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Material Teórico
Fundamentos da Ciência
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Fundamentos da Ciência
• O que é Ciência?
• Método Científico;
• Deduções, Induções e Hipóteses;
• Teorema, Teoria e Lei.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender os conceitos básicos envolvidos no desenvolvimento de Ciências Exatas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Fundamentos da Ciência
O que é Ciência?
Quando o tema Ciência é abordado, uma das primeiras imagens que vêm à
mente na maioria das pessoas é a do cientista com jaleco, no laboratório, atuando
com tubos de ensaio e fazendo muitos experimentos malucos.
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É comum a crença de que gato preto dá azar. Este pensamento, de ver ou cruzar
com um gato preto influenciará nas condições de sorte ou azar de uma pessoa, é
passado através de gerações. Portanto, muitos acreditam nessa crença, mas nin-
guém nunca provou, testou ou validou tal ideia. Aliás, os próprios conceitos de
sorte e azar não são científicos, uma vez que todos os eventos podem ou não acon-
tecer de maneiras diferentes com probabilidades distintas.
Uma vez que a Ciência é construída a partir de observações, pode ser aperfei-
çoada e contestada por observadores diferentes. Um conhecimento científico hoje
pode ser questionado e abandonado amanhã, caso as suas deficiências sejam com-
provadas ou existam formas mais coerentes para analisar determinado fenômeno.
Posteriormente, com novas descobertas, essa teoria foi abandonada; isso porque
se descobriu que a queima é a reação do oxigênio do ar com compostos combustíveis.
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UNIDADE Fundamentos da Ciência
Assista ao teste de senso comum que 90% das pessoas erram no vídeo disponível em:
Explor
https://youtu.be/X0hyAIKyaw8
Método Científico
O cientista Michel Blay define Ciência como “[...] o conhecimento claro e evidente
de algo, fundado quer sobre princípios evidentes e demonstrações, quer sobre racio-
cínios experimentais, ou ainda sobre a análise das sociedades e dos fatos humanos”.
Seja qual for a área de estudo em que se deseja trabalhar, para a construção
de um conhecimento científico, ou para modificá-lo e aperfeiçoá-lo, é necessário
seguir uma série de regras, conhecidas como método científico.
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A Figura 4 mostra um diagrama das fases do método científico de maneira
mais detalhada:
Método Científico
(Esboço)
Observação: Hipóteses:
Fatos: • Testáveis
• Sistemática • Verificáveis
• Controlada • Falseáveis
Teoria Científica
Conjunto indissociável de todos os fatos
e hipóteses, harmônicos entre si.
Implicações Experimentos
Conclusões • Novas observações Novos Fatos
Previsões • Análise lógica
Note que sem pensar muito a respeito de Ciência, ou método científico, Augusto
agiu da seguinte maneira:
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1. Verificou que o telefone celular desligou, quando este deveria ter carre-
gado a bateria e permanecido ligado; quando tentou religar o aparelho,
nada aconteceu;
2. Pensando de maneira lógica, Augusto deduziu que o motivo de o aparelho
estar desligado – e não ligar – é porque a bateria foi descarregada ao invés de
carregar quando estava conectada ao carregador. Contudo, se o carregador
apenas fornece energia ao telefone – e não o contrário, e obviamente isso
não aconteceu –, pode ser que tenha faltado energia elétrica na rede;
3. Tentou acender uma lâmpada de casa e verificou que esta não acendeu.
Pegou o controle remoto da televisão e tentou ligá-la, mas também sem
sucesso. Além disso, tentou acender outra lâmpada, e nada;
4. Concluiu que realmente ficou sem energia elétrica por esse período e deci-
diu tentar carregar o seu telefone celular no trabalho, onde possivelmente
não teria esse problema.
Perceba que seguindo esses quatro passos, Augusto utilizou, mesmo que de
maneira inconsciente, o método científico: fez uma observação (primeiro passo),
deduziu uma hipótese (segundo passo), realizou experimentos (terceiro passo) e
concluiu que a sua hipótese estava correta (quarto passo).
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Percebendo isso, imaginou que para a água mudar de estado, algum elemento
deveria estar misturado com a qual enquanto fosse resfriada. Decidiu, então, re-
alizar um experimento para verificar essa hipótese, onde encheu uma garrafa de
Polietileno Tereftalato (PET) com água e colocou no congelador. Após a água se
tornar gelo, Bernardo percebeu que a garrafa estava estufada, e isto parecia com-
provar a sua hipótese – de que algo se misturou com a água para que aumentasse
o seu volume.
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Outro exemplo interessante refere-se à luz que sempre fascinou e intrigou o ser
humano. Desde a Grécia Antiga já se buscava compreender a sua natureza e ex-
plicar o seu comportamento. Seguindo uma teoria grega denominada atomismo,
formulando que todos os corpos são compostos por partículas minúsculas e indivi-
síveis, Lucrécio, um poeta e filósofo grego do século I a.C., propôs que a luz solar e
o calor proveniente dessa eram também compostos por pequenas partículas.
