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Geometria Analítica

e Álgebra Linear
Material Teórico
Produto Vetorial e Produto Misto

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. João Dimas Saraiva dos Santos

Revisão Técnica:
Profa. Me. Adriana Domingues Freitas

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Produto Vetorial e Produto Misto

• Introdução

• Definição de Produto Vetorial

• Proposição de Lagrange

• Conclusões finais sobre o produto vetorial

• Produto Misto

• Interpretação geométrica do módulo do produto misto

· Nesta unidade, estudaremos produto vetorial e produto misto. O


produto vetorial é mais um recurso importantíssimo da Álgebra
Vetorial, muito utilizado na descrição de fenômenos físicos
abordados em Mecânica, na eletricidade e no eletromagnetismo.
Já o produto misto reúne as propriedades e as aplicações dos
dois, isto é, do produto escalar e do produto vetorial.

A partir de agora, você estudará o produto vetorial e o produto misto e, para isso, serão
incluídos elementos da Álgebra Linear.
Ao longo das unidades, nosso objeto de estudo, vetores, foi se ampliando e os temas se
inter-relacionando de tal modo que se tronou impossível prosseguir os estudos sem uma boa
assimilação de conceitos anteriores. Afinal, a construção do conhecimento se realiza também
por avanços e retrocessos.
O produto vetorial, como o próprio nome indica, resulta em um vetor. Já o produto misto
envolve o produto escalar e o produto vetorial, o que sempre resultará em um número real.
Faremos as representações algébrica e geométrica tanto do produto vetorial como do produto
misto, visões complementares e que facilitam a concretização do conhecimento.
Além de outras aplicações no campo da Física e da Engenharia, por exemplo, o estudo do
produto vetorial e do produto misto estão atrelados respectivamente ao cálculo da área de
um paralelogramo e ao cálculo do volume de paralelepípedos.
Isso obviamente leva a desdobramentos e, consequentemente, a aplicações no cálculo de
áreas e volumes de outras figuras geométricas.

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Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

Contextualização

Nesta unidade, vamos aprofundar nosso trabalho com vetores, tendo como foco o produto
vetorial e o produto misto.
Essas duas operações só estão definidas para vetores no espaço tridimensional; contrariamente
ao produto escalar, o qual se define no espaço bi e tridimensional.
O produto vetorial resulta sempre em um vetor, daí o seu nome. Já o produto misto tem
como resultado um número real.
    
Os produtos vetorial e misto têm representações algébricas u x v e u ⦁ (v x w),
respectivamente.
  Você também encontrará o produto vetorial com a seguinte representação:
u ˄ v – no entanto, no nosso caso, optamos pela primeira notação.
 Omódulo do produto vetorial representa a área do paralelogramo determinado pelos vetores
u e v (figura abaixo), sendo esses vetores obrigatoriamente coplanares:
De modo análogo, o volume de um paralelepípedo determinado por três vetores  é igual,
numericamente, ao valor absoluto do produto
  misto entre eles. Para vetores u e v no espaço,
sabemos que seu produto vetorial v x w ainda é um vetor no espaço. Desse modo, dado

um terceiro vetor u , também no espaço, podemos fazer o produto escalar de u por  v x w,
obtendo um número real. Esse u v w
 produto é chamado de produto misto dos vetores , e , que
é representado por u ⦁ (v x w). Observe a figura a seguir:
Imagem
As aplicações imediatas do produto vetorial e do produto misto, como você deve ter percebido,
estão na determinação de áreas e de volumes.
Nesse ponto, você também terá contato com a Álgebra Linear, que, num primeiro momento,
exigirá a aplicação de conceitos básicos de matrizes e, sobretudo, determinantes.
Os detalhes e esclarecimentos sobre o tema estão expostos ao decorrer na unidade.

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Introdução

Vamos desenvolver algumas propriedades dos determinantes necessárias para dar sequência
ao nosso trabalho.

1) Definimos um determinante de ordem 2 como:


x1 y1
= x1 y2 − x2 y1
x2 y2

x1 y1

x2 y2
- +

Fizemos o produto dos elementos da diagonal principal menos o produto dos elementos da
diagonal secundária.

Acompanhe o exemplo seguinte:


6 −2
= 6 (3) – 4 (−2) = 18 + 8 = 26
4 3

2) Algumas propriedades dos determinantes que serão úteis no produto vetorial.


a. A permutação de duas linhas inverte o sinal do determinante.

