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EPISTEMOLÓGICOS DA PRÁTICA
DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
Professor Me. Jonatas Marcos da Silva Santos
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Discutir os conceitos que compõem o quadro da epistemologia e sua
relação com a ciência.
•• Compreender como a prática do profissional de educação está intrinseca-
mente ligada à ciência e à filosofia.
•• Compreender as fontes de apropriação do conhecimento pelo profissional
de educação no ensino superior.
PLANO DE ESTUDO
Olá, caro(a), aluno(a)! Neste estudo vamos buscar juntos entender o conceito de epis-
temologia e perceber sua importância para a prática docente. Sabemos o quanto
é importante a apropriação do conhecimento pelo profissional da educação, no
entanto, isso requer de nossa parte a aquisição de conceitos básicos que compõem
a compreensão dos métodos de produção do conhecimento científico.
Procuraremos entender o que é a epistemologia nos seus significados e na pro-
dução do discurso que ela faz sobre a ciência. Você irá perceber que a epistemologia
é fundamental para o próprio processo de apropriação do conhecimento. Vamos
buscar na história e na etimologia do termo, as relações que ela possui com a reflexão
filosófica e com o conhecimento científico. Será esse um dos trabalhos mais impor-
tantes que desafia o profissional docente, ou seja, a compreensão das relações que
se estabelecem entre filosofia e ciência? E qual é o ponto de partida para a constru-
ção epistemológica? Vamos buscar responder essas questões e muitas outras.
Podemos começar dizendo que primeiramente queremos estabelecer que o
ponto de partida da epistemologia é a reflexão filosófica que se realiza sobre a ciência
racional e objetiva, esta não vista, porém, como objetividade imutável. Vamos enten-
der como nos dias de hoje muitos cientistas concebem o conhecimento de forma
dinâmica o que leva a uma constante reflexão epistemológica. Outro ponto impor-
tante que iremos propor será uma reflexão sobre os princípios que compõem a teoria
científica.
Pós-Universo 7
A EPISTEMOLOGIA E
SUA RELAÇÃO COM A
CIÊNCIA
Sabemos que a Universidade é o lugar da produção e socialização do conhecimento.
Além da qualificação dos profissionais de educação, a universidade contribui também
com o ensino dos processos de investigação científica.
A apropriação do conhecimento por meio da pesquisa pelo profissional da edu-
cação, no entanto, requer esclarecimento epistemológico sobre alguns conceitos
básicos que compõem a compreensão da ciência. Conceitos como teoria, metodologia,
crítica, reflexão, precisam estar presentes na inteligência dos docentes pesquisadores
para que possam efetivamente produzir uma boa pesquisa e atividades pedagógi-
cas producentes no âmbito das atividades de ensino.
quadro resumo
A etimologia de um termo
A epistemologia, etimologicamente significa o discurso (logos) sobre a ciência (episte-
me). Isso não quer dizer que seja um discurso destituído da compreensão do próprio
processo de aquisição do conhecimento. Esse termo aparece na literatura filosófica
a partir do século XIX, indicando a reflexão filosófica sobre a produção do conheci-
mento científico.
Neste sentido a epistemologia foi incorporando importantes termos na sua
discussão, como: hipótese, observação, experimentação, processos, interpretação,
subjetividade, objetividade, intersubjetividade, entre outros.
Por muito tempo, influenciados pelo positivismo mecanicista, esses termos apa-
reciam mais como determinações de regras metodológicas prescritivas e a ciência
era concebida somente dentro de padrões deterministas, totalmente desconexos
com o mundo subjetivo e a cultura do cientista.
Perguntas importantes surgem no campo educacional quando consideramos os
fundamentos epistemológicos, tais como: quais os critérios para dizer que estamos
fazendo ciência? Como dizer que uma pesquisa é científica? Quais elementos nos
levam a dizer que determinado tipo de conhecimento é científico? Qual a relação
entre ciência e educação? É possível construir conhecimento científico na docência?
E inúmeras outras questões podem ser abordadas.
Não podemos esquecer que a complexidade destas questões nos remetem às
teorias científicas e os critérios que definem os procedimentos que sustentam a pro-
dução do conhecimento. Isso gera as verdadeiras discussões que estão à base dos
princípios da educação e que então são os problemas centrais da apropriação do
conhecimento pelo profissional docente.
A Epistemologia para Lalande (1996) pode ser designada com a filosofia da ciência,
porém, com um sentido mais específico, pois não é estudo dos métodos científi-
cos e muito menos a estruturação estática da realidade à maneira do positivismo.
Epistemologia é a crítica que se constrói a partir dos princípios, das hipóteses e re-
sultados das mais diversas ciências que conhecemos. Não podemos esquecer que a
epistemologia não é a mesma coisa que teoria do conhecimento, mas ambas cons-
tituem uma relação inseparável.
Pós-Universo 11
““
Seu estatuto está longe de poder ser definido, tanto em relação às ciências,
entre as quais pretende instalar-se como disciplina autônoma, quanto em
relação à filosofia, de que insiste em separar-se sem se dar conta de que uma
de suas razões de ser é postulá-la como uma das exigências fundamentais
de qualquer olhar crítico e reflexivo sobre as ciências que se vêm criando e
transformando o mundo através dos produtos que não cessam de lançar
em nossa cultura.
Não é tarefa fácil responder aos questionamentos que se colocam para a relação
entre ciência e filosofia, questionamentos que correspondem ao discurso episte-
mológico. Para Japiassu (1992) o discurso da epistemologia é duplo, ou seja, é um
discurso sistemático baseado na filosofia e que tem como objeto a ciência. É possí-
vel colocar a epistemologia fora do campo filosófico? Segundo Japiassu (1992, p. 25)
“Tradicionalmente, a epistemologia é considerada como disciplina especial no inte-
rior da filosofia.” Neste sentido a epistemologia é uma filosofia das ciências.