A ideia de que a luz seria formada por partículas percorreu séculos, até Isaac
Newton, no século XVII, comprovar por experimentos que a luz realmente se
comportava dessa forma. Em vários de seus artigos e trabalhos publicados e não
publicados, Newton discutiu a natureza física da luz, explicando e argumentando
se seria mesmo composta por partículas. Esta ficou conhecida como teoria
corpuscular da luz.
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experimentos de interferência e difração da luz, realizados por Young e Fresnel que
demonstraram que alguns comportamentos da luz não poderiam ser explicados
pela teoria corpuscular da luz.
Você percebeu como uma questão aparentemente simples foi questionada e de-
senvolvida ao longo de milênios? O que acreditamos ser verdadeiro hoje é diferente
do que foi proposto na Grécia Antiga e, por sua vez, difere do que foi proposto
no século XVIII. Será que alguma crença atual é realmente verdade? Que tipos de
experimentos poderiam comprovar ou refutar essa teoria?
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Veja que em uma situação diária comum aplicamos a dedução sobre determi-
nado evento e encontramos possíveis hipóteses. As deduções funcionam como
os caminhos que o cérebro traça para tentar responder às perguntas. É o que de-
nominamos como raciocínio lógico. As possíveis respostas são as hipóteses que
precisam ser confirmadas.
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Perceba outro exemplo baseado nas possibilidades a seguir:
• P1: todo metal conduz corrente elétrica;
• P2: alumínio é um metal;
• Conclusão: alumínio conduz corrente elétrica.
Este exemplo pode parecer absurdo – e é mesmo! Mas não por conta da de-
dução; é absurdo por causa da premissa P1, que indica uma condição que não é
verdadeira. É claro que se fosse verdadeira, a conclusão seria óbvia e válida. Entre-
tanto, não existe comprovação alguma de que todos os homens que vestem roupas
amarelas são empresários. Logo, como essa premissa não pode ser validada, a
conclusão não é precisa.
A hipótese não é necessariamente uma verdade, pois deve ser testada sob vários
aspectos para que a sua validade seja verificada. Retomando os exemplos anterio-
res, quando o seu amigo atrasado chegar, você confirmará a hipótese de que ele
ficou preso no trânsito, de modo que ele dará a confirmação ou simplesmente rejei-
tará a sua hipótese. No caso do baú com bolinhas vermelhas, a hipótese de que a
bolinha que está na sua mão é vermelha será confirmada quando abrir a mão. Para
o exemplo do alumínio, saberemos que realmente conduz eletricidade ao tentarmos
produzir corrente elétrica através desse material.
No caso de César, aquele que traja apenas roupas amarelas, a conclusão que
chegamos é que deve ser um empresário. Entretanto, ao encontrarmos algum ho-
mem que vista amarelo e não seja empresário, deveremos repensar essa hipótese,
pois os fundamentos que resultaram em sua construção se mostraram frágeis.
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c2=a2+b2 (1)
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2
c
2
c a
a
b
2
b
Por exemplo, a teoria da relatividade foi proposta e testada por Albert Einstein
no século XX e deriva dos estudos de Isaac Newton sobre a gravidade, substituindo
a independência das coordenadas espaciais com a coordenada temporal proposta
por Newton e, por sua vez, dando origem à ideia de um espaço-tempo geométrico
de 4 dimensões.
Newton havia formulado que a gravidade era uma consequência da massa dos
corpos e que a força gravitacional entre dois corpos é proporcional ao produto de
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suas massas. Einstein demonstrou que a gravidade pode ser considerada uma de-
formação no espaço-tempo, pois não afeta apenas as coordenadas espaciais, mas
também afeta a coordenada temporal.
Postulado: algo que é considerado como verdadeiro, utilizado como ponto de partida em
Explor
uma argumentação.
Uma lei em Ciências é uma regra que determinado fenômeno obedece. É ela-
borada a partir da observação do fenômeno e é extrapolada para prever compor-
tamentos futuros proporcionais em situações similares às observadas. Assim como
acontece com um teorema ou com uma teoria, uma lei também passa por exausti-
vos experimentos, testes e confrontamentos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Brief History of Time
HAWKING, S. A brief history of time. [S.l.]: Bantam Books, 1988.
Metodologia do Trabalho Científico
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2017.
Revista de Administração & Ciências Contábeis
SILVA, J. Introdução ao pensamento científico: a passagem do pensamento ingênuo ao
pensamento crítico. Revista de Administração & Ciências Contábeis, v. 6, n. 1, 2016.
Leitura
O Conhecimento em Platão e o Método das Ciências Exatas: uma tentativa de aproximação entre Filosofia e Física
SILVA, J.; SILVA, A. P. O conhecimento em Platão e o método das Ciências Exatas:
uma tentativa de aproximação entre Filosofia e Física. Revista Areté | Revista
Amazônica de Ensino de Ciências, v. 6, n. 11, p. 83-96, abr. 2017.
http://bit.ly/2MhaxHC
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Referências
BLAY, Michel. Critique de l’histoire des sciences. Cnrs, 2017.
KOTZ, J. et al. Química geral e reações químicas. v. 2. 3. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
SEARS, F. W. et al. Física: mecânica. v. 1. 12. ed. Rio de Janeiro: A. Wesley, 2008.
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