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AÇÕES PREDITIVAS NA MANUTENÇÃO -TERMOGRAFIA: UMA VISUALIZAÇÃO

DE OPORTUNIDADE DE GANHOS ENERGÉTICOS

Conference Paper · August 2011

DOI: 10.13140/2.1.1198.4969

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Marcio Zamboti Fortes

Universidade Federal Fluminense
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 AÇÕES PREDITIVAS NA MANUTENÇÃO - TERMOGRAFIA:
UMA VISUALIZAÇÃO DE OPORTUNIDADE DE
GANHOS ENERGÉTICOS

Carlos Jesivan Marques Albuquerque1, Marcio Zamboti Fortes2,

Marcos Paulo de Souza1
1
CECETEN/Universidade Severino Sombra - Av. Expedic. Osvaldo de A. Ramos, 280 –
Vassouras/RJ
2
TEE/Universidade Federal Fluminense – Rua Passos da Pátria, 156 – Bloco E/431 –
Niterói/RJ

Abstract: Thermography as predictive maintenance tool has the objective to identify “hot
points” and orientate the correction, avoiding premature failures at equipments. In this
paper is presented a differentiated focus for the use of this tool: the energetic profits. The
objective is to present study of “hot points” cases elimination, after thermography
analyses, and simple calculations of energetic profits for the corresponding surplus levels
Joule Effect reduction. Samples referred distribution lines validate the presented premise,
proving that the application of this modern maintenance technique can be applied
focusing the important question of the electric energy efficient use. Copyright © 2011
CBEE/ABEE

Keywords: Energy Profit, Energy Conservation, Joule Effect, Maintenance,

Thermography.

Resumo: Termografia como ferramenta preditiva, utilizada em manutenção, tem o

objetivo de identificar “pontos quentes”, visando orientar a correção e evitar falhas
prematuras de equipamentos. No presente trabalho apresenta-se, entretanto, foco
diferenciado para o uso desta ferramenta: o ganho energético. Seu objetivo é apresentar
estudo de casos de eliminação de “pontos quentes”, partindo do levantamento
termográfico, e cálculos simples de ganhos energéticos pela redução de correspondentes
níveis excedentes de Efeito Joule. Exemplos referenciados a linhas de um sistema de
distribuição validam a premissa apresentada, comprovando que a aplicação desta moderna
técnica de manutenção pode ser aplicada focando a importante questão do uso eficiente da
energia elétrica.

Palavras Chaves: Ganhos energéticos, Conservação de energia, Efeito Joule,

Manutenção, Termografia.

