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MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.

MAI)
1.1 - Princípios fundamentais
1.2 - Vetores de Força – análise bidimensional
2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
2.2 - Momento de inércia
3.1 - Torque
3.2 - Equilíbrio e estabilidade
4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Princípios fundamentais
–1.1–
Apresentação

A estática é uma das subdivisões da mecânica dos corpos rígidos, a qual se dedica ao estudo dos
corpos em repouso, ou seja, nas situações de equilíbrio que eles mantêm, mesmo quando
submetidos à ação de forças externas. Ela tem por base a física Newtoniana e, para que seja
possível analisar as situações de equilíbrio, algumas simplificações são aplicadas como, por
exemplo, a de que todos os corpos são considerados completamente rígidos. A partir dos
princípios fundamentais da estática, a engenharia pode responder a perguntas como: Essa viga
suporta o peso do telhado? Que espessura de madeira devo utilizar? Quantas ripas de sustentação
serão necessárias?

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar os princípios fundamentais da estática, suas
grandezas, unidades, idealizações e as leis que a regem.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer as grandezas e as hipóteses/idealizações adotadas pela mecânica.

• Enunciar as Leis de Newton do movimento e da gravitação.

• Converter unidades para o Sistema Internacional de Unidades (SI), com base no padrão de
cálculos estabelecido.
–1.1– Desafio

Com o advento da tecnologia, o mercado automotivo vem crescendo e conquistando cada vez mais
o público com as suas inovações. A cada ano novas tecnologias são inseridas pensando na
segurança, no design e, inclusive, no conforto dos passageiros. Os novos modelos de carros já
contam com GPS, comandos de voz, DVD, e toda espécie de conectividade que você possa
imaginar. Entretanto, os consumidores não abrem mão de conhecer o básico sobre os novos
lançamentos: consumo, aceleração e potência.

Observe, na imagem a seguir, a ficha técnica de quatro modelos de automóveis em relação ao seu
desempenho:

Com base nos dados fornecidos nas fichas técnicas, elabore uma tabela com os valores das
acelerações em ordem decrescente, evidenciando qual seria a melhor escolha para compra com
base nesse quesito.

elm = Acelerações em km/h/s : Citroen C4 (100/9,1) ; Fiesta (100/9,2) ; VW Gol (100/12,3) ; VW Up (100/14,9).
Padrão de resposta esperado
–1.1– Infográfico

O Sistema Internacional de Unidades (SI) foi criado em 1960, na 11.ª Conferência Geral de Pesos e
Medidas (CGPM), com a finalidade de padronizar as unidades de medida das inúmeras grandezas
existentes a fim de facilitar a sua utilização e torná-las acessíveis a todos. O sistema internacional
define um grupo de sete grandezas independentes denominadas de grandezas de base. A partir
delas, as demais grandezas são definidas e têm suas unidades de medida estabelecidas. Essas
grandezas definidas a partir das básicas são denominadas grandezas derivadas.

Veja no Infográfico a seguir, quais são essas unidades básicas e derivadas do Sistema Internacional
de Unidades (SI) e conheça os fatores de multiplicação padronizados.

ENTENDENDO O SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES


Em Física, chama-se de grandeza aquilo que pode ser medido, como velocidade, tempo, massa e força. Embora
existam dezenas de grandezas físicas, alguns padrões e definições são estabelecidos para um número mínimo de
grandezas fundamentais.

GRANDEZA UNIDADE SI SÍMBOLO


UNIDADES BÁSICAS
Comprimento Metro m
Massa Quilograma kg
Tempo Segundo s
UNIDADES DERIVADAS
Área Metro quadrado m2
Velocidade Metros por segundo m/s
Aceleração Metros por segundo
ao quadrado m/s2

CONVERSÕES DE UNIDADES

GRANDEZA DE PARA MULTIPLICADO POR


Comprimento Jardas m 0,9144
Comprimento Pés m 0,3048
Comprimento Polegadas m 0,0254
Comprimento Milha terrestre km 1,610
Comprimento Milha náutica km 1,853
Força Dina N 0,0001
Força Quilograma força (kgf) N 9,807
Pressão Atmosfera (atm) Pa 101300,0
Pressão Bar Pa 100000,0
Pressão mmHg Pa 133,3
Velocidade km/h m/s 0,2778
Velocidade mile/h m/s 0,447
Velocidade Nós m/s 0,5144

As unidades também são expressas em função de prefixos, uma vez que uma grandeza pode ser medida por
unidades diferentes.

PREFIXO SÍMBOLO POTÊNCIA PREFIXO SÍMBOLO POTÊNCIA


Pico p 10–12 Quilo k 103
Nano n 10–9 Mega M 106
Micro μ 10–6 Giga G 109
Mili m 10–3 Tera T 1012
–1.1– Conteúdo do livro

Os projetos desenvolvidos pela engenharia, cada vez mais surpreendem a sociedade. O avanço da
tecnologia permite grandes realizações que são postas em prática pelos engenheiros, em um
trabalho conjunto com outros profissionais das demais áreas do conhecimento. Toda essa evolução
tem origem nos cientistas da antiguidade, visionários para época em que viveram, com certeza
nunca imaginaram as maravilhas que nasceriam de suas idealizações. Muitos dos princípios por eles
apontados permanecem nas bases tecnológicas do século XXI e garantem o sucesso das novas
invenções. Conhecê-los constitui o primeiro passo na construção de uma carreira sólida e bem
fundamentada.

Para saber mais, acompanhe a leitura do capítulo Princípios Fundamentais, da obra Estática, que
serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
SUMÁRIO
Princípios fundamentais ......................................................................... 11
Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Grandezas e idealizações da Mecânica ........................................................................................ 11
Leis de Newton ............................................................................................................................................ 17
Conversão de unidades e resolução de problemas............................................................. 26

Vetores de força: análise bidimensional. ........................................... 33


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Vetores: uma ferra menta valiosa....................................................................................................... 34
Força resultante: adição de vetores ............................................................................................... 39
Vetores e o plano cartesiano: decomposição de forças .................................................... 51

Vetores de força: análise tridimensiona l ...........................................59


Beatriz Alice Weyn e Kullmann de Souza
Representação de vetores no espaço ...........................................................................................59
Força resultante no espaço: regra do paralelog ramo .........................................................64
Aplicações: determinação de grandezas vetoriais em três dimensões .................68

Momento de uma força: análise bidimensional


e tridimensional ......................................................................................... 77
Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Momento de uma força .........................................................................................................................77
Momento de binário ................................................................................................................................ 88
Sistema de forças e momentos ......................................................................................................... 91

Equilíbrio de partícula: análise bidimensional. ............................... 95


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Representação das forças que at uam sobre uma partícula ............................................ 95
Equilíbrio d e partículas em duas dimensões .......................................................................... 101
Problemas resolvidos em duas dimensões ............................................................................ 106

Equilíbrio de partícula: análise tridimensional ............................. 115


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Diagrama de corpo livre em três dim ensões ......................................................................... 115
Equações de equilíbrio em t rês d imensões ............................................................................ 120
Aplicações em t rês d imensões ........................................................................................................ 124

Equilíbrio de corpo rígido: análise bidimensional....................... 131


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Reações d e apoio em duas dimen sões ...................................................................................... 131
Equações de equilíbrio em duas d im ensões para corpos ríg idos ........................... 137
Aplicações das equações de eq uilíbrio em d uas d imensões
para um corpo rígido ........................................................................................................................143

Equilíbrio de corpo rígido: aná lise tridimensional ......................149


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Reações d e apoio em t rês d imensões ........................................................................................ 150
Equações d e equilíbrio em t rês dim ensões para corpos ríg idos .............................. 154
Aplicações das equações d e equilíbrio em três d im ensões para
um corpo ríg ido .................................................................................................................................. 158
Análise estrutural: treliças (análise bidimensional) .................... 163
Eduardo Alcides Peter
Força normal e convenção d e sinais ........................................................................................... 163
Método dos nós ........................................................................................................................................167
Método das seções ................................................................................................................................. 171

Análise estrutural - suportes e máquinas


(análise bidimensional) ......................................................................... 175
Maurício Thomas
Suportes e máquinas: d efinições, métodos de determinação
e exemplos prát icos ...........................................................................................................................176
Com relação ao diagrama de corpo livre ................................................................................. 185
Com relação às equações de equilíbrio .................................................................................... 185

Propriedades geométricas - parte 1 ..................................... ............ 187


Eduardo Alcides Peter
Cent ro de g ravidade e centro de massa .................................................................................... 187
Cent ro ides .................................................................................................................................................... 190
Determ inação do centro de g ravidad e e centroid e .......................................................... 192

Ca rregamentos equivalentes ............................................................. 201


Eduardo Alcides Peter
Carregamento equivalente ............................................................................................................... 202
Val idade do carregamento equivalente ................................................................................... 203
Determinação do carregamento equivalente ...................................................................... 209

Forças internas em elementos estruturais 1..... .............................. 215


Eduardo Alcides Peter
Forças internas e suas solicitações ................................................................................................ 216
Método das seções ................................................................................................................................ 221
Método das seções aplicado ........................................................................................................... 222

Forças internas em vigas e eixos li .................................................... 227


Eduardo Alcides Peter
Método das seções ................................................................................................................................ 227
Generalização d o método das seções para qualquer seção ...................................... 232
Diagramas de esforços e esforços máximos em vigas .................................................... 236
Propriedades geométricas li ...............................................................241
Eduardo Alcides Peter
Momento estático de área .................................................................................................................. 241
Momento de inércia de área ............................................................................................................ 245
Momento polar d e inércia ................................................................................................................. 24 8

Propriedades geométricas - parte 111 .............................................. 253


Eduardo Alcides Peter
Raio de giração.......................................................................................................................................... 253
Produto de inércia ................................................................................................................................... 255
Momentos máximo e mínimo de inércia ................................................................................. 258
Princípios fundamentais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer as grandezas e as hipóteses/idealizações adotadas pela


mecânica.
 Enunciar as Leis de Newton do movimento e da gravitação.
 Converter unidades para o Sistema Internacional de Unidades (SI),
com base no padrão de cálculos estabelecido.

Introdução
A Estática é uma das subdivisões da Mecânica dos Corpos Rígidos, que
se dedica ao estudo dos corpos em repouso, ou seja, das situações em
que mantêm equilíbrio, mesmo quando submetidos à ação de forças
externas. A Estática tem por base a Física Newtoniana, e, para que seja
possível analisar as situações de equilíbrio, algumas simplificações são
aplicadas; por exemplo, todos os corpos são considerados completamente
rígidos. A partir dos princípios fundamentais da Estática, a Engenharia
pode responder a perguntas como: essa viga suporta o peso do telhado?
Que espessura de madeira utilizar? Quantas ripas de sustentação serão
necessárias?
Neste capítulo, você será apresentado aos princípios fundamentais
da Estática: suas grandezas, unidades e idealizações, bem como as leis
que a regem.

Grandezas e idealizações da Mecânica


O cientista inglês Isaac Newton, que viveu de 1643 a 1727, é reconhecido
como o pai da ciência moderna. Em 1687, publicou sua obra Principia, na
qual abordava o movimento dos corpos. Nela estão representados os princípios
fundamentais da Mecânica, princípios esses nunca refutados, uma vez que a
própria Teoria da Relatividade de Einstein reconhece sua aplicabilidade em
2 Princípios fundamentais

situações específicas. Apesar de suas limitações frente às teorias da Física


Moderna, a Mecânica Newtoniana atende perfeitamente aos propósitos da
Engenharia.
Para aplicar as Leis de Newton, você precisa se familiarizar com alguns
conceitos básicos e conhecer as idealizações da mecânica. Vamos começar
pelos conceitos:

 Grandeza: é todo elemento que pode ser mensurado, e nos ajuda a


caracterizar um objeto ou um fenômeno físico.
 Grandeza escalar: pode ser descrita e totalmente compreendida através
de um valor numérico, não necessita de nenhuma informação adicional.

Imagine a seguinte cena: uma pessoa no meio de uma praça recebe uma mensagem
no celular dizendo “caminhe 20m, estou esperando aqui”. Agora, imagine a sequência:
a pessoa que recebeu a mensagem, com cara de dúvida, pensa “20m para onde?
A informação ‘20m’ não é suficiente para informar corretamente a posição do amigo
que vim encontrar”.
O valor numérico e a unidade não são suficientes para se compreender essa infor-
mação. Trata-se de uma grandeza vetorial, que precisa de complemento.

 Grandeza vetorial: requer mais informações, além do valor numérico,


para que possa ser descrita e totalmente compreendida.
 Espaço: grandeza vetorial associada à posição de um corpo em um
determinado sistema de referência.
Princípios fundamentais 3

Observe a ilustração a seguir: amigos de frente para o centro.


Para Pedro, André está a 20m a sua frente.
Para João, André está a 10m a sua esquerda.
Para André, Pedro está a 20m a sua frente.
Para André, João está a 10m a sua direita.

André 10m João Pedro

20m

O espaço, que é uma grandeza vetorial, depende do referencial. Como está associado
à posição, dependendo de onde está o observador, sua descrição pode mudar.

 Tempo: grandeza escalar, associada ao instante no qual ocorre deter-


minado evento ou, ainda, de interesse para a análise.
 Massa: grandeza escalar associada à quantidade.
 Força: grandeza vetorial; refere-se à ação aplicada em um determinado
corpo, capaz de alterar seu estado de repouso ou movimento (Figuras
1 e 2).

Figura 1. Força como ação para mover.


Fonte: Olena Yakobchuk/Shutterstock.com.
4 Princípios fundamentais

Figura 2. Força como ação para parar um movimento.


Fonte: Andrey_Popov/Shutterstock.com.

 Posição: grandeza vetorial que se refere ao espaço ocupado pelo corpo


em um determinado instante.
 Velocidade: grandeza vetorial que se refere à rapidez com a qual o
movimento acontece.
 Aceleração: grandeza vetorial que se refere à rapidez com a qual a
velocidade varia.

Na Mecânica Newtoniana, as grandezas são classificadas em fundamentais e


derivadas.
 Grandezas fundamentais: a posição, o tempo e a massa.
 Grandezas derivadas: velocidade, aceleração e força.
■ A velocidade corresponde à variação da posição no intervalo de tempo consi-
derado, ou seja, deriva das grandezas fundamentais posição e tempo;
■ A aceleração corresponde à variação da velocidade no intervalo de tempo con-
siderado, ou seja, também deriva das grandezas fundamentais posição e tempo;
■ A força deriva do produto da massa do corpo sobre a qual é aplicada e da
aceleração que é capaz de produzir nesse corpo, ou seja, deriva das grandezas
fundamentais massa, posição e tempo.
Princípios fundamentais 5

Agora que você já se familiarizou com os conceitos da Mecânica Newto-


niana, vamos conhecer suas idealizações. A Mecânica Newtoniana tem por
objetivo descrever o fenômeno físico envolvido no movimento dos corpos.
Tudo aquilo que possui massa e que ocupa um espaço, ou seja, tem volume e
pode sofrer algum tipo de deformação, na Mecânica é considerado um corpo.
Por deformação entende-se qualquer alteração de formato, por menor que
seja, que um material sofra ao ser submetido a uma determinada força. Levar
em consideração cada microscópica deformação ao analisar um movimento
tornaria a tarefa praticamente impossível, por isso, a Física Newtoniana lança
mão de duas idealizações: o corpo rígido e a partícula:

 Corpo rígido: corpo que, hipoteticamente, não sofre deformação, ou


seja, quando submetidos à ação de uma força, todos os pontos materiais
que compõem esse corpo permanecerão imóveis em relação uns aos
outros.
 Partícula ou ponto material: considera-se que um corpo é uma par-
tícula quando toda a sua massa se encontra concentrada em um ponto
infinitesimal, ou seja, supõe-se um ponto com massa e sem volume;
dessa forma não há necessidade de levar em consideração suas dimen-
sões nos cálculos.

Ponto Material ou Corpo?


As idealizações de ponto material e corpo rígido são amplamente utilizadas na Física,
mas como escolher qual delas se deve usar em cada caso?
Essas idealizações surgiram com intuito de facilitar a análise de situações reais e
estão associadas às dimensões dos objetos envolvidos na situação de interesse, bem
como em suas respostas à ação de forças externas. Assim, se a intenção é determinar
que material utilizar para construir a asa de um avião, torna-se fundamental levar em
consideração as deformações sofridas pelos materiais quando submetidos à ação de
forças externas. Nesse caso, a situação requer que se considere a asa do avião como
um corpo.
Entretanto, se as deformações não são relevantes, como definir se considero o
objeto como um ponto material ou como um corpo rígido? Trata-se de uma questão
de dimensões. Observe as ilustrações a seguir:
6 Princípios fundamentais

Vamos supor que você precise analisar o movimento do veículo da imagem ao longo
da estrada. Essa estrada possui 120km de extensão, já o veículo tem, aproximadamente,
5m. Nesse caso, como a dimensão do objeto é muito menor que a extensão da estrada,
ele pode ser considerado um ponto material.
Fonte: Viktoriia1208/Shutterstock.com.

Agora, se esse mesmo veículo está estacionado em uma garagem de 7m2, suas
dimensões são relevantes, então ele deverá ser considerado um corpo rígido.
Fonte: tele52/Shutterstock.com.

De posse dessas idealizações, você poderá simplificar a análise das situações


cotidianas que interessam naquele momento. Quando houver necessidade de
considerar as pequenas deformações que o material pode sofrer ao ser sub-
metido à ação de forças externas, você vai utilizar as relações que envolvem
a resistência de materiais. Por enquanto, elas não serão necessárias.
Princípios fundamentais 7

Leis de Newton
Para descrever o movimento dos corpos, Newton formula três princípios
que passaram a ser denominados de Leis de Newton. Você pode achar es-
tranho que, em Princípios Fundamentais de Estática, se aborde leis relativas
ao movimento, uma vez que a Estática está relacionada, justamente, com a
ausência de movimento. Entretanto, quando o cientista propôs os três princípios
conhecidos como Leis de Newton, deixou claro que “estar parado” nada mais
é do que uma particularidade do movimento, no qual a velocidade do objeto
é nula. Dessa forma, as três Leis de Newton, também se aplicam à Estática.
Vamos conhecê-las.

Princípio da Inércia: a 1ª Lei de Newton


Todo corpo permanece em seu estado de repouso, ou de movimento
uniforme retilíneo, a não ser que seja compelido a mudar esse estado
devido à ação de forças aplicadas (FITAS, 1996).

Como assim? Observe as Figuras 3 e 4.

Figura 3. Inércia: tendência de permanecer em repouso. O carrinho de mão, apesar de


poder ser movido, não sairá do repouso, a menos que alguém o empurre.
Fonte: CTatiana/Shutterstock.com.
8 Princípios fundamentais

Figura 4. Inércia: tendência de permanecer em movimento. O hockey no gelo utiliza, no


lugar da bola, uma pastilha denominada puck. Após ser impulsionada, a puck tende a manter
seu movimento de deslizamento, a menos que o jogador a intercepte.
Fonte: Andrey Yurlov/Shutterstock.com.

As situações ilustradas descrevem a Primeira Lei de Newton:

 Se um objeto está em repouso, tende a permanecer em repouso. Seu


estado de movimento só poderá ser alterado se alguma força externa
atuar sobre ele.
 Se um objeto está em Movimento Retilíneo Uniforme (MRU), tende a
permanecer em movimento. Seu estado só poderá ser alterado se sofrer
a ação de alguma força externa. Observe que, nesse caso, são feitas
algumas idealizações: assume-se que o movimento é uniforme, ou seja,
tem velocidade constante, por isso, não pode haver atrito entre o objeto
e a superfície sobre a qual ele se move; o movimento é retilíneo, ou
seja, a superfície deve ser plana, sem nenhuma inclinação; o objeto não
pode rolar sobre a superfície, apenas deslizar; por isso, o deslocamento
sobre o gelo se torna mais interessante para ilustrar a Lei.
Princípios fundamentais 9

A tendência de um objeto manter seu estado de movimento é definida como inércia


do objeto. Essa tendência só pode ser verificada se nenhuma força externa agir sobre
o objeto. Para descrever essa situação e suas condições primeiras, costuma-se, na
linguagem da Física, estipular:

FR = 0 ↔ v = cte

No repouso: v = 0 = situação de equilíbrio estático.


No MRU: v = cte = situação de equilíbrio dinâmico.
Lembre-se, a inércia é proporcional à massa do objeto.

Princípio fundamental da Dinâmica: a 2ª Lei de Newton


Se a força resultante que atua sobre uma partícula não for nula, a partí-
cula terá uma aceleração de magnitude proporcional à magnitude da
resultante e na mesma direção dessa força resultante (BEER et al., 2012).

De todas as três Leis de Newton, talvez, a segunda nos seja a mais familiar.
Com base em nossa intuição, podemos entendê-la sem maiores dificuldades.
Observe as Figuras 5 a 8.

Figura 5. Empurrando uma bicicleta.


Fonte: Iconic Bestiary/Shutterstock.com.
10 Princípios fundamentais

Figura 6. Empurrando uma caminhonete.


Fonte: Vehicle insurance busines/Shutterstock.com.

Figura 7. Levantando uma caixa.


Fonte: wavebreakmedia/Shutterstock.com.
Princípios fundamentais 11

E
M
P
P U
U
R X
R
A
A
R R

Figura 8. Movendo uma porta.


Fonte: Adaptada de Vitaliy belozerov/Shutterstock.com.

Com base nas imagens e na sua intuição, responda às perguntas a seguir.

 Entre as Figuras 5 e 6, qual é mais fácil de movimentar, a bibicleta


ou a caminhonete? Com certeza sua intuição aponta para a bicicleta.
Ela está coreta! Isso acontece porque a caminhonete tem massa muito
maior, sendo necessária uma força muito maior também para move-la,
já que o movimento é proporcional à força resultante aplicada.
 Para qual direção acontece o movimento nas Figuras 7 e 8? No-
vamente, sua intuição acertou! A caixa sobe, a porta que está sendo
empurrada vai para direita, ou seja, a direção contrária ao sujeito que
empurra e a porta que está sendo puxada, vai para esquerda, ou em
direção a quem puxa. Isso acontece porque o movimento se dá na
direção da força aplicada. O sentido para o qual o objeto vai se mover
também está relacionado com a força aplicada. Porém, dependerá da
Força Resultante do sistema, que representa o somatório de todas as
forças que atuam no objeto em questão.
12 Princípios fundamentais

Observe a imagem a seguir, que ilustra um cabo-de-guerra:

Fonte: FoxyImage/Shutterstock.com.

Determinar quem vai ganhar no cabo-de-guerra pode não ser tão simples assim.
Tudo vai depender da força resultante sobre a corda: se a mulher puxar com mais
força do que as crianças, a corda se deslocará para a direita e ela vence; entretanto,
se a soma das forças de cada criança for maior do que a força da mulher, a corda se
deslocará para a esquerda e as crianças vencem!

Com base no raciocínio até aqui, podemos formalizar matematicamente


a 2ª Lei de Newton:

FR = m aR

Quando um objeto de massa m sofre a ação de uma força resultante


FR, o objeto adquire uma aceleração aR , na mesma direção e sentido da
força resultante.

Na física, em geral, são feitas algumas simplificações quando se analisa uma situação.
Por exemplo, para analisar o movimento de um carro em deslocamento por uma
estrada, desprezamos o atrito dos pneus com o asfalto e a resistência do ar. Entretanto,
em alguns casos, precisamos levar em consideração todas as forças que atuam no
sistema. Para isso, utilizamos o termo resultante para designar a ação de um conjunto
de forças. Para determinar essa ação, procedemos da seguinte maneira:
Princípios fundamentais 13

1. desenhamos um esboço da situação;


2. representamos, com setas, no desenho todas as forças que atuam no objeto;
3. escolhemos um sentido para ser considerado positivo, e o oposto a ele será o
negativo;
4. efetuamos o somatório dessas forças, levando em consideração o sinal + ou -, para

determinar a força resultante FR

F1 = 18N F2 = 10N

F3 = 8N F4 = 13N

Forças para a esquerda são negativas: F1 = -18N e F3 = -8N


Forças para a direita são positivas: F2 = 10N e F4 = 13N

FR = (-18) + (-8) + 10 + 13 = (-36) + 23 = -13N

Cuidado: o sinal apenas indica o sentido da força resultante, ou seja, nesse caso
o esboço do sistema equivalente. Depois de determinada, a força resultante será:

FR = 13N

Princípio da Ação e Reação: a 3ª Lei de Newton


A toda ação corresponde uma reação de mesma intensidade, na mesma
direção, porém em sentido contrário.

Essa Lei se refere à interação entre os objetos. Quando uma força externa é
aplicada sobre um objeto, esse reage aplicando uma força de mesma intensidade
e mesma direção, porém em sentido oposto. Cabe lembrar que no princípio
da ação e reação as forças ocorrem simultaneamente e aos pares. As Figuras
9 a 11 ilustram esses pares.
14 Princípios fundamentais

Figura 9. Tênis. Ação: a raquete empurra a bola. Reação: a bola empurra a raquete.
Fonte: sirtravelalot/Shutterstock.com.

Figura 10. Remo. Ação: o remo empurra a água. Reação: a água empurra o remo.
Fonte: Popartic/Shutterstock.com.
Princípios fundamentais 15

Figura 11. Caminhada. Ação: o pé empurra o chão. Reação: o chão empurra o pé.
Fonte: Creaturart Images/Shutterstock.com.

Como identificar, no par ação e reação, que força corresponde à ação e que
força corresponde à reação?
Essa diferença é pontuada pelo sinal (+) ou (-) que se inclui nas equações dos pares.
Esse sinal indica o sentido da força. Quando a força F representa a ação, na fórmula,
ela é designada por +F ou apenas F. Por outro lado, se a força F representa a reação,
na fórmula, passa a ser designada por - F. Assim, para o exemplo anterior, teremos:

Figura Ação Reação

9 Raquete: F Bola: -F

10 Remo: F Água: -F

11 Pé: F Chão: -F

Em sua obra Principia, Newton também apresentou a Lei da Gravitação


Universal. Essa Lei foi de extrema importância, pois conseguiu descrever
16 Princípios fundamentais

matematicamente como os planetas obedeciam às Leis de Kepler e se manti-


nham em órbita ao redor do Sol. Ela também está relacionada à 3ª Lei, uma
vez que retrata a interação entre dois corpos, porém, à distância.
Newton estabeleceu que:

 dois corpos exercem entre si uma força de atração, a qual denominou


de força gravitacional;
 a intensidade dessa força é proporcional à massa desses corpos e depende
da distância que eles estão um do outro.

A Lei da Gravitação Universal é dada pela relação:


m1m2
FG = G d 2

Onde:
m1 e m2 correspondem às massas dos corpos;
d é a distância entre eles
G corresponde à constante gravitacional.
No SI, G = 6,67 x 10 -11 N.m2/kg2.

Conversão de unidades e resolução de


problemas
Na Engenharia, as Leis de Newton são aplicadas na resolução de problemas.
Para que você consiga resolvê-los de maneira mais objetiva e clara, vamos ver
algumas dicas que lhe ajudarão a montar um padrão de resolução:
Para começar, leia com atenção o enunciado, pois nele se encontram todas
as informações que você precisa para resolver a questão. A medida que você
vai lendo, anote os dados fornecidos e, também, aqueles que são pedidos.
Aproveite para fazer um pequeno esboço da situação descrita, a ilustração
auxilia no entendimento. Verifique as unidades fornecidas e pedidas. Em
geral se trabalha com o SI. Caso alguma unidade não esteja de acordo com
o SI, faça as conversões necessárias antes de começar os cálculos. Agora, de
posse de suas anotações, escolha as fórmulas a serem utilizadas na resolução.
Seguindo esses passos, resolver exercícios pode até se tornar divertido!
Uma das etapas fundamentais para a resolução de problemas é ter garantida
a homogeneidade dimensional. Mas, afinal, o que é isso? Significa que todas as
unidades precisam ser compatíveis. Por exemplo, se você precisa determinar a
Princípios fundamentais 17

aceleração de um carro em unidades do SI, no qual esta é expressa em m/s2, é


fundamental que a velocidade esteja em m/s e não em km/h, como apresentada
no velocímetro do carro. Antes de calcular a aceleração, você precisa fazer a
conversão da velocidade. Para isso, existem fatores de conversão! Veja alguns
deles no Quadro 1.

Quadro 1. Fatores de conversão.

Grandeza Converter de Para: SI Multiplicar por

Velocidade km/h m/s 0,2778

mile/h m/s 0,447

nós m/s 0,5144

ft/s m/s 0,3048

Força dina N 0,00001

kgf N 9,807

Comprimento jardas (yd) m 0,9144

pés (ft) m 0,3048

polegadas (in) m 0,0254

milhas náuticas m 1.853

milhas terrestres m 1.610

Tempo H s 3.600

Min s 60

Pressão bar Pa 100.000

mmHg Pa 133,3

No cotidiano, algumas grandezas também costumam ser apresentadas


em unidades fora do SI, por exemplo: energia de alimentos em cal (calorias;
1cal = 4,18J), potência de motores em cv (1cv = 736W), velocidade em km/h
(1km/h = 0,28m/s).
18 Princípios fundamentais

Confira os exemplos resolvidos a seguir. Neles, você terá a oportunidade


de revisar as conversões de unidades para o SI e se familiarizar com o padrão
de resolução proposto.

Sobre uma caixa de ferramentas, que está em repouso em cima de uma bancada, é
aplicada uma força de 5N, perpendicular à face lateral da caixa, para esquerda. Sabendo
que a caixa tem massa de 5.000g, determine a aceleração e o sentido do movimento
que ela passa a descrever. Despreze o atrito entre a caixa e a superfície.

Fonte: Stock_VectorSale/Shutterstock.com.

F = 5N
m = 5.000g
a=?
No SI: F em N (confere)
m em kg (preciso converter)
a em m/s2
Para converter a massa, faça uma regra de três simples:

1 kg – 1.000g
X – 5.000g
5000g ∙ 1kg
x= = 5kg
1000g
Agora, com a massa de 5kg, você pode encontrar a aceleração usando a 2ª Lei de
Newton:

F=m∙a
5N = 5kg ∙ a
m
5kg ∙ 2
s m
a= =5 2
5kg s

Resposta: a caixa de ferramentas irá se mover para a esquerda, com aceleração


de 5m/s2.
Princípios fundamentais 19

Um noticiário informa: “O avião estava trafegando a 35 mil pés, com velocidade de


553 millhas por hora, considerada velocidade do cruzeiro, quando apresentou pro-
blemas...” Você não consegue nem terminar de ouvir a notícia. Surge a dúvida: que
altura e velocidade são essas? Por que não falam em km e km/h? Você resolve fazer
as conversões por sua conta, vejamos:
Conforme o Qaudro 1:
 converter pés para m: multiplicar por 0,3048

35000 ft x 0,3048 = 10668m

Agora, passando para km:

1km = 1000m
x = 10668m

Resolvendo a regra de três, arredondando, você encontra: x = 10,7km


 converter milhas por hora para m/s: multiplicar por 0,447

553 mile/h x 0,447 = 247,2m/s

Agora, passando para km/h:

1m/s = 3,6km/h
247,2 m/s = x

Resolvendo a regra de três, arredondando, você encontra: x = 890km/h

Resposta: agora sim, você conseguiu visualizar a situação! O avião estava a uma
altura de 10,7km do solo, voando a uma velocidade de 890km/h, quando apresentou
problemas.

A pressão atmosférica média da Terra é de 1013mb, podendo variar na faixa de 970mb


a 1050mb, devido a diferenças de altitude e condições climáticas usuais do planeta.
Entretanto, em 12 de outubro de 1979, no olho do tufão Tip, considerado o maior e
mais intenso ciclone tropical registrado no século XX, a pressão atmosférica era de
870mb. Já na Sibéria, em 31 de dezembro de 1968, devido a uma massa de ar muito
fria, atingiu o valor de 1083,8mb. Expresse esses valores no SI.
20 Princípios fundamentais

Confira a resolução:
No SI, a pressão deve ser expressa em Pascal (Pa), pela tabela de conversão apre-
sentada. Para transformar de bar para Pascal, multiplica-se por 100.000. Entretanto, o
enunciado apresenta os valores em mb; logo, você precisa converter para bar antes
de passar para Pascal. Para isso, lembre-se: mili = 10 -3 = 1/1.000
Assim, teremos:
(Média) 1.013mb = 1013/1.000 = 1,013b que correspondem a 1,013 x 100.000 = 101300 Pa
(Mínima) 970mb = 970/1.000 = 0,97b que corresponde a 0,97 x 100.000 = 97000Pa
(Máxima) 1.050mb = 1.050/1.000= 1,05b que corresponde a 1,05 x 100.000 = 105000Pa
(Tip) 870mb = 870/1.000 = 0,87b que corresponde a 0,87 x 100.000 = 87.000Pa
(Sibéria) 1.083,8mb = 1.083,8/1.000 = 1,084b que corresponde a 1,084 x 100.000 =
108.400Pa

Observe a figura a seguir.

Fonte: JrCasas/Shutterstock.com.
A figura ilustra um cabo-de-guerra, no qual estão sendo aplicadas quatro forças, da
esquerda para a direita: 5N. 3N, 10N e 19N. Considere que a corda tem massa de 300g.
Determine a força resultante sobre ela e calcule a aceleração do sistema.
Confira a resolução:
Vou considerar forças para esquerda como negativas; logo, a força para direita será
positiva.
Força resultante:

FR = –5N –3N –10N +19N = –18N + 19N = +1N

Ou seja, 1N para direita. Agora para calcular a aceleração, uso:

F = 1N

Preciso converter a massa para kg:

300g ∙ 1kg
m= = 0,3kg
1000g
Princípios fundamentais 21

Usando a 2ª Lei de Newton:

F=m.a
1N = 0,3kg . a
a = 3,33 m/s2

Resposta: a força resultante será de 1N para direita e a aceleração será de 3,33 m/s2.

Para você relembrar como fazer as conversões de uni-


dades, confira o vídeo Mudança de Unidades usando o
método da conversão em cadeia, disponível no link ou
código a seguir.

https://goo.gl/VYFaPh

https://youtu.be/k8TFGqfcmhI 17min

BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012.
FITAS, A J. S. Os Principia de Newton, alguns comentários: primeira parte, a Axiomática.
Vértice , n. 72, p. 61-68, 1996. Disponível em: <http://home.uevora.pt/~afitas/Principia.
pdf>. Acesso em: 28 jan. 2018.

Leituras recomendadas
BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil. Turbulência. 2017. Disponível em: <http://
www.anac.gov.br/assuntos/setor-regulado/profissionais-da-aviacao-civil/meteoro-
logia-aeronautica/condicoes-meteorologicas-adversas-para-o-voo/turbulencia>.
Acesso em: 28 jan. 2018.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Física. 4. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos
Editora S/A, 1984.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 1.1
–1.1– Dica do professor

Quando é preciso explicar e quantificar um fenômeno da natureza, deve-se unir as fórmulas da


física com as ferramentas da matemática. É exatamente isso que você precisa fazer quando resolve
um exercício de mecânica. No entanto, apesar de ser uma das grandes dificuldades na engenharia,
existem dicas que auxiliam na resolução de exercícios.

Quer saber quais?

Acompanhe o vídeo a seguir.


https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/44d3c5a
3895cb3136ec0c1dc0bf1cf79

5 min

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–1.1– Exercícios

1) Uma pessoa, interessada em construir um móvel para sua sala, busca na Internet alguns
tutoriais de DIY (faça você mesmo). Em um deles, ela encontra exatamente o que estava
procurando, mas o vídeo é de um inglês, e ele menciona uma placa de MDF de 0,5 polegada
e outra de 0,8 polegada. No Brasil, em geral, nos referimos às placas de MDF em milímetros.
Que espessura aproximada de MDF ela deve procurar, uma vez que pretende comprar aqui?

A) 0,012 mm e 0,020 mm.

B) 1,27 mm e 2,03 mm.

C) 12,7 mm e 20 mm.

D) 19,6 mm e 31,5 mm.

E) 2 mm e 3 mm.
2) Uma aeronave que viaja acima de 20.000 pés está sujeita a enfrentar uma zona de
“turbulência de céu claro”, fenômeno ocasionado por variações bruscas nas correntes de
vento. Acima de que altura, em km, ocorre esse fenômeno?

A) Acima dos 6.096 km.

B) Acima dos 6,1 km.

C) Acima dos 65,6 km.

D) Acima dos 60,96 km.

E) Acima dos 609,6 km.


3) Nas cidades, a velocidade considerada segura para se dirigir é de 40km/h nas ruas e 60km/h
nas grandes avenidas. Essa indicação é feita por placas que indicam apenas o módulo da
grandeza. Que valores estariam escritos nessas placas, respectivamente, se fossem escritas
no SI?

A) 11,11 e 16,66.

B) 143,9 e 215,9.

C) 111,1 e 166,6.

D) 1,111 e 1,666.

E) 1111 e 1666.
4) Em 1643, Toriccelli inventou o barômetro, equipamento que mede a pressão atmosférica
com base no comprimento de uma coluna de Mercúrio. Por isso, uma das unidades utilizadas
para medir a pressão atmosférica é o mmHg. Quanto vale, em mmHg, a pressão média da
Terra que, no SI, é dada por 101300Pa?

A) 101,3 mmHg.

B) 7,59 mmHg.

C) 133,3 mmHg.

D) 13503290 mmHg.

E) 759,94 mmHg.
5) Um corpo de massa m= 2 x 10^3 g sofre a ação de uma força externa e passa a se mover
com aceleração de 1,3 m/s^2. Nessas condições, podemos concluir que a intensidade da
força que agiu sobre ele foi de:

A) 2600 N.

B) 1538,5 N.

C) 3,3 N.

D) 2,6 N.

E) 0,7 N.
–1.1– Na prática

Uma das grandes dificuldades em física são os cálculos. Em geral, grande parte das pessoas erra
questões porque, apesar de ter aplicado a fórmula correta, de ter feito as operações matemáticas
adequadas, esqueceu de converter as unidades para o SI. Muitas vezes, decepcionados, podem até
pensar: “Mas eu só errei a unidade e acertei o resto! Grande coisa, que diferença isso faz?”

Acontece que, na prática, esse "simples" erro pode gerar um grande estrago.

Quer saber como? Veja na imagem a seguir.

A IMPORT NCIA DAS CONVERSÕES DE UNIDADES

Em 11 de dezembro de 1998, foi lançado o Orbitador Climático de Marte (MCO), uma sonda espacial projetada
pela NASA para estudar o clima de Marte.

A intenção era estudar como a água e o dióxido de carbono são processados e interagem com a atmosfera do
planeta, para montar um panorama evolutivo e buscar pistas de como será sua evolução futura.

Entretanto, um descuido da equipe que efetuou os cálculos de aterrissagem do MCO acarretou danos
irremediáveis. Os sistemas operacionais da sonda foram projetados para trabalhar no sistema métrico, mas a
equipe efetuou os cálculos no sistema inglês.

A altitude de inserção na órbita de Marte deveria ser de 140 km a 150 km, porém a sonda penetrou na atmosfera
do planeta a 57 km da superfície e, devido ao atrito, foi completamente destruída, acarretando em um prejuízo de
mais de 325 milhões de dólares.

COMPARE AS UNIDADES NO SISTEMA INGLÊS E NO SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES

GRANDEZA CGS SI (MKS) INGLÊS (FPS)


Comprimento Centímetro (cm) Metro Foot [pé] (ft)
Massa Grama (g) Kilograma (kg) Pound [libra] (lb)
Tempo Segundos (s) Segundos Segundos (s)
Temperatura Kelvin (K) Celsius (°C) Kelvin (K) Celsius (°C) Rankine (°R) Fahrenheit (°F)
–1.1– Saiba +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Aprofunde os seus conhecimentos por meio da leitura da


edição Sistema Internacional de Unidades, SI, publicada pelo
Inmetro, que visa aperfeiçoar as práticas de medição.
http://inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/
si_versao_final.pdf

pdf 95 pág.

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Veja por meio da leitura do Suplemento 2014, a lista das


mudanças mais significativas no Sistema Internacional de
Unidades, incluindo a nova definição da unidade astronômica
para comprimento adotada em 2012, pela XXVIII Assembleia
Geral da União Astronômica Internacional – UAI.
http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/
sistema_internacional_de_unidades_suplemento_201
4-2016-Jan.pdf

pdf 16 pág.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Acompanhe por meio do vídeo Conversão de Unidades e o
Sistema Internacional, explicações em relação à conversão de
unidades e utilização dos prefixos aceitos pelo sistema
internacional.
https://youtu.be/GwUe5SEq8zI

17 min

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS

AGUIAR, G. Teste: Ford Fiesta 1.0 Turbo Ecoboost. 2016. Disponível em:
http://revistaautoesporte.globo.com/Analises/noticia/2016/06/teste-ford-fiesta-10-turbo-
ecoboost.html. Acesso em: 22 fev. 2018.

FERREIRA, M. Teste: Volkswagen up! TSI 2018. 2017. Disponível em:


http://revistaautoesporte.globo.com/testes/noticia/2017/04/teste-volkswagen-tsi-2018.html. Acesso
em: 22 fev. 2018.

OLIVEIRA, R. Citroen C4 Lounge 2018: versões, motor, detalhes, preços, ficha técnica.
Disponível em: https://www.noticiasautomotivas.com.br/citroen-c4-lounge-2018-versoes-motor-
detalhes-precos-ficha-tecnica/. Acesso em: 22 fev. 2018.

QUINTANILHA, S. Avaliação: Gol 3 cilindros 1.0 é mais potente, mais econômico e


equipado. 2016. Disponível em: https://motorshow.com.br/gol-3-cilindros-1-0-e-mais-potente-
mais-economico-mais-equipado-e-mais-barato/. Acesso em: 22 fev. 2018.

ALVAREZ, V. H. A.; ALVAREZ, G. A. M. Sistema Internacional de Unidades (SI). Informações


Agronômicas, [s.n.], n. 124, p. 19-22, dez. 2008. Trimestral. Disponível em:
http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/issue/IA-BRASIL-2008-124. Acesso em: 22 fev. 2018.

RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física: Volume 1. São Paulo: LTC, 1983.

Banco de imagens Shutterstock.

SAGAH, 2018.
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
1.1 - Princípios fundamentais
1.2 - Vetores de Força – análise bidimensional
2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
2.2 - Momento de inércia
3.1 - Torque
3.2 - Equilíbrio e estabilidade
4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Vetores de Força – análise bidimensional

_1.2_
Apresentação
Seja bem-vindo!

A análise de situações reais, mesmo considerando algumas idealizações que facilitam o estudo, é
um processo bastante complexo. Quando você estuda um objeto em movimento, considerando um
ponto fixo em sua superfície, a cada instante esse ponto se encontra em uma determinada posição.
Já quando você pretende analisar um objeto que está em repouso, as forças que atuam sobre ele
podem variar com o tempo, por exemplo, devido às deformações do material. Por isso, em ambos
os casos, torna-se interessante você representar a atuação das forças em cada momento específico,
explicitando sua direção, seu sentido e, também, sua intensidade.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar a ferramenta matemática que lhe permite
representar as forças graficamente e realizar operações com elas em duas dimensões: os vetores.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os princípios da álgebra vetorial.


• Aplicar a regra do paralelogramo para determinar a força resultante de um sistema.
• Utilizar as coordenadas cartesianas para expressar a intensidade, a direção e o sentido de
grandezas vetoriais.
_1.2_ Desafio

A cultura do fast food que tomou conta do século XX, deixou heranças desastrosas para as novas
gerações: aumento da obesidade, doenças como hipertensão infantil e altos índices de enfarto em
pessoas jovens. Felizmente, frente a isso, surge, no século XXI, uma consciência em relação aos
hábitos saudáveis de vida, que possibilitam o bem-estar, aumentando a expectativa de vida, não
apenas em anos, mas em qualidade.

Além de procurar manter uma alimentação saudável, as pessoas se conscientizaram dos benefícios
da prática de atividades físicas regularmente. Com isso, cresce cada vez mais o número de
academias espalhadas pelas cidades, cuja prática é bastante comum para trabalhar diversos
músculos superiores, como pode ser observado na imagem a seguir:

Neste aparelho, a pessoa puxa um peso compatível com as


suas necessidades de treino, que é fixado na extremidade
oposta do cabo e se movimenta com o
auxílio de roldanas.

A força resultante que movimenta o peso surge na diagonal


do paralelogramo formado pelas hastes de apoio das mãos,
no mesmo plano destas, a partir do ponto de suporte das
hastes, onde fica o gancho. Para que o exercício funcione
adequadamente, permitindo o desenvolvimento equilibrado
dos músculos superiores, a força aplicada pelas mãos deve
ser igual.

Supondo que as hastes formam um ângulo de 90° entre si e que a força resultante é de 150 N,
apresente um gráfico ilustrando as componentes x e y, bem como a direção dessa força
resultante, descritas em coordenadas cartesianas. Para facilitar, posicione o sistema de eixos sobre
as hastes, de forma que a haste da mão esquerda corresponda ao eixo y positivo.

|y
| / 150 N
| /
| /
|——————x (elm)
_1.2_ Infográfico

A utilização de vetores na resolução de problemas na engenharia facilita muito a análise dos


enunciados. Vetores são operadores matemáticos que apresentam propriedades e operações
específicas, todas elas muito úteis, na prática.

Veja no Infográfico a seguir, como funcionam as operações com vetores e a decomposição de


forças resultantes.

COMPREENDENDO VETORES

OPERAÇÕES COM VETORES

O vetor A representa a intensidade, a Multiplicação e divisão por escalares:


direção e o sentido de uma grandeza Escalares alteram o tamanho e o sentido do
vetor.

Vetores são representações matemáticas que abrangem uma intensidade, uma direção e um sentido. Por isso, para
adicioná-los, não basta somar suas intensidades como se faz com escalares. A adição de vetores resulta em outro
vetor, com intensidade, direção e sentido próprio. Para adicionar vetores de mesma direção, você pode seguir o
padrão ponta-a-cauda. Já para vetores de direções quaisquer, aplicamos a regra do paralelogramo ou do triângulo

ADIÇÃO DE VETORES DE MESMA


ADIÇÃO DE VETORES COM DIREÇÕES DIFERENTES:
DIREÇÃO:

Padrão ponta-a-cauda

Regra do Paralelogramo Regra do Triângulo

DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS RESULTANTES

Coordenadas cartesianas:
_1.2_ Conteúdo do livro

A engenharia, por se tratar de uma física aplicada ao cotidiano, desenvolveu métodos próprios para
a resolução de problemas. Por isso, é muito importante o engenheiro conhecer as ferramentas que
vão lhe auxiliar na análise das situações reais do cotidiano. Uma das principais ferramentas
matemáticas para a sua profissão são os vetores. Com eles você pode esboçar graficamente as
forças que atuam em um objeto, avaliando a intensidade, a direção e o sentido das forças que sua
estrutura deverá ser capaz de suportar. Assim, o dimensionamento e a escolha dos materiais a
serem utilizados serão feitos com segurança.

