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1
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação
Introdução à ética
_1.1_
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem iremos estudar algumas caracterizações importantes sobre o
conceito de ética. Estabeleceremos uma breve relação entre os termos ética, moral, justiça e
mesmo algumas classificações da ética e suas possíveis aplicações.
Bons estudos.
elm = 1.1 Avaliação da aula, na verdade, regular - optada boa, para poder incluir texto.
Contéudo do texto - texto prolixo, substituir ou, a permanecer, incluir origem / autoria do
artigo.
Adotar um único livro-texto ou apostila para todas as aulas. Do jeito atual, um capítulo de
livro diferente a cada aula, assunto fica truncado e/ou com lacunas e/ou repetitivo e/ou
bagunçado - dificulta, desestimula o aprendizado.
Infográfico: Excluir (pouca informação) ou apresentar o conteúdo em texto simples para
facilitar o estudo via pdf (ilustração desnecessária).
Na Prática: apresentar o conteúdo em texto simples para facilitar o estudo via pdf
(ilustração desnecessária).
_1.1_ Desafio
No filme "Mar adentro", lançado em 2004 e dirigido por Alejandro Amenábar, o ator principal sofre
um acidente decorrente de um mergulho e fica tetraplégico. Daí em diante ele inicia uma "luta" para
convencer as pessoas ao seu redor de facilitarem sua morte. Assim, questionamos nesse caso em
particular, qual seria a atitude ética? Ou seja, há nesse caso um direito ou um dever à vida? Elabore
uma resposta discutindo sobre se o personagem, ao querer ele próprio retirar sua vida, estaria
agindo eticamente.
Para resolver este Desafio você deverá tocar nos seguintes pontos:
Não há, de fato, respostas acabadas para essas questões. A vida, vista sob o prisma
religioso tampouco pertenceria ao homem. Mas aqui não podemos nos pautar nessa
dimensão, uma vez que existem pessoas que não possuem crença alguma. Assim,
analisando a posição da pessoa que, tetraplégica, quer tirar sua vida, podemos
pensar que seria ela ingrata com a vida que lhe foi concedida? Mas, uma vez que a
vida nos foi dada, não devemos, nós, ser por ela responsáveis? Temos o direito ou o
dever à vida?
A partir dos dilemas levantados podemos então supor algumas questões, mas nunca
findá-las. Se pensarmos que o ser humano habita com os outros o mundo, seria vil
tirar a própria vida. De outro lado, se a vida é individual, seria lícito entregar
nas mãos de cada um essa possibilidade. Seria injusto, por esse prisma, obrigar o
tetraplégico a carregar o fardo de sua vida. Mas e se houver mesmo um deus?
A ética serve, então, para que essas questões nos façam refletir e reconhecer que
os valores que sustentam o homem, em verdade, são seus próprios alicerces. Não é
eticamente correto obrigar alguém a uma vida que não quer. Mas essa pessoa,
fragilizada, não poderia em verdade ser levada a criar novas dimensões para o seu
corpo? Podemos dar dois exemplos para essa reflexão: Stephen King e Marcelo Yuka.
Consideramos que seria ético deixar a pessoa decidir. No entanto, essa solução não
encerra o debate, apenas seria a saída que imaginamos causar menor aflição e dar um
pouco de autonomia e dignidade de escolha para essa pessoa.
_1.1_ Infográfico
Neste Infográfico você poderá visualizar uma construção etimológica da palavra Ética.
Re: Dúvidas - Mentor - por PAULO SÉRGIO OLIVEIRA MELO (MENTOR) - 14 ago 2023,
É importante ressaltar que muitos autores (pensadores) quando falam sobre ética e
moral trazem seus entendimentos dentro de um contexto e a partir de outros
pensadores já consagrados que muito contribuíram com os temas. Exemplo:
Aristóteles: Ética a nicômaco, Immanuel Kant, Santo Agostinho etc.
Em um dos vídeos do Professor Clóvis de Barros, a ética pode ser entendida como o
esforço coletivo para se encontrar a melhor forma ou maneira de se conviver, pois
existem várias maneiras possíveis de convivência, portanto, a ética não determina
uma maneira, mas procura entendê-las.
Assim, ética é um estudo, uma reflexão, um diálogo sobre a moral, sobre o
comportamento e as ações humanas. Note que a ética não determina, mas nos leva a
pensar sobre nossas ações e comportamentos dentro de um contexto. Por isso falamos
que a ética é uma reflexão sobre a moral.
Moral por sua vez é construída pelo convívio humano, pela interação entre pessoas
que criam valores e normas de convivência, logo, moral nasce da interação entre
pessoas, da comunidade ou da sociedade dentro de um espaço e tempo. Por isso o que
é moral em uma determinada comunidade/sociedade pode não ser em outra, pois depende
da cultura, da tradição, dos costumes de cada uma. Por isso também que chamamos de
valores morais, ou seja, moral são os valores da sociedade.
Enfim, moral são as regras, as normas e os valores construídos pelos grupos,
comunidades ou pela sociedade. Ética é o estudo destes valores, destas regras e
normas. Ao estudá-las e compreendê-las, eu me posiciono, eu posso agir, eu posso
questioná-las, eu posso discuti-las.
É importante destacar que agir eticamente significa respeitar o outro, compartilhar
valores que contribuem para uma sociedade mais "saudável", respeitosa e organizada,
pois, do contrário, teríamos um caos instalado no sentido de que eu faço o que
quiser para atingir meus objetivos, inclusive passando arbitrariamente "por cima"
de todos.
Um exemplo claro sobre a reflexão ética: uma mulher com valores morais era aquela
que obedecia ao homem, não votava e não trabalhava fora, pois tinha que cuidar do
lar. Ao ser questionado tais valores pela reflexão ética e a luta constante e
corajosa das mulheres, estes antigos “valores” foram caindo e a própria sociedade
foi encontrando novas formas de convivência coletiva (claro e justa), incluindo as
mulheres que agora ocupam espaços que antes não se imaginavam, inclusive de
liderança.
Moral: valores, regras e normas construídos pela interação humana (grupos,
comunidades etc.).
Ética: reflexão ou estudo da moral.
Espero que estas poucas palavras seja o início do seu questionamento e que você
continue com suas leituras e pesquisa sobre estes dois temas muito precisos para
nós cidadãos e profissionais.
Não esqueça que toda ação tem uma intenção que nem sempre contribui para o bem
estar coletivo.
_1.1_ Conteúdo do livro
Vamos agora à leitura do material a seguir para percebermos a evolução do conceito de ética, bem
como a distinção entre moral e ética.
Boa leitura.
4 min
E como a ética se dá nas relações humanas? - Ora, a ética, por ser esta
construção histórica ao redor do tempo em determinado povo, ela vai se
tornando um paradigma normativo de como agir. Assim, se essas pessoas
comungam de um rol de valores dentro de um determinado tempo e um
determinado local da história para a vida em comum, a ética é a instância
normativa que regula as relações humanas em determinado local.
É claro que nós podemos e devemos pensar a ética sempre com relação ao
outro, por um motivo simples: nós só podemos exercer a ética, quando nós
encontramos o outro. Então, a ética torna possível o nosso reconhecimento;
por força daquela partilha de valores, nós podemos reconhecer o outro e,
assim, temos a possibilidade de nos relacionarmos em uma mesma comunidade.
A ética ou o Ethos seria o nosso local comum de habitação com relação aos
nossos valores. É aquele local onde nós partilhamos os valores entre os
membros de uma comunidade em determinado tempo, em determinado local.
_1.1_ Exercícios
A) costume.
B) religião.
C) justiça.
D) fraternidade.
E) igualdade.
2) Podemos afirmar que a ética é uma instância:
A) Teorizando a ética.
C) A ética não seria componente necessário para uma relação humana justa.
Podemos ver que a ética seria o local no qual habitam os valores que amarram
o tecido social, nos distanciando da mera organização para a sobrevivência,
lançando o humano a um patamar no qual o outro aparece como medida de sua
própria condição de habitar o mundo.
O artigo trata da questão da aplicação dos termos ‘ética’ e ‘moral’, comumente usados para se
referir a um mesmo domínio de saber e um mesmo campo de fenômenos. Num primeiro momento, procura-se
demonstrar a sinonímia original dos termos, a partir de suas respectivas raízes etimológicas. Em
seguida, são exploradas algumas nuances de significação dos termos, a partir da crítica hegeliana da
filosofia prática de Kant. Finalmente, é discutida a prevalência atual do termo - ética -.
EQUIPE SAGAH
Coordenador(a) de Curso
Cosme Massi
Professor(a)
Bernardo G. B. Nogueira
Gerente
Neuza Belo
Coordenadora de Projetos
Renata Figueira
Analista Metodológica
Renata Figueira
Aula 1.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação
Ética organizacional
_1.2_
Apresentação
De acordo com Ashley (2005), o conceito de responsabilidade social corporativa vem
amadurecendo quanto à capacidade de sua operacionalização e mensuração. Essa afirmação pode
ser comprovada quando observamos a quantidade e a qualidade dos diversos instrumentos
desenvolvidos nesses quase 30 anos de evolução do conceito de gestão empresarial responsável,
de indicadores a modelos de relatórios, de acordos voluntários a certificações. Dessa forma, as
organizações que implementam a ética se destacam pela excelência e promovem a motivação e a
satisfação de seus colaboradores.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver as aplicações éticas relativas à atividade
organizacional, bem como alguns conceitos e aplicações no mundo prático.
Bons estudos.
Você sabe que, se não modificar os dados, correrá o risco de perder seu
emprego, o que não seria conveniente no momento, já que sua esposa está em
estado grave de saúde.
Considerando a situação descrita e a importância da ética como elemento agregador, qual seria sua
decisão? Justifique.
elm = Sob o ascpecto ético, não há dúvida, não só não cumprir a ordem discreta da chefe
geral, como levar ao conhecimento do comitê de ética da empresa (deve existir, já que é
uma empresa de grande porte) ou aos superiores na ausência do comitê.
Neste Infográfico, você vai observar como a ética organizacional é importante para a boa saúde das
relações na empresa.
Igualdade
Respeito ao próximo
Respeito às diferenças
Por que é tão importante que os gerentes e as pessoas em geral ajam de maneira ética e combinem
a busca de seus interesses com a consideração dos efeitos de suas ações sobre os outros?
Para saber mais, leia os capítulos O desafio de um gerente e Por que os gerentes devem se
comportar de maneira ética? da obra Administração contemporânea, que serve como base teórica
para esta Unidade de Aprendizagem.
CDU 005“19”
A McGraw-Hill tem forte compromisso com a qualidade e procura manter laços estreitos com seus leitores. Nosso principal
objetivo é oferecer obras de qualidade a preços justos, e um dos caminhos para atingir essa meta é ouvir o que os leitores têm a
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Portugal use o endereço servico_clientes@mcgraw-hill.com.
Sumário
Capítulo 1 Os Gerentes e a Administração 2
Tópicos
Tópicos
li
O Desafio de um Gerente
Tópicos
Tópicos
O Desafio de u m Gerente
Pirataria Digital, Ética A Natu reza da Ética 115 Ética e Responsabilidade
e o Napster 113 Dilemas Éticos 115 Social 129
Ética e Le i 116 Ética Social 130
Mudanças na Ética com o Ética Profissional 132
Tempo 116 Ética Ind ividual 132
Stakeh olders e Ética 1 18 É.tica Organizac ional 132
Acionistas 119 Abordagens à
Gerentes 119 Responsabilidade Social 134
Funcionários 122 Quatro Abordagens
Fornecedores e Diferentes 134
Distri buidorcs 122 l'or que Ser Socialmente
Clientes 122 Responsável? 137
Comunidade, Sociedade e O Papel da Cultura
Nação 123 Org anizacional 137
Nonna.' para a Tomada d e
Decisão Ética 124
Por que os Gerentes ücvc1n se
Comportar de Maneira Ética? 127
Tópicos
Tópicos
m
O Desafio de um Gerente
Yamada Transfonna
a GlaxoSmithKline 223
Tópicos
A Natureza da Tomada de
Decisão Gcrcncial 225
Tendências Cognitivas e
Tomada de Decisão 240
Tomada de Decisão Tendência da l lipótcsc a
Programada e Não Priori 240
Programada 226 Tendência da
O Modelo Clássico 229 Representatividade 240
O Modelo Administrativo 230 Ilusão de cona·ole 240
Comprometimento Crescente 241
Etapas do Processo de
Cuidado com suas Tendências 241
Tomada de Decisão 234
Reconheçer a Necessidad e de Tomada de Decisão e
uma Decisão 234 Grupo 242
C'..crar Alrernativas 235 Os Perigos do Consenso do
Avaliar Alternativas 236 Grupo 243
Escolher entre as Técnica~ do Advogado do
Alternativa~ 239 Diabo e do Questionamento
Implementar a Alternativa Dialético 244
Escolhida 239 Diversidade entre os
Aprender com o Feedback 239 Tomadores de Decisão 245
Tópicos
&iJ
O Desafio de um Gerente
Tópicos
Tópicos
O Desafio de um Gerente
A Nokia, a Dow e a Le go
R e mode la m Suas Estruturas Projetando a Estrutura Estruturas Divisionais: de
Globais para Ele va r o 334 Produ to, de Mercado e
O rganizacional
Desem penho 333 Geográfica 345
O Ambiente Organizacional 335
Estratégia 336 Projetos Matricial e d e Equ ipe
T ecnologia 337 d e Produto 350
Recursos Humanos 339 Estrutura Híbrida 354
Coordenando Funções e
Agrupando Tarefas cm D ivisões 355
Cargos: Projeto de Cargo 340
Ampliação e Enriquecimento Distribuindo Autoridade 355
T ipos de Mecanismos de
do Cargo 341
O Modelo de Características Integração 361
do Cargo 341 Alianças Estratégicas,
Agrupando Cargos cm Es truturas de rede B2B
Fu n ções e Divisões 343 e TI 364
Estrumra Funcional 343
Tópicos
Tópicos
Tópicos
Tópicos
O Desafio d e um Gerente A atureza eia Lide rança 495 Teoria do Cmninho-Ohjc 1ivo
Steve Ba llmer E..~Lilo de Liderança Pessoal ele l lo usc 509
Reinve nta a M icr osoft 493 e Tarefas Gerc nciais 496 O Modelo de Subslilulos d o
E..~lilos de Lideran ça de Líde r 511
Acordo com a~ Culturas 498 Juntaudo Tudo 512
Pode r: a Chave para a Lide rança
Liderança 498
Transformacional 512
Ddegação d e Po der: um
Sendo um Líder Carismático 514
Fator na Aclminislração
Estimulando os Subordinados
Modema 501
1ntelecuialme n1e 515
Modelos de Lideranç.a Ad otm1d o a \..onsideração
de T raço e d e com o Desenvolvimento dos
Comportamento 502 S ubordi11ados 515
O Modelo de Traço 502 A Distinção Entre Liderança
O Modelo de Tran sformacional e
<:Omportamento 503 Transacional 515
Modelos Continge nciais Gê nero e Lidernnça 516
de Liderança 505
Modelo Colllingencial d e Liderança e Inteligência
Fiedle r 506 E mocional 519
Tópicos
•
O Desafio de um Gerente
Comunicação e le trônica
vs . fa c e a face: Liçõe s de
J ong-Yong Yun 567
Tópicos
Comunicação e
Administração
A Importância da Boa
Comunicação
569
569
Redes de Comunicação
Organizacionais
Redes ExLe n1as
Tecnologia da Informação
582
583
Tópicos
Tópicos
Tópicos
Os gerentes na PAETEC não recebem rega- Operations Center, veio com a idéia de um ser-
lias especiais e são mantidos diferenciais de viço roteador administrado, por meio do qual
salários relativamente baixos entre gerentes e empresas (isto é, os clientes da PAETEC) pode-
não-gerentes. riam manter a voz e os serviços de dados de seus
Chesonis anda diariamente pela sede da clientes remotamente. Meath apresentou a idéia
PAETEC em Rochester, Nova York, conversando à sua equipe, esta a implementou e o novo ser-
com funcionários, respondendo a perguntas e viço aumentou as receitas em $ 50.000 em seus
reconhecendo realizações. Estas também são seis primeiros meses. A contribuição de Meath à
reconhecidas por meio de dois tipos de recom- PAETEC foi reconhecida com um Maestro Award.11
pensas especiais, o Maestro Awards e o Chair- Embora Chesonis esteja direcionado à pros
man Awards. Os Maestro Awards de opções de peridade e motivação daqueles à sua volta para
compra de ações são dados em reconhecimento terem, igualmente, altas aspirações, ele tam-
a realizações excepcionais de um funcionário. bém valoriza a vida familiar e a necessidade
Aqueles que sustentaram níveis de desempe- de “diversão”. Chesonis tem sido descrito como
nho extraordinários recebem o Chairman Award, um “homem fanático pela família”, e nomeou
um prêmio de $ 5.000 que pode incluir um reló- a empresa com as iniciais dos nomes de sua
gio Rolex ou férias de luxo. As contribuições de esposa e filhos (P de sua esposa Pam; A, E, T
todos os funcionários são reconhecidas com um e E de seus filhos, Adam, Erik, Tessa e Emma;
bônus anual de 10%.8 A PAETEC paga cerca de e C de Chesonis). Os funcionários podem deixar
$ 3,5 milhões em bônus por ano.9 de trabalhar o tempo que precisarem, sem per-
Chesonis também nutre uma cultura de cola- der a remuneração, para resolver emergências
boração e comunicação aberta em que todo fun- e casos de doença de familiares.12 A PAETEC
cionário se oferece voluntariamente para ajudar, também comemora datas festivas com festas
quando necessário. Espera-se que os funcioná- para os funcionários, suas famílias e clientes. No
rios dividam seu conhecimento e Chesonis luta Halloween, por exemplo, os funcionários se fan-
para eliminar as fronteiras entre departamentos tasiam e seus filhos vão de escritório em escritó-
e unidades. Em concordância com essa cultura, rio brincando de travessuras ou gostosuras. Os
a cada duas semanas Chesonis faz uma ligação passeios são planejados, como uma gincana em
em conferência com toda a empresa, em que ele torno de Rochester que culmina com um jantar e
partilha informação atualizada com funcionários um open bar, para que os funcionários possam
e solicita e responde perguntas. Com freqüência, passar um dia num evento social.13
as informações que ele transmite são do tipo que Os valores de Chesonis e a cultura da PAETEC
os gerentes em outras empresas raramente, ou enfatizam colocar os funcionários em primeiro
nunca, compartilhariam com seus funcionários.10 lugar. Essa abordagem centrada no funcionário
Ele também reconhece que os funcionários na faz sentido para os negócios. Os funcionários na
linha de frente estão freqüentemente em melhor PAETEC realmente querem que a empresa con-
posição para sugerir aprimoramentos e desenvol- tinue a crescer e a ter sucesso. Eles estão alta-
ver novos serviços e maneiras de oferecê-los. Por mente motivados e comprometidos em fornecer o
exemplo, Mike Meath, um funcionário do Network melhor serviço possível a seus clientes.14
Visão Geral Como qualquer pessoa, Arunas Chesonis tem sua personalidade mar-
cante e distinta, valores, maneiras de ver as coisas e desafios e falhas
pessoais. Neste capítulo, analisaremos o gerente como um ser humano que sente e
pensa. Começaremos descrevendo as características duradouras que influenciam a
maneira como os gerentes “gerenciam”, bem como de que modo eles vêem as outras
pessoas, suas organizações e o mundo que os cerca. Discutiremos também como as ati-
tudes, os valores e os humores dos gerentes se manifestam nas organizações, definindo
a cultura organizacional. No final deste capítulo, você terá uma boa avaliação de como
as características pessoais dos gerentes influenciam o processo de administração em
geral e a cultura organizacional em particular.
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 77
li
Baixa Afetividade negativa Alta
Ili
Baixa Amabilidade Alta
IV
Baixa Consciência Alta
V
Baixa Abertura a experiências Alta
78 Capítulo Três
Alguns gerentes podem ter um traço que esteja no extremo mais alto desse conti-
nuum, outros no extremo inferior e, a inda, outros entre os dois extremos. Uma
maneira fácil de entend er como esses traços podem afetar a abordagem d e uma
pessoa à administração é descrever como são as pessoas nos extremos alto e baixo
de cada amtinuum. Como ficará evidente à medida que você ler sobre cada traço,
nenhum deles é certo ou errado para um gerente efetivo. Em vez disso, a efetivi-
dade é determinada por uma interação complexa entre a~ característica~ dos geren-
tes (inclusive traços de personalidade) e a natureza do trabalho e da organização
em que estão trabalh ando. Além disso, os traços de personalidade que contribuem
para a efetividade gerencial em uma situação podem prejudicá-la em outra.
Figura 3.2 Abaixo há frases que descrevem os comportamentos das pessoas. Use a escala de
Medidas de Extroversão, classificação abaixo para descrever com que exatidão cada frase descreve você. Descreva
Amabilidade, Consciência como você geralmente é no presente momento, e não como deseja ser no Muro.
Descreva como você honestamente se vê em relação a outras pessoas que você conhece e
e Abertura a Experiências
que tenham o mesmo sexo e aproximadamente a mesma idade que você.
Fonte: GOLDBERG, Lewis R 1 2 3 4 5
Oregon Research lnstitute, Muito Moderadamente Nem imprecisa Moderadamente Muito
http://ipip.Ofi.org/ipipl. imprecisa imprecisa nem precisa precisa precisa
Figura 3.3
Uma Medida da Instruções: Abaixo há uma série de afirmações que uma pessoa pode usar
Afetividade Negativa para descrever suas atitudes, opiniões, interesses e outras características. Se
uma afirmação for verdadeira ou amplamente verdadeira, coloque um "V" no
Fonte: TELLEGEN, Auke. Briel espaço ao lado do item. Ou, se a afirmação for falsa ou amplamente falsa,
Manual for l he Differential marque um "F" no espaço.
Personality Questionnaire.
Copyright© 1982. Re produzido Responda a cada afirmação, mesmo que você não tenha plena certeza
oom pêrmissáõ. da resposta. Leia cada afirmação cuidadosamente, mas não gaste tempo
demais para decidir o que responder.
apresentar uma probabi lidad e acen tuada de assumir riscos e serem inovadores
em seu planejamento e tomada de decisão. Os empreendedores que começam
seu próprio negócio - como Bill Gates, da Microsoft,Jeff Bezos, da Amazon.com,
e Anita Roddick, da The Body Shop - apresentam, com toda cer teza, altos n íveis
d e a bertura a experiências, o que tem con tribuído para o seu su cesso como
empreendedores e gerentes. Arunas Chesonis, discutido neste capítulo em "O
Desafio de um Gerente'', fundou sua própria empresa e continua a explorar novas
maneiras para e la crescer - uma prova de seu alto nível de abertura a experiê n-
cias. Os gerentes que apresentam pou ca abertura a experiên cias podem ser men os
propensos a assumir riscos e mais conservadores em seu p lanejamento e tomada
d e d ecisão. Em certas organizações e posições, essa tendência poderia ser um
recurso. O gere nte do escritório fiscal em uma universidade pública, por exem-
plo, deve assegurar qu e todos os departamentos e unidades da universidade sigam
as n ormas e os regulamentos pertinentes a orçamentos, contas de despesas e
reembolsos de d espesas. A Figura 3 .2 fornece um exemplo de uma medida de
abertura a expe riê n cias.
Gerentes que iniciam importantes mudanças em suas organizações freqüente-
mente têm ampla abertura a experiências, como o CE.O e chairman da IBM,
Samuel Pa lmisano, cttjo perfil é descrito em "Byte de T ecnolog ia da Informa-
ção", a seguir.
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 81
dem:.~
formal e direto, Palmisano é mais des-
Jn 1 contraído e moderado. Os observadores
da indústria sugerem que as mudança<;
Até aqui, deve estar claro que os gerentes bem-sucedidos, como Palmisano e
Gerstner, ocupam uma variedade de posições no continuum dos Cinco Grandes
traços de personalidade. Um gerente altamen1te efetivo pode ter altos níveis de
extroversão e de afetividade negativa, outro gerente igualmente efetivo pode ter
baixos níveis de ambos os traços e ainda outro pode estar num nível entre os dois.
Os membros de uma organização d evem entendler essas diferenças entre os geren-
tes porque elas podem esclarecer como os gerentes se comportam e sua aborda-
gem a planejar, liderar, organizar ou controlar. Se os subordinados percebem, por
exemplo, que seu gerente é introvertido, eles não se sentirão menosprezad os
quan do ele parecer distante, porque percebem que ele simplesmente não é comu-
n icativo por natureza.
O s gerentes também precisam estar atentos a seus próprios traços de perso-
nalidade e aos dos outros, inclusive seus subordinados e colegas gerentes. Um
gerente que sabe que tem tendência a ser altamente crítico com os outros
pode tentar atenuar sua abordagem negativa . Do mesmo modo, um gerente,
ao perceber que seu subordinado que vive reclamando tende a ser tão nega-
tivo porque sua personalidade pode acentuar suas reclamações, entende que
as coisas provavelmente não estejam tão rui n s quanto esse subordinado diz
que estão.
Para que todos os membros de uma organização trabalhem bem juntos e com
pessoas fora da organização, tal como clientes e fornecedores, eles devem se
entender mutuamente. Esse entendimento vem, em parte, do reconhecimento de
algumas formas fundamentais em que as pessoas diferem umas das outras - ou
seja, de uma apreciação dos traços de personalidade.
Assumindo Responsabilidade
por Expor Coisas Erradas
oreen Harrington, ex-administradora de fundos na empresa de investimentos
Hartz Group, com sede em Secaucus, Nova.Jersey, teve ciência de atividade ile-
gal na empresa ao ouvir traders fazendo negociações após o expediente. Esses
traders gerenciavam fundos d e cobertura - fundos de investimento que têm
uma varied ade de tipos de ativos financeiros para compensar riscos e oferecer
um retorno consistente aos acionistas.29 A própria H arrington não estava envol-
vida nesses fundos de cobertura, mas não podia deixar de ouvir os traders. Por
meio de suas conversas:, ela aprendeu que alguns administradores d e fun d os
mútuos estavam permitindo que os traders comprassem e vendessem suas ações
Ética em no lfi.mdo após o fech amento da bolsa.30 Isto é ilegal e antiético e dava aos tra-
ders uma vantagem d esleal sobre outros investidores nos fun d os mútuos, que só
Acão)
conseguiam negociar quando a bolsa estava aberta.
H arrington contou a EdwardJ. Stern, membro d a família Stern, proprietária
do Hartz Group, o que ouvira, mas isso não mudou nada - a negociação ilegal
continuou. H arrington pediu demissão, mas continuou de olh o nas notícias,
esperando que as autor idades que regulam valores mobiliários descobrissem o
que ela havia testemunhado .31
Após um ano de espera, Harrington
sentiu a responsabilidade de comunicar a
negociação ilegal, pois muito provavel-
mente esta continuava e afetava os investi-
dores comuns. Ela transmitiu o que tinha
observado como administradora da Hartz
para Eliot Spitzer, o procurador-geral de
ova York. A investigação conduzida por
Spitzer, a partir da reclamação de H ar-
rington, levou a família Stern a pagar
$ 40 milhões para resolver o caso, embora
eles não admitissem ação ilegal. Ao assu-
mir responsabilidade por expor o que ela
sabia que era errado, H arrington desen-
cadeou ocorrências que no final tiveram
um importante impacto no setor de fi.m-
dos mútuos como um todo: outros fun-
dos foram examinados e situações adicio-
NVSE
O procurador-geral do Estado de Nova York,
nais de negociação após o expediente
foram descobertas. 32 Como Spitzer disse:
"Por causa de sua iniciativa corajosa,
Eliot Spitzer, referiu-se à decisão de Noreen haverá uma reforma radical num setor
Harrington de relatar seu conhecimento de que tem as poupan ças feitas por 95
negociação interna como uma "iniciativa milhões de norte-americanos durante
corajosa". toda a sua vida."33
locus externo de A~ pessoas com um locu.s extern o de controle acredlitam que forças externa~ sejam
controle Tendência a responsáveis pelo que acontece com elaq e à volta delaq. Elas não pensam que suas
localizar a responsabilidade própria~ ações fazem muita diferença. Como tal, tendem a não intervir para tentar
pelo destino de alguém em mudar uma situação ou resolver um problema, deixando isso para os outros.
forças externas e a acreditar Os gerentes iwecisam ter um wcus interno de controle porque são responsáveis
que o próprio comportamento
p elo que acontece na~ organizações. Eles precisam acreditar que podem e fazem a
tem pouco impacto nos
diferença, como Arunas Chesonis na PAETEC Communications. A[ém d isso, os
resultados.
gerentes são responsáveis por garantir que as organizações e seus membros se
p ortem d e um modo ético e, também por isso, precisam ter um wcus interno de
controle - eles precisam saber e sentir que podem fazer a diferença..
84 Capítulo Três
auto-estima Grau em que AUTO-ESTIMA Auto-estima é o grau em que os indivíduos se sentem bem
os indivíduos se sentem bem consigo mesmos e com suas capacidades. A~ pessoas com elevada auto-estima acre-
consigo mesmos e com suas ditam que são competentes, mereced oras e capazes de lidar com a maioria das
capacidades. situações, como faz Arunas Chesonis. As pessoas com baixa auto-estima têm opi-
niões fracas quanto a si mesmas, são inseguras quanto às suas capacidades e ques-
tionam sua capacidade d ·e ter sucesso em d iferentes atividades. 34 A~ pesquisas
sugerem que as pessoas tendem a escolher atividades e objetivos compatíveis com
seus níveis de auto-estima. O alto nível de auto-estima é desejável para os gerentes
porque facilita o estabelecimento e a manutenção de altos padrões para si pró-
prios, pressiona-os para projetos difíceis e lhes dá a confiança de que precisam
para tomar e executar decisões importantes.
Atitudes e sobre seus cargos e organ i.rnç ões? E como e les real-
mente se sentem no trabalho? AJisumas resp ostas a essas
perguntas podem ser e n contradas explorando-se os
pessoais, e les também têm implicações importantes para entender como os geren-
tes se comportam, como tratam e responde m aos outros, e como, por meio d e
seus esforços, ajudam a contribuir com a efetividade organizacional por meio
de planejamento, lide rança, organização e controle.
Vários dos valores terminais listados na Figura 3.4 parecem ser especialmente
importantes aos gerentes - como uma noção de realização (uma contribuição dura-
doura), igualdade (fraternidade, oportunidades iguais para todos) e respeito próprio (ou
auto-estima). Um gerente que pensa que a noção de realização é de fundamental
importância poderia visar a dar uma contribuição duradoura a uma organização,
desenvolvendo um novo produto que pudesse salvar ou prolongar vidas, como é o
caso de gerentes da Medtronic (uma empresa que fabrica aparelhos médicos
como marca-passo), ou abrindo uma nova subsidiária no exterior. Um gerente
que coloca a igualdade entre seus principais valores terminais pode encabeçar os
esforços de uma organização d e apoiar, oferecer oportunidad es iguais e capitali-
zar os vários talentos de uma força de trabalho cada vez mais diversa.
Outros valores provavelmente sejam considerados importantes por vários
gerentes, como uma vida confortável (uma vida próspera), uma vida excitante (uma
vida ativa, estimulante), liberdade (independência, livre escolha) e reconhecimento social
(respeito, admiração). A importância relativa que os gerentes atribuem a cada valor
terminal ajuda a explicar o que eles estâo lutando para alcançar em suas organiza-
ções e quais os esforços em que se concentrarão.
Vários dos valores instrumentais listados na Figura 3.4 parecem ser importantes
modos de conduta para gerentes, como ser ambiciosos (trabaUiadores, aspirantes), ter
visão ampla (mentalidade aberta), ser capazes (competentes, efetivos), responsáveis (confiá-
veis, fiéis) e autocontrolados (contidos, autodisciplinados). Além disso, a importância
- -
relativa que um gerente atribui a esses e a outros valores instrumentais pode ser
um determinante sign ificativo dos comportamentos reais no emprego. Um
gerente que considera altamente importante ser imaginativo (ousado, criativo), por
exemplo, tem mais probabilidade de ser inovador e a~sum ir riscos que um gerente
que considera isso menos importante (todos os demais fatores sendo iguais) . Um
gerente que considera ser honesto (sincero, verdadeiro) como de importância extrema
pod e ser uma força propulsora para tomar medidas para assegurar que todos os
membros de uma unidade ou organização se comportem eticamente. Como indi-
cado a seguir em "Ética em Ação", tomar ações éticas às vezes requer que os geren-
tes sejam corajosos, além de serem honestos.
Por tudo isso, os sistemas de valores dos gerentes significam o que eles, como
indivíduos, estão tentando realizar e ser em suas vidas pessoais e no trabalho.
A~sim , os sistemas de valores dos gerentes são guias fundamentais para seu com-
portamento e para os esforços em planejar, liderar, organizar e controlar.
Atitudes
atitude Conjunto de
Atitude é um conjunto de sentimentos e crenças. Como todos, os gerentes têm
sentimentos e crenças.
atitudes sobre seus cargos e organizações, e essas atitudes afetam o modo como
e les abordam seus cargos. Duas das atitudes mais importantes neste contexto são
a satisfação no emprego e o compromisso organizacional.
satisfação no SATISFAÇÃO NO EMPREGO A satisfação no emprego é o conjunto de
emprego Conjunto de
sentimentos e crenças que os gerentes têm sobre seus empregos atuais.47 O s
sentimentos e crenças que
gerentes que mostram uma e levad a satisfação no emprego geralmente gostam de
os gerentes têm sobre seus
seus empregos, sentem que estão sendo razoavelmente bem tratados e acreditam
empregos atuais.
que seus empregos têm muitos aspectos ou características desejáveis (como um
trabalho interessante, um b om salário e segurança no emprego, autonomia ou
bons colegas de trabalho) . A Figura 3 .5 mostra itens de amostra de duas escalas
que os gerentes podem usar para medir a satisfação no emprego. Níveis de satis-
fação no emprego tendem a aumentar à medida que se ascende na hierarquia
em uma organização. Os diretores, em geral, tendem a se sentir mais satisfeitos
com seus empregos do que os funcionários iniciantes. Os níveis de satisfação dos
gerentes no emprego podem variar de muito b aixo a muito a lto, ou ficar num
nível intermediário .
