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Modelagem Térmica de Transformadores – Método

de Regressão Linear Multípla para Previsão de


Temperatura do Óleo
R. de Faveri E.T.W. Neto A.F.Picanço
Instituto de Sistemas Elétricos e Instituto de Sistemas Elétricos e Departamento de Engenharia Elétrica
Energia (ISEE) Energia (ISEE) Instituto Federal da Bahia (IFBA)
Universidade Federal de Itajubá Universidade Federal de Itajubá Salvador-BA, Brasil
(UNIFEI-MG) (UNIFEI-MG) alepicanco@ifba.edu.br
Itajubá – MG, Brasil Itajubá – MG, Brasil
renan.faveri@lat-efei.org.br estacio@lat-efei.org.br

Resumo – O objetivo deste trabalho consiste em criar uma para previsões. No caso do estudo, escolheu-se a temperatura
aplicação de previsão das variáveis térmicas das partes internas do óleo.
de um transformador. Para isto, será utilizada análise amostral
de leituras de temperatura do óleo, dos enrolamentos e da Finalmente, por meio dessa equação, o método pode ser
potência ativa pelo sistema supervisório para tratamento dos usado para auxiliar a operação como agir em situações críticas
dados por meio da utilização de regressão linear múltipla. A de controle da temperatura do equipamento, antecipando
partir da modelagem do sistema, a ferramenta poderá ser situações que possam trazer danos maiores aos
incorporada ao sistema SCADA do centro de operações das transformadores.
concessionárias de energia para auxílio nas análises e decisões
referentes ao controle de carregamento de transformadores II. DEFINIÇÕES
Palavras-Chave: transmissão de calor, modelos térmicos, A. Transformador de Potência
aquecimento de transformador, vida útil, refrigeração, regressão O funcionamento de um transformador se baseia na
linear, centro de operações. operação estática que por meio de indução eletromagnética,
I. INTRODUÇÃO onde se transfere energia de um circuito, conhecido como
primário, para outro circuitos, podendo ser um ou mais e assim
O Setor Elétrico Brasileiro tem o desafio da utilização são denominados secundários e terciários com a premissa de
racional da energia elétrica, uma das principais razões é a se manter a frequência, porém, com tensões e correntes
expansão da oferta de energia sendo que os investimentos diferentes respeitando a relação de transformação. A figura 1
devem ser cada vez mais otimizados. Uma alternativa para apresenta um esquema teórico simplificado do equipamento.
auxiliar no cenário atual é o aproveitamento ótimo dos
equipamentos componentes do setor, com destaque para os
transformadores de potência, uma vez que são de elevado
investimento e ocupam posição de destaque para a
confiabilidade do Sistema Elétrico de Potência.
Equipamentos fora das condições nominais representam
sempre uma condição de atenção, mas os riscos podem ser
diminuídos através de análises para situações particulares no
cenário em que o equipamento está inserido [1]. Cargas acima
da potência nominal do transformador vem sendo aplicada a
algumas décadas pelas concessionárias brasileiras, sendo
assim algumas normas e procedimentos foram estabelecidos
para orientação dos projetos, como a NBR 5356 [2]. A
aplicação de cargas acima dos nominais geram Fig. 1 - Esquema teórico operação de um transformador [4].
sobreaquecimento das partes internas como o óleo e
enrolamentos, assim os monitores térmicos são importantes no 𝐸1 𝑁1 𝐼2
∅= = = (1)
auxílio das empresas, possibilitando o atendimento de 𝐸2 𝑁2 𝐼1
sobrecargas temporárias, controlar e monitorar os sistemas de
resfriamento e controlar o carregamento térmico com Onde:
confiabilidade e em respeito aos limites de projeto [3].
E1 é a tensão da bobina primária;
Dentro deste contexto, este trabalho se propõe a estudar
o comportamento térmico de transformadores através da E2 é a tensão da bobina secundária;
utilização da coleta de dados do equipamento, via histórico I1 é a corrente da bobina primária;
