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E A INTERSUBJETIVIDADE
Professor Me. Jonatas Marcos da Silva Santos
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Compreender como a fenomenologia contribui para o processo de forma-
ção e apropriação do conhecimento.
•• Aprofundar a epistemologia fenomenológica e definir os principais termos.
•• Compreender a epistemologia da relação Eu-Tu no processo de ensino e
aprendizagem.
PLANO DE ESTUDO
Caro(a) aluno(a), vamos entrar em uma das unidades mais difíceis em nosso estudo
sobre os fundamentos históricos epistemológicos da educação. Para isso em primei-
ro lugar vamos ver como fenomenologia tem contribuído para a reflexão teórica e
metodológica com as diversas áreas do conhecimento.
É sempre bom lembrar que muitas universidades no Brasil e no mundo estão se
consolidando como importantes espaços de pesquisas na área da epistemologia
fenomenológica, o que demonstra a sua influência nos diversos campos de cons-
trução do conhecimento.
Podemos afirmar sem sombra de dúvidas que a produção fenomenológica tem
ganhado espaço também em muitas teses de doutorado e dissertações de mestra-
do defendidas nos Programas de Pós-Graduação das instituições de ensino superior
no Brasil.
Por isso trazemos em nosso estudo um compreensão das principais categorias,
que formam a fenomenologia, isto é, a intencionalidade, a epoqué e o lebenswelt.
Vamos desenvolver os conteúdos dessas categorias, na mesma perspectiva de seu
criador Edmund Husserl, com a intenção de construir uma crítica à influência do po-
sitivismo na área das ciências humanas. Vamos entender que a fenomenologia afirma
a facticidade da experiência humana ao contrário da teorização objetivista das ciên-
cias da natureza.
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Por outro lado, vamos ver que a fenomenologia nos ajuda a entender o fenôme-
no da relação intersubjetiva na apropriação do conhecimento. Para compreender
melhor a atuação dos sujeitos, vamos discutir o que nos legou Martin Buber em
questão teórico-epistemológica, sobre a apropriação do conhecimento na relação
interpessoal. Para isso vamos propor um aprofundamento na obra Eu e Tu, destrin-
chando o denso pensamento deste filósofo.
Nas páginas da epistemologia buberiana veremos que a relação pode ser esta-
belecida em três esferas. A primeira dessas esferas se restringe a vida com a natureza.
A segunda esfera dá-se pela relação homem-a-homem. A terceira esfera, tem a ver
como os seres espirituais. Por motivos metodológicos iremos desenvolver acurada-
mente as duas primeiras esferas epistemológicas.
Desejo a você desde já um ótimo estudo.
8 Pós-Universo
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A FENOMENOLOGIA
EPISTEMOLÓGICA E
A APROPRIAÇÃO DO
CONHECIMENTO
A fenomenologia tem contribuído para a reflexão teórica e metodológica com várias
áreas do conhecimento. Neste sentido é importante lembrar que diversas universi-
dades estão se consolidando como um importante espaço de pesquisas desta área,
o que demonstra a influência fenomenológica nos diversos campos de construção
do conhecimento.
A produção fenomenológica tem ganhado espaço também em muitas teses de
doutorado e dissertações de mestrado defendidas nos Programas de Pós-Graduação
das instituições de ensino superior. Isso porque a fenomenologia se preocupa com
uma epistemologia do rigor científico-metodológico, enfatizando a humanização
da ciência, da filosofia e das outras formas de conhecimento, valorizando o enfoque
qualitativo das pesquisas no campo da educação. De fato, para Peixoto (2011, p. 153)
“Husserl demonstrou que a preocupação da filosofia deve ser com o rigor, e não com
a exatidão.”
