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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LINHAS DE TRANSMISSÃO: ASPECTOS TÉCNICOS, CONSTRUTIVOS E


EXECUTIVOS ADEQUADOS PARA A ATIVIDADE DE LANÇAMENTO DE CABOS
CONDUTORES EM LINHAS DE ALTA E EXTRA ALTA TENSÕES

Rodrigo de Souza Cabral

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LINHAS DE TRANSMISSÃO: ASPECTOS TÉCNICOS, CONSTRUTIVOS E


EXECUTIVOS ADEQUADOS PARA A ATIVIDADE DE LANÇAMENTO DE CABOS
CONDUTORES EM LINHAS DE ALTA E EXTRA ALTA TENSÕES

Rodrigo de Souza Cabral

Trabalho acadêmico apresentado ao


Curso de Engenharia Elétrica do Centro
Universitário Augusto Motta (UNISUAM),
como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Engenharia
Elétrica.

Orientador: André Luís da Silva Pinheiro

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LINHAS DE TRANSMISSÃO: ASPECTOS TÉCNICOS, CONSTRUTIVOS E


EXECUTIVOS ADEQUADOS PARA A ATIVIDADE DE LANÇAMENTO DE CABOS
CONDUTORES EM LINHAS DE ALTA E EXTRA ALTA TENSÕES

Rodrigo de Souza Cabral

APROVADO EM: _________________________

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________
André Luís da Silva Pinheiro, D.Sc. - Orientador

_______________________________________
Geraldo Motta Azevedo Júnior, D.Sc.

_______________________________________
Carlos Henriques Ventura do Rosário Oliveira, M.Sc.

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2017
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, minha irmã e à minha namorada que,
com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse nessa
importante etapa da minha vida.
Dedico também ao curso de engenharia elétrica do Centro Universitário
Augusto Motta e às pessoas com quem convivi ao longo desses anos. A experiência
de uma produção compartilhada na comunhão com amigos nesses espaços foi a
melhor experiência da minha formação acadêmica.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente e imensamente aos meus queridos pais, Sérgio e


Terezinha, que me deram todo o amor, suporte e tranquilidade para que alcançasse
essa importante etapa da minha vida.
Agradeço a minha irmã, Larissa, minha melhor amiga por quem nutro enorme
admiração e amor.
Agradeço à minha namorada, Tatiane, que sempre me incentivou e apoiou
em todos os momentos dessa jornada, me ajudando a seguir sempre motivado.
Agradeço aos meus professores, pelas orientações e dedicação em nos
ajudar sempre.
Agradeço às grandes amizades que fiz no decorrer desses anos, que foram
de extrema importância a cada semestre e que espero levar para a vida.
Agradeço à empresa Furnas Centrais Elétricas S.A. pelo suporte e cessão de
conteúdo.
Enfim, agradeço a todos que participaram de forma direta ou indireta para que
esse sonho se tornasse realidade.
Cabral, Rodrigo de Souza Cabral. Linhas de transmissão: Aspectos técnicos,
construtivos e executivos adequados para a atividade de lançamento de cabos
condutores em alta e extra alta 2017. 150 p. Trabalho de conclusão de curso
(Graduação em Engenharia Elétrica) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio de
Janeiro, 2017.

RESUMO

Neste trabalho são abordados os aspectos construtivos e os procedimentos


adequados necessários para a realização da tarefa de lançamento de cabos
condutores em obras de linhas de transmissão, dando enfoque em serviços como
metodologias de puxamento dos condutores, regulagem de cabos, grampeação,
ancoragem dos mesmos nas estruturas metálicas, execução de emendas e
instalação de acessórios. São explicitadas também as definições técnicas de cada
equipamento e materiais utilizados nas linhas de transmissão. Destaca-se no texto, a
cronologia dos eventos compreendidos nessa atividade, com a finalidade de otimizar
os serviços tanto na parte técnica, executiva, ambiental e de segurança.

Palavras-chave: Linhas de transmissão; Cabos condutores; Regulagem de cabos;


Grampeação; Ancoragem.
Cabral, Rodrigo de Souza Cabral. Transmission lines: Technical, constructive
and executive aspects suitable for launching activity of conductor cables on
high na extra high voltage lines. 2017. 150 p Monograph (Graduation in Electrical
Engineering) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, 2017

ABSTRACT

In this work, we discuss the constructive resources and adequate procedures


required to carry out the task of launching conductive cables in works of transmission
lines, focusing on services such as method of pulling the cables, adjusting cables,
stapling, anchoring them metal structures, execution of amendments and installation
of accessories. They are also explained as techniques of each equipment and
materials used in the transmission lines. It highlights in the text, a chronology of the
events in general, a purpose to optimize the services in the technical, executive,
environmental and safety part.

Keywords: Transmission lines. Conductive cables. Regulation of cables. Stapling.


Anchoring.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fase de lançamento de cabos ........................................................ 9


Figura 2 – Torre autoportante de suspensão ................................................. 10
Figura 3 - Torre autoportante de ancoragem ................................................. 10
Figura 4 - Composição de um isolador de disco ............................................ 11
Figura 5 - Isolador polimérico ........................................................................ 12
Figura 6 – Manilha ......................................................................................... 13
Figura 7- Mancal ............................................................................................ 13
Figura 8 – Cavalote ....................................................................................... 14
Figura 9 – Elo bola ........................................................................................ 14
Figura 10 – Concha garfo .............................................................................. 14
Figura 11 – Concha olhal ............................................................................... 15
Figura 12 – Elo garfo ..................................................................................... 15
Figura 13 – Garfo olhal Y ............................................................................... 15
Figura 14 – Garfo bola ................................................................................... 16
Figura 15 – Balancim duplo ........................................................................... 16
Figura 16 – Balancim triplo ............................................................................ 16
Figura 17 – Balancim quádruplo .................................................................... 17
Figura 18 – Grampo de suspensão multiarticulado ........................................ 17
Figura 19 – Conjunto de fixação em suspensão – 1 condutor por fase .......... 18
Figura 20 - Cadeia de Suspensão em I Simples - 1 Condutor por fase .......... 18
Figura 21 - Cadeia de Suspensão em I Simples - 2 Condutores por fase ...... 19
Figura 22 - Cadeia de Suspensão em V Simples - 2 Condutores por fase..... 19
Figura 23 - Cadeia em I Simples - 3 Condutores por fase ............................. 20
Figura 24 - Cadeia de Suspensão em I Simples - 4 Condutores por fase ...... 20
Figura 25 – Composição do grampo de ancoragem ...................................... 21
Figura 26 - Cadeia de Ancoragem - 2 Condutores por fase ........................... 22
Figura 27 - Cadeia de Ancoragem - 3 Condutores por fase ........................... 22
Figura 28 - Cadeia de Ancoragem - 4 Condutores por fase ........................... 22
Figura 29 – Ilustração de uma ancoragem provisória .................................... 23
Figura 30 – Gincho ou “Puller” ....................................................................... 24
Figura 31 - Greio ou “Tensioner”................................................................... 25
Figura 32 – Ilustração do uso de empancaduras ........................................... 26
Figura 33 – Utilização de empancaduras em rodovia .................................... 26
Figura 34 – Cabo ACSR ................................................................................ 27
Figura 35 – Cabo ACAR ................................................................................ 28
Figura 36 – Cabo AAC ................................................................................... 28
Figura 37 – Cabo AAAC ................................................................................ 29
Figura 38 – Roldana para lançamento de 4 subcondutores por fase ............. 29
Figura 39 – Luvas externa e interna de uma emenda prensada .................... 31
Figura 40 – Modelo de prensa hidráulica utilizada no canteiro de obras ........ 31
Figura 41 – Emenda em um cabo para-raio ................................................... 32
Figura 42 – Luva de reparo prensável ........................................................... 33
Figura 43 – Cabo OPGW ............................................................................... 33
Figura 44 - Dispositivo anti-torção ................................................................. 35
Figura 45 – Zona de fixação dos amortecedores ........................................... 38
Figura 46 – Amortecedor Stockbridge ........................................................... 39
Figura 47 – Fases de um amortecedor em uma sequência vibratória ............ 39
Figura 48 – Espaçador amortecedor triplo ..................................................... 41
Figura 49 – Espaçamento em um vão de linha .............................................. 42
Figura 50 – Ilustração do exemplo apresentado para uma LT 500 kV ........... 43
Figura 51 – Anéis anticorona em cadeias de ancoragem .............................. 43
Figura 52 – Esfera de sinalização .................................................................. 44
Figura 53 – Flecha de um cabo condutor....................................................... 45
Figura 54 - Visada direta .............................................................................. 46
Figura 55 - Método visada direta aproximação ............................................. 47
Figura 56 – Visada horizontal ou D1 .............................................................. 48
Figura 57 – Visada em ângulo ....................................................................... 49
Figura 58 – Canga de madeira ...................................................................... 51
Figura 59 – Canga de madeira instalada ....................................................... 51
Figura 60 – Bobina montada sobre cavalete .................................................. 59
Figura 61 – Tramo lançado ........................................................................... 60
Figura 62 – Balancim ou “arraia”.................................................................... 61
Figura 63 – Ilustração do lançamento de um cabo condutor .......................... 63
Figura 64 – Ilustração de uma peça de malha metálica ................................. 65
Figura 65 – Aterramento móvel de uma roldana ............................................ 66
Figura 66 – Distância das emendas em ancoragem e suspensão ................. 67
Figura 67 – Prensagem da luva interna de aço.............................................. 68
Figura 68 – Prensagem da luva externa de alumínio ..................................... 69
Figura 69 – Emenda pré-formada .................................................................. 70
Figura 70 – Máquina de fusão ....................................................................... 71
Figura 71 – Ilustração para o cálculo do vão básico ...................................... 73
Figura 72 – Tramo de nivelamento ................................................................ 75
Figura 73 – Ilustração do “cabo madrinha” .................................................... 75
Figura 74 – Grampeação de cabos condutores – 4 condutores por fase ....... 77
Figura 75 – Comportamento dos cabos em terrenos desnivelados ............... 78
Figura 76 – Pontos de instalação das cangas................................................ 79
Figura 77 – Marcações para deslocamento Offset ......................................... 79
Figura 78 – Posicionamento das catracas ..................................................... 80
Figura 79 – Grampeação em trecho com ancoragem provisória .................... 81
Figura 80 – Grampeação finalizada ............................................................... 81
Figura 81 – Liberação da ancoragem provisória ............................................ 82
Figura 82 – Medição do conjunto isolador ..................................................... 83
Figura 83 – Içamento da cadeia de isoladores .............................................. 83
Figura 84 – Isoladores e jumpers instalados em uma torre de ancoragem .... 84
Figura 85 – Espaçador-amortecedor quádruplo LT 600 kv ............................ 85
Figura 86 – Içamento da esfera até a “bicicleta” ............................................ 86
Figura 87 – Aproximação do cabo para-raio para instalação da esfera ......... 87
Figura 88 – Instalação da esfera sinalizadora ................................................ 87
Figura 89 – Esfera sinalizadora instalada ...................................................... 88
Figura 90 – Espaçamento das esferas em linhas cruzadas ........................... 88
Figura 91 - Espaçamento das esferas em linhas cruzadas com mais de um
cabo para-raio/condutor de maior altura................................................................... 89
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de isoladores para cada nível de tensão ................... 12


Tabela 2 - Modelo de tabela de espaçamento para uma LT 600 kV ............. 41
Tabela 3 - Tabela de correção de flechamento ............................................. 49
Tabela 4 – Relação de dois grupos de bobinas ............................................. 57
Tabela 5 – Tabela de esticamento ................................................................. 72
LISTA DE EQUAÇÕES

(1) Equação de profundidade de cava de uma empancadura...................................26


(2) Equação da parábola............................................................................................45
(3) Equação da catenária...........................................................................................45
(4) Equação de visada horizontal ou D1....................................................................47
(5) Equação de visada em ângulo............................................................................. 48
(6) Equação do número de bobinas...........................................................................56
(7) Equação de somatória dos cabos pela catenária.................................................56
(8) Equação de somatória dos cabos pela parábola..................................................56
(9) Equação de perdas do cabo.................................................................................57
(10) Equação do vão básico...................................................................................... 73
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LT – Linhas de transmissão
NR – Norma regulamentadora
NBR – Norma brasileira
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
ABRATE – Associação Brasileira de Grandes Empresas de Transmissão de Energia
Elétrica
CAA – Cabos de alumínio com alma de aço
ACSR – Condutor de alumínio reforçado com aço
AAC - Condutor puramente de alumínio
AAAC – Condutor de liga de alumínio
ACAR – Condutor de liga de alumínio reforçada
LISTA DE SÍMBOLOS

Θ - Teta
Ω - Ohm
∑ - Somatório
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................1
1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ............................................1
1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ........................................................2
1.3. HIPÓTESE ....................................................................................4
1.4. OBJETIVOS ..................................................................................4
1.5. MOTIVAÇÃO .................................................................................5
1.6. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO ..........5
1.7. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ..................................................5
1.8. METODOLOGIA ............................................................................6
1.9. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO .........................................................6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................8
2.1. DA ATIVIDADE DE LANÇAMENTO DE CABOS CONDUTORES .8
2.2. ESTRUTURAS ..............................................................................9
2.3. CADEIA DE ISOLADORES .........................................................10
2.3.1. Ferragens e acessórios .........................................................13
2.3.2. Grampos de suspensão ........................................................17
2.3.3. Cadeias de suspensão ..........................................................18
2.3.4. Cadeias de ancoragem .........................................................20
2.4. ANCORAGEM PROVISÓRIA EM LINHAS DE TRANSMISSÃO .23
2.5. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM
LANÇAMENTO DE CABOS CONDUTORES ...............................................23
2.5.1. Guincho ou “Puller” ...............................................................23
2.5.2. Freio ou “Tensioner” .............................................................24
2.6. ESTRUTURAS DE PROTEÇÃO .................................................25
2.7. CABOS CONDUTORES..............................................................27
2.8. ROLDANAS PARA LANÇAMENTO DE CABOS CAA .................29
2.9. EMENDAS DE CABOS CONDUTORES ACSR OU CAA ............30
2.9.1. Emendas prensadas .............................................................30
2.9.2. Emendas pré-formadas .........................................................31
2.9.3. Emendas de cabos para-raios ...............................................32
2.10. LUVAS PARA REPAROS DE CABOS CONDUTORES ............32
2.11. CABO OPGW ............................................................................33
2.11.1. Diâmentro mínimo de curvatura ..........................................34
2.11.2. Tensão máxima de tração ...................................................34
2.11.3. Torção .................................................................................34
2.11.4. Tubo de alumínio de proteção das fibras .............................35
2.11.5. Extremidades do cabo opgw ...............................................35
2.11.6. Emendas de cabos opgw ....................................................35
2.11.7. Clivagem da fibra ................................................................36
2.11.8. Caixas de emendas e caixas terminais ...............................36
2.12. ACESSÓRIOS DE SISTEMAS DE SINALIZAÇÃO ....................36
2.12.1. Amortecedores ....................................................................37
2.12.2. Espaçadores e espaçadores amortecedores .......................40
2.12.3. Anel anti-corona ..................................................................43
2.12.4. Esferas de sinalização .........................................................44
2.13. FLECHAMENTO DO CABO CONDUTOR .................................44
2.13.1. Métodos de flechamento .....................................................46
2.13.2. Fontes de erro no flechamento ............................................50
2.14. GRAMPEAÇÃO DOS CABOS ...................................................50
3. DAS CONDIÇÕES INICAIS PARA A FASE DE LANÇAMENTO DE
CABOS ............................................................................................................53
3.1 PLANO DE LANÇAMENTO ..........................................................53
3.1.1 Elaboração do plano de lançamento ......................................55
3.1.2 Distribuição dos grupos de bobinas ........................................56
3.1.3 Cálculo das perdas do cabo ...................................................57
3.1.4 Da distribuição dos equipamentos ..........................................57
3.2 DO LANÇAMENTO DOS CABOS PARA-RAIOS E DO CABO
“PILOTO” ......................................................................................................58
3.3 DO LANÇAMENTO DOS CABOS CONDUTORES ......................61
3.4 DO LANÇAMENTO DE CABOS OPGW .......................................64
3.5 MEDIDAS DE SEGURANÇAS PARA LANÇAMENTO DE CABOS
PARA LT’S ENERGIZADAS EM PARALELO ...............................................64
3.6 DA EXECUÇÃO DAS EMENDAS DO CABO CONDUTOR ..........66
3.6.1 Critérios de localização das emendas ....................................66
3.6.2 Sequência para execução das emendas prensadas ..............67
3.6.3 Sequência de execução das emendas prensadas..................69
3.7 DA EXECUÇÃO DAS EMENDAS DE CABOS OPGW .................70
3.8 DO PROCESSO DE REGULAGEM DOS CABOS CONDUTORES
.....................................................................................................................71
3.8.1 Escolha do número de vãos por tramo de regulagem ............71
3.8.2 Escolha dos vãos de fechamento ...........................................72
3.9 DO PROCESSO DE GRAMPEAÇÃO DOS CABOS.....................76
3.9.1. Processo de grampeação convencional ................................77
3.9.2. Processo de grampeação offset ............................................78
3.10. DO PROCESSO DE ANCORAGEM DEFINITIVA DOS CABOS81
3.10.1. Marcação do comprimento da cadeia de isoladores ............82
3.11. DA INSTALAÇÃO DOS ESPAÇADORES E/OU
ESPAÇADORES-AMORTECEDORES .........................................................84
3.12. DA INSTALAÇÃO DAS ESFERAS DE SINALIZAÇÃO ..............86
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E TRABALHOS FUTUROS ...................90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................92
ANEXO A – PLANO DE LANÇAMENTO ...............................................94
ANEXO B – LISTA DE CONSTRUÇÃO .................................................95
ANEXO C – TABELA DE CABOS CONDUTORES E CABOS PARA-
RAIOS..............................................................................................................96
1