Para saber mais, acompanhe a leitura do capítulo Vetores de força: análise bidimensional, da obra
Estática, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
SUMÁRIO
Princípios fundamentais ......................................................................... 11
Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Grandezas e idealizações da Mecânica ........................................................................................ 11
Leis de Newton ............................................................................................................................................ 17
Conversão de unidades e resolução de problemas ............................................................. 26

Vetores de força: análise bidimensional. ........................................... 33


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Vetores: uma ferramenta valiosa ....................................................................................................... 34
Força resultante: adição de vetores ............................................................................................... 39
Vetores e o plano cartesiano: decomposição de forças .................................................... 51

Vetores de força: análise tridimensional ........................................... 59


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Representação de vetores no espaço ........................................................................................... 59
Força resultante no espaço: regra do paralelogramo .........................................................64
Aplicações: determinação de grandeLas vetoriais em três dimensões .................68

Momento de uma força: análise bidimensional


e tridimensional .........................................................................................77
Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Momento de uma força ......................................................................................................................... 77
Momento de binário ................................................................................................................................ 88
Sistema de forças e momentos ......................................................................................................... 91

Equilíbrio de partícula: análise bidimensional. ............................... 95


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Representação das forças que atuam sobre uma partícula ............................................ 95
Equilíbrio de partículas em duas dimensões .......................................................................... 101
Problemas resolvidos em duas dimensões ............................................................................ 106

Equilíbrio de partícula: análise tridimensional ............................. 115


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Diagrama de corpo livre em três dimensões ......................................................................... 115
Equações de equilíbrio em três dimensões ............................................................................ 120
Aplicações em três dimensões ........................................................................................................124

Equilíbrio de corpo rígido: análise bidimensional....................... 131


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Reações de apoio em duas dimensões ...................................................................................... 131
Equações de equilíbrio em duas dimensões para corpos rígidos ........................... 137
Aplicações das equações de equilíbrio em duas dimensões
para um corpo rígido ........................................................................................................................ 143

Equilíbrio de corpo rígido: análise tridimensional ......................149


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Reações de apoio em três dimensões ........................................................................................ 150
Equações d e equilíbrio em três dimensões para corpos ríg idos.............................. 154
Apl icações das equações de equilíbrio em três dimensões para
um corpo rígido .................................................................................................................................. 158
Análise estrutural: treliças (análise bidimensional) .................... 163
Eduardo Alcides Peter
Força normal e convenção d e sinais........................................................................................... 163
Método dos nós ........................................................................................................................................ 167
Método das seções ................................................................................................................................. 171

Análise estrutural - suportes e máquinas


(análise bidimensional) .........................................................................175
Maurício Thomas
Suport es e máquinas: definições, métodos de d eterminação
e exemplos práticos ........................................................................................................................... 176
Com relação ao d iagrama de corpo liv re ................................................................................. 185
Com relação às equações de equilíbrio .................................................................................... 185

Propriedades geométricas - parte 1 •••.... . .••.•.. •.••... .•••••..••••.•. •. •••....•. • 187


Eduardo Alcides Peter
Centro d e gravidade e centro d e massa .................................................................................... 187
Centro ides .................................................................................................................................................... 190
Determinação do centro d e g ravidade e centroide .......................................................... 192

Carregamentos equivalentes ............................................................. 201


Eduardo Alcides Peter
Carregamento equivalente ............................................................................................................... 202
Val idade do carregamento equivalente ................................................................................... 203
Determinação do ca rrega mento equivalente ...................................................................... 209

Forças internas em elementos estruturais 1................................... 215


Eduardo Alcides Peter
Forças internas e suas solicitações ................................................................................................216
Método das seções ................................................................................................................................ 221
Método das seções aplicado ...........................................................................................................222

Forças internas em vigas e eixos li .................................................... 227


Eduardo Alcides Peter
Método das seções ................................................................................................................................ 227
Generalização do método das seções para qualquer seção ...................................... 232
Diagramas de esforços e esforços máxim os em vigas .................................................... 236
Propriedades geométricas li ...............................................................241
Eduardo Alcides Peter
Momento estático de área .................................................................................................................. 241
Momento de inércia de área ............................................................................................................ 245
Momento polar d e inércia ................................................................................................................. 24 8

Propriedades geométricas - parte 111 .............................................. 253


Eduardo Alcides Peter
Raio de giração.......................................................................................................................................... 253
Produto de inércia ................................................................................................................................... 255
Momentos máximo e mínimo de inércia ................................................................................. 258
Vetores de força: análise
bidimensional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar os princípios da álgebra vetorial.


„„ Aplicar a regra do paralelogramo para determinar a força resultante
de um sistema.
„„ Utilizar as coordenadas cartesianas para expressar a intensidade, a
direção e o sentido de grandezas vetoriais.

Introdução
A análise de situações reais, mesmo considerando algumas idealizações
que facilitam o estudo, é um processo bastante complexo. Quando você
estuda um objeto em movimento, considerando um ponto fixo em sua
superfície, a cada instante esse ponto se encontra em uma determinada
posição. Já quando você pretende analisar um objeto que está em re-
pouso, as forças que atuam sobre ele podem variar com o tempo, por
exemplo, devido a deformações do material. Por isso, em ambos os casos,
torna-se interessante poder representar a atuação das forças em cada
momento específico, explicitando sua direção, seu sentido e, também,
sua intensidade.
Neste capítulo, você vai estudar a ferramenta matemática que lhe
permite representar as forças graficamente e realizar operações com elas
em duas dimensões: os vetores.
2 Vetores de força: análise bidimensional

Vetores: uma ferramenta valiosa


A álgebra linear está presente em todo e qualquer programa de computador
que se destine a cálculos. Em 1843, William Rowan Hamilton apresentou
a ferramenta básica principal para a representação gráfica de sistemas em
duas e três dimensões: o vetor. Associado ao plano cartesiano, ferramenta
fundamental da Geometria Analítica apresentada por René Descartes, permite
descrever com precisão as situações de interesse da Engenharia. Em Mecânica,
os vetores são utilizados para representar grandezas como: força, velocidade,
aceleração, momento, entre outras. “Vetores são definidos como expressões
matemáticas que têm intensidade, direção e sentido, que se somam segundo
a lei do paralelogramo” (BEER et al., 2012, p. 19).
Veja, a seguir, os conceitos e operações envolvidos no cálculo vetorial:

„„ Vetor: segmento de reta finito e orientado, representado graficamente


por uma flecha. Ou seja, possui origem e extremidade que definem uma
direção, um tamanho e um sentido.
„„ Módulo: representa o tamanho do vetor. Quando o vetor representa
uma grandeza física, o módulo constitui seu valor numérico, ou seja,
sua intensidade.
„„ Direção: reta que representa graficamente o vetor (corpo da flecha). Em
geral designada por um ângulo, é denominada de horizontal quando
esse ângulo é de 0º ou 180º; quando esse ângulo é de 90º ou 360º, a
denominamos de vertical.
„„ Sentido: orientação do vetor (ponta da flecha). Cabe destacar que cada
direção pode assumir

Quando utilizados para representar grandezas, eles precisam, também,


informar a dimensão dessa grandeza, por isso, vêm associados a uma unidade.
Veja no Quadro 1 como representar os vetores graficamente/matematicamente.
Vetores de força: análise bidimensional 3

Quadro 1. Representação gráfica/matemática dos vetores.

Representação
Componente Representação gráfica matemática

Vetor Desenho de uma flecha designada A (negrito) ou A


por sua representação matemática.

Módulo Comprimento da flecha. →


A ou | A |

Direção Reta que contém a flecha. Ângulo: Â ou Ɵ


(alfabeto grego)

Sentido Seta na extremidade da flecha. Sinal: + ou –

Dimensão Não contemplada. Unidade da


grandeza

Na prática, como os vetores são utilizados para representar grandezas


físicas, na ilustração de situações reais essas formas de representação aparecem
associadas. Observe as Figuras 1 e 2.

Figura 1. Exemplo de vetor.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 18).
4 Vetores de força: análise bidimensional

F1 F2

Figura 2. Exemplo de vetor. F1 = – 15N; F2 = 7N; P = 25N.

Com base nas Figuras, você pode descrever as seguintes situações:

1. Em uma esfera, é aplicada uma força de 10N na direção 30° horizontal,


para a direita.
2. Sobre o bloco atuam três forças:
■■ F1: horizontal, para a esquerda, com intensidade de 15N.
■■ F2: horizontal, para a direita, com intensidade de 7N.
■■ P: vertical, para baixo, com intensidade de 25N.

Quando trabalhamos com vetores, o sinal (+) e o sinal (–) na frente dos valores numéricos
indicam o sentido da grandeza. Se você precisa representar, na mesma figura, duas
grandezas contrárias, vai desenhar flechas com sentidos opostos (Figura 2). Por outro
lado, se você precisa representar matematicamente essas duas grandezas, uma delas
será representada com sinal positivo e, a outra, com sinal negativo. Assim, depois de
resolvida a equação, o sinal do resultado também representará o sentido da grandeza
resultante. Por exemplo, a força resultante na horizontal da Figura 2 seria calculada
da seguinte maneira:

FR = F1 + F2
FR = – 15 + 7 = – 8N ou seja, 8N para esquerda
Vetores de força: análise bidimensional 5

Na representação de grandezas, os vetores podem ser:

„„ Fixos ou ligados: se alterada a posição do vetor, as condições da situação


descrita serão alteradas.
„„ Livres: alterando a posição do vetor, as condições da situação descrita
permanecem inalteradas.
„„ Deslizantes: podem ser deslocados ao longo de suas linhas de ação
(BEER et al., 2012, p. 20).
„„ Iguais: vetores que possuem mesmo módulo, mesma direção e mesmo
sentido, independente do ponto de aplicação.
„„ Opostos: vetores que possuem mesmo módulo e mesma direção, porém
sentidos contrários.

Observe as Figuras 3 a 6 e leia com atenção suas legendas acerca dos


vetores nelas representados.

Figura 3. Os vetores aqui representados são fixos e iguais, pois, apesar


de terem mesma intensidade, mesma direção e mesmo sentido, o ponto
no qual são aplicados altera a situação: a torneira vai abrir ou fechar.
Fonte: adaptada de VERSUSstudio/Shutterstock.com.
6 Vetores de força: análise bidimensional

Figura 4. Os vetores são iguais e livres, ou seja, têm mesma


intensidade, mesma direção, mesmo sentido e independente
do ponto no qual são representados, a situação permanece
inalterada: o bloco se move para a direita.

Figura 5. O vetor, que representa a tensão no cabo, é deslizante, pois pode ser representado
ao longo da sua linha de ação.
Fonte: adaptada de superjoseph/Shutterstock.com.
Vetores de força: análise bidimensional 7

Figura 6. Empilhadeira. Os vetores, peso (P) e normal (N), são


opostos, ou seja, possuem mesmo módulo, mesma direção e
sentidos contrários.
Fonte: adaptada de Pissanu Jirakranjanakul/Shutterstock.com.

Força resultante: adição de vetores


Estabelecer as relações entre as forças que atuam nas situações reais de mo-
vimento ou de equilíbrio pode ser bastante complexo. Os vetores facilitam
essa análise, pois nos permitem, com base na representação gráfica, encontrar
soluções. Para isso, vamos conhecer algumas ferramentas utilizadas na adição
de vetores para determiner a força resultante dos sistemas.

Vetores na mesma direção


Basta realizar a soma algébrica dos módulos dos vetores em questão. Lembre-
-se de levar em consideração o sentido de cada força a ser adcionada, que,
no caso, é dado pelos sinais (+) e (–) que antecedem os valores numéricos.
8 Vetores de força: análise bidimensional

Graficamente, une-se o início de um vetor ao final do outro, respeitando seus


sentidos (regra ponta-a-cauda). Confira um exemplo na Tabela 1.

Tabela 1. Soma algébrica dos módulos dos vetores.

Resultante (FR) (N) (seta larga)

F1 (N) F2 (N) Algebricamente Graficamente

10 20 10 + 20 = 30

– 10 – 20 – 10 – 20 = – 30

– 10 20 – 10 + 20 = 10

Ao trabalhar com vetores, é sempre interessante ter uma régua, um esquadro e um


transferidor em mãos, pois uma vez que os desenhos sejam feitos em escala, você
poderá medir as retas e ângulos para obter ou conferir suas respostas.

Você já refletiu sobre como isso pode ajudar a resolver exercícios? Vamos
analisar as situações a seguir e a Figura 7.
Vetores de força: análise bidimensional 9

Figura 7. Forças horizontais.


Fonte: adaptada de Darla Hallmark/Shutterstock.com.

Na Figura 7, supondo que o bloco permaneça parado e que as únicas forças


que atuem sobre ele estejam as representadas na figura, você pode concluir que:

„„ A resultante será dada pela soma algébrica das forças em vermelho.


Então, você pode escrever:

FR = ∑F
FR = F1 + F2

„„ A resultante do sistema deverá ser nula, uma vez que ele permanece
parado: F1 + F2 = 0.

Se F1 é a força aplicada da esquerda para a direita, considerada (+), e F2 é


a força aplicada da direita para a esquerda, considerada (–), teremos:

+ F1 + (– F2) = 0

que é o mesmo que escrever:

F1 – F2 = 0
10 Vetores de força: análise bidimensional

Ou seja, em módulo, F1 = F2.


Por outro lado, se o bloco se desloca, por exemplo, para a esquerda, no
caso de F2 > F1, você pode concluir que:

„„ A resultante é uma força para a esquerda que gera uma aceleração pro-
porcional à massa do bloco (Lei de Newton). Então, você pode escrever:

F1 – F2 = m · a

Digamos que F1 = 5N e F2 = 8N e que o bloco tenha massa de 50kg. Você


pode determinar a aceleração:

5N – 8N = 50 kg · a
– 3N = 50kg · a
– 3N
a= = – 0,06m/s2
50kg

Mas o que significa esse sinal? O sinal indica que a aceleração é para a
esquerda.

Vetores que não estão na mesma direção


Nesse caso, não podemos somar algebricamente o módulo das forças para
obter a resultante. Existem duas maneiras de determiná-la:

„„ Regra do Paralelogramo: para começar, você precisa desenhar os ve-


tores a partir de um mesmo ponto (A), de forma que suas origens fiquem
unidas. Em seguida, projete um vetor na extremidade do outro. Para
isso, trace linhas paralelas, como as pontilhadas ilustradas na Figura 8.
Vetores de força: análise bidimensional 11

Figura 8. Paralelogramo.
Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 20).

A força resultante P + Q será a diagonal do paralelogramo construído que


passa pelo ponto A, ou seja, o vetor que tem origem em A e extremidade no
ponto de junção das duas projeções. Observe a Figura 9.

Figura 9. Regra do paralelogramo.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 20).
12 Vetores de força: análise bidimensional

„„ Regra do Triângulo: deriva da regra anterior, seguindo o padrão ponta-


-a-cauda. Consiste em considerar o triângulo formado ao unirmos a
ponta de um vetor com a cauda do outro quando estes não têm a mesma
direção. Como as projeções dos vetores P e Q são vetores iguais a
eles, podemos considerar apenas metade do paralelogramo. Assim,
do paralelogramo das Figuras 8 e 9, podemos extrair dois triângulos,
conforme ilustra a Figura 10.

Figura 10. Regra do Triângulo.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 21).
Vetores de força: análise bidimensional 13

Mas quando optar por utilizar a Regra do Paralelogramo ou a Regra do


Triângulo?
Tudo vai depender da situação que você está analisando. Em geral, quando
temos forças em direções no mesmo plano (coplanares), a regra do triângulo
facilita a solução. Já quando as forças estão em planos diferentes, a regra do
paralelogramo torna-se mais interessante.

„„ Regra do Polígono: consiste em uma variação da regra do triângulo,


utilizada para adicionar três ou mais vetores de forças coplanares. Ao
aplicar o padrão ponta-a-cauda em todos os vetores a serem adicionados,
tem-se como resultado um polígono, e a resultante será o vetor que
une a origem do primeiro vetor à extremidade do ultimo adicionado.
Observe a Figura 11.

Figura 11. Regra do Polígono.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 22).
14 Vetores de força: análise bidimensional

Veja que, para obter o vetor força resultante P + Q + S da Figura 11, você também
poderia ter aplicado a regra do triângulo para adicionar os vetores P e Q, obtendo o
vetor força resultante P + Q e, a esse vetor, adicionar o vetor S (Figura 12):

Figura 12. Soma vetorial.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 22).

Ou, de maneira análoga, adicionar o vetor Q e S, obtendo o vetor força resultante


Q + S, e, a esse vetor, adicionar o vetor P (Figura 13):

Figura 13. Soma vetorial.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 22).

A regra do triângulo é sempre aplicada para adicionar dois vetores de maneira que
formem um triângulo. Ela pode ser aplicada sucessivamente até termos adicionado
todos os vetores desejados.
Vetores de força: análise bidimensional 15

Assim como nas operações algébricas, as operações com vetores possuem


propriedades. Vamos analisar as seguintes situações:

1. Os dois triângulos da Figura 10.

Quando você soma o vetor P com o vetor Q (a), ou o vetor Q com o vetor
P (b), obtém como resultante o vetor força P + Q. Ou seja, a soma de vetores
é comutativa, por isso podemos escrever:

P+Q=Q+P

2. Agora, quando você precisa somar três ou mais vetores no mesmo


plano, vai aplicar a regra do polígono ou sucessivas regras do triângulo.
Cada vez que você aplica a regra do triângulo, obtém um vetor força
resultante (soma) e a ele adiciona outro vetor, ou seja, como ilustrado
na Figura 12, você está fazendo:

P+Q
(P + Q) +S

Ou, como na Figura 13, você está fazendo:

Q+S
(Q + S) + P

Das duas maneiras, você chegará no mesmo resultado obtido através da


regra do polígono (Figura 11): P + Q + S. Então, podemos escrever:

P + Q + S = (P + Q) + S = P + (Q + S)
16 Vetores de força: análise bidimensional

Ou seja, a soma vetorial é associativa.

3. Além disso, você pode multiplicar um vetor força por um escalar (nú-
mero). Como consequência, você obterá uma vetor força de mesma
direção, com módulo proporcional ao escalar e sentido designado pelo
sinal do escalar. Observe:

Considere o vetor P da Figura 14, digamos que ele tem módulo P = 2:

■ quando multiplicado pelo escalar 1,5, obtém-se o vetor 1,5P com


módulo 1,5P = 3 (1,5 x 2), e esse vetor tem a mesma direção e o
mesmo sentido do vetor P;
■ quando multiplicado pelo escalar – 2, obtém-se o vetor – 2P com
módulo – 2P = – 4 (– 2 x 2),e esse vetor tem a mesma direção, porém
sentido contrário, ao vetor P.

Observe a Figura 14.

Figura 14. Produto por escalar.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 22).
Vetores de força: análise bidimensional 17

Na Figura 15, duas forças representadas pelos vetores P e Q atuam sobre o parafuso A.
Determine o vetor força resultante.

Figura 15. Forças no parafuso.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 24).

a) Solução gráfica: regra do paralelogramo:


Reproduzindo o desenho em escala, pela regra do paralelogramo, você encontra
como vetor força resultante o vetor R (Figura 16):

Figura 16. Forças no parafuso. Com auxílio de uma régua


e de um transferidor, você pode medir o comprimento do
vetor R e do ângulo A que representa a direção do vetor
força resultante R. Você terá que o vetor força resultante
tem módulo R = 98N e direção α = 35°.
Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 24).
18 Vetores de força: análise bidimensional

b) Solução trigonométrica: regra dos triângulos:


Adicionando os vetores P e Q seguindo o padrão ponta-a-cauda, você encontra o
vetor força resultante R (Figura 17):

Figura 17. Regra do triângulo.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 24).

Traçando o prolongamento da reta que contém o vetor P e uma reta perpendicular


que, do ponto D, a une à extremidade do vetor R, você pode aplicar relações trigono-
métricas e comparar os triângulos obtidos para determinar o módulo e a direção da
força resultante sobre o parafuso. Observe a Figura 18.

Figura 18. Relações no triângulo.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 24).

No triângulo BCD:
CD = Q sen25° = 60N sen25° = 25,36N
BD = Q cos25° = 60N sen25° = 54,38N
Vetores de força: análise bidimensional 19

No triângulo ADC:
CD 25,36
tan A = = = 0,268 então A = tan–1 0,268 = 15°
AD 94,38
CD 25,36 25,36 25,36
sin A = = então R = = = 97,53N
R R sin 15 0,26

α = 20° + A, então α = 20 + 15,04 = 35°

Resposta: a força resultante sobre o parafuso tem intensidade de 97,53N e direção 35°.

Vetores e o plano cartesiano:


decomposição de forças
Assim como você pode adicionar vetores para obter um vetor soma resultante,
também pode fazer o contrário: partir do vetor soma, encontrar os vetores que
lhe deram origem. Para isso, você precisa decompor o vetor soma (resultante)
em duas componentes, veja como é simples:

„„ Na origem do vetor soma (R), trace duas retas perpendiculares entre si,
montando um sistema de eixos; por convenção, costuma-se designá-los
por x e y. A direção do vetor R será descrita pelo ângulo α.
„„ Em seguida, partindo da extremidade do vetor soma, trace retas pon-
tilhadas perpendiculares aos eixos desenhados até encontrá-los; por
convenção, essas projeções são denominadas componentes do vetor
e são designadas por componente x (R x) e componente y (Ry) do vetor
em questão. Observe a imagem a seguir:

Ry R

Rx x
20 Vetores de força: análise bidimensional

Com base nas relações trigonométricas fundamentais, você pode determinar


os valores das componentes x e y do vetor R:

R x = R cos α e Ry = R sen α

Por convenção, a medida do ângulo α sempre é feita partindo do eixo x positivo. Dessa
forma, se uma força tem sua componente x para o lado negativo no eixo, seu ângulo
será maior que 90°. Nesse caso, costuma-se utilizar o ângulo suplementar β e considerar
o sinal negativo no módulo de F da componente que está no lado negativo do eixo,
isso facilita os cálculos. Observe a imagem a seguir:

F Fy
β α

Fx

α > 90°
β = 180 – α
β < 90°

Neste caso:

Fx = – F cos β
Fy = F sen β

Essa relação pode ser aplicada às forças que atuam em um objeto retratado
em uma situação real. A decomposição das forças em suas components x e y
simplifica os cálculos, pois você poderá efetuar as somas algébricas das com-
ponentes em x e em y para, depois, determinar o vetor resultante do sistema,
utilizando o Teorema de Pitágoras.
Vetores de força: análise bidimensional 21

Observe a Figura 19, que traz um esboço que representa três forças que atuam sobre
um objeto. Vamos determinar a força resultante através de suas componentes x e y:

Figura 19. Forças coplanares. Dados: F1 = 5N direção 30°;


F2 = 8N direção 150°; F3 = 4N direção 315°.
Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]).

Ao decompor as forças, teremos o que aponta a Figura 20 e o desenvolvimento a


seguir.

Figura 20. Decomposição de forças.


Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]).
22 Vetores de força: análise bidimensional

F1x = 5 cos 30° = 5 · 0,86 = 4,3N


F1y = 5 sen 30° = 5 · 0,5 = 2,5N

Agora em F2 e F3, usamos os ângulos suplementares:

180° – 150° = 30° e 360° – 315° = 45°

Assim, teremos:

F2x = – 8 cos 30° = – 8 · 0,86 = – 6,9N


F2y = 8 sen 30° = 8 · 0,5 = 5N
F3x = 4 cos 45° = 4 · 0,70 = 2,8N
F3y = – 4 sen 45° = – 4 · 0,70 = – 2,8N

Agora, podemos calcular as componentes da força resultante (R):

R x = F1x + F2x + F3x = 4,3N – 6,9N + 2,8N = 0,2N


Ry = F1y + F2y + F3y = 2,5N + 5N – 2,8N = 4,7N

Aplicando o teorema de Pitágoras, teremos:


R2 = Rx2 + Ry2
Ou seja,

R = √Rx2 + Ry2

R = √0,22 + 4,72 = √0,04 + 22,09


R = 4,7N

Na direção:
R
α = tan–1 Ry
x

4,7
α = tan–1 = tan–1 23,5
0,2

α = 87,5°
Vetores de força: análise bidimensional 23

De forma análoga, pode-se utilizar os vetores unitários do plano cartesiano


i e j para escrever os vetores de força na forma cartesiana (Figura 21).

Figura 21. Vetores cartesianos.


Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]).

O vetor resultante F pode ser expresso como um vetor cartesiano:

F = Fxi + Fyj

Para o vetor resultante do exemplo anterior, você poderia escrever:

R xi = (F1x + F2x + F3x)i = (4,3N – 6,9N + 2,8N)i = (0,2N)i


Ryj = (F1y + F2y + F3y)j = (2,5N + 5N – 2,8N)j = (4,7N)j
R = 0,2i + 4,7j

Tanto o módulo quanto a direção são calculados da mesma maneira que


foi demonstrada no exemplo. Vejamos outra situação:
24 Vetores de força: análise bidimensional

Na Figura 22, a pessoa está puxando a corda com uma força de 300N. Determine as
componentes x e y da força, bem como sua direção e represente o vetor resultante
em notação cartesiana.

Figura 22. Esboços para a realização do exercício sobre os componentes da força.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 31); Lineicons freebird/Shutterstock.com; Yaroslavna
Zemtsova/Shutterstock.com.
Vetores de força: análise bidimensional 25

Com base na Figura 22(a), pode-se representar graficamente a situação como de-
monstrado na Figura 22(b). Pelo esboço (b), teremos:

Fx = 300 cos α
Fy = – 300 sen α

Pelo esboço (a), teremos:


6 3
tan α = =
8 4
–1 3
α = tan = 36,8°
4

Então:

Fx = 300 cos 36,8 = 300 · 0,8 = 240N


Fy = – 300 sen 36,8 = – 300 · 0,6 = – 180N

Assim, podemos representar a resultante:

F = 240i – 180j na direção 36,8°

BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012.
VETORES de força. [201-?]. Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/ufpr2/profes-
sor/49/TE224/Aula%202%20Vetores.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2018.

Leitura recomendada
VESTIBULAR1. Física, cinemática, vetores: exercício específico de física, cinemática,
vetores. 2000. Disponível em: <http://www.vestibular1.com.br/simulados/simulados-
-por-exercicios/exercicio-de-fisica/fisica-cinematica-vetores/>. Acesso em: 15 fev. 2018.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 1.2
_1.2_ Dica do professor

Ao trabalhar com vetores, é sempre interessante se ter uma régua, um esquadro e um transferidor
em mãos, pois uma vez que os desenhos sejam feitos em escala, você poderá medir as retas e
ângulos para obter ou conferir suas respostas em um exercício que exija calcular o módulo e a
direção da resultante de maneira gráfica.

Acompanhe o vídeo a seguir e veja a resolução de dois exercícios, um com gráfico e outro com
álgebra vetorial.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/80656238a8
1654f5e5d4b0f3401fd45a

3 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
_1.2_ Exercícios

1) Em um suporte tipo gancho, pendurado no teto de uma casa, atuam as forças F1 = 75 N e F2 = 125
N. Fazendo, respectivamente, ângulos de 20° e 35° com a vertical. A força resultante sobre ele é de
aproximadamente:

A) 178,9 N.

B) 102 N.

C) 45 N.

D) 2123 N.

E) 15 N.
2) Determine a força resultante sobre um bloco de concreto que está sendo puxado para a
esquerda por uma força horizontal de 7 N, e para a direita com uma força horizontal de 12 N.

A) 19 N para a esquerda.

B) 5 N para a esquerda.

C) 19 N para a direita.

D) 5 N para a direita.

E) Nula.
3) O vetor força resultante que se obtém ao adicionar os vetores A = 12i + 5j, B = 15i – 12j e C
= - 22i + 15j, corresponde ao vetor R representado na alternativa:

A) R = 49i + 32j.

B) R = 5i + 8j.

C) R = 5i - 2j.

D) R = - 49i - 32j.

E) R = 8i + 5j.
4) Considere o esquema de forças que atuam em um objeto conforme ilustrado na figura. Sabendo
que F1 = 40N, F2 = 30N e F3 = 20N, a força resultante que atua no objeto tem módulo e direção
respectivamente de:

A) 25,7 N e166,5°.

B) 55 N e 60°.

C) 46 N e 4°.

D) 25 N e 76,5°.

E) 45,5 N e 30°.
Para determinar a força resultante, você pode decompor a força e efetuar a soma algébrica
nas direções x e y.

1
cos 60° 30. 15
2

√3
sen 60° 30. 26
2

Calculando a força resultante nas direções dos eixos x e y:

15 40 25

26 20 6

Dessa forma a força resultante total no objeto será:

25 6 25,7

A força resultante terá direção definida no segundo quadrante (ver figura):

Dessa forma o ângulo será dado por 90° , onde

6
cos 0,233
25,7
E,
arccos 0,233 76,5°

Logo,
90° 76,5° 166,5°
5) Um homem puxa a corda da figura com uma força de 200 N, ele está a 10 m do prédio e a uma
distância vertical de -5 m do suporte da corda. Nessas condições, as componentes x e y da força
aplicada pelo homem são, respectivamente:

A) (198N)i e (1,6N)j.

B) (198N)i e (0,02N)j.

C) (88N)i e (178N)j.

D) (11,2N)i e (125N)j.

E) (179N)i e (90N)j.
_1.2_ Na prática

O cálculo das forças resultantes que atuam sobre um objeto, a Segunda Lei de Newton e todas as
operações com vetores, são peças fundamentais, capazes de garantir a segurança das obras de
engenharia que invadem nossas vidas.

Um dos maiores cartões postais brasileiros é o bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro,
inaugurado em 1912. O teleférico foi idealizado pelo engenheiro Augusto Ferreira Ramos, com
intuito de facilitar o acesso ao cume do morro, inspirado pela evolução técnica da engenharia na
época. No início, o bondinho só fazia o trecho da Praia Vermelha ao Morro da Urca e seus carrinhos
tinham capacidade para transportar 22 pessoas. Devido ao sucesso do empreendimento, em janeiro
de 1913, o passeio já se estendia até o Pão de Açúcar.

No início da década de 1950, um dos cabos de sustentação do bondinho se rompeu, pois o material
importado da Alemanha, de fabricação inglesa, não resistiu à tensão devido ao peso de transportar
os passageiros. Felizmente, nesse caso, não houve mortes, mas a situação de pânico tomou conta
da população na época. O acidente foi retratado no jornal Imprensa Popular, do dia 22 de fevereiro
de 1951.

Veja na imagem a seguir, de que modo esse acidente reforça a relevância de se levar em conta as
forças resultantes no dimensionamento e na escolha dos materiais a serem empregados nessas
obras.

ENTENDA A CONSEQUÊNCIA DO CÁLCULO INCORRETO DAS FORÇAS RESULTANTES

Suponha que o bondinho, na época do acidente,


transportasse 22 pessoas, cada uma com peso
médio de 80 kg, e que o peso do vagão fosse de
uma tonelada (1.000 kg). Nessas condições,
considerando apenas a ação da força peso total,
o diagrama de forças sobre o cabo do bondinho
pode ser esquematizado da seguinte maneira:

REPRODUZINDO O DIAGRAMA E DECOMPONDO AS FORÇAS, TEREMOS:


COM ISSO, CONHECIDOS OS ÂNGULOS α E β, RESOLVENDO O SISTEMA A SEGUIR, PODE-SE CALCULAR AS
TRAÇÕES NO CABO:

Conhecendo as trações às quais o cabo estaria submetido, com as relações da resistência dos materiais, levando
em consideração o desgaste natural do material, o acidente poderia ter sido evitado, pois teria sido utilizado um
cabo que suportasse as trações determinadas.
_1.2_ Saiba +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Decomposição de forças
Veja como determinar uma força resultante a partir da decomposição de outras forças, no eixo x e
y do plano cartesiano. Assim como o ângulo em relação ao eixo x positivo da força resultante.

https://youtu.be/4bkh6RpnHeA

10 min

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Regra do Paralelogramo
Acompanhe neste vídeo de que forma é possível resolver um exercício contendo conceitos básicos
como Regra do Paralelogramo, Lei dos Senos e Lei dos Cossenos.
https://youtu.be/yw2RMyZkfaQ

5 min

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Exercícios de fixação
Teste seus conhecimentos por meio desta lista de exercícios sobre Decomposição de Forças.

http://200.17.101.9/wiki/images/a/a8/Decomposi%
C3%A7%C3%A3o_de_for%C3%A7as.pdf

pdf 2 pág. (4 exercícios)

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
1.1 - Princípios fundamentais
1.2 - Vetores de Força – análise bidimensional
2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
2.2 - Momento de inércia
3.1 - Torque
3.2 - Equilíbrio e estabilidade
4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Vetores de força – análise tridimensional

_2.1_
Apresentação

Seja bem-vindo!

A análise tridimensional permite ao engenheiro uma aproximação mais realista das situações a
serem estudadas, pois está embasada em um sistema de referência espacial. Na prática, as forças
que atuam sobre um objeto não se restringem ao plano, tendo componentes nas três dimensões do
espaço. Nesse sentido, as operações vetoriais constituem excelentes ferramentas para lhe auxiliar
no processo de análise.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar como aplicar os vetores na determinação de
forças resultantes em três dimensões.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os conceitos e as operações básicas da álgebra vetorial em três dimensões.

• Reconhecer a regra do paralelogramo como ferramenta na determinação da força resultante


em três dimensões.
• Aplicar os princípios da álgebra vetorial na representação e na determinação da intensidade de
grandezas vetoriais em três dimensões.
_2.1_ Desafio

Seu primo, estudante do 3.º ano do ensino médio, está participando de uma gincana de profissões
na escola. Três engenheiros foram falar sobre a profissão e, como tarefa da gincana, lançaram um
desafio para a turma: quem conseguisse resolver o exercício que estava no envelope e, no dia
seguinte, resolvesse um exercício semelhante em sala de aula, iria ganhar um dia de visita à
empresa de engenharia onde eles trabalham, podendo vivenciar a profissão na prática.
Imediatamente, seu primo lembrou de você e veio lhe pedir ajuda com a resolução do problema
proposto. Como ele está muito entusiasmado em visitar a empresa, você se dispõe a resolver o
exercício e ajudá-lo a resolver o outro em aula, sem a sua ajuda.

Você pede para ver o desafio proposto e seu amigo lhe entrega um envelope que contém:

Tabela fornecida pelos engenheiros com as fórmulas necessárias para a resolução:

Teorema de Pitágoras Relações trigonométricas no triângulo retângulo

Vetor posição forma cartesiana

Vetor unitário na direção AB

Relação força e vetor unitário

Relação cossenos diretores

Ângulos diretores
E o seguinte exercício:

(BEER, JOHNSTONE JR, 2012, p. 70) O comprimento do


cabo AB é 20 m e a tensão nesse cabo é 17350 N.

Responda:
(A) Se a origem fosse na âncora B, como seria o vetor
que representaria a tensão no cabo?
(B) Se a origem fosse na âncora B, como seriam os
ângulos que representam a direção do vetor tensão
no cabo?

Sendo assim, para ajudar seu primo, você deve fazer um relatório que apresente:

1. As respostas do exercício.

2. A descrição do uso das fórmulas fornecidas.

elm = A mudança da origem do sistema de coordenadas de O para B não altera os valores dos ângulos diretores
da tensão no cabo (haveria alteração se houvesse rotação no sistema de referência - no caso houve só translação).
_2.1_ Infográfico

Trabalhar com forças em três dimensões envolve várias relações matemáticas. As representações
gráficas das forças e de suas componentes auxiliam na visualização dessas relações.

No Infográfico a seguir, você dispõe de uma maneira prática de visualizar essas componentes e
suas relações.
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Infográfico_Aula 2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
Pleito: Corrigir figura.
Justificativa:
_ Ângulos diretores Tx e Ty indicados local errado (ver imagem abaixo e fig. 4 do Conteúdo do livro).
Obs.1: Ao responder, peço que a Mentoria confirme ou não os erros apontados (não responda apenas "será encaminhado ao setor
responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem da figura do infográfico:
_2.1_ Conteúdo do livro

A Engenharia tem como objetivo lidar com situações reais, práticas do nosso cotidiano. Para isso,
são utilizadas as leis e fórmulas da Física e da Matemática. Por isso, você precisa saber utilizar essas
ferramentas em três dimensões, uma vez que o cotidiano assim é construído. No início de sua
caminhada, você se deparou com muitas simplificações e idealizações para facilitar a análise das
situações. Agora, você é convidado a se aventurar no universo 3D. Então, vamos começar a
diversão!

Para saber mais, acompanhe a leitura do capítulo Vetores de Força: análise tridimensional, da obra
Estática, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
SUMÁRIO
Princípios fundamentais ......................................................................... 11
Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Grandezas e idealizações da Mecânica ........................................................................................ 11
Leis de Newton ............................................................................................................................................ 17
Conversão de unidades e resolução de problemas ............................................................. 26

Vetores de força: análise bidimensional............................................ 33


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Vetores: uma ferramenta valiosa....................................................................................................... 34
Força resultante: adição de vetores ............................................................................................... 39
Vetores e o plano ca rtesiano: decomposição de forças .................................................... 51

Vetores de força: análise tridimensional ...........................................59


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Representação de vetores no espaço ........................................................................................... 59
Força resultante no espaço: regra do paralelogramo .........................................................64
Aplicações: determinação de grandezas vetoriais em três dimensões .................68

Momento de uma força: análise bidimensional


e tridimensional ......................................................................................... 77
Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Momento de uma força ......................................................................................................................... 77
Momento de binário ................................................................................................................................ 88
Sistema de forças e momentos ......................................................................................................... 91

Equilíbrio de partícula: análise bidimensional. ............................... 95


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Representação das forças que atuam sobre uma partícula ............................................95
Equilíbrio de partículas em duas dimensões.......................................................................... 101
Problemas resolvidos em duas dimensões ............................................................................ 106

Equilíbrio de partícula: análise tridimensional ............................. 115


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Diagrama de corpo livre em três dimensões ......................................................................... 115
Equações de equilíbrio em t rês dimensões ............................................................................ 120
Aplicações em três dimensões ........................................................................................................ 124

Equilíbrio de corpo rígido: análise bidimensional....................... 131


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Reações de apoio em duas d imensões...................................................................................... 131
Equações de equilíbrio em duas dimensões para corpos rígidos ...........................137
Aplicações das equações de equilíbrio em d uas d imensões
para um corp o rígido ........................................................................................................................143

Equilíbrio de corpo rígido: análise tridimensional ......................149


Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza
Reações de apoio em três dimensões ........................................................................................ 150
Equações d e equilíbrio em t rês d imensões para corpos rígidos .............................. 154
Aplicações das equações de equilíbrio em t rês dimensões para
um corpo rígido .................................................................................................................................. 158
Análise estrutural: treliças (análise bidimensional) .................... 163
Eduardo Alcides Peter
Força normal e convenção de sinais........................................................................................... 163
Método dos nós ........................................................................................................................................167
Método das seções ................................................................................................................................. 17 l

Análise estrutural - suportes e máquinas


(análise bidimensional) .........................................................................175
Mauricio Thomas
Suportes e máquinas: definições, métodos de determinação
e exemplos práticos ............................................................................................................................ 176
Com relação ao diagrama de corpo livre ................................................................................. 185
Com relação às equações de equilíbrio .................................................................................... 185

Propriedades geométricas - parte 1••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 187


Eduardo Alcides Peter
Centro de g ravidade e centro de massa .................................................................................... 187
Centroides .................................................................................................................................................... 190
Determinação do centro de g ravidade e centroide .......................................................... 192

Carregamentos equivalentes............................................................. 201


Eduardo Alcid es Peter
Carregamento equivalente ............................................................................................................... 202
Validade do carregamento equivalente ................................................................................... 203
Determinação do carregamento equivalente ......................................................................209

Forças internas em elementos estruturais 1 •..... . . . ..... . .•.... ....•.. •. ••. . . 215
Eduard o Alcides Peter
Forças internas e suas solicitações ................................................................................................216
Método das seções ................................................................................................................................ 221
Método das seções aplicado ........................................................................................................... 222

Forças internas em vigas e eixos li ................................................... 227


Eduardo Alcides Peter
Método das seções ................................................................................................................................ 227
Generalização do método das seções pa ra qualquer seção ...................................... 232
Diagramas de esforços e esforços máximos em vigas ..................................................... 236
Propriedades geométricas 11 ...............................................................241
Eduardo Alcid es Peter
Momento estático de área ..................................................................................................................241
Momento de inércia de área ............................................................................................................ 245
Momento polar de inércia ................................................................................................................. 248

Propriedades geométricas - parte 111 .............................................. 253


Eduardo Alcides Peter
Raio de giração .......................................................................................................................................... 253
Produto de inércia ................................................................................................................................... 255
Momentos máximo e mínimo de inércia ................................................................................. 258
Vetores de força: análise
tridimensional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar os conceitos e as operações básicas da álgebra vetorial


em três dimensões.
„„ Apontar a regra do paralelogramo como ferramenta na determinação
da força resultante em três dimensões.
„„ Aplicar os princípios da álgebra vetorial na representação e na deter-
minação da intensidade de grandezas vetoriais em três dimensões.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar como aplicar os vetores na determinação
de forças resultantes em três dimensões. A análise tridimensional permite
ao engenheiro uma aproximação mais realista das situações a serem
estudadas, pois está embasada em um sistema de referência espacial.
Na prática, as forças que atuam sobre um objeto não se restringem ao
plano, possuem componentes nas três dimensões do espaço. Nesse
sentido, as operações vetoriais constituem excelentes ferramentas para
lhe auxiliar no processo de análise.

Representação de vetores no espaço


A representação de vetores no espaço assemelha-se a sua representação em
duas dimensões, incluindo mais um componente que descreve a terceira di-
mensão. Os vetores, quando representados no plano, podem ser descritos por
A = (a,b); já no espaço, o vetor A seria dado por A = (a,b,c). Vamos ver como
representar graficamente as componentes de um vetor no espaço:
2 Vetores de força: análise tridimensional

Para isso, associamos um sistema de eixos ordenados, sobre o qual o vetor


A será representado, observe (Figura 1):

x
Figura 1. Representação do vetor no espaço.

Na Figura 1, foram feitas duas representações que podem sofrer alterações, dependendo
da situação em questão:
„„ O vetor foi representado na origem do sistema de eixos, mas, isso não é uma
obrigatoriedade. Entretanto, como vetores são caracterizados por um módulo,
um sentido e uma direção, estes podem ser deslocados para a origem, desde que
sejam respeitadas suas características.
„„ O eixo z foi representado na vertical, mas isso também, em geral, é opcional. Desde
que seja mantida a ortogonalidade entre os eixos, eles podem ser posicionados
da maneira que você julgar mais interessante para sua análise. Na Engenharia, por
exemplo, muitas vezes o eixo y é mantido na vertical.
Vetores de força: análise tridimensional 3

Para representar graficamente as componentes do vetor A, você precisa


seguir três passos básicos:

1. Partindo da extremidade superior do vetor, trace uma reta perpendicular


ao eixo z, que marcará a extremidade da componente Az do vetor; esse
componente constitui o novo vetor que parte da origem do sistema de
eixos cartesianos e alcança o ponto de intersecção da reta que você
traçou com o eixo z.
2. Partindo da extremidade do vetor, trace uma perpendicular ao plano
xy, que consiste na projeção do vetor A nesse plano, designada por A’;
observe que o vetor projetado forma um ângulo α com o eixo x.
3. Agora, no plano xy, você repete os passos 1 e 2 para traçar as perpen-
diculares aos eixos x e y que determinarão as componentes Ax e Ay.
Novamente, os componentes constituem os novos vetores, que partem
da origem do sistema de eixos cartesianos e alcançam o ponto de inter-
secção das retas que você traçou, em direção aos eixos x e y.

Observe como fica no gráfico (Figura 2):

Az

Ay
y
α
Ax
A’
x
Figura 2. Componentes no espaço.
Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]).
4 Vetores de força: análise tridimensional

Ao decompor o vetor A seguindo os passos indicados, você aplicou a regra


do paralelogramo duas vezes, em sequência: primeiro no plano vertical que
contém o eixo z e o vetor A e, depois, no plano xy.
Com base no gráfico, você pode escrever os componentes Ax , Ay e Az:

AZ = A cos γ Ay = A sen α Ax = A cos α

Então, o vetor A poderá ser escrito como a soma vetorial de seus compo-
nentes: A = Ax + Ay + Az
Se escrevermos o vetor A em componentes cartesianos, A = Axi + Ayj + Az k,
onde (i, j, k) é o vetor unitário associado aos eixos x, y, z, respectivamente,
podemos determinar o módulo de A (Figura 3):

Azk

2 2 2
A A = √Ax + Ay + Az
Az
A

Ayj
y
Axi Ax
A’

Ay
x
Figura 3. Componentes cartesianos.
Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]).

E como fica a direção do vetor A? Como determiná-la?


Observe a Figura 4:
Vetores de força: análise tridimensional 5

Azk

uA

y
β
α Ayj
y

A xi

x
Figura 4. Vetor no espaço.
Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]).

O vetor A, que está na direção uA, forma o ângulo ∝ com o eixo x, o ângulo
β com o eixo y e o ângulo 𝛾 com o eixo z.
Para determinar a direção do vetor A, partimos das suas projeções sobre
os eixos x, y e z. Os ângulos mencionados estarão sobre os planos que contém
o vetor e o eixo em questão, conforme ilustrado na Figura 5:

z z z

90º

Az
A y A
A
α β 90º
90º y Ay y y
Ax

x x x

Figura 5. Projeção vetor A.


Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]).
6 Vetores de força: análise tridimensional

Das projeções, aplicando as relações trigonométricas básicas, obtemos:


A A A
cos α = Ax cos β = Ay cos γ = AZ

Estes são os cossenos diretores de A, pois indicam a direção do vetor. Os


cossenos diretores, por sua vez, determinam o vetor unitário u, que define a
direção do vetor A, na forma cartesiana, teremos:

uA = cos α i + cos β j + cos γ k

Cabe lembrar que existe uma propriedade dos cossenos diretores que é
muito útil para a análise em Engenharia, pois permite determinar a direção
de um vetor A qualquer, com base em apenas dois ângulos:

(cos∝)2 + (cos β)2 + (cos 𝛾)2 = 1

Assim, na forma cartesiana, podemos escrever:

A = AuA
A = A cos α i + A cos β j + A cos γ k
A = Axi + Ayj + Az k

Força resultante no espaço: regra do


paralelogramo
A Figura 6 ilustra uma força resultante aplicada sobre um objeto. Observe que
essa força não está no plano vertical (XOY), nem no horizontal (XOZ), mas
sobre um plano qualquer no espaço:
Vetores de força: análise tridimensional 7

A
θy F

O
x
ф
C
z
Figura 6. Força resultante no espaço.
Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 47).

