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Thermography in low voltage systems:

electrical panels and transformers


José Moraes Gurgel Neto
Claudemir C. Medeiros Júnior Everline M. H. Santos
Centro Universitário CESMAC
Centro Universitário CESMAC Centro Universitário CESMAC
Maceió, Brazil
Maceió, Brazil Maceió, Brazil
neto.gurgel.moraes@gmail.com
junior.zip@hotmail.co.uk everlinehigino@hotmail.com
Alexsandro Aleixo P. da Silva
Jobson Araújo do Nascimento Regina Maria de Lima Neta Universidade Federal de Pernambuco
Centro Universitário CESMAC Instituto Federal de Pernambuco Recife, Brazil
Maceió, Brazil Recife, Brazil alexsandro.aleixo@yahoo.com.br
job.nascimento@gmail.com regina.mlneta@gmail.com

Adi Neves Rocha


Centro Universitário CESMAC
Maceió, Brazil
adieletrica@gmail.com

manutenção inadequada. Conhecer e eliminar as causas dos


Abstract— This research aims to evaluate the efficiency of
thermography as a tool for the detection of faults in low voltage
defeitos nos equipamentos é mais vantajoso que somente
electrical networks. For this, a thermovisor was used in several reparar a falha quando ocorrer, assim aplica-se a manutenção
equipment, such as panels, transformers and capacitor banks, preditiva [3].
to locate possible thermal anomalies. Two analyzes were made: A imagem térmica é a principal ferramenta da termografia,
one qualitative and the other quantitative. The first is based on nela podemos ver padrões e determinar onde há possíveis
the investigation between an adjacent element and the anomalias [4]. É certo que em funcionamento os equipamentos
suspicious element and a definition of criticality, in which
elétricos tem a sua temperatura modificada, consequentemente
actions are taken to correct failures. The quantitative analysis
aims at improving a definition of criticality where possible, such
aqueles que estão sob a influência de fatores prejudiciais terão
as not identifying the thermal emissivity of the materials alterações anômalas na temperatura. Um levantamento da
involved that are not identified by the electric currents of the imagem térmica permite uma melhor avaliação de possíveis
circuits. In addition, for the cases studied, a criticality falhas.
comparison was made between the two methods. Neste trabalho foi realizada a análise do perfil térmico na
instalação elétrica de baixa tensão (painéis e transformadores)
utilizando dois critérios.
Keywords— Thermograpy, Predictive Maintenance, Thermal
anomalies • A termografia quantitativa - modalidade de
inspeção na qual o termografista obtém valores de
I. INTRODUÇÃO temperaturas, com objetivos específicos [5].
A termografia é amplamente utilizada para monitorar a
temperatura dos componentes, cujo objetivo é detectar • A termografia qualitativa - modalidade de inspeção
anomalias térmicas e saná-las, a fim de evitar uma parada na qual o termografista localiza e analisa padrões
desnecessária do equipamento. térmicos ou anomalias, sem necessidade de
quantificar temperatura [5].
A utilização da termografia em componentes que envolvem
eletricidade é uma técnica de manutenção preditiva e seu uso O objetivo foi identificar pontos quentes na instalação
tem sido crescente, bem como o campo de aplicação e a elétrica, pois, em geral estes pontos indicam falhas nas
tecnologia empregada [1] conexões, que podem ser causadas por mau dimensionamento
ou desbalanceamento de cargas. Com os pontos identificados as
Os termovisores detectam a radiação emitida pelos corpos. anomalias foram classificadas de acordo com um grau de
Essa radiação depende da emissividade na superfície do corpo, severidade para auxiliar a tomada de decisão com relação às
as leituras térmicas realizadas tem extrema dependência dessa correções, visando à correção desses pontos antes dos
propriedade. A qualidade da superfície, o comprimento da equipamentos entrarem em falha.
onda, a forma do objeto, a temperatura, o ângulo de visão e o
material do corpo são fatores que determinam a variação da
emissividade [2].
Os equipamentos elétricos em operação estão sujeitos a
uma série de fatores que influenciam o seu desempenho: mau
dimensionamento, problemas de fabricação, instalação ou

