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Termografia de infravermelho na identificação e avaliação de manifestações


patológicas em edifícios

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Elton Bauer Elier Pavón


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inspeção e manutenção

Termografia de infravermelho
na identificação e avaliação de
manifestações patológicas
em edifícios
ELTON BAUER – PROFESSOR-DOUTOR
ELIER PAVÓN – DOUTORANDO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS E
CONSTRUÇÃO CIVIL, DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E
AMBIENTAL, UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

1. INTRODUÇÃO regiões de umidade, identificar hetero- empregada, principalmente pelos ele-


geneidades superficiais, dentre outras vados custos dos equipamentos. Para

C
ada vez mais é necessá-
rio empregar técnicas que aplicações. A inspeção é feita coletan- aplicação no estudo da degradação e
permitam conhecer, iden- do-se imagens termográficas (distri- das patologias dos elementos e ma-
tificar e avaliar os materiais empre- buição das temperaturas sobre a su- teriais, ainda é necessário estabelecer
gados na construção civil. Quando é perfície dos elementos, por exemplo, um conjunto importante de critérios e
necessário investigar tanto a questão sobre a superfície da fachada), que padrões que permitam identificar as
da durabilidade quanto dos estudos pode ser feita a distâncias significati- anomalias com segurança. Todavia,
das manifestações patológicas, faze- vas (até 20 metros com equipamentos a técnica tem grande potencialidade,
mos uso de técnicas, muitas vezes usuais), e de forma instantânea. Ou principalmente com técnica para iden-
não destrutivas que nos permitem in- seja, a mensuração das temperaturas tificação de anomalias principalmente
ferir sobre causas, comportamentos e na imagem (termograma) é feita sem pela agilidade e simplicidade na inspe-
anomalias, bem como identificar e ma- contato e em tempo real: o que ocorre ção, possuindo um leque significativo
pear regiões de danos nas estruturas no objeto alvo é observado na câmera de possíveis outras novas aplicações.
e nos demais sistemas dos edifícios termográfica [1] [2]. O conjunto de in-
(alvenarias, revestimentos, impermea- formações fornecidas por esta aborda- 2. TERMOGRAFIA
bilização, dentre outros). gem pode auxiliar na inspeção de edi- INFRAVERMELHA
Entre os métodos não destrutivos, fícios e no diagnóstico e mapeamento A termografia infravermelha em-
a termografia de infravermelho vem ao de patologias, a partir da mensuração prega termovisores (câmeras infra-
encontro da necessidade de estudos e identificação das diferenças de tem- vermelhas), que coletam e medem a
para estabelecer parâmetros e índices peratura observadas na superfície dos intensidade da radiação infravermelha
que contribuam com a realização de elementos e componentes do edifício emitida pela superfície dos objetos e a
inspeções com diferentes finalidades, (o Delta-T é um dos critérios para iden- converte em sinais elétricos, os quais
de forma rápida e mais eficiente. tificar a existência de anomalias). através de softwares apropriados per-
Com a inspeção termográfica é Embora essa técnica seja de uso mitem obter imagens térmicas [1]. Esta
possível localizar elementos estrutu- consagrado na engenharia, na cons- técnica, com base na análise do cam-
rais, observar e delimitar fissuras e trução civil brasileira ainda ela é pouco po de temperaturas, permite identificar

