressão é a mesma em todas as direções. A pressão sofre alterações na pressão, conforme variações na direção
vertical.

A única tensão com a qual tratamos na estática dos fluidos é a tensão normal, que é a pressão, e a variação da
pressão se deve só ao peso do fluido. Assim, o tópico da estática dos fluidos tem significado apenas nos campos
gravitacionais, e as relações de força desenvolvidas naturalmente envolvem a aceleração da gravidade.
2) O empuxo é definido como uma força vertical que age sobre um corpo, o qual pode estar
submerso ou parcialmente imerso. Para que seja possível determinar a força de empuxo, é
preciso levar em consideração a densidade do fluido, a gravidade e:

A) a forma do recipiente.

B) a profundidade do corpo.

C) a pressão atmosférica.

D) as dimensões do corpo.

E) o volume de fluido deslocado.

2 Gab E = A forma do recipiente não tem relação com a força do empuxo. A profundidade em que o corpo se
encontra não tem relação com a determinação da pressão em determinado ponto do fluido. A pressão
atmosférica não influencia a força de empuxo. As dimensões do corpo não são consideradas na determinação
do empuxo.
3) Um corpo flutuante pode ser definido como um corpo que permanece em equilíbrio quando
ele estiver parcial ou totalmente imerso em um líquido. As forças atuantes nesse corpo são a
força peso e a força de empuxo, que se caracterizam por:

A) apresentar intensidades diferentes e sentidos opostos.

B) apresentar intensidades iguais, direção e sentido opostos.

C) apresentar a mesma direção e intensidade, mas sentidos opostos.

D) apresentar intensidades iguais e sentidos iguais.

E) apresentar intensidades diferentes, com direção e sentidos iguais.

3 Gab C = A intensidade da força peso e da força de empuxo é igual. A força peso e a de empuxo apresentam
direções iguais. Os sentidos da força de empuxo e da força peso são opostos. As intensidades são iguais, e os
sentidos são opostos.
4) Uma piscina tem um desnível entre a parte mais rasa e a parte mais funda, com inclinação de
q=30°em relação a horizontal, com um comprimento (b) de 3 metros e (s) de 1 metro. A
distância entre a superfície do fluido e a aplicação da força resultante (YP) é de 3 metros. A
largura (a) da superfície inclinada é de 3 metros. Determine a força resultante, considerando
a aceleração da gravidade (g) de 9,81m/s2, a densidade da água (r) de 1.000 kg/m3.e a
pressão atmosférica de 101,3 kPa. Assinale a alternativa correta em relação à força
resultante da situação abordada.

A) 1.022,1kPa.

B) 122,1kPa.

C) 1.022,1Pa.

D) 1.022,1MPa.

E) 1.022,1GPa.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Ex. 4 da Aula 4.1 Estática dos Fluidos II
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- O enunciado pede para calcular uma FORÇA e todas as opções constam PRESSÃO.
- O enunciado deveria conter desenho do caso a da figura 2 do Conteúdo do Livro para identificar as dimensões geométricas (só assim
dá para entender o enunciado).
Obs.1: Assinalei opção A por achar que será a escolhida pelo gabarito (valor que cheguei para força).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:

4 Gab A elm 01abr23 - Ex. 4 (Aula 4.1 Estática dos


Fluidos II)
Pós Gabarito.
Pleito: anular o exercício.
Motivo: a justificativa do gabarito apresenta
1022,1 kN e a opção consta 1022,1 kPa (logo
errada). Além de estar faltando figura que
possibilite entender o enunciado.
5) Com o aumento na quantidade das chuvas, o nível de um rio sobe consideravelmente,
mantendo uma área de lazer a 6 metros de profundidade (h). Essa área de lazer é feita de
concreto armado e tem 5 metros de largura (a) por 5 metros de comprimento (b). Determine
a força resultante aplicada pela água na superfície da área de lazer, considerando a
aceleração da gravidade (g) de 9,81m/s2 e a densidade da água (r) de 1.000kg/m3. Depois,
assinale a alternativa correta em relação à força resultante da situação abordada.

A) 400,4N.

B) 400,4kN.

C) 4.004kN.

D) 4.004MPa.

E) 4.004GPa.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Dúvida Superfícies Submersas (Aula 4.1 Estática dos Fluidos II)
Pergunta: em geral, ao analisar a força resultante em superfícies de comportas, paredes de piscina, fundo de lagos, não deveríamos
levar em conta apenas a pressão manométrica (já que a pressão atmosférica atua nos dois lados)?
Obs.1: Se proceder, ou seja, em geral pressão atmosférica puder ser desconsiderada, em quais situações deveríamos considerar
pressão absoluta? (acho que teria de ter um dos lados completamente vedado à atmosfera e que isso não ocorre em obras civis).

5 Gab C
4.1 Na prática
Todo tipo de veículo que se locomove sobre a água ou abaixo da superfície, como no caso dos
submarinos, teve seu desenvolvimento possível devido à teoria do matemático e inventor grego
Arquimedes, que determinou o tipo de influência que a força de empuxo impõe sobre os corpos em
contato com os fluidos.

Na Prática, você verá a contextualização sobre a imersão de um submarino, desde a superfície do


oceano até elevadas profundidades, em que poderá ter noção da importância do estudo da estática
dos fluidos, mais especificamente dos estudos relacionados às forças de empuxo e estabilidade dos
corpos.

Quando se pensa em um navio, nota-se que parte de seu casco fica submersa, enquanto a outra parte fica para
fora da água. Essa capacidade que o navio apresenta de não afundar recebe o nome de flutuabilidade.

Nesse caso, a flutuabilidade é positiva, porém, no caso dos submarinos, a flutuabilidade é negativa.

Porém, como um submarino é capaz de flutuar e de submergir a qualquer momento?


A flutuabilidade, no caso dos submarinos, é controlada por meio de enormes reservatórios espalhados ao longo do
submarino, os quais se enchem e se esvaziam de acordo com a necessidade.

Quando o submarino se encontra na superfície, os tanques de lastro encontram-se cheios de ar (não contêm
água).

A partir do momento em que as válvulas do lastro são abertas, ao ar contido no interior do reservatório é expelido
pela parte superior do lastro, permitindo a entrada de água no reservatório. Nesse momento, o submarino começa
a submergir.

Quanto mais água entra nos reservatórios, mais pesado se torna o submarino e, por consequência, maior será a
profundidade que ele poderá submergir.

Estando completamente submerso, equipamentos de monitoramento vão controlando a profundidade em que o


submarino se encontra, permitindo que ele navegue conforme a profundidade desejada.

COMO O SUBMARINO VOLTA À SUPERFÍCIE?

Para que o submarino volte à superfície, os tanques de lastro são preenchidos com ar comprimido e a água é
escoada para fora dos reservatórios, tornando o submarino mais leve.

Claro que os tanques de lastro


são projetados para que o
submarino desça somente até
determinada profundidade,
pois quanto maior for a
profundidade atingida, maior
será a pressão atuante sob o
submarino, e, se esse limite
não for respeitado, poderá
comprometer o submarino e a
vida de todos os tripulantes.
4.1 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Empuxo — estabilidade das embarcações


Para saber mais sobre o empuxo e a estabilidade das embarcações, assista a este vídeo.
https://youtu.be/YA4WNgI4mMw
Física Prof Breno de Moraes

comete o erro de falar que navio só estável se G


6 min Metodo RARE
abaixo de B, nem fala do Metacentro...

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Uma análise da flutuação dos corpos e o princípio de


Arquimedes
Para você ampliar seu conhecimento sobre o princípio de Arquimedes, leia este artigo.

https://www.scielo.br/j/rbef/
a/8Z3WZzDzpJLdJGKpvNSZ4Pr/?lang=pt

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Força hidrostática sobre uma superfície plana submersa — EX


01
Para conhecer mais sobre a força hidrostática sobre uma superfície plana submersa, assista a este
vídeo.

https://youtu.be/i11w99mVH80

17 min Gigantes da Engenharia

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
4.1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

AVANCINI, Margaret Busse. Por que os navios flutuam? Métodos computacionais para
Licenciatura UFRGS 2003/2. Disponível em:
http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20032/Margaret/porque_os_navios_flutuam_e_os_su.htm?fbclid
=IwAR1IF3jQf-hOMIk1D7Irbbl2X3WLdoMU6a6bABF2g2Czgy63gBs52PGkLtg. Acesso em: 19
jun. 2019.

BATALHA, Elisa; BENTO, Silvio. Eureka! Saiba como Arquimedes criou o conceito de empuxo
tomando banho. EBC, 13 ago. 2015. Disponivel em: http://www.ebc.com.br/infantil/voce-
sabia/2015/08/eureka-saiba-como-arquimedes-criou-o-conceito-de-empuxo-tomando-banho.
Acesso em: 21 jun. 2019.

BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2008.

ÇENGEL, Yunus A.; CIMBALA, John M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. Porto
Alegre: AMGH, 2007.

FOX, R. W.; MCDONALD, A.T.; PRITCHARD, P. J. Introdução à mecânica dos fluidos. 8. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2014.

SHUTTERSTOCK, Banco de imagens.

WHITE, Frank M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

SAGAH, 2019.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Escoamento Laminar

4.2 Apresentação
O escoamento laminar ocorre quando o fluido, geralmente com alta viscosidade e sob baixas
velocidades, move-se ao longo de trajetórias bem definidas, como lâminas ou camadas, não
havendo mistura macroscópica de camadas de fluidos adjacentes. Também é conhecido como
escoamento em regime laminar, caracterizado por deslocamentos paralelos. As partículas se
movem, ordenadamente, durante o escoamento laminar, com posição relativa a todo instante.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a descrever o escoamento laminar e a explicar o


escoamento de Poiseuille. Por fim, você reconhecerá as aplicações de elementos finitos ao
escoamento laminar.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever escoamento laminar.

• Compreender o escoamento de Poiseuille.

• Reconhecer aplicações de elementos finitos ao escoamento laminar.


4.2 Desafio
Os tipos de escoamento dependem do tipo de fluido em relação ao conjunto de grandezas de
velocidade e viscosidade e do local (diâmetro do tubo ou recipiente) por onde o fluxo do fluido
estará percorrendo a trajetória.

Observe a situação a seguir.

Você trabalha em uma indústria que possui dutos de exaustão industrial, sendo estes tubos interligados aos
exaustores, e servem para exaustão de odores e poluentes produzidos pela fábrica.

Consequentemente, os dutos de exaustão são importantes para a climatização e para a segurança do


ambiente de trabalho.

Agora, imagine que você, como engenheiro, precisará realizar a manutenção e a limpeza desses
dutos de exaustão; assim, deverá conhecer o tipo de escoamento e o fluido que passa por ele.
Sabendo disso, responda:

a) Qual o tipo de fluido transportado pelos dutos de exaustão? Justifique.

b) Qual seria o tipo de escoamento para esse tipo de fluido e o diâmetro dos dutos? Justifique.

elm = a) Fluido transportado: Ar contaminado com odores e poluentes gerados pela fábrica.
b) O escoamento deve garantir a exaustão adequada de todos os pontos de captação, pontos de captação
adequados e dutos com material e dimensões que atendam os critérios técnicos e econômicos do sistema.

Padrão de resposta esperado

a) Considerando que os fluidos transportados sejam os gases, salienta-se que eles são fluidos compressíveis, pois
a densidade muda de acordo com a pressão. Quando o gás entrar no duto de exaustão, ocupará todo o seu
volume. A variação de volume também é uma característica dos fluidos compressíveis. Além disso, o fluido
compressível é um fluido que possui baixa viscosidade.

b) Caso o número de Reynolds seja menor que 2.000, o escoamento será laminar; se for maior que 2.400, o
escoamento será turbulento. O fluido compressível é um fluido não viscoso, e pelo fato de o tubo ser reto e ter
diâmetro constante, poderá ser previsto que o escoamento seja do tipo laminar dentro do tubo.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Desafio (Aula 4.2 Escoamento Laminar) - PÓS GABARITO
Pleito: Corrigir Gabarito (Padrão de Resposta)
Justificativa:
- a) Fluido deve ser tratado como incompressível, pois o Desafio trata de caso prático (ventilação industrial) para projeto de dutos de
exaustão. Copio pág. 205 do Cengel 2015 sobre escoamento incompressível: " Essa condição é satisfeita por líquidos e também por gases
com números de Mach menores que 0,3 , uma vez que os efeitos da compressibilidade e, portanto, as variações de densidade dos gases,
são desprezíveis em velocidades relativamente baixas como essas."
- b) O escoamento será turbulento. Ao calcularmos Reynods pacra condições reais "limites" tentando atingir Re<4000: duto pequeno,
D=100mm ; velocidade baixa V=2,5 m/s (**) ; ar (20°C;c1atm) com massa específica 1,204 kg/m^3c e viscosidade dinâmica 2,074*10^-5
kg/(m*s) , obtemos Re = 14513, como Re>4000, o escoamento é turbulento. (**) A velocidade de exaustão de contaminantes industriais
em dutos vai de 5 m/s (gases, vapores, fumaça) até mais de 22 m/s (poeiras pesadas ou úmidas) - o valor 2,5 m/s é o mínimo para cozinhas
industriais (Abnt 14518/2020).
Obs.1: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme apenas que "será encaminhado ao setor responsável" para melhora do
material.
Imagem do padrão de resposta divulgado em abr/2023:
4.2 Infográfico
O escoamento laminar de um fluido se comporta de maneira diferente do escoamento turbulento;
ambos são classificados de acordo com o comportamento que o fluxo terá em direção ao caminho
que percorrerem as suas partículas, considerando o estado de organização ao escoar. O
escoamento laminar é classificado como regular, já o escoamento turbulento costuma ser irregular.

No Infográfico a seguir, você vai entender a diferença entre o escoamento laminar e o escoamento
turbulento. Além disso, você verá quando eles ocorrem.

ESCOAMENTO LAMINAR E ESCOAMENTO TURBULENTO PRINCIPAIS DIFERENÇAS

ESCOAMENTO LAMINAR
No escoamento laminar, também chamado de escoamento em regime laminar, as partículas de um fluido movem-
se por trajetórias bem definidas, invariáveis e repetitivas, através de lâminas ou camadas

Nesse tipo de escoamento:


> O fluido se move em camadas, sem ocorrência de misturas e de alteração de velocidade.
> Ocorre com fluidos com viscosidade alta.
> A viscosidade amortece o surgimento de turbulência dentro do fluido.
As partículas seguem ordenadamente em linhas de fluxo, tendo troca de
quantidade de calor. É um escoamento sereno.

Exemplo do escoamento laminar


A água que sai de uma torneira forma um fio contínuo, com ausência de turbulência.

ESCOAMENTO TURBULENTO

No escoamento turbulento, as partículas do fluido não se movem em trajetórias bem definidas; sendo assim, são
irregulares, com movimento aleatório.
Esse tipo de escoamento, também chamado de regime turbulento ou turbilhonar, ocorre em fluidos com baixa
viscosidade.
É desordenado, não estacionário e apresenta muitas variações de velocidade. Não é um escoamento sereno.

Exemplo do escoamento turbulento


A fumaça do cigarro, quando é solta pela boca do ser humano, começa a percorrer uma trajetória onde inicia a
troca de calor com o ar, em alta velocidade e de forma turbulenta.

DIFERENÇAS ENTRE O ESCOAMENTO LAMINAR E O ESCOAMENTO TURBULENTO

Escoamento laminar:
As partículas percorrem a trajetória por onde passa o fluxo do fluido de forma serena.
Ocorre com fluidos de viscosidade alta.

Escoamento turbulento:
As partículas percorrem a trajetória por onde passa o fluxo do fluido de forma turbulenta.
Ocorre com fluidos de viscosidade baixa.
4.2 Conteúdo do livro
O escoamento laminar é o regime dos fluidos viscosos; entretanto, nesse tipo de escoamento, não
existe mistura entre as camadas dos fluidos. Em um escoamento laminar, o fluido se move em
camadas ou em lâminas, sofrendo intervenção de forças viscosas.

No capítulo Escoamento laminar, da obra Mecânica dos fluidos, você aprenderá a descrever o
escoamento laminar e a explicar o escoamento de Poiseuille. Por fim, você reconhecerá as
aplicações de elementos finitos ao escoamento laminar.

Boa leitura.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Conteúdo do Livro (Aula 4.2 Escoamento Laminar)
Pleito: Substituir pelo cap. 8 do Cengel 2015 ou então revisão geral detalhada de conteúdo e formatação.
Justificativa:
- Há várias inconsistências de conteúdo e forma, vou apenas exemplificar: inúmeras variáveis com subscritos não
formatados (tamanho da fonte igual ao da variável), erro flagrante nas três equações da p.4, ora usa U ora Q para
indicar vazão, designa apenas de "Stokes" a equação de Navier-Stokes e apresenta essa equação com erro de
formato e conteúdo.
Obs.1: Acho que os livros capa laranja da Sagah deveriam ser evitados, geralmente o conteúdo é um apanhado de
transcrições de livros melhores, porém, infelizmente, com qualidade pior (provavelmente publicados com pouca
ou sem revisão).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme apenas que "será encaminhado ao setor
responsável" para melhora do material.
SUMÁRIO

Introdução à mecânica dos fluidos 13 _ Pollianna Jesus de Paiva Mendes Godoi ___ Definição de fluido 13 ___
Aspectos gerais da mecânica dos fluidos 18 ___ Diferença entre gases e líquidos 20

Propriedades dos fluidos 25 _ Pollianna Jesus de Paiva Mendes Godoi ___ Massa específica, peso específico e peso
relativo 25 ___ Compressibilidade dos fluidos e diferença entre tensão e pressão 27 ___ Definição de forma,
volume e pressão 29

Tipos de fluidos 33 _ Pollianna Jesus de Paiva Mendes Godoi ___ Fluido ideal e fluido perfeito 33 ___ Fluido real e
fluido viscoso 36 ___ Fluido não viscoso 38

Viscosidade dos fluidos 41 _ Pollianna Jesus de Paiva Mendes Godoi ___ Resistência ao corte dos fluidos 41 ___ Lei
de Newton da viscosidade 43 ___ Fluidos dilatantes 45

Escoamento incompressível de fluidos não viscosos 49 _ Pollianna Jesus de Paiva Mendes Godoi ___ Definição 49
___ Equações de Euler e Bernoulli 54 ___ Equação irrotacional 56

Estática dos fluidos 61 _ Pollianna Jesus de Paiva Mendes Godoi ___ Efeito da pressão no interior de um fluido 61
___ Forças de pressão em superfícies finitas 65 ___ Demonstração da estática dos fluidos 66

Escoamento laminar 73 _ Pollianna Jesus de Paiva Mendes Godoi ___ Definição 73 ___ Escoamento de Poiseuille
75 ___ Aplicações de elementos finitos ao escoamento laminar 77

Hidrostática 81 _ Pollianna Jesus de Paiva Mendes Godoi ___ Pressão hidrostática 81 ___ Condições de repouso de
um fluido 83 ___ Princípio de Arquimedes 84

Gases perfeito 89 _ Germano Scarabeli Custódio Assunção ___ Definição de gás e conceito de gás perfeito 89 ___
Propriedades físicas e gases perfeitos 92 ___ Gases perfeitos e aplicação em dutos adiabáticos 99

Pressão de vapor 105 _ Germano Scarabeli Custódio Assunção ___ Fases, substâncias puras e o vapor 105 ___
Processos de mudança de fase e pressão de vapor 109 ___ Vapor, pressão de vapor e suas aplicações 115

Máquinas de fluxo: bombas 121 _ Germano Scarabeli Custódio Assunção ___ Princípios de funcionamento de
bombas 121 ___ Equações da energia mecânica em bombas 126 ___ Cálculo de rendimento de bombas 129

Perda de carga no escoamento de fluido 183 _ Germano Scarabeli Custódio Assunção ___ Classificações dos
escoamentos 184 ___ Número de Reynolds 187 ___ Perda de carga em escoamentos internos 190

Testes aerodinâmicos 199 _ Germano Scarabeli Custódio Assunção ___ Escoamento externo e aerodinâmica 199
___ Estudos de modelos aerodinâmicos 203 ___ Análises usando túneis de vento 208
Ver cópia de
trecho de
Vários erros!
Cengel após
Conteúdo do
Livro!

Escoamento laminar
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Descrever o escoamento laminar.


„„ Compreender o escoamento de Poiseuille.
„„ Reconhecer aplicações de elementos finitos ao escoamento laminar.

Introdução
Neste capítulo você vai estudar o escoamento laminar, que ocorre durante
o fluxo de fluidos com viscosidade, comumente em tubulações ou em
locais que possuam pouca variação de espessura ou de diâmetro, de
formas praticamente constantes. Sendo assim, nesse tipo de escoamento,
não há mistura entre as camadas ou entre as lâminas dos fluidos.

Escoamento laminar
Existem diversos tipos de escoamentos, mas o escoamento laminar e o es-
coamento turbulento são classificados assim devido ao comportamento das
partículas do fluido durante sua trajetória de escoamento.
No geral, um engenheiro deve primeiramente estimar o intervalo do número
de Reynolds do escoamento em estudo. O número de Reynolds (Re) muito
baixo indica movimento viscoso muito lento, no qual os efeitos da inércia são
desprezíveis. O número de Reynolds moderado implica escoamento laminar
com variação suave (WHITE, 2018).
2 Escoamento laminar

Em um escoamento laminar, a mistura das partículas de fluido é mínima,


o movimento é suave e sem ruídos, como a água que escorre lentamente de
uma torneira. Se uma tintura é injetada em um escoamento laminar, esta
permanece nítida e clara por um período de tempo relativamente longo. A
tintura ficaria imediatamente difusa se o escoamento fosse turbulento. Uma
simples apresentação de V(t) não basta para decidirmos se um escoamento é
laminar ou turbulento. Para ser turbulento, o movimento deve ser aleatório,
mas também é preciso ocorrer a mistura das partículas de fluido (POTTER;
WIGGERT, 2008).
Alguns escoamentos são suaves e ordenados, enquanto outros são consi-
deravelmente caóticos. O movimento altamente ordenado dos fluidos, carac-
terizado por camadas suaves deste, é denominado laminar. A palavra laminar
tem origem no movimento de partículas adjacentes do fluido, agrupadas em
lâminas. Os escoamentos de fluidos com alta viscosidade e baixas velocidades,
como os óleos, são tipicamente laminares (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).
Segundo Çengel e Cimbala (2015), uma quantidade de interesse para a
análise do escoamento em tubo é a queda de pressão ΔP, considerando que
esta está diretamente relacionada aos requisitos de potência do ventilador ou
da bomba para manter o escoamento. Observamos que dP/dx = constante,
e que a integração de x = x1, na qual a pressão é P1 a x = x1 + L, em que a
elm = copiou pressão é P2, resulta em:
trechos
truncado do dP P2 – P1
=
Cengel e com dx L
erros de
formatação A queda de pressão pode ser expressa pela equação do escoamento laminar:
(subcritos) e
contéudo, 8μLVmed 32μLVmed elm = ver Poiseuille adiante.
∆P = P1 – P2 = R2 = D2 Aqui apareceu e?
ficou ruim,
difícil de
entender, O símbolo Δ geralmente é usado para indicar a diferença entre os valores
MELHOR VER
final e inicial, como em Δy = y2 – y1. No entanto, no escoamento de fluidos,
CENGEL
mesmo... ΔP é usado para designar a queda de pressão e, portanto, esta é P1 – P2. Uma
queda de pressão devido aos efeitos viscosos representa uma perda irrever-
sível de pressão e é chamada de perda de pressão ΔPL, para enfatizar que se
Ver cópia de
trecho de trata de uma perda, assim como a perda de carga hL, que é proporcional a ela
Cengel após (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).
Conteúdo do O escoamento laminar ocorre quando o fluido se move em camadas ou
Livro! lâminas, havendo somente a troca de movimento molecular. Esse tipo de
escoamento amortece qualquer turbulência com as forças viscosas de cisalha-
mento, dificultando o movimento relativo entre as lâminas. No escoamento
Escoamento laminar 3

turbulento ocorre o contrário, visto que as partículas fluidas estão em constante


turbulência. Osborne Reynolds (1842-1912) estudou os dois escoamentos e
chegou à equação
ρVD
μ

na qual ρ corresponde à massa específica, V corresponde à velocidade


característica, D corresponde ao diâmetro pelo qual o fluxo do fluido passa
e μ corresponde à viscosidade.

Considerando escoamentos internos em tubos, entre placas paralelas e cilindros


giratórios e em canais abertos, se o número de Reynolds for relativamente baixo, o
escoamento é laminar. Se o número de Reynolds for relativamente alto, o escoamento
é turbulento. Para escoamentos em tubos, pressupõe-se que o escoamento é laminar
se Re < 2.000. Para escoamentos entre placas paralelas, ele é laminar se Re < 1.500.
Para o escoamento entre cilindros concêntricos giratórios, ele é laminar e escoa em
movimento circular abaixo de Re < 1.700. Nos canais abertos de interesse, pressupõe-se
que o escoamento é turbulento (POTTER; WIGGERT, 2008).
Pode ocorrer a transferência do escoamento laminar para o escoamento turbu-
lento durante a ocorrência em um determinado local. Para isso, deve-se conside-
rar que o número de Reynolds seja maior que 2.000 e menor que 3.000, ou seja,
2.000 < Re <2.400.

Escoamento de Poiseuille
Em meados do século XIX, o médico Jean Poiseuille (1797–1869) mediu com
precisão o escoamento de fluidos múltiplos em tubos capilares (ÇENGEL;
CIMBALA, 2015).
A unidade da viscosidade absoluta (µ) é o poise, que recebeu esse nome
em homenagem a ao médico francês que em 1840 realizou experimentos
pioneiros com escoamento de água em tubos. Um poise equivale a uma
g/(cm ∙ s). A unidade da viscosidade cinemática (ⱱ) é o stokes, que recebeu esse
nome em homenagem ao físico britânico George Gabriel Stokes, que em 1845
ajudou a desenvolver as equações diferenciais parciais básicas da quantidade
4 Escoamento laminar

de movimento dos fluidos. Um stokes equivale a um cm²/s. A água a 20°C


tem µ ≈ 0,01 poise e ⱱ ≈ 0,01 stokes (WHITE, 2018).
A velocidade média do escoamento laminar em um tubo horizontal é

(P1 – P2)R2 (P1 – P2)D2 ∆PD4


Vmed = 8μL = 32μL = 32μL

A equação abaixo é conhecida como lei de Poiseuille, e esse escoamento


é chamado de escoamento de Hagen-Poiseuille em homenagem aos trabalhos
desenvolvidos por Gotthilf Hagen (1797-1884) e Poiseuille sobre o assunto.
Para uma vazão especificada, a queda de pressão e, portanto, a potência
necessária para o bombeamento, é proporcional ao comprimento do tubo e à
viscosidade do fluido, mas é inversamente proporcional à quarta potência do
raio (ou diâmetro) do tubo. Assim, o requisito de potência de bombeamento de
um sistema de tubos pode ser reduzido a um fator de 16, dobrando o diâmetro
do tubo. Obviamente, os benefícios da redução dos custos de energia devem
ser ponderados em relação ao maior custo de construção, acarretado pelo uso
de um tubo com diâmetro maior (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).

(P1 – P2)R2 2 (P1 – P2) ∆PD4


aqui esse U é vazao.... U = Vmed · Ac = R = 128μL D4 = 128μL
8μL

A queda de pressão ΔP é igual à perda de pressão ΔPL no caso de um tubo


horizontal, mas esse não é o caso dos tubos inclinados ou dos tubos com área
de seção transversal variável (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).
Se ambas as placas são estacionárias e o escoamento se deve apenas a um
gradiente de pressão, trata-se de um escoamento de Poiseuille (POTTER;
WIGGERT, 2008).
A lei de Poiseuille, de forma simplificada, relaciona a vazão de um tubo
cilíndrico ao transportar um fluido viscoso, podendo ser representada pela
equação:
PD4 deveriam ser iguais, parece
já aqui usa Q para vazão.... Q=
8lμ que esta aqui está mal (128)

na qual Q corresponde à vazão, R corresponde ao raio do tubo, L corres-


ponde ao comprimento, P corresponde à pressão e µ corresponde ao coeficiente
de viscosidade.
Escoamento laminar 5

A equação de Poiseuille serve para descrever fluidos incompressíveis de


baixa viscosidade, escoando por um tubo circular de seção constante.

Para maiores detalhes sobre o escoamento laminar e turbulento, assista ao vídeo a


seguir.

https://goo.gl/5TNZLm

https://youtu.be/sFjJ5DFVwA0 10 min Responde aí

Aplicações de elementos finitos ao escoamento


laminar
Os elementos finitos são utilizados em diversas áreas da engenharia, como
estruturas e escoamentos de fluidos. Por isso, utiliza-se o método de elemen-
tos finitos (MEF), que busca soluções numéricas utilizando equações que
representam o problema real, com o intuito de encontrar soluções para esses
problemas.
Esse método prevê a divisão da parte unida e contínua em número finito,
mais conhecido como elementos finitos. As propriedades do material a ser
analisado podem ser observadas pelos elementos finitos.
Em locais tensionados existem nós, que variam de acordo com a quantidade
de tensão aplicada. Quanto mais tensões houver, mais nós surgirão. Os ele-
mentos finitos podem ser lineares, tridimensionais ou de superfície, podendo
ter forma triangular ou quadrada, curva ou retilínea.
O método de elementos finitos é utilizado para fluídos com comportamento
linear e não linear com grandes escoamentos.
Para entender os elementos finitos em escoamento laminar, pode ser con-
siderado o estudo do fluxo de água dentro de uma válvula, por exemplo. A
fórmula de Stokes é utilizada para encontrar as velocidades e as pressões de
campos vetoriais pelo método de elementos finitos.

Deve ser Navier-Stokes...


6 Escoamento laminar

Segundo White (2018), a fórmula de Navier-Stokes é representada pela


equação
∂v
p = ρg – ∇p + μ∇2V
∂t

na qual ∇ corresponde ao gradiente, µ corresponde à viscosidade e V


corresponde à velocidade.
A equação de Stokes é aplicável a sistemas não lineares, em campos de
vetoriais abstratos de diversos tamanhos, traçando o movimento dos fluidos
não rarefeitos em espaço físico.
Existem diversos softwares que realizam esse tipo de simulação pela mode-
lação e pela análise de questões geométricas e comportamentais de um fluido
em determinado local. Essa análise também é conhecida como FEA (análise
de elementos finitos), que auxilia na identificação de problemas referentes à
vazão de fluidos. Um dos softwares mais utilizados na engenharia aeronáutica
é o Femap, entre outros que são bastante utilizados nas indústrias, como o
MSC Nastran. Observe alguns exemplos nas Figuras 1 e 2.

Figura 1. Malhas de simulação de elementos finitos na tela do software de simulação.


Fonte: mofaez/Shutterstock.
Escoamento laminar 7

Figura 2. Outro exemplo de malhas de simulação de elementos finitos


na tela do software de simulação.
Fonte: mofaez/Shutterstock.

Para mais detalhes sobre os elementos finitos, assista ao vídeo a seguir.

https://goo.gl/vuUyLK

O fluxo laminar é muito utilizado na engenharia aeronáutica. O ar natural passa pela


asa do avião, diminuindo a pressão do fluxo, tendo a sua camada limite como a laminar.
Dessa forma, o arrasto sobre o avião diminui, resultando em menor consumo de
combustível.
O escoamento laminar também pode acontecer em um túnel de vento, pela utilização
de tubos horizontais. Observa-se que, nesse caso, o deslocamento de ar em torno do
tubo é do tipo laminar.
8 Escoamento laminar

ÇENGEL, Y. A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. 3. ed.


Porto Alegre: AMGH; Bookman, 2015. 1016 p.
POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: Bookman, 2018. 258 p.
WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: AMGH; Bookman, 2018. 864 p.

Leituras recomendadas
BISTAFA, S. R. Mecânica dos fluidos: noções e aplicações. 2. ed. São Paulo: Blucher,
2016. 348 p.
BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. 431 p.
COELHO, J. C. M. Energia e fluidos: vol. 2: mecânica dos fluidos. São Paulo: Blucher,
2016. 394 p.
ELEMENTOS Finitos: primeiros passos. [S. l.: S. n.], 2016. 1 vídeo (10 min 31 s). Publicado
pelo canal ENSUS ENGENHARIA LTDA. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=KjR0V1Deysc. Acesso em: 13 mar. 2019.
ESCOAMENTO Interno Viscoso e Incompressível - Escoamento laminar e turbulento e
Perda de carga. [S. l.: S. n.], 2019. 1 vídeo (10 min 20 s). Publicado pelo canal Responde
Aí. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sFjJ5DFVwA0. Acesso em: 13
mar. 2019.
HIBBELER, R. C. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Pearson, 2016. 832 p.
VISCOSIDADE e fluxo Poiseuille. [S. l.: S. n.], 2015. 1 vídeo (11 min 12 s). Publicado pelo canal
Khan Academy Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=f9XgJjkrM4c.
Acesso em: 13 mar. 2019.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 4.2
8-4 ESCOAMENTO LAMINAR EM TUBOS

Mencionamos na Seção 8-2 que o escoamento em tubos é laminar para Re≤ 2300 e que o escoamento é
completamente desenvolvido se o tubo for suficientemente longo (em relação ao comprimento de entrada), de
modo que os efeitos da entrada são desprezíveis. Nesta seção, consideramos o escoamento laminar estacionário de
um fluido incompressível com propriedades constantes na região completamente desenvolvida de um tubo circular
reto. Obtemos a equação de momento aplicando um balanço de momento a um elemento de volume diferencial e
obtemos o perfil de velocidade resolvendo-a. Em seguida, usamos essa equação para obter uma relação para o
fator de atrito. Um aspecto importante dessa análise é o fato de ela ser uma das poucas disponíveis para o
escoamento viscoso.
No escoamento laminar completamente desenvolvido, cada partícula de fluido se move a uma velocidade axial
constante ao longo de uma linha de corrente e o perfil de velocidade u(r) permanece inalterado na direção do
escoamento. Não há movimento na direção radial e, portanto, a componente da velocidade na direção normal ao
escoamento é zero em toda parte. Não há aceleração, uma vez que o escoamento é estacionário e completamente
desenvolvido

FIGURA 8-11
Diagrama de corpo livre de um
elemento de fluido diferencial em
forma de anel de raio r, espessura
dr e comprimento dx orientado
coaxialmente a um tubo horizontal
no escoamento laminar
completamente desenvolvido. (O
tamanho do elemento de fluido é
bastante exagerado para maior
clareza).

Agora considere um elemento de volume diferencial em forma de anel de raio r , espessura dr e comprimento dx
orientado coaxialmente com o tubo, como mostra a Fig. 8-11. O elemento de volume envolve apenas os efeitos da
pressão e viscosos e, portanto, as forças de pressão e de cisalhamento devem se contrabalançar. A força da pressão
agindo em uma superfície plana submersa é o produto da pressão no centróide da superfície pela área da
superfície. Um balanço de força do elemento de volume na direção do escoamento resulta em:

(8-9)

indicando que no escoamento completamente desenvolvido em um tubo horizontal, as forças viscosas e de


pressão se contrabalançam. Dividindo por (2*pi*dr*dx) e reorganizando:

(8-10)

Tomando o limite quando dr, dx → 0, temos:


(8-11)

Substituindo τ = − µ (du/dr) , dividindo-se por r e tomando μ = constante, temos a equação desejada:

(8−12)
A quantidade du/dr é negativa no escoamento de tubo, e o sinal negativo é incluído para obter valores positivos
para τ. (Ou du/dr = − du/dy , se definimos que y = R − r). O lado esquerdo da Equação 8-12 é uma função de r e o
lado direito é uma função de x. A igualdade deve ser mantida para todo valor de r e x, e uma igualdade da forma
f(r) = g(x) pode ser satisfeita apenas se f(r) e g(x) forem iguais a uma mesma constante. Assim, concluímos que a
dP/dx = constante. Isso pode ser verificado escrevendo um balanço de força em um elemento de volume de raio R
e espessura dx (uma fatia do tubo, como na Fig. 8-12) que resulta em:

(8−13)

Aqui τw, é constante, uma vez que a viscosidade e o perfil de velocidade são constantes na região completamente
desenvolvida. Assim, dP/dx= constante.

FIGURA 8-12
Diagrama de corpo
livre de um
elemento de disco
de fluido de raio R
e comprimento dx
no escoamento
laminar
completamente
desenvolvido de
um tubo horizontal.

A Equação 8-12 pode ser resolvida reorganizando e integrando duas vezes, resultando em:

(8-14)

O perfil de velocidade u(r) é obtido aplicando as condições de contorno δu/δr = 0 em r = 0 (por causa da simetria
com relação ao eixo central) e u = 0 em r = R (a condição de não escorregamento na superfície do tubo). Obtemos:

(8-15)

Portanto, o perfil de velocidade no escoamento laminar completamente desenvolvido de um tubo é parabólico com
um máximo na linha central e um mínimo (zero) na parede do tubo. Da mesma forma, a velocidade axial u é
positiva para qualquer r e, portanto, o gradiente de pressão axial dP/dx deve ser negativo (ou seja, a pressão deve
diminuir na direção do escoamento por conta dos efeitos viscosos - é preciso pressão para empurrar o fluido
através do tubo).

A velocidade média é determinada de sua definição pela substituição da Equação 8-15 na Equação 8-2 e fazendo a
integração. Isso resulta em:

(8-16)

Combinando as duas últimas equações, o perfil de velocidade é reescrito como:

(8-17)
Essa é uma forma conveniente para o perfil da velocidade, uma vez que Vmed pode ser determinada facilmente
com as informações da vazão.
A velocidade máxima ocorre no eixo central e é determinada da Equação 8-17 substituindo r = 0:

(8-18)
Assim, a velocidade média do escoamento laminar completamente desenvolvido em um tubo é metade da
velocidade máxima.
======================================================================

Queda de pressão e perda de carga

Uma quantidade de interesse para a análise do escoamento em tubo é a queda de pressão ∆P, considerando que
ela está diretamente relacionada aos requisitos de potência do ventilador ou da bomba para manter o escoamento.
Observamos que dP/dx = constante, e que a integração de x = x1 onde a pressão é P1 a x = x1 + L, onde a pressão é
P2 resulta em:

(8-19)

Substituindo a Equação 8-19 na expressão de Vmed na Equação 8-16, a queda de pressão pode ser expressa como:

Escoamento laminar: (8-20)

O símbolo ∆ geralmente é usado para indicar a diferença entre os valores final e inicial, como em ∆y = y2 − y1. Mas,
no escoamento de fluidos, ∆P é usado para designar a queda de pressão e, portanto, ela é P1 − P2. Uma queda de
pressão devido aos efeitos viscosos representa uma perda irreversível de pressão e é chamada de perda de pressão
∆PL para enfatizar que isso é uma perda (assim como a perda de carga hL, que é proporcional a ela).
Observe na Equação 8-20 que a queda de pressão é proporcional à viscosidade μ do fluido e que ∆P seria zero se
não houvesse atrito. Portanto, a queda de pressão de P1 para P2 , neste caso é devida totalmente aos efeitos
viscosos, e a Equação 8-20 representa a queda de pressão ∆PL quando um fluido de viscosidade µ escoa através de
um tubo de diâmetro constante D e comprimento L à velocidade média Vmed .
Na prática, considera-se conveniente expressar a perda de pressão para todos os tipos de escoamentos internos
completamente desenvolvidos (escoamentos laminar e turbulento, tubos circulares e não circulares, superfícies
lisas ou rugosas, tubos horizontais ou inclinados) como (Fig. 8-13):

perda de pressão: (8-21)

onde ( ρ∗V2med / 2 ) é a pressão dinâmica e f o fator de atrito de Darcy: (8-22)

Ele também é chamado de fator de atrito de Darcy-Weisbach, em homenagem ao francês Henry Darcy (1803-1858)
e ao alemão Julius Weisbach (1806-1871), os dois engenheiros que forneceram a maior contribuição para seu
desenvolvimento. Ele não deve ser confundido com o coeficiente de atrito Cf [também chamado de fator de atrito
de Fanning, em homenagem ao engenheiro norte-americano John Fanning (1837-1911)], que é definido como
Cf = 2*τw / (ρ*V2med) = f / 4 .
FIGURA 8-13
A relação da perda de pressão
(e perda de carga) é uma das
relações mais gerais da
mecânica dos fluidos, e ela é
válida para escoamentos
laminares ou turbulentos,
tubos circulares ou não
circulares e tubos com
superfícies lisas ou rugosas.
Igualando as Equações 8-20 e 8-21 e isolando f temos o fator de atrito do escoamento laminar completamente
desenvolvido em um tubo circular:

Tubo circular, laminar: (8-23)

Esta equação mostra que no escoamento laminar, o fator de atrito é uma função do número de Reynolds e é
independente da rugosidade da superfície do tubo (supondo, é claro, que a rugosidade não é extrema).