Vamos utilizar o mesmo exemplo do item 1):


4 3
=4 (−2) – 6 (3) =− 8 − 18 =− 26
6 −2

b. Se duas linhas forem constituídas de elementos proporcionais, o determinante é zero.


Exemplo:

2 −4
=2 (−16) – 8 (−4) =− 32 + 32 =0
8 −16

Os elementos da 2º linha são o quádruplo dos elementos da 1º linha.

c. Se uma linha for constituída de zeros, o determinante é zero.


0 0
= 0 (3) – 4 (0)
= 0
4 3

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Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

d. Um determinante de ordem 3 (três linhas por três colunas) pode ser dado por:
a b c
y1 z1 x1 z1 x1 y1
x1 y1 z1 = a· − b· + c·
y2 z2 x2 z2 x2 y2
x2 y2 z2
I II III

Note que (I) foi obtido ao eliminarmos a 1º linha e a 1º coluna (a12: a), encontramos na
1º linha e na 1º coluna; (II) foi obtido ao eliminarmos a linha e a colna às quais o elemento
pertence (b12: b está na 1º linha e a 2º coluna); e (III) foi obtido da mesma forma. O elemento
c13 está na 1º linha e na 3º coluna; suprimindo a linha e a coluna às quais o elemento pertence,
resta (III).
A expressão do lado direto da equação é conhecida como desenvolvimento do determinante
pelo Teorema de Laplace aplicado à primeira linha. Esse procedimento pode ser aplicado
à quaisquer umas das linhas ou quaisquer das colunas. Na realidade, as propriedades aqui
abordadas fizeram referência apenas às linhas, porém elas também são válidas para as colunas.

Acompanhe o exemplo a seguir:

−1 2 4
−5 1 3 1 3 −5
3 (−1)·
−5 1 = − 2· + 4·
−3 6 −2 6 −2 −3
−2 −3 6

= (-1)[(-5)(6)-(-3)(1)]-2[(3)(6)-(-2)(1)]+4[(3)(-3)-(-2)(-5)]=

= (-1)[-30+3]-2[18+2]+4[-9 -10]=27-40-76= -89

Definição de Produto Vetorial


       
Dados dois vetores u = x1 i + y1 j + z1 k e v = x2 i + y2 j + z2 k , nessa ordem, denominamos
     
produto vetorial de u por v e indicamos u x v (leia-se:” u vetorial v ”), o vetor obtido
desenvolvendo-se o determinante:
  
i j k
 y1 z1  x1 z1  x1 y1
x1 y1 z1 = i · −j· +k ·
y2 z2 x2 z2 x2 y2
x2 y2 z2

Acompanhe o exemplo:
           
Calcular u x v e v x u sendo u =i + 3 j + 2k e v =2i + 4 j + 5k

8
  
i j k
  1 3
 3
2 = i ·
2  1
− j ·
2  1
+k ·
3   
= 7i − j − 2k
u x v= 4 5 2 5 2 4
2 4 5

  
i j k
   4 5  2 5  2 4   
v x u = 2 4 5 =i · −j· +k · =−7i + j + 2k
3 2 1 2 1 3
1 3 2

  
Perceba que para o cálculo de v x u os componentes de v foram anotados na segunda
  linha 
e os componentes de u na terceira linha, isso nos leva a conclusão  de que
 u x v = -(v x u ).
Observe a representação gráfica (Figura 2) dos produtos vetoriais, u x v e v x u , obtidos acima:
Figura 2

Note que os vetores representados na figura têm sentidos opostos.

Considerando-se as observações feitas sobre as propriedades dos determinantes de matrizes


quadradas, vamos listar o que podemos concluir de imediato sobre os determinantes de ordem 2.
       
1º vxu = -(u x v ), (Figura 2). Observe que os vetores
  v x u e u x v são opostos. A
troca da ordem dos vetores no produto vetorial u x v gera a troca de sinais de todos
 os
determinantes,
  isto é, troca os sinais de todos os seus componentes. Do fato de u x v
≠ v x u , concluímos que o produto vetorial, contrariamente
   ao produto escalar, não é
comutativo. No produto escalar, vimos que u ⦁ v = v ⦁ u , concluindo que no produto
vetorial a ordem dos fatores deve ser considerada.