gerado pelo sistema supervisório e dados do clima por uma
estação meteorológica instalada no ambiente de subestação. A I2 é a corrente da bobina secundária;
partir da coleta, armazenamento e tabulação é utilizado o N1 é o número de espiras da bobina primária;
método de regressão linear múltipla para a criação de uma
equação que representa a variável em questão a ser utilizada N2 é o número de espiras da bobina secundária;
A parte ativa do equipamento é constituído basicamente D. Regressão Linear Multipla
por enrolamentos, tanque, radiadores e isolação, enquanto os A relação entre uma variável dependente e outras variáveis
demais são conhecidos como acessórios complementares. conhecidas como independentes é estudado pela análise de
Como todo equipamento, os transformadores de potência regressão. Um modelo matemático pode descrever essa
apresentam perdas no seu sistema de funcionamento, sendo as relação, ou seja, através de uma equação pode-se relacionar a
principais as perdas no cobre e as perdas no ferro. As perdas variável dependente às variáveis independentes, quando se
no cobre correspondem à dissipação de energia por efeito tem mais de uma independente o modelo é conhecido como
Joule, que são geradas pelas correntes que circulam nos regressão linear múltipla [8].
enrolamentos dependentes da carga elétrica suprida, onde são A análise de correlação verifica as inferências estatísticas
proporcionais ao quadrado dessa carga. O fluxo presente no das medidas de associação linear como o coeficiente de
circuito magnético determina as perdas no ferro e são correlação múltiplo, que mede a “força” ou “grau” de
praticamente constantes no transformador, seja operando com relacionamento linear entre uma variável e um conjunto de
carga ou em vazio. outras variáveis. O modelo de regressão linear é descrito na
A dissipação de potência e o aquecimento da parte ativa equação 2.
representam as perdas no sendo numa relação que, de forma 𝑌 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑋1 + ⋯ + 𝛽𝑘 𝑋𝑘 + 𝐸 (2)
simplificada, quanto maior a potência transformada, maior a Sendo:
potência dissipada na forma de perdas térmicas [5].
• X1, ..., Xk – variáveis independentes;
Com relação às perdas no cobre, os parâmetros de • E – variável aleatória residual;
construção, operação, tempo de utilização com carga e em • β0, ..., βk – parâmetros desconhecidos a estimar;
vazio e o preço da energia elétrica são utilizados para • Y – variável dependente.
determinar o carregamento econômico de cada transformador.
B. Modos de Transferência de Calor Assim, em um estudo de regressão que se tem n
O estudo das leis de transferência de calor é de grande observações de cada variável independente seja:
importância para o projeto e operação de equipamentos → 𝑖=1 𝑖=2 ⋯ 𝑖=𝑛
elétricos como transformadores, geradores, motores e outros. 𝑋1 𝑥11 𝑥12 ⋯ 𝑥1𝑛
A função da isolação de um equipamento é protegê-lo contra 𝑋2 𝑥21 𝑥22 ⋯ 𝑥2𝑛 (3)
as perdas ou ganhos de calor, portanto, o dimensionamento da ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
isolação transmite o calor de maneira mais efetiva. 𝑋𝑘 𝑥𝑘1 𝑥𝑘2 ⋯ 𝑥𝑘𝑛
A transferência de calor possui três mecanismos que são
condução, convecção e radiação [6]. Para cada x1i, ..., xki fixos, Yi é uma variável aleatória.
Portanto, existem n variáveis aleatórias: Y1, Y2, ..., Yn:
Existem dois estados de transferência de calor definidos
como estacionário, onde a variação da temperatura de acordo 𝑌𝑖 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑥1𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑘 𝑥𝑘𝑖 + 𝐸𝑖 𝑖 = 1, … , 𝑛 (4)
com a posição no elemento, e o transitório, no qual a variação
da temperatura ocorre em ralação à posição e ao tempo. 𝑌1 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑥11 + ⋯ + 𝛽𝑘 𝑥𝑘1 + 𝐸1
C. Dispositivos de Resfriamento em Transformadores

