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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

Yves de Andrade e Teixeira

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II

São João Del Rei


2013
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...3
DESENVOLVIMENTO 4
1.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES 4
1.2 ANÁLISE DAS ATIVIDADES 5
CONCLUSÃO 8
ADENDOS 9
1.1 PLANO DE ENSINO 9
1.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS 10
1.3 TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...21
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INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular oferece fundamentos teóricos e metodológicos para as


abordagens pedagógicas contemporâneas a serem desenvolvidas no Ensino Fundamental e
Médio com o objetivo de elaboração de projetos de trabalho na área de conhecimento da
Filosofia.
Neste presente trabalho, apresentaremos a abordagem do recolhimento de dados
através de entrevistas quantitativas e qualitativas relativas à educação com as análises do
discurso, narrativa e conteúdo.
Além disso, apresentamos as análises individuais sobre o processo empregado na
execução dessas atividades.
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DESENVOLVIMENTO

1.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

O curso de Estágio Supervisionado II do Curso de Filosofia executou duas atividades


para conclusão de sua Ementa. A primeira atividade descrita é o Plano de Ensino que objetiva
o aluno do curso tomar conhecimento de um planejamento de aula para sua futura função. E a
segunda atividade, foram as entrevistas realizadas pelos alunos do curso a professores locais
de escolas públicas ou privadas com o objetivo de além de conhecer o método de Pesquisa
Qualitativo e Quantitativo, também reconhecer a atual situação da Educação e da carreira
docente na sua localidade.

Plano de Ensino

O aluno do Estágio Curricular II produziu um plano de ensino com um total de 05


(cinco) aulas a serem hipoteticamente desenvolvidas em sala de aula. Tudo de acordo com a
Proposta Curricular do Ensino de Filosofia no Ensino Médio da Secretaria de Educação do
Estado de Minas Gerais.

Entrevista, Transcrição e Análise.

O grupo realizou duas entrevistas com dois professores de uma Escola Estadual da
cidade de São João Del Rei sendo uma professora da área de Física e outro professor da área
de História. Essas entrevistas tiveram em média quinze minutos de duração e foram
transcritas literalmente, respeitando até os cacoetes dos entrevistados (ver Anexo X). Feita
esta transcrição, o grupo construiu uma breve análise das falas dos entrevistados de acordo
com as referências bibliográficas propostas pelo curso sobre Análise do conteúdo, de
narrativa, análise do discurso (CHIZZOTTI, 2006).
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1.2 ANÁLISE DAS ATIVIDADES

Plano de Ensino

A tecnologia é compreendida por Marcuse “como modo de produção, como a


totalidade de instrumentos, dispositivos e invenções que caracterizam a era da máquina, é
assim, ao mesmo tempo, uma forma de organizar e perpetuar as relações sociais”
(MARCUSE, 1999: 73). Neste contexto, o plano de Ensino assim como todas as outras
funções burocráticas que envolvem a carreira docente, além do arranjo social e político, pode
servir como “um instrumento de controle e dominação” (MARCUSE, 1999: 73). Mesmo
assim, essa visão crítica do trabalho burocrático do docente quase não é reclamada nas salas
de aula da graduação, pelo contrário, seus deveres são exaltados e ditos como necessários.
Mas pode não passar de um empecilho ao trabalho do professor, assim como todos os seus
deveres que são cegamente seguidos, apenas uma engrenagem dentro do relógio do sistema.

Agora entrando na relação professor/aluno, o objetivo do planejamento do ensino,


assim como todos os estudos de didática feitos dentro da Universidade tem o objetivo de
transmissão de conhecimento, ou compartilhamento. Quem transmite? O que é transmitido? A
quem? Com base em quê? E de que forma? Com que efeito? Podemos usar essas perguntas
para definir a didática que o docente aprende na universidade e aplica no seu ofício. Assim,
temos a fala de Lyotard:
No momento em que o critério de pertinência é o desempenho do sistema
social suposto, isto é, quando se adota a perspectiva da teoria dos
sistemas, transforma-se o ensino superior num subsistema do sistema
social, e aplica-se o mesmo critério de desempenho à solução de cada um
destes problemas. (LYOTARD, 2008, p. 88).

Ou seja, segundo Lyotard em sua obra A condição Pós-Moderna, uma das formas
desse saber científico ser legitimado, é a sua transmissão. A sua crítica perpassa então sobre o
desempenho, a performance que esta transmissão se faz. A universidade transmitirá esses
conhecimentos não por sua forma idealizadora do “amor ao conhecimento”, mas “é e será
transmitido aos adultos já ativos ou esperando sê-lo, em vista da melhoria de sua competência
e de sua promoção, mas também em vista da aquisição de informações, de linguagens e de
jogos de linguagem que lhes permitam alargar o horizonte de sua vida profissional e de
entrosar experiência técnica e ética” (LYOTARD, 2008), ou seja, uma função simplesmente
profissionalizante. “A questão, explícita ou não, apresentada pelo estudante profissionalizante,
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pelo Estado ou pela instituição de ensino superior não é mais: isto é verdadeiro? mas: para
que serve isto?” (Idem, 2008). A didática e todos os seus métodos de eficácia, não passam de
uma técnica que apenas nos mantém ocupados tempo o bastante para não podermos nem
sequer participar das decisões políticas que definem o rumo de nossas vidas escravizantes (DE
LA SERVITUDE MODERNE, Brient).

