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Ética Deontológica de Kant

Professor Domingos Faria

v180514

Colégio Pedro Arrupe

Filosofia

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 1 / 60
Sumário

1 Resposta de Kant ao problema da fundamentação da moral

2 Teoria do bem: Boa Vontade

3 Teoria da correção: Imperativo Categórico

4 Deveres Perfeitos e Imperfeitos

5 Críticas à ética de Kant

6 Outras versões de deontologia

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Sumário

1 Resposta de Kant ao problema da fundamentação da moral

2 Teoria do bem: Boa Vontade

3 Teoria da correção: Imperativo Categórico

4 Deveres Perfeitos e Imperfeitos

5 Críticas à ética de Kant

6 Outras versões de deontologia

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A resposta deontológica de Kant

Ética Deontológica de Kant


Qual é o bem último? A boa vontade
Qual é o critério da ação correta? O Imperativo categórico

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Introdução

• A ética de Kant é deontológica (absolutista):


1 Agir corretamente é agir com a intenção de cumprir o dever por dever.
2 As consequências não contam na determinação do seu valor moral.
• Continua a ser uma das alternativas principais ao utilitarismo.
• Kant desenvolveu a sua ética sobretudo no livro “Fundamentação da
Metafísica dos Costumes” (1785).

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Para começar...

Para começar...

Suponha-se que uma criança entra numa padaria para comprar um


pão. A padeira apercebe-se de que pode enganar a criança no troco,
mas está preocupada que os outros clientes possam dar-se conta desse
embuste e que os possa perder. Por isso, ela decide dar à criança o
troco justo.a
a
Este caso é inspirado nas pp. 27-28 do livro de Kant. Para uma animação deste caso: ver aqui.

1 Será a conduta da padeira moralmente correta?


2 Será que fazer a coisa certa por causa do medo das
consequências é uma ação moralmente correta?

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Sumário

1 Resposta de Kant ao problema da fundamentação da moral

2 Teoria do bem: Boa Vontade

3 Teoria da correção: Imperativo Categórico

4 Deveres Perfeitos e Imperfeitos

5 Críticas à ética de Kant

6 Outras versões de deontologia

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Boa Vontade

T1. “Neste mundo, e até fora dele, nada é possível pensar


que possa ser considerado como bom sem limitação a não ser
uma só coisa: uma boa vontade. (. . . ) A boa vontade parece
constituir condição indispensável do próprio facto de sermos
dignos de felicidade. (. . . ). A boa vontade não é boa por
aquilo que promove ou realiza, pela aptidão para alcançar
qualquer finalidade proposta, mas tão-somente pelo querer,
isto é, em si mesma”.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, pp. 21-23.

• O que podemos sublinhar nesta passagem?

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Boa Vontade

Boa vontade
• É algo que tem valor intrínseco.
• É a única coisa que tem valor incondicional (ou seja, é boa em todas e
quaisquer condições ou circunstâncias).

• Todas as outras coisas valiosas, como a coragem e inteligência, não


têm valor incondicional.
• Isto porque tais coisas podem ser usadas para o mal: uma pessoa pode
usar a sua inteligência e coragem para prejudicar e explorar os outros.
• Só a boa vontade não pode ser usada para o mal.

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Boa Vontade
E a felicidade?
• Mesmo que tenha valor intrínseco, não tem esse valor em todas as
circunstâncias.
• A felicidade pode ser usada para o mal: a felicidade que resulta de uma
pessoa traiçoeira, que prejudica de forma propositada os outros, não é algo
realmente bom.
• A felicidade é boa apenas na medida em que temos uma boa vontade.

Importância das intenções e das máximas


• Se a boa vontade é bem último, na avaliação moral das ações a única coisa
que interessa são as intenções dos agentes e não as consequências.
• Isto porque a nossa vontade manifesta-se através das nossas intenções.
• Por sua vez, as nossas intenções expressam-se através de máximas (como p.e.
"devemos ser honestos").
• As máximas são regras ou princípios que nos indicam a intenção dos agentes.

Mas o que é exatamente uma boa vontade?


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Boa Vontade

T2. “Para desenvolver o conceito de uma boa vontade


altamente estimável em si mesma (. . . ) vamos encarar o
conceito do Dever que contém em si o de boa vontade. (. . . )
Deixo aqui de parte todas as ações que são logo contrárias ao
dever (. . . ); pois nelas nem sequer se põe a questão de saber
se foram praticadas por dever, visto estarem até em
contradição com ele. Ponho de lado também as ações que são
meramente conformes ao dever (. . . ) porque a isso são
levados por outra tendência”.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, pp. 26-27.