A força F da Figura 6 faz um ângulo θ y com a vertical, e o plano sobre


a qual ela se encontra faz um ângulo ϕ com o eixo x. Aplicando a regra do
paralelogramo para decompor F, obtemos suas componentes Fy e Fh. Observe
na Figura 7 que Fh é a projeção de F no plano horizontal XOZ:

Fy
A
θy F

O
x
Fh
C
z

Figura 7. Decomposição de F.
Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 47).
8 Vetores de força: análise tridimensional

Com base na Figura 7, você pode escrever a componente Fy e Fh:

Fy = F cos θy Fh = F sin θy

Entretanto, ainda não é possível escrever as componentes Fx e Fz. Mas, você


pode aplicar novamente a regra do paralelogramo e decompor Fh (Figura 8):

Fy

Fx
O
ф D x
Fz
Fh

E C
z

Figura 8. Decomposição Fh.


Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 47).

Agora, você pode escrever:

Fx = Fh cos  FZ = Fh sin 

Se você substituir Fh, fazendo algumas simplificações, poderá determinar


as componentes x e y da força resultante F:

Fx = Fh cos  = F sin θy cos 


FZ = Fh sin  = F sin θy sin 
Vetores de força: análise tridimensional 9

Como quando se aplica a regra do paralelogramo formam-se triângulos


retângulos nos planos OAB e OCD (Figuras 7 e 8), aplicando o teorema de
Pitágoras nesses triângulos e resolvendo o sistema, teremos que o módulo de
F pode ser dado por:

F = √Fx 2 + Fy 2 + Fz 2

Quando retratamos uma força resultante no espaço, esta forma, com os


eixos x, y e z, ângulos como os representados na Figura 9, observe:

y y y
B B B

Fy Fy Fy
A A
F θx A F
O θy F
Fx D x O O
Fx D x Fz D x
Fz
Fz θz Fx
E C
z E C E C
z z

Figura 9. Ângulos de F.
Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 48).

Dessa forma, assim como fizemos anteriormente para Fy, (Figura 7), po-
demos escrever as componentes Fx e Fz da força resultante em função desses
ângulos (θx e θz). Teremos:

Fx = F cos θx Fy = F cos θy Fz = F cos θz

Se isolarmos os cossenos nas equações acima, teremos:


F Fy F
cos θx = Fx cos θy = cos θz = Fz
F

Assim como definido para os vetores, os cossenos acima representam


os cossenos diretores de F, que pode ser descrita em forma cartesiana por:

F = FuF
F = F cos θx i +F cos θy j + F cos θz k
F = Fxi + Fyj + Fz k
10 Vetores de força: análise tridimensional

Produto Escalar
Muitas vezes, na Engenharia, você precisa determinar o ângulo que duas retas formam
entre si, ou, ainda, o componente perpendicular e o componente paralelo de uma
força em relação a um determinado eixo. Existe uma maneira simples de se obter
essas incógnitas, usando uma propriedade da álgebra vetorial: o produto escalar.
Como o próprio nome sugere, o produto escalar resulta em um escalar e é repre-
sentado da seguinte maneira:
Considerando os vetores: A = axi + ayj + azk e B = bxi + byj + bzk
Teremos o produto escalar A · B = axbx + ayby + azbz
Suponha que os vetores A e B, formem entre si o ângulo θ, o produto escalar será:

A ∙ B = AxBx + AyBy + AzBz = AB cos θ

Já o ângulo entre eles será dado por:


A∙B
θ = cos–1
AB

Aplicações: determinação de grandezas


vetoriais em três dimensões
Vamos analisar duas situações bastante comuns na Engenharia: forças relacio-
nadas com pontos em sua linha de ação e componentes paralelo e perpendicular
de uma força resultante. Veja cada caso a seguir.

Força relacionada a dois pontos em sua linha de ação


Em várias situações cotidianas, retratadas nos exercícios, temos descrito uma
força que é definida por sua intensidade e relacionada a dois pontos em sua
linha de ação. Para analisar esses casos, você precisa saber determinar o vetor
posição no espaço. O vetor r a seguir indica a distância entre os pontos A e B
no espaço (Fig 10a), e, na Figura 10b, você pode ver seus componentes x, y e z:
Vetores de força: análise tridimensional 11

z z

B(xB , yB , zB)
B
r r (zB – zA)k
rB A
A(xA , yA , zA) (xB – xA)i
rA y y
(yB – yA)j

x x

Figura 10: Vetor posição no espaço.


Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]).

Pela ilustração, podemos concluir que o vetor de posição rAB é dado por:
rAB = rB – rA
ou, na forma cartesiana:
rAB = (xB – xA)i + (yB – yA)j + (zB – zA)k

De forma análoga, podemos pensar o caso de uma força cuja direção é


dada a partir de dois pontos em sua linha de ação. Observe a Figura 11. Se
traçarmos uma reta que une os pontos M e N, o vetor força estará, justamente,
posicionado sobre essa reta. Ou seja, a reta que traçamos representa a linha
de ação da força F e, os pontos M e N, por também estarem sobre a mesma
reta, definem a direção de F:

N(x2, y2, z2)

F dy = y2 – y1
y

λ dz = z2 – z1 < 0

M(x1, y1, z1) dx = x2 – x1


O
x

z
Figura 11. Força e pontos em sua linha de ação.
Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 50).
12 Vetores de força: análise tridimensional

Considere u o vetor unitário na direção dos pontos dados. No caso M e N,


assim como no caso dos cossenos diretores, o vetor unitário pode ser obtido
dividindo o vetor, no caso MN, pelo seu módulo, no caso a distância entre M e N:
MN 1
u= = (dxi + dy j + dzk)
d d

E, como o vetor F pode ser obtido multiplicando seu módulo pelo vetor
unitário na direção dada, teremos:
F
F = Fu = (d i + dy j + dzk)
d x

Efetuando a multiplicação indicada acima, você encontra:


F dx F dy F dz
F= i+ j+ k)
d d d

Ou seja, podemos concluir que os componentes de F serão:


F dx F dy F dz
Fx = Fy = Fz =
d d d

Para determinar a distância d entre os pontos M e N, basta aplicar o Teorema


de Pitágoras, assim como feito para determinar o módulo da força. Como
fazemos isso? Observe que a reta que une os pontos M e N, que corresponde
a distância d entre eles, constitui um vetor e você pode decompô-la seguindo
os três passos que aprendeu anteriormente:

zN
N
d
dz
zM
M
yN N’
yM dy
M’ dx

xM xN
N

Figura 12. Distância entre M e N.


Vetores de força: análise tridimensional 13

Pela Figura 12, você percebe que:


dx = xN – xM
dy = yN – yM
dz = zN – zM

Então você pode calcular a distância usando a relação:

d = √dx2 + dy2 + dz2

Como os pontos M e N estão na linha de ação de F e o vetor unitário u


representa a direção de F, você pode determinar os ângulos que F faz com os
eixos ortogonais pela relação dos cossenos diretores:

d dy d
cos θx = dx cos θy = cos θz = dz
d

Outra situação bastante comum na engenharia é o caso de, em um mesmo ponto A,


termos dois cabos fixados, cada um com sua tração. Nesse caso, para determinar a
força resultante e seus ângulos, você trata as trações independentemente, assim como
feito no exemplo anterior e, depois, calcula a resultante do sistema. Lembre-se que a
resultante de um sistema com “n” forças atuando sobre um determinado ponto, é a
soma das forças que atuam sobre ele, ou seja:
n
Rn = ∑ Fn = F1 + F2 + F3 + ... + Fn
1

Observe o exemplo a seguir:


14 Vetores de força: análise tridimensional

„„ Um cabo de sustentação de uma torre está ancorado por meio de um parafuso


em A. A tração no cabo é 2500N. Determine: a) os componentes Fx, Fy, Fz da força
que atua sobre o parafuso; e b) os ângulos θx, θy, θz que definem a direção da força
(BEER, 2012, p. 52).

80 m 40 m

A
30 m

Para começar, vamos representar a força de tração no cabo (F) e posicionar um


sistema de eixos para orientar nossa análise:

80 m F
40 m
λ
j A
30 m
i x
k

Você pode ver que os pontos A e B estão sobre a linha de ação da força F. Vamos
considerar o vetor unitário u que representa a direção da força. Cabe lembrar que o
sinal de um componente representa o sentido em relação ao eixo.
Vetores de força: análise tridimensional 15

Assim, você deve considerar que a força F tem componente negativo em relação
ao eixo x, pois aponta no sentido contrário do vetor unitário i e positivo em relação
aos demais eixos.
Então: dx = − 40m dy = +80m dz = +30m
Sendo que o módulo do vetor AB, que determina sua distância total, é:

d = √dx2 + dy2 + dz2

Substituindo os valores, você encontra: d = 94,3m.


Conhecendo d, você pode calcular F em função do vetor unitário u, pois:
AB e F = F u, ou seja, podemos escrever
u=
d
AB F
F=F = (d i + dy j + dzk)
d d x

Substituindo os valores, teremos:

2500N
F= [(–40m) i + (+80m) j + (+30m) k]
94,3m

Para simplificar a equação, você resolve a fração e aplica a propriedade distributiva,


obtendo como resultado:

F = − (1060N)i +( 2120N)j + (795N)k

Assim, a resposta ao item (a) é: Fx = − 1060N; Fy = +2120N; Fz = + 795N


Para obter os ângulos solicitados, você calcula:

Fx –1060
cos θx = = = –0,424
F 2500
Fy 2120
cos θy = = = 0,848
F 2500
F 795
cos θz = z = = 0,318
F 2500
θx = cos–1 –0,424 = 115,1°

θy = cos–1 0,848 = 32,0°

θz = cos–1 0,318 = 71,5°

Então, a resposta do item (b) é: θx = 115,1°; θy = 32° e θz = 71,5°


16 Vetores de força: análise tridimensional

„„ Uma seção de um muro de concreto pré-moldado é temporariamente sustentada


pelos cabos mostrados na figura. Sabendo que a tração é 3780N no cabo AB e
5400N no cabo AC, determine a intensidade da resultante das forças exercidas
pelos cabos AB e AC na estaca A (BEER et al., 2012, p. 53).

C
y TAC = (5.400 N) λAC
B
λAC
2,4 m λAB
j 4,8 m
TAB = (3.780 N) λAB
A
k i 3,3 m
z 4,8 m
x

Para determinar as trações em AB e AC, você começa encontrando as componentes


x, y e z da força exercida por cada cabo. Para isso, em primeiro lugar, com base nas
distâncias fornecidas na Figura, vamos escrever os vetores AB e AC em coordenadas
cartesianas:
AB = −(4,8m)i + (2,4m)j + (3,3m)k
AC = −(4,8m)i + (2,4m)j – (4,8m)k
Agora, calculamos seus módulos:

AB = √(–4,8)2 + (2,4)2 + (3,3)2 = 6,3 m


AC = √(–4,8)2 + (2,4)2 + (–4,8)2 = 7,2 m

Vamos calcular os vetores unitários uAB e uAC :

AB –(4,8m) i + (2,4m) j + (3,3m)k


uAB = = = –0,76i + 0,38j + 0,52k
AB 6,3m

AC –(4,8m)i + (2,4m)j + (–4,8m)k


uAC = = = –0,66i + 0,33j + 0,66k
AC 7,2m

Com isso, você pode utilizar a relação a seguir para determinar TAB e TAC :
TAB = TABuAB = 3780N (–0,76i + 0,38j + 0,52k)

TAC = TACuAC = 5400N (–0,66i + 0,33j + 0,66k)

Você vai encontrar:


TAB = − (2872,8N)i + (1436,4N)j + (1965,6N)k e TAC = − (3564N)i + (1782N)j − (3564N)k
Vetores de força: análise tridimensional 17

A resultante, então, será: (soma algébrica dos componentes de cada uma)


R = TAB + TAC = − (6436,8N)i + (3218,4N)j − (1598,4N)k
Agora, a intensidade da resultante pode ser calculada:

R = √Rx2 + Ry2 + Rz2 = √(–6436,8)2 + 3218,42 + (–1598,4)2 = 7371,9N

BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012.
FINOTTI, G. Mecânica geral I. 2014. Disponível em: <http://www.joinville.ifsc.edu.
br/~rubens.hesse/estatica_dinamica/Mecatronica/apostila1_gilson.pdf>. Acesso
em: 21 mar. 2018.
VETORES de força. [201-?]. Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/ufpr2/profes-
sor/49/TE224/Aula%202%20Vetores.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2018.

Leitura recomendada
HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson Pren-
tice Hall, 2011.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 2.1
_2.1_ Dica do professor

Nas análises de situações reais, é fundamental que o engenheiro saiba representar as coordenadas
graficamente, da mesma forma que é imprescindível que ele saiba interpretar um esboço de
determinada situação a ser analisada. Com certeza são muitos detalhes, e grande parte deles recai
sobre a ferramenta vetor.

Na Dica do Professor a seguir, você verá uma maneira simples e prática de lidar com o sentido de
um vetor representado graficamente.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/07a5d49a0293b
47c1aca7bd89c3c32a2

4 min

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_2.1_ Exercícios

1) Observe a figura a seguir. A intensidade da força resultante no ponto A é de:

A) 217 N.

B) 206,6 N.

C) 232,1 N.

D) 40 N.

E) 99 N.
2) Uma força resultante F é designada na forma cartesiana por:

F = (350 N)i + (200 N)j - (125 N)k

A intensidade dessa força está corretamente expressa na alternativa:

A) 422 N.

B) 622 N.

C) 383,2 N.

D) 483,2 N.

E) 178125 N.
3) O vetor de uma força de intensidade 230 N forma, com os eixos cartesianos x, y e z,
respectivamente, ângulos de 40°, 130° e 90°. Esse vetor está escrito corretamente na forma
cartesiana na alternativa:

A) (17602 N)i + (147,8 N)j.

B) (176,2 N)i - (147,8 N)j.

C) (17602 N)i - (147,8 N)j + (230 N)k.

D) (17602 N)i + (147,8 N)j - (230 N)k.

E) (17602 N)i + (147,8 N)j + (230 N)k


4) O muro da figura a seguir está sendo sustentado pelos cabos AB e AC, presos pela estaca A.

Se a tração no cabo AB é de 4500 N e no cabo AC é de 6000 N, a intensidade e a direção da força


resultante sobre a estaca serão de:

A) 10419,8 N, x = 152,12°, y = 66,42° e z = 103,53°.

B) 8389,95 N, x = 44,7°, y = 71° e z = 51,53°.

C) 10419,8 N, x = 44,7°, y = 71° e z = 51,53°.

D) 8389,95 N, x = 103,53°, y = 44,7° e z = 152,12°.

E) 8389,95 N, x = 152,12°, y = 66,42° e z = 103,53°.


5) Na figura a seguir, o cavo BC está sobre uma tensão de 800 N.

O vetor cartesiano e os ângulos diretores que representam a força que atua no ponto C, estão
corretamente representados na alternativa:

A) (392 N)i - (640 N)j + (256 N)k , x = 30°, y = 53° e z = -18,6°.

B) -(392 N)i - (640 N)j - (256 N)k , x = 119,3°, y = 36,9° e z = 108,6°.

C) (389,6 N)i + (649,6 N)j + (260 N)k , x = 30°, y = 53° e z = -18,6°.

D) -(389,6 N)i + (649,6 N)j - (260 N)k , x = 119,14°, y = 35,7° e z = 108,66°.

E) -(392 N)i - (640 N)j + (256 N)k , x = 30°, y = 36,9° e z = 119°.


_2.1_ Na prática
Hoje em dia, quando um engenheiro tem uma ideia brilhante para uma construção inovadora, ele
pode recorrer a ferramentas gráficas em terceira dimensão, tipo o AutoCad, para melhor visualizar
seu projeto. Isso sem contar os outros recursos computacionais que podem auxiliar nos cálculos de
dimensionamento de estruturas. Agora imagine como deve ter sido para o engenheiro projetista
Gustave Eiffel, em pleno século XIX, apresentar sua obra-prima: a Torre Eiffel. Localizada às
margens do Rio Sena, em Paris, a torre foi construída para comemorar os 100 anos da Revolução
Francesa, sendo exibida na Exposição Universal de Paris, em 1889. Quer saber mais sobre essa
construção?

Veja a seguir.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
A Torre Eiffel tem 324 m de altura, pesa 9.547 toneladas, das quais 7.300 são de ferro, uma vez que, para montar
sua estrutura, foram necessárias 18.038 peças de material fundido.

As peças, fabricadas na periferia de Paris, foram produzidas com precisão de décimos de milímetros, para que
pudessem ser encaixadas com perfeição e fixadas com 2 milhões e 500 mil rebites.

O design inovador da obra. sustentada por quatro colunas de treliça que se unificam em direção ao topo, foi
idealizado por Eiffel e seus colaboradores, os engenheiros Emile Nouguier e Maurice Koechlin

Para garantir a sustentação da torre, os operários tiveram que trabalhar abaixo do nível da água do Rio Sena, com
auxílio de um sistema de ar comprimido, que lhes permitiu construir pilares subterrâneos de 200 m3 em aço,
preenchidos com concreto.

O maior desafio nessa construção foram as quatro colunas inclinadas de treliça que compõem a base, pois elas
deveriam se encontrar, com perfeição, aos 57 m no primeiro andar da torre. Imagine fazer isso sem guindastes e
outros equipamentos que hoje temos à disposição? Deve ter sido o maior desafio 3D da época.

A estrutura de treliças foi feita de forma que, ao analisar a distribuição de forças em três dimensões, o
monumento é estático, mesmo sobre as mais diversas condições.

Os cálculos de decomposição de forças resultantes precisaram ser extremamente exatos. Além disso, tirar o
projeto do papel para o Champ de Mars, onde foi construída, exigiu várias manobras estratégicas. Por exemplo,
as bases inclinadas tiveram que ser escoradas com estacas de madeira para sustentar as caixas de areia, nas quais
as peças de ferro eram apoiadas

Para conseguir a inclinação correta das colunas, a areia tinha que ser retirada aos poucos e foi necessário utilizar
quatro macacos hidráulicos, um para cada base, para ajustar a altura de cada coluna de treliça.

Por incrível que pareça, não foi necessário serrar nenhuma peça. Todas se encaixaram perfeitamente,
permitindo que as colunas se encontrassem de forma exata no primeiro andar.

Como na época não havia guindaste de grande porte, cerca de 300 operários trabalharam na obra sobre
andaimes de madeira. Apesar do risco, não se tem relato de nenhum acidente fatal.
_2.1_ Saiba +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

3.ª resolução completa de exercício de somatório de forças em


3D - Parte 1
Assista a primeira parte do vídeo e acompanhe a resolução do exercício envolvendo forças em três
dimensões.
https://youtu.be/LriqZYsOftw

12 min

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3.ª resolução completa de exercício de somatório de forças em


3D - Parte 2
Veja, a seguir, a segunda parte da resolução do exercício.
https://youtu.be/l9uLLN9Nvew

8 min

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3.ª resolução completa de exercício de somatório de forças em


3D - Parte 3
Por fim, veja a terceira e última parte da resolução do exercício envolvendo forças em três
dimensões.
https://youtu.be/VDbtf3dLXdA

6 min

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MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
1.1 - Princípios fundamentais
1.2 - Vetores de Força – análise bidimensional
2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
2.2 - Momento de inércia
3.1 - Torque
3.2 - Equilíbrio e estabilidade
4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Momento de inércia
_2.2_
Apresentação
No estudo do movimento de rotação de um corpo rígido, as características intrínsecas ao corpo e as
características de estado de cada elemento que compõem o sistema são de extrema importância
para a compreensão do movimento. Uma dessas características está relacionada à distribuição de
massa do corpo que vai executar o movimento de rotação. Cada partícula do corpo contribui para
que esse movimento ocorra ou não, e essa contribuição depende diretamente da distância radial de
cada partícula ao eixo de rotação.

A medida dessa contribuição é chamada de momento de inércia. A análise dessa grandeza permite
avaliar a resistência que um corpo oferece à mudança de estado no movimento de rotação. Por
exemplo, quando um atleta de patinação artística executa uma pirueta, ele começa com os braços
abertos e depois encolhe os braços para alterar seu momento de inércia e, com isso, alterar sua
velocidade de giro. O momento de inércia também é muito utilizado em projetos de construção
civil. Ele é um dos parâmetros que o projetista precisa avaliar para manter seu sistema em
equilíbrio, ou seja, analisar a resistência que aquele elemento oferece ao movimento de rotação.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a identificar as características do momento de


inércia e a fazer os cálculos para diversas formas geométricas simples. Você verá também a
aplicação para diferentes tipos de perfis.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar características do momento de inércia de determinada superfície.


• Apresentar as funções que definem o momento de inércia de diversas formas geométricas.
• Reconhecer o momento de inércia de determinados perfis e também da associação de perfis.
_2.2_ Desafio

Volante de inércia é um dispositivo usado na indústria para o armazenamento de energia cinética


de rotação. Ele pode ser acoplado a máquinas rotativas de modo a ajudar a manter o movimento de
rotação, pois resiste a mudanças bruscas de velocidade, por exemplo.

O momento de inércia (I) mede a resistência que o corpo oferece à mudança de estado em um
movimento de rotação; ou seja, quanto maior o momento de inércia, mais difícil será mudar o
estado de rotação. Se o corpo está em repouso, será difícil colocá-lo em movimento, mas, se ele
está girando, será mais difícil freá-lo. Essa grandeza é diretamente proporcional à massa (m) e à
distância radial (r) entre suas partículas e ao eixo de rotação e é representada por

A energia cinética de rotação (K) é diretamente proporcional ao momento de inércia (I ) e à


velocidade angular (ω). Logo, quanto maior o momento de inércia, maior será a energia cinética de
rotação do sistema, sendo encontrado por

Sabendo que uma das funções do volante de inércia é ajudar a manter o movimento de rotação,
armazenando energia cinética, imagine a seguinte situação:
Um motor utilizado para elevação de cargas em vários momentos tem picos de consumo (cargas elevadas). Para
que o movimento de rotação se mantenha estável durante esses picos de consumo, pode-se acoplar ao motor um
volante de inércia.

Observe os volantes de inércia a seguir:

Nesse caso, é necessário considerar que:


Os três volantes têm a mesma massa (m).
Nos três volantes, o eixo de rotação passa pelo centro de massa. Os três volantes estão girando com a mesma
velocidade angular (w).
O volante 1 tem raio igual a 2r.
O volante 2 tem raio igual a r.
O volante 3 tem raio igual a r/2.

Para garantir a estabilidade nos momentos de pico de consumo, é necessário o volante que armazena a maior
quantidade de energia cinética de rotação.
Dessa forma, qual dos três volantes apresentados você escolheria para ser acoplado ao motor?

elm = Volante 1 (maior momento de inércia).

Padrão de resposta esperado

Como a energia cinética de rotação é diretamente proporcional ao momento de inércia, o volante que irá
armazenar a maior quantidade de energia é aquele que tiver o maior momento de inércia.

Como os três volantes têm a mesma massa, o parâmetro que fará diferença no momento de inércia é a distância
radial (r) das partículas do corpo em relação ao eixo de rotação.

O volante que apresenta a maior distância radial é o volante número 1. Logo, ele irá armazenar a maior
quantidade de energia cinética, sendo também a escolha correta para ser acoplado ao motor.
_2.2_ Infográfico

O cálculo do momento de inércia para um corpo rígido envolve a análise do comportamento de um


elemento de massa do corpo estudado. Isso significa avaliar como esse elemento de massa pode
variar a sua posição em relação ao eixo de rotação. Para algumas formas geométricas simples, a
função que descreve o momento de inércia já está tabelada.

Veja, neste Infográfico, algumas dessas geometrias para diferentes posicionamentos do eixo de
rotação.

MOMENTO DE INÉRCIA PARA DIFERENTES GEOMETRIAS


O cálculo do momento de inércia de sistemas físicos e de engenharia é muito útil para manter o sistema em
equilíbrio ou para controlar o movimento de rotação desses sistemas. Em diversos desses sistemas, formas
geométricas simples são identificadas em meio a sistemas complexos. Por isso, o momento de inércia de figuras
geométricas simples costuma ser tabelado.

Veja o momento de inércia de algumas geometrias simples para diferentes posições do eixo de rotação:

UM ANEL FINO

Os anéis abaixo têm raio R, massa m. Seus eixos de rotação estão, respectivamente:
no centro de massa;
no diâmetro central;
na extremidade (paralelamente ao eixo no centro de massa).

UMA HASTE FINA


As hastes abaixo têm comprimento L e massa m. Seus eixos de rotação são paralelos e estão, respectivamente:
no centro de massa;
a uma distância de L/6 do centro de massa;
na extremidade.
UM CILINDRO SÓLIDO

Os cilindros abaixo têm raio R, comprimento L e massa m. Seus eixos de rotação estão, respectivamente:
no centro;
no diâmetro central;
na extremidade (paralelamente ao diâmetro central).

UMA PLACA FINA

As placas abaixo têm massa m, comprimento a e largura b. Seus eixos estão, respectivamente:

no centro de massa, perpendicular à placa;


no centro do comprimento;
na extremidade (paralelamente ao eixo no centro do comprimento).

UMA ESFERA
As esferas abaixo têm raio R e massa m. Os eixos de rotação das duas esferas passam pelo seu centro de massa; A
diferença entre elas é que a primeira esfera é maciça, e a segunda, uma casca fina.
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Infográfico_Aula 2.2 - Momento de inércia
Pleito: Corrigir fórmula de inércia de cilindro.
Justificativa:
_ Tabela com erro na fórmula do cilindro do meio da tabela (ver imagem A abaixo).
Obs.1: Proposta de correção na imagem B abaixo.
Obs.2: Encontrei erros na tabela do livro indicado no Saiba + para haste e cilindro (ver imagem C abaixo)
Obs.3: Ao responder, peço que a Mentoria confirme ou não os erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagens A B C mencionadas:
w-~ lN/m

,._ 6m
-a
Engenharia Mecânica
Estática
Mais de 630 problemas resolvidos
• Explanaçõcs concisas de todos os conceitos
• Inclui triada ortogonal de vetores unjcirios, n.'!iuh:antc de sistema~ de
forças di.'>tribuídas, dos si5tern a~ não coplanan:s de forças, declividade
do diabrr.ama de cort:rnt<..., e declividade do diagrama de momentos

A AJUDA PERFEITA PARA SEUS ESTUDOS!

E. W. Nelson, C.L. Best, W.G. McLean, Merle C. Potter


Engen haria mecânica [recurso eletrônico] : estática I E. W.
Nelson ... [ct al.] ; tradução: Josc Bcnaquc Rubc1t; revisão
técnjca: WaJtcr Libardi. Dados clctrôrucos. Porto Alegre:
Bookman, 2013.
(Coleção Schaum)

Editado também como livro impresso cm 2013.


ISBN 978-85-8260-043-6

E. W. NELSON graduou-se como B.S.M.E. e M.Adm.E. pela NewYork University. Ensi nou Engenharia Mecânica na
Faculdade de Lafayette e, mais tarde, integrou a consultoria em engenharia da Western Electric Company (atualmente
Lucent Technologies). Aposentado, deixou a Western Electric, e atualmente é membro da Sociedade Americana de En-
genharia Mecânica. Detém o título de Professional Engineer e é membro de Tau Beta Pi e Pi Tau Sigma.

CHARLES L. BEST é professor emérito da Faculdade de Engenharia de L1fayette. Graduou-se B.S.M.E. em Princeton,
M.S. em Matemática pelo Instituto Politécnico do Brooklyn e é Ph.D. em Mecânica Aplicada pelo Instituto Politécnico
da Virgínia. É coautor de dois livros de Engenharia Mecânica e de outro de programação em FORTRAN, para estudantes
de engenharia. É membro da Tau Beta Pi.

W. G. McLEAN é diretor emérito da Faculdade de Engenharia de Lafayette. Graduou-se B.S.M.E. pela Faculdade de
Lafayette e Sc.M. pela Brown University. É Eng. D. honorário da Faculdade de Lafayette. É coautor de dois livros em
engenharia mecânica, ex-presidente da Sociedade de Profissionais de Engenharia da Pennsylvania e é participante ativo
nos comitês de normalização e padronização da Sociedade Americana de Engenharia Mecânica. Detém o título de Pro-
fessional Engineer e é membro de Phi Beta Kappa e de Tau Beta Pi.

MERLE C. POTTER graduou-se B.S. e M.S. pela U niversidade Tecnológica de Michigan, B.S. e Ph.D. pela Univer-
sidade de Michigan. É autor de livros em Mecânica dos Fluidos, Termodinâmica, Ciências do Calor, Equações Diferen-
cirus, Matemática Avançada em Engenharia e Resistência dos Materiais, além de revisor técnico de inúmeros cadernos
de exames para engenheiros. Suas pesquisas envolvem estabilidade de escoamento de fluidos e tópicos relacionados à
energia. Além de receber vários prêmios na área do emsino, a ASME o premiou com a Medalha de Ouro James Harry
Potter em 2008. É professor emérito de Engenharia Mecânica na Universidade Estadual de Michigan e continua a escre-
ver e jogar golfe.
Sumário
CAPÍTULO 1 Vetores 1
1.1 Definições
1.2 Adição de vetores 1
1.3 Subtração de vetor 2
1.4 Vetor zero 2
1.5 Composição de vetores 2
1.6 Multiplicação de vetores por escalares 3
1.7 Tríada ortogonal de vetores unitários 3
1.8 Vetor posição 4
1.9 Produto escalar 4
1.1 O O produto vetorial 5
1.11 Cálculo vetorial 6
1.12 Unidades e dimensões 7

CAPÍTULO 2 Operações com Forças 21


2.1 O momento de uma força 21
2.2 O conjugado 22
2.3 O momento de um conjugado 22
2.4 Substituindo uma força 23
2.5 Sistemas de forças coplanares 23
2.6 Notas 23

CAPÍTULO 3 Resultantes dos Sistemas Coplanares de Forças 35


3.1 Forças coplanares 35
3.2 Sistemas concorrentes 35
3.3 Sistemas paralelos 35
3.4 Sistemas não concorrentes e não parale los 36
3.5 Resultantes de sistemas de forças distribuídas 36

CAPÍTULO 4 Resultantes dos Sistemas não Coplanares de Forças 55


4.1 Sistemas de forças não coplanares 55
4.2 Resultantes das forças de um sistema não coplanar 55
4.3 Sistema concorrente 55
4.4 Sistemas paralelos 56
4.5 Sistema não concorrente, não paralelo 56

CAPÍTULO 5 Equilíbrio de Sistemas de Forças Coplanares 67


5.1 Equilíbrio de sistemas de forças coplanares 67
5.2 Elementos de dupla-força 67
5.3 S istemas concorrentes 67
5.4 Sistemas paralelos 68
5.5 Sistemas não concorrentes e não paralelos 68
5.6 Observações - diagramas de corpo livre 69

CAPÍTULO 6 Equilíbrio de Sistemas de Forças não Coplanares 98


6.1 Equilíbrio de sistemas de forças não coplanares 98
6.2 Sistemas concorrentes 98
6.3 Sistema paralelo 98
6.4 Sistemas não concorrentes e não paralelos 99
CAPÍTULO 7 Treliças e Cabos 118
7 .1 Tre liça<> e cabos 118
7 .2 Treliçac; 118
7.3 Cabos 119
CAPÍTULO 8 Esforços em Vigas 139
8.1 Vigas 139
8.2 Tipos de vigas 139
8.3 Cortante e momento 139
8.4 Diag ramas de cortante e mome nto 140
8.5 Declividade do diagrama de cortantes 140
8.6 Variação na cortante 141
8.7 Declividade do diagrama de momentos 141
8.8 Variação no momento 141
CAPÍTULO 9 Atrito 150
9.1 Conceitos gerais 150
9.2 Leis do atrito 15 1
9.3 Macaco de parafuso 15 1
9.4 Correia de atrito e cintas de frei o 152
9.5 Resistência ao rolamento 152
CAPÍTULO 10 Trabalho Virtual 184
10.1 Deslocame nto virtual e trabalho virtual 184
10.2 Equilíbrio 184
10.3 Equilíbrio estável 184
10.4 Equilíbrio inscável 185
10.5 Equilíbrio neutro 185
10.6 Resumo do equilíbrio 186

CAPÍTULO 11 Centroides e Momentos de Primeira Ordem 199


11.1 Centroide de uma seção composta 199
11.2 Centroide de quantidades contínuas 199
11.3 Teorema de Pappus Guldinus 200
11.4 Centro de pressão 201
CAPÍTULO 12 Momentos de Inércia 235
12.1 Momento de inércia de uma área 235
12.2 Momento de inércia polar de uma área 235
12.3 Produto de inércia de uma área 236
12.4 Teorema dos eixos paralelos 236
12.5 Áreas composta~ 237
12.6 Sistemas de eixos rotacionados 237
12.7 Círculo de Mohr 238
12.8 Momento de inércia de massa 238
12.9 Produto de inércia de massa 239
12.10 Teorema dos eixos paralelos para a massa 239
12.1 1 Massa composta 239
APÊNDICE A Unidades em SI 279
APÊNDICE B Momentos de Primeira Ordem e Centroides 283
ÍNDICE 287
Capítulo 12 Momentos de Inércia

12.1 MOMENTO DE INÉRCIA DE UMA ÁREA


O momento de inércia J de um elemento de área em relação a um eixo em seu plano é o produto da área do elemen-
to pelo quadrado de sua distância do eixo. O momento de inércia* é também denominado de momento de segunda
ordem da área.
Na Fig. 12- 1, os momentos de inércia das área<> diferenciais são

dl). = / dA
(12. 1)
dl y =x2 dA

O momento de inércia de uma área é a soma dos momentos de inércia de seus elementos:

l ). = Jl dA
( 12.2)
2
ly = Jx dA

O raio de giração k de uma área com relação a um eixo é definido por

( 12.3)

* O termo "segundo momento" é mais apropriado que "momento de inércia", já que inércia implica em massa. No entanto, é
comum o uso de " momento de inércia" para ambas, áreas e massa<;.

12.2 MOMENTO DE INÉRCIA POLAR DE UMA ÁREA


O mmnento polar de inércia .! de um elemento em relação a um eixo perpendicular a seu plano é o produto da área
do elemento pelo quadrado da distância desse eixo. Isso pode ser imaginado como o momento de segunda ordem
em relação ao eixo z.
Na Fig. 12-1 , o momento polar de inércia da área de um elemento é

dJ = p2 dA = (x2 + y2)dA = dly + dlx (12.4)


y
X dA

Figura 12-1 Elemento de área usado na definição do momento


de segunda ordem de uma área.

O momento polar de inércia de uma área é a soma dos momentos polares de inércia de cada um de seus elementos:

J = Jp2dA ( 12.5)

12.3 PRODUTO DE INÉRCIA DE UMA ÁREA


O produto de inércia de um elemento de área na figura é definido por

dl:q = xydA ( 12.6)

O produto de inércia de uma área é a soma dos produtos de inércia de seus elementos:

IX>.= JxydA ( 12.7)


12.4 TEOREMA DOS EIXOS PARALELOS
O teorema dos eixos paralelos preconiza que o momento axial ou polar de inércia de uma área e m relação a qual-
quer eixo é igual ao momento de inércia l da área em relação a um eixo paralelo que passa pelo centroide da área
mais o produto da área pelo quadrado da distância entre os dois eixos paralelos.
Na Fig. 12-2, x e y são eixos quaisquer por O, e nquanto x' e y' são eixos coplanares e parale los, que passam
pelo centroide C. O teorema dos eixos paralelos estabelece que
- 2
fx = fx • + Ad
- 2
ly = /J . + Ab ( 12.8)

lo=l+Ar2

)'
,.'
b
e t'
d
.\
o

Figura 12-2 Eixos utilizados para aplicação do teorema dos eixos paralelos.
O prodluto de inércia de uma área em relação a qualquer par de eixos é igual ao produto de inércia em relação
aos dois eixos paralelos centroidais mais o produto da área pelas respectivas distâncias entre os eixos paralelos:

fxy = l x 'y ' + Abd (12.9)

onde b e d são as coordenadas de Cem relação aos eixos (x, y) por O, ou as coordenadas de O em relação aos eixos
(x', y') por C. No primeiro caso, de b são positivos; no segundo caso, eles serão negativos. Em ambos os casos,
seus produtos são positivos. Observe a Fig. 12-2.

12.5 ÁREAS COMPOSTAS


O momento axial ou polar de inércia, ou produto de inércia, de uma área composta é a soma dos momentos axiais
ou polares de inércia, ou produtos de inércia, das áreas componentes que formam o todo.
As unidades de qualquer das quantidades anteriores são dadas em potências de quarta ordem do comprimento.
No SI, as unidades são m4 ou mnf. Nas unidades usuais do sistema americano, as mais frequentes são in 4. Ao uti-
lizar mm4 , é conveniente introduzir a potência 10 6 mm4 (especialmente nas tabelas que relacionam essas proprie-
dades em unidades do SI).
Momentos de inércia de áreas frequentemente utilizadas estão relacionadas na Tabela 12.1. Elas podem ser
usadas em determinados problemas.

12.6 SISTEMAS DE EIXOS ROTACIONADOS


Os momentos de inércia de qualquer área em relação a um sistema de eixos rotacionados (x' , y' ) podem expressar-
-se e m termos dos mome ntos e produtos de inércia com relação aos eixos (x, y), conforme o seguinte:

f x• = ! Ux + f y)+ ! Ux - fy) cos 2 9 - IX)' sen 29


/>' = !Ux + fy) - ~Ux - fy) cos 29 + l.1y sen 29 ( 12. 10)
l,r y' = iUx - fy) sen 29 + / ry cos 28

onde ly = momentos de inércia e m relação aos eixos (x, y)


f x;
fx·, ly' = momentos de inércia e m relação aos eixos (x', y'), que tê m a mesma origem que os eixos (x, y), mas
estão rotacionados de um ângulo e
fxy = produto de inércia com relação aos eixos (x, y)
fx'y' = produto de inércia com relação aos e ixos (x', y')
Para tmm demonstração disso, veja o Problema 12.21.
Momentos de inércia extremos de qualquer área ocorrem em relação a eixos principais: um conjunto particular
de eixos (x',y') para o qual 28' = tg- 1 [- 21xy/ (/x - fy)]:

Ux )max = 4Ux + fy) ± /!U.. - l y)2 + 1;,,


(12.ll )
(fy )max =4(/x +ly) + /!(Ix -I).)2 + f}y
Para detalhes, considere o Problema 12.22.

12.7 CÍRCULO DE MOHR


O círculo de Mohr é um mecanismo que torna desnecessário memorizar fórmulas associadas à rotação de eixos.
Observe os Problemas "12.23 e 12.24.

12.8 MOMENTO DE INÉRCIA DE MASSA


O momento de inércia de mn elemento de massa é o produto da massa desse elemento pelo quadrado da distância
do elemento ao eixo de referência. O momento de inércia de uma massa é a soma dos momentos axiais de todos os
seus elementos. Portanto, para uma massa da qual dm é um de seus elementos com coordenadas (x, y, z), valem a:s
seguintes definições (ver Fig. 12-3):

lx = J(y2 + z2 )dm
fy = J(x2 + z2 )dm (12.12)

lz = J(x2 + / )dm

onde lx, ly, 4. = momentos de inércia axiais (oom relação aos x, y e z, respectivamente).
Para.uma placa fina essencial mente contida no plano xy, aplicam-se as seguintes relações:

lx = Jy2dm

fy = Jx2 dm (12.13)

lo = Jp2 dm = J(x2 + y2) dm = lx + />'


onde lx, fy = momentos de inércia axiais em relação aos eixos x e y, respectivamente, e .lo = momento de inércia
axial em relação ao eixo z.

dm

y
dm
1,---~
I
I \

''

z
Figura 12-3 Elemento de massa utilizado para o Figura 12-4 Elemento de massa utilizado para o
momento de inércia de massa. produto de inércia de massa.
O raio de giração k de um corpo com relação a um eixo é

k=!f (12.14)

isto é, a raiz quadrada do quociente de seu momento de inércia dividido pela massa.

112.9 PRODUTO DE INÉRCIA DE MASSA

O produto de inércia de uma massa é a soma dos produtos de inércia de seus elementos (observe a Fig. 12-4):

lxy = fxy dm (12.15)

O produto de inércia é zero se um dos eixos de referência, ou ambos, for um eixo de simetria.

12.1 O TEOREMA DOS EIXOS PARALELOS PARA A MASSA

O teorema dos eixos _paralelos estabelece que o momento de inércia de um corpo em relação a wn eixo é igual ao
momento de inércia l em relação a um eixo paralelo que passa pelo centro de gravidade do corpo mais o produto
da massa do corpo pelo quadrado da distância entre os dois eixos paralelos (considere a Fig. 12-2):

lx = l-x + md2 (12.16)


- 2
1, = l y + mb

12.11 MASSA COMPOSTA


Os momentos de inércia, ou produtos de inércia, de uma massa composta, com relação a um eixo, é a soma dos
momentos de inércia, ou produtos de inércia, dos componentes da massa, com relação aos mesmos eixos.
As unidades de todos os momentos anteriores envolvem unidades de massa e o quadrado dos comprimentos.
No SI, as unidades são kg· m2 . Nas unidades usuais do sistema americano, as unidades são lb-sec2 -ft.
Momentos centroidais de inércia de massa para algumas formas são relacionadas na Tabela 12-2 com referên-
cia aos problemas nos quais os resultados são obtidos.

Problemas Resolvidos

12.1 Determine o momento de inércia do retângulo de base h e altura h em relação a um eixo centroidal paralelo
à base. Considere a Fig. 12-5.

Solução
Escol ha um elemento de área dA paralelo à base e a uma distância y do eixo centroidal x conforme mostra a Fig. 12-6:

- 2 " f2 2 l 3
l.x = l = y dA = y b dy = - bh
J J
-hi2 12

H rH
x- ------:l p=------->:
l__b dA = bdy ]
h

Figura 12-5 Figura 12-6


Tabela 12.1 Momentos de inércia de áreas
ou MOMENTOS DE SEGUNDA ORDEM DE ÁREAS

FIGURA ÁREA E MOMENTO FIGURA ÁREA E MOMENTO

RETÂ GULO A = bh. TRIÂNGULO A = ~bh

lx = &_ bh3 lx =* b'13

_,___-+-e--+~ = }bli3 l b = ,~b'1


3
lb

._____,_ti
b

RETÂNGULO VAZADO A = BH-bh ELIPSE A= 7TGb

1, = fi. BH 3 - bh 3)
-a- lx = !7Tab3

e
- ...... H
X
h

b
8

CÍRCULO A = 'TT,:Z SEMIELIPSE A= !7Tab


I~ -
- l47Tr 4 fx = O,l l ab 3

SEMICÍRCULO A= ! 7Tr2 QUARTO DE ClÍ:RCULO A= !m-2


4
lx = O, l l r lx = 0,055r4

12.2 Determine o momento de inércia do retângulo no Problema 12.1 com relação a sua base. Considere a Fig.
12-7.

Solução

~
dy

h- ]I
1

dA•bdJ

_j_ X

Figura 12-7
Tabela 12.2 Momentos centroidais de inércia de massas

PROBLEMA FIGURA NOME 1.. fy 1,


y .l. m /2
12.26 Barrn esbelta f m/2 12

12.28 Paralelepípedo ri m(a2 + b2) ri m(a2 + c2) ri m(b 2 + c2)


retangular
X

12.29 Disco circular lmR2


2
fino

12.32 Cilindro circular i1, m(3R2 + h2 ) ! m(3R2 + h2 )


12.33 reto

y
12.34 Esfera i5 mR2 'l.5 mR2

12.36 Cone circular 3 mR2



reto

12.3 Determine o momento de inércia de um retângulo em relação a sua base utilizando o teorema dos eixos
paralelos. Veja a Fig. 12-8. Considere conhecidos os resultados do Problema 12.1.

Solução

Figura 12-8
12.4 Determine o momento de inércia de um triângulo de base b e altura h em relação ao eixo centroidal paralelo
a sua base. Considere a Fig. 12-9 e a Tabela 12. 1.

Solução

!,,,,, = y2 dA = 21t/3 J 2Ji/3 b (2 )


y2- - li - y dy = -bh3
1
J J h/3
y2z dy =
h/3 h 3 36

já que, por semelhança de triângulos,

b z ou z= ~ (~h-y)
;; = ~,, - y
" 3

b ~ 1

Figura 12-9

12.5 Determine o momento de inércia de um triângulo de base b e altura h em relação à base. Observe a Figura
12- JO.

Solução

= Jy2 dA = , Jhb - y)dy = -bh


1
Íolz dy = oy2-(h
3
Im,,
h 12

já que, por semelhança de triângulos,

z b
ou
b
z = -(h-y)
h - )' h h

r
. rs
, IT.
I· b -1
Figura 12-10

12.6 Conhecendo os resultados do Problema 12.5 (um problema de integração comparativamente mais simples),
encontre o momento de inércia do triângulo em relação ao seu eixo centroidal paralelo à base. Veja a Fig.
12-11.

Solução
Esta é uma aplicação na forma inversa do teorema dos eixos paralelos ( 12.8):
2 2
i =I nin
- A ( -l h)
3
= -bh
1 3-
12
(1- bli ) ( -bh
2
] )
3
= -bh
l
36
3

----->~
b

·I
Fi~ura 12-11
12.7 Determine o momento de inércia de um círculo de raio r em relação ao seu diâmetro. Cons.idere a Fig. 12-12.

Solução

fx = f/dA = 2 J>2(2xdy) = 4 J>\/r2 - y2 dy

Observe que essa in tegral poderia ter sido avaliada entre - r e r em vez de mu ltiplicar por do is a integração entre Oe r.
Isso é adm issível porque o momento de inércia das duas metades em relação ao diâmetro é igual ao momento de inércia
do todo.

Figura 12-12

12.8 Determine o momento de inércia do círculo de raio r em relação ao diâmetro usando a área diferencial dA
mostrnda na Fig. 12-13.

Solução

onde y = p sen f) e dA = p dp df). Então,

Este problema ilustra o cálculo do momento de inércia partindo de uma escolha diferente de elemento de área.

dA = pdpd()

Figura 12-1 3

12.9 Determine o momento polar de inércia para um círculo de raio r em relação a um eixo por seu centro e per-
pendicular ao plano que contém esse círculo. Considere a Fig. 12- E4.