Entrevista, Transcrição, Análise.

Como métodos válidos de produção científica, a entrevista quantitativa, qualitativa


ou ambas, são ferramentas essenciais em diversos estudos para compreendermos determinado
assunto em determinado contexto. E como visto antes, no atual sistema de produção que
envolve a educação, não se pergunta mais o porquê, mas sim o pra que. Os fundamentos que
envolvem o recolhimento de dados estão sob forte ataque desde o linguistic turn
(CHARTIER, 2002). A linguagem vem sendo alvo de vários estudos e reformulações de
diversas correntes dentro da História, Filosofia e Literatura. Mesmo assim, o seu modo de
produção tem visto poucas mudanças. Ainda a objetividade da linguagem é tida como certa,
ou no mínimo, aproximada.
Na sua obra Investigações Filosóficas, Wittgenstein nos mostra que o significado das
palavras não estão nelas mesmas, mas sim em seu uso. Já em Saussure, ele diferenciou a fala
da língua, a primeira estando sujeita às subjetividades e a segunda estando a cargo dos valores
linguísticos, a relação entre elementos que formam uma estrutura onde a ciência poderia
trabalhar objetivamente. Sua ideia deu base ao estruturalismo de Lévi-Strauss que segundo
ele, analisando essas estruturas, podemos chegar a um significado, um produto desta cultura.
A historiografia, corrente positivista fazia dos textos históricos fontes objetivas para estudos
científicos. O texto continha uma realidade de fato, cabia ao historiador/pesquisador trazer
esses fatos à tona. Mas com a crítica de Nietzsche na relação entre a causa e efeito (já que
supomos a causa apenas vislumbrando o efeito, torna-se uma premissa falsa, pois podemos
sugerir que é o efeito que causa a causa), e posteriormente de Foucault e Derrida, a validação
dos textos como fonte objetivas perderam sentido. Segundo a crítica pós-moderna, a produção
científica não passa de uma grande narrativa (LYOTARD, 2008), apenas um jogo de
linguagem que expressa de sua maneira a realidade. Assim nos mostra o autor Ankersmit:
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Esta é a maneira de se colocar os fatos no pós-modernismo. A ciência é


“desestabilizada”, colocada fora de seu próprio centro, a reversibilidade de padrões
de pensamento e de categorias de pensamento é enfatizada, sem a sugestão de uma
alternativa definida. É uma forma crítica desleal da ciência, um golpe abaixo da
linha da cintura que talvez não seja justo, mas que por esta mesma razão realmente
atinge a ciência onde ela é mais sensível. (ANKERSMIT, 2001)

Ainda nos lembra este autor que “quando a dicotomia entre linguagem e realidade
está sendo discutida, o estoicismo não estará longe, pois não nos dão ambas as linguagens do
romancista e do historiador uma ilusão de realidade, seja ela de ficção ou genuína?” (Idem,
2008). Continuando, Ankersmit nos remete ao estudo de Hobbes, que há tanta interpretação
de sua obra que para o pesquisador, já não é mais importante ler a obra em si de Hobbes,
apenas seus comentadores onde estão centradas as discussões.
Perante todo esse percalço teórico acadêmico, como podemos prosseguir fazendo
ciência, ou mais especificadamente, sugerir em conhecer uma realidade através de entrevistas
quantitativas sendo que podemos apenas estar criando novas meta-narrativas, novos grandes
discursos literários disfarçados de ciência? Aliás, porque o jogo de linguagem científico
tomou espaço completo deixando as artes de fora? Segundo Packter, “o que a pessoa utiliza
para significar nós denominamos de semiose” (p. 24), essa semiose se dá por frases de
hipérboles ou parábolas, um beijo, um olhar de aprovação, o dobrar dos sinos, etc. Se nós,
humanos, usamos diferentes formas de comunicação, porque elegemos apenas a racional e
técnica para nos embasar no mundo?
Enquanto pesquisadores, professores, os ditos doutores e cientistas definem e
somente definem conceitos, constroem regras, técnicas e textos, o modo de produção e de
gestão da vida humana é deixado de lado. Pior, ainda colaboramos para sua eficácia. Com o
pretexto de sair do senso comum, o ensino científico que recebemos para ampliar na esfera
pública como professores, tornamo-nos meras engrenagens. Enquanto o mundo gira, apenas
construímos significados pra ele enquanto outros o dominam através de leis, burocracias,
guerras, escassez e convenções. Será mesmo necessária essa esquizofrenia toda para
entendermos a nossa realidade ou para conseguir um diploma? Sem a preocupação de
referência e repetição, o que precisamos é atuar no mundo, e não de forma técnica como
temos feito, mas de forma direta na relação que temos com a realidade e nosso modo de
produção de acesso aos recursos da manutenção da espécie e do planeta.
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CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como intuito apresentar as atividades desenvolvidas durante


