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UNIVERSIDADE LÚRIO

Faculdade de Ciências de Saúde


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Curso de Licenciatura em Psicologia Clínica
Cadeira: Metodologia de Investigação Científica I

(Lição 2)
Nível: 1º Ano Regime: Nocturno
Turma: Única Carga horária: 64h
Semestre: 2º Ano
académico: 2020
Docente: Marques A. Rafael, PhD
Contacto: (+258) 840270105
1.2. Tipos de conhecimento
• Markoni e Lakatos (2017), partindo das
diferentes fontes de conhecimento,
identificam 4 tipos fundamentais:
- Popular
- Filosófico
- Religioso e
- Científico
1) Conhecimento popular
• Também denominado vulgar ou empírico, é aquele
vem da imitação e da experiência e se transmite de
geração em geração, por meio da educação
informal.
• Este tipo de conhecimento é superficial, acrítico, e
ametódico, porque não tem método e nem procura
as causas das coisas.
– Ex: na antiguidade, o camponês conhecia as épocas de
sementeira e de colheita, como também a
necessidade de fertilização do solo. Porém, não
conhecia a composição do solo nem as causas do
desenvolvimento das plantas etc.
 Características do conhecimento popular

• Ander-Egg (1878, citado por Marconi & Lakatos,


2017) apresenta como principais características
do conhecimento popular:
a)Superficial – conforma-se com as aparências:
com aquilo que se vê ou que se ouve dizer a
respeito do objecto;
b)Sensitivo ou valorativo – referente ao estado de
ânimo e emocional que se vive diariamente;
c) Subjectivo – é o próprio sujeito que organiza as
suas experiências e conhecimentos;

d) Assistemático – cuja organização das


experiências não visa a uma sistematização das
ideias, seja na forma de adquiri-las, seja na
tentativa de validá-las;

e) Acrítico – cujos conhecimentos, verdadeiros ou


não, são apurados não de uma forma crítica.
2) Conhecimento filosófico
• É um tipo de conhecimento considerado
fundamentalmente como:
a)Valorativo – parte das hipóteses não observáveis
baseadas na experiência e não na experimentação;
b)Racional – é constituído por um conjunto de
enunciados logicamente correlacionados;
c) Sistemático – as suas hipóteses e enunciados visam
a uma representação coerente da realidade
estudada, numa tentativa de apreendê-la na sua
totalidade.
d) Infalível e exacto – os seus postulados, assim
como suas hipóteses, não são submetidos ao
decisivo teste da observação (experimentação),
seja na busca da realidade capaz de abranger
todas as outras, seja na definição do
instrumento capaz de apreender a realidade.
Portanto: o conhecimento filosófico é
caracterizado pelo esforço da razão pura para
questionar os problemas humanos e poder
discernir entre o certo e o errado, unicamente
recorrendo às luzes da própria razão humana.
• O objecto de análise no conhecimento
filosófico são ideias, relações conceptuais,
exigências lógicas que não são redutíveis a
realidades materiais e, por essa razão, não são
passíveis de observação sensorial directa ou
indirecta (por instrumentos), como a que é
exigida pela ciência experimental.
3) Conhecimento religioso
• Também denominado teológico, o conhecimento
religioso é aquele que se apoia em doutrinas que
contêm proposições sagradas (valorativas), reveladas
pelo sobrenatural (inspiracional), e por isso
consideradas verdades infalíveis e indiscutíveis
(exactas);
• Trata-se de um conhecimento sistemático do mundo
(origem, significado, finalidade e destino) como obra
de um criador divino, cujas evidências não são
verificáveis, mas nele está sempre implícita uma
atitude de fé perante um conhecimento revelado.
• O conhecimento religioso ou teológico parte do
princípio de que as verdades tratadas são
infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em
revelações da divindade (sobrenatural).
• A adesão das pessoas passa a ser um acto de fé,
pois a visão sistemática do mundo é
interpretada como decorrente do acto de um
criador divino, cujas evidências não são postas
em dúvida, nem sequer verificáveis.
4) Conhecimento científico
• O conhecimento científico é aquele que para além
do fenómeno, procura conhecer as suas causas e
consequências, isto é que analisa as suas
particularidades.
• Este tipo de conhecimento é considerado como:
a) Real (factual) – porque lida com ocorrências ou fatos,
isto é, com toda forma de existência que se manifesta
de algum modo;
b) Contingente – pois as suas proposições ou hipóteses
têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da
experiência e não apenas por meio da razão, como
ocorre no conhecimento filosófico.
c) Metódico e sistemático – um saber ordenado
logicamente, formando um sistema de ideias (teoria)
e não conhecimentos dispersos e desconexos;

d) Verificável – cujas armações (hipóteses) podem ser


comprovadas;

e) Falível – que não é definitivo, absoluto ou final e, por


isso, é aproximadamente exacto: novas proposições
e o desenvolvimento de técnicas podem reformular
o acervo de teoria existente.
 O conhecimento científico difere dos outros tipos de
conhecimento por ter toda uma fundamentação e
metodologias a serem seguidas, além de se basear
em informações classificadas, submetidas à
verificação, que oferecem explicações plausíveis a
respeito do objecto ou evento em questão.
Diferenças entre conhecimento popular e científico
Conhecimento popular Conhecimento científico
• Valorativo - baseado nos • Real - lida com fatos.
valores de quem promove o
estudo.
• Reflexivo - não pode ser • Contingente - A sua veracidade
reduzido a uma formulação ou falsidade é conhecida
geral. através da experiência.
• Assistemático - baseia-se • Sistemático - forma um sistema
na organização de quem de ideias e não conhecimentos
promove o estudo, não dispersos e desconexos.
possui uma sistematização
das ideias que explique os
fenómenos.
Conhecimento popular Conhecimento científico
• Verificável - porém limitado • Verificável ou demonstrável -
ao âmbito do quotidiano do o que não pode ser verificado
pesquisador ou observador. ou demonstrado não é
incorporado ao âmbito da
ciência.
• Falível e aproximadamente
• Falível e inexacto -
exacto - por não ser
conforma-se com a
definitivo, absoluto ou final.
aparência e com o que
Novas técnicas e proposições
ouvimos dizer a respeito do
podem reformular ou corrigir
objecto ou fenómeno. Não
uma teoria já existente.
permite a formulação de
hipóteses sobre a existência
de fenómenos situados além
das percepções objectivas.
Trabalho individual
1. Cada um deve 2. Usando as obras
individuar um tema, dadas, investigar sobre:
ligado a um problema - A formulação do
da área da saúde, que problema e
pensa poder ser - Os factores que
objecto do trabalho interferem na
de culminação do formulação do
curso. problema
• Depois, procure  matéria a ser discutida
enviar-me antes da na próxima aula.
próxima aula (Sábado)
Referências bibliográficas
DEMO, Pedro. 2012. Ciência rebelde: para continuar
aprendendo, cumpre desestruturar-se. S. Paulo: Atlas.
MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. 2017.
Fundamentos de metodologia científica. 8ª ed. S. Paulo:
Atlas.
NASCIMENTO, Francisco Paulo do; SOUSA, Flávio Luís Leite.
2015. Metodologia científica. Brasília: Thesaurus.
PRODANOV, Cleber; FREITAS, Ernani César de. 2013.
Metodologia do trabalho científico: Métodos e técnicas da
pesquisa e do trabalho académico. 2ª ed. Novo Hamburgo:
Feevale.
TRUJILLO FERRARI, Alfonso. 1974. Metodologia da ciência. 3ª
ED. Rio de Janeiro: Kennedy.

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