Você está na página 1de 7

1

Cálculo do Tempo de Sobrecarga em


Transformadores Através do Equivalente
Térmico Simplificado
G. M. F. Ferraz, G. P. Lopes, M. L. B. Martinez

superior a potência nominal são prejudiciais a vida útil dos


Resumo--Através do conhecimento das variações de carga dos equipamentos caso permaneçam por qualquer intervalo de
transformadores de distribuição calculou-se o tempo - até que tempo após se ter atingido temperaturas ligeiramente
sejam atingidas as condições nominais de temperatura – sob superiores a nominal de operação, reduzindo vida útil dos
operação em potência superior à nominal, partindo de várias materiais empregados na sua construção.
condições iniciais de operação em potência. Para este cálculo Vale ressaltar que tal estudo é necessário devido à
levou-se em consideração o circuito térmico simplificado obtido a
partir de resultados de ensaios de aquecimento em ambiente
característica variável das cargas supridas pelos
fechado. Os resultados são indicativos, uma vez que nestes casos transformadores [2], como mostra a Fig. 1, representando a
não se conhece, de forma exata, os parâmetros construtivos dos curva média da demanda por unidade de hora na comunidade
transformadores. Os dados obtidos provem de modelos de Paraisópolis.
simplificados e medições em uma série de ensaios de elevação de
temperatura do topo de óleo. Com os parâmetros fixados
determinou-se a matriz de tempo para os diferentes
carregamentos possíveis, comparando com a metodologia de
cálculo do ponto mais quente em transformadores imersos em
óleo exposta pelo IEEE. Apontando uma alternativa para
determinação do tempo de sobrecarga.

Palavras Chave--Aquecimento, Capacidade Térmica,


Dissipação, Operação em Sobre Potência, Resistência Térmica,
Sobrecarga, Sub Carregamento, Temperatura, Topo de Óleo,
Transformador.

I. INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é apresentar um modelo térmico


simplificado para o carregamento dos transformadores de
distribuição, classificando-os por potência e tensão nominal. A
Fig. 1. Ciclo de carga típico de um transformador monofásico [2].

partir deste modelo é realizada uma análise do comportamento O presente estudo de carregamento está limitado a
térmico dos transformadores frente a carregamentos superiores transformadores de distribuição trifásicos com classes de
ao nominal de modo a estimar o tempo necessário para que tensão 15 e 25 kV e potência de 15, 45 e 75 kVA e a
sejam atingidas as condições nominais de temperatura. transformadores de distribuição monofásicos de mesmos
Valores acima do admissível podem comprometer a vida útil níveis de tensão e potência de10 e 25 kVA.
do transformador, bem como dos seus componentes isolantes. Destaca-se que a energia térmica tem origem na circulação
O cálculo para o tempo de carregamento de um de corrente pelos condutores – perdas Joule, magnetização e
transformador até que ele atinja a temperatura nominal de desmagnetização do núcleo, perdas Foucault. Ademais o
operação depende de diversos fatores, tais como: temperatura equipamento pode absorver calor do ambiente por condução e
ambiente, sistema de refrigeração, dimensionamento das irradiação térmica. Portanto, para que ocorra dissipação desta
perdas, entre outros. Este tempo pode ser estimado através de energia, os transformadores sob análise, imersos em óleo,
cálculos de transferência de calor ou através do equivalente transferem calor por condução - entre a carcaça e o ambiente -
térmico simplificado. O primeiro caso implica no e por irradiação [3].
conhecimento especifico das partes e dimensionamentos A presença do óleo nos transformadores, além de
construtivos do transformador, nem sempre acessíveis, já o representar um meio isolante entre as partes energizadas,
segundo demanda ensaios em ambiente controlado. facilita a troca de calor destas partes com o ambiente. Por
Tais equacionamentos tem como objetivo a operação de convecção do óleo há um contínuo processo de absorção de
transformadores em valores de temperatura especificados calor das partes ativas e troca deste com o ambiente. A
pelas normas, de acordo com a classe térmica dos materiais dissipação pode ser facilitada por sistemas de radiadores
empregados na sua construção [1]. A operação em regime auxiliares, tubos ou chapas, de modo a aumentar a superfície
2

