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Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Tema I - Introdução Preliminar


1 . Origem do termo Metodologia;

Mεtá - Além de / através de

Oδos - Caminho

λoyos – Discurso / Palavra

Definição da Metodologia segundo a origem do termo

- É o Caminho através do qual se constrói um elaborado científico.

Denominação da Cadeira;

Metodologia de Trabalho Científica

Metodologia de Investigação Científica

Conceito de Ciência
1 – Definição :
2 – Tipos

2.1. Formais - Matemática \ Lógica

2.2. Factuais

2.2.1. Sociais – Sociologia \ Economia

2.2.2. Naturais – Biologia

3 – Elementos

3.1 – Funcionalidade

3.2 – Objecto

3.2.1 – Material

3.2.2 – Formal

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 1


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Anotações

1ª – Tendo em conta os termos que compõem a palavra metodologia podemos defini-la:

Metodologia - É o Caminho através do qual se constrói um elaborado científico:

2ª – Aqui assumimos como denominação da Cadeira - Metodologia de Investigação Científica.

3ª – O elemento fundamental na definição da ciência é a verificação (verificabilidade)

4ª – O objecto material é o elemento de estudo (investigação)

5ª – O objecto formal é o elemento específico de estudo (especialização):

Objectivos
Definição:

 Podemos definir os objetivos como meta ou propósito que se deseja alcançar, ou ainda;
 Como resultado que esperamos ao finalizar um trabalho ou uma acção concreta.
Um objectivo serve para formular com a concretização e objectividade dos resultados desejados
para:

 Planear acções,
 Orientar os processos;
 Medir e valorizar os resultados a serem obtidos:

Objectivos do MIC
1. Desenvolver o espirito crítico do estudante para que ele possa ver a realidade tal e qual;
2. Promover hábitos de estudo científico se considerarmos que a pesquisa e a reflexão são
objectivos relevantes da vida Universitária;
3. Desenvolver capacidades de observar, selecionar e organizar;
4. Dotar os estudantes de uma capacidade técnica e experiencia para compreender a limitação
de cada método;
5. Escolher métodos científicos adequados a pesquisa;
6. Analisar os problemas do mundo real e desenvolver formulações e soluções suportadas poe
métodos científicos.

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Importância do MIC
Com intuito de colmatar algumas situações que se fazem sentir nos estudantes, a introdução da
cadeira de Metodologia de Investigação Científica tem importância relevante no plano curricular das
Universidades como podemos ver:

1. É indispensável no processo de produção do conhecimento científico ou noutros termos


ensina a captar os conhecimentos e adquirir compreensão;
2. É uma cadeira que confere os caminhos necessários para auto - aprendizagem em que o
estudante é sujeito do processo, aprendendo investigar e a sistematizar os conhecimentos
obtidos;
3. Adopta um conjunto de procedimentos a serem utilizados na obtenção dos conhecimentos
através de técnicas e métodos que garantam a legitimidade do saber obtido;
4. Ensina os caminhos (normas e técnicas) que devem ser seguidos na investigação científica.

Num outro ângulo da sua importância a Metodologia de Investigação Cientifica ensina a pesquisar
para:

 Resolver problemas;
 Formular teorias;
 Testar as teorias.

Conhecimento Cientifico e Outros Tipos de Conhecimentos

Pelo conhecimento o homem penetra nas diversas áreas da realidade para dela tomar posse. Por
isso se diz que o conhecimento é a construção racional do real.

Conhecimento: é a apreensão da essência das coisas:

Termo conhecer é relação entre o sujeito e o objecto conhecido.

Conhecimento Científico
Características
1. Real (factual) – lida co ocorrências ou factos com toda forma de existência que se manifesta
de algum modo;
2. Contingente - suas preposições ou hipóteses tem a sua veracidade ou falsidade através da
experiência;
3. Sistemática – trata-se de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias
(teorias);
4. Verificabilidade – as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito
das ciências;
5. Falível – em virtude de não ser definitiva, absoluta ou final;

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6. Aproximadamente Exacta - novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem


reformular o acervo de teorias existentes.
Conhecimento Empírico, Popular ou Senso
É um conhecimento que se obtém pela experiência do dia - a – dia. É um conhecimento sem
coerência lógica porque não existe a preocupação de penetração na essência das coisas ou ainda
não se preocupa com sistematização das ideias e não se manifesta de uma forma crítica.

Características
1. Sensitivo – não consegue separar a essência do acidente;
2. Superficial – o homem se contenta com a observação e não procura uma explicação para o
facto;
3. Subjectiva – predomina o eu individual na concepção das coisas;
4. Assistemática – é destituída de método o que dificulta a construção de um modelo de
compreensão preciso e verificável do mundo em que se vive;
5. Impregnada de projecções Psicológicas - esta cheia de ilusões e paixões, resulta de um
sentimento e da disposição adquiridas através das tradições culturais e sociais.

Conhecimento Filosófico
Serve para orientar cada ramo do saber na solução de problemas universais.

A palavra Filosofia foi introduzida por Pitágoras que quer dizer:

Philos – Amigo

Sophia – Sabedoria, saber

Características
1. Valorativo – baseado em hipóteses que são verificáveis por processos por processo idênticos
aos de outas áreas científicas;
2. Sistemática – segue uma sequência lógica e coerente;
3. Racional – baseado num conjunto de postulados (princípios ou factos não demonstrados mas
que se admitem como verdade);
4. Infalível e Exacto – devido ao facto das suas proposições ou hipóteses não poderem ser
submetidos a observação experimental:

Este conhecimento objectiva uma relação lógica entre o pensamento e as coisas, tal como diz Platão
- as ideias não são representação das coisas mas a verdade das coisas;

Por esta razão que a Filosofia se preocupa com a coerência lógica das coisas e não exige
confirmação e experimentação.

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Conhecimento Teológico (Religioso)


O conhecimento Teológico, não resulta do conhecimento vulgar ou tradicional nem da comprovação
e da experimentação (conhecimento Cientifico), nem de especulações intelectuais (conhecimento
filosófico) mas sim de resulta na aceitação de um conjunto de verdades a que os homens chegaram
não com auxílio da inteligência mas mediante revelações Divinas (provenientes de Deus – Ser
Supremo).

É um conhecimento revelado nos Livros Sagrados e aceites racionalmente pelos homens.

É um conhecimento valorativo e sistemático, assente em verdades infalíveis e indiscutíveis e


exactas. As pessoas aderem este tipo de conhecimento por acreditarem que é uma criação de um
Ser Supremo cujas evidências não são postas em dúvida por serem Ultra Verdadeiros e, por esta
razão não são sujeitas a comparação e e experimentação.

Suas evidências não são verificáveis e estão implícitas numa atitude de fé perante O conhecimento
revelado.

Os Teólogos explicam os fenómenos da natureza com base nos ensinamentos dos Livros Sagrados
e os Cientistas mediante a observação e experimentação.

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Tema II – PROCEDIMENTOS DIDÁCTICOS


1 – Ler

É necessário ler muito, continuada e constantemente, pois a maior parte dos conhecimentos é obtida
por intermédio da leitura.

Definição: Conhecer, Interpretar, Decifrar ou distinguir os elementos importantes dos secundários e,


optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los como fonte de novas ideias e do saber,
através dos processos de busca, assimilação, retenção, crítica, comparação, verificação e integração
dos conhecimentos.

2– Importância
a) Obter conhecimentos
b) Alargar horizontes
c) Ampliar o saber
3 – Elementos Identificativos de Uma Obra
1º Título: apresenta-se acompanhado ou não por subtítulo, estabelece o assunto e, às vezes
a intensão do autor;

2º Data da publicação: fornece elementos para certificar-se de sua actualidade e aceitação


(número de edições), excepções feitos para o texto clássico. Onde não é a actualidade que importa.

3º Contracapa: permite verificar as credenciais ou qualificações do autor, é onde se encontra,


geralmente, uma apreciação da obra, assim como indicações do “público” que se destina;

4º Índice ou sumário: apresenta tanto os tópicos abordados na obra quanto as divisões a que o
assunto está sujeito;

5º Introdução / prefácio / Nota do autor: proporciona indícios sobre os objectivos do autor,

6º Bibliografia: tanto final comos as citações de rodapé, permite obter uma ideia das obras
consultadas e as suas características gerais.

