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UNIVERSIDADE CATÓ LICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃ O


CURSO DE CIÊ NCIAS POLÍTICAS E RELAÇÕ ES INTERNACIONAIS

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA (MIC)


(Dispensa)

Ano Académico 2019

Prof. Manhiça
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“Education is not the Learning of facts,


it’s rather the training of the mind to think”
(Albert Einstein)
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INTRODUÇÃ O

Ao ingressar numa faculdade o aluno percebe que muita coisa vai mudar na sua vida, o ato
de estudar terá que ser inserido no seu quotidiano. Esta disciplina é primordial e se faz
necessá ria neste primeiro momento do estudante.

O objetivo da Metodologia Científica é tomar os neo-universitá rios pela mã o e caminhar ao


seu lado, acompanhando-os nos seus primeiros passos de vida universitá ria, indicando o
caminho certo na procura do saber superior, iluminando problemas para que melhor
possam vê-los, assumi-los, e a desenvolver há bitos de estudo e técnicas de trabalho que
tornem realmente produtivos os anos de vida universitá ria, nã o raras vezes, mal
aproveitados.

Metodologicamente a cadeira responsá vel por dar as boas vindas ao novo estudante é a
Metodologia Científica, ela significa o estudo dos caminhos do estudo, do saber, do
conhecimento científico.
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CAPITULO I
CIÊ NCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento vulgar ou popular, à s vezes denominado senso comum, nã o se distingue


do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o
que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do “conhecer”.

Saber que determinada planta necessita de uma quantidade “X” de á gua e que, se nã o a
receber de forma “natural”, deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e
comprová vel, mas, nem por isso, científico.

Para que isso ocorra, é necessá rio ir mais além: conhecer a natureza dos vegetais, sua
composiçã o, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma
espécie de outra. Dessa forma, patenteiam-se dois aspectos:

a) A ciência nã o é o ú nico caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.


b) Um mesmo objeto ou fenô meno - uma planta, um mineral, uma comunidade ou
as relaçõ es entre chefes e subordinados - pode ser matéria de observaçã o tanto
para o cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento
científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observaçã o.

Pode-se dizer que o conhecimento vulgar ou popular, latu sensu, é o modo comum,
corrente e espontâ neo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres
humanos: é o saber que preenche a nossa vida diá ria e que se possui sem o haver
procurado ou estudado, sem a aplicaçã o de um método e sem se haver refletido sobre algo.

O conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:


 superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode
comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como
“porque o vi”, “porque o senti”, “porque o disseram”, “porque todo mundo o diz”;
 sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de â nimo e emoçõ es da vida
diá ria;
 subjetivo, pois é o pró prio sujeito que organiza suas experiências e
conhecimentos, tanto os que adquire por vivência pró pria quanto os “por ouvir
dizer”;
 assistemático, pois esta “organizaçã o” das experiências nã o visa a uma
sistematizaçã o das ideias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá -
las;
 acrítico, pois, verdadeiros ou nã o, a pretensã o de que esses conhecimentos o
sejam nã o se manifesta sempre de uma forma crítica.
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Existem quatro diferentes tipos de conhecimento, diferenciados pelas suas características:


Conhecimento Popular Conhecimento Científico
Valorativo Real (factual)
Reflexivo Contingente
Assistemá tico Sistemá tico
Verificá vel Verificá vel
Falível Falível
Inexato Aproximadamente exato

Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso (Teológico)


Valorativo Valorativo
Racional Inspiracional
Sistemá tico Sistemá tico
Nã o verificá vel Nã o Verificá vel
Infalível Infalível
Exato Exato

O conhecimento popular é valorativo por excelência, porque se fundamenta numa


seleçã o operada com base em estados de â nimo e emoçõ es.

Dado que o conhecimento implica, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto


conhecido que é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito
impregnam o objeto conhecido.

É também reflexivo, embora limitado pela familiaridade com o objeto.

A característica de assistemático baseia-se na "organizaçã o" particular das experiências


pró prias do sujeito cognoscente, aspecto que dificulta a transmissã o, de pessoa a pessoa,
desse modo de conhecer.

É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diá ria e diz respeito à quilo que se
pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a
aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto.

O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipó teses,
que nã o poderã o ser submetidas à observaçã o.

As hipó teses filosó ficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da
experiência e nã o da experimentaçã o;

por este motivo, o conhecimento filosó fico é não verificável, já que os enunciados das
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hipó teses filosó ficas, ao contrá rio do que ocorre no campo da ciência, nã o podem ser
confirmados nem refutados.

É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente


correlacionados.

Tem a característica de sistemático, pois suas hipó teses e enunciados visam a uma
representaçã o coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua
totalidade.

Por ú ltimo, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas
as outras, quer na definiçã o do instrumento capaz de apreender a realidade, seus
postulados, assim como suas hipó teses, nã o sã o submetidos ao decisivo teste da
observaçã o (experimentaçã o).

Portanto, o conhecimento filosó fico é caracterizado pelo esforço da razã o pura para
questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente
recorrendo à s luzes da pró pria razã o humana.

Assim, enquanto o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e


fenô menos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e
recursos de observaçã o, o objeto de análise da filosofia sã o ideias, relaçõ es conceptuais,
exigências ló gicas que nã o sã o redutíveis a realidades materiais e, por essa razã o, nã o sã o
passíveis de observaçã o sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é
exigida pela ciência experimental.

O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e
concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela experimentaçã o.

Ao contrá rio, a filosofia emprega o método racional, no qual prevalece o processo


dedutivo, que antecede a experiência, e nã o exige confirmaçã o experimental, mas somente
coerência ló gica.

O conhecimento religioso, isto é, teoló gico, apoia-se em doutrinas que contêm pro-
posiçõ es sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional)
e, por esse motivo, tais verdades sã o consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um
conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra
de um criador divino; suas evidências não sã o verificadas: está sempre implícita uma
atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou
teoló gico parte do princípio de que as “verdades” tratadas sã o infalíveis e indiscutíveis,
por consistirem em “revelaçõ es” da divindade (sobrenatural).
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Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou


fatos, isto é, com toda forma de existência que se manifesta de algum modo.

Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposiçõ es ou hipó teses têm sua
veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e nã o apenas pela razã o, como
ocorre no conhecimento filosó fico.

É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de


ideias (teoria) e nã o conhecimentos dispersos e desconexos.

Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmaçõ es (hipó teses) que
nã o podem ser comprovadas nã o pertencem ao â mbito da ciência.

Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de nã o ser definitivo, absoluto ou final e,


por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposiçõ es e o desenvolvimento de
técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

A complexidade do universo e a diversidade de fenô menos que nele se manifestam, aliadas


à necessidade do homem de estudá-los para poder entendê-los e explicá-los, levaram ao
surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas.

Classificação e Divisão da Ciência


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CAPÍTULO II
LEITURA E COMPREENSÃ O DE UM TEXTO

1. Leitura
A leitura é um fator decisivo de estudo, pois propicia a ampliaçã o de conhecimentos, a
obtençã o de informaçõ es bá sicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a
mente, a sistematizaçã o do pensamento, o enriquecimento de vocabulá rio e o melhor
entendimento do conteú do das obras.

Ler significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os elementos mais importantes dos
secundá rios e, optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los como fonte de
novas ideias e do saber.

Na busca do material adequado para a leitura, há que identificar o texto. Para tal, existem
vá rios elementos auxiliares:
 O título - apresenta-se acompanhado ou nã o por subtítulo, estabelece o assunto e,
à s vezes, até a intençã o do autor;
 A data da publicação - fornece elementos para certificar-se de sua atualizaçã o e
aceitaçã o (nú mero de ediçõ es), exceçã o feita para textos clá ssicos, onde nã o é a
atualidade que importa;
 A “orelha” ou contracapa - permite verificar as credenciais ou qualificaçõ es do
autor; é onde se encontra, geralmente, uma apreciaçã o da obra, assim como
indicaçõ es do “pú blico” a que se destina;
 O índice ou sumário - apresenta tanto os tó picos abordados na obra quanto as
divisõ es a que o assunto está sujeito;
 A introdução, prefácio ou nota do autor - propicia indícios sobre os objetivos do
autor e, geralmente, da metodologia por ele empregada;
 A bibliografia - permite obter uma ideia das obras consultadas e suas
características gerais.

Os livros ou textos selecionados servem para leituras ou consultas. Por esse motivo, todo
estudante, na medida do possível, deve preocupar-se com a formaçã o de uma biblioteca de
obras selecionadas, já que serã o seu instrumento de trabalho.

Uma leitura deve trazer resultados satisfató rios. Para tal, alguns aspectos sã o
fundamentais, como por exemplo:
 Atenção - aplicaçã o cuidadosa e profunda da mente ou do espírito em
determinado objeto, buscando o entendimento, a assimilaçã o e apreensã o dos
conteú dos bá sicos do texto;
 Intenção - interesse ou propó sito de conseguir algum proveito intelectual por
meio da leitura;
 Reflexão - consideraçã o e ponderaçã o sobre o que se lê, observando todos os
â ngulos, tentando descobrir novos pontos de vista, novas perspectivas e relaçõ es;
 Espírito crítico - implica julgamento, comparaçã o, aprovaçã o ou nã o, aceitaçã o ou
refutaçã o das diferentes colocaçõ es e pontos de vista.
 Análise - divisã o do tema em partes, determinaçã o das relaçõ es existentes entre
elas, seguidas do entendimento de toda sua organizaçã o;
 Síntese - reconstituiçã o das partes decompostas pela aná lise, procedendo-se ao
resumo dos aspectos essenciais, deixando de lado tudo o que for secundá rio, sem
perder a sequência ló gica do pensamento.

2. Sublinhar e Resumir
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Cada texto, capítulo, subdivisã o ou mesmo pará grafo têm uma ideia principal, um conceito
fundamental, uma palavra-chave, que se apresenta como fio condutor do pensamento.
Como geralmente nã o se destaca do restante, descobri-lo é a base de toda a aprendizagem.

Na realidade, em cada pará grafo, deve-se captar esse fator essencial, pois a leitura que
conduz à compreensã o é feita de tal modo que as ideias expressas sã o organizadas numa
hierarquia para se descobrir a palavra-chave.

Por sua vez, a ideia-mestra nã o se apresenta desprovida de outras, que revelam


pormenores importantes, gravitando ao seu redor. Nas proximidades da ideia principal
aparecem argumentos que a justificam, analogias que a esclarecem, exemplos que a
elucidam e fatos aos quais ela se aplica.

É por esse motivo que o bom leitor utiliza o recurso de sublinhar, de assinalar com traços
verticais à s margens, de utilizar cores e marcas diferentes para cada parte importante do
todo.

Algumas noçõ es bá sicas da arte de sublinhar podem ser sintetizadas em:

 Nunca assinalar nada na primeira leitura, cuja finalidade é apenas organizar o


texto na mente, de forma hierarquizada, para depois destacar o mais importante;

 Sublinhar apenas as ideias principais e os detalhes importantes, usando dois traços


para as palavras-chave e um para os pormenores mais significativos, a fim de
destacar as primeiras;

 Quando aparecem passagens que se configuram como um todo relevante para a


ideia desenvolvida no texto, elas devem ser inteiramente assinaladas com uma
linha vertical, à margem.

Da mesma forma, passagens que despertam dú vidas, que colidem com o tema
exposto e as proposiçõ es que o apoiam devem ser assinaladas com um ponto de
interrogaçã o, pois constituem material-base para a leitura explicativa, onde sua
veracidade será testada, interpretada e confrontada com outros textos.

O que consideramos passível de crítica, objeto de reparo ou insustentá vel dentro


do raciocínio desenvolvido, deve ser destacado mediante uma interrogaçã o;

 Cada pará grafo deve ser reconstituído a partir das palavras sublinhadas;

 Cada palavra nã o compreendida deve ser entendida mediante consulta a


dicioná rios e, se necessá rio, seu sentido anotado no espaço intermediá rio.

Depois de assinalar, com marcas ou cores diferentes, as vá rias partes constitutivas do


texto, devemos proceder à elaboraçã o de um esquema que respeite a hierarquia emanada
do fato de que, em cada frase, a ideia expressa pode ser condensada em palavras-chave;
em um pará grafo, a ideia principal é geralmente expressa numa frase-mestra; e,
finalmente, na exposiçã o, a sucessã o das principais ideias concretiza-se nos pará grafos-
chave.

No esquema, devemos levar em consideraçã o também que: se as ideias secundá rias têm de
ser diferenciadas entre si, deve-se procurar as ligaçõ es que unem as ideias sucessivas,
quer sejam paralelas, opostas, coordenadas ou subordinadas, analisando-se sua sequência,
encadeamento ló gico e raciocínio desenvolvido.
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3. Análise do Texto
A aná lise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade e
implica o exame sistemá tico dos elementos; portanto, é decompor um todo em suas
partes, a fim de poder efetuar um estudo mais completo, encontrar o elemento-chave do
autor, determinar as relaçõ es que prevalecem nas partes constitutivas, compreender a
maneira pela qual estã o organizadas, e estruturar as ideias de maneira hierá rquica.

É a aná lise que vai permitir observar os componentes de um conjunto, perceber suas
possíveis relaçõ es, ou seja, passar de uma ideia-chave para um conjunto de ideias mais
específicas, passar à generalizaçã o e, finalmente, à crítica.

A aná lise do texto tem como objetivo levar o estudante a:


 Aprender a ler, a ver, a escolher o mais importante dentro do texto;
 Reconhecer a organizaçã o e estrutura de uma obra ou texto;
 Interpretar o texto, familiarizando-se com ideias, estilos, vocabulá rios;
 Chegar a níveis mais profundos de compreensã o;
 Reconhecer o valor do material, separando o importante do secundá rio;
 Desenvolver a capacidade de distinguir fatos, hipó teses e problemas;
 Encontrar as ideias principais ou diretrizes e as secundá rias;
 Perceber como as ideias se relacionam;
 Identificar as conclusõ es e as base que as sustentam.