de contato. transformador em análise, a prática do IEEE relata as


As perdas dividem-se em perdas a vazio e em carga, que dificuldades na determinação dos parâmetros. Dada as
são representadas em (1). influências do vento, impedância característica, viscosidade do
óleo, tipo de radiador instalado e variação da temperatura
( ) (1) ambiente. Deste modo, o método assume a influência do
vento, destacado na Fig. 3, como constante. Além disso, aplica
Onde: carregamentos constantes considerando que as perdas também
– Constante para condução; se mantenham fixas. Logo em (2) determina a temperatura de
– Constante para irradiação; topo de óleo frente a um carregamento qualquer.
A – Área total da superfície dos radiadores;
Ar – Área equivalente de radiação; (2)
– Elevação média de temperatura.
Onde:
A dissipação de calor em transformadores tem – Última temperatura de topo de óleo frente a um
correspondência com as trocas por dissipação e irradiação, que carregamento;
influenciam o comportamento frente à aplicação de potências – Variação da temperatura de topo de óleo frente à
acima das nominais [4]. Desta forma, a temperatura nominal variação de temperatura ambiente;
de operação tende, em condições controladas e reproduzíveis, K – Relação da carga frente à taxa de carregamento;
ser diferente para equipamentos com trocadores de calor R – Relação entre a perda sob carga pela perda a vazio;
distintos. Assim, estes fatores são de extrema relevância em n – É um expoente para perdas totais versus o aumento da
um estudo dinâmico (com influências ambientais temperatura do topo de óleo.
consideráveis), mas para fins de simplificação e ensaios
laboratoriais foram desprezados. Equação (3) estipula o transitório de temperatura do topo
Destaca-se que a temperatura de operação do transformador de óleo frente ao tempo e um carregamento fixo.
é estimada através da leitura do valor de temperatura no topo
do óleo. As partes ativas, enrolamentos e núcleo, trocam calor ( ) ( ) (3)
diretamente com o óleo e por convecção, as partículas mais
quentes tendem ao topo do tanque. Ao ceder calor ao ambiente Onde:
estas partículas esfriam e descem. – Temperatura de topo de óleo acima da ambiente;
Para a determinação da temperatura de operação e ensaio – Temperatura inicial do topo de óleo antes do ciclo
utilizou-se a referência normativa ABNT NBR 5356-2, que de carregamento;
estipula os limites de elevação de temperatura, como l – Carregamento;
apresentado na Tabela I [5]. Para o caso estudado – t – Tempo em minutos;
transformadores imersos em óleo, sem conservador, sem gás – Constante de tempo para temperatura de topo de óleo
inerte sob pressão, com circulação natural de óleo– a norma frente a diferentes tipos de carregamento.
estabelece 55° C como limite máximo para elevação de
temperatura do transformador. Por sua vez, tem-se em (4) a determinação da temperatura
do ponto mais quente.
TABELA I – LIMITES DE ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA
Limites de elevação de temperatura (°C) (4)
Dos enrolamentos Onde:
Sistema de
Média, por medição da variação – Temperatura do ponto mais quente;
de resistência Do – Temperatura ambiente;
preservação de
Circulação do Do ponto
óleo Circulação topo de – Diferença de temperatura do ponto mais quente do
óleo natural ou mais óleo
forçada de óleo vento e do topo de óleo;
forçada sem quente
com fluxo
fluxo de óleo
dirigido
dirigido Por fim, (5) estipula a constante de tempo para temperatura
Sem conservador 55 60 65 50 do topo do óleo sob carga nominal.
e sem gás inerte
sob pressão 95 100 120 60
(5)
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Onde:
A. Prática Recomendada IEEE Para Ensaio de Elevação de – Capacidade térmica;
Temperatura em Transformadores Imersos em Óleo com – Perda total em carga;
Carregamento Além da Classificação de Potência Através da utilização de (2) a (5) e conhecendo-se as
características do transformador como: potência nominal,
O método descrito pela norma IEEE C 57.91 [6] tem foco classe de tensão, tipo trifásico e monofásico, impedância
na determinação do ponto mais quente do transformador e na percentual, perdas a vazio, perdas em carga, temperatura
temperatura de topo de óleo. Utilizando diferentes ambiente e simulando um degrau de potência – de 0.3 p.u.
carregamentos e conhecendo as características construtivas do para 1.2 p.u. – pode-se estimar a variação de temperatura no
3

