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"Elementos da comunicação dizem respeito a cada aspecto presente no fluxo comunicativo, desde o

momento em que a mensagem é emitida, até quando é recebida e compreendida. É importante


salientar que esses elementos estão presentes em qualquer tipo de comunicação e podem sofrer
alterações para adequarem-se ao contexto em questão. São eles:

emissor;

receptor;

mensagem;

canal;

código;

contexto."

Veja mais sobre "Elementos da comunicação" em:


https://brasilescola.uol.com.br/redacao/elementos-presentes-no-ato-comunicacao.htm

"Características dos elementos da comunicação

Essa estrutura com a presença de seis elementos da comunicação foi divulgada por Roman
Jakobson, linguista russo e um dos grandes teóricos que apresentaram ao mundo estudos referentes
à linguagem e à comunicação.

De acordo com os seus estudos, em todos os atos comunicativos podemos perceber a presença de
seis elementos: emissor (locutor), receptor (interlocutor), mensagem, canal, código e referente. Na
ausência ou no mau uso de um dos elementos, diz-se que houve ruído na comunicação, o que
significa dizer que ela não foi bem-sucedida. Nesse sentido, é importante conhecermos os
elementos, para que possamos fazer um bom uso deles e estabelecermos atos comunicativos
eficazes.

Emissor ou locutor — quem elabora a mensagem, quem diz.

Receptor ou interlocutor — a quem a mensagem é dirigida, por quem ela é captada.


Mensagem — texto verbal ou não verbal propriamente dito, é a estrutura textual.

Referente ou contexto — o assunto que perpassa o ato comunicativo.

Canal ou veículo — o meio pelo qual a mensagem é difundida, divulgada, o seu veículo condutor.

Código — a forma como a mensagem organiza-se, é um conjunto de sinais organizados de maneira


que tanto o locutor quanto o interlocutor conheçam e tenham acesso.

Para melhor ilustrarmos os elementos, tomemos como exemplo uma aula expositiva, ministrada por
uma professora de língua portuguesa sobre elementos da comunicação.

A locutora seria a professora.

Os interlocutores seriam os estudantes.

A mensagem seria o texto verbal oral elaborado pela professora em seu ato de fala.

O referente seria elementos da comunicação, o assunto da aula.

O canal seria a voz da professora, impulsionada pelo ar que entra e sai de seus pulmões, utilizando-
se também de seu aparelho fonador.

O código seria a língua portuguesa."

Veja mais sobre "Elementos da comunicação" em:


https://brasilescola.uol.com.br/redacao/elementos-presentes-no-ato-comunicacao.htm

Comunicação literária
Comunicação literária
1.1. Semiose e comunicação
Todo o processo de semiose apresenta três dimensões: a dimensão sintáctica, a dimensão semântica
e a dimensão pragmática.

 A dimensão sintáctica é a relação formal dos sinais uns com os outros.


 A dimensão semântica é a relação dos veículos sígnicos com os seus designatas (autores) e
os seus denotata (leitores). Esta relação tem a ver com o significado.
 A dimensão pragmática é a relação dos sinais com os interpretantes e, portanto, com os
intérpretes.
A semiose só é possível no âmbito de sistemas de significação e de comunicação, isto é, no âmbito
de todo o conjunto de veículos sígnicos inter-subjectivo cujo uso é determinado pelas regras
sintácticas, semânticas e pragmáticas.
A dimensão pragmática da semiose implica que todo o texto, na acepção semiótica de sequência de
sinais ordenados segundo as regras de determinado código, se constitua e funcione como tal apenas
no quadro de um sistema de comunicação. Neste quadro, segundo Charles Morris,
um intérprete representa a instância de produção semiótica e o/os outro (s) representa (m) a
instância da recepção.

Os textos da semiose estética, embora dentro de um condicionalismo peculiar, são por conseguinte,
fenómenos de comunicação.