Mudando Atitudes
Uma tendê ncia inte re ssante nas atitudes no emprego tem sido observada e ntre
a lg uns gere ntes d e 20 a 30 a n os. Por ex e mp lo, d ep o is que Sandi Ga rcia se fo r-
mou em marke ting na Universidade d e Wyomi n g , ela c onseguiu um bom
e mpreg o n a Fló rida e logo foi promovida p ara p osições g e re n ciais. Por todos os
motivos, Garcia deveria estar satisfeita com seu e mprego - ela e stava prog re-
d indo n a e mpresa, ganha ndo um b o m dinh e iro e faze n do o ti po d e tra b a lho
que esperava fazer. Ironicame nte , Garcia se viu cada vez mais insatisfeita com
seu e mprego. Tra ba lha r dura n te 12 h o ras n ão e ra in comu m p a ra Garc ia, n e m
era raro ela trabalhar nos finais de se m ana. Viver uma vida frenética, em ritmo
Foco na acele ra d o, g irando e m torno do traba lho, logo fez Ga rc ia sonha r com uma vida
mais simples, e m que ela tivesse te mpo p a ra fazer coisas que g ostava, como
Diversidade esquia r, estar com a famíli a e os a migos e fazer tra ba lho vo lun tário. Ga rc ia agiu
88 Capítulo Três
de acordo com seu sonlho: ela mudlou-se para Wyoming e agora está mais satis-
feita com um emprego que exige menos dela no Wyoming Business Council. 48
Gregg Steiner era um gerente de alta tecnologia, na Costa Oeste, que parecia
ter tudo, inclusive uma casa na praia de Malibu. Entretanto, ele estava insatis-
feito com um emprego que não lhe deixava tempo livre para aproveitar a praia e
muito mais. Steiner saiu do mundo da alta tecnologia e trabalha em sua casa,
que agora é mais modesta, conduzindo o atendimento ao cliente para o negócio
de sua família, uma pom ada contra a~saduras causadas por fralda~ (Pinxav) . 49
J ovens gerentes com o Garcia e Steiner não são preguiçosos, nem lhes falta
ambição. Em vez disso, eles têm vivúdo mudanças no cenário corporativo que os
levam a questionar qual deve ser o trabalho e o que deve significar para eles.
Alguns desses jovens gerentes têm visto seus pais trabalh ando ano após ano como
escravos e m seus empregos na América corporativa para serem demitidos em
tempos difíceis. Enquanto seus pais podem nunca ter questionado seu compro-
misso com suas organizações, a necessidade de trabalhar longas h oras e a falta de
tempo para fazer muito mais coisa~ além de trabalhar para sustentar uma família,
Garcia e Steiner desejam a flexibilid ade e o tem po para viver uma vida mais sim-
ples, mas também mais rica em termos de atividades significativas. E eles querem
estar no comando de su as próprias vidas em vez de terem sua~ vidas ditadas por
pes~oa~ que estão em posto mais alto na h ierarquia corporativa. 50
É evidente que pa~a todo jovem gerente c~mo G~cia e Steiner, que deixa
voluntariamente o ritmo acelerado por uma vida mais equilibrada, há outros
jovens futuros gerentes ansiosos para a~sumirem seus lugares no mundo corpo-
rativo. E um emprego que é insatisfatório para um gerente pode ser satisfatório
para outro. Em qualquer caso, em uma era em que a confiança na~ corporações
tem sido questionada (por exemplo, devido a lapsos éticos e fraude em empre-
sas como a Enron), alguns jovens gerentes estão procurando investir em coisas
em que podem realmente confiar.51
comportamentos Em geral, é desejável que os gerentes fiquem satisfeitos com seus empregos,
organizacionais
por pelo menos duas razões. A primeira delas é que pode ser mais provável que
de cidadania
os g·erentes satisfeitos façam um esforço extra para suas organizações ou desem-
(OCBs) Comportamentos
penhem comportamentos organizacionais de cidadania (OCBs), que não são exi-
que não são exigidos dos
gidos dos membros organizacionais, mas que co ntribuem e são necessários para
membros da organização,
mas que contribuem e são a eficiência e a efetividade organizacional e para a obtenção de vantagem compe-
necessários para a eficiência, titiva.52 Os gerentes que estão satisfeitos com seus empregos têm mais probabili-
a efetividade organizacional dade de desempenhar esses comportamentos "acima e a lém do chamado do
e para se ganhar vantagem dever'', que podem envolver desde trabalhar longas h oras-extras, quando neces-
competitiva. sário, até chegar a idéias verdadeiramente crúativas e superar obstáculos para
implementá-las (mesmo quando fazer isso não faz parte do cargo do gerente),
ou se desdobrar para ajudar um colega, su bordinado ou superior (mesmo
quando fazer isso envolve considerável sacrifício pessoal) . 53
É ainda desejável que os gerentes fiquem satisfeitos com seus empregos porque
pode ser menos provável que gerentes satisfeitos saiam.54 Um gerente que está
extremamente satisfeito talvez nem pense em procurar outra posição, enquanto
um gerente insatisfeito pode estar sempre ale-rta a novas oportunidades. A rotati-
vidade pode afetar uma organização porque resulta na perda da experiência e
conhecimento que os gerentes adquiriram sob re a empresa, a indústria e o
ambiente de negócio.
Uma fonte crescente de insatisfação para muitos gerentes de nível inferior e médio,
bem como para funcionários não-gerenciais, é a ameaça de desemprego e a~ maiores
carga-; de trabalho decorrentes de downsizings organizacionais. Um estudo recente de
4.300 trabalhadores, conduzido por Wyatt Co., constatou que 76% dos funcionários de
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 89
Figura 3.5
Itens de amostra do Questionário de Satisfação de Minnesota:
Itens de amostra de Duas
As pessoas respondem a cada um dos itens na escala ao checar suas
Medidas da Satisfação no características:
Emprego
[ ] Muito insatisfeito [ ] Satisfeito
Fonte: Copyright © 1975 by ( ] Insatisfeito [] Muito satisfeito
American Psychological Association.
[ ] Não consigo decidir se estou satisfeito ou não
Reimpressão com permissão.
Reimpressão com permissão de Em meu emprego atual, isto é o que eu sinto sobre...
Randall B. Ounham e J . B. Brett.
l-., -.
~ ~-- ~-- ~--": ~-- ~-~-~·
·,· ·,·
... - ... fl-= ~
·1 . ,.
-.,
·r ·,· ·,· '.1. ·,·
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
empresas em expansão estão satisfeitos com seus empregos, mas somente 57% dos
funcionários das empresas que fizeram downsizing estão satisfeitos. 55 As organiza-
ções que ten tam aprimorar sua eficiência por meio da reestruturação freqüente-
mente e liminam um número considerável de posições gerenciais d e primeiro nível e
de nível médio. Essa decisão obviamente fere os gerentes que são demitidos e tam-
bé m pode reduzir os níveis de satisfação no emprego dos gerentes que permanecem.
Eles podem temer qu e serão os próximos a sair. Além disso, as cargas de trabalho dos
gerentes remanescentes costumam ser acentuadamente aumentada~ como resultado
da reestruturação, o que também pode contribuir para a insatisfação.
compromisso COMPROMISSO ORGANIZACIONAL O compromisso organizacional é
organizacional Conjunto
o conjunto de sentimentos e crenças que os gerentes têm sobre sua~ organizações
de sentimentos e crenças
como um todo. O s geren tes que estão comprometidos com su as organiza-
que os gerentes têm sobre a
ções acreditam no que elas estão faze ndo, têm orgulho do que essas organizações
organização em geral.
representam e sentem um alto grau de fidelidade quanto a e las. Gerentes com-
prometidos têm mais probabilidade de ir além do ch amado do dever para ajudar
su a empresa e é menos provável que saiam. 56 O compromisso organizacio nal pod e
ser especialmente forte quando os funcionários e os gerentes acredi tam realmente
em valores organizacionais, o qu e também leva a uma forte cultura organizacio-
nal, como constatado na JPAETEC.
90 Capítulo Três
Figura 3.6 As pessoas respondem a cada um dos itens na escala ao verificar se elas:
Uma Medida do [) Discordam fortemente [ ) Concordam ligeiramente
Compromisso [] Discordam moderadamente [ ] Concordam moderadamente
Organizacional [] Discordam ligeiramente [ ] Concordam fortemente
[] Nem concordam nem discordam
Fonte: POATEA, L W. e SM IT H, F. J .
"Q uestionário de Compromisso
O rganizacionar. ln: GOOK, J. O.,
HEPWOATH, S . J., W A LL, T. O. e __ 1. Estou disposto a me esforçar 9. Seria necessária pouca
W AAA, P B., eds., The Experience
of Work: A Compendium and
muito além do que é mudança nas circunstâncias
A eview of 249 Measures and Their normalmente esperado a fim atuais para me fazer sair
Use. Nova York: Academic Press, de ajudar esta organização desta organização.•
1981, p. 84-86. a ter sucesso.
10. Estou extremamente contente
__ 2. Comento com meus amigos por ter escolhido esta organização
que esta organização é um para trabalhar em vez de outras
excelente lugar para trabalhar. que eu estava considerando
__ 3. Sinto-me muito pouco fiel quando entrei aqui.
a essa organização.• 11. Não há muito a se ganhar
ficando nesta organização
__ 4. Eu aceitaria praticamente
indefinidamente.•
qualquer tipo de atribuição no
emprego a fim de continuar 12. Freqüentemente acho
trabalhando para esta difícil concordar com as
organização. políticas desta organização
sobre questões importantes
__ 5. Acho que meus valores são
a respeito de seus funcionários.•
muito parecidos com os
da organização. 13. Eu realmente me importo com
__ 6. Tenho orgulho em dizer o destino desta organização.
aos outros que faço parte 14. Para mim, esta é a melhor
desta organização. de todas as organizações
possíveis para trabalhar.
__ 7 · Eu poderia estar trabalhando
para uma outra organização, 15. Decidir t rabalhar para esta
contanto que o tipo de organização foi um erro
trabalho fosse similar.• decisivo de minha parte.*
__ 8. Esta organização realmente
inspira o melhor de mim na maneira
como desempenho meu trabalho.
Humores e Emoções
humor Sentimento ou A'isim como você, que alguma<; vezes está mal-humorado e outras vezes está bem-
estado mental. humorado, são os gerentes. Humor é um sentimento ou estadlo mental. Quando
as pessoas estão bem-humoradas, elas se sentem excitadas, entusiasmadas, ativas
ou empolgadas. 511 Mas quando estão mal-humoradas, elas se .sentem chateadas,
temerosas, sarcásticas, hostis, agitadas ou nervosas.59 A'i pessoa<; que são altamente
extrovertidas têm uma probabilidade de ser especialmente bem-humoradas,
enquanto pessoas que têm um alto nível de afetividade negativa têm uma probabi-
1idade maior de ser mal-humoradas. As situações ou circunstãncias das pessoas
também determinam seus humores, entretanto, receber aumento provavelmente
coloque mais pessoa<; em um estado de bom humor, independentemente de seus
traços de personalidade. As pessoas que têm alto nível de afetividade negativa
nem sempre são mal-humoradas, eª" pessoa<; que apresentam pouca extroversão
podem apresentar bom humor.6(1
emoções Sentimentos Emoções são sentimentos mais intensos que humores, freqüentemente estão
intensos de duração
diretamente ligadas àquilo que as causou e duram pouco. Entretanto, uma vez
relativamente curta.
que o que desencadeou a emoção foi resolvido, os sentimentos podem perdurar
na forma de um humor menos intenso. 6 1 Por exemplo, um gerente que se irrita
muito quando um de seus subordinados apresenta um comportamento antiético
pode perceber que sua irritação diminui após decidir de que forma tratar o pro-
blema. No entanto, ele continua de mau humor durante o resto do dia, mesmo
que não esteja pensando diretamente no infeliz incidente. 62
Pesqtúsa<; têm verificado que os humores eª" emoções afetam o comportamento dos
gerentes e de todos os membros de uma organização. Por exemplo, pesquisa<; sugerem
92 Capítulo Três
Inteligência Emocional
Para se entender os efeitos dos humores e da~ emoções dos gerentes e de todos
inteligência
emocional Capacidade
os trabalhadores, é importante levar em conta seus níveis de inteligência emo-
de entender e controlar os ciona] . A inteligência emocional é a capacidade de entend er e controlar os pró-
próprios humores e emoções prios humores e emoções e os dos outros.68 Os gerentes com um alto nível de
e os humores e emoções dos in teligência emocional têm mais probabi lidade de entender como eles estão se
outros. sentin do e porquê e são mais capazes de controlar efetivamente seus sentimentos.
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 93
Figura 3.7
Uma Medida do Bom e do As pessoas respondem a cada item ao indicar a extensão em que o item
Mau Humor no Trabalho descreve como elas se sentiram no trabalho durante a semana passada
de acordo com a seguinte escala:
Fonte: BRIEF, A. P.; BURK E, M. J.;
G EORGE, J. M.; ROBINSON, B. e 1 = Quase nada ou nem um pouco 4 = Bastante
W EBSTER, J. "Should Negative 2 = Um pouco 5 = Muito
Affec tivity Remain an Unmeasured 3 = Moderadamente
Variable in l he Study of Job Stress?"
Journal of Applied Psychology 73
(1988). p. 193-98; BURKE , M. J.;
BRIEF, A. P.; GEORGE, J. M.; __ 1. Ativo 7. Entusiasta
ROBERSON, L e WEBSTER, J.
"Measuring Affect at Work: __ 2. Angustiado 8. Medroso
Confirmatory Analyses of
Competing Mood Structures with __ 3. Forte 9. Vigoroso
Conceptual Linkage to Cortical
Regulatory Systems", Journal of __ 4. Empolgado __ 10. Nervoso
Personality and Social Psychology
57 (1989). p.1 901 -1102. 5. Sarcástico __ 11. Orgulhoso
__ 6. Hostil __ 12. Agitado
Qua ndo os gere ntes estão p assando por sentimentos e e moções estressantes,
como medo ou ansiedade, a inteligência emocional lhes p erm ite entender e
co ntrola r esses sentimentos d e modo que não atrapalhem a tomada de deci-
são e fetiva. 69
A inteligência emocional também pode ~judar os gerentes a desempen har seus
papéis importantes, tais como os papéis interpessoais (figurefu>,ad, líde r e formador
de a lia n ças). 7º Ente nder como os seus subo rdina dos se sentem, porque e les se
sentem assim e como lidar com esses sentimentos é cen tral para o desenvolvi-
me nto de vínculos interpessoais fortes com e les. 71 Alé m disso, a inteligê ncia e mo-
cional tem o potencial de contribuir para a liderança e fetiva de vária<; forma'i72 e
pode ~ju dar os geren tes a dar contribuições duradouras à socied ade, como des-
crito a seguir e m "O Gerente como Pessoa".
Figura 3.8
Indique a extensão em que você concorda ou discorda de cada um dos itens a seguir,
Uma Medida da
usando a escala de 1 a 7 abaixo:
Inteligência Emocional
2 3 4 5 6 7
Fonte: LAW, K.; WONG, C. e SONG, Discordo Discordo Discordo Não concordo Concordo Concordo Concordo
L. "lhe Construct anel Criterion totalmente parcialmente nem discordo parcialmente totalmente
Validity of Emotional lnteUigence
anel lts Potential Utility for
Management Studies", Joum al ol
Applied Psychology 89, n. 3 (2004), _ _1. Tenho um bom senso de porque tenho certos sentimentos na maior
p. 496; WONG, e. S. e LAW, K. S.
parte das vezes.
"The Effects of Leader anel Follower
Emotional lntelligence on _ _2. Sempre sei qual é a emoção de meus amigos a partir do
Performance and Altitude: An
Exploratory Study", Leadership
comportamento deles.
Quarterly 13 (2002), p. 243-74.
_ _3. Sempre estabeleço objetivos para mim e tento dar o meu melhor
para alcançá-los.
_ _7. Sempre digo a mim mesmo que sou uma pessoa competente.
podem diferir numa ampla variedade de dimensões que determinam como seus
membros se comportam em relaçào uns aos outros e como desempenham
seus cargos. Por exemplo, as organizações diferem em termos de como os mem-
bros se relacionam entre si (por exemplo, formal ou informalmente), como são
tomadas decisões importantes (por exemplo, de cima para baixo ou de baixo para
cima), da disposição para mudar (por exemplo, flexibilidade ou rigidez), inova-
ção (por exemplo, criatividade ou previsibilidade) e da capacidade de se divertir
(por exemplo, seriedade ou casualidade) . Em uma empresa com design inovador,
como a IDEO Product Development, no Vale do Silício, os funcionários são enco-
rajados a adotarem uma atitude divertida ao seu trabalho, a olharem para fora da
organização para encontrar inspiração e a adotarem uma abord agem flexível para
o design d e produto.86 A cultura da IDEO é vastamente diferente daquela de
empresas como Citibank e ExxonMobil, em que os funcionários tratam uns aos
outros de uma maneira mais formal e respeitosa e onde é esperado que os funcio-
nários adotem uma abordagem séria ao seu trabalho, e a tomada de decisão é
restrita pela hierarquia de autoridade.
Figura 3.9
Fatores que Mantêm e
Valores Cerimônias
Transmitem a Cultura
do fundador e ritos
Organizacional
Histórias
Socialização
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 99
Tabela 3.1
Ritos Organizacionais
liderado por De nnis Boyle, faz almoços bimestrais sem agenda marcada - tudo
pod e acontecer. Enquanto desfrutam uma excelente comida, brin cad e iras e
camaradage m, os membros do estúdio freqüentemente acabam trocando idéias
para seus produtos mais recentes, e a conversa que flui livre me nte muitas vezes
conduz a insights criativos. 107
U m e ncontro anual da e mpresa também pode ser usado como ritual d e in te-
g ração, oferecendo uma oportunidade para a comunicação de valores organiza-
cionais aos gerentes, a outros funcionários e a acionistas. A Wal-Mart, por exem-
plo, faz d e suas reuniões anuais dos acionistas uma cerimônia extravagante que
celebra o sucesso da empresa. A empresa freqüentemente leva milhares de seus
funcionários com os melhores desempe nhos para seu e n contro anual e m sua sede
em Bentonville, Arkansas, em que acontece um ime nso festival de entretenimento,
com duração de um final de semana, que termina com apresentações de astros da
música country e western. A Wal-Mart acredita que ao recompensar com e ntrete-
- -
nim e nto aqu e le s que lh e d ão a p o io
reforça os valores e a cultura de alto
d e sempe nho da e mpre sa. O s proce di-
m entos são mostra dos ao vivo pelo c ir-
cuito interno de televisão em todas as
loj as Wa l-Ma r t, d e modo que todos o s
funcionários possam se juntar em ritos e
comemorar a<; realizaçõ es d a e mpresa . 108
O s ritos de destaque, como jantares de
premiações, artigos no jornal e promo-
çõ es d e fun c io n á rios, p e r mi te m que as
organizações reconheçam publicamente
e recompe n sem as contribuiçõ es dos fun-
cion ários e, ac;sim , reforcem o compro-
metime nto d e todos com os valores orga-
nizacionais. Ao vincular os membros da
organização, os ritos de reforçam os
Gerentes da Wal-Mart participam do encontro anual em Kansas City,
Missouri. A Wal-Mart acredrta que o entretenimento reforça sua cultura
valores e as normao; d e uma organização.
e valores de alto desempenho. Esses eventos, ou "ritos de integração", Ac; histárias e linguagem também comuni-
reforçam vínculos comuns entre os membros de uma organização. cam a cultura o rganizacional. As históriac;
102 Capítulo Três
(sejam fatos ou ficção) sobre heróis e vilões organizacionais e suas ações forne-
cem pista~ importantes sobre valores e normas. Essas história~ podem revelar os
tipos de comportamentos que são valorizados p ela organização e os tipos de práti-
ca~ que são vistos com ressalva. 109 No centro da rica cultura do McDonald's estão
centenas de histórias que os membros da organização contam sobre o fundador
Ray Kroc. A maioria delas concentra-se em como Kroc estabeleceu os valores e
normas operacionais estritos que estão no centro da cultura do Mc Donald's. Kroc
dedicou-se a atingir a perfeição na qualidade, serviço, limpeza e valor pelo
dinheiro do McDonald 's (QSC&V), e esses quatro valores centrais permeiam a
cultura do McDonald's. Por exemplo, uma história contada com freqüência des-
creve o que aconteceu quando Kroc e um grupo d e gerentes da região de Hous-
ton estavam visitando vários restaurantes. Um d eles estava tendo um dia ruim, em
termos operacionais. Kroc irritou-se com as longas filas de clientes e ficou furioso
quando percebeu que o produto que os clientes estavam recebendo naquele dia
não estava de acordo com seus altos padrões de exigência. Para resolver o pro-
blema, e le pulou o balcão, se pôs na frente deste e recebeu a atenção d e todos os
clientes e do pessoal operacional. Ele se apresentou, desculpou-se pela longa
espera e pela comida fria e disse aos clientes que eles poderiam receber seu
dinheiro de volta ou faze r novos pedidos - o que preferissem. Como resultado,
- - -
os clientes saíram satisfeitos, e quando Kroc, mais tarde, verificou o restaurante,
descobriu que essa mensagem tinha chegado aos seus gerentes e funcionários -
o d esempenho tinha se aprimorado. Outras história~ descrevem Kroc esfregando
banheiros sujos e recolhendo lixo dentro e fora do restaurante. Essa~ e outras his-
tórias semelh antes se espalham pela organização por meio dos funcionários do
McDonald's. Elas são as história~ que ajudaram a estabelecer Kroc como "herói"
do McDonald's.
Devido ao fato d e a linguagem falada ser o principal meio de comunicação na~
organizações, a gíria ou jargão característico - isto é, palavra~ ou frases específi-
cas da organização - que as pessoas usam para determinar e descrever eventos
fornecem pistas importantes sobre norma~ e valores. A "Mclinguagem'', por exem-
plo, é prevalecente em todos os níveis do McDonald's. Um funcionário do
McDonald 's descrito como tendo "ketchup no sangue" é alguém que se dedica
verdadeiramente ao jeito McDonald's - alguém que foi completamente sociali-
zado à sua cultura. O McDonald's tem um programa de treinamento extenso que
ensina a novos funcionários a "língua McDonald's" e que lhes dá as boa~-vindas à
família com uma orientação formal que ilustra a dedicação de Kroc à QSC&V.
O conceito da linguagem organizacional abrange não só a linguagem falada,
mas como as pessoas se vestem, os escritórios que ocupam, os carros que dirigem
e o grau de formalidade que usam quando se dirigem uns aos outros. Trajes casuais
refletem e reforçam a cultura e os valores empresariais da Microsoft. Trajes for-
mais de trabalho sustentam a cultura conservadora encontrada em muitos ban-
cos, o que enfatiza a importância de se adaptar a normas organizacionais, como
respeito pela autoridade e ficar dentro do papel prescrito por outrem. Traders em
bolsas de futuro e de opção de compra de ações em Chicago costumam usar gra-
vatas chamejantes e jaquetas extravagantes para marcar presença num mar de ros-
tos. A demanda por jaquetas vermelho-carmim, verde-limão e de Jamê prata com
imagens fortes, como dos Power Rangers - qualquer coisa que ajude os traders a
se destacarem e a atraírem clientes - é enorme. 11 0 Quando os funcionários falam
e entendem a linguagem da cultura de sua organização, eles sabem como se com-
portar e o que se espera deles.
Na IDEO, a linguagem, a forma de se vestir, o ambiente fisico de trabalho e a infor-
malidade extrema sublinham tuna cultura que é aventureira, divertida, favorável a ris-
cos, igualitária e inovadora. Por exemplo, na IDEO, os funcionários referem-se a consi-
derar a perspectiva dos consumidores quando concebem produtos como "se estivessem
O Gerente como Pessoa: Valores, Atitudes, Emoções e Cultura 103
1. Que valores são enfatizados 3. Quem parece ter desempenhado 4. De que forma a cultura
nesta cultura? um papel importante na criação organizacional é comunicada
2. Que normas os membros dessa da cultura? aos membros da organização?
cultura seguem?
Gerenciando com Ética
lgumas organizações contam com personalidade para selecionar em um teste de honestidade
A um histórico de interesses e per-
sonalidade para selecionar funcionários
funcionários potenciais. Como conduzido por um empregador.
essa prática poderia ser injusta Quais são as implicações éticas
potenciais. O utras organizações tentam aos candidatos potenciais? Como de pessoas confiáveis "falharem"
selecionar func ionários por meio de os membros da organização que em testes de honestidade e quais
testes escritos de honestidade.
estão encarregados de contratar obrigações você acha que os
Questões poderiam fazer mau uso disso? empregadores devenn ter quando
1. Individualmente ou em grupo, 2. Devido a erros de medida e contam com testes de honestidade
pense nas implicações éticas de problemas de validade, algumas para selecionar os objetivos?
usar históricos de interesses e pessoas confiáveis podem "falhar"
ocê está na equipe de diretores de esta é uma parte importante da cultura 1. Desenvolva uma lista de opções e
V uma empresa de médio porte que
fabrica caixas de papelão, contêineres
da organização. Entretanto, você está cursos potenciais de ação para
sofrendo uma pressão crescente para lidar com a concorrência acirrada
e outros materiais para embalagem aumentar o desempe nho de s ua
e a queda nos lucros que sua
com papelão. Sua empresa está enfren- empresa e sua política de não demiti r
empresa está sofrendo.
tando níveis cada vez maiores de con- tem sido questionada pelos acionistas.
2. Escolha seu modo preferido de
corrência para importantes contas de Embora você não tenha decidido se
clientes corporativos e os lucros têm deve demitir os funcionários e, assim, ação e justifique por que você
caído signifi cativamente. Você tentou quebrar com a tradição de 20 anos de tomará esse caminho.
tudo o que podia para cortar custos e sua empresa, correm rumores em sua 3. Descreva como você comunicará
continuar competi tivo, com a exceção organização de que algo está para sua decisão aos funcionários.
de demitir funcionários. A empresa tem acontecer e os fu ncionários estão preo- 4. Se a sua opção preferida envolve
seguido uma política de não demitir nos cupados. Você está se reunindo hoje
uma dispensa temporária,
últimos 20 anos e você acredita que para tratar do problema.
justifique por quê. Se não envolver
uma dispensa temporária, explique
por quê.
Pesquisa na Internet
á ao site da IDEO (www.ideo.com) Como o design do site, as fotos e as que seriam atraídas para a IDEO? Que
V e leia sobre essa empresa. Tente
encontrar indicadores da cultura da
palavras que ele contém comunicam a
natureza da cultu ra organizacional da
tipos de pessoas você acha que prova-
velmente ficariam insatisfeitas com um
1DEO que sejam fornec idos no site. IDEO? Que tipos de pessoas você acha emprego na IDEO?
Você é o Gerente
ecentemente você foi contratado de cada um desses departamentos e departamentos e mau humores e
R como vice-presidente de recur-
sos humanos em uma agência de
em cada um parece que há alguns
membros que estão criando todos os
emoções negativas são muito mais
prevalecentes que os senti mentos
publicidade. Um dos problemas que problemas. Todos esses indivíduos positivos. O que você irá fazer tanto
chamou sua atenção é o fato de que são colaboradores valiosos, que têm para reter funcio nários valiosos
nos departamentos de criação da muitas campanhas publicitárias criati- quanto para aliviar conflitos e senti-
agência há muito conflito, o que é dis- vas a seu favor. Os níveis altos de mentos negativos excessivos nesses
fu ncional. Você fa lou com membros conflito estão criando problemas nos departamentos?
Casos na Mídia
Sou um Mau Chefe? Michigan, a epifania veio quando, depois aplicando terapia de sistemas familiares
de anunciar que ele estaria fora em via- às organizações de negócio para con-
Culpe meu Pai gem de negócios, ele notou um secreto frontar o que passou a ser visto como
ara Peter Tilton, a revelação do
P escritório veio em fevereiro pas-
sado. Ele estava sentado numa sala
ar de alegria no escritório. Hoje, ele sabe
o por quê. "Ninguém era bom o bas-
uma nova fronteira na produtividade. A
ineficiência emocional, que inclui todo
tante", diz Whitehead, que se refere a si aquele arsenal de bate-boca, traições e
de conferência na sede da empresa, mesmo como um sujeito temperamental, situações ridículas para se obter apro-
reunido com o gru po que ele geren- gerador de estresse. "Eu tive uma mãe vação, que são uma marca do local de
ciava, quando um colega "incompe- que nunca me aprovava e adotei, sem trabalho moderno. Um estudo de dois
tente" começou a alfinetá-lo sobre seu perceber, isso em meu estilo gerencial." anos, feito por Brian DesRoches, psicó-
próprio progresso num projeto. Tilton O fato de esses executivos alta- logo de Seattle, verificou que esses dra-
teve a sensação que ia explodir, mente racionais, que usam o lado mas costumam ocupar de 20% a 50%
aquele ataque repentino que o fez
esquerdo do cérebro, irem fundo em do tempo dos trabalhadores. A teoria
sentir como se estivesse num surto
seus passados, ilustra uma nova cor- também está ganhando mais destaque
adolescente.
rente da terapia organizacional entre os à medida que as corporações se tor-
Em segu ndos, ele estava dando
santuários internos do poder corpora- nam cada vez mais cientes de que os
socos no quadro branco e "berrando
tivo. O conceito básico: as pessoas ten- funcionários talentosos saem por causa
como louco". Mesmo num lugar como .,, __ - -·---=-.. -··- ..1:_.:._: __ , __:1:-- - - -'-- -L..-'--- - -=- .... __ -------- - -··-
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dem a recriar sua dinâmica familiar no dos chefes, e não das empresas, e que
a Microsoft Corp., onde Tilton diz que
trabalho. A idéia está ganhando adep- os CEOs freqüentemente são contrata-
os colegas de trabalho criticam as
tos entre os especialistas organizacio- dos por suas competências e despedi-
idéias uns dos outros chamando-as de
"estúpidas", este não era exatamente nais, que dizem que aqueles que se dos por suas personalidades.
um comportamento de um funcionário opõem à corporação às vezes podem Olhar para trás para ir para frente faz
que se tornaria executivo de nível de se portar como bebês chupando o sentido, dizem os pesquisadores de
diretoria. A explosão emocional, agora dedo, de calça curta, carentes da apro- dinâmica de grupo, considerando que a
Tilton percebe, foi estranhamente seme- vação dos chefes "mamãe e papai" e primeira organização à qual as pessoas
lhante àquela que ele teve na sétima desejando a morte para colegas pertencem são suas famílias, sendo os
série, quando seus pais - "maus enten- "irmãos" que roubam a cena. As discus- pais os primeiros chefes e os irmãos, os
dedores crônicos" - o proibiram de sões da diretoria podem ter brigas que primeiros colegas. "Nossas noções origi-
usar seu jeans com rasgos nos joelhos lembram aquelas à mesa de jantar da nais de uma instituição, de uma estrutura
para ir à escola. Era 1967, e ele estava família. Políticas de escritório podem de autoridade, de poder e influência são
no auge de sua fase hippie. "E eles que- assumir as dimensões de Ícaro desres- todas forjadas na família", diz Warren
riam que eu usasse calça tradicional", peitando seu pai - ou Hamlet matando Bennis, guru da administração e profes-
diz Tilton. seu tio Cláudio. sor de administração na Universidade do
Para Bert Whitehead, CEO da Cam- Com o respaldo de novas pesquisas Sul da Califórnia. Acrescenta Dr. Scott
bridge Connection, uma empresa de pla- em dinâmica do trabalho, um número C. Stacy, diretor do programa clínico
nejamento financeiro em Franklin Village, maior de instrutores e consultores está do Professional Renewal Center, em
110
Lawrence, Kansas City: "Este é um o s ucesso depende totalmente do exemplo, geralmente acontece em
imenso e ntendimento de como os desempenho das equipes, tão perfeito qualquer ocasião em que as pessoas
negócios funcionam em toda parte". quanto o maquinário impecável em uma se reúnam. O mesmo acontece com as
vitrine de uma fábrica Six Sigma. E as reclamações.
Herói, Bode Expiatório, Mártir corporações contratam trabalhadores
Isto pode parecer muito "conversa cujas famíl ias têm mais probabilidade Histeria Histórica
fiada", mas ao realizarem raios-X do de se parecerem aos Osbournes que a Sem dúvida o passado fam iliar de
passado dos clientes, os instrutores Ozzie e a Harriet. Personalidades, emo- alguém ainda pode se infiltrar no cená-
têm ajudado executivos em empresas ções, tiques de comportamento - tudo rio profissional. Reconhece-se fac il-
tão diversas quanto Los Angeles começou a assumir uma dimensão mente, dizem os especialistas, quando
Times, State Farm lnsurance e Ameri· maior em uma era em que os negócios um colega de trabalho ou supervisor
cain Express a entenderem seu próprio vendem cada vez mais as idéias que tem reações altamente emocionais e
comportamento disfu ncional e o dos vêm das cabeças dos fu ncionários, e intensas: quando é histérico, é histórüco.
outros também. Eles aprendem a reco- não apenas dos produtos de s uas Outros sintomas - certa incapacidade
nhecer o subtexto emocional enco- máquinas. para manter uma distância reflexiva,
berto que dirige mu itos encontros, Além disso, à medida que escânda- repetidos ataques de raiva e ter sempre
desconstru indo como e les podem los têm aumentado a necessidade de as mesmas brigas com as mesmas
estar se auto-sabotando subconscien- transparência, revelação e ética, muitos pessoas.
temente, esquivando-se de fig uras de executivos começaram a ver a impor- No caso de Tilton, o executivo da
autoridade ou se empenhando em jul- tância de fazer a cultura corporativa Microsoft desdenhava a terapia "desde
gamentos hipercríticos dos subordina- corresponder às culturas pessoais dos que meus pais tentaram me mandar
dos. Ou por que razão eles podem , fu ncionários, uma vez que a maioria para um sujeito que fumava cachimbo,
sem perceber, fazer o papel de herói, das pessoas recebe seus fundamentos na sétima série". Mas nos meses em
bode expiatório ou mártir. "Não estou éticos de suas famílias. É por isso que que trabalhou com um instrutor de exe-
sugerindo que nossos funcionários vários clientes das áreas financeira, de cuti vos, ele apenas desejava ter rom-
sejam nossos filhos", diz Kenneth Sole, serviços públicos e de produção, em pido com essa negação mais cedo.
um psicólogo social que dá consulto- entrevistas a candidatos a emprego, Como muitos, ele percebe que fazer
rias e trabalhou com a Apple Compu- estão fazendo perguntas sobre famíl ia, análise não basta. Ser competente
ter lnc. e com as Nações Unidas. "Mas na esperança de obterem respostas emocionalmente agora também faz
a psicologia é paralela." espontâneas, diz Neil Lebovits, presi- parte do cargo.
De fato, pesquisas realizadas na dente da Ajilon Finance, em Saddle
última década sobre o cérebro têm Brook, Nova Jersey. Qualquer coisa Questões
mostrado que durante o estresse - para evitar a contratação do próximo
1. De que forma as personalidades e
quando a necessidade que as pessoas Jeffrey K. Skilling.
experiências que os gerentes
têm de se sentirem incluídas, compe- É evidente que muitos dos líderes e
tiveram quando crianças
tentes e aceitas é frustrada - suas seus consultores fazem objeção à inva-
me·ntes são programadas a usar scripts são da terapia nos escritórios. "O local interferem no local de trabalho?
famil iares defensivos. "Projetamos nos de trabalho não é onde fraquezas psi- 2. Por que a personalidade pode
outros os conflitos pelos quais passa- cológicas devem ser exploradas", diz estar se tornando um fator mais
mos durante o crescimento", diz Robert Richard A. Chaifetz, CEO da ComP-
importante para se entender a
Pasick, presidente da LeadersConnect, sych Corp., uma empresa de assistên-
efetividade gerencial?
em Ann Arbor, Michigan. Ele ministra cia ao funcionário, em Chicago. "Isso
um curso na University of Michigan pode criar minhocas na cabeça". Chai- 3. Por que as qualificações técnicas
Business School sobre como a dinâ- fetz só aprova esse tipo de questiona- e analíticas não são suficientes
mica familiar afeta as equipes. mento se ele for feito fora do local de para que um gerente seja efetivo?