Solução
Escolha a área diferencial em forma anelar wm raio p e espessura dp. Ass im, dA será igual à circunferência 2;rp vezes
a espessura dp:
este ponto, é possível derivar o valor do momento de inércia axial em relação ao diâmetro. Uma vez que

1- 1 4
J = 1. + 1, e :. fx = 2 J = 4 7rr

)'

Figura 12-14

12.10 De te rmi ne os mome ntos de inércia fx , fy e J para a elipse mostrada na Fig. 12- 15.

Solução

fx = Jy2 dA = J:by(2.x dy)


onde2 / a 2 + j / b 2 = 1 ou x =(ai b)Jb2 - y2 . Então, (uma tabela de integrais pode ser útil)

fx = [ ' J(2a / b)Jb2 - )(1. dy


-b

Uma integração análoga levaria a

Então,
- l , ,
J = f., + ly = 4 7rab(a· + bº)

dy
M=h~~~·t2Z:zzzZZZ:Z225~=i~
y

Figura 12-15

12.11 Determine o momento de inércia da seção T mostrada na Fig. 12-l 6 em relação ao eixo centroidal paralelo
à base.

Solução
O primeiro passo é calcular a posição do centroide C usando os do is retângulos mostrados. Assim,

_= y1A1 + y2A2 = 10800 x 30 + 7200 x 120 = 66 mm


y A 1+A 2 180x60 + 60x120

Em seguida, determine I para cada retângulo em relação aos seus próprios eixos centroidais paralelos as suas bases
utilizando/ = fibh3:
1
11 = 12 (180)(603) = 3,24 x 106 mm4

/2 = /2 (60)(1203) = 8,64 x 106 mm4


o passo final é o transporte dos eixos centroidais de cada subdivisão para o eixo que passa por e para detem1inar j parn
a área total. Pelo teorema dos eixos paralelos (d1 = 36 mm; d2 = 54 mm),

i= (/1 + A1df ) + (/2 +A2di ) = (3.24 X 106 + 10800 X 362 ) + (8,64 X 106 +7200 X 542 )
= 46,9 x 106 mm4

60mm

Az
-.,---
120mm

IB
di
)i -60 mm _ _L_..!.:_l_--1..=:::::;-l,;--r

Y1 A1
t 180 mm

Figura 12-16

12.12 Determine o momento de inércia e m relação a um eixo centroidal paralelo à base da área composta mostra-
da na Fig. 12-1 7.

Solução
O primeiro pa'iso é determinar a localização do centroide da área composta. Suponha que Tseja a área retan&'U lar supe-
rior, B a área re tangular inferior e C a área circular. Usando a base como reta de referência, temos

- Ar.YT + As.Ya - Ac.Yc


y=
Ar + An - Ac
= (100 x 100)( 150) + (200 X 100)(50) - [7T(60)2/ 4)(150) = , mm
76 4
(100 X 100) + 200 X 1.00 - 7i(602) / 4

A distância d,. do centroide da área superior ao centroide comum é

150 - 76,4 = 73,6 mm

Analogamente,

dB = 76,4 - 50 = 26,4 mm e de= 150 - 76,4 = 73,6 mm

Os valores de I para cada componente de área em relação ao seu próprio eixo centroidal parale lo à base da área com-
posta são os seguintes:

1 1
Ir = 12brh~. = 12(100)(100)3 = 8,33 x 106 mm 4

1 1 4
l n = T2.bnh1 = !2(200)(100)3 = 16,67 x 10 6 mm

1 l
Ic = 47TY4 = 47T (30)4 = 0,64 x 10 mm
6 4

Finalmente, util izando o teorema dos e ixos paralelos,

1 = Ch + Ard}) + UB + ABd~) - Uc + Acd~)


= (8 ,33 X 106 + (100)(100)(73,6)2) + (16,67 X 106 + (200 X 100)(26,4)2]

- [0,64 x 106 + 7T 302 (73,6)2 ] = 77, l x 106 mm 4

5'=76,4 mm

Fii:iura 12-17
12.13 Determine o momento de inércia para o canal mostrado na Fig. l 2-18 em relação ao eixo centroidal paralelo
à base h .

Solução
Neste caso, o eixo centroidal está, por simetria, à meia altura acima da base. Considere que o canal é formado por um
retângulo de base b e altura h do qual subtraíram-se dois triângulos de altura te base a e um retângulo de base a e altura
2d. Observe a Fig. 12- 19.
Para determ inar!,, para o canal, subtraia o l.rdos triângu los e do retângulo menor daquele l x do retângulo maior. Isto é,

IX =li - (h + /3 + /4) (1)

Então, usando a Tabela 12.1 e o teorema dos eixos paralelos,

Finalmente, a equação (1) fornece

l 3 2 2 .2 1 .1 2 3
l =-bh - atd - - ard - - ar - - ad
X 12 3 6 3
É óbvio que esse resultado resultará numérico quando valores forem atribuídos às dimensões.

J_
d a
lt

-·~·~· ·~·~· ·~·~· ·- x

..
, .,___ _ b _ _ _. ..,

'
Figu ra 12-18

T CD
1-a-1

~ ~
1-b~
Fígura 12-19

12.14 Uma coluna é construída com pranchas de 40 mm de espessura, conforme mostrado na Fig. 12-20. Deter-
mine o momento de inércia em relação ao eixo centroidal paralelo a um lado.
Solução
A localização do ccntroide no ponto médio é feita por inspeção. Para determinar i, apena~ é necessário dobrar o soma-
tório dos momentos axiais da~ áreas 1 e 2 em relação a uma reta que passa pelo ponto médio.
1 1
/1 = 12b1hf = 3
12(40)(160 ) = 13,65 X
6
10 mm
4

1 1
lz=
12 b2h~ + A2di =
12
(80)(403)+3200x602 = ll ,95x J06 mm~

1 = 2(13,65 + 11.95) x 106 = 51,2 x 106 mm4


Outra técnica simples é subtrair Ido quadrado interno de I para o quadr..ido externo, ambos em relação a um eixo que
passa pelo ponto médio e paralelo a um lado:

t
dz
t
160cm

~160cm~
Figura 12-20

12.15 Determine o momento de inércia em relação ao eixo centroidal horizontal da seção Z mostrada na Fig. 12-
21. Qual é o raio de giração?

Solução
O eixo centroidal é um eixo de simetria, neste caso. O momento de inércia i é, então, igual à soma dos momentos de
segunda ordem da área 2 mais duas vezes o da área 1:

A = (162)(12) + 2(75 X 12) = 3,74 X 103 mm2


1 3 2 1 3 2 6 4
11 = U b 1h 1 +A 1d 1 = (75)(12) + (75 X 12)(75) = 5,07 X 10 mm
12
l l
h = T2 b2h~ = !2 (12)(162)3 = 4,25 x 106 mm4
i = 2/i + li = 14,4 x 106 mm4

[j 14,4 X 106
k = Y"A = 3,74 x J03 = 62,1 mm
12mm

e T J50mm

12mm

t
12 nun -

Figura 12-21
12.16 Qual é o produto de inérc ia em relação a dois lados adjacentes de um retângulo de base b e altw-a h'!

Solução
Confom1e mostr.ido na Fig. l 2-22(a), os eixos x e y estão orientados em relação a lados adjacentes. Denote o produto
de inércia por lxy. Então

lxy =
Jxy dA = fo
hJb
o xy d.x dy = [I2 ]b
x2o[I
2 y2 ]'o=
' 4 J b2112

Em seguida, escolha o ei xo y como lado di reito do retângu lo [veja Fig. 12-22(/J)]. Então

Isso indica que o produto de inércia pode ser posi tivo ou negativo, clepenclenclo ela localização ela área em relação aos eixos.

dA = dxtly )

~.~- .l
(a) (b)

Figura 12-22

12.17 Determine o produto de inércia em relação ao eixo centroidal paralelo aos lados de um retângulo de base b
e altw-a h.
Solução
A Fig. 12-23 mostra que os limites de in tegração x' são ele -b/2 a b/2. Os limi tes ele integrnção y' são ele -h/2 a /t/2.
Assim,

f~y' = 12
Jx'y' dA = [- lr/ 2
Jb/2x'y dx' dy' = J"f2
- b/ 2 - h/2
[I (b)2
y' - -
2 2
(b)2]dy' = O
- -1 -
2 2

Isso também poderia ser deduzido a partir do resultado do Problema 12.16, usando o teorema dos ei xos parnlelos para
o produto de inércia:

)~

onde 'hb e h h são as distâncias perpendiculares entre os eixos x, y ex' , y' :


1 )' - x' -

Ir >' = !b h
2 2
-bhGb)G1i) =0

y'

------------r>---~x'

~---+----+---X

- _!_ b
2

Figura 12-23
12.18 Determine o produto de inércia com relação à base e à altura de um triângulo retângulo. Considere a Fig.
12-24.

Solução
Por defin ição,

/-'>=
J"J"xydxdy
0 0

O limite superior da variável de integração x depende de y . Portan to, ela deve ser avaliada a partir da equação da reta
inclinada, que é
li b
y =- - x+h ou X = - - (y- h)
b h

T,.., = o o
h[ (b/l1){y- h)
xydxdy = o 2x2
J" [
1 J - (b/h)()"- h) b2
ydy = o 2h2 (y2
J'' -
1
2yh + h2)ydy = 24 b2h2
J
y

dA=dxdy

,, X

)'

! - X

~b~
Figura 12-24

12.19 Determine o produto de inércia com relação ao raio de contorno de um quadrante de um círculo de raio r.
Utilize (a) o elemento de área mostrado na Fig. 12-25 e (b) o elemento de área mostrado na Fig. 12-26.

Solução
(a) Pela defin ição,

r Jr
= o oxydxdy
f xy
J
A in tegral dup la sign ifica um somatório, em primeiro lugar, em relação à variável x, que depende de y de acordo
com a equação i2 +y2 = ?. Substituindo,

(b) Igualmente,

JJxy dA = J: .[' p (cos O)p (scn O)p dp dO


2
Íxy =
)' )'

dA = dxdy

Figura 12-25 Figura 12-26

12.20 No Problema 12.19, determine o produto de inércia para um quadrante de círculo de raio r igual a 50 mm.

Solução

1 4
lx)• =Sr = g1(50)4 = 7,81 X 10 mm
5 4

12.21 Mostre que os momentos de inércia de uma área em relação a um conjunto de eixos rotacionado (x' , y ')
pode ser expresso da seguinte forma:
1 1
lx' = 2(/x + ly) + 2Ux - ly) cos 20 - lxy sen 20

1 1
ly' = 2(/x + ly) - 2Ux - ly) cos 20 + lxy sen 20

I A'y' = ~ Ox - ly) sen 20 + IAy cos 20

onde l x, l y = momentos de inércia em relação aos eixos (x, y)


lx', f y' = momentos de inércia em relação aos eixos (x', y' )
fxy = produto de inércia em relação aos eixos (x, y)
ix'y' = produto de inércia em relação aos eixos (x' , y')

Solução
A Figura 12-27 indica um elemento de área dA. Por definição,

/>, = Jx12 dA , 1,-t = Jx'y' dA ( 1)

Mas, na fig urn, x' = X cose + y sen e e y' = - X sen e + y cos e. Elevando ao quadrado,

x' 2 =i cos2 e+ 2xy cose sen fJ + y 2 sen 2 fJ


y' 2 = ~ sen2 e - 2xy sen fl cos () + y 2 cos 2 ()

Também,

x' y' = -x2 cos 8 sen (:} - xy sen 2 B + xy co.J- B + y2 cos 8 sen B
Substituindo na equação ( 1),

1.,, = Jx2 sen 2


8 dA - Jxy scn 28 dA + Jy2 cos 2
8 dA

11 = Jx2 cos2 8 dA + Jxy sen 20 dA + Jl 2


sen 8 dA

1,.,1 = J -x2 cos Oscn O<IA + Jl scn Ocos OdA + Jxy(cos 2 O- sen 2 0) dA

Uma vez que a integração sobre a área é independente de O, as eq uações acima podem ser escritas (usando fx = J ydA,
11 = J
X: dA e f xy= Jxy dA) como
1,., = 11 sen 2 () - Iry scn 20 + !,. cos2 9
ly = 11 cos2 8 + ! ,>' sen 28 + f x sen2 8
J
l.r>' =
2(/.. - l>.) sen 29 + lxy cos 29

i
Util izando cos2 8 = ( 1 + cos 28) e sert 8 = i (1 - cos 20), obtemos, finalmente,
1 1
'" = 2 (1,. + !,) + 2(1, - 1,) cos 29 - Íxy sen 29

1 1
ly = 2 (1,. + l>)-2(1" - /J)cos20+ lxySen29

l <'>' = 2J (/, - !,) sen 20 + !,> cos 20

-·-·-·-·
\_..

Figura 12-27

12.22 Determine os valores de fx' e l y' no Problema 12.21 em relação aos eixos principais, sistema de eixos gUJe
produz valores máximos ou mínimos de/.

Solução
Para determinar o valor de 8 que torna l x· um máx imo, derive a expressão de lx' em relação a 8 e iguale a expressão
resultante a zero. Assim,
dl,,, 1 21
d O = 2(/,, - ly)(-2 sen 20) - lxy(2 cos 20) = O ou tg 2 0' = - •')
1;, - ly

O valor O' é o valor de 8 que faz com que /.r' seja um máximo (ou mín imo). É necessário avaliar sen 20' ecos 28'; isso
é mais facilmente feito wnsider.mdo a Fig. 12-28. Ass im,
21,y
cos 29' = + -;:::==' ·· =====
- ly sen 28' = + ·2
- Jux- 11 ) 2 + 4fi,, Jux- ly) + 4fi,,
Substituindo esses valores e simplificando, obtemos

Derivando a expressão de ll com relação a 8, podemos observar que o mesmo valor de O' faz ly' um máximo (ou
mínimo). Substituindo os valores de sen 2JJ' ecos 28', obtemos

Uma vez que ly' tem um sinal de menos antes da rcliz pam valores de ()' que fornecem um sinal de mais antes da
raiz no cálculo de l.r· , podemos concluir afim1ando que, com relação aos eixos principais (x' , y' ), um valor, por exemplo,
lx·, é um máximo enquanto o outro valor, Í f, é um mínimo. Observe ainda que, para esse valor particular de (J' (eixos
principais),

Figura 12-28

12.23 Dados !.., I 1 e lxy de uma área em relação aos eixos (x, y), determine graficamente, utilizando o Círculo de
Mohr, os valores de 1;,, l y' e I x' y' para um siste ma de eixos (x', y') rotacio nado no sentido m1ti-horário de um
â ng ulo e com relação aos eixos (x, y) .

Produtos de
inércia

.I'

(a) (b)

Figura 12-29

Solução
A Figura 12-29(a) mostra a orientação dos eixos. Na Fig. 12-29(/J), há um conjunto de retas ortogonais. Qualquer mo-
mento de inércia l se localizará à direita do eixo vertical. Qualquer produto de inércia se localizará acima ou abaixo do
eixo horizontal.
Considere que I x > I1 e lxy positivo. Posicione o ponto X de coordenadas (Jx, IX>) e o ponto Y de coordenadas (1,.
- lxy). Desenhe o segmento de reta XYque cruza o eixo horizontal em C confonne mostrado. Desenhe uma circunfe-
rência com centro em C e contendo os pontos X e Y (veja a Fig. 12-29(/J)).
Em seguida, desenhe uma reta fonnando um ângulo igual a 28 a partir do segmento de reta XY no sentido anti-
-horá rio. As coordenadas de X' e Y' são os valores de 1..., Iy' e Íx·y• (veja a Fig. 12-30).
Esses valores podem ser verificados da seguinte forma: Desenhe retas verticais XA e YB, a distância BC = CA =
'h(r, - 11 ) . A distância XA é lxy O raio da circunferência CX é a hipotenusa do triângulo retângulo ACX, assim como
qualquer mio será igual a j[!<fx - 11 )]
2
+ l},.
Agora a coordenada l de X' é igual à distância de O até o centro tux+ l) mais a projeção de CX' na horizontal.
CX' (o r.iio) forma um ângulo (28 + 20') com o eixo horizontal de/. O ângulo 28' do Problema 12.22 é o ângulo que
toma lx· um máx imo:

Projeção de ex' = ~
[ Ux - ly) r + Ii (cos(20 + 20 ) ]
1

= [ r
~ Ux- l y) + 1.; [cos 28 cos 28' - sen 28 sen 28'] (1)

Substituindo,
1
e'• - Ux - l y)
2
cos 28
'
= - = --;:========
/'t
e sen 28' = A
__X = --;:===l= xy====
ex
ux- Iy)]2+ I~
2
ex [1
2 Gux- fy)J + !~
na equação (1) e simplificando, encontrnmos

Projeção de ex' = ~ (l x - Iy) cos 28 - fxy sen 2 8

Assim,
1 1
Ir = 2(lx + ly) + 2Ux - ly) COS 28 - IX) sen 28

Analogamente

Observe que o máxi mo l ocorre na extremidade da direita do diâmetro horizontal do círcul o cujo valor é igual à distân-
cia do centro mais o mio. Assim,

O valor mínimo estará na extremidade esquerda desse diâmetro e é

Produtos de
inércia

Figura 12-30
12.24 Determine os momentos de inércia centroidais principais para a cantoneira de abas desiguais mostrada na
Fig. 12-31.

26,9mm
B
J60 mm
e
---•~ 43, I mm
----~--'-- X

'-+--~ ~
1-+-- ... A --1--~~
----~-~ -~..._- x"
._ 20mm
36,9mm

120 mm

Figura 12-31

Solução
Primeiro determi ne a localização do centroide da cantoneira usando os eixos (x ", y") conforme mostrado. A cantoneira
é dividida nas partes A (20 x 100) e B (20 x 160):
_
11
_ 2000 X 70- 3200 X JO _
X - 100 X 20 - 160 X 20 - 33 , 1 mm
_
11
_ 2000 X J0 ~ 3200 X 80 _
y - 100 x 20 - 160 x 20 - 53 ' 1 mm

Em seguida., desenhe os eixos (x, y) pelo centroide C cujas coordenadas foram determi nadas. Então determine lxe 11
pela trnnslação dos eixos centroidais par.ilelos de A e B:

1~ (100)(20 + 2000(43, 12 ) + 1~ (20)(1603) + 3200(26,9) 2 =


3
!, = ) 12,92 x 106 mm 4

1, = ~ (20)( 100
1
1
3
) + 2000(36,92 ) + 12
( 160)(203 ) + 3200(23, 1)2 = 6,20 x 10 6 mm4

Parn determinar os momentos principais de inércia, deve-se determinar o valor do produto de inércia lxy· Este também
deve ser transladado a partir dos eixos centroidais paralelos de A e B, considerando-se que os produtos de inércia em
relação aos eixos centroidais de A e B são ambos nulos, porque esses eixos centroidais são também eixos de simetria.
Assim, em termos das distâncias de translação, o valor de lxy converte-se em

IA)' = o+ ( 160 X 20)(- 23, 1)(26,9) +o+ (100 X 20)(36,9)(- 43, 1) = - 5, 17 X lo'' mm 4

Observação: Os sinais das distâncias de translação são importantes na detem1inação do produto de inércia. Na
equação acima, os valores 36,9 e -43, 1 são as coordenadas do centroide de A em relação aos eixos (x, y). Da mesma
forma, os valores -23, 1 e 26,9 são as coordenadas do centroide de Bem relação aos eixos (x, y).
A análise via Círculo de Mohr será usada para determinar os valores dos momentos principais e seus eixos. Os
pontos X e Y são posicionados conforme mostrado na Fig. 12-32. Então, utilizando .xy como diâmetro, desenhe o círculo.
A distância até o centro do círculo é tU
x+ I 1) = 9,56, e o raio do círculo é.J3.362 + 5, 172 = 6, 17. Assim,
f,nãx = (9,56+6, 17) x 1Ó'= 15,73 x 10 6 mm4

e ocorre no sentido horário, a contar do eixo vertical um ângulo 8 1 definido por e• = Í tg(5, 17/3,36) = 28,5°. O valor
mínimo de / é

/ min = (9,56 - 6, 17) x 106 = 3,39 x 1<1• mm4

e está localizado no sentido horário, a conta r do eixo horizontal, conforme mostrado na Fig. 12-33.
y
,. i --_9_.5_6_ __ _ _ 13,36

~ 1

"
-o
o"'
'5
'8
i>:
Momentos
de inércia
01----t---------~->--+---~

Figura 12-32 Figura 12-33

12.25 Calcule os momentos principais de iné rcia para a cantoneira de abas iguais em relação ao seu centroide.
Considere a Fig. 12-34.

25mm - - j

y - B
F--
-

125 mm

l_
25mm IA
e
- - J_:
fl· 125mm ·I
Figura 12-34

Solução
Primeiro determine a posição do centroide da cantoneira, a qual se divide em duas áreas, A e 8:

x" = -(25)(125)(125/ 2) - (25)(100)(25/2) = _40 3 mm


(25)( 125) + (25)( 100) •
_,, - +(25)( 125)(25/2) + (25)( 100)(75) - +40 3
Y - 5625 - ' mm

O centroide está 40,3 mm acima da base e 40,3 mm para a esquerda de seu lado direito.
Em seguida, determine os valores de Í.r• ~e 1.ry para os eixos (x, y) que passam pelo centroide da área total. Isso é
feito trnnspo1tando-se cada valor relativo aos centroides individuais da-; partes A e B:

1~ ( 125)(25)
lx = 3 + 1 25 x 25(40,3 - 12,5)2+ / (25)(100)3 +25 x 100(75 - 40,3)2 = 7,67 x J06 mm4
2

lv = 1~ (25)(125)3 + 25 X 125(62,5 - 40.3)2 + 1~ (100)(25)3 + 100 X 25(40,3 - 12,5)2 = 7,67 X


4
106 mm

O segundo resultado confirma o primeiro; eles devem ser iguais para a cantoneirn de abas iguais. Então,

l.ry = O+ (125)(25)(+22,2)(+27,8) +O+ (100)(25)(- 27,8)(- 34,7) = 4,34 x 106 mm4

Utilizando a construção do c írculo de Mohr com o ponto X de coordenadas l.r e lxy• isto é, 7 ,67 x 1(1> e 4,34 x 1CY>, e
com o ponto Y de coordenada'i ~e - l.ry, isto é, 7,67 x 106 e - 4,34 x JO<>, é evidente que o raio é 4,34 x 10 6• Veja a
Fig. 12.35. Assim,

,máx = 7,67 X lcf' + 4,34 X 10 6 = 12,0 X lcf' mm4

I.nrn = 7,67 x Jcf' - 4,34 x lcf' = 3,33 x 106 mm 4

Os eixos principais são 2fJ = 90º no círculo de Mohr ou 45º na situação real. O valor máximo no círculo de Mohr
é no sentido horário a partir do ponto X. Assi114 na situação real, isto corresponde a um giro horário de 45°, a contar do
eixo x. Analogamente, o valor núnfo10 está a 90° no sentido horário, a contar do ponto Y, e na situação real corresponde
a um giro de 45° no sentido horário, a contar do eixo y, conforme mostrado na Fig. 12-36.
Produtos
d e inérc ia

---/míx--~l X(? ,67 , 4,34)

90º Momentos
~----+-------e-----+--de inércia

Y(1,61, -4,34)

Figura 12-35 Figura 12-36

12.26 Derive a expressão do momento de iné rc ia de massa em relação ao e ixo centroidal perpendicular à barra
de comprimento L, massa m e seção transversal peque na, conforme mostrado na Fig. 12-37 . Determine seu
raio de giração.

Solução
f
Por definição, 11 = x2dm. No e ntanto, dm é a massa de uma porção da barrn com comprime nto dx. S ua massa dm é
dx / Lda massa total m, isto é, (dx / L)m = dm .
Assim,
L/2 111 J
11 = x2 dx = ml 2
J- L/2 l 12

O raio de giração

k-
-
ffe - .!:_
~TI/ - v'f2

I· • •
·I
Figura 12-37

12.27 Derive a expressão para o mo me nto de inérc ia de massa de uma barra e m relação a um eixo que passa por
uma extre midade e é pe rpendicular a essa barra, cujo comprimento é L. Admita que a massa é m e que a
seção transversal é peque na se comparada ao comprime nto. Considere a Fig. 12-38.

Solução
Assim como no Problema l 2.26, escreva

= ~ = JLx 2 -m dx = -) mL-
J
?
lv r dm
, o l 3

O mesmo resul tado poderia ser obtido pelo uso do teorema dos eixos parnlelos com o resultado do Problema 12.26:
2
IE= l- + m ( -' l ) = 1- ml2 +-1 ml2 =-l ml 2
2 12 4 3

dm

Ei::::======::::::i~==============::::i..- x

-x-,l ~dx
Figura 12-38
12.28 Qual é o momento de inércia de massa em relação ao eixo centroidal perpendicular à face retangular de um
paralelepípedo (bloco)?

Solução
Conforme pode ser observado na F ig. 12-39, o momento de inércia do bloco em relação ao eixo z é igual à soma de uma
série de placas finas, cada uma wm espessura dz, seção transversal b por e e massa dm.
Primeiro determine /z para uma placa fina de seção transversal b por e, espessura dz e massa dm (veja a Fig.
12-40) . Uma vez que lz = 1;+ I'1 , encontre 1; + !~ para obter o resultado. Contudo, /~ realmente é a soma dos mo-
mentos centroidais de uma série de barras de massa dm' com seção transversal desprezível (dx' por dz) e altura b.
De acordo com o Problema 12.26, isto pode ser escrito como

!' = J'2_ dm' b 2 = 2_ b2 dm


X 12 12

Raciocínio semelhante conduz a

!'
)'
= f2-dnt
12
c = 2-c dm
2
12
2

Segue-se a isso o fato de que lz para uma placa fina de massa dm é igual a/~ +!~, ou a lz = fi dm(b 2 + c2 ) . Para o bloco
inteiro, observa-se que

l ' + e' ) = 1 m(b2 + e2 )


J
I, = T2dm(b·
12

ou, mais rigorosamente, uma vez que dm = (dz/ a)m,

y'

1. dx'~ ~
e

Figura 12-39 Figura 12-40

12.29 Determine o momento de inércia em relação a um diâmetro para um disco circular fino homogêneo de raio
r, espessura te densidade 8.
(a) Considere o disco feito de barras finas de seção transversal dx porte alturas variáveis 2y, conforme
mostrado na Fig. 12-41.
(h) Considere o elemento diferencial conforme àCJJuele mostrado na Fig. 12-42.
Solução
(a) A massa da tira escol hida é dm = 28 ty dx. Utilizando o resultado do Problema 12.26, seu momento de inércia de
massa é 1112 dm(2y)2 . Para o disco todo,

Íx =
Ir
-r
J
2(2)8tydx(2y)
1
2
= J' -32 &y3 dx
- r

Mas y = J r 2 - x2, e, substituindo, teremos


fx = J' ~ 81( Jr2- x2) 3 dx = ~ 8t[~x( J,.2- x2) 3 - ~?xJr2 - x2 + ~ r4 sen- 1: ] '
_, 3 3 4 8 8 r - r

Que leva a

I = -2 8t-r
3 4 [1 (-7T- 1 )
--'Tr ] =-(11-r
1 2 fü)r 2 =-mr21
""3 82 2 4 4

(b)
= 81 ( -1 r4) -
4 2
(1 X27T
) =-41 8t7Tr4=-41(&7Tr)r
2 =-1 mr2
4
?

dm =&pdp d8
p scn 8
2y

Figura 12-41 Figura 12-42

12.30 Admita que o disco do Problema 12.29 é feito de aço com de nsidade de 7800 kg/m 3. S ua es pessura é de 0,5
mm e seu diâmetro é de 100 mm. Dete rmine o momento de iné rcia e m relação ao diâmetro.

Solução
A massa do disco é

m = densidade x volume
= 78()() X 7T X 0,05 2 X 0,0005 = 0,0306 kg

Seu momento de inércia de massa é


1 1
fx = 4111? = 4 X 0,0306 X 0.05 2 = 19.l X 10 6
kg. m2

12.3 1 Mostre que o momento polar de inércia para o disco do Problema 12.29é1m,Z. QuaJ é o raio de g iração?
Considere a Fig. 12-43. Utilize o resul tado do Problema 12.29.

Solução
Uma vez que 11 = f x = ! mr; o momento polar de inércia será

1, = lx+ l y = 1mr2
O raio de giração é

1
k= g_= 2 /Il i ). = ,.
y;, m
J

Figura 12-43

12.32 De te rmine o mome nto de inérc ia em re lação ao e ixo de um c ili ndro c ircular reto de raio R e mao;sa m. Veja
a Fig. 12-44.

Solução
Considere que o c ilindro é fei to de uma série de discos finos de altum dz. conforme mostrado. Para um disco fino (Pro-
= =
blema 12.31), 1, ~(massa)R 2 ~ (m dz!h)R1 . P.dra o cilindro intei ro,

/. = f" ~ md;:, Ri = ~mR2


· J0 2 h 2
dz

_L
~

Figura 12-44

12.33 Determine o momento de inércia para um cilindro circular reto de raio R e ma<;sa m em relação ao eixo
centroidal x mostrado na Fig. 12-45. Qual é o raio de giração?

Solução
Assim como no Problema 12.32, considere que o cilindro é feito de uma série de discos finos de altura dz e massa m
dz/h . O momento de inércia do disco fino cm relação ao eixo x' paralelo ao eixo x é dado no Problema 12-29 como
!,,· = 'A(m dzfh)R2. Com o transporte para o eixo x através do teorema dos eixos paralelos,

Para determinar!,, do cilindro completo, some os!_. de todos os discos:

= mR J"l2 dz + 111 [ ' 1 z2 dz = l mR2 + l 111112 = 1 m(3R2 + '12 )


2
1.
4h - 11/2. h -lr/2 4 12 12

fl. 1
k= 1.: =
\ Ili 12
(3R2 + /,2)

Figura 12-45

12.34 Determine o momento de inércia de massa em relação a um diâmetro de uma esfern de massa m e raio R.
Qual é seu raio de giração?

Solução
Escolha um disco fino, paralelo ao plano xz. conforme mostrado na Fig. 12-46. Admita a densidade igual a S. O momen-
to de inércia de um disco fino de raio x em relação ao eixo y é ~(massa)x2. Para encontrar 11 da esfera completa, some
os momentos individuais confonne indicado, onde dm = 15 dV = 15('TTX1- dy):

Mas, da ec1uação da seção tnrnsversal da esfera no plano xy (o círculo), r +r = ~.Assim,

Uma vez que a massa é m = ~ R315 , temos

O raio de giração é
y

Figura 12-46

12.35 Determine o momento de inércia de massa de um cilindro circular reto vazado e homogêneo com relação ao
seu eixo geométrico. Considere a Fig. 12-47.

Solução
Para o cilindro externo,

Para o c ilindro interno,

Para o tubo,

Expandindo,

2 h7rôr~' (ro + r 1 )
lz = ( -21 h7rôr{)2 - -
1 ') 2 2
= (1-2"
m - 1 m ) (r2 + r 2 )
-2 = -21 m(r(2 +) 2)
' {) ' '

onde m refere-se à massa do tubo.

Figura 12-47

12.36 Determine os momentos de inércia em relação aos eixos x e y do cone circular reto de massa me dimensões
mostradas na Fig. 12-48. Se o cone tem tuna massa de 500 kg, raio R = 250 nun e altura h = 500 mm, mos-
tre que fx = 9,38 kg·m 2 e que fy = 79,7 kg·m 2.

)'
i -- - - - -Ji - - - - - -:

Figura 12-48
Solução
Parn encontrnr /_.,escolha um elemento circular fi no perpendicular ao eixo x, conforme mostrndo na Fig. 12-48. Admita
densidade igual a 8. O momento de inércia em relação ao eixo x desse elemento de raio y é!(massa)y 2 • Para determinar
/_. do cone completo, some os momentos individuais como indicado, observando que a massa do elemento escolhido é
= = =
dm 8 dV 8 (7T)~ dx). Uma vez que y Rx / h (Fig. 12-49),

r" 1 8(11)'2 dx)y2 = Jh2:l 87T(Rx)


4
lx = Jo 2 0
h cb: = LOl S7TR4 h
Mas a massa do cone completo é 17Tl>R2 h. En tão, podemos escrever

Para encontrar ly. que é igual a l ,, é necessário aplicar o teorema dos eixos paralelos para obter o momento de
inércia em relação ao eixo y . Uma vez que y = Rx I h,

Utilizando m = ~7TSR 2h, essa expressão converte-se em

J. = -3 mR + -53 mh2 = 3-5 m (l-4 R2 + h2 )


2
} 20

Numericamente,

_ Jõ
fx -
3 (500)(0,25)2 -_ 9,38 kg
'
· m2 e fy = ~ (500)[~ (0,25)2 + (0,5)2 ] = 79,7 kg. m
2

Ir

Figura 12-49

12.37 Compute o momento de inércia do volante de ferro fundido mostrado na Fig. 12-50. A densidade do ferro
fundido é p = 7200 kg/ ni3. Todas as dimensões estão em mm.

Seção A- A

l-200 - i

Figura 12-50

Solução
Analisando o problema, considere o cubo e o aro como cilindros vazados e os raios como hastes esbeltas. Primeiro
determine as massas dos componentes:

9
lllcubo= (7TrJ - rrr;2)hp = [r.(8cY - 4<l2) 180] x 10 x 7200 = 19,54 kg
m0 , 0 = (7Tri- 7Tr;2)hp = ['1T(3602 - 3202)200] X 10 ' 1
X 7200 = 123 kg
Para w11 raio de seção transversal elíptica,

lllroio = TTabLp = TT(25 X 35)240 X 1o 9 X 7200 = 4,75 kg

Em seguida, determ ine I para cada componente em relação ao eixo de rotação. Para os rai os, isso implicará em um
trjnsporte parn o eixo centro idal paralelo,

1 ? ,:i 19.54 2 "2 6 ,.,


IC1>1>o= 2m( 0 + , ) = - - (80 +4v-)x IO- = 0,0782 kg · m·
2
1 123
f.,0 = 2m(r~ + ?,) = 2(3602 - 3202 ) x 10- 6 = 14,27 kg . m2

! _,, = 6 ( 1 mL2
12 + md·' ) = 6[4,75
""12 x 2402 + 4.75 x 120-' ] x lO - 6 = 0,547 kg· m2

l rot:inte = 0 ,0782 + 14,27 + 0 ,547 = 14 ,9 kg· m2

Problemas Complementares*
12.38 Um retângulo tem base igual a 40 mm e altura igual a 120 mm. Calcule seu momento de inércia em relação a um eixo
que passa pelo centroide e é paralelo à base.
Resp. 5,76 x !CP mm 4

12.39 Determine o momento de inércia de um triângulo isósceles, de base 150 mm e lados de 125 mm, em relação a sua base.
Resp. 12,5 x !CP mm 4

12.40 Determine o momento de inércia de um círculo de raio i.gual a 480 mm em relação ao diâmetro.
Resp. 41,7 x Hf mm 4

12.41 Enwntre o momento de inércia em relação ao eixo y da área plana en tre a parábola y =9 - 1 e o eixo x.
Resp. 324/5

12.42 Determine o momento de inércia em relação a cada eixo coordenado da área entre a curva y = cos x de x = Oaté x = !TT
e o eixo x.
Resp. lx = 2/9, ~ = (-n-2/4) - 2.

* A Tabela 12. 1 pode ser útil na solução dos problemas numéricos.


12.43 Encontre o momento de inércia em relação a cada eixo coordenado da área entre a curva y = sen x de x = Oaté x = TT e
o eixox.
Resp. fx= 419, 11 = -rfl - 4

12.44 Observe a Fig. 12-51. Determine o momento de inércia da figura composta em relação a um eixo que passa pelo cen-
Lroide e é par.i.lelo à base. Qual é o raio de giração?
Resp. 7 ,4 1 mm 4, 44,8 mm

IOmm
-t
l20mm lOmm

1 .-----------
20 mm

l·--
.... 1oomm- -·I
Figura 12-51
12.45 Em relação à Fig. 12-52, determine o momento de inércia da figura rnmposta em relação ao eixo centmidal horizontal.
Resp. 883 x 106 mm 4

125 125 125


mm mm mm

250mrn

_L
12Smm

t
Figura 12-52
12.46 Observe a Fig. 12-53. Compute o momento de inércia da figurn simétrica composta em relação ao eixo centroidal para-
lelo ao lado de 250 mm. Qual é o rdio de gi ração?
Resp. 1,35 x 1Ó' mm 4, 2 1, 1 mm

Figura 12-53

12.47 Observe a Fig. 12-54. Compu te o momento de inércia da figura composta em relação ao eixo centroidal horizontal.
Todas as dimensões estão em mm.
Resp. 2,05 x 1Ó' mm 4

110 5
!
f

3,75

1~.,_4_2_,s__, 1i - . 3_3_,1_s_.1
. ...

Figura 12-54

12.48 Qual é o momento polar de inércia de um círculo com 80 mm de diâmetro em relação a um eixo que passa pelo seu
centroide e é perpendicular ao seu plano?
Resp. 4,02 x 1Ó' mm 4

12.49 Calcule o produ to de inércia de um retângu lo de base igual a 100 mm e altu ra igual a 80 mm em relação a do is lados
adjacentes.
Resp. 16 x 106 mm4
12.50 Calcule o produto de inércia de um retângulo de base ig ual a 150 mm e altur.i igual a 100 mm em relação a dois lados
adjacentes.
Resp. 56,3 x 1CP mm 4

12.51 Determine os valores de lx, lye l .ry para a área limitada pelo eixo x, pela reta x = a e pela curva y = (b/ <f ).t'.
Resp. l x= ab 3 / 3(3n + 1), Iy = álb/ (n + 3), l.ry= a2b 2 / 2(2n + 2)
12.52 No problema anterior, a área será triangular quando n = 1. Verifique os valores por integração direta.
Resp. l x= fi ab 3, l y =!a3b, l.ry = ia2b2
12.53 Determine os valores de lx, lye l .ry para a área limitada pelo eixo y, pela reta y = b e pela curva y = (b/ <f ).t'.
Resp. l x= nab 3/ (3n + 1), ~ = na.3b!3(n + 3), l.ry= nci1b2/ 4(n + 1)
12.54 As áreas nos Problemas 12.5 1 e 12.53 fom1am um retângulo quando colocadas j untas. Some os valores de l x e compare
com o resultado do Problema 12. 1 para verificar se você o btém o momento de inércia de um retângulo em relação a sua
base. Repita o processo para l.rye compare seus resultados com os do Problema 12.16.

12.55 Detem1ine ly e l.ry para a Fig. 12-52, onde os eixos (x , y) passam pelo centroide.
Resp. fy= 590 x 10<• mm4 , l.ry = O

12.56 Determine lx, ly e l xy para os eixos (x, y) que passam pelo centroide da cantoneira de a bas des iguais mostrada na Fig.
12-55.
Resp. fx= 63,5 x JO<>mm 4, l y = 114 x J(J> mm4 , l.ry = - 46,9 x HY•mm4

50mm

200 111111

50mm

250mm

Figura 12-55

12.57 No problema anterior, use o círculo de Mohr pam determ inar os principa is eixos e a local.ização dos princ ipais momen-
tos de inércia (veja a F ig. 12-56).
Resp. lmáx = 142 x lo" mm 4 a 30,9 º, no sentido horário, a partir do eixo y, lmrn = 35,5 x IÓ' mm 4 a 30,9 º, no sentido
horário, a parti r do eixo x.

Figura 12-56

12.58 Determine a orientação dos eixos principais que passam pelo centroide da área mostrada na Fig. 12-57. Em seguida,
determine os momentos principais de inércia parn esses eixos.
Resp. l máx = 59,7 x 106 mm4 a 28,8º, no sentido horário, a partir do eixo y, l mln = 7,2 x Hf' mm4 a 28,8º, no sentido
horário, a partir do eixo x.
y

40mm

Figura 12-57

12.59 Encontre ixpara a área sombreada na Fig. 12-58. Todas as dimensões estão em mm.
Resp. 2860 x 106 mm4

Figura 12-58

12.60 Encontre ix para a úrea formada pela subtração do quadrado de lado r do círculo de raio r, conforme mostrado na Fig.
12-59.
Resp. ix= 0,702r4

Figura 12-59
12.61 Encontre 1.r para a área formada pela subtmção do círculo de raio 20 mm do quadrado de lado 80 mm, conforme mos-
trado na Fig. 12-60.
Resp. 1x = 3,29 x 106 mm4

Figura 12-60
12.62 Determine os momentos de inércia do disco elíptico fi no de massa m mostrado na Fig. 12-61. Considere o Problema
12.29.
RefJ1 2
· · l X = 4!,mb ' lY=4! ma2> lt = !4 rn(a 2 + b2 )

Figura 12-61
12.63 Detennine os momentos de inércia do elipsoide de revolução de ma~sa 111 mostrado na Fig. 12-62.
Resp. lx = ;mb 2 , 11 = 1: = ~m(a 2 + b2)

Figura 12-62
1 2.(~ Determine os momen tos de inércia do paraboloide de revol ução de massa m mostrado na Fig. 12-63. A equação no
plano xy é y2 = - (R2/h~x 2 + If'.
Resp. lx =;mR~ 1, = ~ = ~m(R + 1z2)
2

Figura 12-63

12.65 Mostre que o momento de inérci a em rel ação a um diâmetro para uma esfera vazada fina de massa m é (2/3)mlf'.

12.66 Determine o momento de inérci a em relação ao diâmetro parn uma esfera vazada de massa m com raios interno e exter-
no dados respectivamente por R; e R0 •
Resp. I = ~m(R~ - R~) /(R~ - R])

12.67 Mostre que o momen to de inércia em relação a um eixo centroidal paralelo ao lado de um cubo de massa m é I = i nul,
onde a. é o comprimento do lado.

12.68 Encontre o momento de inércia de uma haste de aço com 960 mm de comprimento e 1O mm de diâmetro em relação a
um eixo que passa por uma de suas extremidades e é perpendicular à haste. O aço tem dens idade igual a 7800 kg/m1 .
Resp. 0,18 1 kg · m 2
12.69 Determine o momento de inércia de um tubo de aço com 3000 mm de comprimento, diâmetro externo de 87,5 mm e
diâmetro interno de 72,25 mm com relação ao seu eixo longitudinal. A densidade do aço é igual a 7800 kg/m3 .
Resp. 0,0355 kg · m 2

12.70 Encontre o momento de inércia de um eixo cilíndrico de 75 mm de diâmetro e 3 m de comprime nto em relação ao seu
eixo geométrico de rotação. Use a de nsidade igual a 8500 kg/m3.
Resp. 0,079 kg · m2

12.71 No Problema 12.70, qual é o momento de inércia de ma-;sa e m relação a um eixo que (a) é centroidal e perpendicular ao
eixo geométrico e que (b) passa pela extremidade e é perpendicular ao eixo geométrico?
Resp. (a) 84,5 kg · 1n2, (b) 338 kg · m 2

12.72 Calcule o momento de inércia de um pris ma retangular com 150 mm de altura, 100 mm de largurn e 250 mm de com-
primento com relação ao seu eixo centroidal mais longo. Use a densidade igual a 640 kgfm 3.
Resp. 0,0025 kg · m 2

12.73 Encontre o momento de inércia de uma esfern de alumínio de 200 mm de diâmetro com relação ao seu eixo centroidaJ.
O alumínio tem uma densidade de 2560 kg/m3 .
Resp. 0,043 kg · m2

12.74 Determjne o mome nto de inércia do volante mostrado na Fig. 12-64 (alma sólida) com relação ao seu eixo de rotação.
O ferro fund ido tem densidade igual a 7400 kgfm3.
Resp. 1,01 kg· m2

Figura 12-64
12.75 Conforme mostrndo na Fig. 12-65, um cone de bronze é montado no topo de um cilindro de alumínio. A densidade do
bronze é de 8500 kg/m3 e a do alumínio é de 2560 kg/m 3 • Determine o momento de inércia do siste ma e m relação ao
eixo geométrico vertical.
Resp. 11 = 3,86 kg . m2

t
300mm

i 400mm

_J_

Figura 12-65
12.76 Um eixo de aço e um disco de aço são conectados confonne mostra a Fig 12-66. A densidade do aço é igual a 7850 kg/ni3.
Detennine o momento de inércia do sistema em relação ao eixo y que pa.,sa pela sua extremidade.
Resp. 11 = 5,38 x 10 4
kg. m2

Figura 12-66
12.77 A F igura 12-67 mostra em forma esquemática um balde de aço de parede e base com espessura de 6 mm. O balde é
preenchido a té a metade por uma mistura de concreto. A densidade do aço é de 7850 kg/m 3 e a da mistu ra de concreto
é de 2400 kg/m 3. Determine o momento de inércia total em relação ao eixo centroidal vertical.
Resp. 5,79 kg· m2

~soomm :i

.l .
Figura 12-67

12.78 Uma esfera homogênea tem massa igual a 10 kg e 1 m de d iâmetro. Duas barras esbeltas são conectadas à esfera, em
posições d iametralmente opostas, ao longo de uma linha ho rizontal. Cada barra tem massa igual 2 kg e comprimento
igual a 1,5 m. Qual é o momento de inércia das três massas em relação ao eixo centroidal vertical?
Resp. I = 8 kg · m2

12.79 Um peso semelhan te a um halteres cons iste de duas esferns sólidas com 100 mm de diâmetrn conectadas às extremida-
des de uma haste esbelta de comprimento igual a 900 mm e com 25 mm de diâmetro. As esferas e a haste são de cobre
com uma densidade de 9000 kg/m 3 . Qual é o momento de inércia de massa em relação a um eixo perpendicular à ha>te
pelo seu pon to médio?
Resp. I = 1,454 kg · Jril
12.80 A Figura 12-68 mostra um satélite de comunicações estilizado. O cubo central sólido tem quatro braços esbeltos idên-
ticos, cada um pesando 10 N, conectados a 90º, conforme mostrado. O cubo tem um peso de 170 N. Qual é o momento
de inércia de massa em relação ao eixo centroidal y?
Resp. ly= 0,456 kg· m2

ISOmm

i
f

Figura 12-68
12.81 No Problema 12.80, qual é o momento de inércia de ma~sa em re lação ao e ixo centroidal x?
Resp. I..=0,228 kg · m 2
_2.2_ Conteúdo do livro

O momento de inércia é uma das principais características para o estudo do movimento de rotação
de um corpo rígido. Ele mede a influência da distribuição de massa de um corpo em rotação. Ou
seja, ele avalia a resistência que o corpo oferece à mudança de estado em um movimento de
rotação.

Seu estudo tem grande aplicação para a conservação de energia em máquinas rotativas ou em
projetos em que é preciso manter equilíbrio estático. Por isso, é muito importante compreender as
características dessa grandeza e identificar cada parâmetro envolvido.

No capítulo Momento de inércia, da obra Cinemática dos corpos rígidos, você vai identificar as
características do momento de inércia e entender como ele influencia o movimento de rotação.
Além disso, vai aprender a determinar o momento de inércia para diversas formas geométricas e
também para diferentes tipos de perfis.

