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FICHAMENTO

CRITICISMO – IMMANUEL KANT

O conhecimento se dar através da experiência, porém nem tudo pode se


derivar desta experiência.

Kant indaga a seguinte reflexão “Pois bem poderia o nosso próprio


conhecimento por experiência ser um composto do que recebemos através das
impressões sensíveis e daquilo que a nossa própria capacidade de conhecer
(apenas posta em ação por impressões sensíveis) produz por si mesma,
acréscimo esse que não distinguimos dessa matéria-prima, enquanto a nossa
atenção não despertar por um longo exercício que nos torne aptos a separá-
los”.

Se existe um conhecimento independente da experiência e impressão


de sentidos, define-se como a priori esse conhecimento. E diferenciando-se do
empírico, cujo é baseado na experiência, denomina-se como a posteriori.

Disto isto, alguns conhecimentos, provenientes de fontes da experiência,


que deles somos capazes ou os possuímos a priori, porque os não derivamos
imediatamente da experiência, mas de uma regra geral, que, todavia, fomos
buscar à experiência.

Em primeiro lugar, se encontrarmos uma proposição que apenas se


possa pensar como necessária, estamos em presença de um juízo a priori; se,
além disso, essa proposição não for derivada de nenhuma outra, que por seu
turno tenha o valor de uma proposição necessária, então é absolutamente a
priori.

Em segundo lugar, a experiência não concede nunca aos seus juízos


uma universalidade verdadeira e rigorosa, apenas universalidade suposta e
comparativa (por indução), de tal modo que, em verdade, antes se deveria
dizer: tanto quanto até agora nos foi dado verificar, não se encontram exceções
a esta ou àquela regra.

Certos conhecimentos saírem do campo de todas as experiências


possíveis e, mediante conceitos, aos quais a experiência não pode apresentar
objeto correspondente, aparentarem estender os nossos juízos para além de
todos os limites da experiência.

O autor cita algumas prerrogativas como problemática no campo da


razão do conhecimento, que são: Deus, a liberdade e a imortalidade e a ciência
que, com todos os seus requisitos, tem por verdadeira finalidade a resolução
destes problemas chama-se metafísica. O seu proceder metódico é, de início,
dogmático, isto é, aborda confiadamente a realização de tão magna empresa,
sem previamente examinar a sua capacidade ou incapacidade.

Todos os juízos quando relacionados entre um sujeito e predicado,


ambos possuem duas possibilidades. Ou o predicado B pertence ao sujeito A
como algo que está contido (implicitamente) nesse conceito A, ou B está
totalmente fora do conceito A, embora em ligação com ele.

O primeiro caso, o autor chama de juízo analítico e o segundo de


sintético. Portanto, os juízos (os afirmativos) são analíticos, quando a ligação
do sujeito com o predicado é pensada por identidade; aqueles, porém, em que
essa ligação é pensada sem identidade, deverão chamar-se juízos sintéticos.

Os juízos matemáticos são todos sintéticos, cumpre observar que as


verdadeiras proposições matemáticas são sempre juízos a priori e não
empíricos, porque comportam a necessidade, que não se pode extrair da
experiência.

A ciência da natureza (physica) contém em si, como princípios, juízos


sintéticos a “priori”. O fato da metafísica até hoje se ter mantido em estado tão
vacilante entre incertezas e contradições é simplesmente devido a não se ter
pensado mais cedo neste problema, nem talvez mesmo na distinção entre
juízos analíticos e juízos sintéticos.

A salvação ou a ruína da metafísica assenta na solução deste problema


ou numa demonstração satisfatória de que não há realmente possibilidade de
resolver o que ela pretende ver esclarecido.

A crítica da razão acaba, necessariamente, por conduzir à ciência, ao


passo que o uso dogmático da razão, sem crítica, leva, pelo contrário, a
afirmações sem fundamento, a que se podem opor outras por igual verossímeis
e, consequentemente, ao cepticismo.

Com essas colocações origina-se a ideia de uma ciência particular,


chamada de Crítica da razão pura. Porque a razão é a faculdade que fornece
os princípios do conhecimento a priori.

Um organon da razão pura seria o conjunto desses princípios, pelos


quais são adquiridos todos os conhecimentos puros a priori e realmente
constituídos.

Kant propõe que a síntese transcendental é o processo pelo qual nossa


mente organiza os dados sensoriais em objetos e experiências coerentes. Isso
envolve a aplicação das categorias e formas a priori para dar sentido ao
mundo.

O autor explora os limites do conhecimento metafísico, argumentando


que tentativas de chegar a conhecimentos sobre a realidade última ou a alma
imortal através da razão pura resultam em contradições e antinomias.

Kant é frequentemente associado ao idealismo transcendental, que


afirma que nosso conhecimento é moldado pelas estruturas da mente humana.
Ele argumenta que a experiência é um produto da interação entre os dados
sensoriais e as estruturas a priori da mente.

À crítica da razão pura pertence, pois, tudo o que constitui a filosofia


transcendental; é a ideia perfeita da filosofia transcendental, mas não é ainda
essa mesma ciência, porque só avança na análise até onde o exige a
apreciação completa do conhecimento sintético a priori.

Na divisão desta ciência dever-se-á, sobretudo, ter em vista que nela


não entra conceito algum que contenha algo de empírico, ou seja, vigiar para
que o conhecimento a priori seja totalmente puro. Por isso, a filosofia
transcendental outra coisa não é que uma filosofia da razão pura simplesmente
especulativa. Pois tudo o que é prático, na medida em que contém móbiles,
refere-se a sentimentos que pertencem a fontes de conhecimento empíricas.

Kant diferencia entre a “Crítica da Razão Pura” e a “Crítica da Razão


Prática”. Enquanto a primeira lida com os limites e possibilidades do
conhecimento teórico, a segunda lida com a moralidade e a ética prática, onde
Kant defende o imperativo categórico como fundamento da ação moral.

A Crítica da Razão Pura, escrita por Immanuel Kant no século XVIII, é


uma obra filosófica de grande importância, que explora a capacidade da razão
humana de conhecer e compreender o mundo.

Kant tentou superar o impasse entre o racionalismo e o empirismo,


porém considerou que a razão pura poderia apresentar juízos sintéticos a
priori, concluindo que parte da ciência natural e a Matemática seriam
conhecimentos certos por não necessitarem de recorrer à experiência.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos e
Alexandre Fradique Morujão. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
2001. ISBN: 972-31-0623-X (Introdução - pp. 62 – 83).

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