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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português
Cadeira de Teoria da Literatura

Tema: A comunicação literária

Celita Maurício Becho: 61190268

Tete, Março, 2022

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Departamento de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português
Cadeira de Teoria da Literatura

Tema: A comunicação literária

Trabalho de Campo a ser submetido

na Coordenação do Curso de Licenciatura

em Ensino de português da UnISCED.

Tutor: Mestre Fernando Chicumule.

Celita Maurício Becho: 61190268

Tete, Março, 2022

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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4

1.1. Objectivos ........................................................................................................................... 5

1.1.1. Objectivo Geral ................................................................................................................ 5

1.2.1. Objectivos Específicos ..................................................................................................... 5

1.3. Metodologia ........................................................................................................................ 5

2. DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................ 6

2.1. Semiótica na comunicação literária .................................................................................... 6

2.2. Significação na comunicação literária ................................................................................ 6

2.3. A arte na comunicação literária .......................................................................................... 7

2.4. A linguística na comunicação literária ................................................................................ 7

2.5. Emissor/ Autor e Narrador na comunicação literária ......................................................... 8

2.6. Feedback na comunicação literária ................................................................................... 10

2.7. Criação Literária ............................................................................................................... 10

2.8. Autocomunicação Literária ............................................................................................... 11

2.9. Sistema e Código Literário ............................................................................................... 12

2.10. Canal e mensagem na comunicação literária .................................................................. 12

2.11. Redundância e ruído na comunicação literária ............................................................... 13

2.12. Memória do Sistema Literário ........................................................................................ 13

2.13. Destinatário, Receptor e Leitor na comunicação literária ............................................... 13

2.14. Estética na comunicação literária.................................................................................... 14

2.15. Leitura Literária .............................................................................................................. 14

2.16. Metacomunicação e pragmática da comunicação ........................................................... 14

3. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 16

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 17

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho da cadeira de Teoria da Literatura, aborda conteúdos atinentes à


Comunicação Literária. Entretanto, o fruto deste é o resultado de uma pesquisa, na qual
pretendo fazer luz sobre o tema em causa, esclarecendo conceitos fundamentais, abrir
horizontes e apresentar directrizes básicas que podem pela generalidade compreender as
diversas perspectivas sobre da comunicação literária.

Ao longo desse tema foram desenrolados vários aspectos sobre o tema tais como: a semiótica,
a significação, a arte, a linguística, o emissor – autor e narrador –, o feedback, a criação literária,
a autocomunicação, o código, a memória, o sistema literário, o canal, a mensagem, redundância
e ruído, o receptor – leitor, estética, destinatário e leitura –, metacomunicação e pragmática da
comunicação.

Visto que, a comunicação literária distingue-se quer da comunicação linguística oral, quer da
comunicação linguística escrita, embora partilhe com esta com algumas características
importantes. Assim, a comunicação linguística oral é uma comunicação próxima e instantânea,
isto é, constitui uma modalidade de comunicação na qual na esfera dos intercomunicantes se
intersectam espacial e temporalmente. O processo comunicativo entre o emissor e o receptor
realiza-se de ambos e de um determinado contexto de situação.

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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

Conhecer a Comunicação Literária.

1.2.1. Objectivos Específicos

Identificar os elementos de comunicação;


Explicar o factor feedback na comunicação literária;
Descrever a semiótica e mais factores envolvidos neste trabalho.

1.3. Metodologia

Fonseca (2002) diz que “a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências
teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites” (p. 32).

A metodologia utilizada na construção deste trabalho, foi baseada em pesquisas bibliográficas


buscando fundamentar os assuntos abordados com clareza e veracidade dos factos.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Semiótica na comunicação literária

Todo o processo de semiose apresenta três dimensões: a dimensão sintáctica, a dimensão


semântica e a dimensão pragmática.

A dimensão sintáctica é a relação formal dos sinais uns com os outros.


A dimensão semântica é a relação dos veículos sígnicos com os seus designatas
(autores) e os seus denotata (leitores). Esta relação tem a ver com o significado.
A dimensão pragmática é a relação dos sinais com os interpretantes e, portanto, com
os intérpretes.