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anomalias internas aos materiais (de-
feitos), porque a presença de defeitos
causa uma resistência térmica, influen-
ciando o transporte de calor no ma-
terial, que pode ser detectada na su-
perfície [2]. A abordagem é similar ao
que acontece no ensaio de ultrassom,
onde a velocidade de onda muda pela
presença de defeitos internos dentro
do elemento. No caso da inspeção ter-
mográfica, os defeitos também causam
uma perturbação, só que no fluxo de
D ,PDJHPGLJLWDOGRLPSDFWR E 7HUPRJUDPDGDVXSHUI¯FLHGRFRQFUHWR
GRHVFOHU¶PHWUR DSµVRLPSDFWRGRHVFOHU¶PHWUR
calor (entre o elemento e o meio am-
biente). Essa perturbação gera peque- X)LJXUD
nas diferenças de temperatura que são 'LIHUHQ©DVGHWHPSHUDWXUDVJHUDGDVSHORLPSDFWRGRHVFOHU¶PHWURHP
identificadas na superfície permitindo a XPDVXSHUI¯FLHGHFRQFUHWR
identificação e análise das anomalias.
Embora possam ser detectadas ano- a metodologia de emprego da técni- e resolução geométrica) estabelecem
malias internas, a termografia de infra- ca. Considera-se termografia passiva o alcance das inspeções, definindo o
vermelho é considerada, em geral, uma quando existe um diferencial natural tamanho das anomalias a serem ana-
técnica superficial, já que as anomalias de temperatura entre a amostra (objeto lisadas e a distância a que pode ser
que podem ser facilmente identificadas alvo) e o meio no qual se encontra, ou feito o estudo (precisão da imagem). A
são as que ficam próximas da superfície. seja, o caso onde não é utilizada uma mensuração das variáveis temperatura
O resultado da medição termográ- estimulação térmica artificial para a de- ambiente, umidade relativa, tempera-
fica é a distribuição da temperatura em tecção de anomalias. Já para a termo- tura aparente refletida e emissividade
um plano em tempo real (termograma). grafia ativa, um estímulo externo é in- (associadas ao alvo) vão permitir ob-
É necessário conhecer ou determinar dispensável para induzir os contrastes ter termogramas com os valores reais
vários parâmetros termográficos, os térmicos na amostra, capazes de iden- e precisos das temperaturas. Todas
quais são tratados pelos algoritmos es- tificar falhas ou defeitos [6]. Os estímu- essas variáveis afetam em maior ou
pecíficos do equipamento, de modo a los térmicos empregados podem ser os menor medida a qualidade dos resul-
se ter a adequada precisão das tempe- pulsos, os ciclos de pulsos, os ciclos de tados e a sua interpretação; por isso
raturas apresentadas no termograma. calor, a vibro-termografia, entre outros. é de muita importância conhecer ou
Regiões com temperaturas diferentes A obtenção e a correta interpreta- mensurar cada uma delas. Também é
em um termograma são resultado da ção dos termogramas vão depender necessário que o termografista evite os
presença de heterogeneidades na su- da adequada aquisição da imagem problemas de reflexão e que respeite
perfície ou perto dela ou resultado de pelo termografista e do conhecimento os ângulos limites de modo a não indu-
ações recentes. Na figura 1, pode-se e mensuração das variáveis envolvi- zir erros no termograma.
observar a diferença de temperatura das nas medições termográficas. É
gerada pelo impacto de um esclerôme- necessário que as análises sejam fei- 3. APLICAÇÕES DA
tro na superfície do concreto, em uma tas tendo uma base científica sólida TERMOGRAFIA A PATOLOGIAS
imagem feita instantes posteriores ao sobre termografia. DE EDIFÍCIOS
impacto. A energia de impacto eleva a As variáveis termográficas podem A termografia passiva é utilizada em
temperatura do ponto instantaneamen- ser divididas em dois grupos: as que monitoramentos nas áreas de enge-
te em cerca de 5º C. têm a ver com o equipamento e as re- nharia elétrica, metalúrgica, mecânica e
A termografia pode ser classificada lacionadas com o alvo. As variáveis re- de processos, além de ter aplicações
em ativa ou passiva, de acordo com lacionadas ao equipamento (foco, lente na indústria médica e na segurança.