topo de óleo e nos enrolamentos do transformador, conforme Reh e Rhao – obtém-se o circuito equivalente reduzido
mostra a Fig. 2, onde se observa que a constante de tempo do mostrado na Fig. 4 e descrito em (6).
ponto mais quente do transformador e do topo de óleo são
próximas. Rth
Máx

W Cth A

Fig. 4. Circuito Térmico Equivalente Reduzido

Onde:
Cth – Capacidade térmica equivalente;
Rth – Resistência térmica equivalente;
W – Fontes de calor;
– Temperatura ambiente.
Fig. 2. Variação de temperatura entre o ambiente e as partes construtivas do ( ) ( ) (6)
transformador segundo preceitos do IEEE.
A Fig. 5 mostra o circuito transitório equivalente para o
modelo da Fig. 4.
B. Método do Circuito Térmico Equivalente Simplificado Rth
Máx
Para fins de análise utilizou-se o circuito térmico
equivalente [7] apresentado na Fig. 3. 1
Rhaf
W sCth A
s s
A
s

Reh Rhao Fig. 5. Circuito Térmico Transitório Equivalente Reduzido.


Te Th

Equacionando o comportamento transitório do circuito tem-


We Ce Ch Ws Ta se (7).

Fig. 3. Circuito Térmico Equivalente.


( ) (7)

Onde:
Onde:
s – Variável de carregamento do transformador.
Ce – Capacidade térmica do equipamento em análise;
Ch – Capacidade térmica do ambiente adjacente;
A manipulação de (7) para explicitar a temperatura
Reh – Resistência térmica do equipamento;
máxima, resulta em (8) e (9).
Rhao – Resistência térmica do ambiente adjacente ao
armazenamento; ( )
Rhaf – Resistência térmica variável, representando o calor (8)
( )
perdido pela ação do vento;
Te – Temperatura do equipamento;
( ) (9)
Th – Temperatura do local de armazenamento;
Ta – Temperatura ambiente; Deste modo, tem-se que o comportamento térmico do
We – Potência elétrica dissipada; transformador frente à aplicação de carga corresponde a um
Ws – Calor inserido da radiação solar. sistema de primeira ordem [8]. Assumindo a forma
exponencial apresentada em (10).
Ressalta-se que o circuito térmico apresentado acima é ⁄
generalizado para diferentes máquinas ou sistemas elétricos. ( ) ( ) (10)
Sendo assim, lança-se mão deste para o cálculo em
transformadores. Onde:
Simplificando o modelo para um sistema sem a presença – Diferença máxima de temperatura entre o
vento – Rhaf igual a zero – ou influência da radiação solar e transformador e o ambiente;
calculando as capacidades e resistências térmicas equivalentes – Constante de tempo, dependente das características do
– assumindo que Cth é a soma de Ce e Ch; e Rth a soma de transformador.
4

