Você está na página 1de 22

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA – A POLITÉCNICA

INSTITUTO SUPERIOR E UNIVERSITÁRIO DE TETE-


ISUTE

CURSO: ENGENHARIA ELÉCTRICA


2º ANO
CADEIRA: MÁQUINAS PRIMÁRIAS
9ª Aula Teórica

❖ Segunda Lei da Termodinâmica


➢ Definição de Segunda Lei da Termodinâmico;

➢ Maquinas Térmicas Ideias e Reais;

➢ Eficiência.
Introdução de Segunda Lei da Termodinâmico

Existem vários enunciados para a segunda lei da termodinâmica. Dois deles serão apresentados e discutidos
posteriormente neste capítulo, utilizando exemplos de alguns dispositivos de engenharia que operam em ciclos.

O uso da segunda lei da termodinâmica não se limita à identificação da direção dos processos. A segunda lei
também afirma que a energia tem qualidade, bem como quantidade. A primeira lei diz respeito à quantidade de
energia e às transformações de energia de uma forma para outra, sem levar em conta sua qualidade. A preservação
da qualidade da energia é uma grande preocupação dos engenheiros, e a segunda lei oferece os meios necessários
para determinar a qualidade, bem como o nível de degradação da energia durante um processo.

❖ A segunda lei da termodinâmica também é usada na determinação dos limites teóricos para o desempenho dos
sistemas de engenharia mais utilizados, como máquinas térmicas e refrigeradores, além de ser utilizada para
fazer a previsão do grau de realização de reações químicas.
Reservatórios de Energia Térmica
Ao desenvolver a segunda lei da Termodinâmica, é conveniente conceber um corpo hipotético com uma capacidade de
energia térmica (massa x calor específico) relativamente grande, que possa fornecer ou remover quantidades finitas de calor
sem sofrer qualquer variação de temperatura. Tal corpo é chamado de reservatório de energia térmica, ou apenas
reservatório.

Na prática, grandes corpos de água como os oceanos, lagos e rios, bem como o ar atmosférico, podem ser modelados
como reservatórios de energia térmica, por conta das grandes capacidades de armazenamento de energia térmica ou
massas térmicas.

Um reservatório que fornece energia na forma de calor é chamado de fonte, e um reservatório que recebe energia na forma
de calor é chamado de sumidouro (Fig.1). Os reservatórios de energia térmica são chamados de reservatórios térmicos,
uma vez que eles fornecem ou removem energia sob a forma de calor.
Continuação....

Figura 1- Uma fonte fornece energia sob a forma de calor e um sumidouro a remove.
Máquinas Térmicas
O trabalho pode ser convertido em calor de forma direta e completa, mas a conversão de calor em trabalho o processo
falhará, para tal, exige a utilização de dispositivos especiais. Esses dispositivos são chamados de máquinas térmicas.

❖ As máquinas térmicas diferem umas das outras consideravelmente, mas todas têm as seguintes características (Fig. 2):

1. Recebem calor de uma fonte à alta temperatura (energia solar, fornalha, reator nuclear, etc.).

2. Convertem parte desse calor em trabalho (em geral, na forma de um eixo rotativo).

3. Rejeitam o restante do calor para um sumidouro à baixa temperatura (a atmosfera, os rios, etc.).

4. Operam em um ciclo.

Normalmente, máquinas térmicas e outros dispositivos cíclicos utilizam um fluido a partir de e para o qual calor é transferido
enquanto realizam um ciclo. Esse fluido é chamado de fluido de trabalho.
Continuação...

Figura 2- Parte do calor recebido por uma máquina térmica é convertida em trabalho, enquanto o restante é
rejeitado para um sumidouro.
Continuação

O dispositivo ou instalação que melhor se ajusta à definição de máquina térmica é a usina de potência a vapor, que é uma
máquina de combustão externa. Ou seja, a combustão ocorre fora da máquina e a energia térmica liberada durante esse
processo é transferida para o vapor sob a forma de calor.

A Figura 3 : mostra um diagrama esquemático de uma usina a vapor básica. Este é um diagrama bastante simplificado, e
nos próximos capítulos discutiremos as usinas a vapor reais. As diversas grandezas mostradas nessa figura são:

▪ Qent = quantidade de calor fornecida ao vapor na caldeira a partir de uma fonte a alta temperatura (fornalha).