Boa leitura.
SUMÁRIO
Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo ·~Q.: .... 13
Alessandra de Castro Machado
O corpo rígido e seu movimen to de rotação ........................................................................... 13
Funções do movimento de rot ação............................................................................................... 19
Casos particulares ...................................................................................................................................... 23

Momento de inércia r:tL .......................................................................29


Alessandra de Castro Machado
O momento de inércia ............................................................................................................................29
Cálculo do momento de inércia .......................................................................................................34
O momento de inércia para diferentes perfis ......................................................................... .44

Torque ...........................................................................................................49
Ricardo Noboru lgarashi
Definição de torque .................................................................................................................................. 49
Torque: um tratamento vetorial ........................................................................................................ 53
Torque: uma anál ise trid imensional ................................................................................................59

Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo


quanto aos aspectos da dinâmica .......................................................65
Ricardo Noboru lgarashi
Movimento de rotação em torno de um eixo fixo ................................................................ 66
Equações do movimento de rotação ............................................................................................ 75
Momento angular ......................................................................................................................................80

Momento angular .....................................................................................85


Daniel Ferreira Cesar
As características do mom ento angular ...................................................................................... 86
As equações que definem o momento angular ...................................................................... 89
Casos particulares do mom ento angular.................................................................................... 92

Conservação do momento angular :.[J) .......................................... 99


Daniel Ferreira Cesar
A lei de conservação do m omento angular........................................................................... 100
Equações da conservação do momento angular e sua aplicação .......................... 106
Casos particulares da lei de conservação do momento angular ............................... 11O

Simetria e leis de conservação ........................................................... 117


Daniel Ferreira Cesar
Tipos mais comuns de simetria ....................................................................................................... 118
Simetria e as leis de conservação da mecânica ................................................................... 123
Aplicação de simetria e leis de conservação em problemas ....................................... 127

Ro lamento :~O« .......................................................................................133


Everton Coelho de Medeiros
Definição de rolamento ....................................................................................................................... 133
Rolamento como um movimento de rotação...................................................................... 136
Casos particu lares do rolame nto ................................................................................................... 138
Giroscópios e precessão ....................................................................... 147
Daniel Ferreira Cesar
O giroscópio e o efeito g iroscópico............................................................................................. 148
A física por t rás de um giroscópio ................................................................................................. 15 0
O movimento de precessão .............................................................................................................. 15 5

Equilíbrio e estabilidade ....................................................................... 161


Daniel Ferreira Cesar
Condições de equilíbrio est ático ................................................................................................... 162
A esta bilid ade nos sistemas mecânicos .................................................................................... 165
Do cálculo diferencial à mecân ica ................................................................................................. 171

Aná lise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido................. 175


Daniel Ferreira Cesar
Força reativa .................................................................................................................................................176
Equações do equilíbrio .........................................................................................................................177
Aplicação das equações de equilíbrio na resolução d e prob lemas ........ ..... ..... .. 178

Aná lise tridimensiona l do equilíbrio de corpo rígido ................ 187


Daniel Ferreira Cesar
Momento como grandeza vetorial .............................................................................................. 188
Forças no espaço tridimensional ................................................................................................... 189
Diagrama d e corpo livre no espaço e equações de equilíbrio .................................. 194

Tensão, deformação e módulos de elasticidade ......................... 201


Daniel Ferreira Cesar
Definição de tensão ............................................................................................................................... 202
Tensão normal média ........................................................................................................................... 204
Tensão de cisalhamento .....................................................................................................................206
Módulo de elasticidade e deformação ..................................................................................... 208

Vetores ........................................................................................................213
Daniel Ferreira Cesar
Representação de um vetor ..............................................................................................................214
Operações envolvendo vetores ......................................................................................................216
Produto escalar ......................................................................................................................................... 224

Trabalho e energia ................................................................................. 227


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho e energia .................................................................................................................................. 228
Teorema trabalho-energia cinética .............................................................................................236
Conservação da energia mecânica ..............................................................................................238

Trabalho de uma força variável ..........................................................241


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho p or cálculo de área ............................................................................................................ 242
Trabalho realizado por uma mola ................................................................................................. 244
Cálculo d o trabalho pela área geométrica ..............................................................................247
Momento de inércia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as características do momento de inércia de uma deter-


minada superfície.
„„ Apresentar as funções que definem o momento de inércia de diversas
formas geométricas.
„„ Reconhecer o momento de inércia de determinados perfis e da as-
sociação de perfis.

Introdução
Para que um corpo rígido execute um movimento de rotação, faz-se
necessário analisar algumas características, como a localização e o es-
tado do eixo de rotação, os quais são essenciais para o estudo desse
movimento. Outra característica que se deve analisar é a distribuição de
massa do corpo que entrará em rotação, pois ela tem grande influência
no movimento. A grandeza que mede essa influência é chamada de
momento de inércia.
Neste capítulo, você estudará sobre o momento de inércia, bem como
conhecerá as suas principais características. Além disso, verá exemplos
do cálculo dessa grandeza para diferentes formas geométricas e deter-
minados perfis.

1 O momento de inércia
Para demonstrar a sua habilidade no basquete, você pode pegar uma bola e
colocá-la para girar na ponta do seu dedo indicador (Figura 1a), movimento
que você já deve ter visto jogadores profissionais e amadores executando com
certa facilidade. No entanto, você provavelmente não executará esse movimento
com a mesma facilidade se, em vez de uma bola de basquete, tentar girar uma
2 Momento de inércia

bola de futebol americano (Figura 1b). A diferença básica entre essas duas
bolas está na sua distribuição de massa.

(a) (b)

Figura 1. Exemplos de diferentes distribuições de massa: (a) jogador girando uma bola
de basquete em torno de seu eixo fixo; (b) jogador com uma bola de futebol americano.
Fonte: (a) Ehow Brasil ([201-?], documento on-line); (b) Pilares... (2017, documento on-line).

A distribuição de massa de um corpo rígido é um dos fatores mais impor-


tantes para que o movimento de rotação ocorra. A análise da distribuição de
massa de um corpo é a verificação do posicionamento de cada partícula do
corpo em relação a um referencial. A partir dessa análise, é possível encontrar
o centro de massa desse corpo, por exemplo.

Se houver dúvida em relação à análise da distribuição de massa e ao cálculo do centro


de massa de um corpo, consulte o material referente ao cálculo do centro de massa.

Em geral, a escolha da posição do eixo de rotação está relacionada com


a distribuição de massa, pois colocar o eixo no centro de massa do corpo
facilita muito o movimento de rotação. A interferência do posicionamento de
cada partícula do corpo no movimento de rotação pode ser observada mate-
maticamente no cálculo da energia cinética de rotação. A energia cinética de
rotação para um corpo rígido de n partículas pode ser calculada utilizando-se
a seguinte equação:
Momento de inércia 3

onde mi é a massa da partícula i; ωi é a velocidade angular da partícula i; e


ri é a distância radial da partícula i até o eixo fixo de rotação. Lembre-se de
que, no sistema internacional, a unidade de medida de energia é o Joule [J].
Por meio da análise dessa equação, é possível observar, em seu lado direito,
o seguinte produto: miri2. Esse produto revela a importância da posição de cada
partícula em relação ao eixo de rotação na energia cinética do movimento.
Devido à grande contribuição dessa localização na energia do movimento de
rotação, esse produto é denotado como momento de inércia, representado
pela letra I:

I = mi r i 2

No sistema internacional, a unidade de medida do momento de inércia é


[kg.m2], com a massa em quilogramas e o raio em metros. Para um corpo com
n partículas, o momento de inércia tem a seguinte equação:

O momento de inércia, ou inércia rotacional, representa a resistência do


corpo em alterar seu estado no movimento de rotação. De acordo com Hewitt
(2015), um corpo que está em movimento de rotação tende a permanecer
nesse movimento, a menos que sofra a ação de uma força externa. É possível
comparar o comportamento do momento de inércia no movimento de rotação
com o comportamento da massa no movimento linear. Observe, a seguir, as
equações da energia cinética de um movimento linear e de um movimento
de rotação:
4 Momento de inércia

A massa de um ponto material oferece resistência à mudança de estado


no movimento linear, assim como o momento de inércia de um corpo rígido
e extenso oferece resistência à mudança de estado no movimento de rotação.
Assim, quanto maior o momento de inércia, mais difícil será alterar o seu
estado rotacional. Um exemplo dessa resistência à mudança ocorre durante a
performance de um atleta de patinação artística (Figura 2). Nas apresentações
dessa modalidade olímpica, os diferentes tipos de spin, também conhecidos
como piruetas, são executados a todo momento, pois possuem altas pontuações
nesse esporte. Para que o atleta faça diferentes tipos de spin, ele altera a sua
postura e, com isso, o seu momento de inércia.

Figura 2. Exemplo de movimento de rotação que


atletas da patinação artística executam em uma apre-
sentação com diferentes momentos de inércia.
Fonte: Higídio (2019, documento on-line).
Momento de inércia 5

Em alguns momentos, o atleta muda o momento de inércia durante a rotação,


para alterar o movimento que está executando. Em uma pirueta esticada (de
pé), o atleta inicia o movimento com os braços abertos e, depois, encolhe-
-os. Desse modo, ele diminui o momento de inércia (menor distância radial)
e facilita a alteração do movimento, aumentando, assim, a sua velocidade
angular.
Para qualquer sistema em movimento de rotação, o momento de inércia
será um parâmetro imprescindível, pois ele determinará se o movimento irá
ou não ocorrer, bem como o quanto de força será necessária para iniciá-lo
ou interrompê-lo.

O momento de inércia para um corpo extenso


De acordo com Nussenzveig (2013), um corpo extenso e rígido tem uma
distribuição contínua de matéria. Considerando o número muito grande de
partículas que um corpo contém e que a massa de cada partícula é infinitesimal
(Δm), tem-se o caso-limite de um sistema de partículas. Dessa forma, para um
corpo extenso, o momento de inércia é definido como:

Para o cálculo do momento de inércia, deve-se realizar a análise de um


elemento de massa dm, que está a uma distância radial r do eixo de rotação.
De acordo com o corpo que será analisado, r irá variar. Logo, para realizar
esse cálculo, é preciso relacionar dm com r. A grandeza utilizada para fazer
essa relação será a densidade, que pode ser linear, superficial ou volumétrica,
de acordo com a geometria do corpo.
O cálculo do momento de inércia depende diretamente da distribuição
de massa do corpo em relação ao eixo de rotação. Para corpos homogêneos
de geometrias simples, com o eixo passando pelo centro de massa do corpo,
o cálculo é relativamente simples, como pode ser visto a seguir.
6 Momento de inércia

2 Cálculo do momento de inércia


O momento de inércia de um corpo rígido depende, antes de tudo, do tipo de
distribuição de massa e da localização do eixo de rotação. Neste capítulo, será
demonstrado o cálculo do momento de inércia para corpos homogêneos (i.e.,
de densidade constante), com o eixo de rotação fixo passando por seu centro
de massa. As demonstrações serão feitas para corpos de formas geométricas
simples.
O primeiro passo sempre é isolar um elemento de massa dm e analisar o
comportamento de r. A Figura 3, a seguir, apresenta um anel de espessura
fina girando em torno de seu centro de massa.

O elemento de massa dm está a uma distância


radial r do eixo de rotação.
Eixo de rotação Anel de raio R
Para este anel, todas as partículas estão a uma
distância R do eixo.

R r dm
Logo, o momento de inércia será:

I = m r2

Figura 3. Cálculo do momento de inércia para um anel fino de massa m e raio R girando
em torno de um eixo fixo que passa pelo seu centro de massa.

O cálculo para esse anel é simples, pois a distância radial r é constante.


A Figura 4, a seguir, apresenta um disco de espessura fina girando em torno
de seu centro de massa.
Momento de inércia 7

Disco de raio O elemento de massa dm está a uma distância r


Eixo de rotação R e área A do eixo de rotação.
Para este disco, a distância das partículas até o eixo
pode variar de 0 até R.

dm Logo, o momento de inércia será:


R r

1
I = 2 m R2

Figura 4. Cálculo do momento de inércia para um disco fino de massa m e raio R girando
em torno de um eixo fixo que passa pelo seu centro de massa.

Para o cálculo do momento de inércia do disco, é preciso relacionar a dm


com a densidade superficial, pois sua espessura é considerada infinitesimal.
A Figura 5, a seguir, apresenta um cilindro sólido de raio R e altura h girando
em torno de seu centro de massa.

Eixo de rotação Cilindro de


raio R e
altura h

R r dm

r
h

Figura 5. Um cilindro de massa m, altura h e raio R girando


em torno de um eixo fixo que passa pelo seu centro de massa.
8 Momento de inércia

O cálculo do momento de inércia para o cilindro ilustrado será o mesmo


que o do disco da Figura 4. Observe os elementos de massa dm destacados na
Figura 5. A distância radial r de qualquer partícula do cilindro sempre variará
de 0 a R, independentemente da altura h.
Logo, o momento de inércia de um cilindro sólido será dado por:

Por último, veremos o cálculo para uma esfera sólida de raio R. Para isso,
imagine a esfera como um conjunto de discos de raio r, que varia de acordo
com sua distância do centro da esfera (x). A Figura 6, a seguir, apresenta uma
esfera sólida de raio R e massa m girando em torno de seu centro de massa.
Como é possível observar, esse disco tem uma espessura infinitesimal dx.
Para esse cálculo, o elemento de massa será o disco de raio r. Como pode
ser visto na Figura 6, r depende de x e R, e eles formam um triângulo retân-
gulo. Logo:

O volume do disco dV será dado por:

dV = πr2 dx

dV = π(R2 – x2)dx

A densidade do disco é igual à densidade da esfera sólida, de modo que:

dm = ρ dV

dm = ρ π(R2 – x2)dx
Momento de inércia 9

r
dx
x
R

Figura 6. Uma esfera de massa m e raio R girando


em torno de um eixo fixo que passa pelo seu
centro de massa.

Portanto, o momento de inércia de um disco é dado por I = m r2. Como


esse disco agora é o nosso elemento de massa dm, então dI = r2 dm.
Substituindo r e dm, tem-se que:

Integrando:
10 Momento de inércia

Essa integração apresenta o resultado do momento de inércia do disco


quando x varia entre 0 e R. Isso indica que apenas metade da esfera foi avaliada.
Portanto, para a esfera total, tem-se o dobro desse resultado:

Para a densidade da esfera, tem-se que:

Dessa forma, o momento de inércia de uma esfera sólida é dado por:

Essa análise pode ser feita para diversas formas geométricas de distribui-
ção de massa homogênea, sempre analisando-se o elemento de massa dm e o
comportamento da distância radial entre esse elemento e o eixo de rotação.
O Quadro 1, a seguir, apresenta alguns exemplos de momento de inércia para
corpos de geometria simples.

Quadro 1. Momento de inércia para corpos de geometria simples

Caracte- Eixo de
Geometria Equação Ilustração
rísticas rotação

Haste fina Compri- Eixo central


mento L

Anel fino Raio R Eixo central

I = mR2

(Continua)
Momento de inércia 11

(Continuação)

Quadro 1. Momento de inércia para corpos de geometria simples

Caracte- Eixo de
Geometria Equação Ilustração
rísticas rotação

Anel fino Raio R Eixo


passando
pelo
diâmetro

Disco Raio R Eixo central


sólido

Placa fina Compri- Eixo central


mento a
Largura b

Cilindro Raio R Eixo central


sólido Altura h

Esfera Raio R Eixo central


sólida
12 Momento de inércia

Os cálculos demonstrados mostram sempre o eixo de rotação localizado


no centro de massa do corpo, pois, para corpos com formatos regulares, essa
característica facilita muito o estudo do movimento de rotação. A seguir, será
demonstrado como calcular o momento de inércia de um corpo onde o eixo
de rotação é paralelo a um eixo que passa pelo seu centro de massa.

Teorema dos eixos paralelos


O cálculo do momento de inércia depende da posição do eixo de rotação.
Foram apresentados alguns exemplos em que o eixo sempre está no centro
de massa do corpo, mas nem sempre o eixo de rotação estará no centro de
massa do corpo. A Figura 7a apresenta o Delorean, carro utilizado para viajar
no tempo no filme De volta para o futuro. Observe que a porta do carro abre
para cima, pois o eixo de rotação está na borda superior da porta. A Figura 7b
apresenta a porta de um micro-ondas, em que o eixo de rotação está na borda
lateral da porta. Em geral, as portas são um ótimo exemplo para eixos de
rotação localizados fora do centro de massa. A Figura 7c apresenta a tela de
um laptop com o eixo de rotação na sua borda inferior.

(a) (b)

(c)

Figura 7. Exemplos de eixo de rotação fora do centro de massa de um corpo: (a) carro
com o eixo de rotação da porta na borda superior; (b) porta de um micro-ondas com o
eixo de rotação na borda lateral; (c) laptop com o eixo de rotação da tela na borda inferior.
Fonte: a) Batista (2019, documento on-line); b) Proteste (2017, documento on-line); c) Canuto (2019, do-
cumento on-line).
Momento de inércia 13

Agora, veremos outra localização para o eixo de rotação. Nos exemplos


da Figura 7, há uma característica comum a todos eles: o eixo de rotação é
paralelo a um eixo que passa pelo centro de massa. De acordo com Halliday,
Resnick e Walker (2016), ao conhecer o momento de inércia de um corpo
com eixo de rotação em seu centro de massa, é possível calcular o momento
de inércia quando esse corpo que gira em torno de um eixo paralelo ao eixo
no centro de massa. Para tanto, é preciso apenas saber a distância entre esses
dois eixos. Esse cálculo é feito utilizando-se o teorema dos eixos paralelos,
que é dado por:

I0 = ICM + mh2

onde I0 é o momento de inércia em torno do eixo paralelo; ICM é o momento


de inércia em torno do eixo que passa pelo centro de massa; m é a massa do
corpo; e h é a distância entre os dois eixos. Esses elementos estão ilustrados
na Figura 8.

Eixo 0 paralelo ao
eixo que passa
pelo centro de
massa

Figura 8. Haste fina de massa m com um eixo que passa pelo centro de massa (CM) e outro
eixo 0 que passa pela extremidade da haste. A distância entre os dois eixos é igual a h.
14 Momento de inércia

Para descobrir o momento de inércia de uma haste de massa m e compri-


mento L com o eixo de rotação em uma de suas extremidades, pode-se utilizar
o teorema dos eixos paralelos, pois sabe-se o momento de inércia com o eixo
no centro de massa (Quadro 1) e a distância entre os dois eixos (L/2).
Então, para o eixo 0 localizado na extremidade da haste, tem-se que:

Logo, o momento de inércia de uma haste de comprimento L com o eixo


em uma das extremidades é:

Os cálculos do momento de inércia vistos até agora são de corpos homogê-


neos com formatos regulares. No entanto, em muitos sistemas, esses formatos
não são encontrados. Uma forma de se analisar corpos de formatos complexos
é dividir o corpo em pedaços de forma regular. A seguir, será demonstrado
como realizar esse tipo de análise.
Momento de inércia 15

Na prática

Veja como o deslocamento do eixo de rotação de um objeto em relação ao centro


de massa influencia seu movimento de rotação, para um mesmo torque aplicado.

Aponte para o QR code ou acesse o link


https://bit.ly/2Fs9PWe para ver o recurso.
16 Momento de inércia

3 O momento de inércia para diferentes perfis


Uma das utilizações do momento de inércia na engenharia é em projetos de
sistemas, que devem permanecer em equilíbrio estático, ou seja, o somatório
de todas as forças será zero. A construção civil e projetos que envolvam sus-
pensão de corpos rígidos utilizam esses cálculos. Nesses casos, o momento
de inércia é de extrema importância, pois ele mede a resistência que o corpo
oferece à mudança de estado, contribuindo, assim, para a permanência do
equilíbrio estático do sistema. Essa é uma das informações que o engenheiro
precisa para definir, por exemplo, o tipo de encaixe entre perfis ou a carga
que o sistema pode suportar sem mudar de estado. Esses perfis têm algumas
formas já definidas no mercado, como ilustrado na Figura 9.

(a) (b) (c)

Figura 9. Diferentes tipos de perfis utilizados na construção civil.


Fonte: Galvaminas (2020, documento on-line).

Para o cálculo do momento de inércia de corpos com formatos irregulares,


o ideal é fazer uma associação de perfis. Por exemplo, é possível dividir um
perfil em alguns formatos de geometria conhecidos no momento de inércia,
como hastes e discos. Dessa forma, transforma-se sistemas de forma complexa
em formatos simples.
Por exemplo, um perfil em formato de T pode ser dividido em duas hastes
(Figura 10a), e um perfil em formato de I, em três hastes (Figura 10b).
Momento de inércia 17

(a) (b)

Figura 10. (a) Perfil em formato T dividido em duas hastes; (b) perfil em forma de I dividido
em 3 hastes.

Na análise de perfis em estudos de resistência dos materiais, o cálculo do momento de


inércia de área também é utilizado. Todavia, o momento de inércia de área é diferente
do momento de inércia de massa, estudado neste capítulo. O momento de inércia
de massa mede a resistência que um corpo de massa m oferece ao movimento de
rotação. Já o momento de inércia de área mede a resistência que um corpo de área
A oferece à deformação.

Ao dividir um corpo em partes menores para calcular o momento de inércia,


deve-se encontrar o momento de inércia de cada parte em relação ao eixo de
rotação e somar esses momentos. Assim, ao dividir o corpo em quatro partes,
o momento de inércia total será:

I = I1 + I2 + I3 + I4

Um perfil em formato de T foi dividido em duas hastes com o mesmo comprimento


e com a mesma massa m. Essas hastes estão unidas por um pino que se encontra no
ponto A. Encontre o momento de inércia desse perfil em relação ao eixo de rotação
que passa pelo ponto A, mostrado na Figura 11.
18 Momento de inércia

Figura 11. Perfil em formato de T dividido em duas hastes com o eixo de rotação passando
pelo ponto A. eixo de rotação com direção perpendicular ao plano da folha.
A haste número 1 tem o eixo passando pelo seu centro massa, já a haste número 2
tem o eixo passando pela sua extremidade.
O momento de inércia da haste 1 é dado por:

Já o momento de inércia da haste 2 é dado por:

Assim, para o perfil completo, tem-se que:

BATISTA, R. DeLorean, o carro que viaja no tempo e nos corações dos fãs. Tribuna
Hoje, jun. 2020. Disponível em: https://tribunahoje.com/noticias/especialautomo-
tos/2019/03/22/delorean-o-carro-que-viaja-no-tempo-e-nos-coracoes-dos-fas/. Acesso
em: 20 jun. 2020.
Momento de inércia 19

CANUTO, A. Saiba como ser mais produtivo no trabalho. In: PERFIL WE. [S. l.: s. n.], 2019.
Disponível em: http://perfilwe.com.br/saiba-como-ser-mais-produtivo-no-trabalho/.
Acesso em: 20 jun. 2020.
EHOW Brasil. Quais são as habilidades fundamentais no futebol? [S. l.: s. n., 201-?].
Disponível em: https://www.pinterest.com.mx/pin/301600506286613800/. Acesso
em: 20 jun. 2020.
GALVAMINAS. Perfis estruturais. Belo Horizonte: Galvaminas, 2020. Disponível em: https://
www.galvaminas.com.br/contato/. Acesso em: 20 jun. 2020.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2016. v. 1.
HIGIDIO, J. Talento acima das controvérsias: conheça Tonya Harding. Jornalismo Júnior,
maio 2019. Disponível em: http://jornalismojunior.com.br/talento-acima-das-contro-
versias-conheca-tonya-harding/. Acesso em: 20 jun. 2020.
HEWITT, P. G. Física conceitual. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica: mecânica. 5. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2013. v. 1.
PILARES da liderança: as lições do futebol americano. In: UNIVOZ. [S. l.: s. n.], 2017.
Disponível em: https://univoz.com.br/site/pilares-da-lideranca-as-licoes-do-futebol-
-americano/. Acesso em: 20 jun. 2020.
PROTESTE. Micro-ondas: desvendamos, de vez, todos os mitos! [S. l.: s. n.], 2017. Disponível
em: https://www.proteste.org.br/eletrodomesticos/micro-ondas/oticia/micro-ondas-
-desvendamos-de-vez-todos-os-mitos/. Acesso em: 20 jun. 2020.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 2.2
_2.2_ Dica do professor

O teorema dos eixos paralelos é uma ferramenta muito útil no estudo do momento de inércia de
um corpo, pois nem sempre o eixo de rotação está no centro de massa desse corpo. Identificar
corretamente a localização do eixo de rotação é o parâmetro principal na utilização desse teorema.

Nesta Dica do Professor, você entenderá melhor o teorema dos eixos paralelos e verá um exemplo
de como aplicá-lo.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/582af3d7695
6e1c3a541cae899dedbef

4 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
_2.2_ Exercícios

1) A energia cinética de rotação de um corpo rígido depende diretamente do momento de inércia


desse corpo. Na figura, há uma placa fina quadrada que irá entrar em movimento de rotação com
cinco opções de eixos.

Qual dos eixos de rotação irá fornecer a esse corpo maior energia cinética de rotação?

A) Eixo 1.

B) Eixo 2.

C) Eixo 3.

D) Eixo 4.

E) Eixo 5.
2) Um dos movimentos do planeta Terra é o de rotação em torno de seu próprio eixo. Considerando
isoladamente esse movimento, e que a Terra é uma esfera sólida de distribuição de massa
homogênea, com o eixo passando pelo seu centro de massa, calcule o momento de inércia do
planeta Terra, conforme dados apresentados na figura:

A) I = 98,3.1030kg m2

24 2
B) I = 491,5.10 kg m

36 2
C) I = 98,3.10 kg m

36 2
D) I = 491,5.10 kg m

12 2
E) I = 98,3.10 kg m
3) Um gerador de indução assíncrono é uma máquina rotativa de geração de energia elétrica
por meio do fenômeno de indução eletromagnética. A peça rotativa desse gerador é o rotor,
que, para um gerador de 4 polos, gira a aproximadamente 1.800rpm. Considere um rotor
com cilindro maciço de aço com baixo carbono (densidade ρ = 7,86g/cm3) com raio de
32mm e altura de 357mm. Calcule a energia cinética de rotação desse rotor hipotético.

A) K = 81,86J.

B) K = 816J.

C) K = 188,5J.

D) K = 46,8kJ.

E) K = 0,8J.
4) O pêndulo de um relógio faz um movimento de rotação em torno de um eixo que passa por uma de
suas extremidades. Considere descrevê-lo como um disco e uma haste, como na figura a seguir:

A haste tem comprimento L e massa m. O disco tem raio R e massa M. Encontre a equação que
descreve o momento de inércia do pêndulo desse relógio:

2 2 2
A) I = (1/2 )M R + M (L) + (1/3 )m L .

2 2 2
B) I = (1/2 )M R + M (R + L) + (1/12 )m L .

2 2 2
C) I = (1/2 )M R + M (2R + L) + (1/3 )m L .

2 2 2
D) I = (1/2 )M R + M (R + L) + (1/12 )m L .

2 2 2
E) I = (1/2 )M R + M (R + L) + (1/3 )m L .
5) O perfil metálico é um elemento muito utilizado para sustentação de estruturas na construção civil.
Essas estruturas devem ficar em equilíbrio estático e suportar diversos tipos de carga. Para
projetar uma estrutura desse tipo, é preciso conhecer o momento de inércia dos perfis que serão
utilizados. Calcule o momento de inércia do perfil mostrado na figura em relação ao eixo de
rotação.

2
A) I = (1/2 )m L .

2
B) I = (1/12 )m L .

2
C) I = (3/2)m L .

2
D) I = (1/3 )m L .

2
E) I = (5/2 )m L .
_2.2_ Na prática

Em um projeto de uma máquina rotativa, um dos elementos principais é o eixo de rotação. Para
projetá-lo, o engenheiro precisa se preocupar com o dimensionamento, a resistência do material
com que o eixo será produzido, com as cargas que deve suportar e, principalmente, fazer um
estudo de possíveis falhas com o objetivo de minimizá-las.

Neste Na Prática, você verá onde o momento de inércia é utilizado nessa análise de falhas e como
ele é um parâmetro importante na prevenção de vibrações.
A VIBRAÇÃO DE UM EIXO ROTATIVO

Eixo rotativo é um elemento que transmite movimento de rotação. Porém, ele precisa suportar algumas cargas e
torques. Se essas cargas variarem no tempo, uma das falhas esperadas é a vibração desse eixo.

Luiz é engenheiro mecânico e irá fazer um projeto de um eixo de rotação. Ele precisa minimizar as possíveis falhas
desse projeto.

Luiz precisa se preocupar com três tipos de vibrações: vibrações laterais;


rodopio do eixo;
vibração torcional.

Essas vibrações aumentam o desgaste da máquina, podendo ocasionar, com o tempo, falhas de operação ou
acidentes.

A vibração rotacional de um volante de inércia em forma de disco montado em um eixo, por exemplo, tem a
seguinte frequência torcional natural de vibração:

Onde Im é o momento de inércia do disco, e Kt é a


constante elástica do movimento de vibração.

É nesse ponto do projeto que Luiz precisa utilizar o momento de inércia. Normalmente, em projetos de grandes
máquinas, esse disco funciona como volante de inércia. Em geral, mais de um volante é colocado em um eixo, e
o momento de inércia de cada um deles contribui para a vibração rotacional do eixo.
_2.2_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_momentos_de_in%C3%A9rcia
elm

Momento de inércia
Neste vídeo, você entenderá como o momento de inércia influencia no movimento de um
equilibrista ao atravessar uma corda bamba ou de uma bailarina quando está fazendo uma pirueta.

https://youtu.be/ABElj9m6kRg

5 min

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Engenharia mecânica estática


Existem dois tipos de momento de inércia: o de massa e o de área. Para entender a diferença entre
eles, leia o capítulo 12 deste livro.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Cap 12 copiado nesta


apostila após Infográfico!!
Phet Interactive Simulations
Para melhor compreensão da influência do momento de inércia no movimento de rotação, pode-se
utilizar uma simulação, em que é possível variar os parâmetros de um disco em rotação, a massa, o
raio externo e interno e aplicar diferentes forças. Neste site, você poderá fazer simulações do
momento de inércia.

https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulations/torque

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Biomecânica dos fundamentos do voleibol: saque e ataque


Veja, neste artigo, como o momento de inércia tem grande influência na biomecânica nos
movimentos de saque e ataque no voleibol.

https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?
codigo=7410295

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O estudo sobre a biomecânica dos fundamentos do voleibol é importante para o treinador entender as respostas cinemáticas e cinéticas
dessas técnicas esportivas. O objetivo da revisão foi apresentar as pesquisas da biomecânica sobre o saque e o ataque do voleibol. O
saque em suspensão e o ataque possuem fases similares durante a sua execução (corrida de aproximação, impulsão, voo e queda).
Nessa revisão foram apresentados os aspectos cinemáticos e cinéticos dessas fases do saque em sus-pensão e do ataque. Em conclusão,
a biomecânica merece ser utilizada durante as sessões do treino com o intuito de proporcionar um incremento na execução do saque
em suspensão e do ataque.
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
1.1 - Princípios fundamentais
1.2 - Vetores de Força – análise bidimensional
2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
2.2 - Momento de inércia
3.1 - Torque
3.2 - Equilíbrio e estabilidade
4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Torque
_3.1_
Apresentação

No seu cotidiano, é possível verificar uma infinidade de movimentos de rotações, como quando
você utiliza uma chave de boca para soltar um parafuso ou, ainda, quando abre uma porta. As
aplicações que ocorrem usando o movimento de rotação são inúmeras e vão desde a construção
civil até a geração de energia. Por exemplo, para que um carro parta do repouso, é necessário que o
motor faça rotações para vencer essa inércia. Por conta disso, a Física se ocupa em estudar esse
tipo de fenômeno. Com o mesmo formalismo com que se estudam os movimentos de translação, a
Física estuda o movimento de rotação. Assim, uma grandeza que tem papel central no movimento
de rotação é o torque.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o que é torque e como fazer seus cálculos.
Conhecerá, ainda, a Segunda Lei de Newton para rotação e verá como calcular o torque para um
sistema de forças bidimensionais e tridimensionais.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Explicar o que é o torque.


• Identificar as equações que definem o torque em relação a determinado ponto.
• Diferenciar os casos particulares do torque quando se envolve apenas em duas dimensões e
quando é preciso trabalhar com forças em decomposição tridimensional.
_3.1_ Desafio

O torque em relação a determinado ponto é definido como força vezes distância, lembrando que o
componente da força responsável pelo torque será o componente perpendicular da força em
relação à distância. O componente paralelo da força não vai produzir o torque. Isso pode ser
verificado pela definição de torque por meio do produto vetorial τ=r×F (os vetores aqui estão
destacados). Essa grandeza é muito importante para aplicações, como na construção civil, por
exemplo.

Sabendo disso, veja a seguinte situação:


Você foi contratado como estagiário de engenharia na área de construção civil. O seu supervisor, que é o
engenheiro-chefe, perguntou sobre seus conhecimentos e lhe mostrou a estrutura a seguir:

Ele explicou que, nesse esquema, a massa da barra é de 500kg, com 10m de comprimento, e deve suportar, em
sua ponta, uma massa de 100kg. Ele também falou que a corda esticada presa bem no centro de massa da barra
pode tensionar no máximo 500N. Nos cálculos que ele fez, o sistema fica em equilíbrio.

Com a finalidade de segurança, o seu supervisor pediu para você confirmar esses cálculos. Com o
conhecimento que você tem de torque, qual é a sua conclusão? Lembre-se de apresentar os
cálculos realizados.

Considere que a massa da barra fica localizada no centro de massa da barra.


elm = Não fica em equilíbrio. Para equilíbrio, T=9289 N (>500N - corda rompe-se).
_3.1_ Infográfico

Na Física do movimento rotacional, é possível fazer uma analogia das grandezas que aparecem
nesse movimento com as grandezas que aparecem no movimento de translação. Por exemplo, no
movimento translacional, há a aceleração linear, enquanto no movimento rotacional há a aceleração
angular.

No Infográfico a seguir, conheça a Segunda Lei de Newton para rotação.

SEGUNDA LEI DE NEWTON PARA ROTAÇÃO

No estudo do movimento de rotação, é possível usar as Leis de Newton na forma rotacional. Por exemplo, com o
uso da Segunda Lei de Newton rotacional, pode-se obter a aceleração angular e, por meio disso, calcular outras
grandezas de interesse.
Veja como obter a Segunda Lei de Newton para rotação:

TRANSLAÇÃO
Observe, na imagem, o movimento de um corredor. Esse movimento pode ser classificado como translacional. O
movimento de translação é o primeiro tipo de movimento estudado na Física. Nele, são apresentadas as equações
de movimento que podem ser usadas para analisar o movimento.
[foto de de corredor]
ROTAÇÃO
Observe, na imagem, o movimento de rotação da bailarina. Nesse tipo de movimento, existe um eixo de rotação
fixo, e o movimento se faz em torno desse eixo. O interessante é que você pode fazer uma analogia entre os
movimentos de translação e rotação para obter as equações de movimento.
[desenho de contorno de bailarina]

TRANSLAÇÃO X ROTAÇÃO
Uma analogia entre esses dois movimentos pode resultar no seguinte:
o deslocamento linear ∆S pode ser substituído pelo deslocamento angular ∆θ ,
a velocidade linear v será substituída por ω ,
e a aceleração linear a será substituída pela aceleração angular α .

2a LEI DE NEWTON NA FORMA ROTACIONAL


Usando esse mesmo raciocínio, pode-se obter a Segunda Lei de Newton para o estudo das
rotações. No caso linear, usa-se a força resultante igual a massa vezes a aceleração angular.
Na imagem ao lado, verifica-se que a força pode ser substituída pelo torque resultante,
enquanto a massa será substituída pelo momento de inércia.

FIQUE ATENTO!
Observe, ainda, o cálculo do torque devido a uma força F atuando em uma partícula:
_3.1_ Conteúdo do livro
A Física estuda todos os tipos de movimento, que vão desde movimento simples, como o
movimento retilíneo uniforme (MRU), até movimentos desordenados microscopicamente. Os
estudos desses movimentos envolvem o uso de equações matemáticas. O uso desses
movimentos serve para estudar a cinemática dos corpos, como deslocamento, velocidade,
aceleração, tempo de percurso, etc. Nesse contexto, movimentos de translação são analisados
usando as Leis de Newton. A grandeza fundamental nas Leis de Newton é a força resultante que
atua no corpo. Por sua vez, também existe o movimento de rotação. Na Física, existe a
possibilidade de fazer uma analogia com as equações do movimento de translação. Por exemplo, no
movimento translacional, há a Segunda Lei de Newton para o movimento rotacional. A grandeza
que tem importância nessa Lei é o torque.

Na obra Cinemática dos corpos rígidos, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo
Torque e conheça o que é o torque e como essa grandeza pode ser relacionada com a Segunda Lei
de Newton para rotação.

Boa leitura.
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Conteúdo Livro_Aula 3.1 - Torque
Pleito: Substituir o Conteúdo do Livro (ou revisão detalhada e corrigir erros no Conteúdo do Livro).
Justificativa:
_ Pág. 9: Figura 7 b) - Diagrama de forças do Disco faltando forças (imagem A abaixo).
mA
_Pág. 9: Último parágrafo - Corrigir texto e incluir identificação da equação (4) (imagem B abaixo).
mB
_Pág. 10: Incluir texto explicativo no segundo parágrafo e excluir terceiro parágrafo (imagem C abaixo).
mC
_Pág. 10: Corrigir equação trocar r por R (imagem D abaixo).
mD
_Pág. 12: penúltima linha, corrigir, trocar eixo "y" por "x" (imagem E abaixo).
mE
_Pág. 14: Última linha, incluir sinal negativo de Theta (imagem F abaixo).
mF
Obs.1: Acho que os livros capa laranja da Sagah deveriam ser evitados, geralmente o conteúdo é um apanhado de transcrições de livros
melhores, porém, infelizmente, com qualidade pior (provavelmente publicados com pouca ou sem revisão).
Obs.2: Sugestão para substituição do Conteúdo do livro: "capítulo 10 do livro Física para universitários: mecânica, de Wolfgang
Bauer" (também sugerido no Saiba +).
Obs.3: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (com explicação em caso de não
confirmação).
SUMÁRIO
Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo ·~Q.: .... 13
Alessandra de Castro Machado
O corpo rígido e seu movimento de rotação ........................................................................... 13
Funções do movimento de rotação............................................................................................... 19
Casos particulares ...................................................................................................................................... 23

Momento de inércia ':O:· .......................................................................29


Alessandra de Castro Machado
O momento de inércia ............................................................................................................................29
Cálculo do momento de inércia .......................................................................................................34
O momento de inércia para diferentes perfis ..........................................................................44

Torque ...........................................................................................................49
Ricardo Noboru lgarashi
Definição de torque .................................................................................................................................. 49
Torque: um tratamento vetorial ........................................................................................................ 53
Torque: uma anál ise trid imensional ................................................................................................59

Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo


quanto aos aspectos da dinâmica .......................................................65
Ricardo Noboru lgarashi
Movimento de rotação em torno de um eixo fixo ................................................................ 66
Equações do movimento de rotação ............................................................................................ 75
Momento angular ......................................................................................................................................80

Momento angular .....................................................................................85


Daniel Ferreira Cesar
As características do momento angular ...................................................................................... 86
As equações que definem o momento angular .................................................................... 89
Casos particulares do momento angular.................................................................................... 92

Conservação do momento angular (Q) .......................................... 99


Daniel Ferreira Cesar
A lei de conservação do momento angular........................................................................... 100
Equações da conservação do momento angular e sua aplicação .......................... 106
Casos particulares da lei de conservação do momento angular .............................. 11O

Simetria e leis de conservação ........................................................... 117


Daniel Ferreira Cesar
Tipos mais comuns de simetria ....................................................................................................... 118
Simetria e as leis de conservação da mecânica ................................................................... 123
Aplicação de simetria e leis de conservação em problemas .......................................127

Rolamento ~0·:
1
....................................................................................... 133
Everton Coelho de Medeiros
Definição de rolamento ....................................................................................................................... 133
Rolamento como um movimento de rotação...................................................................... 136
Casos particu lares do rolamento ................................................................................................... 138
Giroscópios e precessão ....................................................................... 147
Daniel Ferreira Cesar
O giroscópio e o efeito g iroscópico............................................................................................. 148
A física por t rás de um giroscópio ................................................................................................. 150
O movimento de precessão ..............................................................................................................15 5

Equilíbrio e estabilidade ....................................................................... 161


Daniel Ferreira Cesar
Condições de equilíbrio estático ................................................................................................... 162
A esta bilidade nos sistemas mecânicos.................................................................................... 165
Do cálculo diferencial à mecân ica ................................................................................................. 171

Aná lise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido................. 175


Daniel Ferreira Cesar
Força reativa .................................................................................................................................................176
Equações do equilíbrio .........................................................................................................................177
Aplicação das equações d e equilíbrio na resolução d e prob lemas ........... ..... ..... 178

Análise tridimensional do equilíbrio de corpo ríg ido ................ 187


Daniel Ferreira Cesar
Momento como grandeza vetorial .............................................................................................. 188
Forças no espaço tridimensional................................................................................................... 189
Diagrama de corpo livre no espaço e equações de equilíbrio .................................. 194

Tensão, deformação e módulos de elasticidade ......................... 201


Daniel Ferreira Cesar
Definição de tensão ............................................................................................................................... 202
Tensão normal média ...........................................................................................................................204
Tensão de cisalhamento ..................................................................................................................... 206
Módulo de elasticidade e deformação ..................................................................................... 208

Veto res ........................................................................................................213


Daniel Ferreira Cesar
Representação de um vetor ..............................................................................................................214
Operações envolvendo vetores ......................................................................................................216
Produto escalar ......................................................................................................................................... 224

Tra balho e energia ................................................................................. 227


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho e energia .................................................................................................................................. 228
Teorema trabalho-energia cinética ............................................................................................. 236
Conservação da energia mecânica.............................................................................................. 238

Trabalho de uma força va riável ..........................................................241


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho por cálculo de área ............................................................................................................ 242
Trabalho realizado por uma mola ................................................................................................. 244
Cálculo do trabalho pela área geométrica .............................................................................. 247
Torque
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Explicar o que é o torque.


„„ Identificar as equações que definem o torque em relação a determi-
nado ponto.
„„ Diferenciar os casos particulares do torque quando se envolve apenas
em duas dimensões e quando é preciso trabalhar com forças em
decomposição tridimensional.

Introdução
A grandeza chamada de torque tem um papel muito importante no
estudo do movimento rotacional, visto que está relacionada à segunda lei
de Newton para rotação. Usando essa lei, obtemos a aceleração angular
e, com isso, podemos calcular as outras grandezas, como deslocamento
angular, velocidade angular, tempo de rotação, etc. (HEWITT, 2015).
Neste capítulo, você vai aprender a definir o torque e a calcular essa
grandeza de maneira simples, em sistemas bidimensionais. Depois, estu-
dará como usar esse conceito de torque com a segunda lei de Newton
para rotação. Por fim, verá uma análise vetorial para analisar sistemas
tridimensionais em termos de vetores unitários.

1 Definição de torque
Considere a chave de boca representada na Figura 1. O que acontece quando
aplicamos uma força F1 nessa chave? Você provavelmente vai responder que
essa força F1 vai rotacionar o ponto O. Assim, podemos imaginar que a força
F2 vai girar o ponto O mais facilmente. Usando essa mesma figura, podemos
verificar que a força F3 não pode girar o ponto O. O que você acabou de ver
com esse exemplo simples foi o conceito de torque. Pode-se definir que o
2 Torque

torque é uma grandeza física que dá origem a uma rotação de um corpo por
meio da aplicação de uma força (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016).

F1 F2

F3

Figura 1. Forças aplicadas em uma chave de boca para girar o ponto O.


Fonte: Adaptada de Freepik (2013).

Para escrever uma equação para o torque, você pode pensar, com base
na equação anterior, que essa grandeza vai depender da força aplicada e da
distância do ponto O em relação a essa força. Contudo, deve lembrar que
a orientação da força com relação à distância é muito importante. Em um
primeiro momento, veja a seguinte equação:

τ = r F' (1)

onde:

„„ τ = torque;
„„ r = distância do ponto O em relação à força;
„„ F' = força perpendicular à distância r.

A unidade de torque, pelo sistema internacional de unidades, é medida em


o Newton vezes metro (N.m). Fique atento para não confundir o torque com
o trabalho realizado por uma força, que também tem essa unidade, mas em
geral é representado em Joule (J) (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016).
Torque 3

Agora que você já conhece a definição de torque, pode pensar no motivo


de a porta mostrada na Figura 2 ter essa configuração. A maçaneta da porta
fica a distância das dobradiças para que seja possível abri-la aplicando uma
força perpendicular ao plano da porta. Imagine se a maçaneta ficasse bem
próxima das dobradiças: nesse caso, seria necessário aplicar uma força bem
grande para que a porta abrisse.

Figura 2. Forças aplicadas para abrir uma porta.


Fonte: Adaptada de Fechadura Eletrônica Ideal (2020).

Outro ponto que você deve levar em conta é o sentido de rotação. Nesse
caso, a rotação pode ter dois sentidos possíveis: horário e anti-horário (Figura 3).
Para diferenciá-los, marca-se o sentido anti-horário com um sinal de mais,
e o horário com um sinal de menos. Para ver como isso funciona, considere
o Exemplo 1 a seguir.
4 Torque

Sentido anti-horário Sentido horário


F
O
O
F

Figura 3. Força aplicada em uma barra para produzir rotação no sentido anti-horário ou
horário.

Exemplo 1
Calcule o torque de cada força mostrada na Figura 4.

Figura 4. Força aplicada em uma barra rígida.


Torque 5

Veja como calcular o torque realizado por cada força apresentada na Figura 4.
Força F1: essa força vai produzir uma rotação no ponto O no sentido
anti-horário.

τ1 = 10 · 0,4 = 4 N.m

Força F2: essa força não pode produzir torque. Nesse caso, a força é paralela
à distância.

τ2 = 0

Força F3: essa força vai produzir uma rotação no ponto O no sentido horário.

τ3 = –15 · 0,8 = –12 N.m

Nesta seção, você viu o conceito de torque de uma maneira simples. Veja
que as forças e as distâncias estão localizadas nos eixos x e y. Na sequência,
você verá um tratamento com uma matemática mais formal.

Neste capítulo, usamos as unidades no sistema internacional, mas você poderá encon-
trar nos seus estudos outros tipos de unidades, como CGS (centímetro, grama, segundo).

2 Torque: um tratamento vetorial


Considere agora um corpo extenso que pode girar livremente em relação
ao ponto O. Uma força vetorial F⃗ é aplicada no ponto P, conforme mostra a
Figura 5.
6 Torque

Figura 5. Força aplicada em um corpo rígido para produzir um torque em relação a um


eixo que passa pelo ponto O.

A posição do ponto P em relação a O será identificada pelo vetor posição


r⃗. Nesse caso, é necessário decompor a força em duas componentes, como
mostrado na Figura 5a: Fcosθ tem a mesma direção de r⃗; Fsenθ é perpendicular
a r⃗. Pela explicação que você viu na seção anterior, a primeira componente
não vai produzir torque, e a segunda será utilizada para o cálculo do torque
(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016). Matematicamente, teremos:

τ = Fsenθ r

Você também pode pensar em decompor o vetor posição em duas com-


ponentes, como mostrado na Figura 5b. Veja que a componente rsenθ será a
componente usada para o cálculo do torque. Essa componente é chamada de
braço de alavanca na linguagem do movimento de rotação. Assim, o torque
pode ser escrito como

τ = Frsenθ

Usando o conceito de álgebra vetorial, verificamos que as duas equações


anteriores representam uma operação vetorial. Nesse caso, precisamos usar o
conceito de produto vetorial entre dois vetores a⃗ × b⃗ = absenθ. Desse modo, a
equação do torque é dada por (YOUNG; FREEDMAN, 2016):

τ⃗ = r⃗ × F⃗ (2)
Torque 7

No Exemplo 2, você vai ver como a Equação (2) é aplicada em uma situação
física.

