Você está na página 1de 352

Aula 1.

1
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Introdução à ética
_1.1_
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem iremos estudar algumas caracterizações importantes sobre o
conceito de ética. Estabeleceremos uma breve relação entre os termos ética, moral, justiça e
mesmo algumas classificações da ética e suas possíveis aplicações.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Construir um conceito coerente de ética.


• Diferenciar os conceitos de ética existentes.
• Identificar as necessidades de aplicação da ética nas relações interpessoais.

elm = 1.1 Avaliação da aula, na verdade, regular - optada boa, para poder incluir texto.
Contéudo do texto - texto prolixo, substituir ou, a permanecer, incluir origem / autoria do
artigo.
Adotar um único livro-texto ou apostila para todas as aulas. Do jeito atual, um capítulo de
livro diferente a cada aula, assunto fica truncado e/ou com lacunas e/ou repetitivo e/ou
bagunçado - dificulta, desestimula o aprendizado.
Infográfico: Excluir (pouca informação) ou apresentar o conteúdo em texto simples para
facilitar o estudo via pdf (ilustração desnecessária).
Na Prática: apresentar o conteúdo em texto simples para facilitar o estudo via pdf
(ilustração desnecessária).
_1.1_ Desafio
No filme "Mar adentro", lançado em 2004 e dirigido por Alejandro Amenábar, o ator principal sofre
um acidente decorrente de um mergulho e fica tetraplégico. Daí em diante ele inicia uma "luta" para
convencer as pessoas ao seu redor de facilitarem sua morte. Assim, questionamos nesse caso em
particular, qual seria a atitude ética? Ou seja, há nesse caso um direito ou um dever à vida? Elabore
uma resposta discutindo sobre se o personagem, ao querer ele próprio retirar sua vida, estaria
agindo eticamente.

Para resolver este Desafio você deverá tocar nos seguintes pontos:

1 - Qual o conflito ético existente?


2 - Quais as consequências de uma ou de outra decisão?
3 - A vida é um bem supremo ou um fardo, nesse caso?

Filme: Mar adentro. Espanha / França. Drama. 125 min, 2004.


Filme complementar para se responder ao desafio: Ted. Estados Unidos. Comédia. 106 min, 2012.

elm = 1) Direito à morte, em geral, não é reconhecido como tal. 2) Há as


conseguências jurídicas, que podem recair sobre aqueles que, de alguma maneira,
contribuíram para o suicídio. 3) No caso, para o Ramón, um fardo, confirmado em
várias passagens do filme.

Padrão de resposta esperado

O conflito existente seria o da possibilidade de um ser humano dispor livremente de


sua vida. Nesse sentido, é preciso argumentar quais seriam os limites dessa
atuação. Quais as consequências que poderiam nascer de uma atitude em que uma
pessoa dispõe de sua vida? A sociedade teria condições de aceitação para essas
questões? Quem auxilia a pessoa "permitindo-a" morrer age com ética ou não?

Não há, de fato, respostas acabadas para essas questões. A vida, vista sob o prisma
religioso tampouco pertenceria ao homem. Mas aqui não podemos nos pautar nessa
dimensão, uma vez que existem pessoas que não possuem crença alguma. Assim,
analisando a posição da pessoa que, tetraplégica, quer tirar sua vida, podemos
pensar que seria ela ingrata com a vida que lhe foi concedida? Mas, uma vez que a
vida nos foi dada, não devemos, nós, ser por ela responsáveis? Temos o direito ou o
dever à vida?

A partir dos dilemas levantados podemos então supor algumas questões, mas nunca
findá-las. Se pensarmos que o ser humano habita com os outros o mundo, seria vil
tirar a própria vida. De outro lado, se a vida é individual, seria lícito entregar
nas mãos de cada um essa possibilidade. Seria injusto, por esse prisma, obrigar o
tetraplégico a carregar o fardo de sua vida. Mas e se houver mesmo um deus?

A ética serve, então, para que essas questões nos façam refletir e reconhecer que
os valores que sustentam o homem, em verdade, são seus próprios alicerces. Não é
eticamente correto obrigar alguém a uma vida que não quer. Mas essa pessoa,
fragilizada, não poderia em verdade ser levada a criar novas dimensões para o seu
corpo? Podemos dar dois exemplos para essa reflexão: Stephen King e Marcelo Yuka.

Consideramos que seria ético deixar a pessoa decidir. No entanto, essa solução não
encerra o debate, apenas seria a saída que imaginamos causar menor aflição e dar um
pouco de autonomia e dignidade de escolha para essa pessoa.
_1.1_ Infográfico
Neste Infográfico você poderá visualizar uma construção etimológica da palavra Ética.

Ética - Ethos (do grego)

Costume local e modo de habitação.

Conjunto de valores e ações que fundamentam e constituem determinada


sociedade.

Re: Dúvidas - Mentor - por PAULO SÉRGIO OLIVEIRA MELO (MENTOR) - 14 ago 2023,
É importante ressaltar que muitos autores (pensadores) quando falam sobre ética e
moral trazem seus entendimentos dentro de um contexto e a partir de outros
pensadores já consagrados que muito contribuíram com os temas. Exemplo:
Aristóteles: Ética a nicômaco, Immanuel Kant, Santo Agostinho etc.
Em um dos vídeos do Professor Clóvis de Barros, a ética pode ser entendida como o
esforço coletivo para se encontrar a melhor forma ou maneira de se conviver, pois
existem várias maneiras possíveis de convivência, portanto, a ética não determina
uma maneira, mas procura entendê-las.
Assim, ética é um estudo, uma reflexão, um diálogo sobre a moral, sobre o
comportamento e as ações humanas. Note que a ética não determina, mas nos leva a
pensar sobre nossas ações e comportamentos dentro de um contexto. Por isso falamos
que a ética é uma reflexão sobre a moral.
Moral por sua vez é construída pelo convívio humano, pela interação entre pessoas
que criam valores e normas de convivência, logo, moral nasce da interação entre
pessoas, da comunidade ou da sociedade dentro de um espaço e tempo. Por isso o que
é moral em uma determinada comunidade/sociedade pode não ser em outra, pois depende
da cultura, da tradição, dos costumes de cada uma. Por isso também que chamamos de
valores morais, ou seja, moral são os valores da sociedade.
Enfim, moral são as regras, as normas e os valores construídos pelos grupos,
comunidades ou pela sociedade. Ética é o estudo destes valores, destas regras e
normas. Ao estudá-las e compreendê-las, eu me posiciono, eu posso agir, eu posso
questioná-las, eu posso discuti-las.
É importante destacar que agir eticamente significa respeitar o outro, compartilhar
valores que contribuem para uma sociedade mais "saudável", respeitosa e organizada,
pois, do contrário, teríamos um caos instalado no sentido de que eu faço o que
quiser para atingir meus objetivos, inclusive passando arbitrariamente "por cima"
de todos.
Um exemplo claro sobre a reflexão ética: uma mulher com valores morais era aquela
que obedecia ao homem, não votava e não trabalhava fora, pois tinha que cuidar do
lar. Ao ser questionado tais valores pela reflexão ética e a luta constante e
corajosa das mulheres, estes antigos “valores” foram caindo e a própria sociedade
foi encontrando novas formas de convivência coletiva (claro e justa), incluindo as
mulheres que agora ocupam espaços que antes não se imaginavam, inclusive de
liderança.
Moral: valores, regras e normas construídos pela interação humana (grupos,
comunidades etc.).
Ética: reflexão ou estudo da moral.
Espero que estas poucas palavras seja o início do seu questionamento e que você
continue com suas leituras e pesquisa sobre estes dois temas muito precisos para
nós cidadãos e profissionais.
Não esqueça que toda ação tem uma intenção que nem sempre contribui para o bem
estar coletivo.
_1.1_ Conteúdo do livro
Vamos agora à leitura do material a seguir para percebermos a evolução do conceito de ética, bem
como a distinção entre moral e ética.

Boa leitura.

elm = artigo sem menção de autoria.

elm = texto prolixo, não encontrei uma definição do que


seja ética ou clara diferença entre ética e moral.
A relação do homem com o mundo, na construção do
fenômeno de si pode ser percebida sob as mais variadas
perspectivas, foi nesse rumo que tentamos caminhar quando
trouxemos as diversas concepções de ser humano, percebidas
desde os tempos antigos com os gregos, até os dias atuais, com
uma discussão acerca da relação do homem com a ordem
global que hoje o circunda.

Dentro dessas relações, o homem necessitou de regras


para se organizar. Desde o jurídico, até o econômico, leis
imperaram sobre sua existência. Nem sempre essas construções
favoreceram esse mesmo homem, que entremeado por
pensamentos ideológicos, nem sempre entendeu bem essa
mutação. Assim, a ideia de pensarmos a evolução do
pensamento acerca da ética no mundo ocidental é também
uma maneira de perceber mais uma dimensão dessa totalidade
incompleta que é a relação do homem com os outros.

A palavra ética, origina-se do radical grego ethos que


indicaria o costume habitual em determinada classe. Nesse
sentido, e a apontar na mesma direção temos a palavra moral,
que originada do anterior latino mores, também desemboca na
ideia de costume. Essa distinção, entre moral e ética e o
construto histórico em relação à maneira como a ética foi
percebida, desde os gregos até os dilemas atuais, nos ajudarão
a perceber como o homem foi se criando e circundando o
mundo com sua lavra espiritual. Pensar a ética é entender, ou
buscar entender, uma dimensão que ocupa, desde sempre, o
homem, pois é nessa interação que faz brotar sua existência
mesma, posto coloca-se como um ser relacional
necessariamente.

Encontrar maneiras boas de convivência sempre foi um dos


maiores problemas da humanidade. A ética como já se pôde
observar, nasce das relações entre os seres humanos aquando
da partilha do mundo. Conforme podemos reconhecer, "o
mundo é um e os homens nele são muitos" (NEVES, 2008), a
esta frase acresceria-se: "e diferentes". Daí o maior problema
posto ao saber ético: Qual a melhor forma para uma existência
boa entre esses homens diferentes na compartilha do mundo?

Várias serão as respostas a serem dadas para essa questão.


No entanto, de antemão, podemos já afirmar que: "Temos o
direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza.
Temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza". (SANTOS, 2003, p. 56)

Esse imperativo parece acompanhar bem o momento pelo


qual passamos. Há um reclame ético pela aceitação das
diferenças. Mas, exacerbar a aceitação das diferenças não
significa relativizar os imperativos éticos e daí corrermos o risco
de construirmos uma sociedade sem parâmetros de valores a
serem defendidos, uma sociedade do "tudo pode"? E de outro
lado: impor um estereótipo de existência não seria um grave
atentado à diversidade de manifestações humanas? A existência
histórica é um elemento inato ao ser humano, portanto, se hoje
não mais aceitamos os valores passados, seria errado dizer que
não mais devem ser defendidos em nome de uma atualização
do pensamento ético? Ou fazermos isso seria, na realidade,
negar nosso passado e assim perdermos nossa identidade?

Evidente que não podemos mais pensar como ocorreu


durante tempos passados em discriminações raciais e ou
étnicas, escravidões, sejam elas por conta da "cor da pele" ou
da maior ou menor condição financeira. Seria um retrocesso.
Ora, paira sobre todos os institutos éticos e jurídicos mundiais,
uma declaração que iguala à existência de todos os homens ao
redor do Globo. Contudo, pergunta-se: De fato, há uma relação
igualitária entre os homens? E ainda: É esta uma questão
natural ou um problema ético (?), político (?), jurídico (?) ou
econômico?

Temos claramente assentado que o homem vive permeado


pelos valores, que no entretecer de sua história mesma, foi
esculpindo. Significa dizer que a história do homem é aquilo que
o mesmo forjou no presente de sua existência. Portanto,
parece-nos que a defesa destes valores acaba mesmo por ser
uma tentativa de sobrevivência, ora, uma vez desaparecidos os
valores que caracterizem uma comunidade, aquilo que a
identificava acaba por desaparecer, dando lugar a outras formas
de trato com o outro... A expressão máxima da dissolução de
uma comunidade seria a derrocada dos seus alicerces
valorativos, de seu sentido.
Assim, mesmo sem querer tratar do fim de uma
comunidade, precisamos refletir acerca da necessidade da ética
dentro das relações entre os seres humanos. Se o humano tem
na cultura sua morada, cabe a ele a guarda e o zelo de seus
valores para que sua vida, vivida de diferentes formas, se
desenvolva da forma mais tranquila, pacífica e feliz possível. E é
exatamente nesse sentido que o saber ético aparece como
necessário para o cometimento desses fins.

A palavra ética teve duas acepções a partir da língua grega:


éthos e ethos. A primeira, de um lado, que significa o domicílio
de alguém, ou o abrigo dos animais, e de outro, a maneira de
ser ou os hábitos de uma pessoa; a segunda, os usos e costumes
vigentes numa sociedade e também, secundariamente, os
hábitos individuais.

Assim podemos já entender o relacionamento ético a se


inserir dentre o ramo da filosofia prática, ou da práxis, como
prefeririam os gregos. Isso significa que o agir ético, conforme
ensina Aristóteles, é cuidadosamente cunhado a partir de
nossas ações costumeiras do dia a dia. Se quiseres ser músico,
precisa praticar música. Se tencionares ser um cidadão justo, é
crível que pratique ações justas. A retidão ética é um exercício
no cotidiano em que o cidadão está inserido. Práticas éticas
tornam o cidadão ético, portanto.
Nesse sentido, os dois sentidos da palavra ética se fundem
de acordo com o ensinamento grego de Aristóteles. A cada ação
ética, o outro que a recebe estará envolvido na constituição de
um agir ético comunitário. Assim, os hábitos (éticos) individuais
atingem o outro e formam uma relação ética na sociedade.
Vejamos que o hábito ético individual, que simboliza o primeiro
significado da palavra grega, acaba por desembocar no segundo
significado quando atinge um nível de costumes gerais na
sociedade.

Ainda acerca da ideia de justiça, que nos indica que a


mesma apenas poderia se realizar quando os partícipes
reconhecessem o outro como igual, isso denota a necessidade
ética para que a justiça seja realizada entre os homens na polis.
Portanto, nunca é demais notar que uma relação justa é, antes
de tudo, uma relação ética. E no mesmo sentido de
reconhecimento do outro: "a dimensão ética que faz do homem
o interlocutor possível do homem".
_1.1_ Dica do professor
Neste vídeo veremos o conceito elementar de ética, sua aplicação ante a sociedade, a necessidade
de relações éticas e a maneira como a ética realiza o outro.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
d97a2d381def03b428da41877bab5114

4 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 1.1 INTRODUÇÃO À ÉTICA

O que é ética? – É importante a gente falar da etimologia do termo ética, ou


seja, o étimo, o significado da palavra ética. Nós temos duas possibilidades
de pensar a ética: - vindo do grego e; - vindo do latim. Do grego, a ética
vem da palavra Ethos que significa costume. Do latim, nós temos a palavra
mores, que também vai desembocar no significado de costume ou de hábito.

Logo, num conceito apertado, o significado de ética seria esse conjunto de


valores e hábitos que são paulatinamente construídos e sedimentados em
determinada cultura, em determinado povo, em um determinado tempo. Então
seria esse conjunto de valores sedimentados, que são construídos na
história.

E como a ética se dá nas relações humanas? - Ora, a ética, por ser esta
construção histórica ao redor do tempo em determinado povo, ela vai se
tornando um paradigma normativo de como agir. Assim, se essas pessoas
comungam de um rol de valores dentro de um determinado tempo e um
determinado local da história para a vida em comum, a ética é a instância
normativa que regula as relações humanas em determinado local.

A ética dará origem àquilo que nós chamamos de comunidade. A palavra


comunidade vem de comum, ou seja, a ética pode ser entendida como esses
valores comuns que sustentam a própria comunidade. Assim a ética deu origem
á construção histórica que traduz os valores que sustentam a comunidade.

Aristóteles é um autor grego antigo que trata da ética. Ele tem um


pensamento muito interessante: “nós nos tornamos virtuosos com a prática
constante de atos virtuosos”. Logo, para esse autor, a ética poderia ser
chamada de prática, ou seja, enquanto nós temos o hábito de ações médias, de
ações que não são extremadas, de ações virtuosas, nós nos tornamos homens
virtuosos. Se nós temos ações imbecis, nós nos tornamos homens imbecis.

Então, para Aristóteles, a ética seria essa comunhão de valores na sociedade


e essa prática constante e habitual de valores que sustentam uma determinada
comunidade.

É claro que nós podemos e devemos pensar a ética sempre com relação ao
outro, por um motivo simples: nós só podemos exercer a ética, quando nós
encontramos o outro. Então, a ética torna possível o nosso reconhecimento;
por força daquela partilha de valores, nós podemos reconhecer o outro e,
assim, temos a possibilidade de nos relacionarmos em uma mesma comunidade.

A ética ou o Ethos seria o nosso local comum de habitação com relação aos
nossos valores. É aquele local onde nós partilhamos os valores entre os
membros de uma comunidade em determinado tempo, em determinado local.
_1.1_ Exercícios

1) A palavra ética significa:

A) costume.

B) religião.

C) justiça.

D) fraternidade.

E) igualdade.
2) Podemos afirmar que a ética é uma instância:

A) normativa da vida humana.

B) teológica da vida humana.

C) cosmológica da vida humana.

D) jurídica da vida humana.

E) artística da vida humana.


3) A partir do que foi estudado até então, a ética funcionaria de que maneira em relação à
comunidade?

A) Como um reflexo dos valores que a sustentam.

B) Imposições de valores de uma minoria.

C) Imposições valorativas da maioria.

D) Acordos meramente temporários de valores.

E) Acordos políticos para sustentar a comunidade.


4) De acordo com Aristóteles, o humano torna-se um ser ético de que maneira?

A) Teorizando a ética.

B) Conhecendo os vários estatutos éticos.

C) Praticando reiteradamente ações éticas.

D) Praticando ocasionalmente ações justas.

E) Preocupando-se essencialmente consigo mesmo.


5) Em relação a ética, assinale a alternativa CORRETA:

A) A palavra ética possui apenas uma acepção comunitária.

B) A palavra ética possui apenas uma acepção individual.

C) A ética não seria componente necessário para uma relação humana justa.

D) A ética separa os homens com valores diferentes.

E) A ética é uma questão que permite um diálogo justo entre os homens.


_1.1_ Na prática
Veja uma mostra da importância do fazer ético na construção do arranjo social:

Podemos ver que a ética seria o local no qual habitam os valores que amarram
o tecido social, nos distanciando da mera organização para a sobrevivência,
lançando o humano a um patamar no qual o outro aparece como medida de sua
própria condição de habitar o mundo.

Assim, podemos visualizar, em uma situação normativa cotidiana, que a ética


acaba por permear a relação entre as pessoas. Se, de um lado, é punível uma
ação que desestabiliza a sociedade, referimo-nos a um crime, de outro lado,
e aqui figura a ética que reelabora e procura mantê-la coesa. O criminoso
não pode ser tratado como se fosse mero animal irracional.

Esse cuidado com o outro, mesmo em situações limites, impõe-nos o que


entendemos ser a ética. Esse conhecimento de valores que serve, ao mesmo
tempo, como base social e como delimitação dos humanos em suas ações, sendo
uma espécie de norte a ser alcançado para uma comunidade de relações mais
harmoniosas.
_1.1_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

La Taile, Yves de. Moral e Ética: Dimensões Intelectuais e


Afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2007. (Capítulo 1) "Moral e Ética".

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


https://biblioteca-a.read.garden/viewer/9788536306285/ii

livro bib virtual.

Os termos 'Ética' e 'Moral'


http://pepsic.bvsalud.org/pdf/mental/v4n7/v4n7a08.pdf pdf 9 pág.

Eduardo Dias Gontijo


Professor do Departamento de Psicologia da UFMG

O artigo trata da questão da aplicação dos termos ‘ética’ e ‘moral’, comumente usados para se
referir a um mesmo domínio de saber e um mesmo campo de fenômenos. Num primeiro momento, procura-se
demonstrar a sinonímia original dos termos, a partir de suas respectivas raízes etimológicas. Em
seguida, são exploradas algumas nuances de significação dos termos, a partir da crítica hegeliana da
filosofia prática de Kant. Finalmente, é discutida a prevalência atual do termo - ética -.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS


NEVES, António Castanheira. Coordenadas de uma reflexão sobre o problema universal do
Direito – ou as condições da emergência do Direito como Direito, In: Digesta Escritos
Acerca do Direito, do Pensamento Jurídico, da sua metodologia e outros, v.3. Coimbra:
Coimbra Editora, 2008.
Santos, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo
multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da
igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003: 56.
MAR ADENTRO. Direção e roteiro: Alejandro Amenábar. 1DVD (105 min). Espanha, 2004,
color., legendado.
A VILA. Direção: M. Night Shyamalan. Produção: Sam Mercer, Scott Rudin, M. Night
Shyamalan. Estados Unidos: Touchstone Pictures, 2004. 1 DVD (108 min.) widescreen,
color., legendado.
TED. Direção: Seth MacFarlane. 1DVD (106 min.) Estados Unidos, 2012, color., legendado.
Banco de imagens Stockfresh.
SAGAH, 2015

EQUIPE SAGAH
Coordenador(a) de Curso
Cosme Massi
Professor(a)
Bernardo G. B. Nogueira
Gerente
Neuza Belo
Coordenadora de Projetos
Renata Figueira
Analista Metodológica
Renata Figueira
Aula 1.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Ética organizacional
_1.2_
Apresentação
De acordo com Ashley (2005), o conceito de responsabilidade social corporativa vem
amadurecendo quanto à capacidade de sua operacionalização e mensuração. Essa afirmação pode
ser comprovada quando observamos a quantidade e a qualidade dos diversos instrumentos
desenvolvidos nesses quase 30 anos de evolução do conceito de gestão empresarial responsável,
de indicadores a modelos de relatórios, de acordos voluntários a certificações. Dessa forma, as
organizações que implementam a ética se destacam pela excelência e promovem a motivação e a
satisfação de seus colaboradores.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver as aplicações éticas relativas à atividade
organizacional, bem como alguns conceitos e aplicações no mundo prático.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer valores que circundam uma boa relação organizacional.


• Construir uma identidade interessante para a prática organizacional.
• Identificar questões interessantes para a construção de uma relação organizacional ética.
_1.2_ Desafio
É sabido que há sempre conflitos entre o campo ético e o mercado econômico. Neste Desafio, você
deve construir um pequeno texto em que devem constar as principais razões para que, em caso de
conflito entre a ética na gestão empresarial e algum ditame meramente financeiro, aquela deva
prevalecer.
Nesse contexto, acompanhe a seguinte situação:

Você é líder de uma equipe em uma empresa de grande porte.

A empresa receberá auditoria de qualidade.


Então, a chefe geral, pede, discretamente, para que você altere dados
relevantes, produzidos pela sua equipe no último ano.

Você sabe que, se não modificar os dados, correrá o risco de perder seu
emprego, o que não seria conveniente no momento, já que sua esposa está em
estado grave de saúde.

Considerando a situação descrita e a importância da ética como elemento agregador, qual seria sua
decisão? Justifique.

elm = Sob o ascpecto ético, não há dúvida, não só não cumprir a ordem discreta da chefe
geral, como levar ao conhecimento do comitê de ética da empresa (deve existir, já que é
uma empresa de grande porte) ou aos superiores na ausência do comitê.

Padrão de resposta esperado

Se levarmos em conta apenas os interesses pessoais dos indivíduos em


detrimento da ética pessoal e organizacional, os efeitos destas ações sobre
as outras pessoais serão penosos. Suponhamos que numa região agrícola exista
uma área geográfica comum a todos, pois podem usá-la de igual forma. Se cada
produtor a utilizar em seu interesse pessoal utilizando a exaustão os
recursos disponíveis (água, uso e manejo da terra, adubo disponível para
todos, entre outros), os demãos produtores serão prejudicados pois não
poderão usar estes recursos para o seu bem estar profissional, social e
familiar. Da mesma forma em relação ao pedido feito pela gerente da empresa,
que solicitou a omissão/adulteração de informações do relatório produzido
pela equipe.

A Ética Pessoal correlaciona-se diretamente com a Ética Profissional, pois


são interrelacionadas. Ao decidir por ter um comportamento ético, a despeito
do receio de perder o emprego e pelas condições familiares da esposa por ser
gestante, as benesses de tomar uma decisão ética são recompensadoras. O que
conduz o comportamento ético? Aumento da eficiência e a produtividade;
aumento do desempenho da organização e aumenta o padrão de vida, bem-estar e
prosperidade. Diferentemente do comportamento antiético que vai no caminho
diretamente contrário ao das características apresentadas pelo comportamento
ético. Por isso a decisão deve ser de não concordar em alterar os dados da
empresa.
_1.2_ Infográfico
Nenhuma empresa pode ser ética se a alta administração dela não transmite uma cultura baseada
em premissas éticas. O ponto de partida é, portanto, a vontade da alta administração de
estabelecer objetivos, políticas, normas e padrões éticos a serem adotados pela organização.
Algumas chegam a definir e divulgar um código de ética a ser seguido por todos os que dirigem e
trabalham na empresa, mas, se há um código explícito, deve ser obedecido.

Neste Infográfico, você vai observar como a ética organizacional é importante para a boa saúde das
relações na empresa.

Igualdade

Respeito ao próximo

ÉTICA ORGANIZACIONAL Coparticipação

Respeito às diferenças

Menos leis, mais cooperação


só p.127-p.136,cap.4
_1.2_ Conteúdo do livro só p.76 e 77, cap 3

Por que é tão importante que os gerentes e as pessoas em geral ajam de maneira ética e combinem
a busca de seus interesses com a consideração dos efeitos de suas ações sobre os outros?

Para saber mais, leia os capítulos O desafio de um gerente e Por que os gerentes devem se
comportar de maneira ética? da obra Administração contemporânea, que serve como base teórica
para esta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura. elm - copiado cap 3 e 4 da bib virtual


Administração Contemporânea
Tradução da Quarta Edição
ISBN 978-85-86804-72-4
A reprodução total ou parcial deste volume por quaisquer formas ou meios, sem o consentimento, por escrito, da
editora é ilegal e configura apropriação indevida dos direitos intelectuais e patrimoniais dos autores.
Copyright © 2008 by McGraw-Hill Interamericana do Brasil Ltda.
Todos os direitos reservados.
Av. Brigadeiro Faria Lima, 201, 17.º andar
São Paulo – SP – CEP 05426-100
Copyright © 2008 by McGraw-Hill Interamericana Editores, S.A. de C.V.
Todos os direitos reservados.
Prol. Paseo de la Reforma 1015 Torre A Piso 17, Col. Desarrollo Santa Fé, Delegación Alvaro Obregón
México 01376, D.F., México
Tradução da quarta edição em inglês de Contemporary Management
Publicada pela McGraw-Hill Irwin, uma unidade de negócios da McGraw-Hill Companies, Inc.
1221 Avenue of the Americas, New York, NY 10020
Copyright © 2006, 2003, 2000, 1998 by The McGraw-Hill Companies Inc.
ISBN: 0-07-286082-0

Editoras de Desenvolvimento: Marileide Gomes e Gisélia Costa


Supervisora de Produção: Guacira Simonelli
Preparação de Texto: Marise Goulart/Adriana Rinaldi
Design de Capa: Asylum Studios
Diagramação: Formato Comunicação Ltda.

J77a Jones, Gareth R.


Administração contemporânea [recurso eletrônico] / Gareth
R. Jones, Jennifer M. George ; tradução: Maria Lúcia G. L.
Rosa ; revisão técnica: Alexandre Faria. – 4. ed. – Dados
eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2011.

Editado também como livro impresso em 2008.


ISBN 978-85-63308-86-3

1. Administração. I. George, Jennifer M. II. Título.

CDU 005“19”

Catalogação na publicação: Ana Paula Magnus – CRB 10/2052

A McGraw-Hill tem forte compromisso com a qualidade e procura manter laços estreitos com seus leitores. Nosso principal
objetivo é oferecer obras de qualidade a preços justos, e um dos caminhos para atingir essa meta é ouvir o que os leitores têm a
dizer. Portanto, se você tem dúvidas, críticas ou sugestões, entre em contato conosco — preferencialmente por correio eletrô-
nico (mh_brasil@mcgraw-hill.com) — e nos ajude a aprimorar nosso trabalho. Teremos prazer em conversar com você. Em
Portugal use o endereço servico_clientes@mcgraw-hill.com.
Sumário
Capítulo 1 Os Gerentes e a Administração 2

Tópicos

O Desafio de um Gerente O que é Administração? 5 T I, Habilidades e Papé is


Steve Jobs Transforma a Atingindo Alto Desempenho: Gerenciais 19
Apple Computer 3 O Objetivo d e um Gerente 5 Papéis Gerenciais
Por que Es tudar Administrnção? 6 Identificados por Minlzberg 20
Funções Gerenciais 8 Ser Gere n te 23
P lanejar 8 Habilidades Gere nciais 23
Organizar 12 Desafios para Administrar
Liderar 12 em um Ambiente G lobal 26
Con trolar 12 Desenvolvendo a Va11Lagern
Tipos d e Gerentes 13 Compe li tiva 27
íveis Gerenciais 13 Ma11te11do Padrões Éticos e
Áreas dos Gerentes 16 Socia lmeme Responsáveis 29
Mudanças Recentes nas Gerencia11do uma Força de
Hierarquias Geren ciais 16 Trnbalho Diversificada 30
Uti lizando Tecnologia da
I nformação e E-commerce 32

A Evolução da Teoria da Administração 40

Tópicos

O Desafio de um Gerente Teoria d a Administração Teoria Comportamental


Encontrando Meios Científica 43 d a Adm inistração 57
Melhores de Fabricar Especialização do Cargo e O Trnbalho d e Mary Parker
Carros 41 D ivisão do Trnbalho 44 Fo llett 57
F. W. Taylor e a Adminislração Os Estudos HawLhome e as
C ie n tífica 45 Relações Huma n as 58
O s Gilbreths 48 Teoria X e Teoria Y 60
Teoria Clássica da Teoria da Ciência da
Administração 49 Administração 62
A Teoria da BunicrdCÍa 50
Teoria do Ambie n te
Os P ri n cípios de
Organizacional 63
Adm inistração de Fayol 52
A Visão d e Sistemas Abertos 63
T e oria d a Contingénc ia 65

Capítulo 3 O Gerente como Pessoa:


Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 74

li
O Desafio de um Gerente
Tópicos

Características Duradouras: Cultura Organizacional 94


Os Funcionários Têm Traços de Personalidad e 77 Gerentes e Cultura
Prioridade na PAETEC 75 Os Cinco Grnndes Trnços d e Organizacional 96
Personalidade 77 O Papel de Valores e Nom1as
Out ros Traço s d e Personalidade na Culturn Organizacional 98
que Afetam o Com porlarnen to Cultura e Ação Gerencial 103
Gerencial 82
Valores, Atitudes e
Humores e Emoções 84
Valores: Tem1inal e
Instrumental 85
Ati tudes 87
Humores e Ernoçôes 91
Tn teligéncia Emocional 92
Capítulo 4 Ética e Responsabilidade Social 112

Tópicos

O Desafio de u m Gerente
Pirataria Digital, Ética A Natu reza da Ética 115 Ética e Responsabilidade
e o Napster 113 Dilemas Éticos 115 Social 129
Ética e Le i 116 Ética Social 130
Mudanças na Ética com o Ética Profissional 132
Tempo 116 Ética Ind ividual 132
Stakeh olders e Ética 1 18 É.tica Organizac ional 132
Acionistas 119 Abordagens à
Gerentes 119 Responsabilidade Social 134
Funcionários 122 Quatro Abordagens
Fornecedores e Diferentes 134
Distri buidorcs 122 l'or que Ser Socialmente
Clientes 122 Responsável? 137
Comunidade, Sociedade e O Papel da Cultura
Nação 123 Org anizacional 137
Nonna.' para a Tomada d e
Decisão Ética 124
Por que os Gerentes ücvc1n se
Comportar de Maneira Ética? 127

Capítulo 5 Gerenciando Funcionários Diversificados


em um Ambiente Multicultural 146

Tópicos

O Desafio de um Cere n te A Crescente Diversidade Ge renciar Efetivamente a


Di versida de no Conselho da Força de Trabalho e do Di,·ersidade Faz Sentido nos
de Diretoria e na Forç a
Ambie nte 149 Negóc ios 162
Policial 147 Percepção 165
Idad e 150
Fatores que lnílue nciam a
Gé ne ro 150 Percepção Gerenc ial 166
Raça e Etnia 152 A Pe rcepção como um
Relig ião 154 Dete rminante do Tratamento
Capacid ades/ Incapacidad es 154 Injusto 168
Fo nnação Sorioeconômica 156 Discriminação AberL'l 169
Orie n tação Sexual 157 Co mo Ge re nciar Efe r.ivame nre
a Diversidad e 170
Ouu-os T ipos de Di,ersidad e 158
Me didas pa ra a Gestão Efe tiva
Gerentes e Ges tão Efetiva d a DivC' rsidad e 170
da Dive rsidade 159 A-;sédio Sexual 175
Papé is Ge re nciais Críticos 159 Forma' d e Assédio Sexual 175
A Prior idade Ética d e Ge renciar Me dida' que os Ge re ntes
Efetiva me nte a Diversidade 161 Pod e m T o mar para Erradicar
o A,sédio Sexual 176

Capítulo 6 Gerenciando no Ambiente Global 188

Tópicos

O Desafio de um G e re nte O que é Ambie nte Força' Po lítica' e Legais 204


O Império Global de Organizac ional? 191 Força' Glo bais 206
Alimentos da Ne stlé 189 O Ambie nte d e T arefa 191 O Ambie nte Glo bal c m
Fo rneced o res 191 Muda nça 206
Distribuidores 195 Dimi nuição <la~ Barre i ra~ ao
Clie ntes 196 Comé rcio e aos lm·cstime n tos 207
Concorre ntes 198 De clínio d e Barre iras de
O Ambie nte Ge ra l 201 Distância e Cultura 209
Força' Eco nômica' 201 Efe itos d o Livre Comé rcio
Fo rça' T ecnológicas 201 sobre os G e re nLes 21 1
Força' Sociocultnra.is 202 O Papel d a Cnlm ra ac io nal 213
Fo rças De mog rá fica' 204 Mo d e lo de C ulwra acional
<le 1lo[,te<le 214
Cultura Nacional e Gestão
Clo nai 216
Capítulo 7 O Gerente como Tomador de Decisões 222

m
O Desafio de um Gerente
Yamada Transfonna
a GlaxoSmithKline 223
Tópicos

A Natureza da Tomada de
Decisão Gcrcncial 225
Tendências Cognitivas e
Tomada de Decisão 240
Tomada de Decisão Tendência da l lipótcsc a
Programada e Não Priori 240
Programada 226 Tendência da
O Modelo Clássico 229 Representatividade 240
O Modelo Administrativo 230 Ilusão de cona·ole 240
Comprometimento Crescente 241
Etapas do Processo de
Cuidado com suas Tendências 241
Tomada de Decisão 234
Reconheçer a Necessidad e de Tomada de Decisão e
uma Decisão 234 Grupo 242
C'..crar Alrernativas 235 Os Perigos do Consenso do
Avaliar Alternativas 236 Grupo 243
Escolher entre as Técnica~ do Advogado do
Alternativa~ 239 Diabo e do Questionamento
Implementar a Alternativa Dialético 244
Escolhida 239 Diversidade entre os
Aprender com o Feedback 239 Tomadores de Decisão 245

Capítulo 8 O Gerente como Planejador e Estrategista 258

Tópicos

O Desafio de um Gerente A aturcza do Processo de Definição do Negócio 268


Como Competir no N egócio Planej a me nto 261 Estahclcccnclo Objetivos
d e Re frigerantes 259 Níveis de Plancjamcnto 262 Importantes 269
Quem Planeja? 264 Fonnulação d e Estratégias 271
Duração dos Planos 264 Análise SWOT 271
Planos Permanentes e Planos O Modelo da~ C'..inco Força~ 274
Únicos 265
Por que Planejar é
Fonnulação d e Estratégias
Importante 265
cm Nível Corporativo 275
Plancjamento por Cenário 267 Concentração cm um Ún ico
egócio 275
Determinação da Missão e Diversificação 276
dos Obje tivos d a Expansão internacional 278
Organização 268 Integração Vertical 283

Capítulo 9 Gestão da Cadeia de Valor: Estratégias Funcionais


para Aumentar a Qualidade, a Eficiência e a
Capacidade de Resposta ao Cliente 298

&iJ
O Desafio de um Gerente
Tópicos

Gestão da Cadeia de Valor Apdmorando a Eficiência 312


Superme rcados Reais, e Vantagem Competitiva 301 Layom das Instalações,
V irtuais ou Ambos 299 A (',;ideia de Valor 301 Produção Flexível e Eficiência 313
Esmuégias Funcionais e Estoquejust-in-timc e
Vantagem (',ompeciciva 303 Eficiência 317
Equipes rlc Trabalho
Aprimorando a Amogcrcnciarla~ e Eficiência 318
Capac idade de Resposta Reengenharia de Processo e
aos Clientes 304 Eficiência 318
O Que os Clientes Querem? 305 Sistema~ de Informação,
Projetando Sistema~ que Internet e Eficiência 3 19
Tenham uma Boa Capacidade
Gestão da Cadeia de Valor:
de Resposta aos Clientes 306
Algumas Questões a Mais 321
Aprimorando a Papéis para Expansão do.
Qua lidade 308 Limites 321
Gestão da Qualidade Total 309 Implicações Ética~ 324
Capítulo 10 Administrando a Estrutura Organizacional 332

Tópicos

O Desafio de um Gerente
A Nokia, a Dow e a Le go
R e mode la m Suas Estruturas Projetando a Estrutura Estruturas Divisionais: de
Globais para Ele va r o 334 Produ to, de Mercado e
O rganizacional
Desem penho 333 Geográfica 345
O Ambiente Organizacional 335
Estratégia 336 Projetos Matricial e d e Equ ipe
T ecnologia 337 d e Produto 350
Recursos Humanos 339 Estrutura Híbrida 354
Coordenando Funções e
Agrupando Tarefas cm D ivisões 355
Cargos: Projeto de Cargo 340
Ampliação e Enriquecimento Distribuindo Autoridade 355
T ipos de Mecanismos de
do Cargo 341
O Modelo de Características Integração 361
do Cargo 341 Alianças Estratégicas,
Agrupando Cargos cm Es truturas de rede B2B
Fu n ções e Divisões 343 e TI 364
Estrumra Funcional 343

Capítulo 11 Controle Organizacional e Mudança 374

Tópicos

O Desafio de um Gerente O Que É Controle Problema~ com o Contro le

O s N ov os C ontroles d e Bob Organizacional? 377 Burocrático 395


Nardelli Mudara m a Home A l mporrância do C..onrrolc Cu ltura organ iLacional e
De pot 375 O rgani1.acio nal 377 Controle do clã 396
Sistemas de Controle e T I 379 Culmra~ Adaptativas Versus
O Proces.<;0 de Controle 381 Culturas lnc n cs 398
C..ontmlc ela Produção 384
Mudan ça Organizacional 400
Medidas Financeiras de Avaliando a Necessidade de
Desempenho 384 Muelança 401
Objetivos Organi1.acionais 386 Decidindo qual Mudança
O rçamentos Operacionais 387 Fazer 402
Prohlcma~ com o Contr ole ela l mplcmcnta nelo a Muela nça 403
Produção 389 Avaliando a Mudança 403
C..ontrole do Componamemo 390

Supervisão Dire ta 390


Gestão por Ohjetivos 391
C..onrrole Burocrático 393

Capítulo 12 Gestão de Recursos Humanos 410

Tópicos

O Desafio de um Geren te Gestão Estratégica de T ransferê ncia de


De moc racia e m Ação Recursos Hu manos 413 T reinamento e
n a S e m c o 411 Visão Geral dos D esenvolvi mento 431
Componemes da GRII 415 Feedback e Avaliação d e
O Ambie nte jurídico da D esempen ho 431
GRI-l 417 T ipos de Avaliação d o
Desempenho 431
Recrutamento e Seleção 418 Quem Avalia o
Plan<'jamento d e Recursos D esempen ho? 434
Huma nos 419 Feedback de Desempenho
Análise de Cargo 421 Eficaz 436
Recn1came·nto Externo e Pagamernto e Benelícios 438
In terno 422 Nível de Salários 438
O Processo de Seleção 424 Estnm1ra de Salários 439
T rei na m ento e Benefícios 440
Desen volvi m e n to 427 Relações de Trabalho 442
Tipos d e Trei namento 427 Sindicatos 442
Tip os d e Desenvolvimento 429 Barganha Coletiva 443
Capítulo 13 Motivação e Desempenho 454

Tópicos

O Desafio de um Gerente A Natureza d a Motivação 457 rneqüidaclc 470


C lassificad a Como Recuperar a Eqüidade 471
A Teoria da Expectativa 459
Constante m e n te p e l a Teoria do Estabelecimento
Expectativa 460
Fortune c omo uma das
Instrnmentalidade 462 de Objetivos 473
Melhores Empresas p a r a
Valência 462 Teorias da Aprendizagem 475
Tra b a lhar: Tinde ll e Boon e
Juntando Tudo 462 Teoria do Condicionamento
Inspira m e Motiva m na
C o ntainer Store 455 Teorias da Necessidade 464 Operante 476
1lierar-quia das Necessidades Teoria d a Aprendizagem
de Ma~low 465 Social 478
T eoria do ERG, de Alderfer 466 Salário e Motivação 480
T eoria da Motivação-Higiene, Pagamento d o Salário por
de Ilerzberg 467 Mérito com Ba~e no
Necessidades de Realização, Desempenho Individual, de
Afiliação e Poder, de Grnpo ou da Organização 481
McClclland 467 Aumento de Salário ou
Outra~ Necessidades 468 Bônus? 482
Teoria da Eqüidade 469 Exemplos de Planos de
Eqüidade 470 Salário por Mérito 483

Capítulo 14 Liderança 492

Tópicos

O Desafio d e um Gerente A atureza eia Lide rança 495 Teoria do Cmninho-Ohjc 1ivo
Steve Ba llmer E..~Lilo de Liderança Pessoal ele l lo usc 509
Reinve nta a M icr osoft 493 e Tarefas Gerc nciais 496 O Modelo de Subslilulos d o
E..~lilos de Lideran ça de Líde r 511
Acordo com a~ Culturas 498 Juntaudo Tudo 512
Pode r: a Chave para a Lide rança
Liderança 498
Transformacional 512
Ddegação d e Po der: um
Sendo um Líder Carismático 514
Fator na Aclminislração
Estimulando os Subordinados
Modema 501
1ntelecuialme n1e 515
Modelos de Lideranç.a Ad otm1d o a \..onsideração
de T raço e d e com o Desenvolvimento dos
Comportamento 502 S ubordi11ados 515
O Modelo de Traço 502 A Distinção Entre Liderança
O Modelo de Tran sformacional e
<:Omportamento 503 Transacional 515
Modelos Continge nciais Gê nero e Lidernnça 516
de Liderança 505
Modelo Colllingencial d e Liderança e Inteligência
Fiedle r 506 E mocional 519

Grupos e Equipes Efetivos 528

Tópicos

O Desafio de um Gerente Grupos, Equipes Tipos de Grupos


As equipes se destacam e Efe tividade e Equipes 536
na Louis Vuitton e n a Organizacional 531 A Equipe de Alta Gerência 537
Nucor Corpor a tion 529 Grupos e Equipes como Equipes de Pesquisa e
Promotores do Desempenho 531 Desenvolvimento 537
Grupos, E<iuipcs e Crnpos de Comando 538
Capacidad e de Resposla Força\-Lat da 538
aos Clicnte5 534 Equipes de T rabalho
Equipes e lnmação 534 Autoge rcnciada~ 538
Grupos e Equipes como l~quipcs
Virtuais 540
Moli"atlo rcs 535 Grupos de Amigos 541
Grupos de l n 1ere"-~ 542
Capítulo 16 Comunicação 566


O Desafio de um Gerente
Comunicação e le trônica
vs . fa c e a face: Liçõe s de
J ong-Yong Yun 567
Tópicos

Comunicação e
Administração
A Importância da Boa
Comunicação
569

569
Redes de Comunicação
Organizacionais
Redes ExLe n1as
Tecnologia da Informação
582
583

O Processo de Comunicação 571 e Comunicação 584


O Papel da Percepção na A Inte rnet 584
Comunicação 573 lntrnneL' 585
Os Perigos da GroujmJare e Software de
Comunicação Ineficiente 574 Colaborn\:ão 586
Ri<jueza de lnfonnação e Habilidades de
Meios de Comunicação 574 Comunicação para
Comunicação Face a Face 575 os Gerentes 588
Comunicação Falada Habilidades d e Comunicação
Transn1ilida Eletron icamen Le 577 para Gerentes como
Comunica\:ão Escrita
Emissores 588
Ende1-eçada Pessoalmente 577 Habilidades d e Comunicação
Comunicação Escrita
para os Gerentes co1no
1m pessoal 580 Receptores 592
Redes de Comunicação 580 En ternlendo Estilos
Redes de Comunicação em LingüísLicos 593
Grupos e Equipes 581

Capítulo 17 Gerenciando Conflito, Política e Negociação


Organizacional 604

Tópicos

O Desafio de um Gerente Conflito Organizacional 607 Po lítica Organizacional 620


Fa ze ndo a Ponte e ntre Tipos <le Conflito 607 A Importância da PolíLica
Culturas e M e nta lidades Conflito l11tergTup<> 609 O;rganizacional 620
na Toy ota 605 Estratégias de Gerenciarnento Estratégias PolíLicas para
de Conflitos 611 Ganhar e Manter Poder 621
Estratégias PolíLicas para
egociação 615
Negocia\:ão Distributiva e
Exe rcer o Poder 623
Barganha lntegnulorn 616
Estratéi,rias parn. Encorajar a
Barganha lntegmdord 616

Capítulo 18 Utilizando Tecnologia da Informação Avançada 634

Tópicos

O Desafio de um Gerente Informação e a Fun ção Sistemas de Processamento


TI "Business on Demand", do Gerente 637 1le Trdnsaçiles 648
da IBM 635 AtribuLos de lnfonnaçôes Sistemas de lnfonnaçôes
Úteis 637 Operacionais 648
O <1ue É T ecnologia da Sistemas de Suporte a
]nfonnaçào? 639 DeciS<ies 649
lnfonnação e De<:isües 639 Sistemas Espeóafüa1los e
]nforrnação e Controle 640 Inteligência Artificial 651
lnfonnaçào e Coordenação 642 Sistemas de &Cmmnerce 655
A Revolu ção da TI 643 O Impacto e as Limitações
O Preço em Queda das de Sistemas de
l n formações 643 Informação e T ecnologia 656
Redes de Computador 644 Sis temas de Infonria\:ão e
ComuniCa\:Ôes sem fio 644 Estrutura Organizacional 656
Desenvolvimerotos de TE e VanLagem Competitiva 659
Sofovare 646 LimiLaç<ies da TI 659
T ip os de Sistemas de
Informação Gerencial 647
A Hierar'luia Organ izacional:
o Tradicional Sistema de
lnfonnaçào 647
Capítulo 19 Promovendo a Inovação, o Desenvolvimento de
Produto e o Empreendedorismo 666

Tópicos

O Desafio de um Gerente Inovação, Mudança Problema' com o


C omo a Goog le Encoraja Tecnológica e CompeLição 669 Desenvolvirne n lo d e
a Inovação e o Os Efeitos da Mudança Produto 684
D esenvolvimento Tecnolúgica 670 Empreendedorismo 684
de P roduto 667 Ciclos de Vicia do Produto e
Empreendedorismo e
Desenvolvimen Lo de
Novas Iniciativas 685
Produto 671 hitraj1reneunhij1 e
Desenvolvirnen Lo de
Aprendizagem
Produto 675 Organizacional 689
Ol~jetivos do Desenvolvim ento
ele Produto 675
Princípios de
Desenvolvimen Lo ele
Produto 678
Objetivos de Aprendizagem
Depois de estudar este capítulo, você será capaz de:
O Desafio de um Gerente
Os Funcionários Têm Prioridade na PAETEC

Como os gerentes, em setores PAETEC são sustentados na medida em que


problemáticos, podem promover são utilizados para orientar a maneira como
o crescimento organizacional e a ele administra o dia-a-dia. O resultado é uma
efetividade? força de trabalho satisfeita, motivada e fiel cujos
A PAETEC Communications é uma empresa membros desenvolveram
privada de telecomunicações de banda larga uma abordagem singular
que fornece serviços locais, de longa distân- e distinta à maneira como
cia, dados e Internet em 27 mercados nos desempenham suas ativi-
Estados Unidos.1 Em 1998, quando a PAETEC dades.5
foi fundada, tinha menos de 20 funcionários e Um princípio abrangente
receitas de apenas $ 150.000. Por volta de na PAETEC é “Os funcio-
2004, tinha mil funcionários e $ 360 milhões nários em primeiro lugar”.6
em receitas.2 Além disso, essa taxa fenome- Isso não significa que a
nal de crescimento ocorreu durante um perío- PAETEC não se impor ta
do em que o setor de telecomunicações per- com os clientes. Nada pode-
deu mais de 500.000 empregos.3 A trajetória ria estar mais longe da ver-
surpreendente de crescimento da PAETEC dade. Chesonis acredita
não ocorreu sem ser notada. Recentemente, que quando uma empresa
a empresa foi classificada em segundo lugar cuida bem de seus funcio-
na lista Fast 500, da Deloitte Technology, que nários, estes cuidarão bem O fundador da PAETEC e atual CEO,
Arunas Chesonis, acredita que quando
classifica as 500 empresas de crescimento de seus clientes. Para Che- uma empresa cuida bem de seus
funcionários, estes cuidarão bem de
mais rápido no setor de tecnologia na Amé- sonis, colocar funcionários seus clientes.

rica do Norte. Empresas como a Yahoo e a em primeiro lugar significa


eBay estrearam nessa lista quando inicia­ram ajudá-los a ter um trabalho e uma vida fami-
suas atividades.4 liar equilibrados e prósperos, oferecendo-lhes
O crescimento e o progresso permanente da o reconhecimento e a admiração merecidos e
PAETEC são um tributo aos valores de seus estimulando a comunicação aberta e a coope-
cinco fundadores e à cultura criada por eles. ração.7 Chesonis também acredita que todos os
Em particular, Arunas Chesonis, um dos funda- funcionários devam ser tratados com respeito
dores e atual CEO, garante que os valores da e igualdade.
76 Capítulo Três

Os gerentes na PAETEC não recebem rega- Operations Center, veio com a idéia de um ser-
lias especiais e são mantidos diferenciais de viço roteador administrado, por meio do qual
salários relativamente baixos entre gerentes e empresas (isto é, os clientes da PAETEC) pode-
não-gerentes. riam manter a voz e os serviços de dados de seus
Chesonis anda diariamente pela sede da clientes remotamente. Meath apresentou a idéia
PAETEC em Rochester, Nova York, conversando à sua equipe, esta a implementou e o novo ser-
com funcionários, respondendo a perguntas e viço aumentou as receitas em $ 50.000 em seus
reconhecendo realizações. Estas também são seis primeiros meses. A contribuição de Meath à
reconhecidas por meio de dois tipos de recom- PAETEC foi reconhecida com um Maestro Award.11
pensas especiais, o Maestro Awards e o Chair- Embora Chesonis esteja direcionado à pros­
man Awards. Os Maestro Awards de opções de peridade e motivação daqueles à sua volta para
compra de ações são dados em reconhecimento terem, igualmente, altas aspirações, ele tam-
a realizações excepcionais de um funcionário. bém valoriza a vida familiar e a necessidade
Aqueles que sustentaram níveis de desempe- de “diversão”. Chesonis tem sido descrito como
nho extraordinários recebem o Chairman Award, um “homem fanático pela família”, e nomeou
um prêmio de $ 5.000 que pode incluir um reló- a empresa com as iniciais dos nomes de sua
gio Rolex ou férias de luxo. As contribuições de esposa e filhos (P de sua esposa Pam; A, E, T
todos os funcionários são reconhecidas com um e E de seus filhos, Adam, Erik, Tessa e Emma;
bônus anual de 10%.8 A PAETEC paga cerca de e C de Chesonis). Os funcionários podem deixar
$ 3,5 milhões em bônus por ano.9 de trabalhar o tempo que precisarem, sem per-
Chesonis também nutre uma cultura de cola- der a remuneração, para resolver emergências
boração e comunicação aberta em que todo fun- e casos de doença de familiares.12 A PAETEC
cionário se oferece voluntariamente para ajudar, também comemora datas festivas com festas
quando necessário. Espera-se que os funcioná- para os funcionários, suas famílias e clientes. No
rios dividam seu conhecimento e Chesonis luta Halloween, por exemplo, os funcionários se fan-
para eliminar as fronteiras entre departamentos tasiam e seus filhos vão de escritório em escritó-
e unidades. Em concordância com essa cultura, rio brincando de travessuras ou gostosuras. Os
a cada duas semanas Chesonis faz uma ligação passeios são planejados, como uma gincana em
em conferência com toda a empresa, em que ele torno de Rochester que culmina com um jantar e
partilha informação atualizada com funcionários um open bar, para que os funcionários possam
e solicita e responde perguntas. Com freqüência, passar um dia num evento social.13
as informações que ele transmite são do tipo que Os valores de Chesonis e a cultura da PAETEC
os gerentes em outras empresas raramente, ou enfatizam colocar os funcionários em primeiro
nunca, compartilhariam com seus funcionários.10 lugar. Essa abordagem centrada no funcionário
Ele também reconhece que os funcionários na faz sentido para os negócios. Os funcionários na
linha de frente estão freqüentemente em melhor PAETEC realmente querem que a empresa con-
posição para sugerir aprimoramentos e desenvol- tinue a crescer e a ter sucesso. Eles estão alta-
ver novos serviços e maneiras de oferecê-los. Por mente motivados e comprometidos em fornecer o
exemplo, Mike Meath, um funcionário do Network melhor serviço possível a seus clientes.14

Visão Geral Como qualquer pessoa, Arunas Chesonis tem sua personalidade mar-
cante e distinta, valores, maneiras de ver as coisas e desafios e falhas
pessoais. Neste capítulo, analisaremos o gerente como um ser humano que sente e
pensa. Começaremos descrevendo as características duradouras que influenciam a
maneira como os gerentes “gerenciam”, bem como de que modo eles vêem as outras
pessoas, suas organizações e o mundo que os cerca. Discutiremos também como as ati-
tudes, os valores e os humores dos gerentes se manifestam nas organizações, definindo
a cultura organizacional. No final deste capítulo, você terá uma boa avaliação de como
as características pessoais dos gerentes influenciam o processo de administração em
geral e a cultura organizacional em particular.
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 77

Características Todas as pessoas, inclusive os gerentes, têm certas características


duradoura~ que influenciam a maneira como pensam, sentem e se

Duradouras: comportam, tanto no trabalho como fora dele. Essas características


são traços d e p ersonalidade, tendências particulares para sentir, pen-
sar e agir de certas maneiras, que podem ser usadas para descrever a
Traços de· personalidade de cada indivíduo. É importante entender as persona-
lidades dos gerentes porque esta~ influenciam seus comportamentos
Personalidade e sua~ abordagens para gerenciar pessoas e recursos.
Alg1ms gerentes, como o ex-presidente do conselho da diretoria
da Procter & Cambie, Edwin Artzt, são exigentes, difíceis de conviver e altamente
traços de
críticos com os outros.15 Outros, como o ex-CEO H erb Kelleher, da Southwest Airli-
personalidade Tendências nes, podem estar tão preocupados com a efetividade e a eficiência quanto os i.;eren-
duradouras para sentir, pensar tes altamente críticos, mas são mais fáceis de conviver, são queridos e freqüente-
e agir de certas maneiras. mente e logiam a~ pessoa~ à sua volta. Ambos os estilos gerenciais podem produzir
resultados excelentes, mas seus efeitos sobre os funcionários são bem diferentes. Os
gerentes decidem deliberadamente qual dessa~ abordagens vão adotar à sua admi-
nistração? Embora eles possam fazer isso algumas vezes, é muito provávd que suas
personalidades também respondam por suas abordagens diferentes. De fato, pes-
quisas preliminares sugerem que a maneira como as pessoas reagem a condições
diferentes depende, em parte, de sua~ personalidades. 16

Os Cinco Grandes Traços de Personalidade


Podemos pensar na personalidade de um indivíduo composta por cinco traços ou
características gerais: extroversão, afetividade negativa, amabilidlade, consciência
e abertura a experiências. 17 Os pesquisadores consideram freqüentemente esses
Cinco Grandes traços de personalidade.18 Cada um deles pode ser visto como um
continuumao longo do qual se enquadra todo indivíduo, ou, mais especificamente,
todo gerente (ver Figura 3.1).

Figura 3.1 As personalidades de um gerente podem ser descritas,


Os Cinco Grandes detenninando-se qual ponto em cada uma das seguintes
dimensões caracteriza melhor o gerente em questão:
Traços de
Personalidade

Baixa Extroversão Alta

li
Baixa Afetividade negativa Alta

Ili
Baixa Amabilidade Alta

IV
Baixa Consciência Alta

V
Baixa Abertura a experiências Alta
78 Capítulo Três

Alguns gerentes podem ter um traço que esteja no extremo mais alto desse conti-
nuum, outros no extremo inferior e, a inda, outros entre os dois extremos. Uma
maneira fácil de entend er como esses traços podem afetar a abordagem d e uma
pessoa à administração é descrever como são as pessoas nos extremos alto e baixo
de cada amtinuum. Como ficará evidente à medida que você ler sobre cada traço,
nenhum deles é certo ou errado para um gerente efetivo. Em vez disso, a efetivi-
dade é determinada por uma interação complexa entre a~ característica~ dos geren-
tes (inclusive traços de personalidade) e a natureza do trabalho e da organização
em que estão trabalh ando. Além disso, os traços de personalidade que contribuem
para a efetividade gerencial em uma situação podem prejudicá-la em outra.

extroversão Tendência a EXTROVERSÃO Extroversão é a tendência a viver emoções e humores positi-


viver emoções, estar de bom vos e sentir-se bem consigo mesmo e com o resto do mundo. O s gerentes que são
humor e sentir-se bem consigo muito extrovertidos (freqüentemente chamados extrovertidos) tendem a ser sociá-
mesmo e com o resto do veis, afetuosos:, comunicativos e amigáveis. Os gerentes que são pouco extrovertidos
mundo.
(freqüentemente chamados introvertidos) tendem a ser menos inclinados a intera-
ções sociais e a ter uma visão menos positiva. Ser altamente extrovertido pode ser
uma vantagem para os gerentes cttjos empregos envolvem especialmente altos níveis
de interação social. Os gerentes introvertidos podem, no entanto, ser altamente efe-
tivos e eficientes, principalmente quando seus trabalhos não exig,e m interação social
tivos e eficientes, principalmente quando seus trabalhos não exigem interação social
excessiva. A abordagem m ais "quieta" pode lhes permitir realizar muito trabalho
em um tempo limitado. Veja, na Figura 3.2, um exemplo de uma escala que pode
ser usada para medir o nível de extroversão de uma pessoa.

afetividade AFETIVIDADE NEGATIVA Afetividade negativa é a tendência a viver emo-


negativa Tendência a viver ções e humores negativos, sentir angústia e ser crítico consigo e com os outros. Os
emoções e humores negativos, gerentes que apresentam altos níveis desse traço podem se sentir freqüentemente
sentir angústia e ser crítico irritados e insatisfeitos e reclamar da falta de progresso deles mesmos e dos outros.
consigo e com os outros.
Os gerentes que apresentam pouca afetividade negativa não tendem a viver emo-
ções e humores negativos e são menos pessimistas e críticos consigo mesmos e
com os outros. No extremo oposto, a abordagem crítica de um gerente com alta
afetividade negativa pode às vezes ser efetiva, se esta estimular tanto o gerente
quanto os outros a aprimorarem seu desempenho. No entanto, provavelmente é
mais agradável trabalhar com um gerente que tenha pouca afetividade negativa,
pois as melhores relações de trabalho que um gerente com essas características
provavelmente cultiva também podem ser um recurso importante. A Figura 3.3 é
um exemplo d e uma esca[a desenvolvida para medir o nível de afetividade nega-
tiva de uma pessoa.

amabilidade Tendência a AMABILIDADE Amabilidade é a tendência a conviver bem com os outros. Os


conviver bem co:m os outros. gerentes que estão situados no extremo alto do continuum deste traço são agradá-
veis, tendem a ser afetuosos e se preocupam com os outros. Os gerent,es com níveis
b aixos desse traço podem ser um pouco desconfiados dos outros, ant.ipáticos, não-
cooperativos e, às vezes, antagonistas. Ser amável pode ser especialmente impor-
tante para os gerentes cttja~ responsabilidades exige m que desenvolvam relações
boa~ e estreita~ com os outros. No entanto, um baixo nível desse traço pode ser um
r ecurso em cargos de gerência que realmente exigem que os gerentes sejam antago-
nistas, como sargentos que dão treinamentos básicos aos recruta~ e alguns outros
tipos de militares no comando. Veja, na Figura 3.2, um exemplo de uma escala que
m ede o nível de amabilidade de uma pessoa.

consciência Tendência a CONSCIÊNCIA Consciência é a tendência a ser cuidadoso, escrupuloso e per-


ser cuidadoso, escrupuloso e severante.19 Os gerentes que se situam no extremo alto do nível de consciência no
perseverante. continuum são organizados e autodisciplinados. Aqueles que têm baixo nível desse
traço podem, às vezes, parecer sem direção e autodisciplina. A consciência tem sido
considerada um bom prognosticador do desempenho em muitos tipos de cargos,
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cuhura 79

Figura 3.2 Abaixo há frases que descrevem os comportamentos das pessoas. Use a escala de
Medidas de Extroversão, classificação abaixo para descrever com que exatidão cada frase descreve você. Descreva
Amabilidade, Consciência como você geralmente é no presente momento, e não como deseja ser no Muro.
Descreva como você honestamente se vê em relação a outras pessoas que você conhece e
e Abertura a Experiências
que tenham o mesmo sexo e aproximadamente a mesma idade que você.
Fonte: GOLDBERG, Lewis R 1 2 3 4 5
Oregon Research lnstitute, Muito Moderadamente Nem imprecisa Moderadamente Muito
http://ipip.Ofi.org/ipipl. imprecisa imprecisa nem precisa precisa precisa

1. Sou interessado em pessoas. 23. Tenho pouco a dizer.·


2. Tenho um vocabulário rico. 24. Não tenho boa imaginação.·
3. Estou sempre preparado. 25. Tiro tempo de folga para
4. Não estou realmente interessado estar com as pessoas.
nos outros: 26. Gosto de ordem.
5. Deixo meus pertences espalhados." 27. Converso com muitas pessoas
6. Sou a vida da festa. diferentes em festas.
7. Tenho dificuldade de entender 28. Sou rápido para entender
idéias abstratas.• coisas.
8. Simpatizo com os 29. Tenho pouca preocupação
sentimentos alheios. com os outros.•
9. Não falo muito." 30. Evito meus deveres.•
10. Presto atenção a detalhes. 31. Não gosto de atrair atenção
11. Tenho uma imaginação vivida. para mim.·

12. Insulto as pessoas." 32. Uso palavras difíceis.


13. Faço confusão com as coisas." 33. Sinto as emoções dos outros.
14. Sinto-me à vontade com pessoas. 34. Sigo um programa.
15. Não estou interessado em 35. Passo o tempo refletindo sobre
idéias abstratas." as coisas.
16. Tenho o coração mole. 36. Não me importo em ser o
17. Faço as tarefas imediatamente. centro das atenções.
18. Fico na retaguarda." 37. Faço as pessoas se sentirem
19. Tenho idéias excelentes. à vontade.
20. Começo conversas. 38. Sou exigente no meu
21. Não me interesso pelos trabalho.
problemas alheios." 39. Fico quieto quando estou
22. Freqüentemente me esqueço de perto de estranhos.·
colocar as coisas de volta em 40. Tenho muitas idéias.
seus devidos lugares.•

• Item tem pontuação inversa: 1 = 5, 2 = 4, 4 = 2, 5 = 1


Pontuação: Some respostas a itens para uma escala geral.
Extroversão = soma dos itens 6, 9, 14, 18, 20, 23, 27, 31, 36, 39
Amabilidade = soma dos itens 1, 4, 8, 12, 16, 21, 25, 29, 33, 37
Consciência = soma dos itens 3, 5, 10, 13, 17, 22, 26, 30, 34, 38
Abertura a experiências = soma dos itens 2, 7, 11, 15, 19, 24, 28, 32, 35, 40

inclusive gerenciais, em uma variedade de organizações.20 Os CEOs de importantes


empresas, como Carly Fiorino, da H ewlett-Packard, e Samuel J. Palmisano, da IBM,
freqüentemente mostram sinais que indicam alto nível de consciência - as longa~
hora~ que trabalham, a atenção a detalhes e a capacidade de lidar com várias respon-
abertura a
sabilidades de um modo organizado. A Figura 3.2 fornece um exemplo de uma escala
e xperiê ncias Tendência
a ser original, ter interesses
que mede a consciência.
amplos, ser aberto a uma ABERTURA A EXPERIÊNCIAS Abertura a experiên cias é a tendência a
ampla gama de estímulos, ser ser original, ter interesses amplos, ser aberto a uma ampla gama de estímulos, ser
ousado e assumir riscos. ousado e assumir riscos. 21 Os gerentes que têm altos níveis deste traço podem
80 Capítulo Três

Figura 3.3
Uma Medida da Instruções: Abaixo há uma série de afirmações que uma pessoa pode usar
Afetividade Negativa para descrever suas atitudes, opiniões, interesses e outras características. Se
uma afirmação for verdadeira ou amplamente verdadeira, coloque um "V" no
Fonte: TELLEGEN, Auke. Briel espaço ao lado do item. Ou, se a afirmação for falsa ou amplamente falsa,
Manual for l he Differential marque um "F" no espaço.
Personality Questionnaire.
Copyright© 1982. Re produzido Responda a cada afirmação, mesmo que você não tenha plena certeza
oom pêrmissáõ. da resposta. Leia cada afirmação cuidadosamente, mas não gaste tempo
demais para decidir o que responder.

__ 1. Freqüentemente me pego 9. Às vezes entro num estado


preocupado com alguma coisa. de tensão e perturbação
__ 2. Fico magoado facilmente. quando penso nos
acontecimentos do dia.
__ 3. Freqüentemente me irrito com 10. À vezes transtornos menores
pequenas perturbações.
me irritam demais.
4. Sofro de nervosismo. __ 11. Freqüentemente perco o
5. Meu humor oscila sono com minhas
freqüentemente. preocupações.

__ 6. Às vezes sinto-me __ 12. Há dias em que estou "para


"péssimo", sem razão. explodir" a todo momento.

__ 7. Freqüentemente sinto emoções __ 13. Sou sensível para o meu


fortes - ansiedade, próprio bem.
raiva - sem realmente saber __ 14. Às vezes mudo de alegre
o que as causa. para triste, ou vice-versa,
- - 8. Fico facilmente alarmado com sem boas razões.
coisas que acontecem
inesperadamente.

Pontuação: Nível de afetividade negativa é igual ao número de itens nos


-
quais foi respondido "Verdadeiro".

apresentar uma probabi lidad e acen tuada de assumir riscos e serem inovadores
em seu planejamento e tomada de decisão. Os empreendedores que começam
seu próprio negócio - como Bill Gates, da Microsoft,Jeff Bezos, da Amazon.com,
e Anita Roddick, da The Body Shop - apresentam, com toda cer teza, altos n íveis
d e a bertura a experiências, o que tem con tribuído para o seu su cesso como
empreendedores e gerentes. Arunas Chesonis, discutido neste capítulo em "O
Desafio de um Gerente'', fundou sua própria empresa e continua a explorar novas
maneiras para e la crescer - uma prova de seu alto nível de abertura a experiê n-
cias. Os gerentes que apresentam pou ca abertura a experiên cias podem ser men os
propensos a assumir riscos e mais conservadores em seu p lanejamento e tomada
d e d ecisão. Em certas organizações e posições, essa tendência poderia ser um
recurso. O gere nte do escritório fiscal em uma universidade pública, por exem-
plo, deve assegurar qu e todos os departamentos e unidades da universidade sigam
as n ormas e os regulamentos pertinentes a orçamentos, contas de despesas e
reembolsos de d espesas. A Figura 3 .2 fornece um exemplo de uma medida de
abertura a expe riê n cias.
Gerentes que iniciam importantes mudanças em suas organizações freqüente-
mente têm ampla abertura a experiências, como o CE.O e chairman da IBM,
Samuel Pa lmisano, cttjo perfil é descrito em "Byte de T ecnolog ia da Informa-
ção", a seguir.
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 81

Sam Palmisano Reinventa a IBM


Samuel Palmisano começou sua carreira na IBM há mais de 30 anos, como
representante de vendas. Ele chefiou muitas divisões importantes da IBM antes
de se tornar CEO em 2002, e chairman do conselho em 2004. 2'l Palmisano enca-
beça um importante redirecionamento da IBM, que muda fundamentalmen te o
foco e as atividades da empresa. Essencialmente, ele está tran sformando a IBM
de uma fornecedora de hardware e software em uma provedora de soluções de
negócio a clientes corporativos. 23 A<;sim, a IBM está focada no desenvolvimento
Byte de de relações próximas, de longo prazo, com clientes ajudarão a empresa com
seus problema<; de negócio urgentes, que variam de compras e marketing a pro-
Tecnologia da dução e serviço ao clie nte. Ao se aproximar de seus clientes e ajudá-los a atender
lnformacão
)
suas necessidades de negócio, a IBM tam bém fornecerá a eles seus produtos
principais: hardware e software. Mas este último faz parte de um pacote maior,
orientado para ser um provedor de soluções para atender às necessidades de
negócio dos clientes. 24
Para alcançar este intento, Palmisano tem adotado medida<; corajosa<;. Por exem-
plo, a IBM adquiriu, e m 2002, a Pricewaterhouse Coopers e a Rational Software a
um custo superior a $ 5,5 bilhões. Essas aquisições ajudarão a IBM a fornecer mais
serviços de consultoria abrangentes e de alto nível a seus clientes. Percebendo que
essa<; mudança<; exigirão mudança<; na<; mentalidades e qualificações de funcioná-
rios, Palmisano ga<;tou $ 800 milhões na educação de funcionários em 2004. 25
Palmisano está incentivando os gerentes da IBM a saírem e conversarem com
clientes, a conhecerem suas necessidades de negócio e a desenvolverem soluções
abrangentes para atendê-los. A<; soluções devem ser do tipo que trata de um pro-
blema fundamental enfrentado pela<; organizações de um dado setor para que pos-
sam :ser vendidas a outras empresas naquele setor. Como diz Palmisano, "Se eles
ch egassem lá e realmente resolvessem o problema com o cliente... eles entende-
riam o que precisavam fazer." Por exemplo, embora a IBM tenha vendido hardware
e serviços de dados à FinnAir durante anos, agora ela começou a usar modelagem
matemática para ajudar a FinnAir a aprimorar a fidelidade do cliente enquanto
reduz os cfütos de marketing - uma grande preocupação amai da FinnAir. 26
É interessante que a personalidade e
and busine s~ o estilo gerencial de Palmisano sejam
tão diferentes daqueles de seu predeces-

1emand _ busi 1 sor, que teve muito sucesso, o ex-CEO


Lou Gerstner. Enquanto Gerstner era

dem:.~
formal e direto, Palmisano é mais des-
Jn 1 contraído e moderado. Os observadores
da indústria sugerem que as mudança<;

·~. or '~ r "J ousad as de Palmisano levarão a indús-


tria de hardware e software para o rumo
certo, e concorrentes, como a Hewlett-
51r. Packard e a Microsoft, parecem estar
copiando algumas de suas iniciativas.

busi on e Embora só o tempo dirá se a visão de


Palmisano para a nova IBM cumprirá
sua<; promessa<;, sua abertura a experiên-
cia<; contribui para sua postura confiante
Sam Palmisano passou mais de 30 anos como
representante de vendas da IBM. Agora, como
de que "estamos prestes a aproveitar a
CEO, ele está incentivando os gerentes da IBM próxima grande oportunidade para
a saírem e conversarem com os clientes para nossa empresa e para toda a indústria
conhecerem suas necessidades. da tecnologia da informação."27
82 Capítulo Três

Até aqui, deve estar claro que os gerentes bem-sucedidos, como Palmisano e
Gerstner, ocupam uma variedade de posições no continuum dos Cinco Grandes
traços de personalidade. Um gerente altamen1te efetivo pode ter altos níveis de
extroversão e de afetividade negativa, outro gerente igualmente efetivo pode ter
baixos níveis de ambos os traços e ainda outro pode estar num nível entre os dois.
Os membros de uma organização d evem entendler essas diferenças entre os geren-
tes porque elas podem esclarecer como os gerentes se comportam e sua aborda-
gem a planejar, liderar, organizar ou controlar. Se os subordinados percebem, por
exemplo, que seu gerente é introvertido, eles não se sentirão menosprezad os
quan do ele parecer distante, porque percebem que ele simplesmente não é comu-
n icativo por natureza.
O s gerentes também precisam estar atentos a seus próprios traços de perso-
nalidade e aos dos outros, inclusive seus subordinados e colegas gerentes. Um
gerente que sabe que tem tendência a ser altamente crítico com os outros
pode tentar atenuar sua abordagem negativa . Do mesmo modo, um gerente,
ao perceber que seu subordinado que vive reclamando tende a ser tão nega-
tivo porque sua personalidade pode acentuar suas reclamações, entende que
as coisas provavelmente não estejam tão rui n s quanto esse subordinado diz
que estão.
Para que todos os membros de uma organização trabalhem bem juntos e com
pessoas fora da organização, tal como clientes e fornecedores, eles devem se
entender mutuamente. Esse entendimento vem, em parte, do reconhecimento de
algumas formas fundamentais em que as pessoas diferem umas das outras - ou
seja, de uma apreciação dos traços de personalidade.

Outros Traços de Personalidade que


Afetam o Comportamento Gerencial
Muitos outros traços específicos, além dos Cinco Grandes, descrevem as personali-
dades das pessoas. Aqui, examinamos os traços que são particularmente impor-
tantes para se entender a efetividade gerencial: locus de controle, auto-estima e
necessid ades de realização, afiliação e poder.

LOCUS DE CONTROLE As pessoas diferem em suas visões sobre quanto


controle têm sobre o que acontece com elas e à volta delas. O traço locus de con-
locus interno de trole capta essas crenças.28 As pessoas com um locus interno de controle acredi-
controle Tendência para tam que são responsáveis por seu próprio destino. Elas vêem suas próprias ações
localizar a responsabilidade e comportamentos como determinantes importantes e decisivos de resultados
pelo destino de alguém dentro significativos, como níveis de desempenho no emprego, ser promovido ou não
de si mesmo. ser escolhido para determinado cargo. AJguns gerentes com um locus interno de
controle acham que o sucesso de toda uma organização recai sobre seus ombros.
Um exemplo é Arunas Chesonis em "O Desafio de um Gerente". Um locus
interno de controle também ajuda a garantir o comportamento ético e a tomada
de decisão em uma organização porque as pessoas respondem e se sentem res-
ponsáveis por suas próprias ações. Gerentes com um locus interno também
pod em se sentir obrigados a expor coisas errad as na organização, mesmo que
não sejam pessoalmente responsáveis por elas, como indicado, a seguir, em
"Ética em Ação".
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 83

Assumindo Responsabilidade
por Expor Coisas Erradas
oreen Harrington, ex-administradora de fundos na empresa de investimentos
Hartz Group, com sede em Secaucus, Nova.Jersey, teve ciência de atividade ile-
gal na empresa ao ouvir traders fazendo negociações após o expediente. Esses
traders gerenciavam fundos d e cobertura - fundos de investimento que têm
uma varied ade de tipos de ativos financeiros para compensar riscos e oferecer
um retorno consistente aos acionistas.29 A própria H arrington não estava envol-
vida nesses fundos de cobertura, mas não podia deixar de ouvir os traders. Por
meio de suas conversas:, ela aprendeu que alguns administradores d e fun d os
mútuos estavam permitindo que os traders comprassem e vendessem suas ações
Ética em no lfi.mdo após o fech amento da bolsa.30 Isto é ilegal e antiético e dava aos tra-
ders uma vantagem d esleal sobre outros investidores nos fun d os mútuos, que só
Acão)
conseguiam negociar quando a bolsa estava aberta.
H arrington contou a EdwardJ. Stern, membro d a família Stern, proprietária
do Hartz Group, o que ouvira, mas isso não mudou nada - a negociação ilegal
continuou. H arrington pediu demissão, mas continuou de olh o nas notícias,
esperando que as autor idades que regulam valores mobiliários descobrissem o
que ela havia testemunhado .31
Após um ano de espera, Harrington
sentiu a responsabilidade de comunicar a
negociação ilegal, pois muito provavel-
mente esta continuava e afetava os investi-
dores comuns. Ela transmitiu o que tinha
observado como administradora da Hartz
para Eliot Spitzer, o procurador-geral de
ova York. A investigação conduzida por
Spitzer, a partir da reclamação de H ar-
rington, levou a família Stern a pagar
$ 40 milhões para resolver o caso, embora
eles não admitissem ação ilegal. Ao assu-
mir responsabilidade por expor o que ela
sabia que era errado, H arrington desen-
cadeou ocorrências que no final tiveram
um importante impacto no setor de fi.m-
dos mútuos como um todo: outros fun-
dos foram examinados e situações adicio-

NVSE
O procurador-geral do Estado de Nova York,
nais de negociação após o expediente
foram descobertas. 32 Como Spitzer disse:
"Por causa de sua iniciativa corajosa,
Eliot Spitzer, referiu-se à decisão de Noreen haverá uma reforma radical num setor
Harrington de relatar seu conhecimento de que tem as poupan ças feitas por 95
negociação interna como uma "iniciativa milhões de norte-americanos durante
corajosa". toda a sua vida."33

locus externo de A~ pessoas com um locu.s extern o de controle acredlitam que forças externa~ sejam
controle Tendência a responsáveis pelo que acontece com elaq e à volta delaq. Elas não pensam que suas
localizar a responsabilidade própria~ ações fazem muita diferença. Como tal, tendem a não intervir para tentar
pelo destino de alguém em mudar uma situação ou resolver um problema, deixando isso para os outros.
forças externas e a acreditar Os gerentes iwecisam ter um wcus interno de controle porque são responsáveis
que o próprio comportamento
p elo que acontece na~ organizações. Eles precisam acreditar que podem e fazem a
tem pouco impacto nos
diferença, como Arunas Chesonis na PAETEC Communications. A[ém d isso, os
resultados.
gerentes são responsáveis por garantir que as organizações e seus membros se
p ortem d e um modo ético e, também por isso, precisam ter um wcus interno de
controle - eles precisam saber e sentir que podem fazer a diferença..
84 Capítulo Três

auto-estima Grau em que AUTO-ESTIMA Auto-estima é o grau em que os indivíduos se sentem bem
os indivíduos se sentem bem consigo mesmos e com suas capacidades. A~ pessoas com elevada auto-estima acre-
consigo mesmos e com suas ditam que são competentes, mereced oras e capazes de lidar com a maioria das
capacidades. situações, como faz Arunas Chesonis. As pessoas com baixa auto-estima têm opi-
niões fracas quanto a si mesmas, são inseguras quanto às suas capacidades e ques-
tionam sua capacidade d ·e ter sucesso em d iferentes atividades. 34 A~ pesquisas
sugerem que as pessoas tendem a escolher atividades e objetivos compatíveis com
seus níveis de auto-estima. O alto nível de auto-estima é desejável para os gerentes
porque facilita o estabelecimento e a manutenção de altos padrões para si pró-
prios, pressiona-os para projetos difíceis e lhes dá a confiança de que precisam
para tomar e executar decisões importantes.

necessidade de NECESSIDADES DE REALIZAÇÃO, AFILIAÇÃO E PODER O psicó-


realização Extensão em logo David McClelland tem pesquisad o extensivamente as necessidad es de realiza-
que um indivíduo tem um ção, afiliação e poder.35 A necessidade d e realização é a extensão em que um indi-
forte desejo de desempenhar víduo tem um forte desejo de desempenhar bem tarefas desafiadoras e de atender
bem tarefas desafiadoras e a padrões pessoais de excelência. A~ pessoas com alta necessidade d e realização
atender a padrões pessoais de freqüentemente estabelecem objetivos claros para si mesmas e gostam de receber
excelência. feedback do desempenho. A necessidade de afiliação é a extensão em que um
necessidade de indivíduo está preocupado em estabelecer e manter boas relações interpessoais,
afiliação Extensão em que ser querido e conviver com outras pessoas. A necessidade de poder é a extensão
um indivíduo está preocupado em que um in d ivíduo deseja controlar ou influenciar os outros.36
em estabelecer e manter boas Pesquisas sugerem que altas necessidades de realização e poder são vantagens
relações interpessoais, ser para os gerentes de nível médio e de primeiro nível, e que uma alta necessidade
querido e conviver com outras d e poder é especialmente importante para os gerentes de nível superior. 37 Um
pessoas. estudo constatou que os presidentes dos Estados U nidos, com necessidade de
necessidade de poder relativamente alta, tendiam a ser especialmente efetivos durante seus man-
poder Extensão em que um datos.38 Uma alta necessidade de afiliação nem sempre pode ser desejável aos
indivíduo deseja controlar ou gerentes porque pode levá-los a tentar demais ser queridos pelos outros (inclusive
influenciar os outros. s11horrl im1rlos) P.m VP.Z rlP. fozP.rP.m torlo o possÍvP.I p::ir;:i g::ir;:intir 'JllP. o rlP.sP.mpP.-
nho seja tão alto quanto pode e deve ser. Embora a maioria das pesquisas sobre
essas necessidades tenha sido fe ita nos Estados Unidos, alguns estudos sugerem
que essas conclusões também podem ser aplicadas a pessoas em outros países,
como Índia e Nova Zelândia.39
J untos, esses traços de personalidade desejáveis nos gerentes - locus interno
d e controle, elevada auto-estima e altas necessid ades de realização e poder -
sugerem que eles precisam ser pessoas que assumem responsabilidades e que não
acreditam que apenas suas próprias ações são d ecisivas na determinação d e seu
d estino e do d estino de suas organizações, mas também acreditam em suas pró-
prias capacid ades. Tais gerentes têm um desejo pessoal de realização e influência
sobre os outros.

Valores, Os gerentes estão lutando para atingir o quê? Como e les


acham que deveriam se portar? O que e les pensam

Atitudes e sobre seus cargos e organ i.rnç ões? E como e les real-
mente se sentem no trabalho? AJisumas resp ostas a essas
perguntas podem ser e n contradas explorando-se os

Humores e valores, as atitudes e os humores dos gerentes.


Os valores, atitudes e humores e e m oções captam
como os gerentes sente m seus cargos e nquanto indiví-
Emoções duos. Os valores descrevem o que os gerentes estão ten-
tando atingir por m e io do traba lho e como e les p e nsam
que d everiam se portar. As atitudes captam seus pensamentos e sentimentos
sobre seus cargos e organizações esp ecífico s . O s humorPs e emoções e nglobam
como os ger e ntes rea lm e nte se sentem quando estão ger e n c ian do. Embora
esses três aspectos da exp eriê nci a d e trabalho dos ger e ntes sejam a ltame nte
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 85

pessoais, e les também têm implicações importantes para entender como os geren-
tes se comportam, como tratam e responde m aos outros, e como, por meio d e
seus esforços, ajudam a contribuir com a efetividade organizacional por meio
de planejamento, lide rança, organização e controle.

Valores: Terminal e Instrumental


valor t e rminal Meta ou Os dois tipos de valores pessoais são terminal e instrumental U m valor terminal é
objetivo para a vida toda que uma convicção pessoal sobre metas ou objetivos para a vida toda, enquanto um
um indivíduo busca atingir. valor instrumental é uma convicção pessoal sobre modos desejados de conduta ou
valor instrume ntal Modo maneiras de se comportar. 40 Os valores terminais freqüentemente levam à forma-
de conduta que um indivíduo ção de normas ou regras informais de conduta para comportamentos considera-
busca seguir. dos importantes pela maioria dos me mbros d e um grupo ou organização, tais
normas Regras informais de como o de se portar honesta ou gentilmente.
conduta para comportamentos Milton Rokeach, um dos principais pesquisadores na área de valores humanos,
que são considerados identificou 18 valores terminais e 18 valores instrumentais que d escrevem o sistema
importantes pela maioria dos de valor de cada pessoa (ver Figura 3.4) .41 Ordenando os valores terminais de 1 (mais
membros de um grupo ou de importante como princípio orientador na vida de alguém) a 18 (menos importante
uma organização. como um princípio orientador na vida de alguém) e e ntão classificando os valores
siste ma de instrumentais de-1 a 18, a~ pessoa~ podem ter uma boa visão geral de seus sistemas de
valores Valores terminais valores - o que ela~ estão lutando para atingir na vida e como querem se portar.42
e instrumentais que orientam (Você pode obter um bom entendimento de seus próprios valores ao ordenar pri-
os princípios na vida de um meiro os valores terminais e então os valores instrumentais listados na Figura 3.4).
indivíduo.

