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Índice

1. Introdução ................................................................................................................................... 4

1.1 Objectivos ................................................................................................................................. 4

1.2 Metodologia do trabalho ........................................................................................................... 4

2. Sistema semiótico literário .......................................................................................................... 5

2.1. Conceito de sistema ................................................................................................................. 7

2.1.1 A comunicação literária ......................................................................................................... 7

2.2. Sistema semiótico literário como sistema modelizante ........................................................... 9

2.3 Conceito de código ................................................................................................................. 10

2.4 Conceito de código literário .................................................................................................... 10

2.5 Código literário como policódigo ........................................................................................... 11

3. Conclusão.................................................................................................................................. 14

3.1 Referências bibliográficas ....................................................................................................... 15


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1. Introdução

O presente trabalho intitulado sistema semiótico literário, tem como o principal objectivo,
explicar o conceito de sistema semiótico e de código literários, com suporte numa pesquisa.
Assim no decorrer do mesmo perceber-se-á que sistema corresponde à combinação de partes
coordenadas entre si, para o mesmo fim, assumindo assim, que no fazer e no produzir uma obra
literária como um processo de significação e de comunicação e que resulta num texto e permite a
sua funcionalidade como mensagem, esteja subjacente a um determinado sistema, o qual é
conhecido como sistema semiótico literário. Falaremos ainda de aspectos relevantes
concernentes ao código literário como resultado da interacção dos diferentes códigos e sub-
códigos pertencentes ao sistema modelizante secundário. No que concerne a organização do
nosso trabalho, o mesmo encontra-se organizado da seguinte maneira: A primeira fase
corresponde a introdução, a segunda ocupando-se do desenvolvimento e por último, a fase de
conclusão.

1.1 Objectivos

1.1.1 Geral

 Analisar o sistema semiótico literário.

1.1.2. Específicos

 Definir o sistema semiótico literário;

 Identificar os códigos literários;

 Diferenciar sistema semiótico modelizante primário de secundário.

1.2 Metodologia do trabalho

Sendo que a metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa, e exata de toda acção
desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa, assim sendo para a materialização
do presente trabalho, consultou-se algumas obras de diversos autores, que serviram de alicerce
para a realização do mesmo, como é o caso de Aguiar e Silva (1988, 2004), Dicionário de Língua
Portuguesa (2003) e Grande Dicionário de Língua Portuguesa (2004).
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2. Sistema semiótico literário

Depreendendo-se que um sistema corresponde à combinação de partes coordenadas entre si, para
o mesmo fim, assume-se que no fazer e no produzir uma obra literária como um processo de
significação e de comunicação e que resulta num texto e permite a sua funcionalidade como
mensagem, estará subjacente um determinado sistema, o qual será conhecido como sistema
semiótico literário.

Assim, a semiótica (também chamada de estudos semióticos) é o estudo dos processos de signos
(semiose), que são qualquer actividade, conduta ou processo que envolva signos, onde um signo
é definido como qualquer coisa que comunica algo, geralmente chamado de significado, ao
intérprete do signo. O significado pode ser intencional, como uma palavra pronunciada com um
significado específico, ou não intencional, como um sintoma ser um sinal de uma condição
médica específica. Os signos também podem comunicar sentimentos (que geralmente não são
considerados significados) e podem se comunicar internamente (através do próprio pensamento)
ou através de qualquer um dos sentidos: visual, auditivo, tátil, olfativo, ou gustativa (gosto). A
semiótica é ainda a ciência que estuda a construção de significado e vários tipos de
conhecimento. A tradição semiótica explora o estudo dos signos e símbolos como parte
significativa das comunicações. Ao contrário da linguística, a semiótica também estuda sistemas
de signos não linguísticos . A semiótica inclui o estudo dos signos e processos de signos,
indicação, designação, semelhança, analogia, metonímia, metáfora, significação e comunicação.

Neste quadro, compreende-se que o sistema semiótico, na esteira de Aguiar e Silva (2004:57), é
“uma série finita de signos interdependentes entre os quais, através de regras, se pode estabelecer
relações e operações combinatórias, de modo a produzir-se semiose.”.

Assim, um texto, definido em conformidade com Aguiar e Silva (1988:75) é uma “sequência de
elementos materiais e discretos, seleccionados dentre as possibilidades oferecidas por um
determinado sistema semiótico e ordenados em função de um determinado código ” só será
funcional se a sua produção se fundamentar em determinado sistema, portanto, o sistema
semiótico literário.