1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

O investimento em infraestrutura é de vital importância para o


desenvolvimento da economia do país. Sem isso, as empresas não conseguem
desenvolver corretamente o seu negócio. Pertencente à essa infraestrutura, o setor
elétrico é um de seus membros mais importantes. E se o setor elétrico é um
integrante significativo da infraestrutura brasileira, o setor de transmissão é o pilar do
sistema energético, já que constitui todo o setor elétrico, tornando-o um sistema
harmônico e concatenado.
A grande maioria das usinas geradoras de energia (usinas hidrelétricas,
eólicas, etc.) são localizadas afastadas dos grandes centros consumidores de
energia elétrica, tornando indispensável a viabilização de uma malha de transmissão
extensa e de alta confiabilidade, para que seja capaz de transportar toda a demanda
exigida, visando, dentre outras coisas, a minimização das perdas elétricas. A
distância entre a fonte geradora e a carga é diretamente proporcional a robustez da
rede de transmissão, ou seja, quanto maior for essa distância, mais robusto deverá
ser a malha de transmissão. Uma rede de transmissão eficaz otimiza a geração e a
distribuição de energia elétrica. (BRASIL, 2015)
A construção de uma linha de transmissão, seja no âmbito nacional ou
direcionada à uma demanda específica, não é tão simples. Antes mesmo das obras
efetivamente serem iniciadas, é realizado um estudo de viabilidade técnica e
socioeconômica. Além disso, obras de linhas de transmissão exigem um grande
investimento de capital, tanto na etapa de projeto quanto na construção, desde a sua
elaboração até o seu término. (MENEZES, 2015)
Também é necessário adquirir autorização por parte do governo para o início
das obras. Ademais, é imprescindível ter o licenciamento ambiental e o estudo do
traçado para sua execução (MENEZES, 2015). Ao longo de todo o processo de
construção, a empresa há quem foi concedida a licitação devem estar cientes e
seguir corretamente as normas regulamentadoras e as legislações vigentes para
obras de linhas de transmissão, como: NR10, NBR 5422, NBR 5032, entre outras
(CEJUR).
2

Para que se tenha sucesso na construção de linhas de transmissão (LT) e se


atinja o objetivo final, é necessário que se tenham métodos e procedimentos de
serviços bem planejados para todas as unidades de serviços dentro da obra. A falta
de tal planejamento acarreta diversos problemas como atraso na entrega da obra,
desperdício de materiais e até acidentes com funcionários, muitos deles fatais
(SILVA, 2016). Com isso, diversas empresas têm prejuízos com o descarte de
materiais, com indenizações por acidentes e também com as multas de atraso de
conclusão de obra.
Tendo isso em vista, a Eletrobrás Furnas, uma das maiores empresas em
obras de geração e transmissão de energia, trabalha com métodos executivos
próprios baseados nas especificações da ANEEL e também em especificações
internas, que foram elaboradas com o auxílio de engenheiros civis, engenheiros
elétricos, engenheiros de segurança do trabalho e fiscais de obras, de acordo com
suas experiências. Essa ação teve como objetivo minimizar os gastos da obra e os
riscos de acidentes de trabalho. Essa é a importância de um bom planejamento e de
um procedimento adequado para cada unidade de serviço.

1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

A construção de linhas de transmissão é composta de várias frentes de


serviços como limpezas de faixa, estradas de acesso, topografia, fundações,
montagem de estruturas, lançamento de cabos condutores, dentre outras.
Atualmente, é imprescindível um método executivo adequado para cada uma
das atividades supracitadas, especialmente para lançamento de cabos condutores,
devido à sua complexidade e a certas peculiaridades. Tais metodologias, quando
bem-feitas, minimizam os riscos de acidentes de trabalho, desperdício de materiais
e, principalmente, atraso da entrega das obras.
De acordo com o relatório de fiscalização da Agencia Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), realizado em 2014, do total de 443 obras de construção de linhas
de transmissão ou obras de reforço em todo o país, 240 estão atrasadas
(RODRIGUES, 2014).
De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira de Grandes
Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), Celso de Barros, as
3

empresas acumulam um rombo de R$2,2 bilhões desde o ano 2000, devido aos
atrasos de obras.

Também temos enfrentado dificuldades fundiárias, principalmente quando


as linhas chegam perto dos grandes centros, como a cidade de São Paulo.
Há muitos problemas de negociação para se atravessar pequenas
chácaras, cujo valor é muito mais alto do que para se atravessar a terra nua
no interior do País (CELSO, 2014)

A atividade de lançamentos de cabos exige um alto grau de cuidado e


responsabilidade por parte das empresas executantes das obras. Um procedimento
adequado deve ser seguido meticulosamente, devido aos riscos emitentes
propiciados, tanto para obra em si como danos às máquinas, aos materiais e, até
mesmo, às estruturas metálicas, quanto para a vida dos operários. Além disso, a
minimização dos riscos de atraso nas obras também depende, dentre outras coisas,
de um bom planejamento e um método executivo eficaz.
Atrelados a isso, a falta de estudo das condições climatológicas do sítio da
obra influencia consideravelmente em possíveis atrasos. A SEPCO, empresa
chinesa respeitável nesse meio por sua agilidade, já foi multada em cerca de R$ 8
milhões de reais pelo atraso da entrega da LT da hidrelétrica de Belo Monte (Pará).
Segundo a ANEEL, os motivos do atraso estão relacionados ao baixo rendimento da
empresa nos trechos de serviço, falta de materiais para construção e,
principalmente, dificuldade de acesso e condições de trabalho. Isso tudo, porque a
empresa não inseriu em seu roteiro o período chuvoso na região amazônica, entre
novembro do ano passado e abril deste ano (RODRIGUES, 2014).
O serviço de lançamentos de condutores em obras de linhas de transmissão
requer uma maior atenção de todos os trabalhadores envolvidos no evento. Em
algumas etapas dessa atividade, é ainda mais necessário que sejam seguidas
rigorosamente as normas e especificações em vigor, principalmente quando é
realizado o lançamento próximo às linhas energizadas. Neste caso, o protocolo de
aterramento deverá ser executado à risca e fiscalizado no campo.
Outras atividades como ancoragem provisória, travessias e aterramentos
móveis também exigem uma fiscalização e um acompanhamento minucioso, pois
são etapas da fase de lançamento de cabos em que ocorrem uma incidência maior
4

de acidentes, por isso a necessidade de uma padronização correta dos


procedimentos de serviços para tal atividade. Sendo assim, veremos no decorrer
desse trabalho os procedimentos adequados para as obras de lançamentos de
cabos condutores em linhas de transmissão, seguindo as normas e especificações
vigentes.

1.3. HIPÓTESE

Para se atingir com excelência a atividade de lançamento de cabos


condutores em obras de linhas de transmissão visando um procedimento padrão
adequado, é de extrema importância ter o conhecimento de cada etapa construtiva
dessa fase da obra e das especificações e normas regulamentadoras que as
envolve.
No entanto, os métodos executivos para a realização dessa unidade de
serviço são mantidos em posse das empresas responsáveis e não são divulgados
externamente. Portanto, esse trabalho irá transmitir, dentro do possível, todas as
informações e todo o processo construtivo de lançamento de cabos que não são
publicados, seguindo as normas e especificações em vigor elaboradas pela ANEEL,
visando atingir um procedimento adequado para essa atividade.

1.4. OBJETIVOS

O desenvolvimento da pesquisa que resultou na elaboração desse trabalho


tem como objetivo a disseminação de metodologias referentes às atividades de
lançamento de cabos condutores em obras de linhas de transmissão de alta e extra
tensão e a divulgação da importância de um processo adequado para a realização
de tal serviço.
Como objetivo secundário, apresentar a descrição de cada etapa do processo
de lançamento de cabos em concordância com as normas regulamentadoras
vigentes, a identificação dos perigos referentes a tal atividade e explicitar a
metodologia de serviços da empresa Furnas.
5

1.5. MOTIVAÇÃO

A principal motivação para a elaboração deste trabalho é a transmissão de


conhecimentos referentes à uma área tão restrita como a construção de linhas de
transmissão, e também difundir informações sobre aspectos construtivos e métodos
executivos da atividade de lançamento de cabos condutores, englobando um
conjunto de técnicas específicas utilizadas pelos operários no canteiro de obras.

1.6. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO

(FUCHS, LABEGALINI e ALMEIDA, 1992) Aborda assuntos referentes a


projetos mecânicos de linhas aéreas de transmissão, no entanto, trata de forma
superficial quanto aos tipos de condutores, às emendas utilizadas, aos acessórios e
aos cálculos de fechamento de um cabo condutor, alguns dos assuntos que serão
tratados de forma aprofundada neste trabalho. Porém, não aborda qualquer assunto
do aspecto construtivo de uma atividade de lançamento de cabos.
(MENEZES, 2015) Faz um breve resumo da etapa de instalação de cabos
condutores em linhas de transmissão citando o processo de içamento de cabos,
plano de lançamento de cabos, emendas, tipos de cabos, flechamento e acessórios
de uma linha. Tratava também da parte orçamentaria de obras de linhas de
transmissão.
Já (KALUCZ, 2014) elaborou estudos em linhas de transmissão aéreas
trifásicas, enfatizando cálculos elétricos. Descreve os tipos de cabos para-raios.
Enfatiza também como são realizadas as sinalizações em suporte para a inspeção
aérea. Em seu trabalho, estudou todo o projeto de uma linha de transmissão e os
métodos utilizados para desenvolver cálculos elétricos em uma linha de transmissão.
Já (ROPELATTO, FURQUIM e OLIVEIRA, 2014) apresenta os aspectos
técnicos de uma linha de transmissão, aprofundando informações como
impedâncias, potência reativa e regulação de tensão em LT’s, e estuda seus efeitos
no sistema elétrico de potência através de simulações com o software ANAREDE.

1.7. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

. A justificativa baseia-se na divulgação de um conteúdo que é pouco


conhecido, como a atividade de lançamento de cabos condutores e seus métodos
6

executivos. Nos veículos de informações como internet, livros, revistas e outros, tais
temas não são abordados de forma detalhada. Neste trabalho será tratado de forma
aprofundada, conhecendo o passo a passo de uma atividade de lançamento de
cabos, desde a preparação da faixa de servidão até a grampeação e ancoragem dos
cabos às estruturas metálicas.
Outro ponto, não menos importante, é que o conhecimento de todos os
aspectos construtivos de uma fase de lançamento de cabos condutores é de grande
interesse aos futuros engenheiros eletricistas, devido à pouca temática referente ao
assunto.

1.8. METODOLOGIA

Esse processo iniciou-se com uma pesquisa bibliográfica, em sites, livros,


teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos científicos, dentre outras
referências, nas quais foi dada a abordagem necessária para a reunião de
informações quanto aos aspectos construtivos da atividade de lançamento de cabos
e as normas regulamentadoras envolvidas.
Após essa primeira etapa, foi recolhida informações diretamente de
engenheiros e técnicos fiscais de obras da empresa Eletrobrás Furnas, visando
conhecer os métodos executivos de cada fase da instalação dos cabos condutores,
realizados pelos trabalhadores no canteiro de obras.
Com as informações reunidas, foi possível traçar um procedimento adequado
de lançamento de cabos condutores em linhas de transmissão, visando a segurança
do operário e a preservação do meio ambiente.

1.9. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

No capítulo 1 são definidos os parâmetros do projeto, como apresentação do


problema, definição do problema, objetivo, hipótese, justificativa, motivação,
metodologia e trabalhos relacionados.
A partir de então, no capítulo 2, têm-se a abordagem da parte teórica do
projeto. Nessa etapa são vistos alguns dos aspectos técnicos e construtivos da
atividade de lançamento de cabos condutores em obras de linhas de transmissão de
alta e extra alta tensão.
7

No capítulo 3 são abordados todos os métodos executivos e os


procedimentos padrões para a realização de cada etapa da atividade de lançamento
de cabos condutores como o puxamento dos cabos, regulagem, grampeação,
ancoragem e instalação de acessórios.
No capítulo 4 são deitas as considerações finais deste trabalho.
8

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. DA ATIVIDADE DE LANÇAMENTO DE CABOS CONDUTORES

É a última atividade a ser realizada em uma obra de construção de linhas de


transmissão, posteriormente à montagem das estruturas metálicas (FUCHS,
LABEGALINI e ALMEIDA, 1992). Consiste na transferência dos cabos das suas
bobinas para as estruturas, nas quais deverão ficar suspensas, provisoriamente, à
espera do tensionamento e fixação definitiva. O lançamento dos cabos para-raios
(MENEZES, 2015) deverá anteceder o lançamento dos condutores, pois se situam
num plano mais alto. Os métodos de lançamentos utilizados são: o lançamento sem
controle de tensão e o lançamento sob tensão controlada. Abrange também
atividades como emendas, flechamento e grampeação, em concordância com as
normas e especificações envolvidas (FURNAS, 2016).
O lançamento dos cabos é executado baseado no plano de lançamento, no
qual consiste em analisar os obstáculos existentes ao longo do traçado de uma LT e
equacionar toda a situação levantada para melhor distribuição das bobinas no
campo, obtendo um melhor aproveitamento de cabos e atendendo às instruções e
normas técnicas (FURNAS, 2016). A Figura 1 mostra a fase de lançamento de
cabos.
9

Figura 1 – Fase de lançamento de cabos

Fonte: Adaptado de http://www.aen.pr.gov.br/modules/galeria, acessado em 09/06/2017

2.2. ESTRUTURAS

São componentes fabricados em aço, alumínio, madeira ou concreto armado


e tem a função de dar toda a sustentação física do sistema elétrico e espaçar os
cabos condutores e os para-raios (MENEZES, 2015).
Em linhas de extra alta tensão (SATO, 2013), as estruturas treliçadas de aço
são as mais utilizadas devido a sua maior estabilidade e flexibilidade, já que
possibilitam uma variação na disponibilização tanto de circuitos simples quanto de
circuitos duplos, podendo estes serem na vertical, horizontal ou triangular
(MENEZES, 2015).
Há diferentes maneiras de se classificar as estruturas, porém, para os fins
deste trabalho, classificaremos apenas quanto ao tipo de sustentação que fornecem
aos cabos. Sendo assim, as estruturas podem ser de suspensão ou de ancoragem.
As estruturas de suspensão (FURNAS, 2016) são aquelas que apenas
mantém os cabos condutores suspensos, através dos grampos de suspensão, sem
a necessidade de seccionar os condutores, e suportam esforços de tração,
basicamente, na vertical (MENEZES, 2015). Pode-se ver com clareza essa estrutura
na ilustração da Figura 2.
Já as estruturas de ancoragem (FURNAS, 2016), no entanto, suportam
esforços de tração na horizontal, além de resistirem a maiores deflexões e serem
mais robustas e mais pesadas do que as de suspensão (MENEZES, 2015). Os
10

condutores nesses tipos de estruturas são seccionados e religados através de


“jumpers”, como mostrado na Figura 3.