Valores Tennlnais Valores lnstrwnentais

Uma vida confortável Ambicioso (trabalhador, aspirante)


(uma vida próspera) Visão ampla (mentalidade aberta)
Uma vida excitante (uma vida Capaz (competente, efetivo)
estimulante, ativa)
Animado (despreocupado, alegre)
Uma noção de realização
Limpo (arrumado, apresentável)
(contribuição duradoura)
Um mundo de paz (livre de Corajoso (defensor de seus pontos
de vista)
guerra e conflito)
Generoso (disposto a desculpar
Um mundo de beleza (beleza da
os outros)
natureza e das artes)
Útil (trabalhando para o bem-estar
Igualdade (fraternidade,
dos outros)
oportunidades iguais para todos)
Honesto (sincero, verdadeiro)
Segurança da família
(cuidar dos entes queridos) Imaginativo (ousado, criativo)
Liberdade (independência, Independente (autoconfiante,
livre escolha) auto-suficiente)

Alegria (satisfação) Intelectual (inteligente, reflexivo)


Harmonia interior (livre de Lógico (consistente, racional)
conflitos internos) Afetuoso (carinhoso, bom)
Amor maduro (intimidade Obediente (cumpridor dos deveres,
sexual e espiritual) respeitoso)
Segurança nacional (proteção a ataque) Educado (cortês, com boas maneiras)
Figura 3.4 Prazer (uma vida agradável, prazerosa) Responsável (confiável, fiel}
Valores Terminais e Salvação (vida eterna) Autocontrolado (contido, autodisciplinado)
Instrumentais Respeito próprio (auto-estima)
Reconhecimento social (respeito,
Fonte: Reimpressão com permissão
de The Free Press, uma Divisão da admiração)
Simon & Shuster Adult Publishing Verdadeira amizade (companhia íntima)
Group, de The Nature of Human
Sabedoria (um entendimento maduro
Values de Milton Rokeach.
Copyright© 1973 by The Free da vida)
Press. Todos os direitos reservados.
86 Capítulo Três

Vários dos valores terminais listados na Figura 3.4 parecem ser especialmente
importantes aos gerentes - como uma noção de realização (uma contribuição dura-
doura), igualdade (fraternidade, oportunidades iguais para todos) e respeito próprio (ou
auto-estima). Um gerente que pensa que a noção de realização é de fundamental
importância poderia visar a dar uma contribuição duradoura a uma organização,
desenvolvendo um novo produto que pudesse salvar ou prolongar vidas, como é o
caso de gerentes da Medtronic (uma empresa que fabrica aparelhos médicos
como marca-passo), ou abrindo uma nova subsidiária no exterior. Um gerente
que coloca a igualdade entre seus principais valores terminais pode encabeçar os
esforços de uma organização d e apoiar, oferecer oportunidad es iguais e capitali-
zar os vários talentos de uma força de trabalho cada vez mais diversa.
Outros valores provavelmente sejam considerados importantes por vários
gerentes, como uma vida confortável (uma vida próspera), uma vida excitante (uma
vida ativa, estimulante), liberdade (independência, livre escolha) e reconhecimento social
(respeito, admiração). A importância relativa que os gerentes atribuem a cada valor
terminal ajuda a explicar o que eles estâo lutando para alcançar em suas organiza-
ções e quais os esforços em que se concentrarão.
Vários dos valores instrumentais listados na Figura 3.4 parecem ser importantes
modos de conduta para gerentes, como ser ambiciosos (trabaUiadores, aspirantes), ter
visão ampla (mentalidade aberta), ser capazes (competentes, efetivos), responsáveis (confiá-
veis, fiéis) e autocontrolados (contidos, autodisciplinados). Além disso, a importância
- -
relativa que um gerente atribui a esses e a outros valores instrumentais pode ser
um determinante sign ificativo dos comportamentos reais no emprego. Um
gerente que considera altamente importante ser imaginativo (ousado, criativo), por
exemplo, tem mais probabilidade de ser inovador e a~sum ir riscos que um gerente
que considera isso menos importante (todos os demais fatores sendo iguais) . Um
gerente que considera ser honesto (sincero, verdadeiro) como de importância extrema
pod e ser uma força propulsora para tomar medidas para assegurar que todos os
membros de uma unidade ou organização se comportem eticamente. Como indi-
cado a seguir em "Ética em Ação", tomar ações éticas às vezes requer que os geren-
tes sejam corajosos, além de serem honestos.

A Coragem para Ser Honesto


Peter Scannell foi gerente do callcenterda Putnam lnvestment~, na área de Bos-
ton, quando observou uma coisa preocupante: os gerentes da Putnam estavam
permitindo que alguns investidores do fundo mútuo de aposentadoria fizessem
negociações ilegais de compra e venda rápida para tirar vantagem de flutua-
ções no curto prazo nos preços dos fundos. De fato, alguns desses investidores
estavam se empenhando regularmente em negociações no curto prazo, embora
esse tipo de negociação fosse proibido pelas próprias políticas da Putnam. 4 ~
Alguns dias depois de Scannell relatar suas preocupações a seu supervisor,
e le foi tirado do carro e agredido. O agressor seria um investidor envolvido na
atividade que Scannell tinha relatado ao seu supervisor. Scannell diz que um
Ética em gerente na Putnam se amedrontou com suas preocupações sobre os abusos na~
negociações e pareceu ameaçá-lo. Mesmo quando procurou as autoridades
Acão
)
reguladoras no escritório da Comissão de Valores Mobiliários (SEC) em Bos-
ton, Scannell sentiu resistência a seus esforços de manter os padrões éticos. 44
Scannell discutiu suas preocupações sobre a SEC com seu advogado e aca-
bou se reunindo com a comissão. Scannell, mais tarde, testemunhou ao subco-
mitê de legócios Governamentais do Senado dos EUA sobre as reações dos
gerentes da Putnam às suas alegações de comportamento antiético e à falta de
resposta inicial do SEC. 45
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 87

Scannell e outros que expuseram situações de atividade ilegal e abusos de


negociação relacionados a fundos mútuos r,e conhecem que essas ações antiéti-
cas acabam afetando milhões de pessoas h onestas que investem nesses fundos.
O Senador Peter Fitzgerald, de Illinois, chefe d o subcomitê do Senado, sugere
que abusos em negociações de fundos mútuos representam "a maior operação
de rnubo do mundo... um canal do qual administradores de fundo, corretores
e outros insiders estão constantemente drenando uma parte excessiva da pou-
pan ça destinada à aposentadoria, aos estudos universitários e às famílias da
naç ão. "46 No caso de Scannell, seus esforços persistentes de interromper a
negociação antiética n a Putnam dependeram não só de sua honestidade, mas
também d e sua coragem de defender o que ele acred itava ser correto, não
importando as conseqüências que ele enfrentaria pessoalmente.

Por tudo isso, os sistemas de valores dos gerentes significam o que eles, como
indivíduos, estão tentando realizar e ser em suas vidas pessoais e no trabalho.
A~sim , os sistemas de valores dos gerentes são guias fundamentais para seu com-
portamento e para os esforços em planejar, liderar, organizar e controlar.

Atitudes
atitude Conjunto de
Atitude é um conjunto de sentimentos e crenças. Como todos, os gerentes têm
sentimentos e crenças.
atitudes sobre seus cargos e organizações, e essas atitudes afetam o modo como
e les abordam seus cargos. Duas das atitudes mais importantes neste contexto são
a satisfação no emprego e o compromisso organizacional.
satisfação no SATISFAÇÃO NO EMPREGO A satisfação no emprego é o conjunto de
emprego Conjunto de
sentimentos e crenças que os gerentes têm sobre seus empregos atuais.47 O s
sentimentos e crenças que
gerentes que mostram uma e levad a satisfação no emprego geralmente gostam de
os gerentes têm sobre seus
seus empregos, sentem que estão sendo razoavelmente bem tratados e acreditam
empregos atuais.
que seus empregos têm muitos aspectos ou características desejáveis (como um
trabalho interessante, um b om salário e segurança no emprego, autonomia ou
bons colegas de trabalho) . A Figura 3 .5 mostra itens de amostra de duas escalas
que os gerentes podem usar para medir a satisfação no emprego. Níveis de satis-
fação no emprego tendem a aumentar à medida que se ascende na hierarquia
em uma organização. Os diretores, em geral, tendem a se sentir mais satisfeitos
com seus empregos do que os funcionários iniciantes. Os níveis de satisfação dos
gerentes no emprego podem variar de muito b aixo a muito a lto, ou ficar num
nível intermediário .

Mudando Atitudes
Uma tendê ncia inte re ssante nas atitudes no emprego tem sido observada e ntre
a lg uns gere ntes d e 20 a 30 a n os. Por ex e mp lo, d ep o is que Sandi Ga rcia se fo r-
mou em marke ting na Universidade d e Wyomi n g , ela c onseguiu um bom
e mpreg o n a Fló rida e logo foi promovida p ara p osições g e re n ciais. Por todos os
motivos, Garcia deveria estar satisfeita com seu e mprego - ela e stava prog re-
d indo n a e mpresa, ganha ndo um b o m dinh e iro e faze n do o ti po d e tra b a lho
que esperava fazer. Ironicame nte , Garcia se viu cada vez mais insatisfeita com
seu e mprego. Tra ba lha r dura n te 12 h o ras n ão e ra in comu m p a ra Garc ia, n e m
era raro ela trabalhar nos finais de se m ana. Viver uma vida frenética, em ritmo
Foco na acele ra d o, g irando e m torno do traba lho, logo fez Ga rc ia sonha r com uma vida
mais simples, e m que ela tivesse te mpo p a ra fazer coisas que g ostava, como
Diversidade esquia r, estar com a famíli a e os a migos e fazer tra ba lho vo lun tário. Ga rc ia agiu
88 Capítulo Três

de acordo com seu sonlho: ela mudlou-se para Wyoming e agora está mais satis-
feita com um emprego que exige menos dela no Wyoming Business Council. 48
Gregg Steiner era um gerente de alta tecnologia, na Costa Oeste, que parecia
ter tudo, inclusive uma casa na praia de Malibu. Entretanto, ele estava insatis-
feito com um emprego que não lhe deixava tempo livre para aproveitar a praia e
muito mais. Steiner saiu do mundo da alta tecnologia e trabalha em sua casa,
que agora é mais modesta, conduzindo o atendimento ao cliente para o negócio
de sua família, uma pom ada contra a~saduras causadas por fralda~ (Pinxav) . 49
J ovens gerentes com o Garcia e Steiner não são preguiçosos, nem lhes falta
ambição. Em vez disso, eles têm vivúdo mudanças no cenário corporativo que os
levam a questionar qual deve ser o trabalho e o que deve significar para eles.
Alguns desses jovens gerentes têm visto seus pais trabalh ando ano após ano como
escravos e m seus empregos na América corporativa para serem demitidos em
tempos difíceis. Enquanto seus pais podem nunca ter questionado seu compro-
misso com suas organizações, a necessidade de trabalhar longas h oras e a falta de
tempo para fazer muito mais coisa~ além de trabalhar para sustentar uma família,
Garcia e Steiner desejam a flexibilid ade e o tem po para viver uma vida mais sim-
ples, mas também mais rica em termos de atividades significativas. E eles querem
estar no comando de su as próprias vidas em vez de terem sua~ vidas ditadas por
pes~oa~ que estão em posto mais alto na h ierarquia corporativa. 50
É evidente que pa~a todo jovem gerente c~mo G~cia e Steiner, que deixa
voluntariamente o ritmo acelerado por uma vida mais equilibrada, há outros
jovens futuros gerentes ansiosos para a~sumirem seus lugares no mundo corpo-
rativo. E um emprego que é insatisfatório para um gerente pode ser satisfatório
para outro. Em qualquer caso, em uma era em que a confiança na~ corporações
tem sido questionada (por exemplo, devido a lapsos éticos e fraude em empre-
sas como a Enron), alguns jovens gerentes estão procurando investir em coisas
em que podem realmente confiar.51

comportamentos Em geral, é desejável que os gerentes fiquem satisfeitos com seus empregos,
organizacionais
por pelo menos duas razões. A primeira delas é que pode ser mais provável que
de cidadania
os g·erentes satisfeitos façam um esforço extra para suas organizações ou desem-
(OCBs) Comportamentos
penhem comportamentos organizacionais de cidadania (OCBs), que não são exi-
que não são exigidos dos
gidos dos membros organizacionais, mas que co ntribuem e são necessários para
membros da organização,
mas que contribuem e são a eficiência e a efetividade organizacional e para a obtenção de vantagem compe-
necessários para a eficiência, titiva.52 Os gerentes que estão satisfeitos com seus empregos têm mais probabili-
a efetividade organizacional dade de desempenhar esses comportamentos "acima e a lém do chamado do
e para se ganhar vantagem dever'', que podem envolver desde trabalhar longas h oras-extras, quando neces-
competitiva. sário, até chegar a idéias verdadeiramente crúativas e superar obstáculos para
implementá-las (mesmo quando fazer isso não faz parte do cargo do gerente),
ou se desdobrar para ajudar um colega, su bordinado ou superior (mesmo
quando fazer isso envolve considerável sacrifício pessoal) . 53
É ainda desejável que os gerentes fiquem satisfeitos com seus empregos porque
pode ser menos provável que gerentes satisfeitos saiam.54 Um gerente que está
extremamente satisfeito talvez nem pense em procurar outra posição, enquanto
um gerente insatisfeito pode estar sempre ale-rta a novas oportunidades. A rotati-
vidade pode afetar uma organização porque resulta na perda da experiência e
conhecimento que os gerentes adquiriram sob re a empresa, a indústria e o
ambiente de negócio.
Uma fonte crescente de insatisfação para muitos gerentes de nível inferior e médio,
bem como para funcionários não-gerenciais, é a ameaça de desemprego e a~ maiores
carga-; de trabalho decorrentes de downsizings organizacionais. Um estudo recente de
4.300 trabalhadores, conduzido por Wyatt Co., constatou que 76% dos funcionários de
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 89

Figura 3.5
Itens de amostra do Questionário de Satisfação de Minnesota:
Itens de amostra de Duas
As pessoas respondem a cada um dos itens na escala ao checar suas
Medidas da Satisfação no características:
Emprego
[ ] Muito insatisfeito [ ] Satisfeito
Fonte: Copyright © 1975 by ( ] Insatisfeito [] Muito satisfeito
American Psychological Association.
[ ] Não consigo decidir se estou satisfeito ou não
Reimpressão com permissão.
Reimpressão com permissão de Em meu emprego atual, isto é o que eu sinto sobre...
Randall B. Ounham e J . B. Brett.

__ 1. A capacidade de fazer as 7. As chances de progresso


coisas que não vão contra neste emprego.
minha consciência.
8. A liberdade para usar meu
__ 2. A maneira como meu emprego próprio julgamento.
fornece estabilidade.
9. As condições de trabalho.
__ 3. A chance de fazer coisas
__ 1 O. A maneira como meus colegas
para as outras pessoas.
convivem uns com os outros.
__ 4. A chance de fazer alguma
__ 11. Elogios que recebo por
coisa que faça uso de
fazer um bom trabalho.
minhas habilidades.
__ 12. Sentimentos de realização
__ 5. A maneira como políticas da
que tenho com o trabalho.
empresa são colocadas
em prática.
__ 6. Meu pagamento e a quantidade
de trabalho que faço.

A Escala das Faces


Os trabalhadores selecionam a face que melhor expressa como eles se sentem
em relação a seu emprego.

l-., -.
~ ~-- ~-- ~--": ~-- ~-~-~·
·,· ·,·
... - ... fl-= ~
·1 . ,.
-.,
·r ·,· ·,· '.1. ·,·

11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

empresas em expansão estão satisfeitos com seus empregos, mas somente 57% dos
funcionários das empresas que fizeram downsizing estão satisfeitos. 55 As organiza-
ções que ten tam aprimorar sua eficiência por meio da reestruturação freqüente-
mente e liminam um número considerável de posições gerenciais d e primeiro nível e
de nível médio. Essa decisão obviamente fere os gerentes que são demitidos e tam-
bé m pode reduzir os níveis de satisfação no emprego dos gerentes que permanecem.
Eles podem temer qu e serão os próximos a sair. Além disso, as cargas de trabalho dos
gerentes remanescentes costumam ser acentuadamente aumentada~ como resultado
da reestruturação, o que também pode contribuir para a insatisfação.
compromisso COMPROMISSO ORGANIZACIONAL O compromisso organizacional é
organizacional Conjunto
o conjunto de sentimentos e crenças que os gerentes têm sobre sua~ organizações
de sentimentos e crenças
como um todo. O s geren tes que estão comprometidos com su as organiza-
que os gerentes têm sobre a
ções acreditam no que elas estão faze ndo, têm orgulho do que essas organizações
organização em geral.
representam e sentem um alto grau de fidelidade quanto a e las. Gerentes com-
prometidos têm mais probabilidade de ir além do ch amado do dever para ajudar
su a empresa e é menos provável que saiam. 56 O compromisso organizacio nal pod e
ser especialmente forte quando os funcionários e os gerentes acredi tam realmente
em valores organizacionais, o qu e também leva a uma forte cultura organizacio-
nal, como constatado na JPAETEC.
90 Capítulo Três

O com prom isso organizacio n al provavelmente aj u d a os gere n tes a desem pe;


nharem algun s d os papéis como porta-vozes e figureheads (ver o Capítulo 1) . E
mu ito mais fácil para u m geren te persuadir os outros, tan to de n tro qu an to fora d a
organização, acerca d os mé ri tos d o qu e a o rganização fez e está procu ran do reali-
zar, se e le acredita realmen te n a o rganização e está compromissado com e la . A
Figu ra ~ . 6 é um exem p lo de u ma escala qu e os gerentes pod em u sar par a me dir o
n ível d e comp romisso o rganizacional de uma pessoa.
Os gerentes em diferentes países têm atitudes semelhantes ou diferentes? A~ diferen-
ça~ nos n íveis de satisfaç.ão com o emp rego e compromisso organizacional entre gerentes
em diferentes países são prováveis porque esses geren tes têm diferen tes tipos de oportu-
nidades e recompensas e porque eles en fre ntam diferentes forças econô mica, política

Figura 3.6 As pessoas respondem a cada um dos itens na escala ao verificar se elas:
Uma Medida do [) Discordam fortemente [ ) Concordam ligeiramente
Compromisso [] Discordam moderadamente [ ] Concordam moderadamente
Organizacional [] Discordam ligeiramente [ ] Concordam fortemente
[] Nem concordam nem discordam
Fonte: POATEA, L W. e SM IT H, F. J .
"Q uestionário de Compromisso
O rganizacionar. ln: GOOK, J. O.,
HEPWOATH, S . J., W A LL, T. O. e __ 1. Estou disposto a me esforçar 9. Seria necessária pouca
W AAA, P B., eds., The Experience
of Work: A Compendium and
muito além do que é mudança nas circunstâncias
A eview of 249 Measures and Their normalmente esperado a fim atuais para me fazer sair
Use. Nova York: Academic Press, de ajudar esta organização desta organização.•
1981, p. 84-86. a ter sucesso.
10. Estou extremamente contente
__ 2. Comento com meus amigos por ter escolhido esta organização
que esta organização é um para trabalhar em vez de outras
excelente lugar para trabalhar. que eu estava considerando
__ 3. Sinto-me muito pouco fiel quando entrei aqui.
a essa organização.• 11. Não há muito a se ganhar
ficando nesta organização
__ 4. Eu aceitaria praticamente
indefinidamente.•
qualquer tipo de atribuição no
emprego a fim de continuar 12. Freqüentemente acho
trabalhando para esta difícil concordar com as
organização. políticas desta organização
sobre questões importantes
__ 5. Acho que meus valores são
a respeito de seus funcionários.•
muito parecidos com os
da organização. 13. Eu realmente me importo com
__ 6. Tenho orgulho em dizer o destino desta organização.
aos outros que faço parte 14. Para mim, esta é a melhor
desta organização. de todas as organizações
possíveis para trabalhar.
__ 7 · Eu poderia estar trabalhando
para uma outra organização, 15. Decidir t rabalhar para esta
contanto que o tipo de organização foi um erro
trabalho fosse similar.• decisivo de minha parte.*
__ 8. Esta organização realmente
inspira o melhor de mim na maneira
como desempenho meu trabalho.

Pontuação: Respostas aos itens 1, 2, 4, 5, 6, 8, 1O, 13 e 14 são contadas como


1 = discordo fortemente; 2 = discordo moderadamente; 3 = discordo ligeiramente; 4 = nem
discordo nem concordo; 5 = concordo ligeiramente; 6 = concordo moderadamente; e
7 = concordo fortemente. As respostas aos itens "*", 3, 7, 9, 11, 12 e 15 são contadas como
7 = discordo fortemente; 6 = discordo moderadamente; 5 = discordo ligeiramente; 4 = nem
discordo nem concordo; 3 = concordo ligeiramente; 2 = concordo moderadamente; e
1 = concordo fortemente. As respostas aos 15 itens formam uma média do total de pontos
de 1 a 7. Quanto mais alta a pontuação, mais alto o nível de compromisso organizacional.
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 91

ou sociocultural nos ambientes em que suas


organizações estão inseridas. Em países com
índices de desemprego relativamente altos,
como a França, os níveis de satisfação no
emprego podem ser mais altos entre gerentes
empregados porque eles podem estar satisfei-
tos simplesmente por iterem um emprego.
Os níveis de compromisso organizacional
de um país para outro podem depender do
quanto os países têm legislação que afeta
demissões e cortes e do quanto os cidadãos de
um país se dispõem a se deslocar geografica-
mente. Tanto na França quanto na Alemanha
a legislaç.ão protege os trabalhadores (inclusive
Em que medida o compromisso organizacional varia de um país para gerentes) de serem dlespedidos ou cortados.
outro? Comparado aos norte-americanos, os gerentes franceses, conforme Os trabalhadores norte-americanos, em con-
retratado aqui, têm mais segurança no emprego e tendem a ser transferidos tra<;te, têm muito pouca proteção. Além disso,
com menos freqüência, o que pode se traduzir em níveis mais altos de os gerentes nos Estados Unidos têm mais dis-
compromisso organizacional. posição para mudar de um local para outro
que os g~rentes na França e na Ale'inanha. la
França, os cidadãos têm vínculos relativamente fortes com a família e a comuni-
dade, e na Alemanha a habitação é cara e difícil de encontrar. Por essas razões, os
cidadãos em ambos os países tendem a ser menos dispostos a mudar para outro
local que os norte-americanos.57 Os gerentes que sabem que .seus empregos são
seguros e que estão relutantes em ser transferidos (como aqueles na Alemanha e
na França) podem estar mais comprometidos com sua<; organizações que os geren-
tes que sabem que sua<; organizações poderiam demiti-los a qualquer dia e que não
se importariam com transferências.

Humores e Emoções
humor Sentimento ou A'isim como você, que alguma<; vezes está mal-humorado e outras vezes está bem-
estado mental. humorado, são os gerentes. Humor é um sentimento ou estadlo mental. Quando
as pessoas estão bem-humoradas, elas se sentem excitadas, entusiasmadas, ativas
ou empolgadas. 511 Mas quando estão mal-humoradas, elas se .sentem chateadas,
temerosas, sarcásticas, hostis, agitadas ou nervosas.59 A'i pessoa<; que são altamente
extrovertidas têm uma probabilidade de ser especialmente bem-humoradas,
enquanto pessoas que têm um alto nível de afetividade negativa têm uma probabi-
1idade maior de ser mal-humoradas. As situações ou circunstãncias das pessoas
também determinam seus humores, entretanto, receber aumento provavelmente
coloque mais pessoa<; em um estado de bom humor, independentemente de seus
traços de personalidade. As pessoas que têm alto nível de afetividade negativa
nem sempre são mal-humoradas, eª" pessoa<; que apresentam pouca extroversão
podem apresentar bom humor.6(1
emoções Sentimentos Emoções são sentimentos mais intensos que humores, freqüentemente estão
intensos de duração
diretamente ligadas àquilo que as causou e duram pouco. Entretanto, uma vez
relativamente curta.
que o que desencadeou a emoção foi resolvido, os sentimentos podem perdurar
na forma de um humor menos intenso. 6 1 Por exemplo, um gerente que se irrita
muito quando um de seus subordinados apresenta um comportamento antiético
pode perceber que sua irritação diminui após decidir de que forma tratar o pro-
blema. No entanto, ele continua de mau humor durante o resto do dia, mesmo
que não esteja pensando diretamente no infeliz incidente. 62
Pesqtúsa<; têm verificado que os humores eª" emoções afetam o comportamento dos
gerentes e de todos os membros de uma organização. Por exemplo, pesquisa<; sugerem
92 Capítulo Três

que os subordinados de gerentes bem-humorados no trabalho podem ter desem-


penhos mais altos e menos probabilidade de pedir demissão e sair da organização
que os subordinados de gerentes que não tendem a ter bom humor no trabalho. 63
Outras pesquisas sugerem que, sob certas condições, a criatividade poderia ser
incentivada pelo bom humor, enquanto sob outra~ condições, o mau humor pode-
ria pressionar a~ pessoas a chegar a idéia~ verdadeiramente criativa~. 64
Outra pesquisa sugere que os humores e as emoções (que são sentimentos mais
intensos e menos duradouros desencadeados por algo específico) podem desem-
penlhar um papel importante na tomada de decisão ética. Por exemplo, os pesqui-
sadores da Universidade de Princeton descobriram que quando as pessoas estão
tentando resolver dilemas morais difíceis, a~ partes de seus cérebros que são res-
ponsáveis pelas emoções e humores ficam especialmente ativas.n.i;
Reconh ecendo os benefícios do bom humor, a firma de contabilid ad e Lipis-
chultz, Levin & Gray, localizada em Northbrook, Illinois, empenhou-se imensa-
mente para promover sentimentos positivos entre seus funcionários. O executivo-
chefe, Steven Siegel, alega que os sentimentos positivos promovem o relaxamento
e aliviam o estresse, aumentam as receitas e atraem clientes e reduzem a rotativi-
dade. O bom humor é promovido em uma variedade de maneiras na Lipschultz,
Levin & Gray. Siegel é conhecido por colocar uma máscara de gorila em momen-
tos de ocupação extrema, os funcionários às vezes usam fantasia~ de galinha, uma
sirene anuncia que um novo cliente assinou contrato e os funcionários podem
fazer um intervalo e jogar, no escritório, golfe em miniatura ou dardo ou fazer
- -
exercício com bambolê (mesmo em épocas de sobrecarga). Vestir-se de modo
informal também melhora o clima na empresa. Por todos esses motivos, o bom
humor parece compensar para este grupo de contadores, cttjo espírito otimista
parece estar atraindo novos clientes.
Patrick Corboy, presidente e executivo-chefe da Austin Chemical, mudou sua
conta de uma empresa maior para a L ipschultz, Levin & Gray porque achava que
as pessoas na empresa maior eram "muito antiquadas e sérias para nós". Do conta-
dor William Finestone, que atualmente gerencia a conta da Austin Chemical, Cor-
boy diz o seguinte: "[ele] é um barril de risadas ... Bill não só resolve nossos pro-
blemas mais rapidamente, mas nos deixa à vontade também."66
No entanto, às vezes o mau humor pode ter suas vantagens. Alguns estudos
sugerem que o pensamento crítico e a abordagem do "advogado do diabo" podem
ser promovidos por um humor negativo e, às vezes, julgamentos especialmente
precisos podem ser feitos por gerentes mal-humorados.67
Os gerentes e outros membros de uma organização precisam perceber que o
modo como eles se sentem afeta o modo como tratam os outros e como os outros
respondem a eles, inclusive seus subordinados. Por exemplo, um subordinado
pode muito provavelmente se aproximar de um gerente com uma idéia maluca,
mas potencialmente útil, se pensar que o gerente está de bom humor. Da mesma
forma, quando os gerentes estão de muito mau humor, seus subordinados podem
tentar evitá-los a todo custo. A Figura 3.7 é um exemplo de uma escala que os
gerentes podem usar para medir a extensão em que uma pessoa sente bom e mau
humor no trabalho.

Inteligência Emocional
Para se entender os efeitos dos humores e da~ emoções dos gerentes e de todos
inteligência
emocional Capacidade
os trabalhadores, é importante levar em conta seus níveis de inteligência emo-
de entender e controlar os ciona] . A inteligência emocional é a capacidade de entend er e controlar os pró-
próprios humores e emoções prios humores e emoções e os dos outros.68 Os gerentes com um alto nível de
e os humores e emoções dos in teligência emocional têm mais probabi lidade de entender como eles estão se
outros. sentin do e porquê e são mais capazes de controlar efetivamente seus sentimentos.
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 93

Figura 3.7
Uma Medida do Bom e do As pessoas respondem a cada item ao indicar a extensão em que o item
Mau Humor no Trabalho descreve como elas se sentiram no trabalho durante a semana passada
de acordo com a seguinte escala:
Fonte: BRIEF, A. P.; BURK E, M. J.;
G EORGE, J. M.; ROBINSON, B. e 1 = Quase nada ou nem um pouco 4 = Bastante
W EBSTER, J. "Should Negative 2 = Um pouco 5 = Muito
Affec tivity Remain an Unmeasured 3 = Moderadamente
Variable in l he Study of Job Stress?"
Journal of Applied Psychology 73
(1988). p. 193-98; BURKE , M. J.;
BRIEF, A. P.; GEORGE, J. M.; __ 1. Ativo 7. Entusiasta
ROBERSON, L e WEBSTER, J.
"Measuring Affect at Work: __ 2. Angustiado 8. Medroso
Confirmatory Analyses of
Competing Mood Structures with __ 3. Forte 9. Vigoroso
Conceptual Linkage to Cortical
Regulatory Systems", Journal of __ 4. Empolgado __ 10. Nervoso
Personality and Social Psychology
57 (1989). p.1 901 -1102. 5. Sarcástico __ 11. Orgulhoso
__ 6. Hostil __ 12. Agitado

Pontuação: As respostas aos itens 1, 3, 4, 7, 9 e 11 são resumidas para pontuar


o bom humor; quanto mais alta a pontuação, mais bom humor é sentido no
trabalho. As respostas aos itens 2, 5, 6, 8, 10 e 12 são resumidas para pontuar o
mau humor; quanto mais alta a pontuação, mais mau humor é sentido no trabalho.

Qua ndo os gere ntes estão p assando por sentimentos e e moções estressantes,
como medo ou ansiedade, a inteligência emocional lhes p erm ite entender e
co ntrola r esses sentimentos d e modo que não atrapalhem a tomada de deci-
são e fetiva. 69
A inteligência emocional também pode ~judar os gerentes a desempen har seus
papéis importantes, tais como os papéis interpessoais (figurefu>,ad, líde r e formador
de a lia n ças). 7º Ente nder como os seus subo rdina dos se sentem, porque e les se
sentem assim e como lidar com esses sentimentos é cen tral para o desenvolvi-
me nto de vínculos interpessoais fortes com e les. 71 Alé m disso, a inteligê ncia e mo-
cional tem o potencial de contribuir para a liderança e fetiva de vária<; forma'i72 e
pode ~ju dar os geren tes a dar contribuições duradouras à socied ade, como des-
crito a seguir e m "O Gerente como Pessoa".

O Legado de Bernie Goldhirsh


1 Bernard (Bernie) Goldhirsh fundou a revista !NC. em 1979, quando empreen-
-
<ledores recebiam m ais notoriedade qu e respeito, se é que obtin ham alguma
-
a te nção.7 3 Goldhirsh e ra um empreendedor na época e possuía sua própria
editora. Ele reconheceu a<; vasta<; contribuições que os empreendedores pode-
riam fazer à sociedade, criando algo a partir do nada, e també m p e rcebe u como
a tarefa de les e ra difícil. 74 Sua inte ligênc ia e mocional o ~judou a e ntende r os
desafios e as frustrações que empreendedores como e le enfrentavam, bem
como suas necessidades de apoio.
Quando Gold hirsh fu ndou a INC., os empreendedores tinha m poucas pes-
soa<; àc; quais pudessem recorrer para recebe r co nselho, orientação e soluções a
O Gerente problemas gere nciais. A me. na'iceu para preenche r essa fal ha e forn ecer aos
como Pessoa empreendedores informações e apoio, descrevendo iniciativas empreendedo-
ras be m e m al-sucedidas, destacando técnicas gerenciais que fun c ionam e for-
necendo aos leitores relatos em primeira mão de como empreendedores bem-
sucedidos d esenvolveram e gere nciaram seus negócios. 75
94 Capítulo Três

Goldhirsh tinha uma mente inquisitiva e gostava de ir onde seus pensamen-


tos e conversas o levavam. Embora e le tenha fundado a revista INC. e inspirado
seu staff, ele deixava seus redatores e editores terem liberdade quanto ao con-
teúdo da revista. Eles eram especiaJistas escolhidos por Goldhirsh para escrever
e e ditar a revista, e ele percebeu que não era sua função interferir em questões
editoriais. O que ele fazia, e muito bem, era inspirar seu staff a ser entusiasta
quanto à missão da INC. e ao papel do empreendedor como explorador auto-
confiante, aventurando-se ao desconhecido. Como Goldhirsh ressaltou, os
empreendedores criam n ovos negócios "a partir do nada, apenas tela branca ... É
surpreendente. Alguém entra na garagem, não tem nada além de uma idéia, e
da garagem sai urna empresa, uma empresa viva. O que eles fazem é muito especial.
Eles são um tesouro. "76
A inteligência emocionaJ de Goldhirsh o ~judou a reconhecer as várias bar-
reiras que os e mpreendedores enfrentam e a montanha russa emocional d e se
apostar mdo o que se tem em uma idéia que pode ou não funcionar. Goldhirsh
acreditava que ajudar a sociedade a entender o processo e mpreendedor por
meio da revista JNC. não só ajudava os empreendedores, mas também dava escla-
recimentos aos banqueiros, legisladores e público em geral sobre o papel que
esses visionários desempenham, os d esafios que e nfre ntam e o apoio de que
suas iniciativas dependem. 77
Quando Goldhirsh foi diagnosticado com câncer de cérebro, aos 60 anos, ele ven-
deu a revista JNC. devido à insistência de seus médicos. Dos rendimentos da venda,
ele distribuiu $ 20 milhões aos funcionários da JNC. e dedicou $ 50 milhões a uma
fundação de apoio à pesquisa de câncer cerebral. Goldhirsh inspirou os funcionários
da INC. a reconhecer que a revista tinha acabado de iniciar e tinha mn importante e
crescente futuro adiante, e este certamente tem sido o caso.78 Foi um dia triste na
INC. quando Goldhirsh faleceu, mas também uma oportunidade para refletir sobre
as contribuições conónuas de um homem que viu o bem no empreendedorismo ,e
et~jos esforços para apoiá-lo vivem até hoje por meio da revista que ele fundou. 79

A inteligência emocional ~juda os gerentes a entender e a se relacionar bem


com as outras pessoas.!1(1 Também os ajuda a manter seu entusiasmo e confiança e
a transmitir energia aos subordinados para ajudar a organização a atingir seus
objetivos. 81Teorizações e pesquisas recentes sugerem que a inteligência emocio-
nal pode ser especialmente importante para despertar a criatividad e dos funcio-
nários.82 Os próprios gerentes estão reconhecendo cada vez mais a importância
da inteligência emocional. Como Andrea.Jung, CEO da Avon Products, indica: "A
inteligência emocional está em nosso DNA aqui na Avon porque as relações são
críticas em cada estágio de nossos negócios." 83 U m exemplo de uma escala que
mede a inteligência emocional é fornecido na Figura 3.8.

Cultura A personalidade é a maneira de entender porque todos os


gerentes e funcionários., como indivíduos, pensam e se com-
Organizacional portam normalmente d e formas diferentes. Entretanto,
quando as pessoac; pertencem à mesma organização, elac; fre-
qüentemen te tendem a compartilhar certas crenç.as e valores
que ª" levam a agir d e mane ira'> semelhantes.84 A cultura organizacional abrange o
co ~junto compartilhado de crenç.as, expecrativas, valores, norma<; e rotina<; de traba-
lho que influe m na maneira como os membros de wna organização se relacionam
uns com os outros e trabalham juntos para atingirem os o~jetivos organizacionai'I. Em
sua essência, a cultura organizacional reflete as maneiras características com que os
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 95

Figura 3.8
Indique a extensão em que você concorda ou discorda de cada um dos itens a seguir,
Uma Medida da
usando a escala de 1 a 7 abaixo:
Inteligência Emocional
2 3 4 5 6 7
Fonte: LAW, K.; WONG, C. e SONG, Discordo Discordo Discordo Não concordo Concordo Concordo Concordo
L. "lhe Construct anel Criterion totalmente parcialmente nem discordo parcialmente totalmente
Validity of Emotional lnteUigence
anel lts Potential Utility for
Management Studies", Joum al ol
Applied Psychology 89, n. 3 (2004), _ _1. Tenho um bom senso de porque tenho certos sentimentos na maior
p. 496; WONG, e. S. e LAW, K. S.
parte das vezes.
"The Effects of Leader anel Follower
Emotional lntelligence on _ _2. Sempre sei qual é a emoção de meus amigos a partir do
Performance and Altitude: An
Exploratory Study", Leadership
comportamento deles.
Quarterly 13 (2002), p. 243-74.
_ _3. Sempre estabeleço objetivos para mim e tento dar o meu melhor
para alcançá-los.

_ _4. Sou capaz de controlar meu temperamento para lidar com


as dificuldades de modo racional.

_ _5 . Tenho um bom entendimento de minhas próprias emoções.

_ _6. Sou um bom observador das emoções dos outros.

_ _7. Sempre digo a mim mesmo que sou uma pessoa competente.

_ _8. Sou muito capaz de controlar minhas emoções.


_ _9. Realmente entendo o que sinto.

_ 1 O. Sou sensível aos sentimentos e emoções dos outros.

_ 11 . Sou uma pessoa automotivada.

_ 12. Sempre consigo me acalmar rapidamente quando estou muito irritado.

_ 13. Sempre sei se estou ou não feliz.

_ 14. Entendo bem as emoções das pessoas à minha volta.

_ 15. Sempre me incentivaria a tentar o melhor de mim.

_ 16. Tenho um bom controle de minhas emoções.

Pontuação: Avaliação elas próprias emoções = soma dos itens 1, 5, 9, 13


Avaliação das emoções dos outros = soma dos itens 2, 6, 1O, 14
Uso da emoção = soma dos itens 3, 7, 11, 15
Controle da emoção = soma dos itens 4, 8, 12, 16

cultura membros da organização desempenham seus cargos e se relacionam com os


organizacional Conjunto
outros dentro e fora da organização. Ela pode, por exemplo, ser uma maneira
compartilhado de crenças,
característica de como os clientes de uma determinada rede de h otéis são tratados
expectativas, valores,
normas e rotinas de trabalho
desde o momento em que se registram até o final de sua estada ou pode represen-
compartilhados que influenciam tar as rotinas de trabalho compartilhadas que as equipes de pesquisa usam para
as maneiras como os guiar o desenvolvimento d e um novo produto. Quando membros da organização
indivíduos, grupos e equipes compartilham um compromisso intenso com valores, crenças e rotinas culturais e
interagem uns com os outros e
os utilizam para atingir suas metas, uma forte cultura organizacional existe. Quando
cooperam para atingir objetivos
os membros de uma organização não estão fortemente comprometidos com um
organizacionais.
sistema partilh ado de valores, crenças e rotinas, a cultura organizacional é fraca.
Quanto mais forte for a cultura de uma organização, mais se pode pensar
sobre a cultura como sua "personalidade", porque ela influencia a maneira
como os membros se por tam . 85 As organizações que possuem fortes culturas
96 Capítulo Três

podem diferir numa ampla variedade de dimensões que determinam como seus
membros se comportam em relaçào uns aos outros e como desempenham
seus cargos. Por exemplo, as organizações diferem em termos de como os mem-
bros se relacionam entre si (por exemplo, formal ou informalmente), como são
tomadas decisões importantes (por exemplo, de cima para baixo ou de baixo para
cima), da disposição para mudar (por exemplo, flexibilidade ou rigidez), inova-
ção (por exemplo, criatividade ou previsibilidade) e da capacidade de se divertir
(por exemplo, seriedade ou casualidade) . Em uma empresa com design inovador,
como a IDEO Product Development, no Vale do Silício, os funcionários são enco-
rajados a adotarem uma atitude divertida ao seu trabalho, a olharem para fora da
organização para encontrar inspiração e a adotarem uma abord agem flexível para
o design d e produto.86 A cultura da IDEO é vastamente diferente daquela de
empresas como Citibank e ExxonMobil, em que os funcionários tratam uns aos
outros de uma maneira mais formal e respeitosa e onde é esperado que os funcio-
nários adotem uma abordagem séria ao seu trabalho, e a tomada de decisão é
restrita pela hierarquia de autoridade.

Gerentes e Cultura Organizacional


Embora todos os membros de uma organizaçào possam contribuir para o desen-
volvimento e a manutenção da cultura organizacional, os gerentes desempenham
um papel particularmente importante n; influência da c~ltura organiza~ional,87
dados os seus importantes e múltiplos papéis (ver Capítulo 1). O modo como os
gerentes criam cultura é mais evidente em novas empresas que estão iniciando
suas atividades. Os empreendedores que iniciam suas próprias empresas costu-
mam ser também os dirigentes da empresa até que estas cresçam e/ ou passem are-
gistrar lucro. Usualmente referidos como os fundadores das empresa~, esses geren-
tes literalmente criam suas culturas organizacionais.
Freqüentemente, as características pessoais dos fundadores desempenham um
papel importante na criação da cultura organizacional. Benjamin Schneider, um
conhecido pesquisador da área de administração, desenvolveu um modelo que
ajuda a explicar o papel que as característica~ pessoais dos fundadores desempe-
nham na determinação da cultura organizacional.88 O modelo dele, chamado de
esquema atração- esquema atração-seleção-atrito (ASA), sugere que quando os fundadores contratam
seleção-atrito funcionários para sua~ nm;as empresa~, eles tendem a ser atraídos e a escolher frm-
(ASA) Modelo que explica cionários cuja~ personalidades são similares às suas.89 Esses funcionários com carac-
como a personalidade terísticas similares têm mais probabilidade de ficar na organização. Embora funcio-
pode influenciar a cultura nários que não tenham personalidade parecida possam ser contratados, eles têm
organizacional.
°
mais probabilidade de sair da organização com o pa~sar do tempo.9 Como resul-
tado desses processos de atração, seleção e atrito, a~ pessoas na organização tendem
a ter personalidades semelhantes, e o perfil típico ou dominante de personalidade
dos membros da organização determina e define a cultura organizacional.9 1
Por exemplo, quando David Kelley se interessou por desafios em engenharia e
design de produto, no final da década de 1970, ele percebeu que era uma pessoa
que não ficaria feliz trabalhando no ambiente corporativo típico. Kelley é muito
aberto a experiência~, determinado a se deixar levar por seus interesses e não se
contenta em seguir as diretivas dos outros. Kelley reconheceu que precisava come-
çar seu próprio negócio e, com a ajuda de outros engenheiros e especialistas em
design, formados em Stanford, na~ceu a IDE0.92
D esde o início, a cultura da IDEO incorporou a abordagem espirituosa e livre de
Kelley ao trabalho e ao design - de espaços de trabalho coloridos e informais a uma
ênfa~e em networkinge em se comunicar com o máximo de pessoa~ possível para enten-
der um problema de design. enhum projeto ou problema é grande ou pequeno
demais para a IDEO: a empresa desenhou o computador e o mouse Lisa, da Apple
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 97

(o precursor do Mac), e o Palm, bem como o tubo


de pasta dental Crest leat Squeeze e a garrafa de
água Edge, da Racer. Kelley odeia regras, títulos de
cargo, grandes escritórios e tod as as outras armadi-
lhas de grandes organizações tradicionais que enrije-
cem a criatividade. Os funcionários que são atraídos,
selecionados e continuam na IDEO valorizam a cria-
tividade e a inovação e adotam um d os lemas da
I DEO: "Fracasse freqüentemente para ter sucesso
mais cedo".93
Embora os processos A.')A sejam mais evidentes em
pequenas empresas como a IDEO, eles também
podem ser executados em grandes empresas.94 De
acordo com o modelo A.C:,A, este é um fenómeno que
Uma equipe da IDEO trabalha num projeto. A IDEO desenhou
vários produtos confiáveis, como o primeiro mouse Apple e ocorre naturalmente na medida em que os gerentes e
tubos de pasta de dente que podem ser colocados de pé. A n ovos contratados estão livres para fazer os tipos de
cultura "de diversão" da IDEO anda de mãos dadas com a escolhas que o modelo especifica. Embora as pessoas
natureza criativa de seus produtos e serviços. tendam a conviver bem com outras que são parecidas
com elas, a semelhança exagerada em uma organiza-
ção pode, na verdade, atrapalhar a efetividade organizacional. Ou seja, pessoas pare-
- - - -
cidas tendem a ver as condições e os eventos de formas parecidas e, assim, podem ser
resistentes à mudança. Além disso, as organizações beneficiam-se da diversidade de
perspectivas ao invés da semelhança de perspectivas (ver Capítulo 4) . Na IDEO, Kel-
ley reconheceu cedo o quanto é importante tirar vantagem de diversos talentos e
perspectivas que as pessoas com personalidades, formações, experiências e educa-
ção diferentes podem trazer a uma equipe de design. Por essa razão, as equipes de
design da IDEO não incluem apenas engenheiros, mas outros que possam ter um
insight único sobre um problema, como antropólogos, especialistas em comunica-
ções, doutores e usuários de um produto. Quando novos funcionários são contra-
tados na IDEO, eles se reúnem com vários outros que têm d iferentes formações e
características - o foco não é contratar alguém que irá "se encaixar", mas, em vez
disso, contratar alguém que tenha alguma coisa a oferecer e que possa "surpreen-
der" diferentes tipos de pessoas com seus insights.95
Além da personalidade, outras características pessoais de gerentes modelam a
cultura organizacional. Esta~ incluem valores, atitudes, humores, emoções e inteli-
gência emocional.96 Por exemplo, tanto os valores terminais quanto os instrumen-
tais dos gerentes desempenham um papel na determinação da cultura organiza-
cional. Os gerentes que valorizam muito a liberdade e a igualdade, por exemplo,
podem, mais provavelmente, ressaltar a importância da autonomia e de delegar
poder em suas organizações, bem como de dar tratamento justo a todos. Como
outro exemplo, os gerentes que valorizam muito ajud ar e ser generosos podem
não só tolerar erros, mas também tendem a enfatizar o quanto é importante para
os membros da empresa serem gentis e se ajudarem mutuamente.
Os gerentes que estão satisfeitos com seus empregos, comprometidos com suas
organizações e que têm bom humor e emoções positiva~ também poderiam susci-
tar essas atitudes e sentimentos nos outros. O resultado seria uma cultura organi-
zacional que enfatiza atitudes e sentimentos positivos. Pesquisas sugerem que ati-
tudes como satisfação no emprego e compromisso organizacional podem ser
afetadas pela influência dos outros. Os gerentes estão em uma posição extrema-
mente forte para se engajarem em influência social, dados os múltiplos papéis.
Além disso, pesquisas sugerem que o humor e a~ emoções podem ser "contagian-
tes" e que conviver com pessoas que estão empolgadas e entusiasmadas pode
aumentar os níveis de ânimo e entusia~mo de cada gerente.
98 Capítulo Três

O Papel de Valores e Normas na Cultura


Organizacional
Valores terminais e instrumentais compartilhados desempenham um papel parti-
cularmente importante na cultura organizacional. Os va/,ores terminais significam o
que uma organização e seus funcionários estão tentando realizar, e os vawres ins-
trumentais guiam as formas pelas quais organização e seus membros atingem os
objetivos organizacionais. Além dos valores, as normas compartilhadas também
são um aspecto-chave da cultura organizacional. Lembre-se de que as norma~ s.ão
regras informais, não escritas, ou diretrizes que prescrevem o comportamen to
adequado em determinada~ situações. Por exemplo, normas na IDEO incluem
não apenas ser crítico às idéias dos outros, mas também chegar a várias idéias
antes de estabelecer uma e desenvolver protótipos de novos produtos.97
Os gerentes determinam e modelam a cultura organizacional por meio de
tipos de valores e normas que promovem em uma organização. Alguns gerentes,
como David Kelley, da IDEO, cultivam valores e normas que encorajam tomadas
arriscadas, respostas criativas a problemas e oportunidades, experimentação,
tolerância a falhas a fim de ter sucesso e autonomia. 98 Os diretores de organiza-
ções como Intel, Microsoft e Sun Microsystems incentivam os funcionários a ado-
tar tais valores para apoiarem seu compromisso com a inovação como fonte de
vantagem competitiva.
Outros gerentes, entretanto, poderiam cultivar valores e normas que indicam
aos funcion ários que eles devem ser sempre conservadores e cautelosos ao lida-
rem com os outros e devem tentar consultar seus superiores ante.s de tomarem
decisões importantes ou de realizarem qualquer mudança no status quo. A~sumir
responsabilidade pelas ações e decisões é enfatizado, e registros detalhados são
mantidos para garantir que as políticas e os procedimentos sejam seguidos. Em
ambientes onde a cautela é necessária - usinas nucleares, grandes refinarias de
petróleo, indústrias químicas, instituições financeiras, empresas de seguro - uma
abordagem conservadora, cautelosa à tomada de decisões, poderia ser altamente
adequada. 99 Em uma usina nuclear, por exemplo, as conseqüências catastróficas
de um erro tornam vital um alto nível de supervisão. Da mesma forma, em um
banco ou em uma empresa de fundo mútuo, o risco dle perder dinheiro dos inves-
tidores torn a altamente adequada uma abordagem cautelosa ao investimento.
Os gerentes de diferentes tipos de organizações cultivam e desenvolvem delibe-
radamente os valores e normas organizacionais que são mais adequados à sua
tarefa e aos ambientes, estratégias ou tecnologia~ gerais. A cultura organizacional
é mantida e transmitida aos membros da organização por meio dos valores do
fundador, do processo de socialização, de cerimônias e ritos bem como de histó-
rias e linguagem (ver Figura 3.9) .

Figura 3.9
Fatores que Mantêm e
Valores Cerimônias
Transmitem a Cultura
do fundador e ritos
Organizacional

Histórias
Socialização
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 99

VALORES DO FUNDADOR A partir do modelo A.')A discutido, está claro


que os fundadores de uma organização podem ter efeitos profundos e duradouros
na cultura organizacional. Os valores dos fundadores os inspiram a iniciar .suas pró-
prias empresa<; e, por sua vez, dirigir a n atureza e as principais característica<; dela'i.
A'isim, o fundador de uma organização e seus valores terminais e instrumentais têm
uma influência substancial nos valores, norma<; e padrões de comportamento que
se desenvolvem com o tempo dentro da organização. 100 O s fundadores estabelecem
o modo como os valores e as norma<; culturais se desenvolvem porque seus próprios
valores gtúam o desenvolvimento da empresa e porque contratam outros gerentes e
funcionários que, acreditam, irão partilhar esses valores e ajudar a organização a
atingi-los. Além disso, novos gerentes aprendem rapidamente com o fundador quais
são os valores e a'i norma<; adequados na organização e, em conseqüência, o que se
deseja deles. Subordinados segi.1em o estilo do fundador e, por sua vez, transmitem
seus valores e normas aos seus subordinados. Gradualmente, com o tempo, os valo-
res e as norma<; do fundador permeiam a organização.101
ru m fundador que exige grandes demonstrações de respeito por parte dos
subordinados e insiste em convenções sociais, como títulos de cargos e modos de
vestir formais, encoraja os subordinados a agirem dessa maneira em relação aos
seus subordinados. Freqüentemente, os valores pessoais de um fundador afetam a
vantagem competitiva de uma organização. Por exemplo, Ray Kroc, fundador do
McDonald's, insistiu desde o início nos altos padrões do atendimento ao cliente e
de limpeza nos seus restaurantes. Estes se tornaram a'i origens essenciais da vanta-
gem competitiva do McDonald's. D a mesma forma, Bill Gates, fundador da Micro-
soft, liderou a cria ção de certos valores culturais em sua empresa. Espera-se que os
funcionários sejam criativos e traba lhem eficientemente, mas eles são encorajados
a se vestirem informalmente e a personalizarem seus escritórios. Gates também
estabeleceu um conjunto de eventos da empresa, como churrascos, piqueniques e
eventos esportivos para enfatizar aos funcionários a importância de ser tanto um
indivíduo quanto um membro de uma equipe.

SOCIALIZAÇÃO Com o tempo, os membros da organização aprendem uns


com os outros quais valores são importantes em uma organização e as normas que
especificam comportamentos adequados e inadequados. Eventualmente, os mem-
bros da organização se comportam de acordo com os valores e normas da organi-
socialização zação - freqüentemente sem perceber que estão fazendo isso. A socialização
organizacional O processo organizacional é o processo pelo qual os recém-chegados aprendem os valores e
pelo qual os recém-chegados as normas de uma organização e adquirem os comportamentos de trabalho neces-
aprendem os valores e sários para desempenharem seus cargos efetivamente. 102 Como resultado de suas
normas de uma organização e experiência<; de socialização, os membros da organização internalizam os valores
adquirem os comportamentos e normas de uma organização e se comportam de acordo com eles não só porque
de trabalho necessários para pensam que têm de fazer isso, mas porque pensam que esses valores e normas
desempenhar os cargos
descrevem a maneira certa e ad equada de se comportarem. 103
efetivamente.
a U niversidade Texas A&M, por exemplo, todos os calouros são encorajados a
ir ao ''Fish Camp" (Campo de Peixes) para aprenderem a ser um "Aggie" (o ape-
lido tradicional dos estudantes na universidade) . Eles aprendem sobre as cerimô-
nias que se desenvolveram com o tempo para comemorar eventos ou sobre pes-
soas significativas na história da Texas A&M. Além disso, eles aprendem a se portar
em jogos de futebol americano e na classe e também o que significa ser um Aggie.
Como resultado d esse programa de socialização altamente organizado, quando os
calouros chegam ao campus e começam seu primeiro semestre, eles já foram socia-
lizados no que um estudante da Texas A&M deve fazer, e têm relativamente pou-
cos problemas para se adaptarem ao ambiente da faculdade.
A maioria das organizações tem algttm tipo de programa de socialização para ~ju­
dar os novos funcionários a "ficarem por dentro" dos valores, das norma<; e da cultura
da organização. O exército, por exemplo, é bastante conhecido pelo rigoroso pro-
cesso de socialização que usa para transformar recrutas inexperientes em soldados
100 Capítulo Três

O Fish Camp na Texas A&M


é um programa anual de
orientação destinado a ajudar
os calouros (ou Peixes) a
fazerem a transição da vida
no colégio para a faculdade.
O Fish Camp da Texas A&M
acontece durante quatro dias
e tem a participação de 4.500
calouros por ano.

treinados. Organizações como a Walt Disney Company também fazem os novos


contratados passar por um rigoroso progTama de treinamento para lhes forne-
cer o con h ecimento necessário não só para o bom desempenho de suas fun -
ções, mas também para assegurar que cada funcionário faça sua parte em aju-
dar os visitantes na Disneylândia a se divertirem em um parque temático
respeitável. Novos contratados da Disney são ch amados "membros do elenco" e
freqüentam a Universidade Disney para aprenderem sobre a cultura Disney e
sua parte nela. A cultura Disney enfatiza os valores de segurança, cortesia,
entretenimento e eiiciência, e esses valores são vivenciados peDos recém-chega-
dos na Universidade Disney, onde também aprendem sobre a área de atração à
qual se ligarão (por exemplo, Aventureland ou Fantasyland) e então recebem
socialização, enquanto trabalham na área, de membros experientes do elen-
co .104 Por meio da socialização organizacional, os fundadores e gerentes de
uma organização transmitem aos funcionários os valores e normas culturais
que modelam o comportamento dos membros da organização. A~sim, os valo-
res e normas do fundador Walt Disney vivem hoje na Disneylândia ao passo que
os novos ingressantes são socializados pelo modo Disney.

CERIMÔNIAS E RITOS O utra forma de os gerentes criarem ou influencia-


rem a cultura organizacional é por meio do desenvolvimento de r:erimônias e ritos
organizacionais - eventos formais que reconhecem incidentes importantes para a
organização como um todo e para funcionários específicos. 105 Os ritos mais comuns
que a~ organizações usam para transmitir normas e valores culturais aos seus mem-
b ros são ritos d e passagem, de integração e de destaque (ver Tabela 3.1 ) .rn6
Os ritos de passagem determinam como os indivíduos entram, avançam ou saem
da organização. Os programas de socialização desenvolvidos pelas organizações
militares (como o Exército Norte-Americano) ou por grandes firmas contábeis e
de advocacia são ritos de passagem. Da mesma forma, as maneiras pelas quais
uma organização prepara as pessoas para promoção ou aposentadoria são ritos
de passagem.
Os ritos de integrar,ão, como anúncios com partilhados de sucessos organizacionais,
festas do escritório e churra~cos da empresa, desenvolvem e reforçam vínculos comuns
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 101

Tabela 3.1
Ritos Organizacionais

Tipo de Rito Exemplo de Rito Propósito do Rito


Ri to de Indução e Aprender e internalizar
passagem treinamento básico n ormas e valores
Ri to de Festa de Natal Construir normas e valores
integração n o escritório comuns
Ri to de Apresentação Motivar o compro me timento
destaque de premiação anual com normas e valo res

entre os membros da organização. A IDEO usa muitos ritos de in tegração para


fazer os funcionários se sentirem ligad os uns aos outros e especiais. Além de
terem festas comemorativas de "arrasar" no fim d e ano, os grupos de funcioná-
rios da IDE O tiram periodicamente um tempo de folga para irem a um evento
esportivo, ao cinema ou a um restaurante, ou, às vezes, para fazerem um longo
percurso de bicicleta ou d e barco. Esses tipos de atividades compartilhadas não
só reforçam a cultura da IDEO, mas também podem ser uma fonte d e inspiração
no e mprego (por exemplo, a IDEO te m se e nvolvido na r ealização d e filmes
como The Abyss e Free Willy) . U m estúdio d e d esign com 35 integrantes na IDEO,
+. - - • - - - - • • - - -

liderado por De nnis Boyle, faz almoços bimestrais sem agenda marcada - tudo
pod e acontecer. Enquanto desfrutam uma excelente comida, brin cad e iras e
camaradage m, os membros do estúdio freqüentemente acabam trocando idéias
para seus produtos mais recentes, e a conversa que flui livre me nte muitas vezes
conduz a insights criativos. 107
U m e ncontro anual da e mpresa também pode ser usado como ritual d e in te-
g ração, oferecendo uma oportunidade para a comunicação de valores organiza-
cionais aos gerentes, a outros funcionários e a acionistas. A Wal-Mart, por exem-
plo, faz d e suas reuniões anuais dos acionistas uma cerimônia extravagante que
celebra o sucesso da empresa. A empresa freqüentemente leva milhares de seus
funcionários com os melhores desempe nhos para seu e n contro anual e m sua sede
em Bentonville, Arkansas, em que acontece um ime nso festival de entretenimento,
com duração de um final de semana, que termina com apresentações de astros da
música country e western. A Wal-Mart acredita que ao recompensar com e ntrete-
- -
nim e nto aqu e le s que lh e d ão a p o io
reforça os valores e a cultura de alto
d e sempe nho da e mpre sa. O s proce di-
m entos são mostra dos ao vivo pelo c ir-
cuito interno de televisão em todas as
loj as Wa l-Ma r t, d e modo que todos o s
funcionários possam se juntar em ritos e
comemorar a<; realizaçõ es d a e mpresa . 108
O s ritos de destaque, como jantares de
premiações, artigos no jornal e promo-
çõ es d e fun c io n á rios, p e r mi te m que as
organizações reconheçam publicamente
e recompe n sem as contribuiçõ es dos fun-
cion ários e, ac;sim , reforcem o compro-
metime nto d e todos com os valores orga-
nizacionais. Ao vincular os membros da
organização, os ritos de reforçam os
Gerentes da Wal-Mart participam do encontro anual em Kansas City,
Missouri. A Wal-Mart acredrta que o entretenimento reforça sua cultura
valores e as normao; d e uma organização.
e valores de alto desempenho. Esses eventos, ou "ritos de integração", Ac; histárias e linguagem também comuni-
reforçam vínculos comuns entre os membros de uma organização. cam a cultura o rganizacional. As históriac;
102 Capítulo Três

(sejam fatos ou ficção) sobre heróis e vilões organizacionais e suas ações forne-
cem pista~ importantes sobre valores e normas. Essas história~ podem revelar os
tipos de comportamentos que são valorizados p ela organização e os tipos de práti-
ca~ que são vistos com ressalva. 109 No centro da rica cultura do McDonald's estão
centenas de histórias que os membros da organização contam sobre o fundador
Ray Kroc. A maioria delas concentra-se em como Kroc estabeleceu os valores e
normas operacionais estritos que estão no centro da cultura do Mc Donald's. Kroc
dedicou-se a atingir a perfeição na qualidade, serviço, limpeza e valor pelo
dinheiro do McDonald 's (QSC&V), e esses quatro valores centrais permeiam a
cultura do McDonald's. Por exemplo, uma história contada com freqüência des-
creve o que aconteceu quando Kroc e um grupo d e gerentes da região de Hous-
ton estavam visitando vários restaurantes. Um d eles estava tendo um dia ruim, em
termos operacionais. Kroc irritou-se com as longas filas de clientes e ficou furioso
quando percebeu que o produto que os clientes estavam recebendo naquele dia
não estava de acordo com seus altos padrões de exigência. Para resolver o pro-
blema, e le pulou o balcão, se pôs na frente deste e recebeu a atenção d e todos os
clientes e do pessoal operacional. Ele se apresentou, desculpou-se pela longa
espera e pela comida fria e disse aos clientes que eles poderiam receber seu
dinheiro de volta ou faze r novos pedidos - o que preferissem. Como resultado,
- - -
os clientes saíram satisfeitos, e quando Kroc, mais tarde, verificou o restaurante,
descobriu que essa mensagem tinha chegado aos seus gerentes e funcionários -
o d esempenho tinha se aprimorado. Outras história~ descrevem Kroc esfregando
banheiros sujos e recolhendo lixo dentro e fora do restaurante. Essa~ e outras his-
tórias semelh antes se espalham pela organização por meio dos funcionários do
McDonald's. Elas são as história~ que ajudaram a estabelecer Kroc como "herói"
do McDonald's.
Devido ao fato d e a linguagem falada ser o principal meio de comunicação na~
organizações, a gíria ou jargão característico - isto é, palavra~ ou frases específi-
cas da organização - que as pessoas usam para determinar e descrever eventos
fornecem pistas importantes sobre norma~ e valores. A "Mclinguagem'', por exem-
plo, é prevalecente em todos os níveis do McDonald's. Um funcionário do
McDonald 's descrito como tendo "ketchup no sangue" é alguém que se dedica
verdadeiramente ao jeito McDonald's - alguém que foi completamente sociali-
zado à sua cultura. O McDonald's tem um programa de treinamento extenso que
ensina a novos funcionários a "língua McDonald's" e que lhes dá as boa~-vindas à
família com uma orientação formal que ilustra a dedicação de Kroc à QSC&V.
O conceito da linguagem organizacional abrange não só a linguagem falada,
mas como as pessoas se vestem, os escritórios que ocupam, os carros que dirigem
e o grau de formalidade que usam quando se dirigem uns aos outros. Trajes casuais
refletem e reforçam a cultura e os valores empresariais da Microsoft. Trajes for-
mais de trabalho sustentam a cultura conservadora encontrada em muitos ban-
cos, o que enfatiza a importância de se adaptar a normas organizacionais, como
respeito pela autoridade e ficar dentro do papel prescrito por outrem. Traders em
bolsas de futuro e de opção de compra de ações em Chicago costumam usar gra-
vatas chamejantes e jaquetas extravagantes para marcar presença num mar de ros-
tos. A demanda por jaquetas vermelho-carmim, verde-limão e de Jamê prata com
imagens fortes, como dos Power Rangers - qualquer coisa que ajude os traders a
se destacarem e a atraírem clientes - é enorme. 11 0 Quando os funcionários falam
e entendem a linguagem da cultura de sua organização, eles sabem como se com-
portar e o que se espera deles.
Na IDEO, a linguagem, a forma de se vestir, o ambiente fisico de trabalho e a infor-
malidade extrema sublinham tuna cultura que é aventureira, divertida, favorável a ris-
cos, igualitária e inovadora. Por exemplo, na IDEO, os funcionários referem-se a consi-
derar a perspectiva dos consumidores quando concebem produtos como "se estivessem
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 103

no lugar do cliente"'. Os funcionários vestem camisetas e jeans, o ambiente físico


de trabalho está continuamente evoluindo e mudando, dependendo de como os
funcionários desejam personalizar seu espaço de trabalho, n inguém "é dono" de
um escritório luxuoso com janela, e as regras são inexistences. 111

Cultura e Ação Gerencial


Embora fundadores e gerentes desempenhem um papel crítico no desenvolvi-
mento, manutenção e comunicação da culmra organizacional, essa mesma cul-
tura modela e controla o comportamento de todos os funcionários, inclusive
dos próprios gerentes. Por exemplo, a cultura influencia a maneira como os
gerentes desemp~nham suas quatro funções principais: planejar, organizar, lide-
rar e controlar. A medida que consideramos essas fun ções, continuamos adis-
tinguir os diretores que criam valores e normas para incentivar o comporta-
mento criativo e inovador, diretores que encorajam uma abordagem
conservadora e cautelosa por parte de seus subordinados. Notamos anterior-
mente que ambos os tipos de valores e normas podem ser adequados, depen-
dendo da situação e do tipo de organização.

PLANEJAMENTO Os diretores, em uma organização com uma cultura ino-


vadora, provavelmente encorajam os gerentes de nível inferior a participar do pro-
cesso de planejamento e a desenvolver uma abordagem flexível ao planejamento.
É provável que eles estejam dispostos a ouvir nova.~- idéias e assumir riscos envol-
vendo o desenvolvimento de novos produtos. Em contraste, os d iretores em uma
organização com valores conservadores, provavelmente enfatizam o planejamento
formal de cima para baixo. Sugestões de gerentes de nível inferior provavelmente
ficam sttjeitas a um processo de revisão formal, o que pode tornar o processo de
tomada de decisão significativamente mais lento. Embora essa abordagem delibe-
rada possa aprimorar a qualidade da tomada de decisão em uma usina nuclear, ela
pode ter conseqüências não intencionais. No passado, na conservadora IBM, o
processo de planejamento tornou-se tão formalizado que os gerentes passavam a
maior parte de seu tempo montando apresentações complexa.~ com slides e plani-
lhas para defender suas posições em vez de pensarem o que eles deveriam fazer
para manter a IBM a par das mudanças que estavam acontecendo no setor de com-
putação. Quando o ex-CEO, Lou Gerstner, a.~sumiu, ele usou todos os meios à sua
disposição para abolir essa cultura, até mesmo construindo uma sede nova com
estilo de um campus para mudar a mentalidade dos gerentes. Conforme indicado
anteriormente no ''Byte de Tecnologia da Informação", a cultura da IBM está pas-
sando por mudanças profundas, iniciadas por seu novo CEO, Samuel Palrnisano.

ORGANIZAÇÃO Que tipos de organização os gerentes em culturas inovado-


ras e conservadoras incentivarão? Valorizando a criatividade, os gerentes em cul-
turas inovadora.~ provavelmente tentem criar uma estrutura orgânica, horizontali-
zada e com poucos níveis de hierarquia, em que a autoridade seja descentralizada,
de modo a incentivar os funcionários a trabalharem juntos para encontrarem
soluções a problemas que estejam ocorrendo. Uma estrutura de equipe de pro-
duto pode ser muito adequada para uma organização com uma cultura inova-
dora. Em contrapartida, os gerentes em uma cultura conservadora provavelmente
criem uma hierarquia bem definida de autoridade e estabeleçam claras relações
de subordinação de modo que os funcionários saibam exatamente a quem se
reportam e como reagir a qualquer problema que surja.

LIDERANÇA Em uma cultura inovadora, os gerentes provavelmente


lideram pelo exemplo, incentivando os funcionários a assumir riscos e a
experi mentar. Eles dão apoio independentemente de os funcionários
terem sucesso ou não. Em contraste, os ger entes em uma cultura conserva-
dora provavelmente usam a administração por objetivos e constantemente
104 Capítulo Três

mo nitora m o progresso dos subordinados e m direção às me tas, supe rvisionando


cada iniciativa. Examinaremos a lideran ça e m d e talhes n o Capítulo 13, qua ndo
considerare mos o s estilos de liderança que os gere ntes pode m adotar para influen-
ciar e modelar o comportamento dos funcionários.
CONTROLE Ac; ma ne ira-; como os gerentes avalia m e agem para aprimora r o
d esempe nho difere m conforme a cu ltura organizacional e nfatiza a forma lidade e
a cautela ou a inovação e a mudança. Os gerentes que quere m incentivar tomada-;
arriscad as, criatividade e inovação reconhecem que há várias tr~j etó ria<> para o
sucesso e que o fracasso d eve ser aceito para que a criatividad e prospe re . Ac;sim,
e les se preocupam me nos se os funcionários estão desempe nhando seu traba lho
d e uma maneira específica, predeterminada e em estrita adesão aos objetivos pre-
estabelecidos, e mais com que st:jam fl exíveis e est<:jam toma ndo inic iativas p ara
terem id é iac; que aprimorem o d esempe nho. Os gere n tes e m cu llllras inovadorac;
tam bé m estão mais ate ntos ao d esempe nho a longo prazo que a meta<; de curto
prazo, porque reconhecem que a inovação efetiva e nvolve muita incerteza, que
necessita d e flexibilidade. Em contraste, os gerentes e m culturas que e nfatizam a
caute la e a manute n ção d o status quo muitas vezes esta be lecem o~jetivos esp ecífi-
cos, difíceis para os fun cio n á rios, freqüen ternente monitora m o progresso e m
direção a esses objetivos e d esenvolvem um conjunto claro d e regras, ao qual o s
funcionários deve m aderir.

Os valores e normas da cultura de urna organização afetam fortemente a


mane ira corno os gerentes d esempenham suas fun ções. A extensão em que os
gerentes aceit.am os valores e normas de suas organizações define sua visão do
mundo e suas ações e decisões em circunstâncias específicas. 112 Por sua vez, as
ações dos gerentes podem ter um impacto no d esempenho da organização. Assim,
a cultura orga nizacional,. a ação gerencial e o desempenho organizacional estão
todos ligados.
Essa ligação é evidente na H ewlett-Packard (HP), líde r na indústria d e instru-
mentação e letrônica e d e computadores. Estabelecida na década d e 1940, a HP
d esenvolveu uma cultura que é um desdobramento d e fortes crença<> pessoais dos
fundadores da e mpresa, William Hewlett e David Packard. Bill e Dave, como são
conhecidos dentro da empresa, formalizaram a cultura da H P em 1957, em uma
d eclaração dos objetivos corporativos conhecida corno "H P Way" (O Jeito HP) . O s
valores básicos que informam o HP Way enfatizam atender com integridade e jus-
tiça a todos que tenham interesse na e mpresa,. inclusive clientes, fornecedores,
funcionários, acionistas e sócios em geral. Bill e Dave ajudaram a dese nvolver essa
cultura dentro da HP contratando pessoas que p e nsam da mesma maneira e dei-
xando o HP Way guiar suas próprias ações.
Embora o exemplo d a H ewlett-Packard e d a IDEO, nosso exemplo anterior,
ilustrem como a cultura organizacional pode fazer surgir ações gerenciais que
acabam beneficiando a organização, nem sempre é esse o caso. As culturas d e
algumas organizações tornam-se disfuncionais, ince ntivand o ações que afetam a
organização e d esencorajando ações que pode riam levar a um aprimoramento no
d esempenho ..11 3 Escândalos corporativos recentes e m grandes e mpresas, como
Enron, Tyco e WorldCom, mostram o quanto uma cultura d isfuncional pode ser
prejudicial para uma organização e seus me mbros. Por exemplo, a cultura arro-
gante da Enron, de "su cesso a todo custo", levou ao comportamento fraudul ento
por parte d e seus diretores.11 4 Infelizmente, centenas d e fun cionários da Enron
pagaram um preço alto pelo comportamento antiético desses diretores e da cul-
tura organizacional disfuncional. Esses fun cionários não perderam apenas seus
empregos, mas muitos també m perderam a poupança que fi zeram a vida tod a nos
fundos de ações e pensão da Enron, que se tornaram apenas uma fração de seu
valor anterior antes d e a ação ilícita da e mpresa vir à tona. Discutiremos, com pro-
fundidade , ética e culturas éticas no próximo capítulo.
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 105

Resumo e cARACTERísT1cAs DURADOURAS: TRAços


DE PERSONALIDADE Os traços de personalidade

ReVI.sa-o são tendências duradouras de sentir, pensar e agir d e


dete rminadas m aneiras. Os C inco Grandes traços gerais
são extroversão, afetividade negativa, amabilidade, cons-
ciência e abertura a experiências. Outros traços de personalidade que afetam o
comportamento gerencial são o Locus de controle, a auto-estima e as necessidades
de realização, afiliação e poder.

VALORES, ATITUDES E HUMORES E EMOÇÕES Um valor terminal


é uma convicção pessoal sobre metas e objetivos ao longo da vida, enquanto um
valor instrumental é uma convicção pessoal sobre modos de conduta. Os valores
terminais e instrumentais têm impacto no que os gerentes tentam alcançar em
suas organizações e nos tipos de comportamentos em que eles se engajam. Uma
atitude é um cmtjunto de sentimentos e crenças. Duas atitudes importantes para
entender os comportamentos gerenciais incluem a satisfação no trabalho (o con-
junto de sentimentos e crenças que os gerentes têm sobre seus empregos) e o
compromisso organizacional (o c01tjw1to de se ntimentos e crenças que os geren-
tes tê m sobre sua organização) . Um humor é um sentimento ou estado mental. A">
emoções são sentimentos intensos que duram pouco e estão diretamente ligados
às suas causas. Os humores e as emoções dos gerentes, ou como e les se sentem no
trabalho no dia-a-dia, têm o potencial de afetar não só o próprio comportamento
e a efetividade deles, mas também de seus subordinados. A inteligência emocio-
nal é a capacidade de entender e lidar com os próprios humores e emoções e com
os das outras pessoas.

CULTURA ORGANIZACIONAL A cultura organizacional é o conjunto


compartilhado de crenças, expectativas, valores, normas e rotinas de trabalho que
influenciam a maneira como os membros de uma organização se relacionam uns
com os outros e trabalham juntos para atingirem os objetivos organizacionais. Os
fundadores de novas organizações e os gerentes desempenham um papel impor-
tante na criação e manutenção da cultura organizacional. A socialização organiza-
cional é o processo pelo qual os recém-chegados aprendem os valores e normas:
de uma organização e adquirem os comportamentos de trabalho necessários para
desempenharem efetivamente seus cargos.
Tópicos para Discussão e Ação
Discussão Ação em termos de inteligência
5. Entreviste um gerente em uma emocional. Enquanto você
1. Discuta por que os gerentes que
têm diferentes tipos de persona- organização local. Peça-lhe para assistia ao programa, quais
descrever situações em que é fatores influenciaram suas
lidades podem ser igualmente
muito provável que ele aja de avaliações de níveis de
efetivos e bem-sucedidos.
acordo com seus valores e inteligência emocional?
2. Os gerentes podem estar muito
também para descrever 7. Vá até uma loja de roupas finas
satisfeitos com seus empregos?
situações em que é menos em sua vizinhança e vá a uma
Eles podem estar bastante
provável que ele aja de acordo loja que, sem dúvida, não é para
comprometidos com suas
com seus valores. consumidores de renda elevada.
organizações? Por quê?
pro~rama Observe o comportamento dos
- - . . 6. Assista a um popular
3. Suponha que você é gerente de de televisão e, enquanto você o funcio nários em cada loja e
um restaurante. Descreva como também o ambiente da loja. De
assiste, tente determinar os
é trabalhar para você quando níveis de inteligência emocional que forma as culturas
você está de mau humor. dos personagens interpretados organizacionais em cada
4. Por que os gerentes podem ser pelos atores no programa. loja são semelhantes?
prejudicados por baixos níveis Classifique os personagens do De que forma são
de inteligência emocional? nível mais alto ao mais baixo, diferentes?

Desenvolvendo Habilidades Gerenciais


Diagnosticando a Cultura
Pense na cultura da última organização em que você trabalhou, da sua atual universidade
ou de outra organização ou clube ao qual você pertence. Posteriormente, responda as seguintes
questões:

1. Que valores são enfatizados 3. Quem parece ter desempenhado 4. De que forma a cultura
nesta cultura? um papel importante na criação organizacional é comunicada
2. Que normas os membros dessa da cultura? aos membros da organização?
cultura seguem?
Gerenciando com Ética
lgumas organizações contam com personalidade para selecionar em um teste de honestidade
A um histórico de interesses e per-
sonalidade para selecionar funcionários
funcionários potenciais. Como conduzido por um empregador.
essa prática poderia ser injusta Quais são as implicações éticas
potenciais. O utras organizações tentam aos candidatos potenciais? Como de pessoas confiáveis "falharem"
selecionar func ionários por meio de os membros da organização que em testes de honestidade e quais
testes escritos de honestidade.
estão encarregados de contratar obrigações você acha que os
Questões poderiam fazer mau uso disso? empregadores devenn ter quando
1. Individualmente ou em grupo, 2. Devido a erros de medida e contam com testes de honestidade
pense nas implicações éticas de problemas de validade, algumas para selecionar os objetivos?
usar históricos de interesses e pessoas confiáveis podem "falhar"

Exercício Preparatório em Pequenos Grupos


Tomando Decisões em Tempos Difíceis
Forme grupos de três ou quatro pessoas e aponte um membro do grupo como porta-voz, que irá
comunicar suas conclusões para toda a classe quando chamado pelo instrutor. Então, discutam o
cenário a seguir.

ocê está na equipe de diretores de esta é uma parte importante da cultura 1. Desenvolva uma lista de opções e
V uma empresa de médio porte que
fabrica caixas de papelão, contêineres
da organização. Entretanto, você está cursos potenciais de ação para
sofrendo uma pressão crescente para lidar com a concorrência acirrada
e outros materiais para embalagem aumentar o desempe nho de s ua
e a queda nos lucros que sua
com papelão. Sua empresa está enfren- empresa e sua política de não demiti r
empresa está sofrendo.
tando níveis cada vez maiores de con- tem sido questionada pelos acionistas.
2. Escolha seu modo preferido de
corrência para importantes contas de Embora você não tenha decidido se
clientes corporativos e os lucros têm deve demitir os funcionários e, assim, ação e justifique por que você
caído signifi cativamente. Você tentou quebrar com a tradição de 20 anos de tomará esse caminho.
tudo o que podia para cortar custos e sua empresa, correm rumores em sua 3. Descreva como você comunicará
continuar competi tivo, com a exceção organização de que algo está para sua decisão aos funcionários.
de demitir funcionários. A empresa tem acontecer e os fu ncionários estão preo- 4. Se a sua opção preferida envolve
seguido uma política de não demitir nos cupados. Você está se reunindo hoje
uma dispensa temporária,
últimos 20 anos e você acredita que para tratar do problema.
justifique por quê. Se não envolver
uma dispensa temporária, explique
por quê.

Pesquisa na Internet
á ao site da IDEO (www.ideo.com) Como o design do site, as fotos e as que seriam atraídas para a IDEO? Que
V e leia sobre essa empresa. Tente
encontrar indicadores da cultura da
palavras que ele contém comunicam a
natureza da cultu ra organizacional da
tipos de pessoas você acha que prova-
velmente ficariam insatisfeitas com um
1DEO que sejam fornec idos no site. IDEO? Que tipos de pessoas você acha emprego na IDEO?
Você é o Gerente
ecentemente você foi contratado de cada um desses departamentos e departamentos e mau humores e
R como vice-presidente de recur-
sos humanos em uma agência de
em cada um parece que há alguns
membros que estão criando todos os
emoções negativas são muito mais
prevalecentes que os senti mentos
publicidade. Um dos problemas que problemas. Todos esses indivíduos positivos. O que você irá fazer tanto
chamou sua atenção é o fato de que são colaboradores valiosos, que têm para reter funcio nários valiosos
nos departamentos de criação da muitas campanhas publicitárias criati- quanto para aliviar conflitos e senti-
agência há muito conflito, o que é dis- vas a seu favor. Os níveis altos de mentos negativos excessivos nesses
fu ncional. Você fa lou com membros conflito estão criando problemas nos departamentos?

BusinessWeek Casos na Mídia


A Odisséia de uma tes. Estou desapontado quanto ao fato com o CEO Daniel S. Lynch, recente-
de ter demorado tanto. E estou tri ste mente nomeado: "Todos na empresa
Droga Contra o
por não estar na empresa que foi uma acreditaram realmente que esta droga
Câncer parte tão importante de minha vida funcionava." Por essa razão, a lmClone
arlan W. Waksal tinha acabado de durante 20 anos."
H aterrissar em Telluride, Colorado,
para esquiar nas férias com sua famí-
Uma mistura parecida de emoções
atin giu praticamente todos aqueles
conseguiu preservar todo o seu staff
sênior e a rotatividade de fun cionários
manteve-se entre 2 e 3 % nos últimos
lia, quando recebeu uma ligação em ligados ao Erbitux, uma droga que tinha dois anos. Lily W. Lee, vice-presidente
seu telefone celular que só pôde des- ganhado mais fama por seu papel em de assuntos de regulação, reconhece
crever como "presente de grego". Erbi- uma série de escândalos corporativos que "houve tempos em que todos nós
tux, a droga contra o câncer q ue o Dr. do que por sua eficácia contra o câncer. pensávamos em sair, ou quando nos-
Waksal tinha passado a última década Desde que a FDA se recusou a consi- sos amigos íntimos diriam: 'Você não
desenvolvendo, como co-fundador da derar a primeira solicitação da lmClone, acha que deveria sair?'". Mas, diz ela,
lmClone Systems lnc., havia finalmente em 28 de dezembro de 2001 , a ''todos estavam concentrados em levar
ganhado aprovação da Food & Drug empresa chocou o mercado com o pri- a droga aos pacientes. Todo o resto era
Administration, em 12 de fevereiro. vilégio de informações (insider trading) apenas ruído".
Waksal, porém, não conseguiu come- e escândalos fiscais, os preços de suas Não se supunha que seria tão difícil.
morar com seus colegas da 1mClone, ações ricocheteando, audiências no Em 2001 , o Erbitux, um anticorpo que
pois pedira demissão em julho. Nem Congresso, mudanças na diretoria e bloqueia o crescimento da célula do cân-
podia dividir essa alegria com seu irmão questões constantes sobre o funciona- cer, foi uma estrela da biotecnologia. Um
e co-fu ndador da lmClone, Samuel D. mento da droga. A indignidade final: o experimento clínico verificou que o Erbi-
Waksal. Sam estava cumprindo sete Erbitux desempenhou um papel líder tux reduzia ou estabilizava tumores em
anos na prisão por uso de informações no julgamento de Martha Stewart por 22,5% dos pacientes com câncer de colo
privilegiadas em negociações e o tele- obst rução da justiça, relacionado à avançado, um resultado marcante para
fone celular de Harlan não era um dos venda de ações da lmClone, em 27 de uma droga contra câncer. Naquele mês
números de telefone para o qual tinha dezembro de 2001. de setembro, a Bristol-Myers Squibb Co.
permissão para ligar. tinha pagado$ 2 bilhões por uma partici-
Ainda, disse Harlan: "Fico eufórico Verdadeiros Crentes pação de 20% na lmClone e uma partici-
por termos sido capazes de levar uma A lmClone sobreviveu a toda a tor- pação nos direitos de marketing nos
nova droga contra o câncer aos pacien- menta por uma única razão, de acordo Estados Unidos. A lmClone preen-
cheu seu pedido de aprovação um mês muita discussão sobre para onde ir, mas que ficou sem líder durante quase dois
depois. toda a nossa atenção estava focada no anos, finalmente recebeu um comissá-
Mas, no início de dezembro, a FDA fato de que a carta de recusa em regis- rio. Dr. Mark B. McClellan deixou claro
estava perdendo o entusiasmo. Fontes trar nunca questionou se a droga era efe- que queria agilizar as aprovações de
próximas ao processo de aplicação tiva", diz Dr. Andrew G. Boclnar, vice-pre- drogas, que tinham escasseado desde
dizem que houve uma divisão na agên- sidente sênior de estratégia da Bristol. 2000, e a confiança de Wall Street em
cia, que na época não tinha diretor. A relação entre os dois sócios per- todo o setor de biotecnologia subiu. "Se
Alguns funcionários discordaram do maneceu fria por algum tempo, entre- a aplicação seguiria um caminho dife-
design do experimento clínico da tanto, a lmClone ficou firme no pro- rente sem o Comissário McClellan, não
lmClone porque ele testava o Erbitux cesso de solicitação, e uma fonte da posso dizer", diz Bodnar. "Mas a pre-
somente em combinação com a qui- empresa diz que a Bristol "ridicularizava sença dele certamente não retardou o
mioterapia-padrão. Não havia "grupo de a abordagem que tomamos. Eles a processo."
controle" que testasse a droga sozinha. chamaram de 'Aprovação Salve Maria'". Logo foi a vez da própria lmClone
Quando a FDA rejeitou a solicitação, Aquela abordagem seria para basear mudar sua liderança. Harlan foi solici-
em 28 de dezembro, Lee diz que a um novo registro sobre um experimento tado a deixar a direção em abril de
equipe da lmClone ficou chocada com de 329 pacientes do Erbitux só na 2003, após investigação federal de
o número de objeções. A maioria das Europa, realizado pela Merck KGaA da impostos que a empresa não pagou
cartas, de uma ou duas páginas, estava Alemanha. A Merck estava testando só sobre as opções de compra de ação de
recusando a solicitação e nunca foram o Erbitux em metade dos pacientes e
Sam. Em julho, Harlan decidiu demi-
publicadas. "É assustador receber uma em combinação com químio em outra tir-se definitivamente. Lynch tornou-se
carta de nove páginas recusando a metade, dando à FDA o controle que
a primeira pessoa sem o sobrenome
solicitação", diz Lee. Ainda por cima, a ela queria. "É difícil dizer se a Bristol
Waksal a dirigir a lmClone.
---&- ,_: ··----'- --.. - - :------- -- . . ...... , .... -...... ""' ""''' ·~·· u
carta fo i vazada para a imprensa em estava de acordo com o estudo da
l i • • ....,,...,, ,....,.

