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Percepção dos impactos socioambientais pelos moradores do bairro Vila Nova no

município de Zé Doca – MA
Geovane Ferreira da Silva1, Erlane Santana Macedo2, Eduardo Guimarães Teixeira3, Rosângela Maria
Pinheiro Paixão4, Fábia Holanda de Brito5
1
Discente do curso técnico de Análises Químicas - IFMA - Campus Zé Doca. e-mail: geovnferr@gmail.com
2
Discente do curso técnico de Análises Químicas - IFMA - Campus Zé Doca. e-mail;erlanes777@gmail.com
3
Discente do curso técnico de Análises Químicas - IFMA - Campus Zé Doca. e-mail: edu-_zd@hotmail.com
4
Docente orientadora- Msc. em Desenvolvimento e Meio Ambiente - IFMA - Campus Zé doca. e-mail: ropaixao@ifma.edu.br
5
Docente orientadora – Especialista em História do Maranhão - IFMA campus Zé doca; e-mail: fabiaholanda@ifma.edu.br

Resumo: A ocupação urbana desordenada aliada a falta de infraestrutura tem gerado inúmeros
impactos socioambientais que se refletem de maneira mais acentuada na população de baixa renda. O
bairro Vila Nova, localizado na cidade de Zé Doca – MA, tem grande influência econômica no
município, contudo ao longo dos anos teve sua paisagem desconfigurada apresentando grandes perdas
de área natural ocasionada principalmente pelo planejamento inadequado de ocupação e o uso
intensivo do solo para agricultura. Diante disso, esta pesquisa teve como principal objetivo identificar
os impactos socioambientais causados pela ocupação urbana do bairro Vila Nova do município de Zé
Doca, para tanto foram realizadas visitas a campo para reconhecimento do local e aplicados
questionários com os moradores no intuito de conhecer as condições habitacionais, econômicas e
ambientais. Como resultado constatou-se que o planejamento desse bairro está longe de atingir um
patamar considerado ideal e essa realidade é vivida e relatada pelos moradores que afirmam perceber
problemas de poluição e destruição ambiental. Esse descaso só pode ser resolvido ou amenizado com
ações que visem o incentivo a preservação dos recursos naturais e promoção de melhorias nas
questões sociais. Dessa forma esse trabalho vem colaborar para conscientização e percepção dessa
problemática que na maioria das vezes é encarada sem o devido conhecimento dos próprios
moradores.

Palavras–chave: socioambiental, moradia, sociedade.

1. INTRODUÇÃO
Passamos hoje por grande crise socioambiental, que é fruto, dentre outros fatores, da relação
que nós, seres humanos, construímos com a natureza, principalmente devido à visão antropocêntrica,
que a entende como objeto de dominação que pode ser explorado.
Quando se questiona os problemas, agressões e/ou degradação ambiental falamos do processo
de ocupação desordenada da população. O crescimento urbano que tem relação direta com o
populacional, havendo desenvolvimento ou não para região, vem acompanhado de vários problemas
como acúmulo do lixo, poluição industrial e automobilística, assoreamento dos córregos, entre outros
(SANTOS et al., 2006).
A urbanização desenfreada que as cidades brasileiras passaram nos últimos 50 anos, resultante,
em boa parte do êxodo rural, desenhou o perfil da nossa população urbana atual. Segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o Brasil ultrapassou a marca de 85% de
pessoas que residem em áreas urbanas.
Principalmente no último século, e mais acentuadamente nos últimos 40 anos, um acelerado
crescimento populacional vem sendo registrado, concentrando-se, em especial, nas áreas urbanas. Tal
concentração traz consigo uma pressão maior aos recursos naturais, como poluição de recursos
hídricos, degradação do solo, agressão às áreas de proteção permanente (como as matas ciliares), além
de trazer também problemas sociais como falta de moradia ou moradias precárias, dificuldade de
acesso por parte dos cidadãos aos serviços públicos, proliferação de doenças ligadas à falta de
saneamento básico e salubridade (CUNHA, 2007).

