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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................... 4
3. Conclusão.................................................................................................................................. 14
1. Introdução
O presente trabalho intitulado sistema semiótico literário, tem como o principal objectivo,
explicar o conceito de sistema semiótico e de código literários, com suporte numa pesquisa.
Assim no decorrer do mesmo perceber-se-á que sistema corresponde à combinação de partes
coordenadas entre si, para o mesmo fim, assumindo assim, que no fazer e no produzir uma obra
literária como um processo de significação e de comunicação e que resulta num texto e permite a
sua funcionalidade como mensagem, esteja subjacente a um determinado sistema, o qual é
conhecido como sistema semiótico literário. Falaremos ainda de aspectos relevantes
concernentes ao código literário como resultado da interacção dos diferentes códigos e sub-
códigos pertencentes ao sistema modelizante secundário. No que concerne a organização do
nosso trabalho, o mesmo encontra-se organizado da seguinte maneira: A primeira fase
corresponde a introdução, a segunda ocupando-se do desenvolvimento e por último, a fase de
conclusão.
1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
1.1.2. Específicos
Sendo que a metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa, e exata de toda acção
desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa, assim sendo para a materialização
do presente trabalho, consultou-se algumas obras de diversos autores, que serviram de alicerce
para a realização do mesmo, como é o caso de Aguiar e Silva (1988, 2004), Dicionário de Língua
Portuguesa (2003) e Grande Dicionário de Língua Portuguesa (2004).
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Depreendendo-se que um sistema corresponde à combinação de partes coordenadas entre si, para
o mesmo fim, assume-se que no fazer e no produzir uma obra literária como um processo de
significação e de comunicação e que resulta num texto e permite a sua funcionalidade como
mensagem, estará subjacente um determinado sistema, o qual será conhecido como sistema
semiótico literário.
Assim, a semiótica (também chamada de estudos semióticos) é o estudo dos processos de signos
(semiose), que são qualquer actividade, conduta ou processo que envolva signos, onde um signo
é definido como qualquer coisa que comunica algo, geralmente chamado de significado, ao
intérprete do signo. O significado pode ser intencional, como uma palavra pronunciada com um
significado específico, ou não intencional, como um sintoma ser um sinal de uma condição
médica específica. Os signos também podem comunicar sentimentos (que geralmente não são
considerados significados) e podem se comunicar internamente (através do próprio pensamento)
ou através de qualquer um dos sentidos: visual, auditivo, tátil, olfativo, ou gustativa (gosto). A
semiótica é ainda a ciência que estuda a construção de significado e vários tipos de
conhecimento. A tradição semiótica explora o estudo dos signos e símbolos como parte
significativa das comunicações. Ao contrário da linguística, a semiótica também estuda sistemas
de signos não linguísticos . A semiótica inclui o estudo dos signos e processos de signos,
indicação, designação, semelhança, analogia, metonímia, metáfora, significação e comunicação.
Neste quadro, compreende-se que o sistema semiótico, na esteira de Aguiar e Silva (2004:57), é
“uma série finita de signos interdependentes entre os quais, através de regras, se pode estabelecer
relações e operações combinatórias, de modo a produzir-se semiose.”.
Assim, um texto, definido em conformidade com Aguiar e Silva (1988:75) é uma “sequência de
elementos materiais e discretos, seleccionados dentre as possibilidades oferecidas por um
determinado sistema semiótico e ordenados em função de um determinado código ” só será
funcional se a sua produção se fundamentar em determinado sistema, portanto, o sistema
semiótico literário.
Para Eric Buyssens (apud Aguiar e Silva, 1988:186), o objectivo da semiologia é o estudo dos
processos de comunicação.
Admitindo, por conseguinte, que todo o processo artístico constitui um peculiar fenómeno
comunicativo, julgamos teoricamente indispensável o reconhecimento de que as várias artes
possuem um estatuto comunicacional diferenciado. Esta diferenciação funda-se na natureza
diversa dos signos constituintes do sistema semiótico de cada arte. A literatura, dada a sua
essencial solidariedade semiótica com o sistema da comunicação por excelência de que o homem
dispõe a linguagem verbal, ocupa necessariamente uma posição privilegiada entre todas as artes.
Decorrente disto, o sistema semiótico literário afigura-se como um sistema ligado ao texto, surge
como elemento que permite a transmissão de comunicações peculiares, não transmissíveis com
outros meios.
O texto literário é resultado de trabalho, que é uma actividade ou prática social, desenvolvida
pelos homens em sociedade e, trabalho pressupõe produção de algo.
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Nos textos literários podem-se identificar o autor empírico, o autor textual e o narrador.
O autor empírico é a pessoa real, o ser de carne e osso integrado dentro de uma sociedade
identificável, aquele que existe no mundo natural, cujo nome civil figura, de uma maneira geral
nas capas das suas obras.