XXX-X-XXXX-XXXX-X/XX/$XX.00 ©20XX IEEE


II. METODOLOGIA C. Inspeções
Para avaliação do estado dos equipamentos foi realizada
uma termografia qualitativa e, posteriormente, quando possível,
A. Equipamentos a quantitativa. O perfil térmico é obtido com o termovisor
levantando assim as temperaturas na superfícies dos objetos em
Os dados térmicos colhidos para a realização deste trabalho estudo.
foram retirados de uma instalação elétrica de baixa tensão, mais
Para análise do perfil térmico foram utilizados quatro tipos
precisamente de transformadores e painéis elétricos.
de critérios, como descreve a Norma Brasileira ABNT NBR
As principais características do termo-higrômetro utilizado 15866:2010 [6].
para as medições podem ser vistas na Tabela I.
• Um valor estabelecido pelo fabricante nas
Tabela I. ESPECIFICAÇÕES DO TERMO-HIGRÔMETRO DAS MEDIÇÕES condições nominais;
• Um elemento similar adjacente – comparação das
temperaturas da fase de maior temperatura com a
fase de menor temperatura num sistema
equilibrado (ΔT);
• Um valor estabelecido pelo usuário final com base
no histórico operacional;
As principais características do termovisor utilizado para as
medições podem ser vistas na Tabela II. • Critérios definidos pelo responsável técnico da
análise termográfica.
Na análise qualitativa o perfil térmico geral foi avaliado
Tabela II. ESPECIFICAÇÕES DO TERMOVISOR DAS MEDIÇÕES
com base em um valor estabelecido pelo fabricante do
equipamento Tabela IV [7]. Assim como o critério do elemento
similar adjacente (ΔT).
Na verificação do perfil térmico, foi avaliado se havia
elevação de temperatura nas conexões, por meio da análise do
gradiente de temperatura dos pontos. Os resultados do foram
julgados conforme Tabela III [8].
Tabela III. CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DA SEVERIDADE DA ANOMALIA
TÉRMICA, ADAPTADO.

B. Instalação
Os pontos analisados da instalação são equipamentos que já
possuem histórico de falha e que são essenciais para a operação
do sistema. As duas subestações principais (750 kVA e 1500
kVA), SE-01 e SE-02, e a subestação auxiliar SE-03 (150 kVA)
Fig.1 (final do artigo).
As duas subestações principais têm uma entrada de energia Quando não foi possível identificar a emissividade
comum em 13,8 kV fornecidos pela concessionária local, cuja envolvida na inspeção, foi utilizado o valor de 0,75 como
tensão é reduzida para 480 V. Dos painéis de 480 V são emissividade padrão na análise qualitativa.
alimentados todos os motores da instalação, dois bancos de Na avaliação quantitativa foram considerados os seguintes
capacitores (120 e 180 kVAr), além de diversos outros parâmetros:
transformadores 480/220 V para iluminação. A subestação
auxiliar, de 150 kVA, recebe alimentação do transformador de • Fator de correção de velocidade do vento (FCVV);
750 kVA, em 480 V, e rebaixa para 127/220 V. É dessa
subestação que derivam as alimentações dos prédios • Fator de correção de carga (FCC);
administrativos da planta. • Elevação máxima de temperatura admissível (ΔTmax);
Os painéis analisados ficam em salas de painéis em • Temperatura Máxima Admissível para o componente
instalações abrigadas e vizinhas aos transformadores de 750 (TMA).
kVA e de 1500 kVA. O transformador de 150 kVA estava Como as inspeções foram realizadas em ambientes
exposto ao ar livre. abrigados e sem ventilação forçada, o fator de correção de
velocidade do vento (FCVV) foi considerado igual a 1,00.
O Fator de Correção de Carga (FCC) pode ser determinado
a partir de (1).
Fcc = In²/Im² (1)

In - Corrente nominal do circuito, em A;


Im - Corrente medida, em A.

Os valores de FCC são válidos para cargas iguais ou


superiores a 50% da carga nominal.
∆T é a elevação de temperatura corrigida, em °C, calculada
para carga nominal (100 %) e pode ser calculada a partir de (2). Fig. 2. Saída da gaveta de alimentação do Transformador.

ΔΤ = (Tm - Ta).FCC.FCVV (2) O gradiente de temperatura indica que o maior problema é


na conexão da garra.
Tm - Temperatura medida, em ºC;
Ta - Temperatura ambiente, em ºC. Utilizando o critério da Tabela III, essa anomalia térmica é
caracterizada como de prioridade 1, cuja e a recomendação é
A elevação máxima de temperatura admissível é obtida por que o contato da garra seja substituído, ou que se realize a
(3). substituição de toda a garra.
• Painel de Força
ΔΤ max= (TMA -Ta) (3)
Na Fig. 3 pode ser visto que há uma elevação de
TMA - Temperatura máxima admissível para o componente, em ºC;
temperatura por toda a eletrocalha nos cabos de todos os
A Temperatura Máxima Admissível foi considerada circuitos que estão ligados e ainda uma alta temperatura na
conforme a Tabela IV. conexão com o contactor.
Tabela IV. TEMPERATURA MÁXIMA ADMISSÍVEL (°C).

