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Analise da Gestão de Resíduos Sólidos nas Autarquias Locais: Caso de Estudo Município

da Beira (2020 – 2022).

CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1. Contextualização

Pretende-se com este trabalho analisar o gerenciamento dos resíduos sólidos no Município da
Beira, e as dificuldades que o Município enfrenta no processo de recolha de resíduos sólidos.
Para tal, existe a necessidade de se conhecer a forma que o Município trabalha no processo de
Recolha de resíduos sólidos.

Quando se fala da Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos - GRSU é algo relativamente novo para
Moçambique, um país que conquistou sua independência política e administrativa em 1975.
Apesar de ser relativamente jovem como país, a legislação que rege o assunto em Moçambique,
de acordo com Langa (2014), existe e possui atores com papéis bem definidos, apesar de conter
algumas lacunas (BUQUE, 2014).

A rápida urbanização, o crescimento dos bairros sem nenhum serviço básico, os fluxos
migratórios internos, sem planejamento entre outros serviços básicos, têm desafiado a
administração pública a enfrentar novas realidades.

Desafiados pelas demandas municipais, a administração municipal de Maputo tem buscando


formas de resolver este e outros problemas, sendo em grande parte a combinação deste problema
ambiental e social.

Os paradigmas da Agenda 21 envolvem grandes desafios e que precisam ser bem articulados, no
tocante a redução da geração de resíduos sólidos, crescimento das taxas de reutilização e
reciclagem, universalização da prestação dos serviços e deposição final ambientalmente correta.
E seguindo por este caminho, a gestão integrada de resíduos sólidos mostra-se muito distante de
ser sentida nos municípios moçambicanos. Neste contexto, o presente estudo buscara como
proposta principal analisar a situação da gestão de resíduos sólidos do Município da Beira
(Moçambique).
1.2. Justificativa

Na actualidade um dos maiores problemas enfrentados no mundo e em Moçambique diz respeito


a geração e administração dos resíduos sólidos, pois à medida que a população cresce, há um
aumento excessivo no consumo, o que resulta na expansão da geração de resíduos.

Porém, se o poder público não se responsabiliza de maneira efetiva no cumprimento dessa


questão, em contrapartida, população cada vez mais consumista, acredita que o lixo posto de
casa pra fora não é mais um caso de comprometimento da sua parte, o que não é realidade, pois,
o lixo deve ser considerado uma questão da sociedade.

“Produzir resíduos é inerente ao ser humano”, destiná-los adequada e satisfatoriamente é o maior


desafio das administrações públicas. “Essa atividade não pode ser exercida sem a colaboração
direta do munícipe”. (FRITSCH, 2000, p.143).

Assim sendo, o presente estudo, justifica-se pelo dever de colaborar para uma forma correta
gestão dos resíduos sólidos no Município da Beira, desde sua geração até a disposição final, com
o intuito de conscientizar e preservar a saúde da população e do meio ambiente e até mostrar o
quanto rentável economicamente pode ser a utilização dos resíduos. Enquanto que no âmbito
acadêmico, a análise contribuirá com um material teórico e de campo com informações
complementares, baseado na realidade de geração e gestão de resíduos sólidos.

Entretanto, é pensando nestes factos, que este estudo pretende analisar a situação e a gestão dos
resíduos sólidos urbanos no município de Beira.

1.3. Delimitação
O estudo abrangeu especificamente o Municipio da Beira, localizada no Distrito da Beira, os
anos de 2020 a 2022. A escolha deste período está associada situção de resíduos sólidos nos
lugares inapropriados em tempos de chuva, causando assim várias doenças.

1.4. Relevância
Podem se disponibilizar os resultados este estudo, ao universo científico no sentido de
proporcionar condições-base para investigações sobre a Gestão de Resíduos sólidos no
Município da Beira, a forma como o resíduo solido é removido assim como a frequência dessas
remoções.
1.5. Problema

A crise ambiental é algo que se agrava cada vez mais em função de uma série de desastres e
desequilíbrios que começaram há muito tempo, quando os seres humanos modificavam o espaço
natural, sem ter consciência que os recursos do planeta eram e são finitos. Como consequência, a
degradação do meio ambiente tornou-se algo constante, o que foi necessário que governos e
estudiosos sobre a temática, pensassem em novas estratégias para tratar de tal problema de
ordem mundial.