O autor textual é uma espécie do "segundo eu", inseparável à uma obra. Este é criado pelo autor,
a sua existência só se efectiva no texto literário, tem o papel de enunciador do texto e a sua
imagem varia de leitor para leitor, vista a sua natureza ficcional.
Como observa Aguiar e Silva (1988), na comunicação literária “a ausência de uma das referidas
instâncias reforça poderosamente a atenção que a outra instância consagra à mensagem, [...] já
que na descodificação desta residem as garantias mais sólidas de superar os efeitos
comunicacionais negativos resultantes da defectividade”. [Teoria da Literatura 4ª ed. Almedina,
Coimbra, 194.
A comunicação literária é mais complexa do que a comunicação linguística por envolver uma
rede de relações ambíguas entre os seus interlocutores: o código do emissor/autor pode não ser
reconhecido pelo leitor/receptor, mesmo que pertençam à mesma comunidade linguística; a
descodificação da mensagem literária depende de factores subjectivos e ideológicos; o texto
literário é marcado pela conotatividade e pela plurissignificação, o que pode impedir a
comunicação; a mensagem literária é mais marcada por factores culturais e sociais do que uma
mensagem não literária, além de que, por norma, utiliza o livro impresso, o que implica a
dependência de terceiros [editores, livreiros, distribuidores, etc.]. No processo de comunicação
literária, um dos elementos do processo geral da comunicação que mais pode interferir na
concretização da comunicação literária é o código, que aqui envolve subcategorias como a
retórica, a poética, a métrica as escolas literárias, os géneros e os modos literários, etc., cujo
conhecimento é fundamental para que a comunicação se concretize em leitura.
A comunicação literária, segundo Aguiar e Silva (1984), é uma comunicação do tipo disjuntivo,
isto é, ocorre na ausência, de uma das instâncias designadas por emissor e por receptor e com um
lapso temporal de maior ou menor amplitude entre o momento de emissão e o momento de
recepção.
Analisando a figura de emissor, o mesmo autor afirma que o emissor é a instância que produz a
mensagem, e pode também ser designada por fonte. E no contexto da comunicação literária, são
atribuídas ao emissor as designações genéricas de autor, escritor e poeta. Etimológica e
semanticamente, poeta é aquele que faz, que produz e executa; é uma entidade que faz existir
algo que antes não existia.
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Autor é aquele que está na origem de algo, aquele que faz produzir e crescer e que é também, em
conformidade com o uso jurídico do vocábulo, o garante. Escritor é aquele que utilizando um
código grafémico, transmite determinados sinais através de determinado canal, produzindo
mensagens com determinadas características sintácticas, semânticas e pragmáticas.
Outros autores usam heterónimos, isto é, criam um autor dotado de personalidade própria, que se
torna responsável pela produção do texto. Um dos exemplos mais significativos do uso desta
técnica é o poeta português Fernando Pessoa, cujos textos eram assinados usando vários
heterónimos: Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
Aguiar e Silva apresenta-nos algumas possibilidades das quais os emissores podem usar para
assinar os seus textos. Os textos podem ser anónimos, podem ser assinados usando pseudónimo
ou heterónimo, e explica as razões de um texto ser apresentado com um autor anónimo, contudo,
não explica as razões que levam um autor a assinar usando heterónimos.
Desta feita, embora discutível, o sistema semiótico literário configura-se como uma semiótica
conotativa, ou corresponde a afirmar que o primeiro é uma semiótica denotativa. Portanto, como
advoga Hjelmslev apud Aguiar e Silva (1988: 82/83), existirão igualmente dois planos diferentes:
o plano da expressão e o plano do conteúdo, sendo que, na esteira de Aguiar e Silva (1988:95/96),
o sistema modelizante secundário desenvolver-se-á em indissolúvel interacção com o plano de
expressão e o do conteúdo da língua natural e a sua existência é que possibilita a produção do
texto literário e é que fundamenta a capacidade de estes textos funcionarem como objectos
comunicativos no âmbito de uma determinada cultura, pois a literatura é um sistema modelizante
secundário e é também, consequentemente, um corpus de textos que representam a objectivação
e a realização concreta e particular daquele sistema semiótico.
Assim, de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa (2003:371), o termo código deriva do
latim codice e, de entre várias interpretações, é sinónimo de “norma, colecção de preceitos e
regras que permite a combinação e interpretação de sinais.” Ademais, o Grande Dicionário da
Língua Portuguesa (2004:350) acrescenta que, sob ponto de vista linguístico, código corresponde
ao “sistema de relações estruturadas entre signos ou conjunto de signos que possibilitam a
codificação e descodificação de mensagens.”
