Você está na página 1de 117

Maria José Esteves de Vasconcellos

Implicações do Pensamento sistêmico


em diversos contextos de prática
 A mudança de paradigma na ciência e suas
implicações.
 Um quadro de referência para compreender a
revisão de pressupostos em curso na ciência,
desencadeada pelos próprios desenvolvimentos
desta, a partir da segunda metade do século XX.

MP Go – Programa Parceria Cidadã - out 2008


Pensamento Sistêmico

paradigma da ciência
contemporânea emergente

epistemologia da ciência
novo-paradigmática
Equivalência dos termos

“epistemologia” ≅ “paradigma” ≅ “visão de mundo”

compromissos dos cientistas com


“crenças e valores”

compartilhados interdisciplinarmente
Tradicionalmente

Prática científica / Aplicação da ciência

Teoria científica

Epistemologia - pressupostos epistemológicos


A ciência tradicional (liderada pela Física)
baseada em seus três pressupostos:
I – fragmenta o sistema e usa a lógica clássica
(simplicidade)

II – para conhecer as regras do funcionamento


(estabilidade)

III – de como o sistema é na realidade


(objetividade)
A ciência tradicional

simplifica o objeto

para conhecê-lo

tal como ele é


“paradigma da ciência tradicional”

simplicidade: análise
relações causais lineares

estabilidade: determinismo - previsibilidade


reversibilidade - controlabilidade

objetividade: subjetividade entre parênteses


uni-versum
A ciência valida
conhecimentos e explicações

“A ciência desempenha um papel central na


validação do conhecimento em nossa cultura
ocidental e, portanto, em nossas explicações
e compreensão dos fenômenos...”

Humberto Maturana - A ontologia da realidade, 1997


Cientistas e leigos
“Quando o homem comum (o homem da rua)
começou a acreditar inteiramente na ciência e
a adotar seus pressupostos,

o cientista (o homem do laboratório) começou


a perder a fé nesses pressupostos”.

Bertrand Russell, “The Scientific Outlook”, apud Jeremy Rifkin, 1981


Essa ciência teve sucesso, mas ...

“Quando eu era jovem, os físicos não tinham dúvida


de que as leis da física nos dão informação real
sobre os movimentos dos corpos e os tipos de
entidades que aparecem nas equações físicas.”

Bertrand Russell, “The Scientific Outlook”, apud Jeremy Rifkin, 1981


Há uma revolução científica em curso

“ ... das revoluções científicas (...) ocorridas no


decorrer dos últimos cem anos, ...
até hoje,
somente poucos tomaram plena consciência
de toda sua extensão”

Ernst von Glasersfeld - Adeus à objetividade, 1991


A própria Física questionou os
pressupostos da ciência tradicional
 questão lógica - Niels Bohr
contradição onda/corpúsculo

 questão da desordem – Boltzman


agitação desordenada das moléculas

 questão da objetividade - Heisenberg


princípio da incerteza
Desenvolvimentos em diversas
disciplinas questionam os pressupostos

Illya Prigogine – químico russo

Von Foerster – físico / ciberneticista austríaco

Maturana e Varela – biólogos chilenos

Henri Atlan – bio-físico francês

Edgar Morin – sociólogo francês


Complexidade, um tema interdisciplinar

1984 - Cérisy - França - Colóquio Internacional


“As teorias da complexidade”
Complexidade deixou de ser:
 invocação de dificuldade de compreensão / realização ou
justificativa para insuficiência de explicações e teorias
Complexidade passou a ser:
 uma questão a abordar, um objeto de pesquisa

Henri Atlan - “L’intuition du complexe et ses theorisations”, 1984


“Auto-organização”, um tema
interdisciplinar
1983 – França - Cerisy - Colóquio Internacional
L’auto-organization. De la physique au politique.

instabilidade – caos – irreversibilidade –


seta do tempo – física de processos - sistemas
que funcionam longe do equilíbrio – flutuação –
saltos qualitativos do sistema - ordem a partir
da flutuação – determinismo histórico
Biologia do Conhecer, um tema
interdisciplinar