Na análise do sistema de tubos, as perdas de pressão normalmente são expressas em termos da altura equivalente
da coluna de fluido, chamada de perda de carga hL . Observando, da estática dos fluidos, que ∆P = ρ*g*h e que,
portanto, uma diferença de pressão de ∆P corresponde a uma altura de fluido de h = ∆P / (ρ*g) , a perda de carga
do tubo é obtida pela divisão de ∆PL por ρ*g resultando em:

Perda de carga: (8-24)

A perda de carga hL representa a altura adicional a que o fluido precisa ser elevado por uma bomba para superar as
perdas por atrito do tubo. A perda de carga é causada pela viscosidade e está relacionada diretamente à tensão de
cisalhamento na parede. As Equações 8-21 e 8-24 são válidas para os escoamentos laminar e turbulento nos tubos
circulares e não circulares, mas a Equação 8-23 só é válida para o escoamento laminar completamente desenvolvido
em tubos circulares.
Depois que a perda de pressão (ou perda de carga) for conhecida, a potência de bombeamento necessária para
superar a perda de pressão é determinada por:

(8-25)

onde é a vazão volumétrica e é a vazão mássica.

A velocidade média do escoamento laminar em um tubo horizontal é, da Equação 8-20,

Tubo Horizontal: (8-26)

Assim, a vazão volumétrica do escoamento laminar através de um tubo horizontal de diâmetro D e comprimento L
torna-se

(8-27)

Essa equação é conhecida como lei de Poiseuille, e esse escoamento é chamado de escoamento de Hagen-
Poiseuille em homenagem aos trabalhos realizados por G. Hagen (1797-1884) e J. Poiseuille (1799-1869) sobre o
assunto. Observe na Equação 8-27 que para uma vazão especificada, a queda de pressão e, portanto, a potência
necessária de bombeamento, é proporcional ao comprimento do tubo e à viscosidade do fluido, mas é
inversamente proporcional à quarta potência do raio (ou diâmetro) do tubo. Assim, o requisito de potência de
bombeamento de um sistema de tubos pode ser reduzida por um fator de 16, dobrando o diâmetro do tubo (Fig.
8-14). Obviamente, os benefícios da redução dos custos da energia devem ser ponderados com relação ao maior
custo de construção acarretado pelo uso de um tubo com diâmetro maior.
FIGURA 8-14
O requisito de potência
de bombeamento de
um sistema de tubos
com escoamento
laminar pode ser
reduzido por um fator
de 16, dobrando o
diâmetro do tubo.
A queda de pressão ∆P é igual à perda de pressão ∆PL no caso de um tubo horizontal, mas esse não é o caso dos
tubos inclinados ou dos tubos com uma área de seção transversal variável. Isso pode ser mostrado escrevendo a
equação da energia para escoamento estacionário, incompressível e unidimensional em termos das cargas como
(veja o Capítulo 5):

(8-28)

onde hbomba,u , é a altura útil da bomba fornecida ao fluido, hturbina,e , e é a altura da turbina extraída do fluido, hL
é a perda de altura irreversível entre as seções 1 e 2, V1 e V2 são as velocidades médias nas seções 1 e 2,
respectivamente, e α1 e α2 são os fatores de correção da energia cinética nas seções 1 e 2 (é possível mostrar que
α = 2 para o escoamento laminar completamente desenvolvido e cerca de 1,05 para o escoamento turbulento
completamente desenvolvido). A Equação 8-28 pode ser reorganizada como:

(8-29)

Assim, a queda de pressão ∆P = P1− P2 e a perda de pressão ∆PL = ρ*g*hL , para determinada seção de escoamento
são equivalentes se (1) a seção de escoamento é horizontal para que não haja efeitos hidrostáticos ou de gravidade
(z1 = z2), (2) a seção de escoamento não envolve nenhum dispositivo de trabalho, como uma bomba ou uma
turbina, uma vez que eles alteram a pressão do fluido (hbomba,u = hturbina,e = 0), (3) a área de seção transversal da
seção de escoamento é constante e, portanto, a velocidade média de escoamento é constante (V1 = V2) e (4) os
perfis de velocidade das seções 1 e 2 têm a mesma forma (α1 = α2).
======================================================================

Efeito da gravidade na velocidade e na vazão em escoamento laminar


A gravidade não tem efeito sobre o escoamento em tubos horizontais, mas tem um significativo efeito sobre a
velocidade e a vazão em tubos em subida ou descida. As relações para os tubos inclinados podem ser obtidas de
modo semelhante a partir de um balanço de força na direção do escoamento. A única força adicional neste caso é a
componente do peso do fluido na direção do escoamento, cuja magnitude é:

(8-30)
onde θ é o ângulo entre a direção horizontal e a direção do escoamento (Fig. 8-15). O balanço de forças da
Equação 8-9 agora torna-se

(8-31)

FIGURA 8-15 que resulta na equação diferencial:


Diagrama de corpo
livre de um elemento
diferencial de fluido
em forma de anel de
raio r, espessura dr e (8-32)
comprimento dx
Seguindo o mesmo procedimento de
orientado
solução, pode ser mostrado que o perfil
coaxialmente com
de velocidade é:
um tubo inclinado no
escoamento laminar
completamente
desenvolvido.
(8-33)

Da Equação 8-33, as relações da velocidade média e da vazão volumétrica para escoamento laminar através dos
tubos inclinados são, respectivamente,
(8-34)

que são idênticas às relações correspondentes para os tubos horizontais, exceto que ( ∆P ) é substituído por ( ∆P −
ρ*g*L*senθ ). Assim, os resultados já obtidos para os tubos horizontais também podem ser usados para os tubos
inclinados, desde que ( ∆P ) seja substituído por ( ∆P − ρ*g*L*senθ ) (Fig. 8-16). Observe que θ > 0 e, portanto, senθ
> 0 para o escoamento ascendente e que θ < 0 e, portanto, senθ < 0 para o escoamento descendente.
FIGURA 8-16 Nos tubos inclinados, o efeito
As relações combinado da diferença de pressão e
desenvolvidas para o gravidade movimenta o escoamento. A
escoamento laminar gravidade ajuda o escoamento
completamente descendente, mas se opõe ao
desenvolvido através escoamento ascendente. Assim,
dos tubos horizontais diferenças de pressão muito maiores
também podem ser precisam ser aplicadas para manter
usadas nos tubos uma vazão especificada no escoamento
inclinados, substituindo ascendente, embora isso torne-se
( ∆P ) por importante apenas para os líquidos, já
( ∆P − ρ*g*L*senθ ). que a massa específica dos gases
geralmente é baixa. No caso especial
de não haver escoamento ( = 0),
temos ∆P = ρ*g*L*senθ , que é o que
obtemos da estática dos fluidos
(Capítulo 3).

======================================================================

Escoamento laminar em tubos não circulares


As relações do fator de atrito ƒ são dadas na Tabela 8-1 para o escoamento laminar completamente desenvolvido
em tubos de diversas seções transversais. O número de Reynolds desses tubos tem por base o diâmetro hidráulico
Dh = 4*Ac / p , onde Ac é a área de seção transversal do tubo e p é seu perímetro molhado.
4.2 Dica do professor

As tubulações industriais são condutores, isto é, um conjunto de tubos e de acessórios que servem
para o escoamento de fluidos diversos. As tubulações podem ser feitas de diversos materiais, sendo
estes metálicos, não metálicos ou de plástico. Dentro das tubulações industriais, os fluidos
percorrem uma trajetória, podendo esta se dar através de escoamento laminar ou turbulento.

Nesta Dica do Professor, você verá como ocorre o escoamento de fluidos em tubulações industriais
– o tipo de escoamento depende do fluido que irá fluir.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
fbc0adcc59280c5aba5d6ddf476a02ea

3 min

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[Transcrição do áudio do vídeo da Dica do professor]

Dica do professor sobre escoamento em tubulações industriais.

Tubulações industriais são conexões que transportam fluidos, ou seja, conjunto de acessórios e tubos utilizados em indústrias
que realizam serviços de processamentos alimentícios, químicos, petrolíferos...

Os fluídos utilizados nesses Transportes são óleos, gases, líquidos diversos e industriais e vapores

A tubulação pode ser feita de materiais metálicos e não metálicos. Os metálicos mais comumente utilizados são: aço carbono,
inoxidável, ferro fundido, forjado e nodular, cobre, titânio, chumbo, latão, níquel, entre outros. Os não metálicos, plásticos,
mais comumente utilizados são: acrílico, polietileno, borracha, vidro, cerâmica, concreto, epóxi, entre outros.

A ligação dessas tubulações pode ser realizada através de conexões pneumáticas, que operam com ar comprimido, e de
conexões hidráulicas utilizadas em sistema de água quente e fria, gases e contra incêndio.

Quanto ao emprego das tubulações elas podem ser tubulações instaladas internamente e externamente às instalações
industriais.

O escoamento dentro das tubulações industriais pode ser do tipo laminar ou turbulento, dependendo do tipo de fluido. Para
saber o tipo de escoamento dentro das tubulações industriais, deve-se calcular o número de Reynolds: resultado inferior a
2.000, esse escoamento será laminar e para os turbulentos, maior que 2.400.

O escoamento laminar pode ser exemplificado pelo escoamento de óleo lubrificante com viscosidade alta, cujo fluxo está
passando pelas tubulações industriais de diâmetro, seção e propriedades contínuas em velocidade reduzida.

O escoamento turbulento pode ser exemplificado pelo escoamento de um líquido Industrial com viscosidade baixa, cujo fluxo
está passando pelas tubulações industriais de diâmetro, seção e propriedades variáveis, em velocidade alta.

A baixa velocidade de escoamento está relacionada à alta viscosidade, pois quanto mais viscoso, menor será a capacidade de
escoamento do fluido, ou seja, fluidos viscosos demoraram mais para escorrer pela tubulação. Ao contrário, os menos
viscosos escorreram mais rapidamente, com maior velocidade.
Fluidos com velocidades reduzidas costumam ter escoamento laminar e fluidos com alta velocidade costumam ter
escoamento turbulento. A diferença no comportamento que determina o tipo de escoamento está relacionada às forças que
agem sobre o fluido. Se as forças viscosas predominarem sobre as forças de inércia, o escoamento será laminar. Se as forças
de inércia predominarem, o escoamento será turbulento.
4.2 Exercícios

1) Existem diversos tipos de escoamentos: laminar, turbulento, rotacional, irrotacional,


permanente, variável, entre outros. Cada um deles é classificado de acordo com uma
característica comum. Com base no tipo de classificação do escoamento laminar, assinale a
alternativa correta.

A) O escoamento laminar é assim classificado em virtude da trajetória escolhida pelo fluido para
percorrer.

B) O escoamento laminar é assim classificado em virtude da alteração de viscosidade durante a


trajetória.

C) Para um número de Reynolds igual a 1800, tem-se escoamento turbulento.

D) Para um número de Reynolds entre 1.500 e 2.500, tem-se a transição do escoamento laminar
para o escoamento turbulento.

E) Todos os fluidos têm o mesmo motivo de classificação devido ao fato de escoarem.

elm = A é vaga, texto ruim (fluido escolhe...) vou assinalar esta pq apareceu trajetória mais vezes na aula. Mas D
poderia ser considerada, se, em vez de "tem-se" fosse "pode ocorrer".

1 Gab D = O escoamento laminar possui número de Reynolds com valor igual ou inferior a 2.000. A transição do
escoamento laminar para o escoamento turbulento ocorre para valores acima de 2.000 e abaixo de 2.400, ou seja,
2.000<2.400. Para escoamentos turbulentos, tem-se o número de Reynolds igual ou superior a 2.400.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 1 (Aula 4.2 Escoamento Laminar) - PÓS GABARITO
Pleito: Anular exercício.
Justificativa:
- Nenhuma opção correta.
- Gabarito: opção D. Errada: além de o próprio texto da justificativa do Gabarito depor contra essa opção (não menciona transição a
partir de Re 1500 - ver imagem abaixo), a própria justificativa está errada, sobretudo ao alegar que há turbulento para Re>2400 (ver
texto do Cengel logo a seguir).
- Para ser correta, a opção D teria de declacar a transição PODE OCORRER e não "tem-se" (declara obrigatoriedade), pois conforme
Cengel 2015, p. 150, apenas escoamento em tubo circular: " Na maioria das condições práticas, o escoamento de um tubo circular é
laminar para Re <= 2300, turbulento para Re >= 4000 e de transição entre esses valores. .... No escoamento de transição, o escoamento
troca entre laminar e turbulento de forma aleatória (...). É preciso lembrar que o escoamento laminar pode ser mantido para números
de Reynolds muito mais altos em tubos muito lisos, evitando distúrbios no escoamento e vibrações no tubo. Em tais experimentos
cuidadosamente controlados, o escoamento laminar tem sido mantido para números de Reynolds de até 100.000."
Obs.: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem da justificativa:
2) Para identificar o tipo de fluido, é importante calcular o número de Reynolds, pois, através
desse número, é possível saber se o escoamento é turbulento ou laminar. Com base em
resultados do número de Reynolds, assinale a alternativa correta.

A) Para um número de Reynolds igual a 2.500, tem-se escoamento turbulento.

B) Para um número de Reynolds igual a 3.000, tem-se escoamento turbulento.

C) Para um número de Reynolds entre 2.500 e 4.500, tem-se a transição do escoamento laminar
para o escoamento turbulento.

D) Para um número de Reynolds igual a 3.000, tem-se escoamento laminar.

E) Para um número de Reynolds igual a 1.000, tem-se escoamento laminar.

2 Gab E = Para um número de Reynolds igual a 1.000, tem-se escoamento laminar. O escoamento
laminar possui número de Reynolds com valor igual ou inferior a 2.000. A transição do escoamento
laminar para o escoamento turbulento ocorre para valores acima de 2.000 e abaixo de 2.400, ou seja,
2.000<2.400. Para escoamentos turbulentos, tem-se o número de Reynolds igual ou superior a 2.400.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 2 (Aula 4.2 Escoamento Laminar) - PÓS GABARITO
Pleito: Corrigir justificativa apresentada no Gabarito.
Justificativa deste pleito:
- A opção E está correta, mas a justificativa apresentada não. Substituir por Cengel 2015, p. 150: " Na maioria das condições práticas, o
escoamento de um tubo circular é laminar para Re <= 2300, turbulento para Re >= 4000 e de transição entre esses valores. .... No
escoamento de transição, o escoamento troca entre laminar e turbulento de forma aleatória (...). É preciso lembrar que o escoamento
laminar pode ser mantido para números de Reynolds muito mais altos em tubos muito lisos, evitando distúrbios no escoamento e vibrações
no tubo. Em tais experimentos cuidadosamente controlados, o escoamento laminar tem sido mantido para números de Reynolds de até
100.000."
Obs.: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado ao
setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem da justificativa:
3) O escoamento laminar tem características divergentes do escoamento turbulento, sendo um
o oposto do outro ao ser analisado o fluxo em sua trajetória. Com base nas características
principais que diferenciam esses escoamentos, assinale a alternativa correta.

A) O escoamento laminar é suave, sem ruídos e com movimentos bem definidos; já o


escoamento turbulento é bruto, com ruídos e com movimentos aleatórios.

B) O escoamento turbulento é suave, sem ruídos e com movimentos bem definidos; já o


escoamento laminar é bruto, com ruídos e com movimentos aleatórios.

C) O escoamento laminar é suave, sem ruídos e com movimentos bem definidos, mas também
pode ser bruto, em algumas etapas, com ruídos e com movimentos aleatórios.

D) O escoamento turbulento é suave, sem ruídos e com movimentos bem definidos, mas
também pode ser, em algumas etapas, com ruídos e com movimentos aleatórios.

E) O escoamento laminar é suave, sem ruídos e com movimentos bem definidos somente
durante a transição para escoamento turbulento. Ao acabar a transição, os movimentos
começam a ser aleatórios.

3 Gab A = O escoamento laminar é suave, sem ruídos e com movimentos bem definidos; já o escoamento
turbulento é bruto, com ruídos e com movimentos aleatórios. As características de ambos são opostas. Durante
a transição do escoamento laminar para o escoamento turbulento, o comportamento do fluido inicia-se
aleatório até se tornar turbulento.
4) Em 1840, Jean Poiseuille realizou experimentos em tubos utilizando fluido líquido e água;
através desse experimento, identificou a velocidade média do escoamento laminar em
tubos. Com base nos conceitos básicos para utilização e cálculo com a equação de Poiseuille,
assinale a alternativa correta.

A) A vazão, a queda de pressão e a potência necessária de bombeamento são inversamente


proporcionais ao comprimento do tubo e à viscosidade do fluido.

B) A vazão, a queda de pressão e a potência necessária de bombeamento são proporcionais ao


comprimento do tubo, à viscosidade do fluido e ao diâmetro do tubo.

C) A vazão, a queda de pressão e a potência necessária de bombeamento são proporcionais ao


comprimento do tubo e à viscosidade do fluido, mas é inversamente proporcionais ao
diâmetro do tubo.

D) A vazão, a queda de pressão e a potência necessária de bombeamento são inversamente


proporcionais ao comprimento do tubo e à viscosidade do fluido e inversamente
proporcionais ao diâmetro do tubo.

E) A vazão, a queda de pressão e a potência necessária de bombeamento são inversamente


proporcionais ao comprimento do tubo e à viscosidade do fluido, mas proporcionais ao
diâmetro do tubo.

elm = sem opção correta, devem ter tentado perguntar algo do texto abaixo...

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 4 (Aula 4.2 Escoamento Laminar)
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- Nenhuma opção correta.
- Basta dizer que vazão tem relação inversamente proporcional com comprimento e queda de pressão diretamente proporcional com
comprimento, eliminando todas as opções (há mais erros...).
- O enunciado deve ser resultado muito ruim da tentativa de formular uma questão com base no seguinte trecho do Cengel (consta no
Conteúdo do Livro também): "... para uma vazão especificada, a queda de pressão e, portanto, a potência necessária de bombeamento, é
proporcional ao comprimento do tubo e à viscosidade do fluido, mas é inversamente proporcional à quarta potência do raio (ou
diâmetro) do tubo."
Obs.1: Assinalei opção C por achar que será a escolhida pelo gabarito.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:
4 Gab C = A vazão, a queda de pressão e a potência necessária de bombeamento são proporcionais ao
comprimento do tubo e à viscosidade do fluido, mas inversamente proporcionais ao diâmetro do tubo.
A queda de pressão é igual à perda de pressão no caso de um tubo horizontal, ou seja, serve somente
para tubos retos e constantes.

em 31mar23, Mentor responde: Você está certo. Sua sugestão foi enviada à SAGAH.
5) Elementos finitos são aplicados em escoamentos laminares para encontrar velocidades e
pressões de campos vetoriais e são calculados através da equação de Stokes. Com base nos
conceitos básicos de elementos finitos, assinale a alternativa correta.

A) O elemento finito é quanto um escoamento é finito.

B) O método de elementos finitos é muito utilizado nos escoamento dos fluidos em diversas
áreas de Engenharia. Através de equações, servem para solucionar problemas em
escoamentos.

C) O elemento finito é aplicado em grandes escoamentos ou em fluidos estacionários.

D) O elemento finito em escoamento laminar, determinado através da fórmula de Stokes, não


tem relação com a viscosidade.

E) O elemento finito é utilizado para escoamentos estacionários, sem movimento, dentro de


espaços físicos.

elm = seria equação de NAVIER-STOKES, ainda mais que existe uma Lei de Stokes:

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 5 (Aula 4.2 Escoamento Laminar)
Pleito: Corrigir enunciado: Substituir "... através da equação de Stokes." por "... através da equação de NAVIER-Stokes."
Justificativa:
- Importante usar a denominação correta dessa equação relevante da Mecânica dos Fluidos.
- Causa confusão com outra equação da Lei de Stokes (escoamento externo de esferas).
Obs.1: Reproduz erro grave cometido várias vezes no Conteúdo do livro.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme apenas que "será encaminhado ao setor responsável" para melhora do
material.
Imagem do exercício:

5 Gab B = O método de elementos finitos é muito utilizado no escoamento dos fluidos em diversas áreas de
Engenharia. Através de equações, servem para solucionar problemas em escoamentos. A equação de Stokes
relaciona a viscosidade considerando os elementos finitos em escoamento laminar. A equação de Stokes serve para
sistemas não lineares em campos de vetoriais abstratos de diversos tamanhos, traçando o movimento dos fluidos
não rarefeitos em espaço físico.

em 31mar23, Mentor = Sua sugestão foi enviada à SAGAH


4.2 Na prática
Motores que trabalham com o ciclo Otto possuem válvulas que necessitam de regulagem periódica
para o seu devido funcionamento. As válvulas de motor de veículos têm a função de controlar o
combustível que entra e sai do motor. A manutenção dos veículos, assim como a regulagem dessas
válvulas, devem ser realizadas conforme o manual de fabricação do veículo. Através dele, verifica-
se o prazo de manutenção, as medidas de tolerância de regulagem das peças do motor, entre
outros.

Veja, em Na Prática, um exemplo de regulagem de válvulas de motor e a sua importância para o


bom escoamento do fluido.
IMPORTÂNCIA DA REGULAGEM DE VÁLVULAS DE MOTOR PARA O BOM ESCOAMENTO DO FLUIDO

Osvaldo é engenheiro mecânico e trabalha em uma oficina que faz manutenção em motores de ciclo Otto, de
tamanhos grandes e pequenos

Dessa forma, ele precisa conhecer, detalhadamente, a função das válvulas, o ciclo Otto e a realização de
manutenção periódica, incluindo a regulagem das válvulas.

CICLO OTTO

O ciclo Otto é o mais utilizado em motores de combustão interna. Esse motor opera com quatro fases: admissão,
compressão, expansão e exaustão.

Válvulas do motor: servem para


controlar a entrada de mistura de ar
com combustível. Após a queima,
liberam os gases formados pela
explosão.

As válvulas são duas: a primeira tem a


função de admissão, e, a segunda, de
exaustão.

Pelo uso constante, de tanto abrir e fechar as válvulas, ocorre folga de abertura além do tolerado pelo motor.
Assim, deve-se verificar essa folga de tolerância no manual do veículo.

MANUTENÇÃO DO MOTOR

A manutenção é importante para manter o controle de escoamento de combustível.


Além disso, a folga fora do normal pode causar:
Ruídos indesejáveis.
Irregularidades na marcha.
Maior emissão de gases poluentes, maior consumo de gasolina, diesel ou etanol, dependendo do tipo de
combustível que o veículo utiliza.
Perda de potência, podendo diminuir eficácia e a eficiência do motor, danificando-o.

A regulagem deve ser feita de acordo com o manual do fabricante do motor do veículo. Deve-se verificar o
tamanho das folgas em manual e se a manutenção das válvulas deverá ser feita com o motor em alta ou em baixa
temperatura.
4.2 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Escoamento laminar e turbulento e perdas de cargas


Acompanhe, neste vídeo, uma explicação sobre escoamento laminar, escoamento turbulento e
perda de cargas.
https://youtu.be/sFjJ5DFVwA0

Respode aí
10 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Viscosidade e fluxo Poiseuille


Este vídeo aborda a viscosidade e a fórmula para o cálculo da intensidade da força de viscosidade.
Ainda, realiza uma análise das variáveis envolvidas na Lei de Poiseuille e sua utilidade na Física.

https://youtu.be/f9XgJjkrM4c

10 min Khan Academy Brasil

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Elementos finitos: primeiros passos


Acompanhe, neste vídeo, as principais etapas do método elementos finitos.

https://youtu.be/KjR0V1Deysc
ver slide selecionado no abaixo

10 min ENSUS ENGENHARIA LTDA

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações
Confira, neste livro, os princípios básicos e equações da mecânica dos fluidos com diversos
exemplos do mundo real.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Mecânica dos fluidos


Confira, neste livro, os conceitos físicos da matéria, desenvolvendo o conteúdo até as aplicações na
Engenharia.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


4.2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

CENGEL, Yunus A.; CIMBALA, Jhon M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. 3. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2015.

POTTER, Merle; WIGGERT, David. Mecânica dos fluidos.1. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

WHITE, Frank M. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2018.

Banco de imagens Shutterstock.

SAGAH, 2019.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Fluido como continuum


C.1
Apresentação
O estudo da mecânica dos fluidos, por mais antigo que seja, continua contribuindo para o
desenvolvimento da humanidade, seja por meio da transformação da energia eólica em energia
elétrica, seja no desenvolvimento de discos rígidos com maior velocidade e capacidade de
armazenamento. Essa ciência busca explicar a forma como ocorre o escoamento dos fluidos em
função das suas diferentes viscosidades, de forma que seja possível prever o comportamento entre
o contato entre um corpo sólido e um fluido, seja ele gasoso ou líquido. Dessa forma, compreender
as características, os comportamentos e as variações dos fluidos é essencial na vida de um
engenheiro, de forma que seja possível desenvolver novos produtos ou tecnologias de forma
segura, inovadora e que resulte em ganho para toda a sociedade.

Nesta Unidade de Aprendizagem, o foco se concentrará na análise do fluido continuum, ou


contínuo, de acordo com alguns autores, assim como serão identificadas as características
relacionadas ao campo de velocidade, campo de tensões e a viscosidade dos fluidos. Por fim, os
tipos de movimentos dos fluidos serão classificados e explicados, de forma que seja possível
identificar as diferenças entre cada um deles.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a propriedade do fluido como continuum.


• Identificar o campo de velocidade, o campo de tensões e a viscosidade.
• Descrever os movimentos dos fluidos, classificando-os.
C.1 Desafio
A mecânica dos fluidos estuda o comportamento físico dos fluidos, assim como as leis que regem o
seu comportamento. Portanto, esse estudo se faz necessário devido à sua ampla utilidade nos mais
variados campos da engenharia e do nosso dia a dia. Dessa forma, compreender o seu escoamento
e o seu comportamento nas mais variadas condições torna-se um fato essencial na resolução de
problemas e na tomada de decisões.

Neste Desafio, você irá analisar uma situação envolvendo a instalação de um sistema de
movimentação de fluidos para uma empresa da indústria alimentícia.

Você é engenheiro e está liderando uma equipe que será responsável pela instalação de um sistema de
movimentação de fluidos para uma empresa da indústria alimentícia.

Você recebe as seguintes informações sobre o sistema:


"Será utilizada uma tubulação de aço Inox AISI 304, com L metros de comprimento, o diâmetro da tubulação
será de D milímetros, a rugosidade das paredes internas será de e, o fluido apresenta viscosidade de mi e
será transportado a uma vazão de Q m3/s."

Porém, ao finalizar a sua explicação, alguns integrantes da equipe fazem as seguintes colocações:

PAULA
A vazão Q não vai sofrer alteração, independente do comprimento L da tubulação.

PEDRO
A vazão Q será afetada pela rugosidade interna e da tubulação, sendo necessário compensar as perdas.

JOÃO
Após determinar a vazão Q, o tipo de fluido utilizado no sistema não influencia na sua movimentação.

JOSÉ
Vamos adquirir uma tubulação com diâmetro inferior a D, assim reduzimos o custo e aumentamos os lucros.

Agora, com as dúvidas de sua equipe levantadas, cabe a você, engenheiro, analisar a situação e comunicar, de
forma correta, caso alguma questão esteja errada.

Após analisar o caso, analise o posicionamento de cada um dos colaboradores, dizendo se estão
certos ou errados, justificando a sua resposta.

Caso as informações ditas pelo colaborador estejam corretas, você apenas deve reforçá-las.

elm: (a) Paula. A vazão pode quase não sofrer alteração com o comprimento L com o uso de uma bomba de
deslocamento positivo de alta eficiência volumétrica. Ao contrário, com uma bomba centrífuga, a vazão
certamente mudará.
(b) Pedro. A mudança de vazão pode ou não ocorrer - ver (a) - mas as perdas tem de ser vencidas para que haja
vazão.
(c) João O fluido usado, sobretudo sua viscosidade é fundamental para determinar as condições de operação,
inclusive, portanto, a vazão.
(d) José. O diâmetro D deve resultar de avaliação técnico-eonômica da aplicação.
Padrão de resposta esperado

Dessa forma, a sua resposta para cada um dos colaboradores seria:

Paula, você está incorreta, pois a vazão Q vai sofrer alteração conforme o comprimento L apresenta variações. Isso
ocorre devido ao atrito interno entre a tubulação e o fluido, gerando perda de carga conforme o comprimento da
tubulação aumenta.

Pedro, você está correto. Independente do material ou processo de fabricação utilizado para a obtenção da
tubulação, sempre deve-se considerar a rugosidade interna do material, de forma que seja possível prever as
perdas de cargas, garantindo os níveis de vazão e pressão necessários ao sistema.

João, você está errado, pois cada tipo de fluido tem uma viscosidade diferente, sendo que ela influencia
diretamente no escoamento do fluido. Dessa forma, é preciso certificar-se de que as características do fluido
foram definidas de forma correta, pois o sistema deverá ser dimensionado para determinado tipo de fluido e se,
algum dia, a empresa resolver utilizar outro tipo de fluido, o dimensionamento deverá ser refeito.

José, você também está incorreto, pois uma tubulação com diâmetro inferior a D fará com que a velocidade de
movimentação do fluido aumente e, por consequência, a perda de carga também. Dessa forma, tem-se uma vazão
inferior à vazão determinada no projeto, assim ocasionará em maiores custos para corrigir.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Desafio (Aula C.1 Fluido como Continuum) - PÓS GABARITO
Pleito: Incluir no enunciado: "Considerar uma bomba dinâmica na análise".
Justificativa:
- A análise seria bem diferente ao se considerar uma bomba de deslocamento positivo (vazão pouco varia com a
perda de carga a ser vencida).
Obs.: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda
apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
C.1 Infográfico
Por mais que o estudo da mecânica dos fluidos seja antigo e muitos dos seus conceitos sejam
complexos e adversos, a aplicação prática dessa ciência está presente no dia a dia das pessoas.
Normalmente, os fluidos podem apresentar características simples e fáceis de compreender, porém,
em alguns casos, a compreensão de alguns fluidos pode apresentar um maior nível de
complexidade.

No Infográfico a seguir, você verá como podem ser classificados os fluidos e visualizará as
principais características e exemplos de cada tipo.

CLASSIFICAÇÃO DOS FLUIDOS

De forma geral, os fluidos podem ser classificados em dois tipos distintos: fluido newtoniano ou não newtoniano.

FLUIDO NEWTONIANO

É considerado um fluido ideal, pois apresenta propriedades bem definidas.

Características:
> Ocorre de uma relação linear entre a tensão de cisalhamento aplicada e a velocidade de deformação
resultante.
> Seu coeficiente de viscosidade dinâmica é constante.

Exemplos:
Água, leite, gases, óleos vegetais e gasolina.

FLUIDO NÃO NEWTONIANO

É considerado complexo, pois suas propriedades variam de acordo com a aplicação da tensão de cisalhamento.

Características:
A relação entre tensão de cisalhamento e velocidade de deformação não ocorre de forma linear.
É comumente encontrado no dia a dia, apresentando características tanto de um sólido como de um líquido.

Exemplos:
Lamas, mistura de amido de milho com água e fio de seda.
C.1 Conteúdo do livro
Para compreender melhor a mecânica dos fluidos, é preciso entender de forma mais profunda o
conceito de continuum em relação aos fluidos, que relaciona as interações moleculares dos
elementos químicos. Além disso, também será necessário identificar alguns conceitos relacionados
à movimentação dos fluidos, destacando a viscosidade e os campos de tensão e velocidade.

Leia o capítulo Fluido como continuum, da obra Mecânica dos Fluidos, para conhecer os tipos de
movimentos dos fluidos, para que possa identificá-los e classificá-los com maior facilidade. Tenha
em vista que todos esses conceitos estão interligados, agindo ao mesmo tempo e de forma
contínua.

Boa leitura!

elm = não encontrado na bib virtual.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B


(2023.MAR)
Conteúdo do Livro (Aula C.1 Fluido como Continuum)
Pleito: Substituir pelo cap. 2 do Cengel 2015 ou então revisão
geral detalhada de conteúdo e formatação.
Justificativa:
- Alguns defeitos:
A explicação de contínuo com a Figura 2 (reproduçao ruim do
Cengel) deve ser revisada;
Excluir os "Saiba mais" da p.3 e p. 6 (texto pode ser incluído no
parágrafo anterior);
Equação (2), p.4, corrigir posição dos versores i j k na equação;
Figura 3, p.5, retirar o "del" de F;
Equação (4), p.5, trocar o subscrito da tensão de cisalhamento
de "n" para "t;
Figura 4, p.7: deixar só perfil e velocidade, já que copiou do
Cengel e não usou as informações para equacionar o
escoamento (da, dbeta etc. só poluem a figura neste texto).
Equação (6), p.9: eliminar (é repetição da equação (5), p.8).
Obs.1: Acho que os livros capa laranja da Sagah deveriam ser
evitados, geralmente o conteúdo é um apanhado de
transcrições de livros melhores, porém, infelizmente, com
qualidade pior (provavelmente publicados com pouca ou sem
revisão).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta
confirme apenas que "será encaminhado ao setor responsável"
para melhora do material.
Fluido como continuum
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer a propriedade do fluido como continuum.


„„ Identificar o campo de velocidade, o campo de tensões e a viscosidade.
„„ Descrever os movimentos dos fluidos e classificá-los.

Introdução
A mecânica dos fluidos destina-se à análise e compreensão dos fluidos,
sejam eles estáticos ou dinâmicos. Neste caso, vamos nos ater apenas
aos estudos da estática dos fluidos, devido ao seu papel de destaque
para diversas aplicações na área da engenharia, como em máquinas
hidráulicas, ventilação, hidrelétricas, aeronaves, bem como em uma série
de outros elementos.
Neste capítulo, você reconhecerá a propriedade do fluido como
continuum. Além disso, aprenderá a identificar o campo de velocidade,
o campo de tensões e a viscosidade e descreverá os movimentos dos
fluidos.

Propriedade do fluido como continuum


Como sabemos bem, todo tipo de fluido, seja líquido ou gasoso, é formado
por incontáveis partículas elementares, denominadas moléculas. Para Bistafa
(2010), no caso dos fluidos gasosos, essas moléculas apresentam espaçamento
maior entre elas, se comparado aos fluidos líquidos, conforme ilustração da
Figura 1, a seguir.
2 Fluido como continuum

(a) (b)

Figura 1. Diferença entre fluido líquido (a) e gasoso (b).


Fonte: Vision Learning (2018, documento on-line).

Entretanto, Çengel e Cimbala (2015) complementam que um fluido deve ser


visto como contínuo, homogêneo e sem lacunas, ou seja, ignorando a sua natureza
atômica. A definição de um fluido como contínuo, ou continuum, permite que
as propriedades sejam definidas em função de determinados pontos, conside-
rando que eles variam continuamente no espaço, ignorando as descontinuidades
microscópicas da substância (WHITE, 2011). Essa hipótese pode ser validada
desde que o sistema seja considerado grande em relação ao espaço existente
entre as moléculas, como pode ser visualizado mais detalhadamente na Figura 2.

Figura 2. Exemplos da hipótese de fluido continuum.


Fonte: Strike Pattern/Shutterstock.com e Superzebra/Shutterstock.com.
Fluido como continuum 3

Como podemos observar nos exemplos ilustrados, tanto em relação às


gaivotas em voo ou ao copo de água quase cheio, o sistema em que os fluidos
se encontram é muito maior do que o percurso livre das moléculas presentes
neles. Portanto, tanto a água como o ar apresentam propriedades contínuas,
devido à densidade do fluido ser praticamente a mesma em qualquer ponto.
Para que tenhamos uma maior noção das distâncias quando o assunto
envolver moléculas, considere um sistema cheio de oxigênio sob a pressão de
1 atm e 20°C. As moléculas de oxigênio presentes nesse sistema possuem um
diâmetro de aproximadamente 3 ∙ 10 –10 m, sendo que sua massa corresponde
a 5,3 ∙ 10 –26 kg. O percurso livre médio dessas moléculas é de 6,3 ∙ 10 –8 m, ou
seja, elas percorrem uma distância que corresponde a, aproximadamente, 200
vezes o seu diâmetro, antes de colidir com outra (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).

Segundo Çengel e Cimbala (2015), em 1 mm3, a uma temperatura de 20°C sob 1 atm
de pressão, existem cerca de 2,5 ∙ 1016 moléculas de oxigênio.

Porém, quando tivermos pressões extremamente baixas, como em eleva-


das altitudes, o percurso livre médio torna-se muito grande. Nesses casos, é
preciso utilizar a teoria do escoamento de gases rarefeitos, em que deve ser
considerado o impacto individual das moléculas (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).
Desse modo, neste capítulo, estaremos nos limitando somente a substâncias
que podem ser modeladas como um fluido contínuo.

Campo de velocidade, campo de tensões e


viscosidade
Uma propriedade muito importante dos fluidos é conhecida por campo de
velocidade, como representada pela Equação (1) (FOX; MCDONALD; PRI-
TCHARD, 2014):

(1)
4 Fluido como continuum

Nesse caso, a velocidade é representada por uma grandeza vetorial, exigindo


um módulo e a definição de uma direção. Portanto, conclui-se que o campo

de velocidade é vetorial. O vetor velocidade (V ) — Equação (2) — também
pode ser descrito conforme suas três componentes escalares, sendo que cada
uma representa uma direção x, y, e z e pode ser substituída por u, v e w (FOX;
MCDONALD; PRITCHARD, 2014). Assim:

(2)

Vale a pena salientar que cada uma das componentes u, v e w estará repre-
sentando uma função de x, y, z e t. Dessa maneira, é preciso ficar bem-claro

que V (x, y, z, t) indica a velocidade de uma partícula fluida, que está passando
através do ponto, x, y, z, no instante de tempo t.
Para White (2011), cada partícula fluida pode sofrer a ação de dois tipos
de forças:

„„ forças de superfície — são geradas pelo contato com outras partículas


ou superfícies sólidas, como a pressão e o atrito;
„„ forças de campo — agem através das partículas, como as forças gravi-
tacionais e eletromagnéticas.

No caso das forças de campo, essas atuam sobre um volume, o qual apre-
senta massa específica e aceleração. Porém, quando as forças de superfície
agem sobre uma partícula fluida, acabam resultando em tensões. Ou seja,
quando um corpo se movimenta através de um fluido, tensões são desenvolvidas
nesse fluido. Nesse contexto, imagine a superfície de uma partícula fluida
em contato com outras partículas fluidas e considere a força de contato sendo

gerada entre elas. Considere apenas uma parte da superfície (δA ) em um ponto

qualquer C. A orientação de δA é representada pelo vetor unitário , conforme
ilustrado na Figura 3, a seguir (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2014).
Fluido como continuum 5

^
n

Fn
δF
C
δA Ft
Figura 3. Conceito de tensão em um meio contínuo.
Fonte: Adaptada de Fox, McDonald e Pritchard (2011).

Com base nessa figura, Brunetti (2008) complementa que a força pode ser
decomposta em duas componentes: uma normal (Fn) e outra tangente à área (Ft),
permitindo definir a tensão normal (σn) e tensão de cisalhamento (τn), conforme
as Equações (3) e (4), respectivamente. As unidades mais utilizadas nesses
cálculos são o Kgf/m2 do sistema técnico e o N/m2 do sistema internacional.

(3)

(4)

Relacionando essas duas últimas equações com a Figura 3, compreende-se


que a força normal com direção e sentido definidos está representada por .
Como o fluido é realmente contínuo, é possível imaginá-lo ao redor do ponto
C, composto por uma determinada quantidade de partículas delimitadas
de diferentes maneiras, resultando em diferentes tensões nesse ponto. Ou
seja, quando as forças de um corpo movimentam o fluido, para cada tensão
normal, existirá uma tensão de cisalhamento. Porém, quando o fluido estiver
em repouso, não haverá tensão de cisalhamento (FOX; MCDONALD; PRI-
TCHARD, 2014).
6 Fluido como continuum

A viscosidade (μ) é uma das características mais importantes dos fluidos,


pois ela corresponde ao grau de resistência de um fluido ao movimento de
determinado corpo. Em outras palavras, ela determina a taxa de deformação do
fluido, que é gerada pela aplicação de certa tensão de cisalhamento (WHITE,
2011). Para efeitos de comparação, nós conseguimos nos mover normalmente
ao ar livre, porém, quando estamos dentro de uma piscina, nos movimentamos
com maior dificuldade, pois o fluido tende a resistir ao movimento do nosso
corpo, dificultando a locomoção.
Cada fluido possui sua própria viscosidade (μ), a qual pode ser classificada
como uma propriedade termodinâmica (WHITE, 2011) e apresentar alterações
conforme as variações de pressão e/ou temperatura, embora as de pressão
sejam bastante fracas, podendo ser desprezadas — exceto nos casos em que
a pressão é extremamente alta (ÇENGEL; CIMBALA, 2015). Nos líquidos, a
viscosidade diminui com o aumento da temperatura, enquanto que, nos gases,
ela aumenta com o aumento da temperatura (BRUNETTI, 2008).
O coeficiente de viscosidade (μ) do fluido tem como unidade de medida o
kg∙m-1∙s-1 ou, de maneira equivalente, N∙s∙m-2 (ou Pa∙s, onde Pa é a unidade de
pressão Pascal). Uma unidade de viscosidade comum também pode ser cha-
mada de poise, que equivale a 0,1 Pa∙s. Por exemplo, a água a 20°C apresenta
um coeficiente de viscosidade de 1 centipoise.

Segundo Brunetti (2008), 1 centipoise (cpoise) = 0,01 poise.

