Você está na página 1de 5

Foi ministrada a palestra (apresentação) pela Engenheira Michele

Joyce, cujo tema abordado foi Analise dos Impactos Ambientais em


uma encosta do município de Recife-PE, pesquisa produzida pelo grupo
de Pesquisa de Engenharia Aplicada ao Meia Ambiente da UPE, do
qual faz parte, com orientação da Professora Kalinny Patrícia. Esse
levantamento tem como objetivo analisar os efeitos que a expansão
demográfica e o desenvolvimento da economia causam ao meio
ambiente, principalmente nas regiões de encostas.
O bairro de Dois Unidos, zona norte de Recife, foi escolhido pela
palestrante como local de estudo para desenvolvimento do tema devido
ao deslizamento de terra no ano 2017 que matou duas pessoas.
O crescimento demográfico intensifica a vulnerabilidade urbana, graças
a construções de estruturas formais e informais de maneira acelerada,
que amplifica as consequências negativas para o meio ambiente, desse
modo afetando a qualidade de vida do local ou até mesmo de outras
regiões. Como exemplos de problemas: as Ilhas de Calor, Chuva Ácida
aquecimento global, erosões, etc.
Nisso, o crescimento desordenado das cidades acentua vários
problemas urbanos: dificuldades no processo de saneamento, trânsito,
marginalização e impulsiona a liberação dos GEE – Gases de Efeito
Estufa – CO2 como o principal, que é uma casualidade entre
desenvolvimento econômico e a emissão de gases de efeito estufa. A
palestrante utilizou como exemplo o período em que o Estado brasileiro,
diante as boas perspectivas econômicas, facilitou para a população a
aquisição de carros. Como consequência, houve o aumento na emissão
de CO2, devido aos novos veículos adquiridos.
Outro caso citado foi o das fabricas de cimento, material essencial da
construção civil e sendo utilizado em maiores quantidades devido ao
crescimento das cidades, mas a produção do cimento impacta no meio
ambiente devido ao uso de combustíveis não renováveis, como petróleo
e carvão, dessa maneira liberando enormes quantidades de dióxido de
carbono na atmosfera. Além disso, na extração de matérias-primas das
minas, afeta o solo podendo ocasionar desmoronamentos nas pedreiras
ou erosões.
O inchaço populacional das cidades ocasiona a principal face, ao menos
a mais aparente do crescimento desordenado das cidades que é na
ocupação de zonas consideradas inadequadas e de risco para
construções de habitações, gerando as favelas, cortiço, e ainda com
pessoas abrigadas embaixo de pontes e viadutos, o que contribui para a
precarização das condições de vida na cidade e evidencia a incapacidade
do Estado de oferecer condições estruturais para o atendimento das
necessidades de boa parte da população.
Outro fator importante a ser observado e que foi atentado pela palestrante
é a Segregação Espacial, que é a cidade dividida por fatores financeiros
ou de renda, as desigualdades influenciando no arranjo urbano. Quanto
maiores as disparidades socioeconômicas entre as classes sociais,
maiores são a diferença nas moradias, nos serviços públicos e na
qualidade de vida. Isso fica evidente no processo de favelização, que ė
diretamente ligado a segregação, por ser decorrente das desigualdades
socioeconômicas.
E a segregação espacial é expressa nas políticas e práticas
governamentais, que as áreas mais nobres, onde existe maior
arrecadação de IPTU, recebem maiores investimentos e maiores
cuidados do que regiões ocupadas de maneira irregular, com construções
sem fiscalização e de arrecadação menor em impostos. Essa pratica fica
evidente em pequenos gestos, nas zonas nobres com praças, calçadas
bem cuidadas, coleta de lixo regular e saneamento básico satisfatório,
em contraste as zonas mais pobres.
Soma-se a isso, o fato que o morador do bairro de baixa renda ter
oportunidades desiguais em nível social, econômico e educacional. Pois
os investimentos públicos quando chegam, é de maneira bastante
precária. Desse modo a estrutura urbana revela e reproduz as
desigualdades, atuando também como um condicionador dessas. Nisso,
a classe de renda mais alta produz, consome e controla o espaço urbano
diante a ineficácia do Estado em tentar solucionar as disparidades
socioeconômicas.
