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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA


LABORATÓRIO DE ENGENHARIA TÉRMICA I

JÉSSICA ANDREATI PINTO


GABRIEL SILVA OLIVEIRA

EXPERIMENTO 1 - CALIBRAÇÃO DE TERMOPARES

VITÓRIA
02 de dezembro de 2021
1 OBJETIVO
O presente relatório possui como objetivo detalhar o procedimento de calibração de
termopares Tipo K, bem como realizar uma análise dos resultados obtidos pelo
experimento, verificando os possíveis pontos de surgimentos de erros do processo e
consequentemente propondo as melhorias necessárias.

2 APARATO EXPERIMENTAL
Para a realização do experimento proposto foi necessária a utilização do aparato
experimental ilustrado pela Figura 1 com os itens discriminados na Tabela 1
observados a seguir.
Figura 1 – Croqui do experimento

Tabela 1 – Equipamento utilizados


NÚMERO DE
EQUIPAMENTO
IDENTIFICAÇÃO
1 Multímetro digital portátil
2 Amplificador de sinais: ganho de 100
3 Suporte para instrumentação
4 Comutador de termopares
5 Termômetro de mercúrio
6 Béquer
7 Ebulidor elétrico
8 Termopares Tipo K – Fabricante: IOPE
9 Termo-higrômetro digital – Marca: Dwyer Modelo: UHH
10 Frasco de Dewar

3 INTRODUÇÃO TEÓRICA

Atualmente vastos são os meios para realizar coletas de dados, cada um possuindo
suas especificidades, para a temperatura não é diferente, sendo o termopar um dos
sensores mais amplamente utilizado na indústria para aferir tal propriedade física. O
princípio de funcionamento do termopar é baseado na diferença de potencial gerada
entre as extremidades de dois materiais distintos, quando unidos por uma junção
submetida a uma determinada temperatura. A tensão gerada, também conhecida
como tensão de Seebeck, se dará em função dos materiais do circuito e da
temperatura a qual a junta está submetida.
As ligas constituintes dos termopares são padronizadas, portanto são utilizados
materiais que geram alteração perceptível e confiável com a variação de temperatura,
sendo a composição do termopar tipo K, utilizado no experimento em questão, de liga
cromel/alumel, esse que possui um baixo custo e alta faixa de temperaturas
contempladas.
O processo de calibração dos termopares se faz necessário para que se tenha a
correta correlação entre a tensão aferida e a temperatura de interesse, este deve ser
realizado apenas uma vez, antes de iniciar o uso do termopar para a finalidade
desejada, ou também quando notar que ele pode ter descalibrado devido a submissão
a temperaturas extremas, ao tempo de uso, ou a outros fatores que possam afetar a
integridade do sensor. Dada a Lei das Temperaturas Intermediárias, um termopar
calibrado tendo uma determinada temperatura de referência poderá ser utilizado para
qualquer outra temperatura de referência, desde que sejam realizados os devidos
ajustes, portanto os resultados obtidos neste experimento poderão ser utilizados de
base para os demais experimentos da disciplina.

4 METODOLOGIA
A preparação para o experimento iniciou-se com cerca de 12h de antecedência de
seu desenvolvimento de fato, já que este exige a utilização de água a 0°C, para isto,
colocou-se em um frasco de Dewar gelo picado e água em temperatura ambiente.
Nesse passo, é importante ressaltar que o gelo necessita estar picado para reduzir os
gradientes de temperatura, visto que gelo obtido em um congelador comum se
encontra entre -10°C e -20°C. Para auxiliar na uniformização da temperatura agitou -
se a mistura algumas vezes durante as 12h.

