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KANT
Juízos analíticos
São aqueles nos quais o predicado está contido, pelo menos implicitamente, no conceito
do sujeito. Diz-se que são "juízos explicativos", porque o predicado não acrescenta
nada de novo ao conceito do sujeito. A sua verdade baseia-se no princípio da
contradição, dado que não podemos negar uma proposição destas sem cair em
contradição (não posso dizer que o triângulo não é um polígono com três lados). Kant
dá também como exemplo: "todos os corpos são extensos"; a ideia de extensão está
contida na ideia de corpo. Os juízos analíticos são a priori, isto é, universais e
necessários.
Juízos sintéticos1
Ao contrário dos analíticos, afirmam ou negam de um sujeito um predicado que não está
contido no conceito do sujeito. Por isso se chamam "juízos ampliativos", pois ampliam
o conceito dado pelo sujeito. Segundo Kant, "todos os corpos são pesados" é um
exemplo de juízo sintético, pois a ideia de peso ou gravidade não está contida no
conceito de corpo como tal.
Temos de fazer uma distinção entre os juízos sintéticos. A todos eles, como se disse,
acrescenta-se algo ao conceito do sujeito. Afirma-se uma conexão entre o predicado e o
sujeito, porém o predicado não pode obter-se do sujeito mediante mera análise (como
nos juízos analíticos). Ora bem: esta conexão pode ser puramente factual e contingente,
e neste caso dá-se só na e pela experiência. Quando isto ocorre, o juízo é sintético a
posteriori. Tomemos a proposição: "Todos os membros da tribo X são baixos", e
suponhamos que é verdadeira. É sintética, pois não podemos obter a ideia de (ser) baixo
por mera análise do conceito de pertença à tribo X. Porém, a conexão entre a escassa
estatura e a pertença à tribo está dada exclusivamente na e pela experiência, e o juízo é
simplesmente resultado de uma série de observações. A sua universalidade não é
estrita/rigorosa, mas suposta e comparativa. Ainda que neste momento não haja um só
membro da tribo que não seja baixo, no futuro pode haver um ou mais membros altos.
Não podemos saber a priori que todos os membros são baixos; isto é um assunto factual
e contingente.
Mas, segundo Kant, há outra classe de proposições sintéticas, nas quais a conexão entre
o predicado e o sujeito é necessária e estritamente universal. Estas proposições
chamam-se sintéticas a priori. A proposição é sintética porque o predicado, ter uma
causa, não está contido no conceito do que ocorre, isto é, de acontecimento. É um juízo
ampliativo, não um juízo explicativo. Porém, ao mesmo tempo, é um juízo a priori, pois
caracteriza-se pela necessidade e pela universalidade estrita. A proposição "tudo o que
ocorre tem uma causa" significa que todo o acontecimento, sem excepção possível, tem
causa. A proposição depende da experiência em certo sentido, a saber, que só pela
experiência adquirimos a ideia de coisas que ocorrem, de acontecimentos. Porém, a
conexão entre o predicado e o sujeito está dada a priori. Não é uma mera generalização
de experiência alcançada por indução, nem necessita de confirmação empírica. Sabemos
a priori ou por antecipado que todo o acontecimento há-de ter uma causa, e a
observação de uma conexão assim, no caso dos acontecimentos que caem dentro do
campo da nossa experiência, não acrescenta nada à certeza do juízo.
Kant estava sem dúvida convencido de que existem proposições sintéticas a priori, ou
seja, proposições que não são meramente "explicativas", mas que ampliam o nosso
conhecimento da realidade, e que são simultaneamente a priori (ou seja, necessárias e
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São aqueles em que o predicado não está contido necessariamente no sujeito.
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