Peixoto (2011, p. 146) afirma ainda que “no contexto das diversas áreas do conhe-
cimento, a educação tem sido uma área que tem recebido uma forte influência da
fenomenologia”. Por esse motivo é importante delinear quais as contribuições ela traz
para a compreensão das pesquisas e dos temas relacionados com a educação e o que
é a fenomenologia nas suas categorias principais. Isso também, sem perder de vista
a forte influência da fenomenologia nos elementos basilares que modelaram a epis-
temologia educacional como forma de apropriação intencional do conhecimento.
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quadro resumo
A fenomenologia e a educação
A pergunta: como a fenomenologia pode contribuir com a epistemologia da educação,
encontra sua resposta a partir da seguinte perspectiva segundo Bicudo (1999, p. 12),
““
como método de investigação, fundamenta procedimentos rigorosos de pes-
quisa, mostrando de que maneira tomar educação como fenômeno e chegar
aos seus invariantes ou características essenciais para que as interpretações
possam ser construídas, esclarecendo o investigado e abrindo possibilidades
de intervenção no campo da política educacional e da prática pedagógica.
A FORMAÇÃO DOCENTE
E FENOMENOLOGIA
Para Peixoto (2011, p. 157) “do ponto de vista fenomenológico, a educação é inten-
cionalidade, abertura às múltiplas dimensões do real; ao mundo humano, mundo
do trabalho, do lazer, da arte, da ciência, da família, da religião, da política, da cultura.”
Neste sentido a fenomenologia opõe-se fortemente contra a fragmentação da reali-
dade imposta pelo pensamento positivista instrumental. E ainda, ao contrário desta
visão estática a “fenomenologia percebe a educação como expressão humana e, por-
tanto, do imprevisto, do inacabamento, da criação, da subjetividade, da crítica, da
busca de sentido.” (PEIXOTO, p. 157).
Entre as categorias
fenomenológicas: a intencionalidade
As principais categorias, porém, que formam a fenomenologia são: a intencionalida-
de, a epoqué e o lebenswelt. Ao desenvolver os conteúdos dessas categorias, Edmund
Husserl constrói ao mesmo tempo uma dura crítica à influência do positivismo na área
das ciências humanas, e afirma a facticidade da experiência humana nos estudos fe-
nomenológicos ao contrário da teorização objetivista das ciências da natureza.
Na visão de Brutscher (2005, p. 71) “a intencionalidade da consciência consiste
na relação que se estabelece entre os atos de consciência e os objetos intenciona-
dos por essa mesma consciência.” Para ficar claro em qual horizonte se delineia esta
questão, é importante situá-la na relação entre subjetividade e objetividade. Nesta
relação, para a fenomenologia, se implicam de maneira incindível tanto o sujeito
quanto o objeto, formando extremidades correlativas. Deste modo “a intencionali-
dade da consciência significa a relação entre a consciência e a realidade sobre a qual
a consciência se volta, permitindo que se constituam respectivamente e correlativa-
mente em subjetividade e objetividade.” (BRUTSCHER, 2005, p. 71).
É bom lembrar que a intencionalidade é na fenomenologia de Husserl o núcleo
estruturante do seu pensamento. Bicudo (1999, p. 17) afirma que “para fenomenologia,
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““
(...) existe uma íntima relação entre as coisas, entre o sujeito e o mundo. Ela
parte do princípio de que não existe realidade sem sujeito, nem sujeito sem
realidade. A fenomenologia resume-se, pois, a uma atitude mediante a qual
o homem se volta para as coisas, para o mundo dado e passa a descrevê-lo
tal como ele aparece à consciência de forma imediata. Essa atitude é possí-
vel em virtude da intencionalidade da consciência.
É importante lembrar que colocar entre parênteses tudo aquilo que sabemos,
as nossas convicções e preconceitos, é uma atitude metodológico-filosófica e não
um simples esquecer, ou uma tentativa de apagar “tudo” o que temos na consciên-
cia numa acepção objetivista. Segundo Bicudo (1999, p. 22) “intérpretes importantes
da obra husserliana distinguiram quatro caminhos que levam à redução transcen-
dental: o cartesiano, o da psicologia intencional, o da crítica das ciências positiva e o
da ontologia”. Iso Kern (1977), no entanto afirma que existem apenas três caminhos.