O trabalho de Lynch ficou mais


janeiro. "Aquela carta reescreveu a his- Merck", diz Lee, "mas a FDA estava."
fácil. Na primavera de 2003, resulta-
tória de nossas interações com a FDA Publicamente, a lmClone estava
dos preliminares de experimentações
e quando tornou-se pública, deu a sendo ceifada por vários motivos dife-
da Merck chegaram , e a empresa
impressão de que a empresa tinha sido rentes. Sam Waksal pediu demissão
desonesta", diz Harlan. alemã relatou uma taxa de resposta
como CEO em abril de 2002, e foi suce-
O ato de desonestidade ficou ainda de 22,9%, ligeiramente melhor que
d ido por Harlan. Em junho, Sam fo i
mais evidente na primavera, quando aquela que a lmClone tinha obtido em
preso por privilégio de informação e foi
foi descoberto que Sam Waksal tinha sua experimentação anterior. Em 5 de
declarado culpado em outubro. "Todos
tentado vender todas as suas ações junho de 2003, representantes da
ficaram num estresse incrível, mas eu
da lmClone a um preço mais baixo, Bristol e da lmClone reuniram-se com
fiquei extremamente impressionado
em 27 de dezembro, depois que um funcionários da FDA. "Eles nos disse-
com a capacidade do pessoal da
funcionário da FDA vazou a informa- lmClone para se dividir", diz Dr. John ram 'apresentem os resultados'", diz
ção de que a solicitação tinha sido Bodnar, um sinal seguro de que a
Mendelsohn, co-descobridor do Erbitux
recusada. Mesmo antes de seu pânico e presidente do M. D. Andersen Cancer agência estava feliz com os novos
tornar-se público, a Bristol-Myers não Center, em Houston . Na Bristol, de dados do Erbitux.
estava certa se queria qualquer parte acordo com Bodnar, "continuamos Em 14 de agosto, a 1mClone deu
da con fusão. Lynch, que tinha che- dizendo: 'É a droga, idiota'". entrada novamente em seu pedido e
gado na lmClone como diretor finan - Harlan, que conduziu o processo dessa vez a droga passou rapidamente.
ceiro em abril de 2001 , foi um nego- de aprovação, diz que se reunia toda O Erbitux ganhou aprovação exata-
ciador importante no acordo original semana com os executivos da lmClone mente seis meses depois, e foi colo-
com a Bristol. Em janeiro de 2002, ele num esforço para elevar a moral. "Eu cado à venda em 24 de fevereiro, a um
teve de interceptar os esforços da os encorajava a fazer qualquer per- custo de $ 2.500 por dose.
Bristol de descumprir o acordo. Sua gunta que quisessem." A lmClone Ainda há alguns obstáculos poten-
atitude : " Acordo era acordo". A também montou um sistema que per- ciais. A lmClone deve ganhar a certifi-
lmClone concordou em aceitar paga- mitia aos funcionários fazer perguntas cação do FDA de sua própria fábrica de
mentos ligeiramente mais baixos da anonimamente. manufatura para o Erbitux e a produção
Bristol, mas era isso ou nada. Reforçar a confiança do investidor foi está sendo feita fora. A empresa tam-
muito mais difícil. Em setembro de 2002, bém precisa ganhar aprovações para
"Aprovação Salve Maria" as ações da lmClone afundaram para outros tipos de câncer, se quiser maxi-
Depois de uma reunião com a FDA, em $ 5,24, de mais de $ 70 por ação um mizar as vendas. O Erbitux agora está
fevereiro de 2002, a Bristol decidiu que ano antes. Mas a situação começou a sendo testado em câncer de ovário,
valia a pena aceitar o Erbitux. "Houve melhorar em novembro, quando a FDA, cabeça, pescoço e pulmão.
109
Quanto aos dois fundadores, Sam dalos recentes, a lmClone - e os 3. Como você caracterizaria as
tem seis anos de sentença para cumprir, pacientes - acabaram com um produto. atitudes e valores dos funcionários
e Harlan está pensando no que fará a da lmClone?
seguir. Mendelsohn recusa-se a jogar Questões 4. Como a inteligência emocional
pedra nos únicos dois homens dispos-
1. Que valores e normas são poderia ajudar a explicar o
tos a darem uma chance à sua droga,
enfatizados na cultura da sucesso da lmClone em trazer o
no início da década de 1990. Tudo o que
lmClone? Erbitux ao mercado?
se poderia dizer é que, "Sam foi muito
visionário", diz Mendelsohn. E Harlan 2. Por que os funcionários ficaram na
Fonte: Reimpressão da edição de 8 de março de
observa que, ao contrário de muitas empresa, que passou por todos os 2004 da BusinessWeek, com permissão especial.
outras empresas envolvidas em escân- escândalos e por tempos difíceis? Copyright © 2004 by McGraw-Hill Companies.

Casos na Mídia
Sou um Mau Chefe? Michigan, a epifania veio quando, depois aplicando terapia de sistemas familiares
de anunciar que ele estaria fora em via- às organizações de negócio para con-
Culpe meu Pai gem de negócios, ele notou um secreto frontar o que passou a ser visto como
ara Peter Tilton, a revelação do
P escritório veio em fevereiro pas-
sado. Ele estava sentado numa sala
ar de alegria no escritório. Hoje, ele sabe
o por quê. "Ninguém era bom o bas-
uma nova fronteira na produtividade. A
ineficiência emocional, que inclui todo
tante", diz Whitehead, que se refere a si aquele arsenal de bate-boca, traições e
de conferência na sede da empresa, mesmo como um sujeito temperamental, situações ridículas para se obter apro-
reunido com o gru po que ele geren- gerador de estresse. "Eu tive uma mãe vação, que são uma marca do local de
ciava, quando um colega "incompe- que nunca me aprovava e adotei, sem trabalho moderno. Um estudo de dois
tente" começou a alfinetá-lo sobre seu perceber, isso em meu estilo gerencial." anos, feito por Brian DesRoches, psicó-
próprio progresso num projeto. Tilton O fato de esses executivos alta- logo de Seattle, verificou que esses dra-
teve a sensação que ia explodir, mente racionais, que usam o lado mas costumam ocupar de 20% a 50%
aquele ataque repentino que o fez
esquerdo do cérebro, irem fundo em do tempo dos trabalhadores. A teoria
sentir como se estivesse num surto
seus passados, ilustra uma nova cor- também está ganhando mais destaque
adolescente.
rente da terapia organizacional entre os à medida que as corporações se tor-
Em segu ndos, ele estava dando
santuários internos do poder corpora- nam cada vez mais cientes de que os
socos no quadro branco e "berrando
tivo. O conceito básico: as pessoas ten- funcionários talentosos saem por causa
como louco". Mesmo num lugar como .,, __ - -·---=-.. -··- ..1:_.:._: __ , __:1:-- - - -'-- -L..-'--- - -=- .... __ -------- - -··-
vv•••v I V\.1\.#V • ' " '" " ' ' ' " " ' ' ' " ' ' ' ' 1\,1~\A· VV l llV
dem a recriar sua dinâmica familiar no dos chefes, e não das empresas, e que
a Microsoft Corp., onde Tilton diz que
trabalho. A idéia está ganhando adep- os CEOs freqüentemente são contrata-
os colegas de trabalho criticam as
tos entre os especialistas organizacio- dos por suas competências e despedi-
idéias uns dos outros chamando-as de
"estúpidas", este não era exatamente nais, que dizem que aqueles que se dos por suas personalidades.
um comportamento de um funcionário opõem à corporação às vezes podem Olhar para trás para ir para frente faz
que se tornaria executivo de nível de se portar como bebês chupando o sentido, dizem os pesquisadores de
diretoria. A explosão emocional, agora dedo, de calça curta, carentes da apro- dinâmica de grupo, considerando que a
Tilton percebe, foi estranhamente seme- vação dos chefes "mamãe e papai" e primeira organização à qual as pessoas
lhante àquela que ele teve na sétima desejando a morte para colegas pertencem são suas famílias, sendo os
série, quando seus pais - "maus enten- "irmãos" que roubam a cena. As discus- pais os primeiros chefes e os irmãos, os
dedores crônicos" - o proibiram de sões da diretoria podem ter brigas que primeiros colegas. "Nossas noções origi-
usar seu jeans com rasgos nos joelhos lembram aquelas à mesa de jantar da nais de uma instituição, de uma estrutura
para ir à escola. Era 1967, e ele estava família. Políticas de escritório podem de autoridade, de poder e influência são
no auge de sua fase hippie. "E eles que- assumir as dimensões de Ícaro desres- todas forjadas na família", diz Warren
riam que eu usasse calça tradicional", peitando seu pai - ou Hamlet matando Bennis, guru da administração e profes-
diz Tilton. seu tio Cláudio. sor de administração na Universidade do
Para Bert Whitehead, CEO da Cam- Com o respaldo de novas pesquisas Sul da Califórnia. Acrescenta Dr. Scott
bridge Connection, uma empresa de pla- em dinâmica do trabalho, um número C. Stacy, diretor do programa clínico
nejamento financeiro em Franklin Village, maior de instrutores e consultores está do Professional Renewal Center, em
110
Lawrence, Kansas City: "Este é um o s ucesso depende totalmente do exemplo, geralmente acontece em
imenso e ntendimento de como os desempenho das equipes, tão perfeito qualquer ocasião em que as pessoas
negócios funcionam em toda parte". quanto o maquinário impecável em uma se reúnam. O mesmo acontece com as
vitrine de uma fábrica Six Sigma. E as reclamações.
Herói, Bode Expiatório, Mártir corporações contratam trabalhadores
Isto pode parecer muito "conversa cujas famíl ias têm mais probabilidade Histeria Histórica
fiada", mas ao realizarem raios-X do de se parecerem aos Osbournes que a Sem dúvida o passado fam iliar de
passado dos clientes, os instrutores Ozzie e a Harriet. Personalidades, emo- alguém ainda pode se infiltrar no cená-
têm ajudado executivos em empresas ções, tiques de comportamento - tudo rio profissional. Reconhece-se fac il-
tão diversas quanto Los Angeles começou a assumir uma dimensão mente, dizem os especialistas, quando
Times, State Farm lnsurance e Ameri· maior em uma era em que os negócios um colega de trabalho ou supervisor
cain Express a entenderem seu próprio vendem cada vez mais as idéias que tem reações altamente emocionais e
comportamento disfu ncional e o dos vêm das cabeças dos fu ncionários, e intensas: quando é histérico, é histórüco.
outros também. Eles aprendem a reco- não apenas dos produtos de s uas Outros sintomas - certa incapacidade
nhecer o subtexto emocional enco- máquinas. para manter uma distância reflexiva,
berto que dirige mu itos encontros, Além disso, à medida que escânda- repetidos ataques de raiva e ter sempre
desconstru indo como e les podem los têm aumentado a necessidade de as mesmas brigas com as mesmas
estar se auto-sabotando subconscien- transparência, revelação e ética, muitos pessoas.
temente, esquivando-se de fig uras de executivos começaram a ver a impor- No caso de Tilton, o executivo da
autoridade ou se empenhando em jul- tância de fazer a cultura corporativa Microsoft desdenhava a terapia "desde
gamentos hipercríticos dos subordina- corresponder às culturas pessoais dos que meus pais tentaram me mandar
dos. Ou por que razão eles podem , fu ncionários, uma vez que a maioria para um sujeito que fumava cachimbo,
sem perceber, fazer o papel de herói, das pessoas recebe seus fundamentos na sétima série". Mas nos meses em
bode expiatório ou mártir. "Não estou éticos de suas famílias. É por isso que que trabalhou com um instrutor de exe-
sugerindo que nossos funcionários vários clientes das áreas financeira, de cuti vos, ele apenas desejava ter rom-
sejam nossos filhos", diz Kenneth Sole, serviços públicos e de produção, em pido com essa negação mais cedo.
um psicólogo social que dá consulto- entrevistas a candidatos a emprego, Como muitos, ele percebe que fazer
rias e trabalhou com a Apple Compu- estão fazendo perguntas sobre famíl ia, análise não basta. Ser competente
ter lnc. e com as Nações Unidas. "Mas na esperança de obterem respostas emocionalmente agora também faz
a psicologia é paralela." espontâneas, diz Neil Lebovits, presi- parte do cargo.
De fato, pesquisas realizadas na dente da Ajilon Finance, em Saddle
última década sobre o cérebro têm Brook, Nova Jersey. Qualquer coisa Questões
mostrado que durante o estresse - para evitar a contratação do próximo
1. De que forma as personalidades e
quando a necessidade que as pessoas Jeffrey K. Skilling.
experiências que os gerentes
têm de se sentirem incluídas, compe- É evidente que muitos dos líderes e
tiveram quando crianças
tentes e aceitas é frustrada - suas seus consultores fazem objeção à inva-
me·ntes são programadas a usar scripts são da terapia nos escritórios. "O local interferem no local de trabalho?
famil iares defensivos. "Projetamos nos de trabalho não é onde fraquezas psi- 2. Por que a personalidade pode
outros os conflitos pelos quais passa- cológicas devem ser exploradas", diz estar se tornando um fator mais
mos durante o crescimento", diz Robert Richard A. Chaifetz, CEO da ComP-
importante para se entender a
Pasick, presidente da LeadersConnect, sych Corp., uma empresa de assistên-
efetividade gerencial?
em Ann Arbor, Michigan. Ele ministra cia ao funcionário, em Chicago. "Isso
um curso na University of Michigan pode criar minhocas na cabeça". Chai- 3. Por que as qualificações técnicas
Business School sobre como a dinâ- fetz só aprova esse tipo de questiona- e analíticas não são suficientes
mica familiar afeta as equipes. mento se ele for feito fora do local de para que um gerente seja efetivo?
Em parte, esse encolhimento da trabalho, um a um, e com um profissio-
4. Que papéis a inteligência
cabeça corporativa está ganhando mais nal treinado. E muita dinâmica de traba-
emocional desempenha na
terreno devido ao grau de interdepen- lho não pode ser analisada apenas por
dência que as empresas enfrentam no meio de um filtro familiar. Muito prova- efetividade gerencial?
estágio global. Na economia manual, o velmente, dizem os críticos, as equipes
trabalho era um negócio regimentado, de trabalho carregam traços caracterís- Fonte: Reimpressáo da edição de 10 de maio de
2004 da BusinessWeek, com autorização
militarista, no qual era mais fácil incor- ticos de todas as dinâmicas de grupo. A especial. Copyright C 2004 by McGraw -Hill
porar diferenças de personalidade. Hoje, aproximação entre duas pessoas, por Companies, lnc.
111
CAPÍTULO

4 Étic.a e
Social
Responsabilida~ejtl
•·

Objetivos de Aprendizagem
Depois de estudar este capítulo, você será capaz de:
Qual é a coisa certa ou ética a fazer? Hoje, Internet usando o formato MP3, que comprime
quase todos os textos escritos, músicas, filmes arquivos digitais, tornando-os mais rápidos
e software são gravados em formato digital e pa ra transitar e mais fáceis de armazenar.
podem ser copiados eletronicamente com Fanning viu seu colega de quarto usar a
facilidade e enviados para computadores Internet para procurar material novo e perce-
pessoais através da Internet. Muitos sites beu a oportunidade de criar uma plataforma
contêm cópias ilegais de música, filmes e de software que per-
assim por diante que podem ser acessados mitiria que as pes-
e transferidos com facilidade. Milhões de soas localizassem e
pessoas e empresas têm se aproveitado transferissem arqui-
disso para produzir cópias ilegais de CDs de vos de música digi-
música, prog ramas de software e DVDs. tais com maior faci-
Como resultado, estima-se que em 2003 mais lidade em qualquer
de um terço de todos os CDs e cassetes gra- PC que fosse regis-
vados no mundo tenham sido produzidos e trado nessa plata-
vendidos ilegalmente. 1 Uma vez que atual- forma. Fanning criou
mente tantas pessoas fazem cópias de músi- o software necessá-
cas em vez de comprarem os CDs, a indústria rio para fazer isso.
da música perdeu mais de $ 1O bilhões em Os comentários so-
receitas de vendas. bre como era fácil
Como você pode imag inar, os adminis- usar o sistema do
tradores de empresas cinematog ráficas e Napster se espa-
Os clientes P'OQ.lram seus COs tallOriros
fonográficas têm feito tudo o que podem para lharam, e o enorme de truSIC8 Enquanto iSso, a cópia ilegal de
matenal digital estâ aumentando.
reduzir o problema de gravação ilegal por- volume de música
que ela diminui as vendas e os lucros. Um que logo estava dis-
empreendimento que os CEOs da em presa ponível para transferência fez do Napster
fonográfica perseguiram intensamente foi o um fenômeno. Logo, centenas de milhares
Napster.2 Shawn Fanning criou o Napster de pessoas estavam trocando e transferindo
enquan to estudava na Universidade de música. Em muitas faculdades, a demanda
Northeastern. Seu colega de quarto tinha para acessar e transferir arquivos do Naps-
o hábito de transferir música de sites da ter superava seus recursos em computação.3
114 Capítulo Quatro

Obviamente, os administradores da indúst ria Argumentos como esses podem fazer as


da música estavam desesperados para deter pessoas sentirem que não estão causando mal
essa prática. O valor dos direitos autorais de nenhum aos outros ao fazerem as cópias. Mas,
suas empresas e os contratos com os artistas e os direitos dos artistas e das empresas de
estavam sendo prejud icados por essa nova tec- lucrar com o que é de sua propriedade - as
nologia que permitia a pirataria de seus produ- canções, os livros e os filmes que resultam de
tos. Eles buscaram vetos legais contra o Napster seus esforços criativos? Uma pessoa comum
para fechar a empresa. Como estava claro que o não gostaria se uma pessoa "mais pobre" che-
Napster estava violando as leis de direitos auto- gasse e dissesse: "Você não precisa de todos
rais, os tribunais impediram-no de fornecer esse aqueles aparelhos, carros e jóias. Eu só vou
serviço gratuito. Entretanto, muitos outros sites me garantir; você nunca vai sentir falta deles".
têm surgido na Internet, por meio dos quais as Aqueles que roubam mídia digital não só estão
pessoas ainda podem transferir música e outras enfraquecendo os direitos de músicos e escri-
mídias digitais. tores de possuir a propriedade, mas também
Hoje, a cópia de material digital está aumen- estão diminuindo a força de seus direitos à pró-
tando. Essa cópia é ilegal porque infringe leis pria propriedade. A pirataria digital não é uma
de direitos autorais que protegem os direitos de prática justa ou eqüitativa. E, embora cada pes-
artistas, autores, compositores e das empresas soa possa argumentar que fazer uso dela não
produtoras e distribuidoras de seu trabalho. Esta afeta muito, uma vez que ele ou ela é "apenas
cópia é antiética? Esta é uma maneira aceitável uma pessoa", se muitas pessoas fizerem isso,
ou inaceitável! de se comportar? Por que tan- surge um problema de maior importância.
tas pessoas estão fazendo isso, se é ilegal? A Para ilustrar o problema , suponhamos que
resposta óbvia é que as pessoas estão agindo no futuro cerca de 75% de todas as músicas
por interesse próprio. Não pagar nada por mídia e filmes sejam ilegalmente cop iados em vez
digital é atraente e, além disso, há o argumento: de comprados. O que os músicos, gravadoras,
quem sai perdendo? As indústrias fonográfi- astros do cinema e estúdios de cinema farão?
cas lucram bilh ões de dólares com a venda de Se essas pessoas e empresas não puderem
músicas há décadas. As canções podem ser proteger sua propriedade e lucrar com ela, então
propriedade de astros como Rolling Stones e não vão fabricar ou vender produtos digitais.
Eminem, mas essas pessoas são extraordina- Com o tempo, as gravadoras e os estúdios de
riamente ricas. Por que uma pessoa comum filmagem vão deixar de funcionar. Pessoas da
não deveria se beneficiar da nova tecnologia? área de criação vão encontrar novas formas de
Afinal , o prazer de centenas de milhões de pes- ganhar dinheiro, ou os músicos só farão música
soas é mais importante do que o prejuízo provo- para o seu próprio prazer ou em concertos ao
cado a apenas alguns milhares de músicos e a vivo (onde dispositivos de gravação não são
um punhado de empresas fonográficas. Logo, a permitidos!). O resultado será uma perda para
cópia não é "realmente" antitética. Pode ser ile- todos, porque músicas e filmes novos não serão
gal, mas de fato não há nada de mau em fazer mais produzidos e o mundo se tornará um lugar
isso, não é mesmo? menos interessante para viver.

Visão Geral C..omo sugere a história do Napster e da pirataria digital, uma importante
dimensão ética está presente na maioria dos tipos de tomada de decisão.
Nos negócios, toda parte busca lucrar com a troca, mas não é fácil determinar o que é tuna
divisão justa ou eqüitativa do lucro em uma determinada atividade ou relacionamento
comercial. A~ gravadoras não d esejam ver sua~ receita~ cair porque os clientes potenciais
est.ão "lucrando" com sua capacidade de fazer cópias ilegais de CDs. Ela~ têm a responsabili-
dade de lucrar de modo que possam recompensar seus acion ista~, pagar os músicos que
Ética e Responsabilidade Social 115

recebem d ireitos autorais sobre as vendas d e discos e pagar salários a seus funcio-
nários. tl claro que e las também têm responsabilidade perante os clien tes - e lac;
deveriam cobrar um preço justo por seus C Ds.
1este capímlo, examinaremos a natureza da<; obrigações e das responsabilida-

d es dos gerentes e dac; e mpresas p ara ac; q u ais e les trabalham p e rante as pessoac; e
a sociedade, que são afetadas p or suas ações. Primeiro, examinare mos a natureza
da ética e a<; fontes de proble ma<; éticos. Segundo, discutire mos os principais gru-
pos d e pessoas, chamados stakelwlders (pessoas inte ressadas), que são afetados pela
mane ira como as empresas ope r a m. Em terceiro lugar, examinaremos quatro
regrac; ou diretrizes que os gere ntes podem usar para determinar se uma decisão
de negócio específica é ética ou antiética. Finalmente, consideraremos as origens
da ética gerencial e a.<; razões p ela<; quais é importan te para uma e mpresa compor-
tar-se de maneira socialmente responsável. o final d este capítulo você e n tenderá
o papel central que a ética desempenha na configuração d a prática dos negócios
e n a vida de p essoac;, da socie dade e da nação.

A Natureza
,,,,
Suponhamos que você veja uma pessoa sendo assaltada na rua.
Como vai se comportar? Você irá ajudá-la, embora corra o risco

da Etica de se machucar? Você vai embora? 1àlvez irá adotar uma "forma
intermediária" e não in tervir, mas chamar a polícia? Sua forma
de agir dependerá de como é a pessoa que está sendo assaltada - um h omem
forte, uma pessoa idosa ou mesmo uma pessoa de rua? Ou será que dependerá d e
h aver mais pessoas por perto, caso e m que você pode dizer a si mesmo: "Ah, bom,
alguém vai ajudar ou chamar a polícia, eu não preciso faze r isso"?

,,.
Dilemas Eti eos
dilema ético O impasse A situação descrita acima é um exemplo d e dilema ético, o impasse em que as
em que as pessoas se pessoas se e ncontram quando têm de decidir se devem agir de dete rminad a
encontram quando têm de
maneira que possa ajudar outra pessoa ou grupo, e esta é a coisa "certa" a fazer,
decidir se devem agir de um
modo que possa ajudar outra
embora agir desse modo possa ir contra seus próprios interesses. 4 Um dilema
pessoa ou grupo, embora tal pode surgir ainda quando uma pessoa precisa decidir entre duas ações difere n-
ação possa ir contra seus tes, sabendo que qualquer que seja a ação escolhida por ele ou ela, isso resultará
próprios interesses. em danos para uma pessoa ou grupo, embora possa beneficiar outro. O d ilema
ético aqui é decidir qual é o "menor dos males".
As p essoas normalmente sabem que estão confrontando um dilema ético
quando seus escrúpulos morais são considerados e fazem com que elas hesitem,
debatam e reflitam se é "certo" ou "bom" tomar uma ação. O s escrúpulos morais
são pensamentos e sentimentos que dizem a uma pessoa o que é certo ou errado;
ética Princípios morais, eles fazem parte da ética de uma pessoa. A ética é formada pelos princípios morais,
valores e crenças que orientam valores e crenças internos que as pessoas usam para analisar ou inte rpretar uma
internamente, e que são simação e e ntão decidir qual é a forma "certa" ou adequada d e se comportar. Ao
usados pelas pessoas para
mesmo tempo, a ética também indica o que é um comportamento inadequado e
analisar ou interpretar uma
situação e então decidir qual
como uma pessoa deve se comportar para evitar prejudicar outra.
é a maneira "certa" de se O problema essencial ao lidar com questões éticas e resolve r dilemas morais é
comportar. que não há regras ou princípios absolutos ou inquestionáveis que possam ser desen-
volvidos para decidir se uma ação é é tica ou antiética. Em termos simples, pessoas
ou grupos difere ntes podem d isputar quais ações são é ticas ou antiéticas d epen-
dendo d e seu próprio interesse e atimdes, crenças e valores específicos - concei-
tos que discutimos no Capímlo 3. Como, portanto, vamos nós, as empresas, seus
116 Capítulo Quatro

gerentes e funcionários, decidir o que é ético e agir adequadamente perante


outrac; pessoac; e grupos?
,,
Etica e Lei
A primeira resposta a essa pergunta é que a sociedade como um todo, ao usar o
processo legal e político, pode fazer wbby e aprovar le is que especifiquem o que ac;
pessoac; podem ou não fazer. Existem muitos tip os diferentes de leis para governar
ac; empresas, por exemplo, le is contra fraude e fal'iificação e le is que d eterminam
como ac; e mpresac; devem tratar seus funcionários e clie n tes. Ac; le is tam bé m espe-
cificam as sanções ou punições que serão aplicadac; se elac; fore m violada-;. Grupos
diferentes na socied ade m obilizam-se para conseguir a aprovação de le is, com
ba-;e em seus p róprios interesses e em cren ças pessoais com re lação ao que é certo
ou errado. O grupo que pode reunir mais apoio é cap az de aprovar ac; leis que se
alinham mais aos seu s interesses e crenças. Uma vez aprovada a le i, toma-se uma
decisão sobre qual é o comportamento ad e quado com relação a uma p essoa o u
situação que é tirada de seu âmbito ético , determinado pessoalmente, para o
âm bito legal, ou pela sociedade. Se você não obed ece à lei, p ode ser processado, e
se for considerado culpado por violar a lei, pode ser punido. Você tem p ouco a
dizer sobre isso; seu d estino está nas mãos d o tribunal e de seus advogados.
Ao estudar a relação entre ética e le i, é importante entende r que nem as leis nem a
étiro são princípios fixos, gravados na p e dra, que não mudam com o tempo. Crençac;
éticas alteram-se e mudam com o passar do tempo, e ac;sim as le is mudam para refle-
tir as crenças éticas em transformação de uma sociedade. Por exe mplo, adquirir e
possuir escravos na Roma, na Grécia antiga e nos Estados Unidos, até o século XIX,
era visto como ético e legal. As visões éticas que conside ravam a escravidão como
algo moralmente correto e adequado, no entanto, mudaram. A escravidão tornou-
se ilegal nos Estados Unidos quando aqueles que estavam no poder d ecidiram que
ela d egradava o próprio significado d o ser humano. A escravidão é uma d eclaração
sobre a importância ou o valor dos seres humanos e sobre seu direito à vida, à liber-
dade e à busca da fel icidade. Se eu nego esses direitos a outrac; pessoas, como, e ntão,
posso afirmar ter qualque r dire ito naniral ou "dado por Deus" a essac; coisas?
Além disso, o que dizer de parar qualquer p essoa ou grupo que se torne pode-
roso o suficiente para assumir controle do processo político e legal d e me escravi-
zar e n egar a mim o direito de ser livre e ser dono de mim? Ao n egar a liber dade
aos outros, arrisca-se a perdê-la também, assim como roubar dos outros abre a
porta para eles roubarem d e mim, e m troca. "Aja com os outros como vo cê gosta-
ria que agissem com você" é uma regra moral e ética usada comumente que as
p essoas aplicam nas situações em que precisam decidir o que é certo fazer. Essa
regra moral é discutida d etalhadame n te a seguir.

,,
Mudanças na Etica com o Tempo
H á muitos tipos de comportame nto - tais como assassinato, roubo, escravidão,
estupro, dirigir depois d e beber ou usar drogac; - que a maioria, senão todas as
pessoas, acredita, hoje, serem totalmente inaceitáveis ou antiéticos e que deveriam,
portanto, ser ilegais. H á, também, muitos outros tipos d e ações e comportamentos
cuja natureza ética está aberta a discussão. AJgumac; p e:ssoac; pode riam acreditar que
um d eterminado comportamento - por exemplo, fumar cigarro ou possuir armas
- é antiético e, portanto, deveria se tornar ilegal. O u tras poderiam alegar que cabe
ao indivíduo ou a um grupo d ecidir se tais comportame ntos são éticos ou não e,
assim, se um determinado comportamento d eve p ermanecer legal.
À medida que as cre n ças é ticas mudam com o te mpo, algumas p essoas pode m
começar a questionar se as leis existentes, que tornam comportame ntos especí-
fi cos ilegais, ainda são adequadas hoje . Elas poderiam a legar que e mbora um
Ética e Responsabilidade Social 117

compo rta me n to esp ecífi co seja conside rado ilegal, isso n ão o torna a n tiético e,
assim, a lei d ever-ia se r mudada. os Estados Unidos, por exe mplo, é ilegal possuir
ou usar maconha (cannabis) . Par a justificar essa le i, cosn1ma-se a legar que fumar
maconha leva as p essoac; a e xperime n tar droga., ma is perigosas. Uma vez adqui-
rido o hábito de usar drogas, as pessoas podem ficar d ep e ndentes delas. Drogas
ma is p esadas como a he roína são te me rosame nte vicia ntes, e a ma ioria da'i p es-
soac; não p ára d e usá-lac; sem ajuda d os o utros. Ac;.c;im, o uso d a maconha, por levar
a danos maiores, é uma prática antié tica.
Te m sido d ocumen tado no meio médico, no e nta nto, que o uso d a maconha traz
muitos be ne fíc ios p ara as p essoa<; com certac; d oen ças. Po r e xe mplo, p ara os que
sofre m de câncer e estão passando p o r quimiote rapia e para aque les com Al DS
que estão sob medicação pote nte, a maconha o fe re ce a lívio de muitos dos efeitos
cola te ra is d o tra tame nto, como náusea e falta d e ap e tite. o e ntanto, nos Estad os
Unidos, é ilegal em muitos estados a prescrição médica de maconha para esses
pacie n tes a fim d e aliviar o sofrime n to. Desde 1996, e ntretanto, 35 estad os legaliza-
ram a prescrição d e maconha p ara fins medicina is; n o e ntanto, o governo fed era l
tem tentado anular tal legislação estadual. A'i p essoas e m diversos e stados atual-
me nte estão se mobilizando p ara conseguir o re laxame nto d a le i contra o uso d a
maconha para fins medicinais, e em junho de 2004 a Suprema Corte dos Estados
Unidos concordou em ouvir o caso sobre o uso médico da droga.5 No Canadá tem
havido um amplo movimento para a descriminalização da maconha. Embora não
torne a droga legal, a descriminalização remove a ameaça de processo mesmo para
os usos que não estejam relacionados ao medicinal. Um importante debate ético
está ocorrendo atualmente sobre essa questão em vários países.
O importante é notar que embora as crenças éticas levem ao desenvolvimento de
leis e a regulamentações para impedir certos comportamentos ou encorajar outros,
as próprias leis podem mudar e ser alteradas ou mesmo desaparecer à medida que
as crenças éticas mudam. la Grã-Bretanha, em 1830, havia mais de 350
crimes d iferentes pelos quais uma pessoa podia ser executada, inclusive
roubo de carneiros. Hoje, não há nenhum; a punição capital e a morte não
são mais legais. Assim, tanto as regras éticas quanto as legais são relativac;:
não há padrões absolutos ou invariáveis para determinar como devemos
nos comportar, e as pessoas passam por d ilemas morais o tempo todo.
Devido a isso, temos de fazer escolhas éticas.
A discussão acima enfatiza uma questão importante para se entender a
relação entre ética, lei e negócio. No início de 2000, muitos escândalos
assolaram importantes empresas como Eniron, Arthur Andersen,
WorldCom, Tyco e outras. Os administradores de algumas dessa<; empresac;
violaram claramente a lei e usaram meios ilegais para fraudar os investido-
res. Na Enron, o ex-diretor financeiro, Andrew Fastow, e sua esposa, foram
declarados culpados por falsificação dos livros da empresa. Eles drenaram
dezenac; de milhões de dólares do dinheiro da Enron para uso próprio.
Em outros casos, alguns gerentes tiraram vantagem das brechac; na lei
para desviar centenas de milhões de dólares do capital da empresa para
Coldbath Fields Prison, Londres, por volta suac; próprias fortunas pessoais. Na WorldCom, por exemplo, o ex-diretor
de 181 O. O sistema judiciário criminal presidente Bernie Ebbers usou sua posição para colocar seis amigos pes-
britânico nessa época era bem severo. soais, de longa data, em seu conselho de diretoria, que possuía 13 mem-
Havia mais de 350 crimes diferentes pelos
bros. Embora isso não fosse ilegal, obviamente essas pessoas votariam a
quais uma pessoa podia ser executada,
inclusive roubo de carneiros. Neste caso,
seu favor nas reuniões de diretoria. Como resultado desse apoio, Ebbers
ainda bem que as crenças éticas mudam recebeu imensas opções de compra de ações e um empréstimo pessoal
com o tempo, e as leis também. de mais de $ 150 milhões da WorldCom. Em troca, seus defensores
118 Capítulo Quatro

foram bem recompensados por ser diretores; Ebbers permitia, por exemplo, que
eles usassem jatos corporativos da WorldCom por um custo mínimo - algo que
lhes gerava uma economia de centenas de milhares de dólares por ano. 6
À luz desses acontecimentos, algumas pessoas disseram: "Bem, o que essa~ pes-
soas fizeram não foi ilegal", deixando implícito que, como esse comportamento
não era ilegal, também não era antiético. Entretanto, não ser ilegal não torna isso
ético; tal comportamento é claramente antiético.7 Em muitos casos, as leis são
aprovadas posteriormente para fech ar brechas e impedir que pessoas antiéticas,
como Fastow e Ebbers, tirem vantagem delas para atender a seu próprio interesse
à custa dos outros. Como pessoas comuns, os gerentes devem enfrentar a necessi-
dade de decidir o que é adequado e inadequado à medida que usam os recursos
de uma empresa para produzir bens e serviços aos clientes.11

Stakeholders e _,,,.
Assim como as pessoas têm de decidir quanto às formas
certa~ e erradas de agir, o mesmo acontece com as empre-

Etica sas. Quando a lei não especifica como elas devem se com-
portar, os gerentes precisam decidir qual é a maneira certa
ou ética de se comportar perante as pessoas e grupos afe-
tados por suas ações. Quem são as pessoas ou grupos afetados pelas decisões de
negócio de uma empresa? Se ela se comporta de maneira ética, como isso benefi-
cia as pessoas e a sociedade? Por outro lado, como as pessoas são prejudicadas
pelas ações antiéticas de uma empresa?
As pessoas e os grupos afetados pela maneira como uma empresa e seus geren-
stakeholders Pessoas e tes se comportam são chamados stakeholders. Os stakeholders fornecem a uma
grupos que fornecem a uma empresa seus recursos produtivos; como resultado, têm direitos e interesses em
empresa recursos produtivos e, relação à empresa. 9 Uma vez que os stakeholders podem se beneficiar ou ser preju-
assim, têm direitos e interesses
dicados diretamente por suas ações, a ética de uma empresa e de seus gerentes é
em relação à empresa.
importante para eles. Quem são os principais stakeholdersde uma empresa? Qual é
sua contribuição para uma empresa e o que eles reivindicam em retorno? Abaixo
examinamos as reivindicações desses stakeholders - acionistas, gerentes, funcioná-
rios, fornecedores e distribuidores, clientes e comunidade, sociedade e estado-
nação (ver Figura 4.1).

Figura 4.1
Tipos de Stakeholders
da Empresa Acionistas

Funcionários

Fornecedores
/ Clientes
Ética e Responsabilidade Social 119

Acionistas
O s acio nistas têm dire itos e m relação a uma e mpresa porque qua ndo compra m
suas ações ou frações de ações, e les tornam-se seus proprietários. Sempre que o
fundador de uma e mp resa decide formar p ublicamente uma sociedade anõnima
para levantar capita l, ac; ações d a e mpresa são e mitid as. l::ssac; ações conced e m a
seus compradores a propried a d e de uma certa porcen tagem da e mpresa e o
direito de receb e r dividendos d as ações no futuro. Por ex e mplo, e m 2003, a
Microsoft tinha mais de$ 46 bilh ões e m caixa, dinheiro ma ntido n a e mpresa
co mo fundo para suas futuras o p e rações. Depois d e p ressão d os acion istas, e la
declarou um divide n do d e 31 centavos por a ção a o s proprietários d e seus
5 bilhões d e ações; Bill Gates recebe u $ 100 milhões em divide ndos com base n as
ações que p ossui.
O s a cionista<; estão interessados na maneira como uma empresa opera p o rque
e les que re m maximizar o re torno sobre seu investime nto. Desse modo, e les obser-
vam a e mpresa e seus gere ntes d e p e rto p ara a<;segurar que a d ireção est~ja traba-
lhando diligentemente para aumentar a lucratividade da e mpresa.10 Os acionista'i
també m querem garantir que os gerentes est~ja m se comporta ndo de mo d o ético
e que não estejam arriscando o capi tal d os investidores, ocupando-se d e ações que
possam macuJar a reputação da empresa. A quebra da Enron, uma das maio res e
mais lucrativas e mpresas n os Estados Unidos a d e clarar falê n cia, levou me nos d e
um ano depois que ações ilegais e antiéticas de sua d iretoria vieram à tona. A tra-
gédia da Enron foi causada por um pw1hado d e diretores gananciosos que abusa-
ram de suas posições d e confiança. Estima-se q u e o colapso da Enron, ao precipi-
tar o crash do me rcado d e açõ es, causou ao norte-americano mé dio uma perda de
mai<; de $ 66.000 de suac; economias conseguidas fei ta'i com tanto custo enquanto
trilhões de dólares eram re movidos do valor da'i ações de e mpresas norte-america-
na'i n egociada-; publicamente.

Gerentes
Os gerentes são um grupo vital d e stakeholders porque são responsáveis por usar o
capital finan ceiro e os recursos humanos d e uma e mpresa para a ume ntar seu
desempenho e, a'lsim, o preço d e suas açõ es.11 O s gerentes têm direitos em re la-
ção a uma organização porque trazem para e la suas habilidades, experiê n cia e
conhecime n tos especiaJizados. Eles têm o direito de esperar um bom retorno ou
recompensa na medida e m que investem seu capital humano para aprimorar o
d esempenho d a e mpresa. Tais recompensa'i incluem bons salários e benefícios,
perspectivas de promoção e de uma carreira e opções de compra de ações e boni-
ficações vincuJadac; ao desempenho da e mpresa.
Os gere n tes são o grupo de stakeho/ders que te m a respon sabilidade de decidir
quais m etas a organização deve perseguir para be n efici ar ao máximo os stakehol-
ders e como usar de mane ira mais eficiente os re cursos para atingir esses objetivos.
Ao tomar es.o;as decisões, eles fi cam normalmente numa posição de ter de conci-
liar os interesses de dife rentes p artes, inclusive os deles mesmos.12 Essac; d ecisões
às vezes são muito difíceis e desafiam os gerentes a sustentar valores éticos porque
em alguns casos as decisões que beneficiam alguns grupos de interessados (geren-
tes e acionista<;) prejudicam outros grupos (trabalh adores individuais e comuni-
dades locais) . Por exemplo, em períodos de estagnação econômica, ou quando
uma e mpresa passa por queda no d esempenho, as demissões podem ajud ar a co r-
tar os custos (be neficiando, assim, os acionistas) à custa dos fun cionários d e miti-
dos. Muitos gerentes norte-americanos e nfrentaram essa decisão difícil - mais de
700.000 demissões foram anunciadas nos seis primeiros meses d e 2001, d e acordo
com a Challenge r, Gray and Christmac; (uma empresa especializada em serviços
de recolocação) .13 Ac; decisões de d e missão são sempre difíceis, visto que não só
impõem um pesado ônus aos trabalhadores, a suac; famílias e às comunidades locais,
mas també m significam a p erda da contribuição d e frmcionários valiosos para uma
120 Capítulo Quatro

organização. Sempre que decisões como essas são tomadas para beneficiar alguns
grupos à custa de outros, a ética entra em ação.
Como discutimos no Capímlo 1, os gerentes devem ser motivados e receber
incentivos para trabalharem com dedicação visando aos interesses dos acionistas.
Seu comportamento deve, também, ser analisado detalhadamente para assegurar
que eles não se comportem de modo ilegal ou antiético, perseguindo metas que
ameacem os acionistas e os in teresses da empresa. 14 Infelizmente, vimos nos pri-
meiros anos de 2000 como é fácil para a diretoria encontrar meios de buscar
cruelmente seus próprios interesses à custa dos acionistas e funcionários porque
as leis e as regulamentações não são fortes o suficiente para forçá-los a se compor-
tar de maneira ética.
Em suma, o problema tem sido que, em várias empresas, gerentes corruptos
não se concentram no aumento do capital da empresa e da riqueza dos acionistas,
mas em maximizar seu próprio capita/, e riquezas pessoaiç. Num esforço para impedir
futuros escândalos, a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), que vigia
os altos negócios do governo, começou em 2003 a refazer regras que governam a
relação de uma empresa com seu auditor, bem como regulamentações sobre
opções de compra de ações e que aumentem o poder de diretores externos de
analisar minuciosamente um CEO. O objetivo da SEC é transformar muitos atos
que eram apenas comportamentos antiéticos em 2003 em comportamento ilegal
no futuro próximo. Os gerentes poderiam, então, ser indiciados, caso se engajas-
sem nesses atos.
Muitos especialistas também estão alegando que as recompensa~ dadas à dire-
toria, par ticularmente ao CEO e ao COO, acabaram saindo d o controle na década
de 1990. O s diretores são os novos "aristocratta~" de hoje; por meio de sua habili-
dade de influenciar o conselho de diretoria e aumentar seu próprio salário, eles
têm acumulado fortunas pessoais no valor de centenas de milhões de dólares. Por
exemplo, enquanto em 1982 um CEO típico ganhava cerca de 18 vezes mais do
que um trabalhador médio, em 2002 esse número subiu para 2.600 vezes - um
aumento espantoso. Mich ael Ei.sner, CEO d a Disney, recebeu mais de $ 800 milhões
em opções de compra de ações da Disney.Jack Welch, ex CEO da General Electric
e um dos administradores mais admirados dos Estados Unid os, recebeu mais de
$ 500 milhões em opções de compra de ações da GE como recompensa por seus
serviços. Ao se aposentar, ele t ambém ganhou$ 2,5 milhões em regalias anuais,
q ue variam do acesso contínuo a um jato corporativo até lavagem a seco gramita.
Quando essas informações foram reveladas à imprensa, Welch concord ou rapida-
mente em pagar$ 2 milhões à GE por esses serviços.
É ético que os diretores recebam vastas qua ntias de dinheiro de suas empresas?
Eles ganham realmente isso? Lembre-se, esse dinheiro poderia ter ido para os
acionistas na forma de dividendos. Também poderia ter sido gasto para reduzir a
enorme lacuna salarial entre a diretoria e aqueles que estão na base da hierar-
quia. Muitas pessoas alegam que a crescente disparidade entre a remuneração
dada aos CEOs e aos outros funcionários é antiética e deverÉa ser normatizada. O
salário do CEO tornou-se tão alto porque eles são as pessoas que estabelecem e
controlam os salários e os bônus uns dos outros! Eles podem fazer isso porque se
. . .
sentam nas diretoria~ d e outras empresas, como diretores de fora, e, assim, podem
controlar as r emunerações e as opções de compra de ações pagas a outros CEOs.
Como o exemplo de Bernie Ebbers, da WorldCom, discutido anteriormente
sugere, quando um CEO pode controlar e selecionar muitos diretores de fora, ele
pode abusar de seu poder.
Outros alegam que uma vez que os diretores desempenham um papel impor-
tante no aumen to do capital e da riqueza de uma empresa, eles merecem uma
parcela significativa dos lucros.Jack Welch, por exemplo, mereceu seus$ 500 milhões
porque criou centenas de bilhões de dólares em riqueza para os acionistas. O
debate sobre quanto dinheiro os CEOs e outros diretores deveam receber está
muito acalorado atualmente. Algumas mudanças na Walt Disney ilustram muitas
dessas questões, como discutido a seguir em "O Gerente como Pessoa".
Ética e Responsabilidade Social 121

Novo Conselho de Diretoria


da Walt Disney
'os últimos anos, o desempenho da Walt Disney Company tem caído acentua-
d a mente . E.m 2004, muitos a nalistas d esejava m sabe r se Michael E.isne r, na
época, CEO da empresa há 18 anos, ainda seria a pessoa certa para dirigi-la.
E.isne r sempre teve uma postura d e participa r d a direção da e mpresa: e le que-
ria estar envolvido e m todas as decisões importantes, e mantinha uma direção
rigorosa sobre se us gere n tes. Nos últimos a nos, e le foi c riticado porque, e mbora
tenha passado dos 60 e estivesse para se aposentar em menos de cinco anos,
a inda não tinh a estabe lecido um pla no d e su cessão, indicando qua is os g ere n-
O Gerente tes que iriam assumir os papéis-chave na Disney depois de sua saída. Tal plano é
importante porque muitas e mpresas se a tra pa lha m se um novo C EO não esti-
como Pessoa ve r pre parado para asswnir o posto máximo.
Alé m disso, Eisne r havia sido criticado por cria r um conselho d e dire toria
fraco, ou cativo, que tem sido incapaz ou que não se dispõe a analisar minucio-
sam e nte ne m questfona r sua<; decisões d e negócio, a lgumas d as qua is parecem
te r sido grandes e rros. Com os anos, Eisne r c riou um conselho de d iretoria
com 16 me mbros na e mpresa, dos quais pe lo me nos 8 tinham vínculos estre itos
com e le. Essa d ire toria fraca permitia que ele tomasse todas as decisões impor-
tantes e não atend ia aos interesses d os acionistas da Disney porque suas deci-
sões não só d e ixavam d e awne ntar o d esempe nho d a e mpresa, mas às vezes o
diminuíam. Por exemplo, Eisner forçou a fusão da Disney com a Capital/ ABC.
Desde e ntã o, a re d e d e te levisão ABC te m tido um d esempe nho fraco, a rras-
tando o preço das ações da Disney para baixo. Nesse ínterim, ao longo dos últi-
mos 18 a nos, Eisne r recebeu mais d e S 800 milhões e m opções d e compra d e
ações da empresa e teve d ireito a vários privilégios generosos - jatos da corpo-
ração, suít:es d e co be rrura e viage ns d e negócio com tod as as d espesas pagas -
que a maioria dos CEOs de grandes empresac; recebe atualmente.
Com d esempe nho e m qued a, Eisne r passou a sofre r c ríticas cresce nte s por
seu estilo gerencial autocrático, pela falta de um plano de sucessão para a
e mpresa, p e la criação d e um conselho d e dire toria fraco, be m como p e lo fato
de que ele ainda recebia vastas somas em dinheiro, apesar do fraco desempe-
nho d e sua e mpresa. Po rta n to, e m 2003, a e mpresa começou a re organizar
seu conse lho de diretoria. Dois novos diretores especiais d e fora foram indi-
cados, um d e les iria pre sidir dua s re un iõ es d e dire to r ia por a no e m que
Eisner - que normalmen te presidia essas reuniões - não teria permissão
p a ra p a rtic ipa r. A dire toria agora teria m ais libe rdade para ava lia r o dese m-
penho de Eisner que, sob pressão, também
escolheu seu sucessor.
Alg1ms analista<; dizem que essas mudan-
ças não foram suficie n tes. Eisner ainda tinha
o respaldo da maioria dos diretores, que lhe
deviam favores . Na época , ele ainda estava
no controle de todos os comitês importantes
da Disney. A questão é o que o conselho d e
diretoria faria se o d esempenho da Disney
continuac;se a se deteriorar. Ele permitiria a
Eisner tomar todas as d ecisões importan tes
ou buscaria uma liderança nova na cúpula e
forçaria Eisner a deixar d e ser o CEO? Só o
tempo dirá, mas Eisner a inda se mateve
algum tempo na direção e, como a maioria
Mickey tem ficado ao lado do CEO da Disney, dos CEOs, fez tudo o que pôde para manter
Michael Eisner, não importa o que aconteça. sua posição privilegiada.
122 Capítulo Quatro

Funcionários
O s funcionários d e uma empresa são as centenas de milhares d e pessoac; que tra-
ba lham e m seus vários d e p a rta me ntos e funções, tais como pesquisa, vendas e
produção. Eles esp eram receber recompen sas con sistentes com seu desempen h o .
Uma das maneirac; pelas quais uma empresa pode agir de maneira com e les e
atender às suas exp ectativas é criando uma estrutura profissional que os recom-
pense d e mo d o jtL'ito e eqüitativo por suas contribuições. Ac; e mpresas, por exe m-
plo, precisam desenvolver recrutamento, treiname nto, avaliação d e desempenho
e siste mas d e recompe nsa que não discrimine m os funcionários ne m aquilo que
e les acreditam ser justo.

Fornecedores e Distribuidores
Nen huma empresa opera sozinha. Toda empresa é uma rede d e relações com
ou tras e mpresac; que lhe fornece m recursos (por e xe mplo, matériac;-primac;, peças
compone ntes, mão-de-obra con tratada e clie ntes) dos quais ela precisa para ope-
rar. Ela também depende de intermediários como atacadistas e varejistas para dis-
tribuir seus produtos ao clie nte final. O s forn ecedores espera m rece b e r paga-
me nto justo e pontual por seus insumos; os distribuidores esperam receber
produtos de qualidade a preços acordados.

Mais uma vez, muitas questões éticas surgem a partir do modo como ac; e mpre-
sas contratam e interagem com seus fornecedores e distribuidores. Questões
importantes a respeito de como e quando os pagamentos d eve m ser feitos ou
sobre as especificações de qualidade do produto são regidas pelos termos dos
contratos legais que uma e mpresa assina com seus fornecedores e distribuidores.
Muitas outras questões d ependem da ética e mpresarial. Por exemplo, inúmeros
produtos vendidos em lojas norte-americanas têm sido terceirizados para países
que não têm regulamentações nem leis aplicadas nos Estados Unidos para prote-
ger os trabalhadores que fazem esses produtos. Todas as empresas devem assumir
uma posição ética em relação ao modo como obtêm e fabricam os produtos que
vende m. Essa postura é normalmente publicada no site da e mpre.sa. A Tabela 4.1
apresenta parte da declaração da The Gap sobre sua abordagem à ética global
(www.thegap.com).

Clientes
Os clie ntes são considerados, freqüentemente, o grupo mais crítico d e stakehol-
ders, uma vez que, se uma empresa não pode atraí-los para comprar seus produtos,
e la não pode continuar funcionando. Desse modo, os gerentes e os funcionários
devem trabalhar para aumentar a eficiência e a efetividade a fim de atrair novos
clientes e fidelizar os atuais. Eles fazem isso por meio da venda de produtos d e
qualidade aos clientes, a um preço justo e com bons serviços pós-vendas. Eles tam-
- -
bém lutam para aprimorar seus produtos com o tempo.
Existem muitas leis para proteger os clientes de empresac; que tentam fornecer
produtos perigosos ou de má qualidade. Existem le is que permitem aos clientes
processar uma empresa cttjo produto lhes cause danos, como um pneu ou um
veículo com defeito. Outrac; leis forçam as empresas a revelar claramente ac; taxas
d e juros que cobram sobre as compras - um importante custo omitido que os
clientes freqüentemente não levam em conta ao tomar suas decisões de compra.
Todo ano, milhares d e empresas são processadas por violar essas leis, por isso a
recome ndação "comprador, fique atento" é uma regra importante que os clientes
d evem seguir ao comprar bens e serviços.
Ética e Responsabilidade Social 123

Tabela 4.1
Alguns Princípios do Código de Conduta do Fornecedor da Gap

Como con dição para fazer negócio com a Cap Jnc., Loda tabrica deve aLe nder a esle Código de Co nduLa do
Fornecedor. A empresa conLinuará a desenvolver sisLe mas de mon iLoramen to para avaliar e ac;segurar o
cumptimemo desse Código. Se a Gap lnc. d e terminar que qualquer fábrica violou ac; regras, e la pode cessar seu
relacionamento come rcial o u exig ir que a fábrica impleme nte Lun plano de ação correliva. Se a ação correliva for
aconselhad a, mas n ão for imple mentad a, a Gap lnc. suspenderá filluros pedidos e pode parar a produção a mai.
1. Princípios Gerais
Fábricac; que produzem bens para a Cap Jnc. irão operar d e pleno acordo com as leis d e seus respeclivos países e
com Lodas ac; ouu-as le is, norma<; e regulamentações a plicáveis.
II. Ambiente
Ac; tabricas devem respeilar Lodac; ac; leis e regulamemações ambie nlais aplicáveis. Nos locais e m que Lais requisitos
forem menos rigorosos que os da própria Gap lnc., as fübricac; são enco r~jadac; a aLende r aos padrões descri tos na
declaração dos princípios ambie nLais da Gap Inc.
ill. Discriminação
Ac; fabricas empregarão trabalhadores com ba<;e em sua capacidade de fazer o Lrabalho, sem considerar raça, cor,
gênero, nacio nalidade, religião, idade, malernidade ou estado civil.
IV. Trab alho Forçado
Ac; fabricas não usarão qualque r Uabalho forçado, prisional ou d e aprendU,agem.

V. Mão-de-obra Infantil
Ao, fábricas e mpregarão apena<> os trabalhadores que a Lendam ao requisito legal de idade mínima aplicável o u que
tenham pelo menos 14 anos d e idad e ou mais. Ac; fábricas d evem, Lambém, respeitar todas as le is aplicáveis à mão-
de-obra infanlil. Ela<> são e nco~j adac; a d esenvolver programac; d e apre ndiLado no local d e u·abalho para o
be ne fício educacional d e seus trabalhadores, contanto que todos os participantes ate nda m ao padrão de idade
mínima d e 14 anos e ao requisito legal de idade mínima.
VI. Salários e H oras
Ac; fábricas deverão estabelecer o período de funcio namento, os salários e o pagamento extra de acordo com
Lodas as le is aplicáveis. Os u·abalhadores receberão pe lo menos o salário mínimo estabelecido por le i o u aquele
que atenda aos padrões da indústria local, o que for mais alto. Embora se e nte nda que a hora-extra é
normalme nte exig ida na produção de roupas, as fa brica<> farão as operações d e modo a limitar a hora-extra a um
nível que assegure condições de trabalho produtivas e humanac;.

Comunidade, Sociedade e Nação


Os e feitos das d ecisões tomadas por e mpresas e seus gere ntes p e rme iam todos os
aspectos das comunidades, sociedad es e nações em que op eram . A comunidade
refere-se aos locais físicos, tais como cidad es, g randes ou peque nas, ou a ambie n-
tes sociais, tais como vizinhança<> érnicas, o nde ac; empresas estão localizadas. Um a
comunida d e fornece a uma empresa a infra-estrutura física e social que lhe pe r-
mite operar, além d e suac; dependências físicac;, a mão-de-obra, os lares onde seus
gerentes e funcionários moram, ac; escolas, faculdades e hospitais que atendem às
su as necessidad es e assim por d iante.
Com os salários, remunerações e impostos que paga, uma empresa contribui para
a economia da cidade ou região e d etermina, freqüentemente, se uma comunidade
prospera ou declina. Do mesmo modo, uma empresa afeta a prospe ridade d e uma
sociedade, de uma nação e de todos os países nos quais opera, visto que está envol-
vida no comércio global. Conseqüentemente, també m afeta a prosperidade da eco-
nomia global. Citamos como exemplo as d iscussões sobre ac; várias questões acerca
da terceirização global e da perda d e empregos nos Estados Unidos.
124 Capítulo Quatro

Embora os efeitos individuais de como cada res-


taurante McDonald's opera possam ser pequenos, os
efeitos combinados d e como tod os os McDonald 's e
outras empresas de Jast:food fazem negócio são enor-
mes. Só nos Estados U nidos, mais de 500.000 pessoas
trabalham no ramo de Jast:food, e muitos milhares de
fornecedores, como fazendeiros, fabricantes de copos
de papel, construtores e assim por diante dependem
dele para sua sobrevivência. Não é de admirar, por-
tanto, que a ética em presaria! dos Jast:food seja vigiada
de perto. O setor faz loblry contra tentativas de aumen-
tar o salário mínimo nacional, que foi$ 5,15 em 2004,
por exemplo, porque um salário mínimo mais a lto
Em 2001, o McDonald's anunciou novos padrões que exigiam
aumentaria substancialm ent,e seus custos oper acio -
que os fornecedores de ovos aprimorassem as condições
nais. Entretanto, em resposta a protestos sobre gali-
sob as quais as galinhas são abrigadas e tratadas. Visto
nhas criadas em gaiolas onde não podem mover suas
que o McDonald's é um cliente importante, os fornecedores
provavelmente seguiriam esses novos padrões.
asas, o McDonald's - o maior comprador de ovos
dos Estados Unidos - emitiu novas diretrizes éticas
sobre o tamanho das gaiolas e questões relacionadas as quais seus fornecedores
de ovos d evem atender se quiserem manter seus negócios. Que regras éticas o
McDonald's usa ao determinar sua posição em relação ao pagamento mínimo
ou ªº. tamanho das ~a~o l as?_
A ética e mpresarial também é importante, porque o fracasso das empresas
pode ter efeitos catastróficos numa comunidade; uma queda geral na atividade
comercial afeta toda uma n ação. Por exemplo, a decisão de uma grande empresa
de se retirar da comunidade pode ameaçar seriamente o futuro dessa comuni-
dade. Algum as empresas podem tentar aumentar seus lucros praticando ações
que, embora não sejam ilegais, podem afetar as comunidades e as nações. Uma
dessas ações é a poluição. Muitas empresas norte-americanas reduzem os custos
levando seu lixo para o México, onde é legal despejar lixo no Rio Grande. Isso
polui o rio do lado mexicano, e os efeitos estão sendo cada vez mais sen tidos tam-
bém no lado norte-americano.
,...
Normas para a Tornada de Decisão Etica
Quando a perspectiva de um stakelwlder é considerada, surgem inúmeras questões
sobre a ética da empresa. 15 Qual é a maneira adequad a de gerenciar as reivindica-
ções de todos os stakehoúlers? A~ decisões da empresa que favorecem um grupo de
stakeholders podem prejudicar os interesses de outros. 16 Preços altos aos clientes
podem gerar retornos e levados aos acionistas e altos salários para os gerentes no
curto prazo. Se no longo prazo os clientes procurarem outras empresas que ofere-
çam produtos a custos mais baixos, o resultado pode ser a queda dos salários, a
demissão de funcionários e o declínio das comunidades que dão suporte à ativi-
dade comercial da empresa que pratica o alto preço.
Quando as empresas agem de maneira ética, e las são apoiadas por seus stakehol-
ders. Por exemplo, os banco s desejam fornecer capital novo e e l a~ atraem candida-
tos a empregos altamente qualificados e novos clientes para seus produtos. A~sim,
empresas éticas crescem e se expandem com o tempo, e todos os seus stakeholders
se beneficiam. O resultado do comportamento antiético é a perda de reputação e
recursos, acionistas que vend em suas ações, gerentes e funcionários qualificad os
<fllt: sae111 da orgau iza~;ão e clieutes yue pn>c ura111 os pro<lul.Os de e 111p1·esas co111
melhor reputação.
Quando tomam decisões, os gerentes devem considerar as reivindicações de
todos os stakeholders. 17 A fim de ajudarem a si mesmos e os funcionários a tomar
decisões éticas e a se comportar de maneiras que beneficiem seus stakeholders, os
gerentes podem usar quatro regras ou princípios éticos para analisar os efeitos
Ética e Responsabilidade Social 125

Figura 4.2 Regra Utilitária


Quatro Regras Éticas
Uma decisão ética deve
produzir o maior bem
para o maior número
de pessoas.

Regra de Direitos Morais Regra da Justiça

Uma decisão ética deve Uma decisão ética deve


manter e proteger os distribuir benefícios e
direitos e privilégios prejuízos entre as pessoas
fundamentais de uma maneira justa,
das pessoas. eqüitativa e imparcial.

Regra Prática
Uma decisão ética deve ser aquela cuja
comunicação às pessoas de fora da empresa
não provocaria hesitação no gerente porque
essas pessoas pensariam que a
decisão é aceitável.

de suas decisões de negócio sobre os stak.eholders, que são: regras utilitária, de direi-
tos rrwraiç, de justi(a e as práticas (ver Figura 4.2) .18 Essas regras são diretrizes úteis
que ajudam os gerentes a decidir sobre o modo adequado de se comportar em
situações em que é necessário equilibrar o interesse d e uma empresa com os inte-
resses de seus stakeholders. Lembre-se de que as escolhas certas farão com que os
recursos sejam usados onde podem criar o maior valor. Se todas as empresas fize-
rem as escolhas certas, todos os stakeholders se beneficiarão no longo prazo. 19

REGRA UTILITÁRIA A regra utilitária diz que uma decisão ética é aquela
regra utilitária Uma
decisão ética é aquela que
que produz o maior bem para o maior número d e pessoas. Para d ecidir qual é o
produz o maior bem para o modo de ação mais ético, os gerentes devem primeiro consid erar como diferentes
maior número de pessoas. modos possíveis de ação empresarial beneficiam ou prejudicam diferentes stakehol-
ders. Eles devem, então, escolher o modo de ação que fornece mais benefícios ou,
por outro lado, aquele que traz menos prejuízo aos stakeholders. 20
O dilema ético para os gerentes é: Como medir os benefícios e prejuízos
para cada grupo de stakeholders? Além disso, como avaliar os direitos dos dife-
rentes grupos d e stakeholders e a importância relativa de cada grupo ao tomar
uma decisão? Visto que os acionistas são os proprietários da empresa, suas rei-
vindicações não deveriam ser mantidas acima das dos funcionários? Por exem-
plo, os gerentes poderiam ter de escolher entre usar a terceirização global para
reduzir custos e preços ou continuar com a produção de alto custo domestica-
mente. A decisão de usar terceirização global beneficia os acionistas e clientes,
mas irá resultar em grandes demissões, que prejudicarão os funcionários e as
comunidades onde eles vivem . Tipicamente, em uma sociedade capitalista,
como os Estados U nidos, os interesses dos acionistas são colocados acima dos
interesses dos funcionários; logo, a produção será transferida para fora. Esta
costuma ser considerada como uma escolha ética porque, no longo prazo,
126 Capítulo Quatro

a alternativa de produção ca~eira poderia fazer o negócio entrar em colapso e falir


e, nesse caso, um dano maior será causado a todos os stakehoúiers.
regra de direitos REGRA DE DIREITOS MORAIS De acordo com a regra d e direitos morais,
morais Uma decisão
uma decisão ética é aquela que melhor mantém e protege os direitos e privilégios
ética é aquela que melhor
fundamentais ou inalienáveis das pessoas afetadas por ela. Por exemplo, decisões
mantém e protege os direitos
fundamentais e inalienáveis
éticas protegem os direitos das pessoas à liberdade, à vida e à segurança, à pro-
das pessoas afetadas por ela. priedade, à privacidade e à liberdade de expressão e de consciência. O adágio
"Aja com os outros da maneira como você gostaria que agissem com você" é um
princípio de direitos morais que os gerentes devem usar para decidir quais direi-
tos devem ser defendidos. Como sugere o ca~o do apster, os clientes devem con-
sid erar também os direitos das empresas e das pessoas que criam os produtos que
eles desejam consumir.
De uma perspectiva dos direitos morais, os gerentes devem comparar e contras-
tar diferentes modos de ação empresarial com base em como cada um deles afetará
os direitos dos diferentes stakehoúiers da empresa. Eles devem, então, escolher o
modo de ação que melhor protege e defende os direitos de todos os stakehoúiers. Por
exemplo, a~ decisões que poderiam resultar em danos significativos à segurança ou
à saúde dos funcionários ou clientes seriam, claramente, escolh as antiéticas.
O dilema ético para os gerentes é que as decisões que protegerão os direitos de
alguns stakehoúiers freqüentemente afetarão os direitos dos outros. Como escolh er
qual grupo proteger? Por exemplo, na decisão sobre se é ético bisbilhotar os fi.111-
cionários ou revistá-los na h ora da saída para impedir roubo, o direito de um fi.111-
cionário à privacidade não supera o direito que uma organização tem de proteger
sua propriedade? Suponhamos que um colega de trabalho esteja tendo problema~
pessoais e que todo dia chegue atrasado e saia cedo, forçan do você a arcar com a
carga de trabalh o da pessoa. Você conta ao seu chefe, embora saiba que isso pro-
vavelmente causará a demissão do seu colega?
regra da justiça Uma REGRA DA JUSTIÇA Segundo a r egra da jus tiça, uma decisão ética é
decisão ética é aquela que aquela que distribui benefícios e prejuízos entre as pessoas e grupos de uma
distribui benefícios e prejuízos maneira justa, eqüitativa ou imparcial. Os gerentes devem comparar e contrastar
entre pessoas e grupos de uma
modos de ação alternativos com base no grau em que resultarão numa distribui-
maneira justa, eqüitativa ou
ção justa ou eqüitativa de resultados para os stakehoúiers. Por exemplo, os funcio-
imparcial.
nários que têm um nível d e habilidade, desempenho ou responsabilidade similar
deveriam receber o mesmo salário. A alocação de resultados não deve basear-se
em diferenças como gênero, raça ou religião.
O dilema ético para os gerentes é determinar as regras e os procedimentos jus-
tos para distribuir resultados aos stakehoúiers. Por exemplo, os gerentes não devem
dar às pessoa~ de que eles gostam aumentos mais altos que aqueles dados às pes-
soas de quem não gostam, nem distorcer as regras para ajud ar seus favoritos. Por
outro lado, se os funcionários querem que os gerentes ajam com justiça em rela-
ção a eles, então eles precisam agir com justiça em relação às suas empresas, traba-
lhar duro e ser fiéis. Do mesmo modo, os clientes precisam agir com justiça em
relação à empresa se esperam que ela seja justa com eles - uma coisa que deveria
ser considerada pelas pessoas que copiam ilegalmente mídia digital.

regra prática Uma decisão REGRA PRÁTICA Cada uma das regras acima oferece um modo diferente e
ética deve ser aquela cuja complementar de determinar se uma decisão ou um comportamento é ético, e
comunicação às pessoas de todas a~ três regra~ deveriam ser usadas para seleóonar a ética de um determinado
fora da empresa não provocaria modlo de ação. Questões éticas, como as que acabamos de discutir, raramente são
hesitação no gerente porque
claras, uma vez que os direitos, interesses, objetivos e incentivos d e diferentes
essas pessoas julgariam que a
stakehol.ders freqüentemente entram em conflito. Por essa razão, muitos especialistas
decisão é aceitável.
em ética acrescentam uma quarta regra para determinar se uma decisão de negócio
é ética: A r egra prática. De acordo com esta regra, uma d ecisão ética deve ser aquela
Ética e Responsabilidade Social 127

ct~ja comunicação às pessoas de fora da empresa não provocaria hesitação no


gerente porque essas pessoa.~ julgariam que a decisão é aceitável. Uma decisão de
negócio provavelmente será aceitável, em termos éticos, se o gerente puder res-
pond er a cada uma das seguintes questões:
1. Minha decisão encaixa-se nos vawres ou padrões aceitáveis que se costuma apli-
car na atividade empresarial atualmente?
2. Estou disposto a cmnunúar a decisão a todas as pessoas e grupos afetados por
ela - por exemplo, divulgando-a em jornais ou na televisão?
3. As pessoas com quem eu tenho um relacionamento pessoal significativo,
como famil iares, amigos ou mesmo gerentes em outras organizações, aprovariam
a d ecisão?
A apl icação da regra prática para analisar uma decisão de negócio assegura que
os gerentes estejam levando em consideração os interesses de todos os stakehoú:ters.21
Depois de aplicar essa regra, os gerentes podem julgar se escolheram agir de
maneira ética ou antiética e devem agüentar as conseqüências.

Por que os Gerentes Devem


,, se
Comportar de Maneira Etica?
Ética e Responsabilidade Social 127

Por que os Gerentes Devem se


Comportar de Maneira Ética?
Por que é tão importante que os gerentes e as pessoas em geral ajam de maneira
ética e combinem a busca de seus interesses com a consideração dos efeitos de
suas ações sobre os outros? A resposta é que a busca incansável dos próprios inte-
resses pode levar a um desastre coletivo quando uma ou mais pessoas começam a
lucrar ao ser antiéticas, porque isso encoraja outras pessoas a agir do mesmo
modo.22 Rapidamente, um número cada vez maior de pessoas adere e, em pouco
tempo, todos estarão tentando manipular a situação da maneira que melhor
atenda a seus fins pessoais, sem considerar os efeitos da ação sobre os outros. A
situação causada pelo Napster é um exemplo de como o que é chamado de “tra-
gédia dos bens comuns” (tragedy of the commons) funciona.
Suponhamos que em uma comunidade agrícola exista a terra comum, que
todos têm igual direito de usar. Buscando interesses próprios, cada produtor
usa ao máximo os recursos livres, tal como o pasto para seu próprio gado e
ovelhas. Coleti-vamente, todos os produtores usam demais a terra como pasto, a
qual, rapidamente, se esgota. Então, um vento forte sopra no solo exposto e a terra
comum é destruída. A busca do interesse individual sem consideração pelos
interesses sociais leva ao desastre de cada indivíduo e de toda a sociedade, porque
recursos escassos são des-truídos.23 No caso do Napster, a tragédia resultante do
fato de todas as pessoas rou-barem mídia digital seria o desaparecimento das
gravadoras, dos estúdios de filma-gem e das editoras, pois as pessoas da criação não
encontrariam razão para trabalhar tanto e produzir músicas, histórias originais e
assim por diante.
Podemos examinar os efeitos do comportamento antiético no comércio e na
atividade empresarial de outra maneira. Suponhamos que as empresas e seus
gerentes operem em uma sociedade antiética, ou seja, em uma na qual os
stakeholders costumam tentar trapacear e fraudar uns aos outros. Se os
stakeholders esperam que os demais os trapaceiem, quanto tempo levará para
eles negociarem a com-pra e o envio dos produtos? Quando não confiam uns
nos outros, os stakeholders provavelmente gastarão horas negociando preços
justos e esta é, em grande parte, uma atividade improdutiva, que reduz a
eficiência e a efetividade.24 Todo

o tempo e o esforço que poderiam ser gastos na melhoria da qualidade do pro-


duto ou do atendimento ao cliente serão perdidos em negociações e barganhas.
Assim, o comportamento antiético arruína o comércio, e a sociedade tem um
padrão mais baixo de vida porque menos bens e serviços são produzidos, como
ilustra a Figura 4.3.
128 Capítulo Quatro

Figura 4.3
Alguns Efeitos do
Comportamento Ético e Comportamento Comportamento
Ético Antiético
Antiético

Aumenta a Eficiência Reduz a Eficiência e


e a Efetividade a Efetividade
da Produção e da Produção e
do Comércio do Comércio

Aumenta o Reduz o
Desempenho Desempenho
a Empresa da Empresa

Aumenta o Padrão Reduz o Padrão


Nacional de Vida, Nacional de Vida,
o Bem-Estar e a o Bem-Estar e
Prosperidade a Prosperidade

Por outro lado, suponhamos que as empresas e seus gerentes operem em uma
sociedade ética, onde um stakeholder acredita estar lidando com outros tão morais
e honestos quanto ele. Nessa sociedade, os stakeholders têm uma razão maior para
confiança A confiança e confiar uns nos outros, o que significa que eles têm mais confiança e fé na boa
a fé de uma pessoa na boa vontade do outro. Quando existe confiança, é mais provável que os stakeholders
vontade de outra pessoa. sinalizem suas boas intenções colaborando e fornecendo informações que facili-
tem a negociação e a fixação do preço de bens e serviços. Quando uma parte age
assim, isso encoraja os outros a agir da mesma maneira. Com o tempo, a maior
confiança entre os stakeholders permitirá que o trabalho conjunto seja mais efi-
ciente e efetivo, e isso aumentará o desempenho da empresa (ver Figura 4.3). À
medida que as pessoas vêem os resultados positivos de agir com honestidade, o
comportamento ético torna-se uma norma social valorizada e a sociedade em
geral torna-se cada vez mais ética.
De acordo com o Capítulo 1, uma das principais tarefas dos gerentes é proteger
e zelar pelos recursos sob seu controle. Qualquer stakeholder da organização —
gerentes, trabalhadores, acionistas, fornecedores — que coloca seus próprios inte-
resses na frente, comportando-se de maneira antiética com os demais, seja tirando
recursos ou negando recursos aos outros, desperdiça os recursos coletivos. Se outros
indivíduos ou grupos imitarem esse comportamento antiético (“Se ele pode fazer
isso, nós também podemos”), a má utilização dos recursos coletivos aumentará, e
Ética e Responsabilidade Social 129

poucos recursos poderão restar para a produção de bens e serviços. O comporta-


mento antiético que não é punido incentiva as pessoas a colocar seus interesses
próprios acima dos direitos dos outros.25 Quando isso acontece, os benefícios de
se juntar em organizações desaparecem muito rapidamente.
Um salvaguarda importante contra o comportamento antiético é o potencial
reputação A estima ou alta para a perda da reputação.26 A reputação, a estima ou a alta consideração que os
reputação que os indivíduos ou indivíduos ou organizações obtêm quando se comportam de maneira ética é um
organizações obtêm quando se bem valioso. Os stakeholders têm reputações valiosas que devem proteger porque
comportam de maneira ética. sua capacidade de sobreviver e obter recursos no longo prazo depende da maneira
como eles se comportam diariamente, semanalmente, mensalmente.
Se um gerente utiliza mal os recursos e as outras partes acham que esse com-
portamento está em desacordo com os padrões aceitáveis, a reputação do gerente
sofrerá. Comportar-se de maneira antiética pode, no curto prazo, causar sérias
conseqüências no longo prazo. Um gerente que tem uma reputação ruim terá
dificuldade para encontrar emprego em outras empresas. Os acionistas que vêem
os gerentes se comportando de modo antiético podem se recusar a investir em
suas empresas, o que diminuirá o preço das ações, prejudicará a reputação da
empresa e, finalmente, colocará em risco o emprego dos gerentes.27
Todos os stakeholders têm uma reputação a perder. Fornecedores que oferecem
insumos de qualidade inferior percebem que, com o tempo, as organizações dei-
xam de fazer negócio com eles e, eventualmente, eles poderão perder os negó-
cios. Os clientes poderosos, que exigem preços ridiculamente baixos, percebem
que seus fornecedores tornam-se menos dispostos a negociar com eles, e final-
mente acabam tendo mais dificuldade para obter os recursos. Os trabalhadores
que evitam responsabilidades no trabalho têm mais dificuldade em conseguir
novos empregos quando são demitidos. Em geral, se um gerente ou empresa for
conhecido por ser antiético, os stakeholders provavelmente verão esse indivíduo ou
organização com suspeita ou hostilidade, e a reputação de ambos será prejudi-
cada. Mas, se um gerente ou empresa é conhecido por práticas éticas, cada um
deles obterá uma boa reputação.28
Em resumo, em uma sociedade complexa, diversa, os stakeholders e as pessoas
em geral precisam reconhecer que fazem parte de um grupo social maior. A
maneira como tomam decisões e agem não só os afeta pessoalmente, mas também
afeta as vidas de muitas outras pessoas. O problema é que, para algumas pessoas,
sua luta diária para sobreviver e ter sucesso ou sua total desconsideração pelos
direitos dos outros podem levá-las a perder aquela conexão “maior” com as outras
pessoas. Nesse caso, nossas relações com familiares e amigos, com nossa escola,
igreja e assim por diante. Precisamos sempre ir além e lembrar os efeitos de nos-
sas ações sobre as outras pessoas — pessoas que estarão julgando nossas ações e a
quem poderíamos prejudicar agindo de maneira antiética. Nossos escrúpulos
morais não estão em “outra pessoa”, mas sim dentro de nossas cabeças.

Ética e Algumas empresas, como Merck, Johnson & Johnson,


Prudence Insurance, Fannie May e Blue Cross-Blue

Responsabilidade Shield são conhecidas pela prática da ética empresa-


rial. Outras, como Arthur Andersen e Enron, que
agora estão fora dos negócios, ou empresas de telefo-

Social nia como WorldCom e Qwest, que estavam lutando


para sobreviver em 2004, ocuparam-se repetidamente
de atividades antiéticas e ilegais de negócio. O que
explica as diferenças entre a ética dessas empresas e seus gerentes?
Há quatro determinantes principais de diferenças éticas entre pessoas, funcio-
nários, empresas e países: ética social, ética profissional, ética individual e ética orga-
nizacional, principalmente a ética da diretoria de uma empresa.29 (Ver Figura 4.4.)
130 Capítulo Quatro

Figura 4.4
Fontes da Ética Ética
Social

Ética Ética Ética


Profissional Empresarial Individual

Ética
Organizacional

Ética Social
ética social Padrões que A ética social consiste de padrões que regem como os membros de uma sociedade
regem como os membros de lidam uns com os outros em questões que envolvem justiça, igualdade, pobreza e
uma sociedade devem lidar uns direitos do indivíduo. A ética social emana das leis, costumes e práticas de uma
com os outros em assuntos
sociedade, e também das atitudes, valores e normas não escritos que influenciam
que envolvem questões como
integridade, justiça, pobreza e
como as pessoas interagem umas com as outras. As pessoas em um determinado
direitos do indivíduo. país podem se comportar automaticamente de um modo ético porque internaliza-
ram (isto é, tornaram parte de sua moral) certos valores, crenças e normas éticas
que especificam como eles devem se comportar quando confrontados com um
dilema ético.
A ética social varia entre as sociedades. Países como Alemanha, Japão, Suécia e
Suíça são conhecidos por estarem entre os países mais éticos do mundo, com for-
tes valores de ordem social e a necessidade de criar uma sociedade que protege o
bem-estar de todos os grupos de cidadãos. Em outros países a situação é muito
diferente. Em muitos países economicamente pobres, a propina é prática-padrão
para se fazer negócio, como conseguir a instalação de um telefone ou a concessão
de um contrato. Nos Estados Unidos e em muitos outros países do ocidente, o
suborno é considerado antiético e usualmente ilegal.
A IBM viveu o problema de diferenças de padrões éticos em sua Divisão Argen-
tina. Os gerentes deste país ficaram envolvidos em um esquema antiético para
assegurar um contrato de $ 250 milhões para a IBM fornecer e dar suporte téc-
nico aos computadores de um dos maiores bancos estatais da Argentina. Depois
do pagamento de $ 6 milhões como propina aos executivos do banco, que concor-
daram em dar o contrato à IBM, a empresa anunciou que tinha demitido os três
diretores de sua Divisão Argentina. De acordo com a IBM, transações como essa,
embora antiéticas pelos padrões da IBM, não são necessariamente ilegais sob a lei
argentina. Os gerentes argentinos foram demitidos, no entanto, por não segui-
rem as regras organizacionais da IBM, que proíbem o pagamento de propinas
para obtenção de contratos em países estrangeiros. Além disso, o pagamento de
propinas viola a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior dos Estados Unidos, que proí-
be o pagamento de propinas por parte de empresas norte-americanas para asse-
gurar contratos no exterior, responsabiliza as empresas pelas ações dos gerentes
estrangeiros e permite que as empresas que forem pegas em violação sejam
Ética e Responsabilidade Social 131

processadas nos Estados Unidos. Ao despedir os gerentes, a IBM sinalizou que


não toleraria comportamento antiético de qualquer funcionário, e continua atu-
almente a adotar uma postura rigorosa em relação a questões éticas.
Os países também diferem amplamente em suas crenças sobre o tratamento
adequado para seus funcionários. Em geral, quanto mais pobre for o país, maior a
probabilidade de os funcionários serem tratados com pouco respeito. Uma ques-
tão de interesse particular em nível global é se seria ético usar mão-de-obra infan-
til, como discutido em “Ética em Ação”, a seguir.

É Correto Usar Mão-de-obra Infantil?


Nos últimos anos, o número de empresas norte-americanas que compra seus pro-
dutos de fornecedores estrangeiros de baixo custo tem crescido, e a preocupação
com a ética associada ao emprego de crianças em fábricas tem aumentado. No
Paquistão, crianças novas, de seis anos, trabalham longas horas em condições
deploráveis para fazer tapetes e carpetes com o objetivo de exportar aos países do
ocidente. Crianças em países pobres da África, Ásia e América do Sul trabalham
em condições semelhantes. É ético empregar crianças em fábricas? As empresas
norte-americanas deveriam comprar e vender os produtos feitos por essas crianças?
As opiniões sobre a ética do trabalho infantil variam muito. Robert Reich,
economista e secretário do trabalho na primeira administração de Clinton,
acredita que a prática seja totalmente repreensível e deveria ser considerada
Ética em ilegal, em nível global. Outra visão, defendida pela revista The Economist, é que,
Ação embora ninguém queira ver crianças empregadas em fábricas, os cidadãos de
países ricos precisam reconhecer que crianças em países pobres são, freqüente-
mente, os únicos a ganhar o pão para a família. Assim, negar o emprego às
crianças causaria o sofrimento de famílias inteiras, e um erro (trabalho infan-
til) poderia produzir um erro maior (pobreza). Em vez disso, The Economist é a
favor de regulamentar as condições sob as quais as crianças são empregadas e
espera que, com o tempo, à medida que os países pobres se tornem mais ricos,
a necessidade de trabalho infantil desapareça.
Muitos varejistas norte-americanos costumam comprar roupas de fornecedo-
res estrangeiros de baixo custo, e os gerentes dessas empresas têm sido chama-
dos a adotar sua postura ética quanto ao trabalho infantil. Gerentes da Wal-
Mart, Target, JCPenney e The Gap (ver Tabela 4.1) têm
seguido os padrões e normas norte-americanos e têm polí-
ticas que ditam que seus fornecedores estrangeiros não
devem empregar trabalho infantil. Eles também garantem
cortar vínculos com qualquer fornecedor que viole esse
padrão.
No entanto, os varejistas, aparentemente, diferem muito
na maneira como obrigam o cumprimento de tais políticas.
Estima-se que mais de 300.000 crianças com menos de 14
anos estejam sendo empregadas em confecções na Guate-
mala, um popular lugar de baixo custo para a confecção de
roupas que abastece o mercado norte-americano. Essas
crianças, freqüentemente, trabalham mais de 60 horas por
Meninos afegãos tecem tapete, em abril de 2003, enquanto
semana, e muitas vezes recebem menos de $ 3 por dia, pró-
seu pai está ao lado, em local próximo à sua casa, em Kabul, ximo do salário mínimo na Guatemala. Muitos varejistas
Afeganistão. Os fabricantes de tapetes afegãos contratam norte-americanos não investigam seus fornecedores estran-
crianças para fazer tapetes, pagando às suas famílias geiros. É claro que, se os eles quiserem ser verdadeiros em
perto de $ 8 por metro. Fazer um tapete de 6 metros leva sua postura ética quanto a essa questão preocupante, não
aproximadamente um mês, e as crianças normalmente podem ignorar o fato de estarem comprando roupas feitas
trabalham em turnos alternados com a escola e outros por crianças, e devem agir para regulamentar as condições
deveres domésticos. sob as quais essas crianças trabalham.
132 Capítulo Quatro

Ética Profissional
ética profissional Padrões A ética profissional consiste de padrões que regem como os membros de uma pro-
que regem como os membros fissão, ocupação ou ofício devem proceder quando desempenham atividades rela-
de uma profissão ou ofício cionadas ao trabalho.30 Por exemplo, a ética médica rege o modo como os médicos
devem proceder ao realizar e enfermeiros devem tratar os pacientes. Espera-se que os médicos realizem apenas
atividades relacionadas ao os procedimentos médicos necessários e ajam visando aos interesses do paciente, e
trabalho.
não aos seus próprios. A ética da pesquisa científica requer que os cientistas condu-
zam seus experimentos e apresentem seus achados de maneira a assegurar a vali-
dade de suas conclusões. Como a sociedade em geral, a maioria dos grupos profis-
sionais pode impor punições para violações de padrões éticos.31 Os médicos e
advogados podem ser impedidos de exercer suas profissões se desconsiderarem a
ética profissional e colocarem seus próprios interesses em primeiro lugar.
Dentro de uma organização, as regras e normas profissionais normalmente
regem a maneira como os funcionários, advogados, pesquisadores e contadores
devem tomar decisões para atender a outros stakeholders. Os funcionários interna-
lizam as regras e normas de sua profissão (assim como fazem com as regras e nor-
mas da sociedade) e seguem-nas automaticamente ao decidir como devem se
comportar. Uma vez que a maioria das pessoas segue regras estabelecidas de com-
portamento, elas tomam, freqüentemente, a ética como algo subentendido. Entre-
tanto, quando a ética profissional é violada, tal como quando cientistas fabricam
dados para disfarçar os efeitos nocivos de produtos, as questões éticas passam a ser
o foco de atenção.

Ética Individual
ética individual Padrões A ética individual consiste de padrões e valores pessoais que determinam a
e valores pessoais que maneira como as pessoas vêem suas responsabilidades em relação às outras pes-
determinam como as pessoas soas e grupos e como devem agir nas situações em que seus próprios interesses
vêem suas responsabilidades estão em jogo.32 As fontes da ética individual incluem a influência da família, dos
em relação aos outros e como
colegas e da educação em geral. As experiências adquiridas ao longo da vida —
devem agir nas situações em
através de participações em instituições sociais, tais como escolas e igrejas — tam-
que seus próprios interesses
bém contribuem para o desenvolvimento dos padrões e valores pessoais que uma
estão em jogo.
pessoa aplica para decidir o que é certo ou errado e se deve fazer certas ações ou
tomar certas decisões.
Muitas decisões ou comportamentos que uma pessoa acha antiéticos, como
usar animais para teste de cosméticos, podem ser aceitáveis para outra pessoa. Se
as decisões ou comportamentos não forem ilegais, os indivíduos podem concor-
dar ou discordar quanto às suas crenças éticas ou podem tentar impor suas pró-
prias crenças a outras pessoas e torná-las lei. Em todos os casos, entretanto, as
pessoas devem desenvolver e seguir os critérios éticos descritos anteriormente
para equilibrar seus interesses em relação aos dos outros quando eles determinam
como se comportar em uma dada situação.