Sabendo que a temperatura de operação do transformador As perdas sob carga à temperatura de referência e as perdas
pode ser determinada pelo circuito apresentado na Fig. 6. em vazio devem ser determinadas previamente para que se
Reduz-se a expressão (11) como a correspondente. aplique a tensão necessária para simular as perdas nominais. O
R ensaio tem objetivo duplo: estabelecer a elevação de
SWcc temperatura do topo do óleo em regime permanente com
dissipação das perdas totais e estabelecer a elevação de
temperatura média dos enrolamentos sob corrente nominal
com elevação de temperatura do topo do óleo.
Wo+S²Wcc A ®
Através do sistema de monitoramento MONITEK e do
®
software ELEVA realizou-se o ensaio de elevação de
temperatura de topo do óleo [11]. Inicialmente, é energizado o
Fig. 6. Circuito Térmico Equivalente Reduzido para a Elevação de relé do variador de tensão motorizado, responsável pela
Temperatura aplicação crescente de tensão até que a potência ativa lida no
( ) (11) software seja igual à soma das perdas totais calculadas. Caso a
potência ativa consumida pelo transformador for maior que a
Assim: desejada, é comandada a energização de outro relé que reduz
( ) (12) tensão aplicada sobre o transformador. Este processo garante
que o valor das perdas totais fique constante durante todo o
Substituindo em (10): ensaio. Simultaneamente são registradas as temperaturas é
⁄ calculada a elevação de temperatura do topo de óleo. O
( ) ( )( ) (13)
sistema descrito acima fica em operação, armazenando os
Isolando a variável tempo ( ): dados, até que o equilíbrio térmico seja atingido. Isto ocorre
( )
quando a variação acumulada do gradiente de temperatura do
[ (
]
)
(14) topo de óleo for inferior a 1 [°C] nas últimas três horas.
De posse de uma série de medições capturados durante o
Desta forma pode-se determinar o tempo em que o ensaio é gerada uma representação gráfica e através do
transformador opera sob carregamento superior ao nominal software TC-CURVE FIT são estimados os valores
[9]. Por exemplo: dada uma condição inicial, 0,5 p.u. de denominados a, b e c que condizem com os das expressões
carregamento, aplica-se um carregamento de 1.5 p.u., (15) e (17), visualizados na Fig. 8.
observando o comportamento da temperatura do equipamento Igualando tem-se:
até atingir seu valor nominal.
| | | | (15)
III. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Como,
A. Determinação dos Parâmetros do Circuito Equivalente (16)
A partir de dados do ensaio de tipo, elevação de
temperatura de transformadores, foi possível determinar o E e são obtidos seguindo o método [8, 9]. Logo
comportamento térmico frente ao carregamento com potência com (12) e (13) determina-se ; ademais:
nominal. Os transformadores foram divididos, como (17)
mencionado, em grupos segundo os critérios abaixo:
Desta forma é possível determinar o valor de .
 Tipo Monofásico ou Trifásico; De posse de todos estes valores calcula-se primeiramente a
 Classe de tensão; temperatura de operação do transformador sob uma condição
 Potência. de carga inferior à nominal através de (12). A posteriori, é
aplicado um valor de carregamento superior ao nominal e
As características predominantes para a determinação dos extraídos valores de Ts, conforme expressão (14). Para
parâmetros do circuito térmico equivalente dependem simular diferentes degraus de potência aplicou-se um
principalmente das características dos materiais e dos dados carregamento inicial, variável entre 0,1 até 0.9 p.u., seguido de
acima. Estes fatores também influenciam na manufatura dos um carregamento superior ao nominal variando entre 1,1 a 2,0
transformadores: isolação e bitola dos condutores, p.u.. Deste modo, foram obtidos 90 valores para os tempos de
dimensionamento do núcleo e sistema para dissipação de elevação de temperatura até seus valores nominais.
calor.
O procedimento para o ensaio de elevação de temperatura IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
foi conduzido com base na metodologia clássica descrita nas A. Estudo de Dados
normas ABNT NBR 5356-2 [5] e IEC 60279 [10]. O
transformador foi alocado em ambiente controlado de modo a A Tabela II apresenta a classificação dos transformadores.
reduzir ao mínimo as variações de temperatura, além da
presença de pelo menos 3 sensores térmicos dispostos entre 1
e 2 metros para o monitoramento da temperatura ambiente.
Durante a realização do ensaio, o transformador não é
submetido a tensões e correntes nominais simultaneamente.
5