4 – Leitura
4.1 – Proveitosa
Uma leitura deve ser proveitosa e trazer resultados satisfatórios. Para tal, alguns aspectos
são fundamentais, como estes:

 Atenção: aplicação cuidadosa e profunda da mente ou do espírito em determinado


objecto, buscando e entendimento, a assimilação e apreensão dos conteúdos básicos
do texto;

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 Intensão: interesse ou propósito de conseguir algum proveito intelectual por meio da


leitura;

 Reflexão: considerações e ponderação sobre o que se lê, observando todos os


ângulos, tentendo descobrir novos pontos de vista, novas perspectivas e ralações;
desse modo, favorece-se a assimilação das idéias do autor, assim como o
esclarecimento e o aperfeiçoamento delas, o que ajuda a aprofundar o conhecimento.

 Espírito Crítico: avaliação do texto. Implica julgamento, comparação e aprovação ou


não, aceitação ou refutação das diferentes colocações e pontos de vistas. Ler com
espirito critico significa fazê-lo com reflexão, não admitindo idéias sem analisar ou
ponderar, proposições sem discutir, nem raciocínio sem examinar, consiste em emitir
juízo de valor, percebendo no texto o bom e o verdadeiro, da mesma forma que o
fraco, o medíocre ou o falso;

 Analise: divisão do tema em partes, determinação das relações existentes entre elas,
seguidas do entendimento de toda sua organização;

 Síntese: reconstituição das partes decompostas pela análise, procedendo-se ao


resumo dos aspectos essenciais, deixando de lado tido o que for secundário e
acessório, sem perder a sequencia logica do pensamento.

4.2 - Objectivos
a) Scamming
 Tópicos
 Sumário ou índice
b) Skimming
 Detalhes
 Títulos
 Subtítulos
 Ilustrações
c) Do significado – visão ampla do conteúdo
d) Estudo Informativo
e) Critica – estudo e formação de pontos de vista dos aspectos mais importantes e relegar
os aspectos menos importantes;

4.3 - Fases
 De conhecimento;
 Exploratória
 Selectiva
 Reflexiva
 Crítica
 Interpretativa
 Explicativa

4.4 - Atitudes sobre o texto


1ª Sublinhar

2ª Resumir

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Anotações:

1ª Dada a pesquisa ser bibliográfica o pesquisador é obrigado a ter contacto com uma extensa
bibliografia;

2ª Só lendo é que se gera ideias;

3ª A data da publicação de uma obra é deveras importante para se aquilatar a actualidade das ideias
do autor;

4ª A contracapa é muito importante já que é nela onde vem o resumo do livro e a biografia do autor.
Esta, a biografia, auxilia a compreensão das ideias ao contextualizar que as defende;

5ª O índice (sumário) é importante para se obter uma visão ampla dos conteúdos da obra;

6ª O acto de sublinhar é muito importante quando se lê. Este o sublinhar, reflecte a intensidade da
leitura e a preocupação em responder dúvidas, a sua personalização e finalmente o modo de encarar
as teorias do autor,

7ª Sublinha-se deste modo:

 Nada na primeira página;


 Só as ideias principais com um traço por baixo;
 As palavras – chave com dois traços por baixo;
 Um parágrafo importante com uma linha perpendicular.

8ª No acto da leitura revela-se muito prático formular as glosas. Estas as glosas são apontamentos à
margem direita do livro passiveis de resumir aspectos críticos, anotações importantes, dúvidas e
termos incompreensíveis. Tudo isto faz-se nas glosas

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TEMA III – OS PROCEDIMENTOS DE UMA PESQUISA


Assunto de Pesquisa:
Indica a área de interesse a ser investigado para a realização de uma pesquisa. Podem vários
estudantes abordarem o mesmo assunto o que não significa que todos tratarão o mesmo tema.
Tema é assunto delimitado.

3.1 – Determinação do Tema de Pesquisa


Tema de Pesquisa:
É o assunto delimitado que se deseja abordar provar ou desenvolver, é uma dificuldade, ainda sem
solução que é necessário determinar com precisão para evidenciar (planear) em seguida, o seu
exame, avaliação crítica e solução. (Asti Vera, 1976:97).

A escola do tema pode ser sugerida pelo professor / orientador ou resultar da opção livre do
estudante.

Segundo Eva Lakatos, escolher um tema de pesquisa significa levar em consideração dois factores
os internos e externos.

1. – Factores Internos:

 Seleccionar um assunto de acordo com as inclinações, as aptidões e as tendências de


quem se propõe a elaborar um trabalho científico;
 Optar por um assunto que se adequa com as qualificações pessoais em termos de
área de formação;
 Encontrar um objecto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições
de ser formulado e delimitado em função da pesquisa.

2. – Factores Externos:
 Disponibilidade de tempo para realizar uma pesquisa completa e aprofundada;
 Assistência de obras pertinente ao assunto em número suficiente para o estudo
global do tema;
 Possibilidade de consultar especialistas da área para uma orientação tanto na escolha
como na análise e interpretação da documentação específica.

3.2 – Delimitação do Tema


Após a escolha do assunto o passo seguinte é a delimitação do tema. O processo de delimitação do
tema só é dado quando se faz a limitação geográfica (espaço) e temporal (tempo) com vista a
realização da pesquisa.

Temas muito amplos tornam difícil e demorada a pesquisa. Quanto mais limitado o tema melhor se
saí o pesquisador.

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Exemplo:

Assunto: O Desemprego.

Tema: Elevado Índice de Desemprego no Município do Buco - Zau no período de 2010 à 2015:

3.3 – Problema de Pesquisa


Enquanto o tema de uma pesquisa é uma proposição até certo ponto abrangente, a formulação do
problema de pesquisa é mais específica: indica exactamente qual a dificuldade que se pretende
resolver.

Formular o problema de consiste em dizer, de maneira explicita, clara, compreensível e operacional,


qual a dificuldade com que nos defrontamos e o que pretendemos resolver.

Kerlinger, considera que o problema se constitui em uma pergunta científica, acompanhado de um


ponto de interrogação

Critérios de uma boa pergunta de partida:

1. As qualidades de Clareza: dizem respeito à precisão e á concisão do modo a formular a


pergunta de partida (formulações breves com os respectivos termos claramente
definidos);

2. As qualidades de exequibilidade: uma boa pergunta de partida deve ser realista,


adequada aos recursos em termos de tempo, dinheiro, meios logísticos, para além das
suas competências para desenvolver o trabalho.

3. As qualidades Pertinentes: a pergunta não deve sugerir julgamento no plano moral.


Deve abordar o real em termos de análise.

Exploração
Depois de formulada a pergunta de partida que constituirá no fio condutor do trabalho de pesquisa, a
preocupação seguinte deverá consistir em conseguir uma certa qualidade de informação a cerca do
objecto de estudo.

A exploração comporta operações de: leitura, entrevistas exploratórias e alguns métodos de


exploração complementares.

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A escolha e organização das leituras

Devem ser realizadas co muito cuidado. O objectivo da leitura é fazer o ponto de situação acerca
dos conhecimentos que interessam a pergunta de partida, rentabilizando ao máximo cada minuto de
leitura.

Princípios e critérios a observar

 1º Critério: começar pela pergunta de partida;


 2º Critério: evitar sobrecarregar o programa, seleccionando as leituras;
 3º Critério: procurar documentos cujos autores não se limitam apresenta dados, mas incluem
também elementos de análise e interpretação;
 4º Critério: ter cuidado de recolher textos que apresentam abordagens diversificadas do
fenómeno estudado;
 5ª Critério: oferecer-se, a intervalos regulares, períodos de tempo consagrados à reflexão
pessoal e às trocas de ponto de vista com colegas ou com pessoas experientes.

Conselhos para encontrar facilmente os textos

 peça conselhos a especialistas conhecedores do campo de pesquisa;


 consulte revistas especializadas;
 consulte nas bibliotecas os repertórios especializados;
 consulte bibliografia final das obras versadas no tema;
 consulte os índices e os sumários. Na ausência consulte as primeiras e as últimas páginas de
cada capítulo;
 consulte listas informatizadas de bibliografias especializadas, catálogos em DC;
 consulte os catálogos das bibliotecas.

As entrevistas exploratórias

Tem a função de revelar determinadas objectos do fenómeno estudado em que o investigador não
teria espontaneamente pensados por si mesmo. Servem para encontrar pistas de reflexão, ideias e
hipóteses de trabalho.