12 Pós-Universo
Pós-Universo 13
O TRABALHO
EPISTEMOLÓGICO NA
PRÁTICA DOCENTE
Existe uma epistemologia do profissional docente segundo Becker (2005). Já para
Colom e Rodrigues (2004) é necessário uma desconstrução do conhecimento pedagó-
gico na educação. Porém, o trabalho que desafia o profissional docente é compreender
as relações que se estabelecem entre filosofia e ciência. Mas, qual seria o ponto de
partida para a construção epistemológica? Segundo Japiassu (1981) existem quatro
elementos que não podem ficar de fora do trabalho epistemológico.
O primeiro é ficar claro que o ponto de partida é a ciência racional e objetiva, não
vista como expressão de uma objetividade absoluta e imutável. Nos dias de hoje, a
maioria dos cientistas reconhecem que o conhecimento é dinâmico e dificilmente
encontraremos alguém que afirme posições dogmáticas quando o assunto é ciência.
Outro ponto importante é que a reflexão não pode ficar presa à pretensão de
perfeccionismo dos princípios que compõem a teoria científica. “Porque nenhuma
teoria científica pretende fundar-se em princípios firmemente estabelecidos e per-
feitamente coerentes entre si.”(JAPIASSU, 1981, p. 03).
É importante também que os métodos de investigação científica passem pelo
crivo da crítica e estejam em consonância com seus objetos de estudo. Por fim outra
questão candente diz respeito às conclusões que chegam os cientistas. Elas estão
bem longe de serem neutras e “extrapolações de ordem filosófica que normalmen-
te fazem, estão longe de ser sempre solidamente fundadas.” (JAPIASSU, 1981, p. 03).
AS FONTES DE
APROPRIAÇÃO DO
CONHECIMENTO
Diante do conhecimento humano apresentam-se sujeito e objeto, consciência e fe-
nômeno. O conhecimento é o resultado que aparece na relação entre esses dois
elementos. Vamos buscar entender algumas formas de conhecimento que foram se
configurando a partir desta relação, para perceber se permanecem referenciais na
apropriação do conhecimento pelo profissional docente nos dias de hoje. Entre essas
fontes de apropriação temos: o dogmatismo, o ceticismo, o racionalismo, o empirismo.
Para Hessen (1999) a fenomenologia nos leva a considerar cinco problemas
principais quando o assunto é conhecimento. Primeiro devemos indagar sobre as
possibilidades do conhecimento humano; segundo precisamos encontrar a origem
do conhecimento; terceiro buscar qual é a essência do conhecimento que produ-
zimos; quarta questão diz respeito aos tipos de conhecimento humanos; e por fim
é preciso estabelecer os critérios de verdade que fundamentam a elaboração do
conhecimento.
Para nós será importante por enquanto, aprofundar a questão das possibilidades
e origem do conhecimento, para entender como nos apropriamos do saber e com-
preender a contribuição da epistemologia na prática docente.
saiba mais
reflita
Para Hessen (1999) a maioria dos racionalistas eram matemáticos, já os empirista eram
em sua grande parte ligados às ciências naturais, campo onde a experiência da ob-
servação é fundamental no processo de construção do conhecimento. “
““
É muito natural que alguém, trabalhando principal e exclusivamente de
acordo com esses métodos das ciências naturais, esteja inclinado de antemão
a colocar os fatores empíricos acima dos racionais. Se o epistemólogo de
orientação matemática chega facilmente a encarar o pensamento como
única fonte de conhecimento, o filósofo provindo das ciências naturais estará
inclinado a considerar a experiência como a fonte e o fundamento de todo
o conhecimento humano. (HESSEN, 1999, p. 55).
Caro(a) aluno(a)! Neste estudo vimos o que é a epistemologia e ao mesmo tempo definimos qual o
seu papel na prática docente. Buscamos um pouco mais perceber quais as principais fontes que a
epistemologia nos apresenta na apropriação do conhecimento pelo profissional da educação. Isso
certamente exigiu de nós uma certa busca de clareza a respeito dos conceitos epistemológicos
fundamentais que compõem os métodos de produção do conhecimento científico e filosófico.
Pedimos ajuda à fenomenologia para circunscrever os cinco problemas principais a serem en-
carados pela epistemologia. Trabalhamos por razões metodológicas, o tema da epistemologia
como fundamento da educação, indagando sobre as possibilidades do conhecimento humano
e trouxemos uma reflexão sobre a origem do conhecimento.
material complementar
LIVRO
BECKER, Fernando. A epistemologia do professor: o cotidiano da escola. 12. ed. Petrópolis: Vozes,
2005.
CHAUI, Marilena de Souza. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012.
COLOM, Antoni J.; RODRIGUES, Jussara Haubert. A (des) construção do conhecimento pedagó-
gico: novas perspectivas para a educação. Porto Alegre: Artmed, 2004.
JAPIASSU, Hilton. Introdução ao pensamento epistemológico. 7. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1992.
_____, Hilton. Nascimento e morte das ciências humanas. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1982.
_____, Hilton. Questões epistemológicas. Rio de Janeiro: Imago, 1981. (Serie Logoteca )
KÖCHE, José Carlos. Pesquisa Científica: critérios epistemológicos. Petrópolis: Vozes, 2005.
LALANDE, André. Vocabulário técnico e científico da filosofia. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
RABUSKE, Edvino. Epistemologia das ciências humanas. Caxias do Sul: EDUCS, 1987.