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ENSINO DE PORTUGUÊS
1º Ano
INSTITUTO SUPER
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA- ISCED
Direitos de autor (copyright)
Pela Revisão
Visão geral 5
Bem-vindo à Introdução aos Estudos Literários 5
Objectivos da cadeira5
Quem deveria estudar este módulo5
Como está estruturado este módulo? 5
Ícones de actividade 6
Habilidades de estudo 6
Precisa de apoio? 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 7
Avaliação 7
(Defesa do hibridismo) 42
Introdução
Sumário 43
Exercícios 43
(Unicidade e indivisibilidade) 47
Introdução
Sumário 47
Exercícios 47
Objectivos do Módulo
▪ Um índice completo.
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer
para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia
esta secção com atenção antes de começar o seu estudo,
como componente de habilidades de estudos.
Conteúdo desta disciplina / módulo
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua
vez comporta certo número de unidades temáticas ou
simplesmente unidades. Cada unidade temática se
caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação,
só depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características:
Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos
e actividades práticas, incluindo estudo de caso.
Outros recursos
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando
em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto
Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo
de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos
adicionais ao seu módulo para explorar. Para tal, o ISCED
disponibiliza, na biblioteca do seu centro de recursos, mais
material de estudos relacionado com o seu curso como:
Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter
acesso à Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.
Ícones de actividade
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que, por uma ou por outra razão,
o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas
dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância,
prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade,
páginas trocadas ou invertidas, etc. Nestes casos, contacte os
serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de
Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva
mesmo uma carta participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo) é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Daí a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso às TIC
se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que o estudante tem
a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para
acompanhar as suas sessões presenciais. Nesse período, pode
apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou
administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos à distância, é de muita importância, na
medida em que lhe permite situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira,
ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos
colegas. Desenvolver o hábito de debater assuntos relacionados
com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes
temas e unidade temática, no módulo.
Introdução
De uma forma particular, far-se-á nesta unidade a introdução dos
conceitos básicos do estudo do conceito de literatura, as
diferentes significações que o lexema literatura foi assumindo ao
longo dos tempos.
Sumário
Unidade 02:
Introdução
O que acabamos de abordar atrás deixa antever as dificuldades
inerentes ao estabelecimento de uma definição do conceito de
literatura, um conceito fortemente polissémico, nesta unidade
vamos reflectir sobre a problemática e objecções que estão por
de trás desse fenómeno.
Sumário
Exercícios
Unidade 03:
Introdução
O texto literário é, sempre, sob modalidades várias, um
intercâmbio, discursivo no qual se entrecruzam, se
metamorfoseiam, se corroboram ou se contestam outros textos,
outras vozes e outras consciências, pois é reflexo de algo de
imaginação que não existe particularizado na realidade de todos,
mas no espírito de, apenas seu criador. Por esse motivo, nesta
unidade, propomo-nos em falar especificamente da ficcionalidade
e intertextualidade numa obra literária.
3
Aguiar & Silva (2002: 640), Teoria da Literatura, 8.ª ed. Lisboa, Almedina.
4
Ver unidade 20.
pode funcionar como meio de desqualificar, de contestar e
destruir a tradição literária, o código literáio vigente.
Quer a função corroboradora, quer a função contestatária
da intertextualidade dependem imediatamente da metalinguagem
literária, exemplo: a metaliguagem do neoclassicismo justifica,
aconselha e impõe a função corroboradora, ao passo que a
metalinguagem dos movimentos de vanguarda proclama a
necessidade da função contestatária e subversiva e,
mediatamente, da ideologia correlacionada com aquela
metalinguagem.
Exercícios
Unidade 04:
Introdução
Já reparou que nas unidades anteriores referimo-nos a
vários problemas que tornam difícil encontrar respostas
satisfatórias sobre o conceito de literária. Essa preocupação não
termina nunca. Já no início do século XX, um grupo de teóricos da
literatura, mais tarde denominados formalistas russos imaginou
que seria possível determinar uma propriedade presente nas
obras literárias, que as caracterizaria como pertencentes à
literatura. Para denominar esta propriedade, criaram o termo
literaturnost, que foi traduzido para a língua portuguesa como
literariedade.
Sumário
Literariedade é tudo o que faz com que uma obra seja literária:
estranhamentos, tropos ou figuras de estilo, etc.