Figura 2 – Torre autoportante de suspensão

Fonte: Adaptado de http://www.istockphoto.com, acessado em 10/06/2017


Figura 3 - Torre autoportante de ancoragem

Fonte: Adaptado de http://www.clipart-box.com, acessado em 10/06/2017

2.3. CADEIA DE ISOLADORES

Os cabos são suportados pelas estruturas por meio de isoladores que os


mantém isolados eletricamente das mesmas e devem resistir às solicitações
elétricas e mecânicas (FURNAS, 2016). As solicitações mecânicas são as verticais,
devidas ao próprio peso dos condutores, horizontais axiais no sentido do eixo
longitudinal da LT e horizontais transversais no sentido ortogonal ao eixo da LT
devidas à ação do vento sobre os cabos. Esses esforços são transmitidos às
estruturas que devem absorvê-los (FURNAS, 2016).
11

As solicitações elétricas são as maiores tensões que podem ocorrer nas LTs,
tais como, tensão normal, sobre tensões em frequência industrial, sobre tensões de
manobra e sobre tensões de origem atmosféricas (FURNAS, 2016). As superfícies
dos isoladores devem ter acabamento capaz de resistir bem às exposições ao tempo
em atmosfera de alto grau de poluição (FURNAS, 2016). Nas LTs são utilizados
basicamente dois tipos de isoladores: os isoladores de disco e os isoladores
poliméricos.
Os isoladores de disco são também denominados isoladores de suspensão.
Apresentam grande versatilidade para uso em LTs. Podem ser utilizados em
qualquer classe de tensão, dependendo apenas do número de isoladores instalados
em série (FURNAS, 2016).
Além das variedades de tipos e classes mecânicas disponíveis é possível
também a montagem de duas ou mais cadeias em paralelo para esforços mecânicos
especialmente altos, grandes vãos ou cabos muito pesados (FURNAS, 2016).
O isolador de disco é composto por campânula, um corpo dielétrico de
porcelana ou vidro temperado e uma haste de fixação inferior. O engate dos
isoladores é do tipo concha-bola (FURNAS, 2016). A Figura 4 ilustra a composição
de um isolador de disco.

Figura 4 - Composição de um isolador de disco

Fonte: (FURNAS, 2016)

Os isoladores de disco podem ser de porcelana ou de vidro temperado, sendo


o segundo o mais utilizado atualmente, devido a sua maior resistência mecânica e
por evitar o aparecimento e a propagação de microfissuras superficiais, o que é
muito comum no isolador de porcelana (FURNAS, 2016).
12

O número de isoladores é definido para tensão máxima operativa da LT e


também em função da avaliação do desempenho para surtos atmosféricos, e por
esse motivo deve-se levar em conta diversos dados como as características
geométricas dos condutores e para-raios, tensão nominal do sistema, altura e tipo de
torre, resistividade do solo, arranjo de contrapesos, número de isoladores e o nível
ceráunico da região (FURNAS, 2016).
A Tabela 1 mostra a quantidade de isoladores de torres de suspensão
adotada por Furnas em função da tensão da LT. Essa quantidade pode ter uma
pequena variação de uma LT para outra.

Tabela 1 - Quantidade de isoladores para cada nível de tensão

Fonte: (FURNAS, 2016)

Os isoladores poliméricos, por sua vez, são constituídos de um núcleo central


de fibra de vidro, um revestimento de borracha e por ferragens terminais, fazendo as
interligações condutor-isolador e isolador-estrutura (FURNAS, 2016), como ilustrado
na Figura 5.

Figura 5 - Isolador polimérico

Fonte: (FURNAS, 2016)

Estes isoladores apresentam algumas vantagens como peso reduzido (pesa


até 10 vezes menos do que uma cadeia do tipo convencional), resistência ao
13

vandalismo, resistência ao meio ambiente, maior durabilidade, resistência a choques


mecânicos e excelente performance sob poluição (FURNAS, 2016).
Estes isoladores estão sendo empregados, também, para compactação das
linhas de Transmissão, sem modificações significativas das estruturas e sem
necessidade de aumento da faixa de servidão (FURNAS, 2016).

2.3.1. Ferragens e acessórios

São um conjunto de peças que associados aos isoladores formam as cadeias


que suportam os cabos (FURNAS, 2016). Veremos neste trabalho algumas das
principais peças das cadeias isoladoras como: manilha, mancal, cavalote, elo bola,
concha garfo, concha olhal, elo garfo, garfo olhal Y, garfo bola, balancim duplo,
balancim triplo e balancim quádruplo (FURNAS, 2016). Essas peças das cadeias
isoladoras são ilustradas respectivamente da Figura 6 à Figura 17.

Figura 6 – Manilha

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 7- Mancal

Fonte: (FURNAS, 2016)


14

Figura 8 – Cavalote

Fonte: (FURNAS, 2016)


Figura 9 – Elo bola

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 10 – Concha garfo

Fonte: (FURNAS, 2016)


15

Figura 11 – Concha olhal

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 12 – Elo garfo

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 13 – Garfo olhal Y

Fonte: (FURNAS, 2016)


16

Figura 14 – Garfo bola

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 15 – Balancim duplo

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 16 – Balancim triplo

Fonte: (FURNAS, 2016)


17

Figura 17 – Balancim quádruplo

Fonte: (FURNAS, 2016)

2.3.2. Grampos de suspensão

Têm a finalidade de prender os cabos à cadeia de isoladores de suspensão.


São fabricados em liga de alumínio ou aço. Os grampos convencionais são
constituídos basicamente da calha, que deve se amoldar bem à curvatura natural
dos cabos e da telha de cobertura, de comprimento inferior ao da calha. Existe no
mercado outro tipo chamado grampo de suspensão armado constituído de uma
sapata de alumínio que prende um coxim de neoprene que abraça o cabo e entre
um e outro tem varetas de alumínio fixando o conjunto (FURNAS, 2016). Na Figura
18, temos um grampo de suspensão multiarticulado. Já na Figura 19 pode-se
observar o conjunto de fixação em suspensão já pronto.

Figura 18 – Grampo de suspensão multiarticulado

Fonte: (FURNAS, 2016)


18

Figura 19 – Conjunto de fixação em suspensão – 1 condutor por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)

2.3.3. Cadeias de suspensão

Têm a função de suportar os cabos e transmitir às estruturas todos os


esforços destes. São conectados à estrutura por uma manilha ou cavalote, e na
parte inferior terminam em um grampo de suspensão que abraça e fixa o cabo
(FURNAS, 2016).
Em função de estudos técnicos e econômicos existem variados tipos, tais
como: cadeias em I, simples ou dupla, em V simples ou dupla, simétrica ou
assimétrica. Veremos algumas dessas cadeias nas Figura 20, Figura 21, Figura 22,
Figura 23 e Figura 24 (FURNAS, 2016).

Figura 20 - Cadeia de Suspensão em I Simples - 1 Condutor por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)


19

Figura 21 - Cadeia de Suspensão em I Simples - 2 Condutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 22 - Cadeia de Suspensão em V Simples - 2 Condutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)


20

Figura 23 - Cadeia em I Simples - 3 Condutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 24 - Cadeia de Suspensão em I Simples - 4 Condutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)

2.3.4. Cadeias de ancoragem

As cadeias de ancoragem suportam, além dos esforços que devem suportar


as cadeias de suspensão, também os esforços devido ao tracionamento dos cabos.
21

O elemento de fixação do cabo condutor é o grampo de ancoragem (FURNAS,


2016).

2.3.4.1. Grampo de ancoragem

É constituído de duas partes: a interna chamada haste olhal composta de


grampo tensor de aço que retém a alma de aço, e suporta o esforço mecânico, e a
parte externa, de alumínio que possui sapatas terminais para ligação elétrica da
derivação. Ambas são aplicadas por compressão do material por meio de prensa
hidráulica de grande capacidade (FURNAS, 2016). Na Figura 25 é ilustrado a
composição de um grampo de ancoragem. Já na Figura 26, Figura 27 e Figura 28,
são mostrados as cadeias de ancoragens já montadas, para 2 condutores por fase,
3 condutores por fase e 4 condutores por fase, respectivamente.

Figura 25 – Composição do grampo de ancoragem

Fonte: (FURNAS, 2016)


22

Figura 26 - Cadeia de Ancoragem - 2 Condutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)


Figura 27 - Cadeia de Ancoragem - 3 Condutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 28 - Cadeia de Ancoragem - 4 Condutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)


23

2.4. ANCORAGEM PROVISÓRIA EM LINHAS DE TRANSMISSÃO

A ancoragem provisória em LTs consiste em fixar o cabo condutor no solo,


seguindo as normas regulamentadoras. O método mais comum consiste em uma
tora de madeira enterrada, na qual é amarrado um cabo de aço (FURNAS, 2016),
como podemos ver na Figura 29.

Figura 29 – Ilustração de uma ancoragem provisória

Fonte: (FURNAS, 2016)

2.5. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM LANÇAMENTO DE CABOS


CONDUTORES

2.5.1. Guincho ou “Puller”


O guincho ou “puller” é um equipamento acionado por motor diesel ou
gasolina constituído de um sistema de engrenagens e tambores, onde o cabo piloto
é enrolado durante o lançamento (FURNAS, 2016). A Figura 30 mostra um guincho
no canteiro de obras, no momento do puxamento do cabo.
24

Figura 30 – Guincho ou “Puller”

Fonte: (FURNAS, 2016)

Tanto o guincho quanto o freio deverão estar nivelados, aprumados,


estaiados, devendo ainda, serem calçadas as rodas dos equipamentos como
medida de segurança.
Além disso, os equipamentos precisam estar em alinhamento com a saída dos
cabos das roldanas (FURNAS, 2016).
O sistema de frenagem do freio e do guincho deverá manter o cabo
tensionado quando o puxamento for interrompido.
A localização dos equipamentos deverá ser tal que a declividade do cabo no
trecho entre os equipamentos e as torres mais externas do tramo, não ultrapasse a
relação um na vertical para três na horizontal, visando não sobrecarregar estas
estruturas.

2.5.2. Freio ou “Tensioner”

É um equipamento que controla a velocidade de lançamento por um sistema


hidráulico. Este é equipado com dinamômetro para o controle da tração de acordo
com os valores pré-fixados em projeto e garantindo a manutenção dos cabos a uma
determinada altura sobre o solo.
O freio, como pode ser visto na Figura 31, deverá ser do tipo tambor duplo
(roda impulsora dupla) e com capacidade de enrolamento (quantidades de voltas de
cabo no tambor) adequada para evitar que os fios da camada externa do cabo
deslizem sobre aqueles das camadas inferiores. Os sulcos deverão ser cobertos
com neoprene ou outro material semelhante.
25

Figura 31 - Freio ou “Tensioner”

Fonte: (FURNAS, 2016)

É importante ressaltar que se o cabo a ser enrolado no tambor do freio tiver


seu trançamento do tipo "direito", o condutor deverá entrar no tambor pela esquerda
e ser puxado pela direita de uma pessoa que esteja olhando das bobinas para a
torre do primeiro tramo. Se o cabo tiver trançamento do tipo "esquerdo", deve ser
providenciado para que o cabo entre pela direita e saia pela esquerda. Isto tem a
finalidade de evitar a tendência de destrançamento do condutor ao passar pelo
tambor (FURNAS, 2016).

2.6. ESTRUTURAS DE PROTEÇÃO

Nas travessias sobre rodovias, ferrovias, linhas elétricas e de


telecomunicações, as estruturas de proteção devem ter altura adequada para manter
a distância necessária do obstáculo atravessado. Se necessário, deverá ser
instalada uma rede ou malha de material não condutor, prevendo uma possível falha
mecânica no processo de lançamento. Tais estruturas são chamadas também de
empancaduras (FURNAS, 2016), e podem ser vistas na Figura 32 e na Figura 33.
As superfícies por onde os cabos estão sendo lançados e podem entrar em
contato com os mesmos, deverão ser de material não metálico e não deverão conter
objetos, tais como: pregos, parafusos, etc., pois podem causar danos (FURNAS,
2016).
26

Figura 32 – Ilustração do uso de empancaduras

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 33 – Utilização de empancaduras em rodovia

Fonte: (FURNAS, 2016)

Se forem utilizados postes, estes deverão ser de material resistente e de


qualidade apropriada. Deverão ser solidamente instalados e estaiados (sustentado
com auxílio de estais), principalmente os que suportarão redes de proteção
(FURNAS, 2016). Para obtermos a profundidade mínima da cava de fundação,
utilizamos a equação (1):

𝑃 = 10% 𝐻 + 60 𝑐𝑚
(1)

Consideramos P como a profundidade mínima e H a altura do poste.


27

2.7. CABOS CONDUTORES

Os condutores são os elementos essenciais em linhas de transmissão. É por


meio deles que as cargas elétricas se movimentam, interligando as unidades de
geração e os centros de cargas (MENEZES, 2015).
No início da implantação das LTs, o cobre era a matéria-prima utilizada nos
projetos, devido à sua maior condutividade, porém, atualmente, as linhas utilizam
condutores de alumínio, tanto na forma de liga quanto em união com o aço, por ter
um custo menor do que o cobre ou qualquer outro material (MENEZES, 2015).
No Brasil, a grande maioria das linhas de transmissão de alta e extra alta
tensão utilizam cabos do tipo ACSR (“Aluminum Conductor Steel-Reiforced”),
também denominados cabos CAA, que são condutores de alumínio com alma de
aço, sendo composto por camadas concêntricas de fios de alumínio encordoados
sobre uma alma de aço, como visto na Figura 34 (UFRJ, 2012).

Figura 34 – Cabo ACSR

Fonte: Adaptado de http://www.ahecable.com, acessado em 10/06/2017

Temos ainda outros tipos de cabos condutores como: AAC (“All Aluminum
Conductor”), AAAC (“All Aluminum Alloy Conductor”) e ACAR (“Aluminum
Conductor;Aluminum Alloy-Reinforced”) (UFRJ, 2012).
Os tipos ACAR são similares aos cabos ACSR, porém são compostos por
alma com fios de alumínio de alta resistência mecânica ao invés de alma de aço
(UFRJ, 2012), como visto na Figura 35.
28

Figura 35 – Cabo ACAR

Fonte: Adaptado de https://www.nexans.com.br, acessado em 10/06/2017

O AAC é um cabo composto por diversos fios de alumínio encordoados sem


a alma de aço, como visto na Figura 36 (UFRJ, 2012).