Em Moçambique, os resíduos sólidos representam um problema que não só afecta os grandes


centros urbanos, mas também as vilas e distritos ao longo do território nacional.
A falta de recursos financeiros constitui um dos grandes desafios para os sistemas de gestão local
de resíduos sólidos, tornando-se necessário encontrar formas eficientes e pouco dispendiosas
para sua redução no meio ambiente.
Em termos da composição de resíduos verifica-se a presença de: 60% de materiais facilmente
fermentáveis (matéria orgânica), 25% de materiais potencialmente recicláveis e 15% de outros.
Estas percentagens poderão sofrer uma evolução ao longo do tempo, considerando a alteração do
padrão de vida da população.
Diante de tais factos, o enfrentamento a crise ambiental aponta a necessidade de tomada de
consciência ambiental, a quebra de paradigmas e a mudança de atitudes da sociedade; onde,
essas mudanças dizem respeito, sobretudo, ao crescimento econômico e populacional, às formas
de produção e de exploração da natureza e aos hábitos de consumo da sociedade (BIGLIARDI;
CRUZ, 2005).

Assim, este estudo volta-se para um problema ambiental em particular: a gestão dos resíduos
sólidos nas autarquias locais. À medida que a população cresce, aumenta-se também a
quantidade de resíduos despejados nos centros urbanos, muitas vezes sem gerenciamento
adequado por partes dos poderes governamentais, mesmo mediante as leis. No entanto, a gestão
e a disposição inadequada dos resíduos causam impactos socioambientais, tais como degradação
do solo, comprometimento dos corpos d'água e mananciais, intensificação de enchentes,
contribuição para a poluição do ar e proliferação de vetores de importância sanitária nos centros
urbanos (BESEN et al., 2010).
Assim sendo, este estudo será realizado no Munícipio de Beira, localizado na Cidade da Beira
Província de Sofala, cuja população é de 533.825 habitantes, de acordo com o censo de 2017
realizado pelo Instituto Nacional de Estatística – INE.

Mas, considerando a problemática em torno da gestão dos resíduos sólidos, este estudo se propõe
a responder a seguinte pergunta de pesquisa: A gestão dos resíduos sólidos no município da
Beira, é realizado de forma adequada?

1.6. Objectivos
1.6.1. Objetivo geral
 Analisar a Gestão dos Resíduos sólidos no Município da Beira (2020 – 2022)
1.6.2. Objetivos específicos
 Conhecer o cenário dos Resíduos Sólidos no Município da Beira
 Diagnosticar a gestão dos Resíduos Sólidos no Município da Beira, através de entrevistas
com o/a responsável por esta actividade;
 Identificar a percepção da população sobre a gestão dos resíduos sólidos;
 Propor sugestões capazes de potencializar a efetividade da gestão dos resíduos sólidos no
Município.
1.7.Hipóteses

H1: Os resíduos que se encontram espalhados em lugares inadequados deve-se a falta de lugares
apropriados para depositarem o resíduo.

H0: Os resíduos que se encontram espalhados em lugares inadequados não deve-se a falta de
lugares apropriados para depositarem o resíduo.
CAPITULO II - REVISÃO DA LITERATURA

Neste capitulo serão apresentados os conceitos centrais da pesquisa com base na revisão de
autores pertinente da área e do assunto estudado.

2. Caracterização do Distrito
2.1.Localização, Superfície e População

A Beira, capital da província de Sofala, está localizada a cerca de 1190 km a norte de Maputo, no
centro da costa do oceano Índico. É uma cidade portuária no Canal de Moçambique. O município
tem uma área de 633 km², e uma altitude média de 14 metros acima do nível do mar e está
situado nas coordenadas 19° 50' sul e 34° 51' leste. Confina a norte e a oeste com o distrito de
Dondo, a leste com o oceano Índico e a sul com o distrito do Búzi. Contando com uma
população de 533 825 habitantes de acordo com o Censo de 2017.

A cidade ergue-se numa região pantanosa, junto à foz do Rio Púnguè, e sobre alongamentos
de dunas de areia ao longo da costa do Índico. A vegetação natural é caracterizada por terras
baixas e litoral com mangais.

2.2. Breve Caracterização do Município da Beira

Divisão Administrativa. A Beira, capital da província de Sofala, está localizada a cerca de 1.190
km a norte de Maputo, no centro da costa do Oceano Índico. O município tem uma área de 620
km² e uma altitude média de 14 metros acima do nível do mar e está situado nas coordenadas 19°
50' sul e 34° 51' leste. A cidade confina, a norte e a Oeste, com o distrito de Dondo, a leste, com
o oceano Índico e a sul com o distrito do Búzi. A cidade ergue-se numa região pantanosa, junto à
foz do Rio Púnguè e sobre alongamentos de dunas de areia ao longo da costa do Índico. A
vegetação natural é caracterizada por terras baixas e litoral com mangais.

