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Material Teórico
Fenomenologia: as categorias fenomenológicas
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Fenomenologia: as categorias
fenomenológicas
• Introdução
• Fenomenologia na hierarquia das ciências de Peirce
• As categorias universais
• Primeiridade, secundidade e terceiridade
OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Distinguir as três fases operativas do processo de percepção de
um signo.
ORIENTAÇÕES
Nesta unidade, vamos aprender um dos momentos mais importantes
da semiótica: trata-se, em síntese, de compreender e interpretar um
pensamento, pois, compreender e interpretar é traduzir um pensamento
em outro pensamento, num movimento ininterrupto. Mas para entender e
desvendar todo esse percurso e se apropriar de todas essas informações é
preciso que você estude sobre o assunto apresentado, leia com atenção o
conteúdo desta unidade e os materiais complementares, assista aos vídeos
indicados e procure conhecer as referências bibliográficas.
UNIDADE Fenomenologia: as categorias fenomenológicas
Contextualização
A partir do conhecimento das categorias universais, abre-se um leque de
possibilidades de estudos e aplicações nas mais variadas áreas. Peirce, quando
afirmou, fazendo referência às categorias universais, que só há três delas, não
mais que três; mesmo, dizia ele, diante de qualquer que seja o sistema e o grau de
complexidade. Diante dessa fundamentação, instaurava-se um novo modelo de
análise. Essa afirmação de Peirce propõe um rompimento com o modelo diádico,
uma vez que renuncia a toda a herança dualística contemplada, sobretudo, no
Ocidente e ainda muito cultivada até nos dias atuais pelas religiões: o raciocino
dual, a famosa dicotomia que não tem sobrevida na área do conhecimento. Pois o
homem, sendo um homem-signo, tem uma relação constante com essas categorias
fenomenológicas. Seja na produção de uma teoria, numa aula, num exame médico,
no cinema, na televisão, num computador etc. Todas as áreas são transmutadas
nessas categorias do domínio da fenomenologia, em tudo há um encontro com o
signo, está no âmbito da linguagem. O mundo implica a ideia de um continuum,
pois, como o universo está em expansão e junto à expansão há a desordem, pois
expansão implica em desordem, logo, constata-se o movimento continuum. Dessa
relação, então, deduz-se um universo dinâmico, orientado para o desenvolvimento
da mediação natural e pela mediação do pensamento cognitivo. Em síntese, as
relações entre categorias e a aplicação nas mais variadas áreas como objeto de
estudo e pesquisa promovem constantemente a qualidade, a reação e a mediação.
É bom lembrar que elaborar um estudo na esfera das categorias universais, qualquer
que seja o objeto, vai requer um vasto conhecimento não só das categorias, mas
também do objeto escolhido. Entretanto, essa interação irá produzir uma dinâmica
e um diálogo de descoberta em ambas as partes.
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Introdução
A semiótica em outras áreas do conhecimento
Atualmente, diante de certa aceleração nesses últimos anos, vivemos um momento
em que as novas tecnologias tornaram-se onipresente em nossas vidas, além da
relação de interação e de comunicação o tempo todo com esses equipamentos
tecnológicos, criou-se também certa relação de dependência, fazendo como que, em
determinadas circunstâncias, esses equipamentos tecnológicos passem a ser uma
extensão do nosso corpo. Porém, para que essa extensão seja plenamente atingida
nas relações de interação e para que se dê num campo em que o processo de
operação entre ambas as partes promova ações de realização e possa ser convertida
com pleno êxito, é necessário, por parte do sujeito, constantes atualizações. Pois,
qualquer que seja a tecnologia, haverá sempre um novo modelo, uma nova forma
operacional, fazendo com que seja inerente a (e esteja sempre assegurada por) uma
determinada linguagem, por um determinado sistema de signos.
Mas, por outro lado, o ser humano é um ser gregário e, em sua maior parte,
vive em sociedade, em grupos, em comunidades etc., aliado a uma capacidade
e habilidade de ser um grande produtor e provedor de signos. Assegura-se, com
isso, certa regularidade, certa compensação, em que ambas as partes (incluídos e
excluídos) se aprumam. Essa relação está assegurada pelo principio de que tudo
que existe no mundo, de alguma forma, exprime um determinado significado, um
determinado sentido, uma determinada mensagem. Razão pela qual a semiótica
peirceana torna-se uma linha de frente, pois procura investigar os mais variados
processos de significação, considerando as seguintes questões: como se deu o
processo de significação; como se constituiu em linguagem; o efeito de sentido
produzido; e ainda leva em conta o fato de existir, de maneira indispensável, a relação
com os três elementos de investigação : objeto, interpretante e representamen.