Figura 36 – Cabo AAC

Fonte: Adaptado de https://www.nexans.com.br, acessado em 10/06/2017

O AAAC é um condutor semelhante ao cabo tipo AAC, porém são utilizadas


ligas de alumínio de alta resistência. É um cabo com menor relação peso/carga de
ruptura e menores flechas, porém é o que possui maior resistência elétrica dentre os
anteriormente citados (UFRJ, 2012), como é observado na Figura 37.
.
29

Figura 37 – Cabo AAAC

Fonte: Adaptado de https://www.nexans.com.br, acessado em 10/06/2017

2.8. ROLDANAS PARA LANÇAMENTO DE CABOS CAA

As roldanas utilizadas devem ter os gornes revestidos de elastômero


(neoprene ou outro material adequado) e se encontrarem bem lubrificadas, de modo
a girar livremente. Qualquer sulco, a não ser no qual será passado o cabo piloto,
deve ser revestido. A roldana deverá ter tantos gornes quantos forem o número de
cabos e mais um para o cabo piloto. São chamados de gornes, as valetas onde são
acomodados os cabos condutores (FURNAS, 2016). Na Figura 38 é mostrado uma
roldana de 4 subcondutores por fase e na Figura é visto uma roldana de apenas 1
condutor.

Figura 38 – Roldana para lançamento de 4 subcondutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)


30

Figura 39 – Roldana para lançamento de um condutor

Fonte: (FURNAS, 2016)

Suas dimensões são rigidamente controladas para não danificar o cabo e,


normalmente, constam das especificações do projeto, por exemplo, diâmetro mínimo
e medida de fundo a fundo do gorne são iguais a vinte vezes o diâmetro do cabo,
profundidade mínima do gorne que é igual a uma vez e meia do diâmetro do cabo. O
ângulo das abas do gorne com a vertical está entre 15º a 20º (FURNAS, 2016).

2.9. EMENDAS DE CABOS CONDUTORES ACSR OU CAA

As emendas são executadas nos locais previstos no Plano de Lançamento,


ou então, para reparar danos sofridos pelo cabo (FURNAS, 2016).
Existem dois tipos mais conhecidos de emendas para cabos CAA: luvas
prensadas para o aço e o alumínio e emendas pré-formadas totais composta de três
partes que são aço, enchimento e alumínio (FURNAS, 2016).

2.9.1. Emendas prensadas

Após o lançamento de um ou mais tramos, dá-se início a execução das


emendas definitivas dos cabos condutores e para-raios. As emendas prensáveis de
cabos condutores tipo CAA são compostas por duas luvas: uma interna, para a alma
de aço feita do mesmo material e outra externa, feita de alumínio (FURNAS, 2016),
como visto na Figura 39.
31

Figura 39 – Luvas externa e interna de uma emenda prensada


L  50 cm

LUVA EXTERNA (ALUMINIO)

LUVA INTERNA (AÇO)

Fonte: (FURNAS, 2016)

Nesse processo é usada uma prensa hidráulica e suas matrizes de


compressão apropriadas para cada cabo, determinadas pelo fabricante. Esse
equipamento fica em posso dos operários na praça de realização de emendas
(FURNAS, 2016) e pode ser visto na Figura 40.

Figura 40 – Modelo de prensa hidráulica utilizada no canteiro de obras

Fonte: (FURNAS, 2016)

2.9.2. Emendas pré-formadas

Atualmente tem sido as mais utilizadas pelas empreiteiras, devido ao menor


tempo gasto para realiza-las. Estas emendas consistem no envolvimento da alma de
32

aço do condutor por duas camadas de pré-formado de aço e, em seguida, no


envolvimento do trecho emendado por uma camada de pré-formado de alumínio
(FURNAS, 2016)

2.9.3. Emendas de cabos para-raios

No caso de para-raios de cabos de alumínio com alma de aço (CAA), o


procedimento para emenda é o mesmo dos cabos condutores. Nos para-raios de
cabos de aço a emenda é feita prensando-se uma única luva de aço usando a matriz
adequada recomendada pelo fabricante (FURNAS, 2016). Na Figura 41 pode ser
visto uma emenda de um cabo para-raio.

Figura 41 – Emenda em um cabo para-raio


CABO PARA-RAIOS LUVA DE AÇO

Fonte: (FURNAS, 2016)

2.10. LUVAS PARA REPAROS DE CABOS CONDUTORES

As luvas de reparo são utilizadas para conserto de danos causados nos fios
de alumínio. Essas luvas só podem ser utilizadas quando a extensão do dano não
ultrapassar os seguintes limites máximos: até um fio de alumínio rompido ou até três
fios de alumínio seriamente danificados. Caso o dano seja mais grave, o cabo
deverá ser cortado e emendado conforme visto anteriormente (FURNAS, 2016).
Assim como as emendas, as luvas de reparos podem ser prensáveis ou pré-
formadas. As prensáveis são constituídas de duas partes prensáveis de alumínio,
onde as duas metades da luva são encaixadas sobre a parte a ser reparada e então
prensadas com a matriz recomendada pelo fabricante, como podemos analisar na
Figura 42. Já as pré-formadas são constituídas de tentos (fios) pré-formados de liga
de alumínio, os quais são instalados em torno da região danificada (FURNAS, 2016).
34

O cabo OPGW possui vantagens e desvantagens. A elevada capacidade de


transmissão e a imunidade às interferências eletromagnéticas são as principais
vantagens dessa fibra. No entanto, além de possuir um custo elevado e ser muito
frágil à esforço mecânico, esse tipo de condutor também possui dimensões muito
pequenas, o que dificulta a instalação de emendas e conectores (FURNAS, 2016).
Quando se trata do puxamento do cabo OPGW, deve-se tomar algumas
precauções devido ao seu núcleo óptico e sua fragilidade, apesar de ser usada a
mesma metodologia de lançamento dos cabos com alma de aço CAA (FURNAS,
2016).
Os principais cuidados e restrições que devem ser respeitados em todas as
operações com cabo OPGW, são o diâmetro mínimo de curvatura, tensão máxima
de tração, torção, tubo de alumínio de proteção das fibras e extremidades do cabo
(FURNAS, 2016).

2.11.1. Diâmentro mínimo de curvatura

O cabo OPGW não pode ser submetido a curvaturas inferiores a


determinados limites, cujos diâmetros são definidos para cada situação como
passagens por equipamentos, passagens por roldanas, entre outros. Em todas as
demais operações com o cabo OPGW, mesmo as manuais, o cabo OPGW não deve
ser submetido a curvaturas de diâmetros inferiores a 1.000 mm (FURNAS, 2016).

2.11.2. Tensão máxima de tração

A tensão máxima a que o cabo pode ser submetido durante a instalação é de


50% de sua tensão de regulagem. A tensão de regulagem é a tensão que deve ser
aplicada ao cabo, após a instalação, para que assuma as condições de flechas
definidas em projeto. Esta tensão é definida na tabela de esticamento, que veremos
posteriormente (FURNAS, 2016).

2.11.3. Torção

Todas as medidas devem ser tomadas para que o cabo OPGW não sofra
torção. Durante o puxamento, o cabo OPGW sofre a ação de um momento torço que
36

devido ao alinhamento automático dos núcleos das fibras. A qualidade da emenda,


entretanto, depende muito de sua preparação anterior à fusão, particularmente da
clivagem e da limpeza (FURNAS, 2016).

2.11.7. Clivagem da fibra

A clivagem consiste no corte das fibras preparando-as para a fusão. O corte


deve ser, perfeitamente, transversal ao eixo da fibra e isento de aparas ou
irregularidades. A fibra descascada deve ser limpa com algodão embebido em
acetona e não deve ser tocada. Em seguida, o trecho descascado será inserido no
clivador para ser cortado (FURNAS, 2016).
Após o corte, a extremidade da fibra deve ser, cuidadosamente, examinada
no microscópio da máquina de emenda, antes que o processo de fusão se inicie. Se
a clivagem não estiver satisfatória, não se conseguirá uma emenda de baixa perda
(FURNAS, 2016).

2.11.8. Caixas de emendas e caixas terminais

As caixas de emendas são instaladas nas torres para proteger as


extremidades dos cabos ópticos e suas emendas. Elas são constituídas em material
resistente à corrosão e devem possuir dispositivos de vedação nas entradas e
saídas do cabo, garantindo, assim, sua isolação contravapor, umidade e poeira
(FURNAS, 2016).
As caixas de emendas devem ser de dimensões, tais que permitam acomodar
adequadamente o comprimento excedente de fibras e facilitem o acesso para a
manutenção. Serão instaladas nas torres a uma altura média de 6 m, fixadas
diretamente na estrutura (FURNAS, 2016).

2.12. ACESSÓRIOS DE SISTEMAS DE SINALIZAÇÃO

Acessório é uma denominação genérica dada a algumas peças de fixação,


junção, proteção elétrica e mecânica, distanciamento, sinalização, entre outros,
empregados na montagem de condutores ou para-raios de Linhas de Transmissão.
Os acessórios fazem parte da ferragem eletrotécnica das LTs (FURNAS, 2016).
37

Como exemplos de acessórios, têm-se os amortecedores, espaçadores,


espaçadores amortecedores, anéis anticorona, esferas de sinalização e luzes de
advertência (FURNAS, 2016).

2.12.1. Amortecedores

Um dos aspectos que se tem em vista quando da fabricação da ferragem


eletrotécnica é com a vibração dos seus componentes devido a ação do vento nos
cabos. A vibração não controlada é altamente prejudicial ao sistema mecânico
formado pelos cabos, cadeias de isoladores e demais ferragens (FURNAS, 2016).
Dependendo do vento incidente, pode haver a formação de pulsos de ondas e
até mesmo o fenômeno de ressonância, e consequentemente uma grande
concentração de tensões nos pontos de fixação dos cabos, que por serem mais
rígidos, tendem a funcionar como engastes. É exatamente nestes pontos que
existem uma tendência à ruptura de tentos por fadiga ou abrasão. O dispositivo
usado para reduzir as vibrações e seus efeitos a níveis aceitáveis é o amortecedor
de vibração (FURNAS, 2016).
Existem vários modelos de amortecedores, cujos princípios de funcionamento
são bem diversificados. Em função de algumas características da LT como diâmetro,
tensão e peso do cabo, forma de catenária, velocidade do vento e outros, obtemos
através de fórmulas matemáticas a frequência de vibração e o comprimento dos
pulsos de onda nos cabos e determinamos também os pontos onde deveremos
instalar os amortecedores. O correto posicionamento dos amortecedores é
fundamental, pois para obter eficiência máxima, deverá ser instalado na crista do
pulso de onda (FURNAS, 2016). A zona ideal de fixação dos amortecedores pode
ser vista na Figura 45.
39

Figura 46 – Amortecedor Stockbridge

Fonte: (FURNAS, 2016)

O amortecimento é obtido pela inércia gravitacional ao movimento, são


observadas três fases de um ciclo em sequência às vibrações. Na primeira fase, o
cabo condutor ou para-raios é flexionado para baixo, porém o amortecedor mantém
sua posição devido à inércia. Na segunda fase, é flexionado para cima e o
amortecedor, sendo vencido pela inércia estática e adquirindo energia cinética,
movimenta-se para baixo e na terceira fase, retorna à posição negativa, porém o
amortecedor, devido à energia cinética obtida do cabo, é flexionado para cima
(FURNAS, 2016). Na Figura 47 podemos observar detalhadamente a movimentação
do amortecedor nas três fases supracitadas.

Figura 47 – Fases de um amortecedor em uma sequência vibratória

Fonte: (FURNAS, 2016)

Observa-se que o amortecedor trabalha em contra fase com relação ao cabo.


Ele possui duas frequências ressonantes, nas quais é muito efetivo. Porém, a sua
eficiência diminui muito rapidamente fora da região entre essas frequências. Isso
implica a necessidade do conhecimento prévio das características de vibração do
40

cabo condutor ou para-raios, de modo a coordená-las com as do amortecedor


(FURNAS, 2016).
A vida útil do dispositivo depende da qualidade do material da cordoalha e do
modo com que as massas são a estes conectadas. O tipo de presilha usado é outro
detalhe importante, pois não deve ferir o cabo (FURNAS, 2016).
Normalmente os amortecedores Stockbrige são instalados próximos aos
grampos de fixação dos cabos, sejam eles para-raios ou condutores. Em LTs de
baixa classe de tensão costuma-se utilizar este tipo de amortecedor nos cabos
condutores, sendo que nos cabos para-raios não se coloca nenhum acessório de
proteção (FURNAS, 2016).
Para as LTs de alta e extra alta tensão, estes dispositivos são colocados
somente nos cabos para-raios. A proteção dos cabos condutores é feita através dos
espaçadores-amortecedores (FURNAS, 2016).

2.12.2. Espaçadores e espaçadores amortecedores

Os espaçadores são dispositivos usados para separar os cabos de um feixe


de dois ou mais subcondutores de uma fase. Portanto, tem a função de evitar o
contato mecânico entre eles, evitando-se assim danos aos cabos (FURNAS, 2016).
Existem espaçadores de diversos tipos que variam tanto na forma como no
material empregado, como por exemplo, os espaçadores duplos, triplos,
espaçadores pré-formados, espaçadores de aço maleável galvanizado, etc.
(FURNAS, 2016). Na Figura 48 pode ser visto um espaçador amortecedor triplo.
Os espaçadores podem ser rígidos ou flexíveis. Nos projetos de LTs mais
atualizados são utilizados espaçadores-amortecedores que, além de manter os
subcondutores afastados entre si, desempenham a função de amortecimento das
vibrações provocadas pelo vento sobre os cabos (FURNAS, 2016).
41

Figura 48 – Espaçador amortecedor triplo

Fonte: (FURNAS, 2016)

2.12.2.1. Cálculo de quantidade e de posicionamento de espaçadores e


espaçadores amortecedores

A quantidade e posicionamento dos espaçadores são calculados


matematicamente e fornecida nas tabelas de espaçamento em função do
comprimento dos condutores onde serão instalados e da classe de tensão da linha,
como na Tabela 2. O número de espaçadores a serem instalados é o número de
espaços do vão menos um (FURNAS, 2016). Na Figura 49 é visto o espaçamento
em um vão de linha.

Tabela 2 - Modelo de tabela de espaçamento para uma LT 600 kV

Fonte: (FURNAS, 2016)


42

Figura 49 – Espaçamento em um vão de linha

Fonte: (FURNAS, 2016)

No caso da linha de 600 kV, para vãos entre 905 metros e 995 metros,
deverão ser instalados doze espaçadores por fase, já que as tabelas de
espaçamento fornecem a quantidade de espaços por cada vão. No entanto, para
outras LTs os critérios de cálculos são diferentes, bem como, a quantidade e o
espaçamento também o são (FURNAS, 2016).
Para uma linha de 500 kV com três subcondutores por fase, por exemplo, os
espaçadores deverão ter uma distância máxima de 75 metros entre si (FURNAS,
2016). Portanto, seu cálculo consiste da divisão entre o comprimento total do vão
entre as duas torres e a distância máxima de instalação entre os espaçadores,
resultando no número de espaços existentes no vão de linha. Caso haja resto na
divisão, acrescenta-se uma unidade ao quociente obtido e, em seguida, divide-se o
comprimento do vão de linha pelo quociente obtido mais uma unidade, obtendo a
distância exata entre os espaçadores (FURNAS, 2016).
Suponha-se que o valor medido do vão seja 424 metros. Para serem
calculados o número de espaçadores e a distância entre eles, efetua-se o seguinte
cálculo: 424 ÷ 75 = 5, onde o cinco indica o número de espaços com 75 m
existentes no vão de 424 m.
Porém, dessa divisão, obteve-se um resto de 49, portanto acrescenta-se uma
unidade a esse quociente: 5 + 1 = 6. Em seguida, faz-se a divisão do comprimento
do vão por seis: 424 ÷ 6 = 70,67 metros. Como o número de espaçadores será o
número de espaços (6) menos uma unidade, o espaçamento entre os cinco
espaçadores será de 70,67 metros. Quando a divisão por 75 for exata, não haverá
acréscimo da unidade (exemplo) ao quociente obtido e a distância entre os
43

espaçadores será de 75 m (FURNAS, 2016). Com os resultados obtidos no exemplo


supracitado têm-se a ilustração da Figura 50.

