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emissor;
receptor;
mensagem;
canal;
código;
contexto."
Essa estrutura com a presença de seis elementos da comunicação foi divulgada por Roman
Jakobson, linguista russo e um dos grandes teóricos que apresentaram ao mundo estudos referentes
à linguagem e à comunicação.
De acordo com os seus estudos, em todos os atos comunicativos podemos perceber a presença de
seis elementos: emissor (locutor), receptor (interlocutor), mensagem, canal, código e referente. Na
ausência ou no mau uso de um dos elementos, diz-se que houve ruído na comunicação, o que
significa dizer que ela não foi bem-sucedida. Nesse sentido, é importante conhecermos os
elementos, para que possamos fazer um bom uso deles e estabelecermos atos comunicativos
eficazes.
Canal ou veículo — o meio pelo qual a mensagem é difundida, divulgada, o seu veículo condutor.
Para melhor ilustrarmos os elementos, tomemos como exemplo uma aula expositiva, ministrada por
uma professora de língua portuguesa sobre elementos da comunicação.
A mensagem seria o texto verbal oral elaborado pela professora em seu ato de fala.
O canal seria a voz da professora, impulsionada pelo ar que entra e sai de seus pulmões, utilizando-
se também de seu aparelho fonador.
Comunicação literária
Comunicação literária
1.1. Semiose e comunicação
Todo o processo de semiose apresenta três dimensões: a dimensão sintáctica, a dimensão semântica
e a dimensão pragmática.
Os textos da semiose estética, embora dentro de um condicionalismo peculiar, são por conseguinte,
fenómenos de comunicação.
O processo da produção artística ignora que a obra de arte só existe qua obra de arte enquanto
objecto de transacção estética, o que pressupõe um receptor como indispensável pólo do peculiar
processo de intercompreensão representada por essa transição estética. (ibid)
Admitindo por conseguinte que todo o processo artístico constitui um peculiar fenómeno
comunicativo, julgamos teoricamente indispensável o reconhecimento de que as várias artes
possuem um estatuto comunicacional diferenciado. Esta diferenciação funda-se na natureza diversa
dos signos constituintes do sistema semiótico de cada arte. A literatura, dada a sua essencial
solidariedade semiótica com o sistema da comunicação por excelência de que o homem dispõe a
linguagem verbal, ocupa necessariamente uma posição privilegiada entre todas as artes.
1.4. Comunicação linguística e comunicação literária
É o processo de transmissão de um texto literário, escrito ou oral, de um autor para um leitor ou
receptor. A comunicação literária escrita processa-se na ausência de um dos interlocutores, a
comunicação literária oral faz-se geralmente na presença, como na comunicação linguística. Em
termos metafóricos, a comunicação linguística exige a presença de um espectador e a comunicação
literária parte da sua ausência.
Como observa Aguiar e Silva, na comunicação literária “a ausência de uma das referidas instâncias
reforça poderosamente a atenção que a outra instância consagra à mensagem, [...] já que na
descodificação desta residem as garantias mais sólidas de superar os efeitos comunicacionais
negativos resultantes da defectividade”. [Teoria da Literatura 4ª ed. Almedina, Coimbra, 194]
A comunicação literária é mais complexa do que a comunicação linguística por envolver uma rede de
relações ambíguas entre os seus interlocutores: o código do emissor/autor pode não ser
reconhecido pelo leitor/receptor, mesmo que pertençam à mesma comunidade linguística; a
descodificação da mensagem literária depende de factores subjectivos e ideológicos; o texto literário
é marcado pela conotatividade e pela plurissignificação, o que pode impedir a comunicação; a
mensagem literária é mais marcada por factores culturais e sociais do que uma mensagem não
literária, além de que, por norma, utiliza o livro impresso, o que implica a dependência de terceiros
[editores, livreiros, distribuidores, etc.]. No processo de comunicação literária, um dos elementos do
processo geral da comunicação que mais pode interferir na concretização da comunicação literária é
o código, que aqui envolve subcategorias como a retórica, a poética, a métrica as escolas literárias,
os géneros e os modos literários, etc., cujo conhecimento é fundamental para que a comunicação se
concretize em leitura. A comunicação linguística não está tão dependente de subcategorias
[dialectos, regionalismos, pronúncias típicas, etc.] como a comunicação literária; não é necessária
uma aprendizagem escolar para se dominar um dialecto, mas é necessário um treino técnico para
dominar retórica de um texto. E portanto, obrigatório o pré-conhecimento de um conjunto de regras
pragmáticas que possibilitam a recepção e compreensão dos textos literários. A este conjunto de
regras chamou Siegfried J. Schmidt nalidade [“Towards a Pragmatic Interpretation of
‘Fectionality’“,in T.A.Van Djik,1976]
Na comunicação literária, o emissor /autor procura fugir a este tipo de discurso padronizado,
na tentativa de criar um texto original. Numa situação idêntica autor literário procura outras
modulações mais críticas como neste caso “O senhor conhece-me?” - perguntou ele.