Ética Organizacional
ética A ética organizacional consiste de práticas e crenças norteadoras por meio das
organizacional Práticas e quais uma determinada empresa e seus gerentes vêem sua responsabilidade
crenças norteadoras por meio perante seus stakeholders. A ética individual dos fundadores e dirigentes de uma
das quais uma determinada
empresa é especialmente importante na determinação do código de ética da orga-
empresa e seus gerentes vêem
nização. Organizações cujos fundadores tiveram um papel vital na criação de um
sua responsabilidade perante
código altamente ético de comportamento organizacional incluem a Merck, a
os stakeholders.
Hewlett-Packard, a Johnson & Johnson e a Prudential Insurance Company. O
código de ética da Johnson & Johnson — seu credo — reflete uma grande preocu-
pação por seus stakeholders (ver Tabela 4.2). Os credos de uma empresa, como o da
Johnson & Johnson, procuram evitar comportamento antiético, de interesse próprio,
Ética e Responsabilidade Social 133

Tabela 4.2
Formas de Comportamento Socialmente Responsável

Os gerentes estão sendo socialmente responsáveis e mostrando seu apoio aos stakeholders quando:
• Pagam indenizações para ajudar os trabalhadores demitidos a se manter até conseguirem encontrar outro
emprego.
• Fornecem aos trabalhadores oportunidades de aperfeiçoar suas qualificações e adquirir educação adicional
para que possam permanecer produtivos e não se tornem desatualizados devido às mudanças na tecnologia.
• Permitem que os funcionários tirem folga quando precisarem e fornecem a eles assistência médica e benefícios
de pensão.
• Contribuem com instituições beneficentes ou apoiam várias atividades voluntárias nas cidades onde estão
localizadas (a Target e a Levi Strauss contribuem com 5% de seus lucros para subsidiar escolas, instituições
beneficentes, artes e outros trabalhos).
• Decidem manter uma fábrica aberta, cujo fechamento devastaria a comunidade local.
• Decidem manter as operações de uma empresa no país de origem para proteger os empregos de trabalhadores
locais em vez de mudar-se para o exterior.
• Decidem gastar dinheiro para aprimorar uma nova fábrica a fim de não poluir o ambiente.
• Recusam-se a investir em países que têm poucos registros de direitos humanos.
• Ajudam os países pobres a desenvolver uma base econômica para aprimorar seu padrão de vida.

além de demonstrar aos gerentes e funcionários que a empresa não irá tolerar
pessoas que, devido à sua própria fraqueza ética, colocam os interesses pessoais
acima dos interesses de outros stakeholders organizacionais e ignoram os prejuízos
que estão infligindo aos outros, bem como determinar que aqueles que agem de
modo antiético serão punidos.
Os gerentes ou trabalhadores podem se comportar de modo antiético ao se
sentirem pressionados a fazer isso devido à situação em que se encontram e por
diretores que sejam antiéticos. Mais uma vez, se os diretores de uma empresa
endossam os princípios éticos de modo coerente com seu credo corporativo, eles
podem impedir que isso ocorra. Os funcionários provavelmente agirão de modo
antiético quando um credo não existe ou é desconsiderado. A Arthur Andersen,
por exemplo, não seguiu seu credo; seus parceiros inescrupulosos pediram aos
gerentes de nível médio para rasgarem os registros que mostravam a evidência de
seus erros. Embora os gerentes soubessem que isso era errado, eles seguiram as
ordens porque responderam ao poder pessoal e ao status dos parceiros, e não ao
código de ética da empresa. Eles temiam perder seus empregos se não se compor-
tassem de maneira antiética, mas suas ações acabaram custando seus empregos.
Os diretores desempenham um papel crucial na determinação da ética de uma
empresa. É muito importante, então, que, ao fazer as indicações, o conselho de
diretoria examine detalhadamente a reputação e os registros éticos desses direto-
res. É da responsabilidade do conselho decidir se um CEO potencial tem maturi-
dade, experiência e integridade necessárias para chefiar uma empresa e para ser
responsabilizado pelo capital e pela riqueza da organização, da qual depende o
destino de todos os stakeholders. Em 2003, o ex-CEO da Kmart, que tinha levado a
empresa à falência, estava sendo investigado por tomada de decisão gerencial ina-
dequada; em 2004, Martha Stewart, a maior acionista de sua empresa, deixou a
diretoria depois de ser considerada culpada por uma negociação privilegiada.
Um histórico de sucesso não basta para decidir essa questão, pois um gerente
pode ter atingido esse sucesso através de meios antiéticos ou ilegais. É impor-
tante investigar os diretores potenciais e examinar suas credenciais. No início dos
anos 2000, foi descoberto que os diretores de várias empresas importantes
134 Capítulo Quatro

não tinham os diplomas ou a experiência declarados em seus currículos, e que


eles tinham agido de maneira antiética para conseguir seus empregos atuais! Fre-
qüentemente, o que melhor pode prever o comportamento futuro é o comporta-
mento passado, mas o conselho de diretoria precisa estar atento a pessoas antiéti-
cas que usam meios antiéticos para subir ao topo da hierarquia organizacional.

Abordagens à A ética de uma empresa é o resultado de diferenças na ética


social, organizacional, profissional e individual. Por sua vez,

Responsabilidade a ética de uma empresa determina sua postura ou posição


na responsabilidade social. A postura de uma empresa na
responsabilidade social é a maneira como seus gerentes e
Social funcionários vêem seu dever ou obrigação de tomar deci-
sões que protejam, aumentem e promovam a prosperidade
e o bem-estar dos stakeholders e da sociedade como um
responsabilidade todo.33 Como observado anteriormente, quando não existem leis que especifi-
social O dever ou a quem como uma empresa deve agir com relação aos stakeholders, os gerentes
obrigação que um gerente devem decidir o que é certo, ético e socialmente responsável a fazer. Diferenças
tem de tomar decisões que
na ética empresarial podem levar as empresas a assumir posições ou visões dife-
promovam a segurança e o
bem-estar dos stakeholders e
rentes sobre qual é sua responsabilidade perante seus stakeholders.
da sociedade como um todo. Muitos tipos de decisões mostram as crenças de uma empresa sobre sua obrigação
de tomar decisões de negócio socialmente responsáveis (ver Tabela 4.2). A decisão
de gastar dinheiro em treinamento e educar funcionários — investindo neles — é
uma decisão dessa natureza. Outra decisão desse tipo é a de minimizar ou evitar dis-
pensas sempre que possível. A decisão de agir prontamente e advertir clientes
quando um lote de mercadoria com defeito foi vendido acidentalmente é outro
exemplo. As empresas que tentam esconder problemas como esses mostram pouca
consideração pela responsabilidade social. Na década de 1990, tanto a Ford quanto a
GM tentaram esconder o fato de que vários de seus veículos tinham defeitos que lhes
tornavam perigosos para dirigir. As empresas foram penalizadas com centenas de
milhões de dólares em prejuízos por seu comportamento antiético. Por outro lado,
em 2002, quando a Campbell Soup descobriu que milhares de latas de sopa rotula-
das como creme de cogumelo na verdade continham sopa de molusco, ela anunciou
rapidamente o problema para o público. Visto que o rótulo errado podia causar pro-
blemas graves aos clientes com alergias a crustáceo, informar o público foi a coisa
certa a fazer.34 A maneira como uma empresa anuncia problemas ou admite seus
erros fornece fortes pistas sobre sua postura quanto à responsabilidade social.
abordagem
obstrucionista As
empresas e seus gerentes Quatro Abordagens Diferentes
escolhem não se comportar
de um modo socialmente A força do compromisso das empresas com a responsabilidade social varia de
responsável, e sim de maneira “baixa” a “alta” (ver Figura 4.5). Como “baixa” situa-se a abordagem obstrucionista,
antiética e ilegal. na qual as empresas e seus gerentes escolhem não se comportar de uma maneira

Figura 4. 5
Quatro Abordagens de
Abordagem Abordagem Abordagem Abordagem
Responsabilidade Social obstrucionista defensiva proativa
acomodativa

Baixa Responsabilidade Social Alta


responsabilidade responsabilidade
social social
Ética e Responsabilidade Social 135

uma maneira socialmente responsável. Em vez disso, comportam-se de modo anti-


ético e ilegal e fazem tudo o que podem para impedir que seu comportamento
chegue ao conhecimento de outras partes interessadas e da sociedade em geral.
Os gerentes da Mansville Corporation adotaram essa conduta quando suprimiram
evidências de que o amianto causava lesão nos pulmões. As empresas de tabaco
também agiram assim quando buscaram esconder evidências de que fumar cigar-
ros causa câncer de pulmão.
Os diretores da Enron também agiram de modo obstrucionista quando impe-
diram os funcionários de vender ações da empresa em seus fundos de pensão
antes de eles saberem que a empresa estava com problemas. Ao mesmo tempo, a
direção vendeu centenas de milhões de dólares no valor de suas próprias ações da
Enron. Os sócios principais na Arthur Andersen, que instruíram seus subordina-
dos a rasgar arquivos, escolheram, como os gerentes de todas essas organizações,
uma abordagem obstrucionista. O resultado foi não só a perda da reputação, mas
a ruína para a organização e para todos os stakeholders envolvidos. Todas essas
empresas não estão mais funcionando. O comportamento antiético característico
da abordagem obstrucionista é exemplificado na maneira como a equipe geren-
cial da Beech-Nut, na década de 1980, colocou os interesses pessoais antes da
saúde dos clientes e acima da lei.

Suco de Maçã ou Água com Açúcar?


No início dos anos 1980, a Beech-Nut, fabricante de alimentos para bebês,
estava com graves problemas financeiros ao tentar competir com a Gerber Pro-
ducts, a líder de mercado. Ameaçada pela falência, caso não pudesse abaixar
seus custos operacionais, a Beech-Nut entrou num acordo com um fornecedor
de baixo custo que vendia concentrado de suco de maçã. O acordo economi-
zaria mais de $ 250.000 à empresa anualmente, em tempos em que cada dólar
contava. Logo, um dos nutricionistas da Beech-Nuts preocupou-se com a quali-
dade do concentrado. Ele acreditava que não era feito apenas de maçãs, mas
continha grandes quantidades de xarope de milho e cana-de-açúcar. Ele levou
a informação à diretoria da Beech-Nut, mas eles estavam obcecados com a
necessidade de manter custos baixos e preferiram ignorar as preocupações do
nutricionista. A empresa continuou a produzir e vender seu produto como
suco de maçã puro.35
Ética em Por fim, os investigadores da FDA (Food and Drug Administration) dos
Ação Estados Unidos apontaram à Beech-Nut evidências de que o concentrado
estava adulterado. A diretoria emitiu negativas e rapidamente vendeu o esto-
que remanescente de suco de maçã para o mercado, antes de sua apreensão.
O nutricionista que havia questionado a pureza do suco de maçã tinha pedido
demissão da Beech-Nut, mas decidiu denunciar a empresa. Ele disse à FDA
que a diretoria da empresa sabia do problema com o concentrado, mas tinha
agido de forma a maximizar os lucros da empresa ao invés de informar os
clientes sobre os aditivos no suco de maçã. Em 1987, a empresa foi declarada
culpada das acusações de vender, deliberadamente, suco adulterado, e foi mul-
tada em mais de $ 2 milhões. Seus diretores também foram declarados culpa-
dos e sentenciados à prisão.
A confiança do consumidor nos produtos Beech-Nut despencou, como tam-
bém o valor das ações da empresa. A reputação da empresa foi arruinada, e por
fim ela foi vendida para a Ralston Purina, agora de propriedade da Nestlé, que
instalou uma nova equipe gerencial e um novo código ético de valores para
orientar futuras decisões de negócio.
136 Capítulo Quatro

abordagem defensiva As A abordagem defensiva indica um compromisso mínimo com o comporta-


empresas e seus gerentes mento ético.36 As empresas e gerentes que adotam esta abordagem agem dentro
comportam-se de modo ético da lei e acatam estritamente os requisitos legais, mas não tentam exercer respon-
quando se mantêm dentro da
sabilidade social além do que dita a lei — assim eles podem e, freqüentemente,
lei e em estrita conformidade
com os requisitos legais.
agem de modo antiético. São empresas desse tipo, como a Computer Associates e
a WorldCom, que dão a seus gerentes grandes opções de compra de ações e boni-
ficações, mesmo quando o desempenho da empresa está declinando. Os gerentes
são do tipo que vendem suas ações antes dos outros acionistas porque sabem que
o desempenho de sua empresa está caindo. Embora agir com base em informa-
ções privilegiadas seja ilegal, muitas vezes é difícil provar o fato, visto que a dire-
ção tem o direito de vender suas ações quando quiser. Os fundadores da maioria
das empresas virtuais tiraram vantagem dessa brecha na lei para vender centenas
de milhões de dólares de suas ações virtuais antes de seus preços caírem. Ao toma-
rem essas decisões, tais gerentes colocam seus próprios interesses primeiro e cos-
tumam prejudicar os outros stakeholders.
abordagem A abordagem acomodativa é o reconhecimento da necessidade de apoiar a res-
acomodativa As empresas ponsabilidade social. As empresas e gerentes que adotam essa abordagem concor-
e seus gerentes comportam-se dam que os membros da organização devem se comportar de modo legal e ético,
de modo legal e ético e tentam
e tentam equilibrar os interesses de diferentes stakeholders, de modo que as reivin-
equilibrar os interesses de
diferentes stakeholders.
dicações dos acionistas sejam vistas em relação às reivindicações dos outros stakehol-
ders. Os gerentes que adotam essa abordagem querem fazer escolhas que sejam
razoáveis aos olhos da sociedade e desejam fazer a coisa certa quando necessário.
Essa abordagem é seguida pela típica grande empresa norte-americana, que
tem muito a perder com o comportamento antiético ou ilegal. Em geral, quanto
mais antiga a empresa e melhor sua reputação, maior a probabilidade de seus
gerentes evitarem a ação antiética por parte dos subordinados. Grandes empresas
como a GM, a Intel, a Du Pont e a Dell buscam todas as maneiras de construir
vantagens competitivas. Elas se esforçam para evitar que seus gerentes se compor-
tem de maneira antiética ou ilegal, sabendo das graves conseqüências desse com-
abordagem proativa As portamento na lucratividade futura.
empresas e seus gerentes Empresas e gerentes que adotam a abordagem proativa defendem ativamente a
defendem ativamente o necessidade de se comportar de modo socialmente responsável. Eles não medem
comportamento socialmente esforços para saber quais são as necessidades de diferentes stakeholders e estão dis-
responsável, não medindo
postos a utilizar recursos organizacionais para promover os interesses não só dos
esforços para saber as
necessidades de diferentes
acionistas, mas também dos outros stakeholders. Tais empresas estão à frente de
stakeholders e utilizando campanhas por determinadas causas, tais como um ambiente sem poluição, reci-
recursos organizacionais para clagem e conservação de recursos, minimização ou eliminação do uso de animais
promover os interesses de em testes de drogas e cosméticos e redução do crime, do analfabetismo e da
todos eles. pobreza. Empresas como McDonald’s, Green Mountain Coffee, Ben and Jerry’s e

Você pode se deliciar ao tomar um pote de sorvete Primary


Berry Graham, da Ben & Jerry. A empresa tem uma longa
história de comprometimento com a abordagem proativa em
responsabilidade social ao doar lucros para caridade, gerar
oportunidades econômicas e proteger o meio ambiente. Por
exemplo, em 2003, a empresa lançou projetos sustentáveis
de laticínios nos Estados Unidos e em Hellendorn, Holanda.
Enquanto isso, a Packaging Innovation Group, empresa
dirigida por funcionários, atingiu um importante objetivo de
redução de embalagens plásticas — em vez de receber
ingredientes a granel (especificamente cerejas) em zilhões de
baldes plásticos de cerca de 20 ,, eles agora recebem esses
ingredientes em embalagens a granel de peso muito superior.
Ética e Responsabilidade Social 137

Target são conhecidas por ser proativas ao dar suporte aos stakeholders, bem
como a seus fornecedores ou à comunidade em que operam.
Ética e Responsabilidade Social 137

1àrget são conhecidas por ser proativas ao dar suporte aos stakeholáers, bem como
a seus fornecedores ou à comunidade em que operam.

Por que Ser Socialmente Responsável?


Várias vantagens podem ser obtidas quando as em presas e seus gerentes se com-
portam de maneira socialmente responsável. Primeiro, demonstrar sua responsa-
bilidade social ajuda a empresa a construir uma boa reputação. A reputação é a
fé, a boa vontad e e a confiança que os outros têm na empresa, e o que os leva a
querer fazer negócio com ela. A recompensa pela boa reputação da empresa é o
aumento dos negócios e uma maior capacidade dle obter recursos dos stak.ehoúlers.
A reputação, desse modo, pode aumentar a lucratividade e construir a riqueza do
acionista. Logo, comportar-se de maneira socialmente responsável é a coisa eco-
nomicamente correta a fazer, porque as empresas que agem assim beneficiam-se
do aumento dos negócios e dos lucros.
U ma segunda razão importante para as empresas agirem de maneira social-
mente responsável em relação aos funcionários, clientes e sociedade é que, em
um sistema capitalista, empresas e governo têm de arcar com os custos de prote-
ger seus stakeholáers, de fornecer assistência médica e renda, de pagar impostos e
- -
assim por diante. Logo, se todas as empresas em uma socied ade agirem de maneira
socialmente responsável, a qualid ade de vida como um todo aumenta.
Além disso, a maneira como as empresas se comportam em relação a seus fun-
cionários determina muitos dos valores e normas de uma sociedade e da ética de
seus cidadãos, como observado anteriormente. Foi dito que se todas as organiza-
ções adotarem uma atitude de atenção e interesse e concordarem que sua respon-
sabilidade é promover os in teresses de seus funcionários, um clima de solidarie-
dade se difundirá por toda a sociedade. O s especialistas apontam para o J apão, a
Suécia, a Alemanh a, os Países Baixos e a Suíça como países onde as organizações
são a ltamente responsáveis socialmente, e onde, como resultado, os índices de
crime, pobreza e desemprego são relativamente baixos, os índices d e a lfabetiza-
ção são relativamente altos e os valores socioculturais promovem a harmonia entre
os diferentes grupos de pessoas. A atividade empresarial afeta todos os aspectos
das vidas das pessoas, por isso a maneira como a empresa se comporta em relação
aos stakehoúlers afeta a maneira como eles se comportarão em relação aos negó-
cios. Você "colhe o que semeia'', como diz o ditado.

O Papel da Cultura Organizacional


Enquanto os códigos de ética de uma organização guiam a tomada de decisões
quando surgem as questões éticas, os gerentes pod em d ar um passo à frente ao
- - - -
garantir que normas e valores éticos importantes sejam fatores-chave na cultura
de uma organização. Por exemplo, a cultura da H erb Kelleher e da Southwest
Airlines é a de valorizar o bem-estar do funcionário. Isto se traduz em normas que
ditam que as demissões devem ser evitadas.37 Quando valores éticos e normas
como essa são parte de uma cultura organizacional, ela~ ajudam os membros da
organização a resistir a ações de interesse próprio e a reconhecer que são parte de
algo maior do que eles próprios.38
Desenvolver valores e padrões éticos em outros funcionários é um papel muito
importante para os gerentes. Os funcionários, naturalmente, buscam essa~ autori-
dades para liderá-los, e os gerentes tornam-se modelos d e ética, cujo comporta-
mento é vigiado pelos subordinados. Se os diretores não forem éticos, seus subor-
dinados provavelmente também não o serão. Eles podem pensar que se os diretores
agem de forma duvidosa, eles também podem agir. A~ ações de altos executivos,
tais como CEOs e o presidente dos países, são vigiadas de perto, já que represen-
tam os valores de sua~ organizações e, no caso do presidente, os valores da nação.
138 Capítulo Quatro

Os gere n tes també m pode m fornecer me ios visíveis d e a poio para d esenvolver
u ma cultura é tica. Cada vez mais, as o rgan izações estão criand o o pape l d a au tori-
ombudsman da ética Um d ad e é tica, ou ombudsman da ética, para monitorar sua<> p ráticas e procedi me ntos
gerente responsável por é ticos. O o mbdusman d a ética é responsável p o r comun icar padrões é ticos a to d os
comunicar e ensinar os padrões
os fu ncionários, por conceber sistemas que monitorem a adesão dos fun cionários a
éticos a todos os funcionários
esses padrões e po r e nsina r aos gere ntes e funcionários d e todos os níve is d a o rgani-
e por monitorar a adesão dos
funcionários a esses padrões. zação a ag ir adequadame n te diante d e dilemas éticos.39 Uma vez que o ombudsman
da é tica te m autoridade na organização inte ira, os funcionários de qua lquer de par-
tame nto p ode m comunicar cams d e compo rtame nto antié tico d e seus gere ntes o u
colegas d e trabal ho se m medo de retaliação. Isto facili ta o co mportame n to ético

Figura 4.6
Credo da Nosso Credo
Johnson & Johnson
Acreditamos que nossa primeira responsabilidade é com os médicos,
enfermeiros e pacientes, com as mães e pais e todos aqueles que utilizam nossos
produtos e serviços.
Ao atender às necessidades deles, tudo o que fazemos deve ser da mais alta qualidade.
Devemos lutar constantemente para reduzir nossos custos a fim de manter preços razoáveis.
Os pedidos dos consumidores devem ser atendidos prontamente e precisamente.
Nossos fornecedores e distribuidores devem ter oportunidade de obter lucro justo.

Somos responsáveis por nossos funcionários, os homens e mulheres que trabalham


conosco em todo o mundo.
Todos devem ser considerados individualmente.
Devemos respeitar sua dignidade e reconhecer seus méritos.
Eles devem ter uma noção de segurança em seus empregos.
Seus ganhos devem ser justos e adequados, e as condições de trabalho devem
ser limpas, organizadas e seguras.
Devemos ter ciência de como ajudar nossos funcionários a cumprir com
suas responsabilidades familiares.
Os funcionários devem se sentir livres para fazer sugestões e críticas.
Deve haver oportunidades iguais de emprego, desenvolvimento
e promoção para os qualificado&
Devemos ter uma gerência competente, e suas ações devem ser justas e éticas.

Somos responsáveis perante as comunidades em que vivemos e trabalhamos.


bem como pela comunidade mundial.
Devemos ser bons cidadãos - apoiar bons trabalhos e instituições beneficentes e
pagar a parte justa de nossos impostos.
Devemos encorajar melhorias cívicas, melhor saúde e educação.
Devemos manter em bom estado a propriedade que temos o privilégio de usar,
protegendo o meio ambiente e os recursos naturais.

Finalmente, somos responsáveis por nossos acionistas.


A empresa deve gerar lucros consideráveis.
Devemos experimentar novas idéias.
Devemos fomentar pesquisas, desenvolver programas inovadores e
pagar por nossos erros.
Devemos comprar equipamentos novos, fornecer novas
instalações e lançar novos produtos.
Devemos criar fundos de reservas para nos protegermos de adversidades.
Quando operamos de acordo com esses princípios, os acionistas
recebem um retorno justo em suas ações.

Fonte: © Johnson & Johnson. Usado com autorização.


Ética e Responsabilidade Social 139

de todos. Além disso, o ombudsman da ética pode fornecer orientação quando os


membros da organização não têm certeza quando uma ação é ou não é ética.
Alguma~ delas têm comitês de ética para fornecer orientação sobre questões éti-
cas e ajudar a escrever e atualizar o código de ética da empresa.
Cultura~ organizacionais ética~ também encorajam os membros da organização
a se comportar de maneira socialmente responsável. De fato, os gerentes daJohn-
son &Johnson levam a responsabilidade social tão a sério que sua organização é
tida, freqüentemente, como um exemplo de empresa socialmente responsável. O
credo deles (ver Figura 4.6) é uma das vária~ formas de como a responsabilidade
social é enfatizada na J ohnson & J ohnson. Como será discutido em "Ética em
ação" a seguir, a culrura organizacional ética da.Johnson &Johnson oferece inú-
meros benefícios à empresa e às suas várias partes interessadas.

Cultura Ética da Johnson & Johnson


AJ ohnson &Johnson é tão respeitada por sua cultura ética que foi considerada

1 a melhor reputação corporativa durante dois anos seguidos, com base numa
pesquisa com mais de 26.000 consumidores, conduzida pela B arris Interactive e
pel~ Reputation Institute na Universidade de Nova Yo~k. 40 A J ohnson & J ohn-
son cresceu de um negócio de família dirigido pelo General Robert Wood John-
son, na década de 1930, para se tornar uma importante fabricante de produtos
médicos e farmacêuticos. Afirmando o papel dos gerentes na criação de culturas
organizacionais éticas, aJohnson enfatizou a importância da ética e da responsa-
bilidade com os stakehoú:terse escreveu seu primeiro credo em 1943. 41
Atualmente, o credo continua a guiar os funcionários naJohnson &Johnson
e descreve os compromissos da empresa com seus diferentes stakeholders, enfati-
Ética em zando que a primeira responsabilidade da organização é com médicos, enfer-
Acão
)
meiros, pacientes e consumidores. Seguindo esse grupo estão os fornecedores
e distribuidores, funcionários, comunidades e, finalmente, os acionista~.42 Este
credo tem sido útil aos gerentes e funcionários naJoh nson &Johnson e orien-
tado algumas decisões difíceis, tal como a de fazer o recall de comprimidos de
Tylenol no mercado norte-americano d epois que cápsulas contaminadas com
cianeto foram responsáveis por sete mortes em Chicago.
Condizente com sua culnira ética e reputação excelente, o bem-estar do con-
sumidor sempre vem antes da~ consid erações de lucro naJohnson & J ohnson.
Por exemplo, cerca de 20 anos atrás, o óleo para be b ês daJohnson &Johnson
foi usado como produto para bronzear, numa época em que os efeitos nocivos
da exposição ao sol eram muito menos conhecidos pelo público. 43 O gerente
desse produto na época, Carl Spalding, estava fazendo uma apresentação para
- - - - -
a d ireção sobre planos de marketing quando o Presidente David Clare mencio-
nou que o bronzeamento com o óleo poderia não ser saudável.44 Antes de lan-
çar sua campanha de marketing plane_jada, Spalding procurou informar-se junto
aos órgãos de saúde sobre questões ligadas a bronzeamento, e descobriu algu-
mas evidências de que problemas relacionados à saúde poderiam surgir, resul-
tantes do excesso de exposição ao sol. Embora as evidências não fossem defini-
tivas, Spalding recomendou que o óleo para bebês não fosse mais comercializado
como auxílio para o bronzeamento, uma decisão que resultou em uma redução
de 50% nas vendas de óleo para bebê, algo em torno d e$ 5 milhões. 45
Os valores e normas éticos na cu[tura da.Johnson & J ohnson,juntamente
com seu credo, orientam os gerentes, como Spalding, a tomar a decisão certa
em situações difíceis como esta. Daí, entende-se por que aJohnson &John-
son é renomada por sua reputação corporativa. Uma cultura ética e uma
reputação excelente trazem outros benefícios além de ajudar os funcionários
140 Capítulo Quatro

a tomar as decisões certas em situações questionáveis. J eanne H amway, vice-pre-


sidente de recrutamento, acha que a reputação daJohnson &J ohnson ajuda a
empresa a recrutar e atrair uma força de trabalho diversificada. 46 Além disso,
quando as organizações desenvolvem uma reputação excelente, seus funcioná-
rios são, freqüentemente, menos tentados a agir em seu interesse próprio ou
de uma maneira antiética. Por exemplo, uma vez que os gerentes naJ ohnson &
J ohnson sugerem que os funcionários da empresa nunca aceitem propinas, a
empresa é conhecida como aquela em que as propinas não devem ser ofereci-
das.47 Por fim, culturas éticas como as daJohnson & J o h nson beneficiam os
vários stakehoúiers de diversas maneira<;.

Resumo e A NATUREZA DA ÉTICA Questões éticas são fundamentais


para determinar o modo como as e mpresas e seu<; gerentes tomam
decisões, e afetam não só a e fi ciê ncia e a efetividade de como as
Revisão e mpresas operam , mas também a prosperidade de uma nação. O
resultado do comporta me nto ético é um aumento geral no desem-
penho da empresa, no padrão de vida, no bem-estar e na riqueza de uma nação.
Um dilema ético é o impasse em que as pessoas se e ncon tram quando têm de
decidir se devem agir de modo a ~judar outra pessoa ou grupo, e é a coisa "certa"
a fazer, mesmo que isso vá contra seu próprio interesse. A ética consiste de princí-
pios m orais, valores e crenças de orientação in terna que as pessoas usam para
analisar ou inte rpretar uma situação e, então, decidir qua l é a maneira "certa" ou
apropriada de se comportar.
Crençao; éticac; a lteram e mudam com o pao;sar do tempo, e, à medida que isso
acontece, ac; le is se modificam para r efletir as crenças e éticac; em mudança d e
uma sociedade.

STAKEHOLDERS E ÉTICA Os stakelw/,ders são pessoas e g rupos q ue têm


direitos e interesses e m uma e mpresa. Os principais grupos de sta.kehoúiers são acio-
nistas, gerentes, funcionários, fornecedores e distribuidores, clientes e uma comuni-
dade, sociedade e nação. As e mpresa<; e seus gerentes precisam tomar d ecisões éticas
de negócio que promovam o bem-estar de seus stakPlwlders e evitem pr~jud i cá-los.
Para determinar se uma d ecisão empresarial é ética, os gere ntes podem usar
quatro regra<; éticas para analisá-la: as regras utili tária, de direi tos morais, de jus-
tiça e as práticas. Os gerentes devem se comportar de ma nei ra ética porque isso
evita a "tragédia dos bens comuns" (tragedy of the commons) e r esulta e m um
aum e nto geral na eficiência, efetividade e desempenho da e mpresa. Os principais
determinantes das diferença<; na ética e mpresarial de um geren te, de uma e mpresa
e de u m país são de ordem social, profissional, individual e organizacional.

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL A postura de uma e m presa


com relação à responsabilidade social está re lacionada com a maneira como seus
geren tes e funcionários vêem seu dever ou obrigação d e tomar decisões que pro-
tegem, aprimoram e promovem a as.c;istência socia l e o be m-estar dos stakehoúiers e
da sociedade como um todo.

ABORDAGENS À RESPONSABILIDADE SOCIAL H á quatro aborda-


gens principais à responsabilid ade social: obstrucionista, d efensiva, acomodativa e
proativa. As r ecomp e nsas d e se comportar de maneira socialme nte responsável
são representadas pela boa reputação, pelo suporte de todos os slalulwlders da
organização e pelo desempenho superior da e mpresa.
Tópicos para Discussão e Ação
Discussão 4. Como funcionário de uma Ação
empresa, quais são as práticas 6. Encontre um gerente e pergunte
1. Qual a relação entre a ética e
de negócios mais antiéticas que a ele quais são as regras éticas
a lei?
você já viu nas transações com mais importantes que ele ou ela
2. Por que os direitos e interesses
stakeholders? usa para tomar decisões
de stakeholders às vezes são
conflitantes? 5. Quais são os principais acertadas.
determinantes da ética 7. Encontre um exemplo de (a)
3. Por que os gerentes deveriam
empresarial? uma empresa que tenha uma
usar critérios éticos para guiar
suas tomadas de decisão? abordagem obstrucionista
para a responsabilidade i
social e (b) uma que tenha
uma abordagem acomodativa.

Desenvolvendo Habilidades Gerenciais


Lidando com dilemas éticos
Use o material deste capítulo para decidir como você, sendo gerente, deveria responder a cada um
dos seguintes dilemas:

1. Você está planejando sair de seu 2. Você é o gerente de vendas de 3. Você assina um contrato para
emprego e ir trabalhar para um uma revendedora de carros gerenciar uma jovem banda de
concorrente. Seu chefe o esportivos caros. Uma jovem rock, e esta banda aceita que
convida para uma reunião executiva que acaba de receber você produza os próximos sete
uma promoção entra e quer álbuns deles, pelos quais eles
importante em que você
receberão 5% de royalties. O
aprenderá sobre novos produtos comprar um carro que você sabe
primeiro disco da banda é um
que sua empresa lançará no ano estar fora da faixa de preço dela.
sucesso e vende milhões de
seguinte. Você vai à reunião? Você encoraja a executiva a exemplares. Você aumenta a
comprá-lo para receber uma porcentagem de royalties deles
comissão alta pela venda? nos discos futu ros?

Gerenciando com Ética


omo discutimos neste capítulo, a res éticos da empresa desaparece-
C cultura da Arthur Andersen tinha
se tornado tão forte que alguns dos
ram; alguns gerentes brincavam sobre
os danos causados aos stakeholders.
2. Quais medidas uma empresa
pode tomar para prevenir esse
problema - impedir que seus
parceiros da empresa e seus subordi- valores e normas se tornem-se
nados agiram de modo antiético e Perguntas tão focados internamente a
buscaram seus próprios interesses à 1. Por que os valores e normas de ponto de os gerentes e
custa de outros stakeholders. Muitos uma organização podem se funcionários perderem a visão
fu ncionários sabiam que eles estavam tornar tão fortes a ponto de de suas responsabilidades com
agindo errado, mas temiam recusar levarem a comportamentos seus stakeholders?
suas ordens. Na Beech-Nut, os valo- antiéticos?
141
Exercício Preparatório em Pequenos Grupos
Mascar Chiclete é a Coisa "Certa" a Fazer?
Leia o parágrafo abaixo. A seguir, forme grupos de três ou quatro pessoas e responda às questões
para discussão.

os Estados Unidos, o direito de que isso suja as ruas e acreditam que 2. Por que você pode mascar
N mascar chiclete é garantido.
Embora isso seja contra as normas
não se pode confiar que as pessoas
jogarão seu chiclete no lixo e, assim,
chicletes na rua, mas não numa
igreja?
nas salas de aula, nas igrejas e assim não devem ter o direito de mascá-lo. 3. Como você pode usar princípios
por diante, é legal fazer isso na rua. Se 1. O que torna o ato de mascar éticos para decidir quando
você possui ou masca chiclete numa chicletes aceitável nos Estados mascar chiclete é ético ou
rua em Cingapura, pode ser preso. Unidos e inaceitável em antiético e se e quando isso
Isso é ilegal em Cingapura porque Cingapura? deve ser considerado ilegal?
aqueles que estão no poder acham

Pesquisa na Internet
á ao site da Wal-Mart (www. wla- busca na Web para encontrar histó- 1. Quais os princípios éticos que
V mart.com) e leia as informações
sobre a postura da empresa sobre
rias recentes que falem das práticas orientam a abordagem da Wal-
Mart à compra global?
de compras globais da Wal-Mart e
ética de terceirização global e o tra- dos relatos sobre a obrigatoriedade 2. A Wal-Mart parece estar fazendo
tamento de trabalhadores em países de aplicação de seu código de con- um bom trabalho ao torn ar
no exterior. Depois disso, faça uma duta. obrigatório seu código de
conduta global?

Você é o Gerente
Criando um Código Ético

V ocê é um empreendedor que


decidiu entrar em um negócio e
abrir uma churrascaria. Seu plano de
a qual deve concordar quando aceitar
a oferta de emprego. Esses princípios
formam sua visão do que é um com-
Crie uma lista de cinco regras ou
princípios éticos principais que usará
para gerenciar seu negócio. Não
negócio exige que você contrate pelo portamento certo ou aceitável e deixe de descrever como esses prin-
menos 20 pessoas, tais como chefs, daquilo que será esperado tanto de cípios se relac ionam com seus
garçons e assim por diante. Como você quanto de seus funcionários. stakeholders. Por exemplo, declare
proprietário, você está formando uma as regras que você pretende seguir
lista de princípios éticos que cada ao lidar com se us funcionários e
uma dessas pessoas receberá e com clientes.

142
BusinessWeek Casos na Mídia
A Boeing Pode Sair ser muito mais caro para o governo controvérsia ética e precisava ser
federal do que uma compra definitiva revisto para assegurar que atendesse
de sua (ver edição da B usinessWeek de aos interesses dos contribuintes e dos
'" Nuvem Ética"? 07.07.2003, matéria "lnside Boeing's militares", disse Steve Ellis, vice-presi-
Sweet Deal"). dente do Taxpayers for Common
O inesperado pedido de demissão
do chairman e CEO da Boeing,
º
Philip M. Condit, em 1 de dezembro
A saída de Condit veio uma semana
depois que o CFO da Boeing, Michael
Sense. Com Corndit fora, o conselho
de diretoria escolheu Stonecipher, que
de 2003, veio depois de um ano de Sears, pediu demissão. A empresa fala duro, porque, aparentemente, ele
turbulência na maior empresa aero- citou conduta antiética, dizendo que será respeitado em Wall Street e por-
espacial do mundo. A gota d'água ele havia negociado a contratação de que sabe como agir com o Pentágono.
[para Condit, 62 anos, pode ter sido a uma especialista em defesa de mís- Com a aposentadoria obrigatória esta-
expulsão, na semana anterior, de dois seis da Força Aérea enquanto ela belecida aos 65 anos para os executi-
fu ncionários de nível sênior da Boeing ainda estava trabalhando para o Pen- vos da Boeing, Stonecipher recebeu
devido a um alegado lapso de ética. tágono, e que teve influência direta na uma isenção especial para retornar.
O pedido de demissão de Condit oferta da Boeing de assegurar o con - Como a Boei ng se envolveu e
criou vários desafios assustadores trato do avião-tanque. Sears negou incluiu seus mais altos executivos em
[para seu sucessor imediato - Harry qualquer ato ilícito. tamanha confusão é uma coisa que
C. Stonecipher, ex-presidente e COO. " É surpreendent e para uma ainda tem de ser explicada. As ações,
Stonecipher, da Boeing, 67 anos, que empresa como a Boeing ter não só pouco acima de $ 38, mal oscilaram

já se aposentou, mas contirnuou como uma, mas d uas violações éticas evi- com a notícia da saída de Condit e
membro do conselho, e que assumiu dentes em menos de seis meses", conseguiram subir, apesar de o preço
imediatamente o posto de CEO e pre- disse Steven Ryan, um advogado de ser o mais baixo atingido, de $ 24, em
sidente de unna empresa com receita Washington (D.C.), representante de março de 2003. Entretanto, dizem os
anual superior a$ 54 bilhões. contratantes que procuram trabalhar analistas , as ações deveriam ter
Em sua primeira conferência à com o governo federal. Em julho de s ubido mu ito mais, e Stonecipher
imprensa no novo cargo, Stonecipher 2003, o Pentágono puniu a Boeing deveria ter uma longa jornada até
parecia dizer todas as coisas certas por roubar segredos comerciais da recobrar a confi ança de investidores
ao se empe nhar em responder a rival Lockheed Martin conn o objetivo nervosos e céticos, de stakeholders e
todas as perguntas, qualquer que de ganhar contratos exp losivos. A do governo norte-americano.
fosse, inclusive àquelas que giravam punição totalizou $ 1 bilhão em perda
em torno de um aoordo altamente cri- de negócios, e o Pentágono proibiu
ticado com o governo federal sobre indefinidamente a Boeing de partici- Questões
um avião-tanque. O líder de fala dura, par de ofertas em contratos militares
1. Em que tipos de ações antiéticas
eficiente, terá de honrar sua palavra e de lançamento de satélites.
os gerentes da Boe·ing se
fazer a Boeing disparar novamente. "A demissão de Condit é um reflexo engajaram?
Fica claro que Stonecipher tinha da seriedade do problema", disse
um trabalho importante a fazer. O Ryan. E a situação sugeriu que alguma 2. Que efeito isso teve na empresa
pedido de demissão de Condit estava coisa não estava certa dentro da cul- e como o seu CEO pode impedir
relacionado à relutância persistente tura da Boeing - alguma coisa que o futuro comportamento
da Boeing de revelar todas as parti- Stonecipher tinha ajudado a mudar, antiético?

c ularidades de um plano controverso quando era presidente, e que naquele


de fazer o leasing de um Boeirng 767 momento tinha a obrigação e a res- Fo nte: HOLMES, Stanley. "Can Boeing Gel Ou!
[para a Força Aérea. O plano foi criti - ponsabilidade de esclarecer. of lts 'Ettnical Cloud' ?" Reimpressão da edição
de 01 de dezembro de 2003 da Business Week
cado pelo fato de o contrato ter sido "Tudo que a ex-liderança na Boeing Online, com a utorização especial. Copyright ©
realizado em segredo e de o leasing fez estava cercado de uma nuvem de 2003 by McGraw-Hill Companies, lnc.
Casos na Mídia
Este Homem Pode um acordo final, dizem os insiders, eram: vender, vender, vender. Bedda
inclusive controles nos chamados Emous, planejador financeiro público,
Salvar a Putnam? dólares fáceis - descontos de comis- que trabalha na Fiduciary Solutions,
harles E. "Ed" Haldeman adminis-
C tra dinheiro como joga tênis. O
novo executivo-chefe da Putnam lnvest-
sões de corretagem a empresas de
fundos, com os quais eles compram
em Andover, Massachusetts, que não
recomendava um fundo Putnam desde
pesquisas ou equipamentos, tal como 1998, disse: "Era óbvio que a Putnam
ment não bate forte, mantêm a bola em computadores - e pagamentos de era uma empresa de marketing e não
jogo, evita erros e cansa os oponentes incentivo a intermediários que ven- uma empresa que administrava
ficando muito tempo na quadra. dem fundos mútuos. A não ser que a dinheiro." O ex-vendedor da Putnam
Que sorte! Com a gigante de fundo Putnam e a SEC cheguem a um concluiu que ganhar contas novas
mútuo de Boston ainda gerando acordo, um juiz da área fixará penali- importava mais que bons retornos
$ 3 bilhões de ativos por mês depois dades. Jeff Keil, vice-presidente de sobre o investimento. Lasser encora-
de escândalos de negociação, ele está análise fiduciária global na Lipper jou uma cultura da vigilância. Quando
num jogo de sobrevivência. Haldeman lnc. , alega que: "A SEC parece estar os retornos dos administradores de
está lutando com a p ior crise nos 67 fazendo todo o esforço possível para carteira começavam a cair, ele man-
anos de história da empresa. Os inves- tornar a Putnam um exemplo." dava "lassergramas" - cartas ríspidas
tidores apressaram-se para tirar mais A limpeza poderia transformar o em papel cinza - que geravam para-
de $ 70 bilhões de seu dinheiro. Isto setor. Taxas de todos os tipos serão
nóia e ressentimento. Pior, encorajava
representa 26% dos ativos que a Put- muito mais transparentes. Haldeman,
alguns administradores a jogar, assu-
nam tinha em 30 de setembro de por exemplo, está dizendo aos investi-
mindo grandes riscos na esperança
2003, pouco antes de dois gerentes dores exatamente quanto eles estão
de conseguir grandes retornos. Agora,
estarem envolvidos na rápida compra pagando em dólares e centavos pelas
em vez de se arriscar, como fez a lide-
e venda de seus próprios fundos em taxas e serviços. As despesas do fundo
detrimento dos acionistas. A Putnam rança da Putnam na década de 1990,
podem estar mais baixas, embora um
Haldeman ordenou que os gerentes
também está numa luta violenta com a fim aos descontos em dólar fácil possa
SEC (Comissão de Valores Mobiliários tenham como objetivo retornos confiá-
limitar a queda. E os diretores do fundo
dos EUA) quanto a multas potenciais veis, no longo prazo. Ele quer que
sofrerão pressão para proteger melhor
de $ 138 milhões, assim como uma cada um dos 54 fundos da Putnam
os interesses dos acionistas do fundo.
soma não determinada de restituição fique muito bem classificado na sua
Os diretores da Putnam dizem que
aos acionistas. categoria, todos os anos. (Em relação
eles nunca foram informados de que
A maneira como Haldeman lidará havia problema - uma desculpa que ao ativo ponderado, menos da metade
com a crise terá um importante não vai colar no futuro. dos fundos de ações conseguiu isso
impacto no setor de fundo mútuo, de Haldeman pode salvar a Putnam? no ano, até 31 de março.) No futuro,
$ 7,5 trilhões. As autoridades fiscaliza- Se a probidade pessoal fosse o único os administradores ganharão bonifica-
doras parecem pretender usar o caso fator determinante, a resposta seria um ções por atingirem exatamente isso -

Putnam como alavanca para efetuar sim sonoro. Haldeman, 55 anos, e não receberão um tostão a mais por
grandes mudanças na forma como os gerente de investimentos há 30 anos, é elevar seus fundos entre os 10%
fundos mútuos serão dirigidos no muito admirado no setor por seu com- melhores, como faziam antes. Para
futuro. Num acordo parcial, anunciado promisso com os investidores e altos deixar sua mensagem bem clara, Hal-
em 13 de novembro de 2003, a SEC padrões éticos. Um consultor da Fila- deman escreveu suas "crenças nortea-
impôs à Putnam regras pelas quais o délfia, Burton J. Greenwald, diz: "Ele é doras" em cartões que agora são pen-
setor tem lutado há anos. do tipo certinho. Não há dúvida de sua durados nas paredes dos escritórios
A SEC ordenou a Putnam a garan- integridade e caráter." O fundador do dos administradores.
tir que 75% dos diretores do fundo Vanguard Group e amigo de Halde- Ao mesmo tempo, Haldeman tem
sejam independentes e reeleitos a man, John C. Bogle, argumenta que: colocado seu próprio selo na empresa
cada cinco anos. Também estabele- "Se existe alguém capaz [de endireitar com uma limpeza geral de seus altos
ceu limites estritos à negociação de a Putnam], é ele. Mas não vai ser fácil." escalões. Em 5 de abril, ele contra-
funcionários - e determinou que Provavelmente, o maior desafio de tou Francis J . McNamara Ili , da rival
qualquer negociação ilícita no futuro Haldeman seja arrancar a cultura de de Boston , a State Street Research
deverá ser relatada diretamente aos cowboy, que correu solta durante os & Management Co. , como conse-
diretores do fundo. Outras medidas 18 anos do reinado autocrático de lheiro-geral, reportando-se direta-
controversas podem fazer parte de Lasser. Os três objetivos principais mente a ele. Depois disso, 1O dos 20
144
administradores mais influentes da revisão dos registros de negociação O novo indicado se reportará direta-
Putnam saíram. Haldeman deixou de 12.700 pessoas que tinham traba- mente a Haldeman e terá um escritório
que muitos deles saíssem, inclusive lhado na Putnam desde 1998. E, uma próximo dele, na sede da Putnam, no
os administradores de fundo Justin vez que a maioria dos abusos surgiu centro de Boston.
M. Scott e Omid Kamshad, que foram de compras e vendas rápidas dos fun-
implicados por autoridades fiscaliza- dos da Putnam , Haldeman proibiu
doras em negociação il ícita. Os imediatamente os funcionários de Questões
advogados de Scott e Kamshad vender qualquer fundo até 90 dias 1. Quais atos antiéticos e ilegais os
negaram-se a comentar. Outros pre- após a compra, e um ano para fundos administradores de fundos da
feriram sair. Além disso, a Putnam nos quais eles trabalhavam. Ele pro- Putnam cometeram?
demitiu 13 fu ncionários por negocia- meteu publicar o volume de investi- 2. Como seu novo CEO está
ção abusiva. Haldeman d iz que: mentos que os administradores e trabalhando para impedir futuros
" Vários de nossos funcionários de diretores têm nos fundos da Putnam. lapsos éticos?
n ível sênior violaram um truste fidu- Naquele mesmo mês, promoveu
c iário, e precisavam sair." Tony Ruys de Perez a CCO (chiei com- Fonte: ARNER, Faith e YOUNG, Lauren. "Can
This Man Save Putnam? Reimpressão da
Acertar a governança interna negli- pliance officer), responsável por asse-
edição de 19 de abril de 2004 da Business
gente era prioridade para Haldeman. gurar que os funcionários e clientes Week, com autorização especial. Copyright ©
Ao tornar-se CEO, ele exigiu uma sigam as leis de valores mobiliários. 2004 by McGraw-Hill Companies.

145
_1.2_ Dica do professor
Atualmente, a concepção de ética organizacional ultrapassa o atendimento a normas e o
cumprimento de legislações. Trata-se de ampliar os horizontes da empresa e perceber a influência
de suas atividades na sociedade como um todo.

Nesta Dica do Professor, você vai poder observar como as questões de ética organizacional podem
contribuir para a realização dos objetivos da empresa, criando um diferencial para ela.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/3bc8bc93fd34090a4b5c506d39c1ea6e

5 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 1.2 ÉTICA ORGANIZACIONAL

Vamos tratar de uma questão bastante prática da ética: A Ética


Organizacional. É bem simples entender pelo significado mesmo da palavra
ética organizacional, ou seja, ética nas organizações ou a maneira como nós
devemos nos organizar de maneira ética. Iremos nos pautar pensando nas
organizações, nas empresas de todos os segmentos.

Pontos sobre a ética organizacional:

> Valores partilhados. Quais os valores que devem ser partilhados dentro de
determinada organização? - Há grandes empresas que têm uma uma valoração
diferenciada, como empresas de publicidade ou empresas do ramo de
informática. A Google, por exemplo, alguns funcionários trabalham em horários
em que eles mesmo determinam, eles não têm crachá nem uniforme, mas são
trabalhadores de uma das empresas mais poderosas do mundo, isso significa que
a ética está ligada às pessoas que trabalham naquele lugar, sendo fundamental
a partilha de valores comuns pelas pessoas para alcançar o mesmo objetivo.

> Construção conjunta. A partilha de valores deve ocorrer numa construção


comum, conjunta nesse ambiente comum.

> Relações éticas. A ética funciona como fundamento na construção do sistema


organizacional.

> Boa relação pessoal entre funcionários.


> O funcionário torna-se o centro. O foco no funcionário acaba por trazer
benefícios diretamente para a empresa.
> Quem ganha com um clima ético? - Um clima ético, quando você partilha os
mesmos valores em um mesmo ambiente, há harmonia, ambiente inspirador para
novas possibilidades.

> Ética organizacional é ética com relação às pessoas que compartilham o


mesmo local de trabalho.

> A ética organizacional busca atrair todos para o mesmo fim. Quando as
pessoas são tratadas de maneira ética, são consideradas suas
individualidades. Caso não sejam observadas as individualidades das pessoas,
isso pode dispersar a comunidade.
> Atuar de maneira ética tanto internamente como externamente à empresa. É
importante nós pensarmos que isso acontece tanto interna quanto externamente
à empresa. Uma empresa deve se relacionar de maneira ética com as empresas.

> Melhora a identidade entre todos. Quando os funcionários estão bem, a


identidade da empresa está bem e a possibilidade de alcance dos objetivos
também está bem.

> Sentimento de pertencimento e igualdade. Quando você dá ao seu funcionário


um tratamento singular, valorizando as suas habilidades, promove um
sentimento de pertença, contribuindo com o seu melhor e, obviamente, os
resultados serão mais interessantes. Assim, a ética organizacional resulta em
uma estratégia para a boa qualidade de uma empresa.
_1.2_ Exercícios

1) A Paetec é uma empresa de telecomunicação que recebeu vários prêmios devido ao seu
modelo inovador, evidenciando que a ética e a inovação podem, e devem, conviver no
ambiente de trabalho corporativo.

Sobre esse modelo de organização ética e igualitária, assinale a alternativa correta.

A) A empresa promove uma política de invidualização dos funcionários, distribuindo bônus maior
aos diretores que lideram com vistas a obter melhores resultados.

B) A empresa incentiva o trabalho oferecendo altos salários aos gerentes para que todos
almejem uma promoção e trabalhem arduamente todos os dias.

C) A empresa desenvolve uma cultura corporativa que incentiva a competição entre os


funcionários, que acontece por meio de premiações em dinheiro.

D) A empresa cultiva a colaboração entre os funcionários e incentiva o diálogo permanente a fim


de promover a melhoria dos serviços.

E) A empresa desenvolve ações de responsabilidade social empresarial com seus consumidores,


que enviam feedbacks para a melhoria dos serviços.
2) O comportamento ético contribui para a manutenção da reputação dos stakeholders
envolvidos com a organização, o que resulta na sustentabilidade da obtenção de recursos de
longo prazo.

Sobre a responsabilidade empresarial, assinale a alternativa correta.

A) Uma organização lucrativa pode gerar crescimento sustentável, o que justifica uma cultura
empresarial focada no desempenho financeiro.

B) Com a globalização, cada filial de organização multinacional deve agir com autonomia com
relação à ética empresarial em relação à matriz.

C) A reputação de uma organização está desvinculada da de seus fornecedores, a menos que


interfira na qualidade final do produto ou serviço oferecido pela empresa.

D) A tragédia dos bens comuns traz uma importante reflexão sobre a sustentabilidade de
recursos para as empresas.

E) Cada stakeholder deve buscar ocupar uma posição hegemônica em seus segmentos, de modo
a potencializar a eficiência e garantir melhores preços.
3) Em 2012, uma grande produtora de bebidas foi denunciada por comprar suco de laranja
provinda de fazendas italianas que se utilizavam de trabalho escravo proveniente de
imigrantes africanos. O representante dos sindicatos de produtores rurais afirma que houve
tentativas de aumentar o preço do fornecimento, sem devolutivas por parte da empresa.

Sobre a relação das empresas e seus fornecedores, assinale a resposta correta.

A) A produtora de bebidas não deve ser reponsabilizada pelos desvios cometidos por seus
fornecedores, importando apenas a qualidade final do produto.

B) Faz parte das boas práticas organizacionais não interferir na ética profissional dos demais
stakeholders envolvidos na atividade empresarial.

C) O conceito de responsabilidade social entre as empresas só se aplica a atividades de


fornecedores na medida em que a qualidade final do produto é prejudicada.

D) Para o caso exposto, cabe uma abordagem obstrucionista a fim de potencializar as ações de
ética corporativa da empresa de bebidas.

E) Zelar pelas relações com fornecedores faz parte da ética organizacional a fim de garantir a
sustentabilidade de toda a cadeia produtiva.
4) Uma empresa no setor de alimentos tem uma longa história de comprometimento com a
responsabilidade social corporativa, doando lucros para caridade, gerando oportunidades
econômicas e protegendo o meio ambiente.

Que tipo de abordagem é utilizada por essa empresa no que diz respeito à responsabilidade
social?

A) A abordagem obstrucionista, que obstrui problemas futuros a partir de ações orientadas pelo
resultado da operação corporativa.

B) A abordagem construtivista, que visa a construir condições de aprimoramento constante de


seus funcionários com a finalidade de ganhar eficiência produtiva.

C) A abordagem defensiva, que defende os interesses corporativos com a finalidade de fomentar


sua reputação por meio do marketing social.

D) A abordagem acomodativa, que acomoda os interesses empresariais com relação à


produtividade do negócio com ações sociais.

E) A abordagem proativa, que age ativamente com relação à responsabilidade social pelo uso de
recursos organizacionais no interesse coletivo.
5) Uma empresa de tecnologia tem um programa educacional que visa a atender pessoas de
toda a sua cadeia produtiva, de modo que torna possível aos trabalhadores o acesso a
melhores oportunidades de trabalho.

Sobre esse tipo de ação, assinale a alternativa correta.

A) As ações da empresa não se caracterizam como responsabilidade social porque ela está
investindo no seu próprio negócio por meio de seus fornecedores.

B) A política educacional da empresa, com foco nos trabalhadores, possibilita uma abordagem
ética ativa que, ao mesmo tempo em que eleva os níveis educacionais, também aprimora a
eficiência de sua cadeia produtiva.

C) Esse tipo de ação tem por objetivo acirrar a competição entre os fornecedores, gerando
redução de custos da oferta de mão de obra barata em países subdesenvolvidos.

D) Com essa ação, a empresa almeja criar um laço com os trabalhadores da cadeia produtiva, de
modo a manter relações de lealdade e o consequente benefício futuro com as negociações.

E) Essa ação tem como finalidade criar uma rede de informações sobre todos os fornecedores
da cadeia produtiva, de modo a orientar as decisões futuras da organização.
_1.2_ Na prática
A responsabilidade social empresarial geralmente envolve a busca de novas oportunidades como
uma maneira de responder às demandas ambientais, sociais e econômicas do mercado. O
desenvolvimento sustentável, nas palavras de Roberto Guimarães (2017), não apenas visa ao
crescimento econômico desenfreado, mas inaugura um novo estilo e uma nova ética, de maneira a
superar o economicismo que contamina o pensamento contemporâneo sobre o processo de
desenvolvimento.

A questão da ética organizacional tem uma importância considerável nos dias atuais. Acompanhe
este Na Prática e saiba mais sobre o assunto.

As relações entre os componentes da empresa influenciam diretamente no


trabalho e, por conseguinte, no rendimento geral da empresa. A ética
organizacional atua de maneira interna a cumprir com questões que superam o
compromisso meramente profissional, e isso torna as pessoas com uma
identidade maior em face da missão e objetivos da empresa.

Nos dias atuais, as técnicas são dominadas pelas pessoas de maneira mais
democrática, e o conhecimento não está mais preso a um número de pessoas, a
relação ética cumpre um papel de diferencial nas competições empresariais.

A ética, nas relações externas com pessoas do mesmo segmento, possui uma
preocupação geral para o cumprimento das regras e, assim, para o alcance dos
resultados de maneira correta. Além disso, o uso do meio ambiente também
envolve a ética organizacional, ao direcionar as ações de todos para o
cuidados com o ambiente.
_1.2_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

A ética e seus reflexos no comportamento organizacional


O artigo apresenta o distanciamento entre o discurso e a prática nos códigos de ética estabelecidos
pelas empresas, sendo que o autofavorecimento financeiro tem sido apontado como uma das
principais motivações que levam o indivíduo a desenvolver posturas contrárias aos códigos de ética
e aos procedimentos internos, de modo que são necessárias ações que motivem boas práticas
profissionais nos ambientes corporativos.

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/etica/comportamento-organizacional

Desvendando a ética organizacional


O artigo apresenta e discute o conceito de ética organizacional, que envolve os direitos e deveres
de cada funcionário dentro de uma empresa. Trata-se de condutas relacionadas ao pacifismo e ao
respeito entre os empregados, fornecedores e clientes.
https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-carreiras/desvendando-etica-organizacional/

página internet texto copiado no fim da apostila.

Leandro Karnal fala sobre ética em ambientes profissionais


A herança deixada pela escravidão nas relações de trabalho no Brasil, o assédio moral e sexual, a
hierarquia e o respeito ao espaço do outro – esses foram alguns dos assuntos abordados pelo
professor e historiador Leandro Karnal em entrevista ao Programa Revista TST.

https://youtu.be/pEXhGE7Fd6s 10 min Nov 23, 2018

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS


GEORGE, J. M.; JONES, G. R. Administração contemporânea. 4. ed. Reino Unido:
AMGH, 2011.
GUIMARÃES, R. P. Da retórica do desenvolvimento sustentável à opção pela (in)
sustentabilidade. Memorias (Barranquilla) , v. 15, p. 15-37, 2017. NALINI, J.
R. Ética geral e profissional. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
SROUR, R. H. Ética empresarial. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2013.
Bancos de imagens Pexels, Pixabay e Shutterstock.
SAGAH, 2022
https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-carreiras/desvendando-etica-
organizacional/
A ética e a moral não são características que uma empresa precisa exigir de um
candidato a uma vaga, afinal são virtudes básicas. Existem alguns conceitos
fundamentais como respeito ao próximo e agir dentro das leis que deveriam fazer
parte da filosofia de qualquer colaborador.
De qualquer forma, a ética organizacional está na política interna e no código de
ética que você deve assinar ao aceitar a proposta. A aplicação e a utilização do
conceito estão sempre em todas as conversas, reuniões, entregas de atividades e
processos que ocorram dentro de uma corporação. Qualquer ação sua dentro do espaço
de trabalho pode ser avaliado sob a óptica das regras morais que regem aquela Cia e
a sociedade em que ela se encontra.
O que é a ética organizacional?
A ética organizacional é forma de criar um conceito a respeito dos direitos e
deveres que cada funcionário tem dentro de uma empresa. São condutas relacionadas ao
pacifismo e ao respeito entre os empregados, fornecedores e clientes.
Cada empresa possui um código de ética, porém é comum que todos tenham conceitos bem
essenciais, tais como:
Não roubar; Ser íntegro; Aceitar dinheiro em troca de favores para fornecedores ou
clientes; Criar esquemas de corrupção; Usar de boas práticas para fechar negócios;
Respeito aos colegas, fornecedores e clientes; Não passar informações confidenciais
para quem não é da corporação; Desenvolver suas atividades com responsabilidade; Não
fazer discriminação racial, sexual, de gênero ou de crença religiosa.
Vantagens de seguir as regras
Assumir um comportamento com pensamentos e ações éticas em uma empresa é uma forma
de seguir as regras e de se manter íntegro enquanto ser humano. Além de tornar o
ambiente civilizado, o cumprimento das políticas internas também traz:
Bem-estar dos funcionários; Qualidade de vida no ambiente de trabalho; Motivação
para que os colaboradores vistam a camisa da empresa com orgulho; Estímulo para
entregar um bom trabalho e até mais do que foi solicitado; Encorajamento para que os
empregados participem da construção de novas ideias e planejamentos; Todas essas
ações tornam as metas que a organização estipulou mais fáceis de serem alcançadas.
Os comportamentos corruptos desmontam uma boa estrutura de clima organizacional que
poderá estar de pé caso todos seguissem a ética. Basta apenas uma atitude que
diverge das políticas internas para que toda a equipe fique mais fraca. E não porque
estarão com mais disposição para fazer o mesmo, mas por estarem mais expostos a
ações fora da lei.
Os posicionamentos que não seguem a ética demonstram que alguns valores como o
egoísmo, a ambição e a falta de integridade ainda servem como base para várias
pessoas. Infelizmente, uma pessoa que tem alguma das atitudes acima é individualista
o suficiente para não pensar nos colegas de trabalho.
Quando o caminho segue o lado oposto e não há o cumprimento das regras éticas há
desconforto de todas as partes envolvidas. Veja alguns exemplos:
Um funcionário que desrespeita o outro só porque ele tem uma orientação sexual
diferente da dele atrapalha não somente a vítima, mas todo o andamento e o bom clima
organizacional.
Um colaborador que rouba produtos do local de trabalho não é confiável o suficiente
para ter o nome na folha de pagamento todos os meses.
Um empregado que passa informações sigilosas e estratégicas para a empresa
concorrente demonstra que não é leal e que não sabe cumprir com o contrato.
Lembrando que os exemplos acima podem ser punidos pela própria empresa e também pela
lei. Afinal, discriminação, roubo e quebra de contrato podem ser denunciados à
justiça.
A segurança como escudo
Nem todo o colaborador compartilha dos mesmos ideais éticos e morais que a sociedade
e que a empresa têm. Para estes, basta que seu futuro esteja garantido que está tudo
certo. E, como já falei, há muitas pessoas que usam de sentimentos negativos para
pautar suas ações fora da lei.
Aula 2.1
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais


_2.1_
Apresentação
No ambiente corporativo contemporâneo, exige-se cada vez transparência por parte das empresas
quanto a sua forma de realizar negócios e empreender. Nesse sentido, o Código de Ética é uma
importante ferramenta para esclarecer os princípios, a missão e a visão das empresas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai perceber como os princípios éticos são fundamentais
para o estabelecimento de uma sociedade equilibrada e mais justa, em que os direitos e deveres
individuais e coletivos são respeitados mutuamente.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Conceituar ética e ética empresarial.


• Reconhecer a finalidade da ética e a importância do comportamento ético.
• Relacionar ética e consciência no processo de tomada de decisão.
_2.1_ Desafio
Uma empresa do ramo farmacêutico estabeleceu seu Código de Ética pautado nas premissas de
missão, visão e valores, que estabelecem o seguinte:

MISSÃO
Oferecer soluções em medicamentos que correspondam às necessidades da
população, respeitando os mais elevados padrões de qualidade do setor.

VISÃO
Valorizar e empenhar todos os recursos humanos, financeiros e tecnológicos
disponíveis no objetivo de figurar entre as 5 maiores empresas
farmacêuticas do País nos próximos 10 anos.

VALORES
Atuar nos negócios com total transparência, responsabilidade e ética,
sempre respeitando os clientes, fornecedores e todos quantos se relacionem
direta ou indiretamente com a empresa.

Após uma discussão por questões salariais, insatisfeito, um funcionário


sabotou a produção de um dos principais medicamentos fabricados pela empresa,
ocasionando reações colaterais nos consumidores.

Você é o gestor da empresa e precisa tomar providências com relação à atitude do empregado para
com os clientes que foram prejudicados.
De que forma a empresa deve abordar a situação perante a opinião pública?

elm = Com total transparência, emitir um alerta imediatamente para evitar consumo do
medicamento sabotado, recolher todos os lotes para descarte ou reprocessamento e prestar
todo o apoio (de saúde, social, financeiro...) aos consumidores prejudicados.

Padrão de resposta esperado

Em conformidade com seu Código de Ética, a empresa estabeleceu sua premissa


de valor propondo-se agir com total transparência e respeito aos seus
consumidores.

Assim, os gestores devem esclarecer detalhadamente o fato ao público,


fornecendo amplo conhecimento à sociedade por meio de todos os recursos
tecnológicos de comunicação, e sinalizar todas as medidas que adotarão para
solucionar o problema, assumindo integralmente sua responsabilidade e os
custos decorrentes.
_2.1_ Infográfico
A ética estuda como as pessoas se comportam, levando em conta a moral, o caráter e outras
influências que incidirão na construção do comportamento. É por meio desses estudos que se torna
possível compreender de forma racional o comportamento humano e como ele interfere nos
processos de tomada de decisão, bem como seus desdobramentos. Veja, no Infográfico, os
aspectos que conceituam a ética no ambiente empresarial.

ÉTICA EMPRESARIAL - Aspectos Conceituais

> Princípios
> Confiança
> Moralidade
> Responsabilidade
> Comportamento
> Confiabilidade
> Relacionamento
> Escolha
_2.1_ Conteúdo do livro
A ética tem por objetivo estudar uma realidade moral e prototipar seus respectivos conceitos. Além
disso, investiga a forma do comportamento humano e moral e busca explicá-lo.

Dentre as atribuições de qualquer indivíduo, sem dúvidas, as escolhas estão entre as mais
importantes, pois elas estão diretamente vinculadas a três situações fundamentais: querer, dever e
poder. A nossa educação também interfere radicalmente na forma como nos comportamos em
relação à ética.

Acompanhe um trecho do capítulo Ética empresarial e profissional: noções gerais, da obra Ética e
legislação contábil, e aprofunde seu conhecimento.

Boa leitura.

elm = título não encontrado na bib virtual


mas encontrado título "Norma e Ética
Contábeis, abaixo, porém, cheio de falhas
de impressão (até a capa com defeito, só
aparece as imagens de fundo...).
© SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016

Colaboraram nesta edição:


Coordenador técnico: Pablo Rojas
Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH
Imagem da capa: Shutterstock
Editoração: Renata Goulart

Reservados todos os direitos de publicação à


SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A
Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana
90040-340 - Porto Alegre, RS
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070

É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer


formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia,
distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa.

elm = não encontrado na bib virtual -ver nota pág. anterior.

S719e Sousa Júnior, Walter Alves de.


Ética e legislação contábil [recurso eletrônico] / Walter Alves de Sousa Júnior
coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre : SAGAH, 2016.

Editado como livro impresso em 2016.

ISBN 978-85-69726-07-4

1. Contabilidade - Ética. 2. Contabilidade – Legislação. I. Título.

CDU 657:17+34

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


INTRODUÇÃO

Um dos assuntos mais discutidos no universo sociopolítico-econômico nos


últimos tempos é a Ética Empresarial e Profissional. Os princípios éticos
são de extrema importância para o estabelecimento de uma sociedade
equilibrada, mais justa e onde os direitos e deveres individuais e coletivos são
respeitados mutuamente.

No mundo corporativo, o Código de Ética se configura em uma importante


ferramenta utilizada para esclarecer os princípios, a missão e a visão das
empresas. Através do código de ética da empresa, é possível identificar ao
comportamento social da organização frente ao público com o qual se relaciona.

O código permite analisar a função da empresa no segmento em que atua bem


como as suas expectativas junto aos colaboradores. Os artigos constantes
do código devem estar em conformidade com a legislação vigente no país, e
versam na maioria dos casos, a respeito de temas como:
a. Relações internas;
b. Relações com os consumidores;
c. Respeito aos direitos dos trabalhadores;
d. Repúdio às ilegalidades como corrupção, assédio, chantagem, etc.

Outra importante característica do Código de Ética Empresarial se refere ao


comportamento social da organização na medida em que torna evidente sua
atuação e contribuição junto ao governo e à comunidade.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final da unidade você deverá ser capaz de:

• Conceituar ética e ética empresarial;


• Entender a finalidade da ética e a importância do comportamento ético.

14
O CONCEITO DE ÉTICA

Para Cortella (2007), a ética é um grupo de princípios e valores que usamos


para optar sobre três grandes situações da nossa existência. Essas três
situações estão presentes em nosso cotidiano e, por esta razão; é necessário
estar preparado para efetuar essas escolhas da melhor forma possível.
As três grandes situações que nos afligem e requerem decisão são:
a. Quero?
b. Devo?
c. Posso?

Muitas são as situações em que as decisões a serem tomadas se tornam


conflitantes em função das possibilidades acima. Tais situações ocorrem no
contexto social e profissional exigindo uma análise muito cuidadosa sobre as
decisões e atitudes a serem tomadas.

Há situações em que queremos agir de uma determinada forma, porém não


devemos em função das consequências que essa atitude pode desencadear.
Da mesma forma, há casos em que sabemos que devemos agir de certa
forma, mas enfrentamos um conflito pessoal por não querermos caminhar
nesta direção.

Muitas vezes também nos deparamos com circunstâncias nas quais


desejamos e até sabemos que ações deveríamos tomar, porém, não temos o
poder ou autorização legal para fazê-lo.

Analisando estas e outras combinações possíveis, concluímos que o processo de


tomada de decisão requer equilíbrio, conhecimento e sensatez, sobretudo por
que nossas decisões também são influenciadas pelo contexto que nos envolve.

Assim, a ética de um determinado grupo ou sociedade é definida ou moldada


pelos princípios e normatizações ocorridas ao longo do tempo considerando
inclusive aspectos da religiosidade daquela sociedade.

15
Inicialmente a instituição de uma legislação que altera o comportamento ou
costume das pessoas, demora a ser aceito e praticado. Quando isso ocorre,
dizemos que os indivíduos não estão se comportando de forma ética.

Porém, com o passar do tempo, as pessoas vão incorporando estas novas regras
ao seu cotidiano tornando-se assim um hábito natural e eticamente correto.

ÉTICA, MORAL E LEI

Outra questão que muitas vezes dificulta a compreensão do conceito e da


importância da conduta ética pelos indivíduos reside em outro conflito
conceitual em relação às seguintes instituições: ética, moral e lei. Como
não fomos educados a pensar nas questões - Quero? Devo? Posso? Nosso
comportamento segue padrões automáticos, repetindo soluções e fórmulas
há muito presentes no meio social ao pertencemos.

Esse padrão de comportamento provoca uma sensação de normalidade posto


que nossas ações sejam aceitas pelo grupo, sobretudo porque os membros
do grupo agem da mesma forma quando em situações semelhantes. Ora, isso
não significa necessariamente que estamos agindo eticamente, antes, porém;
indica que estamos repetindo um padrão, e isso se configura comportamento
de grupo. Por isso as pessoas oferecem grande resistência em romper com os
costumes e aceitar as mudanças.

Isso nos leva a refletir sobre a questão da moral. O termo moral vem do latim
mores que quer dizer costumes. Portanto moral trata-se de um conjunto de
hábitos e costumes praticados por um grupo. Tais hábitos e costumes são
aceitos e incorporados por serem considerados bons. Por consequência, os
hábitos por serem bons; são considerados justos. Finalmente, os hábitos
bons e justos cooperam para a realização das pessoas.

Considerando que um conjunto de hábitos bons e justos se tornam


imprescindíveis para os indivíduos, os mesmos são convencionados em
forma de lei. Assim sendo, podemos dizer que a lei é um conjunto de bons
costumes (moral) aceitos e praticados por um grupo social. Sintetizando o

16
conceito de lei podemos dizer que as leis são acordos obrigatórios definidos
entre os indivíduos de um grupo, no objetivo de assegurar o mínimo de
justiça ou direitos. Desta forma fica explícito que a lei é um instrumento que
possibilita efetuar a justiça.
Conforme Camargo (1999), toda lei deve ser uma ordenação da razão com
o propósito de promover o bem comum. Sendo assim, para que a lei atenda
ao componente ético, ela deve ser justa, ou seja; indicar o que está em
consonância com a natureza e a dignidade do homem.

A justiça não uma qualidade humana ou um direito adquirido, mas sim um


princípio ou pilar da fundação de uma sociedade bem estruturada.

A FUNÇÃO DA ÉTICA

A ética tem por finalidade investigar e esclarecer uma realidade moral e


estruturar seus respectivos conceitos. A realidade moral sofre variações
como passar do tempo afetando de igual forma seus princípios e normas.
As convenções e os princípios éticos doutrinários vigentes no passado se
alteram em função de vários fatores e influencias que vão desde as mudanças
culturais até o avanço cada vez mais veloz da tecnologia.

A ética investiga a forma do comportamento humano e da moral, e busca


explicá-lo. É nesse contexto que se concentra o verdadeiro valor da ética.
Portanto, a ética fornece a compreensão racional do comportamento humano,
o qual será posteriormente o elemento formador da consciência.
A consciência por sua vez nos leva a buscar o que é realmente bom, correto e
justo, buscando identificar e estabelecer os novos parâmetros que nortearão
os limites e capacidades.

A ÉTICA E AS EMPRESAS NO BRASIL

A partir dos anos 80 a questão da ética começou a ganhar mais destaque e


importância nas rotinas das empresas brasileiras. Vários fatores contribuíram
para essa mudança, como por exemplo: o enxugamento dos cargos de
comando, a competição interna pelos cargos mais elevados, a conquista de
maior autonomia pelos empregados, dentre outros.

17
Como vimos anteriormente, as alterações na realidade moral trazem consigo
acentuadas mudanças. Esse fato se repete no comportamento das pessoas
no ambiente trabalho, aflorando muitas vezes os aspectos negativos como
mentira, desonestidade, omissões.
Comportamentos desta natureza são prejudiciais para o desenvolvimento
de qualquer organização na medida em que favorece desentendimentos,
desconfiança, quebram o espírito de equipe e acabam prejudicando a empresa
na sua totalidade.

É necessário lembrar de que as empresas são compostas pelos seus


colaboradores, pelas pessoas que nela trabalham e onde passam a maior
parte do seu tempo, portanto; quando dizemos que uma empresa é ética,
na verdade estamos afirmando que as pessoas de determinada empresa se
comportam de forma ética.

Outro ponto importante é a questão da imagem que a corporação transmite


ao mercado. Uma empresa cujos empregados - independentes do setor
em que trabalham ou do nível hierárquico que ocupam – se comportam de
maneira incorreta no aspecto ético; certamente sofrerá as consequências
deste comportamento na medida em que os consumidores deixarão de
adquirir seus produtos ou serviços, afetando a sua rentabilidade.

Outro fator de grande influência é o acesso à informação. Com o avanço das


tecnologias de comunicação, o acesso ás informações foi facilitado permitindo
que as pessoas, aonde quer que estejam, acompanhem praticamente em
tempo real os fatos ao redor do mundo.

Em função disso, as empresas estabelecem os códigos de ética no objetivo


de regulamentar o comportamento dos colaboradores buscando desta forma
evitar problemas que venham afetar sua imagem no mercado.

Mesmo assim, grandes corporações muitas vezes se vêem em situações


embaraçosas e delicadas perante o mercado no aspecto. Isso significa que
não basta apenas haver um código formalmente redigido para ser obedecido.
É necessário que haja a conscientização sobre a importância da conduta ética
no ambiente e nas ações profissionais.

18
REFERÊNCIAS

SENGE, P. M. A quinta disciplina. 25.ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2009.

CORTELLA, M. S. Qual é a tua Obra? 6.ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2007.

CAMARGO, M. Fundamentos de ética geral e profissional. Petrópolis, Rio de


Janeiro: Vozes, 1999.

19
_2.1_ Dica do professor
O vídeo da Dica do Professor apresenta as noções básicas da ética e sua importância nos processos
de tomada de decisão tanto no campo pessoal como no profissional. Aborda, ainda, a questão do
Código de Ética Empresarial e sua aplicação como instrumento regulador do comportamento dos
colaboradores, visando à preservação da imagem da empresa.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/34eb687e96280a286a1dc7b51444b76f

3 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 2.1 ÉTICA EMPRESARIAL E PROFISSIONAL: NOÇÕES GERAIS

Em nossos estudos sobre ética e legislação contábil, estudamos até aqui a


importância da ética como ferramenta fundamental nos processos de tomada de
decisão.

Além disso, vimos também como a ética investiga a forma do comportamento


humano estudando questões como moral e caráter.

É fundamental entender o comportamento humano, na medida em que o


comportamento influencia diretamente as nossas decisões. Todos os dias
tomamos decisões desde as simples até as mais complexas.

Questões que envolvem os três grandes pilares da nossa vida são:


o QUERER o DEVER e o PODER.

Diante de situações de grande complexidade, surgem conflitos que impedem ou


prejudicam muito a qualidade das nossas decisões.

A ética colabora conosco à medida que é nativa de nossa consciência. Através


da consciência vamos buscar o que é bom, correto e justo; e também
estabelecer novos parâmetros para novas decisões.

As empresas, como pessoa jurídica, tomam decisões diárias que envolvem


outras empresas, o governo, a sociedade e grandes somas financeiras. Por
isso, há grandes conflitos e dificuldades nas tomadas de decisões
corporativas.

Nesse sentido, as empresas criaram uma ferramenta chamada CÓDIGO DE ÉTICA


EMPRESARIAL, que é pautado pelas questões fundamentais: a Missão; a Visão e
os Valores.

Jamais uma empresa poderá tomar decisões que vão conflitar com a sua visão,
com a sua missão e com seus valores.

Considerando que as empresas são pessoas jurídicas e quem toma decisão na


verdade são seus funcionários e colaboradores, surge um grande problema que
é a qualidade das decisões empresariais e como elas podem afetar a empresa
no mercado.
Nesse contexto, o Código de Ética Empresarial ganha uma nova função
importantíssima: regulamentar o comportamento de seus colaboradores,
evitando situações conflitantes que poderão prejudicar a imagem da empresa
no mercado.

Contudo, mesmo havendo um bom código de ética, é importante lembrar sempre


que quem toma decisão são as pessoas, portanto, passíveis a errar e cometer
falhas em seu processo de julgamento e processo decisório.

Nesse sentido, a dica de hoje é para que as empresas, através de seus


gestores, coloque cada vez em evidência e treine seus funcionários a
obedecer os códigos de ética implementados, pois uma empresa que não decide
corretamente, poderá ter a sua imagem prejudicada no mercado. O código de
ética deve ser respeitado por todos os colaboradores.
_2.1_ Exercícios

1) Para Cortella (2007), a ética é um grupo de princípios e valores que usamos para optar entre
três situações significativas da nossa existência. Elas estão presentes em nosso cotidiano e,
por essa razão, é necessário estar preparado para efetuar a escolha da melhor forma
possível. Assinale a alternativa que contém as três grandes situações que nos afligem e
requerem decisão.

A) Quero; devo; é verdadeiro.

B) É falso; posso; quero.

C) Quero; devo; posso.

D) Posso; moral; certeza.

E) Posso; devo; religiosidade.


2) O termo "moral" vem do latim mores, que quer dizer costumes. Portanto, moral é um
conjunto de hábitos e costumes praticados por um grupo. Tais hábitos e costumes são
aceitos e incorporados por serem considerados bons. Sobre isso, assinale a alternativa
correta.

A) Os hábitos, por serem bons, são considerados justos.

B) Os hábitos, mesmo sendo maus, podem ser considerados justos.

C) Independentemente de serem bons ou maus, os hábitos não alteram as condições de


realização das pessoas.

D) Considerando que os hábitos bons e justos se tornam imprescindíveis para os indivíduos, eles
são convencionados em forma de acordos.

E) Considerando que os hábitos bons e justos se tornam dispensáveis para os indivíduos, eles
são convencionados em forma de lei.

elm = acho A ERR, estaria certa se fosse: Os hábitos que são bons, são considerados
justos (da forma que está, parece que todos os hábitos são bons...).
Acho D ~certa, pois lei é um acordo formalizado.
3) A ética investiga a forma do comportamento humano e da moral e busca explicá-los. É nesse
contexto que se concentra o verdadeiro valor da ética. Portanto, a ética fornece a
compreensão racional do comportamento humano, o qual será, posteriormente, o elemento
formador da consciência. Assinale a alternativa que explica a função da consciência.

A) A consciência nos leva a buscar o que é realmente bom, correto e justo, mantendo as mesmas
condições que determinam limites e capacidades.

B) A consciência não nos leva a buscar necessariamente o que é correto e justo.

C) A consciência não é influenciada pela ética em nenhum aspecto ou momento.

D) A consciência nos leva a buscar o que é realmente bom, correto e justo, visando a identificar
e a estabelecer os novos parâmetros que nortearão os limites e as capacidades.

E) A consciência nos leva a buscar o que é realmente bom, correto e justo, condicionando-se aos
interesses particulares.
4) Com o avanço das tecnologias de comunicação, o acesso às informações foi facilitado,
permitindo que as pessoas, onde quer que estejam, acompanhem, praticamente em tempo
real, os fatos ao redor do mundo. Assinale a alternativa que contém as ações realizadas pelas
empresas diante desse contexto.

A) As empresas estabelecem as convenções coletivas com o objetivo de regulamentar o


comportamento dos colaboradores, buscando, dessa forma, evitar problemas que possam
afetar sua imagem no mercado.

B) As empresas terceirizam sua mão de obra com o objetivo de que as terceirizadas façam a
regulamentação do comportamento dos seus colaboradores.

C) As empresas utilizam a Constituição Federal e as leis vigentes para regulamentar o


comportamento dos colaboradores com vistas a evitar problemas que possam afetar sua
imagem no mercado.

D) As empresas estabelecem os Códigos de Ética com o objetivo de regulamentar o


comportamento dos colaboradores, buscando, dessa forma, evitar problemas que possam
afetar sua imagem no mercado.

E) As empresas não se importam com os aspectos comportamentais dos colaboradores fora do


ambiente de trabalho.
5) A partir dos anos 80, a questão da ética começou a ganhar mais destaque e importância nas
rotinas das empresas brasileiras. Indique a alternativa que contém os fatores que
contribuem para essa mudança.

A) O enxugamento dos cargos de comando; a competição interna pelos cargos mais elevados; a
conquista de maior autonomia pelos empregados.

B) O enxugamento dos cargos de comando; a competição externa pelos cargos mais elevados; a
conquista de maior autonomia pelos empregados.

C) O enxugamento dos cargos operacionais; a competição interna pelos cargos mais elevados; a
conquista de maior autonomia pelos empregados.

D) O enxugamento dos cargos operacionais; a competição interna pelos cargos mais elevados; as
parcerias com os fornecedores.

E) Maior contratação para os cargos operacionais; a competição interna pelos cargos mais
elevados; a conquista de maior autonomia pelos empregados.
_2.1_ Na prática

Observe, em Na Prática, como as empresas elaboram seus manuais de procedimentos operacionais,


considerando também os parâmetros estabelecidos no Código de Conduta Ética da organização.

Com o avanço da tecnologia de informação (TI), praticamente todos os procedimentos operacionais


são realizados por meio de sistemas informatizados, os quais são acessados mediante uso de
senhas pessoais, criadas pelo setor interno de TI ou empresa terceirizada.

É importante frisar que a senha de acesso está vinculada ao nível de


responsabilidade, posição hierárquica e função do empregado na organização,
sendo intransferível e de caráter sigiloso.

Portant, a conduta ética adequada é JAMAIS SOLICITAR OU INFORMAR A SUA


SENHA PESSOAL para outro colega colaborador, a despeito de qualquer
situação.

Tal procedimento reflete o descumprimento de uma regra estabelecida, a quebra de confiança e a


ruptura do senso de responsabilidade, que são prerrogativas para o exercício da função.
_2.1_
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Clima ético na administração


No link, você vai ler um texto sobre as publicações de estudos sobre o clima ético, identificando as
principais áreas da administração estudadas.
pdf 19 pág.
https://periodicos.ufsm.br/pap/article/view/40078/40754

RESUMO: Este artigo se propôs a analisar as publicações sobre o tema clima ético com o
objetivo de identificar as principais áreas da administração que estão sendo estudadas junto à
temática. A pesquisa foi realizada no banco de dados do sistema Web of Science, procurando
identificar as principais categorias, autores, tipos de documentos, título das fontes, ano das
publicações, instituições, agências de financiamento, idiomas e países destas publicações,
assim como a identificação dos “hot topics” da administração, quando combinados com o tópico
clima ético. A análise dos dados teve por base os cálculos dos índices h-b e m de Banks
(2006). De acordo com os resultados obtidos neste estudo, o número de publicações está
crescendo ano após ano, intensificando-se nos últimos 5 anos. Cerca de 97% das publicações
escritas estão concentradas nos seguintes paí-ses: Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e
Canadá, sendo o idioma inglês o mais abundante nos estudos, seguido do espanhol, do alemão e
do francês. Dentre os 20 tópicos combinados com clima ético, os que se classificaram como “hot
topics”

Ética nas organizações de trabalho


No link, você vai ver um estudo sobre a importância da ética dentro das organizações de trabalho.
https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/11793/9862
pdf 10 pág.

RESUMO Todo executivo se preocupa em conhecer a situação de sua empresa em relação ao mercado
no que diz respeito à ética e, para isso, é preciso saber qual é a visão ética das
organizações brasileiras. O objetivo geral desse artigo foi estudar a importância da ética
dentro das organizações de trabalho. Explicitou em seus objetivos: Diferenciar ética e moral;
analisar o uso da ética dentro das organizações; como a ética se manifesta nas relações de
trabalho. Justifica-se o interesse nesta temática em estudar qual o patamar ético das
organizações de trabalho, haja vista que o mercado vem passando por grandes transformações por
conta da globalização. A metodologia utilizada foi o método teórico baseado a partir de
trabalhos já publicados de autores que estudaram a temática, tendo como característica de um
estudo bibliográfico pautados em artigos e trabalhos já publicados. Analisando o uso da ética
dentro das organizações, nestes tempos de globalização, vê–se que são necessárias as empresas
se preocupar na qualificação dos seus servidores e do uso da ética no meio organizacional.

Ética e responsabilidade social nas organizações


No link, você vai ver um estudo sobre as práticas de responsabilidade social corporativa que ajudam
a construir a identidade ética das empresas.

https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/etica-responsabilidade-social-nas-
organizacoes.htm

monografia pág internet


Aula 2.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Ética profissional, social, política


_2.2_
Apresentação
A ética estabelece os princípios que servem de parâmetro e fundamentam o comportamento dos
indivíduos. Esses parâmetros acompanham o indivíduo em todas as esferas de atuação, na sua vida
social, na sua atuação profissional e no exercício político. É com a “institucionalização” do
pensamento como filosofia que a ética ganha uma dignidade filosófica como estudo dos “modos de
ser” — esse, inclusive, é o significado corrente do termo grego ethos. Assim, apesar de diversos
filósofos, tais como Sócrates e Platão, se ocuparem da ética, foi Aristóteles quem fundou a ética
como uma área de especulação filosófica.

Então, foram estabelecidos a investigação, a reflexão e o estudo da conduta humana de modo a


servirem como fundamento e direcionamento da ação humana. Por isso, frequentemente, moral e
ética são confundidas, pois ambas, apesar de distintas, se entrecruzam em seus exercícios.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber o que é a base comum da ética e as características
próprias de cada uma das três áreas que serão abordadas: ética social, ética profissional e ética
política.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os princípios gerais da ética social.


• Reconhecer as especificidades da ética profissional.
• Relacionar o papel da ética com a prática política.
_2.2_ Desafio
A ética está presente em todos os momentos de interação social por que passamos, em nossas
atitudes e ideologias, bem como na interação com outras pessoas, perpassando desde as atitudes
mais básicas do cotidiano até as questões globais.

Observe o exemplo a seguir:

João é candidato a prefeito de uma cidade do interior e, em sua campanha,


prometeu realizar uma reforma sanitária que melhoraria toda a rede de esgoto
da cidade, um grande avanço para a comunidade local.

Mesmo sabendo que a verba do município não seria suficiente para realizar a
obra, João prometeu aos seus eleitores que, caso fosse eleito, essa seria
sua prioridade.

Por conta da expectativa da população sobre a possibilidade de o projeto


sair do papel, João foi eleito. Ao assumir o comando da prefeitura, ele
afirmou que os recursos não eram suficientes e sequer seria possível
realizar pequenas modificações na rede de saneamento.

Entretanto, um ano após a sua eleição, muitas pessoas começaram a


apresentar problemas de saúde relacionados à falta de saneamento básico,
tais como o difícil acesso à água potável, o que causou inúmeros casos de
cólera.

Nesse período, João anunciou a construção de um shopping popular. Acusado


de negligência com a saúde da população, foi aberto um conselho de ética a
fim de analisar se caberia um processo disciplinar ou não.

Você faz parte de um conselho de ética que fora instalado na Câmara municipal de sua cidade e foi
escolhido como membro desse conselho. Então, foi incumbido de preparar um relatório e uma
análise dando o seu parecer sobre o caso. Para tanto, deve redigir, em um ou dois parágrafos, o seu
parecer público indicando se considera a conduta do prefeito ética ou não.