Exemplo 2
Calcule o módulo do torque aplicado pela força F da Figura 6.

Figura 6. Força de 10 N aplicada em uma


barra rígida com comprimento de 0,2 m.

Usando a Equação (2) na expressão modular, teremos

τ = 10 · 0,2 · sen120° = 1,73 N.m

Veja que o ângulo entre o vetor posição e o vetor força é de 120°. Fechamos
esta seção apresentando a forma de calcular o torque como produto vetorial
entre dois vetores. A seguir, vamos fazer a conexão do conceito do torque com
o momento de inércia (I) e a sua aceleração angular (α).

Segunda lei de Newton para rotação


Quando estudamos o movimento de translação, usamos a segunda lei de
Newton F⃗Res = ∑F⃗ = ma⃗, na qual a força resultante que atua em um corpo é
igual à massa vezes a aceleração. A partir do conhecimento da força resultante,
podemos estudar a cinemática de um corpo.

Conf prof Douglas Gomes (youtube): conceitualmente é melhor dizer:


"A resultante das forças que atua em um corpo é igual..."
8 Torque

Esse mesmo conceito pode ser aplicado para o movimento de rotação.


Pode-se fazer uma analogia entre as seguintes grandezas: a força resultante
pode ser substituída pelo toque resultante que atua em determinado ponto de
um corpo; a aceleração linear (a⃗) pode ser substituída pela aceleração angular
α⃗; a massa m pode ser substituída pelo momento de inércia I. Temos, então,
a segunda lei de Newton para rotação (TIPLER; MOSCA, 2009):

(3)

Você pode usar a segunda lei de Newton na forma rotacional para estudar
exemplos bem interessantes. Veja nos Exemplos 3 e 4 o uso dessa lei na forma
da Equação (3).

Exemplo 3
Suponha que determinado dispositivo (pode ser uma roda) sofra um toque de
38 N.m, produzindo uma aceleração angular de 12 rad/s2. Calcule o momento
de inércia desse dispositivo.
Use a segunda lei de Newton na forma rotacional dada na Equação (3).
Nesse caso, pense apenas no módulo das grandezas:

Exemplo 4
Veja agora um exemplo mais elaborado. Na Figura 7, um disco uniforme de
massa M = 2,0 kg e de raio R = 15 cm está montado em um eixo fixo. Nesse
disco é colocada uma massa m = 1 kg pendurada por uma corda de massa
desprezível que está enrolada na borda do disco. Considere que a corda não
escorrega e que não existe atrito no eixo. Calcule:

a) aceleração do bloco em queda;


b) aceleração angular do disco;
c) tração na corda.
Torque 9

Reação
Mancal
do Disco

Peso Mg

Figura 7. (a) Disco de massa M fixada em um eixo fixo preso a uma massa m. (b) Diagrama
de forças para cada corpo.

Primeiramente, desenhamos as forças que atuam em cada corpo. A partir


da identificação das forças, aplicamos a segunda lei de Newton na forma linear
para cada corpo. Essas forças são representadas na Figura 7b. No corpo de
massa m, temos apenas a força na vertical (eixo y), o peso (mg) para baixo e
a força de tração na corda para cima. Assim:

T – mg = ma

No corpo de massa M, temos forças apenas no eixo x, que seria a força de


tração. Essa tração será a responsável pela rotação em torno de um eixo que
passa perpendicularmente ao ponto O. Você deve ter percebido que o torque
pela tração T em relação ao ponto O será no sentido horário. Escreve-se o
toque da seguinte forma:

τ = –TR

No corpo de massa M, temos forças apenas na direção y,


força de Tração (corda), Peso Mg e Reação do mancal do
Disco. As forças se anulam (disco M não translada), mas há
um torque resultante em relação ponto O (direção do eixo z,
entrando na página).
Ao se desenrolar do disco sem escorregar ao mesmo tempo que sua
10 Torque ponta está solidária ao corpo m que cai, a corda acopla a rotação do
disco com o movimento vertical de m:

Agora usamos a segunda lei de Newton na forma rotacional. Para isso,


utilizamos o momento de inércia de um disco de massa M e raio R, onde
o eixo de rotação passa no centro: I = MR2. A partir dessas informações,
usamos τ = Iα.

(5)

Considerando que a = αR, podemos reescrever a Equação (5) como


–TR = MR2 . Fazendo algumas simplificações, chegamos à seguinte equação:

(6)

elm =
Repare que consideramos que os dois corpos formam apenas um sistema;
ERR !!
assim, têm a mesma aceleração.
Usando as Equações (4) e (6), podemos eliminar a tração na corda:

Com esse valor da aceleração linear, calcula-se o valor da aceleração


angular:

Repare que o raio do disco teve a sua unidade modificada para metros.
Para calcular o valor da tração, podemos usar tanto a Equação (4) quanto
a (6). Nesse caso, vamos usar a Equação (6):

Por fim, usando a Equação (3), podemos obter outras grandezas de inte-
resse físico, por exemplo, deslocamento angular, velocidade angular, tempo
de rotação, etc. Contudo, até agora consideramos sistemas bidimensionais.
Na próxima seção, você verá o cálculo do torque para sistemas tridimensionais.
Torque 11

3 Torque: uma análise tridimensional


Nas seções anteriores, consideramos que o eixo de rotação no corpo rígido
é fixo. Nesta seção, não vamos considerar que o eixo fica fixo. A Figura 8
representa uma partícula de massa m que se desloca no plano xy. Essa partícula
estará sujeita a uma força F⃗, e definimos o vetor posição r⃗ em relação à origem
O. Veja que o ângulo entre o vetor posição foi chamado de θ. Desse modo,
podemos usar o produto vetorial para calcular o torque em relação à origem:

τ⃗ = r⃗ × F⃗

Figura 8. (a) Partícula de massa m localizada no plano xy, sujeita a uma força F. (b) Aplicação
da regra da mão direita para determinar o sentido do vetor torque.
Fonte: Instituto Federal de Santa Catarina (2020, documento on-line).

Para indicar a direção do torque, você pode usar a regra da mão direita para
produto vetorial. Para isso, coloque a força na origem, para que tenha mesma
da origem do vetor posição, e use os dedos da mão direita partindo do vetor
r⃗ e apontado para F⃗. O polegar da mão direita será o sentido do torque. Aqui
o torque tem a direção z no sentido para cima.
Outra maneira de descobrir a direção do torque seria pensar em termos de
vetores unitários. Para isso, considere dois vetores genéricos A⃗ e B⃗. Vamos
escrever esses dois vetores em termos dos vetores unitários î, ĵ e k̂ . Lembre-se
de que esses vetores unitários representam as direções x, y e z, respectivamente.
12 Torque

Assim, A⃗ = Axî + Ayĵ + Azk̂ e A⃗ = Bxî + Byĵ + Bzk̂ . Desse modo, podemos
escrever o produto vetorial C⃗ = A⃗ × B⃗ na forma de um determinante (WIN-
TERLE, 2000):

(7)

Lembre-se de que, no produto vetorial, a ordem dos vetores tem muita


importância. Por exemplo, se trocarmos as ordens dos vetores, o sinal vai se
modificar:

A⃗ × B⃗ = –B⃗ × A⃗

Usando a Equação (7), podemos analisar a direção do torque. Veja que


os vetores posição e força têm componentes apenas nos eixos x e y, que vão
resultar apenas no eixo k̂ . Nos Exemplos 5 e 6, você verá os conceitos de
vetores unitários e da Equação (7) em uso.

Exemplo 5
Considere que, na Figura 8, o vetor posição seja dado por r⃗ = 2mî + 3mĵ e
F⃗ = –3Nî + 4Nĵ. Calcule o vetor torque.
Usando a Equação (7), temos:

τ⃗ = (2 · 4 – 3 · (–3))k̂ = 17 N · mk̂

Verificamos que, nessas condições, o torque tem direção z e sentido para


cima.

Exemplo 6
Considere que uma partícula de massa m esteja localizada no plano xz, con-
forme mostra a Figura 9. O vetor posição r⃗ indicado na figura tem módulo
de 5 m e faz um ângulo de 30° com o eixo x positivo. As forças F⃗1 e F⃗2 são
paralelas aos eixos z e y, respectivamente, e têm módulo de 3 N. Calcule o
torque resultante que atua nessa partícula.
Torque 13

Figura 9. (a) Partícula de massa m localizada no planoxz, sujeita a duas forças F⃗1 e F⃗2.
b) Ângulo entre o vetor posição e o vetor força F⃗1.
c) Ângulo entre o vetor posição e o vetor força F⃗2.

Primeiramente, calculamos o módulo do torque de cada uma das forças:


No caso da força F⃗1, o ângulo entre r⃗ e F⃗1 será de 120°; com F⃗2, será de
150°, como mostrado nas Figuras 9b e 9c. Desse modo, teremos:

τ1= 5 · 3 · sen120° = 13 N.m

τ2 = 5 · 3 · sen150° = 7,5 N.m

Usando a regra da mão direita, verificamos que os dois torques têm sentidos
opostos e ficam na direção y. Assim, o módulo do torque resultante é

τRes = τ1 – τ2 = 13 – 7,5 = 5,5 N.m

Outra forma de resolver esse problema seria usando os vetores em termos


dos seus componentes. Primeiro vamos decompor o vetor r⃗ em termos das
componentes x e z:

rx = 5cos300 = 4,33 m

rz = 5sen300 = 2,5 m
14 Torque

Em termos de componentes, r⃗ = 4,33mî + 2,5mk̂ . As forças também podem


ser escritas em termos das suas componentes F⃗1 = –3Nk̂ e F⃗2 = –3Nî. Usando
a Equação (7), obtemos:

τ⃗1 = (–4,33 · (–3))ĵ=13 N.mĵ

τ⃗2 = (2,5 · (–3)) ̂ = –7,5 N.mȷ̂

O torque resultante será dado por

τ⃗Res = τ⃗1 + τ⃗2 = 13 – 7,5 = 5,5 N.mĵ

Agora veja que os dois métodos fornecem o mesmo resultado para o torque
resultante. Contudo, vale salientar que você usará este último método nos seus
estudos de ciências exatas e engenharia.

Exemplo 7
Considere uma partícula localizada no plano xy com o vetor posição r⃗ = 2mî
+ 4mĵ em relação à origem. Essa partícula está sujeita a uma força F⃗ = 4Nî +
3Nĵ. Com essas informações, calcule:

a) o torque em relação à origem na qual a partícula está submetida;


b) o ângulo entre r⃗ e F⃗.

Para resolver o primeiro item, usamos apenas o último termo da Equação (7):

τ⃗ = (2 · 3 – 4 · 4) k̂ = (6 – 16) k̂ = –10 N.mk̂

Para o segundo item, precisamos usar a definição do produto vetorial:

|τ⃗| = |r⃗||F⃗|senθ

Usando os valores do problema,


Torque 15

Neste capítulo, você estudou o que é o torque realizado por uma força.
Fisicamente, você viu que o torque pode ser interpretado como uma força que
produz uma rotação. Assim, verificou que as direções das distâncias em relação
ao ponto que deseja calcular e a força são muito importantes. Essa direção foi
desenvolvida no conceito de produto vetorial. Por fim, você viu como usar o
produto vetorial para calcular o torque em sistemas tridimensionais.

FECHADURA ELETRÔNICA IDEAL. Chaveiro para abrir porta em SP São Miguel Paulista.
[2020]. Disponível em: http://www.chaveiroportal.com.br/chaveiros-24-hs/chaveiro-
-para-chave-de-carro/chaveiro-para-abrir-porta-em-sp-sao-miguel-paulista. Acesso
em: 30 maio 2020.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2016. (Mecânica, v. 1).
HEWITT, P. G. Física conceitual. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA. Index of Gleison Renan. [2020]. Disponível em:
http://www.joinville.ifsc.edu.br/~gleison.renan/. Acesso em: 30 maio 2020.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2009. (Mecânica, Oscilações e Ondas, Termodinâmica, v. 1).
WINTERLE, P. Vetores e geometria analítica. São Paulo: Makron Books, 2000.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I: mecânica. 14. ed. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2016.

Leituras recomendadas
JEWET JR., J. W.; SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros. 8. ed. São Paulo:
Thomson Pioneira, 2012. (Mecânica, v. 1).
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica. 5. ed. São Paulo: Blucher, 2013. (Mecânica, v. 1).
16 Torque

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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 3.1
_3.1_ Dica do professor

A grandeza torque é um vetor que tem módulo direção e sentido. Nesse contexto, usa-se o
conceito de produto vetorial para obter o torque. Os vetores que entram no cálculo são os vetores
posição e força. Portanto, o importante será usar de maneira correta a direção entre esses vetores.

Na Dica do Professor de hoje, serão apresentados os cálculos de torque para sistemas


bidimensionais e tridimensionais. Veja, ainda, algumas dicas que irão ajudar a fixar o conteúdo.

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cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/4c9c495ffae4
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4 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
_3.1_ Exercícios

1) No movimento de rotação, é usada a Segunda Lei de Newton para rotação para analisar o
fenômeno. Por meio desse modelo matemático, é possível calcular diretamente o momento
de inércia, o torque externo ou a aceleração angular. Nesse contexto, o momento de inércia
de um disco tem valor de 150kg.m2. Esse disco tem aceleração angular constante de
1,5rad/s2. A partir disso, o valor do torque em N.m vai ser de:

A) 225.

B) 150.

C) 100.

D) 200.

E) 300.
2) Considere que uma barra fina e homogênea de comprimento L=2m esteja articulada na parede
(ponto O). Essa barra é largada da posição indicada na figura a seguir. Desprezando as forças
dissipativas, marque a opção referente à aceleração angular da barra em rad∕s2. Considere a
g=10m/s2 e que a massa da barra fica localizada bem no centro da barra.

A) 7,5.

B) 15.

C) 10.

D) 12.

E) 5.
3) Ao definir os vetores posição e força em termos de vetores unitários, o conceito de produto
vetorial é usado para calcular o torque. Assim, por meio do uso dessa operação matemática,
considere que uma força de F=3Ni-2Nj produz um torque em uma partícula de massa m de
módulo 5 N.m. Essa partícula tem um vetor posição r em relação à origem dado por
r=2mi+3mj. O valor do ângulo entre os vetores força e posição vai ser de:

A) 230.

B) 200.

C) -370.

D) 370.

E) -200.

questão ruim ver rep


mentor abaixo

MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)


Ex. 3_Aula 3.1 - Torque
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
_ Enunciado incoerente: informa torque de 5N.m, que não é o torque resultante dos vetores r e F também dados
(torque = –13k ; ver imagem abaixo).
_Além disso, nenhuma opção correta (mesmo calculando errado com o 5 N.m e os módulos de r e F via seno do
ângulo, resulta em aprox –23° (negativo r x F ; ângulo vai de r para F).
Obs.1: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda
apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem dos vetores r e F:
m
Re: Ex. 3_Aula 3.1 - Torque
por FELIPE AUGUSTO DA SILVA BARBOSA (MENTOR) - quinta, 11 mai 2023, 13:49
De fato, esta questão também está INCORRETA.
Quando temos um vetor F e um vetor r, devemos fazer o produto vetorial entre r e F, segundo aquele determinante que expliquei na
videoaula!
Como o vetor F = 3î - 2j e o vetor r = 2i + 3j, então o vetor r x F será - 13k. É impossível que este tenha módulo igual a 5.
Pelo que percebi, a questão foi elaborada apenas com base no conhecimento de que
Módulo do Torque = Módulo da força F x Módulo da distancia R x seno do ângulo entre F e R
A intenção da questão era fazer você calcular o módulo de F, calcular o módulo de R e jogar nessa fórmula juntamente como módulo do
torque que ele forneceu, que seria igual a 5, estando errado.
Dessa forma, ficaria 5 = (13^(1/2))*(13^(1/2))*sen(r,F)
5 = 13*sen(r,f) ===> sen(r,f) = 5/13 ===> ângulo(r,f) = 22,62° ===> 23°
Todavia, esta resposta está FISICAMENTE INCORRETA.
A questão NÃO DEVERIA TER FORNECIDO O MÓDULO DO TORQUE, por que nos teríamos como calcular a partir do módulo do produto
vetorial r x F, claramente diferente de 5.
Assim, |r x F| = 13
Logo |Torque| = |r| * |F| * sen(r,F)
sen(r,F) = |Torque|/(|r|*|F|)
sen(r,F) = 13/(√13*√13)
sen(r,F) = 1
Ângulo (r,F) = 90°

Re: Ex. 3_Aula 3.1 - Torque


por FELIPE AUGUSTO DA SILVA BARBOSA (MENTOR) - segunda, 29 mai 2023, 19:39
Exercício com atribuição de nota em favor dos alunos.
Dê uma verificada, Elmer!
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Ex. 3_Aula 3.1 - Torque
No gabarito, alteraram as opções, surgindo A (90°) como opção correta e traz soluçao em pdf correspondente.
Não há nada que indique que o exercício foi anulado!
No meu caso, havia "chutado" opção A (que era 23°) mesmo. Assim não consigo confirmar correção na atribuição de pontos.
Obs.1.: Seria muito mais eficaz (sobretudo para os alunos), se constasse um aviso "EXERCÍCIO ANULADO - PONTUAÇÃO SERÁ ATRIBUÍDA A
TODOS OS ALUNOS".
Obs.2: Mudar conteúdo das opções sem alerta nenhum pode causar, surpresa, confusão, sobretudo para quem não acompanha este item
do Fale com Mentor.
Obs.3: De qualquer forma, dentre as disciplinas que cursei, é a primeira vez que erro comunicado a mentor, resulta em correção.
Obrigado pelo empenho..
4) O torque realizado por uma força tem importante papel na análise do movimento rotacional.
O conhecimento, tanto em termos conceituais quanto em termos de como calculá-lo, é
necessário para dominar as técnicas usadas na análise da rotação dos corpos. Nesse
contexto, assinale a alternativa correta em relação a essa grandeza.

A) O torque em relação a um ponto pode ser obtido pelo produto vetorial entre a posição da
partícula em relação a esse ponto e a força aplicada nessa partícula.

B) O torque em relação a um ponto será máximo quando a força e a distância forem paralelas
entre si.

C) Quando a força aplicada for perpendicular à distância em relação a um ponto, o torque será
nulo.
D)
• O torque em relação a um ponto pode ser obtido pelo produto escalar entre a posição
da partícula em relação a esse ponto e a força aplicada nessa partícula.

E) Na Segunda Lei de Newton para rotação, o torque vai depender apenas da sua aceleração
angular.
5) No cálculo do torque em sistemas tridimensionais, geralmente é usado o produto vetorial
em termos de um determinante. Para isso, é necessário escrever os vetores posição e força
em termos de vetores unitários. Com isso, é possível usar o conceito de determinante. Desse
modo, considere uma partícula que tenha as coordenadas dadas por (0,-4m,8m) sendo
sujeita a duas forças: F1=3Nk e F2=2Nj. O módulo do torque atuando sobre a partícula e sua
direção serão de:

A) 28Nm no sentido negativo de x.

B) 28Nm no sentido positivo de x.

C) 28Nm no sentido positivo de y.

D) 28Nm no sentido negativo de y.

E) 0.
_3.1_ Na prática
A aplicação do conceito de torque está presente no cotidiano das pessoas. Por exemplo, quando
você abre uma porta, o conceito de torque está presente. Outro exemplo seria quando você brinca
com um ioiô — nesse caso, o responsável pelo torque seria a tração na corda. Contudo, o interesse
em aplicações é muito grande. Essas aplicações englobam desde a parte de mecânica até efeitos de
eletromagnetismo.

Veja, Na Prática, uma aplicação na área de construção civil que envolve o conceito de torque.
Nesse exemplo, o objetivo é a construção de grandes estruturas que devem ficar estáticas. Assim,
serão usados os conceitos de força resultante e torque resultante.

O CONCEITO DE TORQUE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O conceito de torque é muito usado em diversas áreas da Engenharia. Por exemplo, na área de construção civil, ele
é muito utilizado para dimensionar estruturas que precisam ficar estáticas. Nesse caso, o engenheiro deve modelar
as forças que atuam nessa estrutura. Desse modo, essas forças devem produzir uma força resultante e um torque
resultante nulo.
Veja alguns exemplos:

EQUILÍBRIO ESTÁTICO
Uma ponte, quando dimensionada, deve suportar os pesos dos
carros que irão passar por ela e também o próprio peso da ponte.
É necessário que a ponte não tenha movimento de translação
e também não tenha movimento de rotação.

Para que ocorra equilíbrio, é usada a equação ΣF = 0 , que indica


que não existe movimento de translação.

Também é usada a equação Στ = 0 , que indica que não existe


movimento de rotação. Essas equações são importantes porque, por
meio delas, é possível encontrar o valor de tração nos cabos de uma
ponte.

GRUA
Na área de construção civil, geralmente existem gruas. Na grua, há o
contrapeso, que deve se equilibrar com o peso que ele está levantando.
Nesse caso, o torque que o contrapeso faz na base da grua deve ser
igual ao torque do peso.

Com esse método, é possível descobrir o valor do contrapeso.


_3.1_ Saiba +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Introdução ao torque
Para saber mais, assista a esta videoaula sobre o conceito inicial de torque. Nela, o autor vai
apresentar o cálculo do valor do torque e alguns exemplos interessantes para que você fixe o
conceito de torque.
https://pt.khanacademy.org/science/physics/torque-
angular-momentum/torque-tutorial/v/introduction-
to-torque

10 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Efeito do torque na vida em fadiga de uniões parafusadas


A grandeza torque tem muitas aplicações, que vão desde o cotidiano das pessoas até aplicações em
Engenharia. Para saber mais, leia este estudo, em que é apresentada a aplicação do conceito de
torque na Engenharia de Materiais. Nesta dissertação de Mestrado, é investigado o efeito do
torque na fadiga de parafusos.
https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/14382

pdf 107 pág.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Física para universitários


Para treinar seus conhecimentos sobre torque, leia o capítulo 10 do livro Física para universitários:
mecânica, de Wolfgang Bauer. Nesse livro, você vai encontrar exemplos resolvidos e exercícios para
fixar o conceito de torque.

Conteúdo interativo
disponível na plataforma de
ensino!

LivrEn_Physics_Bauer_Westfall_University_2011_1472p

LivrEn_Physics_Bauer_Westfall_University_Solutions_ed2_1495p
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
1.1 - Princípios fundamentais
1.2 - Vetores de Força – análise bidimensional
2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
2.2 - Momento de inércia
3.1 - Torque
3.2 - Equilíbrio e estabilidade
4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Equilíbrio e estabilidade
_3.2_
Apresentação
Quando um arquiteto ou um engenheiro projetam edificações, eles precisam ter em mente as várias
exigências atreladas à edificação, como, por exemplo, sua funcionalidade, seu conceito
arquitetônico,
entre outras. Entretanto, antes de atender a todas as exigências que o projeto demanda, existe uma
que supera todas as demais e a que mais preocupa os projetistas: como manter o equilíbrio e a
estabilidade da edificação a ser construída? De nada servirá ao projetista cumprir com as demais
exigências caso ele não garanta que a estrutura tenha as mínimas condições necessárias para
permanecer em equilíbrio estático estável e atender, assim, às demais funcionalidades.

Os conceitos físicos associados ao equilíbrio e à estabilidade de um sistema físico estão


diretamente relacionados à configuração das forças e dos torques sobre um sistema, ou corpo
rígido, impedindo, de tal forma, que a estrutura não se movimente, ou seja, restringindo todos os
graus de liberdade da estrutura. Embora os conceitos de equilíbrio possam ser estudados por
diferentes ângulos, como, por exemplo, a configuração energética, a ideia principal é a condição
para a restrição ou limitação de movimento.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá um pouco mais sobre os conceitos e as


condições físicas que estabelecem o equilíbrio e a estabilidade a um sistema.
Fundamentalmente, você aprenderá a classificar um sistema de acordo com o equilíbrio que lhe
é inerente e que o equilíbrio estático estável de um corpo rígido, por exemplo, é o resultado da
aplicação das Leis de Newton da mecânica com a imposição de certas condições.
Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Analisar as condições de equilíbrio estático.


• Identificar a estabilidade nos sistemas.
• Relacionar conceitos do cálculo diferencial com a mecânica.
_3.2_ Desafio

A estática dos corpos rígidos tem enorme aplicação no cotidiano, principalmente na área
da engenharia civil. Quem trabalha na elaboração do projeto de uma edificação precisa, antes de
pensar na estética arquitetônica, certificar-se de que a edificação que está sendo projetada ficará
de pé. Para que isso ocorra, é necessário que o projetista, quando fizer os cálculos da estrutura,
se assegure de que os os conceitos de equilíbrio e estabilidade sejam satisfeitos, a fim de que ela
não se movimente.

Entre as edificações de maior funcionalidade, encontram-se as barragens. Devido aos recentes


acontecimentos, sabe-se o quão desastroso é quando uma barragem se rompre, passando da
condição de equilíbrio estático estável para o desequilíbrio, isto é, não satisfazendo às condições
básicas de equilíbrio e estabilidade:

∑ Fi = 0 (somatória das forças externas igual a zero);

∑ τi=0 (somatória dos torques externos igual a zero).


Você trabalha em uma empresa de engenharia e precisa revisar os cálculos de um projetista que fez o projeto
de uma pequena barragem.

Como parte de seu trabalho, você será responsável por refazer os cálculos de estabilidade do projetista e dizer se
os cálculos estão adequados ao projeto e, consequentemente, se seu projeto pode ser implementado pela
empresa ou se precisará passar por ajustes.

A figura ilustra um esboço do croqui feito pelo projetista:

Nesse esboço, a água aplica força de 20kN


sobre o centro de massa da barragem, a qual
foi projetada com base de 3m de largura e
peso de 36kN.

Com os dados fornecidos no croqui do projeto, determine se a estrutura tem a estabilidade


necessária contra tombamento para que o projeto possa ser implementado.

elm = Barragem não tomba. Momento do Peso da barragem maior que o da água.
_3.2_ Infográfico

O equilíbrio dos sistemas físicos, em particular do corpo rígido, é um tópico de especial interesse
dentro da mecânica devido à sensibilidade com que alguns conceitos físicos de alta relevância se
apresentam. Além disso, o estudo do equilíbrio reúne elementos não apenas da física; ele pode ser
analisado a partir da conexão entre elementos de cálculo diferencial e física.

Neste Infográfico, você verá as condições para que um corpo atinja a condição de equilíbrio, seja
equilíbrio estático, seja dinâmico. Você verá quais conceitos físicos estão por trás da compreensão
de equilíbrio e como ele pode ser analisado atrelando-se elementos do cálculo diferencial com
importantes quantidades da mecânica.

EQUILÍBRIO
Para que um corpo rígido se encontre em estado de equilíbrio, é preciso que ele satisfaça algumas condições
físicas.

Veja quais são as condições para que um corpo rígido esteja fisicamente em equilíbrio.

O EQUILÍBRIO DINÂMICO
O Equilíbrio dinâmico translacional
Embora haja conservação de momento linear, o módulo dessa grandeza sendo
diferente de zero garante, ao mesmo tempo, translação e estabilidade, originando
o equilíbrio dinâmico.

O Equilíbrio dinâmico rotacional


Embora haja conservação de momento angular, o módulo dessa grandeza sendo
diferente de zero garante, ao mesmo tempo, rotação e estabilidade, originando o
equilíbrio dinâmico.

EQUILÍBRIO ESTÁTICO
Diferentemente da condição de equilíbrio dinâmico, na condição de equilíbrio estático
não há nem rotação, nem translação do corpo.
O EQUILÍBRIO ESTÁVEL, INSTÁVEL E INDIFERENTE
Além das classificações estático e dinâmico, o equilíbrio pode ser classificado ainda como estável, instável e
indiferente, conforme o comportamento do corpo rígido quando perturbado por uma força F(x) = 0.

De acordo com a configuração da energia potencial U(x) assumida, E1, E2, E3, o corpo estará,
respectivamente, em situação de equilíbrio estável, equilíbrio indiferente (ou neutro) ou equilíbrio instável
quando:
_3.2_ Conteúdo do livro

Dentro do estudo da mecânica e, principalmente, da cinemática dos corpos rígidos, um tópico de


extrema relevância é o estudo das condições que estabelecem a um corpo permanecer em uma
configuração de equilíbrio estático estável. O equilíbrio de um corpo pode ser analisado mediante a
aplicação das Leis de Newton da mecânica, em particular da Segunda Lei, tanto para movimentos
lineares como para movimentos angulares.

Na obra Cinemática dos corpos rígidos, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo
Equilíbrio e estabilidade, no qual você compreenderá como, a partir da aplicação das Leis de
Newton, podem ser derivadas condições gerais para a compreensão do equilíbrio e da estabilidade
de um corpo rígido. Você iniciará o capítulo com a análise dos tipos de equilíbrio e das condições
físicas necessárias para sua ocorrência; em seguida, verá como aplicar as Leis de Newton na
obtenção de resultados gerais que descrevem as condições de equilíbrio dos corpos rígidos. Por
último, irá olhar a condição do equilíbrio do ponto de vista da configuração energética de um corpo
rígido e determinar, usando elementos de cálculo diferencial, as condições para a ocorrência do
equilíbrio.
SUMÁRIO
Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo tJ..: .... 13
Afessandra de Castro Machado
O corpo rígido e seu movimento de rotação ........................................................................... 13
Funções do movimento de rotação............................................................................................... 19
Casos particulares ......................................................................................................................................23

Momento de inércia r:tL .......................................................................29


Alessandra de Castro Machado
O momento de inércia............................................................................................................................29
Cálculo do momento de inércia .......................................................................................................34
O momento de inércia para d iferentes perfis ..........................................................................44

Torque ...........................................................................................................49
Ricardo Noboru lgarashi
Definição de torque .................................................................................................................................. 49
Torque: um tratamento vetorial ........................................................................................................ 53
Torque: uma análise tridimensional ................................................................................................59

Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo


quanto aos aspectos da dinâmica .......................................................65
Ricardo Noboru lgarashi
Movimento de rotação em torno de um eixo fixo ................................................................ 66
Equações do movimento de rotação ............................................................................................ 75
Momento angular ......................................................................................................................................80

Momento angular .....................................................................................85


Daniel Ferreira Cesar
As características do momento angular ...................................................................................... 86
As equações que definem o momento angular ....................................................................89
Casos particulares do momento angular.................................................................................... 92

Conservação do momento angular :·o_; ..........................................99


Daniel Ferreira Cesar
A lei de conservação do momento angular............................................................................ 100
Equações da conservação do momento angular e sua aplicação .......................... 106
Casos particulares da lei de conservação do momento angular .............................. 11O

Simetria e leis de conservação ........................................................... 117


Daniel Ferreira Cesar
Tipos mais comuns de simetria ....................................................................................................... 11 8
Simetria e as leis de conservação da mecânica ................................................................... 123
Aplicação de simetria e leüs de conservação em problemas .......................................127

Ro lamento :~(J'. ....................................................................................... 133


Everton Coelho de Medeiros
Defi nição de rolamento ....................................................................................................................... 133
Rolam ento como um movimento de rotação ...................................................................... 136
Casos particulares do rolamento ................................................................................................... 138
Giroscópios e precessão ....................................................................... 147
Daniel Ferreira Cesar
O giroscópio e o efeito g iroscópico............................................................................................. 148
A física por t rás de um giroscópio ................................................................................................. 150
O movimento de precessão ..............................................................................................................15 5

Equilíbrio e estabil idade ....................................................................... 161


Daniel Ferreira Cesar
Condições de equilíbrio estático ................................................................................................... 162
A estabilidade nos sistemas mecânicos .................................................................................... 165
Do cálculo diferencial à mecân ica ................................................................................................. 171

Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido................. 175


Daniel Ferreira Cesar
Força reativa .................................................................................................................................................176
Equações do equilíbrio .........................................................................................................................177
Aplicação das equações de equilíbrio na resol ução de problemas ........ ..... ..... .. 178

Análise tri dimensional do equilíbrio de corpo rígido ................ 187


Daniel Ferreira Cesar
M omento como grandeza vetorial .............................................................................................. 188
Forças no espaço tridimensional ................................................................................................... 189
Diagrama de corpo livre no espaço e equações de equilíbrio ................................. 194

Tensão, deform ação e módulos de elasticidade......................... 201


Daniel Ferreira Cesar
Definição de tensão ............................................................................................................................... 202
Tensão n ormal média ........................................................................................................................... 204
Tensão de cisalhamento ..................................................................................................................... 206
Módulo de elasticidade e deformação ..................................................................................... 208

Vetores ........................................................................................................ 213


Daniel Ferreira Cesar
Representação de um vetor ..............................................................................................................214
Operações envolvendo vetores ......................................................................................................216
Produto escalar ......................................................................................................................................... 224

Trabalho e energia ................................................................................. 227


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho e energia .................................................................................................................................. 228
Teorem a trabalho-energia cinética ............................................................................................. 236
Conservação da energia m ecânica .............................................................................................. 238

Trabalho de uma força variável .......................................................... 241


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho por cálculo de área ............................................................................................................ 242
Trabalho realizad o por uma mola ................................................................................................. 244
Cálculo do trabalho pela área geométrica ..............................................................................247
Equilíbrio e estabilidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Analisar as condições de equilíbrio estático.


„„ Identificar a estabilidade nos sistemas.
„„ Relacionar conceitos do cálculo diferencial com a mecânica.

Introdução
A estática, tanto do ponto material quanto dos corpos rígidos, é a parte da
física que estuda as condições necessárias para que um corpo ou sistema
permaneça em equilíbrio. O estudo dessas condições é particularmente
importante, pois advém diretamente da aplicação das leis de Newton da
mecânica, tanto para o movimento linear (i.e., de translação) como para o
movimento angular (i.e., de rotação). Além disso, o equilíbrio de um corpo
pode ser derivado a partir da compreensão do seu estado energético.
Visto de outro modo, o estudo do equilíbrio e da estabilidade de um
corpo rígido está diretamente vinculado à compreensão de como as
forças e os torques externos aplicados sobre um corpo rígido são capazes
de estabelecer uma configuração energética que restrinja os vários graus
de liberdade do corpo, restringindo a sua liberdade e constrangendo-o
a permanecer no estado de equilíbrio, seja estático ou dinâmico.
Neste capítulo, você estudará sobre os conceitos da mecânica e das
leis de Newton, bem como conhecerá as condições que possibilitam
que um corpo se apresente em diferentes estados de equilíbrio. Além
disso, conhecerá os diferentes tipos de equilíbrio e as condições físicas
necessárias à ocorrência destes nos sistemas físicos estudados. Por fim,
verá quais são as consequências da imposição de certas condições para
a ocorrência da estabilidade de um corpo.
2 Equilíbrio e estabilidade

1 Condições de equilíbrio estático


Antes de abordar as condições necessárias para que um corpo rígido — por
fins de simplicidade, utilizaremos apenas “corpo” a partir de agora — esteja
em equilíbrio, faz-se necessário compreender o que significa dizer que um
corpo ou sistema está em equilíbrio. Em geral, quando se pensa em equilíbrio,
é comum imaginar uma situação em que algo esteja imóvel, como um livro
sobre uma mesa, por exemplo. Embora essa noção de equilíbrio não esteja
totalmente errada, ela está incompleta, uma vez que é possível que um corpo
ou sistema esteja em movimento e, ainda assim, se encontre em equilíbrio.
Portanto, pode-se dizer que não existe apenas um tipo de equilíbrio, mas sim
dois tipos: o equilíbrio estático e o equilíbrio dinâmico.
Antes de fazer uma diferenciação entre os dois tipos de equilíbrio, faz-se
necessário abordar um importante conceito da mecânica acerca do repouso e do
movimento. Ao dizer que um corpo está em repouso ou em movimento, deve-
-se ter em mente que a noção de que algo está em repouso ou em movimento
só tem sentido a partir do momento em que se indica um referencial inercial.
Por exemplo, imagine que você está sentado em um ônibus que trafega em uma
via pública a uma velocidade de 50 km/h. Se um passageiro, sentado ao seu lado,
lhe perguntasse, subitamente, se você está em repouso ou em movimento, o que
você responderia? Embora pareça uma pergunta simples, ela é profunda sob a
luz da física. A resposta correta que você deveria dar ao passageiro é: depende
do referencial. Isso porque tudo no universo está em repouso e em movimento ao
mesmo tempo. Por exemplo, se adotarmos como referencial um pedestre parado
na rua, certamente ele dirá que o ônibus está em movimento. Como consequência,
para ele, você e o passageiro questionador, que se encontram dentro do ônibus,
também estarão em movimento. Todavia, se o referencial adotado for um terceiro
passageiro desse ônibus, sentado no assento da frente, por exemplo, a resposta
correta é que você está em repouso. Logo, dependendo do referencial adotado,
um corpo pode estar em repouso ou em movimento ao mesmo tempo.

A relatividade de Galileu
Embora tenhamos dado um exemplo simples da aplicação da relatividade do movi-
mento, muitos outros conceitos, como velocidade, aceleração e descrição de trajetórias,
dependem exclusivamente do referencial do observador.
Equilíbrio e estabilidade 3

O equilíbrio estático faz parte do nosso dia a dia e, portanto, faz mais
sentido ao nosso senso do que seria o equilíbrio. Ele diz respeito a corpos que
se encontram em repouso em relação a um determinado referencial inercial,
no qual também estamos em repouso. Portanto, ao afirmar que um livro está
em equilíbrio sobre uma mesa, pode-se adotar a mesa como referencial inercial,
ou, ainda, pode-se adotar o chão como referencial inercial. Nesse caso, o livro
não está se movendo em relação ao referencial escolhido. Portanto, dizer que
um corpo possui equilíbrio estático é o mesmo que dizer que o corpo está em
repouso em relação a um referencial.
Já o equilíbrio dinâmico é associado a um corpo dotado de movimento
em relação a um referencial inercial. Entretanto, não pode ser qualquer mo-
vimento, pois é preciso que o corpo esteja dotado de movimento retilíneo
uniforme (MRU). As causas do porquê desse tipo de movimento ficarão
mais claras adiante. Portanto, pode-se dizer que um carro se movimentando
horizontalmente em uma estrada, com uma velocidade constante, é um corpo
que está em equilíbrio dinâmico.
Além dessas duas formas de equilíbrio, é possível classificar o equilíbrio
como estável, instável e indiferente (ou neutro). Essa segunda classificação
está ligada à capacidade do corpo de retornar ao equilíbrio caso sofra uma
perturbação em relação à sua condição de equilíbrio imediatamente anterior à
perturbação. Confira, a seguir, a diferença entre essas três formas de equilíbrio:

1. Equilíbrio estável: quando um corpo se encontra nesse tipo de equilí-


brio, ainda que sofra alguma perturbação, sua configuração é tal que,
após algum tempo, o corpo retornará, invariavelmente, à condição de
equilíbrio que possuía antes de sofrer a perturbação.
2. Equilíbrio instável: quando um corpo se encontra nesse tipo de equi-
líbrio e sofre qualquer perturbação, ainda que esta seja mínima, sua
configuração é tal que, imediatamente após a perturbação, o corpo
deixa a condição de equilíbrio e não mais retorna a ela.
3. Equilíbrio indiferente ou neutro: nesse tipo de equilíbrio, qualquer
que seja a perturbação sofrida pelo corpo, ela não é capaz de tirar o
corpo de sua configuração de equilíbrio, pois este se mantém indiferente,
ou neutro, à perturbação.

Para melhor compreensão sobre essas três formas de equilíbrio, confira


o exemplo a seguir.
4 Equilíbrio e estabilidade

A Figura 1, a seguir, apresenta uma pequena esfera repousando, inerte, em três configu-
rações diferentes, sobre três superfícies de mesmo coeficiente de atrito μ. Na situação
(a), se a esfera sofrer uma perturbação cujo resultado seja o seu deslocamento até a
borda da depressão e, depois, tal perturbação seja cessada, ela iniciará um movimento
de vai e vem, diminuindo cada vez mais a amplitude de sua altura devido ao atrito, até
retornar à condição inicial, antes de sofrer a perturbação. Já na situação (b), qualquer
que seja a perturbação sofrida pela esfera, por mais mínima possível, ela rolará ou para
a direita ou para a esquerda, e não mais retornará à condição inicial. Por fim, na situação
(c), qualquer perturbação sofrida pela esfera causará o seu deslocamento. Entretanto,
após a perturbação, encerra-se o movimento, e a esfera recupera, imediatamente,
a sua condição inicial de equilíbrio.

Figura 1. Um corpo sob três configurações diferentes de equilíbrio: (a) equilíbrio estável;
(b) equilíbrio instável; e (c) equilíbrio indiferente.

Agora, focaremos especificamente no equilíbrio estático, objeto principal


de estudo deste capítulo. Esse tipo de equilíbrio é o mais interessante a ser
estudado, haja vista as suas aplicações, principalmente na área das engenharias
civil, mecânica e aeronáutica, além da arquitetura. Quando um engenheiro
ou um arquiteto constrói uma edificação, por exemplo, tudo que ele deseja é
que ela permaneça em equilíbrio estático estável.
Existem duas condições para que um corpo apresente uma configuração
de equilíbrio estático estável, a saber:

a) O momento linear p do centro de massa do corpo rígido deve ser cons-


tante e igual a zero:

p=0 (1)
Equilíbrio e estabilidade 5

b) O momento angular L em torno do centro de massa do corpo rígido


deve ser constante e igual a zero:

L=0 (2)

Essas duas afirmações implicam dizer que o corpo não pode estar em
movimento translacional nem rotacional em relação ao referencial de obser-
vação. As condições para o equilíbrio estático estável são bem razoáveis, em
virtude do nosso senso comum de equilíbrio. Assim, ao repensar a situação
de um livro parado sobre uma mesa, é fácil inferir que, se ele estivesse em
rotação — ainda que essa rotação fosse fixa em relação a um eixo que passa
pelo seu centro de massa —, de imediato, nosso senso refutaria a afirmação
de que o livro está em equilíbrio estático.
A seguir, será apresentado o embasamento físico que sustenta as afirmações
feitas e concluídas a partir da análise das Equações 1 e 2.

2 A estabilidade nos sistemas mecânicos


Primeiro, será analisada a condição de equilíbrio estático estável translacional.
A primeira lei de Newton estabelece, em linhas gerais, que, se um corpo está
em repouso ou em movimento retilíneo uniforme, é preciso que atue uma
força externa resultante sobre ele, a fim de alterar o seu estado de repouso ou
de movimento retilíneo uniforme.
Aqui, estamos interessados apenas na condição em que um corpo está em
repouso, devido ao fato de que é nesse estado que ele se apresenta na condição
de equilíbrio estático estável. Portanto, conforme afirmado pela primeira lei
de Newton, pode-se concluir que, para que um corpo permaneça na condição
de equilíbrio estático estável, é necessário que não haja uma força resultante
externa atuando sobre ele. Dito de outra forma, é preciso que a somatória de
todas as forças que estejam atuando sobre esse corpo seja nula, tal que:

(3)

onde Rext é a resultante das forças externas individuais, Fi, que atuam sobre
o corpo.
6 Equilíbrio e estabilidade

Esse resultado tem duas consequências importantes e imediatas a serem


discutidas. A primeira delas é o fato de a somatória das forças individuais que
atuam sobre o corpo ser nula. Essa consequência implica dizer que podem
haver forças externas atuando sobre um corpo que esteja na configuração de
equilíbrio estático estável, porém que essas forças estão em uma condição
de equilíbrio. A segunda consequência é que, sendo a força uma grandeza
física de caráter vetorial, a Equação 3 pode ser reescrita como três equações
escalares (ALONSO; FINN, 2014):

(4)

(5)

(6)

Ou seja, a somatória das forças externas em cada um dos eixos cartesianos,


x, y e z, deve ser igualmente nula.
Agora, será aplicado o resultado da Equação 3 à segunda lei de Newton,
a qual, em linhas gerais, estabelece que a força resultante externa, Rext, que
atua sobre um corpo é igual ao produto de sua massa, m, vezes a sua aceleração
resultante, a, tal que:

Rext = m · a

Entretanto, para que haja o equilíbrio estático estável, faz-se necessário


que Rext = 0. Por conseguinte:

Rext = 0 ⇔ a = 0 (8)
Equilíbrio e estabilidade 7

Como a aceleração, a, é responsável pela variação do vetor velocidade do


corpo, tem-se que:

(9)

A segunda lei de Newton para o movimento linear pode ser escrita como:

(10)

onde Δp é o momento linear do corpo. Entretanto, pela condição de equilíbrio


estático estável, Rext = 0, chega-se à conclusão de que:

(11)

Com efeito, na condição de repouso, o equilíbrio estático estável impõe


a condição:

p=0

O centro de massa de um corpo rígido


Um corpo rígido é composto por muitas partículas, cada uma situada em uma posição
específica do corpo. Assim, fazer um estudo individual das forças atuando em cada
ponto, dependendo de quão grande é o corpo, torna-se, muitas vezes, inviável, ou até
mesmo impossível em algumas situações. Contudo, pode-se estudar o comportamento
do corpo rígido como um todo por meio da análise das forças que atuam em apenas
um ponto hipotético desse corpo, denominado centro de massa (CM).
Pertencente ao corpo ou não, o CM é o ponto em que se pode supor que toda a
massa do corpo esteja concentrada e que todas as forças externas atuantes sobre o
corpo estejam sendo aplicadas. Assim, ao aplicar a segunda lei de Newton a um corpo
rígido, se está utilizando esse ponto especial para aplicar todas as forças e verificar
que, para o caso do equilíbrio estático estável:

Rext = 0
8 Equilíbrio e estabilidade

Agora, será apresentada a condição para a ocorrência do equilíbrio estático


estável rotacional. A primeira lei de Newton para a rotação estabelece, em
linhas gerais, que, se um corpo rígido está em repouso ou rotacionando, ele
continuará em repouso ou a rotacionar até que atue sobre ele um torque externo
resultante, alterando o seu estado de rotação.
Como o foco, aqui, é a condição do repouso rotacional do corpo, faz-se
necessário conhecer quais são as condições para que um corpo não sofra
qualquer tipo de rotação. A primeira lei de Newton estabelece que a condição
necessária para um corpo entrar em movimento rotacional é a aplicação de
um torque resultante externo, tal que (ALONSO, FINN, 2014):

(12)

onde τext é resultante dos torques individuais, τi, que atuam sobre o corpo,
medidos em relação a qualquer ponto.
Similar ao caso translacional, esse resultado apresenta duas consequências
importantes e imediatas a serem discutidas. A primeira delas é o fato de a
somatória dos torques individuais que atuam sobre o corpo ser nula. Essa
consequência implica dizer que podem haver torques externos atuando sobre
um corpo que esteja na configuração de equilíbrio estático rotacional estável,
porém que esses torques se equilibram. A segunda consequência é que, sendo o
torque uma grandeza física de caráter vetorial, a Equação 12 pode ser reescrita
em três equações escalares:

(13)

(14)

(15)

Ou seja, a somatória dos torques externos em cada um dos eixos cartesianos,


x, y e z, deve ser igualmente nula.
Equilíbrio e estabilidade 9

Agora, será aplicado o resultado da Equação 12 à segunda lei de Newton


para rotações, a qual, em linhas gerais, estabelece que o torque resultante
externo, τext, que atua sobre um corpo é igual ao produto de seu momento de
inércia, I, vezes a sua aceleração angular, a, tal que:

τext = I · α (16)

Entretanto, para que haja o equilíbrio estático estável, é necessário que


τext = 0. Por conseguinte:

τext = 0 ⇔ α = 0 (17)

A aceleração angular, a, é responsável pela variação do vetor velocidade


angular do corpo, tal que:

(18)

Assim, a segunda lei de Newton para o movimento linear pode ser escrita
como:

(19)

onde ΔL é o momento angular do corpo. Entretanto, pela condição de equilíbrio


estático estável, τext = 0, chega-se à conclusão de que:

(20)

Com efeito, na condição de repouso rotacional, o equilíbrio estático estável


impõe a condição:

L=0
10 Equilíbrio e estabilidade

A constância de p e L
Como visto, as duas condições necessárias para que um corpo esteja em equilíbrio
estático estável são:

p=0

L=0

Entretanto, esse é um caso particular da constância de p e L. Se houver uma condição


mais geral, tal que:

p = constante ≠ 0 e L = constante ≠ 0

as equações serão:

Rext = 0 e τext = 0

Ou seja, as condições ainda serão satisfeitas, porém não haverá mais a condição de
equilíbrio estático estável, mas sim de equilíbrio dinâmico estável, translacional e
rotacional, respectivamente. No primeiro caso, o corpo executará um MRU, pois a = 0.
Já no segundo caso, o corpo executará um MCU (movimento circular uniforme), pois
a = 0.