ISBN 978-85-62830-10-5
VII CONNEPI©2012
O crescimento desordenado urbano no Brasil desconsiderando as características naturais do
meio e, na maioria das vezes, aliado à falta de infraestrutura, vem ocasionando inúmeros impactos
negativos para a qualidade do meio urbano (CUNHA, 2007).
As cidades não possuem um planejamento adequado para ocupação acentuada de grandes
massas sociais, há então distribuição e ocupação inadequadas do espaço urbano (DIEGUES, 1997).
O aumento da população urbana deveria ser acompanhado do crescimento de toda a
infraestrutura urbana, com um crescimento ordenado, onde fosse dada à população uma mínima
condição de vida, bem como para que as influências da urbanização sobre o meio pudessem ser
minimizadas. No entanto, o que se vê, é um crescimento desordenado, sem considerar as
características naturais do meio, as cidades crescem de forma caótica, exigindo ações posteriores de
ordenamento (MOTA, 1999, p.19).
Atualmente, as discussões acerca da deterioração do meio ambiente enfocam as grandes cidades
do país. Porém, pode-se verificar que mesmo os municípios de pequeno e médio porte apresentam
uma situação crítica no que diz respeito à falta de planejamento municipal. Neste contexto, pode-se
citar o município de Zé Doca localizado na região do Alto Turi, ocupa uma área de 2.413,751Km² e
possui uma população de cerca de 50.160 habitantes (IBGE, 2010). Essa região, cuja cobertura vegetal
original é a Floresta Amazônica, vem sofrendo nos últimos tempos sérias agressões causadas pela
ocupação desordenada dos ecossistemas, crescimento populacional sem planejamento, desmatamentos
e principalmente o uso inadequado dos recursos hídricos, incluindo a exploração imobiliária de áreas
alagadas, que são impróprias para esse fim.
Por conseguinte, o presente estudo parte do diagnóstico socioambiental, encaminhando
perspectivas de percepção ambiental em área do espaço urbano, de cidades de pequeno porte, como
análise de situações vivenciadas dentro do processo de urbanização contemporâneo no Brasil. Para
tanto, pretende alertar para as questões ambientais, proveniente da disputa por espaço e o crescimento
desordenado nas pequenas cidades do país.
Teve como objetivo geral realizar a análise dos principais impactos ambientais decorrentes da
ocupação desordenada do solo nos limites urbanos do município de Zé Doca - MA, tendo como
objetivo específico: identificar e descrever condições socioambientais do bairro Vila Nova.