É importante salientar que o texto deve ser escrito segundo sua perspectiva pessoal dos
acontecimentos. Candidatos são lançados, promessas são feitas, campanhas com forte apelo
midiático são realizadas. Até onde vai o limite ético nessas situações? Elabore o seu parecer.

elm = A análise da conduta do prefeito é fácil: ele apresentou conduta antiética, pois
elegeu-se com base em promessas que sabia serem inexequíveis e, além disso, sequer
empreendeu obras possíveis para melhorar o saneamento, fato demonstrado por usar verbas
pública na construção de um shopping.
Obs.: na realidade, o que geralmente é difícil e demorado, é obter a condenação do prefeito
dentro de um devido processo legal. Um conselho de ética, geralmente, como o próprio nome
indica, apenas aconselha, fornece um parecer da conduta, não tendo poder para punir o
prefeito.
Padrão de resposta esperado

A ética perpassa todas as camadas de relações sociais. Das pequenas ações


diárias até a gestão de grandes corporações, existem valores de conduta que
devem ser seguidos para a garantia de um comportamento ético.

No exemplo abordado no texto, o prefeito João cometeu seu primeiro erro ao


prometer algo ao seus eleitores mesmo sabendo que não poderia cumprir — um
erro sob a perspectiva da ética política e da ética profissional e social
também.

Além disso, João utilizou-se de má-fé para manipular seus eleitores,


construindo sua campanha eleitoral com base em uma realidade que não existia.
A falha ética, nesse caso, denota uma ausência de comprometimento com a
verdade, com a saúde, o que faz com que João seja um exemplo de como a
conduta do ser humano muda de acordo com seus interesses pessoais e a busca
pelo poder.

Ao não dizer aos seus eleitores que a obra não seria realizada, mesmo depois
de eleito, João errou mais uma vez em sua conduta política, pois não foi
transparente em relação à receita do município e à elaboração de melhorias
para a cidade.

O exemplo do prefeito João demonstra erros cometidos na gestão do poder


estatal. Ao invés de fazer promessas críveis e possíveis de realizar, João
utilizou o desejo da população por melhorias para manipular os votos a seu
favor e ainda cometeu um grave erro ético ao não pensar no coletivo,
utilizando a verba que serviria para a rede de saneamento básico para a
construção de um shopping.

Nesse caso, é importante salientar que João também falhou em sua conduta
pessoal, enquanto primazia do bem comum, pois não atuou na sociedade de forma
a melhorá-la, mas somente por interesses pessoais e econômicos.

Assim, podemos concluir que o exemplo citado ilustra erros nas três esferas
da ética — a ausência de responsabilidade e transparência (ética
profissional); o abuso do poder para atingir interesses pessoais, sendo que o
prefeito foi eleito para realizar melhorias para o coletivo (ética política);
e a ausência de solidariedade e primazia do bem comum, uma vez que não
priorizou o bem-estar e a felicidade de seus conterrâneos.
_2.2_ Infográfico
O conceito por trás da palavra "ética" é baseado no duplo significado no original grego. Êthos
escrito com a letra inicial "eta" é utilizado para descrever o ambiente em que vive o homem, o
modo de ser em que se sente bem. Já éthos, escrito com a letra inicial "épsilon", é o conjunto de
hábitos e costumes, o comportamento habitual do homem. Contudo, se nos voltarmos mais para o
campo profissional, encontramos outro termo: déon, ou déontos, que significa dever.

Neste Infográfico, você vai compreender os fundamentos gerais de conduta ética profissional com
base na teoria do dever.

DEONTOLOGIA OU TEORIA DO DEVER

O termo "deontologia" vem do grego "déon" ou "déontos", que significa


"dever". Todavia, se fragmentarmos a palavra, buscando o exercício de
reflexão conceitual, e adicionarmos o conceito de logos - que tem quatro
sentidos diferentes na língua grega: "razão" ou "linguagem" ou "norma" ou
"sentido de algo" - chegaremos ao sentido do termo como um todo: a norma, a
regra do dever.

Portanto, a deontologia sempre foi associada ao exercício da ética


profissional, uma vez que se trata daquele que tem o dever de agir de
determinada maneira, independentemente de sua moral.

== A possibilidade de uma ciência do dever ==

A deontologia, como teoria, foi formulada primeiramente pelo filósofo


britânico Jeremy Bentham e consiste nas obrigações vinculadas aos deveres.
Por exemplo, um médico tem o dever de atender um paciente independentemente
de suas diferenças de visão de mundo.

Essa teoria também é uma das correntes da ética normativa que mais faz
oposição a outra corrente dentro dessa mesma linha ética: a
consequencialista. Esta última defende que um profissional é responsável de
forma integral pelas consequências de suas ações, independentemente se elas
poderiam ser calculadas ou não.

Já a ética normativa deontológica não responsabiliza o profissional por


aquilo que era impossível prever ou contornar. Portanto, é baseada
estritamente no "dever da ação".

== Princípios da deontologia ==

São três os princípios fundamentais da deontologia:

1) A deontologia segue uma lógica que busca refletir de que forma


podemos evitar um erro ou uma consequência ruim. É comum que, em
empresas, corporações, instituições privadas e públicas etc., esse
princípio seja aplicado por um grupo de pessoas ou um comitê antes
de se tomar decisões.
2) O segundo princípio diz respeito ao âmbito jurídico, pois visa a
estabelecer direitos, tratamentos e possibilidades iguais para todos
os envolvidos no processo.

3) O terceiro é o político, que consiste em garantir a justeza nos


direitos e, no que diz respeito à aplicação no Brasil, é previsto
pela Constituição que sejam garantidos lealdade processual e dois
graus de jurisdição.

Conclui-se que a deontologia é uma ferramenta imprescindível no campo


profissional. Uma vez que somos constituídos de valores morais, culturais e
tradicionais, é necessário que haja um processo ético, de modo que as ações
sejam guiadas pelo dever e pelo princípio da justiça.
_2.2_ Conteúdo do livro
A profunda reflexão sobre o humano, tanto individual quanto coletivamente, se traduz também nas
condições, nas necessidades e nos deveres frente à ação. Assim, quando entendemos por ética um
código de conduta que se atualiza e evolui de acordo com o pensamento sobre esse mesmo campo,
podemos compreender que agir eticamente é agir coletivamente. Ou seja, por mais que a nossa
ação, por vezes, não seja assistida, há uma consciência do dever implicada em cada escolha e ação
nossas. Assim, ao passo que a moral se restringe às sociedades, às tradições e às culturas, a ética
busca ter um caráter universal. Assim, uma ação é considerada ética ou não tanto aqui quanto no
Japão, por exemplo.

É claro que existem códigos e leis diferentes que se aplicam a determinados países, mas a discussão
ética é feita de um modo mais cosmopolítico no sentido de pesquisa e discussão. Quando agimos,
afetamos não somente nós mesmos, mas a sociedade como um todo. Portanto, vivendo em
sociedade, é necessário que tenhamos regras e códigos de conduta para que seja estabelecido o
direito de cada indivíduo e, principalmente, o respeito tanto moral quanto físico às demais pessoas.

No capítulo Ética profissional, social, política, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você
vai entender como o humano é um ser social e, a partir de então, como a ética se mostra essencial
em uma sociedade. Além disso, vai verá como a ética passou a fazer parte do mundo profissional e
como surgiram os códigos de ética. Por fim, entenderá a relação entre ética e política e como ela
fora pensada ao longo da história.

elm = livro não encontrado na bib virtual (sem


autor nesta capa), busca com autora que
aparece no ínício do capítulo.
Obs.: há esse título, mas de outros autores.
Ética profissional,
social e política
Mayara Joice Dionizio

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Identificar os princípios gerais da ética social.


> Reconhecer as especificidades da ética profissional.
> Relacionar o papel da ética com a prática política.

Introdução
A ética é parte fundamental da vida humana, pois, uma vez que vivemos em
sociedade, fazem-se necessárias regras de conduta que assegurem as ações
comuns. Desde a Antiguidade, quando a ética como conceito foi sistematizada,
pensadores se dedicam a pensar a conduta humana e sua finalidade, o que acabou
por se tornar uma tradição de pensamento que chega até a contemporaneidade.
Hoje pensamos a ética diferentemente de outros momentos históricos; o conceito
está mais consolidado e nos guia tanto em nossa vida privada quanto em nossa
vida pública.
Neste capítulo, você poderá compreender como a ética é essencialmente
social e como ocorre sua relação com a moral. Além disso, vamos descrever no
que consiste a ética profissional, como ela surgiu e como ela resultou nos códigos
deontológicos que temos na contemporaneidade. Por fim, vamos explicar como a
ética e a política se relacionam ao longo da história como prática.
2 Ética profissional, social e política

Princípios gerais da ética social


Inevitavelmente, quando tratamos do conceito de ética, remontamos a anos de
tradição do pensamento filosófico acerca do assunto. Conforme Gontijo (2006), o
termo “ética” vem de ethos, que em grego significa “modos de ser” e se relaciona
com os fundamentos da vida moral, com o modo de ser socialmente. Por sua vez,
há o termo mores, que em latim significa “morada”, “habitar”, “aquilo que se refere
ao hábito”, que faz parte da reflexão romana antiga sobre a moral e que está
relacionado ao costume. Apesar de os conceitos de moral e ética estarem ligados,
ainda mais em suas origens especulativas, há uma distinção importante sobre o
campo da moral e o campo da ética. Antes de adentrarmos nesse aspecto, faz-se
necessário que nos aprofundemos mais em tais conceitos para compreender
suas diferenças histórico-conceituais, tal como elucida Gontijo (2006, p. 129):

Com a criação da ética como ciência do ethos no mundo grego — como aplicação
do logos demonstrativo à reflexão crítica sobre os costumes e modos de ser dos
homens —, a palavra “ética” passou a designar, na tradição filosófica, tanto o objeto
de estudo de uma disciplina quanto o estudo do objeto. “Ética” significa, portanto,
tanto a disciplina que reflete criticamente sobre o saber ético encarnado nos cos-
tumes e modos de ser, como esse próprio saber. O mesmo se verifica com a palavra
“moral”, que servirá para designar tanto o objeto de estudo — a moral — quanto o
estudo crítico do objeto — a Filosofia Moral. No que respeita à tradição filosófica,
os termos “moral” e “ética” designam, portanto, o mesmo campo de fenômenos e
o mesmo domínio de reflexão. Isto é, são sinônimos.

Estima-se que o conceito de ética tenha surgido por volta de 500 a.C.,
quando a filosofia grega estava em seu momento mais alto — entre 300 a.C.
e 500 a.C., viveram os grandes nomes da filosofia grega: Sócrates (470 a.C. a
399 a.C.), Platão (428/427 a.C. a 348/347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.)
(FIGUEIREDO, 2008). O primeiro a pensar a conduta moral em vista de um
princípio comum a todos os cidadãos da pólis grega foi Sócrates. Conhecido
como o pai da filosofia, Sócrates traz à filosofia grega um caráter inaugural
ao deslocar o interesse filosófico da physis (natureza) para o homem. Nesse
sentido, Sócrates se ocupa dos humanos nas mais múltiplas esferas: em
relação à arte, à moral, às virtudes e, principalmente, à verdade. Para o
filósofo, todas as virtudes estão ligadas ao bem. Assim, é impossível buscar
a verdade sem que se busque o bem na mesma medida. Platão também se
ocupou do pensamento ético e moral. Suas obras são compostas de diálogos
protagonizados tanto por Sócrates, o seu mestre, quanto pelos demais dis-
cípulos socráticos. Contudo, foi Aristóteles que, de fato, realizou a primeira
sistematização do conhecimento ético (PIMENTA, 2019).
Ética profissional, social e política 3

Em Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta um tratado moral guiado pelo


questionamento acerca da finalidade das ações humanas. Segundo Aristóteles
(1987), o caminho final das ações é o bem, mas não sem uso da faculdade
racional; isto é, se faço uso da minha faculdade racional, logo chegarei ao
bem como resultado de minha reflexão. Apesar de podermos chegar ao bem
por meio do exercício racional, as virtudes podem ser alcançadas por meio
de dois conhecimentos: o teórico, que é resultado da educação recebida; e
o prático, que é constituído pelos hábitos. Dessas duas formas aristotélicas
de conceber a ação ética, originou-se a confusão entre o que é ética e o que
é moral. Quando emprega o termo ethos, Aristóteles se refere a uma ciência
sobre o modo de ser: as atitudes morais de uma pessoa frente às situações
da vida. Ou seja, a ética está associada ao comportamento do indivíduo na
vida coletiva, na medida em que este se torna objeto de reflexão. Portanto, de
modo geral, podemos dizer que a moral é aquilo que compete às leis morais
às quais os indivíduos estão submetidos: hábitos, tradições e costumes. Por
outro lado, a ética consiste na conduta individual do indivíduo frente aos
demais e à filosofia moral; isto é, à reflexão sobre a conduta moral de uma
sociedade. A ética apresenta, então, esse caráter duplo: tanto do indivíduo
quanto da reflexão filosófica moral. Assim, também chegamos às duas esferas
que compõem a vida: a privada e a pública.
É na vida pública que encontramos o ethos social. Tal ethos é marcado
pelos costumes e tradições na medida em que se trata da identidade de não
só um indivíduo, mas de uma sociedade:

Parece haver um círculo ethos-hábitos-atos. Assim se compreende como é preciso


resumir as duas variantes da acepção usual de ethos, estas sendo os princípios
dos atos e aquele o seu resultado. Ethos é o caráter (χαρακτηρ) cunhado, impresso
na alma por hábitos (ARANGUREN, 1972, p. 24).

Ou seja, ao mesmo tempo em que o ethos social se impõe pela força da


identidade das tradições, ele também é constitutivo do indivíduo que vive
essa identidade tradicional. Há dois ethos: aquele que se remete ao caráter
e aquele que se liga aos hábitos. Isso, por sua vez, demonstra que a ética é
tanto individual quanto social; isto é, a conduta ética é um realizar-se tanto
em si quanto no outro.
Ainda de acordo com Aristóteles (1987), o que fundamenta essa duplicidade
de ação da ética na conduta humana é a justiça. Mais uma vez, vemos então
a impossibilidade de disjunção entre individualidade e sociedade. Uma vez
que a justiça fundamenta a ética, a justiça ocorre sempre frente a um fato,
uma ação que envolve mais de um agente:
4 Ética profissional, social e política

Essa forma de justiça (geral) é, portanto, uma virtude completa e governa nossas
relações com os outros; por isso, muitas vezes, a justiça é considerada a virtude
mais perfeita e nem a estrela vespertina, nem a estrela matutina é mais admirada
que ela. Daí o provérbio: a justiça encerra toda a virtude (ARISTÓTELES, 1987, p. 93).

Com isso, Aristóteles pensa a ética para além do caráter voltado às tra-
dições e aos hábitos, colocando-a em relação àquilo que se mostra mais
próximo do que pensamos contemporaneamente como ética: relações sociais
e condutas comportamentais justas. Mas, afinal, como determinar se uma
ação é ou não justa se somos constituídos por uma identidade marcada por
tradições, costumes e modos de pensar acerca do que é bom e mau?
Se pensarmos cronologicamente na vida humana, a ética e a moral são
preceitos trabalhados com o ser humano desde seu nascimento: o respeito,
os costumes, os hábitos, aquilo que por determinada família (que compõe
um todo de uma identidade tradicional) é considerado bom ou não. Já em
relação ao que é justo, apesar de ser tratado na família e no ciclo social da
criança (como na instituição escolar), o preceito de justiça não obedece
àquilo que a literatura do Direito entende por justiça. Ou, ainda, a justiça
na instituição familiar é tratada com base nos preceitos éticos e morais da
cultura em que ela se encontra inserida. Por exemplo, uma família que segue
a religião cristã terá uma compreensão acerca de justiça e ética diferente
da de uma família que é ateia sobre determinadas temáticas. Contudo, por
mais que o indivíduo venha a conhecer os ideais de justiça de acordo com a
lei do Estado a posteriori e que tais ideais guiem sua conduta pública na vida
adulta, o ethos acompanha tais noções na vida humana. Trata-se, portanto,
de uma tríplice relação entre ética, moral e justiça.
Na modernidade, encontramos a teoria do filósofo Immanuel Kant acerca
do dever moral. Para Kant, o dever moral frente ao que é justo é fruto da
capacidade prática da razão: “A razão pura é por si prática e dá [ao homem]
uma lei universal, que chamamos lei moral” (KANT, 2005, p. 107). Nesse sen-
tido, Kant entende que o dever sempre se dá em três possibilidades de ação:

„ aquela que é feita de acordo como o dever, mas não pelo dever, e sim
por interesse;
„ aquela que é feita também de acordo com o dever, mas não pelo dever,
e sim por uma questão de hábito;
„ e, por fim, a ação que é feita conforme o dever e pelo dever.

As ações, portanto, se distinguem pelas suas utilidades. Kant busca com


essa classificação esclarecer que a ação moral só pode ser determinada por
Ética profissional, social e política 5

dever e tendo como finalidade o dever. Ao contrário, tratar-se-ia de uma ação


interessada, e não dotada de moral. Assim, Kant garante a autonomia da
vontade frente à ação e a assegura por meio do que ele chama de “imperativo
categórico”, que é aquilo que une a autonomia da vontade à sua universalidade.
Isto é, quando Kant argumenta que para avaliarmos se estamos agindo por
dever, ou seja, realizando uma ação moral, devemos nos perguntar se a nossa
ação, guiada pela nossa vontade, poderia se tornar universal. Desse modo,
o filósofo consegue unir a vontade individual com o dever moral universal
entre os indivíduos.
Até aqui, vimos que a ética social é indissociável da esfera privada, bem
como de teorias da justiça. Por mais que as teorias conflitem por vezes sobre
o que determina e o que distingue os preceitos éticos dos morais, um preceito
depende essencialmente do outro, tal como o próprio exercício da justiça.
Dessa forma, conclui-se que não há ethos social sem um ethos individual, que
reconhece na moral também os seus deveres fundamentados em uma justiça;
justiça essa que se faz imprescindível quando se percebe que somente por
meio da moral e da ética a vida em sociedade se faz possível.

Fundamentos da ética profissional


Chegando ao campo da ética relacionada à vida profissional, encontramos
uma série de reflexões acerca da práxis social que envolve também a esfera
do trabalho. De acordo com Karl Marx (2007), antes do período capitalista,
surgido a partir do contexto da Revolução Industrial, no século XVIII, o tra-
balho era dimensionado a partir do próprio homem. Ou seja, por mais que
a exploração nas sociedades antigas e medievais acontecesse, ela estava
condicionada ao homem e à natureza em si mesmos. Um trabalhador camponês
desenvolvia seu trabalho de forma artesanal, manual desde a matéria-prima
até o produto final, ao que se nomeia “manufatura”. Já a partir do século
XVIII, com o desenvolvimento industrial, o indivíduo passa a ser alienado de
seu trabalho: nas fábricas, com as máquinas, o trabalho é fracionado; assim,
cada trabalhador executa uma parte do desenvolvimento do produto final.
Com essa alienação, para teóricos como Barroco (2003), o trabalho como
projeção humana sofre uma alteração. Se antes o trabalhador se projetava
naquilo que fazia até a realização final de seu trabalho, com a modernidade
chega-se à fragmentação também do indivíduo, que não se vê mais naquilo
que faz, somente executa.
Contudo, após Marx, surgiram outros pensadores que repensaram essa
relação de acordo com as transformações culturais ocorridas e de acordo com
6 Ética profissional, social e política

a forma como isso afeta a visão sobre o trabalho. Se antes da modernidade o


indivíduo via no trabalho um processo de desenvolvimento de sua criatividade
que, por sua vez, consistia em valorações de sentido para si e de escolhas,
com a modernidade essa capacidade emancipatória do trabalho passa a ser
negada. Isso altera também as formas de socialização profissionais. Nesse
sentido, a ação ética do trabalho também se fragmenta. A partir de então, a
ética deve se expressar também frente aos outros envolvidos nesse ambiente:
trata-se de entender que a finalidade da ação ética envolve o coletivo para
acima do eu individual, o que não significa que se trata de individualidades
somadas em um projeto, mas, sim, um projeto desenvolvido por diferentes
individualidades, construído por elas.
O espaço do trabalho se torna um espaço também de constituições subje-
tivas. As individualidades se transformam à medida que lidam umas com as
outras. Outrossim, a conivência social passa a impor um processo democrático
dentro desse espaço. Nesse ponto, o projeto profissional passa a compor
também a ética, pois é na realização da realidade profissional que passa a
ser determinada a ética em relação aos modos de ser de cada indivíduo que
ocupa aquele espaço, bem como uma normatização de uma conduta construída
e instituída. Chegamos, assim, ao conceito de deontologia.
O conceito de deontologia vem do grego (junção entre deon, “dever”, e
logos, “razão e/ou ciência”) e, na contemporaneidade, designa uma teoria
normativa segundo a qual as ações devem ser julgadas de forma utilitária:
de acordo como as suas necessidades, permissões e proibições. O conceito
foi criado pelo filósofo utilitarista Jeremy Bentham, em 1834, ao se referir à
ética como estudo das normas e deveres:

O objeto da deontologia consiste em ensinar o homem a dirigir os seus afetos,


de maneira a que eles sejam os mais possíveis subordinados ao bem-estar. Cada
homem tem as suas penas e os seus prazeres, que lhe são próprios, e com os
quais o resto dos homens não tem qualquer relação; há, também, os prazeres e as
penas que dependem das relações com os outros homens, e os ensinamentos do
deontologista têm por objetivo aprender, num como noutro caso, a dar ao prazer
uma direção tal que lhe permita ser produtivo para outros tipos de prazer; e a dar
uma tal direção à pena que a torne, na medida do possível, uma fonte de prazer
ou, pelo menos, que ela seja o menos pesada possível, suportável e, assim, tão
transitória quanto possível (BENTHAM, [1834] apud DIAS, 2008, p. 167).

Contudo, apesar de ser um termo inaugurado por Bentham e relacionado à


reflexão estritamente filosófica sobre a ação moral, acabou sendo empregado
para pensar as regras de conduta de cada profissão. No mundo profissional,
a deontologia e a ética atuam de duas maneiras: seja para controlar as ações
Ética profissional, social e política 7

dos profissionais, seja para construir e orientar a conduta de um grupo até que
esteja coeso. Assim, cada profissional deve seguir uma deontologia de acordo
com a sua profissão, que, por sua vez, se consolida em um código de ética.
Esse código serve tanto como um guia quanto como um código de correção
dos profissionais: nele encontramos tanto os direitos quanto os deveres de
cada categoria profissional. Normalmente, vemos associadas a esses códigos
profissões que exigem confiança pública, ou seja, o código representa, nesse
sentido, uma garantia para a sociedade de que o profissional está de acordo
com as exigências legais de conduta de sua profissão. Caso contrário, esse
profissional será punido e, em casos de desagravo, até desvinculado de sua
profissão, não podendo mais exercê-la. Isso demonstra que a conduta ética
se prefigura profissionalmente em um sistema normativo.
Antes de serem nomeadas como “código de ética”, as regras a serem
seguidas eram aglomeradas e determinadas pelos chamados “códigos de-
ontológicos”. O primeiro desses códigos, que ainda não levava o nome de
“deontológico”, foi proposto em 1794, por Thomas Percival. Em 1791, Percival,
que era médico e membro fundador do hospital americano Manchester Royal
Infirmary (fundado em 1752), solicitou aos demais membros diretores do
hospital que gerissem um conflito interno entre médicos, cirurgiões e apothi-
caires (os precursores dos farmacêuticos). O conflito, além de se ater a casos
específicos do hospital, consistia principalmente nas diferentes formações
desses profissionais de saúde: ao passo que alguns haviam frequentado a
universidade, outros tinham aprendido suas profissões nos hospitais ou com
outros profissionais (PICKSTONE, 1993).
Foi então que, encorajado por seus demais colegas, Percival escreveu a
primeira versão de Medical jurisprudence, publicada em 1803. Inicialmente
um panfleto, tal obra se tornou o primeiro código de ética médica, sendo
composta de quatro partes: 1. conduta profissional no hospital e em outros
lugares de cuidado médico, 2. conduta profissional nas práticas gerais ou
privadas, 3. conduta dos médicos para os apothicaires, 4. deveres profissionais
nas circunstâncias que requerem o conhecimento da lei. Vale ressaltar que,
até a criação e, posteriormente, o reconhecimento da necessidade dos códi-
gos profissionais, a ética profissional e normativa era baseada em virtudes,
tais como honra e caráter, sem nenhum controle mais rígido das condutas
profissionais. Nesse sentido, a dimensão deontológica vem contribuir em
razão de um código que estipula e traz a necessidade de um olhar humano e
rigoroso a potenciais problemáticos advindos (PICKSTONE, 1993).
Conclui-se que a ética, como um conjunto de princípios norteadores da
boa conduta profissional, está além de um mero preceito a ser seguido. A
8 Ética profissional, social e política

ética profissional deve ser respeitada, e, a partir dela, em relação às situações


que a ela fogem, cabe ao profissional incorporar a conduta ética: “um código
de ética não poderá cobrir todas as situações que se levantam à medida que
uma disciplina expande e tenta encontrar as necessidades em mudança de
um tipo de serviço entre as pessoas na sociedade” (BLACKWELL et al., 1994,
p. 2 apud DIAS, 2008, p. 54). Desse modo, é na integridade profissional que se
encontrará a possibilidade de expansão dessa própria conduta.

Ética e prática política


A relação entre ética e política é tão antiga e indissociável, que poderíamos
pensá-la tanto a partir da Antiguidade Clássica quanto a partir das teorias
modernas contratualistas. De todo modo, o que se estabelece em todas essas
teorias e desde a Antiguidade Clássica é que a relação entre ética e política
é retroalimentar. Ou seja, se de um lado a ética surge como reflexão sobre
os modos de ser dos humanos em sociedade, de outro esses modos de ser
são públicos, participam da vida social e, portanto, são políticos. Contudo,
tal relação foi e continua sendo determinada historicamente e revisitada
filosoficamente.
Foi com Aristóteles (1987) que tivemos a primeira definição do termo
“ética”. A partir de então, comumente é atribuída ao filósofo a sistematização
da ética como estudo. Em Aristóteles, o bem é o fim para o qual todas as
coisas tendem, o que, por sua vez, acaba gerando grande confusão, pois, se
o bem é a finalidade das ações, a felicidade seria a expressão desse bem
maior. Contudo, para melhor elucidar e desfazer esse mal-entendido, Aris-
tóteles apresenta três categorias que traçam uma distinção entre vida ética
e vida feliz, no sentido de que a felicidade se distingue para cada pessoa.
Diz o filósofo: “diferem, porém, quanto ao que seja a felicidade, e o vulgo
não o concebe do mesmo modo que os sábios” (ARISTÓTELES, 1987, p. 18).
Tais categorias tratam dos tipos de vida que os homens podem ter: 1. a vida
vulgar, 2. a vida política e 3. a vida contemplativa. Desse modo, cada tipo
de vida tem seu ideal de felicidade; contudo, apenas uma está diretamente
relacionada ao sumo bem.

„ A vida vulgar: a felicidade não está associada ao sumo bem, uma vez
que essa é sempre confundida com o prazer e gozo.
„ A vida política: a felicidade está relacionada à honra, e não ao sumo
bem.
Ética profissional, social e política 9

„ A vida contemplativa: é a que se associa ao sumo bem, uma vez que


a razão é própria ao homem; “o que é próprio de cada coisa é, por
natureza, o que há de melhor e de aprazível para ela; e, assim, para o
homem a vida conforme a razão é a melhor e a mais aprazível, já que
a razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem” (ARISTÓTELES,
1987, p. 203).

Isso traz, por sua vez, um caráter antropológico como fundamento à ética
aristotélica. Nesse sentido, vê-se uma junção entre homem político e homem
racional. Ora, se a ética se dá propriamente na vida comum e, portanto, política
e se o homem é por excelência um animal racional, o que transcende a sua
condição somente natural, transformando-o em um animal político, conclui-se
que o homem tem as duas capacidades em exercício dentro de si. Aristóteles
reconhece que, para que o homem chegue à vida contemplativa, fazendo
uso de sua capacidade naturalmente racional, é necessário que existam leis
que constranjam os cidadãos a cultivarem bons hábitos. Assim, Aristóteles
une a razão, a ética e a política como complementares para o bem viver a o
alcance do sumo bem.
Posteriormente, no Renascimento, encontramos na obra de Nicolau
Maquiavel uma ruptura entre ética e política. Nesse período, a política se
caracteriza pelo caráter materialista e a ética passa a ser estudada e pen-
sada no campo da metafísica. Em grande medida, deve-se a Maquiavel essa
ruptura que adiante se consolidaria na modernidade. Em Maquiavel (1999), a
verdade está nas coisas sempre em seu estado atual; portanto, o autor não
pensa a partir do devir, daquilo que poderia ser das coisas em um estado
futuro. Nesse sentido, exclui-se a necessidade do “dever” (que é próprio à
ética), colocando-se em seu lugar o “é”. Em Maquiavel, a política passa a ser
pensada de acordo com o estado atual da sociedade, tal como elucida Sadek
(1995, p. 17): “De fato, sua preocupação em todas as suas obras é o Estado.
Não o melhor Estado, aquele tantas vezes imaginado, mas que nunca existiu.
Mas o Estado real, capaz de impor a ordem”.
Maquiavel, em O príncipe, deixa essa dissociação muito clara quando não
confere ao príncipe o dever ético, mas somente a manutenção do poder. Para
tanto, o filósofo divide em três formas a manutenção do poder por parte do
governante em relação aos Estados conquistados: 1. devastá-los; 2. habitar
nesses Estados; 3. permitir que os cidadãos vivam com as suas leis, contanto
que arrecade tributos por isso e que forme um governo restrito a poucos.
Despreocupado com a ética, Maquiavel escreve: “Sucede que, na verdade, a
garantia mais segura da posse é a ruína” (MAQUIAVEL, 1999, p. 53). Em outros
10 Ética profissional, social e política

momentos, o filósofo demonstra o seu desprezo pela ética quando relacio-


nada à política. Ao contrário de Aristóteles, que entende na relação entre
as partes natural e racional humanas a harmonia ética e política, Maquiavel
(1999) defende que o príncipe deve utilizar seu lado racional e animal para se
manter no poder. Isto é, para se manter no poder, o governante deve combater
a desobediência civil de dois modos: pela lei e pela força; as leis competem
ao lado racional do humano, ao passo que a força, ao lado animal.

Você sabia que Maquiavel atuou politicamente na República de


Florença?

Conhecido pela sua inteligência e habilidade de traçar estratégias políticas,


Maquiavel, em 1499, foi enviado para negociar com a duquesa Catarina Sforza
a renovação da condotta de seu filho Otaviano e negociar seu apoio para a
retomada de Pisa. Sua principal missão era diminuir o pagamento do governo
de Florença à duquesa e conseguir tanto suas tropas quanto munição. Maquia-
vel teve tanto êxito, que, após o feito, escreveu seu primeiro escrito político:
Discorso fatto al Magistrato dei Dieci sopra le cose di Pisa, em 1499 (SALATINI;
DEL ROIO, 2014).

Já na modernidade, encontramos Karl Marx, que, segundo Arendt (2007), foi


o responsável por religar o dever ético à política — por mais que o pensador
enxergasse na filosofia uma limitação material, pois, para Marx, a filosofia
não tratava da realidade concreta. Foi por meio da filosofia que Marx pôde
interpretar o mundo e chegar à conclusão de que a revolução seria condição
essencial para ligar a ética à política, uma vez que as estruturas políticas que
se formaram com o capitalismo só tinham como finalidade o lucro e o poder.
Já no século XX, vemos tal crise que se anunciara desde o Renascimento, com
as Grandes Guerras, a ascensão do fascismo e do nazismo, a Guerra Fria e
os ataques ao Afeganistão e ao Iraque; reconhece-se que tal ruptura nunca
fora superada, assim como diz Hannah Arendt (2007, p. 55): “nem o silêncio
da tradição, nem a reação assestada contra ela no século XIX por pensadores
podem jamais explicar o que efetivamente ocorreu. O caráter não deliberado
da quebra dá a ela uma irrevogabilidade que somente os acontecimentos,
nunca os pensamentos, podem ter”.
Desde tais acontecimentos, a relação entre ética e política vem sendo
reestruturada. A ética, na atualidade, é constantemente chamada a intervir
na política como garantia de uma conduta humana — esforço que se tornou
essencial após as catástrofes acontecidas no século XX. Na contempora-
Ética profissional, social e política 11

neidade, encontramos éticas como a Ética do Discurso, que analisa a partir


desses acontecimentos de guerra os fatos históricos; a Ética da Libertação,
que reage as condições de opressão historicamente estruturadas; e a Ética
Prática, que busca dar respostas às demandas sociais atuais.

Referências
ARANGUREN, J. L. L. Ética. 5. ed. Madri: Seleta, 1972.
ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987. (Os pensadores).
BARROCO, M. L. S. Ética e serviço social: fundamentos ontológicos. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2003.
DIAS, A. Ética profissional em terapêutica da fala. 2008. Dissertação (Mestrado em
Bioética) — Universidade do Porto, Porto, 2008.
FIGUEIREDO, A. M. Ética: origens e distinção da moral. Saúde, Ética & Justiça, v. 13, n. 1,
1–9, 2008. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/sej/article/view/44359/47980.
Acesso em: 16 set. 2021.
GONTIJO, E. D. Os termos ‘ética’ e ‘moral’. Mental, ano 4, n. 7, p. 127–135, nov. 2006.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/mental/v4n7/v4n7a08.pdf. Acesso em:
16 set. 2021.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2005.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
MARX, K. Contribuição para a crítica da economia política. Marxists.org, 2007. Publicado
originalmente no livro Zur Kritik der Politischen Oekonomie von Karl Marx. Berlin:
Erstes Heft, 1859. Disponível em: http://www.marxists.org/ortuguês/marx/1859/01/
prefacio.htm. Acesso em: 16 set. 2021.
PICKSTONE, J. V. Thomas Percival and the Production of Medical Ethics. In: BAKER, R.;
PORTER, R.; PORTER, D. (ed.). The codification of medical morality: historical and phi-
losophical studies of the formalization of western medical morality in the eighteenth
and nineteenth centuries. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1993. p. 161–178.
PIMENTA, O. O exemplo de Sócrates. Discurso, v. 49, n. 2, 79–106, 2019. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/discurso/article/view/165475/158651. Acesso em: 16 set.
2021.
SADEK, M. T. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù. In:
WEFFORT, F. C. (org.). Os clássicos da política. 5. ed. São Paulo: Ática, 1995. v. 1. p. 11–41.
SALATINI, R.; DEL ROIO, M. (org.). Reflexões sobre Maquiavel. Marília, SP: Oficina Uni-
versitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014.

Leitura recomendada
ARISTÓTELES. A política. 2. ed. rev. Bauru, SP: Edipro, 2009.
12 Ética profissional, social e política

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.
_2.2_ Dica do professor
Se a ética se subdivide em diversas áreas, isso se deve não somente às diferentes concepções
ético-teóricas, mas também ao campo que a ética deve abarcar. Isso inclui contextos biomédicos e
problemas culturais e familiares, por exemplo. Por isso, é fundamental que saibamos quais são as
diferenças entre os principais ramos da ética e como eles foram tratados e pensados ao longo da
história.

Nesta Dica do Professor, você vai conhecer o caminho da ética na história da filosofia e os
elementos-chave dos três aspectos específicos trabalhados: ética social, profissional e política.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/8d6b6948a14675c8b30487b7c8742cc8

4 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 2.2 ÉTICA SOCIAL, PROFISSIONAL E POLÍTICA

Estudaremos a Ética Social, a Ética Profissional e a Ética Política.

A ética faz a reflexão sobre os princípios e noções que regem a vida moral.
Esses princípios diferem, dependendo da ideia de ser humano que a utiliza,
podendo ir desde a concepção religiosa até o mais radical pragmatismo.

Na história da filosofia, vemos diversas teorias éticas: desde Aristóteles,


que coloca a felicidade como fim o último da ética, até Jeremy Bentham, com
o conceito de utilidade para se obter o melhor para mais pessoas.

\\ Aristóteles (felicidade) - Epicuristas (prazer)


- Tomás de Aquino (pecado) - Spinoza (razão) - J.
J. Rousseau (natureza) - Kant (imperativo) -
Bentham (utilidade) \\

Na discussão contemporânea, não vemos mais grandes sistemas éticos, mas


discussões temáticas e uma divisão entre:
> Deontologistas, que defendem a existência do Dever Ético e
> Relativistas, que não estipulam nenhum princípio absoluto.

A Ética Social se apoia em seis princípios, que garantiriam um pleno


desenvolvimento humano:
> Dignidade, que garante o respeito é a consideração a todos pelo Estado e
a sociedade;
> Direito à Propriedade, para que o indivíduo possa ter o que necessita;
> Primazia do Trabalho, atividade importante na construção da personalidade
e meio de sobrevivência;
> Primazia do Bem Comum em relação ao individual;
> Solidariedade, que une a humanidade e permite superar as crises; e
> Subsidiariedade, que faz com que a organização social se mantenha.
Na Ética Profissional, temos a relação do indivíduo em seu ambiente de
trabalho e também a atuação das empresas e organizações. Entre outros
valores, três são imprescindíveis para o bom profissional e para uma boa
gestão:
> Comprometimento com seus objetivos, com a empresa;
> Responsabilidade, evitando erros e preservando a imagem da companhia; e
> Integridade, que garantirá a transparência em todos os atos.

A Ética Política tem o peso do efeito que as decisões tomadas geram nos
indivíduos, exigindo um cuidado ainda maior por parte de quem toma essas
decisões. Está amparada e trabalha com os conceitos de Poder e Autoridade,
que têm interpretações variadas na Ciência Política.

Discute-se a relação entre Ética e Política, se são a mesma coisa, ou se


estão em lados opostos.
> Grécia Antiga: Ética = Política.
> Maquiavel: Ética <> Política.

Ainda assim, podemos pontuar alguns valores que seriam fundamentais para
uma Ética Política:
> Probidade Administrativa, que irá garantir que quem lida com a coisa
pública, o fará da maneira mais correta;
> Decoro, que seria observância das regras morais, da boa conduta; e
> Valores Democráticos, que garantiriam a transparência das decisões e o
controle do meio político pela população.
_2.2_ Exercícios

1) Como se lê nas obras de Platão e Aristóteles, existe uma diferença constantemente


remarcada em relação a certas dimensões estritamente teóricas e práticas. Ao passo que
Platão preza pela dimensão mais reminiscente em relação às virtudes éticas, Aristóteles vê
essa dimensão humana de outro modo.

“Estas ciências práticas, de fato, dizem respeito à conduta dos homens, bem como ao fim
que através dessa conduta eles querem alcançar, seja enquanto indivíduos, seja enquanto
fazendo parte de uma sociedade, sobretudo da sociedade política” (REALE, 1994, p. 405).

A respeito do trecho citado, assinale a alternativa correta:

A) O indivíduo ético busca alcançar as suas virtudes independentemente das ações alheias.

B) A ética é um exercício tanto individual quanto coletivo.

C) A ética deve ser exercida apenas enquanto exercício político.

D) Na vida em sociedade, a ética atinge apenas a dimensão do todo.

E) A ética existe enquanto código e ultrapassa as microrrelações sociais.


2) Se a maior preocupação de Maquiavel é o Estado, poderíamos dizer que isso o situa no
presente temporal.

A respeito disto, afirma Sadek (1995, p. 17): “De fato, sua preocupação em todas as suas
obras é o Estado. Não o melhor Estado, aquele tantas vezes imaginado, mas que nunca
existiu. Mas o Estado real, capaz de impor a ordem”.

A partir do trecho citado, assinale a alternativa correta:

A) Para Maquiavel, o tempo presente do Estado deve ser considerado pela ética.

B) Para Maquiavel, a ética está associada ao exercício da ordem.

C) Para Maquiavel, a ética está atrelada a uma idealização da ação na política.

D) Para Maquiavel, a ordem é fruto de um Estado ético.

E) Para Maquiavel, o Estado existe enquanto mantenedor da ética.


3) Várias profissões, principalmente aquelas que implicam os direitos humanos à vida, à justiça,
à igualdade, seguem códigos de ética que são frutos precisamente da ética deontológica
normativa: “um código de ética não poderá cobrir todas as situações que se levantam à
medida que uma disciplina expande e tenta encontrar as necessidades em mudança de um
tipo de serviço entre as pessoas na sociedade” (BLACKWELL et al. apud DIAS, 2008, p. 54).

De acordo com o trecho citado, assinale a alternativa correta:

A) A deontologia presume um código de ética universal para todas as profissões.

B) A deontologia abre espaços para que o profissional possa agir arbitrariamente.

C) A deontologia recusa mudanças em seus códigos de ética.

D) A deontologia serve como um guia reflexivo que orienta mesmo em situações inusitadas.

E) A deontologia responsabiliza o profissional pelas consequências de todo agir.


4) A delimitação do que é ético e do que é moral é motivo de grande confusão. Ao longo da
história do pensamento humano, podemos identificar que, por estarem em relação
constituinte um do outro, ambos os domínios da vida humana são pensados como a mesma
coisa. Contudo, ética e moral têm os seus sentidos e práticas distintas.

A respeito disso, assinale a alternativa correta:

A) A moral é ausente de normas de condutas sociais.

B) A ética é um exercício subjetivo sempre guiado pela moral.

C) A moral diz respeito a um conjunto de normas e tradições universais.

D) Ética se aplica à ação no âmbito profissional e público.

E) A ética tem um caráter universal e a moral, um caráter particular.


5) Para Aristóteles, a base da ética é a justiça: “Essa forma de justiça (geral) é, portanto, uma
virtude completa e governa nossas relações com os outros; por isso, muitas vezes, a justiça é
considerada a virtude mais perfeita e nem a estrela vespertina, nem a estrela matutina é
mais admirada que ela. Daí o provérbio: a justiça encerra toda a virtude” (ARISTÓTELES
apud AUTOR, 1987, p. 93).

A respeito do exposto, assinale a alternativa correta:

A) A justiça é o que torna a ética tanto individual quanto social.

B) A ética não depende das relações sociais para existir.

C) A justiça deve ser ajustada e deliberada pela ética.

D) A justiça se realiza na moral, e não nas leis do Estado.

E) A justiça fundamenta os preceitos morais de convivência em sociedade.


_2.2_ Na prática

Na vida profissional, nos deparamos com diversas situações em que devemos pensar qual seria o
caminho mais ético a seguir. Uma das áreas em que os profissionais lidam constantemente com isso
é a medicina, uma vez que, em se tratando da vida e da saúde dos indivíduos, não podem ser
medidos os esforços para que tudo corra bem.

Neste Na Prática, você vai conhecer a história de Layse, uma médica cirurgiã que se depara com um
caso complicado envolvendo uma criança e uma transfusão sanguínea.

MEDICINA E RELIGIÃO

Uma das profissões que mais exigem um código de ética é a medicina.


O motivo é evidente: o cuidado com a vida humana e com a saúde dos indivíduos.
Assim, é fundamental que todo médico esteja atento à legislação médica e ao
código de ética para não cometer erros e agir de forma inadequada e nociva.

Acompanhe a história e Layse, uma médica que passou por uma situação
complicada do ponto de vista ético e legal, no hospital em que trabalha.

Layse trabalha em um hospital público há 4 anos. Ela é cirurgiã


gastrintestinal. Não raramente, se depara com casos de perda de sangue
durante cirurgias e com a necessidade de reposição. Para isso, é preciso
fazer uma transfusão de sangue no paciente que sofreu a perda.

Certo dia, após operar uma criança, Layse informou a família que seria
necessária a reposição de sangue com certa urgência, pois a criança tinha um
problema específico de hemofilia, o que a levou a perder muito sangue.

A família da criança em questão recusou veementemente que o procedimento


fosse executado. Mesmo Layse explicando que a criança corria risco de morte,
a família insistiu que não fosse feito porque a religião deles não permitia.

Diante dessa complicada situação, Layse teve de ponderar tudo o que


acontecia do ponto de vista ético e legal. Ou seja, segundo o código de
ética de medicina, ela deveria realizar o procedimento, pois este não
ofereceria risco à vida da criança. Entretanto, para isso, teria de
conseguir uma autorização judicial, uma vez que os pais se negavam a fazê-
lo.

Layse entrou em contato com o setor jurídico do hospital que,em 2 dias,


conseguiu a autorização.

Esse exemplo expõe os desafios éticos da profissão. Nesse caso, Layse teve
de considerar o direito à vida que a criança tem, além de ponderar o valor
da vida humana face aos preceitos religiosos de seus pais. Nesse sentido, a
sua escolha profissional foi priorizar a vida da criança.
_2.2_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Entre antigos e modernos: notas sobre a história em Maquiavel


Como vimos, Nicolau Maquiavel, apesar de ter vivido durante o período renascentista, segue sendo
um dos principais pensadores que reflete em torno do “dever” do governante. Entretanto, a sua
refutação à ação atrelada ao dever ético representa um horizonte que impossibilitaria a vida
democrática. Compreenda um pouco mais sobre essas noções com a leitura deste artigo.

https://www.revistas.usp.br/cefp/article/view/196019/190045 pdf 13 pág.

"... para Maquiavel, o acesso ao passado não é imediato, seja pela leitura das histórias que
busca apenas o deleite, e não o saber delas, seja pelo relato situado dos escritores, que
retratam parcialmente as coisas antigas, seja ainda pela nostalgia que os idosos possuem de
seus tempos de juventude, os quais eles consideram superiores à velhice, quando já não tem
tantas forças. Assim, a relação entre passado e presente se torna problemática, pois os
tempos antigos aparecem aos modernos como um passado glorioso, porém inatingível,
irremediavelmente perdido e, portanto, em descompasso com o presente corrompido ..."

Ética algorítmica: questões e desafios éticos do avanço


tecnológico da sociedade da informação
A relação entre a ética e o desenvolvimento científico e tecnológico é motivo de muitos debates. A
possibilidade de automação do humano, ou mesmo da clonagem, é um dos temas que já abriram
espaços para a reflexão e o debate público sobre os limites para essas pesquisas e tecnologias.
Aprofunde os seus conhecimentos sobre o assunto.

https://www.scielo.br/j/gal/a/R9F45HyqFZMpQp9BGTfZnyr pdf 18 pág.

Resumo
A Quarta Revolução Industrial inseriu na vida cotidiana a Inteligência Artificial (IA) e seus
algoritmos. Essa nova realidade tecnológica requer uma profunda reflexão ética e enseja a
necessidade de pensar sobre uma Ética Algorítmica. Partindo de uma pesquisa bibliográfica,
este artigo propõe uma definição do termo e desenvolve uma reflexão sobre as principais
questões suscitadas pela presença dos algoritmos nas mediações da vida humana contemporânea,
referentes à falibilidade, opacidade, viés, discriminação, autonomia, privacidade e
responsabilidade. Situando-a no domínio de uma ética aplicada, pondera-se sobre a conjunção
das camadas humanas e computacionais na tomada de consciência diante dos dilemas.

A ética do intelectual: entre Michel Foucault e Donna Haraway


| Live com Priscila Vieira
A ética é fruto da reflexão filosófica. Assim, ao longo da história, acompanhamos a evolução do
pensamento ético na obra de diversos pensadores. Em nossa época, sem sombra de dúvidas, quem
mais discorre sobre o tema são o filósofo francês Michel Foucault e a filósofa americana Donna
Haraway. Assista a este vídeo para saber mais.

https://youtu.be/adWnLbds5ZI 1 h 5 min
A ética do intelectual: entre Michel Foucault e Donna Haraway | Live com Priscila Vieira
Caio Souto - Conversações filosóficas
Streamed live on Jul 11, 2020 #ética #foucault #intelectual
Priscila Vieira é professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atua na área de
História, com ênfase em Teoria e Filosofia da História e História Moderna e Contemporânea. É
Licenciada (2004), Bacharel (2005), Mestre (2008) e Doutora (2013) em História pelo
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/
UNICAMP), sob a orientação da Profa. Dra. Margareth Rago. Foi bolsista da CAPES pelo
Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior - PDEE, em Paris, entre 2010 e 2011,
sob a orientação do Prof. Dr. Frédéric Gros. Em seu Mestrado, estudou a concepção de
história genealógica proposta por Michel Foucault, destacando a importância da noção de
relações de força em Vigiar e Punir. No Doutorado, trabalhou com o interesse de Michel
Foucault pela questão da coragem da verdade na cultura antiga, articulando-a com as suas
reflexões sobre a construção de uma ética do intelectual no presente. De 2014 a 2015,
realizou um estudo de pós-doutorado em História Cultural pelo IFCH/UNICAMP, sob a supervisão
da Profa. Dra. Margareth Rago, com o título: Michel Foucault e a figura do sujeito de
direito: Pela criação de um direito novo e de modos de vida éticos e libertários.
Atualmente, é editora da revista do Programa de Pós-Graduação em História, intitulada
História: Questões & Debates e desenvolve uma pesquisa que procura entender como Michel
Foucault e Donna Haraway, entre 1976 e 2016, produziram diagnósticos e propostas teórico-
políticas de transformação do presente. Publicou os seguintes livros: A coragem da verdade e
a ética do intelectual em Michel Foucault (2015); Michel Foucault e a História Genealógica
em Vigiar e Punir (2006).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS


BLACKWELL et al., 1994, p. 2 apud DIAS, 2008,
BELINKY, A. Escândalo da fraude de poluentes: quem paga o apego ao que se vai? Revista
Época. Disponível em: http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blogdoplaneta/
noticia/2017/02/escandalo-da-fraude-de-poluentes-quem-paga-o-apego-ao-quesevai.html.
Acesso em: 18 jul. 2017.
BONETE, W. et al. Ética e cidadania. Porto Alegre: SAGAH, 2017.
CAMPANHA eleitoral. Jusbrasil. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/
topicos/26413102/campanha-eleitoral. Acesso em: 18 jul. 2017.
CHERCHI, G. S. Renúncia do mandato parlamentar na Câmara dos Deputados por falta de
ética ou quebra do decoro. Monografia (Especialização em Política e Representação
Parlamentar). Programa de Pós-Graduação do Centro de Formação, Treinamento e
Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados/CEFOR. Brasília, 2009.
FARGANIS, J. Leituras em teoria social: da tradição clássica ao pós-modernismo. 7. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2016.
RACHELS, J.; RACHELS, S. A coisa certa a fazer: leituras básicas sobre filosofia moral. 6.
ed.Porto Alegre: AMGH, 2014.
REALE, G. História da filosofia antiga. V. 2. São Paulo: Loyola, 1994.
VOLKSWAGEN programou 11 milhões de carros para trapacear em testes ambientais. Revista
Época. Disponível em: http://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/09/
volkswagenprogramou-11-milhoes-decarros-para-trapacear-em-testes-ambientais.html. Acesso
em: 18 jul.2017.
Bancos gratuitos de imagens e Shutterstock.
SAGAH, 2023
Aula 3.1
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

A relação entre ética e lucro


_3.1_
Apresentação
Nos mercados em que predomina o sistema de concorrência perfeita, a livre iniciativa se destaca
como uma das suas principais características. Nesse ambiente, a maximização dos lucros é a meta a
ser atingida pelas organizações. Os lucros são os valores que excedem as entradas projetadas após
a cobertura dos custos totais. Vale ressaltar que, sem lucro, não existem empresas e negócios.

Muitas vezes, a busca incessante pela lucratividade máxima faz com que muitas empresas ignorem
as normas estabelecidas no Código de Ética, vindo a proceder de maneira indevida. Além disso, é
imprescindível salientar que a atividade empresarial não é imoral nem antiética pelo fato de ser
rentável. Contudo, apesar da relevância do lucro para as empresas, é fundamental que os gestores
jamais ignorem o Código de Ética como justificativa para obtê-lo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai perceber a relação entre ética e lucro nas empresas e a
importância do Código de Ética como diretriz nesse processo.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a importância da relação entre a ética e o lucro.


• Definir o conceito de lucro ético.
• Avaliar os resultados da aplicação do lucro ético junto aos stakeholders.
_3.1_ Desafio
O lucro ético se caracteriza pelo reinvestimento de uma parte do lucro obtido pela empresa em
ações socioambientais.

Suponha que você seja o gerente comercial de uma empresa de celulose e papel e que a diretoria
da organização tenha confiado a você a missão de elaborar um plano de investimento que reflita as
duas situações a seguir:

1. A gestão do lucro ético.


2. A percepção do benefício desse investimento pela comunidade local.
Considerando isso, elabore um plano de investimento justificando suas decisões.

elm = Da Dica do Professor. Lucro Ético: separar parte do lucro e reinvestir na sociedade,
através de programas que, acabarão trazendo mais lucro ainda para a empresa. São programas
como: Reciclagem; Pós-venda; Ação Logística de grande eficiência; e, principalmente, uma nova
forma da empresa se relacionar com seus funcionários.

Padrão de resposta esperado

Como gerente comercial, é imprescindível elaborar um projeto que beneficie a


comunidade em que a empresa se instalou.

Para isso, é importante:

1. Consultar a diretoria financeira a respeito do percentual do lucro que


será destinado a esse projeto.
2. Elaborar um projeto que respeite o orçamento, mas beneficie a comunidade
ou o município em que a empresa se encontra.

Projeto: Adoção de uma praça ou reforma de algum espaço voltado para a


cultura e a educação, como escola, teatro, cinema, etc. Pode, ainda,
contemplar a readequação de uma creche, de um asilo, de um hospital, de uma
área de lazer ou um albergue, entre outras alternativas. Com um projeto dessa
natureza, a empresa estará cumprindo a gestão do lucro ético e,
concomitantemente, beneficiando a comunidade na medida em que disponibiliza
as condições de acesso à educação, à cultura e a outros benefícios sociais.
_3.1_ Infográfico
O lucro ético se estende muito além do resultado que a empresa projetou em sua peça
orçamentária e em seu planejamento. Ele também se aplica nas demais fases e atividades que
compõem a rotina empresarial, principalmente no ambiente externo da empresa, com destaque
para as ações socioambientais. Como resultado, a empresa solidifica sua imagem e fideliza seus
clientes.
_3.1_ Conteúdo do livro
A relação entre a ética e o lucro sempre foi alvo de severas críticas pela sociedade ao longo do
tempo. É certo que as empresas necessitam de lucro para a viabilidade de seus negócios. Contudo,
a sociedade organizada não tolera mais que o lucro seja alcançado a qualquer preço, sobretudo
após os escândalos envolvendo a gestão de grandes corporações nos últimos tempos. Práticas de
gestão desonestas e sem transparência estão sendo cada vez mais repudiadas pelo mercado e pelo
consumidor, seja de bens de capital, de produtos ou de serviços.

Na obra Ética e legislação contábil, Walter Alves de Sousa Júnior trata desse assunto no capítulo
A relação entre ética e lucro.

Boa leitura.

elm = livro não encontrado na bib virtual


© SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016

Colaboraram nesta edição:


Coordenador técnico: Pablo Rojas
Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH
Imagem da capa: Shutterstock
Editoração: Renata Goulart

Reservados todos os direitos de publicação à


SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A
Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana
90040-340 - Porto Alegre, RS
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070

É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer


formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia,
distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa.

S719e Sousa Júnior, Walter Alves de.


Ética e legislação contábil [recurso eletrônico] / Walter Alves de Sousa Júnior
coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre : SAGAH, 2016.

Editado como livro impresso em 2016.

ISBN 978-85-69726-07-4

1. Contabilidade - Ética. 2. Contabilidade – Legislação. I. Título.

CDU 657:17+34

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


INTRODUÇÃO

Dentre os conceitos sobre ética, destacamos aquele que a estabelece como


um campo da filosofia que estuda os assuntos morais e os costumes humanos.
Trata-se de uma análise reflexiva sobre o valor das ações sociais considerando
a esfera coletiva e ou individual. Vimos que a ética é fundamental na tomada
de decisão empresarial, e que ela reflete a imagem da empresa no mercado.
Outro conceito importante no contexto empresarial é o lucro. Em ambientes
de livre iniciativa os lucros são os valores que excedem as entradas projetadas,
após o expurgo dos custos. Sem lucro não existem empresas e negócios.

Em tempos de constante e profunda mudança no cenário econômico global,


um dos maiores desafios lançados aos gestores é conciliar a ética e lucro
no objetivo de levar a empresa a alcançar seus resultados projetados, sem
prejudicar a conduta e os valores éticos da organização.

Equivocadamente, muitas vezes o lucro é ligado à avareza e ganância, mas esse


posicionamento não pode e não deve ser aplicado a qualquer forma de lucro.

É Importante salientar que a atividade empresarial não é imoral e nem antiética


pelo fato de ser rentável. Apesar de transmitirem a ideia de incompatibilidade,
a ética e o lucro se complementam. Na atualidade as organizações procuram
alinhar estes dois conceitos no objetivo de obter os resultados desejados,
posto ser fundamental para a sociedade e para a organização a transparência
e a credibilidade.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final da unidade você deverá ser capaz de:

• Reconhecer a importância da relação entre a ética e o lucro.


• Definir o conceito de Lucro Ético.
• Avaliar os resultados da aplicação do Lucro Ético junto aos
stakeholders.

38
O CONCEITO DE ÉTICA E LUCRO

A Ética está relacionada à boa conduta humana, trata do errado e do certo, do


bem e do mal considerando os costumes, cultura e comportamento em cada
local. Um dado relevante no tocante à ética é o fato de que os costumes se
alteram e, à medida que o tempo passa comportamentos, práticas e costumes
até então aceitos naturalmente, passam a ser rejeitados pela sociedade.

O contrário também ocorre, ou seja, comportamentos inaceitáveis atualmente,


poderão ser aceitos naturalmente no futuro.

Outra característica é que as práticas e comportamentos comuns em uma


determinada cultura podem ser considerados uma afronta em outras culturas.

Em uma abordagem sob a ótica econômica e ou financeira, encontraremos


várias conceituações para o termo lucro. Contudo, consideraremos o Lucro
como o retorno positivo de um investimento realizado por uma pessoa ou por
um grupo de pessoas nos negócios.

A obtenção do lucro está diretamente ligada à projeção dos resultados


elaborados pelas empresas em sua peça orçamentária. Portanto, o lucro é
também o resultado das ações de gestão bem sucedidas praticadas ao longo
de um período. O contrário resulta em prejuízo.

O conflito entre a Ética e o Lucro

O conflito entre o Lucro e a Ética vem de longa data. Essa discussão ganhou
magnitude em função das mudanças organizacionais, da exigência por
transparência na gestão empresarial, e também pela mudança do perfil dos
consumidores e da própria sociedade.

O surgimento de ferramentas mais avançadas de gestão e o uso cada vez


maior das tecnologias de informação nas empresas, têm aproximado os
clientes finais das corporações. Esse fenômeno provoca obrigatoriamente
uma profunda mudança nas relações comerciais, nas relações com os
colaboradores, com os fornecedores, e, sobretudo na maneira como os
administradores desenvolvem a gestão nas empresas.

39
A busca pelo Lucro é fundamental para a sobrevivência das empresas, porém
a sociedade não aceita mais que as empresas obtenham o Lucro com práticas
de gestão incorretas, desonestas e sem transparência.

Este novo perfil de comportamento exigido pela sociedade e pelos


consumidores, tem feito com que os gestores repensem sua forma de
conduzir as empresas.

Essa mudança muitas vezes coloca o gestor em situações onde as decisões o


levam a enfrentar conflitos e dilemas na busca pelos resultados.

Dentro desta nova concepção, as empresas que se alinham com as mudanças


do mercado e assumem o verdadeiro compromisso com os princípios éticos,
tem priorizado as boas práticas de gestão pautadas pela conduta ética
adequada, em detrimento do lucro a qualquer preço.

O LUCRO ÉTICO

No mercado capitalista a busca pelo lucro é a meta a ser alcançada. Da mesma


forma a Ética é a busca permanente pela melhoria da vida.
Apesar de ser o tema mais importante nos últimos tempos no mundo corporativo,
a Ética nos Lucros ainda não conta com as normatizações específicas.

Contudo, no Brasil, o Artigo 170 da Constituição Federal de 1988, estabelece


os fundamentos da Ordem Econômica, podendo então ser considerado um
tratado ou uma norma que traça os parâmetros gerais para uma boa conduta
empresarial na livre iniciativa.

Esse conjunto de valores constitucionais direcionam as corporações para a


prática do Lucro Ético.

Ao praticar a Ética na gestão dos negócios, a empresa proporciona uma


identificação do consumidor com o produto ou serviço que desenvolve e
entrega. Portanto o Lucro Ético torna-se estratégico para as empresas que
o pratica na medida em que a fidelidade do consumidor mantém e pode
inclusive ampliar sua carteira, possibilitando à empresa obter os resultados
projetados. Além disso, a gestão desenvolvida de forma Ética alinha a
empresa para assumir e honrar seus compromissos sócios ambientais.

40
Como vimos anteriormente, o Lucro é o resultado dos investimentos realizados
pela empresa em um ou mais produtos. Neste contexto, o Lucro Ético passa
a ser o reinvestimento de uma parte desse lucro em ações sócio ambientais.
Esse comportamento solidifica a boa imagem da empresa na medida em que
a empresa pratica e não apenas discursa sobre a Ética empresarial.

Finalmente o Lucro Ético não se restringe apenas ao resultado que a empresa


projetou em seu planejamento. O Lucro ético também deve se estender para
as demais fases e atividades que compõem a rotina empresarial como:
a. A produção e ou beneficiamento dos produtos e serviços;
b. A responsabilidade socioambiental;
c. A relação entre a empresa e colaboradores;
d. A logística de distribuição e a relação com os clientes;
e. A política de pós venda.

A empresa voltada para a prática do Lucro Ético, não tem como princípio
único a conquista do Lucro, mas fundamentalmente, o retorno aos clientes
e consumidores da confiança depositada nos seus produtos ou serviços, na
forma de ações que beneficiarão a sociedade.

CONCILIANDO LUCRO E ÉTICA NAS EMPRESAS

O papel das organizações empresariais é fabricar produtos e serviços que


satisfaçam as necessidades da sociedade. Mas para que este objetivo seja
atingido de forma eficaz e lucrativa é necessário que a empresa utilize
eficazmente os recursos disponíveis como tecnologia, recursos humano e
capital.

A empresa que não consegue auferir lucro aos seus acionistas é considerada
uma empresa incompetente e a incompetência é desprovida de ética. Portanto,
o Lucro não representa algo ruim ou perverso, pelo contrário é o Lucro que
mantém as empresas ativas e a economia aquecida. É obtendo Lucro que as
empresas remuneram seus colaboradores, honram os compromissos com os
fornecedores e com governo recolhendo os tributos.

41
A grande celeuma em relação ao Lucro reside em dois aspectos:
a. Como o lucro é conseguido?
b. Como o lucro será utilizado?

Situações onde o lucro é alcançado com a exploração do trabalho infantil,


não fornecimento de equipamentos de proteção individual aos funcionários,
degradação ambiental, e Sonegação Fiscal são apenas alguns exemplos de
ações e decisões gerenciais em total descompasso com o contexto atual.
Definitivamente o lucro obtido através de práticas ilícitas tem sido fortemente
combatido pela sociedade.

A corrupção e o tráfego de influência, os lobbies, a formação de cartéis, os


acordos para alinhamento de preços e outras formas de obter vantagens
estratégicas e lucro de cunho ético duvidoso, também tem sido repudiada.

Outro aspecto relacionado ao Lucro diz respeito à forma como ele pode
ser utilizado. A priori, após o cumprimento das obrigações empresariais
citadas anteriormente, parte do lucro deve ser destinado à remuneração dos
acionistas e investidores.

Outra parte deverá ser reinvestida na empresa no objetivo de mantê-la


atualizada e competitiva tecnologicamente. Esse procedimento possibilita
a manutenção dos postos de trabalho, o crescimento projetado do
empreendimento, a competitividade e a sobrevivência das empresas. O
investimento em ações socioambientais também deve fazer parte do
Orçamento Empresarial e ser de fato executado ao longo do período. Ações
que promovam o bem estar dos colaboradores e da comunidade localizada no
entorno da empresa também devem integrar o programa de investimentos.

Todo este esforço e ações de empreendimento social refletirão uma imagem


positiva da empresa junto ao mercado e em particular aos clientes e
consumidores dos produtos e ou serviços que a empresa comercializa. Este
ganho de imagem é resultado de uma consciência Ética e da importância e
responsabilidade da empresa no contexto social e empresarial.

42
A comunidade responde a este empenho, esforço e comprometimento ético
na forma de fidelidade e identificação com a organização. Isso resulta em
aumento do faturamento e no aumento da carteira de clientes e consumidores
atraídos pelas melhores práticas e comportamento ético em total sintonia
com o lucro desejado e necessário.

REFERÊNCIAS

ARRUDA, M. C. C. de – Fundamentos de ética empresarial e econômica. São


Paulo. Atlas, 2001

BRASIL – Constituição de 1988. Oliveira, J. de. 3.ed. Saraiva 1989 – Série


Legislação Brasileira.

CORTINA, A. (org.) Construir confiança – Ética da empresa na sociedade da


informação e das comunicações. Edições Loyola, São Paulo, 2007.

43
_3.1_ Dica do professor
Nenhuma empresa sobrevive sem lucro, pois é por meio dele que cumpre seu papel social,
remunera os acionistas, gera mais empregos e contribui com a sociedade com o pagamento dos
tributos. Atualmente, o foco desse dilema migrou para uma posição mais evoluída. Hoje em dia, o
que se discute é como o lucro foi obtido e como ele será aplicado pelas empresas. Por isso, os
gestores devem administrar as empresas de forma transparente e honesta para que não haja
dúvidas quanto à origem dos seus resultados, nem quanto à aplicação deles. Acompanhe o vídeo da
Dica do Professor.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
d0a911593a5cce1a5d4a7d0d9bf8e4c9

3 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 3.1 RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E LUCRO

Estamos estudando sobre o conflito entre o Lucro e a Ética. Trata-se de um


tema que se arrasta ao longo de muitas décadas, dada a dificuldade que as
pessoas têm de compreender que é possível uma empresa ser lucrativa agindo
dentro de padrões éticos.

Ora, o lucro não é ganância, não é avareza ou qualquer outra situação


pejorativa. O lucro, na verdade, é fundamental para as empresas; a atividade
industrial não é imoral apenas porque ela é rentável; se ela não for
rentável, ela não gerará lucro e, sem lucro, é impossível que a empresa
sobreviva no mercado e honre seus compromissos. Inclusive no sentido de gerar
empregos, gerar renda, contribuir com os impostos, que serão revertidos em
prol da sociedade.

Assim, o lucro é o resultado da boa gestão, sendo fundamental para que as


empresas sobrevivam e possam cumprir o seu papel social, através da geração
de empregos e renda.

Na verdade o que as pessoas nunca aceitaram e, ainda hoje não aceitam, é o


fato de que muitas empresas agiam de maneira desonesta, incorreta, totalmente
desprovida de um código de conduta ética para atingir esse objetivo maior,
que era apenas o lucro. Isso não é mais aceitável nos nossos dias.

Com o avanço da tecnologia de informação, redes sociais mídia, as empresas


estão sempre sendo vigiadas pela sociedade; assim, não é mais admissível que
um gestor aja de maneira incorreta. Dessa forma, os gestores têm priorizado
boas práticas de conduta pautadas pela conduta ética, para que possam atingir
resultados no exercício da gestão empresarial.

Isso levou os gestores das empresas a criarem o Lucro Ético, que ocorre
quando uma empresa separa a parte do seu lucro e reinveste na sociedade,
através de programas que, na verdade, vão trazer mais lucro ainda para a
empresa. São programas como: Reciclagem; Pós-venda; Ação Logística de grande
eficiência; e, principalmente, uma nova forma da empresa se relacionar com
seus funcionários.
Assim, no passado era difícil aceitar a possibilidade de haver lucro e ética,
hoje isso mudou. As pessoas estão sempre observando a empresa para saber:
> Como o lucro é obtido?
> Como o lucro será aplicado?

Torna-se então necessário que a empresa aja de maneira transparente e


honesta para que possa facilmente explicar a origem dos seus recursos e
também a aplicação desses recursos em prol da sociedade.

As empresas têm trabalhado cada vez mais para estabelecer uma conduta
diferenciada:
> Trabalho em equipe;
> Boa gestão dos processos de negócio.
Essas ações resultam em sucesso, que significa lucro e esse lucro
possibilita remuneração dos acionistas, remuneração dos funcionários e,
parte dele, empregado em benefícios para a própria sociedade. Assim,
consegue-se entender melhor a relação entre lucro e ética nos dias de hoje.
_3.1_ Exercícios
1) Em tempos de constantes e profundas mudanças no cenário econômico global, um dos
maiores desafios lançados aos gestores é conciliar _______________ e _______________ com o
objetivo de levar a empresa a alcançar os resultados projetados sem prejudicar a conduta e
os valores éticos da organização. Assinale a alternativa cujos itens completam corretamente
a frase.

A) ética e ações de marketing.

B) ética e lucro.

C) gestão financeira e lucro.

D) lucro e legislação contábil.

E) gestão empresarial e ética.


2) A obtenção do lucro está diretamente ligada à projeção dos resultados elaborados pelas
empresas em sua peça orçamentária. Assim, podemos dizer que o lucro é:

A) o retorno das ações adquiridas em bolsa de valores.

B) o resultado das vendas especificamente à vista.

C) o resultado das ações de gestão bem-sucedidas praticadas ao longo de um período.

D) o resultado do aumento das exportações.

E) o resultado das vantagens da terceirização.


3) O surgimento de ferramentas mais avançadas de gestão e o uso cada vez maior das
tecnologias de informação nas corporações provocaram uma importante mudança na
relação entre as empresas e os clientes finais. Assinale a alternativa que apresenta a
mudança ocorrida.

A) A instituição do e-commerce.

B) A criação do Código de Defesa do Consumidor.

C) A prática do recall.

D) As facilidades de crédito para compras a longo prazo.

E) A aproximação entre os clientes finais e as corporações.


4) O papel das organizações empresariais é fabricar produtos e serviços que satisfaçam às
necessidades da sociedade. Entretanto, para que esse objetivo seja atingido de forma eficaz
e lucrativa, é necessário que a empresa utilize eficazmente três importantes recursos
disponíveis. Assinale a alternativa que contém os três recursos.

A) Tecnologia, recursos humanos e matéria-prima.

B) Tecnologia, recursos humanos e capital.

C) Qualidade, tecnologia e capital.

D) Tecnologia, capital e manutenção.

E) Recursos humanos, fornecedores e capital.


5) É obtendo lucro que as empresas remuneram seus colaboradores e honram os
compromissos com os fornecedores e com governo por meio do recolhimento dos tributos.
Contudo, há uma grande celeuma em relação ao lucro que reside em dois aspectos. Indique a
alternativa que apresenta corretamente os dois aspectos.

A) a. Como o lucro é distribuído?


b. Como o lucro será utilizado?

B) a. Como o lucro é alcançado?


b. Como o lucro será tributado?

C) a. Como o lucro é composto?


b. Como o lucro será utilizado?

D) a. Como o lucro será utilizado?


b. Como o lucro será remetido para o exterior?

E) a. Como o lucro é alcançado?


b. Como o lucro será utilizado?
_3.1_ Na prática
Implantar o lucro ético é uma das formas que as empresas encontraram para desenvolver e cumprir
as suas responsabilidades éticas, obter ganho de imagem e, ao mesmo tempo, aumentar o lucro
financeiro.

Nesse sentido, as empresas têm buscado investir estrategicamente em programas e ações


socioambientais, reciclagens, economia compartilhada e muitos outros.

Na indústria vidreira, por exemplo, a reciclagem tem se destacado.

As empresas têm ampliado estrategicamente os investimentos na reciclagem e no


reaproveitamento dos materiais na cadeia produtiva, atingindo, assim, dois importantes objetivos:

1. Comunicar ao mercado a mensagem de que são empresas éticas e cumpridoras da sua


responsabilidade ambiental.
2. Obter redução dos valores empenhados na compra de matéria-prima, aumentando sua margem
de lucro.
_3.1_
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Lucro, ética e responsabilidade social


No link, você vai ver um estudo que analisa as interdependências do lucro nas empresas, a ética e
como os negócios são conduzidos.
https://cadernopaic.fae.edu/cadernopaic/article/view/432/366 pdf 18 pág.

Programa de Apoio à Iniciação Científica – PAIC 2019-2020 - INTERDEPENDÊNCIA: LUCRO, ÉTICA,


RESPONSABILIDADE SOCIAL E ESTRATÉGIAS DAS ORGANIZAÇÕES

Psicologia: dark triad, tríade obscura/negra/sombria


Maximização dos lucros compreende traços de personalidade do narcisismo,
maquiavelismo e psicopatia (qualidades malévolas).

No link, você vai ver um estudo sobre a relação entre a maximização dos ganhos pessoais e
empresariais e o dark triad.

https://www.scielo.br/j/rcf/a/THWtzMH8GC8Dw6ChqzDL4pz/?format=pdf&lang=pt pdf 16 pág.

RESUMO Este artigo analisa a relação entre a maximização de ganhos pessoais e empresariais e
os traços moderados do Dark Triad. A relevância da escolha do tema recai sobre a investigação
da atitude de executivos que exibem características com intensidade moderada entre os altos e
baixos traços. Comprova-se que a visão e o carisma do indivíduo narcisista, a estratégia e
tática do indivíduo maquiavelista e a criatividade e o bom pensamento estratégico do
indivíduo psicopata são características diferenciadoras que potencializam uma liderança bem-
sucedida e integradora – distante de atitudes negativas mais acentuadas e oportunísticas,
concernentes aos altos traços, cujas práticas evidenciam ações desonestas para ganho pessoal.
Tais evidências proporcionam a possibilidade de fortalecimento das pesquisas na área
contábil, em especial da abordagem comportamental, por promover sua interface com a
psicologia para esclarecer como a personalidade, os valores e as experiências influenciam as
escolhas dos gestores na condução do negócio e como os funcionários e as empresas são
impactados por essas decisões. Trata-se de pesquisa empírico-teórica, realizada com 263
gerentes, adotando o survey como estratégia de coleta de dados – com aplicação de
questionário do tipo autorrelato. As abordagens de análise de dados foram: estatística
descritiva, correlação, teste de médias e regressão logística. Neste estudo, gestores com
traços moderados de Psicopatia evidenciaram menor disposição a maximizar ganhos por meio da
manipulação de resultados. Disposição contrária foi revelada para aqueles com traços
moderados de Maquiavelismo. O efeito combinado entre os três traços do Dark Triad foi
significativo e positivo, com a maximização oportunística de ganhos. Tais achados contribuem
com futuras pesquisas que almejem analisar de modo sistemático o nível moderado da tríade e
corroboram os achados que revelaram as características comuns de manipulação, insensibilidade
e desonestidade quando se investiga o efeito interativo entre os traços em questão.

Ética e integridade corporativa


No link, você vai ver um estudo que analisa o entendimento de pequenas e médias empresas sobre
a integridade corporativa no ambiente organizacional e a geração de valor.

https://seer.atitus.edu.br/index.php/revistadedireito
Aula 3.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Tomada de Decisão baseada em princípios éticos


_3.2_
Apresentação
Você já percebeu que a sociedade contemporânea tem resgatado o valor e a importância da ética
nas questões cotidianas que envolvem as relações sociais e corporativas?

As decisões no campo pessoal, e principalmente profissional, têm sido alvo de severas críticas por
parte da opinião pública, que tem exigido comportamentos e decisões que reflitam um
compromisso ético e responsável por parte de todos.

Como as empresas também estão inseridas nesse contexto, é imperativo que os gestores observem
os princípios éticos sempre que estiverem envolvidos nos processos decisórios em suas
organizações.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender a importância do Código de Ética e o


impacto da conduta nas organizações.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar um Código de Ética e sua importância nas organizações.


• Reconhecer o impacto positivo da conduta ética nas organizações.
• Indicar as formas de gerenciamento dos conflitos éticos.
_3.2_ Desafio
Uma empresa fabricante de papel e celulose paralisa suas atividades produtivas anualmente para
realizar a manutenção geral de todos os equipamentos de sua planta industrial. Para isso, aumenta
a sua produção nos dois últimos meses que antecedem à parada com o objetivo de manter uma
quantidade de estoques que atenda adequadamente às demandas de seus clientes.

O trabalho de manutenção geral envolve também empresas terceirizadas especializadas em


determinados processos produtivos da empresa contratante. Para alcançar o objetivo de concluir o
trabalho de manutenção geral no menor prazo possível, espera-se que as empresas terceirizadas o
façam dentro dos padrões de qualidade e segurança.

Porém, o prazo de encerramento dos trabalhos est´se esgotando e uma das


empresas terceirizadas que trabalha na manutenção da caldeira movida a óleo
diesel, não se preparou para coletar, tratar e descartar os resíduos deste
equipamento em conformidade com as leis ambientais.

Por conta do prazo, o gerente da empresa terceirizada responsável por esta


tarefa pretende descartar o resíduo em um córrego localizado nos fundos da
empresa.

Você, como diretor da empresa contratante, compreende que a fábrica precisa retornar às suas
atividades com urgência (dentro do prazo estabelecido). Diante da possibilidade de ocorrerem
irregularidades ambientais, quais providências devem ser adotadas?

elm = Solicitar que a empresa contratada faça descarte correto e, se não


conseguir, contratar rapidamente outra empresa que consiga fazer isso no menor
prazo possível.

Padrão de resposta esperado

O diretor da empresa contratante deve exigir que a empresa contratada proceda


com total conformidade com as leis ambientais vigentes para que sua empresa
não incorra em crime ambiental, inclusive com prejuízo de sua imagem
corporativa perante a opinião pública.

Além disso, o diretor deve determinar que, havendo atraso no retorno das
atividades produtivas, os eventuais prejuízos sejam repassados para a empresa
terceirizada para o devido ressarcimento.

Todavia, é fundamental lembrar que todas essas condições devem estar


previstas no contrato de prestação de serviços firmado entre as partes.
_3.2_ Infográfico
Devido a sua complexidade, é fundamental que as decisões sejam tomadas com base nos princípios
estabelecidos no Código de Ética da organização. Essa postura refletirá o compromisso da empresa
com a ética, a honestidade e a transparência perante a opinião pública. Veja, no Infográfico, as
etapas envolvidas na abordagem racional da tomada de decisão.

ABORDAGEM RACIONAL DA TOMADA DE DECISÃO

> Monitorar o ambiente - Ter visão holística


> Definição do Problema - Identificar a causa
> Especificar os objetivos - Descrever as ações
> Desenvolver soluções - Apresentar a prática
> Decidir - Assumir o risco
> Aplicar a solução - Colocar em prática
_3.2_ Conteúdo do livro
Sempre que surge a necessidade de tomar decisões, naturalmente nos sentimos pressionados, pois
sabemos que elas terão consequências e, inclusive, possibilidades de desdobramentos futuros. Isso
torna tudo ainda mais difícil. Por essa razão, é necessário que as decisões sejam pautadas ou
suportadas por algum dispositivo que torne essa atitude mais fácil e, ao mesmo tempo, possibilite
que elas sejam as mais acertadas em seus mais variados aspectos.

No capítulo Tomada de decisão, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender
sobre o Código de Ética, o impacto da conduta ética nas organizações e a tomada de decisão.

Boa leitura.

elm = livro não encontrado na bib.


virtual.
© SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016

Colaboraram nesta edição:


Coordenador técnico: Pablo Rojas
Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH
Imagem da capa: Shutterstock
Editoração: Renata Goulart

Reservados todos os direitos de publicação à


SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A
Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana
90040-340 - Porto Alegre, RS
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070

É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer


formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia,
distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa.

S719e Sousa Júnior, Walter Alves de.


Ética e legislação contábil [recurso eletrônico] / Walter Alves de Sousa Júnior
coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre : SAGAH, 2016.

Editado como livro impresso em 2016.

ISBN 978-85-69726-07-4

1. Contabilidade - Ética. 2. Contabilidade – Legislação. I. Título.

CDU 657:17+34

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


INTRODUÇÃO

O ambiente econômico vigente tem acirrado a competitividade entre as


empresas pela conquista dos clientes e do mercado. A credibilidade das
empresas não se restringe mais às questões como preço e qualidade dos
seus produtos e serviços. É evidente que a busca pelos melhores preços e
qualidade sempre estarão em evidência, porém, a relação entre as empresas,
mercado e consumidores no contexto atual vai mais além.

A credibilidade e a transparência na gestão das empresas é um fator de


extrema importância na medida em que a sociedade vem resgatando a ética
em seus relacionamentos e contextos mais adversos. Os valores morais
estão sendo exigidos em todas as esferas sociais, após um longo logo período
em que tais valores forma ignorados, ou substituídos por outros interesses,
sobretudo mercantis.

Infelizmente expressões como falta de decoro, desrespeito e comportamentos


morais duvidosos, têm sido utilizados amplamente no objetivo de explicar a conduta
de pessoas e empresas dos mais variados segmentos nos últimos tempos.

É neste ambiente que a ética, ciência que estuda as atitudes e costumes


humanos, passa a ser fundamental para a sobrevivência das corporações na
medida em que as tomadas de decisão por parte dos administradores devem
ser pautadas pela conduta e valores éticos saudáveis.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final da unidade você deverá ser capaz de:

• Compreender um código de ética e as razões de sua existência;


• Entender a importância da ética nas organizações;
• Decidir com base na ética.

30
O CÓDIGO DE ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES

O código de ética, ou manual de conduta ética empresarial, é um documento


que espelha os valores, princípios e a missão das organizações. O código
permite que se conheça o posicionamento da corporação perante a sociedade
com a qual interage direta e indiretamente. Através do Código é possível
compreender e avaliar a função da empresa no mercado e a sua expectativa
para com os seus colaboradores.
O Código de Ética das organizações é baseado na legislação vigente no país,
e versa sobre:
a. As relações internas na organização;
b. As relações com o consumidor;
c. A proteção dos Direitos dos Trabalhadores;
d. O Repúdio às práticas ilegais (corrupção, assédio moral e sexual);
e. Outros temas vigentes.

Vantagens da implantação do Código de Ética

A implantação do Código promove benefícios que vão além do retorno


financeiro imediato. Também não se trata de um modismo, pois o código
estabelece a forma de conduta da empresa o qual, por sua vez, agregará valor
à imagem da empresa no mercado.

As principais vantagens da implantação do código são:


a. Fortalece a imagem da instituição junto à comunidade;
b. Aproxima os profissionais da organização;
c. Enquanto ferramenta soluciona conflitos e problemas internos;
d. Colabora na ordem e transparência da imagem empresarial;
e. Reflete a conduta moral da empresa e como ela é conduzida;
f. Melhora a relação com os stakeholders;
g. O código leva a empresa a se comprometer com seu próprio desenvolvimento
e o desenvolvimento da sociedade.

31
Portanto, a empresa que projeta a sua ascensão e permanência no mercado
promovendo o retorno dos investimentos aos acionistas e cumprindo o seu
papel social perante a comunidade, jamais poderá prescindir da ética.

A TOMADA DE DECISÃO NAS EMPRESAS

O sucesso das organizações está necessariamente atrelado ao processo de


tomada de decisões. Nas empresas essa rotina ocorre praticamente a todo
instante abrangendo decisões de baixo impacto e decisões estratégicas que
definirão os rumos da empresa no curto, médio e longo prazo. O ambiente
empresarial é permeado de constantes mudanças e desafios. É neste
contexto de incertezas, informações e opiniões conflitantes, que as decisões
são tomadas, e é bem provável que por estas razões, muitas decisões
redundam em fracasso.

As decisões são uma forma de identificar e corrigir um ou mais problemas


de um empreendimento. Inicialmente o processo de decisão é composto de
duas etapas:
a. Etapa da Identificação do problema: Nesta fase é necessário conhecer
as condições ambientais e organizacionais, e analisar se o desempenho da
empresa é favorável, diagnosticando possíveis falhas.
b. Etapa de Solução: identificados os problemas, cabe aos gestores elencar
dentre as possíveis formas de solução aquela que mais se adéqua à
empresa para posteriormente, ser exaustivamente discutida e, se aprovada;
implantada.

As decisões empresariais variam de acordo com a urgência, intensidade,


gravidade e complexidade dos problemas. É neste contexto que se torna
fundamental aliar os fatores inteligência, ação e decisão nos processos de
tomada de decisão pelos gestores.

Abordagem Racional da Tomada de Decisão

As decisões empresariais são relevantes e por esta razão, devem ser seguir
critérios técnicos conhecidos como Abordagem Racional de Tomada de
Decisão os quais são:

32
a. Monitorar o ambiente: Controlar as informações internas e externas que
indiquem os desvios identificados na organização.
b. Definição do problema: Detalhar o problema em toda a sua extensão e
gravidade.
c. Especificar os objetivos: Apontar os procedimentos aceitáveis para o
contexto.
d. Desenvolver soluções: Com base no levantamento dos dados, criar o maior
número possível de alternativas de solução.
e. Decidir: Adotar, dentre as possibilidades apontadas, aquela que melhor se
aplique à condição de gestão das pessoas da empresa.
f. Aplicar a solução: Aplicar a solução suportada por um plano identificando:
prazos, pessoas, recursos e mecanismos de avaliação.

ÉTICA NA TOMADA DE DECISÕES

Segundo Alencastro, 2012 – Os códigos de conduta, a responsabilidade


sócio ambiental, políticas, regulamentos, contratos e gestão, são algumas
das principais formas de como as corporações podem e devem praticar sua
ética na tomada das decisões empresariais e nas relações institucionais com
a sociedade.

As organizações buscam o máximo lucro como forma de acumulação de


riqueza e sua distribuição aos acionistas e colaboradores. Contudo, o que
vai possibilitar que esta meta seja alcançada, é a forma como a empresa
atua e mobiliza a sua estrutura respeitando seus valores morais, princípios
e conduta ética. A competitividade do mercado é um dos fatores que tem
levado as empresas a compreenderem que a ética e o respeito às leis, são
valores inegociáveis e necessários no mundo atual.

As decisões empresariais pautadas em princípios éticos refletem o


comprometimento das empresas em respeitar as leis com transparência de
tal modo que atendam as expectativas da sociedade. Nas tomadas de decisão
baseadas em princípios éticos é fundamental a clareza e a objetividade, pois é
a partir destes procedimentos que os colaboradores se motivam e se sentem
realmente partes integrantes da corporação.

33
Quando as decisões dos gestores respeitam os valores éticos, os
consumidores, fornecedores, parceiros, governo e a sociedade de forma geral
se sentem seguros e confiantes quanto aos produtos e ou serviços prestados
por esta organização.

Através da conduta ética a empresa fideliza e atrai novos clientes, solidificando


a confiança destes junto à empresa, além de agregar credibilidade aos
negócios. Ao aplicar padrões éticos na gestão da organização e nas decisões
empresariais a organização obtém melhores resultados ao enfrentar a
concorrência.

Um fator muito importante é o momento ou o quadro conjuntural em que as


decisões serão tomadas. Decidir corretamente não é o suficiente, por isso a
ética atua como uma bússola na tomada de decisões no mundo corporativo.
Ao administrador compete a responsabilidade de tomar importantes decisões
empresariais que causarão impactos relevantes em toda a corporação.
Isso implica que suas decisões não devem apenas focar as questões da
lucratividade e retorno financeiro aos investidores. As decisões também
envolvem pessoas, e, por esta razão; devem ser pautadas pela ética.