Portanto, estão demonstradas as duas condições iniciais lançadas de ante-


mão — Equações 1 e 2 —, as quais são necessárias à existência do equilíbrio
estático estável para um corpo rígido.
A seguir, será apresentada uma nova forma de se encarar o estado de
equilíbrio de um corpo, não por meio das forças que atuam sobre ele, mas sim
por meio da sua configuração energética. Para tanto, serão utilizados alguns
elementos do cálculo diferencial integral.
Equilíbrio e estabilidade 11

3 Do cálculo diferencial à mecânica


Como visto, as condições para que um corpo apresente equilíbrio estático
estável são dadas por:

p=0 e L=0

Para a condição p = 0, a consequência é que Rext = 0. Por simplicidade, será


feita uma análise unidimensional, para, ao final, poder retornar ao caso tridi-
mensional e generalizar o problema. Assim, adotando px = 0, a consequência
é que R x,ext = 0. Por comodidade, a partir de agora R x,ext = R x.
Se a função energia potencial U (x) associada a um corpo for conhecida e
apresentar dependência apenas com relação à posição x ocupada pelo corpo,
pode-se associar a força R x à função energia potencial do corpo, por meio da
seguinte relação matemática (SHAPIRO, 2010):

(21)

Ou seja, a força aplicada pelo corpo é o negativo da derivada da função


energia potencial U(x). Para melhor compreensão da Equação 21, a título de
exemplificação, vamos aplicá-la às energias potenciais elástica, Ue, e gravi-
tacional, Ug, para obter as expressões conhecidas para as forças elástica, Fe,
e peso, Fg.
Primeiro, é preciso obter a força elástica a partir da energia potencial
elástica, conforme o raciocínio matemático a seguir:

(22)

Como é possível observar, a Equação 22 conduziu à expressão matemática


da força elástica, Fe = –k · x, também conhecida como lei de Hook. O sinal
negativo indica que a força elástica é uma força do tipo restauradora, pois
sempre busca restaurar o sistema à posição de equilíbrio estático estável.
Assim, se uma mola for comprimida ou distendida por uma força externa,
R x, a sua força atuará sempre em sentido contrário à R x, opondo-se a ela,
a fim de restaurar a configuração de equilíbrio perdida. De outra forma, a
força elástica atua para que Ue (x) = 0 seja restaurada.
12 Equilíbrio e estabilidade

Agora, será feito o mesmo exercício com a energia potencial gravitacional.


Por simplicidade, será mudado apenas o eixo da força de x para y, em virtude
de a gravidade, g, ser orientada, em geral, nesse eixo. Aplicando, de igual
maneira, a Equação 21 à energia potencial gravitacional, Ug, tem-se que:

(23)

Como pode ser observado, foi obtida a expressão característica da força


peso, Fg = –m · g. Novamente, o sinal negativo caracteriza essa expressão
como uma força de caráter restaurador. Ou seja, ao elevar um corpo de uma
certa altura, y, em relação ao nível de referência, y0 = 0, a força peso atuará
no sentido contrário, opondo-se ao deslocamento, a fim de restaurar o corpo
à condição de equilíbrio estático estável, isto é, na situação em que y0 = 0 e
Up(y0) = 0.
Dessas duas situações, pode-se concluir que, sempre que a energia potencial
associada ao corpo for dependente da posição, a força associada a essa energia
atuará sobre o corpo, visando a restaurar a sua posição de equilíbrio estático
estável. A Figura 2, a seguir, apresenta um gráfico hipotético de uma função
potencial U(x) qualquer em função da distância x.

Figura 2. Perfil de potencial hipotético para uma função potencial U(x).


Equilíbrio e estabilidade 13

Embora essa seja uma curva hipotética, é importante ter em mente que
uma função potencial associada a qualquer função U(x) apresentará pontos
que, genericamente, corresponderiam a, pelo menos, algum ponto extremo:
máximo, mínimo ou de inflexão.
Sabe-se que a condição de equilíbrio estático estável impõe que R x = 0.
Entretanto, aplicando essa condição à Equação (21), tem-se, por consequência,
que:

(24)

Ao transpor esse resultado para o gráfico hipotético da energia potencial em


função da posição, os pontos cuja derivada se anula são justamente os pontos
de mínimo, máximo ou inflexão. Precisamente, nesses pontos, o corpo possui
força resultante nula, R x = 0, tal como exigido para a condição de equilíbrio
estático estável. Assim, para um corpo que está situado em uma posição ener-
gética de mínimo, máximo ou de inflexão, pode-se associar os seguintes tipos
de equilíbrio (BEER, 2012): estável na posição de mínima energia potencial;
instável na posição de máxima energia potencial; e indiferente nas posições
de inflexão. Esses três pontos podem ser diretamente correlacionados com
as três situações descritas pela Figura 1.
Na situação descrita pela Figura 1a, a esfera encontra-se em uma situação
de equilíbrio estável, estando em uma configuração associada a uma ener-
gia potencial gravitacional mínima. Já na situação descrita pela Figura 1b,
a esfera encontra-se em uma situação de equilíbrio instável, estando em uma
configuração associada a uma energia potencial gravitacional máxima. Por
fim, na situação descrita pela Figura 1c, a esfera encontra-se em uma situação
de equilíbrio indiferente ou neutro, estando em uma configuração associada
a uma energia potencial gravitacional constante.
Para generalizar o problema, a Equação 24 poderia ser reescrita da seguinte
forma (SIMON, 1971):

(25)

Evidentemente, se a função potencial fosse mais complexa e dependesse


das três variáveis, x, y e z, ao mesmo tempo, a curva da energia potencial se
converteria, em um espaço tridimensional, em superfícies, com regiões de
máximo, mínimo e platôs, porém o conceito físico seria o mesmo.
14 Equilíbrio e estabilidade

ALONSO, M.; FINN, E. J. Física: um curso universitário. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2014.
(Mecânica, v. 1).
BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012.
SHAPIRO, I. S.; PEIXOTO, G. B. Introdução à mecânica clássica. São Paulo: Livraria da
Física, 2010.
SIMON, K. R. Mechanics. 3rd ed. [S. l.]: Addison-Wesley, 1971.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 3.2
_3.2_ Dica do professor
A conservação do momento linear em combinação com a conservação do momento angular, além
da imposição de que essas duas grandezas sejam nulas, resulta, para um corpo rígido, na condição
de equilíbrio estático estável. Essa condição é de grande importância, haja vista sua aplicabilidade
no dia a dia, principalmente em áreas como engenharia civil e arquitetura, engenharia mecânica e
engenharia aeronáutica, por exemplo. Além disso, por ser uma aplicação que decorre diretamente
das Leis de Newton da mecânica, apresenta importantes conceituações físicas a serem exploradas.

Nesta Dica do Professor, você aprenderá um procedimentos que auxilia na análise de problemas
envolvendo o equilíbrio e a estabilidade dos corpos rígidos. Esse procedimento, denominado
diagrama de corpo livre, é de suma importância, devendo, em muitos problemas, figurar como o
primeiro passo na solução de qualquer problema envolvendo o equilíbrio de corpos rígidos.
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_3.2_ Exercícios

1) O estudo do equilíbrio dos corpos rígidos é um tópico de grande importância em física


devido às possibilidades de aplicação que fornece ao campo das engenharias, mormente ao
campo de aplicação da engenharia civil, em virtude da necessidade de se ter a condição de
equilíbrio estático estável na construção de edificações.

Sobre as condições de equilíbrio de um corpo rígido, assinale a alternativa que contém a


condição necessária para um corpo estar em equilíbrio estático estável:

A) B) C) D) E)
2) Do ponto de vista físico, o equilíbrio estático estável associado a um corpo rígido, observado
a partir de um referencial inercial, é caracterizado pelo corpo não ter, simultaneamente, nem
movimento de translação, nem movimento de rotação.

Sobre as condições físicas que estabelecem o equilíbrio dos corpos rígidos, assinale a
alternativa que indica, corretamente, as condições físicas necessárias para que um corpo
rígido esteja na configuração de esquilíbrio estático estável.

A) O momento linear (p) e o momento angular (L) são constantes e iguais a zero.

B) O momento linear (p) e o momento angular (L) são constantes e diferentes de zero.

C) O momento linear (p) e o momento angular (L) são constantes e maiores do que zero.

D) O momento linear (p) e o momento angular (L) são constantes e menores do que zero.

E) O momento linear (p) e o momento angular (L) não são constantes e podem assumir
quaisquer valores, exceto zero.
3) O equilíbrio é uma importante grandeza associada aos sistemas físicos e com grande
aplicabilidade no dia a dia. Em geral, o equilíbrio de um sistema está relacionado à forma
como as forças e os torques estão sendo aplicados a esse corpo e à forma como esse corpo
reage às forças e aos torque aplicados.

Sobre o equilíbrio dos corpo rígidos, são feitas as seguintes afirmações:

I. No equilíbrio estável, quando um corpo sofre pequena perturbação, invariavelmente


retorna à posição de equilíbrio em que se encontrava antes da perturbação.

II. No equilíbrio instável, quando um corpo sofre pequena perturbação, invariavelmente não
retorna à posição de equilíbrio em que se encontrava antes da perturbação.

III. No equilíbrio indiferente ou neutro, quando um corpo sofre pequena perturbação, essa
perturbação não é capaz de produzir qualquer efeito sobre seu estado de equilíbrio.

IV. É possível a um corpo estar em movimento e mesmo assim estar em equilíbrio.

Sobre as proposições apresentadas, associe V para as verdadeiras e F para as falsas.

A) V, V, V, F.

B) V, V V, V.

C) V, F, F, V.

D) F, V, F, V.

E) F, V, V, F.
4) O equilíbrio é uma importante grandeza associada aos sistemas físicos e com grande
aplicabilidade no dia a dia. Em geral, o equilíbrio de um sistema está relacionado à forma
como as forças e os torques estão sendo aplicados a esse corpo e à forma como esse corpo
reage às forças e aos torque aplicados.

Sobre o equilíbrio dos corpo rígidos, assinale a alternativa correta:

A) No equilíbrio dinâmico, a força resultante que atua sobre o corpo é diferente de zero, e o
corpo executa movimento retilíneo uniforme (MRU).

B) No equilíbrio estático, a força resultante que atua sobre o corpo é igual a zero, e o corpo
executa movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV).

C) No equilíbrio dinâmico, a força resultante que atua sobre o corpo é igual a zero, e o corpo
executa movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV).

D) No equilíbrio estático, a força resultante que atua sobre o corpo é diferente de zero, e o
corpo executa movimento retilíneo uniforme (MRU).

E) No equilíbrio dinâmico, a força resultante que atua sobre o corpo é igual a zero, e o corpo
executa movimento retilíneo uniforme (MRU).
5) O equilíbrio é um importante conceito com grande aplicabilidade na engenharia civil e na
arquitetura. O cálculo da estabilidade de uma estrutura é uma das grandes preocupações dos
projetistas, haja vista as condições adversas, muitas vezes, associadas aos fenômenos da natureza
sobre determinadas estruturas.

A figura a seguir apresenta a estrutura de um edifício sujeita a uma carga de vento.

Suponha que o vento aplique sobre uma face do edifício uma carga constante e uniforme de
10kN/m. Qual é o torque de tombamento, em relação ao ponto A, suportado pelo edifício devido à
ação do vento?

A) 594,7kN.m.

B) 637,4kN.m

C) 819,2kN.m

D) 1067,3kN.m

E) 1.247,8kN.m
_3.2_ Na prática

Umas das grandes aplicações do estudo do equilíbrio e da estabilidade dos corpos rígidos ocorre
nas áreas da engenharia civil e da arquitetura, permitindo a construção de estruturas com alto grau
de equilíbrio estático estável.

Neste Na Prática, você verá, ainda que de forma simplificada, como as condições de equilíbrio:

Rext = ∑ Fi = 0

τext = ∑ τi = 0

são utilizadas na determinação das condições de equilíbrio de um corpo rígido, calculando as


forças que agem sobre o sistema e verificando sua estabilidade.

VIGAS E A SUSTENTAÇÃO DE ESTRUTURAS

Vigas são elementos estruturais usados em edificações e que têm como função principal transferir cargas verticais,
seja de lajes, telhados ou outros elementos, para os elementos de sustentação da estrutura, como pilares e
paredes, por exemplo. As vigas podem ser feitas de madeira, aço, ferro ou concreto armado.

Para que uma viga possa servir ao seu propósito em uma edificação, qualquer que seja seu modelo e composição, é
preciso que as condições de equilíbrio estático estável sobre a viga estejam bem determinadas, ou seja, é
necessário saber se os valores das forças que estejam atuando sobre ela estão dentro das especificações da viga, a
fim de que ela possa garantir a estabilidade da estrutura quando solicitada.

A figura mostra, de forma simplificada, o perfil de uma estrutura constituída por quatro elementos estruturais: uma
parede, um pilar, uma viga e um telhado. Além disso, existe ainda uma carga externa à estrutura.
Embora seja uma simplificação de um problema mais complexo, os princípios de aplicação são exatamente os
mesmos daqueles aplicáveis a uma viga real.
A viga está sendo solicitada pelo telhado, o
qual tem carga distribuída de 4,38kN/m, e por
uma carga externa, que exerce sobre a viga
força de 5,34kN e está localizada em sua
extremidade de balanço C. A função da viga
nessa estrutura é transferir os esforços
verticais desses elementos para a parede A e
para o pilar B. Esses elementos estruturais, por
sua vez, transferem para o chão toda essa
carga estrutural.

Por questões de segurança, é crucial determinar o valor das forças (reações de apoio) nos pontos A e B da viga, pois
estes são os pontos de transferência dos esforços entre a viga e os dois outros elementos estruturais. Cada viga é
projetada para suportar determinada carga, podendo se romper caso a carga seja superior ao limite da viga.

Agora que você já foi introduzido ao problema e às suas particularidades, veja o cálculo das reações de apoio sobre
a viga nos pontos A e B.
PRIMEIRO PASSO
O primeiro passo na determinação dessas
forças é saber como cada força está atuando
sobre a viga. Um recurso muito utilizado é o
diagrama de corpo livre, no qual são
representadas todas as forças que atuam sobre
a viga.

A forças sobre os pontos A e B atuam


sustentando a viga, empurrando-a para cima,
por conseguinte. Já o telhado, por ser uma
carga distribuída, aplica força vertical para
baixo ao longo de toda a extensão da viga. No
ponto C, a força aplicada pela carga externa é
pontual e orientada verticalmente para baixo,
devido à ação da gravidade.
Nessa prática, por questões de simplicidade, será desprezada a massa da viga e suas dimensões, assim como a
dimensão dos apoios A e B. Em um cálculo mais realista, no entanto, essas variáveis devem ser levadas em conta
no cálculo final.

SEGUNDO PASSO

O segundo passo consiste na aplicação da


condição de equilíbrio translacional sobre a
viga.

Como o problema se apresenta com


possibilidade de movimentação apenas no
eixo vertical (y), é necessário aplicar sobre a
viga a equação apenas para o eixo y:

A força T que o telhado aplica sobre a viga é contínua e tem valor de 4,38kN/m. Como o telhado tem ao todo
5,48m, a força total será:

Essa força é aplicada no centro de gravidade da viga, em 2,74m a partir do ponto A, adotado como a origem, por
conveniência. Portanto:

Ainda não é possível calcular as forças verticais A e B sobre a viga, pois existe apenas uma equação e duas
incógnitas.

TERCEIRO PASSO

O terceiro passo, então, consiste na aplicação da condição de equilíbrio rotacional sobre a viga. Por
conveniência, será calculado o torque em relação ao ponto A, embora para qualquer ponto de cálculo o
resultado seja o mesmo.
A aplicação da equação anterior forneceu o valor da força B. Essa força é a mesma que aparece na equação A+ B
= 24 + 5,34. Portanto, agora é possível calcular o valor da força A:

A situação trazida nessa prática, embora aparentemente simplista, demonstrou uma generalidade: o cálculo das
reações de apoio em sistemas de corpos rígidos
na condição de equilíbrio estático estável.

Os três passos apresentados são gerais e se aplicam a problemas tanto mais simples como mais complexos.
Evidentemente, quanto mais complexo for o corpo rígido e o número de forças sobre ele, mais complexas se
tornarão as equações do ponto de vista matemático, mas as condições físicas serão as mesmas.
_3.2_ Saiba +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Pontes de macarrão: uma alternativa ao ensino de estática


Neste artigo, você verá a descrição de uma atividade pedagógica simples, mas instrutiva, que ilustra
bem os conceitos de estática e equilíbrio aplicados à engenharia de pontes.
http://www1.fisica.org.br/fne/phocadownload/Vol11-
Num2/a081.pdf

pdf 3 pág.

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MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
1.1 - Princípios fundamentais
1.2 - Vetores de Força – análise bidimensional
2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
2.2 - Momento de inércia
3.1 - Torque
3.2 - Equilíbrio e estabilidade
4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido


_4.1_
Apresentação
Em muitas aplicações de engenharia e física, não é interessante que o corpo tenha aceleração;
muito pelo contrário, nessas aplicações, o intuito é que o corpo tenha força resultante nula. Como
exemplo de tal aplicação, pode-se citar a estrutura de um arranha-céu, que, por motivos óbvios,
não deve se acelerar, pois o resultado dessa aceleração seria um desabamento.

A condição de não aceleração, ou força resultante nula, é chamada de condição de equilíbrio. No


equilíbrio, tanto a força resultante quanto o momento resultante devem ser nulos, garantindo que o
corpo não esteja sujeito a nenhuma aceleração.

O estudo do equilíbrio em duas dimensões envolve o conceito de força reativa de um corpo sujeito
a esforços. Conhecendo essas forças, uma forma simples de representá-las é por meio de uma
ilustração chamada diagrama de corpo livre. Com ele, fica mais fácil aplicar as equações de equilíbrio.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá o equilíbrio de corpos em duas dimensões, que tem
grande importância, verá como representá-lo em diagramas e como aplicar as equações de
equilíbrio na resolução de problemas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever os conceitos de força reativa e diagrama de corpo


livre aplicados a corpos rígidos em duas dimensões.
• Apresentar as equações de equilíbrio em duas dimensões para
corpos rígidos.
• Aplicar as equações de equilíbrio para corpos rígidos em duas dimensões na resolução de
problemas.
_4.1_ Desafio
Estruturas como torres de transmissão podem ser consideradas corpos rígidos. Mesmo sendo
compostas por vários componentes, essas estruturas são chamadas de estruturas treliçadas e são
muito utilizadas por sua alta resistência e baixo peso, além de sua alta rigidez, por se deformarem
muito menos que uma estrutura inteiriça.

Suponha que você seja engenheiro em uma empresa do ramo de transmissão de energia.

Você precisa planejar uma torre de transmissão com um cabo para mantê-la o mais estável possível, conforme a
figura a seguir.
A estrutura tem massa total de 3000kg.

Com base no exposto, determine as reações nos pontos A e B. Considere que no ponto B o apoio
é roletado, sem reação no eixo x, e que em A o vínculo é pinado, com reação nos eixos x e y.

elm = RAX = 3,46kN p/esq ; RAY = 17,32kN p/cima ; RBX = 0 (rolete) ; RBY = 14,68kN p/cima. Nenhum
momento de reação, pois vínculo roletado e pinado não reagem com momento.
As forças que atuam no corpo são o seu próprio peso e a tração no cabo.
As reações estão nos pontos A e B.

Como referência, temos:

• No eixo x, a orientação para a esquerda é positiva.


• No eixo y, a orientação para cima é positiva.
• O momento positivo está no sentido anti-horário.

Devemos definir as forças peso e as componentes da tração.


𝑚
𝑃𝑒𝑠𝑜 = 3000𝑘𝑔. 9,81 = 29,43𝑘𝑁
𝑠0
𝑇5 = 4𝑘𝑁. cos 30° = 3,46𝑘𝑁
𝑇5 = 4𝑘𝑁. sen 30° = 2𝑘𝑁
Aplicando as equações de equilíbrio, temos:

= 𝐹5 = −𝑅A5 + 𝑇5 = 0

= 𝐹C = 𝑅AC + 𝑅DC − 𝑇C − 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 0

= 𝑀A = −𝑇C . 2𝑚 − 𝑃𝑒𝑠𝑜. 1𝑚 + 𝑅DC = 0

𝑅A5 = 3,46𝑘𝑁 (orientado à esquerda)


−2𝑘𝑁. 2𝑚 − 29,43𝑘𝑁. 1𝑚 + 𝑅DC . 2𝑚 = 0
𝑅DC = 16,72𝑘𝑁 (orientado para cima)
𝑅AC + 16,72𝑘𝑁 − 2𝑘𝑁 − 29,43𝑘𝑁 = 0
𝑅AC = 14,71𝑘𝑁 (orientado para cima)
_4.1_ Infográfico
Para resolver problemas de equilíbrio, é muito importante conhecer como o corpo está apoiado.
Cada tipo de apoio tem reações diferentes no corpo.

Os tipos de apoio devem ser cuidadosamente escolhidos; caso contrário, o problema fica
impossível de ser solucionado apenas com as equações de equilíbrio, sendo necessário métodos
mais complexos para a solução.

Neste Infográfico, são apresentados os diferentes tipos de apoios encontrados em problemas de


equilíbrio em duas dimensões e as condições de equilíbrio que estes causam em um corpo rígido.

TIPOS DE VÍNCULOS

Os vínculos são os apoios que restringem os movimentos de uma estrutura. Cada tipo de vínculo tem uma
reação diferente.

Eles podem ser divididos em relação à quantidade de reações de cada um.

Vínculo roletado Haste Pino deslizante


Apenas uma Apenas uma reação Apenas uma
reação normal à na orientação do reação normal
superfície de apoio vínculo ao deslizamento

Vínculo pinado Vínculo engastado

Reação em sentido Reação em sentido


desconhecido (Rx desconhecido (Rx e Ry) e
e Ry) momento

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO
Os vínculos estão diretamente relacionados com o equilíbrio e a possibilidade de determinação das reações do
problema. Existem três condições no equilíbrio estático:

Condição hipoestática Condição isoestática Condição hiperestática


As reações são insuficientes A quantidade de reações é A quantidade de reações é suficiente
para manter o corpo em suficiente para manter o para manter o corpo em equilíbrio,
equilíbrio. corpo em equilíbrio e pode porém não é possível determiná-las
ser determinada com as somente por meio das equações de
equações de equilíbrio. equilíbrio, porque o número de
reações excede o de equações.
CONDIÇÕES HIPOESTÁTICAS
As reações em A e B
restringem o movimento na
direção vertical, mas não há
restrição na horizontal. No
problema desta figura, o
corpo irá acelerar e se
movimentar.

CONDIÇÕES ISOESTÁTICAS

As reações em A e B
restringem o movimento na
direção vertical, e em B
temos um pino que restringe
o movimento em x. No
problema apresentado na
figura, o corpo se encontrará
em equilíbrio, sendo possível
determinar as reações.

CONDIÇÕES HIPERESTÁTICAS

As reações em A e B
restringem o movimento na
direção vertical na
horizontal. No problema
apresentado na figura, o
corpo se encontrará em
equilíbrio, não sendo
possível determinar as Há quatro incógnitas, porém apenas
reações. três equações.
_4.1_ Conteúdo do livro
O movimento é amplamente estudado; investigam-se as forças que causam a aceleração dos
corpos ou partículas. Entretanto, em muitas aplicações, é necessário que alguns corpos não estejam
sujeitos a nenhuma aceleração, mantendo-se em movimento retilíneo uniforme ou parado, como,
por exemplo, uma ponte — por motivos óbvios, ninguém deseja que ela tenha aceleração. Quando
um corpo, mesmo sujeito a forças, não adquire aceleração, diz-se que ele está em equilíbrio.

No capítulo Análise bidimensional do equilíbrio do corpo rígido, do livro Cinemática dos corpos
rígidos, você verá a definição de forças reativas — forças da reação de um corpo ou mais a uma
força. Conhecendo esse princípio, vindo da Terceira Lei de Newton, você verá que se
pode representar graficamente o comportamento das forças aplicadas e de reação em um
corpo por meio do diagrama de corpo livre. A partir dele, é possível calcular as forças de reação em
um corpo aplicando algumas equações para o equilíbrio.

Boa leitura.
SUMÁRIO
Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo ·~Q.: .... 13
Alessandra de Castro Machado
O corpo rígido e seu movimento de rotação ........................................................................... 13
Funções do movimento de rotação............................................................................................... 19
Casos particulares ......................................................................................................................................23

Momento de inércia ':O: ....................................................................... 29


Alessandra de Castro Machado
O momento de inércia ............................................................................................................................ 29
Cálculo do momento de inércia ....................................................................................................... 34
O momento de inércia para diferentes perfis ..........................................................................44

Torque ...........................................................................................................49
Ricardo Noboru lgarashi
Definição de torque .................................................................................................................................. 49
Torque: um tratamento vetorial ........................................................................................................ 53
Torque: uma anál ise trid imensional ................................................................................................ 59

Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo


quanto aos aspectos da dinâmica .......................................................65
Ricardo Noboru lgarashi
Movimento de rotação em torno de um eixo fixo ................................................................ 66
Equações do movimento de rotação ............................................................................................ 75
Momento angular ......................................................................................................................................80

Momento angular .....................................................................................85


Daniel Ferreira Cesar
As características do momento angular ...................................................................................... 86
As eq uações que definem o momento angular .................................................................... 89
Casos particulares do momento angular.................................................................................... 92

Conser vação do momento angular ~.Q) ........................................... 99


Daniel Ferreira Cesar
A lei de conservação do momento angular........................................................................... 100
Equações da conservação do momento angular e sua aplicação .......................... 106
Casos particulares da lei de conservação do momento angular .............................. 11O

Simetria e leis de conservação ........................................................... 117


Daniel Ferreira Cesar
Tipos mais comuns de simetria ....................................................................................................... 118
Simetria e as leis de conservação da mecânica ................................................................... 123
Aplicaçã10 de simetria e leis de conservação em problemas .......................................127

Ro lamento :XJ". ........................................................................................ 133


Everton Coelho de Medeiros
Definição de rolamento ....................................................................................................................... 133
Rolamento como um movimento de rotação...................................................................... 136
Casos particu lares do rolamen to ................................................................................................... 138
Giroscópios e precessão ....................................................................... 147
Daniel Ferreira Cesar
O giroscópio e o efeito g iroscópico............................................................................................. 148
A física por t rás de um giroscópio ................................................................................................. 150
O movimento de precessão ..............................................................................................................15 5

Equilíbrio e estabilidade ....................................................................... 161


Daniel Ferreira Cesar
Condições de equilíbrio estático ................................................................................................... 162
A esta bilidade nos sistemas mecânicos.................................................................................... 165
Do cálculo diferencial à mecân ica ................................................................................................. 171

Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido................. 175


Daniel Ferreira Cesar
Força reativa .................................................................................................................................................176
Equações do equilíbrio .........................................................................................................................177
Aplicação das equações de equilíbrio na resolução de prob lemas ........... ..... ..... 178

Análise tridimensiona l do eq uilíbrio de corpo rígid o ................ 187


Daniel Ferreira Cesar
Momento como grandeza vetorial .............................................................................................. 188
Forças no espaço tridimensional ................................................................................................... 189
Diagrama de corpo livre no espaço e equações de equilíbrio .................................. 194

Tensão, deformação e módulos de elasticidade......................... 201


Daniel Ferreira Cesar
Definição de tensão ............................................................................................................................... 202
Tensão normal média ...........................................................................................................................204
Tensão d e cisalhamento ..................................................................................................................... 206
Módulo de elasticidade e deformação ..................................................................................... 208

Veto res ........................................................................................................ 21 3


Daniel Ferreira Cesar
Representação de um vetor ..............................................................................................................214
Operações envolvendo vetores ......................................................................................................216
Produto escalar ......................................................................................................................................... 224

Traba lho e energia ................................................................................. 227


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho e energia .................................................................................................................................. 228
Teorema trabalho-energia cinética ............................................................................................. 236
Conservação d a energia mecânica .............................................................................................. 238

Trabalho de uma fo rça variável .......................................................... 241


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho por cálculo de área ............................................................................................................ 242
Trabalho realizado por uma mola ................................................................................................. 244
Cálculo do trabalho pela área geométrica .............................................................................. 247
Análise bidimensional do
equilíbrio de corpo rígido
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Descrever os conceitos de força reativa e diagrama de corpo livre


aplicados a corpos rígidos em duas dimensões.
„„ Apresentar as equações de equilíbrio em duas dimensões para corpos
rígidos.
„„ Aplicar as equações de equilíbrio para corpos rígidos em duas dimen-
sões na resolução de problemas.

Introdução
O estudo do movimento é bem extenso, pois corpos podem se movi-
mentar de diversas formas; um dos motivos para isso é a aplicação de
alguma força externa. Em alguns casos, o importante é que o corpo esteja
em equilíbrio — nesse caso, as forças aplicadas têm resultante igual a
zero, portanto, não há aceleração nos componentes ortogonais, bem
como não pode haver rotação.
O equilíbrio de um corpo pode ser estático, quando não há movi-
mento ou quando o corpo se encontra em movimento retilíneo uniforme,
em velocidade constante. A aplicação de equilíbrio é bem presente no
nosso dia a dia, como em pontes, construções e estruturas de telhados.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de força reativa e dia-
grama de corpo livre aplicados a corpos rígidos em duas dimensões. Você
também vai estudar as equações de equilíbrio em duas dimensões para
corpos rígidos e vai verificar como aplicá-las na resolução de problemas.
2 Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido

1 Força reativa
Forças que atuam sobre corpos rígidos podem ser externas ou internas (BEER
et al., 2011). As forças internas são as forças que mantêm o corpo unido
— por exemplo, um corpo composto por várias partes está sujeito a forças
internas sobre seus componentes. As forças externas são as forças aplicadas
ao corpo por um agente externo a este; tais forças são responsáveis por causar
movimento ou garantir que o corpo permaneça em repouso.
A força resultante que age sobre um corpo é igual ao produto da massa
do corpo pela aceleração (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016). A força
resultante é a soma vetorial de todas as forças aplicadas a um corpo (KNIGHT,
2009). Devemos nos atentar para o fato de que, para analisar as forças em um
corpo, somente as forças que atuam sobre este devem ser consideradas. Por
exemplo, em um jogo de basquete, quando vários jogadores disputam uma
bola, a força resultante sobre um jogador é a soma vetorial de todas as forças
que o jogador recebe, não incluindo as forças que o mesmo exerce sobre os
outros jogadores.
A terceira lei de Newton nos traz uma importante propriedade das forças:
elas sempre ocorrem aos pares (TIPLER; MOSCA, 2009). Um exemplo disso
é a força normal. Um corpo está sujeito à aceleração gravitacional; portanto,
quando em contato com uma superfície, esse corpo exerce uma força, chamada
peso (P), que é igual à sua massa multiplicada pela aceleração da gravidade.
Esse corpo se mantém sobre a superfície, pois esta reage com uma força de
mesma intensidade no sentido oposto, chamada de força normal (Figura 1),
que é um exemplo de força reativa.

elm = Peso e Força Normal não compõem um par ação-reação.


Peso é força de campo (interação à distância) aplicada pela
Terra na caixa; a reação é força de campo que essa caixa
aplica na terra (para calcular, a ação seria colocada no CG do
caixa e a reação no CG da Terra).

A Força Normal é força de contato, força de reação aplicada


pela mesa na caixa e a ação seria a força de contato aplicada
pela caixa na mesa.

Pode confundir porque as 4 forças mencionadas acima


possuem o mesmo módulo (mg).
Figura 1. Força normal.
ver explicação na aula 55min0seg de
https://youtu.be/OMNWUrnLkX8?list=PLRbaNyGya0Hl4ogwjSzhEQMD9PGjryfpQ

Outra importante consideração: Ação e Reação são em corpos distintos!


Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido 3

Diagrama de corpo livre


Conhecendo as forças reativas e as forças aplicadas sobre um corpo, podemos
desenhar o diagrama de corpo livre, que consiste em uma ilustração simpli-
ficada de um corpo e de todas as forças que agem sobre ele, sejam elas forças
aplicadas por outros corpos ou forças reativas. Um diagrama de corpo livre
(Figura 2) é utilizado com o intuito de definir as forças reativas em um corpo.

Figura 2. Diagrama de corpo livre de um automóvel sendo puxado por um motor.

2 Equações do equilíbrio
As forças externas que agem sobre um corpo rígido podem ser reduzidas a
um sistema de força e momento em um ponto qualquer (BEER et al., 2011).
Utilizando a segunda lei de Newton, somando todas as forças e definindo
como condição que a resultante seja nula, obtemos a chamada condição de
equilíbrio (YOUNG; FREEDMAN, 2016). As equações para condição de
equilíbrio bidimensional são:

∑Fx = 0 (1)

∑Fy = 0 (2)

∑M = 0 (3)
4 Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido

Para realizar a soma dos componentes das forças, precisamos nos atentar
às referências adotadas. Consideramos um valor positivo no eixo x para forças
orientadas para a direita. Para o eixo y, consideramos que a orientação para
cima é a positiva e que a referência positiva para o momento é a tendência de
giro do corpo no sentido anti-horário.
Na Figura 3, é apresentado um corpo — no caso, uma viga sujeita a uma
força F orientada para baixo e duas forças com intensidade igual à metade
de F. Na primeira condição, em que a força F está deslocada do centro geo-
métrico, a condição de equilíbrio do somatório das forças é atendida; porém,
o momento nesse corpo não é zero — logo, esse corpo vai rotacionar. Na se-
gunda condição, a força F está localizada no centro geométrico — nesse caso,
as condições para força e momento são atendidas, e o corpo está em equilíbrio.

Figura 3. Corpo em duas condições de carregamento.

3 Aplicação das equações de equilíbrio


na resolução de problemas
Como vimos, as forças reativas são provenientes da terceira lei de Newton,
que estabelece que a força exercida sobre um corpo gera, no agente, uma
força de mesma intensidade em sentido oposto. As forças reativas são muito
importantes no equilíbrio, pois o resultado da soma vetorial de todas as forças
Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido 5

deve ter resultado nulo para que o equilíbrio seja garantido. O equilíbrio em
duas dimensões depende de três equações que possuem resultado nulo. Nesse
caso, a soma de todas as forças em cada um dos eixos deve ser nula, assim
como a somatória do momento em qualquer ponto deve ser. Aplicando essas
equações, é possível resolver a maioria dos problemas de estática em duas
dimensões. Existem problemas em que a aplicação dessas equações é insufi-
ciente para encontrar as reações, mas se trata de aplicações mais avançadas
na mecânica dos materiais. A seguir, serão apresentados três exemplos de
aplicação do conteúdo deste capítulo.

Exemplo 1
Vigas são elementos muito utilizados em estruturas na construção civil e em
equipamentos industriais como pontes rolantes. Na Figura 4, é apresentada
uma viga com seus apoios e carregamento. No ponto A, a viga está apenas
apoiada e, no ponto B, está presa por um pino. Determine as forças de reação
nos pontos A e B.

Figura 4. Viga sobre carregamento.

Solução:

Na imagem, já está representado o diagrama de corpo livre. Com isso, pode-


mos aplicar as equações de equilíbrio e determinar as forças nos pontos A e
B, considerando como referências positivas a orientação para cima no eixo y,
a orientação para a direita no eixo x, e o sentido anti-horário, para rotação.
Além disso, é escolhido o ponto B como referência para a rotação.
6 Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido

Podemos determinar a reação em A resolvendo a equação de momento:

Podemos substituir o valor encontrado para a reação em A e encontrar a


reação na direção y de B.

As reações nos pontos A e B são:

R Bx = 0

R By = 7,5kN

R Ay =17,5 kN
Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido 7

Exemplo 2
Empilhadeiras são equipamentos utilizados para movimentar cargas em in-
dústrias ou depósitos. Seu centro de gravidade é bem afastado da lança onde
as cargas são suspensas, com o intuito de garantir o equilíbrio e para que a
empilhadeira não gire e acabe tombando. Determine as reações nas rodas de
uma empilhadeira de massa de 4 toneladas que sustenta uma caixa de 300 kg,
conforme mostra a Figura 5.

Figura 5. Empilhadeira e seu diagrama de corpo livre.

Solução:

No diagrama de corpo livre, não são representadas as forças de reação das


rodas na horizontal, apenas na vertical, pois a roda não oferece resistência
no sentido horizontal e não há força na horizontal. Podemos perceber que
a caixa não é representada no diagrama de corpo livre, pois este é somente
para a empilhadeira.
8 Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido

Determinaremos as forças peso da empilhadeira e da caixa:

Aplicando as condições de equilíbrio, obtemos:

Determinamos a reação por meio da equação do momento:

–31,38kN · m = R2 · 1m

R2 = 31,38kN

Com a equação de equilíbrio de forças no eixo vertical, y, podemos calcular


a reação R1:

–42,18kN + R1 + 31,38kN = 0

R1 = 10,8 kN
Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido 9

Exemplo 3
A Figura 6 representa um elemento de um aparelho de musculação que está
sujeito apenas ao seu peso. No ponto A, esse elemento é preso por um pino
e, no ponto B, está apenas apoiado sobre um rolete. Determine as forças de
reação nos pontos A e B.

Figura 6. Barra sujeita a uma força e seu diagrama de corpo livre.

Solução:

Neste problema, não teremos apenas força no sentido vertical — agora, para
manter o equilíbrio, forças no sentido horizontal são necessárias. As nossas
referências serão as mesmas adotadas anteriormente: no eixo horizontal,
a orientação à direta é a positiva; para o eixo vertical, a orientação para cima
é a positiva; para o momento, o sentido anti-horário é o positivo.
10 Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido

Definidas as referências, podemos aplicar as equações de equilíbrio.

Foi escolhido o ponto A para a referência de momentos porque possui


mais quantidade de esforços — assim, simplificamos a solução do problema.
Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido 11

BEER, F. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: McGraw-
-Hill Education, 2011.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 10. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2016. v. 1.
KNIGHT, R. Física 1: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2009. v. 1.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I: mecânica. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2016.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 4.1
_4.1_ Dica do professor

O equilíbrio é muito importante em engenharia civil e mecânica, visto que, por meio das equações
do equilíbrio, é possível determinar as reações de uma estrutura ou componente de uma
máquina e, assim, dimensionar corretamente esses elementos.

Nesta Dica do Professor, você verá a aplicação do uso do equilíbrio em um corpo rígido, mais
especificamente uma treliça bidimensional de dois elementos.

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5 min

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_4.1_ Exercícios

1) Em ambientes de maior risco de incêndio, nos quais a carga térmica é elevada, é obrigatório que os
extintores tenham capacidade de extinguir um possível foco de incêndio. Para isso, é necessária
maior quantidade de agente de extinção, que pode ser água, pó químico ou CO2, entre outros
menos comuns e com aplicações mais restritas.

Um extintor do tipo carreta do tipo A, agente extintor água, tem massa total de 70kg. Na figura, é
representada uma situação em que o extintor está em equilíbrio. Determine a reação nas rodas e a
força F.

A) F = 520,04N e R = 166,66N.

B) F = 171,67N e R = 515,03N.

C) F = 196,2N e R = 490,5N.

D) F = 343,35N e R = 343,35N.

E) F = 137,34N e R = 549,36N.
Determinamos a força P:
𝑚
P = 70𝑘𝑔. 9,81 = 687,7𝑁
𝑠.
Adotamos a seguinte referência para o problema:

• No eixo x, consideramos que a orientação positiva em x é para a direita.


• No eixo y, consideramos que a orientação positiva em y é para cima.
• O momento é positivo quando, utilizando a regra da mão direita,
o produto 𝐹⃗ × 𝑟⃗ está orientado fora do plano.

Aplicaremos, agora, as equações do equilíbrio em duas dimensões:

5 𝐹6 = 0

5 𝐹7 = 0

5 𝑀9 = 0

Aplicando as equações do equilíbrio no problema:

5 𝐹6 = 0

5 𝐹7 = 𝐹 + 𝑅 − 𝑃 = 0

5 𝑀9 = −𝐹. 0,2 + 𝑃. 0,05𝑚

Podemos determinar a força F:

𝑃. 0,05𝑚 686,7𝑁. 0,05𝑚


𝐹= = = 171,67𝑁
0,2𝑚 0,2𝑚
Podemos determinar a reação R:

171,67 + 𝑅 − 686,7𝑁 = 0
𝑅 = 515,03𝑁
F = 171,67N e R = 515,03N
2) Cabos e vigas são muito utilizados em construção civil, plataformas de petróleo e gás e muitas
instalações industriais. Conhecer as forças que agem sobre esses corpos é fundamental para um
bom projeto.

A figura representa parte de uma instalação em que uma viga é suspensa por dois cabos e é sujeita
a duas forças: uma conhecida e outra a ser dimensionada por um projetista. Determine a tração nos
cabos, sabendo que P = 12kN, para esse projeto.

A) T1 = 7,5kN e T2 = 14,5kN.

B) T1 = 14,5kN e T2 = 7,5kN.

C) T1 = 12kN e T2 = 10kN.

D) T1 = 14kN e T2 = 8kN.

E) T1 = 20kN e T2 = 2kN.
Adotamos a seguinte referência para o problema:

• No eixo x, consideramos que a orientação positiva em x é para a direita.


• No eixo y, consideramos que a orientação positiva em y é para cima.
• O momento é positivo quando, utilizando a regra da mão direita, o
produto 𝐹⃗ × 𝑟⃗ está orientado fora do plano.

Aplicaremos, agora, as equações do equilíbrio em duas dimensões:

% 𝐹& = 0

% 𝐹) = 0

% 𝑀+ = 0

Não há nenhuma força agindo no eixo x, e, mesmo assim, os cabos não


restringem o movimento nesse eixo.

O ponto escolhido para o momento é o ponto de aplicação da carga T1 (cabo


mais à esquerda).

% 𝐹) = −10𝑘𝑁 − 12𝑘𝑁 + 𝑇3 + 𝑇4 = 0

% 𝑀56 = 10𝑘𝑁. 0,75𝑚 − 12𝑘𝑁. 2,5𝑚 + 𝑇4 . 3𝑚 = 0

−7,5𝑘𝑁. 𝑚 + 30𝑘𝑁. 𝑚
𝑇4 = = 7,5𝑘𝑁
3𝑚
−10𝑘𝑁 − 12𝑘𝑁 + 𝑇3 + 7,5𝑘𝑁 = 0
𝑇3 = 14,5𝑘𝑁
3) A fibra de carbono é utilizada com outros polímeros formando um composto de matriz polimérica.
Chamamos esse composto genericamente de fibra de carbono, um bom material de construção
mecânica, pois alia baixo peso e alta resistência mecânica.

Uma barra de fibra de carbono de poucos gramas é utilizada em um equipamento conforme a


figura. Determine as reações nas extremidades da barra.

A) P1= 100,05N e P2 = 50,05N.

B) P1 = 1.000,5N e P2 = 1.000,5N.

C) P1 = 24,5N e P2 = 24,5N.

D) P1 = 65,05N e P2 = 48,05N.

E) P1 = 10,03N e P2 = 30,8N.

elm = C mas enunciado capenga, admiti que vínculos, apoio em P1 e P2 são roletes....
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Ex. 3_Aula 4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
_Enunciado deficiente. Faltam dados.
_Faltou informar módulo de T ;
_Faltou informar Tipo de vínculo na extremidade P1 da barra ;
_Faltou informar Tipo de vínculo na extremidade P2 da barra ;
_Faltou informar distância entre massa 10kg e P2.
Obs.1: Supondo vínculos roletados e distância entre massa 10kg e P2 = 0,2m, cheguei à opção C.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não
responda apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora
em andamento).
Imagem do enunciado do exercício:

***********************************
Re: Ex. 3_Aula 4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
por FELIPE AUGUSTO DA SILVA BARBOSA (MENTOR) - quinta, 11 mai 2023, 14:24
Essa questão falhou em informar as condições de contorno da barra!
A princípio se formos imaginá-la como uma barra de treliça, temos que as forças P1 e P2 são colineares,
logo não haveria equilíbrio devido ao torque gerado por T e o peso de 10kg.
No caso, para encontrarmos as reações, deveria haver um apoio do primeiro gênero em uma das
extremidades e um apoio do segundo gênero em outra, para termos uma estrutura isostática. Porém,
estaticamente não teria como determinar pois T também é uma incógnita, além das duas reações.
***********************************
Adotamos a seguinte referência para o problema:
•No eixo x, consideramos que a orientação positiva em x é para a direita.
•No eixo y, consideramos que a orientação positiva em y é para cima.
•O momento é positivo quando, utilizando a regra da mão direita, o
produto 𝐹⃗⃗ × 𝑟⃗ está orientado fora do plano. Aplicaremos, agora, as
equações do equilíbrio em duas dimensões:

Σ𝐹⃗⃗𝑥=0
Σ𝐹⃗⃗𝑦=0
Σ𝑀𝐴=0
Σ𝐹⃗⃗𝑥=𝑃1−𝑃2=0
Σ𝐹⃗⃗𝑦=𝑇−98,1 𝑁=0
𝑇=98,1 𝑁
∑ 𝑀𝑃1 = 0 = 𝑇 . 0,15m – 𝑃. 0,2m – 𝑃2 . 0,2m
4,9
∑ 𝑀𝑃1 = 0 = 98,1. 0,15m – 98,1 . 0,2m – 𝑃2 . 0,2m :. 𝑃2 = = 24,5 𝑁 =
02

𝑃1
*Obs: Lembre-se que o momento é o produto da força e a distância do eixo da força, e não a
multiplicação da força pela distância do ponto de referência ao ponto exato da força, onde ela é aplicada.
4) Rolamentos são muito utilizados em máquinas, pois reduzem significativamente a resistência ao
rolamento. Esses elementos de máquinas trazem algumas desvantagens, como o aumento da
rigidez no apoio. A força de reação em um rolamento depende de como este é montado.Por
exemplo, um rolamento de esferas rígidas só pode suportar carga no sentido radial, e um
rolamento de rolos cônicos reage no sentido radial e axial.