• Qsai = quantidade de calor rejeitada pelo vapor no condensador para um sumidouro a baixa temperatura (a atmosfera,
um rio, etc.).

• Wsai = quantidade de trabalho realizado pelo vapor à medida que se expande na turbina.

• Went = quantidade trabalho necessário para comprimir a água até a pressão da caldeira.
Continuação

Figura 3 :Representação esquemática de uma usina de potência a vapor


Continuação...

Observe que as direções das interações de calor e trabalho são indicadas pelos subscritos ent e sai. Assim, as quatro
grandezas descritas são sempre positivas.

O trabalho líquido (𝑊𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 ) dessa usina de potência é simplesmente a diferença entre a saída total de trabalho e a entrada
total de trabalho (Fig.4):

𝑊𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 = 𝑊𝑠𝑎𝑖 − 𝑊𝑒𝑛𝑡 𝑘𝐽 1


Continuação...

O trabalho líquido (𝑊𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 ) pode ser determinado apenas pelos dados de transferência de calor. Os quatros componentes
da usina a vapor da figura 3 possuem entrada e saída de massa e, portanto, devem ser tratados como sistemas abertos.
Nenhuma massa entra e sai desse sistema, o qual é indicado pela área sombreada; assim, ele pode ser analisado como um
sistema fechado.

Em um sistema fechado realizando um ciclo a variação da energia interna ∆𝑈 é zero, portanto o trabalho líquido do sistema é
igual à transferência líquida de calor para o sistema

𝑊𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 = 𝑄𝑒𝑛𝑡 − 𝑄𝑠𝑎𝑖 𝑘𝐽 2


Eficiência térmica
A fração do calor fornecido convertida em trabalho líquido é uma medida do desempenho de uma máquina térmica, e é
chamada de eficiência térmica, 𝜼𝒕
𝑸𝒔𝒂𝒊 ≠ 𝟎

Figura 5 - Algumas máquinas térmicas têm um desempenho melhor que outras (convertem mais do calor que
recebem em trabalho)
Continuação...

A fração do calor fornecido convertida em trabalho líquido é uma medida do desempenho de uma máquina térmica,

𝑺𝒂𝒊𝒅𝒂 𝒍í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒂 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒃𝒂𝒍𝒉𝒐


𝑬𝒇𝒊𝒄𝒊ê𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒕é𝒓𝒎𝒊𝒄𝒂 = 𝟑
𝑬𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒍𝒐𝒓

Ou

𝑾𝒍𝒊𝒒,𝒔𝒂𝒊
𝜼𝒕 = 𝟒
𝑸𝒆𝒏𝒕

O que pode também ser expresso por

𝑸 𝒔𝒂𝒊
𝜼𝒕 = 𝟏 − 𝟓
𝑸𝒆𝒏𝒕

Onde 𝑊𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 = 𝑄𝑒𝑛𝑡 − 𝑄𝑠𝑎𝑖 .

Dispositivos cíclicos de interesse prático, como máquinas térmicas, refrigeradores e bombas de calor, operam entre
um meio a alta temperatura (ou reservatório), na temperatura 𝑻𝑯 , e um meio a baixa temperatura (ou reservatório), na
temperatura 𝑻𝑳 .
Continuação...

Para uniformizar o tratamento de máquinas térmicas, refrigeradores e bombas de calor, definimos duas grandezas:

▪ 𝑸𝑯 - magnitude do calor transferido entre o dispositivo cíclico e o meio a alta temperatura, na temperatura 𝑻𝑯 ;

• 𝑸𝑳 - magnitude do calor transferido entre o dispositivo cíclico e o meio a baixa temperatura, na temperatura 𝑻𝑳 .

Assim, expressões para o trabalho líquido e para a eficiência térmica de qualquer máquina desse tipo (mostrada na Fig. 6)
podem também ser escritas nas formas
𝑊𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 = 𝑄𝐻 − 𝑄𝐿

𝑊𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 𝑄𝐿
𝜼𝑡 = 𝑜𝑢 𝜼𝑡 = 1 − 6
𝑄𝐻 𝑄𝐻
Continuação...
A eficiência térmica de uma máquina térmica é sempre menor que a unidade, pois 𝑄𝐿 e 𝑄𝐻 são definidos como grandezas
positivas.

Figura 6 - Esquema de uma máquina térmica.