Deu-se início ao procedimento experimental com a montagem do sistema descrito na


seção 2, selecionou-se o termopar que iniciaria a medição pelo seletor de canais, em
seguida verificou-se a bateria do amplificador de sinais e ligou -se o multímetro.
Seguiu-se o procedimento verificando a temperatura da água e a registrando, após
isso, realizou-se a leitura dos valores apresentados pelo multímetro ao selecionar
cada um dos termopares, esse procedimento foi refeito por mais duas vezes, a fim de
testar a repetitividade, e os valores obtidos foram registrados em uma tabela.
Em seguida, o ebulidor foi ligado, e notou -se uma rápida alteração de temperatura,
sendo que ao iniciar a mudança de fase da água o termômetro indicava
aproximadamente 70°C. Aguardou-se a equalização da temperatura e iniciou-se o
registro da leitura de cada termopar, assim como o da temperatura ambiente.
Por fim, posicionou-se os termopares no frasco de Dewar, esse que possuía água a
0°C como descrito anteriormente, realizou -se novamente a medida de cada termopar
por três vezes, e da temperatura ambiente.
5 RESULTADOS

5.1 Coleta de tensão e tratamento de dados

As coletas de tensão para os quatro termopares são apresentadas pela Tabela 2 com
os dados brutos obtidos. A temperatura de referência representa a temperatura da
água utilizada para o experimento cujo valor manteve-se constante ao longo das
leituras realizadas. A temperatura ambiente indica a temperatura do ar do laboratório,
em que a variação de temperatura observada para cada etapa de coleta ocorre
principalmente por conta da movimentação do responsável pelo experimento e dos
equipamentos utilizados, assim como o vapor de água proveniente da etapa do
experimento com água em ebulição.

Tabela 2 - Leituras de tensão obtidas no experimento.

Pode-se observar valores de tensão próximos de zero para as coletas com a água à
28°C, tais valores são justificados por conta da temperatura ambiente, de 27° C, sendo
esta a temperatura que a junta fria está sujeita e, com isso, a diferença de temperatura
entre as juntas do termopar é de 1°C, o que gera uma baixa tensão.

Para que os valores de tensão possam ser convertidos para os de temperatura na


junção de medição do termopar, é necessário realizar o tratamento dos valores brutos
coletados quanto ao ganho do amplificador de sinal, assim como a compensação da
temperatura da junta de referência, realizada com auxílio da tabela de força
eletromotriz térmica em milivolts para termopares do tipo K, disponibilizada pela
empresa IOPE. Com isso, obtém-se os valores de tensão na junta quente,
apresentados pela Tabela 3.
Tabela 3 - Tratamento de dados para a tensão da junta quente.

Após definidas as tensões na junção de medição do termopar, pode-se determinar a


temperatura em que estava sujeita, através da interpolação linear dos valores
apresentados pela tabela disponibilizada pela empresa IOPE para o termopar utilizado
que podem ser observados na Tabela 4.

Tabela 4 - Temperaturas ocorrentes na junção de medição dos termopares.

A empresa IOPE apresenta os limites de erros para termopares do tipo K, de acordo


com a norma ANSI MC 96.1 - 1982 e segundo a IPTS-68 com um valor de ±2,2°C ou
±0,75% do valor de temperatura medido, em que se deve escolher o maior limite de
erro entre ambas.
Com os valores de temperatura obtidos durante o experimento, é observado que os
erros são menores que o limite de 2,2ºC, portanto, pode-se considerar os termopares
utilizados com características aceitáveis de acurácia. Além disso, como os valores de
temperatura entre cada amostra e termopares são bem próximos e em alguns casos,
até de igual valor, pode-se observar característica aceitável de precisão para os
termopares utilizados.

No entanto, percebe-se que para a temperatura de referência de 100°C, os


termopares possuem um comportamento menos preciso em suas leituras, quando
comparado aos outros valores de temperatura, e como tal comportamento não ocorre
para outras temperaturas de referência, a possibilidade de ser uma falha de
montagem ou ruído do sistema é minimizada, favorecendo assim, a hipótese de se
tratar de um efeito causado pelas bolhas de vapor geradas durante o processo de
ebulição da água, que ao entrar em contato com o termopar, pode causar uma
pequena alteração no valor da leitura.