Para compreendermos melhor como a viscosidade age sobre um corpo,


vamos considerar duas placas paralelas, separadas por uma distância ℓ, isoladas
entre si por um fluido entre elas, conforme a Figura 4.
Fluido como continuum 7

Figura 4. Comportamento de um fluido com escoamento laminar entre


duas placas.
Fonte: Çengel e Cimbala (2015, p. 51).

Ao aplicar uma força de intensidade F na placa superior, enquanto a placa


inferior é mantida fixa, observa-se que a superior se move continuamente sob
a influência dessa força, com velocidade constante V. O fluido em contato com
a placa superior move-se na mesma velocidade que a placa, enquanto que o
fluido em contato com a placa inferior assume velocidade igual à placa inferior,
que é nula. Ou seja, em um escoamento laminar estacionário, a velocidade
do fluido entre as placas varia em função da velocidade e da distância entre
elas (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).

Movimentos dos fluidos


Dando continuidade aos nossos estudos, abordaremos alguns aspectos que
ilustram a classificação da mecânica dos fluidos, baseada nas características
do escoamento. Logo, podemos classificar a mecânica dos fluidos dos meios
contínuos de acordo com a Figura 5, a seguir.
8 Fluido como continuum

Figura 5. Classificação da mecânica dos fluidos.


Fonte: Adaptada de Fox, McDonald e Pritchard (2011).

Escoamentos viscoso e não viscoso


Como vimos anteriormente, a viscosidade é causada por forças coesivas entre
as moléculas de um líquido e por colisões moleculares nos gases. Vale destacar
que não existe fluido com viscosidade nula. Sendo assim, todo escoamento
de fluido envolve algum grau de efeitos viscosos (ÇENGEL; CIMBALA,
2015). Consequentemente, precisamos determinar se as forças viscosas são
desprezíveis ou não em relação às forças de pressão, por meio da utilização do
cálculo do número de Reynolds (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2014).

(5)

onde:

„„ ρ = massa específica do fluido;


„„ V = velocidade;
„„ L = comprimento;
„„ μ = viscosidade do fluido.
Fluido como continuum 9

Após realizar o cálculo, caso o número de Reynolds for muito alto, os


efeitos viscosos são considerados desprezíveis. Porém, se esse número for
baixo, os efeitos viscosos serão dominantes.

Escoamentos laminar e turbulento


O escoamento laminar caracteriza-se pela movimentação das partículas em
camadas lisas, sem que ocorra a troca de massa entre elas, de maneira suave.
Por outro lado, o escoamento turbulento é aquele em que as partículas fluidas
movem-se rapidamente, misturando-se enquanto se movimentam ao longo
do escoamento (FOX; MCDONALD; PRITCHARD, 2014). Na Figura 6, é
possível diferenciar esses dois tipos de escoamento.

Figura 6. Diferença entre escoamento laminar e turbulento.


Fonte: Fox, McDonald e Pritchard (2011, p. 38).

Conforme abordado por Brunetti (2008), a classificação do escoamento


como laminar ou turbulento depende do valor adimensional obtido por:

(6)

onde:

„„ ρ = massa específica do fluido;


„„ V = velocidade;
„„ D = comprimento;
„„ μ = viscosidade do fluido.
10 Fluido como continuum

Nesse caso, Reynolds verificou que a classificação do tipo de escoamento


ocorre de acordo com os valores apresentados no Quadro 1, a seguir.

Quadro 1. Classificação dos tipos de escoamento

Re < 2000 Escoamento laminar

2000 < Re < 2400 Escoamento de transição

Re > 2400 Escoamento turbulento

Escoamentos compressível e incompressível


Quando tratamos de escoamentos compressíveis, as variações da massa espe-
cífica precisam ser levadas em consideração. Casos relacionados a esse tipo
de escoamento envolvem a utilização de fluido gasoso (FOX; MCDONALD;
PRITCHARD, 2014).
Por outro lado, escoamentos incompressíveis estão diretamente envolvidos
com fluidos líquidos, e nesse caso, as variações na massa específica desse
fluido podem ser desprezadas, desde que a densidade permaneça igual em
todos os seus pontos (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).

Conforme Çengel e Cimbala (2015), uma pressão de 201 atm atuando sobre a água
líquida altera a densidade da água em apenas 1%. Por outro lado, no caso dos gases,
uma mudança de pressão de apenas 0,01 atm causa uma mudança de 1% na densidade
dos gases.
Fluido como continuum 11

Escoamentos interno e externo


O tipo de escoamento interno recebe esse nome por estar envolvido por super-
fícies sólidas, como a água que sai da torneira. Há domínio da influência da
viscosidade em todo o campo de escoamento. Por outro lado, o escoamento
externo refere-se a corpos imersos em fluidos não contidos, como o escoa-
mento de ar sobre um objeto esférico. Nesse caso, os efeitos viscosos estão
restritos às camadas-limites próximas das superfícies sólidas (ÇENGEL;
CIMBALA, 2015).

BISTAFA, S. R. Mecânica dos fluidos: noções e aplicações. São Paulo: Blucher, 2010.
BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Person, 2008.
ÇENGEL, Y. A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. 3. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2015.
FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J. Introdução à mecânica dos fluidos. 7. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2011.
FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J. Introdução à mecânica dos fluidos. 8. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2014.
VISION LEARNING. Question #495e9. 2018. Disponível em: https://socratic.org/questio
ns/5a1a33bf11ef6b71068495e9. Acesso em: 02 jul. 2019.
WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula C.1
C.1 Dica do professor
No caso da movimentação dos corpos em meio a determinado fluido, a força de arrasto se
caracteriza por ser uma força de sentido contrário à força de tração. A viscosidade do fluido e a
forma como o fluido escoa por meio do corpo sólido influenciam nesse tipo de esforço.

Nesta Dica do Professor, você verá como ocorre o escoamento do fluido em relação ao corpo e
como a geometria do corpo sólido, ou a forma da sua superfície, acaba influenciando no aumento
ou na diminuição da força de arrasto.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/727460e9d
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4 min

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Qualquer tipo de movimento só é possível devido ao atrito que ocorre entre duas superfícies: correr no parque ou
andar de carro, por exemplo, são atividades que não seriam impossíveis, caso não existisse o atrito. Seria impossível
deslocar-se de um ponto ao outro.
O atrito também ocorre quando um
corpo entra em contato com um fluido:
esse atrito causa uma força de arrasto,
que está diretamente relacionada a
uma força de sentido oposto a direção
do corpo. Por exemplo, quando um
submarino apresenta uma força de
tração que o impulsiona para frente, o
fluido exerce uma força de arrasto que
impulsiona o submarino para trás.

A força de arrasto que atua em um corpo é o resultado direto de duas características distintas: a viscosidade do
fluido e as características da superfície do corpo.
Em relação à viscosidade: quanto maior, maior será a resistência ao movimento e menor será a capacidade do
fluido de escoar entre o corpo.
Já a superfície do corpo pode influenciar de forma aumentar a força de arrasto assim como também pode ser
responsável por diminuir o atrito causado entre fluido e corpo em movimento.

No exemplo 1, um corpo é posicionado


quase de forma perpendicular em relação
ao movimento das linhas de corrente,
aumentando consideravelmente a força de
arrasto. Vale a pena salientar o surgimento
de redemoinhos devido ao contato
repentino entre o fluido e o corpo, que
pode ser um aerofólio de um automóvel
No exemplo 2, é possível evidenciar uma
melhora no escoamento do fluido pois a
superfície do corpo está posicionada de
forma mais similar as linhas de corrente. O
escoamento do ar não causa grandes
variações da fluidez das linhas de corrente,
diminuindo a força de arrasto, porém ainda
existindo certo nível de turbulência
próximo ao ângulo de saída - esse
posicionamento ainda não seria o ideal.

No exemplo 3, as linhas de corrente não


apresentam grandes variações pois
apresentam um ângulo de entrada mais
suave e um ângulo de saída mais
acentuado. As linhas de corrente quase
não apresentam modificações e, se
comparado aos exemplos 1 e 2, o
escoamento próximo ao ângulo de saída
ocorre sem apresentar grandes
variações.

Num carro de fórmula 1, o aerofólio é utilizado para garantir maior estabilidade ao carro garantindo que ele esteja
sempre em contato com o solo mesmo estando a 300 km por hora. Nos aviões, a asa atua para auxiliar na sua
decolagem.

Entender como o estudo da aerodinâmica se relaciona à geometria do veículo, ao conforto, ao desempenho e ao


consumo de combustível e como o arrasto proporciona uma resistência no deslocamento, é um fator que tem
estimulado as indústrias automotiva, aeronáutica e de corrida a investir em estudos e simulações computacionais
para obter um melhor resultado do produto desenvolvido.

Em relação ao desenvolvimento de novos projetos, é necessário considerar o ângulo de inclinação do objeto em


contato com fluido e a superfície do objeto a ser projetado, de forma que sejam evitadas ao máximo as perdas por
atrito. O estudo das forças de rato permite que sejam projetados veículos, aeronaves e embarcações com melhor
aerodinâmica, melhorando o rendimento e a segurança dos projetos desenvolvidos.
C.1 Exercícios
1) O escoamento de um fluido pode ser classificado em laminar e turbulento, sendo que essa
classificação pode ser definida por meio da utilização do número de Reynolds.

Neste contexto, para considerarmos um escoamento como turbulento, o número de


Reynolds precisa assumir um valor superior a:

A) 1800.

B) 3000.

C) 2001.

D) 2100.

E) 2400.

1 Gab E =

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 1 (Aula C.1 Fluido como Continuum) - PÓS GABARITO
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- Nenhuma opção correta.
- Regime turbulento não ocorre necessariamente acima de qualquer dos valores mencionado. Copio Cengel
2015, p. 150: " Na maioria das condições práticas, o escoamento de um tubo circular é laminar para Re <= 2300,
turbulento para Re >= 4000 e de transição entre esses valores. .... No escoamento de transição, o escoamento
troca entre laminar e turbulento de forma aleatória (...). É preciso lembrar que o escoamento laminar pode ser
mantido para números de Reynolds muito mais altos em tubos muito lisos, evitando distúrbios no escoamento
e vibrações no tubo. Em tais experimentos cuidadosamente controlados, o escoamento laminar tem sido
mantido para números de Reynolds de até 100.000."
Obs.1: a justificativa do gabarito (ver imagem abaixo) contém declaração falsa, comprovada facilmente ao
comparar com o texto do Cengel copiado acima.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda
apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem da justificativa do gabarito:
2) Ao longo dos dias, utiliza-se, de forma constante, diversos tipos de unidades de medida,
como, por exemplo, quando as pessoas vão ao mercado e os alimentos estão separados por
embalagens, que indicam uma unidade de massa (kg). Essa massa é determinada por meio de
uma balança.

Em relação à mecânica dos fluidos, para determinar a vazão relacionada ao escoamento de


determinado fluido por uma tubulação, é possível utilizar um instrumento conhecido como:

A) higrômetro.

B) rotâmetro.

C) cronômetro.

D) termômetro.

E) manômetro.

2 Gab B = O instrumento utilizado para determinar a vazão relacionada ao escoamento de determinado fluido
por uma tubulação é o rotâmetro.Entre as demais opções, esclarece-se que: o higrômetro é um instrumento
que serve para medir a umidade presente nos gases; o cronômetro é um instrumento de medição utilizado para
medir frações do tempo; o termômetro é um instrumento de medição da temperatura; e o manômetro é
amplamente utilizado para medir a pressão dos fluidos.
3) O campo de velocidade é uma propriedade muito importante dos fluidos e é representado
pela seguinte expressão V (x, y, z, t), a qual destaca que uma partícula fluida passa através
dos pontos x, y, z em determinado tempo t.

Baseado nessa afirmação, é correto afirmar que:

A) O campo de velocidade é um campo vetorial, o qual necessita de um módulo e a definição de


uma direção.

B) O campo velocidade leva em consideração apenas as três componentes escalaras (x, y, z).

C) Cada partícula fluida sofre apenas a ação das forças de superfície.

D) As forças de campo agem por intermédio das partículas por meio da pressão e do atrito.

E) Ao analisar determinada região de um fluido em movimento, a tensão normal e a tensão de


cisalhamento serão iguais.

3 Gab A = Para que seja possível determinar o campo de velocidade, além dos três componentes escalares (x, y,
z), é necessário levar em consideração o instante de tempo “t”. Cada partícula fluida sofre a ação de dois tipos
de forças: de superfície e de campo. As forças de campo agem por intermédio das partículas por meio de forças
gravitacionais ou eletromagnéticas. Quando o fluido está em movimento, cada ponto do fluido apresentará uma
tensão normal, a qual será sempre diferente da tensão de cisalhamento.
4) 1. A definição do tipo de escoamento ao qual os fluidos possam estar envolvidos depende
do tipo de fluido utilizado, da sua velocidade ou do sistema em que o fluido estiver
inserido. Nesse contexto, analise as situações a seguir:

Situação 1: a compressão de ar no interior de um compressor.

Situação 2: ruptura de uma tubulação subterrânea, provocando um leve escoamento da


água na superfície da rua.

Agora, identifique e assinale a alternativa que indica corretamente quais são os tipos de
escoamentos envolvidos, respectivamente, em ambas as situações.

A) Escoamento laminar e escoamento turbulento.

B) Escoamento turbulento e escoamento compressível.

C) Escoamento incompressível e escoamento externo.

D) Escoamento externo e incompressível.

E) Escoamento compressível e escoamento externo.

4 Gab E =

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 4 (Aula C.1 Fluido como Continuum) - PÓS GABARITO
Pleito: anular exercício e corrigir justificativa do gabarito.
Justificativa deste pleito:
- Nenhuma opção correta (incluindo a do gabarito E).
- Escoamento incompressível não ocorre SOMENTE em líquidos. Copio pág. 205 do Cengel 2015 sobre escoamento incompressível: "
Essa condição é satisfeita por líquidos e também por gases com números de Mach menores que 0,3 , uma vez que os efeitos da
compressibilidade e, portanto, as variações de densidade dos gases, são desprezíveis em velocidades relativamente baixas como essas."
- A situação 2 da questão NÃO é um escoamento externo, pois, em mecânica dos fluidos, escoamento externo é empregado
comumente para a situação descrita por Cengel 2015, p. 607: " Neste capítulo, consideramos o escoamento sobre corpos que estão
imersos em um fluido, chamado de ESCOAMENTO EXTERNO, com enfâse sobre as forças resultantes de sustentação e arrasto."
- A situação 2 da questão (escoar sobre a superfície da rua) é difícil de caracterizar com essa descrição vaga, em ruas pavimentadas,
normalmente a água acaba indo para a sarjeta, e a partir daí, provavelmente formaria um escoamento em canal aberto.
- A justificativa menciona que o ar está num vaso de pressão (prov. para a situação 1), neste caso não teria nem sentido em falar em
escoamento (recinto fechado!).
Obs.1: A situação 1 deveria dizer que se trata de uma máquina dinâmica, pois em máquinas de deslocamento positivo, como
compressores de pistão, não teria sentido em falar em escoamento no seu interior.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem da justificativa do gabarito:
5) É comum encontrar maior dificuldade de locomoção quando se está no interior de uma
piscina do que quando se está ao ar livre. Essa dificuldade está relacionada a uma
característica dos fluidos chamada viscosidade.

Em relação à viscosidade, assinale a alternativa correta:

A) A viscosidade corresponde ao grau de resistência que o corpo sólido apresenta ao resistir ao


movimento do fluido.

B) É possível identificar dois tipos de viscosidade: dos fluidos gasosos e dos fluidos líquidos.

C) A viscosidade representa a taxa de deformação do fluido, que é gerada pela aplicação de uma
determinada tensão de cisalhamento.

D) Nos líquidos, a viscosidade aumenta com o aumento da temperatura.

E) A viscosidade pode apresentar alterações somente quando ocorrem variações de


temperatura.

elm = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 5 (Aula C.1 Fluido como Continuum)
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
- 2 opções corretas (A e C).
- Opção A correta, corresponde ao texto do Conteúdo do Livro p.6: "A viscosidade ... ,pois ela corresponde ao grau de resistência de
um fluido ao movimento de determinado corpo."
- Opção C correta, é igual ao texto do Conteúdo do Livro p.6: "A viscosidade ... determina a taxa de deformação do fluido, que é gerada
pela aplicação de certa tensão de cisalhamento (WHITE 2011)."
Obs.1: Assinalei opção C por achar que será a escolhida pelo gabarito.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício
em 31mar23, mentor = As duas respostas "A" e "C" não são exatamente as mesmas, mas pode dar margem à
interpretação que vc fez. Sua sugestão foi enviada à SAGAH

5 Gab C = A viscosidade está relacionada à resistência que o fluido apresenta em relação ao movimento de
determinado corpo. Em relação aos líquidos, a viscosidade diminui com o aumento da temperatura. A
viscosidade pode sofrer alterações, tanto para variações de temperatura quanto para variações de pressão,
porém, em muitos casos, as variações de pressão podem ser desprezadas.
C.1 Na prática
Desconsiderando os sistemas elétricos, mecânicos, hidráulicos e eletrônico, o avião só consegue
levantar voo devido à ação de quatro forças fundamentais: sustentação, arrasto, tração e peso.

Na Prática, você irá conhecer um pouco mais sobre as forças de sustentação, arrasto, tração e peso.

ESTUDOS ENVOLVENDO A VISCOSIDADE E O ESCOAMENTO DOS FLUIDOS

Com o surgimento da Segunda Guerra Mundial, os países envolvidos passaram a promover estudos e pesquisas para
aperfeiçoar as aeronaves da época, a fim de obterem alguma vantagem em relação aos seus inimigos. Tal fato permitiu que
novas descobertas fossem realizadas, permitindo que os aviões pudessem ser aperfeiçoados, garantindo mais rapidez, maior
capacidade de carga e melhor dirigibilidade.
Da Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje foi possível desenvolver novas tecnologias que permitem que alguns aviões
ultrapassem a barreira do som, com autonomia elevada e com capacidade de transporte de passageiros que pode ir até 800
pessoas. Porém, de nada adiantaria a tecnologia atual sem o desenvolvimento de estudos referentes à mecânica dos fluidos.

Mas como é possível um avião com aproximadamente 20 toneladas levantar voo?

O avião é capaz de levantar voo graças à ação das forças a seguir:

1. FORÇA DE SUSTENTAÇÃO

É a força responsável por manter o avião no ar durante o voo e ela


age de forma perpendicular à direção de voo do avião. Neste caso, o
perfil da asa apresenta comprimentos diferentes nas partes superior e
inferior, devido ao seu formato, possibilitando que as partículas de ar
acabem percorrendo tais comprimentos ao mesmo tempo, porém
com velocidades diferentes.
O perfil da asa pode formar um ângulo de ataque, que poderá aumentar a força de sustentação e, ao mesmo tempo, aumentar
a força de resistência do ar, fazendo com que o avião tenha menor velocidade. Quando se observa aeronaves no céu da cidade
fazendo procedimento de aproximação, por exemplo, elas estão com um maior ângulo de ataque, portanto, com pouca
velocidade. Quando se aumenta muito esse ângulo, a resistência do ar aumenta proporcionalmente, assim, diminuindo muito
a sua velocidade, com isso o avião pode perder instantaneamente sua sustentação, entrando em estol (perda total da
sustentação em voo).

2. FORÇA DE ARRASTO

É uma força aerodinâmica originada pela resistência do ar, que se opõe ao avanço de um corpo. Essa força depende da forma
do corpo, da sua rugosidade e do efeito induzido resultante da diferença de pressão entre as partes inferior e superior da asa.

3. FORÇA DE TRAÇÃO
É uma força responsável por impulsionar a aeronave para frente, originada de algum tipo de motor. De forma geral, essa
energia pode ser obtida por meio de motores convencionais (ciclo Otto) ou motor à base de reação, como a turbina. Ambos
os tipos utilizam uma mistura ar-combustível como fluido de trabalho.

4. FORÇA PESO

Trata-se da força gravitacional a qual todos os corpos estão sujeitos, sendo que ela atua de forma que o corpo é dirigido
para o centro da terra.

Dessa forma, concluímos que para o avião manter o voo de forma segura e constante, é necessário que a força de sustentação
seja igual ou superior a força peso. Isso inclui analisar e compreender o comportamento das asas do avião em relação ao seu
tamanho, à sua forma e ao seu grau de inclinação.

Claro que todas as forças têm seu papel no processo, porém o desenvolvimento de estudos envolvendo a viscosidade e o
escoamento dos fluidos, ao entrarem em contato com um corpo sólido, permitiram que os aviões utilizados atualmente
fossem desenvolvidos e aperfeiçoados.
C.1 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

A física do voo na sala de aula


Leia, neste artigo, um conteúdo para você ampliar o seu conhecimento sobre a física envolvendo o
voo de aviões.
http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol7/Num2/
v13a07.pdf

pdf 7 pág.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Como funciona a aerodinâmica


Neste artigo, você irá conhecer melhor como ocorre o funcionamento da aerodinâmica.
https://www.portalsaofrancisco.com.br/fisica/como-
funciona-aerodinamica

pág html

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Mecânica dos fluidos


Neste vídeo, você irá conhecer mais sobre a importância da mecânica dos fluidos.

https://youtu.be/REVLeg--IpA
#MECFLU 1 Apresentação e Importância da
Mecânica dos Fluidos | por Micelli Camargo

9 min Engenharia e Cia

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
C.1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

BISTAFA, Sylvio R. Mecânica dos fluidos: noções e aplicações. São Paulo: Editora Blucher,
2010.

BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Person Prentice hall, 2008.

ÇENGEL, Yunus A.; CIMBALA, John M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. Porto
Alegre: AMGH, 2012.

FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 8. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2014.

LOUCOS POR CARRO. Entenda o que é e como funciona a aerodinâmica do carro.


Disponível em: <https://loucosporcarro.com.br/aerodinamica-do-carro/>. Acesso em: 24 jul. 2019.

STUDART, Nelson; DAHMEN, Sílvio R. A física do vôo na sala de aula. Física na Escola, v. 7,
n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol7/Num2/v13a07.pdf>. Acesso em: 24
jul. 2019.

UFRGS. O que faz um avião voar? Disponível em:


<http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20031/Andre/#3.2.1.%20Arrasto%20de%20atrito>. Acesso em:
24 jul. 2019.

WHITE, Frank M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

Banco de imagens Shutterstock.

SAGAH, 2019.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Escoamentos compressíveis
C.2
Apresentação
Escoamento compressível é aquele em que o fluxo do fluido sofre mudança quando sua densidade
se altera em relação à pressão. Além disso, tem a massa específica variável. Esse tipo de
escoamento é bem presente em diversos equipamentos e máquinas da engenharia que operam
com a utilização de fluido, como aviões, automóveis, turbomáquinas, entre outros.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a aplicar os conceitos de escoamento


isoentrópico e equações básicas desse tipo de escoamento, aprenderá também a definir
escoamentos supersônicos, identificando a propagação de ondas sonoras e como reconhecer os
princípios de linha de Fanno, linha de Rayleigh e choques normais.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Aplicar os conceitos de escoamento isoentrópico e equações básicas desse tipo de


escoamento.
• Definir escoamentos supersônicos, identificando a propagação de ondas sonoras.
• Reconhecer os princípios de linha de Fanno, linha de Rayleigh e choques normais.
C.2 Desafio
Um aerofólio é um perfil com seção bidimensional, utilizada para causar alteração na direção da
velocidade de fluidos. Isso ocorre devido à alteração de movimento pela força aplicada. Esse
componente é utilizado em diversos equipamentos, como, por exemplo, em carros e aviões. O
aerofólio fica localizado nas asas de aviões, produzindo alterações no voo. Já, em carros de corrida,
fica localizado na parte traseira do veículo, ocasionando estabilidade quando estão correndo.

Imagine a seguinte situação:

Você é o engenheiro mecânico que trabalha em um aeroporto e precisa realizar a manutenção em aviões que
têm aerofólios em suas asas, responsáveis por controlar a sustentação do avião durante o voo.

Há um avião cujo aerofólio não está funcionando como deveria, pois não está permitindo o escoamento de ar
em torno dele. Por isso, deverá ser feita uma análise sobre esse problema, visando ao conserto da peça para
que o avião volte a realizar voos de forma segura.

Nessa situação em que o avião não está funcionando como deveria devido à falta de escoamento
de ar em torno dele, responda: Como é possível resolver o problema da passagem de ar em torno
do aerofólio?

elm = Supondo que não haja problema estrutural, o problema deve ser no sistema de acionamento do aerofólio,
provavelmente servo-hidráulico.

Padrão de resposta esperado

O escoamento está ocorrendo porque o ar passa através do aerofólio e pelo comprimento do avião e o ar é um
fluido compressível, por isso o escoamento é compressível. Quando um avião se movimenta no ar, há uma força
que impulsiona o avião para cima. Por isso, o aerofólio do avião possibilita que as partículas do ar percorram a
parte superior e inferior do avião com velocidades distintas. Ao aumentar a velocidade do fluido, haverá
aumento de pressão com o ar em movimento, originando a força de sustentação. Para resolver o problema,
deverá ser analisada a condição do aerofólio e realizada a manutenção corretiva ou ainda a substituição do
aerofólio, caso este esteja quebrado, já que o avião está com problemas na passagem de ar ao longo do
comprimento do avião.
C.2 Infográfico
O escoamento compressível acontece quando há alterações significativas de algumas
características do fluido em escoamento. Esse escoamento apresenta características diferenciadas
em relação aos outros tipos de escoamentos existentes e é muito comum em gases, não sendo um
escoamento recorrente em líquidos.

Neste Infográfico, você verá as características de escoamentos compressíveis dos gases.

ENTENDENDO OS ESCOAMENTOS COMPRESSÍVEIS

O escoamento compressível é o escoamento dos gases. Muitos desses gases se comportam como gases ideais por
terem temperaturas e pressões moderadas. Para haver escoamento compressível, o fluido em escoamento deverá
ser compressível.

O QUE SÃO FLUIDOS COMPRESSÍVEIS?

São aqueles que apresentam a densidade alterada em relação à pressão e têm número de Mach superior a 0,3.

CARACTERÍSTICAS

Os gases têm características diferenciadas dos líquidos, pois se expandem facilmente e podem ser comprimidos ao
serem aplicadas pressões sobre eles. Com isso, têm também o seu volume alterado. Quando é aplicada
determinada força sobre um fluido compressível, é mais fácil comprimi-lo do que outros tipos de fluidos.
VARIAÇÕES
Os escoamentos compressíveis apresentam significativas alterações de massa específica dentro de um sistema de
escoamento. Além de grande variação na densidade, têm também grande variação no volume.

Eles têm muitas variações de velocidade (V) e de pressão (P), resultando em alterações de massa específica (ρ) e
temperatura (T).
Como existe variação de pressão e temperatura, os escoamentos compressíveis obedecem a Primeira Lei da
Termodinâmica, na qual se estabelece a conservação de energia e também a equação de estado.

APLICAÇÕES

A equação de estado relaciona pressão, densidade e temperatura de substâncias puras, entre elas os gases

Escoamento compressível é o tipo de escoamento comum em equipamentos e máquinas que utilizam gases (ar e
vapor) para o seu funcionamento, tais como aeronaves, turbinas a jato e turbinas de usinas termoelétricas.
C.2 Conteúdo do livro
Escoamentos compressíveis acontecem quando as variações de massa específica significativas
ocorrem entre dois pontos de uma linha de corrente. Fluidos gasosos precisam ter variações de
massa específica significativas para serem considerados aptos a terem um escoamento
compressivo. Escoamentos isentrópicos, supersônicos e de Fanno são tipos de escoamentos
compressíveis que ocorrem com gases que demonstram características diferenciadas em relação a
outros tipos de escoamento.

No capítulo Escoamentos compressíveis, da obra Mecânica dos Fluídos você conhecerá esses tipos
de escoamentos compressíveis que apresentam comportamentos específicos durante o
escoamento.

Boa leitura.

elm = existe o livro abaxo na bib virtual, mas não


consta o cap Escoam. Compressíveis... !!

o livro acima foi usado na aula 4.2, ver


sumário lá (não consta este capítulo...)

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B


(2023.MAR)
Conteúdo do Livro (Aula C.2 Escoamentos Compressíveis)
Pleito: Substituir por pdf do prof. Rodrigo Lisita Ribera
(https://www.cienciastermicas.com/pdf/FT2/
EscoamentosCompressiveis.pdf) ou o cap.12 do Cengel 2015
ou então revisão geral detalhada de conteúdo e formatação.
Justificativa:
- Defeitos:
__ O conteúdo é exposto de maneira incoerente e fora de
ordem e apresenta erros em equações. Melhor não usar.
__ O assunto é complexo e demanda exposição de exemplos
para o aluno poder aprender - o Conteúdo do Livro não há
um exemplo de cálculo sequer!
__ O livro consta na biblioteca virtual, mas o capítulo desta
aula não existe no livro disponível na biblioteca virtual.
Obs.1: Acho que os livros capa laranja da Sagah deveriam ser
evitados, geralmente o conteúdo é um apanhado de
transcrições de livros melhores, porém, infelizmente, com
qualidade pior (provavelmente publicados com pouca ou
sem revisão).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta
confirme apenas que "será encaminhado ao setor
responsável" para melhora do material.

elm = como sempre, livro laranja, amontoado de excertos de outros livros. Ver cópia cap do Cengel após
Conteúdo do Livro...
Escoamentos compressíveis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Aplicar os conceitos de escoamento isoentrópico e suas equações


básicas.
„„ Definir escoamentos supersônicos, identificando a propagação de
ondas sonoras.
„„ Reconhecer os princípios de linha de Fanno, linha de Rayleigh e cho-
ques normais.

Introdução
Neste capítulo, você estudará sobre escoamentos compressíveis, aqueles
cujo número de Mach (M) é maior que 0,3 e que podem ser dos tipos
isoentrópico e supersônico, os quais são bastante utilizados no ramo da
engenharia.
Você também verá equações básicas desses tipos de escoamentos
compressíveis e sobre linha de Fanno, um tipo de escoamento cujo nome
é em homenagem ao engenheiro que realizou ensaios experimentais
com fluidos compressíveis.

Escoamento isoentrópico e suas equações


básicas
O escoamento isoentrópico é aquele de fluido que obedece à segunda lei da
termodinâmica, a qual determina que a entropia depende do tempo, podendo
alcançar o seu maior valor em um sistema isolado.
Para esse tipo de escoamento, são utilizadas equações para calcular o seu
comportamento, explicadas por diversos autores.
2 Escoamentos compressíveis

Conforme Potter e Wiggert (2018), o escoamento isoentrópico pode ser


aplicado em regime uniforme e permanente, incluindo equipamentos e motores,
como em um motor a jato com bocal de um foguete que sai de um gasoduto
rompido e passa por lâminas de uma turbina — no caso, escoamento em
conduítes, conforme representado na Figura 1.

Figura 1. Escoamento isoentrópico uniforme em regime permanente através


de um conduíte.
Fonte: Potter e Wiggert (2018, p. 184).

A equação da continuidade entre duas seções, considerando uma distância


infinitesimal dx entre as seções, é representada da seguinte forma:

ρAV = (ρ + dρ)(A + dA)(V + dV)

Essa equação é importante para o cálculo do comportamento de fluidos


durante o escoamento, pois relaciona a velocidade do fluido com a área em
que o escoamento está passando.
Escoamentos compressíveis 3

Potter e Wiggert (2018) dizem que a equação da continuidade também pode


ser representada da seguinte forma, ao manter os termos de primeira ordem
de uma quantidade diferencial:

Em escoamentos isoentrópicos, há um fenômeno em que o escoamento


é modificado somente pela variação de área (não existindo transferência de
calor ou atrito nem choques) (FOX et al., 2018).
Uma característica diferenciada do tipo de escoamento isoentrópico é a ine-
xistência de atrito, que é definido como uma força de contato atuante entre corpos
que estão próximos e realizam contato entre si ao se movimentarem, ou seja, é a
existência de choques entre os corpos quando há interação de suas superfícies. O
atrito é causado pela rugosidade existente nos corpos que se chocarão.
Segundo Fox et al. (2018), havendo a falta da transferência de calor, atrito
e choques (violentos e inerentemente irreversíveis), o escoamento (Figura 2)
será reversível e adiabático, como mostra a equação a seguir:

ou

Δs = s2 – s1 = 0

Figura 2. Escoamento compressível em um tubo de corrente infinitesimal. Fonte: Fox et al. (2018, p. 620).
4 Escoamentos compressíveis

Quando há movimento em, pelo menos, um corpo ou em ambos os corpos,


esse movimento pode ser calculado por meio da equação da quantidade de
movimento, que estuda a interação entre os corpos.
Conforme Fox et al. (2018), os processos isoentrópicos surgem a partir da
revisão dos resultados obtidos ao ser conferido o volume de controle diferencial.
Nesse caso, a equação da quantidade de movimento será:

tendo:

dP = – ρV dV

Dividindo essa equação por ρV², resulta em:

Fox et al. (2018) dizem sobre a equação da continuidade:

ρAV = constante

Dividindo essa equação por ρAV, obtém-se:

De acordo com Fox et al. (2018), para o processo isoentrópico dp/dρ =


(∂p/∂ρ)s = c2, a equação se transforma em:

e
Escoamentos compressíveis 5

Ainda segundo Fox et al. (2018), em um escoamento isoentrópico, não


deve haver atrito. E as equações anteriores mostram uma elevação na pressão,
em relação à quantidade de movimento, por causa de uma diminuição na
velocidade. E o contrário também, ou seja, a pressão e a velocidade variam
conforme a área.
A velocidade do som é definida como a de propagação da onda sonora
causada durante o escoamento de fluido, podendo ser pelo deslocamento dele.
Segundo Çengel e Cimbala (2015), a velocidade do som é um parâmetro
essencial para o estudo do escoamento compressível, pois ela está ligada a
outras propriedades do fluido, como:

ou

Em gás ideal, utiliza-se:

onde k é a razão de calores específicos do gás, e R é a constante do gás


específico.
Conforme White (2011), o fluido, ao se mover com velocidade parecida
à do som, as alterações de massa específica tornam-se consideráveis, e o
escoamento é nomeado compressível.
Os escoamentos compressíveis são difíceis de ocorrer em líquidos, pois
precisam de pressões em torno de 1.000 atm para produzir velocidades sônicas.
Em gases, as pressões necessárias para causar um escoamento sônico são de
2:1. Por isso, é comum em gases, sendo conhecido como dinâmica dos gases,
em que o parâmetro principal é o número de Mach (WHITE, 2011).
O número de Mach é o adimensional da velocidade, que relaciona a velo-
cidade do escoamento do fluido em relação à do som durante o escoamento.
De acordo com White (2011), o número de Mach é dado pela seguinte
equação:
6 Escoamentos compressíveis

onde V é a velocidade do escoamento, e a é a velocidade do som do fluido.


É importante saber que escoamentos com Mach acima de 0,3 são consi-
derados compressíveis.
Ainda segundo White (2011), outro parâmetro utilizado para calcular
escoamentos compressíveis é a razão de calores específicos do gás:

Conforme White (2011), em escoamento compressível, é normal a apro-


ximação isoentrópica. Para calcular a variação de entropia da primeira e da
segunda lei da termodinâmica de substância pura, utiliza-se a equação a seguir:

Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre escoamentos compressíveis e eficiência
isoentrópica.

https://qrgo.page.link/9NogM

O escoamento isoentrópico é aquele em que a entropia permanece constante. A


entropia existe para mensurar a desordem das partículas em um sistema, ou seja, mede
a desordem molecular de uma substância, que é o gás utilizado em escoamentos
compressíveis.
Conforme as leis da termodinâmica, quanto mais desordem tiver um sistema, maior
entropia terá.
Como durante o escoamento existe troca de calor e disponibilidade de energia, além
de ser item de estudo da mecânica dos fluidos, também é um processo termodinâmico
que obedece à segunda lei da termodinâmica.
Escoamentos compressíveis 7

Escoamentos supersônicos e propagação de


ondas sonoras
Escoamento supersônico de fluido possui o número de Mach maior que 0,3 e
limitado a 3,0 (0,3 < M < 3,0), formação de choques oblíquos e grande alteração
de propriedades do fluido durante sua ocorrência.
Segundo White (2011), em escoamentos supersônicos as ondas de choque
começam ao dividir as regiões subsônicas e supersônicas.
Durante a onda de choques, ocorrem colisões existentes na interação
dos corpos entre si, sendo considerados choques oblíquos quando seguirem
direções diversas.
White (2011) diz que as características do escoamento compressível são:

„„ bloqueio — que limita a vazão de escoamento em um duto por causa


da condição sônica;
„„ ondas de choque — que são variações descontínuas das propriedades
do escoamento supersônico.

O escoamento supersônico é compressível, e a compressibilidade de um


fluido está ligada à propriedade dele, quando submetido a forças e pressões
que causam diminuição em seu volume.
Conforme Çengel e Cimbala (2015), o escoamento supersônico com
M > 1, apresenta características diferenciadas, como o aumento da pressão do
fluido à medida que diminui a área de escoamento do duto e o decréscimo à
medida que aumenta essa área.
Logo, a velocidades supersônicas, a pressão diminui nos dutos divergentes
(bocais supersônicos) e aumenta nos dutos convergentes (difusores supersô-
nicos) (ÇENGEL; CIMBALA, 2015).
Conforme Fox et al. (2018), alguns resultados são diferentes ao serem
comparados com um medidor de Venturi, como o aumento na pressão que
desacelera o escoamento com forças de pressão singulares, como o bocal e o
difusor supersônico da Figura 3, a seguir.
8 Escoamentos compressíveis

Figura 3. Formas de bocal e difusor como uma função do número inicial de Mach.
Fonte: Fox et al. (2018, p. 621).

O tubo de Venturi, ou medidor de Venturi, transmite a alteração de pres-


são causada por movimento dos fluidos que passam por ele durante o seu
escoamento.

Escoamentos supersônicos são comuns em equipamentos ou máquinas que pos-


suem bocais, isto é, componentes com variação de pressão e capacidade de mudar
a velocidade do fluido durante o escoamento.
Os bocais são comuns em estudos de mecânica dos fluidos e da termodinâmica
e costumam ser utilizados em túneis de vento, lasers químicos, foguetes e motores
a jatos, etc.
O fluido passa pelo bocal sob pressão que aumenta ao diminuir a sua velocidade,
resultando em número de Mach menor que 1, ou que diminui ao aumentar a velo-
cidade do fluido. Aí, a velocidade na saída do bocal é supersônica com número de
Mach maior que 1.
Escoamentos compressíveis 9

Linha de Fanno, linha de Rayleigh e


choques normais
Em escoamentos compressíveis do tipo adiabático, não há troca de calor entre
o sistema e a parte externa dele. Já o escoamento isoentrópico é adiabático
reversível, com entropia constante. Em escoamentos adiabáticos, pode haver
atrito quando o escoamento atravessa tubos. A linha de Fanno pode ser traçada
para ambos os tipos de escoamento.
White (2011) explica que o escoamento de Fanno recebe esse nome em
homenagem ao engenheiro italiano Gino Fanno, nascido em 1882. Trata-se
de um escoamento em duto com área e entalpia de estagnação constantes,
entretanto com quantidade de movimento inconstante pelo atrito.
Além disso, White (2011) determina que a linha de Fanno é utilizada para
determinada vazão em massa e entalpia de estagnação num gráfico de entalpia
em função da entropia em todos os estados existentes.
A linha de Fanno é a curva de temperatura e entropia traçada em um
diagrama, a qual é determinada por meio dos resultados de cálculos de equa-
ções de estado, isto é, equações que calculam as propriedades dos fluidos em
escoamento.
Para Çengel e Cimbala (2015), é possível combinar as relações de conserva-
ção de massa e energia numa equação e traçar o gráfico através do diagrama
h-s mostrado na Figura 4, que associa as propriedades — nesse caso, a curva
traçada é a linha de Fanno.
Ainda segundo esses autores, a linha de Fanno é a parte do gráfico onde os
estados possuem entalpia de estagnação e fluxo de massa iguais. Conciliando
a conservação de massa e o momento linear numa equação representada em
forma de gráfico no diagrama h-s, obtêm-se a curva chamada linha de Rayleigh.
A linha de Rayleigh é a curvatura que relaciona conservação de massa e
o momento linear, tendo a parte superior (acima da curva) como subsônica e
a inferior (abaixo da curva) como supersônica.
10 Escoamentos compressíveis

Figura 4. O diagrama h-s do escoamento através de um choque normal.


Fonte: Çengel e Cimbala (2015, p. 679).

Os pontos a e b dessa figura indicam pontos de entropia máxima com o


número Mach (M) igual a 1.
Quando ocorre choque, o escoamento passa de supersônico para subsô-
nico. Sendo maior o número de Mach antes do choque, este será mais forte
(ÇENGEL; CIMBALA, 2015).
Os choques podem ser considerados como descontinuidades que ocorrem
ao existirem modificações de propriedades no fluido de forma repentina.
Ondas de choque têm grande extensão em gases. Em aeronave supersônica,
elas exalam das asas, através de uma grande explosão que ocorre no motor a
jato, por exemplo, podendo ser oblíquas ou normais (POTTER; WIGGERT,
2018).
A onda de choque normal da Figura 5 é estacionária com escoamento em
regime permanente. Aplicando V1 no lado esquerdo, o choque se desloca em
ar estagnado em velocidade V1. e então, a velocidade impulsionada detrás da
onda de choque torna-se V1 – V2 (POTTER; WIGGERT, 2018).
Escoamentos compressíveis 11

Figura 5. Uma onda de choque estacionária.