Em equipamentos de grande porte, com a finalidade de
ampliar as trocas térmicas com o meio externo, os projetos 𝑌𝑛 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑥1𝑛 + ⋯ + 𝛽𝑘 𝑥𝑘𝑛 + 𝐸𝑛
podem contemplar recursos como estágios de ventilação
forçada nos radiadores, convecção forçada por bombeamento
Considerando que E1, ..., En são variáveis aleatórias
do fluído e trocadores de calor externos com fluídos
independentes de média zero e variância σ2, assim para
refrigerados [7]. Quanto às formas ou estágios de resfriamento
quaisquer x1i, ..., xki fixos, Yi é uma variável aleatória de média
pode-se definir:
𝜇Yi.
• ONAN – operação com circulação interior natural 𝜇𝑌1 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑥1𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑘 𝑥𝑘𝑖 (5)
de óleo e circulação natural do ar externo;
• ONAFN – operação com circulação interior natural E variância σ2.
do óleo e circulação forçada do ar externo, sendo o Os dados para a análise de regressão e de correlação
índice N o número de estágios de ventilação; múltipla são da forma:
• OFAFN – operação com circulação interior forçado
de óleo e circulação forçada do ar externo; (y1, x11, x21, ..., xk1), (y2, x12, x22, ..., xk2), …, (yn, x1n, x2n, ...,
• ONWN – operação com circulação interior natural xkn)
do óleo e com trocador de calor externo com
circulação natural de água; Cada observação obedece à seguinte relação:
• ONWF – operação com circulação interior natural 𝑦𝑖 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑥1𝑖 + 𝛽2 𝑥2𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑘 𝑥𝑘𝑖 + ɛ𝑖
de óleo e com trocador de calor externo com 𝑖 = 1, … , 𝑛 (6)
circulação forçada de água; Sendo:
• OFWF – operação com circulação interior forçada 𝜇𝑌1 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑥1𝑖 + 𝛽2 𝑥2𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑘 𝑥𝑘𝑖 (7)
do óleo e com trocador de calor externo com
circulação forçada de água.
O valor observado de uma variável aleatória (yi), O cálculo da temperatura do ponto mais quente do
usualmente é diferente da sua média (𝜇yi) por uma quantidade enrolamento é determinado segundo a padronização IEEE [7].
aleatória ɛi. O nível do isolamento determina a capacidade térmica dos
transformadores. A temperatura do ponto mais quente
De forma matricial tem-se a seguinte notação: determina a perda de vida útil do transformador e tem efeito
𝑦1 1 𝑥11 𝑥21 … 𝑥𝑘1 𝛽0 𝜀1 cumulativo [9].
𝑦2 1 𝑥12 𝑥22 … 𝑥𝑘2 𝛽1 𝜀2
Outro ponto importante quanto à análise e previsão das
[ ⋮ ] = [ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ] [ ] + [ ⋮ ] → 𝑦 = 𝑋𝛽 + 𝜀 (8)
⋮ ⋮ temperaturas em situações especificas é a avaliação quanto à
𝑦𝑛 1𝑥1𝑛 𝑥2𝑛 ⋯𝑥𝑘𝑛 𝛽𝑘 𝜀𝑛 degradação do equipamento e a antecipação da operação em
casos de restrição de manutenções, casos em que é necessário
Onde: a indisponibilidade de uma unidade transformadora para
• y – Vetor das observações da variável dependente; manutenção e sobrecarregamento das outras existentes em
• X – Matriz significativa do modelo; uma subestação.
• β – Vetor dos parâmetros do modelo; A. Modelagem de um Estudo de Caso
• ɛ - Vetor das realizações da variável aleatória
Para a modelagem de um caso em estudo, utilizou-se a
residual. medição realizada do Transformador 1 230/138/13,8 kV e 150
III. DESENVOLVIMENTO MVA e armazenada pelo Sistema Supervisório do Centro de
Operações.
A NBR 5356 estabelece que os equipamentos se dividem
em dois grupos para limites operativos sendo de 55ºC acima TABELA 1 - DADOS DO TRANSFORMADOR MODELADO
da temperatura ambiente e que não podem exceder a 65ºC no
Características Principais do Equipamento
ponto mais quente do enrolamento (Hot Spot) e aqueles que
Nº de Fases 3
podem operar com 65ºC, ou, no máximo, 80ºC no ponto mais Tipo ATOVC-NF
quente. Portanto, o aumento da temperatura causa o início da Potência 90/120/150 MVA
deterioração dos materiais e fluídos isolantes, sendo acelerado Tensão 230-138-13,8 kV
na faixa de 105ºC e na faixa de 115ºC tendo risco de Frequência 60 Hz
inflamação. Em projetos normalmente se estipula que Ligação do Banco Estrela-Estrela-Triângulo
temperaturas acima de 75ºC nos fluídos influenciam na Tipo de resfriamento ONAN/ONAF/ONAF
diminuição da “vida útil” e na redução dos intervalos de Tipo de comutação Sob Carga (CDC) e sem tensão
(CST)
manutenção pré-estabelecidas. Normas de referência ABNT/NBR 5356
No caso de empresas transmissoras de energia elétrica, Massa total (com óleo) 149.000 kg
deve-se garantir em condição de emergência de curta e de Massa p/ Transporte sem óleo 87.000 kg
Massa de óleo 48.000 kg
longa duração, que a unidade transformadora possa operar Volume de óleo 54.200 litros
sempre que solicitada pelo ONS (Operador Nacional do
Sistema Elétrico) desde sua entrada em operação e ao longo
de toda a vida útil nas condições descritas na figura 2 [9]. As temperaturas do óleo na parte mais alta do tanque e do
enrolamento de alta tensão (AT-H2), média tensão (MT-X2)
e baixa tensão (BT-Y2) são controlados através de monitores
de temperatura, instalados no interior do alojamento do
comando do transformador. A medição da temperatura do
óleo é medida com a utilização de um sensor PT-100 como
mostrado na figura 3, enquanto as temperaturas dos
enrolamentos são feitas através dos enrolamentos de imagem
térmica nos TCs de bucha de acordo com a figura 4.

