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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Engenharia Mecânica

Igor Evangelista dos Santos

LABORATÓRIO DE TERMODINÂMICA E TRANSFERÊNCIA DE CALOR:

Condutividade Térmica de um Isolante

Belo Horizonte

2022
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1. INTRODUÇÃO

Fundamentação teórica necessária para o desenvolvimento do experimento:


Condução radial e estacionária em cilindros, sem geração de energia térmica.
Resistência térmica, paredes cilíndricas compostas, espessura crítica de isolamento.
Características importantes para a seleção de um isolante térmico .

2. OBJETIVO

Determinar experimentalmente a condutividade térmica do polietileno expandido,


o coeficiente de transferência de calor entre a superfície externa do isolante e o
ambiente e o raio crítico do isolamento.
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3. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

3.1. Lei de Fourier

Joseph Fourier, através de experimentos, conseguiu observar que a


temperatura varia linearmente por toda a barra, ou seja, de uma extremidade a outra.
Sendo assim, o fluxo de calor através da barra é proporcional à área de seção A
da barra e à diferença de temperatura, ΔT = Tf - Ti, entre as duas extremidades; e
inversamente proporcional ao comprimento, L, da barra.

Figura 1 – Lei de Fourier

Fonte: Unisul. (2013)

Podemos definir matematicamente que o fluxo de calor nada mais é do que o


quociente do calor Q transmitido de uma face para outra, num intervalo de
temperatura. Então, o fluxo de calor é definido por:

𝑄
ɸ=
∆𝑇
𝑘 ∗ 𝐴 ∗ ∆𝑇
ɸ=
𝐿

3.2. Condução de Calor Unidimensional em Regime Permanente.

No tratamento unidimensional a temperatura é função de apenas uma


coordenada. Este tipo de tratamento pode ser aplicado em muitos dos problemas
industriais. Por exemplo, no caso da transferência de calor em um sistema que
consiste em um fluido que escoa ao longo de um tubo, a temperatura da parede do
tubo pode ser considerada função apenas do raio do tubo. Esta suposição é válida se
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o fluido escoa uniformemente ao longo de toda a superfície interna e se o tubo não for
longo o suficiente para que ocorram grandes variações de temperatura do fluido
devido à transferência de calor

3.2. Conservação de Energia

Julius Robert Mayer apresentou o modelo de conservação de energia, citando


que não há energia não “desaparece”, ela se transforma em outro tipo de energia.
Assim acontece na lei de conservação de massa. Para um sistema fechado, a energia
permanece a mesma, só que no caso da energia, tem que haver um isolamento
térmico, evitando a perda de energia em forma de calor.
3.3. Condutividade térmica

A condutividade térmica consiste numa grandeza física que mede a capacidade


de uma substância conduzir o calor. Permite distinguir os bons dos maus condutores
de calor e pode ser definida como a energia transferida sob a forma de calor e por
segundo A condutividade térmica representa a taxa temporal de transmissão de
energia, sob a forma de calor, através de um material. No Sistema Internacional (SI)
W
em watt por metro e por kelvin (mK)

Quanto maior a condutividade térmica do material, melhor condutor ele é. A


condutividade aparece na Lei de Fourier como constante k.

3.4. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES


CILÍNDRICAS

Consideremos um cilindro vazado submetido à uma diferença de temperatura


entre a superfície interna e a superfície externa, como pode ser visto na figura 5. Se a
temperatura da superfície interna for constante e igual a T1, enquanto a temperatura
da superfície externa se mantém constante e igual a T2, teremos uma transferência
de calor por condução no regime permanente.

O fluxo de calor através de uma parede cilíndrica é calculado a partir da


seguinte equação:
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k∗2∗π∗L
q= r ∗ (T1 ∗ T2 )
ln (r2 )
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3.5. Raio crítico de isolamento

A avaliação da espessura de um tubo para troca de calor é diferencial a paredes


planas, o motivo para tal é explicado pelo raio crítico. A existência de um raio crítico
requer que a área de transferência de calor varie na direção da transferência, como
para a condução radial em um cilindro. Em uma parede plana, a área perpendicular à
direção do fluxo de calor é constante e não existe espessura crítica para o isolamento
(a resistência total sempre aumenta com o aumento da espessura do isolamento). No
caso dos tubos, embora a resistência à condução de calor aumente com a adição de
isolamento térmico – como o caso das paredes planas –, a resistência térmica à
convecção de calor diminui devido ao aumento da área superficial externa. Dessa
forma, deve existir uma espessura da camada de isolamento térmico que minimize a
perda de calor pela maximização da resistência total à transferência de calor, este raio
tem o nome de raio crítico, e é encontrado pela equação:

k
rcrítico =
h
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4. METODOLOGIA

Para a realização do experimento, foram utilizados os seguintes materiais:

• Tubo de cobre com diâmetro externo de 28mm e comprimento de 1000mm, no


interior do qual está inserida uma resistência elétrica;
• Isotubo de polietileno expandido com espessura de 10mm, sobreposto ao tubo
de cobre;
• Termopares tipo T fixados nas superfícies interna e externa do polietileno;
• Voltímetro;
• Amperímetro;
• Milivoltímetro;
• Chave seletora.

Figura 2 – Montagem da Prática.