O procedimento deve conter as seguintes etapas:


 Proceder à sua leitura integral com o objetivo de obter uma visã o do todo;
 Reler o texto, assinalando ou anotando palavras e expressõ es desconhecidas,
valendo-se de um dicioná rio para esclarecer seus significados;
 Fazer nova leitura, visando à compreensã o do todo;
 Tornar a ler, procurando a ideia principal ou palavra-chave, que tanto pode estar
explícita quanto implícita no texto;
 Localizar acontecimentos e ideias, comparando-os entre si, procurando
semelhanças e diferenças existentes;
 agrupá -los, pelo menos por uma semelhança importante, e organizá -los em ordem
hierá rquica de importâ ncia;
 Interpretar as ideias e/ou fenô menos, tentando descobrir conclusõ es a que o autor
chegou e depreender possíveis ilaçõ es;
 proceder à crítica do material como um todo e principalmente das conclusõ es.
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CAPITULO III
PESQUISA BIBLIOGRÁ FICA

A pesquisa bibliográ fica é o passo inicial na construçã o efetiva de um trabalho de pesquisa,


quer dizer, apó s a escolha de um assunto é necessá rio fazer uma revisã o bibliográ fica do
tema proposto. Essa pesquisa auxilia a escolha de um método mais apropriado, assim
como um conhecimento das variá veis e na autenticidade da pesquisa.

A pesquisa bibliográ fica compreende oito fases distintas:

1. Escolha do tema.
o tema é o assunto que se deseja descrever, analisar, provar ou desenvolver; é uma
dificuldade, ainda sem soluçã o. A primeira tarefa é determina-lo com precisã o, para
intentar, em seguida, seu exame, avaliaçã o crítica e soluçã o.

Embora a escolha do tema possa ser determinada ou sugerida pelo professor ou


orientador, quando se trata de um principiante, o mais frequente é a opçã o livre.

As fontes para a escolha do assunto podem originar-se da experiência pessoal ou


profissional, de estudos e leituras, da observaçã o, da descoberta de discrepâ ncias entre
trabalhos ou da analogia com temas de estudo de outras disciplinas ou á reas científicas.

Escolher um tema significa selecionar um assunto de acordo com as inclinaçõ es, as


aptidõ es e as tendências de quem se propõ e a elaborar um trabalho científico; optar por
um assunto compatível com as qualificaçõ es pessoais, em termos de background da
formaçã o universitá ria e pó s-graduada; encontrar um objeto que mereça ser investigado
cientificamente e tenha condiçõ es de ser formulado e delimitado em funçã o da pesquisa;
ter a disponibilidade do tempo para realizar uma pesquisa completa e aprofundada; estar
seguro da existência de obras pertinentes ao assunto em nú mero suficiente para o estudo
global do tema; ter a possibilidade de consultar especialistas da á rea, para uma orientaçã o
tanto na escolha quanto na aná lise e interpretaçã o da documentaçã o específica.

Apó s a escolha do assunto, o passo seguinte é a sua delimitação. É necessá rio evitar a
escolha de temas muito amplos que podem conduzir a divagaçõ es, discussõ es
interminá veis, repetiçõ es de lugares comuns ou "descobertas" já superadas.

Assim, enquanto o tema de uma pesquisa é uma proposiçã o até certo ponto abrangente, a
formulaçã o do problema é mais específica: indica exatamente qual a dificuldade que se
pretende resolver.

Formular o problema é dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional,


qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o
seu campo e apresentando suas características.

Desta forma, o objetivo da formulaçã o do problema da pesquisa é torná -lo individualizado,


específico, inconfundível

2. Identificação do Material de Pesquisa


É a fase da identificaçã o e organizaçã o do material pertinente ao tema em estudo.

O primeiro passo seria a procura de catálogos onde se encontram as relaçõ es das obras.
Podem ser publicados pelas editoras, com a indicaçã o dos livros e revistas editados, ou
pertencer a bibliotecas pú blicas, com a listagem por título dos trabalhos. Há ainda os
catá logos específicos de alguns perió dicos, com o rol dos artigos publicados
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anteriormente.

O segundo passo, tendo em mã os o livro ou perió dico, seria o levantamento, pelo Sumá rio
ou Índice, dos assuntos nele abordados.

Outra fonte de informaçõ es refere-se aos abstracts contidos em algumas obras que, além
de oferecerem elementos para identificar o trabalho, apresentam um resumo analítico do
mesmo.

O ú ltimo passo teria em vista a verificaçã o da bibliografia ao final do livro ou do artigo, se


houver, constituída, em geral, pela indexaçã o de artigos de livros, teses, folhetos,
perió dicos, relató rios, comunicaçõ es e outros documentos sobre o mesmo tema.

4. Localização
Tendo realizado o levantamento bibliográ fico, com a identificaçã o das obras que
interessam, passa-se à localizaçã o das fichas bibliográ ficas nos arquivos das bibliotecas
pú blicas, nas de faculdades oficiais ou particulares e outras instituiçõ es.

5. Compilação ou reunião sistemática do material contido em livros, revistas,


publicações
Esse material pode ser obtido por meio de fotocó pias, xerox ou microfilmes.

6. Fichamento
À medida que o pesquisador tem em mã os as fontes de referência, deve transcrever os
dados em fichas, com o má ximo de exatidã o e cuidado. É importante e necessá ria a
utilizaçã o das fichas, principalmente por facilitar o desenvolvimento das atividades
acadêmicas e profissionais.

7. Análise e interpretação do Material Bibliográfico


A primeira fase da aná lise e da interpretaçã o é a crítica do material bibliográ fico, sendo
considerado, um juízo de valor sobre determinado material científico. Divide-se em crítica
externa e interna.

a). A crítica externa é feita sobre o significado, a importâ ncia e o valor histó rico de
um documento, considerado em si mesmo e em funçã o do trabalho que está sendo
elaborado. Abrange:

- crítica do texto, que averigua se o texto sofreu ou nã o alteraçõ es, interpolaçõ es e


falsificaçõ es ao longo do tempo. Investiga principalmente se o texto é autó grafo
(escrito pela mã o do autor) ou nã o; em caso negativo, se foi ou nã o revisto pelo
autor; se foi publicado pelo autor ou outra pessoa o fez; que modificaçõ es
ocorreram de ediçã o para ediçã o;

- crítica da autenticidade, a qual determina o autor, o tempo, o lugar e as


circunstâ ncias da composiçã o;

- crítica da proveniência, que investiga a proveniência do texto. Varia


conforme a ciência que a utiliza. Em Histó ria, tem particular importâ ncia o
estudo de onde provieram os documentos; em Filosofia, interessa muito mais
discernir a originalidade do pensamento. Quando se trata de traduçõ es, o
importante é verificar a fidelidade do texto examinado em relaçã o ao original.

b) A crítica interna é aquela que aprecia o sentido e o valor do conteú do.


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Compreende os passos seguintes:


- a crítica de interpretação ou hermenêutica, que averigua o sentido exato que o
autor quis exprimir. Facilita esse tipo de crítica o conhecimento do vocabulá rio e
da linguagem do autor, das circunstâ ncias histó ricas, ambientais e de pensamento
que influenciaram a obra, da formaçã o, mentalidade, cará ter, preconceitos e
educaçã o do autor. Compreender um texto equivale a haver entendido o que o
autor quis dizer, os problemas que postulou e as soluçõ es que propô s para os
mesmos;

- a crítica do valor interno do conteúdo, aprecia a obra e forma um juízo sobre a


autoridade do autor e o valor que representa o trabalho e as ideias nele contidas.

- Interpretação: a interpretaçã o exige a comprovaçã o ou refutaçã o das hipó teses.


Ambas só podem ocorrer com base nos dados coletados. Deve-se levar em
consideraçã o que os dados por si só nada dizem, é preciso que o cientista os
interprete, isto é, seja capaz de expor seu verdadeiro significado e compreender as
ilaçõ es mais amplas que podem conter.

8. Fichas
Para o pesquisador, a ficha é um instrumento de trabalho imprescindível. Como o
investigador manipula o material bibliográ fico, que em sua maior parte nã o lhe pertence,
as fichas permitem:
- identificar as obras;
- conhecer seu conteú do;
- fazer citaçõ es;
- analisar o material;
- elaborar críticas.

A estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende três partes principais: cabeçalho,
referência bibliográ fica e corpo ou texto.

 o cabeçalho compreende o título genérico remoto, o título genérico pró ximo, o


título específico, o nú mero de classificaçã o da ficha e a letra indicativa da
sequência (quando se utiliza mais de uma ficha, em continuaçã o).

Esses elementos sã o escritos na parte superior da ficha, em duas linhas: na


primeira, consta apenas, à esquerda, o título genérico remoto, na segunda, da
esquerda para a direita, o título genérico pró ximo, o título específico, o nú mero de
classificaçã o e o có digo indicativo da sequência (que permanece em branco
quando se utiliza uma só ficha, frente e frente e verso).

Para se ter o título específico e o nú mero de classificaçã o da ficha é necessá rio que
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se faça, ao início de cada estudo, um projeto do assunto que se irá pesquisar, com a
respectiva divisã o de tó picos.

 Referências Bibliográficas. A referência bibliográ fica deve sempre seguir as


normas APA (American Psycological Association).
 Corpo do Texto. o conteú do das fichas varia segundo o tipo delas.
A ficha bibliográ fica, de obra inteira ou parte dela, pode referir-se a alguns ou a todos os
seguintes aspectos:
 o campo do saber que é abordado;
 os problemas significativos tratados;
 as conclusõ es alcançadas;
 as contribuiçõ es especiais em relaçã o ao assunto do trabalho;
 as fontes dos dados, que podem ser: documentos; literatura existente; estatísticas
(documentaçã o indireta de fontes primá rias ou secundá rias; documentaçã o direta,
com os dados colhidos pelo autor); observaçã o; entrevista; questioná rio;
formulá rio etc.; os métodos de abordagem e de procedimento utilizados pelo
autor:

- abordagem Procedimento
Indutivo Histó rico Tipoló gico
Dedutivo Comparativo Funcionalista
Hipotético-dedutivo Monográ fico Estruturalista
Dialético Estatístico Etnográ fico

8.1 Ficha de citações


Citaçã o é a reproduçã o fiel de frases ou sentenças consideradas relevantes ao estudo em
curso. Devem-se observar os seguintes cuidados:
a). toda citação tem de vir entre aspas. É através desse sinal que se distingue
uma ficha de citaçõ es das de outro tipo. Além disso, a colocaçã o das aspas evita
que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do fichador os pensamentos
nela contidos;

b). após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída . Isso
permitirá a posterior utilizaçã o no trabalho, com a correta indicaçã o bibliográ fica;

c). a transcrição tem de ser textual. Isso inclui os erros de grafia, se houver. Apó s
eles, coloca-se o termo sic, em minú sculas e entre parênteses ou colchetes.

Exemplo (hipotético):
“Chegou-se à conclusã o de que o garimpeiro é, antes de tudo, um homem do campo
desocado (sic) para a cidade, mas conservador da cultura rural, embora venha
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assimilando, gradativamente, aspectos da cultura citadina” (p.127);


d). a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se, no
local da omissã o, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final
do texto e entre parênteses, no meio.
e). a supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada,
utilizando-se uma linha completa de pontos.

Exemplo:
“A religiã o está bastante associada a crendices semelhantes à s existentes no
ambiente rural brasileiro; todo o ciclo da vida, do nascimento à morte, é
acompanhado por um conjunto de prá ticas supersticiosas, cercando-se o
nascimento de uma série de crenças e bênçã os, mesmo que se respeite e pratique o
batismo.
…………………………………………………………….
…………………...........................................................Nem sempre a necessidade é de saú de
para a pessoa ou familiares, mas para a obtençã o de sucesso no trabalho, arranjar
um emprego” (p. 108-9);

f). a frase deve ser complementada, se necessário: quando se extrai uma parte
ou pará grafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um
esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes.
Exemplo: “Esse rio [Sapucaí], que limita Patrocínio Paulista com Batatais e
Altinopolis, é afluente do Rio Grande” (p.I6-7);

g). quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser
assinalado. Muitas vezes o autor fichado cita frases ou pará grafos escritos por
outra pessoa. Nesse caso, é imprescindível indicar, a referência bibliográ fica da
obra da qual foi extraída a citaçã o.
Exemplo: “(Ver as normas APA).

8.2 Ficha de Resumo ou de Conteúdo


Apresenta uma síntese bem clara e concisa das ideias principais do autor ou um resumo
dos aspectos essenciais da obra.

Características:
a). Não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposiçã o
abreviada das ideias do autor;

b). Não é transcrição, como na ficha de citaçõ es, mas é elaborada pelo leitor, com suas
pró prias palavras, sendo mais uma interpretaçã o do autor;
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c). Não é longa: apresentam-se mais informaçõ es do que a ficha bibliográ fica;

d). Não precisa obedecer estritamente a estrutura da obra: lendo a obra, o


estudioso vai fazendo anotaçõ es dos pontos principais. Ao final, redige um resumo,
contendo a essência do texto.

8.2.1 Como Resumir


Tomando em consideraçã o que quem escreve obedece a um plano ló gico através do qual
desenvolve as ideias em uma ordem hierá rquica, ou seja, proposiçã o, explicaçã o, discussã o
e demonstraçã o, é aconselhá vel, em uma primeira leitura, fazer um esboço do texto,
tentando captar o plano geral da obra e seu desenvolvimento.

A seguir, volta-se a ler o trabalho para responder a duas questõ es principais: de que trata
este texto? O que pretende demonstrar? Com isso, identifica-se a ideia central e o propósito
que nortearam o autor.

Em uma terceira leitura, a preocupaçã o é com a questã o: como o disse? Em outras


palavras, trata-se de descobrir as partes principais em que se estrutura o texto. Esse passo
significa a compreensã o das ideias, provas, exemplos etc. que servem como explicaçã o,
discussã o e demonstraçã o da proposiçã o original (ideia principal).

