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TC I – Profa. Ma.

Débora Chabes 1

Prezados Alunos

Sejam bem vindos a Aula Inaugural de Estrutura Lógica do Pensamento Científico.

Nossos objetivos se baseiam no desenvolvimento do senso crítico e raciocínio lógico,


necessários para a realização de trabalhos técnicos e científicos, provendo a discussão sobre o
papel da ciência na sociedade e na formação do cidadão, instrumentalizando o aluno para
assumir uma postura crítica do conhecimento científico. Portanto, temos como metas, fazer
que o aluno diferencie o conhecimento científico de outros tipos de conhecimentos,
argumentar logicamente e reconhecer características do pensamento científico estudando as
etapas de uma pesquisa científica.

Aula 1 – Introdução à Disciplina Trabalho de Curso

Sempre quando começo a ministrar uma disciplina, sinto-me na responsabilidade de


responder uma pergunta primária, porém de grande importância para o desenvolver deste
nosso semestre: “Por que devo estudar isso?”.

Ao meu ver as coisas parecem ter mais sentido quando passamos a entender o porquê
elas existem, quais são as vantagens de obter aquele conhecimento, e onde posso usar as
informações adquiridas. Pois bem, comecemos a desvendar qual e o nome da disciplina. Neste
caso é “Estrutura Lógica do Conhecimento”.

Ok, então vejamos o seguinte: Toda estrutura serve de alicerce, estes alicerces
sustentam uma determinada coisa, então, como num prédio, é necessário que as estruturas
sejam sólidas para que a maior parte da construção seja segura.

Ora, então já identificamos que estudaremos a estrutura de alguma coisa, correto?


Porém a próxima palavra da nomenclatura da disciplina é a ‘Lógica’, então retomando nossas
conclusões anteriores, estudaremos a estrutura lógica.

Mas o que é lógica? Segundo alguns autores é o estudo filosófico do raciocínio válido...
ficou claro? Por não se tratar de uma disciplina de filosofia (embora filosofia esteja ligada e
muito a nossa matéria) acho melhor nós identificarmos o porquê estudar a lógica.

Segundo a Profa. Suely Monteiro:

“Há duas vantagens principais conferidas pelo estudo da lógica. Primeiro, o


indivíduo com conhecimento de lógica tem mais facilidade em organizar e
apresentar suas ideias. Ele distingue entre o essencial e o não essencial,
usando raciocínio claro e coerente para transmitir suas conclusões às outras
pessoas. O uso da lógica na pesquisa facilita a fundamentação nas
conclusões das investigações, nos dados obtidos, aumentando-se assim
tanto a inteligibilidade do relatório quanto a credibilidade das conclusões.
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Além disso, a lógica ajuda o indivíduo a aprimorar seu raciocínio, ao refletir


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sobre suas ideias” .

Então meus caros alunos, já podemos concluir que estudaremos as estruturas que
viabilizam a organização do nosso pensamento, estudando a estrutura lógica, podemos
verificar que estudaremos a construção de um raciocínio voltado a pesquisa científica.

Mas ai vem as afirmações: “Eu não sou cientista, nem penso em me tornar um”.
Quando falamos em pensamento científico, voltamos para a pesquisa acadêmica, seja de qual
área for, ou seja, temos pesquisas científicas, seja na área da saúde, educação, cinema,
cultura, engenharia, administração, ciências contábeis... Enfim existem uma infinidade de
áreas que podemos encontrar estudos científicos que possibilitam o desenvolver da área e até
mesmo descobertas de novos conceitos e estudos que fundamentam inclusive processos
sociais da atualidade.

Um remédio é composto por diversos elementos químicos, porém para que estes
elementos fossem unidos para assim resultarem na medicação, foram necessários muitos
estudos científicos.

Assim temos também os exemplos voltados a tecnologia, e até mesmo quando


falamos em gestão de pessoas, afinal uma empresa como exemplo a “Google Co.” que passou
a ser objeto de pesquisa de diversos trabalhos acadêmicos, existe porque reuniram indícios de
ser possível aquele tipo de gestão, diante outros estudos que afirmavam motivar
colaboradores de diversas formas e maneiras.

Por isso, todo pensamento científico seja original ou não nasce a partir ou de outros
pensamentos. E é isso que iremos aprender nesta disciplina.

Notem que a estrutura lógica do pensamento científico nada mais é que estudar os
alicerces que permeiam os raciocínios válidos (fundamentados com outros estudos ou a partir
deles), e a partir disto viabilizarmos o nosso próprio pensamento científico, através de análises
críticas ordenadas numa sequência que enseja num entendimento consequente.

Esta disciplina ajuda a entendermos como colocar nosso raciocínio em ordem, para
que assim sejamos capazes de criar nosso trabalho de conclusão de curso, como autênticos
pesquisadores da área que nos comprometemos estudar e nos tornar bacharéis.

1
MONTEIRO, Suely. “As vantagens de estudar a lógica”. Disponível em:
<http://suelymonteiro.blogspot.com.br/2011/09/importancia-de-estudar-logica.html> acesso em 14 jul.
2014.
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Espero que tenha esclarecido o “Por que estudar estrutura lógica do pensamento
científico”, afinal neste momento meu objetivo era identificar quais as razões que fazem
necessários estes estudos.