A Cidade da Beira caracteriza-se por um clima tropical húmido chuvoso de savana, com
temperaturas e humidade elevadas no Verão, especialmente durante a estação das monções
(hemisfério sul) de Outubro a Fevereiro. O território da Cidade da Beira é cercado de afluentes e
regiões alagadiças sendo fonte de água doce, pesca e captura de mariscos para a população.
População.
Mercados. De acordo com os dados do Município, existem 13 mercados formais, nomeadamente
Maquinino, Macuti, Ponta Gea, Central – Gorjao, Daviz Simango, Munhava Central,
Machipessa, Mascarenhas, Casa Banana Central, 20 de Agosto (praia nova), Vila Massane,
Massamba e Chipangara.

2.3. Resíduos Sólidos

Segundo a norma brasileira NBR 10004, de 2004, resíduos sólidos são os resíduos nos estados
sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações
de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável
o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções
técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

2.3.1. Classificação dos Resíduos Sólidos

A classificação de resíduos sólidos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu
origem e de seus constituintes. Dessa forma, são possíveis várias formas de classificação.

 Quanto a Periculosidade

Essa classificação foi definida pela ABNT na norma NBR 10004 /2004 como resíduos perigoso
(Classe I), que são aqueles que por seus aspectos podem apresentar riscos para a sociedade ou
para o meio ambiente, cujas características são: inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade e/ou patogenicidade, o que acarreta em cuidados especiais no momento de sua
destinação; e resíduos não perigosos (Classe II) que são aqueles que não apresentam nenhuma
das características acima, e podem ainda ser classificados em dois subtipos:

 Classe II A – não inertes: são aqueles que não se enquadram no item anterior, Classe I,
nem no próximo item, Classe II B. Geralmente apresenta alguma dessas características:
biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em água.

 Classe II B – inertes: quando submetidos ao contato com água destilada ou deionizada, à


temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, com exceção da cor,
turbidez, dureza e sabor (ABNT, 2004).
D‟Almeida e Vilhena (2000) dividem o lixo em duas categorias: lixo molhado e lixo seco. Os
primeiros considerados como lixo úmido, são os restos orgânicos de origem vegetal e animal que
decorrem do preparo de alimentos, do desperdício e da poda de jardins e logradouros públicos.
Os outros são as embalagens pós-consumo, sucatas e objetos em desuso que se constituem de
papel, papelão, plástico, metal, vidro, couro etc. Entre os componentes do lixo seco se encontram
itens de origem orgânica, como, por exemplo, os resíduos celulósicos, restos de fibras vegetais,
tecidos de origem animal e os constituídos de resinas termoplásticas derivadas do petróleo. Entre
esses componentes também foram considerados os rejeitos, ou seja, materiais que não têm
condições técnicas de reciclagem ou não despertam interesse comercial da cadeia produtiva
desse segmento (comerciante, industrial, etc.) (D‟ALMEIDA; VILHENA, 2000, apud VIEIRA,
2006).

De acordo com sua origem, Jardim (1996) citado por Junior (2004) classifica-os como industrial;
urbanos; serviços de saúde; portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários; Construção e
demolição; agrícolas e radioativos.

 Industrial: Correspondente aos resíduos gerados em industrias, cujo manejo e destinação


final é de responsabilidade da empresa geradora

 Urbano: incluem se nessa categoria os resíduos residências, comerciais e os oriundos dos


serviços da limpeza pública urbana, como por exemplo a varrição das vias, limpezas de
terrenos e etc. Vale ressaltar que é de responsabilidade das prefeituras a coleta e
disposição final desses resíduos, no entanto para os comerciais fica determinado a
quantidade abaixo do peso de 50 kg/dia.