o curso de Estágio Supervisionado do curso de Filosofia, assim como deu abertura ao
estudante analisar o trabalho feito de acordo com as referências teóricas vistas no curso além
dos estudos individuais.
O trabalho foi de extrema importância no reconhecimento das práticas científicas
tanto teóricas como práticas no âmbito da educação e da carreira docente, dando base e
referência aos futuros estudos e trabalhos que serão desenvolvidas pelo acadêmico e pelo
futuro profissional.
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ADENDOS

1.1 Plano de Ensino


Disciplina: Filosofia
Nível: 3º Ano do Ensino Médio
Nº de Aulas: 05
Aluno: Yves de Andrade e Teixeira

Conteúdo Programático

Eixo Temático: Ser Humano


Tema/Subtema: Trabalho, Consumo e Alienação.
Objetivo: Identificar os conceitos básicos de “Trabalho”, “Consumo” e “Alienação”.

Estratégias/Metodologias/Atividades de Ensino:

1ª Aula: Exibição de um trecho do documentário “Zeitgeist Addendum” seguido de


uma breve discussão sobre o mesmo com o objetivo da sensibilização do tema
proposto.
2ª Aula: Leitura do texto “Visão filosófica do trabalho” no tópico 01 do Capítulo 2
do livro “Filosofando” seguido de discussão sobre o mesmo. Objetivo: Identificar o
conceito de “trabalho”.
3ª Aula: Leitura do texto “O que é alienação?” no tópico 03 do Capítulo 2 do Livro
“Filosofando” seguido de discussão sobre o mesmo. Objetivo: Identificar o conceito
de “alienação”.
4ª Aula: Exibição do trecho da “Parte II” do documentário “Zeitgeist – Moving
Foward” seguido de debate para identificar o conceito de “Consumo”.
5ª Aula: Exercício Avaliativo.

Avaliação:
Levará em conta a participação do aluno nas discussões e principalmente o texto
elaborado em aula no Exercício Avaliativo, cujo tema permite que seja observado o
entendimento do aluno perante os conteúdos apresentados.
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Materiais Didáticos:
- ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:
Introdução à Filosofia. 2. Ed. ver. Atual. – São Paulo: Moderna, 1993.
- JOSEPH, Peter. (2008). Zeitgeist Addendum.

1.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Estágio Curricular Supervisionado II


Prof.: Fábio Barros
Análise das Entrevistas

Os líderes educacionais precisam compreender que toda ação eficaz –


sobretudo no mundo de hoje – é, antes de tudo, a ação que muda a consciência - a
própria e a dos outros. Eles precisam mover-se dentro da sociedade e fazer com que
os outros se movam, com uma larga consciência de suas significações, de seus
impedimentos e, sobretudo de suas possibilidades. Educação é um projeto
simultaneamente político e filosófico, cuja compreensão não cabe exclusivamente
no âmbito da racionalidade científica. (...) Assim sendo, a normatividade básica da
educação não é haurida na ciência empírica nem, a fortiori, na técnica. Ela provém
de um saber mais radical: saber dos valores que, em última análise, estruturam o ser
e a cultura do homem na sociedade. Um projeto de educação funde os interesses do
indivíduo e da sociedade em processo de tensão que, permanentemente, encaminha a
oposição entre uma e outra, a solução de compromisso e, mesmo de integração – ou
de ruptura.

Durmeval Trigueiro Mendes

Essas palavras de Mendes nos remetem ao projeto autoritário da ditadura que estava
se implantando naquela ocasião, e, entre outros autores, alertavam para a responsabilidade da
educação e da cultura para ampliar a consciência política e social de uma sociedade. É
também a partir deste argumento que muitos pesquisadores, professores e estudantes
desenvolvem seus trabalhos acadêmicos: A educação como principal arma para o
desenvolvimento de uma nação livre e democrática.
Por mais vasto que esses conceitos podem parecer, veremos que na prática ainda é
um discurso idealizado pelos docentes de acordo com as entrevistas feitas com professores de
escolas públicas que este trabalho pretende apresentar e analisar. Conforme Ankersmit (2001,
p. 117), “a realidade é a informação em si e não mais a realidade por trás desta informação
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(...) isso dá à informação uma autonomia própria, uma substância própria”, assim como uma
lei física descreve a realidade, a informação sob o ato da fala descreve também uma realidade.
Portanto, para não corrermos o risco de uma simples narrativa literária (LYOTARD, 2008),
analisamos de forma mais literal possível as falas dos entrevistados, pois como em
Wittgenstein nas Investigações Filosóficas, o significado das palavras está no seu uso, por
isso seria necessário pesquisar tais significados em seus usos próprios e singulares e, como
essa não é a proposta do trabalho, e também com finalidades didáticas, nos reservamos a uma
análise literal dos enunciados.
Sendo comumente admitido pelo senso comum, a escolha de uma carreira
profissional se dá como uma vocação, uma dádiva divina ou até mesmo um dom, mas, de
acordo com algumas falas, nem sempre isso ocorre:

...Aí optei por fazer história e porque também eu tentei várias outras
opções de trabalho e coincidiu de eu não ter me encontrado e busquei essa
alternativa.