• O que podemos sublinhar nesta passagem?

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Boa Vontade

O que é exatamente uma boa vontade?


É a vontade do agente guiada exclusivamente pela sua intenção em cumprir
o dever por dever, e não movida por inclinações ou interesses.

• Quem tem uma boa vontade faz aquilo que deve fazer, aquilo que é
moralmente correto, pelas razões corretas.

Kant esclarece essa ideia ao distinguir:


(1) Ações contrárias ao dever.
(2) Ações meramente conformes ao dever.
(3) Ações realizadas por dever.

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Dever

T3. “Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há


além disso muitas almas de disposição tão compassiva que
(. . . ) acham íntimo prazer em espalhar alegria à sua volta e
se podem alegrar com o contentamento dos outros, enquanto
este é obra sua. Eu afirmo porém que neste caso uma tal
ação, por conforme ao dever, por amável que ela seja, não tem
contudo nenhum verdadeiro valor moral, mas vai emparelhar
com outras inclinações, por exemplo o amor das honras que,
quando por feliz acaso topa aquilo que efetivamente é de
interesse geral e conforme ao dever, é consequentemente
honroso e merece louvor e estímulo, mas não estima; pois à
sua máxima falta o conteúdo moral que manda que tais ações
se pratiquem, não por inclinação, mas por dever”.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, pp. 28-29.

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Dever

Ações

De acordo
Contrárias ao dever
com o dever
(Ex.: Maltratar uma pessoa.)
(Ex.: Ajudar uma pessoa)

Meramente conformes
Realizadas por dever
ao dever
(Ex.: Ajudar uma pessoa apenas
(Ex.: Ajudar uma pessoa por
para cumprir a obrigação moral.)
interesse ou compaixão.)

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Dever

Em suma, Kant distingue três tipos de ações:

(1) Ações contrárias ao dever: são as ações que, em geral,


desrespeitam absolutamente o que é moralmente devido (matar,
roubar, difamar, etc.)

(2) Ações meramente conformes ao dever: são ações que, embora


estejam de acordo com aquilo que devemos fazer, não são
motivadas pelo sentido do dever, mas sim por interesses ou
inclinações (não difamar por receio das consequências, etc.)

(3) Ações realizadas por dever: são ações que cumprem o dever por
puro e simples respeito pelo dever – apenas para cumprir a
obrigação moral (não difamar porque não devo difamar, etc.)

Para Kant, só tem valor moral as ações realizadas por dever .

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Mas, no que se baseiam as ações realizadas por dever?
• Na razão... Quando agimos por dever estamos a agir racionalmente.
• Ou seja, agir por dever implica fazer aquilo que é correto tendo como
único motivo ou intenção obedecer à lei moral que a razão impõe.
• Pelo contrário, quando agimos por outros motivos (inclinações)
estamos a agir em função de desejos não racionais. (Desejos esses que
tiram todo o valor moral às nossas ações).

Mas, por que motivo os nossos deveres morais resultam da razão?


• Toda a moral baseia-se num princípio racional fundamental.
• Racional – porque todos o reconhecemos como verdadeiro a priori,
usando unicamente a razão.
• Fundamental – porque é dele derivam todos os nossos deveres morais
específicos.

E, qual é esse princípio racional fundamental?


É o imperativo categórico.
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Exercícios

Figura 1

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Exercícios

Figura 2: Segundo Kant, a ação do Calvin tem valor moral?


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Exercícios

• Segundo Kant, a ação do Calvin (de não atirar a bola de neve à Susie)
tem valor moral?
• De acordo com Kant, o Calvin, ao deitar a bola de neve para o chão e
desistir de a atirar à Susie, realiza uma ação meramente conforme ao
dever.
• Ou seja: Calvin efetua a ação correta, não por amor ao dever mas por
medo de maiores males. Ao agir desse modo age por interesse e por isso
a sua acção não tem valor moral.
• Para Kant, o Calvin faz o bem mas por maus motivos. Portanto, a ação
de Calvin não tem valor moral.