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térmica de uma fachada com reves-
timento de placas cerâmicas, a pre-
sença de destacamentos (Fig 2-a) (D),
não visíveis na inspeção visual (Fig 2-b).
Essa inspeção foi efetuada à noite, com
fluxo de calor reverso (da fachada para
o ambiente), sendo a região destacada
identificada por temperaturas mais bai-
xas (mais escuras no termograma)
D 7HUPRJUDPD E )RWRJUDILDGLJLWDOGD
£UHDLQVSHFLRQDGD
Em estudos de laboratório, onde
são controladas cada uma das variá-
X)LJXUD veis relacionadas com a técnica e com
'HWHF©¥RGHGHVWDFDPHQWRVHPXPDIDFKDGDFRPUHYHVWLPHQWRFHU¤PLFR o defeito, comprovou-se que falhas de
FRPWHUPRJUDILDLQIUDYHUPHOKD WHUPRJUDILDSDVVLYD aderência ou ausência de argamassa
por trás da cerâmica são facilmente
Na engenharia civil, os principais estu- seu funcionamento. Um componente identificáveis e quantificáveis com essa
dos desenvolvidos com aplicação da elétrico defeituoso que emite calor ex- técnica (Bauer et al., 2015). Na figura
termografia de infravermelho são os cessivo é muito facilmente detectável 3, observa-se, em um estudo realizado
relativos à avaliação das características pela termografia. em placa de argamassa revestida com
térmicas da envolvente de edifícios e a Com a termografia infravermelha cerâmica, como a ausência de material
eficiência energética, e os relativos ao podem-se detectar somente anomalias por trás da cerâmica (A) é identificável
estudo de anomalias e manifestações associadas a modificações mensurá- com precisão no termograma, quando
patológicas em edificações. A identifi- veis das características térmicas (fluxo a placa é aquecida artificialmente. Nes-
cação e quantificação de anomalias e de calor e temperaturas resultantes) e te caso o fluxo de calor é da placa para
manifestações patológicas em edifica- patologias com profundidades limita- o meio ambiente (fluxo reverso).
ções com termografia é bem complexa, das (próximas à superfície). Com base Os elementos estruturais de uma
porque as diferenças de temperatura nessas características e limitações, têm edificação, por ser geralmente de mate-
entre as zonas com e sem anomalias sido estudadas diferentes incidências riais diferentes da alvenaria, ou por ter
são relativamente pequenas, se com- patológicas nas edificações, principal- inércia térmica diferente, são regiões fa-
paradas com outras áreas da engenha- mente em fachadas. A figura 2 mostra cilmente identificáveis nos termogramas.
ria onde se estudam componentes e como é possível detectar na imagem Um exemplo de localização de elemen-
equipamentos que geram calor durante

D 7HUPRJUDPDHYLGHQFLDQGRDVGLIHUHQWHV E )RWRJUDILDGLJLWDOGDUHJL¥RLQVSHFLRQDGD
WHPSHUDWXUDVHRVHOHPHQWRV
X)LJXUD
'HWHF©¥RGDIDOWDGHDUJDPDVVD X)LJXUD
SRUWU£VGDFHU¤PLFDHPSODFDV ,GHQWLILFD©¥RGRVHOHPHQWRVHVWUXWXUDLVGHFRQFUHWR
GHODERUDWµULR FRPWHUPRJUDILDLQIUDYHUPHOKD

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D E

X)LJXUD
X)LJXUD $YDOLD©¥RGHSUREOHPDVGHXPLGDGHQRLQWHULRUGHXPDHGLILFD©¥RFRP
,GHQWLILFD©¥RHPDSHDPHQWR WHUPRJUDILDLQIUDYHUPHOKD
GHILVVXUDVHPIDFKDGDVFRP
UHYHVWLPHQWRHPDUJDPDVVD
HSLQWXUD no termograma se conseguiu avaliar a analisado com esta técnica, além de
magnitude do problema de umidade (A) ser identificado, é possível definir sua
tos estruturais em uma fachada revesti- na união entre a laje e a parede (cortina magnitude. A figura 7 mostra um estu-
da com argamassa e pintada pode ser em concreto). As inspeção foi feita na do de absorção de água por capilari-
observado na figura 4. Note-se, neste face inferior de uma laje, no encontro dade (A) onde se define claramente a
caso, como são facilmente identificadas com a cortina de concreto, em uma altura da franja de água no corpo de
as vigas (A) e os pilares (B) que formam garagem em subsolo que apresentava prova prismático. Note-se aqui que em-
a estrutura porticada de concreto da problemas de infiltração na laje (falha bora a franja seja relativamente visível
edificação. Aparecem aqui como zonas da impermeabilização). A evaporação na fotografia digital (o que nem sempre
mais frias na imagem térmica. de água na superfície do objeto alvo ocorre), no termograma ela passa a ser
Para o caso de fachadas revestidas (superfície de concreto) faz com que identificada e mensurada pela redução
com argamassa e pintura, é possível diminua a temperatura na superfície, de temperatura superficial que a evapo-
identificar também outros tipos manifes- sendo essa diferença de temperatura ração proporciona.
tações patológicas, como as fissuras. A detectada no termograma.
figura 5 mostra a imagem térmica com Os problemas de umidade causa- 4. ERROS E DIFICULDADES NA
a localização das fissuras (A) na fachada dos por capilaridade são detectados APLICAÇÃO DA TERMOGRAFIA
em um estudo de mapeamento de ano- também com o uso da termografia in- A aplicação da termografia infra-
malias. Observa-se que, na inspeção fravermelha. Quando este problema é vermelha na detecção de patologias
visual, essas anomalias não são detec-
táveis (aspecto similar ao da figura 4(b)).
Na análise da inspeção global efetuada,
constatou-se que essa fissuração ocor-
reu na alvenaria, sendo as mesmas ma-
peadas pela inspeção termográfica.
Com a termografia infravermelha
também podem ser detectados pro-
blemas de umidade em diferentes
elementos da edificação. Isso ocorre D 7HUPRJUDPDLQGLFDQGRDVIUDQMDV E )RWRJUDILDGLJLWDOGRH[SHULPHQWR
porque a evaporação da água causa GHXPLGDGH