1997 – Belo Horizonte – Simpósio Internacional

Autopoiese:
biologia, cognição, linguagem e sociedade

teoria científica do observador


“paradigma da ciência contemporânea emergente”

 complexidade: contextualização
causalidade recursiva
 instabilidade: indeterminação - imprevisibilidade
irreversibilidade - incontrolabilidade

 intersubjetividade: objetividade entre parênteses


pluri-versa
Quadro de referência para as mudanças
ciência contemporânea
ciência tradicional
emergente
simplicidade complexidade
análise contextualização
relações causais lineares causalidade recursiva

estabilidade instabilidade
determinismo - previsibilidade indeterminação - imprevisibilidade
reversibilidade - controlabilidade irreversibilidade - incontrolabilidade

objetividade intersubjetividade
subjetividade entre parênteses objetividade entre parênteses
uni-versum pluri-versa
Pensamento Sistêmico como
“Novo Paradigma da Ciência” *

Maria José Esteves de Vasconcellos

* Participação na Mesa Redonda “Pensamento sistêmico: terapia


familiar e outras aplicações”, promovida por ABTD / EquipSIS,
Belo Horizonte, 20-02-95.
Pensando sistemicamente:
(1o. exercício)

Amplio o foco
(Proíbo-me de manter o foco no indivíduo)

Focalizo as relações
Identifico regras de relação: contextualizo
Trabalho com o
“sistema constituído em torno do problema”
Pensando sistemicamente:
(2o. exercício)

Descrevo com o verbo estar


(Proíbo-me de usar o verbo ser)

O que está acontecendo agora?


Como cada um está participando?
Como eu posso mudar na relação com ele?
Pensando sistemicamente
(3o. exercício)

Legitimo a verdade do outro


(Proíbo-me de responder começando com um “não”)

Reconheço, genuinamente, a verdade do outro

Focalizo minha relação com o outro


Pergunto-me pela minha participação na situação
Co-construo a “verdade” com o outro
O cientista novo-paradigmático
 vendo sistemas de  contextualiza o fenômeno
sistemas e focaliza as interações
recursivas
 acreditando que tudo está  trabalha com a mudança
em processo de tornar-se e admite que não
controla
 reconhece-se parte do
 adotando o caminho da
sistema e atua na
objetividade entre
perspectiva da co-
parênteses
construção
portanto, é um cientista que adotou o pensamento sistêmico
Três dimensões num único novo
paradigma

sistemas amplos, redes,


Paradigma da ecossistemas, causalidade
complexidade circular, recursividade

Novo imprevisibilidade,
Paradigma da desordem, evolução,
Paradigma incontrolabilidade, saltos
instabilidade
da qualitativos
Ciência inclusão do observador, auto
Paradigma da referência, signifi-cação da
experiência na conversação,
intersubjetividade
co-construção
Recursividade entre as três
dimensões

ciência
novo-paradigmática
ciência
complexidade
tradicional Instabilidade

intersubjetividade
observador/linguagem/sociedade

“Entre o observador, a linguagem e a


sociedade se estabelece uma conexão não-
trivial, ou seja, uma relação triádica fechada,
em que não se pode dizer quem foi primeiro
e quem foi último e em que se necessita dos
três para se ter cada um dos três.”

Heinz von Foerster - “Cibernética de la cibernética” (1974)


complexidade / instabilidade / intersubjetividade

“Entre as três dimensões do ‘novo paradigma’


- os pressupostos da complexidade, da
instabilidade e da intersubjetividade -
se estabelece uma conexão não-trivial, ou
seja, uma relação triádica fechada, na qual
se necessita das três
para se ter cada uma das três.”

Esteves de Vasconcellos - “Setting constructivist/social


constructionist proposals in the context of the new-paradigmatic
science”, 1997 (parafraseando Heinz von Foerster)
Três congressos interdisciplinares

1984 - Cérisy- França - Colóquio Internacional


“As teorias da complexidade” complexidade

1983 - Cérisy - França - Colóquio Internacional


“A auto-organização: da física
à política” instabilidade

1997 - Belo Horizonte - Simpósio Internacional


“Autopoiese: biologia, cognição,
linguagem e sociedade” intersubjetividade
(objetividade entre parênteses)
Pensamento sistêmico novo-paradigmático.
Novo-paradigmático, por quê?