Exercícios
Arte e Estética
Introdução
Obra de Arte:
● sensibiliza;
● emociona;
● atrai;
● choca;
● chama atenção;
● desperta curiosidade;
● identidade;
● cria asbstracção;
● deleita
Estética
Sumário
Exercícios
Unidade 06:
Introdução
O Texto Literário distingue-se, nomeadamente, pelo facto
de transformar a realidade, servindo-se dela como modelo para a
arquitectar mundos “fantásticos”, que só existem textualmente e
que se estabelecem através da metáfora, da caricatura, da
alegoria e pela verosimelhança. Esta perspectiva literária é sobre
a qual nos propomos delimitar o conceito do texto literário.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
Exercícios
Unidade 07:
Função da Literatura
Introdução
Desde os primeiros tempos em que o homem começou a
estudar a arte literária, o questionamento sobre natureza e função
da literatura tem sido assunto de muitas controvérsias. Nesta
unidade, portanto, vamos analisar a função da literatura ao longo
dos tempos.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
● Identificar as funções que a literatura foi adquirindo ao
longo dos tempos, desde Horácio à
Objectivos contempraneidade.
Actividade 3
Exercícios
Unidade 08:
Introdução
Partindo do princípio de que o estudante já fez uma
abordagem introdutória a conteúdos fundamentais desta
disciplina, a presente unidade pretende alargar tais noções,
particularmente no que diz respeito ao sistema semiótico literário.
Sumário
Exercícios
1. Defina semiotic.a
2. “O código literário configura-se como um policódigo que
resulta da dinâmica intersistémica e intra-sistémica de uma
pluralidade de códigos e subcódigos pertencente ao
sistema modelizante secundário”. Explique a citação.
3. “O sistema semiótico literário representa assim peculiar
sietema modelizante secundário, representa uma langue,
na acepção semiótica do termo, que não coincide com a
língua natural nem com extracto- funcional dessa”. Com
base na transcrição, refira-se aos conceitos de sistema
semiótico literário e de língua natural.
Unidade 09:
Introdução
O conceito de género literário tem sofrido múltiplas
variações históricas desde a antiguidade helénica até os nossos
dias e permanece como um dos mais árduos da estética literária.
Como poderá ver daqui até a unidade dezasseis iremos
apresentar as diferentes concepções sobre os géneros literários
que se foram dando ao longo da história literária.
Actividades 1
Actividade 2
Sumário
Exercício
Unidade 10:
Introdução
Horácio, com alguns preceitos da sua Epistula ad pisones,
ocupa um lugar de relevo na evolução do conceito de género
literário, sobretudo pela influência exercida na poética e na
retórica dos séculos XVI, XVII e XVIII. Por este motivo, iremos
nesta unidade reflectir sobre a concepção dos géneros na
estética de Horácio.
Sumário
Exercícios
Unidade 11:
Introdução
A doutrina romântica acerca dos géneros literários é
multiforme e, por vezes, contraditória. Não encontramos uma
solução unitária, embora se possa apontar como princípio comum
a todos os românticos a condenação da teoria clássica dos
géneros literários, em nome da liberdade e da espontaneidade
criadoras, da unicidade da obra literária. Nesta unidade vamos
decisivamente estudar os géneros literários sob ponto de vista
romântico.
Sumário
A teoria romântica dos géneros literários diz respeito à
defesa do hibridismo dos géneros. Portanto, admite-se o
aparecimento de novos géneros literários, pelo que podem-se
misturar e originar outros. Daí a tragédia misturada com a
comédia originando a tragicomédia, isto é, junta elementos que
fazem chorar e rir. Na poética romântica desenvolve-se o
romance.
Exercícios
Unidade 12:
O Género Romance
Introdução
Na evolução das formas literárias, durante os últimos três
séculos, avulta como fenómeno de capital magnitude o
desenvolvimento e a crescente importância do romance. Nesta
unidade vamos apresentar, de forma sucinta, o género romance.
Exercícios
Unidade 13:
Introdução
Como já o dissemos no início desta sequência de unidades, a
questão dos géneros literários, tal como o próprio lexema
literatura, mereceu várias críticas, o que deu lugar a existência de
várias visões sobre a mesma realidade. Nesta unidade, vamos
dedicar o nosso estudo especialmente para o conceito dos
géneros atribuído por Croce.
Sumário
Exercícios
Introdução
Nesta unidade, debruçar-nos-emos, à nova concepção dos
géneros literários na óptica de Emil Staiger e Lukács
Sumário
Exercício
Introdução
Nesta unidade dedicar-nos-emos ao conceito dos géneros
literários de acordo com a teoria de Jakobson.