Um dos problemas mais controversos da semiótica tem consistido na dificuldade de estabelecer,


fundamentar e descrever a tipologia da semiótica, isto é, o espaço que nela ocupam o fenómeno
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da comunicação e o fenómeno da significação. O problema prevalece na medida em que se torna


difícil:

- Identificar as relações existentes entre sistemas semióticos de significação e sistemas


semióticos de comunicação;

- Responder se a semiótica tem como objecto de estudo apenas a comunicação ou apenas a


significação;

- Compreender se é possível ou necessário conciliar a semiótica da significação e a semiótica da


comunicação.

Para Eric Buyssens (apud Aguiar e Silva, 1988:186), o objectivo da semiologia é o estudo dos
processos de comunicação.

Alguns autores denegam a arte à natureza de fenómeno comunicativo, atribuindo-lhe tão-


somente a natureza de fenómeno expressivo (ou apresentando, quando muito, a comunicação
artística como um epifenómeno da expressão originária e substantiva). O processo da produção
artística ignora que a obra de arte só existe qua obra de arte enquanto objecto de transacção
estética, o que pressupõe um receptor como indispensável pólo do peculiar processo de
intercompreensão representada por essa transição estética.

Admitindo, por conseguinte, que todo o processo artístico constitui um peculiar fenómeno
comunicativo, julgamos teoricamente indispensável o reconhecimento de que as várias artes
possuem um estatuto comunicacional diferenciado. Esta diferenciação funda-se na natureza
diversa dos signos constituintes do sistema semiótico de cada arte. A literatura, dada a sua
essencial solidariedade semiótica com o sistema da comunicação por excelência de que o homem
dispõe a linguagem verbal, ocupa necessariamente uma posição privilegiada entre todas as artes.

Decorrente disto, o sistema semiótico literário afigura-se como um sistema ligado ao texto, surge
como elemento que permite a transmissão de comunicações peculiares, não transmissíveis com
outros meios.

O texto literário é resultado de trabalho, que é uma actividade ou prática social, desenvolvida
pelos homens em sociedade e, trabalho pressupõe produção de algo.
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2.1. Conceito de sistema

Na abordagem do sistema semiótico afigura-se como indispensável que, primeiro, se defina


sistema. Neste contexto, de acordo com o Dicionário de Língua Portuguesa (2003: 1366) sistema
deriva, tanto do latim quanto do grego, systema, sendo, dentre vários significados, sinónimo de,
como afirma o Grande Dicionário de Língua Portuguesa (2004:1423), “conjunto de princípios ou
ideias solidamente relacionadas entre si, que constituem uma teoria (...); conjunto de partes
dependentes umas das outras.”

Os problemas da impositividade variável do código literário e das atitudes de aceitação, de


inovação transformadora e de ruptura que o emissor pode adoptar perante as suas normas e
convenções estão em relação imediata com os problemas da estabilidade e da mudança no
sistema semiótico literário.

2.1.1 A comunicação literária

Na comunicação literária o autor é o agente primordial responsável da enunciação literária. De


acordo com Aguiar e Silva (1988), enunciação literária é a operação individual através da qual o
autor se apropria apenas da língua literária.

Nos textos literários podem-se identificar o autor empírico, o autor textual e o narrador.

O autor empírico é a pessoa real, o ser de carne e osso integrado dentro de uma sociedade
identificável, aquele que existe no mundo natural, cujo nome civil figura, de uma maneira geral
nas capas das suas obras.

O autor textual é uma espécie do "segundo eu", inseparável à uma obra. Este é criado pelo autor,
a sua existência só se efectiva no texto literário, tem o papel de enunciador do texto e a sua
imagem varia de leitor para leitor, vista a sua natureza ficcional.

O narrador é a entidade enunciadora do discurso. O autor pode criar um ou mais narradores.

A comunicação literária escrita processa-se na ausência de um dos interlocutores, a


comunicação literária oral faz-se geralmente na presença, como na comunicação linguística. Em
termos metafóricos, a comunicação linguística exige a presença de um espectador e a
comunicação literária parte da sua ausência.
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Como observa Aguiar e Silva (1988), na comunicação literária “a ausência de uma das referidas
instâncias reforça poderosamente a atenção que a outra instância consagra à mensagem, [...] já
que na descodificação desta residem as garantias mais sólidas de superar os efeitos
comunicacionais negativos resultantes da defectividade”. [Teoria da Literatura 4ª ed. Almedina,
Coimbra, 194.

