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CONDIÇÕES DE MORADIA: O PAPEL DO ESTADO E AS AÇÕES DE

URBANISMO NA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DO CIDADÃO

Thiago Fonseca Soares[1]1

RESUMO

É importante para o cidadão viver com um mínimo de qualidade de vida, principalmente no


que se diz respeito à sua moradia e de todo o enlace que o cerca. Tem que lhe ser garantido
serviços, como: água e esgoto tratado, iluminação, rua asfaltada, segurança, lazer etc. Se
alguns destes serviços não são oferecidos ao cidadão, toda a harmonia da comunidade fica
comprometida. As precárias condições de moradia exigem que o Estado desenvolva
imediatamente ações para solucionar este problema. Diante desta necessidade, o olhar com
base no conceito do urbanismo, que uma ciência aplicada que abrange todo o campo da
comunidade e sua planificação social, proporcionando melhoria da infraestrutura, do
saneamento, da circulação de pessoas e veículos, da arborização etc. Só vem ajudar o
Estado a cumprir o seu papel e garantir melhoria na moradia e, consequentemente, melhoria
na qualidade de vida do cidadão.

Palavras-chave: Cidadão. Qualidade de Vida. Urbanismo. Infraestrutura

ABSTRACT

Citizen is important it to live with minimum of quality of life, mainly in what respect to its
housing is said and of all enlace it that the fence. It has that to be guaranteed services to it,
as: water and treated sewer, illumination, tarred street, security, leisure etc. If some of these
services are not offered the citizen, all the harmony of the community are engaged. The
precarious conditions of housing demand that the State develops action immediately to
solve this problem. Ahead of this necessity, glance with base in the urbanism concept, an
applied science that all encloses the field of the community and its social planning,
providing improvement of the infrastructure, the sanitation, the circulation of people and
vehicles, of the arborization. It only comes to help the State to accomplish the paper of
guaranteeing improvement in the home and, consequently, improvement in the quality of
the citizen's life.

Word-key: Citizen. Quality of Life. Urbanism.


1. INTRODUÇÃO

O presente artigo faz uma análise das condições de moradia que os moradores do
Bairro Santa Rita II (especificamente, a população das ruas quatro e cinco (Anexo 1 e 2),
bem como, analisa a quem cabe o papel de melhorar a condição de moradia e se é possível
promover alguma mudança que venha ajudar a melhorar a condição de vida do cidadão.
Avaliar a satisfação da população e eventuais mudanças na infraestrutura que cerca sua
moradia se faz necessário também. Para isso é feita uma reflexão crítica sobre o assunto,
pois, estou inserido no contexto diretamente, uma vez que, sou morador do bairro. Para a
formulação e compreensão deste trabalho qualitativo e descritivo, foi realizado um estudo
de caso participativo, tendo suporte na revisão bibliográfica de certos autores do ramo
especifico da literatura brasileira que tratam dos processos da urbanização brasileira.
A escrita deste artigo parte da preocupação para com os rumos que a urbanização brasileira
tomou desde o seu início na década de 30 e que se intensificou com o ápice da
industrialização nos anos 50. No início, a população urbana brasileira se compunha de
31,2% do total dos habitantes do país, esse percentual cresceu aceleradamente: em 1970,
mais da metade dos brasileiros já viviam nas cidades (55,9%). De acordo com o censo de
2000 do IBGE, a população brasileira é agora majoritariamente urbana (81,2%). Conforme
as cidades e a população urbana cresciam, o cidadão se viu cada vez mais sem espaço. As
cidades não eram ideais nem tampouco planejadas para suportar tão grande contingente de
pessoas. Os governos daquela época planejavam as ações com base prioritariamente no
desenvolvimento econômico, em detrimento do desenvolvimento social.
Nessa perspectiva de favorecimento ao desenvolvimento econômico que vem desde a
década de 40 é que ressalto as atuais condições de moradia e de vida da população a qual
pesquisei. Pois, para compreender as relações concomitantes ao acesso e condição de
moradia, se fez necessário o estudo da própria dinâmica social da qual faço parte, ou seja, o
meu bairro.
É importantíssimo para o cidadão viver com uma adequada qualidade de vida,
principalmente no que se diz respeito à moradia. A questão é tão importante, que até na
Declaração Universal dos Direitos Humanos (artigo XXV) inseriu-se novas concepções de
direitos, na qual destacamos: “a habitação como direito à moradia digna e não apenas como
necessidade de abrigo e proteção”. Entende-se neste caso, como moradia digna, a garantia
para o cidadão de benefícios, como água e esgoto tratado, iluminação, rua asfaltada,
segurança, lazer, dentre outros. A Constituição Federal reforça: “o direito à moradia como
direito fundamental ao ser humano.
As precárias condições de moradia exigem que o Estado (Prefeitura) desenvolva
imediatamente ações para solucionar este problema. E é agora que chego ao ponto
fundamental da pesquisa. As ações do urbanismo só vêm ajudar a transformar esse direito
previsto, numa forma de bem-estar coletivo. Pois, o urbanismo é uma ciência humana
aplicada, que não é uma simples técnica do arquiteto ou engenheiro em construir, planejar e
ordenar o espaço urbano. O Urbanismo vai além, abrange todo o campo da comunidade sua
planificação social, para que haja embelezamento e melhoria da infraestrutura, do
saneamento, da circulação, da arborização, a fim de proporcionar uma melhor condição de
vida para a população.
1. DESENVOLVIMENTO