Objectivos
Comunicação Literária
A linguagem deve ser estudada em toda a variedade das
suas funções. Antes de discutir a função poética, devemos
definir-lhe o lugar entre as outras funções da linguagem. Para se
ter uma ideia geral dessas funções, é necessária uma perspectiva
sumária dos factores constitutivos de todos os processos
linguísticos, de todos os actos de comunicação verbal.
O emissor envia uma mensagem ao receptor. Para ser
eficaz, a mensagem requer um contexto a que se refere (ou
"referente", noutra nomenclatura algo ambígua), apreensível pelo
receptor, e que seja verbal ou susceptível de verbalização; um
código total ou parcialmente comum ao emissor e ao receptor (ou,
em outras palavras, ao codificador e ao descodificador da
mensagem); e, finalmente, um contacto, um canal físico e uma
conexão psicológica entre o emissor e o receptor, que os capacite
a ambos a entrarem e permanecerem em comunicação. Todos
estes factores inalienavelmente envolvidos na comunicação
verbal podem ser esquematizados como se segue:
Contexto
Emissor --------- mensagem ---------- receptor
Contacto
Código
Cada um desses seis factores determina uma diferente
função da linguagem. Embora distingamos seis aspectos básicos
da linguagem, dificilmente lograríamos, contudo, encontrar
mensagens verbais que preenchessem uma única função. A
diversidade reside não no monopólio de alguma dessas diversas
funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A
estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da
função predominante.
Função poética
Analisámos detalhadamente todos os factores envolvidos
na comunicação verbal, excepto um: a própria mensagem. A
orientação (Einstellung) para a MENSAGEM como tal, o centro de
interesse incidindo sobre a mensagem considerada por si mesma,
é o que define a função poética da linguagem. Essa função não
pode ser estudada de maneira proveitosa se perdermos de vista
os problemas gerais da linguagem e, por outro lado, a análise
minuciosa da linguagem exige que se tome seriamente em
consideração a função poética. Qualquer tentativa de reduzir a
esfera da função poética à poesia ou de confinar a poesia à
função poética seria uma simplificação excessiva e enganadora.
A função poética não é a única função da arte verbal, mas
tão-somente a função dominante, ao passo que, em todas as
outras actividades verbais, ela funciona como um constituinte
acessório, subsidiário. Acerca da função poética da linguagem,
aduz ainda Jakobson mais alguns elementos caracterizadores
que importam conhecê-los.
Assim, escreve que «esta função, que põe em evidência o
lado palpável dos sinais, aprofunda por isso mesmo a dicotomia
fundamental dos sinais e dos objectos.» Esta afirmação
inscreve-se na linha de rumo, já atrás analisada, das doutrinas
dos formalistas russos – entre eles, o próprio Jakobson – e dos
estruturalistas do Círculo Linguístico de Praga, segundo a qual a
função poética ou estética se distingue da função de
comunicação da linguagem pelo facto de, nesta última, existir
uma relação instrumental com a realidade extralinguística que
não se verifica naquela. Nesta perspectiva, a autonomia e a
autotelicidade da mensagem poética dependem da inexistência
deste tipo de relações instrumentais com a realidade
extralinguística: a mensagem poética, enquanto organização
formal, enquanto textura de significantes («o lado palpável dos
sinais») – jogo de ritmos, aliterações, eufonias, rede de
paralelismos, anáforas, etc. – Constitui-se em finalidade de si
mesma.
New Criticism
Ontologicamente, a obra poética apresenta-se como uma
estrutura indivisível, como uma totalidade orgânica, que não é
possível cindir em o que se diz e o como se diz.
O «new criticism» propõe aquilo que chama «close reading»
que se poderia traduzir, em paralelo com as propostas de outras
escolas, por crítica imanente, pois visa directamente o texto como
objecto verbal, excluindo todas as aproximações extrínsecas:
biografia do autor, fontes e influências, etc. O que importa é
captar o modo específico, a forma pela qual a linguagem se
organiza, e constrói a obra em questão. E esse objectivo
atinge-se através de análises descritivas minuciosas, demoradas,
atentas aos múltiplos aspectos específicos da linguagem literária
(a função de figuras retóricas – como anáforas, hipérboles,
alegorias; os efeitos dependentes do contexto; as imagens,
metáforas e símbolos; a conotação e a denotação; as
ambiguidades, os paradoxos, a ironia, etc.) e também à
organização global própria daquela obra. Através, portanto, de
um «exame microscópico».