É importante distinguir a ordem em que aparecem as diferentes partes do texto.

Geralmente quando o autor passa de uma ideia para outra, inicia novo pará grafo;
entretanto, a ligaçã o entre os pará grafos permite identificar:
a). consequências (quando se empregam palavras tais como: em consequência,
por conseguinte, portanto, por isso, em decorrência disso etc.);
b). justaposição ou adição (identificada com expressõ es de tipo: e, da mesma
forma, da mesma maneira etc.);
c). oposição (com a utilizaçã o das palavras: porém, entretanto, por outra parte,
sem embargo etc.);
d). incorporação de novas ideias; conclusã o do raciocínio;
e). repetição ou reforço de ideias ou argumentos;
f). justificação de proposições (por intermédio de um exemplo, comprovaçã o
etc.);
g). digressão (desenvolvimento de ideias até certo ponto alheias ao tema central
do trabalho).

Os três ú ltimos casos devem ser totalmente excluídos do resumo.

Dependendo do cará ter do trabalho científico que se pretende realizar, o resumo pode ser:
17

indicativo ou descritivo; informativo ou analítico; crítico.

a) indicativo ou descritivo - quando faz referência à s partes mais importantes,


componentes do texto. Utiliza frases curtas, cada uma correspondendo a um
elemento importante da obra. Nã o é simples enumeraçã o do sumá rio ou índice do
trabalho. Descreve a natureza do texto, forma e propó sito;

b) informativo ou analítico - quando contém todas as informaçõ es principais


apresentadas no texto e permite dispensar a leitura desse ú ltimo; portanto, é mais
amplo do que o indicativo ou descritivo. Tem a finalidade de informar o conteú do e
as principais ideias do autor, salientando:

 os objetivos e o assunto (a menos que se encontre explicitado no título);


 os métodos e as técnicas (descritas de forma concisa, exceto quando um dos
objetivos do trabalho é a apresentaçã o de nova técnica);
 os resultados e as conclusõ es.

c) crítico - quando se formula um julgamento sobre o trabalho. É a crítica da forma, no


que se refere aos aspectos metodoló gicos; do conteú do; do desenvolvimento da ló gica
da demonstraçã o; da técnica de apresentaçã o das ideias principais. No resumo crítico
nã o pode haver citaçõ es.

8.3 Ficha de Comentário ou Analítica


Consiste na explicitaçã o ou interpretaçã o crítica pessoal das ideias expressas pelo autor,
ao longo de seu trabalho ou parte dele. Pode apresentar:
a) comentário sobre a forma pela qual o autor desenvolve seu trabalho, no que se
refere aos aspectos metodoló gicos;
b) análise crítica do conteúdo, tomando como referencial a pró pria obra;
c) interpretação de um texto obscuro para torná -lo mais claro;
d) comparação da obra com outros trabalhos sobre o mesmo tema;
e) explicitação da importância da obra para o estudo em curso.
18

CAPITULO IV
PROJETO DE PESQUISA

A pesquisa é um procedimento reflexivo sistemá tico, controlado e crítico, que permite


descobrir novos fatos ou dados, relaçõ es ou leis, em qualquer campo do conhecimento.

O desenvolvimento de um projeto de pesquisa compreende 11 principais passos:

1. Seleção do tópico ou problema para a investigação;


Esta é a primeira etapa de uma pesquisa, o momento em que o pesquisador toma a
decisã o de realizá -la, no interesse pró prio, de alguém ou de alguma entidade.

O tó pico é selecionado de acordo com as inclinaçõ es, as possibilidades, as aptidõ es


e as tendências de quem se propõ e a elaborar um trabalho científico; e selecionar
um tó pico é encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e
tenha condiçõ es de ser formulado e delimitado em funçã o da pesquisa.

O assunto escolhido deve ser exequível e adequado em termos tanto dos fatores
externos quanto dos internos ou pessoais.

A disponibilidade de tempo, o interesse, a utilidade e a determinaçã o para


prosseguir o estudo, apesar das dificuldades, e para terminá -lo devem ser levados
em consideraçã o.

2. A Justificativa apresenta respostas à questã o por quê? De suma importâ ncia,


geralmente é o elemento que contribui mais diretamente na aceitaçã o da pesquisa
pela(s) pessoa(s) ou entidades que vã o financiá-la. Consiste numa exposiçã o
sucinta, porém completa, das razõ es de ordem teó rica e dos motivos de ordem
prá tica que tornam importante a realizaçã o da pesquisa. Deve enfatizar:

 o está gio em que se encontra a teoria respeitante ao tema;


 as contribuiçõ es teó ricas que a pesquisa pode trazer:
- confirmaçã o geral;
- confirmaçã o na sociedade particular em que se insere a pesquisa;
- especificaçã o para casos;
- clarificaçã o da teoria;
- resoluçã o de pontos obscuros etc.;
 importâ ncia do tema do ponto de vista geral;
 importâ ncia do tema para os casos particulares em questã o;
 possibilidade de sugerir modificaçõ es no â mbito da realidade abarcada pelo tema
proposto;
 descoberta de soluçõ es para casos gerais e/ou particulares etc.

A justificativa nã o apresenta citaçõ es de outros autores.

3. Definição e diferenciação do problema:


Definir um problema significa especificá -lo em detalhes precisos e exatos. Na
formulaçã o de um problema deve haver clareza, concisã o e objetividade. A
colocaçã o clara do problema pode facilitar a construçã o da hipó tese central.
19

O problema deve ser levantado, formulado, de preferência em forma interrogativa


e delimitado, com indicaçõ es das variá veis que intervêm no estudo de possíveis
relaçõ es entre si.

É um processo contínuo de pensar reflexivo, cuja formulaçã o requer


conhecimentos prévios do assunto (materiais informativos), ao lado de uma
imaginaçã o criadora.

O problema, antes de ser considerado apropriado, deve ser analisado sob o ponto
de vista de sua valoraçã o:
a) Viabilidade. Pode ser eficazmente resolvido através da pesquisa;
b)  Relevâ ncia. Deve ser capaz de trazer conhecimentos novos;
c)  Novidade. Estar adequado ao está dio atual da evoluçã o científica;
d)  Exequibilidade. Pode chegar a uma conclusã o vá lida;
e)  Oportunidade. Atender a interesses particulares e gerais.

4. Delimitação da pesquisa:
Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigaçã o. A pesquisa pode ser
limitada em relaçã o:
a) ao assunto - selecionando um tó pico, a fim de impedir que se torne ou muito
extenso ou muito complexo;
b) à extensão ou campo de investigação - porque nem sempre se pode abranger
todo o âmbito onde o fato se desenrola;
c) a uma série de fatores - meios humanos, econô micos e de exiguidade de prazo
que podem restringir o seu campo de açã o.

5. Objectivo da Pesquisa
Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai procurar
e o que se pretende alcançar; deve partir de um objetivo limitado e claramente
definido, sejam estudos formulativos, descritivos ou de verificaçã o de hipó teses; o
objetivo torna explícito o problema; Os objetivos ajudam a definir a natureza do
trabalho, o tipo de problema a ser selecionado, o material a recolher. O objectivo
da pesquisa pode ser subdividido em objectivo geral e objectivos específico:
 Objetivo geral está ligado a uma visã o global e abrangente do tema. Relaciona-se
com o conteú do intrínseco, quer dos fenô menos e eventos, quer das ideias a serem
estudadas. Vincula-se diretamente à pró pria significaçã o da tese proposta pelo
projeto.
 Objetivos específicos apresentam cará ter mais concreto. Têm funçã o
intermediá ria e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de
outro, aplicá-lo a situaçõ es particulares.

6. Levantamento de hipótese de trabalho:


Hipó tese é uma proposiçã o que se faz na tentativa de verificar a validade de
resposta existente para um problema. É uma suposiçã o que antecede a constataçã o
dos fatos e tem como característica uma formulaçã o provisó ria: deve ser testada
20

para determinar sua validade. Correta ou errada, a hipó tese sempre conduz a uma
verificaçã o empírica.

A funçã o da hipó tese, na pesquisa científica, é propor explicaçõ es para certos fatos
e ao mesmo tempo orientar a busca de outras informaçõ es.

Os resultados finais da pesquisa poderã o comprovar ou rejeitar as hipó teses; neste


caso, se forem reformuladas, outros testes terã o de ser realizados para sua
comprovaçã o. As hipó teses podem ser divididas em principal e secundarias:

 Hipótese principal é principal resposta, susceptível ser complementada por


outras, que recebem a denominaçã o de secundá rias.
 A hipótese secundária pode abarcar em detalhes o que a hipó tese bá sica afirma
em geral, englobar aspectos nã o especificados na bá sica, indicar relaçõ es
deduzidas da primeira, decompor em pormenores a afirmaçã o geral, apontar
outras relaçõ es possíveis de serem encontradas etc.

7. Indicação das variáveis:


Ao se colocar o problema e a hipó tese, deve ser feita também a indicaçã o das
variá veis dependentes e independentes. Elas devem ser definidas com clareza e
objetividade e de forma operacional.

Todas as variá veis, que podem interferir ou afetar o objeto em estudo, devem ser
nã o só levadas em consideraçã o, mas também devidamente controladas, para
impedir comprometimento ou risco de invalidar a pesquisa.

8. Esquema da Articulação do trabalho:


O esquema auxilia o pesquisador a conseguir uma abordagem mais objetiva,
imprimindo uma ordem ló gica do trabalho.

9. Metodologia da Pesquisa
A seleçã o do instrumental metodoló gico está , portanto, diretamente relacionada
com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vá rios fatores
relacionados com a pesquisa, ou seja, a natureza dos fenô menos, o objeto da
pesquisa, os recursos financeiros, a equipe humana e outros elementos que
possam surgir no campo da investigaçã o.

Nas investigaçõ es, em geral, nunca se utiliza apenas um método ou uma técnica, e
nem somente aqueles que se conhece, mas todo os que forem necessá rios ou
apropriados para determinado caso. Na maioria das vezes, há uma combinaçã o de
dois ou mais deles, usados concomitantemente.

10. Resultados Esperados


11. Bibliografia Selecionada
21

CAPITULO V
TÉ CNICAS DE PESQUISA

Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte. Toda
ciência utiliza inú meras técnicas na obtençã o de seus propó sitos.

Assim, a pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que


sejam os métodos ou técnicas empregadas.

Esse material-fonte geral é ú til nã o só por trazer conhecimentos que servem de back-
ground ao campo de interesse, como também para evitar possíveis duplicaçõ es e/ou
esforços desnecessá rios; pode, ainda, sugerir problemas e hipó teses e orientar para outras
fontes de pesquisa.

1. Pesquisa Documental
A característica da pesquisa documental é que a fonte de recolha de dados está restrita a
documentos, escritos ou nã o, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas
podem ser feitas no momento em que o fato ou fenô meno ocorre, ou depois.

1. Escritos primários compilados na ocasião pelo autor: documentos de arquivos


pú blicos, publicaçõ es parlamentares e administrativas, estatísticas (sensos),
documentos de arquivos privados, cartas, contractos.

2. Escritos primários compilados após o acontecimento pelo autor: diá rios,


autobiografias, relató rios de visitas a instituiçõ es, relatos de viagens.

3. Escritos Secundários transcritos de fontes primárias contemporâneas: relató rios de


pesquisa baseados em trabalhos de campo de auxiliares, estudo histó rico
recorrendo a documentos originais, pesquisa estatística baseada em dados do
recenseamento, pesquisa usando a correspondência de outras pessoas.

4. Escritos Secundários transcritos de fontes primários retrospectivas: pesquisas


recorrendo a diá rios ou autobiografias.

5. Outros documentos primários feitos pelo autor: fotografias, gravaçõ es em fita


magnética, filmes, grá ficos, mapas, outras ilustraçõ es.

6. Outros documentos primários analisados pelo autor: objetos, gravuras, pinturas,


desenhos, fotografias, cançõ es folcló ricas, vestuá rio.

7. Outros secundários feitos por outros: material cartográ fico, filmes comerciais,
Rá dio, Cinema Televisã o.

Utilizando essas três variá veis - fontes escritas ou nã o; fontes primá rias ou secundá rias;
contemporâ neas ou retrospectivas - podemos apresentar um quadro que auxilia a
compreensã o do universo da pesquisa documental.

É evidente que dados secundá rios, obtidos de livros, revistas, jornais, publicaçõ es avulsas
e teses, cuja autoria é conhecida, nã o se confundem com documentos, isto é, dados de
fontes primá rias.

2. Pesquisa Bibliográfica
A pesquisa bibliográ fica, ou de fontes secundá rias, abrange toda bibliografia já tornada
pú blica em relaçã o ao tema de estudo, desde publicaçõ es avulsas, boletins, jornais,
22

revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográ fico etc., até meios de
comunicaçã o orais: rá dio, gravaçõ es em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisã o.

Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito
ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que
tenham sido transcritos de alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.

A bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, nã o somente problemas já


conhecidos, como também explorar novas á reas onde os problemas nã o se cristalizaram
suficientemente e tem por objetivo permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de
suas pesquisas ou manipulaçã o de suas informaçõ es.

2.1 Tipos de Fontes Bibliográficas


As bibliográ ficas variam, fornecendo ao pesquisador diversos dados e exigindo
manipulaçã o e procedimentos diferentes.
1. Imprensa escrita - em forma de jornais e revistas, para sua utilizaçã o necessita de
aná lise dos seguintes aspectos:
- Independência;
- Conteú do e orientaçã o;
- Difusã o e influências;
- Grupos de interesse.

2. Meios audiovisuais - de certa forma, o que ficou dito para a imprensa escrita pode
ser aplicado para os meios audiovisuais, rá dio, filmes, televisã o. Para ambas as
formas de comunicaçã o é interessante a aná lise do conteú do da pró pria
comunicaçã o.