uma redução da temperatura superfi-


cial, sendo essa alteração captada no X)LJXUD
$YDOLD©¥RGDFDSLODULGDGHHPDPRVWUDVGHFRQFUHWRFHOXODU
termograma. Note-se, na figura 6, que

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mente quando os estudos são feitos
sobre uma forte incidência solar, po-
dendo limitar a aplicação da técnica.
Na figura 9, pode ser observada uma
situação de grande reflexão em edifí-
cios. Observa-se a reflexão da torre
D ,QVSH©¥RHIHWXDGDSHODPDQK¥ E ,QVSH©¥RHIHWXDGDSHODQRLWH
do prédio da esquerda (que não era
objeto de análise) na imagem termo-
X)LJXUD
9LVXDOL]D©¥RGHXPGHVWDFDPHQWRHPGLIHUHQWHVKRU£ULRVGRGLD>@ gráfica do prédio da direita (objeto
alvo). Na região onde se identifica a
torna-se difícil e complexa pela gran- foi realizada no começo da manhã e reflexão (A), aparecem falsos valores
de quantidade de variáveis envolvidas a imagem térmica da direita (Fig. 8-b), de temperaturas no termograma, nes-
no processo de inspeção e análise de no início da noite. Note-se que, na ma- te caso, superiores aos reais.
resultados. As dificuldades e a não nhã, o mesmo defeito aparece como O ângulo e a geometria do alvo são
mensuração das principais variáveis uma zona mais quente e, pela noite, outras dificuldades que se apresentam
levam a se cometer importantes erros, como uma zona mais fria. O diagnós- na realização das inspeções termográ-
que podem conduzir a incorretas inter- tico, portanto, não é evidente a partir ficas. Os valores de temperaturas em
pretações ou a diagnósticos equivoca- de uma simples observação direta do zonas com ângulo muitos altos (>45°)
dos. Uma das principais dificuldades termograma, mas da análise do fluxo e superfícies arredondadas apresen-
na aplicação da termografia é a defini- térmico e da adequação de critérios tam falsos valores de temperatura nos
ção do momento do dia (ou da noite) para identificação das patologias [5]. termogramas. Na figura 10, pode-se
para a realização da inspeção. Esta Seguramente, entre os dois momen- observar este problema. Note-se que o
dificuldade é devida ao fluxo térmico, tos das imagens da Figura 8 ocorre canto esquerdo da fachada tem forma
o qual não é controlado nas medições um momento em que o defeito não é arredondada e que o ângulo, no qual
em campo (termografia passiva). A for- identificável no termograma, ou seja, foi feita a imagem em relação à parte
ma e o momento em que aparecerá o ele tem a mesma temperatura da re- superior do edifício, é alto. Por esses
defeito dependerá do sentido e mag- gião circunvizinha [3]. motivos, os valores de temperatura
nitude do fluxo de calor [3]. Na figura A reflexão é outra das dificulda- nessa área (A) aparecem menores ao
8, mostram-se as imagens térmicas des da termografia, principalmente que realmente são.
de uma fachada com presença de um nas medições em campo. Materiais Outra dificuldade nas inspeções
destacamento na placa cerâmica. A e elementos de construção com aca- termográficas é a presença de ma-
imagem térmica da esquerda (Fig. 8-a) bamentos muito lisos e com brilho teriais e elementos de composição
refletem a radiação infravermelha de
outros corpos (edifícios vizinhos, ve-
ículos, instalações e redes elétricas,
dentre outros), causando uma inter-
pretação incorreta dos termogramas.
Por isso, o termografista deve ser ex-
periente para eleger cuidadosamente
a posição da qual irá fazer a aquisição
do termograma, para evitar as refle-
xões. Além disso, deve saber identi-
X)LJXUD ficar na imagem térmica a ocorrência X)LJXUD
3UREOHPDVGDUHIOH[¥RHP deste problema. Este problema nas 3UREOHPDVFRPR¤QJXORGD
WHUPRJUDPDVGHIDFKDGDV DTXLVL©¥RGRWHUPRJUDPDH
GHHGLI¯FLRV avaliações de fachadas de edifícios JHRPHWULDGRDOYR
(reflexão) é muito frequente, principal-

