Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cilene Gomes[a]
[a]
Estagiária de Pós-Doutorado no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR), Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), Doutora em Geografia Humana (USP), São José dos Campos, SP - Brasil, e-mail: cilenegomes@terra.com.br
Resumo
Adotando a categoria de formação sócio-espacial (Milton Santos), um estudo das relações entre
espaço e sociedade no curso da história do desenvolvimento do Rio Grande do Norte foi
empreendido com o objetivo geral de identificação dos nexos socioeconômicos, demográficos e
espaciais que constituem as diferentes dinâmicas urbano-regionais do Estado, e com o objetivo
específico de atribuir à região metropolitana de Natal o seu devido lugar, enquanto núcleo
estruturador dessas dinâmicas. Nessa busca, um destaque foi dado à análise do perfil da urbanização,
que não apenas revela algumas características da evolução da rede urbana do Estado, como possibilita
que sejam entrevistos os contornos de sua regionalização. A título de conclusão, pode-se observar,
entre outros aspectos significativos, o acentuado contraste entre o desenvolvimento técnico-
econômico do Estado, nas últimas décadas, e as condições precárias da vida de grandes parcelas
da sociedade, o que se rebate espacialmente, em uma fraca divisão territorial do trabalho, em uma
rede urbana desequilibrada e com apoio em um muito pequeno número de cidades.
Abstract
Adopting the category of socio-spatial formation (Milton Santos), a study about the relationship
between space and society in the course of history of the development of Rio Grande do Norte
was undertaken, with the overall aim of identifying socio-economic, demographic and spatial
links, that represent the different urban-regional dynamics of the state, and also with the
specific aim of giving the metropolitan area of Natal its rightful place, as the structuring core
of these dynamics. In this search, thought was given to the analysis of the profile of urbanization,
which does not only show some characteristics of the urban network of the state evolution,
which make it possible to glimpse the outline of its regionalization. In conclusion, we can
observe, among other aspects, the sharp contrast between the technical-economic status in
recent decades, and the precarious conditions in which large parts of the society live, what is
spatially represented in a weak territorial division of labor in an unbalanced urban network,
supported by a very small number of cities.
estradas que, no início do século XX, junto à condição indispensável para a soberania do Esta-
construção de açudes, constituíram tentativas de do, o desenvolvimento econômico e produtivo e a
socorro (frentes de trabalho e água) às populações remodelação sócio-espacial. Assim, as estruturas
atingidas nos períodos de seca. do serviço comercial, instaladas nas cidades-porto
Na colônia, a necessidade de defesa do e em outros núcleos urbanos, o progresso da
território e o direito sobre as terras efetivamente industrialização (cana, algodão e alimentos) e o
ocupadas encontravam sua força motriz no capita- maior potencial de acessibilidade dado pelos siste-
lismo comercial europeu. Como explica Furtado mas viários de transportes e comunicações em
(1984), os holandeses assumiram um papel impor- expansão estão na base das interdependências
tante no processo de financiamento e criação de estaduais e extra-locais que sustentarão o modelo
mercados para a empresa agrícola do açúcar. E com do desenvolvimento capitalista dependente,
os conhecimentos técnicos e equipamentos de na- redimensionando, pouco a pouco, os modos de
vegação e produção disponíveis, mais a coerção do produção, o mercado de trabalho, o consumo de
escravocrata, completavam-se as condições pri- bens e serviços e a vida de relações sociais.
mordiais para o empreendimento português nas
terras recém alcançadas.
No plano de uma economia guiada por A caminho de grandes transformações
objetivos forâneos e uma condição geográfica origi-
nal induzindo à ocupação litorânea e em pontos Nas décadas anteriores aos anos 70, tal
esparsos do interior, desenvolveram-se o comércio como apontam Clementino (1995), Felipe e Carva-
do produto exportável e o comércio de abastecimen- lho (2002) e Santos (2005b), outros fatos exerce-
to das regiões geoeconômicas (FURTADO, 1964), ram influência decisiva para a formação estadual. A
incluindo as trocas comerciais nas águas costeiras e segunda guerra mundial é um deles. No momento
as relações entre diferentes áreas de produção e as em que os minérios (sheelita, berilo) já representa-
principais aglomerações urbanas do litoral e interior. vam um segmento econômico importante, a guerra
No conjunto das atividades que abriria mercados reatualizando as exportações e
estruturaram a economia estadual, o sal e o algo- gerando recursos para investimentos produtivos. A
dão ocupam um espaço comercial de destaque, construção da base aérea americana em Parnamirim
junto ao açúcar e o gado, sobretudo com os pro- e de outras instalações militares também acarretou
cessos de beneficiamento e os mercados criados remodelações do espaço social e edificado de notá-
pela primeira guerra. Não à toa, durante o século vel impacto. Afluxos populacionais, novos capi-
XIX e as primeiras décadas do século XX, surgem tais, atividades, serviços e construções atestam a
iniciativas visando o reequipamento produtivo e expansão urbana de Natal que, desde então, no seu
de integração territorial, o que implicará em uma crescimento conexo ao de Parnamirim, tende a
ampliação das relações econômicas e sociais em constituir o principal eixo de inter-relações do que
geral e das transferências bidirecionais (capital, hoje se define como formação metropolitana.