Sumário
Exercícios
Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morde como que beija!
É ser mendigo e dar como que seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
Florbela Espanca
Introdução
Depois de um longo percurso de estudo sobre os géneros
literários importa nesta unidade debater em volta da sua
relativização.
Sumário
A existência e consagração de novos géneros pode
fundar-se num processo de harmonização discursiva, por assim
dizer de reinvenção pós-moderna, mas com antecedentes
ilustres.
Exercício
Unidade 17:
Introdução
O conceito de período literário, tal como o entendemos,
implica ainda outra consequência muito importante: os períodos
não se sucedem de modo rígido e linear, como se fossem
entidades discretas, blocos monolíticos justapostos, mas
sucedem-se através de zonas difusas de imbricação e de
interpenetração.
Sumário
Exercícios
Introdução
Já o dissemos que a ordenação de fenómenos literários no
tempo denominamos período literário, escola ou movimento
literário, e cada período é determinado por critérios estéticos e
critérios de tempo. Com base em dados critérios, vamos
apresentar, nesta unidade, a caracterização dos grandes
períodos literários.
Períodos Literários
1. Classicismo
Os vocábulos “clássico” e “classicismo” apresentam uma
pletora semântica muito pronunciada e a polissemia daí
resultante dificulta extremamente a tentativa de aclarar o seu
significado estético-literário.
Classicus designava em latim o cidadão que, em virtude da
sua considerável riqueza, fazia parte da primeira das cinco
classes em que a reforma censitária atribuída a Sérvio Túlio
dividira a população de Roma. No baixo latim, classicus foi
relacionado com as classes das instituições escolares, assim se
explicando que a palavra tenha adquirindo a significação de autor
lido e comentado nas escolas. Foi assim que o sentido de
classico apresentou predominantemente durante os séculos XVII
e XVIII, embora o significado primitivo de autor modelar e
excelente não se tenha perdido.
Os principais significados literários que habitualmente são
atribuidos ao conceito de classicismo são:
a) Por escritor clássico entende-se aquele que, devido
sobretudo à sua correcção da sua linguagem, pode ser
tomado como modelo. Assim concebido, o classicismo
identifica-se substancialmente com a doutrina de que a
criação literária deve repousar em modelos, dos quais
derivam a disciplina e as regras necessárias para a
prossecução de uma obra perfeita.
2. Renascimento
Características
(i) Buscas do homem universal – passaram o mundo,
o homem e a vida a ser vistos sob o prisma da razão. O
homem renascentista procurou entender a harmonia
do universo e suas noções de Beleza, Bem e Verdade,
sempre baseando seus conceitos no equilíbrio entre a
razão e a emoção. Estavam longe de aceitar a "arte
pela arte", ao modo parnasiano do século XIX, mas
apresentavam um alto objectivo ético: o do
aperfeiçoamento do homem na contemplação das
paixões humanas postas em arte - a catarse grega.
Actividade 1
3. Barroco
Francisco de Vasconcelos
4. O Romantismo
Sumário
Paraíso
pertinho de mim...
tenho você
Eduardo Banqueiro
1. Os movimentos literários de orientação clássica sempre se
prenderam aos modelos greco-latinos. Levando em conta
os aspectos formais observados na - “O paraíso” –
musicalidade, busca de métricas populares, emprego de
palavra indígena -, qual das seguintes afirmações pode ser
feita a propósito do Romantismo?
a. Apresenta maior liberdade de expressão.
b. Ainda se prende aos modelos clássicos.
c. Desliga-se parcialmente dos modelos clássicos.
Unidade 19:
Introdução
Objectivos
Positivismo
Sumário
Exercícios
Unidade 20:
Níveis e Métodos de Análise textual:
(Níveis de Análise -textuais e sub-textuais)
Introdução
Nesta unidade, pretendemos conferir àquilo que
desejamos seja uma introdução à leitura crítica do texto literário,
por isso mesmo entendemos que a missão a que agora importa
atribuir prioridade deve ser a de tentar demarcar níveis de análise
da obra literária. Como é óbvio, tal missão não pode de tomar em
consideração determinadas facetas da existência do fenómeno
literário.