Continuação...
Exemplos de eficiências de certos dispositivos

As eficiências térmicas dos dispositivos produtores de trabalho são relativamente baixas. Motores de automóveis (ignição
por centelha) comuns têm uma eficiência térmica de cerca de 25%. Ou seja, um motor de automóvel converte
aproximadamente 25% da energia química da gasolina em trabalho mecânico. Esse número chega a 40% para os motores
a diesel e grandes turbinas a gás e a 60% para grandes usinas de potência que combinam gás e vapor. Por isso,
mesmo, as máquinas térmicas mais eficientes disponíveis atualmente, quase metade da energia fornecida termina em rios,
lagos ou na atmosfera como energia não aproveitável (Fig. 7).

Figura 6 -Mesmo as máquinas térmicas mais eficientes rejeitam como calor quase

metade da energia que recebem .


EXEMPLO 1
❖ Produção líquida de potência de uma máquina térmica

Calor é transferido de uma fornalha para uma máquina térmica a uma taxa de 80 MW. Considerando que a taxa na qual
calor é rejeitado para um rio próximo é de 50 MW, determine a potência líquida produzida e a eficiência térmica da máquina.

Solução: Uma representação esquemática da máquina térmica é apresentada na Fig. 8.

Dados: 𝑄ሶ 𝐻 = 80𝑀𝑊 𝑒 𝑄ሶ 𝐿 = 50𝑀𝑊

𝑊ሶ 𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 = 𝑄ሶ 𝐻 − 𝑄ሶ 𝐿 = 80 − 50 𝑀𝑊 = 30𝑀𝑊

𝑊ሶ 𝑙𝑖𝑞,𝑠𝑎𝑖 30𝑀𝑊
𝜂𝑡 = = = 0,375 = 37,5%
𝑄ሶ 𝐻 80𝑀𝑊
Definição de Segunda Lei da Termodinâmico
Há dois enunciados clássicos da segunda lei da termodinâmica:

O enunciado de Kelvin-Planck, que está relacionado às máquinas térmicas e o enunciado de Clausius, que está
relacionado a refrigeradores e a bombas de calor.

❖ Segundo o Enunciado de Kelvin-Planck da segunda lei da termodinâmica que é expresso da seguinte maneira:

É impossível para qualquer dispositivo que opera em um ciclo receber calor de um único reservatório e
produzir uma quantidade líquida de trabalho.

O enunciado de Kelvin-Planck também pode ser expresso como nenhuma máquina térmica pode ter uma eficiência
térmica de 100% (Fig. 1) ou para uma usina de potência funcionar, o fluido de trabalho deve trocar calor com a fornalha e
também com o ambiente.

Observe que a inexistência de uma máquina térmica 100% eficiente não se deve ao atrito ou a outros efeitos de
natureza dissipativa. É uma limitação que se aplica tanto às máquinas térmicas idealizadas quanto às reais.
Enunciado de Kelvin-Planck da Segunda Lei da Termodinâmico
❖ Figura 9 -Uma máquina térmica que viola o enunciado de Kelvin-Planck da segunda lei da termodinâmica.
Segunda lei da termodinâmica: enunciado de Clausius
Há dois enunciados clássicos da segunda lei da termodinâmica – o enunciado de Kelvin-Planck, que está relacionado
às máquinas térmicas e foi discutido na seção anterior, e o enunciado de Clausius, que está relacionado a
refrigeradores e a bombas de calor. O enunciado de Clausius é expresso da seguinte forma:

É impossível construir um dispositivo que funcione em um ciclo e não produza qualquer outro efeito que
não seja a transferência de calor de um corpo com temperatura mais baixa para um corpo com temperatura
mais alta.

É de conhecimento comum que o calor, por conta própria, não se transfere de um meio frio para um meio mais quente.
O enunciado de Clausius não sugere a impossibilidade de construção de um dispositivo cíclico que transfira calor de um
meio frio para um meio mais quente. Na verdade, é exatamente isso o que faz um refrigerador doméstico convencional.
O enunciado simplesmente estabelece que o refrigerador não pode funcionar, a menos que seu compressor seja
acionado por uma fonte externa de energia, como, por exemplo, um motor elétrico (Fig. 10).
Enunciado de Kelvin-Planck da Segunda Lei da Termodinâmico
❖ Figura 10 - Um refrigerador que viola o enunciado de Clausius da segunda lei da termodinâmica.
FIM

Você também pode gostar