Muitas empresas elaboram sua declaração de missão, visão e valores, porém,


no momento de decidir sobre determinadas questões acabam por não observar
tais princípios o que se configura em atitude incorreta sob o foco da ética.

A crise Americana de 2008, que se transformou numa grave crise global,


foi provocada também pela ausência de uma conduta ética nas empresas
que avalizavam financiamentos aos consumidores do mercado imobiliário
considerados de alto risco. A empresa quebrou o código de ética no momento
em que omitiu as reais condições da carteira que já indicava a possibilidade de
inadimplência generalizada, como de fato ocorreu. Este exemplo mostra como
as decisões tomadas sem amparo ético comprometem a imagem e o resultado
das organizações, podendo inclusive causar danos irreparáveis à sociedade.

34
_3.2_ Dica do professor
As decisões empresariais sempre foram complexas, porém ganharam ainda mais importância em
função do mercado cada vez mais competitivo e acirrado. Nesse contexto, o Código de Ética
Empresarial se torna ainda mais relevante, pois atua como elemento de suporte na tomada das
decisões fundamentais que podem levar a empresa ao sucesso ou ao fracasso empresarial. Além
disso, se bem elaborado e devidamente utilizado pelos gestores, o Código de Ética pode trazer
vantagens competitivas para a organização. Acompanhe no vídeo da Dica do Professor.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/549d16580df1be12c0bad4a22faf2e79

3 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 3.2 TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM PRINCÍPIOS ÉTICOS

Estudamos o processo de tomada de decisão baseado em princípios e valores


éticos. O ambiente econômico atualmente é extremamente competitivo e acirrado.
Assim, tomar decisões em contextos de tanta turbulência é uma tarefa ainda
mais complexa.

É nesse sentido que o código de ética, que reflete os valores e princípios e


também regulamenta o comportamento dos seus colaboradores, torna-se cada vez
mais importante nesse processo decisório.

A decisão da empresa pode levar ao sucesso ou ao fracasso empresarial e aqui


destaca-se o código e o princípio ético. O código de ética que a empresa cria
deve estabelecer as relações da empresa com consumidores, trabalhadores,
dentro e fora da empresa.

Assim, o código de ética é uma ferramenta importante no processo decisório.


Muitas são as vantagens em implantar e utilizar um código de ética nas
empresas, dentre as quais, destacamos três grupos:
> Transparência. Atualmente a sociedade espera que a empresa seja transparente
quanto a: Números; Negociação; Relação com o governo; e Ações com a sociedade.
> Responsabilidade. A empresa deve ser responsável por: Produtos que fabricam;
Destino que dão ao descarte desses produtos; Serviços que ela presta à
comunidade. A empresa é cada vez mais responsável pelos seus atos e isso tem
que ficar muito caro através de suas ações.
> Confiança. Confiabilidade é muito importante para que uma empresa possa se
titular no mercado de maneira mais confortável.

Assim, todas as decisões empresariais devem ser tomadas pautadas por um código
de ética, não apenas como ferramenta de gestão que ajudará a tomar uma decisão
acertada, mas também para ter:
> Vantagem competitiva no mercado;
> Mais valor agregado aos produtos;
> Maior lucratividade dos seus investidores; e
> Estabilidade empresarial.

Portanto, o código de ética é imprescindível para as decisões a serem tomadas


em empresas modernas.
_3.2_ Exercícios

1) O Código de Ética ou Manual de Conduta Ética Empresarial é um documento que espelha os


valores, os princípios e a missão das organizações. Com relação ao Código de Ética, indique a
alternativa correta.

A) O Código de Ética é uma formalidade inserida em determinado estilo de gestão.

B) O Código de Ética permite que se conheça o posicionamento da corporação perante a


sociedade.

C) O Código de Ética está diretamente vinculado ao Código de Defesa do Consumidor.

D) O Código de Ética não indica a postura da empresa nas questões que envolvem a empresa e o
mercado.

E) O Código de Ética das organizações não é baseado na legislação vigente no país.


2) A empresa que projeta a sua ascensão e permanência no mercado, promovendo o retorno
dos investimentos aos acionistas e cumprindo o seu papel social perante a comunidade,
jamais poderá prescindir da __________. Assinale a alternativa que completa corretamente a
frase.

A) lucratividade.

B) relação com os stakeholders.

C) vantagem tecnológica.

D) ética.

E) capacidade de investimento.
3) As decisões são uma forma de identificar e corrigir um ou mais problemas de um
empreendimento. Inicialmente, o processo de decisão é composto de duas etapas que
permitirão diagnosticar falhas e apresentar alternativas de solução. Indique a alternativa que
contém essas duas etapas.

A) Identificação e detalhamento.

B) Detalhamento e levantamento de custos.

C) Levantamento de custos e elaboração de gráficos.

D) Identificação e solução.

E) Solução e levantamento dos custos.


4) Quando as decisões dos gestores respeitam os valores éticos, os consumidores, os
fornecedores, os parceiros, o governo e a sociedade de forma geral se sentem __________.
Assinale a alternativa que preenche a lacuna de forma correta.

A) duvidosos quanto aos produtos e/ou serviços prestados por essa organização.

B) seguros e confiantes quanto aos produtos e/ou serviços prestados por essa organização.

C) otimistas e com perspectiva negativa quanto aos produtos e/ou serviços prestados por essa
organização.

D) felizes e realizados quanto aos produtos e/ou serviços prestados por essa organização.

E) recompensados e valorizados em relação aos produtos e/ou serviços prestados por essa
organização.
5) Ao aplicar padrões éticos na gestão da organização e nas decisões empresariais, que
vantagem uma organização poderá ter? Assinale a alternativa correta.

A) Obterá melhores resultados ao enfrentar a concorrência.

B) Obterá isenção de tributos e impostos.

C) Aumentará automaticamente sua capacidade produtiva.

D) Evitará as greves e as paralisações.

E) Terá a preferência nas operações de captação de capital de giro.


_3.2_ Na prática
É muito importante dentro do universo corporativo que saibamos identificar os valores éticos mais
relevantes para uma corporação. Não que todos os valores não sejam importantes, mas no
momento de tomada de decisões alguns deles merecem o protagonismo. Estar preparado para
identificar esses valores e conduzir suas decisões nesse sentido é a melhor forma de garantir que o
processo seguirá as boas práticas de conduta e ética. Assim, assegura-se uma correta governança.
Vamos ver então o que este conteúdo pode nos trazer sobre o tema no vídeo a seguir.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
c1668af3e260cc58dd7161369ccb33d6

2 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 3.2 Na Prática: TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM PRINCÍPIOS


ÉTICOS

Neste vídeo, vamos falar sobre a importância de se identificar qual é a


influência da ética no processo de decisão das organizações em um ambiente
empresarial competitivo.

Para isso, vamos buscar inspiração no filme Cruzada (Dir. Ridley Scott, 2005 -
Kingdom of Heaven). O filme é uma versão ficcional da tomada de Jerusalém
durante as cruzadas; ao longo da trama, há um importante diálogo entre o
protagonista do filme e o rei Balduino IV. O rei diz:
“Nenhum de nós escolhe o nosso fim, na verdade. Um rei pode induzir um homem,
um pai pode assumir um filho, mas lembre-se disso: mesmo se aqueles que
induzirem forem reis ou homens de poder, sua alma pertence apenas a você.”

Assim como em vários outros momentos do filme, essa fala consegue sintetizar
bem a ideia de que o indivíduo é responsável pelos seus atos e deve ter
consciência disso, mesmo que tenha sido influenciado pelo ensinamento de
terceiros, ele é sempre responsável pelas suas decisões.

No mundo empresarial, um líder é continuamente desafiado por demandas


complexas; para enfrentá-las, ele deve ter a capacidade de tomar decisões
baseadas em valores, somados a princípios éticos. São esses valores que ele
deve carregar.

Essa ideia foi comumente defendida por Immanuel Kant, um dos principais
filósofos da modernidade. Para Kant, a natureza nos conduz pelos interesses,
de tal modo que usamos as pessoas e as coisas como instrumentos para o que
desejamos. No entanto, não podemos ser guiados pelos desejos, mas por uma vida
ética:
Uma vida ética deve ser determinada pela harmonia entre vontade subjetiva
individual e vontade objetiva cultural.

Daí nasce a necessidade de estabelecer um código de ética e conduta, com


determinação de valores claros para que cada um possa se responsabilizar por
suas atitudes.

Assim, no mundo empresarial, os líderes e seus colaboradores devem ter um


proceder ético baseado em normas claras e de conhecimento de todos, a fim de
que possam se responsabilizar pelas decisões tomadas.
O Código de Ética tem por finalidade auxiliar os gestores e colaboradores no processo de tomada
de decisão nas empresas. Nesse sentido, acompanhe a situação do Grupo Malwee, descrita a seguir

O Grupo Malwee é reconhecido pela responsabilidade em todas as suas operações, respeitando as


pessoas e o meio ambiente.
Essa responsabilidade surgiu com a visão de sustentabilidade desde a sua fundação. Afirmando
esse posicionamento em toda sua cadeia de valor, a empresa investe em tecnologia de processo,
produtos inovadores, iniciativas ecológicas como o Parque Malwee e outras ações fundamentadas
nos compromissos do Grupo Malwee. Esses compromissos integram sua premissa de
sustentabilidade, traduzida no projeto “Eu Abraço Sustentabilidade com Estilo”, que é orientado
pelo Plano 2020 de Sustentabilidade, desenvolvido para fortalecer e ampliar resultados que
contribuem para o desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável.

Dessa maneira, o Grupo Malwee estabeleceu três fundamentos essenciais no relacionamento com
colaboradores, clientes, consumidores, fornecedores e concorrentes. São eles: ética, respeito e
credibilidade.

Veja, neste Na Prática, o Manual de Ética do Grupo Malwee.


https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/9e57fd9a-1978-46f4-99a9-
ac9fd1c6383d/b1c7fe4d-604f-489d-992b-9700f7962154.pdf

pdf 24 páginas.

elm = COPIADO O TEXTO


DO, SEM FORMATAÇÃO.

Nossa maneira de fazer moda é com respeito, ética e profissionalismo.


Este é o Código de Conduta e Ética do Grupo Malwee. Ele define os princípios
que devem orientar a conduta da empresa e de todos os seus colaboradores
perante clientes, consumidores, fornecedores e demais públicos de interesse.
A transparência e o profissionalismo são afirmativas que regem a condução
das atividades do Grupo Malwee, fundamentais para o bom andamento do
trabalho. Esse Código de Conduta e Ética constitui a base para ações que
formalizam a conduta ética exigida nas relações internas e externas.
A assinatura do Termo de Compromisso deste instrumento demonstra a
concordância com esses bons princípios e sua aplicação de respeito ao
próximo.
Em caso de dúvidas e/ou sugestões, colocamo-nos à disposição.
Atenciosamente, Com nosso abraço, Grupo Malwee
Edição 4 - Revisada e atualizada em 2018
Índice
O Grupo Malwee
1.1 Missão
1.2 Visão
1.3 Valores
Políticas e Práticas
2.1 Preservação do meio ambiente
2.2 Apoio à comunidade
2.3 Imagem institucional
Relacionamento
3.1 Colaboradores
3.2 Clientes e Consumidores
3.3 Fornecedores
3.4 Concorrentes
3.5 Poder Público
Administração e aplicação do Código de Conduta e Ética
4.1 Cumprimento dos Princípios do Código
4.2 Violação do Código
4.3 Comitê de Conduta e Ética
4.4 Ouvidoria

1 O Grupo Malwee
O Grupo Malwee é reconhecido pela responsabilidade em todas as suas
operações, respeitando as pessoas e o meio ambiente. Essa responsabilidade
surgiu com a visão de sustentabilidade desde a sua fundação.
Afirmando este posicionamento em toda sua cadeia de valor, a empresa investe
em tecnologia de processo, produtos inovadores, iniciativas ecológicas como o
Parque Malwee e outras ações fundamentadas nos compromissos do Grupo Malwee.
Esses compromissos integram sua premissa de sustentabilidade, traduzida no
projeto “Eu Abraço Sustentabilidade com Estilo”, que é orientado pelo Plano
2020 de Sustentabilidade, desenvolvido para fortalecer e ampliar resultados,
que contribuem para o desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável.

1.1 Missão
Estar presente na vida das pessoas, promovendo a autoestima e o bem-estar,
por meio da oferta de produtos de moda com qualidade superior, respeitando os
nossos colaboradores, a sociedade e o meio ambiente.

1.2 Visão
Buscamos excelência em tudo que fazemos para transformar a vida das pessoas,
encantando e elevando sua autoestima através de marcas de moda admiradas e
desejadas.

1.3 Valores
• Qualidade
• Ética
• Respeito às Pessoas
• Foco no Cliente
• Resultado

2 Políticas e Práticas
As atividades do Grupo Malwee são pautadas por uma Política de
Sustentabilidade e por práticas norteadas em seus valores e compromissos. O
Código de Ética e Conduta serve como base para situar as boas ações e
práticas adotadas pelo Grupo Malwee e esperadas junto aos seus públicos de
relacionamento.
Conheça na intranet, outros documentos complementares, que orientam as boas
práticas na empresa.

2.1 Preservar o meio ambiente é cuidar do futuro


O compromisso com a preservação para o Grupo Malwee é renovado todos os dias
a partir de práticas comprometidas com a redução de resíduos, pela
conservação e preservação de recursos hídricos e áreas verdes.
Tais atitudes reforçam também os compromissos da empresa com as novas
gerações, demonstrando a busca do desenvolvimento sustentável que compõe uma
gestão empresarial inovadora.
Tudo isso, com um objetivo em comum: ajudar a construir um futuro ainda
melhor para os brasileiros e para o mundo.
Responsabilidade dos nossos colaboradores com o meio ambiente.
O Grupo Malwee incentiva continuamente todos os seus colaboradores a terem
atitudes sustentáveis dentro e fora da empresa.
Todos os colaboradores são orientados e devem estar comprometidos com as
seguintes práticas:
A. Racionalização do uso dos insumos de produção, reduzindo o volume de
resíduo gerado, bem como o consumo de água e de energia;
B. Destinação correta dos materiais descartados;
C. Reciclagem de lixo seletivo, óleo usado, pilhas, baterias e equipamentos
eletrônicos, com local apropriado para descarte destes resíduos, tanto da
empresa quanto da comunidade local.

2.2 Apoiar a comunidade é fazer uma sociedade melhor hoje.


Faz parte da missão e dos compromissos do Grupo Malwee a preocupação com as
pessoas, envolvendo-se em questões ligadas à responsabilidade social,
cultural, ambiental e à valorização do ser humano. A atuação direta com a
comunidade e o investimento nas futuras gerações acontecem por meio de
projetos de educação e ações direcionadas a entidades sem fins lucrativos
como hospitais, igrejas, escolas e a projetos orientados pelas reais demandas
nas quais está inserida. Tudo isso, a fim de atender efetivamente à
expectativa de transformação social.
Tais atitudes reforçam cada compromisso do Grupo Malwee como parte
fundamental de uma gestão empresarial tradicionalmente inovadora.
[Os colaboradores do Grupo Malwee também são incentivados a participar de
ações voluntárias e inclusive devem ter consciência das suas
responsabilidades para com a comunidade.]
Responsabilidade dos colaboradores com as ações sociais:
Todo colaborador, no momento em que estiver representando o Grupo Malwee
perante os membros de uma comunidade, deve agir conforme os princípios
especificados nesse Código, sem preconceitos de qualquer ordem.

2.3 Cuidar da imagem institucional é proteger nossa história.


A imagem institucional do Grupo Malwee e o que ela representa perante
clientes, fornecedores e comunidade é um bem muito importante da empresa.
Portanto, somos todos responsáveis pela preservação e contínua melhoria da
imagem e credibilidade construída ao longo da história da empresa.
O relacionamento com a imprensa deve prezar pela confiabilidade das
informações transmitidas e ter como objetivo a divulgação de fatos relevantes
e a promoção do Grupo Malwee de forma verídica, clara e direta.
As ações de marketing e de publicidade são fundamentais para conhecimento
público e na preservação da imagem de respeitabilidade e confiança do Grupo
Malwee junto aos diferentes públicos. Elas devem expressar seus princípios e
a integridade das suas políticas e práticas, que são essenciais para
conquistar e preservar a lealdade dos nossos colaboradores, clientes,
consumidores e demais públicos de relacionamento.
A necessidade de transparência e veracidade em todas as comunicações do Grupo
Malwee é fundamental. Além de moda, são produzidas ideias, estratégias e
outros tipos de informações comerciais e industriais, que são valiosas, mas
não são públicas, das quais a empresa é proprietária e as protege amparada
pela lei, tal como faz com outros tipos de bens. Portanto, todos os
colaboradores, fornecedores e clientes devem zelar por essas informações.
Responsabilidades dos colaboradores com a Imagem Institucional:
A. Zelar pela imagem do Grupo Malwee, dentro e fora do ambiente de trabalho,
estando alinhado aos valores da empresa, agindo de maneira ética e livre de
preconceitos;
B. Não prestar declarações ou dar entrevistas em nome do Grupo Malwee se não
estiver expressamente autorizado e preparado para tanto;
C. Assegurar que os registros e documentações que dão sustentação para as
atividades do Grupo Malwee contenham sempre informações corretas, seguras,
precisas e atualizadas;
D. Zelar pela guarda e sigilo das informações confidenciais relacionados à
empresa.
E. Não discutir informações confidenciais em áreas públicas, transportes
públicos ou transfers bem como em redes sociais, blogs pessoais e/ou
corporativos, ou outros meios de comunicação que possam gerar risco de
exposição indesejada da informação.
F. Zelar pela imagem do Grupo Malwee nas redes sociais. Publicações de cunho
preconceituoso, discriminatório e ofensivo não estão alinhados com os valores
da empresa.

3 Relacionamento
Ética, respeito e credibilidade. Três palavras que representam nosso
relacionamento com todos: colaboradores, clientes, consumidores, fornecedores
e concorrentes.

3.1 Colaboradores: Valorizar é crescer juntos.


O Grupo Malwee valoriza os colaboradores através da gestão participativa,
criação de oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional (como é o
caso do recrutamento interno, baseado em critérios de dedicação e mérito
individual), capacitação, reconhecimento do bom desempenho, remuneração e
benefícios.
A empresa investe permanentemente em ambientes de trabalho seguros,
ergonômicos e saudáveis para um relacionamento interno respeitoso, cuja
preservação cabe à conduta de todos os colaboradores.
As relações entre colaboradores e empresa são pautadas pela ética, respeito e
credibilidade. O Grupo Malwee valoriza a diversidade entre os colaboradores no
ambiente de trabalho e condena qualquer prática de discriminação ou assédio de
qualquer natureza. Além disso, considera todos iguais, com as mesmas
responsabilidades e direitos. A empresa enfatiza ainda constantemente o bom
senso e julgamento nas tomadas de decisões. O Grupo Malwee respeita a
legislação trabalhista, não fazendo uso de trabalhos ilegais, informais,
infantis ou escravos.
O Grupo Malwee reconhece a legitimidade dos sindicatos, respeitando suas
iniciativas e práticas, estando sempre disposto a dialogar em qualquer
situação, buscando soluções que atendam a todos os envolvidos, bem como
preza pela liberdade dos seus colaboradores em optar pela associação sindical.
Responsabilidade dos colaboradores:
A. Estar atentos a situações que confi gurem um confl ito de interesse, real ou
potencial, e que possam interferir na capacidade de se manter isento e tomar
decisões imparciais em relação ao Grupo Malwee;
B. Não se utilizar de seu cargo, do acesso a informações privilegiadas ou do
nome da empresa, dentro e fora do ambiente de trabalho, para obter benefícios
pessoais ou vantagens de qualquer natureza para si ou para terceiros;
C. Não desenvolver atividades paralelas, remuneradas ou não, que sejam
concorrentes ou incompatíveis com os negócios do Grupo Malwee ou que causem
desgaste físico ou emocional que prejudique sua conduta ou desempenho
profissional;
D. Respeitar os demais colaboradores, evitando qualquer conduta
preconceituosa, agressiva ou que possa fazer com que qualquer colaborador se
sinta agredido, humilhado, intimidado, discriminado, assediado ou excluído;
E. Não adotar condutas que possam colocar em risco a saúde e a segurança
própria e dos demais colaboradores, tais como fumar em locais inadequados
(observar locais sinalizados) ou consumir bebidas alcoólicas ou drogas ou
portar armas no ambiente de trabalho, ou apresentar-se para o trabalho
embriagado ou sob o efeito de drogas;
F. Zelar pelo bom uso e pela conservação do patrimônio da empresa colocado sob
sua guarda para que não ocorram perdas, danos e/ou desperdícios e não utilizar
as instalações, bens (como os equipamentos) do Grupo Malwee, para fi ns
particulares, ilícitos e antiéticos;
G. Utilizar os recursos disponíveis de comunicação eletrônica única e
exclusivamente para fins profissionais, dentro das exigências legais, e
segundo os princípios éticos desse Código, não transmitindo comentários
difamatórios, mensagens ou documentos contendo linguagem, imagens ou arquivos
que sejam ofensivos ou induzam qualquer forma de discriminação. Bem como não
instalar qualquer tipo de programa ou arquivo que viole a propriedade
intelectual da empresa ou de terceiros nos equipamentos do Grupo Malwee;
H. Manter-se atualizado quanto às normas legais, regulamentares e instruções
relativas ao desempenho e segurança de suas atividades e também quanto às
importantes regras dispostas nos manuais disponibilizados aos Colaboradores;
I. Zelar pela guarda das informações confi denciais do Grupo Malwee interna e
externamente;
J. O Grupo Malwee repudia qualquer forma de corrupção. Fique atento a
situações que caracterize esse tipo de comportamento. A prática desses atos
está sujeita a medidas disciplinares e a sanções de acordo com a legislação
vigente;
K. Denunciar, via canais disponibilizados (que mantém o sigilo da informação e
da identidade do colaborador), quaisquer práticas contrárias à estas contidas
neste Código de Ética.

3.2 Clientes e consumidores:


oferecer qualidade é demonstrar atenção.
Os clientes e consumidores motivam o Grupo Malwee a estarem em constante
desenvolvimento, uma verdadeira inspiração, traduzida em processos inovadores
através de alta tecnologia para produzir produtos de moda com qualidade e
sustentáveis.
É para estes públicos que a empresa trabalha diariamente. Por isso, eles são
os nossos parceiros comerciais mais importantes. A empresa deseja aumentar
constantemente a credibilidade junto aos clientes e consumidores, oferecendo
produtos com qualidade e dentro das tendências, demonstrando sua
responsabilidade com o meio ambiente e com as pessoas, base de suas práticas
para o desenvolvimento sustentável de seus negócios.
Responsabilidade dos colaboradores frente aos Clientes e Consumidores:
A. Tratar os clientes e consumidores com respeito, cordialidade, atenção, efi
cácia, proatividade e agilidade no atendimento de suas necessidades e,
principalmente, com ética;
B. Atender aos clientes e aos consumidores com imparcialidade e livre de
preconceito de qualquer natureza, obedecendo rigorosamente às leis, bem como
as regulamentações estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor e pelo
Código Comercial Brasileiro;
C. Zelar pelos interesses dos clien-tes e consumidores, ajudando a solu-cionar
problemas e encaminhando suas solicitações e reclamações para as áreas
responsáveis na empresa, com efi ciência e rapidez, retornando aos mesmos
sempre que necessário;
D. Cumprir o que prometemos no prazo acordado;
E. Resguardar a confidencialidade das informações sigilosas a ele repassadas
por seus clientes e consumidores;
F. Divulgar informações sobre nossos produtos e serviços e ações
socioambientais de forma clara e verdadeira;
G. Manter o padrão estabele-cido e desejado para os produtos, pois ele é nosso
certificado de ga-rantia de qualidade, sustentabilidade e inovação;
H. Ser abertos a críticas e contribuições na busca permanente de melhoria de
qualidade e efi ciência de nossos produtos e serviços;
I. Difundir as práticas do Grupo Malwee, servindo de referência e engajamento.

3.3 Fornecedores: alinhar princípios é a melhor maneira de trabalhar.


O Grupo Malwee preza por práticas éticas na seleção, negociação e
administração de todas as atividades comerciais, tratando com respeito todos
os fornecedores, sem privilégios ou discriminação de qualquer natureza,
independentemente do volume de negócios que cada um mantenha com a empresa.
Os fornecedores do Grupo Malwee devem ser íntegros na produção, entrega e
prática dos contratos fi rmados, mantendo de forma ética a confi
dencialidade das informações e cumprindo com as condições comerciais
estabelecidas dentro da lei.
O incentivo às boas práticas, valorizando as questões de sustentabilidade,
deve ser buscado constantemente e será especialmente observado.
A escolha e a contratação de fornecedores devem ser sempre baseadas em
critérios técnicos, profi ssionais e éticos, alinhadas com as diretrizes
desse Código, e conduzidas por meio de processo objetivo pré-determinado,
tal como concorrência ou cotação de preços, que garantam a melhor relação
custo- benefício.
Os fornecedores deverão conhecer os valores, as políticas e práticas do
Grupo Malwee e ter atuação compatível com os princípios desse Código de
Conduta e Ética, respeitando a legislação ambiental e trabalhista, não
fazendo uso de trabalhos ilegais, informais, infantis ou escravos.
Responsabilidade dos colaboradores frente aos fornecedores:
Todos os colaboradores do Grupo Malwee devem seguir as seguintes práticas na
contratação e no relacionamento com nossos fornecedores.
A. Assegurar-se de que todos os fornecedores respeitam a legislação
trabalhista, não fazem uso de trabalho infantil ou escravo e prezam pela
saúde e segurança de seus trabalhadores;
B. Certificar-se de que todos os fornecedores respeitam a legislação
ambiental e adotam atitudes compatíveis com respeito ao meio ambiente;
C. Assegurar-se de que todos os fornecedores atuam de acordo com os
princípios expressos neste documento, no Código de Ética de Fornecedores e
de acordo com as normas aplicáveis às suas atividades;
D. Estabelecer relacionamentos isentos de favorecimentos;
E. Manter a confi denciali-dade dos dados do fornecedor e assegurar-se de que
o mesmo man-tenha confi dencialidade quanto às informações do Grupo Malwee;
F. Não solicitar e/ou aceitar qualquer tipo de presentes, benefícios ou
vantagens de qualquer espécie e natureza de fornecedores, como, por exemplo,
brindes de qualquer valor, compensações fi nanceiras, mercadorias, viagens de
lazer, ingressos ou quaisquer outros serviços oferecidos. Caso não seja
possível recusar o brinde, o mesmo deve ser encaminhado para o setor de Gente
e Gestão do Grupo Malwee, que se responsabilizará pela sua destinação;
G. Representar a empresa, fir mando contratos e outros documentos somente
quando lhe for conferida tal atribuição e ou tiver poderes legais de
representação da empresa.

3.4 Concorrentes: respeitar é trabalhar com ética.


A competitividade do Grupo Malwee será exercida com base na nossa capacidade
e na gestão ética da nossa empresa, sempre orientados pelos valores de
conduta e respeito da empresa. Todas as informações de mercado e de
concorrentes, legítimas e necessárias ao negócio, devem ser obtidas por meio
de práticas transparentes e idôneas, não sendo admitida a sua obtenção por
meios ilícitos.
Responsabilidade dos colaboradores frente aos concorrentes:
Não adotar qualquer atitude que denigra a imagem de concorrentes, devendo
esse concorrente ser tratado com respeito e ética com que o Grupo Malwee
espera ser tratado.

3.5 Respeitar o poder público é trabalhar com seriedade.


O Grupo Malwee respeita as leis e tem interesse em contribuir com o
desenvolvimento social e econômico do país, respeitando as boas práticas de
governança.
Todas as operações e negócios realizados pelo Grupo Malwee estão, e devem
permanecer, respaldados pela respectiva documentação sendo objeto de imediato
lançamento contábil nos livros e registros ofi ciais da empresa, em estreita
observância às normas e aos princípios contábeis.
Responsabilidade dos colaboradores frente ao Poder Público:
A. Manter-se atualizado quanto às normas legais, regulamentares e demais
instruções relevantes ao desempenho de suas atividades;
B. Manter um bom relacionamento com os órgãos governamentais com os quais se
relaciona em função das atividades, sendo cooperativo nos termos da
legislação vigente e transparente, a fi m de combater a corrupção, o
favorecimento e a obtenção de vantagens ilegais e contra os princípios deste
código e defendendo sempre os interesses legítimos da empresa;
C. Representar a empresa perante o Poder Público somente quando lhe for
conferida tal atribuição, sempre respeitando os documentos de constituição e
representação da empresa.
D. Abster-se de práticas que violem as leis, normas ou regulamentos em vigor
no país, bem como que contrarie os princípios de conduta expressos nesse
Código.

4 Administração e aplicação do Código de Conduta e Ética.

4.1 Cumprimento dos princípios do Código.


Todos os colaboradores do Grupo Malwee devem respeitar e cumprir os termos
contidos neste Código de Conduta e Ética, assim como se responsabilizarem
pela sua aplicação em todas as suas relações profissionais e com demais
públicos.
4.2 Violação do Código.
Qualquer pessoa que tenha conhecimento de quaisquer condutas ou atividades
contrárias aos princípios aqui estabelecidos deve comunicar o fato ao seu
superior imediato ou encaminhar denúncia ao Comitê de Conduta e Ética. Todas
as informações e/ou denúncias recebidas pelo Comitê serão tratadas como
sigilosas, sendo preservada a identidade do informante.
A violação de qualquer conduta ou prática contida neste Código será
penalizada mediante avaliação do Comitê de Conduta e Ética, bem como estará
sujeita à aplicação das leis vigentes no Brasil.

4.3 Comitê de Conduta e Ética.


O Grupo Malwee manterá, permanentemente, um Comitê de Conduta e Ética,
composto pelo Presidente, pelo Gestor de RH e pelo Gestor Jurídico e terá
como responsabilidades:
A. Revisar periodicamente, a cada dois anos, este Código;
B. Receber denúncias sobre violações deste Código;
C. Garantir o sigilo sobre as informações recebidas;
D. Analisar e avaliar as violações do Código, apurando os fatos e dando
suporte à tomada de decisão;
E. Encaminhar à Diretoria os casos mais graves de violações do Código de
Conduta e Ética;
F. Ficar responsável pela divulgação deste Código, que será entregue a todos
os colaboradores durante a sua integração e disponibilizado na intranet e no
site da empresa;
G. Sanar dúvidas e apresentar demais informações aos colaboradores com
relação a este Código, através dos canais disponibilizados.

4.4 Ouvidoria
Para esclarecimento de dúvidas procure a sua liderança imediata. As
denúncias poderão ser feitas para o Comitê de Conduta e Ética através do
ramal 7025, pelo e-mail conduta@malwee.com.br ou por escrito no RH, podendo
a mesma ser anônima. Lembrando que, sendo anônima, o Comitê não poderá dar
retorno ao denunciante.
Se a denúncia tiver identifi cação, o Comitê garantirá o sigilo do
informante. Havendo necessidade, caberá ao Comitê de Conduta e Ética tomar
os depoimentos das partes envolvidas, examinar a documentação e o que mais
for necessário e, com base nos fatos apurados, determinar se houve ou não a
violação desse Código. Em caso afirmativo, determinar as sanções a serem
aplicadas. As decisões de acatar ou não a denúncia, as conclusões e
recomendações do Comitê serão relatadas periodicamente ao Presidente, que
poderá encaminhá-las ao Conselho de Administração.

[Comitê de Conduta e Ética - ramal 7025 - conduta@malwee.com.br]

[Confira mais informações no nosso Código de Ética e Manual de Boas


Práticas na intranet: clickgrupomalwee.malwee.com.br]
_3.2_
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Um estudo empírico sobre a importância do Código de Ética


Profissional para o contabilista
Leia este artigo sobre o Código de Ética Profissional para o contabilista.
https://www.scielo.br/j/rcf/a/N4whgL5HRbpvDCKBD9dggfC/?format=pdf&lang=pt

pdf 11 pág.

Ética profissional
Assista a este vídeo e saiba mais sobre o tema.

https://youtu.be/P9RSqqF8HwU 3 min

A importância do Código de Ética nas organizações


Leia este artigo, de Niedja Abreu, sobre a importância do Código de Ética nas organizações.

https://administradores.com.br/producao-academica/a-importancia-do-codigo-de-etica-nas-
organizacoes

página internet

Neste trabalho procuraremos transmitir a necessidade da existência de um código de ética


nas organizações, buscando mostrar o quanto essa ferramenta é importante e como ela pode
auxiliar no processo decisório, e até na vida em sociedade. Passando a idéia de que
comportamentos éticos são vitais ao sucesso de quaisquer organizações.

EQUIPE SAGAH
Coordenador(a) de Curso
Lilian Martins
Professor(a)
Walter Alves de Sousa Júnior
Gerente Unidade de Negócios
Designers Instrucionais
Rodrigo Severo
Adriana Ferreira Cardoso
Analista de Projetos
Bianca Basile Parracho
Fernanda Osório
Daniela Polycarpy
Assistente de Projetos
Franciane de Freitas
Luciana Bolzan
Ezequiel Alves
Líder da Equipe Metodológica
Luciana Helmann
Daniela da Graça Stieh
Designers Gráficos
Líder da Equipe de Design Instrucional
Carol Becker
Marcelo Steffen
Eduardo Reis
Kaka Silocchi
Juarez Menegassi
Renata Goulart
Vinicius Rafael Cárcamo
Aula 4.1
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Ética nas relações internacionais


_4.1_
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem iremos trabalhar conceitos como o de hospitalidade condicional e
hospitalidade incondicional, a partir do que nos ensinam Kant e Derrida.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Discutir questões importantes sobre a relação com o estrangeiro.


• Construir um conceito de estrangeiro e de hospitalidade.
• Distinguir boas reflexões de problemas atuais referentes à hospitalidade.
_4.1_ Desafio
Uma das principais questões que assolam o pensamento ético universal seria aquela que está ligada
aos encontros entre diferentes culturas em países diferentes. Nesse sentido, propomos a
construção de um texto que discuta a ideia de hospitalidade incondicional de Derrida, ou seja, uma
hospitalidade sem limites, excessiva e "irracional", dentro de um encontro entre culturas distintas.
Nesse sentido, sugerimos que seja discutido o caso do uso de burca em países como a França, onde
esse uso foi proibido.

Para esse desafio você deverá discutir:

- conceito de hospitalidade incondicional;


-contextualização com o problema proposto.
elm = i) Não há nada incondicional na vida real. O conceito de hospitalidade
incondicional aludido por Derrida é um ideal que, ao suscitar reflexão sobre o assunto,
pode tornar tanto as pessoas como as leis menos duras com o estrangeiro. ii) Não vejo
motivo para proibir o uso da burca, desde que seja vontade da pessoa que usa; não vejo
como isso possa prejudicar alguém. Consigo imaginar situação que para identificação,
possa ser exigido que o rosto da pessoa seja mostrado, mas apenas o tempo suficiente para
indentificar a pessoa.

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/07/tribunal-europeu-apoia-lei-francesa-que-proibe-veu-islamico-em-publico.html
Tribunal Europeu apoia lei francesa que proíbe véu islâmico em público [excertos]
A lei francesa de 2010 que proíbe o uso do véu islâmico integral (burca e niqab) em espaços públicos está de acordo com
o Convênio Europeu de Direitos Humanos, opinou nesta terça-feira (1º) a Grande Sala do Tribunal de Estrasburgo.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos entende a necessidade das autoridades "de identificar aos indivíduos para
prevenir atentados contra a segurança das pessoas e dos bens e lutar contra a fraude de identidade".
... Os juízes aceitam assim os argumentos da França, que afirmava que a lei não buscava a proibição da burca e do
niqab, mas de qualquer peça ou acessório que ocultasse o rosto de uma pessoa, como um capacete de moto ou um capuz.
... A lei francesa, alega a sentença, não se refere a nenhuma peça religiosa, que podem ser usadas "livremente" no
país, com a condição de não ocultar o rosto.
... A juíza alemã Angelika Nussberger, e a sueca Helena Jäderblom afirmam em sua opinião dissidente que "uma proibição
tão geral, que afeta o direito de toda pessoa a sua própria identidade cultural e religiosa não é necessária em uma
sociedade democrática".
Padrão de resposta esperado

A questão da hospitalidade, tal qual é vista por Derrida, quer de alguma


maneira romper com um regramento que antecede o acolhimento do humano.
Assim, poderíamos dizer, para além do jurídico e para além do político. Esse
ensinamento, portanto, de que o humano deve ser recebido antes de suas
colorações políticas, raciais e jurídicas, nos dá a pensar se, de fato,
quando o estrangeiro chega, ele é recepcionado, ou ao contrário, ele perde
sua identidade? Essa discussão é importante pois se alia à ideia de
construção de uma sociedade multicultural. E o conflito que aparece nesse
caso seria o de qual o caminho a ser tomado quando vislumbramos uma
antinomia entre a lei do país e a singularidade daquele que vem.

Nesse sentido, segundo Derrida, o humano que vem deve ser recebido sem
restrições. Sem que seja ele obrigado uma adequação à cultura que o
recepciona. Isso fundado na ideia, que já explicitamos, de que a
hospitalidade tem que ser incondicional, senão não seria realmente uma
hospitalidade. Assim, se acompanhamos o pensamento desse autor, fica claro
que a lei que não permite o uso da burca em espaços públicos, se choca com a
ideia derridiana. Ora, essa proibição aflige a humanidade daquele
estrangeiro que professa uma fé distinta da local. Essa hospitalidade
estaria mais próxima da hospitalidade condicional dita por Kant, uma
hospitalidade que aparece "depois" de cumpridas as regras jurídicas.

O pensamento, que apresentamos aqui, procura encontrar uma luz para as


relações entre as culturas distintas, tentando nutrir de ética os encontros
entre as concepções distintas de ser humano. Sem que antes destas culturas
estejam os interesses políticos e jurídicos. Seria o mesmo dizer que o
encontro ético seria apenas aquele no qual a singularidade está para além da
regra. Incondicional, portanto.
_4.1_ Infográfico
Neste infográfico você poderá observar as principais distinções entre uma ética incondicional em
Derrida e uma ética condicional em Kant. A inversão da pirâmide mostra que, em Derrida, a
hospitalidade incondicional estaria mais adequada aos humanos do que a hospitalidade kantiana.

elm = à primeira vista, não consigo entender o que querem mostrar.. Vou tentar depois do
Conteúdo do livro...
_4.1_ Conteúdo do livro
Para aprofundar os seus conhecimentos acerca do assunto desta unidade, faça a leitura do material
a seguir. Nele são apresentados alguns elementos críticos ao pensamento de Immanuel Kant.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Elementos críticos ao pensamento de Immanuel Kant:

O pensamento de uma comunidade universal provém do pensamento cristão de São


Paulo, este, por sua vez, mais próximo das ideias de hospitalidade universal
em Derrida. Diferentemente desta perspectiva, encontramos o pensamento
kantiano. Esse projeto aparece com relevo no iluminismo, e Kant contribui com
o ensaio A Paz Perpétua. O qual, em suma, buscaria a paz entre os Estados,
uma possibilidade jurídica, um direito cosmopolita. E aqui, a partir destas
palavras, já podemos entender a intenção kantiana de dar conta dessa
relação, estamos no registro do direito (Recht) e não no da filantropia
(Philanthropie).

Esses dizeres já nos convidam a evidenciar um primeiro limite que a esta


ordem de ideias se impõe, ou seja, em face do pensamento de Derrida, a ideia
de hospitalidade em Kant nos mostra limitada à ordem do direito, a apontar
esta ordem (o Direito) como sendo necessária para uma relação cosmopolita.
Kant releva o direito de todo cidadão ascender à possibilidade de habitar a
Terra, no entanto, o termo cidadão já coloca que a ideia de Kant não passa
por amor pelos homens como móbil sentimental, mas é um direito humano.
A hospitalidade universal releva de uma obrigação, de um direito e de um
dever regulados pela lei diante do estrangeiro. Isso exprime um dos limites
que a hospitalidade em Kant traz, pois, com o regulador que necessariamente
existe, fica comprometida a possibilidade mesma de existir a hospitalidade
vista por Derrida, dado que, o hóspede em Kant está já determinado pela
noção de cidadão, ou seja, enquanto fechado nesse conceito, ele não se abre
a uma possibilidade além do limite, além da lei, além do próprio humano.

Kant não recebe os animais e a natureza, por exemplo. Com essas palavras,
notamos que o limite jurídico que confere apenas ao cidadão amigo fere o
âmago da questão mesma da hospitalidade. Ora, quem chega, não vem sem trazer
o que é, e isso quer dizer, não vem sozinho com a sua família e sua língua
vem também com seu deus. Esse, portanto, um limite ao pensamento de Kant, ou
seja, o limite antropológico humanista, que Derrida nomearia por um certo
homismo.

E ainda a insistir na questão do outro, ora, nada se acolhe senão de maneira


incondicional, isto é antes e para além do socius, do político, (polis) e do
jurídico. Assim, no limite da diferença, consideramos a hospitalidade
kantiana como uma hospitalidade político-jurídica em contrapartida à
hospitalidade incondicional de Derrida, pura, poética, justa, infinita, ela é
um impossível. Assim, significa dizer com Derrida que nada será acolhido se
não considerado de forma absoluta, de que há a necessidade da
descaracterização de cidadão e de uma diferenciação entre estas figuras
político-jurídicas para que se cumpra o projeto de hospitalidade, aqui
hospitalidade incondicional. A diferença, uma das diferenças sutis, por vezes
inapreensíveis entre o estrangeiro e o outro absoluto, reside no fato de este
último não ter nome de família: a hospitalidade absoluta ou incondicional
que eu gostaria de lhe oferecer supõe uma ruptura com a hospitalidade em
sentido corrente, com a hospitalidade condicional, com o direito ou pacto de
responsabilidade.

Diante das condições que Kant impõe, ou seja, o de um regulador jurídico para
o edifício de seu pensamento, em que, para se alcançar a paz seria necessária
uma aliança entre os Estados, que instituiriam uma (foedus pacificum)
federação da paz, a qual, Kant diferencia do (pactum pacis) pacto de paz,
pois, aquela enseja o fim de todas as guerras para sempre, estando a última
apta a resolver apenas um conflito determinado.

Com isso, estaríamos avançando mais um passo na concepção kantiana, e que às


vistas de Derrida permite mais uma crítica, ou melhor, apresentará uma
aliança universal de singularidades, de viventes singulares, ainda não
definidos pela cidadania, uma aliança que supera o que é político e põe em
relevo o homem incondicional. E, exatamente neste ponto em que Kant dá relevo
à concepção político jurídica de sua hospitalidade, é que apontamos como mais
um limite a ser imposto a esta teoria, ou seja, a condicionalidade que
Derrida nos fala estar impregnada em sua terminologia, a qual, em poucas
palavras damos a saber: Kant usa como equivalente para hospitalidade na
língua alemã a palavra Wirtbarkeit, e como nos permite reconhecer Fernanda
Bernardo, nesta equivalência se encontra a lei da hospitalidade universal de
Kant.

A formulação da sua constituição como da sua implosão. Portanto, tracemos


então a problemática anunciada - a palavra equivalente alemã que Kant usa -
encontramos como significando poder próprio do dono e senhor, e a partir da
etimologia de hospitalidade, considerada uma palavra estranha entendamos sua
autodesconstrução: hospitalitas vem de hospitalis, palavra haurida do termo
latino hospes, que se encontra na raiz, e que, tendo também um estranho
parentesco etimológico com a palavra hostis [inimigo], tanto pode significar
hóspede, ou estrangeiro acolhido, como hospedeiro (...) como ainda, inimigo -
o estrangeiro, amigo/favorável ou inimigo/hostil.

Assim, Derrida encerra mais um passo à desconstrução desta ideia, que a si


mesma se mostra contrária, tal como a palavra ou o conceito, a Lei ou
experiência da hospitalidade é em si mesma, imediatamente pervertível e
contraditória. Seguindo nessa esteira, a palavra hóspede vem carregada de
problemas, onde, hóspede que vem de hospitem, acusativo de hospes, Hospes
significaria assim o dono e senhor do hóspede.

Com este esboço, encontramos fundamento para seguirmos Derrida e mostrarmos o


que significa a hospitalidade kantiana, ou seja, aquela pautada por uma certa
resistência, de quem recebe sempre a impor suas condições à chegada do outro,
são sempre imposições a serem cumpridas.

Assim, o hospedeiro é o dono e senhor do lugar e dos bens que oferece ao


outro estrangeiro(...) O que significa que uma tal lei da hospitalidade se
autolimita ou se autocontradiz imediatamente no seu limiar e no limiar de si
mesma.
Derrida fala de um autolimite que a Lei da hospitalidade kantiana delega a si
mesma na medida em que esta rege a chegada do outro, que não o outro
qualquer, mas aquele determinado cidadão que chega de um determinado país, de
uma determinada região, e que será, à partida, submetido à lei de quem
hospeda. Dessa forma, a hospitalidade é dada a partir de um um sujeito todo
poderoso, de um sujeito que é dono e senhor de si e do lugar a partir de onde
dá lugar. Um sujeito soberano, autônomo ou egológico. No entanto, e este é o
ponto interessante, faz-se necessária a existência de condição mínima para
que haja hospitalidade, que em Kant se afigura sempre a partir da imposição
de quem recebe, isto é, na condição de ele se portar bem ou, e nas palavras
de Kant, enquanto o estrangeiro se mantiver sossegadamente no seu lugar. A
nos explicar que para a existência da hospitalidade necessita a existência do
limite, e neste ponto, mais uma vez a construção que destrói o conceito de
hospitalidade, posto que, por um lado, ela dá o que (afinal) não dá a não ser
condicionalmente!

Outro ponto tocado por Derrida é o da condição de visita a que Kant dá o


direito como seu projeto, mesmo que sempre limitado pelas condições impostas
às ações, ou seja, enquanto o estrangeiro se portar amistosamente no seu
lugar, o outro não o deve confrontar com hostilidade.

No entanto, em se tratando de um pensamento que releve residência do


estrangeiro, este caso deveria ser regulado por um acordo particular entre
Estados, o que implica e incide mesmo a crítica de Derrida, pois, uma
hospitalidade que requerida apenas com as possibilidades e sob o poder do
Estado é em si autorregulativa. Assim, o cidadão afivelaria a máscara
condicional do hospedeiro para que fosse aceito, dessa forma não mais
existiria o que chega, mas apenas o que é recebido, ou em melhores palavras,
ela está sempre à beira de se transformar no seu contrário, quer ao obrigar o
cidadão estrangeiro [com papéis] às suas condições, quer ao recusar-se aos
não cidadãos à singularidade incalculável de quem vem.

Podemos então encerrar esta parte, a qual, tratou sumariamente das ideias de
Kant e nos deixa uma noção de como pensou o filósofo das três críticas a
respeito desta hospitalidade, a qual, por sua vez, encontra-se subordinada
aos desígnios do Estado, e que em relação ao estrangeiro, opera de maneira a
impor suas condições, fazendo e constituindo com suas leis exatamente o
limite de sua ação, ou seja: é sempre em ipseidade soberana e policial que,
no limiar bem delimitado do seu próprio espaço de acolhimento, interroga o
cidadão estrangeiro a acolher acerca da sua identidade.

Derrida chama de “ipseidade,” “ipsocentrismo” ou “ipsocracia”: o movimento autorreferencial no qual se parte de si


mesmo visando a si mesmo. Isto é, o movimento definido por um “começar por si” (soi) em vista de si (soi). Esses
termos provêm da palavra latina ipse, possível tradução da palavra grega autos, que significa o “si mesmo” (soi même)
ou o “mesmo” (même) do “si mesmo”.

Uma outra luz, Derrida:

Assim, se não erramos, com a busca que Derrida empreende quando procura
mostrar as diferenças entre uma hospitalidade incondicional, ante uma ideia
de hospitalidade condicionada a direitos e deveres dos já constituídos
cidadãos. Gravita, não de forma a encerrar em uma ou noutra quaisquer juízos
finalísticos, mas, pensamos mesmo num projeto, que em sintonia com o
pensamento de um alter mundialização possa percorrer e encontrar uma ordem,
que assim pautada, seja considerada jurídico-política.
A corroborar com nosso pensamento, podemos dizer junto de Derrida que a
distinção entre hospitalidade incondicional e hospitalidade condicional,
longe de paralisar o desejo ou de destruir a exigência de hospitalidade, esta
distinção obriga a determinar os esquemas intermediários, e mais, a
experiência ou provação da hospitalidade incondicional está também na origem
da tarefa e da responsabilidade de perseguir e tentar instituir uma outra
ordem jurídica e política mundial.

E, a partir destes dizeres, podemos melhor entender a relação dissimétrica e


heterogênea, no entanto, necessária, entre estas duas hospitalidades, pois, é
mesmo uma tal indissociabilidade que faz também com que a hospitalidade
incondicional, que não tem qualquer estatuto legal ou político, aconteça,
afetando e mudando as condições de hospitalidade.
Continuando na esteira de Derrida, o que nos traz, é que estes aludidos
esquemas intermédios permitirão a evolução do sentido a dar-se à
hospitalidade. A qual, por sua vez tem, na incondicionalidade derridiana, o
mesmo que um antilimites, no sentido de buscar que o singular não se perca
no limite do público. Assim como privilegiar esse caminho percorrido em tom
aporético à possibilidade de um passo que leve a percepção do singular, um
passo para fora do politico. A chance de uma outra mundialização de uma
certa altermundialização. A chance que a própria desconstrução se dá - ou
que, enquanto pensamento, ela própria é.

Podemos entender que a hospitalidade incondicional de Derrida figura mesmo


em terreno fora do jurídico e do político, buscando instituir uma ordem que
possa acolher o outro, sem que necessariamente esteja revestido de quaisquer
nominações ou determinado por uma nacionalidade. Exige mesmo que seja
acolhido em sua totalidade, e para tanto, avulta a impossibilidade que o
limite jurídico-político impõe e destaca a necessidade de uma entrega ao
outro sem restrições de maneira que o deixe vir, que o deixe chegar e ter
lugar no lugar que lhe ofereço, sem lhe pedir reciprocidade (a entrada num
pacto), e sem mesmo lhe perguntar pelo nome.

Essa explicação é reforçada com o pensamento deste autor quando nos leva a
sonhar com ele, para os confins da hospitalidade absoluta, quase um
inimaginário, porque pautado nos valores peculiares ao homem! Nos referimos
ao homem! Antes do cidadão e do político, do econômico e assim do jurídico.
Qual outro, senão esse homem, poderia desvestir, desse papel de encontrar e
querer o outro, mas o outro como absoluto em sua divindade, passando ao largo
do cidadão para dar morada ao homem e ao homem, tão somente. Dá-se a
hospitalidade quando se dá para além do poder: do poder do próprio e de
todos os poderes do mundo para além da oiko-nomia e na urgência. Para além,
portanto, da ipsocracia na mais desarmada exposição ao outro.

Receber então, não o convidado, o qual já antevemos, mas, e agora, o chegante


absoluto, aquele que chega inesperado, chega sem falar, chega sem ser
convidado, fazendo então o barulho que o novo traz. Com esse correlato, a
ideia que suscita quando se fala em hospitalidade incondicional, ambos, ecos
do mesmo ruído, que sai de dentro do homem sem que passe pelos filtros
institucionais. O evento, tal como o chegante, é o que verticalmente cai em
cima, sem que o possa ver e vir: o evento não me pode parecer antes de
chegar como impossível, o inesperado como o incidente, incidir, do latim, in
cadere, que significa cair em ou cair sobre.
E agora com o pensamento neste chegante absoluto, Derrida nos conduz a um
pensamento que corresponde exatamente à sua ideia: a partir da não identidade
do chegante, da sua não delimitação. O que vem implicado consigo é que não há
nada que dê a ele um referente, que aqui chamamos de fronteira, assim, com
essa desinformação do chegante, impossibilita imediatamente que haja por
parte de quem acolhe esta mesma situação-fronteira.

Não existe mais o império de um que chega e é recebido pelo outro com sua
subjetividade de características. Afirma-se aqui um desconcerto mútuo, que se
empreende com essa relação. Há uma inversão no papel de soberania por parte
de quem recebe, ora, este, necessariamente, precisa do outro absoluto que
acolhe para seu reconhecimento. Nesse acolhimento. Noutros termos, a sua
ipseidade é, ela própria, infinito acolhimento ou hospitalidade não mais ou
não já ipsocrática. Ou então o seu poder é agora o poder de ser afetado.

A consideração infinita do pensamento de Derrida nos dá ensejo para dizer que


não há uma condenação total às leis da hospitalidade condicional, mas, trata-
se de as relevar para suas imperfeições e denunciar-lhes antes seus limites,
que é o mesmo que dizer, a justiça da sua injustiça, sempre deixando claro o
caráter aporético da Lei, face às leis, pois, o próprio da sua vinda é a
passagem.

aporético = Inclinado a dúvidas; cético.

Nesta ideia, pensamos estar o fundamento do projeto de uma nova


internacional, o que, a partir da busca incessante pela perfectibilidade do
direito internacional, conjugada com a inserção cada vez maior da
singularidade absoluta do visitante, que Derrida reclama para que esta
possibilidade exista, ou seja, acusa as ordens internacionais em crise com os
valores, que insistem em falar que delegam aos homens, mas que, denuncia já
os limites de um discurso sobre os direitos do homem que permanecerá
inadequado, por vezes, hipócrita, em todo o caso formal e inconsequente com
ele mesmo.

Esta aliança de singulares proposta aqui por Derrida, lança o homem no por
vir, ou seja, com essa proposta tenciona e fundamenta, alegando uma situação
que não cabe descrições agora, na qual se encontram as pessoas no mundo
inteiro, assim, acredita na alteridade como solução que virá, e sempre virá,
falando sobre uma aliança que exista apenas nos e para os singulares, onde, a
partir da ideia de uma democracia O seu "por vir", incite aos homens sempre a
busca pela sua melhor existência, evidenciando nesse "por vir", a ideia inata
do acolhimento daquele que vem.

Finalizamos essa pequena incursão ao pensamento derridiano, a partir da sua


ideia de desconstrução, de um encontro im-possível e in-dissociável entre a
hospitalidade incondicional com a hospitalidade condicional, que aqui
representou-se em Kant. O que significa dizer mais uma vez, que não há uma
crítica no sentido de abolir a hospitalidade que se regula em leis, ora, a
passagem ao direito, à politica e ao terceiro, constitui uma espécie de
queda, mas, ao mesmo tempo, é ela que garante a efetividade da hospitalidade.
E, ao nosso ver, significou que a Lei se realiza necessariamente nas leis,
que a partir desse encontro já se mostra de uma impossível fusão, mas que, ao
mesmo tempo, garante a existência de uma e a necessária evolução da outra.
Aqui, não se institui um projeto que resolve a situação, mas,
socraticamente, lança a ideia de que o caminho trilha-se dia a dia, e não
encontra solução sem esse impossível diálogo/encontro, o qual, se nominou,
esquemas, que são a resposta proposta do filósofo para a cada passo,
re(e)levar, fazendo-a progredir no infinito rumo às luzes de uma justiça
sempre por vir, a hospitalidade universal de Kant - mas sempre por vir, não
mais em razão de qualquer teologismo ou messianismo, mas justamente em razão
da sua necessária irredutível aporeticidade, a qual, advinda da salvaguarda
da excepcionalidade da hospitalidade incondicional na condicional, a par da
flecha que continuamente a transporta para o "por-vir" da sua
perfectibilidade, constitui também um apelo de todos os instantes à nossa
hiperresponsabilidade e à responsabilidade de quem, ao mesmo tempo, se sente
obrigado a responder a duas injunções igualmente imperativas: a lei e as
leis da hospitalidade.

Assim, para cumprir o objetivo de traçar esse limite-diferença, trazemos as


palavras de Paulo de Tarso, nas quais, pensamos encontrar Kant num primeiro
momento dos dizeres e logo a seguir o relevo à hospitalidade incondicional de
Derrida: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens, que eu falasse a língua
dos anjos (...) E não tivesse amor, nada seria!"

Nestes termos, indicamos as considerações feitas por Derrida ao pensamento do


cristianismo paulino: "Não sois mais estrangeiros nem metecos, mas
concidadãos dos homens consagrados e da casa do Senhor. O que nos permite
reconhecer uma indelével superação ao paradigma kantiano, mas que ao invés de
uma superação que encerra o diálogo, torna mesmo aporeticamente aberto na
busca pelo infinito de realização da hospitalidade."
_4.1_ Dica do professor
Neste vídeo você será capaz de perceber a diferença de uma hospitalidade incondicional perante a
hospitalidade condicional, bem como a observação desta dimensão em questões atuais.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/3b9cffd581c3022fd571aceeac334b89

5 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 4.1 ÉTICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Vamos tratar da Ética nas Relações Internacionais. Mas, atenção, não vamos
tratar aqui de direito internacional, da relação Brasil - Argentina ou China
- Japão ou Alemanha - França...

A questão aqui é a relação entre os seres humanos, no encontro com o outro,


no que tange às relações internacionais.

Um autor importantíssimo para essa questão é o Jacques Derrida, um francês


que escreve sobre a hospitalidade. Ao lado de Derrida, também escreveu sobre
hospitalidade o autor Immanuel Kant.

Kant tem um livro que se chama “A Paz Perpétua”, em que ele diz que “as
pessoas têm o direito de partilhar o mundo entre si”.

Mas Kant fala da palavra direito e Derrida diz que essa hospitalidade
kantiana seria uma hospitalidade condicional, limitada, ou seja, uma
hospitalidade política ou uma hospitalidade jurídica, em que você apresenta o
seu passaporte, em que você é um cidadão do Brasil, da pólis x da cidade y e
fala um determinado idioma. Para que você entre em determinado país, você tem
necessariamente que passar por todas essas fases.

Para melhorar, para afinar essa hospitalidade Kantiana, Derrida propõe a


ideia da hospitalidade Incondicional. A ideia de incondicionalidade pode ser
associada à ideia de poesia, pois a poesia é um Incondicional e o humano é um
Incondicional. Logo não devemos pensar no hóspede como aquele que tem um RG,
aquele que tem um número de passagem, um cartão de embarque... Temos que
pensar o outro como um Chegante Absoluto, aquele que chega com as suas
crenças, com seus animais, com o seu cheiro, com a sua cor, com seu barulho,
com seu idioma distinto...

Quando nós obrigamos o outro a uma adaptação a nossa própria lei, nós estamos
violentando o outro; não estamos recebendo o outro! - Receber o outro é
aceitá-lo na incondicionalidade da sua diferença, é aceitá-lo na
incondicionalidade da sua singularidade. Isso é o que o Derrida vai chamar de
hospitalidade incondicional, ou seja, uma hospitalidade que recebe o outro
independentemente de como ele chega ou de como ele é.
Emerge a pergunta: Será possível uma hospitalidade incondicional nos dias de
hoje? - Vamos tratar da questão do Oriente x Ocidente. Os orientais se formam
por uma cultura extremamente distinta da cultura ocidental. E aí a primeira
questão para que nós acabemos com o problema da condicionalidade é destruir o
código binário: não há o ocidente, não há o Oriente; existem humanos com
crenças e culturas diferentes e receber o outro não é obrigá-lo àquilo que eu
penso ser o correto, mas sim aceitá-lo dizer na sua língua; o outro só chega
a mim, quando traz um barulho, o outro não chega em silêncio, ele incomoda,
ele é atrito, ele é encontro, ele é caos. Muito mais próximo da humanidade
são as diferenças do que as igualdades.

É exatamente aí que mora a incondicionalidade derridiana. Quando nós pensamos


as relações entre países, nós não devemos obrigar o outro a falar a língua
que nós falamos, nós devemos ouvi-lo; é muito mais uma cultura do ouvir de
uma do que uma cultura do falar; de uma cultura do silêncio numa cultura
burburinho, da fala incessante, dos palavrório, como diria o Heidegger.

Então, a hospitalidade incondicional está ligada àquele silêncio acolhedor,


àuele silêncio que recebe a diferença, que aceita a diferença; não é uma
recepção egológica, obrigando a pessoa a agir da maneira que nós queremos.

A relação internacional Ocidente - Oriente, talvez possa ter essa saída:


quando alguém se dispuser a ouvir e não tanto a obrigar o outro à violência
da nossa própria linguagem ou do nosso próprio idioma.
_4.1_ Exercícios
Assim, significa dizer com Derrida que nada será acolhido se não considerado de forma
1) absoluta, de que há a necessidade da descaracterização de cidadão e de uma diferenciação
entre estas figuras político-jurídicas para que se cumpra o projeto de hospitalidade, aqui
hospitalidade incondicional. “A diferença, uma das diferenças sutis, por vezes inapreensíveis
entre o estrangeiro e o outro absoluto, reside no fato de este último não ter nome de família:
a hospitalidade absoluta ou incondicional que eu gostaria de lhe oferecer supõe uma ruptura
com a hospitalidade em sentido corrente, com a hospitalidade condicional, com o direito ou
pacto de responsabilidade.”

A partir desta passagem, de acordo com Derrida, NÃO se pode afirmar que:

A) a) a hospitalidade condicional, em verdade, não seria uma hospitalidade real.

B) b) a hospitalidade jurídica, de alguma maneira, limita o homem em sua infinidade.

C) c) a ausência de nomeação torna impossível uma hospitalidade absoluta.

D) d) o estrangeiro, nessa medida, seria recebido dentro dos limites conceituais.

E) e) Derrida é uma superação de uma modalidade limitada de hospitalidade.


"Ora, quem chega, não vem sem trazer o que é, e isso quer dizer, “não vem sozinho com a
2) sua família e sua língua, vem também com seu Deus”.
De acordo com o artigo apresentado como texto-base para esta Unidade de Aprendizagem,
essa fala nos direciona a qual tipo de pensamento?

A) a) ética kantiana.

B) b) ética aristotélica.

C) c) hospitalidade nacional.

D) d) hospitalidade incondicional.

E) e) hospitalidade condicional.
“A diferença, uma das diferenças sutis, por vezes inapreensíveis entre o estrangeiro e o
3) outro absoluto, reside no fato de este último não ter nome de família: a hospitalidade
absoluta ou incondicional que eu gostaria de lhe oferecer supõe uma ruptura com a

hospitalidade em sentido corrente (...) com o direito ou pacto de responsabilidade”. De


acordo com Derrida, essa citação rompe com qual ideia de hospitalidade?

A) a) Incondicional.

B) b) Condicional.

C) c) Teológica.

D) d) Cosmológica.

E) e) Natural.
De acordo com o texto-base desta Unidade de Aprendizagem, com Derrida enxergamos um
4) pensamento pautado pelo(a):

A) a) nacionalidade.

B) b) territorialidade.

C) c) multiculturalismo.

D) d) ética prática.

E) e) ética do dever.
De acordo com o texto-base desta Unidade de Aprendizagem, o pensamento de Derrida
5) rompe com qual paradigma?

A) a) Nacionalista.

B) b) Teológico.

C) c) Cosmológico.

D) d) Medieval.

E) e) Pós-moderno.
_4.1_ Na prática
A discussão acerca da hospitalidade nos dias atuais pode se colocar de maneira evidente em várias
dimensões das relações humanas internacionais. Assim, com a mistura cada vez maior permitida
pela globalização das relações, esse conflito acaba por aparecer de maneira cada vez mais evidente.
Nesse sentido, gostaríamos de propor uma reflexão prática acerca de acontecimentos como o de
aplicação de pena de morte a pessoas estrangeiras, por exemplo, em países como a Indonésia, que
aplicam essa pena para pessoas que cometem crime de tráfico de drogas.

É sabido que Kant ensina que a hospitalidade, a relação com o estrangeiro,


está permeada pela lei do país que o recebe.
De outro lado, Derrida fala de uma ética e de uma hospitalidade que recebe o
estrangeiro com toda sua diferença, seus erros e acertos, suas crenças e sua
rivalidade.

Se, por respeito às regras de um país, uma pessoa é morta, de alguma maneira,
isso nos leva a pensar que podemos avançar no debate acerca das questões que
envolvem o estrangeiro.
Ora, por mais que a questão do limite territorial, da soberania, deva ser
respeitada, não há soberania sem humanos.

Sendo assim, não propugnamos a liberdade do criminoso, mas ele, como humano,
antes de ser criminoso, talvez devesse ser perdoado.
O perdão e a hospitalidade incondicional andam juntos.
Andam no extremo da ética, por isso nos deixam questões profundas para a
reflexão.
_4.1_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Hospitalidade e Democracia por vir a partir de Jacques Derrida.


http://www.ensaiosfilosoficos.com.br/Artigos/Artigo2/Victor_Dias_Maia_Soares.pdf

pdf 18 páginas.

Resumo: O presente trabalho tem como horizonte o tema da hospitalidade no contexto ético-
político de uma “democracia por vir” a partir do pensamento de Jacques Derrida e também
considera as leituras que o pensador faz da questão em Kant (a hospitalidade de visitação) e
Lévinas (o acolhimento irrestrito do outro). Democracia por vir não é, para Derrida, uma
democracia futura, um novo regime, ou uma nova organização dos Estados-nação. Este por vir é
a promessa de uma autêntica democracia, que nunca é concretizada nisto que conhecemos por
democracia. O objetivo que guia esta investigação é a verificação da possibilidade de uma
hospitalidade incondicional. Concluise que a questão da hospitalidade se inscreve na sua im-
possibilidade, e que é preciso, pois, analisá-la sob o prisma da desconstrução. Do ponto de
vista ético-político, o pensamento derridiano aponta para uma convivência tolerante, ainda
que a palavra tolerância lhe cause certas reservas, e seus motivos parecem ser mais fortes
que aqueles que sustentam a hostilidade entre os homens. Este pensamento refere-se à
possibilidade de um Estado reconciliado e democrático por vir, ainda que a ambivalência
hospitalidade/hostilidade permaneça.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS


KANT, Immanuel. A paz perpétua. Tradução de Marco Zingano. Porto Alegre: L&PM Editores, 2008.
DERRIDA, Jacques. Da Hospitalidade. Tradução de Antonio Romane. São Paulo: Escuta, 2003.
Banco de imagens Stockfresh.
SAGAH, 2015.

EQUIPE SAGAH
Coordenador(a) de Curso
Cosme Massi
Professor(a)
Bernardo G. B. Nogueira
Gerente
Neuza Belo
Coordenadora de Projetos
Renata Figueira
Analista Metodológica
Renata Figueira
Designer Instrucional
Cristhiane Maurício Cornélio
Arlene Souza
Web Designers
Fábio Gomes
Maria Cláudia Müller
Clarice Ribeiro
Kívia Bueno
Editores de Áudio e Vídeo
Átila Santos
Willian Sidney
Revisora Gramatical
Diana Amendoeira de Oliveira
Daniela de Souza França
Aula 4.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Conflito ético
_4.2_
Apresentação
A ética como entendemos pressupõe um conjunto de valores morais que determinam o certo e o
errado para a sociedade. A coletividade baseia-se nesses princípios para conduzir suas relações
particulares e organizacionais.

Contudo, identificamos que conflitos éticos estão presentes em nosso dia a dia. Normalmente, o
conflito decorre de situações contraditórias e posicionamentos divergentes entre uma ou mais
pessoas, seja nas relações pessoais, seja nas profissionais. É importante conhecer o mecanismo e as
consequências que o conflito pode causar na sociedade e nas instituições.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender o significado dos conflitos éticos e
conhecer os seus tipos e formas de gerenciamento.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever o que é um conflito ético e seu significado.


• Identificar os tipos de conflitos éticos existentes.
• Indicar as formas de gerir os conflitos éticos.
_4.2_ Desafio
O conflito ético que atinge particularmente os gestores empresariais é decorrente das rotinas
funcionais e da necessidade praticamente diária de tomar importantes decisões.

Suponha que você seja o Contador de uma empresa que está atravessando uma
grave crise financeira, no qual está colocando em risco o emprego de 430
funcionários.
Buscando solucionar o problema, o Diretor de Vendas da empresa pretende
negociar junto aos seus fornecedores a compra das matérias-primas sem a
emissão de nota fiscal.

Desta forma, a empresa recolherá menos impostos e utilizará este recurso para
sanear a empresa e manter os postos de trabalho dos funcionários.

Na condição de contador, e com base nos princípios éticos, como você deve orientar o
procedimento do seu diretor?

elm = A empresa deve conseguir recursos para pagar os funcionários e pagar os impostos e/ou
negociar a dívida com os esses dois grupos (funcionários e governo). Se não conseguir
encontrar levantar recursos necessários e/ou a negociação com os dois grupos não for
possível, solicitar recuperação judicial ou falência, conforme o grau de endividamento
envolvido.

Padrão de resposta esperado

Você deve lembrar ao diretor de vendas que adquirir produtos sem nota fiscal
é crime de sonegação fiscal, de acordo com a Lei n.º 4.729/1965, artigo 1º.

Além de acarretar maiores prejuízos à organização, a responsabilidade “será


de todos os que, direta ou indiretamente ligados à mesma, de modo permanente
ou eventual, tenham praticado ou concorrido para a prática da sonegação
fiscal” (Lei n.º 4.729/1965). A pena ao sonegador fiscal pode ser de 6 meses
a 2 anos de detenção.

É importante esclarecer e orientar formalmente a direção da empresa que tal


ato é crime grave, não devendo, portanto, ser adotado mesmo diante da
possibilidade de preservar os empregos e a continuidade da empresa.

Portanto, mesmo que a direção da empresa decida enfrentar tal situação, as


possibilidades de superar um processo administrativo/legal por crime por
sonegação são mínimas. Além disso, a sua imagem ficará comprometida perante a
opinião pública e no segmento de mercado em que atua.

Em situações como essa, a empresa perde seu valor de mercado, causando


prejuízos ainda maiores aos investidores e aos acionistas.
_4.2_ Infográfico
O conflito ético surge do desentendimento e ou de divergências entre duas ou mais partes e se
divide em quatro importantes níveis: humano, intrapessoal, interpessoal e social. Na medida em que
o conflito faz com que os indivíduos exponham suas ideias e pensamentos, também contribui
decisivamente para o avanço e a maturidade individual e da sociedade. Esse ganho de maturidade
contribuirá sobremaneira com o gerenciamento dos conflitos nas tomadas de decisão também na
área profissional.
elm = infográfico confuso, talvez até errado... Deletei. Copiei poucas infos contidas nele:

CONFLITO ÉTICO

Níveis:
> Intrapessoal
> Humano
> Interpessoal
> Social

\ Causa Divergências
\ Necessita de Decisão
\ Solução: Negociação
\ Possibilita: Evolução
_4.2_ Conteúdo do livro
Apesar de a expressão sugerir algo pejorativo, o conflito ético não pode ser visto essencialmente
como algo negativo. Pelo contrário, o conflito é um mecanismo para a evolução das pessoas e do
tecido social em suas mais variadas composições. Contudo, a gestão do conflito ético passa
obrigatoriamente pelo processo de negociação dos indivíduos – primeiramente, consigo mesmo e,
depois, com todas as partes envolvidas em um eventual processo conflituoso.

No capítulo Conflito ético, da obra Ética e legislação contábil, que servirá de base teórica para esta
Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre a natureza do conflito, seus tipos, bem como
sobre as formas de gerenciar conflitos.

Boa leitura.

elm = livro não encontrado na bib


virtual.
© SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016

Colaboraram nesta edição:


Coordenador técnico: Pablo Rojas
Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH
Imagem da capa: Shutterstock
Editoração: Renata Goulart

Reservados todos os direitos de publicação à


SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A
Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana
90040-340 - Porto Alegre, RS
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070

É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer


formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia,
distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa.

S719e Sousa Júnior, Walter Alves de.


Ética e legislação contábil [recurso eletrônico] / Walter Alves de Sousa Júnior
coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre : SAGAH, 2016.

Editado como livro impresso em 2016.

ISBN 978-85-69726-07-4

1. Contabilidade - Ética. 2. Contabilidade – Legislação. I. Título.

CDU 657:17+34

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


INTRODUÇÃO

O conflito sempre está presente no cotidiano das pessoas. Não importa


o contexto que está sendo vivenciado, situações conflitantes ocorrerão a
todo instante.

O conflito ético não se refere apenas ou somente às grandes questões da


humanidade, pelo contrário, mesmo nas situações de menor importância
ou nas decisões simples da vida comum o conflito é encontrado. O conflito
aparece de forma muito clara e transparente nas situações de grandes
conflitos como guerras, atos de terrorismo, mas também aparece de forma
mais dissimulada como a disputa por uma vaga no estacionamento, um lugar
na fila do banco, dentre outras.

O conflito é fruto do desentendimento entre duas ou mais partes, porém, é


muito importante compreender como funciona o mecanismo que desencadeia
este conflito. Conhecer o mecanismo possibilita encontrar formas de
solucioná-los e mais importante ainda, desenvolver maneiras de evitá-los
em qualquer nível.

Os conflitos ocorrem com maior intensidade em ambientes ou situações


de grande pressão, interesses pessoais ou coletivos, e desafios. Mas em
dúvida, os conflitos ganham intensidade quando necessitamos decidir sobre
questões para as quais existe uma “norma” padrão já definida pela sociedade
e, no entanto temos a possibilidade ou mesmo o desejo de romper com a
tradição e optar por um caminho novo.

Nestes casos quebrar paradigmas e decidir de forma diferente daquela


habitual torna-se uma tarefa difícil, pois certamente a decisão tomada poderá
provocar reações tanto de aceitação como de reprovação e as consequências
nem sempre são previsíveis.

22
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final da unidade você deverá ser capaz de:

• Compreender o que é um conflito ético;


• Entender os tipos de conflitos éticos e suas consequências;
• Gerir conflitos éticos.

O SIGNIFICADO DE CONFLITO ÉTICO

A forma como as pessoas identificam ou percebem uma temática ética é


chamada de Intensidade Ética. Pode ser chamada como um grau de
interesse que desperta nas pessoas o desejo de seguirem valores ou
normas que conduzam a ações éticas (WILLIAM, 2010).

Portanto o conflito é originário da necessidade que temos de decidir


sobre algo. As situações em que temos que decidir entre sim ou não,
normalmente são as que nos trazem profunda inquietação e com ela os
dilemas. O dilema ocorre quando desejamos as duas coisas, mas
necessariamente precisamos escolher ou definir entre uma ou outra.

As duas situações podem ser escolhidas, contudo, apenas uma delas


é eticamente correta. Essa condição nos traz a consciência de que se
temos liberdade e autonomia, certamente viveremos conflitos éticos e
dilemas ao longo da vida, pois a liberdade e a autonomia são os
elementos essenciais para as tomadas de decisão.

Por outro lado, enfrentamos e conduzimos melhor os dilemas na


medida em que estabelecemos com clareza nossos reais valores e
princípios. São os valores e princípios que norteiam nossas decisões.
Muitas vezes temos o forte desejo de decidir de uma determinada maneira,
mas ao submetermos essa possibilidade de decisão aos nossos valores e
princípios, percebemos que tal decisão provocará desconforto, inquietação
e prejudicará nossa paz de espírito. Portanto, ao longo da vida muitas
vezes o nosso desejo terá de ser submetido ao que chamamos de decisões
eticamente corretas, pois são decisões acertadas e legítimas.

23
OS TIPOS DE CONFLITO

Conforme Andrade, Alyrio e Macedo (2007), o conflito se divide em diversos


níveis como veremos a seguir.
a. Conflito humano: Está relacionado a todas as formas de disputa envolvendo
os seres humanos. A solução destes conflitos ocorre pelas vias de negociação,
onde decisões tomadas poderão acarretar outros conflitos e dilemas.
b. Conflito Intrapessoal: Também é conhecido por conflito interior. Refere-
se aos dilemas e dramas da consciência, decorrentes das possibilidades
antagônicas, contraditórias.
c. Conflito Interpessoal: Conflitos que envolvem pessoas de forma individual.
As soluções podem ocorrer através de alguma forma de ajuste ou acordos.
d. Conflito Social: Trata-se dos conflitos entre grupos sociais organizados e
estruturados. Esses grupos defendem seus interesses, geralmente diferentes
do interesse dos grupos antagônicos.

CONSEQUÊNCIAS DO CONFLITO ÉTICO

Toda atividade humana é realizada tendo como pressuposto o alcance


da felicidade. A felicidade é considerada o bem supremo e este conceito é
plenamente aceito por todas as pessoas. Ocorre que aquilo que para uns é o
ápice da felicidade; para outros nada significa.

Portanto, as opiniões e conceitos a respeito da origem da felicidade são


bastante divididos provocando consequências muitas vezes traumáticas
para a sociedade. Enquanto uns depositam sua felicidade em coisas tangíveis
como bens, propriedades, consumo - outros optam por valores distintos,
como realização pessoal, desafios e conquistas. Assim, as consequências
dos conflitos éticos são os mais variados e podem acarretar consequências
positivas e ou negativas ao grupo social ou aos indivíduos separadamente.

Outro fator relevante a ser considerado são os três principais modos de vida:
a. A Vida;
b. A Vida Política;
c. A Vida Contemplativa.

24
A Vida está relacionada à forma de viver em busca da felicidade conforme
descrito anteriormente.

A Vida Política estabelece que as virtudes sejam mais importantes que as


glórias, assim sendo; mais importante que a felicidade é a virtude como o
fim do homem.

O Terceiro modo de viver é a Vida Contemplativa e Intelectual. Trata-se


da vida que envolve os negócios, as finanças, as riquezas, e também a
violência. É o mundo que mais facilmente percebemos.

A fonte da qual se origina a ética é a realidade humana, assim, todas as linhas


e escolas de pensamento ético promovem a reflexão sobre as dinâmicas que
envolvem as três principais formas de vida.

Em todas as formas haverá desdobramentos, conflitos e dilemas os quais


afetarão ora positivamente ora negativamente a sociedade.

GERENCIANDO O CONFLITO ÉTICO

Conforme abordamos, a origem dos conflitos encontra-se nos dilemas éticos,


que por sua vez são fruto das diferentes formas de viver das pessoas. A forma
como as pessoas se relacionam, absorvem e interpretam as informações, e
expressam suas opiniões e ideias, também contribui acentuadamente para a
geração de situações conflitantes.

Embora este quadro pareça desfavorável, os conflitos são extremamente


importantes, pois promovem a mudança o crescimento e a inovação,
contribuindo de forma decisiva para o avanço e maturidade de todos. O
conflito faz com que os indivíduos exponham suas ideias e pensamentos
diante das situações mais adversas.

Esse procedimento leva as pessoas a pensar e a refletir com mais profundidade


sobre a forma como estão se comportando, seus princípios e valores. Em
outras palavras, faz com que os indivíduos tenham a oportunidade de mudar
a sua forma de viver, na medida em que realizam uma introspecção.

25
Ocorre que muitas vezes o conflito ganha contornos indesejáveis, provocando
insegurança e desconforto, dificultando a boa convivência e, no caso das
empresas; prejudicando o processo de tomadas de decisões. Desta forma é
preciso saber gerenciar os conflitos sejam eles intra ou interpessoais, para que
possamos alcançar melhores resultados pessoais e profissionais. Analisando
este quadro desafiador, nos deparamos com a seguinte questão: como podemos
administrar ou gerenciar os conflitos e obter resultados positivos?

Pois bem, na verdade não há uma forma específica para gerenciar os conflitos.
Esta tarefa requer uma série de ações conjuntas e bem coordenadas.

A negociação na gestão dos conflitos éticos

A negociação se destaca como uma das principais ferramentas para o sucesso


na gestão dos conflitos, inclusive éticos.

Na verdade em praticamente todos os momentos de nossa existência


estamos negociando. Mas a negociação para ser bem sucedida exige uma
série de requisitos que os indivíduos precisam desenvolver e aplicar aos mais
variados contextos e situações conflitantes.

a. Conflito Intrapessoal (conflito interior): Primeiramente precisamos buscar


o autoconhecimento e aprender a reconhecer nossas limitações. Isso é
muito importante, pois muitos conflitos éticos nos acometem devido e
este desconhecimento. A partir do momento que nos conhecemos melhor,
podemos praticar a autonegociação (negociar consigo mesmo), estabelecendo
regras, instituindo ou modificando princípios e valores, sempre no objetivo
de melhorar nossa qualidade de vida interior, muitas vezes fonte de grandes
dilemas e conflitos.
b. Conflito Interpessoal: É neste campo que encontraremos a maior
concentração de conflitos, pois viver em sociedade é uma tarefa desafiadora
pelas razões já estudadas anteriormente. A convivência com os diferentes
tipos de personalidades leva, inevitavelmente à geração dos conflitos.
Certamente a negociação torna-se fundamental na gestão dos conflitos
interpessoais, sobretudo pela necessidade de promover a harmonia entre as
partes conflitantes, e ao mesmo tempo, respeitando as diferenças de opinião.

26
Para desenvolvermos a habilidade de gerenciar conflitos de ordem ética
necessitamos estruturar o pensamento sistêmico que é o processamento de
ideias de forma que interajam entre si e consigam expressar o todo (SENGE,
2009).

Contudo para obter esta habilidade é necessário compreender 4 princípios


básicos:

1. Domínio pessoal: capacidade pessoal de obter os resultados esperados;


2. Modelos Mentais: capacidade de questionar, pensar, organizar e refletir,
pois isto melhorará suas decisões;
3. Visão compartilhada: capacidade de engajar os demais rumo à desafios
comuns;
4. Aprendizado em equipe: permitir que cada colaborador possa
compartilhar seus conhecimentos com o grupo (SENGE, 2009).

Desta forma a maneira de gerenciar os conflitos dentro da organização serão


mais acessíveis a quem necessita enfrentá-los no seu dia a dia corporativo.

Finalmente, os conflitos podem promover ganhos na medida em que as


pessoas conseguem superá-los seja no aspecto intra ou interpessoal,
promovendo a melhoria e o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade.
Todos esses elementos são fundamentais nos processos de tomada de
decisão que os indivíduos enfrentarão ao longo a vida, sobretudo na vida
profissional como veremos nas próximas unidades.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, R. O. B. et al. Princípios de negociação. São Paulo. Ed. Atlas, 2007.

CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. São Paulo:


Makron Bools, 1999.

SENGE, P. M. A quinta disciplina. 25.ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2009.

WILLIAM, Chuck. ADM. São Paulo. Cengage Learning, 2010.

26
_4.2_ Dica do professor
Seja na convivência em sociedade, seja no contexto profissional, os conflitos éticos são inevitáveis.
Divergências de opinião, cultura e outras influências são fontes geradoras de conflitos entre as
pessoas. Contudo, os conflitos contribuem para a evolução e o amadurecimento da sociedade.
Portanto, é fundamental saber gerenciá-los da melhor forma para alcançar esse objetivo.

Na Dica do Professor, você vai saber mais sobre o conflito ético.


https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/826fc2480501157b8d4d11ec6fb20abe

4 min

[VIDEO TRANSCRIPT] 4.2 CONFLITOS ÉTICOS

Estamos estudando sobre Conflito Ético. O conflito ético é resultante da


necessidade que temos de fazer as nossas escolhas.

O conflito ético surge do conflito, primeiramente, intrapessoal, são as


situações que envolvem o nosso interior, nossa maneira de ver a vida, a forma
como fomos criados, a nossa crença. Tudo isso dentro de uma necessidade de
escolha pode promover um conflito interior, que contribui bastante para o
agravamento de um conflito ético.

A outra etapa do conflito ético é o conflito interpessoal. Ao contrário do


conflito intrapessoal, o conflito interpessoal é o conflito que envolve
pessoas, sociedade, grupos, pois as pessoas têm opiniões diferentes, visões
divergentes a respeito de um tema ou um assunto.

O conflito intrapessoal e o conflito interpessoal, somados, vão gerar o


conflito humano.

O conflito humano acontece desde a mais tenra idade no ambiente familiar,


logo no início de nossas vidas até chegar a desencadear o chamado conflito
social.

O conflito social é algo mais abrangente, que envolve grupos de pessoas que
defendem uma causa, uma ideia, um posicionamento. É muito comum esse fenômeno
no meio da política.

Quando falamos em conflito, a impressão que se tem é que estamos tratando de


uma coisa negativa em função da expressão “conflito”. Na verdade, não é isso,
pois os conflitos promovem a evolução das pessoas, dos indivíduos e da
sociedade.

O conflito faz com que as pessoas discutam, elaborem novos pareceres, tomem
novas posições e gera a oportunidade de vermos a vida de uma forma diferente
e, assim, tomarmos outras posições mais evolutivas na nossa forma de viver.

Da mesma maneira que o conflito ético promove a evolução social, individual e


da coletividade, o conflito também acontece nas empresas. O conflito
empresarial vai promover o crescimento da empresa e da tecnologia que vai
levar à inovação.
Porém, é complexo lidar com a questão do conflito, seja na sociedade, seja
nas empresas. A ferramenta que se desenvolveu para gerenciar os conflitos é a
negociação.

A negociação procura equalizar os ânimos, as posturas divergentes e tenta


indicar um caminho em que todos possam pensar colaborativamente, equalizando
suas divergências, procurando o bem comum.

Por isso, é muito importante que o gestor e nós, como, pessoas, indivíduos,
desenvolvamos a nossa habilidade de negociar.

A habilidade de negociar só vai ser desenvolvida na medida que nós


compreendamos melhor a nossa questão interior, ou seja, nossa postura
intrapessoal e saibamos lidar também com o Interpessoal. Só assim essa
habilidade será ampliada e nós poderemos negociar melhor os conflitos que vão
levar a um resultado melhor.
_4.2_ Exercícios

1) O conflito ético está sempre presente no cotidiano das pessoas, não importando o contexto
em que está sendo vivenciado. Isso implica que as situações conflitantes ocorrerão a todo
instante. Com base nisso, indique a alternativa correta.

A) O conflito é fruto do desentendimento entre duas ou mais organizações empresariais.

B) Todos os conflitos são de caráter exclusivamente interpessoal.

C) O conflito é fruto do desentendimento entre duas ou mais partes.

D) Os conflitos em nada contribuem para a evolução social.

E) O conflito apenas prejudica as relações e o desenvolvimento das instituições sociais e


empresariais.
2) O conflito é fruto do desentendimento entre duas ou mais partes, porém é muito importante
compreender como funciona o mecanismo que o desencadeia. Assim, é possível solucioná-
lo. É fundamental lembrar que muitas variáveis colaboram para o aumento ou não da
intensidade dos conflitos. Considerando isso, assinale a alternativa correta.

A) Os conflitos ocorrem com menor intensidade em ambientes ou situações de grande pressão,


interesses pessoais ou coletivos e desafios.

B) As situações de pressão por resultados não interferem na intensidade dos conflitos.

C) Os conflitos ganham intensidade quando necessitamos decidir sobre questões para as quais
não exista uma norma padrão já definida.

D) Os conflitos ocorrem com maior intensidade em ambientes ou situações de grande pressão,


interesses pessoais ou coletivos e desafios.