Categorias de pessoas que devem ser interlocutores válidos

 Docentes, investigadores e peritos;


 Informadores qualificados (testemunhas privilegiados);
 O público a que o estudo diz directamente respeito.

Métodos exploratórios

A observação e a análise de documentos são, geralmente, acompanhadas das entrevistas


exploratórias. Trata-se de procedimentos simples que consistem em anotar, sistematicamente, num
diário de campo todos os fenómenos e acontecimentos observados.

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3.4 – As Hipóteses
As hipóteses são indispensáveis à observação ou experimentação. Constituem proposições que
prevêem uma relação entre dois conceitos ou fenómenos. Uma hipótese e uma expressão verbal ou
escrita suscetível de ser declarado verdadeira ou falsa.

Assim a hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do problema.

A hipótese básica é a resposta provisória principal ou possível solução do problema da pesquisa


antes da constatação dos factos, podendo ser complementada por outras denominadas secundárias.
As hipóteses secundárias englobam aspectos, detalhes não especificados na geral (básica). É uma
decomposição em pormenores da afirmação geral. Para se considerar uma “hipótese aplicável” deve
possuir as seguintes características:

a) deve ter conceitos claros;


b) deve ser específica;
c) não deve basear em valores morais;
d) deve ter como base uma teoria que a sustenta.

3.5 – As Variáveis
O termo variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos,
segundo os casos particulares ou as circunstâncias.

Ex: idade abrange diversos valores, classe social é uma variável que não assume valores numéricos,
mas pode abranger categorias como alta, média e baixa.

Toda hipótese é um enunciado de relação entre, pelo menos, duas variáveis. Na indicação das
variáveis deve-se especificar se são independentes ou dependentes.

Variável Independente: é aquela que influência, determina ou afecta a outra.

Variável Dependente: é aquela que será explicada, em função de ser influenciada, afectada pela
variável independente.

Obs: numa explicação científica a variável independente é o que explica situação e a variável
dependente é o que é explicado.

Relações entre as variáveis:

 Simétrica: em que nenhuma das variáveis exerce influência sobre a outra;

 Recíproca: cada uma das variáveis é altamente causa efeito;

 Assimétrica: onde uma variável (independente) exerce efeito sobre a outra (dependente).

A relação assimétrica é o cerne da análise das Ciências Sociais. Deve-se buscar uma relação uma
relação causal entre as variáveis independente e dependente.

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3.6 – Os Objectivos
Os objectivos visam comunicar o que é pretendido com pesquisa, que metas almejamos alcançar ao
término da investigação.

Podemos distinguir dois tipos de objectivos em um trabalho científico: Objectivos Gerais e


Específicos.

 Objectivos Gerais – são aqueles mais amplos. São as metas de longo alcance, as
contribuições que se deseja oferecer com a execução da pesquisa.

 Objectivos Específicos – definem aspectos determinados que se pretende estudar e que


contribuem para alcançar o objectivo geral.

Obs: sugere-se a utilização de verbo no infinitivo para a descrição dos objectivos como:

Objectivos Gerais: analisar, explicar, saber, entender, identificar, descrever, aprender, julgar,
compreender, conhecer, etc.

Objectivos Específicos: numerar, investigar, relacionar, traduzir, lista, explicar, distinguir, aplicar,
seleccionar, classificar, etc.

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TEMA IV – TIPOS DE PESQUISAS


Pesquisar: procurar respostas para indagações propostas.

Pesquisa Científica: é a realização concreta de uma investigação planificada, desenvolvida e


redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência;

Ou

É uma actividade voltada para a solução dos problemas através do emprego de processos
científicos:

Finalidade da Pesquisa
 Satisfação do desejo de adquirir conhecimento sem que haja uma aplicação prática prevista
(Pesquisa básica ou pura).
 Objectiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação
prática em que envolve verdades e interesses universais.

 Os conhecimentos adquiridos são utilizados para aplicação prática voltada para a solução dos
problemas da vida (Pesquisa aplicada).
 Objectiva adquirir conhecimentos para aplicação prática dirigida a resolução dos
problemas práticos.

Os Tipos de Pesquisas Classificam-se segundo:

I – Área Das Ciências


 Pesquisa Teórica: dedicada a construir novas ideias com objectivo de aprimorar os
fundamentos teóricos;

 Pesquisa Metodológica: refere-se ao tipo de pesquisa voltada para a inquirição de métodos


e procedimentos adaptados como científicos:

 Pesquisa Empírica: é a recolha de dados a partir de fontes directas (pessoas) que


conhecem, vivenciaram o facto ou situação para que tenha um cunho científico e é preciso
conciliar com a pesquisa prática;

 Pesquisa Prática ou Pesquisa Acção: trata-se de uma pesquisa ligada a aplicação,


execução ou seja prática histórica em termos de conhecimentos para fins explícitos ou
intervenções:

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II – Quanto a Natureza
 Trabalho Cientifico Original: pesquisa realizada pela primeira vez e que contribui para a
evolução do conhecimento da ciência. Depois de feita a pesquisa bibliográfica, o pesquisador
deverá incluir no seu trabalho ideias (teorias) suas com relação ao fenómeno a ser
investigado sem antes se apoiar em nenhum outro Autor que abordou o mesmo assunto.
“Exigido para Tese de Doutoramento”.

 Resumo de Assunto: Dispensa a originalidade sem contudo abrir mão ao rigor científico.
“Trabalho de Monografia”.

III – Quanto aos Objectivos


 Pesquisa Exploratória: é realizada durante o 1º estágio (etapa) do processo de pesquisa
com o intuito de buscar e descobrir ideias e intuições (percepções e conhecimentos) afim de:

 Proporcionar maior familiaridade com o problema;


 Levantamento bibliográfico ou entrevistas;
 Pesquisa bibliográfica ou estudo de caso.

 Pesquisa Descritiva: factos observados, registados, analisados, classificados e interpretados


sem intervenção do pesquisador ou uso de técnicas padronizadas para a colecta de dados
(questionário e observação)

 Pesquisa Explicativa: geralmente mais realizada no laboratório do que no campo. Tem


como objectivos:

 Identificar factos determinantes para a ocorrência do fenómeno;


 A nível das ciências natureza (método experimental) a nível das ciências sociais
(método observacional)

IV – Quanto aos Procedimentos

 Pesquisa do Campo: é a observação e colecta de dados (informações) directa no local da


ocorrência dos factos tal como ocorreram. Não permite isolar e controlar as variáveis mas
proceder e estudar as relações estabelecidas.

 Pesquisa de Fonte de Papel: pesquisa documental ou bibliográfica.

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V – Quanto ao Objecto

 Pesquisa Bibliográfica ou Fonte Secundaria: é o estudo sistemático desenvolvido com


base matérias publicadas em livros, revistas, redes eletrónicas, etc, com abordagem sobre o
mesmo assunto. Abrangem toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema em
estudo, desde boletins, jornais, revistas, livros, monografias, teses, material cartográfico, até
meios de comunicação orais: rádios, gravações em fitas magnéticas e audiovisuais (filmes e
televisão). Sua finalidade é colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que foi dito,
escrito ou filmado sobre determinado assunto.

 Pesquisa de Laboratório: o pesquisador procura refazer as condições de um fenómeno a


ser estudado para observá-lo sob controle ( pesquisa experimental em laboratório).

 Pesquisa de Campo:

VI – Quanto a Forma de Abordagem

 Pesquisa Quantitativa: traduz em números as informações e opiniões para serem


classificadas e analisadas utilizando técnicas estatísticas.

 Pesquisa Qualitativa:

 É descritiva;
 Os dados obtidos são analisados indutivamente;
 A interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicos no processo
de pesquisa qualitativa:

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TEMA V – MÉTODOS CIENTÍFICOS E ESPECÍFICOS DAS


CIÊNCIAS SOCIAIS

Método: É o conjunto das actividades sistemáticas (planejadas) e racionais que, com segurança e
economia, permitem alcançar o objectivo - conhecimento válido e verdadeiro – traçando o caminho a
ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Método Científico: É o conjunto de normas básicas que devem ser seguidas para a produção de
conhecimentos que tem o rigor da ciência.

5.1 - Métodos Científicos


Os Métodos Científicos Classificam-se em :

1. Método Indutivo

2. Método Dedutivo

1 – Método Indutivo: É o processo mental que, partindo de dados particulares,


suficientemente constatadas, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas
partes examinadas.