3. Material cartográfico - variará segundo o tipo de investigaçã o que se pretende.

4. Publicações - livros, teses, monografias, publicaçõ es avulsas, pesquisas etc.


formam o conjunto de publicaçõ es, cuja pesquisa compreende quatro fases
distintas:
a) identificaçã o;
b) localizaçã o;
c) compilaçã o;
d) fichamento.

3. Documentação Direita
A documentaçã o direta constitui-se, em geral, no levantamento de dados no pró prio local
onde os fenô menos ocorrem. Esses dados podem ser obtidos de duas maneiras: através da
pesquisa de campo ou da pesquisa de laborató rio.

A Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informaçõ es e/ou


conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma
hipó tese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenô menos ou as relaçõ es
entre eles.

Consiste na observaçã o de fatos e fenô menos tal como ocorrem espontaneamente, na


recolha de dados a eles referentes e no registo de variá veis que se presume relevantes,
para analisá-los.

As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realizaçã o de uma pesquisa


23

bibliográ fica sobre o tema em questã o.

Ela servirá , como primeiro passo, para se saber em que estado se encontra atualmente o
problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais sã o as opiniõ es reinantes
sobre o assunto.

Como segundo passo, permitirá que se estabeleça um modelo teó rico inicial de referência,
da mesma forma que auxiliará na determinaçã o das variá veis e elaboraçã o do plano geral
da pesquisa.

Em segundo lugar, de acordo com a natureza da pesquisa, deve-se determinar as técnicas


que serã o empregues na recolha de dados e na determinaçã o da amostra, que deverá ser
representativa e suficiente para apoiar as conclusõ es.

Por ú ltimo, antes que se realize a recolha de dados é preciso estabelecer tanto as técnicas
de registo desses dados como as técnicas que serã o utilizadas em sua aná lise posterior.

3.1. Tipos de Pesquisa do campo


As pesquisas de campo dividem-se em três grandes grupos: quantitativo-descritivos,
exploratórios e experimentais, com as respectivas subdivisõ es.

1. Quantitativo-Descritivos - consistem em investigaçõ es de pesquisa empírica cuja


principal finalidade é o delineamento ou aná lise das características de fatos ou
fenô menos, a avaliaçã o de programas, ou o isolamento de variá veis principais ou
chaves.

Qualquer um desses estudos emprega artifícios quantitativos tendo por objetivo a


recolha sistemá tica de dados sobre populaçõ es, programas, ou amostras de
populaçõ es e programas.

Utilizam vá rias técnicas como entrevistas, questioná rios, formulá rios etc. e
emprega procedimentos de amostragem.

2. Exploratórios - sã o investigaçõ es de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulaçã o


de questõ es ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipó teses,
aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenô meno,
para a realizaçã o de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar
conceitos.

3. Experimentais - consistem em investigaçõ es de pesquisa empírica cujo objetivo


principal é o teste de hipó teses que dizem respeito a relaçõ es de tipo causa-efeito.

As técnicas rigorosas de amostragem têm o objetivo de possibilitar a generalizaçã o


das descobertas a que se chega pela experiência. Por sua vez, para que possam ser
descritas quantitativamente, as variá veis relevantes sã o especificadas.

O interesse da pesquisa de campo está voltado para o estudo de indivíduos, grupos,


comunidades, instituiçõ es e outros campos, visando à compreensã o de vá rios aspectos da
sociedade.

Diversas ciências e ramos de estudo utilizam a pesquisa de campo para o levantamento de


dados; entre elas figuram a Sociologia, a Antropologia Cultural e Social, a Psicologia Social,
a Política, o Serviço Social e outras.
24

3.2 Observação Direta Intensiva


A observaçã o direta intensiva é realizada através de duas técnicas: observaçã o e
entrevista.

A observação é uma técnica de recolha de dados para conseguir informaçõ es e utiliza os


sentidos na obtençã o de determinados aspectos da realidade; nã o consiste apenas em ver
e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenô menos que se desejam estudar.

A observaçã o ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos


sobre os quais os indivíduos nã o têm consciência, mas que orientam seu comportamento.
Desempenha papel importante nos processos observacionais, no contexto da descoberta, e
obriga o investigador a um contato mais direto com a realidade. É o ponto de partida da
investigaçã o social.

Do ponto de vista científico, a observaçã o oferece uma série de vantagens e limitaçõ es,
como as outras técnicas de pesquisa, havendo, por isso, necessidade de se aplicar mais de
uma técnica ao mesmo tempo.

Na investigaçã o científica utiliza-se vá rias modalidades de observaçã o, que variam de


acordo com as circunstâ ncias. Por Exemplo:

1. A observação sistemática, estruturada, planeada, ou controlada, utiliza


instrumentos para a recolha de dados ou fenô menos observados. Realiza-se em
condiçõ es controladas, para responder a propó sitos preestabelecidos.

2. Na observação não-participante, o pesquisador toma contato com a comunidade,


grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela: permanece de fora.
Presencia o fato, mas nã o participa dele; nã o se deixa envolver pelas situaçõ es; faz
mais o papel de espectador.

3. A observação participante – o qual pode ser natural ou artificial - consiste na


participaçã o real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao
grupo, confunde-se com ele. Fica tã o pró ximo quanto um membro do grupo que
está estudando e participa das atividades normais deste.

O observador participante enfrenta grandes dificuldades para manter a objetividade,


pelo fato de exercer influência no grupo, ser influenciado por antipatias ou simpatias
pessoais, e pelo choque do quadro de referência entre observador e observado.

4. A observação em equipe pode realizar-se de diferentes formas:


a) todos observam o mesmo, com o qual se procura corrigir as distorções que podem
advir de cada investigador em particular;
b) cada um observa um aspecto diferente;
c) a equipe recorre à observação, mas alguns membros empregam outros
procedimentos;
d) constitui-se uma rede de observadores, distribuídos em uma cidade, região ou país;
trata-se da técnica denominada de observação maciça ou observação em massa.

5. A observação em laboratório é aquela que tenta descobrir a ação e a conduta, que


teve lugar em condições cuidadosamente dispostas e controladas. Entretanto, muitos
aspectos importantes da vida humana não podem ser observados sob condições
idealizadas no laboratório.
25

A observação em laboratório tem, até certo ponto, um caráter artificial, mas é


importante estabelecer condições o mais próximo do natural, que não sofram
influências indevidas, pela presença do observador ou por seus aparelhos de medição
e registo.

3.3 Observação Direta e extensiva


A observação direta extensiva realiza-se através do questionário, do formulário, de medidas de
opinião e atitudes e de técnicas mercadológicas.

3.3.1 Questionário
O Questionário é um instrumento de recolha de dados, constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador.

Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da
pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o
interesse do receptor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro
de um prazo razoável.

Como toda técnica de recolha de dados, o questionário também apresenta uma série
de vantagens e desvantagens:

Vantagens:
a) Economiza tempo, viagens e obtém grande nú mero de dados;
b) Atinge maior nú mero de pessoas simultaneamente;
c) Abrange uma á rea mais ampla;
d) Economiza pessoal, tanto em adestramento quanto em trabalho de campo;
e) Obtém respostas mais rá pidas e mais precisas.;
f) Há maior liberdade nas respostas, em razã o do anonimato;
g) Há mais segurança, pelo fato de as respostas nã o serem identificadas;
h) Há menos risco de distorçã o, pela nã o influência do pesquisador;
i) Há mais tempo para responder e em hora mais favorá vel;
j) Há mais uniformidade na avaliaçã o, em virtude da natureza impessoal do
instrumento;
k) Obtém respostas que materialmente seriam inacessíveis.

Desvantagens:
a) Percentagem pequena dos questioná rios que voltam;
b) Grande nú mero de perguntas sem respostas;
c) Nã o pode ser aplicado a pessoas analfabetas;
d) Impossibilidade de ajudar o informante em questõ es mal compreendidas;
e) A dificuldade de compreensã o, por parte dos informantes, leva a uma
uniformidade aparente;
f) Na leitura de todas as perguntas, antes de respondê-las, pode uma questã o
influenciar a outra;
g) A devoluçã o tardia prejudica o calendá rio ou sua utilizaçã o;
h) O desconhecimento das circunstâ ncias em que foram preenchidos torna difícil
o controle e a verificaçã o;
i) Nem sempre é o escolhido quem responde ao questioná rio, invalidando,
portanto, as questõ es;
j) Exige um universo mais homogêneo.
26

Depois de redigido, o questioná rio precisa de ser testado antes da sua utilizaçã o definitiva,
aplicando-se alguns exemplares em uma pequena populaçã o escolhida.

A aná lise dos dados, apó s a tabulaçã o, evidenciará possíveis falhas existentes:
inconsistência ou complexidade das questõ es; ambiguidade ou linguagem inacessível;
perguntas supérfluas ou que causam embaraço ao informante; se as questõ es obedecem a
determinada ordem ou se sã o muito numerosas etc.

Verificadas as falhas, deve-se reformular o questioná rio, conservando, modificando,


ampliando itens; Perguntas abertas podem ser transformadas em fechadas se nã o houver
variabilidade de respostas.

O pré-teste deve ser aplicado em populaçõ es com semelhantes, mas nunca naquela que
será alvo de estudo.

O pré-teste serve também para verificar se o questioná rio apresenta três importantes
elementos:
a) Fidedignidade - Qualquer pessoa que o aplique obterá sempre os mesmos
resultados.
b) Validade - Os dados recolhidos sã o necessá rios à pesquisa.
c) Operatividade - Vocabulá rio acessível e significado claro.

4. Entrevista
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a
respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um
procedimento utilizado na investigação social, para a recolha de dados ou para ajudar no
diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

A entrevista é um importante instrumento de trabalho nos vários campos das ciências sociais
ou de outros sectores de atividades, como da Sociologia, da Antropologia, da Psicologia Social,
da Política, do Serviço Social, do Jornalismo, das Relações Públicas, da Pesquisa de Mercado e
outras.

A entrevista tem como objetivo principal a obtenção de informações do entrevistado, sobre


determinado assunto ou problema.

Os objectivos secundários podem ser de seis tipos:


1. Averiguação de “fatos”;
2. Determinação das opiniões sobre os “fatos”;
3. Determinação de sentimentos;
4. Descoberta de planos de ação;
5. Conduta atual ou do passado;
6. Motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas.

Como técnica de recolha de dados, a entrevista oferece várias vantagens e limitações:

Vantagens:
a) Pode ser utilizada com todos os segmentos da população: analfabetos ou
alfabetizados;
27

b) Fornece uma amostragem muito melhor da população geral;


c)  Há maior flexibilidade, podendo o entrevistador repetir ou esclarecer perguntas,
formular de maneira diferente; especificar algum significado, como garantia de estar
sendo compreendido;

d) Oferece maior oportunidade para avaliar atitudes, condutas, podendo o entrevistado


ser observado naquilo que diz e como diz: registo de reações, gestos etc;

e) Dá oportunidade para a obtenção de dados que não se encontram em fontes


documentais e que sejam relevantes e significativos;

f) Há possibilidade de conseguir informações mais precisas, podendo ser comprovadas,


de imediato, as discordâncias;

g) Permite que os dados sejam quantificados e submetidos a tratamento estatístico.

Limitações:
a) Dificuldade de expressão e comunicação de ambas as partes;

b) Incompreensão, por parte do informante, do significado das perguntas, da pesquisa,


que pode levar a uma falsa interpretação;

c) Possibilidade de o entrevistado ser influenciado, consciente ou inconscientemente,


pelo questionador, pelo seu aspecto físico, suas atitudes, ideias, opiniões etc;

d) Disposição do entrevistado em dar as informações necessárias;

e) Retenção de alguns dados importantes, receando que sua identidade seja revelada;

f) Pequeno grau de controle sobre uma situação de recolha de dados;

g) Ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada.

4.1 Preparação da Entrevista


A preparação da entrevista é uma etapa importante da pesquisa: requer tempo e exige
algumas medidas:
a) Planeamento da entrevista: deve ter em vista o objetivo a ser alcançado;
b) Conhecimento prévio do entrevistado. É importante conhecer o grau de familiaridade
dele com o assunto;
c) Oportunidade da entrevista: marcar com antecedência a hora e o local, para assegurar-
se de que será recebido;
d) Condições favoráveis: garantir ao entrevistado o segredo de suas confidências e de sua
identidade;
e) Conhecimento prévio do campo: evita desencontros e perda de tempo;
f) Preparação específica: organizar roteiro ou formulário com as questões importantes.

4.2 Diretrizes da Entrevista


Para maior êxito da entrevista, devem-se observar algumas normas:
a) Contato Inicial. É importante obter e manter a confiança do entrevistado,
assegurando-lhe o caráter confidencial de suas informações e ressaltar a necessidade
de sua colaboração;
28

b) Formulação de Perguntas. As perguntas devem ser feitas de acordo com o tipo da


entrevista: padronizadas, obedecendo ao roteiro ou formulário preestabelecido; não-
padronizadas, deixando o informante falar à vontade e, depois, ajudá-lo com outras
perguntas, entrando em maiores detalhes;

c) Registro de Respostas. As respostas, se possível, devem ser anotadas no momento da


entrevista, para maior fidelidade e veracidade das informações. O uso do gravador é
ideal, se o informante concordar com a sua utilização; O registo deve ser feito com as
mesmas palavras que o entrevistado usar, evitando-se resumi-las. Se possível, anotar
gestos, atitudes e inflexões de voz;

d) Término da Entrevista. A entrevista deve terminar como começou, isto é, em


ambiente de cordialidade, para que o pesquisador, se necessário, possa voltar e obter
novos dados, sem que o informante se oponha a isso.

e) Requisitos Importantes. As respostas de uma entrevista devem atender aos seguintes


requisitos:
- Validade: comparação com a fonte externa, com a de outro entrevistador,
observando as dúvidas, incertezas e hesitações demonstradas pelo entrevistado.
- Relevância: importância em relação aos objetivos da pesquisa.
- especificidade e clareza,
- profundidade
- extensão.