A termografia é uma das ferramentas mais poderosas

1 INTRODUÇÃO
Agir com manutenção preditiva significa atuar com
técnicas específicas, sobre parâmetros de condição e
desempenho, com a finalidade de permitir o maior
tempo possível de operação do equipamento, antes
que falhe, proporcionando aumento de produção e de
faturamento. Para Lafraia (2001), manutenção
preditiva é aquela executada antes da falha, face o
conhecimento das condições operacionais,
determinadas pelo monitoramento contínuo. Seu
objetivo principal é determinar o momento mais
adequado da necessidade da intervenção mantenedora,
permitindo, entre outros aspectos, evitar-se
desmontagens desnecessárias para inspeção e utilizar-
se os componentes ao máximo em sua vida.
da manutenção preditiva, sendo muito empregada na
atividade industrial em geral, incluindo-se os setores
de geração, transmissão e distribuição de energia.
Crescentes avanços tecnológicos têm permitido a
chegada ao mercado de equipamentos termógrafos
com recursos cada vez melhores e custos acessíveis,
permitido ampliação das perspectivas de seu emprego
no âmbito da manutenção preditiva, com aumento de
investimentos nesta poderosa ferramenta de inspeção.
São vários os estudos realizados. Citam-se entre eles:
estudo com analise do emprego da termografia
contribuindo para aumento da confiabilidade e
segurança em instalações, como apresentado por
Epperly (1997); com avaliações estatísticas dos dados
coletados para a previsão de falhas, como apresentado
por Lindquist e Bertling (2008). Este trabalho, porém,
apresenta foco no controle preditivo termográfico
aplicado sobre sistemas elétricos, seguido de análises
sistemáticas, para controle e gestão de temperatura e
corrente elétrica. Nesse foco, estas variáveis são
medidas durante inspeção em campo, acompanhadas
através de devidas análises e, depois de realizadas as
ações de manutenção corretiva, é possível
comprovarem-se ganhos energéticos e oportunidades
de redução de custos. A proposta do trabalho, assim, é
apresentar esta nova visão de avaliação quando da
definição de estratégias de manutenção preditiva
utilizando termografia. Através de cálculos unitários,
sobre valores medidos com o apoio da técnica
termográfica, valores de ganhos energéticos que
despertam o interesse são evidenciados.
2 TERMOGRAFIA:
FUNDAMENTOS FÍSICOS
ENVOLVIDOS.
A técnica da termografia, nos aspectos que se referem
ao calor incidente sobre o equipamento termográfico,
toma por base os fenômenos da emissão e da
propagação da energia fotônica radiante,
correspondente à faixa infravermelha (IV) do espectro
eletromagnético (da ordem de 0,8 a 1000 μm),
naturalmente emitida pelos corpos, e o processo de
sua detecção. No processo termográfico, após se
propagar, esta energia radiante é detectada por
dispositivo transdutor (fotocondutivo, fotovoltaico ou
térmico), sensível a comprimentos de onda nessa
faixa: o detector de IV. Sinal elétrico é gerado por este
dispositivo (em decorrência da radiação incidente),
sendo em seguida eletronicamente processado para a
obtenção das imagens térmicas ou os registros digitais
de temperatura.
A compreensão do processo da emissão de calor pelos
corpos, parte do principio de que, todo corpo, com
temperatura acima do zero absoluto (0 K = -273 °C),
emite naturalmente energia fotônica a partir de sua
superfície. O valor da energia do fóton emitido é
função inversa do comprimento de onda (e direta da
freqüência) da radiação eletromagnética
correspondente. Os fenômenos quânticos que se dão
no processo de detecção de IV pelo termógrafo levam
em conta tais relações. A temperatura em K da
superfície emissora guarda, por sua vez, relação direta
com o comprimento de onda de máxima emissão
(Radiância espectral máxima ou emitância radiante
espectral máxima) da mesma. A lei do deslocamento
de Wien para um corpo negro (emissor de máxima
emitância) estabelece esta relação na forma como se
segue:
h.c
max T   2.898 x103 m . K (1)
4965.k
IV CBEE – Juiz de Fora – MG – Brasil - 28 a 31 de Agosto de 2011
onde:
máx = comprimento de onda correspondente à
radiância espectral máxima;
h = constante de Planck (6,625 x 10-34 J.s)
c = velocidade da luz no vácuo;
k = constante de Boltzmann (1,3806503 x 10-23
J . K-1); e
T = temperatura do corpo negro, em K.
Esta lei exprime quantitativamente o fato de que a
radiância espectral máxima se dá em comprimentos de
onda progressivamente mais curtos à medida que a
temperatura aumenta. Ressalte-se ainda que a energia
total (energia emitida em todo o espectro) radiada por
segundo, por unidade de área (radiância ou emitância
radiante total), para um corpo negro, é dada pela lei de
Stefan- Boltzmann, como se segue:
e   .T 4 (2)
onde:
e = valor da radiância total;
 = constante de Stefan (5,67 x 10-8 W. m-2); e
T = temperatura do corpo negro, em K.
Para complementar o entendimento dos parâmetros
envolvidos no processo das analises termográficas, é
importante também definir-se:
- Temperatura do objeto emissor: parâmetro que
mede indiretamente a energia cinética média dos
átomos e moléculas. Sempre que existir gradiente de
temperatura no interior de um sistema, haverá
transferência de energia no sentido das mais altas para
as mais baixas temperaturas.
- Emissividade do objeto emissor: é um índice
relativo à energia radiada de um objeto; para uma
dada temperatura, é definida pela relação entre a
emitância radiante do corpo considerado e a emitância
radiante do corpo negro. O valor da emissividade é
função direta da natureza do material, em sua
superfície, e da sua temperatura.
Na formação da imagem térmica dos objetos em
estudo, estão presentes os comprimentos de onda
relativos ao espectro IV emitido, correspondentes às
temperaturas e energias térmicas emitidas por cada
uma das partes e pontos do objeto. A imagem em
geral é obtida representando-se as taxas de calor
emitidas através de níveis de cinza ou através de
cores. Seja em uma escala monocromática (níveis de
cinza) ou policromática, a cor preta em geral se
associa à faixa mais “fria” do espectro emitido
(maiores comprimentos de onda, menor energia
fotônica, temperaturas mais baixas) e a cor branca à
faixa mais “quente” (menores comprimentos de onda,
maior energia fotônica, temperaturas mais altas). A
Figura 1 apresenta imagens térmicas típicas.