TABELA II – CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSFORMADORES


TRIFÁSICO MONOFÁSICO
GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5 GRUPO 6 GRUPO 7
15 KV 15 KV 25 KV 25 KV 25 KV 75 15 KV 25 KV
45 KVA 75 KVA 30 KVA 45 KVA KVA 10 KVA 25 KVA
A Fig. 7 mostra a forma dos resultados obtidos pelo
monitoramento da elevação de temperatura do topo do óleo
®
através do software ELEVA , para o transformador N° 00022
pertencente ao Grupo 5. Com base nos valores obtidos
utilizou-se a diferença de temperatura entre o ambiente e o
topo de óleo no Software TC-CURVE FIT® para determinar o
modelo matemático mais próximo dos resultados do ensaio. O
software permite o levantamento e determinação das margens
Fig. 9. Variação de temperatura absoluta do Grupo 5.
de erro visualizado na Fig. 8. Como apresentado no Item II.B,
o melhor modelo matemático para os ensaios de elevação de TABELA III – RESISTÊNCIA E CAPACITÂNCIA TÉRMICA EQUIVALENTES
temperatura é o exponencial, a partir do qual são obtidas as MÉDIAS
constantes para o modelo, analogamente a Equação (14). GRUPOS ΔT (°C) P0 (W) PCC (W) RHE CE
(K/W) (W.S/K)
A partir dos resultados de uma série de ensaios de
1 52,90 164,0 623,0 0,06722 2703,42
aquecimento em diferentes transformadores de mesma classe 2 43,83 332,0 1027,0 0,03222 3493,00
de tensão e potência, elaborou-se a Fig. 9. A variação da 3 47,18 181,0 534,5 0,06594 2083,43
temperatura de acomodação ocorre basicamente pela 4 41,33 211,3 714,0 0,04462 2941,77
característica construtiva do sistema de troca de calor. Dado 5 45,62 349,6 1107,3 0,03138 3718,72
que não foi observado correlação entre a resistência percentual 6 39,95 52,2 176,2 0,17584 984,84
7 40,89 110,5 373,0 0,08458 1660,77
e o gradiente máximo de temperatura, Fig. 10. Em seguida
estabeleceu-se uma média para os valores da constante de TABELA IV – GRADIENTE DE TEMPERATURA SOB CONDIÇÕES DE
tempo, da resistência e da capacidade térmicas equivalentes, CARREGAMENTO INFERIOR AO NOMINAL
bem como os erros proporcionais, apresentadas na Tabela III. POTÊNCIA GRUPOS - TEMPERATURA (°C)
APLICADA
Através de (12), obteve-se a temperatura de operação do EM P.U.
1 2 3 4 5 6 7
transformador frente à aplicação de carregamentos inferiores 0,1 11,44 11,03 12,29 9,75 11,32 9,49 9,66
aos nominais para os grupos de transformadores apresentados 0,2 12,70 12,02 13,34 10,70 12,36 10,42 10,61
na Tabela IV. 0,3 14,79 13,67 15,11 12,29 14,10 11,97 12,19
0,4 17,72 15,99 17,57 14,52 16,53 14,14 14,39
0,5 21,49 18,97 20,75 17,39 19,66 16,92 17,23
0,6 26,10 22,61 24,62 20,90 23,48 20,33 20,70
0,7 31,54 26,91 29,20 25,04 28,00 24,36 24,80
0,8 37,83 31,87 34,49 29,82 33,21 29,01 29,54
0,9 44,95 37,50 40,48 35,23 39,12 34,27 34,90

60,0
TEMPERATURA

40,0
(°C)

20,0
0,0
Fig. 7. Ensaio de Elevação de Temperatura para o transformador 00022.
1,72
1,73 1,75 1,83 1,85 1,85
RESISTÊNCIA PORCENTUAL (Ω)
Fig. 10. Resistência porcentual versus gradiente máximo de temperatura.