Figura 50 – Ilustração do exemplo apresentado para uma LT 500 kV

Fonte: (FURNAS, 2016)

2.12.3. Anel anti-corona

Nas linhas de extra alta tensão, verifica-se que ocorrem grandes


concentrações de potencial nas angulosidades e arestas existentes nas ferragens de
suporte dos condutores e nestes pontos há uma perda de energia por efeito corona.
A finalidade do anel anticorona é diminuir estas perdas de energia através de uma
melhor distribuição nos pontos críticos (FURNAS, 2016).
Normalmente, este acessório é instalado nas cadeias de ancoragem dos
cabos condutores, como visto na Figura 51, e em alguns projetos são utilizados
também próximos aos grampos de suspensão (FURNAS, 2016).

Figura 51 – Anéis anticorona em cadeias de ancoragem

Fonte: (FURNAS, 2016)


44

2.12.4. Esferas de sinalização

Essas esferas são destinadas à sinalização aérea diurna, sendo instaladas


nos cabos para-raios. Nas linhas próximas aos aeroportos, são instaladas lâmpadas
de sinalização e esferas de sinalização diurna, de acordo com as indicações
específicas nos desenhos do projeto. São esferas ocas e de material isolante, sendo
comumente fabricadas em fibra de vidro e resina de poliéster, e pintadas com tintas
resistentes à radiação ultravioleta das cores laranja ou vermelha. As esferas têm o
diâmetro de 60 cm e possuem em sua superfície orifícios para a drenagem de agua.
Sua fixação é feita com material anticorrosivo (FURNAS, 2016), como visto na
Figura 52.

Figura 52 – Esfera de sinalização

Fonte: Adaptado de http://energiaeletricaemfoco.blogspot.com.br, acessado em 11/06/2017

2.13. FLECHAMENTO DO CABO CONDUTOR

Flecha é a distância vertical entre a linha que liga os suportes dos cabos e o
ponto de tangência do colo do cabo com a paralela à linha que liga os suportes e
passa por este ponto, como ilustrado na Figura 53. Quando usamos a palavra
fechamento, nos referimos a regulagem dos cabos condutores até atingir-se os
valores de flecha adequado, estipulados em projeto (FURNAS, 2016).
45

Figura 53 – Flecha de um cabo condutor

Fonte: (FURNAS, 2016)

Catenária é o nome da curva formada por todo material altamente flexível e


uniforme como cabo condutor, corrente, entre outros, suspenso entre dois suportes.
Quando os suportes das torres têm alturas iguais e estão no mesmo plano
horizontal, o ponto de tangência é no meio do vão. O peso do cabo é um limitador do
tramo de lançamento (FURNAS, 2016).
Para a obtenção das flechas, podemos utilizar tanto a equação da parábola,
vista na equação (2), quanto a equação da catenária, vista na equação (3):

𝑃𝑉²
𝑓=
8𝑇𝑜
(2)

𝑇𝑜 𝑃𝑉
𝑓= × (cosh − 1)
𝑃 2𝑇𝑜
(3)

Consideramos P como o peso do cabo, em Kg, V como o vão horizontal e To como a


tensão horizontal, em Kg.
46

2.13.1. Métodos de flechamento

Para a execução desses métodos, utiliza-se um instrumento de visada


chamado teodolito. O teodolito é um instrumento óptico que mensura com precisão
ângulos verticais e horizontais. É, basicamente, um telescópio graduado na
horizontal e na vertical, e é montado sobre um tripé verticalizado. Em alguns casos,
recomenda-se utilizar um nível topográfico ao invés do teodolito (FURNAS, 2016).
Atualmente, são utilizados três métodos de nivelamento de cabos condutores:
Visada direta, visada horizontal ou D1, e visada em ângulo.

2.13.1.1. Visada direta

Consiste em instalar o instrumento de visada a uma distância "f", a partir de


um dos suportes do condutor e o outro ponto também fica a uma distância "f" a partir
do outro suporte. Pela própria definição de flecha assim que o cabo tangenciar a
linha de visada, este estará flechado (FURNAS, 2016), como podemos visualizar na
Figura 54.
Figura 54 - Visada direta

Fonte: (FURNAS, 2016)

Porém, caso não se consiga posicionar o aparelho na distância "f", pode-se


obter a flecha de forma aproximada por um outro método.
Instala-se o aparelho de visada a uma distância vertical "T", a partir de um dos
suportes do condutor, o outro fica determinado a uma distância vertical "t", marcada
47

a partir do outro suporte e dado pela expressão 𝑡 = (2√𝐹 − √𝑇)² (FURNAS, 2016).
Esse método pode ser observado ilustrativamente na Figura 55.

Figura 55 - Método visada direta aproximação

Fonte: (FURNAS, 2016)

Nesse caso o erro cresce à medida que os valores de T e t tornam-se muito


diferentes, ou seja, o ponto de tangência se afasta do ponto de flecha máxima
(FURNAS, 2016).
O método de visada direta é o mais utilizado na construção de linhas de
transmissão, devido a sua precisão. Ele aplica-se aos casos em que o ponto de
tangência se encontra acima da base da torre oposta (FURNAS, 2016).

2.13.1.2. Visada horizontal ou D1

Consiste em instalar o aparelho de visada, neste caso recomenda-se o nível


topográfico, em um ponto P, definido no terreno ou estrutura (FURNAS, 2016),
calculado pela equação (4):

𝐵
𝐷1 = 𝐹 (1 − )²
4𝐹
(4)

Consideramos com D1 a distância vertical entre o suporte de fixação do cabo


até a linha de visada, como visto na Figura 56.
48

Figura 56 – Visada horizontal ou D1

Fonte (FURNAS, 2016)

Onde B é o desnível entre os suportes das duas torres, S1 é o suporte da


torre 1 e S2 o suporte da torre 2.
Esse processo dá um melhor rendimento que o anterior. É usado quando o
ponto de tangência estiver abaixo da base da torre oposta e quando a relação B/F
for menor ou igual a 2,75. O cabo estará em flecha quando tangenciar a linha de
visada horizontal (FURNAS, 2016).

2.13.1.3. Visada em ângulo

Consiste em instalar o instrumento de visada, nesse caso o teodolito, a uma


distância vertical "T" de um dos suportes do condutor (FURNAS, 2016), como
observa-se na Figura 57. O ângulo de visada fica determinado pela equação (5):

𝐵 − 4𝐹 + 4√𝑇𝐹
tan 𝜃 =
𝑉
(5)
49

Figura 57 – Visada em ângulo

Fonte: (FURNAS, 2016)

Esse processo é usado quando o ponto de tangência se encontra abaixo da


base do suporte oposto. É o mais fácil de ser usado, mas deve ser evitado, pois os
cálculos só poderão ser feitos no campo após obter a distância T (FURNAS, 2016).
Se o processo escolhido for visada horizontal ou direta, deve-se elaborar uma
tabela para cada vão, considerando o "creep" e o tamanho das cadeias de
isoladores (FURNAS, 2016), como podemos ver na Tabela 3.

Tabela 3 - Tabela de correção de flechamento

Fonte: (FURNAS, 2016)

Nessa correção, a medida da cadeia de isoladores é realizada no campo e o


valor de flecha é oriunda da tabela de esticamento (FURNAS, 2016).
O creep é definido como sendo um alongamento permanente do condutor,
causado por aplicação de cargas de curta e longa duração. Após vinte e quatro
horas de permanência dos cabos nas roldanas, as flechas das tabelas deverão ser
corrigidas para maior, de acordo com o gráfico de fluência de cabo, que é
normalmente fornecido pelo fabricante (FURNAS, 2016).
50

2.13.2. Fontes de erro no flechamento

Alguns fatores contribuem para um possível erro de flechamento, o que exige


uma maior atenção dos técnicos e fiscais no acompanhamento das atividades
(FURNAS, 2016). Os motivos que dificultam tal tarefa são:

 Flechar com vento;


 Vão e desnível não verificados;
 Roldanas não lubrificadas, provocando travamento;
 Cabos de fabricantes diferentes entre duas ancoragens;
 Termômetro com defeito (aferir antes do início dos serviços);
 Cadeia de suspensão com número diferente de isoladores;
 Aparelho com defeito (aferir antes do início dos serviços).

2.14. GRAMPEAÇÃO DOS CABOS

O processo de grampeação consiste na substituição das roldanas pelos


grampos de suspensão. Todas as empresas de eletricidade adotam critérios quanto
ao posicionamento dos contra pinos e sentido de colocação dos parafusos durante a
grampeação. Essa medida visa facilitar os serviços de manutenção em linha "viva",
de forma que melhor se ajuste aos seus equipamentos (FURNAS, 2016).
Um acessório de extrema importância utilizado na fase de grampeação é
chamado de canga. A canga é utilizada para a fixação dos cabos antes da retirada
das roldanas de lançamento, visando manter o paralelismo e a sustentação dos
cabos condutores na mesma posição. A Figura 58 mostra um tipo de canga de
madeira muito utilizada nas linhas e a Figura 59 mostra o mesmo modelo de canga
já instalada nos condutores
51

Figura 58 – Canga de madeira

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 59 – Canga de madeira instalada

Fonte: (FURNAS, 2016)

Existem dois processos de grampeação, o convencional e o através do offset,


também denominado grampeamento deslocado. O primeiro deles é normalmente
usado em regiões planas e quando se tem um cabo por fase; o segundo é o tipo de
grampeamento usado na maioria das vezes para LTs com estruturas em terrenos
desnivelados e mais de um subcondutor por fase (FURNAS, 2016).
O grampeamento deslocado faz com que a quantidade de cabo excedente em
um vão seja retirada e transferida para outro vão com falta de cabo. Isso possibilita o
balanceamento entre os vãos, eliminando os esforços horizontais sobre o grampo de
suspensão (FURNAS, 2016).
52

Os cálculos do grampeamento deslocado são realizados em computador e


fornecidos na tabela "offset", onde são indicados os deslocamentos à esquerda e à
direita, para grampeamento em cada estrutura. O grampeamento deve ser feito em
um único sentido definido previamente (FURNAS, 2016).
53

3. DAS CONDIÇÕES INICAIS PARA A FASE DE LANÇAMENTO DE CABOS

Antes de se iniciar o lançamento dos cabos condutores e para-raios, é


necessário ter as seguintes condições atendidas:

 Plano de lançamento preparado pela empreiteira com base na lista de


bobinas e enviado para a fiscalização com 15 dias antes do início dos
serviços para aprovação;
 Faixa de servidão preparada, conforme orientação dos órgãos ambientais;
 Todas as estruturas do tramo devem estar montadas e revisadas;
 As cadeias de isoladores deverão estar instaladas e com roldanas fixadas
em sua extremidade;
 As roldanas devem estar lubrificadas e com os gornes onde passarão os
cabos condutores revestidos com neoprene;
 As travessias do tramo sobre LTs, LDs, estradas, etc., devem estar
protegidas com empancaduras e os responsáveis avisados com
antecedência. As LTs e LDs devem estar preferencialmente
desenergizadas durante os trabalhos. Os trabalhos devem ser iniciados
após o projeto ser aprovado pelos órgãos competentes;
 As bobinas devem estar distribuídas nas praças de lançamento de acordo
com o plano de lançamento;
 Os equipamentos de lançamento deverão estar posicionados de acordo
com o indicado no plano de lançamento;
 Os equipamentos de lançamento, tais como: guincho, freio, cavaletes, etc.,
deverão estar, devidamente, aterrados;
 O Sistema de comunicação entre as praças de lançamento com relação
aos funcionários que acompanham a arraia deverá estar em perfeita
condição de uso;
 As ancoragens provisórias (mortos) deverão estar preparadas;

3.1 PLANO DE LANÇAMENTO

No Plano de Lançamento devem ficar determinados os locais de início e fim


de lançamento em cada trecho, ordem de posicionamento das bobinas para
54

lançamento, locais de emendas, vãos de controle de flechas e locais das proteções


nas travessias sobre rodovias, ferrovias e mesmo outras linhas de
transmissão/linhas de distribuição (FURNAS, 2016). É indispensável a visita do
planejador no campo para verificação do local onde serão instalados os
equipamentos, vãos de emendas, vão de regulagem, etc.
Um Plano de Lançamento bem elaborado deve conter, basicamente, uma
cópia reduzida do perfil da linha de transmissão no trecho, onde deverão estar
indicados (FURNAS, 2016):

 Comprimento do cabo regulado por vão.


 Tamanho em metro da bobina utilizada.
 Posicionamento das emendas após a regulagem dos cabos.
 Deflexões.
 Perfil e planta do trecho mostrando: Localização das praças de lançamento,
sentido de lançamento e nivelamento, indicação das estruturas sujeitas ao
arrancamento, obstáculos de travessia, pontos de offset zero, distância do
equipamento, ancoragem provisória e raia à torre e indicação das emendas.
 Desnível entre estruturas.
 Número das estruturas.
 Tipo das estruturas.
 Tipo de cadeia.
 Comprimento horizontal dos vãos e acumulado.
 Localização dos cavaletes de proteção.
 Comprimento total de cabos regulados.
 Tabela de bobinas, constituído de: Número de série da bobina, comprimento
de cabos em cada bobina, sobras previstas indicando se haverá
reaproveitamento, comprimento de cabo regulado por lance, distribuição das
bobinas de cabo condutor por fase, somatório dos comprimentos de cabos
das bobinas no tramo e percentual de perdas do tramo.
 Silhueta da torre com o sentido da linha, identificando as fases e os cabos
para-raios.
 Identificação do ângulo de lançamento (ângulo que o cabo faz com a
horizontal).
55

 Sequência de lançamento das fases.


 Tração de lançamento.
 Tração de regulagem.
 Características dos cabos condutores e piloto, tais como tipo, diâmetro, seção
e carga de ruptura.
 Legenda para símbolos e abreviatura utilizadas na representação de: Vão de
controle, freio, guincho, emenda intermediária, somatório de bobinas, roldana
invertida (arrancamento), comprimento total de cabos regulados por tramo,
comprimento de cabo regulado por lance e ancoragem provisória (Offset zero)

Como dito no tópico anterior, os planos de lançamentos deverão ser feitos


pela empreiteira responsável e se submeterão à aprovação da empresa responsável
pela LT com uma antecedência de 15 dias do inicio dos trabalhos de lançamento
dos cabos para-raios ou condutores.
Para sua elaboração, torna-se necessário o apoio das informações contidas
em perfil e planta do traçado, lista de construção, especificações técnicas, normas
de segurança, tabelas das bobinas disponíveis e também das informações de
campo (FURNAS, 2016).

3.1.1 Elaboração do plano de lançamento

É feita baseada no desenho de perfil e planta da LT, lista de construção e


romaneio de bobinas, sendo indispensável a visita do planejador no campo para
verificação do local onde serão instalados os equipamentos, vãos de emendas, vão
de regulagem, etc.