A comunicação literária é mais complexa do que a comunicação linguística por envolver uma
rede de relações ambíguas entre os seus interlocutores: o código do emissor/autor pode não ser
reconhecido pelo leitor/receptor, mesmo que pertençam à mesma comunidade linguística; a
descodificação da mensagem literária depende de factores subjectivos e ideológicos; o texto
literário é marcado pela conotatividade e pela plurissignificação, o que pode impedir a
comunicação; a mensagem literária é mais marcada por factores culturais e sociais do que uma
mensagem não literária, além de que, por norma, utiliza o livro impresso, o que implica a
dependência de terceiros [editores, livreiros, distribuidores, etc.]. No processo de comunicação
literária, um dos elementos do processo geral da comunicação que mais pode interferir na
concretização da comunicação literária é o código, que aqui envolve subcategorias como a
retórica, a poética, a métrica as escolas literárias, os géneros e os modos literários, etc., cujo
conhecimento é fundamental para que a comunicação se concretize em leitura.

A comunicação literária, segundo Aguiar e Silva (1984), é uma comunicação do tipo disjuntivo,
isto é, ocorre na ausência, de uma das instâncias designadas por emissor e por receptor e com um
lapso temporal de maior ou menor amplitude entre o momento de emissão e o momento de
recepção.

A comunicação literária é destituída de um contexto de situação idêntico ao contexto de situação


de comunicação linguística, uma vez que este não é bidireccional, ou seja, não há reversibilidade
das funções de emissor e de receptor, esta é unidireccional.

Analisando a figura de emissor, o mesmo autor afirma que o emissor é a instância que produz a
mensagem, e pode também ser designada por fonte. E no contexto da comunicação literária, são
atribuídas ao emissor as designações genéricas de autor, escritor e poeta. Etimológica e
semanticamente, poeta é aquele que faz, que produz e executa; é uma entidade que faz existir
algo que antes não existia.
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Autor é aquele que está na origem de algo, aquele que faz produzir e crescer e que é também, em
conformidade com o uso jurídico do vocábulo, o garante. Escritor é aquele que utilizando um
código grafémico, transmite determinados sinais através de determinado canal, produzindo
mensagens com determinadas características sintácticas, semânticas e pragmáticas.

O emissor/autor de um texto literário é a instância imediatamente responsável pela produção


desse texto, é sempre um sujeito empírico e histórico, ou seja, é uma entidade física, registada e
identificada o qual podemos contacta-lo e trocar impressões. Contudo, por vezes os textos
literários podem se apresentar como anónimos, apresentando-se sem nome, sem autor isto é
devido à censura ou imposição extrema, como se verifica em certos momentos da história da
humanidade. Existem outras formas de se apresentar o emissor nos textos literários, por exemplo,
alguns usam pseudónimos, onde o autor assina o texto usando um nome fictício, usa um outro
nome que não seja realmente seu. Na literatura moçambicana temos como exemplo o escritor
Ungulane Ba Ka Khosa, cujo seu nome de identificação é Francisco Esaú Cossa, mas assina os
seus textos usando o primeiro nome acima citado.

Outros autores usam heterónimos, isto é, criam um autor dotado de personalidade própria, que se
torna responsável pela produção do texto. Um dos exemplos mais significativos do uso desta
técnica é o poeta português Fernando Pessoa, cujos textos eram assinados usando vários
heterónimos: Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.

Aguiar e Silva apresenta-nos algumas possibilidades das quais os emissores podem usar para
assinar os seus textos. Os textos podem ser anónimos, podem ser assinados usando pseudónimo
ou heterónimo, e explica as razões de um texto ser apresentado com um autor anónimo, contudo,
não explica as razões que levam um autor a assinar usando heterónimos.

2.2. Sistema semiótico literário como sistema modelizante

Antes do sistema de comunicação/significação, se situa um outro sistema, o sistema modelizante


primário, sendo que se entende como sistema de significação como sistema modelizante
secundário. Isto pressupõe que num texto literário considera-se dois sistemas: um que será a base
para compreensão do segundo, equiparado à língua natural, e outro que se “constitui e se
organiza”, segundo Aguiar e Silva (2004: 58), a partir do primeiro.
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Desta feita, embora discutível, o sistema semiótico literário configura-se como uma semiótica
conotativa, ou corresponde a afirmar que o primeiro é uma semiótica denotativa. Portanto, como
advoga Hjelmslev apud Aguiar e Silva (1988: 82/83), existirão igualmente dois planos diferentes:
o plano da expressão e o plano do conteúdo, sendo que, na esteira de Aguiar e Silva (1988:95/96),
o sistema modelizante secundário desenvolver-se-á em indissolúvel interacção com o plano de
expressão e o do conteúdo da língua natural e a sua existência é que possibilita a produção do
texto literário e é que fundamenta a capacidade de estes textos funcionarem como objectos
comunicativos no âmbito de uma determinada cultura, pois a literatura é um sistema modelizante
secundário e é também, consequentemente, um corpus de textos que representam a objectivação
e a realização concreta e particular daquele sistema semiótico.