5. Classificação das Perguntas


Quanto à forma, as perguntas, em geral, sã o classificadas em três categorias:
abertas, fechadas e de múltipla escolha.

A combinaçã o de respostas de mú ltipla escolha com as respostas abertas


possibilita mais informaçõ es sobre o assunto, sem prejudicar a tabulaçã o.

Outro aspecto que merece atençã o é a regra geral de se iniciar o questioná rio com
perguntas gerais, chegando pouco a pouco à s específicas (técnicas do funil), e
colocar no final as questões de fato, para nã o causar insegurança. No decorrer do
questioná rio, devem-se colocar as perguntas pessoais e impessoais alternadas.

A disposiçã o das perguntas precisa seguir uma “progressã o ló gica”, para que o informante:
a) seja conduzido a responder pelo interesse despertado, sendo as perguntas
atraentes e nã o controvertidas;
b) seja levado a responder, indo dos itens mais fá ceis para os mais complexos;
c) nã o se defronte prematura e subitamente com informaçõ es pessoais - questõ es
delicadas devem vir mais no fim;
d) seja levado gradativamente de um quadro de referência a outro - facilitando o
entendimento e as respostas.

As primeiras perguntas, de descontraçã o do entrevistado, sã o chamadas de quebra-gelo,


porque têm a funçã o de estabelecer contato, colocando-o à vontade.

6. Formulário
o formulário é um dos instrumentos essenciais para a investigaçã o social, cujo
sistema de recolha de dados consiste em obter informaçõ es diretamente do
entrevistado.
29

Formulá rio é uma lista formal, catá logo ou inventá rio destinado à recolha de
dados resultantes quer da observaçã o, quer de interrogató rio, cujo preenchimento
é feito pelo pró prio investigador, à medida que faz as observaçõ es ou recebe as
respostas, ou pelo pesquisado, sob sua orientaçã o.

O formulá rio, assim como o questioná rio, apresenta uma série de vantagens e
desvantagens:

Vantagens:
a) Utilizado em quase todo o segmento da populaçã o: alfabetizados, analfabetos,
populaçõ es heterogêneas etc., porque seu preenchimento é feito pelo
entrevistador;

b) Oportunidade de estabelecer rapport, devido ao contato pessoal.

c) Presença do pesquisador, que pode explicar os objetivos da pesquisa, orientar o


preenchimento do formulá rio e elucidar significados de perguntas que nã o
estejam muito claras.

d) Flexibilidade, para adaptar-se à s necessidades de cada situaçã o, podendo o


entrevistador reformular itens ou ajustar o formulá rio à compreensã o de cada
informante.

e) Obtençã o de dados mais complexos e ú teis.

f) Facilidade na aquisiçã o de um nú mero representativo de informantes, em


determinado grupo.

g) Uniformidade dos símbolos utilizados, pois é preenchido pelo pró prio


pesquisador.

Desvantagens:
a) Menos liberdade nas respostas, em virtude da presença do entrevistador;

b) Risco de distorçõ es, pela influência do aplicador;

c) Menos prazo para responder à s perguntas; nã o havendo tempo para pensar, elas
podem ser invalidadas;

d) Mais demorado, por ser aplicado a uma pessoa de cada vez;

e) Insegurança das respostas, por falta do anonimato;

f) Pessoas possuidoras de informaçõ es necessá rias podem estar em localidades


muito distantes, tornando a resposta difícil, demorada e dispendiosa.

7. Organização do Instrumento de Pesquisa:


Iniciadas as tarefas de investigaçã o, é necessá rio preparar nã o só os instrumentos de
observaçã o, mas também o dossier de documentaçã o relativo à pesquisa: pastas,
cadernos, livretos, principalmente fichá rios.

Existem três tipos de fichá rios:


30

a)  De pessoas. Visitadas ou entrevistadas ou que se pretende visitar, com alguns


dados essenciais;
b)  De documentação. Em que aparecem os documentos já lidos ou a serem
consultados, com as devidas referências;
c)  Dos “indivíduos” pesquisados. Ou objetos de pesquisa, vistos em sentido
estatístico: pessoas, famílias, classes sociais, indú strias, comércios, salá rios,
transportes etc.

o arquivo deve conter, também, resumos de livros, recortes de perió dicos, notas e
outros materiais necessá rios à ampliaçã o de conhecimentos, mas cuidadosamente
organizados.

7.1 Teste de Instrumentos e Procedimentos de Pesquisa


Nem sempre é possível prever todas as dificuldades e problemas decorrentes de
uma pesquisa que envolva coleta de dados.

Os questioná rios podem nã o funcionar; as perguntas serem subjetivas, mal


formuladas, ambíguas, de linguagem inacessível; os respondentes podem reagir
negativamente ou se mostrarem equívocos; a amostra pode ser inviá vel (grande
ou demorada demais).

Por isso, elaborados os instrumentos de pesquisa, o procedimento mais utilizado


para averiguar a sua validade é o teste-preliminar ou pré-teste.

Consiste em testar os instrumentos da pesquisa sobre uma pequena parte da


populaçã o do “universo” ou da amostra, antes de ser aplicado definitivamente, a
fim de evitar que a pesquisa chegue a um resultado falso. Seu objetivo, portanto, é
verificar até que ponto esses instrumentos têm, realmente, condiçõ es de garantir
resultados isentos de erros.

Em geral, é suficiente realizar a mediçã o em 5 ou 10% do tamanho da amostra,


dependendo, é claro, do nú mero absoluto dos processos mensurados.

Deve ser aplicado por investigadores experientes, capazes de determinar a validez


dos métodos e dos procedimentos utilizados.

7.2 Constituição da equipe de trabalho;

7.3 Levantamento de recursos e cronograma;

7.4 Definição da amostragem.


Nem sempre há possibilidade de pesquisar todos os indivíduos do grupo ou da
comunidade que se deseja estudar, devido à escassez de recursos ou à premência
do tempo. Nesse caso, utiliza-se o método da amostragem, que consiste em obter
um juízo sobre o total (universo), mediante a compilaçã o e exame de apenas uma
parte, a amostra, selecionada por procedimentos científicos.
31

O valor desse sistema vai depender da amostra:


a)  se ela for suficientemente representativa ou significativa;
b)  se contiver todos os traços característicos numa proporçã o relativa ao total do
universo.
32

CAPITULO VI
RELATÓ RIO DE PESQUISA

O Relató rio é a exposiçã o geral da pesquisa, desde o projeto até à s conclusõ es, incluindo os
processos metodoló gicos empregados. Deve ter como base a ló gica, a imaginaçã o e a
precisã o e ser expresso em linguagem simples, clara, objetiva, concisa e coerente.

Tem a finalidade de dar informaçõ es sobre os resultados da pesquisa, se possível, com


detalhes, para que eles possam alcançar a sua relevâ ncia.

Sã o importantes a objetividade e o estilo, mantendo-se a expressã o impessoal e evitando-


se frases qualificativas ou valorativas, pois a informaçã o deve descrever e explicar, mas
nã o intentar convencer.

Existem quatro aspectos que o relató rio deve abranger:


1. Apresentaçã o do problema ao qual se destina o estudo;

2. Processos de pesquisa: plano de estudo, método de manipulaçã o da variá vel


independente (se o estudo assumir a forma de uma experiência), natureza da
amostra, técnicas de recolha de dados, método de aná lise estatística;

3. Os resultados;

4. Consequências deduzidas dos resultados.

Apó s a recolha de dados, sua codificaçã o e tabulaçã o, tratamento estatístico, aná lise e
interpretaçã o, os resultados estã o prontos para ser redigidos: é o relató rio de pesquisa.
Este compreende as seguintes partes:

I. Apresentação
a) Capa
- entidade,
- título (e subtítulo, se houver),
- coordenador(es),
- local e data,

b) Pá gina de Rosto
- entidade,
- título (e subtítulo, se houver),
- coordenador(es),
- equipe técnica,
- local e data

II. Sinopse (Abstract)


Sinopse (abstract) Consiste num resumo de, no má ximo, uma pá gina, do conteú do do
Relató rio. Nã o é uma relaçã o de partes ou capítulos, nem a enumeraçã o das conclusõ es, é
uma descriçã o resumida da natureza da pesquisa realizada. Deve ser redigida por ú ltimo.

III. Sumário
O Sumário é a relaçã o das partes, capítulos, itens e subitens do trabalho, com a respectiva
indicaçã o do nú mero de pá ginas iniciais.

IV. Introdução
33

a) Justificativa:
- tema,
- Definiçã o do Problema (problematizaçã o),
- delimitaçã o do tema,

b)  Objectivo da Pesquisa:
- objetivo geral,
- objetivos específicos,
c) Hipó tese de Trabalho:
- hipó tese principal,
- hipó teses secundá rias,
- indicaçã o das variá veis .

V. Revisão da Bibliografia (da literatura)


O projeto de pesquisa é uma das etapas componentes do processo de elaboraçã o, execuçã o
e apresentaçã o da pesquisa.
Entretanto, antes de redigir um projeto de pesquisa, alguns passos devem ser dados. Em
primeiro lugar, exige-se estudos preliminares que permitirã o verificar o estado da questã o
que se pretende desenvolver sob o aspecto teó rico e de outros estudos e pesquisas já
elaborados.
De facto, qualquer tema de pesquisa necessita de adequada integraçã o na teoria existente
e a análise do material já disponível será incluída no projeto sob o título de “revisã o da
bibliografia” (da literatura).
a)  Teoria de Base,
b)  Definiçã o dos Termos

VI. Metodologia
a) Método de Abordagem;
b) Métodos de Procedimento de Abordagem;
c) Técnicas;
d) Delimitaçã o do Universo;
e) Tipo de Amostragem

VII. Elaboração/sistematização e classificação dos dados;


Apó s a coleta dos dados, realizada de acordo com os procedimentos indicados
anteriormente, eles sã o elaborados e classificados de forma sistemá tica. Antes da aná lise e
interpretaçã o, os dados devem seguir os seguintes passos:
a) Seleção. É o exame minucioso dos dados. O pesquisador deve submeter o
material recolhido numa verificaçã o crítica, a fim de detectar falhas ou erros,
evitando informaçõ es confusas, distorcidas, incompletas, que podem
prejudicar o resultado da pesquisa.

Muitas vezes, o pesquisador regista grande quantidade de dados; outras vezes,


os registos ficam incompletos, sem detalhes suficientes. A seleçã o cuidadosa
pode apontar tanto o excesso como a falta de informaçõ es. Neste caso, o
regresso ao campo para reaplicaçã o do instrumento de observaçã o, pode sanar
esta falha.
34

b) Codificação. É a técnica operacional utilizada para categorizar os dados que se


relacionam. Mediante a codificaçã o, os dados sã o transformados em símbolos,
podendo ser tabelados e contados.

Codificar quer dizer transformar o que é qualitativo em quantitativo, para


facilitar nã o só a tabulaçã o dos dados, mas também sua comunicaçã o.

A técnica da codificaçã o nã o é automá tica, pois exige certos critérios ou


normas por parte do codificador, que pode ser ou nã o o pró prio pesquisador.

c) Tabulação. É a disposiçã o dos dados em tabelas, possibilitando maior


facilidade na verificaçã o das interrelaçõ es entre eles. É uma parte do processo
técnico de aná lise estatística, que permite sintetizar os dados de observaçã o,
conseguidos pelas diferentes categorias e representá -los graficamente.

Dessa forma, poderã o ser melhor compreendidos e interpretados mais


rapidamente.

Os dados sã o classificados pela divisã o em subgrupos e reunidos de modo que


as hipó teses possam ser comprovadas ou refutadas.

VIII. Análise e interpretação dos dados;


Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo seguinte é a análise e
interpretaçã o dos mesmos, constituindo-se ambas no nú cleo central da pesquisa.

A importâ ncia dos dados está nã o em si mesmos, mas em proporcionarem respostas à s


investigaçõ es.

Aná lise e interpretaçã o sã o duas atividades distintas, mas estreitamente


relacionadas e, como processo, envolvem duas operaçõ es:
1. Análise (ou explicaçã o). É a tentativa de evidenciar as relaçõ es existentes
entre o fenô meno estudado e outros fatores. Essas relaçõ es podem ser
estabelecidas em funçã o de suas propriedades relacionais de causa-feito,
produtor-produto.

Em síntese, a elaboraçã o da aná lise, propriamente dita, é realizada em três


níveis:
a) Interpretação. Verificaçã o das relaçõ es entre as variá veis independente e
dependente, e da variá vel interveniente (anterior à dependente e posterior à
independente), a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenô meno (variá vel
dependente).
b) Explicação. Esclarecimento sobre a origem da variá vel dependente e
necessidade de encontrar a variá vel antecedente (anterior à s variá veis
independente e dependente).
c) Especificação. Explicitaçã o sobre até que ponto as relaçõ es entre as
variá veis independente e dependente sã o vá lidas (como, onde e quando).

Na aná lise, o pesquisador entra em maiores detalhes sobre os dados decorrentes do


trabalho estatístico, a fim de conseguir respostas à s suas indagaçõ es, e procura estabelecer
as relaçõ es necessá rias entre os dados obtidos e as hipó teses formuladas. Estas sã o
comprovadas ou refutadas, mediante a aná lise.
35

2. Interpretação. É a atividade intelectual que procura dar um significado mais


amplo à s respostas, vinculando-as a outros conhecimentos. Em geral, a
interpretaçã o significa a exposiçã o do verdadeiro significado do material
apresentado, em relaçã o aos objetivos propostos e ao tema. Esclarece nã o só o
significado do material, mas também faz ilaçõ es mais amplas dos dados
discutidos.