1.2. Semiótica da significação e semiótica da comunicação


Um dos problemas mais controversos da semiótica tem consistido na dificuldade de estabelecer,
fundamentar e descrever a tipologia da semiótica, isto é, o espaço que nela ocupam o fenómeno da
comunicação e o fenómeno da significação. O problema prevalece na medida em que se torna difícil:

 Identificar as relações existentes entre sistemas semióticos de significação e sistemas


semióticos de comunicação;
 Responder se a semiótica tem como objecto de estudo apenas a comunicação ou apenas a
significação;
 Compreender se é possível ou necessário conciliar a semiótica da significação e a semiótica
da comunicação.
Para Eric Buyssens (apud Aguiar e Silva, 1988:186), o objectivo da semiologia é o estudo dos
processos de comunicação.

1.3. A comunicação artística


Alguns autores denegam a arte à natureza de fenómeno comunicativo, atribuindo-lhe tão-somente a
natureza de fenómeno expressivo (ou apresentando, quando muito, a comunicação artística como
um epifenómeno da expressão originária e substantiva).

O processo da produção artística ignora que a obra de arte só existe qua obra de arte enquanto
objecto de transacção estética, o que pressupõe um receptor como indispensável pólo do peculiar
processo de intercompreensão representada por essa transição estética. (ibid)

Admitindo por conseguinte que todo o processo artístico constitui um peculiar fenómeno
comunicativo, julgamos teoricamente indispensável o reconhecimento de que as várias artes
possuem um estatuto comunicacional diferenciado. Esta diferenciação funda-se na natureza diversa
dos signos constituintes do sistema semiótico de cada arte. A literatura, dada a sua essencial
solidariedade semiótica com o sistema da comunicação por excelência de que o homem dispõe a
linguagem verbal, ocupa necessariamente uma posição privilegiada entre todas as artes.
1.4. Comunicação linguística e comunicação literária
É o processo de transmissão de um texto literário, escrito ou oral, de um autor para um leitor ou
receptor. A comunicação literária escrita processa-se na ausência de um dos interlocutores, a
comunicação literária oral faz-se geralmente na presença, como na comunicação linguística. Em
termos metafóricos, a comunicação linguística exige a presença de um espectador e a comunicação
literária parte da sua ausência.

Como observa Aguiar e Silva, na comunicação literária “a ausência de uma das referidas instâncias
reforça poderosamente a atenção que a outra instância consagra à mensagem, [...] já que na
descodificação desta residem as garantias mais sólidas de superar os efeitos comunicacionais
negativos resultantes da defectividade”. [Teoria da Literatura 4ª ed. Almedina, Coimbra, 194]

A comunicação literária é mais complexa do que a comunicação linguística por envolver uma rede de
relações ambíguas entre os seus interlocutores: o código do emissor/autor pode não ser
reconhecido pelo leitor/receptor, mesmo que pertençam à mesma comunidade linguística; a
descodificação da mensagem literária depende de factores subjectivos e ideológicos; o texto literário
é marcado pela conotatividade e pela plurissignificação, o que pode impedir a comunicação; a
mensagem literária é mais marcada por factores culturais e sociais do que uma mensagem não
literária, além de que, por norma, utiliza o livro impresso, o que implica a dependência de terceiros
[editores, livreiros, distribuidores, etc.]. No processo de comunicação literária, um dos elementos do
processo geral da comunicação que mais pode interferir na concretização da comunicação literária é
o código, que aqui envolve subcategorias como a retórica, a poética, a métrica as escolas literárias,
os géneros e os modos literários, etc., cujo conhecimento é fundamental para que a comunicação se
concretize em leitura. A comunicação linguística não está tão dependente de subcategorias
[dialectos, regionalismos, pronúncias típicas, etc.] como a comunicação literária; não é necessária
uma aprendizagem escolar para se dominar um dialecto, mas é necessário um treino técnico para
dominar retórica de um texto. E portanto, obrigatório o pré-conhecimento de um conjunto de regras
pragmáticas que possibilitam a recepção e compreensão dos textos literários. A este conjunto de
regras chamou Siegfried J. Schmidt nalidade [“Towards a Pragmatic Interpretation of
‘Fectionality’“,in T.A.Van Djik,1976]

A transmissão interpessoal de ideias, sentimentos e atitudes que caracteriza a comunicação, em


geral segue, salvo as devidas excepções, um padrão; á frase “Prazer de conhece-lo” deve seguir-se
uma resposta do tipo “Muito obrigado. O prazer é meu.”