Figura 1: Imagens térmicas típicas (Souza, 2009)
2.1 Termografia na inspeção
preditiva
A Termografia tem papel muito importante na
manutenção preditiva. Seu emprego permite
tipicamente identificar e eliminar problemas de
contatos e isolamento, permitindo evitar falhas
elétricas. Falhas mecânicas e processos de fadiga de
materiais também podem ser avaliados. Com intuito
de prevenir a partir de monitoração, a inspeção
termográfica se torna indispensável para qualquer
empresa que tenha por objetivo manter o bom
funcionamento de seus equipamentos e por
conseqüência diminuir custos, otimizar emprego de
mão de obra e materiais, bem como melhorar a
segurança no trabalho. Pode ser enquadrada segundo
dois grandes ramos: a termografia qualitativa e a
termografia quantitativa. O primeiro ramo refere-se ao
emprego em que as informações obtidas sobre
componentes, equipamentos ou processo são
provenientes da análise de distribuição térmica quanto
a diferenças em relação a referências padrões, ou seja,
baseiam-se em padrões comparativos. Informa-nos
tais análises sobre existência de possível anomalia
térmica e a localiza. No segundo ramo, as
informações obtidas são provenientes da medição
direta das temperaturas associadas aos padrões de
distribuição térmica observados. Isto permite
classificar a anomalia de forma mais direta quanto à
sua gravidade, por meio desse valor de temperatura.
Inspeções elétricas realizadas com emprego do
recurso termográfico trazem muitos benefícios.
Duas importantes e essenciais vantagens podem ser
apontadas ao se pensar em termografia na
manutenção:
- Redução do tempo e dos custos das
desmontagens, reparações e montagens de
componentes, particularmente útil em situações em
que o cerne do problema nem sempre é de fácil
estabelecimento. A inspeção termográfica permite,
entretanto, identificá-lo de forma precisa e proceder à
reparação agindo somente no componente afetado.
- Permitir que problemas graves, que possam estar
em processo iminente de produzir falha, sejam
IV CBEE – Juiz de Fora – MG – Brasil - 28 a 31 de Agosto de 2011
facilmente identificados, havendo tempo para a sua
reparação antes de maiores efeitos danosos (aspecto
especificamente preditivo). Na realidade, na maioria
dos casos, é possível identificar o problema muito
antes de vir a se tornar crítico. Dependendo da
temperatura, a decisão de reparação pode ser tomada
com suficiente antecedência e bom planejamento.
3 METODOLOGIA
Para o estudo proposto neste trabalho apresentam-se,
como se segue, pontos tipicamente sensíveis nas
partes de uma rede de distribuição de energia e
aspectos básicos para avaliação de suas condições
operacionais via inspeção termográfica.
3.1 Avaliação em condutores
Condutores poderão ser inicialmente verificados por
inspeção visual em toda extensão do cabo, quanto à
existência de rompimento dos tentos para, em seguida,
identificar com a termografia, existência de algum
aquecimento por resistência à passagem da corrente
elétrica alterada. Também é necessária verificação das
condições das luvas de emendas e emendas pré-
formadas existentes.
3.2 Avaliação em transformadores
Em transformadores verificam-se todas as conexões
pertinentes aos tacos de interligação entre pára-raios,
chaves fusíveis, estribos, terminais de buchas do
secundário e primário e conexão “ampact” da rede
principal de distribuição de baixa tensão.
Aquecimentos excessivos poderão ser identificados
nas conexões internas das bobinas, nas buchas, bem
como os decorrentes de nível de óleo refrigerante
baixo, de sobrecargas e outros.
3.3 Avaliação em religadores,
seccionalizadores, reguladores e
banco de capacitores