Fig. 2 - Ciclo de carga diário.

Portanto, em alguns cenários uma subestação poderá


funcionar sem alguns dos seus transformadores, o que poderá
ocasionar a sobrecarga das unidades restantes em
funcionamento desde que o regime descrito acima seja
respeitado.
A análise das temperaturas nos componentes dos
transformadores tem como objetivo avaliar o comportamento
térmico preciso em função das perdas e da sua localização no
transformador. Estes resultados podem gerar dados sobre a
vida útil do equipamento em função das perdas e dos
parâmetros construtivos. Figura 3 - Medição da temperatura do óleo [10].

LAG_TF1_TEBT – Temperatura do Enrolamento
de Baixa Tensão 13,8 kV do Transformador 1;
• LAG_TAMB – Temperatura Ambiente;
• LAG_TF1-230_MW – Potência Ativa do
Transformador 1.
O supervisório utilizados é o SAGE (Sistema Aberto de
Gerenciamento de Energia), a partir de um arquivo exportado
dele, os valores de medição são tabulados para um intervalo
de observação de 5 (cinco) minutos para uma janela de
observação de 7 (sete) dias.
Os valores de temperatura foram dispostos no gráfico
mostrado na figura 6 para efeito comparativo.
LAG_TF1_TEMT
LAG_TF1_TEBT
60 LAG_TF1_TEAT
LAG_TAMB
55
LAG_TF1_TOLE
50

45

40

TEMPERATURA °C
35

30

25

Fig. 4 - TC's de imagens térmicas do transformador de potência [10]. 20

Além disso foi utilizado as medições da temperatura 15

ambiente monitorada por uma estação meteorológica instalada 10


no ambiente da subestação.
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TEMPO

Fig. 6 - Medições de Temperatura via SAGE.