Sendo assim começaremos com o tópico ‘ciência’.

A CIÊNCIA

Quando falamos de aspecto técnico da ciência, podemos caracterizá-los pelos processos


de manipulação dos fenômenos que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar,
sempre prezando para que sejam, medidos ou calculados com a maior precisão possível todas
as condições em que os mesmos ocorrem, observando inclusive sua frequência e persistência.
Além disso, procedemos a observação da sua decomposição e recomposição, sua comparação
com outros fenômenos, para detectar semelhanças e diferenças e, finalmente, seu
aproveitamento. Para tudo isso, temos métodos de pesquisa que nos auxiliam em busca dos
resultados. Assim sendo, podemos afirmar que o aspecto técnico da ciência corresponde ao
instrumental metodológico ao arsenal técnico que indica a melhor maneira de se operar em
cada caso específico.

CONCEITO DE CIÊNCIA

Diversos autores definem Ciência, porém a maioria dos autores usam a definição de
Trujillo que afirma a ciência como: “um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao
sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação” (1974,
p.8). Seguindo esta linha de raciocínio, com relação a natureza da ciência podemos verificar
duas vertentes que funcionam em conjunto, estas são nomeadas como compreensiva (utiliza-
se da vertente contextual ou de conteúdo) e da metodológica (uso mais operacional), que
abrange aspectos lógicos e técnicos.

Aprecia-se o aspecto lógico da ciência constitui o método para a edificação de proposições


e enunciados, objetivando uma descrição, interpretação, explicação e verificação mais concisas
e consequentemente coerentes. As ciências também possuem objetivos ou finalidades, as
quais procuram distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados
eventos por exemplo. Também possui o elemento da função, que indica o aperfeiçoamento,
através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo; o
objetivo que pode ser dividido em material (aquilo que se pretende estudar, analisar,
interpretar ou verificar, de modo geral) e formal (o enfoque especial, em face das diversas
ciências que possuem o mesmo objeto material).
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AULA 2 – CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA

CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA

Sendo assim, existem diversas classificações e divisões da ciência:

Uma das primeiras classificações foi estabelecida por Augusto Comte. Para ele, as ciências,
de acordo com a ordem crescente de complexidade, apresentam-se da seguinte forma;
Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia e Moral. Outros autores
utilizaram também o critério da complexidade crescente, originando classificações com
pequenas diferenças em relação à Comte.

Alguns autores classificam as ciências segundo um critério misto, utilizando a


complexidade crescente, de acordo com o conceito de Comte, aliada ao conteúdo (NÉRICI,
1978, p.113):

A explicação de Mario Bunge (1976, p.41) se baseia: “O conhecimento científico, no


âmbito das ciências factuais, caracteriza-se por ser: racional, objetivo, factual, transcendente
aos fatos, analítico, claro e preciso, comunicável, verificável, dependente de investigação
metódica; é sistemático, acumulativo, falível, geral, explicativo, aberto e útil”.
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Das classificações vistas, percebe-se que não há um consenso entre autores, nem sequer
quando se trata da diferença entre ciências e ramos de estudo: o que para alguns é ciência,
para outros ainda permanece como ramo de estudo e vice-versa.

Assim podemos dizer que o pensamento científico, propõe a partir das ciências,
investigar a realidade, sejam realidades formais (subdivididas em lógica e matemática) ou
factuais (subdivididas em naturais e sociais). A partir deste ponto de vista é que chegamos a
concluir o pensamento é criado a partir de diversos tipos de conhecimento, os quais passamos
a estudar.

FORMAS DE CONHECIMENTO
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A realidade é constituída de numerosos níveis e estruturas. De um mesmo objeto


como por ex. um elemento químico, uma vibração luminosa ou um conceito - podemos obter
conhecimentos da realidade em níveis distintos. Esses conhecimentos nos informarão sobre o
objeto, nos apresentarão sua origem, aparência, função, significado, sua relação com outros
objetos e assim por diante.

De um mesmo objeto, portanto, podemos obter conhecimento horizontal, mais


superficial, e conhecimento vertical, mais profundo, ou seja, desde sua aparência mais simples
até as implicações de seu relacionamento com outras estruturas. Por isso afirmamos que a
realidade é tão complexa que o homem, para apropriar-se dela, teve de aceitar diferentes
tipos de conhecimento. Há pelo menos quatro tipos fundamentais de conhecimento, cada um
deles subordinado ao tipo de apropriação que o homem faz da realidade:

CONHECIMENTO VULGAR / EMPIRICO

Também denominado “empírico”, o conhecimento vulgar é o que todas as pessoas


adquirem na vida cotidiana, ao acaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por
alguém. Em geral é resultante de repetidas experiências casuais de erro e acerto, sem
observação metódica nem verificação sistemática, ou seja, não possui caráter científico. Pode
também resultar de simples transmissão de geração para geração, e assim, fazer parte das
traduções de uma coletividade.

Exemplificando: não é necessário estudar Medicina para verificar que alguém


encontra-se resfriado - você conhece os aspectos apresentados de quem está com os
sintomas, porque empiricamente já passou por muitas experiências de contato com pessoas
ou até mesmo já se sentiu resfriado. Frase exemplificativa: “A chave está emperrando na
fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um
jeitinho de girar a chave sem emperrar”.