1.1 A Escolha Pela Pesquisa

De início, a afeição ao pesquisar sobre este assunto, partiu da total e ampla afinidade
com a área, pois sei de todos os problemas e desejos da população:

A busca de articulação entre os elementos que produzem o urbano é fundamental


na discussão sobre as perspectivas que podem surgir para a construção de uma
sociedade mais justa à qual o pesquisador não pode se furtar. Somente a
vivencia na área de pesquisa, o entendimento do cotidiano das pessoas que aí
vivem, seus anseios e angústias, permitem ao pesquisador vislumbrar as outras
dimensões do fenômeno estudado. (CARLOS, 2001, pág. 08).

Somente o pesquisador que tem a vivência na área onde se vai pesquisar é que
consegue identificar os problemas e desejos dos cidadãos. Nem tudo está relacionado ao
aspecto econômico. Tem que ser analisado todos os aspectos, desde o lado econômico até o
social, o sentimental, o familiar, o espiritual etc. Só assim poderá tirar conclusões práticas e
promover soluções favoráveis que irão garantir qualidade de vida aos cidadãos.

1.2 A Análise da População, dos Problemas e dos Desejos dos Moradores do Bairro
Santa Rita II

A cidade em toda sua articulação como sociedade, leva-se em consideração a


organização política, a estrutura do poder, a natureza e repartição das atividades
econômicas e as classes sociais. A paisagem urbana sendo a forma pela qual o fenômeno
urbano se expressa, veremos a atual condição das ruas Quatro e Cinco do Bairro Santa Rita
II em Montes Claros, Minas Gerais. Os moradores do bairro passam por diversos
problemas, como por exemplo: 1) o córrego, por onde passa o esgoto, que está a céu aberto.
2) As ruas sem iluminação. 3) A falta de asfalto nas ruas. Diante disso, surgem outros
problemas tais como: 1) os vagabundos, que em meio à escuridão das ruas, usam drogas e
praticam vários outros delitos; 2) sujeira e doenças, causadas pela poeira das ruas sem
asfalto e esgoto a céu aberto; 3) e uma consequente desvalorização do terreno, uma vez que
este se torna ao ponto de vista embelezador numa área não muito atrativa.
A participação da população, de forma expressiva e efetiva, mostrou-se
imprescindível, para a obtenção dos dados, a fim de que extraíssemos uma reflexão
profunda sobre a condição atual de moradia e o que poderia ser mudado para proporcionar-
lhes melhores condições de vida.
No bairro, em geral, vê se que algumas ruas são totalmente asfaltadas (Apêndices 1 e
2). O que não acontece exatamente nas ruas 4 e 5, onde podemos notar a rua que está
desprovida de asfalto. Isso suja as fachadas das casas, além de levar poeira, danificando
moveis e eletrodomésticos. É justamente o que relata o morador Maykon Martins de 18
anos: “Minha mãe estava com planos de pintar a fachada da casa, mas não ‘podemo’. A
rua sem asfalto suja muito nossa casa. Já buscamos na associação um esclarecimento da
prefeitura sobre quando chegará o asfalto, mas nunca ‘tivemo’ respostas”. Ou seja, a
prefeitura não está cumprindo com o seu papel, de forma a estar impedindo inclusive, que o
cidadão deixe sua casa mais vistosa, agradável e limpa.