Na comunicação literária, o emissor /autor procura fugir a este tipo de discurso padronizado,

na tentativa de criar um texto original. Numa situação idêntica autor literário procura outras

modulações mais críticas como neste caso “O senhor conhece-me?” - perguntou ele.

“Conheço muito bem” - respondi eu. É o senhor Belchior Pereira “Para o servir e amar, se

nisto lhe dou prazer” [Camilo Castelo Branco, Vinte Horas de Liteiras 1964].
Outra diferença reside no controlo que o emissor/autor tem sobre os elementos não desejados no
processo de comunicação, que podem interferir e alterar o sinal; são os denominados ruídos; na
comunicação literária, o emissor/autor controla e pode servir-se literariamente desses ruídos
inscrevendo-os no discurso, criando factores de suspenso na narrativa, por exemplo, produzindo
marcas originais no seu discurso. Por exemplo, na poesia futurista ou experimentalista integra-se
onomatopeias e sinais gráficos não convencionais nos seus textos. O ruído pode ser assim um
elemento que marca a originalidade ou a expressividade do texto literário e não apenas um
obstáculo físico ou fenomenal à comunicação.

Segundo Buyssens, semiologia é o estudo de processos de comunicação. Todos os processos de


comunicação funde-se numa relação social e todos os actos comunicativos se realizam através de
meios convencionais e de manifestações intencionais, o que equivale afirmar que a semiologia não
estuda os indícios (naturais, involuntários, de carácter individual) mas os sinais (convencionais,
voluntários, de carácter social).

Buyssens, em rigor, não contrapõe a significação à comunicação, mas sublinha com ênfase que a
significação constitui um fenómeno social, cuja análise só pode ser adequadamente analisado numa
perspectiva comunicacional.

1.5. O fenómeno de feedback na comunicação literária


Será que no processo da comunicação, que é disjuntivo e unidireccional podem ocorrer no seu
circuito os efeitos de feedback (retrojeção da reacção do receptor)?

Enquanto alguns autores como Cesare Segre negam a possibilidade da existência de feedback no
circuito da comunicação literária, argumentando que o eixo emissor/receptor se fractura, com
solução de continuidade, em dois segmentos, sendo emissor  mensagem e
mensagem  receptor, outros autores, porém, como Siegfried Schmidt, admitem em termos vagos
essa possibilidade.

Aguiar e Silva (1988:203) afirma a existência de determinados fenómenos que podem ser
considerados de feedback, embora não tenham uma regularidade e precisão tal como acontece
noutros tipos de comunicação, como é o caso de comunicação intermecânica. Por exemplo, quando
um autor, após publicar um texto e após tomar conhecimento das reacções favoráveis dos leitores,
incluindo os críticos, a esse texto, continua a escrever dentro dos mesmos padrões, porque sabe que
o público leitor receberá e consumirá com agrado textos semelhantes. Mas se a reacção dos leitores
e dos críticos for desfavorável, o autor modifica os moldes. A estas situações podemos chamar
de feedback.

Refira-se que o fenómeno de feedback pode ocorrer mesmo após a morte do autor e, nesta situação
as editoras encarregam-se por melhorar os tais aspectos e/ou actualizar os aspectos formais, com
fins comerciais. Ainda o mesmo fenómeno pode ocorrer quando um autor submete a leitura a
alguns leitores e só depois faz os arranjos finais e públicos.

1.6. Emissor
A comunicação literária, segundo Aguiar e Silva (1984), é uma comunicação do tipo disjuntivo, isto é,
ocorre na ausência, de uma das instâncias designadas por emissor e por receptor e com um lapso
temporal de maior ou menor amplitude entre o momento de emissão e o momento de recepção.
A comunicação literária é destituída de um contexto de situação idêntico ao contexto de situação de
comunicação linguística, uma vez que este não é bidireccional, ou seja, não há reversibilidade das
funções de emissor e de receptor, esta é unidireccional.

Analisando a figura de emissor, o mesmo autor afirma que o emissor é a instância que produz a
mensagem, e pode também ser designada por fonte. E no contexto da comunicação literária, são
atribuídas ao emissor as designações genéricas de autor, escritor e poeta. Etimológica e
semanticamente, poeta é aquele que faz, que produz e executa; é uma entidade que faz existir algo
que antes não existia.