E também de acordo com outro depoimento sobre sua carreira docente:


Inicialmente quando entrei no curso era a última coisa que queria fazer. A
primeira vez foi com cursinho vestibular, achei interessante, sempre gostei de uma
perspectiva mais social da ciência. Aí quando entrei em contato com a sala de aula
foi mais próximo do que me agradava, eu me senti bastante a vontade... Gostei da
área.

Assim, verificamos que nem sempre a escolha da carreira docente se dá por dom ou
vocação. Como qualquer outro emprego, a docência é tida como uma das maneiras de se
entrar no mercado de trabalho imposto pelo atual sistema de produção. Por mais que existam
mitos e fantasias sobre a profissão, ela pode ser apenas mais uma mão de obra operária
qualquer. Nesse sentido, a profissão está sujeita a toda e qualquer vicissitude do atual sistema,
principalmente com a ideologia neoliberal sendo aplicada no país desde a intervenção do
Banco Mundial nas políticas públicas para a Educação (TOMMASI, L. De; WARDE, J. M.
HADDAD, 1996) que trata os recursos humanos como prejudiciais para um verdadeiro
crescimento no valor custo/benefício focando apenas nos aspectos técnicos e didáticos que
trazem maior eficácia em menor número, ou seja, gastos menores. Assim, fica evidente a
consequência das falas dos entrevistados sobre a atual educação no país como segue o relato:

Só que geralmente nas escolas isso é muito imposto no trabalho, a gente


não tem muito o que conversar a respeito. Acho que acontece, não tem muito o que
falar. A gente tem uma carga horária muito pesada, não tem tempo pra planejar, o
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salário é baixo, a situação das escolas, tanto de infraestrutura quanto de pessoal é


muito fraca... eu acho que essas práticas neoliberais do estado de Minas não ajudam
muito a carreira docente. (...) a educação é tratada como um produto mesmo, como
uma mercadoria.

Outro entrevistado relatou também problemas referentes ao governo e suas práticas:

Em termos gerais eu não acredito muito nas divulgações que os governos


dão de que a educação esteja com qualidade do jeito que eles colocam. (...) o aluno é
o principal agente de aprendizagem e a nossa sociedade tem que ter uma mudança
estrutural pra que os alunos tenham essa consciência de que o saber e a busca de
conhecimento na sociedade moderna é essencial (...) os governos nos embates com
os professores que buscavam melhorias de trabalho, de salários... O governo, ele
destruiu a imagem do professor. Ele utilizou os recursos de governo, que são muitos,
pra ele manipular mídia com propaganda... A imagem do professor no Brasil é uma
imagem que ficou bastante prejudicada e isso tem prejudicado demais a educação,
tem desvalorizado a educação porque a sociedade não tem essa consciência...

Neste último relato, além da visão crítica sobre as atuais e antigas práticas
governamentais, destaca-se também o pré-juízo do entrevistado acerca do objetivo da
educação como dito antes, uma educação que é essencial para uma mudança.
De acordo com nossas atuais estruturas sociais, partindo do pressuposto que essas
estruturas segundo Lévi-Strauss nas palavras de Carvalho (2005, p. 88) são “as regras de
conveniência de uma sociedade como um sistema, incluindo as relações familiares, as regras
do trânsito e as normas da convivência civilizada, regras que articulam as realidades sociais
(...) a soma das descrições iguala a totalidade do descrito”, ou seja, as superestruturas influem
diretamente no modo de viver do cidadão, e em nosso caso, do aluno. O que essas práticas da
nossa estrutura educacional causam no principal objetivo dela mesma, o aluno? Assim, segue
os relatos dos professores sobre os seus alunos:
É relativo de escola pra escola, relativo de turnos, o turno da noite, por
exemplo, o aluno falta mais, o turno da manhã o aluno é mais assíduo; o aluno da
manhã ele é mais cobrado pelos familiares, ele não tem essa autonomia pra... né? E
o aluno da noite já tem. Eu vejo assim que aluno tem até consciência que ele precisa
estudar, mas ele não tá disposto, não busca com bastante decisão aquilo. (...) o aluno
hoje, diante desse leque de informações de possibilidades ele não consegue ter um
enfoque.