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Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto
    
2º u x v = 0 se, e somente se, u // v , uma vez que, nesse caso, os determinantes têm suas
linhas constituídas de elementos proporcionais. Vejamos os casos particulares:
  
a. u x u = 0 (determinantes de ordem 2 com linhas iguais);
  
b. u x 0 = 0 (determinantes de ordem 2 com uma linha de zeros).

A seguir, encontram-se alguns exemplos de produto vetorial de vetores paralelos:


  
I. u x (2v) = 0
  
II. (2u) x (3u)= 0
   
III. (u x v ) x (v x u )
    
IV. (u - v ) x (v - u )=0
    
V. (5u + 2v ) x (3u +4v )=0
  
VI. (2u ) x 0 =0
   
Vamos, a partir de agora, explorar situações em u x v , no caso de u e v serem não-nulos e
não-paralelos.

 
Características do vetor u x v
 
Sejam os vetores u = (x1, y1, z1) e v = (x2, y2, z2).
 
1) A direção de u x v .
   
O vetor u x v é ortogonal a u e ortogonal a v

Como sabemos
 quedois vetores são
 ortogonais
 quando o produto escalar deles é zero, basta
mostrar que (u x v ) ⦁ u = 0 e (u x v ) ⦁ v = 0.

Na Figura 3 está representado o que acima foi exposto.


Figura 3

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Acompanhe as resoluções a seguir, que comprovam o que se buscou discutir nesse item.
   
Dados os vetores u = (-1, 2, 5) e v = (3, 4 -2), vamos calcular (u x v ).
A resolução desse determinante se dará por meio de um dispositivo prático, cujas vantagens
são agilizar na resolução e evitar que você corra o risco de esquecer de trocar o sinal do termo
intermediário. Esse processo consiste em dispor os vetores em linha e repetir pela ordem as duas
 
primeiras colunas. Os três componentes de u x v são dados pelos três determinantes. Assim:
  
i j k
  −1 2 5 −1 2   
u x v = −1 2 5 = −−1−12122555−−1−1−211222 5=−1 2 = -24 i + 13 j - 10 k
333444−−2−223334343444−−
22 33 44
3 4 −2

  
Agora, fazemos o produto escalar (u x v ) ⦁ u :
  
(u x v ) ⦁ u = (-24, 13, -10) ⦁ (-1, 2, 5) = 24 + 26 – 50 = 0, isso comprova o que foi
discutido anteriormente.

  
Exercício como sugestão: comprove que (u x v ) ⦁ v = 0. É bem simples!.

 
2) Sentido de (u x v ).
   
O sentido de u x v relativo a (u e v ) é determinado pela regra da mão direita (Figura 4a), isto
é, se os dedos
 da mão direita estão postos emforma de concha, de tal forma que eles fecham
de u v
para no sentido de rotação que  leva
 u v
em com menos de 180 , então o polegar irá
0

apontar grosseiramente na direção de u x v . Já a Figura 4b mostra que o produto vetorial muda


de sentido quando a ordem
  dos vetores é invertida. Observamos facilmente que só será possível
dobrar os dedos de v x u se invertermos a posição da mão, quando então o polegar estiver
apontando para baixo.

Figura 4a Figura 4b

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Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto
 
3) Comprimento de u x v

 
Se θ é o ângulo entre  u x v não-nulos, então:
 dois vetores
u x v |= |u | |v | sen θ

Trocando Ideias
Consulte os sites mencionados anteriormente e, também, acesse http://fatosmatematicos.
blogspot.com.br/ para obter mais informações sobre a identidade de Lagrange, que será
aqui utilizada.

   
Para demonstramos a relação |u x v |= |u |=|v |sen θ, recorreremos à identidade de agrange.

Proposição de Lagrange
       
Dados os vetores u = (x1, y1, z1) e v = (x2, y2, z2), então |u x v |2+ (u x v )2= |u |2 • |v |2.
 
Em palavras, o que
 ele  vetorial de u e v mais o quadrado do
 afirma é: o quadrado do produto 
produto escalar de u e v é igual ao quadrado do vetor u multiplicado pelo quadrado do vetor v .