Autor é aquele que está na origem de algo, aquele que faz produzir e crescer e que é também, em
conformidade com o uso jurídico do vocábulo, o garante. Escritor é aquele que utilizando um código
grafémico, transmite determinados sinais através de determinado canal, produzindo mensagens
com determinadas características sintácticas, semânticas e pragmáticas.

O emissor/autor de um texto literário é a instância imediatamente responsável pela produção desse


texto, é sempre um sujeito empírico e histórico, ou seja, é uma entidade física, registada e
identificada o qual podemos contacta-lo e trocar impressões. Contudo, por vezes os textos literários
podem se apresentar como anónimos, apresentando-se sem nome, sem autor isto é devido à
censura ou imposição extrema, como se verifica em certos momentos da história da humanidade.
Existem outras formas de se apresentar o emissor nos textos literários, por exemplo, alguns usam
pseudónimos, onde o autor assina o texto usando um nome fictício, usa um outro nome que não
seja realmente seu. Na literatura moçambicana temos como exemplo o escritor Ungulane Ba Ka
Khosa, cujo seu nome de identificação é Francisco Esaú Cossa, mas assina os seus textos usando o
primeiro nome acima citado.

Outros autores usam heterónimos, isto é, criam um autor dotado de personalidade própria, que se
torna responsável pela produção do texto. Um dos exemplos mais significativos do uso desta técnica
é o poeta português Fernando Pessoa, cujos textos eram assinados usando vários heterónimos:
Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.

Aguiar e Silva apresenta-nos algumas possibilidades das quais os emissores podem usar para assinar
os seus textos. Os textos podem ser anónimos, podem ser assinados usando pseudónimo ou
heterónimo, e explica as razões de um texto ser apresentado com um autor anónimo, contudo, não
explica as razões que levam um autor a assinar usando heterónimos.

1.7. Criação ou produção literária


Neste capítulo Aguiar e Silva procura explicar qual deve ser o conceito a usar no âmbito da
comunicação literária, uma vez que existe uma problemática no concernente ao uso do termo, isto
é, qual é o termo que se enquadra no âmbito da actividade do emissor. A questão é se pode se
chamar criação ou produção. Este autor explica que até meados do século XVIII a poesia e a poética
estavam ligadas ao princípio aristotélico de mimese, representação, imitação. E com o movimento
renascentista, surge a teoria de génio, aquele que cria, que faz as coisas aparecerem do nada, a
epifania. O que se contrapõem à produção, uma vez que a produção implica trabalho, investigação,
observação, etc.

E para tal recorre a pontos de vista adoptados por alguns autores, por exemplo, cita Macherey, que
defende que o conceito da criação implica o mistério, a epifania, o dom inexplicável e, por outro
lado elimina ou oculta o trabalho real que está na origem da obra literária; e Benjamim que sustenta
que a arte se encontra dependente de certas técnicas de produção, que por sua vez se integra num
conjunto de relações sociais instituídas entre o produto artístico e o seu público. É neste contexto
que o termo produção vai sendo desvalorizado, uma vez que exclui de certa forma o trabalho, ao
olhar o escritor, poeta, autor como um indivíduo dotado de poderes mágicos.

O texto literário é resultado de trabalho, que é uma actividade ou prática social, desenvolvida pelos
homens em sociedade e, trabalho pressupõe produção de algo. Mas os formalistas russos preferiam
usar o termo ou conceito construção uma vez que o autor tem a sua disposição, material literário, ao
qual impõe um princípio construtor, isto é, a determinada intenção artística de modo que a obra
literária se configura como uma complexa interacção de numerosos factores. Os formalistas centram
de certa forma para o conceito intertextualidade, uma vez que os textos mantêm uma relação
directa com outros textos da sua época, autores, e de outras regiões.

1.8. Autor empírico, autor textual, narrador


Na comunicação literária o autor é o agente primordial responsável da enunciação literária. De
acordo com Aguiar e Silva, enunciação literária é a operação individual através da qual o autor se
apropria apenas da língua literária.

Nos textos literários podem-se identificar o autor empírico, o autor textual e o narrador.