Visão sistêmica de 1a Ordem:
pensamento contextual
(complexidade do sistema)
pensamento processual
(instabilidade/autonomia do sistema)

 Visão sistêmica de 2a Ordem:


pensamento relacional
(construção intersubjetiva do sistema)
A Biologia evidenciou
 nossa constituição biológica de seres vivos
fechados estruturalmente 
inexistência de um mundo objetivo

 nossa constituição de seres vivos dotados de


linguagem 
constituímos o mundo na linguagem
O que vivenciei aqui, evidencia:

É IMPOSSÍVEL A OBJETIVIDADE

1 – Não tenho como distinguir,


na minha experiência,
uma “percepção” de uma “alucinação”

2 – A “realidade” emerge na conversação


Em experimentos de laboratório,
a Biologia do Conhecer evidencia:

É IMPOSSÍVEL A OBJETIVIDADE

1 – Nossa constituição biológica nos impede


de falar de um mundo objetivo

2 – Nossa constituição de seres vivos humanos,


dotados de linguagem, nos permite co-
construir nosso conhecimento do mundo
Nenhum observador pode falar de uma
realidade objetiva
NÃO EXISTE A REALIDADE
INDEPENDENTE DE UM OBSERVADOR

“Tudo é dito por um observador”


(Maturana - biólogo)

“a outro observador”
(von Foerster - ciberneticista)
Com a visão sistêmica, reconheço que:

Não existe realidade independente do observador


ninguém tem acesso privilegiado à realidade

Não existe verdade objetiva


ninguém é autoridade para falar da verdade

Não há como validar minha percepção / ação


ninguém pode garantir que está certo
Uma implicação fundamental

“Reconhecer o outro como legítimo


outro no meu espaço de convivência”
(Maturana)

legitimando as diferenças
sem reduzí-las
sem eliminá-las
Implicações da “Biologia do Conhecer”,
de Maturana
 inexistência de realidade independente do observador:
percepção = ilusão = alucinação Não ao realismo do universo
 determinismo estrutural Não à interação instrutiva
 impossível acesso privilegiado à realidade: tudo ocorre
na experiência Não à verdade/autoridade
 “objetividade entre parênteses” Não à objetividade
 co-construção da realidade Não ao solipsismo
 no espaço consensual da intersubjetividade:
a linguagem instala a “realidade”
(TUDO EMERGE NA LINGUAGEM)
Dois caminhos explicativos

caminho explicativo caminho explicativo


da da
objetividade objetividade entre
parênteses

A realidade Muitas realidades


O uni- versum Multi-versa
A verdade Muitas verdades
De uma epistemologia filosófica para uma
epistemologia científica

Ciência tradicional Ciência contemporânea

 epistemologia filosófica epistemologia científica


(filosofia da ciência) (ciência da ciência)

 epistemologia para a ciência epistemologia para a vida


(para atuar cientificamente) (para ver e agir no mundo)
Contemporaneamente

Epistemologia
científica
Prática
científica
Teoria
científica
Epistemologia que implica distinções
do cientista nas três dimensões
 É o cientista que pensa ou distingue a complexidade

 É o cientista que pensa ou distingue a auto-


organização / a autonomia dos sistemas

 É o cientista que se pensa ou se distingue como


parte do sistema com que trabalha
Epistemologia integra a estrutura do
profissional

 Uma teoria, eu aplico

 Minha epistemologia, me implica


O cientista novo-paradigmático
 vendo sistemas de  contextualiza o fenômeno
sistemas e focaliza as interações
recursivas
 acreditando que tudo está  trabalha com a mudança
em processo de tornar-se e admite que não
controla
 reconhece-se parte do
 adotando o caminho da
sistema e atua na
objetividade entre
perspectiva da co-
parênteses
construção
portanto, é um cientista que adotou o pensamento sistêmico
Da disjunção à conjunção

e isto, e aquilo
ou isto,
ou aquilo tanto isto, quanto aquilo

pensamento integrador
Articulação ciência tradicional /
ciência contemporânea emergente