A partir da coleta dessas informações e disposição dos


dados em forma de tabela no software EXCEL® foram
organizados 2016 pontos de observação.
De mãos dos dados, foi feito o cálculo de regressão linear
múltipla para algumas situações de estudo,
• Situação 1: análise de regressão sendo
LAG_TF1_TOLE uma variável dependente e as
outras independentes;
• Situação 2: análise de regressão sendo
LAG_TF1_TOLE uma variável dependente, porém
as temperaturas do enrolamento da AT, MT e BT
são reunidas em uma única variável que representa
a média, além da Temperatura ambiente e Potência
do TR1 também serem variáveis independentes;
Fig. 5 - Estação meteorológica para temperatura ambiente.
• Situação 3: análise de regressão sendo
As medidas aquisitadas são: LAG_TF1_TOLE variável dependente e somente a
Potência e a Temperatura Ambiente como variáveis
• LAG_TF1_TOLE – Temperatura do Óleo do independentes;
Transformador 1;
• LAG_TF1_TEAT – Temperatura do Enrolamento
de Alta Tensão 230 kV do Transformador 1; IV. DISCUSSÃO E RESULTADOS
• LAG_TF1_TEMT – Temperatura do Enrolamento Através da modelagem feita acima com o uso de regressão
de Média Tensão 138 kV do Transformador 1; linear múltipla os parâmetros gerados para cada situação
proposta são mostrados a seguir.
A. Estatísticas de Regressão experimento com a criação de uma medida auxiliar, que
corresponde à média aritmética entre as temperaturas dos
TABELA 2 - ESTATÍSTICAS DA REGRESSÃO enrolamentos, assim apesar de parecer ser utilizado menor
volume de dados, os resultados se demonstraram próximos
Estatísticas de Regressão Situação 1 Situação 2 Situação 3
entre as duas situações. Já na situação 3, o que teve o menor
número de medidas de relação com a temperatura do óleo, os
R Múltiplo 0,999911051 0,993922168 0,782011 resultados foram menos satisfatórios, pois apresentam menor
R-Quadrado 0,99982211 0,987881277 0,611541 grau de relação, porém ainda se mostra uma representação
importante quanto ao comportamento entre os valores
R-Quadrado Ajustado 0,999821668 0,987863207 0,611155 medidos e calculados.
Erro padrão 0,060892435 0,502343295 2,843394
Para efeito comparativo plotou-se a curva da temperatura
F de Significância Global 0,0 0,0 0,0 do óleo do TF1 e a temperatura do óleo calculada de acordo
Observações 2016 2016 2016
com a equação retirada de cada situação.
LAG_TF1_TOLE