Também o homem do passou a vida vivendo de agricultura, nasceu e cresceu na


lavoura, é certo que ele tenha alguns conhecimentos que embora vulgares, conseguem
anunciar a chuva por exemplo. Ele pode, inclusive, apresentar argumentos plausíveis para
explicar os fatos que conhece, mas seu conhecimento não penetra com profundidade leis da
climatologia, tal conhecimento fica em um patamar mais superficial muito ligado a aparente
realidade. Este homem sabe porque sabe, é assim porque é assim, este fato denominamos
como fruto da experiência circunstancial apenas, porém ressaltamos que pode ser verdade.
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Embora sendo de nível inferior ao científico, o conhecimento vulgar não deve ser
menosprezado. Ele constitui a base do saber e já existia muito antes do homem imaginar a
possibilidade da ciência. Há quem diga que ‘superstições’, ‘simpatias’ e etc, nas ceram do
conhecimento vulgar, porém a maioria dos autores não defendem este ponto de vista.

CONHECIMENTO TEOLÓGICO

É produto da fé humana na existência de uma ou mais entidades divinas – um deus ou


muitos deuses. Provém das revelações do mistério, do oculto, por algo que é interpretado
como mensagem ou manifestação divina. Tais revelações são transmitidas por alguém por
tradição acumulada, ou por escritos sagrados.

Apoia-se em doutrinas que contém proposições sagradas (valorativas), por terem sido
reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas
infalíveis e indiscutíveis. É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado,
finalidade e destino) como obra de um criador divino: suas evidências não são verificadas,
pressupondo sempre uma atitude de fé perante o conhecimento revelado. Se exemplificamos
podemos dizer que o conhecimento teológico supõe: Acreditar que alguém foi curado por um
milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em reencarnação; acreditar em espírito e etc.

CONHECIMENTO FILOSÓFICO

Tem por origem a capacidade de reflexão do homem e por instrumento exclusivo o


raciocínio, assim entendemos que como a Ciência não é suficiente para explicar o sentido do
Universo, o homem tenta essa explicação através da Filosofia. Filosofando, ele ultrapassa os
limites da Ciência – delimitados pela necessidade de comprovação concreta – para
compreender ou interpretar a realidade em sua totalidade. Mediante a Filosofia
estabelecemos uma concepção geral do mundo.

Tendo o Homem como tema permanente de suas considerações, o filosofar pressupõe


a existência de um dado determinado sobre o qual refletir, por isso apoia-se nas ciências, mas
sua aspiração ultrapassa o dado científico, já que a essência do conhecimento filosófico é a
busca do “saber” e não a sua posse.

Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na existência
da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como
aplicação prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser
corrigidos e aperfeiçoados. Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer
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fatos, relação entre teoria e prática correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência,
são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a
filosofia que as formula e busca respostas para elas.

A Filosofia trata de compreender a realidade dos problemas mais gerais do Homem e


sua presença no Universo, interrogando o próprio saber, transformando-o em problema. É
especulativa no sentido de que suas conclusões necessitam de provas materiais da realidade.
Entretanto, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para numerosas
questões formuladas pela mente, ela influi diretamente na vida concreta do ser humano,
orientando sua atividade prática e intelectual. Exemplificando o conhecimento filosófico
faremos uso da seguinte frase: "O homem é a ponte entre o animal e o além-homem"
(Friedrich Nietzsche).

CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento científico se aprofunda da investigação, usando-se da metodologia e


sistemas apresentados em uma realidade. Uma experiência bastante bacana para perceber o
que acabamos de falar é assistir o programa de televisão “Mythsbusters”, veiculado pela TV
Cultura. Os apresentadores partem de um fato, e através deste fato se utilizam de leis da
física, química e diversas outras para elucidar se aquele fenômeno é verdadeiro ou falso.

Sendo assim o conhecimento científico, neste caso, é muito importante pois, a equipe
se aprofunda na investigação de determinado fenômeno, transcendendo-os em si para
conseguir analisar e descobrir que aquele fato é possível ou não, suas causas e concluir as leis
gerais que os regem.

Como o objeto da Ciência é o universo material, físico, naturalmente perceptível pelos


órgãos dos sentidos ou mediante a ajuda de instrumentos de investigação, o conhecimento
científico é verificável na prática, por demonstração ou experimentação. Com o propósito de
desvendar os segredos da realidade, ele os explica e demonstra com clareza e precisão,
descobre suas relações de predomínio, igualdade ou subordinação com outros fatos ou
fenômenos, criando suas leis gerais, universalmente válidas.

“É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade.


Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia
científica. Podemos então dizer que o Conhecimento Científico: É racional e
objetivo. Atém-se aos fatos. Transcende aos fatos. É analítico. Requer
exatidão e clareza. É comunicável. É verificável. Depende de investigação
metódica. Busca e aplica leis. É explicativo. Pode fazer predições. É aberto. É
útil”. (GALLIANO, 1979, p. 24-30).
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Exemplo:

Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá a respiração dos
batráquios.

Portanto, é necessário fazermos nota de que, é indiscutível que nosso pensamento é


composto pela união destes conhecimentos, pois, estes fazem parte da construção da
realidade, seja de forma mais empírica ou teológica, seja de forma mais científica ou filosófica.
Todas constroem a realidade em que vivemos, sendo frutos da cultura, e do raciocínio
humano.