2.3 Conceito de código

Como se fez referência na definição de texto, a sequência de elementos seleccionados dentre as


possibilidades oferecidas por um determinado sistema semiótico é ordenada em função de um
determinado código, sendo que se afigura como importante definí-lo.

Assim, de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa (2003:371), o termo código deriva do
latim codice e, de entre várias interpretações, é sinónimo de “norma, colecção de preceitos e
regras que permite a combinação e interpretação de sinais.” Ademais, o Grande Dicionário da
Língua Portuguesa (2004:350) acrescenta que, sob ponto de vista linguístico, código corresponde
ao “sistema de relações estruturadas entre signos ou conjunto de signos que possibilitam a
codificação e descodificação de mensagens.”

2.4 Conceito de código literário

Se uma determinada mensagem é codificada e descodificada através de um determinado código,


é justo que se afirme que um texto literário também será estruturado por meio da operação de
determinadas normas, decorrendo disto o nascimento do código literário.

O código literário, de acordo com Aguiar e Silva (2004:57), é definido como “conjunto finito de
regras e convenções que permitem ordenar e combinar unidades discretas, no quadro de um
determinado sistema semiótico, a fim de gerar processos de significação e de comunicação que
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se consubstanciam em textos.” Portanto, na linha dos mesmo autor, código irá representar “o
instrumento operativo que possibilita o funcionamento do sistema, que fundamenta e regula a
produção de textos e que, por si mesmo, assume uma relevância nuclear nos processos
semióticos.”

Da definição anteriormente feita, na esteira de Aguiar e Silva (1988:78), depreende-se que o


código literário se configura como “uma rede de opções, de alternativas, de possibilidades, na
qual as permissões, as injunções e a eventualidade de práticas transgressivas se co-articulam de
modo vário e em função de múltiplos factores endógenos e exógenos ao sistema.” Portanto, será
com base no código literário que, retomando a definição de código na esteira do Grande
Dicionário de Língua Portuguesa (2004:350), se codificará ou descodificará um texto literário,
ou melhor, o texto literário só será como tal se se tiver em conta um determinado conjunto de
opções combinatórias para o efeito.

2.5 Código literário como policódigo

Em primeiro lugar, refira-se que a abordagem do código literário como policódigo, será feita
com base em Aguiar e Silva (1988).

Em segundo, é importante que se sublinhe que o código literário como resultado da interacção
dos diferentes códigos e sub-códigos pertencentes ao sistema modelizante secundário configura-
se como policódigo. Nele distinguem-se os seguintes códigos:

2.5.1 Código fónico-rítmico

O código fónico-rítmico regula aspectos importantes do enredo do texto literário, mantém uma
imediata e fundamental relação de interdependência com o código fonológico e ainda com o
código léxico-gramatical, com o código semântico do sistema linguístico, para além das que
mantém com o código grafemático e a interdependência com o código métrico e com o estilístico.

2.5.2 Código métrico

O código métrico regula a organização particular da forma de expressão dos textos poéticos,
considerados sub-conjunto dos textos literários, quer no concernente à constituição do verso quer
na combinação e agrupamento dos versos em estrofes. À semelhança dos outros códigos este tem
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relações com o código fonológico. Tem também relações de interdependência com o código
léxico-gramatical, visto que a distribuição dos acentos exigida pelo modelo do verso pode impor,
por exemplo, modificação na estrutura frásica. Finalmente relaciona-se com o código semântico.

2.5.3 Código estilístico

Este código, em relação de sua interdependência com o código léxico-gramatical às suas


variações sincrónicas e diacrónicas com o código semântico do sistema modelizante primário
mas também, muitos casos, com o código fonológico deste mesmo sistema, regula a organização
de microestruturas formais dos conteúdos e da expressão de textos literários. Quer dizer, o
código estilístico organiza a coerência textual de curto raio de acção, tanto ao nível semântico
( estrutura profunda ) como nível de textura ( estrutura de superfície).

Sob ponto de vista intra-sistemático, o código estilístico mantem uma relação importante de
interdependia com o código semântico-pragmáticos e com código técnicos-compositivo ( mas
sublinhe- -se que entre todos os códigos constitutivos do policódigo literário existem sempre
relação sistémicas ).