Na interpretaçã o dos dados da pesquisa é importante que eles sejam


colocados de forma sintética e de maneira clara e acessível. Dois aspectos sã o
importantes:

a)  Construção de tipos, modelos, esquemas. Apó s os procedimentos


estatísticos, realizados com as variá veis, e a determinaçã o de todas as relaçõ es
permitidas ou possíveis, de acordo com a hipó tese ou problema, é chegado o
momento de utilizar os conhecimentos teó ricos, a fim de obter os resultados
previstos.

b)  Ligação com a teoria. Esse problema aparece desde o momento inicial da


escolha do tema; é a ordem metodoló gica e pressupõ e uma definiçã o em
relaçã o à s alternativas disponíveis de interpretaçã o da realidade social.

É aqui onde sã o transcritos os resultados, agora sob forma de evidências para a


confirmaçã o ou a refutaçã o das hipó teses. Estas se dã o segundo a relevâ ncia
dos dados, demonstrados na parte anterior.

Quando os dados sã o irrelevantes, inconclusivos, insuficientes, nã o se pode


nem confirmar nem refutar a hipó tese, e tal fato deve ser apontado agora nã o
apenas sob o â ngulo da aná lise estatística, mas também correlacionado com a
hipó tese enunciada.

2.1 É necessário assinalar:


 as discrepâ ncias entre os fatos obtidos e os previstos nas hipó teses;
 a comprovaçã o ou a refutaçã o da hipó tese, ou ainda, a impossibilidade de realizá-
la;
 especificaçã o da maneira pela qual foi feita a validaçã o das hipó teses no que
concerne aos dados;
 qual é o valor da generalizaçã o dos resultados para o universo, no que se refere
aos objetivos determinados;
 maneiras pelas quais se pode maximizar o grau de verdade das generalizaçõ es;
 a medida em que a convalidaçã o empírica permite atingir o está gio de enunciado
de leis;
 como as provas obtidas mantêm a sustentabilidade da teoria, determinam sua
limitaçã o ou, até, a sua rejeiçã o.

IX. Conclusões
A apresentaçã o e a aná lise dos dados, assim como a interpretaçã o dos resultados,
encaminham naturalmente à s conclusões.

Estas devem:
 evidenciar as conquistas alcançadas com o estudo;
 indicar as limitaçõ es e as reconsideraçõ es;
 apontar a relaçã o entre os fatos verificados e a teoria;
36

 representar a sú mula em que os argumentos, conceitos, fatos, hipó teses, teorias,


modelos se unem e se completam.

X. Recomendações e Sugestões
As recomendações consistem em indicaçõ es, de ordem prá tica, de intervençõ es na
natureza ou na sociedade, de acordo com as conclusõ es da pesquisa.

Por sua vez, as sugestões sã o importantes para o desenvolvimento da ciência: apresentam


novas temá ticas de pesquisa, inclusive levantando novas hipó teses, abrindo caminho a
outros pesquisadores.

XI. Apêndices
O apêndice é composto de material trabalhado pelo pró prio pesquisador a) Tabelas,
b) Quadros,
c) Grá ficos,
d) Outras ilustraçõ es,
c) Instrumento(s) de Pesquisa

XII. Anexos
Os anexos sã o constituídos de elementos esclarecedores de outra autoria, devem ser
limitados, incluindo apenas o estritamente necessá rio à compreensã o de partes do
relató rio.

XIII. Referências Bibliográficas


As Referências Bibliográficas inclui todas as obras já apresentadas no projeto,
acrescidas das que foram sendo sucessivamente utilizadas durante a execuçã o da pesquisa
e a redaçã o do relató rio.
37

CAPITULO VII
MONOGRAFIA

Os trabalhos científicos devem ser inéditos ou originais e contribuírem não só para a


ampliação de conhecimentos ou a compreensão de certos problemas, mas também servirem
de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos.

Os trabalhos científicos podem ser realizados com base em fontes de informações primárias ou
secundárias e elaborados de várias formas, de acordo com a metodologia e com os objetivos
propostos.

1. A Monografia é um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente


valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia.

A monografia investiga determinado assunto não só em profundidade, mas também


em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina.

Uma monografia tem, portanto, as seguintes características:


8. É um trabalho escrito, sistemático e completo;
9. É um tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela;
10. É um estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do
caso;
11. É tratamento extensivo em profundidade, mas não em alcance (nesse caso, é
limitado);
12. Tem uma metodologia específica;
13. É uma contribuição importante, original e pessoal para a ciência.

A monografia implica originalidade, mas até certo ponto, uma vez que é impossível obter total
novidade em um trabalho; isto é relativo, pois a ciência, sendo acumulativa, está sujeita a
contínuas revisões.

Estrutura da Monografia
Os trabalhos científicos, em geral, apresentam a mesma estrutura: introdução,
desenvolvimento e conclusão.

Pode haver diferenças quanto ao material, o enfoque dado, a utilização desse ou daquele
método, dessa ou daquela técnica, mas não em relação à forma ou à estrutura.
a) A Introdução é uma formulação clara e simples do tema da investigação; é a
apresentação sintética da questão, importância da metodologia. O material que
compõe a introdução é tirada, fundamentalmente, do projeto de Pesquisa; dado que o
projeto falava do que se pretendia fazer, a introdução geral da monografia fala do que
foi feito.

b) O Desenvolvimento é uma fundamentação lógica do trabalho de pesquisa, cuja


finalidade é expor e demonstrar. No desenvolvimento, podem-se levar em
consideração três fases ou estágios: exposição, discussão e demonstração.

- Na exposição (conteúdo do Capitulo I) se apresenta a problemática que se


pretende afrontar; se faz a referência sobre a revisão da literatura disponível sobre
o assunto que se pretende afrontar.
38

- A Discussão (conteúdo do Capitulo II) é o exame, a argumentação e a explicação da


pesquisa: explica, discute, fundamenta e enuncia as proposições, com base nas
teorias dominantes, nos estudos empíricos, nas pesquisas de campo, etc.

- A Demonstração (conteúdo do Capitulo III) é a dedução lógica do trabalho; implica


o exercício do raciocínio. Da conclusão devem constar a relação existente entre as
diferentes partes da argumentação e a união das ideias.

c) A Conclusão é fase final do trabalho de pesquisa. Como a introdução e o


desenvolvimento, possui uma estrutura própria.

A conclusão consiste no resumo completo, mas sintetizado, da argumentação dos


dados e dos exemplos constantes das três partes do trabalho primeiras partes do
trabalho.

Alguns autores, apesar de darem o nome genérico de monografia a todos os trabalhos


científicos, diferenciam uns dos outros de acordo com o nível da pesquisa, a profundidade e a
finalidade do estudo, a metodologia utilizada e a originalidade do tema e das conclusões.

Dessa maneira, podem-se distinguir três tipos: monografia, dissertação e tese, que obedecem
a esta ordem ascendente, em relação à originalidade, à profundidade e à extensão.

Há os que apresentam outra divisão:


a) Monografias escolares ou trabalhos de caráter didático, apresentados ao final de um
curso específico, elaborados por alunos iniciantes na autêntica monografia, ou de
iniciação à pesquisa e como preparação de seminários também chamados trabalhos de
média divulgação, porque baseados em dados de segunda mão.

b) Monografias científicas ou trabalhos científicos apresentados ao final do curso de


mestrado, com o propósito de obter o título de mestre.

c) Dissertação - a aplicação de uma teoria existente para analisar determinado problema.

Dissertação é, portanto, um tipo de trabalho científico apresentado ao final do curso


de pós-graduação, visando obter o título de mestre. Requer defesa de tese. Tem
caráter didático, pois se constitui em um treinamento ou iniciação à investigação.

Como estudo teórico, de natureza reflexiva, requer sistematização, ordenação e


interpretação dos dados. Por ser um estudo formal, exige metodologia própria do
trabalho científico.
39

CAPITULO IX
CITAÇÕES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Para as Citações e Referências Bibliográficas, a UCM adotou o Modelo APA (American


Psycology Association).

I – Citações
Ao escrever um artigo, projeto, tese... o autor utiliza partes de um texto original, extraído de
uma fonte, reproduzindo, literalmente, para dar ênfase ao seu trabalho escrito de pesquisa.
Tais partes se chama citações.

“A citação consiste em transpor para o nosso texto as palavras de um autor” (Azevedo, 2008,
p. 131).

Elas podem aparecer no texto ou em notas de rodapé. O Modelo APA coloca as citações no
texto.

Geralmente temos três componentes que constituem uma citação: Apelido do autor , ano e
página. Estes elementos são separados por vírgula.
Exemplo:
“A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de factos
levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um carácter interpretativo, no que se
refere aos dados obtidos” (Marconi & Lakatos, 2007, pp. 226-228).

As citações podem, no mínimo, ser de três tipos:


1. Citação direta, literal ou textual;
2. Citações Indiretas ou Livres;
3. Citação de Citação.

A citação direta, literal ou textual é usada particularmente em transposições de textos curtos


(menos de 40 palavras). Respeitam-se todas as características formais: redação; ortografia e
pontuação original. Usam-se aspas (no início e no fim da citação), reticências entre parênteses
(...), devendo-se, no final do trecho, indicar a fonte, entre parênteses e separados por vírgulas
os elementos.
Modelo 1
“ A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados”
(Gandhi, ano, p. ).
Modelo 2
Segundo Gandhi (Ano) “ A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus
animais são tratados” (p.).
Modelo 3
Gandhi (Ano) refere que “ A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus
animais são tratados” (p).

Para a transposição de textos longos (que têm mais de 40 Palavras), procede-se de seguinte
maneira:
14. Entrar na esquerda com uma ou duas tabulações para a direita;
15. Mantendo a margem normal à direita,
16. Manter o espaço simples,
17. Adotar o tamanho de texto normal 10, já que o texto normal tem 12.

Exemplo:
40

18. Modelo 1
A pesquisa científica traz novos conhecimentos que devem ser descritos num relatório que
normalmente contém um marco teórico, aliás:

A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de


factos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um carácter
interpretativo, no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível
correlacionar a pesquisa com o universo teórico, optando-se por um modelo
teórico que serve de embasamento à interpretação do significado dos dados e
factos colhidos ou levantados (Marconi & Lakato, 2007, p. 226).

Além de novos conhecimentos, a pesquisa científica......

• Modelo 2
A pesquisa científica traz novos conhecimentos que devem ser descritos num relatório que
normalmente contém um marco teórico, aliás, de acordo com Marconi e Lakatos (2007), pode
escrever-se:

A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de


factos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um carácter
interpretativo, no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível
correlacionar a pesquisa com o universo teórico, optando-se por um modelo
teórico que serve de embasamento à interpretação do significado dos dados e
factos colhidos ou levantados (p. 226).

Além de novos conhecimentos, a pesquisa científica......

• Modelo 3
A pesquisa científica traz novos conhecimentos que devem ser descritos num relatório que
normalmente contém um marco teórico. Marconi e Lakatos (2007) referem que:

A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de


factos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um carácter
interpretativo, no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível
correlacionar a pesquisa com o universo teórico, optando-se por um modelo
teórico que serve de embasamento à interpretação do significado dos dados e
factos colhidos ou levantados (p. 226).

Além de novos conhecimentos, a pesquisa científica......

A utilização de ideias de outrem sem que haja uma transcrição direta das palavras por ele
utilizadas, não necessita de aspas.

Exemplo:
Modelo 1
Na perspectiva de Marconi e Lakatos (2007), o marco teórico deve integrar o relatório e
esclarecer que o objectivo da pesquisa científica não se limita apenas na descrição dos factos
pesquisados, mas também na sua interpretação.

Modelo 2
O marco teórico deve integrar o relatório e esclarecer que o objectivo da pesquisa científica
não se limita apenas na descrição dos factos pesquisados, mas também na sua interpretação
41

(Marconi & Lakatos, 2007).

Modelo 3
Marconi e Lakatos (2007) referem que o marco teórico deve integrar o relatório e esclarecer
que o objectivo da pesquisa científica não se limita apenas na descrição dos factos
pesquisados, mas também na sua interpretação.

Modelo 4: Vários autores na mesma paráfrase


- Flick (2005), Lincoin (2010), Goyette e Boutin (2010) referem que a metodologia
qualitativa privilegia o sentido que os atores atribuem aos fenómenos.
- A metodologia qualitativa privilegia o sentido que os autores atribuem aos
fenómenos (Flick, 2005; Lincoin, 2010; Goyette & Boutin, 2010).

Quando uma obra tem entre três a cinco autores, referem-se todos os nomes na primeira
paráfrase. Nas seguintes, coloca-se apenas o primeiro nome e et al

Exemplo:
Os apêndices também podem ser úteis (Bloom, Krathwohl & Masia, 1976).
Os anexos são necessários (Boom et al., 1976).

Se uma obra tem seis ou mais autores, refere-se apenas o sobrenome do primeiro autor,
seguindo-se et al.

Exemplo:
- Nas referências finais, devem colocar-se todas as obras consultadas com os
respectivos nomes dos autores (Carneiro et al., 1990).
- Carneiro et al. (1990) indicam a necessidade de sermos rigorosos na metodologia.

A citação de citação é aquela em que o autor do texto não tem acesso à obra citada, valendo-
se da citação que consta na obra que ele está a consultar. Pode ser reproduzida literalmente,
ou resumida., indicando a fonte.

Exemplo:
Para Morais (1995, citado em Torres, 1998): “O primeiro estágio implica notificar fortemente
os vários departamentos e unidades comerciais de sua organização a respeito de um projeto.
(...) O segundo conjunto de notificação será proveniente da equipe do projeto para o ano
2000” (p. 230).

Quanto aos Artigos recuperados da Internet, coloca-se no texto apenas o nome do autor e o
ano que aí refere.
Exemplo:
Nyusi, 2016.

As Dissertações de Mestrado e Teses de Doutoramento, são citados como qualquer livro.

Os documentos legais são referidos no texto sob a designação do nome oficial, acompanhado
da indicação do artigo e respectivo número, se necessário.