Fonte: Potter e Wiggert (2018, p. 189).

Conforme Potter e Wiggert (2018), a onda de choque é fina com medida


aproximada entre 10 e 4 mm, contendo pesadas alterações de pressão e moti-
vando dispersão da energia. Consequentemente, a equação da continuidade,
considerando A1 = A2, é:

ρ1V1 = ρ2V2

O choque é um ato irreversível com altas desacelerações e ocorre quando


há transferência de escoamento do tipo supersônico para subsônico.
As ondas de choque normais são aquelas presentes em um plano normal
à direção do escoamento, tendo seu processo de escoamento extremamente
irreversível, não podendo ser aproximado como isoentrópico (ÇENGEL;
CIMBALA, 2015).
Os choques normais são nomeados na montante, à frente da onda, como
supersônico, e, na jusante, depois da onda, como subsônico.
Quando o escoamento atravessa a onda, não há troca térmica em caso de
o escoamento ser adiabático.
Quando há choques normais, o aumento de entropia é causado por atrito
e calor.
Çengel e Cimbala (2015) mencionam a aplicação da conservação da massa,
a quantidade de movimento, as relações de energia e propriedades e o volume
de controle fixo do choque, como mostrado na Figura 6, a seguir.
12 Escoamentos compressíveis

Figura 6. Volume de controle para escoamento através


de uma onda de choque normal.
Fonte: Çengel e Cimbala (2015, p. 678).

Além disso, Çengel e Cimbala (2015) mostram que as ondas de choque


normais são imensamente finas. Em decorrência disso, apresentam áreas de
escoamento de entrada e saída do volume de controle quase iguais, conforme
visto na Figura 7.

Figura 7. Imagem de choque normal em um bocal.


Fonte: Çengel e Cimbala (2015, p. 678).
Escoamentos compressíveis 13

Por fim, as ondas de choques surgem quando ocorrem ríspidas variações


nas propriedades dos fluidos durante um escoamento supersônico, afetando
o escoamento quando essas ondas se desenvolvem.

Por meio do link a seguir, você pode acessar o vídeo que mostra detalhadamente os
escoamentos compressíveis em turbinas e compressores.

https://qrgo.page.link/wtxPT

ÇENGEL, Y. A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. 3. ed.


Porto Alegre: AMGH, 2015.
FOX, R. W. et al. Introdução à mecânica dos fluidos. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.
POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: Bookman, 2018.
WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

Leituras recomendadas
BISTAFA, S. R. Mecânica dos fluidos: noções e aplicações. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2018.
BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2008.
COELHO, J. C.M. Energia e fluidos: mecânica dos fluidos. São Paulo: Blucher, 2016. v. 2.
HIBBELER, R. C. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Pearson, 2016.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula C.2
CAPÍTULO 12
Escoamento Compressível 659
12-1 Propriedades de estagnação 660
12-2 Escoamento isentrópico unidimensional 663
Variação da velocidade do fluido com a área de escoamento 665
Relações de propriedades para escoamento isentrópico de gases ideais 667
12-3 Escoamento isentrópico através de bocais 669
Bocais convergentes 670
Bocais convergentes divergentes 674
12-4 Ondas de choque e ondas de expansão 678
Choques normais 678
Choques oblíquos 684
Ondas de expansão de Prandtl-Meyer 688
12-5 Escoamento em duto com transferência de calor e atrito desprezível (escoamento de Rayleigh) 693
Relações de propriedades para o escoamento de Rayleigh 699
Escoamento bloqueado de Rayleigh 700
12-6 Escoamento adiabático em duto com atrito (escoamento de Fanno) 702
Relações de propriedades para o escoamento de Fanno 705
Escoamento de Fanno bloqueado 708
Resumo 713
Referências e leituras sugeridas 714
Problemas 714
CAPÍTULO 12 - ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL
OBJETIVOS
Ao terminar a leitura deste capítulo você deve ser capaz de:
___ Apreciar as consequências da compressibilidade sobre o escoamento de um gás.
___ Entender o motivo pelo qual um bocal deve ter uma seção divergente para acelerar um gás até velocidades
supersônicas.
___ Prever a ocorrência de choques e calcular as variações das propriedades através de uma onda de choque.
___ Entender os efeitos do atrito e da transferência de calor sobre os escoamentos compressíveis.

Escoamento Compressível

Em geral, limitamos até agora nossas considerações a escoamentos para os quais os efeitos das variações da
densidade e, portanto, da compressibilidade são desprezíveis. Neste capítulo, suprimimos essa limitação e
consideramos os escoamentos que envolvem variações significativas da densidade. Tais escoamentos são
chamados escoamentos compressíveis, e frequentemente, podem ser encontrados em dispositivos que envolvem o
escoamento de gases a velocidades muito altas. O escoamento compressível combina a dinâmica dos fluidos e a
termodinâmica, já que as duas são necessárias para o desenvolvimento do fundamento teórico necessário. Neste
capítulo, desenvolvemos as relações gerais associadas aos escoamentos compressíveis de um gás ideal com calores
específicos constantes.

Iniciamos este capítulo apresentando os conceitos do estado de estagnação, velocidade do som e número de
Mach para os escoamentos compressíveis. As relações entre as propriedades estáticas e de estagnação dos fluidos
são desenvolvidas para os escoamentos isentrópicos dos gases ideais, e são expressas como funções das razões de
calores específicos e do número de Mach. Os efeitos das variações de área para os escoamentos isentrópicos
unidimensionais subsônicos e supersônicos são discutidos. Esses efeitos são ilustrados levando-se em conta o
escoamento isentrópico através de bocais convergentes e convergentes-divergentes. O conceito de ondas de
choque e da variação das propriedades do escoamento através de ondas de choque normais e oblíquas é
discutido. Finalmente, consideramos os efeitos do atrito e da transferência de calor sobre os escoamentos
compressíveis e desenvolvemos relações para as variações de propriedades.

Imagem Schlieren de alta velocidade do rompimento de


um balão de festa preenchido com ar comprimido.
Essa exposição de 1 microssegundo captura a superfície
despedaçada do balão e revela a bolha interna de ar
comprimido no momento em que ela começa a se
expandir. O rompimento do balão também cria uma
onda de choque esférica fraca, visível no círculo ao redor
do balão. No centro da imagem, à direita, é possível ver
a silhueta da mão do fotógrafo na válvula de ar.
Foto de G. S. Settles, Penn State University. Usada com permissão.

FIGURA 12-1 Os motores de aeronaves


e motores a jato envolvem altas
velocidades e, portanto, o termo de
energia cinética sempre deve ser
considerado ao analisá-los. (a) © Corbis
RF (b) Fotografia cedida por United
Technologies Corporation / Pratt & Whitney.
Usado com permissão. Todos os direitos
reservados.
12-1 PROPRIEDADES DE ESTAGNAÇÃO
Ao analisar os volumes de controle, descobrimos que é muito conveniente combinar a energia interna e a energia
de escoamento de um fluido em um único termo, a entalpia, definida por unidade de massa como h = u + p / ρ.
Sempre que as energias cinética e potencial do fluido forem desprezíveis, como acontece frequentemente, a
entalpia representará a energia total de um fluido. Para escoamentos a alta velocidade, como aqueles
encontrados em motores a jato (Fig. 12 1), a energia potencial do fluido ainda é desprezível, mas não a energia
cinética. Em tais casos, é conveniente combinar a entalpia e a energia cinética do fluido em um único termo
chamado entalpia de estagnação (ou total), h0 , definida por unidade de massa como

(12-1)

Quando a energia potencial do fluido é desprezível, a entalpia de estagnação representa a energia total de um
escoamento de fluido por unidade de massa. Isso simplifica a análise termodinâmica dos escoamentos de alta
velocidade.
Em todo este capítulo, a entalpia comum é denominada entalpia estática sempre que necessário, para distingui-la
da entalpia de estagnação. Observe que a entalpia de estagnação é uma propriedade combinada de um fluido,
assim como a entalpia estática, e essas duas entalpias tornam-se idênticas quando a energia cinética do fluido é
desprezível.

FIGURA 12-2
Considere o escoamento permanente de
O escoamento
um fluido através de um duto, como um
permanente de um
bocal, um difusor ou alguma outra
fluido através de um
passagem de escoamento, na qual o
duto adiabático.
escoamento ocorre de forma adiabática
e sem trabalho de eixo ou elétrico, como
mostra a Fig. 12 2.

Assumindo que o fluido experimenta uma pequena ou nenhuma variação em sua elevação e em sua energia
potencial, a relação de balanço de energia ( ) para esse dispositivo de corrente única em escoamento
permanente se reduza:

(12-2) ou (12-3)

Ou seja, na ausência de qualquer interação de calor e trabalho e de variações na energia potencial, a entalpia de
estagnação de um fluido permanece constante durante um processo de escoamento permanente. Os escoamentos
através de bocais e difusores em geral atendem essas condições, e qualquer aumento da velocidade do fluido
nesses dispositivos cria uma diminuição equivalente da entalpia estática do fluido.
Se o fluido fosse parado completamente, a velocidade no estado 2 seria zero e a Equação 12-2 se tornaria:

Assim, a entalpia de estagnação representa a entalpia de um fluido quando ele é levado ao repouso de forma
adiabática.
Durante um processo de estagnação, a energia cinética de um fluido é convertida em entalpia (energia interna
energia de escoamento), o que resulta em um aumento da temperatura e da pressão do fluido. As propriedades de
um fluido no estado de estagnação são chamadas de propriedades de estagnação (temperatura de estagnação,
pressão de estagnação, densidade de estagnação, etc.). O estado de estagnação e as propriedades de estagnação
são indicados pelo subscrito 0.
O estado de estagnação é chamado de estado de estagnação isentrópico quando o processo de estagnação é
reversível e também adiabático (ou seja, isentrópico). A entropia de um fluido permanece constante durante um
processo de estagnação isentrópico. Os processos de estagnação real (irreversível) e isentrópico são mostrados no
diagrama h-s da Fig. 12-3.
Observe que a entalpia de estagnação do fluido (e a
FIGURA 12-3
temperatura de estagnação caso o fluido seja um
O estado real,
gás ideal) é igual nos dois casos. Entretanto, a
o estado de
pressão de estagnação real é mais baixa do que a
estagnação
pressão de estagnação isentrópica, uma vez que a
real e o estado
entropia aumenta durante o processo de
de estagnação
estagnação real como resultado do atrito no fluido.
isentrópico de
Muitos processos de estagnação são aproximados
um fluido em
como isentrópicos, e as propriedades de
um diagrama
estagnação isentrópica são chamadas
h-s.
simplesmente de propriedades de estagnação.
Quando o fluido é aproximado como um gás ideal
com calores específicos constantes, sua entalpia
pode ser substituída por ele a Equação 12-1 pode
ser expressa como:

ou (12-4)

Aqui, T0 é chamada de temperatura de estagnação (ou total), e representa a temperatura que um gás ideal atinge
quando é levado ao repouso de forma adiabática. O termo V^2 / (2*cp) , corresponde à elevação de temperatura
durante tal processo e é chamada de temperatura dinâmica. Por exemplo, a temperatura dinâmica do ar que escoa
a 100 m/s é (100 m/s)^2 / (2*1,005 kJ/kg-K) = 5,0 K. Assim, quando o ar a 300 K e 100 m/s é levado ao repouso de
forma adiabática (na ponta de uma sonda de temperatura, por exemplo), sua temperatura se eleva até o valor de
estagnação de 305 K (Fig. 12-4). Observe que os escoamentos de baixa velocidade, as temperaturas de estagnação
e estática (ou comum) praticamente são iguais. Mas, para escoamentos de alta velocidade, a temperatura medida
por uma sonda estacionária colocada no fluido (a temperatura de estagnação) pode ser significativamente mais alta
do que a temperatura estática do fluido.
A pressão que um fluido atinge quando é levado ao repouso de forma isentrópica é chamada de pressão de
estagnação P0 . Para os gases ideais com calores específicos constantes, P0 está relacionada à pressão estática do
fluido por:

(12-5)

Observando que ρ = 1/v e usando a relação isentrópica P*v^k = P0*v0^k , a relação entre a densidade de
estagnação e a densidade estática pode ser expressa como:

(12-6)

Quando as entalpias de estagnação são usadas, não há necessidade de se referir explicitamente à energia cinética.
Em seguida, o balanço de energia , de um dispositivo de corrente única em escoamento permanente pode
ser expresso como:
(12-7)

onde h01 e h02 são as entalpias de estagnação nos estados 1 e 2, respectivamente. Quando o fluido é um gás ideal
com calores específicos constantes, a Equação 12-7 torna-se:
(12-8)

onde T01 e T02 são as temperaturas de estagnação.


Observe que os termos da energia cinética não aparecem explicitamente nas Equações 12-7 e 12-8, mas os termos
da entalpia de estagnação dão conta de sua contribuição.
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FIGURA 12-5 EXEMPLO 12-1


Esquema do Compressão do ar a alta velocidade em um avião
Exemplo
12-1. Um avião voa à velocidade de cruzeiro de 250
m/s, altitude de 5.000 m na qual a pressão
atmosférica é de 54,05 kPa, e a temperatura do
ar ambiente é 255,7 K. O ar ambiente,
primeiramente, é desacelerado em um difusor
antes de entrar no compressor (Fig. 12-5).
Assumindo que o difusor e o compressor sejam
isentrópicos, determine (a) A pressão de
estagnação na entrada do compressor e (b) O
trabalho do compressor por unidade de massa
requerido se a razão de pressão de estagnação
do compressor for 8.
SOLUÇÃO O ar a alta velocidade entra no difusor e no compressor de um avião. A pressão de estagnação do ar e o
trabalho introduzido no compressor devem ser determinados.
Hipóteses (1) Tanto o difusor quanto o compressor são isentrópicos. (2) O ar é um gás ideal com calores específicos
constantes à temperatura ambiente.
Propriedades O calor específico à pressão constante cp e a razão de calor específico k do ar à temperatura
ambiente são:

Análise (a) Em condições isentrópicas, a pressão de estagnação na entrada do compressor (saída do difusor) pode
ser determinada com a equação 12-5. Entretanto, primeiro, precisamos encontrar a temperatura de estagnação
T01 , na entrada do compressor. Dentro das hipóteses declaradas, T01 pode ser determinada com a Equação 12-4
como:

Assim, da Equação 12-5:

Ou seja, a temperatura do ar aumentaria em 31,1°C e a pressão em 26,72 kPa à medida que o ar é desacelerado de
250 m/s até a velocidade zero. Esses aumentos da temperatura e pressão do ar são devido à conversão da energia
cinética em entalpia. (b) Para determinar o trabalho do compressor, precisamos conhecer a temperatura de
estagnação do ar na saída do compressor T02 . A razão da pressão de estagnação através do compressor, P02 /
P01 , é especificada como 8. Como o processo de compressão é assumido como isentrópico, T02 pode ser
determinada da relação isentrópica do gás ideal (Equação 12-5):

Desprezando as variações da energia potencial e a transferência de calor, o trabalho do compressor por unidade de
massa de ar é determinado com a Equação 12-8:

Assim, o trabalho fornecido ao compressor é 233,9 kJ/kg.

Discussão Observe que o uso das propriedades de estagnação leva em conta automaticamente todas as variações
da energia cinética de uma corrente de fluido.

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12-2 ESCOAMENTO ISENTRÓPICO UNIDIMENSIONAL
Um parâmetro importante no estudo do escoamento compressível é a velocidade do som c, mostrada no
Capítulo 2, que está relacionada com outras propriedades do fluido como:

(12-9) ou (12-10)

Para um gás ideal, se simplifica como:


(12-11)
onde k é a razão de calores específicos do gás e R é a constante do gás específico. A razão entre a velocidade de
escoamento e a velocidade do som é o número adimensional de Mach, Ma:

(12-12)

Durante o escoamento do fluido através de muitos dispositivos, como bocais, difusores e passagens de palhetas de
turbina, as quantidades de escoamento variam primariamente apenas na direção do escoamento, e o escoamento
pode ser aproximado como escoamento isentrópico unidimensional com um bom nível de exatidão. Assim, ele
merece consideração especial. Antes de apresentar uma discussão formal sobre o escoamento isentrópico
unidimensional, nós ilustramos alguns de seus aspectos importantes com um exemplo.
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FIGURA 12-6 EXEMPLO 12-2 Escoamento de gás através de um


Esquema do duto convergente-divergente
Exemplo Dióxido de carbono escoa de forma permanente
12-2. através de um duto de área de seção transversal
variável, como o bocal mostrado na Fig. 12-6, a
uma vazão mássica de 3 kg/s. O dióxido de carbono
entra no duto a uma pressão de 1.400 kPa e 200°C
com velocidade baixa, e se expande no bocal até
uma pressão de 200 kPa. O duto foi criado para que
o escoamento possa ser aproximado como
isentrópico. Determine a densidade, velocidade,
área de escoamento e número de Mach em cada
local ao longo do duto que corresponde a uma
queda de pressão de 200 kPa.
SOLUÇÃO O dióxido de carbono entra em um duto de área de seção transversal variável a condições especificadas.
As propriedades do escoamento ao longo do duto devem ser determinadas.
Hipóteses (1) 0 dióxido de carbono é um gás ideal com calores específicos constantes à temperatura ambiente. (2)
O escoamento através do duto é permanente, unidimensional e isentrópico.
Propriedades Para simplificar usamos cp = 0,846 kJ/kg.K e k = 1,289 em todos os cálculos, que são os valores de
calor específico à pressão constante e razão de calores específicos do dióxido de carbono à temperatura ambiente.
A constante de gás do dióxido de carbono é R = 0,1889 kJ/kg.K.
Análise Observamos que a temperatura de entrada é quase igual à temperatura de estagnação, uma vez que a
velocidade de entrada é pequena. O escoamento é isentrópico e, portanto, as temperaturas de estagnação e
pressão através do duto permanecem constantes. Portanto:
e
Para ilustrar o procedimento de solução, calculamos as propriedades desejadas no local onde a pressão é 1.200
kPa, o primeiro local que corresponde a uma queda de pressão de 200 kPa.
Da Equação 12-5:
Da Equação 12-4:

Da relação de gás ideal:

Da relação da vazão mássica:

Das Equações 12-11 e 12-12:

Os resultados para outros degraus de pressão são resumidos na Tabela 12-1 e são mostrados no gráfico da Fig. 12-7.

Tabela 12-1
Variação das propriedades do fluido na direção do escoamento de
duto descrito no Exemplo 12-2 para = 3 kg/s = constante.

Figura 12-7 : Variação das propriedades


elm= contas feitas acima, no exemplo 12-2, para esta linha de dados. normalizadas dos fluidos e da área de seção
transversal à medida que a pressão cai de
1400 para 200 kPa.
Discussão: Observe que à medida que a pressão diminui, a temperatura e a velocidade do som diminuem enquanto a
velocidade do fluido e o número de Mach aumentam na direção do escoamento. A densidade diminui lentamente no
princípio e depois rapidamente à medida que a velocidade do fluido aumenta.
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Observamos pelo Exemplo 12-2 que a área de escoamento diminui com a diminuição da pressão até um valor de
pressão crítica, no qual o número de Mach é a unidade e, em seguida, começa a aumentar à medida que a pressão
é reduzida. O número de Mach é a unidade no local da menor área de escoamento, chamado garganta (Fig. 12-8).
Observe que a velocidade do fluido continua aumentando após passar pela garganta, embora a área de
escoamento aumente rapidamente naquela região. Esse aumento da velocidade após a garganta deve-se à rápida
diminuição da densidade do fluido. A área de escoamento do duto considerada nesse exemplo primeiramente
diminui e, em seguida, aumenta. Tais dutos são chamados de bocais convergentes-divergentes. Esses bocais são
usados para acelerar os gases até velocidades supersônicas e não devem ser confundidos com os bocais de Venturi,
que são usados exclusivamente para o escoamento incompressível. O primeiro uso de tal bocal ocorreu em 1893
em uma turbina a vapor desenvolvida pelo engenheiro sueco Carl G. B. de Laval (1845-1913) e, portanto, os bocais
convergentes-divergentes também são chamados de bocais de Laval.
FIGURA 12-8
A seção transversal de um
bocal na mínima área de
escoamento é chamada de
garganta.

Variação da velocidade do fluido com a área de escoamento


O Exemplo 12-2 deixa claro que as conexões entre a velocidade, densidade e área de escoamento para
escoamentos isentrópicos em dutos são bastante complexas. No restante desta seção investigamos essas conexões
com mais detalhes e desenvolvemos relações para a variação das razões entre as propriedades estática e de
estagnação com o número de Mach para a pressão, a temperatura e a densidade.
Começamos nossa investigação buscando relações entre a pressão, temperatura, densidade, velocidade, área de
escoamento e o número de Mach para o escoamento isentrópico unidimensional. Considere o balanço de massa de
um processo para escoamento permanente:

Diferenciando e dividindo a equação resultante pela vazão mássica, obtemos: 12-13

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA (escoamento Desprezando a energia potencial, o balanço de energia de um


permanente, w = 0 , q=0 , ∆ep=0) escoamento isentrópico sem interações de trabalho pode ser
expresso na forma diferencial como (Fig. 12-9):
ou (12-14)

Diferenciando, Essa relação também é a forma diferencial da equação de


Bernoulli quando as variações da energia potencial são
Da mesma forma, desprezíveis, que é uma forma da segunda lei de movimento de
Newton para os volumes de controle com escoamento
permanente.

Substituindo, Combinando as Equações 12-13 e 12-14 resulta em:


(12-15)
FIGURA 12-9
Dedução da forma diferencial da equação da
energia para o escoamento isentrópico Reorganizando a Equação 12-9 como
permanente. e substituindo na Equação 12-15 temos que:

(12-16)

Essa é uma relação importante para o escoamento isentrópico em dutos, uma vez que descreve a variação da
pressão com a área de escoamento. Observamos que A ρ V são quantidades positivas. Para o escoamento
subsônico (Ma< 1), o termo (1 − Ma^2) é positivo e, portanto, dA e dP devem ter o mesmo sinal. Ou seja, a pressão
do fluido deve aumentar à medida que a área de escoamento do duto aumenta, e deve diminuir à medida que a
área de escoamento do duto diminui. Assim, a velocidades subsônicas, a pressão diminui nos dutos convergentes
(bocais subsônicos) e aumenta nos dutos divergentes (difusores subsônicos).
Para o escoamento supersônico (Ma > 1), o termo (1 − Ma^2) é negativo e, portanto, dA e dP devem ter sinais
opostos. Ou seja, a pressão do fluido deve aumentar à medida que a área de escoamento do duto diminui, e deve
diminuir à medida que a área de escoamento do duto aumenta. Assim, a velocidades supersônicas, a pressão
diminui nos dutos divergentes (bocais supersônicos) e aumenta nos dutos convergentes (difusores supersônicos).
Outra relação importante para o escoamento isentrópico de um fluido é obtida pela substituição de (ρV = − dP/dV)
da Equação 12-14 na Equação 12-16:
(12-17)
Esta equação determina a forma de um bocal ou difusor no escoamento isentrópico subsônico ou supersônico.
Observando que A e V são quantidades positivas, concluímos o seguinte:

Para escoamento subsônico (Ma< 1),

Para escoamento supersônico (Ma > 1),

Para escoamento sônico (Ma = 1),

Assim, a forma adequada de um bocal depende da mais alta velocidade desejada em relação à velocidade sônica.
Para acelerar um fluido, devemos utilizar um bocal convergente a velocidades subsônicas e um bocal divergente a
velocidades supersônicas. As velocidades encontradas nas aplicações mais conhecidas estão bem abaixo da
velocidade sônica e, portanto, é natural visualizarmos um bocal como um duto convergente. Porém, a mais alta
velocidade que pode ser atingida por um bocal convergente é a velocidade sônica, que ocorre na saída do bocal. Se
estendermos o bocal convergente ainda mais, diminuindo a área de escoamento, esperando acelerar o fluido até
velocidades supersônicas, como mostra a Fig. 12-10, muito provavelmente vamos nos desapontar. Agora a
velocidade sônica ocorrerá na saída da extensão convergente, em vez da saída do bocal original, e a vazão mássica
através do bocal diminuirá por causa da área de saída reduzida.

FIGURA 12-10 Com base na Equação 12-16, que é uma


Não podemos expressão da conservação de massa e
obter princípios de energia, devemos adicionar uma
velocidades seção divergente a um bocal convergente para
supersônicas, acelerar um fluido até velocidades
anexando uma supersônicas. O resultado é um bocal
seção convergente-divergente. No princípio, o fluido
convergente a passa através de uma seção subsônica
um bocal (convergente), na qual o número de Mach
convergente. aumenta à medida que a área de escoamento
Isso só moverá a do bocal diminui e, em seguida, atinge o valor
seção transversal de unidade na garganta do bocal. O fluido
sônica ainda continua acelerando à medida que passa
mais a jusante e através de uma seção supersônica (divergente).
diminuirá a vazão Observando que
mássica. para o escoamento permanente, vemos que a
diminuição grande da densidade torna possível
a aceleração na seção divergente. Um exemplo
desse tipo de escoamento é o escoamento dos
gases quentes de combustão através de um
bocal em uma turbina a gás.
O processo oposto ocorre na entrada do motor de um avião supersônico. O fluido é desacelerado quando é
passado primeiramente através de um difusor supersônico, que tem uma área de escoamento que diminui na
direção do escoamento. Idealmente, o escoamento atinge um número de Mach de unidade na garganta do difusor.
O fluido desacelera ainda mais em um difusor subsônico, que tem uma área de escoamento que aumenta na
direção do escoamento, como mostra a Fig. 12-11.

Figura 12-11
Variação das propriedades do escoamento em bocais e difusores subsônicos e supersônicos.
Relações de propriedades para escoamento isentrópico de gases ideais

A seguir, desenvolvemos relações entre as propriedades estáticas e de estagnação de um gás ideal em termos da
razão de calor específico k e do número de Mach Ma. Assumimos que o escoamento é isentrópico e que o gás tem
calores específicos constantes.
A temperatura T de um gás ideal em qualquer parte do escoamento está relacionada com a temperatura de
estagnação T0 por meio da Equação 12-4:

ou

Observando que vemos que:

Substituindo, temos:
(12-18)

que é a relação desejada entre T0 e T.

A razão entre a pressão de estagnação e a pressão estática é obtida substituindo a Equação 12-18 na Equação 12-5:

(12-19)

A razão entre a densidade de estagnação e a densidade estática é obtida substituindo a Equação 12-18 na Equação
12-6:

(12-20)

Os valores numéricos de T0/T , P0/P e ρ0/ρ , são listados em função do número de Mach na Tabela A-13 para k = 1,4
e são muito úteis para os cálculos práticos do escoamento compressível que envolve o ar.
As propriedades de um fluido em um local onde o número de Mach é a unidade (a garganta) são chamadas de
propriedades críticas e as razões das Equações 12-18 a 12-20 são chamadas de razões críticas (Fig. 12-12). É prática
comum na análise do escoamento compressível deixar que o asterisco sobrescrito (*) represente os valores críticos.
Definindo Ma = 1 nas Equações 12-18 a 12-20 temos:

(12-21)

(12-22)

(12-23)

Figura 12-12
Quando Mat = 1 , as propriedades na garganta do
bocal tornam-se as propriedades críticas.
Essas razões são avaliadas para diversos valores de k e estão listadas na Tabela 12-2. As propriedades críticas do
escoamento compressível não devem ser confundidas com as propriedades termodinâmicas das substâncias no
ponto crítico (como a temperatura crítica Tc e a pressão crítica Pc).

Tabela 12-2 As razões entre pressão crítica, temperatura crítica e densidade


crítica para o escoamento isentrópico de alguns gases ideais.

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EXEMPLO 12-3 Temperatura e pressão críticas no escoamento de gás


Calcule a pressão e temperatura críticas do dióxido de carbono para as condições de escoamento descritas no
Exemplo 12-2 (Fig. 12-13).
SOLUÇÃO: Para o escoamento discutido no
Figura 12-13 Exemplo 12-2, a pressão e a temperatura críticas
Esquema do devem ser calculadas.
Exemplo
12-3. Hipóteses (1) 0 escoamento é permanente,
adiabático e unidimensional. (2) O dióxido de
carbono é um gás ideal com calores específicos
constantes.

Propriedades A razão de calor específico do dióxido de carbono à temperatura ambiente é k = 1,289.


Análise As razões entre valores crítico e de estagnação para a temperatura e a pressão são determinadas como:

Observando que a temperatura e pressão de estagnação são, do Exemplo 12-2, T0 = 473 K e P0 = 1.400 kPa, vemos
que a temperatura e pressão críticas neste caso são:

Discussão: Observe que esses valores coincidem com aqueles listados na quinta linha da Tabela 12-1, como já era
esperado. Da mesma forma, outros valores diferentes de propriedades na garganta indicariam que o escoamento
não é crítico e que o número de Mach não é igual a um.
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12-3 ESCOAMENTO ISENTRÓPICO ATRAVÉS DE BOCAIS

Os bocais convergentes ou convergentes-divergentes encontram-se em muitas aplicações da engenharia, incluindo


as turbinas a vapor e gás, os aviões e os sistemas de propulsão de naves espaciais, e até mesmo os bocais de jato de
areia industriais e os bocais de maçarico. Nesta seção, consideramos os efeitos da contrapressão (ou seja, a pressão
aplicada na região de descarga do bocal) sobre a velocidade de saída, a vazão mássica e a distribuição da pressão ao
longo do bocal.

Bocais convergentes

Considere o escoamento subsônico através de um bocal convergente, como mostra a Fig. 12-14. A entrada do bocal
é ligada a um reservatório à pressão Pr e temperatura Tr . O reservatório é suficientemente grande para que a
velocidade de entrada do bocal seja desprezível. Como a velocidade do fluido no reservatório é zero e o
escoamento através do bocal é aproximado como isentrópico, a pressão e a temperatura de estagnação do fluido
em qualquer seção transversal através do bocal são iguais à pressão e à temperatura do reservatório,
respectivamente.
Agora começamos a reduzir a contrapressão e a observar os efeitos resultantes sobre a distribuição da pressão ao
longo do comprimento do bocal, como mostra a Fig. 12-14. Se a contrapressão Pb for igual a P1 , que é igual a Pr ,
não há escoamento e a distribuição da pressão é uniforme ao longo do bocal. Quando a contrapressão é reduzida
para P2, a pressão no plano de saída Pe , também cai para P2 Isso faz com que a pressão ao longo do bocal
diminua na direção do escoamento.
Quando a contrapressão é reduzida para P3 (= P* que é a pressão necessária para aumentar a velocidade do fluido
até a velocidade do som no plano de saída ou garganta), a vazão mássica atinge um valor máximo e diz-se que o
escoamento está bloqueado. Uma maior redução da contrapressão até o nível P4 , ou abaixo dele não resulta em
variações adicionais na distribuição da pressão ou em qualquer outra coisa ao longo do comprimento do bocal.
FIGURA 12-14 Sob condições de escoamento
O efeito da permanente, a vazão mássica através do
contra- bocal é constante e pode ser expressa
pressão como:
sobre a
distribuição
da pressão ao
longo de um
bocal
convergente.
Resolvendo T da Equação 12-18 e P da
Equação 12-19 e substituindo, temos:

(12-24)

Assim, a vazão mássica de determinado


fluido através de um bocal é uma função
das propriedades de estagnação do
fluido, da área de escoamento e do
número de Mach.
A Equação 12-24 é válida em qualquer seção transversal e, portanto, pode ser avaliada em qualquer local ao
longo do comprimento do bocal.
Para uma área de escoamento especificada A e propriedades de estagnação T0 e P0 , a taxa de escoamento máxima
de massa pode ser determinada pela diferenciação da Equação 12-24 em relação a Ma e igualando o resultado a
zero. Isso resulta em Ma = 1. Como o único local de um bocal onde o número de Mach pode ser a unidade é o local
de mínima área de escoamento (a garganta), a vazão mássica através de um bocal é máxima quando Ma = 1 na
garganta. Indicando essa área como A*, obtemos uma expressão para a máxima vazão mássica substituindo Ma = 1
na Equação 12-24:

(12-25)

Assim, para um gás ideal particular, a vazão mássica máxima através de um bocal com determinada área de
garganta é fixada pela pressão e temperatura de estagnação do escoamento de entrada. A vazão mássica pode ser
controlada pela variação da pressão ou temperatura de estagnação e, portanto, um bocal convergente pode ser
usado como um medidor de vazão. A vazão também pode ser controlada, obviamente, variando a área da
garganta. Esse princípio é de importância vital para os processos químicos, dispositivos médicos, medidores de
vazão e em toda parte onde o fluxo de massa de um gás deve ser conhecido e controlado.
Um gráfico de versus Pb/P0 para um bocal convergente é mostrado na Fig. 12-15. Observe que a vazão
mássica aumenta com a diminuição de Pb/P0, atinge um máximo em Pb = P* e permanece constante para valores
de Pb/P0 menores do que essa razão crítica. Essa figura também ilustra o efeito da contrapressão sobre a pressão
de saída do bocal Pe. Observamos que:

Resumindo, para todas as contrapressões abaixo da pressão crítica P*, a pressão no plano de saída do bocal
convergente Pe é igual a P*, o número de Mach no plano de saída é a unidade e a vazão mássica é a vazão máxima
(ou bloqueada). Como a velocidade do escoamento é sônica na garganta para a vazão máxima, uma contrapressão
mais baixa do que a pressão crítica não pode ser sentida no escoamento a montante do bocal, e não afeta a vazão.
elm= 1,2,3,4,5,Pb ver fig 12-14

elm= 1,2,3,4,5,Pb ver fig 12-14

Figura 12-16
A variação da vazão mássica de um bocal com
propriedades de estagnação de entrada.

Os efeitos da temperatura de estagnação T0 e da pressão


de estagnação P0 sobre a vazão mássica através de um
bocal convergente são ilustrados na Fig. 12-16, na qual a
FIGURA 12-15 vazão está mostrada graficamente para a razão entre
O efeito da contrapressão Pb sobre a vazão pressão estática e de estagnação na garganta Pt/P0 . Um
mássica ____ sobre a pressão de saída Pe de um aumento de P0 (ou uma diminuição de T0) aumentará a
bocal convergente. vazão mássica através do bocal convergente, enquanto
uma diminuição de P0 (ou um aumento de T0) a
diminuirá. Também poderíamos concluir isso observando
com cuidado as Equações 12-24 e 12-25.
Uma relação para a variação da área de escoamento A através do bocal com relação à área de garganta A* pode ser
obtida pela combinação entre as Equações 12-24 e 12-25 para a mesma vazão mássica e pelas propriedades de
estagnação de determinado fluido. O resultado é:

(12-26)

A Tabela A-13 fornece os valores de A/A* como função do número de Mach para o ar (k = 1,4). Existe um valor de
A/A* para cada valor do número de Mach, mas existem dois valores possíveis do número de Mach para cada valor
de A/A* - um para escoamento subsônico e outro para escoamento supersônico.

Outro parâmetro também utilizado na análise do escoamento isentrópico unidimensional dos gases ideais é Ma*,
que é a relação entre a velocidade local e a velocidade do som na garganta:

(12-27)

Ele também pode ser expresso como:

onde Ma é o número de Mach local, T é a temperatura local e T* é a temperatura crítica. Resolvendo T da Equação
12-18 e T* da Equação 12-21 e substituindo, temos:
(12-28)

Os valores de Ma* também estão listados na Tabela A-13 versus o número de Mach para k = 1,4 (Fig. 12-17).
Observe que o parâmetro Ma* difere do número de Mach, pois Ma* é a velocidade local adimensionalizada com
relação à velocidade sônica da garganta, enquanto Ma é a velocidade local adimensionalizada com relação à
velocidade sônica local. (Lembre-se que a velocidade sônica de um bocal varia com a temperatura e, portanto, com
a localização.)

FIGURA 12-17
Diversas razões de
propriedade para
escoamento isentrópico
através de bocais e
difusores são listadas na
Tabela A-13 para k = 1,4
(ar) por questões de
conveniência.

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EXEMPLO 12-4 Efeito da contrapressão sobre a vazão mássica


Ar a 1 MPa e 600°C entra em um bocal convergente, mostrado na Fig. 12-18, com velocidade de 150 m/s. Determine
a vazão mássica através do bocal para uma área de garganta de bocal de 50 cm2 quando a contrapressão é (a) 0,7
MPa e (b) 0,4 MPa.
SOLUÇÃO: Ar entra em um bocal convergente.
FIGURA 12-18 A vazão mássica do ar através do bocal deve ser
Esquema do determinada para diferentes contrapressões.
Exemplo 12-4.
Hipóteses (1) O ar é um gás ideal com calores
específicos constantes à temperatura
ambiente. (2) O escoamento através do bocal é
permanente, unidimensional e isentrópico.

Propriedades: O calor específico à pressão constante e a razão de calor específico do ar são cp = 1,005 kJ/kg.K e k =
1,4.
Análise: Usamos os subscritos i e t para representar as propriedades na entrada do bocal e na garganta,
respectivamente. A temperatura e pressão de estagnação na entrada do bocal são determinadas com as Equações
12-4 e 12-5:

Esses valores de temperatura e pressão de estagnação permanecem constantes através do bocal, uma vez que o
escoamento é assumido como isentrópico. Ou seja:

A razão de pressão crítica é determinada da Tabela 12-2 (ou da Equação 12-22) como P*/P0 = 0,5283.

(a) A razão de contrapressão neste caso é:


que é maior do que a razão de pressão crítica, 0,5283. Assim, a pressão no plano de saída (ou a pressão de garganta
Pt) é igual à contrapressão neste caso. Ou seja, Pt = Pb = 0,7 MPa e Pt/P0 = 0,670. Portanto, o escoamento não está
bloqueado. Na Tabela A-13 para Pt/P0 = 0,670, vemos que Mat = 0,778 e T/T0 = 0,892.
A vazão mássica através do bocal pode ser calculada pela Equação 12-24. Mas ela também pode ser determinada
passo a passo como segue:

Assim:

(b) A razão de contrapressão neste caso é:

que é menor do que a razão de pressão crítica, 0,5283. Portanto, existem condições sônicas no plano de saída
(garganta) do bocal e Ma = 1. O escoamento é bloqueado neste caso, e a vazão mássica através do bocal pode ser
calculada da Equação 12-25:

uma vez que


Discussão Esta é a máxima vazão mássica através do bocal para as condições especificadas de entrada e área da
garganta do bocal.
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EXEMPLO 12-5 Perda de ar através de um pneu furado


Ar em um pneu de automóvel é mantido à pressão de 220 kPa (manométrica) em um ambiente no qual a pressão
atmosférica é 94 kPa. O ar do pneu está à temperatura ambiente de 25°C. Após um acidente surge um vazamento
de 4 mm de diâmetro no pneu (Fig. 12-19). Assumindo o escoamento isentrópico, determine a vazão mássica inicial
do ar através do vazamento.
SOLUÇÃO Um vazamento acontece em um pneu de
Figura 12-19
automóvel, como resultado de um acidente. A vazão mássica
Esquema
inicial de ar através do vazamento deve ser determinada.
para o
Exemplo Hipóteses (1) ar é um gás ideal com calores específicos
12-5. constantes. (2) O escoamento de ar através do orifício é
isentrópico.

Propriedades: A constante do gás específico do ar é R =


0,287 kPa.m3/kg.K . A razão de calor específico do ar à
temperatura ambiente é k = 1,4.
Análise A pressão absoluta no interior do pneu é:

A pressão crítica é (da Tabela 12-2):

Portanto, o escoamento está bloqueado e a velocidade na saída do orifício é a velocidade do som. Em seguida, as
propriedades de fluxo na saída resultam:

Em seguida, a vazão mássica inicial através do orifício é:

Discussão A vazão mássica diminui com o tempo à medida que a pressão dentro do pneu cai.
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Bocais convergentes-divergentes
Quando pensamos em bocais, normalmente pensamos nas passagens de escoamento cuja área de seção
transversal diminui na direção do escoamento. Entretanto, a mais alta velocidade com a qual um fluido pode ser
acelerado em um bocal convergente é limitada à velocidade sônica (Ma = 1), que ocorre no plano de saída
(garganta) do bocal. A aceleração de um fluido a velocidades supersônicas (Ma > 1) pode ser atingida apenas pela
agregação de uma seção de escoamento divergente ao bocal subsônico na garganta. A seção de escoamento
combinado resultante é um bocal convergente-divergente, que é o equipamento padrão na aviação supersônica e
na propulsão de foguetes (Fig. 12-20).

Figura 12-20
Os bocais convergentes-
divergentes normalmente
são usados nos motores de
foguetes para fornecer alto
empuxo. (Direita) NASA.