Tabela I
Números populacionais das Ruas 4 e 5 do
Bairro Santa Rita II

Quantidade de Casas 22 (10 na rua 4 e 25 na rua 5)


Quantidade de Pessoas 105
Quantidade de Crianças até 12 anos 25
Quantidade de Adolescentes até 18 anos 45

Nesta tabela fica evidente a grande quantidade de crianças que as duas ruas têm.
Torna-se evidente e imprescindível a cobertura do córrego, pois caso continue da mesma
forma, as crianças continuarão brincando em meio ao ambiente sujo e se infectarão por
doenças constantemente.
Na foto acima, podemos constatar crianças brincando próximo ao esgoto, inclusive
com os pés descalços. Fato este que ocorre constantemente, pois a moradora e mãe das
garotas, Justine Priscila de 35 anos diz que: “Não tenho controle total sobre minhas
meninas, às vezes elas saem na rua para brincar. Mas como toda criança é sapeca, elas
acabam indo brincar perto do córrego. As duas já ficaram doente por brincar em meio
àquele local”. É deplorável ver uma criança brincando em meio a este ambiente sujo, mas
isso acontece pela falta de local para brincar. A culpa não é desta mãe e nem de outros pais
que deixam seu filho brincar. A prefeitura não propicia a estes cidadãos, o que lhes é
garantido pela própria Constituição e mais recentemente pelas novas postulações da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que garante que a moradia não seja apenas
para abrigo e proteção, mas que seja digna. Ou seja, cercada de infraestrutura (rua asfaltada,
iluminação, segurança) e até de lazer. Outro dado importante é que, de acordo com o
estatuto da cidade de Montes Claros, a rua deveria estar asfaltada, pois 90% das casas estão
habitadas tanto na rua quatro quanto na rua cinco.
A foto acima mostra um campo de futebol ao lado deste córrego, onde as crianças
jogam bola e constantemente esta cai dentro do córrego várias vezes. Portanto, as crianças
estão em meio ao ambiente precário sujeito à infecção por várias doenças. Ao fundo, nota-
se inclusive, duas crianças jogando bola. Este local é frequentando por diversas crianças,
que por sua natureza, coisa própria de sua idade, querem a liberdade e o prazer gostoso da
brincadeira. Talvez, por causa disso, não percebam que estão em meio a um ambiente sujo.
O senhor Junior Almeida de 45 anos diz: “Não posso proibir a minha criança de se
divertir. Isso é coisa própria da idade. Sei que ele corre um risco de se contaminar com
algumas doenças pulando no córrego para pegar a bola, mas a prefeitura nos ‘enrola’
demais. Acho que nunca veremos este córrego canalizado”.
Nesta foto observamos alguns entulhos e lixos. Como se já não bastasse a ausência
daqueles que devem zelar pelo bem-estar do cidadão, os próprios moradores contribuem de
forma negativa para o agravamento da situação. A questão do lixo é importante, pois a
população já vive sem muitas condições e ela própria agrava a situação, isto deixa o
ambiente mais desagradável ainda para os olhos de quem por ali passa. Torna-se
fundamental a boa limpeza e a consciência do cidadão em não degradar ainda mais o seu já
degradável ambiente.
A falta de iluminação também é um problema para estes moradores. Como pode-se
notar na foto ao lado, a iluminação existente está por conta da avenida que se passo ao
fundo, enquanto a escuridão toma conta do lugar. Em meio a este local proliferam vândalos
e pessoas usam drogas demasiadamente, sem ter a repressão de nenhuma autoridade, já que
esta, é quase inexistente. O usuário de drogas AJ, que pediu para não ser identificado,
relata: “uso drogas aqui porque é escuro, ninguém fica marcando agente, sabe. Podemos
usar nossa droga na boa”. Como a prefeitura não propicia iluminação, os usuários de
drogas ‘fazem a festa’, pois não tem segurança pública que os impeça. A partir daí, surgem
novos problemas, tais como: assaltos, prostituição etc.
Uma série de problemas causados pela irresponsabilidade da prefeitura, leva-se a outros
milhares de problemas. A população sem culpa e sem ter o que fazer, fica subordinada a
tudo isso.
O Estado não cumpre com suas obrigações corretamente, já que:

O Estado dispõe de um conjunto de instrumentos que pode


empregar em relação ao espaço urbano. Cita dentre outros, que o
Estado deve promover investimentos público na produção do
espaço através de obras. E também pode taxar, ou seja, cobrar
impostos de terrenos livres que não estão sendo utilizados, fazendo
com que haja uma utilização mais completa do terreno. (SAMSON,
1989 citado por CORRÊA, 2002, pág. 35)

Como ele é o dono do terreno em questão, parece até absurdo falar que o próprio
Estado se taxaria de impostos. Se o Estado agisse de forma consciente e participativa,
talvez o ambiente destes cidadãos fosse mais digno.