Exemplo:
• O artigo 14 da Lei nº 46/86 estabelece que.....
• O artigo 2 do Código da Estrada diz que......
42

• Como se depreende do Decreto Legislativo Regional nº 16/89/M, de 13 de Janeiro, no


artigo 4, ......
• Segundo o nº 2 do artigo 2º do Código da Estrada, conclui-se que.....
• A Lei de Bases do Sistema Desportivo (Lei nº 1/90, de 13 de Janeiro) estabelece no
artigo 16º que...
• O crime previsto no artigo 35º da Lei de Imprensa (Decreto Lei nº 85-C/75, de 26 de
Fevereiro) é punível com...

Os artigos publicados em Revistas populares devem conter as iniciais abreviadas do autor, ano
e o mês da publicação:
Exemplo:
• O reitor da universidade no seu discurso (V. M. Soares, 1987, Janeiro) declarou que…..

A referência a artigos de jornais deve conter as iniciais abreviadas do autor, ano, mês e dia da
publicação.
Exemplo:
• Como dizia M. N. Soares (1990, 23 de Dezembro), todos os cidadãos devem
compreender....
A Bíblia é citada em texto pela sigla do seu livro cuja lista aparece em todas as Bíblias.
Exemplo:
• “Esta é a origem da criação dos céus e da terra” (Gn 2, 4).

Os documentos da Igreja são citados pela sigla, colocando sempre o número que aparece ao
longo do documento e não o número da página.
Exemplo:
• Por isso, o Concílio Vaticano II, através da Gaudium et Spes (GS) tendo investigado
mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora em dizer....... (GS, nº 2).

Quando o texto a ser citado é de um manuscrito:


19. Rogers ( 1994, p. 8 ) 1ª Citação no texto;
20. Rogers ( 1994, p. 8 ) - subsequentes citações por parágrafo;
21. Rogers – omitir o ano a partir das subsequentes citações depois da primeira, dentro do
mesmo parágrafo.
22. (Rogers, 1994, p. 8 ) – No final do parágrafo.

Quando o manuscrito é de mais de dois autores:


23. Rogers, et al. (1994) - 1ª Citação no texto;
24. Rogers, et al. (1994) - subsequentes citações por parágrafo;
25. Rogers, et al. – omitir o ano a partir das subsequentes citações depois da primeira,
dentro do mesmo parágrafo.
26. (Rogers, et al. , 1994) – No final do parágrafo.

Quando a fonte é uma Entidade, empresa, instituição, governo..., por exemplo num estudo das
Telecomunicações:
(TDM, 2001, p.54).

Quando se trata de uma fonte sem autor, cita-se as primeiras poucas palavras da referida
referência bibliográfica (geralmente o título) e o ano.

Exemplo:
Num relatório antigo da CIA (O ficheiro z, 1967, p. 32).
43

Quando o autor é anónimo, cita-se a palavra anónimo.


Exemplo:
Num relatório antigo da CIA ( Anónimo, 1969, p. 12).

Quando se trata de uma fonte sem data, se usa (s/d).


Exemolo:
Rogers & Zoe (s/d) - 1ª Citação no texto;
Rogers & Zoe (s/d) - subsequentes citações por parágrafo;
Rogers & Zoe – omitir o ano a partir das subsequentes citações depois da primeira, dentro do
mesmo parágrafo;
(Rogers & Zoe, s/d) – No final do parágrafo.

Para distinguir duas ou mais citações do mesmo autor,


Baaten (1994);
Baaten (1999)
Baaten (1994 a)
Baaten (1994 b)

Quando se trata de citar uma comunicação direta, acrescenta-se no final a sigla cp que designa
comunicação pessoal. Esta só aparece como citação no próprio texto.
(Hacker, 18 de Abril de 1999, cp. ) disse .... No final do parágrafo.
Hacker (18 de Abril de 1999, cp. ) disse .... Citação no parágrafo.

NB: A transposição intencional dos factos, opiniões, ideias... como se fossem da própria
autoria, isto é, assinar ou apresentar uma obra como se fosse própria, se chama plágio. O
plágio é um crime académico que pode resultar em consequências sérias. Para além de ser
ilegal demonstra desonestidade intelectual.

2. Referências Bibliográficas
A Referência Bibliográfica é um conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de
um documento, que permite a sua identificação individual. Esta contêm apenas trabalhos
citados, no texto. Ordenados alfabeticamente.

A Bibliografia é mais extensa porque apresenta também aqueles documentos que podem ser
considerados importantes, mas não são citadas no texto.

No modelo APA, as referência de mais de uma linha apresentam um espaço simples, a 2ª linha
alinha à esquerda na quarta letra da linha de cima; e o espaço entre as referências
bibliográficas é de 1.5.

Os elementos essenciais reportados na Referência Bibliográfica são:


. Autor (apelido, iniciais do nome próprio)
. Ano de publicação.
. Título (ed. entre parênteses)
. Cidade, País: Editora

Exemplo:
Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares (6ª. ed.). Lisboa, Portugal:
Universidade Católica Editora.

O título deve ser escrito em itálico; e, o subtítulo também em itálico, separado por dois pontos.
44

Para ambos os casos a primeira letra deve ser em maiúsculas, assim como todos os nomes
próprios, no fim coloca-se ponto.

Em títulos longos, pode-se suprimir as últimas palavras, desde que não seja alterado o sentido.
A supressão deve ser indicada por reticências.
Exemplo:
Jaques, P. (1983) A Constituição explicada: As emendas constitucionais e os actos institucionais
básicos... (5. ed. rev.e aum). Rio de Janeiro: Forense.

Os títulos em mais de uma língua devem ser traduzidos para o português.


Exemplo:
Síntese da Economia Brasileira = Synthesis of the Brazilian Economy.

O Tradutor, Revisor, Ilustrador , etc., devem ser apresentados após o título com o nome
completo.
Exemplo:
Baker, R. (1997). Ilusões: As aventuras de um Messias indeciso. Tradução de Luzia Machado da
Costa. 14. ed. Rio de Janeiro: Rcord.

Quando o autor é desconhecido, a entrada é feita pelo título, sendo a primeira palavra em
letras maiúsculas.

Exemplo:
Diagnóstico do sector editorial brasileiro. (1993). São Paulo: Câmara Brasileira do Livro.

Quando o Autor é Anónimo,


Exemplo:
Anónimo. (1993). Diagnóstico do sector editorial brasileiro. São Paulo: Câmara Brasileira do
Livro.

Quando se trata de uma obra com responsabilidade intelectual diferente de Autor, a entrada
deve ser pelo nome do responsável, seguida da abreviação, no singular do tipo de participação
(Org. ,Comp., Ed., Coord.) Organizador, Compositor, Editor e Coordenador.

Exemplo:
Talavera, G. M. (Coord.). (2001). Relações de consumo no Direito Brasileiro. São Paulo: Método.

Quando a obra é de dois a sete autores, poderão ser indicados todos os autores, colocando-se
o & (e comercial) antes do último autor.

Exemplo:
- Da Silva, O. B. & Gomes, F. (2002). Teoria Geral do Processo Civil. São Paulo:
Revista dos Tribunais, p.
- Sampieri, R. H., Collado, C. F, & Lucio, P. B. (2006). Metodologia de Pesquisa (3º
ed.). São Paulo, Brasil: McGraw-Hill.

Quando a obra é de mais de dois autores, a outra alternativa seria a de indicar o nome do
primeiro e o et al. Para indicar os demais.

Exemplo:
Favero, H. L. et al. (1997). Contabilidade: Teoria e prática. São Paulo: Atlas. V.2.
45

Quando a obra é de oito ou mais autores, indicam-se os primeiros seis autores e antes do
sobrenome do último autor colocam-se reticências (...).
Exemplo: Barbosa, A. G., Guedes, D., Liberato, E. M., Alves, J., Lima, M., Santos, M., ... Galinha,
S. (2011). Pedagogia positiva. Interações em educação e saúde. Porto, Portugal: Livpsic.

Quando o autor é uma instituição pública.


Exdmplo:
- Universidade Católica de Portugal. Biblioteca Central. (1990). Catálogo de teses da
Universidade Católica de Portugal. 2. ed. Vitória: Aracruz Celulose, Vol. II.
- Biblioteca Nacional (Maputo). (1985). Relatório da Directoria Geral 1984. Maputo.

Quando se trata de um Artigo de uma Revista científica, coloca-se o nome do autor, ano da
publicação, título do artigo, nome da Revista em itálico, número da Revista em itálico e as
páginas do artigo.

Exemplo:
Barbosa, A. G. (2010). A educação histórica. Enquadramento teórico. Revista Portuguesa de
Investigação Educacional, 9, 7-24.

Quando se trata de um artigo de uma Revista Popular.


Exemplo:
Soares, V.M. (1987). Discurso na abertura do ano lectivo de 1986/1987. Revista da
Universidade de Cóbuè, 10-12.

Quando se trata de um Artigo de Jornal.


Exemplo:
Soares, M. N. (2014, Dezembro 23). Comunicado aos eleitores. O País, pp. 1-3, 7, 32.

Quando se trata de uma Dissertação de mestrado ou Tese de doutoramento.


Exemplo:
Laita, M. S. V. (2014). O processo de Bolonha. Texto inédito. Tese de doutoramento.
Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Educação e Psicologia, Porto, Portugal.

Quando se trata de uma Comunicação inédita, apresentada num congresso.


Exemplo:
Bolacha, N. (2014, setembro). A mulher moçambicana. Comunicação apresentada nas IV
Jornadas Científicas da FEC/UCM, Nampula, Moçambique.

Quando se trata de publicações ou documentos retirados da internet.


Exemplo: Gomes, F. (2015). A educação nas TICs. Revista de Filosofia, 3. Recuperado em
http://unesdoc.org/imagens/0021/002147/214701E.pdf

Quando se trata de Legislação.


Exemplo:
- Lei nº 46/86, de 14 de Outubro (Lei de Base do Sistema Educativo);
- Decreto – Lei nº 333/83, de 14 de Julho;
- Decreto Legislativo Regional nº 16/89/M, de 13 de Janeiro.

Quando se trata da Bíblia e Documentos da Igreja.


Exemplo:
46

- Bíblia (14ª. ed.). (2014). Lisboa, Portugal: Difusora Bíblica;


- Gaudium et Spes (2000). In Documentos do Cocílio Ecuménico Vaticano II. Braga,
Portugal: Apostolado da Oração, pp. 14-56;
- Papa Francisco (2014). Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Lisboa, Portugal:
Secretariado da Conferência Episcopal Portuguesa.
47

CAPITULO X
OUTRAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS

I. Comunicação Científica
Chama-se Comunicação Científica à informação apresentada em congressos, Simpósios,
semanas de estudo, reuniões, academias, sociedades científicas etc. a ser posteriormente
publicada em Anais e Revistas.

A comunicação deve trazer informações científicas novas, ser limitada em sua extensão, isto é,
não ser longa.

Em congressos, simpósios, semanas etc. geralmente estipula-se o tempo para o participante


expor seu trabalho: de 10 a 20 minutos, mais ou menos.

Embora apresentado oralmente, a comunicação científica deve ser escrita, principalmente se o


autor tiver em mente sua publicação.

Um dos fatores mais importantes da comunicação é a atualização de um tema ou de um


problema, pois representa estimável contribuição ao desenvolvimento do conhecimento. Por
isso pode ser o estudo de um tema novo ou revisão crítica dos estudos realizados.

A comunicação não precisa de abundantes aspectos analíticos, mas é necessário que a


experiência, as ideias ou a teoria sejam bem fundamentadas. Deve também ser claro, preciso e
exato.

Uma comunicação científica deve levar em conta os seguintes aspectos:


1. Finalidade - Comunicar a outras pessoas os frutos de seu saber, de seu aprendizado,
de sua atividade. Levar as pessoas a pensarem, fazendo-as perceber as coisas
familiares de modo diferente, valendo-se de argumento para influenciar as mentes dos
ouvintes.

2. Informações - Apresentar determinados temas ou problemas originais, criativos,


inéditos, a leitores ou ouvintes em geral, ou especializados; divulgar os últimos
resultados das pesquisas científicas e/ou do desenvolvimento das ciências.
É importante saber o que se quer comunicar, para quem, quando e onde.

3. Estrutura - Disposição do informe de acordo com os padrões internacionais


estabelecidos para trabalhos científicos. Os assuntos podem divergir quanto ao
conteúdo, ao material, mas não em relação ao aspecto formal.

A estrutura da comunicação abrange três partes organicamente unidas:

1. Introdução - Formulação clara e simples do tema da pesquisa. Apresentação sintética


do problema e ligeira referência a trabalhos anteriores, relacionados com ele. Inclui:
justificativa, objetivos, delimitação, ângulo de abordagem e exposição precisa da ideia
central.

Tem por objetivo situar o leitor na questão e deixá-lo a par da importância e do


método de abordagem.

2. Desenvolvimento - Texto ou corpo do trabalho. Apresenta as informações e


argumentos de forma detalhada.
48

Consiste na fundamentação lógica do trabalho e tem por objetivo expor e demonstrar


as principais ideias.

3. A subdivisão do corpo da comunicação em itens e subitens permite ao leitor ou


ouvinte melhor compreensão. É importante observar certo equilíbrio entre as frases,
ou seja, longas intercaladas de curtas, para evitar o cansaço e favorecer a assimilação.

4. Conclusão - Constitui a parte final do processo. Apresenta uma síntese completa dos
resultados da pesquisa, o resumo das principais informações ou argumentos.

O significado das palavras empregues no texto deve ser claro, preciso, sem deixar margem a
dúvidas. As divergências relativas a palavras ou expressões com significados diferentes, com
algumas teorias ou áreas científicas, devem ser esclarecidas, a fim de evitar erros de
interpretação.

É, por isso, importante a definição de alguns termos, dando a eles seu exato significado.

Existem vários tipos de comunicações, os mais importantes são os seguintes:


1. Estudos breves sobre algum aspecto da ciência;
2. Sugestões para solução de certo problema;
3. Textos filosóficos para esclarecer uma questão;
4. Apreciação - interpretação ou correção dos textos;
5. Fixação do enfoque para colocação de questões;
6. Recensão particular de um livro: abordagem nova;
7. Crónicas inéditas de congressos, seminários etc.;
8. Breves apreciações.

