Você está na página 1de 47

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense

Departamento de Ensino de Graduação e Pós-Graduação


Campus Pelotas
Curso de Engenharia Elétrica

Correção de Temperatura em Termografias de Seccionadoras de Média


Tensão para Correta Definição da Prioridade em Plano de Ação

Maiquel Lima Pereira

Orientador: Prof. Wagner Brignol, Dr.

Pelotas-RS, 2022
1 Introdução

• Confiabilidade do SEP;
• Plano preventivo e preditivo;
• Ensaio Termogáfico;
• Análise qualitativa e quantitativa;
• Seccionadoras de MT;
• Gestão de ativos, Resoluçõs 367 e 674;
• Projetar temperatura para corrente nominal.
2 Objetivos gerais e específicos

Projetar a temperatura de equipamentos de média tensão (seccionadoras),


inspecionados em um carreamento aleatório, para o valor de temperatura de
carregamento pleno.

 Ensaiar duas seccionadoras de mesma corrente nominal;

 Explorar métodos para correção/projeção da temperatura;

 Comparar os resultados projetados com o valor medido;


2.1 Estrutura do trabalho

 Fundamentação Teórica;

 Explorar métodos para correção/projeção da temperatura;

 Comparar os resultados projetados com o valor medido;

 Equipamentos de ensaios, as chaves seccionadoras ensaiadas, os resultados


obtidos, os métodos de correção e os critérios de classificação das
temperaturas projetadas;

 Implementação dos métodos sugeridos e a análise dos resultados obtidos;

 Conclusões, limitações e sugestões para trabalhos futuros.


3 Fundamentação
Calor é a energia transferida entre um sistema e sua vizinhança, devido
exclusivamente a uma diferença de temperatura entre esse sistema e alguma
parte de sua vizinhança. A quantidade de calor em um objeto é a energia cinética
total das moléculas que o compõem. (KELLER; GETTYS; SKOVE, 2004).
3.1 Transferência de Calor

Condução Radiação

Convecção
3.2 Princípios da Radiação Infravermelha

Todo e qualquer objeto com sua temperatura acima do zero absoluto (0K ou
-273,16°C) emite radiação térmica em função da agitação térmica dos átomos
e moléculas dos quais são constituídos. Quanto maior essa agitação, mais
quente se encontra o objeto e mais radiação ele emite. (ITC, 2013).
3.2 Princípios da Radiação Infravermelha

α - Absorvidade;

ε - Emissividade;

ρ - Refletividade;

τ – Transmissividade.

Alvos reais podem ter todas as características listadas anteriormente,


absorver, refletir e transmitir radiação infravermelha. Porém,
normalmente, na maioria das vezes, estes não são transmissivos,
mas sim opacos
3.3 Interpretação de uma Imagem Térmica

As paletas tem o objetivo de mostrar padrões e relacionamentos da


informação térmica e permitir ao observador uma interpretação correta de
valores individuais. (VERATTI, 2015).

• Ferro;
• Ártico;
• Arco Íris;
• Arco Íris alto contraste;
• Incandescente branco,
• Incandescente Preto;
• Lava.
(FLIR, 2022).
3.3.3 Avaliação de uma Imagem Térmica
A termografia qualitativa depende da análise dos padrões térmicos para revelar
a existência e localizar a posição de anomalias, e avaliá-las. (ITC, 2013).
A termografia quantitativa, usa medições de temperatura como um critério para
determinar a seriedade de uma anomalia. Para conseguir estabelecer
prioridades de reparo. (ITC, 2013).
3.4 Manutenção de Subestações
A gestão da manutenção em uma concessionária é responsável por exercer as
ações de coordenação, supervisão, controle, comando e execução da
operação, gestão de ativos e manutenções das instalações de Média Tensão
(MT) e de Alta Tensão (AT) nas subestações de subtransmissão.
3.5 Atividades de Manutenção de Subestações

Manutenção Preventiva é o Conjunto de atividades de manutenção


programadas e planejadas para o controle e conservação de equipamentos.
(CEEE-D, 2016).
A manutenção preditiva é a técnica que se fundamenta na monitoração
periódica de certos parâmetros de equipamentos em operação.
(MALDAGUE, 2001).