Fig. 3. Painel do banco de capacitores. Termograma à esquerda e foto à direita.


O Fator de Elevação de Temperatura (FET) é obtido por (4):
Na conexão, tem-se temperatura de 81,6°C, que ultrapassa a
FET= Δ T/ΔΤmax (4) máxima temperatura admissível do condutor com isolação em
PVC (70 °C). Na canaleta foi encontrado ponto com
A classificação térmica e as ações a serem tomadas na temperatura de até 91,3 °C.
análise quantitativa seguiram as recomendações da Tabela V. Como as temperaturas do condutor ultrapassam a
Temperatura Máxima Admissível (TMA) é recomendada a
III. RESULTADOS intervenção imediata. Para o caso da alta temperatura em todo o
circuito (na canaleta) é recomendado o novo dimensionamento
I. Análises Quantitativas dos cabos considerando adequadamente o fator de agrupamento
• Transformador
Na Fig. 2. pode ser visto um aquecimento severo no • Resistência dos Capacitores
terminal da fase R, na saída da gaveta de alimentação do
transformador de força da SE-03, apresentando uma variação de Na Fig. 4 pode ser visto as resistências de descarga do
87,3°C em relação à fase T. capacitor, que ficam ligadas ao capacitor em funcionamento,
o aquecimento destas resistencias aumenta a temperatura dos
cabos de alimentação.
III. Ações Corretivas

• Transformador

Na gaveta de alimentação do Transformador, foi realizada a


substituição do contato danificado da garra da gaveta e o
sistema voltou ao funcionamento normal. Como pode ser visto
na Fig. 6, as temperaturas estão equilibradas e com uma
elevação de temperatura muito pequena, já que a temperatura
Fig. 4. Influência da temperatura das resistências nos cabos de alimentação dos ambiente no momento da medição estava em 30 °C.
capacitores. Termograma à esquerda e foto à direita.

A temperatura no cabo de alimentação (75,4 °C) ultrapassa


a sua TMA (70°C), e acaba por danificar a isolação dos
alimentadores. Essa alta temperatura gerada pelas resistências
pode também reduzir a vida útil dos próprios capacitores, já que
a temperatura de operação desse tipo capacitor é de -10 °C a +
50 °C e a temperatura na carcaça do capacitor foi medida como
52,5 °C, como pode ser visto na Fig. 5. Fig. 6 . Gaveta de alimentação do Transformador. Antes e depois.

• Painel de Força

Foram dimensionados novos cabos para os capacitores do


painel para critérios de dimensionamento dos alimentadores foi
considerado um valor de 135% da sua corrente nominal [6]. Os
painéis possuem 10 capacitores trifásicos com corrente de
operação de 12,2 A e um capacitor, também trifásico, com
corrente de 24,9 A. Sendo utilizados cabos unipolares de PVC e
Fig. 5. Influência da temperatura das resistências na carcaça dos capacitores. um agrupamento máximo de 7 condutores.
Termograma à esquerda e foto à direita.
Com os critérios adotados e utilizando a metodologia de
Como a temperatura no cabo de alimentação está maior que dimensionamento de circuitos (NBR 5410, 2004) [9] a seção
sua TMA a recomendação é de intervenção imediata. Para a recomendada dos condutores para alimentação dos 10
solução desse problema a recomendação é a alteração do capacitores é de 6,0 mm². Para o outro capacitor, utilizando as
fechamento das resistências de descarga de delta para estrela, o mesmas considerações, a seção dos condutores foi de 16,0 mm².
que reduz a potência dissipada nos resistores para 33% da Após a instalação dos novos condutores, verificou-se a
potência dissipada em delta, reduzindo assim sua temperatura grande melhoria na temperatura dos cabos, obtendo-se
de operação. temperaturas normais para a operação, conforme pode ser visto
na Fig. 7.
II. Análise Quantitativa

• Transformador

O circuito de alimentação do transformador estão com suas


carga nominal, o FCC foi considerado 1, então o Fator de
Elevação de Temperatura (FET) é 3,00.
Desta forma, de acordo com a Tabela V, esse ponto é
Fig. 7. Painel antes e depois da nova instalação dos condutores.
considerado severamente aquecido e deve ser corrigido
imediatamente.
• Painel de Força • Resistência dos Capacitores