 Serviços de saúde: são aqueles produzidos em hospitais, clinicas médicas e veterinárias,


laboratórios de análises clinicas, farmácias, centros de saúde, consultórios odontológicos,
entre outros, onde são de responsabilidade da fonte geradora e agrupados em comum
(papéis, restos de alimentos, etc.) e sépticos (restos de materiais cirúrgicos e de
tratamento médico)

 Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: se constituem nos resíduos


sépticos que podem conter organismo patogênicos, tais como: matérias de higiene e
asseio pessoal e restos de comida. Possuem potencial capacidade de veicularem doenças
de outras cidades, estado ou país. Cabe ao gerador a responsabilidade pelo gerenciamento
desses resíduos.
 Construção e demolição: a rigor poderia ser considerado como resíduo urbano, porém,
por suas características e volume são classificados separadamente. Entulho constituem-se
basicamente de resíduos de construções civil: demolições, restos de obras, solos de
escavações e materiais afins. Analogamente aos resíduos urbanos, a prefeitura é
corresponsável por pequenas quantidades.

 Agrícolas: correspondem aos resíduos das atividades da agricultura e pecuária, como por
exemplo: embalagens de adubos, restos de colheita, ração, esterco animal, entre outros;
cujo gerador é responsável pelo gerenciamento e a empresa que faz o tratamento ou
disposição é o corresponsável.

 Radioativos: provenientes de combustíveis nucleares e de alguns equipamentos que


utilizam elementos radioativos. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM) é a
responsável por esta categoria de resíduo.

2.3.2. Caracterização dos Resíduos Sólidos

Assim como cada cidadão têm suas características de comportamento semelhantes, de acordo
com o meio que está inserido, os resíduos também têm suas particularidades.

Segundo Castilho (2003) as características qualitativas e quantitativas dos resíduos sólidos


podem variar em função de vários aspectos, como os sociais, econômicos, culturais, geográficos
e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam as comunidades entre si, pois,
o lixo produzido em determinado ambiente, como por exemplo na praia, jamais será igual o
produzido no shopping center. Cada um têm suas particularidades.

No que concerne a caracterização qualitativa podemos aborda os seguintes tópicos:

 Aspectos biológicos: os resíduos orgânicos podem ser metabolizados por vários


microrganismos decompositores, como fungos e bactérias, aeróbios e/ou anaeróbios, cujo
desenvolvimento dependerá das condições ambientais existentes. Além desses
microrganismos, os resíduos sólidos podem apresentar microrganismos patogênicos,
como os resíduos contaminados por dejetos humanos ou de animais domésticos, ou certos
tipos de resíduos de serviços de saúde.

 Característica químicas: possibilita a seleção de processos de tratamento e técnicas de


disposição final. Algumas das características básicas de interesse são: poder calorífico,
pH,
composição química (nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre e carbono) e relação teor de
carbono/nitrogênio, sólidos totais fixos, sólidos voláteis e teor de umidade.

 A determinação da composição gravimétrica dos resíduos é outro dado essencial. No caso


dos resíduos de origem domiciliar e comercial, normalmente dispostos em aterros, os
componentes comumente discriminados na composição gravimétrica são: matéria
orgânica putrescível, metais ferrosos, metais não ferrosos, papel, papelão, plásticos,
trapos, vidro, borracha, couro, madeira, entre outros.

2.3.3. Geração e Tratamento dos Resíduos Sólidos

Para Jacobi e Besen (2011) a administração pública municipal tem responsabilidade de gerenciar
os resíduos sólidos urbanos, seja ele domiciliar, público ou comercial, de forma que seja
realizado de maneira ambientalmente segura, desde sua geração/coleta até a disposição final,
porém este fato continua sendo um dos grandes desafios até os dias atuais, já que geralmente os
resíduos não passam por um processo de destinação que seria uma forma de tratamento
abordando a reutilização, recuperação ou reciclagem; seguindo diretamente para a disposição em
aterros ou lixões.

Dias (2000) diz que a geração de resíduos é proporcional ao aumento da população e


desproporcional à disponibilidade de soluções para o gerenciamento dos detritos, resultando em
sérias defasagens na prestação de serviços, tais como a diminuição gradativa da qualidade do
atendimento, a redução do percentual da malha urbana atendida pelo serviço de coleta e o seu
abandono em locais inadequados. Equacionar o desequilíbrio entre o incremento de resíduos e as
escassas possibilidades de dispô-lo corretamente sem agredir a saúde humana e sem causar riscos
ao meio ambiente é o grande desafio que se impõe segundo o mesmo autor (DIAS, 2000, apud
SILVA, et al., 2016).

Assim, o tratamento dos resíduos sólidos tem um papel fundamental na sociedade, pois visa
diminuir os impactos negativos a saúde humana, assim como no meio ambiente, consistindo em
um conjunto de operações e métodos necessários para a utilização correta das legislações
aplicáveis aos resíduos sólidos, que vai desde sua produção até seu destino final.