Além das questões vistas neste relato e nos pressupostos teóricos apresentados de
forma a chegar numa totalidade, numa estrutura que explica todas as coisas da mesma forma
que um cálculo matemático revela uma natureza física, supomos também que as questões
subjetivas relacionadas a cada disciplina encontram-se com diversas dificuldades. Não é
surpresa a intensa e infinidade de publicações, estudos, livros e teorias sem nexos ou
preocupações com a realidade chegando a serem quase vômitos acadêmicos insanos
relacionados especificamente a cada disciplina com o objetivo de ampliar a eficácia da
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didática, da transmissão ou compartilhamento do conhecimento quase sem nenhum resultado


satisfatório. Assim podemos perceber no relato de uma professora:

Então, eu como professora de física, pesquisadora do ensino de Física, eu


acho que o principal é a falta de base que eles têm. No meu caso, eles começam a
ver Física no finalzinho do nono ano, eles tem uma, tipo uma introdução à Física
quando eles tem “Ciência”. O nono ano é pra eles verem Biologia, Química e Física,
então é como eles tivesse um terço de um ano pra fazer uma introdução do que eles
vão ver dali pra frente. Quando eles chegam no primeiro ano, o currículo que já está
estabelecido, nas Escolas, não no CBC, porque o CBC é muito bom, nas escolas é
muito rigoroso, é muito cruel, eles chegam aqui sem ter nenhuma noção do que é
Física, e ainda tem que aplicar conceitos, formulação matemática e modelagem
matemática e aquilo confunde a cabeça deles totalmente sem contar que quando eles
estão no primeiro ano do Ensino Médio eles tem 15 anos e é uma idade muito
complicada. Então os primeiros anos são muito difíceis de trabalhar por causa disso,
eles não tem base sem contar que a idade já é difícil. Mas eu vejo também muito
problema em relação a falta de interesse mesmo, daí até a minha perspectiva, desde
o PIBID trabalhar com motivação.

E por fim, para fecharmos essa breve análise das entrevistas acerca da educação e da
carreira docente, foi perguntado aos entrevistados o que eles têm como ação principal para
serem aplicadas no contexto atual. Questão bastante subjetiva, mas relativamente válida, já
que a maioria das nossas decisões são tomadas à partir de meras opiniões e posições
ideológicas de partidos políticos quase ou sem nenhuma relação com a técnica e competências
estudadas acerca do assunto (ZEITGEIST Addendum, 2007).

... Deixa eu pensar... Olha, eu acho que a organização dos currículos seria
uma coisa boa e unificação dos currículos também nas escolas. Eu falo do ponto de
vista da escola estadual, da rede pública estadual, então, entendam assim. Eu acho
que seria bom uma organização melhor de infraestrutura nas escolas, igual eu te
falei, aqui nós estamos numa situação muito privilegiada, a gente tem laboratórios
equipados, a gente tem muito espaço físico, a escola tem bastante verba mas é uma
escola modelo na cidade, o resto das escolas não tem essa realidade, às vezes pra
gente conseguir um laboratório, às vezes um data-show é muito difícil, as salas são
pequenas, não tem cadeiras às vezes, pra todo mundo, então... Infraestrutura. Sem
contar valorização da profissão passa pela valorização econômica, porque hoje eu
trabalho com isso porque eu sou solteira, moro sozinha e eu to fazendo meu
mestrado, só a minha bolsa do meu mestrado é maior do que meu salário, então se
fosse pra eu trabalhar pro resto da minha vida, eu não vou trabalhar, vou trabalhar
até eu acabar meu mestrado e fazer um concurso pra outra coisa que eu me sinto
valorizada e é um tempo perdido, o que eu estudo eu não posso fazer aqui,
entendeu? Também as escolas tem que ter um pouco mais de autonomia com relação
a superintendência, não só autonomia mas participação das políticas públicas, é
essencial.

Fica evidente a questão econômica como requisito para a valorização profissional,


não seria surpreendente já que estamos num sistema monetário, diferenciando ainda mais do
pensamento do professor como algo relacionado ao amor à profissão, como uma missão a se
cumprir.
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No caso do Brasil uma ação a longo prazo, estrutural, uma ação de


governo de política pública, de conscientização da sociedade através do resgate da
imagem do professor. A gente não vê outra alternativa que não seja essa. Os
sindicatos estão fragilizados... a gente vê que o governo, ele toma medidas pra
dividir, pra desarticular os professores, o tempo inteiro ele faz isso... aprovando leis
ilegais... eu acredito que pra resolver o problema de governo, ele usa de qualquer
artifício até ilegal pra... né? A educação está sendo tratada com muito desrespeito,
eles fazem qualquer coisa.

1.3 TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS

ENTREVISTADA 01:
Formação: Física, Mestranda em Educação. 06 anos de experiência.

O que levou à carreira de professor?


Inicialmente quando entrei no curso era a última coisa que queria fazer. A primeira
vez foi com cursinho vestibular, achei interessante, sempre gostei de uma perspectiva
mais social da ciência. Aí quando entrei em contato com a sala de aula foi mais
próximo do que me agradava, eu me senti bastante a vontade, gostei da área e eu fiz
PIBID também, eu acho que foi o ponto de mudança.

Você adota alguma prática pedagógica?