A semiose só é possível no âmbito de sistemas de significação e de comunicação, isto é, no


âmbito de todo o conjunto de veículos sígnicos inter-subjectivo cujo uso é determinado pelas
regras sintácticas, semânticas e pragmáticas.

A dimensão pragmática da semiose implica que todo o texto, na acepção semiótica de


sequência de sinais ordenados segundo as regras de determinado código, se constitua e
funcione como tal apenas no quadro de um sistema de comunicação. Neste quadro,

Segundo Charles Morris, “um intérprete representa a instância de produção semiótica e o/os
outro (s) representa (m) a instância da recepção”.

Os textos da semiose estética, embora dentro de um condicionalismo peculiar, são por


conseguinte, fenómenos de comunicação.

2.2. Significação na comunicação literária

Um dos problemas mais controversos da semiótica tem consistido na dificuldade de


estabelecer, fundamentar e descrever a tipologia da semiótica, isto é, o espaço que nela ocupam
o fenómeno da comunicação e o fenómeno da significação. O problema prevalece na medida
em que se torna difícil:

Identificar as relações existentes entre sistemas semióticos de significação e sistemas


semióticos de comunicação;
Responder se a semiótica tem como objecto de estudo apenas a comunicação ou apenas
a significação;

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Compreender se é possível ou necessário conciliar a semiótica da significação e a
semiótica da comunicação.

2.3. A arte na comunicação literária

Alguns autores denegam a arte à natureza de fenómeno comunicativo, atribuindo-lhe tão


somente a natureza de fenómeno expressivo (ou apresentando, quando muito, a comunicação
artística como um epifenómeno da expressão originária e substantiva).

O processo da produção artística ignora que a obra de arte só existe obra de arte enquanto
objecto de transação estética, o que pressupõe um receptor como indispensável pólo do peculiar
processo de intercompreensão representada por essa transição estética.

Admitindo por conseguinte que todo o processo artístico constitui um peculiar fenómeno
comunicativo, julgamos teoricamente indispensável o reconhecimento de que as várias artes
possuem um estatuto comunicacional diferenciado. Esta diferenciação funda-se na natureza
diversa dos signos constituintes do sistema semiótico de cada arte. A literatura, dada a sua
essencial solidariedade semiótica com o sistema da comunicação por excelência de que o
homem dispõe a linguagem verbal, ocupa necessariamente uma posição privilegiada entre
todas as artes.

2.4. A linguística na comunicação literária

É o processo de transmissão de um texto literário, escrito ou oral, de um autor para um leitor


ou receptor.

A comunicação literária escrita processa-se na ausência de um dos interlocutores, a


comunicação literária oral faz-se geralmente na presença, como na comunicação linguística.
Em termos metafóricos, a comunicação linguística exige a presença de um espectador e a
comunicação literária parte da sua ausência.

De acordo com Aguiar & Silva (1984):

Na comunicação literária, a ausência de uma das referidas instâncias reforça poderosamente a


atenção que a outra instância consagra à mensagem, já que na descodificação desta residem as
garantias mais sólidas de superar os efeitos comunicacionais negativos resultantes da
defectividade.

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A comunicação literária é mais complexa do que a comunicação linguística por envolver uma
rede de relações ambíguas entre os seus interlocutores: o código do emissor/autor pode não ser
reconhecido pelo leitor/receptor, mesmo que pertençam à mesma comunidade linguística; a
descodificação da mensagem literária depende de factores subjectivos e ideológicos; o texto
literário é marcado pela conotatividade e pela plurissignificação, o que pode impedir a
comunicação; a mensagem literária é mais marcada por factores culturais e sociais do que uma
mensagem não literária, além de que, por norma, utiliza o livro impresso, o que implica a
dependência de terceiros (editores, livreiros, distribuidores, etc.).