Como formas de tratamento, a coleta seletiva se caracteriza pelo reaproveitamento de resíduos


que normalmente chamamos de lixo e deve sempre fazer parte de um sistema de
gerenciamento
integrado de lixo. Nas cidades, a coleta seletiva é um instrumento concreto de incentivo a
redução, a reutilização e a separação do material para a reciclagem, buscando uma mudança de
comportamento, principalmente em relação aos desperdícios inerentes à sociedade de consumo.
Dessa forma, compreende-se que é preciso minimizar a produção de rejeitos e maximizar a
reutilização, além de diminuir os impactos ambientais negativos decorrentes da geração de
resíduos sólidos (RIBEIRO; LIMA, 2000).

De acordo com Waite (1995), entre as vantagens ambientais da coleta seletiva destacam-se: a
redução do uso de matéria-prima virgem e a economia dos recursos naturais renováveis e não
renováveis; a economia de energia no reprocessamento de materiais se comparada com a
extração e produção a partir de matérias-primas virgens e da valorização das matérias-primas
secundárias, e a redução da disposição de lixo nos aterros sanitários e dos impactos ambientais
decorrentes. Os materiais recicláveis tornaram-se um bem disponível e o recurso não natural em
mais rápido crescimento (WAITE, 1995, apud RIBEIRO; BESEN, 2006).

Para Jardim (1995) reciclagem é o resultado de uma série de atividades por vias de materiais que
se tornariam lixo ou estão no lixo e são desviados, sendo coletados, separados e processados para
serem usados como matéria-prima na manufatura de bens feitos anteriormente apenas com
matéria-prima virgem. Traz benefícios como a diminuição da quantidade de lixo a ser aterrada
(consequentemente aumenta a vida útil dos aterros sanitários), preservação de recursos naturais,
economia de energia na produção de novos produtos, diminuição dos impactos ambientais, novos
negócios e geração de empregos diretos e indiretos através da criação de indústrias recicladoras.
A reciclagem não pode ser vista como a principal solução para o lixo, é uma atividade
econômica que deve ser encarada como um elemento dentro de um conjunto de soluções
(JARDIM, 1995, apud JUNKES, 2012).

Também pode-se citar como formas de tratamento dos resíduos sólidos a incineração e
compostagem. A incineração trata-se de uma queima do resíduo, transformando-o em cinzas.
Tem sua utilização limitada, pois gera resíduos indesejáveis que devem ser controlados, além do
elevado custo de operacionalização. Pode-se justificar seu uso no caso de lixo hospitalar ou
resíduo contaminado (GARCIA; RODRIGUES, 2007). E a compostagem é um processo
biológico de decomposição da matéria orgânica contida em restos de origem animal ou vegetal
tendo como resultado final um produto que é o composto orgânico; que pode ser aplicado ao solo
para melhorar
suas características sem ocasionar risco ao meio ambiente (D‟ALMEIDA, 2000, apud JUNKES,
2012).

2.3.4. Os Sistemas de Recolha de Resíduos Sólidos

Ao nível da cobertura do serviço de recolha, os números são escassos e muito variáveis, devido à
ausência de tarefas de monitorização e registo nas autoridades locais. No entanto, uma
característica genérica é o nível reduzido de cobertura do serviço de recolha (ver Figura 1). Com
efeito, e de acordo com o IV Recenseamento Geral da População e Habitação 2017 (9), apenas
26,2% da população urbana respondeu estar abrangida por um serviço de recolha de resíduos.

2.3.5. Disposição final dos Resíduos Sólidos

Actualmente, a deposição final de Resíduos Sólidos continua a ser baseada em lixeiras a céu
aberto, formais ou informais, com pouca ou nenhuma acção de controlo. A população urbana não
abrangida por serviços de recolha recorre à queima (28%), enterro (27,6%) ou eliminação no
terreno/pântano/lago/rio/mar (16,5%) (9).

A contaminação resultante das linhas de água, solos e ar (devido à queima que ocorre em muitas
das lixeiras espalhadas pelo país) acentua a degradação da saúde publica da população. Surtos de
cólera e aumento dos casos de malária são só algumas das consequências mais visíveis.