Em parte, esse encolhimento da trabalho, um a um, e com um profissio-
4. Que papéis a inteligência
cabeça corporativa está ganhando mais nal treinado. E muita dinâmica de traba-
emocional desempenha na
terreno devido ao grau de interdepen- lho não pode ser analisada apenas por
dência que as empresas enfrentam no meio de um filtro familiar. Muito prova- efetividade gerencial?
estágio global. Na economia manual, o velmente, dizem os críticos, as equipes
trabalho era um negócio regimentado, de trabalho carregam traços caracterís- Fonte: Reimpressáo da edição de 10 de maio de
2004 da BusinessWeek, com autorização
militarista, no qual era mais fácil incor- ticos de todas as dinâmicas de grupo. A especial. Copyright C 2004 by McGraw -Hill
porar diferenças de personalidade. Hoje, aproximação entre duas pessoas, por Companies, lnc.
111
CAPÍTULO
4 Étic.a e
Social
Responsabilida~ejtl
•·
Objetivos de Aprendizagem
Depois de estudar este capítulo, você será capaz de:
Qual é a coisa certa ou ética a fazer? Hoje, Internet usando o formato MP3, que comprime
quase todos os textos escritos, músicas, filmes arquivos digitais, tornando-os mais rápidos
e software são gravados em formato digital e pa ra transitar e mais fáceis de armazenar.
podem ser copiados eletronicamente com Fanning viu seu colega de quarto usar a
facilidade e enviados para computadores Internet para procurar material novo e perce-
pessoais através da Internet. Muitos sites beu a oportunidade de criar uma plataforma
contêm cópias ilegais de música, filmes e de software que per-
assim por diante que podem ser acessados mitiria que as pes-
e transferidos com facilidade. Milhões de soas localizassem e
pessoas e empresas têm se aproveitado transferissem arqui-
disso para produzir cópias ilegais de CDs de vos de música digi-
música, prog ramas de software e DVDs. tais com maior faci-
Como resultado, estima-se que em 2003 mais lidade em qualquer
de um terço de todos os CDs e cassetes gra- PC que fosse regis-
vados no mundo tenham sido produzidos e trado nessa plata-
vendidos ilegalmente. 1 Uma vez que atual- forma. Fanning criou
mente tantas pessoas fazem cópias de músi- o software necessá-
cas em vez de comprarem os CDs, a indústria rio para fazer isso.
da música perdeu mais de $ 1O bilhões em Os comentários so-
receitas de vendas. bre como era fácil
Como você pode imag inar, os adminis- usar o sistema do
tradores de empresas cinematog ráficas e Napster se espa-
Os clientes P'OQ.lram seus COs tallOriros
fonográficas têm feito tudo o que podem para lharam, e o enorme de truSIC8 Enquanto iSso, a cópia ilegal de
matenal digital estâ aumentando.
reduzir o problema de gravação ilegal por- volume de música
que ela diminui as vendas e os lucros. Um que logo estava dis-
empreendimento que os CEOs da em presa ponível para transferência fez do Napster
fonográfica perseguiram intensamente foi o um fenômeno. Logo, centenas de milhares
Napster.2 Shawn Fanning criou o Napster de pessoas estavam trocando e transferindo
enquan to estudava na Universidade de música. Em muitas faculdades, a demanda
Northeastern. Seu colega de quarto tinha para acessar e transferir arquivos do Naps-
o hábito de transferir música de sites da ter superava seus recursos em computação.3
114 Capítulo Quatro
Visão Geral C..omo sugere a história do Napster e da pirataria digital, uma importante
dimensão ética está presente na maioria dos tipos de tomada de decisão.
Nos negócios, toda parte busca lucrar com a troca, mas não é fácil determinar o que é tuna
divisão justa ou eqüitativa do lucro em uma determinada atividade ou relacionamento
comercial. A~ gravadoras não d esejam ver sua~ receita~ cair porque os clientes potenciais
est.ão "lucrando" com sua capacidade de fazer cópias ilegais de CDs. Ela~ têm a responsabili-
dade de lucrar de modo que possam recompensar seus acion ista~, pagar os músicos que
Ética e Responsabilidade Social 115
recebem d ireitos autorais sobre as vendas d e discos e pagar salários a seus funcio-
nários. tl claro que e las também têm responsabilidade perante os clien tes - e lac;
deveriam cobrar um preço justo por seus C Ds.
1este capímlo, examinaremos a natureza da<; obrigações e das responsabilida-
d es dos gerentes e dac; e mpresas p ara ac; q u ais e les trabalham p e rante as pessoac; e
a sociedade, que são afetadas p or suas ações. Primeiro, examinare mos a natureza
da ética e a<; fontes de proble ma<; éticos. Segundo, discutire mos os principais gru-
pos d e pessoas, chamados stakelwlders (pessoas inte ressadas), que são afetados pela
mane ira como as empresas ope r a m. Em terceiro lugar, examinaremos quatro
regrac; ou diretrizes que os gere ntes podem usar para determinar se uma decisão
de negócio específica é ética ou antiética. Finalmente, consideraremos as origens
da ética gerencial e a.<; razões p ela<; quais é importan te para uma e mpresa compor-
tar-se de maneira socialmente responsável. o final d este capítulo você e n tenderá
o papel central que a ética desempenha na configuração d a prática dos negócios
e n a vida de p essoac;, da socie dade e da nação.
A Natureza
,,,,
Suponhamos que você veja uma pessoa sendo assaltada na rua.
Como vai se comportar? Você irá ajudá-la, embora corra o risco
da Etica de se machucar? Você vai embora? 1àlvez irá adotar uma "forma
intermediária" e não in tervir, mas chamar a polícia? Sua forma
de agir dependerá de como é a pessoa que está sendo assaltada - um h omem
forte, uma pessoa idosa ou mesmo uma pessoa de rua? Ou será que dependerá d e
h aver mais pessoas por perto, caso e m que você pode dizer a si mesmo: "Ah, bom,
alguém vai ajudar ou chamar a polícia, eu não preciso faze r isso"?
,,.
Dilemas Eti eos
dilema ético O impasse A situação descrita acima é um exemplo d e dilema ético, o impasse em que as
em que as pessoas se pessoas se e ncontram quando têm de decidir se devem agir de dete rminad a
encontram quando têm de
maneira que possa ajudar outra pessoa ou grupo, e esta é a coisa "certa" a fazer,
decidir se devem agir de um
modo que possa ajudar outra
embora agir desse modo possa ir contra seus próprios interesses. 4 Um dilema
pessoa ou grupo, embora tal pode surgir ainda quando uma pessoa precisa decidir entre duas ações difere n-
ação possa ir contra seus tes, sabendo que qualquer que seja a ação escolhida por ele ou ela, isso resultará
próprios interesses. em danos para uma pessoa ou grupo, embora possa beneficiar outro. O d ilema
ético aqui é decidir qual é o "menor dos males".
As p essoas normalmente sabem que estão confrontando um dilema ético
quando seus escrúpulos morais são considerados e fazem com que elas hesitem,
debatam e reflitam se é "certo" ou "bom" tomar uma ação. O s escrúpulos morais
são pensamentos e sentimentos que dizem a uma pessoa o que é certo ou errado;
ética Princípios morais, eles fazem parte da ética de uma pessoa. A ética é formada pelos princípios morais,
valores e crenças que orientam valores e crenças internos que as pessoas usam para analisar ou inte rpretar uma
internamente, e que são simação e e ntão decidir qual é a forma "certa" ou adequada d e se comportar. Ao
usados pelas pessoas para
mesmo tempo, a ética também indica o que é um comportamento inadequado e
analisar ou interpretar uma
situação e então decidir qual
como uma pessoa deve se comportar para evitar prejudicar outra.
é a maneira "certa" de se O problema essencial ao lidar com questões éticas e resolve r dilemas morais é
comportar. que não há regras ou princípios absolutos ou inquestionáveis que possam ser desen-
volvidos para decidir se uma ação é é tica ou antiética. Em termos simples, pessoas
ou grupos difere ntes podem d isputar quais ações são é ticas ou antiéticas d epen-
dendo d e seu próprio interesse e atimdes, crenças e valores específicos - concei-
tos que discutimos no Capímlo 3. Como, portanto, vamos nós, as empresas, seus
116 Capítulo Quatro
,,
Mudanças na Etica com o Tempo
H á muitos tipos de comportame nto - tais como assassinato, roubo, escravidão,
estupro, dirigir depois d e beber ou usar drogac; - que a maioria, senão todas as
pessoas, acredita, hoje, serem totalmente inaceitáveis ou antiéticos e que deveriam,
portanto, ser ilegais. H á, também, muitos outros tipos d e ações e comportamentos
cuja natureza ética está aberta a discussão. AJgumac; p e:ssoac; pode riam acreditar que
um d eterminado comportamento - por exemplo, fumar cigarro ou possuir armas
- é antiético e, portanto, deveria se tornar ilegal. O u tras poderiam alegar que cabe
ao indivíduo ou a um grupo d ecidir se tais comportame ntos são éticos ou não e,
assim, se um determinado comportamento d eve p ermanecer legal.
À medida que as cre n ças é ticas mudam com o te mpo, algumas p essoas pode m
começar a questionar se as leis existentes, que tornam comportame ntos especí-
fi cos ilegais, ainda são adequadas hoje . Elas poderiam a legar que e mbora um
Ética e Responsabilidade Social 117
compo rta me n to esp ecífi co seja conside rado ilegal, isso n ão o torna a n tiético e,
assim, a lei d ever-ia se r mudada. os Estados Unidos, por exe mplo, é ilegal possuir
ou usar maconha (cannabis) . Par a justificar essa le i, cosn1ma-se a legar que fumar
maconha leva as p essoac; a e xperime n tar droga., ma is perigosas. Uma vez adqui-
rido o hábito de usar drogas, as pessoas podem ficar d ep e ndentes delas. Drogas
ma is p esadas como a he roína são te me rosame nte vicia ntes, e a ma ioria da'i p es-
soac; não p ára d e usá-lac; sem ajuda d os o utros. Ac;.c;im, o uso d a maconha, por levar
a danos maiores, é uma prática antié tica.
Te m sido d ocumen tado no meio médico, no e nta nto, que o uso d a maconha traz
muitos be ne fíc ios p ara as p essoa<; com certac; d oen ças. Po r e xe mplo, p ara os que
sofre m de câncer e estão passando p o r quimiote rapia e para aque les com Al DS
que estão sob medicação pote nte, a maconha o fe re ce a lívio de muitos dos efeitos
cola te ra is d o tra tame nto, como náusea e falta d e ap e tite. o e ntanto, nos Estad os
Unidos, é ilegal em muitos estados a prescrição médica de maconha para esses
pacie n tes a fim d e aliviar o sofrime n to. Desde 1996, e ntretanto, 35 estad os legaliza-
ram a prescrição d e maconha p ara fins medicina is; n o e ntanto, o governo fed era l
tem tentado anular tal legislação estadual. A'i p essoas e m diversos e stados atual-
me nte estão se mobilizando p ara conseguir o re laxame nto d a le i contra o uso d a
maconha para fins medicinais, e em junho de 2004 a Suprema Corte dos Estados
Unidos concordou em ouvir o caso sobre o uso médico da droga.5 No Canadá tem
havido um amplo movimento para a descriminalização da maconha. Embora não
torne a droga legal, a descriminalização remove a ameaça de processo mesmo para
os usos que não estejam relacionados ao medicinal. Um importante debate ético
está ocorrendo atualmente sobre essa questão em vários países.
O importante é notar que embora as crenças éticas levem ao desenvolvimento de
leis e a regulamentações para impedir certos comportamentos ou encorajar outros,
as próprias leis podem mudar e ser alteradas ou mesmo desaparecer à medida que
as crenças éticas mudam. la Grã-Bretanha, em 1830, havia mais de 350
crimes d iferentes pelos quais uma pessoa podia ser executada, inclusive
roubo de carneiros. Hoje, não há nenhum; a punição capital e a morte não
são mais legais. Assim, tanto as regras éticas quanto as legais são relativac;:
não há padrões absolutos ou invariáveis para determinar como devemos
nos comportar, e as pessoas passam por d ilemas morais o tempo todo.
Devido a isso, temos de fazer escolhas éticas.
A discussão acima enfatiza uma questão importante para se entender a
relação entre ética, lei e negócio. No início de 2000, muitos escândalos
assolaram importantes empresas como Eniron, Arthur Andersen,
WorldCom, Tyco e outras. Os administradores de algumas dessa<; empresac;
violaram claramente a lei e usaram meios ilegais para fraudar os investido-
res. Na Enron, o ex-diretor financeiro, Andrew Fastow, e sua esposa, foram
declarados culpados por falsificação dos livros da empresa. Eles drenaram
dezenac; de milhões de dólares do dinheiro da Enron para uso próprio.
Em outros casos, alguns gerentes tiraram vantagem das brechac; na lei
para desviar centenas de milhões de dólares do capital da empresa para
Coldbath Fields Prison, Londres, por volta suac; próprias fortunas pessoais. Na WorldCom, por exemplo, o ex-diretor
de 181 O. O sistema judiciário criminal presidente Bernie Ebbers usou sua posição para colocar seis amigos pes-
britânico nessa época era bem severo. soais, de longa data, em seu conselho de diretoria, que possuía 13 mem-
Havia mais de 350 crimes diferentes pelos
bros. Embora isso não fosse ilegal, obviamente essas pessoas votariam a
quais uma pessoa podia ser executada,
inclusive roubo de carneiros. Neste caso,
seu favor nas reuniões de diretoria. Como resultado desse apoio, Ebbers
ainda bem que as crenças éticas mudam recebeu imensas opções de compra de ações e um empréstimo pessoal
com o tempo, e as leis também. de mais de $ 150 milhões da WorldCom. Em troca, seus defensores
118 Capítulo Quatro
foram bem recompensados por ser diretores; Ebbers permitia, por exemplo, que
eles usassem jatos corporativos da WorldCom por um custo mínimo - algo que
lhes gerava uma economia de centenas de milhares de dólares por ano. 6
À luz desses acontecimentos, algumas pessoas disseram: "Bem, o que essa~ pes-
soas fizeram não foi ilegal", deixando implícito que, como esse comportamento
não era ilegal, também não era antiético. Entretanto, não ser ilegal não torna isso
ético; tal comportamento é claramente antiético.7 Em muitos casos, as leis são
aprovadas posteriormente para fech ar brechas e impedir que pessoas antiéticas,
como Fastow e Ebbers, tirem vantagem delas para atender a seu próprio interesse
à custa dos outros. Como pessoas comuns, os gerentes devem enfrentar a necessi-
dade de decidir o que é adequado e inadequado à medida que usam os recursos
de uma empresa para produzir bens e serviços aos clientes.11
Stakeholders e _,,,.
Assim como as pessoas têm de decidir quanto às formas
certa~ e erradas de agir, o mesmo acontece com as empre-
Etica sas. Quando a lei não especifica como elas devem se com-
portar, os gerentes precisam decidir qual é a maneira certa
ou ética de se comportar perante as pessoas e grupos afe-
tados por suas ações. Quem são as pessoas ou grupos afetados pelas decisões de
negócio de uma empresa? Se ela se comporta de maneira ética, como isso benefi-
cia as pessoas e a sociedade? Por outro lado, como as pessoas são prejudicadas
pelas ações antiéticas de uma empresa?
As pessoas e os grupos afetados pela maneira como uma empresa e seus geren-
stakeholders Pessoas e tes se comportam são chamados stakeholders. Os stakeholders fornecem a uma
grupos que fornecem a uma empresa seus recursos produtivos; como resultado, têm direitos e interesses em
empresa recursos produtivos e, relação à empresa. 9 Uma vez que os stakeholders podem se beneficiar ou ser preju-
assim, têm direitos e interesses
dicados diretamente por suas ações, a ética de uma empresa e de seus gerentes é
em relação à empresa.
importante para eles. Quem são os principais stakeholdersde uma empresa? Qual é
sua contribuição para uma empresa e o que eles reivindicam em retorno? Abaixo
examinamos as reivindicações desses stakeholders - acionistas, gerentes, funcioná-
rios, fornecedores e distribuidores, clientes e comunidade, sociedade e estado-
nação (ver Figura 4.1).
Figura 4.1
Tipos de Stakeholders
da Empresa Acionistas
Funcionários
Fornecedores
/ Clientes
Ética e Responsabilidade Social 119
Acionistas
O s acio nistas têm dire itos e m relação a uma e mpresa porque qua ndo compra m
suas ações ou frações de ações, e les tornam-se seus proprietários. Sempre que o
fundador de uma e mp resa decide formar p ublicamente uma sociedade anõnima
para levantar capita l, ac; ações d a e mpresa são e mitid as. l::ssac; ações conced e m a
seus compradores a propried a d e de uma certa porcen tagem da e mpresa e o
direito de receb e r dividendos d as ações no futuro. Por ex e mplo, e m 2003, a
Microsoft tinha mais de$ 46 bilh ões e m caixa, dinheiro ma ntido n a e mpresa
co mo fundo para suas futuras o p e rações. Depois d e p ressão d os acion istas, e la
declarou um divide n do d e 31 centavos por a ção a o s proprietários d e seus
5 bilhões d e ações; Bill Gates recebe u $ 100 milhões em divide ndos com base n as
ações que p ossui.
O s a cionista<; estão interessados na maneira como uma empresa opera p o rque
e les que re m maximizar o re torno sobre seu investime nto. Desse modo, e les obser-
vam a e mpresa e seus gere ntes d e p e rto p ara a<;segurar que a d ireção est~ja traba-
lhando diligentemente para aumentar a lucratividade da e mpresa.10 Os acionista'i
també m querem garantir que os gerentes est~ja m se comporta ndo de mo d o ético
e que não estejam arriscando o capi tal d os investidores, ocupando-se d e ações que
possam macuJar a reputação da empresa. A quebra da Enron, uma das maio res e
mais lucrativas e mpresas n os Estados Unidos a d e clarar falê n cia, levou me nos d e
um ano depois que ações ilegais e antiéticas de sua d iretoria vieram à tona. A tra-
gédia da Enron foi causada por um pw1hado d e diretores gananciosos que abusa-
ram de suas posições d e confiança. Estima-se q u e o colapso da Enron, ao precipi-
tar o crash do me rcado d e açõ es, causou ao norte-americano mé dio uma perda de
mai<; de $ 66.000 de suac; economias conseguidas fei ta'i com tanto custo enquanto
trilhões de dólares eram re movidos do valor da'i ações de e mpresas norte-america-
na'i n egociada-; publicamente.
Gerentes
Os gerentes são um grupo vital d e stakeholders porque são responsáveis por usar o
capital finan ceiro e os recursos humanos d e uma e mpresa para a ume ntar seu
desempenho e, a'lsim, o preço d e suas açõ es.11 O s gerentes têm direitos em re la-
ção a uma organização porque trazem para e la suas habilidades, experiê n cia e
conhecime n tos especiaJizados. Eles têm o direito de esperar um bom retorno ou
recompensa na medida e m que investem seu capital humano para aprimorar o
d esempenho d a e mpresa. Tais recompensa'i incluem bons salários e benefícios,
perspectivas de promoção e de uma carreira e opções de compra de ações e boni-
ficações vincuJadac; ao desempenho da e mpresa.
Os gere n tes são o grupo de stakeho/ders que te m a respon sabilidade de decidir
quais m etas a organização deve perseguir para be n efici ar ao máximo os stakehol-
ders e como usar de mane ira mais eficiente os re cursos para atingir esses objetivos.
Ao tomar es.o;as decisões, eles fi cam normalmente numa posição de ter de conci-
liar os interesses de dife rentes p artes, inclusive os deles mesmos.12 Essac; d ecisões
às vezes são muito difíceis e desafiam os gerentes a sustentar valores éticos porque
em alguns casos as decisões que beneficiam alguns grupos de interessados (geren-
tes e acionista<;) prejudicam outros grupos (trabalh adores individuais e comuni-
dades locais) . Por exemplo, em períodos de estagnação econômica, ou quando
uma e mpresa passa por queda no d esempenho, as demissões podem ajud ar a co r-
tar os custos (be neficiando, assim, os acionistas) à custa dos fun cionários d e miti-
dos. Muitos gerentes norte-americanos e nfrentaram essa decisão difícil - mais de
700.000 demissões foram anunciadas nos seis primeiros meses d e 2001, d e acordo
com a Challenge r, Gray and Christmac; (uma empresa especializada em serviços
de recolocação) .13 Ac; decisões de d e missão são sempre difíceis, visto que não só
impõem um pesado ônus aos trabalhadores, a suac; famílias e às comunidades locais,
mas també m significam a p erda da contribuição d e frmcionários valiosos para uma
120 Capítulo Quatro
organização. Sempre que decisões como essas são tomadas para beneficiar alguns
grupos à custa de outros, a ética entra em ação.
Como discutimos no Capímlo 1, os gerentes devem ser motivados e receber
incentivos para trabalharem com dedicação visando aos interesses dos acionistas.
Seu comportamento deve, também, ser analisado detalhadamente para assegurar
que eles não se comportem de modo ilegal ou antiético, perseguindo metas que
ameacem os acionistas e os in teresses da empresa. 14 Infelizmente, vimos nos pri-
meiros anos de 2000 como é fácil para a diretoria encontrar meios de buscar
cruelmente seus próprios interesses à custa dos acionistas e funcionários porque
as leis e as regulamentações não são fortes o suficiente para forçá-los a se compor-
tar de maneira ética.
Em suma, o problema tem sido que, em várias empresas, gerentes corruptos
não se concentram no aumento do capital da empresa e da riqueza dos acionistas,
mas em maximizar seu próprio capita/, e riquezas pessoaiç. Num esforço para impedir
futuros escândalos, a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), que vigia
os altos negócios do governo, começou em 2003 a refazer regras que governam a
relação de uma empresa com seu auditor, bem como regulamentações sobre
opções de compra de ações e que aumentem o poder de diretores externos de
analisar minuciosamente um CEO. O objetivo da SEC é transformar muitos atos
que eram apenas comportamentos antiéticos em 2003 em comportamento ilegal
no futuro próximo. Os gerentes poderiam, então, ser indiciados, caso se engajas-
sem nesses atos.
Muitos especialistas também estão alegando que as recompensa~ dadas à dire-
toria, par ticularmente ao CEO e ao COO, acabaram saindo d o controle na década
de 1990. O s diretores são os novos "aristocratta~" de hoje; por meio de sua habili-
dade de influenciar o conselho de diretoria e aumentar seu próprio salário, eles
têm acumulado fortunas pessoais no valor de centenas de milhões de dólares. Por
exemplo, enquanto em 1982 um CEO típico ganhava cerca de 18 vezes mais do
que um trabalhador médio, em 2002 esse número subiu para 2.600 vezes - um
aumento espantoso. Mich ael Ei.sner, CEO d a Disney, recebeu mais de $ 800 milhões
em opções de compra de ações da Disney.Jack Welch, ex CEO da General Electric
e um dos administradores mais admirados dos Estados Unid os, recebeu mais de
$ 500 milhões em opções de compra de ações da GE como recompensa por seus
serviços. Ao se aposentar, ele t ambém ganhou$ 2,5 milhões em regalias anuais,
q ue variam do acesso contínuo a um jato corporativo até lavagem a seco gramita.
Quando essas informações foram reveladas à imprensa, Welch concord ou rapida-
mente em pagar$ 2 milhões à GE por esses serviços.
É ético que os diretores recebam vastas qua ntias de dinheiro de suas empresas?
Eles ganham realmente isso? Lembre-se, esse dinheiro poderia ter ido para os
acionistas na forma de dividendos. Também poderia ter sido gasto para reduzir a
enorme lacuna salarial entre a diretoria e aqueles que estão na base da hierar-
quia. Muitas pessoas alegam que a crescente disparidade entre a remuneração
dada aos CEOs e aos outros funcionários é antiética e deverÉa ser normatizada. O
salário do CEO tornou-se tão alto porque eles são as pessoas que estabelecem e
controlam os salários e os bônus uns dos outros! Eles podem fazer isso porque se
. . .
sentam nas diretoria~ d e outras empresas, como diretores de fora, e, assim, podem
controlar as r emunerações e as opções de compra de ações pagas a outros CEOs.
Como o exemplo de Bernie Ebbers, da WorldCom, discutido anteriormente
sugere, quando um CEO pode controlar e selecionar muitos diretores de fora, ele
pode abusar de seu poder.
Outros alegam que uma vez que os diretores desempenham um papel impor-
tante no aumen to do capital e da riqueza de uma empresa, eles merecem uma
parcela significativa dos lucros.Jack Welch, por exemplo, mereceu seus$ 500 milhões
porque criou centenas de bilhões de dólares em riqueza para os acionistas. O
debate sobre quanto dinheiro os CEOs e outros diretores deveam receber está
muito acalorado atualmente. Algumas mudanças na Walt Disney ilustram muitas
dessas questões, como discutido a seguir em "O Gerente como Pessoa".
Ética e Responsabilidade Social 121
Funcionários
O s funcionários d e uma empresa são as centenas de milhares d e pessoac; que tra-
ba lham e m seus vários d e p a rta me ntos e funções, tais como pesquisa, vendas e
produção. Eles esp eram receber recompen sas con sistentes com seu desempen h o .
Uma das maneirac; pelas quais uma empresa pode agir de maneira com e les e
atender às suas exp ectativas é criando uma estrutura profissional que os recom-
pense d e mo d o jtL'ito e eqüitativo por suas contribuições. Ac; e mpresas, por exe m-
plo, precisam desenvolver recrutamento, treiname nto, avaliação d e desempenho
e siste mas d e recompe nsa que não discrimine m os funcionários ne m aquilo que
e les acreditam ser justo.
Fornecedores e Distribuidores
Nen huma empresa opera sozinha. Toda empresa é uma rede d e relações com
ou tras e mpresac; que lhe fornece m recursos (por e xe mplo, matériac;-primac;, peças
compone ntes, mão-de-obra con tratada e clie ntes) dos quais ela precisa para ope-
rar. Ela também depende de intermediários como atacadistas e varejistas para dis-
tribuir seus produtos ao clie nte final. O s forn ecedores espera m rece b e r paga-
me nto justo e pontual por seus insumos; os distribuidores esperam receber
produtos de qualidade a preços acordados.
Mais uma vez, muitas questões éticas surgem a partir do modo como ac; e mpre-
sas contratam e interagem com seus fornecedores e distribuidores. Questões
importantes a respeito de como e quando os pagamentos d eve m ser feitos ou
sobre as especificações de qualidade do produto são regidas pelos termos dos
contratos legais que uma e mpresa assina com seus fornecedores e distribuidores.
Muitas outras questões d ependem da ética e mpresarial. Por exemplo, inúmeros
produtos vendidos em lojas norte-americanas têm sido terceirizados para países
que não têm regulamentações nem leis aplicadas nos Estados Unidos para prote-
ger os trabalhadores que fazem esses produtos. Todas as empresas devem assumir
uma posição ética em relação ao modo como obtêm e fabricam os produtos que
vende m. Essa postura é normalmente publicada no site da e mpre.sa. A Tabela 4.1
apresenta parte da declaração da The Gap sobre sua abordagem à ética global
(www.thegap.com).
Clientes
Os clie ntes são considerados, freqüentemente, o grupo mais crítico d e stakehol-
ders, uma vez que, se uma empresa não pode atraí-los para comprar seus produtos,
e la não pode continuar funcionando. Desse modo, os gerentes e os funcionários
devem trabalhar para aumentar a eficiência e a efetividade a fim de atrair novos
clientes e fidelizar os atuais. Eles fazem isso por meio da venda de produtos d e
qualidade aos clientes, a um preço justo e com bons serviços pós-vendas. Eles tam-
- -
bém lutam para aprimorar seus produtos com o tempo.
Existem muitas leis para proteger os clientes de empresac; que tentam fornecer
produtos perigosos ou de má qualidade. Existem le is que permitem aos clientes
processar uma empresa cttjo produto lhes cause danos, como um pneu ou um
veículo com defeito. Outrac; leis forçam as empresas a revelar claramente ac; taxas
d e juros que cobram sobre as compras - um importante custo omitido que os
clientes freqüentemente não levam em conta ao tomar suas decisões de compra.
Todo ano, milhares d e empresas são processadas por violar essas leis, por isso a
recome ndação "comprador, fique atento" é uma regra importante que os clientes
d evem seguir ao comprar bens e serviços.
Ética e Responsabilidade Social 123
Tabela 4.1
Alguns Princípios do Código de Conduta do Fornecedor da Gap
Como con dição para fazer negócio com a Cap Jnc., Loda tabrica deve aLe nder a esle Código de Co nduLa do
Fornecedor. A empresa conLinuará a desenvolver sisLe mas de mon iLoramen to para avaliar e ac;segurar o
cumptimemo desse Código. Se a Gap lnc. d e terminar que qualquer fábrica violou ac; regras, e la pode cessar seu
relacionamento come rcial o u exig ir que a fábrica impleme nte Lun plano de ação correliva. Se a ação correliva for
aconselhad a, mas n ão for imple mentad a, a Gap lnc. suspenderá filluros pedidos e pode parar a produção a mai.
1. Princípios Gerais
Fábricac; que produzem bens para a Cap Jnc. irão operar d e pleno acordo com as leis d e seus respeclivos países e
com Lodas ac; ouu-as le is, norma<; e regulamentações a plicáveis.
II. Ambiente
Ac; tabricas devem respeilar Lodac; ac; leis e regulamemações ambie nlais aplicáveis. Nos locais e m que Lais requisitos
forem menos rigorosos que os da própria Gap lnc., as fübricac; são enco r~jadac; a aLende r aos padrões descri tos na
declaração dos princípios ambie nLais da Gap Inc.
ill. Discriminação
Ac; fabricas empregarão trabalhadores com ba<;e em sua capacidade de fazer o Lrabalho, sem considerar raça, cor,
gênero, nacio nalidade, religião, idade, malernidade ou estado civil.
IV. Trab alho Forçado
Ac; fabricas não usarão qualque r Uabalho forçado, prisional ou d e aprendU,agem.
V. Mão-de-obra Infantil
Ao, fábricas e mpregarão apena<> os trabalhadores que a Lendam ao requisito legal de idade mínima aplicável o u que
tenham pelo menos 14 anos d e idad e ou mais. Ac; fábricas d evem, Lambém, respeitar todas as le is aplicáveis à mão-
de-obra infanlil. Ela<> são e nco~j adac; a d esenvolver programac; d e apre ndiLado no local d e u·abalho para o
be ne fício educacional d e seus trabalhadores, contanto que todos os participantes ate nda m ao padrão de idade
mínima d e 14 anos e ao requisito legal de idade mínima.
VI. Salários e H oras
Ac; fábricas deverão estabelecer o período de funcio namento, os salários e o pagamento extra de acordo com
Lodas as le is aplicáveis. Os u·abalhadores receberão pe lo menos o salário mínimo estabelecido por le i o u aquele
que atenda aos padrões da indústria local, o que for mais alto. Embora se e nte nda que a hora-extra é
normalme nte exig ida na produção de roupas, as fa brica<> farão as operações d e modo a limitar a hora-extra a um
nível que assegure condições de trabalho produtivas e humanac;.
Regra Prática
Uma decisão ética deve ser aquela cuja
comunicação às pessoas de fora da empresa
não provocaria hesitação no gerente porque
essas pessoas pensariam que a
decisão é aceitável.
de suas decisões de negócio sobre os stak.eholders, que são: regras utilitária, de direi-
tos rrwraiç, de justi(a e as práticas (ver Figura 4.2) .18 Essas regras são diretrizes úteis
que ajudam os gerentes a decidir sobre o modo adequado de se comportar em
situações em que é necessário equilibrar o interesse d e uma empresa com os inte-
resses de seus stakeholders. Lembre-se de que as escolhas certas farão com que os
recursos sejam usados onde podem criar o maior valor. Se todas as empresas fize-
rem as escolhas certas, todos os stakeholders se beneficiarão no longo prazo. 19
REGRA UTILITÁRIA A regra utilitária diz que uma decisão ética é aquela
regra utilitária Uma
decisão ética é aquela que
que produz o maior bem para o maior número d e pessoas. Para d ecidir qual é o
produz o maior bem para o modo de ação mais ético, os gerentes devem primeiro consid erar como diferentes
maior número de pessoas. modos possíveis de ação empresarial beneficiam ou prejudicam diferentes stakehol-
ders. Eles devem, então, escolher o modo de ação que fornece mais benefícios ou,
por outro lado, aquele que traz menos prejuízo aos stakeholders. 20
O dilema ético para os gerentes é: Como medir os benefícios e prejuízos
para cada grupo de stakeholders? Além disso, como avaliar os direitos dos dife-
rentes grupos d e stakeholders e a importância relativa de cada grupo ao tomar
uma decisão? Visto que os acionistas são os proprietários da empresa, suas rei-
vindicações não deveriam ser mantidas acima das dos funcionários? Por exem-
plo, os gerentes poderiam ter de escolher entre usar a terceirização global para
reduzir custos e preços ou continuar com a produção de alto custo domestica-
mente. A decisão de usar terceirização global beneficia os acionistas e clientes,
mas irá resultar em grandes demissões, que prejudicarão os funcionários e as
comunidades onde eles vivem . Tipicamente, em uma sociedade capitalista,
como os Estados U nidos, os interesses dos acionistas são colocados acima dos
interesses dos funcionários; logo, a produção será transferida para fora. Esta
costuma ser considerada como uma escolha ética porque, no longo prazo,
126 Capítulo Quatro
regra prática Uma decisão REGRA PRÁTICA Cada uma das regras acima oferece um modo diferente e
ética deve ser aquela cuja complementar de determinar se uma decisão ou um comportamento é ético, e
comunicação às pessoas de todas a~ três regra~ deveriam ser usadas para seleóonar a ética de um determinado
fora da empresa não provocaria modlo de ação. Questões éticas, como as que acabamos de discutir, raramente são
hesitação no gerente porque
claras, uma vez que os direitos, interesses, objetivos e incentivos d e diferentes
essas pessoas julgariam que a
stakehol.ders freqüentemente entram em conflito. Por essa razão, muitos especialistas
decisão é aceitável.
em ética acrescentam uma quarta regra para determinar se uma decisão de negócio
é ética: A r egra prática. De acordo com esta regra, uma d ecisão ética deve ser aquela
Ética e Responsabilidade Social 127
Figura 4.3
Alguns Efeitos do
Comportamento Ético e Comportamento Comportamento
Ético Antiético
Antiético
Aumenta o Reduz o
Desempenho Desempenho
a Empresa da Empresa
Por outro lado, suponhamos que as empresas e seus gerentes operem em uma
sociedade ética, onde um stakeholder acredita estar lidando com outros tão morais
e honestos quanto ele. Nessa sociedade, os stakeholders têm uma razão maior para
confiança A confiança e confiar uns nos outros, o que significa que eles têm mais confiança e fé na boa
a fé de uma pessoa na boa vontade do outro. Quando existe confiança, é mais provável que os stakeholders
vontade de outra pessoa. sinalizem suas boas intenções colaborando e fornecendo informações que facili-
tem a negociação e a fixação do preço de bens e serviços. Quando uma parte age
assim, isso encoraja os outros a agir da mesma maneira. Com o tempo, a maior
confiança entre os stakeholders permitirá que o trabalho conjunto seja mais efi-
ciente e efetivo, e isso aumentará o desempenho da empresa (ver Figura 4.3). À
medida que as pessoas vêem os resultados positivos de agir com honestidade, o
comportamento ético torna-se uma norma social valorizada e a sociedade em
geral torna-se cada vez mais ética.