Devem-se verificar todos os pontos de conexão e
interligação dos equipamentos com a rede principal de
distribuição de média tensão. Aquecimentos
excessivos internos poderão ser identificados nas
garras das conexões internas do sistema mecânico de
fechamento e abertura dos equipamentos.
3.4 Avaliação em isoladores, pára-
raios, chaves fusíveis e chaves
seccionalizadoras
Em geral estes dispositivos são compostos de contatos
ou mecanismos de fechamento e abertura, que sob
carga e tensão apresentam uma sensibilidade maior ao
aquecimento caso não sejam adequadamente
apertados e acomodados em suas posições. No caso
dos isoladores e pára-raios, deverá ser verificada Tabela 1 – Caso 1: Medições de corrente pós correção
numa inspeção termográfica a presença ou não de Antes Correção Após Correção
aquecimento excessivo pela passagem de corrente à Fase A 28 A 30 A
terra devido à presença de trincas, lascas, rachaduras, Fase B 42 A 33 A
chamuscados e desgaste em geral nas porcelanas ou Fase C 82 A 76 A
Neutro 24 A 22 A
camadas poliméricas.
Considerando-se, em condições normais, resistência
3.5 Avaliação em conexões
de contato neste ponto com valor médio de 100 m,
uma redução de corrente de 6 A para a mesma carga
Deve-se verificar as conexões mais utilizadas em rede
na fase C acarreta redução de perda por efeito Joule
aérea de distribuição: conector “ampact” tipo cunha;
oriundo da má conexão de:
conector terminal de parafuso; conector de auto
perfuração para cabos isolantes; conector de parafuso,
entre outros. Ainda: emendas de tração total; emendas P  R.I 2  0,1.62  3,6 W (3)
de tração reduzida; emendas pré-formadas, entre
outras. Pconsumo  3,6W .24h.30d .12meses  31,10
kWh/ano (4)
4 CASOS DE ESTUDO E ANÁLISE DE Em síntese, em um mês, a correção neste ponto
RESULTADOS (Souza, 2009) representa uma redução de desperdício de 2,592 kWh;
extrapolando para um ano tem-se 31,10 kWh.
Apresentam-se situações exemplos diversas para Importante destacar que este valor é conservador.
referenciar os estudos efetuados. Elas representam
resultados típicos obtidos nos ensaios em campo em
Observa-se nas medidas que outras fases também
vários pontos identificados, acompanhados das
sofreram aumento de corrente, certamente
respectivas avaliações de ganhos energéticos
relacionadas a alterações na carga. Na fase A
oportunizados.
observou-se pequeno aumento de corrente, mas
atribuído ao fato de a carga não ser estável, por tratar-
4.1 Caso 1 se de consumidores residenciais distribuídos não
Referido a aquecimento excessivo em uma conexão uniformemente pelas 3 fases da baixa tensão.
de uma das fases do secundário de um transformador. Observa-se ainda ter havido pequena redução na
Como primeira etapa de execução, efetuou-se corrente de neutro.
inspeção termográfica com o uso do termovisor
modelo TH7800N do fabricante NEC SAN-EI
INSTRUMENTS LTDA. Identificou-se o
aquecimento excessivo em conexão na fase “C” do
lado baixa tensão, proveniente de conector de
compressão em mau estado, pela vida útil
comprometida e grandes forças de estiramento. A
Figura 2 permite visualizar a situação, detalhada na
pequena área circunscrita por linha vermelha. A cor
vermelha na imagem térmica indica temperatura
elevada. A partir daí, registraram-se medições
instantâneas das correntes das fases, com multímetro
modelo ET3200-Minipa. Executou-se em seguida o
reparo da conexão defeituosa e, posteriormente, nova
inspeção com o termovisor identificou normalidade de
temperatura, como ilustrado na Figura 3, em que não
mais se constata a área aquecida mostrada na Figura
2. Por fim, executou-se medição de correntes, para
análise após manutenção corretiva.