Exemplo:

 O corvo 1 é negro;

 O corvo 2 é negro;

 O corvo 3 é negro;

 O corvo 4 é negro;

Logo todo o corvo é negro

Etapas ou fases para realização do Método Indutivo

a) Observação dos Fenómenos: nesta etapa observamos os factos ou fenómenos e os


analisamos, com a finalidade de descobrir as causas da sua manifestação;

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b) Descoberta da Relação entre Elas: na segunda etapa procuramos por intermédio da


comparação aproximar os factos ou fenómenos, coma finalidade de descobrir a
relação existente entre elas;

c) Generalização das Relações: nesta última etapa generalizamos a relação encontrada


na precedente, entre os fenómenos ou factos semelhantes, muito dos quais ainda
observados e muitos inclusive inobserváveis.

Exemplo: observo que o Pedro, João, e José são mortais, verifico que a relação entre ser
homem é o ser mortal, generalizo dizendo que todos os homens são mortais

 Pedro, José e João, … são mortais;

 Ora Pedro; José e João … são homens

Logo, todos os homens são mortais.

Ou

 O homem Pedro é mortal;

 O homem José é mortal;

 O homem João é Mortal

Logo, todo o homem é mortal.

2 – Método Dedutiva: Considera que a conclusão está implícita nas premissas. Por
conseguinte, supõe que a conclusão segue necessariamente as premissas. Sé o raciocínio
dedutivo for valido e as premissas forem verdadeiras, a conclusão não pode ser mais nada
senão verdadeira.

O método dedutivo infere aos factos baseando-se na lei geral ( ao contrário do indutivo, no
qual se formulam leis a partir de factos observados).

Este Método pode dividir-se em:

Método Dedutivo Directo: quando se obtém um juízo / uma opinião relativamente a uma
única premissa, sem intermediários;

Método Dedutivo Indirecto: quando a premissa maior contém a preposição universal e a


premissa menor contem a preposição particular, a conclusão resulta da comparação de
ambas.

Dois Exemplos que servem para ilustrar a diferença entre argumento dedutivo e indutivo.

Dedutivo Indutivo

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Todos os mamíferos tem um coração Todos os cães observados tinham um coração

Ora, todos os cães são mamíferos Logo, todos os cães têm um coração

Logo, todos os cães têm um coração

Segundo Salmon (1978:30 -1), as duas características que distinguem os argumentos


dedutivos dos indutivos são:

Dedutivo Indutivo

I. Se as premissas são I. Se todas as premissas são


verdadeiras, verdadeiras, a conclusão é
provavelmente verdadeira mas não
a conclusão deve ser verdadeira necessariamente;

II. Todas as informações ou II. A conclusão encerra informações que


conteúdos factual da conclusão nem implicitamente nas premissas.
já estava, pelo menos
implicitamente, nas premissas.

Em todo caso, os investigadores que seguem o método dedutivo começam com o


planeamento do conjunto de axiomas de partida (onde as suposições devem incorporar
unicamente as características mais importantes dos fenómenos, com coerência entre os
postulados) e continua com o processo de dedução lógica (partindo sempre dos postulados
iniciais). Como tal, podem designar-se leis de carácter geral aquelas a que se chegam
partindo do conjunto axiomático e através do processo de dedução.

5. 2 - Métodos Específicos das Ciências Sociais


5.2.1 - Método Hipotético – Dedutivo

Para Karl Popper, o método cientifico parte de um problema (P1), ao qual se oferecesse
uma espécie de solução provisória, uma teoria – tentativa (TT), passando-se depois criticar a
solução, com a eliminação do erro (EE) e, tal como no caso da dialéctica, esse processo se
renova a si mesmo, dando o surgimento de um novo problema (P2). Posteriormente, o autor
“condensou o exposto no seguinte esquema”.

P1----------------------- TT ------------------- EE ------------------------- P2

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 19


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Pode-se resumir este esquema, dizendo que a ciência começa com um problema e termina
com problema. Já tinha sido escrito em outro lugar que tem tentado desenvolver a tese de
que o método científico consiste na escolha de um problema interessante e na crítica de
nossas permanentes tentativas experimentais e provisórias de solucioná-las.

Etapas do Método Hipotético – Dedutivo

Expectativas ou
conhecimento Problemas Conjecturas Falseamento
Prévio

Portanto Popper defende estes momentos no processo investigativo:

1. Problema: que surge, em geral, de conflitos ante expectativas e teorias existentes;


2. Soluções Propostos: consistindo numa conjectura (teoria nova) dedução de
consequência na forma de proposição passível de teste;
3. Teste de Falseamento: tentativa de refutação, entre outros meios pela observação e
experimentação.

Se a hipótese não supera os teste, estará falseada , refutada e exige numa nova
reformulação do problema e da hipótese , que, se superar os testes rigorosos e estará
corroborando, confirmando provisoriamente, não definitivamente com querem os industrias.

 Problema: toda investigação nasce de algum teórico / prático sentido. Este dirá que é
relevante ou irrelevante observar, os dados que devem ser relacionados.
 Conjecturas: a conjectura é lançada para explicar ou prever aquilo que despertou
nossa curiosidade intelectual ou dificuldade teórico \ prático no oceano dos factos.
 Tentativa de falseamento: realizam-se os testes que consistem em tentativa de
falseamento de eliminação de erro um dos meios de teste que não é a única e a
observação experimental. Consiste em tornar falsear (tornar falsa) as consequências
deduzidas ou derivadas de hipóteses mediante o modus tollens.

Modus tollens
Na lógica proposicional, o modus tollens é uma forma de argumento válida e uma regra de
inferência. O primeiro a declarar explicitamente o argumento do modo modus tollens foram
os estóicos. A regra de inferência modus tollens, também conhecida como lei de
contraposição, valida a inferência de implica e contraditória de, a contraditória de. A regra de

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 20


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

modus tollens pode ser declarada formalmente como: onde significa "P implica Q", significa
"não é o caso de Q". Então, sempre que "" e "" aparecem por si mesmos como uma linha de
uma prova, "" pode ser validamente colocado em uma linha subsequente. A história do
modus tollens da regra de inferência remonta à antiguidade. Modus tollens está intimamente
relacionado ao modus ponens. Existem duas formas de argumento semelhantes, mas
inválidas: afirmando o consequente e negando o antecedente.

5.2.2 - Método Dialéctico


Diferentes autores que interpelam a dialéctica materialista não estão de acordo quanto ao
número de leis fundamentais do método dialéctico. Alguns apontam três e outros quatro.
Quanto à denominação e a ordem de apresentação estas também variam.

Numa tentativa de unificação, diríamos que as quatro leis fundamentais são:

a) Acção recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”;


b) Mudança dialéctica, negação da negação ou “tudo se transforma”;
c) Passagem da quantidade à qualidade ou “mudança qualitativa”;
d) Interpretação dos contrários, contradição ou “luta dos contrários”.

I – Acção recíproca:
A dialéctica é a grande ideia fundamental segundo a qual o mundo não deve ser
considerado como um conjunto de coisas acabadas, mas como um complexo processo em
que as coisas, na aparência estáveis, do mesmo modo que seus reflexos intelectuais no
nosso cérebro, as ideias, passam por uma mudança ininterrupta em que apesar de todos de
todos os insucessos aparentes e retrocessos momentâneos, um desenvolvimento
progressivo acaba por fazer hoje.

Para a dialéctica as coisas não são analisamos na qualidade de objectos fixos, mas em
movimento. Nenhuma coisa está acabada encontrando-se sempre em vias de se
transformar, desenvolver e o fim de um processo é sempre o começo de outro.

Por outro lado, as coisas não existem isolados, destacadas umas das outras, mas como um
todo unido e coerente. Tanto a natureza como a sociedade são compostas de objectos e
fenómenos organicamente ligados entre si, dependendo uns dos outros e, ao mesmo tempo
condicionando –se reciprocamente.

II – Mudança dialéctica
Se todos as ideias se movem, se transformam, se desenvolvem, significa que constitui um
processo, e toda a extinção das coisas é relativa, limitado, mas o seu movimento,
transformação ou desenvolvimento absoluto. Porém, ao unificar-se, o movimento absoluto
coincide com o repouso absoluto.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 21


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Todo movimento, transformação ou desenvolvimento opera-se por meio das contradições ou


mediante a negação de uma coisa, essa negação se refere à transformação das coisas, Dito
de outra forma, a negação de uma coisa é ponto de transformação das coisas em seu
contrário. Ora a negação, por sua vez é negado. Por isso se diz que a negação dialéctica é a
negação da negação.