Tabela II
Percentagem de Pessoas Satisfeitas com
as Atuais Condições de Moradia das
Ruas 4 e 5 do Bairro Santa Rita II

Sim 10%
Não 90%

A tabela acima mostra a não satisfação das pessoas com as condições de sua
moradia. Mas no que se diz respeito às pessoas que querem algum tipo de mudança física
nas ruas, o percentual chegou a incríveis 100%. Ou seja, a população não está satisfeita e
quer mudanças, de preferência, o mais rápido possível.

Tabela III
Quais Mudanças e/ou Obras a
População Deseja

Pavimentação das Ruas (Asfalto) 100% das pessoas


Canalização ou Cobertura do Córrego 100% das pessoas
Melhoria na Iluminação Pública 100% das pessoas
Construção de Uma Área de Lazer (Praça, 60% das pessoas
Quadra, Playground etc)

Nesta tabela observamos de fato a vontade da população por uma mudança


significativa na infraestrutura de sua moradia. Todos desejam ter ruas iluminadas e
asfaltadas. Desejam também a canalização do córrego e talvez, a construção de uma praça
para que as crianças possam brincar com mais segurança. As pessoas ficariam felizes, o
visual das ruas melhoraria e todas as pessoas do bairro de uma maneira geral ganhariam.
O bairro, uma rua, uma casa, país, Estado etc., quando é bem estruturado ele só tende a
ganhar. Inclusive no que se diz respeito à circulação de pessoas e mobilização dinamismo
da economia local.
As fotos acima mostram pessoas que criaram seu próprio negócio no próprio bairro.
Não é com a intenção de criar uma mega empresa que estas pessoas partem para os
pequenos negócios, mas sim, pelo prazer de usufruir das condições estruturais de moradia
oferecidas pelo estado para poder tirar da terra o próprio sustento.
É de se compreender de que nem tudo o que a população anseia o estado tem
condições de fazer, mas o mínimo de infraestrutura possível, o Estado não tem apenas a
obrigação, mas o dever social de cumpri-las.