“Conheço muito bem” - respondi eu. É o senhor Belchior Pereira “Para o servir e amar, se
nisto lhe dou prazer” [Camilo Castelo Branco, Vinte Horas de Liteiras 1964].
Outra diferença reside no controlo que o emissor/autor tem sobre os elementos não desejados no
processo de comunicação, que podem interferir e alterar o sinal; são os denominados ruídos; na
comunicação literária, o emissor/autor controla e pode servir-se literariamente desses ruídos
inscrevendo-os no discurso, criando factores de suspenso na narrativa, por exemplo, produzindo
marcas originais no seu discurso. Por exemplo, na poesia futurista ou experimentalista integra-se
onomatopeias e sinais gráficos não convencionais nos seus textos. O ruído pode ser assim um
elemento que marca a originalidade ou a expressividade do texto literário e não apenas um
obstáculo físico ou fenomenal à comunicação.
Buyssens, em rigor, não contrapõe a significação à comunicação, mas sublinha com ênfase que a
significação constitui um fenómeno social, cuja análise só pode ser adequadamente analisado numa
perspectiva comunicacional.
Enquanto alguns autores como Cesare Segre negam a possibilidade da existência de feedback no
circuito da comunicação literária, argumentando que o eixo emissor/receptor se fractura, com
solução de continuidade, em dois segmentos, sendo emissor mensagem e
mensagem receptor, outros autores, porém, como Siegfried Schmidt, admitem em termos vagos
essa possibilidade.
Aguiar e Silva (1988:203) afirma a existência de determinados fenómenos que podem ser
considerados de feedback, embora não tenham uma regularidade e precisão tal como acontece
noutros tipos de comunicação, como é o caso de comunicação intermecânica. Por exemplo, quando
um autor, após publicar um texto e após tomar conhecimento das reacções favoráveis dos leitores,
incluindo os críticos, a esse texto, continua a escrever dentro dos mesmos padrões, porque sabe que
o público leitor receberá e consumirá com agrado textos semelhantes. Mas se a reacção dos leitores
e dos críticos for desfavorável, o autor modifica os moldes. A estas situações podemos chamar
de feedback.
Refira-se que o fenómeno de feedback pode ocorrer mesmo após a morte do autor e, nesta situação
as editoras encarregam-se por melhorar os tais aspectos e/ou actualizar os aspectos formais, com
fins comerciais. Ainda o mesmo fenómeno pode ocorrer quando um autor submete a leitura a
alguns leitores e só depois faz os arranjos finais e públicos.
1.6. Emissor
A comunicação literária, segundo Aguiar e Silva (1984), é uma comunicação do tipo disjuntivo, isto é,
ocorre na ausência, de uma das instâncias designadas por emissor e por receptor e com um lapso
temporal de maior ou menor amplitude entre o momento de emissão e o momento de recepção.
A comunicação literária é destituída de um contexto de situação idêntico ao contexto de situação de
comunicação linguística, uma vez que este não é bidireccional, ou seja, não há reversibilidade das
funções de emissor e de receptor, esta é unidireccional.