Nível sub-textual
Nível textual
Sumário
Exercícios
Unidade 21:
Introdução
Abordaremos, nesta unidade, uma síntese a respeito do
conceito e das categorias básicas da estilística, assim como de
suas relações com a gramática.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
Objectivos
Estilística
Sumário
Exercícios
Unidade 22:
Introdução
2. Tipos de poemas
Exercícios
I
1. O que é um texo lírico?
2. “No texto lírico não existe a temporalidade que é
necessariamente inerente à acção representada no texto
narrativo e no texto dramático, nem as suas estruturas
semionarrativas são isoláveis, nas suas articulações
internas e externas no quadro da lógica da acção, das
estruturas textuais que as manifestam”.
a) Comente.
II
O poema, a poesia
Às vezes o poema
É o ódio da poesia
Assim como a vida
É a fome da morte
E a noite arma
a armadilha ao dia.
Às vezes a luta
é a profissão da vida
assim como o poema
é a notícia da conquista
da fome da esperança
de quem um dia, na linha
de frente do combate
o povo enfim transforme
a história e a escrita.
Unidade 23:
Introdução
O texto narrativo
6
Termo de origem grega divulgado pelos estruturalistas franceses para designar o
conjunto de acções que formam uma história narrada segundo certos princípios
cronológicos.
criação de ambientes e para um melhor entendimento da história
narrada.
Exercícios
b) O tempo
-Retire do texto expressões que permitam localizar os
acontecimentos no tempo (quer o histórico, quer o
cronológico).
c) A acção
7
Ver em anexo, A VELHOTA, de Luís Beranrdo Honwana
-Escolha um ou dois parágrafos que mais o/a impressionaram.
Justifique a sua escolha.
-O conto tem as suas sequências organizadas por encadeamento,
alternância ou encaixe? Justifique.
d) O Narrador
Classifique o narrador quanto à presença e à ciência.
Indique o tema do conto de Luís Bernardo Honwana. Justifique a
sua opção.
O que entende por parábola?
Poderá este conto ser considerado uma parábola? Justifique.
Imagine um final diferente para o conto.
e) A linguagem
Retire do texto palavras próprias do vocabulário moçambicano
-Encontre vocábulos, no português de Portugal, que possam
explicar esses termos.
-Retire construções sintácticas próprias do português de
Moçambique.
Aponte os níveis de língua presentes no texto.
-Aponte alguns dos recursos estilísticos presentes no conto e
refira a sua expressividade.
-Identifique onomatopeias no conto
Unidade 24:
Introdução
Propomo-nos a definir o texto dramático. Para isso
começaremos por delimitá-lo em relação ao texto teatral e ao
texto dramático, propriamente dito. Mas, antes de efectuar essas
delimitações há que deixar bem explícito que o texto dramático
caracteriza-se pela ausência do seu autor textual.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
O texto dramático
8
Em português e noutras línguas, os lexemas “drama” e “dramático” apresentam
actualmente significados muito heterogéneos. Utilizaremos estes lexemas de acordo
com a terminologia aristotélica, entendendo por “drama” aquele poema que imita
pessoas e que se contrapõe portanto à imitação “narrativa” AGUIAR & SILVA ( 2002:
604).
didascálicas ou indicações cénicas. Estes dois textos,
funcionalmente interligados e cooperantes reenviam
especificamente a duas categorias do plano cénico do texto
dramático: as personagens, que pronunciam realmente as
réplicas, que realizam actos linguísticos com os quais se constrói
e se comunica o essencial da fábula agenda do texto dramático, e
que são em parte caracterizadas e descritas, nas suas
modalidades de ser, de estar e de agir, pelo texto dramático; e o
cenário, construído imaginariamente, descrito e evocado pelo
“ texto secundário, mas também indissoluvelmente ligado, quer
sob uma perspectiva de verosimilhança realista, que sob uma
perspectiva de simbolismo des-realizante, ao texto principal. E à
acção constituída e comunicada pelos actos linguísticos deste
texto.
Sumário
Exercícios
Bibliografia:
1. ADORNO, A.W. Teoria Estética. Lisboa, Edição 70, 1982;
2. BARTHES, Roland. Análise Estrutural da Narrativa. Rio de
Janeiro, Ed. Vozes, 4ª Ed. 1976;
3. BARTHES, Roland. Crítica e Verdade. Lisboa, Edições 70, 1986;
4. BARTHES, Roland. Literatura e Sociedade. Lisboa, Ed. Estampa,
1977;
5. BRATT, Beth. A Personagem. São Paulo, Ed. Ática, 1987;
6. COELHO, Jacinto do Prado (Direcção). Dicionário de Literatura.
3º Vol. (N/R); 4ª Ed.; Porto, Mário Figueirinhas Editor EIRL, 1997;
7. ECO, Umberto. Leitura do Texto Literário. Lisboa, Ed. Presença,
(S.d);
8. ECO, Umberto. O Signo. Lisboa, Ed. Presença, 1985;
9. FIGUEIREDO, Maria J., V. e BELO, Maria T., Comentar um texto
Literário, Lisboa, Presença, 4ª Ed., 1975.