O código literário, de acordo com Aguiar e Silva (2004:57), é definido como “conjunto finito de
regras e convenções que permitem ordenar e combinar unidades discretas, no quadro de um
determinado sistema semiótico, a fim de gerar processos de significação e de comunicação que
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se consubstanciam em textos.” Portanto, na linha dos mesmo autor, código irá representar “o
instrumento operativo que possibilita o funcionamento do sistema, que fundamenta e regula a
produção de textos e que, por si mesmo, assume uma relevância nuclear nos processos
semióticos.”
Em primeiro lugar, refira-se que a abordagem do código literário como policódigo, será feita
com base em Aguiar e Silva (1988).
Em segundo, é importante que se sublinhe que o código literário como resultado da interacção
dos diferentes códigos e sub-códigos pertencentes ao sistema modelizante secundário configura-
se como policódigo. Nele distinguem-se os seguintes códigos:
O código fónico-rítmico regula aspectos importantes do enredo do texto literário, mantém uma
imediata e fundamental relação de interdependência com o código fonológico e ainda com o
código léxico-gramatical, com o código semântico do sistema linguístico, para além das que
mantém com o código grafemático e a interdependência com o código métrico e com o estilístico.
O código métrico regula a organização particular da forma de expressão dos textos poéticos,
considerados sub-conjunto dos textos literários, quer no concernente à constituição do verso quer
na combinação e agrupamento dos versos em estrofes. À semelhança dos outros códigos este tem
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relações com o código fonológico. Tem também relações de interdependência com o código
léxico-gramatical, visto que a distribuição dos acentos exigida pelo modelo do verso pode impor,
por exemplo, modificação na estrutura frásica. Finalmente relaciona-se com o código semântico.
Sob ponto de vista intra-sistemático, o código estilístico mantem uma relação importante de
interdependia com o código semântico-pragmáticos e com código técnicos-compositivo ( mas
sublinhe- -se que entre todos os códigos constitutivos do policódigo literário existem sempre
relação sistémicas ).
Este código é responsável pela organização da coerência textual a nível semântico (estrutura
profunda) como a nível de textura (estrutura de superfície), mediante microestruturas que operam
no âmbito dos constituintes textuais próximos.
Segundo Uspensky apud Aguiar e Silva (1988:105), as influências exercidas sobre o sistema
semiótico literário por outros sistemas modelizantes secundários de natureza estética, sobretudo a
música, a pintura e o cinema, embora verificáveis a qualquer nível do policódigo literário,
ocorrem muito frequentemente ao nível do código técnico-compositivo.
Designação justificada pela simples razão de ser impossível estabelecer uma rígida linha
divisória entre os factores semânticos e os pragmáticos, considera-se que a substância do
conteúdo quer no âmbito sintagmático como no pragmático é sujeita a específicos processos de
semiotização até que seja conteúdo numa forma peculiar. É assim que, como escreve Greimas
citado por Aguiar e Silva (1988:105/106):
O código semântico-pragmático regula, no plano pragmático, a produção das unidades e dos conjuntos
semioliterários, resultantes da interacção de factores lógico-semânticos, histórico-sociais e estético-
literários, que manifestam ou o universo semiótico cosmológico ou o universo semiótico antropológico ou
o universo semiótico social ou um universo semiótico configurado pelas inter-relaçõesdos três universos
antes referidos.
Este código correlaciona-se, através do código semântico, com os códigos religiosos, míticos,
éticos e ideológicos actuantes num determinado espaço geográfico e social e num tempo
histórico, manifestando assim, de forma primordial e privilegiada a visão do mundo, o modelo
do mundo, consubstanciados ao texto literário.
Segundo Dijk apud Aguiar e Silva (1988:106), o código semântico-pragmático desempenha uma
função dominante no policódigo literário, porque a estrutura profunda do texto é de natureza
semântica e só a partir desta estrutura, considerada programa, se pode analisar e compreender
adequadamente a estrutura superficial do texto, as regras e as convenções fónicas, prosódicas,
grafemáticas, métricas, estilísticas, técnico-compositivas e semântico-pragmáticas que a
organizam.
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3. Conclusão
Confrontadas as obras que se debruçam sobre o tema a ser abordado nesse nosso trabalho que
acabamos de fazer, concluimos o sistema semiótico literário tem a ver com os signos
interdependentes entre os quais, através de regras, se pode estabelecer relações e operações
combinatórias, de modo a produzir-se semiose. Discutimos ainda os pontos propostos para a
abordagem deste trabalho, tendo concluído ainda que o sistema de comunicação/significação, se
situa um outro sistema, o sistema modelizante primário, sendo que se entende como sistema de
significação como sistema modelizante secundário. Portanto, isso pressupõe que num texto
literário considerar-se-ão dois sistemas: um que será a base para compreensão do segundo,
equiparado à língua natural, e outro que se “constitui e se organiza”.
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AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 6ª ed., Coimbra, Livraria Almedina,
1984.
AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 8ª ed., Coimbra, Almedina, 1988.
AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria e Metodologia Literárias, Lisboa, Universidade
Aberta, 2004.