Diante o que acabamos de estudar, será que você consegue diferenciar o


conhecimento vertical e conhecimento horizontal? Reflita sobre isso.

Aula 3 - O EXERCÍCIO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARTINDO DA CONFECÇÃO DO


PROJETO DE PESQUISA

O Projeto de pesquisa nasce a partir do planejamento a ser realizado para que se


procede a própria pesquisa. Ou seja é ponto de partida para a realização de qualquer trabalho
científico. Nas instituições de ensino público ou privado, se utilizam do projeto de pesquisa
como um dos meios de avaliação de candidato ao ingresso de Mestrados e Doutorados. Ou
seja, o projeto de pesquisa dá o norte a pessoa que o lê, para assim colocá-lo a par do que será
pesquisado no trabalho que ainda nem nasceu. É o embrião de um corpo que se tornará um
complexo cheio de informações.

Por isso todo projeto de pesquisa, deve seguir algumas regras para sua elaboração
com êxito, lembrando que um projeto de pesquisa mal elaborado, dificilmente resultará num
bom trabalho. Segundo Gil (2002, p. 19):

“O projeto deve, portanto, especificar os objetivos da pesquisa, apresentar a


justificativa de sua realização, definir a modalidade de pesquisa e determinar os
procedimentos de coleta e análise de dados. Deve ainda, esclarecer acerca do cronograma a
ser seguido no desenvolvimento da pesquisa e proporcionar a indicação dos recursos
humanos, financeiros e materiais necessários para assegurar o êxito da pesquisa”.

Para tanto, antes de começarmos a verificar cada item que um projeto de


pesquisa deve conter, é necessário que façamos a escolha de um tema. Este tema será a
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explicitação do problema correlacionado a área do conhecimento que observaremos. Assim


sendo podemos ter como exemplo: “Os Acidentes de Trabalho na Construção Civil no Estado
São Paulo”. Notem que o tema delimita inclusive campo a ser pesquisado, afinal, imaginem se
tivermos que pesquisar “Os Acidentes de Trabalho na Construção Civil”, a delimitação deixou
de ser limitada somente no Estado de São Paulo, passando a pesquisa a um nível nacional. O
que torna a pesquisa muito abrangente e inviabilizada tendo em vistas os prazos.

Obviamente que aqui estamos tratando de trabalhos científicos acadêmicos, aqueles


que usamos para avaliar os alunos aos términos de seus cursos. Não quer dizer que não
existem pesquisas mais abrangentes, porém no nosso caso é aconselhável a delimitação,
mesmo porque também temos instrumentos, além do tempo, limitados.

ESCOLHA DO TEMA – DELIMITAÇÃO DO TEMA

Como já foi dito, o tema deverá ser claro e delimitar exatamente o problema e
sua área de abrangência de pesquisa. Portanto é importante entendermos que o tema pode-se
valer de dois tipos de formulação, ele pode ser descritivo como no exemplo acima: “Os
acidentes de Trabalho da Construção Civil no Estado de São Paulo”, ou ter formulação
normativa: “Como reduzir os níveis de acidentes apresentados na Construção Civil no Estado
de São Paulo”.

Embora seja possível em alguns casos não conseguirmos diferenciar tais


formulações Oliveira (2001), estas apresentam uma maneira de identificarmos se um tema é
normativo ou descritivo, neste sentido ele ressalta que quando tratamos dos temas
normativos, trazendo um “ideal”, ou seja, é colocado no tema uma expectativa que diante da
pesquisa é objetivada, enquanto na formulação descritiva, existe a descrição do problema a
ser estudado no trabalho. A escolha entre um ou outro dependerá inclusive dos objetivos do
trabalho e dos seus realizadores. Como vimos o tema é o assunto que a pesquisa se propôs e o
que seus pesquisadores se propuseram a redigir, indicando qual o objeto da pesquisa.

DEFINIÇÃO DE UM PROBLEMA

Sempre é necessário ter em mente que a maioria das pesquisas comuns começam com
o confronto de um problema o qual o autor se deparou, como no caso a seguir.

ESTUDO DE CASO 1

Por exemplo: uma professora de Direito que ao tentar elucidar tópicos importantes da
matéria procurava fazê-lo buscando trechos de filmes, assim ao longo de sua carreira se
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utilizou deste tipo de material. Porém todas as vezes que ia à locadora procurar obras mais
atuais para assistir e assim extrair algo que serviria para suas disciplinas, demorava a
encontrar, pois, todas as vezes que procurava o gênero cinematográfico do ‘filme de
julgamento’ ou ‘filme de tribunal’, jamais encontrava a prateleira separando tais filmes, estas
obras encontravam-se entre os gêneros de drama, filmes policiais, filmes de guerra.

Assim a professora verificava a inexistência de indicação de gênero para este tipo de


filme, dificultando sua pesquisa dentre todas as obras que estreiam mensalmente. Ora um
problema foi apontado – inexiste uma conceituação que difere o filme que trata de
julgamentos de outros dramas, correto? Sendo assim, a professora sempre encontrou
dificuldade em sua pesquisa porque a abrangência de títulos é enorme.