Essa questão foi alvo de muitos debates na década de 1980.
O que importa neste trabalho, porém, é esclarecer que essas vias tendem a levar
ao aprendimento das coisas em si no seu estado puro, sem a interferência das con-
cepções teorizadas ou ideias pré-formadas. A epoqué, no entanto, “não significa uma
negação do mundo, do objeto, do fenômeno; significa, isto sim, uma afirmação da
realidade como ela é e não como dizem que ela é.” (PEIXOTO, 2011, p. 152).
A consideração do mundo no seu “estado antipredicado” tem como objetivo
atingir a verdade apodítica, ou seja, o mundo como de fato ele é, sem julgamen-
tos valorativos, ou construções epistemológicas de ordem puramente cientificista.
Segundo Peixoto (2011, p. 152)
““
A epoqué é o meio para aprendermos toda a riqueza do fenômeno, toda a
sua complexidade, multiplicidade, seus perfis, é necessário desvencilharmo-
-nos das posições secundárias, das crenças e predicados que lhe atribuímos;
é o meio que nos possibilita o acesso à verdade, a realidade como ela é, sem
a imposição do que ‘eu penso’ ou do que ‘pensam as teorias’, sem conclusões
apressadas. A redução fenomenológica significa a transformação de todo
dado em fenômeno; significa a revelação das essências das coisas.
““
trabalha com a percepção, explorando os modos pelos quais o fenômeno
se mostra a cada aluno, ao professor e aos demais presentes à situação de
ensino e de aprendizagem. Considera os modos pelos quais cada um sente,
de acordo com as nuanças do seu sentir e como cada um vê o mundo, a
partir do ponto zero, dado pelo seu corpo-próprio e pela sua cultura. (BICUDO,
1999, p. 47).
Esta categoria é a que certamente mais levanta críticas a respeito das ciências obje-
tivas do mundo moderno. O fazer científico e o pensar filosófico quando afastados
do mundo da vida, perdem-se em matematizações ou elucubrações sem funda-
mentos experienciais vitais. “O racionalismo, o empirismo e o positivismo passaram
a construir concepções epistemológicas abstratas por se afastarem do lebenswelt.
Com isso, a razão fica isolada do mundo e a matematização passaram a ser o funda-
mento da filosofia e da ciência.” (PEIXOTO, 2011, p. 155).
Husserl, o fundador da fenomenologia, ao longo de sua obra, aborda a questão
da crise da humanidade, principalmente a europeia, que através do gigantesco de-
senvolvimento das ciências, perpetrou simultaneamente as barbáries da I e II Guerras
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““
pode ser palco em que educadores e educandos busquem o desenvolvi-
mento do pensamento reflexivo, que implica consciência, autoconsciência
e expressão, o que contribui para o aprimoramento de nossa relação com o
mundo e com as demais pessoas, assim como com nossa própria identida-
de. (DANTAS; JUNIOR, 2009, p. 185).
reflita
saiba mais
Buber escreveu muitos e importantes artigos e livros. Entre eles o que mais
impressionou os estudiosos foi a obra Eu e Tu. Portanto, convido você a ler
esta obra para entender melhor a epistemologia dialógica buberiana.
Fonte: elaborado pelo autor
20 Pós-Universo
As palavras-princípio
A linguagem proferida entre os seres, se fundamenta no que Buber chamou de pa-
lavras-princípio. “As palavras-princípio são proferidas pelo ser. Se se diz Tu profere-se
também Eu da palavra princípio Eu-Tu. Se se diz Isso profere-se também o Eu da pa-
lavra-princípio Eu-Isso. A palavra princípio Eu-Tu só pode ser proferida pelo ser na
sua totalidade” (BUBER, 1968, p. 03). Essas palavras não nomeiam as coisas existentes,
mas as formas de relação com o mundo e os seres. Qualquer que seja a expressão
do homem interna ou externa, independente de qual seja o conteúdo, ou ele está
dizendo Eu-Tu, ou Eu-Isso. Dizer Tu é dizer Eu, ao invés dizer Isso é dizer, também, Eu.