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Exercícios
Determina o valor moral das seguintes máximas:
• “Não deves roubar, senão Deus castiga-te”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por sentimento de medo.
• Segundo Kant, devemos abster-nos de realizar atos imorais por esses
atos serem contrários à razão, e não pelo medo de sermos castigados por
alguém.
• “Não minto porque se o fizer, arrisco-me a que a minha namorada já
não goste de mim”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por sentimento de medo.
• “Há adolescentes que se divertem a maltratar mendigos na rua”.
• Não tem valor moral – é uma ação contrária ao dever.
• “Ajudo um mendigo na rua apenas por ter pena dele”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por sentimentos de compaixão.
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Exercícios
Determina o valor moral das seguintes máximas:
• “A Sofia faz doações para ações de caridade apenas para aumentar a
sua popularidade entre os amigos”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por interesse.
• “Aristides de Sousa Mendes e Oskar Schindler, durante a segunda
guerra mundial, salvaram muitos judeus, fazendo o que consideravam
correto e não o que era mais fácil fazer, nem o que lhes traria mais
benefícios”.
• Tem valor moral – é uma ação realizada por dever.

• “Uma pessoa está a afogar-se e outra pessoa salva-a. Esta tirou-a da


água para receber uma recompensa pelo salvamento”.
• Não tem valor moral – é uma ação meramente conforme ao dever –
motivada por interesse.

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Exercícios

EXERCÍCIOS
Segundo Kant:
(1) Do que depende o valor moral de uma ação?
(2) O que é agir por dever?
(3) Porque razão a boa vontade tem valor incondicional?

Para debater:
(4) Concordas com a perspetiva de Kant sobre o valor da
boa vontade? Porquê?a
a
Um vídeo de Michael Sandel sobre a ética de Kant: ver aqui.

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Sumário

1 Resposta de Kant ao problema da fundamentação da moral

2 Teoria do bem: Boa Vontade

3 Teoria da correção: Imperativo Categórico

4 Deveres Perfeitos e Imperfeitos

5 Críticas à ética de Kant

6 Outras versões de deontologia

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Teoria da correção de Kant

Fórmula
da lei
universal

Boa Por Imperativo


Vontade consiste Dever consiste Categórico
em agir em seguir

Fórmula
do fim
em si

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Teoria da correção de Kant

Teoria da correção de Kant: Imperativo Categórico


• Uma ação é moralmente correta se, e só se, não infringe as regras
morais corretas.
• As regras morais corretas são aquelas que passam no teste do
imperativo categórico; assim, as regras morais corretas são:
(1) aquelas que podemos querer que sejam adotadas
universalmente; (fórmula da lei universal)
(2) aquelas que nos levam a tratar as pessoas como fins, e
não como meros meios. (fórmula do fim em si)

Mas, o que são imperativos? E como Kant os distingue?

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Imperativos

Imperativos são ordens


(Ex.: “Lê o livro sobre a moral kantiana”)

Imperativos Hipotéticos Imperativos Categóricos


(Ex.: “Não copies no teste, (Ex.: “Independentemente de tudo o resto,

se correres o risco de ser apanhado”.) ajuda os amigos em necessidade”.)

Relativos e Condicionais Absolutos e Incondicionais


Dá-nos uma obrigação moral
Só se aplicam na condição (hipótese)
incondicional, não dependendo
de se ter determinados
dos nossos desejos e
desejos ou inclinações.
necessidades particulares.

Não têm valor moral Têm valor moral

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Imperativo Categórico

Para Kant os imperativos categóricos são os nossos deveres absolutos.


Mas, como descobrimos qual é o nosso dever numa dada circunstância?
Formulações do imperativo categórico
Kant formula o imperativo categórico de diversas formas para determinar
quais são os nossos deveres. Nós vamos estudar as seguintes:
(1) A fórmula da lei universal.
(2) A fórmula do fim em si.
Ainda que nos pareçam muito diferentes, para Kant são apenas maneiras
distintas de exprimir a mesma ideia (p. 84).

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(1) Fórmula da Lei Universal

T4. “O imperativo categórico (. . . ) é este: Age apenas


segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer
que ela se torne lei universal. (. . . ) Temos que poder querer
que uma máxima da nossa ação se transforme em lei
universal: é este o cânone pelo qual a julgamos moralmente
em geral. Algumas ações são de tal ordem que a sua máxima
nem sequer se pode pensar sem contradição como lei universal
da natureza, muito menos ainda se pode querer que devem
ser tal. Em outras não se encontra, na verdade, essa
impossibilidade interna, mas é contudo impossível querer que
a sua máxima se erga à universalidade de uma lei da natureza,
pois que uma tal vontade se contradiria a si mesma”.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, pp. 62, 66.