Quando se nega algo em dialéctica diz-se não. Esta é a primeira negação. Mas se se repete
a negação, isto significa sim. Segunda negação. O resultado é algo é algo positivo.

Uma dupla negação em dialéctica não significa o restabelecimento da afirmação primitiva


que conduziria de volta ao ponto de partida mas resulta numa nova coisa.

III – Passagem da quantidade para qualidade


A mudança das coisas não pode ser indefinidamente quantitativa, transformando-se em
determinado momento em mudanças qualitativas ou seja a quantidade se transforma em
qualidade.

Denomina-se mudança quantitativa o simples aumento ou diminuição de quantidade. Por


sua vez, a mudança qualitativa seria a passagem de uma qualidade ou de um estado para
outro. O importante é lembrar que a mudança qualitativa não é obra de acaso, pois decorre
necessariamente da mudança quantitativa.

Em oposição a metafísica, a dialéctica considera o processo de desenvolvimento, não como


um simples processo de crescimento em que as mudanças quantitativas não chegam a se
tornar em mudanças qualitativas, mas como um desenvolvimento que passa, das mudanças
quantitativas insignificantes e lactentes, para mudança aparente e radicais as mudanças
qualitativas. Por sua vez as mudanças qualitativas não são graduais, mas rápidas, súbitas e
se operam por saltos de um estado de um estado par outro.

IV – Interpretação dos Contrários


A dialéctica parte do ponto de vista que os objectos e os fenómenos da natureza supõem
contradições internas, porque todos têm um lado negativo e um lado positivo, um passado e
um futuro, todos tem elementos que desaparecem e elementos que se desenvolvem, a luta
desses contrários, a luta entre o velho e o novo, entre o que morre e o que nasce, entre o
perece e o evolui, é o conteúdo interno do processo interno do processo de
desenvolvimento, da conversão das mudanças quantitativas para qualitativas.

Estudando-se a contradição, como princípio do desenvolvimento é possível destacar suas


principais características:

 a contradição interna: toda realidade é movimento e não há movimento que não


seja consequência de uma luta de contrários de sua contradição interna. As
contradições internas é que geram movimentos e o desenvolvimento das coisas;

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 22


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

 a contradição é inovadora: não basta constatar o carácter interno da contradição. É


necessário ainda, frisar que essa contradição e a luta entre o velho e o novo, o que
morre e o que nasce, entre o que perece e o que se desenvolve;
 unidade dos contrários: a contradição encerra dois termos que se opõem, para
isso, é preciso que seja uma unidade a unidade dos contrários; Exemplo dia e noite.

TEMA VI – ESTRUTURA DO TRABALHO ACADÉMICO


Parte Externa
a) Capa (obrigatório)

b) Lombada (opcional)

Parte Interna
1 - Elementos Pré - Textuais
a) Folha / página de rosto (obrigatório)

b) Dedicatória (opcional)

c) Agradecimentos (obrigatório)

d) Resumo (obrigatório)

e) Sinopse (obrigatório)

f) Lista de Ilustrações (opcional)

g) Lista de Tabelas (opcional)

h) Lista de abreviaturas e siglas (opcional)

i) Sumário (obrigatório)

j) Prefácio (opcional)

2 – Elementos Textuais
a) Introdução

a-1) Tema e Problema de pesquisa (obrigatório)

a-2) Hipóteses (obrigatório)

a-3) Variáveis (opcional)

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 23


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

a-4) Objectivos: gerais e específicos (obrigatório)

a-5) Justificativa (obrigatório)

b) Desenvolvimento / Referencia teórica / fundamentação teórica (obrigatório)

c) Conclusão ou Cnclusões e Sugestões (obrigatória)

3 – Elementos Pós - Textuais


a) Referências bibliográficas (obrigatória)

b) Glossário (opcional)

c) Apêndice (opcional)

d) Anexos (opcional)

e) Capa final (obrigatório)

OBS: O trabalho académico comporta três capítulos fundamentais, nomeadamente:

CAPÍTULO I – Fundamentação Teórica;

CAPÍTULO II – Procedimentos Metodológicos;

CAPÍTULO III – Apresentação, Análise e Interpretação dos Resultados.

A Capa – é utilizada como protecção ao trabalho. Deve trazer elementos essenciais para a
identificação do trabalho: dados da instituição, título do trabalho incluindo subtítulo (quando
houver), local e ano.

Folha do Rosto – é a primeira página escrita da monografia. Na folha de rosto devem


aparecer elementos indicadores do documento e mais informações do trabalho, natureza e
objectivos.

Dedicatória – é opcional, o autor presta homenagem ou dedica o seu trabalho.

Agradecimento – destina-se a instituição e ou pessoas que possam ter contribuído directa


ou indirectamente param a realização do trabalho. Os agradecimentos são de costume
dirigidos aos maridos, às esposas, aos filhos, aos pais, aos parentes e amigos mais
próximos. Os agradecimentos também são direccionados ao professor que orientou o seu
trabalho e ou à alguma instituição que possa ter contribuído para a realização de seu
trabalho.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 24


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Resumo – é apenas um trecho do trabalho. Deve apresentar a essência do trabalho


científico. Ele deve ser elaborado em linguagem simples, ser objectivo, directo e isento de
valores pessoais. Quanto ao tamanho o máximo recomendado oscila entre 200 à 500
palavras. O texto deve ser apresentado em parágrafo único.

Sinopse – é o resumo do seu trabalho traduzido para outra língua diferente do português.
Em inglês abstrat, em francês résumé, em espanhol síntese, é uma apresentação concisa
e selectiva do texto. Em geral, é redigida no final, após o termino do trabalho, pelo próprio é
o resumo do seu trabalho traduzido para outra língua diferente do português.

Sumário – é a última parte pré-textual. Nela se indica as páginas que iniciam um trabalho,
facilitando a localização do início de cada capítulo do seu trabalho.

Prefácio – é dispensável nos trabalhos académicos para obtenção do grau académico.


Contém considerações preliminares sobre o trabalho. O prefácio é como uma apresentação
ao público leitor , e pode ser escrito pelo autor ou por alguém convidado onde fala do autor e
do trabalho.

A Introdução – é mais longa e é a porta de entrada para o entendimento do trabalho. Deve


ser elaborado no final do trabalho quando já se tem os resultados e assim pode direccionar
para as conclusões. Devem constar as delimitações do assunto tratado, os antecedentes do
problema, os objectivos e as contribuições da investigação.

O Desenvolvimento – é a parte principal e mais extensa do trabalho e expõem de uma


forma orgânica e progressiva os dados recolhidos. As várias divisões em partes, os capítulos
e subcapítulos estruturam-se, no corpo do trabalho, de acordo com as necessidades do
raciocínio e da redacção. Poderá conter entre outras partes:

 a exposição fundamentada do objecto do trabalho;

 a explicação da perspectiva teórica utilizada;

 a descrição da metodologia de pesquisa;

 a apresentação dos resultados recolhidos;

 a exposição do processo de tratamento de dados e da reflexão que fundamente as


conclusões.

A Conclusão – é a parte final do texto, na qual apresentam conclusões correspondentes


aos objectivos ou hipóteses. É a síntese da argumentação e apresenta encadeamento com
as partes anteriores do texto. É formulada a partir dos resultados apresentados. Sugestões
praticam para as outras pesquisas que poderão completar o estudo devem ser apresentados
como recomendações. Deve ser nítida, clara e relativamente breve, sem repetir as
conclusões parcelas apresentadas ao longo do trabalho, nem acrescentar perspectivas
novas, encontradas depois da reacção.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 25


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Glossário – lista em ordem alfabética de palavras de uso muito restrito, de sentido técnico
específico, acompanhadas de uma descrição compreensível.

Apêndice – consiste em elementos apostos com finalidade de completar a sua


argumentação. São identificados por letras maiúsculas consecutivas.

Anexos – são documentos ou informações suplementares colocados para exemplificação


do texto cuja a presença é essencial para consulta. Podem conter leis ou pareceres para
apoio a outros documentos importantes.

Bibliografia – é o conjunto de elementos que possam ter subsidiado directa ou


indirectamente a elaboração do trabalho académico. Todo o material citado no trabalho deve
constar nas referências bibliográficas.

Capa final – não comporta nenhum elemento.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 26


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

TEMA VII – CITAÇÕES

É o acto de dizer ou escrever palavras ou ideias de um outro autor, como também significa
fazer referência de uma pessoa ou algo.