De acordo com o Capítulo 1, uma das principais tarefas dos gerentes é proteger
e zelar pelos recursos sob seu controle. Qualquer stakeholder da organização —
gerentes, trabalhadores, acionistas, fornecedores — que coloca seus próprios inte-
resses na frente, comportando-se de maneira antiética com os demais, seja tirando
recursos ou negando recursos aos outros, desperdiça os recursos coletivos. Se outros
indivíduos ou grupos imitarem esse comportamento antiético (“Se ele pode fazer
isso, nós também podemos”), a má utilização dos recursos coletivos aumentará, e
Ética e Responsabilidade Social 129
Figura 4.4
Fontes da Ética Ética
Social
Ética
Organizacional
Ética Social
ética social Padrões que A ética social consiste de padrões que regem como os membros de uma sociedade
regem como os membros de lidam uns com os outros em questões que envolvem justiça, igualdade, pobreza e
uma sociedade devem lidar uns direitos do indivíduo. A ética social emana das leis, costumes e práticas de uma
com os outros em assuntos
sociedade, e também das atitudes, valores e normas não escritos que influenciam
que envolvem questões como
integridade, justiça, pobreza e
como as pessoas interagem umas com as outras. As pessoas em um determinado
direitos do indivíduo. país podem se comportar automaticamente de um modo ético porque internaliza-
ram (isto é, tornaram parte de sua moral) certos valores, crenças e normas éticas
que especificam como eles devem se comportar quando confrontados com um
dilema ético.
A ética social varia entre as sociedades. Países como Alemanha, Japão, Suécia e
Suíça são conhecidos por estarem entre os países mais éticos do mundo, com for-
tes valores de ordem social e a necessidade de criar uma sociedade que protege o
bem-estar de todos os grupos de cidadãos. Em outros países a situação é muito
diferente. Em muitos países economicamente pobres, a propina é prática-padrão
para se fazer negócio, como conseguir a instalação de um telefone ou a concessão
de um contrato. Nos Estados Unidos e em muitos outros países do ocidente, o
suborno é considerado antiético e usualmente ilegal.
A IBM viveu o problema de diferenças de padrões éticos em sua Divisão Argen-
tina. Os gerentes deste país ficaram envolvidos em um esquema antiético para
assegurar um contrato de $ 250 milhões para a IBM fornecer e dar suporte téc-
nico aos computadores de um dos maiores bancos estatais da Argentina. Depois
do pagamento de $ 6 milhões como propina aos executivos do banco, que concor-
daram em dar o contrato à IBM, a empresa anunciou que tinha demitido os três
diretores de sua Divisão Argentina. De acordo com a IBM, transações como essa,
embora antiéticas pelos padrões da IBM, não são necessariamente ilegais sob a lei
argentina. Os gerentes argentinos foram demitidos, no entanto, por não segui-
rem as regras organizacionais da IBM, que proíbem o pagamento de propinas
para obtenção de contratos em países estrangeiros. Além disso, o pagamento de
propinas viola a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior dos Estados Unidos, que proí-
be o pagamento de propinas por parte de empresas norte-americanas para asse-
gurar contratos no exterior, responsabiliza as empresas pelas ações dos gerentes
estrangeiros e permite que as empresas que forem pegas em violação sejam
Ética e Responsabilidade Social 131
Ética Profissional
ética profissional Padrões A ética profissional consiste de padrões que regem como os membros de uma pro-
que regem como os membros fissão, ocupação ou ofício devem proceder quando desempenham atividades rela-
de uma profissão ou ofício cionadas ao trabalho.30 Por exemplo, a ética médica rege o modo como os médicos
devem proceder ao realizar e enfermeiros devem tratar os pacientes. Espera-se que os médicos realizem apenas
atividades relacionadas ao os procedimentos médicos necessários e ajam visando aos interesses do paciente, e
trabalho.
não aos seus próprios. A ética da pesquisa científica requer que os cientistas condu-
zam seus experimentos e apresentem seus achados de maneira a assegurar a vali-
dade de suas conclusões. Como a sociedade em geral, a maioria dos grupos profis-
sionais pode impor punições para violações de padrões éticos.31 Os médicos e
advogados podem ser impedidos de exercer suas profissões se desconsiderarem a
ética profissional e colocarem seus próprios interesses em primeiro lugar.
Dentro de uma organização, as regras e normas profissionais normalmente
regem a maneira como os funcionários, advogados, pesquisadores e contadores
devem tomar decisões para atender a outros stakeholders. Os funcionários interna-
lizam as regras e normas de sua profissão (assim como fazem com as regras e nor-
mas da sociedade) e seguem-nas automaticamente ao decidir como devem se
comportar. Uma vez que a maioria das pessoas segue regras estabelecidas de com-
portamento, elas tomam, freqüentemente, a ética como algo subentendido. Entre-
tanto, quando a ética profissional é violada, tal como quando cientistas fabricam
dados para disfarçar os efeitos nocivos de produtos, as questões éticas passam a ser
o foco de atenção.
Ética Individual
ética individual Padrões A ética individual consiste de padrões e valores pessoais que determinam a
e valores pessoais que maneira como as pessoas vêem suas responsabilidades em relação às outras pes-
determinam como as pessoas soas e grupos e como devem agir nas situações em que seus próprios interesses
vêem suas responsabilidades estão em jogo.32 As fontes da ética individual incluem a influência da família, dos
em relação aos outros e como
colegas e da educação em geral. As experiências adquiridas ao longo da vida —
devem agir nas situações em
através de participações em instituições sociais, tais como escolas e igrejas — tam-
que seus próprios interesses
bém contribuem para o desenvolvimento dos padrões e valores pessoais que uma
estão em jogo.
pessoa aplica para decidir o que é certo ou errado e se deve fazer certas ações ou
tomar certas decisões.
Muitas decisões ou comportamentos que uma pessoa acha antiéticos, como
usar animais para teste de cosméticos, podem ser aceitáveis para outra pessoa. Se
as decisões ou comportamentos não forem ilegais, os indivíduos podem concor-
dar ou discordar quanto às suas crenças éticas ou podem tentar impor suas pró-
prias crenças a outras pessoas e torná-las lei. Em todos os casos, entretanto, as
pessoas devem desenvolver e seguir os critérios éticos descritos anteriormente
para equilibrar seus interesses em relação aos dos outros quando eles determinam
como se comportar em uma dada situação.
Ética Organizacional
ética A ética organizacional consiste de práticas e crenças norteadoras por meio das
organizacional Práticas e quais uma determinada empresa e seus gerentes vêem sua responsabilidade
crenças norteadoras por meio perante seus stakeholders. A ética individual dos fundadores e dirigentes de uma
das quais uma determinada
empresa é especialmente importante na determinação do código de ética da orga-
empresa e seus gerentes vêem
nização. Organizações cujos fundadores tiveram um papel vital na criação de um
sua responsabilidade perante
código altamente ético de comportamento organizacional incluem a Merck, a
os stakeholders.
Hewlett-Packard, a Johnson & Johnson e a Prudential Insurance Company. O
código de ética da Johnson & Johnson — seu credo — reflete uma grande preocu-
pação por seus stakeholders (ver Tabela 4.2). Os credos de uma empresa, como o da
Johnson & Johnson, procuram evitar comportamento antiético, de interesse próprio,
Ética e Responsabilidade Social 133
Tabela 4.2
Formas de Comportamento Socialmente Responsável
Os gerentes estão sendo socialmente responsáveis e mostrando seu apoio aos stakeholders quando:
• Pagam indenizações para ajudar os trabalhadores demitidos a se manter até conseguirem encontrar outro
emprego.
• Fornecem aos trabalhadores oportunidades de aperfeiçoar suas qualificações e adquirir educação adicional
para que possam permanecer produtivos e não se tornem desatualizados devido às mudanças na tecnologia.
• Permitem que os funcionários tirem folga quando precisarem e fornecem a eles assistência médica e benefícios
de pensão.
• Contribuem com instituições beneficentes ou apoiam várias atividades voluntárias nas cidades onde estão
localizadas (a Target e a Levi Strauss contribuem com 5% de seus lucros para subsidiar escolas, instituições
beneficentes, artes e outros trabalhos).
• Decidem manter uma fábrica aberta, cujo fechamento devastaria a comunidade local.
• Decidem manter as operações de uma empresa no país de origem para proteger os empregos de trabalhadores
locais em vez de mudar-se para o exterior.
• Decidem gastar dinheiro para aprimorar uma nova fábrica a fim de não poluir o ambiente.
• Recusam-se a investir em países que têm poucos registros de direitos humanos.
• Ajudam os países pobres a desenvolver uma base econômica para aprimorar seu padrão de vida.
além de demonstrar aos gerentes e funcionários que a empresa não irá tolerar
pessoas que, devido à sua própria fraqueza ética, colocam os interesses pessoais
acima dos interesses de outros stakeholders organizacionais e ignoram os prejuízos
que estão infligindo aos outros, bem como determinar que aqueles que agem de
modo antiético serão punidos.
Os gerentes ou trabalhadores podem se comportar de modo antiético ao se
sentirem pressionados a fazer isso devido à situação em que se encontram e por
diretores que sejam antiéticos. Mais uma vez, se os diretores de uma empresa
endossam os princípios éticos de modo coerente com seu credo corporativo, eles
podem impedir que isso ocorra. Os funcionários provavelmente agirão de modo
antiético quando um credo não existe ou é desconsiderado. A Arthur Andersen,
por exemplo, não seguiu seu credo; seus parceiros inescrupulosos pediram aos
gerentes de nível médio para rasgarem os registros que mostravam a evidência de
seus erros. Embora os gerentes soubessem que isso era errado, eles seguiram as
ordens porque responderam ao poder pessoal e ao status dos parceiros, e não ao
código de ética da empresa. Eles temiam perder seus empregos se não se compor-
tassem de maneira antiética, mas suas ações acabaram custando seus empregos.
Os diretores desempenham um papel crucial na determinação da ética de uma
empresa. É muito importante, então, que, ao fazer as indicações, o conselho de
diretoria examine detalhadamente a reputação e os registros éticos desses direto-
res. É da responsabilidade do conselho decidir se um CEO potencial tem maturi-
dade, experiência e integridade necessárias para chefiar uma empresa e para ser
responsabilizado pelo capital e pela riqueza da organização, da qual depende o
destino de todos os stakeholders. Em 2003, o ex-CEO da Kmart, que tinha levado a
empresa à falência, estava sendo investigado por tomada de decisão gerencial ina-
dequada; em 2004, Martha Stewart, a maior acionista de sua empresa, deixou a
diretoria depois de ser considerada culpada por uma negociação privilegiada.
Um histórico de sucesso não basta para decidir essa questão, pois um gerente
pode ter atingido esse sucesso através de meios antiéticos ou ilegais. É impor-
tante investigar os diretores potenciais e examinar suas credenciais. No início dos
anos 2000, foi descoberto que os diretores de várias empresas importantes
134 Capítulo Quatro
Figura 4. 5
Quatro Abordagens de
Abordagem Abordagem Abordagem Abordagem
Responsabilidade Social obstrucionista defensiva proativa
acomodativa
Target são conhecidas por ser proativas ao dar suporte aos stakeholders, bem
como a seus fornecedores ou à comunidade em que operam.
Ética e Responsabilidade Social 137
1àrget são conhecidas por ser proativas ao dar suporte aos stakeholáers, bem como
a seus fornecedores ou à comunidade em que operam.
Os gere n tes també m pode m fornecer me ios visíveis d e a poio para d esenvolver
u ma cultura é tica. Cada vez mais, as o rgan izações estão criand o o pape l d a au tori-
ombudsman da ética Um d ad e é tica, ou ombudsman da ética, para monitorar sua<> p ráticas e procedi me ntos
gerente responsável por é ticos. O o mbdusman d a ética é responsável p o r comun icar padrões é ticos a to d os
comunicar e ensinar os padrões
os fu ncionários, por conceber sistemas que monitorem a adesão dos fun cionários a
éticos a todos os funcionários
esses padrões e po r e nsina r aos gere ntes e funcionários d e todos os níve is d a o rgani-
e por monitorar a adesão dos
funcionários a esses padrões. zação a ag ir adequadame n te diante d e dilemas éticos.39 Uma vez que o ombudsman
da é tica te m autoridade na organização inte ira, os funcionários de qua lquer de par-
tame nto p ode m comunicar cams d e compo rtame nto antié tico d e seus gere ntes o u
colegas d e trabal ho se m medo de retaliação. Isto facili ta o co mportame n to ético
Figura 4.6
Credo da Nosso Credo
Johnson & Johnson
Acreditamos que nossa primeira responsabilidade é com os médicos,
enfermeiros e pacientes, com as mães e pais e todos aqueles que utilizam nossos
produtos e serviços.
Ao atender às necessidades deles, tudo o que fazemos deve ser da mais alta qualidade.
Devemos lutar constantemente para reduzir nossos custos a fim de manter preços razoáveis.
Os pedidos dos consumidores devem ser atendidos prontamente e precisamente.
Nossos fornecedores e distribuidores devem ter oportunidade de obter lucro justo.
1 a melhor reputação corporativa durante dois anos seguidos, com base numa
pesquisa com mais de 26.000 consumidores, conduzida pela B arris Interactive e
pel~ Reputation Institute na Universidade de Nova Yo~k. 40 A J ohnson & J ohn-
son cresceu de um negócio de família dirigido pelo General Robert Wood John-
son, na década de 1930, para se tornar uma importante fabricante de produtos
médicos e farmacêuticos. Afirmando o papel dos gerentes na criação de culturas
organizacionais éticas, aJohnson enfatizou a importância da ética e da responsa-
bilidade com os stakehoú:terse escreveu seu primeiro credo em 1943. 41
Atualmente, o credo continua a guiar os funcionários naJohnson &Johnson
e descreve os compromissos da empresa com seus diferentes stakeholders, enfati-
Ética em zando que a primeira responsabilidade da organização é com médicos, enfer-
Acão
)
meiros, pacientes e consumidores. Seguindo esse grupo estão os fornecedores
e distribuidores, funcionários, comunidades e, finalmente, os acionista~.42 Este
credo tem sido útil aos gerentes e funcionários naJoh nson &Johnson e orien-
tado algumas decisões difíceis, tal como a de fazer o recall de comprimidos de
Tylenol no mercado norte-americano d epois que cápsulas contaminadas com
cianeto foram responsáveis por sete mortes em Chicago.
Condizente com sua culnira ética e reputação excelente, o bem-estar do con-
sumidor sempre vem antes da~ consid erações de lucro naJohnson & J ohnson.
Por exemplo, cerca de 20 anos atrás, o óleo para be b ês daJohnson &Johnson
foi usado como produto para bronzear, numa época em que os efeitos nocivos
da exposição ao sol eram muito menos conhecidos pelo público. 43 O gerente
desse produto na época, Carl Spalding, estava fazendo uma apresentação para
- - - - -
a d ireção sobre planos de marketing quando o Presidente David Clare mencio-
nou que o bronzeamento com o óleo poderia não ser saudável.44 Antes de lan-
çar sua campanha de marketing plane_jada, Spalding procurou informar-se junto
aos órgãos de saúde sobre questões ligadas a bronzeamento, e descobriu algu-
mas evidências de que problemas relacionados à saúde poderiam surgir, resul-
tantes do excesso de exposição ao sol. Embora as evidências não fossem defini-
tivas, Spalding recomendou que o óleo para bebês não fosse mais comercializado
como auxílio para o bronzeamento, uma decisão que resultou em uma redução
de 50% nas vendas de óleo para bebê, algo em torno d e$ 5 milhões. 45
Os valores e normas éticos na cu[tura da.Johnson & J ohnson,juntamente
com seu credo, orientam os gerentes, como Spalding, a tomar a decisão certa
em situações difíceis como esta. Daí, entende-se por que aJohnson &John-
son é renomada por sua reputação corporativa. Uma cultura ética e uma
reputação excelente trazem outros benefícios além de ajudar os funcionários
140 Capítulo Quatro
1. Você está planejando sair de seu 2. Você é o gerente de vendas de 3. Você assina um contrato para
emprego e ir trabalhar para um uma revendedora de carros gerenciar uma jovem banda de
concorrente. Seu chefe o esportivos caros. Uma jovem rock, e esta banda aceita que
convida para uma reunião executiva que acaba de receber você produza os próximos sete
uma promoção entra e quer álbuns deles, pelos quais eles
importante em que você
receberão 5% de royalties. O
aprenderá sobre novos produtos comprar um carro que você sabe
primeiro disco da banda é um
que sua empresa lançará no ano estar fora da faixa de preço dela.
sucesso e vende milhões de
seguinte. Você vai à reunião? Você encoraja a executiva a exemplares. Você aumenta a
comprá-lo para receber uma porcentagem de royalties deles
comissão alta pela venda? nos discos futu ros?
os Estados Unidos, o direito de que isso suja as ruas e acreditam que 2. Por que você pode mascar
N mascar chiclete é garantido.
Embora isso seja contra as normas
não se pode confiar que as pessoas
jogarão seu chiclete no lixo e, assim,
chicletes na rua, mas não numa
igreja?
nas salas de aula, nas igrejas e assim não devem ter o direito de mascá-lo. 3. Como você pode usar princípios
por diante, é legal fazer isso na rua. Se 1. O que torna o ato de mascar éticos para decidir quando
você possui ou masca chiclete numa chicletes aceitável nos Estados mascar chiclete é ético ou
rua em Cingapura, pode ser preso. Unidos e inaceitável em antiético e se e quando isso
Isso é ilegal em Cingapura porque Cingapura? deve ser considerado ilegal?
aqueles que estão no poder acham
Pesquisa na Internet
á ao site da Wal-Mart (www. wla- busca na Web para encontrar histó- 1. Quais os princípios éticos que
V mart.com) e leia as informações
sobre a postura da empresa sobre
rias recentes que falem das práticas orientam a abordagem da Wal-
Mart à compra global?
de compras globais da Wal-Mart e
ética de terceirização global e o tra- dos relatos sobre a obrigatoriedade 2. A Wal-Mart parece estar fazendo
tamento de trabalhadores em países de aplicação de seu código de con- um bom trabalho ao torn ar
no exterior. Depois disso, faça uma duta. obrigatório seu código de
conduta global?
Você é o Gerente
Criando um Código Ético
142
BusinessWeek Casos na Mídia
A Boeing Pode Sair ser muito mais caro para o governo controvérsia ética e precisava ser
federal do que uma compra definitiva revisto para assegurar que atendesse
de sua (ver edição da B usinessWeek de aos interesses dos contribuintes e dos
'" Nuvem Ética"? 07.07.2003, matéria "lnside Boeing's militares", disse Steve Ellis, vice-presi-
Sweet Deal"). dente do Taxpayers for Common
O inesperado pedido de demissão
do chairman e CEO da Boeing,
º
Philip M. Condit, em 1 de dezembro
A saída de Condit veio uma semana
depois que o CFO da Boeing, Michael
Sense. Com Corndit fora, o conselho
de diretoria escolheu Stonecipher, que
de 2003, veio depois de um ano de Sears, pediu demissão. A empresa fala duro, porque, aparentemente, ele
turbulência na maior empresa aero- citou conduta antiética, dizendo que será respeitado em Wall Street e por-
espacial do mundo. A gota d'água ele havia negociado a contratação de que sabe como agir com o Pentágono.
[para Condit, 62 anos, pode ter sido a uma especialista em defesa de mís- Com a aposentadoria obrigatória esta-
expulsão, na semana anterior, de dois seis da Força Aérea enquanto ela belecida aos 65 anos para os executi-
fu ncionários de nível sênior da Boeing ainda estava trabalhando para o Pen- vos da Boeing, Stonecipher recebeu
devido a um alegado lapso de ética. tágono, e que teve influência direta na uma isenção especial para retornar.
O pedido de demissão de Condit oferta da Boeing de assegurar o con - Como a Boei ng se envolveu e
criou vários desafios assustadores trato do avião-tanque. Sears negou incluiu seus mais altos executivos em
[para seu sucessor imediato - Harry qualquer ato ilícito. tamanha confusão é uma coisa que
C. Stonecipher, ex-presidente e COO. " É surpreendent e para uma ainda tem de ser explicada. As ações,
Stonecipher, da Boeing, 67 anos, que empresa como a Boeing ter não só pouco acima de $ 38, mal oscilaram
já se aposentou, mas contirnuou como uma, mas d uas violações éticas evi- com a notícia da saída de Condit e
membro do conselho, e que assumiu dentes em menos de seis meses", conseguiram subir, apesar de o preço
imediatamente o posto de CEO e pre- disse Steven Ryan, um advogado de ser o mais baixo atingido, de $ 24, em
sidente de unna empresa com receita Washington (D.C.), representante de março de 2003. Entretanto, dizem os
anual superior a$ 54 bilhões. contratantes que procuram trabalhar analistas , as ações deveriam ter
Em sua primeira conferência à com o governo federal. Em julho de s ubido mu ito mais, e Stonecipher
imprensa no novo cargo, Stonecipher 2003, o Pentágono puniu a Boeing deveria ter uma longa jornada até
parecia dizer todas as coisas certas por roubar segredos comerciais da recobrar a confi ança de investidores
ao se empe nhar em responder a rival Lockheed Martin conn o objetivo nervosos e céticos, de stakeholders e
todas as perguntas, qualquer que de ganhar contratos exp losivos. A do governo norte-americano.
fosse, inclusive àquelas que giravam punição totalizou $ 1 bilhão em perda
em torno de um aoordo altamente cri- de negócios, e o Pentágono proibiu
ticado com o governo federal sobre indefinidamente a Boeing de partici- Questões
um avião-tanque. O líder de fala dura, par de ofertas em contratos militares
1. Em que tipos de ações antiéticas
eficiente, terá de honrar sua palavra e de lançamento de satélites.
os gerentes da Boe·ing se
fazer a Boeing disparar novamente. "A demissão de Condit é um reflexo engajaram?
Fica claro que Stonecipher tinha da seriedade do problema", disse
um trabalho importante a fazer. O Ryan. E a situação sugeriu que alguma 2. Que efeito isso teve na empresa
pedido de demissão de Condit estava coisa não estava certa dentro da cul- e como o seu CEO pode impedir
relacionado à relutância persistente tura da Boeing - alguma coisa que o futuro comportamento
da Boeing de revelar todas as parti- Stonecipher tinha ajudado a mudar, antiético?
Putnam como alavanca para efetuar sim sonoro. Haldeman, 55 anos, e não receberão um tostão a mais por
grandes mudanças na forma como os gerente de investimentos há 30 anos, é elevar seus fundos entre os 10%
fundos mútuos serão dirigidos no muito admirado no setor por seu com- melhores, como faziam antes. Para
futuro. Num acordo parcial, anunciado promisso com os investidores e altos deixar sua mensagem bem clara, Hal-
em 13 de novembro de 2003, a SEC padrões éticos. Um consultor da Fila- deman escreveu suas "crenças nortea-
impôs à Putnam regras pelas quais o délfia, Burton J. Greenwald, diz: "Ele é doras" em cartões que agora são pen-
setor tem lutado há anos. do tipo certinho. Não há dúvida de sua durados nas paredes dos escritórios
A SEC ordenou a Putnam a garan- integridade e caráter." O fundador do dos administradores.
tir que 75% dos diretores do fundo Vanguard Group e amigo de Halde- Ao mesmo tempo, Haldeman tem
sejam independentes e reeleitos a man, John C. Bogle, argumenta que: colocado seu próprio selo na empresa
cada cinco anos. Também estabele- "Se existe alguém capaz [de endireitar com uma limpeza geral de seus altos
ceu limites estritos à negociação de a Putnam], é ele. Mas não vai ser fácil." escalões. Em 5 de abril, ele contra-
funcionários - e determinou que Provavelmente, o maior desafio de tou Francis J . McNamara Ili , da rival
qualquer negociação ilícita no futuro Haldeman seja arrancar a cultura de de Boston , a State Street Research
deverá ser relatada diretamente aos cowboy, que correu solta durante os & Management Co. , como conse-
diretores do fundo. Outras medidas 18 anos do reinado autocrático de lheiro-geral, reportando-se direta-
controversas podem fazer parte de Lasser. Os três objetivos principais mente a ele. Depois disso, 1O dos 20
144
administradores mais influentes da revisão dos registros de negociação O novo indicado se reportará direta-
Putnam saíram. Haldeman deixou de 12.700 pessoas que tinham traba- mente a Haldeman e terá um escritório
que muitos deles saíssem, inclusive lhado na Putnam desde 1998. E, uma próximo dele, na sede da Putnam, no
os administradores de fundo Justin vez que a maioria dos abusos surgiu centro de Boston.
M. Scott e Omid Kamshad, que foram de compras e vendas rápidas dos fun-
implicados por autoridades fiscaliza- dos da Putnam , Haldeman proibiu
doras em negociação il ícita. Os imediatamente os funcionários de Questões
advogados de Scott e Kamshad vender qualquer fundo até 90 dias 1. Quais atos antiéticos e ilegais os
negaram-se a comentar. Outros pre- após a compra, e um ano para fundos administradores de fundos da
feriram sair. Além disso, a Putnam nos quais eles trabalhavam. Ele pro- Putnam cometeram?
demitiu 13 fu ncionários por negocia- meteu publicar o volume de investi- 2. Como seu novo CEO está
ção abusiva. Haldeman d iz que: mentos que os administradores e trabalhando para impedir futuros
" Vários de nossos funcionários de diretores têm nos fundos da Putnam. lapsos éticos?
n ível sênior violaram um truste fidu- Naquele mesmo mês, promoveu
c iário, e precisavam sair." Tony Ruys de Perez a CCO (chiei com- Fonte: ARNER, Faith e YOUNG, Lauren. "Can
This Man Save Putnam? Reimpressão da
Acertar a governança interna negli- pliance officer), responsável por asse-
edição de 19 de abril de 2004 da Business
gente era prioridade para Haldeman. gurar que os funcionários e clientes Week, com autorização especial. Copyright ©
Ao tornar-se CEO, ele exigiu uma sigam as leis de valores mobiliários. 2004 by McGraw-Hill Companies.
145
_1.2_ Dica do professor
Atualmente, a concepção de ética organizacional ultrapassa o atendimento a normas e o
cumprimento de legislações. Trata-se de ampliar os horizontes da empresa e perceber a influência
de suas atividades na sociedade como um todo.
Nesta Dica do Professor, você vai poder observar como as questões de ética organizacional podem
contribuir para a realização dos objetivos da empresa, criando um diferencial para ela.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/3bc8bc93fd34090a4b5c506d39c1ea6e
5 min
> Valores partilhados. Quais os valores que devem ser partilhados dentro de
determinada organização? - Há grandes empresas que têm uma uma valoração
diferenciada, como empresas de publicidade ou empresas do ramo de
informática. A Google, por exemplo, alguns funcionários trabalham em horários
em que eles mesmo determinam, eles não têm crachá nem uniforme, mas são
trabalhadores de uma das empresas mais poderosas do mundo, isso significa que
a ética está ligada às pessoas que trabalham naquele lugar, sendo fundamental
a partilha de valores comuns pelas pessoas para alcançar o mesmo objetivo.
> A ética organizacional busca atrair todos para o mesmo fim. Quando as
pessoas são tratadas de maneira ética, são consideradas suas
individualidades. Caso não sejam observadas as individualidades das pessoas,
isso pode dispersar a comunidade.
> Atuar de maneira ética tanto internamente como externamente à empresa. É
importante nós pensarmos que isso acontece tanto interna quanto externamente
à empresa. Uma empresa deve se relacionar de maneira ética com as empresas.
1) A Paetec é uma empresa de telecomunicação que recebeu vários prêmios devido ao seu
modelo inovador, evidenciando que a ética e a inovação podem, e devem, conviver no
ambiente de trabalho corporativo.
A) A empresa promove uma política de invidualização dos funcionários, distribuindo bônus maior
aos diretores que lideram com vistas a obter melhores resultados.
B) A empresa incentiva o trabalho oferecendo altos salários aos gerentes para que todos
almejem uma promoção e trabalhem arduamente todos os dias.
A) Uma organização lucrativa pode gerar crescimento sustentável, o que justifica uma cultura
empresarial focada no desempenho financeiro.
B) Com a globalização, cada filial de organização multinacional deve agir com autonomia com
relação à ética empresarial em relação à matriz.
D) A tragédia dos bens comuns traz uma importante reflexão sobre a sustentabilidade de
recursos para as empresas.
E) Cada stakeholder deve buscar ocupar uma posição hegemônica em seus segmentos, de modo
a potencializar a eficiência e garantir melhores preços.
3) Em 2012, uma grande produtora de bebidas foi denunciada por comprar suco de laranja
provinda de fazendas italianas que se utilizavam de trabalho escravo proveniente de
imigrantes africanos. O representante dos sindicatos de produtores rurais afirma que houve
tentativas de aumentar o preço do fornecimento, sem devolutivas por parte da empresa.
A) A produtora de bebidas não deve ser reponsabilizada pelos desvios cometidos por seus
fornecedores, importando apenas a qualidade final do produto.
B) Faz parte das boas práticas organizacionais não interferir na ética profissional dos demais
stakeholders envolvidos na atividade empresarial.
D) Para o caso exposto, cabe uma abordagem obstrucionista a fim de potencializar as ações de
ética corporativa da empresa de bebidas.
E) Zelar pelas relações com fornecedores faz parte da ética organizacional a fim de garantir a
sustentabilidade de toda a cadeia produtiva.
4) Uma empresa no setor de alimentos tem uma longa história de comprometimento com a
responsabilidade social corporativa, doando lucros para caridade, gerando oportunidades
econômicas e protegendo o meio ambiente.
Que tipo de abordagem é utilizada por essa empresa no que diz respeito à responsabilidade
social?
A) A abordagem obstrucionista, que obstrui problemas futuros a partir de ações orientadas pelo
resultado da operação corporativa.
E) A abordagem proativa, que age ativamente com relação à responsabilidade social pelo uso de
recursos organizacionais no interesse coletivo.
5) Uma empresa de tecnologia tem um programa educacional que visa a atender pessoas de
toda a sua cadeia produtiva, de modo que torna possível aos trabalhadores o acesso a
melhores oportunidades de trabalho.
A) As ações da empresa não se caracterizam como responsabilidade social porque ela está
investindo no seu próprio negócio por meio de seus fornecedores.
B) A política educacional da empresa, com foco nos trabalhadores, possibilita uma abordagem
ética ativa que, ao mesmo tempo em que eleva os níveis educacionais, também aprimora a
eficiência de sua cadeia produtiva.
C) Esse tipo de ação tem por objetivo acirrar a competição entre os fornecedores, gerando
redução de custos da oferta de mão de obra barata em países subdesenvolvidos.
D) Com essa ação, a empresa almeja criar um laço com os trabalhadores da cadeia produtiva, de
modo a manter relações de lealdade e o consequente benefício futuro com as negociações.
E) Essa ação tem como finalidade criar uma rede de informações sobre todos os fornecedores
da cadeia produtiva, de modo a orientar as decisões futuras da organização.
_1.2_ Na prática
A responsabilidade social empresarial geralmente envolve a busca de novas oportunidades como
uma maneira de responder às demandas ambientais, sociais e econômicas do mercado. O
desenvolvimento sustentável, nas palavras de Roberto Guimarães (2017), não apenas visa ao
crescimento econômico desenfreado, mas inaugura um novo estilo e uma nova ética, de maneira a
superar o economicismo que contamina o pensamento contemporâneo sobre o processo de
desenvolvimento.
A questão da ética organizacional tem uma importância considerável nos dias atuais. Acompanhe
este Na Prática e saiba mais sobre o assunto.
Nos dias atuais, as técnicas são dominadas pelas pessoas de maneira mais
democrática, e o conhecimento não está mais preso a um número de pessoas, a
relação ética cumpre um papel de diferencial nas competições empresariais.
A ética, nas relações externas com pessoas do mesmo segmento, possui uma
preocupação geral para o cumprimento das regras e, assim, para o alcance dos
resultados de maneira correta. Além disso, o uso do meio ambiente também
envolve a ética organizacional, ao direcionar as ações de todos para o
cuidados com o ambiente.
_1.2_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/etica/comportamento-organizacional
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai perceber como os princípios éticos são fundamentais
para o estabelecimento de uma sociedade equilibrada e mais justa, em que os direitos e deveres
individuais e coletivos são respeitados mutuamente.
Bons estudos.
MISSÃO
Oferecer soluções em medicamentos que correspondam às necessidades da
população, respeitando os mais elevados padrões de qualidade do setor.
VISÃO
Valorizar e empenhar todos os recursos humanos, financeiros e tecnológicos
disponíveis no objetivo de figurar entre as 5 maiores empresas
farmacêuticas do País nos próximos 10 anos.
VALORES
Atuar nos negócios com total transparência, responsabilidade e ética,
sempre respeitando os clientes, fornecedores e todos quantos se relacionem
direta ou indiretamente com a empresa.
Você é o gestor da empresa e precisa tomar providências com relação à atitude do empregado para
com os clientes que foram prejudicados.
De que forma a empresa deve abordar a situação perante a opinião pública?
elm = Com total transparência, emitir um alerta imediatamente para evitar consumo do
medicamento sabotado, recolher todos os lotes para descarte ou reprocessamento e prestar
todo o apoio (de saúde, social, financeiro...) aos consumidores prejudicados.
> Princípios
> Confiança
> Moralidade
> Responsabilidade
> Comportamento
> Confiabilidade
> Relacionamento
> Escolha
_2.1_ Conteúdo do livro
A ética tem por objetivo estudar uma realidade moral e prototipar seus respectivos conceitos. Além
disso, investiga a forma do comportamento humano e moral e busca explicá-lo.
Dentre as atribuições de qualquer indivíduo, sem dúvidas, as escolhas estão entre as mais
importantes, pois elas estão diretamente vinculadas a três situações fundamentais: querer, dever e
poder. A nossa educação também interfere radicalmente na forma como nos comportamos em
relação à ética.
Acompanhe um trecho do capítulo Ética empresarial e profissional: noções gerais, da obra Ética e
legislação contábil, e aprofunde seu conhecimento.
Boa leitura.
ISBN 978-85-69726-07-4
CDU 657:17+34
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
14
O CONCEITO DE ÉTICA
15
Inicialmente a instituição de uma legislação que altera o comportamento ou
costume das pessoas, demora a ser aceito e praticado. Quando isso ocorre,
dizemos que os indivíduos não estão se comportando de forma ética.