• O que podemos sublinhar nesta


Professor Domingos Faria (v180514)
Ética passagem?
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(1) Fórmula da Lei Universal

Fórmula da Lei Universal


Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer
que ela se torne lei universal.

• A ideia é que devemos agir apenas de acordo com regras (máximas)


que podemos querer que todos os agentes adotem.
• Isto não consiste em ver se teria boas ou más consequências que todos
agissem de acordo com uma determinada regra (máxima).
• Consiste, antes, em mostrar se é ou não possível todos agirem
segundo essa regra (máxima).

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(1) Fórmula da Lei Universal
De uma forma mais prática, o teste para se determinar a moralidade de
uma ação é o seguinte:
Teste do imperativo categórico (da lei universal)
Questões:
(1) Que regra (máxima) estamos a seguir se realizarmos esta
ação?
(2) Estamos dispostos a que essa regra (máxima) seja seguida por
todos e em todas as situações? Ou seja, (i) é possível todos
agirem segundo essa regra? E, caso isso seja possível, (ii)
podemos consistentemente querer que assim seja?
Respostas:
SIM: essa regra (máxima) torna-se lei universal e,
consequentemente, o ato é moralmente permissível.
NÃO: essa regra (máxima) não pode ser seguida e,
consequentemente, o ato é moralmente proibido.
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Exercícios

Ex1: A Francisca é dona de um hotel que nunca engana os clientes, fazendo


sempre um preço justo. Ela faz isso não por interesse (para não perder os
clientes), mas simplesmente por dever de ser honesta.
• Será que este exemplo passa no teste do imperativo categórico?
• Sim. Porque (1) a máxima é “venderás sempre a um preço justo,
porque é um dever ser honesto”. E (2) é possível todos agirmos segundo
essa máxima e queremos que todos obedeçam a essa máxima.

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Exercícios

Ex2: O Gustavo mente ao Joel sobre uma traição da sua namorada Daniela,
pois, não quer que o Joel sofra (tem assim compaixão por ele). Acontece
que o Joel passa a andar traído sem o saber.
• Será que este exemplo passa no teste do imperativo categórico?
• Não. Porque (1) a máxima é “mentirás porque tens compaixão”. E (2)
não poderíamos querer que a mentira fosse uma lei universal, pois isso
derrotar-se-ia a si mesmo: as pessoas descobririam rapidamente que não
podiam confiar no que os outros disseram, e por isso ninguém acreditaria
nas mentiras.

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Exercícios

Ex3: Homem em apuros que decide pedir dinheiro emprestado, prometendo


restituir o dinheiro, mas não tem a intenção de o devolver.
• Será que este exemplo passa no teste do imperativo categórico?
• Não. Porque (1) a máxima é “faz promessas com a intenção de as não
cumprires”. E (2) esta máxima não poderia tornar-se lei universal; pois,
se todos fizessem promessas com a intenção de as não cumprirem, a
própria prática de fazer promessas desapareceria (uma vez que esta
baseia-se na confiança entre as pessoas).

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Exercícios

Ex4: Homem que se recusa a auxiliar os necessitados.


• Será que este exemplo passa no teste do imperativo categórico?
• Não. Porque (1) a máxima é “recusa-te sempre a ajudar os outros”. E
(2) trata-se de uma máxima que não podemos querer ver transformada
em lei universal; pois algures, no futuro, esse próprio homem poderá
precisar de assistência dos outros, e não quererá de forma consistente
que os outros sejam indiferentes ao seu problema.

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Exercícios

Ex5: O Henrique usou cábulas e copiou no exame de filosofia. De facto, ele


não se sentia preparado, pois no dia anterior ao exame foi com os amigos
para o bar e, assim, não teve tempo para estudar.
• Será que este exemplo passa no teste do imperativo categórico?
• Não. Porque (1) a máxima é “sempre que não te sentires preparado
para um exame irás usar cábulas ou copiar”. E (2) trata-se de uma
máxima que não podemos querer ver transformada em lei universal; pois,
se essa máxima fosse universalizada nenhum exame realizado mereceria
confiança por parte dos avaliadores. Os próprios exames deixariam de ser
objeto de confiança e para nada serviriam as avaliações dado que se
tornaria generalizada a suspeita.

