v180514
Filosofia
Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 1 / 60
Sumário
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Sumário
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A resposta deontológica de Kant
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Introdução
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Para começar...
Para começar...
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Sumário
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Boa Vontade
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Boa Vontade
Boa vontade
• É algo que tem valor intrínseco.
• É a única coisa que tem valor incondicional (ou seja, é boa em todas e
quaisquer condições ou circunstâncias).
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Boa Vontade
E a felicidade?
• Mesmo que tenha valor intrínseco, não tem esse valor em todas as
circunstâncias.
• A felicidade pode ser usada para o mal: a felicidade que resulta de uma
pessoa traiçoeira, que prejudica de forma propositada os outros, não é algo
realmente bom.
• A felicidade é boa apenas na medida em que temos uma boa vontade.
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Boa Vontade
• Quem tem uma boa vontade faz aquilo que deve fazer, aquilo que é
moralmente correto, pelas razões corretas.
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Dever
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Dever
Ações
De acordo
Contrárias ao dever
com o dever
(Ex.: Maltratar uma pessoa.)
(Ex.: Ajudar uma pessoa)
Meramente conformes
Realizadas por dever
ao dever
(Ex.: Ajudar uma pessoa apenas
(Ex.: Ajudar uma pessoa por
para cumprir a obrigação moral.)
interesse ou compaixão.)
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Dever
(3) Ações realizadas por dever: são ações que cumprem o dever por
puro e simples respeito pelo dever – apenas para cumprir a
obrigação moral (não difamar porque não devo difamar, etc.)
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Mas, no que se baseiam as ações realizadas por dever?
• Na razão... Quando agimos por dever estamos a agir racionalmente.
• Ou seja, agir por dever implica fazer aquilo que é correto tendo como
único motivo ou intenção obedecer à lei moral que a razão impõe.
• Pelo contrário, quando agimos por outros motivos (inclinações)
estamos a agir em função de desejos não racionais. (Desejos esses que
tiram todo o valor moral às nossas ações).
Figura 1
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Exercícios
• Segundo Kant, a ação do Calvin (de não atirar a bola de neve à Susie)
tem valor moral?
• De acordo com Kant, o Calvin, ao deitar a bola de neve para o chão e
desistir de a atirar à Susie, realiza uma ação meramente conforme ao
dever.
• Ou seja: Calvin efetua a ação correta, não por amor ao dever mas por
medo de maiores males. Ao agir desse modo age por interesse e por isso
a sua acção não tem valor moral.
• Para Kant, o Calvin faz o bem mas por maus motivos. Portanto, a ação
de Calvin não tem valor moral.
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Exercícios
Determina o valor moral das seguintes máximas:
• “Não deves roubar, senão Deus castiga-te”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por sentimento de medo.
• Segundo Kant, devemos abster-nos de realizar atos imorais por esses
atos serem contrários à razão, e não pelo medo de sermos castigados por
alguém.
• “Não minto porque se o fizer, arrisco-me a que a minha namorada já
não goste de mim”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por sentimento de medo.
• “Há adolescentes que se divertem a maltratar mendigos na rua”.
• Não tem valor moral – é uma ação contrária ao dever.
• “Ajudo um mendigo na rua apenas por ter pena dele”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por sentimentos de compaixão.
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Exercícios
Determina o valor moral das seguintes máximas:
• “A Sofia faz doações para ações de caridade apenas para aumentar a
sua popularidade entre os amigos”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por interesse.
• “Aristides de Sousa Mendes e Oskar Schindler, durante a segunda
guerra mundial, salvaram muitos judeus, fazendo o que consideravam
correto e não o que era mais fácil fazer, nem o que lhes traria mais
benefícios”.
• Tem valor moral – é uma ação realizada por dever.
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Exercícios
EXERCÍCIOS
Segundo Kant:
(1) Do que depende o valor moral de uma ação?
(2) O que é agir por dever?
(3) Porque razão a boa vontade tem valor incondicional?
Para debater:
(4) Concordas com a perspetiva de Kant sobre o valor da
boa vontade? Porquê?a
a
Um vídeo de Michael Sandel sobre a ética de Kant: ver aqui.
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Sumário
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Teoria da correção de Kant
Fórmula
da lei
universal
Fórmula
do fim
em si
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Teoria da correção de Kant
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Imperativos
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Imperativo Categórico
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(1) Fórmula da Lei Universal
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(1) Fórmula da Lei Universal
De uma forma mais prática, o teste para se determinar a moralidade de
uma ação é o seguinte:
Teste do imperativo categórico (da lei universal)
Questões:
(1) Que regra (máxima) estamos a seguir se realizarmos esta
ação?