5.2 Calibração dos termopares

Os valores de temperatura apresentados na Tabela 4 foram utilizados para elaborar o


gráfico apresentado pela Figura 2, que relaciona a temperatura média mensurada por
cada termopar e a temperatura de referência, e foi gerado com os dados apresentados
pela Tabela 5, que além da temperatura média, contém também a incerteza amostral
para a medida do termopar, através do cálculo do desvio padrão dos valores das
coletas.

Figura 2 - Gráfico de comparação da temperatura média mensurada por termopar e


a temperatura de referência.

Tabela 5 - Médias das temperaturas coletadas e suas incertezas.


Além dos pontos apresentados no gráfico da Figura 2, é apresentada também a linha
de tendência de polinômio linear para os três pontos utilizados, junto de suas funções,
que são exibidas na legenda do gráfico. Através dessas funções, pode-se realizar a
calibração de cada termopar por uma função linear com coeficientes angulares e
lineares apresentados pela Tabela 6. O valor de Tmedida é obtido utilizando a função da
linha de tendência de cada termopar.

Tabela 6 - Coeficientes para a calibração dos termopares.

A fim de validar a calibração de cada termopar, com o uso da função para a


temperatura calibrada, avaliou-se o valor obtido pela função para diferentes valores
de temperatura, cujos valores para cada termopar são apresentados pela Tabela 7.
Os erros de medida de cada ponto foram utilizados para o cálculo do erro médio da
calibração de cada termopar para conferir a sua validade.

Tabela 7 - Cálculo de pontos para validação da calibração.


Nota-se que dois termopares apresentaram erro médio nulo de sua calibração, tais
termopares são aqueles em que o valor do coeficiente angular da calibração é a
unidade, ou seja, a linha de tendência dos pontos de coleta é paralela à linha que
relaciona a temperatura medida com a temperatura de referência, n ecessitando assim
apenas do coeficiente linear para as suas calibrações. Além disso, os valores
percentuais do erro médio dos termopares são bem menores que os limites
apresentados pela empresa IOPE para os termopares do tipo K, o que valida o uso
da calibração para os termopares utilizados.

5.3 Efeito do comprimento do cabo do termopar

Um ponto levantado para discussão é a possibilidade de o comprimento do cabo do


termopar influenciar a leitura de tensão deste. No entanto, em relação ao fenômeno
físico que gera a diferença de tensão entre as junções, chamado de efeito Seebeck
são geradas tensões apenas nas junções entre as duas ligas metálicas que formam o
termopar, portanto, independente do comprimento do cabo do termopar, se ao longo
deste, não houver uma junção dos metais indesejada, a diferença de tensão entre as
juntas do termopar não é alterada. No entanto, o alto comprimento do cabo do
termopar o torna mais propício a alterações eletromagnéticas do meio externo, que
podem influenciar na leitura do valor de tensão entre as junções, por ser um valor de
tensão muito baixo.

6 CONCLUSÃO E COMENTÁRIOS

Conforme relatado, o procedimento de calibração dos termopares foi detalhado com


o uso dos dados disponibilizados para o grupo para a realização da calibração em si.
Além disso, avaliou-se também os erros observados para as leituras realizadas
durante o experimento, apresentando comparações com referências técnicas para
conferir se os erros encontrados são aceitáveis para a aplicação do instrumento.
Portanto, conclui-se que os objetivos propostos foram alcançados.

Sugere-se para trabalhos futuros que alterações sejam feitas na metodologia do


experimento, a primeira é a utilização de água destilada invés de água filtrada, visando
eliminar possíveis interferências das impurezas presentes na água filtrada. A segunda,
é o uso de um termômetro de imersão invés do termômetro de bulbo para eliminar a
influência do vapor de água na coluna de vidro do termômetro utilizado, afetando a
temperatura aferida. Por fim, para a coleta do valor de tensão para as temperaturas
de referência de fusão e ambiente da água, sugere-se utilizar a escala de medição do
multímetro de até 200 mV ao invés da escala utilizada de até 2 V, a fim de deixar o
valor da coleta mais acurado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. IOPE. USO E APLICAÇÃO DE TERMOSENSORES. São Paulo: Iope.

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