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Metodologia do Trabalho Científico.

Antônio Joaquim Severino.

2.2 Leitura e documentação


2.2.1 Diretrizes para a leitura, análise e interpretação de textos.
Os textos científicos e filosóficos são encarados pelos estudantes como textos de difícil
entendimento por não estimularem a imaginação e a experiência objetiva do leitor.
A teoria geral da comunicação consiste na transmissão da mensagem pelo emissor e a captação
pelo receptor. Contudo, esta transmissão da mensagem precisa ter um termo intermediário que se
dá pelo texto-linguagem (código que cifra a mensagem).

1.a. Delimitação da unidade de leitura.


Unidade é um setor do texto que forma uma totalidade de sentido, a qual o leitor determinará para
fazer a análise e reflexão, e assim, compreender o sentido do texto como um todo.

1.b.A análise textual.


Primeira leitura que se faz do texto, com a finalidade de ter um apanhado geral do conteúdo e o
estilo e métodos que o autor utiliza. Esse primeiro contato permite que os leitos pesquisem sobre o
autor, entenda o vocabulário utilizado, se interessem em entender as referências históricas citadas
e tenham uma esquematização global sobre o texto.

1.c.A análise temática.


Trata-se da compreensão do conteúdo da mensagem. Essa análise tem o objetivo de descobrir o
tema e subtemas, a problemática, a ideia central que o autor aborda no texto e como o autor
desenvolveu sua linha de pensamento para chegar a uma posição.

1.d.A análise interpretativa.


Procura-se obter uma reflexão a partir da posição que o autor tem sobre o assunto abordado, tendo
como referência o contexto social, cultural, subjetivo, histórico e filosófico do autor.
A interpretação crítica permite analisar o quanto a posição do autor sobre o tema foi elaborada com
objetividade e um raciocínio original.

1.e.A problematização.
Consiste no debate de questões implícitas e explícitas do texto, que foram levantadas pelo autor ou
pelo leitor.

1.f.A síntese pessoal.


Significa o conjunto de ideias, reflexões e posições que o leitor teve sobre o texto.

2.2.2. A documentação como método de estudo pessoal.


A assimilação de conteúdos pelos estudantes deve ser de maneira qualitativa e seletiva
proporcionando um desenvolvimento crítico e intelectual do indivíduo.

2.a. A prática da documentação


A documentação pessoal permite ao estudante um aprofundamento de suas reflexões e estudos
(deve ser feito em fichas para ter um melhor desempenho).
2.b. A documentação temática
Destina-se em abordar em fichas os elementos mais importantes de determinada área para um
estudo em geral ou particular. Os elementos transcritos podem ser de leituras particulares, de
aulas, conferências, seminários e ideias pessoais.

2.c. A documentação bibliográfica


Trata-se de descrever em fichas as informações pertinentes de livros, artigos, capítulos, resenhas,
etc. As anotações devem ser realizadas à medida que o indivíduo tenha contato com o material.

2.d. A documentação geral


A documentação geral se baseia no arquivamento, sistematicamente organizado, de documentos
importantes em pastas. Esses documentos (jornais, apostilas, xerox de revistas, etc.) servem de
base para a construção do fichamento temático e bibliográfico.

2.e. Documentação em folhas de diversos tamanhos


Independentemente do tipo de folha utilizado, o esquema é o mesmo: no alto, à direita, o tema
principal, seguido, logo abaixo, por uma chamada secundária, o subtema, a perspectiva, o enfoque
ou o critério sob o qual o assunto está sendo abordado.

2.f. Vocabulário técnico-linguístico


No contexto das documentações em geral, é necessário a elaboração de um dicionário contendo
as principais palavras, conceitos e informações bibliográficas de autores para a compreensão do
assunto estipulado.

2.3. A estrutura lógica do texto


O trabalho científico na sua forma dissertativa tem o objetivo de demonstrar sua tese sobre
determinado problema por meio de argumentos racionais e pesquisas.
Epistemologia: do grego “episteme” (conhecimento)+ “logia” (estudo), ou seja, estudo do
conhecimento científico.

2.3.1. Demonstração
Consiste no desenvolvimento de ideias e fatos que por meio de um viés racional comprove aquilo
que se quer demonstrar e argumentar. Ademais, é importante definir o que vai ser abordado ou
problematizado, pois a demonstração precisa ter um foco.
Demonstração pode ser direta, quando a argumentação está voltada em provar que uma proposta
de solução é verdadeira, enquanto as outras são falsas. Já a demonstração indireta ocorre quando
se demonstra ser falsa a alternativa que se opõe contraditoriamente à tese proposta.

2.3.2. O raciocínio
O raciocínio é a reflexão dos conhecimentos adquiridos que permitem a formulação de outros
conhecimentos também lógicos e válidos. Nas monografias científicas o raciocínio é a base para o
discurso lógico, assim, é necessário adequação entre a mensagem e o texto-código que é o
intermédio entre o emissor e o receptor.

2.3.3. Processos lógicos de estudo


O trabalho científico utiliza processos analíticos ou sintéticos para a reflexão e conhecimento do
tema abordado. A análise é um processo de tratamento do objeto que será decomposto,
tornando-se simples (dividir, isolar, discriminar). A síntese é o processo lógico de tratamento do
objeto que será aglutinado novamente, permitindo um sentido global.

3.a. A formação dos conceitos


Conceito é aquilo que se concebe no pensamento sobre um objeto ou alguém.
A compreensão do conceito é as características que fazem o objeto ou o ser se distinguir dos
demais. A extensão do conceito é o conjunto das características que possibilitam o agrupamento
de seres ou objetos em uma definição.
A definição consiste na explicação que compõem a compreensão do conceito. A divisão é a
classificação, organização das extensões dos conceitos.

3.b. A formação dos juízos


Juízo é o ato da mente pelo qual ela afirma ou nega alguma coisa.

3.c. A elaboração dos raciocínios


O antecedente compõe-se de uma ou várias premissas que leva o conhecimento;
O consequente constitui-se de uma conclusão, uma decorrência daquela razão.
O raciocínio dedutivo é constituído de princípios universais, plenamente inteligíveis; através dele se
chega a um consequente menos universal.
O raciocínio indutivo são dados e fatos particulares que chegam a uma afirmação mais universal,
sensível e concreta.

2.4. Diretrizes para a realização de um seminário

2.4.1. Objetivos
O seminário tem o objetivo de analisar rigorosamente o texto, obtendo a compreensão da
mensagem central, um julgamento crítico e por fim uma discussão da problemática.

2.4.2. O texto-roteiro didático


O coordenador do seminário disponibiliza um texto-roteiro que aborda a temática do
seminário,assim, os participantes elaboram os principais conceitos, ideias e doutrinas que tenham
relevância no texto e problematizam o tema para a reflexão.

2.4.3. O texto-roteiro interpretativo


O coordenador por meio do texto base ou da problemática abordada elabora um outro texto,
expondo sua compreensão da mensagem, apresentando sua interpretação, levantando suas
críticas e a problemática. Desta forma, proporciona reflexões e discussões dos participantes.

2.4.4. O texto-roteiro de questões


Entrega-se aos participantes um texto base e um conjunto de questões apresentando
problemáticas que devem ser pesquisadas e solucionadas.

2.4.5. Orientação para a preparação do seminário


Em primeiro lugar faz-se leitura da documentação do texto básico e do texto complementar;
ademais, apresenta-se conhecimentos bibliográficos, históricos, as reflexões e conclusões dos
participantes do seminário.

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