1.3 O Papel Do Estado

O espaço geográfico não é humano porque o homem o habita, mas antes de tudo
porque é produto, condição e meio de toda atividade humana. Há de se considerar que o
homem está na terra para nascer, crescer, desenvolver e morrer. Por isso se torna
importante que ele tenha condições favoráveis para que ela possa desfrutar ao máximo de
sua “estadia” na terra. É nela que o cidadão nasce, cresce, trabalha pra sustentar a família,
paga as contas, se diverte, ou seja, a todo um desenvolvimento até que se chega à morte. E
o cidadão tem por direito, completar seu ciclo na terra, de forma digna e respeitosa.
O papel do Estado é promover condições, qualidade, e infraestrutura aos seus cidadãos
por meio de ações não só do urbanismo, mas também pelo planejamento urbano, plano
diretor, estatuto da cidade etc. Mas agora, eu pergunto. Será que isto está sendo feito? E se
está, será que é de forma igualitária? Óbvio que não é igual, mesmo porque a sociedade
inteira interfere na sua produção, mas os objetivos e as necessidades são da classe
dominante (CARLOS, 2001).
Desta forma, porque só os anseios dos mais “generosos” são atendidos? Se todos
somos iguais perante a constituição. É dever do Estado proporcionar condições dignas de
moradia. E Porque isso não acontece? Será culpa do cidadão? Será culpa do seu fracasso
pessoal em arrumar um bom emprego? Isso é um Absurdo. Essa política “Robin Hood ao
contrário”, onde os pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos ficam cada vez mais ricos
é vista de forma absurda quando fazemos uma análise entre bairros de pessoas ricos e de
pessoas pobres. O primeiro é bem arborizado, ruas asfaltadas, iluminação perfeita, policiais
nas ruas. Enquanto o outro se vê com o esgoto a céu aberto, ruas na poeira, lama,
desprovido de iluminação e sem qualquer tipo de policiamento. Isso acontece porque os
ricos têm condições de comprar isso tudo? Ou porque são favorecidos pelo Estado que lhes
proporciona um bairro digno? Eis a questão...
Uma coisa é certa, jamais iremos ver um operário da Volkswagen morando numa
mansão em um bairro arborizado e seleto, nem tampouco um diretor desta mesma empresa
morando em uma favela, cortiço ou apartamento da COHAB (CARLOS, 2001). O lugar
onde um cidadão escolhe morar está compatível com sua renda e outros fatores que lhe são
atribuídos pela sociedade ou por ele mesmo, mas em contrapartida é dever do Estado
proporcionar a esse cidadão uma qualidade de vida, onde ele possa: habitar, circular,
trabalhar, cultivar o corpo e espírito ([2]2Carta de Atenas), sem que para isso, tenha que
comprar uma casa em um condomínio fechado ou em um bairro de “rico”.
Pessoas de baixo poder aquisitivo escolhem morar em áreas onde os preços são
menores, mas não tem que ser assim. Se o Estado cumprisse com o seu papel de promover
o mínimo de qualidade de vida aos cidadãos, talvez, teríamos hoje uma realidade diferente,
onde as cidades iam ser mais “vistosas” e as pessoas seriam mais saudáveis e felizes.
Quem cria a segregação social é o próprio Estado, ao impor diferentes impostos
territoriais, agindo com discriminação e afetando o preço da terra e dos imóveis
(CARVALHO, 2005). Desta forma, as pessoas de renda mais elevada se localizam em
áreas de preço mais elevado. Mas não é por causa disso que o Estado vai deixar de fazer a
sua parte, levando o mínimo de qualidade de vida e infraestrutura em relação à moradia aos
moradores mais necessitados de áreas carentes.
Com sabedoria, sensatez e equilíbrio Alves (1992) nos fala: “De tanto observar e
viver os contrastes de desigualdade corremos o risco de nos acostumar a eles ou de
considerá-los naturais, atribuindo suas origens a características ou incapacidades de
cunho pessoal” (ALVES, 1992, pág. 5). Por vez, nos deparamos com pessoas que acham
que as desigualdades e o aspecto da moradia de uma pessoa é fruto dá má formação
educacional ou de um emprego desqualificado. As pessoas não põem na cabeça que, direito
a moradia, infraestrutura, lazer, educação digna e de qualidade, quem promove é o Estado.
E quem consegue ter isso sem ajuda do Estado é porque com certeza soube sair das
adversidades, sorte essa, que nem todos têm.
Quando o Estado faz obras para promover ao cidadão uma melhor qualidade e
infraestrutura, todos ganham. O cidadão sente-se lembrado, o aspecto visual do seu bairro
melhora, o alto-astral do bairro e do cidadão melhora, há um aumento no número de
circulação de pessoas, que por consequência faz dinamizar a economia local. Ou seja, é um
ganho no qual, todos saem satisfeitos.
1.4 Urbanismo: Uma Possível Solução

Existem várias acepções acerca do conceito de urbanismo. Sobretudo, o urbanismo


deve estar relacionado com o estudo, regulação, controle e planejamento da cidade (em seu
sentido mais amplo) e da urbanização.
O urbanismo não pode ser observado apenas sob o ponto de vista de uma técnica de
estudo e intervenção física do espaço, há a necessidade de ser levar em consideração todos
os aspectos, sociais, culturais, filosóficos, históricos, econômico, tudo a fim de promover
melhor qualidade de vida para os cidadãos (CARVALHO, 2005).
E desta forma, AGACHE (1931) conceitua o urbanismo como:

Uma ciência, e uma arte e, sobretudo uma filosofia social. Entende-se por
urbanismo, o conjunto de regras aplicadas ao melhoramento das edificações, do
arruamento, da circulação e do descongestionamento das artérias públicas. É a
remodelação, a extensão e o embelezamento de uma cidade, levados a efeito,
mediante um estudo metódico da geografia humana e da topografia urbana sem
descurar as soluções financeiras. (AGACHE, 1931, pág. 55).