As ideias de outros, quando citadas, devem vir entre aspas. Quando breves, podem ser
inseridas no próprio texto. Quando longas, devem ser destacadas mediante afastamento da
margem.

As citações podem ser quanto a elaboração, formais ou conceptuais:

Formais: quando se transcrevem fielmente as palavras de outrem. As palavras omitidas


deverão ser substituídas por três pontos entre parênteses (…).

Tratando-se de citações ou transcrições formais, sempre que o autor ou compilador


pretenda acrescentar palavras ou frases julgadas úteis a uma melhor compreensão do texto,
deve rodá-la de parêntesis rectos.

Ex: « A seu conselho, iniciou-se a hospitalização e o isolamento de grande numero de


doentes, com vista (…) tranquilizar [tanto] quanto os espíritos»

Conceptuais: Quando se reproduzem ideias de outrem por palavras próprias.

Quando e como se cita: regras

As citações são praticamente de dois tipos:

 cita-se um texto sobre o qual depois nos debruçamos interpretativamente;

 cita-se um texto para apoio da nossa interpretação;

Regras

 Os textos objectos de análise de interpretativa são citados com uma extensão


razoável;

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 27


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

 Os textos de literatura crítica só são citados quando, com a sua autoridade


corroboram ou confirmam uma afirmação nossa.

 A citação pressupõe que se partilha a ideia do autor;

 De todas citações, devem ser claramente reconhecíveis o autor a fonte impresso ou


manuscrito;

 Quando se estuda um autor estrangeiro, as citações devem ser na língua original.

 As citações devem ser fieis. Não se deve eliminar partes sem que isto seja assinalado
mediante a inserção de reticências para a parte omitida;

 Não citar um autor sem dizer em que livro em que programas podemos testemunhar.

Citações dos Autores

As citações são feitas para que o texto seja de facto considerado científico, comprovando o
fundamento do tema e servem como sustentação para se elaborar novas ideias, discussões
ou até teorias. (cajueiro 2012)

As citações podem aparecer no texto e em notas de rodapé.

Citação – é a menção em uma obra de informação colhida de outra fonte para esclarecer,
comentar, ou dar como prova uma autoridade no assunto.

Tipos de Citações

a) Directa: quando são transportadas no texto tal como se apresentam na fonte.

b) Indirectas: mantêm o conteúdo do texto original. Mas são escritas com outras
palavras. São parafraseadas ( «transcrição livre do texto do autor consultados»). Ela
só se justifica quando o pensamento expresso é significativo, claro e necessário a
exposição.

c) Citação de Citação: é a transcrição directa ou indirecta de um texto em que não se


teve acesso ao original.

Plágio

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 28


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Medeiros (2006) afirma que a transição literal sem a colocação de aspas ( ou outro tipo de
destaque, como recuo, itálico, negrito, espaço interlinear, corpo diferente do usado no texto)
e indicação da fonte constitui-se em fraude ou plágio.

As notas de rodapé
Para que servem as notas

 As notas servem para indicar a fonte de uma citação;

 Servem para acrescenta a um assunto discutido no texto outras indicações


bibliográficas de reforço (sobre este assunto ver ainda o livro tal);

 Definir conceito e termos utilizados;

 As notas servem para introduzir uma citação de reforço que no texto viria perturbar a
leitura;

 Inserir considerações complementares,

 Apresentar considerações complementares;

 Apresentar passagem completa de onde se retirou a citação;

 Fornecer a tradução de uma citação que era essencial apresentar em estrangeira.

As abreviaturas

Nas citações, mais raramente no texto, recorre-se a abreviaturas (consideradas


indispensáveis) para evitar a repetição de palavras frequentemente utilizadas. As mais
usadas são:

AA. VV,VV: autores vários;

Ex: AAVV, Ciências de Educação

Ap. (apud.): Segundo, citado por, junto de:

Ex: Pedro Hispano, apud Luís de Pina, op. Cit. p 35

Cfr., cfr: Confira, ver também,

Ex: Luís Pina. op. cit., p 36; Cfr Anexo IV;

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 29


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Et al. (Et allii): usa-se quando há dois ou mais autores e apenas citamos o primeiro. Há que
usa esta abreviatura depois de citados os 3 primeiros autores. Em todo caso qualquer
critério está correcto.

Ex: Agostinho, Buna et al., 1976: 14.

Ibd., Ibid., (ibidem): no mesmo lugar, indica que a informação incorpurada no texto (seja
formal ou conceitual) foi extraída da mesma obra e da mesma pagina na nota imediatamente
anterior:

Ex: Luís Pina. op. cit., p 44; Ibid

Idem; do mesmo autor

Ex: Idem, p.7

id., ibid. p. 7

Id. Ibid: estas abreviaturas reunidas significam o mesmo autor, a mesma obra e a mesma
página.

Id (Idem) do mesmo autor já citado

EX: Redento Maia, Introdução a Economia, p. 1, idem, p. 7 (significa o mesmo autor e a


mesma obra referida imediatamente acima. Apenas o nº da página é diferente.

In: (Dentro) usa-se para referenciar capítulos, artigos, trabalhos publicados em dicionários,
enciclopédias, actas de congressos e colectâneas, em suma, publicações não periódicas.

Ex: Marques, A. H. de Oliveira «Demografia da Idade Média» In: Joel Serrão, dir., Dicionário
de História de Portugal, Porto, Livraria Figueirinhas, 1985, vlo.II, pp. 281.82.

Op. cit ( opere citato) citação extraída do mesmo lugar ou mesma obra anteriormente
citados, ainda que mediada por citações de outros obras e autores.

P., p.: página

Pp., pp. Páginas

Pp… segs., pp…segs.: página nº e seguintes

S/a., s.a.: sem autor ( autor desconhecido)

S/d., s.d.: sem data

S/n., s. e.: sine nomine: sem editora

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 30


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

S/l., s.l., sem local

S.n.t: sem notas tipográficas, ou seja, quando o local, editora e data não constam na
publicação.

Sic: sic.: assim mesmo; tal e qual.

Ex. Chegou-se a conclusão de que o garimpeiro é antes de tudo, um homem desolado (sic)
para cidade.

Supra: linha ou linhas, página ou páginas atrás ou acima.

Infra: ver abaixo, linha ou linhas, página ou páginas adiante.

Passim., Pass: a cada passo, aqui e ali, em várias passagens. Substitui a referência à
página quando a citação não é formal e apenas conceptual. Coloca-se a seguir ao título da
obra /e ou capitulo, citados como referência.

Ex. Martin Buber, Eu e Tu, passim.

As referências no corpo do texto

As citações bibliográficas quando utilizadas ao longo do texto processam-se no sistema de


autor – data, inserido no texto, entre parênteses, geralmente, no fim da passagem citada, o
sobrenome do autor, o ano e a página. Todas as outras indicações vão ser encontradas nas
referências colocadas no final de trabalho.

1. Autor;

2. Ano da publicação;

3. Dois pontos;

4. Página

Ex: António Sérgio, 1977:25

Regras para a Citação Bibliográfica

Há inúmeras maneiras de se fazer as citações bibliográficas. Nos porem adoptaremos os


seguintes modelos:

I – Livros:

1. Nome invertido, a começar pelo apelido, isto é, o apelido com letras maiúsculas;

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 31


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

2. O titulo da obra; este deve ser sublinhado ou italizado;

3. As edições (as vezes que o livro foi editado) e o termo edição se abrevia desta forma
(ed.);

4. Editora;

5. A Coletânea;

6. Local da edição;

7. Ano da edição

8. As páginas onde foi buscar o conteúdo. ( se for uma página p. e se forem várias pp.)

Nota Bem: todos estes elementos devem ser separados por virgulas.

Coletânea: são os vários sectores de uma livraria dependendo do conteúdo a publicar:

Ex: TCHINKOKOLO, Manuel, Os Caminhos da Liberdade, 5ª ed, Livraria Bertrand, Col.


Reflectir, Roma, 1960, p. (50) ou pp. (50 – 56)

II – Livros Traduzidos

1. Tudo como nos livros;

2. Depois do título coloca-se o nome do tradutor deste modo: título da obra, trad.
(tradutor) depois o nome do tradutor;

Ex: YURGEN, Emanuel, Os Conflitos no Mundo Moderno, trad. Fernando Tadeu, 10ª ed,
Lello Editora, col. Percurso, Porto, 1940, pp (32-33).

