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Fernanda Duarte Djandja

Curso de Pós-graduação em Metodologia de Ensino

Tema:
Importância da teoria de aprendizagem congnitiva

Docente:
Msc. Edu Manuel

Universidade Licungo

Beira

2022
2. Teoria de aprendizagem cognitiva

2.1. Contextualização da sua realidade

No início do século XX, a psicologia começou a percorrer um caminho em busca de sua inscrição
entre as ciências modernas. Muito cedo, os resultados de seus ensaios neste caminho começaram
a modificar as práticas dos diferentes agentes sociais deste século veloz: agentes políticos,
pedagógicos, da comunicação, religiosos, médicos e sanitários, militares etc.

As teorias de aprendizagem são um corpo teórico que reúne contribuições de educadores,


psicólogos, psiquiatras, antropólogos, e também físicos, propondo diferentes modelos do aprender
humano.

O ser humano dispõe de fartas capacidades para se desenvolver, construindo relações, modificando
a realidade, e melhorando a sua qualidade de vida. Aprender é uma característica notável, e estudo
aprofundado sobre como se dá este processo é de extrema importância para o sucesso do processo
de ensino. As teorias de aprendizagem (TA) procuram compreender a síntese do ensinar com
aprender, visando explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento.

As teorias de aprendizagem (TA) são um corpo teórico fundamentado por diversos estudiosos,
psicólogos, médicos, educadores, cientistas diversos, que investiga a natureza do aprender
humano. Embora haja ainda muito a ser decifrado sobre este tema, as teorias de aprendizagem
possuem diversas implicações no ambiente educacional. (HARARI, 2014).

Foco deste trabalho, a teoria de aprendizagem cognitiva é aquela que decorre de um trabalho oculto
de estruturas organizadoras da experiência e da intelecção (CAMPOS, 2014). Nela, nem o
ambiente, nem o professor, nem mesmo a aprendiz (considerado apenas em seus comportamentos
observáveis) são os principais protagonistas, mas sim o trabalho dinâmico de integração entre as
cognições do aprendiz, provocado pela interação dos três.

O desenvolvimento da aprendizagem é norteado por diversas teorias, entre elas a Cognitiva, na


qual tem o intuito de explicar o processo de conhecimento humano, que teve como principal
defensor Jean Piaget, este que foi um cientista suíço de grande influência no âmbito da educação,
mas nunca atuou como pedagogo. “De fato, há muitos anos, inúmeros educadores e pedagogos de
diversos países se referem explicitamente à obra de Piaget para justificar suas práticas ou
princípios” (ROCHA, 2010).

Por cognição entende-se um todo simplesmente psicofuncional que envolve a capacidade do


sujeito de perceber, compreender, relembrar e agir em conformidade aos eventos proporcionados
e propiciados pelo meio. Para Fonseca (2018, p.64), “a cognição tem sido definida como o ato de
conhecimento, como resultado do conjunto, da combinação sistêmica de várias e múltiplas
habilidades, capacidades ou competências cognitivas”.

Por fim, a teoria cognitivista denominada de Teoria da Aprendizagem Significativa – TAS (tida
como referencial teórico de medida final neste trabalho) se deu dentro de uma perspetiva em que
seu autor buscou auxiliar a atuação do professor em seu cenário real de atuação – a sala de aula.
Este é reconhecidamente um dos pontos mais importantes da contribuição de David Ausubel
(RONCA, 1994). Este aspecto a diferencia, sobremaneira, das teorias cognitivas anteriores,

2.2. Aprofundamento do tema

O cognitivismo tem a pretensão de analisar a mente, o ato de conhecer, como o homem desenvolve
seu conhecimento, como o homem produz conhecimento, acerca do mundo, analisando os aspectos
que intervém no processo “estímulo/resposta”.

A concepção cognitivista da aprendizagem é centrada no aluno. O professor assume o papel de


orientador –mediador do processo de ensino-aprendizagem, o erro não é concebido como um ato
de punição, é visto como parte do processo e o modo pelo qual o professor pode verificar como os
alunos estão compreendendo os conteúdos estudados. A análise do erro constitui-se como um
mecanismo importante e de referência para o professor, onde ele pode identificar até que ponto o
aluno aprendeu a matéria e assim, possa replanejar suas aulas de modo a abordar o mesmo
conteúdo de uma forma mais criativa e dinâmica.

Nessa abordagem cognitivista, é possível perceber que o aluno, constrói seu próprio aprendizado
num processo de dentro para fora baseado em experiências de fundo psicológico, considera-se o
papel ativo da criança e do meio no processo de aprendizagem. O conhecimento é construído a
partir de interações e mediações com o meio.
Essa teoria, possibilita aos alunos a autonomia intelectual e motivação para dialogar acerca dos seus
“métodos” de solução, sem os avaliar pela sua correção é caracterizada pelo desenvolvimento de uma
autoconfiança entre o professor e os alunos. O professor atua nesse sentido como o mediador,
realizando ações e interações no processo de ensino-aprendizagem em Matemática.