Transparece nas páginas da epistemologia buberiana que a relação pode ser esta-
belecida em três esferas. A primeira dessas esferas se restringe a vida com a natureza.
“Nesta esfera a relação realiza-se numa penumbra como que aquém da linguagem.
As criaturas movem-se diante de nós sem possibilidade de vir até nós e o Tu que lhes
endereçamos depara-se como o limiar da palavra” (BUBER, 1968, p. 07).
A segunda esfera dá-se pela relação homem-a-homem, “nesta esfera de relação é
manifesta e explícita: podemos endereçar e receber Tu” (BUBER, 1968, p. 07). A terceira
esfera, tem a ver como os seres espirituais. “Aí a relação, ainda que envolta em nuvens,
se revela, silenciosa, mas gerando a linguagem. Nós proferimos, de todo nosso ser a
palavra-princípio sem que nossos lábios possam pronunciá-la” (BUBER, 1968, p. 07).
Essa esfera encontra a mudez que suscita nossa voz. Não é avistado nenhum Tu,
no entanto, há um estímulo sempre a espreita no homem para respondê-lo, seja pela
linguagem, pelas formas, criações artísticas ou até mesmo pensando e atuando. “Em
cada uma das esferas, graças a tudo aquilo que se nos torna presente, nós o invoca-
mos à maneira própria de cada esfera” (BUBER, 1968, p. 07).
O homem, não é uma coisa entre coisas, e muito menos algo formado por coisas.
““
Ele não é um simples Ele ou Ela limitado por outros Eles e Elas, um ponto ins-
crito na rede do universo de espaço e tempo. Ele não é uma qualidade, um
modo de ser, experienciável, descritível, um feixe flácido de qualidades de-
finidas. Ele é Tu, sem limites, sem costuras, preenchendo todo o horizonte.
Isto não significa que nada mais existe a não ser ele, mas que tudo mais vive
em sua luz. (BUBER, 1968, p. 09).
Pós-Universo 21
““
Assim como a melodia não se compõe de sons, nem os versos de vocábulos,
ou a estátua de linhas – a sua unidade só poderia se aduzida a uma multipli-
cidade por um retalhamento ou dilaceramento – assim também o homem
a quem digo Tu. Posso extrair a cor de seus cabelos, o matiz de suas palavras
ou de sua bondade; devo fazer sem cessar, porém, ele já não é mais meu Tu.
(BUBER, 1968, p. 09-10).
Para que não seja suprimida a atualidade, o homem a quem digo Tu não deverá
ser inserido numa situação de tempo ou espaço, sendo inevitável este proceder,
constantemente, não ter-se-á a frente um Tu, senão, um Ele ou Ela, um Isso. “Eu não
experiencio o homem a quem digo Tu. Eu entro em relação com ele no santuário da
palavra-princípio. Somente quando saio daí posso experienciá-lo novamente. A ex-
periência é o distanciamento do Tu” (BUBER, 1968, p . 10).
A epistemologia de Buber não diz que é inevitável a relação com a matéria, mas
diz que a matéria não é conhecida em si mesma e não participa diretamente da expe-
riência, pois, é incondicionalmente passiva. As experiências concluem-se no mundo
do Isso ou do Ele e Ela.
““
O Eu da palavra-princípio Eu-Isso, o Eu, portanto, com o qual nenhum Tu está
face-a-face presente em pessoa, mas que é cercado por uma multiplicidade
‘conteúdos’ tem só passado, e de forma alguma presente. Em outras pala-
vras, na medida em que o homem se satisfaz com as coisas que experiencia
e utiliza, ele vive no passado e seu instante é privado de presença. Ele só tem
diante de si objetos, e estes são fatos do passado. (BUBER, 1968, p. 14).