III – Livros com Vários Autores

1. Tudo como nos livros;

2. Temos três modalidades para enuviar os autores:

2.1 Coloca-se os nomes de todos os autores:

Ex: BATILA, António – NGUMA, Justino – ISSUNGO, Teresa, A Orientação da


Mente ….

2.2 Colocar o nome do 1º autor e seguida da expressão latina et alli ( e outros)

Ex: BATILA, António et alli, A Orientação da Mente ….

2.3 Coloca-se AA.VV., ( vários autores)

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 32


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Ex: AA.VV., A Orientação da Mente ….E

Nota Bem:

 A primeira fórmula coloca-se logo no inicio do trabalho;

 A segunda fórmula pode ser utilizada ao longo de todo trabalho;

 A terceira fórmula é mais indicado no fim do trabalho.

IV – Revistas e Jornais

1. Nome e título como nos livros;

2. Depois do título segue a preposição latina in ligado ao nome da revista ou jornal;

3. O nome da revista;

4. Os anos em que a revista ou jornal foram publicados em numeração romana;

5. O ano e o número da revista ou jornal;

6. O lugar da publicação;

7. As página de localização

Ex: SEBASTIÃO, António, As Máquinas Ecológicas, in Gazeta, nº 51, Ano IV, 2014, Luanda,
pp. 30-31

V – Enciclopédia

1. Nome e título como nos livros;

2. Segue-se a expressão In mais o nome da enciclopédia;

3. O volume da enciclopédia;

4. A casa editora;

5. O lugar da edição;

6. O ano da edição;

7. As páginas de localização:

Ex: SANTOS, Firmino, Os Índices de Pobreza no Terceiro Mundo, in Enciclopédias


Brasileiras, V vol, Publicações Seleccionadas, Rio de Janeiro, 1969, pp 10-11.

VI – Sebenta

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 33


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

1. O nome e o título como nos livros;

2. Segue a expressão latina: Ad Usum Privatum entre virgulas em negrito;

3. O nome da Instituição;

4. O local onde se encontra a Instituição;

5. O Ano em que foi coligida;

6. As páginas de localização;

EX: MANANGA, Alfredo, A Contabilidade Como Elemento da Vitalidade de Uma


Empresa, Ad usum Privatum, Instituto Superior Politécnico de Cabinda, Cabinda, 2018,
p.10.

VII . Internet

1. O nome e o título como nos livros;

2. Segue-se a expressão latina in mais o nome do site;

3. O ano;

4. Actualizado em (data da actualização);

5. Acesso em ( data em que acedeu)

6. Disponível em : coloca-se todos os elementos identificativos do site;

Ex: TATI, Emanuel Mavinga, As Normas de Comportamento Numa Democracia de Fachada,


in Angonot, 2016, Actualizado em: 26 de Março de 2018, acesso em: 10 de Abril de 2019,
Disponível em: WWW http: //Angonotícias.com / org.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 34


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

TEMA VIII – TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS

8.1 – Questionário e Formulário

O questionário e o formulário são instrumentos muito usados para o levantamento de


informações.

Diferenciam-se apenas na forma da sua aplicação: o questionário é preenchido pelo próprio


entrevistado ao passo que o formulário é preenchido indirectamente, ou seja, pelo próprio
entrevistador.

É aconselhável que o questionário não exija muito mais de 10 – 20 minutos para ser
respondido. Um questionário muito extenso é desmotivador e pode condicionar respostas
muito rápidas e superficiais do informante.

Consiste em colocar um conjunto de inquiridos, geralmente representativo de uma


população, uma série de perguntas à sua situação social, profissional ou familiar, às suas
opiniões, etc.

Pré – Texte
O pré-texte serve também para verificar se o questionário apresenta três importantes
elementos:

 Fidedignidade: qualquer pessoa que o aplique obterá sempre os mesmos resultados:

 Validade: os dados recolhidos são necessários à pesquisa;

 Operatividade: vocabulário acessível e significado claro.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 35


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

Classificação das perguntas


Perguntas abertas: também chamadas livres ou não limitadas, são as que permitem ao
informante responder livremente, usando linguagem própria e emitir opiniões.

Perguntas Fechadas ou dicotómicas: também denominadas limitadas ou de alternativas


fixas, são aquelas em que o informante escolhe suas respostas entre duas opções: sim ou
não. Quando se acrescenta mais um item “não sei” a pergunta se denomina tricotómica.

Perguntas de múltiplas escolhas: são perguntas fechadas mas que apresentam uma séria
de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto.

O questionário chama-se de:

 Administração directa: quando é o próprio inquirido é que preenche;

 Administração indirecta ou formulário: Quando o próprio inquiridor o completa a partir


das respostas que lhe são fornecidos pelo inquirido.

Classificação das perguntas em relação ao seu objectivo


1. perguntas de factos: relacionadas a dados objectivos com idade, sexo, religião,
estado civil e naturalidade;

2. perguntas de acção: são questões que dizem respeito ao comportamento e acções


do presente e do passado;

3. perguntas de opinião:

4. perguntas de intenção: são aquelas relacionadas ao futuro. Especificam que os


sujeitos pretendem fazer num dado tempo;

5. perguntas sobre sentimentos: referem-se às reacções emocionais das pessoas


perante factos, fenómenos, instituições ou outras pessoas. Medo, desconfiança,
desprezo, ódio, inveja, simpatia e admiração são alguns dos sentimentos mais
pesquisados mediante questionários.

8.2 – Entrevista
Ao contrário do inquérito por questionário, o método de entrevista caracteriza-se por uma
conversação no o inquérito exprime as suas opiniões, interpretações, experiências em
reacções a perguntas abertas entre duas pessoas, afim de que uma delas obtenha

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 36


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

informações a respeito de um determinada assunto, mediante uma conversação de natureza


profissional:

Tipos de Entrevistas
1. Padronizada ou estruturada: é aquela em o entrevistador segue um roteiro
previamente estabelecido ; as perguntas feitas ao individuo são predeterminadas;

2. Despadronizada ou não estruturada: o entrevistador tem a liberdade para


desenvolver cada situação sem qualquer direcção que considere adequada. É uma
forma de de poder explorar mais amplamente uma questão. Em geral as perguntas
são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversação informal.

Modalidades da entrevista não estruturada


 entrevista focalizada: utiliza roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai
estudar;

 entrevista clínica: para este tipo de entrevista pode ser organizada uma serie de
perguntas específicas;

 não dirigida: há liberdade total do entrevistado, que poderá expressar as suas


opiniões e sentimentos. A sua função de entrevistador é de incentivo, levando o
informante a falar sobre determinado assunto.

8.3– Observação

A observação é uma das técnicas de recolha de dados imprescindível em toda pesquisa


científica. Observar significa aplicar atentamente os sentidos e um objecto para dele adquirir
um conhecimento claro e preciso.

É baseada na observação visual capta o comportamento no momento em que eles se


produzem. É uma técnica de recolha de dados para conseguir informações e utiliza os
órgãos dos sentidos na observação de determinados aspectos da realidade. Não consiste
apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se deseja
estudar.

Para Selltiz a observação torna-se científica à medida que:

 Convém a um formulado plano de pesquisa;

 É planificado sistematicamente;

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 37


Sebenta de Metodologia de Investigação Científica

 É registado metodicamente e está relacionada à preposições mais gerais em vez de


ser apresentada como uma série de curiosidades interessantes;

 Está sujeita a verificações e controles sobre a validade e segurança.

Na investigação científica a observação varia de acordo com as circunstancias

Ender –Egg apresenta quatro tipos:

Segundo os meios utilizados:

 Observação não estruturada (assistemática) não tem controlo nem instrumento


apropriado;

 Observação estruturada (sistemática) é realizada em condições controladas. Utiliza


instrumento apropriado.

Segundo a participação do observador:

 Observação não participante: o observador permanece de fora da realidade a


estudar. Não há envolvimento do observador;

 Observação participante: o observador incorpora natural ou artificialmente ao grupo


ou comunidade pesquisado.

Segundo o número de observações

 Observação individual: realizada por um só pesquisador;

 Observação em equipe: quando há trabalho em integral de uma equipa de


observadores;

Segundo o lugar onde se realiza:

 Observação efectuado na vida real (trabalho de campo) observação feita aos


fenómenos na realidade social;

 Observação efectuada em laboratório; quando as situações são criadas


artificialmente em laboratório.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 38


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TEMA IX – ELEMENTOS DA AMOSTRAGEM

Conceitos:

População: conjunto de indivíduos ou objectos que apresentam determinadas


características essências em comum.