 O autor empírico é a pessoa real, o ser de carne e osso integrado dentro de uma sociedade
identificável, aquele que existe no mundo natural, cujo nome civil figura, de uma maneira geral nas
capas das suas obras.
 O autor textual é uma espécie do "segundo eu", inseparável à uma obra. Este é criado pelo
autor, a sua existência só se efectiva no texto literário, tem o papel de enunciador do texto e a sua
imagem varia de leitor para leitor, vista a sua natureza ficcional.
 O narrador é a entidade enunciadora do discurso. O autor pode criar um ou mais
narradores.

1.9. Variabilidade diacrónica da relevância do emissor


Numa perspectiva diacrónica a relevância do emissor na comunicação literária é bastante variável,
em estreita conexão com os códigos culturais e mais particularmente com o código literário
prevalecente nos diversos períodos históricos. Na literatura medieval (séc. XII) o emissor usufruiu
duma débil relevância, bem assim a própria noção de autor, como observa Paul Zumthor.

Na literatura do humanismo renascentista o conceito de autor como criador é progenitor de obras


literárias adquire nova dimensão.

Já na literatura barroca coexistem dois modelos de comunicação, um orientado para o emissor (nos
textos em que predominam uma complexidade e um refinamento semânticos e técnico-estilísticos)
e outro orientado para o receptor (nos textos que pelas suas características sémicas e formais
podem ser classificados como “literatura popular” ou “literatura de massas”).

1.10. O emissor e a poética formalista


A teoria formalista tende a abolir o pólo da comunicação literária constituído pelo emissor. A mesma
teoria liga o autor à obra, olhando-se o autor como uma máscara e uma ficção criada na obra. Para
estes, o autor cria a obra e a obra cria o seu autor. Os mesmos desvalorizam o autor/emissor,
centrando-se na análise da obra literária em si, olhando para esta como uma convenção e não como
imagem de uma vivência, algo que estabelece a relação entre a realidade e a ficção poética.

O formalismo exclui o autor, considerando-o irrelevante para a interpretação da obra e centra-se


somente nos elementos textuais.

1.11. A supressão do autor/emissor na poética contemporânea


A poética contemporânea continua sendo influenciada em grande medida pelos princípios
formalistas de transcendência do texto literário em relação ao autor e a eliminação radical do
emissor/autor representa uma manifestação de um princípio filosófico e ideológico mais amplo e
profundo que atingiu o seu ponto mais alto na década de sessenta do século XX.

Do ponto de vista filosófico, a supressão do autor é motivada pelo facto de o homem não dispor da
linguagem, e é a linguagem que dispõe do homem, uma vez que o significado de uma obra
ultrapassa o seu autor.

A supressão do autor/emissor na poética contemporânea pode ser justificada pelo facto de se


considerar o autor como um ser variável uma vez que, dispondo de material literário, ele vai
destruindo e construindo textos, estabelecendo sempre um diálogo com outros textos, renovando-
os, imitando-os, etc.

A supressão do autor/emissor pode ser de certa forma devida pelo facto de tentar dotar a obra de
certos aspectos atemporais, bem como motivado por factores socioeconómicos, históricos, etc.

1.12. Autocomunição literária


Segundo Jorij Lotman citado por Aguiar e Silva, em determinadas circunstâncias o emissor de uma
mensagem literária coincide com o receptor da mesma, de modo que o texto funciona num circuito
de autocomunicação. Em vez de ser transmitido de emissor para receptor (AB) é transmitido de
emissor para emissor (AA). É um emissor que assume o papel de receptor. Charles S. Pierce
assumiu este processo intrapessoal de comunicação de que a autocomunicação literária referida por
Lotman é uma manifestação particular, pondo em relevo que ele ocorre como “um diálogo entre
diferentes fases do ego”.

O fenómeno de autocomunicação literária verifica-se não apenas quando o Emissor/ Receptor se


situa num marco temporário bastante posterior ao de emissão mas sempre que o autor, num
esforço de análise crítica da sua produção, se transforma num leitor-observador-juiz. Quer dizer,
quando o autor lê o seu próprio texto, ele é outro em relação a instância da emissão.