10. HJELMSLEV, Louis. Prolegomena to a Theory of Language.
Wisconsin, the University of Wisconsin Press, 1963;
11. HJELMSLEV, Louis. Prolegomena to a Theory of Language.
Wisconsin, the University of Wisconsin Press, 1963;
12. KAISER, Wolfang, Análise e Interpretação da Obra Literária,
Coimbra, Arménio Amado, 6ª .Ed.,1976.
13. LAUSEBERG, Heinrich, Elementos de Retórica, Lisboa, F.,
Calouste Gulbenkian, 3ª Ed.,1982.
14. LOTMAN, Iuri. A Estrutura do texto Artístico. Lisboa, Estampa,
1978;
15. MESQUITA, Samira Nahid. O Enredo. São Paulo, Ática, 1986;
16. REIS, Carlos. Dicionário de Narratologia. 6.a ed., Coimbra,
Almedina, 1998;
17. REIS, Carlos. Técnicas de Análise Textual. Coimbra, Almedina,
3ª Ed., 1981;
18. SILVA, V. M. de Aguiar e. Teoria de Literatura. Coimbra,
Almedina, 8ª Edição, 1990;
19. TODOROV. Tzvetan. Os Géneros do Discurso. Lisboa, Edições
70, 1978;
20. WELLEK, René e WARREN, Austin. Teoria da Literatura.
Publicações Europa-América, 4a edição (S.d).
Anexos
A VELHOTA
Eu juraria que não cheguei a perder o conhecimento embora pouco antes de cair
tivesse experimentado aquele estado de embotamento de sensibilidade que, quando
nos toma, restringe a nossa capacidade de defesa aos gestos puramente instintivos
mas estupidamente lentos, que todos conhecem nos boxeurs «grogues». Acho que
ninguém podia avaliar o esforço tremendo que fiz nesses não sei se longos se breves
momentos, para conduzir os meus punhos, brutalmente pesados antes de ganharem
movimento e incrivelmente flutuantes depois de erguidos. Entretanto, às pancadas que
recebiam, não se aliviava qualquer sensação física porque só lhes percebia o eco
diluindo-se lentamente dentro da minha cabeça. Esse maldito eco e só ele é que foi o
culpado de eu cair. Ë que atrapalhava-me muito e fazia com que antes de levantar um
braço tivesse de pensar com força que tinha que levantar um braço. Caí lentamente,
com plena consciência de estar caindo.
Primeiro senti-me quase bem no chão, embora o eco continuasse a encher-me a
cabeça. Quando abri os olhos veio o zumbido e senti raiva de mim mesmo por ter caído.
O eco atrapalhava-me a vista a tal ponto que não tinha a certeza do que via, mas
depois, quando a minha vista deixou de tremer, vi as duas pernas vestidas de escuro,
que, nascidas uma de cada lado do meu corpo cresciam longamente para cima, tesas e
tensas, convergindo para a placa de metal brilhante do cinto. Por cima delas, lá em
cima, perto da lâmpada do tecto, a cara fitava-me, atenta, sorrindo satisfeita. Voltei a
fechar os olhos.
Senti-me a tremer, mas o eco era mais suportável porque deixava de se processar
desordenadamente para ser uma espécie de latejar. Só voltei a abrir os olhos quando
tive a certeza de que o tipo já se tinha ido embora, farto de provar aos outros que
realmente me batera.
Eu precisava de ir para casa. Acho que já tinha vontade de o fazer antes mesmo de
entrar no bar, por isso, o que aconteceu lá dentro não era o que me levava a ter tanta
vontade de ir para casa. Não via a velhota e os miúdos, não sei desde quando, porque
ultimamente voltava a casa muito tarde e saia muito cedo, mas não tinha bem a certeza
de os querer ver mais alguma vez. A velhota era insípida e os miúdos eram chatos e
barulhentos, sempre com porcarias para resolver. Claro que isso não era nada que se
comparasse àquilo do bar, de há bocado, ou de todos os outros bares, restaurantes,
átrios de cinemas ou quaisquer outros lugares no género em que todos me olhavam
duma maneira incomodativa, como que a denunciar em mim um elemento estranho,
ridículo, exótico e sei lá o que mais. Que nojentos! E eu sem poder rebentar
exactamente por causa do raio da velhota e dos ranhosos dos miúdos!