Na nossa graduação, em Física, a gente não tem, apesar de ser licenciatura. O que eu
aprendi foi alguma coisa do PIBID. Aí eu aplico a minha perspectiva do PIBID até
hoje. Motivar os alunos, a se interessar...

Sobre a atual Educação Brasileira:


Eu posso falar mais do contexto da escola pública. No ano passado eu trabalhei em
outra escola, que não era essa tão modernizada que proporcionava tanta liberdade
pro professor trabalhar, lá eu pude sentir, vamos dizer, as violências que o professor
recebe em sala de aula. Aqui, a gente pode falar que estamos um pouco protegido em
relação a isso, o diretor tem umas posturas bem particulares e ele banca isso,
diferente da Secretaria de Educação, só que geralmente nas escolas isso é muito
imposto no trabalho, a gente não tem muito o que conversar a respeito. Acho que
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acontece, não tem muito o que falar. A gente tem uma carga horária muito pesada,
não tem tempo pra planejar, o salário é baixo, a situação das escolas, tanto de
infraestrutura quanto de pessoal é muito fraca... eu acho que essas práticas
neoliberais do estado de Minas não ajudam muito a carreira docente. Em escola
particular eu tive pouca inserção, trabalhei um ano e meio, e escola particular é outro
clima, lá a educação é tratada como um produto mesmo, como uma mercadoria, não
tenho o que reclamar porque já entrei sabendo como seria, e mesmo assim as coisas
funcionavam muito mais, os alunos eram mais interessados, mais motivados. A escola
pública é difícil por causa disso, porque além de encontrar aluno de faixa
socioeconômica mais baixa, os pais não estimulam, eles não veem perspectiva na hora
que vão sair da escola, então, é todo um processo, os alunos não estão interessados,
os alunos também não, o governo também não, a gente finge que ensina, eles que
aprendem, eles passam e aí vão pra universidade entrar tentar alguma coisa...

Sobre a situação atual dos docentes:


É um pouco difícil falar disso, eu sou de uma geração nova, estou meio que entrando
na contramão, mas tem muita gente que adota isso, que se colocou enquanto professor
do Estado e tá muito passivo diante disso, mas eu acho que essa nova geração está
vindo com um pensamento um pouco diferente, um pouco mais acreditada do que os
antigos.

Sobre o ambiente escolar, as relações entre alunos, diretores, professores:


Olha, vocês estão numa escola privilegiada, eu acho que seria bom escutar escolas
diferentes. Vou falar daqui e da relação que eu tinha com a anterior. Aqui eu me sinto
extremamente valorizada, apesar do sistema não proporcionar que essa profissão seja
valorizada socialmente, não rua quando eu falo: “ah, eu fiz Física pra professora” –
“Ah, mas isso compensa?”, sempre tem aquela tendência de colocar a coisa como
ruim, mas aqui na escola não, a direção, a escola te trata com extremo respeito, vocês
podem ver pelos corredores se derem pra fazer uma observação, o diretor sempre
chega perto dos professores e diz: “Bom dia professor”, “Boa tarde”, sempre que
acontece alguma coisa o professor é autoridade na sala, sempre que alguém discorda
e vem reclamar na escola o professor tem que estar presente, ninguém aceita
nenhuma reclamação se o professor não tiver por perto pra poder justificar. Então
aqui é muito bom de trabalhar por causa disso, mas eu já tive experiências onde a
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direção dava apoio total para os estudantes, os professores tavam meio sozinhos pra
dar conta de tudo.

Sobre a atual situação dos alunos:


Então, eu como professora de física, pesquisadora do ensino de Física, eu acho que o
principal é a falta de base que eles têm. No meu caso, eles começam a ver Física no
finalzinho do nono ano, eles tem uma, tipo uma introdução à Física quando eles tem
“Ciência”. O nono ano é pra eles verem Biologia, Química e Física, então é como
eles tivesse um terço de um ano pra fazer uma introdução do que eles vão ver dali pra
frente. Quando eles chegam no primeiro ano, o currículo que já está estabelecido, nas
Escolas, não no CBC, porque o CBC é muito bom, nas escolas é muito rigoroso, é
muito cruel, eles chegam aqui sem ter nenhuma noção do que é Física, e ainda tem
que aplicar conceitos, formulação matemática e modelagem matemática e aquilo
confunde a cabeça deles totalmente sem contar que quando eles estão no primeiro ano
do Ensino Médio eles tem 15 anos e é uma idade muito complicada. Então os
primeiros anos são muito difíceis de trabalhar por causa disso, eles não tem base sem
contar que a idade já é difícil. Mas eu vejo também muito problema em relação a falta
de interesse mesmo, daí até a minha perspectiva, desde o PIBID trabalhar com
motivação.

Sobre o aspecto positivo da Educação atual:


(Risos)... Esse é um pouco complicado... Eu não acredito na escola como ela é hoje,
eu acho que isso não funciona, mas eu acho que eu saí da Física pra fazer um
mestrado em Educação porque eu acredito que a Educação seja uma ferramenta
poderosa para transformação social, então acho que vale a pena investir.