Entendemos com isto que a autocomunicação a pessoa que produz um texto é a mesma que lê o
seu próprio texto, constituindo-se assim numa heterocomunicação intra-individual e não uma
heterocomunicação interindividual.

1.13. O sistema e o código literário


Na comunicação literária o sistema e o código literários desempenham uma função preponderante e
distinta entre o emissor e receptor. Para o emissor, funcionam como regras constitutivas que
possibilitam e condicionam a escrita do texto e conduzem a produção de algo que não existia, ao
passo que, em relação ao receptor funcionam como um conjunto de regras normativas que
asseguram e regulam a legibilidade de um texto já existente, embora esta legibilidade se actualize
em leituras que se aproxima a uma reprodução do texto.
1.14. A memória do sistema literário
A memória do sistema semiótico literário é constituída pelo banco de dados do sistema, ou seja,
pelo conjunto de signos, de normas e de convenções que, num dado momento histórico, existem no
âmbito do sistema, atinentes a todos os códigos. A memória representa, em termos semióticos, a
chamada tradição literária, que não deve ser identificada com uma inerte ou indiferenciada
acumulação diacrónica de elementos, já que a memoria, em cada estádio sincrónico do sistema, se
encontra organizada e valorada sistematicamente. Sem a memória, o sistema não funcionaria (os
códigos não podem obviamente ser gerados na ausência da memória).

1.15. Estabilidade e mudança no sistema literário


Os problemas da impositividade variável do código literário e das atitudes de aceitação, de inovação
transformadora e de ruptura que o emissor pode adoptar perante as suas normas e convenções
estão em relação imediata com os problemas da estabilidade e da mudança no sistema semiótico
literário. E todas estas questões, como é óbvio, se revestem de primordial relevância para o
processo de comunicação literária.

Em todo o sistema cultural – como em qualquer sistema biológico ou físico -, verifica-se uma forte
tendência para a homeostase, isto é, para a conservação de um estádio do equilíbrio entretanto
alcançado, mantendo-se constantes as entidades, as normas e a teleonomia do sistema. Esta
tendência homeostática pode ser reforçada pela rigorosa articulação do sistema, pela alta
impositividade do seu código.

Para preservar essencialmente inalterado o sistema, mediante a introdução de alguns ajustamentos


e de algumas modificações, a homeorrese ao mudar “alguma coisa” possibilita que a estabilidade do
sistema não seja afectada. Ernst Gombrich ao estudar tal problemática sobretudo no âmbito das
artes plásticas, designou esta tendência homeostatica como a lei da continuidade ou a lei das
tradições.

A homestase do sistema semiótico literário representa uma condição indispensável da comunicação


literária, pois que sem ela, tornar-se-ia radicalmente aleatória a produção literária, desapareceria o
fundamento da intersecção parcial dos códigos dos emissores e dos receptores, careceria de sentido
o ensino da literatura, etc. Sem homeostase em rigor, dissolver-se-ia o sistema semiótico literário.

O fenómeno de homeostase relativamente ao sistema literário tem usufruído de uma estabilidade


de longa duração em certos períodos históricos. Exemplo, o código petrarquista permaneceu activo
e modificado nos seus elementos fundamentais, em várias literaturas europeias; o código barroco
em literaturas como portuguesa e espanhola manteve-se predominante durante cerca de século e
meio; os códigos de certos géneros literários como a tragédia e o poema épico clássicos subsistiram,
embora com variações e com alguns hiatos temporais, desde o século XVI ate ao advento do
romantismo. Noutros períodos históricos, porém, a estabilidade do sistema literário revela-se menos
duradouro e até mesmo precária, manifestando-se os códigos literários como mecanismos
semióticos fluidos, de impositividade débeis e acentuadamente lábeis.

2. Conclusão
Confrontadas as obras que se debruçam sobre o assunto proposto a ser abordado neste tema,
conclui-se que toda a actividade semiótica comporta três dimensões: sintáctica, semântica e
pragmática, e que não se pode separar a semiótica de comunicação da semiótica de significação,
uma vez que estes dois fenómenos constituem inseparavelmente o objecto de estudo da semiologia.