No processo de comunicação literária, um dos elementos do processo geral da comunicação


que mais pode interferir na concretização da comunicação literária é o código, que aqui envolve
subcategorias como a retórica, a poética, a métrica as escolas literárias, os géneros e os modos
literários, etc., cujo conhecimento é fundamental para que a comunicação se concretize em
leitura.

A comunicação linguística não está tão dependente de subcategorias (dialectos, regionalismos,


pronúncias típicas, etc.) como a comunicação literária; não é necessária uma aprendizagem
escolar para se dominar um dialecto, mas é necessário um treino técnico para dominar retórica
de um texto. E portanto, obrigatório o pré-conhecimento de um conjunto de regras pragmáticas
que possibilitam a recepção e compreensão dos textos literários.

2.5. Emissor/ Autor e Narrador na comunicação literária

Segundo Aguiar & Silva (1984), “é uma comunicação do tipo disjuntivo, isto é, ocorre na
ausência, de uma das instâncias designadas por emissor e por receptor e com um lapso temporal
de maior ou menor amplitude entre o momento de emissão e o momento de recepção”.

A comunicação literária é destituída de um contexto de situação idêntico ao contexto de


situação de comunicação linguística, uma vez que este não é bidireccional, ou seja, não há
reversibilidade das funções de emissor e de receptor, esta é unidireccional.

Analisando a figura de emissor, o mesmo autor afirma que o emissor é a instância que produz
a mensagem, e pode também ser designada por fonte. E no contexto da comunicação
literária, são atribuídas ao emissor as designações genéricas de autor, escritor e poeta.
Etimológica e semanticamente, poeta é aquele que faz, que produz e executa; é uma entidade
que faz existir algo que antes não existia.

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Autor é aquele que está na origem de algo, aquele que faz produzir e crescer e que é
também, em conformidade com o uso jurídico do vocábulo, o garante.
Escritor é aquele que utilizando um código grafémico, transmite determinados sinais
através de determinado canal, produzindo mensagens com determinadas características
sintácticas, semânticas e pragmáticas.

O emissor/autor de um texto literário é a instância imediatamente responsável pela produção


desse texto, é sempre um sujeito empírico e histórico, ou seja, é uma entidade física, registada
e identificada o qual podemos contacta-lo e trocar impressões. Contudo, por vezes os textos
literários podem se apresentar como anónimos, apresentando-se sem nome, sem autor isto é
devido à censura ou imposição extrema, como se verifica em certos momentos da história da
humanidade.

Existem outras formas de se apresentar o emissor nos textos literários, por exemplo, alguns
usam pseudónimos, onde o autor assina o texto usando um nome fictício, usa um outro nome
que não seja realmente seu.

Na literatura moçambicana temos como exemplo o escritor Ungulane Ba Ka Khosa, cujo seu
nome de identificação é Francisco Esaú Cossa, mas assina os seus textos usando o primeiro
nome acima citado. Outros autores usam heterónimos, isto é, criam um autor dotado de
personalidade própria, que se torna responsável pela produção do texto.

Um dos exemplos mais significativos do uso desta técnica é o poeta português Fernando
Pessoa, cujos textos eram assinados usando vários heterónimos: Ricardo Reis, Álvaro de
Campos e Alberto Caeiro.

Segundo Aguiar & Silva:

Apresenta-nos algumas possibilidades das quais os emissores podem usar para assinar os seus
textos. Os textos podem ser anónimos, podem ser assinados usando pseudónimo ou heterónimo,
e explica as razões de um texto ser apresentado com um autor anónimo, contudo, não explica as
razões que levam um autor a assinar usando heterónimos.

Na comunicação literária, o narrador é a entidade enunciadora do discurso. O autor


pode criar um ou mais narradores.

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2.6. Feedback na comunicação literária

Enquanto alguns autores como Cesare Segre “negam a possibilidade da existência de feedback
no circuito da comunicação literária, argumentando que o eixo emissor/receptor se fractura,
com solução de continuidade, em dois segmentos, sendo emissor à mensagem e mensagem à
receptor”.

Siegfried Schmidt, “admitem em termos vagos essa possibilidade”.