cientista
ciência
novo-
tradicional paradigmático
teorias  complexidade
e  instabilidade
técnicas  intersubjetividade
Como as disciplinas científicas têm
lidado com essa mudança de paradigma?
 Ciências físicas
 Ciências biológicas
não têm se mostrado sensíveis às
evidências da inexistência de qualquer
realidade independente de um observador
 Ciências humanas
hard sciences estão referendando o que
já pensávamos e fazíamos
Visão de mundo / Paradigma
 Interessante na visão de mundo de uma
sociedade é que os indivíduos não têm
consciência de como ela afeta o modo de
perceberem e fazerem as coisas.

 Somos tão presos no nosso paradigma que


qualquer outro modo de ver, pensar ou fazer
parece fatalmente inaceitável.

Jeremy Rifkin - “Entropy. A new world view”


Mudando paradigmas
Nossas visões do mundo, e de nós mesmos,
fazem com que tenhamos “pontos cegos”,
que não vejamos que não vemos.

Só quando alguma interação nos tira do óbvio


e nos permitimos refletir,

nos damos conta da quantidade de relações que


tomávamos como garantidas.
Maturana e Varela - “A árvore do conhecimento”
Como estamos levando essa nova
visão para nossas práticas?
 Com discurso (interação instrutiva)?

 Com nossa atuação (que se mostra


como implicação de nossa nova
visão)?
As sociedades modernas são construídas
sobre a ciência

“A idéia de conhecimento científico se impôs e


parece que as sociedades modernas aceitaram
as riquezas e os poderes que a ciência lhes
oferecia e parecem ter se encantado com a
perspectiva de um desenvolvimento prodigioso
da humanidade”.

Jacques Monod. O acaso e a necessidade. Ensaio sobre a filosofia


natural da biologia moderna, 1970
Ligue os nove pontos, com apenas quatro segmentos
de reta, sem tirar o lápis do papel
Ligue os nove pontos, com apenas quatro segmentos
de reta, sem tirar o lápis do papel
Quebrando o
paradigma de provérbios
Cão que ladra (não morde)
incomoda o vizinho
ajuda a prevenir
afasta as visitas

Quem fala demais (dá bom dia a cavalo)


distrai a platéia
incomoda o vizinho
afasta as visitas
Quebrando o
paradigma de provérbios
 Quem não arrisca (não petisca)
perde oportunidades

 Quando um não quer ( dois não brigam)


não há casamento

 Quem vai na frente (bebe água limpa)


guia o pelotão
ajuda a prevenir
A questão dos paradigmas
 Paradigma:
conjunto de regras e regulamentos
 “efeito paradigma”:
filtra / seleciona os dados, determina forma de fazer
 paradigmas acompanham nossas práticas:
recortam em detalhes a informação
 “paralisia de paradigma”:
doença fatal de certeza, impede ver oportunidades
 mudança de paradigma, questão de escolha:
exige coragem (cor agire) e fé (antídoto do medo)

PARA MAIS INFORMAÇÕES...

Joel A Baker - “A questão dos paradigmas” - Siamar


A Questão dos Paradigmas
Vemos o mundo através de nossos paradigmas

Paradigmas nos limitam:

“paralisia de paradigma”
“doença fatal de certeza”

Paradigmas nos facilitam:


recortam em detalhes a informação
focalizam nossa atenção
Paradigmas contraditórios
 O trabalho dividido fica mais leve.
 Panela onde muitos metem a colher
não dá bom caldo.

 Um homem prudente vale por dois.


 Quem não arrisca, não petisca.
Como nasce um paradigma?

Os cientistas e os macacos
Como nasce um paradigma
 Se fosse possível perguntar a algum deles por
que batiam em quem tentasse subir a escada,
a resposta certamente seria:

“Não sei ...


as coisas sempre foram assim por aqui ...”

 “É mais fácil desintegrar um átomo do que


um preconceito” (Albert Einstein)
Visão de mundo / Paradigma

 Interessante na visão de mundo de uma sociedade é


que os indivíduos não têm consciência de como ela
afeta o modo de perceberem e fazerem as coisas.