Segundo Lucia Santaella, (2004, p,10) é preciso ter uma compreensão mais
abrangente sobre o corpo no momento atual, pois ela afirma que somos corpos
no sentido social e cultural, somos corpos emotivos, perceptivos e móveis, e corpos
que se relacionam simbioticamente com as tecnologias. O corpo não só faz parte
de nosso complexo sistema sígnico, mas de certa maneira é o que o torna possível.
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UNIDADE Fenomenologia: as categorias fenomenológicas
SIGNO OU REPRESENTAMEN
(corpo do signo e si)
Importante! Importante!
Com isso, em termos mais detalhado e procurando ilustrar ainda mais essa
correlação, é possível pensar em alguns componentes do computador, como,
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por exemplo, o software e o hardware – do ponto de vista funcional, ambos
são concebidos como ferramentas do computador. Entretanto, do ponto de vista
semiótico, há uma notável diferença, pois o hardware é a parte física, é um
elemento material em que o usuário pode tocar, está integrado aos processadores,
à placa de vídeo, às memórias, aos chips e tudo mais, portanto realmente é uma
ferramenta. Já o software, embora alguns o tenham concebido como ferramenta
do sistema, pode ser entendido como a mente do computador, capaz de comandar
toda a máquina, pois os elementos de interface não existem de forma material,
como um elemento físico, mas sim como signos, que geram redes e mais redes de
signos. Por exemplo, formas, cores, luzes etc. num software configuram-se como
uma tentativa de se aproximar do que seriam os objetos reais (mundo real). Sendo
representado por um conjunto de pixels na tela, todas as informações dentro de
um computador são representamen (signos) constituídos por figuras, sons, imagens
etc. cuja função é a de representar alguns dos objetos do mundo real. Vejamos:
SIGNO OU REPRESENTAMEN
(informação dentro do computador: imagens, figuras, sons etc.)
Neste mesmo eixo de análise, o computador também pode ser usado como
instrumento de comunicação coletivo, como mídia, em que seus sistemas se
expandem em redes, conectadas a provedores que facilitam a interação de
comunicação entre pessoas. Como o computador é gerador de signos, ele também
é um provedor de signos: consegue assim, unir distantes e diferentes interlocutores
a partir de representações (representamen) sígnicas.
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UNIDADE Fenomenologia: as categorias fenomenológicas
é manifesto, significa “trazido à luz”, aberto à inspeção pública, é tudo o que está
diante da nossa mente em qualquer sentido. Para a faneroscopia, tanto como a
fenomenologia de Hussel, não tem a menor importância saber se o que aparece é
uma sensação, uma presença física ou um pensamento. O faneron não é para Peirce
nem exatamente o que realmente aparece, mas simplesmente o que parece aparecer
(PEIRCE, 1980, p. 91).
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a) estética, o ideal do admirável em si que, segundo Kant determinou, seria o
“belo como uma finalidade sem fim”;
Matemática
Fenomenologia
Filosofia
Estética
Ciências normativas Ética
Lógica
Metafísica
Ciências especiais
Para assimilar com mais profundidade e obter uma visão mais detalhada sobre essa questão,
Explor
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UNIDADE Fenomenologia: as categorias fenomenológicas
As categorias universais
Primeiramente, em seus estudos, Peirce
reconheceu duas ordens de categorias, as Terceiridade
Mediação,
particulares e as universais. No caso, as processo
universais são o nosso objeto de estudo.
Antes, é preciso fazer um registro, a teoria
das categorias só passou a fazer parte da Secundidade
Faneroscopia depois de 1900. Entretanto, Mundo real,
Primeiridade ação/reação
Peirce já havia pensado sobre essa questão e Presente,
já possuía, desde 1860, um corpo teórico intuitivo
Primeiridade
Carregada de possibilidades, está no presente absoluto, tem originalidade,
qualidade de consciência, é o acaso, o vago.