Porém, com o passar do tempo, as pessoas vão incorporando estas novas regras
ao seu cotidiano tornando-se assim um hábito natural e eticamente correto.
Isso nos leva a refletir sobre a questão da moral. O termo moral vem do latim
mores que quer dizer costumes. Portanto moral trata-se de um conjunto de
hábitos e costumes praticados por um grupo. Tais hábitos e costumes são
aceitos e incorporados por serem considerados bons. Por consequência, os
hábitos por serem bons; são considerados justos. Finalmente, os hábitos
bons e justos cooperam para a realização das pessoas.
16
conceito de lei podemos dizer que as leis são acordos obrigatórios definidos
entre os indivíduos de um grupo, no objetivo de assegurar o mínimo de
justiça ou direitos. Desta forma fica explícito que a lei é um instrumento que
possibilita efetuar a justiça.
Conforme Camargo (1999), toda lei deve ser uma ordenação da razão com
o propósito de promover o bem comum. Sendo assim, para que a lei atenda
ao componente ético, ela deve ser justa, ou seja; indicar o que está em
consonância com a natureza e a dignidade do homem.
A FUNÇÃO DA ÉTICA
17
Como vimos anteriormente, as alterações na realidade moral trazem consigo
acentuadas mudanças. Esse fato se repete no comportamento das pessoas
no ambiente trabalho, aflorando muitas vezes os aspectos negativos como
mentira, desonestidade, omissões.
Comportamentos desta natureza são prejudiciais para o desenvolvimento
de qualquer organização na medida em que favorece desentendimentos,
desconfiança, quebram o espírito de equipe e acabam prejudicando a empresa
na sua totalidade.
18
REFERÊNCIAS
CORTELLA, M. S. Qual é a tua Obra? 6.ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2007.
19
_2.1_ Dica do professor
O vídeo da Dica do Professor apresenta as noções básicas da ética e sua importância nos processos
de tomada de decisão tanto no campo pessoal como no profissional. Aborda, ainda, a questão do
Código de Ética Empresarial e sua aplicação como instrumento regulador do comportamento dos
colaboradores, visando à preservação da imagem da empresa.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/
cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/34eb687e96280a286a1dc7b51444b76f
3 min
Jamais uma empresa poderá tomar decisões que vão conflitar com a sua visão,
com a sua missão e com seus valores.
1) Para Cortella (2007), a ética é um grupo de princípios e valores que usamos para optar entre
três situações significativas da nossa existência. Elas estão presentes em nosso cotidiano e,
por essa razão, é necessário estar preparado para efetuar a escolha da melhor forma
possível. Assinale a alternativa que contém as três grandes situações que nos afligem e
requerem decisão.
D) Considerando que os hábitos bons e justos se tornam imprescindíveis para os indivíduos, eles
são convencionados em forma de acordos.
E) Considerando que os hábitos bons e justos se tornam dispensáveis para os indivíduos, eles
são convencionados em forma de lei.
elm = acho A ERR, estaria certa se fosse: Os hábitos que são bons, são considerados
justos (da forma que está, parece que todos os hábitos são bons...).
Acho D ~certa, pois lei é um acordo formalizado.
3) A ética investiga a forma do comportamento humano e da moral e busca explicá-los. É nesse
contexto que se concentra o verdadeiro valor da ética. Portanto, a ética fornece a
compreensão racional do comportamento humano, o qual será, posteriormente, o elemento
formador da consciência. Assinale a alternativa que explica a função da consciência.
A) A consciência nos leva a buscar o que é realmente bom, correto e justo, mantendo as mesmas
condições que determinam limites e capacidades.
D) A consciência nos leva a buscar o que é realmente bom, correto e justo, visando a identificar
e a estabelecer os novos parâmetros que nortearão os limites e as capacidades.
E) A consciência nos leva a buscar o que é realmente bom, correto e justo, condicionando-se aos
interesses particulares.
4) Com o avanço das tecnologias de comunicação, o acesso às informações foi facilitado,
permitindo que as pessoas, onde quer que estejam, acompanhem, praticamente em tempo
real, os fatos ao redor do mundo. Assinale a alternativa que contém as ações realizadas pelas
empresas diante desse contexto.
B) As empresas terceirizam sua mão de obra com o objetivo de que as terceirizadas façam a
regulamentação do comportamento dos seus colaboradores.
A) O enxugamento dos cargos de comando; a competição interna pelos cargos mais elevados; a
conquista de maior autonomia pelos empregados.
B) O enxugamento dos cargos de comando; a competição externa pelos cargos mais elevados; a
conquista de maior autonomia pelos empregados.
C) O enxugamento dos cargos operacionais; a competição interna pelos cargos mais elevados; a
conquista de maior autonomia pelos empregados.
D) O enxugamento dos cargos operacionais; a competição interna pelos cargos mais elevados; as
parcerias com os fornecedores.
E) Maior contratação para os cargos operacionais; a competição interna pelos cargos mais
elevados; a conquista de maior autonomia pelos empregados.
_2.1_ Na prática
RESUMO: Este artigo se propôs a analisar as publicações sobre o tema clima ético com o
objetivo de identificar as principais áreas da administração que estão sendo estudadas junto à
temática. A pesquisa foi realizada no banco de dados do sistema Web of Science, procurando
identificar as principais categorias, autores, tipos de documentos, título das fontes, ano das
publicações, instituições, agências de financiamento, idiomas e países destas publicações,
assim como a identificação dos “hot topics” da administração, quando combinados com o tópico
clima ético. A análise dos dados teve por base os cálculos dos índices h-b e m de Banks
(2006). De acordo com os resultados obtidos neste estudo, o número de publicações está
crescendo ano após ano, intensificando-se nos últimos 5 anos. Cerca de 97% das publicações
escritas estão concentradas nos seguintes paí-ses: Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e
Canadá, sendo o idioma inglês o mais abundante nos estudos, seguido do espanhol, do alemão e
do francês. Dentre os 20 tópicos combinados com clima ético, os que se classificaram como “hot
topics”
RESUMO Todo executivo se preocupa em conhecer a situação de sua empresa em relação ao mercado
no que diz respeito à ética e, para isso, é preciso saber qual é a visão ética das
organizações brasileiras. O objetivo geral desse artigo foi estudar a importância da ética
dentro das organizações de trabalho. Explicitou em seus objetivos: Diferenciar ética e moral;
analisar o uso da ética dentro das organizações; como a ética se manifesta nas relações de
trabalho. Justifica-se o interesse nesta temática em estudar qual o patamar ético das
organizações de trabalho, haja vista que o mercado vem passando por grandes transformações por
conta da globalização. A metodologia utilizada foi o método teórico baseado a partir de
trabalhos já publicados de autores que estudaram a temática, tendo como característica de um
estudo bibliográfico pautados em artigos e trabalhos já publicados. Analisando o uso da ética
dentro das organizações, nestes tempos de globalização, vê–se que são necessárias as empresas
se preocupar na qualificação dos seus servidores e do uso da ética no meio organizacional.
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/etica-responsabilidade-social-nas-
organizacoes.htm
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber o que é a base comum da ética e as características
próprias de cada uma das três áreas que serão abordadas: ética social, ética profissional e ética
política.
Bons estudos.
Mesmo sabendo que a verba do município não seria suficiente para realizar a
obra, João prometeu aos seus eleitores que, caso fosse eleito, essa seria
sua prioridade.
Você faz parte de um conselho de ética que fora instalado na Câmara municipal de sua cidade e foi
escolhido como membro desse conselho. Então, foi incumbido de preparar um relatório e uma
análise dando o seu parecer sobre o caso. Para tanto, deve redigir, em um ou dois parágrafos, o seu
parecer público indicando se considera a conduta do prefeito ética ou não.
É importante salientar que o texto deve ser escrito segundo sua perspectiva pessoal dos
acontecimentos. Candidatos são lançados, promessas são feitas, campanhas com forte apelo
midiático são realizadas. Até onde vai o limite ético nessas situações? Elabore o seu parecer.
elm = A análise da conduta do prefeito é fácil: ele apresentou conduta antiética, pois
elegeu-se com base em promessas que sabia serem inexequíveis e, além disso, sequer
empreendeu obras possíveis para melhorar o saneamento, fato demonstrado por usar verbas
pública na construção de um shopping.
Obs.: na realidade, o que geralmente é difícil e demorado, é obter a condenação do prefeito
dentro de um devido processo legal. Um conselho de ética, geralmente, como o próprio nome
indica, apenas aconselha, fornece um parecer da conduta, não tendo poder para punir o
prefeito.
Padrão de resposta esperado
Ao não dizer aos seus eleitores que a obra não seria realizada, mesmo depois
de eleito, João errou mais uma vez em sua conduta política, pois não foi
transparente em relação à receita do município e à elaboração de melhorias
para a cidade.
Nesse caso, é importante salientar que João também falhou em sua conduta
pessoal, enquanto primazia do bem comum, pois não atuou na sociedade de forma
a melhorá-la, mas somente por interesses pessoais e econômicos.
Assim, podemos concluir que o exemplo citado ilustra erros nas três esferas
da ética — a ausência de responsabilidade e transparência (ética
profissional); o abuso do poder para atingir interesses pessoais, sendo que o
prefeito foi eleito para realizar melhorias para o coletivo (ética política);
e a ausência de solidariedade e primazia do bem comum, uma vez que não
priorizou o bem-estar e a felicidade de seus conterrâneos.
_2.2_ Infográfico
O conceito por trás da palavra "ética" é baseado no duplo significado no original grego. Êthos
escrito com a letra inicial "eta" é utilizado para descrever o ambiente em que vive o homem, o
modo de ser em que se sente bem. Já éthos, escrito com a letra inicial "épsilon", é o conjunto de
hábitos e costumes, o comportamento habitual do homem. Contudo, se nos voltarmos mais para o
campo profissional, encontramos outro termo: déon, ou déontos, que significa dever.
Neste Infográfico, você vai compreender os fundamentos gerais de conduta ética profissional com
base na teoria do dever.
Essa teoria também é uma das correntes da ética normativa que mais faz
oposição a outra corrente dentro dessa mesma linha ética: a
consequencialista. Esta última defende que um profissional é responsável de
forma integral pelas consequências de suas ações, independentemente se elas
poderiam ser calculadas ou não.
== Princípios da deontologia ==
É claro que existem códigos e leis diferentes que se aplicam a determinados países, mas a discussão
ética é feita de um modo mais cosmopolítico no sentido de pesquisa e discussão. Quando agimos,
afetamos não somente nós mesmos, mas a sociedade como um todo. Portanto, vivendo em
sociedade, é necessário que tenhamos regras e códigos de conduta para que seja estabelecido o
direito de cada indivíduo e, principalmente, o respeito tanto moral quanto físico às demais pessoas.
No capítulo Ética profissional, social, política, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você
vai entender como o humano é um ser social e, a partir de então, como a ética se mostra essencial
em uma sociedade. Além disso, vai verá como a ética passou a fazer parte do mundo profissional e
como surgiram os códigos de ética. Por fim, entenderá a relação entre ética e política e como ela
fora pensada ao longo da história.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A ética é parte fundamental da vida humana, pois, uma vez que vivemos em
sociedade, fazem-se necessárias regras de conduta que assegurem as ações
comuns. Desde a Antiguidade, quando a ética como conceito foi sistematizada,
pensadores se dedicam a pensar a conduta humana e sua finalidade, o que acabou
por se tornar uma tradição de pensamento que chega até a contemporaneidade.
Hoje pensamos a ética diferentemente de outros momentos históricos; o conceito
está mais consolidado e nos guia tanto em nossa vida privada quanto em nossa
vida pública.
Neste capítulo, você poderá compreender como a ética é essencialmente
social e como ocorre sua relação com a moral. Além disso, vamos descrever no
que consiste a ética profissional, como ela surgiu e como ela resultou nos códigos
deontológicos que temos na contemporaneidade. Por fim, vamos explicar como a
ética e a política se relacionam ao longo da história como prática.
2 Ética profissional, social e política
Com a criação da ética como ciência do ethos no mundo grego — como aplicação
do logos demonstrativo à reflexão crítica sobre os costumes e modos de ser dos
homens —, a palavra “ética” passou a designar, na tradição filosófica, tanto o objeto
de estudo de uma disciplina quanto o estudo do objeto. “Ética” significa, portanto,
tanto a disciplina que reflete criticamente sobre o saber ético encarnado nos cos-
tumes e modos de ser, como esse próprio saber. O mesmo se verifica com a palavra
“moral”, que servirá para designar tanto o objeto de estudo — a moral — quanto o
estudo crítico do objeto — a Filosofia Moral. No que respeita à tradição filosófica,
os termos “moral” e “ética” designam, portanto, o mesmo campo de fenômenos e
o mesmo domínio de reflexão. Isto é, são sinônimos.
Estima-se que o conceito de ética tenha surgido por volta de 500 a.C.,
quando a filosofia grega estava em seu momento mais alto — entre 300 a.C.
e 500 a.C., viveram os grandes nomes da filosofia grega: Sócrates (470 a.C. a
399 a.C.), Platão (428/427 a.C. a 348/347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.)
(FIGUEIREDO, 2008). O primeiro a pensar a conduta moral em vista de um
princípio comum a todos os cidadãos da pólis grega foi Sócrates. Conhecido
como o pai da filosofia, Sócrates traz à filosofia grega um caráter inaugural
ao deslocar o interesse filosófico da physis (natureza) para o homem. Nesse
sentido, Sócrates se ocupa dos humanos nas mais múltiplas esferas: em
relação à arte, à moral, às virtudes e, principalmente, à verdade. Para o
filósofo, todas as virtudes estão ligadas ao bem. Assim, é impossível buscar
a verdade sem que se busque o bem na mesma medida. Platão também se
ocupou do pensamento ético e moral. Suas obras são compostas de diálogos
protagonizados tanto por Sócrates, o seu mestre, quanto pelos demais dis-
cípulos socráticos. Contudo, foi Aristóteles que, de fato, realizou a primeira
sistematização do conhecimento ético (PIMENTA, 2019).
Ética profissional, social e política 3
Essa forma de justiça (geral) é, portanto, uma virtude completa e governa nossas
relações com os outros; por isso, muitas vezes, a justiça é considerada a virtude
mais perfeita e nem a estrela vespertina, nem a estrela matutina é mais admirada
que ela. Daí o provérbio: a justiça encerra toda a virtude (ARISTÓTELES, 1987, p. 93).
Com isso, Aristóteles pensa a ética para além do caráter voltado às tra-
dições e aos hábitos, colocando-a em relação àquilo que se mostra mais
próximo do que pensamos contemporaneamente como ética: relações sociais
e condutas comportamentais justas. Mas, afinal, como determinar se uma
ação é ou não justa se somos constituídos por uma identidade marcada por
tradições, costumes e modos de pensar acerca do que é bom e mau?
Se pensarmos cronologicamente na vida humana, a ética e a moral são
preceitos trabalhados com o ser humano desde seu nascimento: o respeito,
os costumes, os hábitos, aquilo que por determinada família (que compõe
um todo de uma identidade tradicional) é considerado bom ou não. Já em
relação ao que é justo, apesar de ser tratado na família e no ciclo social da
criança (como na instituição escolar), o preceito de justiça não obedece
àquilo que a literatura do Direito entende por justiça. Ou, ainda, a justiça
na instituição familiar é tratada com base nos preceitos éticos e morais da
cultura em que ela se encontra inserida. Por exemplo, uma família que segue
a religião cristã terá uma compreensão acerca de justiça e ética diferente
da de uma família que é ateia sobre determinadas temáticas. Contudo, por
mais que o indivíduo venha a conhecer os ideais de justiça de acordo com a
lei do Estado a posteriori e que tais ideais guiem sua conduta pública na vida
adulta, o ethos acompanha tais noções na vida humana. Trata-se, portanto,
de uma tríplice relação entre ética, moral e justiça.
Na modernidade, encontramos a teoria do filósofo Immanuel Kant acerca
do dever moral. Para Kant, o dever moral frente ao que é justo é fruto da
capacidade prática da razão: “A razão pura é por si prática e dá [ao homem]
uma lei universal, que chamamos lei moral” (KANT, 2005, p. 107). Nesse sen-
tido, Kant entende que o dever sempre se dá em três possibilidades de ação:
aquela que é feita de acordo como o dever, mas não pelo dever, e sim
por interesse;
aquela que é feita também de acordo com o dever, mas não pelo dever,
e sim por uma questão de hábito;
e, por fim, a ação que é feita conforme o dever e pelo dever.
dos profissionais, seja para construir e orientar a conduta de um grupo até que
esteja coeso. Assim, cada profissional deve seguir uma deontologia de acordo
com a sua profissão, que, por sua vez, se consolida em um código de ética.
Esse código serve tanto como um guia quanto como um código de correção
dos profissionais: nele encontramos tanto os direitos quanto os deveres de
cada categoria profissional. Normalmente, vemos associadas a esses códigos
profissões que exigem confiança pública, ou seja, o código representa, nesse
sentido, uma garantia para a sociedade de que o profissional está de acordo
com as exigências legais de conduta de sua profissão. Caso contrário, esse
profissional será punido e, em casos de desagravo, até desvinculado de sua
profissão, não podendo mais exercê-la. Isso demonstra que a conduta ética
se prefigura profissionalmente em um sistema normativo.
Antes de serem nomeadas como “código de ética”, as regras a serem
seguidas eram aglomeradas e determinadas pelos chamados “códigos de-
ontológicos”. O primeiro desses códigos, que ainda não levava o nome de
“deontológico”, foi proposto em 1794, por Thomas Percival. Em 1791, Percival,
que era médico e membro fundador do hospital americano Manchester Royal
Infirmary (fundado em 1752), solicitou aos demais membros diretores do
hospital que gerissem um conflito interno entre médicos, cirurgiões e apothi-
caires (os precursores dos farmacêuticos). O conflito, além de se ater a casos
específicos do hospital, consistia principalmente nas diferentes formações
desses profissionais de saúde: ao passo que alguns haviam frequentado a
universidade, outros tinham aprendido suas profissões nos hospitais ou com
outros profissionais (PICKSTONE, 1993).
Foi então que, encorajado por seus demais colegas, Percival escreveu a
primeira versão de Medical jurisprudence, publicada em 1803. Inicialmente
um panfleto, tal obra se tornou o primeiro código de ética médica, sendo
composta de quatro partes: 1. conduta profissional no hospital e em outros
lugares de cuidado médico, 2. conduta profissional nas práticas gerais ou
privadas, 3. conduta dos médicos para os apothicaires, 4. deveres profissionais
nas circunstâncias que requerem o conhecimento da lei. Vale ressaltar que,
até a criação e, posteriormente, o reconhecimento da necessidade dos códi-
gos profissionais, a ética profissional e normativa era baseada em virtudes,
tais como honra e caráter, sem nenhum controle mais rígido das condutas
profissionais. Nesse sentido, a dimensão deontológica vem contribuir em
razão de um código que estipula e traz a necessidade de um olhar humano e
rigoroso a potenciais problemáticos advindos (PICKSTONE, 1993).
Conclui-se que a ética, como um conjunto de princípios norteadores da
boa conduta profissional, está além de um mero preceito a ser seguido. A
8 Ética profissional, social e política
A vida vulgar: a felicidade não está associada ao sumo bem, uma vez
que essa é sempre confundida com o prazer e gozo.
A vida política: a felicidade está relacionada à honra, e não ao sumo
bem.
Ética profissional, social e política 9
Isso traz, por sua vez, um caráter antropológico como fundamento à ética
aristotélica. Nesse sentido, vê-se uma junção entre homem político e homem
racional. Ora, se a ética se dá propriamente na vida comum e, portanto, política
e se o homem é por excelência um animal racional, o que transcende a sua
condição somente natural, transformando-o em um animal político, conclui-se
que o homem tem as duas capacidades em exercício dentro de si. Aristóteles
reconhece que, para que o homem chegue à vida contemplativa, fazendo
uso de sua capacidade naturalmente racional, é necessário que existam leis
que constranjam os cidadãos a cultivarem bons hábitos. Assim, Aristóteles
une a razão, a ética e a política como complementares para o bem viver a o
alcance do sumo bem.
Posteriormente, no Renascimento, encontramos na obra de Nicolau
Maquiavel uma ruptura entre ética e política. Nesse período, a política se
caracteriza pelo caráter materialista e a ética passa a ser estudada e pen-
sada no campo da metafísica. Em grande medida, deve-se a Maquiavel essa
ruptura que adiante se consolidaria na modernidade. Em Maquiavel (1999), a
verdade está nas coisas sempre em seu estado atual; portanto, o autor não
pensa a partir do devir, daquilo que poderia ser das coisas em um estado
futuro. Nesse sentido, exclui-se a necessidade do “dever” (que é próprio à
ética), colocando-se em seu lugar o “é”. Em Maquiavel, a política passa a ser
pensada de acordo com o estado atual da sociedade, tal como elucida Sadek
(1995, p. 17): “De fato, sua preocupação em todas as suas obras é o Estado.
Não o melhor Estado, aquele tantas vezes imaginado, mas que nunca existiu.
Mas o Estado real, capaz de impor a ordem”.
Maquiavel, em O príncipe, deixa essa dissociação muito clara quando não
confere ao príncipe o dever ético, mas somente a manutenção do poder. Para
tanto, o filósofo divide em três formas a manutenção do poder por parte do
governante em relação aos Estados conquistados: 1. devastá-los; 2. habitar
nesses Estados; 3. permitir que os cidadãos vivam com as suas leis, contanto
que arrecade tributos por isso e que forme um governo restrito a poucos.
Despreocupado com a ética, Maquiavel escreve: “Sucede que, na verdade, a
garantia mais segura da posse é a ruína” (MAQUIAVEL, 1999, p. 53). Em outros
10 Ética profissional, social e política
Referências
ARANGUREN, J. L. L. Ética. 5. ed. Madri: Seleta, 1972.
ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987. (Os pensadores).
BARROCO, M. L. S. Ética e serviço social: fundamentos ontológicos. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2003.
DIAS, A. Ética profissional em terapêutica da fala. 2008. Dissertação (Mestrado em
Bioética) — Universidade do Porto, Porto, 2008.
FIGUEIREDO, A. M. Ética: origens e distinção da moral. Saúde, Ética & Justiça, v. 13, n. 1,
1–9, 2008. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/sej/article/view/44359/47980.
Acesso em: 16 set. 2021.
GONTIJO, E. D. Os termos ‘ética’ e ‘moral’. Mental, ano 4, n. 7, p. 127–135, nov. 2006.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/mental/v4n7/v4n7a08.pdf. Acesso em:
16 set. 2021.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2005.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
MARX, K. Contribuição para a crítica da economia política. Marxists.org, 2007. Publicado
originalmente no livro Zur Kritik der Politischen Oekonomie von Karl Marx. Berlin:
Erstes Heft, 1859. Disponível em: http://www.marxists.org/ortuguês/marx/1859/01/
prefacio.htm. Acesso em: 16 set. 2021.
PICKSTONE, J. V. Thomas Percival and the Production of Medical Ethics. In: BAKER, R.;
PORTER, R.; PORTER, D. (ed.). The codification of medical morality: historical and phi-
losophical studies of the formalization of western medical morality in the eighteenth
and nineteenth centuries. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1993. p. 161–178.
PIMENTA, O. O exemplo de Sócrates. Discurso, v. 49, n. 2, 79–106, 2019. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/discurso/article/view/165475/158651. Acesso em: 16 set.
2021.
SADEK, M. T. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù. In:
WEFFORT, F. C. (org.). Os clássicos da política. 5. ed. São Paulo: Ática, 1995. v. 1. p. 11–41.
SALATINI, R.; DEL ROIO, M. (org.). Reflexões sobre Maquiavel. Marília, SP: Oficina Uni-
versitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014.
Leitura recomendada
ARISTÓTELES. A política. 2. ed. rev. Bauru, SP: Edipro, 2009.
12 Ética profissional, social e política
Nesta Dica do Professor, você vai conhecer o caminho da ética na história da filosofia e os
elementos-chave dos três aspectos específicos trabalhados: ética social, profissional e política.
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4 min
A ética faz a reflexão sobre os princípios e noções que regem a vida moral.
Esses princípios diferem, dependendo da ideia de ser humano que a utiliza,
podendo ir desde a concepção religiosa até o mais radical pragmatismo.
A Ética Política tem o peso do efeito que as decisões tomadas geram nos
indivíduos, exigindo um cuidado ainda maior por parte de quem toma essas
decisões. Está amparada e trabalha com os conceitos de Poder e Autoridade,
que têm interpretações variadas na Ciência Política.
Ainda assim, podemos pontuar alguns valores que seriam fundamentais para
uma Ética Política:
> Probidade Administrativa, que irá garantir que quem lida com a coisa
pública, o fará da maneira mais correta;
> Decoro, que seria observância das regras morais, da boa conduta; e
> Valores Democráticos, que garantiriam a transparência das decisões e o
controle do meio político pela população.
_2.2_ Exercícios
“Estas ciências práticas, de fato, dizem respeito à conduta dos homens, bem como ao fim
que através dessa conduta eles querem alcançar, seja enquanto indivíduos, seja enquanto
fazendo parte de uma sociedade, sobretudo da sociedade política” (REALE, 1994, p. 405).
A) O indivíduo ético busca alcançar as suas virtudes independentemente das ações alheias.
A respeito disto, afirma Sadek (1995, p. 17): “De fato, sua preocupação em todas as suas
obras é o Estado. Não o melhor Estado, aquele tantas vezes imaginado, mas que nunca
existiu. Mas o Estado real, capaz de impor a ordem”.
A) Para Maquiavel, o tempo presente do Estado deve ser considerado pela ética.
D) A deontologia serve como um guia reflexivo que orienta mesmo em situações inusitadas.
Na vida profissional, nos deparamos com diversas situações em que devemos pensar qual seria o
caminho mais ético a seguir. Uma das áreas em que os profissionais lidam constantemente com isso
é a medicina, uma vez que, em se tratando da vida e da saúde dos indivíduos, não podem ser
medidos os esforços para que tudo corra bem.
Neste Na Prática, você vai conhecer a história de Layse, uma médica cirurgiã que se depara com um
caso complicado envolvendo uma criança e uma transfusão sanguínea.
MEDICINA E RELIGIÃO
Acompanhe a história e Layse, uma médica que passou por uma situação
complicada do ponto de vista ético e legal, no hospital em que trabalha.
Certo dia, após operar uma criança, Layse informou a família que seria
necessária a reposição de sangue com certa urgência, pois a criança tinha um
problema específico de hemofilia, o que a levou a perder muito sangue.
Esse exemplo expõe os desafios éticos da profissão. Nesse caso, Layse teve
de considerar o direito à vida que a criança tem, além de ponderar o valor
da vida humana face aos preceitos religiosos de seus pais. Nesse sentido, a
sua escolha profissional foi priorizar a vida da criança.
_2.2_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
"... para Maquiavel, o acesso ao passado não é imediato, seja pela leitura das histórias que
busca apenas o deleite, e não o saber delas, seja pelo relato situado dos escritores, que
retratam parcialmente as coisas antigas, seja ainda pela nostalgia que os idosos possuem de
seus tempos de juventude, os quais eles consideram superiores à velhice, quando já não tem
tantas forças. Assim, a relação entre passado e presente se torna problemática, pois os
tempos antigos aparecem aos modernos como um passado glorioso, porém inatingível,
irremediavelmente perdido e, portanto, em descompasso com o presente corrompido ..."
Resumo
A Quarta Revolução Industrial inseriu na vida cotidiana a Inteligência Artificial (IA) e seus
algoritmos. Essa nova realidade tecnológica requer uma profunda reflexão ética e enseja a
necessidade de pensar sobre uma Ética Algorítmica. Partindo de uma pesquisa bibliográfica,
este artigo propõe uma definição do termo e desenvolve uma reflexão sobre as principais
questões suscitadas pela presença dos algoritmos nas mediações da vida humana contemporânea,
referentes à falibilidade, opacidade, viés, discriminação, autonomia, privacidade e
responsabilidade. Situando-a no domínio de uma ética aplicada, pondera-se sobre a conjunção
das camadas humanas e computacionais na tomada de consciência diante dos dilemas.
https://youtu.be/adWnLbds5ZI 1 h 5 min
A ética do intelectual: entre Michel Foucault e Donna Haraway | Live com Priscila Vieira
Caio Souto - Conversações filosóficas
Streamed live on Jul 11, 2020 #ética #foucault #intelectual
Priscila Vieira é professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atua na área de
História, com ênfase em Teoria e Filosofia da História e História Moderna e Contemporânea. É
Licenciada (2004), Bacharel (2005), Mestre (2008) e Doutora (2013) em História pelo
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/
UNICAMP), sob a orientação da Profa. Dra. Margareth Rago. Foi bolsista da CAPES pelo
Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior - PDEE, em Paris, entre 2010 e 2011,
sob a orientação do Prof. Dr. Frédéric Gros. Em seu Mestrado, estudou a concepção de
história genealógica proposta por Michel Foucault, destacando a importância da noção de
relações de força em Vigiar e Punir. No Doutorado, trabalhou com o interesse de Michel
Foucault pela questão da coragem da verdade na cultura antiga, articulando-a com as suas
reflexões sobre a construção de uma ética do intelectual no presente. De 2014 a 2015,
realizou um estudo de pós-doutorado em História Cultural pelo IFCH/UNICAMP, sob a supervisão
da Profa. Dra. Margareth Rago, com o título: Michel Foucault e a figura do sujeito de
direito: Pela criação de um direito novo e de modos de vida éticos e libertários.
Atualmente, é editora da revista do Programa de Pós-Graduação em História, intitulada
História: Questões & Debates e desenvolve uma pesquisa que procura entender como Michel
Foucault e Donna Haraway, entre 1976 e 2016, produziram diagnósticos e propostas teórico-
políticas de transformação do presente. Publicou os seguintes livros: A coragem da verdade e
a ética do intelectual em Michel Foucault (2015); Michel Foucault e a História Genealógica
em Vigiar e Punir (2006).
Muitas vezes, a busca incessante pela lucratividade máxima faz com que muitas empresas ignorem
as normas estabelecidas no Código de Ética, vindo a proceder de maneira indevida. Além disso, é
imprescindível salientar que a atividade empresarial não é imoral nem antiética pelo fato de ser
rentável. Contudo, apesar da relevância do lucro para as empresas, é fundamental que os gestores
jamais ignorem o Código de Ética como justificativa para obtê-lo.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai perceber a relação entre ética e lucro nas empresas e a
importância do Código de Ética como diretriz nesse processo.
Bons estudos.
Suponha que você seja o gerente comercial de uma empresa de celulose e papel e que a diretoria
da organização tenha confiado a você a missão de elaborar um plano de investimento que reflita as
duas situações a seguir:
elm = Da Dica do Professor. Lucro Ético: separar parte do lucro e reinvestir na sociedade,
através de programas que, acabarão trazendo mais lucro ainda para a empresa. São programas
como: Reciclagem; Pós-venda; Ação Logística de grande eficiência; e, principalmente, uma nova
forma da empresa se relacionar com seus funcionários.
Na obra Ética e legislação contábil, Walter Alves de Sousa Júnior trata desse assunto no capítulo
A relação entre ética e lucro.
Boa leitura.
ISBN 978-85-69726-07-4
CDU 657:17+34
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
38
O CONCEITO DE ÉTICA E LUCRO
O conflito entre o Lucro e a Ética vem de longa data. Essa discussão ganhou
magnitude em função das mudanças organizacionais, da exigência por
transparência na gestão empresarial, e também pela mudança do perfil dos
consumidores e da própria sociedade.
39
A busca pelo Lucro é fundamental para a sobrevivência das empresas, porém
a sociedade não aceita mais que as empresas obtenham o Lucro com práticas
de gestão incorretas, desonestas e sem transparência.
O LUCRO ÉTICO
40
Como vimos anteriormente, o Lucro é o resultado dos investimentos realizados
pela empresa em um ou mais produtos. Neste contexto, o Lucro Ético passa
a ser o reinvestimento de uma parte desse lucro em ações sócio ambientais.
Esse comportamento solidifica a boa imagem da empresa na medida em que
a empresa pratica e não apenas discursa sobre a Ética empresarial.
A empresa voltada para a prática do Lucro Ético, não tem como princípio
único a conquista do Lucro, mas fundamentalmente, o retorno aos clientes
e consumidores da confiança depositada nos seus produtos ou serviços, na
forma de ações que beneficiarão a sociedade.
A empresa que não consegue auferir lucro aos seus acionistas é considerada
uma empresa incompetente e a incompetência é desprovida de ética. Portanto,
o Lucro não representa algo ruim ou perverso, pelo contrário é o Lucro que
mantém as empresas ativas e a economia aquecida. É obtendo Lucro que as
empresas remuneram seus colaboradores, honram os compromissos com os
fornecedores e com governo recolhendo os tributos.
41
A grande celeuma em relação ao Lucro reside em dois aspectos:
a. Como o lucro é conseguido?
b. Como o lucro será utilizado?
Outro aspecto relacionado ao Lucro diz respeito à forma como ele pode
ser utilizado. A priori, após o cumprimento das obrigações empresariais
citadas anteriormente, parte do lucro deve ser destinado à remuneração dos
acionistas e investidores.
42
A comunidade responde a este empenho, esforço e comprometimento ético
na forma de fidelidade e identificação com a organização. Isso resulta em
aumento do faturamento e no aumento da carteira de clientes e consumidores
atraídos pelas melhores práticas e comportamento ético em total sintonia
com o lucro desejado e necessário.
REFERÊNCIAS
43
_3.1_ Dica do professor
Nenhuma empresa sobrevive sem lucro, pois é por meio dele que cumpre seu papel social,
remunera os acionistas, gera mais empregos e contribui com a sociedade com o pagamento dos
tributos. Atualmente, o foco desse dilema migrou para uma posição mais evoluída. Hoje em dia, o
que se discute é como o lucro foi obtido e como ele será aplicado pelas empresas. Por isso, os
gestores devem administrar as empresas de forma transparente e honesta para que não haja
dúvidas quanto à origem dos seus resultados, nem quanto à aplicação deles. Acompanhe o vídeo da
Dica do Professor.
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d0a911593a5cce1a5d4a7d0d9bf8e4c9
3 min
Isso levou os gestores das empresas a criarem o Lucro Ético, que ocorre
quando uma empresa separa a parte do seu lucro e reinveste na sociedade,
através de programas que, na verdade, vão trazer mais lucro ainda para a
empresa. São programas como: Reciclagem; Pós-venda; Ação Logística de grande
eficiência; e, principalmente, uma nova forma da empresa se relacionar com
seus funcionários.
Assim, no passado era difícil aceitar a possibilidade de haver lucro e ética,
hoje isso mudou. As pessoas estão sempre observando a empresa para saber:
> Como o lucro é obtido?
> Como o lucro será aplicado?
As empresas têm trabalhado cada vez mais para estabelecer uma conduta
diferenciada:
> Trabalho em equipe;
> Boa gestão dos processos de negócio.
Essas ações resultam em sucesso, que significa lucro e esse lucro
possibilita remuneração dos acionistas, remuneração dos funcionários e,
parte dele, empregado em benefícios para a própria sociedade. Assim,
consegue-se entender melhor a relação entre lucro e ética nos dias de hoje.