Se algum pesquisador da área de cinema pudesse apontar quais as principais


características daquele tipo de obra cinematográfica, reconhecendo-o como um gênero
cinematográfico, certamente o tempo em escolher os títulos a serem assistidos seria
diminuído, pois nas locadoras, haveriam as prateleiras distintas para este tipo de gênero
cinematográfico, ajudando a professora a ir diretamente aos assuntos que pretendia, pois
procuraria diretamente nos parâmetros que necessitava.

Com este exemplo, conseguimos dizer que na maioria das pesquisas comuns, a
princípio não nascem da descoberta de algo, e sim pelo problema ou lacuna em conceituação
que causa um determinado transtorno.

Pesquisar é lançar mão de métodos e técnicas que buscam soluções de problemas.


Neste sentido Both (at al, 2000, p.65) apresenta o seguinte esquema seguido de explicação
sobre o processo de “Fazendo perguntas, encontrando respostas”, qual passamos e expor:
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(BOTH, COLOMB, WILLIANS, 2000, p.65)

O tema pode valer-se de poucas palavras, entretanto deve apresentar o objeto que
será pesquisado e a problemática que o levou a ser pesquisado. Costa (2009) afirma que:
“Nenhum tema pode ser tratado se não for um problema. Em um ou dois parágrafos, mostrar
exatamente o que vai ser pesquisado, em forma de pergunta, a questão chave que levou a
pesquisar, e que será respondida com o resultado da pesquisa”. Então se voltarmos ao caso da
professora de direito, a pesquisa teria como tema: “Os filmes de julgamento no cinema
Hollywoodiano: Uma questão de gênero cinematográfico”. Delimitamos o objeto (filmes de
julgamento hollywoodiano) e a problemática (seria um gênero cinematográfico?) no tema que
levou a pesquisa.

JUSTIFICATIVA

Na justificativa deve-se citar as razões que tornam importante a realização da pesquisa


proposta, do ponto de vista da sua contribuição pessoal para a ciência e para a sociedade. No
caso de apresentar seu projeto a órgãos financiadores, é importante convencer os
patrocinadores; no meio acadêmico, o professor orientador deverá ser convencido sobre a
validade da realização da pesquisa.

Como justificativa deverá ser redigido um texto dissertativo de aproximadamente uma


página explicando a importância do trabalho para a área de conhecimento do curso e para sua
formação especificamente. Contextualizá-lo e apresentar todos os dados que tiver sobre ele.

Perguntas que deverão ser respondidas nesse texto: Por que vou fazer essa pesquisa?
Qual a relevância social? Qual a contribuição para a ciência? Qual a contribuição pessoal, para
o curso ou para a instituição na qual se trabalha?
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OBJETIVOS

Quando tratamos de trabalhos científicos precisamos estabelecer quais são os


objetivos destes estudos, ou seja, quais são os seus propósitos, afinal tanto o pesquisador
quando o posterior leitor precisam saber além do que se trata, o por que os agentes se
propuseram a pesquisar o tema. Os objetivos são divididos em Objetivo Geral e Objetivos
Específicos, os motivos que levam a esta diferenciação passamos a verificar a seguir:

Objetivo geral

O objetivo geral é definido como o principal agente de proposta, ou seja, é aquele que
de forma mais genérica resumisse no núcleo da principal, senso conciso e claro, não é
aconselhável que possua comentários adicionais ou outra informação que não faça parte da
principal pretensão a ser alcançada.

Exemplo: A pesquisa a ser realizada tem por objetivo geral desenvolver o senso crítico
e raciocínio lógico, necessário para a realização de trabalhos técnicos e científicos,
promovendo a discussão sobre o papel da ciência na sociedade e na formação do cidadão e
instrumentalizando os leitores para assumir uma postura crítica do conhecimento.

Objetivos específicos

Os objetivos específicos devem detalhar os objetivos gerais, dando-lhes maiores


explicações, ou seja, a partir do que é relatado os objetivos específicos devem indicar através
de verbos no infinitivo, que exatamente será realizado por intermédio do alcance do objetivo
geral. Exemplo:

a) Reconhecer um texto científico

b) Argumentar logicamente

c) Definir problemas

d) Estudar as etapas de uma pesquisa cientifica

e) Elaborar um projeto de pesquisa

Assim sendo teremos o seguinte texto corrido: “Para atingir esse objetivo geral, foram
escolhidos os seguintes objetivos específicos: Reconhecer um texto, argumentar logicamente,
definir problemas, estudar as etapas de uma pesquisa científica e elaborar um projeto de
pesquisa.
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HIPÓTESE

A elaboração da hipótese é muito importante, pois possui um papel de essencial na


organização da pesquisa. Existem muitos autores que buscaram definir hipótese, assim como
Marconi e Lakatos (2004), selecionaremos um conceito dentre os diversos existentes da
literatura, Segundo Rudio (1979 p. 78):

“Chama-se de ‘enunciado de hipótese’ a fase do método de pesquisa que vem depois


da formulação do problema. Sob certo aspecto, podemos afirmar que toda pesquisa científica
consiste apenas em enunciar e verificar hipóteses; estas são suposições que se fazem na
tentativa de explicar o que se desconhece. Esta suposição tem por característica o fato de ser
provisória, devendo, portanto, se atestada para se verificar sua validade”.