Alguns autores tentam definir o Urbanismo como algo que não é ciência, nem arte,
mas que compreende tudo que diz respeito à vida social do homem, como indivíduo isolado
e como parte da coletividade e que o mesmo é multidisciplinar. Por haver essa diversidade
de campos, exige que vários profissionais trabalhem em conjunto, a fim de se chegar a uma
solução não fragmentada ou que deixe de abordar alguma questão específica, de modo que
o conjunto das soluções parciais conduza a uma solução complexa satisfatória. Portanto, as
ações do urbanismo funcionam como apoio e talvez, solução às condições de moradia do
cidadão.
“Falando de forma simples e clara, o Cidadão não é concreto e nem tampouco tijolo
para ser tratado assim como uma massa, desprovidos de identidade, personalidade,
necessidade e desejos” (AZEVEDO, 1989 citado por CARLOS, 2003, pág. 45). O urbanista
não é um mero arquiteto quer apenas desenha lugares e as remodela em um determinado
espaço. O urbanista tem uma visão mais larga, leva em consideração todos aspectos, desde
o social até o econômico. Ele busca na sua visão ampla, garantir o máximo de qualidade de
vida e infraestrutura ao cidadão. E uma vez que o Estado, não faz por onde, e nem
proporciona essa qualidade e infraestrutura ao cidadão, quebra a harmonia. É como se uma
pequeninha bola de neve, fosse jogada de um penhasco e ao final dela teríamos uma
gigantesca bola de neve. O uso diferenciado da cidade demonstra que o espaço se constrói e
se reproduz de forma desigual e contraditória. A desigualdade espacial é produto da
desigualdade social. (CARLOS, 2003).
Uma vez que, como diz Carlos (2003, pág. 24): “a desigualdade que pode ser
percebida “no olhar-se a paisagem” é consequência dos contrastes decorrentes do
processo de produção do espaço urbano”. Ou seja, toda desigualdade vista por nós é fruto
de todo um processo de ocupação do espaço. Numa lógica, o Urbanismo vinha a solucionar
tais problemas de ocupação do espaço. Com métodos aliados às áreas do planejamento
urbano somado à demanda por infraestrutura, serviços, abastecimento, lazer e visando em
sua essência uma melhor qualidade de vida da população, beneficiando assim, de maneira
muito mais abrangente a camada da população que mais necessita.

2. CONCLUSÃO

Com base na pesquisa realizada foi possível compreender que os contrastes e as


desigualdades de renda se afloram, o acesso a um pedaço de terra, o tamanho, o tipo e
material de construção espelham nitidamente as diferenciações de classe. É óbvio que quem
tem maior poder aquisitivo constrói uma casa melhor e estruturada. Só que cabe ao Estado
garantir condições estruturais iguais a todos os cidadãos. Desta forma, fica evidente o
favorecimento das classes superiores em detrimento das classes menos favorecidas não só
em âmbito local, mas também, nacional.
O urbanismo vem para solucionar tais problemas, trazendo o cidadão para o contexto
da moradia digna com qualidade de vida. A luta pela cidadania, a luta por transformações
sócio-econômico-espaciais, trata-se de fato, do inalienável direito a uma vida decente a
todos, não importando o lugar em que se encontre. É o direito de uma melhor qualidade de
vida numa sociedade de excluídos.
Pretendo abrir caminhos para que as autoridades competentes tomem conhecimento
das condições e qualidade de vida acerca da moradia dos cidadãos e todo o enlace que os
cerca, a fim de promover uma melhoria real na qualidade de vida dos moradores. Assim,
espero poder contribuir para estabelecer um contato e uma discussão maior, permitindo
avançar no conhecimento e dar consistência a um tema que considero de grande
importância tanto para a teoria como para a prática da melhoria da qualidade de vida da
população.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Júlia Faveline. Metrópoles: Cidadania e Qualidade de Vida. São Paulo. Moderna,
1992.

AGACHE, Alfred. Ed. Foyer Brésilien. Cidade do Rio de Janeiro, remodelação, extensão
e embelezamento (Plano Agache).Rio de Janeiro,1930.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. 7ª Ed. – São Paulo. Contexto, 2003.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. Espaço e Indústria. 9ª Ed. – São Paulo. Contexto, 2001.

CARVALHO, José Lazaro, de Santos. Reflexões por um Conceito Contemporâneo de


Urbanismo. 2005. Disponível em <http://sburbanismo.vilabol.uol.com.br/reflexoes_
urbanismo.htm> acessado dia 25/10/2007.

CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. 4ª Ed. – São Paulo. Ática, 2004.

MAGNOLI, Demétrio e ARAUJO, Regina. Geografia Geral e Brasil: Paisagem e


Território. 1. ed. São Paulo, Moderna, 1993.

MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e do Brasil. 47ª ed. São Paulo:
Ática, 2002.

VESENTINI, J. Willian. Brasil: Sociedade e Espaço, 31. ed. São Paulo, Àtica, 2001.

5 ANEXOS

Anexo 1 – Rua 4 e 5
Fonte: Google.com

Anexo 2 – Rua 4 e 5
Fonte: Google.com

6 APÊNDICES
Apêndice 1 – Rua 3 – Santa Rita II
Fonte: Arquivo Próprio

Apêndice 2 – Rua 2 – Santa Rita II


Fonte: Arquivo Próprio

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