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diferente (metais, polímeros, dentre timadas, levam a erros significativos
outros) e também com textura super- nos valores de temperatura e posterior
ficial dieferenciada na fachada (lisos, interpretação dos termogramas. A uti-
rugosos, polidos). Nestes casos, o va- lização de valores incorretos desses
lor da emissividade é diferente, obvia- parâmetros pode gerar grandes dife-
mente em função da natureza de cada renças de temperatura comparadas
material, o que pode levar a incorretas com o valor real. Em estudos recentes
interpretações dos termogramas caso foram quantificadas estas diferenças
não se busque corrigir essa informa- em revestimento com placas cerâmi-
ção na análise. Pela utilização de um cas e revestimentos em argamassa X)LJXUD
único valor de emissividade na análise [4], comprovando-se que os maiores ,PDJHPW«UPLFDGHXPDIDFKDGD
da imagem térmica, podem aparecer erros aparecem quando são utilizados FRPGLYHUVRVPDWHULDLV
zonas quentes ou zonas frias geradas valores incorretos de emissividades e
pelos erros na emissividade, tornando quanto maior for a temperatura média cações mensuráveis das caracterís-
difícil a análises para a determinação da superfície estudada. ticas térmicas, como destacamen-
de anomalias. Este problema pode ser tos, fissuras e umidades;
observado na figura 11, corresponden- 5. CONCLUSÕES As principais dificuldades da aplica-
te à imagem térmica de uma fachada Após a análise das potencialidades ção da termografia infravermelha es-
no horário da manhã, onde aparecem e limitações da termografia infraverme- tão relacionadas com o fluxo de calor
zonas muitos quentes não reais, pos- lha aplicada ao estudo de manifesta- e a reflexão; é fundamental a mensu-
sivelmente geradas pelos menores ções patológicas de edificações, pode- ração das variáveis, como a emissivi-
valores de emissividades desses ma- -se concluir que: dade, temperatura aparente refletida,
teriais (polímeros constituintes dos tol- Para este tipo de estudo, é neces- umidade relativa e distância;
dos na imagem). sário ter formação de termografis- Em função da rapidez e versatilida-
O ângulo, os diferentes tipos de ta e uma forte base teórica sobre de na aquisição das imagens, a ins-
materiais e a textura superficial cau- termografia para a realização das peção termográfica é uma técnica
sam alterações da emissividade, a inspeções e posterior análise dos de inspeção de grande potenciali-
qual é considerada uma das variá- resultados dada a quantidade de dade, desde que corretamente efe-
veis de maior importância na obten- variáveis e dificuldades que apre- tuada e adequadamente analisada;
ção dos termogramas. Outras variá- senta a aplicação desta técnica; vários fenômenos de degradação
veis mensuráveis em campo, como a Com a termografia infravermelha, podem ser monitorados e quantifi-
temperatura ambiente, a temperatura pode-se detectar somente patolo- cados; também o mapeamento de
aparente refletida e a distância, quan- gias superficiais ou anomalias perto anomalias pode ser muito agilizado
do desconsideradas ou somente es- da superfície associadas a modifi- com o emprego da termografia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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