Para além do passivo já existente – que obrigará no futuro a acções de remediação de locais
contaminados – à medida que os municípios e distritos crescem, o problema torna-se cada vez
mais grave, uma vez que as maiores quantidades de resíduos – e muitas vezes diferentes
tipologias
– implicam também o aumento da contaminação.

A justificativa para tal fato muitas vezes se dá devido à falta de recurso para implementação de
ações corretas, bem como a escassez de áreas disponíveis para instalação de aterros sanitários.
Assim, deve se incentivar a seletividade e reciclagem, através da colaboração de cada cidadão
com o intuito de diminuir a quantidade de resíduos lançados nos aterros, para aumentar o tempo
de utilização do mesmo. E quanto as formas de aterro, existem dois modelos:

 Aterro controlado: É uma forma de disposição final em uma área previamente


impermeabilizada, de resíduos sólidos urbanos no solo. Nos aterros controlados, os
resíduos são compactados e formatados por um trator para melhor ordenamento. O lixo
adensado é coberto por materiais de jazida (barro próprio para recobrimento) evitando
dispersão de odores, presença de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos,
etc.), animais nocivos e combustão espontânea por anaerobiose, minimizando os riscos de
impactos ambientais e à saúde pública (FALCÃO);

Figura 1: Aterro Controlado

 Aterro sanitário: Costa e Ribeiro (2013, p. 53) citado por Portela e Ribeiro (2014) diz que
trata-se de uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem causar
danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais;
apresentando baixo custo operacional, se comparado às alternativas existentes,
oportunizando a associação de outras tecnologias, além de ser uma amplamente
conhecida, que potencializa a geração de empregos, permitindo também a possibilidade
de gestão consorciada entre Municípios.

2.3.6. Gestão pública de Resíduos Sólidos

A excessiva geração de resíduos sólidos constitui um desafio de ordem global. No entanto, é no


âmbito municipal que seus impactos são vivenciados. De acordo com Lopes(2003) um dos
principais problemas enfrentados por uma administração, seja pública ou privada, diz respeito
aos resíduos sólidos, o qual é produzido por diversas atividades humanas, gerando graves
problemas sociais, políticos, econômicos, técnicos, ambientais e de saúde.
Besen (2006) destaca que as administrações municipais enfrentam diariamente o desafio de
promover a limpeza pública, fiscalizar, coletar, tratar e dispor os resíduos sólidos domiciliares
que são de sua exclusiva responsabilidade, porém além dos problemas socioambientais gerados
pela disposição inadequada dos resíduos, tais como a ocorrência de lixões e as enchentes,
existem dificuldade gerenciais na coleta, tratamento e disposição final, como também impactos
do alto custo de seu gerenciamento nos orçamentos das cidades.

No entanto, Paes (2004) explana que mesmo sendo de responsabilidade do município, o


gerenciamento do sistema de limpeza urbana, objetivando afastar o lixo das populações e dando
um destino final ecologicamente adequado, esta tarefa, segundo IPT (1995), é dificultada pelos
seguintes problemas:

 Inexistência de uma política brasileira de limpeza pública;

 Limitação financeira – orçamentos inadequados, fluxo de caixa

 Desequilibrado, tarifas desatualizadas, arrecadação insuficiente e

 Inexistência de linhas de crédito;

 Descontinuidade política e administrativa;

 Falta de controle ambiental.

De acordo com IPT (1995), as prioridades máximas, para qualquer modelo de gerenciamento
para o lixo, devem ser:

 Coletar todo o lixo gerado de responsabilidade da prefeitura;

 Dar um destino final adequado para o lixo;

 Buscar formas de tratamento para o lixo de seu município. Considerar que estas formas
só darão resultados positivos e duradouros se responderem a claros objetivos tanto
ambientais como econômicos;

 Fazer campanhas ou implantar programas educacionais voltados à conscientização pela


limpeza da cidade e incentivar medidas que visem diminuir a própria geração do lixo.
2.3.7. Cenário dos Resíduos Sólidos em Moçambique

Estima se que nesta cidade vivem mais de 1.100.000 habitantes, segundo a Direção Municipal de
Gestão de Resíduos Sólidos e Salubridade em média cada munícipe produz por dia cerca de 1 kg
de lixo e somente cerca de 700 Ton. são depositadas na Lixeira de Hulene (lixão).

Em Moçambique, com a lei 2/97, de 18 de fevereiro – Lei das Autarquias Locais- que consagra o
quadro jurídico-legal para a implantação das autarquias locais, estabelece que é competência do
município legislar sobre assuntos de interesse local. Em seu artigo 6, esta lei estabelece que as
autoridades municipais são as que se encarregam de garantir os trabalhos de limpeza urbana da
sua área de jurisdição.