Como os circuitos estão com suas cargas nominais, o FCC A correção da influência das resistências foi realizada com a
foi considerado 1, o Fator de Elevação de Temperatura (FET) é modificação no modo fechamento. As temperaturas máximas
1,28. De acordo com a Tabela V, esse ponto é considerado caíram de 169,1°C para 90,9 °C. Assim as altas temperaturas
severamente aquecido e deve ser corrigido imediatamente. nos cabos de alimentação e na carcaça do capacitor caíram, já
que o calor era transferido das resistências para os alimentadores Por esses motivos a termografia se mostra uma ferramenta
e carcaça. eficaz na identificação de defeitos antes que os equipamentos
entrem em falha, permitindo a tomada de ação da manutenção
Depois da modificação no modo de fechamento, a máxima antes que haja uma parada não-programada da produção,
temperatura no alimentador caiu de 75,4 °C para 44,9 °C e a evitando assim danos como lucros cessantes, aumento do custo
máxima temperatura da carcaça caiu de 52,5 °C para 42,1 °C, de manutenção devido ao aumento de danos na quebra do
conforme pode ser verificado nas Fig. 8 a e b, respectivamente. equipamento e aumento do número de homem-hora necessário
para a correção do defeito. Tudo isso aliado à grande vantagem
de ser utilizada com os equipamentos em seu funcionamento
normal e sem contato, o que confere mais segurança ao inspetor.

REFERENCIAS

[1] B. Monteiro. M. Fernandes. A. Silva. L. Leite. “Inspeção em


Subestação Utilizando a Termografia,” Belo Horizonte – MG, Centro
Universitário de Belo Horizonte, 2013
[2] R. A. Araújo, L. C Barbosa, and R. T. Siniscalchi, “Os Impactos da
Aplicação da Termografia na Operação do Sistema Elétrico De Furnas e
as Ações Adotadas para Buscar a Máxima Operacionalidade,
Produtividade e Confiabilidade do Sistema”. X EDAO – Encontro para
Debates de Assuntos de Operação. São Paulo – SP, 2008.
[3] Associação brasileira de ensaios não destrutivos e inspeções. ABENDI
– “termografia” pp. 134, 2015.
[4] G. M. Kersul, “Uso da Termografia para Inspeções e Manutenção
Fig. 8. a) - Caixa de ligação dos capacitores antes e depois da modificação; Predial- Estudo de Caso”, Brasília – DF, Centro Universitário de Brasília,
(b) Carcaça do capacitor antes e depois da modificação. 2014
[5] P. Duailibe. “Consultoria para Uso Eficiente de Energia, ” Rio de
Janeiro – RJ, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da
Fonseca, 2000.
[6] Associação brasileira de normas técnicas “NBR 15866:2010: Ensaio
IV. CONCLUSÃO não destrutivo – Termografia – Metodologia de avaliação de temperatura
de trabalho de equipamentos em sistemas elétricos, ” Rio de Janeiro – RJ
Neste trabalho foi mostrado que a termografia é uma [7] Mecatrônica Atual. “Termografia: Aplicações em Sistemas Elétricos.”
Disponível em http://www.mecatronicaatual.com.br/educacao/1139-
ferramenta eficaz na identificação de anomalias do sistema termografia-aplicaes-em-sistemas-eltricos. Acesso em 26/03/2016.
elétrico de baixa tensão dos mais variados tipos. Com ela é
[8] Infraspection Institute. Standard For Infrared Inspection Of Electrical
possível identificar problemas causados por mau contato, por Systems & Rotating Equipment, 2008.
mau dimensionamento de condutores, por influências externas [9] Associação brasileira de normas técnicas “NBR 5410:2004: Instalações
ou por problemas de projeto. elétricas de baixa tensão,” Rio de Janeiro – RJ
Através da análise das imagens dos equipamentos com
problemas nas conexões é possível verificar que não se pode
identificar todos os problemas de mau contato apenas com
inspeção visual detalhada, pois muitas vezes não é possível
enxergar com detalhes a conexão quando o equipamento está
em funcionamento, seja por questões de acesso, de segurança ou
até mesmo porque o problema ainda não se tornou visível.
Tornando assim indispensável o uso da termografia para este
fim.
Não ficou comprovado nesse estudo se a análise quantitativa
utilizada pode definir uma criticidade maior do que utilizando
apenas o método qualitativo. No entanto é possível verificar que
a análise qualitativa não pode ser dispensada, principalmente
devido à impossibilidade de usar o quantitativo nas situações de
inspecionado ou quando a carga for inferior à 50%. Além disso,
as recomendações são feitas com base na avaliação da imagem
e não apenas da temperatura lida, tornando assim a termografia
qualitativa indispensável.
Fig. 1 Diagrama unifilar da instalação

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