Amostra: redução da população à dimensões menores sem a perca das características


essenciais.

Amostragem: é o processo de obtenção da amostra, que é uma pequena parte da


população:

Princípios fundamentais da amostragem

A lei dos grandes números: afirma que, se numa prova a probabilidade de um evento é p, e que se
este se repete grande número de vezes, a relação entre as vezes que se produz o sucesso e a quantidade
total de provas, ou seja f, tende aproximar-se cada vez mais da probabilidade p, ou, em outras palavras
se o número de provas é suficiente grande, tomasse alternamente improvável que a diferença entre f e
p seja significativa.
A lei da regularidade estatística: indica que um conjunto de n unidades tomadas ao acaso de um
conjunto de N terá provavelmente as características do grupo maior.
A lei da inércia dos grandes números: assegura que, na maioria dos fenómenos, quando uma parte
varia numa direcção, é provável que parte igual do mesmo grupo varia da direcção oposta.
A lei da permanência dos pequenos números: diz que, se uma amostra suficiente numerosa é
representativa da população, uma segunda amostra de igual magnitude deverá ser semelhante a
primeira. Assim, se na primeira amostra são encontradas poucos indivíduos com características raras, é
de se esperar que na segunda sejam encontrados em igual proporção.

Tipos de Amostragem

Na pesquisa social são utilizados diversos tipos de amostragem que podem ser classificados em dois
grandes grupos: amostragem probabilística e a não probabilística. Os tipos do primeiro grupo são
rigorosamente científicos e se baseiam nas leis acima descritas. Os tipos de segundo grupo não
apresentam uma fundamentação matemática ou estatística, dependendo unicamente de critérios do
pesquisado. Apresentam vantagens no que se refere as ao custo e ao tempo despendido.

Amostragem probabilística

Amostragem sistemática

É a variação da amostragem aleatória simples. A sua aplicação requer que a população seja ordenada
de modo tal que cada um dos seus elementos possa ser identificado pela posição. Impõe a existência de

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 39


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uma lista de todos os elementos da população, a partir da qual cada elemento, seja identificado pela
ficha de inscrição.
Para efectuar a escolha da amostra, procede-se a selecção de um ponto de partida aleatória entre 1
inteiro mais próximo à razão de amostragem – N/n (o número dos elementos da população pelo
número de elementos da amostra). A seguir selecionam-se itens em intervalos de amplitude N/n.

Amostragem estratificada

Caracteriza-se pela selecção de uma amostra de cada subgrupo da população. O fundamento para
determinar os subgrupos ou estratos pode ser encontrado em propriedades como: sexo, idade ou classe
social:
Amostragem estratificada pode ser proporcional ou não proporcional. Quando é proporcional,
seleciona-se de cada grupo uma amostra aleatória que seja proporcional à extensão de cada subgrupo
determinado por alguma propriedade tida como relutante. Por exemplo, se uma população é formada
por 70% de homens e 30% de mulheres, então a amostra deverá obedecer as mesmas proporções no
que se refere ao sexo.

Amostragem por conglomerados

É indicada em situações em que é bastante difícil a identificação de seus elementos. E o caso, por
exemplo, de uma pesquisa cuja população seja constituída por habitantes de uma cidade. Em casos
desse tipo de procede-se à selecção da amostra a partir de conglomerados. Conglomerados típicos são
quarterões, famílias, organizações, edifícios e fazendas.
Tem como base de amostra a lista da população dos conglomerados e não o da população.
A escolha da pessoa a inquirir procede-se de acordo com o método de Kish – que é um processo
aleatório de designação de pessoas a inquirir e consiste;
 Recenseamento de todos os membros da população susceptíveis de serem incluídos na amostra;
 Atribuição de um número à cada elemento, ordenados segundo uma regra fixa:
 numeramos primeiro os homens depois as mulheres por ordem crescente das idades;
 seguidamente procede-se ao cruzamento do número de ordem com o número do
questionário:

Amostragem por etapas

A mostragem por etapas pode ser utilizada quando a população se compõe de unidades distribuídas em
diversos estágios. Por exemplo, uma divisão de exército: regimento, batalhão, companhia e pelotão,
etc. Procede-se formando amostras aleatórias em cada subdivisão.
A mostragem por etapas é muito importante / útil quando se deseja pesquisar uma população cujos
elementos se encontram dispersos e uma grande área como por exemplo, um Estado, ou mesmo um
País. A sua adopção implica a pressuposição da homogeneidade das unidades, o que nem sempre
ocorre na realidade.

Amostra não probabilística

Amostragem por acessibilidade

Constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem. É distribuído de qualquer rigor


estatístico. O pesquisador selecciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de
alguma forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de amostragem em estudos exploratório ou
quantitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 40


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Amostragem por quotas


De todos os procedimentos de amostragem dirigidos como não – probabilístico, este é o que apresenta
maior rigor. De modo geral é desenvolvido em três fases:

1. classificação da população em função de propriedades todos como relevantes para o


fenómeno a ser estudado;
2. determinação da proporção da população a ser colocada em cada classe, com base na
constituição conhecida ou presumido da população;
3. fixação de quotas para cada observador ou entrevistador de seleccionar elementos da
população a ser pesquisada, de modo tal que a amostra total seja composta em observância a
proporção das classes consideradas.

Ou
Constrói-se inicialmente uma espécie de modelo reduzido da população a ser interrogado. Fixa-se
depois, para cada investigador o número de pessoas a serem interrogadas – é o que se chama quotas. A
primeira operação não é primitiva do método das quotas: é encontrada, com efeito em alguns tipos de
amostragem aleatória. A segunda é a característica do método.

Quotas e escolha de informação.

Estabelecido o plano de pesquisa, atribuir – se - a, a cada entrevistador uma certa quantidade de


pessoas a serem inquiridos de acordo com o plano: é o que chamamos quota.

Mecanismo das quotas

Suponhamos que cada investigador deverá interrogar 100 pessoas. Nesse número global serão
precisadas as características das pessoas a serem interrogadas.
Ex:
51 mulheres
49 homens
20 pessoas de (- de 36 anos)
40 pessoas de (35 a 60 anos)
10 comerciantes
25 assalariados
15 agricultores

O investigador receberá uma espécie de um plano de inquérito calculado em função do plano geral e
das possibilidades sociais. Do sistema de quotas é o próprio investigador quem escolhe os indivíduos
que interroga.

Crítica do sistema das quotas


Vantagens:
 simplicidade e rapidez.
Desvantagens
 o investigador tenderá naturalmente escolher as pessoas mais fáceis de encontrar;
 tendência à escolha de pessoas que tenham afinidade com o investigador, que mais se pareçam
com ele (raça, cor, carácter, nível social)
 tendência de abandonar as pessoas colocadas muito acima e meio abaixo na escala social,
privilegiando-se, dessa forma, as categorias intermediarias.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 41


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Amostragem por tipicidade

Consiste em seleccionar um grupo de população que, com base nas informações disponíveis possa ser
considerado representativo da população.

Principal vantagem:
 baixo custo na sua selecção;

Exigências:

 considerável conhecimento da população e do subgrupo seleccionado. Quando o conhecimento


prévia existe, torna-se necessário a formulação de hipóteses, o que se pode comprometer a
representatividade da amostra.

Determinação da Amostra

Amplitude

A extensão da amostra tem haver com a extensão do universo. Os números de pesquisa são
classificados em finito e infinito universos finitos são aqueles cujo número são aqueles cujo número de
elementos não excedem a 100.000. universos infinitos são aqueles que apresentam um número
superior a esse.

Nível de confiança

O nível de confiança de uma amostra refere-se à área da curva normal definida a partir dos desvios –
padrão em ralação à sua média:

A área de confiança compreendida por dois desvios corresponde aproximadamente 95,5% e por três
99,7%.

Erro máximo permitido

Os resultados obtidos numa pesquisa a partir de uma amostra não são rigorosamente exactos em
relação ao universo de onde foram extraídos. Esses resultados apresentam sempre um erro de medição
que diminui na proporção em que aumente o tamanho da amostra. Nas pesquisas sociais trabalha-se
usualmente com uma estimativa de erro até 5%.

Autor: Pascoal Silvestre Macosso – Professor e Gestor Página 42

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