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(2) Fórmula do Fim em Si

Uma outra fórmula do imperativo categórico, a fórmula do fim em si, é a


seguinte:

T5. “Age de tal maneira que uses a tua humanidade, tanto


na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e
simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, pp. 73.

É sempre errado instrumentalizar as pessoas, ou seja, usá-las como simples


meios para atingir os nossos fins.

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(2) Fórmula do Fim em Si

Kant estabelece uma diferença entre o valor das pessoas e coisas.

Valor

Pessoas Coisas

Têm valor intrínseco,


Têm valor apenas
absoluto, isto é,
como meios para fins.
dignidade.

Porque são agentes racionais, São os fins humanos


dotados de autonomia1 . que lhes dão valor.

1
As pessoas são agentes livres com capacidade para tomar as suas próprias decisões, estabelecer os seus próprios objetivos e
guiar a sua conduta pela razão.
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(2) Fórmula do Fim em Si

• As pessoas são seres racionais, e tratá-las como fim em si significa


respeitar a sua racionalidade.
• Assim, nunca poderemos manipular as pessoas, ou usá-las para alcançar
os nossos objetivos.
• Para respeitar as pessoas, devemos tratá-las como seres racionais e
autónomos – como fins em si.
• Existe uma violação da autonomia e racionalidade de uma pessoa
quando, por exemplo, obrigámo-la a fazer o que ela não quer.
• Segundo a fórmula do fim em si, não é errado tratar as pessoas como
meios – é errada tratá-las como simples meios (desrespeitando a
autonomia e a racionalidade das pessoas).

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Exercícios

Ex: Imagina que pedes dinheiro emprestado a um amigo e não tens


qualquer intenção de o devolver.
• Seguindo a fórmula do fim em si, poderás fazer isso?
• Não; pois, se mentisses ao teu amigo, estarias apenas a manipulá-lo e a
usá-lo como um mero meio.
• Como seria tratar o teu amigo como um fim?
• Dizias a verdade ao teu amigo, que precisavas de dinheiro para um certo
objetivo mas não serias capaz de devolvê-lo.
• O teu amigo poderia, então, tomar uma decisão sobre o empréstimo – e
assim fazer uma escolha racional, livre e autónoma.

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 39 / 60
Autonomia vs. Heteronomia

O Imperativo Categórico é a lei fundamental.


Mas quem é o legislador desta lei?

Para Kant, o Imperativo Categórico não é uma ordem externa que tenha-
mos de cumprir (heteronomia).

Pelo contrário, o Imperativo Categórico é uma lei que a boa vontade dá


a si mesma (autonomia).

Assim, ao seguirmos o Imperativo Categórico temos autonomia da vontade.


Para Kant a verdadeira liberdade consiste nisso.

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Autonomia vs. Heteronomia

T6. “Liberdade, se bem que não seja uma propriedade da


vontade segundo leis naturais, não é por isso desprovida de lei,
mas tem antes de ser uma causalidade segundo leis imutáveis,
ainda que de uma espécie particular; pois de outro modo uma
vontade livre seria um absurdo. (. . . ) Que outra coisa pode
ser, pois, a liberdade da vontade senão autonomia, isto é, a
propriedade da vontade de ser lei para si mesma? Mas a
proposição: «A vontade é, em todas as ações, uma lei para si
mesma», carateriza apenas o princípio de não agir segundo
nenhuma outra máxima que não seja aquela que possa ter-se
a si mesma por objeto como lei universal. Isto, porém, é
precisamente a fórmula do imperativo categórico e o princípio
da moralidade; assim, pois, vontade livre e vontade submetida
a leis morais são uma e a mesma coisa”.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, p. 100.
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Sumário

1 Resposta de Kant ao problema da fundamentação da moral

2 Teoria do bem: Boa Vontade

3 Teoria da correção: Imperativo Categórico

4 Deveres Perfeitos e Imperfeitos

5 Críticas à ética de Kant

6 Outras versões de deontologia

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Deveres Perfeitos e Imperfeitos

Os deveres que resultam da adoção do imperativo categórico podem ser


divididos de acordo com dois critérios:
1 Temos deveres para connosco próprios e deveres para com os outros;
2 Temos deveres perfeitos e imperfeitos.
A distinção (1) é bastante óbvia. Mas em que consiste a distinção traçada
em (2)?
• Os deveres perfeitos têm um caráter negativo: são proibições morais
absolutas.
• Os deveres imperfeitos têm um caráter positivo: diz-nos que há
certos fins obrigatórios de beneficiência.
• os deveres perfeitos têm prioridade sobre os deveres imperfeitos.