Para Aguiar & Silva (1988:203):

Afirma a existência de determinados fenómenos que podem ser considerados de feedback,


embora não tenham uma regularidade e precisão tal como acontece noutros tipos de
comunicação, como é o caso de comunicação intermecânica. Por exemplo, quando um autor,
após publicar um texto e após tomar conhecimento das reacções favoráveis dos leitores, incluindo
os críticos, a esse texto, continua a escrever dentro dos mesmos padrões, porque sabe que o
público leitor receberá e consumirá com agrado textos semelhantes. Mas se a reacção dos leitores
e dos críticos for desfavorável, o autor modifica os moldes. A estas situações podemos chamar
de feedback.

Refira-se que o fenómeno de feedback pode ocorrer mesmo após a morte do autor e, nesta
situação as editoras encarregam-se por melhorar os tais aspectos e/ou actualizar os aspectos
formais, com fins comerciais. Ainda o mesmo fenómeno pode ocorrer quando um autor
submete a leitura a alguns leitores e só depois faz os arranjos finais e públicos.

2.7. Criação Literária

De acordo com Aguiar & Silva:

Procuram explicar qual deve ser o conceito a usar no âmbito da comunicação literária, uma vez
que existe uma problemática no concernente ao uso do termo, isto é, qual é o termo que se
enquadra no âmbito da actividade do emissor. A questão é se pode se chamar criação ou
produção. Este autor explica que até meados do século XVIII a poesia e a poética estavam ligadas
ao princípio aristotélico de mimese, representação, imitação. E com o movimento renascentista,
surge a teoria de génio, aquele que cria, que faz as coisas aparecerem do nada, a epifania. O que
se contrapõem à produção, uma vez que a produção implica trabalho, investigação,
observação, etc.

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Segundo Macherey “Defende que o conceito da criação implica o mistério, a epifania, o dom
inexplicável e, por outro lado elimina ou oculta o trabalho real que está na origem da obra
literária”.

Segundo Benjamim, “Sustenta que a arte se encontra dependente de certas técnicas de


produção, que por sua vez se integra num conjunto de relações sociais instituídas entre o
produto artístico e o seu público”.

É neste contexto que o termo produção vai sendo desvalorizado, uma vez que exclui de certa
forma o trabalho, ao olhar o escritor, poeta, autor como um indivíduo dotado de poderes
mágicos.

O texto literário é resultado de trabalho, que é uma actividade ou prática social, desenvolvida
pelos homens em sociedade e, trabalho pressupõe produção de algo. Mas os formalistas russos
preferiam usar o termo ou conceito construção uma vez que o autor tem a sua disposição,
material literário, ao qual impõe um princípio construtor, isto é, a determinada intenção artística
de modo que a obra literária se configura como uma complexa interacção de numerosos
factores.

Os formalistas centram de certa forma para o conceito intertextualidade, uma vez que os textos
mantêm uma relação directa com outros textos da sua época, autores, e de outras regiões.

2.8. Autocomunicação Literária

Segundo Jorij Lotman, citado por Aguiar & Silva:

Em determinadas circunstâncias o emissor de uma mensagem literária coincide com o receptor


da mesma, de modo que o texto funciona num circuito de autocomunicação. Em vez de ser
transmitido de emissor para receptor (AàB) é transmitido de emissor para emissor (AàA). É um
emissor que assume o papel de receptor.

Charles S. Pierce “assumiu este processo intrapessoal de comunicação de que a


autocomunicação literária referida por Lotman é uma manifestação particular, pondo em relevo
que ele ocorre como “um diálogo entre diferentes fases do ego”.

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O fenómeno de autocomunicação literária verifica-se não apenas quando o Emissor/ Receptor
se situa num marco temporário bastante posterior ao de emissão mas sempre que o autor, num
esforço de análise crítica da sua produção, se transforma num leitor observador- juiz. Quer
dizer, quando o autor lê o seu próprio texto, ele é outro em relação a instância da emissão.

Entendemos com isto que a autocomunicação a pessoa que produz um texto é a mesma que lê
o seu próprio texto, constituindo-se assim numa heterocomunicação intra-individual e não uma
heterocomunicação interindividual.