Cada empreiteira possui sua própria filosofia, método e técnica para elaborar
um plano de lançamento, portanto, veremos a seguir um método utilizado como
referência.

É determinado, primeiramente, o número de bobinas à serem empregadas


durante o trecho de lançamento. Essa quantidade é conhecida através da equação
(6):
56

𝐿𝐶𝐴𝐵 × 1,007 × 𝑁º 𝐹𝐴𝑆𝐸𝑆 × 𝑆𝑈𝐵𝐶𝑂𝑁𝐷𝑈𝑇𝑂𝑅𝐸𝑆


𝑁º 𝐷𝐸 𝐵𝑂𝐵𝐼𝑁𝐴𝑆 =
𝐿𝐵𝑂𝐵

(6)

Onde LCAB é o somatório dos cabos, que é extraído da lista de construção,


LBOB é o comprimento médio das bobinas e 1,007% é o fator que representa o
percentual de perdas previsto em contrato para cabos condutores.

O somatório dos cabos, LCAB, também pode ser descoberto pela equação da
catenária, visto na equação (7) ou pela equação da parábola, observada na equação
(8):

4𝑇𝑜² 𝑃𝑉
𝐿 = √(𝐵2 + sinh² )
𝑃² 2𝑇𝑜

(7)

𝑃²𝑉²
𝐿 = √𝐵2 + 𝑉² (1 + )
12𝑇𝑜²

(8)

3.1.2 Distribuição dos grupos de bobinas

A listagem de bobinas fornece as medidas das diversas bobinas disponíveis.


São selecionadas aquelas que contêm as medidas necessárias para os diversos
tramos, com a menor sobra de cabo possível.

Em muitos casos, torna-se necessária a utilização de parte da quantidade de


cabo de uma bobina em um tramo e o restante em outro tramo. Essa prática torna-
se viável à medida que se faz um melhor aproveitamento de toda bobina, sendo que
se torne necessária a criação de uma emenda.
58

Com a intenção de não expor a primeira e a última estrutura de um tramo a


um esforço as quais não foram projetadas, os equipamentos de lançamento (freio e
guincho) deverão estar posicionados no meio do vão ou a uma distância que não
force a torre durante o lançamento dos cabos. Normalmente, essa distância é de, no
mínimo, 3:1, ou seja, a distância horizontal desde a estrutura ao equipamento
deverá ser três vezes maior que o desnível entre as roldanas e o equipamento.

3.2 DO LANÇAMENTO DOS CABOS PARA-RAIOS E DO CABO “PILOTO”

Após a aprovação do plano de lançamento, da concessão das liberações


plausíveis e, obviamente, da revisão de todas as estruturas metálicas, inicia-se a
efetiva etapa de lançamento de cabos condutores numa obra de linha de
transmissão.
Para o lançamento do cabo piloto e dos cabos para-raios são utilizados os
métodos sem tensão controlada. O lançamento sem tensão controlada fica restrito
às condicionantes impostas pela licença de instalação e do meio-ambiente, na área
de arrasto dos cabos (FURNAS, 2016).
Antes do início do puxamento dos cabos, deverão ser feitas uma série de
inspeções no decorrer do tramo à ser lançado, visando o sucesso e a segurança da
operação:
 Deverá ser verificado se os equipamentos de lançamento (freio e
guincho) estão nivelados, aprumados e estaiados, devendo ainda,
serem calçadas as rodas dos equipamentos como medida de
segurança;
 Deverá ser verificado se o funcionamento dos equipamentos está
dentro das normas e especificações constantes nos catálogos de
fabricação;
 Deverá ser verificada se os gornes da roda gigante do freio e motor
estão em perfeitas condições (alinhados e não gastos);
 Verificar o posicionamento dos equipamentos com relação às torres
externas do tramo, bem como alinhamento dos mesmos com relação à
saída dos cabos. A localização dos equipamentos deverá ser tal que a
declividade do cabo no trecho entre os equipamentos e as torres mais
externas do tramo, não ultrapasse a relação 1 (um) na vertical para 3
(três) na horizontal, visando não sobrecarregar estas estruturas;
59

 Nas praças adjacentes à estrutura de ângulo, ou seja, nos pontos de


deflexão da LT, verificar se os equipamentos de lançamento e as
ancoragens dos cabos estão sendo colocados em alinhamento com a
direção do esticamento, evitando-se assim ângulos durante a operação
de lançamento dos cabos.

As bobinas dos cabos condutores devem ser instaladas em cavaletes


equipados com um sistema de frenagem adequado, para evitar o desbobinamento
excessivo. Esses cavaletes devem ser verificados também, a fim de apurar se o seu
dimensionamento é adequado para receber a bobina do condutor. Além disso, após
montadas no cavalete, as bobinas devem ser inspecionadas se estão firmemente
montadas, para que não haja deslocamento no decorrer do puxamento. A Figura 60
mostra uma bobina corretamente montada sobre um cavalete.

Figura 60 – Bobina montada sobre cavalete

Fonte: (FURNAS, 2016)

Os cabos deverão ser protegidos de pedras, tocos e outros obstáculos,


usando-se madeira sobre os pontos críticos, já que neste tipo de lançamento os
cabos são arrastados sobre o solo (FURNAS, 2016).
O lançamento é iniciado com o arrastamento do cabo piloto. Começa-se o
desenrolamento caminhando-se ao longo da linha até a primeira estrutura. Ao
passar por uma torre, as pontas dos cabos são levadas até uma distância de
aproximadamente 50 m à frente da mesma, em seguida, passa-se o cabo pela
roldana através de cordas e prossegue-se a operação.
60

As roldanas móveis são montadas na estrutura com uma corda guia que toca
o solo, sendo assim, os cabos são conectados a essa guia e puxados, passando
assim pelos gornes da roldana.

Um operário deve ficar junto às bobinas para fazer um exame visual e


verificar os defeitos dos cabos à medida que vão se desenrolando e frear a bobina
quando das paradas operacionais. Como neste tipo de lançamento, os cabos são
arrastados sobre o solo, devem-se tomar precauções quando houver terrenos
rochosos, cercas de arame e quaisquer outros obstáculos que possam danificar os
cabos.

Normalmente, uma seção de tensionamento tem um comprimento maior que


um lance de bobina, portanto, são necessárias várias bobinas para completar uma
seção. As bobinas são, então, distribuídas estrategicamente ao longo da LT, de
forma que, a ponta do cabo de um lance encontre a extremidade do lance seguinte
ao qual deverá ser, provisoriamente, emendada com luvas de aço. Como vimos
anteriormente, a distribuição estratégica das bobinas é realizada no plano de
lançamento, assim como as “praças de lançamento”.
Feito o processo de lançamento do tramo desejado, os cabos são
tensionados, até próximo a tensão nominal, e devem ser ancorados provisoriamente
no solo até o nivelamento. A Figura 61 mostra um tramo já lançado, que será, em
seguida, ancorado provisoriamente no solo.

Figura 61 – Tramo lançado

Fonte: (FURNAS, 2016)


61

3.3 DO LANÇAMENTO DOS CABOS CONDUTORES

O lançamento dos cabos condutores deverá ser feito pelo método de tensão
controlada, sendo que excepcionalmente poderá ser feito pelo método sem tensão
controlada para o caso de linhas com um cabo por fase e desde que as condições
permitam. É sabido que os cabos não podem sofrer quaisquer arranhões ou
irregularidades em sua superfície para não haver ação pronunciada do efeito corona,
por isso, o lançamento é feito mantendo-se os cabos afastados do solo e de
obstáculos, o que requer que sejam mantidos permanentemente tracionados.
Também é o método utilizado para lançamento de cabos para-raios tipo OPGW.
Nesse tipo de lançamento, os cabos devem ficar a uma distância mínima de 4
metros do solo.

No caso de ser mais de um condutor por fase, todos os subcondutores de


uma mesma fase deverão ser lançados simultaneamente, ligados a um balancim
articulado, também conhecido como “arraia” por meio da luva giratória (junta rotativa)
que deverá conduzir os condutores nos sulcos das roldanas. Esse balancim deve ser
do tipo equilibrado, para que se transmita a mesma força de tração para todos os
subcondutores.
Primeiramente, se lança convencionalmente, através do método “sem tensão
controlada”, o "cabo piloto", ao longo do trecho em que o condutor será estendido.
Em seguida, os condutores são fixados ao cabo piloto através das meias de aço, de
um balancim para cabo, como visto na Figura 62, e de destorcedores (FURNAS,
2016).

Figura 62 – Balancim ou “arraia”

Fonte: (FURNAS, 2016)


62

O piloto é então puxado pelo guincho ou "puller". Com isso, os cabos são
conduzidos através das roldanas até o término daquele lance, onde serão
ancorados, provisoriamente, no solo. Após saírem das bobinas, os cabos passam
pelo freio ou "tensioner". Os operadores do guincho e do freio se comunicam por
rádio durante toda a operação (FURNAS, 2016).
Nas LT’s com circuitos verticais, deverão ser lançados primeiro os condutores
da fase inferior, em seguida, os da fase central e, por último, os da fase superior.
Isso ocorre para que não haja o contato entre os cabos devido a flecha e,
consequentemente, a sua avaria. Além disso, durante todo o lançamento, deve-se
verificar o paralelismo dos condutores de uma mesma fase. (FURNAS, 2016)
Um ponto crítico no processo de lançamento é a passagem do balancim pelas
roldanas, pois pode acarretar até mesmo a queda da estrutura metálica devido ao
excessivo esforço mecânico. O espaço de passagem entre a “arraia” e a roldana é
bem limitado, e isso faz com que o balancim fique preso nas roldanas em diversas
ocasiões. Portanto, para não ocorrer sérios problemas, é necessário a observação
da passagem do balancim nas roldanas, com comunicação via rádio tanto com o
operador do freio quanto com o operador do guincho. A comunicação deve ser
instaurada também com a praça de lançamento, momento antes da passagem da
“arraia” pela roldana, para que a velocidade do lançamento seja reduzida e para
acertar o paralelismo.
Após o lançamento de um trecho, os cabos deverão ser tensionados até bem
próximo da tensão de nivelamento (em torno de 80% desse valor), mas jamais
ultrapassando-a, assim permanecendo em acomodação até o flechamento.
(FURNAS, 2016). Na Figura 63, é mostrada uma ilustração básica e simplificada do
processo geral da fase de lançamento de cabos condutores
63

Figura 63 – Ilustração do lançamento de um cabo condutor

Fonte: (FURNAS, 2016)

Na Figura 63:

1 – Guincho;
2 – Cabo piloto;
3 – Roldana de lançamento;
4 – Balancim ou “Arraia”;
5 – Cabo condutor;
6 – Freio.

Como visto no item 2.6. ESTRUTURAS DE PROTEÇÃO, nas travessias de


rodovias, ferrovias e outras linhas elétricas, torna-se necessário a instalação de
empancaduras. E, após instaladas as mesmas, em caso de travessias sobre
estradas, sinais de advertência deverão ser colocados para possibilitar uma fácil
visibilidade dos veículos que trafeguem nos dois sentidos, principalmente, à noite.
Na possibilidade de o condutor tocar o solo, ou qualquer obstáculo, cavaletes
ou apoios provisórios deverão ser instalados. Estes deverão ter dimensões
suficientes para evitar deslocamentos provocados pelo movimento do condutor.
(FURNAS, 2016)
A localização e as condições de segurança das estruturas de proteção
deverão ser verificadas. Estas deverão ser removidas, logo após o grampeamento
dos condutores, sendo restauradas por completo as áreas utilizadas e as cavas
enchidas e compactadas. (FURNAS, 2016)
64

Durante todo tempo de execução da travessia deverá ser mantido um


responsável supervisionando os trabalhos, munido de um transceptor para
comunicação contínua com a base de lançamento, visando rápido controle de
qualquer imprevisto que possa surgir com relação aos cabos. (FURNAS, 2016)

3.4 DO LANÇAMENTO DE CABOS OPGW

Embora o puxamento do cabo OPGW seja feito empregando-se,


basicamente, a mesma metodologia que normalmente é utilizada para o lançamento
dos cabos condutores com alma de aço (CAA), existem algumas diferenças com
relação às características e aos cuidados a serem observados, além daqueles já
citados. No ato do puxamento, as extremidades do cabo devem ser protegidas com
uma fita filamentosa, a fim de proteger a fibra óptica de avarias. (FURNAS, 2016)
Dada a presença do núcleo óptico, é necessário que qualquer operação seja
executada com cautela e com adequada aparelhagem, a fim de se assegurar a
integridade do cabo e das fibras ópticas. (FURNAS, 2016)
Para o lançamento do cabo OPGW, é utilizado o método de lançamento com
tensão controlada, e com isso alguns equipamentos e acessórios devem ter algumas
características específicas.
O tensioner ou freio deve possuir tambor duplo de diâmetro mínimo de 1
metro com gornes revestidos de neoprene, e devem dispor de indicador de
velocidade e tração.
As roldanas devem ter diâmetro mínimo de 25 vezes o diâmetro do cabo para
torres de suspensão em tangente ou pequeno ângulo e 30 vezes o diâmetro do cabo
para torres de ancoragem ou com ângulo maior que 30 graus, revestidas com
neoprene. Ainda, as arraias e morcetes deverão possuir os diâmetros e demais
características indicadas pelo fabricante do cabo. (FURNAS, 2016)

3.5 MEDIDAS DE SEGURANÇAS PARA LANÇAMENTO DE CABOS PARA LT’S


ENERGIZADAS EM PARALELO

Durante a fase de lançamento de condutores em paralelo com outras LTs já


energizadas, é comum o aparecimento de tensões induzidas e que tem levado à
morte muitas pessoas. À medida que a extensão e proximidade dos paralelismos e
65

as tensões vão aumentando, os perigos da tensão induzida aumentam. (FURNAS,


2016)

Tendo isso em vista, a ideia geral é de que todos os objetos condutores como
materiais, equipamentos, cabos, etc., que estejam dentro de uma mesma área de
serviço, devem ser conectados entre si, de modo a formar uma zona de mesmo
potencial. O importante é evitar que ocorra uma diferença de potencial entre o
indivíduo e um objeto que ele venha a tocar. (FURNAS, 2016)

Sendo assim, como procedimento básico de segurança, em cada praça de


lançamento e de emenda, todo o equipamento utilizado deve ser estacionado sobre
uma malha metálica. Essas malhas serão formadas por peças de fio de aço
galvanizado nº 10 AWG trançado em quadrados de 5 cm x 5 cm, como visto na
Figura 64. A malha será formada por tantas peças quantas forem necessárias.
(FURNAS, 2016)

Para haver um bom contato elétrico entre as peças de malha, deverá haver
superposição entre as mesmas de 10 cm. Além disso, antes de se instalar a malha,
a área escolhida deverá ser limpa de sucata metálica e objetos que possam formar
uma conexão elétrica entre a malha e as cercas vizinhas. O ideal é montá-la sobre o
terreno, mas se for necessário, poderá ser instalada a 30 cm de profundidade.
(FURNAS, 2016)

Figura 64 – Ilustração de uma peça de malha metálica

Fonte: (FURNAS, 2016)


66

As roldanas a serem utilizadas no lançamento deverão ser providas de


aterramentos deslizantes, ligando os condutores à estrutura, como visto na Figura
65.