 Nossa visão de mundo é tão internalizada, que


permanece não questionada.

 Somos tão presos no nosso paradigma que qualquer


outro modo de ver, pensar ou fazer parece fatalmente
inaceitável.

Jeremy Rifkin - “Entropy. A new world view”


A ciência também tem paradigmas
O paradigma da ciência é constituído de

 crenças e valores (visão de mundo),


 critérios de cientificidade,
 pressupostos epistemológicos,
( não demonstráveis cientificamente ),

em que os cientistas fundamentam seu trabalho


Cientificidade
A maior parte dos cientistas ainda não fez a grande
descoberta científica: “a ciência não é totalmente
científica”.

A cientificidade é a parte emersa de um iceberg profundo


de não cientificidade, constituído pelos pressupostos ou
postulados.

O postulado do determinismo universal, o princípio da


causalidade, são indemonstráveis, necessários à
demonstração.”
Edgar Morin - “O problema epistemológico da complexidade”
Pensamento Sistêmico como
“Novo Paradigma da Ciência” *

Maria José Esteves de Vasconcellos

* Participação na Mesa Redonda “Pensamento sistêmico: terapia


familiar e outras aplicações”, promovida por ABTD / EquipSIS,
Belo Horizonte, 20-02-95.
Pensamento Sistêmico

paradigma da ciência
contemporânea emergente

epistemologia da ciência
novo-paradigmática
Dois sentidos do termo paradigma na ciência

Teoria Paradigma
(''Matriz disciplinar'') (''Exemplares'')

Regras e padrões Crenças e valores


da prática
subjacentes à prática
Intradisciplinar
(Intratemático) Interdisciplinar
PARA MAIS INFORMAÇÕES...

Thomas Kuhn, “A estrutura das revoluções científicas” 1962/1970;


“La función del dogma ...” 1963; “Segundos pensamientos ...” 1971
Dois sentidos do termo epistemologia na ciência

Reflexões para responder Respostas obtidas das


às perguntas sobre reflexões sobre
o conhecer o ser e o conhecer
(epistemológicas)
Premissas implícitas
e
que configuram a
às perguntas
visão de mundo
sobre o ser que
(ontológicas) “todo mundo tem”
PARA MAIS INFORMAÇÕES...
Pakman - “Una actualización epistemológica de las terapias sistémicas”
No âmbito da epistemologia

perguntas sobre perguntas


o conhecer sobre o ser

como conhecemos o que é


o mundo?
o mundo?

(epistemologia) (ontologia)
PARA MAIS INFORMAÇÕES...
Pakman - “Una actualización epistemológica de las terapias sistémicas”
Paradigma
 Totalidade de pensamentos, percepções,
valores que formam uma determinada visão
da realidade, que é a base do modo como
uma sociedade se organiza.

 A comunidade científica se organiza com


base em seu paradigma de ciência - sua
visão / concepção de atividade científica.

Fritjov Capra - “O ponto de mutação”


Momentos marcantes no desenvolvimento
do pensamento científico
NO VO
PA R AD IGM A
Europa e Américas
D A CIÊNC IA
2ª met séc XX

Fr an ça
CO MTE
sec. X IX d .C .

F r an ça
D ES C A RT E S ”h ar d sci en c es”
sec. X V I I e X V III d .C . (e xp l ic ação )

G r éci a/ Aten as
Ida de M é dia
S Ó C R AT ES
P L A T ÃO
A R IS T Ó T E L E S
se c. V e IV a.C.