Procurou-se efetuar as medições em horários em que a

indicação de carga no barramento era similar. Mas,
deve-se considerar que pequenas variações podem ter
ocorrido.

Os dados das medições de corrente registradas estão

apresentados na Tabela 1 que se segue: Figura 2: Situação antes da correção (caso 1)

IV CBEE – Juiz de Fora – MG – Brasil - 28 a 31 de Agosto de 2011

 Figura 3: Situação após a correção (caso 1) Figura 5: Situação após a correção (caso 2)

Executaram-se em seguida novas medições de

4.2 Caso 2
corrente, para análise após manutenção corretiva,
também realizadas em horários em que o histórico do
Como no caso 1, efetuaram-se as medições em um
registro de consumo, de acordo com o centro de
ponto identificado termograficamente, aqui localizado
distribuição de cargas, apresentava consumo similar
na fase A. Executou-se o reparo e fez-se nova
podendo, entretanto, ter havido pequenas variações.
inspeção termográfica. As Figuras 4 e 5 ilustram os
Os dados das medições de corrente registradas estão
registros térmicos, respectivamente antes e após a
apresentados na Tabela 2.
correção.
Tabela 2 – Caso 2: Medições de corrente pós correção
Antes Correção Após Correção
Fase A 101 A 98 A
Fase B 83 A 84 A
Fase C 45 A 44 A
Neutro 32 A 30 A

Novamente, para resistência de contato considerada

neste ponto com valor médio de 100 m, uma
redução de corrente de 3 A para a mesma carga na
fase A, acarreta redução de perda por efeito Joule
oriundo da má conexão de:

P  R.I 2  0,1.32  0,9 W (5)

Pconsumo  0,9W .24h.30d .12meses  7,776

kWh/ano (6)

Ou seja, em um mês, este ponto corrigido corresponde

a uma redução de 0,648 kWh e extrapolando para um
ano tem-se 7,776 kWh. Importante novamente
destacar que este valor é conservador. Observa-se
novamente nas medidas, que outras fases também
sofreram aumento de corrente, certamente
relacionadas a alterações na carga. Na fase B
observou-se pequeno aumento de corrente (1 A), mas
Figura 4: Situação antes da correção (caso 2)