55 TOLE_SIT1
TOLE_SIT3
TABELA 3 - COEFICIENTES DE REGRESSÃO
TOLE_SIT2

Coeficientes Situação 1 Situação 2 Situação 3 50

Interseção 0,118367098 1,754983084 22,00724

TEMPERATURA ºC
LAG_TF1-230_MW -0,002625893 -0,062614203 0,052748 45

LAG_TAMB -0,000432405 0,016858228 0,772283


LAG_TF1_TEAT -0,003640285 - - 40

LAG_TF1_TEBT 0,950295436 - -

LAG_TF1_TEMT 0,045194862 - - 35

LAG_TE_MEDIO - 0,965744512 -

30
O valor do teste F de significância global responde se o
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modelo estudado apresenta evidências estatísticas se as
variáveis independentes correlacionam com a dependente.
Assim, se o valor do teste F de significância global for menor
que 0,05 o modelo de observações é válido e possui uma TEMPO
relação.
Fig. 7 – Comparação entre a temperatura medida e as calculadas para cada
Para a situação 1 o R-Quadrado é de 0,99982211, ou seja situação.
em 99,982211 % das observações o modelo testado descreve
a variável dependente; Após a aplicação para as situações propostas, as equações
Para a situação 2 o R-Quadrado é de 0,993922168, ou seja foram testadas para instantes fora da janela de observação com
em 99,3922168 % das observações o modelo testado descreve o objetivo de analisar o comportamento em uma aquisição não
a variável dependente; incluída na regressão. A tabela 4 mostra as informações
coletadas para a validação dos modelos em 5 instantes durante
Para a situação 3 o R-Quadrado é de 0,611541, ou seja em um dia de operação.
61,1541% das observações o modelo testado descreve a
TABELA 4 - COLETAS DAS MEDIDAS DE UM DIA PELO SAGE DO TF1
variável dependente;
B. Comparação dos Resultados Simulados para cada Variáveis 00:00 06:00 12:00 18:00 24:00
Situação LAG_TF1-230_MW 25,00 17,50 31,50 42,50 29,0
Ao comparar as situações simuladas, nota-se que as
LAG_TAMB 14,80 12,10 21,80 12,70 12,30
variáveis independentes escolhidas representam correlação
com a variável dependente estudada. Assim, as temperaturas LAG_TF1_TEAT 38,00 36,60 41,10 43,30 37,40
dos enrolamentos influem na temperatura do óleo, assim como LAG_TF1_TEBT 37,65 36,20 39,40 40,55 36,20
a temperatura ambiente e a potência ativa do transformador.
Um ponto muito importante a ser levado em consideração é a LAG_TF1_TEMT 37,70 36,50 40,70 43,00 37,30
quantidade de variáveis a serem correlacionadas no estudo, LAG_TE_MEDIO 37,78 36,43 40,40 42,28 36,97
nota-se que para a situação 1 onde foi escolhido as
temperaturas dos enrolamentos AT, MT e BT do equipamento LAG_TF1_TOLE 36,50 35,90 39,20 40,20 35,90
em conjunto com a temperatura ambiente e a sua potência
ativa, se demonstrou mais próximo ao valor medido, pois se
parte da premissa que quanto mais variáveis utilizadas, desde Feito o cálculo da temperatura do óleo para os instantes
que apresentem um certo grau de relação, maior será a selecionados tem-se os resultados expostos na tabela 5
fidelidade do calculado com o medido. Na situação 2, apesar comparando com o valor medido.
de ter sido utilizado menos variáveis na verdade foi feito um
TABELA 5 - COMPARAÇÃO ENTRE O CALCULADO E O MEDIDO resultados para diversos fins, seja na questão de planejamento,
quando em uma situação de transferência de carga, como o
Variáveis 00:00 06:00 12:00 18:00 24:00 equipamento irá se comportar e o que isso pode afetar na vida
TOLE_SIT1 37,39 35,98 39,16 40,32 35,99 útil dele. Uma outra aplicação possível, é a substituição
temporária para monitoramento da variável, ou seja, em um
TOLE_SIT2 36,93 36,05 39,17 40,14 35,85 caso em que os instrumentos de medição de temperatura do
TOLE_SIT3 34,75 32,28 40,50 34,06 33,03 óleo apresentem avaria, por um determinado tempo até a troca
é possível simular a medição através da observação de outras
LAG_TF1_TOLE 36,50 35,90 39,20 40,20 35,90 medidas relacionadas ao equipamento.
Os resultados obtidos pelo estudo de caso são satisfatórios
Nas tabelas 4 e 5, foram destacados apenas alguns e, portanto, indicam para a utilização do método em aplicações
instantes particulares. Na figura 8 é apresentado a aplicação diversas. Um passo importante a ser continuado é a simulação
das equações geradas nas três situações para o período de um para casos em regiões distintas do país, pois é sabido que o
dia de forma a observar a diferença de valores entre as mesmo equipamento pode ser instalado em regiões mais frias
equações encontradas em cada situação testada com o valor como sul do Brasil, como em regiões muito quentes
medido pelo monitor de temperatura. localizadas mais ao norte e próximos à linha do equador.
Como proposta para a continuidade dos estudos desse
42
TOLE_SIT 1
método é a melhor representatividade da temperatura
41 TOLE_SIT 2
ambiente, extrapolação para outras regiões, aplicações em
TOLE_SIT 3
equipamentos dispostos em configurações diferentes de
40
LAG_ TF1_TOLE
subestação e a utilização de novas variáveis de observação, é
39 valido lembrar que a janela de observação é muito importante
para a análise das correlações, ou seja, quanto maior ela for,
TEMPERATURA °C