Qual a ação necessária pra educação hoje?


... Deixa eu pensar... Olha, eu acho que a organização dos currículos seria uma coisa
boa e unificação dos currículos também nas escolas. Eu falo do ponto de vista da
escola estadual, da rede pública estadual, então, entendam assim. Eu acho que seria
bom uma organização melhor de infraestrutura nas escolas, igual eu te falei, aqui nós
estamos numa situação muito privilegiada, a gente tem laboratórios equipados, a
gente tem muito espaço físico, a escola tem bastante verba mas é uma escola modelo
na cidade, o resto das escolas não tem essa realidade, às vezes pra gente conseguir
17

um laboratório, às vezes um data-show é muito difícil, as salas são pequenas, não tem
cadeiras às vezes, pra todo mundo, então... Infraestrutura. Tem uma política agora do
governo de diminuição da nossa carga-horária, a gente passou de 18 horas pra 16
horas, só que essas 16 horas tem que ser feitas na escola, eu acho que deveria ter
autonomia do professor, escolher aonde vai fazer porque por exemplo eu tenho que
ficar aqui duas horas por semana, mas por exemplo hoje não tem internet na escola,
como é que vou trabalhar? Tem três computadores, e olha quantos professores tem na
escola. Então não tem infraestrutura pra trabalhar aqui já que eles querem que eu
permaneça aqui por um tempo a mais. Sem contar valorização da profissão passa
pela valorização econômica, porque hoje eu trabalho com isso porque eu sou solteira,
moro sozinha e eu to fazendo meu mestrado, só a minha bolsa do meu mestrado é
maior do que meu salário, então se fosse pra eu trabalhar pro resto da minha vida, eu
não vou trabalhar, vou trabalhar até eu acabar meu mestrado e fazer um concurso
pra outra coisa que eu me sinto valorizada e é um tempo perdido, o que eu estudo eu
não posso fazer aqui, entendeu? Também as escolas tem que ter um pouco mais de
autonomia com relação a superintendência, não só autonomia mas participação das
políticas públicas, é essencial.

ENTREVISTADO 02:

Formação: Licenciatura plena em História (Licenciado e Bacharel), 08 anos de


experiência.

O que levou à carreira de professor?


Tem razões que são bastante pessoais, meu pai foi professor. A minha geração
encontrou uma maior dificuldade em fazer uma universidade, na época, até pro
Ensino Médio de São João Del Rei era complicado, não só no Ensino Médio, de
quinta a oitava série, você tinha que fazer uma prova de seleção, então a escola
Estadual a gente já pensa no Cônego Osvaldo Lustosa, porque era a única escola
Estadual, na época tive que trabalhar; família grande e tal... Eu não pude dar
continuidade aos estudos, aí depois que São João Del Rei conseguiu a universidade,
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apareceu essa oportunidade e eu me identifico muito com o curso de História desde


quando... início da minha vida estudantil, aí optei por fazer história e porque também
eu tentei várias outras opções de trabalho e coincidiu de eu não ter me encontrado e
busquei essa alternativa.

Você adota alguma prática pedagógica?


Ideologia... não. Dar aula é uma construção do conhecimento... a gente... busca o
professor, ter o domínio grande, conteúdo... o que ele planeja pra cada ano, e aí
buscar dentro daquilo que lhe é permitido, ele buscar essa transmissão de
conhecimento, essa construção do conhecimento e buscando o equilíbrio né? Porque
a gente não pode ter a escola tradicional nem a construtivista como eles colocam, da
forma que colocam. Então a gente busca um equilíbrio entre isso. Hoje a gente dispõe
em algumas escolas e outras não de recursos metodológicos que a gente utiliza mas a
gente também não pode e a gente tem verificado às vezes um exagero nesses recursos
tecnológicos que o aluno fica muito desgastado com isso. Porque ainda há, aliás...
sempre acreditei, vou acreditar que o papel do professor como mediador do
conhecimento é fundamental a partir do momento em que ele esteja na sala de aula
discutindo com os alunos... Ele, a figura do professor, é muito importante.

Sobre a atual Educação brasileira:


Em termos gerais eu não acredito muito nas divulgações que os governos dão de que
a educação esteja com qualidade do jeito que eles colocam. Mas acredito também que
muitos estudos devem ser feitos e a teoria que eles tem apresentado aí pra dar uma
contribuição pra melhoria da qualidade da educação não tá focalizando bem, sempre
focaliza o professor, escola e, inclusive eu falo isso com meus alunos, tem que
focalizar também o aluno, o aluno é o principal agente de aprendizagem e a nossa
sociedade tem que ter uma mudança estrutural pra que os alunos tenham essa
consciência de que o saber e a busca de conhecimento na sociedade moderna é
essencial, e o aluno não tem essa consciência e eu acredito ainda que é uma situação
que vai levar muito tempo porque ao longo dos anos historicamente os governos nos
embates com os professores que buscavam melhorias de trabalho, de salários, o
governo ele destruiu a imagem do professor. Ele utilizou os recursos de governo, que
são muitos, pra ele manipular mídia com propaganda... a imagem do professor no
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Brasil é uma imagem que ficou bastante prejudicada e isso tem prejudicado demais a
educação, tem desvalorizado a educação porque a sociedade não tem essa
consciência... tem consciência até da educação, mas a gente vê aí até uma situação
controversa que embora tenha essa consciência, essa sociedade, ela não busca que
esse conhecimento seja uma coisa que você tem que se sacrificar um pouco, eu falo
pros meus alunos, de uma coisa assim que depende de um certo esforço, quer dizer, de
um grande esforço.