Sendo assim o principal desafio que se coloca aos municípios em Moçambique, a gestão de
resíduos sólidos de forma integrada. Isto implica em se articular as dimensões de
sustentabilidade (econômica, ambiental, social e institucional).

A Constituição da República declara também no artigo 90, o meio ambiente de uso comum de
todos e impõe, tanto ao poder público quanto à coletividade, o dever de zelar pela sua proteção.
Como dispositivo legal mãe, a Constituição da República não avança para questões pontuais
sobre a GRSU, mas cumpre com seu foco de estabelecer base para regular este setor, daí que se
compreende a criação de um Ministério para responder as demandas do meio ambiento e assim
tutelar sobre a GRSU. Assim sendo, o Ministério para Coordenação da Ação Ambiental
(MICOA) como órgão consultivo e deliberativo responsável por assessorar e propor ao Conselho
de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente, posicionou-se.

A geração de resíduos sólidos, nas cidades moçambicanas, é um processo que ocorre diariamente
em quantidades e composições que variam conforme seu nível de desenvolvimento econômico e
seus diferentes extratos sociais, atividade econômica, localização do bairro, mas principalmente
pelo costume e hábitos dos munícipes, daí que é necessário na GRSU pensar na Educação
Ambiental, exatamente para mudar o que historicamente se pensou sobre os resíduos sólidos, a
coleta e o afastamento destes, que se materializa na deposição final.

Esta forma de pensar (afastar os resíduos) foi repetida sistematicamente pelo poder público
representado pelos Conselhos Municipais, quando a partir de escolhas logísticas, tais como o
aumento da frota de caminhões, a ampliação do número de funcionários e a melhoria do sistema
de disposição final e a comunidade enterrando o lixo nas áreas de suas casas ou depositando com
contentores, desligando se totalmente deste, como se a GRSU fosse somente responsabilidade do
poder público.

2.3.8. Desafios na Governação da Gestão de Resíduos Sólidos

Na componente governativa observa-se que ao nível local existem também diferentes desafios,
nomeadamente:

a) O desenvolvimento organizacional no contexto da gestão de resíduos é limitado devido a


diferentes constrangimentos funcionais (p. ex. não aplicação/definição de perfis de
trabalhadores por função ou organogramas desajustados) que impedem, na generalidade
dos casos, a melhoria sustentável dos serviços;

b) Nível de capacitação reduzido e fraca aplicação de conhecimentos adquiridos (incluindo


no período pós acções de formação);

c) Constrangimentos financeiros com reduzida recuperação de custos (i.e. taxa do “lixo”


desajustada ou inexistente);

d) Apesar de algumas iniciativas que promovem a participação e envolvimento do cidadão,


a prestação de contas por parte dos municípios/distritos sobre os serviços associados à
Gestão de Resíduos Sólidos é limitada.

2.3.9. Percepção e Educação Ambiental

Davidoff (1993), diz que a percepção implica em interpretação, ou seja, é um processo de


organização e interpretação das sensações recebidas para que a consciência do ambiente se
desenvolva pelo que nos cerca. Complementando, Soulé (1997) aponta que o envolvimento com
o meio ambiente é fundamental no entendimento de como a mente percebe a natureza, e o fato de
cada indivíduo possuir uma “lente” própria lapidada por sua cultura, educação e temperamento
as percepções são as mais diversas possíveis, o que permite o compartilhamento do mesmo
ambiente de modo pacífico(RODRIGUES, et al., 2012).
Diante de tais afirmações pode-se dizer que a maneira como o homem percebe o meio que está
inserido é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de políticas públicas, pois se de
um lado existe governo, em contrapartida existe nós cidadãos, que sendo também responsáveis
pelo meio ambiente pode contribuir para o progresso econômico, social e ambiental do espaço,
com pequenas atitudes responsáveis, como por exemplo a seletividade dos resíduos sólidos.

Já a educação ambiental, de acordo com Dias (1994), se caracteriza por incorporar as dimensões
sociais, políticas, econômicas, culturais, ecológicas e éticas, o que significa que ao tratar de
qualquer problema ambiental, deve-se considerar todas as dimensões, e têm como objetivo,
formar a consciência dos cidadãos e transformar-se em filosofia de vida de modo à levar a
adoção de comportamentos ambientalmente adequados, investindo nos recursos e processos
ecológicos do meio ambiente. A educação ambiental, deve necessariamente transformar-se em
ação.
CAPITULO III: METODOLÓGIAS DA PESQUISA
Neste capítulo, faz-se a menção da metodologia usada ao longo da pesquisa, incluindo os
instrumentos de recolha e colecta de dados contribuíram para a efectivação da mesma.