Corretiva Preventiva Preditiva


3.7 Classificação do Grau de Críticidade CEEE-D
Criticidade é a escala para classificação dos defeitos detectados nas atividades de inspeção em
subestações e demais equipamentos integrados ao sistema de distribuição.(CEEE-D, 2016).
4.1 Equipamento Ensaiado

A seccionadora Lorenzetti, 29,16, foi retirada de operação do alimentador


número 3 da subestação TAIM – Subestação de 12,5 MVA, onde a seccionadora
operava no nível de tenção de 23 kV.
4.1 Equipamento Ensaiado
A seccionadora 29-16 foi inspecionada através de ensaio termográfico em janeiro de 2021
e apresentava = 85°C e = 99,3°C.
4.2 Equipamentos Utilizados
Termógrafo FLIR T840;
4.2 Equipamentos Utilizados
Fonte de corrente Mult Amp, modelo CB-7110

Micro-ohmímetro Megabras MPK 253


4.3 Circuito de Ensaio

Fonte de corrente Mult Amp;


Seccionadora Lorenzetti 600A;
Seccionadora DAX 600A;
Amperímetro tipo alicate.
4.3 Resultado Obtidos
Tabela 5 – Injeção de 200A
4.3 Resultado Obtidos
Tabela 7 – Injeção de 600-200A
4.3 Resultado Obtidos

Figura 18 - Temperatura das seccionadoras Figura 21 - Temperatura das seccionadoras


sob injeção de 200A. sob injeção de 600/200 A
4.5 Correção de Temperatura

Com a necessidade de avaliar a condição operacional do equipamento


necessitamos saber sua temperatura quando operando sob carga nominal.
4.6 Correção com Fator de Expoente

A elevação da energia em um equipamento elétrico é proporcional ao quadrado de sua


corrente elétrica em função do efeito Joule, sendo assim a quantidade de calor gerado
está diretamente relacionada pelo produto, entre a resistência de contato e o quadrado
da corrente.

(LYON, ORLOVE E PETERS, 2002), experimentalmente comprovam que a elevação


de temperatura pode ser obtido através da equação 5 ajustada para:

Onde:

a = 1,6 : para o aumento mínimo de temperatura a plena carga;

a = 1,8 : para o aumento máximo de temperatura a plena carga.


4.7 Correção N 7425

Esse método prevê correção considerando o resfriamento em função da


velocidade do vento, correção em função do nível de carregamento do equipamento e
mais um equacionamento levando ao fator térmico corrigido. Na sequência, esse valor
é comparado com uma tabela predefinida que dita as providências necessárias.
4.7.1 Fator de Correção da Velocidade do Vento
Em inspeções termográficas realizadas em ambientes abertos, o vento exerce um
papel importante no resultado final da inspeção. Ventos com velocidade relativamente
baixa podem afetar consideravelmente a temperatura do objeto inspecionado.(SNELL,
2001).

Efeito do vento sobre a temperatura de um disjuntor a óleo. (a) Com velocidade do vento
igual a 0 km/h – (b) Com velocidade do vento moderada. (SANTOS, 2012).
4.7.1 Fator de Correção da Velocidade do Vento

A tabela 9 da norma N-2475 é referenciada em KAPLAN, 1999.


4.7.2 Fator de Correção de Carga

Fator utilizado para que todas as termografias realizadas, tenham como base a
mesma referência, ou seja, a carga nominal do equipamento. .
4.7.3 Temperatura Final Corrigida

A temperatura final é obtida através do equacionamento:

Onde:

∆TC = (Tm – Ta) x FCC x FCVV


4.8 Correção pelo Modelo Auto Regressivo

A ideia por trás desse modelo é que, negligenciando a influência atmosférica, a


elevação atual de temperatura não é só função da corrente atual, mas é também
influenciada por correntes do passado. (SANTOS, 2012, p.127).