tecnologia, riquezas) que têm sustentado as rela- Dessa forma, o movimento desenvol-
ções com países hegemônicos. São elas: a criação vimentista reafirma-se com a favorabilidade de
da alfândega (1820) em Natal (rompendo com a circunstâncias externas e, à força do imperialismo,
dependência comercial de Pernambuco); a remo- sob o ideal do progresso técnico-econômico e do
delação de portos e da navegação costeira a vapor planejamento do desenvolvimento regional. Como
(portos de Natal, Macau, Mossoró e Areia Bran- assinalam os mesmos autores, a SUDENE é insti-
ca); a implantação dos primeiros trechos ferroviá- tuída e novas condições estruturais se estabelecem,
rios (regiões litorânea, central e oeste do Estado) nos anos 60, demarcando o início de outra etapa da
e estradas carroçáveis; o aparelhamento de usinas formação estadual. Energia, transportes, telefonia,
do açúcar e de eletricidade e a instalação dos habitação e educação são alguns dos serviços públi-
correios e telégrafos (SANTOS, 2005b). cos que se tornam alvo de políticas e investimentos.
A integração do território, efetivada em Em meio ao predomínio das indústrias de pequeno
alcances variáveis ao longo da história, pelos trans- e médio porte, com formas artesanais de produção,
portes, as comunicações e as relações comerciais, o setor secundário da economia já agregava 10% da
representaria, assim, como em todo o país, a renda estadual e surgem novas tendências. Os
Seridó, de ramais ferroviários e do novo terminal mico e o quanto há ainda por saldar, no Estado, da
pesqueiro de Natal etc. E com estas investidas, a enorme dívida social que o Estado-Nação tem acu-
economia vivencia um acentuado retrocesso na mulado no curso de sua história em razão de ações
agropecuária (OBSERVATÓRIO DAS ME- coniventes a interesses alheios ao bem comum,
TRÓPOLES, 2006, p. 9-12; 75). inspirada nos princípios ideológicos da colonização
Além desses fatos e iniciativas, e segundo exploradora e da dependência político-econômica
a mesma orientação político-ideológica, os anos 90 que se perpetuou até hoje.
caracterizam-se, ainda, no Estado, pelos desdobra- Como não evocar, em meio às paisagens e
mentos da atuação da Petrobrás em sua região-sede aos dados disponíveis, os ambientes da moradia,
e em Natal; pelo projeto do polo Gás-Sal em em meio rural e urbano, desprovidos dos recursos
Guamaré; pela retomada da exploração de minérios mínimos do saneamento básico. Como não pensar
e pelos saltos de produtividade da fruticultura; pela nas dificuldades das famílias que tentam subsistir
carcinicultura e pela pesca organizadas em moldes da agricultura ou da criação animal, tais como as de
modernos; pelo vigoroso impulso dado ao turismo, custearem e manterem essa subsistência e de pro-
por meio dos investimentos do Programa de Desen- gredirem em seu trabalho e bem-estar. Por certo, as
volvimento Turístico do Nordeste (PRODETUR) distâncias sociais entre os diferentes segmentos da
em infraestruturas e de convênios com grandes população são ainda maiores do que a imobilidade
financiadores; pelo boom imobiliário e especulativo daqueles que não têm nem o acesso físico aos bens,
que, em boa medida, condiz à atividade turística, serviços e espaços que agregam e ofertam as opor-
mas também e, sobretudo, à falta de controle pelo tunidades e os benefícios da vida moderna.