De forma análoga determinou-se as constantes de tempo


para os outros grupos de transformadores. Com tempo
máximo variando entre 121 a 202 minutos – situação de carga
inicial 0,1 p.u. e carregamento de 1,1 p.u., e tempo mínimo
entre 8 a 5 minutos – situação de carga inicial 0,9 p.u. e
carregamento de 2,0 p.u. O estudo de propagação de erros
adota incerteza de 2 °C na determinação da temperatura de
operação para carregamentos inferiores ao nominal e de
Fig. 8. Resultados dos Ensaios de Elevação de Temperatura e margem de aproximadamente 4 minutos para o carregamento superior ao
incerteza para o transformador 00022. nominal. Fig. 12 mostra a imagem térmica relacionada com
variação do gradiente de temperatura para o transformador
Por fim, montou-se uma matriz com os valores de tempo
00022. Observa-se que a região mais quente está no topo da
sob carregamentos superiores ao nominal até que sejam
unidade – Topo do óleo. Todavia, nas partes ativas,
atingidas as condições nominais de temperatura, visualizada
enrolamentos e núcleo, a temperatura pode atingir valores
na Fig. 11.
superiores aos aferidos na metodologia de ensaio empregada.
6

métodos para o cálculo das constantes de tempo térmicas


como: cálculo de transferência de calor ou sensores de fibra
optica implicariam, no primeiro caso, de conhecimento a finco
do equipamento e no segundo de uma metodologia intrusiva e
cara, comparado ao preço médio de um transformador de
distribuição. Finalmente, os valores expostos, em uma
situação não ideal, podem aprensentar margens de incertezas
maiores do que as calculadas.