38
maior será a fidelidade com a representação real do sistema.
37

36
VI. REFERÊNCIAS
35
[1] Fontana, E., Zanetta, Luiz C. & Vasconcecellos, V. “ Sistema
34 Especialista para Gerenciamento de Sobrecargas em Transformadores
de Potência”. CTEEP,2004.
33
[2] NBR 5356: Transformadores de Potência: Especificação. ABNT –
32 Associação Brasileira de Normas Técnica. Dezembro, 2007.
[3] Schweitzer Engineering Laboratories Comercial LTDA. “ Controle e
31
Supervisão de Carregamentos Aplicados a Transformdores de
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Potência”. 2016.
[4] Frontin, Sergio O. “Equipamentos de Alta Tensão – Pospecção e
Hierarquização de Inovações Tecnológicas”, 2013.
[5] Ferreira, Jorge Luiz, “Modelagem e Simulação do Regime Térmico-
TEMPO Operativo em Transformadores de Potência – Sistema de Apoio à
Decisão”, Agosto de 2009.
Figura 8 - Cálculo das situações fora da janela de observação. [6] Jakob, M. and Hawkins, G.A. “Elements of Heat Transfer” 3rd Edition,
Wiley International Edition, 1957.
Finalmente, ao comparar as situações simuladas, notamos [7] IEEE C57.91 – 2011. “IEEE Guide for Loading Mineral-Oil-Immersed
que quanto mais parâmetros relacionados na regressão, menor Transformers”. IEEE Power Engineering Society.
será a diferença entre o valor calculado e o medido. [8] HOFFMANN, RODOLFO. Análise de Regressão – Introdução à
Econometria. USP,2016.
Além disso, alguns cálculos podem ser feitos para [9] ONS “Submódulo 2.3 – Requisitos Mínimos para Subestações e seus
equipamentos em condições climáticas diferentes às Equipamentos.
realizadas nesses casos, nota-se que para a janela de [10] 05AA412A – Autotransformador Trifásico 90/120/150 MVA 230-138-
observações utilizada para a regressão, o equipamento se 13,8 kV – Esquemas Elétricos;
encontrava em outubro com temperaturas ambientes mais
altas do que quando as equações foram testadas para valores
diferentes dos utilizados na regressão.
V. CONCLUSÃO
Esse trabalho propõe a utilização dos dados históricos
armazenados pelos sistemas supervisórios com o objetivo de
extrair conclusões sobre o comportamento térmico dos
transformadores de potência, haja visto que são muito
importantes para o bom funcionamento de todo SEP. Então, a
partir da utilização dos dados registrados ao longo do tempo
de operação do equipamento e o seu tratamento através de
tabulação das informações, utilizou-se uma ferramenta
matemática de estatística na tentativa de gerar algumas
conclusões de operação. Uma vez feito a modelagem dos
equipamentos e suas simulações, é possível a utilização dos

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