aparato político-normativo de caráter territorial; Além disso, a convivência dos diferen-
pela tendência à espetacularização das tradições tes circuitos econômicos, que se diferenciam
culturais, a exemplo do Carnatal e das modernas pelo uso de mais trabalho ou mais capital e de
Festas de São João etc. mais ou menos tecnologia e organização, poderia
revelar não só o peso dos grandes agentes
desorganizadores de uma estrutura de atividades
Defasagens do desenvolvimento social locais, como no caso mais visível do comércio de
abastecimento, mas também a perversidade das
Mas esta breve leitura da formação sócio- estruturas de dominação que se fortalecem pela
espacial potiguar não estaria completa se deixásse- exploração da força de trabalho e da própria
mos de contrapor a estas considerações a questão do condição humana, como na dualidade explícita
desenvolvimento social, tão ou mais defasado neste de uma cena envolvendo um turista estrangeiro e
Estado, relativamente ao seu progresso técnico- uma jovem que se prostitui, incentivada, às ve-
econômico, como em outra qualquer unidade da zes, pela própria família miserável.
federação. Pois, se os investimentos propagados em Por esses poucos exemplos, entende-se
políticas e programas sociais constituem, aparente- que as demandas e políticas sociais são ainda
mente, uma reorientação governamental da última tratadas sem o devido rigor, cabível às distorções
década, como não concluir que ainda se mostram de nossa formação sócio-espacial. Tentativas
enquanto ações não prioritárias ou residuais? existem, algumas talvez alentadoras, mas pare-
São muitas as situações críticas em que se cem não ter a força da autodeterminação política
encontram parcelas consideráveis da população es- e moral do Estado e dos cidadãos para tornarem-
tadual, de tal forma que a pobreza, como outras se ações prioritárias e de real repercussão ante o
heranças da sujeição política ao poder do capital, embate com as forças contrárias ao projeto de
parecem ter se tornado, mesmo, partes irremovíveis uma socialização mais humana.
da estrutura social. Na questão da habitação, do
trabalho e dos direitos constitucionais da cidadania,
as condições de vida inadequadas e mesmo indignas Perfil da urbanização e contornos
estão em todas as regiões do Estado. Do contexto da da regionalização estadual
vida rural e seus aglomerados, às pequenas e demais
cidades, um retrato mais detido evidenciaria grandes Complementando a leitura da formação
disparidades ante o cenário do crescimento econô- sócio-espacial, a urbanização e regionalização
serão objetos de consideração. Como em todo o Todavia, temos ainda um conjunto majoritá-
país, destaca-se a tendência nítida à urbanização rio de cidades que aglomeram uma população urbana
da sociedade potiguar dos anos 40 a hoje, che- ‘menor ou igual a 10 mil habitantes’. Se em 1940, dos
gando em 2000, ao total de 108 municípios com 42 municípios do Estado, 40 cidades estavam nesta
uma população urbana de 50% ou mais da popu- faixa de população, em 2000, dos 166 municípios
lação residente em cada município, incluindo os tínhamos 141 cidades. Dessa forma, existiam no Esta-
54 municípios cuja população urbana já era igual do, em 2000, dois perfis urbanos típicos do grande
a 70% ou mais desta população municipal total. desequilíbrio da rede urbana: em meio aos 25 municí-
Neste período, o perfil urbano do estado pios com população urbana maior que 10 mil habitan-
altera-se pelo número crescente de cidades com tes, totalizando quase 73% da população urbana esta-
população urbana ‘maior que 10 mil até 20 mil dual, temos os 141 municípios com uma população
habitantes’, que passa de 1 município em 1940 a ‘entre 500 a 10 mil habitantes’, reunindo somente 27%
14 em 2000, e na classe ‘maior que 20 mil até 50 da população urbana total, o que configura outro
mil’, que passa de 1 em 1950 a 7 em 2000, sendo contexto rarefeito de pequenos aglomerados.
essas duas classes as mais representativas de um Essa situação do estado potiguar tam-
patamar urbano intermediário, em relação ao bém reflete o modelo invertido da formação sócio-
padrão macrocefálico da rede urbana estadual - espacial brasileira, que teve no Estado o agente
dado o tamanho da cidade de Natal que, em todo central do crescimento econômico, por meio dos
o período, apresenta uma população urbana em processos concentradores em meio urbano e em
média 3 vezes maior que a de Mossoró, a segunda mãos de muito poucos, o que no Nordeste parece
cidade, totalizando em 2000, respectivamente, mostrar-se de forma ainda mais acentuada, haja
712.317 e 199.081 habitantes urbanos. vista a sua estrutura regional ainda frágil.