Aquilo do bar, ainda há bocado, era afinal o que se passava: eu não consegui bater o
tipo porque ele era todos os outros, e exactamente como isso é que ele me bateu. Não
adianta contemporizar, tudo é a mesma coisa. Mesmo os que têm a mania de que
fazem excepção só são isso em campos neutros ou quando tenham necessidade de vir
até mim, porque, em volta deles edificam muros de tabus e defendem-se com os
mesmos nojentos olhares enojados sempre que alguém vai para além desses muros.
Eu que o diga!
Eu precisava de ir para casa. Ia comer arroz e caril de amendoim como eles queriam
que fizesse, mas não para encher a barriga. E precisava de ir para casa para encher os
ouvidos de berros, os olhos de miséria e a consciência de arroz com caril de amendoim.
Sentada na esteira a velhota estava quieta, a ver os miúdos a comer. De vez em
quando levantava-se um e vinha trazer-lhe o prato de alumínio para ela servir-lhe mais.
Foi de uma dessas vezes que a velhota deu comigo. Estava com a colher de pau
erguida, cheia de arroz, e ia despejá-lo no prato, quando parecendo lembrar-se de
qualquer coisa, se virou para a porta. Logo que me viu espreitou para o fundo da panela
e perguntou-me se queria comer.
— Ainda não sei se quero comer ou não — respondi.
Virou-se para o lume, demorou-se um bocado a olhar para as chamas com a concha
ainda no ar e depois perguntou:
— Estás zangado? Estás tão zangado que não podes comer e nem sabes se queres
ou não?...
— Não, não estou zangado.
A velhota pensou ainda um bom pedaço e resmungou:
— Então está bem, se não estás zangado... E como ao dizer isto estivesse virada
para o miúdo, perguntou-lhe como se isso lhe interessasse mais do que qualquer outra
coisa.
— Quito! O que é que tu estás para aí a mastigar sem parar, Quito?
Antes que Quito desimpedisse a boca para poder responder, a Khatidja berrou lá do
fundo:
— Esse Quito está a mastigar a carne que roubou do meu prato sem eu ver! É minha,
mamã! Chi? Quito, tu és um ladrão! — e voltando-se para mim — É minha, estou-te a
dizer, Mano!
O Quito mostrou na palma da mão tudo o que tirou da boca e admirou-se:
— Esta carne, Kati, esta aqui? Foi a Mamã que me deu, estás a ouvir? — e para mim
—Não foi, Mano?
A essa altura já os miúdos estavam num berreiro desgraçado e a velha impôs-se:
— Shhh!...
Calou-se tudo num instante menos a Khatidja, que ainda choramingava:
— É minha... É minha... Ele roubou! Chi! Quito não tens vergonha? Eu vi-te... Mas os
outros miúdos ajudaram a velhota:
— Shhh!... A Khatidja virou-se para eles:
— Shhh!...
E desataram-se todos a fazer «shhh».
Com a colher de pau ainda erguida a velhota olhava para aquilo tudo. Depois os miúdos
fartaram-se da brincadeira e voltaram a comer e o Quito pôs na boca tudo o que tinha
na mão. Só então é que a velhota despejou a colher no prato do miúdo. Antes de lhe
pôr caril pensou um bocado e voltou a servir-lhe outra e outra colherada de arroz.
Quando o miúdo se ia embora perguntou-me com um ar distraído:
— Mas é verdade que não sabes se queres comer ou não?
— Bem, e se eu quiser? (Aborrecia-me aquela insistência, caramba!).
A velhota pareceu ficar aflita. Espreitou para o fundo da panela e sorriu-se para mim
como que a desculpar-se:
— Ê que só há ucoco!
Lá dos cantos os miúdos comentaram: Chi!! A ucoco?! O Quito fez «shh» e tudo se pôs
a fazer «shh».
A velhota berrou e os miúdos continuaram a comer.
— E então por que é que insistes em perguntar se quero comer? E o que é que tu vais
comer?
— Eu não tenho fome — respondeu a velhota.
— Mas não há mais comida, não é isso?
— Eu não tenho fome... Não tenho, juro que não tenho. Mas se tu quiseres faço chá
num instante, queres?
— Eu também não tenho fome.