Neste sentido tempos que primariamente a hipótese tenta dar uma suposta
resposta ao problema, porém, esta resposta torna-se temporária tendo em vista que por
intermédio da hipótese é que a pesquisa atestará a validade daquela suposição. Portanto
aconselha-se que a elaboração da hipótese seja realizada por através de uma afirmativa,
representativa de uma resposta do problema a ser analisado. Posteriormente, com o advento
da pesquisa é que tornaremos legitima ou não a hipótese a ser apresentada.

Em alguns casos a hipótese torna-se uma das formas de explicar o fenômeno,


tendo em vista que a legitimação (comprovação por provas a princípio inequívocas) ainda não
foi possível. É o que acontece com o assunto sobre a “Extinção dos dinossauros”. As hipóteses
apresentadas a este respeito, não são únicas, porém todas as hipóteses apresentadas são
plausíveis diante os estudos dos pesquisadores da questão.

ESTUDO DE CASO 2: A Extinção dos dinossauros

“Ainda não se sabe com exatidão como ocorreu a extinção dos dinossauros e de
muitas outras espécies de seres vivos que viviam na superfície terrestre na época.

Entre 208 e 144 milhões de anos atrás, os dinossauros habitaram a superfície terrestre
e se tornaram um grupo dominante nos ambientes de terra firme. Muitos desses animais eram
herbívoros, mas havia algumas espécies carnívoras que se alimentavam de anfíbios, insetos e
até mesmo de outros dinossauros. No final do período Cretáceo ocorreu a extinção dos
dinossauros e de diversas outras espécies de animais e plantas. Existem muitas teorias sobre
essa extinção em massa de organismos vivos, e uma delas é a de que certos movimentos
sofridos pelos continentes provocaram mudanças nas correntes marítimas e também no clima
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do planeta. Isso fez a temperatura baixar, o que causou invernos mais rigorosos,
consequentemente levando ao desaparecimento dos seres vivos que habitavam a Terra. Outra
teoria sobre a extinção dos dinossauros, e a que é mais aceita pela comunidade científica, é a
de que um asteroide com aproximadamente 10 km de diâmetro tenha atingido a superfície da
Terra, gerando uma explosão semelhante a 100 trilhões de toneladas de TNT...”2.

Diante o caso apresentado, conseguimos identificar algumas hipóteses, o


texto relata isso: “...Existem muitas teorias sobre essa extinção em massa de organismos
vivos...”, em seguida indica as teorias, quais sejam:

a) “...e uma delas é a de que certos movimentos sofridos pelos continentes provocaram
mudanças nas correntes marítimas e também no clima do planeta. Isso fez a
temperatura baixar, o que causou invernos mais rigorosos, consequentemente levando
ao desaparecimento dos seres vivos que habitavam a Terra”. – Primeira hipótese
apontada.

b) “Outra teoria sobre a extinção dos dinossauros, e a que é mais aceita pela comunidade
científica, é a de que um asteroide com aproximadamente 10 km de diâmetro tenha
atingido a superfície da Terra, gerando uma explosão semelhante a 100 trilhões de
toneladas de TNT...” – Segunda hipótese apontada.

REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico nada mais é que um texto onde elucidamos o problema e


apresentamos os autores que serão consultados para a realização da pesquisa. Ainda não
podemos tratar de nada conclusivo, pois nesta oportunidade apresentamos os fundamentos
teóricos que permearão nossa conclusão final. É certo que não poderemos lançar mão de
referências sem autoria ou cuja construção é duvidosa. Para tanto trataremos mais a adiante
inclusive sites que são passíveis de pesquisa, cujos autores3 são pesquisadores e seus trabalhos
reconhecidos academicamente. Exemplo de Referencial Teórico:

2
Paula Louredo. Site Brasil Escola. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/animais/a-extincao-
dos-dinossauros.htm> acesso em 18 jul. 14.
3
Para o filósofo Michel Foucault, “um nome autor não é simplesmente um elemento de discurso (..); ele
exerce relativamente aos discursos um certo papel: assegura uma função classificativa; um tal nome
permite reagrupar um certo número de textos, delimita-los, seleciona-los, opô-los a outros testos. Além
disso, o nome de autor faz com que os textos se relacionem entre si”. Foucault ainda complementa:
“poderíamos dizer, por conseguinte, que, numa civilização como a nossa, uma certa quantidade de
discursos, são providos da função ‘autor’, ao passo que outros são dela desprovidos. Uma carta privada
pode bem ter um signatário, mas não tem um autor; um contrato pode bem ter um fiador, mas não tem
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“De acordo com Reigota (2009) a discussão sobre meio ambiente no mundo ocorreu
por meio do "Clube de Roma" em 1968, que foi uma reunião dos economistas, industriais,
banqueiros, chefes de estado, líderes políticos e cientistas de vários países, buscando melhoria
para o meio ambiente e da "Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano"
em Estocolmo em 1972, a problemática ambiental passou a ser analisada na sua dimensão
planetária. Nesta última conferência, uma das resoluções indicadas no seu relatório final
apontava para a necessidade de se realizarem projetos de educação ambiental. O autor
aborda ainda que após o evento em Estocolmo, ocorreu em 1977, a Unesco realizou em Tbilisi,
URSS, a primeira Conferência Mundial de Educação Ambiental, após a realização de inúmeras
outras a nível regional, nos diferentes continentes. Em 1987, em Moscou, foi realizada a
segunda Conferência Mundial que reafirmou os objetivos da educação ambiental indicados em
Tbilisi”. (CARVALHO et al, 2010, p.10)