Analisando a figura de emissor, o mesmo autor afirma que o emissor é a instância que produz a
mensagem, e pode também ser designada por fonte. E no contexto da comunicação literária, são
atribuídas ao emissor as designações genéricas de autor, escritor e poeta. Etimológica e
semanticamente, poeta é aquele que faz, que produz e executa; é uma entidade que faz existir algo
que antes não existia.
Autor é aquele que está na origem de algo, aquele que faz produzir e crescer e que é também, em
conformidade com o uso jurídico do vocábulo, o garante. Escritor é aquele que utilizando um código
grafémico, transmite determinados sinais através de determinado canal, produzindo mensagens
com determinadas características sintácticas, semânticas e pragmáticas.
Outros autores usam heterónimos, isto é, criam um autor dotado de personalidade própria, que se
torna responsável pela produção do texto. Um dos exemplos mais significativos do uso desta técnica
é o poeta português Fernando Pessoa, cujos textos eram assinados usando vários heterónimos:
Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
Aguiar e Silva apresenta-nos algumas possibilidades das quais os emissores podem usar para assinar
os seus textos. Os textos podem ser anónimos, podem ser assinados usando pseudónimo ou
heterónimo, e explica as razões de um texto ser apresentado com um autor anónimo, contudo, não
explica as razões que levam um autor a assinar usando heterónimos.
E para tal recorre a pontos de vista adoptados por alguns autores, por exemplo, cita Macherey, que
defende que o conceito da criação implica o mistério, a epifania, o dom inexplicável e, por outro
lado elimina ou oculta o trabalho real que está na origem da obra literária; e Benjamim que sustenta
que a arte se encontra dependente de certas técnicas de produção, que por sua vez se integra num
conjunto de relações sociais instituídas entre o produto artístico e o seu público. É neste contexto
que o termo produção vai sendo desvalorizado, uma vez que exclui de certa forma o trabalho, ao
olhar o escritor, poeta, autor como um indivíduo dotado de poderes mágicos.
O texto literário é resultado de trabalho, que é uma actividade ou prática social, desenvolvida pelos
homens em sociedade e, trabalho pressupõe produção de algo. Mas os formalistas russos preferiam
usar o termo ou conceito construção uma vez que o autor tem a sua disposição, material literário, ao
qual impõe um princípio construtor, isto é, a determinada intenção artística de modo que a obra
literária se configura como uma complexa interacção de numerosos factores. Os formalistas centram
de certa forma para o conceito intertextualidade, uma vez que os textos mantêm uma relação
directa com outros textos da sua época, autores, e de outras regiões.
Nos textos literários podem-se identificar o autor empírico, o autor textual e o narrador.
O autor empírico é a pessoa real, o ser de carne e osso integrado dentro de uma sociedade
identificável, aquele que existe no mundo natural, cujo nome civil figura, de uma maneira geral nas
capas das suas obras.
O autor textual é uma espécie do "segundo eu", inseparável à uma obra. Este é criado pelo
autor, a sua existência só se efectiva no texto literário, tem o papel de enunciador do texto e a sua
imagem varia de leitor para leitor, vista a sua natureza ficcional.
O narrador é a entidade enunciadora do discurso. O autor pode criar um ou mais
narradores.
Já na literatura barroca coexistem dois modelos de comunicação, um orientado para o emissor (nos
textos em que predominam uma complexidade e um refinamento semânticos e técnico-estilísticos)
e outro orientado para o receptor (nos textos que pelas suas características sémicas e formais
podem ser classificados como “literatura popular” ou “literatura de massas”).
Do ponto de vista filosófico, a supressão do autor é motivada pelo facto de o homem não dispor da
linguagem, e é a linguagem que dispõe do homem, uma vez que o significado de uma obra
ultrapassa o seu autor.
A supressão do autor/emissor pode ser de certa forma devida pelo facto de tentar dotar a obra de
certos aspectos atemporais, bem como motivado por factores socioeconómicos, históricos, etc.