G ré ci a/ M il eto
T HA L ES
A N A X ÍN A D R O
A N A X ÍM E NE S
” soft s ci enc es"
entre sec. V III e V I a.C .
( co m pre en são )

mito

SALTO
S A LT O
Q U A L ITA TI V O
Q U A L IT A T IV O
Personagens historicamente influentes na constituição do
“Paradigma da Ciência Tradicional”

SÉCULO XVII SÉC XVIII SÉC XIX

Rifkin (1980) Bacon Descartes Newton


Capra (1992) Galileu Descartes Newton
Domingues (1992) Galileu Descartes Comte

Paradigma
Cartesiano
Paradigma
Newtoniano
Como concebemos a complexidade?
 complexus - tecido em conjunto, constituintes heterogêneos
inseparavelmente associados /integrados
(impossível simplificar)
 sistema complexo - enorme quantidade de
interações,desordenadas, emaranhadas, de caráter não
linear, não calculáveis - sistemas esquisitos, instáveis
(impossível prever e
controlar)
 percepção do complexo - observador distingue relações -
pode-se perceber ou não a complexidade
(impossível objetivar)
 Portanto: dimensão “una e múltipla”
Saltos qualitativos nos pontos de bifurcação

x x

xo

λc λ ko kc kc ko

solução soluções pontos críticos


única múltiplas
Sistemas de complexidade organizada
(funcionam longe do equilíbrio)

 sistemas dissipativos químicos


 sistemas empresariais
 sistemas subatômicos
 sistemas imunológicos
 sistemas meteorológicos
 sistemas ecológicos
 sistemas familiares
Invariâncias organizacionais
Sistemas de complexidade organizada
(suborgânicos, orgânicos e supraorgânicos)
compartilham invariâncias organizacionais:
 são “todos” (wholes) com propriedades irredutíveis
 mantêm-se a si próprios num ambiente em mudança
 criam-se a si próprios (auto-organizam-se) em
resposta ao ambiente em mudança
 coordenam interfaces na “hierarquia” da natureza
Erwin Laszlo - “The systems view of the world. The natural philosophy of the
new developments in the science”, 1972
Ilusão / alucinação x percepção?
Biologia do Conhecer
 Experimento das cores
Experimentando as pós-imagens
Biologia do Conhecer
 Experimento com a salamandra
Biologia do Conhecer
 Experimentos em laboratório

as cores

a salamandra

a pós-imagem
Distinguindo uma convergência

domínio lingüístico domínio lingüístico


do do
cientista novo-paradigmático cristão

“reconhecer o outro como


legítimo outro no meu espaço “amar ao outro como
de convivência” a mim mesmo”
 
AMOR AMOR
Em busca da naturalização da epistemologia
Warren Mc Culloch, neurofisiólogo e neuropsiquiatra,
empenhava-se em assentar as bases para uma
epistemologia experimental.

Essa faria da epistemologia uma empresa científica, para


além de um ramo da especulação filosófica.

De tal empresa se ocupavam também


Jean Piaget, na área da gênese do conhecimento e
Konrad Lorenz, na área da etologia.

Pakman – “Las semillas de la cibernética” 1991, p. 19)


Teoria ou epistemologia sistêmica? *

Maria José Esteves de Vasconcellos

* Participação na Mesa Redonda “Dialogando sobre Teorias”,


no II Congresso Brasileiro de Terapia Familiar, em Gramado,
RS, de 1 a 3 de agosto de 1996.
Que palavras adjetivamos com sistêmico/sistêmica?

 paradigma sistêmico
....................
 epistemologia sistêmica
.........................
 ”
.........................
 ”
.........................
 ”
.........................

Epistemologia Teoria Prática

 epistemologia  teoria  prática


 paradigma  modelo  trabalho
 visão  movimento  atuação
 pensamento  linha  intervenção
 quadro de referência  abordagem  efeito
 perspectiva  enfoque  método
 concepção  conhecimento  técnica
 pressuposto  ciência  atendimento
 percepção  terapia
 postura  prescrição
 equipe
 formação
Tradicionalmente

Prática científica / Aplicação da ciência

Teoria científica

Epistemologia - pressupostos epistemológicos


Contemporaneamente

Epistemologia
científica
Prática
científica
Teoria
científica
Que idéias associamos a sistema?
 conjunto  ecossistema
 interdependência  funcionamento dinâmico
 padrões de relação  intercâmbio
 integração  organização
 holístico  todo/parte
 interação
 estrutura
 circular
 processo
 hierarquia
 interrelação  movimento
 ..................
Sistema
Sistema: conjunto de elementos com as relações entre
os elementos e entre seus atributos, em que
- os elementos são os componentes ou partes do
sistema
- os atributos são as propriedades dos elementos
- as relações são o que dá coesão ao sistema todo
(Hall e Fagen)