2.9. Sistema e Código Literário

Na comunicação literária o sistema e o código literários desempenham uma função


preponderante e distinta entre o emissor e receptor. Para o emissor, funcionam como regras
constitutivas que possibilitam e condicionam a escrita do texto e conduzem a produção de algo
que não existia, ao passo que, em relação ao receptor funcionam como um conjunto de regras
normativas que asseguram e regulam a legibilidade de um texto já existente, embora esta
legibilidade se actualize em leituras que se aproxima a uma reprodução do texto.

2.10. Canal e mensagem na comunicação literária

São aspectos que constituem o processo geral de comunicação, mas operam de maneira
diferente quando se trata de comunicação literária.

Canal é o meio pelo qual a mensagem literária é comunicada. É normalmente escrito, embora
possa ser verbal quando um poema é recitado, um monólogo é contado ou cantado. Canal
corresponde ao local (meio) onde a mensagem será transmitida, por exemplo, jornal, livro,
revista, televisão, telefone, dentre outros.

Na teoria da comunicação literária, a mensagem é a manifestação física da informação


produzida por uma fonte de informação e que se destina a alguém. Na prática, todo o texto
escrito que se envia a alguém ilustra uma mensagem, concebida como uma um conjunto
organizado de signos linguísticos. A ideia de sequência ordenada é também exigida na
cibernética, onde o conceito representa uma sequência simples de sinais binários.

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2.11. Redundância e ruído na comunicação literária

A redundância, também conhecida como pleonasmo, é uma figura de linguagem. Ela


consiste em usar palavras que não são necessárias à expressão, por exemplo: elo de
ligação. O termo “de ligação” é desnecessário, uma vez que a palavra “elo” já pressupõe
ligação.

A redundância é muito utilizada na Literatura como recurso de estilo ou como recurso de


linguagem. Porém, fora do âmbito literário ela empobrece o texto e deve ser evitada.

Há algumas expressões que são usadas automaticamente, mas que, se o escritor parar e refletir,
verá que são casos de pleonasmo. Algumas formas de pleonasmo são: goteira no teto,
hemorragia de sangue, subiu lá para cima, desceu lá para baixo, inventar coisas novas, dar
doações e voltar para trás.

Ruído na comunicação, ele ocorre quando a mensagem não é descodificada de forma


correta pelo interlocutor, por exemplo, o código utilizado pelo locutor, desconhecido
pelo interlocutor; barulho do local; voz baixa; dentre outros.

2.12. Memória do Sistema Literário

A memória do sistema semiótico literário é constituída pelo banco de dados do sistema, ou


seja, pelo conjunto de signos, de normas e de convenções que, num dado momento histórico,
existem no âmbito do sistema, atinentes a todos os códigos.

A memória representa, em termos semióticos, a chamada tradição literária, que não deve ser
identificada com uma inerte ou indiferenciada acumulação diacrónica de elementos, já que a
memória, em cada estádio sincrónico do sistema, se encontra organizada e valorada
sistematicamente. Sem a memória, o sistema não funcionaria (os códigos não podem
obviamente ser gerados na ausência da memória).

2.13. Destinatário, Receptor e Leitor na comunicação literária

O destinatário de uma mensagem é a entidade, com capacidade semiótica efectiva ou apenas


simbólico-imaginário, a qual o autor empírico ou o autor textual, nuns casos explicitamente,
noutros casos de modo implícito endereçam essa mesma mensagem.

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O receptor de uma mensagem é a entidade com capacidade semiótica efectiva, que em
condições apropriadas pode modificar essa mensagem.

O leitor pretendido ou visado, de leitor ideal e de leitor real, importa referir o conceito de leitor
empírico proposto e difundido por Wolfgang Iser nos seus estudos sobre a teoria da resposta
literária. O texto literário só alcança existência plena ao ser lido como texto literário, ao ser
objecto de leituras efectuadas por um número indefinido de leitores reais.