— Nesse caso faço chá para os miúdos, para eles tomarem, se continuarem com
fome.
Depois não me pude furtar ao impulso de abraçar a velhota. Ela manteve-se quieta
quando enterrei a cabeça entre os seus seios. Rindo-se nervosa, protestou:
— Mas tu não costumas fazer isso... E continuou a rir-se até ter coragem de me
apertar nos braços.
— Meu filho...
Senti-lhe os dedos ásperos a percorrerem-
-me timidamente ia cara. Depois beijou-me e riu-se muito. Ouvi os miúdos a rirem-se
também.
«Tu não costumas ser assim! O que é que foi... Meu filho... Meu filho... Tens fome?
Queres que faça chá para ti?»
Eu já não ouvia aquele tom de voz desde não sei quando e talvez nem me lembrasse
de o ter ouvido alguma vez.
— Bateram-te? Diz-me, meu filho, eles bateram-te? Quem foi?
— Não, não me bateram.
— Mas eles fizeram-te alguma coisa, não fizeram? Tu estás com raiva, não é?
Tentei não falar, mas não tive tempo de pensar:
— Eles destruíram tudo, eles roubaram, eles não querem...
Senti-a prender a respiração e endurecer ligeiramente.
— Não queres contar? Não? Não queres?
— Não serve de nada. Os miúdos aproximaram-se:
— Conta, conta...
— Nada, vocês hão-de crescer, agora não chateiem.
— Sim, meu filho, há o tempo, o tempo... Tudo há-de mudar, tudo há-de melhorar... E
quando eles crescerem...
— Hão-de crescer... Pois hão-de crescer nisto...
— De verdade que não queres contar?
— Conta, conta!—e os miúdos rodeavam-nos na esteira.
Não, eu não contaria. Não fora para isso que viera para casa. Além disso, não seria eu
a destruir neles fosse o que fosse. A seu tempo alguém se encarregaria de os por na
raiva. Não, eu não contaria.
— Meu filho... Acho que me sobressaltei ao ouvir a velhota.
— Meu filho, eu não entendo bem o que estas para aí a dizer, palavra que não
entendo. Mas tu tremes, tu estás ou assustado ou muito zangado ou outra coisa
qualquer, e o que tu dizes não é bom, porque estás a tremer, palavra que estás a
tremer...
Talvez a velhota tivesse razão porque deve ser raro a velhota não ter razão. Mas de
toda a maneira isso não modificava nada. Eu não contaria e pronto; e ainda que
contasse de que serviria isso? Sim, de que serviria, se a porcaria, o raio da porcaria
daquilo tudo viria para aqueles miúdos com outros pormenores, em outras
circunstâncias e com outros nomes?
— Eh, vocês todos! Dormir, anda! Sim, dormir, o que é que estão a olhar? Dormir!...
Mas... quem sabe? E também por que não acreditar? Por que não acreditar em
qualquer coisa de giro? Como por exemplo que a formação dos miúdos fosse diferente
da minha e que lhes conferisse uma condescendência para com aquelas coisas, uma
condescendência que as minhas coordenadas emocionais não comportavam... E que
talvez, eu sei lá, que talvez para com eles o tempo obrigasse a mais compreensão,
mais carinho, sim, a mais humanidade... Porque talvez a velhota tivesse razão, há o
tempo, o tempo...
— Meu filho os miúdos já se foram...
— Sim, eu vou dizer: eles bateram-me.
— Quem foi? Mas isso não é tudo, tu tremes...
— Sim, isso não é tudo. E até não é nada. Eles fizeram-me pequenino e conseguem
que eu me sinta pequenino. Sim, é isso. Isso é que é tudo. E porquê? Eles nem o dizem
de alto. E tudo cai, cai de repente, com barulho aqui dentro, e cai e cai e cai...
— Bem, acho que o melhor é não querer saber disso para nada, porque não percebo
nada do que tu dizes...
Ficámos silenciosos os dois, e de tal maneira estávamos abraçados que não sabia se
era realmente ela que tremia. Tenho a impressão de que só neste momento é que vi as
chamas, embora estivesse há muito tempo a olhar para elas. O seu calor era bom e
envolvia-nos, mas para isso elas torciam-se num bailado estranhamente rubro. Só
deixei de as olhar quando a velhota falou duma maneira que me fez logo pensar que ela
tinha estado um bom pedaço a matutar na maneira de me dizer qualquer coisa que
afinal não disse. Acho que ela só disse:
— Meu filho...