(2) Estamos dispostos a que essa regra (máxima) seja seguida por
todos e em todas as situações? Ou seja, (i) é possível todos
agirem segundo essa regra? E, caso isso seja possível, (ii)
podemos consistentemente querer que assim seja?
Respostas:
SIM: essa regra (máxima) torna-se lei universal e,
consequentemente, o ato é moralmente permissível.
NÃO: essa regra (máxima) não pode ser seguida e,
consequentemente, o ato é moralmente proibido.
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Exercícios
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Exercícios
Ex2: O Gustavo mente ao Joel sobre uma traição da sua namorada Daniela,
pois, não quer que o Joel sofra (tem assim compaixão por ele). Acontece
que o Joel passa a andar traído sem o saber.
• Será que este exemplo passa no teste do imperativo categórico?
• Não. Porque (1) a máxima é “mentirás porque tens compaixão”. E (2)
não poderíamos querer que a mentira fosse uma lei universal, pois isso
derrotar-se-ia a si mesmo: as pessoas descobririam rapidamente que não
podiam confiar no que os outros disseram, e por isso ninguém acreditaria
nas mentiras.
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Exercícios
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Exercícios
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Exercícios
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(2) Fórmula do Fim em Si
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(2) Fórmula do Fim em Si
Valor
Pessoas Coisas
1
As pessoas são agentes livres com capacidade para tomar as suas próprias decisões, estabelecer os seus próprios objetivos e
guiar a sua conduta pela razão.
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(2) Fórmula do Fim em Si
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Exercícios
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Autonomia vs. Heteronomia
Para Kant, o Imperativo Categórico não é uma ordem externa que tenha-
mos de cumprir (heteronomia).
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Autonomia vs. Heteronomia
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Deveres Perfeitos e Imperfeitos
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Deveres Perfeitos e Imperfeitos
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Sumário
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Críticas à ética de Kant
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(1) Regras morais absolutas?
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(2) Conflitos de deveres
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(3) Além das pessoas
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(4) O lugar das emoções em ética
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Sumário
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Outras versões de deontologia
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Deontologia prima facie
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Deontologia prima facie
Ross apresenta-nos uma lista dos nossos deveres mais gerais, reconhecendo
que esta poderá estar incompleta:
1 Fidelidade: Cumpre as tuas promessas.
2 Reparação: Compensa os outros por qualquer mal que lhes tenhas
feito.
3 Gratidão: Retribui fazendo bem àqueles que te fizeram bem.
4 Justiça: Opõe-te às distribuições de felicidade que não estejam de
acordo com o mérito.
5 Desenvolvimento pessoal: Desenvolve a tua virtude e o teu
conhecimento.
6 Não maleficência: Não prejudiques os outros.
7 Beneficência: Faz bem aos outros.
Problema: como sabemos que são estes os nossos deveres?
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Deontologia prima facie
Como sabemos que são estes os nossos deveres?
• É por intuição racional que sabemos ter estes deveres.
• Todos são auto-evidentes (para um agente suficientemente
amadurecido).
• Nenhum deles, no entanto, é absoluto: todos correspondem a deveres
prima facie.
• O agente terá de confiar na sua perceção e intuição (falível) para
descobrir, em casos particulares, aquilo que de facto deve fazer em
casos de conflito de deveres prima facie.
Possível objeção:
• Se a deontologia de Ross está dependente das intuições morais de cada
agente e tendo cada agente em geral intuições diferentes,
• então como podemos ter conhecimento objetivo da verdade moral?
• então não acabará por se estar comprometido com um subjetivismo
moral?
• Será possível haver um consenso sobre intuições morais?
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Contratualismo
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Contratualismo
Para contratualistas como Thomas Hobbes, os agentes que participam
no contrato ético têm uma motivação fundamentalmente egoísta.
• Os participantes, sendo racionais, concordarão seguir normas que se
revelem mutuamente vantajosas.
• Pois, se cada indivíduo se limitar a perseguir os seus interesses sem
nenhum tipo de consideração pelos interesses dos outros, todos ficarão a
perder.
• Assim, aceitarão uma proibição de maltratar.
• Os participantes também poderão revelar-se dispostos a beneficiar os
outros para que também colham benefícios, caso venham a precisar de
ajuda.
• Assim, aceitarão um dever de beneficência.
Objeções:
• Parece não haver lugar para o reconhecimento de deveres em relação
aos seres humanos das gerações futuras. (Pois, os humanos das gerações
futuras nada nos poderão fazer para nos beneficiar ou prejudicar).
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Contratualismo
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Síntese das Teorias Éticas
NÃO SIM
Deontologia
Prima Facie
Deontologia Utilitarismo
Utilitarismo
absolutista Contratualismo dos Atos
das Regras
de Kant de Mill
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Para falar com o professor:
• domingos.faria@colegiopedroarrupe.pt
• http://www.domingosfaria.net
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