Ainda nas mesmas leituras inferimos que a comunicação literária decorre num processo de
transmissão de mensagem de um autor a um leitor. Este processo depende de vários elementos tais
como o conhecimento pelos interlocutores do código e do domínio das regras do mesmo código
usado na comunicação.

Os formalistas consideravam irrelevante o autor para a análise de uma obra literária, pois, segundo
eles, esta é maior do que aquele, razão pela qual tendiam a suprimir o autor/emissor. Esta tendência
continua a ganhar espaço nos dias de hoje.

Sem a memória, o sistema literário não funcionaria porque os códigos não podem obviamente ser
gerados na ausência da memória. Concluímos também que este mesmo sistema não é estático em
termos de regras e códigos usados na comunicação literária podendo a sua estabilidade ser mais ou
menos duradoura num determinado período histórico.

3. Bibliografia

AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 6ª ed., Coimbra, Livraria Almedina, 1984

AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 8ª ed., Coimbra, Almedina, 1988

AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria e Metodologia Literárias, Lisboa, Universidade Aberta,
2004

DIDCIONÁRIO DE LINGUA PORTUGUESA. 8ª ed., Lisboa, Texto Editora, 2003

GRANDE DICIONÁRIO DE LINGUA PORTUGUESA. Porto, Porto Editora, 2004


Troca verbal intersubjectiva, in praesentia, entre pelo menos dois falantes.
Toda a situação de comunicação linguística pressupõe a existência de um
falante ou locutor que troca informação com um interlocutor ou alocutório,
num dado contexto situacional. Este tipo de comunicação verifica-se no
quotidiano, estando presente em todos os actos linguísticos, como as
telecomunicações, por exemplo. Numa conversação telefónica, numa
conversação cibernáutica simples ou numa conversação por
videoconferência, por exemplo, a situação de comunicação baseia-se na
troca de mensagens de um ponto para outro, na condição
da mensagem estar linguisticamente codificada. Esta condição não é
diferente numa situação comunicacional mais simples: em qualquer caso, a
codificação da mensagem refere-se à organização dos termos que a
compõem num sistema lógico de signos reconhecíveis (descodificáveis) por
um grupo de falantes. A codificação da mensagem na comunicação
linguística é um processo convencional que se preestabelece entre os
falantes de uma língua.
A linguística estrutural tem proposto conhecidos esquemas da comunicação
linguística, que envolvem a existência de um emissor ou destinador e
um receptor ou destinatário, que trocam entre si uma mensagem, inscrita
num código, e que, através de um canal de comunicação ou contacto,
permite estabelecer a comunicação num dado contexto. É Roman Jakobson
quem nos sugere o seguinte esquema:
Contexto
Remetente —— Mensagem —— Destinatário
Contacto
Código
Cada um destes factores da comunicação linguística corresponde a
uma função da linguagem: expressiva (emissor), referencial (referente),
apelativa ou conativa (receptor), fática (canal ou contacto), metalinguística
(código) e poética (mensagem).

O emissor (ou locutor) – É a pessoa que emite a


mensagem.

Receptor (ou interlocutor) – É a pessoa a quem a


mensagem é remetida.

A mensagem – Constitui a essência do que se propõe a


dizer, ou seja, o conteúdo contido na informação.

O código – Representa o conjunto de signos linguísticos


combinados entre si, de acordo com o conhecimento do
falante em relação à língua materna.

O canal – Trata-se do meio pelo qual a mensagem é


transmitida, seja por livros, meios de comunicação de
massa, entre outros.

O contexto ou referente – É o objeto, assunto ou lugar a


que
Os recursos linguísticos são extremamente importantes na composição de um texto
claro e objetivo, são importantes para trazer criatividade a composição textual. Os
recursos linguísticos podem ser divididos em 3 grupos, que são: elementos
coesivos, elementos enfáticos e elementos retóricos. Abaixo é possível conferir
alguns recursos que ajudarão a incrementar seus textos.

Recursos linguísticos e suas aplicações


Advérbios
São utilizados para dar ênfase em algum contexto, o uso sozinho do advérbio pode
não indicar nenhuma ênfase, isso vai depender da sua posição na sentença.

Assíndeto
Consiste na utilização da conjunção ”e”, é utilizado para dar determinado valor a
sentença.