VI. REFERÊNCIAS
[1] P. S. Georgilakis, Spotlight on Modern Transformer Design ,Springer
2009, p. 33 -43.
[2] A.F.Picanço, "Desenvolvimento de uma metodologia para a aplicação de
transformadores eficientes com base nos perfis de carregamento"
Dissertação de Doutorado, Programa de Pós- Graduação em Engenharia
Fig. 11. Tempo médio até a sobrecarga de transformadores dos Grupos 1 e 5.
Elétrica, Universidade Federal de Itajubá, 2009.
[3] W. Reis, Transformadores Fundamentos para Projeto e Cálculo,
EDIPUCRS, 2007, p. 245 – 290.
[4] A. Martignoni, Transformadores, Globo, p. 227 -237.
[5] Norma Brasileira, Transformadores de Potência, ABNT NBR, 5356-2,
Jan 2008.
[6] IEEE C 57.91 – 1995 IEEE Guide for Loading Mineral-Oil-Immersed
Transformers, IEEE Power Engineering Society, S.A. 1957.
[7] O. Hydro, Application Guide for Surge Arresters on Distribution
Systems, Canadian Electrical Association, 1988, p. 44-45.
[8] R. G. Jordão, Transformadores, Edgard Blücher, 2002, p. 84 -87.
[9] A. D´Ajuz, F. M. Resende, F. M. S. Carvalho, I. G. Nunes, J. A. Filho,
L. E. N. Dias, M. P. Pereira, O. K. Filho, S. A. Morais, Equipamentos
Elétricos especificação e aplicação em subestações de alta tensa, Furnas
Centrais Hidroelétricas, 1987, p. 157-159.
Fig. 12. Gradiente de Temperatura do Transformador 00022 em regime
[10] IEC/TR 60279 Ed. 1.0 b:1969, Measurement of the winding resistance
nominal de operação.
of an a.c. machine during operation at alternative voltage.
[11] J.M.E. Vicente, - “Uma contribuição à automação de ensaios em
V. CONCLUSÃO transformador de distribuição de média tensão”, Dissertação de
Doutorado, Programa de Pós- Graduação em Engenharia Elétrica,
Variações de carga são comuns aos transformadores de Universidade Federal de Itajubá, 2006.
distribuição, principalmente em regiões residenciais, dado que
o comportamento de consumo é assimétrico entre os que VII. BIOGRAFIAS
utilizam a rede. A fim de preservar a integridade do Guilherme Martinez Figueiredo Ferraz nasceu em Mococa, SP, Brasil em
equipamento, calculou-se o tempo em que o transformador 20 de maio de 1989. Em 2009 ingressou se em Engenharia Elétrica com
pode atuar em sobre potência até atingir a temperatura ênfase em sistemas elétricos de potência pela Universidade Federal de Itajubá
(UNIFEI). No mesmo ano iniciou atividades como colaborador no
nominal. Os valores previstos de tempo até sobrecarga levam Laboratório de Alta Tensão (LAT-EFEI) na mesma universidade. No LAT-
em consideração apenas a temperatura do topo de óleo, obtida EFEI atua em projetos de P&D em parceria com a AES Sul Distribuidora
a partir do ensaio de elevação de temperatura. Como Gaúcha de Energia e a Universidade de Bologna e com o Grupo ENERGISA.
observado, esta constante de tempo tende àquela obtida no Gustavo Paiva Lopes nasceu em Varginha, MG, Brasil em 20 de Maio de
cálculo proposto pelo IEEE. Todavia, em uma situação crítica 1984. Graduou-se em Engenharia Elétrica com ênfase em sistemas elétricos
de carregamento superior ao nominal os valores de de potência pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) em 2008. Atuou
na área de consultoria em projetos e estudos elétricos pela empresa TSE –
temperatura dos enrolamentos podem apresentar um degrau de Tecnologia em Sistemas Elétricos entre 2009 e 2011. Iniciou o mestrado em
temperatura e atingir valores acima do admitido, considerando Engenharia Elétrica como aluno regular pela UNIFEI em 2011, quando
a classe de temperatura dos materiais isolantes de forma mais passou a atuar como colaborador mestrando do Laboratório de Alta Tensão
(LAT-EFEI) na mesma universidade. No LAT-EFEI desenvolve o projeto de
rápida do que a do topo de óleo. “Coordenação de Isolamentos em Redes de Média Tensão com Neutros
Ademais, inúmeras fontes de erro, como a característica da Ressonantes” em parceria com a AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia e
manufatura dos transformadores que é artesanal, tipos de a Universidade de Bologna, Itália.
trocadores de calor, efeitos do ambiente externo, carregamento
Manuel Luis Barreira Martinez possui graduação em Engenharia Elétrica
submetido, entre outros, podem contribuir para uma incerteza pela Universidade Federal de Itajubá (1982), mestrado em Engenharia Elétrica
no cálculo do tempo até sobrecarga. Todavia, estes aspectos pela Universidade Federal de Itajubá (1993), doutorado em Engenharia
são pouco significativos frente ponto principal de análise: Elétrica pela Universidade de São Paulo (2000). Aperfeiçoamento em
Pequenas Centrais Hidroelétricas, Sistemas Elétricos de Potência,
Degrau de potência aplicado ao transformador e seu efeito na Equipamentos de Manobra, Descargas Atmosféricas em Linhas e Subestações,
temperatura. Pára raios de Resistor Não Linear para Sistemas de Potência, Técnicas de Alta
Por fim a metodologia proposta para aquisição de dados é Tensão entre outros. Possui experiência no projeto e construção de
equipamentos, componentes e sistemas de ensaios em Alta tensão. Atualmente
concisa, simples e aplicável ao ensaio elevação de temperatura é Professor Adjunto da Universidade Federal de Itajubá e Coordenador do
de topo de óleo de transformadores. Os dados averiguados nas Laboratório de Alta Tensão. É autor e co-autor de ao redor de 250 artigos
tabelas e a propagação de erro não divergiram. Outros divididos entre seminários nacionais, internacionais e periódicos.
7

Você também pode gostar