Forçar um fluido através de um bocal convergente-divergente não é garantia de que o fluido será acelerado até
uma velocidade supersônica. Na verdade, o fluido pode ser desacelerado na seção divergente em vez de ser
acelerado quando a contrapressão não estiver dentro do intervalo correto. O estado do escoamento do bocal é
determinado pela razão de pressões Pb/P0. Assim, para determinadas condições de entrada, o escoamento através
de um bocal convergente-divergente é governado pela contrapressão Pb como será explicado a seguir.
Considere o bocal convergente-divergente da Fig. 12-21. Um fluido entra no bocal com velocidade baixa à pressão
de estagnação P0. Quando Pb = P0 (caso A) não haverá escoamento através do bocal. Isso é esperado, uma vez
que o escoamento em um bocal é movido pela diferença de pressão entre a entrada e a saída do bocal. Agora
vamos examinar o que acontece à medida que a contrapressão diminui.
1. Quando P0 > Pb > PC , o
escoamento permanece subsônico
em todo o bocal, e o escoamento
de massa é menor do que aquele do
escoamento bloqueado. A
velocidade do fluido aumenta na
primeira seção (convergente) e
atinge o máximo na garganta (mas
Ma< 1). Entretanto, a maior parte
do ganho de velocidade se perde na
segunda seção (divergente) do
bocal que age como um difusor. A
pressão diminui na seção
convergente, atinge um mínimo na
garganta e aumenta às custas da
velocidade na seção divergente.

2. Quando Pb = PC a pressão da
garganta torna-se P* e o fluido
atinge a velocidade sônica na
garganta. Mas a seção divergente
do bocal ainda age como um
difusor, diminuindo a velocidade do
fluido até velocidades subsônicas. A
vazão mássica que diminuía com a
diminuição de Pb também atinge
seu valor máximo. Lembre-se de
que P* é a pressão mais baixa que
pode ser obtida na garganta e a
velocidade sônica é a mais alta
velocidade que pode ser atingida
com um bocal convergente. Assim,
a diminuição adicional de Pb não
tem influência sobre o escoamento
de fluido da parte convergente do
bocal ou sobre a vazão mássica
através do bocal. Entretanto, ela
influencia o caráter do escoamento
na seção divergente.

Figura 12-21 Os efeitos da contrapressão sobre o escoamento através de


um bocal convergente-divergente.
3. Quando PC > Pb > PE, o fluido que atingiu uma velocidade sônica na garganta continua acelerando até
velocidades supersônicas na seção divergente à medida que a pressão diminui. Entretanto, essa aceleração para
repentinamente à medida que um choque normal se forma em uma seção entre a garganta e o plano de saída,
causando uma queda repentina da velocidade até níveis subsônicos e um aumento repentino da pressão. Em
seguida, o fluido continua desacelerando ainda mais na parte restante do bocal convergente-divergente. O
escoamento através do choque é altamente irreversível e, portanto, ele não pode ser aproximado como
isentrópico. O choque normal move-se a jusante para longe da garganta à medida que Pb diminui e se aproxima do
plano de saída do bocal à medida que Pb se aproxima de PE.
Quando Pb = PE , o choque normal forma-se no plano de saída do bocal. O escoamento é supersônico em toda a
seção divergente neste caso e pode ser aproximado como isentrópico. Entretanto, a velocidade do fluido cai até
níveis subsônicos imediatamente antes de sair do bocal ao cruzar o choque normal. As ondas de choque normal
são discutidas na Seção 12-4.
4. Quando PE > Pb > 0 , o escoamento na seção divergente é supersônico e o fluido se expande até PF , na saída do
bocal sem a formação de choque normal dentro do bocal. Assim, o escoamento através do bocal pode ser
aproximado como isentrópico. Quando Pb = PF , nenhum choque ocorre dentro ou fora do bocal. Quando Pb < PF ,
ondas irreversíveis de mistura e expansão ocorrem a jusante do plano de saída do bocal. Quando Pb > PF porém, a
pressão do fluido aumenta de PF até Pb de forma irreversível na esteira da saída do bocal, criando o que se chama
de choques oblíquos.
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EXEMPLO 12-6 0 escoamento de ar através de um bocal convergente-divergente


Ar entra em um bocal convergente-divergente, mostrado na Fig. 12-22, a 1,0 MPa e 800 K com velocidade
desprezível. O escoamento é permanente, unidimensional e isentrópico com k = 1,4. Para um número de Mach de
saída Ma = 2 e uma área de garganta de 20 cm2, determine (a) As condições na garganta (b) As condições no
plano de saída, incluindo a área de saída e (c) A vazão mássica através do bocal.
SOLUÇÃO: Ar escoa através de um bocal
Figura 12-22 convergente-divergente. As condições na
Esquema do garganta e na saída e a vazão mássica devem
Exemplo ser determinadas.
12-6.
Hipóteses (1) O ar é um gás ideal com calores
específicos constantes à temperatura
ambiente. (2) O escoamento através do bocal
é permanente, unidimensional e isentrópico.

Propriedades A razão de calor específico do ar é dada como k = 1,4. A constante de gás do ar é 0,287 kJ/kg.K.
Análise: O número de saída de Mach é dado como 2. Assim, o escoamento deve ser sônico na garganta e
supersônico na seção divergente do bocal. Como a velocidade de entrada é desprezível, a pressão e a temperatura
de estagnação são iguais à temperatura e pressão da entrada, P0 = 1,0 MPa e T0 = 800 K. Assumindo o
comportamento do gás ideal, a densidade de estagnação é:

(a) Na garganta do bocal Ma= 1 e na Tabela A-13 lemos:

Assim:

Da mesma forma:

(b) Como o escoamento é isentrópico, as propriedades no plano de saída também podem ser calculadas usando os
dados da Tabela A-13. Para Ma = 2 lemos que:
Assim:

A velocidade de saída do bocal também poderia ser determinada com Ve = Mae . ce , onde ce é a velocidade do
som às condições de saída:

(c) Como o escoamento é permanente, a vazão mássica do fluido é a mesma em todas as seções do bocal. Assim,
ela pode ser calculada usando as propriedades de qualquer seção transversal do bocal. Usando as propriedades na
garganta, encontramos que a vazão mássica é:

Discussão Observe que essa é a mais alta vazão mássica possível que pode escoar através desse bocal para as
condições de entrada especificadas.
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12-4 ONDAS DE CHOQUE E ONDAS DE EXPANSÃO


Vimos, no Capítulo 2, que as ondas de som são causadas por perturbações de pressão infinitesimalmente pequenas
e viajam através de um meio à velocidade do som. Também vimos, neste capítulo, que para os mesmos valores de
contrapressão, variações bruscas nas propriedades do fluido ocorrem em uma seção muito fina de um bocal
convergente-divergente sob condições de escoamento supersônico, criando uma onda de choque. É interessante
estudar as condições sob as quais as ondas de choque se desenvolvem e como elas afetam o escoamento.
Choques normais
Em primeiro lugar, consideramos as ondas de choque que ocorrem em um plano normal à direção do escoamento,
chamadas de ondas de choque normais. O processo de escoamento através da onda de choque é altamente
irreversível e não pode ser aproximado como isentrópico.
A seguir, acompanhamos os passos de Pierre Laplace (1749-1827), G. F. Bernhard Riemann (1826-1866), William
Rankine (1820-1872), Pierre Henry Hugoniot (1851-1887), Lord Rayleigh (1842-1919) e G. I. Taylor (1886-1975) e
desenvolvemos relações para as propriedades de escoamento antes e após o choque. Fazemos isso aplicando a
conservação da massa, a quantidade de movimento e as relações de energia, bem como algumas relações entre as
propriedades e um volume de controle fixo que contém o choque, como mostra a Fig. 12-23. As ondas de choque
normais são extremamente finas, de modo que as áreas de escoamento de entrada e saída do volume de controle
são aproximadamente iguais (Fig. 12-24).

Figura 12-23 FIGURA 12-24


O volume de Imagem Schlieren de um
controle para o choque normal em um
escoamento bocal de Laval. O número
através de de Mach do bocal a
uma onda de montante (à esquerda)
choque da onda de choque é de
normal. cerca de 1,3.
As camadas limite distorcem a forma do choque
normal próximo às paredes e levam à separação do
escoamento abaixo do choque.
Foto de G. S. Settles, Universidade do Estado da Pensilvânia.
Usado com permissão.
Assumimos o escoamento permanente sem interação de calor e trabalho nem variação da energia potencial.
Indicando as propriedades a montante do choque pelo subscrito 1 e aquelas a jusante do choque por 2, temos:
Conservação da massa: (12-29) ou

Conservação da energia: (12-30) ou (12-31)

Conservação da quantidade de movimento: Reorganizando a Equação 12-14 e integrando, temos:


(12-32)

Aumento de entropia: (12-33)


Podemos combinar as relações de conservação da massa e da energia em uma única equação e fazer um gráfico em
um diagrama h-s, usando as relações entre propriedades. A curva resultante é chamada de linha de Fanno, e é o
lugar geométrico dos estados que têm o mesmo valor de entalpia de estagnação e fluxo de massa (vazão mássica
por unidade de área de escoamento). Da mesma forma, combinando as relações de conservação de massa e de
momento linear em uma única equação e fazendo um gráfico no diagrama h-s temos uma curva chamada linha de
Rayleigh. Ambas as linhas são mostradas no diagrama h-s da Fig. 12-25. Como será provado no Exemplo 12-7, os
pontos de entropia máxima dessas linhas (pontos a e b) correspondem a Ma = 1. O estado da parte superior de
cada curva é subsônico e na parte inferior é supersônico.

As linhas de Fanno e Rayleigh intersectam-se


em dois pontos (pontos 1 e 2), que
representam os dois estados nos quais todas
as três equações de conservação são
atendidas. Um deles (o estado 1)
corresponde ao estado anterior ao choque, e
o outro (o estado 2) corresponde ao estado
após o choque. Observe que o escoamento é
supersônico antes do choque e subsônico
após o choque. Assim, se ocorre um choque,
o escoamento deve variar de supersônico a
subsônico. Quanto maior for o número de
Mach antes do choque, mais forte será o
choque. No caso limite de Ma = 1, a onda de
choque simplesmente torna-se uma onda de
som. Observe na Fig. 12-25 que a entropia
aumenta, s2 > s1 . Isso é esperado, uma vez
que o escoamento através do choque é
adiabático, porém, irreversível.
Figura 12-25
O diagrama h-s do escoamento através de um choque normal.

O princípio de conservação da energia (Equação 12-31) exige que a entalpia de estagnação permaneça constante
através do choque; h01 = h02 . Para os gases ideais h = h(T) e, portanto:

(12-34)
Ou seja, a temperatura de estagnação de um gás ideal também permanece constante através do choque. Observe,
porém, que a pressão de estagnação diminui através do choque por causa das irreversibilidades, enquanto a
temperatura comum (estática) sobe drasticamente por causa da conversão da energia cinética em entalpia, devido
a uma grande queda na velocidade do fluido (veja Fig. 12-26).

Agora desenvolvemos relações entre as diversas propriedades antes e após o choque para um gás ideal com calores
específicos constantes. Uma relação entre as razões de temperaturas estáticas T2 / T1 , é obtida pela aplicação da
Equação 12-18 duas vezes:
Figura 12-26
Variação das
propriedades de
escoamento e
através de um
choque normal
em um gás ideal.
Dividindo a primeira equação pela segunda e
observando que T01 = T02 temos:

(12-35)
Da equação de estado do gás ideal:

Substituindo na relação da conservação de massa P1*V1 = P2*V2 , e observando que Ma = V / c e


c = (k*R*T)^(1/2) , temos que:

(12-36)

Combinando as Equações 12-35 e 12-36 temos a razão de pressão através do choque:

Linha de Fanno: (12-37)

A Equação 12-37 é uma combinação entre as equações de conservação da massa e da energia. Assim, ela também é
a equação da linha de Fanno para um gás ideal com calores específicos constantes. Uma relação semelhante para a
linha de Rayleigh pode ser obtida combinando as equações da conservação da massa e do momento linear. Da
Equação 12-32:

Entretanto:

Assim:

ou
Linha de Rayleigh: (12-38)

Combinando as Equações 12-37 e 12-38 temos:

(12-39) elm = ptos 1 e 2 da fig 12-25!

Isso representa as intersecções das linhas de Fanno e Rayleigh e relaciona o número de Mach a montante do
choque com aquele a jusante do choque
A ocorrência de ondas de choque não se limita aos bocais supersônicos. Esse fenômeno também é observado na
entrada do motor de um avião supersônico, onde o ar passa através de um choque e desacelera até velocidades
subsônicas antes de entrar no difusor do motor (Fig. 12-27). As explosões também produzem poderosos choques
normais esféricos de expansão, os quais podem ser bastante destrutivos (Fig. 12-28).
FIGURA 12-27
A entrada de ar de um avião de caça supersônico é projetado de
tal forma que uma onda de choque na entrada desacelera o ar a
velocidades subsônicas, aumentando a pressão e temperatura do
ar antes de ele entrar no motor. Stock Trek/Getty RF

FIGURA 12-28
A imagem Schlieren da onda provocada por uma explosão (choque normal esférico em expansão)
produzida pela explosão de um fogo de artifício. O choque expandiu radialmente para fora em
todas as direções a uma velocidade supersônica que diminui com o raio a partir do centro da
explosão. Um microfone detectou a mudança repentina da pressão da onda de choque de
passagem e disparou o flash de microssegundo que expôs a fotografia. StockTrek /Getty Images

As diversas razões de propriedade de escoamento através do choque são listadas na Tabela A-14 para um gás ideal
com k = 1,4. A inspeção dessa tabela revela que Ma2 (o número de Mach após o choque) sempre é menor do que 1,
e que quanto maior for o número de Mach supersônico antes do choque, menor será o número de Mach subsônico
após o choque. Da mesma forma, vemos que a pressão estática, a temperatura e a densidade aumentam após o
choque, enquanto a pressão de estagnação diminui.
A variação da entropia através do choque é obtida pela aplicação da equação de variação da entropia de um gás
ideal através do choque:

(12-40)

que pode ser expressa em termos de k R Ma1 ,


Figura 12-29
usando as relações desenvolvidas anteriormente
Variação da
nesta seção. Um gráfico adimensional da variação
entropia
de entropia através do choque normal (s2-s1)/R
através do
versus Ma1 é mostrado na Fig. 12-29. Como o
choque
escoamento através do choque é adiabático e
normal.
irreversível, a segunda lei exige que a entropia
aumente através da onda de choque. Assim, uma
onda de choque não pode existir para os valores
de Ma1 menores do que a unidade, nos quais a
variação da entropia seria negativa. Para os
escoamentos adiabáticos, as ondas de choque
podem existir apenas para os escoamentos
supersônicos, Ma1 > 1.

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EXEMPLO 12-7 O ponto de entropia máxima na linha de Fanno


Mostre que o ponto de entropia máxima na linha de Fanno (ponto a da Fig. 12-25) para o escoamento permanente
adiabático de um fluido em um duto corresponde à velocidade sônica Ma = 1.
SOLUÇÃO Demonstrar que o ponto de entropia máxima da linha de Fanno para o escoamento adiabático
permanente corresponde à velocidade sônica.
Hipótese: O escoamento é permanente, adiabático e unidimensional.
Análise Na falta de interações de calor e trabalho e de variações de energia potencial, a equação da energia de
escoamento permanente se reduz a:
Diferenciando, resulta em:

Para um choque muito fino com variação desprezível da área do duto através do choque, a equação da
continuidade do escoamento permanente (conservação da massa) pode ser expressa como:

Fazendo a diferenciação, obtemos:

Resolvendo dV, resulta:

Combinando isso à equação da energia, temos:

que é a equação da linha de Fanno na forma diferencial. No ponto a (o ponto de entropia máxima) ds = 0. Assim,
para a segunda relação T ds (T ds = dh − v dP) temos dh = v dP = dP / ρ . Substituindo, resulta:

Resolvendo V, temos:

que é a relação para a velocidade do som, Equação 12-9. Deste modo, V = c . Prova concluída!
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EXEMPLO 12-8 Onda de choque em um bocal convergente-divergente

Se o ar que escoa através do bocal convergente-divergente do Exemplo 12-6 experimenta uma onda de choque
normal no plano de saída do bocal (Fig. 12-30), determine o seguinte após o choque: (a) A pressão de estagnação, a
pressão estática, a temperatura estática e a densidade estática (b) A variação da entropia através do choque (c) A
velocidade de saída e (d) A vazão mássica através do bocal. Vamos assumir o escoamento permanente,
unidimensional e isentrópico com k = 1,4 da entrada do bocal até o local do choque.

Figura 12-30
Esquema do
Exemplo 12-8.

SOLUÇÃO O ar que escoa através de


um bocal convergente-divergente
experimenta um choque normal na
saída. O efeito da onda de choque
sobre as diversas propriedades deve
ser determinado.

Hipóteses (1) O ar é um gás ideal com calores específicos constantes à temperatura ambiente. (2) O escoamento
através do bocal é permanente, unidimensional e isentrópico antes do choque ocorrer. (3) A onda de choque
ocorre no plano de saída.
Propriedades O calor específico à pressão constante e a razão de calores específicos do ar são cp = 1,005 kJ/kg.K e k
= 1,4. A constante de gás do ar é 0,287 kJ/kg.K.
Análise (a) As propriedades do fluido na saída do bocal imediatamente antes do choque (indicado pelo subscrito 1)
são aquelas avaliadas no Exemplo 12-6 na saída do bocal como:

As propriedades do fluido após o choque (indicados pelo subscrito 2) estão relacionadas àquelas anteriores ao
choque através das funções listadas na Tabela A-14. Para Mat = 2,0 , lemos:
Em seguida, a pressão de estagnação P02 a pressão estática P2 a temperatura estática T2 e densidade estática ρ2
após o choque são:

(b) A variação da entropia através do choque é:

Assim, a entropia do ar aumenta à medida que ele passa por um choque normal, que é altamente irreversível.
(c) A velocidade do ar após o choque pode ser determinada com V2 = Ma2*c2, onde c2 é a velocidade do som às
condições de saída após o choque:

(d) A vazão mássica através de um bocal convergente-divergente com condições sônicas na garganta não é
afetada pela presença das ondas de choque no bocal. Portanto, a vazão mássica neste caso é igual àquela
determinada no Exemplo 12-6:

Discussão Este resultado pode ser facilmente verificado, usando os valores das propriedades na saída do bocal após
o choque para todos os números de Mach significativamente maiores do que a unidade.
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O Exemplo 12-8 ilustra que a pressão de estagnação e a velocidade diminuem enquanto a pressão estática, a
temperatura, a densidade e a entropia aumentam através do choque (Fig. 12-31). A elevação da temperatura do
fluido a jusante de uma onda de choque é uma das grandes preocupações da engenharia aeroespacial, porque ela
cria problemas de transferência de calor sobre as bordas de ataque das asas e cones do nariz nos veículos de
reentrada espacial e nos aviões espaciais hipersônicos que estão sendo propostos recentemente. Na verdade, o
superaquecimento levou à trágica perda do ônibus espacial Columbia, em fevereiro de 2003, durante a reentrada
na atmosfera terrestre.

FIGURA 12-31
Quando um domador de leões estala seu chicote, uma onda de
choque esférica fraca se forma perto da ponta e se espalha
radialmente; a pressão no interior da onda de choque em
expansão é maior que a pressão do ar ambiente, e é isso que
causa o estalo quando a onda de choque atinge a orelha do
leão. Joshua Ets-Hokin/Getty RF
Choques oblíquos
Nem todas as ondas de choque são choques normais (perpendiculares à direção do escoamento). Por exemplo,
quando o ônibus espacial viaja a velocidades supersônicas através da atmosfera, ele produz um padrão de choque
complicado que consiste em ondas de choque inclinadas chamadas de choques oblíquos (Fig. 12-32). Como você
pode ver, algumas partes de um choque oblíquo são curvas, enquanto outras partes são retas.

Figura 12-33
Um choque oblíquo
de ângulo de choque
β (beta) formado por
uma cunha delgada e
bidimensional de
semiângulo δ (delta).
Figura 12-32 O escoamento é
Imagem Schlieren de um modelo pequeno girado com ângulo de
do ônibus espacial Orbiter sendo testado deflexão θ (theta) a
em Mach 3 no túnel de vento supersônico jusante do choque e o
do Laboratório de Dinâmica dos Gases na
número de Mach
Universidade do Estado da Pensilvânia.
Vários choques oblíquos são vistos no ar diminui.
ao redor da nave espacial. Joshua Ets-
Hokin/Getty Images.

Em primeiro lugar, consideramos os choques oblíquos retos, como aqueles produzidos quando um escoamento
supersônico uniforme (Ma1 > 1) colide com uma cunha delgada e bidimensional em semiângulo δ (delta) (Fig.
12-33). Como as informações sobre a cunha não podem viajar a montante em um escoamento supersônico, o
fluido não "sabe" nada sobre a cunha até atingir o nariz. Nesse ponto, como o fluido não pode escoar através da
cunha, ele gira repentinamente através de um ângulo chamado de ângulo de virada ou ângulo de deflexão θ
(theta). O resultado é uma onda de choque oblíqua reta, alinhada ao ângulo de choque ou ângulo de onda β (beta),
medido em relação ao escoamento incidente (Fig. 12-34). Para conservar a massa, β (beta) , obviamente, deve ser
maior do que δ (delta). Como o número de Reynolds para os escoamentos supersônicos em geral é grande, a
camada limite que cresce ao longo da cunha é muito fina e ignoramos seus efeitos. Portanto, o escoamento gira
com o mesmo ângulo da cunha, isto é, o ângulo de deflexão θ (theta) é igual ao semiângulo da cunha δ (delta). Se
levarmos em conta o efeito da espessura de deslocamento da camada limite (Capítulo 10), o ângulo de deflexão θ
(theta) e do choque oblíquo é ligeiramente maior do que o semiângulo da cunha δ (delta).
Assim como os choques normais, o número de Mach diminui através de um choque oblíquo, e os choques oblíquos
são possíveis apenas se o escoamento a montante for supersônico. Entretanto, ao contrário dos choques normais,
nos quais o número de Mach a jusante sempre é subsônico, Ma2 a jusante de um choque oblíquo pode ser
subsônico, sônico ou supersônico, dependendo do número de Mach a montante Ma1 e do ângulo de deflexão.

Figura 12-34 Analisamos um choque oblíquo


Os vetores de reto na Figura 12-34 decompondo
velocidade os vetores de velocidade a
através de um montante e jusante do choque nos
choque oblíquo componentes normal e tangencial,
com ângulo de e considerando um volume de
choque β(beta) controle pequeno ao redor do
e ângulo de choque. A montante do choque
deflexão todas as propriedades do fluido
θ(theta). (velocidade, densidade, pressão,
etc.) ao longo da face esquerda
inferior do volume de controle são
idênticas àquelas ao longo da face
direita superior.
O mesmo vale para o montante do choque. Assim, as vazões mássicas que entram e saem daquelas duas faces
cancelam umas às outras e a conservação de massa se reduz a:
(12-41)

onde A é a área da superfície de controle que é paralela ao choque. Como A é igual em ambos os lados do choque,
ela foi deixada de fora na Equação 12-41.
Como você esperava, o componente tangencial da velocidade (paralela ao choque oblíquo) não varia através do
choque, ou seja, V1,t = V2,t . Isso é comprovado facilmente pela aplicação da componente tangencial da equação de
momento linear no volume de controle.
Quando aplicamos a conservação do momento linear na direção normal ao choque oblíquo, as únicas forças são as
forças da pressão, e obtemos:

(12-42)

Finalmente, como não há trabalho realizado pelo volume de controle e nenhuma transferência de calor para dentro
ou para fora do volume de controle, a entalpia de estagnação não varia através de um choque oblíquo e o resultado
da conservação da energia é:

Mas como V1,t = V2,t , essa equação se reduz a:

(12-43)

Uma comparação cuidadosa revela que as equações para a conservação de massa, quantidade de movimento e
energia (Equações 12-41 a 12-43) através de um choque oblíquo são idênticas àquelas de um choque normal,
exceto que são escritas em termos apenas da componente normal da velocidade. Assim, as relações de choque
normais deduzidas anteriormente aplicam-se aos choques oblíquos também, mas devem ser escritas em termos de
números de Mach Ma1,n e Ma2,n normais ao choque oblíquo. Isso pode ser visualizado melhor girando os vetores
de velocidade da Fig. 12-34 com o ângulo π/2−β (pi/2-beta), para que o choque oblíquo pareça estar na vertical
(Fig. 12-35). A trigonometria resulta em:

(12-44)

onde Ma1,n = V1,n / c1,n e Ma2,n = V2,n / c2,n . Sob o ponto de vista da Fig. 12-35, vemos aquilo que se parece com
um choque normal, mas com algum escoamento tangencial sobreposto "que vem de carona". Assim:
Todas as equações, tabelas de choque e outras informações para os choques normais aplicam-se também
aos choques oblíquos, desde que usemos apenas os componentes normais do número de Mach.

Na verdade, você pode imaginar os


Figura 12-35
choques normais como choques
Os mesmos vetores
oblíquos especiais nos quais o ângulo
de velocidade da
do choque β=π/2 (beta=pi/2) ou 90°.
Fig. 12-34,mas
Reconhecemos imediatamente que um
rotados com ângulo
choque oblíquo pode existir apenas se
π/2−β (pi/2-beta),
Ma1,n > 1 e Ma2,n < 1 . As equações do
para que o choque
choque normal que são adequadas
oblíquo seja vertical.
para os choques oblíquos de um gás
Os números normais
ideal são resumidas na Fig. 12-36 em
Ma1,n e Ma2,n
termos de Ma1,n .
também são
definidos.
Figura 12-36 Relações atravé de um choque oblíquo para um gás ideal em termos do componente normal do
número de Mach a montante Ma1n .

Para o ângulo de choque β (beta) conhecido e o número de Mach a montante conhecido Ma1 usamos a primeira
parte da Equação 12-44 para calcular Ma1,n , e, em seguida, utilizamos a tabela de choques normais (ou suas
equações correspondentes) para obter Ma2,n . Se também for conhecido o ângulo de deflexão θ (theta) ,
poderíamos calcular Ma2 com a segunda parte da Equação 12-44. Mas, em uma aplicação normal, conhecemos β
ou θ (beta ou theta) , mas não ambos. Felizmente, um pouco mais de álgebra nos oferece uma relação entre θ
(theta) , β (beta) e Ma1 . Começamos observando que tg β = V1,n / V1,t e tg(β−θ) = V2,n / V2,t (Fig. 12-35). Mas
como V1,t = V2, t , combinamos essas duas expressões e temos:

(12-45)

onde também usamos a Equação 12-44 e a quarta equação da Fig. 12-36. Aplicamos as identidades trigonométricas
a cos 2β e tg (β−θ) , a saber:

Após alguma álgebra, a Equação 12-45 se reduz a:


(12-46)
A relação θ−β−Ma (theta-beta-Ma):

A Equação 12-46 fornece o ângulo de deflexão θ como uma função exclusiva do ângulo de choque β , da razão de
calor específico k e do número de Mach a montante Ma1 . Para o ar (k = 1,4), fazemos um gráfico de θ versus β
para diversos valores de Ma1 na Fig. 12-37. Observamos que esse gráfico quase sempre é apresentado com os
eixos invertidos [ β versus θ ] nos livros sobre escoamento compressível, uma vez que fisicamente o ângulo de
choque β é determinado pelo ângulo de deflexão θ.

É possível aprender muita coisa estudando a Fig. 12-37, e listamos algumas observações abaixo:

>> A Figura 12-37 exibe a variedade completa de possíveis ondas de choque, da mais fraca para a mais forte, para
um determinado número de Mach de uma corrente livre. Para um valor qualquer do número de Mach Ma1 maior
do que 1, os valores possíveis de θ variam de θ = 0° para algum valor de β entre 0 e 90° até um valor máximo θ =
θmax para um valor intermediário de β e, em seguida, voltando a θ = 0° para β = 90°. Os choques oblíquos retos
para θ ou β fora desse intervalo não podem existir e não existem. A Ma1 = 1,5 , por exemplo, os choques oblíquos
retos não podem existir no ar com o ângulo de choque β menor do que cerca de 42° , nem com o ângulo de
deflexão θ maior do que cerca de 12°. Se o semiângulo da cunha δ for maior do que θmax , o choque torna-se
curvo e se separa do nariz da cunha, formando o que chamamos de choque oblíquo separado ou uma onda de
proa (Fig. 12-38). O ângulo de choque β do choque separado é 90° no nariz, mas β diminui à medida que o choque
se curva a jusante. É muito mais complicado analisar os choques destacados do que os choques oblíquos retos
simples. Na verdade, não existem soluções simples e a previsão dos choques destacados exige métodos
computacionais (Capítulo 15).
Mach a jusante=1

Mach a montante
infinito

FIGURA 12-37 _ A dependência do ângulo de deflexão de choque oblíquo reto θ sobre o ângulo de choque β
para diversos valores do número de Mach a montante Ma1 . Os cálculos referem-se a um gás ideal com k =
1,4 . A linha cinza tracejada conecta os pontos de ângulo de deflexão máxima θ = θmax . Os choques oblíquos
fracos estão à esquerda dessa linha, enquanto os choques oblíquos fortes estão à direita dessa linha. A linha
azul tracejada conecta os pontos nos quais o número de Mach a jusante é sônico (Ma2 = 1). O escoamento
supersônico a jusante (Ma2 > 1) está à esquerda dessa linha, enquanto o escoamento subsônico a jusante
(Ma2 < 1) está à direita dessa linha.

FIGURA 12-38
Um choque oblíquo separado (destacado) ocorre a
montante de uma cunha bidimensional de semiângulo
δ, quando δ é maior do que o ângulo máximo possível
de deflexão θmax . Um choque desse tipo é chamado de
onda de proa, por causa de sua semelhança com a onda
de água que se forma na proa de um navio.

δ = semiângulo
de cunha

FIGURA 12-39 _ Quadros fixos de vídeo Schlieren ilustrando a separação de um choque oblíquo
de um cone com o aumento de semiângulo do cone no ar a Mach 3. A (a) δ = 20° e (b) δ = 40° , o
choque oblíquo permanece colado, mas a (c) δ = 60°, o choque oblíquo se separou, formando
uma onda de proa. Fotografia de G. S. Settles, Universidade do Estado da Pensilvânia. Usada com permissão.
>> Um comportamento similar de choque oblíquo é observado no escoamento axissimétrico sobre cones, como
mostra a Fig. 12-39, embora a relação θ - β - Ma para os escoamentos axissimétricos seja diferente daquele da
Equação 12-46.

>> Quando o escoamento supersônico colide com um corpo rombudo (ou grosso) - um corpo sem um nariz com
ponta afiada, o semiângulo da cunha δ no nariz é 90°, e não pode existir um choque oblíquo ligado,
independentemente do número de Mach. Na verdade, um choque oblíquo separado ocorre na frente de todos
esses corpos com nariz rombudo, sejam eles bidimensionais, axissimétricos ou totalmente tridimensionais. Por
exemplo, um choque oblíquo destacado é visto na frente do modelo do ônibus espacial da Fig. 12-32 e na frente de
uma esfera na Fig. 12-40.

FIGURA 12-40
O gráfico de sombras de uma esfera de 1/2 in
de diâmetro em voo livre através do ar a Ma =
1,53. O escoamento é subsônico atrás da parte
da onda de proa que está à frente da esfera e
sobre a superfície de volta a cerca de 45°. A
cerca de 90° a camada limite laminar se separa
através de uma onda de choque oblíqua e
torna-se rapidamente turbulenta. A esteira
flutuante gera um sistema de perturbações
fracas que se combinam na segunda onda de
choque de "re-compressão". Fotografia de A. C.
Charters, encontrada em Van Dyke (1982).

>> Embora θ seja uma função exclusiva de Ma1 e de β para determinado valor de k , existem dois valores possíveis
de β para θ < θmax . A linha cinza tracejada da Fig. 12-37 passa através do local dos valores θmax , dividindo os
choques em choques oblíquos fracos ( o menor valor de β ) e choques oblíquos fortes ( o maior valor de β ). A
determinado valor de θ , o choque fraco é mais comum e é "preferido" pelo escoamento, a menos que as condições
de pressão a jusante sejam suficientemente altas para a formação de um choque forte.

>> Para determinado número de Mach a montante Ma1 , existe um valor exclusivo de θ para o qual o número de
Mach a jusante Ma2 é exatamente 1. A linha azul tracejada da Fig. 12-37 passa através do local dos valores onde
Ma2 = 1. À esquerda dessa linha Ma2 > 1 e à direita dessa linha Ma2 < 1 . As condições sônicas a jusante ocorrem no
lado do choque fraco do gráfico, com θ muito próximo de θmax . Assim, o escoamento a jusante de um choque
oblíquo forte sempre é subsônico (Ma2 < 1). O escoamento a jusante de um choque oblíquo fraco permanece
supersônico, exceto por um intervalo estreito de θ abaixo de θmax onde ele é subsônico, embora ainda seja chamado
de choque oblíquo fraco.

>> À medida que o número de Mach a montante se aproxima de infinito, os choques oblíquos retos tornam-se
possíveis para qualquer β entre 0 e 90°, mas o ângulo máximo possível de virada para k = 1,4 (ar) é θmax ≅ 45,6°,
que ocorre a β = 67,8°. Os choques oblíquos retos com ângulos de virada acima desse valor não são possíveis,
independentemente do número de Mach.

>> Para determinado valor do número de Mach a montante, existem dois ângulos de choque nos quais não há
virada do escoamento (θ = 0°) : o caso forte, β = 90°, corresponde a um choque normal, e o caso fraco, β = βmin
representa o choque oblíquo mais fraco possível naquele número de Mach que é chamado de onda de Mach. As
ondas de Mach são causadas, por exemplo, por não uniformidades muito pequenas nas paredes de um túnel de
vento supersônico (várias delas podem ser vistas nas Figuras 12-32 e 12-29). As ondas de Mach não têm efeito
sobre o escoamento, uma vez que o choque é tão fraco que tende a desaparecer. Na verdade, no limite, as ondas
de Mach são isentrópicas. O ângulo de choque das ondas de Mach é uma função exclusiva do número de Mach e
recebe o símbolo µ (mi), que não deve ser confundido com o coeficiente de viscosidade. O ângulo µ é chamado
de ângulo de Mach e é encontrado definindo como zero na Equação 12-46, resolvendo β = µ , e tomando a menor
raiz. Obtemos:

Ângulo de Mach: (12-47)


Como a razão de calor específico aparece apenas no denominador da Equação 12-46, µ é independente de k.
Assim, podemos estimar o número de Mach de qualquer escoamento supersônico simplesmente medindo o ângulo
de Mach e aplicando a Equação 12-47.

Ondas de expansão de Prandtl-Meyer


Agora tratamos das situações nas quais o escoamento supersônico é girado na direção oposta, como na parte
superior de uma cunha bidimensional a um ângulo de ataque maior do que seu semiângulo δ (delta) (Fig. 12-41) .
Chamamos esse tipo de escoamento de escoamento de expansão, enquanto um escoamento que produz um
choque oblíquo pode ser chamado de escoamento de compressão. Como anteriormente, o escoamento muda de
direção para conservar massa. Entretanto, ao contrário de um escoamento de compressão, um escoamento em
expansão não resulta em uma onda de choque. Em vez disso, uma região em expansão contínua chamada de leque
de expansão aparece, composta por um número infinito de ondas de Mach chamadas ondas de expansão de
Prandtl-Meyer. Em outras palavras, o escoamento não gira repentinamente, como se fosse por um choque, mas
sim gradualmente - cada onda sucessiva de Mach gira o escoamento por uma quantidade infinitesimal. Como cada
onda de expansão individual é isentrópica, o escoamento através de todo o leque de expansão também é
isentrópico. O número de Mach a jusante da expansão aumenta ( Ma2 > Ma1 ) , enquanto a pressão, densidade e
temperatura diminuem, assim como na parte supersônica (em expansão) de um bocal convergente-divergente.

Figura 12-41
Um leque de expansão na parte superior do
escoamento formado por uma cunha
bidimensional com um ângulo de ataque em
um escoamento supersônico. O escoamento é
girado com o ângulo θ e o número de Mach
aumenta através de leque de expansão. Os
ângulos de Mach a montante e a jusante do
leque de expansão são indicados. Apenas três
ondas de expansão são mostradas por
simplicidade, mas, na verdade, existe um
número infinito delas. (Um choque oblíquo está
presente na parte inferior desse escoamento)

As ondas de expansão de Prandtl-Meyer são inclinadas no ângulo local de Mach µ (mi) , representado na Fig. 12-41.
O ângulo de Mach da primeira onda de expansão é determinado facilmente como µ1 = sen−1 (1/Ma1) . Da mesma
forma, µ2 = sen−1 (1/Ma2) , onde devemos ter atenção e medir cuidadosamente o ângulo relativo à nova direção
do escoamento a jusante da expansão, a saber, paralelo à parede superior da cunha da Fig. 12-41 se desprezamos a
influência da camada limite ao longo da parede. Mas como determinamos Ma2 ? Acontece que o ângulo de virada
através do leque de expansão pode ser calculado por integração, utilizando as relações de escoamento isentrópico.
Para um gás ideal, o resultado é (Anderson, 2003):

Ângulo de virada através de um leque de expansão: (12-48)

onde ν(Ma) (ni de Ma) é um ângulo chamado função de Prandtl-Meyer (não confundir com a viscosidade
cinemática):

(12-49)

Observe que ν(Ma) (ni de Ma) é um ângulo e pode ser calculado em graus ou radianos. Fisicamente, ν(Ma) é o
ângulo através do qual o escoamento deve se expandir, começando com ν = 0 a Ma = 1 , para atingir um número
de Mach supersônico Ma > 1 .
Para encontrar Ma2 para valores conhecidos de Ma1 , k e θ , calculamos ν(Ma1) da Equação 12-49, ν(Ma2) da
Equação 12-48 e, em seguida, Ma2 da Equação 12-49, observando que a última etapa envolve a solução de uma
equação implícita para Ma2 . Como não há transferência de calor ou trabalho e o escoamento pode ser aproximado
como isentrópico através da expansão, T0 e P0 permanecem constantes e utilizamos as relações de escoamento
isentrópico deduzidas anteriormente para calcular outras propriedades de escoamento a jusante da expansão,
como T2 , ρ2 (rho2) e P2 .
FIGURA 12-42 (a) Um cilindro cônico de semiângulo de 12,5° em um escoamento com número de Mach de 1,84. A
camada limite torna-se turbulenta logo a jusante do nariz, gerando ondas de Mach que são visíveis neste gráfico
por sombras. As ondas de expansão são vistas nos cantos e nas bordas de fuga do cone. (b) Um padrão similar
para escoamento de Ma 3 em uma cunha 2-D de 11°. Fotografia de A. C. Charters, encontrada em Van Dyke (1982). (b)
Fotografia de G. S. Settles, Universidade do Estado da Pensilvânia. Usada com autorização.

Os leques de expansão de Prandtl-Meyer também ocorrem nos escoamentos supersônicos axissimétricos, como
nos cantos e bordas de fuga de um cilindro cônico (Fig. 12-42). Algumas interações bastante complexas e, para
alguns de nós, muito bonitas que envolvem as ondas de choque e as ondas de expansão ocorrem no jato
supersônico produzido por um bocal "superexpandido", como na Fig. 12-43. Quando tais configurações são visíveis
no escape de um motor de um avião a jato, os pilotos o chamam de "rabo de tigre". A análise de tais escoamentos
está além do escopo deste texto; os leitores interessados devem consultar livros sobre escoamento compressível,
como Thompson (1972), Leipmann e Roshko (2001) e Anderson (2003).

FIGURA 12-43
As interações complexas entre as ondas de
choque e as ondas de expansão em um jato
supersônico "superexpandido".
(a) O escoamento é visualizado por um
interferograma diferencial do tipo Schlieren.
(b) Imagem Schlieren.
(c) Configuração de choque de "rabo de
tigre”.
(a) Foto de H. Oertelsen. Reproduzida por cortesia do
Instituto de Pesquisa Franco Germânico em Saint
Louis, ISL Usado com permissão. (b) Foto de G. S.
Settles, Universidade do Estado da Pensilvânia.
Usada com permissão. (c) Foto cortesia do Joint
Strike Fighter Program, Departamento de Defesa.

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EXEMPLO 12-9 Estimativa do número de Mach pelas linhas de Mach


Estime o número de Mach do escoamento de corrente livre a montante do ônibus espacial da Fig. 12-32 somente
olhando a figura. Compare com o valor conhecido do número de Mach fornecido na legenda da figura.

SOLUÇÃO Devemos estimar o número de Mach pela figura e compará-lo com o valor conhecido.
Análise Usando um transferidor, medimos o ângulo das linhas de Mach no escoamento de corrente livre: µ (mi) ≅
19°. O número de Mach é obtido com a Equação 12-47:

Nosso número de Mach estimado coincide com o valor experimental de 3,0 ± 0,1.

Discussão O resultado não depende das propriedades do fluido


======================================================================================================
EXEMPLO 12-10 Cálculos de choque oblíquo
FIGURA 12-44
Ar supersônico a Ma1 = 2,0 e 75,0 kPa incide
Dois ângulos de
em uma cunha bidimensional de semiângulo δ
choque oblíquo
(delta) = 10° (Fig. 12-44). Calcule os dois
possíveis:
ângulos de choque oblíquo possíveis, βfraco
(a) βfraco (beta fraco)
(beta fraco) e βforte (beta forte) que poderiam
(b) βforte (beta forte)
ser formados por essa cunha. Para cada caso,
formados por uma
calcule a pressão e o número de Mach a
cunha bidimensional
jusante do choque oblíquo, compare e discuta.
de semiângulo
δ(delta) = 10°.
SOLUÇÃO Devemos calcular o ângulo de choque,
o número de Mach e a pressão a jusante dos
choques oblíquos fraco e forte formados por
uma cunha bidimensional.