3. Método de Colecta de Dados

Recorreu-se ao método de procedimento monográfico que segundo Gil (1999), permite maior
interpretação do problema e parte de princípio de que o estudo de caso pode ser considerado
representativo de muitos outros casos semelhantes. Este método ajudará a analisar a capacidade
do governo do Município da Beira na Gestão de Resíduos Sólidos.

3.1. Desenho de Pesquisa

3.3.1. População de Amostra

Para alcançar os objectivos do estudo sobre a Gestão de Resíduos Sólidos no Município da Beira,
resulta de um apropriado processo de amostragem que dá informações suficientes a amostragem
aleatória simples. Esta técnica de amostragem é usada quando todos os membros de uma amostra
da população têm a mesma probabilidade de ser entrevistados Marconi & Lakatos (1999). Neste
caso a amostragem vai abranger um universo de cinquenta e cinco (55) indivíduos, cujo grupo-
alvo serão três (3) funcionários do Conselho Municipal da Beira (CMB), três (5) Chefes dos
Postos Administrativos, oito (8) Lideres locais, e trinta e oito (39) membros representantes das
comunidades do Município da Beira. Assim sendo, ajudara-nos a perceber melhor o tema em
pesquisa e o problema identificado neste Distrito da Beira.

3.2. Instrumentos de Recolha de Dados

3.2.1. Pesquisa descritiva

“Esta tem como objectivo primordial a descrição de determinados fenómenos ou populações.


Destacam-se também na pesquisa descritiva descrever características de grupo, descrição de
uma organização…” (CAPECE, 2007,p.9).

A pesquisa vai se basear no método descritivo, descrevendo os fenómenos que serão verificados
durante a realização do trabalho de campo no Conselho Municipal da Beira.
3.2.2. Consultas bibliográficas:

“É desenvolvida com base em material já elaborado, constituídos principalmente de livros,


artigos, revistas científicas e textos retirados da internet ”. (CAPECE, 2007, p. 9).

Serão usadas várias bibliografias como livros escritos por vários pensadores, trabalhos usados
durante as aulas, artigos da internet, para retirar dessas obras alguns conceitos úteis para
confrontar as ideias do trabalho a se realizar e o que já foi pesquisado por outros autores esses
conceitos deram maior suporte a pesquisa do tema em questão.

3.2.3. Observação:

“É o conjunto de actividades destinadas a obter dados e informações sobre o que se passa no


processo de desconcentração em Moçambique com finalidade de, mais tarde proceder a uma
análise do processo numa ou noutra das variáveis em foco.” (ALARCÃO & TAVARES,
1987:103) citado por (DIAS, 2008:62).

Este método será aplicado de duas formas para obter todas as informações desejadas, com base
na observação directa e indirecta que segundo pensadores é definida da seguinte forma:

 Observação directa:

De acordo com CAMPENHOUDT & QUIVY (1988) citados por DIAS (2008:61) a observação
directa consiste na recolha de informações de forma directa sem se dirigir aos sujeitos
interessados, isto é, apela directamente ao sentido de observação.

A recolha de informações será realizada directamente no campo baseado na observação do


ambiente de trabalho, a participação da comunidade no processo de tomada das decisões ao nível
do Distrito de Gondola, não terá a intervenção de nenhum responsável, o autor vai observar
sozinho os fenómeno.

 Observação indirecta‫׃‬

“O inquiridor contacta o sujeito para obter informações desejadas” (CAMPENHOUDT &


QUIVY, 1988:164) citado por (DIAS, 2008:61). Com este método serão contactados os
funcionários de vários níveis, estas individualidades ajudaram a obter informações necessárias
para prosseguir com a pesquisa. Neste método será usado, a técnica de entrevista e inquérito.
4. Cronograma de Actividades

Atividades Jul Ago Set Out Nov


Redação do Projecto
X
Revisão de Literatura X X X
Recolha de Dados
X
Processamento de Dados
X X
Interpretação de Dados
X X

Discussão dos Resultados X X


Revisão e correção ortográfica X
Submissão da Monografia x

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