_3.1_ Exercícios
1) Em tempos de constantes e profundas mudanças no cenário econômico global, um dos
maiores desafios lançados aos gestores é conciliar _______________ e _______________ com o
objetivo de levar a empresa a alcançar os resultados projetados sem prejudicar a conduta e
os valores éticos da organização. Assinale a alternativa cujos itens completam corretamente
a frase.
B) ética e lucro.
A) A instituição do e-commerce.
C) A prática do recall.
No link, você vai ver um estudo sobre a relação entre a maximização dos ganhos pessoais e
empresariais e o dark triad.
RESUMO Este artigo analisa a relação entre a maximização de ganhos pessoais e empresariais e
os traços moderados do Dark Triad. A relevância da escolha do tema recai sobre a investigação
da atitude de executivos que exibem características com intensidade moderada entre os altos e
baixos traços. Comprova-se que a visão e o carisma do indivíduo narcisista, a estratégia e
tática do indivíduo maquiavelista e a criatividade e o bom pensamento estratégico do
indivíduo psicopata são características diferenciadoras que potencializam uma liderança bem-
sucedida e integradora – distante de atitudes negativas mais acentuadas e oportunísticas,
concernentes aos altos traços, cujas práticas evidenciam ações desonestas para ganho pessoal.
Tais evidências proporcionam a possibilidade de fortalecimento das pesquisas na área
contábil, em especial da abordagem comportamental, por promover sua interface com a
psicologia para esclarecer como a personalidade, os valores e as experiências influenciam as
escolhas dos gestores na condução do negócio e como os funcionários e as empresas são
impactados por essas decisões. Trata-se de pesquisa empírico-teórica, realizada com 263
gerentes, adotando o survey como estratégia de coleta de dados – com aplicação de
questionário do tipo autorrelato. As abordagens de análise de dados foram: estatística
descritiva, correlação, teste de médias e regressão logística. Neste estudo, gestores com
traços moderados de Psicopatia evidenciaram menor disposição a maximizar ganhos por meio da
manipulação de resultados. Disposição contrária foi revelada para aqueles com traços
moderados de Maquiavelismo. O efeito combinado entre os três traços do Dark Triad foi
significativo e positivo, com a maximização oportunística de ganhos. Tais achados contribuem
com futuras pesquisas que almejem analisar de modo sistemático o nível moderado da tríade e
corroboram os achados que revelaram as características comuns de manipulação, insensibilidade
e desonestidade quando se investiga o efeito interativo entre os traços em questão.
https://seer.atitus.edu.br/index.php/revistadedireito
Aula 3.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação
As decisões no campo pessoal, e principalmente profissional, têm sido alvo de severas críticas por
parte da opinião pública, que tem exigido comportamentos e decisões que reflitam um
compromisso ético e responsável por parte de todos.
Como as empresas também estão inseridas nesse contexto, é imperativo que os gestores observem
os princípios éticos sempre que estiverem envolvidos nos processos decisórios em suas
organizações.
Bons estudos.
Você, como diretor da empresa contratante, compreende que a fábrica precisa retornar às suas
atividades com urgência (dentro do prazo estabelecido). Diante da possibilidade de ocorrerem
irregularidades ambientais, quais providências devem ser adotadas?
Além disso, o diretor deve determinar que, havendo atraso no retorno das
atividades produtivas, os eventuais prejuízos sejam repassados para a empresa
terceirizada para o devido ressarcimento.
No capítulo Tomada de decisão, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender
sobre o Código de Ética, o impacto da conduta ética nas organizações e a tomada de decisão.
Boa leitura.
ISBN 978-85-69726-07-4
CDU 657:17+34
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
30
O CÓDIGO DE ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES
31
Portanto, a empresa que projeta a sua ascensão e permanência no mercado
promovendo o retorno dos investimentos aos acionistas e cumprindo o seu
papel social perante a comunidade, jamais poderá prescindir da ética.
As decisões empresariais são relevantes e por esta razão, devem ser seguir
critérios técnicos conhecidos como Abordagem Racional de Tomada de
Decisão os quais são:
32
a. Monitorar o ambiente: Controlar as informações internas e externas que
indiquem os desvios identificados na organização.
b. Definição do problema: Detalhar o problema em toda a sua extensão e
gravidade.
c. Especificar os objetivos: Apontar os procedimentos aceitáveis para o
contexto.
d. Desenvolver soluções: Com base no levantamento dos dados, criar o maior
número possível de alternativas de solução.
e. Decidir: Adotar, dentre as possibilidades apontadas, aquela que melhor se
aplique à condição de gestão das pessoas da empresa.
f. Aplicar a solução: Aplicar a solução suportada por um plano identificando:
prazos, pessoas, recursos e mecanismos de avaliação.
33
Quando as decisões dos gestores respeitam os valores éticos, os
consumidores, fornecedores, parceiros, governo e a sociedade de forma geral
se sentem seguros e confiantes quanto aos produtos e ou serviços prestados
por esta organização.
34
_3.2_ Dica do professor
As decisões empresariais sempre foram complexas, porém ganharam ainda mais importância em
função do mercado cada vez mais competitivo e acirrado. Nesse contexto, o Código de Ética
Empresarial se torna ainda mais relevante, pois atua como elemento de suporte na tomada das
decisões fundamentais que podem levar a empresa ao sucesso ou ao fracasso empresarial. Além
disso, se bem elaborado e devidamente utilizado pelos gestores, o Código de Ética pode trazer
vantagens competitivas para a organização. Acompanhe no vídeo da Dica do Professor.
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3 min
Assim, todas as decisões empresariais devem ser tomadas pautadas por um código
de ética, não apenas como ferramenta de gestão que ajudará a tomar uma decisão
acertada, mas também para ter:
> Vantagem competitiva no mercado;
> Mais valor agregado aos produtos;
> Maior lucratividade dos seus investidores; e
> Estabilidade empresarial.
D) O Código de Ética não indica a postura da empresa nas questões que envolvem a empresa e o
mercado.
A) lucratividade.
C) vantagem tecnológica.
D) ética.
E) capacidade de investimento.
3) As decisões são uma forma de identificar e corrigir um ou mais problemas de um
empreendimento. Inicialmente, o processo de decisão é composto de duas etapas que
permitirão diagnosticar falhas e apresentar alternativas de solução. Indique a alternativa que
contém essas duas etapas.
A) Identificação e detalhamento.
D) Identificação e solução.
A) duvidosos quanto aos produtos e/ou serviços prestados por essa organização.
B) seguros e confiantes quanto aos produtos e/ou serviços prestados por essa organização.
C) otimistas e com perspectiva negativa quanto aos produtos e/ou serviços prestados por essa
organização.
D) felizes e realizados quanto aos produtos e/ou serviços prestados por essa organização.
E) recompensados e valorizados em relação aos produtos e/ou serviços prestados por essa
organização.
5) Ao aplicar padrões éticos na gestão da organização e nas decisões empresariais, que
vantagem uma organização poderá ter? Assinale a alternativa correta.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
c1668af3e260cc58dd7161369ccb33d6
2 min
Para isso, vamos buscar inspiração no filme Cruzada (Dir. Ridley Scott, 2005 -
Kingdom of Heaven). O filme é uma versão ficcional da tomada de Jerusalém
durante as cruzadas; ao longo da trama, há um importante diálogo entre o
protagonista do filme e o rei Balduino IV. O rei diz:
“Nenhum de nós escolhe o nosso fim, na verdade. Um rei pode induzir um homem,
um pai pode assumir um filho, mas lembre-se disso: mesmo se aqueles que
induzirem forem reis ou homens de poder, sua alma pertence apenas a você.”
Assim como em vários outros momentos do filme, essa fala consegue sintetizar
bem a ideia de que o indivíduo é responsável pelos seus atos e deve ter
consciência disso, mesmo que tenha sido influenciado pelo ensinamento de
terceiros, ele é sempre responsável pelas suas decisões.
Essa ideia foi comumente defendida por Immanuel Kant, um dos principais
filósofos da modernidade. Para Kant, a natureza nos conduz pelos interesses,
de tal modo que usamos as pessoas e as coisas como instrumentos para o que
desejamos. No entanto, não podemos ser guiados pelos desejos, mas por uma vida
ética:
Uma vida ética deve ser determinada pela harmonia entre vontade subjetiva
individual e vontade objetiva cultural.
Dessa maneira, o Grupo Malwee estabeleceu três fundamentos essenciais no relacionamento com
colaboradores, clientes, consumidores, fornecedores e concorrentes. São eles: ética, respeito e
credibilidade.
pdf 24 páginas.
1 O Grupo Malwee
O Grupo Malwee é reconhecido pela responsabilidade em todas as suas
operações, respeitando as pessoas e o meio ambiente. Essa responsabilidade
surgiu com a visão de sustentabilidade desde a sua fundação.
Afirmando este posicionamento em toda sua cadeia de valor, a empresa investe
em tecnologia de processo, produtos inovadores, iniciativas ecológicas como o
Parque Malwee e outras ações fundamentadas nos compromissos do Grupo Malwee.
Esses compromissos integram sua premissa de sustentabilidade, traduzida no
projeto “Eu Abraço Sustentabilidade com Estilo”, que é orientado pelo Plano
2020 de Sustentabilidade, desenvolvido para fortalecer e ampliar resultados,
que contribuem para o desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável.
1.1 Missão
Estar presente na vida das pessoas, promovendo a autoestima e o bem-estar,
por meio da oferta de produtos de moda com qualidade superior, respeitando os
nossos colaboradores, a sociedade e o meio ambiente.
1.2 Visão
Buscamos excelência em tudo que fazemos para transformar a vida das pessoas,
encantando e elevando sua autoestima através de marcas de moda admiradas e
desejadas.
1.3 Valores
• Qualidade
• Ética
• Respeito às Pessoas
• Foco no Cliente
• Resultado
2 Políticas e Práticas
As atividades do Grupo Malwee são pautadas por uma Política de
Sustentabilidade e por práticas norteadas em seus valores e compromissos. O
Código de Ética e Conduta serve como base para situar as boas ações e
práticas adotadas pelo Grupo Malwee e esperadas junto aos seus públicos de
relacionamento.
Conheça na intranet, outros documentos complementares, que orientam as boas
práticas na empresa.
3 Relacionamento
Ética, respeito e credibilidade. Três palavras que representam nosso
relacionamento com todos: colaboradores, clientes, consumidores, fornecedores
e concorrentes.
4.4 Ouvidoria
Para esclarecimento de dúvidas procure a sua liderança imediata. As
denúncias poderão ser feitas para o Comitê de Conduta e Ética através do
ramal 7025, pelo e-mail conduta@malwee.com.br ou por escrito no RH, podendo
a mesma ser anônima. Lembrando que, sendo anônima, o Comitê não poderá dar
retorno ao denunciante.
Se a denúncia tiver identifi cação, o Comitê garantirá o sigilo do
informante. Havendo necessidade, caberá ao Comitê de Conduta e Ética tomar
os depoimentos das partes envolvidas, examinar a documentação e o que mais
for necessário e, com base nos fatos apurados, determinar se houve ou não a
violação desse Código. Em caso afirmativo, determinar as sanções a serem
aplicadas. As decisões de acatar ou não a denúncia, as conclusões e
recomendações do Comitê serão relatadas periodicamente ao Presidente, que
poderá encaminhá-las ao Conselho de Administração.
pdf 11 pág.
Ética profissional
Assista a este vídeo e saiba mais sobre o tema.
https://youtu.be/P9RSqqF8HwU 3 min
https://administradores.com.br/producao-academica/a-importancia-do-codigo-de-etica-nas-
organizacoes
página internet
EQUIPE SAGAH
Coordenador(a) de Curso
Lilian Martins
Professor(a)
Walter Alves de Sousa Júnior
Gerente Unidade de Negócios
Designers Instrucionais
Rodrigo Severo
Adriana Ferreira Cardoso
Analista de Projetos
Bianca Basile Parracho
Fernanda Osório
Daniela Polycarpy
Assistente de Projetos
Franciane de Freitas
Luciana Bolzan
Ezequiel Alves
Líder da Equipe Metodológica
Luciana Helmann
Daniela da Graça Stieh
Designers Gráficos
Líder da Equipe de Design Instrucional
Carol Becker
Marcelo Steffen
Eduardo Reis
Kaka Silocchi
Juarez Menegassi
Renata Goulart
Vinicius Rafael Cárcamo
Aula 4.1
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação
Bons estudos.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/07/tribunal-europeu-apoia-lei-francesa-que-proibe-veu-islamico-em-publico.html
Tribunal Europeu apoia lei francesa que proíbe véu islâmico em público [excertos]
A lei francesa de 2010 que proíbe o uso do véu islâmico integral (burca e niqab) em espaços públicos está de acordo com
o Convênio Europeu de Direitos Humanos, opinou nesta terça-feira (1º) a Grande Sala do Tribunal de Estrasburgo.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos entende a necessidade das autoridades "de identificar aos indivíduos para
prevenir atentados contra a segurança das pessoas e dos bens e lutar contra a fraude de identidade".
... Os juízes aceitam assim os argumentos da França, que afirmava que a lei não buscava a proibição da burca e do
niqab, mas de qualquer peça ou acessório que ocultasse o rosto de uma pessoa, como um capacete de moto ou um capuz.
... A lei francesa, alega a sentença, não se refere a nenhuma peça religiosa, que podem ser usadas "livremente" no
país, com a condição de não ocultar o rosto.
... A juíza alemã Angelika Nussberger, e a sueca Helena Jäderblom afirmam em sua opinião dissidente que "uma proibição
tão geral, que afeta o direito de toda pessoa a sua própria identidade cultural e religiosa não é necessária em uma
sociedade democrática".
Padrão de resposta esperado
Nesse sentido, segundo Derrida, o humano que vem deve ser recebido sem
restrições. Sem que seja ele obrigado uma adequação à cultura que o
recepciona. Isso fundado na ideia, que já explicitamos, de que a
hospitalidade tem que ser incondicional, senão não seria realmente uma
hospitalidade. Assim, se acompanhamos o pensamento desse autor, fica claro
que a lei que não permite o uso da burca em espaços públicos, se choca com a
ideia derridiana. Ora, essa proibição aflige a humanidade daquele
estrangeiro que professa uma fé distinta da local. Essa hospitalidade
estaria mais próxima da hospitalidade condicional dita por Kant, uma
hospitalidade que aparece "depois" de cumpridas as regras jurídicas.
elm = à primeira vista, não consigo entender o que querem mostrar.. Vou tentar depois do
Conteúdo do livro...
_4.1_ Conteúdo do livro
Para aprofundar os seus conhecimentos acerca do assunto desta unidade, faça a leitura do material
a seguir. Nele são apresentados alguns elementos críticos ao pensamento de Immanuel Kant.
Kant não recebe os animais e a natureza, por exemplo. Com essas palavras,
notamos que o limite jurídico que confere apenas ao cidadão amigo fere o
âmago da questão mesma da hospitalidade. Ora, quem chega, não vem sem trazer
o que é, e isso quer dizer, não vem sozinho com a sua família e sua língua
vem também com seu deus. Esse, portanto, um limite ao pensamento de Kant, ou
seja, o limite antropológico humanista, que Derrida nomearia por um certo
homismo.
Diante das condições que Kant impõe, ou seja, o de um regulador jurídico para
o edifício de seu pensamento, em que, para se alcançar a paz seria necessária
uma aliança entre os Estados, que instituiriam uma (foedus pacificum)
federação da paz, a qual, Kant diferencia do (pactum pacis) pacto de paz,
pois, aquela enseja o fim de todas as guerras para sempre, estando a última
apta a resolver apenas um conflito determinado.
Podemos então encerrar esta parte, a qual, tratou sumariamente das ideias de
Kant e nos deixa uma noção de como pensou o filósofo das três críticas a
respeito desta hospitalidade, a qual, por sua vez, encontra-se subordinada
aos desígnios do Estado, e que em relação ao estrangeiro, opera de maneira a
impor suas condições, fazendo e constituindo com suas leis exatamente o
limite de sua ação, ou seja: é sempre em ipseidade soberana e policial que,
no limiar bem delimitado do seu próprio espaço de acolhimento, interroga o
cidadão estrangeiro a acolher acerca da sua identidade.
Assim, se não erramos, com a busca que Derrida empreende quando procura
mostrar as diferenças entre uma hospitalidade incondicional, ante uma ideia
de hospitalidade condicionada a direitos e deveres dos já constituídos
cidadãos. Gravita, não de forma a encerrar em uma ou noutra quaisquer juízos
finalísticos, mas, pensamos mesmo num projeto, que em sintonia com o
pensamento de um alter mundialização possa percorrer e encontrar uma ordem,
que assim pautada, seja considerada jurídico-política.
A corroborar com nosso pensamento, podemos dizer junto de Derrida que a
distinção entre hospitalidade incondicional e hospitalidade condicional,
longe de paralisar o desejo ou de destruir a exigência de hospitalidade, esta
distinção obriga a determinar os esquemas intermediários, e mais, a
experiência ou provação da hospitalidade incondicional está também na origem
da tarefa e da responsabilidade de perseguir e tentar instituir uma outra
ordem jurídica e política mundial.
Essa explicação é reforçada com o pensamento deste autor quando nos leva a
sonhar com ele, para os confins da hospitalidade absoluta, quase um
inimaginário, porque pautado nos valores peculiares ao homem! Nos referimos
ao homem! Antes do cidadão e do político, do econômico e assim do jurídico.
Qual outro, senão esse homem, poderia desvestir, desse papel de encontrar e
querer o outro, mas o outro como absoluto em sua divindade, passando ao largo
do cidadão para dar morada ao homem e ao homem, tão somente. Dá-se a
hospitalidade quando se dá para além do poder: do poder do próprio e de
todos os poderes do mundo para além da oiko-nomia e na urgência. Para além,
portanto, da ipsocracia na mais desarmada exposição ao outro.
Não existe mais o império de um que chega e é recebido pelo outro com sua
subjetividade de características. Afirma-se aqui um desconcerto mútuo, que se
empreende com essa relação. Há uma inversão no papel de soberania por parte
de quem recebe, ora, este, necessariamente, precisa do outro absoluto que
acolhe para seu reconhecimento. Nesse acolhimento. Noutros termos, a sua
ipseidade é, ela própria, infinito acolhimento ou hospitalidade não mais ou
não já ipsocrática. Ou então o seu poder é agora o poder de ser afetado.
Esta aliança de singulares proposta aqui por Derrida, lança o homem no por
vir, ou seja, com essa proposta tenciona e fundamenta, alegando uma situação
que não cabe descrições agora, na qual se encontram as pessoas no mundo
inteiro, assim, acredita na alteridade como solução que virá, e sempre virá,
falando sobre uma aliança que exista apenas nos e para os singulares, onde, a
partir da ideia de uma democracia O seu "por vir", incite aos homens sempre a
busca pela sua melhor existência, evidenciando nesse "por vir", a ideia inata
do acolhimento daquele que vem.
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5 min
Vamos tratar da Ética nas Relações Internacionais. Mas, atenção, não vamos
tratar aqui de direito internacional, da relação Brasil - Argentina ou China
- Japão ou Alemanha - França...
Kant tem um livro que se chama “A Paz Perpétua”, em que ele diz que “as
pessoas têm o direito de partilhar o mundo entre si”.
Mas Kant fala da palavra direito e Derrida diz que essa hospitalidade
kantiana seria uma hospitalidade condicional, limitada, ou seja, uma
hospitalidade política ou uma hospitalidade jurídica, em que você apresenta o
seu passaporte, em que você é um cidadão do Brasil, da pólis x da cidade y e
fala um determinado idioma. Para que você entre em determinado país, você tem
necessariamente que passar por todas essas fases.
Quando nós obrigamos o outro a uma adaptação a nossa própria lei, nós estamos
violentando o outro; não estamos recebendo o outro! - Receber o outro é
aceitá-lo na incondicionalidade da sua diferença, é aceitá-lo na
incondicionalidade da sua singularidade. Isso é o que o Derrida vai chamar de
hospitalidade incondicional, ou seja, uma hospitalidade que recebe o outro
independentemente de como ele chega ou de como ele é.
Emerge a pergunta: Será possível uma hospitalidade incondicional nos dias de
hoje? - Vamos tratar da questão do Oriente x Ocidente. Os orientais se formam
por uma cultura extremamente distinta da cultura ocidental. E aí a primeira
questão para que nós acabemos com o problema da condicionalidade é destruir o
código binário: não há o ocidente, não há o Oriente; existem humanos com
crenças e culturas diferentes e receber o outro não é obrigá-lo àquilo que eu
penso ser o correto, mas sim aceitá-lo dizer na sua língua; o outro só chega
a mim, quando traz um barulho, o outro não chega em silêncio, ele incomoda,
ele é atrito, ele é encontro, ele é caos. Muito mais próximo da humanidade
são as diferenças do que as igualdades.
A partir desta passagem, de acordo com Derrida, NÃO se pode afirmar que:
A) a) ética kantiana.
B) b) ética aristotélica.
C) c) hospitalidade nacional.
D) d) hospitalidade incondicional.
E) e) hospitalidade condicional.
“A diferença, uma das diferenças sutis, por vezes inapreensíveis entre o estrangeiro e o
3) outro absoluto, reside no fato de este último não ter nome de família: a hospitalidade
absoluta ou incondicional que eu gostaria de lhe oferecer supõe uma ruptura com a
A) a) Incondicional.
B) b) Condicional.
C) c) Teológica.
D) d) Cosmológica.
E) e) Natural.
De acordo com o texto-base desta Unidade de Aprendizagem, com Derrida enxergamos um
4) pensamento pautado pelo(a):
A) a) nacionalidade.
B) b) territorialidade.
C) c) multiculturalismo.
D) d) ética prática.
E) e) ética do dever.
De acordo com o texto-base desta Unidade de Aprendizagem, o pensamento de Derrida
5) rompe com qual paradigma?
A) a) Nacionalista.
B) b) Teológico.
C) c) Cosmológico.
D) d) Medieval.
E) e) Pós-moderno.
_4.1_ Na prática
A discussão acerca da hospitalidade nos dias atuais pode se colocar de maneira evidente em várias
dimensões das relações humanas internacionais. Assim, com a mistura cada vez maior permitida
pela globalização das relações, esse conflito acaba por aparecer de maneira cada vez mais evidente.
Nesse sentido, gostaríamos de propor uma reflexão prática acerca de acontecimentos como o de
aplicação de pena de morte a pessoas estrangeiras, por exemplo, em países como a Indonésia, que
aplicam essa pena para pessoas que cometem crime de tráfico de drogas.
Se, por respeito às regras de um país, uma pessoa é morta, de alguma maneira,
isso nos leva a pensar que podemos avançar no debate acerca das questões que
envolvem o estrangeiro.
Ora, por mais que a questão do limite territorial, da soberania, deva ser
respeitada, não há soberania sem humanos.
Sendo assim, não propugnamos a liberdade do criminoso, mas ele, como humano,
antes de ser criminoso, talvez devesse ser perdoado.
O perdão e a hospitalidade incondicional andam juntos.
Andam no extremo da ética, por isso nos deixam questões profundas para a
reflexão.
_4.1_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
pdf 18 páginas.
Resumo: O presente trabalho tem como horizonte o tema da hospitalidade no contexto ético-
político de uma “democracia por vir” a partir do pensamento de Jacques Derrida e também
considera as leituras que o pensador faz da questão em Kant (a hospitalidade de visitação) e
Lévinas (o acolhimento irrestrito do outro). Democracia por vir não é, para Derrida, uma
democracia futura, um novo regime, ou uma nova organização dos Estados-nação. Este por vir é
a promessa de uma autêntica democracia, que nunca é concretizada nisto que conhecemos por
democracia. O objetivo que guia esta investigação é a verificação da possibilidade de uma
hospitalidade incondicional. Concluise que a questão da hospitalidade se inscreve na sua im-
possibilidade, e que é preciso, pois, analisá-la sob o prisma da desconstrução. Do ponto de
vista ético-político, o pensamento derridiano aponta para uma convivência tolerante, ainda
que a palavra tolerância lhe cause certas reservas, e seus motivos parecem ser mais fortes
que aqueles que sustentam a hostilidade entre os homens. Este pensamento refere-se à
possibilidade de um Estado reconciliado e democrático por vir, ainda que a ambivalência
hospitalidade/hostilidade permaneça.
EQUIPE SAGAH
Coordenador(a) de Curso
Cosme Massi
Professor(a)
Bernardo G. B. Nogueira
Gerente
Neuza Belo
Coordenadora de Projetos
Renata Figueira
Analista Metodológica
Renata Figueira
Designer Instrucional
Cristhiane Maurício Cornélio
Arlene Souza
Web Designers
Fábio Gomes
Maria Cláudia Müller
Clarice Ribeiro
Kívia Bueno
Editores de Áudio e Vídeo
Átila Santos
Willian Sidney
Revisora Gramatical
Diana Amendoeira de Oliveira
Daniela de Souza França
Aula 4.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação
Conflito ético
_4.2_
Apresentação
A ética como entendemos pressupõe um conjunto de valores morais que determinam o certo e o
errado para a sociedade. A coletividade baseia-se nesses princípios para conduzir suas relações
particulares e organizacionais.
Contudo, identificamos que conflitos éticos estão presentes em nosso dia a dia. Normalmente, o
conflito decorre de situações contraditórias e posicionamentos divergentes entre uma ou mais
pessoas, seja nas relações pessoais, seja nas profissionais. É importante conhecer o mecanismo e as
consequências que o conflito pode causar na sociedade e nas instituições.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender o significado dos conflitos éticos e
conhecer os seus tipos e formas de gerenciamento.
Bons estudos.
Suponha que você seja o Contador de uma empresa que está atravessando uma
grave crise financeira, no qual está colocando em risco o emprego de 430
funcionários.
Buscando solucionar o problema, o Diretor de Vendas da empresa pretende
negociar junto aos seus fornecedores a compra das matérias-primas sem a
emissão de nota fiscal.
Desta forma, a empresa recolherá menos impostos e utilizará este recurso para
sanear a empresa e manter os postos de trabalho dos funcionários.
Na condição de contador, e com base nos princípios éticos, como você deve orientar o
procedimento do seu diretor?
elm = A empresa deve conseguir recursos para pagar os funcionários e pagar os impostos e/ou
negociar a dívida com os esses dois grupos (funcionários e governo). Se não conseguir
encontrar levantar recursos necessários e/ou a negociação com os dois grupos não for
possível, solicitar recuperação judicial ou falência, conforme o grau de endividamento
envolvido.
Você deve lembrar ao diretor de vendas que adquirir produtos sem nota fiscal
é crime de sonegação fiscal, de acordo com a Lei n.º 4.729/1965, artigo 1º.
CONFLITO ÉTICO
Níveis:
> Intrapessoal
> Humano
> Interpessoal
> Social
\ Causa Divergências
\ Necessita de Decisão
\ Solução: Negociação
\ Possibilita: Evolução
_4.2_ Conteúdo do livro
Apesar de a expressão sugerir algo pejorativo, o conflito ético não pode ser visto essencialmente
como algo negativo. Pelo contrário, o conflito é um mecanismo para a evolução das pessoas e do
tecido social em suas mais variadas composições. Contudo, a gestão do conflito ético passa
obrigatoriamente pelo processo de negociação dos indivíduos – primeiramente, consigo mesmo e,
depois, com todas as partes envolvidas em um eventual processo conflituoso.
No capítulo Conflito ético, da obra Ética e legislação contábil, que servirá de base teórica para esta
Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre a natureza do conflito, seus tipos, bem como
sobre as formas de gerenciar conflitos.
Boa leitura.
ISBN 978-85-69726-07-4
CDU 657:17+34
22
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
23
OS TIPOS DE CONFLITO
Outro fator relevante a ser considerado são os três principais modos de vida:
a. A Vida;
b. A Vida Política;
c. A Vida Contemplativa.
24
A Vida está relacionada à forma de viver em busca da felicidade conforme
descrito anteriormente.
25
Ocorre que muitas vezes o conflito ganha contornos indesejáveis, provocando
insegurança e desconforto, dificultando a boa convivência e, no caso das
empresas; prejudicando o processo de tomadas de decisões. Desta forma é
preciso saber gerenciar os conflitos sejam eles intra ou interpessoais, para que
possamos alcançar melhores resultados pessoais e profissionais. Analisando
este quadro desafiador, nos deparamos com a seguinte questão: como podemos
administrar ou gerenciar os conflitos e obter resultados positivos?
Pois bem, na verdade não há uma forma específica para gerenciar os conflitos.
Esta tarefa requer uma série de ações conjuntas e bem coordenadas.
26
Para desenvolvermos a habilidade de gerenciar conflitos de ordem ética
necessitamos estruturar o pensamento sistêmico que é o processamento de
ideias de forma que interajam entre si e consigam expressar o todo (SENGE,
2009).
REFERÊNCIAS
26
_4.2_ Dica do professor
Seja na convivência em sociedade, seja no contexto profissional, os conflitos éticos são inevitáveis.
Divergências de opinião, cultura e outras influências são fontes geradoras de conflitos entre as
pessoas. Contudo, os conflitos contribuem para a evolução e o amadurecimento da sociedade.
Portanto, é fundamental saber gerenciá-los da melhor forma para alcançar esse objetivo.
4 min
O conflito social é algo mais abrangente, que envolve grupos de pessoas que
defendem uma causa, uma ideia, um posicionamento. É muito comum esse fenômeno
no meio da política.
O conflito faz com que as pessoas discutam, elaborem novos pareceres, tomem
novas posições e gera a oportunidade de vermos a vida de uma forma diferente
e, assim, tomarmos outras posições mais evolutivas na nossa forma de viver.
Por isso, é muito importante que o gestor e nós, como, pessoas, indivíduos,
desenvolvamos a nossa habilidade de negociar.
1) O conflito ético está sempre presente no cotidiano das pessoas, não importando o contexto
em que está sendo vivenciado. Isso implica que as situações conflitantes ocorrerão a todo
instante. Com base nisso, indique a alternativa correta.
C) Os conflitos ganham intensidade quando necessitamos decidir sobre questões para as quais
não exista uma norma padrão já definida.
C) Negociação.
D) Conselhos administrativos.
A promoção de funcionários nas empresas, muitas vezes, se torna uma das tarefas mais difíceis para
os gestores em função de fatores interpessoais e intrapessoais. Isso ocorre quando não existe uma
Política de Remuneração Estratégica na organização.
Contudo não podemos esquecer de 2 outros fatores que são relevantes neste momento, que são:
1) Experiência: quanto tempo o funcionário que está concorrendo a promoção têm de experiência
na função (deve-se levar em consideração a experiência profissional);
2) Desempenho anterior: que experiências anteriores o funcionário teve em desempenhar esta
função anteriormente?
Desta maneira, utilizando estes 3 parâmetros, mesmo que a empresa não possua um Plano de
Cargos e Salários (necessário para o Planejamento de Carreira), a decisão a ser tomada será a mais
ética possível!
_4.2_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
https://youtu.be/JmiAsA3pIeo 5 min
Nov 11, 2021 Numa época de constantes cancelamentos, faz-se necessário distinguir os
conceitos de "conflito" e "confronto". Como podem os membros da sociedade adereçar de forma
construtiva suas diferenças?
Seja aluno de Mario Sergio Cortella: https://cursodocortella.com.br/
elm = Paz é ausência de confronto. Num jogo de futebol temos conflito. Numa gerra há confronto, seria um erro chamar
de conflito armado, pois o confronto visa eliminar o outro, já o conflito, em geral, engrandece os conflitantes.
pág.internet
RESUMO Os conflitos são inerentes às relações humanas, seja em ambientes formais ou
informais. Divergências de opiniões, personalidades opostas, tipos de liderança variados ou
até mesmo ruídos na comunicação são alguns dos fatores que influenciam no clima organizacional
de uma empresa, podendo gerar embates em seus mais variados níveis e, consequentemente,
afetando a instituição como um todo. No ambiente de trabalho, saber gerir e conduzir tais
conflitos de forma a não apenas resolve-los, mas também extrair oportunidades de melhorias
deles, é um dos principais fatores de sucesso aos administradores de empresas. Mesmo com a
globalização e a necessidade de constante atualização, de práticas de mercado e de pessoal
cada vez mais apuradas, esse ainda é um tema pouco abordado, em que pouco se investe, pois é
visto como tabu, algo a não ser tratado em sua raiz, mas apenas camuflado. Através de
pesquisas bibliográficas, este artigo apresenta os principais conceitos de conflito, incluindo
suas causas, a importância de sua gestão no desenvolvimento de equipes e a explicitação de que
conflitos podem ser grandes aliados no crescimento empresarial.
Gestão de conflitos
O conflito, quando bem conduzido, reestabelece o equilíbrio na empresa. Leia o artigo, de autoria
de Paulo Araújo.
https://administradores.com.br/artigos/gestao-de-conflitos pág. internet
... Quando tudo parece calmo demais e por muito tempo ninguém se desentende, ou sua empresa atingiu a perfeição ou:
– Existe falta de comprometimento das pessoas: neste caso as pessoas não estão preocupadas com o resultado final,
mas sim com o seu resultado individual. Estão focadas cada uma nos seus problemas e, sinceramente, tanto fez ou
tanto faz quando o assunto é excelência ou melhoria nos processos; – Há pouca abertura para a inovação: ausência de
conflitos pode dar uma grande pista do quanto sua empresa é inovadora. Como muito pouco ou quase nada se muda, tudo
já está ajeitado em uma enorme zona de conforto; – Existe uma cultura da mesmice: as pessoas criam ou participam dos
seus feudos organizacionais. Tudo sempre foi assim. Para quê mudar e criar conflitos com outros setores,
fornecedores, comunidade ou clientes? O pensamento que impera é: melhor deixar como está.
Os conflitos organizacionais provocam o amadurecimento da equipe e estabelecem novos padrões de excelência,
produtividade e revisão de processos.
O conflito, quando bem conduzido, reestabelece o equilíbrio na empresa. ...
Aula C.1
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação
História da ética
_C.1_
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem iremos estudar as diversas acepções do conceito de ética no
decorrer do pensamento e do fazer humano ocidental. Visitaremos alguns dos principais
pensadores da ética, desde a antiguidade grega até os dias atuais.
Bons estudos.
Para realizar esse desafio você deverá atender aos seguintes itens:
Obs.: Importante perceber que o dilema moral/ético que se nos apresenta, de fato, não pode ser
tratado como tudo ou nada, ou seja, não podemos pensar que há uma solução correta apenas, mas
devemos buscar a construção de argumentos para sustentar nossa saída.
De outro lado, podemos também fundamentar a decisão dizendo que cinco vidas
não podem ser consideradas mais valiosas que duas, pelo simples fato de que
uma vida apenas já vale por si só. Independentemente do número, ora, se
pensássemos assim, estaríamos quantificando o valor da vida.
Pós-modernidade
> Ética da alteridade de Emanuel Lévinas: ética é o rosto do outro que
clama, que nos obriga a ele, que nos realiza enquanto humanos.