E) Não é preciso gerenciar os conflitos, sejam eles intra ou interpessoais.


3) Andrade, Alyrio e Macedo (2007) estabelecem que o conflito se divide em quatro níveis.
Assinale a alternativa que contém os quatro níveis de conflito.

A) Conflito humano, conflito intrapessoal, conflito interpessoal, conflito político.

B) Conflito econômico, conflito cultural, conflito interpessoal, conflito social.

C) Conflito humano, conflito social, conflito racial, conflito político.

D) Conflito educacional, conflito social, conflito humano, conflito interpessoal.

E) Conflito humano, conflito intrapessoal, conflito interpessoal, conflito social.


4) As consequências dos conflitos éticos são as mais variadas e podem ser tanto positivas
quanto negativas, atingindo o grupo social ou os indivíduos separadamente. Dessa forma,
devem ser considerados outros fatores relevantes como, por exemplo, os três principais
modos de vida. Indique a alternativa que contém esses modos de vida.

A) A vida econômica, a vida política, a vida contemplativa.

B) A vida, a vida política, a vida profissional.

C) A vida política, a vida contemplativa, a vida financeira.

D) A vida, a vida política, a vida contemplativa.

E) A vida política, a vida sociocultural, a vida contemplativa.


5) Como podemos administrar ou gerenciar os conflitos e obter resultados positivos? Na
verdade, não há uma forma específica de gerenciar os conflitos. Essa tarefa requer uma série
de ações conjuntas e bem coordenadas. Contudo, há uma ferramenta que se destaca no
gerenciamento dos conflitos. Assinale a alternativa que apresenta a ferramenta correta.

A) Diagrama de causa efeito (Ishikawa).

B) Brainstorm (tempestade de ideias).

C) Negociação.

D) Conselhos administrativos.

E) Stakeholders (todos os que se relacionam com a empresa).


_4.2_ Na prática
As empresas, quando tratam de planejamento de carreira, devem buscar, por meio de métricas
definidas pela área de Recursos Humanos, estabelecer os parâmetros para o evento de promoção
interna.

A promoção de funcionários nas empresas, muitas vezes, se torna uma das tarefas mais difíceis para
os gestores em função de fatores interpessoais e intrapessoais. Isso ocorre quando não existe uma
Política de Remuneração Estratégica na organização.

Vejamos o caso demonstrado em Na Prática.

Suponha que o gerente de uma empresa precise promover um dos seus


funcionários para uma vaga de supervisor.

Dentre os 30 funcionários do setor, apenas dois atendem aos requisitos


necessários: o José e o Mário.

O José esta na empresa há oito anos.

O Mário trabalha na empresa há dezoito meses e é padrinho do filho do


gerente.

Como o Gerente do setor deve proceder?


Em situações como essa deve prevalecer sempre a boa conduta ética. Se os dois funcionários são
igualmente capacitados, o fator a ser considerado então é o tempo que cada um trabalha na
organização, o que normalmente chamamos de “antiguidade”

Contudo não podemos esquecer de 2 outros fatores que são relevantes neste momento, que são:
1) Experiência: quanto tempo o funcionário que está concorrendo a promoção têm de experiência
na função (deve-se levar em consideração a experiência profissional);
2) Desempenho anterior: que experiências anteriores o funcionário teve em desempenhar esta
função anteriormente?

Desta maneira, utilizando estes 3 parâmetros, mesmo que a empresa não possua um Plano de
Cargos e Salários (necessário para o Planejamento de Carreira), a decisão a ser tomada será a mais
ética possível!
_4.2_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Conflito e confronto Mário Sergio Cortella


Assista ao vídeo sobre conflito e confronto na visão do filósofo Mário Sergio Cortella.

https://youtu.be/JmiAsA3pIeo 5 min

Nov 11, 2021 Numa época de constantes cancelamentos, faz-se necessário distinguir os
conceitos de "conflito" e "confronto". Como podem os membros da sociedade adereçar de forma
construtiva suas diferenças?
Seja aluno de Mario Sergio Cortella: https://cursodocortella.com.br/

elm = Paz é ausência de confronto. Num jogo de futebol temos conflito. Numa gerra há confronto, seria um erro chamar
de conflito armado, pois o confronto visa eliminar o outro, já o conflito, em geral, engrandece os conflitantes.

Gestão de conflitos: transformando conflitos organizacionais


em oportunidades
Nesse artigo, é abordada a gestão de conflitos com ênfase nos seus impactos e resultados nas
organizações.
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/gestao-conflitos-no-ambiente-
organizacional-transformando-problematicas-oportunidades.htm

pág.internet
RESUMO Os conflitos são inerentes às relações humanas, seja em ambientes formais ou
informais. Divergências de opiniões, personalidades opostas, tipos de liderança variados ou
até mesmo ruídos na comunicação são alguns dos fatores que influenciam no clima organizacional
de uma empresa, podendo gerar embates em seus mais variados níveis e, consequentemente,
afetando a instituição como um todo. No ambiente de trabalho, saber gerir e conduzir tais
conflitos de forma a não apenas resolve-los, mas também extrair oportunidades de melhorias
deles, é um dos principais fatores de sucesso aos administradores de empresas. Mesmo com a
globalização e a necessidade de constante atualização, de práticas de mercado e de pessoal
cada vez mais apuradas, esse ainda é um tema pouco abordado, em que pouco se investe, pois é
visto como tabu, algo a não ser tratado em sua raiz, mas apenas camuflado. Através de
pesquisas bibliográficas, este artigo apresenta os principais conceitos de conflito, incluindo
suas causas, a importância de sua gestão no desenvolvimento de equipes e a explicitação de que
conflitos podem ser grandes aliados no crescimento empresarial.

Gestão de conflitos
O conflito, quando bem conduzido, reestabelece o equilíbrio na empresa. Leia o artigo, de autoria
de Paulo Araújo.
https://administradores.com.br/artigos/gestao-de-conflitos pág. internet
... Quando tudo parece calmo demais e por muito tempo ninguém se desentende, ou sua empresa atingiu a perfeição ou:
– Existe falta de comprometimento das pessoas: neste caso as pessoas não estão preocupadas com o resultado final,
mas sim com o seu resultado individual. Estão focadas cada uma nos seus problemas e, sinceramente, tanto fez ou
tanto faz quando o assunto é excelência ou melhoria nos processos; – Há pouca abertura para a inovação: ausência de
conflitos pode dar uma grande pista do quanto sua empresa é inovadora. Como muito pouco ou quase nada se muda, tudo
já está ajeitado em uma enorme zona de conforto; – Existe uma cultura da mesmice: as pessoas criam ou participam dos
seus feudos organizacionais. Tudo sempre foi assim. Para quê mudar e criar conflitos com outros setores,
fornecedores, comunidade ou clientes? O pensamento que impera é: melhor deixar como está.
Os conflitos organizacionais provocam o amadurecimento da equipe e estabelecem novos padrões de excelência,
produtividade e revisão de processos.
O conflito, quando bem conduzido, reestabelece o equilíbrio na empresa. ...
Aula C.1
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

História da ética
_C.1_
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem iremos estudar as diversas acepções do conceito de ética no
decorrer do pensamento e do fazer humano ocidental. Visitaremos alguns dos principais
pensadores da ética, desde a antiguidade grega até os dias atuais.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Construir um conceito do que significou a ética no entremeio da história do Ocidente.


• Relacionar o pensamento dos principais pensadores com questões relevantes, no âmbito
profissional.
• Diferenciar os principais conceitos de ética construídos dentro do pensamento ocidental.
_C.1_ Desafio
Nesse desafio gostaríamos de propor uma reflexão acerca de uma situação exposta por Michael
Sandel, professor de Harvard, a seus alunos, para que decidissem qual seria a ação mais
correta/ética, diante do seguinte dilema: você é o motorista de um bonde, em um dado momento,
percebe que o freio acabou. A alguns metros à frente há cinco homens trabalhando. Significa que
se não se desviar, irá matar os cinco homens. No entanto, você percebe que, logo à frente, há um
desvio no trilho, e nesse desvio há apenas dois homens. Se acaso desviar, você irá matar apenas
dois homens, ao invés de cinco. Diante desta concepção, e levando-se em conta o dilema moral do
valor da vida individual, ou da quantidade de vidas a serem salvas, elabore um parecer com a
solução para o caso.

Para realizar esse desafio você deverá atender aos seguintes itens:

1 - perceber o problema ético que gravita na questão, portanto, problematizá-lo;


2 - destacar as duas situações discutindo a grande problemática, se devemos nos prender ao
número de vidas, e se isso é o mais importante, ou se ao invés disso, deve-se imaginar que toda
vida tem o mesmo valor, ou seja, considerar o valor da vida em sua singularidade;
3 - sustentar o seu ponto de vista informando porque ele deveria ser considerado ético;

Obs.: Importante perceber que o dilema moral/ético que se nos apresenta, de fato, não pode ser
tratado como tudo ou nada, ou seja, não podemos pensar que há uma solução correta apenas, mas
devemos buscar a construção de argumentos para sustentar nossa saída.

elm = a OBS. do enunciado já aponta o principal a ser considerado na questão. 1) Problema


ético, nas duas opções teóricas apresentadas, a decisão resulta em ceifar vidas. 2) Não
há como julgar eticamente que uma vida vale menos que duas ou mais, valor da vida não é
quantificável. O problema proposto pelo prof. Sandel é teórico, na vida real, não
saberíamos quantas vidas estariam em jogo e provavelmente não haveria tal clareza de só
haver duas opções a considerar... 3) O argumento mais simples seria escolher a opção que
ceifa menos vidas, mas como dito em 2, valor da vida não é quantificável, logo o número de
vidas não deveria ser decisivo.
Padrão de resposta esperado

O dilema moral que envolve o motorista do bonde envolve, em verdade, a


discussão de uma ética meramente utilitarista, ou seja, que coloca o acento
e o valor nos números. Assim, de acordo com essa teoria, a ação que
resolveria o dilema seria aquela que salvasse o maior número de pessoas,
logo, cinco, ao invés de duas, seriam salvas.

De outro lado, podemos também fundamentar a decisão dizendo que cinco vidas
não podem ser consideradas mais valiosas que duas, pelo simples fato de que
uma vida apenas já vale por si só. Independentemente do número, ora, se
pensássemos assim, estaríamos quantificando o valor da vida.

Diante dessas circunstâncias, a primeira conclusão a que se chega, seria a


de que quando falamos de dilemas morais não há uma saída definitiva. A
escolha, por si só, já determina essa violência, pois, enquanto humanos,
estamos lançados à tragédia da finitude. Isso nos torna frágeis e falíveis.
Essa face, portanto, fica evidenciada na situação descrita.

O exercício proposto, é ele mesmo o que fundamenta nossa possibilidade de


saída desse dilema, ora, acompanhamos Aristóteles quando nos diz que somos
aquilo que habitualmente fazemos, por isso mesmo, refletir sobre o dilema,
nos colocarmos no lugar das pessoas, buscar imaginar uma saída menos
dolorosa. Sentir se são além de trabalhadores nos trilhos, são também pais e
mães, filhos e esposas. Avós e avôs. Portanto, pensamos que exatamente aí
está a medida da questão. Deixar que o outro nos invente é exatamente a
questão que enreda, é exatamente a possibilidade ética. Ética, enquanto
outro que nos realize. Dessa maneira estaremos agindo com ética, e não
apenas fazendo contas. A resposta correta não seria necessariamente apontar
qual a solução, pois se trata de um dilema, mas sim, educar-nos para as
decisões que vêm.
_C.1_ Infográfico
Neste infográfico você poderá detectar uma mostra das fases pelas quais passou o pensamento
acerca da ética no Ocidente.

elm = copiado texto sem formatação do infográfico, que deletei por


considerar ruim, polui a informação.

PENSAMENTO ÉTICO NO OCIDENTE:

Grécia Antiga - séculao V a.C.


> Sócrates: ética é conhecer o bem.
> Platão ética é dar a cada um o que é seu; controle pela parte racional.
> Aristóteles: ética é o hábito a ações que busquem o meio termo.

Idade Média: período cristão até o século XV.


> Ética seria aquilo que estivesse de acordo com a divindade.

Idade Moderna: século XV até XX.


> Kant: ética é agir pelo dever moral e o imperativo categórico.
> Utilitarismo - J. S. Mill: ético e justo é agir de maneira e trazer a
felicidade para o maior número de pessoas.

Pós-modernidade
> Ética da alteridade de Emanuel Lévinas: ética é o rosto do outro que
clama, que nos obriga a ele, que nos realiza enquanto humanos.
_C.1_ Conteúdo do livro
Acompanhe o material a seguir e conheça a história da ética, bem como as ideias dos principais
pensadores sobre o tema.

Boa leitura.

elm = texto sem indicação da fonte / autoria.

A palavra ética, origina-se do radical grego ethos que indicaria o costume


habitual em determinada classe. Nesse sentido, e a apontar na mesma
direção temos a palavra moral, que originada do anterior latino mores,
também desemboca na ideia de costume. Essa distinção, entre moral e ética
e o construto histórico em relação à maneira como a ética foi percebida desde
os gregos até os dilemas atuais nos ajudarão a perceber como o humano foi
se criando e circundando o mundo com sua lavra espiritual. Pensar a ética é
entender, ou buscar entender, uma dimensão que ocupa desde sempre o
homem, pois é nessa interação que faz brotar sua existência mesma, posto
que coloca-se como um ser relacional necessariamente.

O objeto do saber ético procura discernir, dentre as relações no seio de uma


comunidade, qual a melhor forma, as melhores direções, ou, em melhores
palavras, qual a maneira mais amena para que o encontro e a
intersubjetividade que nos forma e nos conforma se realizem sem maiores
problemas para os consortes envolvidos nessa comunidade.

Importante relembrar os dizeres heideggerianos acerca do dasein: Esse ente


que cada um de nós mesmos sempre somos e que, entre outras coisas,
possui em seu ser a possibilidade de questionar. Nesse sentido, o ser
humano além de procurar uma vivência harmoniosa, diríamos moral, também
questiona, reflete acerca desse modus vivendi. Isso faz com que entremos
para o campo da ética, propriamente. Assim, percebemos que a ética seria
então o momento de reflexão acerca da vivência moral. Também nesses
mesmos termos nos ensina Sánchez Vásquez:

Os homens não só agem moralmente (isto é, enfrentam determinados


problemas nas suas relações mútuas, tomam decisões e realizam certos atos
para resolvê-los e, ao mesmo tempo, julgam ou avaliam, de uma ou de outra
maneira, estas decisões e estes atos), mas também refletem sobre esse
comportamento prático e o tomam como objeto da sua reflexão e de seu
pensamento. Dá-se assim a passagem do plano da prática moral para o da
teoria moral; ou, em outras palavras, da moral efetiva, vivida, para a moral
reflexa. Quando se verifica esta passagem, que coincide com o início do
pensamento filosófico, já estamos propriamente nas esferas dos problemas
teórico-morais ou éticos. (VASQUEZ, 2010, p. 17)
(...)
Sócrates

Aqui o norte a ser seguido é o diálogo platônico Apologia de Sócrates, em que é


narrado o julgamento socrático. Deste escrito, pretendemos retirar os principais
conceitos da ética socrática. É de sabedoria comum que em Sócrates não podemos
distinguir seus ensinamentos éticos de sua forma de vida. O que por si só seria uma
excentricidade, dada a necessidade imposta pelo filósofo do conhecimento da
virtude para o alcance da via ética e, por isto mesmo, para ser ético, importa
conhecer o que é ético.

Conhecimento e prática são inseparáveis. Um não existe sem o outro. Daí que, para o
nosso filósofo, o conhecimento e a virtude são idênticos. Por isso, não existe o mal
voluntariamente desejado; se alguém pratica o mal, é por erro, por ignorância.
Entretanto, para que conhecimento e virtude se deem reciprocamente, é necessário
que se ame o bem. Somente o amor pelo bem é que possibilita não só seu
conhecimento, mas o agir de acordo com ele. A isso se convencionou chamar de
intelectualismo ético de Sócrates. (BORGES,1999, p. 45)

De acordo com o ensinamento socrático, aquele que comete o mal, o faz com o juízo
de que estaria a realizar algo para o alcance de sua felicidade. É ignorante em relação
ao bem por ter seu juízo «falseado» por aparências externas, meras impressões.
Cabe, portanto, ao homem, exercer sua função racional para alcançar o
conhecimento do bem e, uma vez alcançado, praticá-lo. Dessas considerações
podemos entender que Sócrates considera possível o agir ético a partir do seu
conhecimento.

O mandamento do oráculo "conhece-te a ti mesmo" explica o significado da Ética


Socrática. O homem é nutrido por uma natureza empírica, de sensações, e outra
natureza racional. Nesse sentido, é imprescindível ao homem o conhecimento
racional de si mesmo para que possa conhecer o mundo, e distinguir entre o que é
fortuito, acidental, e o que é, de fato, racional e duradouro, verdadeiro diríamos.

Sócrates mostrou que é preciso distinguir a impressão dos sentidos, em que


predomina a variedade e o arbítrio individual, a instabilidade e a acidentabilidade
subjetiva, e aquilo que é produto da razão, onde encontramos conhecimentos
necessariamente iguais para todos os homens. Portanto, é preciso erguer-se dos
sentidos à unidade conceitual, racional. Sócrates ensinava a procurar o princípio da
verdade. Saber e operar, para ele, são como ciência e virtude, uma só coisa, pois esta
não é mais do que uma aplicação daquela. (VECCHIO, 1972, p. 43)
Platão

A justiça em Platão se realiza sempre na Polis, ou seja, a harmonia desta seria


encontrada quando a cada um estivesse destinado aquilo que sua alma aspirasse.
Nesses termos, Platão diz que há uma possível correlação entre a organização do
Estado e as partes do corpo humano.

Para Platão, o Estado é o homem grande, ou seja: um organismo completo, em que


se encontra reproduzida a mais perfeita unidade. Constituído por indivíduos,
solidamente estruturado, semelha um corpo formado por vários órgãos, cujo
conjunto lhe torna possível a vida. No indivíduo, como no Estado, deve reinar aquela
harmonia que se obtém pela virtude. (VECCHIO, 1972, p. 46)

Descreveremos essa relação, com a distinção que Platão faz acerca da alma humana.
Para o discípulo de Sócrates, a alma estaria dividida em três partes, sendo que a
parte racional deveria estar em primazia diante das outras. Essa ideia significa que a
virtude maior da harmonia seria alcançada quando a racionalidade contida na parte
superior da alma dominasse os instintos irascíveis, e estes por sua vez dominassem
os apetites baixos do corpo.

O que há é que a prudência (phronesis) socrática se converte em vida teórica (bios


theorético). Esta, declarada como a melhor das formas de vida, dentre as possíveis e
desejáveis formas de vida humanas (filósofo, cavalheiro, artesão), passou a servir de
modelo de felicidade humana. Tudo isso com base na tripartição da alma da seguinte
forma: alma logística, correspondendo à parte superior do corpo humano (cabeça), à
qual se liga o filósofo; alma irascível, correspondente à parte mediana do corpo
humano (peito), caracterizada pela coragem como virtude cavalheiresca; alma
apetitiva, correspondente à parte inferior do corpo humano (baixo ventre), a qual se
ligam os artesãos, os comerciantes e o povo. (BITTAR, 2010, p. 203)

É hora de percebermos a atuação do pensamento ético platônico em que o


virtuosismo racional de Sócrates ainda encontra eco. Ora, o encontro com a ética se
dá exatamente quando o homem consegue controlar seus impulsos, sentimentos e
fúrias. A ética que deflui da alma racional é exatamente a de estabelecer esse
controle e equilíbrio entre as partes da alma, de modo que se administre por força
racional e não epitimética ou irascível.

Aristóteles

O ideário aristotélico tem como fundamento a ideia de que todas as coisas tendem a
um fim, e este fim, por sua vez, seria o bem a ser realizado por aquela coisa. Aliás é
com esse pensamento que inicia sua Ética a Nicômaco. Toda arte e toda investigação,
bem como toda ação e toda escolha, visam a um bem qualquer; e por isso foi dito,
não sem razão, que o bem é aquilo a que as coisas tendem.
Nesse sentido e reconhecendo a inarredável característica de ser relacional, que é
constituinte do homem, necessitamos perscrutar dentro do pensamento aristotélico
qual seria o fim a que o homem aspira em sua vivência com o outro. Toda atividade
humana tem como finalidade um bem. No caso da ética, este bem se manifesta no
indivíduo que se prepara para viver com os outros na pólis, pois, conforme ensina
Aristóteles, o bem propriamente humano é o fim da política:

Mesmo que haja identidade entre o bem do indivíduo e o da cidade, é


manifestamente uma tarefa mais importante e perfeita apreender e preservar o bem
da cidade, pois o bem é, certamente, amável mesmo para o indivíduo isolado, mas é
mais belo e divino aplicado a uma estirpe e a uma cidade. (ARISTÓTELES, 2004, p.
10).

A ética, para Aristóteles, é uma investigação que constitui uma forma de política, em
outras palavras, o indivíduo de quem ela trata é o homem vivendo na pólis, onde o
bem a que todo homem aspira é a felicidade. A felicidade é o conteúdo do bem
ético, da ação moral.

Para Aristóteles um bem pode ser maior que o outro, e tal grandeza se mede pelo
grau de autossuficiência alcançado por este bem, isto é, aquilo que é parte de todo o
resto, torna a vida desejável e não carece de nenhum outro, o bem maior é a
felicidade, que se enquadra em todos os requisitos.

O bem é sempre uma excelência, e o bem ético consiste numa atividade da alma de
acordo com a virtude, isto é, numa vida virtuosa realizada plenamente, desse modo,
a felicidade não pode ser obra de um só dia, nem de pouco tempo, ao contrário, a
felicidade é obra de uma vida inteira. O bem ético, ou seja, a felicidade, é, portanto
obra de toda uma vida, não sendo alcançada imediatamente e tampouco de forma
definitiva, sendo, portanto um exercício cotidiano que a alma realiza durante todo
tempo de seu existir.

Esse raciocínio nos direciona ao entendimento de que esse bem aspirado pelo
homem, indivíduo ou comunidade -, seria a felicidade e, que ao agir bem e viver
bem, o homem seria feliz. No entanto, esse não seria o ponto mais complicado da
questão. O problema que envolve a questão é mesmo de ordem filosófica e requer
um tanto mais de apuro: concordar acerca de que a felicidade é o fim último a que
aspira o homem, não nos parece tarefa difícil. A dificuldade está em saber o que
significa isso a que buscamos, a felicidade.
O filósofo de Estagira liga de forma intrínseca o bem à ética, considerando-o como
um fim perfeito, que basta por si só, tornando a vida desejável, e para ele uma vida
desejável é sem dúvidas uma vida feliz. Desse modo, a felicidade é um conjunto de
bens, sendo, portanto, a finalidade das ações humanas. Para Aristóteles, a felicidade
estava afastada dos prazeres, tidos para ele como uma baixeza escrava, tanto da
plebe como da nobreza. A felicidade não é sinônimo de riqueza, pois esta era
somente motivo de canseira humana, sendo um meio, e não um fim da atividade
humana.

Para Aristóteles, o objetivo da ética era alcançar a felicidade. A felicidade, para ele,
era a vida boa compreendida como a vida digna. Para tal objetivo, a ética deve estar
subordinada à política, pois somente esta seria capaz de proporcionar vida digna e
feliz a seus cidadãos. Em sua obra Ética a Nicômaco, mais precisamente no Livro II,
Aristóteles expressa de maneira clara o intuito, o propósito, o objeto e o sujeito do
estudo da ética:

Estou falando da excelência moral, pois é esta que se relaciona com as emoções e
ações, e nestas há excesso, falta e meio termo. Por exemplo, pode-se sentir medo,
confiança, desejos, cólera, piedade, e, de um modo geral, prazer e sofrimento,
demais ou muito pouco, e, em ambos os casos, isto não é bom: mas experimentar
estes sentimentos no momento certo, em relação aos objetos certos e às pessoas
certas, e de maneira certa, é o meio termo e o melhor, e isso é característico da
excelência.

Há também, da mesma forma, excesso, falta e meio termo em relação às ações. Ora,
a excelência moral se relaciona com as emoções e ações, nas quais o excesso é uma
forma de erro, tanto quanto a falta, enquanto o meio termo é louvado como um
acerto; ser louvado e estar certo são características da excelência moral. A excelência
moral, portanto, é algo como equidistância, pois, como já vimos, seu alvo é o meio
termo. Ademais é possível errar de várias maneiras, ao passo que só é possível
acertar de uma maneira (também por esta razão é fácil errar e difícil acertar; fácil
errar o alvo, e difícil acertá-lo); também é por isso que o excesso e a falta são
características da deficiência moral, e o meio termo é uma característica da
excelência moral, pois a bondade é uma só, mas a maldade é múltipla (ARISTÓTELES,
2004, p.42).

Por virtude, Aristóteles compreende uma prática, os homens não nascem virtuosos,
as virtudes são adquiridas ao longo da existência, assim como os vícios. Para
Marilena Chauí, a virtude, na visão de Aristóteles, seria:
O que é a virtude? A medida entre os extremos, a moderação entre os dois
extremos, o justo meio, nem excesso nem falta. Moderar, em grego, se diz medo,
ação que impõe o médio/medida, méson. É uma ação-decisão de impor limites ao
que, por si mesmo, não conhece limites. Moderar (medo) é pensar, ponderar,
equilibrar e deliberar. A ética é a ciência da moderação ou, como diz Aristóteles, da
prudência (phrónesis). A virtude é virtude de caráter ou de força de caráter educado
pela moderação para o mesotes, o justo meio ou a justa medida. (CHAUÍ, 1994, p.
312).

Kant

A ética kantiana é chamada de Ética Deontológica, ou Ética do dever. Seu


pensamento foi erguido na tentativa de encontrar um fundamento ético
transcendental e, a priori, para explicar o agir ético do homem.

Para encontrar o fundamento último do agir ético, Kant questiona acerca da


existência de uma ação desinteressada, e que apenas se fundamenta em si mesma.
Nesse ponto, ao perquirir acerca de algo que é bom independentemente de sua
finalidade ou das consequências de seu existir, conclui-se pela boa vontade, como
única forma de entender algo como bom, sem restrições.

Como exemplo, o autor nos ensina a respeito dessa isenção que só a uma boa
vontade é possível: o sangue frio de um celerado não só o torna muito mais
perigoso, como também, a nossos olhos, muito mais detestável do o que teríamos
julgado sem ele.
O que Kant quer nos ensinar com o exemplo trazido é que existem coisas boas, tais
como o equilíbrio, a harmonia, a coragem, mas que estes valores não têm uma
bondade intrínseca a si, ora, podem a qualquer momento servir a fins que não os
mais interessantes para o homem, haja vista o exemplo acima.

O fundamento ético então torna-se, nos dizeres de alguns autores, uma virtude
formal. Por essa via, direcionamos o pensamento para a cristalização do pensamento
da ética kantiana, qual seja, o imperativo categórico, que será alvo de discussão
adiante.
Por ora, importa mencionar a natureza formal dessa categoria ética da boa vontade.
A boa vontade assim o é então, por qual motivo?

a) o êxito/fim alcançado com a ação?


b) a própria natureza do querer?
O solitário filósofo de Konigsberg, nos ensinará que um ato é considerado bom e,
portanto, ético, se houver se erigido meramente da natureza do querer. Isso já nos
indica um "distanciamente kantiano" em relação às demais teorizações éticas que
têm algo como fim a ser alcançado, ou mesmo que possui uma tábua de valores a ser
seguido. Kant, ao contrário, estabelece um rígido formalismo em que, o agir ético é
agir conforme a natureza do querer, que, para este pensador se equivale a agir
conforme o dever.

Levinas

A rota de fuga dessa violência simbólica fica apontada com a ideia levinasiana de
responsabilidade. Ao referirmos a essa ideia, precisamos estabelecer, aliás, como já
anunciado, que a existência do eu não se funda propriamente na percepção dada
pelo cogito. O outro me antecede na relação com o mundo. Nesse sentido, a
existência do humano é não apenas mediada pelo outro, mas, em verdade, temos
nele a condição primeva de minha colocação no mundo. Estabeleço-me no mundo a
partir e através do outro. No encontro com a face do outro me responsabilizo por ele
e por todos os outros que vierem, ora, o mundo constitui-se desta e por essa
possibilidade. Assim, a existência do humano restaria dada a partir do encontro com
o outro. O outro que me permite habitar o mundo enquanto me dou a ele em
condição de refém, mesmo sem querer, mesmo sem que tenha anuído por essa
responsabilidade de maneira antecipada.

De certa forma, o pensamento contemporâneo parece não estar muito bem


resolvido em face dessa perspectiva, uma vez que a já proclamada violência
simbólica, foi ela mesma condição para que erguêssemos o mundo tal qual é
conhecido. O mundo é ocidental, diriam os mais desavisados, e contra esse
pensamento racionalizante e instaurador de opressões e diferenciações das mais
diversificadas montas, é que o messianismo de Lévinas aparece como nova
possibilidade ao humano. Um encontro de rostos que não se identificam. Um
encontro em que os convivas não se apresentam, dado que a violência se apresenta
na relação, desde já, quando nos assumimos como habitantes de uma determinada
nacionalidade ou etnia. Daí em diante, as mais terríveis atrocidades, no sentido da
violência simbólica, são realizadas sob a benção da linguagem. Essa linguagem
ocidentalizada e fundada no logos seria ela assim mesmo, com todas as suas
heranças, a própria violência simbólica em ação. No limite, não haveria forma outra
de relação que não fosse já uma relação violenta. Escutar o outro, talvez seja esse o
apelo para a saída dessa encruzilhada. Pois, se ficou estabelecido que o homem é
esse ser de linguagem, se sua condição mesma de habitar o mundo com o outro
resta estabelecida a partir daquilo que a linguagem nos oferece, em certo sentido,
poderíamos afirmar que o logos não daria conta da indicação para a saída deste
problema. Advertimos aqui para uma necessária audição do pensamento de Lévinas
para que a santidade do homem - sua busca torne-se o existencial privilegiado, para
que este problema transcenda o patamar do logos.
Rosto

O rosto pelo qual sempre já me encontro responsável é ele mesmo coinstaurador do


meu existir. Simbolizar esse rosto, apanhá-lo em entendimento e absorvê-lo, é assim
mesmo uma impossibilidade e, por isso mesmo, entendemos que a categoria de
rosto é um sinal que não pode jamais ser identificado a partir de nossa ingerência
conceitual e de senhorio. Não há um pastor que indica o modus ou o lócus a ser
privilegiado nesse encontro. É o rosto, ele mesmo, em todas as suas
impossibilidades, o artífice primeiro do mundo. Mundo, que por não ser passivo de
apreensão - dada sua infinidade de possibilidades no experienciar mesmo - torna
essa face oculta, o grande segredo a nunca ser desvendado. Encontrá-lo em sua
aparição seria a negação dele mesmo enquanto impossível, enquanto infinito e
enquanto santidade. E é exatamente sob o mistério do rosto do outro que Lévinas
indica o caminho. Um caminho sem luz, sem placas e sem rota pré-estabelecida,
pois, o único conhecimento que possuo nesta relação é de que não há possibilidade
para esse conhecimento.

Seguimos por um via inversa daquilo que o pensamento ilustrado nos quis ensinar.
Não uma anunciação do que está por vir, a experiência com o rosto nos dá apenas a
sensação daquilo que escapa, nesse momento, estamos em vias de afirmar a
santidade, aquilo que não é palatável aos olhos, ao nariz e à boca do humano, aquilo
que o torna humano: sua inapreensão, seu ocultamento, sua surpresa e sua
transcensão.

Captar o outro a partir de uma descrição do rosto é não perceber o vulto que é o
rosto. Categoria por si só arredia aos conceitos que trazemos a ele, que impomos a
ele, se quisermos ainda nos manter no terreno da violência simbólica que agora quer
categorizar sua procedência, sua ascendência. Pensar o rosto a partir de categorias
que o expliquem, que o estabeleçam, seria negá-lo na infinitude que é, na obra
inacabada que é o humano, se quisermos nos referir a Nietzsche. O humano quando
se coloca ainda nessa condição de mistério contra o qual nada posso. É isso mesmo o
que vimos a anunciar como hipótese para um desvencilhar da teia conceitual que o
logos ocidental concebeu para fazer nascer a categoria de homem.

A alteridade absoluta e a heteronomia impostas ao eu são necessidades para a


concepção de humano que pretendemos talhar. Aliás, uma advertência resta por ser
feita. Não há condições aparentemente razoáveis para explicitar essa relação. Afinal
de contas, quando nos dispomos de nossa relação de igualdade proposta pelo
pensamento logo-ocidental, encontramo-nos em um terreno ermo em que não mais
temos primazia sobre ele. Nessa inversão de papeis em que o «outro me passa à
frente», o eu resta perdido em sua tentativa de entendimento, não há aqui a mera
hipótese de uma relação justa senão, aquela que autoriza o outro a me passar
adiante e que por assim o ser, obriga-me a não percebê-lo, a não enxergá-lo e a não
entendê-lo. O postulado da responsabilidade incondicional é que direciona essa
relação não conceitual e não explicável de uma alteridade absoluta.
O outro me toma como refém quando apenas a partir dele tenho permissão de
morada no mundo. A heteronomia a reger as relações torna o outro uma
responsabilidade minha, mas não uma face de mim que ser quer realizar, não. Há
aqui um despojamento do eu que é anterior a quaisquer intenções. Diante do outro
que já me antecipou posso ser apenas doação, entrega e habitação para sua
santidade. Diante da santidade me prostro, sem indagações e sem limites: ele só é
outro enquanto me supera e o eu só existe quando se dá nessa relação não simétrica
de responsabilidade infinita.

Nesse sentido, se mais uma vez quisermos falar sobre a violência simbólica, uma
relação de igualdade estribada nos moldes logocêntricos, é, em verdade, uma
igualdade falaciosa, ora, para que haja, de fato, uma possibilidade não violenta e,
portanto, de justiça, a tentativa de alocar o outro dentro de qualquer molde de
igualdade seria mais uma vez uma violência. Por isso, reiteramos, a igualdade se dá
mesmo na precedência do outro sobre mim, pois, uma vez que nos entendemos em
uma relação de simetria, de alguma forma, alguém deixou de ser alguém e já ser
tornou parte distinguida naquela relação. Distinguir aqui, seria uma forma violenta
de conhecimento, e, por tudo que vimos a dizer, conhecer é, neste sentido, uma
forma de violência simbólica na raiz.
O dizer o infinito é aqui um corolário das perspectivas que anunciamos. Quando a
relação com o humano resta perpassada por essa via, um sinal de luz nos abre o
olhar. Mirar o horizonte é um bom exercício para essa concepção. O mesmo
horizonte é um infinito de possibilidades que soçobra as nossas condições discursivo-
intelectuais. Não há apreensão possível que não seja aniquiladora, redutora e
violenta dessa mirada. As condições que a experiência com o horizonte nos
permitem são elas, assim como o outro, o rosto do outro, questões que transbordam
a cada piscar de olhos. O infinito com que o outro me interpela em um primeiro
momento me permite mesmo estar no eu e de outro lado, e por isso mesmo, me
responsabiliza por ele de maneira perpétua, como condição minha mesma. Não há
reflexão bastante para essa absorção. Assim, não há mais que se considerar que uma
vida sem exame não valha a pena ser vivida. Na senda que estamos a trilhar, a
constituição de autenticidade não é uma criação e/ou uma possibilidade de
construção. De fato, o próprio infinito que é o outro enquanto categoria que me
coloca no mundo, é ele em verdade que não pode ser esquecido pelo humano. Ou,
dito de outro modo, esse infinito é um imperativo sem categorias a que me devo
submeter pela minha condição mesma. Pela minha condição limitada enquanto ser
de logos que se entrega ao outro em uma realização que transcende o discurso e se
realiza agora em vias de devoção. A fé no outro é que permite o entendimento do
infinito. Nem ela, nem a santidade do outro têm limites, assim, a heteronomia com
que o outro me impõe se dá mesmo pela ideia de que o seu infinito é impossível a
mim, que sua condição de santidade é inquestionável pelo eu. Um eu que agora é
vassalo e servo, refém do infinito que o transcende, que o supera e que por isso
mesmo é um impossível. Aporia, utopia.
_C.1_ Dica do professor
Neste vídeo ofereceremos um pequeno itinerário da história da ética, desde a antiguidade até os
dias atuais.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/53a011f0439df207f9b4994339e92586

6 min

elm = transcrição adaptada, melhorada.

[VIDEO TRANSCRIPT] C.1 HISTÓRIA DA ÉTICA

Conversa sobre a história da ética.

Antes de começarmos a falar sobre a história da ética, notamos que há, na


história do pensamento ocidental, algumas fases que são muito importantes:
> Antiguidade ou Grécia Antiga
> Idade Média
> Idade Moderna
> Pós-modernidade (momento contemporâneo).

Atendo-nos a esses quatro momentos, vamos começar falando de três autores que
são os mais importantes na história da ética e são pensadores da Grécia
antiga.

Sócrates - ética e razão - Conhece-te a ti mesmo.


Sócrates vai dizer que a ética está ligada à razão; lembrando o conhecimento
antigo “conhece-te a ti mesmo”, para Sócrates, o ser ético é aquele ser que
conhece a si mesmo. O cidadão da pólis grega, conhecendo-se a si mesmo, vai
conseguir viver de maneira ética com os seus pares dentro da cidade. Pólis é
a palavra que vai originar a palavra cidade.

Platão - organização da pólis - Dar a cada um o que é seu.


Platão é herdeiro de Sócrates no pensamento ocidental e autor de livro
fundamental na história do pensamento jurídico filosófico político e ético no
ocidente: “A República”. A ética vincula-se à organização da polis, ou seja,
a ética passa por uma organização da cidade, que está ligada ao seguinte
dizer: “dar a cada um o que é seu”, que significa que cada pessoa dentro da
cidade deve cumprir as suas obrigações. Então, o rei vai pensar e organizar a
cidade, os guerreiros vão cuidar de proteger a cidade das outras cidades
(lembrar de Atenas e Esparta, cidades-estado que viviam em guerra) e, por
fim, os artesãos e comerciantes, que cuidam da vida do comércio, das coisas
práticas da cidade.

Para Platão, uma cidade organizada é uma cidade ética, sendo, então, ética
seria dar a cada um o que é seu dentro da cidade.

Aristóteles - Hábitos mesótês - Ser ético e ter atitudes prudentes.


Aristóteles traz a ideia de um meio termo, a ética aristotélica é pautada
pelo mesótês, termo grego que significa meio termo. Assim, ser ético é ter
atitudes temperantes, prudentes. A ética para Aristóteles está ligada à
prudência.
Idade Média - Ética parte do pensamento divino - Quanto mais próximo da
divindade, mais ética será a sua ação.
Passamos para a idade média, quando a ética seria uma ação relacionada com o
pensamento divino; então, quanto mais próximo da divindade mais ética seria a
sua ação ou a própria lei que vai ser criada pelo Estado.

Modernidade - Kant - Ética parte do imperativo categórico - Age de tal


maneira que a máxima de suas ações possa ser utilizada como lei universal
para todos.
Passamos à modernidade, a partir do século XV. Trazemos Immanuel Kant, que é
um dos principais pensadores da ética nesse momento, com seu imperativo
categórico: “Age de tal maneira que a máxima das suas atitudes possa ser
utilizada como lei universal para todos”. Para Kant, se você vai tomar uma
atitude, você tem que elevar a sua atitude a um nível universal e perguntar:
caso todas as pessoas tomem a mesma atitude, o mundo continuaria indo bem? Em
caso de resposta afirmativa, isso confirmaria uma ação ética.

Pós-modernidade - Lévinas - Fim do paradigma moderno, a partir da alteridade


- A ética se dá na medida do rosto do outro, ao se colocar no lugar do
outro.
Passando agora para a pós-modernidade, temos o Emanuel Lévinas, autor muito
importante, que rompe com paradigma moderno e vai dizer que a ética se dá na
medida do rosto do outro. Então, um ser ético é aquele que se deixa habitar
pelo rosto do outro Nessa situação, nós não não somos mais senhores da
razão, mas nós nos entregamos em doação ética para o rosto. O comando ético
vem do clamor do rosto, da fragilidade do rosto; para Lévinas, muito menos
do que agir racionalmente, ser ético é entregar-se ao outro.

Assim encerramos esse ciclo de pensamento ético que começamos com o grego
antigo e terminamos com o pensamento do Emanuel Lévinas que é chamado de
ética da alteridade. Na palavra alteridade alter significa outro, então é
uma ética para o outro.
_C.1_ Exercícios

1) A afirmação de que no rosto do outro realizamos nossa existência tem um fundo ético na
teoria de:

A) Aristóteles.

B) Platão.

C) Lévinas.

D) Kant.

E) Stuart Mill.
2) O homem é nutrido por uma natureza empírica, de sensações, e outra natureza racional.
Nesse sentido, é imprescindível ao homem o conhecimento racional de si mesmo para que
possa conhecer o mundo e distinguir entre o que é fortuito, acidental, e o que é, de fato,
racional e duradouro, verdadeiro, diríamos. Esse ensinamento é alusivo à qual pensamento?

A) Racional platônico.

B) Rosto aristotélico.

C) Alma socrática.

D) Alma platônica.

E) Racional socrático.
3) Como a ética foi percebida desde os gregos até os dilemas atuais nos ajuda a perceber como
o humano foi se criando e circundando o mundo com sua lavra espiritual. Com relação à
ética, considere os fundamentos abaixo:

I - imperativo categórico
II - ao meio termo
III - maneira desconstrutivista
IV - organização
V - aliado ao racional apenas

Agora, escolha a alternativa que relacione corretamente o pensador e seu fundamento sobre
ética:

A) Kant, Aristóteles, Derrida, Platão e Sócrates.

B) Derrida, Platão, Sócrates, Kant e Aristóteles.

C) Platão, Sócrates, Derrida, Kant e Aristóteles.

D) Kant, Derrida, Platão, Aristóteles e Sócrates.

E) Platão, Sócrates, Derrida, Kant e Aristóteles


4) A phronesis é a medida alcançada pelo sujeito ético, ou seja a ação mediana, conforme a
prudência. Esse ensinamento de que a ética seria o alcance do meio termo encontramos em
qual pensador?

A) Platão.

B) Sócrates.

C) Freud.

D) Aristóteles.

E) Kant.
5) O pensamento de Lévinas, a respeito da ética, nos mostra uma mudança de paradigma no
fundamento da ética, qual seria:

A) cosmológico para a racional.

B) racional para a alteridade.

C) técnico para filosófico.

D) religioso para racional.

E) religioso para cosmológico.


_C.1_ Na prática
Perceba a necessidade da ética nas relações.

A ética é o componente que nos obriga ao respeito pelo outro. Pela


percepção de que não habitamos o mundo sem a mediação do outro.

Dessa feita, quando estamos à beira de qualquer decisão, e, nesse caso,


quando esté em jogo a vida, nenhum componente pode ser mais importante que
o respeito pela individualidade do outro, e esse respeito nos dá uma
sensibilização ética.

Se não houvesse a preocupação ética, as relações profissionais, amorosas,


familiares, enfim, humanas, fundariam-se em meros cálculos. O que nos
assemelharia a máquinas em busca da realização de uma programação.
_C.1_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas.


Neste livro de Yves de La Taille, leia o capítulo 2 - Saber fazer moral: a dimensão intelectual, da
página 70 a 105.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


https://biblioteca-a.read.garden/viewer/9788536306285/9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS


VASQUEZ, Adolfo S. Ética. 34. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
BORGES, J. Obras completas VI. Barcelona: Emecé, 1999.
DEL VECCHIO, Giorgio. Lições de filosofia do direito. Tradução de António José Brandão. 4.
ed. Coimbra: Arménio Amado, 1972. 2 v.
BITTAR, Eduardo C. B; ALMEIDA, Guilherme A. de. Curso de filosofia do direito. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. Pietro Nassetti. Martin Claret: São Paulo, 2004.
CHAUÍ, Marilena de Souza. Introdução à história da filosofia : as escolas helenísticas. São
Paulo: Brasiliense, 1994.
Banco de imagens Stockfresh.
SAGAH, 2015

EQUIPE SAGAH
Coordenador(a) de Curso
Cosme Massi
Professor(a)
Bernardo G. B. Nogueira
Gerente
Neuza Belo
Coordenadora de Projetos
Renata Figueira
Analista Metodológica
Renata Figueira
Designer Instrucional
Cristhiane Maurício Cornélio
Arlene Souza
Web Designers
Fábio Gomes
Maria Cláudia Müller
Clarice Ribeiro
Kívia Bueno
Editores de Áudio e Vídeo
Átila Santos
Willian Sidney
Revisora Gramatical
Diana Amendoeira de Oliveira
Daniela de Souza França
Aula C.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Ética versus moral


_C.2_
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem percorreremos as principais discussões acerca da ética e da moral.
Buscaremos responder se, de fato, há essa distinção, e em que ela importa.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Construir um conceito de ética.


• Elaborar um conceito de moral.
• Diferenciar ética e moral.
_C.2_ Desafio
Um importante debate que existe na concepção ética é aquele que discute a existência de valores
universais, ou seja, se os valores podem ser considerados os mesmos dentro de todas as culturas,
ou ao contrário, cada cultura possui sua própria percepção dos valores.

Logo, podemos perceber que dentro do debate ético, tendo em vista os direitos humanos, temos
uma visão relativista, ou seja, aquela na qual os valores são medidos a partir de cada cultura e, de
outro lado, uma concepção universalista, que significa dizer que existem valores iguais para todos.
A partir dessas concepções, propõe-se a construção de um texto que as discuta e aponte suas
possibilidades, e também as possíveis críticas a ambos os modelos.

Para realizar esse desafio, você deverá atender aos seguintes itens:

1 - dizer o que é o relativismo;


2 - sucintamente contextualizar o que são os direitos humanos;
3 - propor uma crítica à visão universalista em detrimento da relativista.

elm = 1) [significados.com.br] - O que é Relativismo? - Igor Alves Revisão por Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa
>> Relativismo é uma corrente de pensamento que questiona as verdades universais do homem,
tornando o conhecimento subjetivo.
O ato de relativizar é considerar questões cognitivas, morais e culturais acima do que se
considera verdade. Ou seja, o meio que se vive é determinante para construir essas concepções.
A relativização é a desconstrução das verdades pré-determinadas, buscando o ponto de vista do
outro. Aquele que relativiza suas opiniões é aquele que acredita que existam outros tipos de
verdade, de perspectivas para as mesmas coisas, e que não há necessariamente um certo ou
errado.
O primeiro passo na aplicação do relativismo é não julgar. O estranhamento de outra verdade ou
comportamento ajuda na desconstrução do paradigma, e é importante para repensar os fatores que
influenciaram naquela construção.
O relativismo é associado principalmente ao conhecimento das Ciências Humanas, como a
Antropologia e a Filosofia.
>> Relativismo Sofista - O chamado Relativismo Sofista é uma linha de pensamento da filosofia
grega que defende a subjetividade da verdade. O que o homem acredita e defende, seja enquanto
moral ou conhecimento, é consoante ao que ele vê e experimenta em seu contexto.
Veja o significado da frase do sofista grego Protágoras: "O homem é a medida de todas as
coisas".
>> Relativismo Moral - A partir do relativismo sofista, constrói-se uma corrente chamada de
Relativismo Moral, a partir da interpretação dos sofistas de que também a moralidade é
importante para o processo de construção do conhecimento.
Essa corrente discorre, basicamente, sobre a ideia de bem e mal. O bem é aquilo que é
socialmente aceito, enquanto tudo o que sai da curva da moralidade instituída é tido como mal.
>> Relativismo Religioso - O relativismo religioso ultrapassa o relativismo moral. Além de
questionar a formação dos conceitos de bem e mal, diretamente ligados à religião, coloca em
questão a palavra de Deus como a única verdade. Também discorre sobre as interpretações feitas
pelos homens dos livros sagrados.
>> Relativismo Cultural O relativismo cultural é um conceito antropológico que define que o
conjunto de hábitos, crenças e valores de um grupo (ou seja, a sua cultura) determina o que
este considera verdade.
Para se relativizar a cultura, é necessário, primeiramente, não julgar. Em seguida, deve-se
buscar compreender os traços da cultura do outro, os elementos que o levaram a sua verdade.
O relativismo cultural seria, portanto, o oposto do etnocentrismo.
O pensamento etnocêntrico é aquele que considera apenas os valores e acultura do seu próprio
grupo, e a partir deles interpretar os outros.
Por seu turno, o relativismo cultural defende que a cultura deve ser posta em perspectiva, ou
seja, repensada, para que se entenda o ponto de vista do outro.
elm = 2) [significados.com.br] - O que são Direitos Humanos?- por Tié Lenzi Mestre em
Ciências Jurídico-Políticas
>> Direitos humanos são os todos os direitos relacionados à garantia de uma vida digna a
todas as pessoas. Os direitos humanos são direitos que são garantidos à pessoa pelo simples
fato de ser humana.
Assim, o conceito de direitos humanos refere-se a todos os direitos e liberdades básicas,
considerados fundamentais para dignidade. Eles devem ser garantidos a todos os cidadãos, de
qualquer parte do mundo e sem qualquer tipo de discriminação, como cor, religião,
nacionalidade, gênero, orientação sexual e política.
Direitos humanos é o conjunto de garantias e valores universais que procura garantir a
dignidade, definida com um conjunto mínimo de condições de uma vida digna.
Exemplos de direitos humanos: direito à vida; direito à saúde; direito à educação; direito ao
trabalho; direito à habitação; liberdade de locomoção (direito de ir e vir); liberdade de
expressão; liberdade de opinião; liberdade religiosa.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os direitos humanos visam a proteção das
pessoas contra ações ou falta de ações dos governos que colocam em risco a dignidade humana.
>> Origem dos direitos humanos - O conceito de direitos humanos mudou ao longo da história,
mas há alguns acontecimentos que foram muito importantes na evolução desses direitos.
O primeiro registro histórico de direitos humanos é de aproximadamente 500 anos antes de
Cristo, quando Ciro, rei da Pérsia, declarou a liberdade de escravos e alguns outros direitos
de igualdade humana. Esses direitos foram gravados em uma peça chamada Cilindro de Ciro.
Também são acontecimentos importantes na proteção dos direitos humanos a criação da
Declaração de Direitos de Virgínia, nos Estados Unidos (1776) e a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão na França (1789).
A criação da Organização das Nações Unidas em 1945 também faz parte da história da evolução
dos direitos humanos. É um fato importante porque um dos objetivos da ONU é trabalhar para
garantir a dignidade de todos os povos e para diminuir as desigualdades mundiais.
Em 1948, a ONU aprovou a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em 1966, foram
criados mais dois documentos: o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o
Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
Hoje existem várias organizações e movimentos que têm como objetivo defender os direitos
humanos, por exemplo: Anistia Internacional, Serviço Paz e Justiça na América Latina, Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Human Rights Watch, Gabinete de
Instituições Democráticas e Direitos Humanos da Organização para a Segurança e Cooperação na
Europa.
>> Declaração Universal dos Direitos Humanos - Em 1948 a Organização das Nações Unidas (ONU)
criou a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Esse documento é um dos mais
importantes na base dos direitos humanos e contém os princípios básicos relacionados à
garantia desses direitos.
A DUDH é importante no mundo por ser o documento que marca o início da conscientização e da
preocupação mundial com a proteção dos direitos humanos.
A Assembleia Geral da ONU considera a Declaração como um modelo ideal para todos os povos
para atingir o respeito a esses direitos e liberdades humanas.
A DUDH afirma que todos os seres humanos nascem livres e que são iguais em dignidade e em
direitos. Além disso, a adoção da Declaração pela ONU também tem o objetivo de evitar guerras
entre países, promover a paz mundial e fortalecer a proteção aos direitos humanitários.
>> Características dos direitos humanos - Principais características dos direitos humanos:
a sua principal função é garantir a dignidade de todas as pessoas,
são universais: são válidos para todas as pessoas, sem qualquer tipo de discriminação ou
diferenciação,
são relacionados entre si: todos os direitos humanos devem ser aplicados igualmente, a falta
de um direito pode afetar os outros,
são indisponíveis: significa que uma pessoa não pode abrir mão dos seus direitos,
são imprescritíveis: significa que os direitos humanos não têm prazo e não perdem a validade.
>> Leis sobre os direitos humanos - Os direitos humanos são tratados em várias leis,
convenções, acordos e tratados internacionais. Além da existência de leis sobre o assunto, é
dever de cada Estado ter as suas próprias leis que garantam que os direitos humanos serão
respeitados e colocados em prática.
Algumas leis que tratam dos direitos humanos: Declaração Universal dos Direitos do Homem
(1948); Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (1966); Pacto Internacional
sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966).
A Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, define quais são os direitos e garantias
fundamentais dos cidadãos. Veja alguns: igualdade de direitos e deveres entre mulheres e
homens, proibição de tortura e tratamento desumano, liberdade de pensamento, de crença e de
religião, proibição de censura, proteção da intimidade, vida privada, honra e imagem, sigilo
telefônico e de correspondências, liberdade de escolha de profissão, liberdade de locomoção
dentro do país, direito de propriedade e de herança, acesso garantido à justiça, racismo,
tortura e tráfico de drogas são crimes inafiançáveis, proibição de pena de morte, nenhum
brasileiro pode ser extraditado.
É importante saber que os direitos humanos não são limitados ao que é previsto na lei.
Outros direitos podem ser incluídos com o passar do tempo e de acordo com as necessidades,
com as transformações sociais e com o modo de vida da sociedade.
>> Direitos humanos, cidadania e democracia - Cidadania é o exercício dos direitos e deveres
civis, políticos e sociais que estão previstos na Constituição. Exercer a cidadania é ter
consciência de seus direitos e de suas obrigações para poder lutar e cobrar para que eles
sejam colocados em prática e garantidos pelo Estado.
Para pleno exercício da cidadania, os membros de uma sociedade devem usufruir dos direitos
humanos e dos direitos fundamentais, tanto no âmbito individual quanto no coletivo.
Por sua vez, ter plena cidadania e igualdade entre os cidadãos faz parte do conceito de
democracia, que prevê a participação de todos na sociedade em condições de igualdade.
Assim, a igualdade, a preservação dos direitos humanos, a dignidade e a cidadania são
fundamentais para garantir a democracia em qualquer nação.

elm = 3) https://www.jusbrasil.com.br/artigos/direitos-humanos-relativismo-x-
universalismo/1160854734
> Direitos Humanos: Relativismo x Universalismo - por Regina Andrade - Atualiz. em: 03/2022
>> A própria discussão em torno da origem dos Direitos Humanos é problemática, uma vez que
atribui-la a um evento ou documento histórico de natureza eminentemente ocidental já
contradiz a sua tentativa de ser universal. Ocorre que, para efeitos pragmáticos, a ascensão
dos direitos humanos ocorreu logo após as atrocidades da Segunda Guerra Mundial como uma
tentativa de estabelecer um conteúdo existencial mínimo que orientasse a ordem internacional,
conforme entendimento da autora Flávia Piovesan (2015). Para isso, a soberania nacional seria
relativamente flexibilizada em favor de uma campanha global que garantisse direitos inerentes
a própria natureza humana.
>> Na busca por internacionalizar os direitos humanos, formalizaram-se diversos documentos,
os quais foram assinados pelos países signatários que se comprometeram a promover e afirmar
tais direitos. Para tanto, enquanto marco central dessa política, surge a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, aprovada em Assembleia Geral da ONU em 1948, na qual 48 das
58 delegações presentes votaram a favor, incluindo o Brasil. Foi a partir desse cenário,
entretanto, que surgiu a discussão em torno da aplicabilidade dessa política global.
>> De um lado, encontra-se os universalistas na busca por um valor mínimo que transcende as
fronteiras dos países e alcança todos os povos tão somente em razão da sua condição humana,
sem qualquer distinção de raça, cor, sexo, idade, etc; ao passo que do outro, há os
relativistas, cuja proposta afasta essa universalidade dos direitos humanos, uma vez que as
peculiaridades culturais de cada povo impede a criação de uma moral universal.
>> Para o professor Boaventura de Sousa, o caráter universal dos direitos humanos opera como
um “localismo globalizado”, o qual consiste no fenômeno de desconstruir e reconstruir
culturas locais a partir de práticas e imperativos transnacionais. Em outras palavras, os
direitos humanos seriam uma espécie de arma civilizatória tipicamente ocidental utilizada por
países hegemônicos. (SANTOS, 1997). Assim, fica evidente a problemática de sustentar uma
política universal frente aos subjetivismos de cada povo.
>> Por outro lado, em sua obra “Universalismo, relativismo e direitos humanos - uma revisita
contigente”, Jayme Benvenuto cita a visão de Jack Donnely que traz à tona alguns problemas
relativos à corrente relativista. Embora seja um fato inegável, o relativismo pode legitimar
algumas condutas ou hábitos absurdos tão somente por serem frutos de determinada cultura.
Como exemplo disso, é possível citar o caso das mulheres em famílias islâmicas, as quais são
impedidas de exercer sua autonomia por estarem submetidas ao domínio masculino. Para tanto, é
razoável manter práticas culturais que cerceiam a liberdade e autonomia humana, por mais
legítima que seja no seu respectivo âmbito social?
>> Desta feita, nota-se que nas duas correntes há percalços que prejudicam a aplicabilidade
dos direitos humanos, uma vez que ambas possuem conceitos incompletos. Partindo desse embate
histórico, surge um novo paradigma que promove o diálogo entre as particularidades culturais
locais e a ideia de sociedade global: o chamado multicultularismo.
>> Enquanto percussor dessa corrente, Boaventura de Souza afirma que a ótica multicultural
representa uma nova abordagem dos direitos humanos, de maneira que a sua efetiva
internacionalização requer a sua transição de “um localismo globalizado para um projeto
cosmopolita”, cujo plano de fundo traz algumas premissas básicas. (SANTOS, 1997).
>> Primeiro, conforme entendimento acertado de Boaventura, é preciso superar essa clássica
dicotomia entre universalismo e relativismo, pois ambos possuem conceitos incompletos e
prejudiciais à emancipação dos direitos humanos. Além disso, a concepção de dignidade da
pessoa humana varia conforme cada cultura, sendo que nem sempre ela é entendida enquanto
integrante dos direitos humanos. Por fim, reconhecer que todas as culturas são incompletas é
tarefa crucial para desenvolver a concepção multicultural de direitos humanos, uma vez que
tal postura permite a abertura para novos conceitos, ideias e interpretações distintas.
>> Partindo dessas premissas, o multiculturalismo propõe um diálogo intercultural de modo que
haja uma troca de sentidos para criação de uma nova concepção de direitos humanos. Trata-se,
na verdade, de uma proposta conciliatória entre visões de mundo distintas de modo que não
haja sobreposição de uma sobre a outra.
>> Nesse mesmo cenário, o autor Joaquín Herrera Flores propõe o chamado “universalismo de
confluência ou de chegada”, cuja ideia é de que o conceito universal de direitos humanos deve
ser entendido como um ponto de chegada, de modo que seja necessário uma análise prévia entre
as relatividades culturais de cada nação. Tal proposta, portanto, não afasta totalmente a
hipótese de um consenso universal, como também não desconsidera a diferenças interculturais.
>> À vista de tudo que foi exposto, é possível concluir que não há dúvidas de que os direitos
humanos compõe um núcleo de proteção essencial para todos os povos. Todavia, a busca por sua
aplicação internacional não pode estar engessada em conceitos universais, desconsiderando
peculiaridades locais, nem tampouco se valer do véu cultural para encobrir práticas
aviltantes contra o ser humano. A ideia chave é, portanto, entender os direitos humanos a
partir de uma “hermenêutica diatópica” que, segundo Boaventura, amplia a noção de
incompletude cultural através do diálogo e promove uma política cosmopolita.
> REFERÊNCIAS
JUNIOR, Jayme Benvenuto Lima. Universalismo, relativismo e direitos humanos: uma revisita
contingente. Disponível em: file:///C:/Users/regin/OneDrive/UFS%202019/HUMANOS/
Universalismo.pdf. Acesso em dezembro de 2020.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 3ª edição. São
Paulo: Max Limonad, 1997, p. 141.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista
Crítica de Ciências Sociais, [s. l.], ed. 48, p. 11-32, 1997.

Padrão de resposta esperado

O relativismo axiológico se aproxima de um entendimento de que os valores são


diferentes em cada cultura, por isso mesmo, cada uma seguiria seus valores
independentemente das demais. Nesse sentido, parece-nos que tudo é possível
sob o argumento da diferença cultural. De outro lado, o relativismo
antropológico respeita diferentes construções e que não existiria uma moral
universal. Não significando uma aceitação plena de qualquer atitude. Seria
muito mais pensar uma pluralidade de códigos.

De outro lado percebemos que a construção dos direitos humanos se dá de


maneira a pensarmos que a cultura europeia e ocidental tem uma primazia face
às outras. Isso talvez seja alimentado por um pensamento capitalista que
percebe o melhor e o pior, e não propriamente reconhece a diferença. Nesse
sentido, parece-nos que a própria construção do que se pensa sobre os
direitos humanos estaria muito mais próxima de um universalismo que imagina
existirem valores que devam ser levados a toda parte, sem distinção.

Pensamos que nem a teoria Universalista, tampouco a Relativista são


interessantes do ponto de vista ético e moral, ora, não devemos viver como os
outros, e ao mesmo tempo, não podemos viver como se não existissem os outros.
A questão nesse caso poderia passar pela construção de um pensamento ético da
alteridade, no qual a habitação do outro em mim, ao mesmo tempo em que me
realiza, permite a mim doar ao outro minha individualidade. Seria mais
próximo da ética uma opção multicultural de direitos humanos, que respeita a
diferença, mas que não fecha os ouvidos para a mudança. Seria admitir que não
há argumento final quando tratamos de direitos humanos, menos ainda que não
há cultura modificável e que as culturas são completas. Admitir o diálogo,
esse seria o caminho entre universalismos e relativismos.
_C.2_ Infográfico

Neste infográfico você poderá visualizar as diferentes concepções de ética e moral, bem como as
distintas classificações que ambas recebem:

elm = copiado texto sem formatação do infográfico, que deletei por


considerar ruim, polui a informação.

FREUD - a moral é heterônoma.


> Ética: coletiva.
> Moral: privada.

PIAGET - a moral é autônoma.


> Ética: como quero viver.
> Moral: como devo agir.
_C.2_ Conteúdo do livro
Neste capítulo, você irá percorrer as principais discussões acerca da ética e da moral. Você irá
descobrir se, de fato, há essa distinção e em que ela importa.

Aprofunde seus conhecimentos lendo o capítulo Ética versus Moral, do livro Bioética e biossegurança
aplicada, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
SUMÁRIO
Unidade 1

Conceito e princípios d a ética .............................................................. 13


Fernanda Stapenhorst França

Conceito de ética ........................................................................................................................................ 13

Princípios de ética ...................................................................................................................................... 15


Ética profissional.......................................................................................................................................... 18

Ética versus m oral ....................................................................................23


Wi/ian Junior Bonete

O conceito de ética ...................................................................................................................................23


O conceito de moral ................................................................................................................................. 26
Diferenças entre ética e moral7 .........................................................................................................28

Ética e sociedade no mundo globalizado e ética em saúde ..... 35


Fernanda Stapenhorst França

O conceito de ética através do tempo .........................................................................................36


Globalização e ética em saúde .......................................................................................................... 38

Ética na p rática clínica ............................................................................................................................. 41

Ética aplicada à pesquisa em saú de ...................................................47


Lucimar Fi/ot da Silva Brum

Pesquisa em saúde .................................................................................................................................... 47

Relevância, riscos, exequibilidade e princípios éticos nos p rojetos


de pesquisa em saúde .......................................................................................................................49
Comitês e consultorias de ética na área da saúde humana ............................................ 51

Unidade 2

Desafios da bioética: pesq uisas com seres humanos,


eutanásia e aborto .................................................................................... 55
Érica Ballestreri

Bioética .............................................................................................................................................................. 56
Eutan ásia ..........................................................................................................................................................60

Aborto ................................................................................................................................................................63

Perfil profissional ético do esteticist a ................................................ 69


Fernanda Stapenhorst França
Atribuições de técnicos e tecnólogos em estética ...............................................................69

Atribuições dos demais profissionais da estética .................................................................. 71


Ética na estética .......................................................................................................................................... 72
Reg ulamentação da profissão .............................................................. 79
Fernanda Stapenhorst França

Regulamentação de profissões ........................................................................................................79


Histórico da profissão de esteticista ............................................................................................... 80
Atribuições dos esteticistas, dos cosmetologistas e dos
técnicos em estética ...........................................................................................................................83

Código de ética d o est eticist a ..............................................................89


Mônica Magda/ena Desca/zo Kup/ich

Deontologia e código de ética .......................................................................................................... 89


Ética no exercício da p rof issão de esteticista ........................................................................... 91
Regulamentação da prof issão............................................................................................................92

Direitos do cliente/paciente ..................................................................97


Amando Stapenhorst

O significado de paciente e cliente e suas implicações na área da saúde ........... 97


Direitos dos pacientes/clientes........................................................................................................ 101

O paciente como cliente: a conduta profissional do esteticista .............................. 103

Unidade 3

Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança ......... 111


Fernanda Stapenhorst França
Conceito de biossegurança ............................................................................................................... 112
Históri co .......................................................................................................................................................... 11 3
Princípios da biossegurança .............................................................................................................. 116

Legislação para as atividades profissionais em segu rança


na saúde - Norma Regu lamentadora (NR32)................................ 123
Fernanda Stapenhorst França
Medidas contra possíveis riscos ..................................................................................................... 124
Gestão de resíduos ..................................................................................................................................128
Locais e processos de apoio............................................................................................................. 130

Introdução, d efinição, ti pos de isolamento, tipos de


resíduos e gerenciamento de resíduos de saúde ........................ 135
Fernanda Stapenhorst França
Def inição e t ipos de isolamento ..................................................................................................... 135
Tipos de resíduos de serviço de saúde ..................................................................................... 138
Gerenciamento de resíduos de saúde ....................................................................................... 140
Unidade4

Análise e elaboração do mapeamento de riscos ......................... 14 7


Fernanda Stapenhorst França
Agentes causado res de riscos ..........................................................................................................147
Análise de riscos ....................................................................................................................................... 149
Elabo ração do mapa de riscos.........................................................................................................15 1

Higienização das mãos .........................................................................157


Amando Stapenhorst
O ser humano e os micro rganismos: uma relação peculiar .........................................157
Diferentes técnicas, indicações e produtos ut ilizados ....................................................161
O passo a passo da t écnica de higienização das mãos ................................................. 16 4

Equipamento de Proteção Individual e Coletiva ......................... 171


Érica Bal/estreri
Diferenças entre Equipam ento de Proteção Indiv idual (EPI) e
Equipam ento de Proteção Coletiva (EPC) ............... . ...................... . ............. 171
Equipamentos de Proteção Co letiva - EPC ................. _...................... _............. 174
NBs e seus principais EPls e EPCs ....................................................................................................175

Acidentes de trabalho ...........................................................................181


Érica Bal/estreri
Conceitos e classificaçõ es dos acidentes de trabalho .................................................... 182
Principais causas das o co rrências d os acidentes de trabalho .................................... 184
Os p rincipais riscos exist e ntes no setor d a estética e beleza ...................................... 185
Recomendaçõ es de segu rança para ev it ar acidentes ..................................................... 189

Práticas seguras em laboratório .........................................................195


Amando Stapenhorst
A bio ssegu rança e a adoção de práticas seguras............................................................... 195
As práticas seguras .................................................................................................................................197
As No rmas Reg ulam entadoras e os serviço s de estética ............................................. 200

Biossegurança em laboratórios ......................................................... 207


Érica Bal/estreri
Biosseg u rança ............................................................................................................................................207
Hig ienização d as mãos ........................................................................................................................209
Gerenciamento de resíduos ..............................................................................................................210

Técnicas de est erilização ..................................................................... 219


Amando Stapenhorst
Definido conceitos básicos e as classes de materiais........................................................219
Técnicas de esterilização de materiais .......................................................................................222
Técnicas de desinfecção do ambiente d e trabalho .......................................................... 225

Gabaritos ................................................................... 230

https://sagah.com.br/gabaritos/BIOETICA_BIOSSEGURANCA_APLICADA.pdf
Conceito e princípios da ética Código de ética do esteticista

1. c 1. b
2. b 2. e
3. d 3. a
4. e 4. e
5. b 5. b

Ética versus moral Direitos do cliente/paciente

1. c 1. b
2. a
3. a 2. c
4. c 3. d
5. c 4. a
5. b
Ética e Sociedade no mundo globalizado e Princípios gerais, conceito e histórico da
ética em saúde biossegurança

1. a 1. d
2. b 2. b
3. b 3. e
4. b 4. b
5. b 5. d

Legislação para as atividades profissionais em


Ética Aplicada à pesquisa em saúde segurança na saúde (Norma Regulamentadora
(NR32)
1. c
2. e 1. b
3. a 2. a
3. c
4. b 4. d
5. b 5. b

Desafios da bioética: pesquisas com seres Introdução, definição, tipos de isolamento,


humanos, eutanásia e aborto tipos de resíduos e gerenciamento de
resíduos de saúde

1. b 1. d
2. e 2. c
3. d 3. e
4. d 4. b
5. a 5. d
Análise e elaboração do mapeamento de
Perfil profissional ético do esteticista riscos

1. b 1. b
2. d 2. c
3. e 3. d
4. a 4. a
5. c 5. c

Regulamentação da profissão

1. b
2. d
3. e
4. c
5. a
Higienização das mãos

1. e
2. e
3. e
4. a
5. e

Equipamento de proteção individual e


coletivo
1. a
2. b
3. b
4. b
5. b

Práticas seguras em laboratório

1. e
2. e
3. a
4. d
5. d

Biossegurança em laboratórios

1. c
2. c
3. c
4. c
5. b

Técnicas de esterilização de materiais

1. d
2. e
3. d
4. d
5. a
Ética versus moral
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Construir um conceito de ética.


 Elaborar um conceito de moral.
 Diferenciar ética de moral.

Introdução
Neste texto, você irá percorrer as principais discussões acerca da ética e
da moral. Você irá descobrir se, de fato, há essa distinção e em que ela
importa.

O conceito de ética
Moral e ética são conceitos habitualmente empregados como sinônimos, ambos
se referindo a um conjunto de normas e condutas obrigatórias. Isso ocorre,
e de maneira aceitável, porque temos dois vocábulos herdados: um do latim
(moral) e outro do grego (ética), duas culturas antigas que assim nomeavam
o campo de reflexão sobre os “costumes” dos seres humanos, sua validade e
legitimidade (TAILLE, 2007).
Nesse momento, vamos nos deter especificamente ao conceito de ética.
A partir dos textos de filósofos como Platão e Aristóteles, é possível dizer
que a ética (ou filosofia moral) inicia-se com Sócrates. Percorrendo as ruas de
Atenas, na Grécia, Sócrates questionava aos jovens ou velhos o que eram os
valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir. Assim, ele perguntava:
o que é a coragem?; o que é a justiça?; o que é a piedade?; e o que é amizade?
A elas, os atenienses respondiam dizendo serem virtudes. Sócrates voltava a
lhes indagar: o que é virtude? Os atenienses retrucavam: é agir conforme o
bem. E Sócrates questionava, ainda: o que é o bem? (CHAUÍ, 2000).
Sócrates embaraçava os atenienses porque os forçava a questionar a origem
e a essência das virtudes (valores e obrigações) que julgavam praticar ao seguir
24 Ética versus moral

os costumes de Atenas. Como e por que sabiam que uma conduta era boa ou
má, virtuosa ou viciosa? O que eram e o que valiam realmente os costumes
que lhes haviam sido ensinados?
Dirigindo-se aos atenienses, Sócrates lhes perguntava qual o sentido dos
costumes estabelecidos, quais as disposições de caráter (características
pessoais, sentimentos, atitudes, condutas individuais) que levavam alguém
a respeitar ou a transgredir os valores da cidade, e por quê. Desse modo, con-
forme Chauí (2000), as questões socráticas inauguram à ética porque definem
o campo no qual os valores e obrigações morais podem ser estabelecidos, ao
encontrar seu ponto de partida: a consciência do agente moral. É sujeito ético
moral somente aquele que sabe o que faz; que conhece as causas e os fins de
sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos
valores morais.
Nessa perspectiva, a ética pode ser vista como o conjunto de ideias que
orientam a humanidade na busca de uma convivência satisfatória, um conjunto
de normas e princípios a partir dos quais os seres humanos procuram elaborar
distinções entre o bem e o mal, o certo e o errado, para que haja uma melhor
convivência em sociedade (ALLES, 2014).
A ética regulamenta as ações do convívio humano e também configura-
-se como um conjunto de conhecimentos e teorias, expressos em princípios
e normas, de que serve a vontade humana para bem conduzir as suas ações.
Essas ações, por sua vez, voltam-se para a sobrevivência e a realização do
ser humano como ser complexo e dotado de razão, sentimentos e emoções.
Desse modo, a ética objetiva tornar a vida possível e passa a ser a mediação
necessária para que a humanidade possa se aproximar da utopia sonhada em
termos de convivência (ALLES, 2014).
Chauí (2000, p. 342) destaca que, se examinarmos o pensamento filosófico
dos antigos, é possível observar que a ética se firma em três grandes princípios
da vida moral:

 Por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só


podem ser alcançados pela conduta virtuosa.
 A virtude é uma força interior do caráter, que consiste na consciência
do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, uma vez
que cabe a esta última o controle sobre instintos e impulsos irracionais
descontrolados que existem na natureza de todo ser humano.
 A conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não
está em seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível
e desejável para um ser humano. Saber o que está em nosso poder
Ética versus moral 25

significa, principalmente, não se deixar levar pelas circunstâncias,


nem pelos instintos, nem por uma vontade alheia, mas afirmar nossa
independência e nossa capacidade de autodeterminação.

Em suma, para os gregos, a ética era concebida como educação do caráter


do sujeito moral para dominar racionalmente os impulsos, apetites e desejos,
para orientar a vontade rumo ao bem e à felicidade e para formá-los como
membros da coletividade sociopolítica. Sua finalidade era a harmonia entre
o caráter do sujeito virtuoso e os valores coletivos, que também deveriam ser
virtuosos (CHAUÍ, 2000).
A ética, portanto, consiste numa forma de postura e num modo de ser, à
natureza humana. Trata-se de uma maneira de lidar com as diversas situações
da vida e os modos como estabelecemos relações com outras pessoas.
Podemos, também, conceber a ética como um conjunto de conhecimentos
extraídos da investigação do comportamento humano na tentativa de explicar
as regras morais de modo racional e fundamentado. Trata-se de uma reflexão
sobre a moral. Assim, a ética é parte da filosofia que estuda a moral, refletindo
e empreendendo questionamentos sobre as regras morais (SILVA, 2016).

A palavra ética e o seu campo prático: a moral


De onde vem a palavra ética? Do grego ethos, que até o século VI a.C. significava
“morada do humano”. Ethos é o lugar onde habitamos, é a nossa casa. “Nesta casa
não se faz isso”, “nesta casa não se admite tal coisa”. Ethos também significa “marca”
ou “caráter”. Ética, portanto, é um conjunto de princípios e valores que usamos para
responder às três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? Posso?
O que é moral? A prática dessas respostas.
Portanto, ética consiste nos princípios que utilizamos para responder ao “Quero?
Devo? Posso?”. Isso, todavia, não significa que não vivamos dilemas. Eles existem e
serão mais tranquilamente ultrapassados quanto mais sólidos forem os princípios que
tivermos e a preservação da integridade que desejamos.
Fonte: Cortella (2015).
26 Ética versus moral

O conceito de moral
A palavra moral é proveniente do termo em latim Morales, que significa
“relativo aos costumes”, aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro,
do ponto de vista da ação. A moral pode ser concebida como um conjunto de
regras aplicadas no cotidiano e que são utilizadas como elementos norteadores
dos julgamentos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral, bem como
as suas ações. A moral é, ainda, construída mediante os valores previamente
estabelecidos pela própria sociedade e os comportamentos aceitos e passíveis
de serem questionados pela ética (SILVA, 2016).
Chauí (2000) nos fornece vários exemplos para pensarmos a questão da
moral. Vejamos alguns:

 Muitas vezes tomamos conhecimento de movimentos nacionais e in-


ternacionais de luta contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros
países, e também no Brasil, muitas pessoas morrem de penúria. Sentimos
piedade. Sentimos indignação diante de tamanha injustiça (especial-
mente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem na
abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade,
participamos de campanhas contra a fome. Assim, nossos sentimentos
e nossas ações exprimem nosso senso de moral.
 Um pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa
doente, recebe uma oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto
e cometa irregularidades que beneficiem seu patrão. Sabe que o trabalho
permitirá sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa. Ele pode
aceitar o emprego, mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve
recusá-lo e ver os filhos com fome e a esposa morrendo?
 Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada
roubar frutas e pães numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia
está passando por muitas dificuldades e que o roubo fará diferença para
ele, mas também vê a miséria e a fome da criança. Deve denunciá-la,
julgando que, com isso, a criança não se tornará um adulto ladrão e o
proprietário da mercearia não terá prejuízo? Ou deverá ficar em silêncio,
pois a criança pode correr o risco de receber punição excessiva, ser
levada para a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora revoltada,
passar do furto ao homicídio? O que fazer?

Esses relatos de situações apontadas por Chauí (2000), dentre outras mais
dramáticas ou menos dramáticas, surgem sempre em nossas vidas cotidianas.
Ética versus moral 27

Nossas dúvidas quanto à decisão que deveríamos tomar não manifestam


apenas nosso senso moral, mas também colocam à prova a nossa consciência
moral, pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós
mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e assumamos todas as
consequências delas, pois somos responsáveis por nossas opções.
Assim, o senso e a consciência moral dizem respeito aos valores, senti-
mentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de
felicidade. Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto,
nascem e existem como parte de nossa vida cotidiana (CHAUÍ, 2000).
Para autores como Piaget e Kholberg, segundo Taille (2007), há um de-
kohlberg senvolvimento moral cujo vetor leva a uma determinada moral. Para Piaget,
a moral autônoma é uma moral de igualdade, da reciprocidade e do respeito
mútuo. Para Kholberg, o vetor do desenvolvimento moral leva ao ideal de jus-
tiça pela equidade, pela perspectiva da reciprocidade universal, ao imperativo
categórico de Kant, que afirma que devemos sempre tratar a humanidade, na
nossa própria pessoa e na pessoa de outrem, como um fim em si e não apenas
como um meio.
Ao pensarmos sobre o conceito de moral, devemos conceber que, acima
de tudo, a vida coletiva só se tornou possível porque o ser humano passou a
estabelecer normas de convívio. Além disso, quando falamos de moral, ela não
se refere apenas a um conjunto de normas impostas aos seres humanos, mas
também à livre adesão a elas, motivo pelo qual um ato só pode ser considerado
moral se passar pela aceitação da norma, ou seja, aquele que é aceito por livre
vontade, e não por uma imposição mediante ameaças (COSSETIN, 2014).
Para ser moral, um ato deve ser livre, consciente, intencional e responsável.
Isso gera um compromisso de reciprocidade para com a sociedade. O sujeito,
assim, deve saber o que e por que faz; não deve ser coagido ou obrigado a fazer
algo. Além disso, o sujeito deve assumir a autoria do seu ato, reconhecendo-o
como seu e respondendo pelas consequências de sua ação (COSSETIN, 2014).
A responsabilidade, assim entendida, acaba criando um dever: a obriga-
toriedade, o que implica a interiorização da norma, na autoimposição do seu
cumprimento. Apesar de parecer contraditório, Cossetin (2014) destaca que o
cumprimento da norma não é coercitivo, mas é sinônimo de liberdade. Por
isso, nem mesmo a desobediência – o que determina o caráter moral ou imoral
do ato – pode ser excluída, pois justamente por ser livre é que o sujeito pode
transgredir a norma, mesmo aquela por ele escolhida.
Diante disso, podemos afirmar que a moral é uma construção especifica-
mente humana. Como, porém, o ser humano não é um ser natural e fixamente
definido – e, além disso, é um ser social, e a sociedade sofre transformações
28 Ética versus moral

–, devemos conceber que a moral é uma construção histórica. É nesse sentido


que, apesar de os sistemas morais estarem fundamentados em valores como o
bem e a liberdade, o conceito daquilo que seja o bem e a liberdade varia histo-
ricamente. Isso explica a diversidade de concepções éticas (COSSETIN, 2014).

Moral como objeto de estudo e ética como estudo do objeto


Conforme Cortina (2005), pensadora espanhola, a palavra Moral deve ser usada prefe-
rencialmente para denotar o objeto de estudo, enquanto a palavra Ética – ou Filosofia
Moral – deveria reservar-se à disciplina filosófica que busca refletir criticamente da moral.
Esse uso encontra apoio na linguagem corrente. De fato, o termo “moral” é muitas
vezes usado como substantivo, em suas diversas acepções, para designar âmbitos que
constituem o objeto de estudo da Ética ou da Filosofia Moral:
(1) ou um modelo de conduta socialmente estabelecido em uma sociedade
concreta (“a moral vigente”);
(2) ou um conjunto de convicções morais pessoais (“tal pessoa possui uma moral
rígida”);
(3) ou tratados sistemáticos sobre as questões morais (“Moral”), sejam doutrinas morais
concretas (“Moral católica” etc.), sejam teorias éticas (“Moral aristotélica” etc.,
embora o mais corrente seja “ética aristotélica” etc.);
(4) ou uma disposição de espírito produzida pelo caráter e atitudes de uma pessoa
ou grupo (“estar com o moral alto” etc.);
(5) ou uma dimensão da vida humana pela qual nos vemos obrigados a tomar
decisões (“a moral”).
Como adjetivo, em usos que interessam à Ética, o termo moral é preferencialmente
usado em contraposição a “imoral”, ou em contraposição a “amoral”.
Já o termo moralidade é muitas vezes usado, seja como (a) sinônimo de “moral”,
no sentido de uma concepção moral concreta (por exemplo, quando dizemos “isso
é uma imoralidade” = “isso não é moralmente correto”), seja como (b) sinônimo de “a
moral”, isto é, uma dimensão da vida humana identificável entre outras e não redutível
a nenhuma outra, e que se manifesta no fato de que emitimos juízos morais; ou ainda
(c) ou na contraposição filosófica de cunho hegeliano entre “moralidade” e “eticidade”.
Fonte: Gontijo (2006, p. 132–133).

Diferenças entre ética e moral?


Conforme definido anteriormente, ética refere-se ao campo da filosofia que
investiga os comportamentos dos seres humanos, em diversas situações coti-
dianas, enquanto a moral diz respeito aos valores, aos julgamentos, isto é, o
campo prático das ações humanas.
Ética versus moral 29

Apesar de cada um desses conceitos possuírem suas particularidades,


existe uma estreita articulação entre ambos, na medida em que a ética tem
como objeto de estudo a própria moral. Desse modo, tanto a ética implica a
moral – enquanto “matéria-prima” de suas reflexões e sem a qual não existiria
– quanto a moral implica a ética para se repensar, desenhando-se, desse modo,
uma importante relação de circularidade e complementaridade (PEDRO, 2014).
A Figura 1 ilustra a relação inerente entre ética e moral:

elm = aqui o texto


é bem superior á
ilustração, que
Ética ajuda pouco para
entender /
diferenciar ética
de moral...
Moral

Figura 1. A relação entre ética e moral.


Fonte: Pedro (2014).

Perceba que há um movimento intrínseco entre ética e moral. Essa valori-


zação do conhecimento pensada como condição necessária ao modo de agir
e de viver moral é, simultaneamente, um pressuposto desse mesmo agir e
pensar. Isso, por outro lado, afasta a ideia de que a moral ou a ética pertencem
exclusivamente ao domínio da intuição ou da emoção e não do conhecimento
e da razão. Contudo, Pedro (2014) aponta que um equilíbrio entre ambas é
imprescindível.
Gontijo (2006) comenta que não se pode tratar ética e moral como an-
tônimos. É contraditório, por exemplo, defender uma ética sem moral ou
uma moral sem ética. Ocorre que alguns filósofos utilizam distintas nuances
de significações, e geralmente o fazem para denotar diferentes aspectos da
vida moral ou da reflexão moral, isto é, diferentes dimensões de um mesmo
fenômeno.
30 Ética versus moral

É perceptível que uma parte da vida cotidiana em comum exprime-se mais


adequadamente por ideias de obrigação e do dever, enquanto outra se expressa
por aspirações. Devo, por exemplo, respeitar os direitos do outro, devo honrar
os contratos, devo ser justo, fazem o bem, etc. Por outro lado, a generosidade
não pode ser obrigada: ela expressa um dom gratuito (GONTIJO, 2006).
A partir dessa exposição, quais seriam os conteúdos que compõem a ética
e a moral? Taille (2007) enfatiza que toda ética contém uma moral, pois cabe
justamente à moral regrar a vida em sociedade. Segundo o autor, podemos
assumir que toda perspectiva ética deve ser coerente com certos deveres
morais. Dito de outro modo, a moral não diz como é ser feliz, nem como ser,
mas sim quais são os deveres a serem necessariamente obedecidos para que
a felicidade individual tenha legitimidade social.

Para conhecer um pouco mais sobre a ética e a moral em outros autores clássicos, leia
o texto: “Considerações acerca da ética e da consciência moral nas obras de Freud,
Klein, Hartmann e Lacan” (JUNQUEIRA; COELHO JUNIOR, 2005).

Dessa forma, é preciso escolher quais são os deveres, definir que moral
condiciona a busca da felicidade. Nesse sentido, Taille (2007) destaca três
virtudes morais: justiça, generosidade e honra. A premissa que envolve esses
três conteúdos é o imperativo categórico kantiano de que existe uma dignidade
inerente a cada ser humano e que ela deve ser estritamente respeitada.
A primeira virtude, então, é a justiça, a mais racional de todas as virtudes,
segundo Piaget. Um dos elementos que a inspira é o princípio de igualdade.
Todos os seres humanos, independentemente de sua origem social, cognitiva,
dentre outros, têm o mesmo valor intrínseco e, logo, não devem usufruir de
nenhum privilégio. Por exemplo, é injusto negar o direito de voto a analfabetos,
uma vez que tal negação implica em colocá-los como cidadãos de segunda
ordem. Outro elemento essencial para se pensar a justiça é a equidade, o que
implica em tornar iguais os diferentes. Em outras palavras, os seres humanos
apresentam diferenças entre si, e elas devem ser consideradas no intuito de que,
no final, a igualdade entre todos os seres humanos seja realizada (TAILLE,
2007).
A segunda virtude diz respeito à generosidade. Essa virtude consiste no
fato de se dar ao outro o que lhe falta, sendo que essa falta não corresponde
Ética versus moral 31

a um direito. Nesse ponto, ela se diferencia da justiça e, ao mesmo tempo, a


complementa. Por exemplo: é justo que um professor não atribua uma nota
maior a um determinado aluno somente porque seus pais possuem um status
privilegiado na sociedade. Todavia, é generoso que o professor, depois da aula,
disponha-se a ajudar aqueles alunos que, porventura, necessitem de ajuda.
Assim, ter aulas depois do horário formal de aulas não corresponde a um direito
do aluno, porém ministrá-las é fazer prova de generosidade (TAILLE, 2007).
A terceira virtude elencada por Taille (2007) refere-se à honra. Para o autor,
a honra decorre do autorrespeito, é o valor moral que a pessoa tem aos próprios
olhos e a exigência que faz ao outro para que esse valor seja reconhecido e
respeitado. Nessa direção, temos com o autorrespeito um sentimento que une
os planos moral e ético. Uma vida feliz, para merecer o qualitativo de ética,
implica em experimentar o autorrespeito e, logo, agir com honra.
A vida ética é o acordo e a harmonia entre a vontade subjetiva individual
e a vontade objetiva cultural. Nesse sentido, a ética se realiza plenamente
quando interiorizamos nossa cultura, de tal maneira que praticamos esponta-
neamente e livremente os seus costumes e valores, sem neles pensarmos, sem
os discutirmos, sem deles duvidarmos, pois são como nossa própria vontade os
deseja. O que é, então, o dever? Significa, em outras palavras, o acordo pleno
entre nossa vontade individual e a totalidade ética e moral (CHAUÍ, 2000).
Desse modo, cada sociedade, em diferentes épocas de sua história, define
os valores positivos e negativos, os atos permitidos ou proibidos para seus
membros. Ser ético e livre será, portanto, estar de acordo com as regras morais
de nossa sociedade, interiorizando-as (CHAUÍ, 2000).