O conceito de sistema se refere aos modos em que


acontecem as relações ou conexões entre os
elementos e as relações entre as relações
(Wilden)
Da pirâmide à rede
Um quadro de referência para as
teorias sistêmicas
Vertente dos Vertente das
seres vivos máquinas
(organicista) (mecanicista)
Tradicional
Paradigma

Teoria Geral dos Sistemas Teoria Cibernética

Teoria da Autopoiese Cibernética da Cibernética


Paradigma

Construtivismo e Si-
Novo

Biologia do Conhecer Cibernética

Teoria Geral dos Sistemas Autônomos


Da cibernética à complexidade

Cibernética - contribuição fundamental


para a constituição do
Pensamento sistêmico
novo- paradigmático
Termostato
Características da máquina auto-reguladora

- órgãos sensoriais
- para variações do ambiente
- para variações do desempenho – monitores

- órgãos motores, análogos aos dos seres vivos

- esquema de retroação da informação

- capacidade de ajustar conduta futura

- órgãos decisórios centrais: o que fazer a seguir


Cibernética: retroalimentação
Negativa (redução do desvio)

desvi
o
Cibernética: retroalimentação
Positiva (amplificação do desvio)

de s v i
o
Cibernética (kybernetiké)
 arte/ciência de pilotar ou governar
 vertente mecanicista da Ciência dos Sistemas
 “teoria da comunicação e do controle na máquina
e no animal”
- auto-regulação: ser vivo máquina sociedade
- autômatos cibernéticos - programa como
intermediário entre input / outuput - comando
interno
- ciberneta - piloto (kybernetes), como
intermediário vivo nas decisões
Cibernética (kybernetiké) (cont.)

 foco na retroalimentação (feed-back) negativa:


correção dos desvios

 organiza a ação do sistema, maximiza eficiência,


garante obtenção da meta

 interdisciplinar: funcionamento do sistema,


relações (comunicação / informações) entre
elementos, independente de sua natureza
Cibernética no contexto da ciência
Avançou em alguns aspectos:
 foco nas relações
 sistemas sub-determinados
 sistema depende do foco do observador

Porém, ateve-se à ciência tradicional:


 simplificação e causalidade linear
 retroalimentação negativa e auto-regulação
 concepção do piloto fora do sistema
Cibernética no contexto da ciência (cont.)

Portanto:

 comunicação subordinada ao comando


 práticas
tecnocêntricas, tecnomórficas, tecnocráticas
 “ciência do controle organizacional”
Si-cibernética: articulação dos
desenvolvimentos da Cibernética
Si-cibernética
Cibernética da cibernética - cibernética de 2a. ordem

 aborda a complexidade organizada dos sistemas


naturais, pensa a causalidade recursiva
 reconhece a instabilidade, a retro-alimentação positiva
e a autonomia dos sistemas naturais
 assume as conseqüências da inserção do ciberneta
(“si-ciberneta”) no sistema
Si-cibernética
cibernética novo-paradigmática

 arte-ciência de pilotar em conjunto


 práticas de co-construção de soluções na
conversação
 ciência da comunicação organizacional
 ultrapassa a cibernética, resgatando-a articula
aparentes opostos proporciona liberdade,
remete à ética
Visão de mundo / Paradigma
 Interessante na visão de mundo de uma
sociedade é que os indivíduos não têm
consciência de como ela afeta o modo de
perceberem e fazerem as coisas.

 Somos tão presos no nosso paradigma que


qualquer outro modo de ver, pensar ou fazer
parece fatalmente inaceitável.

Jeremy Rifkin - “Entropy. A new world view”


Mudando paradigmas
Nossas visões do mundo, e de nós mesmos,
fazem com que tenhamos “pontos cegos”,
que não vejamos que não vemos.

Só quando alguma interação nos tira do óbvio


e nos permitimos refletir,

nos damos conta da quantidade de relações que


tomávamos como garantidas.
Maturana e Varela - “A árvore do conhecimento”

Você também pode gostar