_C.1_ Conteúdo do livro
Acompanhe o material a seguir e conheça a história da ética, bem como as ideias dos principais
pensadores sobre o tema.
Boa leitura.
Conhecimento e prática são inseparáveis. Um não existe sem o outro. Daí que, para o
nosso filósofo, o conhecimento e a virtude são idênticos. Por isso, não existe o mal
voluntariamente desejado; se alguém pratica o mal, é por erro, por ignorância.
Entretanto, para que conhecimento e virtude se deem reciprocamente, é necessário
que se ame o bem. Somente o amor pelo bem é que possibilita não só seu
conhecimento, mas o agir de acordo com ele. A isso se convencionou chamar de
intelectualismo ético de Sócrates. (BORGES,1999, p. 45)
De acordo com o ensinamento socrático, aquele que comete o mal, o faz com o juízo
de que estaria a realizar algo para o alcance de sua felicidade. É ignorante em relação
ao bem por ter seu juízo «falseado» por aparências externas, meras impressões.
Cabe, portanto, ao homem, exercer sua função racional para alcançar o
conhecimento do bem e, uma vez alcançado, praticá-lo. Dessas considerações
podemos entender que Sócrates considera possível o agir ético a partir do seu
conhecimento.
Descreveremos essa relação, com a distinção que Platão faz acerca da alma humana.
Para o discípulo de Sócrates, a alma estaria dividida em três partes, sendo que a
parte racional deveria estar em primazia diante das outras. Essa ideia significa que a
virtude maior da harmonia seria alcançada quando a racionalidade contida na parte
superior da alma dominasse os instintos irascíveis, e estes por sua vez dominassem
os apetites baixos do corpo.
Aristóteles
O ideário aristotélico tem como fundamento a ideia de que todas as coisas tendem a
um fim, e este fim, por sua vez, seria o bem a ser realizado por aquela coisa. Aliás é
com esse pensamento que inicia sua Ética a Nicômaco. Toda arte e toda investigação,
bem como toda ação e toda escolha, visam a um bem qualquer; e por isso foi dito,
não sem razão, que o bem é aquilo a que as coisas tendem.
Nesse sentido e reconhecendo a inarredável característica de ser relacional, que é
constituinte do homem, necessitamos perscrutar dentro do pensamento aristotélico
qual seria o fim a que o homem aspira em sua vivência com o outro. Toda atividade
humana tem como finalidade um bem. No caso da ética, este bem se manifesta no
indivíduo que se prepara para viver com os outros na pólis, pois, conforme ensina
Aristóteles, o bem propriamente humano é o fim da política:
A ética, para Aristóteles, é uma investigação que constitui uma forma de política, em
outras palavras, o indivíduo de quem ela trata é o homem vivendo na pólis, onde o
bem a que todo homem aspira é a felicidade. A felicidade é o conteúdo do bem
ético, da ação moral.
Para Aristóteles um bem pode ser maior que o outro, e tal grandeza se mede pelo
grau de autossuficiência alcançado por este bem, isto é, aquilo que é parte de todo o
resto, torna a vida desejável e não carece de nenhum outro, o bem maior é a
felicidade, que se enquadra em todos os requisitos.
O bem é sempre uma excelência, e o bem ético consiste numa atividade da alma de
acordo com a virtude, isto é, numa vida virtuosa realizada plenamente, desse modo,
a felicidade não pode ser obra de um só dia, nem de pouco tempo, ao contrário, a
felicidade é obra de uma vida inteira. O bem ético, ou seja, a felicidade, é, portanto
obra de toda uma vida, não sendo alcançada imediatamente e tampouco de forma
definitiva, sendo, portanto um exercício cotidiano que a alma realiza durante todo
tempo de seu existir.
Esse raciocínio nos direciona ao entendimento de que esse bem aspirado pelo
homem, indivíduo ou comunidade -, seria a felicidade e, que ao agir bem e viver
bem, o homem seria feliz. No entanto, esse não seria o ponto mais complicado da
questão. O problema que envolve a questão é mesmo de ordem filosófica e requer
um tanto mais de apuro: concordar acerca de que a felicidade é o fim último a que
aspira o homem, não nos parece tarefa difícil. A dificuldade está em saber o que
significa isso a que buscamos, a felicidade.
O filósofo de Estagira liga de forma intrínseca o bem à ética, considerando-o como
um fim perfeito, que basta por si só, tornando a vida desejável, e para ele uma vida
desejável é sem dúvidas uma vida feliz. Desse modo, a felicidade é um conjunto de
bens, sendo, portanto, a finalidade das ações humanas. Para Aristóteles, a felicidade
estava afastada dos prazeres, tidos para ele como uma baixeza escrava, tanto da
plebe como da nobreza. A felicidade não é sinônimo de riqueza, pois esta era
somente motivo de canseira humana, sendo um meio, e não um fim da atividade
humana.
Para Aristóteles, o objetivo da ética era alcançar a felicidade. A felicidade, para ele,
era a vida boa compreendida como a vida digna. Para tal objetivo, a ética deve estar
subordinada à política, pois somente esta seria capaz de proporcionar vida digna e
feliz a seus cidadãos. Em sua obra Ética a Nicômaco, mais precisamente no Livro II,
Aristóteles expressa de maneira clara o intuito, o propósito, o objeto e o sujeito do
estudo da ética:
Estou falando da excelência moral, pois é esta que se relaciona com as emoções e
ações, e nestas há excesso, falta e meio termo. Por exemplo, pode-se sentir medo,
confiança, desejos, cólera, piedade, e, de um modo geral, prazer e sofrimento,
demais ou muito pouco, e, em ambos os casos, isto não é bom: mas experimentar
estes sentimentos no momento certo, em relação aos objetos certos e às pessoas
certas, e de maneira certa, é o meio termo e o melhor, e isso é característico da
excelência.
Há também, da mesma forma, excesso, falta e meio termo em relação às ações. Ora,
a excelência moral se relaciona com as emoções e ações, nas quais o excesso é uma
forma de erro, tanto quanto a falta, enquanto o meio termo é louvado como um
acerto; ser louvado e estar certo são características da excelência moral. A excelência
moral, portanto, é algo como equidistância, pois, como já vimos, seu alvo é o meio
termo. Ademais é possível errar de várias maneiras, ao passo que só é possível
acertar de uma maneira (também por esta razão é fácil errar e difícil acertar; fácil
errar o alvo, e difícil acertá-lo); também é por isso que o excesso e a falta são
características da deficiência moral, e o meio termo é uma característica da
excelência moral, pois a bondade é uma só, mas a maldade é múltipla (ARISTÓTELES,
2004, p.42).
Por virtude, Aristóteles compreende uma prática, os homens não nascem virtuosos,
as virtudes são adquiridas ao longo da existência, assim como os vícios. Para
Marilena Chauí, a virtude, na visão de Aristóteles, seria:
O que é a virtude? A medida entre os extremos, a moderação entre os dois
extremos, o justo meio, nem excesso nem falta. Moderar, em grego, se diz medo,
ação que impõe o médio/medida, méson. É uma ação-decisão de impor limites ao
que, por si mesmo, não conhece limites. Moderar (medo) é pensar, ponderar,
equilibrar e deliberar. A ética é a ciência da moderação ou, como diz Aristóteles, da
prudência (phrónesis). A virtude é virtude de caráter ou de força de caráter educado
pela moderação para o mesotes, o justo meio ou a justa medida. (CHAUÍ, 1994, p.
312).
Kant
Como exemplo, o autor nos ensina a respeito dessa isenção que só a uma boa
vontade é possível: o sangue frio de um celerado não só o torna muito mais
perigoso, como também, a nossos olhos, muito mais detestável do o que teríamos
julgado sem ele.
O que Kant quer nos ensinar com o exemplo trazido é que existem coisas boas, tais
como o equilíbrio, a harmonia, a coragem, mas que estes valores não têm uma
bondade intrínseca a si, ora, podem a qualquer momento servir a fins que não os
mais interessantes para o homem, haja vista o exemplo acima.
O fundamento ético então torna-se, nos dizeres de alguns autores, uma virtude
formal. Por essa via, direcionamos o pensamento para a cristalização do pensamento
da ética kantiana, qual seja, o imperativo categórico, que será alvo de discussão
adiante.
Por ora, importa mencionar a natureza formal dessa categoria ética da boa vontade.
A boa vontade assim o é então, por qual motivo?
Levinas
A rota de fuga dessa violência simbólica fica apontada com a ideia levinasiana de
responsabilidade. Ao referirmos a essa ideia, precisamos estabelecer, aliás, como já
anunciado, que a existência do eu não se funda propriamente na percepção dada
pelo cogito. O outro me antecede na relação com o mundo. Nesse sentido, a
existência do humano é não apenas mediada pelo outro, mas, em verdade, temos
nele a condição primeva de minha colocação no mundo. Estabeleço-me no mundo a
partir e através do outro. No encontro com a face do outro me responsabilizo por ele
e por todos os outros que vierem, ora, o mundo constitui-se desta e por essa
possibilidade. Assim, a existência do humano restaria dada a partir do encontro com
o outro. O outro que me permite habitar o mundo enquanto me dou a ele em
condição de refém, mesmo sem querer, mesmo sem que tenha anuído por essa
responsabilidade de maneira antecipada.
Seguimos por um via inversa daquilo que o pensamento ilustrado nos quis ensinar.
Não uma anunciação do que está por vir, a experiência com o rosto nos dá apenas a
sensação daquilo que escapa, nesse momento, estamos em vias de afirmar a
santidade, aquilo que não é palatável aos olhos, ao nariz e à boca do humano, aquilo
que o torna humano: sua inapreensão, seu ocultamento, sua surpresa e sua
transcensão.
Captar o outro a partir de uma descrição do rosto é não perceber o vulto que é o
rosto. Categoria por si só arredia aos conceitos que trazemos a ele, que impomos a
ele, se quisermos ainda nos manter no terreno da violência simbólica que agora quer
categorizar sua procedência, sua ascendência. Pensar o rosto a partir de categorias
que o expliquem, que o estabeleçam, seria negá-lo na infinitude que é, na obra
inacabada que é o humano, se quisermos nos referir a Nietzsche. O humano quando
se coloca ainda nessa condição de mistério contra o qual nada posso. É isso mesmo o
que vimos a anunciar como hipótese para um desvencilhar da teia conceitual que o
logos ocidental concebeu para fazer nascer a categoria de homem.
Nesse sentido, se mais uma vez quisermos falar sobre a violência simbólica, uma
relação de igualdade estribada nos moldes logocêntricos, é, em verdade, uma
igualdade falaciosa, ora, para que haja, de fato, uma possibilidade não violenta e,
portanto, de justiça, a tentativa de alocar o outro dentro de qualquer molde de
igualdade seria mais uma vez uma violência. Por isso, reiteramos, a igualdade se dá
mesmo na precedência do outro sobre mim, pois, uma vez que nos entendemos em
uma relação de simetria, de alguma forma, alguém deixou de ser alguém e já ser
tornou parte distinguida naquela relação. Distinguir aqui, seria uma forma violenta
de conhecimento, e, por tudo que vimos a dizer, conhecer é, neste sentido, uma
forma de violência simbólica na raiz.
O dizer o infinito é aqui um corolário das perspectivas que anunciamos. Quando a
relação com o humano resta perpassada por essa via, um sinal de luz nos abre o
olhar. Mirar o horizonte é um bom exercício para essa concepção. O mesmo
horizonte é um infinito de possibilidades que soçobra as nossas condições discursivo-
intelectuais. Não há apreensão possível que não seja aniquiladora, redutora e
violenta dessa mirada. As condições que a experiência com o horizonte nos
permitem são elas, assim como o outro, o rosto do outro, questões que transbordam
a cada piscar de olhos. O infinito com que o outro me interpela em um primeiro
momento me permite mesmo estar no eu e de outro lado, e por isso mesmo, me
responsabiliza por ele de maneira perpétua, como condição minha mesma. Não há
reflexão bastante para essa absorção. Assim, não há mais que se considerar que uma
vida sem exame não valha a pena ser vivida. Na senda que estamos a trilhar, a
constituição de autenticidade não é uma criação e/ou uma possibilidade de
construção. De fato, o próprio infinito que é o outro enquanto categoria que me
coloca no mundo, é ele em verdade que não pode ser esquecido pelo humano. Ou,
dito de outro modo, esse infinito é um imperativo sem categorias a que me devo
submeter pela minha condição mesma. Pela minha condição limitada enquanto ser
de logos que se entrega ao outro em uma realização que transcende o discurso e se
realiza agora em vias de devoção. A fé no outro é que permite o entendimento do
infinito. Nem ela, nem a santidade do outro têm limites, assim, a heteronomia com
que o outro me impõe se dá mesmo pela ideia de que o seu infinito é impossível a
mim, que sua condição de santidade é inquestionável pelo eu. Um eu que agora é
vassalo e servo, refém do infinito que o transcende, que o supera e que por isso
mesmo é um impossível. Aporia, utopia.
_C.1_ Dica do professor
Neste vídeo ofereceremos um pequeno itinerário da história da ética, desde a antiguidade até os
dias atuais.
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6 min
Atendo-nos a esses quatro momentos, vamos começar falando de três autores que
são os mais importantes na história da ética e são pensadores da Grécia
antiga.
Para Platão, uma cidade organizada é uma cidade ética, sendo, então, ética
seria dar a cada um o que é seu dentro da cidade.
Assim encerramos esse ciclo de pensamento ético que começamos com o grego
antigo e terminamos com o pensamento do Emanuel Lévinas que é chamado de
ética da alteridade. Na palavra alteridade alter significa outro, então é
uma ética para o outro.
_C.1_ Exercícios
1) A afirmação de que no rosto do outro realizamos nossa existência tem um fundo ético na
teoria de:
A) Aristóteles.
B) Platão.
C) Lévinas.
D) Kant.
E) Stuart Mill.
2) O homem é nutrido por uma natureza empírica, de sensações, e outra natureza racional.
Nesse sentido, é imprescindível ao homem o conhecimento racional de si mesmo para que
possa conhecer o mundo e distinguir entre o que é fortuito, acidental, e o que é, de fato,
racional e duradouro, verdadeiro, diríamos. Esse ensinamento é alusivo à qual pensamento?
A) Racional platônico.
B) Rosto aristotélico.
C) Alma socrática.
D) Alma platônica.
E) Racional socrático.
3) Como a ética foi percebida desde os gregos até os dilemas atuais nos ajuda a perceber como
o humano foi se criando e circundando o mundo com sua lavra espiritual. Com relação à
ética, considere os fundamentos abaixo:
I - imperativo categórico
II - ao meio termo
III - maneira desconstrutivista
IV - organização
V - aliado ao racional apenas
Agora, escolha a alternativa que relacione corretamente o pensador e seu fundamento sobre
ética:
A) Platão.
B) Sócrates.
C) Freud.
D) Aristóteles.
E) Kant.
5) O pensamento de Lévinas, a respeito da ética, nos mostra uma mudança de paradigma no
fundamento da ética, qual seria:
EQUIPE SAGAH
Coordenador(a) de Curso
Cosme Massi
Professor(a)
Bernardo G. B. Nogueira
Gerente
Neuza Belo
Coordenadora de Projetos
Renata Figueira
Analista Metodológica
Renata Figueira
Designer Instrucional
Cristhiane Maurício Cornélio
Arlene Souza
Web Designers
Fábio Gomes
Maria Cláudia Müller
Clarice Ribeiro
Kívia Bueno
Editores de Áudio e Vídeo
Átila Santos
Willian Sidney
Revisora Gramatical
Diana Amendoeira de Oliveira
Daniela de Souza França
Aula C.2
ÉTICA, CIDADANIA E RESPONSABILIDADE NAS EMPRESAS - A (2023.AGO)
1.1 - Introdução à ética
1.2 - Ética organizacional
2.1 - Ética Empresarial e Profissional: Noções Gerais
2.2 - Ética profissional, social, política
3.1 - A relação entre ética e lucro
3.2 - Tomada de Decisão baseada em princípios éticos
4.1 - Ética nas relações internacionais
4.2 - Conflito ético
Conteúdo Complementar
Conteúdo Complementar (não conta p/ avaliações, mas conta p/ frequência)
__ C.1 História da ética
__ C.2 Ética versus moral
__ C.3 A responsabilidade moral
__ C.4 Obrigação
Bons estudos.
Logo, podemos perceber que dentro do debate ético, tendo em vista os direitos humanos, temos
uma visão relativista, ou seja, aquela na qual os valores são medidos a partir de cada cultura e, de
outro lado, uma concepção universalista, que significa dizer que existem valores iguais para todos.
A partir dessas concepções, propõe-se a construção de um texto que as discuta e aponte suas
possibilidades, e também as possíveis críticas a ambos os modelos.
Para realizar esse desafio, você deverá atender aos seguintes itens:
elm = 1) [significados.com.br] - O que é Relativismo? - Igor Alves Revisão por Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa
>> Relativismo é uma corrente de pensamento que questiona as verdades universais do homem,
tornando o conhecimento subjetivo.
O ato de relativizar é considerar questões cognitivas, morais e culturais acima do que se
considera verdade. Ou seja, o meio que se vive é determinante para construir essas concepções.
A relativização é a desconstrução das verdades pré-determinadas, buscando o ponto de vista do
outro. Aquele que relativiza suas opiniões é aquele que acredita que existam outros tipos de
verdade, de perspectivas para as mesmas coisas, e que não há necessariamente um certo ou
errado.
O primeiro passo na aplicação do relativismo é não julgar. O estranhamento de outra verdade ou
comportamento ajuda na desconstrução do paradigma, e é importante para repensar os fatores que
influenciaram naquela construção.
O relativismo é associado principalmente ao conhecimento das Ciências Humanas, como a
Antropologia e a Filosofia.
>> Relativismo Sofista - O chamado Relativismo Sofista é uma linha de pensamento da filosofia
grega que defende a subjetividade da verdade. O que o homem acredita e defende, seja enquanto
moral ou conhecimento, é consoante ao que ele vê e experimenta em seu contexto.
Veja o significado da frase do sofista grego Protágoras: "O homem é a medida de todas as
coisas".
>> Relativismo Moral - A partir do relativismo sofista, constrói-se uma corrente chamada de
Relativismo Moral, a partir da interpretação dos sofistas de que também a moralidade é
importante para o processo de construção do conhecimento.
Essa corrente discorre, basicamente, sobre a ideia de bem e mal. O bem é aquilo que é
socialmente aceito, enquanto tudo o que sai da curva da moralidade instituída é tido como mal.
>> Relativismo Religioso - O relativismo religioso ultrapassa o relativismo moral. Além de
questionar a formação dos conceitos de bem e mal, diretamente ligados à religião, coloca em
questão a palavra de Deus como a única verdade. Também discorre sobre as interpretações feitas
pelos homens dos livros sagrados.
>> Relativismo Cultural O relativismo cultural é um conceito antropológico que define que o
conjunto de hábitos, crenças e valores de um grupo (ou seja, a sua cultura) determina o que
este considera verdade.
Para se relativizar a cultura, é necessário, primeiramente, não julgar. Em seguida, deve-se
buscar compreender os traços da cultura do outro, os elementos que o levaram a sua verdade.
O relativismo cultural seria, portanto, o oposto do etnocentrismo.
O pensamento etnocêntrico é aquele que considera apenas os valores e acultura do seu próprio
grupo, e a partir deles interpretar os outros.
Por seu turno, o relativismo cultural defende que a cultura deve ser posta em perspectiva, ou
seja, repensada, para que se entenda o ponto de vista do outro.
elm = 2) [significados.com.br] - O que são Direitos Humanos?- por Tié Lenzi Mestre em
Ciências Jurídico-Políticas
>> Direitos humanos são os todos os direitos relacionados à garantia de uma vida digna a
todas as pessoas. Os direitos humanos são direitos que são garantidos à pessoa pelo simples
fato de ser humana.
Assim, o conceito de direitos humanos refere-se a todos os direitos e liberdades básicas,
considerados fundamentais para dignidade. Eles devem ser garantidos a todos os cidadãos, de
qualquer parte do mundo e sem qualquer tipo de discriminação, como cor, religião,
nacionalidade, gênero, orientação sexual e política.
Direitos humanos é o conjunto de garantias e valores universais que procura garantir a
dignidade, definida com um conjunto mínimo de condições de uma vida digna.
Exemplos de direitos humanos: direito à vida; direito à saúde; direito à educação; direito ao
trabalho; direito à habitação; liberdade de locomoção (direito de ir e vir); liberdade de
expressão; liberdade de opinião; liberdade religiosa.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os direitos humanos visam a proteção das
pessoas contra ações ou falta de ações dos governos que colocam em risco a dignidade humana.
>> Origem dos direitos humanos - O conceito de direitos humanos mudou ao longo da história,
mas há alguns acontecimentos que foram muito importantes na evolução desses direitos.
O primeiro registro histórico de direitos humanos é de aproximadamente 500 anos antes de
Cristo, quando Ciro, rei da Pérsia, declarou a liberdade de escravos e alguns outros direitos
de igualdade humana. Esses direitos foram gravados em uma peça chamada Cilindro de Ciro.
Também são acontecimentos importantes na proteção dos direitos humanos a criação da
Declaração de Direitos de Virgínia, nos Estados Unidos (1776) e a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão na França (1789).
A criação da Organização das Nações Unidas em 1945 também faz parte da história da evolução
dos direitos humanos. É um fato importante porque um dos objetivos da ONU é trabalhar para
garantir a dignidade de todos os povos e para diminuir as desigualdades mundiais.
Em 1948, a ONU aprovou a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em 1966, foram
criados mais dois documentos: o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o
Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
Hoje existem várias organizações e movimentos que têm como objetivo defender os direitos
humanos, por exemplo: Anistia Internacional, Serviço Paz e Justiça na América Latina, Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Human Rights Watch, Gabinete de
Instituições Democráticas e Direitos Humanos da Organização para a Segurança e Cooperação na
Europa.
>> Declaração Universal dos Direitos Humanos - Em 1948 a Organização das Nações Unidas (ONU)
criou a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Esse documento é um dos mais
importantes na base dos direitos humanos e contém os princípios básicos relacionados à
garantia desses direitos.
A DUDH é importante no mundo por ser o documento que marca o início da conscientização e da
preocupação mundial com a proteção dos direitos humanos.
A Assembleia Geral da ONU considera a Declaração como um modelo ideal para todos os povos
para atingir o respeito a esses direitos e liberdades humanas.
A DUDH afirma que todos os seres humanos nascem livres e que são iguais em dignidade e em
direitos. Além disso, a adoção da Declaração pela ONU também tem o objetivo de evitar guerras
entre países, promover a paz mundial e fortalecer a proteção aos direitos humanitários.
>> Características dos direitos humanos - Principais características dos direitos humanos:
a sua principal função é garantir a dignidade de todas as pessoas,
são universais: são válidos para todas as pessoas, sem qualquer tipo de discriminação ou
diferenciação,
são relacionados entre si: todos os direitos humanos devem ser aplicados igualmente, a falta
de um direito pode afetar os outros,
são indisponíveis: significa que uma pessoa não pode abrir mão dos seus direitos,
são imprescritíveis: significa que os direitos humanos não têm prazo e não perdem a validade.
>> Leis sobre os direitos humanos - Os direitos humanos são tratados em várias leis,
convenções, acordos e tratados internacionais. Além da existência de leis sobre o assunto, é
dever de cada Estado ter as suas próprias leis que garantam que os direitos humanos serão
respeitados e colocados em prática.
Algumas leis que tratam dos direitos humanos: Declaração Universal dos Direitos do Homem
(1948); Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (1966); Pacto Internacional
sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966).
A Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, define quais são os direitos e garantias
fundamentais dos cidadãos. Veja alguns: igualdade de direitos e deveres entre mulheres e
homens, proibição de tortura e tratamento desumano, liberdade de pensamento, de crença e de
religião, proibição de censura, proteção da intimidade, vida privada, honra e imagem, sigilo
telefônico e de correspondências, liberdade de escolha de profissão, liberdade de locomoção
dentro do país, direito de propriedade e de herança, acesso garantido à justiça, racismo,
tortura e tráfico de drogas são crimes inafiançáveis, proibição de pena de morte, nenhum
brasileiro pode ser extraditado.
É importante saber que os direitos humanos não são limitados ao que é previsto na lei.
Outros direitos podem ser incluídos com o passar do tempo e de acordo com as necessidades,
com as transformações sociais e com o modo de vida da sociedade.
>> Direitos humanos, cidadania e democracia - Cidadania é o exercício dos direitos e deveres
civis, políticos e sociais que estão previstos na Constituição. Exercer a cidadania é ter
consciência de seus direitos e de suas obrigações para poder lutar e cobrar para que eles
sejam colocados em prática e garantidos pelo Estado.
Para pleno exercício da cidadania, os membros de uma sociedade devem usufruir dos direitos
humanos e dos direitos fundamentais, tanto no âmbito individual quanto no coletivo.
Por sua vez, ter plena cidadania e igualdade entre os cidadãos faz parte do conceito de
democracia, que prevê a participação de todos na sociedade em condições de igualdade.
Assim, a igualdade, a preservação dos direitos humanos, a dignidade e a cidadania são
fundamentais para garantir a democracia em qualquer nação.
elm = 3) https://www.jusbrasil.com.br/artigos/direitos-humanos-relativismo-x-
universalismo/1160854734
> Direitos Humanos: Relativismo x Universalismo - por Regina Andrade - Atualiz. em: 03/2022
>> A própria discussão em torno da origem dos Direitos Humanos é problemática, uma vez que
atribui-la a um evento ou documento histórico de natureza eminentemente ocidental já
contradiz a sua tentativa de ser universal. Ocorre que, para efeitos pragmáticos, a ascensão
dos direitos humanos ocorreu logo após as atrocidades da Segunda Guerra Mundial como uma
tentativa de estabelecer um conteúdo existencial mínimo que orientasse a ordem internacional,
conforme entendimento da autora Flávia Piovesan (2015). Para isso, a soberania nacional seria
relativamente flexibilizada em favor de uma campanha global que garantisse direitos inerentes
a própria natureza humana.
>> Na busca por internacionalizar os direitos humanos, formalizaram-se diversos documentos,
os quais foram assinados pelos países signatários que se comprometeram a promover e afirmar
tais direitos. Para tanto, enquanto marco central dessa política, surge a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, aprovada em Assembleia Geral da ONU em 1948, na qual 48 das
58 delegações presentes votaram a favor, incluindo o Brasil. Foi a partir desse cenário,
entretanto, que surgiu a discussão em torno da aplicabilidade dessa política global.
>> De um lado, encontra-se os universalistas na busca por um valor mínimo que transcende as
fronteiras dos países e alcança todos os povos tão somente em razão da sua condição humana,
sem qualquer distinção de raça, cor, sexo, idade, etc; ao passo que do outro, há os
relativistas, cuja proposta afasta essa universalidade dos direitos humanos, uma vez que as
peculiaridades culturais de cada povo impede a criação de uma moral universal.
>> Para o professor Boaventura de Sousa, o caráter universal dos direitos humanos opera como
um “localismo globalizado”, o qual consiste no fenômeno de desconstruir e reconstruir
culturas locais a partir de práticas e imperativos transnacionais. Em outras palavras, os
direitos humanos seriam uma espécie de arma civilizatória tipicamente ocidental utilizada por
países hegemônicos. (SANTOS, 1997). Assim, fica evidente a problemática de sustentar uma
política universal frente aos subjetivismos de cada povo.
>> Por outro lado, em sua obra “Universalismo, relativismo e direitos humanos - uma revisita
contigente”, Jayme Benvenuto cita a visão de Jack Donnely que traz à tona alguns problemas
relativos à corrente relativista. Embora seja um fato inegável, o relativismo pode legitimar
algumas condutas ou hábitos absurdos tão somente por serem frutos de determinada cultura.
Como exemplo disso, é possível citar o caso das mulheres em famílias islâmicas, as quais são
impedidas de exercer sua autonomia por estarem submetidas ao domínio masculino. Para tanto, é
razoável manter práticas culturais que cerceiam a liberdade e autonomia humana, por mais
legítima que seja no seu respectivo âmbito social?
>> Desta feita, nota-se que nas duas correntes há percalços que prejudicam a aplicabilidade
dos direitos humanos, uma vez que ambas possuem conceitos incompletos. Partindo desse embate
histórico, surge um novo paradigma que promove o diálogo entre as particularidades culturais
locais e a ideia de sociedade global: o chamado multicultularismo.
>> Enquanto percussor dessa corrente, Boaventura de Souza afirma que a ótica multicultural
representa uma nova abordagem dos direitos humanos, de maneira que a sua efetiva
internacionalização requer a sua transição de “um localismo globalizado para um projeto
cosmopolita”, cujo plano de fundo traz algumas premissas básicas. (SANTOS, 1997).
>> Primeiro, conforme entendimento acertado de Boaventura, é preciso superar essa clássica
dicotomia entre universalismo e relativismo, pois ambos possuem conceitos incompletos e
prejudiciais à emancipação dos direitos humanos. Além disso, a concepção de dignidade da
pessoa humana varia conforme cada cultura, sendo que nem sempre ela é entendida enquanto
integrante dos direitos humanos. Por fim, reconhecer que todas as culturas são incompletas é
tarefa crucial para desenvolver a concepção multicultural de direitos humanos, uma vez que
tal postura permite a abertura para novos conceitos, ideias e interpretações distintas.
>> Partindo dessas premissas, o multiculturalismo propõe um diálogo intercultural de modo que
haja uma troca de sentidos para criação de uma nova concepção de direitos humanos. Trata-se,
na verdade, de uma proposta conciliatória entre visões de mundo distintas de modo que não
haja sobreposição de uma sobre a outra.
>> Nesse mesmo cenário, o autor Joaquín Herrera Flores propõe o chamado “universalismo de
confluência ou de chegada”, cuja ideia é de que o conceito universal de direitos humanos deve
ser entendido como um ponto de chegada, de modo que seja necessário uma análise prévia entre
as relatividades culturais de cada nação. Tal proposta, portanto, não afasta totalmente a
hipótese de um consenso universal, como também não desconsidera a diferenças interculturais.
>> À vista de tudo que foi exposto, é possível concluir que não há dúvidas de que os direitos
humanos compõe um núcleo de proteção essencial para todos os povos. Todavia, a busca por sua
aplicação internacional não pode estar engessada em conceitos universais, desconsiderando
peculiaridades locais, nem tampouco se valer do véu cultural para encobrir práticas
aviltantes contra o ser humano. A ideia chave é, portanto, entender os direitos humanos a
partir de uma “hermenêutica diatópica” que, segundo Boaventura, amplia a noção de
incompletude cultural através do diálogo e promove uma política cosmopolita.
> REFERÊNCIAS
JUNIOR, Jayme Benvenuto Lima. Universalismo, relativismo e direitos humanos: uma revisita
contingente. Disponível em: file:///C:/Users/regin/OneDrive/UFS%202019/HUMANOS/
Universalismo.pdf. Acesso em dezembro de 2020.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 3ª edição. São
Paulo: Max Limonad, 1997, p. 141.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista
Crítica de Ciências Sociais, [s. l.], ed. 48, p. 11-32, 1997.
Neste infográfico você poderá visualizar as diferentes concepções de ética e moral, bem como as
distintas classificações que ambas recebem:
Aprofunde seus conhecimentos lendo o capítulo Ética versus Moral, do livro Bioética e biossegurança
aplicada, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
SUMÁRIO
Unidade 1
Unidade 2
Bioética .............................................................................................................................................................. 56
Eutan ásia ..........................................................................................................................................................60
Aborto ................................................................................................................................................................63
Unidade 3
https://sagah.com.br/gabaritos/BIOETICA_BIOSSEGURANCA_APLICADA.pdf
Conceito e princípios da ética Código de ética do esteticista
1. c 1. b
2. b 2. e
3. d 3. a
4. e 4. e
5. b 5. b
1. c 1. b
2. a
3. a 2. c
4. c 3. d
5. c 4. a
5. b
Ética e Sociedade no mundo globalizado e Princípios gerais, conceito e histórico da
ética em saúde biossegurança
1. a 1. d
2. b 2. b
3. b 3. e
4. b 4. b
5. b 5. d
1. b 1. d
2. e 2. c
3. d 3. e
4. d 4. b
5. a 5. d
Análise e elaboração do mapeamento de
Perfil profissional ético do esteticista riscos
1. b 1. b
2. d 2. c
3. e 3. d
4. a 4. a
5. c 5. c
Regulamentação da profissão
1. b
2. d
3. e
4. c
5. a
Higienização das mãos
1. e
2. e
3. e
4. a
5. e
1. e
2. e
3. a
4. d
5. d
Biossegurança em laboratórios
1. c
2. c
3. c
4. c
5. b
1. d
2. e
3. d
4. d
5. a
Ética versus moral
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste texto, você irá percorrer as principais discussões acerca da ética e
da moral. Você irá descobrir se, de fato, há essa distinção e em que ela
importa.
O conceito de ética
Moral e ética são conceitos habitualmente empregados como sinônimos, ambos
se referindo a um conjunto de normas e condutas obrigatórias. Isso ocorre,
e de maneira aceitável, porque temos dois vocábulos herdados: um do latim
(moral) e outro do grego (ética), duas culturas antigas que assim nomeavam
o campo de reflexão sobre os “costumes” dos seres humanos, sua validade e
legitimidade (TAILLE, 2007).
Nesse momento, vamos nos deter especificamente ao conceito de ética.
A partir dos textos de filósofos como Platão e Aristóteles, é possível dizer
que a ética (ou filosofia moral) inicia-se com Sócrates. Percorrendo as ruas de
Atenas, na Grécia, Sócrates questionava aos jovens ou velhos o que eram os
valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir. Assim, ele perguntava:
o que é a coragem?; o que é a justiça?; o que é a piedade?; e o que é amizade?
A elas, os atenienses respondiam dizendo serem virtudes. Sócrates voltava a
lhes indagar: o que é virtude? Os atenienses retrucavam: é agir conforme o
bem. E Sócrates questionava, ainda: o que é o bem? (CHAUÍ, 2000).
Sócrates embaraçava os atenienses porque os forçava a questionar a origem
e a essência das virtudes (valores e obrigações) que julgavam praticar ao seguir
24 Ética versus moral
os costumes de Atenas. Como e por que sabiam que uma conduta era boa ou
má, virtuosa ou viciosa? O que eram e o que valiam realmente os costumes
que lhes haviam sido ensinados?
Dirigindo-se aos atenienses, Sócrates lhes perguntava qual o sentido dos
costumes estabelecidos, quais as disposições de caráter (características
pessoais, sentimentos, atitudes, condutas individuais) que levavam alguém
a respeitar ou a transgredir os valores da cidade, e por quê. Desse modo, con-
forme Chauí (2000), as questões socráticas inauguram à ética porque definem
o campo no qual os valores e obrigações morais podem ser estabelecidos, ao
encontrar seu ponto de partida: a consciência do agente moral. É sujeito ético
moral somente aquele que sabe o que faz; que conhece as causas e os fins de
sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos
valores morais.