Figura 65 – Aterramento móvel de uma roldana

Fonte: (FURNAS, 2016)

Toda manipulação de material de aterramento provisório e equipamentos


metálicos deve ser feita por pessoal vestido de luvas e botas de borracha, além de
ser necessária a utilização de bastões de linha viva para a colocação e retirada dos
aterramentos. (FURNAS, 2016)

3.6 DA EXECUÇÃO DAS EMENDAS DO CABO CONDUTOR

As emendas são executadas em locais estipulados no plano de lançamento


ou em casos de reparos, como visto anteriormente no item 2.9. EMENDAS DE
CABOS CONDUTORES ACSR OU CAA Porém, há alguns critérios para a sua
localização e uma sequência de execução correta.

3.6.1 Critérios de localização das emendas

As emendas devem estar localizadas, no mínimo, a 25 m do ponto de


ancoragem e a 8 m do ponto de suspensão e devem ficar espaçadas de 1,5 m, entre
os subcondutores de uma mesma fase, como visto na Figura 66, devendo ter, no
67

máximo, uma luva de emenda por subcondutor por vão. Por segurança adota-se 100
m como distância mínima às estruturas.

Figura 66 – Distância das emendas em ancoragem e suspensão

Fonte: (FURNAS, 2016)

Ainda, não deverão conter emendas os vãos de travessias sobre rodovias


federais e estaduais de primeira classe, ferrovias e vias navegáveis.

Deve-se evitar emendas sobre brejos e rios, locais estes de difícil execução
das mesmas e sobre terrenos muito desnivelados, pois dificultam uma boa execução
das emendas e obrigam a realização de serviços de terraplenagem.

Nesta etapa, é indispensável a visita constante do planejador ao campo para


verificar se as emendas e/ou praças de lançamento estão em locais adequados para
execução dos serviços.

3.6.2 Sequência para execução das emendas prensadas

Antes do início da execução das emendas, ambas as extremidades do


condutor devem ser ancoradas no solo e ligadas à terra por meio de aterramentos
temporários. Então, as extremidades do cabo anteriormente cobertas por emendas
giratórias ou meias elásticas deverão ser cortadas. (FURNAS, 2016)
68

Com as emendas giratórias ou meias elásticas cortadas, as extremidades de


cada cabo devem ter seus tentos de alumínio serrados, expondo a alma de aço do
condutor, de modo que o comprimento das almas de aço dos dois condutores juntas
seja metade do comprimento da luva interna. (FURNAS, 2016)
Com as extremidades dos condutores devidamente preparadas, introduz-se a
luva externa de alumínio em uma das pontas, previamente limpa, pois depois de
prensada a luva interna no cabo, se torna impossível a colocação da luva externa.
Em seguida, executa-se a prensagem da luva interna de aço, como na Figura 67
(FURNAS, 2016)
Figura 67 – Prensagem da luva interna de aço

Fonte: (FURNAS, 2016)

Depois de prensada a luva interna, posiciona-se, criteriosamente, a luva


externa de alumínio. Para se evitar qualquer tipo de desvio, deve-se realizar
marcações visíveis no cabo com pincel. Então, são aplicados compostos
antioxidantes de cromato de zinco, que tem a função de melhorar a condutividade e
evitar a corrosão. A próxima etapa é a execução da prensagem da luva externa de
alumínio, como observado na Figura 68.
69

Figura 68 – Prensagem da luva externa de alumínio

Fonte: (FURNAS, 2016)

Após finalizado o processo de execução de emendas, deve-se verificar se há


curvatura na emenda. Caso possua leves curvaturas, o problema pode ser corrigido
com martelo de borracha ou madeira. Se a curvatura for acentuada, a emenda
deverá ser refeita. Verifica-se ainda, com o paquímetro, se a seção final obtida está
atendendo ao projeto e também se não há trincas ou qualquer defeito que condene
a emenda. (FURNAS, 2016)

3.6.3 Sequência de execução das emendas prensadas

Como já citado no item 2.9.2. Emendas pré-formadas deste trabalho, sabe-se


que as emendas pré-formadas têm sido amplamente utilizadas no campo, devido ao
menor tempo necessário para sua execução.
Inicialmente, mede-se as duas extremidades dos cabos e se realiza a
marcação dos mesmos por meio de fita isolante ou tinta, de modo que a soma das
marcações seja metade do tamanho do pré-formado externo.
Com as marcações feitas, contam-se, com auxílio de uma serra, os tentos de
alumínio transversalmente a alma de aço, até expô-la por completo. Em seguida,
coloca-se as almas de aço dos dois cabos “face a face”.
70

Então, primeiramente, há um enchimento do cabo no vão da alma de aço,


feito por duas camadas de pré-formados de aço. Realizado esse enchimento, aplica-
se uma camada de pré-formado externo feito de alumínio de modo que o
enchimento fique o mais centralizado possível. Na Figura 69, é possível ver
detalhadamente as camadas de pré-formados desta emenda.

Figura 69 – Emenda pré-formada

Fonte: (FURNAS, 2016)

Depois de colocada a última camada da emenda pré-formada, é normal o uso


de fitas isolantes nas extremidades do pré-formado externo, para que o cabo não
prenda nas roldanas no momento do puxamento e também para evitar o efeito
corona devido as pontas dos tentos.

3.7 DA EXECUÇÃO DAS EMENDAS DE CABOS OPGW

A máquina para execução de emendas (Figura 70) permite a soldagem por


fusão de duas fibras ópticas com a máxima eficiência, resultando em emendas de
baixa perda devido ao alinhamento automático dos núcleos das fibras. A qualidade
da emenda, entretanto, depende muito de sua preparação anterior à fusão,
particularmente da clivagem e da limpeza. (FURNAS, 2016)

A máquina de emenda é compacta, leve, portátil e resistente, sendo projetada


para uso em campo. O alinhamento das fibras pode ser feito pela casca ou pelo
núcleo, sendo este último o método mais comum. Todas as funções são controladas
por microprocessadores, para assegurar velocidade, precisão e consistência à
operação. Durante o alinhamento deve-se assegurar o perfeito acoplamento de topo
das fibras, evitando que as mesmas sejam flexionadas ou arranhadas. O processo
de fusão é desenvolvido através da aplicação de um arco elétrico no ponto de
71

junção através de dois eletrodos. Em função das características da fibra e das


condições gerais da operação, o operador pode selecionar o programa de fusão
(tempo de duração x intensidade da corrente) mais adequado. (FURNAS, 2016)

De uma maneira geral, as máquinas verificam a qualidade da emenda


efetuada, inclusive estimando a perda. Havendo falha no processo de fusão, o
processo deve ser reiniciado.

Figura 70 – Máquina de fusão

Fonte: (FURNAS, 2016)

3.8 DO PROCESSO DE REGULAGEM DOS CABOS CONDUTORES

Após serem realizadas todas as emendas, ocorrerá a regulagem dos cabos,


que consiste no flechamento dos mesmos. Na regulagem, os cabos ainda se
encontram acomodados nas roldanas móveis. O flechamento deve ser realizado por
tramos e, dentro desses tramos, são escolhidos determinados vãos de flechamento,
como veremos a seguir.

3.8.1 Escolha do número de vãos por tramo de regulagem

Ao trecho de estrutura com cabos lançados, em que se deseja colocar estes


cabos nas tensões previstas em projeto, denominamos tramo de regulagem. A sua
escolha consta do plano de lançamento.
72

Um tramo de regulagem deve ser constituído de 10 a 15 estruturas, sendo um


tramo de dez torres, mais fácil de regular. Para o plano de lançamento em terreno
muito acidentado, deve-se usar tramos menores. (FURNAS, 2016)

3.8.2 Escolha dos vãos de fechamento

Vão de flechamento é onde se realiza o flechamento do cabo, ou seja, neste


vão é instalado um aparelho ótico (teodolito) para verificar a flecha, tal como,
definida no projeto.
O número de vãos de flecha num trecho a ser regulado de uma só vez,
deverá ser proporcional ao número de vãos deste trecho. Normalmente se deve
escolher um vão de flecha para cada cinco vãos a ser regulado num trecho.
Os engenheiros e projetistas se guiam através de tabelas específicas onde
estão considerados todos os parâmetros de cálculo que conduzam ao valor das
flechas de cada vão de LT. As flechas são tiradas diretamente das tabelas, em
função da temperatura e do tipo de cabo (FURNAS, 2016), que pode ser vista na
Tabela 5.

Tabela 5 – Tabela de esticamento

Fonte: (FURNAS, 2016)


73

Como as tabelas de flechas e tensões são baseadas no vão básico do trecho,


deverão ser escolhidos vãos de regulagem com comprimentos próximos do vão
básico e os mais nivelados possíveis. Quando não houver vãos de regulagem
próximos do vão básico em comprimento, optar sempre pelo maior. (FURNAS, 2016)
Torna-se necessário o conhecimento do vão básico ou equivalente, do trecho
onde se deseja ajustar os cabos à flecha, como pode ser visto na Figura 71. O vão
básico é um vão fictício de ancoragem que se comporta mecanicamente como uma
série de vãos de suspensão entre duas ancoragens, tem a mesma variação de
tensão com as mesmas variações de carga e temperatura. Pode ser calculado pela
equação (10):

𝐴13 + 𝐴23 + ⋯ + 𝐴𝑛 − 13 + 𝐴𝑛³


𝐴𝑏 = √
𝐴1 + 𝐴2 + ⋯ + 𝐴𝑛 − 1 + 𝐴𝑛

(10)

Figura 71 – Ilustração para o cálculo do vão básico

Fonte: (FURNAS, 2016)

Apesar de ser possível o cálculo do vão básico ou equivalente, não é


necessário, pois o seu valor já consta na lista de construção da LT para o trecho em
que se deseja realizar os serviços. Também são indicadas na lista de construção as
páginas da tabela para a localização das flechas dos vãos desejados.
Para a escolha dos vãos à serem regulados, deve-se:

 Optar por vãos de regulagem com torres do mesmo tipo;


74

 Optar por vãos mais nivelados possíveis;


 Escolher vãos com comprimentos próximos ao vão básico, optando
sempre pelo maior caso não haja proximidade;
 Escolher, normalmente, no mínimo um vão de flecha para cada cinco
vãos;
 Evitar vãos com deflexões, ancoragem e transposição;
 Escolher os vãos reguladores de modo que fiquem equidistantes dos
extremos e não muito juntos entre si. Acreditamos que a condição mais
apropriada seja o 3º vão, a contar de cada extremo do trecho a regular.

Deve-se fazer a verificação dos vãos e dos desníveis nos vãos onde serão
marcadas as flechas. É importante a conferência neste ponto, pois um erro no vão
ou desnível implicará na perda de todo o trabalho de flechamento. (FURNAS, 2016)
Após ser determinado os vãos que serão flechados, deve-se decidir o método
de nivelamento mais apropriado para cada vão, levando em conta o desnível entre
as estruturas, como visto no item 2.13. FLECHAMENTO DO CABO CONDUTOR
Decidido o método adequado, instala-se um teodolito na última torre
grampeada do tramo anterior ao que será flechado (penúltima torre da praça) para
segurar a cadeia no prumo. Então, os niveladores posicionam-se nos vãos de
flechas determinados anteriormente. (FURNAS, 2016)
Um guincho é utilizado para aproximar os cabos da flecha e do paralelismo,
fazendo o ajuste “bruto”. Em seguida, passam-se os mesmos para as catracas e
tirfors para um ajuste fino. Inicialmente, coloca-se o cabo madrinha em flecha e
outros em paralelo com este. (FURNAS, 2016)
Na Figura 72 pode ser observado a ilustração de um determinado tramo de
lançamento, especificando o sentido de realização do nivelamento, as estruturas
metálicas e os locais das ancoragens provisórias.
75

Figura 72 – Tramo de nivelamento

Fonte: (FURNAS, 2016)

As marcações das flechas e a primeira regulagem é realizada no “cabo


madrinha”. O “cabo madrinha” " é o cabo de referência de flecha de um conjunto de
subcondutores sobre o qual são feitas as marcações em todas as estruturas para
orientar o serviço de fixação definitiva dos cabos aos grampos de suspensão
(FURNAS, 2016), como pode ser visto na Figura 73.

Figura 73 – Ilustração do “cabo madrinha”

Fonte: (FURNAS, 2016)

Realizado o nivelamento, em todas as estruturas, os cabos devem ser


marcados de forma indelével na interseção com a linha de prumo que passa pelo
ponto de fixação da cadeia de suspensão à estrutura. A operação de nivelamento
76

deve ser programada de modo que a marcação do prumo seja feita


obrigatoriamente, no mesmo dia em que for executado o nivelamento. Caso a
marcação não possa ser feita conforme exigido, o trecho da linha em questão deverá
ser novamente nivelado. (FURNAS, 2016)
Depois de executados o nivelamento e as marcações do prumo, todos os
vãos do trecho, com exceção dos utilizados na regulagem das flechas, deverão ser
inspecionados, de modo a se verificar se suas flechas são de forma e aparência
corretas. (FURNAS, 2016)
Com isso, a etapa de nivelamento de cabos foi concluída, no entanto, durante
a mesma, deverá ser exercido rigoroso controle da temperatura dos cabos. Para tal
medição, corta-se um pedaço de 1,80 metros do cabo, retirando-se 60 cm da alma
de aço em uma das extremidades e recompondo o encordoamento das camadas
externas. Em seguida, insere-se um termômetro de contato na cavidade assim
obtida, de modo que o bulbo fique o mais próximo possível da alma de aço. Esse
conjunto deverá ser colocado ao sol, em uma altura mínima de 3,60 metros do solo,
no mínimo 15 minutos antes de ser lida a temperatura. A temperatura deverá ser
medida nos dois vãos de controle situados nas extremidades da seção de
nivelamento e a média das duas leituras será considerada a temperatura de
nivelamento. A medição da temperatura deverá ser repetida a intervalos máximos de
uma hora. Com isso, as flechas são determinadas em função da temperatura obtida
de tal processo. (FURNAS, 2016)

3.9 DO PROCESSO DE GRAMPEAÇÃO DOS CABOS

Após as marcações do prumo, os cabos deverão ser grampeados tão logo


quanto possível. O tempo decorrido entre as marcações do prumo e o
grampeamento não deverá exceder 96 horas, a menos que haja autorização por
escrito, o que, entretanto, não elimina a responsabilidade por qualquer dano que os
cabos venham a sofrer, em decorrência da excessiva permanência nas roldanas de
lançamento.
Vimos no item 2.14. GRAMPEAÇÃO DOS CABOS desse trabalho, que
existem dois processos para a grampeação: o convencional e a grampeação “offset”
ou grampeação deslocada.
77

3.9.1. Processo de grampeação convencional

Primeiramente se faz um ajuste fino no paralelismo dos cabos de fases nos


vãos anteriores e posteriores à torre a ser grampeada. Este ajuste deve ser feito,
puxando-se os cabos manualmente e não na praça de lançamento. Então, instala-se
o teodolito na perpendicular à torre a ser grampeada e marca-se o prumo em todos
os cabos das três fases.
Depois de marcado o prumo em todos os cabos, dá-se início o processo de
grampeação, fixando provisoriamente os cabos por meio de catracas, liberando,
então, a roldana e colocando o grampo de suspensão na marca de prumo.
Este serviço é feito em todas as torres, sempre verificando o paralelismo dos
cabos após a grampeação, bem como o alinhamento do balancim (LT’s com tensão
com mais de um subcondutor por fase).
A Figura 74 mostra a etapa de grampeação de uma linha que possui quatro
subcondutores por fase, onde as catracas estão sendo instaladas para que as
roldanas possam ser liberadas para a colocação do grampo de suspensão.

Figura 74 – Grampeação de cabos condutores – 4 condutores por fase

Fonte: (FURNAS, 2016)


78

3.9.2. Processo de grampeação offset

Observa-se nos casos de terrenos desnivelados que os cabos tendem a se


acumular nos vãos mais baixos após o lançamento (Figura 75), resultando em
flechas maiores e, consequentemente, empurrando a cadeia de suspensão para fora
do prumo.