A Estrutura de uma Comunicação deve conter as seguintes partes:


1. Folha de rosto
- Designação do congresso, simpósio etc.;
- Local de realização;
- Data do evento;
- Patrocinadores;
- Título do trabalho;
- Nome do autor;
- Credenciais do autor

2. Sinopse
É o Resumo analítico do trabalho redigido pelo próprio autor ou editor e publicado ao mesmo
tempo que a obra. Pode ser colocado no início ou fim da publicação.

Deve ser escrito em português, inglês ou outra língua de difusão internacional. É mera
apresentação condensada do texto de uma publicação ou suas principais ideias, sem emissão
de juízo de valor.

3. Conteúdo
- Introdução;
- Texto (desenvolvimento);
- Conclusão ou recomendações.

4. Referência bibliográfica.
49

A comunicação obedece a três estágios ou fases:


1. Preparação: familiaridade e domínio do que se pretende comunicar;

2. Apresentação: ler com clareza o que está escrito. Imprimir velocidade razoável à
leitura, tentando prender a atenção dos ouvintes. Dar ênfase às palavras-chaves;

3. Argumentação: prestar atenção às questões formuladas para respondê-las


adequadamente. Se não souber a resposta, seja sincero: reconheça a falta de
conhecimento preciso. Entretanto, pode-se sugerir uma resposta.

As comunicações feitas em congressos, simpósios e outros eventos científicos têm caráter


formal. A mesa, geralmente, é constituída por um presidente, um secretário e um orador.

O tempo da exposição é estabelecido com antecedência, assim como o da discussão. Se as


questões forem orais, devem ser anotadas pelo orador, para não haver engano de respostas.

Quando escritas, se surgirem muitas, envolvendo o mesmo assunto, o presidente da mesa


pode agrupá-las, facilitando ao consumidor a resposta.

II. Artigos Científicos


Os artigos científicos são pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão
verdadeiramente científica, mas que não se constituem em matéria de um livro.

Apresentam o resultado de estudos ou pesquisas e distinguem-se dos diferentes tipos de


trabalhos científicos pela sua reduzida dimensão e conteúdo.

São publicados em revistas ou periódicos especializados e formam a seção principal deles.

Concluído um trabalho de pesquisa - documental, bibliográfico ou de campo - para que os


resultados sejam conhecidos, faz-se necessário sua publicação.

Esse tipo de trabalho proporciona não só a ampliação de conhecimentos como também a


compreensão de certas questões.

Os artigos científicos, por serem completos, permitem ao leitor, mediante a descrição da


metodologia empregada, do processamento utilizado e resultados obtidos, repetir a
experiência.

O artigo científico tem a mesma estrutura orgânica exigida para trabalhos científicos.
Apresenta as seguintes partes:

1. Preliminares
- Cabeçalho - título (e subtítulo) do trabalho;
- Autor(es);
- Credenciais do(s) autor(es);
- Local de atividades.

2. Sinopse

3. Corpo do Artigo
- Introdução - apresentação do assunto, objetivo, metodologia, limitações e propósito.
50

- Texto - exposição, explicação e demonstração do material; avaliação dos resultados e


comparação com obras anteriores.
- Comentários e Conclusões - dedução lógica, baseada e fundamentada no texto, de forma
resumida.

4. Referência Bibliográfica
- Apêndices ou anexos (quando houver necessidade).
- Agradecimentos.
- Data (importante para salvaguardar a responsabilidade de quem escreve um artigo científico,
em face da rápida evolução da ciência e da tecnologia e demora de certas editoras na
publicação de trabalhos).

O conteúdo do Artigo pode abranger os mais variados aspectos e, em geral, apresenta temas
ou abordagens novas, atuais, diferentes. Pode:
- versar sobre um estudo pessoal, uma descoberta, ou dar um enfoque contrário ao já
conhecido;
- oferecer soluções para questões controvertidas;
- levar ao conhecimento do público intelectual ou especializado no assunto ideias novas, para
sondagem de opiniões ou atualização de informes;
- abordar aspectos secundários, levantados em alguma pesquisa.

Quanto à análise do conteúdo, os artigos podem ser de três tipos: argumento teórico, artigo de
análise e artigo classificatório.

1. O Argumento Teórico apresenta argumentos favoráveis ou contrários a uma opinião.


Inicialmente, enfoca-se um dado argumento e depois os fatos que possam prová-lo ou
refutá-lo. O desenrolar da argumentação leva a uma tomada de posição.

Essa forma de trabalho requer pesquisa profunda e intensa a fim de coletar dados
válidos e suficientes. É uma forma de documentação difícil, e por isso utilizada,
geralmente, por especialistas experientes.

O esquema de um artigo de tipo argumento teórico é:


- Exposição da teoria;
- Fatos apresentados;
- Síntese dos fatos;
- Conclusão.

2. No Artigo de Análise, o autor faz análise de cada elemento constitutivo do assunto e


sua relação com o todo. O técnico ou cientista procura descobrir e provar a verdadeira
natureza do assunto e das relações entre suas partes.

A análise engloba: descrição, classificação e definição do assunto, tendo em vista a


estrutura, a forma, o objetivo e a finalidade do tema. Entra em detalhes e apresenta
exemplos.

O esquema de um Artigo de Análise é:


- Definição do assunto;
- Aspectos principais e secundários;
- As partes;
- Relações existentes.
51

3. No Artigo Classificatório o autor procura classificar os aspectos de um determinado assunto


e explicar suas partes.

Primeiramente, faz-se a divisão do tema em forma tabular, ou seja, em classes, com suas
características principais. Depois apresenta: definição, descrição objetiva e análise.

O esquema de um Artigo Classificatório é:


- Definição do assunto;
- Explicação da divisão;
- Tabulação dos tipos;
- Definição de cada espécie.

As Motivações para a redação de um artigo científico podem ser várias, por exemplo, quando:

1. certos aspectos de um assunto não foram estudados ou o foram superficialmente; ou,


ainda, se já tratados amplamente por outros, novos estudos e pesquisas permitem
encontrar uma solução diferente;

2. uma questão antiga, conhecida, pode ser exposta de maneira nova;

3. os resultados de uma pesquisa ainda não se constituem em material suficiente para a


elaboração de um livro;
4. ao se realizar um trabalho, surgem questões secundárias que não serão aproveitadas
na obra;

5. o surgimento de um erro ou de assuntos controvertidos permite refutar,


convenientemente, o erro ou resolver de modo satisfatório a controvérsia;

6. o estilo do Artigo Científico deve ser claro, conciso, objetivo; a linguagem correta,
precisa, coerente e simples.

III. Informe Científico


O informe científico é um tipo de relato escrito que divulga os resultados parciais ou totais de
uma pesquisa, as descobertas realizadas ou os primeiros resultados de uma investigação em
curso.

É o mais sucinto dos trabalhos científicos e se restringe à descrição de resultados obtidos


através da pesquisa de campo, de laboratório ou documental.

o informe consiste, pois, no relato das atividades de pesquisa desenvolvidas, e é imprescindível


que seja compreendido e aproveitado.

Deve estar redigido de maneira que a comprovação dos procedimentos, técnicas e resultados
obtidos, ou seja, a experiência realizada, possa ser repetida.

IV. Resenha Crítica


Resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos. Resenha crítica é
a apresentação do conteúdo de uma obra.

Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro


52

feitos pelo resenhista.

A resenha, em geral, é elaborada por um cientista que, além do conhecimento sobre o


assunto, tem capacidade de juízo crítico. Também pode ser realizada por estudantes; nesse
caso, como um exercício de compreensão e crítica.
A finalidade de uma resenha é informar o leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto
tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos
conhecimentos, novas teorias.

A resenha visa, portanto, apresentar uma síntese das ideias fundamentais da obra.

o resenhista deve resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de informação encontrados,


sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos da obra,
desde que sinceros e ponderados.

Entretanto, mesmo que o resenhista tenha competência na matéria, isso não lhe dá o direito
de fazer juízo de valor ou deturpar o pensamento do autor.

O resenhista não deve tentar dizer que poderia ter produzido obra melhor; não deve procurar
ressaltar suas próprias qualidades às custas de quem escreveu o livro comentado.

Para a elaboração de uma resenha crítica são necessários alguns requisitos básicos, tais como:
- conhecimento completo da obra;
- competência na matéria;
- capacidade de juízo de valor;
- independência de juízo;
- fidelidade ao pensamento do autor.

A resenha crítica foi uma das formas encontradas para solucionar o problema da explosão da
literatura técnica e científica e a exiguidade de tempo do trabalho intelectual, sem condições
de ler tudo o que aparece sobre o campo do próprio interesse.

Uma Resenha Crítica apresenta a seguinte estrutura:

1. Referência Bibliográfica
- Autor(es),
- Título (subtítulo),
- Imprensa (local da edição, editora, data),
- Número de páginas,
- Ilustração (tabelas, gráficos, fotos etc.)

2. Credenciais do Autor
- Informações gerais sobre o autor;
- Autoridade no campo científico;
- Quem fez o estudo?;
- Quando? Porquê? Onde?

3. Conhecimento
- Resumo detalhado das ideias principais;
53

- De que trata a obra? O que diz?


- Possui alguma característica especial?
- Como foi abordado o assunto?
- Exige conhecimentos prévios para entendê-lo?

4. Conclusão do Autor
- O autor faz conclusões? (ou não?)
- Onde foram colocadas? (final do livro ou dos capítulos?)
- Quais foram?

5. Quadro de Referências do Autor


- Modelo teórico
- Que teoria serviu de embasamento?
- Qual o método utilizado?

6. Apreciação
27. Julgamento da obra:
Como se situa o autor em relação:
- às escolas ou correntes científicas, filosóficas, culturais?
- às circunstâncias culturais, sociais, econômicas, históricas etc.?

28. Mérito da obra:


Qual a contribuição dada?
- Ideias verdadeiras, originais, criativas?
- Conhecimentos novos, amplos, abordagem diferente?

29. Estilo:
- Conciso, objetivo, simples?
- Claro, preciso, coerente?
- Linguagem correta?
- Ou o contrário?
30. Forma:
- Lógica, sistematizada?Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes?

31. Indicação da Obra:


A quem é dirigida:
- grande público, especialistas, estudantes?

V. CONFERÊNCIA
Trata-se de uma preleção pública sobre assunto literário ou científico. Em geral, consiste em
uma exposição oral, mas pode destinar-se à publicação. Nesse caso, convém preparar o texto
com essa finalidade.

Se a conferência for oral, deve ser mais simples, para melhor compreensão e assimilação do
público. Poderá, posteriormente, ser ampliada, acrescentando-se mais detalhes.

Os primeiros passos para realizar uma conferência, são: pensar, planear e, depois, escrever e
rever.
54

Uma boa apresentação resulta de uma preparação com certa antecedência.

O orador precisa de saber para quem vai falar. Devem-se, primeiramente, definir os objetivos
e, depois, selecionar os dados importantes que precisam ser desenvolvidos numa sequência
lógica.

Na organização da conferência, podem constar dados bibliográficos, desde que atualizados, e,


também, valer-se o conferencista de recursos visuais, para melhor explicação do tema.

Geralmente, é aos congressos, simpósios, reuniões etc. que os especialistas levam sua
contribuição, expondo aspectos concretos da pesquisa. Com frequência, apresentam as fases
ou os resultados finais de seu trabalho.

1. Estrutura da Conferência
A estrutura da conferência segue o mesmo esquema dos trabalhos científicos, ou seja:
- introdução (breve): consiste no esboço de uma finalidade, dos objetivos e do
problema a ser tratado;
- desenvolvimento ou corpo do trabalho (texto): refere-se à apresentação das
principais ideias, expostas em frases curtas e claras. Repetição do que foi dito na
introdução, valendo-se de outras palavras, para que os assistentes possam
compreender as etapas da conferência;
- conclusão: aborda os principais tópicos do texto, procurando deixar o tema central
na mente do ouvinte.

2. Apresentação
O conferencista deve permanecer em pé, em local apropriado da sala, em frente ao público
assistente, sem fixar diretamente uma ou outra pessoa, tentando atrair a atenção e o respeito
daqueles que o ouvem, desde o início.

Falar com autoridade e clareza são outros requisitos importantes.

Outro ponto que se deve recomendar é o uso do vocabulário técnico, porém adequado,
compreensível e cuidadosamente escolhido, visando ao nível e ao número de pessoas
presentes.

3. Avaliação do Tempo
A conferência não deve ultrapassar 30 minutos, sendo cinco para introdução e cinco para a
conclusão.

Torna-se importante relacionar o número de pontos a destacar com o tempo disponível e com
as expectativas do auditório.

Do tempo disponível, precisam ser reservados alguns minutos para o uso do quadro-negro e
algum tempo para os debates, esclarecimentos e discussões, após a conferência, tendo em
vista que o prazo reservado para os debates, em geral, é curto.

As questões, as respostas e os comentários devem ser breves, e as perguntas dos ouvintes


precisam de ser anotadas, para que sejam dadas respostas corretas.

Ao final da exposição, o conferencista precisa de fazer um resumo dos pontos principais, para
55

levar as pessoas do auditório às conclusões desejadas.


56

BIBLIOGRAFIA

Marconi, M. A. & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia científica (5º. ed.). Sã o


Paulo, Brasil: Atlas S. A.

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares (6ª. ed.). Lisboa, Portugal:
Universidade Cató lica Editora.

Barbosa, A., Ibraimo, N., Laita, M., Haanstra, F., & Talaquichande, N. (2016). Normas APA 2ª
ed.). Nampula, Moçambique: UCM.

Canastra, F., Haanstra, F., & Vilanculos, M. (2015). Manual de investigação científica da
Universidade Católica de Moçambique (2ª. ed.). Beira, Moçambique: Instituto Integrado de
Apoio à Investigaçã o Científica.

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