Na cidade do Recife, a população carente se concentrou nas encostas,
áreas de risco, que geram impactos diversificados – Deslizamentos de
Encostas e processos de erosão. Pois, acrescenta-se a já existente
inclinação acentuada do terreno e com chuvas regulares, as ações de
interferências antrópicas. Essas são ações realizadas pelo o homem e
que causam grandes alterações no meio ambiente.
A ocupação intensa e desordenada com alta densidade populacional,
com construções frágeis de moradias, precariedade nos processos de
prevenção, o desmatamento da vegetação local e a impermeabilização
do solo com ruas e construções, são algumas das atividades realizadas
pelo ser humano nas encostas, que facilitam o deslizamento que em geral
destroem casas e outros bens, ou até mesmo em perdas de vidas.
Poderia se evitar esses danos se fosse comum, nessas áreas, a
utilização, como prevenção, do Estudo de Impactos Ambientais (EIA),
que é regulamentado pelo CONAMA. Esse processo apresenta um
relatório detalhado dos impactos ambientais que as obras podem causar,
apresentando soluções para a preservação do meio ambiente da região,
garantindo um desenvolvimento sustentável e de maneira de antever os
riscos. Contudo, é notório que a população que ocupa as encostas
conhece os riscos e convivem com isso, na normalidade, devido ao fato
de não terem opções de escolha do local de moradia, acabam tendo que
morar em áreas de riscos, ficando vulneráveis aos deslizamentos. Isso
foi notado pela palestrante em sua visita ao bairro Dois Unidos.
Para o gerenciamento de risco, também há a Matriz de Probabilidade x
Consequência, que consiste na elaboração de uma tabela de referência
que relaciona diretamente a probabilidade e o impacto de cada fator de
risco, definindo os com maiores chances de acontecer e os mais
agressivos, auxiliando na priorização dos fatores de risco a serem
tratados ou ajudando na análise de uma zona de perigo. Ė regida pela
NBR ISO/IEC 31010 (ANBT,2012).
O bairro Dois Unidos, que foi o objeto de estudo do grupo de pesquisa da
palestrante, está localizado na segunda Região Politica Administrativa do
Recife (RPA – 2), na zona norte, com o Alto Capitão sendo a principal
zona de interesse do bairro, é o local mais alto. Com 32.805 habitantes e
densidade populacional de 105,51 hab/km², com renda familiar média
menor do que o salário mínimo atual.
Logo na chegada ao bairro, a palestrante conseguiu identificar a estrutura
precária, com ruas sem calçadas e “pontes” improvisadas para atravessar
canaletas de água e a maioria das construções de alvenaria sem reboco
ou cuidados.
Acrescenta-se aos vários problemas comuns da ocupação de encosta, o
fato que a urbanização desordenada no Bairro Dois Unidos seja uma
ameaça a biodiversidade local. Esse é um risco acentuado em países em
desenvolvimento devido a fragilidade da fiscalização estatal e de
planejamento com analises de risco. Agravando a situação da região, há
uma ZEPA – Zona Especial de Proteção Ambiental – que ė uma reserva
ecológica da Mata Atlântica, uma das poucas remanescentes, de Dois
Unidos. Essa unidade de conservação, pelo o mapeamento feito, sem o
devido controle de vigilância, estar sendo afetada com a devastação
causada pela ocupação, desmatamentos, poluição e pelo intemperismo.
No estudo para análise dos graus de risco e para elaboração da Matriz
de Probabilidade x Consequência do Bairro foi realizado em três etapas:
• Etapa 1 – Coleta de dados da Localidade – Com visita a localidade.
• Etapa 2 – Realizado o mapeamento da área por meio de registros
fotográficos.
• Etapa 3 - Avalição do Impacto Ambiental.
Nisso, foi desenvolvida uma Matriz 15x5 – 15 Problemas e 5
Consequências.
Para o mapeamento foi utilizado imagens de 2003, 2009 e 2017,
comparando-as e concluindo que houve redução do tamanho das áreas
de vegetação e aumento de áreas impermeabilizadas, devido a
urbanização, contribuindo para ocorrência de deslizamentos como
ocorrido em 2017, resultando na morte de duas pessoas, e de erosões.
Escola Politécnica de Pernambuco – POLI - UPE

Relatório da Palestra:
Analise dos Impactos Ambientais em uma encosta do município
de Recife-PE

Aluno: Fabrício Fernando de Souza Lima

Recife
2018

Você também pode gostar