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Buber sintetizaria numa frase essa visão, quando ele disse: “o essencial é vivido na
presença, as objetividades no passado” (BUBER, 1968, p. 15).
Corre-se grande risco, porém, de que o Tu se transforme em Isso para o Eu. Buber,
decretou, no entanto, a impossibilidade, pela sua própria essência , de que um Tu,
não tenha que retornar a coisidade, à restrição ao mundo do Isso. “Em termos ob-
jetivos poder-se-ia afirmar que cada coisa no mundo pode antes ou depois de sua
objetivação aparecer a um Eu como seu Tu” (BUBER, 1968, p. 20). Surge diante disso a
pergunta: é notável, estanque e gradualmente a passagem do Tu ao Isso e vice-ver-
sa? ao que surge a resposta. “O Isso é a crisálida, o Tu a borboleta. Porém, não como
se fossem sempre estados que se alternam nitidamente, mas, amiúde são processos
que se entrelaçam confusamente numa profunda dualidade” (BUBER, 1968, p. 20).
O desvanecimento do Tu numa relação implica na sua coisificação, ou imersão
imediata na esfera do Isso, para um Eu; implica a objetificação, passível de percep-
ção e experiência, um mergulho no mundo do Isso, ansiosamente aguardando um
evento de relação, “cada Tu, após o término do evento da relação deve necessaria-
mente se transformar em Isso” (BUBER, 1968, p. 38).
“O homem transformado em Eu que pronuncia o Eu-Isso coloca-se diante das
coisas em vez de confrontar-se com elas no fluxo da ação recíproca” (BUBER, 1968, p.
33). A relação não periferiza as coisas, objetivamente isolando-as e asentimentalmen-
te considerando-as sem nenhuma exclusividade, ou universalidade. “Eis uma verdade
fundamental do mundo humano, somente o Isso pode ser ordenado. As coisas não
são classificáveis senão na medida em que, deixando de ser no Tu, se transformam em
nosso Isso. O Tu não conhece nenhum sistema de coordenadas” (BUBER, 1968, p. 34).
O mundo do Isso bifurca-se na compreensão da relação de intersubjetividade,
Buber o trata como privilégios do mundo do Isso, esses dois pólos que nada mais são
que o mundo onde situa-se o homem, ou seja, o mundo onde ele deve viver, e no
qual ele pode viver; e o mundo que oferece com toda sorte de atrações e estímulos
de atividade e escavação de conhecimentos. Em questão à relação Eu-Isso, Martin
Buber diria: “E como toda seriedade da verdade, ouça: o homem não pode viver sem
o Isso, mas aquele que vive somente com o Isso não é homem” (BUBER, 1968, p. 39).
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““
Relação é reciprocidade. Meu Tu atua sobre mim assim como Eu atuo sobre
ele. Nossos alunos nos formam, nossas obras nos edificam. O ‘mau’ se torna
revelador no momento em que a palavra-princípio sagrada o atinge. Quanto
aprendemos com as crianças e com os animais! Nós vivemos num fluxo
torrencial da reciprocidade universal, irremediavelmente encerrados nela.
(BUBER, 1968, p. 18).
Instaurada a relação Eu-Tu, que não é objetificadora, mas intersubjetiva, ela eviden-
cia uma permanência dos termos da relação no âmbito da palavra princípio Eu-Tu?
Buber diz que
““
a grande melancolia de nosso destino é que cada Tu em nosso mundo deve
tornar-se irremediavelmente um Isso. Por mais exclusiva que tenha sido sua pre-
sença na relação imediata, tão logo esta tenha deixado de atuar ou tenha sido
impregnada por meios, o Tu se torna um objeto entre objetos, talvez o mais
nobre, mas ainda um deles, submisso à medida e à limitação. (BUBER, 1968, p. 19).