Entendemos com isto que a autocomunicação a pessoa que produz um texto é a mesma que lê o
seu próprio texto, constituindo-se assim numa heterocomunicação intra-individual e não uma
heterocomunicação interindividual.
Em todo o sistema cultural – como em qualquer sistema biológico ou físico -, verifica-se uma forte
tendência para a homeostase, isto é, para a conservação de um estádio do equilíbrio entretanto
alcançado, mantendo-se constantes as entidades, as normas e a teleonomia do sistema. Esta
tendência homeostática pode ser reforçada pela rigorosa articulação do sistema, pela alta
impositividade do seu código.
2. Conclusão
Confrontadas as obras que se debruçam sobre o assunto proposto a ser abordado neste tema,
conclui-se que toda a actividade semiótica comporta três dimensões: sintáctica, semântica e
pragmática, e que não se pode separar a semiótica de comunicação da semiótica de significação,
uma vez que estes dois fenómenos constituem inseparavelmente o objecto de estudo da semiologia.
Ainda nas mesmas leituras inferimos que a comunicação literária decorre num processo de
transmissão de mensagem de um autor a um leitor. Este processo depende de vários elementos tais
como o conhecimento pelos interlocutores do código e do domínio das regras do mesmo código
usado na comunicação.
Os formalistas consideravam irrelevante o autor para a análise de uma obra literária, pois, segundo
eles, esta é maior do que aquele, razão pela qual tendiam a suprimir o autor/emissor. Esta tendência
continua a ganhar espaço nos dias de hoje.
Sem a memória, o sistema literário não funcionaria porque os códigos não podem obviamente ser
gerados na ausência da memória. Concluímos também que este mesmo sistema não é estático em
termos de regras e códigos usados na comunicação literária podendo a sua estabilidade ser mais ou
menos duradoura num determinado período histórico.
3. Bibliografia
AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 6ª ed., Coimbra, Livraria Almedina, 1984
AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 8ª ed., Coimbra, Almedina, 1988
AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria e Metodologia Literárias, Lisboa, Universidade Aberta,
2004
Assíndeto
Consiste na utilização da conjunção ”e”, é utilizado para dar determinado valor a
sentença.
Anáfora
Consiste na repetição da palavra ou expressão, no início de uma série de versos.
Esse recurso, na linguagem poética, é perfeitamente possível. Na linguagem formal,
na dissertação, a repetição abusiva pode não levar ao mesmo resultado. Por isso
evite esse recurso no seu texto formal ou utilize-o com critério e consciência.
Antítese
Consiste no contraste entre dois elementos ou ideias. Utilizado para contrastar
elementos e muitas vezes passando a ideia de oposição.
Conectores
São palavras utilizadas para criar conexão entre as frases e os parágrafos do texto.
Os conectores podem ser de tempo ( depois, antes), conclusão ( em resumo, juntos,
em soma), hierarquia (primeiro, segundo).
Comparação
Consiste em confrontar duas realidades distintas para realçar analogias ou
diferenças. A comparação traz a possibilidade de enfatizar determinada sentença ou
elemento.
Metáfora
Consiste numa espécie de comparação à qual falta o primeiro termo e a partícula
comparativa, que geralmente está abreviado ou subtendido. Através da metáfora é
possível comparar dois elementos diferentes.
Ironia
Consiste em atribuir às palavras um significado diferente daquele que na realidade
têm, sugerindo, em geral, o contrário do que quer, de fato, dizer. A ironia cabe se
utilizar quando deseja enfatizar algo contrário à realidade de determinada frase.
Eufemismo
Consiste no uso de uma expressão por outra, para evitar ou atenuar o efeito
desagradável que esta última produzia.
Hipérbole
Consiste em um uso exagerado de termos a fim de dar ênfase ao pensamento.
Símile
É utilizado como uma forma de comparação em elementos de que certa forma se
assemelha, é utilizada comumente pela palavra “como”.