Hipóteses (1) O escoamento é permanente. (2)


A camada limite na cunha é muito fina.

Propriedades O fluido é o ar com k = 1,4.

Análise: Devido à hipótese 2, aproximamos a deflexão do choque oblíquo como sendo igual ao semiângulo da
cunha, ou seja, θ(theta) ≅ δ(delta) = 10°. Com Ma1 = 2,0 e θ(theta) = 10° resolvemos a Equação 12-46 para os dois
valores possíveis do ângulo de choque oblíquo β(beta): βfraco = 39,3° e βforte = 83,7°. A partir desses valores,
usamos a primeira parte da Equação 12-44 para calcular o número de Mach normal a montante Ma1,n :

Substituímos esses valores de Ma1,n na segunda equação da Fig. 12-36 para calcular o número de Mach normal a
jusante Ma2,n . Para o choque fraco Ma2,n = 0,8032 e para o choque forte Ma2,n = 0,5794. Calculamos também a
pressão a jusante para cada caso, usando a terceira equação da Figura 12-36 que resulta em:

Finalmente, usamos a segunda parte da Equação 12-44 para calcular o número de Mach a jusante:

As variações no número de Mach e a pressão através do choque forte são muito maiores do que a variação através
do choque fraco, como era esperado.
Discussão: Como a Equação 12-46 é implícita em β(beta) , nós a resolvemos por uma abordagem interativa ou com
um resolvedor de equações como o EES. Para os casos de choque oblíquo fraco e forte Ma1,n é supersônico e
Ma2,n é subsônico. Entretanto, Ma2 é supersônico através do choque oblíquo fraco, mas subsônico através do
choque oblíquo forte. Poderíamos também ter usado as tabelas de choque normal no lugar das equações, mas com
perda de precisão.
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EXEMPLO 12-11 Cálculos de onda de expansão de Prandtl-Meyer
Ar supersônico a Ma1 = 2,0 e 230 kPa escoa paralelamente a uma parede plana que se expande repentinamente
com δ(delta) = 10° (Fig. 12-45). Ignorando todos os efeitos causados pela camada limite ao longo da parede,
calcular o número de Mach a jusante Ma2 a pressão P2 .

Figura 12-45 SOLUÇÃO: Devemos calcular o número de


Um leque de Mach e a pressão a jusante de uma expansão
repentina ao longo de uma parede.
expansão causado
pela repentina
Hipóteses (1) O escoamento é permanente.
expansão de uma (2) A camada limite na parede é muito fina.
parede com
δ(delta) = 10°.
Propriedades O fluido é o ar com k = 1,4.

Análise: Devido à hipótese 2, aproximamos o ângulo de deflexão total como igual ao ângulo de expansão da parede,
ou seja, θ(theta) ≅ δ(delta) = 10° . Com Ma1 = 2,0 resolvemos a Equação 12-49 para a função de Prandtl-Meyer a
montante:

A seguir, usamos a Equação 12-48 para calcular a função de Prandtl-Meyer a jusante:

Ma2 é encontrado resolvendo a Equação 12-49, que é implícita - um resolvedor de equações é útil. Obtemos Ma2 =
2,38. Existem também calculadores de escoamento compressível na Internet, os quais resolvem essas equações
implícitas, juntamente com as equações de choque normal e oblíquo. Por exemplo, consulte www.aoc.vt.edu/-
devenpor/aoe3114/calc.html.

Utilizamos as relações isentrópicas para calcular a pressão a jusante:

Como essa é uma expansão, o número de Mach aumenta e a pressão diminui como esperado.
Discussão Também poderíamos resolver a temperatura, densidade e outros dados a jusante usando as relações
isentrópicas apropriadas.
======================================================================================================

12-5 ESCOAMENTO EM DUTO COM TRANSFERÊNCIA DE CALOR E ATRITO DESPREZÍVEL (ESCOAMENTO DE RAYLEIGH)
C.2 Dica do professor
Os choques normais são ondas oblíquas presentes em escoamentos compressíveis supersônicos e
costumam acontecer quando o escoamento se curva sobre ele mesmo. Esse tipo de acontecimento
pode ocorrer em escoamentos compressíveis supersônicos de equipamentos e máquinas muito
comuns na engenharia, como, por exemplo, aviões e foguetes.

Nesta Dica do Professor, você verá mais informações sobre os choques normais.

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Nesta dica do professor você verá como ocorrem os choques normais, fenômenos comuns em escoamentos
compressíveis supersônicos.
Choques normais são ondas oblíquas e irreversíveis que costumam
acontecer em escoamentos compreensíveis supersônicos, podendo
ser tanto escoamentos internos quanto externos. Esses choques
normais ocorrem pelas intermitências das propriedades do fluido
durante o escoamento.
O escoamento compressível supersônico possui o número de
Mach M maior que 1.

Esta figura mostra uma forte onda de choque com pressão fixa.
Para o cálculo de alterações de todas as propriedades do fluido
durante o escoamento e da velocidade que atinge a onda, deve-se
utilizar as equações unidimensionais de escoamento permanente
levando em conta que o montante seja a seção 1 e a jusante a
seção 2.
As equações básicas
utilizadas em
escoamentos com
choques normais são:
equação de continuidade;
equação da quantidade
de movimento; equação
da energia; equação do
gás perfeito.

Note que as áreas A1 e A2 são aproximadas e eliminadas,


algo que ocorre também em tubulações com seções
variáveis, pelo fato de ser possível desconsiderar a onda
em relação à espessura.
Primeiras análises de choques normais exitosas foram feitas por W. J. M. Rankine e A. Hugoniot aproximadamente
no ano de 1880, mais tarde foram aperfeiçoadas por Rankine-Hugoniot.
Sobre os choques normais em gases perfeitos e reais: os choques de rarefação são inexistentes, sendo os choques
normais somente de compressão.
O gás perfeito possui características diferenciadas e obedece a lei dos gases que é pV = nRT, onde: p é a pressão do
gás; V é o volume do gás; n é a quantidade de matéria do gás em mols; R é a constante universal dos gases
perfeitos; T é a temperatura. O gás real é todo gás existente na natureza.
O escoamento compressível é considerado a montante do choque normal como supersônico e a jusante do
choque normal como subsônico. O escoamento compressível subsônico tem número de Mach entre 0.3 e 1.
Choques fracos são praticamente isentrópicos. A isoentropia é a transformação termodinâmica em que a entropia
do sistema se mantém constante. A entropia se eleva ao baixarem as pressões das massas específicas de
estagnação e ao aumentar a área sônica.

A entropia é o grau de desordem de determinado sistema. A segunda lei da termodinâmica diz: num sistema
termicamente isolado, a medida da entropia deve sempre aumentar com o tempo, até atingir o seu valor máximo.
Havendo decréscimo e pressão no choque normal resulta em alteração de entropia negativada, algo que não está
de acordo com a segunda lei da termodinâmica.
A segunda lei da termodinâmica é uma lei bastante utilizada em máquinas e equipamentos de engenharia, pois é a
lei que estabelece a transferência de calor entre os corpos trazendo equilíbrio térmico ao sistema em que estão
alocados esses corpos ou objetos. A entropia é fundamental na segunda lei da termodinâmica que tem relação
com a conservação de energia.

As ondas de choque de rarefação são improváveis


em gases perfeitos; elas podem ser consideradas
fracas e isentrópicas.

Os choques normais ocorrem em fluidos compressíveis com escoamento supersônico, sendo comum ocorrer em
máquinas de fluidos, por exemplo, bastante utilizadas na área da engenharia.
C.2 Exercícios

1) Sabe-se que os escoamentos compressíveis podem ser classificados como escoamento


isentrópico. Com base em conceitos básicos sobre o escoamento isentrópico, analise as
alternativas e marque a que contém a principal característica desse tipo de escoamento.

A) É um escoamento onde há presença de atrito.

B) É um escoamento em que não há atrito.

C) A pressão é inalterável durante o escoamento.

D) A velocidade é invariável durante o escoamento.

E) Existência de transferência de calor, atrito e choques.

1 Gab B = É um escoamento onde há ausência de transferência de calor, ausência de atrito e ausência de


choques, além disso, a pressão e a velocidade são variáveis durante o escoamento.
2) Além dos escoamentos isentrópicos, os escoamentos compressíveis também podem ser
classificados como supersônicos. Com base em conceitos básicos, analise as alternativas e
marque a que contém a definição correta sobre o número de Mach desse tipo de
escoamento.

A) Os escoamentos supersônicos apresentam número Mach inferior a 1.

B) Os escoamentos supersônicos apresentam número Mach inferior a 4.

C) Os escoamentos supersônicos apresentam número Mach superior a 0,3 e inferior a 3.

D) Os escoamentos supersônicos apresentam número Mach iguais a 0,3 somente.

E) Os escoamentos supersônicos apresentam número Mach inferior a 5.

elm = Cengel 2015, traz em várias vezes, classificação mais


elm = contéudo do livro traz info errada Gab prov será C
qualitativa, por exp, p50:

elm = White 2018, traz classificação mais quantitativa, p592:


FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Ex. 2 (Aula C.2 Escoamentos Compressíveis)
Pleito: Alerta antecipado para provável erro do Gabarito (a opção E é única escolha possível).
Justificativa:
- O Conteúdo do Livro traz informação ERRADA, pág. 7: "Escoamento supersônico de fluido possui o número de Mach maior que 0,3 e
limitado a 3,0 (0,3 < M < 3,0), formação de choques oblíquos e ..."
- É quase certo que o gabarito da Unibta será opção C, pois, como já ocorreu em outras provas, o gabarito segue o Conteúdo do Livro e
não há retificação.
- Como o nome sugere, supersônico é acima da velocidade do som, logo Ma>1.
- Opção E correta. White 2018, pág. 592 classifica supersônico quando Mach é maior que 1,2 e menor que 3.
Obs.1: É importante substituir o péssimo Conteúdo do Livro.
Obs.2: Para o futuro, melhor substituir a questão por outra. Esta questão trata de tema de baixa importância para o aprendizado, além
disso, como White 2018 comenta que essa classficação é grosseira e mais apropriada apenas para escoamentos externos!
Obs.3: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:

em 31mar23, mentor = Sua sugestão foi enviada à SAGAH

2 Gab C (como esperado errado!) =


3) Sabemos que os escoamentos compressíveis podem ser classificados também como de
Fanno, que recebeu esse nome em homenagem ao engenheiro Gino Fano. Com base em
conceitos básicos, analise as alternativas e marque a que contém a definição de linha de
Fanno.

A) Escoamento em duto com área constante, entalpia de estagnação constante, fluxo de massa
constante, mas com quantidade de movimento variável (devido ao atrito) é denominada linha
de Fanno. elm = A ok, mas é def de ESCOAMENTO de FANNO,

B) Para determinada vazão em massa e uma entalpia de estagnação, o gráfico da entalpia em


função da entropia para todos os estados possíveis, somente para subsônicos é denominado
linha de Fanno.

C) Escoamento em duto com área variável, entalpia de estagnação variável, fluxo de massa
variável, mas com quantidade de movimento variável (devido ao atrito) é denominada linha de
Fanno.

D) Para determinada vazão em massa e uma entalpia de estagnação, o gráfico da entalpia em


função da entropia para todos os estados possíveis, subsônicos ou supersônicos é
denominado linha de Fanno. elm = D ok é a def de LINHA de FANNO,

E) Para determinada vazão em massa e uma entalpia de estagnação, o gráfico da entalpia em


função da entropia para todos os estados possíveis, somente para supersônicos é
denominado linha de Fanno.

elm = conf Cengel entendo que área do


duto não precisa ser constante, pois o
choque ocorre em região bem estreita e a
área pode ser considerada constante nesse
volume de controle.

3 Gab D = Para determinada


vazão em massa e uma entalpia
de estagnação, o gráfico da
entalpia em função da entropia
para todos os estados possíveis,
subsônicos ou supersônicos é
denominado linha de Fanno.
Escoamento em duto com área
constante, entalpia de
estagnação constante, fluxo de
massa constante, mas com
quantidade de movimento
variável (devido ao atrito) é
denominado, na verdade, de
escoamento de Fanno.
4) Em diagramas h-s, existem as linhas de Fanno e linhas de Rayleigh que são traçadas
conforme características de um escoamento compressível. Com base em conceitos básicos,
analise as alternativas e marque a que contém a definição de linha de Rayleigh.

A) É feita por meio da combinação das relações de conservação da altura e de momento linear
em uma única equação e, fazendo um gráfico no diagrama h-s, tem-se uma curva chamada
linha de Rayleigh.

B) É feita por meio da combinação das relações de conservação de tempo e de momento linear
em uma única equação e, fazendo um gráfico no diagrama h-s, tem-se uma curva chamada
linha de Rayleigh.

C) É feita por meio da combinação das relações de conservação de velocidade e de momento


linear em uma única equação e, fazendo um gráfico no diagrama h-s, temos uma curva
chamada linha de Rayleigh.

D) É feita por meio da combinação das relações de atrito e de momento linear em uma única
equação e, fazendo um gráfico no diagrama h-s, temos uma curva chamada linha de Rayleigh.

E) É feita por meio da combinação das relações de conservação de massa e de momento linear
em uma única equação e, fazendo um gráfico no diagrama h-s, temos uma curva chamada
linha de Rayleigh.

4 Gab E = A curva chamada


linha de Rayleigh é traçada
por meio da combinação das
relações de conservação de
massa e de momento linear
em uma única equação,
fazendo um gráfico no
diagrama h-s.
5) Existem choques normais em escoamentos de Fanno e de Raleigh que são escoamentos
compressíveis visualizados por meio de diagramas de h-s. Com base em características
durante o escoamento, marque a alternativa correta sobre ondas de choques.

A) Quando ocorre um choque, o escoamento fica supersônico não havendo variações.

B) As ondas de choque são ondas de grande amplitude que existem em um gás.

C) As ondas de choques são inexistentes nas asas de uma aeronave supersônica, de uma
explosão de grande magnitude, de um motor a jato e em frente ao projétil no cano de uma
arma de fogo.

D) As ondas de choques costumam ser sempre oblíquas em escoamentos compressíveis.

E) Quanto maior for o número de Mach antes do choque, menos forte será o choque.

elm = B mas acho que todas erradas.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 5 (Aula C.2 Escoamentos Compressíveis)
Pleito: Nenhuma opção correta.
Justificativa:
- Todas as opções trazem afirmações incorretas.
- Segue definição de onda de choque, segundo prof. Rodrigo Lisita Ribera (www.cienciastermicas.com): "a onda de choque é uma região
muito fina com altos gradientes de temperatura, pressão, massa específica e velocidade. Altos gradientes de temperatura implicam que
os efeitos da transferência de calor não podem ser desprezados. Da mesma forma, altos gradientes de velocidade implicam que os
efeitos da viscosidade não podem ser desprezados. Assim, a região do choque normal é uma região em que os efeitos dissipativos não
podem ser desprezados e, portanto, a entropia deve aumentar através do choque."
Obs.1: Assinalei a opção B por ser a que traz uma informação "menos errada". Essa opção lembra, porém usando descrição indevida,
que numa onda de choque, há grandes variações de propriedades do fluido, mas não é usual o termo "amplitude" numa onda de choque
em escoamento compressível (ver definição acima).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do exercício:
5 Gab B =

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 5 (Aula C.2 Escoamentos Compressíveis) PÓS GABARITO
Pleito: Anular exercíco.
Justificativa:
- Opção do gabarito B errada, pois não há o conceito de "amplitude" em onda de choque de escoamentos compressíveis (ver definição a
seguir).
- Segue definição de onda de choque, segundo prof. Rodrigo Lisita Ribera (www.cienciastermicas.com): "a onda de choque é uma região
muito fina com altos gradientes de temperatura, pressão, massa específica e velocidade. Altos gradientes de temperatura implicam que
os efeitos da transferência de calor não podem ser desprezados. Da mesma forma, altos gradientes de velocidade implicam que os
efeitos da viscosidade não podem ser desprezados. Assim, a região do choque normal é uma região em que os efeitos dissipativos não
podem ser desprezados e, portanto, a entropia deve aumentar através do choque."
Obs.: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem da justificativa do gabarito:
C.2 Na prática
Compressores de ar industrial são equipamentos utilizados com a finalidade de realização de
diversos tipos de serviços dentro da engenharia em geral. É um equipamento que tem o
escoamento compressível devido à utilização de ar, pois capta o ar no ambiente e o transforma em
ar comprimido retendo-o dentro de um reservatório para posterior utilização.

Neste Na Prática, você verá um exemplo de um problema em um compressor de ar industrial que


deverá ser resolvido por meio de manutenção. Além disso, irá identificar os possíveis defeitos que
poderão levar o compressor a adquirir esse determinado problema.

COMO RESOLVER O PROBLEMA DE DIFICULDADE AO COMPRIMIR O AR EM COMPRESSORES DE AR INDUSTRIAL?

O compressor de ar é um equipamento pneumático que capta o ar do ambiente, armazena-


o sob alta pressão num reservatório para transformá-lo em ar comprimido.
Esse equipamento costuma ser utilizado para diversos tipos de serviços como pintura, por
exemplo, e mecânica em geral. Serve também para o uso doméstico.

Os compressores de ar podem ser do tipo volumétrico e do tipo dinâmico.


Em compressores volumétricos, a pressão aumenta por meio da diminuição do volume ocupado pelo gás. É captada
uma quantidade de gás admitida no interior de uma câmara de compressão fechada e logo ocorre a diminuição de
volume. Ao se abrir a câmara, o gás é liberado para utilização. A compressão ocorre em sistema fechado, sem
contato com a sucção e com a descarga.

Em compressores dinâmicos, o impelidor transfere energia para o ar, pela qual é recebida de um acionador. O
escoamento do impelidor é recebido pelo difusor que promove a transformação da energia cinética do ar em
entalpia adquirindo pressão. A compressão ocorre de forma contínua controlando o volume.

========================================
Luiz é um engenheiro e trabalha em uma indústria especializada em fabricação de compressores de ar industrial e
manutenção desses equipamentos. Sabendo que os compressores utilizam escoamento compressível para operarem
(o ar), há um equipamento com defeito em seu funcionamento, pois ele está com dificuldades de comprimir o ar.

A questão é que Luiz precisa retificar esse problema para que o equipamento volte a funcionar devidamente,
conforme solicitação de seu cliente. Veja quais foram os procedimentos realizados pelo engenheiro para resolver
esse problema.

========================================
Luiz sabe que os problemas de não comprimir o ar podem ser devido ao escape do ar e a falta de pressão suficiente
para admitir o ar.

O escape do ar pode acontecer devido ao vazamento na rede de ar ou no cilindro.


Quando não há pressão suficiente para admissão de ar dentro do compressor é porque pode haver vazamento na
rede de ar comprimido ou as válvulas que retém o ar comprimido podem não estar funcionando.
==========================================
Então, como deve ser resolvido?
Para resolver o problema, o engenheiro Luiz investigou todo o sistema de ar comprimido desde a rede de
tubulação e mangueiras, cilindro e equipamento. Nessa inspeção, o engenheiro identificou um vazamento nos
pistões e na válvula de não retorno de admissão de ar. Também percebeu que havia sujeira nos filtros de
admissão. Sendo assim, o engenheiro realizou a manutenção corretiva de acordo com as instruções do fabricante
daquele modelo de compressor e resolveu o problema.
C.2 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

elm =Ebook Prof Rodrigo Lisita Ribera - Ciências Térmicas - pdf 173 p. - tem curso online
https://www.cienciastermicas.com/pdf/FT2/EscoamentosCompressiveis.pdf
NotAulaPt_Mec_Escoamento_Compressivel_prof_RiberaRL_2020_173p_Inwork

Entropia – escoamentos compressíveis em turbinas e


compressores
Neste vídeo, você ampliará o conhecimento acerca dos escoamentos compressíveis e eficiência
isentrópica. A partir de tais ferramentas será possível compreender e analisar os processos de
geração de energia em turbinas eólicas, a vapor e a gás.
https://youtu.be/TNs0Pfz1ckM

Prof. P. Seleghim 25,9 mil inscritos

T7: 3/3 Entropia: escoamentos 1h30min


compressíveis em turbinas e compressores

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

ENTROPIA: escoamentos compressíveis e eficiência


isentrópica
Neste vídeo, você verá mais conhecimentos acerca da entropia, além da análise entrópica, da
eficiência de segunda lei e dos balanços de entropia, além de aplicações práticas desses
conhecimentos.
https://youtu.be/GQ10IlMdOFA
Prof. P. Seleghim 25,9 mil inscritos

1h45min
Termodinâmica: T7.3 ENTROPIA: escoamentos
compressíveis e eficiência isentrópica

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Ondas: Número de Mach


Neste vídeo, você verá o que é o número de Mach e no que consiste a velocidade supersônica.
Assista!

https://youtu.be/nY3DgvdI20k

Fisica Babel
3min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
C.2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

ÇENGEL, Y. A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. 3. ed.


Porto Alegre: AMGH, 2015.

FOX, R. W. et al. Introdução à mecânica dos fluidos. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.

POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: Bookman, 2018.

WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

Banco de imagens Shutterstock.

SAGAH, 2019.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Escoamentos viscosos internos


C.3 Apresentação
O deslocamento do fluido dentro de uma tubulação pode ocorrer de diferentes formas, e alguns
itens contribuem para essa diferença, como número de curvas, registros, válvulas, tês, entre outros.
O tipo de escoamento depende desses fatores, e seu cálculo será abordado nesta Unidade de
Aprendizagem. Projetos de tubulações complexas acabam alterando o deslocamento do fluido
dentro da tubulação. Além disso, devido ao atrito do fluido, há perda de carga no deslocamento
deste a cada um dos componentes que o fluido ultrapassa dentro da tubulação. Essa perda de
carga, então, é estimada pelos cálculos e tabelas apresentados por esse assunto.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre os tipos de escoamentos existentes —


laminar e turbulento —, bem como sobre a análise do cálculo da perda de carga dentro de uma
tubulação industrial.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Diferenciar os escoamentos laminar e turbulento entre placas e tubos.


• Analisar os escoamentos laminar e turbulento em canais.
• Calcular perdas de carga nos escoamentos laminar e turbulento.
C.3
Desafio
O tipo de escoamento de um fluido dentro de uma tubulação pode ser classificado como laminar ou
turbulento. Para diferenciar o tipo de escoamento, vários fatores são importantes, como densidade
do fluido, velocidade e viscosidade. Esses fatores serão usados no cálculo do número de Reynolds.

Como analogia a uma possível situação em sua vida profissional, veja o seguinte caso:

ESCOAMENTO DO FLUIDO ÁGUA

Você precisará encher uma piscina infantil com água em diferentes condições de escoamento.

Assim, você precisa encher uma piscina infantil com água no verão.
O escoamento do fluido (água) depende da velocidade, entre outros parâmetros.

Considerando o mesmo fluido (ou seja, água), com mesma temperatura e mesmo diâmetro da
tubulação em virtude das variáveis relacionadas ao escoamento, responda:

a) O tempo para o preenchimento da piscina é o mesmo se o escoamento for laminar ou


turbulento?

b) E se você mudar para uma torneira com a vazão maior, o tempo de preenchimento da piscina
será menor? O valor da vazão e o tipo de escoamento têm relação entre si?

elm = a) Geralmente escoamento laminar ocorre com Re baixo e turbulento Re alto, logo é de se esperar que o
preenchimento da piscina seja mais rápido com escoamento turbulento.
b1) Maior vazão reduz o tempo de enchimento.
b2) O número de Reynolds é um adimensional importante para considerar na relação entre vazão e o tipo de
escoamento.

Padrão de resposta esperado

a) O tempo de preenchimento da piscina depende da vazão do fluido. A


velocidade de deslocamento do fluido será diferente para escoamento
laminar e turbulento, se o número de Reynolds for considerado o mesmo
(na região da transição). Como a vazão é a mesma, o tempo para o
preenchimento será o mesmo.

b) Não há relação matemática entre o valor da vazão e o tipo de


escoamento.
C.3 Infográfico
Se você já teve o privilégio de residir em diferentes moradias, já deve ter observado como existem
diferentes projetos de tubulação para água. Se a moradia tem dois sistemas de tubulação, um para
água quente e outro para fria, então a bagunça está feita. Ao observar diferentes tubulações de
água, você pode ter notado que não há um padrão a ser seguido, e, quanto maior o número de
curvas, maiores serão os problemas.

Neste Infográfico, você verá sobre o deslocamento de fluido dentro de duas tubulações: um
projeto simples e outro mais complexo.

DESLOCAMENTO DO FLUIDO DENTRO DA TUBULAÇÃO


Existe um fator matemático que considera a complexidade do sistema de tubulação e que relaciona essa
complexidade com os componentes existentes, como válvulas, tês e registros. Veja estes dois projetos:

O fluido desloca da mesma forma dentro do


projeto 1 e do projeto 2?

Não!

Há vários componentes dentro da tubulação


1 que acabam atrapalhando o deslocamento
do fluido.

Assim, observando a existência dessa perda por


atrito a cada componente pelo qual o fluido precisa
se deslocar, pode-se, então, perceber que quanto
maior for a complexidade do sistema, maior será sua
perda de carga.
C.3 Conteúdo do livro
Os escoamentos viscosos internos podem ser considerados como os escoamentos em que fluidos
são realizados internamente a uma tubulação ou entre placas. Escoamento em canal aberto ocorre
quando há o deslocamento de fluido dentro de canais com contato com o ar atmosférico. Esse tipo
de escoamento é fundamental para descrever o deslocamento da água em rios, calhas e canais.

No capítulo Escoamentos viscosos internos, da obra Mecânica dos fuidos, você verá uma introdução
do conceito de escoamento em canais abertos. Além disso, você saberá como é possível diferenciar
os dois tipos de escoamento: laminar e turbulento. Por fim, você verá sobre a perda de carga do
fluido dentro de uma tubulação.

Boa leitura.

elm = não existe autora nem esse livro na bib


virtual.
Escoamentos
viscosos internos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Diferenciar os escoamentos laminar e turbulento entre placas e tubos.


„„ Analisar os escoamentos laminar e turbulento em canais.
„„ Calcular perdas de carga nos escoamentos laminar e turbulento.

Introdução
Neste capítulo, você aprenderá mais detalhes sobre escoamentos internos
viscosos. O assunto parece complicado, em virtude da nomenclatura
usada pela área de mecânica dos fluidos. Todavia, serão demonstrados
conceitos usados de forma simples, por meio de exemplos do seu dia a
dia. Sistemas de tubulação fazem mais parte do cotidiano do que você
imagina.
A água que chega à torneira da sua casa precisa de tubulações para
que se desloque desde a estação de tratamento de água até a sua casa.
O fluido, nesse caso, é a água. Considera-se, então, a viscosidade por ser
uma medida numérica relacionada à resistência que o fluido apresenta
ao escoar.
A palavra “escoamento” está focada no deslocamento e na movi-
mentação do fluido dentro de uma região. Já o termo “viscoso” está
relacionado à viscosidade do fluido em questão, ou seja, a viscosidade
de fluido é considerada nos cálculos desses problemas. E finalmente, o
termo “interno” está voltado ao escoamento realizado dentro de tubos,
dutos com diferentes formatos.
Este capítulo tratará do escoamento de fluidos dentro de tubulações.
Você saberá diferenciar escoamentos laminar e turbulento entre placas e
tubos, assim como analisar os que passam em canais. Por fim, calculará
perdas de carga nos escoamentos laminar e turbulento.
2 Escoamentos viscosos internos

Escoamentos laminar e turbulento


entre placas e tubos
Todos os projetos de engenharia usam de um sistema de tubulação para o
deslocamento do fluido necessário para o bom andamento do projeto. Esse
fluido pode ser tanto a matéria-prima como o resíduo gerado durante o processo.
Temos de considerar que não há tubulação perfeita, que não contenha defeitos
internos que alterem a rugosidade do mesmo. Ainda existem outros compo-
nentes, como válvulas, curvas, redução e aumento de diâmetro que alteram o
escoamento (WHITE, 2018). A Figura 1, a seguir, mostra alguns componentes
básicos de tubulações existentes e suas respectivas montagens. Observe o
número e o tipo de componentes existentes neste projeto de tubulação.

Figura 1. Sistema de tubulação mostrando entrada e saída do fluido.


Fonte: Adaptada de Moran et al. (2005).

É importante que você se lembre e entenda que, dentro da mecânica dos


fluidos, existe uma grande quantidade de soluções propostas para cada pro-
blema apresentado. Não há uma solução ou equação únicas para qualquer
problema, o que prejudica a aprendizagem do aluno (ROTAVA, 2014).
O problema está relacionado ao comportamento do fluido dentro do seu
contexto. Como explicar o comportamento do deslocamento do ar atmosférico
em torno de uma asa do avião ser o mesmo do ar dentro da tubulação de um
ar condicionado? O fluido é o mesmo, as temperaturas são diferentes, e os
Escoamentos viscosos internos 3

escoamentos são distintos — um externo e outro interno. Sabe-se que os


sistemas são diferentes, porém os princípios de mecânica dos fluidos que
descrevem o sistema são os mesmos (WHITE, 2018).
Esse exemplo mostra como a problemática do escoamento dos fluidos pode
ser única e particular para cada um deles.
Dessa forma, podemos, então, focar nos conceitos existentes dentro de
um fator importante e largamente usado na mecânica dos fluidos: o número
de Reynolds.
Oborne Reynolds (1842-1912), cientista e matemático britânico, foi o pri-
meiro cientista a distinguir entre os dois tipos de escoamento: laminar e
turbulento. Reynolds organizou um experimento com água escoando por um
tubo com diâmetro D, com velocidade média V (MORAN et al., 2005). A
Figura 2, a seguir, mostra o líquido colorido sendo injetado dentro da tubulação
com a mesma massa específica da água.

Figura 2. Experimento realizado por Reynolds, que mostra


o escoamento laminar, transiente e turbulento.
Fonte: White (2018, p. 342).
4 Escoamentos viscosos internos

Conforme descrito por Moran et al. (2005), para “vazões suficientemente


baixas”, o corante permanecerá como uma linha contínua e bem-definida à
medida que o fluido escoa. Para vazões maiores, o corante varia com o tempo e
o espaço, apresentando borrões e um comportamento irregular. Já para vazões
altas, o corante se mistura com a água de forma aleatória. O autor comenta
que o termo vazão poderia ser substituído pelo número de Reynolds.
Assim, os escoamentos laminar, intermediário e turbulento são indicados
quantitativamente pelo número de Reynolds, que depende da velocidade do
fluido, da massa específica, de sua viscosidade e, também, do diâmetro do
tubo (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004).

Equação que calcula o número de Reynolds é descrita pela seguinte fórmula:

Sendo que suas variáveis são:


ρ — massa específica ou densidade (kg/m3);
V — velocidade do fluído (m/s);
D — diâmetro da tubulação para seção circular (m);
µ — viscosidade (kg/(m.s).

Conforme Rotava (2014), o número de Reynolds em que existe o regime


de escoamento laminar está voltado para o valor máximo de 2100: entre
2100<Re<4000, ocorre o escoamento crítico e, acima de 4000, o escoamento é
turbulento. Já pra Munson, Young e Okiishi (2004), valores abaixo de 2100 são
considerados escoamento laminar, entre 2100 e 4000, escoamento transiente
e, acima de 4000, o escoamento é turbulento.
Voltando ao objetivo inicial do nosso capítulo, ele está focado em diferenciar
os escoamentos laminar e turbulento entre placas e tubos. Como vamos então
diferenciar estes escoamentos de forma quantitativa e qualitativa?
Escoamentos viscosos internos 5

De forma qualitativa, a diferença entre escoamento laminar e turbulento


entre placas e tubos está na forma como cada um é realizado. Existe, ainda,
uma região de transição, onde coexistem o escoamento laminar e turbulento.
O fluido, ao escoar dentro de um tubo, possui uma região de escoamento
próxima da entrada, denominada região de entrada. À medida que o fluido
se desloca, os efeitos da viscosidade fazem com o que ele cole nas paredes
da tubulação (ou da placa). O conceito de camada limite vem de encontro aos
efeitos da viscosidade dentro da parede da tubulação. A espessura da camada
limite aumenta até preencher completamente o tubo (ou o espaço entre as
placas), e esse tipo de escoamento é denominado escoamento completamente
desenvolvido. A Figura 3, a seguir, mostra o sistema de escoamento de fluidos
dentro de uma tubulação, com escoamento completamente desenvolvido.

Figura 3. Regiões de escoamento dentro de uma tubulação.


Fonte: White (2018, p. 343).
6 Escoamentos viscosos internos

Observe que o escoamento se mantém completamente desenvolvido até


que ocorra uma mudança na característica da tubulação, como no diâmetro,
na válvula ou no registro. À medida que o fluido ultrapassa essa mudança
de característica, ele tende e ser completamente desenvolvido novamente
(ROTAVA, 2014).

É necessário que você aprofunde os estudos sobre o escoamento laminar completa-


mente desenvolvido e o turbulento completamente desenvolvido.
Nas referências, você encontra uma relação de literaturas que descrevem com
detalhes esses dois tipos de escoamento e suas respectivas equações.

Escoamentos laminar e turbulento em canais


O escoamento de um fluido, em sua grande maioria, apresenta a seção cir-
cular, como mangueiras, tubulações de água e condutos. Já para tubulação
de ar condicionado, as seções usadas são retangulares. Sistemas com seções
circulares possuem pressão considerável internamente sem se deformar, o
que já não acontece com a tubulação com seções retangulares/quadradas
(MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004).
A Figura 4 mostra alguns exemplos de tubulação: em tubos e em canais.
Note as diferenças existentes em cada uma delas, mas com os mesmos prin-
cípios de mecânica dos fluidos.
Escoamentos viscosos internos 7

Figura 4. Exemplos de aplicação de tubulação em canal aberto e em tubo.


Fonte: vmargineanu/shutterstock.com, Uwe Aranas/shutterstock.com, bunyarit/shutterstock.com,
Kuchina/shutterstock.com, Andrei Daubar/shutterstock.com e Unru Elena/shutterstock.com.

Na tubulação construída com tubos, o fluido escoa internamente, não


havendo contato com a atmosfera. Assim, é possível que o sistema possa ser
pressurizado e está, supostamente, preenchido com fluido internamente. Esse
fator pode parecer banal, mas, quando uma tubulação está completamente
preenchida com fluido, não há falhas dentro do sistema e, consequentemente,
não há mudança no valor de pressão e ou falha no escoamento.
Já para o escoamento projetado para ser em canal aberto, o canal não,
necessariamente, está completamente preenchido todo o tempo e pode ser
usado apenas para uma função específica e, posteriormente, aguardar nova
demanda (WHITE, 2018).
O exemplo mais comum do uso de tubulação para deslocamento de fluido
em canal aberto no nosso cotidiano é a construção de calhas instaladas junto
aos telhados para o escoamento da água da chuva. Essas tubulações não,
necessariamente, ficam o tempo todo com a sua capacidade de escoamento
esgotada. Ocasionalmente, isso até pode ocorrer, mas, no momento em que
parar de chover, a tubulação fica vazia novamente (WHITE, 2018).
Chegamos, então, a alguns questionamentos, como os apresentados a seguir.

„„ Quem provoca o deslocamento do fluido nas duas tubulações: tubo e


canal aberto?
„„ Como poderemos exercer pressão dentro do sistema de canal aberto?
„„ Seria possível descrevermos que teríamos 5 Bar de pressão dentro de
uma calha de chuva?
8 Escoamentos viscosos internos

Como você já deve ter percebido, temos mecanismos diferentes para os dois
sistemas. Isso porque, dentro de tubulação com tubos, é possível exercer de
forma eficaz pressão no sistema, e o fluido acaba se deslocamento em função
dessa diferença de pressão ao longo da linha. Já no sistema de tubulação por
calha aberta, o mecanismo que promove o escoamento é a força da gravidade,
facilitando o escoamento da água da chuva para o reservatório ou o próprio
chão. A gravidade faz o mesmo no escoamento em tubulação fechada, mas a
diferença de pressão exerce maior proporção dentro do escoamento (MORAN
et al., 2005).
Portanto, a principal diferença entre os dois sistemas de escoamento está
focada no mecanismo que promove o deslocamento.

Cálculos de perdas de carga nos escoamentos


laminar e turbulento
Pensamos em um detalhe importante no cotidiano do engenheiro: nenhuma
tubulação possui 1,20 metros ou 100 metros, sem alteração no diâmetro, válvu-
las, registros ou, mesmo, curvas para escoamento do fluido. Não há sistema de
tubulação sem que ocorra alguma alteração durante o deslocamento do fluido.
Os vários componentes existentes na linha alteram e prejudicam o es-
coamento do fluido dentro da tubulação, e, na engenharia mecânica, essas
alterações são chamadas perda de carga (MORAN et al., 2005).
Os escoamentos turbulentos são muito complexos, e, devido a muitos
detalhes, ainda não existe uma equação ou teoria que os descreva de forma
geral, considerando os detalhes. A maioria dos escoamentos turbulentos são
analisados a partir de procedimentos experimentais e de aproximações. Essas
aproximações foram organizadas em tabelas e diagramas para facilitar a
organização dos projetos mecânicos (WHITE, 2018).
Esses dados experimentais, que relacionam os elementos existentes nos
dutos, como conexões, cotovelos, válvulas e outros componentes, podem ser
amplamente encontrados em livros específicos da área, expressos na forma
adimensional.
Para facilitar o cálculo da perda de carga, a equação considera o projeto
da tubulação composta por uma combinação entre segmentos retilíneos de
tubos divididos por vários componentes (registros, válvulas e tubos). Conforme
descrito por Moran et al. (2005), a perda de carga global ( hL) de uma tubulação
é calculada pela perda normal (hL norm), onde são consideradas a perda de carga
Escoamentos viscosos internos 9

devido à tubulação retilínea e a perda de carga devido aos vários componentes,


denominadas perda localizada( hL loc).
Assim, a perda de carga global será expressa pela Equação (1), a seguir
(MORAN et al., 2005):

(1)

Não há limitação entre os fatores, ou seja, a perda de carga normal sempre


é maior que a carga local. Isso é um erro. Não há limitação entre os valores.

Perdas normais (hL norm)


As perdas normais estão relacionadas à perda de carga devido à viscosidade
que o fluido exerce durante o escoamento. A viscosidade nada mais é que o
atrito existente no fluido durante o seu deslocamento dentro da tubulação
(MORAN et al., 2005).
A perda de carga normal depende de alguns parâmetros, como a velocidade
do fluido dentro da tubulação (V), o comprimento do tubo (l), o diâmetro do
tubo (D), e Ɛ sendo um fator que descreve a rugosidade na parede do tubo.
De uma forma genérica, quanto maior for a rugosidade da tubulação inter-
namente, maior será a perda de carga do fluido durante o seu deslocamento
(ROTAVA, 2014).
Assim, a perda de carga normal é descrita pela Equação (2) (MORAN et
al., 2005):

(2)

Poderemos observar que outras variáveis apareceram dentro dessa equação,


denominada equação de Darcy-Weibach, como ƒ, que é denominado fator de
atrito, que é dimensional e depende de outros dois fatores: número de Reynolds
e rugosidade relativa (Ɛ/D) (WHITE, 2018).
O diagrama de Moody (Figura 5) facilita a relação entre esses fatores,
mostrando o valor de ƒ (fator de atrito) calculado em função do número de
Reynolds e da rugosidade relativa (Ɛ/D) (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004).
10 Escoamentos viscosos internos

Figura 5. Diagrama de Moody.


Fonte: White (2018, p. 343).

A partir da análise do diagrama de Moody, observe os detalhes a seguir


(MORAN et al., 2005; ROTAVA, 2014; WHITE, 2018).

„„ Para o escoamento laminar, o fator de atrito não depende da rugosidade.


O gráfico mostra que ele depende apenas do número de Reynolds.
„„ Para a zona de transição do número de Reynolds, existe uma linha tra-
cejada. Observe que todas as outras linhas são contínuas. Esse detalhe
descreve que o comportamento do fator de atrito é experimental e seu
comportamento é estimado. Linhas contínuas demonstram que foram
realizados inúmeros experimentos para que os valores fossem o mais
próximos dos reais.
„„ Para o escoamento plenamente turbulento, existem algumas curvas
para o valor definido pela rugosidade relativa (Ɛ/D). O escoamento
plenamente turbulento é determinando a partir da curva tracejada.
„„ Os valores do fator de atrito aproximam-se quando o valor do número
de Reynolds aproxima-se aos da faixa de transição.
„„ O valor do fator de atrito mantém-se constante para o mesmo valor de
rugosidade relativa em escoamentos plenamente turbulentos.
Escoamentos viscosos internos 11

Perdas localizadas (hL loc)


Perdas localizadas são as que ocorrem devido aos componentes do sistema
existentes na tubulação, como joelhos, válvulas, curvas.
As perdas são calculadas pela Equação (3), a seguir, que possui um coe-
ficiente de perda adimensional KL (MORAN et al., 2005):

(3)

Os valores de coeficiente de perda para componentes de tubos são descritos


na tabela da Figura 6.

Figura 6. Coeficiente de perda para diferentes tubulações.


Fonte: Potter e Wiggert (2018, p. 128).