A figura representa o mecanismo de uma máquina. É necessário determinar a força no rolamento


para, assim, escolher um rolamento adequado a essa aplicação.

A) 452,12N.

B) 378,16N.

C) 412,23N.

D) 293,34N.

E) 326,63N Gab será E ver resp do


Mentor abaixo..

elm = marquei C por ter chegado a valor próximo supondo medidas totais da barra corretas , mas medidas barra com erro... ver
resolução!

MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)


Ex. 4_Aula 4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
_Enunciado com dados inconsistentes. Medidas da barra (mecanismo) com erro.
_Obtém-se diferentes valores para o ângulo entre a barra e a normal do rolamento usando diferentes
cotas do desenho.
Obs.1: Na figura abaixo, foram obtidos três valores diferentes para o ângulo alfa, todos partindo de
cotas da figura.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não
responda apenas "será encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora
em andamento).
Imagem do enunciado do exercício:
m
Re: Ex. 4_Aula 4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
por FELIPE AUGUSTO DA SILVA BARBOSA (MENTOR) - quinta, 11 mai 2023, 11:08
De fato, está inconsistente!
Fiz o cálculo da tangente de alfa para os dois triângulos semelhantes da figura! Deveria dar o mesmo valor, porém divergiram!
Considerando o triângulo menor;
tg(alfa) = 107,6/125,9 = 0,8546
Considerando o triângulo maior,
th(alfa) = 215,15/366,19 = 0,5875
O ideal seria que o enunciado fornecesse apenas uma distância, vertical ou horizontal, da força ao rolamento. Com apenas uma,
poderíamos descobrir a outra. Daí aplicariamos as equações de equilíbrio estático para descobrir o valor da força N indicada na figura.
Vou abrir um chamado requisitando que a questão seja anulada!
Porém, a dica para resolução é:
Utilize a Equação de Momento nulo no pino!
Somatório de Momento no Pino = 0
A força de 400 N gera um momento anti-horário e sua linha de atuação dista 215,15 mm do pino.
A força N gera um momento horário e a distância ortogonal da linha de ação dessa força ao pino é encontrada pelo teorema de
pitágoras utilizando as dimensões 240,29 na vertical e (215,15 - 107,6 = 108,9) na horizontal.
Adotamos a seguinte referência para o problema:
• No eixo x, consideramos que a orientação positiva em x é para a direita.
• No eixo y, consideramos que a orientação positiva em y é para cima.
• O momento é positivo quando, utilizando a regra da mão direita, o produto 𝐹 ⃗
× 𝑟⃗⃗ está orientado fora do plano.
A força de reação do rolamento é ortogonal à barra.
Aplicaremos, agora, as equações do equilíbrio em duas dimensões:
∑ 𝐹𝑥 =0
∑ 𝐹𝑦 =0
=0
∑ 𝑀𝐴

∑ 𝐹𝑥 = 𝑅𝑅𝑋 − 𝑅𝑃𝑋 = 0
∑ 𝐹𝑦 = −400 − 𝑅𝑃𝑦 + 𝑅𝑟𝑦 = 0

Como a força do rolamento é ortogonal à barra, não é necessário decompor a


reação para calcular o momento; basta calcular a distância entre o rolamento e
o pino
Devido anularmos as forças do pino, calculando a somatória do momento nele, só
restando a decomposição das forças de 𝑅𝑅 , 𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑗𝑎 𝑑𝑜 𝑟⃗𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜. Como o eixo do
pino é o mesmo por onde passa o rolamento, podemos adotar que as forças
resultantes do Rolamento são perperticulares ao centro do pino, logo podemos utilizar

a distância entre o centro do rolamento ao centro do pino direto, obtendo direto a força
aplicada ao Rolamento, sem estar decomposta.

∑ 𝑀𝑃 = 0 = −400 . 2,1515m + 𝑅𝑅 . distância centro do rolamento-pino.

Distância é a hipotenusa do triângulo = √(2,1515 − 1,0706)2 + 2,40292

Distância Rolamento-Pino = √6,9422 = 2,6348m

:. ∑ 𝑀𝑃 = 0 = −400 . 2,1515m + 𝑅𝑅 . 2,6348

860,6
Logo: 𝑅𝑅 = = 326,63 𝑁
2,6348
5) Vigas de aço são muito utilizadas na construção civil e em estruturas mecânicas devido à sua alta
resistência mecânica. As vigas são encontradas em diversos perfis, e cada um tem resistência
diferente. Elas são utilizadas como elemento estrutural tanto em construções como em estruturas
das mais diversas, como gruas.

Um muro está prestes a cair, e, por isso, o engenheiro responsável pela obra de contenção decidiu
manter esse muro preso por cabos. Para isso, os cabos foram fixados em uma viga chumbada
(engastada) a uma coluna de concreto armado. Determine as reações da viga a esse carregamento,
sabendo que a tração no cabo superior é de 300N e, no cabo inferior, de 400N.

A) Rx=300N, Ry=400N, M=0N.m.

B) Rx=524,36N, Ry=468,36N, M=415,3N.m.

C) Rx=325,98N, Ry=256,78N, M=359,62N.m.

D) Rx=815,84N, Ry=156,18N, M=925,35N.m.

E) Rx= 459,8N, Ry=196,41N, M=814,23N.m.


_4.1_ Na prática

Conhecer as reações em estruturas é muito importante para o seu dimensionamento. Algumas


estruturas são compostas de vários elementos, mas, para determinar as reações, a estrutura deve
ser considerada na totalidade, como um único corpo.

Mesmo com as reações descobertas, não se sabe como as forças se distribuem internamente; por
isso, faz-se o diagrama de corpo livre para cada elemento da estrutura. Dessa forma, é
possível aplicar as equações do equilíbrio para um único elemento e determinar os esforços a
que que ele está sujeito.

Acompanhe, neste Na Prática, como um engenheiro determina os esforços em uma parte de uma
estrutura treliçada de uma ponte.

DIAGRAMA DO CORPO LIVRE PARA PLANEJAR PONTES

As treliças são muito utilizadas em diversas


estruturas, devido à sua alta capacidade de
suportar cargas, mantendo grande rigidez.
Podem ser encontradas em equipamentos de
construção civil, pontes, estruturas de telhados.

O engenheiro Alberto está planejando uma


ponte e precisa calcular os esforços de uma
treliça sujeita a um carregamento de 10kN. Ele
precisará determinar a força interna do
elemento BC.

O primeiro passo que Alberto tomou foi encontrar as reações nos pontos A e
B. Para isso, aplicou as equações de equilíbrio:

A primeira reação a ser determinada é:

Assim, ele pode determinar RB , pela equação do momento.

Em seguida, ele isolou o elemento BC e desenhou o


seu diagrama de corpo livre:

Não existem duas forças FBC, mas essa força reage


nas duas extremidades do elemento.
Outra informação importante é que as forças
internas de um elemento de uma treliça são no
sentido do elemento.
Alberto pode, então, aplicar as equações de equilíbrio de forças
nesse elemento, visto que este também deve estar em equilíbrio:

Resolvendo as equações, ele encontrou:

Então, o módulo da força FBC é:

Dessa forma, Alberto pôde concluir o planejamento da ponte, a qual foi executada.
_4.1_ Saiba +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Equilíbrio dos corpos e de sistemas


Neste vídeo, o professor Gil da Costa Marques ministra uma aula sobre o equilíbrio de corpos
rígidos com a definição de equilíbrio, o diagrama de corpo livre e as equações que definem o
equilíbrio.
https://youtu.be/-xU2ihzW-Og

9 min Univesp

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Equilíbrio dos corpos e das partículas


Neste vídeo, você acompanha uma aula em que é apresentada a abordagem para a solução de um
problema de equilíbrio de um corpo rígido.
https://youtu.be/p5vmWvCm780

33min Mecanica aula 25 univesp

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Mecânica vetorial
Neste link, você verá um site em flash que contém jogos sobre equilíbrio estático de corpos rígidos,
vídeos de experimentos e material didático interativo sobre equilíbrio estático de corpos rígidos.

http://www.mecanicavetorial.com/

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MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
1.1 - Princípios fundamentais
1.2 - Vetores de Força – análise bidimensional
2.1 - Vetores de força – análise tridimensional
2.2 - Momento de inércia
3.1 - Torque
3.2 - Equilíbrio e estabilidade
4.1 - Análise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido
4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Análise tridimensional do
equilíbrio de corpo rígido
_4.2_
Apresentação
O equilíbrio não se limita a análises em duas dimensões. Na verdade, muitas aplicações de
engenharia são construídas em três dimensões, ou seja, no espaço. Portanto, é muito importante
entender como corpos rígidos se comportam no espaço e também como as forças se direcionam.
Para a análise em três dimensões, faz-se necessário criar o diagrama de corpo livre em três
dimensões, não muito diferente do que em duas dimensões, em que é realizada uma simplificação
do corpo e das forças aplicadas. Tendo o diagrama de corpo livre, é possível aplicar as equações de
equilíbrio, que, nesse caso, são um número maior que em duas dimensões.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá como identificar as forças que atuam sobre um corpo
e, assim, traçar o diagrama de corpo livre para um problema. Verá também que, em três dimensões,
as equações de equilíbrio terão mais componentes a avaliar, visto que o corpo tem mais graus de
liberdade, e que, para resolver problemas, será necessário equacionar o problema com as equações
e equilíbrio e resolver uma a uma.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever o conceito de diagrama de corpo livre em três dimensões aplicado a corpos rígidos.

• Identificar as equações de equilíbrio em três dimensões para corpos rígidos.

• Aplicar as equações de equilíbrio para corpos rígidos em três dimensões na resolução


de problemas.
_4.2_ Desafio

Após tratamento para a remoção do excesso de enxofre, o petróleo e os gases extraídos em


plataformas offshore (em alto-mar) são transportados em grandes sistemas de tubulações para as
refinarias e os gasodutos. Essas tubulações devem ser bem projetadas, pois vazamentos podem
causar sérios danos ambientais, além de serem extremamente perigosos.

Na qualidade de projetista estrutural, considere o seguinte problema:

Você está projetando um sistema de suporte


de tubulação de gás para uma plataforma de
petróleo e gás e, brilhantemente, criou um
sistema rotulado que restringe a rotação em y
para apoiar a tubulação. Você utilizará um
cabo para sustentar a ponta do tubo, cujo
peso é de 3kN.

Com base nos dados apresentados, para concluir o seu projeto, determine as reações na rótula e a
tração no cabo que será escolhido no catálogo do fabricante.

elm = Força no cabo FB = 6,527 kN.


Para solucionar o problema, primeiro, será determinado o vetor posição do
cabo BA:

#####⃗ = 0ı̂ + 1ȷ̂ − 0,3k0


BA

#####⃗1 = 203 + 13 − 0,33 = 1,044m


1BA

Em seguida, será determinado o vetor unitário:

#u#####
78 #⃗ = 0,958ȷ̂ − 0,287k0
A tração no cabo pode ser decomposta multiplicando-se o módulo da força de
tração pelas componentes do vetor unitário de posição:

#T########⃗ ######⃗
78? = 0,958ȷ̂. 1T78 1

#T#######⃗ 0 ######⃗
78A = −0,287k. 1T78 1
Agora, aplicando as equações de equilíbrio:

B FD = 0 = R FD

B F? = 0 = −P + 0,958T78 + R H?

B FA = 0 = −0,287T78 + R HA

B MH = 0
= J−2,5ı̂ − 0,3k0K × (−Pȷ̂)
+ J−4ı̂ − 0,3k0K × J0,958T78 ȷ̂ − 0,287T78 k0K + MH?

B MHA = 2,5P − 3,832T78

B MHD = −0,3P + 0,287T78

B MH? = −1,148T78 + MH?

T78 = 1,957kN

MH? = 2,247kN. m

R H? = 1,125kN

R HA = 561,66N
_4.2_ Infográfico

Muitas estruturas são construídas utilizando-se elementos do tipo barras ou cabos, que têm como
característica transmitir força ao longo de seus corpos. Assim, quando são empregados elementos
desse tipo, é muito importante saber determinar o vetor posição desses corpos para, assim,
encontrar a direção e o sentido da força sobre eles.

Neste Infográfico, veja como determinar o vetor posição e o vetor unitário desse vetor posição
para, assim, calcular as componentes da força sobre um corpo.

VETOR POSIÇÃO E VETOR UNITÁRIO


O vetor posição é um vetor que liga um Esse vetor pode ser obtido por meio das distâncias à
ponto a outro. Para isso, são utilizadas as origem em cada uma das componentes do sistema.
coordenadas desses pontos, que, no
espaço, serão três, uma em cada eixo do
sistema.

O vetor unitário tem a mesma orientação e o mesmo sentido do vetor posição, sendo igual às componentes do
vetor divididas por seu módulo.

Em elementos nos quais os esforços são transmitidos ao longo de seus corpos, o vetor unitário oriundo do vetor
posição é muito útil para se conhecer a força nesse elemento, uma vez que, ao realizar o produto entre o módulo
dessa força e o vetor unitário, será encontrado o vetor força.

EXEMPLIFICANDO

Dois cabos são utilizados para sustentar um muro que não foi
construído sobre uma boa fundação. A tração no cabo AC é de 2,5kN,
e pede-se que sejam determinadas as componentes dessa força.

Etapas
1. Determinar o vetor posição:

2. Determinar o módulo:

3. Determinar o vetor unitário:

4. Determinar as componentes do vetor tração:


_4.2_ Conteúdo do livro

No espaço tridimensional, a análise do equilíbrio não deve ser simplificada e tratada de forma
escalar, como na análise em duas dimensões, dada a maior quantidade de graus de liberdade. No
equilíbrio de corpo rígido no espaço, o momento é abordado como grandeza vetorial, pois,
diferente da análise no plano, existem três orientações para o momento. O raio do momento
também é tratado como vetor, visto que o momento é um produto vetorial do vetor posição e
força, e algumas forças irão depender do próprio vetor posição para se orientar. Por existir mais
dimensões nesse tipo de análise, haverá mais equações para garantir o equilíbrio.

No capítulo Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido, da obra Cinemática dos corpos
rígidos, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as condições de equilíbrio
em três dimensões a partir de diferentes exemplos.

Boa leitura.
SUMÁRIO
Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo ·~[J.~: .... 13
Alessandra de Castro Machado
O corpo rígido e seu movimento de rotação ........................................................................... 13
Funções do movimento de rotação............................................................................................... 19
Casos particulares ...................................................................................................................................... 23

Momento de inércia r:tL .......................................................................29


Alessandra de Castro Machado
O momento de inércia ............................................................................................................................29
Cálculo do momento de inércia .......................................................................................................34
O momento de inércia para diferentes perfis ......................................................................... .44

Torque ...........................................................................................................49
Ricardo Noboru lgarashi
Definição de torque .................................................................................................................................. 49
Torque: um tratamento vetorial ........................................................................................................ 53
Torque: uma anál ise trid imensional ................................................................................................59

Rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo


quanto aos aspectos da dinâmica .......................................................65
Ricardo Noboru lgarashi
Movimento de rotação em torno de um eixo fixo ................................................................ 66
Equações do movimento de rotação ............................................................................................ 75
Momento angular ......................................................................................................................................80

Momento angular ..................................................................................... 85


Daniel Ferreira Cesar
As características do momento angular ...................................................................................... 86
As equações que definem o momento angular .....................................................................89
Casos particulares do momento angular.................................................................................... 92

Conservação do momento angular :.[J) .......................................... 99


Daniel Ferreira Cesar
A lei de conservação do momento angular........................................................................... 100
Equações da conservação do momento angular e sua aplicação .......................... 106
Casos particulares da lei de conservação do momento angular .............................. 11O

Simetria e leis de conservação ........................................................... 117


Daniel Ferreira Cesar
Tipos mais comuns de simetria ....................................................................................................... 118
Simetria e as leis de conservação da mecânica ................................................................... 123
Aplicação de simetria e leis de conservação em problemas .................................. 127

Ro lamento J:J".. ....................................................................................... 133


Everton Coelho de Medeiros
Definição de rolamento ....................................................................................................................... 133
Rolamento como um movimento de rotação....................................................................... 136
Casos particul ares do rolamento ................................................................................................... 138
Giroscópios e precessão ....................................................................... 147
Daniel Ferreira Cesar
O giroscópio e o efeito g iroscópico............................................................................................. 148
A física por t rás de um giroscópio ................................................................................................. 150
O movimento de precessão ..............................................................................................................15 5

Equilíbrio e estabilidade ....................................................................... 161


Daniel Ferreira Cesar
Condições de equilíbrio estático ................................................................................................... 162
A esta bilidade nos sistemas mecânicos.................................................................................... 165
Do cálculo diferencial à mecân ica ................................................................................................. 171

Aná lise bidimensional do equilíbrio de corpo rígido................. 175


Daniel Ferreira Cesar
Força reativa .................................................................................................................................................176
Equações do equilíbrio .........................................................................................................................177
Aplicação das equações d e equilíbrio na resolução d e prob lemas ........... ..... ..... 178

Aná lise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido ................ 187


Daniel Ferreira Cesar
Momento como grandeza vetorial .............................................................................................. 188
Forças no espaço tridimensional ................................................................................................... 189
Diagrama de corpo livre no espaço e equações de equilíbrio ................................. 194

Tensão, deformação e módulos de elasticidade ......................... 201


Daniel Ferreira Cesar
Definição de tensão ............................................................................................................................... 202
Tensão normal méd ia ........................................................................................................................... 204
Tensão de cisalhamento ..................................................................................................................... 206
M ódulo de elasticidade e deformação ..................................................................................... 208

Vetores ........................................................................................................ 213


Daniel Ferreira Cesar
Representação de um vetor ..............................................................................................................214
Operações envolvendo vetores ......................................................................................................216
Produto escalar ......................................................................................................................................... 224

Trabalho e energia ................................................................................. 227


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho e energia .................................................................................................................................. 228
Teorema trabalho-energia cinética ............................................................................................. 236
Conservação da energia mecânica .............................................................................................. 238

Trabalho de uma força variável .......................................................... 241


Daniel Ferreira Cesar
Trabalho por cálculo de área ............................................................................................................ 242
Trabalho realizado por uma mola ................................................................................................. 244
Cálculo d o trabalho pela área geométrica ..............................................................................247
Análise tridimensional do
equilíbrio de corpo rígido
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Descrever o conceito de diagrama de corpo livre em três dimensões


aplicado a corpos rígidos.
„„ Identificar as equações de equilíbrio em três dimensões para corpos
rígidos.
„„ Aplicar as equações de equilíbrio para corpos rígidos em três dimen-
sões na resolução de problemas.

Introdução
O ambiente no qual você está inserido possui três dimensões. De modo
semelhante, em muitas situações, os corpos estão sujeitos a forças em
várias orientações no espaço tridimensional. Nesse cenário, corpos rígidos
podem se manter em equilíbrio desde que algumas condições sejam
satisfeitas. Entretanto, no ambiente em três dimensões, existem mais
componentes de força e momento.
Em duas dimensões, um corpo possui apenas três graus de liberdade,
translação em x, translação em y e rotação no plano. Já em três dimensões,
o corpo possui seis graus de liberdade: três componentes de translação
e mais três componentes de rotação.
Neste capítulo, você vai ler sobre a análise tridimensional do equilíbrio
de corpo rígido. Você vai conhecer o conceito de diagrama de corpo
livre em três dimensões aplicado a corpos rígidos e também estudar as
equações em três dimensões utilizadas para esses corpos.
2 Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

1 Momento como grandeza vetorial


No equilíbrio em duas dimensões, o momento só pode ocorrer em um eixo
perpendicular ao plano. Logo, o seu sentido pode ser definido como horário
ou anti-horário. No espaço tridimensional, é mais conveniente trabalhar o
momento em sua forma vetorial, com suas componentes em cada um dos eixos.
Considere que um corpo está sujeito a uma força F⃗ aplicada no ponto
A, como ilustra a Figura 1. Sabe-se que a força F⃗ é um vetor com módulo e
orientação definidos no espaço tridimensional. A força F⃗ é aplicada fora do
centro de massa do corpo, ponto O, e seu efeito depende da distância entre o
ponto A, ponto de aplicação, e o centro de massa. Logo, a posição de A pode
ser definida de forma mais conveniente por um vetor r⃗ que liga o ponto A ao
ponto O (BEER, 2011). O vetor r⃗ é o vetor posição, e o momento da força F⃗
no ponto O é definido como o produto vetorial de r⃗ e F⃗.

M⃗ = r⃗ × F⃗ (1)

Em outras palavras, o momento é o produto do vetor posição r⃗ pela com-


ponente de força tangencial no plano que os contém, sendo perpendicular à
direção de r⃗ e da força. Essa interpretação faz sentido porque o componente
radial aponta diretamente para o eixo e não pode produzir um torque (KNIGHT,
2009). A direção de M⃗ é perpendicular ao plano definido por r⃗ e F⃗ e pode ser
definida pela regra da mão direita (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016).

Figura 1. Momento de F⃗ em relação ao ponto O.


Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido 3

Uma força F⃗ = (2î + 3ĵ – 2k ̂)N é aplicada a um corpo num ponto A, com vetor posição
em relação ao centro de massa r⃗ = (2î – 2ĵ + 1k ̂ )m. Determine o momento causado
por essa força nesse corpo.
A seguir, veja a solução.
Aplique o produto vetorial e calcule o momento da força:

2 Forças no espaço tridimensional


Na análise em duas dimensões, não é tão necessário usar o cálculo vetorial.
Só é necessário decompor as forças e trabalhar de forma escalar em cada uma
das dimensões. Esse tipo de análise não é possível em três dimensões. Neste
caso, todos os cálculos devem ser na forma vetorial.
Você deve aprender a representar as forças no espaço. Considere uma força
F⃗ que atua na origem de um sistema cartesiano retangular de coordenadas
x, y e z. Para decompor as componentes em cada um dos eixos, define-se um
plano formado entre o vetor e o eixo z, como mostra a Figura 2. A componente
em z é encontrada da seguinte forma:

Fz = |F⃗| · cos θz (2)


4 Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Para encontrar as componentes, você precisa encontrar a projeção da força


F⃗ no plano xy:

Fxy = |F⃗| · sen θz (3)

Com a projeção, você pode encontrar as componentes em x e em y:

Fx = Fxy · cos θx (4)

Fy = Fxy · cos θ y (5)

Figura 2. Força no espaço cartesiano de três dimensões.


Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido 5

Vetor posição e vetor unitário


O vetor posição r⃗ vai da origem até um ponto P (YOUNG; FREEDMAN, 2016).
Num sistema de coordenadas cartesiano, é possível definir o vetor posição
pela soma de cada uma de suas componentes (Figura 3). Veja:

r⃗ = xî + yĵ + zk̂ (6)

Figura 3. Vetor posição no espaço cartesiano.


6 Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Uma prateleira é suspensa por dois cabos, como mostra a Figura 4. Determine os vetores
posição da origem aos pontos A e B. Considere que o ponto O tem coordenadas (0, 0, 0).

A seguir, veja a solução.


Você pode escrever os vetores e utilizando as cotas do desenho da Figura 4,
tomando como referência o ponto O. Assim:
Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido 7

Muitas vezes, a força sobre um corpo está orientada do mesmo modo que
o corpo. Por exemplo, a força sobre uma barra em uma treliça está orientada
da mesma forma que esse corpo. Com isso em mente, você pode utilizar o
vetor posição para determinar as componentes da força que atua sobre um
corpo. Para tal, você deve calcular o vetor unitário utilizando o vetor posição.
O vetor unitário pode ser encontrado por meio da divisão de cada componente
do vetor posição por seu módulo:

(7)

O vetor unitário possui a mesma orientação e o mesmo sentido do vetor


posição, porém seu módulo é igual a 1.

Determine o vetor unitário que possua o mesmo sentido e a mesma orientação que:

A seguir, veja a solução.


Primeiramente, você deve calcular o módulo de :

Em seguida, calcule:
8 Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

3 Diagrama de corpo livre no espaço e


equações de equilíbrio
O diagrama de corpo livre é a representação, de forma simplificada, de todas
as forças que atuam sobre um corpo, sejam forças externas ou de reação.
No espaço, a maior dificuldade é a representação, pois as ilustrações são em
duas dimensões. Na Figura 5, a seguir, veja um diagrama de corpo livre em
três dimensões.

Figura 5. Diagrama de corpo livre em três dimensões.

No equilíbrio, as forças e momentos resultantes são iguais a zero. Assim,


o corpo não está sujeito a nenhuma aceleração (TIPLER; MOSCA, 2009).
Porém, no espaço tridimensional, as condições são expandidas em seis reações
de vínculo (BEER, 2011). As equações são as seguintes:

∑Fx = 0 (8)

∑Fy = 0 (9)

∑Fz = 0 (10)

∑Mx = 0 (11)
Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido 9

∑My = 0 (12)

∑Mz = 0 (13)

Uma escada, representada nas Figuras 6 e 7, é utilizada no estoque de uma


loja para que os vendedores consigam alcançar os produtos com maior agilidade.

Figura 6. Escada do estoque.

A escada possui três apoios: nos pontos A, B e C. Os pontos A e B são


suportados por duas rodas guiadas em um trilho, e o ponto C é suportado
por uma roda lisa sem trilho. Considere que a escada possui massa de 40kg
e que uma vendedora de 60kg subiu nela para pegar um produto. Determine
as reações nos pontos de apoio.
elm = esse prob da escada deve ter sido copiado do Beer Johnson Estática - copio da bib virtual:
10 Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

A seguir, veja a solução.


O diagrama de corpo livre da escada é apresentado na Figura 7. As reações
dependem dos vínculos (nesse caso, a roda em C limita o movimento no eixo
x, e as rodas nos pontos A e B limitam o movimento nos eixos x e z). Nenhuma
das rodas limita a rotação do corpo, portanto não há reação de momento em
nenhum ponto.

Figura 7. Diagrama de corpo livre da escada do estoque.


Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido 11

O corpo está sujeito a apenas uma força externa, a força-peso.

Você deve aplicar as equações de equilíbrio:

Não há nenhuma força externa ou reação em y.


Você pode calcular a soma de todos os momentos da seguinte forma:

Adote o ponto A como referência. Você vai encontrar os vetores posição


para os pontos B e C e o centro de massa.
12 Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido

Dividindo os momentos por eixos, você tem:

Com o sistema de equações, você pode encontrar as reações em cada


ponto de apoio:

Neste capítulo, você estudou as condições de equilíbrio em três dimensões.


Como você viu, quando se consideram três dimensões, os cálculos devem
ser vetoriais, pois a dimensão a mais aumenta a complexidade da análise.
O momento, definido como o produto vetorial entre a força e o vetor posição,
pode ocorrer em uma direção qualquer no espaço.
Com o aumento de uma dimensão, é possível que o corpo, além de rota-
cionar em qualquer um dos eixos, translade nos três eixos. Assim, a condição
de equilíbrio se dá quando a soma dos momentos em todas as direções e a
soma das forças em todas as direções resultam em zero. Para isso, como você
verificou, são necessárias seis equações de equilíbrio.
Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido 13

BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH,
2011.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física, volume 1: mecânica. 10.
ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
KNIGHT, R. D. Física: uma abordagem estratégica, volume 1: mecânica newtoniana,
gravitação, oscilações e ondas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros, volume 1: mecânica, oscilações
e ondas, termodinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I, Sears e Zemansky: mecânica. 14. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2016.

Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem.


Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Aula 4.2
_4.2_ Dica do professor
Cabos de aço são elementos flexíveis muito utilizados para suspender, movimentar e amarrar
cargas. Com custo relativamente baixo e baixo peso, suportam cargas elevadas e são feitos a partir
de arames trefilados trançados em diferentes formas para funções específicas, sendo muito
aplicados na construção civil, em máquinas industriais, esportes, elevadores e até em plataformas
de petróleo e gás offshore. Entretanto, esses cabos só suportam cargas que os tracionam, isto é, que
os puxam.

Nesta Dica do Professor, acompanhe a resolução de um problema de engenharia em que foi


necessário o uso de cálculo vetorial em uma situação de equilíbrio tridimensional que utiliza cabos.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
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cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/3d35fa6989c1
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4 min

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
_4.2_ Exercícios

1) Em uma indústria, uma máquina tem um eixo rotativo apoiado sobre mancais de rolamento. Para o
bom dimensionamento dos rolamentos, é necessário conhecer as reações nesses mancais. As
forças aplicadas às polias são Tb = 50N e Tc = 100N, e os diâmetros das polias C e B são,
respectivamente, de 20mm e 40mm.

Determine as reações no mancal A e assinale a alternativa correta:

A) RAx = 0N; RAy = 71,42N; RAz = 35,71N.

B) RAx = 35,71N; RAy = 0N; RAz = 35,71N.

C) RAx = 35,71N; RAy = 71,42N; RAz = 0N.

D) RAx = −35,71N; RAy = 35,71N; RAz = 71,42N.

E) RAx = 0N; RAy = 0N; RAz = 35,71N.

elm = vou marcar A, por achar mais provável


MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Ex. 1_Aula 4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido
Pleito: Anular o exercício.
Justificativa:
_Não há opção correta. Encontrei Reações em A: 0 N ; 28,57 N ; 35,71 N (nenhuma opção com esses três valores). Ver imagem abaixo
da solução desenvolvida.
_Enunciado deficiente. Faltou indicar eixos x y z no enunciado para poder interpretar a resposta nas opções.
Obs.1: Provável equívoco: aparece valor 71,42 N nas opções , valor de componente do mancal D (não perguntado).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do enunciado do exercício e minha solução
m
2) Em uma empresa de autopeças, um mecanismo foi criado para facilitar o levantamento de cargas.
O tambor de diâmetro 20cm deve sustentar uma carga de 400N.

Determine a reação em B, sabendo que esse apoio não restringe o movimento no eixo x, e assinale
a alternativa correta:

A) RBx = 200N; RBy = 400N; RBz = 100N.

B) RBx = 0N; RBy = 400N; RBz = 293,34N.

C) RBx = 110N; RBy = 400N; RBz = 293,34N.

D) RBx = 0N; RBy = −475N; RBz = 293,34N.

E) RBx = 0N; RBy = −400N; RBz = −293,34N.

elm = provavelmente E, fizeram conta com Diam em vez de raio do tambor..


MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Ex. 2_Aula 4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido
Pleito: Anular o exercício.
Motivos:
_Não há opção correta. Encontrei Reações em B: 0 N ; – 400 N ; + 146,47 N (nenhuma opção com esses três valores). Ver imagem abaixo
da solução desenvolvida.
Obs.1: Provável equívoco: aparece valor 293,34 N nas opções , valor de componente em B, caso aplicar erroneamente diâmetro em vez
do raio para braço do tambor...
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do enunciado do exercício e minha solução:
3) Em uma instalação industrial, uma escotilha foi projetada para o controle de fumaça em caso de
incêndio. A escotilha é fixa por dobradiças e por um cabo, e seu peso é de 300N.

Considerando que no ponto F há um apoio que restringe os movimentos em y e z, determine a


tração no cabo e assinale a alternativa correta:

A) TCA = 258,03N.

B) TCA = 187,36N.

C) TCA = 300N.

D) TCA = 176,47N.

E) TCA = 167,74N.
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Ex. 3_Aula 4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido
Pleito: Anular o exercício.
Motivos:
_Não há opção correta. Encontrei T_AC = 201,94 N. Ver imagem abaixo da solução desenvolvida.
_Figura do ex. confusa 1: não há diferenciação entre "parede" e chapa da escotilha.
_Figura do ex. confusa 2: o peso P parece aplicado fora do centro da chapa.
_Figura do ex. confusa 3: há um ponto D perdido no meio da figura.
_Figura do ex. confusa 4: o "cabo" confunde-se com linhas de cota.
_Enunciado confuso: anuncia que escotilha é presa por dobradiças, depois diz para considerar apoio em F que restringe movimento em
z e y (!?).
Obs.1: Copiei uma figura do livro Beer Johnston e adaptei para indicar os dados deste exercício (ver imagem abaixo). Favor avaliar se
confere.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do enunciado do exercício e solução desenvolvida:

O vetor posição do cabo é:

###
CA ##⃗ = −20ı̂ + 60ȷ̂ + 30k0

O vetor unitário é:

1###
CA ##⃗1 = 70

−20ı̂ 60ȷ̂ 30k0


#u#####
45 #⃗ = + + = −0,28ı̂ + 0,85ȷ̂ + 0,42k0
70 70 70
O vetor tração no cabo é:

#####
T #⃗ #####
45 = #u45 #⃗. 1#T#####⃗
45 1

#T#####⃗ ######⃗ ######⃗ 0 ######⃗


45 = −0,28ı̂. 1T45 1 + 0,85ȷ̂. 1T45 1 + 0,42k. 1T45 1

Aplicando as equações de equilíbrio:

< F> = 0 = R @> + R A> − 0,28ı̂. 1#T#####⃗


45 1

< FB = R @B + R AB + 0,85ȷ̂. 1#T#####⃗


45 1 − 300N = 0

< FD = R @D + 0,42k0 . 1T
######⃗
45 1 = 0
0
< M5 = F−20ı̂ − 30kG
× F−0,28ı̂. 1#T#####⃗ ######⃗ 0 ######⃗
45 1 + 0,85ȷ̂. 1T45 1 + 0,42k. 1T45 1G
+ F−10ı̂ − 30kG 0 × (−300ȷ̂N)
0 × FR A> + R AB G
+ F−60kG

#####
< M5 x = 25,5. 1T #⃗
45 1 − 9000N. cm + 60. R AB

#####
< M5 y = 8,41T #⃗
45 1 − 60R A> = 0

#####
< M5 z = −171T #⃗
45 1 + 3000N. cm = 0

3000N. cm
1#T#####⃗
45 1 = = 176,47N
17cm

MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)


Ex. 3_Aula 4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido
ERRO no Gabarito:
m
4) As talhas são muito utilizadas no deslocamento de cargas, principalmente no ambiente laboral, com
a finalidade de evitar lesões. Em uma empresa, foi instalada uma talha conforme ilustrado a seguir.
Determine as trações nos cabos quando a carga P é de 600N, considerando que a talha é vinculada
à parede por uma rótula, e assinale a alternativa correta:

A) TAB = 95N; TAC = 853,76N.

B) TAB = 985,83N; TAC = 145,98N.

C) TAB = 600,12N; TAC = 400,58N.

D) TAB = 601,81N; TAC = 468,10N.

E) TAB = 872,71N; TAC = 355,10N.

MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)


Ex. 4_Aula 4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido
Pleito: Anular o exercício.
Motivos:
_Não há opção correta. Encontrei T_AC = 704,72 N ; T_AB = 498,85 N . Ver imagem abaixo da solução desenvolvida.
Obs.1: Pela localização de A e B (onde cabo fica preso), como A está mais próximo da talha que B (direção z), é possível esperar T_AC
> T_AB e isto só ocorre na opção A, mas os valores não conferem.
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será
encaminhado ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do enunciado do exercício e solução desenvolvida:
Encontrando os vetores posição para cada cabo:

#####⃗ = −50ı̂ + 32ȷ̂ − 30k0


AB

###
AC ##⃗ = −50ı̂ + 32ȷ̂ + 20k0

Encontrando os módulos:

2###
AB ##⃗2 = 66,51cm

#####⃗2 = 62,64cm
2AC

Encontrando os vetores unitários:

#u#####
:; #⃗ = −0,75ı̂ + 0,48ȷ̂ − 0,45k0

u
######
:> #⃗ = −0,8ı̂ + 0,51ȷ̂ + 0,32k0
Assim, as trações podem ser definidas em suas componentes:

#####
T #⃗ ######⃗ 0
:; = 2T:; 2@−0,75ı̂ + 0,48ȷ̂ − 0,45kA

#####
T #⃗ ######⃗ 0
:> = 2T:> 2@−0,8ı̂ + 0,51ȷ̂ + 0,32kA

Aplicando as equações de equilíbrio:

B FD = 0 = R D − 0,752#T#####⃗ ######⃗
:; 2 − 0,82T:> 2

#####
B FF = R F + 0,482T #⃗ ######⃗
:; 2 + 0,512T:> 2 − 600N = 0

#####
B FH = R H − 0,452T #⃗ ######⃗
:; 2 + 0,322T:> 2 = 0

B M = −50ı̂ × 2#T#####⃗ 0
:; 2@−0,75ı̂ + 0,48ȷ̂ − 0,45kA
#####
+ (−50ı̂) × 2T #⃗ 0
:> 2@−0,8ı̂ + 0,51ȷ̂ + 0,32kA
+ (−50ı̂) × −600ȷ̂
B Mx = 0

#####
B My = 22,52T #⃗ ######⃗
:; 2 − 162T:> 2 = 0

#####
B Mz = −242T #⃗ ######⃗
:; 2 − 25,52T:> 2 + 30000N. cm = 0

#####
Isolando 2T #⃗
:> 2 na equação de momento em z, tem-se:

#####
30000N. cm − 242T #⃗
:; 2
#####
2T #⃗
:> 2 =
25,5cm
Por fim, substituindo na equação de momento em y:

#####
30000N. cm − 242T #⃗
:; 2
22,52#T#####⃗
:; 2 − 16. =0
25,5cm

#####
2T #⃗
:; 2 = 872,71N

#####
2T #⃗
:> 2 = 355,10N

MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)


Ex. 4_Aula 4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido
ERRO no Gabarito:
m
5) Em uma empresa, uma talha usada na elevação de cargas está elevando uma carga de
600N quando colide com uma pilastra, entrando em equilíbrio, e o braço principal agora está
sujeito a uma carga Q de 100N.

Determine as trações nos cabos e assinale a alternativa correta:

A) TAB = 821,1N; TAC = 785,83N.

B) TAB = 346,03N; TAC = 485,79N.

C) TAB = 634,30N; TAC = 579,48N.

D) TAB = 246,60N; TAC = 957,84N.

E) TAB = 463,29N; TAC = 486,32N.

MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)


Ex. 5_Aula 4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido
Pleito: Anular o exercício.
Motivos:
_Não há opção correta. Encontrei T_AC = 830,00 N ; T_AB = 365,82 N . Ver imagem abaixo da solução desenvolvida.
Obs.1: Pela localização de A e B (onde cabo fica preso), é possível esperar T_AC > T_AB e, além disso, a inclusão de Q, em relação ao ex.
4, cause um aumento de T_AC e diminuição de T_AB (ocorreu nas soluções desenvolvidas).
Obs.2: Caso a mentoria responda, peço que a resposta confirme ou não esses erros apontados (não responda apenas "será encaminhado
ao setor responsável", por não contribuir para o aprendizado ora em andamento).
Imagem do enunciado do exercício e solução desenvolvida:
Encontrando os vetores posição para cada cabo:

#####⃗ = −50ı̂ + 32ȷ̂ − 30k0


AB

###
AC ##⃗ = −50ı̂ + 32ȷ̂ + 20k0

Encontrando os módulos:

2###
AB ##⃗2 = 66,51cm

#####⃗2 = 62,64cm
2AC

Encontrando os vetores unitários:

#u#####
:; #⃗ = −0,75ı̂ + 0,48ȷ̂ − 0,45k0

u
######
:> #⃗ = −0,8ı̂ + 0,51ȷ̂ + 0,32k0
Assim, as trações podem ser definidas em suas componentes:

#####
T #⃗ ######⃗ 0
:; = 2T:; 2@−0,75ı̂ + 0,48ȷ̂ − 0,45kA

#####
T #⃗ ######⃗ 0
:> = 2T:> 2@−0,8ı̂ + 0,51ȷ̂ + 0,32kA

Aplicando as equações de equilíbrio:

B FD = 0 = R D − 0,752#T#####⃗ ######⃗
:; 2 − 0,82T:> 2

#####
B FF = R F + 0,482T #⃗ ######⃗
:; 2 + 0,512T:> 2 − 600N = 0

#####
B FH = R H − 0,452T #⃗ ######⃗
:; 2 + 0,322T:> 2 − 100N = 0

B M = −50ı̂ × 2#T#####⃗ 0
:; 2@−0,75ı̂ + 0,48ȷ̂ − 0,45kA
#####
+ (−50ı̂) × 2T #⃗ 0
:> 2@−0,8ı̂ + 0,51ȷ̂ + 0,32kA
+ (−50ı̂) × −600ȷ̂ + (−50ı̂) × −100k0
B Mx = 0

#####
B My = 22,52T #⃗ ######⃗
:; 2 − 162T:> 2 − 5000N. cm = 0

#####
B Mz = −242T #⃗ ######⃗
:; 2 − 25,52T:> 2 + 30000N. cm = 0

#####
Isolando 2T #⃗
:> 2 na equação de momento em z, tem-se:

#####
30000N. cm − 242T #⃗
:; 2
#####
2T #⃗
:> 2 =
25,5cm
Por fim, substituindo na equação de momento em y:

#####
30000N. cm − 242T #⃗
:; 2
22,52#T#####⃗
:; 2 − 16. − 5000N. cm = 0
25,5cm

#####
2T #⃗
:; 2 = 634,30N

#####
2T #⃗
:> 2 = 579,48N

MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)


Ex. 5_Aula 4.2 - Análise tridimensional do equilíbrio de corpo rígido
ERRO no Gabarito:
m
_4.2_ Na prática

Estruturas reticuladas tridimensionais, ou treliças espaciais, são estruturas compostas por barras
(elementos lineares) dispostas em diversos planos. As barras são ligadas por nós, e ambos suportam
cargas axiais, conseguindo distribuí-las no espaço, criando um sistema estável quando bem
dimensionado. Assim, essas estruturas apresentam altíssima rigidez e grande capacidade de
suportar carga, o que pode ser percebido quando são observadas as estruturas metálicas de
grandes coberturas. Os seus elementos são dispostos na forma de tetraedros, garantindo maior
rigidez e pequenas deformações mesmo em grandes estruturas.
Neste Na Prática, veja, passo a passo, como determinar os esforços em um elemento tetraédrico de
uma treliça.

ESFORÇOS EM ELEMENTO TETRAÉDRICO DE TRELIÇA

Mateus é projetista de estruturas e precisa determinar os esforços no elemento tetraédrico de uma treliça, em
que a carga P é conhecida e vale 2kN.

SOLUÇÃO
Em um primeiro momento, ele precisou encontrar os
vetores posição de cada elemento da treliça:

Em seguida, ele precisou encontrar os vetores unitários


dos vetores posição:

Depois, multiplicou o módulo das forças nos


elementos por seus respectivos vetores unitários:

Aplicou as equações de equilíbrio no ponto D:

Expandindo essa equação em outras três,


uma para cada eixo coordenado:
Por fim, substituiu na equação de força em z e obteve o resultado final:
_4.2_ Saiba +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Estática do ponto e dos corpos rígidos


Nesta videoaula, saiba mais sobre o equilíbrio estático e seu equacionamento em três dimensões e
as condições necessárias para o equacionamento.
https://youtu.be/ZRgMML2aiH0

28min univesp

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Equilíbrio de estruturas 3D
Neste vídeo, acompanhe a resolução de um exercício, em que foi necessário realizar uma análise
em três dimensões de equilíbrio em uma janela basculante.
https://youtu.be/HAiM_wmRIFc

25 min univesp ilha solteira eng mec

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

DEIS em estruturas tridimensionais


Confira, neste vídeo, a resolução, passo a passo, de um exercício de estrutura tridimensional.

https://youtu.be/pZAXT0Gtnf8

Inst Maua Tecnologia


17 min
Resistência dos Materiais

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Simulador: projeção ortogonal 3D
No link a seguir, você terá acesso a um simulador para a representação em duas dimensões de
vetores tridimensionais.
https://www.geogebra.org/m/vmjbn2zs

só mostra vetores em 3D...

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
animação no geogebra

https://www.geogebra.org/m/xHHUNEcR

só pergunta veloc final ! Logo pela


conservação da energia, veloc final são
iguais! (não pergunta qual chega primeiro,
ainda bem, pois a solução envolve cálculo
variacional - além do conteúdo desta '
disciplina)

MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)


Avaliação 2_Questão 1
Pleito: Anular a questão.
Motivos:
_O enunciado refere-se a uma figura que não é mostrada (ver imagem 1 abaixo).
Obs.1: Imagino que deveria aparecer figura parecida com a imagem 2 que copiei de https://www3.unicentro.br/petfisica/2017/04/14/
curva-braquistocrona/.
Obs.2: Questão capiciosa. Caí na armadilha. Pergunta só pela velocidade final (não pergunta qual leva mais tempo - assunto em
destaque quando se compara essas curvas...).
imagem 1 imagem 2
MECÂNICA DOS SÓLIDOS - D (2023.MAI)
Avaliação 2_Questão 2
Pleito: Anular a questão.
Motivos:
_Não há opção correta.
_Enunciado malfeito (imagem 1 abaixo). Pede algo impossível. Há única maneira para que a
"posição relativas das crianças não se altere", se entendermos isso como sendo a posição de
uma criança em relação à outra (enunciado não explicita qual referencial), só se tivessem o
mesmo peso...
Obs.1: Imagino que o enunciado quereria perguntar a aceleração do elevador para que a
criança mais leve ficasse parada em relação à Terra... (imagem 2 abaixo).
1) Minha "solução" que enviei no início está errada! Se puder deletá-la, melhor (evitar que alguém perca tempo, ou pior, até se
confunda mais ao lê-la).
2) Grato pelas explicações. Entretanto, não consegui entendê-las muito bem, pareceu-me confusas. Mas a frase final foi a mais
esclarecedora (crianças flutuando).
3) Pesquisei o assunto e apresento abaixo equacionamento do problema (seria uma máquina de Atwood dentro de um elevador).
Nesse equacionamento, a solução da questão que cheguei é aceleração do elevador a = g (confere com o gabarito).
Caso tiver tempo, favor verificar se o equacionamento e conclusões estão corretos.
m

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