Em uma forma geral:

Onde:

∆θt (°C) é a elevação de temperatura no instante t (s);arga;

(°C/A²) são coeficientes constantes obtidos pelo algoritmo dos mínimos quadrados;

I (A) é a corrente de operação no período ti.∆t.


4.9 Critérios para Classificação da Temperatura

Devemos realizar uma análise da criticidade das anomalias térmicas registradas e


corrigidas, para que possam ser traçadas as prioridades e os respectivos prazos para
execução das atividades de correção através das equipes de manutenção.
4.10 Critérios Norma N-7425

A elevação máxima de temperatura admissível é obtida através do seguinte


equacionamento:
4.10.1 Fator de Elevação de Temperatura N-7425

Fator de Elevação de Temperatura (FET) O FET é obtido através do


equacionamento:

Onde:
FET = Fator de elevação de Temperatura;
= Elevação de temperatura corrigida;
= aquecimento máximo admissível.
4.10.1 Classificação N-7425

A classificação dos aquecimentos medidos e a determinação da providência a ser


tomada seguem os critérios da tabela.
4.11 Comparativo de Severidade com normas
internacionais

A classificação dos aquecimentos medidos e a determinação da providência a ser


tomada seguem os critérios da tabela.
5 Implementação dos Métodos

Santos, Laerte (2012) realiza um estudo aplicado a componentes do sistema


elétrico de potência, onde por inspeção e empregando o método dos mínimos
quadrados chega em uma constante de tempo de aquecimento τ média de 35,9 min.

Considerando a dinâmica da variação do carregamento de um alimentador de


uma subestação do sistema de subtransmissão, utilizou-se variações de 30 minutos
para o desenvolvimento deste trabalho.
5 Implementação dos Métodos

Santos, Laerte (2012) realiza um estudo aplicado a componentes do sistema


elétrico de potência, onde por inspeção e empregando o método dos mínimos
quadrados chega em uma constante de tempo de aquecimento τ média de 35,9 min.

Considerando a dinâmica da variação do carregamento de um alimentador de


uma subestação do sistema de subtransmissão, utilizou-se variações de 30 minutos
para o desenvolvimento deste trabalho.
5.1 Critério de Correção com Fator de Expoente

Calculando a projeção de temperatura para a chave Lorenzetti, com os resultados


de injeção de 400A e com a constante de tempo de 30 min, utilizando o critério com
fator de expoente.
5.2 Critério de Correção N-7425

Obtido como resultado para o FET o valor de 1,43, superior ao valor de 0,9 que já
caracteriza o equipamento como severamente aquecido, em uma situação crítica e
que necessitaria de uma intervenção imediata. O que é compatível com a condição do
equipamento sob teste.
5.3 Critério do Modelo Auto Regressivo

Para utilização do método auto regressivo foram utilizados os valores medidos


quando da variação de corrente injetada com intervalos de aproximadamente 30
minutos.
5.3 Critério do Modelo Auto Regressivo

Resolvendo pelo método dos mínimos quadrados no MATLAB:


5.3 Critério do Modelo Auto Regressivo

Resultando na elevação de temperatura estimada da seccionadora Lorenzetti em 108,58°C,


e na elevação de temperatura estimada de 68,38°C.
5.3 Comparação dos Resultados
6 Conclusão

• Foi proposto a aplicação de diferentes métodos de correção, um já difundido dentro área técnica
com aplicação prática – N 7425. Da literatura foram explorados mais dois: um já conceituado, ao
qual nomeie de fator de expoente, e outro novo – auto regressivo. Sendo que os resultados
obtidos foram convergentes e condizentes com o esperado;

• O modelo auto regressivo possui a limitação de necessitar de um número maior de medições;

• N-7425 e fator de expoente são extremamente aplicáveis dentro das rotinas das equipes de
manutenção;

• aplicação de N-7425 quando pudéssemos garantir um carregamento maior que 50% da corrente
nominal do equipamento e o fator de expoente de uma forma mais genérica, ou seja, quando essa
condição de carregamento não puder ser garantida.