Sobre a atual situação dos docentes:


A situação do professor hoje é uma situação bastante delicada. O professor não sabe
ainda como vai ser... a coisa tá insegura, a gente não sabe o que vai ser a educação
do Brasil se continuar dessa forma. Os professores que estão aí trabalhando tão
desanimados, a gente percebe isso, desanimados em certas situações né? Os que estão
aí , embora desanimados vão sempre continuar, mas não vai ter condição de dar
conta da educação, a demanda necessária, porque o que está sendo verificado é que
não tem perspectiva de melhora não.

Sobre a situação dos alunos atualmente:


É relativo de escola pra escola, relativo de turnos, o turno da noite, por exemplo, o
aluno falta mais, o turno da manhã o aluno é mais assíduo; o aluno da manhã ele é
mais cobrado pelos familiares, ele não tem essa autonomia pra... né? E o aluno da
noite já tem. Eu vejo assim que aluno tem até consciência que ele precisa estudar, mas
ele não tá disposto, não busca com bastante decisão aquilo. Da noite eu percebo
muito isso, eu trabalho muito a noite, então a gente vê que o aluno, durante a faixa
etária que ele tinha maior disponibilidade pro estudo ele não aproveitou, seja por
razões de dificuldades de aprendizagem, por questão disciplinar, ele vai pra noite e aí
ele sabe da necessidade da aprendizagem, ele tenta, mas ele não vem disposto a fazer
todo o sacrifício que a escola demanda, que a aprendizagem demanda. E o aluno da
manhã a gente vê que são mais cobrados pela família então eles dão uma resposta
melhor, mas mesmo assim há uma grande dispersão dentro da sala de aula, o aluno
hoje... diante desse leque de informações de possibilidades ele não consegue ter um
enfoque.
Sobre o aspecto positivo da educação atual:
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Tem de positivo que a escola é necessária. Até porque ela tem um papel social muito
importante. A escola é o espaço da socialização, a escola não vai acabar por isso. Só
na escola o aluno consegue conviver com realidades diferentes da dele, então é onde
ele vai desenvolver a tolerância, o respeito às diversidades. A gente vê, por exemplo...
eu tava observando e analisando a situação... eu li em algum lugar alguma coisa a
respeito, nos Estados Unidos, 2% da população cuida pessoalmente da educação dos
filhos. Alguns pais, eles mesmos, tem condições pra isso, eles mesmo dão aulas pros
filhos contrata também às vezes professores particulares. E aí o que acontece, esse
aluno, ele não tem essa socialização que só a escola fornece e isso tem até uma
hipótese que estaria ligado a violência da escola porque o aluno que só depois, na
universidade, que ele vai pra escola... então ele não desenvolveu essa tolerância, o
respeito à diversidade, as diferenças... aí ele chega a ponto de pegar uma arma e
fazer aí um assassinato em série aí na escola.

Qual ação necessária para a educação hoje?


No caso do Brasil uma ação a longo prazo, estrutural, uma ação de governo de
política pública, de conscientização da sociedade através do resgate da imagem do
professor. A gente não vê outra alternativa que não seja essa. Os sindicatos estão
fragilizados... a gente vê que o governo, ele toma medidas pra dividir, pra
desarticular os professores, o tempo inteiro ele faz isso... aprovando leis ilegais... eu
acredito que pra resolver o problema de governo, ele usa de qualquer artifício até
ilegal pra... né? E vai passando a responsabilidade pro próximo, né? Então você vê
que esse grande problema aí que eu acho pra escola que é a lei 100, você conhece a
lei 100? A Lei 100, o governo do estado de Minas Gerais ele admitiu professores sem
concurso público e efetivou esses professores... por questão previdenciária, porque ao
longo dos anos foi contratando professores e recolhia a previdência, só que não
repassava e aí pra uma questão previdenciária ele desobedeceu a constituição e tá aí
pra ser votado no TSE, isso aí é uma coisa muito séria que realmente coloca os
professores numa situação bastante delicada. As escolas estão, assim, num clima
tenso, por isso não pode falar! Você tem colegas... e não é pela questão do colega que
pode ser competente, muitas vezes são muito competentes, mas, é a forma que foi feita
e pelo governo que foi feito e o proveito que ele tira dessa situação. A educação está
sendo tratada com muito desrespeito, eles fazem qualquer coisa.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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