Anáfora
Consiste na repetição da palavra ou expressão, no início de uma série de versos.
Esse recurso, na linguagem poética, é perfeitamente possível. Na linguagem formal,
na dissertação, a repetição abusiva pode não levar ao mesmo resultado. Por isso
evite esse recurso no seu texto formal ou utilize-o com critério e consciência.

Antítese
Consiste no contraste entre dois elementos ou ideias. Utilizado para contrastar
elementos e muitas vezes passando a ideia de oposição.

Conectores
São palavras utilizadas para criar conexão entre as frases e os parágrafos do texto.
Os conectores podem ser de tempo ( depois, antes), conclusão ( em resumo, juntos,
em soma), hierarquia (primeiro, segundo).

Comparação
Consiste em confrontar duas realidades distintas para realçar analogias ou
diferenças. A comparação traz a possibilidade de enfatizar determinada sentença ou
elemento.

Metáfora
Consiste numa espécie de comparação à qual falta o primeiro termo e a partícula
comparativa, que geralmente está abreviado ou subtendido. Através da metáfora é
possível comparar dois elementos diferentes.

Ironia
Consiste em atribuir às palavras um significado diferente daquele que na realidade
têm, sugerindo, em geral, o contrário do que quer, de fato, dizer. A ironia cabe se
utilizar quando deseja enfatizar algo contrário à realidade de determinada frase.
Eufemismo
Consiste no uso de uma expressão por outra, para evitar ou atenuar o efeito
desagradável que esta última produzia.

Hipérbole
Consiste em um uso exagerado de termos a fim de dar ênfase ao pensamento.

Símile
É utilizado como uma forma de comparação em elementos de que certa forma se
assemelha, é utilizada comumente pela palavra “como”.

a mensagem faz referência.

Processo de transmissão de um texto literário, escrito ou oral, de um autor para um leitor ou


receptor. A comunicação literária escrita processa-se in absentia de um dos
intercomunicantes; a comunicação literária oral faz-se geralmente in praesentia, como
na comunicação linguística. Em termos metafóricos, diríamos que a
comunicação linguística exige a presença de um espectador e a comunicação literária parte da
sua ausência. Como observa Aguiar e Silva, na comunicação literária, “a ausência de uma das
referidas instâncias reforça poderosamente a atenção que a outra instância consagra
à mensagem, […] já que na codificação e na descodificação desta residem as garantias mais
sólidas de superar os efeitos comunicacionais negativos resultantes da defectividade.” (Teoria
da Literatura, 4ª ed., Almedina, Coimbra, 1982, p.194).
A comunicação literária é mais complexa do que a comunicação linguística por envolver uma
rede de relações ambíguas entre os seus interlocutores: o código do emissor-autor pode não
ser reconhecido pelo leitor-receptor, mesmo que pertençam à mesma comunidade linguística;
a descodificação da mensagem literária depende de factor subjectivos e ideológicos; o texto
literário é marcado pela conotatividade e pela plurissignificação, o que pode impedir a
comunicação; a mensagem literária é mais marcada por factores culturais e sociais do que
uma mensagem não literária, além de que, por norma, utiliza o livro impresso como meio de
transmissão, o que implica a dependência de terceiros (editores, livreiros, distribuidores) no
processo de comunicação literária. Um dos elementos do processo geral da comunicação que
mais pode interferir na concretização da comunicação literária é o código, que aqui envolve
subcategorias como a retórica, a poética, a métrica, as escolas literárias, os géneros e os
modos literários, etc., cujo conhecimento é fundamental para que a comunicação se
concretize em leitura. A comunicação linguística não está tão dependente de subcategorias
(dialectos, regionalismos, pronúncias típicas, por exemplo) como a comunicação literária:
não é necessária uma aprendizagem escolar para se dominar um dialecto, mas é necessário
um treino técnico para dominar a retórica de um texto. É, portanto, obrigatório o pré-
conhecimento de um conjunto de regras pragmáticas que possibilitam a recepção e
compreensão dos textos literários. A este conjunto de regras chamou Siegfried J.
Schmidt nalidade (“Towards a Pragmatic Interpretation of ‘Fictionality’ ”, in T. A. van Dijk,
1976).

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