 JEAN PIAGET
Jean Piaget (1896-1980), psicólogo suíço, possuía grande interesse pelo rigor da pesquisa e do método
científico, afirmando que “Isso me fez adotar a decisão de consagrar minha vida à explicação biológica
do conhecimento” (PIAGET, 1965, p.5 apud MUNARI, 2010, p.14).A abordagem teórica de Jean
Piaget é chamada de Epistemologia Genética. O termo epistemologia refere-se ao estudo do
conhecimento, sua natureza, origem e aquisição. O núcleo de investigações de Piaget envolvia entender
como um conhecimento de baixa complexidade passaria ter grande complexidade em relação à
capacidade cognitiva humana.
Sobre este processo, Nunes e Silveira (2009, p. 42) dizem: “por exemplo, como uma criança evolui do
estágio de quando ainda está aprendendo a falar, com um vocabulário limitado, aos dois anos para, aos
5 anos, ser capaz de ler uma história e recontá-la.” Contudo, visando entender o processo por trás desse
desenvolvimento humano, Piaget buscou entender como estas transformações de alguém vão se dando
no decorrer da vida e do meio em que vive (NUNES; SILVEIRA, 2009). As obras de Piaget foram
pioneiras no ponto de vista construtivista da cognição humana, buscando compreender a fundo os
processos da sua construção.
O conflito cognitivo é um conceito fundamental de Piaget, onde todo o processo de construção inicia-
se para o enriquecimento e elaborações dos esquemas já presentes. Sem isso, não haverá acomodação,
não haverá equilibração cognitiva; não haverá aprendizagem; sem o conflito cognitivo, o organismo
não desenvolverá equilibração majorante e permanecerá com mesmas capacidades e sem ferramentas
para lidar com muitas situações que o meio impõe (MOREIRA; MASSONI, 2015).

 LEV VYGOTSKY

Uma das principais teorias da aprendizagem é o sócio-construtivismo do psicólogo bielorrusso Lev


Vygotsky (1896-1934). Nascido no mesmo ano que Jean Piaget, e falecido aos 38 anos de tuberculose,
Vygotsky recebeu sua formação universitária em direito, filosofia e história em Moscou, com
“excelente formação no domínio das ciências humanas: língua e linguística, estética e literatura,
filosofia e história” (IVIC, 2010, p. 12).
Diferentemente de Piaget, cuja teoria de desenvolvimento cognitivo se baseia na acomodação,
equilibração e adaptação, Vygotsky buscou compreender como a interação social afeta o
desenvolvimento e aprendizagem humana. Para Vygotsky o conhecimento é visto como um
processo que se emprega através da interação com o ambiente por meio de estímulos, e a
consideração de que o conhecimento só passaria a existir quando interpretamos o ambiente.
Para o sujeito se desenvolver cognitivamente, melhorando sua estrutura cognitiva, é necessário
que o sujeito vivencie relações sociais. É nisso que Vygotsky se baseia para compreender a razão
pela qual um individuo tenha desenvolvimento cognitivo superior, como, por exemplo, as funções
de pensamento, linguagem e comportamento volitivo; seria por meio da socialização que tais
aspectos seriam desenvolvidos.

 DAVID AUSUBEL

Ausubel desenvolveu a teoria de aprendizagem significativa, um corpo teórico de olhar


cognitivista para os mecanismos internos do aprendizado, de como a informação se integra na
estrutura cognitiva. Ausubel concebe a mente humana como sendo uma estrutura altamente
organizada, formada por uma hierarquia dinâmica na qual conceitos, ideias, proposições mais
gerais e inclusivas estão ligados a elementos mais específicos de conhecimento.

 JEROME BRUNER
Bruner realizou contribuições importantes para a psicologia cognitiva americana, e destacou-se
por participar ativamente da Reforma Curricular dos Estados Unidos, na década de 60. Dentre suas
principais obras, que abrangem Educação, Psicologia e Pedagogia, podemos citar: O processo da
Educação, Sobre a teoria da instrução, Atos de significação e A Cultura da Educação.
O trabalho de Bruner é bastante diversificado. Sua teoria de aprendizagem possui características
construtivistas e cognitivistas. Sob uma perspectiva cognitivista, Bruner investiga o aprendizado
da criança elaborando períodos de desenvolvimento intelectual, semelhante aos períodos dos
desenvolvimentos cognitivos feitos por Piaget, mas de modo diferente, sem se pautar pelas faixas
etárias, mas de acordo com os meios de representação do mundo por quais passa um indivíduo.