É importante que, para cada um dos componentes, seja calculada a sua


perda de carga. Assim, são somados os atritos aos quais a tubulação será sub-
metida. Quanto maior o número de componentes, maior será a perda de carga
do sistema. Por isso, projetos simples, com menor número de componentes,
têm menor custo e menor atrito sofrido pelo fluido (WHITE, 2018).
Por exemplo, para um joelho de 900, o fator de perda de carga depende da
ligação com a tubulação: se é flangeada ou rosqueada. O coeficiente de perda
de carga é independente do diâmetro do tubo, da vazão e/ou das propriedades
do fluido em questão, ou seja, do número de Reynolds (MORAN et al., 2005).
12 Escoamentos viscosos internos

Ainda, importante destacar que há perda de carga para a redução de tubu-


lação, e esse fator também é tabelado, descrito na Figura 7, a seguir (MORAN
et al., 2005).

Figura 7. Diferenças entre diâmetro da tubulação, com valores respectivos da perda de carga.
Fonte: Adaptada de Moran et al. (2005).

MORAN, M. J. et al. Introdução à engenharia de sistemas térmicos: termodinâmica, me-


cânica dos fluídos e transferência de calor. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
MUNSON, B. R.; YOUNG, D. F.; OKIISHI, T. H. Fundamentos da mecânica dos fluidos. 4. ed.
São Paulo: Blucher, 2004.
POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: Bookman, 2018.
(Coleção Schaum).
ROTAVA, O. Aplicações práticas em escoamento de fluidos: cálculo de tubulações, válvulas
de controle e bombas centrífugas. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2018.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula C.3
C.3 Dica do professor
Escoamentos abertos ocorrem em rios, canais e calhas. Estes são exemplos do cotidiano dentro da
mecânica dos fluidos. Lembre-se: essa etapa necessita de grande pesquisa de literatura, pois trata-
se de equações em que vários parâmetros experimentais são considerados.

Nesta Dica do Professor, você aprenderá sobre os escoamentos abertos em canais.

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Dica do professor sobre o Escoamento em Canais Abertos.

O escoamento em canal aberto representa um escoamento em que o fluido tem contato com a superfície, ou seja,
entra em contato com a pressão atmosférica. Exemplos práticos: um rio, um canal ou a calha de um telhado de
uma casa.

A força motriz durante o escoamento em canal está focada na presença de duas laterais e um fundo. Em um
mesmo canal, seções transversais possuem velocidades tridimensionais diferentes.

No escoamento fechado, a tubulação encontra-se completamente cheia de fluido, não há contato com a
atmosfera. O fluido dentro de uma tubulação fechada pode ser líquido ou gasoso e a sua força motriz para o
deslocamento do fluido é focada na diferença de pressão dentro da linha.

Os escoamentos em canais abertos são conduzidos pela gravidade e não pela interferência no valor de pressão. Em
uma tubulação fechada, não há interferência da pressão atmosférica.
Os escoamentos em canais abertos são foco de estudo para diferentes áreas da engenharia. O deslocamento das
águas de rios, o deslocamento das águas das chuvas e até o movimento de ondas no oceano são estudados pela
engenharia e há grande quantidade de literatura especializada nessa área.

Devem ser considerados os parâmetros de deslocamento de um fluido. Um deles é a velocidade do deslocamento


do canal aberto - Como determinar a velocidade da água dentro do escoamento em canal aberto?

Os perfis de velocidade são bastante complexos. Como a velocidade máxima ocorre geralmente no plano médio,
em torno de 20% abaixo da superfície em canais largos, e em rasos, a velocidade máxima fica próxima à superfície,
e o perfil da velocidade é descrito por uma função logarítmica desde o fundo até a superfície.
Considerando as condições normais, o fluido possui um movimento uniforme, ou seja, a velocidade média da água
é constante ao longo do canal.
Considerando as condições normais:
- O fluido possui um movimento uniforme, ou seja, a velocidade média da água é constante ao longo do canal.
- A vazão é calculada pela multiplicação da área da seção molhada pela velocidade do escoamento.
- É importante destacar que a velocidade de escoamento depende de dois tipos de coeficiente de rugosidade, raio
hidráulico e da declividade do fundo.

No escoamento em canais abertos, a parte superior do líquido está sujeita a pressão atmosférica e o movimento
do fluido não depende da pressão existente e sim da inclinação do fundo do canal e da superfície da água. Os
canais podem possuir formas diferentes das suas seções transversais. O fluxo uniforme deve satisfazer às
seguintes condições: profundidade da água, a área do fluxo de descarga e a velocidade de distribuição devem
permanecer com o mesmos valores em todas as seções em toda a extensão do canal.
C.3 Exercícios

1) O número de Reynolds descreve numericamente se o escoamento é laminar ou turbulento. Para o


escoamento laminar, para o valor do número de Reynolds de 1.000, o valor do fator de atrito para
uma tubulação circular será de:

Dica: consulte o diagrama de Moody para fazer a leitura do fator de atrito (WHITE, 2011).

A) 0,07.

B) 0,77.

C) 7,00.

D) 77,00.

E) -0,70.

1 Gab A = O valor do fator de atrito (0,07) é lido diretamente no Diagrama de Moody, na região de escoamento
laminar. Escoamentos laminares com maior número de Reynolds têm valores do fator de atrito menores. Nessa
região não há influência da rugosidade efetiva no valor do fator de atrito.
2) O número de Reynolds é um fator calculado para estimar e diferenciar se o escoamento é
laminar ou turbulento. Essa diferenciação pode ser realizada em um escoamento entre
placas, tubos ou internamente a canais abertos. Numericamente, o número de Reynolds
depende de alguns parâmetros, como massa específica, velocidade de deslocamento,
diâmetro e viscosidade. Em relação a esses fatores, marque a alternativa correta:

A) O número de Reynolds depende proporcionalmente da massa específica e da viscosidade.

B) O número de Reynolds depende proporcionalmente do diâmetro e inversamente da


viscosidade.

C) O número de Reynolds depende inversamente da velocidade e do diâmetro do tubo.

D) O número de Reynolds não depende da multiplicação dos fatores: massa específica,


velocidade do fluido e diâmetro da tubulação.

E) O número de Reynolds depende proporcionalmente da viscosidade e inversamente do


diâmetro.

2 Gab B = O número de Reynolds depende proporcionalmente da velocidade, da massa específica e do


diâmetro. É inversamente proporcional à viscosidade do fluido. O número de Reynolds indica se o escoamento
será laminar ou turbulento.
3) O escoamento em canal aberto é o escoamennto do líquido em uma tubulação com
superfície livre. Canais têm forma irregular, e, para o escoamento, é necessário considerar
um "raio hidráulico" para o cálculo da perda de carga. Marque a alternativa incorreta no
cálculo da perda de carga em canais:

A) A perda de carga em canais depende do fator de atrito da tubulação.

B) A perda de carga em canais depende do valor da velocidade do fluido ao quadrado.

C) A perda de carga em canais depende do valor da velocidade do fluido.

D) A perda de carga em canais depende do valor da aceleração da gravidade.

E) A perda de carga em canais depende do diâmetro hidráulico.

elm = acho que a poderia estar correta tb (tubo com sup livre...) elm - ver cap introd do White copiado no fim.
(acho que gab vai ser C.. chiii!
3 Gab C =

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


Ex. 3 (Aula C.3 Escoamento Viscosos Internos) PÓS GABARITO
Pleito: Alterar gabarito para opção A.
Justificativa:
- Opção A informa erroneamente que perda de carga depende de "fator de atrito DA TUBULAÇÃO", pois o fator
de atrito é do escoamento (da tubulação / canal poderia falar em sua rugosidade relativa). A própria jusficativa
do gabarito confirma: "atrito sofrido dentro do escoamento".
- A opção C apontada pelo gabarito como alegação falsa, é verdadeira, pois ao alegar que a perda de carga
depende da velocidade, não está especificando o tipo de dependência (linear, quadrática, exponencial etc), logo
é verdadeira.
Obs.: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda
apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem da justificativa do gabarito:
4) A perda de carga precisa ser calculada devido aos efeitos viscosos sofridos pelo fluido
dentro de uma tubulação. Para seu cálculo, são considerados dois fatores principais,
organizados matematicamente da seguinte forma:

A) Na perda de carga total são multiplicados fatores aos valores de perda de carga normal.

B) A perda de carga total considera apenas as perdas locais, desprezando as perdas normais.

C) A perda de carga total é a soma das perdas normais e localizadas.

D) A perda de carga total é calculada pela multiplicação das perdas normais e a localizada.

E) A perda de carga total não considera a perda de carga normal nem a perda de carga
localizada.

4 Gab C = A perda de carga total é a soma das perdas de carga normais e das perdas de carga localizadas. A perda
de carga depende de vários parâmetros, como fator de atrito, geometria dos canais, velocidade média ao
quadrado, diâmetro hidráulico e aceleração da gravidade. A perda de carga é um fator numérico que descreve o
atrito sofrido pelo fluido dentro do escoamento interno.
5) A maioria das análises do escoamento em tubos está baseada em fórmulas experimentais ou
semiempíricas, representadas de forma adimensional. Alguns diagramas foram organizados
para facilitar projetos nessa área. Em relação ao diagrama de Moody, marque a alternativa
correta:

A) O diagrama de Moody descreve o cálculo do número de Reynolds para diferentes


escoamentos.

B) O diagrama de Moody descreve o fator de atrito para cada diâmetro de tubulação escolhida.

C) O diagrama de Moody mostra como o fator de atrito é calculado em função do número de


Reynolds e da rugosidade relativa para a tubulação circular.

D) O diagrama de Moody mostra como o fator de atrito é calculado apenas em função da


rugosidade relativa.

E) O diagrama de Moody mostra como o fator de atrito é calculado em função do número de


Reynolds e da rugosidade relativa para uma tubulação retangular.

5 Gab C = O diagrama de Moody mostra como o fator de atrito é calculado em função do número de Reynolds
e da rugosidade relativa para a tubulação circular. Ele foi determinado experimentalmente com fluidos e
tubulação com rugosidade conhecida.
C.3 Na prática
As perdas localizadas são as perdas devidas aos componentes do sistema existentes na tubulação,
como joelhos, válvulas, tês, curvas.

Neste Na Prática, você verá um exemplo prático da aplicação das perdas de carga nos escoamentos
laminar e turbulento: perda de carga local.

DESLOCAMENTO DO FLUIDO DENTRO DA TUBULAÇÃO

Luiza trabalha em um empresa petrolífera, em que existem praticamente infinitos componentes dentro de um
sistema de tubulação de ar comprimido. O ar comprimido precisa se deslocar dentro de uma tubulação com várias
válvulas, registros e alteração entre os diâmetros da tubulação. Todos reunidos, somam seus fatores e acarretam
no aumento do atrito, dificultando o deslocamento do ar.

E, mesmo que duas linhas de tubulação tenham pressões iniciais iguais, uma linha simplificada e outra linha
complexa, como explicar que a pressão é menor na saída da tubulação complexa quando comparada à pressão de
saída na tubulação simples?

Perda de carga total = perda de carga normal + perda de carga local.

Perda de carga local é calculada em função do coeficiente de perda de carga.

Assim, Luiza pôde perceber a importância desses


componentes dentro do projeto e que cada um
deles influencia de alguma forma dentro do
sistema. Existem tabelas para que se considere a
perda de pressão local quando o fluido passa por
esses itens: perda de carga local.

Se a curva é flangeada ou rosqueada, o coeficiente


de perda de carga tem um valor diferente para
cada um deles. Para a grande maioria dos
componentes, existem tabelas construídas com
experimentos. Então, deve-se verificar a
quantidade e a posição de cada um desses
componentes, para que, somados, Luiza possa
estimar a perda de pressão na saída da linha.
C.3 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Mecânica dos fluidos


Apostila do Ministério da Educação sobre mecânica dos fluidos. Na aula 3, você poderá ler mais
sobre o assunto tratado nesta Unidade de Aprendizagem.
http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/
eixo_ctrl_proc_indust/tec_autom_ind/
mec_fluido/161012_mec_fluidos.pdf

pdf 82 pág.

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Perda de carga em escoamentos laminares de fluidos


pseudoplásticos através de uma curva de 90o
Este é um artigo técnico que mostra a aplicação dos cálculos de perda de carga.
https://periodicos.ufes.br/lajer/article/view/lajer.v2i2/
pdf

pdf 7 pág.

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Mecânica dos fluidos


O Apêndice C deste livro mostra uma tabela com as propriedades de vários fluidos.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


C.3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

MORAN, Michael J.; SHAPIRO, Howard N.; MUNSON, Bruce R.; DEWITT, David P. Introdução à
engenharia de sistemas térmicos. Porto Alegre: LTC, 2005. 620p.

MUNSON, Bruce R.; YOUNG, Donald F.; OKIISHI, Thoedore H. Fundamentos da mecânica dos
fluidos. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2004. 584p.

SHUTTERSTOCK, Banco de imagens.

WHITE, Frank M. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. 864p.

SAGAH, 2019.
CAPÍTULO 10 - ESCOAMENTO EM CANAIS ABERTOS
Motivação.
Um escoamento em canal aberto representa um escoamento com uma superfície livre em contato com a
atmosfera, como ocorre em um rio, um canal ou uma calha. Os escoamentos em dutos fechados (Capítulo 6) são
completamente cheios de fluido, podendo ser líquido ou gás, não apresentam uma superfície livre e são conduzidos
por um gradiente de pressão ao longo do eixo do duto. Os escoamentos em canais abertos aqui são conduzidos
apenas pela gravidade, e o gradiente de pressão na interface com a atmosfera é desprezível. O balanço de forças
básico em um canal aberto ć entre a gravidade e o atrito.

Os escoamentos em canais abertos constituem uma modalidade da mecânica dos fluidos especialmente importante
para os engenheiros civis e ambientais. Eles precisam prever as vazões e profundidades de água que resultam de
determinada geometria de canal, seja ela natural ou artificial, e de determinada rugosidade da superfície molhada.
Quase sempre o fluido em destaque é a água, e o tamanho do canal usualmente é grande. Portanto, os
escoamentos em canais abertos são geralmente turbulentos, tridimensionais, às vezes não permanentes e com
frequência muito complexos. Este capítulo apresenta algumas teorias de engenharia simples e correlações
experimentais para escoamento permanente em canais retos, com geometria regular. Podemos tomar emprestado
e usar alguns conceitos da análise de escoamento em dutos: raio hidráulico, fator de atrito e perdas de carga.

10.1 INTRODUÇÃO

Em termos simples, o escoamento em canal aberto é o escoamento de um líquido em um conduto com uma
superfície livre. Há muitos exemplos práticos, tanto artificiais (calhas, extravasores, canais, vertedouros, valores de
drenagem, galerias) quanto naturais (córregos, rios, estuários, planícies de inundação). Este capítulo introduz a
análise elementar desses escoamentos, que são dominados pelos efeitos da gravidade.

A presença da superfície livre, que está essencialmente sob pressão atmosférica, tanto ajuda quanto prejudica a
análise. Ajuda porque a pressão pode ser considerada constante ao longo da superfície livre que, por sua vez, é
equivalente à linha piezométrica (LP) do escoamento. Contrariamente aos escoamentos em dutos fechados, o
gradiente de pressão não é um fator direto no escoamento em canal aberto, em que o balanço de forças fica
restrito à gravidade e ao atrito (**) . Mas a superfície livre complica a análise porque sua forma é desconhecida a
priori: o perfil de profundidade varia com as condições e deve ser calculado como parte do problema,
especialmente em problemas não permanentes que envolvem o movimento de ondas.
(**) A tensão superficial raramente é importante porque os canais abertos normalmente são muito grandes e têm um número de
Weber muito alto. A tensão superficial afeta pequenos modelos de grandes canais.

Antes de prosseguirmos, destacamos, como de costume, que livros inteiros foram escritos sobre a hidráulica de
canais abertos [1 a 7, 32]. Há também textos especializados dedicados ao movimento de ondas [8 a 10] e aos
aspectos de engenharia dos escoamentos costeiros com superfície livre [11 a 13]. Este capítulo é apenas uma
introdução aos tratamentos mais amplos e detalhados. O autor recomenda, quando você quiser fazer um intervalo
na sua análise de escoamentos com superfície livre, consultar a Referência 31, que oferece uma fantástica galeria
de fotografias sobre ondas no oceano.

A aproximação unidimensional
Um canal aberto sempre tem duas laterais e um fundo, onde o escoamento satisfaz a condição de não
escorregamento. Portanto, mesmo um canal reto tem uma distribuição de velocidades tridimensional. Na Figura
10.1 são mostradas algumas medições de contornos de velocidade em canais abertos. Os perfis são bastante
complexos, com a velocidade máxima ocorrendo geralmente no plano médio, em torno de 20% abaixo da
superfície. Em canais muito largos e rasos, a velocidade máxima fica próxima da superfície e o perfil de velocidades
é aproximadamente logarítmico desde o fundo até a superfície livre, como na Equação (6.62).
Em canais não circulares há também movimentos secundários similares aos da Figura 6.16 para escoamentos em
dutos fechados. Se o canal tiver curvas e meandros, o movimento secundário se intensifica devido aos efeitos
centrífugos, com a alta velocidade ocorrendo próximo ao raio externo da curva. Os canais naturais curvos estão
sujeitos a fortes efeitos de erosão e de deposição no fundo.

Figura 10.1
Contornos isovelocidade medidos em escoamentos típicos de canais abertos retilíneos (Da referência 2). Fonte: V. T.
Chow, Open Channel Hydraulics, Blackburn Press, Caldwell, NJ, 2009.

Figura 10.2
Geometria e notação
para escoamento em
canal aberto:
(a) vista lateral;
(b) seção transversal.
Todos os parâmetros
são constantes no
escoamento
uniforme.
Com o advento dos supercomputadores, é possível fazer simulações numéricas de padrões complexos de
escoamentos como os da Figura 10.1 [27, 28]. No entanto, a abordagem prática de engenharia aqui adotada é fazer
uma aproximação de escoamento unidimensional, como na Figura 10.2. Como a massa específica do líquido é
aproximadamente constante, a equação da continuidade para escoamento permanente reduz-se à vazão
volumétrica Q constante ao longo do canal
(10.1)

em que V é a velocidade média e A a área da seção transversal local, representada na Figura 10.2.
Uma segunda relação unidimensional entre a velocidade e a geometria do canal é a equação da energia, incluindo
perdas por atrito. Se os pontos 1 (a montante) e 2 (a jusante) estiverem na superfície livre, p1 = p2 = p∞ , resulta,
para escoamento permanente, que:

(10.2)

em que z representa a elevação total da superfície livre, que inclui a profundidade y da água (ver Figura 10.2a) mais
a altura do fundo (inclinado). A perda de carga por atrito hp é análoga à perda de carga do escoamento em duto da
Equação (6.10):

(10.3)

em que f é o fator de atrito médio (Figura 6.13) entre as seções 1 e 2. Como os canais têm forma irregular,
considera-se seu "tamanho" como o raio hidráulico:

(10.4)

O número de Reynolds local do canal seria Re = V * Rh / ν , que em geral é altamente turbulento (>1 E5). Os únicos
escoamentos laminares de ocorrência comum em canais são as camadas finas de água que se formam durante a
drenagem de águas pluviais de ruas e pistas alagadas dos aeroportos.

O perímetro molhado Pm (ver Figura 10.2b) inclui os lados e o fundo do canal, mas não a superfície livre e,
naturalmente, não inclui as partes dos lados acima do nível da água. Por exemplo, se um canal retangular tem
largura b, altura h e contém água até a profundidade y , seu perímetro molhado é:

e não (2b + 2h) .


Embora o diagrama de Moody (Figura 6.13) possa fornecer uma boa estimativa do fator de atrito em escoamento
em canais, na prática, ele raramente é usado. Uma correlação alternativa, devida a Robert Manning, discutida na
Seção 10.2, é a fórmula preferida na hidráulica de canais abertos.
Classificação do Escoamento pela Variação da Profundidade.

O método mais comum para se classificar escoamentos em canais abertos baseia-se na taxa de variação da
profundidade da superfície livre. O caso mais simples e mais amplamente analisado é o de escoamento uniforme,
em que a profundidade (e, em consequência, a velocidade do escoamento permanente) permanece constante. As
condições de escoamento uniforme são aproximadamente verificadas em canais longos e retos, de declividade e
área constantes. Para um canal em escoamento uniforme, diz-se que ele escoa em sua profundidade normal yn
que é um importante parâmetro de projeto.

Se a declividade do canal ou sua seção transversal variar, ou se houver uma obstrução no escoamento, a
profundidade irá se alterar e diz-se que o escoamento é variado. O escoamento é gradualmente variado se a
aproximação unidimensional for válida e rapidamente variado em caso contrário. A Figura 10.3 mostra alguns
exemplos desse método de classificação. As classes podem ser resumidas da seguinte forma:
1. Escoamento uniforme (profundidade e declividade constantes)
2. Escoamento variado:
a. Gradualmente variado (unidimensional)
b. Rapidamente variado (multidimensional)

Figura 10.3
Classificação do
escoamento em canal
aberto por regiões de
perfis de profundidade
correspondentes a
escoamento rapidamente
variado (ERV), escoamento
gradualmente variado
(EGV) e escoamento
uniforme.

Em geral, o escoamento uniforme é separado do escoamento rapidamente variado por uma região de escoamento
gradualmente variado. O escoamento gradualmente variado pode ser analisado por uma equação diferencial de
primeira ordem (Seção 10.6), mas o escoamento rapidamente variado requer experimentação ou dinâmica dos
fluidos computacional tridimensional [14, 27, 28].

Classificação do Escoamento pelo Número de Froude.


Uma segunda classificação muito útil de escoamento em canal aberto baseia-se no adimensional número de
Froude, Fr, que é a relação entre a velocidade no canal e a velocidade de propagação de uma pequena onda de
perturbação no canal. Para um canal retangular ou muito largo de profundidade constante, ele tem a seguinte
forma:

(10.5)

na qual y é a profundidade da água. O escoamento se comporta diferentemente dependendo desses três regimes
de escoamento:

Fr < 1,0 escoamento subcrítico


Fr = 1,0 escoamento crítico (10.6)
Fr > 1,0 escoamento supercrítico

O número de Froude para canais irregulares é definido na Seção 10.4. Conforme mencionamos na Seção 9.10, há
uma forte analogia aqui com os três regimes de escoamento compressível do número de Mach: subsônico (Ma <
1), sônico (Ma = 1) e supersônico (Ma > 1). Vamos seguir essa analogia nas Seções 10.4 e 10.5. A Referência 21
também segue essa analogia.

Velocidade da Onda de Superfície.

O denominador do número de Froude (g*y)^(1/2) é a velocidade de uma onda de superfície infinitesimal em


águas rasas. Podemos deduzir isso com relação à Figura 10.4a, que mostra uma onda de altura δy propagando-se
à velocidade c em um líquido em repouso. Para obtermos um referencial inercial de escoamento permanente,
fixamos as coordenadas na onda como ilustra a Figura 10.4b, de modo que a água em repouso move-se para a
direita com velocidade c . A Figura 10.4 é exatamente análoga à Figura 9.1, que analisa a velocidade do som em
um fluido. Ela pode ser usada para analisar uma onda brusca causada por penetração de maré, Fig. P10.86, que é
descrita por Chanson [34].
Figura 10.4
Análise de uma pequena
onda de superfície
propagando-se em água
rasa em repouso;
(a) onda em movimento,
referencial de
escoamento não
permanente;
(b) onda fixa, referencial
inercial de escoamento
permanente.

Para o volume de controle da Figura 10.4b, a relação de continuidade unidimensional é, para a largura b do canal,

ou (10.7)

Isso é análogo à Equação (9.10); a mudança de velocidade δV induzida por uma onda de superfície é pequena se a
onda for "fraca", δy << y . Se desprezarmos o atrito do fundo na pequena distância através da onda na Figura
10.4b, a relação de quantidade de movi- mento é um balanço entre a força líquida de pressão hidrostática e o fluxo
líquido de quantidade de movimento:

ou (10.8)

Essa expressão é análoga à Equação (9.12). Eliminando δV entre as Equações (10.7) e (10.8) obtemos a expressão
desejada para a velocidade de propagação da onda:

(10.9)

Quanto "mais forte" for a altura da onda δy , mais rápida será a velocidade c da onda, por analogia com a
Equação (9.13). No limite de uma onda com altura infinitesimal δy→0 , a velocidade se torna

(10.10)

Essa é a velocidade de uma onda de superfície, equivalente à velocidade do som a de um fluido, e, portanto, o
número de Froude no escoamento em canal Fr = V / c0 é o análogo do número de Mach. Para y = 1 m, c0 = 3,1 m/s.

Assim como na dinâmica dos gases, um escoamento em canal pode acelerar do regime subcrítico, passando pelo
crítico, até o supercrítico e, em seguida, retornar ao regime subcrítico por meio de uma espécie de choque normal
chamado ressalto hidráulico (Seção 10.5). Isso está ilustrado na Figura 10.5. O escoamento a montante da
comporta de fundo é subcrítico. O escoamento acelera até o regime crítico e depois supercrítico quando passa sob
a comporta, que funciona como uma espécie de "bocal". Mais a jusante o escoamento sofre um "choque" de volta
ao regime subcrítico porque a altura do "recipiente" a jusante é muito grande para manter o escoamento
supercrítico. Observe a semelhança com os escoamentos de gás em um bocal da Figura 9.12.
A profundidade crítica

está representada por uma linha tracejada na Figura 10.5, para referência. Assim como a profundidade normal
yn , yc é um parâmetro importante na caracterização do escoamento em canal aberto (ver Seção 10.4).
Na Referência 15 há uma excelente discussão sobre os vários regimes de escoamento em canal aberto.
Figura 10.5
O escoamento sob uma
comporta de fundo acelera
do regime subcrítico ao
regime crítico e ao
supercrítico e, em seguida,
salta de volta para o regime
subcrítico.

10.2 Escoamento uniforme; a fórmula de Chézy


O escoamento uniforme pode ocorrer em trechos longos e retos de declividade constante e seção transversal
constante do canal. A profundidade da água é constante com y = yn e a velocidade é constante com V = V0 . Seja a
declividade S0 = tan θ , na qual θ é o ângulo que o fundo forma com a horizontal, considerado positivo para um
escoamento descendente. Assim, a Equação (10.2), com V1 = V2 = V0 , torna-se
(10-11)

em que L é a distância horizontal entre as seções 1 e 2. Logo, a perda de carga equilibra a perda em altura do
canal. Em essência, o escoamento é totalmente desenvolvido, de modo que é válida a relação de Darcy-Weisbach,
Equação (6.10)

(10-12)

com Dh = 4 * A / Pm usado para representar os canais não circulares. A geometria e a notação para análise do
escoamento em canal aberto são mostradas na Figura 10.2.

Combinando as Equações (10.11) e (10.12), obtemos uma expressão para a velocidade do escoamento uniforme
em um canal:

(10.13)

Para uma dada forma de canal e uma rugosidade de fundo, a quantidade (8*g/f )^(1/2) é constante e pode ser
representada por C . A Equação (10.13) torna-se

(10.14)

Essas fórmulas são as conhecidas fórmulas de Chézy, desenvolvidas pelo engenheiro francês Antoine Chézy em
conjunto com seus experimentos no Rio Sena e no Canal Courpalet em 1769. A grandeza C , chamada de
coeficiente de Chézy, varia de aproximadamente 30 m(1/2)/s para pequenos canais rugosos até 90 m(1/2)/s para
canais grandes e lisos.

No século XIX, muitas pesquisas em hidráulica [16] foram dedicadas à correlação do coeficiente Chézy com a
rugosidade, a forma e a declividade de vários canais abertos. As correlações foram feitas por Ganguillet e Kutter
em 1869, Manning em 1889, Bazin em 1897 e Powell em 1950 [16]. Todas essas formulações são discutidas em
detalhes na Referência 2, Capítulo 5. Aqui vamos limitar nosso tratamento à correlação de Manning, a mais
popular.
==========================================================

EXEMPLO 10.1
Um canal reto e retangular tem 1,8 m de largura e 0,9 m de profundidade e está com uma declividade de 2o. O
fator de atrito é 0,022. Estime a vazão para escoamento uniforme em metros cúbicos por segundo.
Solução

Esboço do sistema: A seção transversal do canal está ilustrada na


Figura E10.1.

Hipóteses: Escoamento permanente e uniforme em canal com θ = 2°.

Abordagem: Avalie a fórmula de Chézy, Equação (10.13) ou (10.14).


Valores de propriedades: Observe que não há propriedades físicas
envolvidas na fórmula de Chézy. Você pode explicar isso?

Passos da solução: Simplesmente calcule cada termo na fórmula de Chézy, Equação (10.13):

Então:
Resposta

Comentários: Os cálculos de escoamentos uniformes são diretos, se as geometrias forem simples. Os resultados
são independentes da densidade e da viscosidade da água porque o escoamento é totalmente rugoso e dirigido
pela gravidade. Observe a vazão elevada, maior do que em alguns rios. Dois graus é uma declividade bastante
acentuada.

==========================================================

As Correlações de Rugosidade de Manning

A abordagem fundamentalmente mais adequada à fórmula de Chézy é o uso da Equação (10.13) com o fator de
atrito favaliado por meio do diagrama de Moody, Figura 6.13. Sem dúvida, as instituições de pesquisa em canais
abertos [18] recomendam enfaticamente o uso do fator de atrito em todos os cálculos. Como os canais típicos são
grandes e rugosos, usa-se, em geral, o limite de escoamento turbulento totalmente rugoso da Equação (6.48)

(10.15)

na qual ε é a altura da rugosidade, com valores típicos listados na Tabela 10.1.


Apesar da atratividade dessa abordagem pelo fator de atrito, muitos engenheiros preferem usar uma correlação
(dimensional) simples publicada em 1891 por Robert Manning [17], um engenheiro irlandês. Em testes com
canais reais, Manning descobriu que o coeficiente C de Chézy aumentava aproximadamente com a raiz sexta do
tamanho do canal. Ele propôs a fórmula simples

(10.16)

na qual n é um parâmetro de rugosidade. Como é claro que a fórmula não é dimensionalmente consistente, ela
requer um fator de conversão α que muda de acordo com o sistema de unidades utilizado:
(10.17)
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
1.1 A Energia em Trânsito: o Calor
1.2 Transferência de Calor
2.1 Calores e Mudança de Fase Conteúdo Complementar (não conta
2.2 A Primeira Lei da Termodinâmica p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
3.1 Leis da Termodinâmica voltada a Fenômenos C.1 Fluido como Continuum
3.2 Fundamentos da Estática dos Fluidos C.2 Escoamento Compressíveis
4.1 Estática dos Fluidos II C.3 Escoamento Viscosos Internos
4.2 Escoamento Laminar C.4 Escoamentos Viscosos Externos

Escoamentos viscosos externos


C.4 Apresentação
Os escoamentos viscosos externos ocorrem quando há um corpo sólido imerso dentro de um
fluido. O fluido se desloca livremente, não há limitação geométrica para o seu deslocamento e o
objeto encontra-se imerso dentro desse fluido. Já nos escoamentos internos, o fluido está dentro
da tubulação e ele escoa internamente por ela. Seu deslocamento está limitado às paredes dessa
tubulação. Torna-se, portanto, essencial perceber a diferença entre escoamentos externos e
internos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar os escoamentos viscosos externos. Conhecerá
também os princípios de arrasto e sustentação, princípios fundamentais para que um avião decole e
voe durante horas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Conceituar camada-limite, determinando suas espessuras.


• Calcular os escoamentos viscosos externos: laminar e turbulento.
• Aplicar os princípios de arrasto e sustentação.
C.4 Desafio
Durante os escoamentos viscosos externos, o fluido adere a um sólido, formando uma espécie de
interface entre a superfície do sólido e o fluido. Nessa região, a velocidade de deslocamento do
fluido é reduzida. Essa aderência existe em placas ou em chapas e é chamada de camada-limite; ela
pode ter espessuras diferentes ao longo do escoamento e variar para diferentes geometrias do
sólido.

Viajar em um navio transatlântico faz parte do objetivo de viagem de muitas pessoas, não é mesmo?

Imagine que você tenha sido convidado pela equipe técnica para projetar um novo navio com a maior capacidade
de passageiros do mundo.

O DESAFIO É GRANDE!

Os conceitos de camada-limite estão ligados ao casco do navio e têm importância fundamental no


deslocamento, na velocidade e, consequentemente, no tempo de viagem.

Você, como responsável pelo projeto, será convidado a participar de um programa de televisão, no qual você
precisará explicar o projeto para pessoas leigas no assunto.

Após analisar a situação apresentada, como poderíamos responder os seguintes questionamentos


feitos pelo apresentador do programa?

a) O navio que está sendo projetado por sua equipe será o maior navio de passageiros do mundo.
Ele será projetado para se deslocar em água doce ou salgada? Com relação a essa variável, o
comportamento do navio é o mesmo ou tem alguma diferença?

b) As diferenças de deslocamento do navio em águas calmas ou turbulentas são consideradas no


projeto do navio?

elm = a) O projeto prevê navegação em água doce ou salgada. Como a água doce apresenta densidade pouco
menor que a da água salgada, sob mesma condição de deslocamento (toneladas), o calado do navio será um
pouco maior quando estiver em água doce.
b) O navio será projetado para operar sob as diversas condições de mar.
FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)
Desafio (Aula C.4 Escoamentos Viscosos Externos) - PÓS GABARITO
Pleito: Corrigir Padrão de Resposta.
Justificativa:
- item a) O comportamento do navio em água doce e salgada é diferente, sendo importante essa análise no
projeto. Água doce e salgada são dois fluidos distintos, muda densidade, viscosidade, muda calado, volume de
água deslocada, superfície molhada...
Obs.1: a pergunta do item a) se refere ao comportamento do navio, não a equações, como informou o padrão de
resposta.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda
apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do Padrão de Resposta:
C.4 Infográfico
Os escoamentos viscosos externos consideram o escoamento de fluido em torno de um corpo
sólido. Nesse caso, o corpo sólido fica mergulhado dentro do fluido, para que este possa se
deslocar livremente em torno do corpo sólido.

A geometria do corpo sólido influencia decisivamente a maneira como ocorre o deslocamento do


fluido em torno dele. O deslocamento de fluido em torno de corpos aerodinâmicos é mais simples e
sem grandes problemas.

Entretanto, na prática, corpos sólidos (prédios, pontes, navios) não são necessariamente
aerodinâmicos. Neste Infográfico, será abordado o escoamento do fluido em torno de objetos
sólidos.

O escoamento do fluido em torno de uma superfície cilíndrica circular forma a camada-limite


laminar e a turbulenta e, além disso, ocorre a formação de uma região chamada esteira, na qual se
formam os vórtices.

ESCOAMENTOS VISCOSOS EXTERNOS EM TORNO DE CORPOS SÓLIDOS

Os escoamentos em torno de um corpo sólido cilíndrico têm várias regiões em que o comportamento do fluido
será diferente. Existem a região de camada limite-laminar e a região de camada-limite turbulenta, mas, além disso,
há a região da esteira, em que ocorre a separação do fluido da superfície do corpo sólido.

Observe o corpo a seguir e perceba que existem várias regiões determinadas:

Os detalhes de um escoamento ao redor de um corpo rombudo. Fonte: POTTER, 2018. p. 145.


Ponto de estagnação - primeiro ponto de contato com a superfície do corpo.

Ponto de separação – local onde acaba a presença da camada-limite, gerando, assim, a região separada. A partir
deste ponto, o fluido escoa em torno do objeto e não continua na direção paralela à superfície.

Esteira - região de separação do fluido: o escoamento é não estacionário, criando redemoinho alternados.

elm - extraído de Potter, p.145 (de onde veio a figura)


Região separada: o escoamento se separa do corpo e forma uma região recirculante a jusante, como desenhado na
Figura 8.1.
Esteira: região influenciada pela viscosidade, é uma região difusiva que continua a crescer (alguma distância a
jusante a velocidade é menor do que a velocidade de corrente livre V ).
Camada Limite (CL) Laminar forma-se próximo à frente do corpo, seguida por uma Camada Limite (CL) Turbulenta
como mostrado na Figura 8.1.
Escoamento não viscoso: muitas vezes chamado de Corrente Livre, existe na frente do corpo e no lado de fora da
camada limite, da região separada e da esteira.

O escoamento ao redor de um corpo carenado tem todos os mesmos componentes da Figura 8.1, exceto por não
ter região separada significativa e sua esteira ser muito menor.

O escoamento não viscoso de corrente livre normalmente é irrotacioal, apesar de poder ser um escoamento
rotacional com vorticidade, por exemplo, o escoamento próximo ao solo ao redor do tronco de uma árvore ou
água próxima do solo ao redor de um pilar no rio; a áuga escava uma depressão na areia em frente ao pilar e o ar
escava uma depressão semelhante na neve em frente à árvore. A vorticidade no ar ou na água que se aproxima
explica o fenômeno observado.

O limite da região separada é mostrado em local médio, contudo, esse limite é altamente transiente e pode trocar
massa lentamente com a corrente livre, apesar de as linhas de corrente do médio permanecerem fora da região
separada. A região separada fica sempre dentro da esteira.

Veja, agora, o conceito de escoamento de ar em torno de um automóvel.

Observe a região em que o ar entra em contato com a superfície do corpo sólido, neste caso, o carro. Essa região
está demonstrada pela zona azul. Há um deslocamento de ar em torno do automóvel. Nesse caso, o carro tem
geometria aerodinâmica, o que facilita seu deslocamento. A zona de esteira é caracterizada pela região localizada
próxima às sinaleiras traseiras, mostrada em detalhe pelos vórtices formados.
C.4 Conteúdo do livro
Saber mais detalhes sobre os escoamentos viscosos externos é fundamental para a descrição de
vários projetos de engenharia, como por exemplo, o deslocamento de um navio ou de um avião e o
comportamento de uma torre frente a ventos fortes em uma tempestade.

No Capítulo Escoamentos viscosos externos, do livro Mecânica dos fluidos, serão apresentadas as
características da camada-limite e suas equações, demonstrando o cálculo da espessura da camada-
limite. Você estudará também sobre os escoamentos laminar e turbulento dentro do escoamento
viscoso externo. Por fim, você aprenderá os princípios de arrasto e sustentação aplicados nos
escoamentos viscosos externos.

Boa leitura.

elm = não existe autora nem esse livro na bib


virtual.
Escoamentos
viscosos externos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Conceituar camada limite, determinando suas espessuras.


„„ Calcular os escoamentos viscosos externos: laminar e turbulento.
„„ Aplicar os princípios de arrasto e sustentação.

Introdução
No escoamento viscoso interno, o fluido se desloca internamente à tu-
bulação, limitado pelas paredes dela. Em relação ao comportamento da
camada limite do fluido dentro da tubulação, ela cresce até preencher
todo o tubo. Assim, a viscosidade tem seu efeito dominante para esse
tipo de escoamento (MORAN et al., 2005).
Já no escoamento externo, o fluido não está confinado e está livre
para expandir. A camada limite pode crescer livremente, com espessura
variável. O corpo sólido sofre a ação desse escoamento externo, surgindo,
então, a força de arrasto.
A dinâmica de fluidos computacional ajuda na compreensão desse as-
sunto e calcula o deslocamento desse fluido. Isso porque corpos comple-
xos necessitam de dados experimentais para que seja possível descrever
as forças causadas pelo escoamento (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004).
Escoamentos viscosos externos estão voltados a grandes áreas da
engenharia, como: aerodinâmica (movimento de aviões, foguetes e pro-
jéteis), hidrodinâmica (navios e submarinos), transporte (movimento de
automóveis, motocicletas e caminhões) e até na oceânica (movimento
de qualquer corpo ancorado) (WHITE, 2018).
2 Escoamentos viscosos externos

Camada limite e suas espessuras


Os conceitos trabalhados na camada limite são importantes por considerar
os efeitos da viscosidade quando o fluido se encontra próximo das pareces do
objeto sólido (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004).
O número de Reynolds, mais uma vez, é usado para caracterizar o escoa-
mento externo: o aumento desse número diminui a espessura da camada limite
do fluido. Como o fluido adere à superfície, existe uma região em que ele
apresenta velocidade zero (em contato com a superfície), a qual segue aumen-
tando seu valor até ajustar com a velocidade da região não perturbada. Essa
região do fluido que apresenta perturbação da velocidade devido à viscosidade
é denominada camada limite. A espessura dessa camada limite é dada em
função da posição da placa e da sua espessura. A Figura 1, a seguir, mostra
essa dinâmica do perfil da velocidade, quando observamos o escoamento em
torno de uma placa plana (POTTER; WIGGERT, 2018).