2.14. Estética na comunicação literária

A disjunção e o diferimento não constituem predicados específicos da comunicação literária,


pois que também caracterizam a comunicação linguística que se processa através da escrita,
quer se trate de uma carta, de um relatório, etc. O que se apresenta, porém, como especifico da
comunicação literária e a distingue de toda a comunicação linguística, tanto oral como escrita
é o facto de ela se realizar em conformidade com um especial conjunto de regras pragmáticas
que se pode dar o nome de ficcionalidade.

2.15. Leitura Literária

Não basta possuir uma razoável ou mesmo boa, competência linguística para se poder realizar,
em condições apropriadas, uma leitura literária de um texto literário. Os significados não estão
no texto, como muitas vezes se afirmar em jeito de lugar-comum e como, com perfeita
consciência teorética.

Os significados do texto literário são produzidos na transação do leitor com o texto, no diálogo
que se estabelece entre o leitor e o texto, no jogo das perguntas que o leitor formula ao texto e
das respostas que o texto vai proporcionando ao leitor. O leitor percepciona a manifestação
linear textual, isto é, a superfície lexemática do texto ou a estrutura de superfície do texto.

2.16. Metacomunicação e pragmática da comunicação

A metacomunicação constitui uma comunicação secundária a que pode dar lugar a


comunicação originária do texto literário: o receptor, após realizar a concretização de um
determinado texto literário, produz um novo texto cuja existência pressupõe necessariamente,
de modo explícito e imediato, a existência daquele outro texto, transformando-se desde modo
o receptor do processo da comunicação originária num emissor que dirige a outros receptores

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– os quais podem ser leitores ou ouvintes ou leitores – ouvintes – e assim se originando, a partir
de um acto de comunicação.

Nesta perspectiva, o texto do processo da comunicação originária configura-se como um


prototexto e o texto da metacomunicação como um texto derivado ou como um metatexto, cuja
ontologia se funda na ontologia do prototexto, embora o texto derivado se constitua e funcione
com uma lógica e até com uma axiologia próprias.

Na comunicação literária, a pragmática, o sentido de tudo está na utilidade, no efeito prático


que os atos de fala podem gerar. Para ela, o que realmente importa é a comunicação e o
funcionamento da linguagem entre os usuários, concentrando-se nos processos de inferência
pelos quais compreendemos o que está implícito.

Observe alguns exemplos:

Exemplo:

Falante 1: — Nossa, as janelas estão todas abertas! Como está frio aqui!
Falante 2: — Só um momento, irei fechá-las.

Embora o falante 1 não tenha solicitado expressamente que as janelas fossem fechadas, o
falante 2 inferiu, por meio da análise do que foi dito por seu interlocutor, que, para eliminar o
frio, deveria fechar as janelas, intenção implícita no discurso do falante 1.

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3. CONCLUSÃO

Conforme as pesquisas feitas, consuma- se que, a linguagem deve ser estudada em toda a
variedade das suas funções. Para se ter uma ideia geral dessas funções, é necessária uma
perspectiva sumária dos factores constitutivos de todos os processos linguísticos e de todos os
actos de comunicação verbal.

Entretanto, o emissor envia uma mensagem ao destinatário. A mensagem deve ter um contexto
a que se refere; um código total ou parcialmente comum ao codificador e ao descodificador da
mensagem; e, finalmente, um contacto, um canal e uma conexão psicológica entre o emissor e
o receptor, que os capacite a entrarem e permanecerem em comunicação.

Portanto, o acto de comunicar-se é essencial tanto para os seres humanos e os animais, uma
vez que através da comunicação partilhamos informações e adquirimos conhecimentos. Note
que somos seres sociais e culturais. Ou seja, vivemos em sociedade e criamos culturas as quais
são construídas através do conjunto de conhecimentos que adquirimos por meio da linguagem,
explorada nos actos de comunicação.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Fonseca, J. J. S. (2002). Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC.

Aguiar & Silva. (1998). Teoria da Literatura. (8ª edição). Coimbra: Almedina.

Dicionário de Língua Portuguesa. (2003). Lisboa: Texto Editora.

Santaella, L. (1983). O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense.

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