Demonstração:
Da definição de produto vetorial, temos:
  
i j k
   y1 z1  x1 z1  x1 y1 
u x v = x1 y1 z1 =i · −j· +k · ( y1 z2 − y2 z1 ) i
y2 z2 x2 z2 x2 y2
x2 y2 z2

Na sequência, temos:

12
 
 
2
  x1 , y1 , z1    x 2 , y2 , z 2     x1 x 2  y1 y2  z1 z 2 
2 2
uv

2 2
 
u  v  x12  y12  z12  x 22  y22  z 22 
Note que você deverá igualar as expressões obtidas acima para provar que a identidade de
Lagrange é verdadeira – tente!
 2  2   2 2
 
2
Isolando u x v em u x v  u  v  u  v , vem:
 2 2 2  
 
2
uxv  u  v  u v

   
Sabemos que u • v = |u |•|v | cos θ (I). Substituindo (I) em
 2 2 2   2
u=xv u · v − (u  v ) , temos:
 2 2 2  
u · v − ( u · v ·cos θ )
2
u=xv
 2 2 2 2 2
u=xv u · v − u · v cos 2 θ

 
Colocando u 2 · v 2 em evidência:
 2 2 2
ux v
= u · v ·(1 − cos 2 θ )

1 − cos 2 θ =
sen 2θ (identidade trigonométrica)
 2 2 2
u x v = u · v ·sen 2θ

Extraindo a raiz quadrada de ambos os membros:


   
u x v = u ·v ·senθ

Interpretação geométrica do módulo do produto vetorial

Acompanhe por meio de uma representação gráfica (Figura 5) a comprovação da relação


   
A = u x v , onde A é a área de um paralelogramo determinado pelos vetores u x v não-nulos.

Essa relação pode ser assim enunciada: “A área do paralelogramo determinado pelos vetores u
  
e v é numericamente igual ao comprimento do vetor u x v ”.

Figura 4.5 v

|v|

|u| u
 
Área do paralelogramo = base (vezes) altura = |u ||v | sen θ

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Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

Acompanhe um exemplo que comprova o que foi desenvolvido anteriormente:


     
Determinar o produto vetorial u x v dados os vetores u = 4i e v = 2 j .
Resolução:
  
i j k
0 0 4 0  4 0 
4 0 0 = i− j+ k = (0, 0, 8)
2 0 0 0 0 2
0 2 0

 
Acompanhe a representação gráfica de u x v :

Conclusões finais sobre o produto vetorial

1. O produto vetorial não é associativo, sendo assim, em geral:


     
(u x v )x w ≠ u x (v x w)
  
2. Para quaisquer vetores u , v , w e o escalar a são válidas as propriedades:
             
u x (v + w=
) (u x v ) + (u x w)e (u + v ) x =
w (u x w) + (v x w)
     
(u x v )
a= (=
au )x v u x (av )
     
  
u  v xw  uxv w 

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Atividades
    
1. Determine o vetor x, tal que x seja ortogonal ao eixo das ordenadas e u = x x v , sendo
 
u= (1,1, −1)e v =(−2,1, −1) .
 
2. Sejam os vetores , u = (−1, 3, 1) e v = (4, −2, 2) determinar um vetor que seja:
 
a. Ortogonal a u e v
 
b. Ortogonal a u e v e unitário;
 
c. Ortogonal a u e v e tenha módulo 3;
 
d. Ortogonal a u e v e tenha cota igual a 5.
 
3. Seja um   isósceles de lados AB = AC = 4 e o ângulo entre esses lados mede 30 ,
triângulo o

calcule AB x AC .
 
4. Dados os vetores u =(-1, 1, -1) e v =(3, -2, 4), calcular:
 
a. a área do paralelogramo determinado por u e v ;

b. a altura do paralelogramo relativa à base definida pelo vetor u .

5. Determinar a distância do ponto (4, 2, 1) à reta r que passa por A(-1, 2, 3) e B(5, 1, -1).
 
6. Dados os vetores u = (-2, 3, 1)e v =(2,
 -1, a), calcule o valor de a para que a área do
paralelogramo determinado por u e v seja igual à 21.

7. Dados os pontos A(1, -2, 1), B(4, 0, -2) e C(3, -2, 2), determinar:
a. a área do triângulo ABC;
b. a altura do triângulo relativa ao vértice C.