2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho desenvolveu-se mediante a execução das seguintes etapas que tiveram início
com uma revisão bibliográfica que contempla os assuntos pertinentes às características e processos
presentes na área selecionada para o estudo. Após, procedeu-se à organização desses dados, foram
realizadas visitas a campo no período de janeiro de 2012 a maio de 2012 com intuito de conhecer o
local de trabalho. Realizou-se um registro fotográfico para caracterização e identificação da área e dos
impactos ambientais existentes no bairro.
Foram aplicados questionários semiestruturados baseados em questões discursivas e de múltipla
escolha referentes à variável demográfica, variável habitacional e variável de percepção ambiental em
todos os setores do bairro para caracterizar a população ali residente.
Foi realizado um levantamento histórico junto aos órgãos públicos do município de Zé doca.
Para obtenção de informações tais como período de ocupação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os dados presentes na prefeitura municipal, o bairro Vila Nova iniciou seu
processo ocupacional no ano de 1960 com a migração de camponeses. Zé Doca na época estava em
pleno desenvolvimento econômico e esses moradores foram se alojando em pequenas comunidades,
estas por sua vez entraram em desenvolvimento originando grandes bairros.
No desenvolvimento desse trabalho foram entrevistadas 25 famílias (em um total de 109
pessoas), compostas por 3 a 9 integrantes. De acordo com os dados, pode-se definir a população
residente, que fora entrevistada como de baixa renda.
Os moradores relataram que no início da ocupação o bairro continha poucas residências, sendo a
maioria de taipa e descrevem o ambiente nesse período como um lugar com muitas árvores e igarapés,
mas afirmam também que no decorrer dos anos quando aumentou o número de moradores aumentou
também os desmatamentos e a quantidade de lixo, no local. Os moradores alegam a falta de sistema de
esgoto e coleta de resíduos sólidos residenciais. Em decorrência disso todo o lixo produzido é levado
pelo veículo da coleta municipal ou até mesmo queimado, pois a frequência de passagem deste veiculo
é mínima se considerado a quantidade de lixo ali existente.
Em questão de infraestrutura, o bairro foi caracterizado pelos moradores como mal planejado,
pois os serviços oferecidos não atendem a demanda social podendo notar-se que em período chuvoso
as ruas ficam de difícil acesso, consequentemente esse fator pode acarretar na degradação ambiental.
Quando questionados sobre a dinâmica econômica e social do bairro, os moradores destacaram
que dentre as principais atividades econômicas está o comércio de pequeno e médio porte; como as
populares “quitandas” – pequenas vendas de produtos de gêneros alimentícios, na maioria. Não foi
identificada área de lazer na atual estrutura do bairro, exceto um campo de futebol, de “chão batido”,
mantido pelos moradores. Foi identificada também, dinâmica de expansão no local, com a chegada de
grupos de pessoas da zona rural, em geral do próprio município; assim configurando certa dinâmica
imobiliária, com o surgimento de novas casas. Mudanças que vem atingindo os recursos naturais,
como a cobertura vegetal e os aportes de águas superficiais – igarapé. (Figura 2).

Figura 2 - Trecho do Igarapé do Gato que corta o bairro.

A figura acima permite perceber mais claramente as mudanças físicas relacionadas, o Igarapé do
Gato foi mencionado pelos moradores como um ambiente que antes era usado para lazer e serviços
domésticos, porém a ocupação desordenada levou a um acúmulo considerável de lixo em suas
margens e perda de mata ciliar – por retirada - fazendo com que esse ambiente apresente-se insalubre.
Atualmente não há nenhuma área preservada naturalmente no bairro, nem ações que incentivam
a preservação ambiental do mesmo.

6. CONCLUSÕES
Esse trabalho vem iniciar discussões acerca do cenário socioambiental de Zé Doca, tendo como
foco principal o bairro Vila Nova. Não podemos dissociar a questão social da questão ambiental,
sendo que é observável que a estrutura física e bem planejada pode incidir na preservação do meio
ambiente.
O presente trabalho permitiu perceber que a realidade do bairro Vila Nova, assim como outros
bairros da cidade, encontra-se em desacordo com a legislação relativa ao meio ambiente que prever e
demonstra a grande falta de preocupação com os recursos naturais. Deste modo, a realização desse
estudo visou trazer conscientização para a problemática ambiental e social que muitos lugares
enfrentam atualmente.

REFERÊNCIAS
CUNHA, S. B. Canais fluviais e a questão ambiental. In: CUNHA, Sandra Baptista; GUERRA, José
Antonio Teixeira. (Org.). A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2007.

DIEGUES, A. C. 1997. O Mito do paraíso desabitado nas florestas tropicais brasileiras. In: Castro, E.
&Pinton, F. (Orgs). Faces do trópico húmido: Conceitos e questões sobre desenvolvimento e meio
ambiente. Cejup, UFPA/NAEA, Belém, Brasil, 446pp. Disponível em:
<http://www.usp.br/nupaub/saberes.>. Acesso em 29 jan. 2012.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <http:// www.ibge.com.br>.


Acesso em 25 de fev. de 2012.

MOTA, Suetônio. Urbanização e meio ambiente. Rio de Janeiro: ABES, 1999.

SANTOS, I. N.; HORBE, A. M. C.; SILVA, M. do S. R. da; MIRANDA, S. A. F. Influência de um


aterro sanitário e de efluentes domésticos nas águas superficiais do Rio Tarumã e afluentes -
AM. Acta Amazônica, v. 36 n. 2, p. 229-236. 2006.

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