• interessante que trabalhos futuros explorassem este, aplicando a metodologia a uma gama maior
de modelos de seccionadoras, para então ratificar os resultados e a metodologia.
7 Referências Bibliográficas
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas; ABNT NBR 15572:2008 - Ensaios não
destrutivos - Termografia por infravermelho - Guia para inspeção de equipamentos elétricos e
mecânicos. 2008.
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR IEC 62271 -102 Equipamentos de alta-
tensão Parte 102: Seccionadores e chaves de aterramento. 2006.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR IEC 60694 Especificações comuns
para normas de equipamentos de manobra de alta-tensão e mecanismos de comando.
2006.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR-IEC 60694. Especificações comuns
para normas de equipamentos de manobra de alta-tensão e mecanismos de comando.
2006.
ALMEIDA, M. T. Manutenção Preditiva: Confiabilidade e Qualidade. Itajubá: Escola Federal de
Engenharia de Itajubá, 2009.
BARROSA, Marcelo R. Princípios fundamentais da transferência de calor. 2004.
BARRETO Jr; J. T.; CARVALHO; S. G.; OLIVEIRA, M. J.; Martins, H. J. A. Silva, A. N.
Diagnóstico de Campo da Condição Operativa de Subestações 138kV através de
Termovisão. CEPEL, 2001.
7 Referências Bibliográficas
CEEE-D. Diretrizes para o Planejamento e Execução da Manutenção em Linhas de
Transmissão e Subestações do Sistema de Distribuição de Alta Tensão. 2016.
CEEE-D EQUATORIAL. Gerência Corporativa de Manutenção e Automação - Workshop –
Subestações. 2021.
CHRZANOWSKI, K. Non-Contact Thermometry - Measurement erros. SPIE PL, Research and
development Treaties, Vol. 7, Warsaw, 2001.
FLIR. Manual do utilizador série FLIR T8xx. 2022
FURNAS, Furnas Centrais Elétricas S.A. Inspeção em Subestações Utilizando Termovisor.
Módulo 99.17.ZZZ.00/01-R0, FURNAS 2002.
GALINDO, T. C. L. Gestão da Técnica Preditiva de Termovisão. Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco. CHESF, 2005.
INCROPERA, Frank P.; BERGMAN, Theodore L.; LAVINE, Adrienne S.; DeWITT, David P.
Fundamentals de transferência de calor. LTC, 2008.
ITC – Infrared Training Center – Thermografia nível 1. Pub. n° 1560093 G-en GB, São Paulo, 2013.
7 Referências Bibliográficas

LYON, Jr; ORLOVE, G. L.; PETERS, D. L. The relationship between current load ande temperature for quase-
steady state and transiente conditions. InfraMation. 2002.
MADDING, Robert; LYON Jr., Bernard. Wind Effects on Electrical Hot Spots – Some Experimental IR Data.
Infrared Training Center 2002.
 MALDAGUE, Xavier P. V.; Moore, Patrick O. Infrared and Thermal Testing. Vol. 3 ASNT 2001.
MUNIZ, Pablo R.; MENDES, Mariene A .Termografia infravermelha aplicada à manutenção elétrica
dos fundamentos ao diagnóstico. 1° Edição, Vitória ,Edifes, 2019.
PETROBRÁS. Inspeção Termográfica em Sistemas Elétricos – N-2475 – Rev. C. 2005.
QUIRINO, Thiago F.  Metodologia de gestão de ativos para chave seccionadora 15kV. Tese
(Mestrado em Ciências em Engenharia Elétrica) – Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da
Universidade Federal de Minas Gerais. Minas Gerais, 2015.
SANTOS, Laerte. Classificação e Modelagem de Fatores de Influência sobre Inspeções
Termográficas em Ambientes Desabrigados. Tese (Doutorado em Ciências em Engenharia Elétrica) –
Programa de pós graduação em Energia Elétrica, Faculdade Federal de Itajubá. Itajubá, 2012.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense
Departamento de Ensino de Graduação e Pós-Graduação
Campus Pelotas
Curso de Engenharia Elétrica

Obrigado!

Maiquel Lima Pereira

Orientador: Prof. Wagner Brignol, Dr.

Pelotas-RS, 2022

Você também pode gostar