Resoluções
 
1. O vetor x é perpendicular
 ao eixo das ordenadas, ou seja, 0y. Em símbolos x ⊥ 0y, logo
ele é do tipo x = (x, 0, z). Sabendo que
  
i j k
  
u =xxv equivale a: (1, 1, -1) = x 0 z , então:
−2 1 −1

0 z  x z  x 0 
i j+ k = (1, 1, − 1)
1 −1 −2 −1 2 1

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Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

 z = −1

x − 2z =1
 x = −1


Logo, x =(-1, 0, -1)

   
2. Sabemos que u x v é ortogonal a u x v , ao mesmo tempo. Também sabemos que
multiplicar um vetor
 por um número real não altera a sua direção, logo todos os vetores
do tipo a (u x v ) e a ∈ R são também ortogonais a u e v . Portanto, esse problema tem
infinitas soluções.
  
  i j k
3 1  −1 1  −1 3 
u x v = −1 3 1 = i− j+ k = (8, 6, -10)
−2 2 4 2 4 −2
4 −2 2

Logo, as infinitas soluções são a (8, 6, -10), a ∈ R


   
b. A partir de u x v , ou de qualquer a(u x v ), a ≠0, obtermos dois vetores unitários:

 
Vamos determinar |u x v | = 82 + 62 + (−10)= 100 (2=
) 10 2
2
64 + 36 + 100
= 200
=

 
u1= u x v= (8, 6, −10=
)  8 , 6 , − 10 =  4 , 3 , − 1 
   
u xv 10 2 10 2 10 2 10 2   5 2 5 2 2

 4 3 1 
ou u2 =
−u1 =−
 ,− , 
5 2 5 2 2
 
c. Para obter um vetor de módulo 3 que seja ortogonal a u x v , basta multiplicar por 3
um vetor unitário:
 4 3 1   12 9 3 
3 , , −=   , ,−  ou
5 2 5 2 2 5 2 5 2 2

 4 3 1   12 9 3 
3 − ,− , =  − ,− , 
 5 2 5 2 2  5 2 5 2 2

d. Das infinitas soluções a(8, 6, -10), queremos aquela cuja cota seja igual a 5. Então, (8a,
1
6a, -10a), isto é, -10a = 5, logo a =− .
2

16
   
3. Utilizando a relação|u x v |= |u |•|v | • sen θ, a qual representa a área de um
paralelogramo:
   
AB x AC = AB·AC ·sen30o

  1
AB x AC = 4·4· = 8
2

 
Logo, 8 representa a área do paralelogramo determinada pelos vetores AB e AC Então, a
área do triângulo isósceles ABC mede 4 u.a (unidades de área).

 
4. a) Primeiramente, vamos determinar o produto vetorial u x v .
  
i j k
  1 −1  −1 −1  −1 1 
uxv = −1 1= −1
−2 4
i−
3 4
j+
3 −2
k = (2, 1, -1)
3 −2 4

A área do paralelogramo é dada pelo módulo do produto vetorial, então:


 
|u x v | = 22 + 12 + (−1) = 6 u.a
2

b) Vamos utilizar a definição de área do paralelogramo: A = b•h (base vezes altura). Utilizando
essa definição para a representação geométrica, teremos:

|u|• h = A
  
|u |• h= |u x v |


Temos que determinar o módulo de |u |: u = (−1)2 + 12 + (−1)2 = 3.
 
 ux v 6
Substituindo |u |= 3, na fórmula seguinte, obtemos:=h = = 2 u.a
u 3

5. Consideremos d a distância entre o ponto P e a reta r. Observe na figura seguinte que


calcular essa distância d é o mesmo que calcular a altura h, como foi feito no item b) do
exercício anterior.
 
AB x AP
d = 
AB

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Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

AB = B – A = (5, 1, -1) – (-1, 2, 3) = (6, -1, -4)

AP = P - A = (4, 2, 1) - (-1, 2, 3) = (5, 0, -2)
  
i j k
  −1 −4  6 −4  6 −1 
AB x AP = 6 −=1 −4 i− j+ k
0 −2 5 −2 5 0
5 0 −2

   


22 + (−8) + 52 = 93
2
AB x AP = (2, -8, 5) e | AB x AP|=


62 + (−1) + (-4) 2 = 53
2
| AB| =

 
AB x AP 93 93
d =  = =
AB 53 53

 
6. A área do paralelogramo é determinada por A=|u x v |, logo, primeiramente, devemos calcular:
  
i j k
  3 1  −2 1  −2 3 
u x v = −2 3 1 = i− j+ k
−1 a 2 a 2 −1
2 −1 a
 
u x v = (3a + 1, 2a + 2, -4)
 
|u x v | = 21

(3a + 1) 2 + (2a + 2) 2 + ( −4) 2 = 21 (elevar ambos os membros ao quadrado)