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O ser que reciprocamente era encarado numa totalidade edificante, se revela agora
numa perspectiva experienciável, “decomponível, classificável, um simples ponto de
intersecção de vários ciclos de leis” (BUBER, 1968, p. 19). O Tu que parecia não ser pas-
sível de coisificação, agora o está coisificado. Buber traça então dois pólos bastante
compreensivos sobre a questão da intersubjetividade. Isso significa que,
““
O Eu da palavra-princípio Eu-Tu é diferente do Eu da palavra-princípio Eu-Isso.
O Eu da palavra-princípio Eu-Isso aparece como egótico e toma consciência
de si como sujeito (de experiência e de utilização). O Eu da palavra-princípio
Eu-Tu aparece como pessoa e se conscientiza como subjetividade, (sem ge-
nitivo dela dependente). (BUBER, 1968, p. 73).
1) A epistemologia buberiana admite que a relação pode ser estabelecida em três esferas.
2) A primeira dessas esferas se restringe a vida com a sociedade.
3) A segunda esfera dá-se pela relação homem-a-homem.
4) A terceira esfera, tem a ver como os seres humanos.
5) O homem, não é uma coisa entre coisas, e muito menos algo formado por
coisas.
Assinale a alternativa correta
a) V,V,F,F,F
b) V,F,V,F,V
c) F,F,F,V,V
d) V,V,F,F,F
e) V,V,V,V,F
resumo
Caro(a) aluno(a), estamos chegando ao fim dos nossos estudos. Juntos percorremos esta última
unidade, talvez uma entre as mais difíceis na fundamentação epistemológica da educação.
Em primeiro lugar vimos como fenomenologia contribuiu para a reflexão teórica e metodológi-
ca na produção do conhecimento. Afirmamos que muitas universidades no Brasil e no mundo
estão realizando pesquisas na área da epistemologia fenomenológica, e procuramos demons-
trar a sua influência nos diversos campos de construção do conhecimento.
Pudemos ver que a produção fenomenológica ganhou muito espaço também em nas teses de
doutorado e dissertações de mestrado defendidas nas instituições de ensino superior no Brasil.
Por isso quisemos trazer em nosso estudo uma aprofundada compreensão das principais ca-
tegorias, que formam a fenomenologia, isto é, a intencionalidade, a epoqué e o lebenswelt.
Desenvolvemos a perspectiva fenomenológica dessas categorias, com a intenção de construir a
crítica à influência do positivismo.
Por conseguinte, vimos que a fenomenologia nos ajudou a entender o fenômeno da relação in-
tersubjetiva na apropriação do conhecimento pelo profissional de educação.
A partir da epistemologia buberiana compreendemos que a relação intersubjetiva pode ser esta-
belecida em três esferas. A primeira dessas esferas se restringe a vida com a natureza. A segunda
esfera é da relação homem-a-homem. A terceira esfera, tem a ver como os seres espirituais.
Desenvolvemos acuradamente as duas primeiras esferas epistemológicas.
material complementar
LIVRO
Título: Eu e Tu
Editora: Centauro
NA WEB
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=PFNqKU9n0g8>
referências
BUBER, Martin. Eu e Tu. Tradução de Newton Aquiles Von Zuben. 2. ed. São Paulo: Editora Moraes,
1968.
CHAUI, Marilena de Souza. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012.
HUSSERL, E. A Crise de Humanidade Européia e a Filosofia. Tradução de Urbano Zilles. 2. Ed. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2002.
KERN, I. The Three Ways to the Transcendental Phenomenological Reduction in the Philosophy
of Edmund Husserl. In Elliston, F. A. and MacCornick, Peter. (editors). Husserl Expositions and
Appraisals. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1977.
PEIXOTO, A. J. (org.). Fenomenologia: diálogos possíveis. Campinas: Editora Alínea; Goiânia Editora
da PUC de Goiás, 2011.
SAVIANI, Dermeval. A Pedagogia no Brasil: História e Teoria. Campinas, SP: Autores Associados,
2008. (Coleção Memória da Educação).
1. b) V, F, V, F, V
3. b) V,F,V,F,V