Para um maior aprofundamento sobre o tema da ética e da moral, leia a obra “Ge-
nealogia da Moral” (NIETZSCHE, 2017), escrita originalmente em 1887. Essa obra foi
considerada polêmica por contestar a ideia de que a razão teria o poder de intervir
sobre os desejos e as paixões, identificando a liberdade com a plena manifestação
do desejante e do passional.
32 Ética versus moral

ALLES, L. Ética a partir dos paradigmas. In: RUEDELL, A. (Org.). Filosofia e ética. Ijuí:
Unijuí, 2014. p. 93-104.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 10. ed. São Paulo: Ática, 2000.
CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e
ética. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
CORTINA, A. Ética. São Paulo: Loyola, 2005.
COSSETIN, V. Teorias éticas. In: RUEDELL, A. (Org.). Filosofia e ética. Ijuí: Unijuí, 2014.
p. 104-110.
GONTIJO, E. D. Os termos “ética” e “moral”. Mental, Barbacena, ano 4, n. 7, p. 125-135,
nov. 2006.
JUNQUEIRA, C.; COELHO NETO, N. E. Considerações acerca da ética e da consciência
moral nas obras de Freud, Klein, Hartmann e Lacan. Psychê, São Paulo, ano 9, n. 15,
p. 05-124, jan./jun. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psyche/
v9n15/v9n15a09.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2017.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. Ed. de Bolso. São Paulo: Cia das Letras, 2017.
PEDRO, A. P. Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades em torno de
um conceito comum Kriterion, Belo Horizonte, n. 130, p. 483-498, dez. 2014.
SILVA, D. A diferença entre ética e moral. [S.l.]: Estudo Prático, 2016. Disponível em: <
https://www.estudopratico.com.br/qual-diferenca-entre-etica-e-moral/ > Acesso
em: 17 jul. 2017.
TAILLE, Y.. Ética e moral: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Armted, 2007.
Ética versus moral 33

Leituras recomendadas
CAREL, H.; GAMEZ, D. Filosofia contemporânea em ação. Porto Alegre: Artmed, 2008.
HESSEN, J. Filosofia dos valores. Coimbra: Almedina, 2001
KANT, E. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
MARCONDES, D. Iniciação à filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein. 6. ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein. 2. ed.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
RACHELS, J.; RACHELS, S. A coisa certa a fazer: leituras básicas sobre filosofia moral. 6.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
RACHELS, J.; RACHELS, S. Elementos de filosofia moral. Porto Alegre: AMGH, 2013.
_C.2_ Dica do professor
Neste vídeo você poderá apreender algumas distinções básicas entre ética e moral, bem como
conhecer algumas correntes teóricas a respeito desses conceitos.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
b8a91f8e6615d508f3dbedde5ad13ff5

5 min

[VIDEO TRANSCRIPT] C.2 ÉTICA VERSUS MORAL

Vamos falar sobre a questão da ética versus moral.

Alguns autores utilizam essas palavras com o mesmo significado. Eles vão
dizer que a palavra ética se origina da palavra grega “ethos” e a palavra
moral se origina da palavra latina “mores” e tanto “ethos” quanto “mores” vão
significar costume ou hábito.

No entanto, na história do pensamento ocidental, esses termos foram tendo


tratativas distintas: o termo ética acabou sendo levado para uma vertente um
pouco mais teórica e o termo moral para uma vertente um pouco mais prática.

Então, para alguns autores há distinção entre ética e moral:


> Ética é a teoria que pensa o agir moral e de outro lado a moral seria a
prática dessa teoria ética.
> Ética trata de assuntos de ordem coletiva, do “ethos” da comunidade, do
conjunto de hábitos que forma a comunidade; então, poderíamos dizer que cada
comunidade possui uma ética. Mas não seria correto dizer que cada comunidade
possui uma moral (lembrando que nem todos os autores concordam com estas
diferenças entre ética e moral). Então, considerando que a ética trabalha
questões coletivas e teoriza a moral como esse código ético a ser cumprido, a
moral estaria mais ligada às ações, à praticidade do dia a dia e a ética mais
ligada à teoria.
> Moral trabalha com questões de ordem privada, ou seja, as nossas ações
cotidianas são abalizadas, são moldadas, são medidas pela moral. Por isso, é
possível dizer que cada um vai agir segundo a sua moral. Já a ética trata de
questões coletivas.
Dois autores importantes, a título de ilustração: Freud e Piaget.

> Freud [ pensa a ética como algo heterônomo (de fora para dentro) ao
sujeito ] - Freud vai dizer que a ética é algo heterônomo, ou seja,
que é algo trazido de fora para dentro do sujeito, que a criança ainda
não tem o superego. O superego seria esse conjunto de valores que vem
de fora para dentro da comunidade e vão organizar, vão acalmar o ide,
que é a pulsão que a criança tem.

> Piaget [ entende a moral como um processo que conduz à autonomia ]


Piaget vai dizer que, apesar de nós termos um momento, que é esse
momento na infância, que nós ainda temos uma relação heterônoma com a
moral, para Piaget por força de um desenvolvimento da criança, a
criança vai acabar sendo autônoma.

A distinção acima, trazida, ilustrada com Freud e Piaget é adotada por alguns
autores. Mas nós poderíamos discutir essa questão sobre variados outros
matizes.

Então é importante então pensar que a moral está muito mais ligada a uma
questão racional prática e a ética está, de alguma maneira, ligada também a
questões emocionais, a valores emocionais que nós acabamos por adquirir com a
família, a formação, a religião, a escola e o Estado no qual fomos criados.
_C.2_ Exercícios
1) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:

A) Para Freud, a moral é obedecer a um "ser coletivo".

B) Em Freud podemos dizer que o sujeito possui uma moral autônoma.

C) Em Piaget podemos afirmar que o caminho do desenvolvimento moral é o da autonomia.

D) De acordo com Kohlberg, a moral é desenvolvida a partir da emoção.

E) Durkheim e Freud colocam acento na razão, no que diz respeito à moral.


2) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:

A) Na contemporaneidade aceita-se que a moral seria como um conjunto de deveres.

B) O relativismo axiológico afirma que os valores são universais.

C) O relativismo antropológico afirma a existência de uma moral igual para todos os homens.

D) As teorias de Freud e de Durkheim são coerentes com o relativismo axiológico.

E) Piaget é um autor que se distancia do argumento iluminista de um progresso gradativo da


humanidade.

elm = Excertos do
livro Moral e Ética
de La Taille.
3) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:

A) Existem teorias que distinguem a moral da ética pela sua aplicação: moral é privada, ética é
pública.

B) A única teoria válida, para distinguir ética de moral, é aquela que as separa de acordo com a
ideia de que a ética seria a teoria que estuda as práticas morais.

C) Ética e moral são diferentes inclusive em sua raiz etimológica.

D) Há mais uma distinção entre moral e ética: esta última significaria a busca por saber como
devo agir, e aquela outra, buscaria saber qual vida quero viver.

E) A moral em nada se alia à ideia de obrigatoriedade do cumprimento de regras.


4) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:

A) A questão da felicidade está aliada à uma dimensão objetiva, relacionada ao que a pessoa
possui de bens tangíveis.

B) A felicidade depende exclusivamente de estados internos.

C) A felicidade depende também de estados internos.

D) A felicidade pode ser obra de um curto momento da vida.

E) O prazer é a fonte inquestionável para o alcance da felicidade.

elm = Excertos do
livro Moral e Ética
de La Taille.
5) Qual autor pensou a teoria na qual a moral é algo que desenvolve-se da heteronomia para a
autonomia?

A) Freud.
elm = Excertos do
B) Lacan. livro Moral e Ética
de La Taille.
C) Piaget.

D) Kant.

E) Aristóteles.
_C.2_ Na prática
O debate enriquece o conhecimento e ao mesmo tempo sensibiliza as pessoas para as diferenças.
Não há cultura que esteja por completo resolvida, tampouco haverá cultura que não tenha nada a
ensinar. O pluralismo e o diálogo, junto das reflexões constantes, são a válvula pela qual o diferente
é recebido.

Ao percebermos que o mundo está se integrando de diversas maneiras, não


apenas economicamente, isso requer pessoas ocupadas com as questões morais,
visto que os comandos de ontem talvez não mais sirvam para hoje, e as regras
e princípios cristalizados talvez devam ser colocados em questão. Desse modo,
as mudanças que inserem novos valores na sociedade devem ser atendidas, sob
pena de excluirmos a diferença e de a tirania estar revestida de moral e
ética.
_C.2_ Saiba +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

[significados.com.br]
Axiologia, também chamada de teoria de valor, é o estudo filosófico prático que busca entender a natureza dos valores
e os juízos de valor e como eles surgem na sociedade. A axiologia está intimamente relacionada a dois outros domínios
da filosofia: ética e estética.

Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades em


torno de um conceito comum
Este artigo tem por objetivo essencial contribuir para o esclarecimento teórico-filosófico do uso de
conceitos como ética, moral, axiologia e valores, habitualmente empregues para nos referirmos a
uma mesma realidade.
https://www.scielo.br/j/kr/a/zMJGSvfJCfxBQwQRCyHnjgt/?format=pdf&lang=pt

pdf 16 páginas.

Ana Paula Pedro ana.pedro@ua.pt


RESUMO Este artigo tem por objetivo essencial contribuir para o esclarecimento teórico-
filosófico do uso de conceitos como ética, moral, axiologia e valores, habitualmente
empregues para nos referirmos a uma mesma realidade. Para tal, começaremos por analisar as
respetivas etimologias que os caracterizam, examinaremos os diversos matizes dos seus
sentidos diferenciados, bem como a sua relação de complementaridade, e terminaremos
referindo o que entendemos por valores e qual a sua natureza e importância, principais
características, bem como o universo a que se reportam. Ao longo do texto, aduziremos e
concluiremos pelo uso preferencial do conceito de “ética” a “moral”, para o qual estão
reservados os termos “normas” e “regras”, e o de “valor” a “norma”, a par de uma perspetiva
crítica daquela.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS


LA TAILLE, Yves de. Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre:
Artmed, 2007, p. 25-28;36-38; 49-58.
Banco de imagens Stockfresh.
SAGAH, 2015.
Aula C.3
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

A responsabilidade moral
_C.3_
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem iremos explorar um dos pensamentos mais desafiadores da ética
nos dias atuais: a perspectiva da responsabilidade na dimensão da ética da alteridade.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Construir um conceito de responsabilidade.


• Identificar dentro da ética da alteridade a importância da responsabilidade.
• Distinguir, dentre situações práticas, uma boa aplicação deste conceito.
_C.3_ Desafio
Neste desafio propomos uma reflexão acerca da responsabilidade moral no sentido profissional. No
tempo da ditadura militar, alguns funcionários do estado eram contratados apenas para realizar
torturas. Esse indivíduo, portanto, poderia alegar que apenas estaria cumprindo as ordens de
terceiros. Assim, pensaria estar se eximindo da culpa, que é o combustível para a formação moral.

Há um filme brasileiro, intitulado Tempos de paz, no qual Segismundo, que é interpretado por Tony
Ramos, é um desses indivíduos aos quais nos referimos. Essa situação, mesmo que em outro
sentido, ainda é muito comum nos dias atuais.

A partir desse enredo, crie um texto que dialogue com a ética da alteridade de Lévinas, que nos
obriga a perceber que apenas existimos pelo rosto do outro, e critique as posições acima descritas.

Orientação de resposta:

Para realizar este desafio, você deverá atender aos seguintes itens:

1. Falar sobre a ética da alteridade.


2. Contextualizar o problema explicitado em relação à responsabilidade moral.
3. Tratar dos problemas de posicionamentos, como o explicitado acima.

elm = 1) Ética da alteridade é a ética do Outro. 2) Responsabilidade moral está no outro,


uma responsabilidade infinita. 3) Justificativa inaceitável, não há como justificar a
tortura, muito menos sob o manto da Ética da Alteridade.

Padrão de resposta esperado

A ética dentro do pensamento de Lévinas requer uma responsabilidade que transcende a


mera prática de cumprimento de regras. Quando nos referimos à questão da
responsabilidade dentro desse pensamento, aquilo que é o possível nunca será o
bastante. Assim, quando visualizamos no filme, Segismundo, ou qualquer outro
funcionário de regimes ditatoriais a realizar a tortura, para esse autor, dentro do
pensamento da ética da alteridade, essa pessoa não estaria livre da responsabilidade
apenas pela justificativa do cumprimento de regras.

Aqui não discutimos a responsabilidade profissional. A questão importante está


ligada à responsabilidade moral enquanto maneira de mantermo-nos enquanto humanos.
Ora, dentro do pensamento ético de Lévinas, a razão cede lugar à ética, e assim, por
mais que exista um fundamento de hierarquia ou qualquer outro, por detrás dessa
ação, o sujeito é responsável pelo outro. Pelo rosto que o interpela enquanto mostra
sua fragilidade. A fragilidade do rosto nos interpela a fazermos o bem a ele. Assim,
qualquer ação que esteja contra o rosto, em verdade, estaria contra a nossa própria
humanidade. Para esse autor, a própria divindade residiria nesse rosto que se
apresenta diante de nós. Por isso mesmo, nossa responsabilidade também infinita. O
rosto é o local no qual vivenciamos nossa humanidade. Nossa colocação no mundo
depende desse rosto. Desse outro.

Assim, independentemente da obrigação hierárquica, o outro nos passa a frente, por


isso mesmo, nossa infinita responsabilidade sobre ele. Responsabilidade que não se
encerra em nossa possibilidade racional, daí que poderíamos dizer que quando existem
atos desse tipo, há ali uma própria negação de si mesmo. Quando violamos o rosto do
outro, impedimos que nossa colocação no mundo se dê de maneira completa, e complexa.
A negativa da ordem seria a saída ética, nesse sentido.
_C.3_ Infográfico
Neste infográfico você poderá visualizar um breve conceito de responsabilidade, a maneira como
ele aparece e a necessidade da ética na construção do ser humano.

elm = copiado texto e disposição do infográfico, não instrui


muito sobre a responsabilidade... Mais um infográfico feito
provavelmente para preencher o item padrão Sagah...

ÉTICA
> Rosto do outro.
> Condição para o meu existir.

RESPONSABILIDADE
ÉTICA DA ALTERIDADE
> O outro como meu local de
habitação.

ROSTO
> Morada da história que me obriga
ao cuidado.
_C.3_ Conteúdo do livro
Para aprofundar os seus conhecimentos acerca da responsabilidade moral, convido-lhe à leitura do
material a seguir. Nele refletiremos sobre o rosto, a responsabilidade e a relação ética assimétrica.

Boa leitura.

elm = texto sem indicação da fonte / autoria.

elm = ver texto fim


apostila sobre Lévinas.

================= elm = Texto difícil de entender...


\
Rosto, Responsabildade e relação ética assimétrica
\
De acordo com o pensamento levinasiano, a interpelação do Rosto lança
sobre o Eu uma responsabilidade que o antecede, criando assim a
subjetividade. Independentemente de uma anuência ou concordância do Eu, a
responsabilidade que me vem a partir do Rosto do Outro me impele e, por
se tratar de uma relação assimétrica, não tenho possibilidade de me
deslocar de sua incessante inquisição. O Rosto é obrigação infinda que
arrebata a cada momento, em que nos damos conta de nosso existir, pois
ele se torna também condição de inteligibilidade do mundo. Sou, enquanto
me responsabilizo.
\
Quando Lévinas admite que essa responsabilidade é indeclinável, ele quer
que entendamos que não podemos dizer não a ela. Ser eu, de acordo com ele,
significa não ser capaz de evitar a responsabilidade, porque estou
ligado, de uma maneira peculiar, ao Outro. Segundo Hutchens (2007):
\
(...) mesmo antes de encontrar o Outro eu já sou responsável. Estou
obrigado sem que essa obrigação tenha começado em mim, como se uma ordem
tivesse penetrado sorrateiramente em minha consciência como um ladrão,
metendo-se ali clandestinamente (...) A face de outra pessoa evoca uma
responsabilidade para com aquela pessoa. Em todas as ocasiões em que
reagimos a alguém, estamos sendo responsáveis para com ele de uma maneira
indeclinável , ou seja, irrecusável. A face da outra pessoa em um
relacionamento face a face tem uma espécie de direito privilegiado sobre
nós. Muitas vezes Lévinas escreve sobre o eu como se fosse um refém
perseguido pela outra pessoa.\
"A melhor maneira de encontrar outrem é nem sequer atentar na cor dos
olhos". (LÉVINAS 1982, p. 77) Com essa frase, o autor tenta mostrar a
improbabilidade que é o contato com o Rosto. É improvável, pois aquele que
o apreende em suas feições acaba por não alcançá-lo enquanto tal. Assim,
se seguirmos a recomendação do autor poderemos aferir o paradoxo que é a
relação com o Rosto. Ora, se de um lado o Rosto se encontra "despido",
"sem defesa", "ameaçado", de Outro, é esse mesmo Rosto que nos impede de
atuar de outra forma senão com amor. O Rosto é o que nos proíbe de matar.
Neste momento, trata-se de traçarmos a relação proposta, entre Rosto,
responsabilidade e relação ética assimétrica. Assim, é para esse Rosto
que devo tudo, a quem tudo preciso responder enquanto apelo ético
desamparado que me clama e ordena em uma relação assimétrica. Neste
sentido, ao mirar esse Rosto, tenho-me interpelado por ele como uma
ordem, pois sua fragilidade me ordena: não matarás! e a esta altura do
Rosto é que me curvo enquanto seu refém. Incapaz de conceituá-lo, dada
sua anterioridade, que me constitui em minha própria subjetividade.
\
Os dizeres de CHARLIER autorizam o nos referimos, ou seja, a relação
assimétrica imposta pelo Outro não me é questionada, ela me vem. Nesse
sentido, não há qualquer esperança de retribuição para o existir ético, em
verdade, o que irá colorir a relação ética será, de fato, o desinteresse
que me demove até o Rosto, que me responsabiliza por ele.
\
De fato, de acordo com Lévinas, o Outro diz-me respeito mesmo se me
ignora, se me olha com indiferença, ou passa, atarefado sem me ver. A
ética impõe-me deixar o terreno, violento e inelutavelmente enganoso, da
luta pelo reconhecimento, da rivalidade e da vingança. A nudez inscrita no
Rosto de outrem, ainda que daquele que não hesita em me sacrificar por
causa dos seus interesses, consigna-me imediatamente responsável, obsidia-
me e até me põe em questão se ele se recusa, obstinadamente, a reconhecer-
me (...) ( LÉVINAS apud CHARLIER 1993, p. 123-124)
\
E às críticas acerca de uma tal desobrigação pelo outro que não me ama e
que me faz mal, Lévinas responde da seguinte forma: (A) assimetria ética,
a única capaz, segundo ele, de fazer entrar um pouco de humanidade num
mundo expostos aos mais dilacerantes ódios. Como se fosse necessário saber
abrir uma brecha na rivalidade mimética que tão frequentemente aprisiona
os homens, não hesitando em consentir à bondade, em primeiro lugar, sem
garantia quanto à recção de outrem, susceptível, com efeito, de confundir
esta bondade com uma fraqueza e de se aproveitar disso. (LÉVINAS apud
CHARLIER 1993, p. 124)
\
Aqui estaríamos no terreno daquilo que se chamou vocação para santidade.
Exatamente no sentido de afirmar que a ética seria desinteresse. Relação
de pura assimetria em face do outro que me contém e para o qual eu «sempre
tenho uma resposta a mais para dar». Independente de qualquer ordem
recíproca, posto que se trata de uma relação de santidade, simplesmente de
um "eis-me aqui!".
\
Responsabilidade: A rota de fuga dessa violência simbólica fica apontada
com a ideia levinasiana de responsabilidade. Ao nos referirmos a esta
ideia, precisamos estabelecer, aliás, como já anunciado, que a existência
do eu não se funda propriamente na percepção dada pelo cogito. O Outro me
antecede na relação com o mundo. Nesse sentido, a existência do ser
humano é não apenas mediada pelo Outro, mas, em verdade, temos nele a
condição primitiva de minha colocação no mundo. Estabeleço-me no mundo a
partir e através do outro. No encontro com a face do outro, me
responsabilizo por ele e por todos os outros que vierem, ora, o mundo
constitui-se desta e por essa possibilidade. Assim, a existência do ser
humano restaria, dada a partir do encontro com o Outro. O Outro que me
permite habitar o mundo enquanto me dou a ele em condição de refém, mesmo
sem querer, mesmo sem que se tenha aprovado essa responsabilidade, de
maneira antecipada.
\
De certa forma, o pensamento contemporâneo parece não estar muito bem
resolvido em face dessa perspectiva, uma vez que a já proclamada
violência simbólica, foi ela mesma condição para que erguêssemos o mundo
tal qual é conhecido. O mundo é ocidental, diriam os mais desavisados, e
contra esse pensamento racionalizante e instaurador de opressões e
diferenciações das mais diversificadas montas, é que o messianismo de
Lévinas aparece como nova possibilidade ao ser humano. Um encontro de
rostos que não se identificam. Um encontro em que os convivas não se
apresentam, dado que a violência se apresenta na relação, desde já,
quando nos assumimos como habitantes de uma determinada nacionalidade ou
etnia. Daí em diante, as mais terríveis atrocidades, no sentido da
violência simbólica, são realizadas sob a bênção da linguagem. Essa
linguagem ocidentalizada e fundada no logos seria ela, assim mesmo, com
todas as suas heranças, a própria violência simbólica em ação. No limite,
não haveria forma outra de relação que não fosse já uma relação violenta.
Escutar o Outro, talvez seja esse o apelo para a saída dessa
encruzilhada. Pois, se ficou estabelecido que o homem é esse ser de
linguagem, se sua condição mesma de habitar o mundo com o Outro resta
estabelecida a partir daquilo que a linguagem se nos oferece, em certo
sentido, poderíamos afirmar que o logos não daria conta da indicação para
a saída desse problema. Advertimos aqui para uma necessária audição do
pensamento de Lévinas para que a santidade do homem - sua busca - torne-
se o existencial privilegiado afim de que este problema transcenda o
patamar do logos.
\
==============
_C.3_ Dica do professor
Neste vídeo, você poderá observar como a ética da alteridade nos obriga a nos responsabilizar pelo
outro que nos constitui no mundo.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
da8aa6e350ae9b165ade1c2de7e32eff

5 min

elm - transcrição adaptada, melhorada.

[VIDEO TRANSCRIPT] C.3 RESPONSABILIDADE MORAL


\ ============
Para falar sobre a responsabilidade moral, nós convocamos um autor
contemporâneo, o Emmanuel Lévinas, autor muito importante para falar de
responsabilidade, porque é um autor que constrói a sua ética na prática.
\
Lévinas foi preso num campo de concentração nazista e, lá, ele construiu a
Ética da Alteridade, a ética do Outro.
\
Para Lévinas, a responsabilidade seria a nossa própria condição para o
existir, ou seja, nós só existimos enquanto indivíduos / sujeitos / humanos,
porque nós nos responsabilizamos pelo Outro, ou seja, estar responsável é o
que nos direciona ao Outro. Poderíamos dizer que o olhar do Outro, para o
qual, no qual eu vivo é aquilo que me torna responsável por ele e vice-versa.
\
Então essa responsabilidade seria a nossa obrigação para com Outro, seria a
nossa visão a partir do Outro; ou seja, nós só existimos através, a partir,
mediante aquele Outro que nos olha. E quando ele nos olha, ele cria em nós
essa responsabilidade pela sua existência.
\
Poderíamos dizer então que a Ética Levinasiana, a Ética do Emmanuel Lévinas,
nos diz que o que nos torna humanos é a nossa responsabilidade pelo Outro,
porque o Outro que nos faz existir nesse mundo.
\
Poderíamos citar uma frase lapidar: “Eu só estou no mundo, eu só sou um
indivíduo, quando estou responsável pelo Outro, por aquele que vem”.
\
Assim, é interessante perceber que a responsabilidade moral está ligada ao
número de leis de um determinado país, pois, quanto mais moral estiver a
reger as relações humanas, menos leis nós terão de ser criadas. Um número
excessivo de leis denota um número mínimo de moral em determinado local.
\
Segundo o pensamento Lévisaniano, se nós estivermos responsáveis pelo Outro,
se nós entendermos que esse Outro que clama pela existência, ele nos
responsabiliza moralmente e nós não precisaríamos do número excessivo de leis
para reger essas relações.
\
O conceito de responsabilidade está na mesma dimensão do conceito de
humanidade.
\
Enquanto participante das relações humanas, enquanto humano, eu não posso me
esquivar da responsabilidade do cuidado pelo Outro.
\
Essa responsabilidade pelo Outro me torna igual ao Outro e, ao mesmo tempo,
refém dele, pelo fato de eu ter uma responsabilidade infinita.
\
Quando falamos que somos reféns do Outro, o termo refém não é um termo
pejorativo, mas, o contrário, pois isso me possibilita existir no mundo,
porque eu tenho uma responsabilidade infinita pelo Outro. É isso que me move,
é isso que me torna humano: esse olhar frágil do Outro, esse olhar que
precisa de mim e que ao mesmo tempo eu preciso dele.
\
Quando dizemos que somos reféns do Outro, significa que nós precisamos do
Outro para nos constituirmos no mundo.
\
O mundo do indivíduo se faz pelo olhar daquele que vem, por isso eu estou
infinitamente responsável por esse Outro que me dá morada no mundo.
\ ============
_C.3_ Exercícios

1) Sobre a responsabilidade ética e moral em Lévinas podemos afirmar que ela:

A) nasce da razão.

B) cresce com o desenvolvimento racional.

C) é o atributo apenas de uma parcela de seres humanos.

D) é o elemento que cria nossa subjetividade.

E) só é cobrada mediante leis.


2) Qual autor pensa a ética da alteridade?

A) Kant.

B) Aristóteles.

C) Derrida.

D) J.S. Mill.

E) Lévinas.
3) Quando falamos que o “eu” é um refém do outro, queremos dizer que:

A) o outro é nosso inimigo.

B) devemos libertar o eu.

C) apenas na responsabilidade pelo outro iniciamos a existência.

D) a alteridade pode nos matar.

E) a individualidade não se relaciona nunca com um outro, ela é liberta.


4) Segundo Lévinas, sou responsável pelo outro apenas quando:

A) ele me reconhece como igual.

B) quando ele me faz bem.

C) quando ele me trata como amigo.

D) em qualquer circunstância.

E) apenas em tempos de paz.


5) A ética e a moral, em Lévinas, querem superar qual paradigma?

A) Logos ocidental.

B) Logos oriental.

C) Religioso.

D) Político.

E) Técnico.
_C.3_ Na prática
Quando presenciamos um excesso de legislação a reger a sociedade, percebemos que há aí um
déficit de moralidade, ou seja, quando o número de leis é excessivo, percebemos que estamos
presenciando um problema.

A responsabilidade é uma das condições necessárias para nossa vida com o


outro. Em verdade, um existir ético torna menos necessárias as leis
jurídicas, pois faz com que a sociedade aja de maneira espontânea na condução
correta de seus atos, quando reconhecemos no outro a origem de nossa própria
existência.
\
Quando a santidade do outro habita nossa relação, é aí quese encontra nossa
responsabiidade moral infinita. Ela independe de uma lei para que seja
cumprida.
\
Na realidade, o agir moral delineia a sociedade, tornando mais fácil as
relações. Esse sentimento ético que se torna externo em nosso agir moral, é a
argamassa que une a comunidade antes do direito, uma comunidade mais
harmônica e autõnoma.

Quando vemos que há, em nossa própria maneira de existir, uma responsabilidade pelo outro, que
carrega em seu rosto nossa própria condição de existir, vemos a importância do cumprimento de
nossa responsabilidade moral, sem que haja uma coação legal por detrás de nosso ato.
_C.3_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Os elementos da filosofia moral


Raches, J, Raches, S. 7. ed. Porto Alegrre: AMGH, 2013. (Cap. 1 e 3)

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

elm = livro na bib. virtual.

A responsabilidade moral pela ação e pelo caráter em Aristóteles.


http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/view/8101/6827

pdf 24 pág. artigo

RESUMO Aristóteles não trata explicitamente da responsabilidade moral de um agente por sua
ação e seu caráter. Contudo, a responsabilidade moral é matéria obrigatória em uma teoria
ética, sendo necessário, no caso da filosofia moral de Aristóteles, entendê-la em meio a
discussão sobre a ação voluntária. Nesse artigo, buscamos analisar o tema da
responsabilidade moral entendendo, primeiramente, como a ação é possível no mundo e os
processos psicológicos que a envolvem. Posteriormente, analisamos a abordagem aristotélica
sobre o ato voluntário na Ética a Nicômaco e na Ética a Eudemo para entendermos as
condições necessárias para que alguém seja moralmente responsável pelo seu ato e seu
caráter.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÉDITOS DE IMAGENS


HUTCHENS, B. C. Compreender Lévinas. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
LEVINAS, Emmanuel. Ética e infinito. Lisboa: edições 70, 1982.
CHALIER, Catherine. Lévinas - A utopia do humano. Lisboa: Instituto
Piaget, 1993.
Banco de imagens Stockfresh.
SAGAH, 2015.
elm = extra sobre
netmundi.org/filosofia/2014/levinas-filosofia-da-alteridade Lévinas 2 pág.

Emmanuel Lévinas: Introdução à Filosofia da Alteridade

O filósofo lituano-francês Emmanuel Lévinas (1906-1995) é considerado um dos mais influentes pensadores éticos
do século XX. Desenvolveu uma filosofia baseada na ideia de Alteridade. Segundo Lévinas, quando o outro é
percebido como Alteridade torna-se absolutamente Outro, incompreensível, transcendente e incontornável, fonte das
grandes experiências de vida e base genuína da ética.

Para desenvolver sua argumentação, Lévinas criou termos (chamados de categorias levinasianas) que aqui serão
identificados com inicial maiúscula, como Alteridade, Infinito, Totalidade, Outro, Rosto e Mesmo. Esses conceitos se
relacionam de forma a demonstrar as falhas da filosofia ocidental e propor uma nova visão ética.

Alteridade, Outro e Mesmo

Lévinas pretende romper com a ética da filosofia ocidental, que, segundo o filósofo, desconsidera a Alteridade do
Outro. Para a mentalidade ocidental o Outro é aceito apenas se convertido e reduzido ao “eu“: minha cultura, religião,
ideologia, filosofia ou visão de mundo.

Tal perspectiva reducionista define a própria existência a partir do “ser” (que surge com Parmênides: “O ser é, o não-ser
não é”) e do “eu” ou ego cogito (“Penso, logo existo” de Descartes). Segundo Lévinas, essas são as bases filosóficas
do pensamento ocidental que constituem a realidade apenas a partir de si mesmas.

A filosofia busca totalizar todas as coisas, ter uma síntese total da existência, inclusive do eu individual,
deixando-nos “lado a lado” e não “face a face”. (HUTCHENS, 2007)

Fundamentada nessas bases, a ética ocidental (e a própria filosofia) justifica a guerra e a violência contra o Outro, uma
vez que o Outro torna-se ameaça à visão de mundo reduzida e egocêntrica.

O Outro, estando além do “eu” (ou do Mesmo), é entendido como nada, não-humano ou inexistente, portanto,
pode sofrer violência ou ser eliminado sem prejuízo à consciência, afinal, resistiu à “verdade”, sendo culpado de
seu sofrimento.

Totalidade, Infinito e Rosto

A forma de ver o mundo a partir de si mesmo, negando a Alteridade do Outro, é chamada por Lévinas de pensamento
totalizante ou Totalidade. Contudo, é impossível viver fora da Totalidade (a identidade que formou meu ser).Por outro lado,
a Totalidade não pode ser base para a ética ou a relação com o Outro.

A face do ser que se mostra na guerra fixa-se no conceito de totalidade que domina a filosofia ocidental. Os
indivíduos reduzem-se aí a portadores de formas que os comandam sem eles saberem. Os indivíduos vão
buscar na totalidade o seu sentido (invisível fora dela).” (LEVINAS, 2008, p.8)

O que Lévinas propõe é uma nova relação entre Totalidade e Alteridade que não seja excludente e destrutiva, mas
de aceitação mútua.

Lévinas entende que as relações éticas são transcendentais, estariam além da possibilidade de apreensão do “eu” e do
“ser”. Contudo, é importante frisar que “transcendental” não tem sentido divino ou sobrenatural, mas sim de algo
“além de mim” e, portanto, ainda assim inatingível.

Desta forma, a ética em Lévinas assume caráter sagrado, pois sendo o Outro transcendente, as relações com o Outro
equivalem à relação com Deus ou com o Infinito, algo além de minha capacidade de apreensão.
Se o sofrimento do Outro não me afeta, é porque ele está reduzido à Totalidade, fato que me impede de ver seu
Rosto. O Outro é sempre estrangeiro para mim, ainda que seja irmão, vizinho ou viajante. Mas a visão do Rosto, quando
acontece, sempre surpreende, pois é visão do Outro nunca antes percebida que rompe minha Totalidade e minha
ingenuidade. Deixamos de ficar “lado a lado” e ficamos “face a face”. Rosto é um conceito de Lévinas que sintetiza sua
ética e possui uma complexidade que não pode ser abordada em um texto introdutório.

Por isso o nome da principal obra de Lévinas é Totalidade e Infinito, pois a relação ética é sempre relação do
“eu” (Totalidade) com algo irredutível ao pensamento (Infinito).

Querer reduzir o Outro ao pensamento é querer, com minha Totalidade, abarcar o Infinito. Mas isso, obviamente, é
impossível. Se acredito que conheço o Outro, isso é apenas ilusão egoísta da Totalidade. A visão do Rosto, que é vestígio
de Infinito, é a súbita percepção disso.

A ética da Alteridade

A relação ética genuína ocorre quando a Alteridade é preservada sem, contudo, deixar de acolher o Outro em sua
fragilidade e necessidade. É uma relação de passagem e aceitação, não de concordância, posse ou identidade, pois
o “eu” será sempre o Mesmo e o outro será sempre o Outro.

Essa insistência de Lévinas no Outro como Alteridade (e consequentemente como Infinito) busca transportar para a ética
uma das mais antigas experiências humanas: a experiência com o sagrado.

Não se trata da experiência das religiões, principalmente quando dogmáticas, pois apenas reduzem o Outro ao Mesmo.
Trata-se das autênticas experiências com a Alteridade, quando há assombro e súbita percepção de algo além de qualquer
tentativa de posse ou redução.

Essa é a experiência que Lévinas chama de epifania do Rosto, e marca claramente a fronteira entre religião (que é relação
com o Mesmo) e religiosidade (relação com o Infinito), pois rompe a ingenuidade.

A violência é uma das chaves para o entendimento da ética da Alteridade de Lévinas, pois a redução do Outro ao
Mesmo sempre gera algum tipo de violência que parte daquele que recusa ou reduz Alteridade.

Ainda que a filosofia de Emmanuel Lévinas pareça religiosa, o filósofo pretende com isso demonstrar uma metafísica
positiva de aceitação do Outro — uma ética da Alteridade. Evita, assim, a metafísica negativa (ética excludente da
teologia, filosofia e política ocidentais), pois, nesses casos, a única certeza clara, nas palavras de Lévinas, é “a certeza da
paz que traz a evidência da guerra”.

Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de
Brasília.

Referência Bibliográfica

1. CARNEIRO, Alfredo. Relação entre Deus e o Homem em Lévinas. 40p. Monografia


Filosofia – UCB, Brasília-DF, 2016.

2. LÉVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito, Lisboa: Edições 70, 2008


3. HUTCHENS B. C. Comprender Lévinas. Petrópolis: Editora Vozes, 2004
Aula C.4
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação

Obrigação
_C.4_
Apresentação
A conta do grande número de regras que circulam e norteiam as relações sociais nem sempre é
percebida. Os indivíduos estão envolvidos em uma rede ampla de costumes, os quais exigem
constantemente certos comportamentos que são considerados legítimos e desejáveis, em relação a
outros que são, por outro lado, entendidos como execráveis e puníveis. Existe a constante
demanda por ações individuais que não são, necessariamente, resultado de escolha livre,
deliberada, mas que se constituem naquilo que as pessoas e a sociedade esperam de cada
indivíduo. Contudo, é possível perguntar-se: As obrigações morais exprimem uma verdade a ser
acatada ou um problema a ser refletido? A moral corresponde à simples obediência em relação às
obrigações sociais ou teria um sentido mais amplo, como o de compreensão do
significado profundo das ações? Cabe ao indivíduo refletir e questionar sobre as normas vigentes e
definir, assim, o que é imprescindível ou descartável em termos de obrigação, ou, ainda, por outro
lado, cabe a cada um a simples obediência prática, sem a qual o mundo cairia no completo caos?
Essas são algumas das questões que nortearão os estudos a seguir.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá um pouco mais sobre o conceito de obrigação,
algumas linhas teóricas fundamentais que se desenvolveram ao longo da história do pensamento e
como essa noção chegou até nossos dias. Além disso, verá a relação entre a noção de obrigação e o
pensamento moral da Filosofia ocidental e, ainda, terá contato com a aplicação do conceito nas
relações morais que permeiam a prática no cotidiano.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o conceito de obrigação.

• Relacionar este conceito dentro do pensamento moral.

• Aplicar o conceito de obrigação em relações morais.


_C.4_ Desafio
Convidamos você a refletir sobre a discussão a respeito da obrigatoriedade eleitoral.

Muitos, no Brasil, são favoráveis a projetos de reforma eleitoral que pretendem tornar facultativa a
participação dos cidadãos nas eleições. Outros defendem que o direito e a obrigatoriedade do voto
representam uma conquista histórica, da qual não se deveria abrir mão, haja vista que as eleições
por meio do voto direto do maior número de pessoas seriam a garantia de que a democracia está
em efetivo exercício.

Reflita sobre o assunto e responda os seguintes questionamentos:


a) Qual argumento justifica racionalmente a reforma eleitoral, de modo a tornar facultativa a
participação de cidadãos nas eleições.
b) Elabore um contra-argumento que sustente a tese de que a democracia somente é efetiva
quando exercida pela maioria dos cidadãos no processo de escolha dos governantes.

elm = a) Voto obrigatório provavelmente aumente o número de votos, mas,


certamente diminui a qualidade dos votos no total - aqui qualidade de voto
refere-se a voto consciente, ou seja, de eleitor interessado e informado a
respeito dos candidatos.
b) Um argumento para obrigatoriedade do voto: caso o número de votos seja
menor que a metade número de eleitores aptos, a representatividade dos
eleitos seria minoria da população, situação indesejável numa democracia.

Padrão de resposta esperado

a) São feitos paralelos com outras nações modernas, tais como os Estados
Unidos, a fim de justificar a noção de que é possível a manutenção da
democracia no modelo eleitoral facultativo. Também é possível argumentar a
respeito do valor qualitativo das escolhas, sobrepondo-se, assim, ao valor
quantitativo que pode, ao contrário, representar numericamente o processo de
manipulação de massas. Assim, o processo eleitoral deveria ser exercido de
forma esclarecida e consciente, atributos esses que parecem ser incompatíveis
com a condição de coerção da obrigatoriedade.

b) São buscados argumentos históricos para ilustrar o amplo processo de abuso


de poder que marca a trajetória da sociedade brasileira. A democracia, como
manifestação recente dessa sociedade, necessitaria da participação do maior
número de pessoas, da inclusão daqueles que historicamente foram excluídos
dos processos decisórios. Além disso, o fato de que a participação individual
é voluntária não significa que esteja livre de processos de manipulação
eleitoral. Alguém pode ser induzido a participar do processo eleitoral e
servir como massa de manobra, inconsciente, ainda que tal participação não
seja obrigatória.
_C.4_ Infográfico
Como é possível identificar as relações entre os princípios da obrigação e da moralidade, tendo
como ponto de conexão o princípio da responsabilidade? Neste Infográfico, você visualizará um
comparativo entre esses dois conceitos.

Confira.

> OBRIGAÇÃO

>> Atitude tendo em vista a coletividade. Baseia-se


na relação de direitos e deveres, em que o
indivíduo age pelo bem comum de acordo com o que é
esperado dele como partícipe da sociedade.

>> Exemplos:
\ Respeito às normas de trânsito;
\ Aversão a cometer crimes passíveis de punição;
\ Atendimento às normas de conduta da empresa;
\ Pagamento regular de taxas e impostos exigidos
pelo Estado.
RESPONSABILIDADE

> MORALIDADE

>> Valores baseados na tradição cultural e


religiosa, em que se exige dos indivíduos certos
comportamentos tendo em vista a harmonia do todo, de
acordo com uma ordem supra-humana.

>> Exemplos:
\ Respeito aos cultos religiosos da tradição na qual
está inserido;
\ Obediência aos valores familiares assimilados na
formação;
\ Alinhamento com os modos de pensamento
predominantes;
\ Aversão aos modos de vida contrários aos valores
de sua cultura.
_C.4_ Conteúdo do livro
Para discutir a obrigação, é essencial tratar da tradição filosófica dos contratualistas modernos,
passando pela Filosofia contemporânea, abordando as teorias de Nietzsche e dos frankfurtianos,
Horkheimer e Adorno, sempre buscando as conexões e tensões entre o que se entende no senso
comum por obrigação e a moralidade, e o que a Filosofia teria a acrescentar sobre o tema.

Leia o capítulo Obrigação, do livro Ética. Aqui, você será convidado a refletir sobre o conceito de
obrigação e as suas relações com a noção de moralidade.

Boa leitura
SUMÁRIO
Ética no m undo digital ...................................................................................... 9
Gisele Varani
A ética e o mundo das redes sociais ......................................-..................................................................... 9
A questão ética nas redes sociais .................................................................................................................. 13
O acesso desigual à informação - desafios éticos ............................................................................ 16

Introdução à ética ............................................................................................. 23


Gise/e Varani
Conceituando ética ............................................................................................................................................... 23
Breve histórico dos conceitos de ética ..................................................................................................... 26
Em busca de um ethos globalizado ............................................................................................................ 33

História da ética ................................................................................................. 37


Gise/e Varani
As sociedades e a ética ao longo do tempo......................................................................................... 37
ttica moderna: ruptura com a Igreja Católica e retomada da autonomia moral
do indivíduo..........................................................................................................................................................4 6
A ética na contemporaneidade: ela existe o u resiste? .................................................................... 49
l:cologia e bioética: desafios para o futuro ............................................................................................ 53

Razões morais objetivas .................................................................................. 59


Alessandro Lombardi Crisostomo
Conceito de razão moral objetiva ............................................................................................................... 59
Distinção entre as razões morais objetivas e as relações concretas...................................... 64
Diferenciação entre as razões morais objetivas e subjetivas......................................................66

Razões morais em contexto .......................................................................... 71


A/essandro Lombardi Crisostomo
Conceito de utilitarismo ..................................................................................................................................... 71
Questões morais na p rática ............................................................................................................................. 75
A finalidade da moral: temas contemporâ neos ................................................................................. 78

Ética versus m oral ..............................................................................................83


Gise/e Varani
Moral e ética: o que tem a ver comigo? .................................................................................................. 83
O que é moral? ........................................................................................................................................................ 88
ttica versus moral .................................................................................................................................................... 89

Obri gação ............................................................................................................. 95


Alessandro Lombardi Crisostomo
Conceito de obrigação ....................................................................................................................................... 96
Obrigação e pensamento moral ............................................................................................................... 100
Relações morais e a aplicação do conceito de obrigação ......................................................... 10 3

Fe licidade ........................................................................................................... 107


Alessandro Lombardi Crisostomo
Felicidade e ética ................................................................................................................................................. 108
Formação ética e felicidade ........................................................................................................................... 112
Felicidade e teoria utilitarista ........................................................................................................................ 117
Qualidades do caráter mora l....................................................................... 123
Alessandro Lombardi Crisostomo
O caráter moral: conceito ................................................................................................................................ 123
O caráter moral: natureza ................................................................................................................................129
O caráter moral: qualidade ............................................................................................................................. 135

A responsabilidade moral ............................................................................ 141


Priscila dos Santos Pereira
Conceito de moral ............................................................................................................................................... 141
Moral, ética e suas diferenças .......................................................................................................................143
ttica e responsa bilidade moral .................................................................................................................... 145

Ética e sexualidade ......................................................................................... 149


Sheila Beatriz Ost
Alguns aspectos que envolvem a sexualidade .................................................................................14 9
A relação entre ética e sexualidade ..........................................................................................................158
Os problemas da ausência de ética na temática da sexualidade .......................................... 162

Ética e questões étnicas ................................................................................ 169


Sheila BeatrizOst
As questões éticas e as etnias ....................................................................................................................... 169
Pluralidade étnica ................................................................................................................................................. 171
Contexto atual da ética e as questões étnicas...................................................................................173

Bioética ............................................................................................................... 177


Sheila BeatrizOst
A ética na dimensão biotecnológica .......................................................................................................177
Os problemas da bicética ................................................................................................................................180
Identificando possibilidades .........................................................................................................................181

Ética e o meio ambiente ............................................................................... 185


Sheila BeatrizOst
As mudanças climáticas ....................................................................................................................................185
Alterações de comportamento causadas pelas mudanças climáticas ..............................188
Como as mudanças climáticas podem mudar a vida do ser humano ..............................189

A ética da alteridade ...................................................................................... 195


Sheila Beatriz Ost
Um novo pensamento sobre o ser humano....................................................................................... 195
Um raciocínio distinto sobre a ética ......................................................................................................... 197
A relação com outras correntes do pensamento ético................................................................201

Ética nas re lações internacionais .............................................................. 205


Sheila Beatriz Ost
A relação com o estrangeiro ........................................................................................................................ 205
Conceito de estrangeiro e de hospitalidade ..................................................................................... 208
Reflexões sobre problemas atuais referentes à hospitalidade ................................................ 210
Obrigação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar o conceito de obrigação.


„„ Relacionar esse conceito dentro do pensamento moral.
„„ Aplicar o conceito de obrigação em relações morais.

Introdução
Nem sempre nos damos conta do grande número de regras que circulam
e norteiam as relações sociais. Nos encontramos em uma rede ampla de
costumes, os quais exigem constantemente certos comportamentos
que são considerados legítimos e desejáveis, em relação a outros que
são, por outro lado, entendidos como execráveis e puníveis. Existe a
constante demanda por ações individuais que não são, necessariamente,
resultado de escolha livre, deliberada, mas constituem-se naquilo que as
pessoas e a sociedade esperam de cada indivíduo. Contudo, podemos nos
perguntar: as obrigações morais exprimem uma verdade a ser acatada,
ou um problema a ser refletido? A moral corresponde à simples obedi-
ência em relação às obrigações sociais, ou teria um sentido mais amplo,
de compreensão do sentido profundo das ações? Cabe ao indivíduo
refletir e questionar sobre as normas vigentes e definir assim o que é
imprescindível ou o que é descartável em termos de obrigação, ou, por
outro lado, cabe a cada um a simples obediência prática, sem a qual o
mundo cairia no completo caos? Estas são algumas das questões que
irão nortear nossos estudos.
Neste capítulo, você vai entender um pouco mais sobre o conceito de
obrigação, algumas linhas teóricas fundamentais que se desenvolveram
ao longo da história do pensamento e como esta noção chegou até
nossos dias. Verá a relação entre a noção de obrigação e o pensamento
moral da filosofia ocidental, e ainda terá contato com a aplicação do
conceito nas relações morais que permeiam a prática no cotidiano.
2 Obrigação

Conceito de obrigação
A noção de obrigação está presente ao longo de toda a história da humanidade.
Constitui-se na exigência do coletivo perante o indivíduo que, para encontrar-se
inserido no ambiente social e desfrutar dos benefícios que este proporciona,
deve contribuir com sua parte para a manutenção das relações coletivas.
O modo de construção das sociedades varia muito de uma época para outra,
de uma localidade geográfica para outra, o que reflete a diversidade de culturas.

As exigências que um europeu do século XVIII sofreu em relação às suas obrigações


para com a sociedade não são as mesmas que o exigido a um indígena na América
anterior ao século XIV, ou seja, anterior ao processo de colonização.
O que se espera de uma mulher mulçumana que vive na Arábia Saudita não se
aplica ao que a comunidade cristã impõe como obrigação às mulheres no sul da
Itália ou em São Paulo.
A conduta esperada por um soldado americano que serve nos conflitos do Oriente
Médio, não é a mesma que se espera de um músico que viaja o país realizando shows.

No mundo globalizado, as distâncias entre as culturas foram diminuídas, a


ponto de haver o entrecruzamento de tradições distintas no mesmo espaço, na
mesma sociedade. É o que observamos em países como o Brasil e os Estados
Unidos, constituídos de um grande número de influências culturais em sua
base. Contudo, apesar da diversidade nos modos de vida, podemos observar no
contexto da vida moderna a existência de um conjunto de regras consideradas
universais, pairando sobre as particularidades. Constituídas historicamente
como a manifestação de uma determinada cultura (falamos da tradição oci-
dental europeia) tendo em vista a universalidade, existe assim a noção de que
certos valores são anteriores e estão acima da diversidade humana. Nisto se
fundamenta, em linhas gerais, a noção das obrigações fundamentais que são
necessárias para a convivência social.
Podemos encontrar uma das fontes desta noção universalista da cultura
europeia nos filósofos conhecidos como contratualistas. Tendo por base a
noção de contrato social, decorrente da análise sobre o estado de natureza,
esses teóricos construíram concepções amplamente estruturadas sobre a
Obrigação 3

origem e a constituição da sociedade humana, a forma de convívio e os modos


de poder mais adequados à natureza essencial da espécie.

Entre os séculos XVI e XVII uma das principais questões que ocuparam os debates
filosóficos foi em torno do surgimento da sociedade civil, ou seja, o que levou os
homens a formarem Estados e qual a origem legítima de seus governos.
A ideia de um contrato social aparece teorizada em filósofos como J. Althusius
(1557-1638), Thomas Hobbes (1588-1679), B. Spinoza (1632-1677), S. Pufendorf (1632-
1694), John Locke (1632-1704), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), I. Kant (1724-1804).
Fonte: Medeiros (2011).

Podemos citar inicialmente, e de modo muito introdutório, Thomas Hobbes,


como um dos primeiros e fundamentais filósofos contratualistas. Para Hobbes
(2016), o homem no estado de natureza possui a condição de valer-se de todos
os meios para a sobrevivência, tendo seus semelhantes como adversários. Em
nome de sua própria conservação, e da liberdade de agir do modo que lhe
aprouver na condição selvagem, este homem anterior à civilização tornaria
inviável a convivência coletiva, em decorrência de sua própria natureza es-
sencial enquanto espécie.
O contrato social, segundo Hobbes (e também segundo os demais con-
tratualistas), representa a passagem de um estágio pré-social, selvagem, em
que os indivíduos não teriam nenhum tipo de exigência coletiva no que diz
respeito a suas ações, podendo assim agir livremente do modo que lhe fosse
mais favorável. O estado de natureza, embora preservasse a condição de liber-
dade, também impunha o estado de constante insegurança, motivo pelo qual
os homens teriam migrado gradativamente de um estado de natureza pleno
para o convívio em sociedade, constituído basicamente pelo contrato social.
O contrato corresponde ao acordo entre partes interessadas, dispostas
a abrir mão de certos direitos em favor de outros, a partir do entendimento
de que haveria mais a ganhar do que perder nesta troca. Ao abdicar da
liberdade irrestrita, inclusive do uso da violência, o indivíduo recebe em
contrapartida a garantia de segurança, ou seja, a noção de que outros em
igual condição de contrato não poderão também fazer uso de sua liberdade
para colocar a segurança dos demais em risco. No contrato, os direitos são
estabelecidos tendo em vista o cumprimento de deveres. Assim como há o
4 Obrigação

direito de ter garantida a segurança, há, em igual medida, o dever de não


fazer uso da liberdade para colocar a segurança de outro em risco. Para
isto, deposita-se em órgãos superiores o poder que naturalmente seria do
próprio indivíduo, de fazer justiça ou de fazer uso da força em nome de
sua preservação. Nesta perspectiva, o Estado é entendido como criação
humana em sociedade, tendo o objetivo de estar acima das individualidades
e representar o interesse comum.
Assim, a principal função do Estado seria a de fazer uso de mecanismos
coercitivos para manter os acordos estabelecidos no contrato social. Para tanto,
receberia o monopólio do uso da força, assim como os instrumentos de gerência
da sociedade, e em troca deveria garantir os direitos naturais que justificaram
inicialmente o contrato. O principal direito, e talvez único segundo Hobbes,
seria a condição de segurança.
Importante notar que Hobbes (2016), desse modo, compreende que o Estado
mais adequado à sociedade humana, dada sua natureza fundamental, é o Estado
absolutista. Tal afirmação se justifica pela noção de que o homem, em condição
de liberdade, tenderia ao abuso e à violência, assim como à tentativa de tomada
de poder. Sendo assim, o Estado deveria se constituir como órgão forte, capaz
de preservar o equilíbrio social e reprimir as tendências ao rompimento do
contrato, pelo uso legítimo da força. Seria obrigação do indivíduo agir de
modo a preservar a harmonia social e o poder estabelecido, cumprir com suas
funções sociais previamente definidas, ou seja, agir de acordo com a condição
que lhe foi herdada. O benefício adquirido pelo cumprimento das obrigações
sociais estaria vinculado ao que originalmente a sociedade proporcionou ao
indivíduo, isto é, a condição de segurança e integridade física, a qual, fora do
meio social, estaria em risco.
Certamente a noção hobbesiana de obrigação não leva em conta a adesão
voluntária do indivíduo, ou a consciência e concordância ampla em relação
ao que é exigido pela sociedade. Pelo contrário, a obrigação se dá de forma
impositiva, coercitiva, no sentido de conter o instinto animalizado do homem
que tenderia à desagregação social, caso fosse liberado. Embora este tipo de
noção de contrato seja fundado na lógica da relação de troca de benefícios,
do indivíduo perante a coletividade, na prática a relação se apresenta como a
submissão de um poder menor à um poder maior. Muito embora no modelo
hobbesiano exista a garantia firmada no que diz respeito às condições essenciais
de segurança e sobrevivência, o indivíduo é sujeitado a abandonar também
algo que é caro à natureza humana, a liberdade.
Na mesma tradição contratualista, veremos autores que irão de algum modo
tentar revisar as noções de Hobbes sobre a obrigação, mantendo e revisando
Obrigação 5

os construtos teóricos do estado de natureza e do contrato social. John Locke


(2006), importante filósofo da tradição do liberalismo clássico, entendeu que
a liberdade não seria apenas uma condição no estado de natureza, mas um
direito natural, do qual o indivíduo não seria capaz de abdicar. Não apenas
a segurança, mas a liberdade e a propriedade constituir-se-iam em valores
naturais dos quais o homem, por natureza, tenderia a lutar e reivindicar,
estando ou não no estado de natureza.

John Locke é considerado o artesão do pensamento político liberal. Nasceu numa


aldeia inglesa, filho de um pequeno proprietário de terras. Estudou na escola de West-
minster e em Oxford, que seria seu lar por mais de 30 anos. Os estudos tradicionais
da universidade não o satisfaziam, mas aplicou-se. Foi admitido na Sociedade Real
de Londres, a academia científica, em 1668, para estudar medicina: graduou-se seis
anos depois, mas sem o título de doutor. A maior parte de sua obra se caracteriza
pela oposição ao autoritarismo, em todos os níveis: individual, político e religioso.
Acreditava em usar a razão para obter a verdade e determinar a legitimidade das
instituições sociais.
Fonte: John Locke (2018).

O contrato social seria nulo caso requeresse dos indivíduos aquilo que é
reconhecido como direito natural. O contrato social (e o Estado constituído
para preservar o contrato) deveria assim buscar de todos os modos mecanismos
que garantissem não apenas a segurança, mas a condição de liberdade e de
propriedade, sem o que, qualquer contrato tenderia ao rompimento. Segundo
Locke (2006), o contrato hobbesiano nunca poderia ser legítimo, já que nenhum
indivíduo seria capaz de estabelecer acordo contra sua própria natureza, ou
contra aquilo que se entende como sendo seus direitos naturais.
Locke dialoga com Hobbes tomando por base o momento histórico que
estava vivendo, já muito distinto do que foi vivido por seu antecessor. Diferente
do período de Hobbes, marcado pela legitimidade dos Estados absolutistas,
havia no tempo de Locke o clamor pela definição de novas formas de cons-
tituição da sociedade. Falamos do século XVIII, conhecido como século
das luzes, o qual foi marcado por grandes movimentos intelectuais, como o
Iluminismo, e grandes revoluções sociais, como a Revolução Americana e
a Revolução Francesa.
6 Obrigação

O Iluminismo, também conhecido como século das luzes e ilustração, foi um


movimento intelectual e filosófico que dominou o mundo das ideias na Europa durante
o século XVIII, “O século da filosofia”.
O Iluminismo incluiu uma série de ideias centradas na razão como a principal
fonte de autoridade e legitimidade e defendia ideais como liberdade, progresso,
tolerância, fraternidade, governo constitucional e separação Igreja-Estado. Na França,
as doutrinas centrais dos filósofos do Iluminismo eram a liberdade individual e a
tolerância religiosa em oposição a uma monarquia absoluta e aos dogmas fixos da
Igreja Católica Romana.
Fonte: Iluminismo (2018).

Assim, é importante notar que, de algum modo, a construção teórica do


conceito de obrigação está imbricada ao contexto social, no qual existe a
legitimidade de um tipo de poder constituído, assim como de um modo de
vida e funções sociais que se organizam no meio social. No mesmo sentido,
observamos que, de tempos em tempos, as sociedades produzem a movimen-
tação dos valores e a transformação dos modos de vida em seu interior. As
transformações históricas, muito embora sejam comuns às sociedades humanas
em todos os tempos, foram marcantes e intensas na sociedade ocidental,
sobretudo a partir do século XIV.

Obrigação e pensamento moral


O pensamento moral está vinculado à tradição religiosa, em que as ações
humanas são concebidas tendo em vista um poder supremo, o qual exige
de cada indivíduo o cumprimento de ações que sejam adequadas à ordem
estabelecida de forma supra-humana, ou seja, acima da própria compreensão
humana.
O comportamento moral pode variar de uma tradição para outra, de
uma corrente religiosa para outra. Além disto, dentro do mesmo segmento
podem ainda existir divergências quanto às obrigações que são exigidas
aos indivíduos.
Obrigação 7

Algumas igrejas pentecostais exigem das mulheres o uso de um tipo específico de


saia, comprimento de cabelo, entre outros detalhes, enquanto no mesmo seguimento
religioso é possível encontrar igrejas, consideradas mais “liberais”, que não estipulam
obrigações no que diz respeito à vestimenta.

Apesar das condições específicas que definem as diferenças entre uma


tradição e outra, ou um segmento ou outro da mesma tradição, percebemos
que existem certos pontos em comum no que diz respeito à relação entre a
noção de moralidade e o conceito de obrigação.
A tradição moral vinculada ao pensamento religioso entende, em termos
gerais, o conceito de obrigação como sendo a condição do indivíduo perante
a vontade universal, esta que se constitui em poder supremo e exige de cada
um as ações adequadas. Diferente do pensamento político dos contratualistas,
existe o fundamento básico da fé e da interpretação de documentos conside-
rados sagrados como a principal justificativa para as exigências morais que
são requeridas. Neste sentido, determinadas obrigações podem se sustentar
tão somente pela noção de que tal ação representaria a vontade superior, a
qual não precisa justificar-se por meio de argumentos racionais, ou dados
científicos. A ideia de que existem verdades além da compreensão humana
representa o pilar que sustenta tais princípios.
Contudo, os fundamentos das tradições religiosas não foram elaborados
historicamente a partir somente da fé e de dogmas religiosos. Códigos éticos,
tais como as leis mosaicas, exerceram importante papel social no sentido de
manter a coesão e garantir a sobrevivência dos povos em momentos de crise.
Existe, no interior de certos códigos morais, a coerência lógica que tem em
vista as relações práticas de justiça e equilíbrio social, envolvidos pelo manto
da relação de fé que a sociedade nutre com entidades divinas.
Deste modo, a despeito de certos pontos específicos e discutíveis de ques-
tões de fé, é possível considerar que os fundamentos morais das sociedades
estabeleceram códigos muito eficientes no que diz respeito a constituir o
convívio social de modo minimamente viável.
8 Obrigação

As tábuas das leis que Moisés trouxe do monte Sinai contendo os dez mandamentos
foram fundamentais para o povo hebreu no processo de transição que estavam vivendo
naquele momento. Tinham por base alguns princípios básicos de justiça, como: não
matarás, não roubarás, entre outros, os quais se preservam no interior das legislações
dos estados modernos de direito, essencialmente laicos.

Existe um vínculo estreito entre as tradições morais e o pensamento político-


-filosófico, no que diz respeito à noção de obrigação. De fato, é impossível
desvencilhar radicalmente o que foi produzido em termos racionais a respeito
das relações sociais de convivência, e o que fundamentou por meio da fé, a
postura dos indivíduos diante do sobrenatural.
Em uma análise mais profunda, o mecanismo da relação entre direitos e
deveres está presente na estrutura que sustenta a exigência do particular em
relação ao todo. A ação, tendo em vista leis morais, é norteada pela noção de
que existe a exigência de determinada postura em favor da recompensa. O
comportamento moral religioso, assim como o que as teorias contratualistas
também observaram no contexto social, baseia-se na relação entre deveres que
são constituídos tendo em contrapartida direitos, os quais seriam comuns e
justificados a partir do cumprimento das obrigações. Assim, na medida em que
se cumprem os desígnios morais que são prescritos no interior de determinada
tradição, o indivíduo teria a certeza da existência de determinada retribuição. No
sentido contrário, o não cumprimento de obrigações, como forma de rompimento
com o “contrato” estabelecido com a entidade divina que figura como objeto de
crença em dada cultura, significaria o expediente para punições justificadas.
Deste modo, o pensamento moral, no que diz respeito às tradições re-
ligiosas, possuem em sua estrutura o conceito de obrigação como sendo o
correspondente particular em relação às forças que operam o todo universal.
O agir moral tem em vista a articulação equilibrada do indivíduo como parte
de uma estrutura maior. Sendo este um partícipe de tal estrutura, ao cumprir
com suas obrigações, estaria contribuindo para a manutenção do todo e para
a coesão universal. Em paralelo, as concepções político-filosóficas que se
desenvolveram a partir da era moderna (século XVI à século XVIII) possuem
mecanismos internos que se assemelham ao pensamento moral religioso.
Este fenômeno manifesta, por um lado, o modo como a religiosidade é parte
constituinte e imbricada à dinâmica social, e por outro, o quanto as tradições
Obrigação 9

morais religiosas ofereceram de princípios para a elaboração das doutrinas


filosóficas, as quais pretenderam se justificar pela via estritamente racional.

Relações morais e a aplicação do conceito de


obrigação
As relações humanas em sociedade são atravessadas por normas que determi-
nam para cada indivíduo o que é legítimo, e o que não se sustenta socialmente.
A cada ação, existe o julgamento a respeito do que é correto e incorreto, justo
e injusto. Ao longo da formação dos indivíduos, noções práticas do que é
permitido e do que é proibido são introjetadas, assim como a ideia de que cada
um teria por fim algum tipo de função, ou papel, em meio ao todo coletivo.
Quanto a isto, podemos nos perguntar: em que medida as obrigações
sociais são naturais ao ser humano, ou foram impostas a cada um como forma
de domínio? Como podemos distinguir entre o que é de fato coerente e inte-
ressante à sociedade, daquilo que representa tão somente um código moral
baseado em crenças particulares, em interesses específicos, ou em exploração
e abuso do poder?
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (2007) considerou que o conceito
de verdade possui em seu histórico a manifestação do ímpeto pelo poder, e
a relação de domínio entre indivíduos, grupos e sociedades. Em suas obras,
discute como a sociedade desenvolveu o conceito de verdade, implicado no
processo de dominação política, social e intelectual. Uma verdade específica,
contendo obrigações morais condizentes com certa tradição cultural, ao am-
pliar gradativamente os horizontes, acaba por firmar-se enquanto verdade
universal. Não apenas as religiões, como a própria filosofia, seriam partícipes
deste movimento em que uma dada verdade é assumida como universal, em
detrimentos de particularidades culturais que teriam o direito e a legitimidade
contidos em sua própria tradição.

Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade porque não desejam
que as suas ilusões sejam destruídas. (NIETZSCHE, 2007).

Assim, Nietzsche identificou já a partir do período clássico da história da


filosofia, em autores como Sócrates e Platão, a trajetória de imposição de noções
teórico-universais sobre a verdade, o que desencadeou, em termos práticos,
na elaboração de obrigações morais, tendo em vista verdades específicas que
foram elevadas ao status de universais. Esta tendência foi aprofundada ao longo
10 Obrigação

de toda a história da sociedade ocidental. Durante a Idade Média, os princípios


clássicos da filosofia foram vinculados aos dogmas cristãos da igreja católica,
e utilizados para sustentar racionalmente a expansão da fé com tendências
à universalidade. Na era moderna, os valores universais decorrentes das
grandes revoluções sociais, projetaram-se a todas as sociedades de influência
ocidental. Na contemporaneidade, a globalização intensificada pela internet
e os meios de comunicação digital, aproximaram culturas distintas ao redor
de tendências e hábitos comuns de consumo.
Em meio à padronização de costumes, a entrega irrefletida aos costumes
manifesta-se como a tendência dominante. Nesta, os comportamentos são
reproduzidos de modo automático, como simples reação ao que se espera
de cada um no meio social. Desde a adesão às redes sociais, até o hábito de
consumo quanto à alimentação, vestuário, objetos e momentos de lazer, tudo
isto se apresenta como comportamentos esperados, e de certo modo, exigidos,
a cada indivíduo.
Sobre esta questão, é interessante considerar o que foi discutido por filósofos
como Max Horkheimer e Theodor Adorno. Os frankfurtianos, tendo em
vista as grandes transformações da sociedade contemporânea, observaram a
intensidade do processo de imersão dos indivíduos em comportamentos que
são, em última análise, involuntários, já que não correspondem às escolhas
livres e conscientes sobre o que realmente se deseja. A sociedade do chamado
capitalismo tardio, segundo os autores, soube sistematizar e aprofundar meca-
nismos psicológicos de adesão dos indivíduos a comportamentos padronizados,
chegando ao extremo de não haver mais lugares que tenham a individualidade
preservada. O indivíduo, diluído ao todo, corresponde à entrega total aos
costumes, os quais tem por exigência o comportamento comum em sociedade
(ADORNO; HORKHEIMER, 1985).

A Escola de Frankfurt nasceu no ano de 1924, em uma quinta etapa atravessada pela
filosofia alemã, depois do domínio de Kant e Hegel em um primeiro momento; de
Karl Marx e Friedrich Engels em seguida; posteriormente de Nietzsche; e finalmente,
já no século XX, após a eclosão dos pensamentos entrelaçados do existencialismo
de Martin Heidegger, da fenomenologia de Edmund Husserl e da ontologia de Karl
Robert Eduard von Hartmann. A produção filosófica germânica permaneceu viva no
Ocidente, com todo vigor, de 1850 a 1950, quando então não mais resistiu, depois de
enfrentar duas guerras mundiais.
Obrigação 11

Ela reuniu em torno de si um círculo de filósofos e cientistas sociais de mentalidade


marxista, que se uniram no fim da década de 1920. Estes intelectuais cultivavam a co-
nhecida Teoria Crítica da Sociedade. Seus principais integrantes eram Theodor Adorno,
Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm,
Jürgen Habermas, entre outros. Esta corrente foi a responsável pela disseminação de
expressões como “indústria cultural” e “cultura de massa”.
Fonte: Santana (2018).

Percebemos que, no mundo atual, a imersão no universo digital deixou de


ser uma adesão voluntária, e passou a ser obrigatória àqueles que necessitam
da convivência em sociedade. Desde a elaboração do e-mail, até a inclusão
de perfis em redes sociais, e o que é mais profundo, a digitalização de dados
pessoais em sistemas estatais ou de empresas privadas, todos estes processos
se justificam pela exigência de tornar mais eficiente as relações sociais ou
os serviços prestados à população. Nos deparamos com o debate a respeito
do sigilo em relação a dados pessoais. O questionamento acerca da proteção
da individualidade, em contrapartida ao argumento da segurança que me-
canismos de controle oferecem. Muitos se veem conduzidos à adesão, sem
que o debate sobre os benefícios e prejuízos seja considerado seriamente.
Assim, é comum que os indivíduos cumpram funções no interior do contexto
social, funções estas que são exigidas enquanto obrigações, e no interior do
processo ocorra a manipulação profunda dos comportamentos individuais
em favor de interesses que, longe de serem universais, correspondem aos
privilégios de determinados grupos favorecidos pela estrutura social.
É importante notar que o pensamento moral, na prática, se manifesta
no sentido da adesão a verdades que tendem à universalidade. Quanto mais
descolados de tendências específicas, e cooptados à movimentos indistintos
de massas, maior o poder de reprodução e expansão das normas morais que
se afastam assim de sua origem ontológica para estar presente no mundo
globalizado de forma intensa e indiferenciada.
Certamente, o problema não está na prática de ações tendo em vista a
coletividade, ou seja, no interesse pelo bem comum, mas na adesão incons-
ciente e, de certo modo, involuntária dos indivíduos. O pensamento moral,
muito embora tenha em sua essência a noção de manutenção de condições
básicas para a sobrevivência em sociedade, na prática, determina obrigações
que são inseridas ao longo do processo formativo dos indivíduos, por meio
de mecanismo que dificultam a compreensão consciente dos princípios que
fundamentam de tais preceitos. Exatamente pelo fato de dificultar a com-
12 Obrigação

preensão das nuances que envolvem a construção das tradições morais e a


práticas de obrigações sociais, impede também o processo de aprimoramento
das relações e dos modos de vida.
Assim, ainda que existam, no interior das sociedades, erupções de mo-
vimentos que tenham em vista a transformação e o aprimoramento das
condições de vida, existe a grande tendência à estagnação, ou seja, à ma-
nutenção das condições em vigência. A questão é alarmante sobretudo em
países subdesenvolvidos, em que as desigualdades sociais são profundas, e
a manutenção das condições em vigência representa tão somente a perpetu-
ação das desigualdades e dos mecanismos de exploração humana. Assim, a
obrigação pode se tornar um fardo pesado, em que o indivíduo se dispõe a
entregar um grande número de deveres, sem obter em contrapartida direitos
mínimos como resposta.

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.


BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. Brasília: UnB, 1998. v. 11.
HOBBES, T. Leviatã: ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. São
Paulo: Martin Claret, 2016.
ILUMINISMO. In: WIKIPEDIA. 11 fev. 2018. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/
wiki/Iluminismo>. Acesso em: 14 fev. 2018.
JOHN LOCKE. Biografias. Uol Educação, São Paulo, 2018. Disponível em: <https://
educacao.uol.com.br/biografias/john-locke.htm>. Acesso em: 14 fev. 2018.
LOCKE, J. Dois tratados do governo civil. São Paulo: Ed. 70, 2006.
MEDEIROS, A. Os Contratualistas. Sabedoria Política, Parintins, 2011. Disponível em:
<https://www.sabedoriapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/os-
-contratualistas/>. Acesso em: 14 fev. 2018.
NIETZSCHE, F. Sobre a verdade e a mentira. São Paulo: Hedra, 2007.
QUEIROZ, F. F. Estado laico e a inconstitucionalidade da existência de símbolos reli-
giosos em prédios públicos. Marcha pelo Estado Laico, 2005. Disponível em: <https://
marchaestadolaico.wordpress.com/violacao-do-estado-laico/simbolos-religiosos-
-em-predios-publicos/>. Acesso em: 14 fev. 2018.
SANTANA, A. L. Escola de Frankfurt. InfoEscola, 2018. Disponível em: <https://www.
infoescola.com/filosofia/escola-de-frankfurt/>. Acesso em: 14 fev. 2018.
_C.4_ Dica do professor
Refletir sobre a atualidade, a partir das relações e tensões entre o conceito político-filosófico de
obrigação e a moralidade proveniente das tradições religiosas, é uma tarefa essencial quando o
objetivo final é a ética. Nesta Dica do Professor, você será convidado a refletir sobre alguns dos
desdobramentos decorrentes do tema em questão.

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
f4ef63dc3473c5fe74c802038e33b604

3 min

[VIDEO TRANSCRIPT] C.4 OBRIGAÇÃO

Vimos as relações do conceito com o pensamento moral (?) e o modo como a


moralidade na prática depende da noção de obrigação nas relações do indivíduo
com o todo.

Podemos ampliar um pouco a reflexão e perguntar:


Até que ponto o cumprimento das obrigações sociais contribui para a coesão
social?

No que diz respeito aos movimentos de resistência em relação à ordem vigente:


Que medidas são manifestações legítimas? Ou
Manifestam simplesmente a tendência ao caos e à desordem?

Na sociedade atual, as pessoas são realmente livres para agir e manifestar


suas próprias opiniões?

É evidente a sensação de desconforto que as pessoas sentem diante da noção de


obrigação. Vivemos de uma cultura que preza por:
> Liberdades individuais;
> Livre manifestação da consciência;
> Participação voluntária e esclarecida nos processos sociais e políticos.

Porém:
> Será que os indivíduos são efetivamente formados para a liberdade? ou
> Será que o voluntarismo e a pretensa liberdade não se tornaram uma nova
forma de obrigação?

Podemos constatar que os indivíduos se obrigam exaustivamente a:


> Exercerem funções;
> Apresentarem papéis;
> Publicarem suas linhas do tempo pessoais nas redes sociais.

Os indivíduos fazem isso, não mais como uma forma voluntária de manifestação,
mas como forma de atender às exigências sociais, como uma maneira de atender
a requisitos ao convívio.

Enfim, a grande questão que continua vigente é:


> As ações, sejam de concordância ou discordância, refletem a vontade
esclarecida do indivíduo? ou
> Manifesta a diluição da consciência em favor de um poder dominante?
_C.4_ Exercícios

1) Assinale a alternativa que contém características fundamentais referentes aos filósofos


contratualistas.

A) São autores vinculados à tradição cristã, comprometidos em justificar, por meio de


argumentos filosóficos, os dogmas que são inerentes à Igreja Católica.

B) São autores que pensam a contemporaneidade, preocupados com a diluição dos valores e a
velocidade das relações no meio social globalizado.

C) Correspondem ao processo que se deu ao longo da era moderna, em que se buscou a


justificação racional de modelos de Estado e de interpretações antropológicas acerca da
natureza humana.

D) São célebres por revisitar o processo histórico de elaboração da sociedade ocidental e


identificar historicamente os fundamentos de noções morais vinculadas a conceitos teóricos,
como o conceito de verdade.

E) Ilustraram, por meio da noção de contrato social, o modo como entidades divinas
estabelecem relação com os humanos e justificam a necessidade de ações morais por parte
dos indivíduos.
https://www.significados.com.br/contratualismo/
> Contratualismo é um conjunto de correntes filosóficas que tentam explicar a origem
e a importância da construção das sociedades e das ordens sociais para o ser humano.
> De um modo geral, o contrato social ou contratualismo consiste na ideia de um
acordo firmado entre os diferentes membros de uma sociedade, que se unem com o
intuito de obterem as vantagens garantidas a partir da ordem social.
> Assim, os indivíduos abdicam de certos direitos ou liberdades para que possam
organizar um governo, liderado por um poder maior ou um conjunto de autoridades.
> De acordo com a maioria das correntes teóricas do contratualismo, o medo, a
insegurança e a instabilidade da natureza humana garantiu com que os indivíduos
pudessem conceder poderes a determinadas pessoas em específico para que pudesse ser
organizada uma ordem em suas vidas, garantindo estabilidade e segurança,
principalmente.
> Neste sentido, surge o compromisso coletivo de obedecer e acatar as normas
estabelecidas pelo governo, assim como este também deve estar ciente das suas
obrigações para garantir o bem-estar do povo.
> Teorias do Contratualismo. Teorias que tentam explicar o contratualismo emergiram
durante os séculos XVI e XVIII, sendo que os principais representantes e filósofos
contratualistas da historia foram: Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques
Rousseau.
>> Contratualismo de Hobbes. Para Thomas Hobbe (1588 – 1679), o contrato social se
originou a partir da necessidade do homem de controlar a si mesmo. De acordo com o
filósofo e teórico político, o “estado de natureza” humano é de dominação sobre os
demais, sendo capazes de destruir os seus iguais para atingir os seus desejos
pessoais.
Este estado provoca uma constante sensação de insegurança e medo entre as pessoas,
que também desejam sair da condição de “guerra eterna” e atingir a paz.
Levando isso em consideração, segundo Hobbes, os indivíduos procuraram se fortalecer
em grupos e seguir normas sociais, que acabavam por restringir a liberdade absoluta
das pessoas e garantir a segurança geral.
Hobbes foi o primeiro filósofo moderno a explicar de modo mais aprofundado o
contratualismo.
>> Contratualismo de Locke. Para John Locke (1632 – 1704), o contrato social surgiu
pela necessidade de criar um método de julgamento parcial dos interesses das
pessoas.
Locke era um crítico ferrenho aos regimes de governo ditatoriais ou monárquicas. Ele
defendia um sistema mais democrático, onde os “homens livres” tinham o direito de
eleger os seus representantes e as decisões tomadas deviam se basear a partir da
deliberação comum, e não unicamente pela vontade de um soberano.
>> Contratualismo de Rousseau. Ao contrário das premissas do “estado de natureza”
descrito por Hobber e Locke, Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) defende a ideia de
que o ser humano é essencialmente bom, mas a sociedade é responsável pelo seu
corrompimento.
Rousseau acredita que todo poder se forma a partir do povo e deve ser governado por
ele. Assim, o povo deve escolher seus representantes para governar, pessoas que
devem exercer o poder em nome dos interesses gerais da população.
Neste contexto, os cidadãos livres renunciam à vontade própria em prol da vontade
comum (vontade geral).
> Contratualismo e Jusnaturalismo. Antes mesmo da ideia do contratualismo, ou seja,
da formação do Estado como mediador da vida dos indivíduos em sociedade, existia a
ideia de um “direito natural”.
O Jusnaturalismo consiste na doutrina filosófica de que antes das normas definidas
pela ordem social, existia um modelo de direito natural dos seres humanos. Este
direito pode ser concedido a partir de uma revelação feita por Deus aos humanos
(jusnaturalismo teológico), a partir da ideia da existência de leis naturais do
universo (jusnaturalismo cosmológico) ou de leis naturais da vida que o ser humano
tende a descobrir unicamente através da razão (jusnaturalismo racionalista).
2) Sobre as distinções teóricas entre a Filosofia de John Locke e a de Thomas Hobbes,
podemos destacar:

A) a imensa distância cronológica e geográfica, já que os autores são provenientes de culturas


muito distintas, com tradições estranhas uma à outra.

B) o fato de que divergiram em pontos essenciais, como, por exemplo, a decisão por parte de
Locke em não usar a expressão "estado de natureza", consagrada na teoria de Hobbes.

C) a evidência de que ambos buscaram justificar, pela via ontológica, um determinado modelo de
Estado: no caso de Hobbes, o Estado Liberal e, no caso de Locke, a monarquia absolutista.

D) a grande divergência teórica diz respeito à origem do conhecimento. Enquanto Hobbes


afirmava que o conhecimento tem origem a partir da mente e do intelecto, Locke, como
empirista, defendia a precedência da experiência sensível.

E) o fato de que ambos, muito embora tivessem feito uso dos mesmos constructos teóricos, a
saber, o estado de natureza e o contrato social, formularam tais conceitos de forma distinta,
evidenciando a adesão a um modelo específico de sociedade.
3) Indique a alternativa que corresponde à noção de Friedrich Nietzsche acerca do conceito de
verdade e sua relação com princípios da moralidade na sociedade ocidental.

A) Nietzsche defendia que a verdade tem uma origem histórico-social, baseada na revelação
divina e no que é esperado dos indivíduos pela vontade superior.

B) Nietzsche identifica como verdade a afirmação de que a natureza humana é composta de


características essencialmente egoístas, as quais requerem a contenção do poder do Estado a
fim de viabilizar a convivência coletiva.

C) A filosofia de Nietzsche faz crítica à sociedade contemporânea, na qual se busca revelar o


processo de massificação e manipulação dos indivíduos por meio dos padrões sociais de
consumo.

D) O pensamento de Nietzsche resgata alguns princípios platônicos, ao afirmar que existe a


dualidade entre o plano teórico e o prático, sendo que a dimensão moral corresponde ao
resultado do entendimento profundo da realidade.

E) Nietzsche faz uma análise que considera a origem do conceito de verdade como algo
elaborado social e historicamente a partir de relações de poder. Assim, o pensamento moral
manifestaria o domínio de uma verdade que se impõe historicamente às outras.
4) De acordo com os filósofos frankfurtianos Max Horkheimer e Theodor Adorno, a sociedade
do "capitalismo tardio" caracteriza-se basicamente por:

A) sustentar a relação de luta de classes, em que a classe burguesa dominante, detentora dos
meios básicos de produção, impõe aos proletários a exploração da força de trabalho nas
fábricas.

B) enfatizar o consumo, como dimensão básica e essencial do capitalismo, e aprofundar as


relações de manipulação das consciências no contexto da massificação intensa dos padrões
sociais.

C) exigir, por meios coercitivos e punitivos, a adesão dos indivíduos, tendo em vista a
manutenção do poder em vigência, e oferecer em contrapartida a promessa de se garantir a
segurança.

D) estabelecer relação entre as instituições religiosas, e, por conseguinte, a moralidade


dominante, e o poder político constituído na figura de monarquias absolutistas.

E) ter sido cenário de intensas transformações políticas e sociais, as quais deram origem a
estruturas políticas e legais desvencilhadas de demandas estritamente religiosas.
5) Considerando a relação entre o pensamento moral, contido nas tradições religiosas, e os
conceitos político-filosóficos, que buscam interpretar as sociedades e as relações de poder,
podemos afirmar que:

A) não há qualquer vínculo entre as tradições morais religiosas e as formas de poder que
constituíram historicamente os modelos de Estado.

B) não é possível estabelecer relação direta entre a tradição filosófica e os sistemas religiosos
contidos na tradição.

C) a produção científica e filosófica no contexto da política representa a simples transmissão de


valores morais religiosos para a dimensão laica.

D) é possível estabelecer vínculos entre as tradições morais e a elaboração das teorias político-
filosóficas da modernidade, muito embora eles não sejam completos e irrestritos.

E) tanto a tradição religiosa quanto a filosófico-política têm sua própria história e caminharam
em paralelo sem a intervenção de um sobre o outro.
Malala Yousafzai (1997) é uma militante dos direitos das

_C.4_
crianças, uma jovem paquistanesa que foi vítima de um atentado
Na prática por defender o direito das meninas de ir à escola. Com 17 anos
foi a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz.

O caso da jovem Malala, a estudante que foi baleada na cabeça aos 15 anos e defendia o direito à
educação para as meninas, ganhou notoriedade em todo o mundo, a partir do questionamento
acerca dos valores e das obrigações individuais em relação às tradições e aos costumes. Foi um
símbolo da tensão que ainda existe entre correntes conservadoras que exigem a manutenção das
tradições e a tendência de aproximação dos países árabes e orientais em relação aos costumes
ocidentais.

No mundo globalizado, o contato com culturas diversas faz refletir sobre o que realmente importa,
o que é fundamental e o que pode representar somente a conservação de hábitos ultrapassados.
Oriunda de um meio em que as mulheres não são estimuladas às conquistas externas, sejam estas
sociais, profissionais ou acadêmicas, a jovem acabou se tornando porta-voz de desejo de muitas em
romper com as antigas obrigações sociais e morais, e aproximarem-se dos padrões mundiais de vida
e convivência. Saindo do estreito ciclo em que vivia, ela foi convidada a residir no Reino Unido,
enquanto cursava a faculdade, e já visitou diversas partes do mundo na condição de ativista
política.

Para ter uma ideia sobre esse choque cultural, veja a imagem a seguir, que compara os direitos das
mulheres no Afeganistão e no Reino Unido:

elm = imagem deletada. Copiado apenas texto sem formatação. Apenas informa
temas, sem detalhe nenhum!

Choque cultural feminino.

Temas de direitos das mulheres restritos no Afeganistao e amplos no Reino


Unido:
> Trabalho
> Roupas
> Cosméticos
> Dirigir
> Participação social
_C.4_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas


Na obra, você encontrará o aprofundamento dos conceitos principais que discutimos ao longo
desta Unidade de aprendizagem.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

elm = livro da bib


virtual.

Provocações sobre ética


Na palestra, o historiador Leandro Karnal discute alguns pontos do conceito em relação às questões
da atualidade.

https://youtu.be/QnlIt0DEUwg 1h6min

Nov 28, 2015 Provocações sobre ética Leandro Karnal

Da pressão disciplinada à obrigação moral: esboço sobre o


significado e o papel da pedagogia no pensamento de Kant
No artigo, o autor discute alguns elementos importantes sobre o conceito de obrigação e sua
articulação com a moralidade kantiana, fundamental para o pensamento moral da
contemporaneidade.
https://www.scielo.br/j/es/a/YMpJZJ48KzS8j8fxgPyJqsB/?format=pdf&lang=pt

pdf 24 páginas.

RESUMO: Neste artigo, procuro mostrar que Kant concebe a pedagogia como uma das formas de
realização de sua filosofia prática. Ofereço, primeiro, uma caracterização geral de
alguns dos aspectos centrais de sua filosofia prática, para poder mostrar, em seguida,
que o conceito de “disciplina” desempenha um papel central de mediação entre as
convicções pedagógicas e morais kantianas.

elm = sem lista de referências bibliográficas e equipe Sagah desta aula.

Você também pode gostar