(3a+1)2 + (2a + 2)2 + (-42 = 21

9a2+ 6a + 1 + 4a2 + 8a + 4 + 16 = 21

13a2+ 14a + 21 = 21

13a2+ 14a + 21 - 21 = 0

13a2+ 14a = 0

a(13a + 14) = 0
14
a =0 ou 13a + 14 =⇒
0 a =−
13
14
Logo, a = 0 ou a = −
13

18
7. a) Observe na figura a seguir que a partir do triângulo ABC é possível obter a área de um
paralelogramo, cuja área é o dobro da área do triângulo.
C D

A
B
 
Como a área do paralelogramo é determinada pelo módulo dos vetores |( AB x AP|, temos
 
que, primeiramente, determinar os vetores ( AB x AP):

AB = B – A = (4, 0, -2) – (1, -2, 1) = (3, 2, -3)


AC = C – A = (3, -2, 2) – (1, -2, 1) = (2, 0, 1)
  
i j k
  2 −3  3 −3  3 2 
| AB x AC |= 3 2 =
−3 i− j+ k
0 1 2 1 2 0
2 0 1
 
| AB x AC |=(2, -9, -4)

 
| AB x AC | = 22 + ( −9 ) + (−4)2= 4 + 81 + 16= 101

1
Então a área procurada é A∆= 101 u.a.
2

b) A altura do triângulo que está indicada na figura é a mesma do paralelogramo de base


 
AB. Sabemos que a área do paralelogramo é base vezes altura, então | AB x AC | =1 29 .
2
1 29 ⇒ h = 29 29 29
b•h= 29 ⇒ h = = =
2 32 + 22 + (−3)
2
22 22
b

Produto Misto
        
Chamamos de produto misto dos vetores, u = x1 i + y1 j + z1 k , v = x2 i + y2 j + z2 k e w = x3 i + y3 j +
       
z2 k e w = x3 i + y3 j + z3 k considerados nessa ordem, ao número real u • (v x w). O produto misto também
  
é indicado por (u, v , w).

19
Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

  
  i j k
Sabendo que v x w = x  y2 z2  x2 z2  x2 y2
2 y2 z2 = i · −j· +k ·
y3 z3 x3 z3 x3 y3
x3 y3 z3

  
então, temos u ⦁ (v x w) = x y2 z2
− y1
x2 z2
+ z1
x2 y2 e, portanto
1
y3 z3 x3 z3 x3 y3

x1 x2 x3
  
u ⦁ (v x w) = x2 y2 z2
x3 y3 z3
  
Ao resolvermos esse determinante, obteremos um número real de onde se conclui que u ⦁ (v x w),
ou seja, o produto misto sempre resultará em um escalar (número).

Atividade
  
(0, 2, 4), v =
Calcule o produto misto dos vetores u = (2, −1, 3)e w =
(2, 0,1) .

Resolução
  
Temos que determinar u ⦁ (v x w).
    
Temos, então, que resolver o determinante: u ⦁ (v xw) = (u,v ,w) =

0 2 4
  −1 3 2 3 2 −1
(u,v ,w) = 2 −1 =
3 0· − 2· + 4· = 0 + 8 + 8 = 16
0 1 2 1 2 0
2 0 1

Propriedades do Produto Misto


As propriedades do produto misto, em sua maioria, derivam das propriedades dos determinantes.
  
I) O produto misto (u, v , w) muda de sinal ao trocarmos a posição de dois vetores. Vamos
  
comprovar essa propriedade com base na atividade anterior em que (u, v , w) = 8.
    
(u, v , w) = -8 (troca de u e v )
    
(u, v , w) = -8 (troca de u e w)
    
(u, v , w) = -8 (troca de v e w)

20
Se trocarmos novamente a ordem de dois vetores nos produtos mistos anteriores, que
resultaram em -8, o resultado volta a ser 8.
  
Então, se em relação ao produto misto (u, v , w) ocorrer:

a. uma permutação – haverá troca de sinal;


b. duas permutações – não alterará o valor.
   
dessa propriedade que os sinais ⦁ e x podem ser trocados, isto é, u ⦁ (v x w)=(u x
 Resulta
               
v ) ⦁ w pois (u x v ) ⦁ w = w ⦁ (u x v ) = (w, u , v ) = (u , v , w) = u ⦁ (v x w).
         