IV CBEE – Juiz de Fora – MG – Brasil - 28 a 31 de Agosto de 2011

 também atribuído a variação da carga, constituída
também por clientes residenciais, distribuídos não
uniformemente. Observa-se ainda pequena redução na
corrente de neutro.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E oriundos da energia dissipada na forma de calor
CONCLUSÃO
5.1 Considerações finais
As análises apresentadas em ambos os casos
apresentados são simples, mas demonstram o
potencial de ganhos que podem ser obtidos a partir
das informações da ferramenta termográfica. As
medições realizadas podem ser comprovadas em
laboratório, mas sem as influencias atmosféricas e
variações de carga típicas dos sistemas de
distribuição.
É importante destacar, como fato adicional, ter sido
também observado uma significativa redução na
corrente de neutro, possivelmente originada por um
maior equilíbrio das fases e pela eliminação de um
ponto critico que contribui para os desbalanços de
corrente, existente devido aos pontos quentes,
corroborando-se ainda mais a premissa de
possibilidade de ganhos.
5.2 Conclusão
A partir de práticas de inspeção desenvolvidas em
campo, de medições e manutenção corretiva, com
obtenção de variáveis como temperatura e corrente,
identificou-se a oportunidade de estender a avaliação
dos resultados destes testes para o âmbito da
eficiência energética. Elaboraram-se planilhas de
dados para registro de estudos de caso e avaliação
critica das perdas de energia dissipada em forma de
calor.
Avalie-se, por exemplo, as possíveis perdas de um
conjunto de linhas de distribuição aérea que saem de
um barramento de uma subestação de médio porte,
atendendo em torno de 38.000 clientes de baixa tensão
vinculados, com histórico anual registrando em torno
de 771 ocorrências (valores coletados do histórico de
falhas da linha de distribuição de referência neste
trabalho) consideradas pontos quentes. Se estes
pontos de defeito forem corrigidos e se os ganhos
obtidos a partir de cada um deles forem, em media, de
3 W de potência dissipada em forma de calor, pode-se
chegar a um ganho energético de 1665 kWh ao mês
ou em torno de 20 MWh anualizado. Para uma tarifa
no valor de R$ 0,39 por unidade de kWh (referência
consumidor residencial de 51-300 kWh, LIGHT
SESA - abril 2011), isto corresponde por ano a R$
7.793,84 em termos de ganho financeiro.
Outros fatores de impacto a considerar não estão
relacionados diretamente ao ganho financeiro, mas
sim a aspectos como: custos evitados de falhas e
decorrente troca de equipamentos; áreas sem energia
IV CBEE – Juiz de Fora – MG – Brasil - 28 a 31 de Agosto de 2011
View publication stats
resultando comprometimento de imagem da
concessionária como prestadora de serviço; motivação
de equipes; desempenho e indicadores de
manutenção; multas e retratação pelo não
cumprimento de índices acordados junto à ANEEL.
Considere-se ainda a redução de impactos ambientais
evitada.
O enfoque apresentado neste trabalho, ao encarar a
ferramenta termográfica como elemento da
manutenção - que permite identificar e corrigir pontos
quentes, e com isto evitar dissipação indevida de
energia por Efeito Joule, constitui-se aspecto
importante, a ser considerado nos programas de
Conservação de energia das empresas. O trabalho, em
suma, demonstra tal possibilidade, devendo, assim, o
uso da termografia ser amplamente explorada dentro
do enfoque ora apresentado.
É inegável que as técnicas termográficas têm papel
relevante na atualidade. Entretanto, a termografia
ainda não é, de forma suficientemente satisfatória,
utilizada nas empresas. Isto se deve, em parte, ao
ainda alto custo dos equipamentos e ao pouco ou
inadequado treinamento de pessoal da manutenção e
operação para seu uso contínuo, dentro de um plano
de manutenção funcional e coordenado diretamente
pela Engenharia da Manutenção. Entretanto,
constatação concreta da possibilidade de ganhos
energéticos pode representar elemento de incentivo
adicional para incremento de seu emprego. Assim, a
existência de tecnologia disponível nas empresas
concessionárias de distribuição de energia, associada a
uma ampliação de recursos, correta orientação e
divulgação de atividades como esta, pode permitir
focar outro cenário que não somente o da manutenção,
mas o de oportunidade de tais ganhos.
6 REFERÊNCIAS
Lafraia, J.R.B. (2001). Manual da Confiabilidade,
Mantenabilidade e Disponibilidade. Editora
Qualitymark, Rio de Janeiro.
R.A. Epperly; G.A. Heberlein and L.G. Eads (1997).
A tool for reliability and safety: predict and
prevent equipment failures with termography.
In: Petroleum and Chemical Industry
Conference, pp. 59-68.
Souza, M.P. (2009). Termografia em Sistemas de
Distribuição de Energia: Oportunidades e
Ganhos Energéticos. Monografia Curso de
Especialização em Gestão e Técnicas de
Manutenção. Universidade Severino Sombra.
T.M. Lindquist and L. Bertiling (2008). Hazard rate
estimation for high-voltage contacts using
infrared thermography. In: Reliability and
Maintenability Symposium-RAMS, pp. 231-
237.