O código estilístico regula a organização das formas do conteúdo e da expressão do texto


literário, considerando a sua relação de interdependência com o código léxico-gramatical e suas
sensíveis variações diacrónicas e sincrónicas. Relaciona-se ainda com os códigos: semântico,
fonológico, pragmático e técnico-compositivo.

Este código é responsável pela organização da coerência textual a nível semântico (estrutura
profunda) como a nível de textura (estrutura de superfície), mediante microestruturas que operam
no âmbito dos constituintes textuais próximos.

5.5.4 Código técnico-compositivo

Este código regula a organização das microestruturas formais do conteúdo e da expressão do


texto literário (estrutura do poema épico, estrutura da tragédia, formas das narrativas, etc,).Por
conseguinte o código o código técnico compositivo orienta e ordena a coerência textual de longo
raio de acção, mediante normas opcionais e/ou constritivas de aplicação transtópico. Dotado de
acentuada autonomia perante o código linguístico autonomia comprovado pelo facto de, na
tradução de determinado grupo social.
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O código técnico-compositivo orienta e ordena a coerência textual, mediante regras opcionais ou


constritivas de aplicação transtópicas. Tem uma elevada autonomia perante o código linguístico.
Desenvolve relações de interdependência com o código métrico, com o código estilístico e com o
código semântico-pragmático.

Segundo Uspensky apud Aguiar e Silva (1988:105), as influências exercidas sobre o sistema
semiótico literário por outros sistemas modelizantes secundários de natureza estética, sobretudo a
música, a pintura e o cinema, embora verificáveis a qualquer nível do policódigo literário,
ocorrem muito frequentemente ao nível do código técnico-compositivo.

5.5.5 Código semântico-pragmático

Designação justificada pela simples razão de ser impossível estabelecer uma rígida linha
divisória entre os factores semânticos e os pragmáticos, considera-se que a substância do
conteúdo quer no âmbito sintagmático como no pragmático é sujeita a específicos processos de
semiotização até que seja conteúdo numa forma peculiar. É assim que, como escreve Greimas
citado por Aguiar e Silva (1988:105/106):

O código semântico-pragmático regula, no plano pragmático, a produção das unidades e dos conjuntos
semioliterários, resultantes da interacção de factores lógico-semânticos, histórico-sociais e estético-
literários, que manifestam ou o universo semiótico cosmológico ou o universo semiótico antropológico ou
o universo semiótico social ou um universo semiótico configurado pelas inter-relaçõesdos três universos
antes referidos.

Este código correlaciona-se, através do código semântico, com os códigos religiosos, míticos,
éticos e ideológicos actuantes num determinado espaço geográfico e social e num tempo
histórico, manifestando assim, de forma primordial e privilegiada a visão do mundo, o modelo
do mundo, consubstanciados ao texto literário.

Segundo Dijk apud Aguiar e Silva (1988:106), o código semântico-pragmático desempenha uma
função dominante no policódigo literário, porque a estrutura profunda do texto é de natureza
semântica e só a partir desta estrutura, considerada programa, se pode analisar e compreender
adequadamente a estrutura superficial do texto, as regras e as convenções fónicas, prosódicas,
grafemáticas, métricas, estilísticas, técnico-compositivas e semântico-pragmáticas que a
organizam.
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3. Conclusão

Confrontadas as obras que se debruçam sobre o tema a ser abordado nesse nosso trabalho que
acabamos de fazer, concluimos o sistema semiótico literário tem a ver com os signos
interdependentes entre os quais, através de regras, se pode estabelecer relações e operações
combinatórias, de modo a produzir-se semiose. Discutimos ainda os pontos propostos para a
abordagem deste trabalho, tendo concluído ainda que o sistema de comunicação/significação, se
situa um outro sistema, o sistema modelizante primário, sendo que se entende como sistema de
significação como sistema modelizante secundário. Portanto, isso pressupõe que num texto
literário considerar-se-ão dois sistemas: um que será a base para compreensão do segundo,
equiparado à língua natural, e outro que se “constitui e se organiza”.
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3.1 Referências bibliográficas

AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 6ª ed., Coimbra, Livraria Almedina,
1984.

AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 8ª ed., Coimbra, Almedina, 1988.

AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria e Metodologia Literárias, Lisboa, Universidade
Aberta, 2004.

DIDCIONÁRIO DE LINGUA PORTUGUESA. 8ª ed., Lisboa, Texto Editora, 2003.

GRANDE DICIONÁRIO DE LINGUA PORTUGUESA. Porto, Porto Editora, 2004.

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