Figura 1. Camada limite para uma placa plana, demonstrada para a região laminar e
turbulenta.
Fonte: White (2018, p. 451).
Escoamentos viscosos externos 3

A variável U mostra a velocidade do fluido: anteriormente ao contato com


a placa, essa velocidade tem sua direção e seu sentido descritos pelas setas e
mostra-se constante para qualquer região analisada do gráfico.
A partir do bordo de ataque, ponto onde ocorre o contato entre fluido e
superfície, o fluido entra em contato com a placa e, assim, passa a aderir na
superfície dele. Perceba que existem duas regiões em que a camada limite foi
separada: a limite laminar e a limite turbulenta. Essas foram separadas pela
sigla Xcr, que é a região de transição entre os dois modos de escoamento das
camadas limites: região crítica (ROTAVA, 2011).
Perceba que o escoamento pode ser laminar ou turbulento dentro da mesma
placa, mesma superfície, fator que diferencia os conceitos trabalhados no
escoamento viscoso interno.
Não há um valor único para o número de Reynolds dentro do escoamento
externo, o que pode complicar, e muito, a análise do problema.
Assim, o valor do número de Reynolds crítico, ou seja, onde ocorre a tran-
sição de laminar para turbulento, foi determinado por 5x105 (ROTAVA, 2011).
Então, na prática, devemos calcular o número de Reynolds na posição geo-
métrica de interesse: se o valor do número de Reynolds for menor que o valor
crítico, temos escoamento laminar; já, se esse número for maior que o valor
crítico, então se trata de um escoamento turbulento (MORAN et al., 2005).
Observe, também, que a extensão da região da camada limite laminar é
pequena e a região de transição também não se estende por uma grande área,
mas a área da camada limite de modo turbulento é a maior dentro da superfície
da placa (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004).
Moran et al. (2005) citam que é simples o entendimento sobre a formação
de camada limite se estudado o escoamento de certas substâncias, como o mel.
A formação da camada limite é válida para todos os fluidos, mesmo aqueles
cuja viscosidade não seja tão expressiva, como água e ar.

Prandtl, em 1904, definiu a espessura da camada limite (δ), determinada pela distância
linear da superfície do corpo sólido em que a velocidade paralela atinge 99% da
velocidade do fluido. Após demonstração de fórmulas e usando conceitos da mecânica
dos fluidos, ele obteve a seguinte relação entre o tipo de escoamento e a espessura
da camada limite com o número de Reynolds (POTTER; WIGGERT, 2018).
4 Escoamentos viscosos externos

laminar

turbulento

Sendo assim, percebe-se que a espessura da camada limite depende do


número de Reynolds, e seu valor continua sendo função dos parâmetros de
Reynolds para seu cálculo, como massa específica, velocidade e viscosidade.
É importante citar que existem várias características da camada limite de
escoamento que podem ser calculadas. A camada limite laminar apresenta
um comportamento esperado, em que sua espessura aumenta em direção ao
aumento do valor x (posição), descrita em função do aumento da velocidade.
Além disso, para uma placa plana, o coeficiente de arrasto depende apenas do
número de Reynolds, o que facilita os cálculos e a estimativa do comportamento
do escoamento (MORAN et al., 2005).
No entanto, a estrutura da camada limite turbulenta é complexa e irre-
gular. A velocidade varia de forma aleatória. A formação de vórtices mistura
o fluido com ele mesmo, o que acarreta no aumento do valor do arrasto, para
o regime turbulento ser bem-maior do que o regime laminar (MUNSON;
YOUNG; OKIISHI, 2004).
A Figura 2, a seguir, mostra os coeficientes de arrasto para uma placa
paralela ao escoamento. Perceba que os valores de coeficiente de arrasto para
o escoamento laminar são apenas função do número de Reynolds. Na região
em que há um escoamento completamente turbulento, esse é função de (Ɛ/l),
sendo Ɛ a rugosidade relativa da superfície.
Escoamentos viscosos externos 5

elm = fig
copiada de
White, eq
não estão
aqui!

Figura 2. Coeficiente de arrasto para uma placa plana paralela ao escoamento.


Fonte: White (2018, p. 464).

Escoamentos viscosos externos:


laminar e turbulento
A Figura 3, a seguir, mostra a simulação realizada para o escoamento viscoso
externo em uma placa plana. Observe que a gradiente de cores facilita o en-
tendimento do problema e mostra em tons de azul o escoamento e a formação
da camada limite. Além disso, é possível verificar os dois tipos de escoamento
da camada limite: laminar e turbulento.
6 Escoamentos viscosos externos

U
1,40
1,23
1,07
0,90
0,73
0,57
0,40
0,23
0,07
–0,10

Figura 3. Regiões de camada limite dentro do escoamento de uma


placa plana com espessura desprezível.
Fonte: National Renewable Energy Centre (2019, documento on-line).

Além da existência dos dois tipos de escoamento dentro da camada limite,


há outros fatores importantes, como as forças de contato e de reação dentro do
sistema: o contato entre o fluido e o objeto. Onde existirem forças atuando,
será necessária a análise delas e, consequentemente, teremos o conceito de
arrasto analisado.
A força de arrasto nada mais é que a força de atrito do fluido gerada na
superfície (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004). Ela é calculada em função
do coeficiente de arrasto (ROTAVA, 2011).
Para a camada limite com escoamento laminar, o coeficiente de arrasto
é função apenas do número de Reynolds, ou seja, a rugosidade superficial
não influencia no seu valor. Curioso é que, para esse tipo de escoamento,
o comportamento do fluido é semelhante ao do escoamento em um tubo
(MORAN et al., 2005).
Lembre-se, também, de que a força de arrasto é a força normal ao deslo-
camento do fluido e existirá sempre que ocorrer o deslocamento de forma
livre (escoamento externo) para um corpo com geometria qualquer (MORAN
et al., 2005).
Escoamentos viscosos externos 7

Entretanto, para o escoamento turbulento, a rugosidade superficial altera,


sim, o deslocamento do fluido e, em consequência disso, também o valor do
coeficiente de arrasto. Será o mesmo comportamento do escoamento turbulento
em tubos (MORAN et al., 2005).
A Figura 4, a seguir, mostra a distribuição de forças para o deslocamento
de um corpo sólido — nesse caso, com a forma de um automóvel, em que a
força de arrasto apresenta a mesma direção do fluido, e a força de sustentação
é normal.

Figura 4. Regiões de camada limite dentro do escoamento de uma placa plana com
espessura desprezível.
Fonte: Adaptada de VectorMine/Shutterstock.com.
8 Escoamentos viscosos externos

Alguns livros de mecânica dos fluidos (MORAN et al., 2005; WHITE,


2018) mostram demonstrações de fórmulas para o deslocamento do fluido de
forma externa para uma placa com espessura desprezível.
Tomamos um exemplo do nosso cotidiano, em que ocorre o deslocamento
de um fluido, que pode ser ar atmosférico ou, até mesmo, água, onde uma placa
com espessura desprezível seja alvo de estudo. Dificilmente encontramos e, por
isso, precisamos adaptar os conceitos trabalhados ao mundo real que vivemos.
Como o fluido necessariamente se desloca através de um corpo com espes-
sura diferente de zero, temos, então, a contribuição de duas forças de arrasto:
arrasto de atrito e arrasto de pressão.
O arrasto nada mais é que o atrito que o fluido exerce sobre a superfície do
corpo (WHITE, 2018). Para uma comparação, imagine uma bola de basquete
e uma de golfe: qual das duas bolas apresenta maior arrasto? Com certeza,
a bola de basquete.
Voltando aos dois tipos de arrasto: o de atrito é o arrasto pela aplicação
direta do fluido na superfície do corpo, enquanto o de pressão está relacionado
com o atrito do corpo, e o atrito do fluido pode alterar o seu percurso quando
escoa em torno da superfície do corpo (MORAN et al., 2005). Tal efeito altera
o deslocamento do fluido e produz uma queda de pressão na área da esteira.
Esteira é a área posterior do objeto (ROTAVA, 2011).
Tanto para a placa plana quanto para corpos com geometria complexa,
o coeficiente de arrasto é função de parâmetros adimensionais, como o número
de Reynolds e a rugosidade relativa.
A Figura 5 mostra o escoamento de um fluido ao redor de um corpo sólido
cilíndrico. Em (A), ocorre escoamento para um número de Reynolds baixo,
menor que 1, simétrico em torno do corpo de prova. Em (B), existe uma
separação na região da esteira, a simetria é perdida atrás do cilindro, com o
número de Reynolds em torno de 10. Já em (C), a região de separação aumenta
e torna-se não estacionária — nesse caso, o número de Reynolds encontra-se
no valor de 100. Para maiores valores do número de Reynolds, em (D) e (E),
dentro da região da esteira formam-se redemoinhos de forma alternada para
cima e para baixo.
Escoamentos viscosos externos 9

Sem separação Bolha de separação permanente


(A) (B)

Esteira oscilante de von Karman


(C)

Camada limite laminar Camada limite turbulenta


com esteira ampla com esteira restrita
(D) (E)

Figura 5. Escoamento de fluido em torno de um cilindro circular.


Fonte: Moran et al. (2005, p. 373).

Como a força de arrasto é calculada com base no valor do coeficiente de


arrasto (WHITE, 2018), torna-se necessário descobrir o valor do coeficiente
de arrasto. A Equação (1) mostra o cálculo da força de arrasto (FD) em função
do coeficiente de arrasto (CD).

(1)
10 Escoamentos viscosos externos

A Figura 6, a seguir, demonstra o valor do coeficiente de arrasto para


diferentes geometrias em diferentes números de Reynolds.

Figura 6. Comportamento do coeficiente de atrito em função de Re para vários corpos


(escoamentos bidimensionais).
Fonte: White (2018, p. 478).

elm = na próx pág, copiada figura completa do White, p478, com excerto de texto abaixo.

Em geral, não podemos ressaltar suficientemente a importância do uso de linhas aerodinâmicas nos corpos
(carenamento) para a redução de arrasto a números de Reynolds acima de 100. Isso está ilustrado na Figura
7.15. O cilindro retangular (Figura 7.15a) tem separação forçada em todas as quinas e um arrasto muito alto. O
arredondamento do seu nariz (Figura 7.15b) produz uma redução de arrasto em torno de 45%, mas o CA é
ainda alto. Uma carenagem adicional na traseira, com um bordo de fuga agudo (Figura 7.15c), reduz o arrasto
em mais 85%, atingindo-se o mínimo prático para a espessura dada. Servindo como contraste significativo, o
cilindro circular da Figura 7.15d tem apenas um oitavo da espessura e um trezentos avos da seção transversal
da Figura 7.15c, e ainda assim tem o mesmo arrasto. Para veículos de alto desempenho e outros corpos
móveis, a palavra de ordem é redução de arrasto, havendo nesse sentido uma pesquisa intensa e contínua,
visando tanto a aplicações aerodinâmicas como hidrodinâmicas [20, 39].

Corpos bidimensionais

O arrasto de alguns corpos representativos de grande envergadura (quase bidimensionais) está mostrado em
função do número de Reynolds na Figura 7.16a. Todos os corpos têm alto CA a números de Reynolds muito
baixos (escoamentos muito lentos), Re≤ 1,0, afastando-se para altos números de Reynolds segundo seu grau de
carenamento. Todos os valores de CA estão baseados na área planificada, exceto a placa normal ao
escoamento. Os pássaros e o planador, é claro, não são muito bidimensionais, tendo envergaduras de
comprimento apenas modesta. Observe que os pássaros não são tão eficientes quanto os planadores ou
aerofólios modernos [14, 15].
Figura 7.15
A importância do
carenamento na redução do
arrasto de um corpo (CA
baseado na área frontal):
(a) cilindro retangular;
(b) nariz arredondado;
(c) nariz arredondado e
carenagem com bordo de
fuga agudo;
(d) cilindro circular co o
mesmo arrasto do caso (c).

Figura 7.16 Coeficientes de arrasto de corpos lisos a baixos números de Mach: (a) corpos bidimensionais; (b)
corpos tridimensionais. Observe a independência do número de Reynolds dos corpos rombudos a altos Re.
Princípios de arrasto e sustentação
Os princípios de arrasto e sustentação são fundamentais para descrever o
escoamento de ar em torno de aeronaves, automóveis, navios e, até mesmo, o
deslocamento de peixes (MORAN et al., 2005).
Lembre-se de que o corpo está imerso dentro de um fluido e que o mesmo
está sujeito à interação entre o corpo e o fluido que se encontra ao redor dele. Se
fixarmos o sistema de coordenadas no corpo e considerarmos o deslocamento
do fluido ao invés do deslocamento do objeto, assim, a velocidade do fluido
é considerada velocidade a montante (MORAN et al., 2005).
Sendo assim, a força resultante na direção da velocidade a montante é
chamada de arrasto, Ɗ, e a força resultante normal à velocidade a montante
é denominada sustentação, Ł (ROTAVA, 2011).
Escoamentos viscosos externos 11

As distribuições de forças são perpendiculares entre si. A Figura 7, a seguir,


mostra como são organizadas graficamente as forças envolvidas durante o
escoamento do fluido em uma asa de avião. O vetor V mostra a direção e o
sentido do fluido — nesse caso, o ar atmosférico.

Figura 7. Comportamento das forças envolvidas durante o voo de um avião.


Fonte: White (2018, p. 490).

Figura 7.22 _ Esquema de definição para uma aleta de sustentação.

A sustentação e o arrasto são obtidos pelos coeficientes de sustentação e


do de arrasto, adimensionais, descritos nas Equações (2) e (3) (MUNSON;
YOUNG; OKIISHI, 2004).

(2)

(3)

onde A é a área frontal de contato com o fluido, ou área existente na direção


paralela à velocidade a montante, U. Observe que a massa específica do fluido
é considerada nas duas equações.
Alguns coeficientes de arrasto estão tabelados para facilitar a organização
do projeto, conforme o Quadro 1, a seguir (MORAN et al., 2005).
12 Escoamentos viscosos externos

Quadro 1. Coeficiente de arrasto para diferentes geometrias

Fonte: Adaptado de Potter (2018, p. 148).

É importante destacar que a sustentação somente é gerada devido a alte-


rações da simetria, ou seja, se o corpo sólido não for simétrico, haverá uma
força normal ao escoamento, chamada de sustentação (ROTAVA, 2011).
O parâmetro mais importante na sustentação é a geometria do objeto, e sua
expressão numérica para a sustentação é função do coeficiente de sustentação,
que é calculado semelhantemente ao coeficiente de arrasto (WHITE, 2018).
Na prática, os itens de sustentação são os aerofólios usados em automóveis.
Esses dispositivos alteram o escoamento do ar e o número de Reynolds — e,
consequentemente, o escoamento dentro da camada limite. A sustentação vem
da pressão que o fluido exerce sobre a superfície, mantendo o carro estável
no chão (MORAN et al., 2005).
Curiosamente, não há tabelas para o cálculo do coeficiente de sustentação.
O que existem são gráficos que mostram o comportamento de aerofólios e
asas de avião para um exemplo de uso. A Figura 8 mostra o deslocamento do
ar em torno de uma asa de avião. O demonstrado foi simulado em software
específico (POTTER; WIGGERT, 2018).
Escoamentos viscosos externos 13

Figura 8. Escoamento do ar em torno de uma asa de avião.


Fonte: Potter e Wiggert (2018, p. 152).

O coeficiente de sustentação é determinado experimentalmente. Muitas


vezes, são construídos protótipos em escala para que possam ser instrumen-
tados com sensores para que o comportamento seja monitorado e descrito por
equações matemáticas.
Os coeficientes de sustentação representam a eficiência da geometria do
corpo de prova ao deslocamento do fluido. Altos valores do coeficiente de
sustentação são buscados pelo projeto, em que há grandes valores de força de
sustentação (POTTER; WIGGERT, 2018).

MORAN, M. J. et al. Introdução à engenharia de sistemas térmicos: termodinâmica, me-


cânica dos fluídos e transferência de calor. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
MUNSON, B. R.; YOUNG, D. F.; OKIISHI, T. H. Fundamentos da mecânica dos fluidos. 4. ed.
São Paulo: Blucher. 2004.
NATIONAL RENEWABLE ENERGY CENTRE. Aerodynamic design: cener aerofoil family.
2019. Disponível em: http://www.cener.com/en/aerodynamic-design-cener-aerofoil-
-family/. Acesso em: 21 jul. 2019.
POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: Bookman, 2018.
ROTAVA, O. Aplicações práticas em escoamento de fluidos: cálculo de tubulações, válvulas
de controle e bombas centrífugas. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2018.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula C.4
C.4 Dica do professor
Durante o voo de um avião, há quatro forças que devem ser equilibradas: a força de sustentação, a
força de arrasto, a força de tração e a força de peso. A força de tração deve ser maior do que a
força de arrasto, para que o avião se mantenha no ar.

Nesta Dica do Professor, você conhecerá melhor as forças de sustentação e de arrasto, conceitos
muito usados na aviação.

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4 min

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Falaremos sobre os princípios de arrasto e sustentação aplicados à aviação.

Historicamente, vários pesquisadores buscaram de alguma forma copiar o movimento dos pássaros, mas poucos
foram assertivos nessa cópia. Podemos citar desde Leonardo da Vinci até Santos Dumont, que, com seu 14 Bis,
conseguiu finalmente despertar o interesse na Aviação Mundial. Mas afinal como um avião voa?

Para que um avião voe, é necessário que exista uma força para vencer o seu peso. Os conceitos envolvidos
durante o decolar e o pousar de uma aeronave estão ligados diretamente aos conceitos de mecânica dos fluidos.

Temos o primeiro problema a ser resolvido: o peso do avião. O peso do avião precisa ser controlado e, ao mesmo
tempo, vencido para que ele possa sair do chão; aqui reside o primeiro conceito da Mecânica dos fluidos: a
caracterização do tipo de escoamento.

No caso do voo de uma aeronave, o escoamento será viscoso externo, tendo como fluido o ar atmosférico, que
será responsável pela sustentação da aeronave durante o voo .
O ar atmosférico é composto por uma mistura de oxigênio, nitrogênio e água e pode sofrer alterações de
densidade, temperatura e pressão. Ao ocorrer o deslocamento de ar, ocorre a geração do vento e, se esse vento
estiver a seu favor, temos uma soma de esforços, o que resulta em menores forças para voar.
Mas em relação ao peso do avião? Somente o vento não seria responsável por manter o avião no ar?

Vamos analisar as forças envolvidas durante o


voo. As quatro forças que devem ser
equilibradas durante o voo são: Força de
Sustentação, Força de Arrasto, Força de Tração
e Força Peso.
Vamos iniciar pela força de sustentação. Ao ocorrer o deslocamento de ar em torno da asa de um avião, surgirá
uma força com sentido contrário ao peso que mantém o avião voando. A geração dessa força é possível devido à
geometria da asa. O deslocamento do ar na parte de cima tem maior velocidade que na parte de baixo. Essa força
perpendicular à superfície da asa é resultante aerodinâmica e tem direção vertical e ela será decomposta pela
força de sustentação.

O arrasto é uma força aerodinâmica formada devido à resistência do ar. Essa força é aquela que se opõe ao
movimento do avião. São fatores que alteram o arrasto: a rugosidade superficial e a diferença de pressão. O
arrasto pode ser dividido em três itens: arrasto de atrito, arrasto de forma e arrasto induzido.

A força de tração é a força responsável por levar a aeronave para a frente. Para que ela entre em ação, serão
necessários alguns tipos de motores como motores a hélice e turbinas.

A força peso é a função da força da gravidade e da massa do corpo. Ressalta-se que não há como alterar o valor
do Peso, se não for pela redução da massa da aeronave. O peso influencia diretamente no pouso e decolagem
dos aviões: aviões com maior peso precisam se deslocar por uma distância maior, um maior comprimento, para
conseguir velocidade suficiente para que a força de sustentação anule o seu peso.

Em resumo, vimos os princípios de arrasto e sustentação dentro de um exemplo do nosso cotidiano. A aviação
desperta a curiosidade na maior parte da população. Sem a força de sustentação não há como anular o peso de
uma aeronave.
C.4 Exercícios

1) É essencial reconhecer os conceitos envolvidos na determinação da camada-limite. Um


corpo imerso em fluido em movimento está sujeito à força resultante da iteração entre
fluido e corpo sólido.

O conceito de velocidade a montante pode ser descrito pela alternativa:

A) Velocidade a montante é calculada por meio de um sistema de coordenadas variável e


considera o deslocamento do fluido em relação ao corpo sólido estacionário.

B) Velocidade a montante é calculada por meio de um sistema de coordenadas fixo e não


considera o deslocamento do fluido em relação ao corpo sólido estacionário.

C) Velocidade a montante é calculada por meio de um sistema de coordenadas fixo e considera


o deslocamento do fluido em relação ao corpo sólido estacionário.

D) Velocidade a montante é calculada por meio de um sistema de coordenadas fixo somente.

E) Velocidade a montante é calculada por meio de um sistema de coordenadas variável e não


considera o deslocamento do fluido em relação ao corpo sólido estacionário.

elm = deve ser A, o temo infeliz sist coord VARIÁVEL deve querer lembrar que fixamos o sist de coord no
corpo (avião por exemplo) e nâo à terra. Assim, como o sist de coord se move junto com o corpo, este corpo
estará estacionário em relação a esse sist de coord.

1 Gab C = O conceito de velocidade a montante é fundamental na descrição do movimento de um corpo dentro de


um fluido, no caso do deslocamento externo. É calculada por meio de um sistema de coordenadas fixo e considera
o deslocamento do fluido em relação ao corpo sólido estacionário.
2) Aplicar os princípios de arrasto e de sustentação é fundamental para descrever
matematicamente o escoamento de ar em torno de aeronaves e automóveis, por exemplo.

O deslocamento do fluido na superfície do corpo sólido exerce força resultante na direção


da velocidade do fluido e é denominado arrasto; a força normal a esta força é denominada
sustentação.

O arrasto é calculado em função do coeficiente de arrasto. Em relação ao coeficiente de


arrasto, marque a alternativa correta.

A) Coeficiente de arrasto depende da geometria do corpo sólido unicamente.

B) Coeficiente de arrasto não depende da geometria, do formato aerodinâmico e da sua área de


referência.

C) Coeficiente de arrasto depende apenas do fluido e de sua massa específica.

D) Coeficiente de arrasto depende da temperatura em que se encontra o fluido e a sua


viscosidade.

E) Coeficiente de arrasto depende da geometria, do formato aerodinâmico e da sua área de


referência.

elm = D também está correta, pois CA depende de Reynolds. Ver extrato Cengel 2015, p614, próx pág.

2 Gab E = O coeficiente de arrasto é um valor numérico determinado experimentalmente por meio de túnel de
vento ou de água. Indica matematicamente o valor do arrasto considerando a geometria, o formato
aerodinâmico e a área de referência do corpo imerso dentro do fluido.

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL: CALOR E FLUIDOS - B (2023.MAR)


ex. 2 (Aula C.4 Escoamentos Viscosos Externos) - PÓS GABARITO
Pleito: Anular exercício.
Justificativa:
- Opções D e E corretas.
- Opção E correta, conforme gabarito.
- Opção D também correta, o coeficiente de arrasto de atrito depende da viscosidade, logo, da temperatura
também; copio Cengel 2015, p.614: "O arrasto de atrito é uma função que depende muito da viscosidade e
aumenta com o aumento da viscosidade. ... O coeficiente de arrasto de atrito é análogo ao fator de atrito em
escoamento em tubos discutido no Cap. 8, e seu valor depende do regime de escoamento. "
Obs.: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda
apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem da opção D:
excerto Cengel 2015, p. 614.

11-3 ARRASTOS DE ATRITO E PRESSÃO

Conforme mencionamos na Seção 11-2, a força de arrasto é a força total exercida por um fluido sobre um corpo na
direção do escoamento devido aos efeitos combinados de forças de cisalhamento na parede e forças de pressão.
Frequentemente, é esclarecedor separar os dois efeitos e estudá-los separadamente.

A parte do arrasto que é devido diretamente à tensão de cisalhamento na parede τw , é chamada de arrasto de
atrito superficial (ou apenas arrasto de atrito FDatrito ), pois ela é causada por efeitos de atrito, e a parte que é
devido diretamente à pressão P é chamada de arrasto de pressão (também chamado de arrasto de forma devido à
sua forte dependência da forma ou formato do corpo). Os coeficientes de arrasto de atrito e pressão são definidos
como

(11-9)

Quando estão disponíveis os coeficientes ou forças de atrito e pressão, o coeficiente total de arrasto ou força de
arrasto pode ser determinado simplesmente somando-os,

(11-10)

O arrasto de atrito é a componente da força de cisalhamento da parede na direção do escoamento, e, portanto, ele
depende da orientação do corpo bem como da intensidade da tensão de cisalhamento na parede, τw . O arrasto de
atrito é zero para uma superfície plana normal ao escoamento e máximo para uma superfície plana paralela ao
escoamento, já que o arrasto de atrito nesse caso é igual à força de cisalhamento total na superfície. Portanto, para
escoamento paralelo sobre uma superfície plana, o coeficiente de arrasto é igual ao coeficiente de arrasto de atrito,
ou, simplesmente, o coeficiente de atrito. O arrasto de atrito é uma função que depende muito da viscosidade e
aumenta com o aumento da viscosidade.

O número de Reynolds é inversamente proporcional à viscosidade do fluido. Portanto, a contribuição do arrasto de


atrito para o arrasto total para corpos rombudos é menor com números de Reynolds mais altos e pode ser
desprezível com números de Reynolds muito altos. O arrasto nesses casos é devido, principalmente, ao arrasto de
pressão. Com números de Reynolds baixos, a maior parte do arrasto é devido ao arrasto de atrito. Esse é
especialmente o caso para corpos altamente carenados como os aerofólios. O arrasto de atrito é também
proporcional à área superficial. Portanto, corpos com uma área superficial maior sofrem um arrasto de atrito
maior. Por exemplo, os grandes aviões comerciais reduzem sua área superficial total e, portanto, o arrasto,
retraindo as extensões da asa quando atingem altitudes de cruzeiro para economizar combustível. O coeficiente de
arrasto de atrito é independente da rugosidade superficial no escoamento laminar, mas é uma função que
depende muito da rugosidade superficial no escoamento turbulento devido aos elementos de rugosidade
superficial que se projetam na camada limite. O coeficiente de arrasto de atrito é análogo ao fator de atrito em
escoamento em tubos discutido no Cap. 8, e seu valor depende do regime de escoamento.

O arrasto de pressão é proporcional à área frontal e à diferença entre as pressões que agem na frente e atrás do
corpo imerso. Portanto, o arrasto de pressão é normalmente dominante para corpos rombudos, pequeno para
corpos carenados como os aerofólios e nulo para placas planas e finas paralelas ao escoamento (Fig. 11-10). O
arrasto de pressão torna-se mais significativo quando a veloci- dade do fluido é muito alta para o fluido seguir a
curvatura do corpo, e, portanto, o fluido se separa do corpo em algum ponto e cria uma região de pressão muito
baixa na sua parte traseira. O arrasto de pressão nesse caso é devido à grande diferença de pressão entre os lados
da frente e de trás do corpo.

Reduzindo o arrasto pelo carenamento


A primeira ideia que vem em mente quando se pensa em reduzir o arrasto é carenar um corpo para reduzir a
separação do escoamento e, portanto, reduzir o arrasto de pressão. Até mesmo os vendedores de automóveis são
bastante eficientes em apontar os baixos coeficientes de arrasto de seus carros, devido ao carenamento.
FIGURA 11-10 _ O arrasto é devido inteiramente ao arrasto de atrito para uma placa plana paralela ao escoamento;
ele é devido inteiramente ao arrasto de pressão para uma placa plana normal ao escoamento; e é devido a ambos
(mas, principalmente, ao arrasto de pressão) para um cilindro normal ao escoamento. O coeficiente de arrasto total
CD , é mais baixo para uma placa plana paralela, mais alto para uma placa plana vertical e intermediário (mas
próximo àquele de uma placa plana vertical) para um cilindro. De G. M. Homsy, et al. (2004).

Mas o carenamento tem efeitos opostos sobre arrastos de pressão e de atrito. Ele diminui o arrasto de pressão
retardando a separação da camada limite e reduzindo assim a diferença de pressão entre a parte da frente e de
trás do corpo, e aumenta o arrasto de atrito porque aumenta a área superficial. O resultado final depende de
qual efeito predomina. Portanto, qualquer estudo de otimização para reduzir o arrasto de um corpo deve levar
em consideração ambos os efeitos e deve tentar diminuir a soma dos dois, como está ilustrado na Fig. 11-11. O
arrasto total mínimo ocorre em D / L = 0,25 para o caso mostrado na Fig. 11–11. Para o caso de um cilindro
circular com a mesma espessura da forma carenada da Fig. 11-11, o coeficiente de arrasto seria,
aproximadamente, cinco vezes maior. Portanto, é possível reduzir o arrasto de um componente cilíndrico para
um quinto usando-se carenagens apropriadas.

FIGURA 11-11 A variação


dos coeficientes de atrito,
pressão e arrasto total de
uma estrutura carenada
com a relação entre
espessura e comprimento
da corda para Re = 4 x
10^4 . Note que CD para
aerofólios e outros corpos
finos é baseado na área
planiforme e não na área
total. De Abbott e von
Doenhoff (1959).

O efeito do carenamento sobre o coeficiente de arrasto pode ser descrito melhor considerando-se cilindros
elípticos longos com diferentes relações de aspecto (ou comprimento dividido pela espessura) L / D , onde L é o
comprimento na direção do escoamento e D é a espessura, como mostra a Fig. 11-12. Note que o coeficiente de
arrasto diminui drasticamente à medida que a elipse se torna mais fina. Para o caso especial de L / D = 1 (um
cilindro circular), o coeficiente de arrasto é CD = 1 com esse número de Reynolds. À medida que a relação de
aspecto diminui e o cilindro se assemelha a uma placa plana, o coeficiente de arrasto aumenta para 1,9, o valor
para uma placa plana normal ao escoamento. Note que a curva se torna quase chata para relações de aspecto
maiores do que aproximadamente 4. Portanto, para um dado diâmetro D, formas elípticas com uma relação de
aspecto de aproximadamente L / D = 4 normalmente oferecem um bom compromisso entre o coeficiente de
arrasto total e o comprimento L . A redução no coeficiente de arrasto com altas razões de aspecto é devido,
principalmente, à camada limite ligada à superfície por mais tempo e à recuperação de pressão resultante. O
arrasto de atrito sobre um cilindro elíptico com uma relação de aspecto de 4 é desprezível (menos de 2% do arrasto
total com esse número de Reynolds).
FIGURA 11-12
A variação do coeficiente
de arrasto de um cilindro
elíptico longo com a
relação de aspecto. Aqui
CD é baseado na área
frontal b*D onde b é a
largura do corpo. De Blevins
(1984).

À medida que a relação de aspecto de um cilindro elíptico é aumentada quando ele é achatado (isto é, diminuindo
D e conservando L constante), o coeficiente de arrasto começa a aumentar e tende ao infinito à medida que L /
D → ∞ (isto é, à medida que a elipse se torna semelhante a uma placa plana paralela ao escoamento). Isso é
devido à área frontal, que aparece no denominador na definição de CD , aproximando-se de zero. Isso não quer
dizer que a força de atrito aumenta drasticamente (na realidade, a força de atrito diminui) à medida que o corpo
se torna plano. Isso mostra que a área frontal é inadequada para uso nas relações de força de arrasto para corpos
delgados como aerofólios finos e placas planas. Nesses casos, o coeficiente de arrasto é definido com base na área
planiforme, que é simplesmente a área superficial para uma placa plana paralela ao escoamento. Isso é bastante
apropriado pois para corpos delgados o arrasto é quase inteiramente devido ao arrasto de atrito, que é
proporcional à área da superfície.
O carenamento acrescenta a vantagem da redução da vibração e ruído. O carenamento deve ser considerado
somente para corpos rombudos que estejam submetidos a escoamento de fluido em alta velocidade (e, portanto,
altos números de Reynolds) para os quais a separação do escoamento é uma possibilidade real. Não é necessário
para corpos que normalmente envolvam escoamentos com baixo número de Reynolds (por exemplo, escoamentos
lentos nos quais Re < 1 ), conforme discutido no Cap. 10, já que o arrasto nesses casos é quase inteiramente
devido ao arrasto de atrito, e o carenamento somente aumentará a área da superfície e, por isso, o arrasto total.
Portanto, um carenamento descuidado pode, na realidade, aumentar o arrasto em vez de diminuí-lo.
Separação de escoamento
Quando dirigimos em estradas do interior, uma medida comum de segurança é diminuir bastante a velocidade nas
curvas fechadas para não ser jogado para fora da estrada. Muitos motoristas já constataram da forma mais penosa
que um carro não obedece aos comandos quando é forçado a fazer uma curva em velocidade muito alta. Podemos
visualizar esse fenômeno como a "separação dos carros” da estrada. Esse fenômeno é observado também quando
veículos em alta velocidade saltam nas lombadas. Em baixas velocidades, as rodas do veículo sempre se mantêm
em contato com a superfície da estrada. Mas em altas velocidades, o veículo é muito rápido para seguir a curvatura
da estrada e salta na lombada, perdendo contato com a estrada.

Um fluido age de maneira muito semelhante quando é forçado a escoar sobre uma superfície curva em altas
velocidades. O fluido sobe a parte ascendente da superfície sem problemas, mas tem dificuldade em permanecer
em contato com a superfície no lado da descida. Em velocidades suficientemente altas, a corrente do fluido se
separa da superfície do corpo. Isso é chamado de separação do escoamento (Fig. 11-13).

Figura 11-13 Figura 11-14 O escoamento pode se


Separação Separação separar da superfície mesmo
do do que esteja totalmente
escoamento escoamento
em uma
submersa em um líquido ou
em um imersa em um gás (Fig.
queda de degrau de
água. uma parede. 11-14). ....
3) A espessura da camada-limite e suas características são importantes para a determinação do
escoamento. Dentro da camada-limite, é possível ter dois tipos de escoamento: laminar ou
turbulento. Marque a alternativa correta em relação à espessura da camada-limite:

A) Camada-limite corresponde à distância a partir da superfície da placa na qual o valor da


velocidade do fluido corresponde a 100% da velocidade a montante.

B) Camada-limite corresponde à distância a partir da superfície da placa na qual o valor da


velocidade do fluido corresponde a 0,99% da velocidade a montante.

C) Camada-limite corresponde à distância a partir da superfície da placa na qual o valor da


velocidade do fluido corresponde a 9,9% da velocidade a montante.

D) Camada-limite corresponde à distância a partir da superfície da placa na qual o valor da


velocidade do fluido corresponde a 0,99% da velocidade a montante.

E) Camada-limite corresponde à distância a partir da superfície da placa na qual o valor da


velocidade do fluido corresponde a 99% da velocidade a montante.

3 Gab E = A camada-limite é a região onde ocorre a aderência do fluido na superfície do corpo. A espessura da
camada-limite corresponde à distância a partir da superfície da placa na qual o valor da velocidade do fluido
corresponde a 99% da velocidade a montante.
4) Ao estudar sobre escoamentos laminar e turbulento nos escoamentos viscosos externos,
vimos que o escoamento turbulento pode ser estudado com uso de placa com espessura
desprezível. O escoamento de fluido ao redor de um cilindro circular também é importante.
Ao transpor a superfície de um cilindro circular, o fluido gera uma esteira atrás do cilindro.
Conforme MORAN (2005), marque a alternativa que explica corretamente a esteira.

A) A esteira não ocorre durante o deslocamento do fluido por meio de um cilindro circular.

B) A esteira ocorre pelos redemoinhos gerados pelo fluido.

C) A esteira ocorre pelo deslocamento da camada-limite; o fluido que escoa em torno do objeto
muda de direção, formando até redemoinhos em alguns casos.

D) A esteira ocorre pelo deslocamento do fluido.

E) A esteira ocorre pelo deslocamento da camada-limite; o fluido que escoa em torno do objeto
não muda de direção.

Cengel 2015, p. 962:


Esteira: A região dominada pelo atrito localizada atrás de um corpo formada pelas camadas limites da
superfície que são levadas para trás pela velocidade de corrente livre. As esteiras são mais caracterizadas pelo
alto cisalhamento com velocidades mais baixas no centro da esteira e as velocidades mais altas nas laterais. A
força de atrito, tensão viscosa e vorticidade são significativas nas esteiras.

4 Gab C = O deslocamento do fluido em torno de um cilindro circular altera o escoamento do fluido na região
atrás deste. Essa região é caracterizada pelo deslocamento da camada-limite; o fluido que escoa em torno do
objeto muda de direção, formando até redemoinhos em alguns casos.
5) O arrasto é a força existente no deslocamento do fluido junto à superfície de um corpo
sólido. Segundo WHITE (2011), podemos calcular o coeficiente de arrasto em navios, em
aviões, em automóveis e até em sistemas biológicos, como as plantas.

Para a asa de um pássaro, com espessura fina e borda de ataque arredondada, temos a
mesma relação numérica que um aerofólio usado em automóveis, por exemplo. Para uma
aleta de sustentação, seu coeficiente de sustentação depende de quais variáveis?

A) O coeficiente de sustentação depende proporcionalmente da força de sustentação e da


densidade do fluido, e inversamente da velocidade do fluido e da área planificada da aleta.

B) O coeficiente de sustentação depende inversamente da força de sustentação.

C) O coeficiente de sustentação depende proporcionalmente da força de sustentação, da


velocidade do fluido e da área planificada da aleta.

D) O coeficiente de sustentação depende proporcionalmente da força de sustentação, da


densidade do fluido, da velocidade do fluido e da área planificada da aleta.

E) O coeficiente de sustentação depende proporcionalmente da força de sustentação, e


inversamente da densidade do fluido, da velocidade do fluido e da área planificada da aleta.
5 Gab E = O coeficiente de sustentação, assim como o coeficiente de arrasto, depende de vários parâmetros
relacionados ao objeto e ao fluido. O coeficiente de sustentação depende proporcionalmente da força de
sustentação, e inversamente da densidade do fluido, da velocidade do fluido e da área planificada da aleta.
C.4 Na prática
No deslocamento de navios, é necessário ter uma boa estimativa da força de arrasto, força que
atrapalha o deslocamento deste meio de transporte dentro das águas. Essa força de arrasto indica a
potência mínima necessária que os motores desse meio de transporte precisam ter para o
deslocamento.

A força de arrasto é determinada experimentalmente por meio do uso de túneis ou tanques de


água. Esse estudo é realizado com protótipos em escala.

A força de arrasto existente dentro do deslocamento de um corpo sólido em um fluido líquido


depende da geometria do corpo sólido, de fatores aerodinâmicos e da área de referência à qual o
corpo está submetido durante o deslocamento do fluido.

Este Na Prática vai falar sobre a força de arrasto existente durante o deslocamento de navios e
como essa força tem influência na vida dos moradores de Veneza, na Itália.

ARRASTO E NAVEGAÇÃO
Durante o deslocamento de um navio dentro das águas do oceano, estas acabam gerando forças que impedem o
deslocamento do corpo sólido dentro de um fluido. E a maior contribuição está na força de arrasto. A força de
arrasto ocorre para o deslocamento de um carro, avião ou navio. Observe a figura a seguir, que demonstra o
deslocamento de água quando o navio se movimenta.

SÃO CHAMADOS DE ARRASTOS LÍQUIDOS.

Em Veneza, uma cidade construída sobre terras alagadas, em que a água está presente na paisagem, os
venezianos dependem muito dos barcos como meio de transporte. Assim, como é uma linda cidade e um ponto
turístico mundial, os navios tentam se aproximar das construções, e a força de arrasto acaba colocando em risco
as edificações.

Sabe por que os moradores de Veneza reclamam dos transatlânticos que trazem turistas e dinheiro à cidade?

O navio gera uma força de arrasto (as forças que o mar faz contra o deslocamento do navio). Essa força reverbera
em ondas que empurram os canais de Veneza e forçam as paredes que sustentam a cidade.

Assim, os deslocamentos de navios, carros e aviões sofrem uma força contrária ao deslocamento destes: a força
de arrasto. No caso da navegação, isso coloca em risco cidades como Veneza.
C.4 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Estudo da diminuição do arrasto aerodinâmico e do consumo


de combustível de uma geometria veicular
Para o estudo do arrasto para veículos e sua relação com a aerodinâmica, confira o artigo a seguir.
Este estudo está focado nos princípios de arrasto e de sustentação.
https://www.aedb.br/seget/arquivos/
artigos15/32822383.pdf

pdf 16 pág.

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Gigantes da Engenharia: Aeronaves - Documentário National


Geographic
O documentário a seguir mostra aeronaves projetadas pelo homem, revelando que, para que um
avião possa voar, o conhecimento dos conceitos de arrasto e de sustentação é fundamental.

https://youtu.be/MAmkCLgvylw
Gigantes da Engenharia - Aeronaves (COMPLETO)

47 min

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Ensaio de resistência das asas da aeronave Embraer E190-E2


Este vídeo apresenta o conceito de camada-limite e os tipos de escoamentos viscosos externos
aplicados na construção do túnel de vento. Nele, a Embraer mostra como construiu um protótipo
para simulação do escoamento do ar para o modelo E190.

https://youtu.be/WW73Z-B_n6I

4 min Museu da Casa Brasileira

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C.4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

MORAN, Michael J.; SHAPIRO, Howard N.; MUNSON, Bruce R.; DEWITT, David P. Introdução à
Engenharia de Sistemas Térmicos. LTC Editora. 1. ed. 2005. 620 p.

MUNSON, Bruce R.; YOUNG, Donald F; OKIISHI, Thoedore H. Fundamentos da Mecânica dos
Fluidos. Blucher. 4. ed. p. 584.

WHITE, Frank M. Mecânica dos Fluidos. Bookman. 8. ed. 2018. 864 p.

Banco de imagens Shutterstock.

SAGAH, 2019.

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