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


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5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Tabela 1 – Temperatura no Isolante


Força Eletromotriz Temperatura
Posição dos Termopares
(mV) (ºC)
2 1,267 56,683267
3 0,537 39,162537
4 1,209 55,291209
5 0,621 41,178621
6 1,202 55,123202
7 0,531 39,018531
Amarelo: Interno Cinza: Externo

Tabela 2 – Potência Elétrica

Diferença de potencial (V) Corrente elétrica (A) Potência Elétrica (W)


17,2 0,68 11,696

5.1 Desenho Esquemático:

5.2 Taxa de condução de Calor no polietileno:

Q = Vdiferençadepotencial ∗ Icorrenteelétrica ⇒ 17,2 ∗ 0,68 = 11,7 W

5.3 Condutividade Térmica do Polietileno através da Lei de Fourier:

−k ∗ 2π ∗ L ∗ (Tint − 𝑇𝑒𝑥𝑡 )
Q= 𝑟
ln (𝑟2 )
1

𝑟
Q ∗ ln (𝑟2 )
1
k=
2π ∗ L ∗ (Tint − 𝑇𝑒𝑥𝑡 )
8

0,024
11,7 ∗ ln (0,014) 𝑊
k= ⇒ 0,0631( )
2π ∗ 1 ∗ (55,7 − 39,8) 𝑚𝐾

5.4 Coeficiente de transferência convectiva de calor entre a superfície


externa do isolante e o ar ambiente através da Lei do Resfriamento de
Newton.

Qh = h ∗ 2πr 2 ∗ Text − Tamb

Qh
h=
2πr ∗ L ∗ Text − Tamb

11,7 𝑊
h= ⇒ 8,343 2
2π ∗ 0,024 ∗ 1 ∗ (39,8 − 30,5) 𝑚 𝐾

5.5 Valor da condutividade térmica do polietileno obtida neste experimento


com o valor tabelado e discutir o resultado.

W
k tabela = 0,048
mK

0,0631 − 0,048
Erro = ∗ (100) ⇒ 31,46%
0,048

O valor tabelado para comparação, 0,048 W/mK foi encontrado no site:


https://www.plastmetal.com.br/tabelas/820116434bbd/tabela_de_propriedades_poliet
ileno.pdf.

Esta diferença percentual de 31,46% pode ter ocorrido por erro de leitura, por
causa de aparelhos não calibrados, estrutura imperfeita da bancada e principalmente
pela temperatura ambiente utilizada que é específica, porém é um erro admissível.

5.6 Raio Crítico

k 0,0631
𝑟𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 = = ⇒ 0,00756 𝑚
h 8,343

𝑟𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 = 7,56 mm
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6. CONCLUSÃO

O valor calculado, k, do experimento, apresentou uma diferença percentual


equivalente a: ERRO = 31,46%. Levando em consideração a diferença de
temperaturas ambiente correspondentes ao valor de K (tabelado e encontrado), é
válido concluir que esse fator contribuiu neste erro e este erro está numa margem
aceitável. A diferença entre a temperatura externa do tubo isolante e a temperatura
ambiente é proporcional a diferença entre o raio crítico calculado e o raio externo
utilizado. No sentido que, para ri = rcr, para de uma mesma espessura do isolante, a
diferença de temperatura seria menor, ou seja, haveria um menor isolamento do calor.
Porém, como ri > rcr numa diferença de 6,44 mm, o próprio tubo de cobre já está
atuando com uma camada de 6,44 mm de isolamento devido a uma maior área
externa de troca de calor, e toda espessura adicional de isolante aplicada à tubulação
contribuirá para o isolamento da temperatura do tubo de cobre. Assim, realizando uma
média entre as temperaturas interna e externas, temos que: para a temperatura
submetida ao cobre por fluxo de corrente elétrica foi encontrado o valor experimental
de 55,699 °C e para a temperatura medida externa, em contato com o ambiente, de
39,787 °C. Ou seja, a configuração do isolamento da bancada está reduzindo a
temperatura em 15,534 °C. Tal valor pode ser aumentado proporcionalmente ao
aumento da espessura do isolante ou com um isolante mais eficaz.
A utilização da Lei de Fourier nesta prática de laboratório foi eficiente ao possibilitar
a aquisição dos dados necessários para uma análise assertiva dos resultados
experimentais. Já que, os erros encontrados não foram tão significativos, levando em
consideração as condições adversas na aquisição de dados e na não exatidão do
valor do K tabelado - do polietileno expandido na temperatura em questão.
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7. REFERÊNCIA

INCROPERA, Frank P., DEWITT David P., BERGMAN, Theodore L., LAVINE,
Adrienne S. Fundamentos de transferência de calor e massa. 6.ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2013.

MORAN, M. J., SHAPIRO, H. N., BOETTNER, D. D., BAILEY, M.B. Princípios de


Termodinâmica para engenharia. 7.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013

Transferência de Calor – Série Concursos Públicos – Curso Prático & Objetivo,


http://www.tecnicodepetroleo.ufpr.br/apostilas/engenheiro_do_petroleo/transferencia
_calor.pdf, acessado dia 03 de março de 2022.

Condensador de Casco e Tubo - FEM,


http://www.fem.unicamp.br/~em712/Condensador_filme.doc, acessado dia 08 de
março de 2022.

Transferência de Calor - IF-SC São José - Wiki,


wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/index.php/Transferência_de_Calor, acessado dia 08 de março
de 2022.

Apostila de TC.doc - IFBa,


http://www.ifba.edu.br/professores/diogenesgaghis/TC_Transfer%C3%AAncia%20de
%20Calor/Apostila%20de%20TC.doc, acessado dia 08 de março de 2022.

PEBD - Placas e mantas de PEBD,


http://www.liondor.com.br/pecastecnicas/pebd.htm, acessado dia 08 de março de
2022

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