FIGURAS 1 e 2 - Mapas dos municípios com população urbana maior que 10 mil habitantes em 2000 (destacados em cinza,
p. 157) e Sistema Ferroviário e Rodoviário e Sistema Urbano do Rio Grande do Norte (p. 158)
Fonte: IBGE e CRN-INPE, Natal, 2000.
núcleo das principais articulações viárias, dos mai- Se Natal define-se por sua maior força de
ores volumes de população e de atividades econô- centralidade, constitui com Parnamirim o núcleo
micas estratégicas ou rentáveis, responde pelos mais importante gerador da formação metropolita-
dinamismos mais qualificados relativamente aos na, admitindo, aqui, a hipótese de uma conurbação,
demais núcleos e regiões, que se desenvolveram, dando origem a esta configuração única, no sentido
portanto, de forma mais ou menos integrada ou de que os dois núcleos urbanos tenderam a crescer
sujeita à sua própria realidade. na direção um do outro. Sob outro ponto de vista,
Dos primeiros séculos ao início do século e também em razão de seu exíguo território, o
XX, a capital já se constituía com um papel decisivo crescimento de Natal transborda para São Gonçalo,
em relação a outros Estados e ao exterior, e como Macaíba e Extremoz, bem como outros delinea-
nucleação das interligações terrestres, que serviram mentos de urbanização contígua tendem a confor-
de apoio aos circuitos comerciais do Estado (gado, mar a região metropolitana na direção de Parnamirim
alimentos e algodão), em direção às regiões Noro- a Macaíba e na região litorânea.
este e central, Sudoeste e Sul, tendo Ceará-Mirim e Observando as relações funcionais entre o
Macaíba como núcleos de maior expressão em sua núcleo e a periferia metropolitana, ressalta-se a lide-
vizinhança, pela produção açucareira, o primeiro, e rança de Natal, por sua importância econômica ligada
o segundo, por sua função de entreposto comercial aos serviços públicos e serviços educacionais e de
ligando o interior à capital. produção de ciência e tecnologia. Além disso, a partir
A partir dos anos 70, Parnamirim e Macaíba dos anos 90, a integração metropolitana pela orla
tornam seu crescimento urbano mais visível, bem marítima intensificou-se com a infraestrutura turísti-
como São Gonçalo do Amarante, com “sua” dinâmi- ca, decorrendo da intensa transformação da terra rural
ca industrial transbordada de Natal. Nos anos 90, a em urbanizada, pelo processo de parcelamento priva-
formação urbana tende também a ultrapassar os do do solo (em boa medida especulativo) e diversos
limites de Natal em direção a Extremoz, de modo que empreendimentos (pousadas, hotéis, resorts, condo-
até essa data, o tecido urbano de Natal se expande, mínios, flats, casas de veraneio). Nota-se ainda o perfil
mediante formas descontínuas de urbanização, ao polarizador de Natal associado à deslocalização in-
sul e ao norte, e adensando-se pelos interstícios. Em dustrial para os municípios vizinhos (exceto Ceará-
2000, a formação urbana de Parnamirim já transbor- Mirim) e aos novos dinamismos da agropecuária, em
da para Macaíba, enquanto Natal cresce para o oeste Extremoz, Ceará-Mirim e Macaíba, lembrando aqui,
e desencadeia a expansão do tecido urbano litorâneo, não só da tradicional produção açucareira, como
constituindo uma só organização, no litoral, em também das novas atividades desenvolvidas nos mol-
direção a Extremoz e Ceará-Mirim, ao norte, e a des da empresa capitalista, no campo da fruticultura
Parnamirim e Nísia Floresta ao sul. irrigada e da criação de camarão em cativeiro.
Na formação metropolitana, podemos Para atribuirmos o devido lugar da região
caracterizar o nível de integração dos seus municí- de Natal na formação estadual, pode-se consentir
pios e a concentração de atividades no polo, confor- com o fato de que as dinâmicas socioeconômicas,
me mostra o Observatório das Metrópoles (2006). demográficas e urbanas do Estado condicionam-
Enquanto Parnamirim responde por uma ‘muito se em grande parte pelo peso concentrador da
alta integração’ ao polo e São Gonçalo revela ‘alta força produtiva e dos equipamentos territoriais aí
integração’, Macaíba e Extremoz mostram-se com localizados e, sobretudo, em razão do crescimento
‘média integração’ e Ceará-Mirim, São José de da cidade de Natal, que também se aquilata pela
Mipibu e Nísia Floresta, ‘baixa integração’. À medi- expansão rápida das ocupações em atividades não
da que os municípios se distanciam do polo, ou remuneradas, do autoemprego e de empregos sem
quanto menor o seu nível de integração, os estudos registro formal (OBSERVATÓRIO DAS ME-
revelam que sua condição social piora e, ainda, TRÓPOLES, 2006, p. 78).