Nessa perspectiva, a ética pode ser vista como o conjunto de ideias que
orientam a humanidade na busca de uma convivência satisfatória, um conjunto
de normas e princípios a partir dos quais os seres humanos procuram elaborar
distinções entre o bem e o mal, o certo e o errado, para que haja uma melhor
convivência em sociedade (ALLES, 2014).
A ética regulamenta as ações do convívio humano e também configura-
-se como um conjunto de conhecimentos e teorias, expressos em princípios
e normas, de que serve a vontade humana para bem conduzir as suas ações.
Essas ações, por sua vez, voltam-se para a sobrevivência e a realização do
ser humano como ser complexo e dotado de razão, sentimentos e emoções.
Desse modo, a ética objetiva tornar a vida possível e passa a ser a mediação
necessária para que a humanidade possa se aproximar da utopia sonhada em
termos de convivência (ALLES, 2014).
Chauí (2000, p. 342) destaca que, se examinarmos o pensamento filosófico
dos antigos, é possível observar que a ética se firma em três grandes princípios
da vida moral:
O conceito de moral
A palavra moral é proveniente do termo em latim Morales, que significa
“relativo aos costumes”, aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro,
do ponto de vista da ação. A moral pode ser concebida como um conjunto de
regras aplicadas no cotidiano e que são utilizadas como elementos norteadores
dos julgamentos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral, bem como
as suas ações. A moral é, ainda, construída mediante os valores previamente
estabelecidos pela própria sociedade e os comportamentos aceitos e passíveis
de serem questionados pela ética (SILVA, 2016).
Chauí (2000) nos fornece vários exemplos para pensarmos a questão da
moral. Vejamos alguns:
Esses relatos de situações apontadas por Chauí (2000), dentre outras mais
dramáticas ou menos dramáticas, surgem sempre em nossas vidas cotidianas.
Ética versus moral 27
Para conhecer um pouco mais sobre a ética e a moral em outros autores clássicos, leia
o texto: “Considerações acerca da ética e da consciência moral nas obras de Freud,
Klein, Hartmann e Lacan” (JUNQUEIRA; COELHO JUNIOR, 2005).
Dessa forma, é preciso escolher quais são os deveres, definir que moral
condiciona a busca da felicidade. Nesse sentido, Taille (2007) destaca três
virtudes morais: justiça, generosidade e honra. A premissa que envolve esses
três conteúdos é o imperativo categórico kantiano de que existe uma dignidade
inerente a cada ser humano e que ela deve ser estritamente respeitada.
A primeira virtude, então, é a justiça, a mais racional de todas as virtudes,
segundo Piaget. Um dos elementos que a inspira é o princípio de igualdade.
Todos os seres humanos, independentemente de sua origem social, cognitiva,
dentre outros, têm o mesmo valor intrínseco e, logo, não devem usufruir de
nenhum privilégio. Por exemplo, é injusto negar o direito de voto a analfabetos,
uma vez que tal negação implica em colocá-los como cidadãos de segunda
ordem. Outro elemento essencial para se pensar a justiça é a equidade, o que
implica em tornar iguais os diferentes. Em outras palavras, os seres humanos
apresentam diferenças entre si, e elas devem ser consideradas no intuito de que,
no final, a igualdade entre todos os seres humanos seja realizada (TAILLE,
2007).
A segunda virtude diz respeito à generosidade. Essa virtude consiste no
fato de se dar ao outro o que lhe falta, sendo que essa falta não corresponde
Ética versus moral 31
Para um maior aprofundamento sobre o tema da ética e da moral, leia a obra “Ge-
nealogia da Moral” (NIETZSCHE, 2017), escrita originalmente em 1887. Essa obra foi
considerada polêmica por contestar a ideia de que a razão teria o poder de intervir
sobre os desejos e as paixões, identificando a liberdade com a plena manifestação
do desejante e do passional.
32 Ética versus moral
ALLES, L. Ética a partir dos paradigmas. In: RUEDELL, A. (Org.). Filosofia e ética. Ijuí:
Unijuí, 2014. p. 93-104.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 10. ed. São Paulo: Ática, 2000.
CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e
ética. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
CORTINA, A. Ética. São Paulo: Loyola, 2005.
COSSETIN, V. Teorias éticas. In: RUEDELL, A. (Org.). Filosofia e ética. Ijuí: Unijuí, 2014.
p. 104-110.
GONTIJO, E. D. Os termos “ética” e “moral”. Mental, Barbacena, ano 4, n. 7, p. 125-135,
nov. 2006.
JUNQUEIRA, C.; COELHO NETO, N. E. Considerações acerca da ética e da consciência
moral nas obras de Freud, Klein, Hartmann e Lacan. Psychê, São Paulo, ano 9, n. 15,
p. 05-124, jan./jun. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psyche/
v9n15/v9n15a09.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2017.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. Ed. de Bolso. São Paulo: Cia das Letras, 2017.
PEDRO, A. P. Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades em torno de
um conceito comum Kriterion, Belo Horizonte, n. 130, p. 483-498, dez. 2014.
SILVA, D. A diferença entre ética e moral. [S.l.]: Estudo Prático, 2016. Disponível em: <
https://www.estudopratico.com.br/qual-diferenca-entre-etica-e-moral/ > Acesso
em: 17 jul. 2017.
TAILLE, Y.. Ética e moral: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Armted, 2007.
Ética versus moral 33
Leituras recomendadas
CAREL, H.; GAMEZ, D. Filosofia contemporânea em ação. Porto Alegre: Artmed, 2008.
HESSEN, J. Filosofia dos valores. Coimbra: Almedina, 2001
KANT, E. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
MARCONDES, D. Iniciação à filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein. 6. ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein. 2. ed.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
RACHELS, J.; RACHELS, S. A coisa certa a fazer: leituras básicas sobre filosofia moral. 6.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
RACHELS, J.; RACHELS, S. Elementos de filosofia moral. Porto Alegre: AMGH, 2013.
_C.2_ Dica do professor
Neste vídeo você poderá apreender algumas distinções básicas entre ética e moral, bem como
conhecer algumas correntes teóricas a respeito desses conceitos.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
b8a91f8e6615d508f3dbedde5ad13ff5
5 min
Alguns autores utilizam essas palavras com o mesmo significado. Eles vão
dizer que a palavra ética se origina da palavra grega “ethos” e a palavra
moral se origina da palavra latina “mores” e tanto “ethos” quanto “mores” vão
significar costume ou hábito.
> Freud [ pensa a ética como algo heterônomo (de fora para dentro) ao
sujeito ] - Freud vai dizer que a ética é algo heterônomo, ou seja,
que é algo trazido de fora para dentro do sujeito, que a criança ainda
não tem o superego. O superego seria esse conjunto de valores que vem
de fora para dentro da comunidade e vão organizar, vão acalmar o ide,
que é a pulsão que a criança tem.
A distinção acima, trazida, ilustrada com Freud e Piaget é adotada por alguns
autores. Mas nós poderíamos discutir essa questão sobre variados outros
matizes.
Então é importante então pensar que a moral está muito mais ligada a uma
questão racional prática e a ética está, de alguma maneira, ligada também a
questões emocionais, a valores emocionais que nós acabamos por adquirir com a
família, a formação, a religião, a escola e o Estado no qual fomos criados.
_C.2_ Exercícios
1) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:
C) O relativismo antropológico afirma a existência de uma moral igual para todos os homens.
elm = Excertos do
livro Moral e Ética
de La Taille.
3) Leia as alternativas abaixo e assinale a afirmativa correta:
A) Existem teorias que distinguem a moral da ética pela sua aplicação: moral é privada, ética é
pública.
B) A única teoria válida, para distinguir ética de moral, é aquela que as separa de acordo com a
ideia de que a ética seria a teoria que estuda as práticas morais.
D) Há mais uma distinção entre moral e ética: esta última significaria a busca por saber como
devo agir, e aquela outra, buscaria saber qual vida quero viver.
A) A questão da felicidade está aliada à uma dimensão objetiva, relacionada ao que a pessoa
possui de bens tangíveis.
elm = Excertos do
livro Moral e Ética
de La Taille.
5) Qual autor pensou a teoria na qual a moral é algo que desenvolve-se da heteronomia para a
autonomia?
A) Freud.
elm = Excertos do
B) Lacan. livro Moral e Ética
de La Taille.
C) Piaget.
D) Kant.
E) Aristóteles.
_C.2_ Na prática
O debate enriquece o conhecimento e ao mesmo tempo sensibiliza as pessoas para as diferenças.
Não há cultura que esteja por completo resolvida, tampouco haverá cultura que não tenha nada a
ensinar. O pluralismo e o diálogo, junto das reflexões constantes, são a válvula pela qual o diferente
é recebido.
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
[significados.com.br]
Axiologia, também chamada de teoria de valor, é o estudo filosófico prático que busca entender a natureza dos valores
e os juízos de valor e como eles surgem na sociedade. A axiologia está intimamente relacionada a dois outros domínios
da filosofia: ética e estética.
pdf 16 páginas.
A responsabilidade moral
_C.3_
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem iremos explorar um dos pensamentos mais desafiadores da ética
nos dias atuais: a perspectiva da responsabilidade na dimensão da ética da alteridade.
Bons estudos.
Há um filme brasileiro, intitulado Tempos de paz, no qual Segismundo, que é interpretado por Tony
Ramos, é um desses indivíduos aos quais nos referimos. Essa situação, mesmo que em outro
sentido, ainda é muito comum nos dias atuais.
A partir desse enredo, crie um texto que dialogue com a ética da alteridade de Lévinas, que nos
obriga a perceber que apenas existimos pelo rosto do outro, e critique as posições acima descritas.
Orientação de resposta:
Para realizar este desafio, você deverá atender aos seguintes itens:
ÉTICA
> Rosto do outro.
> Condição para o meu existir.
RESPONSABILIDADE
ÉTICA DA ALTERIDADE
> O outro como meu local de
habitação.
ROSTO
> Morada da história que me obriga
ao cuidado.
_C.3_ Conteúdo do livro
Para aprofundar os seus conhecimentos acerca da responsabilidade moral, convido-lhe à leitura do
material a seguir. Nele refletiremos sobre o rosto, a responsabilidade e a relação ética assimétrica.
Boa leitura.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/
da8aa6e350ae9b165ade1c2de7e32eff
5 min
A) nasce da razão.
A) Kant.
B) Aristóteles.
C) Derrida.
D) J.S. Mill.
E) Lévinas.
3) Quando falamos que o “eu” é um refém do outro, queremos dizer que:
D) em qualquer circunstância.
A) Logos ocidental.
B) Logos oriental.
C) Religioso.
D) Político.
E) Técnico.
_C.3_ Na prática
Quando presenciamos um excesso de legislação a reger a sociedade, percebemos que há aí um
déficit de moralidade, ou seja, quando o número de leis é excessivo, percebemos que estamos
presenciando um problema.
Quando vemos que há, em nossa própria maneira de existir, uma responsabilidade pelo outro, que
carrega em seu rosto nossa própria condição de existir, vemos a importância do cumprimento de
nossa responsabilidade moral, sem que haja uma coação legal por detrás de nosso ato.
_C.3_ Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
RESUMO Aristóteles não trata explicitamente da responsabilidade moral de um agente por sua
ação e seu caráter. Contudo, a responsabilidade moral é matéria obrigatória em uma teoria
ética, sendo necessário, no caso da filosofia moral de Aristóteles, entendê-la em meio a
discussão sobre a ação voluntária. Nesse artigo, buscamos analisar o tema da
responsabilidade moral entendendo, primeiramente, como a ação é possível no mundo e os
processos psicológicos que a envolvem. Posteriormente, analisamos a abordagem aristotélica
sobre o ato voluntário na Ética a Nicômaco e na Ética a Eudemo para entendermos as
condições necessárias para que alguém seja moralmente responsável pelo seu ato e seu
caráter.
O filósofo lituano-francês Emmanuel Lévinas (1906-1995) é considerado um dos mais influentes pensadores éticos
do século XX. Desenvolveu uma filosofia baseada na ideia de Alteridade. Segundo Lévinas, quando o outro é
percebido como Alteridade torna-se absolutamente Outro, incompreensível, transcendente e incontornável, fonte das
grandes experiências de vida e base genuína da ética.
Para desenvolver sua argumentação, Lévinas criou termos (chamados de categorias levinasianas) que aqui serão
identificados com inicial maiúscula, como Alteridade, Infinito, Totalidade, Outro, Rosto e Mesmo. Esses conceitos se
relacionam de forma a demonstrar as falhas da filosofia ocidental e propor uma nova visão ética.
Lévinas pretende romper com a ética da filosofia ocidental, que, segundo o filósofo, desconsidera a Alteridade do
Outro. Para a mentalidade ocidental o Outro é aceito apenas se convertido e reduzido ao “eu“: minha cultura, religião,
ideologia, filosofia ou visão de mundo.
Tal perspectiva reducionista define a própria existência a partir do “ser” (que surge com Parmênides: “O ser é, o não-ser
não é”) e do “eu” ou ego cogito (“Penso, logo existo” de Descartes). Segundo Lévinas, essas são as bases filosóficas
do pensamento ocidental que constituem a realidade apenas a partir de si mesmas.
A filosofia busca totalizar todas as coisas, ter uma síntese total da existência, inclusive do eu individual,
deixando-nos “lado a lado” e não “face a face”. (HUTCHENS, 2007)
Fundamentada nessas bases, a ética ocidental (e a própria filosofia) justifica a guerra e a violência contra o Outro, uma
vez que o Outro torna-se ameaça à visão de mundo reduzida e egocêntrica.
O Outro, estando além do “eu” (ou do Mesmo), é entendido como nada, não-humano ou inexistente, portanto,
pode sofrer violência ou ser eliminado sem prejuízo à consciência, afinal, resistiu à “verdade”, sendo culpado de
seu sofrimento.
A forma de ver o mundo a partir de si mesmo, negando a Alteridade do Outro, é chamada por Lévinas de pensamento
totalizante ou Totalidade. Contudo, é impossível viver fora da Totalidade (a identidade que formou meu ser).Por outro lado,
a Totalidade não pode ser base para a ética ou a relação com o Outro.
A face do ser que se mostra na guerra fixa-se no conceito de totalidade que domina a filosofia ocidental. Os
indivíduos reduzem-se aí a portadores de formas que os comandam sem eles saberem. Os indivíduos vão
buscar na totalidade o seu sentido (invisível fora dela).” (LEVINAS, 2008, p.8)
O que Lévinas propõe é uma nova relação entre Totalidade e Alteridade que não seja excludente e destrutiva, mas
de aceitação mútua.
Lévinas entende que as relações éticas são transcendentais, estariam além da possibilidade de apreensão do “eu” e do
“ser”. Contudo, é importante frisar que “transcendental” não tem sentido divino ou sobrenatural, mas sim de algo
“além de mim” e, portanto, ainda assim inatingível.
Desta forma, a ética em Lévinas assume caráter sagrado, pois sendo o Outro transcendente, as relações com o Outro
equivalem à relação com Deus ou com o Infinito, algo além de minha capacidade de apreensão.
Se o sofrimento do Outro não me afeta, é porque ele está reduzido à Totalidade, fato que me impede de ver seu
Rosto. O Outro é sempre estrangeiro para mim, ainda que seja irmão, vizinho ou viajante. Mas a visão do Rosto, quando
acontece, sempre surpreende, pois é visão do Outro nunca antes percebida que rompe minha Totalidade e minha
ingenuidade. Deixamos de ficar “lado a lado” e ficamos “face a face”. Rosto é um conceito de Lévinas que sintetiza sua
ética e possui uma complexidade que não pode ser abordada em um texto introdutório.
Por isso o nome da principal obra de Lévinas é Totalidade e Infinito, pois a relação ética é sempre relação do
“eu” (Totalidade) com algo irredutível ao pensamento (Infinito).
Querer reduzir o Outro ao pensamento é querer, com minha Totalidade, abarcar o Infinito. Mas isso, obviamente, é
impossível. Se acredito que conheço o Outro, isso é apenas ilusão egoísta da Totalidade. A visão do Rosto, que é vestígio
de Infinito, é a súbita percepção disso.
A ética da Alteridade
A relação ética genuína ocorre quando a Alteridade é preservada sem, contudo, deixar de acolher o Outro em sua
fragilidade e necessidade. É uma relação de passagem e aceitação, não de concordância, posse ou identidade, pois
o “eu” será sempre o Mesmo e o outro será sempre o Outro.
Essa insistência de Lévinas no Outro como Alteridade (e consequentemente como Infinito) busca transportar para a ética
uma das mais antigas experiências humanas: a experiência com o sagrado.
Não se trata da experiência das religiões, principalmente quando dogmáticas, pois apenas reduzem o Outro ao Mesmo.
Trata-se das autênticas experiências com a Alteridade, quando há assombro e súbita percepção de algo além de qualquer
tentativa de posse ou redução.
Essa é a experiência que Lévinas chama de epifania do Rosto, e marca claramente a fronteira entre religião (que é relação
com o Mesmo) e religiosidade (relação com o Infinito), pois rompe a ingenuidade.
A violência é uma das chaves para o entendimento da ética da Alteridade de Lévinas, pois a redução do Outro ao
Mesmo sempre gera algum tipo de violência que parte daquele que recusa ou reduz Alteridade.
Ainda que a filosofia de Emmanuel Lévinas pareça religiosa, o filósofo pretende com isso demonstrar uma metafísica
positiva de aceitação do Outro — uma ética da Alteridade. Evita, assim, a metafísica negativa (ética excludente da
teologia, filosofia e política ocidentais), pois, nesses casos, a única certeza clara, nas palavras de Lévinas, é “a certeza da
paz que traz a evidência da guerra”.
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de
Brasília.
Referência Bibliográfica
Obrigação
_C.4_
Apresentação
A conta do grande número de regras que circulam e norteiam as relações sociais nem sempre é
percebida. Os indivíduos estão envolvidos em uma rede ampla de costumes, os quais exigem
constantemente certos comportamentos que são considerados legítimos e desejáveis, em relação a
outros que são, por outro lado, entendidos como execráveis e puníveis. Existe a constante
demanda por ações individuais que não são, necessariamente, resultado de escolha livre,
deliberada, mas que se constituem naquilo que as pessoas e a sociedade esperam de cada
indivíduo. Contudo, é possível perguntar-se: As obrigações morais exprimem uma verdade a ser
acatada ou um problema a ser refletido? A moral corresponde à simples obediência em relação às
obrigações sociais ou teria um sentido mais amplo, como o de compreensão do
significado profundo das ações? Cabe ao indivíduo refletir e questionar sobre as normas vigentes e
definir, assim, o que é imprescindível ou descartável em termos de obrigação, ou, ainda, por outro
lado, cabe a cada um a simples obediência prática, sem a qual o mundo cairia no completo caos?
Essas são algumas das questões que nortearão os estudos a seguir.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá um pouco mais sobre o conceito de obrigação,
algumas linhas teóricas fundamentais que se desenvolveram ao longo da história do pensamento e
como essa noção chegou até nossos dias. Além disso, verá a relação entre a noção de obrigação e o
pensamento moral da Filosofia ocidental e, ainda, terá contato com a aplicação do conceito nas
relações morais que permeiam a prática no cotidiano.
Muitos, no Brasil, são favoráveis a projetos de reforma eleitoral que pretendem tornar facultativa a
participação dos cidadãos nas eleições. Outros defendem que o direito e a obrigatoriedade do voto
representam uma conquista histórica, da qual não se deveria abrir mão, haja vista que as eleições
por meio do voto direto do maior número de pessoas seriam a garantia de que a democracia está
em efetivo exercício.
a) São feitos paralelos com outras nações modernas, tais como os Estados
Unidos, a fim de justificar a noção de que é possível a manutenção da
democracia no modelo eleitoral facultativo. Também é possível argumentar a
respeito do valor qualitativo das escolhas, sobrepondo-se, assim, ao valor
quantitativo que pode, ao contrário, representar numericamente o processo de
manipulação de massas. Assim, o processo eleitoral deveria ser exercido de
forma esclarecida e consciente, atributos esses que parecem ser incompatíveis
com a condição de coerção da obrigatoriedade.
Confira.
> OBRIGAÇÃO
>> Exemplos:
\ Respeito às normas de trânsito;
\ Aversão a cometer crimes passíveis de punição;
\ Atendimento às normas de conduta da empresa;
\ Pagamento regular de taxas e impostos exigidos
pelo Estado.
RESPONSABILIDADE
> MORALIDADE
>> Exemplos:
\ Respeito aos cultos religiosos da tradição na qual
está inserido;
\ Obediência aos valores familiares assimilados na
formação;
\ Alinhamento com os modos de pensamento
predominantes;
\ Aversão aos modos de vida contrários aos valores
de sua cultura.
_C.4_ Conteúdo do livro
Para discutir a obrigação, é essencial tratar da tradição filosófica dos contratualistas modernos,
passando pela Filosofia contemporânea, abordando as teorias de Nietzsche e dos frankfurtianos,
Horkheimer e Adorno, sempre buscando as conexões e tensões entre o que se entende no senso
comum por obrigação e a moralidade, e o que a Filosofia teria a acrescentar sobre o tema.
Leia o capítulo Obrigação, do livro Ética. Aqui, você será convidado a refletir sobre o conceito de
obrigação e as suas relações com a noção de moralidade.
Boa leitura
SUMÁRIO
Ética no m undo digital ...................................................................................... 9
Gisele Varani
A ética e o mundo das redes sociais ......................................-..................................................................... 9
A questão ética nas redes sociais .................................................................................................................. 13
O acesso desigual à informação - desafios éticos ............................................................................ 16
Introdução
Nem sempre nos damos conta do grande número de regras que circulam
e norteiam as relações sociais. Nos encontramos em uma rede ampla de
costumes, os quais exigem constantemente certos comportamentos
que são considerados legítimos e desejáveis, em relação a outros que
são, por outro lado, entendidos como execráveis e puníveis. Existe a
constante demanda por ações individuais que não são, necessariamente,
resultado de escolha livre, deliberada, mas constituem-se naquilo que as
pessoas e a sociedade esperam de cada indivíduo. Contudo, podemos nos
perguntar: as obrigações morais exprimem uma verdade a ser acatada,
ou um problema a ser refletido? A moral corresponde à simples obedi-
ência em relação às obrigações sociais, ou teria um sentido mais amplo,
de compreensão do sentido profundo das ações? Cabe ao indivíduo
refletir e questionar sobre as normas vigentes e definir assim o que é
imprescindível ou o que é descartável em termos de obrigação, ou, por
outro lado, cabe a cada um a simples obediência prática, sem a qual o
mundo cairia no completo caos? Estas são algumas das questões que
irão nortear nossos estudos.
Neste capítulo, você vai entender um pouco mais sobre o conceito de
obrigação, algumas linhas teóricas fundamentais que se desenvolveram
ao longo da história do pensamento e como esta noção chegou até
nossos dias. Verá a relação entre a noção de obrigação e o pensamento
moral da filosofia ocidental, e ainda terá contato com a aplicação do
conceito nas relações morais que permeiam a prática no cotidiano.
2 Obrigação
Conceito de obrigação
A noção de obrigação está presente ao longo de toda a história da humanidade.
Constitui-se na exigência do coletivo perante o indivíduo que, para encontrar-se
inserido no ambiente social e desfrutar dos benefícios que este proporciona,
deve contribuir com sua parte para a manutenção das relações coletivas.
O modo de construção das sociedades varia muito de uma época para outra,
de uma localidade geográfica para outra, o que reflete a diversidade de culturas.
Entre os séculos XVI e XVII uma das principais questões que ocuparam os debates
filosóficos foi em torno do surgimento da sociedade civil, ou seja, o que levou os
homens a formarem Estados e qual a origem legítima de seus governos.
A ideia de um contrato social aparece teorizada em filósofos como J. Althusius
(1557-1638), Thomas Hobbes (1588-1679), B. Spinoza (1632-1677), S. Pufendorf (1632-
1694), John Locke (1632-1704), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), I. Kant (1724-1804).
Fonte: Medeiros (2011).
O contrato social seria nulo caso requeresse dos indivíduos aquilo que é
reconhecido como direito natural. O contrato social (e o Estado constituído
para preservar o contrato) deveria assim buscar de todos os modos mecanismos
que garantissem não apenas a segurança, mas a condição de liberdade e de
propriedade, sem o que, qualquer contrato tenderia ao rompimento. Segundo
Locke (2006), o contrato hobbesiano nunca poderia ser legítimo, já que nenhum
indivíduo seria capaz de estabelecer acordo contra sua própria natureza, ou
contra aquilo que se entende como sendo seus direitos naturais.
Locke dialoga com Hobbes tomando por base o momento histórico que
estava vivendo, já muito distinto do que foi vivido por seu antecessor. Diferente
do período de Hobbes, marcado pela legitimidade dos Estados absolutistas,
havia no tempo de Locke o clamor pela definição de novas formas de cons-
tituição da sociedade. Falamos do século XVIII, conhecido como século
das luzes, o qual foi marcado por grandes movimentos intelectuais, como o
Iluminismo, e grandes revoluções sociais, como a Revolução Americana e
a Revolução Francesa.
6 Obrigação
As tábuas das leis que Moisés trouxe do monte Sinai contendo os dez mandamentos
foram fundamentais para o povo hebreu no processo de transição que estavam vivendo
naquele momento. Tinham por base alguns princípios básicos de justiça, como: não
matarás, não roubarás, entre outros, os quais se preservam no interior das legislações
dos estados modernos de direito, essencialmente laicos.
Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade porque não desejam
que as suas ilusões sejam destruídas. (NIETZSCHE, 2007).
A Escola de Frankfurt nasceu no ano de 1924, em uma quinta etapa atravessada pela
filosofia alemã, depois do domínio de Kant e Hegel em um primeiro momento; de
Karl Marx e Friedrich Engels em seguida; posteriormente de Nietzsche; e finalmente,
já no século XX, após a eclosão dos pensamentos entrelaçados do existencialismo
de Martin Heidegger, da fenomenologia de Edmund Husserl e da ontologia de Karl
Robert Eduard von Hartmann. A produção filosófica germânica permaneceu viva no
Ocidente, com todo vigor, de 1850 a 1950, quando então não mais resistiu, depois de
enfrentar duas guerras mundiais.
Obrigação 11
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Porém:
> Será que os indivíduos são efetivamente formados para a liberdade? ou
> Será que o voluntarismo e a pretensa liberdade não se tornaram uma nova
forma de obrigação?
Os indivíduos fazem isso, não mais como uma forma voluntária de manifestação,
mas como forma de atender às exigências sociais, como uma maneira de atender
a requisitos ao convívio.
B) São autores que pensam a contemporaneidade, preocupados com a diluição dos valores e a
velocidade das relações no meio social globalizado.
E) Ilustraram, por meio da noção de contrato social, o modo como entidades divinas
estabelecem relação com os humanos e justificam a necessidade de ações morais por parte
dos indivíduos.
https://www.significados.com.br/contratualismo/
> Contratualismo é um conjunto de correntes filosóficas que tentam explicar a origem
e a importância da construção das sociedades e das ordens sociais para o ser humano.
> De um modo geral, o contrato social ou contratualismo consiste na ideia de um
acordo firmado entre os diferentes membros de uma sociedade, que se unem com o
intuito de obterem as vantagens garantidas a partir da ordem social.
> Assim, os indivíduos abdicam de certos direitos ou liberdades para que possam
organizar um governo, liderado por um poder maior ou um conjunto de autoridades.
> De acordo com a maioria das correntes teóricas do contratualismo, o medo, a
insegurança e a instabilidade da natureza humana garantiu com que os indivíduos
pudessem conceder poderes a determinadas pessoas em específico para que pudesse ser
organizada uma ordem em suas vidas, garantindo estabilidade e segurança,
principalmente.
> Neste sentido, surge o compromisso coletivo de obedecer e acatar as normas
estabelecidas pelo governo, assim como este também deve estar ciente das suas
obrigações para garantir o bem-estar do povo.
> Teorias do Contratualismo. Teorias que tentam explicar o contratualismo emergiram
durante os séculos XVI e XVIII, sendo que os principais representantes e filósofos
contratualistas da historia foram: Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques
Rousseau.
>> Contratualismo de Hobbes. Para Thomas Hobbe (1588 – 1679), o contrato social se
originou a partir da necessidade do homem de controlar a si mesmo. De acordo com o
filósofo e teórico político, o “estado de natureza” humano é de dominação sobre os
demais, sendo capazes de destruir os seus iguais para atingir os seus desejos
pessoais.
Este estado provoca uma constante sensação de insegurança e medo entre as pessoas,
que também desejam sair da condição de “guerra eterna” e atingir a paz.
Levando isso em consideração, segundo Hobbes, os indivíduos procuraram se fortalecer
em grupos e seguir normas sociais, que acabavam por restringir a liberdade absoluta
das pessoas e garantir a segurança geral.
Hobbes foi o primeiro filósofo moderno a explicar de modo mais aprofundado o
contratualismo.
>> Contratualismo de Locke. Para John Locke (1632 – 1704), o contrato social surgiu
pela necessidade de criar um método de julgamento parcial dos interesses das
pessoas.
Locke era um crítico ferrenho aos regimes de governo ditatoriais ou monárquicas. Ele
defendia um sistema mais democrático, onde os “homens livres” tinham o direito de
eleger os seus representantes e as decisões tomadas deviam se basear a partir da
deliberação comum, e não unicamente pela vontade de um soberano.
>> Contratualismo de Rousseau. Ao contrário das premissas do “estado de natureza”
descrito por Hobber e Locke, Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) defende a ideia de
que o ser humano é essencialmente bom, mas a sociedade é responsável pelo seu
corrompimento.
Rousseau acredita que todo poder se forma a partir do povo e deve ser governado por
ele. Assim, o povo deve escolher seus representantes para governar, pessoas que
devem exercer o poder em nome dos interesses gerais da população.
Neste contexto, os cidadãos livres renunciam à vontade própria em prol da vontade
comum (vontade geral).
> Contratualismo e Jusnaturalismo. Antes mesmo da ideia do contratualismo, ou seja,
da formação do Estado como mediador da vida dos indivíduos em sociedade, existia a
ideia de um “direito natural”.
O Jusnaturalismo consiste na doutrina filosófica de que antes das normas definidas
pela ordem social, existia um modelo de direito natural dos seres humanos. Este
direito pode ser concedido a partir de uma revelação feita por Deus aos humanos
(jusnaturalismo teológico), a partir da ideia da existência de leis naturais do
universo (jusnaturalismo cosmológico) ou de leis naturais da vida que o ser humano
tende a descobrir unicamente através da razão (jusnaturalismo racionalista).
2) Sobre as distinções teóricas entre a Filosofia de John Locke e a de Thomas Hobbes,
podemos destacar:
B) o fato de que divergiram em pontos essenciais, como, por exemplo, a decisão por parte de
Locke em não usar a expressão "estado de natureza", consagrada na teoria de Hobbes.
C) a evidência de que ambos buscaram justificar, pela via ontológica, um determinado modelo de
Estado: no caso de Hobbes, o Estado Liberal e, no caso de Locke, a monarquia absolutista.
E) o fato de que ambos, muito embora tivessem feito uso dos mesmos constructos teóricos, a
saber, o estado de natureza e o contrato social, formularam tais conceitos de forma distinta,
evidenciando a adesão a um modelo específico de sociedade.
3) Indique a alternativa que corresponde à noção de Friedrich Nietzsche acerca do conceito de
verdade e sua relação com princípios da moralidade na sociedade ocidental.
A) Nietzsche defendia que a verdade tem uma origem histórico-social, baseada na revelação
divina e no que é esperado dos indivíduos pela vontade superior.
E) Nietzsche faz uma análise que considera a origem do conceito de verdade como algo
elaborado social e historicamente a partir de relações de poder. Assim, o pensamento moral
manifestaria o domínio de uma verdade que se impõe historicamente às outras.
4) De acordo com os filósofos frankfurtianos Max Horkheimer e Theodor Adorno, a sociedade
do "capitalismo tardio" caracteriza-se basicamente por:
A) sustentar a relação de luta de classes, em que a classe burguesa dominante, detentora dos
meios básicos de produção, impõe aos proletários a exploração da força de trabalho nas
fábricas.
C) exigir, por meios coercitivos e punitivos, a adesão dos indivíduos, tendo em vista a
manutenção do poder em vigência, e oferecer em contrapartida a promessa de se garantir a
segurança.
E) ter sido cenário de intensas transformações políticas e sociais, as quais deram origem a
estruturas políticas e legais desvencilhadas de demandas estritamente religiosas.
5) Considerando a relação entre o pensamento moral, contido nas tradições religiosas, e os
conceitos político-filosóficos, que buscam interpretar as sociedades e as relações de poder,
podemos afirmar que:
A) não há qualquer vínculo entre as tradições morais religiosas e as formas de poder que
constituíram historicamente os modelos de Estado.
B) não é possível estabelecer relação direta entre a tradição filosófica e os sistemas religiosos
contidos na tradição.
D) é possível estabelecer vínculos entre as tradições morais e a elaboração das teorias político-
filosóficas da modernidade, muito embora eles não sejam completos e irrestritos.
E) tanto a tradição religiosa quanto a filosófico-política têm sua própria história e caminharam
em paralelo sem a intervenção de um sobre o outro.
Malala Yousafzai (1997) é uma militante dos direitos das
_C.4_
crianças, uma jovem paquistanesa que foi vítima de um atentado
Na prática por defender o direito das meninas de ir à escola. Com 17 anos
foi a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz.
O caso da jovem Malala, a estudante que foi baleada na cabeça aos 15 anos e defendia o direito à
educação para as meninas, ganhou notoriedade em todo o mundo, a partir do questionamento
acerca dos valores e das obrigações individuais em relação às tradições e aos costumes. Foi um
símbolo da tensão que ainda existe entre correntes conservadoras que exigem a manutenção das
tradições e a tendência de aproximação dos países árabes e orientais em relação aos costumes
ocidentais.
No mundo globalizado, o contato com culturas diversas faz refletir sobre o que realmente importa,
o que é fundamental e o que pode representar somente a conservação de hábitos ultrapassados.
Oriunda de um meio em que as mulheres não são estimuladas às conquistas externas, sejam estas
sociais, profissionais ou acadêmicas, a jovem acabou se tornando porta-voz de desejo de muitas em
romper com as antigas obrigações sociais e morais, e aproximarem-se dos padrões mundiais de vida
e convivência. Saindo do estreito ciclo em que vivia, ela foi convidada a residir no Reino Unido,
enquanto cursava a faculdade, e já visitou diversas partes do mundo na condição de ativista
política.
Para ter uma ideia sobre esse choque cultural, veja a imagem a seguir, que compara os direitos das
mulheres no Afeganistão e no Reino Unido:
elm = imagem deletada. Copiado apenas texto sem formatação. Apenas informa
temas, sem detalhe nenhum!
https://youtu.be/QnlIt0DEUwg 1h6min
pdf 24 páginas.
RESUMO: Neste artigo, procuro mostrar que Kant concebe a pedagogia como uma das formas de
realização de sua filosofia prática. Ofereço, primeiro, uma caracterização geral de
alguns dos aspectos centrais de sua filosofia prática, para poder mostrar, em seguida,
que o conceito de “disciplina” desempenha um papel central de mediação entre as
convicções pedagógicas e morais kantianas.