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Deveres Perfeitos e Imperfeitos

A tabela seguinte ilustra a articulação entre (1) e (2):

Deveres para Deveres para com os


connosco outros
Deveres perfeitos Não acabar com a Não fazer promessas
própria vida enganadoras

Deveres Desenvolver os nossos Beneficiar os outros


imperfeitos talentos

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Sumário

1 Resposta de Kant ao problema da fundamentação da moral

2 Teoria do bem: Boa Vontade

3 Teoria da correção: Imperativo Categórico

4 Deveres Perfeitos e Imperfeitos

5 Críticas à ética de Kant

6 Outras versões de deontologia

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Críticas à ética de Kant

Objeções à ética deontológica de Kant:


1 Regras morais absolutas?
2 Conflitos de deveres
3 Além das pessoas
4 O lugar das emoções em ética

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(1) Regras morais absolutas?

O Imperativo Categórico implica que temos determinados deveres


perfeitos com caráter absoluto. Assim, por exemplo, nunca devemos
mentir. Mas será isto plausível?
Mentira
Imagina que um teu amigo está a fugir de um assassino e tu consegues
escondê-lo em tua casa. Porém, o assassino bate à tua porta e pergunta
pelo teu amigo. Se tu lhe disseres a verdade, o assassino descobrirá o teu
amigo e matá-lo-á. Deves mentir ou dizer a verdade?

Intuitivamente parece errado não mentir nesta situação; aqui a mentira


parece ser moralmente correta. Logo, a ideia de haver deveres absolutos
parece implausível.

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 47 / 60
(2) Conflitos de deveres

A ideia de que temos deveres perfeitos levanta um outro problema: e se


estes entrarem em conflito?
Dilema
José prometeu solenemente obedecer a todas as ordens de Maria. Nunca lhe
ocorreu que ela o mandasse torturar Carlos, uma pessoa inocente.

Neste caso temos um conflito de deveres:


1 O José tem o dever absoluto de cumprir as suas promessas.
2 O José tem o dever absoluto de não torturar inocentes.
Assim, o José está perante um dilema sem saída: faça o que fizer, agirá de
uma forma errada. Por isso, é insustentável defender que as regras morais
são absolutas.

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 48 / 60
(3) Além das pessoas

A fórmula do fim em si, do imperativo categórico, exige respeito pelas


pessoas, concebidas como agentes racionais e morais, dotados de autonomia.
• Contudo, nesse sentido do termo, muitos seres humanos não são
pessoas (como, por exemplo, os recém-nascidos humanos e os
deficientes mentais profundos).
• Ora, seguindo a ética kantiana, se tais seres não são pessoas, então não
merecem respeito e podem ser tratados simplesmente como um meio.
• Contudo, tal ideia parece absurda. Pois, seria profundamente errado
tratá-los como simples meios.

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 49 / 60
(4) O lugar das emoções em ética

A ética kantiana, ao considerar que para agir moralmente temos de nos


abstrair de todas as nossas inclinações e seguir um imperativo ditado
pela razão, parece esvaziar a moralidade de algumas emoções que lhe estão
frequentemente associadas, como:
• a compaixão,
• a simpatia e
• o remorso.

Contudo, parece inegável que os nossos sentimentos, desejos e emoções


também têm um papel a desempenhar no domínio da moralidade.

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Sumário

1 Resposta de Kant ao problema da fundamentação da moral

2 Teoria do bem: Boa Vontade

3 Teoria da correção: Imperativo Categórico

4 Deveres Perfeitos e Imperfeitos

5 Críticas à ética de Kant

6 Outras versões de deontologia

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 51 / 60
Outras versões de deontologia

1 Deontologia prima facie


2 Contratualismo

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Deontologia prima facie

É possível ultrapassar algumas críticas à deontologia absolutista de Kant


com uma deontologia prima facie. David Ross defende uma deontologia
prima facie com as seguintes teses:
Deontologia prima facie de David Ross
(T1) Não existe um princípio ético fundamental que seja correto.
(T2) Todos os princípios éticos corretos são deveres prima facie.