Diante o exemplo acima podemos verificar que o referencial teórico é a junção dos
autores que abordam o diretamente ou assunto, ou correlacionam sua abordagem ao assunto
a ser pesquisado. Em assim sendo, o pesquisador deverá fazer um levantamento bastante
minucioso, pois o objetivo é desenvolver a ideias partir de outros estudos. Quando falamos de
referencial teórico, nos deparamos também, com a questão de pesquisas pouco estudas, por
exemplo, quando Freud iniciou seus estudos sobre o inconsciente, certamente inexistia
literatura que falava diretamente dessa temática, porém a partir de estudos neurológicos
cumulados com os outros estudos que o próprio Freud se propôs a fazer, iniciou-se a farta
literatura que temos hoje em dia.

O importante é sempre ter em mente que, não é neste momento, durante nosso
trabalho de conclusão de curso, ou até menos nossa monografia de uma pós graduação lato
sensu, que temos a obrigação de sermos originais, os primeiros a escrever sobre um
determinado tema, porque nosso nível acadêmico ainda está na fase de aprofundamento de
conhecimento, depois, quando nos propusermos a realizar um doutorado, já teremos
condições inclusive de criar conceitos. Por isso o referencial é importante, ele situa o
pesquisador diante o material que trata do assunto, o faz definir os conceitos que
consequentemente se traduz na definição de base teórica.

um autor(...) a função autor é sim característica de modo de existência, de circulação e de


funcionamento de alguns discursos no interior de uma sociedade”.
TC I – Profa. Ma. Débora Chabes 17

Aula 4 - O MÉTODO

Com já dissemos na parte introdutória deste trabalho, temos que o método se faz acompanhar
com a técnica, que é uma espécie baluarte da técnica, por isso, quando tratamos do método,
tratamos dos caminhos a serem trilhados para a busca de resultados, os quais jamais podem
ser obtidos ao acaso.Podemos assim concluir que: “O método nos leva a examinar de uma
maneira mais ordenada as questões do Por que ocorre? Como ocorre? Quando ocorre? e O
que ocorre?” (OLIVEIRA, 2001, P. 59)

Assim é certo que para que se desenvolva o método eficiente, necessário faz o
estabelecimento também do objetivo, pois este é o indício que precisamos para escolhermos
quais tipos de métodos devemos adotar. Neste sentido, temos o filosofo Descartes que foi um
dos maiores estudiosos do assunto, que em sua obra Discurso sobre o Método observou que
este serve para bem conduzir a razão e procurar a verdade nas ciências.

Descartes não foi o único a estudar o método, Francis Bacon, também mostra em sua obra
“Novo Método”, que a demonstração do verdadeiro ou falso só pode ser feita por meio do
experimento, sendo que a partir disto é que se pode registrar metodologicamente a forma
adequada e sistemática das informações que se possa coletar a respeito das causas de um
determinado fenômeno – problema.

Para melhor sedimentarmos que acabamos de dizer sobre os métodos, podemos afirmar que:

“é o conjunto de atividades sistêmicas e racionais, que, como maior segurança e economia,


permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. (MARCANI. LAKATOS, 2010,
P. 65).

TIPOS DE ABORDAGEM DO MÉTODO

Assim quando consideramos o desenvolvimento do método na história da ciência,


encontramos as principais formas de abordagem quanto ao raciocínio lógico. O Quadro a
seguir apresenta e explica as principais características de cada uma delas, segundo Marconi e
Lakatos (2010) e Oliveira (2001).

Método Indutivo

O conhecimento é baseado na experiência ou de outros princípios lógicos,


possibilitando assim enunciados gerais, como exemplo:

O Homem é animal;

O Homem é racional;

Logo o Homem é animal racional. (validade universal).

Método Dedutivo

Contrapõe o método Indutivo, pois transforma os enunciados universais em


particulares, como exemplo:
TC I – Profa. Ma. Débora Chabes 18

Todos os homens são mortais – premissa maior;

Platão é homem – premissa menor;

Logo, Platão é mortal – conclusão.

Método hipotético dedutivo

Dispõe que o homem deve ter conhecimento prévio de teorias existentes


(imprintação) ex. a tartaruga ao nascer corre para o mar sem que ninguém tenha advertindo-a
do perigo se não mergulhar imediatamente na água. Os processos de aprendizagem consistem
na formação de expectativas mediante tentativas e erros.

Método dialético

Método de pesquisa que busca a verdade, consiste na formulação de perguntas e respostas


para trazer à tona todas as incongruências das concepções vulgares ou falsas.

O PROBLEMA CIENTÍFICO

É certo que houveram muitas modificações nos métodos existentes, que ensejaram no
surgimento de outros tipos de métodos os quais indicaremos mais a seguir. Porém, é
importante indicarmos o conceito mais moderno de método, o que nos afasta da dependência
do tipo, (Markoni e Lakatos, 2004) tendo em vista que se o objetivo somente se alcança
através da investigação, existem etapas que devemos cumprir, tais como:

1. Descobrimento do problema; (vide item anterior)

2. Colocação precisa do problema;

3. Procura de conhecimento ou instrumentos relevantes ao problema;

4. Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados.