II) (u + x , v , w)=(u , v , w)+ ( x , v ,w)
         
(u , v + x ,w)=(u , v , w)+ (u , x ,w)
         
(u ,v ,w+ x )=(u ,v ,w )+ (u , v , x )

          
III) (au ,v ,w) = (u , av , w) = (u , v ,aw) = a(u , v , w)
  
IV) (u , v , w) = 0 se, e somente se, os três vetores forem coplanares.

       
Admitindo-se que (u ,v ,w) = 0, ou seja, u ⦁ (v x w) = 0, conclui-se que (v x w) ⊥ u . Por
   
outro lado, no estudo do produto vetorial vimos que o vetor v x w é também ortogonal a v e w,
    
assim sendo, como v e w é ortogonal aos três vetores u , v e w, esses são coplanares (Figura 6).

Figura 6 v xw

w
v

    
Do mesmo modo, admitindo-se que u , v e w, sejam coplanares, o vetor v x w, por ser
  
ortogonal a v e w, é também ortogonal a u .
  
A conclusão imediata é de que u e v x w são ortogonais, o produto escalar deles é igual a
     
zero, isto é, u ⦁ (v x w)= (u , v , w) = 0.

Atividades
  
1) Verifique se são coplanares os vetores u = (1, 1, 2), v = (3, 1, -1) e w = (0, 2, 1)

21
Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

Resolução
Se o produto misto desses vetores for zero, eles serão coplanares.

1 1 2
   1 −1 3 −1 3 1
(u , v , w) = 3 1 =
−1 1 −1 +2
2 1 0 1 0 3
0 2 1

Logo, os vetores não são coplanares.

  
2) Determine o valor de x para que os vetores u = (1, x, 2), v = (-1, 3, 2) e w = (-2, 1, 1)
sejam coplanares.

Resolução
  
(u , v , w) = 0

1 x 2
3 2 −1 2 −1 3
−1 3 2 =0 ⇒ 1 −x +2 =1 − 3 x + 10 =0
1 1 −2 1 −2 1
−2 1 1
11
- 3x = -11 ⇒ x =
3

3) Mostre que os pontos A(1, 0, 2), B(3, 2, 5), C(0, -1, 3) e D(5, 4, 2) são coplanares.
  
Para que os quatro pontos dados sejam coplanares, os vetores AB, AC e AD, obrigatoriamente,
devem ser coplanares.
  
( AB, AC , AD,) = 0
 D
AB = B – A = (3, 2, 5) – (1, 0, 2) = (2, 2, 3)
 A
AC = C – A = (0, -1, 3) – (1, 0, 2) = (-1, -1, 1)
B

AD = D – A = (5, 4, 2) – (1, 0, 2) = (4, 4, 0)

2 2 3
−1 1 −1 1 −1 −1
−1 −1 1 =0 ⇒ 2 −2 +3 =−8 + 8 + 0 =0
4 0 4 0 4 4
4 4 0

Logo, os pontos dados são coplanares.

22
Interpretação geométrica do módulo do produto misto
  
O produto misto u ⦁ (v x w) geometricamente é igual, em módulo, ao volume do paralelepípedo
  
de arestas determinadas pelos vetores não coplanares u e v , w (Figura 7).
 
A área da base do paralelepípedo é |v x w|.
    
Considerando θ o ângulo entre os vetores u e v x w. Sendo v x w um vetor ortogonal à base,

a altura será paralela a ele e, portanto, h=|u ||cos θ|.
Note que devemos considerar o valor absoluto|cos θ|,
no caso de θ ser um ângulo obtuso. O volume do
paralelepípedo é dado pela fórmula:

V = (área da base) (altura)


  
V = |v x w||u ||cos θ|
  
V = ||u ||v x w||cos θ|
  
V = |u ⦁ (v x w)|, logo
  
V = |(u , v , w)|

Atividade
  
Sejam os vetores u =(4, x, −1), v =
(−2, 2, 0) ew =−
(
1, 1, 3), determine o valor de x para que o
volume do paralelepípedo determinado por u , v e w seja 36 u.v. (unidades de volume).