• Quanto a (T1): ao contrário do utilitarismo de Mill e da deontologia


de Kant, para Ross os atos são moralmente corretos ou errados por
razões muito diferentes, irredutíveis a uma só razão mais básica.
• Quanto a (T2): um dever prima facie é um dever para o qual temos
sempre uma razão moral, mas tal razão é suscetível de ser suplantada
por outras razões morais em alguma circunstância possível.

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 53 / 60
Deontologia prima facie

Ross apresenta-nos uma lista dos nossos deveres mais gerais, reconhecendo
que esta poderá estar incompleta:
1 Fidelidade: Cumpre as tuas promessas.
2 Reparação: Compensa os outros por qualquer mal que lhes tenhas
feito.
3 Gratidão: Retribui fazendo bem àqueles que te fizeram bem.
4 Justiça: Opõe-te às distribuições de felicidade que não estejam de
acordo com o mérito.
5 Desenvolvimento pessoal: Desenvolve a tua virtude e o teu
conhecimento.
6 Não maleficência: Não prejudiques os outros.
7 Beneficência: Faz bem aos outros.
Problema: como sabemos que são estes os nossos deveres?

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 54 / 60
Deontologia prima facie
Como sabemos que são estes os nossos deveres?
• É por intuição racional que sabemos ter estes deveres.
• Todos são auto-evidentes (para um agente suficientemente
amadurecido).
• Nenhum deles, no entanto, é absoluto: todos correspondem a deveres
prima facie.
• O agente terá de confiar na sua perceção e intuição (falível) para
descobrir, em casos particulares, aquilo que de facto deve fazer em
casos de conflito de deveres prima facie.
Possível objeção:
• Se a deontologia de Ross está dependente das intuições morais de cada
agente e tendo cada agente em geral intuições diferentes,
• então como podemos ter conhecimento objetivo da verdade moral?
• então não acabará por se estar comprometido com um subjetivismo
moral?
• Será possível haver um consenso sobre intuições morais?
Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 55 / 60
Contratualismo

Outra ética de caráter deontológico, mas com um princípio ético


fundamental, é o contratualismo.
Contratualismo
• Uma ação é moralmente correta se, e só se, não infringe as regras
morais corretas.
• As regras morais corretas fundamentam-se num acordo hipotético,
ou seja, as regras morais corretas são aquelas que seriam acordadas por
agentes apropriadamente racionais, na posse da informação adequada.

Problema: que regras morais corretas se escolheriam nesse acordo


hipotético?

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 56 / 60
Contratualismo
Para contratualistas como Thomas Hobbes, os agentes que participam
no contrato ético têm uma motivação fundamentalmente egoísta.
• Os participantes, sendo racionais, concordarão seguir normas que se
revelem mutuamente vantajosas.
• Pois, se cada indivíduo se limitar a perseguir os seus interesses sem
nenhum tipo de consideração pelos interesses dos outros, todos ficarão a
perder.
• Assim, aceitarão uma proibição de maltratar.
• Os participantes também poderão revelar-se dispostos a beneficiar os
outros para que também colham benefícios, caso venham a precisar de
ajuda.
• Assim, aceitarão um dever de beneficência.
Objeções:
• Parece não haver lugar para o reconhecimento de deveres em relação
aos seres humanos das gerações futuras. (Pois, os humanos das gerações
futuras nada nos poderão fazer para nos beneficiar ou prejudicar).
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Contratualismo

Para contratualista como Thomas Scanlon, os agentes que participam


no contrato ético procuram sobretudo justificar as suas ações perante os
outros, dado que os reconhecem como agentes racionais dignos de respeito.
• As regras eticamente permissíveis obedecem a princípios que podem ser
justificados perante cada pessoa.
• Ou seja, as regras morais corretas são aquelas que "ninguém possa
rejeitar razoavelmente enquanto base para um acordo geral, livre e
informado" (Scanlon 1998, p. 153).
• Com base nisso, as partes contratantes aceitarão:
• Proibição de maltratar,
• Dever de beneficência,
• etc.

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 58 / 60
Síntese das Teorias Éticas

Há um princípio ético fundamental?

NÃO SIM
Deontologia
Prima Facie
Deontologia Utilitarismo
Utilitarismo
absolutista Contratualismo dos Atos
das Regras
de Kant de Mill

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 59 / 60
Para falar com o professor:
• domingos.faria@colegiopedroarrupe.pt
• http://www.domingosfaria.net

Professor Domingos Faria (v180514) Ética Deontológica de Kant Colégio Pedro Arrupe Filosofia 60 / 60

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