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observar que a ideia de mônada como primeiridade, reproduzida em e por diversos
comentadores de Peirce, não está equivocada, mas não deve ser assimilada como
um objeto, pois este reage com outros objetos em uma secundidade. A mônoda
é sui generis, não é reativa a nada. Ideias “psicologizantes”, como o vermelho,
a dor ou a felicidade, sem duração, vagas, sem objeto e sem sujeito, logo, são
inevitavelmente imperfeitas, uma vez que residem no campo da possibilidade de
algo, é o presente absoluto, é a ideia temporal da primeiridade. Isto é, o que já foi
só pode ser pensado sobre o que foi, a qualidade se perdeu no presente absoluto.
Primeiridade:
• presente absoluto (o que conta é a primeira impressão com o signo);
• pura qualidade, intuitivo;
• não possui uma referência adicional,
• sentimento sem reflexão.
Secundidade
Na secundidade o mundo é real, pois é compreendida pela luta, fato, experiência,
ação/reação e determinação/definição total. Independe do pensamento, é a
categoria mais rápida e fácil de ser apreendida.
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UNIDADE Fenomenologia: as categorias fenomenológicas
SECUNDIDADE:
a cor azul de um
objeto concreto.
Secundidade:
• reagir a fatos;
• distinguir e discriminar;
• reações reais ou análogas à primeiridade;
• é o fato em si.
Terceiridade
A terceiridade consiste na continuidade,
é a lei, o pensamento, o processo, o signo,
TERCEIRIDADE:
a generalidade, a probabilidade. Ou seja, O sapato é azul.
é o modo de ser da relação entre os três
elementos, não redutível à combinação de
pares. Considera-se a mediação de um terceiro
entre dois, é a ideia de que o pensamento para
ser pensamento, deve-se relacionar as ideias
de A e B do ponto de vista da ideia C. De
um ponto de vista mais detalhado, podemos
entender que: pensamento e signo remetem
à lei que diz como a “possível” primeiridade
governará a “existente” secundidade; essa Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
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formule o que é a ideia geral. É preciso que se tenha um certo cuidado no estudo
das categorias universais, principalmente na aplicação de cada uma delas a um
dado objeto. Por exemplo, a palavra “doce”, como exemplo de qualidade, pertence
à primeiridade. Entretanto, o “doce”, enquanto percebido neste momento por
alguém, apresenta-se como um fato, pois há uma relação no hic et nunc, “aqui” e
“agora”, na sensorialidade, logo, é uma secundidade; agora, sendo “doce” na sua
generalidade, é um signo, um símbolo literal, é uma terceiridade.
Terceiridade:
• relaciona um fenômeno qualquer
• organiza os fatos;
• continuidade;
• inter-relação, interconexão
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UNIDADE Fenomenologia: as categorias fenomenológicas
Com isso, esse percurso permitiu conhecer, até o presente momento, as raízes
do que seria a fenomenologia. Pois o pensamento triádico, isto é, as categorias
universais constituem toda a base da semiótica e permitem desvendar as entranhas
não só da ciência, mas da vida ou de uma vida em especial, pois Peirce pensou
numa teoria cujas estruturas e matizes são potenciais e universais, fazendo com
que sua ciência vá muito além de uma mera teoria dos signos. Portanto, uma
vez assimilado o conteúdo desta unidade, teremos cada vez mais requisitos para
desvendar outros processos de construção das classes dos signos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A assinatura das coisas: Peirce e a literatura.
SANTAELLA, Lucia. A assinatura das coisas: Peirce e a literatura. São Paulo:
Imago, 1992.
O que é semiótica.
SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
Leitura
Estudos semióticos
Uma análise intersemiótica da obra Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, para
o cinema
https://goo.gl/efNcli
Vídeos
Semiótica Peirceana com Julio Pinto
https://goo.gl/QTGQrS
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Referências
NÖTH, Winfried. Panorama da Semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo:
Annablume, 1995.
PEIRCE, C. S. Collected Papers: vol. 1,2,3. Cambridge: Harvard Univ. Press, 1966.
SANTAELLA, Lucia. A teoria geral dos signos: Semiose e autogeração. São Paulo:
Ática, 1995.
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