Resolução
    
O volume do paralelepípedo é dado por V = |(u, v, w)| e, de acordo com o enunciado, |(u, v,w)|
= 36, o que nos leva ao determinante:

4 x −1
   2 0 −2 0 −2 2 = 24 + 6x + 0
(u, v, w) = −2 2= 0 4 −x + (−1)
−1 3 1 3 1 −1
1 −1 3

Isso resulta em:


|24+6x|= 36, que pela definição de módulo nos fornece duas possibilidades:

24 + 6x = 36 ou 24 + 6x = -36
6x = 12 ou 6x = -36 – 24
x=2 ou x = -10

23
Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

Volume do Tetraedro
  
Dados os pontos A, B, C e D não-coplanares, e os vetores AB, AC e AD, que pelo que discutiu-
se até então, também serão não-coplanares, a consequência é de que esses vetores determinam
  
um paralelepípedo (Figura 8), cujo volume é V = |( AB, AC e AD)|. O paralelepípedo, por sua
vez, pode ser dividido em dois prismas triangulares de mesmo tamanho (vide figura abaixo) e,
portanto, o volume Vp de cada prisma é a metade do volume V do paralelepípedo, isto é,

1
Vp = V
2
Um dado relevante da geometria espacial que vamos recorrer agora é o fato de que o prisma
pode ser dividido em três pirâmides de mesmo volume, sendo uma delas o tetraedro ABCD.
Com base nisso, podemos concluir que o volume Vt do tetraedro é um terço do volume do
1 1   
prisma, ou seja:= 1
Vt =
3
Vp
1  1  ou
 V
3 2 
 Vt =
6
ou ainda Vt =
6
(AB, AC, AD)
Figura 8

Atividade
Dados A(1, 1, 0), B(1, 0, 1), C(0, 1, 1) e D(3, 2, 1) como vértices de um tetraedro, determine:
a. o volume do tetraedro;
b. a altura do tetraedro relativa ao vértice D.

Resolução
1   
O volume do tetraedro é Vt =
 6
(
AB, AC , AD )
AB = B – A = (1, 0, 1) – (1, 1, 0) = (0, -1, 1)

AC = C – A = (0, 1, 1) – (1, 1, 0) = (-1, 0, 1)

AD = D – A = (3, 2, 1) – (1, 1, 0) = (2, 1, 1)

   0 −1 1


AB, AC , AD = −1 0 1 =0 0 1 − (−1) −1 1 + 1 −1 0 =0 − 3 − 1 =−4
1 1 2 1 2 1
2 1 1
V= |-4| = 4 (volume do paralelepípedo).

24
Observe que devemos considerar o valor absoluto, ou seja, módulo, pois não há sentido em
considerarmos um volume negativo.

1    1 4 2


V=
t
6
(
AB, AC , AD =
6
)4= =
6 3
u.v

Observe na Figura 8 que a altura do tetraedro


  traçada do vértice D é a própria altura do
paralelepípedo de base, determinada por AB e AC . O volume do paralelepípedo é definido por
 
V = (área da base) (altura) = | AB x AC | • h. Isolando h, pois é o que queremos calcular, vem:

V
h =  
AB x AC

  
i j k
  −1 1  0 1  0 −1 
AB x AC = 0 −1 1 = i − j+ (−1, 1, 1)
k=
0 1 −1 1 −1 0
−1 0 1

V 4 4
=h 
=   = u.c.
AB x AC (−1)2 + 12 + 12 3

(unidades de comprimento)

25
Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

Material Complementar

• CAMARGO, Ivan de. Geometria Analítica: um tratamento vetorial. 3.ed. São Paulo.
Pearson Prentice Hall, 2005.

• JULIANELLI, José Roberto. Cálculo Vetorial e Geometria Analítica. Rio de Janeiro:


Ciência Moderna, 2008.

• WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica. 2. ed. São Paulo: Makron Books
do Brasil, 2000.

• ANTON, H. Álgebra Linear com aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2001

26
Referências

BOULOS , Paulo, CAMARGO, Ivan de. Geometria Analítica: i, tratamento vetorial – São
Paulo: Mc Graw-Hill 2005, 3 edição

LIMA, Elon Lages. Coordenadas no Espaço – Rio de Janeiro: Coleção do professor de


Matemática, 1993.

SIMMONS, George F. Cálculo com Geometria Analítica – São Paulo: Mc Graw-Hill 1987.

SWOKOWSKI, Earl W. Cálculo com geometria analítica – volume 2. São Paulo: Makron
Books do Brasil Editora Ltda, 1994, 2 edição

VENTURI, Jaci J. álgebra Vetorial e Geometria Analítica – Curitiba: Scientia et Labor –


Editora da UFPR, 1990, 3 edição

WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica – São Paulo: Makron Books Ltda, 2000

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Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto

Anotações

28
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Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000

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