Diante estas etapas, podemos verificar que toda a pesquisa se inicia através de um problema,
entretanto, conceituar “problema” é tarefa bastante complexa tendo em vista as diferentes
acepções que envolvem este termo. Por isso, podemos dizer que nem todo problema é
passível de tratamento científico, pois primeiramente precisamos cogitar se o problema se
enquadra na categoria de científico. E para que possamos identificá-lo devemos considerar em
primeiro lugar aquilo que não é (Gil, 2002, p. 24).

Para tanto perguntas como “O que pode ser feito para inibir os índices de desemprego?”
“Como fazer para melhorar a saúde pública?” não constituem um problema propriamente
científico (Kelinger in Gil, 2002) pois diante as premissas apresentadas impossibilitariam a
investigação segundos os métodos próprios da ciência, porém os mesmos autores indicam que
tais perguntas são sim problemas de “engenharias”.

Existem outros tipos de problemas indicados pelos estudiosos de métodos, o quais são
denominados problemas de “valor”, ou seja, são aquelas questões que se referem qual a
melhor tecnologia? Qual é a melhor terapia? Também possuem a característica de não serem
problemas propriamente científicos, pois necessitam de analise empírica.
TC I – Profa. Ma. Débora Chabes 19

“Com base nas considerações podemos dizer que um problema é de natureza científica
quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis: “Em que medida a escolaridade
determina a preferênciapolítico-partidária?”...Todos esses problemas envolvem variáveis
suscetíveis de observação ou de manipulação, é perfeitamente possível, por exemplo, verificar
a preferência político-partidária de determinado grupo, bem como seu nível de escolaridade,
para depois determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas entre si”. (GIL, 2002,
p. 24)

Para tanto, em outras palavras, se convertermos os problemas de forma que pudéssemos


analisa-los mediante testes de variáveis, temos os problemas científicos. Notem que este
problema científico envolve variáveis suscetíveis de observação e manipulação, já que é
possivelmente testávele até mesmo comparável.

Diante esta gama de complexidade é que os métodos possuem inúmeras formas de


abordagens diferentes, o que enseja no enquadramento do método mais indicado para a cada
tipo de pesquisa.

Outras formas de abordagens dos métodos de pesquisa(Oliveira, 2002):

Forma de Abordagem Principais Características

Aplicação direta de Método utilizado com mais freqüência por físicos ou economistas.
uma teoria Neste método a teoria matemática ou racional abstrata é considera
totalmente enunciável.

Método de rever Parte por exemplo de uma organização ou máquina montada com o
hipóteses uso de certos princípios, porém ao rever esta hipótese busca
melhorias funcionais, construindo um novo sistema mais eficiente –
um motor a gasolina modificado que passa a trabalhar com o uso de
gás natural.

Método da Renova o sistema já existente, modificando por novos fatos ou novos


renovação métodos sem alterar o objetivo da ação. É o uso de leitura por
biometria ao invés de cartões de ponto perfurados em uma empresa.

Métodos de Se utiliza o conceito de uma determinada área na tentativa de


transferência de transferi-lo a um novo campo. Um exemplo é tirar o conceito de um
conceitos estado transiente de física e tentar usá-lo em problemas de
administração de empresas.

Método de É o uso de um conceito estabelecido em uma determinada área que


transferência por pode ser transferida a outra. No direito, perfaz o uso de uma norma
analogia que regula uma determinada situação, qual pode ser usada em outra
situação diferente na tentativa de saneamento aquela questão. Nota-
se que a transferência se dá em uma mesma área.

Método da É o método dito como a indução da razão, certas limitações são


prolongação impostas para que elas possam ser excedidas. Neste método tem uso
freqüente na matemática.

Método Consiste em isolar um fenômeno, para que assim possa ser analisado.
TC I – Profa. Ma. Débora Chabes 20

fenomenológico Como analisar um filme quadro a quadro, neste caso as ligações são
abandonadas mais podem virem a ser levadas em consideração.

Método Teratológico Exacerba uma determinada hipótese afim de que se encontre um


objetivo razoável dentre o estudado.

Método da dicotomia Classicamente utilizado por matemáticos. Busca defrontas vários


problemas os quais podem ser respondidos com sim ou não. Neste é
método é possível definir como processar ou não certas
características. Um exemplo é a escolha entre vários tipos de
investimentos através de sucessivas dicotomias

Métodos de matrizes Analise fatorial é um forte exemplo para este tipo de método, onde
de descoberta permite um estudo racionalizado do campo das possibilidades,
construindo-se uma matriz onde conseguimos verificar as reações das
características utilizadas. Os problemas de informação em empresas
podem ser sanados através deste método.

Método Morfológico Muito usado em pesquisas espaciais, inovação tecnológica, que


determinam que um grupo de elementos podem fazer parte de uma
concepção morfológica de uma máquina como exemplo mais simples.

Método Usado em pesquisas de processo de vendas e marketing, nestes casos


“brainstorming” a crítica é proibida, elevando-se apenas as sugestões.

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