 HOWARD GARDNER
Seu trabalho contrapôs a visão tradicional da época de inteligência, quando o paradigma envolvia
a mensuração do quociente de inteligência (QI) através de testes psicométricos. Sua obra
“Estruturas da mente: A teoria das Inteligências Múltiplas”, lançada em 1984, faz uma análise
sobre diversos estudos biológicos e antropológicos, de maneira a subsidiar sua teoria,
argumentando sobre as diferentes formas de inteligência humana.
2.3. Analise critica

Desde os seus primórdios enquanto uma ciência, a psicologia se constituiu numa série de escolas
ou sistemas (Heidbreder, 1933/1981). Esses sistemas têm a importante missão de estimular o
pensamento e servir de meios de aquisição dos fatos científicos. A psicologia cognitiva moderna
(processamento da informação ou PI) pode ser considerada como um desses sistemas. Do mesmo
modo que seu antecessor (o behaviorismo), lançou-se às pesquisas tomando por base uma
metodologia de pesquisa essencialmente calcada na experimentação.

A psicologia cognitiva já pode ser encontrada em Aristóteles, podendo ser considerada, sob muitos
aspectos, uma espécie de filosofia empírica (Hatfield, 2002; Levitin, 2002).

A análise de vários textos, incluindo livros ou artigos, mostra que o uso da expressão revolução
cognitiva foi inflacionada na psicologia. Na visão kuhniana, o surgimento de um novo paradigma
só poderia ocorrer após um período de crise de um paradigma anterior. Para os que advogam pela
causa da revolução, a década de 50 viu a queda do behaviorismo e o nascimento da psicologia
cognitiva.

Vários discursos de teóricos cognitivos vão no mesmo sentido, ou seja, de fazer uma demarcação
da psicologia cognitiva como um movimento de retomada da mente na psicologia, em oposição ao
behaviorismo, retomada esta feita em clima revolucionário. Até mesmo Skinner (1991) afirmou:

A palavra de ordem da revolução cognitiva é: “A mente está de volta!”. Nasce uma “grande nova
ciência da mente”. O comportamentalismo quase destruiu nosso interesse pelo assunto, mas foi
derrotado, e devemos retomar o fio da meada onde filósofos e os primeiros psicólogos pararam.
(p. 38)

Além da famosa obra de Lachman et al. (1979), outros manuais de psicologia cognitiva também
apresentam as ideias de Kuhn como sustentáculos para o aparecimento da nova abordagem
revolucionária na Psicologia. Num desses manuais (Eysenck & Keane 1994), já no primeiro
capítulo, apresentam como um dos tópicos importantes para o aparecimento da abordagem
cognitiva as alterações nas visões de ciência, uma das quais é a noção de paradigma de Kuhn.

A visão de que a psicologia cognitiva foi um movimento revolucionário foi apresentada por
Gardner (1995), em cuja obra, a começar do próprio título, já está expressa a revolução. A mesma
tônica foi seguida por Baars (1996) e por aqueles que já falam no futuro da revolução (Johnson &
Erneling, 1997; Solso, 1999). Para Miller (2003), um dos “fundadores” do movimento cognitivista,
a revolução cognitiva foi uma contra-revolução, no sentido de que foi uma reação a uma primeira
revolução na psicologia, a revolução comportamental.

Nessa pletora de sistemas e teorias, o caráter revolucionário dado tanto ao behaviorismo quanto ao
cognitivismo foi tratado como “as revoluções míticas da psicologia americana” (Leahey, 1992).
Além disso, os sinais de desagregação permanecem vívidos, de modo que uma possível unificação
do conhecimento psicológico parece improvável.

A alegação de que o surgimento da psicologia cognitiva não representou uma mudança


paradigmática no curso da ciência psicológica recebeu, recentemente, um forte apelo, sustentado
por diversas visões dos processos de desenvolvimento da ciência, bem como pela voz de cientistas
cognitivos de renome. Desse modo, numa análise também bastante pormenorizada da revolução
cognitiva feita por O’Donohue, Ferguson e Naugle (2003), eles mostraram que essa revolução foi
mais um movimento sociológico e retórico do que propriamente uma revolução kuhniana.

A partir da visão de Popper (1959/1999), as teorias comportamentais não foram falseadas pelas
teorias cognitivas. Além disso, não há nada que mostre que a teoria cognitiva tenha uma quantidade
maior de informação empírica, seja mais falseável e tenha maior poder explanatório ou preditivo
que a teoria comportamental.

A segunda visão exposta pelos autores é a filosofia da ciência de Kuhn, já abordada anteriormente.
Do mesmo modo que outros autores, a conclusão de O’Donohue et al. (2003) é que não há por que
se falar em revolução cognitiva sem falar em paradigmas e mesmo que houvesse os paradigmas
comportamental e cognitivista, o paradigma comportamental teria que ter entrado num mar de
anomalias e ser suplantado pelo cognitivismo, o que não houve, com efeito.

A terceira visão é a de Lakatos (1981), que substituiu a concepção Kuhniana de paradigma pela
noção de programa de pesquisa. Um programa de pesquisa se diz progressivo quando seus
desenvolvimentos teóricos antecipam seus desenvolvimentos empíricos, mantendo a capacidade
de predizer novos fatos com relativo sucesso.

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