quanto maior a concentração populacional, maior o
volume de pessoas em condição social mais
desfavorecida. O que retrata mais uma vez o padrão CONSIDERAÇÕES FINAIS
sócio-espacial contrapesado, na rede urbana ou no
âmbito do espaço intraurbano, por suas formas de Em síntese, observa-se um processo de
favorecimento exclusivo e de exclusão. urbanização de nível mais elevado, conforme visto
em Gomes e Costa (2007), apoiado em apenas sete FELIPE, J. L. A.; CARVALHO, E. A. de. Eco-
cidades - Natal, Parnamirim, Macaíba, Mossoró, nomia Rio Grande do Norte: estudo geo-his-
Açu, Caicó, Currais Novos -, que se destacam em tórico e econômico. João Pessoa: Grafset, 2002.
meio a uma vasta região de pequenas cidades.
Entretanto, nota-se um princípio de regionalização FURTADO, C. Dialética do desenvolvimen-
circunscrito à região metropolitana, nos contornos to. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964.
de Natal, Parnamirim e Macaíba, e à região de ______. Formação econômica do Brasil. 19.
Mossoró e Açu, evidenciando o dinamismo ao ed. São Paulo: Nacional, 1984.
redor das duas cidades mais populosas do Estado.
Essa situação nos conduz, mais uma vez, a GOMES, C.; COSTA, A. M. B. Dinâmicas e
refletir sobre a frágil vida de relações inter-regionais defasagens sócio-espaciais no Rio Grande do
ou urbanas ainda hoje prevalecente, associada a uma Norte: o uso de técnicas de análise espacial para
precária divisão social e territorial do trabalho entre estudos de regionalização. In: ENCONTRO
as cidades e a um papel marcante das principais NACIONAL DA ANPEGE, 7., 2007, Niterói.
cidades, que, por hipótese, e exceção feita a Natal, Anais... Niterói: UFF, 2007. CD-ROM.
apresentam-se com um caráter multifuncional, sem INSTITUDO BRASILEIRO DE GEOGRA-
uma clara especialização produtiva, concentrando a FIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo
atribuição de distintas atividades terciárias, que po- demográfico: dados gerais, 2000. Rio de Ja-
dem servir de apoio às indústrias, mas, no geral, neiro: IBGE, 2000.
devem-se às demandas das populações e das áreas
adjacentes de produção agropecuária. MORAIS, I. R. D. Seridó Norte-Riograndense:
Por fim, cumpre assinalar, ao menos em uma geografia da resistência. Caicó: Edição do
Natal, as semelhanças com as grandes cidades dos Autor, 2005.
países subdesenvolvidos que, ao mesmo tempo em OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES. Re-
que concentram população, atividades e riquezas latório de pesquisa: análise da estruturação
são, igualmente, criadoras de pobreza e discrepân- intra-metropolitana de natal. Projeto “Obser-
cias de toda sorte, o que representa um aspecto a vatório das Metrópoles: território, coesão so-
mais das heranças retrógradas de nossa formação cial e governança democrática”. Natal: Núcleo
sócio-espacial e, portanto, de sua própria involução. RMNatal, NAPP/CCHLA-UFRN, 2006.
SANTOS, M. Espace et methode. Paris:
AGRADECIMENTOS Publisud, 1989.
______. Da totalidade ao lugar. São Paulo:
Ao Programa de Pós-Graduação da Univer- Editora da USP, 2005a.
sidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo apoio
institucional, e ao CNPq, pelo apoio financeiro. SANTOS, P. F. O RN na história do desen-
volvimento brasileiro. Natal: Departamento
Estadual de Imprensa, 2005b.
REFERÊNCIAS
Recebido: 12/12/2008
CLEMENTINO, M. do L. M. Economia e Received: 12/12/2008
urbanização: o Rio Grande do Norte nos anos
70. Natal: UFRN, 1995. Aprovado: 11/09/2009
CLEMENTINO, M. L. M. Rio Grande do Approved: 09/11/2009
Norte: novas dinâmicas, mesmas cidades. In:
GONÇALVES, M. F.; BRANDÃO, C. A.; Revisado: 18/12/2009
GALVÃO, A. C. Regiões e cidades, cida- Reviewed: 12/18/2009
des nas regiões. São Paulo: Editora da
UNESP, 2003. p. 387-404.