Figura 75 – Comportamento dos cabos em terrenos desnivelados

Fonte: (FURNAS, 2016)

O grampeamento deslocado faz com que a quantidade de cabo excedente em


um vão seja retirada e transferida para outro vão com falta de cabo. Isso possibilita o
balanceamento entre os vãos, eliminando os esforços horizontais sobre o grampo de
suspensão. (FURNAS, 2016)
Os pontos de offset zero devem ser indicados no plano de lançamento e
enviados a projetista para efetuar os cálculos no computador que fornecerá tabelas,
onde são indicados os deslocamentos à esquerda e à direita, para grampeamento
em cada estrutura. (FURNAS, 2016)
Sabendo-se que o grampeamento deve ocorrer em um único sentido definido
previamente, faz-se um ajuste fino no paralelismo dos cabos de fases nos vãos
anteriores e posteriores à torre a ser grampeada, usando-se cangas de madeira para
sustentar os cabos nas suas posições na torre a ser grampeada e na torre vante,
como ilustrado Figura 76.
79

Figura 76 – Pontos de instalação das cangas

Fonte: (FURNAS, 2016)

Instaladas as cangas de madeira, transfere-se a marcação de prumo do cabo


madrinha para os demais condutores. Então, pega-se o valor do deslocamento na
tabela de offset, de acordo com a temperatura medida no local, e faz-se a marca nos
cabos do deslocamento à direita ou à esquerda, conforme a Figura 77. Feitas as
marcações de off-set, posicionam-se catracas (Figura 78) e se liberam as cangas de
madeira.

Figura 77 – Marcações para deslocamento Offset

Fonte: (FURNAS, 2016)


80

Figura 78 – Posicionamento das catracas

Fonte: (FURNAS, 2016)

Então, suspendem-se os cabos, com auxílio das catracas, colocando-se o


grampo definitivo na marca de deslocamento offset. Em seguida, descem-se as
roldanas e soltam-se as catracas.
Para finalizar, verifica-se novamente o paralelismo dos cabos e a torção dos
balancins. Concluído o serviço, transferem-se os equipamentos para a próxima torre
a ser grampeada.
Para manter o paralelismo dos cabos no vão grampeado, colocam-se
provisoriamente espaçadores próprios da linha ou de madeira aproximadamente a
1,50 m do balancim. Estes serão retirados após a colocação dos espaçadores
definitivos.
A última torre de um tramo em que, no vão adjacente os cabos estão
ancorados provisoriamente, não é grampeada, como visto na Figura 79. Isso é feito
para evitar esforços solicitantes sobre o grampo de suspensão durante os
preparativos para emendas e levantamento dos cabos. Na Figura 80, é possível
visualizar a grampeação já concluída, com a cadeia isoladora já fixada corretamente.
81

Figura 79 – Grampeação em trecho com ancoragem provisória

Fonte: (FURNAS, 2016)

Figura 80 – Grampeação finalizada

Fonte: (FURNAS, 2016)

3.10. DO PROCESSO DE ANCORAGEM DEFINITIVA DOS CABOS

Os cabos condutores após o lançamento têm as suas ancoragens provisórias


no solo, em "mortos". Para ancoragem definitiva, tem-se que transferir esses cabos
do solo para a torre de ancoragem, obedecendo a flecha desse vão. Esta operação
é trabalhosa e perigosa, principalmente, porque os cabos estão tensionados.
82

A passagem da ancoragem dos cabos do solo para a torre de amarro exige uma
perfeita coordenação dos esforços de tensão destes cabos. Uma vez atracadas as
pontas dos cabos na torre, aplica-se tensão por intermédio de catracas, de modo a
aliviar os esforços sobre ancoragem provisória, como visto na

Figura 81. Então, uma vez transferidos os esforços dos cabos para a torre, é
feita a regulagem do vão.

Figura 81 – Liberação da ancoragem provisória

Fonte: (FURNAS, 2016)

3.10.1. Marcação do comprimento da cadeia de isoladores

Essa etapa exige enorme atenção e exatidão do técnico, pois caso ocorra
erro na medição da cadeia de isoladores, pode ocorrer discrepância no flechamento
do vão. Primeiramente, deve ser realizada a medida de todo o conjunto da cadeia
isoladora, como mostra a Figura 82.
83

Figura 82 – Medição do conjunto isolador

Fonte: (FURNAS, 2016)


Realizada a medida do conjunto de isoladores, posiciona-se apenas uma das
fases na torre, regulando-o corretamente, então subtrai-se a medida do conjunto da
cadeia isoladora no cabo já regulado, marcando-o com fita isolante no ponto de
corte.
Efetuadas as medidas, as pontas dos cabos são novamente abaixadas ao
solo para prensagem dos terminais de ancoragem. Após a prensagem dos cabos
aos terminais, estes são engastados à cadeia de isoladores e o conjunto é içado
para a ancoragem definitiva na torre, como mostra

Figura 83 – Içamento da cadeia de isoladores

Fonte: (FURNAS, 2016)


84

Os jumpers são prensados previamente após a medida do seu comprimento,


no local da ancoragem. É feita a medida de terminal a terminal, respeitando as
distâncias elétricas mínimas previstas em projeto para sua aproximação da
estrutura. Por outro lado, a confecção do "jumper" deve obedecer a certo aspecto
estético. A Figura 84 mostra a ilustração de uma torre de ancoragem com suas
cadeias isoladoras e seus jumpers instalados.

Figura 84 – Isoladores e jumpers instalados em uma torre de ancoragem

Fonte: (FURNAS, 2016)

3.11. DA INSTALAÇÃO DOS ESPAÇADORES E/OU ESPAÇADORES-


AMORTECEDORES

Os espaçadores ou espaçadores-amortecedores somente deverão ser


instalados após o grampeamento dos condutores, e no máximo dentro de sete dias,
e uma de suas instalações mais comuns é com o uso de “bicicletas” especiais
providas de odômetro, de modo que cada espaçador ou espaçador-amortecedor
seja instalado de acordo com as distancias calculadas matematicamente, como visto
no item 2.12.2.1. Cálculo de quantidade e de posicionamento de espaçadores e
espaçadores amortecedores, e fornecidas nas tabelas de espaçamento.
Dependendo da importância e classe de tensão da LT, podemos ter procedimentos
diferentes para executar a instalação dos espaçadores ou espaçadores-
amortecedores.
85

Tal “bicicleta” deverá ser ligada à estrutura por meio de um aterramento


temporário, antes de o operador entrar ou sair da mesma. Além disso, deverá ser
ligada também aos condutores por meio de um aterramento móvel, o qual pode ser
obtido, por exemplo, através do contato entre os condutores e as rodas do carrinho.
Instalado o carrinho no devido local, são iniciadas as instalações dos
espaçadores, respeitando as distancias previstas em projeto, verificando sempre a
distância percorrida pela “bicicleta” através do odômetro.
Na fixação dos espaçadores deverão ser utilizadas chaves torquimétricas
para obter os torques recomendados pelo fabricante. No caso de parafuso “Break-
way” é dispensável o uso de chaves torquimétricas, pois estes parafusos são
projetados e fabricados de tal forma que suas cabeças superiores sofram ruptura
quando estiverem com o torque ideal, não sendo necessário, portanto, nenhum
torque adicional para fixá-los aos subcondutores. As cabeças dos parafusos deverão
ficar voltadas para baixo, como podemos visualizar na Figura 85.

Figura 85 – Espaçador-amortecedor quádruplo LT 600 kv

Fonte: (FURNAS, 2016)


86

3.12. DA INSTALAÇÃO DAS ESFERAS DE SINALIZAÇÃO

Na instalação das esferas de sinalização são aproveitados os mesmos


carrinhos utilizados na fixação dos espaçadores. Com a “bicicleta” já localizada no
local de instalação, as esferas são içadas do solo por meio de cordas, até chegar ao
operário, como podemos observar na Figura 86.

Figura 86 – Içamento da esfera até a “bicicleta”

Fonte: (FURNAS, 2016)

Com a esfera já içada, o operário então lança uma corda de seda até o cabo
para-raio e puxa-o até o alcance do carrinho, como na Figura 87.
87

Figura 87 – Aproximação do cabo para-raio para instalação da esfera

Fonte: (FURNAS, 2016)


Com o cabo para-raio já ao alcance, realiza-se a fixação da esferas
sinalizadoras (Figura 88) e libera-se o cabos para retornar ao local de origem, como
na Figura 89.

Figura 88 – Instalação da esfera sinalizadora

Fonte: (FURNAS, 2016)


88

Figura 89 – Esfera sinalizadora instalada

Fonte: (FURNAS, 2016)


De acordo com a NBR 6535/05, as esferas para as sinalizações devem ser
nas cores laranja ou vermelha, com diâmetro de 600 mm. Além disso, em alguns
casos, as esferas devem ser dispostas em lugares estratégicos com espaçamentos
estabelecidos.
No cruzamento de linhas, os cabos para-raios ou condutores de maior altura
da linha superior são sinalizados por no mínimo três esferas espaçadas entre si de
30 m, no máximo, e sua esfera intermediária é colocada no ponto de cruzamento
com o eixo da linha inferior, como ilustrado na Figura 90.

Figura 90 – Espaçamento das esferas em linhas cruzadas

Fonte: (FURNAS, 2016)


89

No caso de linha com dois cabos para-raios ou mais de um condutor de maior


altura, as esferas são distribuídas, preferencialmente, de forma alternada nos cabos
para-raios ou nos cabos condutores laterais, também distando 30 metros, no
máximo, sendo a intermediária colocada no ponto de cruzamento com o eixo da
linha inferior, como vista na Figura 91.

Figura 91 - Espaçamento das esferas em linhas cruzadas com mais de um cabo


para-raio/condutor de maior altura

Fonte: (FURNAS, 2016)


90

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E TRABALHOS FUTUROS

Nos últimos anos, o sistema elétrico brasileiro vem crescendo de forma


significativa devido à expansão do bloco de transmissão de energia elétrica.
A construção de linhas de transmissão é de enorme importância para o
desenvolvimento de um país e é por meio do conhecimento das etapas, dos
equipamentos e das atividades exercidas que se torna viável o desenvolvimento de
novas técnicas e padrões mais seguros e eficientes.
Devido ao fato dos métodos executivos e procedimentos citados neste
trabalho serem bastante eficazes e possuírem aplicabilidade reconhecida, as
informações contidas neste texto podem ser de extrema importância para trabalhos
futuros e para engenheiros recém-formados que buscam maior conhecimento na
área de transmissão de energia elétrica.
Apesar de ainda haver precariedade de mão de obra especializada no que
tange a construção de linhas de transmissão, principalmente a atividade de
lançamento de cabos condutores, todas as metodologias tratadas nesse trabalho
são utilizadas por grandes empresas transmissoras, como por exemplo, Furnas.
Entretanto, os equipamentos e as práticas de implantação das LT’s utilizados
no Brasil não mudaram significativamente ao longo das últimas décadas. Nos leilões
de linhas de transmissões, no qual as empresas participam, é comum um modelo de
licitação pelo menor preço possível, limitando assim, de certa forma, as empresas
transmissoras em investir em novas tecnologias, visando um sistema mais eficaz e a
minimização dos impactos ambientais, já que isso torna o custo inicial mais elevado.
No entanto, atualmente há diversas ações e estudos que visam ampliar a
capacidade das LT’s já existentes e, também, de futuras linhas, unindo a segurança
e eficiente com a redução dos custos e dos impactos ambientais.
Na bacia do rio Xingu, sudoeste do estado do Pará, está localizada a usina
hidrelétrica de Belo Monte, que contribuirá com 8GW ao Sistema Interligado
Nacional (SIN) e interligará, sob tensões de 800 kV em corrente contínua, os
estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Essa linha tem características bem
peculiares pois possuem estruturas metálicas mais robustas, com alturas mais
elevadas do que as convencionais. Portanto, para obras desse porte e com
distancias muito grandes, é necessário um planejamento muito minucioso, com
procedimentos e métodos executivos bem definidos, especialmente na fase de
91

lançamento de cabos, por se tratar de terrenos de difíceis acessos e por se tratar


também de uma linha que é composta de 6 condutores por pólo, exigindo um alto
grau de preparação da empresa executante da obra.
Por isso, além da proposta de se manter o processo de descobertas de novas
tecnologias para o sistema elétrico brasileiro, se faz necessário o aperfeiçoamento
rotineiro dos métodos e procedimentos já empregados atualmente. Por possuir um
vasto território, com terrenos acidentados e com uma fauna e flora abundantes, o
Brasil é um país que exige das empresas transmissoras uma preparação adequada
para que sejam capazes de lidar com as mais diferentes situações de serviço, sem
denegrir o meio ambiente e com segurança. Todos esses esforços aspiram
aperfeiçoar tecnologias, métodos construtivos e procedimentos de serviços, para
que as LT’s possam transmitir com segurança, confiabilidade e eficiência energia
elétrica para todos que dela desfrutam.
92

Referências bibliográficas

BRASIL, Instituto. A Transmissão: o elo integrador. 2015. Disponivel em:


<http://www.acendebrasil.com.br/media/estudos/2015_WhitePaperAcendeBrasil_15_
Transmissao_Rev_1.pdf>. Acesso em: 28 Abril 2017.

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em:<http://acadjud.tjsc.jus.br/c/document_library/get_file?uuid=0577ab05-0c0f-4228-
b985-136c66010384&groupId=10157>. Acesso em: 28 Abril 2017.

FUCHS, R. D.; LABEGALINI, P. R.; ALMEIDA, M. T. Projetos mecânicos das


linhas aéreas de transmissão. 2ª ed. Itajubá: Blucher, 1992.

FURNAS, E. Lançamento de cabos condutores. Rio de janeiro: [s.n.], 2016.

FURNAS, E. Montagem de estruturas metálicas. Rio de janeiro: [s.n.], 2016.

KALUCZ, R. Estudo de projeto de linhas de transmissão trifásicas aéreas com


ênfase nos cálculos elétricos. 2014. 89f. Trabalho de Conclusão de Curso -
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014.

MENEZES, V. P. D. Linhas de transmissão de energia elétrica: aspectos


técnicos, orçamentários e construtivos. 2015. 87f. Trabalho de Conclusão de
Curso - Universidade Federal o Rio de janeiro, Rio de janeiro, 2015.

RODRIGUES, E. Mais da metade das obras em linhas de transmissão estão


atrasadas.2014.Disponivel em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,mais-
da-metade-das-obras-em-linhas-de-transmissao-estao-atrasadas,1523156>. Acesso
em: 22 Abril 2017.
93

ROPELATTO, E. R.; FURQUIM, F; OLIVEIRA, R. F. Estudo e análise da regulação


de tensão e do suporte de potencia reativa em sistemas integrados de
transmissão de energia elétrica. 2014. 85f. Trabalho de Conclusão de Curso -
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2014.

SATO, A. Transmissão de potência em corrente contínua e corrente alternada.


2013. 90f. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Estadual Paulista,
Guaratinguetá, 2013.

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elétrica. 2016. Disponivel em: <htto://www.canal6.com.br/x_sem2016/artigos/7A-
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UFRJ. Componentes de uma linha de transmissão. 2012. Disponivel em:


<http://www.dee.ufrj.br/~acsl/grad/transm/notas_de_aula/tree2.html>. Acesso em: 9
Junho 2017.
94

ANEXO A – PLANO DE LANÇAMENTO


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ANEXO B – LISTA DE CONSTRUÇÃO


96

ANEXO C – TABELA DE CABOS CONDUTORES E CABOS PARA-RAIOS


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